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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
Afetividade e Dificuldade de Aprendizagem: Um desafio a ser vencido.
Sarita Rosa Cunha Esteves
ORIENTADORA
SIMONE FERREIRA
Rio de Janeiro
2011
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
Afetividade e Dificuldade de Aprendizagem: Um Desafio a ser vencido.
Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia. Por: Sarita Rosa Cunha Esteves
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que me concedeu a
oportunidade de concluir mais uma etapa em minha vida.
Ao meu filho Cauê pela compreensão de minha ausência
em função da dedicação aos meus estudos. Aos meus
pais Lenilda e Adilson pelo apoio prestado, pelo
aprendizado da humildade e pelo exemplo de amor e fé. A
minha irmã Vanessa e ao meu cunhado Leonardo que me
deram muitas forças nas horas em que mais precisei.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais Lenilda e
Adilson, ao meu filho Cauê e a minha irmã Vanessa que
me permitiram concluir mais uma etapa da minha
formação profissional.
RESUMO
A aprendizagem é um dos maiores objetivo de todos os seres
humanos, seja em qualquer âmbito da vida. Esta se dá através de vários
fatores. Destaco neste trabalho a importância da afetividade na relação
professor-aluno, família-aluno no processo de aprendizagem, pois as
dificuldades de aprendizagem é um assunto vivenciado diariamente por
educadores na sala de aula e uma das maiores preocupações, porque na
maioria das vezes não encontram solução para tais problemas.
Por muitos anos, tais crianças têm sido ignoradas, mal tratadas e
mal diagnosticadas. O ato de não aprender, envolve o meio social, familiar e
ambiente da criança.
.
METODOLOGIA
O respectivo trabalho ressalta as dificuldades apresentadas pelas
crianças no processo ensino aprendizagem e no ambiente familiar.
A metodologia a ser abordada é a bibliográfica, baseada nos livros:
Dificuldades de aprendizagem e intervenção psicopedagógica – Jesús
Sánchez; Afetividade e dificuldade de aprendizagem: Uma abordagem
psicopedagógica – Fermino Fernandes Sisto; Dificuldades de Aprendizagem-
Detecção e estratégias de ajuda prática – Gabriela Carrera; Dificuldade de
aprendizagem: A psicopedagogia na relação sujeito, família e escola – Simaia
Sampaio; Piaget, Vygotsky, Wallon Teorias psicogenéticas em discussão -
Yves de La Taile; Henri Wallon Uma concepção dialética do desenvolvimento
infantil - Isabel Galvão.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO 1
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM 10
CAPÍTULO 2
AFETIVIDADE 24
CAPÍTULO 3
O PAPEL DO PROFESSOR 32
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA 43
ÍNDICE 45
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INTRODUÇÃO
A dificuldade de aprendizagem é um dos maiores desafios para a
escola e para a família. Destacar a importância da afetividade na relação
professor-aluno, família-aluno e as dificuldades apresentadas pelas crianças no
processo ensino aprendizagem são indispensáveis, pois é possível que a
inteiração e a ação mediadora dos mesmos podem ser um instrumento
facilitador da aprendizagem.
Os fatores fundamentais no processo ensino aprendizagem são: o
emocional, o intelectual, o psicomotor, o físico e o social. O emocional tendo
muita importância, pois dele vai depender todo o processo educativo. Através
da escola o sujeito exercita, assume e incorpora a cultura própria do grupo no
qual está inserido. Por muitos anos tentou-se desconsiderar o contexto escolar
e as relações de aprendizagem dos problemas escolares e centralizar tudo no
aluno. Se não aprendia é porque tinha um problema neurológico ou um
distúrbio emocional ou até mesmo um distúrbio nutricional, muitas crianças
ainda são “rotuladas” pelas dificuldades que apresentam em sala de aula.
Durante o processo de ensino-aprendizagem, a afetividade é fator
determinante para um resultado positivo, onde professor-aluno desenvolve um
trabalho significativo para o progresso desse aprendizado.
Este trabalho tem o objetivo de investigar e apontar sobre a
relevância da afetividade no processo ensino aprendizagem, contribuindo para
reduzir as dificuldades encontradas no ambiente escolar com a finalidade de
sinalizar os distúrbios que causam a dificuldade de aprendizagem onde o
“aluno problema” pode ser reflexo de algum transtorno emocional que são
oriundos de ambiente familiar conflitantes. Mostrar a importância da parceria
entre escola e a família e sua inter-relação com a deficiência de aprendizagem
dos alunos.
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Tendo em vista, que as crianças que possuem uma boa relação
afetiva são seguras, têm interesses pelo mundo que as cerca, compreendem
melhor a realidade e apresentam melhor desenvolvimento intelectual, enquanto
as crianças com maiores dificuldades de compreensão podem ter sentimentos
de inseguranças, timidez, ao lado de sentimentos de inadequação e
preocupação com o ambiente. A aprendizagem deve ser prazerosa e ligada à
afetividade, pois através da afetividade a aprendizagem poderá ser melhor
adquirida.
Com a psicopedagogia houve muitas modificações, pois ela tem um
papel importantíssimo no estudo dos atos de aprender e ensinar levando
sempre em conta às realidades internas e externas da aprendizagem e
desempenha um papel fundamental quando assessora a escola nos aspectos
pertinentes à aprendizagem, ao invés de excluí-las de suas responsabilidades.
Preocupa-se principalmente em construir situações de ensino que possibilitem
a aprendizagem, incrementando os meios, as técnicas e as instruções
adequadas para favorecer a correção da dificuldade que o educando
apresenta.
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CAPÍTULO 1
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
Dificuldades de aprendizagem apresentam diversas definições, as
dificuldades de aprendizagem são concebidas tendo como base os processos
cognitivos específicos e suas estruturas que, quando ausente ou insuficiente,
levam a um desempenho inadequado em várias tarefas cognitivas.
Muitas crianças com dificuldades de aprendizagem foram e ainda
são chamadas de deficientes mentais, retardadas mentais, ou portadoras de
atraso do desenvolvimento. Essas crianças foram descritas como lentas ou
limitadas em suas habilidades para aprender e responder a problemas da vida
cotidiana. Para algumas crianças, esses problemas somente se tornaram
evidentes quando entraram na escola e seu desempenho foi comparado com o
de seus colegas.
Alunos com talentos em algumas áreas como: arte, esporte, música,
dança, etc. podem apresentar dificuldades de aprendizagem, ou seja, a criança
para ser considerada com dificuldade de aprendizagem não precisa ter
dificuldades em todas as áreas ou disciplina, ela pode ser boa em alguma área
e apresentar dificuldades em outras.
Os transtornos do retardo mental são diferentes das dificuldades de
aprendizagem; transtorno profundo; transtorno da comunicação; déficit de
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atenção/ hiperatividade; a diferenciação do retardo mental para a dificuldade de
aprendizagem é que as dificuldades são independentes da inteligência e das
habilidades adaptativas e o retardo mental afeta a inteligência e as habilidades,
na prática são muito difíceis diferenciá-los nos casos de “baixo rendimento”,
pois este está associado a baixas habilidades adaptativas e intelectuais. A
diferenciação das dificuldades de aprendizagem em relação aos transtornos
profundos é mais clara, pois a gravidade da lesão do desenvolvimento social
que se opera nas pessoas com transtornos profundos do desenvolvimento não
é a mesma que acontece entre pessoas com dificuldades de aprendizagem. Os
transtornos da comunicação em alguns casos podem representar os
antecedentes de muitas dificuldades de aprendizagem. A comunicação é
adquirida, pela maioria das crianças, de forma espontânea e natural, a
comunicação e a linguagem expressiva, ou receptiva e expressiva ou do
desenvolvimento fonológico chama-se transtorno da comunicação. A leitura, a
escrita e o cálculo são aprendidos de forma intencional ou formal dentro do
sistema educacional, para conquistá-lo exige um grande esforço, logo quando
há atraso nesse processo pode ser derivado da dificuldade de aprendizagem.
O transtorno de déficit de atenção/ Hiperatividade pode ocorrer na ausência de
problemas de aprendizagem.
As dificuldades de aprendizagem devem ser diagnosticadas
de forma diferencial em relação a outros transtornos próximos,
embora, na presença de uma dificuldade de aprendizagem e
de outro transtorno em uma mesma pessoa, seja necessário
classificar ambos os transtornos, sabendo que se trata de dois
transtornos superpostos. (SANCHÉZ, 2008, p.38)
Uma criança com dificuldades de aprendizagem é aquela que não
consegue aprender com os métodos com os quais aprendem a maioria das
crianças, apresar de ter bases intelectuais apropriadas para a aprendizagem,
seu rendimento escolar está abaixo de suas capacidades. Os problemas
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específicos de aprendizagem não são resultados de falta de capacidades
intelectuais; déficit de sensórias primário; privação cultural; ausência as aulas
ou mudanças freqüentes de escola; problemas emocionais ou instrução
inadequada. Cada caso particular deve ser considerado de maneira diferente,
sendo que é importante analisar em cada um deles o significado, a causa e a
modalidade da perturbação. No entanto, estas condições podem acompanhar
desencadear ou inclusive agravar um problema nas áreas de aprendizagem.
Em alguns casos são encontrados indicadores neurológicos que podem ser à
base de um problema de aprendizagem.
Cada criança é única, as formas na qual os problemas de
aprendizagem se manifestam está relacionada com a individualidade de quem
aprende, portanto, não existe nenhuma causa única, nem tratamentos iguais. A
reação de cada criança diante dos diversos fatores que intervêm na sua
aprendizagem será diferente, por sua estrutura biológica, sua emocionalidade,
seu meio social. Por isso é importante conhecer a criança em sua totalidade,
entender sua problemática especifica, a ajudá-la a conhecer seus pontos fortes
e fraquezas e buscar estratégias de suporte que lhe permitem ter sucesso na
aprendizagem. Para Gabriela Carrera (2009, p.95), os problemas de
aprendizagem não desaparecem; no entanto, a criança pode aprender a
compensar suas dificuldades.
1.1 Causas das dificuldades de aprendizagem
O principal desafio que têm os pais, professores e profissionais que
trabalham com crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem é
ajustá-las a adquirir confiança em si mesmas, a acreditar nas suas
capacidades. Eles devem saber que as pessoas aprendem de diferentes
modos e que sua energia pode ser encaminhada para encontrar estratégias
adequadas para a aprendizagem, ao invés de procurar maneiras de esconder
suas dificuldades. Por isso, os professores e profissionais que trabalham com
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essas crianças têm uma grande responsabilidade. Suas habilidades em
observar, em detectar o problema e decidir como e quando intervir são de
suma importância. Estas crianças necessitam de um ambiente seguro, onde os
erros sejam permitidos e assumir riscos seja incentivado. Quando a criança
sente que aprender é uma experiência excitante da qual se pode desfrutar,
então isso se transformará em algo que nunca termina, durando toda a vida.
Muitas crianças aprendem a esconder suas dificuldades com o
comportamento, com ser o palhaço da turma, manter-se calado, adoecer, fugir
das responsabilidades, demonstrarem desinteresse ou, muitas vezes, através
do mau comportamento. Com freqüência fica isolada, esconde-se ou evita
fazer as atividades porque assim ninguém poderá lhe acusar dano. Estas
máscaras protetoras utilizadas para não serem tachadas de burras, lentas ou
intratáveis isolam-se na social.
É importante ajudar essas crianças a conhecerem seus pontos
fortes, a compreenderem que suas dificuldades não existem por falta de
capacidade e, a descobrirem estratégias que sejam úteis no seu aprendizado
em certo sentido a criança aprende pela imagem de si mesma que recebe do
outro. Assim sendo quanto mais integradora for a imagem que proporcionam a
ela seus pais e seus professores, maior será sua responsabilidade de
reconhecer suas capacidades e carências.
Os adultos que trabalham com crianças com dificuldades, e as
próprias crianças, sabem aquilo que não podem fazer; onde elas falham.
Poucas vezes é mencionado o que fazem bem, ou aquelas áreas onde estão
identificados pontos fortes. Os comentários dos professores ou dos pais giram
em torno de sua imaturidade, desorganização, a forma como se movimentam a
sua linguagem, a forma como não escutam, como não respondem e como não
seguem instruções, quando escrevem mal, como lêem, as suas dificuldades
em matemática ou como não terminam suas tarefas, ou seja, é reforçada na
criança as áreas onde tem dificuldades como “não” e as áreas onde as
crianças se saem bem são ignoradas.
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Para Vygotsky, a mente da criança contém todos os estágios do
futuro desenvolvimento intelectual: eles existem já na sua forma completa,
esperando o momento adequado para emergir. (REGO, 2010, p.57)
O futuro dessas crianças está nas mãos das pessoas que estão ao
seu lado na aprendizagem; a confiança em si mesma, a capacidade de tomar
decisões, a habilidade para solucionar problemas, a autonomia, a motivação
para atingir objetivos dependerá do quanto elas forem apoiadas. Não existe
uma receita única, cada criança é um ser humano único é importante, respeitar
essa individualidade, aceitar as diferentes formas de sentir, pensar, agir, de
aprender é um ponto básico na educação dessas crianças.
Aprender é um processo complexo e multifacetado que apresenta bloqueios e inibições em todos os seres humanos. É fundamental que, quando um conflito apareça, não qualifiquemos como um problema, tentando evitar a consciência da doença. Uma pessoa pode enfrentar diversas situações com seus filhos ou alunos: ás vezes pode parecer obsessivo em relação a uma tarifa, pode aceitá-la de bom grado ou rejeitá-la quando a vê; às vezes pode apresentar uma crise diante de um problema que não tenha conseguido resolver e, em outros casos, pode trabalhar a dificuldade e aceitar refazê-lo. Ás vezes participar ativamente na sala de aula e outra vez está isolado. Todos esses comportamentos aparecem na mesma criança e não necessariamente refletem um problema. O que os torna significativos é quando esses comportamentos se repetem. (CARRERA, 2009, p.30)
1.2 Fatores a Considerar no Diagnóstico das Dificuldades de
Aprendizagem
Há muitos fatores que intervêm para o surgimento de um baixo
rendimento escolar como resultado do processo de aprendizagem, existe as
condições internas e externas, como as condições internas podem ser
mencionados os fatores relacionados com os aspectos neurobióticos ou
orgânicos, ou seja, refere-se ao sistema nervoso central, o cérebro “ com o que
se aprende”. Devem ser levados em consideração também os aspectos
psíquicos, que em muitos casos apresentam-se como causa subjacente do
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baixo rendimento escolar “quem aprende”. As considerações externas devem
ser considerados os aspectos sociais “Como se aprende” esses fatores
interagem entre si. Os fatores são classificados como: Orgânico, Específicos,
Emocionais e Ambientais.
1.2.1 Fatores Orgânicos
Para aprendizagem escolar é fundamental o funcionamento de todos
os órgãos que estão envolvidos na recepção dos estímulos do meio, assim
como dos processos que asseguram a coordenação com o sistema nervoso
central.
É importantíssimo fazer exames auditivos e visuais periodicamente
nas crianças, pois a hipoacusia e a miupia costumam aparecer como
causadoras de dificuldades escolares. No entanto, estas perdas sensoriais não
são a origem das dificuldades especificas de aprendizagem. É muito importante
pesquisar os aspectos neurológicos, pois se devem conhecer as condições da
pessoa diante das demandas da aprendizagem. Um sistema nervoso só é
caracterizado no nível do comportamento, pelo seu ritmo, sua flexibilidade e
seu equilíbrio, este garante harmonia nas mudanças e conseqüência na
conservação, ao contrário quando existem lesões ou desordens corticais
encontram-se uma conduta rígida, estereotipada, confusa e densa, patente na
educação perceptivo – motora ou na compreensão. Estas desordens corticais
podem ser genéticas, neonatais ou pós – encefálicas, traumáticas, etc.
1.2.2 Fatos Específicos
Estes transtornos afetam o nível de aprendizagem da linguagem, da
sua articulação, da leitura e da escrita. Aparecem em inúmeras pequenas
falhas como; a alteração da seqüência percebida, dificuldade para construir
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imagens claras de fonemas, sílabas e palavras, etc. Alguns transtornos são
encontrados na área adequada perceptiva motora.
1.2.3 Fatores Emocionais
Deve ser considerado que a família é a sala de aula primordial na
educação da criança, levando em consideração os aspectos da interação
familiar que podem contribuir para as dificuldades da criança na escola. Os
aspectos emocionais podem interferir negativamente nos processos de
aprendizagem, o desenvolvimento emocional sadio é um fator importante para
assegurar uma escolaridade com êxito.
A aprendizagem da escrita e da leitura é considerada como uma das
tarefas mais importantes na escolaridade precoce. As crianças que falharam
nessa área podem ter sua auto-estima afetada. As dificuldades de
aprendizagem e os problemas emocionais freqüentemente estabelecem uma
relação recíproca: as dificuldades de aprendizagem podem produzir leves
desajustes emocionais e estes, por sua vez, podem agravar os problemas de
aprendizagem, nestes casos, uma vez compensada e superada a dificuldade,
pode se perceber que a parte emocional também melhora. Existem crianças
que apresentam um bloqueio total em relação à leitura e a escrita, em alguns
casos pode ser considerada a hipótese de resistência à aprendizagem, como
forma de castigo aos pais ou como resultado de uma excessiva pressão por
parte dos pais, há também crianças superprotegidas, que resistem ao
crescimento e como à leitura e a escrita representam uma forma de
crescimento, de maturidade, essas crianças demonstram resistência, negando-
se a esse crescimento.
As crianças respondem emocionalmente diante de diferentes
situações como: divórcios, problemas familiares, superproteção, rivalidade
entre irmãos, morte de pessoas próximas, situações novas, etc. por isso deve-
se estar muito atento a reações das crianças, buscando a forma de ajudá-las a
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manejar e elaborar estas situações, já que podem ser afetados diferentes
âmbito de sua vida, incluindo a aprendizagem.
1.2.4 Fatores Ambientais
Para que a criança aprenda é necessário que a pessoa que ensine
abra um espaço para o saber, para a construção dos conhecimentos e um
espaço para construir a si mesmo como um objeto criativo e pensante. A
pessoa que ensina pode ser alguém que cria ou queira que a pessoa que
aprende aprenda.
Os pais e os professores podem possuir a informação, porém a sua
função não é transmiti-la, mas sim proporcionar ferramentas e o espaço
adequado para a construção do conhecimento seja possível. Para desenvolver
a vontade do aprender é importante que a pessoa que ensina evite colocar no
aprender finalidade útil. Uma criança aprende a andar de bicicleta pelo prazer
de fazê-lo, não porque tem de ir à padaria ou porque tem que ganhar um
campeonato.
O meio deveria oferecer aos diferentes aprendizes ás possibilidades
para desenvolver suas potencialidades com suas diferentes modalidades de
aprendizagem. No que se refere ao meio escolar devem ser analisadas as
condições materiais de ensino, como, por exemplo, se as classes estão cheias,
se as condições físicas são inadequadas ou se está se trabalhando com
material inapropriado. Deve ser levado em consideração o uso de programas
adequados que levem as diferentes modalidades de aprendizagem.
1.3 Distúrbios da Aprendizagem
A escola bem como a família por desconhecerem os sintomas das
dificuldades de aprendizagem não presta aos alunos o apoio que merecem de
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acordo com suas necessidades e características, e é praticamente nulo criando
situações graves.
É preciso muito estimulo por parte da escola e da família
proporcionando apoio, tratando com paciência, encorajando sempre,
impulsionando para frente e para o alto na certeza de fazê-los conseguir o
sucesso escolar e novas perspectivas de vida. Todas as crianças possuem um
potencial para aprender e gostam de fazê-lo, quando as crianças não
conseguem aprender cabe aos responsáveis pela educação a pesquisarem os
fatores que as prejudiquem neste processo, pois muitas causas não apontadas
como os motivos considerados pela não aprendizagem do aluno, leva-os na
maioria das vezes a serem reprovados e em conseqüência, evadir-se da
escola.
Os alunos com dificuldades de aprendizagem apresentam diversas
causas, podendo-se enumerar algumas:
1.3.1 Hiperatividade
Hiperatividade é um transtorno neurológico no córtex pré-frontal, ao
ser acionado para a concentração sua atividade é diminuída.
Alguns pesquisadores indicam que esta deficiência é bastante
herdada do córtex pré frontal, em parte pela baixa produção do
neurotransmissor dopamina, gerando distrações, ansiedades, desorganização,
desassossego, constantes rompantes de agressividade, impulsividade,
desatentação.
No histórico de vida, deverá aparecer sintomas claros antes dos 7
anos de idade, que remetam a desatenção, impulsividade.
O comportamento deverá estar inserido em pelo menos dois
ambientes desiguais, por exemplo, escolar e lar. Deve haver uma clara
evidencia de interferência como adequado desenvolvimento da funcionalidade
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social acadêmica ou ocupacional, mas nem todos que têm desatenção,
impulsividade sofrem de hiperatividade, outros fatores podem desencandeá-la.
Deve-se comparar sempre o comportamento dos alunos na mesma faixa etária
em família e na escola. Se estiver mais freqüência e severidade na desatenção
e impulsividade devem considerar a possibilidade de hiperatividade no aluno.
Os sintomas começam a aparecer muito cedo, apresentam-se com
variedade e permanecem com a pessoa até a vida adulta, caso não haja um
tratamento correto, caso não venha a se tratar, o aluno pode ter sérios
problemas na vida escolar, como abandonar a escola por ter dificuldades em
manter relacionamentos com colegas.
Os pais devem aprender a valorizar as qualidades do filho,
aumentando assim sua auto-estima e autoconfiança para melhorar e amenizar
o problema. A criança portadora de hiperatividade vive abaixo da sua
capacidade real por falta de compreensão e estimulo. É importante fazer um
histórico familiar, pois há casos que o transtorno pode ser genérico como
comportamental.
O aluno deve ser estimulado em suas aptidões, quebrando todos os
conceitos e admitindo o problema do transtorno do déficit de hiperatividade,
interagindo-o ao meio social em que vive, proporcionando-o assim uma vida
feliz.
1.3.2 Dislexia
As crianças dislexias sem tratamento lêem com dificuldade, pois é
difícil para elas assimilarem palavras. Essas crianças geralmente soletram
muito mal. Isso não significa que elas sejam menos inteligentes, ao contrario
muitas delam apresentam um grau normal ou até superior ao da maioria das
outras crianças.
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A dislexia permanece apesar da boa escolaridade. Pais, professores
e educadores precisam estar cientes de que um considerável número de
crianças sofre de dislexia, senão eles confundem dislexia com preguiça ou
indisciplina. É natural que crianças que sofrem de dislexia mostrem sua
frustração através de um comportamento ruim, na escola e fora dela. É
necessário que pais e professores saibam os sintomas que apontam para uma
criança que sofrem de dislexia para não rotulá-las de preguiçosa, pouco
inteligentes ou mal comportadas.
É importante ressaltar que ajudar as crianças com esses problemas
é muito trabalhoso e exige muita atenção e repetição. Um tratamento feito
ainda cedo na vida escolar de uma criança pode corrigir as falhas nas
conexões cerebrais ao ponto que elas desapareçam por completo. Essas
causas apresentadas são puramente referencia, pois não se pode apontar uma
causa única para o fracasso escolar, há vários fatores que contribuem para não
aprendizagem do aluno.
1.3.3 Disgrafia
A disgrafia é uma alteração da escrita normalmente ligada a
problemas perceptivo-motores. É a dificuldade na utilização de símbolos
gráficos para exprimir idéias.
Observa-se na escrita disgráfica, os traços muito fortes que marcam
o papel, falta de pressão com debilidade de traços, o grafismo não diferenciado
(forma e tamanho), traços poucos precisos e incontrolados, realização incorreta
de movimentos básicos em ligação com problemas de orientação espacial e
outros.
Na disgrafia a criança apresenta letra feia e com garranchos, isso
acontece por causa de uma capacidade de recordar a grafia da letra, ou seja,
ao tentar relembrar um grafismo a criança escreve muito lentamente e com isso
acaba unindo inadequadamente as letras de maneira ilegível.
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Algumas crianças com disgrafia possuem também uma disortografia,
amontoando letras para esconder os erros ortográficos, mas não são todos
digráficos que possuem disortografia, as quais ainda não se encontram
associadas a nenhum tipo de comprometimento intelectual.
O tratamento da disgrafia requer estimulação lingüística global e
atendimento psicopedagogico, pais e professores devem evitar repreender a
criança, deve reforçar o aluno de maneira positiva sempre que conseguir
realizar uma tarefa, na avaliação escolar, dar mais ênfase à expressão oral,
valorizar sempre os aspectos positivos e conquistas do aluno.
1.3.4 Disortografia
A disortografia se manifesta logo que o aluno tenha adquirido os
mecanismos da leitura e da escrita.
Para muitos autores, a disortografia consiste em uma seqüela da
dislexia, dadas as semelhanças e as conexões entre ambas.
Para Sampaio, um criança privada de uma metodologia de ensino
satisfatória, ou que teve uma aprendizagem incorreta da leitura e da escrita
poderá apresentar disortografia, corrigível a partir de um acompanhamento
adequado. (SAMPAIO, 2010, p. 128)
A característica principal de uma criança com disortografia é a
confusão com letras, sílabas e trocas ortográficas já conhecidas e trabalhadas
pelo professor. Trata-se de um distúrbio da escrita, na qual encontramos
inversões, aglutinações, omissões, desordem na estrutura da frase.
Os professores devem estimular a memória visual da criança por
meio de quadros com letras do alfabeto, números, famílias silábicas, não exigir
que a criança escreva 10 vezes a palavra, pois isso de nada irá adiantar, não
reprimir a criança, mas auxiliá-las positivamente.
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1.3.5 Discalculia
Discalculia é uma dificuldade em matemática. A matemática para
algumas crianças é, ainda, um bicho de sete cabeças, muitos não aprendem os
problemas matemáticos, não conseguem entender qual operação que deve ser
feita, se adição, subtração, multiplicação ou divisão. Alguns não entendem os
sinais, muito menos as expressões.
Em muitos casos, a dificuldade não está na criança, mas no
professor que elabora problemas com enunciados inadequados para a idade
cognitiva da criança.
Vários estudos sobre o desenvolvimento da criança mostram que termos quantitativos como “mais”, “menos”, ”maior”, “menor” etc. são adquiridos gradativamente e, de inicio, são utilizados apenas no sentido absoluto de “ o que tem mais”, “o que é maior” e não no sentido relativo de “ter mais que” ou “ser maior que”. A compreensão dessas expressões como indicando uma relação ou uma comparação entre duas coisas parece depender da aquisição da capacidade de usar da lógica que é adquirida no estagio das operações concretas... O problema passa então a ser algo sem sentido e a solução, ao invés de ser procurada através do uso da lógica, torna-se uma questão de adivinhação. (CARRAHER, 2002, p.72)
Distúrbios como: Distúrbios de escrita, distúrbios de leitura e
distúrbios de memória auditiva podem dificultar a aprendizagem da
matemática, que é diferente a discalculia.
A discalculia é um dos transtornos de aprendizagem que acarreta
dificuldades em matemática, este transtorno não é causado por deficiência
mental nem por déficits visuais ou aditivos, nem por má escolarização. O
portador de discalculia comete erros diversos na solução de problemas verbais,
nas habilidades de contagem, nas habilidades computacionais, na
compreensão dos números.
A criança com discalculia tem dificuldades na memória de trabalho,
em tarefas não verbais, dificuldades nas habilidades visuo-espaciais,
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psicomotores e perceptivos- táteis. A criança pode apresentar
comprometimento na organização espacial, na auto-estima, na orientação
temporal, etc.
É importante que o professor não force o aluno a fazer as lições,
quando ele estiver nervoso por não ter conseguido fazê-la, explique ao aluno
suas dificuldades e diga que está ali para ajudá-lo sempre que ele precisar
procure usar situações concretas nos problemas.
1.3.6 Distúrbio da Fala
Os distúrbios relacionados à fala e as linguagens são muitos
comuns, por isso, às vezes passam despercebidos. Há alunos que apresentam
distúrbios na fala que prejudicam a comunicação, ao perceber o problema
deve-se fazer um tratamento cujo resultado implique numa melhor qualidade de
vida.
A origem destes distúrbios pode estar ligados a fala de
desenvolvimento para comunicar-se, distúrbios adquiridos como, queda,
acidentes de trânsito, que comprometem o cérebro.
Os principais distúrbios são: Atraso na linguagem, Dislalia, Disfonia,
Deglutinação Atípica, Distúrbio da leitura e escrita e Difêmia.
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CAPÍTULO 2
AFETIVIDADE
O afeto é um regulador da ação, influindo na escolha de objetivos
específicos e na valorização de determinados elementos, eventos ou situações
pelo individuo. Assim, as emoções básicas, amor, ódio, tristeza, alegria ou
medo, direciona o comportamento do indivíduo para buscar ou evitar contato
de certas pessoas ou experiências. Expressividade e comunicação também
incluem a dimensão afetiva. Então o sorriso, a lágrima, os gritos, um olhar, um
rosto fechado indicam os sentimentos de uma pessoa.
Tanto a inteligência quanto a afetividade são mecanismos de
adaptação, permitindo ao individuo construir noções sobre os objetivos, as
pessoas e as situações, conferindo-lhes atributos, qualidade e valores.
A aprendizagem constitui-se em um processo, uma função que vai
além da aprendizagem escolar e que não se limita à criança. A aprendizagem,
como experiência, guarda um elemento universal do ser humano, na medida
em que permite a transmissão do conhecimento e, por meio desse processo,
garante a semelhança e a continuidade do coletivo, ao mesmo tempo
permitindo a diferenciação e a transformação. O aprender envolve
simultaneamente a inteligência, os desejos e as necessidades e, por meio do
cognitivo, busca-se o individual, o subjetivo e o diferente. A aprendizagem não
se faz diretamente, mas sim pela ação, isto é, a pessoa transforma e reproduz
as informações a que tem acesso, em função dos seus recursos próprios.
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A função da aprendizagem é integradora, estando diretamente
relacionada ao desenvolvimento psicológico, detonando as possibilidades de
interação e adaptação da pessoa à realidade ao longo da vida, sofrendo
múltiplas influencias de fatores ambientais e individuais. Ao longo do
desenvolvimento cognitivo e afetivo, a constituição do sujeito se faz pela
resolução de conflitos de aquisições, sendo a aprendizagem o produto da
interação das necessidades que vão se modificando e, assim, configurando
novos conflitos, que influenciam a maneira como as etapas posteriores do
desenvolvimento serão experimentadas. A aprendizagem constitui-se em um
dos indicadores da capacidade de aprender, relacionando especialmente para
as crianças, com o seu padrão de adaptação, com o nível de desenvolvimento
cognitivo, a condição cognitiva refere-se às estruturas que permitem a
organização dos estímulos e do conhecimento. Os aspectos afetivos,
juntamente com os cognitivos e biológicos, são comumente identificados como
fatores individuais e internos da criança, que isoladamente ou e interação,
determinam as condições de aprendizagem.
Quando se consideram todas as habilidades, os interesses, as atitudes, os conhecimentos e as informações adquiridas, dentro e fora da escola, e suas relações com a conduta, a personalidade e a maneira de viver, pode-se concluir que a aprendizagem acompanha toda a vida de cada um. Por meio dela, o homem melhora suas realizações nas tarefas manuais, tira partido de seus erros, aprende a conhecer a natureza e a compreender seus companheiros. Ela capacita-o a ajustar-se adequadamente a seu ambiente físico e social. Enfim, a aprendizagem leva o individuo a viver melhor ou pior, mas, indubitavelmente, a viver de acordo com que aprende. (PORTO, 2011, p.17)
A criança deseja e necessita ser amada, aceita, acolhida e ouvida
para que possa despertar para a vida da curiosidade e do aprendizado. A
presença do adulto dá a criança segurança física e emocional que a leva a
explorar mais o ambiente e aprendendo conseqüentemente. A interação
envolve, também, a afetividade, a emoção como elemento básico e essencial.
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Na pré-escola, a inter-relação da professora com o grupo de alunos
e com cada um em particular é constante, dando-se o tempo todo, quer seja na
escola, no pátio ou nos passeios. Essa a proximidade afetiva propícia a
interação com os objetivos e a constituição de um conhecimento altamente
envolvente. Essa inter-relação é o fio condutor, é o suporte afetivo do
conhecimento.
A afetividade também é concebida como o conhecimento construído
através da vivencia, não se restringindo ao contato físico, mas a interação que
se estabelece entre as partes envolvidas, na qual todos os atos comunicativos,
por demonstrarem comportamentos, intenções, crenças, valores, sentimentos e
desejos, afetam as relações e, conseqüentemente, o processo de
aprendizagem.
Perceber o sujeito como um ser intelectual e afetivo, que pensa e
sente simultaneamente, e reconhece a afetividade como parte integrante do
processo de construção do conhecimento, implica outro olhar sobre a prática
pedagógica, não restringindo o processo ensino aprendizagem apenas a
dimensão cognitiva.
2.1 O Ambiente Familiar e a Dificuldade de Aprendizagem
A família e a escola constroem no individuo os universos da sua
auto-estima, confiança, emoções, sentimentos e atributos que personificam
suas estruturas pessoais e seus vínculos afetivos. A escola e a família não
podem estar dissociadas uma da outra, pois são ligadas pelos laços afetivos do
educando, portanto, os processos de aprendizagem não bastam sem uma
compreensão que abrange o sujeito e os seus núcleos de convivência, nos
quais, eles conquistam sua identidade.
A alfabetização emocional inicia-se na família e, posteriormente,
amplia-se na escola. Nesses espaços, o individuo começa a lidar com as
emoções que lhes acompanharão por sua vida: O amor, o desejo, as
27
incertezas, as inseguranças, as ansiedades e tantas outras que precisarão ser
apercebidas e lapidadas durante a formação da sua personalidade. A escola e
a família garantem a unidade dos seus conjuntos, ao mesmo tempo em que
promovem a descoberta da individualidade.
Eventualmente, a escola cumpre o papel de resgatar junto ao seu
aluno alguns valores da sua formação. Lares destruturados não são bons
ambientes para as crianças, normalmente quando chegam à escola
demonstram carência afetiva e alguns problemas emocionais. Muitas crianças
não possuem a noção do trabalho em grupo nem os termos dos direitos e
deveres, apresentam dificuldade de concentração e sentem-se rejeitados.
A participação da família na vida escolar dos alunos, os problemas
que os alunos enfrentam no meio social e familiar provocam o desinteresse, em
razão da falta de perspectivas na vida, pois, muitas vezes, são obrigados a
trabalhar para o próprio sustento e o da família, ficando exaustos,
desmotivados e cansados em demasia para continuarem com os estudos.
A família é um grupo social ligado a laços afetivos e consangüíneos.
É dela que se herdam os primeiros saberes, o legado de segurança que faz
crescer e conduzir o ser até adquirir e construir o seu próprio mundo. O grupo
familiar se transforma através dos tempos e com isso cada individuo com o seu
fruto, com suas novas vivências, vai se distanciando, se diferenciando,
amadurecendo e adquirindo novos valores, evoluindo seus saberes, sem, no
entanto, abandonar os padrões marcantes encontrados e deixados no seio
familiar e conquistando novas experiências e firmando assim, sua
personalidade.
De um modo em geral a família não sabe definir o que é importante
na educação dos seus filhos, só ficam preocupados no que acontece de
errado. Há famílias participativas, interessadas no desenvolvimento de seus
filhos, acompanham seu dia-a-dia escolar, auxiliam nas tarefas, cobram e
impõem limites, verificam horários de estudos, são freqüentes nas escolas em
28
reuniões e as vezes que são solicitadas pelos professores, esse
acompanhamento diário ajuda no processo ensino aprendizagem, os filhos são
mais competentes em todos os níveis e quando o resultado não é satisfatório,
os pais manifestam ao seu filho suas decepções.
Os pais podem possibilitar aos portadores de dificuldade de
aprendizagem a vencerem seus sintomas, a interagir com novas formas de
aprender, oferecendo com sua atenção, seu afeto e sua presença, é de suma
importância o apoio recebido da família, pois ela atua como um sustento,
desenvolvendo no aluno sua capacidade e elevando a sua auto-estima. Os
pais devem manter equilíbrio, revendo seus próprios sentimentos, diante das
dificuldades apresentadas pelos filhos.
A família deve agir com as crianças com distúrbios ou dificuldades
de aprendizagem como os demais, tornando o ambiente familiar agradável e
que todos enfrentem o problema de forma natural e cooperem em conjunto
para que os resultados sejam mais satisfatórios.
Muito escutei na infância: “crianças não pensam”. Criança pensa. Mas faz também algo mais importante, que amadurecendo desaprendemos: ela é. Contemplando uma mancha na parede, um inseto no capim ou a revelação de uma rosa, ela não está olhando. Está sendo tudo isso em que se concentra. (LUFT, 2003, p.53)
2.2 A Importância do Vinculo entre Pais e Filhos
Os pais devem ter consciência de que ter um filho é uma imensa
responsabilidade que se deve assumir pela vida toda, por isso, um filho deve
ser planejado e querido para evitar várias situações desconfortáveis que,
diariamente, levam tantas pessoas aos consultórios e as clinicas terapêuticas.
Um filho jamais deve ser gerado apenas por acidente, ou para
satisfazer um instinto materno ou paterno, ou para solucionar casos de solidão,
para seguir carreira que os pais não puderam seguir ou ainda para “prender” o
29
parceiro a si ou qualquer outro motivo que não seja apenas a vontade de
colocar alguém no mundo e ser lhe útil, ensina-lhe a aprender com ele.
Quando uma criança é planejada e amada da forma certa,
dificilmente apresenta traumas ou distúrbios, e a vida em família passa a ser
prazerosa ou ao menos, bem aceita, a parir daí é preciso criar vínculos corretos
com essa criança para que a vida em família seja a melhor possível e também
para que essa criança cresça segura de seu papel na sociedade e em relação
aos outros.
Para Olivier, desde o nascimento a criança precisa ter boa
referencias, em todos os sentidos, de seus pais. (Oliver, 2008, p.26)
Deve estar claro para a criança que seus pais a amam, cuidam dela
em todos os sentimentos e que aconteça o que for sempre estarão ao seu lado,
sempre serão seus pais. É claro que fatalidades podem ocorrer como a morte
de um ou dos dois pais, mas se isso ocorrer deverá ser muito bem trabalhado,
por um bom terapeuta. É preciso dar segurança à criança em todos os
sentidos, dessa forma, mesmo se o casal vier a separar-se ou houver alguma
fatalidade, a criança estará bem estruturada e pronta a lidar com a situação.
Quando um casal que tem filhos decide que o melhor a fazer é
separar-se fisicamente, deve tentar estabelecer ao máximo um clima de
amizade, ao menos, na presença dos filhos, por mais custoso que seja, se isso
for impossível, é melhor manter os filhos afastados durante o processo, por
mais doloroso que seja a separação, será melhor do que ver o casal se
estapeando pelos cantos, brigando por bens materiais ou por motivos tolos. As
crianças precisam sentir-se amadas, protegidos, e acima de tudo
desvinculando da relação, separação dos pais, ou seja, é preciso deixar claro
para a criança que, casados ou divorciados, juntos ou separados, seus pais
continuam amando-a, cuidando e amparando-a em todos os momentos.
Aconteça o que for o pai será sempre pai, e mãe sempre mãe. E mesmo se os
pais casarem com outras pessoas serão sempre seus pais. Isso trará
30
segurança e tranqüilidade a todos. Se os filhos forem bem preparados diante
da situação, mesmo que se sintam um pouco inseguros no inicio do processo,
certamente superarão a fase e se tornarão crianças felizes, seguras, sem
nenhum problema afetivo ou de aprendizagem.
2.3 As Dificuldades de Aprendizagem e suas relações com o
comportamento emocional
Os diversos problemas enfrentados pelas crianças no processo
ensino aprendizagem podem ser vivenciados como situação de fracasso, visto
que a não obtenção de êxito diante das demandas escolares podem gerar
sentimentos de frustração e comportamento desapontados.
Para Sisto, a afetividade direciona os interesses, controlando a
quantidade de energia empregada em cada ato, em razão dos sentimentos que
esse ato desperta no individuo. (SISTO, 2008, p.95)
Deve se destacar a importância da atenção a tais aspectos na
compreensão do processo ensino aprendizagem, que podem produzir a
abandono da escola. Percebendo a relação dos aspectos cognitivos com os
emocionais, percebe-se a necessidade de uma disposição afetiva positiva para
aprender, tal disposição é manifestada por atitudes, interesses e confiança nas
capacidades cognitivas e pode possibilitar que o aluno alcance um melhor
desempenho. A Cognição e a emoção são fatores fundamentais na
compreensão e sucesso do individuo.
As crianças com problemas de aprendizagem procuram menos sua
família para obter suporte na solução de problemas. Muitos problemas de
aprendizagem podem estar relacionados a problemas afetivos que advêm de
dificuldades de comunicação das crianças, é importante que as crianças
tenham um bom ambiente familiar e de uma boa relação professor – aluno
como variáveis significativas nesse processo.
31
Os alunos com maiores dificuldades de compreensão apresentam
indicadores emocionais que denotam sentimentos de inseguranças,
retraimento e timidez, ao lado do sentimento de inadequação e preocupação
com as relações com o ambiente, sentimentos de pressão exercida pelos pais
para que os filhos obtenham melhor rendimento acadêmico. Essas crianças
freqüentemente são descritas pelos pais e professores como nervosas,
inquietas, desorganizadas, agitadas, descontroladas, irresponsáveis,
impulsivas, entre outras, essas crianças evidenciam sinais de regressões,
negativismo, normalmente associados com auto-subestimação, entre as
características emocionais mais contundentes de crianças com problemas de
aprendizagem estão à instabilidade emocional, tensão nervosa, dificuldade em
manter a atenção, inquietude, desobediência e auto-estima baixa.
A maioria dos alunos que não apresenta bons resultados no
processo ensino aprendizagem é classificada como detentor de problemas
emocionais, mesmo que não se possa deixar de reconhecer a importância dos
fatores afetivos e emocionais na aprendizagem. O Objetivo da escola não é
resolver dificuldades nessa área, não é função da escola promover o
ajustamento afetivo, a saúde mental ou a felicidade do aluno. Cabe, sim, à
escola propiciar um ambiente estável e seguro, onde as crianças se sintam
bem, facilitando, desta forma, a atividade intelectual.
32
CAPITULO 3
O PAPEL DO PROFESSOR
O professor tem um lugar importante na construção da
aprendizagem. As atividades que ele realiza ajudarão na maturação do sistema
nervoso central e na estruturação psíquica e cognitiva para que funcione de
acordo com as exigências do meio, por isso, um estudante não só deve saber o
que fazer e como fazer, mas também para que está fazendo. Nesse processo
que o aluno realiza ao construir o seu conhecimento, os progressos se
misturam com as dificuldades, bloqueios e inclusive, às vezes, retrocessos. É
importante compreender como as atividades favorecem o desenvolvimento de
determinadas funções, compreender que quanto mais cedo às intervenções
foram feitas, maiores serão as possibilidades de compensar, reparar ou
modificar conexões cerebrais e seu funcionamento.
O dever do professor é ensinar a pensar, desenvolver no aluno um
conjunto de habilidades cognitivas que permita a eles aperfeiçoar seus
processos de raciocínio. Motivar os alunos a tomar consciência dos seus
próprios processos e estratégias mentais para poder contratá-los e modificá-
los, melhorando o rendimento e a eficácia na aprendizagem, ou seja, incorporar
objetivos de aprendizagem relativos às habilidades cognitivas dentro do
currículo escolar.
A intervenção do docente é um guia da atividade do aluno. As
estratégias que ele utiliza serão valiosas quando motivarem aos alunos para a
33
análise do tipo de operações mentais que realizam em diferentes momentos da
aula de maneira que percebam como e sob que circunstâncias aprendem.
A aprendizagem é um processo interativo no qual se experimenta,
buscam-se soluções, a informação é importante, porém mais importante ainda
é a forma pela qual ela é apresentada e a função que desempenha a
experiência da pessoa que aprende. A busca, a pesquisa e a exploração
desempenham um papel muito importante na construção dos conhecimentos.
Ensinar é levar o aluno a aprender, é criar situações que o conduza
de forma natural à aprendizagem que surgirá por si mesma. O professor deve
transmitir conhecimento, aguçar no aluno o desejo de pesquisar, fazendo-o
compreender os problemas sem se sentir “senhor” da verdade. Mostrar ao
aluno que uma idéia nunca deve ser imposta como verdadeira, pois é
necessário que a criança entenda o processo de aquisição do conhecimento,
criando e recriando, inventado e redescobrindo ela mesma as soluções.
O professor deve estimular as atividades em equipe junto com os
alunos. Sua presença permanente deve ser um marco, pois é através dele, que
o aluno pesquisa o ambiente e vai aprendendo. Com o professor os alunos se
sentem mais seguros na construção e realização de suas tarefas e também a
se conhecerem e desenvolverem a relação de afetividade.
Cabe ao professor trabalhar com toda turma, respeitando a ação e o
tempo permitido da equipe e de cada aluno, sem interferência para acelerar a
aprendizagem, pois a aprendizagem não é um processo isolado, é contínuo,
está ligado ao desenvolvimento em geral, por isso o aluno deve ser estimulado
em suas habilidades de ensino aprendizagem.
A escola e o professor devem trabalhar de modo a ensinar o aluno a
se respeitar e respeitar o grupo, neste trabalho não se pode destacar as
diferenças, o importante é trabalhar o coletivo.
34
Para Durkheim, o desenvolvimento das crianças depende da ação
dos adultos, dos pais e, sobretudo dos mestres na escola. ”E do mestre que
tudo depende”. (TAILLE, 1992, P.57)
O procedimento do professor ao perceber uma criança com
dificuldades de aprendizagem é tentar descobrir o que há de errado com ela
para poder tratá-la, independente dos laços entre ela, da escola e das pessoas
do seu convívio, pois é o professor que carrega a maior responsabilidade no
processo de aprendizagem.
3.1 O PROFESSOR E A CRIANÇA COM DIFICULDADE DE
APRENDIZAGEM.
A criança com dificuldade de aprendizagem deve ser encaminhada
ao profissional especializada para diagnosticar as causas da não
aprendizagem. A aprendizagem é um processo complexo que envolve várias
habilidades, por isso não se pode eleger um só fator como responsável da
dificuldade da aprendizagem.
Cabe ao professor respeitar as diferenças individuais procurando
estabelecer a integração dos alunos com dificuldades de aprendizagem com
todos os membros da escola.
O professor não deve “rotular” o aluno. O processo escolar não
depende exclusivamente do professor nem do aluno, deve haver um
envolvimento mútuo tendo como parceiro a família que ao perceber também o
problema deve oferecer ajuda, compreensão para que as crianças se auto-
estime e sinta-se capaz de vencer os seus problemas.
O aluno vive o que aprende é necessário que ele deseje aprender,
que seja estimulado a aprender e que o ambiente em que vive permitindo-lhe a
sua maturação.
35
O educador está sempre à espreita de que a criança execute o que foi previsto para ela. A liberdade deixada à criança é sempre ilusória; está não tem outra saída senão adaptar-se a um mundo construindo para oprimir e castrar.
Não acredito que devemos iniciar analisando “o porquê as crianças não aprendem”, mas nos perguntando porque nos negamos tanto a aprender a “educar”. Existe uma profunda presunção em todo educador, como se educar fosse um ato natural. (Saltini, 2008, p.25)
Os conteúdos do ensino devem ser significativos, não somente que
sejam relevantes e tenham uma organização clara, mas sim que seja, possível
assimilá-los, ou seja, que exista uma estrutura cognitiva por parte de quem
aprende e que existam elementos relacionáveis na sua estrutura, com o
material de aprendizagem. Os métodos e estratégias do ensino devem oferecer
aos alunos a possibilidade de adquirir o conhecimento e de praticá-lo num
contexto de uso o mais realista possível.
A seqüência dos conteúdos geralmente é importante que, para que
aprendizagem seja significativa, começar pelos aspectos mais gerais e simples
para depois ir introduzindo progressivamente os conteúdos mais detalhadas e
complexos. A organização social é importante estimular adequadamente as
relações entre os alunos, sobretudo as relações de cooperação e colaboração.
Para que a ajuda dos professores seja efetiva, é importante que
exista intencionalidade por parte do professor de comunicar o que se quer
transmitir, deve haver transcendência, quando o aluno vai além de uma
situação de aqui e agora e pode relacionar experiências, antecipar situações,
tomar decisões conforme o que tenha vivenciado anteriormente e aplicar o
conhecimento a outras problemáticas sem a necessidade da ação direta do
professor.
As crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem merecem
todo esforço dos profissionais que as orientam. Estes devem ter ferramentas
eficazes para estimular essas crianças. É importante que todos esses
36
profissionais descrevam, compreendam e expliquem essas dificuldades para
guiá-las e ajudá-las a ter uma melhor qualidade de vida.
3.2 O PAPEL DO PROFESSOR NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO
O professor tem o papel de autoridade, por competência e
responsabilidade profissional. Cabe a ele buscar o conhecimento sobre o
processo do aprender do aluno, organizar o ensino e função desse
conhecimento, reajustar suas ações pedagógicas em função de seus efeitos
sobre a aprendizagem do aluno, enfim, coordenar o ensino, mediando o
processo de aprendizagem daquele que se encontra sob sua responsabilidade
profissional.
O educador no seu ensinar, está em permanente fazer, propondo
atividades encaminhando proposta aos seus alunos. Por isso mesmo sua ação
tem que ser pensada, refletida para que não caia no praticismo, ele deve rever
seu papel de educador e entender o aluno como um sujeito que constrói seu
conhecimento; um sujeito real e não um ser imaginário, aqueles que
gostaríamos de ter. Há que se atender a todos os alunos, inclusive àqueles que
chegam a condições menos favoráveis. O professor pode optar por um
determinado método ou por algumas práticas, mas o conhecimento adquirido é
resultado da própria atividade do aluno, ou seja, o aluno é sujeito do seu
conhecimento, é um ser autônomo, governado por si só e não pelos outros
(heterônomo).
É atribuição de o professor pensar sobre o pensar do aluno, ou seja,
desenvolver suas ações pedagógicas constantemente atentas aos efeitos no
processo de aprendizagem do aluno, peculiar em sua subjetividade e em seu
processo de construção do conhecimento. É também sua atribuição ensinar
pesquisando, ao atuar, analisar os efeitos de sua atuação no processo de
aprendizagem do aluno, redirecionado sua prática, em função de dados então
constatados.
37
Em vez de um professor que transmite “comunicado” sobre um objeto e um aluno que passivamente recebe estas informações acreditando ter aprendido, a educação problematizadora traz, desde logo, o professor para a posição e o aluno para a posição de professor; o objetivo passa a ser a fator de mediação deixando de ser “o” objetivo da educação. Pois não há educador tão sábio que nada possa aprender; nem educando tão ignorante que nada possa ensinar. Surge daí, a concepção dialógica da educação problematizadora. (BECKER, 1993, p.147)
O educador precisar dar-se conta de que está seriamente
comprometimento como o juízo de valor emitido sobre o educando. Seu olhar
estreita-se perigosamente ao considerar o processo avaliativo como uma ação
objetiva e imparcial, puramente constatativa sobre o fazer do aluno. Como uma
coleta de dados observáveis na avaliação deve-se levar em conta a relação
entre o avaliador e o avaliando.
A avaliação escolar, também chamada avaliação do processo
ensino-aprendizagem ou avaliação do rendimento escolar, tem como dimensão
de análise o desempenho do aluno, do professor e de toda a situação de
ensino que se realiza no contexto escolar.
É uma prática valiosa, reconhecidamente educativa, quando
utilizada com o propósito de compreender o processo de aprendizagem que o
aluno percorrendo em um dado curso, no qual o desempenho do professor e
outros recursos devem ser modificados para favorecer o cumprimento dos
objetivos previstos e assumidos coletivamente na escola.
A avaliação tem sido utilizada muitas vezes de forma reducionista,
como se avaliar pudesse limitar-se à aplicação de um instrumento de coleta de
informação. É comum ouvir-se “vou fazer uma avaliação”,quando se vai aplicar
uma prova ou teste. Avaliar exige estabelecer critérios, para depois escolher os
procedimentos, inclusive aqueles referentes à coletas de dados. Além disso, o
processo avaliativo não se encerra com este levantamento de informações, as
quais devem ser comparadas com os critérios e julgadas a partir do contexto
38
em que foram produzidas. Na avaliação devemos atuar com o senso crítico
aguçado, de forma a dar um conceito verdadeiro em cima do fato, da prática.
O contexto avaliativo é uma construção coletiva, na medida em que
depende do encontro ou não de uma série de fatores, situações ou objetivos.
Caracterizar a culpa do modelo sobre uma ou outra corrente de ação é
minimizar a questão a um nível que pode individualizar sem considerar as
relações existentes com o meio de formação escolar e social as possíveis
soluções, enquanto busca-se o oposto, ou seja, uma fórmula de avaliação que
contemple a participação ativa de todos os implicados, conforme o que nos diz
Hoffman, numa perspectiva construtivista da avaliação, a questão da qualidade
do ensino deve ser analisada em termos dos objetivos efetivamente
perseguidos no sentimento do desenvolvimento máximo possível do alunos.
(HOFFMAN, 2006, p.26)
A avaliação escolar é muito importante, uma vez que é
potencialmente o instrumento a ser usado na construção ou no pleno
desenvolvimento do modelo de atuação escolar. Se conduzida com caráter
reflexivo e, na medida em que sirva de termômetro a identificar as carências
apresentadas pelos alunos, no decorrer do período letivo, serve como
balizador, para que possa o professor tomar certas decisões ou executar
modificações e reforços que favoreçam o desenvolvimento necessário ao
alcance pleno dos objetivos planejados.
É fundamental que se tenha uma visão sobre o aluno como um ser
social e político, capaz de atos e fatos, dotados de conformidade com o senso
critico, sujeito de seu próprio desenvolvimento. Somente uma avaliação levada
a termo, de forma adequada, é capaz de favorecer o desenvolvimento critico
pleno ou a construção perfeita da autonomia.
Para Luckesi, avaliação significa diagnosticar e intervir, o que quer
dizer praticar a investigação sobre o que está acontecendo, tendo em vista
39
proceder a intervenções adequadas, sempre para a melhoria dos resultados.
(LUCKESI, 2005, p.74)
Avaliar, mais do que saberes técnicos, exige sabedorias para
compreender a complexidade do ser humano em desenvolvimento, para
relevar suas deficiências menores para despertar valores e virtudes, muitas
vezes adormecidos e, sobretudo, um depósito de discernimento, equilíbrio,
afetividade, valores morais, intelectuais, estéticos, religiosos, elementos
fundamentais para a importância e a grandeza da ação do professor.
40
CONCLUSÃO
Educar é amar, é investir no outro... . Através desta percepção
destaca-se a importância da afetividade no relacionamento do educador com
aluno, onde um vínculo é criado e esse vínculo é o que facilita o aprendizado. A
afetividade, assim como a inteligência, não aprece pronta nem
permanentemente imutável. Ambas evoluem ao longo do desenvolvimento, são
construídas e se modificam de um período a outro, pois à medida que o
individuo se desenvolvem, as necessidades afetivas se tornam cognitivas.
O afeto é a energia necessária para que a estrutura cognitiva possa
operar. Ele é capaz de influenciar a velocidade com que se constrói o
conhecimento, pois quando a pessoa está segura, aprende de uma forma mais
natural e espontânea.
Buscar solução para a dificuldade de aprendizagem, não consiste
em patologizar o aluno, mas em ampliar o foco abrindo para outras variáveis
que também influenciam no processo ensino-aprendizagem, como incluir o
método de ensino, as relações professor-aluno, os aspectos sócio-cultural e a
história de vida do sujeito. Muitas vezes a escola e os profissionais da
educação não levam em consideração a estrutura da escola, estrutura social e
a inadequação dessa estrutura podem ser a causa desencadeante do
problema de aprendizagem. O professor deve ser o facilitador, o mediador do
ensino aprendizagem e o psicopedagogo atuando no âmbito escolar pode dar
uma contribuição valiosa e enriquecedora tanto para a instituição rever suas
práticas pedagógicas quanto aos demais membros da comunidade escolar,
auxiliando no entendimento das dificuldades que podem ocorrer no percurso
escolar e afetar o processo ensino aprendizagem.
41
Educadores e Psicopedagogos devem buscar o significado do
aprender para o sujeito e sua família, tentando descobrir a causa do não
aprender. Conhecer como se dá a circulação de conhecimento na família, qual
a modalidade de aprender para a criança, não perdendo de vista qual o papel
da escola na construção do problema de aprendizagem, tentado também ligar
a família no projeto de atendimento para ampliar seu conhecimento, também
organizar metodologia para facilitar a aprendizagem e o desempenho escolar.
42
A MOCHILA PESADA
No primeiro dia de aula João ganhou uma mochila nova e todo
contente foi com ela para sua escola, também nova.
Com o passar do tempo a mochila foi ficando pesada, pesada, muito pesada; a ponto de João curva-se.
Na 1º série era pesada porque tinha muitos lápis de cor.
Na 2º série tinha muitos lápis e cadernos.
Na 3º série tinha muitos lápis, cadernos e livros.
Na 4º série tinha tudo isso e algo mais.
João arrastava-se para carregar a mochila pesada...
João viu num filme em que os garotos carregavam os materiais das meninas...
- Mariana... quer que eu leve sua mochila?
Surpresa! A mochila era leve, muito leve... durante muito tempo João pensou na diferença... Não descobrindo, perguntou a Mariana o que ela carregava na mochila.
- Apenas as coisas da escola... e nada mais.
João enamorou-se por Mariana e sem perceber a mochila ficou menos pesada. João sorriu... João brincou.
As férias chegaram e a mochila pesada ficou esquecida num canto do quarto. As aulas começaram.
Surpresa! A mochila estava leve, muito leve.
João entendeu que além dos materiais carregava em sua mochila todos os seus problemas.
A mochila de João, agora, é muito leve... ele carrega todo o material. É só isso. (CHAMAT, 2004, p.12)
43
BIBLIOGRAFIA
BECKER, Fernando. Da ação à operação: O caminho da aprendizagem: J. Piaget e P. Freire. Porto Alegre: EST: Palmarinca, 1993.
CARRAHER, Terezinha Nunes. Aprender pensando: contribuições da psicologia cognitiva para a educação. Petrópolis, RJ – Editora Vozes, 2002.
CARRERA, Gabriela. Dificuldade de aprendizagem: Detecção e estratégias de ajuda. Editora Grupo Cultural, 2009.
CHAMAT,Leila Sara José.Técnicas de Diagnostico Psicopedagogo: O Diagnostico Clinico na Abordagem Interacionalista. Editora Vetor, 2004.
HOFFMAN,Jussara. Avaliação Mediadora: Uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre, 2006.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem na escola: relaborando conceitos e recriando a prática. Salvador – Malabares Comunicações e Eventos, 2005.
LUFT, Lya. Perdas e Ganhos. Rio de Janeiro – Editora Record, 2003.
OLIVIER,Lou de. Distúrbios Familiares. Rio de Janeiro – Editora Wak, 2008.
PORTO, Olívia. Bases da Psicopedagogia Diagnósticos e Intervenção nos problemas de Aprendizagem. Rio de Janeiro – Editora Wak, 2011.
REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: Uma Perspectiva Histórico- Cultural da Educação. Petrópolis, RJ - Editora Vozes, 2010.
SALTINI, Claúdio J. P. Afetividade e Inteligência. Rio de Janeiro – Editora Wak, 2008.
44
SÁNCHEZ, Jesús Nicasio Garcia. Dificuldades de aprendizagem e Intervenção Psicopedagógica. Porto Alegre - Editora Artmed, 2004.
SAMPAIO, Simaia. Dificuldades de aprendizagem: A Psicopedagogia na relação sujeito, família e escola. Rio de Janeiro - Editora Wak, 2010.
SISTO, Fermino Fernandes. Afetividade e Dificuldades de Aprendizagem: Uma Abordagem Psicopedagogica. Editora Vetor, 2008.
TAILLE, Yves de La. Piaget, Vygotsky, Wallon. São Paulo – Summus, 1992.
45
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS..........................................................................................3
DEDICATÓRIA....................................................................................................4
RESUMO.............................................................................................................5
METODOLOGIA.................................................................................................6
SUMÁRIO............................................................................................................7
INTRODUÇÃO.....................................................................................................8
CAPITÚLO 1
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM..............................................................10
1.1 Causas das Dificuldades da Aprendizagem................................................12
1.2 Fatores a Considerar no Diagnóstico das Dificuldades de Aprendizagem...................................................................................................14
1.3 Distúrbios de Aprendizagem........................................................................17
1.3.1 Hiperatividade.....................................................................................18
1.3.2 Dislexia..............................................................................................19
1.3.3 Disgrafia.............................................................................................20
1.3.4 Disortografia.......................................................................................21
1.3.5 Discalculia...........................................................................................22
1.3.6 Distúrbio da Fala.................................................................................23
CAPÍTULO 2
AFETIVIDADE...................................................................................................24
2.1 O Ambiente Familiar e a dificuldade de Aprendizagem...............................26
2.2 A importância do Vínculo entre pais e filhos................................................28
46
2.3 As dificuldades de Aprendizagens e suas relações com o comportamento emocional...........................................................................................................30
CAPÍTULO 3
O PAPEL DO PROFESSOR.............................................................................32
3.1 O Professor e a Criança com dificuldade de aprendizagem........................34
3.2 O Papel do Professor no Processo de Avaliação........................................36
CONCLUSÃO....................................................................................................40
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................43
ÍNDICE...............................................................................................................45