almoÇageme sustentÁvel - moodle · 2012-08-04 · o propósito deste projecto é transformar...
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ALMOÇAGEME SUSTENTÁVEL
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Plano estratégico de desenvolvimento sustentável para Almoçageme – Junho 2005
Trabalho realizado pelo Grupo Catita:
Andreia Botelho, nº15456
Carlos Netto, nº15441
João Rosa, nº16024
Pedro Baptista, nº15493
Tiago Nunes, nº15464
1
Resumo
Almoçageme é uma pequena aldeia virada essencialmente para a
agricultura e turismo. O facto de estar localizada no PNSC, cria certos
obstáculos ao desenvolvimento desta zona.
Este projecto analisa vários sectores; sendo eles: Agricultura e pecuária,
Floresta, Turismo, Educação e saúde, Cultura, Energia, resíduos e
saneamento, Comércio e emprego, Transportes; e aproveita as suas
potencialidades no sentido de um desenvolvimento sustentável: fixando melhor
a população, criando postos de trabalho, melhorando a qualidade de vida…
A elaboração deste projecto necessitou do estudo de vários instrumentos de
ordenamento do território: a REN e RAN, o POPNSC, o POOC de Sintra-Sado,
o PDM de Sintra e a Rede Natura 2000. Recorreu-se também a informações de
várias instituições e particulares (sondagem local), e a algumas saídas de
campo. Parte do tratamento da informação, foi realizado a partir do SIG ArcGis.
Verificou-se que a inexistência de um plano de urbanização representa um
grande entrave à gestão sustentável dos recursos dentro do perímetro urbano.
Este planeamento multi-sectorial, por se tornar muito complexo, não permitiu
que se fizesse um estudo de custos-eficácia, nem que se criasse um plano de
implementação faseado. Propõe-se então que no futuro se remedeie esta falha.
2
Agradecimentos
- Câmara Municipal de Sintra
- SMAS de Sintra
- ICN
- Biblioteca Municipal de Sintra
- Bombeiros Voluntários de Almoçageme
- Junta de Freguesia de Colores
- HPEM – Higiene Pública, EM
- Prof. Doutor J.F. Santos Oliveira
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Índice RESUMO ....................................................................................................................................................2 AGRADECIMENTOS...............................................................................................................................3 ÍNDICE .......................................................................................................................................................4 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................................6
OBJECTIVOS .............................................................................................................................................7 ENQUADRAMENTO ...................................................................................................................................7 VISÃO DO PROJECTO.................................................................................................................................9
METODOLOGIA ....................................................................................................................................11 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO....................................................................15
OCUPAÇÃO DO SOLO ..............................................................................................................................16 HIPSOMETRIA E DECLIVES ......................................................................................................................17 INCIDÊNCIAS AMBIENTAIS ......................................................................................................................18 INSTRUMENTOS DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO...............................................................................20
ANÁLISES SECTORIAIS ......................................................................................................................26 AGRICULTURA E PECUÁRIA....................................................................................................................27
Objectivos .........................................................................................................................................27 Diagnóstico.......................................................................................................................................28 Propostas ..........................................................................................................................................31 Programas de incentivo à Agricultura e Pecuária ...........................................................................35
FLORESTA ..............................................................................................................................................36 Objectivos .........................................................................................................................................36 Diagnóstico.......................................................................................................................................36 Propostas ..........................................................................................................................................38 Programas de incentivos para a Floresta.........................................................................................41
TURISMO ................................................................................................................................................43 Objectivos .........................................................................................................................................43 Diagnóstico.......................................................................................................................................44 Propostas ..........................................................................................................................................46 Programas de incentivo ao Turismo.................................................................................................49
EDUCAÇÃO E SAÚDE ..............................................................................................................................50 Objectivos .........................................................................................................................................50 Diagnóstico.......................................................................................................................................50 Propostas ..........................................................................................................................................51
CULTURA ...............................................................................................................................................53 Objectivos .........................................................................................................................................53 Diagnóstico.......................................................................................................................................53 Propostas ..........................................................................................................................................55 Programas de incentivo à Cultura....................................................................................................57
ENERGIA, RESÍDUOS E SANEAMENTO.....................................................................................................58 Objectivos .........................................................................................................................................58 Diagnóstico.......................................................................................................................................59 Propostas ..........................................................................................................................................60 Programas de incentivo ao sector energético...................................................................................65
COMÉRCIO E EMPREGO...........................................................................................................................66 Objectivos .........................................................................................................................................66 Diagnóstico.......................................................................................................................................66 Propostas ..........................................................................................................................................68 Programas de incentivo ao Comércio e Emprego ............................................................................71
TRANSPORTES ........................................................................................................................................72 Objectivos .........................................................................................................................................72 Diagnóstico.......................................................................................................................................72 Propostas ..........................................................................................................................................74
4
CONCLUSÃO ..........................................................................................................................................76 BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................................79
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Plano estratégico de desenvolvimento sustentável para
Almoçageme
Introdução
6
Almoçageme Sustentável – Introdução
Objectivos O propósito deste projecto é transformar Almoçageme numa aldeia
sustentável. O projecto engloba, portanto, as componentes social, económica e
ambiental, integrando-as de maneira a garantir a sustentabilidade. Como
apresentado na Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável de
2004 (ENDS), pretende-se “assegurar um crescimento económico célere e
vigoroso, uma maior coesão social, e um elevado e crescente nível de
protecção e valorização do ambiente”. Ao contrário daquele documento, o
presente projecto não pretende implementar orientações estratégicas para um
determinado período de tempo; antes, procura-se apresentar propostas que
permitam assegurar o desenvolvimento sustentável e que sejam válidas para
qualquer fase de implementação.
O conceito de desenvolvimento sustentável é, normalmente, definido como
“o desenvolvimento que dá resposta às necessidades do presente, sem
comprometer a possibilidade de satisfazer as necessidades das gerações
futuras” (CMAD, 1987). Significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro,
atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e económico e de
realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos
recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais.1
Enquadramento Almoçageme pertence ao distrito de Lisboa, concelho de Sintra e freguesia
de Colares. Situada na vertente Norte da Serra de Sintra, esta localidade
encontra-se entre a serra e o mar. Esta aldeia está integrada no Parque Natural
de Sintra-Cascais, considerado património mundial.
Almoçageme é uma típica aldeia saloia, rica em recursos naturais, que
permitiu o desenvolvimento da agricultura, da pastorícia e, por outro lado,
devido à proximidade do Oceano Atlântico, a utilização dos recursos marinhos.
Hoje em dia, a variedade profissional dos habitantes de Almoçageme é já muito
diversa. É certo que continua a existir a agricultura e a pesca, mas o comércio
parece ser uma das actuais preferências, desde a hotelaria ao artesanato,
passando pela decoração e restauração. Hoje em dia, a agricultura não passa 1 http://www.solvay.pt/sustainabledevelopment/0,,1210-5-0,00.htm, Maio 2005
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Almoçageme Sustentável – Introdução
tanto pela escolha dos jovens, trabalho esse que deixa de ser uma preferência
por parte desta nova geração tendo como único aliado ainda a população mais
idosa.2
Ao longo dos séculos, o casario de Almoçageme foi sempre de
surpreendente brancura, com as características barras de cor azul forte,
amarelo ou óxido de ferro e erguia-se em alvenaria até aos telhados mouriscos.
A aldeia espraiava-se pela encosta e as pequenas casas eram cercadas de
minúsculas hortas, que davam ao ambiente um aspecto rural. Como resultado
dessa vertente rural, ainda hoje, os camponeses da região realizam, aos fins-
de-semana e feriados, em Santo André de Almoçageme, a Feira de
Almoçageme onde vendem os seus produtos agrícolas. (Roteiro Turístico,
1997)
Em Almoçageme realizam-se ainda algumas actividades festivas como os
Santos populares no mês de Junho e ainda a festa em honra de Nossa
Senhora da graça que têm lugar todos os anos e durante oito dias, no primeiro
mês de Outubro, onde se podem apreciar os saborosos bolos típicos dessa
festa.
É uma localidade muito procurada nos meses de férias, e também aos fins-
de-semana. Actualmente, muitas são as famílias que escolhem trocar o
rebuliço da cidade pela calmaria campestre desta zona serrana à beira mar.
Este facto leva à pressão sazonal na região, que não é favorável ao
desenvolvimento contínuo das actividades económicas durante todo o ano.
Também por se inserir numa Área Protegida, surgem obstáculos ao
desenvolvimento local devido a restrições impostas pelo Plano de
Ordenamento do Parque Natural de Sintra-Cascais. Em conjunto com o
estrangulamento da agricultura tradicional por parte do mercado, existe na
zona um deficit na oferta de emprego.
Por último, a baixa densidade populacional e a fraca actividade económica
causam uma grande deficiência no sistema de transporte público, que é
compensado pela grande aderência ao transporte privado.
2 http://parasintra.blogspot.com/2005/04/almoageme-ii.html, Maio 2005
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Almoçageme Sustentável – Introdução
Visão do projecto Uma das directrizes do desenvolvimento sustentável diz respeito à
maximização da eficiência de gestão de recursos (Agenda 21, capítulos 4 e
21). Sob esta orientação assenta-se este projecto – procura implementar um
ciclo fechado de extracção e uso de recursos de forma a minimizar a
dependência de Almoçageme dos seus arredores, relativamente a cada um
dos sectores:
- Agricultura e pecuária;
- Floresta;
- Turismo;
- Educação e saúde;
- Cultura;
- Energia, resíduos e saneamento;
- Comércio e emprego;
- Transportes.
A figura 1 esquematiza sumariamente a interligação das actividades de
Almoçageme que se planeia. Assim:
- A Quinta Biológica fornece produtos agrícolas, como o vinho de Colares
e produtos hortícolas, e resíduos orgânicos a serem aproveitados por
um reactor de biogás. Por outro lado, recebe lamas do reactor de biogás
e aproveita a floresta para a exploração de ervas medicinais e
aromáticas e fungos. Os seus produtos certificados têm alto valor
económico.
- A floresta proporciona espaço para o lazer e actividades desportivas
como a escalada em paredes artificiais e btt, produtos de interesse
económico para a Quinta Biológica, e biomassa para o reactor de
biogás.
- O reactor de biogás recebe os resíduos orgânicos da Quinta Biológica,
da floresta e os domésticos e produz energia (metano) e lamas para a
agricultura que substituem os fertilizantes.
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Almoçageme Sustentável – Introdução
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igura 1. Ideia-base do projecto: ciclo fechado dos recursos
O turismo, embora não esteja incorporado no esquema anterior, tem uma
mportância enorme pois apresenta o maior potencial económico de
lmoçageme, pretende-se então aproveitá-lo.
Esta visão para Almoçageme necessita de bons meios de comunicação,
ntão, no que toca a transportes públicos, escolheu-se não tomar medidas
revendo que este sector desenvolve-se automaticamente em paralelo com o
esenvolvimento local.
Para que esta ideia seja implementada, é necessário que o enquadramento
e Almoçageme assim o permita. Assim, acções de esclarecimento e
ensibilização são tanto um meio para atingir os objectivos como para a
ducação da população.
Propõe-se também que o projecto seja coordenado por um Centro de
estão Ambiental, sedeado em Almoçageme, que para além de certificar que o
lano está a ser bem implementado, analisando as alterações consequentes,
ambém cria postos de trabalho qualificado na zona.
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Plano estratégico de desenvolvimento sustentável para
Almoçageme
Metodologia
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Almoçageme Sustentável – Metodologia
Definido o objectivo, a metodologia de trabalho seguida consistiu nas
seguintes etapas:
1. Recolha de informação Foi feita a recolha de informação na Câmara Municipal de Sintra (CMS), nos
Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS), no Instituto de
Conservação da Natureza (ICN) e na Junta de Freguesia de Colares. Obteve-
se o Plano de Ordenamento do Parque Natural Sintra-Cascais, o Plano Director
Municipal, a planta da rede de saneamento, assim como outra cartografia de
base.
O trabalho envolveu também uma sondagem para avaliar a receptividade
de algumas propostas e através do qual se estabeleceu um diálogo com os
habitantes sobre os problemas e possíveis soluções para a região.
O conhecimento do território foi conseguido com maior eficácia através de
saídas de campo onde se percorreu grande parte do território, identificando os
problemas existentes.
2. Tratamento da informação
Procedeu-se à organização do material recolhido e ao seu tratamento. O
tratamento da informação geográfica foi executado no Sistema de Informação
Geográfica ArcGIS 9, produzindo-se cartas que ajudaram a analisar o território.
Convém referir que, por conveniência, limitou-se a área de estudo
correspondente às seguintes coordenadas, indicadas para o Datum 73:
- Mínimo X: 82530.86 metros
- Máximo X: 84298.29 metros
- Mínimo Y: 203572.31 metros
- Máximo Y: 204786.75 metros
A área é de aproximadamente 214 hectares.
De entre as cartas produzidas a partir da informação base, a carta de
ocupação do solo foi obtida a partir do ortofotomapa. Justifica-se, assim, a
existência de áreas sem classe de ocupação pela sua dificuldade de definição
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Almoçageme Sustentável – Metodologia
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através do ortofotomapa. Como tal, a carta representa uma aproximação do
estado actual e, dada a escala relativamente grande, não pretende ser
demasiado minuciosa.
A figura 2 apresenta esquematicamente a informação geográfica recolhida e
as cartas obtidas com o auxílio do ArcGIS.
A carta de incidências, que não se apresenta, foi obtida na sua totalidade a
partir das saídas de campo.
Almoçageme Sustentável – Metodologia
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Figura 2. Apresentação esquemática da informação recolhida e produção das cartas finais.
ICN CMS SMAS
Ortofotomapa Curvas de nível
POPNSC
Saneamento
Ocupação do solo
Carta Militar Património edificado
Carta de caracterização geral
Carta da REN e da RAN
Carta de Risco de Erosão
Carta da Rede Natura 2000
Carta de hipsometria
Carta de declives
Carta da Rede de Saneamento
Carta de terrenos e edifícios abandonados
Rede Natura 2000
Carta do POPNSC
PDM
Informação base
Cartas finais
Entidades
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Plano estratégico de desenvolvimento sustentável para
Almoçageme
Caracterização geral da área de estudo
Almoçageme Sustentável – Caracterização geral da área de estudo
Ocupação do solo A figura 3 apresenta a ocupação do solo, a rede viária, a rede hidrográfica e
o património cultural para a zona de Almoçageme. Pode-se constatar que a
área de urbana de Almoçageme é central, à volta da qual se processa grande
parte da actividade agrícola. A agricultura é o uso dominante do solo, embora
seja de referir a importância da floresta e da vegetação arbustiva constituída
pelo carrasco (Quercus coccifera). Verifica-se que a rede viária é bastante
extensa em redor do perímetro urbano, devido à construção dispersa que se
faz sentir em torno da aldeia.
Figura 3. Caracterização geral de Almoçageme.
Almoçageme Sustentável – Caracterização geral da área de estudo
Hipsometria e declives
Figura 4. Carta de hipsometria de Almoçageme.
A partir das figuras 4 e 5 é possível ter uma noção da altimetria e declives
da área de estudo. Pode-se constatar que a área urbana de Almoçageme se
situa numa zona de declive pouco acentuado e na parte mais elevada da área
de estudo. As encostas mais declivosas são ocupadas por mato ou carrascal.
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Almoçageme Sustentável – Caracterização geral da área de estudo
Figura 5. Carta de declives de Almoçageme.
Incidências ambientais Durante o período de trabalho de campo, foram identificados alguns
problemas ambientais (ver figura 6 e respectiva descrição), os quais são
referidos nos sectores correspondentes.
Os casos mais graves são os que estão relacionados com as ribeiras. A má
gestão dos recursos hídricos, com implicações na vegetação ripícola, deve ser
uma prioridade na intervenção.
A falta de fiscalização por parte da administração do Parque Natural Sintra-
Cascais (PNPSC) tem permitido que ocorram situações de contra-ordenação
relativamente ao regulamento do Parque.
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Almoçageme Sustentável – Caracterização geral da área de estudo
Figura 6. Localização das incidências ambientais identificadas – ver legenda em baixo.
Descritivo das incidências identificadas na figura:
1. Ribeira da Maceira, que desagua na Praia da Adraga, necessita de
requalificação das margens;
2. Vazamento de entulho de construção civil e lixo doméstico de grandes
dimensões (colchões, fornos, frigoríficos, etc.);
3. Actividade de extracção de terras; junto existe barracão de actividade
duvidosa;
4. Ribeira com odor desagradável e lixo depositado nas margens;
5. Estacionamento a necessitar de melhoria de condições;
6. Ecopontos com acesso difícil e, regularmente, no limite da capacidade
máxima;
7. Poluição sonora oriundo dos serviços de bombeiros;
8. Drenagem da água da ribeira para alimentar reservatórios de água das
propriedades agrícolas;
9. Necessária requalificação da vegetação das margens da ribeira;
10. Motocross, actividade recreativa proibida no Parque Natural Sintra-
-Cascais.
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Almoçageme Sustentável – Caracterização geral da área de estudo
Instrumentos de ordenamento do território Para a área de estudo delimitada, existe um grande número de
instrumentos de ordenamento do território, alguns dos quais, pela sua maior
escala e, portanto, maior especificidade, se apresentam sucintamente.
1. Reserva Agrícola Nacional e Reserva Ecológica Nacional Embora sejam de âmbito nacional, é conveniente que se enquadre a
Reserva Agrícola Nacional (RAN) e a Reserva Ecológica Nacional (REN), por
se considerarem dois instrumentos de elevada importância para as propostas a
indicar (figura 7).
Figura 7. Carta da Reserva Agrícola Nacional e da Reserva Ecológica Nacional, relativo à área
de Almoçageme.
A RAN está regulamentada pelos Decretos-lei nº196/89 de 14 de Junho e
nº274/92 de 12 de Dezembro. Tem como objectivo “defender e proteger as
áreas de maior aptidão agrícola e garantir a sua afectação à agricultura” (artigo
1º). Nela se incluem os solos das classes A e B, definidos em anexo do
diploma, assim como por solos de baixas aluvionares e coluviais (artigo 4º).
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Almoçageme Sustentável – Caracterização geral da área de estudo
A REN (Decreto-lei nº93/90 de 19 de Março) visa garantir a protecção de
ecossistemas através da constituição de uma “estrutura biofísica básica e
diversificada” (artigo 1º).
Estes dois instrumentos podem, apesar das grandes restrições à
construção, admitir acções de iniciativa privada ou pública que sejam
consideradas de interesse público (artigo 9º e artigo 4º da RAN e da REN,
respectivamente).
Recentemente, têm surgido pressões, especialmente por parte das
autarquias, para que se proceda à revisão dos regulamentos da RAN e da
REN, sendo uma das sugestões a passagem de competências para a
administração local.
2. Plano de Ordenamento do Parque Natural Sintra-Cascais
Criado em 1994 e revisto em 2004, o Plano de Ordenamento do Parque
Natural Sintra-Cascais (POPNSC – figura 9), estabelecido pela Resolução do
Conselho de Ministros nº1-A/2004 de 8 de Janeiro, pretende, principalmente,
“proteger e promover os valores naturais, paisagísticos e culturais” (artigo 2º).
O artigo 11º define as seguintes tipologias de nível de protecção:
Áreas de protecção total
Áreas de protecção parcial I Nível de Protecção
Áreas de protecção parcial II
Áreas de protecção complementar I
Áreas de protecção complementar II
Áreas de protecção complementar III
Figura 8. Hierarquização das áreas de protecção quanto ao nível de protecção.
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Almoçageme Sustentável – Caracterização geral da área de estudo
Figura 9. Carta síntese do Plano de Ordenamento do Parque Natural de Sintra-Cascais,
relativo à área de Almoçageme.
O regulamento do POPNSC define claramente, para cada tipologia, que
actividades são interditas, e quais as que estão sujeitas a parecer da Direcção
do Parque Natural.
O Plano contempla ainda uma série de ideias estratégicas para o
desenvolvimento económico entre as quais se destacam as seguintes:
I. A prática das actividades de agricultura e pastorícia na área de
intervenção do POPNSC deve ser realizada em conformidade com o
Código de Boas Práticas Agrícolas, com o regime de protecção definido
em cada área e de acordo com as recomendações gerais e específicas
definidas no presente Regulamento (artigo 32º, 1.);
II. Desenvolver acordos com os agricultores, visando a recuperação das
actividades agrícolas tradicionais, nomeadamente a vinha de Colares, a
maçã reineta, a pêra pérola, o pêssego rosa, o limoeiro de Colares e a
pêra parda, com o recurso à certificação destes produtos, e de acordo
com o regime de protecção definido para cada área (artigo 32º, 6.);
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Almoçageme Sustentável – Caracterização geral da área de estudo
III. Promover acções de sensibilização dos proprietários florestais, no
sentido da adopção de práticas adequadas, evitando a degradação dos
valores naturais em presença, nomeadamente no que respeita à
utilização de técnicas de instalação, gestão, manutenção e exploração
da floresta (artigo 35º, 4.);
IV. As formas de desenvolvimento e planeamento das actividades turísticas
no PNSC devem basear-se em critérios de sustentabilidade, o que
significa que deverão demonstrar ser ecologicamente sustentáveis a
longo prazo, assim como deverão ser economicamente viáveis.
3. Plano de Ordenamento da Orla Costeira O Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) é estabelecido pelos
Decretos-lei nº309/93 de 2 de Setembro e nº218/94 de 20 de Agosto. Tratam-
-se de “planos sectoriais que definem condicionamentos, vocações e usos
dominantes e a localização de infra-estruturas de apoio a esses usos e
orientam o desenvolvimento de actividades conexas” (artigo 2º-1). Têm como
principais objectivos ordenar os diferentes usos e actividades específicas da
orla costeira, assim como a defesa e a conservação da natureza (artigo 2º-2). A
área de acção destes planos é a faixa de costa delimitada pela linha de 500
metros da linha que limita a margem das águas do mar e pela batimétrica dos
-30 (artigo 3º-2). A Resolução do Conselho de Ministros nº86/2003 de 25 de
Junho estabelece o POOC para o troço Sintra-Sado, numa extensão de 120 km
que inclui os concelhos de Sintra, Cascais, Almada, Setúbal e Sesimbra.
4. Plano Director Municipal de Sintra
O Plano Director Municipal de Sintra é aprovado em Setembro de 1999 pela
Resolução de Conselho de Ministros nº116/99. Surge bastante tarde em
relação aos primeiros PDM’s e pretende regulamentar a ocupação do solo do
concelho de Sintra. De um modo geral, o PDM define a ocupação do solo
através da Carta de Condicionantes e estipula, para cada tipo de ocupação, o
conjunto de actividades permitidas, mediante determinadas condições.
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Almoçageme Sustentável – Caracterização geral da área de estudo
O conhecimento dos instrumentos do território é essencial para execução
de qualquer tipo de projectos. As propostas que serão indicadas deverão,
obrigatoriamente, obedecer às regulamentações destes instrumentos. Contudo,
mais do que conhecer todo e qualquer pormenor dos instrumentos, deve-se ter
em conta o modo como se articulam entre si. O POPNSC estipula que “em
caso de conflito com o regime previsto noutros instrumentos de gestão
territorial em vigor, prevalece o regime constante do presente plano especial de
ordenamento do território” (artigo 41º). Por outro lado, o POOC, no artigo 1º,
indica que o plano «tem a natureza de regulamento administrativo e com ele se
devem conformar os planos municipais e intermunicipais de ordenamento do
território, bem como os programas e projectos, de iniciativa pública ou privada,
a realizar na sua área de intervenção». Assim, estabelece-se uma hierarquia
com o POOC no topo, seguido do POPNSC, da REN, da RAN e do PDM. Note-
se, no entanto, que às as áreas de uso turístico e de equipamento do POOC, e
áreas urbanas e urbanizáveis delimitadas pelo PDM não é atribuído nenhum
regime de protecção pelo POPNSC.
5. Rede Natura 2000 A União Europeia pretende constituir uma rede de sítios de conservação da
natureza devido à presença de recursos naturais (fauna e flora) excepcionais.
Foram delimitados, com base no anexo I da Directiva n.º 79/409/CEE, do
Conselho, de 2 de Abril (Directiva Aves) e no anexo I e II da Directiva n.º
92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio (Directiva Habitats).
Na figura 10, pode-se visualizar o limite do sítio Sintra/Cascais
(PTCON0008) da Rede Natura 2000. O sítio engloba os habitats 2270 (Dunas
com florestas de Pinus pinea ou Pinus pinaster subsp. atlantica), 5210
(Matagais arborescentes de Juniperus spp.), 5330 (Matos termomediterrânicos
pré-desérticos), 8220 (Vertentes rochosas siliciosas com vegetação
casmofítica), 9230 (Carvalhais galaico-portugueses de Quercus robur e
Quercus pyrenaica) e 9330 (Florestas de Quercus suber).
A flora endémica também é relevante. Para a área de estudo, são
identificadas as seguintes espécies endémicas: Coincya cintrana, Iberis
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Almoçageme Sustentável – Caracterização geral da área de estudo
procumbens, Jonopsidium acaule, Omphalodes kuzinskyanae, Silene longicilia
e Verbascum litigiosum.
Figura 10. Localização dos sítios da Rede Natura 2000 de Almoçageme.
O conjunto destes instrumentos define as guias para o estabelecimento de
infra-estruturas e actividades. Constata-se uma grande falha nos instrumentos
de ordenamento para esta área – a carência de um Plano de Urbanização. “O
plano de urbanização define a organização espacial de parte determinada do
território municipal, integrada no perímetro urbano, que exija uma intervenção
integrada de planeamento” (Decreto-Lei nº 380/99). Assim, o PU é essencial
para combater a construção dispersa e afectar eficientemente a afectação dos
recursos.
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Plano estratégico de desenvolvimento sustentável para
Almoçageme
Análises sectoriais
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Agricultura e Pecuária
Objectivos3
1. Valorizar estrategicamente a água, através do seu planeamento e
gestão integrados, enquadrando a Convenção de combate à
desertificação, o Código de Boas Práticas Agrícolas e as medidas agro-
ambientais definidas no âmbito do QCA III;
2. Garantir o controlo e a promoção da qualidade das águas subterrâneas;
3. Assegurar uma gestão racional e equilibrada dos recursos genéticos, do
solo e da água;
4. Potenciar a produção sustentável a nível local (nomeadamente
contemplando o aproveitamento local dos recursos endógenos),
certificando os produtos agrícolas e agro-alimentares e os respectivos
sistemas de produção, promovendo e articulando redes de
comercialização de produtos artesanais;
5. Promover políticas científicas e tecnológicas que contribuam para um
desenvolvimento sustentável, reforçando a ligação entre as actividades
de investigação e as necessidades das sociedades alicerçadas no
Saber, tendo em consideração as consequências sociais do progresso
científico e tecnológico;
6. Garantir o controlo e a promoção da qualidade das águas balneares,
marítimas, estuarinas, fluviais e das albufeiras;
7. Manutenção do capital genético das variedades tradicionais e raças
autóctones, assegurando a viabilidade económica e social dos sistemas
de produção agrícola;
8. Identificação dos resíduos/ sub-produtos tanto numa perspectiva
agrícola, como na da indústria transformadora4.
3 PIENDS – Plano de Implementação da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável – Agricultura, Desenvolvimento Rural e Florestas 4 http://www.inresiduos.pt/portal/page?_p$ageid=53,31584&_dad=portal&_schema=PORTAL& mode=3&id_item1995_CONTENTS_4503621=49&id_item=49, Junho 2005
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Diagnóstico A actividade principal que está estabelecida
na zona envolvente da aldeia de Almoçageme é
a agricultura. Tal como em tantas outras aldeias
saloias inseridas no Parque Natural, os campos
agrícolas definem, claramente, a paisagem,
embora a actividade agrícola não tenha a
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igura 11. Campos agrícolas delmoçageme.
importância que teve outrora. De facto, com aelhoria global da qualidade de vida, o aumento dos níveis de escolaridade e a
onsequente mudança de emprego para o sector terciário, o papel da
gricultura na vida da aldeia tem vindo, ainda que lentamente, a desaparecer.
lavoura tem ficado nas mãos dos mais idosos, trabalhando a terra para
ubsistência e, por vezes, vendendo o excedente nos mercados e feiras da
egião. Não obstante, existem na região alguns proprietários que, para além de
e dedicarem a tempo inteiro à lavoura e possuírem parcelas de terreno
aiores, praticam a agricultura de uma forma que mais se aproxima da
gricultura convencional, com tudo o que isso implica: formação técnica,
nvestimentos em infra-estruturas, uso intensivo de químicos, maquinaria, etc.
As culturas da região são as de esperar: a alface, a couve, a batata, o
omate, o feijão, o nabo, a cenoura, etc. No entanto, Almoçageme tem alguns
rodutos típicos que conferem genuinidade à região, como a vinha de Colares
casta Ramisco), o limoeiro de Colares, a pêra parda e a pêra pérola.
A pecuária não tem grande expressão na região. São apenas identificadas
uas explorações de ovinos, uma das quais em regime extensivo. A instalação
e explorações pecuárias, em regime intensivo, é interdita nas áreas de
rotecção total, parcial I e II.
O tipo de solo é, maioritariamente, de textura arenosa, apenas
presentando uma textura mais propícia à agricultura os solos a sul da área
rbana, já alvos de um processo avançado de alteração em relação ao solo
riginal. Assim, é natural que haja uma grande dependência da água para a
rodutividade. Este facto tem gerado alguns problemas de gestão da água: os
gricultores negoceiam entre si como se faz a distribuição da água das ribeiras.
eralmente é acordado que o enchimento dos reservatórios para cada
28
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
agricultor dura, no máximo, uma semana. Isto traz, obviamente, graves
problemas a jusante dos pontos de drenagem das ribeiras, onde o caudal é
nulo (ver Anexo I, ponto 8). A actividade poderá também estar a causar
problemas de contaminação dos solos e das águas subterrâneas. Embora seja
obrigatório o cumprimento do Código de Boas Práticas Agrícolas, a falta de
fiscalização por parte das autoridades competentes pode permitir que estes
problemas sejam reais. A erosão do solo parece, por outro lado, menos
preocupante na região, uma vez que a maior parte da actividade agrícola se
pratica em solos de declive pouco acentuado. Mais a mais, porque o abandono
da actividade agrícola tem-se realizado primeiro pelos terrenos mais difíceis de
trabalhar, i.e., terrenos de declive acentuado, a perda de solo não é um
problema que seja tão preocupante como a exploração inadequada da água
(figura 12).
Figura 12. Zonas agrícolas com e sem risco de erosão em Almoçageme, i.e., com declive
superior e inferior a 25% respectivamente.
Para além dos que se obtêm da venda dos produtos, a actividade agrícola
tem um conjunto de outros benefícios não menos importantes. Do ponto de
vista da paisagem, contribui para o seu embelezamento. Em particular na área
29
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
de estudo, a lavoura tem vindo a preservar os cultivares tradicionais, i.e., a
origem das hortícolas e frutícolas é, essencialmente, local. Deste modo, existe
um factor de diversidade acrescido em comparação com as grandes áreas
agrícolas onde, devido à agricultura intensiva direccionada para venda no
mercado nacional e/ou internacional, as variedades locais se têm vindo a
perder. Finalmente, e embora existam outras vantagens originadas por esta
actividade, a agricultura é importante para a ocupação de território que poderia
vir a ser uma zona de alto risco de incêndio ou de expansão de infestantes.
Assim, e ainda que em áreas protegidas, a presença humana, longe de ser
desaconselhável, tem parte na estrutura e manutenção do território.
30
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Tabela 1. Análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats) do sector no estado actual.
Pontos Fortes Pontos Fracos
• Produtos únicos e, portanto,
com vantagem competitiva
• Clima favorável e abundância
de água disponível
• Experiência nos métodos
tradicionais de produção
• Em geral, os solos são pobres
e de baixa fertilidade
• Nenhuma ou fraca experiência
no Método de Produção
Biológico
• Má gestão dos recursos
hídricos, nomeadamente das
ribeiras e aquíferos
• Terrenos de área reduzida e
com muitos proprietários
Oportunidades Ameaças
• Abertura dos mercados aos
produtos tradicionais e
provenientes de Agricultura
Biológica
• Aproveitamento de apoios à
produção biológica e tradicional
• Aproveitamento de lamas da
ETAR como fertilização
• Fraco escoamento dos
produtos agrícolas
• Preço relativo dos produtos
agrícolas estrangeiros e venda
nas grandes superfícies
comerciais
Propostas Pela caracterização anterior, propõem-se algumas medidas que regulem e
melhorem a actividade agrícola na região de Almoçageme:
1. Cumprimento do Código de Boas Práticas Agrícolas e implementação das normas de Agricultura Biológica
O cumprimento do Código de Boas Práticas Agrícolas é, por lei, obrigatório,
embora, devido à falta de fiscalização e à pouca influência da agricultura no
concelho, se possam encontrar casos pontuais de violação.
31
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Por outro lado, a conversão para o Método de Produção Biológica (MPB),
que tem que respeitar o Regulamento (CEE) nº 2092/91, permite projectar os
produtos agrícolas nos mercados nacional e internacional, já que têm
vantagem na opinião pública pela protecção do ambiente, do solo, da água e
dos consumidores, durante a sua produção e comercialização. A legislação
nacional contempla uma série de ajudas que podem impulsionar a conversão
para o MPB:
- Programa AGRO (medidas 1 e 2);
- Programa AGRIS (acções 1 e 2, alínea d);
- Programa RURIS (Grupo I – medida Agricultura Biológica).
2. Promoção de parcerias de agricultores com empresas do concelho e universidades
A cooperação entre empresas e agricultores deve ser promovida de
maneira a que os problemas comuns possam ser debatidos e encontradas
soluções conjuntas. Na área da Agricultura Biológica, existe, perto de
Almoçageme, uma quinta da AGROBIO, reconhecida associação nacional de
Agricultura Biológica. O acompanhamento técnico que pode ser fornecido pela
AGROBIO pode ser essencial para promover uma rápida conversão para o
MPB, com recuperações de investimentos mais rápidas.
As parcerias com as várias universidades devem promover a investigação e
desenvolvimento tecnológico deste sector.
3. Promoção de visitas aos campos agrícolas para os alunos das escolas
Pretende-se com esta proposta integrar os escalões etários mais jovens na
actividade agrícola tradicional. As escolas devem estabelecer contactos com os
agricultores que praticam uma actividade mais tradicional – e, geralmente, de
subsistência – para despertar nos alunos o gosto pela lavoura. Esta proposta
permite não só que os agricultores mais idosos partilhem o seu conhecimento,
como também pretende que os alunos desenvolvam os seus conhecimentos na
área das ciências naturais de uma maneira mais pedagógica. No fundo,
32
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
pretende-se, de certa forma, recriar a ideia que existe em Lisboa com as hortas
pedagógicas.
4. Criação de um sistema de aproveitamento dos resíduos A prática agrícola gera grandes quantidades de subprodutos, provenientes
da produção do vinho, por exemplo. O conceito de sustentabilidade aconselha
que estes resíduos orgânicos sejam minimizados. Em parte, este objectivo é
facilitado pelo cumprimento do Código das Boas Práticas Agrícolas. Mesmo
assim continua-se a produzir resíduos, os quais podem servir de alimento a
porcos e ovelhas, os que não podem ter essa finalidade seriam então
direccionados para o reactor de biogás (ver capítulo da Energia, Resíduos e
Saneamento). Desta maneira haveria um aproveitamento máximo, obtendo-se
outros produtos de qualidade, como o presunto, queijo e lã, a partir de
subprodutos sem qualquer valor económico.
5. Criação de uma marca certificada de Almoçageme Uma marca certificada é garantia de produtos de alta qualidade e,
consequentemente, uma mais-valia competitiva no mercado. A certificação dos
produtos obrigaria a um apertado controlo de um conjunto de normas que
visam assegurar a qualidade e proveniência do produto. A marca deve, em
primeira instância, dar prioridade aos produtos únicos da região como a casta
Ramisco ou o limoeiro de Colares, por serem produtos diferenciados e,
portanto, com vantagem competitiva no mercado.
6. Criação de uma associação coordenadora da actividade Uma associação ou cooperativa agrícola tem como objectivos coordenar
toda a actividade agrícola da região. Contudo, não é possível decretar pelo
direito nacional a obrigação de responder a uma determinada entidade quando
esta é de cariz local e não-governamental. Assim, com a contrapartida do
pagamento de uma quota por parte dos associados, esta cooperativa poderia
prestar os seguintes apoios:
- Apoio e formação técnica na implementação das normas do MPB;
33
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
- Apoio na candidatura às ajudas comunitárias concedidas através dos
programas AGRO, AGRIS, RURIS e VITIS;
- Certificação e promoção dos produtos.
A cooperativa teria que servir de entidade fiscalizadora da qualidade dos
produtos. A garantia de que as normas do MPB são cumpridas tem que ser
feita por uma entidade certificada pelo Estado.
A criação de uma Quinta Biológica pode estar inserida nesta proposta. A
cooperativa teria os seus próprios terrenos e instalações onde promoveria as
actividades tradicionais, quer agrícolas quer outras como o artesanato e a
panificação.
A ideia essencial da Quinta Biológica é em desenvolver várias actividades:
agricultura, pecuária, silvicultura, moagem e panificação, artesanato (cerâmica,
carpintaria, ferraria), seguindo os métodos tradicionais – com poucas
excepções, como é o caso do uso de lamas. Esta abordagem pode ser um
tanto trabalhosa e pouco eficiente, mas tem as suas vantagens:
- Produtos certificados e de qualidade, de grande valor económico;
- Elevado interesse para o turismo;
- Conservação da tradição.
Como a Quinta Biológica se trata de um complexo com várias actividades, o
seu funcionamento vem explicado em cima, nos capítulos da Floresta e do
Comércio e Emprego.
34
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Agricultura
Cumprimento Promoção da Legislação de parcerias
vigente cientificas
Aproveitamento Criação de dos marca
resíduos certificada
Criação de Associação
gestora
Figura 13. Resumo das propostas deste plano para a Agricultura.
Programas de incentivo à Agricultura e Pecuária5
1. Programa AGRO;
2. Programa AGRIS;
3. Programa RURIS;
4. Programa VITIS.
Dos programas indicados, os dois primeiros aplicam-se aos apoios ao
investimento, enquanto que o Programa RURIS apoia a produção. Para além
destes programas, poderão vir a surgir novas medidas de apoio criadas pelo
Plano Nacional para o Desenvolvimento da Agricultura Biológica, apresentado
em 2004.
A vinha de Colares é um caso particular. Para além desta cultura se poder
candidatar aos programas referidos anteriormente, existe ainda um programa
específico para apoiar a vinha – o Programa VITIS.
5 http://www.min-agricultura.pt, Maio 2005
35
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Floresta
Objectivos6
1. Promover a gestão integrada do solo;
2. Valorizar estrategicamente a água, através do seu planeamento e
gestão integrados;
3. Garantir o controlo e a promoção da qualidade das águas subterrâneas;
4. Assegurar uma gestão racional e equilibrada dos recursos genéticos, do
solo e da água;
5. Promover o planeamento e gestão integrados da floresta, contemplando
os aspectos de protecção, de produção e de comercialização;
6. Promover o planeamento e gestão integrados da floresta portuguesa,
compatibilizando os aspectos de protecção, de produção e de
comercialização, em articulação com as actividades agrícolas.
Diagnóstico Portugal é, mais do que um país com aptidão agrícola, um país com um
potencial enorme em termos florestais. Os solos são, na sua maioria, pobres.
Cerca de dois terços dos solos em Portugal são de baixa qualidade (Sequeira
et al, 2001), estando mais aptos para a silvicultura que para a agricultura. Na
área de estudo definida, identificaram-se as seguintes espécies florestais:
pinheiro-manso (Pinus pinea), pinheiro-bravo
(Pinus pinaster), eucalipto (Eucalyptus globulus),
acácia (Acacia dealbata, A. longifolia e A.
melanoxylon), árvore-do-incenso (Pittosporum
undulatum), carrasco (Quercus coccifera; em
formações arbustivas) e o sobreiro (Quercus
suber).
Os povoamentos florestais que estas espécies
6 PIENDS – Agricultura, Desenvolvimento Rural e Florestas
Figura 14. Pinhal com sub--bosque de Acácia, localizado na zona norte de Almoçageme.
podem formar têm algumas36
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
funções, para além da produção de bens como a madeira ou a resina, entre as
quais se destacam:
- A regulação do ciclo hidrológico;
- A protecção do solo contra a erosão;
- A fixação de dióxido de carbono:
- O refúgio de biodiversidade;
- As zonas de educação, investigação e lazer;
- O embelezamento da paisagem.
Para além dos referidos serviços prestados, destaque-se o papel do pinhal
na protecção contra o vento, possibilitando o estabelecimento de outras
espécies vegetais mais sensíveis.
A exploração florestal é praticamente inexistente, em parte porque a maior
parte das áreas florestais estão incorporadas na Rede Natura 2000. Fora da
Rede Natura 2000, a exploração dos recursos florestais está dependente da
autorização da comissão directiva do Parque Natural Sintra-Cascais e sujeita
ao decretado no Regulamento do Plano de Ordenamento, especialmente ao
que está estipulado no artigo 35º que regulamenta a actividade florestal.
Tal como a maior parte do Parque Natural Sintra-Cascais, a região de
Almoçageme enfrenta o grave problema das infestantes. Segundo o Decreto-lei
565/99, que regulamenta a introdução de espécies não indígenas, a árvore-do-
-incenso e as espécies do género Acacia são classificadas como invasoras.
Este é o grande problema do sector florestal. Existem outros, embora de menor
gravidade, como o crescimento excessivo de biomassa que aumenta o risco de
incêndio e a processionária do pinheiro (Thaumetopoea pityocampa).
37
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Tabela 2. Análise SWOT do sector no estado actual.
Pontos Fortes Pontos Fracos
• Protecção do solo em áreas de
declive acentuado
• Embelezamento da paisagem
• Refúgio de biodiversidade
• Regulação do ciclo hidrológico
• Invasão por parte de espécies
exóticas, principalmente a
acácia
• Dificuldade em implementar
medidas de gestão sustentável
devido a grande número de
proprietários, na sua maioria
ausentes
Oportunidades Ameaças
• Novos nichos de mercado
como a comercialização de
cogumelos e ervas aromáticas
• Aproveitamento energético
através da biomassa
• Espaço de lazer e de
investigação científica
• Dificuldade de entrada no
mercado
• Risco de incêndio pode
aumentar com alterações
climáticas
• Interesse imobiliário
Propostas 1. Criação de um programa de desinfestação de espécies
invasoras Cabe ao Instituto de Conservação da Natureza, através
da direcção do Parque Natural Sintra-Cascais, desenhar
um programa de controlo de espécies invasoras, sejam
elas florestais ou não. Contudo, a partir do Centro de
Gestão Ambiental, proposta apresentada no capítulo do
Comércio e Emprego, pode ser montado um programa
específico para a região de Almoçageme. As principais
espécies invasoras que necessitam de uma rápida
F(e
igura 15. Acácia espécie invasora) m flor.
intervenção são a acácia e o chorão (Carpobrotus edulis).
38
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
2. Promoção dos espaços florestais como lugar de lazer e eco- -turismo
Os espaços florestais são locais que podem ser aproveitados pelo seu
potencial em atrair actividades lúdicas. Todo o espaço florestal em redor de
Almoçageme é um local privilegiado para ocupações como o pedestrianismo e
o BTT, escalada, entre outras. Estas actividades podem ser coordenadas por
um Parque Aventura Ecológico localizado na zona florestal de Almoçageme. A
floresta pode vir não só a atrair pessoas em períodos de tempo fixos (fins-de-
semana, férias escolares, etc.), como também atrair pessoas através do
aumento do turismo, durante todo o ano. A floresta é, também, um argumento
para o desenvolvimento de turismo.
As galerias ripícolas são elementos que podem ter um grande
aproveitamento turístico e lúdico, mas que têm sido desaproveitadas. Deve
existir uma reestruturação das galerias ripícolas, seleccionando as espécies
mais convenientes (amieiros, choupos e salgueiros) e eliminando
progressivamente as espécies desadequadas. É necessária a rápida resolução
do problema do uso da água das ribeiras (ver capítulo da Agricultura e
Pecuária), de maneira a melhorar a qualidade das galerias.
3. Desenvolvimento de uma exploração florestal sustentável Embora, como foi atrás referido, não exista uma verdadeira actividade
silvícola na zona, os proprietários que o façam devem-se propor a cumprir o
Código de Boas Práticas para uma Gestão Florestal Sustentável, documento
complementar da Norma Portuguesa (NP 4406/2003). Outro documento de
grande relevância para esta proposta é o Plano de Desenvolvimento
Sustentável da Floresta Portuguesa, proposto em 1998.
4. Acções de florestação com espécies autóctones (pinheiro, sobreiro, carvalho, etc.)
A recuperação dos povoamentos compostos por espécies invasoras e todas
as áreas em que se verifique um elevado interesse em florestar, deve utilizar
no processo espécies autóctones. As espécies autóctones são, principalmente,
as quercínias e os pinheiros. Esta proposta é contemplada no Plano de
39
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Ordenamento do Parque (artigo 35º, 2 - a), embora se proponha a substituição
de “folhosas autóctones” por “resinosas e folhosas autóctones”, de maneira a
integrar o pinheiro, espécie de extrema importância.
5. Promover a comercialização de produtos ligados à floresta A floresta traz algumas oportunidades
de mercado pouco exploradas a nível
nacional. A aposta na comercialização de
fungos e no aproveitamento das
propriedades medicinais de certas espécies,
quer estas sejam florestais como o eucalipto,
quer sejam herbáceas como o alecrim ou a
alfazema, pode-se tornar numa grande
vantagem competitiva. Outros potenciais produt
aromáticas, cogumelos, etc. Esta vertente de m
Quinta Biológica, pois deverá ter maior capacida
aqui, da mesma forma como foi apresentada no
destes produtos serem comercializados através
Fsf
6. Aproveitar a biomassa como fonte Realizar um pr
para a prevençã
biomassa para a p
da Energia, Resídu
F .
igura 16. Exploração florestal ustentável como, por exemplo, de ungos.
os são: biomassa, resina, ervasercado deve ser iniciada pela
de de investimento. Aplicam-se
capítulo anterior, a importância
de uma marca certificada.
de energia renovável ograma de limpeza da floresta
o de fogos, aproveitando a
rodução de biogás (ver capítulo
os e Saneamento).
igura 17. Resíduos florestais
40
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Floresta
Desinfestação Espaços de espécies Florestais como invasoras. lugar e lazer
Exploração Aproveitamento Comercial Dos resíduos sustentada
Figura 18. Resumo das propostas deste plano para a Floresta.
Programas de incentivos para a Floresta O Plano de Desenvolvimento Sustentável da Floresta Portuguesa (PDSFP)
é um plano estratégico que pretende assegurar a gestão sustentável dos
recursos florestais. É um Plano que se demarca da visão exclusiva da floresta
como produtora de madeira e, portanto, pretende refere também novas
oportunidades de mercado e valoriza os serviços prestados pela floresta.
Os seus principais objectivos estratégicos são:
- Desenvolver e assegurar a competitividade do sector florestal;
- Conservar a natureza e valorizar o ambiente nos espaços naturais;
- Articular a estratégia florestal com o desenvolvimento industrial;
- Promover o desenvolvimento económico e social sustentável.
Os programas Agro, Ruris e Agris contemplam uma série de acções
inserida no III QCA, algumas das quais sugeridas pelo PDSFP.
Algumas acções de apoio ao sector florestal são:
- Programa Agro:
o Acção 3.1. Apoio à silvicultura;
o Acção 3.2. Restabelecimento do potencial de produção
silvícola;
o Acção 3.3. Apoio à produção de plantas e sementes;
41
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
o Acção 3.6 Promoção de novos mercados e qualificação de
produtos florestais.
- Programa Agris:
o Acção 3. Gestão sustentável e estabilidade ecológica das
florestas:
Subacção 3.1. Instalação de organizações de
produtores florestais;
Subacção 3.2. Apoio à constituição e instalação de
prestadores de serviços florestais;
Subacção 3.3. Apoio à prestação de serviços florestais;
Subacção 3.4. Prevenção de riscos provocados por
agentes bióticos e abióticos;
Subacção 3.5. Valorização e conservação dos espaços
florestais de interesse público.
- Programa Ruris:
o Medida 3. Florestação de terras agrícolas.
42
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Turismo
Objectivos7
1. Promoção da iniciativa de cariz empresarial, apoiando acções
inovadoras de dinamização económica bem como a valorização das
potencialidades locais;
2. Promoção de acções de requalificação e valorização de espaço urbano;
3. Preservar e viabilizar as estruturas tradicionais de povoamento e
ocupação do território, enquanto suporte da comunidade local, elemento
enriquecedor da oferta da região e condição para uma gestão
sustentável do espaço e do património natural;
4. Fomentar a dinamização das actividades turísticas, optimizando a sua
capacidade de criação de emprego e de riqueza;
5. Garantir a qualidade ambiental e paisagística bem como o uso
sustentável dos recursos naturais, enquanto condições básicas e
essenciais à promoção de um desenvolvimento integrado;
6. Promoção de actividades e ou a reconversão dos elementos do
património existentes, passíveis de utilização pelas actividades de
turismo sustentável ou de natureza (Resolução do Conselho de
Ministros nº 112/98);
7. Promoção de actividades de animação que tenham como finalidade a
ocupação dos tempos livres dos visitantes e que possam contribuir para
a divulgação e interpretação do património natural e cultural (Resolução
do Conselho de Ministros nº 112/98).
7 http://www.ifturismo.min-economia.pt/ift_conteudo_01.asp?lang=pt&canal=6&slot=18&artigo=
13232, Maio 2005
http://www.dre-algarve.min-economia.pt/publicacoes/congalg/01.html, Maio 2005
43
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Diagnóstico Para que um produto esteja associado a uma boa marca turística é
necessário algum investimento, em todas as suas componentes, que vise
satisfazer as necessidades intrínsecas dos consumidores, tendo em
consideração a protecção do meio ambiente. É um dado bastante importante, a
interdependência que o ambiente e o turismo têm; pois ao “investir na
manutenção da sua base de recursos, a actividade turística pode tornar-se uma
das actividades económicas mais sustentáveis” (Partidário, 1998 e 2003).
Assim, é com esta ideia preconcebida que o sector do turismo em
Almoçageme deve ser dinamizado, privilegiando o turismo sustentável e de
natureza em detrimento do conceito tradicional do turismo. Dentro deste tipo de
turismo sustentável pode-se considerar a aplicação do modelo autóctone, para
que haja uma oferta distinta que tenha como base a utilização dos recursos já
existentes e que invista nas características peculiares e únicas da região de
Almoçageme. Promovendo a exploração das potencialidades endógenas, à
semelhança da agricultura, pretende-se criar uma imagem de marca no turismo
local, sensível às dimensões ambientais e socio-económicas.
44
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Tabela 3. Análise SWOT do sector no estado actual.
Pontos Fortes Pontos Fracos
• Recursos naturais
excepcionais, fazendo com que
a região seja bastante atractiva
• Zona rural antiga, tendo um
espólio patrimonial rico
• Cultura especifica, bastante
rica
• Produtos tradicionais únicos,
com grandes potencialidades
de criar uma imagem de marca
para a região
• Zona de difícil acesso
• Nenhuma ou fraca experiência
no que toca ao Turismo
• O património histórico
encontra-se ao abandono ou
completamente desaproveitado
• Progressivo abandono das
tradições e costumes da região
Oportunidades Ameaças
• Abertura dos mercados a um
novo tipo de turismo virado
para a natureza e tradições
locais
• Conjunto de programas de
incentivo que visam o
desenvolvimento do turismo
• Zona próxima de Sintra,
considerada pela UNESCO
como património da
Humanidade
• Encontra-se inserida no
contexto do Parque Natural
Sintra-Cascais (PNSC)
• Encontra-se dentro da zona
demarcada de vinhos de
Colares
• Iniciativa privada insuficiente
• Pressões urbanísticas podem
descaracterizar a região, bem
como por em causa os seus
recursos naturais
• Não é uma zona de carácter
turístico bem demarcado
45
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Propostas Seguindo a mesma linha que foi seguido anteriormente as propostas para o
desenvolvimento do sector do turismo em Almoçageme são:
1. Aproveitamento de edifícios degradados
Figura 19. Edifícios e terrenos abandonados no perímetro urbano de Almoçageme.
A recuperação dos vários edifícios que se
distribuem separadamente ao longo da
aldeia preservando a fachada tradicional da
zona Saloia (ver figura 19), teriam dois
destinos:
- As Pousadas de Juventude, que
atraem jovens, trazendo mais vida a Almo
Fd
- As Pousadas Rurais, para um leque mais
igura 20. Um dos edifícios egradados de Almoçageme.
çageme;
diversificado de utilizadores.
46
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Tanto umas como outras permitiriam uma maior integração dos turistas na
localidade, sem que houvessem contrapartidas, no que toca ao conforto e bem-
estar. A criação de uma sede para a gestão destes complexos seria favorável,
por facilitar a manutenção dos equipamentos, gerir as reservas, e criar certas
normas com o objectivo final de melhorar a qualidade do serviço.
2. Fomentar o investimento privado
A criação de uma empresa municipal que fizesse um consórcio com
empresas privadas, estimularia o investimento privado no sector do turismo em
Almoçageme.
3. Melhoramento dos acessos a Almoçageme, dentro da localidade e até à praia da Adraga
Ver o capítulo dos Transportes.
4. Promoção dos eventos culturais
.
Criar o hábito às pessoas de visitar
Almoçageme com maior frequência através
do melhoramento das festas, acontecimentos
culturais e feiras da povoação.
Figura 21. Feira de Almoçageme
5. Programar a recuperação do património histórico e cultural, e divulgar de maneira apropriada
Ver o capítulo da Cultura.
47
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
6. Apoiar e conservar produtos e costumes tradicionais
Recuperar os usos e costumes da localidade, criando estabelecimentos em
que não só se venda e divulgue os produtos da zona, mas também se dê a
conhecer as tradições de Almoçageme.
7. Aumentar o nível de qualificação profissional Organizar acções de formação profissional, para que os turistas sejam
recebidos e tratados de maneira apropriada de forma a gozarem, na plenitude,
todas as potencialidades da zona.
8. Disponibilizar uma grande variedade de actividades lúdicas Promover actividades que tenham como
destino o usufruto da natureza, tais como a prática
de caminhadas, escalada, orientação, passeios de
bicicleta ou a cavalo, actividades aquáticas e
subaquáticas e usufruto da praia, entre outras.
Tudo isto pode ser proporcionado pelas excelentes
c
P
p
q
(
F .
Fd
igura 22. Praia da Adraga
ondições que a aldeia de Almoçageme tem, pois não só se encontra em pleno
arque Natural Sintra-Cascais (PNSC), como também tem nas suas
roximidades a praia da Adraga. Outro dos factores que poderá contribuir para
ue esta vertente se desenvolva é a criação de um Parque Aventura Ecológico
ver capítulo da Floresta).
9. Incluir Almoçageme na Rota dos Vinhos Procurar-se usufruir do facto de esta povoação estar
inserida numa das mais antigas regiões demarcadas do País:
a Região de Colares.
igura 23. Vinho e Colares48
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Turismo
Requalificação Fomentar o urbana Investimento
privado
Mais e Apoio aos melhores Produtos eventos tradicionais
Figura 24. Resumo das propostas deste plano para o Turismo.
Programas de incentivo ao Turismo8
Para a implementação das propostas anteriormente referidas é necessário
ter-se em conta os programas de incentivo económico que visam o
desenvolvimento do turismo:
- SIVETUR – Sistema de Incentivos a Produtos Turísticos de Vocação
Estratégica
- SIPIE – Sistema de Incentivos a Pequenas Iniciativas Empresariais
- SIME – Sistema de Incentivos à Modernização Empresarial
- PITER – Programa Integrado do Turismo Estruturante e de Base
Regional
- PIQTUR – Programa de Intervenções para a Qualificação do Turismo
- PRIME – Programa de Incentivos à Modernização da Economia
8 Resolução do Conselho de Ministros nº 112/98 http://www.iapmei.pt/iapmei-art-02.php?id=89&temaid=13, Maio 2005
49
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Educação e Saúde
Objectivos9
1. Sensibilizar a população no que diz respeito a questões ambientais;
2. Responder às necessidades resultantes da realidade social, contribuindo
para o desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos
indivíduos, incentivando a formação de cidadãos livres, responsáveis,
autónomos e solidários e valorizando a dimensão humana do trabalho;
3. Promover a saúde dos cidadãos de Almoçageme, elevando o nível de
bem-estar físico, mental e social e contribuindo para a melhoria da sua
qualidade de vida.
Diagnóstico Os sectores saúde e educação já estão relativamente bem desenvolvidos
em Almoçageme. Várias infra-estruturas disponibilizam serviços nestas áreas:
- Farmácia;
- Clínica dentária;
- Os bombeiros (com heliporto), para além do transporte de doentes, têm:
posto médico, fisioterapia, obstetrícia, otorrino, oftalmologia, oncologia,
urologia, medicina interna, psicologia clínica, terapia da fala, análises
clínicas, diabetes e pediatria;
- Infantário, Escola Primária de Almoçageme e o ATL.
9 http://www.min-edu.pt/Scripts/ASP/news_det.asp?newsID=353&categoriaID=pri, Maio 2005 http://www.dgsaude.pt, Maio 2005
50
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Tabela 4. Análise SWOT do sector no estado actual.
Pontos Fortes Pontos Fracos
• As infra-estruturas tanto no
sector da educação quer no
sector da saúde estão bem
desenvolvidas
• Apoio por parte dos
bombeiros de Almoçageme
em ambos os sectores
• Poucas infra-estruturas de
apoio à população mais idosa
Oportunidades Ameaças
• Programas de sensibilização
da população em relação à
saúde
• Distanciamento os
estabelecimentos de ensino
superior
Propostas 1. Implementação de um Centro Dia
Conforme se constatou com o inquérito realizado à população, uma das
necessidades básicas é a construção de um centro dia, já que a população
apresenta um elevado número de indivíduos idosos que não tem o devido
apoio social. Com o efeito, pretende-se implementar esta estrutura num espaço
que seja acessível à população implicada (de preferência no centro da
povoação), sendo que a entidade encarregue da gestão seria os Bombeiros de
Almoçageme. Repare-se que esta associação tem uma larga experiência no
que diz respeito ao funcionamento de actividades que visem o bem-estar
social. Por este motivo considerou-se que os bombeiros seriam uma entidade
importante para a dinamização e funcionamento do centro de dia.
2. Realização de visitas de forma a promover a cultura da região bem como a sensibilização para questões ambientais
Incentivar a realização de visitas de estudo, por parte das escolas, às
actividades agrícolas e artesanais da Quinta Biológica. Pretende-se com esta
proposta integrar os escalões etários mais jovens nas actividades agrícola e
51
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
artesanal tradicionais. Estas visitas, em conjunto com acções de sensibilização
ambiental, procuram incorporar o conceito de desenvolvimento sustentável nas
novas gerações.
Educação/Saúde
Melhorar a qualidade de vida para a 3ª
idade
Incentivar os Desenvolver a jovens a contactar educação
ambiental os meios tradicionais
Figura 25. Resumo das propostas deste plano para a Educação e Saúde.
52
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Cultura
Objectivos10
1. Fomentar acções de divulgação do património cultural bem como
arquitectónico e arqueológico.
2. Divulgação e organização de eventos culturais que promovam os usos e
costumes da região
3. Recuperação de locais de relevante interesse histórico e cultural
4. Revitalização das actividades associadas à dinamização cultural nos
locais de interesse histórico
Diagnóstico O património cultural traduz a história de um povo, de um território e de uma
civilização. A sua inclusão neste tipo de projectos deve-se ao seu interesse
cultural, patrimonial e turístico.
Os recursos culturais de uma comunidade incluem: (Partidário, 1999)
- O património etnográfico – património cultural não construído,
representado pelas tradições e lendas, feiras, festas e romarias,
costumes, cozinha regional, etc.;
- O património arquitectónico – elementos edificados de arquitectura
tradicional representativos da região ou local com interesse
arquitectónico ou mesmo etnográfico;
- O património arqueológico – englobando todos os vestígios materiais da
actividade humana no passado.
A protecção e valorização do património, não apenas o natural, mas
também o arquitectónico e arqueológico, é uma medida que está de acordo
com as prioridades ambientais e é necessária à concretização de uma
estratégia de desenvolvimento ambiental sustentável.
10 Poc- programa operacional da cultura 2000-2006 http://www.qca.pt/po/download/poc.pdf, Maio 2005
53
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Inserida nas proximidades de Sintra, Almoçageme usufrui de um estatuto
privilegiado, pois não só está próxima do centro histórico considerado
património mundial como também possui as suas próprias raízes culturais.
Em relação ás vertentes musicais e cinematográficas Almoçageme usufrui
de uma sociedade recreativa musical e de um cine-teatro que estão bastante
implementadas na zona.
Pretende-se reforçar a cultura como factor de desenvolvimento e de emprego –
objectivo este que implica actuações em mais do que um domínio.
Tabela 5. Análise SWOT do sector no estado actual.
Pontos Fortes Pontos Fracos
• Existência de infra-estruturas
de apoio a actividades culturais
• A aldeia tem um conjunto de
tradições, usos e costumes
bastante vincados.
• Existência de património
arqueológico
• Possui um património
arquitectónico peculiar
• Fraca acessibilidade da zona
• Verifica-se que os hábitos
culturais da aldeia se estão a
perder
• Parte do património histórico
encontra-se em mãos dos
privados ou estão deixados ao
abandono.
Oportunidades Ameaças
• Almoçageme situa-se numa
das vertentes da serra de
Sintra, sendo esta considerada
património mundial pela
UNESCO.
• Existência de programas de
incentivo a actividades culturais
na região.
• Falta de investimento por parte
da câmara na dinamização
cultural da zona
54
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Propostas 1. Reabilitação e valorização do cine-teatro:
- Promover a realização de mostras de teatro que contem com o apoio
deste núcleo e eventuais grupos de teatros, aproveitando a existência de
um núcleo de teatro amador em Almoçageme – o Grupo Cénico Pérola
da Adraga (Sociedade Recreativa e Musical de Almoçageme);
- Ajustar o número de sessões de cinema às necessidades da população.
2. Apoiar a Sociedade Recreativa e Musical de Almoçageme: - Apoiar eventos organizados pela colectividade;
- Divulgar as suas actividades – Grupo Cénico Pérola da Adraga, Trio
Pasculli, Orquestra, Agrupamento 100 Sentido.
3. Recuperar a Adega Viúva Gomes para:
FG
- Divulgação e prova dos vinhos produzidos na
região, recuperando assim uma das funções
que inicialmente este espaço tinha;
- Organização de conferências com os mais
diversos temas;
- Receber exposições.
4. Organização e divulgação de festas e fexponham os usos, costumes e tradições d
- Organizar uma feira gastronómica, onde se pr
paladares desta região bem como os produto
agrícola e pecuária;
- Organizar uma feira do artesanato;
- Feira de Almoçageme – esta feira destina-se n
produtos agrícolas produzidos na zona com tam
identidade dos saloios. Assim sendo, deve-se ince
igura 26. Adega Viúva omes.
eiras populares que e Almoçageme: omovam os gostos e
s típicos de natureza
ão só a comercializar
bém dar a conhecer a
ntivar os comerciantes
55
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
para a utilização dos trajes típicos bem como os hábitos e costumes que
os caracterizam;
- Festa em honra da Nossa Senhora da Graça;
- Festa dos Santos populares.
5. Recuperação e aproveitamento turístico das ruínas romanas da Villa de S. André
Não se sabe exactamente há quanto tempo existe a aldeia de Almoçageme,
mas vestígios encontrados no início do século XX, datados entre finais do
século III e finais do século IV d.c., demonstram que esta zona é há muito
habitada. Estes vestígios, conhecidos por Villa de
Santo André de Almoçageme, foram noticiados em
1905 pela publicação “Archeologo Português". Na
altura, anunciava-se a descoberta de ruínas de
edificações antigas e de um mosaico romano,
aquando da abertura da actual estrada que liga F V
d
1
F
igura 27. Ruínas romanas dailla de S. André.
Almoçageme ao Rodízio.
A Villa de Santo André de Almoçageme está classificada como IIP (Imóvel
e Interesse Público) por Despacho do Ministro da Cultura de 7 de Março de
996.
Cultura
Recuperação das Apoio às Divulgação do infraestruturais colectividades cartaz cultural
existentes da aldeia
igura 28. Resumo das propostas deste plano para a Cultura.
56
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Programas de incentivo à Cultura Para a implementação das propostas pode-se recorrer aos programas de
incentivo económico que visam o desenvolvimento das actividades turísticas,
bem como o POC – Programa Operacional da Cultura.
57
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Energia, Resíduos e Saneamento
Objectivos11
1. Promover a integração de estratégias de redução de GEE e outras
emissões atmosféricas nas diversas políticas sectoriais;
2. Contribuir para o cumprimento dos compromissos assumidos no
âmbito da CQNUAC e do Protocolo de Quioto;
3. Reforçar a educação, sensibilização, informação, participação e
acesso a justiça em matéria de Ambiente;
4. Produção de energia eléctrica por recurso a energias novas e
renováveis, utilização racional de energia e conversão dos consumos
para gás natural (Medida de Apoio ao Aproveitamento Energético e
Racionalização de Consumos – MAPE);
5. Identificação dos resíduos/ sub-produtos tanto numa perspectiva
agrícola, como na da indústria transformadora – ver capítulo da
Agricultura e Pecuária12;
6. Valorizar a matéria orgânica e a potencialidade energética dos
resíduos – limitando ao mínimo indispensável a deposição em aterro
de RSU13;
7. Aproveitar as lamas na agricultura14;
8. Incentivar a redução da produção dos resíduos e a sua reutilização e
reciclagem por fileiras15.
11 PIENDS – Ambiente e Ordenamento do Território 12 http://www.inresiduos.pt/portal/page?_p$ageid=53,31584&_dad=portal&_schema=PORTA L&mode=3&id_item1995_CONTENTS_4503621=49&id_item=49, Junho 2005 13 http://www.inresiduos.pt/portal/page?_pageid=53,31723&_dad=portal&_schema=PORTAL &id_doc=9&id_menu=42, Junho 2005 14 http://www.inresiduos.pt/portal/page?_p$ageid=53,31584&_dad=portal&_schema=PORTA L&mode=3&id_item1995_CONTENTS_4503621=49&id_item=49, Junho 2005 15 http://www.inresiduos.pt/portal/page?_pageid=53,31723&_dad=portal&_schema=PORTA L&id_doc=9&id_menu=42, Junho 2005
58
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Diagnóstico As energias produzidas a partir de fontes renováveis (FER) têm importância
capital para a diversificação do abastecimento e o reforço do desenvolvimento
sustentado16. Isto, em conjunto com a problemática da eliminação de resíduos,
cria esta área de análise bivalente que tem ambos os lados em conta e ainda
tira proveito económico dos resíduos.
Tabela 6. Análise SWOT do sector no estado actual.
Pontos Fortes Pontos Fracos
• Grau de insolação satisfatório
• Tem uma ETAR instalada e
potencial aproveitamento de
lamas
• Rede de ecopontos aceitável
• Grande dependência da REN
(com algumas falhas do
sistema)
• Grandes custos inerentes ao
desenvolvimento destes
sectores
• Habitações dentro do perímetro
urbano sem saneamento
• Produção de resíduos
descontínua semanalmente
Oportunidades Ameaças
• Desenvolvimento na área de
energias renováveis,
nomeadamente energia solar e
biogás
• Desenvolvimento na área da
eficiência energética
• Criação de um mercado de
lamas para uso agrícola
• Resíduos florestais do PNSC
para aproveitamento
energético
• Sectores com retorno do
investimento apenas a longo
prazo
16 http://www.dge.pt/main.asp?IdTemas=2&IdSubTemas=3&IdConteudos=888, Maio 2005
59
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Propostas Para alcançar o objectivo final de maximizar a eficiência energética de cada
habitação propõe-se um programa baseado em três acções:
1. Minimizar perdas de calor das casas através da instalação de vidros duplos nas janelas, isolamento de tectos, etc.
2. Organizar acções de sensibilização
Informar os habitantes da problemática energética e incentivá-los a
adoptarem tecnologias mais eficientes e mais amigas do ambiente,
principalmente os electrodomésticos.
3. Apostar na energia solar
Instalar painéis foto voltaicos nos telhados
das casas num sistema de integração
distribuída em rede. Este tipo de instalação
apresenta a vantagem de não necessitar de
baterias, por estarem ligados directamente à
Rede Eléctrica Nacional, tornando o seu
proprietário um vendedor de energia, quando
não a estiver a gastar.
Seguem-se algumas vantagens e desvantagen
Vantagens:
- Conversão directa e limpa da energia so
corrente continua;
- Não gera produtos poluentes;
- Não gera ruído;
- Faixa de aplicações bastante ampla;
- Modularidade;
- Segura;
Figura 29. Instalação de painéis solares nas habitações.
s da energia foto voltaica:
lar em energia eléctrica de
60
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
- Energia de emergência (caso outros tipos de energia falhem, esta
funciona sempre).
Desvantagens:
- Grande investimento inicial;
- Difícil instalação e ligação à REN.
A maior dificuldade neste programa será em levar os habitantes de
Almoçageme a aderir a estas iniciativas. Estas acções requerem um grande
investimento inicial mas acabam por ter o seu retorno e virem a dar os seus
lucros, principalmente se se tiver em conta o preço atribuído á energia
renovável. Por outro lado, a aquisição de um grande número de painéis poderá
baixar significativamente o custo inicial dos mesmos. Portanto seria positivo
elaborar um plano de financiamento e orientação procurando facilitar a
aquisição da tecnologia por parte dos privados e ajudar os proprietários nos
aspectos burocráticos necessários com instalação, nomeadamente no que se
refere à ligação à Rede Eléctrica Nacional. Este plano poderia ser elaborado e
executado pelo Centro de Gestão Ambiental (ver capítulo do Comércio, e
Emprego).
4. Acrescentar um reactor de biogás às instalações da ETAR Um dos princípios do desenvolvimento
sustentável assenta na regra dos “3 R’s” –
Reduzir, Reciclar e Reutilizar. Em Almoçageme, o
primeiro “R” deve ser garantido pelas acções de
sensibilização, a serem coordenadas pelo Centro
de Gestão Ambiental (ver capítulo do Comércio e
já
f
t
A
u
Figura 30. Instalações da ETAR de Almoçageme.
Emprego). As áreas da reciclagem e reutilizaçãoestão mais desenvolvidas, existindo já uma rede local de ecopontos (ver
igura 31). No entanto, um dos objectivos deste projecto é minimizar qualquer
ipo de resíduos. Pretende-se, assim, aproveitar as instalações da ETAR de
lmoçageme, que apenas faz o tratamento das águas residuais, e acrescentar
m reactor de biogás para produção do mesmo a partir de:
61
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
- Efluentes da ETAR;
- Resíduos sólidos orgânicos domésticos, agrícolas – subprodutos que
não têm mais nenhuma aplicação para além desta – e florestais –
provenientes de toda a região, nomeadamente do PNSC.
Figura 31. Rede de saneamento e ecopontos de Almoçageme.
Desta maneira, escoam-se os resíduos orgânicos, que por vezes não têm
para onde ir, e ainda são aproveitados na produção de energia. Como
resultado da digestão anaeróbia bacteriana dentro do reactor, ainda se
produzem lamas ricas em nutrientes que serão utilizadas para a agricultura17.
As vantagens para o agricultor, público em geral e para o ambiente mostra a
sustentabilidade desta estratégia.
Para o agricultor:
- Economia de nutrientes e água;
- Redução de utilização de fertilizantes minerais;
- Valorização de nutrientes recicláveis pela terra;
17 A utilização destas lamas na agricultura está, porém, condicionada dentro de certos parâmetros definidos no Decreto-Lei n.º 446/91, e nas Portarias n.º 176/96 e n.º 177/96.
62
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
- Melhoramento da qualidade do fertilizante orgânico;
- Redução de substâncias fitotóxicas;
- Redução no uso de pesticidas;
- Estabilização e melhoramento da fertilidade do solo.
Para o público em geral:
- Economia em energia no tratamento de águas residuais;
- Redução nos tratamentos adicionais;
- Conjugação com sistemas de custos baixos de tratamento;
- Economia nos custos de eliminação das lamas.
Para o ambiente:
- Redução de cargas poluentes nos recursos naturais;
- Redução de cheiros;
- Protecção dos recursos hidrológicos contra a lixiviação de nitratos e
perda de NH4;
- Impacte positivo na protecção dos recursos: combustíveis e nutrientes
da água;
- Impacte positivo na protecção climática: menos emissões de gases;
- Balanço de emissões de biogás positivo, comparando com os
combustíveis fósseis;
- Redução do risco de desertificação.
Também é imprescindível que se faça a purificação do biogás para
posteriores utilizações, tais como:
- Uso doméstico;
- Aquecimento;
- Suplemento para o gás natural;
- Poder Calorífico Combinado (CHP);
- Combustível para veículos.
Este aproveitamento do biogás obriga então que se lhe removam certos
componentes, os quais variam consoante a utilização a dar ao biogás.
63
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
A implementação desta estratégia também vai necessitar da criação de uma
rede de recolha dos resíduos orgânicos (agrícolas, florestais e domésticos) e
outra para o transporte das lamas para a agricultura.
Concluindo a apresentação desta proposta, refere-se agora as vantagens e
desvantagens da digestão anaeróbia.
Vantagens:
- Degrada grandes quantidades de matéria orgânica em pouco tempo;
- É um processo de tratamento que requer pouca energia por não
necessitar de ventilação;
- Converte matéria orgânica em biogás, que pode ser usado para produzir
electricidade e/ou energia térmica e tem um valor económico
interessante;
- Gera uma pequena quantidade de resíduos estabilizados, comparando
com o processo aeróbico.
Desvantagens:
- Apenas remove, essencialmente, matéria orgânica;
- Os resíduos não estão próprios para descarga directa nos cursos de
água;
- Período do início do processo longo ou necessidade de inoculação
adequada;
- Incapacidade para sustentar sobrecargas de matéria orgânica.
5. Corrigir falhas dos sectores dos resíduos sólidos urbanos e do saneamento
Refira-se, que existem casos pontuais em que o funcionamento dos
ecopontos está longe do desejável (ver ponto 6 da figura 6). Existe, por um
lado, um excesso de lixo produzido durante o fim-de-semana devido à
actividade da Feira. Grande parte do lixo fica junto ao contentor, parte dele
acabando por se dispersar. Noutra situação, existe um ecoponto que cuja
localização não facilita o depósito do lixo.
64
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Quanto ao saneamento, pode-se verificar, pela figura 31, que existe uma
rede de saneamento relativamente desenvolvida. No entanto, pode ser
observado ainda um número razoável de habitações sem saneamento dentro
do perímetro urbano, especialmente a sudoeste da área urbana de
Almoçageme. Quando se afirma que essas habitações não têm saneamento,
quer-se dizer que não estão incluídas na rede de saneamento, sendo que
fazem uso de fossas sépticas. O tratamento de resíduos não está, por isso,
assegurado na totalidade da área urbana de Almoçageme.
Energia, Resíduos e Saneamento
Aposta em Implementação Melhoria da energias dum reactor recolha de RSU
alternativas de biogás e rede de na ETAR saneamento
Figura 32. Resumo das propostas deste plano para a Energia, Resíduos e Saneamento.
Programas de incentivo ao sector energético18
- MAPE – Medida de Apoio ao Aproveitamento Energético e
Racionalização de Consumos
- SIME - Eficiência Energética
18 http://www.iapmei.pt/iapmei-art-02.php?id=73&temaid=13, Maio 2005
65
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Comércio e Emprego
Objectivos19
1. Concretizar o processo de Cardiff de integração sectorial;
2. Privilegiar localizações para o equipamento comercial, enquanto factor
de consolidação urbana, fixação das populações e criação de postos de
trabalho a nível local, contribuindo para a equitatividade orçamental da
administração local;
3. Assumir o Comércio, incluindo o Comércio rural, como factor
estruturante do território e elemento agrupador e motor da vida colectiva;
4. Privilegiar o apoio às iniciativas económicas geradoras de emprego
visando a fixação das populações rurais, tendo em conta o seu papel
decisivo na gestão sustentável dos recursos naturais, da paisagem e da
biodiversidade;
5. Salientar o papel do sector empresarial e procurar que ele se assuma
como veículo de responsabilização social e agente de desenvolvimento
sustentável;
6. Implementar sistemas de gestão para a sustentabilidade;
7. Adoptar padrões sustentáveis no ciclo produção/ comércio/ consumo/
pós-consumo;
8. Potenciar a produção sustentável a nível local, nomeadamente
contemplando o aproveitamento local dos recursos endógenos;
9. Desenvolver o ensino e a formação profissional na via da
sustentabilidade, em todos os estratos profissionais, incluindo
certificação para os profissionais dos vários sectores.
Diagnóstico Este projecto em Almoçageme tem a finalidade de desenvolver vários
sectores, directa ou indirectamente passaria a disponibilizar no mercado mais
serviços e/ou produtos. Este desenvolvimento da economia local melhora a
qualidade de vida e intervém numa grande problemática actual – o
desemprego.
19 ENDS: Linhas de Orientação – Objectivos e Acções
66
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Hoje em dia, a oferta de emprego é um dos factores mais importantes para
a fixação da população. Portanto, em qualquer projecto de desenvolvimento
tem que se analisar este sector e tomar decisões consoante o contexto local.
Em Almoçageme depara-se com uma pequena aldeia virada essencialmente
para as actividades agrícola em pequena escala e turística. No entanto, existe
falta de postos de emprego principalmente no sector terciário, embora já hajam
algumas dessas actividades (serviços da saúde, advocacia, cabeleireiro, etc.).
O projecto tem então especial atenção na criação e/ou desenvolvimento do
sector terciário. Podemos analisar este capítulo em cada uma das unidades
básicas deste projecto:
- Quinta Biológica;
- Eco-turismo;
- Feira de Almoçageme;
- ETAR e central de biogás;
- Centro de Gestão Ambiental;
- Transportes.
Tabela 7. Análise SWOT do sector no estado actual.
Pontos Fortes Pontos Fracos
• Diversidade de postos de
trabalho criados
• Aproveitamento e
rentabilização de produtos
tradicionais
• Actividades são apenas
sazonais
• O espaço pode ser pequeno
para as propostas
apresentadas
Oportunidades Ameaças
• Mais e melhores oportunidades
para a fixação da população
• Possibilidade da criação duma
marca registada
• O eco-turismo trás mais
pessoas, o que pode trazer
mais poluição
• Dificuldades de controlo da
viabilidade das propostas
67
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Propostas 1. Quinta Biológica
A Quinta Biológica, o coração deste
projecto, apresenta o maior potencial de
postos de trabalho devido à produção de
qualidade, exploração de culturas
diversificadas, e por ter várias áreas de
actividade: agricultura, pecuária, silvicultura
(ver respectivos capítulos), moagem e
panificação, e artesanato (cerâmica,
carpintaria, ferraria).
- Moagem e panificação
O restauro do moinho de vento, junto da estrada
para Colares, permitiria que aí se retomasse a
moagem dos cereais para posteriormente se fazer o
pão e cozê-lo em forno de lenha.
e
t
d
a
F
d
Figura 34. Moinho devento.
- Artesanato
Criar e pôr em funcionamento oficinas tradici
las: a cerâmica (característica de Almoçageme)
endo estas duas últimas qualquer passado em A
estas oficinas seria também um bom tema para
trás mencionadas.
O escoamento dos produtos pode ser feita
eira de Almoçageme, e em exportações. Aqu
esenvolvimento no sector primário e secundário
Figura 33. Possível área para as instalações da Quinta Biológica.
onais de cada actividade, são
, a carpintaria e a ferraria, não
lmoçageme. O funcionamento
as ditas visitas de estudo, já
nas próprias instalações, na
i nota-se essencialmente um
.
68
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
2. Turismo Esta é uma área com uma procura cada vez maior, pelo que muitos dos
investimentos feitos aqui, são bem sucedidos. De qualquer maneira, neste
projecto, o turismo não tem um papel muito significativo na oferta de emprego
(a longo prazo). Existem duas áreas de intervenção no turismo: turismo de
natureza e turismo de habitação.
O turismo de natureza seria garantido por uma empresa de animação
turística a sedear em Almoçageme, tendo como local de acção o próprio
Parque Natural de Sintra-Cascais e o “Parque Aventura Ecológico” já atrás
referido.
O turismo de habitação assenta na ideia da restauração das casas
degradadas para este fim. Estas restaurações já dariam trabalho a algumas
pessoas mas apenas durante um período finito. Após isso bastaria um pequeno
número de pessoas para coordenar o turismo de habitação propriamente dito –
alugueres, manutenção, etc.
3. Feira de Almoçageme A Feira de Almoçageme realiza-se todos os fins-de-semana á beira da
estrada que segue para Colares. Aqui há agricultores locais a vender os seus
produtos hortícolas, fruta, flores, e há outros a vender produtos caseiros como
pastelaria e compotas. De entre esta variedade de produtos, há que destacar
as compotas caseiras e o bolo saloio (bolo de canela e limão) que são típicos
da zona de Almoçageme. O espaço da feira é um pouco reduzido, ao trazer-se
a feira para o centro de Almoçageme, trazia-se com ela mais pessoas à
localidade aos fins-de-semana, o que seria bastante positivo para o sector do
turismo. No entanto, esta medida só deve ser tomada quando tiver sido
ultrapassado o problema do estacionamento em Almoçageme. A Feira de
Almoçageme não cria novos postos de trabalho mas permite que haja
iniciativas privadas na produção, confecção e venda de produtos caseiros.
4. ETAR e central de biogás À semelhança do eco-turismo, cria serviços mas em pouca quantidade.
Aqui são apenas necessários alguns técnicos especializados para o controlo e
69
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
manutenção das instalações. No entanto, há que ter em conta que fornece
mais dois produtos para além do tratamento das águas residuais – as lamas e
o biogás. Também há a possibilidade de esta área ser coordenada pelo Centro
de Gestão Ambiental.
5. Centro de Gestão Ambiental A ideia desta instituição consiste em gerir todos os sectores
socioeconómicos e coordenar a execução deste projecto estratégico, tanto
nesta área de Almoçageme como em futuros locais de intervenção. O Centro
de Gestão Ambiental tem os seguintes objectivos:
- Definir e coordenar estádios de execução do plano estratégico;
- Estudar o grau de sucesso das medidas tomadas – verificar se os
objectivos iniciais estão a ser cumpridos;
- Estabelecer planos de monitorização e tomar as medidas necessárias
com o objectivo do desenvolvimento sustentável:
o Análise de produção e consumos;
o Monitorização ambiental (ex: estudo do ecossistema), da
saúde, florestal (ex: estudo da fixação de C);
- Manter a população a par das inovações científicas e tecnológicas á
escala mundial e propor aplicações economicamente viáveis;
- Promover acções de esclarecimentos (ex: alteração de hábitos de
consumo) e fomento à participação pública com a finalidade de se
criarem menos resíduos e stress ambiental, mais eficiência na produção,
mais reciclagem,…;
- Estudar as consequências deste (e doutros) projecto(s) – alterações do
estilo de vida, impactes ambientais, etc.;
- Ter um papel preponderante na avaliação de futuros projectos para
Almoçageme.
Com este centro dinamizar-se-ia o sector terciário nesta região
(Almoçageme e arredores). Esta intervenção acabaria por: rentabilizar ao
máximo a economia da região, melhorar a qualidade de vida dos habitantes,
levar á fixação de jovens, facilitar a instalação de empresas de consultadoria e
outras.
70
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
6. Transportes A implementação de todas as propostas aqui apresentadas leva ao
desenvolvimento, bastante significativo, de Almoçageme, o qual causa a longo
prazo, um crescimento na área dos transportes públicos. O aumento dos
postos de emprego acabam por melhorar, indirectamente, o sistema de
transportes públicos, porque faz aumentar a sua procura e viabilizar o aumento
da frequência das carreiras locais. As novas redes de recolha de resíduos
orgânico e transporte de lamas que comunicariam com a ETAR também
necessitariam de novos colaboradores.
Comércio e Emprego
Quinta Biológica Eco-Turismo
Centro de Aumento da ETAR Gestão Ambiental
Figura 35. Resumo das propostas deste plano para o Comércio e Emprego.
Programas de incentivo ao Comércio e Emprego20
- SIPIE – Sistema de Incentivos a Pequenas Iniciativas Empresariais
- URBCOM – Sistema de Incentivos a Projectos de Urbanismo Comercial
- SIME – Sistema de Incentivos à Modernização Empresarial
- INOV-JOVEM
- Apoios à Contratação (Programa de Estímulo à Oferta de Emprego)
- Iniciativas Locais de Emprego (Programa de Estímulo à Oferta de
Emprego)
20 http://www.iapmei.pt/iapmei-art-02.php?id=175&temaid=13, Maio 2005
71
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Transportes
Objectivos21
1. Planeamento do Sistema de Transportes;
2. Planeamento das vias de acesso;
3. Sensibilização para a utilização do transporte público.
Diagnóstico As infra-estruturas de apoio aos transportes devem ter como principal
objectivo facilitar a integração das zonas em desenvolvimento na economia do
país, bem como fomentar a coesão e interligação entre as diferentes regiões.
Com vista a atingir este objectivo, as maiores dificuldades estão em assegurar
que o investimento seja feito tendo em conta as reais necessidades
económicas e sociais da região em causa, pois só assim se vai conseguir
promover o fluxo de produtos e bens entre as zonas de produção e as áreas
comerciais, originando assim mais oportunidades de acesso, a emprego e a
serviços sociais, às pessoas. Uma boa rede de transpores pode aliviar o stress
das áreas urbanas, aumentando a qualidade de vida, e pode ainda ajudar a
minimizar as diferenças entre as comunidades rurais e as urbanas contribuindo
assim no combate contra a pobreza.
As estradas são um grande negócio, não só em termos de capital investido,
mas também em relação à indústria dos transportes e à indústria automóvel, e
são essenciais a todos os sectores desde a produção aos serviços sociais. A
rede rodoviária deve estar de acordo com a procura, ser economicamente
viável e financeiramente apetecível para uma grande variedade de serviços de
transporte de passageiros e mercadorias. Consequentemente uma falha nesta
rede tem um grande impacte negativo sobre as capacidades de
desenvolvimento duma região22.
Assim sendo, o elemento transportes é fundamental na fixação da
população e na dinamização da zona em estudo, a aldeia de Almoçageme é
neste momento servida por três carreiras da empresa Scotturb, cuja passagem
pela aldeia está limitada ao Largo do Coreto, e sua frequência passagem é de 21 PIENDS – Transportes 22 http://europa.eu.int/comm/development/body/theme/transport/guidelines/en/entc.htm, Maio 2005
72
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
uma carreira por hora, na ligação entre Cascais e Sintra com treze percursos,
nos dias úteis e sábados; e de onze percursos aos domingos. Existe ainda a
ligação directa entre a aldeia e Sintra, com uma circulação de oito vezes
durante os dias úteis, seis circulações aos sábados e sete aos domingos,
sendo que esta carreira tem também uma frequência horária. Conclui-se assim,
que este número de carreiras e a consequente frequência de passagem tem-se
mostrado suficiente para servir a população.
Temos ainda que considerar o transporte individual, que actualmente cobre
as falhas dos transportes públicos. Almoçageme e a praia da Adraga
apresentam algumas dificuldades relativamente ao estacionamento. Os lugares
de estacionamento locais apenas satisfazem as necessidades dos residentes.
O crescimento de Almoçageme – com mais actividades, turismo, serviços, etc.
– sugere o aumento dos mesmos. O problema é mais visível na altura da feira,
e aquando das celebrações dos santos populares e nas Festas em Honra de
Nossa Senhora da Graça.
Outro elemento importante para a dinamização da zona é a rede de
acessibilidades da aldeia, que se encontra limitada à estrutura rodoviária (ver
figura 3).
Neste caso considera-se que a rede rodoviária de acesso à aldeia está
adequada as necessidades da mesma, mas que são necessárias alternativas,
uma vez que é nosso entender que a circulação automóvel no interior do
Parque Natural Sintra-Cascais deve ser reduzida ao mínimo.
Sendo assim, para responder ao futuro aumento do influxo de pessoas e
viaturas à aldeia e sua periferia, devido à implementação do projecto, propõem-
-se algumas medidas.
73
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Tabela 8. Análise SWOT do sector no estado actual.
Pontos Fortes Pontos Fracos
• Rede de transportes públicos
adequada
• Dificuldades de
estacionamento
• Existe apenas acesso
rodoviário
Oportunidades Ameaças
• O perímetro urbano apresenta
zonas de possível intervenção
• O crescimento pode ser maior
do que o possível de sustentar
Propostas 1. Estudar periodicamente a viabilidade do aumento da frequência
das carreiras
Actualmente as carreiras respondem bem às necessidades locais, no
entanto, o crescimento de Almoçageme viabilizaria cada vez mais o dito
aumento das suas frequências. Estes estudos periódicos podem ser realizados
pelo Centro de Gestão Ambiental.
2. Criar mais lugares de estacionamento Para se combater o problema do estacionamento, aproveitam-se algumas
das zonas abandonadas dentro do perímetro urbano local para este fim, figura
19. Deste modo, não só se promove a reabilitação das zonas no perímetro
urbano, como ainda se resolve uma das condicionantes do crescimento de
Almoçageme.
3. Melhoramento dos acessos viários Este projecto propõe ainda converter algumas vias de trânsito onde se
verificam dificuldades no trânsito rodoviário para vias de sentido único. O
encerramento de vias não parece ser uma opção adequada para Almoçageme
e não seria bem aceite pela população residente. Há também o caso de
demolição de uma casa já degradada com o fim de alargamento da estrada.
74
Almoçageme Sustentável – Análises sectoriais
Estas mudanças vão trazer benefícios, a nível de tráfego, a nível da circulação
pedonal, e mesmo na qualidade ambiental de Almoçageme.
Transportes
Analisar Aproveitamento Melhorias periodicamente de espaço na rede a eficiência do abandonado viária
transporte para publico estacionamento
Figura 36. Resumo das propostas deste plano para os Transportes.
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Plano estratégico de desenvolvimento sustentável para
Almoçageme
Conclusão
Almoçageme Sustentável – Conclusão
O desafio do Desenvolvimento Sustentável é uma aposta de grande
ambição, apenas passível de ser concretizada se todos os intervenientes –
sociedade civil, empresas e administração – se empenharem no mesmo
sentido.
As propostas apresentadas são orientações estratégicas, muitas das quais
apoiadas em programas sectoriais de incentivo. Os meios para que a região de
Almoçageme se desenvolva de um modo sustentável já existem. Esses
instrumentos são condição sine qua non para que haja desenvolvimento,
embora seja necessária a acção de entidades ou instituições que orientem e
coordenem o desenvolvimento. É neste sentido que a criação de entidades
como a Quinta Biológica e o Centro de Gestão Ambiental é de extrema
importância e deverão ser os grandes dinamizadores das orientações
propostas.
É importante referir que este trabalho apresenta um plano que também ele
tem que ser coordenado. A implementação das propostas tem que ser feita por
fases, de forma a torná-lo o mais auto sustentado possível. O desenho de um
plano de implementação é aconselhável, uma vez que não se teve em
consideração as prioridades globais da região, e deve ser efectuado, de
preferência, pela autarquia que deve dar o primeiro impulso. O plano de
implementação deverá ter uma forte componente económica e,
consequentemente, ter em conta os benefícios e custos da implementação de
cada proposta e a sua viabilidade.
A caracterização e diagnóstico da região identificaram apenas uma grande
falha estrutural que pode pôr em causa o cumprimento dos objectivos. A
inexistência de um plano de urbanização afecta gravemente a gestão
sustentável dos recursos dentro do perímetro urbano de Almoçageme, pois não
se definem prioridades de desenvolvimento da rede viária, eléctrica e
saneamento.
A área de estudo foi definida de maneira a que se pudesse facilmente
proceder à caracterização e diagnóstico, tendo em conta os recursos
disponíveis. No entanto, trata-se de uma área relativamente reduzida,
ignorando a influência do restante território em que se insere Almoçageme. De
mais a mais, o projecto não abordou os sectores das pescas e da água, áreas
Almoçageme Sustentável – Conclusão
bastante importantes para a região. Como se referiu atrás, os transportes não
são alvo de grandes implementações por se prever que terão um
desenvolvimento paralelo ao de Almoçageme.
Este plano prova que o facto de estar localizado no Parque Natural de
Sintra-Cascais, com todas as suas condicionantes, não implica que o seu
desenvolvimento seja travado, chegando-se até a aproveitar este contexto, e a
tornar Almoçageme como um modelo de aldeia sustentável.
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Plano estratégico de desenvolvimento sustentável para
Almoçageme
Bibliografia
Almoçageme Sustentável – Bibliografia
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• Programa Operacional da Cultura 2000-2006 (POC)
• Medida de Apoio ao Aproveitamento Energético e Racionalização de
Consumos – MAPE);
• Utilização na agricultura de lamas provenientes de ETAR’S, Decreto-Lei
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