a c ó r d ã o trabalhista gravida estabilidade

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Acórdão da quarta turma do Tribunal Superior do Trabalho

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A C R D O(Ac. 8 Turma)GMMCP/ldh/arRECURSO DE REVISTA - SUMARSSIMO ESTABILIDADE PROVISRIA - GESTANTE - AO TRABALHISTA AJUIZADA APS O TRMINO DO PERODO DE GARANTIA NO EMPREGO - PROVIMENTOIncidncia da Orientao Jurisprudencial n 399 da SBDI-1.Recurso de Revista conhecido e provido.Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n TST-RR-43100-49.2009.5.07.0008, em que Recorrente TAYS HELANE CMARA ARAJO e Recorrida TNL CONTAX S.A.Trata-se de Recurso de Revista (fls. 176/184) interposto ao acrdo regional de fls. 172/173-v, em processo que tramita pelo rito sumarssimo.Despacho de admissibilidade, s fls. 186/187.Contra-razes, s fls. 192/205.Os autos no foram remetidos ao D. Ministrio Pblico do Trabalho, nos termos regimentais. o relatrio.V O T OESTABILIDADE PROVISRIA - GESTANTE - AO TRABALHISTA AJUIZADA APS O TRMINO DO PERODO DE GARANTIA NO EMPREGO - PROVIMENTOa. ConhecimentoEstes so os fundamentos do Tribunal Regional, que entendeu que quando j ultrapassado o perodo da estabilidade da gestante seria impossvel converter-se a estabilidade provisria em indenizaocompensatria, como segue:"2.1. Estabilidade provisria da gestante.

Alegou a Reclamante que foi contratada pela Reclamada em 17/04/2001, como representante de servios, sendo dispensada sem justa causa em 13 de fevereiro de 2008, quando encontrava-se com 02(dois) meses de gestao.

Pugnou pelo deferimento de indenizao substitutiva relativa ao perodo da estabilidade, assim como as parcelas trabalhistas devidas no perodo.

Assim, se a gravidez ocorreu durante o contrato de trabalho, ainda que no curso do aviso prvio indenizado, a garantia constitucional subsiste, mesmo que ao empregador tenha sido dado cincia depois de expirado o prazo do aviso prvio. Deve ser levado em conta que a garantia assim estabelecida tem amplo aspecto, visando no s a proteo maternidade, mas tambm da infncia e do nascituro.

Na esteira desse entendimento, a confirmao da gravidez aquela a que se refere o dispositivo constitucional deve ser compreendida como a confirmao da concepo no curso do contrato.

Todavia, prescindvel qualquer discusso sobre a cincia ou no do estado de gestao da empregada, j que o direito manuteno no emprego no est atado a critrio subjetivo. Neste sentido, a Smula 244, I, do c. TST.

Desse modo, apesar do estado gravdico confirmado durante a vigncia do contrato de trabalho, algumas evidncias devem ser destacadas.

O art. 10, II, "b", do ADCT da Constituio Federal de 1988, visou garantir o emprego da empregada gestante e no indenizao substitutiva pelo tempo no trabalhado.

Dispensada efetivamente no dia 13/02/2008, quando provavelmente j tinha cincia de sua gravidez, a empregada no tomou, de imediato, qualquer medida para reparar o ilcito, deixando para ajuizar a presente ao somente no dia 13/03/2009, mais de 01(um) anos aps a dispensa. Deixou transcorrer, portanto, todo o perodo da estabilidade prevista no Ato das Disposies Constitucionais Transitrias (da confirmao da gravidez at 05 meses aps o parto), e, ainda, o perodo estabilitrio garantido convencionalmente (30 dias), para s aps requerer a indenizao substitutiva relacionada aos salrios e benefcios do perodo.

Na realidade, tal atitude denota que a Autora no visava a manuteno do emprego, mas to- somente a indenizao correspondente ao perodo estabilitrio, j que compareceu em Juzo mais 01(um) anos aps a dispensa e a comprovada cincia da gravidez. Ora, se no h dvida de que a Reclamante j tinha conhecimento do seu estado gravdico, porque concordou com a finalizao da dispensa ocorrida em 13/02/2008, recebendo as verbas rescisrias de direito (f. 93), devidamente homologadas pelo Sindicato da categoria profissional, sem ressalvas, deixando para ajuizar a presente ao com 13(treze) meses aps tal data, em maro/2009, quando j expirado o perodo estabilitrio?

Para tanto, a recorrida foi dispensada, fruiu dos haveres decorrentes da dispensa sem justa causa e, cerca de 13 meses aps, ajuizou reclamao trabalhista, evidenciando intuito de obter vantagem pecuniria sem a contraprestao laboral que deveria se efetivar fora do perodo de licena gestante.

Nota-se que o carter ontolgico do instituto em exame perpassa necessria e primeiramente pela garantia do emprego, ou seja, h prevalente direito fonte laborativa. Somente a inconveniente mantena da relao empregatcia ou o atraso no trmite da ao ajuizada dentro do perodo estabilitrio autoriza o traspasse para a indenizao pelo equivalente pecunirio. Logo, somente quando o primeiro inviabiliza-se, colhe-se a indenizao substitutiva.

Ajuizada a presente ao quando j ultrapassado o perodo da estabilidade, impossvel converter-se a estabilidade provisria em indenizao compensatria de pronto cujo pagamento no supre o bem jurdico constitucionalmente protegido.

No caso em espcie, nota-se um manifesto abuso de direito, deixando a autora passar todo o perodo estabilitrio, sem requerer seu retorno ao emprego, para, meses aps, pleitear indenizao substitutiva, o que no se admite.

A jurisprudncia assim se manifesta:

'GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISRIA. INDENIZAO. Ultrapassado o prazo da estabilidade provisria, no h falar em indenizao substitutiva, que s teria lugar se a reclamante ainda tivesse direito reintegrao ao emprego.' (TRT 3 Regio, Quarta Turma, RO 00873-2005-021-03-00-0, Juiz Relator Tarcsio Alberto Giboski, DJMG 19/11/2005).

ANTE O EXPOSTO:

ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2 TURMA DO TRIBUNAL DO TRABALHO DA 7 REGIO, por unanimidade, conhecer do recurso e, por maioria, negar-lhe provimento, mantendo-se a r. sentena de primeiro grau. Vencido o desembargador Jos Ronald Cavalcante Soares que dava provimento ao apelo."(fls. 172-v/173-v)Como se v, o Tribunal a quo negou o pedido de indenizao asseverando que quando j ultrapassado o perodo da estabilidade da gestante seria impossvel converter-se a estabilidade provisria em indenizao.Em sua insurgncia, a Reclamante aponta violao aos artigos 7, XXIX, da Constituio; 10, II, "b", do ADCT; e 477, 6, da CLT. Indica a Smula n 244 do TST. Transcreve arestos.O artigo 10, inciso II, alnea "b", do ADCT assegura estabilidade provisria empregada gestante, desde a confirmao da gravidez at cinco meses aps o parto, sem exigir o preenchimento de nenhum outro requisito, que no a prpria condio de gestante, in verbis:

"At que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7, I, da Constituio:

(...)II - fica vedada a dispensa arbitrria ou sem justa causa:

(...)b) da empregada gestante, desde a confirmao da gravidez at cinco meses aps o parto."O E. Supremo Tribunal Federal, julgando controvrsia sobre a matria, concluiu que ainda que haja previso em norma coletiva no h possibilidade de estabelecer limite ao cumprimento literal da norma constitucional. Nesse sentido, colho as ementas:

"Estabilidade provisria da empregada gestante (ADCT, art. 10, II, 'b'): inconstitucionalidade de clusula de conveno coletiva do trabalho que impe como requisito para o gozo do benefcio a comunicao da gravidez ao empregador.

1. O art. 10 do ADCT foi editado para suprir a ausncia temporria de regulamentao da matria por lei. Se carecesse ele mesmo de complementao, s a lei a poderia dar: no a conveno coletiva, falta de disposio constitucional que o admitisse.

2. Aos acordos e conveno coletivos de trabalho, assim como s sentenas normativas, no licito estabelecer limitaes a direito constitucional dos trabalhadores, que nem lei se permite." (RE-234.186-3, 1 Turma, Min. Relator Seplveda Pertence, DJ 31/8/01.)"O art. 10, II, 'b', do ADCT confere estabilidade provisria obreira, exigindo para o seu implemento apenas a confirmao de sua condio de gestante, no havendo, portanto, de se falar em outros requisitos para o exerccio desse direito, como a prvia comunicao da gravidez ao empregador. Precedente da Primeira Turma desta Corte. Recurso extraordinrio no conhecido." (RE-259.318/RS, 1 Turma, Min. Relatora Ellen Gracie, DJ 21/6/02)De um lado, a previso constante do artigo 10, II, "b", do ADCT tem por escopo imediato a manuteno da gestante no emprego, garantindo-lhe a reintegrao, e, por outro, destina-se ao empregador, na medida em que objetiva inibir, temporariamente, o exerccio de seu poder potestativo de resilio contratual.

Assim, agindo o empregador contrariamente ao preconizado na Constituio, atrai para si a tutela jurisdicional do Estado, devendo suportar o nus da dispensa ilegal.

Nesse sentido, esta Eg. Corte pacificou a jurisprudncia, consolidada na Smula n 244, in verbis:

"GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISRIA. (INCORPORADAS AS ORIENTAES JURISPRUDENCIAIS NS 88 E 196 DA SDI-1) - RES. 129/2005 - DJ 20.04.05.

I - O desconhecimento do estado gravdico pelo empregador no afasta o direito ao pagamento da indenizao decorrente da estabilidade (art. 10, II, 'b' do ADCT) (ex-OJ n 88 - DJ 16.04.2004).

II - A garantia de emprego gestante s autoriza a reintegrao se esta se der durante o perodo de estabilidade. Do contrrio, a garantia restringe-se aos salrios e demais direitos correspondentes ao perodo de estabilidade (ex-Smula n 244 - Res. 121/2003, DJ 21.11.2003).

III - No h direito da empregada gestante estabilidade provisria na hiptese de admisso mediante contrato de experincia, visto que a extino da relao de emprego, em face do trmino do prazo, no constitui dispensa arbitrria ou sem justa causa (ex-OJ n 196 - Inserida em 08.11.2000)."Ressalte-se que a limitao do direito da gestante, em especial pela demora no seu exerccio, somente encontra amparo legal na hiptese de extrapolao dos prazos prescricionais previstos no inciso XXIX do art. 7 da Constituio da Repblica, consoante j decidido pela C. SBDI-1, nos julgados assim ementados:

"RECURSO DE EMBARGOS. GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISRIA. GARANTIA DE EMPREGO. AO PROPOSTA APS EXAURIDO O PRAZO DA GARANTIA DE EMPREGO. INDENIZAO. O desconhecimento do estado gravdico pelo empregador no afasta o direito ao pagamento da indenizao decorrente da estabilidade.

Como a Constituio da Repblica garante parte o prazo prescricional de dois anos como limite para ajuizar ao, sem impor outra condio para o seu exerccio, no se pode penalizar a empregada que ajuza a ao trabalhista no binio prescricional, ainda que j exaurido o perodo estabilitrio.

Recurso de embargos conhecido parcialmente e no provido." (TST-E-RR-472.024/1998, Rel. Aloysio Corra da Veiga, DJ 28/11/2005)"ESTABILIDADE PROVISRIA. EMPREGADA GESTANTE. Estando constitucionalmente assegurada a estabilidade provisria empregada gestante - art. 10, II, 'b', do ADCT, a demora no ajuizamento da reclamao no lhe retira o direito, salvo se atingida pela prescrio. Recurso de Embargos conhecido e provido." (TST-E-RR-499270/1998.0, Rel. Min. Luciano de Castilho Pereira, DJ 9/9/05)No mesmo sentido, e consolidando o entendimento, recentemente foi aprovada a Orientao Jurisprudencial especfica - OJ n 399 da SBDI-1:"OJ-SDI1-399. ESTABILIDADE PROVISRIA. AO TRABALHISTA AJUIZADA APS O TRMINO DO PERODO DE GARANTIA NO EMPREGO. ABUSO DO EXERCCIO DO DIREITO DE AO. NO CONFIGURAO. INDENIZAO DEVIDA. (DEJT divulgado em 02, 03 e 04.08.2010)

O ajuizamento de ao trabalhista aps decorrido o perodo de garantia de emprego no configura abuso do exerccio do direito de ao, pois este est submetido apenas ao prazo prescricional inscrito no art. 7, XXIX, da CF/1988, sendo devida a indenizao desde a dispensa at a data do trmino do perodo estabilitrio."Tratando-se de estabilidade provisria, uma vez exaurido o prazo desta, ocorre a converso da reintegrao em obrigao de indenizar, que compreende, pelo menos, os salrios, FGTS, frias e 13 salrio desde a confirmao da gravidez at 5 (cinco) meses aps o parto. Nesse sentido, a Smula n 396, item I, do TST.

Conheo, por violao ao artigo 7, XXIX, da Constituio.a. MritoConsectrio do conhecimento do recurso por violao a dispositivo constitucional o seu provimento.Verifica-se que, no caso, diversos pedidos constantes da inicial (fls. 7/8) tiveram a anlise prejudicada pela equivocada concluso de que diante do ajuizamento da ao quando j ultrapassado o perodo da estabilidade da gestante seria impossvel converter-se a estabilidade provisria em indenizao compensatria.Assim, dou provimento ao Recurso de Revista para, reformando o acrdo regional, determinar o retorno dos autos ao Tribunal a quo, a fim de que prossiga no julgamento dos pedidos constantes da inicial (fls. 7/8), afastada a premissa de que, ajuizada a ao quando j ultrapassado o perodo estabilidade da gestante seria impossvel converter-se a estabilidade provisria em indenizao compensatria, nos termos da Orientao Jurisprudencial n 399 da SBDI-1 do TST.ISTO POSTOACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do Recurso de Revista, por violao ao art. 7, XXIX, da Constituio da Repblica, e, no mrito, dar-lhe provimento para, reformando o acrdo regional, determinar o retorno dos autos ao Tribunal a quo, a fim de que prossiga no julgamento dos pedidos constantes da inicial (fls. 7/8), afastada a premissa de que, ajuizada a ao quando j ultrapassado o perodo da estabilidade gestante seria impossvel converter-se a estabilidade provisria em indenizao compensatria, nos termos da Orientao Jurisprudencial n 399 da SBDI-1 do TST.Braslia, 06 de outubro de 2010.Maria Cristina Irigoyen PeduzziMinistra Relatorafls.PROCESSO N TST-RR-43100-49.2009.5.07.0008A C R D O4 TurmaGMFEO/AM RECURSO DE REVISTA. ESTABILIDADE DA EMPREGADA GESTANTE. A Reclamada alega ser indevido o reconhecimento da estabilidade da gestante, sob o argumento de que "a empresa somente veio a tomar conhecimento da situao aps a resciso contratual" (fl. 119). O art. 10, II, do ADCT, ao vedar a demisso arbitrria da empregada gestante, no faz meno ao conhecimento do estado gravdico pelo empregador ou pela empregada, como requisito da estabilidade. Nesse sentido, inclusive, tem-se o item I da Smula/TST n 244.Inclume, portanto, o art. 10, II, alnea "b", do ADCT. Divergncia jurisprudencial no evidenciada. Recurso de revista de que no se conhece. HONORRIOS ADVOCATCIOS. Hiptese em que se condenou a Reclamada ao pagamento de honorrios advocatcios, com base to somente na declarao de pobreza. Contrariedade Smula n 219 desta Corte configurada. Recurso a que se d provimento.Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n TST-RR-27000-20.2007.5.04.0122, em que Recorrente WMS SUPERMERCADOS DO BRASIL LTDA. e Recorrida TATIANE SOUZA DE MORAES.

O Tribunal Regional do Trabalho da Quarta Regio deu parcial provimento ao recurso ordinrio interposto pela Reclamante, para condenar a Reclamada ao pagamento de salrios e demais vantagens do perodo da estabilidade provisria, ou seja, desde o afastamento da Reclamante at 5(cinco) meses aps o parto, bem como de honorrios advocatcios, no percentual de 15% (quinze por cento) do valor bruto da condenao (fls. 108/113). A Reclamada interps recurso de revista (fls. 116/126). A insurgncia foi admitida quanto ao tema "Honorrios advocatcios", por contrariedade Smula n 219 desta Corte (deciso de fls. 132/132-v).No houve apresentao de contrarrazes.Os autos no foram remetidos ao Ministrio Pblico do Trabalho. o relatrio.V O T O1. CONHECIMENTOO recurso de revista tempestivo, est subscrito por advogado regularmente habilitado e cumpre os demais pressupostos extrnsecos de admissibilidade.1.1. ESTABILIDADE DA EMPREGADA GESTANTEA Reclamada alega ser indevido o reconhecimento da estabilidade da gestante, sob o argumento de que "a empresa somente veio a tomar conhecimento da situao aps a resciso contratual" (fl. 119).Requer, caso assim no se entenda, que se considere como marco inicial da indenizao o momento da citao, e no do trmino do contrato de trabalho. Indica ofensa ao art. 10, II, alnea "b", do ADCT e transcreve arestos para confronto de teses.Consta da deciso regional:"ESTABILIDADE DA EMPREGADA GESTANTE.

Alega a recorrente que foi demitida sem justa causa no dia 23 de janeiro de 2007, mediante aviso prvio indenizado, projetando-se o prazo do aviso para todos os efeitos legais. Refere que os documentos das fls. 11 e 12 confirmam a gravidez dentro do perodo de vigncia do contrato de trabalho. Invoca a aplicao do item I da Smula n 244 do TST. Busca a sua reintegrao ao emprego ou pagamento de indenizao salarial desde o afastamento at o fim do prazo da estabilidade provisria, acrescido de frias com um tero, 13 salrios, aviso prvio aps o trmino da estabilidade e FGTS com multa de 40%.

Prospera a pretenso da reclamante.

Do termo rescisrio da fl. 59 verifica-se que a autora foi despedida em 23.01.2007, mediante aviso prvio indenizado. O prazo do aviso prvio, ainda que indenizado, integra o tempo de servio para todos os efeitos legais, conforme se depreende da leitura dos pargrafos 1 e 6 do art. 487 da CLT. Por esta razo, o termo final do contrato de trabalho da autora deve ser considerado como sendo em 23.02.2007.

A reclamante teve confirmada a sua gravidez por meio do exame laboratorial juntado fl. 11, no dia 09.02.2007, dentro da vigncia do contrato de trabalho, e tambm pela ultra-sonografia realizada em 10.03.2007 - fl. 12 -, da qual consta inclusive a data prevista para o parto em 31 de agosto de 2007.

O artigo 10, inciso II, letra b, do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias veda a dispensa arbitrria ou sem justa causa da empregada gestante, desde a confirmao da gravidez at cinco meses aps o parto.

Para a incidncia da norma constitucional, cuja finalidade a de proteo ao nascituro, exige-se, to-somente, a confirmao da gravidez, de forma objetiva, sendo irrelevante o conhecimento ou no do fato pelo empregador no momento da despedida. Inequvoco, diante das premissas fticas reveladas nos autos, que a trabalhadora detinha a garantia ao emprego em razo da gravidez, razo por que no se pode atribuir eficcia sua despedida imotivada antes do trmino do respectivo perodo estabilitrio.

Aplica-se ao caso a previso contida na Smula n 244 do TST, no sentido de que: "I - O desconhecimento do estado gravdico pelo empregador no afasta o direito ao pagamento da indenizao decorrente da estabilidade. (art.10, II, "b", do ADCT).II - A garantia de emprego gestante s autoriza a reintegrao se esta se der durante o perodo de estabilidade. Do contrrio, a garantia restringe-se aos salrios e demais direitos correspondentes ao perodo de estabilidade."Neste contexto, impe-se a reforma da deciso de primeiro grau, para condenar a reclamada ao pagamento de salrios e demais vantagens do perodo de estabilidade provisria, ou seja, desde o afastamento da recorrente at 5 meses aps o parto.

Provido o apelo" (fls. 109/110).Registre-se, de incio, que o art. 10, II, do ADCT protege de forma objetiva a empregada gestante da dispensa sem justa causa. Contudo, ao vedar a demisso arbitrria da empregada gestante, o referido dispositivo no faz meno ao conhecimento do estado gravdico pelo empregador ou pela empregada, como requisito da estabilidade.

Nesse sentido, inclusive, tem-se o item I da Smula/TST n 244:

"O desconhecimento do estado gravdico pelo empregador no afasta o direito ao pagamento da indenizao decorrente da estabilidade".

Deve-se observar que a confirmao da gravidez a que o art. 10, II, b, do ADCT faz aluso no se consubstancia na apresentao do exame mdico, o qual na realidade, apenas atesta a gravidez que restou confirmada no momento da concepo.Na hiptese, consta da deciso regional que a Reclamante foi despedida em 23.01.2007 e, com a projeo do aviso prvio pago em dinheiro, a data final do contrato de trabalho foi 23.02.2007; e que a Reclamante teve confirmada a gravidez por meio de exame laboratorial no dia 09.02.2007.

Nesse contexto, observa-se que, no momento da concepo, a Reclamante ainda era empregada da Reclamada.Portanto, no h que se falar em ofensa ao art. 10, II, alnea "b", do ADCT.Os arestos transcritos a fls. 121 apresentam tese superada pela Smula n 244 desta Corte (Smula n 333/TST). E o ltimo aresto, de fl. 122, trata do marco inicial da indenizao, questo no debatida pela Corte Regional (Smula n 296/TST).No conheo do recurso de revista.1.2. HONORRIOS ADVOCATCIOSA Reclamada insurge-se contra sua condenao ao pagamento de honorrios advocatcios, sob o argumento de que a Reclamante no est assistida pelo sindicato de sua categoria profissional. Indica ofensa aos arts. 769 da CLT e 14 da Lei n 5.584/70, contrariedade Smula n 219/TST e transcreve arestos para confronto de teses.Consta da deciso regional:"HONORRIOS DE ASSISTNCIA JUDICIRIA.

Prospera a pretenso da reclamante no tocante condenao da reclamada ao pagamento de honorrios de assistncia Judiciria.

Segundo declarao da fl. 06, a autora encontra-se em situao econmica que no lhe permite demandar sem prejuzo do sustento prprio, pelo que solicita a concesso do benefcio da assistncia judiciria gratuita.

A Lei n 7.115/83 possibilita a comprovao da condio de miserabilidade jurdica por meio de simples declarao firmada pelo prprio interessado ou por procurador, sob as penas da Lei, dando a tal declarao presuno de verdade, ressalvada a possibilidade de comprovao em contrrio capaz de afastar referida presuno juris tantum.

Assim, constatado o estado de miserabilidade jurdica da autora no infirmado por outro meio de prova, entende-se por preenchido requisito indispensvel concesso da Assistncia Judiciria, previsto na Lei n 1.060/50, a qual abrange o pagamento de honorrios assistenciais.

Destaca-se que o direito Assistncia Judiciria direito fundamental constitucionalmente previsto - artigo 5, LXXIX, da Carta Federal. Assim, no sendo disponibilizado ao trabalhador servio de assistncia judiciria nos moldes previstos naquele dispositivo legal, no h porque lhe obstar a busca da assistncia junto a quem habilitado para prest-la, ou seja, o advogado de sua livre escolha.

H que lembrar, ainda, que os sindicatos no possuem o monoplio para prestar assistncia judiciria, no devendo ser a Lei n 5.584/70 interpretada como uma restrio ao direito estabelecido na Lei n 1.060/50.

Sendo assim, esta Turma Julgadora, revendo seu entendimento vista das ponderaes supra consignadas e do cancelamento da Smula n. 20 deste Tribunal Regional, posiciona-se no sentido de que a simples declarao de pobreza feita pela parte, como ocorre no presente feito, preenche requisito legal concesso da assistncia judiciria, na forma do que dispe o "caput" do artigo 4 e seu pargrafo 1 da Lei 1.060/50.

Em decorrncia, fazendo jus a autora assistncia judiciria, consequentemente, faz jus aos respectivos honorrios assistenciais, impondo-se o provimento do recurso para condenar a reclamada ao pagamento dos honorrios assistenciais, no percentual de 15% do valor bruto da condenao.

Provido" (fls. 111/112).A orientao estabelecida pela Smula n 219/TST, cuja validade foi mantida pela Smula n 329 desta Corte, referenda a necessidade de preenchimento de ambos os pressupostos, alm da sucumbncia.A Corte Regional contrariou o entendimento preconizado na Smula n 219/TST, porque manteve o deferimento de honorrios de advogado to somente pela existncia de declarao de insuficincia econmica, pois afirma que "o deferimento de honorrios de assistncia judiciria est condicionado to somente comprovao do atestado de pobreza do empregado, nos termos da Lei n 1.060/50" (ementa, fl. 108)".Conheo, portanto, do recurso de revista, por contrariedade Smula n 219/TST.

2. MRITOHONORRIOS ADVOCATCIOSEm face do conhecimento do recurso, por contrariedade Smula n 219/TST, seu provimento medida que se impe. No caso, a Corte Regional manteve o deferimento do pagamento de honorrios advocatcios com base apenas na existncia de declarao de pobreza, registrando a dispensabilidade da assistncia sindical.Acrescente-se que, nos termos da Smula n 329 desta Corte, mesmo aps a promulgao da CF/1988, permanece vlido o entendimento consubstanciado na Smula n 219 do Tribunal Superior do Trabalho, no sentido de que a condenao ao pagamento de honorrios advocatcios, nunca superiores a 15% (quinze por cento), no decorre pura e simplesmente da sucumbncia, devendo a parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepo de salrio inferior ao dobro do salrio mnimo ou encontrar-se em situao econmica que no lhe permita demandar sem prejuzo do prprio sustento ou da respectiva famlia. Importante transcrever o entendimento consubstanciado na Orientao Jurisprudencial n 305 da SBDI-1 desta Corte:"HONORRIOS ADVOCATCIOS. REQUISITOS. JUSTIA DO TRABALHO.

Na Justia do Trabalho, o deferimento de honorrios advocatcios sujeita-se constatao da ocorrncia concomitante de dois requisitos: o benefcio da justia gratuita e a assistncia por sindicato".

Diante do exposto, dou provimento ao recurso de revista, para excluir da condenao a parcela relativa a honorrios advocatcios. ISTO POSTOACORDAM os Ministros da Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, unanimidade, no conhecer do recurso de revista quanto "Estabilidade da empregada gestante" e conhecer quanto aos honorrios advocatcios, por contrariedade Smula n 219, e, no mrito, dar-lhe provimento para excluir da condenao o pagamento da referida parcela. Custas inalteradas.Braslia, 10 de novembro de 2010.Firmado por Assinatura Eletrnica (Lei n 11.419/2006)Fernando Eizo OnoMinistro Relatorfls.PROCESSO N TST-RR-27000-20.2007.5.04.0122Firmado por assinatura eletrnica em 12/11/2010 pelo Sistema de Informaes Judicirias do Tribunal Superior do Trabalho, nos termos da Lei n 11.419/2006.

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