dissertação final da mestranda lívia patricia rodrigues batista
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO - PPGAN
LÍVIA PATRÍCIA RODRIGUES BATISTA
ANEMIA E FATORES ASSOCIADOS EM CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS
EM ASSENTAMENTOS RURAIS DE TERESINA.
TERESINA
2014
LÍVIA PATRÍCIA RODRIGUES BATISTA
ANEMIA E FATORES ASSOCIADOS EM CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS
EM ASSENTAMENTOS RURAIS DE TERESINA.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Alimentos e Nutrição –
PPGAN/UFPI, como requisito para obtenção do
título de Mestre em Alimentos e Nutrição.
Linha de Pesquisa: Nutrição e Saúde
Orientadora: Profa. Dr
a. Adriana de Azevedo Paiva
TERESINA
2014
LÍVIA PATRÍCIA RODRIGUES BATISTA
ANEMIA E FATORES ASSOCIADOS EM CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS
EM ASSENTAMENTOS RURAIS DE TERESINA.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Alimentos e Nutrição– PPGAN/UFPI, como requisito
para obtenção do título de Mestre em Alimentos e
Nutrição.
Aprovada em: 24/03/14
BANCA EXAMINADORA
DEDICATÓRIA
A todas as famílias dos Projetos de Assentamento de Teresina, desejando que este trabalho
seja um instrumento de transformação;
A todos aqueles que acreditaram, torceram e contribuíram com esta pesquisa, esperando
superar as expectativas;
Dedico este trabalho, com muito empenho e carinho!
Não me preocupo com o que pode acontecer daqui a cem anos. Aquele que governava o
mundo antes de eu nascer cuidará disso igualmente, quando eu estiver morto. A minha parte
é melhorar o momento presente
(Jonh Wesley).
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, primeiramente, pela coragem, força, ânimo e persistência durante
essa trajetória “Eu te agradeço Deus por se lembrar de mim e pelo teu favor e o que me faz
crescer, eu vivo pela fé e não vacilo, eu não paro eu não desisto eu sou de Deus, eu sou de
Cristo. Você mudou a minha história e fez o que ninguém podia imaginar você acreditou e
isso é tudo”.
Agradeço a minha orientadora Profa. Dr
a. Adriana de Azevedo Paiva, pelos valiosos
ensinamentos, liberdade e confiança referente ao presente trabalho, além da amizade e
indiscutível compreensão em momentos difíceis. Tem sido muito gratificante ser orientada
por uma pessoa tão competente e preocupada com o bem-estar do próximo. Obrigada!
Agradeço a coordenação do Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição, na
pessoa de sua coordenadora profa. Dr
a. Regilda Saraiva dos Reis Moreira Araújo, pela
dedicação com que trabalha para que possamos ter um mestrado cada vez melhor, e por toda
ajuda concedida.
Agradeço aos coordenadores do INCRA e aos presidentes dos Projetos de
Assentamento pelo apoio, dedicação e incrível receptividade oferecida. Aos pais e crianças de
todos os PA’s que nos receberam com enorme carinho. Ao querido irmão que nos cedeu o
espaço da igreja para que pudéssemos realizar parte da pesquisa. Obrigada!.
Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior pela
concessão da Bolsa de Estudos, tornando possível minha capacitação profissional.
Agradeço aos meus colaboradores, que se dispuseram a me ajudar de forma
significativa, em especial “Taynah, Rafaelly, Leiliane e Maria” que estiveram ao meu lado até
o fim e um enorme agradecimento a minha “sócia” Laísla Teles, na qual juntas formamos
uma grande parceria, nos completando e nos fortalecendo. “Meninas a nossa associação das
QC vai longe viu!!”
Agradeço a todos os meus professores que ao longo dessa jornada têm contribuído na
minha formação pessoal e profissional. Vocês são motivo de inspiração para buscarmos cada
vez mais ciência e conhecimento!
Agradeço também às professoras Dra. Patrícia Helen de Carvalho Rondó e Dr
a. Marize
Mello dos Santos pelas contribuições a respeito deste trabalho e pela disposição em participar
desse processo comigo.
Agradeço ao chefe do Setor de Transportes da UFPI, Sr. Luís pela disposição em nos
ajudar e a todos os motoristas que participaram desse processo conosco, especialmente ao
motorista “Irmão Erasmo”, ou como dizia Sr. Luís: “o motorista das meninas da Nutrição”
por ter tornado nossos dias de pesquisa bastante agradáveis, mesmo nas situações de fome,
sede, sol escaldante e cansaço. Obrigada vaso, sua presença foi essencial!!
Agradeço também a direção do Hospital Universitário da UFPI pela realização das
análises laboratoriais desta pesquisa, em especial àqueles que compõe o Setor de Análises
Clínicas, na pessoa do Dr. Luciano da Silva Lopes.
Agradeço as técnicas de laboratório que nos auxiliaram na pesquisa em campo,
especialmente à Tina por sua tranquilidade, disposição, paciência, bom humor nas situações
adversas e inquestionável competência. Você foi brilhante, obrigada!
Agradeço aos meus amigos da turma de mestrado, biênio 2012-2014, pela parceria e
amizade, especialmente as amigas de sempre: Natália Quaresma, Nara Barros e Kyria
Jayanne. Foi muito bom conhecê-los e estudar com vocês!
Agradeço também ao estatístico Paulo Germano Sousa pela disposição e paciência em
fazer, refazer e acrescentar análises ao trabalho, quantas vezes o solicitei. Você é um
profissional muito competente. Obrigada e espero tê-lo como estatístico no meu doutorado!
Agradeço também aos funcionários do departamento de Nutrição pela colaboração e
carinho com que me tratam, em especial à Dona Maísa, Sr. Osvaldo, Lainna, Nilson e Jéssica.
Continuem a pessoa maravilhosa que são!
Àos jovens da II Congregação da Assembleia de Deus do Promorar, por
compreenderem minha ausência, pelo apoio e oração, a todos os irmãos que se lembram de
mim em suas orações e ao meu pastor que me apoiou em todo esse processo.
E por fim agradeço a minha família, em especial minha mãe (Meiry Ana), pai (Manoel
Batista) e irmã (Leilinha). Deixei vocês por último, porque sempre deixo o melhor para o
final, e vocês são o melhor da minha vida. Obrigada mãe, pelo seu apoio incondicional ao
longo deste processo de dissertação e de muitos outros. Por acreditar em mim, mesmo quando
eu não acreditava. Obrigada pai, por me ajudar nesse processo de pesquisa, nos transportando
para os assentamentos quando necessário, por ter estado até mesmo à noite conosco,
anunciando em carro de som a pesquisa nos assentamentos, e por tudo que você me deu e me
ensinou. Obrigada “Linha”, pelo amor e cumplicidade, por estar ao meu lado sempre, mesmo
nas madrugadas, me ajudando no desenvolvimento desse trabalho! Amo vocês!!!
A todos vocês agradeço pelo amor incondicional, pelo carinho e afeto, não existem
palavras que consigam agradecer, simplesmente fico completamente envolvida por um
enorme sentimento: gratidão. Muito obrigada!
RESUMO
BATISTA, L. P. R. Anemia e fatores associados em crianças menores de cinco anos em
assentamentos rurais de Teresina. 2014. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-
graduação em Alimentos e Nutrição, Universidade Federal do Piauí, Teresina – PI.
A anemia é um importante problema de Saúde Pública que afeta principalmente populações
menos desenvolvidas. No entanto, pouco se conhece sobre a prevalência de anemia em
crianças que residem em assentamentos rurais no Brasil, ainda que as inadequadas condições
de vida a que normalmente estão submetidas, sejam provavelmente fator de risco para a
doença. Desse modo esse trabalho tem como objetivo estimar a prevalência de anemia e
investigar os fatores associados em crianças menores de cinco anos de assentamentos rurais
de Teresina. Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, com enfoque
quantitativo, descritivo e analítico, realizado em domicílios dos nove Projetos de
Assentamentos do Instituo Nacional de Colonização e Reforma Agrária de Teresina, tendo
participado da pesquisa 131 crianças. Os dados foram coletados por meio da aplicação de
questionários sobre as condições socioeconômicas e demográficas, segurança alimentar e
aspectos de saúde da criança. Foram realizadas aferições de peso e estatura, para avaliação do
estado nutricional, sendo classificados segundo os índices P/I, E/I, P/E e IMC/I. O diagnóstico
de anemia foi dado por meio da dosagem de hemoglobina em sangue venoso, através de
contador automático, sendo consideradas anêmicas crianças com valores de hemoglobina
inferior a 10,3 g/dL (menor de 6 meses – Saarinen) e 11,0 g/dL (6 a 59 meses - WHO). Os
dados foram analisados pelos programas estatísticos SPSS v.20 e R-Projc, v.3.0.2. Utilizou-se
modelo múltiplo de Regressão de Poisson para determinar as variáveis associadas à doença. A
prevalência de anemia na população estudada foi de 29,0% e o modelo de Poisson mostrou
maior prevalência da doença nas crianças menores de 24 meses, que habitavam em domicílios
de taipa ou alvenaria inacabada, com aglomeração de uma ou mais pessoas por cômodo, que
eram filhos de mães adolescentes, em famílias com menor renda per capita, em situação de
insegurança alimentar e entre àquelas que não estudavam em creche ou escola. A prevalência
de anemia nas crianças configura a situação como problema moderado de saúde pública,
estando associada a aspectos socioeconômicos e demográficos e de insegurança alimentar,
demonstrando a importância de ações de desenvolvimento social e combate a fome, além das
ações de intervenções de controle da anemia, para uma efetiva resolução do problema.
Palavras-chave: Anemia. Assentamentos rurais. Lactente. Pré-escolar. Fatores de risco.
ABSTRACT
BATISTA, L. P. R. Anemia and associated factors among children under five years in
rural settlements in Teresina. 2014. Thesis (Masters) – Master Programme in Food and
Nutrition, Federal University of Piauí, Teresina – PI.
Anemia is a major public health problem that affects mainly less developed populations.
However, little is known about the prevalence of anemia in children living in rural settlements
in Brazil, although the inadequate living conditions that are normally subjected are likely to
be a risk factor for the disease. Thus this work aims to estimate the prevalence of anemia and
associated factors among children less than five years in rural settlements of Teresina. This is
a population-based cross-sectional study, with quantitative, descriptive and analytical
approach, achieved in the nine households Settlement Projects of Teresina’s National Institute
for Colonization and Agrarian Reform, with 131 children participating in the survey. Data
were collected through questionnaires on socioeconomic and demographic conditions, food
security and health aspects of the child. Weight and height measurements were performed to
assess the nutritional status and classified according to the weight-for-age, height-for-age,
weight-for-height and BMI-for-age indices. The diagnosis of anemia was given by
hemoglobin measured in venous blood using an automatic counter, children with a
hemoglobin concentration less than 10.3 g/dL (less than 6 months - Saarinen) and 11.0 g/dL
(6 to 59 months - WHO) were considered anemic. Data were analyzed by statistical software
SPSS v. 20 and R-Projc, v. 3.0.2. We used multiple Poisson regression model was used to
determine the variables associated with the disease. The prevalence of anemia in the study
population was 29.0% and Poisson model showed a higher prevalence of the disease in
children under 24 months who lived in houses made of mud or unfinished brickwork, with
agglomeration of one or more persons per room, who were children of teenage mothers in
families with lower per capita income, food insecurity and among those who did not study in
daycare centers or school. The prevalence of anemia in children configures the situation as a
moderate public health problem and is associated with socioeconomic and demographic
aspects and food insecurity, demonstrating the importance of actions of social development
and fighting hunger, beyond the actions of interventions to control anemia to an effective
resolution of the problem.
Keywords: Anemia. Rural Settlements . Infant. Child. Risk factors.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Caracterização da amostra segundo variáveis socioeconômicas e demográficas.
Projetos de Assentamento, Teresina (2013)............................................................................. 46
Tabela 2 – Caracterização da amostra segundo condições ambientais e de moradia. Projetos
de Assentamento, Teresina (2013)........................................................................................... 48
Tabela 3 – Insegurança alimentar intrafamiliar, segundo sexo e grau de severidade, em
crianças menores de cinco anos dos Projetos de Assentamento de Teresina, 2013................. 50
Tabela 4 – Caracterização da amostra quanto ao estado nutricional. Projetos de Assentamento,
Teresina (2013)........................................................................................................................ 50
Tabela 5 – Caracterização da amostra quanto ao aleitamento materno. Projetos de
Assentamento, Teresina (2013)................................................................................................ 51
Tabela 6 – Caracterização da amostra quanto às intercorrências de saúde, uso de complexo
vitamínico e sulfato ferroso, e institucionalização da criança em creche/escola. Projetos de
Assentamento, Teresina (2013)................................................................................................ 52
Tabela 7 – Prevalência de anemia na amostra estudada segundo sexo e grau de severidade.
Projetos de Assentamento, Teresina (2013)............................................................................. 53
Tabela 8 – Distribuição de anemia na amostra estudada, segundo os aspectos
socioeconômicos e demográficos e insegurança alimentar. Projetos de assentamento, Teresina
(2013)....................................................................................................................................... 54
Tabela 9 - Distribuição de anemia na amostra estuda segundo variáveis ligadas à criança.
Projetos de Assentamento, Teresina (2013)............................................................................. 56
Tabela 10 – Razões de prevalência ajustada segundo associação das variáveis à ocorrência de
anemia na amostra estudada. Projetos de Assentamento, Teresina (2013).............................. 58
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Fluxograma de obtenção da população de crianças menores de cinco anos residentes
nos Assentamentos de Teresina (PI), 2013.............................................................................. 34
Quadro 1 – Prevalência global e regional de anemia em crianças menores de cinco anos...... 23
Quadro 2: Caracaterização dos Projetos de Assentamento de Teresina, segundo dados de
implantação e implementação.................................................................................................. 33
Quadro 3 - Descrição e categorização das variáveis socioeconômicas e demográficas,
insegurança alimentar familiar e aspectos ligados à criança. Projetos de Assentamento,
Teresina, 2013.......................................................................................................................... 41
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADF - Anemia pro Deficiência de Ferro
AG7 - Aglomerado 7
BA - Bahia
CNS - Conselho Nacional de Saúde
CPT - Comissão Pastoral da Terra
DHAA - Direito Humano a Alimentação Adequada
DP - Desvio Padrão
E/I - Estatura / Idade
EBIA - Escala Brasileira de Insegurança Alimentar
EDTA - Ácido Etileno Diamino Tetracético
FAO - Food and Agriculture Organization
Hb - Hemoglobina
HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana
IA - Insegurança Alimentar
IMC/I - Índice de massa corporal/ idade
INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INDA - Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário
MDS - Ministério do Desenvolvimento Social e Ações Contra a Fome.
MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
P/E - Peso/ Estatura
P/I - Peso/ Idade
PA - Projeto de Assentamento
PNDS – Pesquisa Nacional em Demografia e Saúde
PNSF - Programa Nacional de Suplementação de Ferro
PR - Paraná
SC - Santa Catarina
SISVAN - Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UBS - Unidades Básicas de Saúde
UFPI - Universidade Federal do Piauí
UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância
WHO - World Health Organization
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 15
2 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 18
2.1 ANEMIA................................................................................................................... 18
2.1.1 Conceito, População de Risco e Diagnóstico .......................................................... 18
2.1.2 Consequências e Estratégias de Intervenção ......................................................... 19
2.1.3 Determinantes ....................................................................................................... 20
2.2 MAGNITUDE DA ANEMIA NA POPULAÇÃO INFANTIL EM IDADE PRÉ-ESCOLAR. 22
2.3 ASSENTAMENTO: CONCEITO E CARACTERÍSTICAS ....................................... 25
2.3.1 Um Breve Histórico ............................................................................................... 25
2.3.2 A vida em Assentamento ....................................................................................... 26
3 OBJETIVOS ............................................................................................................... 30
3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 30
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 30
4 METODOLOGIA ...................................................................................................... 32
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO ............................................................................... 32
4.2 LOCAL DO ESTUDO.................................................................................................. 32
4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA ................................................................................... 33
4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO NO ESTUDO .............................................................. 35
4.5 PROTOCOLO DO ESTUDO ....................................................................................... 35
4.5.1 Seleção e treinamento da equipe de campo........................................................... 35
4.5.2 Contato com o assentamento e a comunidade...................................................... 36
4.5.3 Coleta de dados .................................................................................................... 36
4.6 VARIÁVEIS PESQUISADAS ................................................................................. 37
4.6.1 Aspectos socioeconômicos e demográficos ............................................................ 37
4.6.2 Insegurança Alimentar ......................................................................................... 38
4.6.3 Aspectos de saúde da criança................................................................................... 38
4.6.3.1 Estado nutricional (antropometria) ....................................................................... 38
4.6.3.2 Diagnóstico de anemia ........................................................................................ 39
4.6.3.3 Questionário da criança ...................................................................................... 40
4.6.4 Variáveis de interesse no estudo ............................................................................ 40
4.6.4.1 Variável dependente ................................................................................................ 40
4.6.4.2 Variável independente ............................................................................................. 40
4.7 ANÁLISES ESTATÍSTICAS ..................................................................................... 43
4.8 ASPECTOS ÉTICOS ............................................................................................ .... 44
5 RESULTADOS ............................................................................................................... 46
5.1 PERFIL SOCIOECONÔMICO E DEMOGRÁFICO DAS FAMÍLIAS ...................... 46
5.2 INSEGURANÇA ALIMENTAR FAMILIAR ............................................................. 49
5.3 VARIÁVEIS LIGADAS À CRIANÇA ........................................................................ 50
5.4 PREVALÊNCIA DE ANEMIA NAS CRIANÇAS ..................................................... 53
5.5 ANÁLISES BIVARIADAS .......................................................................................... 53
5.5.1 Anemia segundo características socioeconômicas e demográficas e de
insegurança alimentar ......................................................................................................
53
5.5.2 Anemia segundo varáveis ligadas à criança ........................................................... 55
5.6 ANÁLISES MÚLTIPLAS ............................................................................................ 57
6 DISCUSSÃO ................................................................................................................... 61
7 CONCLUSÃO E SUGESTÕES .................................................................................... 70
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 72
ANEXOS ............................................................................................................................ 82
APÊNDICES ...................................................................................................................... 88
Introdução | 15
1 INTRODUÇÃO
A anemia é definida como a redução na concentração de hemoglobina e/ou número de
eritrócitos, capazes de levar o organismo a um quadro de hipoxia tissular, em virtude da baixa
capacidade de transporte de oxigenio. Na prática clínica define-se como a concentração de
hemoglobina inferior ao mais baixo valor recomendado como normalidade, baseado em
inquéritos populacionais epidemiológicos ou valores laboratoriais locais (VIEIRA e
FERREIRA, 2010; MILMAN, 2011).
Segundo a World Health Organization a anemia é a carência nutricional mais
prevalente no mundo. Estimativas referente ao período de 1993-2005, indicam que a doença
afetava 24,8% da população global, sendo as crianças em faixa etária pré-escolar, o grupo
etário mais atingido, com prevalências que variavam de 21,7% na Europa à 67,6% na África.
Nas Américas o percentual encontrado foi de 29,3%, enquanto que no Brasil o valor chegava
a 55% (WHO, 2008).
Embora a carência de nutrientes como as vitaminas A e B12, folato, zinco, cobre e
proteínas estejam associadas à anemia, a deficiência de ferro é a sua maior causadora, sendo
responsável por cerca de 50% a 90% de todos os tipos de anemias existentes, notadamente em
regiões mais pobres. Nesse sentido, no Brasil a anemia é comumente utilizada como proxy
para a anemia por deficiência de ferro, principalmente em virtude da ausência de dados da
magnitude e distribuição geográfica da deficiência de ferro (BRASIL, 2007; LEAL e
OSÓRIO, 2010; MIGLIOLI et al., 2010; OLIVEIRA et al., 2011).
A anemia é uma importante doença, não apenas por sua magnitude epidemiológica,
mas também por suas severas consequências à saúde, especialmente na população infantil, por
comprometer seu crescimento e desenvolvimento físico, aspectos cognitivos e aumentar o
risco de morbimortalidade, entre outras (BORGES et al., 2009; CASTRO et al., 2011).
Embora esteja distribuída de forma endêmica em países de diferentes níveis de
desenvolvimento, sua prevalência é mais acentuada nos contigentes mais pobres da
população, mostrando a sua estreita relação com as condições socioeconômicas e ambientais
negativas (BATISTA-FILHO, 2008; LEAL e OSÓRIO, 2010).
Diversos estudos têm mostrado relação entre as precárias condições ambientais,
socioeconômicas, demográficas, de assistência à saúde da criança, estado nutricional,
insegurança alimentar, presença de morbidades e fatores biológicos, como fatores de risco
para o desenvolvimento de anemia, principalmente nos grupos mais vulneráveis, que são as
mulheres em idade fértil, gestantes e crianças em idade pré-escolar (BORGES et al., 2009;
Introdução | 16
CASTRO et al., 2011; RODRIGUES et al., 2011; GONDIM et al., 2012a; LEITE et al.,
2013).
A população que vive em assentamento comumente sofre com adversidades ligadas ao
próprio ambiente (seca, aridez da terra, geadas, enchentes), que muitas vezes a impede de
utilizar a terra e o que nela produz no seu maior potencial. Além disso, as condições de
infraestrutura e moradia são normalmente precárias, e os serviços de saúde são de difícil
acesso, tornando essa população vulnerável à situação de fome e insegurança alimentar,
trazendo como consequência deficiências nutricionais, que repercutem, por exemplo, em
anemia (BRASIL, 2004; CARNEIRO et al., 2008; SOARES e LOPES, 2011).
Segundo dados do INCRA, em 2012 existiam no Brasil 8.790 assentamentos com
921.225 mil famílias. No Piauí, para o mesmo período, havia 490 projetos de assentamento
(PA), distribuídos nas cinco macrorregiões, com 30.763 famílias residentes. A capital,
Teresina, contava com nove PAs, abrigando 554 famílias (BRASIL, 2012).
Embora não existam inquéritos representativos da situação da anemia em
assentamentos brasileiros, o único dado disponível, com publicação em periódicos nacionais
(CASTRO et al., 2004), sugere que a doença é um importante problema de saúde pública
nesta população. De forma geral, no Brasil, dados da última Pesquisa Nacional de Demografia
e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), realizada em 2006, mostrou persistência da anemia
como problema de saúde pública entre menores de cinco anos no Brasil (20,9%),
principalmente na região Nordeste (25,5%), que apresentou a maior prevalência do país
(BRASIL, 2009).
Diante do exposto, evidencia-se que apesar das inadequadas condições de vida, a que
normalmente estão submetidos grupos populacionais específicos, sejam provavelmente fator
de risco para a ocorrência de anemia, pouco se conhece sobre a saúde e nutrição de crianças
que residem em assentamentos e acampamentos rurais no Brasil (BATISTA-FILHO, 2008;
FIETZ; SALAY; WATANABE, 2010; VIEIRA et al., 2011).
Desse modo, estudos que se proponham a diagnosticar a prevalência da doença e
fatores associados em crianças assentadas são oportunos e de grande relevância.
Considerando-se ainda a inexistência de pesquisas com a população assentada no estado do
Piauí, esse trabalho visa contribuir para uma efetiva avaliação, planejamento e implementação
das políticas públicas de saúde e nutrição nas comunidades assentadas, especialmente para o
grupo infantil.
R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 18
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 ANEMIA
2.1.1 Conceito, população de risco e diagnóstico
Anemia é a condição na qual a capacidade do organismo em carrear oxigênio, é
limitada, devido ao número de células vermelhas do sangue não serem suficientes para
atender as demandas fisiológicas do corpo humano, que variam de acordo com a faixa etária,
sexo, situação biológica (gravidez), comportamento (tabagismo) e altitude na qual o ser
humano reside (WHO, 2011).
Os principais grupos de risco para o desenvolvimento da anemia são as crianças em
idade pré-escolar, as gestantes e as mulheres em idade reprodutiva. Os dois primeiros em
virtude do aumento das necessidades nutricionais em ferro, devido à rápida expansão dos
tecidos, acompanhada pela velocidade de crescimento e aumento de massa eritrocitária, e o
último devido à diminuição dos estoques de ferro ocasionada pela mesnstruação (MILMAN
2011; OLIVEIRA et al., 2011).
A dosagem de hemoglobina (Hb) é o parâmetro indicado pela WHO para o
diagnóstico de anemia, sendo universalmente aceito. No entanto devido à falta de
especificidade e sensibilidade do método, a utilização deste parâmetro isoladamente não é
específica para deficiência de ferro (PAIVA; RONDÓ; GUERRA-SHINOHARA, 2000).
Ainda assim, sua utilização tem se mostrado satisfatória e amplamente utilizada em pesquisas
populacionais, sendo considerado de fácil operacionalização e baixo custo (BRASIL, 2007).
A World Health Organization estabelece como pontos de corte para a anemia em
crianças de seis a 59 meses, valores de hemoglobina abaixo de 11 g/dL, sendo classificado
como anemia grave valores menores que 7 g/dL, moderada entre 7 e 9 g/dL, e leve valores
igual ou acima de 9 g/dL (WHO, 2011). Em relação às crianças menores de seis meses, não
há ainda um consenso aceito internacionalmente para a classificação da anemia, no entanto
estudos realizados com essa população (TORRES et al., 2006; REIS et al., 2010; IANICELLI
et al., 2012) utilizam normalmente o critério Saarinen, que considera anêmica a criança com
hemoglobina menor que 10,3 g/dL (SAARINEN, 1978).
Em termos de importância epidemiológica, a WHO classifica a anemia como
problema de saúde pública quando sua prevalência alcança ou ultrapassa o valor de 5% em
R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 19
uma determinada população, sendo considerado como problema de saúde pública leve,
valores de 5-19,9%; modera, de 20-39,9%; e grave, a patir de 40% (WHO, 2008).
2.1.2 Consequências e estratégias de intervenção
A anemia é considerada como um importante problema de saúde pública, não apenas
devido a sua abrangência epidemiológica, mas também em virtude de seus efeitos deletérios à
saúde, de sua marcante expressão na prática clínica e do impacto socioeconômico causado por
ela (BATISTA-FILHO, 2008).
O inadequado transporte de oxigênio aos tecidos, em virtude da anemia, compromete
em qualquer que seja o ciclo de vida, o metabolismo energético, a produção de hormônios
tireoidianos, a regulação da temperatura corporal, a diferenciação celular, o crescimento, o
desenvolvimento neuropsicomotor, a competência imunológica, a absorção, a
biotransformação, a capacidade de realizar trabalho e o desempenho cardíaco. Na criança
especialmente, o acometimento mental prejudica o desempenho cognitivo, a capacidade de
concentração e, portanto, o rendimento escolar (VIEIRA e FERREIRA, 2010; FERRAZ,
2011).
Levando-se em consideração os aspectos socioeconômicos, os custos da anemia vão
desde o aumento dos gastos públicos e privados em saúde; redução da produtividade, com
perdas econômicas significativas nos países onde há alta prevalência da doença; alcançando
até mesmo consequências sociais, em virtude do aumento da mortalidade materna, fetal e
neonatal, deterioração da qualidade de vida e redução nas taxas de sobrevivência (BATISTA-
FILHO, 2008; PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 2010).
Segundo Szarfarc (2010) embora o panorama da prevalência de anemia e de seus
efeitos adversos à saúde sejam incontestavelmente reconhecidos, o interesse dos governos em
tratá-la como tema de políticas públicas é bastante recente, passando a configurar as
prioridades mundiais de saúde e nutrição, somente após a Reunião de Cúpula de Nova Iorque,
promovida pelas Nações Unidas, em 1990 (UNICEF, 2009).
Em relação ao Brasil, a assinatura em 1992 do compromisso de reduzir em 1/3 a
anemia por deficiência de ferro em pré-escolares e gestantes, até o ano 2003, intensificou
ações de promoção da alimentação saudável, suplementação de ferro para grupos específicos
e enriquecimento de alimentos com ferro, que se traduziram na implantação das políticas de
fortificação compulsória das farinhas de trigo e milho com ferro – 4,2 mg/100g e ácido fólico
(2002/2004) e da suplementação medicamentosa de ferro por meio do Programa Nacional de
R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 20
Suplementação de Ferro – PNSF (2005), que inclui também ações de educação nutricional
(BRASIL, 2007, 2008).
A fortificação de alimentos é segundo a ótica da saúde pública, a adição de um ou
mais micronutrientes que estejam deficientes na dieta da população, a um produto comestível
que seja largamente consumido e regularmente produzido pela indústria alimentícia, com o
objetivo de fornecer o nutriente em deficiência à população-alvo de tal forma, que cubra a
lacuna entre a estimativa de sua necessidade média pelo organismo e a real ingestão e
absorção (PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 2010).
No Brasil a suplementação profilática de ferro do PNSF para o grupo infantil, se dá
por meio da distribuição ininterrupta de sulfato ferroso, através das Unidades Básicas de
Saúde (UBS), a todas as crianças de 6 a 18 meses. A recomendação da estratégia de
intervenção é a administração semanal de 25mg de ferro elementar (5 mL de xarope de sulfato
ferroso), por considerar que doses menores a um maior intervalo de tempo, além de efetivo e
de baixo custo, repercutem positivamente sobre os níveis de hemoglobina, e diminuem os
efeitos colaterais (náuseas, vômitos, constipação, diarreia, fezes escurecidas) de sua
utilização, aumentando a adesão ao programa (CEMBRANEL; DALLAZEN; GONZÁLES-
CHICA, 2013).
O objetivo da intervenção de Educação Alimentar e Nutricional é melhorar a ingestão
e absorção de ferro, por meio do estímulo ao consumo de alimentos-fonte, devendo minimizar
o efeito dos fatores antinutricionais. A estratégia deve ser inserida para apoiar intervenções
específicas de controle da anemia, por se mostrar capaz de melhorar e complementar
efetivamente o impacto de outros programas de intervenção adotados, especialmente aqueles
realizados por meio dos serviços de atenção primária à saúde, visto que mudanças nos hábitos
alimentares são obtidas em longo prazo (BRASIL, 2007; PAN AMERICAN HEALTH
ORGANIZATION, 2010).
2.1.3 Determinantes
Segundo Batista-Filho (2008) a anemia é uma das doenças com descrição mais antiga
na medicina, sendo provavelmente a doença mais difundida no mundo. No entanto, embora o
tema seja estudado há tempos, e por vezes, considerado esgotado, a anemia continua sendo
um problema significativo de saúde pública global, revelando-se em um formidável desafio,
de etiopatogenia não totalmente esclarecida.
R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 21
Diversos fatores, isoladamente ou em associação, têm sido apontados como causas da
anemia, dentre eles a deficiência de ferro tem se destacado como principal motivo para o
desenvolvimento da doença em todo o mundo, embora existam outras causas nutricionais
relacionadas com a mesma. Infecções parasitárias, inflamações agudas e crônicas (malária,
câncer, HIV) e hemoglobinopatias hereditárias também estão incluidas na etiologia da anemia
(WHO, 2008).
A anemia ferropriva é o estágio final do resultado de um desequilíbrio prolongado
entre a ingestão de ferro e os requerimentos do mineral pelo organismo. São considerados
fatores predisponentes para anemia, a interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo,
uso frequente de alimentos inibidores de ferro, ausência no consumo de alimentos fonte do
mineral, baixa escolaridade materna, precárias condições de saneamento básico e infestações
parasitárias (CARVALHO et al., 2010; RODRIGUES et al., 2011).
Para Leal e Osório (2010) a complexidade da anemia e a dificuldade de seu controle
no mundo, levam os estudiosos a investigarem quais as razões de sua elevada prevalência e
quais os fatores de risco associados, considerando para isto a influência dos fatores externos,
visto que inúmeros programas de intervenção focados apenas na ingestão de ferro, não têm
sido suficientes para combater o problema.
Embora a anemia ocorra principalmente em função de fatores nutricionais deficientes,
sua etiologia envolve de fato, além dos aspectos biológicos e hereditários, a influência da
situação econômico-social e de padrões ambientais deficientes, que propiciam ingestão
dietética de baixa qualidade e elevada prevalência de processos infecciosos e parasitários.
Inúmeros trabalhos têm mostrado a associação desses fatores à elevada prevalência de anemia
(LEAL et al., 2011; FROTA, 2013; OLIVEIRA et al., 2013). Na infância, uma série de
determinantes têm se mostrado associados à anemia, dentre eles estão as condições de
assistência à saúde da criança, estado nutricional, presença de morbidades, consumo
alimentar, condições socioeconômicas e variáveis biológicas (ARAÚJO, 2012).
Gondim et al. (2012b) apresentam em seu estudo sobre a magnitude, tendência
temporal e fatores associados à anemia em crianças do estado da Paraíba, uma série de
variáveis que tem se relacionado com o estado nutricional de ferro, tais como: idade da
criança, gênero, peso ao nascer, idade materna, escolaridade dos pais, renda per capita,
condições de moradia e número de pessoas na residência.
Leal et al. (2011) estudando anemia em crianças de 6 a 59 meses, das zonas urbanas e
rural de Pernambuco, encontraram como fatores associados a doença na zona urbana: a renda
familiar, idade e escolaridade materna, condições de moradia, bens de consumo, tratamento
R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 22
da água de beber, tipo de esgotamento sanitário e idade e número de crianças menores de
cinco anos. Já para a área rural, apenas a idade materna e a idade da criança associaram-se
significativamente a doença.
No estudo de Rocha et al. (2012) encontrou-se como fatores determinantes da anemia,
idade inferior a 24 meses e crianças com índice altura/idade abaixo de -1 escore z, sendo que
estas apresentaram duas vezes mais chance de ter anemia do que aquelas crianças com z
escore ≥ – 1. No estudo de Matta et al. (2005) sobre anemia em crianças menores de cinco
anos que freqüentam creches públicas do município do Rio de Janeiro, médias
significantemente mais baixas de z escore para peso/idade e altura/idade foram encontradas
nas crianças anêmicas quando comparadas às não-anêmicas.
Segundo Frota (2013) outra variável de importante associação como fator causal da
anemia, mas que ainda é pouco estudada é a insegurança alimentar. Essa relação pode ser
explicada pelo fato de que as variáveis associadas à insegurança alimentar são em grande
parte as mesmas associadas com a causa de anemia (renda familiar, escolaridade, condições
de moradia, etc.), tornando as crianças, em especial, vulneráveis a ambas as situações
simultaneamente.
A Segurança Alimentar e Nutricional é definida como a garantia ao acesso regular e
permanente a alimentos, em quantidade e qualidade suficientes, obtido por meio socialmente
aceitável, sem comprometer a satisfação de outras necessidades essenciais, de forma que
assegure o bem-estar e saúde dos indivíduos. No Brasil o conceito está baseado no Direito
Humano a Alimentação Adequada (DHAA), referindo-se a um conjunto de condições que se
fazem necessárias para que todo ser humano possa se desenvolver de forma plena e participe
de modo ativo e digno da vida em sociedade (CNSA, 2004; BRASIL, 2006; ABRANDH,
2010).
O conhecimento prévio das condições socioeconômicas, situação nutricional e
alimentar da população, em termos de quantidade e qualidade, são fatores indispensáveis para
o planejamento e execução de estratégias e políticas públicas de combate à fome e aos
agravos dela decorrentes (VIANNA e SEGALL-CORRÊA, 2008; VIEIRA et al., 2011).
2.2 MAGNITUDE DA ANEMIA NA POPULAÇÃO INFANTIL EM IDADE PRÉ-
ESCOLAR
Dados da World Health Organization, publicados em 2008, sobre a prevalência global
de anemia, com base em estudos realizados entre 1993 a 2005, mostraram que 47,4% da
R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 23
população global de crianças em idade pré-escolar eram afetadas pela anemia. Segundo a
publicação, o continente com o maior percentual de anemia era a África, afetando 67,6% das
crianças em idade pré-escolar, seguido da Ásia (sudeste) com 65,5%. Detalhes da publicação,
com a magnitude da anemia por continentes, estão apresentados no quadro1.
QUADRO 1 – Prevalência regional e global de anemia em crianças menores de cinco anos.
REGIÃO PREVALÊNCIA DE
ANEMIA (%)
Nº AFETADOS
(MILHÕES)
ÁFRICA 67,6 83,5
AMÉRICAS 29,3 23,1
ÁSIA (SUDESTE) 65,5 115,3
EUROPA 21,7 11,1
MEDITERRÂNEO ORIENTAL 46,7 0,8
PACÍFICO OCIDENTAL 23,1 27,4
GLOBAL 47,4 293,1 Fonte: Adaptado da WHO (2008).
Na América Latina e Caribe estudo da Pan American Health Organization, realizado
em 2009, sobre a situação da anemia em crianças de 6 a 59 meses, encontrou prevalência
ponderada de anemia de 44,5% para os 25 países estudados, representando 70,5% da
população de crianças nessa faixa etária em toda a região. Considerando-se a prevalência
ponderada para as sub-regiões estudadas, a anemia atingia 33,9% das crianças no
México/América Central, 46,2% na América do Sul e 42,9% no Caribe. Ainda segundo a
pesquisa, no Equador, Haiti, Bolívia e Brasil a anemia é um problema de saúde pública grave
(com prevalência acima de 40%) entre crianças de 6-59 meses (PAN AMERICAN HEALTH
ORGANIZATION, 2010).
No Brasil, são poucos os estudos sobre o tema com representatividade nacional, e não
existem trabalhos que permitam estimar de forma consistente a dimensão do problema. Na
população infantil, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (2006), que avaliou 3.499
crianças menores de cinco anos, apontou 20,9% destas com anemia, sendo a região Nordeste a
mais afetada com o problema (25,5%), seguida do Sudeste (22,6%), Sul (21,5%), Centro-
Oeste (11,0%) e Norte (10,4%) (BRASIL, 2009).
Batista-Filho (2003) apresentando um estudo sobre a transição nutricional no Brasil,
com base em três estudos transversais das décadas de 1970, 1980 e 1990, mostrou que houve
um rápido declínio da prevalência de desnutrição em crianças, enquanto que a prevalência de
anemia continuava elevada, entre 40% e 50%, entre os menores de cinco anos.
R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 24
Nos estudos de Szarfarc et al. (2004) e Spinelli et al. (2005), com crianças menores de
um ano das cinco regiões brasileiras, as prevalências de anemia foram de 55,6% (5146
crianças estudadas) e 65,4% (2715 crianças estudadas), respectivamente. Ambos os trabalhos
utilizaram a mesma metodologia para dosagem de hemoglobina (fotômetro portátil Hemocue)
e mesmo ponto de corte para classificação da doença (Hb <11 g/dL).
Estudos isolados nas diversas regiões do Brasil sobre a magnitude da anemia em
crianças com idade pré-escolar, e que utilizaram a mesma metodologia na determinação da
anemia (fotômetro portátil Hemocue), têm mostrado as seguintes prevalências: na região Sul,
Kmetiuk (2005) encontraram anemia em 42,9% das crianças em creches de Guarapuava (PR);
no Nordeste, Vieira et al (2010) encontraram 45,0% de anemia nas crianças de Alagoas; na
região Norte, Souza et al (2012) encontraram 51,8% de anemia em crianças de Rio Branco
(AC); e no Sudeste, Oliveira et al (2014), encontraram prevalência de 38,3% em crianças de
creches de Belo Horizonte (MG). Os valores apresentados reafirmam que no Brasil a anemia
ainda é um importante problema de saúde pública.
Especificamente para o Estado do Piauí, a literatura traz um único estudo com amostra
representativa em nível estadual, realizado em 1991, com 742 crianças de 2 a 6 anos, no qual
encontrou-se prevalência de anemia de 33,8%, medida através da dosagem de hemoglobina
por método de cianometahemoglobina (PIAUÍ, GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ/
UNICEF, 1992 apud SANTOS, 2002). Outras publicações sobre o tema da anemia no Estado
foram feitas por meio de estudos pontuais na capital Teresina. Moreira-Araújo et al. (2002)
estudando crianças de duas creches da referida cidade encontraram prevalência de anemia de
62,3%, utilizando o método de cianometahemoglobina para a dosagem da Hb. Mais de uma
década depois, Landim (2013), utilizando a mesma metodologia, encontrou prevalencia de
11,5%.
É válido ressaltar que os estudos realizados em Teresina, tinham como foco a
utilização de alimentos biofortificados em ferro e não a estimativa da prevalência de anemia
nas crianças institucionalizadas. Ainda assim, em virtude da ausência de estudos com
delineamento experimental semelhante ao desta pesquisa, é válido a utilização destes dados a
fim de contextualizar minimamente a situação de anemia na população em estudo.
Vieira e Ferreira (2010) estudando a prevalência de anemia em diferentes cenários
epidemiológicos, encontraram nas crianças de creches de diferentes regiões do Brasil, média
ponderada de anemia de 52,0%. Quando as investigações se deram nos serviços de saúde, a
prevalência média ponderada foi de 60,2%, sendo esperado maior ocorrência em virtude da
maior probabilidade de se estudar crianças debilitadas e portadoras de agravos que
R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 25
predisponham a anemia. Em crianças de populações com iniqüidades sociais, os autores
encontraram a maior prevalência média ponderada de anemia, 63,5%. Por fim, nos estudos de
base populacional, a média ponderada foi de 40,1%.
Conforme traz Carneiro et al. (2008) a produção científica no Brasil sobre a população
rural ainda que insuficiente para explicar as complexas relações entre as condições de saúde e
seus determinantes no campo, tem evidenciado de um modo geral um perfil de saúde mais
precário da população rural, se comparada à urbana.
O único estudo brasileiro, disponível em períodico nacional, que avaliou a situação da
anemia em crianças de assentamento mostra que a doença pode ser considerada como um
importante problema de saúde pública nesta população, sendo encontrada prevalência de
anemia de 47,5% no trabalho realizado por Castro et al. (2004) e utilizada como dado no
estudo de Coelho et al. (2005), ambos em assentamentos de Minas Gerais. Ressalta-se a
inexistência de dados ou publicações sobre o tema na população de assentamento em
Teresina.
Observa-se que mesmo com a implantação de estratégias de prevenção e controle da
anemia, adotados pelo Brasil, os índices de anemia entre as crianças brasileiras persistem,
ressaltando-se a necessidade da vigilância nutricional infantil e de uma maior discussão sobre
as alternativas para controle da doença em curto prazo.
2.3 ASSENTAMENTO: CONCEITO E CARACTERÍSTICAS
2.3.1 Um breve histórico
No Brasil, ao longo de sua história, pouco se deu importância à concentração de terras
e a necessidade de redistribuição por meio de reforma agrária, poucos foram os governos que
criaram políticas no intuito de resolver estas questões, que são consequências de um processo
de colonização e ocupação territorial que favorecia ao latifúndio, além do modelo capitalista
pelo qual avançou a produção no campo, trazendo sérios problemas sociais como a exclusão,
desemprego, exploração, destruição e assalariamento do campesinato e concentração de renda
(FILHO, 2011).
Os movimentos sociais surgiram então, nas décadas de 50 e 60, em resposta a
despreocupação dos governantes brasileiros com a questão agrária, tornando-se uma forma de
pressioná-los a tomarem medidas que beneficiasse os agricultores familiares (RODRIGUES e
ALENCAR, 2010).
R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 26
No período do governo militar (1964-1984) criou-se então, o Instituto Nacional de
Desenvolvimento Agrário (INDA), em virtude da aprovação do Estatuto da Terra. Esse órgão
mais tarde sofreu transformações e passou a ser o Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (INCRA), em 1970, recebendo a partir de então as atribuições de definir as
terras destinadas à reforma agrária, negociar o imóvel, fazer o cadastro das famílias que
receberiam os lotes, assim como organizar os créditos e benefícios a estes destinados
(SANTOS, 2011).
No final do período militar nasce o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST), que na realidade deu-se pela unificação de vários movimentos populares de luta pela
terra já existentes, e que na época da ditadura (primeira metade da década de 80),
promoveram várias ocupações de terras nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul,
Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul (MIRALHA, 2006).
O MST recebeu apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Rio Grande do Sul e
no cenário nacional ganhou repercussão em meados da década de 90, ganhando apoio da
população. Oficialmente sua fundação se deu durante o I Encontro Nacional do Movimento
dos Trabalhadores rurais Sem Terra, em Cascável (PR) em 1984. Apresenta como objetivos
principais, a luta pela terra, pela reforma agrária e por uma sociedade mais justa e fraternal,
constituindo-se no principal movimento social de luta pela terra atualmente estabelecido no
Brasil (COMPARATO, 2001; SANTOS, 2011).
A categoria assentado emergiu no País a partir da década de 1980, devido a
intervenções do governo federal em resposta aos problemas ligados à luta pela posse da terra,
enfrentados pelas diferentes organizações trabalhistas, e que pressionavam o governo com o
intuito da concessão do título da terra. Neste sentido a denominação assentado é atribuída pela
própria política de governo, como um programa específico de reforma agrária, utilizado pelo
Brasil desde a Nova República (COSTA, 2006).
2.3.2 A vida em Assentamento
Para que se possa entender como é organizada a vida em assentamento e suas
características inerentes, é necessário que se compreenda o que este significa. Neste sentido
Neves (1999), abordando o aspecto psicossocial e as relações comunitárias, define o
assentamento com a seguinte proposição:
O assentamento constitui uma unidade social local de construção de identidades de
pertencimento, a partir da vivência de experiências comuns (...). Expressa ainda
efeitos de que a aquisição da terra assegura benefício, cuja possibilidade depende de
R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 27
intervenções imediatas ou anunciadas por uma autoridade estatal, de rede de
relações onde interagem seus demandantes, opositores, apoiadores e mediadores
(s/p).
O assentamento pode ser ainda conceituado, como a criação de novos espaços
agrícolas, por intermédio de políticas públicas governamentais a trabalhadores rurais que
possuem pouca ou nenhuma terra, como meio de reforma agrária, fixando o trabalhador nestas
terras e por meio da qual promoverão seu desenvolvimento econômico e estabelecimento de
relações comunitárias (BERGAMASCO, 1998).
A consolidação do assentamento traz consigo um novo processo recheado de
demandas e mudanças que começam a surgir, como saúde, educação, condições de moradia,
estradas e transporte; condições que são de grande impacto interno nos assentame ntos então
implantados (RAMALHO, 2002).
Um estudo sobre a Reforma Agrária (1999), com o intuito de identificar a situação de
saúde dos assentamentos e acampamentos do Brasil, conforme apresentado por Scopinho
(2010), demonstrou como a falta de saneamento básico (acesso a rede de água, esgoto e coleta
de lixo) contribuía no alastramento das doenças infecciosas e parasitárias. A pesquisa trouxe
ainda a precariedade das condições de trabalho e a dificuldade de acesso aos serviços de
saúde. Não havia programas e ações de planejamento familiar, saúde da mulher e os
coeficientes de mortalidade e morbidade, tanto geral quanto infantil, eram superiores a média
nacional.
Peixoto (2002) traz que desde 1995 o INCRA vem adotando o princípio do
planejamento sustentável na implantação de assentamentos. A falta de apoio mais consistente
da parte governamental, principalmente desde as ações iniciais de reforma agrária do I Plano
Nacional de Reforma Agrária, gerou um acúmulo de demandas de infraestrutura e
organização interna, produção, saúde e educação nos assentamentos implantados.
No estudo de Ferreira et al (2002) em favela do movimento dos “Sem Teto”, Alagoas,
foram encontradas condições de vida de extrema miséria. Todos os domicílios eram feitos de
barracos de caibros cobertos com papelão, não havia água encanada em domicílio e nem
banheiros, sendo os dejetos jogados ao ar livre; havia uma prevalência de analfabetismo entre
as mulheres e a renda familiar era baixa.
Scopinho (2010), estudando um assentamento de Ribeirão Preto (SP), encontrou
dificuldades relacionadas com a falta de condições adequadas para produção e
comercialização, e aspectos de infraestrutura que viabilizam a vida social, como estradas,
transporte, educação, energia elétrica e assistência à saúde.
R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 28
A pesquisa do INCRA (2010), sobre a qualidade de vida, produção e renda dos
assentamentos da reforma agrária mostra que em relação ao saneamento básico, 76% dos
assentados se utilizavam de fossa (rudimentar ou não) e apenas 1,14% tinham acesso à rede
de esgoto. As principais queixas eram em relação às condições de estrada e vias de acesso aos
lotes e serviços de saúde. Houve uma percepção de melhoria das condições de vida pelos
assentados em relação à moradia (73,5%), alimentação (65,86%), educação (63,29%), renda
(63,9%) e saúde (47,28%) quando comparadas com a vida antes do assentamento (BRASIL,
2010).
Para Santos (2011), a identificação de melhoria das condições gerais de vida que o
assentamento proporciona em comparação a outras formas de moradias, como os
acampamentos, não significa que os problemas de saúde, moradia e trabalho estejam
superados, pois a recorrente morosidade dos programas de governo e a falta de recurso
financeiro dos trabalhadores, associada com a subordinação destes ao mercado, normalmente
reduzem suas capacidades competitivas, diminuindo o ganho, aumentando a espoliação do
trabalho e, portanto, contribuindo para as precárias condições de vida e saúde nas localidades
de reforma agrária.
As políticas públicas relacionadas à reforma agrária, embora minimizem a pobreza que
afeta estes trabalhadores, não vem contribuindo na diminuição das desigualdades sociais e
fortalecimento da autonomia política dos sujeitos, o que justifica a importância da vigilância
nutricional para este grupo, visto o risco de insegurança alimentar e carências nutricionais
advindos da prevalente condição insatisfatória da vida em assentamento (SCOPINHO, 2010).
Objetivos | 30
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Investigar a prevalência de anemia e os fatores associados em crianças menores de
cinco anos de assentamentos rurais de Teresina.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Descrever as características socioeconômicas e demográficas da população em estudo;
Determinar a concentração de hemoglobina das crianças;
Avaliar a situação de segurança alimentar intrafamilar;
Diagnosticar o estado nutricional das crianças com base na antropometria;
Avaliar a associação da anemia com os aspectos socioeconômicos e demográficos, a
insegurança alimentar e o estado nutricional das crianças assentadas.
Metodologia | 32
4 METODOLOGIA
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO
Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, com enfoque quantitativo,
descritivo e analítico, realizado em domicílios dos Projetos de Assentamentos (PA) do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) da cidade de Teresina, Piauí.
4.2 LOCAL DO ESTUDO
Teresina está localizada no centro norte do estado do Piauí, ocupando uma área de
1.765,18 km². A população estimada em 2013 era de 836.475 habitantes, com densidade
demográfica de 584,94 habitantes/Km2. Em 2010, o Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) da cidade, foi de 0,751 (faixa de desenvolvimento humano alto - IDHM entre 0,7 e
0,799), ocupando a melhor posição no Estado do Piauí e a 526ª posição no Brasil. Em relação
a desigualdade social, Teresina apresentou índice de Gini de 0,61 em 2010 (numericamente, o
índice varia de 0 a 1, e quanto mais próximo de zero, melhor é a distribuição da renda). A
renda média per capita e a extrema pobreza, em 2010, foram R$757,57 e 4,44%,
respectivamente (PNUD, 2013; IBGE, 2014).
Segundo a classificação em regionalização de terras feita pelo INCRA no Estado do
Piauí, com base na Lei complementar nº 87 de 22 de Agosto de 2007, Teresina pertence ao
Aglomerado 7 (constituído por 10 municípios), que está inserido no território de
desenvolvimento Entre Rios, pertencente a macrorregião denominada Meio-Norte. Ainda
segundo a Coordenação Geral de Implantação do INCRA/PI, no ano de 2012, Teresina
possuía nove projetos de assentamento (PA), contando ao todo 475 famílias beneficiadas em
uma área total de 6.746,97 hectares, sendo eles: PA Fazenda Nova (21 famílias), PA Santana
Nossa Esperança (146 famílias), PA 17 de Abril/Junco (80 famílias), PA Olga Benário (41
famílias), PA Vale da Esperança (62 famílias), PA Passagem de Santo Antônio (8 famílias),
PA Nossa Vitória (64 famílias), PA Santa Helena I (13 famílias) e PA Limoeiro (40 famílias).
Esses assentamentos foram criados entre os anos de 2005 e 2008, predominantemente por
meio da desapropriação de terras.
O quadro 2 traz as principais características dos PA’s estudados:
Metodologia | 33
Quadro 2: Caracaterização dos Projetos de Assentamento de Teresina, segundo dados de
implantação e implementação.
PA Área (ha) Nº
famílias
Ato de
Criação
Data de
criação
Fase de
Implementação
Forma de
Obtenção
Fazenda Nova 425,63 21 Ret nº 24 01/08/2005 03 Desapropriação
Santana Nossa
Esperança 1.479,09 146 Port. nº 38 25/08/2005 03 Desapropriação
17 de Abril 1.014,69 80 Port. nº 48 13/09/2005 03 Desapropriação
Olga Benário 1.072,4 41 Port. nº 00063 24/11/2005 03 Desapropriação
Vale da
Esperança 1.162,47 62 Port. nº 04 01/03/2006 03 Desapropriação
Passagem de
Santo Antônio 53,40 08 Port. nº 21 13/12/2007 03 Compra
Nossa Vitória 613,29 64 Port. 09 26/05/2008 03 Transferência
Santa Helena I 174,0 13 Port.18 11/11/2008 03 Doação
Limoeiro 752,0 40 Port. nº 26 20/11/2008 03 Desapropriação
Total 6.746,97 475 - - - -
Fonte: Dados da Coordenação Geral de Implantação (DTI/SIPRA), INCRA (2012).
4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA
O universo do estudo é formado por todas as crianças menores de cinco anos
residentes nos assentamentos rurais de Teresina. Devido à indisponibilidade de dados sobre a
população infantil desses assentamentos e por motivos éticos (benefício da pesquisa à
comunidade), os pesquisadores optaram por trabalhar com toda a população infantil na faixa
etária da pesquisa.
O levantamento do número de crianças elegíveis para o estudo foi realizado pelos
pesquisadores durante o período de coleta de dados, por meio de informações da Associação
de Moradores, dos líderes comunitários e/ou de visita às residências. A população infantil
menor de cinco anos, residentes nos PA’s era de 143 crianças.
A amostra do estudo foi constituída por todas as crianças menores de cinco anos, cujos
responsáveis legais autorizaram formalmente a participação na pesquisa e cujas crianças por
meio do termo de assentimento, concordaram em fazer parte do estudo (somente para crianças
Metodologia | 34
maiores de um ano). Da população total de crianças houve três recusas dos responsáveis em
participar da pesquisa e o número de perdas durante a execução da mesma foi de nove
crianças, correspondendo ao final em uma amostra de 131 crianças, com 6,3% de perdas e
2,1% de recusas. Considerou-se como perda, quando os pesquisadores, após quatro visitas ao
assentamento, em dias previamente agendados, não encontraram os responsáveis legais pelas
crianças no domicílio. Os principais motivos de perda foram: responsáveis pelas crianças
ausentes do assentamento e mudança de endereço durante o período da coleta de dados.
Diferente desse estudo, pesquisas em comunidades de assentamento relataram perdas
elevadas de amostra (em torno de 20%), e em semelhança a este trabalho, devido à
dificuldade de localização das famílias e alta rotatividade dentro dos PA’s (FERREIRA et al.,
2002; MELLO, 2008).
A figura 1 traz o fluxograma de obtenção da população do estudo, com o total de
crianças por assentamento e suas respectivas perdas e recusas.
Metodologia | 35
4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO DO ESTUDO
Ser criança assentada com idade inferior a cinco anos, cujos pais tenham aceitado sua
participação na pesquisa por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE – Apêndice D) e cuja criança tenha concordado em participar do estudo
por meio do Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (Apêndice E); e ainda que não
possuísse deficiência física que impossibilitasse a verificação de suas medidas
antropométricas.
4.5 PROTOCOLO DO ESTUDO
4.5.1 Seleção e treinamento da equipe de campo
Foram selecionados para participar do estudo, por meio de entrevista com a
coordenadora da pesquisa, oito alunos do curso de Nutrição da Universidade Federal do Piauí
(UFPI) e quatro nutricionistas recém-formadas, além das coordenadoras de campo (duas
mestrandas com projetos a serem desenvolvidos em comunidade de assentamento, orientadas
pela coordenadora dessa pesquisa). Toda a equipe de campo foi uniformizada com camisetas
para melhor identificação por parte da população dos assentamentos.
Cada equipe de pesquisadores era composta por um nutricionista, supervisor de
campo, e dois estudantes de nutrição; todos subordinados à coordenação de campo. A coleta
de dados iniciou-se com quatro equipes, mas ao longo do estudo apenas duas permaneceram,
sendo então agrupadas com um supervisor e de um a dois estudantes por equipe, totalizando
seis pesquisadores.
O treinamento dos pesquisadores ocorreu em duas etapas: i) treinamento teórico-
prático para padronização da técnica de aplicação dos questionários, e; ii) treinamento teórico-
prático para padronização das técnicas antropométricas de medição de peso e estatura das
crianças, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde, por meio do Sistema de Vigilância
Alimentar e Nutricional - SISVAN (2005). O treinamento foi ministrado pelas coordenadoras
de campo, que elaboraram e disponibilizaram às equipes, o Manual de Campo no intuito de
obter-se padronização na coleta dos dados. Os questionários foram adaptados durante os
treinamentos à medida que dúvidas e sugestões foram surgindo.
Metodologia | 36
4.5.2 Contato com o assentamento e a comunidade
O contato inicial dos pesquisadores com os assentamentos deu-se por meio de visita
pré-agendada, com a liderança de cada comunidade (representantes do MST, presidentes de
associações, entre outros) por meio de um técnico do INCRA, que participava da reunião a
fim de intermediar a aproximação dos pesquisadores com a comunidade assentada e de
auxiliar na assimilação da estrutura organizacional, reconhecimento do local, estilo de vida e
funcionamento do assentamento.
Nesta visita os pesquisadores (apenas os responsáveis pela pesquisa) explicavam aos
líderes locais, do que se tratava a pesquisa, seus objetivos, importância e como pretendiam
executá-la; firmando parceria com estes para divulgação e apoio logístico do trabalho. Ainda
na primeira visita acordava-se com a liderança local, data para reunião com toda a
comunidade alvo do estudo.
A segunda visita aos assentamentos dava-se para reunião com a comunidade para
apresentar a pesquisa e convidá-los a participar. Neste momento os contatos e endereços dos
moradores eram cadastrados pela equipe da pesquisa, agendando-se visita domiciliar para
aplicação de questionários. Para estas reuniões foi elaborado folder explicativo da pesquisa,
contendo uma síntese dos seus principais aspectos e o contato dos pesquisadores.
4.5.3 Coleta de dados
A coleta de dados em campo ocorreu entre os meses de maio e outubro de 2013. O
período relativamente grande para a coleta de dados deu-se em virtude de dificuldades de
acesso a alguns assentamentos (construção de Rodoanel na via de acesso a alguns
assentamentos), ausência das famílias no assentamento e a distância dos mesmos. Fietz,
Watanabe e Salay (2010) relatou dificuldade semelhante em estudo com comunidade de
assentamento, sendo o tempo de coleta de dados semelhante ao desta pesquisa.
A visita aos assentamentos não seguiu um roteiro previamente estabelecido, devido à
dificuldade de contatar os representantes de cada comunidade, ocorrendo então à medida que
o técnico do INCRA conseguia fazê-lo, por meio telefônico ou por ocasião da visita desses ao
órgão federal. Vale destacar a distância de algumas localidades da zona urbana de Teresina
(40 a 70 km) e ausência ou precariedade da linha telefônica. Os assentamentos visitados
foram em ordem: Santana Nossa Esperança, Vale da Esperança, Santa Helena I, Limoeiro,
Nossa Vitória, 17 de Abril, Passagem de Santo Antônio, Fazenda Nova e Olga Benário.
Metodologia | 37
A coleta de dados da pesquisa foi dividida em dois momentos. No primeiro momento,
os pesquisadores dirigiam-se aos domicílios dos assentados para coleta da assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e Termo de Assentimento Livre e Esclarecido
pelos responsáveis das crianças e por estas, respectivamente. Aplicavam então o Questionário
Socioeconômico e a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar.
No segundo momento da pesquisa, realizou-se a aferição antropométrica das crianças,
colhieta de sangue e aplicação do Questionário da Criança (Apêndice C). Os responsáveis
pelas crianças eram informados previamente sobre o(s) dia(s), o horário e o local da pesquisa,
sendo este no próprio assentamento, em igrejas, capelas, sede da Associação de Moradores,
entre outros. Também eram comunicados a levarem a Caderneta de Saúde da Criança. Vale
ressaltar que se considerou a disponibilidade de tempo dos responsáveis pelas crianças para o
agendamento desta fase da pesquisa, sendo por isso, incluídos domingos e feriados, quando
necessários.
Ao final de cada dia de trabalho, os pesquisadores revisavam os formulários aplicados
e os entregavam aos coordenadores de campo que verificavam os dados preenchidos e os
codificavam, a fim de evitar falhas no preenchimento, que quando detectadas ocorria o
retorno ao domicílio. A primeira semana em campo foi utilizada como um piloto da pesquisa,
sendo feitas as adaptações necessárias nos questionários e ambientação da equipe com o local
e a estratégia de ação.
4.6 VARIÁVEIS PESQUISADAS
4.6.1 Aspectos socioeconômicos e demográficos
Os dados socioeconômicos e demográficos foram levantados através da aplicação de
formulário (Apêndice A) a um dos chefes da família, abordando questões relativas às
condições ambientais e de moradia: tipo de construção do domicílio, número de cômodos,
aglomeração de pessoas/cômodo, presença de água encanada, uso de banheiro/sanitário,
destino dos dejetos sanitários e lixo doméstico; e as condições econômicas e demográficas:
sexo do chefe da família, ocupação do chefe da família, escolaridade dos responsáveis pelas
crianças, idade materna, tamanho da família, renda familiar e renda per capita, classe
econômica, acesso ao serviço de saúde e participação em programas governamentais de
transferência de renda.
Metodologia | 38
Quanto a classificação das famílias em termos de classe econômica, adotou-se os
critérios estabelecidos pela Associação Brasileira de Empresas e Pesquisas (ABEP, 2013).
Essa classificação prevê originalmente sete classes decrescentes de poder aquisitivo (A, B1,
B2, C1,C2, D e E).
4.6.2 Insegurança alimentar
A prevalência de insegurança alimentar foi estimada por meio da aplicação da Escala
Brasileira de Insegurança Alimentar – EBIA (anexo A), ao responsável pela criança que tinha
conhecimento das condições alimentares no domicílio. A escala contém 15 perguntas relativas
à segurança alimentar percebida pela família nos últimos três meses, com a possibilidade de
resposta “sim” ou “não”; e atribui a cada resposta positiva do questionário o valor de “um
ponto”, cujo somatório leva a um escore, que classifica os domicílios com menores de 18
anos, conforme metodologia proposta e validada para o Brasil (SEGALL-CORRÊA et al.,
2004), em situação de segurança alimentar, nenhuma resposta positiva ou zero pontos;
insegurança alimentar leve, 1 a 5 pontos; insegurança alimentar moderada, 6 a 10 pontos; e
insegurança alimentar grave, 11 a 15 pontos. Foi utilizado o sistema de filtro desse
instrumento, encerrando-se a pesquisa quando às respostas dos entrevistados foi negativo às
quatro primeiras perguntas da escala, o que indica a pouca possibilidade de convivência da
família com a situação de insegurança alimentar.
4.6.3 Aspectos de saúde da criança
Foi realizado por meio da avaliação antropométrica do estado nutricional das crianças,
diagnóstico de anemia e aplicação do Questionário da Criança (Apêndice C), que continha
perguntas referentes aos dados biológicos da criança, aleitamento materno, presença de
morbidades e uso de suplementos vitamínicos e/ou sulfato ferroso e frequência da criança a
creche/escola.
4.6.3.1 Estado nutricional (antropometria)
A avaliação antropométrica das crianças foi realizada por meio da obtenção de
medidas de peso e estatura por uma dupla de antropometristas, treinados e padronizados
Metodologia | 39
segundo os procedimentos técnicos recomendados pela World Health Organization (WHO,
1995) e adotado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2008). Um dos avaliadores ficou
responsável pela aferição das medidas e o outro pela anotação destas em instrumento próprio
da pesquisa (Apêndice B).
Todas as medidas foram realizadas em duplicatas, sendo tomada uma terceira medida
apenas quando a diferença entre as duas primeiras medidas era superior a 100 g (na aferição de
peso) e 1,0 cm (na aferição da estatura). A média de cada medida foi utilizada para análise. O
peso foi obtido através de balança digital (Marca Plena®) com capacidade para 150 Kg e
precisão de 100g, com as crianças usando apenas roupa íntima. Para as crianças de colo, o peso
foi obtido através da pesagem desta nos braços do responsável, cujo peso foi deduzido do peso
total.
Para aferição da estatura, as crianças menores de dois anos, foram medidas em decúbito
dorsal, com as pernas juntas e em extensão, através de infantômetro (manufaturado) fabricado
para a pesquisa, com amplitude de 100 centímetros e subdivisões em milímetros. As crianças
maiores de dois anos foram medidas em pé e descalças, utilizando-se estadiômetro (SECA 206
®) com amplitude de 2,20 m e subdivisões em milímetros, fixado em suporte de madeira rígido
e nivelado, contendo base para apoio dos pés. Este suporte foi elaborado a fim de que se
evitasse problema na aferição da estatura, quando o local para esta não possuísse paredes, ou
mesmo chão não nivelado.
A partir das medidas antropométricas (peso e estatura) as crianças foram classificadas
pelos índices estatura/idade (E/I); peso/idade (P/I); peso/estatura (P/E) e IMC/idade (IMC/I)
expressos em escore-Z, calculados com o auxílio do software Anthro versão 3.2.2 (WHO,
2011b). O padrão de crescimento infantil utilizado como referência para classificação das
medidas de peso e estatura foi o da World Health Organization (2006), adotando-se os pontos
de corte para categorização dos resultados: Desnutrição: < -2 escores Z; risco nutricional: -2
escores Z a < -1 escores Z; adequado: -1 escore Z a 2 escores Z; excesso de peso: ≥ 2 escores Z.
4.6.3.2 Diagnóstico de anemia
Para o diagnóstico de anemia foram coletados 2 mL de sangue venoso periférico. A
colheita de sangue foi realizada nos Assentamentos, no horário matinal, por técnico em
laboratório, com experiência na área, principalmente com crianças, sob a supervisão dos
pesquisadores deste estudo. As amostras de sangue foram depositados em tubos com
Metodologia | 40
anticoagulante EDTA e colocadas em caixas de isopor com gelo reciclável e transportadas para
o laboratório de análises clínicas do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí,
em Teresina, imediatamente após o término das colheitas e mantendo-se a cadeia de frio.
As concentrações de hemoglobina foram determinadas em contador automático XS-
1000i SysmexTM
(Japão). Foram consideradas anêmicas as crianças menores de seis meses com
valores de Hb < 10,3 g/dL (padrão SAARINEN, 1978) e as crianças entre seis e 59 meses com
Hb < 11,0 g/dL (WHO, 2008). Classificou-se a severidade da doença como anemia leve (Hb ≥
9-10,9 g/dL), anemia moderada (Hb ≥ 7-8,9 g/dL) e anemia grave (Hb < 7 g/dL).
4.6.3.3 Questionário da Criança
As informações sobre a criança foram obtidas por meio da Aplicação do Questionário
da Criança (Apêndice C), a um dos responsáveis pela mesma. Os dados de identificação da
criança (nome, data de nascimento e gênero) foram coletados no Cartão de Saúde da Criança
ou na Certidão de Nascimento e o recebimento de vitaminas e minerais pelo posto de saúde
foram pegos no Cartão de Saúde da Criança. Outras informações como criança frequentando
escola, morbidades nos últimos 15 dias e uso de suplementos vitamínicos ou medicamentos e
aleitamento materno foram obtidos segundo relato do entrevistado.
4.6.4 Variáveis de interesse no estudo
4.6.4.1 Variável dependente
A variável dependente foi a ocorrência de anemia nas crianças.
4.6.4.2 Variáveis independentes
Foram analisadas variáveis socioeconômicas e demográficas e de insegurança
alimentar das famílias, variáveis do estado nutricional, aleitamento materno, fatores
biológicos e intercorrências de saúde das crianças.
Para a categorização das variáveis foram consideradas suas especificidades e
descrição na literatura, conforme é apresentado no quadro 03.
Metodologia | 41
Quadro 3 - Descrição e categorização das variáveis socioeconômicas e demográficas,
insegurança alimentar familiar e aspectos ligados à criança. Projetos de Assentamento,
Teresina, 2013.
VARIÁVEIS CATEGORIAS
(ANÁLISE DESCRITIVA)
CATEGORIAS
(ANÁLISE BIVARIADA)
Aspectos Socioeconômicos e Demográficos 1
Sexo chefe da família Sexo da Criança
Masculino Feminino
Masculino Feminino
Idade das crianças (meses)
0-5 6-11 12-23 24-35 36-47 48-59
< 24 ≥ 24
Tipo de construção do domicílio# Taipa
Alvenaria inacabada Alvenaria acabada
Taipa/alvenaria inacabada Alvenaria acabada
Nº de cômodos 1 a 4 ≥5
1 a 4 ≥5
Existência de água encanada Sim
Não
Sim
Não
Uso de banheiro/sanitário Exclusivo da residência
Comunitário Não dispõe
Sim Não
Destino dos dejetos Sanitários Fossa
Céu aberto Não dispõe
Céu aberto Fossa
Destino do lixo doméstico
Coleta pública Céu aberto Queimado Enterrado
Outro
Coleta pública (sim ou não)
Acesso ao serviço de saúde
Posto de saúde no assentamento Posto de saúde no município
Hospital do município Inexistente
Hospital particular
- ***
Escolaridade materna (anos de estudo)
Escolaridade paterna (anos de estudo)
≤ 4 5-8
9 anos e +
≤ 4 5-8
9 anos e +
Idade materna (anos)
< 20
20 a 29 ≥ 30
< 20
20 a 29 ≥ 30
Ocupação chefe da família (ramo de atividade)
Agricultura/extrativismo/criação de animais
Dona de casa/desempregado Construção civil
Comércio/Indústria/serviço Outra
Renda fixa (sim ou não)
Tamanho da família
Até 4 pessoas 5 a 6 pessoas
7 ou + pessoas
Até 4 pessoas 5 a 6 pessoas
7 ou + pessoas
Número de pessoas por cômodo do domicílio
< 1 pessoa/cômodo 1 |- 2 pessoas/cômodo 2 |-3 pessoas/cômodo
< 1 pessoa/cômodo 1 |- 2 pessoas/cômodo 2|-3 pessoas/cômodo
Renda familiar (Salário mínimo)*
< 1 1 a 2 > 2
< 1 1 a 2 > 2
Renda per capita (Salário mínimo)*
< 0,25 0,25 -0,50
≥ 0,50
< 0,25 0,25 -0,50
≥ 0,50
(Continua)
Metodologia | 42
VARIÁVEIS CATEGORIAS
(ANÁLISE DESCRITIVA)
CATEGORIAS
(ANÁLISE BIVARIADA)
Aspectos Socioeconômicos e Demográficos 1
Classe econômica2 D e C E
D e C E
Auxílio governamental
Sim
Não
Sim
Não
Anemia na Criança3
Ocorrência de anemia Não anêmica Anemia leve
Anemia moderada/grave
Sim
Não
Insegurança Alimentar Intrafamiliar4
Escala Brasileira de Insegurança Alimentar
Segurança Insegurança leve
Insegurança Moderada Insegurança grave
Segurança/Insegurança leve Insegurança Moderada/grave
Variáveis da Criança
Estado Nutricional5
- Peso para Estatura (P/E)
Baixo peso Risco para baixo peso
Normal Risco para excesso de peso
Excesso de peso
Baixo peso Risco para baixo peso
Normal Risco para excesso de peso
Excesso de peso
- Peso para Idade (P/I)
Baixo peso Risco para baixo peso
Normal
Risco para excesso de peso Excesso de peso
Baixo peso Risco para baixo peso
Normal
Risco para excesso de peso Excesso de peso
- Estatura para Idade (E/I)
Baixa estatura Normal
Risco para alta estatura Alta estatura
Baixa estatura Normal
Risco para alta estatura Alta estatura
- IMC para idade (IMC/idade)
Baixo peso Risco para baixo peso
Normal Risco para excesso de peso
Excesso de peso
Baixo peso Risco para baixo peso
Normal Risco para excesso de peso
Excesso de peso
Questionário da Criança1
- Uso de sulfato ferroso últimos 6
meses
Sim
Não
Sim
Não
- Uso de complexo vitamínico/mineral últimos 3 meses
Sim Não
Sim Não
- Intercorrências de saúde nos últimos 3 meses
Diarreia (sim ou não) Parasitoses (sim ou não)
Doenças respiratórias (sim ou não)
Outras (sim ou não)
Diarreia (sim ou não) Parasitoses (sim ou não)
Doenças respiratórias (sim ou não)
Outras (sim ou não)
- Aleitamento Materno Total (meses)
< 3 3-5 6-12 > 12
< 3 meses 3-5 meses
6-12 meses > 12 meses
- Aleitamento Materno Exclusivo (meses)
< 1 mês ou nunca 1-5 meses 6 meses
> 6 meses
< 1 mês ou nunca 1-5 meses 6 meses
> 6 meses
- Criança institucionalizada em creche ou escola **
Sim Não
Sim Não
1 - Baseado em Castro et al. (2011), Gondim et al. (2012), Leal et al. (2011), Miglioli et al. (2010) e Oliveira et al. (2010).
2- ABEP, 2013; 3- WHO (2008); 4- EBIA (SEGALL-CORRÊA, et al., 2004); 5- WHO (2006);
* Salário mínimo vigente em 2013: R$ 678,00
** Criança institucionalizada em creche ou escola: variável analisada para todas as crianças independentemente do fato de terem ou
não idade de serem aceitas pela creche ou escola.
*** Não foi realizada análise bivariada por não se tratar de risco para a ocorrência de anemia.
(continuação)
Metodologia | 43
4.7 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Os dados foram analisados com a utilização dos aplicativos: Statistical Package for the
Social Science (SPSS), versão 20.0 e R-Projc, versão 3.0.2. A análise dos dados constaram de
etapas univariada, bivariada e múltipla. Ressalta-se que as variáveis abertas foram
categorizadas, a fim de viabilização das análises estatísticas e que a ocorrência de anemia foi
a variável dependente em todas as análises. Para todos os testes estatísticos adotou-se o nível
de significância de 5% (p<0,05).
Desse modo, no primeiro momento utilizou-se de análise descritiva univariada
(frequências, medidas de tendência central e dispersão) a fim de caracterizar a população do
estudo. No segundo momento, utilizou-se de análise bivariada a fim de verificar a associação
entre as variáveis estudadas e a ocorrência de anemia, identificando os potenciais fatores
predisponentes para a ocorrência da doença. Nesta etapa utilizou-se o teste qui-quadrado de
Pearson (χ2) ou o teste exato de Fisher, conforme adequação, para as variáveis qualitativas
(ARMITAGE; BERRY; MATHEWS, 2002; PESTANA; GAGEIRO, 2003) e o teste de t de
Student para comparar as médias das variáveis quantitativas. Foi utilizado o teste de
Kolmogorov-Sminorv para verificar a normalidade das variáveis.
Por fim, para determinação das variáveis independentes associadas a anemia, utilizou-
se Regressão de Poisson Múltipla (RPM), explicando o efeito conjunto das variáveis sobre a
característica de interesse (anemia). O critério para inclusão de variáveis no modelo Poisson
foi a associação das características socioeconômicas/demográficas e das variáveis ligadas à
criança com a anemia ao nível de p˂0,20 na análise bivariada (HOSMER; LEMESHOW,
2000). O critério de significância das variáveis no modelo, por sua vez, foi associação em
nível de p˂0,05.
O modelo final de Regressão de Poisson Múltipla foi ajustado pelo método Enter, que
força a entrada de todas as variáveis no modelo, uma vez que a finalidade é explicar, não
prever ou classificar futuros casos (AYÇAGUER; UTRA, 2007). O teste de
multicolinearidade necessário para a RPM foi realizado pelo VIF (Variance Inflation Factor),
adotando-se como ponto de corte para o diagnóstico de multicolinearidade um VIF acima de
quatro (GARSON, 2010), não tendo sido detectada multicolinearidade entre as variáveis
estudadas.
Metodologia | 44
4.8 ASPECTOS ÉTICOS
O Estudo foi realizado conforme a legislação de ética em pesquisa para seres humanos
(Resolução 466/2012, CNS 2012). O projeto foi apresentado ao Instituto Nacional de
Colonização e Reforma agrária (INCRA/PI) do qual obteve Carta de Anuência para realização
do trabalho (Anexo C) e foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Piauí, com o parecer nº 383.869.
Os responsáveis das crianças participantes do estudo assinaram os termos de cientes e
concordantes com a realização da pesquisa. O original dos termos ficava com os
pesquisadores e uma cópia deste era disponibilizada aos entrevistados, para ficar em seu
poder. As crianças com idade suficiente para compreensão da pesquisa (a partir de 12 meses)
também assinaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido, conforme a Resolução
466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). As crianças e seus responsáveis que eram
incapazes de assinar o nome colocaram a impressão digital no local da assinatura.
O laudo do hemograma foi entregue a um dos responsáveis pela criança. Os
responsáveis das crianças anêmicas foram orientados para encaminhamento à Unidade Básica
de Saúde mais próxima do domicílio.
Resultados | 46
5 RESULTADOS
5.1 PERFIL SOCIOECONÔMICO E DEMOGRÁFICO DAS FAMÍLIAS
Foram estudadas 131 crianças menores de cinco anos distribuídas nos nove Projetos de
Assentamento do INCRA no município de Teresina, sendo 56,5% do sexo feminino. As
características socioeconômicas e demográficas das famílias e as condições de moradia estão
descritas nas tabelas 01 e 02, respectivamente.
Tabela 01 – Caracterização da amostra segundo variáveis socioeconômicas e demográficas.
Projetos de Assentamento, Teresina (2013).
Condição Econômica e
demográfica*
N % Média (±DP) Mediana Mínimo Máximo
Idade das crianças (meses)
0 a 5 11 8,4
28,23 ( ±17,66)
27
2
59
6 a 11 19 14,5
12 a 23 28 21,4
24 a 35 25 19,1
36 a 47 19 14,5
48 a 59 29 22,1
Total 131 100,0
Sexo das crianças
Feminino 74 56,5
Masculino 57 43,5
Total 131 100,0
Sexo do chefe da família
Masculino 97 74,0
Feminino 34 26,0
Total 131 100,0
Ocupação chefe da família
Agricultura/extrativismo/criação de
animais
38 29,0
Atividades comerciais/industriais 37 28,2
Construção civil 28 21,4
Dona de casa/desempregado 15 11,5
Outra 13 9,9
Total 131 100,0
Idade materna (anos)
< 20 9 6,9
26,3 (5,6)
26,0
14
45 20 a 29 87 66,4
≥ 30 31 23,6
Ignorado 4 3,1
Total 131 100,0
(continua)
Resultados | 47
(continuação)
Condição Econômica e demográfica N % Média (±DP) Mediana Mínimo Máximo
Escolaridade materna (anos) 0 5 3,8
1 a 4 27 20,6
7,1 (3,0)
7,0
0
15 5 a 8 59 45,0
≥ 9 36 27,5
Ignorado 4 3,1
Total 131 100,0
Escolaridade paterna (anos)
0 11 8,4
6,6 (3,646)
7,0
0
15
1 a 4 29 22,1
5 a 8 46 35,1
≥ 9 30 22,9
Ignorado 15 11,5
Total 131 100,0
Tamanho da família
Até 4 pessoas 71 54,2
5 a 6 pessoas 39 29,8 4,8 (1,92) 4,0 2 11
7 e + pessoas 21 16,0
Total 131 100,0
Classe econômica
C e D 14 10,7
E 117 89,3
Total 131 100,0
Renda familiar (SM)**
< 1 39 29,8
1 a 2 76 58,0 872,11(450,691) 812,00 102,00 2330,00
> 2 16 12,2
Total 131 100,0
Renda per capita (SM)**
< 0,25 64 48,9
198,33(122,849)
169,50
25,00
776,67 0,25 |- 0,50 57 43,5
≥ 0,50 10 7,6
Total 131 100,0
Auxilio governamental
Sim 95 72,5
Não 36 27,5
Total 131 100,0
Acesso ao serviço de saúde
Posto de saúde nos PA’s 3 2,3
Posto de saúde no município 110 84,0
Hospital do município 16 12,2
Inexistente 1 0,8
Hospital particular 1 0,8
Total 131 100,0
* Possui distribuição normal pelo teste do Kolmogorov-Smirnov (p-valor= 0,216); ** SM= Salário Mínimo (R$ 678,00)
Resultados | 48
As crianças estudadas tinham em média 28,23 (±17,6) meses, com mediana de idade
situada em 27 meses. Os chefes das famílias eram na maioria do sexo masculino (74,0%) e
exerciam atividades ligadas principalmente à agricultura/extrativismo/criação de animais
(29,0%), à atividade comercial/industrial (28,2%) e a construção civil (21,4%). A maioria das
crianças (66,4%) eram filhas de mulheres na faixa etária de 20 a 29 anos, que haviam
estudado em média 7,1 (±3,0) anos. Quanto aos pais, a escolaridade média foi de 6,6 (±3,64)
anos, notando-se baixa instrução escolar entre eles, sendo o ensino fundamental o maior grau
escolar para 71,7% e 71,0%, das mães e pais, respectivamente.
As famílias eram compostas em média por 4,8 (±1,92) pessoas, a maioria pertencentes
à classe econômica E (89,3%), com renda familiar de 1 a 2 salários mínimos (58,0%) e renda
per capita inferior a 0,5 salário mínimo (92,4%). Observou-se que 72,5% das famílias
participavam de programas governamentais de transferência de renda e utilizavam como
principal meio de acesso aos serviços de saúde, os postos de saúde municipais (84,0%).
É válido ressaltar que em apenas um assentamento o posto de saúde estava instalado
em sua área territorial, e que embora não tenha sido objeto do estudo, muitas famílias
relataram dificuldades de acesso ao serviço de saúde, citando principalmente à distância, a
dificuldade na marcação das consultas, devido ao pouco número de vagas, e por vezes a
burocracia do serviço em não querer atendê-los fora do dia especificado para cada
assentamento.
Tabela 2 – Caracterização da amostra segundo condições ambientais e de moradia. Projetos
de Assentamento, Teresina (2013).
Condições Ambientais e de
Moradia N % Média (±DP) Mediana Mínimo Máximo
Construção do domicílio
Taipa 31 23,7
Alvenaria inacabada 33 25,2
Alvenaria acabada 67 51,1
Total 131 100
Número de cômodos
1 a 3 25 19,1
4,94 ± 1,38 5 1 9 4 a 6 98 74,8
7 a 9 8 6,1
Total 131 100
Nº de pessoas/cômodo
< 1 56 42,7
1|-2 66 50,4
2|-3 9 6,9
Total 131 100,0
(continua)
Resultados | 49
(continuação)
Condições Ambientais e de
Moradia N % Média (±DP) Mediana Mínimo Máximo
Existência de água encanada
Sim 105 80,2
Não 26 19,8
Total 131 100
Uso de banheiro/ sanitário
Exclusivo da residência 101 77,1
Comunitário 7 5,3
Não dispõe 23 17,6
Total 131 100
Destino dos dejetos sanitários
Fossa 98 74,8
Céu aberto 10 7,6
Não se aplica* 23 17,6
Total 131 100
Lixo doméstico**
Coleta pública 61 46,6
Céu aberto 7 5,3
Queimado 93 71,0
Enterrado 3 2,3
Outro 4 3,1
* Refere-se às famílias que não dispunham de estrutura de banheiro ou sanitário na residência
** Resposta Múltipla
Em relação às condições ambientais e de moradia, todas as residências tinham luz
elétrica, abastecimento de água por meio de poço e esgotamento doméstico a céu aberto
(dados não apresentados em tabela); 51,1% das crianças residiam em domicílios de alvenaria
acabada, com água encanada em 80,2% das residências. A maioria das crianças (74,8%)
moravam em casas com 4 a 6 cômodos, 57,3% das famílias tinham aglomeração de duas ou
mais pessoas por cômodo.
A maioria das famílias fazia uso de banheiro exclusivo do domicílio (77,1%), no
entanto 17,6% não dispunham da estrutura. O principal destino dos dejetos sanitários era a
fossa (74,8%), e os meios mais utilizados como destino do lixo doméstico eram a queima
(71,0%) e a coleta pública (46,6%). Vale ressaltar que a coleta pública de lixo era realizada
apenas uma vez por semana, e que nem todos os assentamentos estudados possuíam o serviço
público.
5.2 INSEGURANÇA ALIMENTAR FAMILIAR
Das 131 famílias com crianças menores de cinco anos, apenas 20,6% viviam em
situação de segurança alimentar. Embora a insegurança alimentar leve tenha sido a mais
Resultados | 50
frequente (41,2%), um percentual expressivo de famílias vivia em situação grave de
insegurança alimentar (12,2%).
Tabela 3 – Insegurança alimentar intrafamiliar, segundo grau de severidade, em crianças
menores de cinco anos dos Projetos de Assentamento de Teresina, 2013.
Segurança alimentar Total
N %
Segurança alimentar 27 20,6
Insegurança alimentar leve 54 41,2
Insegurança alimentar moderada 34 26,0
Insegurança alimentar grave 16 12,2
Total 131 100,0
5.3 VARIÁVEIS LIGADAS À CRIANÇA
As tabelas 4, 5 e 6 abordam as variáveis do estado nutricional infantil; aleitamento
materno; e intercorrências de saúde/uso de vitaminas e suplemento de
ferro/institucionalização das crianças em creche ou escola, respectivamente.
Tabela 4 – Caracterização da amostra quanto ao estado nutricional. Projetos de Assentamento,
Teresina (2013).
Variáveis N %
Peso para estatura (Z escore)
Desnutrição 3 2,3
Risco para desnutrição 9 6,9
Eutrofia 94 71,8
Risco para excesso de peso 17 13,0
Excesso de peso 8 6,1
Total 131 100,0
Peso para idade (Z escore)
Desnutrição 4 3,1
Risco para desnutrição 17 13,0
Eutrofia 92 70,2
Risco para excesso de peso 15 11,5
Excesso de peso 3 2,3
Total 131 100,0
Estatura para idade (Z escore)
Desnutrição 9 6,9
Risco para desnutrição 28 21,4
Eutrofia 82 62,6
Risco de alta estatura para a idade 9 6,9
Alta estatura para a idade 3 2,3
Total 131 100,0
Resultados | 51
(continuação)
Variáveis N %
IMC para idade (Z escore)
Desnutrição 3 2,3
Risco para desnutrição 10 7,6
Eutrofia 90 68,7
Risco para excesso de peso 19 14,5
Excesso de peso 9 6,9
Total 131 100,0
Em relação ao estado nutricional, verificou-se prevalência de desnutrição aguda (P/E)
de 2,3%, de desnutrição global (P/I) de 3,1% e de desnutrição crônica (E/I) de 6,9%.
Observou-se prevalência de excesso de peso de 6,9% segundo o índice IMC/I. É importante
notar que 21,4% das crianças apresentavam risco de déficit estatural, e que houve maior
prevalência de risco e excesso de peso entre as crianças do que de déficits nutricionais.
Tabela 5 – Caracterização da amostra quanto ao aleitamento materno. Projetos de
Assentamento, Teresina (2013).
Variáveis N % Média (±DP) Mínimo Máximo
Aleitamento Materno Exclusivo
< 1 mês 24 18,3
1 a 5 meses 39 29,8
6 meses 7 5,3
> 6 meses 58 44,3
Ignorado* 3 2,3
Total 131 100,0
Aleitamento materno Total
< 3 meses 11 8,4
3 a 5 meses 19 14,5
6 a 12 meses 37 28,2 13,65 (±9,52) 0 42
> 12 meses 64 48,9
Total 131 100,0
* mãe ou responsável legal não soube informar
Em relação ao aleitamento materno, encontrou-se elevado percentual de crianças com
duração inoportuna de aleitamento materno exclusivo (48,1% menos de 6 meses e 44,3% por
mais de 6 meses), apenas 5,3% das crianças mamaram exclusivamente por seis meses. Quanto
ao aleitamento materno total observou-se duração mínima de seis meses para 77,1% das
crianças, com média de 13,65 (±9,52) meses.
Resultados | 52
Tabela 6 – Caracterização da amostra quanto às intercorrências de saúde, uso de complexo
vitamínico e sulfato ferroso, e institucionalização da criança em creche/escola. Projetos de
Assentamento, Teresina (2013).
Variáveis N %
Intercorrências de saúde
Diarreia 7 8,3
Vômito 5 6,0
Parasitose 5 6,0
Doenças respiratórias 69 82,1
Uso de complexo vitamínico/suplemento (últimos 3 meses)
Sim 22 16,8
Não 109 83,2
Total 131 100,0
Uso de sulfato ferroso (últimos 6 meses)*
Crianças de 6 a 18 meses
Sim 3 2,3
Não 32 24,4
Crianças nas demais idades
Sim 9 6,9
Não 85 64,9
Não soube informar 2 1,5
Total 131 100,0
Sulfato Ferroso/ Caderneta de Saúde**
Criança de 6 a 18 meses
Sim 3 8,6
Não 32 91,4
Total 35 100,0
Institucionalização em creche/escola***
Sim 51 39,0
Não 80 61,0
Total 131 100,0
* Uso de sulfato ferroso, segundo relato dos entrevistados e conforme faixa etária : 6-18 meses e demais idades (2-6 meses
+19-59 meses)
** Refere-se à anotação na Caderneta de Saúde da Criança, da distribuição de sulfato ferroso pelo posto de saúde.
*** Refere-se a todas as crianças da amostra, independentemente de terem ou não idade para a institucionalização nas
creches/escolas. As crianças que eram institucionalizadas tinham idade entre 12 e 59 meses e as crianças não
institucionalizadas, idade entre 2 e 59 meses.
As principais morbidades referidas pelos entrevistados foram às doenças respiratórias
(82,1%) e diarreia (8,3%). Entre as crianças o uso de complexo vitamínico deu-se em 16,8%
os casos. Das 35 crianças na faixa etária alvo do Programa Nacional de Suplementação de
Ferro (entre 6 e 18 meses), apenas 2,3% (3 crianças) haviam feito uso de sulfato ferroso,
sendo observado a mesma quantidade de crianças com registro de recebimento do suplemento
Resultados | 53
na Caderneta de Saúde da Criança. Nas demais faixas etárias o percentual de uso de sulfato
ferroso foi de 6,9%. Do total de crianças estudadas 39,0% frequentavam creche ou escola,
recebendo alimentação escolar em todas elas.
5.4 PREVALÊNCIA DE ANEMIA NAS CRIANÇAS
A prevalência de anemia foi de 29,0%, ocorrendo em 16,8% das crianças de forma
leve e em 12,2% de forma moderada a grave. Apenas uma criança foi diagnosticada com
anemia grave (hemoglobina 5,8 g/dL). Houve maior ocorrência de anemia entre as crianças do
sexo masculino, no entanto, sem significância estatística (p=0,449). Os valores de
hemoglobina variaram de 5,8 g/dL a 14,5 g/dL, com média de 11,3(±0,56) g/dL.
Tabela 7 – Prevalência de anemia na amostra estudada segundo sexo e grau de severidade.
Projetos de Assentamento, Teresina (2013).
Anemia Feminino Masculino Total
N % N % N % p valor
Não anêmico 51 68,9 42 73,7 93 71,0
Anemia leve 15 20,3 7 12,3 22 16,8 0,449
Anemia moderada/grave 8 10,8 8 14,0 16 12,2
Total 74 100,0 57 100,0 131 100,0
5.5 ANÁLISES BIVARIADAS
5.5.1 Anemia segundo características socioeconômicas e demográficas e de insegurança
alimentar
As únicas variáveis que tiveram associação estatisticamente significante com a
ocorrência de anemia foram, idade materna: maior prevalência nas crianças com mães mais
jovens, mostrando associação inversa (p=0,031); tipo de construção do domicílio: maior
ocorrência de anemia nas crianças que residiam em casa de taipa ou alvenaria inacabada
(p<0,01); e número de pessoas por cômodo do domicílio: maior ocorrência de anemia nas
crianças que residiam em casas com aglomeração de duas ou mais pessoas por cômodo
(p=0,001) (tabela 8).
Resultados | 54
Tabela 8 – Distribuição de anemia na amostra estudada, segundo os aspectos
socioeconômicos e demográficos e insegurança alimentar. Projetos de assentamento, Teresina
(2013).
Variáveis
Anemia
Sim Não p***
N n % n %
Sexo do chefe da família
Feminino 34 6 17,6 28 82,4 0,090
Masculino 97 32 33,0 65 67,0
Raça/cor do chefe da família
Branca 17 5 29,4 12 70,6 0,976**
Parda 98 28 28,6 70 71,4
Negra 16 5 31,3 11 68,8
Renda fixa
Não 98 29 29,6 69 70,4 0,800
Sim 33 9 27,3 24 72,7
Idade materna
< 20 anos 9 6 66,7 3 33,3 0,031**
20 – 29 anos 87 27 31,0 60 69,0
≥ 30 anos 31 5 16,1 26 83,9
Escolaridade materna
0-4 anos 32 12 37,5 20 62,5 0,234
5-8 anos 59 19 32,2 40 67,8
≥ 9 anos 36 7 19,4 29 80,6
Escolaridade paterna
0-4 anos 40 12 30,0 28 70,0 0,115
5-8 anos 36 14 38,9 22 61,1
≥ 9 anos 40 7 17,5 33 82,5
Tamanho da família
Até 4 pessoas 71 19 26,8 52 73,2 0,809
5 a 6 pessoas 39 12 30,8 27 69,2
7 e + pessoas 21 7 33,3 14 66,7
Classe econômica
C e D 14 3 21,4 11 78,6 0,508
E 117 35 29,9 82 70,1
Renda familiar (SM)
< 1 39 12 30,8 27 69,2 0,761**
1 a 2 76 25 32,9 51 67,1
>2 16 2 12,5 14 87,5
Renda per capita
< 0,25 64 19 29,7 45 70,3 0,377**
0,25 |- 0,50 57 18 31,6 39 68,4
≥ 0,50 10 1 10,0 9 90,0
Resultados | 55
(continuação)
Variáveis
Anemia
Sim Não p***
N n % n %
Auxílio governamental
Sim 95 30 31,6 65 68,4 0,292
Não 36 8 22,2 28 77,8
Insegurança alimentar*
Insegurança alimentar 50 19 38,0 31 62,0 0,075
Segurança alimentar 81 19 23,5 62 76,5
Tipo de construção do domicílio
Taipa ou alvenaria inacabada 64 28 43,8 36 56,2 < 0,001
Alvenaria acabada 67 10 14,9 57 85,1
Nº de cômodos no domicílio
1-4 38 15 39,5 23 60,5 0,092
≥ 5 93 23 24,7 70 75,3
Nº de pessoas/cômodo
< 1 56 11 19,6 45 80,4 0,001**
1|-2 66 21 31,8 45 68,2
2|-3 9 6 66,7 3 33,3
Água encanada
Sim 105 31 29,5 74 70,5 0,794
Não 26 7 26,9 19 73,1
Uso de banheiro/sanitário
Sim 108 31 28,7 75 71,3 0,958
Não 23 7 30,4 16 69,6
Destino dejetos sanitários
Céu aberto 33 12 36,4 21 63,6 0,282
Fossa 98 26 26,5 72 73,5
Coleta pública de lixo
Sim 61 17 27,9 44 72,1 0,951
Não 70 21 30,0 49 70,0
*Insegurança alimentar = insegurança alimentar modera e grave; segurança alimentar = segurança alimentar +
insegurança leve
** Teste de Fisher
*** O valor de p refere-se ao teste de qui-quadradro de Pearson
5.5.2 Anemia segundo variáveis ligadas à criança
As únicas variáveis que se associaram estatisticamente com a anemia foram a idade da
criança, mostrando maior prevalência de anemia nas crianças menores de 24 meses (p<0,001)
e a institucionalização da criança em creche ou escola, em que observou-se prevalência de
anemia acentuadamente menor nas crianças que eram institucionalizadas (tabela 9).
Resultados | 56
Tabela 9 - Distribuição de anemia na amostra estudada segundo variáveis ligadas à criança.
Projetos de Assentamento, Teresina (2013).
Variáveis
Anemia
Sim Não p*
N n % n %
Idade da criança (meses)
< 24 58 29 50,0 29 50,0 <0,001
≥ 24 73 9 12,3 64 87,7
Sexo da criança
Feminino 74 23 31,1 51 68,9 0,551
Masculino 57 15 26,3 42 73,7
Peso/estatura (z escore)
Desnutrição 3 1 33,3 2 66,7 0,806**
Risco para desnutrição 9 4 44,4 5 55,6
Eutrofia 94 25 26,6 69 73,4
Risco para excesso de peso 17 5 29,4 12 70,6
Excesso de peso 8 3 37,5 5 62,5
Peso/idade (z escore)
Desnutrição 4 2 50,0 2 50,0 0,492**
Risco para desnutrição 17 6 35,3 11 64,7
Eutrofia 92 23 25,0 69 75,0
Risco para excesso de peso 15 5 33,3 10 66,7
Excesso de peso 3 2 66,7 1 33,3
Estatura/idade (z escore)
Desnutrição 9 4 44,4 5 55,6 0,423**
Risco para baixa estatura 28 6 21,4 22 78,6
Eutrofia 82 23 28,0 59 72,0
Risco para alta estatura 9 5 55,6 4 44,4
Alta estatura 3 0 0,0 3 100,0
IMC/idade (z escore)
Desnutrição 3 1 33,3 2 66,7 0,566**
Risco para desnutrição 10 5 50,0 5 50,0
Eutrofia 90 24 26,7 66 73,3
Risco para excesso de peso 19 9 26,3 14 73,7
Excesso de peso 9 3 33,3 6 66,7
Aleitamento materno exclusivo
< 3 meses 28 9 32,1 19 67,9 0,087
3-5 meses 34 9 26,5 25 73,5
≥ 6 meses 69 20 29,0 49 71,0
Aleitamento materno total
< 3 meses 11 3 27,3 8 72,7 0,191**
3-5 meses 19 5 26,3 14 73,7
6-12 meses 37 16 43,2 21 56,8
> 12 meses 64 14 21,9 50 78,1
Resultados | 57
(continuação)
Variáveis
Anemia
Sim Não p*
N n % n %
Intercorrências de saúde
Diarreia 7 2 28,6 5 71,4 0,311**
Vômito 5 3 60,0 2 40,0
Parasitose 5 2 40,0 3 60,0
Doença respiratória 69 20 29,0 49 71,0
Uso de complexo
vitamínico/suplemento
Sim 22 4 18,2 18 81,8 0,220
Não 109 34 31,2 75 68,8
Usou sulfato ferroso nos últimos 6
meses
6-18 meses
Sim 3 3 100,0 0 0,0 0,897**
Não 32 18 56,3 14 43,8
Demais idades
Sim 9 2 22,2 7 77,8 0,315**
Não 85 15 17,6 70 82,4
Criança institucionalizada
Sim 51 5 9,8 46 90,2 <0,001
Não 80 33 41,3 47 58,8
* O valor de p refere-se ao teste do qui-quadrado de pearson
** Teste de Fisher
5.6 ANÁLISES MÚLTIPLAS
As variáveis que apresentaram valor de p menor que 0,20 nas análises bivariadas
foram selecionadas para participarem do modelo de Regressão de Poisson, sendo elas: sexo
do chefe da família, idade materna, escolaridade paterna, insegurança alimentar, tipo de
construção do domicílio, número de cômodos, número de pessoas/cômodo, idade da criança,
aleitamento materno total e institucionalização da criança em creche ou escola.
É importante destacar que embora a renda per capita (categorizada) não tenha se
associado estatisticamente a ocorrência de anemia na análise bivariada, verificou-se a que a
renda média per capita das famílias com crianças anêmicas (R$ 160,84) era estatisticamente
diferente daquelas com crianças não anêmicas (R$ 213,67) (p<0,025), e portanto essa variável
foi elencada para fazer parte do modelo múltiplo, visto sua importância na explicação da
ocorrência de anemia. As razões de prevalência com seus respectivos intervalos de confiança
e valor p são apresentados na tabela 10.
Resultados | 58
Tabela 10 – Razões de prevalência ajustada segundo associação das variáveis estudadas à
ocorrência de anemia na amostra pesquisada. Projetos de Assentamento, Teresina (2013).
Variáveis RPaj (IC 95%) P-valor
Sexo do chefe da família
Feminino 1 0,301
Masculino 1,22 (0,85 - 1,76)
Idade das crianças (meses)
< 24 meses 3,99 (2,65 - 4,91) <0,001
≥ 24 meses 1
Tipo de construção do domicílio
Taipa ou alvenaria inacabada 3,01 (2,09 - 4,02) 0,002
Alvenaria acabada 1
Número de pessoas/cômodo
< 1 1 <0,001
1|-2 1,67 (1,16 - 2,13)
2|-3 3,58 (2,98 - 4,05)
Escolaridade paterna
0-4 anos 1,41 (0,82 - 2,19)
0,487 5-8 anos 2,01 (0,97 - 2,98)
9 anos e + 1
Idade materna
<20 anos 4,21 (3,12 - 5,26)
0,013 20-29 anos 2,17 (1,53 - 3,92)
≥ 30 1
Renda per capita (+ R$ 100,00) 0,87 (0,82 - 0,88) 0,035
Segurança alimentar
Insegurança 1,72 (1,20 - 2,11) 0,021
Segurança 1
Aleitamento materno total
< 3 meses 1,21 (0,95 - 1,57)
0,196 3-5 meses 1,09 (0,83 - 1,30)
6-12 meses 1,82 (0,96 - 2,36)
> 12 meses 1
Institucionalização em creche/escola
Sim 1 <0,001
Não 3,92 (2,21 - 5,58)
RPaj: razão de prevalência ajustada.
IC 95%: intervalo de 95% de confiança.
P-valor: probabilidade de significância do modo de regressão de Poisson.
Teste de Hosmer e Lemeshow (p-valor= 0,949).
Resultados | 59
Após ajustes dos fatores de confusão no modelo de Poisson, permaneceram associadas
à anemia a idade da criança, o tipo de construção do domicílio, número de pessoas/cômodo,
idade materna, renda familiar per capita, insegurança alimentar e institucionalização da
criança em creche ou escola.
Constatou-se por meio de Regressão Múltipla de Poisson que crianças com idade
inferior a 24 meses tinham razão de prevalência para ocorrência de anemia 3,99 vezes maior
que às crianças com 24 ou mais meses (p<0,001); observou-se também que crianças que
residiam em domicílio de taipa ou alvenaria inacabada apresentaram 3,01 vezes maior chance
de prevalência de anemia quando comparada às crianças que moravam em domicílios de
alvenaria acabada (p=0,002) e, que a prevalência de anemia crescia à medida em que
aumentava-se a aglomeração de pessoas por cômodo, passando de 1,67 vezes, com uma a
duas pessoas/cômodo, para 3,58 vezes, quando a aglomeração era igual ou superior a duas
pessoas por cômodo (p<0,001).
Evidenciou-se ainda que crianças com mães jovens tinham prevalência de anemia 4,21
vezes maior quando estas eram adolescentes e 2,17 vezes maior quando tinham idade de 20 a
29 anos, mostrando que a medida que diminui a idade materna aumenta-se a prevalência de
anemia nas crianças (p=0,013). Observou-se também que embora as famílias sejam bastante
homogêneas quanto ao aspecto financeiro, o incremento de R$ 100,00 na renda per capita é
capaz de diminuir a razão de prevalência de anemia nas crianças em 13,0% (p=0,035).
Em relação à segurança alimentar, constatou-se maior prevalência de anemia nas
crianças que viviam em situação de insegurança alimentar (23%) quando comparada as
crianças em situação de segurança alimentar (p=0,021), e ainda que as crianças que não
frequentavam creche ou escola tinham razão de prevalência de anemia 3,92 vezes maior do
que as crianças que a frequentavam (p<0,001).
D i s c u s s ã o | 61
6 DISCUSSÃO
Este é o primeiro estudo no estado do Piauí a analisar anemia em crianças de
assentamentos, e um dos poucos trabalhos no Brasil a abordar a temática nesse grupo
populacional, tendo pesquisado aspectos de saúde e nutrição infantil, relacionando-os aos
contextos socioeconômico, ambiental e demográfico, e de segurança alimentar das famílias. A
ocorrência de anemia em 29,0% das crianças estudadas evidencia que nessa população, em
termos de importância epidemiológica, trata-se de um problema de saúde pública moderado,
definido segundo a classificação da OMS (percentuais no intervalo de 20% a 39,9%) (WHO,
2008).
A prevalência de anemia no grupo estudado segue a tendência dos dados para a
população brasileira, obtidos pela PNDS (2006), a qual apontou um problema de saúde
pública também moderado, identificando taxa de anemia de 20,9% em crianças menores de
cinco anos. A região Nordeste é, segundo a pesquisa, a localidade com a maior prevalência
(25,5%) (BRASIL, 2009).
Vale ressaltar que, embora até o ano de 2008 (JORDÃO; BERNADI; BARROS
FILHO, 2009) não existissem diferenças marcantes nas taxas de anemia nas crianças menores
de cinco anos entre as macrorregiões brasileiras, que alcançavam prevalências de 40% a 50%
(MONTEIRO et al., 2000; OSÓRIO et al., 2001; ASSIS et al., 2004), estudos recentes de base
populacional têm mostrado acentuadas diferenças, tanto entre as diversas localidades de cada
região do País, como dentro de cada macrorregião. Oliveira et al. (2011) encontraram 57,3%
de anemia em crianças de seis a 59 meses no município de Jordão (Acre), região Norte do
País, enquanto Leal et al. (2011), estudando população infantil de Pernambuco (Nordeste), na
mesma faixa etária e utilizando o mesmo método de determinação da concentração da
hemoglobina do estudo anterior (Hemocue), encontraram percentuais de 32,8% na zona
urbana e 36,6% na zona rural.
Considerando-se ainda a região Nordeste, na qual se insere a presente pesquisa, as
prevalências de anemia têm variado de 36,5% na Paraíba (GONDIM et al., 2012a) à 51,6% no
Maranhão (FROTA, 2013), ambos os estudos de base populacional, em crianças menores de
cinco anos. Outros estudos na região mostraram ocorrência de 46,3% e 37,1% de anemia em
crianças de Gameleira e São João do Tigre, respectivamente (OLIVEIRA et al., 2010) e de
45,0% em crianças pré-escolares de Alagoas (VIEIRA et al., 2010).
Estudos recentes realizados em outras regiões brasileiras, os quais consideraram
crianças institucionalizadas (creches e pré-escolas) apontam prevalência em torno de 30%.
D i s c u s s ã o | 62
Em Minas Gerais, Rocha et al. (2012), estudando 312 crianças de creches do distrito sanitário
Leste de Belo Horizonte encontraram prevalência de 30,8% de anemia e Rodrigues et al.
(2011) de 29,7% entre as 256 crianças de 25 creches do município de Cascavel (Paraná).
Com relação à população assentada o único trabalho que avaliou a prevalência de
anemia no grupo infantil, data de uma década. Castro et al. (2004) encontraram 47,5% de
anemia entre as crianças de zero a 60 meses, em assentamentos do Vale do Rio Doce em
Minas Gerais. Ferreira et al. (2002) encontraram 96,4 % de anemia entre as crianças do
“Movimento Sem Teto”, em Alagoas.
A ausência de estudos de base populacional com crianças menores de cinco anos, em
Teresina, dificulta a comparação entre o cenário encontrado e o panorama no âmbito
municipal. Contudo no estudo de Landim, em 2013, realizado em duas creches municipais da
capital, a prevalência de anemia foi de 11,5%. Acredita-se que essa diferença, se deva, em
parte, aos aspectos metodológicos (diferenças no método de dosagem da Hb e no
delineamento do estudo), mas principalmente em virtude das diferenças biológicas, sociais e
econômicas entre as populações estudadas. Em nosso estudo as crianças tinham menor idade,
pertenciam a famílias de mais baixa renda, com menor escolaridade materna, e maiores
inadequações nas condições de moradia, em comparação ao estudo de Landim (2013),
confirmando a ligação de variáveis biológicas e sociais na determinação da doença.
O que se infere é que a prevalência de anemia nas crianças dos assentamentos de
Teresina mostra-se semelhante, embora ligeiramente menor às prevalências nacionais na
população infantil e aos percentuais da região Nordeste. Entretanto, considerando-se os
estudos isolados sobre o tema na capital (MOREIRA-ARAÚJO et al., 2002; LANDIM, 2013),
os avanços na redução da anemia entre essas distintas populações são desiguais, com
predominância da doença na população infantil assentada, e isto possivelmente devido às
desfavoráveis condições de vida destas crianças, evidenciando a necessidade de atenção das
políticas públicas à essa parcela da população.
As diferentes prevalências de ocorrência de anemia observada nas diversas regiões
geopolíticas do Brasil podem estar associadas, além das diferenças metodológicas dos
estudos, aos condicionantes sociais e demográficos das localidades pesquisadas. Conforme
traz Leal e Osório (2010) os fatores determinantes da anemia variam de acordo com as
características geográficas, condições econômicas e nível de desenvolvimento. Segundo
Fujimori et al. (2008), a ocorrência de anemia está atrelada a desfavoráveis aspectos sociais e
econômicos, sendo a conseqüência final da resposta do organismo frente a interferência
dessas variáveis. Tais premissas têm sido confirmadas em diversos estudos nacionais
D i s c u s s ã o | 63
(CASTRO et al., 2011; ROCHA et al., 2012; LEITE et al., 2013) e internacionais
(KOUNNAVOUNG et al., 2011; ZHAO et al., 2011).
Estudos realizados em assentamentos brasileiros têm mostrado com frequência
desfavoráveis condições socioeconômicas e ambientais em que residem as famílias. Estudo
realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Ações Contra a Fome (MDS) em
assentamentos do nordeste do Brasil, em 2005, mostraram que as crianças assentadas viviam
em condições altamente desfavoráveis. Apenas 45,6% das famílias tinham iluminação elétrica
nas residências, 7,5% tinham acesso à rede de água potável, e a maior parte das famílias não
tratava a água oferecida às crianças (54,1%). De fato, 90,8% pertenciam à classe econômica
E, e as demais às classes D e C. Ainda segundo o estudo, a baixa escolaridade era fator
agravante para as precárias condições de vida (30,7% dos chefes de família eram analfabetos
e 62,1% das mães tinham entre 1 e 4 anos de estudo) (BRASIL, 2007).
No presente estudo, os dados mostram melhorias significativas quanto a alguns
aspectos de infraestrutura e moradia. Todas as residências possuíam iluminação elétrica e
acesso a água, ainda que por meio de poços construídos ou melhorados pelo INCRA, sendo
que na maior parte dos domicílios a água era distribuída por meio de encanamento. Grande
parte das residências tinha banheiro com fossa e de uso exclusivo da família. Entretanto o
esgotamento doméstico, a coleta pública de lixo e o tipo de construção dos domicílios, ainda
deixam a desejar (tabelas 01 e 02). Vale ressaltar que essas melhorias podem estar
relacionados ao programa do Governo Federal Luz para Todos e a políticas do INCRA.
Em relação à situação socioeconômica das famílias, os avanços foram mais discretos.
Assim como nos demais estudos, as famílias são predominantemente classe E, de baixa renda,
com baixa escolaridade e vivenciando por vezes situação de fome (aspecto observado
segundo presença de insegurança alimentar grave). Embora o cenário encontrado apresente-se
positivo em comparação a outros assentamentos brasileiros, é notória a presença de fatores
ambientais e socioeconômicos que freqüentemente estão associados à ocorrência de anemia
(baixa renda e escolaridade dos pais, residências inacabadas ou em taipa, esgotamento a céu
aberto, entre outras).
Desse modo o conhecimento sobre os fatores de risco associados à anemia, contribui
para a redução da doença, interrompendo sua associação com os efeitos adversos à saúde, e
guiando a escolha de medidas eficazes para sua prevenção e controle (LEAL e OSÓRIO,
2010; GONDIM et al., 2012a).
O maior risco de anemia nas crianças cujas mães eram mais jovem, principalmente
adolescente, pode ser explicado pela inexperiência e falta de conhecimento dessas mulheres
D i s c u s s ã o | 64
em relação aos cuidados com a criança, e escolhas inadequadas na alimentação complementar
infantil (GONDIM et a.l, 2012a). Outra hipótese relevante é o fato de que mães adolescentes
têm maior risco de parto prematuro e/ou de terem filhos com baixo peso ao nascer,
predispondo às crianças a uma menor reserva de ferro e, portanto, maior risco de
desenvolverem anemia (FUJIMORI et al., 2008). Essa associação tem sido encontrada em
outros estudos. No estudo de Leal et al (2011) a idade materna mostrou-se associada à
ocorrência de anemia tanto na zona urbana quanto na rural, mesmo após modelo final de
regressão múltipla.
A forte relação entre escolaridade dos pais e anemia nas crianças tem sido bem
documentada em diversos estudos, principalmente relacionando-os à escolaridade materna
(KONSTANTYNER et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2010; COTTA et al., 2011).Tem sido
mostrado que tal associação se deve a qualidade dos cuidados dispensados à própria saúde e a
da criança, em virtude da capacidade de apreensão dos conhecimentos necessários para tal e
do seu efeito sobre a renda familiar. A maior escolaridade aumenta a probabilidade de melhor
inserção no mercado de trabalho e assim melhor condição socioeconômica e disponibilidade
qualitativa e quantitativamente adequadas de alimentos (PEREIRA et al., 2012; LEAL et al.,
2011).
No presente trabalho embora a baixa escolaridade paterna tenha se associado a anemia
na criança, a associação desapareceu na análise multivariada, sugerindo que seu efeito é
mediado por meio de outras variáveis, tal como a renda familiar. Segundo Cotta (2011) o
papel da escolaridade paterna está diretamente ligado à renda, enquanto a escolaridade
materna ao acolhimento da criança, principalmente quando em uma população o provedor da
renda é o homem, cabendo a mulher os cuidados domésticos e familiares. A ligação da
escolaridade paterna com a renda se explica, como anteriormente apresentado, pelas melhores
oportunidades de trabalho e assim possibilidade de melhor condição ambiental e de vida.
Em relação a escolaridade materna, acredita-se que a homogeneidade da amostra
(71,7% com menos de 9 anos de estudo) não tenha permitido uma associação significante
entre as variáveis. Ainda assim os resultados do presente trabalho mostram menor prevalência
de anemia entre crianças cujas mães tinham nove ou mais anos de estudo. Resultado
semelhante foi encontrado no estudo de Castro et al. (2004) em assentamento no Vale do Rio
Doce (MG), em que também não houve associação entre o nível de escolaridade materna
(72,0% com menos de 4 anos de estudo) e a ocorrência de anemia nas crianças.
Segundo Rocha et al. (2012) a descrição da renda como fator causal para a anemia não
se deve apenas a sua influência sobre os aspectos alimentares inadequados, qualitativa e
D i s c u s s ã o | 65
quantitativamente, mas também por sua associação com aspectos sanitários negativos,
deficiência de acesso aos serviços de saúde e maior vulnerabilidade a doenças que
comprometam o apetite e absorção de nutrientes.
Corroborando o achado de outros estudos (OLIVEIRA et al., 2010; LEAL et al., 2011;
LEITE et al., 2013), encontrou-se nessa pesquisa associação inversa entre renda familiar per
capita e ocorrência de anemia nas crianças assentadas (a cada R$ 100,00 incrementados à
renda a prevalência de anemia diminuia 13,0% - tabela 10). Entretanto ressalta-se que a
associação nem sempre é observada pois em populações homogêneas quanto ao nível de
renda, nem sempre é possível, do ponto de vista estatístico, observar a relação, tal como no
estudo de Pereira et al. (2012).
A ausência de associação da anemia com algumas variáveis que traduzem o status
socioeconômico das famílias (presença de renda fixa, classe econômica e auxílio
governamental) pode estar associada a homogeneidade da população do estudo quanto às
variáveis pesquisadas e a interferência direta da renda sobre estes aspectos econômicos. Note-
se que 92,4% das famílias tinha renda per capita inferior a meio salário mínimo. Observe-se
ainda, que 89,3% delas pertenciam a classe econômica E e que não havia famílias nas classes
A ou B, comprovando a homogeneidade da população estudada quanto ao aspecto econômico
(tabela 1).
Quanto a participação em programas governamentais de transferência de renda,
Oliveira et al. (2011) estudando déficits nutricionais em crianças participantes do programa
Bolsa Família, constatou que apesar da homogênea situação financeira das famílias, o grupo
que recebia o benefício era o mais vulnerável socioeconomicamente, e que a participação no
programa governamental foi capaz de igualar a renda per capita desse grupo com a renda das
famílias que não recebiam o benefício. Acredita-se que tal fato explique a falta de associação
estatística entre auxílio governamental e ocorrência de anemia nas crianças do presente
estudo.
No estudo de Pereira et al. (2012) com 99 crianças indígenas da etnia Karapotó, com
idade de seis a 59 meses, não houve associação entre anemia e a participação das crianças em
programas governamentais de transferência de renda. Já no estudo de Cotta et al. (2011) sobre
a determinação social e bológica da anemia em crianças cadastradas no Programa Bolsa
Família, a ocorrência da doença foi significativamente maior nas crianças não beneficiárias.
A maior prevalência de anemia nas crianças que residiam em condições desfavoráveis
(maior aglomeração de pessoas por cômodo, domicílio de taipa ou alvenaria inacabada) é
explicada pela maior vulnerabilidade a disseminação das doenças infecciosas e parasitárias,
D i s c u s s ã o | 66
que levam a uma menor produção de hemoglobina, diminuição da absorção de ferro e
ocorrência de micro-hemorragias (FUJIMORI et al., 2008). A variável número de cômodos
provavelmente não se associou a ocorrência de anemia no modelo de Poisson, devido ajustes
para outras variáveis proxy da situação de moradia.
A associação da insegurança alimentar com a ocorrência de anemia no modelo
múltiplo, confirma sua estreita relação, especialmente nas formas moderadas e grave, com a
anemia. Tal associação também foi verificada no estudo de Oliveira et al. (2010), mostrando
que essa intrínseca relação deva-se provavelmente ao fato de que a insegurança alimentar está
intimamente relacionada aos aspectos socioeconômicos e de saúde e nutrição de uma
população, assim como a anemia (MALUF, 2007; GUBERT; BENÍCIO; SANTOS, 2010;
OLIVEIRA et al., 2011).
Em relação as variáveis ligadas à criança, as maiores prevalências de anemia, entre os
menores de 24 meses está relacionada ao intenso crescimento da criança nesse período
requerendo maior aporte de nutrientes, inclusive de ferro, assim como pela inadequada
alimentação da criança e desmame precoce (REIS et al., 2010; ROCHA et al., 2012; LEITE et
al., 2013). Leal et al. (2011) em revisão sistemática sobre anemia e fatores associados,
encontrou que de todas as variáveis estudadas, a idade da criança foi a única que se
apresentou relacionada a ocorrência de anemia em todos os estudos analisados.
Em relação ao aleitamento materno, embora esse tenha se associado inicialmente à
ocorrência de anemia, não permaneceu no modelo final de análise múltipla. A maior
prevalência de anemia nas crianças amamentadas por 6-12 meses em comparação as demais
faixas etárias, pode estar relacionada à alimentação complementar inadequada, ou ainda a
manutenção do aleitamento materno em detrimento da alimentação complementar. É
importante notar que 44,3% das mães referiram amamentação exclusiva por mais de seis
meses. No estudo de Netto et al. (2011), encontrou-se situação semelhante a dessa pesquisa,
em que a presença de aleitamento materno por mais de quatro meses era fator de risco para a
ocorrência de anemia.
Em relação ao estado nutricional infantil, o Brasil tem passado por um processo de
transição nutricional em que se observa uma significativa redução nas prevalências de
desnutrição, entretanto sem redução significativa das carências nutricionais específicas, tal
como a anemia carencial (GONDIM et al., 2012b). No período de 1996 a 2007, houve
redução de 50% na prevalência de desnutrição, conforme mostra Monteiro et al. (2009).
No presente estudo os déficits nutricionais encontrados foram superiores aos dados da
PNDS (2006) para a região nordeste de 5,8%, 1,6% e 2,2% para os índices estatura/idade,
D i s c u s s ã o | 67
peso/estatura e peso/idade, respectivamente (BRASIL, 2009). Em comparação a estudos
realizados em assentamentos, Lang, Almeida e Taddei (2011) encontraram percentuais mais
elevados entre crianças de dois assentamentos e dois acampamentos do Centro-Oeste do
Paraná (8,0% das crianças com déficits nos índices peso/idade e altura/idade). Em
assentamentos do Nordeste do Brasil os valores de desnutrição energético protéica foram de
7,3%, 8,6 % e 15,5% para os indicadores peso/altura, peso/idade e estatura/idade,
respectivamente (BRASIL, 2009).
Diversos trabalhos têm encontrado associação direta entre estado nutricional
inadequado e presença de anemia, principalmente em relação ao índice estatura para a idade
(CASTRO et al., 2011; ROCHA et al., 2012). A possível relação, embora ainda no campo de
investigação, se dê provavelmente ao fato de ambas as doenças estarem associadas a
problemas nutricionais de mesma origem, tal como o consumo alimentar inadequado e a
manifestação de doenças infecciosas (GONDIM et al., 2012b; OLIVEIRA et al., 2013). No
presente estudo, tal associação não foi observada, assim como nos estudos de Assunção et al.
(2007) e Mondini et al. (2009).
A falta de significância estatística entre uso de sulfato ferroso e ocorrência de anemia
pode ser atribuída ao pequeno percentual de crianças que fizeram uso do suplemento,
prejudicando a análise estatística, pela ausência de contrastes para demonstrar associação
significante. Entretanto é válido notar que a ocorrência de anemia entre as crianças que
fizeram uso de sulfato ferroso, indica que esse estava sendo utilizado apenas quando
diagnosticada a doença e não como suplemento, assim como é recomendado pelo Programa
Nacional de Suplementação de Ferro - PNSF (BRASIL, 2009). Outro dado importante de se
notar é que a ausência de registros sobre o recebimento de ferro na Caderneta de Saúde da
Criança, e os poucos relatos maternos sobre a utilização do ferro, mostram que a cobertura do
programa está muito aquém da suplementação universal para crianças de seis a 18 meses,
preconizadas pelo PNSF para o Brasil.
A ocorrência significativamente menor de anemia nas crianças que frequentavam
creche ou escola se deve provavelmente aos cuidados recebidos na instituição e pelo aporte
calórico e de nutrientes da alimentação oferecida na escola. Rocha et al. (2012) traz que
apesar de não existir um consenso na literatura sobre o efeito protetor da creche/escola na
prevenção de doenças carenciais, como a desnutrição energético-proteica e anemia, estudos
têm demonstrado sua importância na melhoria do estado nutricional e na prevenção de anemia
em crianças, especialmente as de baixa renda. É válido notar que apesar da anemia afetar
D i s c u s s ã o | 68
principalmente as crianças menores de dois anos, esse é o grupo infantil que normalmente tem
menor acesso a institucionalização.
Embora não haja pretensão deste estudo em determinar a etiologia da anemia na
população estudada, acredita-se que essa seja majoritariamente de origem alimentar. E desse
modo, baseando-se nas evidências da WHO (2008) de que 50-90% de todas as anemias
existentes são por deficiência de ferro, acredita-se que essa também seja a principal causa
nesse estudo. Sustentando essa hipótese, apresenta-se a associação da insegurança alimentar
modera/grave com a ocorrência de anemia, o que indica a participação da carência de
alimentos e desse modo de nutrientes, na etiologia da anemia, evidenciada ainda pela
associação inversa entre anemia e institucionalização da criança em creche ou escola. Ainda
como argumento para a hipótese, levanta-se as inadequadas práticas de aleitamento materno
observadas, com expressivo percentual de mulheres que amamentaram aquém ou além das
recomendações do Ministério da Saúde para o aleitamento materno exclusivo.
Considerações Finais | 70
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A anemia é um importante problema de saúde pública nos assentamentos rurais de
Teresina, embora tenha apresentado prevalências mais baixas em relação a outras localidades
da região nordeste. As variáveis que se associaram a doença, para esta população foram, a
idade da criança, idade materna, tipo de construção do domicílio, número de pessoas por
cômodo, renda per capita, insegurança alimentar e institucionalização da criança. Os
prejuízos causados à saúde, crescimento e ao desenvolvimento das crianças menores de cinco
anos em decorrência desse agravo nutricional, deve colocá-la como uma questão de alta
prioridade entre os gestores de políticas públicas, voltando maior atenção das ações de
prevenção e controle da doença na população estudada.
Uma alternativa seria a implantação de ações que culminem em melhor acessibilidade
da população aos serviços de saúde, tal como a implantação de Unidades Básicas de Saúde
dentro dos assentamentos, visitas semanais de equipes do Programa Saúde da Família às
comunidades assentadas, visto a distância das comunidades aos serviços de saúde; além de
um efetivo acompanhamento da população por agentes comunitários de saúde e
funcionamento mais eficaz do Programa Nacional de Suplementação de Ferro, visto que
poucas mães relataram o uso profilático de sulfato ferroso na faixa etária estabelecida pelo
programa (6-18 meses) e poucos foram os casos em que havia registro de recebimento do
suplemento, na caderneta de saúde da criança.
Considerando-se ainda que os fatores socioeconômicos e de segurança alimentar
mostraram-se associados à ocorrência de anemia nas crianças, a adoção das propostas
aprovadas na III Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, o incentivo ao
aleitamento materno, assim como a efetiva implantação e implementação de propostas e
projetos de promoção do desenvolvimento econômico e social das famílias, por parte do
governo federal (cinturão verde, hortas comunitárias, piscicultura e etc), contribuiriam na
eficácia das ações que já venham sendo implantadas.
Outros estudos devem ser realizados nesta população, não apenas com crianças, mas
com a comunidade em geral, visto a riqueza de informações ainda não exploradas que podem
ser subtraídas dos assentamentos rurais no estado do Piauí. Sugere-se ainda um estudo mais
aprofundado sobre a etiologia da anemia nos assentamentos rurais de Teresina, embora se
acredite que seja em sua maioria pela deficiência em ferro.
Referências | 72
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Anexos | 82
ANEXO A
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO - PPGAN
PROJETO ANEMIA E FATORES ASSOCIADOS EM CRIANÇAS DE ASSENTAMENTO DE
TERESINA (PI).
ESCALA BRASILEIRA DE INSEGURANÇA ALIMENTAR - EBIA
ASSENTAMENTO ___________________________
ENDEREÇO: _______________________________________ CONTATO: _______________
NOME ENTREVISTADO:_______________________________________ DATA:____/_____/_____
GRAU DE PARENTESCO COM A CRIANÇA: (1) mãe (2) pai (3) avô/avó (4) outro _____________
QUEM O ENTREVISTADO CONSIDERA COMO RESPONSÁVEL PELO DOMICÍLIO (provedor da
renda): (1) mãe (2) pai (3) avô/avó (4) tio/tia (5) outro
OBSERVE: ESTE FORMULÁRIO DEVE SER RESPONDIDO POR RESPONSÁVEL PELA CRIANÇA
QUE TENHA CONHECIMENTO DAS CONDIÇÕES ALIMENTARES NO DOMICÍLIO.
Em todos os quesitos, você deve se referir aos ÚLTIMOS 3 MESES para orientar a resposta da (o)
entrevistada (o).
Agora vou ler para você algumas perguntas sobre a alimentação em sua casa. Elas podem ser
parecidas umas com as outras, mas é importante que você responda a todas elas.
QUESTÕES COM BASE NOS ÚLTIMOS 3 MESES SIM NÃO S.R*
1. Nos últimos 3 meses, houve a preocupação de que os alimentos
acabassem antes que os moradores desse domicílio pudessem comprar ou
receber mais comida?
2. Os alimentos acabaram antes que sua família tivesse dinheiro para
comprar mais comida, nos últimos 3 meses?
3. Sua família ficou sem dinheiro para ter uma alimentação saudável e
variada, nos últimos 3 meses?
4. No seu lar nos últimos 3 meses, os moradores comeram apenas alguns
alimentos que ainda tinham porque o dinheiro acabou?
ENCERRAR ENTREVISTA SE TODAS AS RESPOSTAS ACIMA FOREM “Não ou Não sabe”, CASO
CONTRÁRIO (alguma resposta positiva – “sim”) IR PARA QUESTÃO 5.
5. Algum morador de 18 anos ou mais de idade diminuiu alguma vez nos
últimos 3 meses, a quantidade de alimentos nas refeições ou deixou de
fazer alguma refeição porque não havia dinheiro para comprar comida?
6. Algum morador de 18 anos ou mais de idade alguma vez nos últimos 3
meses comeu menos porque não havia dinheiro para comprar comida?
7. Algum morador de 18 anos ou mais de idade alguma vez nos últimos 3
meses sentiu fome, mas não comeu porque não havia dinheiro para
comprar comida?
8. Algum morador de 18 anos ou mais de idade perdeu peso nos últimos 3
meses, porque não comeu quantidade suficiente de comida devido à falta
de dinheiro para comprar comida?
CÓDIGO: ____________________
Anexos | 83
9. Algum morador de 18 anos ou mais de idade alguma vez nos últimos 3
meses fez apenas uma refeição ou ficou um dia inteiro sem comer porque
não havia dinheiro para comprar comida?
10. Algum morador com menos de 18 anos de idade alguma vez nos
últimos 3 meses deixou de ter uma alimentação saudável e variada porque
não havia dinheiro para comprar comida?
11. Algum morador com menos de 18 anos de idade alguma vez nos
últimos 3 meses não comeu quantidade suficiente de comida porque não
havia dinheiro para comprar comida?
12. Algum morador com menos de 18 anos de idade diminuiu a quantidade
de alimentos nas refeições, nos últimos 3 meses, porque não havia dinheiro
para comprar comida?
13. Algum morador com menos de 18 anos de idade alguma vez nos
últimos 3 meses deixou de fazer uma refeição porque não havia dinheiro
para comprar comida?
14. Algum morador com menos de 18 anos de idade alguma vez nos
últimos 3 meses sentiu fome, mas não comeu porque não havia dinheiro
para comprar comida?
15. Algum morador com menos de 18 anos de idade alguma vez nos
últimos 3 meses, ficou um dia inteiro sem comer porque não havia dinheiro
para comprar comida?
* S.R = Entrevistado não sabe ou se recusou a responder.
VALOR DO ESCORE:___________
FAMÍLIA EM: ( ) SA - 0 pto
( ) IAL – 1 a 5 pts
( ) IAM - 6 a 10 pts
( ) IAG – 11 a 15 pts
CODIFICAÇÃO:
(0) SA /___/
(1) IAL /___/
(2) IAM /___/
(3) IAG /__
ENTREVISTADOR:__________________________________________
DATA:______/______/_______
A p ê n d i c e s | 88
APÊNDICE A
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO - PPGAN
PROJETO ANEMIA E FATORES ASSOCIADOS EM CRIANÇAS DE ASSENTAMENTOS DE TERESINA (PI)
FORMULÁRIO SOCIOECONOMICO E DEMOGRÁFICO
Instruções para entrevistadores:
1) Preencher com caneta esferográfica;
2) Os textos entre colchetes ou entre parênteses são para orientação;
3) Não preencher os espaços em cinza;
4) Não deixar perguntas sem respostas;
5) RM = Resposta Múltipla: marcar uma ou mais opções.
ASSENTAMENTO:___________________________________
NOME ENTREVISTADO: ___________________________________________________
PARENTESCO DO ENTREVISTADO C/ A CRIANÇA: (1) MÃE (2) PAI (3) OUTRO: _______
PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELO DOMICÍLIO: (1) PAI (2) MÃE (3) AVÔ/AVÓ (4) TIO/A (5) OUTRO
ENDEREÇO:______________________________________CONTATO: _______________
Nº CRIANÇAS NA RESIDÊNCIA: |___|___|
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA CRIANÇA:
1) Qual o nome completo da criança ?
_______________________________________________________________
2) Qual a data de nascimento da criança (olhar no Cartão da Criança)?
____/_____/______ (1) pega no Cartão
(2) relatada pelo entrevistado
/__/__/-/__/__/-
/__/__/__/__/
(1) (2)
3) Idade da criança (conferir com a data de nascimento) Em meses:
|__|__|
4) Sexo da criança (anotar sem perguntar)
(0) Masculino (1) Feminino
(0)
(1)
DADOS DEMOGRÁFICOS E SOCIOECONÔMICOS:
CONDIÇÕES DE MORADIA
5) Tipo de construção do domicílio (anotar sem perguntar):
(1) taipa (2) madeira (3) alvenaria inacabada (4) alvenaria acabada
(1)
(2)
(3) (4)
6) Qual o Nº de cômodos do domicílio (incluindo banheiros e cozinha)?:____|____ |___|___|
7) Qual é o tipo de abastecimento de água deste domicílio? (RM):
(1) rede geral pública de distribuição (2) poço (3) rio ou lago
(4) carro pipa (5) cisterna (6) outro_____________
(1)
(2)
(3) (4)
(5)
(6)
CÓDIGO:___________________
A p ê n d i c e s | 89
8) Existe água encanada para pelo menos 1 cômodo do domicílio?
(0) sim (1) não
(0) (1)
10) Sua família utiliza banheiro/sanitário:
(1) de uso exclusivo desta residência
(2) de uso comunitário
(3) não utiliza a estrutura de um banheiro/vaso sanitário (ir para questão 12)
(1)
(2) (3)
11) Qual o principal destino dos dejetos sanitários?:
(1) rede pública (2) fossa (3) rio/lago (4) céu aberto no assentamento
(5) outro ____________ (6) Não se aplica
(1)
(2)
(3)
(4) (5)
(6)
12) O esgotamento doméstico é: (RM)
(1) em rede de esgoto (2) lançado a céu aberto no assentamento (3) em valas
(4) outro _______________
(1)
(2) (3)
(4)
13) Qual o destino do lixo doméstico?: (RM)
(1) coleta pública (2) céu aberto/terreno baldio (3) queimado (4) enterrado
(5) jogado em rio/lago (6) outro ________________
(1) (2)
(3)
(4) (5)
(6)
14) Qual a principal forma de iluminação da residência?:
(1) rede elétrica (2) gerador (3) querosene (4) outra_____________
(1)
(2) (3)
(4)
ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
15) Qual a escolaridade da mãe da criança?
(até que série estudou e reforçar se terminou a série referida): _________________
Escolaridade em anos:
Mãe |__|__|
16) Qual a escolaridade do pai da criança?
(até que série estudou e reforçar se terminou a série referida): _________________
Escolaridade em anos:
Pai |__|__|
17) Qual a idade da mãe da criança? |___|___| |___|___|
19) Qual a ocupação atual do responsável pelo domicílio (chefe da
família/provedor da renda)?
“DEIXAR A PESSOA RESPONDER SEM CITAR PROFISSÕES”
(1) agricultor (2) pedreiro (3)aposentado/pensionista (4) desempregado
(5) outra ________________
(1) (2)
(3)
(4) (5)
20) Qual o número de moradores da residência? |___|___| |___|___|
21) Quantos moradores contribuem com a renda da família? |___|___| |___|___|
22) Quantos na casa trabalham e quanto ganham por mês? (não incluir bolsa família, pensão alimentícia;
incluir trabalhos autônomos, “bicos”
Pessoa (Parentesco com a criança) Renda mensal ( R$)
A p ê n d i c e s | 90
1-
2-
3-
4-
5-
Existe outra fonte de renda (bolsa família, pensão, aluguel) ( ) não ( ) sim, qual?
______________________
Valores: R$: _________________ ; _____________________; ___________________
TOTAL renda família: ________________________
Total renda per capta: ________________________
Família:
| __ || __ || __ || __ |, | __ || __ |
Per capta:
|___||___||___||___|, |___||___|
23) O principal meio de acesso ao serviço de saúde se dá através de:
(1) posto de saúde no assentamento (2) posto de saúde do município
(3) visita agente de saúde (4) hospital município (5) inexistente (6) outra ________
(1) (2)
(3)
(4) (5)
(6)
CLASSIFICAÇÃO ABEP
Qual dos bens abaixo há na sua casa e em que quantidade? (RM)
- Geladeira/Freezer (0) (1) (2) (3) (4 ou +)
- Fogão 2/4/6 bocas (0) (1) (2) (3) (4 ou +)
- TV CORES (0) (1) (2) (3) (4 ou +)
- DVD (0) (1) (2) (3) (4 ou +)
- Computador/notebook/netbook (0) (1) (2) (3) (4 ou +)
- ventilador (0) (1) (2) (3) (4 ou +)
- liquidificador (0) (1) (2) (3) (4 ou +)
- ferro elétrico (0) (1) (2) (3) (4 ou +)
- celular (0) (1) (2) (3) (4 ou +)
- moto (0) (1) (2) (3) (4 ou +)
- carro particular (não táxi) (0) (1) (2) (3) (4 ou +)
- Banheiro (com vaso sanitário) (0) (1) (2) (3) (4 ou +)
Anotar qtde de cada
item
______
______
______
______
______
______
______
______
______
______
______
______
TEMPO DE ENTREVISTA: _______________
ENTREVISTADOR:______________________________________ Data: _____/_____/______
A p ê n d i c e s | 91
APÊNDICE B
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO - PPGAN
PROJETO ANEMIA E FATORES ASSOCIADOS EM ASSENTAMENTOS DE TERESINA (PI)
FORMULÁRIO PARA ANOTAÇÃO DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS E VALORES DE
HEMOGLOBINA
ASSENTAMENTO:___________________________________
NOME ENTREVISTADO: ___________________________________________________
PARENTESCO DO ENTREVISTADO C/ A CRIANÇA: (1) MÃE (2) PAI (3) OUTRO: _______
PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELO DOMICÍLIO: (1) PAI (2) MÃE (3) AVÔ/AVÓ (4) TIO/A (5) OUTRO
ENDEREÇO:______________________________________CONTATO: _______________
NOME DA
CRIANÇA
IDADE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS* VALOR
Hb
OBS.
P01 P02 P03 A01 A02 A03
* A01, A02, A03= ALTURA; P01, P02, P03= PESO
A p ê n d i c e s | 92
APÊNDICE C
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO - PPGAN
PROJETO ANEMIA E FATORES ASSOCIADOS EM CRIANÇAS DE ASSENTAMENTO DE
TERESINA (PI)
FORMULÁRIO SOBRE A CRIANÇA E EVENTOS DE SAÚDE
Instruções para entrevistadores:
6) Preencher com caneta esferográfica;
7) Os textos entre colchetes ou entre parênteses são para orientação;
8) Não preencher os espaços em cinza;
9) Não deixar perguntas sem respostas;
10) RM = Resposta Múltipla: marcar uma ou mais opções.
ASSENTAMENTO:_____________________________
NOME ENTREVISTADO: ___________________________________________________
PARENTESCO DO ENTREVISTADO C/ A CRIANÇA: (1) MÃE (2) PAI (3) OUTRO: _________
ENDEREÇO:________________________________________ CONTATO: _____________
1) Qual o nome completo da criança ?
_______________________________________________________________
2) Qual a data de nascimento da criança (olhar no Cartão da Criança)?
____/_____/______ (1) pega no Cartão
(2) relatada pelo entrevistado
|__|__|-|__|__|-|__|__|__|__|
(1)
(2)
3) Idade da criança (conferir com a data de nascimento) Em meses: |__|__|
4) Sexo da criança (anotar sem perguntar) (0) Masculino (1) Feminino
(0) (1)
5) A criança tomou sulfato ferroso nos últimos 6 meses? (olhar na caderneta da
criança).
(0) Sim (1) Não (2) Não possui caderneta de vacina (3) Não se aplica
(0)
(1)
(2) (3)
6) Anote o(s) registro(s) da(s) dose(s) de sulfato ferroso apontada no cartão de
vacina da criança (RM).
_______________________
_______________________
_______________________
7) A criança tomou nos últimos 3 meses algum outro complexo vitamínico ou
suplemento alimentar? (olhar frasco do medicamento/suplemento).
(0) Sim (Anotar nome e data abaixo) (1) Não (Ir para q. 11)
Nome:______________________________________ Período: _____________
Nome: ______________________________________ Período: _____________ Nome: ______________________________________ Período: _____________
Nome: ______________________________________ Período: _____________
(0)
(1)
8) A criança teve algum problema de saúde nos últimos 15 dias? (0) Sim (1) Não
(0) (1)
CÓDIGO:___________________
A p ê n d i c e s | 93
ENTREVISTADOR:______________________________________ Data: _____/_____/______
QUESTIONÁRIO CONFERIDO POR: ______________________________________________________
Data:_____/_____/__________
É necessário ajuste? ( ) não ( ) sim :_________________________
9) Qual desses problemas de saúde a criança apresentou (RM): (1) Diarréia (2) Vômito (3) Parasitoses (4) Doenças respiratórias
(5) Outro ______________ (6) Não se aplica
(1) (2)
(3)
(4) (5)
(6)
10) Há quanto tempo a criança mama, ou quanto tempo mamou no peito (em
meses)? ____________________
|__|__|
11) Desse tempo, quanto foi só exclusivo (só leite do peito, sem chá, água, leites
ou alimentos)?
(1) < 1 mês ou nunca (2) até 1 mês (3) até 2 meses (4) até 3 meses (5) até 4 meses (6) até 5 meses (7) até 6 meses (8) > 6 meses
(1)
(2)
(3)
(4) (5)
(6)
(7) (8)
12) A escolarização da criança se dá por meio de (se não estuda, investigar
opções 4, 5, 6):
(1) escola/creche pública regular (4) escola/creche particular regular (2) projetos/turmas especiais (5) não estudam, por opção familiar
(3) não estudam, por falta de acesso (6) outro_____________________
(7) Não se aplica
(1)
(2)
(3) (4)
(5)
(6) (7)
13) No local onde a criança estuda é oferecido merenda gratuitamente?
(0) sim (1) não
(0)
(1)
A p ê n d i c e s | 94
APÊNDICE D
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO
Campus Universitário Ministro Petrônio Portella - Bairro Ininga – Teresina/PI
CEP: 64049-550 - Fone (86) 3237-2062
E-mail: ppgan@ufpi.edu.br
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título do projeto: Anemia e fatores associados em crianças menores de cinco anos em
Assentamentos Rurais de Teresina.
Pesquisador responsável: Dra. Adriana de Azevedo Paiva
Instituição/Departamento: UFPI/ Departamento de Nutrição
Pesquisadores participantes: Dra. Adriana de Azevedo Paiva, mestranda Lívia Patrícia
Rodrigues Batista.
Telefone para contato (inclusive a cobrar): (086) 81084106; (086) 99272712
Você está sendo convidado (a) a permitir a participação de seu filho (a), como
voluntário, em uma pesquisa. Você precisa decidir se a criança vai participar ou não. Por
favor, não se apresse em tomar a decisão. Leia cuidadosamente o que se segue e pergunte ao
responsável pelo estudo sobre qualquer dúvida que tiver. Este estudo será conduzido pela
Mestranda Lívia Patrícia Rodrigues Batista, sob orientação da Profa. Dra. Adriana de Azevedo
Paiva. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar que seu filho
faça parte do estudo, assine este documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra
é do pesquisador responsável. Em caso de recusa, você não será penalizada. Em caso de
dúvida, você pode procurar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí
pelo telefone (086) 3215 5437.
DESCRIÇÃO DA PESQUISA
Esta pesquisa tem por objetivo “Estimar a prevalência de anemia em crianças menores
de cinco anos de Assentamentos de Teresina, bem como determinar seus fatores associados”.
Para tanto, a criança será submetida à coleta de sangue por punção venosa digital para leitura
imediata dos níveis de hemoglobina e verificação de anemia, à avaliação antropométrica (peso
A p ê n d i c e s | 95
e estatura) para determinação do estado nutricional e, além disso, será estimado a insegurança
alimentar por meio da aplicação do formulário da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar
(EBIA), sendo esta informação fornecida por um dos chefes da família, em entrevista.
Filmagens ou fotos serão feitas, caso necessário.
Ao participar da pesquisa, a criança não sofrerá nenhum prejuízo; no entanto, poderá
sentir leve desconforto em vista da coleta do material biológico, requerido para realização
desta pesquisa.
Os participantes do estudo terão como benefício imediato, o resultado do exame para
diagnóstico de anemia, que será dado após a realização do exame; e como benefício mediato,
a contribuição com a melhoria de vida das crianças, através do fornecimento dos resultados da
pesquisa ao INCRA/PI e CONSEA/PI auxiliando na política de Alimentação e Nutrição do
município.
Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pela
pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. Se você tiver alguma consideração ou
dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)
da Universidade Federal do Piauí (Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bairro
Ininga, Teresina, Piauí, Brasil), telefone: (86) 3215-5734; fax (86) 3215-5560).
Se você concordar com a participação do seu filho (a) no estudo, o nome e identidade
da criança e responsáveis serão mantidos em sigilo. A menos que requerido por lei ou por sua
solicitação, somente o pesquisador, a equipe do estudo, Comitê de Ética independente e
inspetores de agências regulamentadoras do governo (quando necessário) terão acesso a suas
informações para verificar as informações do estudo. O projeto terá duração de dois anos,
com término previsto para o primeiro semestre de 2014.
Nomes e assinaturas dos pesquisadores
______________________________________________________
Dra Adriana de Azevedo Paiva
______________________________________________________
Lívia Patrícia Rodrigues Batista
A p ê n d i c e s | 96
CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO
Eu,_________________________________________, RG________________________,
CPF______________________, abaixo assinado, concordo na participação de meu filho (a)
________________________________________________________________no estudo
“Anemia e fatores associados em crianças menores de cinco anos em assentamentos
rurais de Teresina.”, como sujeito. Fui suficientemente informado (a) a respeito das
informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo. Ficaram claros para
mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus
desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.
Ficou claro também que a participação do meu filho (a) é isenta de despesas. Concordo
voluntariamente na participação deste (a) no estudo e poderei retirar o meu consentimento a
qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de
qualquer benefício do governo, ou repassado pelo INCRA (PI).
Teresina ______/_____/______
________________________________________________________
Assinatura do responsável pela criança
Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e aceite do sujeito
em participar.
Testemunhas (não ligadas à equipe de pesquisadores):
Nome:_____________________________________________________________
Assinatura:_________________________________________________________
Nome:_____________________________________________________________
Assinatura: _________________________________________________________
Observações complementares_____________________________________________________
A p ê n d i c e s | 97
APÊNDICE E
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO
Campus Universitário Ministro Petrônio Portella - Bairro Ininga – Teresina/PI
CEP: 64049-550 - Fone (86) 3237-2062
E-mail: ppgan@ufpi.edu.br
TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título do projeto: Anemia e fatores associados em crianças menores de cinco anos em
Assentamentos Rurais de Assentamento de Teresina.
Pesquisador responsável: Dra. Adriana de Azevedo Paiva
Instituição/Departamento: UFPI/ Departamento de Nutrição
Pesquisadores participantes: Dra. Adriana de Azevedo Paiva, mestranda Lívia Patrícia
Rodrigues Batista.
Telefone para contato (inclusive a cobrar): (086) 81084106; (086) 99272712; (086)
99190763.
Você está sendo convidado (a) para participar da pesquisa: “Anemia e fatores
associados em crianças menores de cinco anos em Projetos de Assentamentos rurais de
Teresina”. Seus pais permitiram que você participe, mas você não precisa participar da
pesquisa se não quiser, é você quem escolhe, não terá nenhum problema se desistir.
Nós queremos saber quantas crianças menores de cinco anos que moram no
assentamento estão em insegurança alimentar, que é quando a família da criança não pode por
várias vezes dar a criança uma alimentação na quantidade e qualidade que ela precisa, ou
ainda quando, para que a criança tenha alimentação sua família tem que deixar, por exemplo,
de comer bem e de se vestir bem. Nós queremos saber ainda se essas crianças têm anemia, e o
que pode explicar isso (chamado de fatores associados). Nós estamos estudando esse assunto
porque queremos saber como está à saúde e nutrição das crianças que moram em
assentamento.
Para sabermos disso nós vamos fazer uma entrevista com alguém da sua família, na
sua casa, onde vamos perguntar como a sua família vive (o que chamamos de questionário
socioeconômico) e fazer outras perguntas para ver se sua família vive em insegurança
A p ê n d i c e s | 98
alimentar (chamado de questionário da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar). Nós
vamos também pesar e medir você, para ver como está o seu crescimento; e fazer um exame
de sangue (uma picadinha no dedo) para ver se você tem anemia. Esse exame pode doer um
pouco, a picadinha da agulha é parecida com a picada da formiga, mas a dor passa logo e não
traz prejuízo à sua saúde. Nós vamos pesar e medir você no assentamento em que você mora,
nós vamos avisar o dia e o local. Você ou sua família não pagarão nada para participar da
pesquisa.
Os resultados da pesquisa vão ser publicados, mas você ou sua família não serão
identificadas. Quando nós tivermos o resultado da pesquisa, voltaremos ao assentamento e
explicaremos a alguém da sua família, que cuide de você, como está a sua saúde.
Se você tiver alguma dúvida pode me perguntar. Meu nome é Lívia Patrícia. Você
também pode tirar suas dúvidas com a professora Adriana Paiva. Nossos telefones estão no
começo dessa folha.
Nomes e Assinaturas das pesquisadoras
__________________________________ __________________________________
Dra. Adriana de Azevedo Paiva Lívia Patrícia Rodrigues Batista
Eu,___________________________________________________________________, aceito
participar da pesquisa “Anemia e fatores associados em crianças menores de cinco anos
em Assentamentos rurais de Teresina”. Entendi o que é a pesquisa, os seus objetivos e
como será feita. Entendi as coisas boas e as coisas ruins que podem acontecer. Também
entendi que posso dizer “sim” e participar, mas que, a qualquer momento, posso dizer “não” e
desistir que ninguém vai ficar furioso. Os pesquisadores tiraram minhas dúvidas e também
conversaram com os meus responsáveis. Recebi uma cópia deste termo de assentimento, que
li ou que foi lido para mim e concordo em participar da pesquisa.
Teresina, _______, ____________________ de 2013.
___________________________________________________________________________
Assinatura da criança
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