filosofias helenisticas

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FILOSOFIAS HELENÍSTICAS

A busca da felicidade interior

Introdução Com a conquista da Grécia pelos macedônios (322 a.C.)

teve inicio o período chamado helenístico. Devido a expansão militar do império macedônico, efetuada por Alexandre Magno, o período helenístico caracterizou-se por um processo de interação entre a cultura grega clássica e a cultura dos povos orientais conquistados.

O mesmo processo se deu no campo filosófico . As escolas platônica (Academia) e aristotélica (Liceu) –continuam abertas em plena atividade, mas os valores gregos começam a mesclar-se com as mais diversas tradições culturais.

Do público ao privado No plano político, a antiga liberdade do cidadão grego, exercida

no contexto de autonomia de suas cidades, foi desfigurada pelo domínio macedônico, ocorrendo um declínio da participação do cidadão nos destinos da pólis. Com isso, a reflexão política também se enfraqueceu.

Substitui-se, assim, a vida pública pela vida privada como centro das reflexões filosóficas. Em outras palavras, as preocupações coletivas cedem lugar ás preocupações pessoais.

As principais correntes filosóficas desse período vão tratar da intimidade, da vida interior do ser humano.

Parece que a principal preocupação dos filósofos era proporcionar às pessoas desorientadas e inseguras com a vida social alguma forma de paz de espírito, de felicidade interior em meio às atribulações da época.

Epicurismo: o prazer O epicurismo é uma corrente filosófica fundada por Epicuro

(314-271 a.C.), que defendia que o prazer é o princípio e o fim de uma vida feliz.

Epicuro distinguia dois tipos de prazeres. O primeiro reúne os prazeres mais duradouros, que encantam o espírito, como a boa conversação, a contemplação da arte. O segundo os prazeres mais imediatos, muitos movidos pela explosão das paixões e que, ao final, podem resultar em dor e sofrimento.

Para que possamos desfrutar os grandes prazeres do intelecto precisamos aprender a controlar exagerados da paixão como medo, a cobiça e a inveja.

Por isso os epicuristas buscavam a ataraxia, isto é, o estado de ausência da dor, quietude, serenidade e imperturbabilidade da alma.

A morte não é nada para nós Um dos obstáculos para desfrutar da paz de uma mente tranquila,

Epicuro raciocinou, é o meda morte, intensificado pela crença religiosa de que, se incorrer na ira dos deuses, você será severamente punido na vida após a morte. Em vez de agir contra essa medo, propondo um estado alternativo de imortalidade, Epicuro tentou explicar a natureza da própria morte.

Ele começou propondo que, quando morremos, não estamos cientes da morte, já que nossa consciência para de existir quando a vida cessa. Para explicar isso, Epicuro assumiu a visão de que o universo inteiro consiste em átomos ou espaços vazios.

Epicuro ponderou que a alma não pode ser um espaço vazio pois ela opera dinamicamente com o corpo, então, deve ser composta de átomos.

Ele descreveu esses átomos distribuídos ao redor do corpo, mas tão frágeis que se dissolvem que se dissolvem quando morremos, e então não somos capazes de sentir mais nada. Se quando morremos perdemos a capacidade de sentir as coisas, mental ou fisicamente, é tolice deixar o medo da morte causar-nos medo enquanto ainda vivemos.

A felicidade segundo o epicurismo

O objetivo da vida é a felicidade

Nossa infelicidade é causada pelo medo, e nosso maior medo é o da morte

Se pudermos superarmos o

medo da morte, poderemos ser

felizes

A morte é o fim da sensação então não pode ser fisicamente

dolorosa

A morte é o fim da consciência, então não pode ser emocionalmente dolorosa

Não há nada o que temer na morte

Uma vida em conformidade com a natureza: cinismo A palavra cinismo vem do grego Kynos, que significa “cão”, cínico,

do grego Kynicos, significa como um cão. O termo cínico designa, assim, a corrente dos filósofos que se propuseram viver como cães da cidade, sem qualquer propriedade ou conforto.

O ser humano deve procurar conhecer a si mesmo e desprezar todos os bens materiais. Por isso, Diógenes de Sínope (413- 327) – o pensador mais destacado dessa escola é conhecido como o Sócrates demente, pois questiona os valores e as convenções sociais e procurava viver estritamente conforme os princípios que considerava corretos.

Vivendo em uma época em que as conquistas de Alexandre promoveram o helenismo, mesclando culturas e populações, Diógenes também tinha apreço pela diferença entre grego e estrangeiro. Conta-se que, quando perguntaram qual era sua cidadania teria respondido: “Sou cosmopolita” (palavra de origem grega que significa “cidadão do mundo”)

Ceticismo: sobre a impossibilidade do julgamento Uma doutrina é cética quando duvida ou nega a

possibilidade de conhecermos a verdade. Essa de conhecermos a verdade. Essa interpretação também pode seguir duas vertentes básicas uma absoluta e outra relativa.

Fundado por Pirro de Eleia (365-270) e tendo em Timon (320-230) seu primeiro sistematizador, o ceticismo adquiriu notoriedade com Carnéades (214-129), que o defendeu dentro da Academia platônica.

O ceticismo se caracteriza como uma escola filosófica que se posiciona da seguinte forma em relação ao conhecimento: diante de dois argumentos contrários e ambivalentes, o melhor que temos a fazer é suspender juízo e desistir de afirmarmos a verdade ou falsidade de uma ou outra das teses.

Ceticismo absoluto Muitos consideram o filósofo grego Górgias o fundador do

ceticismo absoluto. Ele defendia as seguintes ideais: o ser não existe; se existisse, não poderíamos conhecê-lo; e se pudéssemos conhecê-lo, não poderíamos comunicá-los aos outros. outros afirmavam ser o filósofo grego Pirro como o fundador do ceticismo absoluto. Por isso chama-se muitas vezes o ceticismo de pirronismo.

O ceticismo absoluto despertou muita oposição. Seus críticos consideram-no uma doutrina radical, estéril e contraditória. Radical porque nega totalmente a possibilidade de conhecer. Estéril porque não leva a nada. Contraditória porque ao dizer que nada é verdadeiro, acaba afirmando que pelo menos existe algo de verdadeiro, isto é, o conhecimento de que nada é vedadeiro.

Ceticismo relativo

O ceticismo relativo como o próprio nome diz , consiste em negar apenas parcialmente nossa capacidade de conhecer a verdade. Ou seja, apresenta uma posição moderada em relação às possibilidades de conhecimento se comparado ao ceticismo absoluto. Entre as doutrinas que manifestam um ceticismo relativo, destacamos as seguintes:

Subjetivismo – considera o conhecimento uma relação puramente subjetiva e pessoal. O subjetivismo nasce com o pensamento do grego Protágoras sofista do século V a.C.

Relativismo – entende que não existem verdades absolutas. Mas apenas verdades relativas, que tem uma validade limitada.

Probabilismo - propõe que nosso conhecimento é incapaz de atingir a certeza plena, o que podemos alcançar é uma verdade provável.

Pragmatismo – apresenta uma concepção dos humanos como seres práticos, ativos, e não apenas como seres pensantes.

Zenão de Cicio: o objetivo da vida é viver de acordo com a natureza o estoicismo é corrente filosófica de maior influência de seu tempo.

Foi fundada por Zenão de Cicio (326-263) . Os representantes desta escola, conhecidos como estóicos, defendiam que toda realidade existente é uma realidade racional. Todos os seres, os homens e a natureza fazem parte desta realidade. O que chamamos de Deus nada mais é do que a fonte dos princípios que regem a realidade.

Integrados á natureza, não existe para o ser humano nenhum outro lugar para ir ou fugir , além do próprio mundo em que vivemos. Somos deste mundo e, ao morrer, nos dissolvemos neste mundo.

Não dispomos de poderes para alterar , substancialmente, a ordem universal do mundo. Mas pela filosofia podemos compreender esta ordem universal e viver segundo ela. Assim , em vez do prazer dos epicuristas, Zenão propõe o dever da compreensão como o melhor caminho para a felicidade. Ser livre é viver segundo nossa própria natureza que, por sua vez, integra a natureza do mundo.

livre-arbítrio No entanto, Zenão também declarava que o homem recebeu uma

alma racional com a qual exerce o livre-arbítrio. Ninguém é forçado a perseguir uma vida de bem . Cabe ao indivíduo escolher pôr de lado as coisas sobre aas quais tem pouco ou nenhum controle e tornar-se indiferente à dor e ao prazer, á pobreza e á riqueza. Mas a pessoa que fizesse isso, segundo Zenão, alcançaria uma vida em harmonia com a natureza em todos os aspectos, bons ou ruins, vivendo de acordo com as decisões do supremo legislador.

No plano ético, os estóicos defendiam uma atitude de austeridade física e moral baseada em virtudes de resistência e ante o sofrimento, a coragem ante o perigo e a indiferença ante as riquezas materiais. O ideal perseguido era um estado de plena serenidade para lidar com os sobressaltos da existência, fundado na aceitação e compreensão do princípios universais que regem toda a vida.

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