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CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
ROBSON BOTELHO DA SILVA
FAMÍLIA E ESCOLA: UMA PARCERIA PARA O PROCESSO ENSINO
APRENDIZAGEM
CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ 2014
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ROBSON BOTELHO DA SILVA
FAMÍLIA E ESCOLA: UMA PARCERIA PARA O PROCESSO ENSINO
APRENDIZAGEM
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Fluminense Campus Campos Centro como requisito parcial para a conclusão do Curso de Licenciatura em Geografia. Orientadora: Profª. Especialista Roselene Affonso do Nascimento
CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ 2014
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ROBSON BOTELHO DA SILVA
FAMÍLIA E ESCOLA: UMA PARCERIA PARA O PROCESSO ENSI NO
APRENDIZAGEM
Monografia apresentada ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense como requisito parcial para conclusão do curdo de Licenciatura em Geografia.
Aprovada em Banca Avaliadora:
__________________________________________
Roselene Affonso do Nascimento Especialista em Gestão Pública Municipal / UFF
__________________________________________ Greyce Yara de Boni
Licenciada em Pedagogia /UFSC
__________________________________________ Renata Ranos
Licenciada em Pedagogia / UERJ
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DEDICATÓRIA
Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso primeiramente a Deus, a minha família, a minha esposa e a todos que me incentivaram durante todo o curso de Licenciatura em Geografia.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço, em primeiro lugar, a Deus, pela força e coragem durante toda esta longa caminhada. Este trabalho é dedicado às pessoas que sempre estiveram ao meu lado pelos caminhos da vida, me acompanhando, apoiando e principalmente acreditando em mim. Aos meus pais Eraldo Tavares da Silva e Claudete Botelho da Silva, pelo carinho e incentivo. Aos meus colegas e professores do curso por serem amigos e companheiros. A minha orientadora Roselene Affonso do Nascimento, agradeço a sua atenção, amizade e dedicação.
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A educação é uma arte. Não uma mera profissão ser educador. Manipulamos a educação com as duas mãos a do afeto e a das leis das regras.
(SALTINI, 2002 p. 92)
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RESUMO
A relação entre a família e a escola apresenta-se como uma grande necessidade para
um bom desenvolvimento do educando, logo o objetivo deste estudo é refletir sobre a
importância da interação destas instituições na construção do processo de aprendizagem,
buscando na afetividade a aliada indispensável para a construção desse processo, por
compreender que é na família que a criança constrói seus primeiros vínculos com a
aprendizagem. FAMÍLIA E ESCOLA: UMA PARCERIA PARA O PROCESSO ENSINO
APRENDIZAGEM é o título deste trabalho de pesquisa bibliográfica, fundamentada por
teóricos como: Chalita (2002); Barros (1998); Bencini (2003); Freire (1996); Saltini (2002);
Piletti (1989); Voli (1998); entre outros. No primeiro capítulo aborda-se a contribuição da
família na formação do indivíduo, destacando como de fundamental importância o convívio
familiar e a sua participação na formação do aluno como indivíduo. No segundo reflete sobre
a relevância do papel da escola no desenvolvimento do educando, avaliando a escola como
articuladora de meios para gerir o bom desempenho escolar através de uma ponte entre
família e escola. Já o terceiro enfatiza a família e a escola como uma ação conjunta para o
sucesso educacional, tendo como aspecto imprescindível na formação do indivíduo a união
dessas duas instituições tornando uma parceria de sucesso e de fundamental importância para
o bom desenvolvimento do educando. Conclui-se com isso que as famílias precisam estar
mais presentes no cotidiano escolar de seus filhos, pois a parceria da família com a escola é
imprescindível para um bom desenvolvimento educacional.
Palavras-chave: aprendizagem; família; afetividade.
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ABSTRACT The relationship between the family and the school presents itself as a great need for a good development of the student, so the aim of this study is to reflect on the importance of the interaction of these institutions in the construction of the learning process, searching on the indispensable ally for affection the construction of this process by understanding what is in the family that the child builds his early links with learning. FAMILY AND SCHOOL: A PARTNERSHIP FOR TEACHING LEARNING PROCESS is the title of this work of literature, based on theoretical as Chalita (2002); Barros (1998); Bencini (2003); Freire (1996); Saltini (2002); Piletti (1989); Voli (1998); among others. The first chapter discusses the contribution of the family in shaping the individual, highlighting how fundamentally important the family life and their participation in the training of the student as an individual. The second reflects on the important role of the school in the development of the student, evaluating the school as articulating means to manage academic achievement across a bridge between family and school. The third emphasizes the family and the school as a joint action to educational success, taking as an essential aspect in the formation of the union of these two individual institutions making a successful partnership and of fundamental importance for the successful development of the student. We conclude from this that families need to be more present in everyday school life of their children, because the family partnership with the school is essential for a good educational development. Keywords: learning; family; affectivity.
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SUMÁRIO
1 Introdução.................................................................................................................... 09 2 A contribuição da família na formação do
indivíduo.......................................................................................................................
11
2.1 A importância da participação da família no processo educacional...................................................................................................................
13
3 O papel da escola no desenvolvimento do
educando.......................................................................................................................
17
3.1 O ambiente escolar como socializador...................................................................
20
4 Família e escola: uma ação conjunta para o sucesso educacional................................ 25
5 Considerações finais..................................................................................................... 31 6 Referências.................................................................................................................. 33
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1 INTRODUÇÃO
Este trabalho constitui-se por aspectos ligados à relação família-escola como um fator
que favorece o processo de aprendizagem da criança, ressaltando essa interação como uma
parceria indispensável no desempenho escolar do aluno. O apoio da família é essencial para
um bom desempenho do educando, contribuindo positivamente para o sucesso do processo de
aprendizagem e na formação do indivíduo.
Objetiva-se com esse estudo identificar a relação entre a família e a escola, no sentido
de favorecer a aprendizagem dos alunos/filhos, buscando valorizar as primeiras experiências
vividas no seio da família e a afetividade como fatores imprescindíveis na formação do
indivíduo.
A pesquisa que resultou nesta sistematização foi motivada pela constatação de que os
profissionais da educação, muitas vezes, acreditam que os alunos que vão mal na escola é
porque suas famílias estão desestruturadas ou porque não se interessam pela vida escolar dos
filhos. A ausência dos pais às reuniões pedagógicas, a falta de interação da família com a
escola é uma realidade que vem acontecendo no contexto escolar atual, uma preocupação que
leva a escola a pensar em alternativas que venham possibilitar a sua aproximação com a
família, no sentido de incentivar e valorizar a sua participação no processo educativo,
buscando condições que favoreçam a aprendizagem de seus alunos, através de um clima de
interação.
Usando como metodologia de estudo a pesquisa bibliográfica, foram consultadas
fontes diversas que auxiliassem a pesquisa sobre a interação família-escola e o papel de cada
um como parceiro no desenvolvimento escolar e na formação do indivíduo, através de uma
articulação que visa à participação da família no processo de aprendizagem dos filhos. Os
principiais autores que embasaram este trabalho foram: Chalita (2002); Barros (1998);
Bencini (2003); Freire (1996); Saltini (2002); Piletti (1989); Voli (1998); entre outros.
Dessa forma o trabalho está organizado em três capítulos que abordam reflexões
ligadas à relação família-escola no processo aprendizagem, o papel da família e da escola
como parceiros desse processo e a afetividade na formação do indivíduo, tendo como enfoque
especial a interação família-escola, tão relevante no desempenho educacional do educando.
A proposta é mostrar a relevância da interação da família com a escola
compreendendo-a como imprescindível para a busca de solução do problema da
aprendizagem.
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O primeiro capítulo aborda a contribuição da família na formação do indivíduo,
enfatizam-se as primeiras experiências vivenciadas no ambiente familiar, valorizando esse
convívio como relevante para socialização da criança.
O segundo reflete sobre o papel da escola no desenvolvimento do educando,
analisando a escola e a família no contexto da contemporaneidade, marcadas por profundas
transformações e mudanças, numa perspectiva de parceria que resulte em possibilidade de
reconhecimento da escola como um espaço educativo onde se constrói a democracia criando-
se condições que facilitem essa parceria.
Já o terceiro trata da família e escola como uma ação conjunta para o sucesso
educacional, a importância da afetividade na formação do individuo, ressaltando a educação
como troca de respeito e mutuo afeto, e o professor como mediador do processo de
aprendizagem, considerando a educação como um ato político que envolve afeto e
solidariedade, consolidada através de um processo dinâmico balizado no diálogo e na
participação da família.
A relevância deste estudo está pautada nos aspectos ligados à parceria família/escola.
Essa parceria se realiza quando a escola sabe valorizar a participação da família no processo
de aprendizagem do aluno, buscando construir mecanismo que favoreçam a construção do elo
da escola com a família. A aproximação da escola com a sociedade é o primeiro passo para a
articulação que visa à presença da família na escola.
Observa-se que a relação professor/aluno é marcada por uma dinâmica de trocas, que
refletem as vivências de trocas na família, daí a importância da família e da escola como
parceiras na construção das primeiras experiências afetivas da criança e a importância de uma
relação saudável e respeitosa entre professor e aluno, cabendo ao professor entender como a
cognição e à afetividade estão implicados no processo de desenvolvimento humano,
procurando trabalhar com o educando para que as mudanças aconteçam à medida que o
conhecimento é produzido e assimilado.
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2 A CONTRIBUIÇÃO DA FAMÍLIA NA FORMAÇÃO DO INDIVÍDU O
A família é o núcleo que constitui o sujeito. É um sistema que une as pessoas que a
compõem, não apenas sobre o mesmo teto e com o mesmo sobrenome, mas
fundamentalmente pelas trocas de experiências e aprendizados que surgem à medida que vão
compartilhando o cotidiano. A forma como ela permite a circulação do saber (informações,
conhecimentos, experiências e aprendizado) contribui de forma que os sujeitos possam se
desenvolver individualmente, por meio de um sistema de aprendizagem baseado na troca de
saberes.
Não importa de quantos nem de quais elementos uma família se compõe. O que importa é a qualidade dos laços afetivos que mantêm a dinâmica familiar: o que a família faz com o que tem, como processa suas dificuldades, quais os valores com os quais ela forma seus filhos e qual o seu real comprometimento na formação de suas crianças (CHRAIM, 2009, p. 25).
Para o ser humano, as primeiras experiências iniciam no seio da família. É nela
também que o mesmo recebe as primeiras lições de vida que são ligadas a vários sentimentos
como alegrias ou desapontamentos, desenvolvendo sua formação moral, ética, emocional e
intelectual de acordo com a convivência familiar. Assim a sua vida adulta é marcada
principalmente através das trocas sociais realizadas nos primeiros três anos de vida. Shaffer
(2005, p.107) afirma que “a socialização é o processo em que as crianças adquirem crenças,
valores e comportamentos transmitidos por serem importantes e apropriados na sociedade”.
De fato, a iniciação do processo de socialização do indivíduo ocorre desde os
primeiros anos de vida no convívio com seus familiares, onde ocorrem os primeiros contatos
da criança com outras pessoas. Ela observa atentamente os acontecimentos ao seu redor e as
reações das pessoas que os cercam.
O ser humano não nasce completo, depende biologicamente e se constitui como sujeito a partir das qualidades das relações que ele estabelece. Esse ser é incompleto, pois se humaniza a partir da apropriação da cultura em que está inserido, das ferramentas sociais com que tem contato, do seu desejo e do desejo do outro, numa dinâmica de aprender e conhecer, conhecendo-se. Entendendo e respeitando o ambiente do qual faz parte e que processa um conhecimento herdado, o sujeito deve interferir, produzindo novos conhecimentos e exercendo a condição de sujeito universal. (PAROLIN, 2010, p. 37)
Gomes (1988) afirma que pensar em família é pensar em um grupo de pessoas que têm
uma organização típica, normas, valores e formas de conduta que compartilham com seus
filhos, inclusive a noção de cidadania, que é a luta para exercerem seus direitos e deveres. É
também pensar em um grupo de pessoas que compartilham fatos, afetividades e emoções
dando suporte uma as outras. Esse grupo de pessoas convive com uma proposta de uma
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ligação afetiva duradoura. Portanto é essa relação afetiva, esta vivência adquirida no ambiente
familiar que vai reforçar a capacidade de desenvolvimento do sujeito.
É no núcleo familiar que a criança vive sua primeira experiência de socialização. É
nele que ela tem oportunidade de iniciar a sua aprendizagem e vivenciar atitudes que vão
determinar suas características como aprendiz, recebendo apoio e afetividade dos pais, que irá
ajudá-la a se desenvolver melhor. Quando ela recebe esse apoio, certamente aprende com
mais facilidade. A sua capacidade de interagir faz com que o seu desenvolvimento seja mais
amplo em relação às outras, comportando-se de maneira cooperativa e harmoniosa.
Não se experimentou para educação informal célula melhor do que a família. É nela que se forma o caráter. Qualquer projeto educacional sério depende da participação familiar: em alguns momentos apenas do incentivo; em outro de uma participação afetiva no aprendizado, ao pesquisar, ao discutir, ao valorizar a preocupação que o filho traz da escola. Por melhor que seja uma escola, por mais bem preparados que estejam seus professores, nunca a escola vai suprir a carência deixada por uma família ausente (CHALITA. 2002, p. 17).
Segundo Morin (2000), a família é o espaço ideal para aprender a exercitar a
comunhão de bens, de ideias e de experiências que, vividas fora do contexto familiar, passam
a influenciar os ambientes de trabalho e a convivência social. É preciso também trabalhar a
abertura, a responsabilidade e a acolhida, tão necessária para superar o individualismo,
fazendo com que viver e o trabalhar em grupo deixe de ser um desafio.
Assim, quando o indivíduo tem diversas experiências e aprendizado de um grupo
familiar prestativo, atencioso, unido e efetivo, tem melhores chances de se tornar um aluno
mais atencioso e interessado. Ao contrário disso, quando o indivíduo inicialmente de socializa
e cria seu caráter em um ambiente avesso ao citado acima, provavelmente poderá ser
desatencioso e pouco comprometido em sua vida escolar.
Barros (1988, p.142), afirma “as crianças aprendem não apenas o que lhes é dito que
devem fazer, mas principalmente o que vêem outras pessoas fazerem”. Cabe lembrar que o
maior referencial do indivíduo era sua família, atualmente os modelos são amplamente
modificados.
A família proporcionando um ambiente na base do diálogo e parceria, os filhos irão
obter mais confiança e segurança necessária para maturação da personalidade.
A via familiar é o primeiro contato do cidadão com o mundo. O exemplo materno e paterno, a alimentação, os sons recebidos do mundo externo, os mitos que começam a se formar, os medos, as ambições, o aprendizado da linguagem. Esse processo continua por toda vida. Mesmo que as relações familiares mudem, que os filhos decidem morar sozinhos, não há como negar que por toda vida se carrega a estrutura básica obtida na formação da infância, que se dá fundamentalmente na família. Em muitos casos, essa convivência aprisiona e forma seres preconceituosos, medrosos. Em outros, o ambiente proporciona a harmonia e a alegria. De qualquer forma são
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marcas que podem ser trabalhadas, evoluídas, mas acompanharão o indivíduo. (CHALITA, 2002, p. 125)
2.1 A importância da participação da família no processo educacional
É fundamental a participação da família no processo educativo dos filhos visando
motivá-los efetivamente ao aprendizado, porque além de uma boa escola, a criança necessita
de outros fatores que servem de estímulos para aprender. A aproximação da escola com a
família pode tornar-se ponto de referência para favorecer o processo de ensino aprendizagem.
A escola e a família separadas tornam-se menos eficazes, juntas formam uma equipe,
sendo fundamental que ambas assumam os mesmos objetivos. Mesmo visando às mesmas
finalidades cada uma devem ter suas responsabilidades a fim de contribuir para um bom
desenvolvimento e formação dos mesmos. O ideal é que a família e a escola tracem metas,
proporcionando, dessa forma, mais segurança para o aluno no seu processo de ensino-
aprendizagem, objetivando formar jovens conscientes, críticos, capazes de enfrentar a
complexidade da sociedade, compreendendo-a e transformando-a.
Não se pode confundir a participação com a qualidade em si da educação escolar, porque a qualidade se refere aos resultados educacionais alcançados pela escola, enquanto a participação é apenas um meio. Contudo, trata-se de um meio fundamental, porque a educação não depende de si mesma, mas em grande parte do papel que desempenha a família dentro e fora da escola. Como se dá com as outras habilidades humanas, é participando que se aprende a participar (LÓPEZ, 2002, p. 83).
Vale lembrar que a escola tem papel fundamental na promoção de condições de
aprendizagem para o aluno, mas não pode prescindir da parceria da família nessa empreitada,
logo, a instituição deve compreender este como fato, facilitando e incentivando a presença da
família, fazendo com que a mesma participe não só de reuniões de pais e mestres para saber
do desempenho, mais que participe opinando e sugerindo ações que visem o melhor
aproveitamento do educando, fazendo uma ponte entre a teoria a seu cotidiano, de forma que
o educando possa relacionar diretamente no máximo possível os ensinamentos e informações
recebidas na escola.
A conscientização do compromisso, da responsabilidade, do comportamento e das
atitudes do aluno, deve ficar a cargo da família e escola que participem juntas da construção
do processo educativo, discutindo o tipo de jovens e de sociedade que a escola pretende
formar.
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Entende-se que a convivência familiar é o momento em que a criança inicia a sua
aprendizagem, descobrindo a sua história e compreendendo a sociedade onde está inserida,
sendo que as primeiras experiências adquiridas na família são de suma importância para a
construção de nossas relações com as pessoas, entende-se ainda, que as primeiras relações
sociais com pessoas que não fazem parte do núcleo familiar dar-se na escola, quando o
indivíduo tem a oportunidade direta de estar com outras pessoas, que possuem informações,
histórias e experiências diferentes das que normalmente esta habituado.
É possível afirmar que o conceito que a criança formará de si mesma, dependerá muito
do seu relacionamento com os pais. Portanto se a família quer bem às crianças é preciso saber
como lidar com elas, medindo suas atitudes e palavras para que as mesmas sirvam de
instrução para o bom desenvolvimento e crescimento. Cabe lembrar que o processo de
desenvolvimento de uma criança é um longo caminho que precisa ser norteado para que se
possa desenvolver uma vivência autônoma e independente. Uma educação familiar adequada
desenvolve autoconfiança e espontaneidade que favorecem a disposição para aprender.
Segundo Bencini (2003) a escola deve utilizar todas as oportunidades de contato com
os pais para passar informações relevantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e
também sobre as questões pedagógicas. Ainda faltam por parte de muitas instituições
escolares informações às famílias sobre os trabalhos desenvolvidos, e sobre as pretensões da
instituição quando ao aluno. Essa falta de interação dificulta o diálogo e com isso a
aproximação da família acaba sendo prejudicada. Mediante a importância da participação da
família na vida escolar dos filhos a instituição escolar precisa encontrar meios de estreitar essa
relação e formar com ela uma parceria produtiva de interesse comum.
A participação da família na escola é defendida como de grande importância por
compartilhar com a instituição de ensino o papel referencial de formadora da identidade do
sujeito. Essa aproximação da escola com a família e a sociedade ajuda-a compreender o
contexto social e a realidade dos alunos visualizados como seres ativos, participantes da
construção do seu conhecimento e do mundo.
Constata-se ainda que a instituição escola depara-se diante de uma realidade que
requer dela mudanças profundas, porque os conhecimentos não estão mais reunidos nas
bibliotecas e nem o acesso a eles se dá apenas nas salas de aula. Devido aos avanços
tecnológicos o conhecimento circula em complexas redes de informação e, com isso, a criação
de novos conhecimentos nunca foi tão acelerada como nos tempos atuais, provocando a
necessidade contínua de rever o já sabido. É necessário que o aluno aprenda, seja educado,
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isto é, receba a formação necessária que o permita interagir e participar dessa nova sociedade.
Esse novo contexto reforça a importância social da escola e a sua perspectiva
democratizadora.
Essa mudança vem reforçar ainda mais a importância da parceria família/escola, pois
demanda esforço coletivo de todos que compõem a escola (gestor, professor, pais, alunos). O
professor sem o apoio da família pouco poderá fazer, já que a educação é responsabilidade de
todos, através da construção de meios e formas que se tornem adequadas ao aprendizado, que
condizem com os processos de ensino e fundamentalmente a adequação do alunado em ambos
ambientes; familiar e escolar, lembrando que escola e o professor não podem suprir a ausência
de outras instâncias no processo educativo.
Segundo Parolin,
A medida que a sociedade vai se tornando mais complexa, maiores são as redes relacionadas e os consequentes resultados dessas relações. Antigamente a tarefa de construir valores e atitudes era exclusividade da família. Hoje as crianças vão cedo para as creches, berçários e escolas [...] originando uma nova filosofia para os educadores e para escola, que é a grande parceira da família (PAROLIN, 2010, p.46).
Quando Parolin (2010) fala da complexidade da sociedade, ressalta a parceria da
família com a escola e a relevância dessa participação na construção de valores e atitudes.
Percebe-se a cada dia, a importância de envolver a família nas decisões que ultrapassam a
competência da escola. A cumplicidade dos pais, o seu envolvimento como parceiros no
processo educativo, contribui e muito com o trabalho da escola. A família ainda é considerada
como um instrumento socializador de grande importância para o desenvolvimento social,
emocional e intelectual da criança.
Ao constatar que o processo pelo qual a criança aprende é por meio da participação
orientada, faz-se necessário levar em conta as circunstâncias e as metas da família para que as
boas práticas paternas assimiladas por ela sejam positivamente valorizadas pela escola que
poderá aproveitar ao máximo o interesse do aluno. As vivências e as atitudes habituais nas
quais a criança participa no seio da família a ajuda a assimilar uma maneira de entender o
mundo e participar da vida cotidiana de forma mais segura e tranquila.
Os pais são os responsáveis legais e morais pela educação de seus filhos. Como a educação escolar não os exime dessa responsabilidade, a participação dos pais é flagrantemente necessária para que continuem a exercer seu papel de principais educadores dos filhos (LÓPEZ, 2002, p. 75).
Esse pensamento reforça a importância do papel dos pais como educadores dos filhos,
fortalecendo ainda mais a necessidade da interação da família com a escola no processo de
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desenvolvimento escolar da criança. Nesse contexto é importante entender as diferenças
culturais e individuais para melhor compreender o processo de desenvolvimento,
considerando-as como fatores relevantes no desempenho escolar das crianças. Nas quais,
devem ser observadas no sentido de servirem de referência para a orientação e
acompanhamento do processo de desenvolvimento da criança.
A família constrói pontes que ajudam a criança a entender novas situações e definir
valores assimilados no seio da família que em muito irão contribuir e influenciar no seu
desenvolvimento social, intelectual e consequentemente no seu desempenho escolar de uma
forma ou de outra.
Assim sendo, a criança evolui gradativamente na sua forma física, emocional e intelectual, tornando-se um jovem que aprendeu a fazer escolhas consistentes para sua vida, até tornar-se um adulto capaz de guiar sua própria vida e, consequentemente, assumir responsabilidades por outras (CHRAIM, 2009, p. 36).
Sabe-se que a vinculação ao mesmo tempo afetiva e cultural que se faz da criança com
a família contrasta com a que é habitual hoje em dia, em que as novas gerações, no momento
de formar um núcleo familiar, valorizam, sobretudo, a sua independência e não aproveitam ou
rejeitam em muitas situações, a ajuda que pode significar a experiência dos seus familiares.
Outro fator a considerar é a estrutura típica da família nuclear e a distribuição dos papéis
dentro do seio familiar (em que o pai assume o trabalho externo e a mãe o trabalho doméstico
e a educação dos filhos). Essa realidade já não se ajusta, hoje em dia. As mudanças nas
condições de vida incorporaram a mulher no mercado de trabalho, os divórcios e as
separações, os casos de mães solteiras, de casais do mesmo sexo, têm contribuído para que a
família fique exposta a numerosas transformações. As famílias com um só progenitor e as
reconstituídas são cada vez mais frequentes em nossa sociedade. Assim, devidamente
caracterizado como fato do cotidiano de muitas famílias, essas alterações no antigo padrão
familiar não altera de forma alguma a necessidade de ter o indivíduo em formação um lar
participativo, estruturado e afetuoso, onde as necessidades básicas para o desenvolvimento do
mesmo estejam presentes, visando às melhores condições possíveis para o desenvolvimento
presente e futuro do rebento, uma vez visto que o mesmo depende dessa base familiar para a
sua formação inicial. Depende ainda deste alicerce a instituição escolar que futuramente
receberá o mesmo como aluno.
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3 O PAPEL DA ESCOLA NO DESENVOLVIMENTO DO EDUCANDO
A escola representa a instituição criada pela humanidade para socializar o saber.
Mesmo inserida num contexto de profundas mudanças e transformações sociais, continua
sendo reconhecida como um local imprescindível para o desenvolvimento do indivíduo, e da
sociedade. Sua função social, porém tem variado ao longo do tempo, relacionando-se aos
diferentes momentos da história e às culturas.
A escola deve ser encarada como uma comunidade educativa, permitindo mobilizar o conjunto dos atores sociais e dos grupos profissionais em torno de um projeto comum. Para tal é preciso realizar um esforço de demarcação dos espaços próprios de ação, pois só a clarificação se pode alicerçar uma colaboração efetiva. (NÓVOA, 1995, p. 35)
Essa reflexão permite compreender a escola como uma instituição social, fruto de um
compromisso entre a estrutura formal e as interações que produzem em seu interior a partir da
participação da família e do envolvimento de toda comunidade escolar, mobilizados em torno
de um projeto comum, que a permita transformar o seu espaço e a sua gestão sem perder a sua
função educativa e seu papel de instituição socializadora.
A escola pensada, hoje, no contexto da contemporaneidade é marcada por profundas
transformações. Mesmo diante deste cenário ela continua sendo para muitos o único canal de
informação e comunicação com a cultura e o mundo. Sendo valorizada e preservada,
mostrando-se mais sólida e resistente do que até mesmo a família.
Além de permanecer sólida em seus fundamentos é reconhecidamente imprescindível
para atender das demandas de formação intelectual e transmissão formal da cultura,
conhecimentos e valores, preparando os indivíduos para as formas de convivência social que
constitui a essência da tarefa escolar. Assim é que a educação une o passado com o futuro,
comunica a herança cultural das gerações precedentes à luz das exigências do mundo de
amanhã. O conhecimento transmitido pela escola expressa também esse duplo movimento
resume um legado e antecipa possibilidades.
É relevante reconhecer que a nova legislação educacional, a Lei de Diretrizes e Bases
– LDB – a Lei 9.394/96 tem exercido um papel marcante no cenário da educação brasileira no
sentido de promover reformas necessária sendo a primeira a estabelecer atribuições para os
estabelecimentos de ensino, assegurando-lhes flexibilidade e autonomia. Assim como rege no
Art.12 cabendo à escola:
Administrar seu pessoal, seus recursos materiais e financeiros; Assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas aulas estabelecidas; Zelar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; Prover meios para a recuperação dos alunos
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de menor rendimento; Articular-se com as famílias e a comunidade, criando processo de integração da sociedade com a escola; Informar os pais e responsáveis, sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como a execução de sua proposta. (BRASIL, 1996)
No tocante à organização escolar a LDB prevê flexibilidade permitindo que a escola
possa atender as peculiaridades regionais e locais, possibilitando o atendimento às diferentes
clientelas em suas necessidades, no sentido de promover o pleno desenvolvimento do
indivíduo. Com isso cada unidade escolar pode e deve ter características de organização
própria, considerando a sua localização e outros aspectos que julgar necessário para o
cumprimento de seu papel na trajetória social.
Mas para que a escola possa cumprir plenamente o seu papel necessário se faz que ela
esteja devidamente preparada para acompanhar os avanços das novas tecnologias, dos novos
meios de comunicação que atualmente provocam mudanças profundas na sociedade e até
mesmo na vida das famílias, mudanças que interferem na instituição, trazendo-lhe novas
exigências e novos desafios, que refletem diretamente na sua prática educativa, colocando-a
diante de uma nova realidade.
Pensar na escola e a sua função social nesse novo contexto significa pensar também,
sua ligação com esses novos equipamentos e meios de comunicação, na sua articulação com a
comunidade e na sua relação com a família no sentido de motivar a sua presença e
participação no ambiente escolar acompanhando o desenvolvimento dos filhos e a elaboração
e execução das propostas pedagógicas da mesma.
Sabe-se que sobre a escola hoje, recai a responsabilidade da formação integral do
sujeito. Daí advém a grande necessidade da mesma manter estreitos vínculos com a família do
educando no sentido de fortalecer os laços de relacionamento para que juntos possam
construir um processo educativo através de uma gestão associada ao compartilhamento de
responsabilidades e tomada de decisões. Condições que possibilita a instituição buscar
soluções próprias e mais adequadas à suas necessidades.
López afirma que:
A educação dos filhos não é algo delegável em sua totalidade, nem equivalente a um mero produto comercial que se pode ou não adquirir no mercado. A eficácia da educação escolar depende do grau de implicação, enfim, do grau de participação dos pais; [...]. (LÓPEZ, 2002, p. 82)
Verifica-se que os conhecimentos não estão mais reunidos unicamente nas bibliotecas
e nem o acesso a ele se dá apenas nas salas de aula. Vive-se uma época em que o
conhecimento para além das fronteiras tradicionais das ciências e dos saberes especializados.
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Imaginar uma escola valendo-se da disciplinarização compartimentadas é pensar numa
instituição de ensino desvinculada do tempo e do lugar onde se atua. Esta situação pode gerar
dilemas e contradições que refletem no trabalho docente e consequentemente no resultado do
trabalho escolar.
Observa-se que nos dias de hoje tudo passa pela educação. Sobre ela recaem os
maiores encargos da formação social do indivíduo. Cabendo à escola responsabilidades cada
vez maiores diante das mudanças trazidas pelos avanços tecnológicos e pela globalização.
Para cumprir o seu papel na sociedade, para arcar com sua função social, a escola não
tem recebido o apoio e os devidos investimentos que a possibilita enfrentar problemas que
ultrapassam as suas fronteiras como o da indisciplina e do esvaziamento do sentido de
formação intelectual e cultural, mesmo assim ainda persiste como instituição amortecedora
dos problemas sociais.
Diante de todas as contradições e mudanças que desafiam a escola, não se pode
estranhar que ela se torne um barril de pólvora. Afinal é o ligar de compressão dos problemas
e tensões as esferas, nela tudo acontece de forma intensa e com toda radicalidade.
É de grande relevância o envolvimento da família nas decisões que ultrapassam a
competência da escola. Essa articulação contribui e muito para que o processo de
aprendizagem possa fluir de forma harmoniosa e para soluções mais adequadas dos problemas
vivenciados no cotidiano da instituição escolar, fortalecendo- a para um novo
redimensionamento de suas funções no sentido de atender e assumir novas responsabilidades
que antes eram da família.
Neste sentido a escola deve:
Utilizar todas as oportunidades de contato com os pais, promovendo encontros positivos entre pais e professores a fim de utilizar todas as oportunidades para trocar experiências na busca de soluções para os problemas e parceria para a realização de um projeto educativo que evidencie o desenvolvimento da criança e a sua aprendizagem. (BENCINI, 2003, p. 38)
Uma conscientização se faz necessária para que se possam redefinir os papéis (família
e escola) na busca de cooperação e parceria para a realização de um ensino de qualidade
balizada na relação dialógica entre pais, professores e alunos no sentido de construírem
coletivamente o projeto político-pedagógico da escola que dê à instituição a sua identidade
própria, que sirva de instrumento norteador de suas ações educativas, que abra horizonte para
construção de recursos e mecanismos que venham fortalecer a escola, preparando-a para o
enfrentamento de novos desafios. Possibilitando-lhe romper com as barreiras que impedem o
bom desempenho do trabalho docente.
20
3.1 - O ambiente escolar como socializador
A escola pensada hoje, no contexto da contemporaneidade, mesmo marcada por
profundas transformações e mudanças das instituições sociais, ainda continua sólida em seus
fundamentos em busca de sua valorização e de seu reconhecimento como instituição criada
pela humanidade para o atendimento das demandas de formação intelectual e transmissão
formal da cultura. Por isso a parceria família e escola trazem relevante contribuição para o
desenvolvimento do indivíduo e da sociedade.
Observa-se que apesar da falta de apoio, de recursos e tantos outros problemas que
recaem sobre a escola, ela continua sendo reconhecida como uma instituição imprescindível
para a formação do cidadão, interferindo e recebendo interferência da sociedade.
Exigir que a escola mantenha esse perfil, que assuma sozinha essa responsabilidade é
uma situação paradoxal. Numa época em que o conhecimento se expande para além das
fronteiras tradicionais das ciências e dos saberes, a instituição escolar precisa estar vinculada
ao tempo e ao seu contexto, sem se desvincular da família. É necessário que esta busque
parceria com a família, articule a sua participação no trabalho e na vida da escola.
Conforme Nóvoa:
Os professores têm de afirmar sua profissionalidade, num universo complexo de poderes e relações sociais não abdicando de uma definição ética e um certo sentido militante da sua profissão, mas não alimentando utopias excessivas, que se viram contra eles, obrigando-os a carregar nos ombros o peso de grande porte das injustiças sociais. (NÓVOA, 1998, p. 26)
Constata-se que atualmente, tudo passa pelo crivo da educação. Sobre ela recaem os
maiores encargos da formação social do indivíduo. Cabendo-lhe, diante das mudanças,
responsabilidades cada vez maiores na sua função de educar. No entanto, para arcar com sua
função social a escola não tem recebido a atenção e o apoio necessários nem os devidos
investimentos que a possibilita criar condições que venham fortalecê-la no enfrentamento de
problemas e questões que ultrapassam a sua fronteira e que interferem no trabalho escolar.
Diante de todas essas contradições e mudanças que permeiam a escola, mudando a
realidade de seu cotidiano não é de se estranhar que ela se torne um barril de pólvora. Afinal a
instituição escolar é lugar de compressão dos problemas e tensões de todas as esferas, nela
tudo acontece de forma intensa e com radicalidade.
Parolin afirma que:
É na família que uma criança constrói seus primeiros vínculos com a aprendizagem e forma o seu estilo de aprender. Nenhuma criança nasce sabendo o que é bom ou ruim e muito menos o que gosta e do que não gosta. A tarefa dos pais professores e
21
dos familiares é a de favorecer uma consciência moral pautada em uma lógica socialmente aceita, para que, quando essa criança tiver de decidir saiba como e porque está tomando determinados caminhos ou decisões. (PAROLIN, 2010, p. 42)
Se é na família que uma criança constrói os primeiros vínculos conforme afirma
Parolin, (2010), justifica-se a grande relevância do envolvimento da família nas decisões que
muitas vezes, ultrapassam a competência da escola. Essa parceria contribui, e muito, para o
desenvolvimento escolar do educando, contribuindo para que o processo de aprendizagem
flua de forma harmoniosa, e, para a solução de problemas que ocorrem no cotidiano da escola.
Com os avanços das novas tecnologias de informação e comunicação a escola tem
sido levada a um redirecionamento de sua função, tendo que assumir responsabilidades que
antes eram exclusividade da família. Neste sentido uma conscientização se faz necessária para
redefinir os papéis (família e escola) na busca de parceria para realização de uma educação de
qualidade, construída coletivamente, com base na relação dialógica entre pais, professores e
alunos de forma que eles se assumam como parceiros no processo de desenvolvimento
escolar.
No sentido de favorecer a construção de recursos que possibilitem o enfrentamento
dos desafios encontrados pela escola e os profissionais da educação diante da necessidade de
romper com as barreiras que impedem um melhor desempenho do trabalho docente.
Bencini (2003), vem afirmando que a escola deve usar todas as oportunidades de
contato com os pais através de promoção de encontros, oportunidade que deve ser utilizada
para troca de experiências em busca de soluções para os problemas e parcerias, visando a
realização de um projeto educativo que evidencie o desenvolvimento da criança e a sua
aprendizagem.
Espera-se que esta parceria resulte em alternativa que possibilite à escola construir de
maneira participativa e conjunta seu projeto educativo, podendo, com apoio dos pais e
professores, ressignificar o seu sentido, reorganizando-a, a fim de reconhecer-la como um
espaço educativo que constrói a democracia, permitindo que o professor possa compreender a
educação como um processo contínuo, portanto inacabado, e o conhecimento e a formação
dos indivíduos como conceitos reveladores que passam por transformações que modificam as
concepções de aprendizagem que exigem do professor habilidades e atitudes inovadoras.
Paulo Freire, afirma:
[...] desde o começo do processo vá ficando cada vez mais claro que, embora diferente entre si, quem forma se forma e re-forma ao formar a quem é formado forma se e forma ao ser formado [...] Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. (FREIRE, 1996, p. 23)
22
Percebe-se que a relação entre quem ensina e quem aprende já não é mais a mesma. Já
não se cria vínculo de dependência antes presente no ato de ensinar, manifestado na versão de
que o professor sabe mais que o aluno, visto como o detentor do saber. O aluno já não é mais
apenas um receptor de conhecimentos. Ele busca interagir, criar e se desenvolver através da
troca de experiência, aplicando o seu aprendizado na família, na escola e na sociedade,
assumindo-se como sujeito da sua própria aprendizagem. Cabendo ao professor mediar esse
processo de construção da aprendizagem, criando condições que facilitem o aprendizado,
orientando, tornando-se assim parceiro dessa empreitada tão decisiva e importante para
formação do sujeito cidadão.
Segundo Paulo Freire (1996, p.23) “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende
ensina ao aprender”. Neste contexto de parceria a relação professor/aluno é de fundamental
importância, uma relação afetiva poderá contribuir para construção de vínculos positivos. A
reciprocidade, a empatia e o respeito mútuo são fatores preponderantes nessa relação que deve
consolidar-se através do respeito. Para tanto é necessário que haja uma conscientização por
parte do professor sobre a relevância do diálogo.
A participação da família na escola é defendida como de grande importância por
compartilhar com a instituição de ensino o papel referencial de formadora da identidade do
sujeito. Essa aproximação da escola com a família e a sociedade ajuda-a compreender o
contexto social e a realidade dos alunos visualizados como seres ativos, participantes da
construção do seu conhecimento e do mundo.
Constata-se ainda que a escola se depare diante de uma realidade que requer dela
mudanças profundas, porque os conhecimentos não estão mais reunidos nas bibliotecas e nem
o acesso a eles se dá apenas nas salas de aula. Devido aos avanços tecnológicos o
conhecimento circula em complexas redes de informação e, com isso, a criação de novos
conhecimentos nunca foi tão acelerada como nos tempos atuais, provocando a necessidade
contínua de rever o já sabido. É necessário que o aluno aprenda, seja educado, isto é, receba a
formação necessária que o permita interagir e participar dessa nova sociedade. Esse novo
contexto reforça a importância social da escola e a sua perspectiva democratizadora.
Essa mudança vem reforçar ainda mais a importância da parceria família/escola, pois
demanda esforço coletivo de todos que compõem a escola (gestor, professor, pais, alunos),
valendo ressaltar a importância da participação da família na escola. O professor sem o apoio
da família pouco poderá fazer, já que a educação é responsabilidade de todos, juntos unindo
esforços em busca de soluções para os problemas que servem de barreiras para a
23
aprendizagem, lembrando que escola e o professor não podem suprir a ausência de outras
instâncias no processo educativo.
Segundo Parolin:
A medida que a sociedade vai se tornando mais complexa, maiores são as redes relacionadas e os consequentes resultados dessas relações. Antigamente a tarefa de construir valores e atitudes era exclusividade da família. Hoje as crianças vão cedo para as creches, berçários e escolas [...] originando uma nova filosofia para os educadores e para escola, que é a grande parceira da família. (PAROLIN, 2010, p. 46)
Quando Parolin (2010), fala da complexidade da sociedade ressalta a parceria da
família com a escola e a relevância dessa participação na construção de valores e atitudes.
Percebe-se a cada dia, a importância de envolver a família nas decisões que ultrapassam a
competência da escola. A cumplicidade dos pais, o seu envolvimento como parceiros no
processo educativo, contribui e muito com o trabalho da escola e a sua ação democratizadora.
A família ainda é considerada como um instrumento socializador de grande importância para
o desenvolvimento social, emocional e intelectual da criança, embora, atualmente, haja
pesquisadores que rejeitam essa ideia, por defenderem uma abordagem mais moderna e
compreensiva dessa instituição, enfatizando que as famílias vêm demonstrando em sua
estrutura, novas e constantes mudanças para adequarem a sociedade. Mesmo diante dessa
realidade, não se pode negar a sua relevante função no cuidado e socialização dos filhos.
Constata-se que a escola e a família podem ser grandes parceiras, formando, no
entanto uma equipe fundamental para uma parceria na construção do processo de
aprendizagem e no desenvolvimento escolar. Para tanto é necessário que cada um assuma a
sua parte, embora assuma os mesmos objetivos e tracem metas que visem proporcionar ao
educando segurança na aprendizagem e uma educação voltada para formação da cidadania.
No sentido de prepará-los para participar de uma sociedade cada vez mais complexa e
competitiva.
PiIetti afirma que:
O tipo de educação é outro fator ligado à família que afeta a aprendizagem. A educação familiar adequada é feita com amor, paciência e coerência, pois desenvolve nos filhos autoconfiança e espontaneidade, que favorecem a disposição para aprender. Entretanto é frequente encontrar adultos que ensinam às crianças exatamente o contrário do que fazem, isto é, são incoerentes, ensinam uma coisa e fazem outra. Em geral as crianças aprendem os que os adultos fazem e não os que querem ensinar [o mesmo serve para o professor]. (PILETTI, 1989, p. 152)
Ao reconhecer a importância dessa parceria como alternativa de promoção de
condições que favorecem o trabalho da escola no desafio da construção do processo de
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aprendizagem. Piletti (1989), aponta para o cuidado que a família e os professores devem ter
ao educar os filhos e alunos, porque em geral as crianças aprendem os que os adultos fazem,
lembrando que o tipo de educação que a criança recebe na família pode afetar a
aprendizagem, para tanto é necessário articular mecanismos que estimule a presença dos pais
à escola no sentido, de promover essa interação.
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4 FAMÍLIA E ESCOLA: AÇÃO CONJUNTA PARA O SUCESSO E DUCACIONAL
No cotidiano escolar, a convivência entre pessoas carece de vínculos afetivos, não se
referindo às relações maternas ou paternas, ou seja, aquelas vividas no seio da família, mas no
que diz respeito ao sentimento do professor, quanto a sua consciência de que a afetividade é a
mola propulsora do ato educativo, haja vista que implica atenção, sensibilidade, acolhimento,
cordialidade, valores reconhecidamente fundamentais e de base para formação de cidadãos
mais indulgentes e uma sociedade mais justa.
Neste contexto a educação pode ser entendida a partir da ação de seus agentes e
consequentemente, pode exprimir a concepção que se tem a seu respeito, tornando-se assim
essencial que haja uma compreensão mais ampla de como o educador constrói suas práticas
educativas, isto significa entender como este desenvolve as ações pedagógicas, visando a
formação do indivíduo para que ele possa ser um cidadão consciente e responsável, e acima
de tudo um ser feliz, um ser humano que todos almejam para o futuro.
Sabe-se que existem muitas formas de transmitir conhecimentos, até maquinas
armazenam conhecimentos e informações, mas não educa. A educação acontece através do
afeto, só através do amor se educa, se promove a sabedoria, uma fusão do afeto com o
conhecimento. Através dessa junção tão relevante no ato de educar, promove-se a sabedoria.
Constata-se isto na história clássica humana, na Grécia Antiga, na relação do mestre com seu
discípulo que era baseada na cumplicidade do querer ensinar e do permitir aprender.
Neste sentido percebe-se que a influencia do professor não se limita à formação
acadêmica, pois este tem uma interferência significativa de maneira direta e determinante na
formação do indivíduo, ou seja, na formação de seu caráter e da sua personalidade.
Barros afirma que:
Autoconceito é a avaliação que o indivíduo faz de si mesmo, segundo atitudes que ele formou através de suas experiências. Todas as atitudes são importantes na determinação do comportamento, mas a que a pessoa formou com relação a si mesma são as mais poderosas. (BARROS, 1988, p. 151)
Para tanto, é necessário entender que dentro da escola, deve existir uma prática de
abertura, comunicação intra e interpessoal, de diálogo e tolerância de compreensão e
continuidade. Isto porque, querendo ou não, o professor projeta-se na criança e intervém
sempre em sua vida.
Chalita declara que:
Numa sociedade em rapidíssima transformação como a nossa diminui cada vez mais a força da educação espontânea e cresce a educação internacional, no âmbito geral. Os pais são obrigados pela real conjuntura a deixar para escola a adaptação social do filho ou por deficientes econômicos ou deficientes morais. (CHALITA, 2002, p. 62)
26
Cabe lembrar que a criança sê vê através dos olhos dos adultos, portanto o conceito
formado por ela de si mesma, dependerá muito do seu relacionamento ao longo da vida, com
os pais e professores e da forma como será vista pelos mesmos. Assim também como as
palavras que ouvirá deles serão de instrumento que tanto pode ser empregada para o bem ou
para o mal. Portanto, durante o processo de aprendizagem da criança, bem antes de sua
entrada para escola, as pessoas que convivem com ela, principalmente os professores no
relacionamento da sala de aula precisam ajudá-la a construir sua auto-imagem, para que esta
possa saber o que pensar de si mesma. Assim, aos poucos, é que os conceitos vão sendo
construídos.
O processo de desenvolvimento de um indivíduo é um longo caminho que vai da
dependência absoluta à vivência independente e autônoma da própria identidade individual e
social. Nesse processo a criança caminha para a consciência de sua existência singular como
um indivíduo entre outros. Os aspectos que fazem parte da construção desse desenvolvimento
devem ser abordados de maneira conjunta - nunca separadamente. Não há construção de
conhecimentos desligado dos afetos e sentimentos, pois são fatores que implicam no processo
intelectual da criança, uma vez que todo comportamento humano envolve inteligência e
afetividade.
A criança é o principal agente construtor do seu conhecimento de mundo e de sua
própria identidade. Saltini (2002, p.15) afirma que “as escolas deveriam entender mais de
seres humanos e de amor do que de conteúdos e técnicas educativas”. Portanto, cabe ao
professor que é o mediador no processo ensino-aprendizagem, trabalhar com segurança e
tranquilidade, buscando entender todo o processo educacional que envolve cada criança de
sua sala de aula, procurando facilitar a aprendizagem, dentro de uma visão que o permita
reconhecer as diferenças de cada uma.
Ninguém aprende igual, do mesmo jeito, em tempos iguais. Cada criança precisa de
seu tempo para aprender, cabendo assim ao professor respeitá-la. A afetividade dará suporte
ao professor no seu trabalho realizado diariamente na escola, fazendo com que sua
compreensão, seu carinho e paciência para com todos sejam prolongados. A influência do
meio em que vive, sua visão particular de mundo e todo o aparato que envolve o aluno faz a
diferença, daí a necessidade de entender a prática docente como uma tarefa sem similar.
Segundo Saltini (2002, p.29), “a educação não é uma transmissão do conhecimento, de
um saber ou até mesmo de uma conduta, mas, sobretudo uma iniciação à vida”. Neste
contexto a escola tem um papel importante e singular na formação do indivíduo, e que tem
27
aumentado significativamente ao longo dos tempos, já que cada vez mais a criança fica mais
tempo na escola e aos cuidados dos professores. Isto vem confirmar a sua parceria com a
família na construção do cidadão, pois como já foi visto, ela é a instituição que tem como
peculiaridade ser fortemente socializadora tanto do conhecimento quanto das experiências
entre as pessoas. Nessa perspectiva entender e administrar conflitos que são gerados por
emoções em sala de aula tornam-se instrumento indispensável para o professor.
Piletti assim afirma:
Sem dúvida o que mais prejudica a aprendizagem livre e criativa é a própria escola e o sistema social do qual a escola faz parte. O sistema social em que vivemos produz uma escola inadequada ao desenvolvimento da criança, uma escola que procura anular a criança para adaptá-la à sociedade, uma escola que reproduz na criança a desigualdade social. A escola faz de tudo para que os alunos se adaptem a ela. (PILETTI, 1989, p. 146)
A educação é um ato político por excelência, de construção do conhecimento e de
criação de uma sociedade. Qualquer outro enfoque dado à educação sem envolver afeto e
solidariedade é pouco. Cabendo ao professor ser, portanto, um orientador, um mediador a
estimular os processos de reflexão e aprendizagem, dentro de um entendimento que lhe
permita compreender que nem todos aprenderão naquele dia o conteúdo trabalhado, mas nem
todos terão a mesma chance, o mesmo tratamento e o mesmo respeito. Necessário se faz que o
educador seja comprometido com a sua tarefa de ensinar, procurando conhecer o seu aluno,
para desvelar esses comportamentos para produzir desenvolvimento em sala de aula.
Entende-se que não se pode considerar que existe, na prática pedagógica, uma via de
mão única, pois a educação é um processo que interliga as pessoas, no ato de ensinar, logo
não existe aquele que somente ensina e o outro que somente aprende, ambos interagem na
construção de mudanças, fazendo com que a educação seja um processo dinâmico. “A
educação não é uma transmissão do conhecimento, de um saber ou até mesmo de uma
conduta, mas, sobretudo uma iniciação à vida” (SALTINI, 2002, p.29)
É importante ressaltar que o educador não deve tratar os educandos como se eles
fossem um grupo homogêneo. A criança, como todo ser humano tem suas características e
especificidades, em virtude, muitas vezes, das referências sociais, culturais, políticos,
religiosos e afetivos, entre outros. Sendo necessário, ao trabalhar com a criança, ter como
referência o contexto social.
O momento histórico se reflete na dinâmica de uma sociedade, na qual a célula
familiar está passando por profundas mudanças, buscando a sobrevivência em meio a essas
mutações. Consequentemente as crianças chegam à escola, em sua maioria marcadas por
28
esses reflexos que a torna carente e insegura. Estas situações, tão comuns em nosso meio
exigem mais do educador, porque a falta de estrutura e desarmonia familiar geram traumas
emocionais que acabam limitando a criatividade, a espontaneidade e a motivação do
indivíduo. O educador precisa conhecer a realidade de seu aluno e fazer uma leitura dessas
situações e interpretar as variações de comportamento demonstrado no cotidiano escolar.
Usando como mecanismos para enfrentar tais desafios, a paciência, compreensão e muita
afetividade, pois, esses conflitos interferem no desenvolvimento da criança, prejudicando-a no
seu processo de construção de aprendizagem.
Segundo Voli:
Na escola, por sua própria estrutura, e não havendo uma ação pessoal dos professores para modificar a situação de condicionamento iniciada na família, as dificuldades psíquicas da criança tenderão a reforçar-se ao invés de reduzir. A maioria dos pais e professores, a quem é confiado o cuidado e formação da personalidade de seus filhos em sua vida escolar, é fruto de uma educação perniciosa. É comum, portanto, em sua relação com os alunos, atuarem com base em sua própria “criança interior”, traumatizada desde a infância. (VOLI, 1998, p. 17)
Percebe-se que os conflitos estão presentes no cotidiano da criança e fazem parte
natural do seu processo histórico. Sem um referencial de apoio e compreensão desta realidade,
a criança irá sentir-se insegura frente a situações que a atinge e sobre as quais não tem
controle. Essa situação exige do profissional da educação um equilíbrio suficiente para gerar
emoções seguras, capazes de propiciar condições à criança diante de situações conflitantes.
Observa-se que a falta de preparo do educador, a falta de conhecimento da realidade
dos alunos, seus próprios medos e inseguranças, a falta de motivação e a baixa estima geram
nas relações professor/aluno, situações como: tratamento autoritário ou de submissão em
classe, dificuldade de comunicação ou diálogo e ressentimentos. Estas são muitas vezes as
causas que acabam desmotivando o trabalho docente e causando distúrbio na aprendizagem
que se prolongam por toda vida escolar.
Por esta razão, o educador precisa cada vez mais ouvir o aluno e observar o seu fazer,
ajudando-o a abrir-se para descobertas, situações que nem sempre são agradáveis.
O professor precisa conhecer o seu aluno, aprender com ele. Isto lhe dará legitimidade
para ensinar, porque o professor que não aprende com seu aluno, provoca uma ruptura entre o
ensinar e o aprender. Enfim numa relação professor/aluno nunca podem faltar afetividade e
interesse.
Afirma Voli:
O educador atua em classe partindo de seu autoconceito, autoestima, autoconhecimento, autorealização, portanto, do modo como se sente como pessoa. A imagem que projeta na comunidade educativa é percebida e integrada por seus
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alunos. Se não tiver suficientemente desenvolvido e maduro como indivíduo, a projeção terá um significado negativo ou neutro, o que não é desejável para a educação das novas gerações (VOLI, 1998, p. 24)
A ideia de cooperação deve ser uma das primeiras lições a serem transmitidas pelo
professor ao seu aluno. Ele deve propiciar o aprendizado, facilitar sua entrada no mundo do
conhecimento, mediar métodos e estratégias para que a própria criança construa seu
conhecimento. A partir do momento que o educando se conscientiza desta responsabilidade,
as situações em sala de aula tendem à cooperação.
Esse clima de aproximação e respeito facilita o desenvolvimento da criança através da
aprendizagem. O desejo de compartilhar os próprios pensamentos com outra pessoa leva os
esforços para entender e se fazer entendido, proporcionando mudanças de comportamento que
facilitam o processo de aprendizagem e consequentemente a formação do indivíduo.
Neste contexto a relação professor/aluno deve ser concebida na amizade, afeto,
diálogo, respeito e participação do professor no desenvolvimento global da criança. A
amizade respeitosa e a afetividade entre professor e aluno tornam-se aliados no enfrentamento
das dificuldades de aprendizagem, estreitando laços de convivência que vão além da sala de
aula. Essa relação precisa ser de crescimento mútuo, compreensão e afetividade.
Saltini relata que:
O educador não pode ser aquele indivíduo que fala horas a fio a seu aluno, mas aquele que estabelece uma relação e um diálogo íntimo com ele, bem como uma afetividade que busca mobilizar sua energia interna. É aquele que acredita que o aluno tem essa capacidade de gerar ideias e colocá-las ao serviço de sua vida. (SALTINI, 2002, p. 60)
O ambiente educacional com um clima afetivo, igualdade de direitos e de
responsabilidade, desperta na criança o desejo de compartilhar seus próprios pensamentos
com outras pessoas, num esforço espontâneo de entender e se fazer entendido, podendo assim
criar condições para o desenvolvimento da amizade, da confiança e do afeto, aspectos que
facilitam o processo de aprendizagem.
Este trabalho requer a ajuda do professor como mediador não só do processo de
aprendizagem, mas também como facilitador do processo de desenvolvimento do
autoconceito da criança. Este equilíbrio irá ajudá-la a refletir sobre seus sentimentos e
atitudes. Para tanto é necessário que o educador utilize meios que venham favorecer essa
mediação através de muito diálogo e reflexão, que visem possibilitar condições que permitam
ao aluno exteriorizar seus desejos e necessidades, manifestações que podem expressar um
30
universo importante, por meio dos quais são revelados traços relevantes de caráter e da
personalidade do educando.
Constata-se que a relação professor/aluno deve ser concebida com base na amizade,
diálogo, respeito, afeto e participação do professor no desenvolvimento da criança. Dessa
relação construída não só pelo atendimento do professor aos anseios do aluno, mas também
pela cumplicidade entre ambos e o respeito à autonomia da criança.
Pela autoridade exercida pelo professor sem autoritarismo nasce a conquista da
participação dos alunos em sala de aula e com ela, evidencia a motivação do aluno em relação
a aprendizagem. Segundo Chalita (2002, p.98), “a amizade é essencial como excelência moral
[...]. A confiança e o respeito mútuo tornam-se os amigos cúmplices na jornada pela
construção da fidelidade”. Portanto, reportando à Chalita (2002), reforça-se o pensamento de
que o afeto leva a uma amizade respeitosa entre professor e aluno. Um clima que favorece o
trabalho docente na construção do processo de aprendizagem.
31
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É no seio da família, o primeiro ambiente natural do indivíduo, em que a criança pode
vivenciar a experiência de acolhida e afetividade, que possibilita o desenvolvimento
harmonioso de habilidades e, posteriormente o processo de aprendizagem na escola e as
relações interpessoais. Os valores aprendidos e os vínculos familiares ajudam a criança a
compreender o outro, a superar limites. Esses vínculos afetivos construído na convivência
familiar poderão ser relevantes na convivência da criança com o professor e no ambiente
escolar.
O potencial de aprendizagem da criança necessita de estímulos para desenvolver. Para
tanto, é fundamental observar e procurar entender as individualidades da criança, suas
potencialidades e expectativas para depois oportunizar propostas e subsídios adequados. É
preciso conhecer o seu aluno para entender que cada educando tem seu ritmo e possibilidades
próprias.
A interação família/escola ajudará a escola na tarefa de conhecer o seu educando,
podendo juntos refletir sobre ele. Assim a escola pode saber melhor a quem pretende ajudar a
educar, conduzindo o ato de educar numa relação de compreensão, sob as condições de
aprender e conhecer, ensinar e aprender. Nessa parceria a escola além de mostrar a família
seus objetivos e metas demonstra-lhe também a importância de sua participação e parceria,
buscando torná-la uma aliada no desenvolvimento escolar do seu filho (aluno). Uma
conscientização se faz necessária para que a escola e a família possam redefinir seus papéis na
busca de uma parceria balizada numa relação dialógica entre pais e professores, família e
escola no sentido construírem juntos uma educação de qualidade que garanta aos alunos uma
aprendizagem significativa, consolidada na afetividade e na amizade respeitosa.
Em muitos casos, o desinteresse da criança pelos estudos pode ser um sintoma de
dificuldade de relacionamento dentro ou fora do ambiente familiar, não necessariamente na
escola. O professor deve encontrar um momento para ouvir o aluno, para procurar entender o
que está acontecendo e ajudá-lo, através de parceria com a família.
É de fundamental importância que o professor tenha um bom relacionamento com o
aluno e o ajude a desenvolver com equilíbrio a sua capacidade crítica, baseada em valores
como respeito, amizade, solidariedade e responsabilidade. Acredita-se que uma relação
professor/aluno concebida nesses valores, promove o diálogo permitindo ao educador
trabalhar a formação do indivíduo por meio da afetividade, podendo ainda contar com o apoio
32
da família na construção de um processo de aprendizagem que visa o melhor desempenho
escolar do educando, através de uma educação dinamizadora de um processo de mudança por
meio de um método dialogal e participativo.
Cabe ao professor, utilizar também de meios e recursos que aproximem os ambientes
(casa-escola), encurtando o espaço existente atualmente entre os mesmos. Podendo utilizar
trabalhos escolares que envolva a participação familiar, ex: entrevistas e estudo de caso,
estudo de árvore genealógica etc.
Hoje temos diversos problemas na sociedade que poderiam ser sanados ou erradicados
somente utilizando a educação participativa onde crianças e jovens aprendam em parceria da
família com a escola, a importância da preservação do meio ambiente, os direitos e deveres
dos indivíduos, o poder da gentileza e do respeito.
A sociedade como vemos hoje, em muito, é fruto de um método educacional
ultrapassado. Os educadores e a comunidade devem unir forças para a construção de um
futuro mais justo, com jovens preparados para os desafios do futuro.
33
6 REFERÊNCIAS BARROS, Célia Silva Guimarães. Pontos de psicologia do desenvolvimento. 3.ed. São Paulo: Ática, 1988. 206 p. BENCINI, Roberta. Como atrair os pais para a escola. Revista Escola, São Paulo, p. 38-39, abr. 2003. 166 p. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Data de Acesso: 19 set. 2013. CHALITA, Gabriel. Educação: a solução está no afeto. 17.ed. São Paulo: Gente, 2002. 272 p. CHRAIM, Albertina de Mattos. Família e escola: a arte de aprender para ensinar, Rio de Janeiro, Wak, 2009. 104 p. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996, 152 p. GOMES, Heloisa Szymanski Ribeiro. Um estudo sobre o significado de família. 1988. 304f. Tese de Doutorado - PVCSP, São Paulo, 1988. LÓPEZ, Jaume Sarramona. Educação na família e na escola: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola. 2002, 184 p. MORIN, Edgar. A Cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. 128 p. NÓVOA, Antônio. Para uma análise das instituições escolares: in Nóvoa Antônio. As organizações escolares em análise. Lisboa: Dom Quixote, 1995. 280 p. _____. Relação escola sociedade: novas respostas para um velho problema. Os professores e sua formação. São Paulo: UNESP, 1998. 206 p. PAROLIN, Isabel. Professores formadores: a relação entre a família, a escola e a aprendizagem. 2.ed. São José dos Campos: Pulson, 2010. 120 p. PILETTI, Nelson. Psicologia educacional. 7.ed. São Paulo: Ática, 1989. 286 p. SALTINI, Claúdio João Paulo. Afetividade inteligência: a emoção na educação. 4.ed. Rio de Janeiro: Dp&a, 2002. 144 p. SHAFFER, David. Psicologia do desenvolvimento: infância e adolescência. São Paulo: Thomson Pioneira, 2005. 788 p. VOLI, Franco. A autoestima do professor. São Paulo: Loyola, 1998. 252 p.
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