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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC
MICHEL BARBOSA DA SILVA
ESTUDO DO REAPROVEITAMENTO DO RESÍDUO LÍQUIDO GERADO PELA LAVAGEM DOS FILTROS NA ESTAÇÃO DE
TRATAMENTO DE ÁGUA DO SISTEMA PRATAGY EM MACEIÓ-AL
MACEIÓ - AL 2017/1
MICHEL BARBOSA DA SILVA
ESTUDO DO REAPROVEITAMENTO DO RESÍDUO LÍQUIDO GERADO PELA LAVAGEM DOS FILTROS NA ESTAÇÃO DE
TRATAMENTO DE ÁGUA DO SISTEMA PRATAGY EM MACEIÓ-AL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Cesmac, sob a orientação da professora MsC. Marianny Monteiro Pereira de Lira.
MACEIÓ - AL 2017/1
BIBLIOTECA CENTRAL CESMAC S586e Silva, Michel Barbosa da Estudo do reaproveitamento do resíduo líquido gerado pela lavagem dos filtros na estação de tratamento de água do Sistema Pratagy em Maceió - AL/ Michel Barbosa da Silva.-- Maceió, 2017. 78f.: il. TCC(Graduação em Engenharia Civil)- Centro Universitário CESMAC, Maceió, AL, 2017. Orientadora: Marianny Monteiro Pereira de Lira. 1. Reaproveitamento. 2. Tratamento de água. 3. Resíduo líquido. 4. Sistema Pratagy. 5. Maceió. I. Lira, Marianny Monteiro Pereira de. II. Título. CDU:69
MICHEL BARBOSA DA SILVA
ESTUDO DO REAPROVEITAMENTO DO RESÍDUO LÍQUIDO GERADO PELA LAVAGEM DOS FILTROS NA ESTAÇÃO DE
TRATAMENTO DE ÁGUA DO SISTEMA PRATAGY EM MACEIÓ-AL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Cesmac, sob a orientação da professora MsC. Marianny Monteiro Pereira de Lira.
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades e realizar
tal feito.
A esta universidade e todo seu corpo docente, que oportunizaram a janela
que hoje vislumbro um horizonte superior.
A minha orientadora Msc. Marianny Monteiro Pereira de Lira, pelo suporte no
pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos.
Aos meus pais e minhas irmãs, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.
E todos aqueles que, direta ou indiretamente, fizeram parte da minha
formação, o meu muito obrigado.
ESTUDO DO REAPROVEITAMENTO DO RESÍDUO LÍQUIDO GERADO PELA
LAVAGEM DOS FILTROS NA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA DO SISTEMA PRATAGY EM MACEIÓ-AL
STUDY REUSE OF THE LIQUID WASTE GENERATED BY WASHING THE FILTERS AT THE WATER TREATMENT STATION OF THE PRATAGIA SYSTEM
IN MACEIÓ-AL Michel Barbosa da Silva
Graduando do Curso de Engenharia Civil Michelbsilva1@gmail.com
Marianny Monteiro Pereira de Lira Mestra em Engenharia Civil
marianny.monteiro@gmail.com RESUMO
Com o crescimento populacional, industrial e econômico, houve o aumento do consumo de água havendo a necessidade de reúso deste bem. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade da água após a lavagem dos filtros da Estação de Tratamento de Água (ETA) do Pratagy na cidade de Maceió/AL, com fins de reutilizá-la no processo inicial do tratamento da presente ETA. O estudo foi realizado entres os meses de novembro de 2016 e maio de 2017, onde se avaliou parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água após a lavagem dos filtros. Após os estudos de caracterização da água da lavagem dos filtros e levando em conta algumas considerações, foi possível averiguar que o retorno da mesma ao início do processo do tratamento pode ser realizado. PALAVRAS-CHAVE: Reaproveitamento. Tratamento de água. Resíduo líquido. Sistema Pratagy. Maceió. ABSTRACT With the population growth, industrial and economic, there was an increase in water consumption and there was a need to reuse this good. The objective of this study was to evaluate the water quality after washing the filters of the Pratagy Water Treatment Station (WTS) in the city of Maceió, Brazil, in order to reuse it in the initial treatment of this WTS. The study was carried out between November 2016 and May 2017, where the physical-chemical and microbiological parameters of the water were evaluated after washing the filters. After the characterization studies of the water from the washing of the filters and taking into account some considerations, it was possible to verify that the return of the same to the beginning of the treatment process can be carried out. KEYWORDS: Reuse. Water treatment. Liquid waste. Pratagy System. Maceió.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Fluxograma de um sistema de abastecimento de água ............................ 13
Figura 2: Captação de água no riacho Catolé e no rio São Francisco, localizados
nos munícipios de Maceió e Pão de Açúcar em Alagoas .......................................... 14
Figura 3: Adutora de água bruta com 1200 mm de diâmetro localizada no rio Pilões
Florianópolis/SC ........................................................................................................ 15
Figura 4: Estação elevatória dos municípios de Joaçaba, Herval d'Oeste e Luzerna
.................................................................................................................................. 16
Figura 5: Estação de tratamento de água do Pratagy .............................................. 17
Figura 6: Obra de implantação da rede de distribuição no município de Buritis/RO 18
Figura 7: Padrão microbiológico da água para consumo humano ........................... 32
Figura 8: Padrão de turbidez para água pós-filtração ou pré-desinfecção ............... 33
Figura 9: Metas progressivas para atendimento ao valor máximo permitido de 0,5 uT
para filtração rápida e de 1,0 uT para filtração lenta ................................................. 33
Figura 10: Tempo mínimo, em minutos, para a desinfecção por meio da cloração . 35
Figura 11: Continuação dos valores apresentados na Figura 10 ............................. 35
Figura 12: Tempo mínimo, em minuto, a desinfecção por meio de cloraminação .... 35
Figura 13: Tempo mínimo, em minutos, para a desinfecção com dióxido de cloro. . 36
Figura 14: Padrão de potabilidade para substâncias químicas que representam risco
à saúde ..................................................................................................................... 38
Figura 15: Continuação dos Padrões de potabilidade da Figura 14 ......................... 38
Figura 16: Continuação dos Padrões de potabilidade das Figuras 14 e 15 ............. 39
Figura 17: Padrão organoléptico de potabilidade ..................................................... 40
Figura 18: Fluxograma das etapas de uma estação de tratamento do tipo
convencional ............................................................................................................. 41 Figura 19: Amostras do resíduo líquido da lavagem dos filtros da ETA Pratagy. ..... 47
Figura 20: Adutora de abastecimento de água bruta para a ETA do sistema Pratagy.
.................................................................................................................................. 57
Figura 21: Fluxograma das etapas da ETA do subsistema Pratagy. ........................ 58
Figura 22: Câmaras que promovem a colisão das partículas formando os coágulos
.................................................................................................................................. 58
Figura 23: Câmaras de mistura lenta. ...................................................................... 59
Figura 24: As câmaras de mistura lenta provem a união dos coágulos formando os
flocos. ........................................................................................................................ 59
Figura 25: Decantador da ETA Pratagy. ................................................................... 60
Figura 26: Módulo de Polietileno de Alta Densidade (PEAD) .................................. 61
Figura 27: Filtro descendente da ETA do Pratagy .................................................... 62
Figura 28: Painel de controle do processo de lavagem dos filtros ........................... 63
Figura 29: Filtro após a execução da lavagem ......................................................... 63
Figura 30: Cilindros de Cloro gasoso ....................................................................... 64
Figura 31: Módulo de dosagem do cloro gasoso ...................................................... 64
Figura 32: Registro de controle de operação ........................................................... 65
Figura 33: Fluxograma com o processo para o reaproveitamento do resíduo líquido
da lavagem dos filtros da ETA Pratagy ..................................................................... 70
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Classificação da água quanto à turbidez ................................................. 19
Quadro 2: Classificação da água quanto ao pH ....................................................... 21
Quadro 3: Classificação da água quanto a dureza ................................................... 21
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Caracterização do resíduo líquido dos filtros da ETA Pratagy .................. 66
Tabela 2: Comparativo da caracterização da água bruta do Rio Pratagy e da do
resíduo liquido dos filtros da ETA Pratagy ................................................................ 68
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
1.1 Objetivos ............................................................................................................ 11
1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................... 11
1.1.2 Objetivos específicos........................................................................................ 11
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 12
2.1 Sistema de Abastecimento de Água ................................................................ 12
2.1.1 Caracterização de um sistema de abastecimento de água .............................. 12
2.1.2 Etapas do sistema de abastecimento de água ................................................. 13
2.2 Qualidade das Águas para Abastecimento ..................................................... 18
2.2.1 Parâmetros ...................................................................................................... 18
2.2.1.1 Indicadores de qualidade física .................................................................... 18
2.2.1.2 Indicadores de qualidade química ................................................................ 20
2.2.1.3 Indicadores de qualidade microbiológica ...................................................... 24
2.2.2 Aspectos Legais e Institucionais ..................................................................... 25
2.2.2.1 Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) .......................................... 25
2.2.2.2 CONAMA 357/2005 ....................................................................................... 26
2.2.2.3 Portaria n° 518 do Ministério da Saúde ........................................................ 29
2.2.2.4 Portaria n° 2.914 do Ministério da Saúde ..................................................... 29
2.3 Etapas do tratamento da Água ......................................................................... 40
2.3.1 Filtração ............................................................................................................ 43
2.3.2 Benefícios da recirculação da água proveniente da lavagem dos filtros ......... 45
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 46
3.1 Caracterização da Área de estudo ................................................................... 46
3.2 Análise da qualidade da água para lavagem dos filtros ................................ 46
3.3 Parâmetros de qualidade da água ................................................................... 47
3.3.1 Indicadores de qualidade microbiológica ......................................................... 48
3.3.2 Indicadores de qualidade química .................................................................... 49
3.3.3 Indicadores de qualidade física ........................................................................ 53
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 57
4.1 Caracterização da Área de estudo ................................................................... 57
4.1.1 Sistema Pratagy ............................................................................................... 57
4.1.2 Estação de Tratamento do Sistema Pratagy .................................................... 57
4.2 Qualidade da água proveniente da lavagem dos filtros ................................. 66
4.3 Etapa de recirculação do resíduo líquido ....................................................... 68
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 71 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 72 ANEXO A – Resultados dos ensaios analíticos das amostras do resíduo líquido
.................................................................................................................................. 76 ANEXO B – Laudo de análise da água bruta do Rio Pratagy .............................. 77
10 1 INTRODUÇÃO
O ciclo hidrológico vem garantido com que a água seja um recurso renovável
e abundante, processo que garante um recurso limpo e seguro, desde que seja
reciclada por meios naturais. O aumento do consumo de água potável,
consequência do crescimento da demanda populacional, tem ocasionado um
desequilibro no ciclo hidrológico fazendo com que o reuso planejado seja de
fundamental importância para atender a tal demanda conforme afirma Morelli (2005).
O reuso planejado de água faz parte da estratégia global para a
administração da qualidade da água proposta pelo programa das Nações Unidas
(ONU) para o meio ambiente e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
As Estações de Tratamento de Água (ETA) têm a finalidade de garantir a
qualidade da água conforme os fins de utilização em que serão empregados, sendo
assim unidades de vital importância no tratamento de água.
Parsekian (1998) observou que existe cerca de 7500 estações de tratamento
de água no Brasil, a maioria de ciclo convencional, que em geral, lançam seus
resíduos nos leitos dos rios de forma direta, não havendo um tratamento prévio. A
Lei Federal nº 9605/98, que fala das sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, é outro dos instrumentos utilizados
pelos governantes como forma de coibir essa forma de descarte (Brasil, 1998). Na
tentativa de mudar este hábito e incentivar uma nova cultura que é a da conservação
da natureza, deve-se repensar a forma com que serão descartados tais resíduos,
como observado por Oliveira e Barcelo (2012).
Com características próprias, os resíduos de uma estação de tratamento de
água possuem grande variedade de composição podendo ser sólidos e líquidos. O
presente trabalho considerou apenas o efluente líquido gerado pela ETA do tipo
convencional gerado na lavagem dos filtros de uma estação de tratamento, tendo
em vista que esse efluente é considerado a segunda maior quantidade de rejeito
produzido em uma estação de tratamento convencional conforme afirma Fontana
(2004).
Heller e Pádua (2010, p. 533) fazem a seguinte constatação sobre o processo
de lavagem dos filtros nas estações de tratamento de água:
11 “A água de lavagem dos filtros deve ser disposta de modo a minimizar impactos no meio ambiente. Ela também pode ser reciclada na própria ETA, misturada à água bruta. Mas essa alternativa precisa ser estudada com cuidado para que o procedimento não prejudique a qualidade da água distribuída à população. ”
Com base nessas explanações este trabalho buscará apresentar um estudo
sobre o reaproveitamento do resíduo líquido proveniente da limpeza dos filtros da
estação de tratamento de água do sistema do Pratagy, gerida pela Companhia de
Saneamento de Alagoas (Casal), analisando a qualidade do mesmo e identificando,
se possível, a etapa de recirculação desse resíduo.
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo geral
Estudar a viabilidade técnica do reaproveitamento do resíduo líquido
proveniente da lavagem dos filtros da estação de tratamento de água do sistema
Pratagy, localizado no município de Maceió-AL.
1.1.2 Objetivos específicos
Caracterizar a área de estudo;
Qualificar através de análises físico-químicas e microbiológicas a amostra da
água proveniente de lavagem de filtros da ETA em estudo;
Identificar a etapa de recirculação da água proveniente da lavagem dos filtros.
12 2 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo é apresentado o referencial teórico consultado para subsidiar o
desenvolvimento da pesquisa, citando as definições e embasamentos do sistema de
abastecimento de água em geral e suas etapas, elaborando um estudo de
caracterização com ênfase na Estação de Tratamento de Água do sistema Pratagy,
localizado no município de Maceió-AL.
2.1 Sistema de Abastecimento de Água
2.1.1 Caracterização de um sistema de abastecimento de água
O conceito de abastecimento de água, enquanto serviço necessário à vida
das pessoas e da sociedade é inserido em um conceito mais amplo de saneamento,
entendido, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), como o controle de
todos os fatores do meio físico do homem, que desempenham ou podem
desempenhar efeitos que prejudiquem seu bem-estar físico, mental ou social. Ou
seja, saneamento compreende um conjunto de operações sobre o meio ambiente no
qual vivem as pessoas, visando garantir a elas condições de salubridade, que
protejam a sua saúde como foi observado por Heller e Pádua (2010).
Para que sejam asseguradas as condições adequadas de abastecimento de
água é preciso uma abordagem de engenharia, pois serão necessárias instalações
que sejam planejadas, projetadas, implantadas, operadas e mantidas. Logo,
segundo Ribeiro e Rooke (2010), o Sistema de Abastecimento de Água (SAA) é um
conjunto de obras, etapas, equipamentos e serviços, que garantem as condições de
salubridade e que protegem o bem-estar físico, mental ou social das pessoas.
13 2.1.2 Etapas do sistema de abastecimento de água
Figura 1: Fluxograma de um sistema de abastecimento de água. Fonte: Dados do autor, 2016.
- Manancial
É o local onde é captada a água bruta para será utilizada no abastecimento.
De uma forma geral, o manancial é classificado em: manancial superficial e em
manancial subterrâneo (Brasil, 2014).
Manancial Superficial é a parte do manancial onde a água escoa pela
superfície terrestre, como por exemplo, os córregos, rios, lagos, represas e os
reservatórios construídos com função de armazenar o volume necessário para que
seja garantido o abastecimento em tempos de estiagem, como é observado por
Dantas (2009).
Ainda de acordo com Dantas (2009), Manancial Subterrâneo é o manancial
do qual a água vem do subsolo, que pode emergir para a superfície por meio de
nascentes, minas e outras formas, ou, por meio de obras de captação, ser trazida a
superfície.
- Captação
É o conjunto de equipamentos e instalações para a retirada da água do
manancial e lançar no sistema de abastecimento de água, como é observado por
14 Dantas (2009). Segundo Pedreira (2011), tem que garantir uma vazão de demanda,
localizar-se antes de focos de poluição, de acordo com a correnteza, antes de
despejo de esgoto, por exemplo, preferencialmente a cota da captação deve ser
mais alta do que o local para onde a água vai ser tratada.
A figura 2 demonstra dois exemplos de captação.
Figura 2: Captação de água no riacho Catolé e no rio São Francisco, localizados nos munícipios de Maceió e Pão de Açúcar em Alagoas.
Fonte: Google imagens, 2016.
- Adução
Como observado por Heller e Pádua (2010) adutoras são condutos, canais ou
tubulações, como exemplo da figura 3, que são encarregados de transportar a água
entre as unidades do sistema de abastecimento que antecedem a rede de
distribuição. Logo, as adutoras são a ligação entre a captação e as estações de
tratamento de água e destas aos reservatórios.
As adutoras são classificadas de acordo com a (Brasil, 2014):
I. Natureza da água transportada:
a) Adutora de água bruta: transporta a água captada no manancial até a
Estação de Tratamento de Água;
b) Adutora de água tratada: transporta a água da Estação de Tratamento de
Água aos reservatórios de distribuição.
II. Energia utilizada para o escoamento da água:
15 a) Adutora por gravidade: quando é aproveitado o desnível que existe entre o
ponto inicial e o final da adução;
b) Adutora por recalque: quando é utilizado conjunto motobomba e acessórios,
ou um meio elevatório qualquer;
c) Mista: quando se usa parte por recalque, e outra parte por gravidade.
III. Modo de escoamento:
a) Adutora em conduto livre: a superfície é mantida sob efeito da pressão
atmosférica. Os condutos podem ser abertos, como por exemplo, canais, ou
fechados. A água ocupa apenas parte da seção de escoamento, não
funcionado totalmente cheios;
b) Adutora em conduto forçado: a água ocupa toda a seção de escoamento, o
que mante a pressão interna superior a pressão atmosférica. Permite que a
água se movimente, seja por gravidade ou recalque, graças a existência de
uma carga hidráulica.
Figura 3: Adutora de água bruta com 1200 mm de diâmetro localizada no rio Pilões Florianópolis/SC.
Fonte: CASAN, 2016.
- Estação Elevatória
A estação elevatória pode ser localizada antes, dentro ou depois da ETA,
existem dois tipos de estações elevatórias, de água bruta, que vem logo depois da
captação através da adutora, ou de água tratada, serve de reservatório para com a
ajuda da gravidade, distribuir a água já tratada para a população, segundo Araújo
(2014).
16 A estação elevatória é de grande importância “no sistema de abastecimento
de água, de forma que, uma bacia hidrográfica pode ter terreno tão íngreme que a
água, para chegar a determinados pontos, deverá ser recalcada utilizando-se
bombas” (Brasil, 2008).
Figura 4: Estação elevatória dos municípios de Joaçaba, Herval d'Oeste e Luzerna. Fonte: SIMAE, 2016.
- Estação de Tratamento
O sistema de abastecimento tem como objetivo final disponibilizar água
potável aos consumidores, com quantidade e pressão adequadas e de forma
continua não oferecendo riscos sanitários as pessoas, como é observado por Heller
e Pádua (2010).
A estação de tratamento de água (ETA) é o local onde a água passará por
etapas e será tratada através de processos fisioquímicos a fim de deixa-la com a
melhor qualidade possível para seu consumo, como exigido na Portaria N°. 2914, 12
de dezembro de 2011, que consolida os padrões de potabilidade da água (Brasil,
2011).
17
Figura 5: Estação de tratamento de água do Pratagy. Fonte: Dados do autor, 2016.
- Reservação
Depois que a água passa pela ETA geralmente vai para um reservatório.
Dantas (2009) diz que esses reservatórios são unidades tradicionalmente
concebidas e operadas tendo foco em regular a vazão de adução e de distribuição,
condicionar as pressões na rede de distribuição quando necessário e reservar água
para combater a incêndios ou algum outro tipo de situação emergencial.
- Rede de Distribuição
Heller e Pádua (2010) definem rede de distribuição como a unidade do
sistema de abastecimento que é constituída por tubulações e órgãos acessórios
instalados em logradouros públicos, e tem a finalidade de fornecer, em regime
contínuo, ou seja, 24 horas por dia, água potável em quantidade, qualidade e
pressão adequadas a todos os consumidores abastecidos por essa rede, estejam
localizados em uma vila, cidade ou outro tipo de aglomeração urbana.
18
Figura 6: Obra de implantação da rede de distribuição no município de Buritis/RO.
Fonte: Rondônia em pauta, 2016.
2.2 Qualidade das Águas para Abastecimento
2.2.1 Parâmetros
A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) n° 357, de
17 de março de 2005, define parâmetro de qualidade da água como as substancias
ou outros indicadores que representam a qualidade da água (Brasil, 2005).
2.2.1.1 Indicadores de qualidade física
- Cor
De acordo com Pimentel (2009), a cor está associada ao grau de redução de
intensidade que a luz sofre ao atravessar uma amostra de água, devido a presença
de sólidos dissolvidos, principalmente matéria em estado coloidal orgânica e
inorgânica. Esgotos domésticos e diversos efluentes industriais (têxteis, celulose,
madeira etc.), são alguns tipos de matérias orgânicas em estado coloidal.
Os principais compostos inorgânicos são os óxidos de ferro e manganês,
encontrados em abundancia em alguns tipos de solos. Alguns metais presentes em
efluentes industriais conferem cor a água, mas em geral, pouco interferem na
passagem da luz (São Paulo, 2009).
19 Vasconcelos (2012) afirma que para determinar a intensidade da cor da água
é feita comparação da amostra com um padrão de cobalto-platina, o resultado será
fornecido em unidades de cor, também chamadas de unidade Hazen (uH).
- Turbidez
A turbidez pode ser conceituada como a interferência que a luz sofre ao
passar através do líquido. Em regiões com solos erosivos, onde a água pode
carregar partículas de argila, silte, areia, fragmentos de rocha e óxidos metálicos do
solo, a turbidez dos corpos d’água é particularmente alta. Diversos tipos de efluentes
(esgotos sanitários, industriais etc.) também provocam a elevação da turbidez das
águas (Brasil, 2014).
Pereira (2014) diz que a alteração à penetração da luz na água é indicada por
meio de unidades de turbidez. O NTU (Unidades de Turbidez Nefelométricas) é a
unidade que caracteriza a turbidez da água.
Quadro 1: Classificação da água quanto à turbidez NTU Classificação da água
<5 água clara
5<NTU<30 água ligeiramente turva
NTU>30 água turva
Fonte: Dados do autor, 2017.
- Sólidos
Os sólidos presentes na água podem estar em suspensão ou dissolvidos.
Sólidos em suspensão são as partículas que podem ficar retidas em processos de
filtração. Sólidos Totais Dissolvidos (STD) são as partículas de diâmetro inferior a
10-3 µm que permanecem em solução mesmo após a etapa de filtração. No geral, as
operações de secagem, calcinação e filtração definem as diversas frações de
sólidos presentes na água, que podem ser sólidos totais, em suspensão, dissolvidos,
fixos e voláteis (São Paulo, 2009).
De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB),
os sólidos podem reter bactérias e resíduos orgânicos no fundo dos rios, provocando
decomposição anaeróbia. Altos teores de sais minerais, particularmente sulfato e
20 cloreto, estão ligados à tendência de corrosão em sistemas de distribuição,
conferindo também sabor às águas (São Paulo, 2009).
- Temperatura
A temperatura executa um papel vital no meio aquático, condicionando as
influências de uma série de variáveis físico-químicas. À medida que a temperatura
aumenta, de 0 a 30°C, variáveis como viscosidade, tensão superficial,
compressibilidade, calor específico, constante de ionização e calor latente de
vaporização diminuem, enquanto outras como a condutividade térmica e a pressão
de vapor aumentam (São Paulo, 2009).
A temperatura superficial sofre influência de fatores como latitude, altitude,
estação do ano, período do dia, taxa de fluxo e profundidade. A elevação da
temperatura em um corpo d’água está geralmente relacionada a despejos industriais
e usinas termoelétricas, conforme afirmam Silva e Souza (2013).
2.2.1.2 Indicadores de qualidade química
- Alumínio
O Brasil é um dos maiores produtores de alumínio do mundo, produto que é
consumido em grandes quantidades. O alumínio é o principal elemento em um
grande número de componentes presentes na atmosfera, particularmente pela
queima de carvão mineral e poeira derivada de solos, conforme é afirmado por Cleto
(2008).
Na água está diretamente relacionado com o pH, tendo menor solubilidade
onde o pH fica entre 5,5 e 6,0 e apresenta maiores concentrações em profundidades
nas quais o pH é menor (São Paulo, 2009). O aumento das quantidades de alumínio
na água também está relacionado ao período chuvoso, ou seja, a alta turbidez.
Ingestão por alimentos ou água, para pessoas que não trabalhem diretamente
com esse elemento, são as principais formas de exposição. Evidencias apontam que
o alumínio é um material neurotóxico e seu acumulo no homem tem sido associado
a casos de Alzheimer (São Paulo, 2009).
- Bário
Os compostos de bário são encontrados em indústria da borracha, têxtil,
cerâmica, farmacêutica e outras. Na água ocorre na forma de carbonatos em
21 algumas fontes minerais. De acordo com a CETESB, não é um elemento essencial
ao homem e em grandes concentrações causa problemas no coração, sistema
nervoso, constrição dos vasos sanguíneos, elevando a pressão arterial (São Paulo,
2009).
- pH
O potencial hidrogeniônico (pH) é a intensidade das condições ácidas ou
alcalinas do meio líquido, através da medição da presença de íons hidrogênio (H+),
de acordo com Pereira (2014).
Quadro 2: Classificação da água quanto ao pH
pH Classificação da água
pH<7 ácida
pH igual a 7 neutra
pH>7 alcalina
Fonte: Dados do autor, 2017.
- Dureza
A dureza indica à concentração de cátions multivalentes em solução na água,
ou em outras palavras, a dureza é define como a resistência oposta à ação do
sabão. Cátions como cálcio e magnésio (Ca+2, Mg+2), em menor escala, ferro (Fe+2),
manganês (Mn+2), estrôncio (Sr+2) e alumínio (Al+3), são frequentemente associados
à dureza. A dureza da água é expressa em mg/L de equivalente em
carbonato de cálcio (CaCO3), como afirma Vasconcelos (2012).
Quadro 3: Classificação da água quanto a dureza mg/L em termos de CaCO3 Classificação da água
0 - 75 Leve
75 - 150 Moderadamente dura
150 - 300 Dura
Acima de 300 Muito dura
Fonte: Dados do autor, 2017.
22 - Cádmio
A principal via de exposição para as pessoas que não trabalham com o
cádmio e não fumante é a oral. A ingestão de grandes concentrações de cádmio,
seja por alimentos ou água, causa irritação no estômago, levando ao vômito, diarreia
e pode levar a morte. É liberado ao ambiente por efluentes industriais e por poluição
difusa causada por fertilizantes e poluição local do ar (São Paulo, 2009).
- Chumbo
Rocha (2014) afirma que o chumbo é amplamente utilizado em indústrias
como na fabricação de ligas metálicas, tintas, esmaltes, de baterias. A presença na
água ocorre por decomposição atmosférica ou lixiviação, separação de metias e um
minério, do solo. Ainda segundo Rocha (2014), o chumbo raramente é encontrado
nas águas de torneira, exceto quando as tubulações ou outros acessórios são à
base de chumbo. Altamente tóxico o chumbo pode afetar quase todos os sistemas
do corpo humano, sendo o sistema nervoso o mais sensível, tanto em adultos como
em crianças.
- Cloretos
De acordo com Moreira (2012) o cloreto ocorre nas águas subterrâneas
devido à percolação da água através de solos e rochas. Nas águas superficiais, as
descargas de esgotos sanitários são fontes importantes de cloreto, chegando a
presentar concentrações que ultrapassam de 15 mg/L. Os efluentes industriais,
como nas indústrias do petróleo, algumas farmacêuticas, curtumes e etc.,
apresentam elevadas concentrações de cloretos. Em geral não apresentam toxidade
para o ser humano, exceto em caso de deficiência de metabolismo de cloreto de
sódio (São Paulo, 2009).
- Condutividade
A condutividade é a capacidade de a água conduzir o corrente elétrica.
Depende das concentrações iônicas, da temperatura e indica a quantidade de sais
presentes nas águas, representando, ainda que indiretamente, uma medida de
concentração de poluentes na água, com afirma Moreira (2012).
- Cromo
23 É utilizado na produção de ligas metálicas, construção civil, fertilizantes, tintas
curtumes, e entre outros usos. Em sua forma trivalente é essencial para o
metabolismo humano e sua carência leva a doenças. Já na forma hexavalente, é
tóxico e pode levar ao câncer, como afirmado por Vasconcelos (2012).
- Ferro
O ferro é encontrado principalmente em águas subterrâneas devido à
dissolução do minério pelo gás carbônico na água (São Paulo, 2009).
De acordo com Rocha (2014) as estações chuvosas elevam o nível do ferro
contido em águas superficiais, devido ao carregamento de solos e processos de
erosão das margens. O despejo de efluentes industriais em corpos d’água também é
um contribuinte para a elevação do nível de ferro na água. Em águas tratadas para
abastecimento público, o emprego de coagulantes a base de ferro contribui para a
elevação do seu teor na água.
Embora não seja prejudicial à saúde nas concentrações normalmente
encontradas em águas naturais, o elemento ferro pode provocar inconvenientes
como manchas em roupas e vasos sanitários, ou ainda, prejudicar determinadas
indústrias que utilizem água com uma concentração mais elevada de ferro, como
observado por Vasconcelos (2012).
- Sulfato
Segundo Moreira (2012) o sulfato é um dos íons mais abundantes
encontrados na natureza. A fonte de sulfato, em águas naturais, ocorre da
dissolução de solos e rochas e pela oxidação de sulfeto. É de vital importância o
controle do sulfato no tratamento da água, pois quando ingerido causa efeito
laxativo.
- Série nitrogenada
O nitrogênio é um dos mais importantes nutrientes para o crescimento de
algas e plantas aquáticas (Brasil, 2014). Em condições fortemente alcalinas, ocorre
o predomínio da amônia livre, que apresenta uma tóxica bastante elevada a vários
organismos aquáticos. Moreira (2012) diz que o nitrato por sua vez, em
concentrações elevadas, está associado à doença da metahemoglobinemia, que
dificulta o transporte de oxigênio na corrente sanguínea de bebês. Em adultos, a
24 atividade metabólica interna impede a transformação do nitrato em nitrito, que é o
agente responsável pela metahemoglobinemia.
- Cloro residual livre
Cloro Residual Livre é quantidade de cloro adicionada para se obter correta
desinfecção da água, assegurando a eliminação de bactérias e consequentemente
de patógenos. De acordo com Cleto (2008) a permanência de um residual de cloro
assegura a qualidade microbiológica, desde o tratamento da água até o usuário da
mesma. O resultado da análise do cloro é expresso em mg/L (Brasil, 2014).
- Matéria orgânica: DBO e DQO
Em grandes quantidades as matérias orgânicas podem causar problemas
como cor, odor, turbidez e consumo do oxigênio dissolvido pelos organismos
decompositores. Os parâmetros DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) e DQO
(Demanda Química de Oxigênio) indicam o consumo ou a demanda de oxigênio
necessário para estabilizar a matéria orgânica contida na amostra de água, sendo
expressas em mg/L (Brasil, 2014).
De acordo com Funasa, a diferença entre DBO e DQO é o tipo de matéria
orgânica estabilizada (Brasil, 2014). Enquanto a DBO refere-se à matéria orgânica
mineralizada pela ação de micro-organismos, a DQO engloba, ainda, a estabilização
da matéria orgânica ocorrida por processos químicos como é notado por Santos
(2011).
A DQO é um parâmetro indispensável para a caracterização de esgotos
sanitários e efluentes industriais. Quanto utilizada conjuntamente com a DBO é
muito útil para a observação da biodegradabilidade de despejos (São Paulo, 2009).
Em ambientes naturais não poluídos, a concentração de DBO, que entre os
dois parâmetros é o mais utilizado, fica entre 1 mg/L e 10 mg/L, ou seja, em um
período de cinco dias a 20°C, são necessários de 1 a 10 miligramas de oxigênio
para que a matéria orgânica contida em um litro da amostra seja estabilizada (Brasil,
2014).
2.2.1.3 Indicadores de qualidade microbiológica
- Coliformes totais
25 As bactérias que constituem o grupo dos coliformes são organismos com
características comuns e sua presença é relacionada a organismos patógenos e
outros vírus. A análise que acusar a presença de coliformes, não indica
necessariamente água está contaminada por bactérias patogênicas, por isso, para a
avaliação da qualidade de águas naturais, os coliformes totais são valor limitado.
Sua aplicação delimita-se quase que exclusivamente à classificação da qualidade da
água tratada, onde a sua presença pode apontar que ocorreram falhas no
tratamento da água, possível contaminação após o tratamento ou a existência de
nutrientes em excesso, por exemplo, nos reservatórios de água (Brasil, 2014).
- Coliformes Termotolerantes (Fecais)
Os coliformes termotolerantes são normalmente encontrados no organismo
humano, vivendo em grandes quantidades nas fezes. O grupo também pode incluir
bactérias de origem não exclusivamente fecal, apesar da denominação. Apresentam
resistência, ao meio em que são encontrados, com um grau de semelhança ao que
é apresentado pelos patógenos intestinais vinculados as doenças causadas pela
água, ou seja, a ausência de coliformes termotolerantes reduz probabilidade de
contaminação por patógenos e consequentemente doenças (Brasil, 2014).
2.2.2 Aspectos Legais e Institucionais
2.2.2.1 Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal)
Criada em 1° de dezembro de 1962, através da Lei Estadual n° 2.491, a Casal
é responsável pela construção, exploração e manutenção dos sistemas de
abastecimento de água e esgotamento sanitário, compreendendo o
acompanhamento das obras e instalações, a operação e manutenção dos sistemas,
a captação, tratamento, adução e distribuição de água, coleta, tratamento e
disposição de esgotos, sendo de exclusiva competência da mesma a exploração
econômica desses serviços, nas localidades por ela administrada (Alagoas, 2015).
Tem como missão promover a qualidade de vida para dos consumidores
alagoanos, atendendo atualmente municípios do Estado, inclusive a capital Maceió,
sendo responsável pelo abastecimento de água tratada nestes municípios. No que
diz respeito a esgotamento sanitário, presta serviço às cidades de Maceió,
26 Maragogi, Piranhas, Batalha, Santana do Ipanema, Palmeira dos Índios e Paulo
Jacinto.
2.2.2.2 CONAMA 357/2005
A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) n° 357, de
17 de março de 2005, dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, estabelecendo condições e padrões de
lançamento de efluentes, e dá outras providências (Brasil, 2005).
No capítulo I, art. 2º, a referida Resolução estabelece definições, das quais se
destacam as seguintes (Brasil, 2005):
I. Águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰;
II. Águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a 30 ‰;
III. Águas salinas: águas com salinidade igual ou superior a 30 ‰;
IV. Classe de qualidade: conjunto de condições e padrões de qualidade de água
necessários ao atendimento dos usos preponderantes, atuais ou futuros;
V. Classificação: qualificação das águas doces, salobras e salinas em função
dos usos preponderantes (sistema de classes de qualidade) atuais e futuros;
VI. Coliformes termotolerantes: bactérias gram-negativas, em forma de bacilos,
oxidase-negativas, caracterizadas pela atividade da enzima β-galactosidase.
Podem crescer em meios contendo agentes tenso-ativos e fermentar a
lactose nas temperaturas de 44º - 45ºc, com produção de ácido, gás e
aldeído. Além de estarem presentes em fezes humanas e de animais
homeotérmicos, ocorrem em solos, plantas ou outras matrizes ambientais que
não tenham sido contaminados por material fecal;
VII. Condição de qualidade: qualidade apresentada por um segmento de corpo
d'água, num determinado momento, em termos dos usos possíveis com
segurança adequada, frente às classes de qualidade;
VIII. Condições de lançamento: condições e padrões de emissão adotados para o
controle de lançamentos de efluentes no corpo receptor;
IX. Controle de qualidade da água: conjunto de medidas operacionais que visa
avaliar a melhoria e a conservação da qualidade da água estabelecida para o
corpo de água;
X. Corpo receptor: corpo hídrico superficial que recebe o lançamento de um
efluente;
27 XI. Desinfecção: remoção ou inativação de organismos potencialmente
patogênicos;
XII. Escherichia coli (E.Coli): bactéria pertencente à família Enterobacteriaceae
caracterizada pela atividade da enzima β-glicuronidase. Produz indol a partir
do aminoácido triptofano. É a única espécie do 2 grupo dos coliformes
termotolerantes cujo habitat exclusivo é o intestino humano e de animais
homeotérmicos, onde ocorre em densidades elevadas;
XIII. Monitoramento: medição ou verificação de parâmetros de qualidade e
quantidade de água, que pode ser contínua ou periódica, utilizada para
acompanhamento da condição e controle da qualidade do corpo de água;
XIV. Padrão: valor limite adotado como requisito normativo de um parâmetro de
qualidade de água ou efluente;
XV. Parâmetro de qualidade da água: substancias ou outros indicadores
representativos da qualidade da água;
XVI. Tratamento avançado: técnicas de remoção e/ou inativação de constituintes
refratários aos processos convencionais de tratamento, os quais podem
conferir à água características, tais como: cor, odor, sabor, atividade tóxica ou
patogênica;
XVII. Tratamento convencional: clarificação com utilização de coagulação e
floculação, seguida de desinfecção e correção de pH;
XVIII. Tratamento simplificado: clarificação por meio de filtração e desinfecção e
correção de pH quando necessário.
Já no capítulo II, que trata da classificação dos corpos de água, o Art. 4º,
Seção I, determina as seguintes classificações para água doce (Brasil, 2005):
I. Classe especial: águas destinadas:
a) Ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção;
b) À preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas;
c) À preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de
proteção integral.
II. Classe 1: águas que podem ser destinadas:
a) Ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;
b) À proteção das comunidades aquáticas;
28 c) À recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e
mergulho, conforme resolução CONAMA n° 274, de 2000;
d) À irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se
desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de
película;
e) À proteção das comunidades aquáticas em terras indígenas.
III. Classe 2: águas que podem ser destinadas:
a) Ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
b) À proteção das comunidades aquáticas;
c) À recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e
mergulho, conforme resolução CONAMA n° 274, de 2000;
d) À irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de
esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto;
e) À aquicultura e à atividade de pesca.
IV. Classe 3: águas que podem ser destinadas:
a) Ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou
avançado;
b) À irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
c) À pesca amadora; d) à recreação de contato secundário;
d) À dessedentação de animais.
V. Classe 4: águas que podem ser destinadas:
a) À navegação;
b) À harmonia paisagística.
Ainda no Art. 14º do capítulo III, referente às condições e padrões de
qualidade das águas, são observadas as seguintes condições para as águas doces
de classe 1 (Brasil, 2005):
I. Não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os
critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua
ausência, por instituições nacionais ou internacionais renomadas,
29 comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro
método cientificamente reconhecido.
II. Material flutuante, inclusive espuma não naturais: virtualmente ausentes;
III. Óleos e graxas: virtualmente ausentes;
IV. Substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;
V. Corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes;
VI. Resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;
VII. Coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário
deverão ser obedecidos os padrões de qualidade de balneabilidade, previstos
na resolução conama n° 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser
excedido um limite de 200 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em
80% ou mais, de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um
ano, com freqüência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em
substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites
estabelecidos pelo órgão ambiental competente;
VIII. DBO 5 dias a 20°c até 3 mg/l o2;
IX. OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/l o2;
X. Turbidez até 40 unidades nefelométrica de turbidez (unt);
XI. Cor verdadeira: nível de cor natural do corpo de água em mg pt/l;
XII. pH: 6,0 a 9,0.
2.2.2.3 Portaria n° 518 do Ministério da Saúde
A Portaria n.º 518, 25 de marco de 2004, do Ministério da Saúde estabelece,
em seus capítulos e artigos, responsabilidades por parte de quem produz a água, no
caso, os sistemas de abastecimento de água e de soluções alternativas, a quem
cabe o exercício de controle de qualidade da água e das autoridades sanitárias das
diversas instâncias de governo, incumbidas de “vigiar a qualidade da água para
consumo humano”. Também ressalta a responsabilidade dos órgãos de controle
ambiental referente ao monitoramento e ao controle das águas, incluindo o de fonte
de abastecimento de água destinada ao consumo humano (Brasil, 2004).
2.2.2.4 Portaria n° 2.914 do Ministério da Saúde
A Portaria n° 2.914, 12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde dispõe
padrões sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água
30 para consumo humano, proveniente de sistema e solução alternativa de
abastecimento de água, e seu padrão de potabilidade (Brasil, 2011).
No capítulo II a Portaria acima citada adota as seguintes definições:
I. Água para consumo humano: água potável destinada à ingestão, preparação
e produção de alimentos e à higiene pessoal, independentemente da sua
origem;
II. Água potável: água que atenda ao padrão de potabilidade estabelecido nesta
portaria e que não ofereça riscos à saúde;
III. Padrão de potabilidade: conjunto de valores permitidos como parâmetro da
qualidade da água para consumo humano, conforme definido nesta portaria;
IV. Padrão organoléptico: conjunto de parâmetros caracterizados por provocar
estímulos sensoriais que afetam a aceitação para consumo humano, mas que
não necessariamente implicam risco à saúde;
V. Água tratada: água submetida a processos físicos, químicos ou combinação
destes, visando atender ao padrão de potabilidade;
VI. Sistema de abastecimento de água para consumo humano: instalação
composta por um conjunto de obras civis, materiais e equipamentos, desde a
zona de captação até as ligações prediais, destinada à produção e ao
fornecimento coletivo de água potável, por meio de rede de distribuição;
VII. Solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo
humano: modalidade de abastecimento coletivo destinada a fornecer água
potável, com captação subterrânea ou superficial, com ou sem canalização e
sem rede de distribuição;
VIII. Solução alternativa individual de abastecimento de água para consumo
humano: modalidade de abastecimento de água para consumo humano que
atenda a domicílios residenciais com uma única família, incluindo seus
agregados familiares;
IX. Rede de distribuição: parte do sistema de abastecimento formada por
tubulações e seus acessórios, destinados a distribuir água potável, até as
ligações prediais;
X. Ligações prediais: conjunto de tubulações e peças especiais, situado entre a
rede de distribuição de água e o cavalete, este incluído;
XI. Cavalete: kit formado por tubos e conexões destinados à instalação do
hidrômetro para realização da ligação de água;
31 XII. Interrupção: situação na qual o serviço de abastecimento de água é
interrompido temporariamente, de forma programada ou emergencial, em
razão da necessidade de se efetuar reparos, modificações ou melhorias no
respectivo sistema;
XIII. Intermitência: é a interrupção do serviço de abastecimento de água,
sistemática ou não, que se repete ao longo de determinado período, com
duração igual ou superior a seis horas em cada ocorrência;
XIV. Integridade do sistema de distribuição: condição de operação e manutenção
do sistema de distribuição (reservatório e rede) de água potável em que a
qualidade da água produzida pelos processos de tratamento seja preservada
até as ligações prediais;
XV. Controle da qualidade da água para consumo humano: conjunto de atividades
exercidas regularmente pelo responsável pelo sistema ou por solução
alternativa coletiva de abastecimento de água, destinado a verificar se a água
fornecida à população é potável, de forma a assegurar a manutenção desta
condição;
XVI. Vigilância da qualidade da água para consumo humano: conjunto de ações
adotadas regularmente pela autoridade de saúde pública para verificar o
atendimento a esta portaria, considerados os aspectos socioambientais e a
realidade local, para avaliar se a água consumida pela população apresenta
risco à saúde humana;
XVII. Garantia da qualidade: procedimento de controle da qualidade para monitorar
a validade dos ensaios realizados;
XVIII. Recoleta: ação de coletar nova amostra de água para consumo humano no
ponto de coleta que apresentou alteração em algum parâmetro analítico;
XIX. Passagem de fronteira terrestre: local para entrada ou saída internacional de
viajantes, bagagens, cargas, contêineres, veículos rodoviários e encomendas
postais.
O capítulo V da referida Portaria determina os seguintes padrões de
potabilidade (Brasil, 2011):
Art. 27º. A água potável deve estar em conformidade com padrão microbiológico,
disposto Figura 7 e demais disposições da Portaria acima citada.
32
Figura 7: Padrão microbiológico da água para consumo humano. Fonte: Portaria n° 2.914 do Ministério da Saúde, Anexo I, 2011.
§ 1º No controle da qualidade da água, quando forem detectadas amostras com
resultado positivo para coliformes totais, mesmo em ensaios presuntivos, ações
corretivas devem ser adotadas e novas amostras devem ser coletadas em dias
imediatamente sucessivos até que revelem resultados satisfatórios.
§ 2º Nos sistemas de distribuição, as novas amostras devem incluir no mínimo uma
recoleta no ponto onde foi constatado o resultado positivo para coliformes totais e
duas amostras extras, sendo uma à montante e outra à jusante do local da recoleta.
§ 3º Para verificação do percentual mensal das amostras com resultados positivos
de coliformes totais, as recoletas não devem ser consideradas no cálculo.
§ 4º O resultado negativo para coliformes totais das recoletas não anula o resultado
originalmente positivo no cálculo dos percentuais de amostras com resultado
positivo.
§ 5º Na proporção de amostras com resultado positivo admitidas mensalmente para
coliformes totais no sistema de distribuição, expressa na Figura 7, não são tolerados
resultados positivos que ocorram em recoleta, nos termos do § 1º.
§ 6º Quando o padrão microbiológico estabelecido na Figura 7 for violado, os
responsáveis pelos sistemas e soluções alternativas coletivas de abastecimento de
água para consumo humano devem informar à autoridade de saúde pública as
medidas corretivas tomadas.
§ 7º Quando houver interpretação duvidosa nas reações típicas dos ensaios
analíticos na determinação de coliformes totais e Escherichia coli, deve-se fazer a
recoleta.
Art. 28º. A determinação de bactérias heterotróficas deve ser realizada como um
dos parâmetros para avaliar a integridade do sistema de distribuição (reservatório e
rede).
33 § 1º A contagem de bactérias heterotróficas deve ser realizada em 20% das
amostras mensais para análise de coliformes totais nos sistemas de distribuição.
§ 2º Na seleção dos locais para coleta de amostras devem ser priorizadas pontas
de rede e locais que alberguem grupos populacionais de risco à saúde humana.
§ 3º Alterações bruscas ou acima do usual na contagem de bactérias heterotróficas
devem ser investigadas para identificação de irregularidade e providências devem
ser adotadas para o restabelecimento da integridade do sistema de distribuição,
recomendando-se que não se ultrapasse o limite de 500 UFC/mL.
Art. 29º. Recomenda-se a inclusão de monitoramento de vírus entéricos no(s)
ponto(s) de captação de água proveniente(s) de manancial(is) superficial(is) de
abastecimento, com o objetivo de subsidiar estudos de avaliação de risco
microbiológico.
Art. 30º. Para a garantia da qualidade microbiológica da água, em complementação
às exigências relativas aos indicadores microbiológicos, deve ser atendido o padrão
de turbidez expresso na Figura 8 e devem ser observadas as demais exigências
contidas na referida Portaria.
Figura 8: Padrão de turbidez para água pós-filtração ou pré-desinfecção. Fonte: Portaria n° 2.914 do Ministério da Saúde, Anexo II, 2011.
Figura 9: Metas progressivas para atendimento ao valor máximo permitido de 0,5 uT para filtração rápida e de 1,0 uT para filtração lenta.
Fonte: Portaria n° 2.914 do Ministério da Saúde, Anexo III, 2011.
§ 1º Entre os 5% dos valores permitidos de turbidez superiores ao Valor Máximo
Permitido (VMP) estabelecido na Figura 8, para água subterrânea com desinfecção,
34 o limite máximo para qualquer amostra pontual deve ser de 5,0 unidade de Turbidez
(uT) , assegurado, simultaneamente, o atendimento ao VMP de 5,0 uT em toda a
extensão do sistema de distribuição.
§ 2º O valor máximo permitido de 0,5 uT para água filtrada por filtração rápida
(tratamento completo ou filtração direta), assim como o valor máximo permitido de
1,0 uT para água filtrada por filtração lenta, estabelecidos na Figura 8, deverão ser
atingidos conforme as metas progressivas definidas na Figura 9.
§ 3º O atendimento do percentual de aceitação do limite de turbidez, expresso na
Figura 8, deve ser verificado mensalmente com base em amostras,
preferencialmente no efluente individual de cada unidade de filtração, no mínimo
diariamente para desinfecção ou filtração lenta e no mínimo a cada duas horas para
filtração rápida.
Art. 31º. Os sistemas de abastecimento e soluções alternativas coletivas de
abastecimento de água que utilizam mananciais superficiais devem realizar
monitoramento mensal de Escherichia coli no(s) ponto(s) de captação de água.
§ 1º Quando for identificada média geométrica anual maior ou igual a 1.000
Escherichia coli/100mL deve-se realizar monitoramento de cistos de Giardia spp. e
oocistos de Cryptosporidium spp. no(s) ponto(s) de captação de água.
§ 2º Quando a média aritmética da concentração de oocistos de Cryptosporidium
spp. for maior ou igual a 3,0 oocistos/L no(s) pontos(s) de captação de água,
recomenda-se a obtenção de efluente em filtração rápida com valor de turbidez
menor ou igual a 0,3 uT em 95% das amostras mensais ou uso de processo de
desinfecção que comprovadamente alcance a mesma eficiência de remoção de
oocistos de Cryptosporidium spp.
§ 3º Entre os 5% das amostras que podem apresentar valores de turbidez superiores
ao VMP estabelecido no § 2º do art. 30, o limite máximo para qualquer amostra
pontual deve ser menor ou igual a 1,0 uT, para filtração rápida e menor ou igual a
2,0 uT para filtração lenta.
§ 4º A concentração média de oocistos de Cryptosporidium spp. referida no § 2º
deve ser calculada considerando um número mínimo de 24 amostras uniformemente
coletadas ao longo de um período mínimo de um ano e máximo de dois anos.
35 Art. 32º. No controle do processo de desinfecção da água por meio da cloração,
cloraminação ou da aplicação de dióxido de cloro devem ser observados os tempos
de contato e os valores de concentrações residuais de desinfetante na saída do
tanque de contato expressos nas Figuras 10, 11, 12 e 13.
Figura 10: Tempo mínimo, em minutos, para a desinfecção por meio da cloração.
Fonte: Portaria n° 2.914 do Ministério da Saúde, Anexo IV, 2011.
Figura 11: Continuação dos valores apresentados na Figura 10. Fonte: Portaria n° 2.914 do Ministério da Saúde, Anexo IV, 2011.
Figura 12: Tempo mínimo, em minuto, a desinfecção por meio de cloraminação.
Fonte: Portaria n° 2.914 do Ministério da Saúde, Anexo V, 2011.
36
Figura 13: Tempo mínimo, em minutos, para a desinfecção com dióxido de cloro.
Fonte: Portaria n° 2.914 do Ministério da Saúde, Anexo VI, 2011.
§ 1º Para aplicação das tabelas das Figuras 10, 11, 12 e 13 deve-se considerar a
temperatura média mensal da água.
§ 2º No caso da desinfecção com o uso de ozônio, deve ser observado o produto
concentração e tempo de contato (CT) de 0,16 mg.min/L para temperatura média da
água igual a 15º C.
§ 3º Para valores de temperatura média da água diferentes de 15º C, deve-se
proceder aos seguintes cálculos: I - para valores de temperatura média abaixo de
15ºC: duplicar o valor de CT a cada decréscimo de 10ºC. II - para valores de
temperatura média acima de 15ºC: dividir por dois o valor de CT a cada acréscimo
de 10ºC.
§ 4º No caso da desinfecção por radiação ultravioleta, deve ser observada a dose
mínima de 1,5 mJ/cm2para 0,5 log de inativação de cisto de Giardia spp.
Art. 33º. Os sistemas ou soluções alternativas coletivas de abastecimento de água
supridas por manancial subterrâneo com ausência de contaminação por Escherichia
coli devem realizar cloração da água mantendo o residual mínimo do sistema de
distribuição, conforme as disposições contidas no art. 34°.
§ 1º Quando o manancial subterrâneo apresentar contaminação por Escherichia coli,
no controle do processo de desinfecção da água, devem ser observados os valores
do produto de concentração residual de desinfetante na saída do tanque de contato
e o tempo de contato expressos nas Figuras 10, 11, 12 e 13 ou a dose mínima de
radiação ultravioleta expressa no § 4º do art. 32.
37 § 2º A avaliação da contaminação por Escherichia coli no manancial subterrâneo
deve ser feita mediante coleta mensal de uma amostra de água em ponto anterior ao
local de desinfecção.
§ 3º Na ausência de tanque de contato, a coleta de amostras de água para a
verificação da presença/ausência de coliformes totais em sistemas de
abastecimento e soluções alternativas coletivas de abastecimento de águas,
supridas por manancial subterrâneo, deverá ser realizada em local à montante ao
primeiro ponto de consumo.
Art. 34º. É obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/L de cloro residual livre
ou 2 mg/L de cloro residual combinado ou de 0,2 mg/L de dióxido de cloro em toda a
extensão do sistema de distribuição (reservatório e rede).
Art. 35º. No caso do uso de ozônio ou radiação ultravioleta como desinfetante,
deverá ser adicionado cloro ou dióxido de cloro, de forma a manter residual mínimo
no sistema de distribuição (reservatório e rede), de acordo com as disposições do
art. 34 º.
Art. 36º. Para a utilização de outro agente desinfetante, além dos descritos na
referida Portaria, deve-se consultar o Ministério da Saúde.
Art. 37º. A água potável deve estar em conformidade com o padrão de substâncias
químicas que representam risco à saúde, expressos nas Figuras 14, 15 e 16, e com
as demais disposições da Portaria.
38
Figura 14: Padrão de potabilidade para substâncias químicas que representam risco à saúde.
Fonte: Portaria n° 2.914 do Ministério da Saúde, Anexo VII, 2011.
Figura 15: Continuação dos Padrões de potabilidade da Figura 14. Fonte: Portaria n° 2.914 do Ministério da Saúde, Anexo VII, 2011.
39
Figura 16: Continuação dos Padrões de potabilidade das Figuras 14 e 15. Fonte: Portaria n° 2.914 do Ministério da Saúde, Anexo VII, 2011.
Notas:
(1) CAS é o número de referência de compostos e substâncias químicas adotado
pelo Chemical Abstract Service.
(2) Valor Máximo Permitido.
(3) Somatório dos isômeros alfa, beta e os sais de endossulfan, como exemplo o
sulfato de endossulfan.
(4) Esse parâmetro é usualmente e equivocadamente conhecido como BHC.
(5) Análise exigida de acordo com o desinfetante utilizado.
Art. 39º. A água potável deve estar em conformidade com o padrão organoléptico de
potabilidade expresso na Figura 17.
40
Figura 17: Padrão organoléptico de potabilidade. Fonte: Portaria n° 2.914 do Ministério da Saúde, Anexo X, 2011.
§ 1º Recomenda-se que, no sistema de distribuição, o pH da água seja mantido na
faixa de 6,0 a 9,5.
§ 2º Recomenda-se que o teor máximo de cloro residual livre em qualquer ponto do
sistema de abastecimento seja de 2 mg/L.
§ 4º Para os parâmetros ferro e manganês são permitidos valores superiores ao
VMPs estabelecidos na Figura 17 desta Portaria, desde que sejam observados os
seguintes critérios:
I - os elementos ferro e manganês estejam complexados com produtos químicos
comprovadamente de baixo risco à saúde;
II - os VMPs dos demais parâmetros do padrão de potabilidade não sejam violados;
III - as concentrações de ferro e manganês não ultrapassem 2,4 e 0,4 mg/L,
respectivamente.
§ 5º O responsável pelo sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de
água deve encaminhar à autoridade de saúde pública dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios informações sobre os produtos químicos utilizados e a
comprovação de baixo risco à saúde.
2.3 Etapas no tratamento da água
A seguir, observa-se a descrição de técnicas de potabilização, ou seja, as
etapas (oxidação, coagulação, floculação, decantação, filtração, desinfecção e
41 fluoretação) do tratamento da água bruta, de uma estação do tipo convencional,
antes de chegar à rede de distribuição, para que a mesma não ofereça riscos
sanitários ao bem-estar dos consumidores.
Figura 18: Fluxograma das etapas de uma estação de tratamento do tipo convencional.
Fonte: Dados do autor, 2017.
- Oxidação
A oxidação química é uma etapa que pode ser utilizada para reduzir a
concentração de contaminantes orgânicos e inorgânicos, que normalmente, não são
removidos de modo satisfatório nas unidades que usualmente compõem as ETAs
(Brasil, 2008). Estuda-se o emprego dos oxidantes químicos, tais como cloro,
ozônio, dióxido de cloro, permanganato de potássio e peróxido de hidrogênio. O tipo
de oxidante, sua dosagem e o tempo de contato devem ser previamente
estabelecidos em laboratório, como observado por Paschoalato (2005).
- Coagulação
A coagulação é o processo que busca aglomerar as partículas, com o
aumento de seu peso e volume, permitindo a ação da gravidade. De acordo com o
Ministério da Saúde (2014), a retirada dessas partículas é feita com adição de
coagulantes que formam um precipitado insolúvel gelatinoso, absorvendo a matéria
suspensa formando flocos pesados que irão sedimentar nos decantadores. Como
observado por Heller e Pádua (2010), quando não sendo realizada de forma correta,
a coagulação compromete o desempenho das etapas seguintes. Os coagulantes de
42 uso mais comum nas estações de tratamento são o sulfato de alumínio, o cloreto
férrico, o sulfato ferroso clorado, o sulfato férrico e o hidroxi-cloreto de alumínio.
Heller e Pádua (2010) observam ainda que para o aumento na dosagem do
coagulante, para melhorar a coagulação, é de extrema importância a determinação
do potencial hidrogeniônico (pH) apropriado para tal coagulação.
Após passar pela etapa de coagulação á água vai para as câmaras de
mistura lenta na etapa de floculação.
- Floculação
Depois de feita a coagulação das partículas Heller e Pádua (2010) afirmam,
que a água é conduzida para os floculadores, local onde serão formados os flocos
através de reações químicas. Ainda segundo Heller e Pádua (2010), não há
remoção de impurezas da água nessa etapa, tendo como função, depois da
formação dos flocos, apenas o encaminhamento da água para os decantadores.
- Decantação
Logo depois da formação dos flocos nos floculadores, a água é leva para os
decantadores. De acordo com Silva (2008) a decantação é uma operação onde se
promove a separação dos flocos formados, retirando assim parte das impurezas
estejam na água. Nesta etapa, a água passa por um tanque, em baixa velocidade,
fazendo com que os flocos formados sejam depositados no fundo pela ação da
gravidade. A água decantada, visualmente mais limpa, é conduzida para os filtros
através de calhas coletoras.
- Filtração
A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) diz que essa etapa consiste na
retirada das partículas que ficam na água, fazendo-as passar por substancias
porosas capazes de reter impurezas, sendo então, a última barreira para as
partículas que não ficaram retidas no decantador. Durante a filtração ocorrem os
seguintes fenômenos (Brasil, 2014):
I. Ação mecânica de coar;
II. Sedimentação de partículas sobre grãos de areia;
III. Floculação de partículas, que estava em formação, pelo aumento da
possibilidade de contato entre elas;
43 IV. Formação de partículas gelatinosas na areia, promovida por micro-
organismos que aí se desenvolvem, em filtros lentos.
- Desinfecção
A desinfecção tem o objetivo de eliminar os organismos patogênicos que
possam não ter sido retirados durante as outras etapas do tratamento, como foi
observado por Heller e Pádua (2010).
Os procedimentos químicos utilizados na desinfecção incluem:
a) Ozona: um poderoso desinfetante que não deixa cheiro na água, mas origina um
sabor diferente, mesmo que não seja desagradável.
b) Iodo: após meia hora de contato desinfeta bem a água, entretanto, é muito mais
caro para ser empregado em sistemas públicos de abastecimento de água;
c) Prata: é bastante eficiente, não deixando sabor nem cheiro na água e tem uma
ação residual satisfatória, porém, para águas que contenham algumas substâncias,
como cloretos, sofre uma diminuição considerável na sua eficiência;
d) Cloro: é o desinfetante comumente usado e considerado eficaz, não sendo nocivo
ao homem na dosagem requerida para desinfecção, econômico, não altera outras
qualidades da água depois de aplicado, simples aplicação e mantém ação continua
depois de ser aplicado.
- Fluoretação
De acordo com Heller e Pádua (2010) frequentemente, o flúor é adicionado à
água na forma de ácido fluorsilícico, fluorsilicato de sódio, fluoreto de sódio ou
fluoreto de cálcio (fluorita), para agir preventivamente contra a decomposição do
esmalte dos dentes. A aplicação do ácido pode ser feita na forma concentrada ou
diluída, dependendo da vazão e precisão dos dosadores. A Portaria n° 635, 26 de
dezembro de 1975, do Ministério da Saúde, é a responsável por ditar as normas e
padrões sobre a fluoretação dos sistemas públicos de abastecimento, para consumo
humano (Brasil, 1975).
2.3.1 Filtração
Segundo a Funasa, os filtros podem ser classificados de acordo com sua
velocidade ou pressão. Os filtros lentos são geralmente utilizados em zonas rurais
onde há a disponibilidade de área. Para o processo de remoção não há necessidade
44 previa do uso de coagulantes. A inexistência, na filtração lenta, das etapas de
coagulação, floculação e decantação, permite de um modo geral, a produção de
água com baixos custos operacionais. Os filtros lentos trabalham com taxas de
filtração baixas, o que leva a um maior tempo de retenção da água sobre o meio
filtrante, e usam granulometria fina (Brasil, 2014).
Os filtros rápidos, ou de gravidade, são usados para a filtração de grandes
volumes de água previamente coagulada. Tem formato retangular. São constituídos
de caixa de concreto com um sistema de canalização central e laterais, coberto com
pedregulhos em várias camadas e de várias granulometrias, que suportam a
camada de areia grossa e a de areia preparada, como afirma Pedreira (2011). A
lavagem desse tipo de filtro se da com água tratada introduzida de baixo para cima,
e é feita quando a entrada de água é maior que a saída, provocando a saturação do
filtro, que é o acúmulo de água no mesmo. Porém, isso varia de acordo com as
condições de funcionamento da ETA, como a turbidez da água bruta e decantada
(Brasil, 2014).
Entre os tipos de filtração rápida, destacam-se as seguintes técnicas de
tratamento:
- Filtração direta
Segundo a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA) o sistema
de tratamento por filtração direta é recomendado para o tratamento de água com
menos impurezas. Para ser tratada a água passa pelas seguintes etapas de
coagulação, filtração e desinfecção, fluoração e correção de pH, quando necessário.
A filtração pode ser ascendente ou descendente (Brasil, 2008).
I. Filtros ascendentes
No filtro ascendente a camada suporte e o meio filtrante serão compostos por
seixos e areia. A água a ser filtrada escoará de baixo para cima e quando filtrada é
recolhida em calhas acima do leito filtrante e, então, é conduzida para um tanque
onde será feita a desinfecção (Brasil, 2008).
II. Filtros descendentes
45 Já nos filtros descendentes a camada suporte será composta por seixos e o
meio filtrante, de areia de várias granulometrias. O escoamento da água a ser
filtrada é feito de cima para baixo (Brasil, 2008).
- Filtração direta descendente com floculação
Nessa técnica de tratamento, assim como no tratamento convencional, a água
a ser tratada passa pelas etapas de coagulação, floculação, filtração e desinfecção,
fluoração e correção de pH, se necessário. Os flocos formados para o tratamento da
água por essa técnica são menores do que os formados no tratamento
convencional, pois se deslocam direto para os filtros (Brasil, 2008).
- Dupla filtração
Alvo de muito estudo recentemente, essa técnica de tratamento, quando
comparada com a filtração direta ascendente ou descendente, apresenta vantagens
econômicas e técnicas, oferecendo maior segurança com relação a maiores
variações de qualidade da água (Brasil, 2008).
2.3.2 Benefícios da recirculação da água proveniente da lavagem dos filtros
Segundo Cunha (2011) o reúso é um procedimento que reduz a demanda
sobre os mananciais de água, tornando-se uma forma sustentável e significativa
para corrigir os problemas de escassez dos recursos hídricos. No cenário atual, as
empresas em geral já estão aderindo e aperfeiçoando seus processos, evoluindo de
ações isoladas para programas de conservação da Água que representam desde
práticas mais simplificadas até tecnologias avançadas buscando o uso racional das
águas.
Ainda segundo a mesma, dentre os benefícios ambientais que podem ser
citados estão redução do lançamento de efluentes em corpos d’água, redução da
captação de águas superficiais e subterrâneas. Vale destacar também o beneficio
quanto à questão social, com a melhoria da imagem do setor produtivo junto à
sociedade, no que tange a aplicação de desenvolvimento sustentável (Cunha, 2011).
46 3 METODOLOGIA
Este capítulo apresenta a metodologia que norteou a presente pesquisa,
organizada de acordo com cada um dos objetivos específicos propostos. A pesquisa
teve o estudo baseado nas seguintes técnicas de pesquisa: pesquisa documental,
pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, observações e análise de dados.
3.1 Caracterização da área de estudo
Para a caracterização da área de estudo foi realizado o levantamento
bibliográfico sobre o assunto em instituições públicas e privadas de ensino superior,
na forma de trabalhos científicos.
As visitas a campo na ETA do Pratagy, ocorridas entre Novembro de 2016 e
Março de 2017, foram realizadas com o intuito de coletar amostras do resíduo
líquido da lavagem dos filtros, fazer registros fotográficos das etapas do tratamento
da água, levantar dados operacionais sobre a referida ETA e buscar informações
sobre a caracterização da água do Rio Pratagy.
3.2 Análise da qualidade da água para lavagem dos filtros
A coleta de amostras de água é um dos elementos mais importantes para se
obter a qualidade da água e consequentemente um controle sobre essa qualidade.
Embora seja considerada uma atividade simples, algumas condições básicas foram
obedecidas conforme as determinações e recomendações da Portaria N°. 2914, 12
de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde (Brasil, 2011).
O presente trabalho seguiu as condições básicas abaixo listadas para a coleta
de amostras do resíduo líquido na saída dos filtros, provenientes da lavagem dos
mesmos, na ETA Pratagy:
a) Amostras destinadas às análises físico-químicas foram colocadas
em frascos de polietileno (figura 19), adequadamente limpos, secos e para
evitar erros, devem estar devidamente identificadas;
b) As amostras coletadas foram registradas em fichas próprias contendo as
seguintes informações: local do ponto de coleta, tipo de manancial, data e o
nome do responsável pela amostragem;
c) A amostragem foi realizada diretamente do sistema de distribuição e não em
caixas, reservatórios e etc.;
47 d) A água bruta foi coletada em um ponto estratégico do manancial ou, quando
não for possível, na chegada da água bruta na Estação de Tratamento de
Água.
Figura 19: Amostras do resíduo líquido da lavagem dos filtros da ETA Pratagy.
Fonte: Dados do autor, 2017.
Após a coleta, as amostras foram encaminhadas ao laboratório do Instituto do
Meio Ambiente (IMA) de alagoas e foram analisadas seguindo as recomendações da
Portaria N°. 2914,12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde (Brasil, 2011).
3.3 Parâmetros de qualidade da água
Os parâmetros analisados seguiram as recomendações da Portaria n° 518, do
Ministério da Saúde, de 25 de Março de 2004, que no capítulo IV, art. 17, diz que
para a determinação dos parâmetros físicos, químicos e microbiológicos, as
metodologias de análise devem atender às especificações das normas nacionais
que disciplinem a matéria, da edição mais recente da Standard Methods for the
Examination of Water and Wastwater (SMEWW), de autoria das instituições
48 American Public Health Association (APHA), American Water Works Association
(AWWA) e Water Environment Federation (WEF) (Brasil, 2004).
3.3.1 Indicadores de qualidade microbiológica
- Coliformes Fecais e Totais
Para a determinação dos Coliformes Fecais e Totais foi o utilizado o método
do Teste de Substrato de Enzima. Segundo o Ministério da Saúde (2014), o método
baseia-se na utilização de dois substratos cromogênios, o ß galactosidade para as
enzimas dos coliformes e ß glucoronidase para as de Escherichia coli (Fecais). Os
substratos hidrolisados pelas enzimas específicas dos coliformes e, ou, E. coli,
provocam uma mudança de cor no meio – amarelo, para coliformes, ou produzem
fluorescência quando exposta à luz ultravioleta, no caso de Escherichia coli (Brasil,
2014).
Em 24 horas os resultados confirmam a presença ou ausência de Coliformes
Totais e Escherichia coli, sendo expresso em Número Mais Provável (NMP) para
análises quantitativas.
Técnica:
a) Coletar 100 ml da amostra em frasco ou bolsa estéril, com ou sem tiossulfato
de sódio e adicionar todo o conteúdo do frasconete de Colilert;
b) Fechar o frasco e agitar levemente para dissolver o reagente;
c) Adicionar todo o conteúdo do frasco (amostra com o Colilert) dentro da cartela
Quanti-Tray (contagem de 1 a 200 NMP) ou Quanti-Tray 2000 (contagem de 1
a 2419 NMP);
d) Acomodar a cartela com a amostra na Borracha da Seladora, conforme o tipo
de cartela a ser utilizada;
e) Ligar à seladora e deixar pré-aquecer por 10 minutos;
f) Introduzir a cartela no compartimento da seladora. A seladora
simultaneamente promoverá a distribuição e selagem da cartela contendo a
amostra com o Colilert. Incube a cartela por 24 horas a 35 ºC;
g) Após a incubação efetuar a leitura dos resultados. Contar o número de
cavidades que apresentarem coloração amarela e utilizar a tabela NMP que
acompanha para obter o resultado para Coliformes Totais;
49 h) Em seguida, contar as cavidades amarelas que apresentarem fluorescência
sob luz UV-365 nm e utilizar a tabela NMP para obter o resultado para
Escherichia coli.
3.3.2 Indicadores de qualidade química
- Cloro Residual Livre
Para a determinação do Cloro Residual Livre foi utilizado o Método
Colorimétrico com DPD. A oxidação da N, N - dietil – p - fenilendiamina (DPD) em
presença de cloro (Cl2), ácido hipocloroso (HCLO) e íons hipoclorito (OCl-), resulta
em um produto de reação vermelho violeta. O Método está descrito na 22ª edição do
SMEWW em “Method 4500-Cl- G” (APHA, 2012).
Aparelhagem:
Comparador Calorimétrico;
Cubetas de vidro ou de acrílico.
Reagentes:
Solução ou liofilizado de DPD.
Técnica:
a) Encher uma cubeta com a amostra de água até a marca de 5,0 ml;
b) Colocá-la na abertura do lado esquerdo do aparelho;
c) Encher outra cubeta com a amostra a ser testada até a marca de 5,0 ml;
d) Adicionar a solução ou liofilizado de DPD na segunda amostra e
homogeneizar;
e) Colocar a cubeta com a amostra e DPD no compartimento localizado à direita
do aparelho;
f) Após três minutos, e não mais que seis minutos, proceder à leitura.
Os resultados são expressos em mg/L de Cloro Residual Livre.
- Cloretos
Para a determinação de cloretos foi utilizado o método Titulométrico,
procedimento quantitativo que se baseia na quantidade de um reagente de
50 concentração previamente conhecida que é absorvida pela substancia alvo de
analise no ensaio. O ensaio em questão usou a Titulação com Nitrato de Prata e
está descrito na 22ª edição do SMEWW em “Method 4500-Cl- B” (APHA, 2012).
Aparelhagem:
Bureta de 50 ml;
Becker de 250 ml;
Frasco Erlenmeyer de 250 ml;
Medidor de ph;
Proveta de 100 ml.
Reagentes:
Solução-padrão de nitrato de prata 0,0141N;
Solução indicadora de cromato de potássio k2cro4;
Hidróxido de sódio 1N;
Ácido sulfúrico 1N;
Cloreto de sódio 0,0141 N.
Técnica:
a) Colocar 100 ml de amostra no Erlenmeyer;
b) Ajustar o pH entre 7 e 10, se necessário, com naoh ou H2SO4;
c) Adicionar 1 ml da solução indicadora de k2cro4;
d) Titular com a solução-padrão de nitrato de prata 0,0141 N até a viragem para
amarelo avermelhado que é o ponto final da titulação;
e) Fazer um branco da mesma maneira que a amostra.
Cálculo:
Cl- em mg/L = ((A – B) x N x 35.45) / mL da amostra
A= mL do titulante gasto na amostra;
B= mL do titulante gasto no branco;
N= normalidade do titulante.
51 - pH
O pH foi determinado pelo Método Eletrométrico, que utiliza um medidor de
pH, potenciômetro, com eletrodo específico e soluções tampões (pH 4.0; pH 7.0 e
pH 10,0), soluções essas que reduzem a variação dos valores de pH. Método
descrito na 22ª edição do SMEWW em “Method 4500-H+ B” (APHA, 2012).
Técnica:
a) Checar o aparelho com solução tampão de pH conhecido;
b) Colocar em um becker a amostra e mergulhar os eletrodos;
c) Realizar a leitura.
- Ferro Total
O Ferro Total foi determinado pela espectrofotometria de absorção atômica
pelo método da chama de ar acetileno, descrito na 22ª edição do SMEWW em
“Method 3111 B.” (APHA, 2012).
Espectrometria de Absorção Atômica é o método de analítico usado para
determinar a presença e a quantidade de um determinado metal em uma solução
qualquer, usando como princípio a absorção de radiação ultravioleta pelos elétrons.
Com uma fonte de energia, no caso em questão a chama de ar acetileno, os
elétrons são excitados e sofrem um salto quântico, como descrevem Mendham,
Denney, Barnes e Thomas (2002). Ainda segundo os mesmos, energia é devolvida
na forma de um fóton de luz absorvendo a radiação ultravioleta emitida pela fonte
específica do elemento químico em questão.
- Dureza Total
A determinação da dureza foi realizada pelo Método Titulométrico
caracterizado na 22ª edição do SMEWW em “Method 2340 C” (APHA, 2012).
Aparelhagem:
Bureta de 50 ml;
Pipeta volumétrica de 25 ml;
Balão volumétrico de 50 ml;
Becker de 100 ml;
Frasco Erlenmeyer de 250 ml.
52
Reagentes:
Solução padrão de EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético) 0,01 M;
Solução tampão;
Indicador Eriochrome Black T;
Inibidor l (Cianeto de Sódio P.A em pó);
Inibidor ll (Sulfeto de Sódio).
Técnica:
a) Colocar 100 mL da amostra em um frasco Erlenmyer de 250mL;
b) Adicionar 1 a 2 ml da solução tampão para elevar o pH a 10 ± 0,1;
c) Adicionar aproximadamente 0,05 g do Indicador Eriochrome Black T; • Titular
com EDTA 0,01 M, agitando continuamente até o desaparecimento da cor
avermelhada e o aparecimento da cor azul, ponto final da titulação;
d) Anotar o volume de EDTA gasto;
e) Caso haja necessidade, usar 20 gotas do Inibidor ll.
Observações:
A ausência de um ponto de viragem definido, geralmente, indica a
necessidade de adição de um inibidor ou a deterioração do indicador;
Não levar mais do que cinco minutos para a titulação, medidos após a adição
da solução tampão;
Caso a dureza da água seja muito baixa, usar uma maior quantidade de
amostra, superior a 100mL, adicionando proporcionalmente maior quantidade
de solução tampão, do Inibidor e Indicador;
Fazer sempre um branco com água destilada.
Cálculo:
Dureza Total em mg/L de CaCO3 = Volume gasto de EDTA 0,01M, x fc x 1000
mL da amostra
53 - Nitrato
Assim como no pH, o método para a determinação do Sulfato é o
Eletrométrico e o mesmo encontra-se explicado em “Method 4500-NO3- D” na 22ª
edição do SMEWW (APHA, 2012).
- Nitrito
O Nitrito é determinado pela formação de um composto azo, substancia
orgânicos que quando adicionada a outra substancia altera sua cor, da cor púrpura,
em um pH de 2,0 a 2,5, por diazotação, reação química entre as aminas com o ácido
nitroso, por sulfanilamida com N-(1-naftil)-etilenodiamino dihidroclorídrico (NED
dihidroclorídrico). O Metodo é conhecido como Colorimétrico, estando detalhado em
“Method 4500-NO2- B.” na 22ª edição do SMEWW (APHA, 2012).
- Sulfato
Para indicar a quantidade de Sulfato na amostra foi aplicado o Método
Turbidimétrico relatado na 22ª edição do SMEWW em “Method 4500 SO42- E”.
Turbidimetria é a determinação do peso da concentração de partículas presentes em
suspensão por um processo baseado na dispersão da luz (APHA, 2012).
3.3.3 Indicadores de qualidade física
- Cor Aparente
A determinação da cor aparente se deu pela analise utilizado o Método
Espectrofotométrico descrito na 22ª edição do SMEWW “Method 2120 C.” (APHA,
2012).
Técnica:
a) Utilizar o equipamento espectrofotômetro, previamente calibrado com uma
solução padrão de platino cobalto;
b) Realizar leitura de uma amostra com cor verdadeira, utilizando comprimento
de onda na faixa de 465 nm;
c) Filtrar 200 ml da amostra para se obter a cor verdadeira e ajustar o pH para
7.6 com uma solução de HCl 1N ou NaOH 1N;
d) Encher a cubeta do equipamento com 25ml da amostra filtrada;
54 e) Zerar o equipamento e realizar a leitura.
- Turbidez
O método Nefelométrico é baseado na leitura da intensidade da luz dispersa
pela amostra em ângulo de 90° tomando como referencia a direção da luz incidente.
Método explicado em “Method 2130 B.” da 22ª edição do SMEWW (APHA, 2012).
Aparelhagem:
Turbidímetro;
Cubetas para Turbidímetro.
Técnica:
a) Agitar a amostra evitando a formação de bolhas;
b) Encher uma cubeta até a linha de indicação, tendo o cuidado de evitar
impressão digital na parede do vidro. Tampar a cubeta;
c) Limpar a cubeta com um papel macio, para eliminar as manchas de água e as
impressões digitais;
d) Pressionar a tecla I/O. O instrumento será acionado. Não segurar o
instrumento enquanto realizar as medições;
e) Insirir a cubeta no compartimento, de forma que o losango de orientação fique
alinhado com a marca indicadora saliente à frente do compartimento. Fechar
a tampa;
f) Escolher a faixa manual ou a faixa automática, pressionando a tecla RANGE;
g) Pressionar a tecla READ. O display indicará - - - NTU e, em seguida, a
turbidez em unidades NTU.
- Sólidos Totais Dissolvidos
Os Sólidos Totais Dissolvidos (STD) são determinados pela gravimetria,
diferença entra massa seca e massa úmida em relação ao volume-te da amostra. O
método gravimétrico encontra-se na 22ª edição do SMEWW em “Method 2540 B.”
(APHA, 2012).
Aparelhagem:
Bomba de Vácuo;
Balança analítica;
55 Manifould;
Dessecador;
Estufa;
Mufla;
Pinça de Mohr;
Pinça simples e espátula;
Cápsula de porcelana de 80mL de capacidade;
Cápsula de porcelana de 130mL de capacidade;
Kitassato;
Membrana de filtração de 1,2µm (GF/C);
Membrana de filtração de 0,45µm; • Pipeta graduada e volumétrica;
Bécker;
Cone Imhoff.
Técnica:
a) Calcinar a cápsula de porcelana (130 mL), na mufla a 550 ºC ± 50 ºC por 1
hora;
b) Deixar resfriar em dessecador;
c) Tarar, anotando o peso P0;
d) Retirar uma alíquota de amostra e passar para um bécker de 600mL;
e) Manter a amostra sob agitação;
f) Montar o sistema de filtração utilizando um Kitassato e aparato de filtração;
g) Acomodar uma membrana de GF/C;
h) Filtrar um volume pré-determinado de amostra;
i) Retirar do filtrado, com auxílio de um balão volumétrico ou pipeta volumétrica,
um volume pré-determinado de amostra;
j) Transferir para a cápsula previamente tarada;
k) Transportar, manuseando com luvas, a cápsula até a estufa;
l) Deixar em estufa à 180 +/-2 ºC até peso constante (24 horas);
m) Retirar a cápsula da estufa, com auxílio de pinça de Mohr, e deixar esfriar em
dessecador;
n) Pesar e anotar o peso P1.
56 Cálculo:
STD em mg/L = ((P1 - P0) / volume da amostra em L) x 1000
57 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados estão divididos em 3 partes. No primeiro momento é
apresentada a caracterização da área de estudo, destacando as instalações e o
modo de operação da ETA Pratagy. Nas demais partes são apresentados os
resultados alcançados de caracterização do resíduo líquido e análise dos dados
obtidos.
4.1 Caracterização da Área de Estudo
4.1.1 Sistema Pratagy
O Sistema Pratagy é responsável por abastecer cerca de 40% da cidade de
Maceió fornecendo água diretamente aos bairros de Pajuçara, Jaraguá, Ponta
verde, Jatiúca, Mangabeiras, Jacarecica, Ponta da terra, Poço, Cruz das almas,
Jacintinho, Feitosa e ainda indiretamente, através de manobras, abastece os bairros
de Vergel, Trapiche, Prado, Cambona, Levada, Ponta grossa, Centro e Pontal. A
água bruta é captada no Rio Pratagy, produzindo uma vazão captação de 1.000 L/s,
ou 3.600 m³/h, transportados por uma adutora (figura 20) de 750 mm de diâmetro e
8 km de extensão, abastecendo a ETA do Sistema Pratagy. A ETA funciona em um
regime de operação de 24h/dia, produzindo uma vazão media de 86.400 m3/dia de
água tratada.
Figura 20: Adutora de abastecimento de água bruta para a ETA do sistema
Pratagy Fonte: Dados do autor, 2016.
4.1.2 Estação de Tratamento do Sistema Pratagy A Estação de Tratamento de Água (ETA) é constituída, em cada um de seus
dois lados, por 8 câmaras de mistura lenta, 4 filtros e 1 decantador, sendo do tipo
58 ciclo completo possuindo as fases de coagulação, floculação, decantação, filtração e
desinfecção, demonstradas no fluxograma da figura 21.
Figura 21: Fluxograma das etapas da ETA do sistema Pratagy.
Fonte: Dados do autor, 2016.
- Coagulação
Para a coagulação na estação de tratamento do Pratagy é usado o
coagulante sulfato de alumínio. Durante esse processo também é adicionado o
carbonato de Sódio, para a correção do potencial hidrogeniônico (pH), que deve ficar
entre 6 e 9,5 segundo a Portaria N°. 2914, 12 de dezembro de 2011, do Ministério
da Saúde (Brasil, 2011).
Figura 22: Câmaras que promovem a colisão das partículas formando os
coágulos. Fonte: Dados do autor, 2017.
59 - Floculação
Os floculadores são constituídos por 8 câmaras de mistura lenta (figuras 23 e
24), onde haverá uma diminuição gradual da intensidade de agitação da água, de
forma que não se quebrarem os flocos que estão sendo formados e a água seja
encaminhada para os decantadores.
Figura 23: Câmaras de mistura lenta.
Fonte: Dados do autor, 2017.
Figura 24: As câmaras de mistura lenta provem a união dos coágulos formando
os flocos. Fonte: Dados do autor, 2017.
60 - Decantação
A ETA do Pratagy possui dois decantadores do tipo Laminar de Fluxo
Ascendente (figura 25) com módulos tubulares que são feitos de decantado de
Polietileno de Alta Densidade (PEAD), como os da figura 26.
O lodo que fica depositado no fundo é descartado uma vez por turno. O ideal
é que o mesmo seja transformado seja aproveitado de alguma forma, como por
exemplo, sendo utilizado como adubo.
Figura 25: Decantador da ETA Pratagy.
Fonte: Dados do autor, 2017.
61
Figura 26: Módulo de Polietileno de Alta Densidade (PEAD).
Fonte: Dados do autor, 2016.
- Filtração
A estação de tratamento de água do Pratagy possui um sistema formado por
filtros do tipo descendente de camada simples (figura 27), com um leito filtrante 1,4
m de espessura e que é composto por seixos e areias de várias granulometrias.
62
Figura 27: Filtro descendente da ETA do Pratagy.
Fonte: Dados do autor, 2016.
- Limpeza dos filtros da ETA
Possuindo um reservatório com capacidade para 400 m³ destinado a lavagem
dos filtros, a estação de tratamento de água do Pratagy tem um processo de
lavagem automatizado sendo controlado por um painel (figura 28) que contém as
seguintes chaves: lavagem superficial, que não é mais utilizada, comporta dos filtros
e filtragem, que devem estar no modo fechado para que assim seja dado o início da
lavagem ligando a chave de retro lavagem.
São necessários de 3 a 4 minutos para que o processo de lavagem possa ser
completo, gastando cerca de 100 m³/min. O resíduo líquido gerado é descartado no
manancial.
63
Figura 28: Painel de controle do processo de lavagem dos filtros.
Fonte: Dados do autor, 2017.
Figura 29: Filtro após a execução da lavagem.
Fonte: Dados do autor, 2016. - Desinfecção
O produto para que fazer a desinfecção na ETA do Pratagy é o cloro gasoso,
que fica armazenado em cilindros (figura 30) com capacidade para 900 kg e tem um
consumo aproximado de 10.000 kg/mês.
64
Figura 30: Cilindros de Cloro gasoso.
Fonte: Dados do autor, 2017.
Figura 31: Módulo de dosagem do cloro gasoso.
Fonte: Dados do autor, 2017.
Depois do da etapa de desinfecção, a água vai para um reservatório de água
tratada. A cada duas horas é recolhida uma amostra da água tratada, onde são
analisados os parâmetros de turbidez, cor, do pH e também da quantidade cloro
contidos na mesma. Os parâmetros analisados ficam registrados em um boletim de
operação (figura 32).
65
Figura 32: Registro de controle de operação.
Fonte: Dados do autor, 2017.
66 4.2 Qualidade da água proveniente da lavagem dos filtros
Os parâmetros foram analisados em conformidade com a Portaria N°. 2914,
12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde (ANEXO A) e os resultados estão
dispostos na tabela abaixo.
Tabela 1: Caracterização do resíduo líquido dos filtros da ETA Pratagy.
Parâmetros analíticos
Padrões Especificados de Potabilidade,
Portaria N° 2914/11, Ministério da Saúde
Resultado
Coliformes Fecais NMP/100 mL NE 12,0
Coliformes Totais Ausente NMP/100 mL 23,0
Cloro Residual Livre Até 5,0 mg/L Cl2 <0,1
Cloretos Até 250 mg/L Cl- 20,0
Cor aparente Até 15 uH 6,89
Dureza total Até 500 mg/L CaCO3 87,12
Ferro total Até 0,3 mg/L Fe 3,68
Nitrato (N) Até 10 mg/L N 0,34
Nitrito (N) Até 1 mg/L N 0,04
pH NE 5,88
Sólidos dissolvidos totais (STD) Até 1000 mg/L 114,32
Sulfato Até 250 mg/L SO4 34,68
Turbidez Até 5 NTU 8,71
Fonte: Dados do autor, 2017.
Legenda: NMP/100 mL Número mais provável por cem milímetro, mg/L Miligramas por
litro, NE Não especificado.
Os parâmetros físico-químicos e microbiológicos analisados Cloro Residual
Livre, Cloretos, Cor Aparente, Dureza Total, Nitrito, Nitrato, Sólidos Totais
Dissolvidos (STD) e Sulfato atenderam as recomendações da Portaria N°. 2914, 12
de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde (Brasil, 2011).
67 Mas os resultados demonstram que a água na forma em que se encontra está
impropria para consumo humano, pois de acordo com os mesmos parâmetros,
índices de Coliformes Totais, Coliformes Fecais, Ferro Total e Turbidez não atendem
aos padrões especificados pela Portaria acima citada. Quanto ao valor do pH, a
Portaria recomenda que no sistema de distribuição o mesmo seja mantido na faixa
de 6,0 a 9,5.
Com Turbidez de 8,71 NTU à água encontra-se ligeiramente turva. Épocas
chuvosas ocasionam a elevação da turbidez da água bruta, havendo assim a
necessidade de monitoramento constante da mesma. O aumento da turbidez
ocasiona a saturação do filtro, elevando o nível da coluna de água e também do
resíduo líquido gerado pela lavagem dos filtros, como observado por Oliveira e
Barcelo (2012).
Embora o ferro não constitua um tóxico, a CETESB observa que sua
presença na água apresenta diversos inconvenientes para o abastecimento público,
conferindo cor e sabor, geralmente metálico, à água, causa manchas em roupas e
utensílios sanitários. Também traz problemas a própria rede de distribuição,
podendo desenvolver depósitos em tubulações e ferro-bactérias, que se alimentam e
retiram a energia que necessitam para viver da oxidação do ferro, provocando
contaminação biológica da água (São Paulo, 2009).
Coliformes Totais são vistos como indicadores da qualidade da água, a
presença de bactérias é um indicativo que à água está contaminada e impropria
para consumo. Mal-estar e perda de apetite são alguns sintomas de infecção por
este tipo de bactéria, podendo levar o individuo ao quadro de desidratação.
Coliformes fecais são as bactérias encontradas no intestino de homens e animais,
mas, algumas bactérias pertencentes a esse grupo não são encontradas em fezes,
sendo assim, o melhor termo a se adotar é Coliformes Termotolerantes. A
eliminação dessas bactérias deve ocorre durante todo o processo de tratamento da
água. As barreiras físicas, decantadores e filtros, retiram parte dos patógenos
contidos na água e os que continuarem devem ser eliminados na etapa de
desinfecção, tornando assim, à água potável e própria para consumo humano.
68 4.3 Etapa de recirculação do resíduo líquido
Usando a caracterização da água bruta do Rio Pratagy (ANEXO B), para
comparar os teores de impurezas contidas na água antes do tratamento e os teores
de impurezas contidos nos resíduos líquidos gerados pela lavagem dos filtros da
ETA Pratagy, é possível notar a semelhança nos parâmetros, como demonstra a
tabela a seguir.
Tabela 2: Comparativo da caracterização da água bruta do Rio Pratagy e da do resíduo liquido dos filtros da ETA Pratagy.
Parâmetros analíticos
Padrões Especificados de Potabilidade,
Portaria N° 2914/11, Ministério da Saúde
Resíduo Líquido, ETA Pratagy
Água bruta, Rio Pratagy
Coliformes Fecais NMP/100 mL NE 12,0 NR
Coliformes Totais Ausente NMP/100 mL 23,0 130
Cloro Residual Livre Até 5,0 mg/L Cl2 <0,1 NC
Cloretos Até 250 mg/L Cl- 20,0 16,0
Cor aparente Até 15 uH 6,89 89,0
Dureza total Até 500 mg/L CaCO3 87,12 18,0
Ferro total Até 0,3 mg/L Fe 3,68 1,07
Nitrato (N) Até 10 mg/L N 0,34 NR
Nitrito (N) Até 1 mg/L N 0,04 0,01
pH NE 5,88 6,95
Sólidos dissolvidos totais (STD)
Até 1000 mg/L 114,32 100,0
Sulfato Até 250 mg/L SO4 34,68 12,4
Turbidez Até 5 NTU 8,71 65,2
Fonte: Dados do autor, 2017.
Legenda: NC Não consta, NR Não realizado.
69 Quando comparados é possível notar que a água bruta analisada e o resíduo
líquido não atendem à resolução da Portaria N°. 2914, 12 de dezembro de 2011, do
Ministério da Saúde, para Ferro Total na água. Mas a Portaria, no capítulo V, art.
39°, § 4º, item III, diz que para os parâmetros de Ferro e Manganês são permitidos
valores acima ao Valor Máximo Permitido (VMP), desde que as concentrações não
ultrapassem 2,4 mg/l para o Ferro e 0,4 mg/L para o manganês (Brasil, 2011).
A presença de ferro e manganês é um dos principais motivos para a restrição
do reúso do resíduo líquido da lavagem dos filtros de uma ETA. A reciclagem
integral desse resíduo pode prejudicar o processo de tratamento da fase líquida,
pois a filtração é um procedimento de pré-concentração de sólidos e microrganismos
de acordo com Oliveira e Barcelo (2012).
Para o reaproveitamento do resíduo líquido gerado pela lavagem dos filtros da
ETA Pratagy é necessário à adoção de um agente oxidante antes da recirculação. A
pré-oxidação visa oxidar metais como o ferro e manganês, tornando-os insolúveis,
permitindo a sua remoção nas próximas etapas do tratamento (floculação,
decantação e filtração), evitando assim, a proliferação de micro-organismos e outros
inconvenientes relacionados a esses metais. Feita a oxidação, a água retornaria
para a etapa de coagulação para que receba o do devido tratamento para a remoção
das impurezas, tornando-a apta para consumo humano.
A figura a seguir demonstra o fluxograma do processo sugerido para que o
resíduo líquido da lavagem dos filtros da ETA do Sistema Pratagy venha a ser
reaproveitado.
70
Figura 33: Fluxograma com o processo para o reaproveitamento do resíduo líquido da lavagem dos filtros da ETA Pratagy.
Fonte: Dados do autor, 2017.
71 5 CONCLUSÃO
Com a crescente demanda no consumo de água potável, fez-se necessário o
desenvolvimento de novas formas de otimização e reúso. A reutilização das águas
das lavagens dos filtros tem sido objeto de diversos estudos em varias estações de
tratamento água pelo Brasil, os quais procuram formas de evitar o desperdício e os
impactos que as mesmas podem gerar ao meio a sua volta. Algumas estações de tratamento já fazem o aproveitamento da água da
lavagem dos filtros, como por exemplo, nas estações de tratamento Colmeia-TO e
Lajeado-RS, havendo uma diminuição no desperdício de água e de impactos
ambientais antes gerados por essas águas.
Com base na caracterização das amostras colhidas no resíduo na ETA do
Sistema Pratagy, é observado que é possível fazer o reaproveitamento das águas
da lavagem dos filtros da mesma, com as seguintes considerações:
- O controle do Ferro contido no resíduo a ser reaproveitado, para que problemas
relacionados ao ferro na água sejam evitados;
- A correta dosagem dos produtos químicos no inicio do processo de tratamento,
para que a eficiência do projeto não seja comprometida;
- Monitoramento constante dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos, da
água bruta, da de lavagem dos filtros e da água tratada destina ao consumo.
O processo proposto pelo presente trabalho pode levar ao aproveitamento de
3200 m3 diário de água, antes descartada, representando aproximadamente 4% da
produção total de água bruta, gerando benéficos financeiros já que o processo
representa quase uma hora de captação diária. Há também benefícios ambientais
como a redução do lançamento de efluente e menos desperdícios de água.
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76 ANEXO A – Resultados dos ensaios analíticos das amostras do resíduo líquido
77 ANEXO B – Laudo de análise da água bruta do Rio Pratagy
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