cnf - xi caderno nacional de formação
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osso entrevistado desse XI Caderno
Nacional de Formação é Frei Volney
Berkenbrock, OFM, doutor em
Teologia na Alemanha e membro do
Conselho Diretor da Editora Vozes. Professor e
pesquisador da Ciência da Religião, esse frade esteve
conosco durante o Seminário Nacional em AE e
DHJUPIC, em Petrópolis, no mês de setembro,
partilhando sua experiência no diálogo inter-religioso.
Frei Volney, primeiramente é
um prazer ter você como
entrevistado desse Caderno de
Formação, assim como foi tê-lo
como professor. Fale-nos um
pouquinho sobre você e
também como surgiu esse
interesse pela Ciência da
Religião.
Sou nascido no interior de Santa
Catarina, na cidade de
Forquilhinha, de uma família
católica e que frequentava a
paróquia da localidade
conduzida pelos franciscanos.
Daí surgiu não só a admiração
por São Francisco, como
também o desejo de seguir esta
opção de vida. O contato mais
direto com outras tradições
religiosas surgiu durante o tempo
da Faculdade de Teologia, no
Instituto Teológico Franciscano.
Na disciplina Sociologia da
Religião, o professor nos
incentivou a conhecer outras
tradições religiosas e pela
primeira vez tive contato com
uma casa de Umbanda. Era um
mundo totalmente desconhecido
para mim até então: aquele
mundo de música, de dança, de
cores, de símbolos... Movido
parte pela curiosidade, parte pelo
interesse acadêmico, tive o
desejo de conhecer aquela
tradição. E iniciei então meus
estudos, sobretudo das tradições
religiosas afro-brasileiras, que
me levaram a escolher como
tema de doutorado a questão da
experiência religiosa no
Candomblé. Esse interesse não
cessou e lá se vão mais de 30
anos que estudo religiões. Este é
inclusive um dos pontos
importantes de meu trabalho
hoje: além de lecionar teologia
sistemática no Instituto
Teológico Franciscano de
Petrópolis, sou professor do
Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Religião da
Universidade Federal de Juiz de
Fora, onde não apenas leciono,
mas acompanho muitas
pesquisas de mestrado e
doutorado nesta área de
pesquisas.
Dentro desse contexto, ainda
há dúvidas sobre a diferença
entre diálogo ecumênico e
inter-religioso. Você poderia
nos explicar esses conceitos?
Chama-se de diálogo ecumênico
aquele que acontece entre os
cristãos, membros de diversas
Igrejas. O cristianismo tem uma
base comum: a fé em Jesus
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Cristo e o seguimento dos seus
ensinamentos que nos foram
transmitidos pelos textos
sagrados da Bíblia. Por isso se
trata de um diálogo entre pessoas
que tem um núcleo comum de fé,
com diferenças de interpretações.
Já o diálogo inter-religioso é
aquele que acontece entre
pessoas de religiões diferentes,
quer dizer, de tradições de fé
podem ter elementos em comum,
mas têm bases diferentes de fé.
Percebemos referências às
experiências de comunhão
inter-religiosas nos materiais
formativos, documentos e
orientações da Igreja, embora
ainda vivamos situações muito
claras de intolerância nesse
campo, assim como em tantos
outros, entre os católicos.
Como você vê isso?
Desde o Concílio Vaticano II, a
Igreja Católica apoia
oficialmente o diálogo inter-
religioso. Isto está no documento
conciliar Nostra Aetate. Também
no âmbito da Igreja Católica da
América Latina, os documentos
das últimas assembleias gerais
do episcopado (Santo Domingo,
1992 e especialmente Aparecida,
2007) são muito claros no apoio
ao diálogo inter-religioso. Da
mesma forma as Diretrizes
Gerais para a Igreja do Brasil
também apoia este diálogo.
Acontece, porém, que a maioria
de nós católicos fomos criados
com uma linguagem e atitudes
de combate ao religiosamente
diferente, seja a outras religiões,
seja a outras igrejas cristãs. Por
isso é também difícil mudar de
atitude. Há uma longa história de
falta de diálogo. Mas há por
outro lado uma história do
diálogo, que talvez não seja tão
longa, nem tão marcante, mas
que está aos poucos crescendo.
Enquanto franciscanos, essa
comunhão com irmãos de
outras denominações deve ser
muito expressiva para nós, já
que Francisco tinha um bilhete
de entrada com pacificidade e
paz em diferentes espaços,
como entre os muçulmanos.
Outro grande exemplo é o
Papa Francisco, que também
tem se mostrado muito aberto
a esse diálogo. Como você vê
esse engajamento franciscano e
quais os desafios para que as
bases (fraternidades locais)
assumam essa causa?
Francisco de Assis foi um
homem extraordinário em muitos
aspectos. Um deles é este do
encontro dele com os
muçulmanos, quando no ano de
1219 foi a Damieta, no Egito, em
pleno período de uma Cruzada,
para propor um pacto de paz.
Francisco foi recebido pelo
Sultão Malek al-Kamil, um
homem muito culto e piedoso.
Não temos nenhum registro das
conversas que tiveram. Mas só o
fato de Francisco ter sido
recebido por ele, ter dialogado e
ter o pobre de Assis recebido de
presente do sultão uma pequena
corneta feita de chifre
(instrumento simbólico da
liderança) demonstra o contato
positivo que tiveram. Francisco,
em sua vida, nunca escreveu uma
palavra sequer contra os
muçulmanos e isto é admirável
num tempo de guerra da
cristandade contra os sarracenos.
Pelo contrário, numa carta
escrita logo após a volta da
viagem ao Egito (Carta aos
governantes dos povos),
Francisco aconselha todos os
governantes a chamarem o povo
à oração, uma clara alusão ao
costume muçulmano da oração
cinco vezes ao dia. Essa proposta
de Francisco estaria, segundo
alguns historiadores, na origem
da oração do Angelus, na
tradição católica. Após a morte
de Francisco, o movimento
franciscano não manteve tão
forte a memória do diálogo dele
com o muçulmanos, como o fez
com outras características como
por exemplo a pobreza, a
representação do presépio, os
estigmas, etc. É importante, pois
que as comunidades
francisclarianas recuperem essa
memória dialogante de Francisco
de Assis. Num período em que o
Papa Francisco nos convoca a
“Igreja em saída”, quer dizer,
uma Igreja que vai ao encontro
das pessoas, é importante
recordar a atitude do Santo de
Assis de ter ido ao encontro do
outro.
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A JUFRA está inserida em
realidades muito diversas,
tanto sociais quanto eclesiais.
Como dar o primeiro passo em
busca dessa aproximação de
forma fraterna e sensível,
criando laços e respeitando as
diferenças de cada um?
Não existe uma receita única
para o diálogo, dadas as
diferenças da realidade local.
Creio, no entanto, que o próprio
Francisco de Assis, no texto da
Regra Não-bulada, nos dá uma
orientação interessante. O
capítulo XVI desta regra trata da
missão (Aqueles que quiserem ir
para entre os sarracenos e outros
infiéis). Ali no texto que os que
forem em missão devem se
abster de rixas e discussões, ser
submissos a todos por causa do
Senhor e confessar que são
cristãos. A meu modo de ver,
Francisco sugere uma espécie de
método para o diálogo, em três
passos: 1º Abster-se de rixas e
discussões. Acho que diálogo
inter-religioso não deve começar
pelas discussões (sejam as de
briga, sejam as que querem
mostrar os pontos diferentes). O
diálogo deve começar pelo
humano: todos somos antes de
tudo humanos e só depois
membros de alguma religião.
Reconhecer o outro em sua
realidade humana, em suas
necessidades humanas, em sua
busca humana por dignidade, por
saúde, por sobrevivência, por
realização é para mim o primeiro
passo. Não há, pois um encontro
com o outro: há um encontro
com o humano. Esse acho que é
um bom começo possível para o
diálogo inter-religioso: o
engajamento por causas humanas
comuns. 2º Ser submissos a
todos por causa do Senhor. É
muito comum nas discussões
entre membros de religiões
diferentes, a busca pela religião
verdadeira (a questão da verdade
religiosa), pela religião que está
acima das outras. Francisco
indica o caminho inverso: ser
submisso a todos. Mas não uma
submissão por submissão, mas
sim “por causa do Senhor”.
Francisco tem muito claro que
Deus é o maior. A ele devemos
estar submissos. E Deus está
presente nos outros. Assim
sendo, devemos ser submissos.
Esta proposta de Francisco é sem
dúvida um grande desafio. Ela
parece, num primeiro momento,
um ceder, um não mostrar a
própria fé. Mas quem vive na
certeza de que está envolvido
pela presença de Deus, como
Francisco vivia, este não terá
medo de estar submisso a todos.
E assim pode realizar o
mandamento de Cristo: estar a
serviço. 3º E confessar que são
cristãos. O diálogo inter-
religioso não é um mecanismo
de escamotear a própria
convicção de fé. Por isso, o
terceiro passo que Francisco
sugere, me parece muito lógico:
o diálogo inter-religioso não é o
lugar de deixar sua fé de lado,
mas justamente viver a fé. E
viver a fé cristã não é confrontar
o outro, mas sim viver
cristãmente, quer dizer, cumprir
o maior mandamento, o do amor.
Agradecendo novamente sua
participação no nosso Seminário
Nacional e nessa entrevista,
pedimos que deixe uma
mensagem a toda a Juventude
Franciscana do Brasil.
Caminhar na esteira de Francisco
de Assis é um projeto de vida,
um desafio, uma realização, uma
inspiração para todas as
atividades. Não é um evento do
qual se participa de vez em
quando, num domingo ou fim de
semana! Sei que todos
provavelmente não serão
jufristas pelo resto da vida, mas
este período na Jufra é o de
aprender esse caminho e depois
trilhá-lo sempre. Paz e bem!
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SUDESTE E CENTRO-OESTE
Entre os dias 17 e 19 de abril, na cidade de São Paulo/SP, realizou-se a
primeira edição das “Escolas de Formação em Ação Evangelizadora e
Direitos Humanos, Justiça, Paz e Integridade da
Criação”, acolhendo irmãos e irmãs dos
regionais das áreas Sudeste e Centro-Oeste. O
encontro contou com a colaboração do Serviço
Franciscano de Solidariedade (Sefras), e
também com os assessores Ana Carolina
Miranda (Secretária Nacional de Formação),
Igor Bastos (Secretário Nacional de DHJUPIC),
Maria Zélia Castilho e Moema Miranda (OFS e
membros do SINFRAJUPE) e Eduardo Brasileiro
(Coordenador de formação do SEFRAS e
Coordenador da PJ). Foram dias de intensa
formação, na construção do ideal franciscano,
tornando os jufristas mais preparados para atuarem
nessas duas secretarias nas realidades em que estão
inseridos.
NORDESTE A
A cidade de Fortaleza/CE foi sede da Escola de Formação da Área NE A entre os dias 24 e 26 de
abril. O encontro contou com a participação de cerca de 20 jovens dos regionais do Maranhão,
Ceará/Piauí e Rio Grande do Norte/Paraíba e contou com os assessores Mayara Ingrid (Secretária
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Fraterna Nacional), Fr. Wellington Buarque, OFM (Assistente Espiritual Nacional), além do irmão Carlos
Tursi, professor de Teologia, que coordenou a análise de conjuntura sobre a realidade sociopolítica e
eclesial. A Escola foi bastante diversificada com momentos de mística, partilha de experiências vividas,
debates, exposição das realidades enfrentadas pelos nossos jufristas, discussões, projetos,
encaminhamentos, convívios e muita alegria compartilhada juntamente com os Frades Menores da
Paróquia Nossa Senhora das Dores e irmãos da Ordem Franciscana Secular.
SUL
A acolhedora cidade de Angelina/SC
foi sede da Escola de Formação da Área Sul
entre os dias 1 e 3 de maio. O encontro
contou com a participação de cerca de 30
jovens, vindos dos regionais do Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul e contou
com os assessores Ana Carolina Miranda
(Secretária Nacional de Formação), Igor
Bastos (Secretário Nacional de DHJUPIC) e
Frei Flávio Guerra, OFM. Foram 3 dias de
mística, análise conjuntural, debates,
compromissos e convívio fraterno; o que
propiciou a partilha, o aprendizado e os
ânimos renovados dos participantes.
NORDESTE B
O histórico convento de São Francisco, situado no Pelourinho em Salvador/Bahia, sediou a Escola
de Formação em Ação Evangelizadora (AE) e Direitos Humanos, Justiça, Paz e Integridade da Criação
(DHJUPIC) da Área Nordeste B, que aconteceu entre os dias 1 e 3 de Maio de 2015. Estiveram presentes
cerca de 25 jovens que representaram as Fraternidades Regionais: Nordeste B1 (Pernambuco, Alagoas),
Nordeste B2 (Sergipe), Nordeste B3 (Bahia Norte) Nordeste B4 (Bahia Sul). A mesma contou com a
participação e colaboração dos Freis Dennys (OFM) e Elias (OFM) e assessoria dos irmãos Mayara Ingrid
e Washington Lima, do Secretariado Nacional. Já a assessoria na análise de conjuntura eclesial e social
ficou por conta do filósofo e pedagogo Ruben Siqueira. A escola proporcionou momentos importantes de
partilha e reflexões para a construção de metas para DHJUPIC e AE.
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NORTE
Entre os dias 26 e 28 de junho de 2015, na casa da fraternidade
“Santa Clara” (OFS), na cidade de Belém/Pará, foi a vez da área Norte
da JUFRA do Brasil encerrar as
Escolas de Formação. O encontro teve
a presença dos irmãos Washington
Lima (Secretário Nacional de Ação
Evangelizadora) e Frei Wellington
Buarque (Assistente Espiritual
Nacional), além de Moema Miranda,
irmã da OFS e diretora do IBASE,
que fez a análise de conjuntura e
participou dos demais momentos
fortes dessa Escola. Os participantes
avaliaram muito positivamente, devido
à melhora da compreensão das
secretarias, assim como aproximação
entre os irmãos dos regionais.
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exta-feira, 04 de
setembro, era uma
noite fria na cidade
de Petrópolis, mas para a
Juventude Franciscana do Brasil
era uma calorosa noite de
encontros e reencontros,
acolhemo-nos cheios de
expectativas e a alegria da
fraternidade já estava em meio a
todas e todos nós.
Representantes de todas as áreas
da JUFRA se faziam presentes.
Também estavam conosco
religiosas e religiosos de vários
carismas, assistentes espirituais e
animadores fraternos.
Com muita animação e
oração, demos início ao I
Seminário Nacional da
Juventude Franciscana em Ação
Evangelizadora e Direitos
Humanos, Justiça, Paz e
Integridade da Criação.
Colocamos nossos desejos para
este grande momento e pedimos
ao Altíssimo e Bom Senhor a
iluminação para estes
importantes dias em que
estaríamos definindo as
prioridades de ação para esses
serviços da Jufra. Mayara Ingrid,
nossa secretária fraterna
nacional, lembrou-nos que esse
momento era produto das
Escolas de Formação, que
aconteceram desde o início do
ano por todo o país, onde
havíamos recebido formação
para sermos as lideranças da
JUFRA para esse processo de
consolidação das secretarias de
AE e DHJUPIC, e que o sucesso
dele dependia exclusivamente de
nós, que trazíamos as vivências e
realidades de nossas regiões e
juventudes.
O Seminário foi repleto de
momentos marcantes: orações e
celebrações, reflexões de
temáticas, encontro com
diferentes religiões, discussões,
criação, mobilização e luta,
partilhas e animação. Momentos
estes que marcam a posição
assumida pela JUFRA do Brasil,
de constante diálogo, de busca
por uma vivência do Santo
Evangelho, inspiração para
irmos junto ao povo, junto aos
pequeninos e oprimidos de nosso
tempo, de cuidado e proteção
com nossa Mãe Terra e suas
criaturas.
A reflexão do tema de
nosso encontro: “Juventude, dai-
lhes vós mesmo o de comer!” era
um momento muito esperado.
Leonardo Boff, teólogo, escritor
e ambientalista de renome
mundial, foi o convidado para
essa missão. Ele nos falou da
responsabilidade e da esperança
que tínhamos e podíamos ser
para o mundo ao propormo-nos o
seguimento do carisma
franciscano. Disse-nos: “Não há
maior inspiração para a crise de
hoje que o carisma franciscano”.
Com grande maestria, falou da
conjuntura mundial, dos
paradigmas que regem nosso
mundo ocidental, da crise
ecológica que está prestes levar-
nos a um colapso, para então
falar-nos de aspectos
fundamentais, como o cuidado, a
opção preferencial pelos pobres,
a luta por justiça social, pois é
esta o oposto da pobreza e sendo
ela em termos teológicos um
pecado, afeta a Deus. Destacou a
posição de diálogo que devemos
ter em meio a tantos confrontos
que vivemos rodeados em nossa
sociedade, disse-nos que é esta a
estratégia franciscana por
excelência. No fim, após sua fala
e respostas às perguntas que
pudemos fazer a ele, ficou-nos a
grande mensagem de coragem e
esperança: “não devemos nunca
perder o sonho de que o mundo
pode ser diferente” e o desafio
de, como jovens franciscanos,
fazer nosso próprio caminho,
nossas próprias pegadas e
“atualizar as fontes e o carisma
franciscano”.
Outro momento de
reflexão importantíssimo se deu
como no movimento de uma
roda, cheio de interação, de idas
e vindas das falas. Com a “Roda
Viva”, metodologia que nos fez
girar por vários caminhos. Nós
refletimos sobre os eixos Justiça
e Paz, Integridade da Criação,
Missão e Diálogo inter-religioso,
através das provocações
advindas da vida e experiência
de nossos assessores externos:
Moema Miranda, irmã da OFS e
da executiva do Sinfrajupe,
falando-nos da Integridade da
Criação e da Natureza como
habitat de Deus e nossa missão
de manutenção e cuidado dela;
D. Terezinha Alves, animadora
do Santuário de Canindé e
missionária, partilhando sua
experiência de missão e
apontando-nos aspectos
fundamentais para essa prática;
Frei Volney Berkenbrock, OFM,
doutor em Candomblé, que
destacou importantes questões
para iniciar e efetuar o diálogo
inter-religioso e Frei Evaristo
Splenger, OFM, missionário
numa comunidade na Baixada
Fluminense, que partilhou os
S
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desafios da realidade dessa
comunidade.
Foi passada a mensagem
que Justiça e Paz, Integridade da
Criação, Missão e Diálogo inter-
religioso são como ações que
para alcançarmos devemos nos
despir de nossos preconceitos,
das posturas impositivas, da
valoração de nossa posição ou
modo de vida como melhor que
a do outro, numa atitude de
cuidado e ternura, para acolher o
outro e a diferença que está em
cada um. Para alcançá-la
devemos manter também um
olhar atento para enxergar a vida
em todas as criaturas e lutar pela
manutenção da dignidade de
cada uma delas, sejam humanas
ou não. Entendemos que a
Evangelização também se faz em
todas estas ações e que faz parte
da atitude cristã assumir
plenamente estas ações em
nossas vidas.
Um pequeno momento de
diálogo inter-religioso aconteceu
no sábado. O budista e estudioso
Miguel Barredo esteve conosco
partilhando sua visão e
experiência religiosa, abordando
aspectos de sua crença. Exaltou
nosso encontro, para ele uma
“mandala”, encontro que nos
torna mais criativos e que nos
coloca em conexão e o espaço
aberto para sua presença. Falou
da importância da meditação
silenciosa como alternativa à
constante necessidade de ser
ativo, de estar em estado de
agitação, imposta pela sociedade.
Ensinou-nos que o simples parar
e concentrar na respiração leva-
nos a um profundo encontro
conosco mesmo e nos desliga da
correria e tensões do dia a dia.
Os principais
encaminhamentos a serem
alcançados nesse encontro eram
a definição das prioridades e
pistas de ação para as secretarias
de AE e DHJUPIC que
conseguimos chegar após um
longo processo. Das Escolas de
Formação, ficou-nos a missão de
trazer para o Seminário a
realidade social e eclesial de
nossas regiões e, a partir delas,
foram construídos mapas que
nos espelhavam como a
Juventude Franciscana percebia
os contextos à sua volta,
contrapondo ao relato de onde
elas estavam inseridas dentro
dessa realidade. Essa estratégia
de análise deu base para
escolhermos dentre as pistas de
ações apontadas e sugeridas por
nós naquelas Escolas as
prioridades a serem seguidas
nacionalmente. Foram
prioridades e pistas de ação
porque pela grande diversidade
de realidades cada fraternidade e
regional escolhe e adapta a que
lhe couber melhor. As
prioridades escolhidas foram as
Questões Hídricas, a Ecologia
Integral, a Articulação de
Parcerias para unir as forças no
caminho da paz e da justiça
(dentro da Secretaria de
DHJUPIC) e o diálogo
Ecumênico e Inter-religioso, a
Promoção Vocacional, a
Dimensão Bíblico litúrgica e
pastoral e o estudo da Evangelli
Gaudium (para a Secretaria de
AE).
Nossos momentos de
oração foram de profunda
mística e espiritualidade. A
Palavra de Deus e o Crucifixo
estiveram sempre ao centro
como luzes para nossos passos.
Recordamos a vida e as pessoas
que nos apontam a vivência do
Evangelho. Celebramos na Santa
Eucaristia, o mistério Pascal, a
recordação da vitória de Vida
sobre a morte e do Amor
incondicional de Cristo por nós.
O Seminário foi encerrado
com uma Caminhada pela Paz,
levando cartazes, faixas e através
de intervenções artísticas
gritamos pelas ruas de Petrópolis
nossas causas, nossos desejos e
anseios, por um mundo de Paz,
Amor e Justiça, onde haja
seguridade dos direitos humanos,
da mulher e do homem,
educação e oportunidade de vida
à nossas jovens e jovens, a
trabalhadora e ao trabalhador
terra, teto e trabalho, no campo e
na cidade, onde não haja o
progresso que destrói a vida,
onde não haja sua
mercantilização.
Unidos a representantes de
outras religiões, budistas e
islâmicos, celebramos a vida e a
paz. A irmã água, tão simbólica
para todos nós e para todas as
religiões, foi abençoada e nos
abençoou. Trazida de todas as
regiões do país foi posta num
único odre, somada à água da
chuva que Deus fez cair sobre
nós, juntando Ele mesmo um
pouquinho às nossas águas.
Neste ato simbolizamos a união,
a criação, a fonte da vida. Como
ela que resiste “pura, humilde e
casta”, assim também devemos
permear o mundo, sendo fonte
de vida, humildemente levando a
mensagem do Evangelho de
Cristo.
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De Frei Antônio Moser
té há poucas décadas,
tudo parecia tranquilo
em relação à posição
da Igreja Católica
quanto à família. Voltava-se
sempre ao refrão: “A família é a
base da sociedade”. Ademais, ou
o casal cumpria todos os
trâmites jurídicos e eclesiásticos,
casando-se na Igreja, ou era tido
como casal que, no mínimo,
vivia em situação especial. Para
certos setores da Igreja também não havia dúvida quanto à condição moral desses
casais: viviam em pecado.
Dois fatos alteraram esse quadro e levantaram mais interrogações do que
respostas prontas. O primeiro deles remete para o último levantamento do IBGE
no tocante ao quadro familiar brasileiro, que sinalizou a existência de quase vinte
modalidades diferentes de viver como casal e como família. Em outros termos:
não caberia nem mais o “singular”, mas impõe-se o plural: famílias, e para usar
uma expressão do Papa Francisco: “Quem somos nós para julgar a condição das
pessoas diante de Deus?”.
O segundo fato que balançou as convicções mais tranquilas, mesmo no seio
da Igreja Católica, remete para o posicionamento surpreendente do Papa
Francisco também no que se refere ao matrimônio e à família. Para começar,
enviou a todos que quisessem receber, um questionário abordando os mais
diversos aspectos da vida afetiva e sexual, perguntando como essas realidades
eram vivenciadas e recebidas no círculo de sua convivência. Também foi
estruturado um “Instrumento de trabalho” em preparação ao Sínodo de Bispos
que deverá ocorrer agora em outubro em Roma. Há uma percepção geral de que
esse sínodo será bem diferente de outros que o precederam, no sentido de a
palavra estar aberta a quem quiser se pronunciar.
Claro que os temas mais candentes remetem para homens e mulheres que
não contraem vínculo oficial, nem civil nem religioso: divorciados, recasados,
uniões homoafetivas, batismo de filhos que nascem fora do contexto considerado
ideal, batismo de filhos de divorciados, de recasados, de casais homoafetivos...
Enfim, tantas são as interrogações que certamente irão exigir não só muitas
discussões, como, sobretudo, muita humildade para que ninguém queira emitir
julgamentos morais categóricos, uma vez que a complexidade humana é tamanha
que só a Deus cabe um juízo definitivo.
Texto extraído do site: http://www.antoniomoser.com/
A
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“A criação alimenta a esperança de ser, ela também, liberta
da escravidão da corrupção, para participar da liberdade e da
glória dos filhos de Deus. Até agora, toda a criação geme e
sofre dores de parto“ (Rm 8,20-22).
m ocasião da divulgação da
encíclica Laudato Si’, dirigida aos
homens de boa vontade, no texto a
seguir trataremos de alguns pontos
importantes e reflexões sobre a proposta da
carta
A Igreja Católica já publicou 298
encíclicas no decorrer dos últimos séculos,
ambos documentos retratam posições da
Igreja sobre assuntos chave nos mais
diversos contextos históricos, sociais,
econômicos e políticos. A encíclica é uma
forma antiga de correspondência entre o
clero, os bispos enviavam frequentemente cartas a outros bispos para assegurar a
unidade entre a doutrina e a vida eclesial quando a Igreja ainda estava surgindo.
Considerada como a primeira encíclica da história, a carta circular "Urbi
primum", foi assinada por Bento XIV em 1740, tratava sobre a função dos bispos.
Apenas com Gregório XVI (1831-1846), o termo encíclica tornou-se de uso geral.
A palavra ‘encíclica’ vem do grego e significa ‘circular’.
Quando tratam de questões sociais, econômicas ou políticas, são dirigidas,
normalmente, não só aos católicos mas também a todos os homens e mulheres de
boa vontade, prática iniciada pelo Papa João XXIII com a sua encíclica ‘Pacem in
terris’ (1963). A encíclica é usada pelo Papa para exercer o seu magistério
ordinário, ou seja, o ensinamento dos Bispos do mundo inteiro concordes entre si
sobre artigos de fé e de Moral.
Depois de dois anos de ser anunciado como Bispo de Roma, o Papa
Francisco lançou oficialmente, no dia 18 de junho de 2015, a sua segunda Carta
Encíclica, a “Laudato Si’: sobre o cuidado da casa comum”. A encíclica "Laudato
si'" [Louvado sejas] do papa Francisco, apresenta 184 páginas e seis capítulos e
acrescenta uma nova contribuição à doutrina social da Igreja ao citar vários textos
de conferências episcopais sobre o tema do meio ambiente, bem como destacar
em sua Carta a contribuição do Patriarca Bartolomeu.
Dedicada aos “homens de boa vontade” a “Laudato Si’” veio num momento
mais que propício para o mundo. Período de mudanças ambientais e sociais que
requer pensamentos assim como a proposta do papa. O próprio anúncio dela foi
um sinal, quando o assunto foi abordado pelo patriarca Bartolomeu. O cuidado
com a nossa casa comum, começa também pela nossa casa comum, o corpo.
E
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Francisco valoriza as palavras dos Papas que
o antecederam, como é o caso de Bento XVI, de
quem reitera a proposta de “eliminar as causas
estruturais das disfunções da economia mundial e
corrigir os modelos de crescimento que parecem
incapazes de garantir o respeito do meio
ambiente”. No texto, o papa se dirige a “cada
pessoa que habita neste planeta”, para “entrar em
diálogo com todos sobre a
maneira como estamos
construindo o futuro do
planeta”. Desse modo, ele
convida a todos a unir-se na
busca de um
desenvolvimento sustentável
e integral.
A encíclica, de modo
especial para nós
franciscanos, propõe como
modelo inspirador S.
Francisco de Assis, de quem
se aprende como são “inseparáveis a preocupação
pela natureza, a justiça para com os pobres, o
empenhamento na sociedade e a paz interior”; e
“requer abertura para categorias que transcendem a
linguagem das ciências exatas ou da biologia e nos
põem em contato com a essência do ser humano”.
“Se nos aproximarmos da natureza e do meio
ambiente sem esta abertura para a admiração e o
encanto, se deixarmos de falar a língua da
fraternidade e da beleza na nossa relação com o
mundo, então as nossas atitudes serão as do
dominador, do consumidor ou de um mero
explorador dos recursos naturais, incapaz de pôr
um limite aos seus interesses imediatos. Pelo
contrário, se nos sentirmos intimamente unidos a
tudo o que existe, então brotarão de modo
espontâneo a sobriedade e a solicitude”.
E dentro desta proposta mística, o Papa
Francisco enfatiza: “o mundo é algo mais do que
um problema a resolver; é um mistério gozoso que
contemplamos na alegria e no louvor”. A proposta
central da encíclica permeia sobre “o desafio de
proteger a nossa casa comum” o que para o Papa
“inclui a preocupação de unir toda a família
humana na busca de um desenvolvimento
sustentável e integral”. Para tanto, propõe um
“debate que nos una a todos, porque o desvio
ambiental, que vivemos, e as suas raízes humanas
dizem respeito e têm impacto sobre todos nós”
Trata-se de um apelo por uma “nova solidariedade
universal”.
Entre as várias ponderações
sobre a carta, destaca-se a proposta
de reconciliação do ser humano com
a natureza. Tendo-a como igual.
O nome Laudato Si’ faz
menção ao cântico das criaturas
composto por São Francisco de Assis
pouco antes de sua morte. Quando
São Francisco o compôs, já havia
passado por todo o processo de
conversão e tendo uma vida humilde
e fiel aos propósitos de Cristo, nota-
se nas palavras do jovem Santo que
ele consegue reencontrar um caminho antes
perdido pela humanidade, o caminho do Éden, o
jardim do qual Adão e Eva foram expulsos, o
paraíso.
O contato constate com a natureza é
imprescindível na conversão de São Francisco de
Assis e faz parte da essência da espiritualidade
franciscana, pois tendo-a como igual, como irmã,
tão valiosa quanto a vida de qualquer outro ser
humano, Francisco tem uma vida simples e
humilde, usufruindo da irmã terra somente o que
ela oferece e o que lhe é necessário, ele se torna um
servo da natureza, um jardineiro e cuidadoso
irmão. Encontra a face de Deus manifestada em
cada criatura em um grande mistério de fé.
É necessário ir além de uma leitura e estudo
da carta Laudato Si’. As pospostas nela contidas
devem refletir diretamente em atitudes de vida,
todos devem se reconhecer agentes de mudanças e
parte importante de um processo de reconciliação
com a natureza. Pois toda a criação alimenta a
esperança de ser liberta para participar da glória
dos filhos de Deus.
● ● ●
Entre as várias
ponderações sobre a carta,
destaca-se a proposta de
reconciliação do ser
humano com a natureza.
● ● ●
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19
"Saiamos ao encontro das pessoas e estendamos a mão, não
as descartemos!" Dom Leonardo Ulrich Steiner
m dos assuntos mais relevantes do
ano de 2015 no Brasil é a polêmica
PEC 171/93, que visa à redução da
maioridade penal. De acordo com a
CNBB, “trata-se de um tema de extrema
importância porque diz respeito, de um
lado, à segurança da população e, de outro,
à promoção e defesa dos direitos da criança
e do adolescente. É natural que a
complexidade do tema deixe dividida a
população que aspira por segurança. Afinal,
ninguém pode compactuar com a violência, venha de onde vier”. E como a Jufra
se posiciona diante do assunto?
A Juventude Franciscana do Brasil, através do Manifesto de Repúdio à
Aprovação da PEC 171 e à Redução da Maioridade Penal, posiciona-se contra a
redução, pois acredita, entre outras coisas, que “o Brasil, ao estabelecer a
maioridade penal aos 18 anos, cumpre com importantes compromissos
internacionais, como o Pacto de Beijiing para a Infância e a Juventude e o Pacto
de Direitos Humanos de São José da Costa Rica. Com isso, encontra-se na
vanguarda da defesa dos direitos da criança e do adolescente: 79% dos países que
adotam a maioridade penal aos 18 anos possuem o IDH – Índice de
Desenvolvimento Humano – considerado “alto” ou “muito alto” (1).
Reduzir a maioridade penal não significa frear ou reduzir os índices de
violência. De acordo com a reflexão de Chico Alencar, mestre em Educação, a
taxa dos homicídios foi o que mais cresceu, somos o 6º país do mundo em
matança de jovens e a nossa juventude, vulnerável, muito mais morre do que
mata! Além de que o sistema penitenciário nacional não ressocializa ninguém,
mas, ao contrário, é uma escola de criminalidade. Vale destacar que as crianças
que estão nos bancos escolares, dificilmente irão para os bancos dos réus, pois
uma educação pública, democrática e de qualidade é passaporte para o futuro.
Quem é agredido desde que nasceu tende a reagir, embrutecer-se para enfrentar
uma realidade brutal. É preciso que o artigo 227 da nossa Constituição desça do
papel para a vida real, para políticas públicas continuadas. Ele diz: “É dever da
família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem,
COM ABSOLUTA PRIORIDADE, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-lo a salvo de
toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão”.
U
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20
Além disso, A CNBB nos alerta que “se
aprovada a redução da maioridade penal, abrem-se
as portas para o desrespeito a outros direitos da
criança e do adolescente, colocando em xeque a
Doutrina da Proteção Integral assegurada pelo
ECA. Poderá haver um “efeito dominó” fazendo
com que algumas violações aos direitos da criança
e do adolescente deixem de ser crimes como a
venda de bebida alcoólica, abusos sexuais, dentre
outras. A comoção não é boa conselheira e, nesse
caso, pode levar a decisões equivocadas com danos
irreparáveis para muitas crianças e adolescentes,
incidindo diretamente nas famílias e na sociedade.
O caminho para pôr fim à condenável violência
praticada por adolescentes passa, antes de tudo, por
ações preventivas como educação de qualidade, em
tempo integral; combate sistemático ao tráfico de
drogas; proteção à família; criação, por parte dos
poderes públicos e de nossas comunidades
eclesiais, de espaços de convivência, visando a
ocupação e a inclusão social de adolescentes e
jovens por meio de lazer sadio e atividades
educativas; reafirmação de valores como o amor, o
perdão, a reconciliação, a responsabilidade e a
paz”.
Além deste posicionamento oficial, tanto da
Jufra quanto da CNBB, podemos resgatar também
a história de Francisco de Assis para nos trazer um
pouco de luz. A famosa passagem contada em
Fioretti marca o encontro do Santo de Assis com
um lobo que estava tirando a paz e causando medo
na população de Gúbio e a atitude de Francisco nos
ajuda a esclarecer nosso papel como franciscanos e
discernir sobre nossa postura diante dos eventos
atuais.
"Francisco resolveu sair ao encontro daquele
lobo, foi até a situação do outro, sozinho e
desarmado. Percebeu que a culpa não poderia ser
unicamente do lobo e, com o coração repleto de
amor, lhe diz: Querido irmãozinho lobo, vou fazer
um trato com você! De hoje em diante, vou cuidar
de você meu irmão! A cidade vai lhe dar comida,
já que, por culpa das pessoas, a floresta não lhe
oferece mais o alimento necessário. Você vai entrar
em minha casa e vou lhe dar comida e seremos
sempre amigos! Você por sua vez, também será
amigo de todas as pessoas desta cidade, pois de
agora em diante você terá acolhimento, comida e
carinho, sendo assim, não precisará mais matar
nem agredir ninguém, para sobreviver...”
Francisco não acoberta as maldades e
violências do lobo, mas mostra de que forma deve
agir, vê nele um irmão e a possibilidade de
construir novas relações entre ele e a cidade,
buscando também com que os moradores
refletissem sobre seu papel e sua contribuição, uma
mudança de postura, evitando um pré-conceito e
criando uma consciência de compromisso com o
outro. Nisto está o grande mérito de Francisco e o
convite a adotarmos uma atitude semelhante.
Francisco busca entender o lobo, não o condena.
Além disso, apresenta ao lobo e à cidade uma
proposta, atribuindo-lhes papéis e tarefas, dando-
lhes oportunidades.
Diante da reflexão feita até aqui, resgatamos
o compromisso assumido na Carta de
Guaratinguetá: “QUEREMOS SER testemunhas
autênticas da identidade franciscana, nos
comprometendo a vivenciar a fé nas atitudes
cotidianas e concretas de humildade e caridade, à
luz da evangélica opção pelos pobres e oprimidos.
Sendo assim, reafirmamos ser presença desafiadora
na sociedade, inserindo-nos no meio popular e
assumindo-o, através da relação entre fé e vida,
celebração e compromisso, humanidade e
tecnologia. Queremos debater, articular e
desenvolver trabalhos onde se faça ecoar nossa voz
para denunciar todas as formas de opressão e
injustiça, e participar das lutas para a construção de
uma nova sociedade, a Civilização do Amor,
baseada na prática da Justiça Social e da promoção
da Paz.”
Rogamos a Deus para que permaneçamos
fiéis aos nossos compromissos e à nossa opção de
viver o Evangelho à luz de Francisco e Clara,
buscando agir de modo coerente com nosso sonho
de amor e fraternidade universal.
Paz e Bem!
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21
De Eduardo Hoornaert.
cada ano fica mais claro
que as dimensões da
figura de Helder Câmara
ultrapassam as funções
que ele ocupou na vida,
especificamente a função de
arcebispo católico de Olinda e
Recife. A cada ano se ressalta mais
seu valor universal, para além da
diocese, da Igreja do Brasil, do
catolicismo e mesmo do cristianismo
em geral.
O primeiro a enxergar isso, 15
anos atrás, foi o escritor e dirigente
comunista francês Roger Garaudy.
No livro ‘Helder, o Dom’ editado
pela Vozes em 1999 e coordenado por Zildo Rocha, ele escreve textualmente:
‘Meu primeiro encontro com Dom Helder foi o momento mais importante de
minha vida’ (p. 29). Não se escreve uma frase dessas à toa. Ela resume uma vida
inteira. Ele explica: ‘em 1967, eu estava participando de um encontro em Genebra
e, no intervalo de uma das sessões, alguém me procurou para dizer: um arcebispo
o espera no corredor´. Era Helder Câmara, que logo tomou a palavra e propôs ao
dirigente comunista um pacto: você diz aos comunistas que religião nem sempre é
alienação e eu digo aos católicos o socialismo não é algo condenável. Num de
seus escritos, Helder Câmara comentou esse momento com as seguintes palavras:
‘eu sentia que no essencial Roger Garaudy e eu pensávamos da mesma maneira’.
Um dirigente comunista e um arcebispo católico pensam da mesma maneira! Isso
não é sinal de universalismo? E o texto de Garaudy termina com as seguintes
palavras: ‘Graças a Dom Helder Câmara, o muçulmano que sou e o marxista que
não deixei de ser consideram Jesus o eixo central de minha vida’ (p. 31).
Esse episódio mostra que, já em 1967, Helder Câmara era capaz de
transcender o cargo que exercia para enxergar um horizonte mais amplo, o da
humanidade como um todo. O mesmo Roger Garaudy, num de seus livros, tinha
soltado um grito, dirigido às igrejas cristãs: ‘Devolvam-nos Jesus: Ele nos
pertence’. Jesus é do mundo, não das igrejas. E penso que por trás do encontro
entre ele e Helder se pode ouvir um grito parecido, dirigido à igreja católica:
“Devolvam-nos Helder Câmara, ele nos pertence.”
É o grito silencioso da bandeira do Movimento dos Sem Terra estendida
sobre o caixão de Helder Câmara no dia de seu enterro.
Não, não podemos prender Helder Câmara nas nossas instituições. Como
discípulo fiel de Jesus de Nazaré, Helder Câmara pertence ao mundo. Não é bom
que suas mensagens fiquem apenas circulando dentro de uma determinada
A
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22
organização. Jesus e Helder: pássaros de voo livre,
que não podem ficar presos numa gaiola, por
dourada que seja.
Pode parecer um tanto ousado o que digo
aqui, mas corresponde perfeitamente ao que nós,
seus colaboradores, presenciamos diversas vezes
no convívio com Helder Câmara. Pessoalmente
trabalhei durante quase 17 anos
com ele, desde sua posse em
1964 até a minha saída do clero
em 1980. Sempre tive a
impressão de que a igreja era
para ele um trampolim para a
sociedade. Um palanque, um
microfone, uma tela de TV, uma
difusora. Isso tanto é verdade que
a publicidade foi seu maior
escudo contra as ameaças de
morte que recebia. Ele só não foi
morto porque temia-se a
repercussão da morte de um
bispo famoso. Escapou pela
publicidade em vez de fugir na
clandestinidade.
Quero comentar com vocês que numa
determinada ocasião ele realmente nos
surpreendeu. Numa tarde, parece que foi nos
inícios dos anos 1970 ou no final dos anos 1960,
ele nos chama para o Palácio dos Manguinhos. Uns
vinte padres, mais ou menos. Aí ele começa a dizer
que a igreja católica não tem a projeção que
merece: o mundo oriental tem Gandhi, os Estados
Unidos têm Martin Luther King, mas a igreja
católica não tem nenhuma figura que represente o
que ela está realmente fazendo neste momento.
Fiquei sem saber o que pensar dessas palavras, pois
naquele tempo eu não tinha capacidade de perceber
o real alcance delas. Pensei: ele está se
comparando a Gandhi e Martin Luther King, isso é
muito atrevimento. Só depois de sua morte em
1999, cheguei a compreender o real alcance da
comparação daquela tarde nos Manguinhos. Hoje,
entendo que Helder Câmara efetivamente figura
como um símbolo universal,
comparável a Gandhi, Martin
Luther King e, para falar nos
termos de hoje, Mandela. São
personagens que por assim dizer
delineiam figuras que
representam o que há de mais
humano no pensamento de uma
época, cultura, continente, país,
agrupamento humano. São
figuras universais, já desligadas
da trajetória concreta de suas
vidas. Elas tornam-se símbolos
universais: independência e
verdade (a Satyagraha de
Gandhi), superação do racismo
(Mandela), opção pelo pobre (Helder Câmara).
Hoje vejo claramente que, naquela tarde nos
Manguinhos, Helder não estava afirmando sua
personalidade, mas revelando uma profunda
intuição política, uma visão do âmago das
questões. Se, naquela época, a desenvoltura com
que Helder falou de grandes figuras da história me
causou certo espanto, era, no fundo, porque
naquele tempo eu não tinha a maturidade para
pensar em Helder Câmara. Só consegui pensar em
Dom Helder. É foi isso, afinal, que me impediu de
enxergar a grandeza de suas colocações.
Texto na íntegra: http://www.cefep.org.br/helder-camara-um-homem-universal
● ● ●
Hoje, entendo que Helder
Câmara efetivamente
figura como um símbolo
universal, comparável a
Gandhi, Martin Luther King
e, para falar nos termos de
hoje, Mandela.
● ● ●
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“Que pode fazer aquele estudante, aquele jovem, aquele militante,
aquele missionário que atravessa as favelas e os paradeiros com o
coração cheio de sonhos, mas quase sem nenhuma solução para os
meus problemas? Muito! Podem fazer muito. Atrevo-me a dizer
que o futuro da humanidade está, em grande medida, nas vossas
mãos, na vossa participação como protagonistas nos grandes
processos de mudança nacionais, regionais e mundiais. Não se
acanhem!” - Papa Francisco
urante os dias 7, 8 e 9
de julho de 2015, em
Santa Cruz de la
Sierra, aconteceu o
Segundo Encontro Mundial do
Papa Francisco com os
Movimentos Populares. Depois
de quase um ano do primeiro
encontro ocorrido em Roma, a
Bolívia foi o local escolhido
para “debater os melhores
caminhos para superar as graves
situações de injustiça que
padecem os excluídos em todo
o mundo”. Mais de 1.500 delegados de diversos movimentos populares do mundo
inteiro, junto a dezenas de bispos e agentes pastorais, participaram de três dias de
reuniões, análises e debates sobre os problemas sociais e ambientais que eclodem
no mundo. A JUFRA do Brasil foi representada por Maria Aparecida Brito (São
Paulo), Elson Matias (Paraíba) e Igor Bastos (Minas Gerais).
No início de seu discurso, o Papa Francisco reforçou a necessidade de uma
mudança urgente e necessária no mundo. Segundo ele, não podemos ser
coniventes com uma sociedade que há tantos camponeses sem terra, tantas
famílias sem teto, tantos trabalhadores sem direitos, tantas pessoas feridas na sua
dignidade; uma sociedade que produz tantas guerras sem sentido e faz com que a
violência se banalize e se torne parte do nosso cotidiano; uma sociedade que
ameaça o solo, a água, o ar e toda a criação em nome de um crescimento que
exalta o valor econômico e descarta o valor da vida e a dignidade humana.
E reforça: Precisamos e queremos uma mudança. Uma mudança real, uma
mudança de estruturas. Devemos reconhecer que há um elo invisível que une cada
uma das exclusões e injustiças presentes em todo o mundo. Devemos reconhecer
que essas realidades destrutivas correspondem a um sistema que se tornou global
e impõe a lógica do lucro a todo o custo, sem pensar na exclusão social nem na
destruição da natureza.
D
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24
Devemos ressaltar a
importância de uma colaboração
real, permanente e
comprometida da Igreja com os
movimentos populares.
Segundo Francisco, é uma
alegria ver a Igreja com as
portas abertas a todos que se
envolvem, acompanham e
conseguem sistematizar em
cada diocese, em cada comissão
de Justiça e Paz, a união com as
organizações sociais das
periferias urbanas e rurais. Este
é o segredo: organizar, unir as
forças e promover alternativas
humanas à globalização da exclusão. Devemos ser
semeadores desta mudança no nosso cotidiano,
caminhando junto com os movimentos populares
na busca diária dos “3 T”: TRABALHO, TETO,
TERRA.
Temos também três grandes tarefas que são
transversais e essenciais para promovermos as
mudanças necessárias: a primeira tarefa é pôr a
economia ao serviço dos povos. A segunda é unir
os nossos povos no caminho da paz e da justiça. Já
a terceira tarefa, e talvez a mais importante que
devemos assumir hoje, é defender a Mãe Terra.
Devemos assumir essas
tarefas comuns motivados pelo
amor fraterno, levando no coração
todos aqueles que sofrem. Todos
aqueles que têm sua vida marcada
pela injustiça e também pela
esperança. “Como a Virgem
Maria, uma jovem humilde de uma
pequena aldeia perdida na
periferia de um grande império,
uma mãe sem teto que soube
transformar um curral de animais
na casa de Jesus com uns pobres
paninhos e uma montanha de
ternura. Maria é sinal de
esperança para os povos que
sofrem dores de parto até que brote a justiça.”
O futuro da humanidade está nas nossas
mãos. Na nossa capacidade de nos organizarmos e
também na nossa participação como protagonistas
nos grandes processos de mudanças nacionais,
regionais e mundiais. Que possamos viver o
carisma franciscano à luz do Evangelho na
construção de um mundo mais justo e fraterno,
sendo promotores e promotoras da globalização da
esperança, que nasce dos povos e cresce entre os
pobres.
● ● ●
Devemos ser semeadores
desta mudança no nosso
cotidiano, caminhando
junto com os movimentos
populares na busca diária
dos “3 T”: TRABALHO,
TETO, TERRA.
● ● ●
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25
nicio este texto com um
pensamento de Paulo Freire,
grande pedagogo brasileiro do
século XX, eterna referência
para todos os educadores do nosso
país e todos os que, de certa forma,
contribuem com a formação de seres
humanos: “Não é no silêncio que os
homens se fazem, mas na palavra, no
trabalho, na ação-reflexão”. Fazendo
uma analogia com nosso trabalho
enquanto “formadores” de nossas
crianças e adolescentes numa
perspectiva cristã, franciscana e
humana vejamos o quanto essas
palavras têm a nos dizer.
Não podemos negar que os irmãos das fraternidades de Infância, Micro e
Mini Franciscanos, mesmo ainda muito pequenos, estão sim inseridos em
diversas realidades do nosso país e, por que não, da Igreja: situações de pobreza
extrema, racismo, preconceito entre religiões, exploração de menores, trabalho
escravo, falta de zelo com o meio ambiente, preconceito de qualquer espécie,
ausência de trabalho missionário dos cristãos, dentre outras. Podemos nos
perguntar: Ora, isso é assunto para as crianças ou adolescentes da IMMF? Claro
que sim! É fundamental, antes de qualquer coisa, compreendermos que nós
somos mediadores do carisma franciscano e do ideal franciscano de vida para
nossos irmãos e irmãs menores e
é por isso que precisamos zelar
para incutir neles, desde
pequenos, a importância que
cada pessoa tem no mundo
como agente de mudança das
realidades que vive ou pelo
menos lutar para isso aconteça.
Pode ainda surgir outro
questionamento: Como é que
vou conversar sobre assuntos
críticos com uma criança ou
um adolescente? Simples, na
linguagem deles! Não precisa
chocá-los com palavras duras,
mas usar o jeito de falar deles
I
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26
para mostrar que o mundo em que
vivemos é por vezes muito injusto
e que nós, como cristãos e
franciscanos, podemos e devemos
tentar fazer alguma coisa para
transformar essa realidade, pois
assumimos um compromisso
como jufristas na Carta de
Guaratinguetá: “QUEREMOS
SER testemunhas concretas no
ambiente onde estivermos
inseridos, com tudo aquilo que a
nossa espiritualidade implica:
alegria, serviço, compromisso e
fraternidade. Enquanto Juventude
Franciscana, comprometemo-nos
em oferecer uma forma de
vivência cristã para os outros jovens, tendo como
opção preferencial evangélica aqueles
marginalizados e excluídos. Como JUFRA,
necessitamos estar onde a juventude se faz
presente, se utilizando de todos os meios
disponíveis para anunciar o Evangelho a partir de
nossa opção de vida.” Ora, se nos propomos a
oferecer isso a todos os tipos de juventudes, quanto
mais aos nossos irmãos menores da IMMF que se
não forem os jufristas do
amanhã, algo que muito
incentiva nosso trabalho, serão
pessoas novas para o mundo
novo, seres humanos melhores
para um mundo melhor.
Os trabalhos e materiais
dentro da nossa secretaria já têm
proposto algumas reflexões e
ações para as fraternidades de
Infância, Micro e Mini
Franciscanos (Jornada de
Direitos Humanos para IMMF,
Quaresma com Encontros sobre
a Campanha da Fraternidade e
suas temáticas, etc.), no entanto é
fundamental ouvirmos os apelos
de Nosso Senhor que diz: “Avancem para águas
mais profundas.” (Lucas 5,4) para que tenhamos
irmãos e irmãs das fraternidades de IMMF
conscientes do mundo onde vivem e do seu papel
enquanto pequenos franciscanos nele: refletir sobre
a realidade para entendê-la e buscar uma forma de
mudá-la ou de conscientizar as pessoas para tal.
● ● ●
QUEREMOS SER
testemunhas concretas no
ambiente onde estivermos
inseridos, com tudo aquilo
que a nossa espiritualidade
implica: alegria, serviço,
compromisso e
fraternidade.
● ● ●
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A comunicação e os meios midiáticos
na fraternidade local
"É importante a atenção e a presença da Igreja no mundo da
comunicação, para dialogar com o homem de hoje e levá-lo ao
encontro com Cristo: uma Igreja companheira de estrada sabe
pôr-se a caminho com todos.” (Mensagem do Papa Francisco para
o 48.º Dia Mundial das Comunicações Sociais)
xiste um certo boato no
meio juvenil que diz “em
terra de WhatsApp,
qualquer ligação é prova
de amor”. Essa afirmação
torna-se conclusiva quando
percebemos ser normal
encontrar um jovem com vários
perfis em redes sociais, seja no
Twitter, Tumblr, Facebook,
Instagram, Viber, Imo,
Telegrama ou afins, e que dificilmente sai de casa para realizar atividades como:
visita aos familiares, saída com os amigos, exercícios físicos e atividade extras.
Pode parecer, a priori, que essa relação não haja sentido, mas hoje a maior
dificuldade é dialogar com essa “disputa social” de quem mais possui redes
sociais e, ao mesmo tempo, menos encontros pessoais.
Ser perfil de internet significa ter vários amigos/seguidores também da
internet, desses que, como eu, de vez em quando despejam tudo que estão
pensando e questionando num texto público, com timing acidentalmente
impecável. Nos últimos meses, no entanto, venho percebendo que ocorre um
fenômeno curioso entre esses jovens: parecemos estar em total sintonia, com
questionamentos parecidos e complementares, e todos sobre medo, sobre
relacionamentos, sobre joguinhos e sobre não se abrir para o outro. Todos tão
parecidos, mas estranhamente diferentes.
Nós jovens parecemos não compreender o que acontece, mas a cada dia que
passa adotamos novos meios de comunicação e nos deixamo-nos tornar reféns
dessa necessidade de se fazer presente e assíduos. Com isso, naturalmente,
pecamos no chamado pessoal de “encontrar-se cada vez mais com o outro e a
realidade do outro”. De forma que o presencial e o digital se tornam um só. Os
meios midiáticos que, felizmente, podem “oferecer maiores possibilidades de
encontro e de solidariedade entre todos” (Papa Francisco), não nos permite o
toque, o abraço, o olho no olho, o sentir-se próximo e junto, mas ainda sim nos
faz conhecer da realidade mais distante. Entretanto, cabe a nós sabermos
esclarecer as diversas realidades, e que próximas por fios digitais, infelizmente,
nem sempre estão com a mesma intensidade e veracidade.
E
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28
Vivemos, como Igreja, um momento único
de aprender com a simplicidade da comunicação
em que o autor é o nosso Santo Padre, Papa
Francisco. A cada instante ele se comunica
conosco através de gestos, geralmente se
desapegando do comum e “simplicissimamente”
deixando o essencial se fazer maior: seus atos, sua
postura, sua forma de falar, sua entonação, seu
sorriso espontâneo, seu passo largo e manso, sua
delicadeza.
A maior dificuldade nos
dias de hoje é fazer a nossa
mensagem ser compreendida
com a mesma verdade em que
foi produzida. Diante de um
momento tão cheio de pressa,
tendências, críticas, correntes,
sinônimos e informações,
muitas vezes ficamos reféns
do que a massa midiática nos
oferece; massa essa em que
somos sujeitos e objetos, de
forma que nosso cotidiano real
e virtual é invadido e, como
resultado, vemos jovens cada vez mais antissociais,
desprovidos de senso crítico saudável e indispostos
a prática daquela que ainda é a melhor forma de
comunicação: a cultura do encontro.
Nós, jovens franciscanos, devemos estar
certos de que precisamos cada vez mais ser
presentes às necessidades alheias e que, em nossas
fraternidades locais, o que deve reinar é a
operadora do encontro, do abraço, do conselho
presencial, do ouvir com paciência, do estar e do
ser... Obviamente que não só na fraternidade local,
mas na extensão da nossa missão eclesial. Não se
evangeliza somente atrás de computadores ou
celulares. Precisamos estar certos de que eles são
meios, mas o instrumento somos nós, de corpo e
alma presentes sempre que possível for.
Quando analisamos nossa vivência fraterna,
percebemos que nossas
maiores chateações
estão relacionadas à má
interpretação do que
falamos ou fizemos.
Percebamos, também,
que isso vem se
tornando um problema
constrangedor por,
corriqueiramente,
acontecer via
WhastApp. É sabido
por nós, inclusive, que algumas provocações são
frutos de desgastes pessoais e que muitas vezes são
levados para a discussão em fraternidade.
Cabe aqui, portanto, uma reflexão maior
sobre o poder que a rede social tem sobre nós, bem
como sobre o pouco cuidado que estamos tendo ao
cuidar do outro, pessoalmente, e de suas
necessidades.
Ao longo da história de cada fraternidade
local, quantos problemas difíceis
foram serenamente resolvidos?
Quantas vezes, conseguimos trazer
de volta o convívio aquele irmão
que não mais frequentava a Jufra?
Quantas memórias não temos de
reuniões, encontros e visitas feitas e
que nos custaram noites acordados,
produzindo, discutindo, brigando,
mas também aprendendo um com
outro, conhecendo um pouco do
outro e ajudando muito?
Quando fazemos essas
reflexões pessoais e/ou em
fraternidade, percebemos que o elo
entre elas é o diálogo, esse feito em sua melhor
forma presencial, e que ampara calorosamente
qualquer necessidade fraterna ou grupal. Não
podemos esquecer que a essência da fraternidade é
o convívio e que esse deve ser feito de forma
presencial. Que a boa comunicação é a real e que é
impossível viver em fraternidade local se, devido
ao tempo e afazeres pessoais, estamos
digitalizando tudo, inclusive nossas reuniões,
encontros, eventos, partilhas do evangelho, práticas
sociais, etc.
Pensando nisso tudo, em fraternidade,
vejamos 5 pontos simples de como melhorar nossa
comunicação: 1 - Evitar só falar, tornar-se
disponível a escutar o que o irmão tem a falar,
especialmente quando esse necessitar. 2 - Ouvir o
que o irmão fala com verdadeira atenção. Essa é a
parte mais importante
da comunicação. Não
interromper quem
fala. Escutar para
entender. Caso não
entenda o que o irmão
diz, pergunte. 3 - Falar
de forma clara e
objetiva. Eliminar as
más palavras, o
sarcasmo e a falta de
respeito que deturpam
● ● ●
A maior dificuldade nos
dias de hoje é fazer a nossa
mensagem ser
compreendida com a
mesma verdade em que foi
produzida.
● ● ●
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29
a mensagem e deixa o irmão na defensiva. Falar
sempre de maneira respeitosa, com cuidado e
serenidade. 4 - Aceitar as críticas. Não se colocar
na defensiva. Mesmo que não seja fácil escutar o
que os irmãos dizem é importante que você
entenda o que ele pensa ou sente. Somente assim
você poderá verdadeiramente resolver o problema.
Ser irmão é ter essa liberdade também. 5 - Aceitar
as diferenças. Para viver em fraternidade é preciso
aceitar o que cada irmão vê e como cada irmão é.
Se não for possível chegar a um acordo, ao menos
é possível chegar a um entendimento mútuo e
respeitoso.
Nesse sentido está também nossa Igreja, em
um discurso sobre o Diálogo e cultura do encontro
para uma nação inclusiva, o Papa Francisco adverte
que "o diálogo não é fácil" e exige de nós "a
cultura do encontro; um encontro que sabe
reconhecer que a diversidade não somente é boa,
mas necessária", e deste modo, o ponto de partida
nunca pode ser "o outro está equivocado". Não
devemos temer ou ignorar os conflitos resultantes
da cultura do encontro, "mas aceitar, suportar o
conflito, resolvê-lo e transformá-lo no elo de
ligação de um novo processo", "numa unidade que
não cancela as diferenças, mas vive-as em
comunhão por meio da solidariedade e da
compreensão". A base do encontro, é que todos
somos irmãos, filhos de um mesmo Pai celestial" e
cada um, com sua cultura, língua, tradições, "tem
muito para dar à comunidade". As verdadeiras
culturas "são chamadas a encontrarem-se com
outras e criar novas realidades". (Rádio vaticano).
Claramente, o sentido do texto nos propõe
uma reflexão rasa do tema. Em fraternidade,
reflitamos todos os perigos e benefícios que os
meios midiáticos podem oferecer na erradicação da
nossa fé e como propagadores da cultura da paz e
do bem!
Por fim, já animados pela Festa de nosso Pai
Seráfico, o tomemos como exemplo quando
tivermos de compreender o momento em que
necessitamos largar os inúmeros meios sociais que
nos unem, para vivermos de fato uma
espiritualidade mais clara e perceptível.
Intercedei por nós, Nossa Senhora
Aparecida!
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30
“Os seres humanos e a natureza não devem estar ao serviço do
dinheiro. Digamos NÃO a uma economia de exclusão e
desigualdade, onde o dinheiro reina em vez de servir. Esta
economia mata. Esta economia exclui. Esta economia destrói a
mãe terra.” (Papa Francisco, no II Enc. Mundial de Movimentos
Populares em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia)
ivemos tempos de reflexão e
debate sobre questões
sociais, políticas e
econômicas. Inquieta-nos a
tal crise política e/ou econômica,
onde o Brasil e o mundo estão
inseridos e padecendo. As pessoas
parecem não compreender o que
acontece, são muitas informações e
para associá-las dentro da realidade
ficamos no senso comum ou apáticos
aos acontecimentos. Como resultado vêm as propostas de ajustes fiscais e de
direitos, aumento do custo de vida, inflação, desemprego, aumento da violência e
conflitos.
Agrava-se a crise social, como a forte imigração de países da África e
Oriente Médio para Europa principalmente, pessoas fugindo em busca de uma
vida digna. Muitas vezes fugindo para que possam ter uma vida. No entanto,
mesmo sendo direito humano, estão sendo excluídos e impedidos de entrar em
determinados países.
Nesse mesmo tempo, o Papa Francisco divulga a encíclica “Laudato Si’ -
sobre o cuidado da casa comum”, trazendo para a Igreja e a sociedade a discussão
sobre as consequências da ambição humana, que, por uma cobiça desenfreada,
acaba por induzir direta ou indiretamente variadas crises que vemos acontecer.
Soma-se nesse contexto a crise climática.
“A política e a economia tendem a culpar-se reciprocamente a respeito da
pobreza e da degradação ambiental. Mas o que se espera é que reconheçam os
seus próprios erros e encontrem formas de interação orientadas para o bem
comum. Enquanto uns se afanam apenas com o ganho econômico e os outros são
obcecados apenas por conservar ou aumentar o poder, o que nos resta são
guerras ou acordos espúrios, onde o que menos interessa às duas partes é
preservar o meio ambiente e cuidar dos mais fracos. Vale aqui também o
princípio de que “a unidade é superior ao conflito”. (Papa Francisco - trecho
da Encíclica “Laudato Si’”)
Apesar de não ser um tema novo no debate mundial, quando falamos do
cuidado, da preservação do meio ambiente, da biodiversidade, pensa-se na
natureza como um reservatório de recursos econômicos que poderá ser explorado.
Ou seja, cuidemos para que possamos explorar daqui a pouco. Não se considera o
V
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valor real das coisas, o
significado para as pessoas e
as culturas, os interesses e as
necessidades dos pobres.
Dessa maneira os que mais
sofrem são os mais fracos.
“Uma verdadeira abordagem
ecológica sempre se torna uma
abordagem social, que deve
integrar a justiça nos debates
sobre o meio ambiente, para
ouvir tanto o clamor da terra
como o clamor dos pobres’,
diz o Papa Francisco.
Nesse emaranhado de
questões, nós, jovens franciscanos, estamos aptos a
questionar, unir e transformar. Afinal, em tempo
acontecem as Escolas de Formação e o Seminário
Nacional em AE e DHJUPIC. Como inspira nosso
ideal de vida, colocamo-nos como
agentes transformadores, mas que
inclusive precisam transformar-se.
Uma mudança real, mudança
profunda de estruturas é o que o
Papa Francisco estimula, sem
acanhamento numa conversão
sincera das atitudes e do coração.
“Lutar contra o individualismo, a
ambição, a inveja e a ganância que
se aninham em nossa sociedade e
muitas vezes em nós mesmos...
Trabalhar para erradicar o
consumismo e a cultura do
desperdício.” É preciso olhar para o
cuidado com a natureza, a defesa dos pobres, a
melhoria da qualidade de vida das pessoas. Afinal
tudo está interligado, chamado também de ecologia
integral.
Claro que não só com as finanças, mas com
toda a vida fraterna e também pessoal dos jufristas.
Como está sendo a nossa mudança no estilo de
vida? Acredito que o diálogo é mais amplo, porém
vamos fazer algumas provocações para que
possamos compreender melhor.
Pensemos um pouco nessas questões:
Tenho aderido à cultura do desperdício dos
recursos naturais (alimentação, água, gás,
petróleo...)? Estou consumindo o que é necessário
ou opto pelo supérfluo, comprando coisas que não
vou utilizar, ou trocando, por exemplo, aparelhos
eletrônicos, roupas ou adereços influenciados pela
moda? Gastando mais do que tenho e sem pensar
no irmão, na mãe terra?
Como está sendo a economia da fraternidade,
ou seja, como estão sendo aplicados os recursos
que conseguimos e partilhamos? Essa questão não
é apenas de como “arrecadamos” os recursos
financeiros para nossas atividades como
fraternidade, mas também de como estamos
utilizando esse recurso. Tão importante como
“arrecadar” o uso desse recurso é importante
também pensar no bem comum, em prioridades.
● ● ●
Uma mudança real,
mudança profunda de
estruturas é o que o Papa
Francisco estimula, sem
acanhamento numa
conversão sincera das
atitudes e do coração.
● ● ●
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Pesquisar para que não haja um gasto
desnecessário ou supérfluo. É preciso entender o
objetivo da economia na fraternidade. Não para
“acúmulo”, mas para que seja colocado em
benefício comum e sem exageros. Na simplicidade
e desapego.
A realidade de cada fraternidade em várias
regiões do Brasil mostra que temos muitas
dificuldades financeiras, inclusive na vida pessoal.
Isso não devemos ignorar. Mas a opção de vida que
estamos dispostos a viver – fraternidade - abre
caminho para a partilha. Sendo assim, o caixa da
fraternidade é a união do pouco de cada um
colocado em comum para o desempenho das
atividades da Jufra em âmbito local, regional e
nacional.
Quando pensamos na economia, tanto na
vida pessoal quanto na vida da fraternidade,
devemos pensar no contexto histórico que
vivemos. É preciso mudar, superar e lutar contra o
consumismo exagerado, o individualismo, contra a
cultura do desperdício. Que cada ação nossa está
imersa numa ecologia que integra toda sociedade e
o meio ambiente.
São Francisco de Assis, que alegremente
festejamos nesse mês, deu seu testemunho de vida
simples e de despojamento. Apesar de parecer que
fazemos pouca coisa, digamos SIM, é possível
mudar mesmo nas pequenas coisas, mudar a
consciência, as atitudes. Façamos a nossa parte
como jovens franciscanos e demos testemunho.
Que São Francisco rogue a Deus por todos
nós e, claro, pelo Papa Francisco!
“O cuidado da natureza faz parte dum estilo de vida que implica capacidade de viver juntos e
de comunhão. Jesus lembrou-nos que temos Deus como nosso Pai comum e que isto nos torna
irmão. O amor fraterno só pode ser gratuito, nunca pode ser uma paga a outrem pelo que
realizou, nem um adiantamento pelo que esperamos que viesse fazer”. (Papa Francisco -
trecho da encíclica – Laudato Si’ – cuidado da casa comum)
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Aos nossos irmãos e irmãs no Serviço da Assistência Espiritual...
esolvemos iniciar
o nosso texto com
um convite! E este
convite (bem
como o próprio texto), desta
vez, é dirigido aos/às
irmãos/ãs que assumem
conosco, direta ou
indiretamente, o serviço da
Assistência Espiritual:
voltemos o nosso olhar para
os nossos jovens – em
particular a nossa Juventude
Franciscana – buscando
percebê-los e entendê-los como sujeitos de atuação eclesial e social. Para isso,
queremos partir do pressuposto de que buscar ter esse ‘olhar’ requer de nós uma
pergunta que acreditamos ser fundamental e indispensável: “Como podemos
entender a participação e atuação da juventude de hoje, consideradas a partir do
nosso entendimento de compromisso e de ação pastoral?”. Indo mais a fundo,
“qual ‘modelo’ de Igreja e qual entendimento sobre nossa presença no mundo
devem nortear a nossa ação na Igreja e na sociedade?”.
Numa tentativa de responder a essas perguntas que apresentamos, queremos
começar olhando para o atual contexto de Igreja e de sociedade em que vivemos...
Um contexto que nos traz muitos desafios e confrontos, como também muitas
esperanças: na sociedade, um sistema político e econômico que não é capaz de
responder às necessidades humanas mais básicas; uma economia de mercado cada
vez mais centralizada no lucro e no consumo e, por isso mesmo, excludente; taxas
crescentes de migração entre os povos que já configura um novo êxodo mundial e
uma nova miscigenação cultural e ideológica nunca vista antes; na Igreja se vê
novos ares: um Papa que nos conclama a irmos às periferias da existência
humana, que se abre ao novo, que transmite com gestos simples atitudes
profundamente humanas e evangélicas, que acolhe a todos indistintamente e que
quebra estruturas antes rígidas e ‘imutáveis’, sinais de uma igreja em saída, que
preza pela misericórdia e não pela punição, mais samaritana, mais do serviço, da
escuta, da abertura ao diálogo. Tudo isso vivido em meio a um tempo de
mudanças rápidas e substanciais que interferem na nossa visão de mundo, no
nosso modo ser, de nos relacionarmos com as outras pessoas, no nosso modo de
estar na Igreja e na sociedade.
R
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34
Em meio a tudo isso, como não
pensar no modo de ser Igreja, sem
que nos deixássemos questionar até
que ponto nossa atuação pastoral e
evangelizadora consegue de fato
penetrar nas realidades humanas mais
gritantes e urgentes? Diante de uma
Igreja que se vê aberta ao novo e
desejosa de repensar seu ‘ser no
mundo e para o mundo’, insistimos
em acreditar que nossa presença e
nosso serviço junto aos jovens podem
e devem, hoje mais do que nunca, ser
um sinal concreto do Evangelho e de
seus valores, bem como os
encarnaram em suas vidas Francisco e Clara de
Assis.
Uma preocupação que muito tem nos
acompanhado – e por que não dizer, angustiado – é
o fato de que muitos jovens, entre esses inclusive
jufristas, têm se mostrado contrários a um jeito de
ser Igreja que o Francisco de Assis abraçou e que é
re-abraçado hoje pelo Francisco de Roma, que não
diz respeito a uma visão de ser Igreja senão aquela
assumida por amor à pobreza do Cristo
Crucificado-Ressuscitado de São Damião. Esse
mesmo Cristo que nos convida a olharmos a
realidade à nossa volta para transformá-la,
reconstruí-la, restaurá-la, e que nos convida a um
anúncio explícito e testemunhal do Evangelho,
reafirmado por uma simplicidade de vida e pela
flexibilidade das normas e ritos frente aos
diferentes apelos sociais e eclesiais e aos diversos
desafios pastorais que a Igreja tem enfrentado.
Preocupa-nos ver muitos jovens que ainda
hoje se prendem a tantas estruturas, normas e
rubricas que colocam a letra
acima do Espírito, sufocando as
iniciativas de ousada e
transformadora criatividade que o
mesmo Espírito suscita na Igreja
hoje; jovens que se atêm ao
rigorismo de certas estruturas
eclesiológicas estéreis e que são
reflexo de um modelo de Igreja
inconsequente, que não
corresponde mais aos anseios do
homem moderno, com suas atuais
angústias e conflitos, e que
termina por não se abrir às
necessidades pastorais e
missionárias da Igreja de hoje!
Enquanto assistentes, como
irmãos e irmãs que somos,
enquanto nos dispomos a fazer
junto aos nossos jufristas um
caminho de discipulado e de
crescimento, somos chamados e
chamadas a nos fazermos hoje
verdadeiros/as companheiros/as
de caminhada que refletem
junto com nossos jufristas, à luz
da Palavra de Deus, a vida e as
diferentes situações que
compõem a realidade à nossa
volta. Sintamo-nos chamados e
chamadas a fazer a experiência
de Emaús, do Cristo que
caminha conosco, que nos explica as Escrituras,
que parte o pão para nós, que nos anima em meio
às noites escuras de nossa jornada, mesmo em
meio às desesperanças e frustrações que nos
tomam conta ao longo do caminho! Chamados/as a
essa experiência, acolhamos o convite do Senhor
de nos colocarmos a caminho e de nos sentarmos à
mesa, para partilharmos da vida e dos sonhos que
devem sempre estar vivos e pulsantes em todos
nós. Sejamos faróis de esperança nas noites escuras
da história, capazes de apontar saídas e
perspectivas quando a dor do desencantamento
bater à porta do coração de nossa juventude!
Fazer essa experiência significa nutrir uma
busca constante de ser uma presença realmente
qualitativa, cuja qualidade é pautada por um
coração dilatado pelo amor a Cristo e a causa do
seu Evangelho e na escuta paciente e serena, capaz
de levar o/a jovem a refletir a sua vida e seu
sentido, a realidade à sua volta e sua missão de
acolher essa realidade, com todas as contradições
que ela apresenta, e assumir
transformá-la, inserindo-se nas
diversas situações onde o
Evangelho precisa ser
testemunhado. E onde houver
situações contrárias ao
Evangelho e, portanto, à vida,
que precisam ser questionadas,
denunciadas, enfrentadas,
possamos juntos assumir um
novo jeito de ser igreja, e que
exige de nós atitudes e
posicionamentos concretos
diante da vida, dentro da própria
igreja e na sociedade, onde ela
indispensavelmente está
presente!
● ● ●
E onde houver situações
contrárias ao Evangelho e,
portanto, à vida, que
precisam ser questionadas,
denunciadas, enfrentadas,
possamos juntos assumir
um novo jeito de ser
igreja...
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Há pouco a JUFRA do Brasil vivenciou seu
primeiro Seminário Nacional sobre AE e
DHJUPIC. Durante seu processo de construção e
realização, tivemos a oportunidade de acompanhar
esse tempo forte de questionamentos e descobertas
diante do longo caminho que ainda precisa ser
percorrido. Oportunidade também de constatarmos
que ainda precisamos dar muitos passos. Com esse
Seminário, A JUFRA do Brasil e sua Assistência
Espiritual reafirmam o que expressamos na Carta
de Guaratinguetá, reafirmando assim “a JUFRA
que queremos ser”, com nosso jeito próprio de ser
Igreja e estar no mundo.
Abraçando as causas dos homens e mulheres
de hoje, em particular das juventudes em suas
diversas expressões, enquanto companheiros/as de
caminhada que querem trilhar juntos os caminhos
do Senhor – uma verdadeira Koinonia, queremos
nos comprometer a construir a igreja que foi
abraçada por Francisco de Assis e tão desejada e
explicitada pelo Papa Francisco!
Ao acolher esse forte apelo do Papa
Francisco de ser uma ‘Igreja em saída’, a
Juventude Franciscana do Brasil se reconhece
agora diante de um grande convite, que é o de
lançar-se em meio a tantas novas situações-
desafios mapeadas e traçadas como possibilidades
de presença. Que a nossa Juventude Franciscana
seja essa presença em meio a essas realidades. Que
nós, assistentes, sejamos também essa presença,
desejosos/as de somar nessa grande e bela aventura
que é viver o Evangelho, encarnado no chão
concreto de nossa realidade latino-americana.
Como assistentes, queremos assumir com nossos
jovens o projeto do Evangelho, tal como a JUFRA
do Brasil hoje o entende e o quer abraçar e viver!
Que o bom Deus nos ajude nessa caminhada.
O Senhor nos dê a paz! Paz e bem!
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sabido de todos que a Ordem
Franciscana Secular do Brasil
esteve reunida em Capítulo
Nacional Eletivo no último mês de
agosto, na cidade de Castanhal, Pará,
para eleger os novos irmãos que
conduzirão - no triênio 2015-2018 - as
atividades da Fraternidade Nacional,
servindo incansável e minoriticamente
aos irmãos franciscanos seculares do
Brasil.
O Ministro, principal responsável por conduzir e animar a caminhada do
Conselho Nacional segundo as Constituições Gerais da OFS, deve ser o primeiro
a colocar-se em disponibilidade para servir e "lavar os pés dos irmãos" (Regra
não bulada, cap. 6), tendo sido eleito para o mencionado serviço, neste Capítulo
Nacional, o irmão Vanderlei Suélio Gomes (GO).
Foram eleitos, ainda, para servir ao Conselho Nacional os seguintes irmãos:
Maria José Coelho, Vice-Ministra; Marúcia Conte, Coordenadora de Formação;
Aluísio Victal, Tesoureiro; Mayara Ingrid, Secretária; Antônio Benedito,
Assessor Jurídico; Jucilene Caldas, coordenadora da Área Norte; Paulo Gomes,
coordenador da Área Nordeste A; Ebevaldo Nascimento, coordenador da Área
Nordeste B; Luiz Mendes, coordenador da Área Centro Oeste; Antônio Júlio,
coordenador da Área Sudeste; e Devanir Reis, coordenador da Área Sul.
Vale destacar que além da eleição dos Conselheiros Nacionais, o capítulo
marcou um significativo momento de encontro para profundas trocas de
experiências das diversas realidades existentes em nossos regionais, além de
propiciar prazerosos momentos de convivência fraterno-franciscana regados ao
Carimbó paraense.
Aproveitando a
oportunidade de reunião de toda
a Ordem Franciscana Secular do
Brasil, lançamos oficialmente a
"Cartilha para Animação
Fraterna", documento que tem
por fundamento a Resolução
emanada do Congresso Nacional
da JUFRA do Brasil realizado em
Santa Maria/RS, em
fevereiro/2013.
É
A alegria de celebrar um capítulo
e ver a JUFRA eleita
como prioridade do triênio 2015-2018
para a OFS do Brasil!
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37
A "Cartilha para Animação Fraterna" é um
material organizado metodologicamente para
estudo e compreensão de tudo que diz respeito aos
documentos que regulam as relações entre OFS e
JUFRA, tendo sido elaborado com o auxílio de
diversos Animadores Fraternos que trouxeram ao
documento suas experiências com o serviço
prestado à Juventude Franciscana.
É fundamental que nossas fraternidades de
JUFRA estimulem as fraternidades de OFS e seus
animadores fraternos no contato com a "Cartilha
para Animação Fraterna", utilizando-a não só como
material de consulta, mas também de estudo e
vivência.
Reforçando esse pedido, a Assembleia Geral
reunida no último Capítulo Nacional da OFS do
Brasil fixou, como de costume, três prioridades a
serem assumidas no próximo triênio 2015-2018,
estando entre elas uma especial atenção destinada à
JUFRA.
Para tanto, fora recomendado que a "Cartilha
para Animação Fraterna" fosse estudada nos
próximos três anos como material de formação
permanente, podendo o subsídio ser encontrado
tanto no site da JUFRA quanto da OFS do Brasil.
É de se aproveitar este momento em que
todos os franciscanos seculares do Brasil voltam
seus olhos à JUFRA e se debruçam sobre a
"Cartilha para Animação Fraterna", para que
também os jufristas se esforcem em melhor
compreender a relação com a OFS, estreitando os
laços de fraternidade.
Que Deus envie seu Santo Espírito a todas as
fraternidades que de coração aberto se mostrarem
dispostas ao estudo e vivência das orientações
contidas na "Cartilha para Animação Fraterna",
tudo para que prevaleça a comunhão e o estreito
relacionamento já vivenciado pela Ordem
Franciscana Secular do Brasil e a Juventude
Franciscana do Brasil. Paz e Bem a todos!
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