fundaÇÃo oswaldo cruz instituto aggeu … · aos demais amigos do laboratório de imunogenética...
Post on 14-Dec-2018
219 Views
Preview:
TRANSCRIPT
0
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES
DOUTORADO EM BIOCIÊNCIAS E BIOTECNOLOGIA EM SAÚDE
RENATA DOS SANTOS ALMEIDA
AVALIAÇÃO DO PAPEL DE MOLÉCULAS IMUNOLÓGICAS SOLÚVEIS,
POLIMORFISMOS GENÉTICOS E MICRORNAS EM LEUCEMIA
LINFOBLÁSTICA AGUDA DE CÉLULAS T DA INFÂNCIA
RECIFE
2017
1
RENATA DOS SANTOS ALMEIDA
AVALIAÇÃO DO PAPEL DE MOLÉCULAS IMUNOLÓGICAS SOLÚVEIS,
POLIMORFISMOS GENÉTICOS E MICRORNAS EM LEUCEMIA
LINFOBLÁSTICA AGUDA DE CÉLULAS T DA INFÂNCIA
Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Biociências
e Biotecnologia em Saúde do Instituto Aggeu
Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz como requisito
para a obtenção do título de Doutor em Ciências.
Área de Concentração: Imunopatogênese de doenças
crônicas, infecciosas e parasitárias/Imunogenética e
terapia celular em doenças crônicas.
Orientadora:
Profª. Drª. Norma Lucena Cavalcanti Licinio da Silva
RECIFE
2017
2
Catalogação na fonte: Biblioteca do Instituto Aggeu Magalhães
A447a
Almeida, Renata dos Santos.
Avaliação do papel de moléculas imunológicas
solúveis, polimorfismos genéticos e microRNAs em
leucemia linfoblástica aguda de células T da infância.
2017 / Renata dos Santos Almeida. - Recife: [s.n.], 2017.
136 p. : ilus., tab., graf., 30 cm.
Tese (Doutorado em Biociências e Biotecnologia em
Saúde) - Instituto Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo
Cruz, 2017.
Orientadora: Norma Lucena Cavalcanti Licinio da
Silva.
1. Leucemia-Linfoma Linfoblástico de Células T
Precursoras - genética. 2. Leucemia-Linfoma
Linfoblástico de Células T Precursoras - imunologia. 3.
Citocinas. 4. Antígenos HLA-G. 5. Sobrevida. 6.
Polimorfismo Genético. 7. MicroRNAs – genética. 8.
MicroRNAs - imunologia. I. Silva, Norma Lucena
Cavalcanti Licínio da. II. Título.
CDU 577.27
3
RENATA DOS SANTOS ALMEIDA
AVALIAÇÃO DO PAPEL DE MOLÉCULAS IMUNOLÓGICAS SOLÚVEIS,
POLIMORFISMOS GENÉTICOS E MICRORNAS EM LEUCEMIA
LINFOBLÁSTICA AGUDA DE CÉLULAS T DA INFÂNCIA
Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Biociências
e Biotecnologia em Saúde do Instituto Aggeu
Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz como requisito
para a obtenção do título de Doutor em Ciências.
Aprovado em: 26/04/2017
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Profª. Drª. Norma Lucena Cavalcanti Licinio da Silva
Instituto Aggeu Magalhães, Fiocruz-PE
_____________________________________________________
Prof. Dr. Lindomar José Pena
Instituto Aggeu Magalhães, Fiocruz-PE
______________________________________________________
Profª. Dra. Milena de Paiva Cavalcanti
Instituto Aggeu Magalhães, Fiocruz-PE
______________________________________________________
Profª. Dra. Janaina Cristiana de Oliveira Crispim Freitas
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
______________________________________________________
Profª. Dra. Terezinha de Jesus Marques Salles
Universidade de Pernambuco (UPE)
4
Dedico este trabalho aos meus pais, José
Almeida e Maria do Carmo, que sempre
me incentivaram a lutar pelos meus
sonhos e ideais; pelo amor, apoio,
compreensão, força e estímulo
incondicionais, fundamentais na
realização e conclusão deste trabalho.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me dado força, coragem e capacidade para a realização deste trabalho.
A minha orientadora, Profa. Dra. Norma Lucena-Silva, pela orientação, paciência e
dedicação nos ensinamentos científicos; pela oportunidade de trabalhar no Laboratório de
Imunogenética e por ter acreditado e investido no meu crescimento profissional, contribuindo
de maneira relevante na minha formação como cientista.
Aos meus irmãos, Felipe e Fernanda, por estarem sempre presentes na minha vida
mesmo que em outra cidade, pela amizade e incentivo, e compreensão nos diversos momentos
em que estive ausente.
A minha cunhada Raíra Maia pelo apoio e estímulo, e a minha sobrinha Rebeca pela
alegria e carinho, tornando minha vida mais leve.
Aos amigos do Laboratório de Imunogenética Fernanda Medeiros, Ester Vinhas, Laís
Baracho, Maíra Lima, Sávio Vieira, Renata Cézar e, especialmente, André Cavalcanti e Renan
Garcia, pela amizade, apoio, convivência e colaboração durante o Doutorado.
A Jair Figueredo, meu primeiro aluno de iniciação científica, pela parceria, amizade e
os bom momentos vividos durante seu período no Laboratório.
Aos alunos de iniciação científica de hoje Felipe Araújo, Karoliny, Mauro e Neila, e aos
de antes Ana Cláudia, Rafaella e Eloísa, pela convivência e momentos agradáveis no período
em que estiveram no Laboratório.
Aos demais amigos do Laboratório de Imunogenética Maria Carolina Accioly, Andresa
Oliveira, Beatriz Coutinho, Elis, Ailton, Lucas e à Profa. Valéria Pereira pelo convívio e apoio
nesta jornada.
Aos membros do Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital IMIP Alessandra Ramos,
Ester Vinhas e Rossana Santos pela parceria e pela ajuda dispensada, importantes para
realização deste estudo.
6
Ao Programa de Pós-graduação em Biociências e Biotecnologia em Saúde do
IAM/Fiocruz-PE. Em especial, agradeço aos professores pela contribuição na minha formação
acadêmica.
Ao Prof. Dr. Carlos Luna pelo suporte e ensinamentos das análises estatísticas realizadas
neste trabalho.
À Fundação Oswaldo Cruz pela bolsa concedida durante o Doutorado.
À FACEPE e a CAPES-PROCAD pelo apoio financeiro necessário para a realização
deste trabalho.
Ao Laboratório de Biotecnologia Animal da ESALQ/USP, em especial ao Prof. Dr. Luiz
Coutinho, pela oportunidade de treinamento em sequenciamento de nova geração em seu
Laboratório e pela colaboração científica.
A todos os membros do Laboratório de Biotecnologia Animal da ESALQ/USP por me
receberem muito bem e pela atenção dispensada. Agradeço especialmente à Profa. Dra. Sonia
Andrade pelo suporte e colaboração nas análises de bioinformática, e à Pilar Mariani e Marcela
Paduan por toda a ajuda no treinamento e compartilhamento de seus conhecimentos acerca da
técnica de sequenciamento.
Ao Prof. Dr. Eduardo Donadi da USP/RP pela oportunidade de fazer intercâmbio
estudantil em seu Laboratório, pela colaboração e contribuições a este trabalho. Agradeço
também ao seu grupo de pesquisa pela receptividade no Laboratório, em especial, a Juliana
Massaro pela troca de idéias e conhecimento a respeito das análises de microRNAs.
Aos membros da banca examinadora pelas contribuições, sugestões e críticas a este
trabalho.
Ao Núcleo de Pesquisas Tecnológicas (NPT) do IAM/Fiocruz-PE pela assistência
técnica indispensável neste trabalho.
7
Aos amigos Rafael Freitas e Carla Mola pela amizade, apoio e estímulo, mas também
pelos momentos alegres vividos neste período.
Aos amigos do Departamento de Imunologia do IAM/Fiocruz-PE, em especial, Neide
Xavier, Fábia, Michele, Viviane, Karina, Roni, Camila, Mineo e Janaína pelo convívio alegre
e agradável, deixando o dia a dia mais leve.
À turma 2013.1 de Biociências e Biotecnologia em Saúde pela convivência durante o
Doutorado. Agradeço especialmente às amigas Larissa Isabela, Taciana Higino, Bruna Lima e
Karina pelas conversas, trocas de idéias e amizade.
Às amigas Camila Queiroz e Monique Bandeira pela amizade, apoio e força constantes,
pelas conversas e pelos momentos inesquecíveis vividos durante esses anos.
Aos amigos do Laboratório de Biologia Celular e Molecular do IAM/Fiocruz-PE pela
amizade, momentos alegres e apoio durante esses anos.
À minha prima Juliana Santos pela amizade incondicional e por estar sempre presente
me dando força e estímulo.
Aos pacientes com leucemia pela participação nesta pesquisa, tornando possível a
realização deste estudo.
A todos aqueles que, mesmo não tendo sido mencionados, contribuíram para a
realização deste estudo.
Muito Obrigada!
Renata Almeida
8
“Por vezes sentimos que aquilo que
fazemos não é uma gota de água no mar.
Mas o mar seria menor se lhe faltasse
uma gota.”
Madre Teresa de Calcutá
9
ALMEIDA, Renata dos Santos. Avaliação do papel de moléculas imunológicas solúveis,
polimorfismos genéticos e microRNAs em leucemia linfoblástica aguda de células T da
infância. 2017. Tese (Doutorado em Biociências e Biotecnologia em Saúde) - Instituto Aggeu
Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2017.
RESUMO
A Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) de células T é uma doença de alto risco e corresponde
a 15% das LLAs da infância. Moléculas imunológicas, polimorfismos genéticos e perfis de
expressão de microRNAs (miRNAs) têm sido associados ao câncer, mas suas funções na LLA-
T infantil não estão bem esclarecidas. O objetivo deste trabalho foi avaliar (1) perfil de citocinas
e HLA-G solúvel (sHLA-G) na medula óssea (MO) e/ou sangue periférico (SP) de LLA-T ao
diagnóstico e durante o tratamento, (2) variabilidade da 3’UTR de HLA-G, dos promotores de
TNF e IL10, e do íntron 1 de IFNG e (3) perfil de expressão de miRNAs na LLA-T. Sessenta e
três pacientes referidos ao Hospital IMIP foram estudados. Níveis de citocinas Th1/Th2/Th17
e de sHLA-G foram determinados por citometria de fluxo e ELISA, respectivamente. Os
polimorfismos genéticos foram avaliados por sequenciamento de Sanger e a expressão de
miRNAs por sequenciamento de nova geração. Foram utilizados como controles do estudo SP
e MO de crianças saudáveis. Os miRNAs foram analisados por ferramentas de bioinformática.
P-valor ≤ 0,05 foi considerado estatisticamente significante. Nenhum polimorfismo genético
estudado apresentou associação com a doença. Houve diferença nos níveis de IL-10 e IL-6 no
SP de pacientes versus controles. IL-10, IL-6 e TNF apresentaram diferenças durante o
tratamento (P= 0,033; P= 0,033; P= 0,039, respectivamente); IL-10 (P= 0,001) e IFN-γ (P=
0,015) apresentaram associação com sobrevida geral dos pacientes; e níveis aumentados de
sHLA-G foram associados à leucocitose (P= 0,027). Dez miRNAs apresentaram expressão
diferencial entre LLA-T e LLA-B (P= 4x10-5), e a anotação funcional de seus genes alvo
revelou vias biológicas relacionadas à câncer e vias de sinalização celular do sistema imune.
Esses dados evidenciam a importância de citocinas e sHLA-G na dinâmica do microambiente
tumoral durante o tratamento, e a influência de miRNAs em processos biológicos relacionados
ao desenvolvimento do câncer.
Palavras-chave: Leucemia Linfoblástica Aguda de Células T. Citocinas. Antígenos HLA-G.
Sobrevida. Polimorfismo Genético. MicroRNAs.
10
ALMEIDA, Renata dos Santos. The role of immunological soluble factors, genetic
polymorphisms and microRNAs on childhood T-cell acute lymphoblastic leukemia. 2017.
Thesis (Doctorate in Biosciences and Health Biotechnology) - Instituto Aggeu Magalhães,
Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2017.
ABSTRACT
T-cell acute lymphoblastic leukemia (T-ALL) is a high-risk disease which corresponds to 15%
of childhood ALL. Immunological factors, genetic polymorphisms and microRNA (miRNA)
expression profiles have been associated to cancer, although their function in childhood T-ALL
are not well established. This study aimed to evaluate (1) cytokine and soluble HLA-G (sHLA-
G) profiles in T-ALL bone marrow (BM) and/or peripheral blood (PB) at diagnosis and during
treatment, (2) genetic variability at HLA-G 3’UTR, TNF and IL10 promoter regions, and IFNG
intron 1, and (3) miRNA expression profile in T-ALL. Sixty-three patients referred to IMIP
Hospital were studied. Th1/Th2/Th17 cytokine and sHLA-G levels were determined by flow
cytometry and ELISA, respectively. Genetic polymorphisms were evaluated by Sanger
sequencing, and miRNAs expression, by next generation sequencing. In the study, samples
(BM and PB) from healthy children were used as controls. No association with disease was
observed for any genetic polymorphism. IL-10 and IL-6 levels differed between patients and
controls. IL-10, IL-6 and TNF levels exhibited changes during treatment (P= 0,033; P= 0,033;
P= 0,039, respectively); IL-10 (P= 0,001) and IFN-γ (P= 0,015) were associated with patient
overall survival; and increased sHLA-G levels were associated with leukocytosis (P= 0,027).
Ten miRNAs were differentially expressed between T- and B-ALL (P= 4x10-5) and functional
annotation for miRNA targets revealed biological pathways related to cancer and to immune
system cell signaling pathways. These data demonstrate a significant role for cytokines and
sHLA-G in tumor microenvironment dynamics during therapy, and the importance of miRNAs
in biological processes related to cancer development.
Keywords: T-Cell Acute Lymphoblastic Leukemia. Cytokines. HLA-G Antigens. Survival.
Genetic Polimorphism. MicroRNAs.
11
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Modelo mínimo para história natural de leucemia aguda da criança. 26
Figura 2 – Estágios da hematopoiese, desenvolvimento de célula T e oncogenes
relacionados a leucemia de células T. 27
Figura 3 – Isoformas de HLA-G geradas pelo processamento alternativo do mRNA do
gene HLA-G. 32
Figura 4 – Efeitos inibitórios exercidos pela molécula HLA-G. 34
Figura 5 – Biogênese e mecanismos de ação dos miRNAs. 37
Figura 6 – Microambiente tumoral na leucemia: interações entre os blastos e as células
estromais da medula óssea. 40
Fluxograma 1 – Principais etapas realizadas para a avaliação do papel de moléculas
imunológicas solúveis, polimorfismos genéticos e microRNAs em LLA-T da infância. 58
Figura 7 – Diagrama das amostras de sangue periférico e medula óssea de crianças com
LLA-T coletadas ao diagnóstico (D0), e nas fases de indução (D19) e consolidação
(D49) da terapia utilizadas para o estudo de citocinas e HLA-G solúvel. 61
Figura 8 – Análise do coeficiente de correlação de Pearson entre os níveis de citocinas
e HLA-G solúvel (sHLA-G) no estroma medular de pacientes com LLA-T. 68
Figura 9 – Influência dos níveis de IL-10 e IFN-γ na sobrevida geral dos
pacientes com LLA-T. 70
Figura 10 – Influência de variáveis clínicas na sobrevida geral dos pacientes com LLA-
T. 71
12
Gráfico 1 – Análise da associação entre os níveis de HLA-G solúvel (sHLA-G) e
contagem de leucócitos no sangue periférico ao diagnóstico. 71
Figura 11 – Influência recíproca de citocinas e sHLA-G em LLA-T de acordo com os
níveis medulares de IL-10 ao diagnóstico (Painel 11A e 11B), e os níveis de IFN-γ após
fase de consolidação da quimioterapia (D49) (Painel 11C e 11D). 73
Figura 12 – Influência dos polimorfismos -1082 G/A em IL10 e +874 T/A em IFNG na
sobrevida geral dos pacientes com LLA-T. 85
Figura 13 – Influência do polimorfismo -308 G/A em TNF e de combinações dos sítios
-1082 G/A em IL10, -308 G/A em TNF e +874 T/A em IFNG na sobrevida geral dos
pacientes com LLA-T. 86
Figura 14 – Agrupamento hierárquico dos pacientes com LLA-T versus LLA-B,
apresentando os 11 miRNAs diferencialmente expressos com FDR ≤ 4x10-5. 91
Gráfico 2 – Vias biológicas enriquecidas significantes com mais de 100 genes alvos dos
miRNAs identificados com regulação negativa em LLA-T no estudo. 94
Gráfico 3 – Vias biológicas enriquecidas significantes com mais de 100 genes preditos
como alvos do miRNA identificado com regulação positiva em LLA-T no estudo. 95
Gráfico 4 – Análise de vias biológicas enriquecidas comuns e exclusivas dos grupos de
genes regulados por miRNAs diferencialmente expressos em LLA-T. 95
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Alterações genéticas encontradas em LLA-T. 30
Tabela 2 – Características clínicas dos pacientes com leucemia linfoblástica aguda de
células T. 59
Tabela 3 – Dados laboratoriais dos pacientes com leucemia linfoblástica aguda de
células T. 60
Tabela 4 – Níveis de citocinas Th1, Th2, Th17 e sHLA-G na medula óssea de pacientes
com LLA-T ao diagnóstico (D0) e crianças com mielograma normal (controles). 63
Tabela 5 – Níveis de citocinas Th1, Th2, Th17 e sHLA-G no sangue periférico de
pacientes com LLA-T ao diagnóstico (D0) e crianças saudáveis (controles). 64
Tabela 6 – Níveis de citocinas Th1, Th2, Th17 e sHLA-G em 14 pacientes com LLA-T
ao diagnóstico (D0), terapia de indução - Dia 19 (D19) e consolidação - Dia 49 (D49). 65
Tabela 7 – Níveis de citocinas Th1, Th2, Th17 e sHLA-G em pacientes com LLA-T ao
diagnóstico (D0), na terapia de indução - Dia 19 (D19) e na consolidação - Dia 49 (D49). 66
Tabela 8 – Diferenças nos níveis de citocinas e sHLA-G em LLA-T de acordo com os
níveis medulares de IL-10 ao diagnóstico, e os níveis de IFN-γ após a fase de
consolidação da quimioterapia. 74
Tabela 9 – Frequências alélicas e genotípicas dos polimorfismos estudados no gene IL10
em pacientes com LLA-T e controles. 75
Tabela 10 – Frequência de haplótipos na região promotora de IL10 estudada presentes
nos pacientes com LLA-T e nos controles. 76
14
Tabela 11 – Probabilidades do teste exato de desequilíbrio de ligação para os dois
polimorfismos estudados na região promotora de IL10 em relação aos pacientes com
LLA-T (sob a diagnonal) e aos controles (acima da diagonal). 76
Tabela 12 – Frequências alélicas e genotípicas dos polimorfismos estudados no íntron 1
do gene IFNG em pacientes com LLA-T e controles. 77
Tabela 13 – Frequências alélicas e genotípicas dos polimorfismos estudados no gene
TNF em pacientes com LLA-T e controles. 78
Tabela 14 – Frequência de haplótipos na região promotora de TNF estudada presentes
nos pacientes com LLA-T e controles. 79
Tabela 15 – Probabilidades do teste exato de desequilíbrio de ligação para os cinco
polimorfismos estudados na região promotora de TNF em relação aos pacientes com
LLA-T (sob a diagonal) e aos controles (acima da diagonal). 79
Tabela 16 – Frequências alélicas e genotípicas dos polimorfismos estudados na 3’UTR
do gene HLA-G em pacientes com LLA-T e controles. 80
Tabela 17 – Frequência de haplótipos na região 3’ não-traduzida (3’UTR) de HLA-G
presentes nos pacientes com LLA-T e controles. 82
Tabela 18 – Probabilidades do teste exato de desequilíbrio de ligação para os oito
polimorfismos estudados na 3’UTR de HLA-G em relação aos pacientes com LLA-T
(sob a diagnonal) e aos controles (acima da diagonal). 82
Tabela 19 – Associação de polimorfismos nos genes IL10, IFNG e TNF com óbito em
pacientes com LLA-T. 83
Tabela 20 – Análise de associação dos haplótipos da região promotora de IL10 com
óbito em pacientes com LLA-T. 87
15
Tabela 21 – Análise de associação dos haplótipos da região promotora de TNF com
óbito em pacientes com LLA-T. 88
Tabela 22 – Análise de associação dos haplótipos da região 3’UTR de HLA-G com
óbito em pacientes com LLA-T. 88
Tabela 23 – Análise de associação dos haplótipos da região 3’UTR de HLA-G com
leucócitos totais em sangue periférico ao diagnóstico (D0) em pacientes com LLA-T. 89
Tabela 24 – miRNAs diferencialmente expressos entre LLA-T e LLA-B com FDR ≤
4x10-5. 90
16
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ATF Fator Ativador de Transcrição
AP1 Proteína Ativadora 1
C/EBP Proteína de Ligação/Acentuador CCATT
c-MAF Fator Fibrossarcoma c-Músculo-Aponeurótico
CREB Elemento de Resposta a AMP Cíclico
CREMα Modulador Alfa de Elemento de Resposta a AMP cíclico
EFS Event Free Survival
EGIL European Group for Immunological Classification of Leukemias
ETP Early-T Cell Precursor Leukemia
FAB French-American-British
FDR False Discovery Rate
GATA Família de Fatores de Transcrição
HLA-G Human Leukocyte Antigen G
IFN-γ Interferon Gama
IL-10 Interleucina 10
IL-17A Interleucina 17A ou 17
IL1-RA Antagonista do Receptor de Interleucina 1
IL-6 Interleucina 6
INCA Instituto Nacional de Câncer José de Alencar
IRF Fator de Regulação de Interferon
LLA Leucemia Linfoblástica Aguda
LLA-B Leucemia Linfoblástica Aguda de Células B
LLA-T Leucemia Linfoblástica Aguda de Células T
LLC-B Leucemia Linfocítica Crônica de Células B
LMA Leucemia Mielóide Aguda
LMC Leucemia Mielóide Crônica
miRNA microRNA
NFAT Fator Nuclear Associado a Células T Ativadas
NF-κB Fator Nuclear κB
OMS Organização Mundial de Saúde
PU.1 (SPI1) Proto-oncogene Spi-1
17
RC Remissão Completa
SMD Síndrome Mielodisplásica
SNP Polimorfismo de Único Nucleotídeo
Sp Fator de Especificidade
STAT Proteína Transdutora de Sinal e Ativadora da Transcrição
Th1 T-helper 1 (T auxiliar do tipo 1)
Th17 T-helper 17 (T auxiliar do tipo 17)
Th2 T-helper 2 (T auxiliar do tipo 2)
TNF Fator de Necrose Tumoral
UTR Untranslated Region
YY-1 Fator de Transcrição Yin Yang 1
18
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 21
1.1 Câncer Infantil e Definição de Leucemia Aguda 21
1.2 A Leucemia Linfoblástica Aguda de Células T 23
1.2.1 Classificação da LLA-T 23
1.2.2 Características clínicas e fatores de risco associados 24
1.3 Patogênese da LLA-T 25
1.4 Principais Alterações Genéticas na LLA-T 28
1.5 Imunovigilância e HLA-G 31
1.6 MicroRNAs e Leucemia 36
1.7 Microambiente Tumoral e Citocinas 39
1.8 Polimorfismos em Genes de Citocinas e Associação com Leucemia 42
2 OBJETIVOS 45
2.1 Objetivo Geral 45
2.2 Objetivos Específicos 45
3 MATERIAIS E MÉTODOS 46
3.1 Desenho e População do Estudo 46
3.2 Considerações Sobre o Tratamento Quimioterápico dos Pacientes com LLA-T 47
3.3 Coleta das Amostras e Isolamento das Células 48
3.4 Quantificação de HLA-G Solúvel 48
3.5 Determinação do Perfil de Citocinas 49
3.6 Extração de DNA Genômico 49
3.7 Genotipagem da 3’UTR de HLA-G 50
3.8 Genotipagem das Regiões Promotoras dos Genes TNF e IL10 e do Íntron 1 de
IFNG 51
3.9 Extração de RNA Total e Análise de Qualidade e Integridade 52
3.10 Ensaios do Sequenciamento de MicroRNAs: preparação das bibliotecas e
sequenciamento de nova geração 53
3.11 Análise dos Dados de Polimorfismos Genéticos, Citocinas, sHLA-G,
Variáveis Clínicas e Sobrevida Geral 53
3.12 Análises dos Dados de MicroRNAs 55
3.12.1 Controle de qualidade e alinhamento das reads (leituras) 55
19
3.12.2 Análise de expressão diferencial de miRNAs 56
3.12.3 Predição de alvos de miRNAs 56
3.12.4 Anotação funcional dos genes alvos preditos 57
4 RESULTADOS 59
4.1 Níveis medulares de citocinas e HLA-G solúvel (sHLA-G) em LLA-T 61
4.1.1 Níveis de citocinas e sHLA-G na medula óssea de pacientes com leucemia no dia
0 e em crianças com mielograma normal 62
4.1.2 Níveis de citocinas e sHLA-G no sangue periférico de pacientes com leucemia
no dia 0 e em crianças saudáveis 63
4.1.3 Comparações dos níveis de citocinas e sHLA-G na medula óssea de um subgrupo
de pacientes com amostra biológica para todos os tempos de tratamento:
diagnóstico (dia 0), terapia de indução (dia 19) e terapia de consolidação (dia 49) 64
4.1.4 Comparações dos níveis de citocinas e sHLA-G na medula óssea de pacientes ao
diagnóstico (dia 0) e nos dias 19 e 49 após o início do tratamento – Combinações
dos tempos de tratamento 65
4.1.5 Correlações entre os níveis de citocinas e sHLA-G da medula óssea durante o
tratamento 67
4.1.6 Efeito dos níveis de citocinas e sHLA, e de variáveis clínicas e laboratoriais na
sobrevida de pacientes com LLA-T 69
4.1.7 Avaliação da influência recíproca entre os níveis de citocinas e sHLA-G na
medula óssea de crianças com LLA-T 72
4.2 Polimorfismos em Genes de Citocinas e de HLA-G em LLA-T 74
4.2.1 Polimorfismos no promotor do gene IL10 75
4.2.2 Polimorfismo no íntron 1 do gene IFNG 77
4.2.3 Polimorfismos no promotor do gene TNF 77
4.2.4 Polimorfismos na 3’UTR do gene HLA-G 80
4.2.5 Associação de polimorfismos genéticos com óbito e sobrevida 83
4.3 Perfil de expressão de miRNAs em leucemia linfoblástica aguda da infância 89
4.3.1 Análise de predição de genes alvos de miRNAs 91
4.3.2 Anotação funcional dos genes alvos preditos 92
5 DISCUSSÃO 96
5.1 Níveis medulares de citocinas e HLA-G solúvel na leucemia linfoblástica aguda
de células T da infância e sua influência na sobrevida 96
20
5.2 O papel de polimorfismos em genes de citocinas e de HLA-G na ocorrência de
LLA-T 99
5.3 Perfil de expressão de miRNAs em leucemia linfoblástica aguda da infância:
diferentes regulações entre LLA-T e LLA-B 105
6 CONCLUSÕES 110
7 PERSPECTIVAS 111
REFERÊNCIAS 112
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 128
APÊNDICE B – ANÁLISES DE ASSOCIAÇÃO DE HAPLÓTIPOS COM
LEUCÓCITOS EM SANGUE PERIFÉRICO AO DIAGNÓSTICO 130
APÊNDICE C – LISTA COMPLETA DE VIAS BIOLÓGICAS ENRIQUECIDAS
RELACIONADAS AOS GENES REGULADOS PELOS MIRNAS
DIFERENCIALMENTE EXPRESSOS 131
ANEXO A – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA 135
ANEXO B – ARTIGOS PUBLICADOS NO DOUTORADO 136
21
1 INTRODUÇÃO
1.1 Câncer Infantil e Definição de Leucemia Aguda
A leucemia aguda é uma desordem maligna do sistema hematopoiético que afeta crianças
e adultos, sendo considerada o câncer mais comum na infância, correspondendo em cerca de
30% dos cânceres infantis (PUI et al., 2012; PUI; ROBINSON; LOOK, 2008). É caracterizada
pela proliferação descontrolada de células precursoras hematopoiéticas, com alteração no
processo de maturação. O critério para definição de leucemia estabelecido inicialmente pelo
Sistema Franco-Americano-Britânico (FAB – French-American-British) considerou a presença
de mais de 30% de blastos na população de células não-eritróides da medula óssea (BENNETT
et al., 1985), contudo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) sugere utilizar como critério a
presença de 25% ou mais blastos, mas também a presença de 20% ou menos de blastos quando
existe evidências clínicas de leucemia (ARBER et al., 2016; BEHM, 2003;VARDIMAN et al.,
2009).
A infiltração medular de células transformadas pode levar ao comprometimento na
produção dos diversos tipos de células hematológicas, acarretando complicações como a
ocorrência de anemia, infecções recorrentes e hemorragia (ABDUL-HAMID, 2013a;
KARRMAN; JOHANSSON, 2017).
As leucemias agudas podem ser classificadas de acordo com a linhagem acometida em
mieloide aguda (mieloblástica) e linfoide aguda (linfoblástica). A leucemia mieloide aguda
(LMA) correspondem a cerca de 5% dos cânceres pediátricos, enquanto a leucemia linfoblástica
aguda (LLA), a 25% dos casos, sendo considerada o câncer mais frequente na infância (WARD
et al., 2014).
Segundo dados do banco GLOBOCAN 2012, a incidência mundial de leucemia em 2012
foi de 2,7 casos/100.000 pessoas na faixa etária de 0 a 14 anos, e 2,2/100.000 para indivíduos
com idade entre 15 e 39 anos. Já as taxas de mortalidade estimadas foram 1,5/100.000 e
1,6/100.00 para indivíduos com idade entre 0 e 14 anos, e 15 e 39 anos, respectivamente
(FERLAY et al., 2013).
Nos Estados Unidos, em 2014 foram estimados 2.670 e 410 novos casos de LLA em
crianças e adolescentes, respectivamente, com a LLA correspondendo a 26% dos cânceres em
indivíduos com idade entre 0 e 14 anos (WARD et al., 2014).
No Brasil, o câncer foi a segunda causa de morte por doença em crianças e adolescentes
(1 a 19 anos) em 2014, com uma taxa média de mortalidade (2009 a 2013) ajustada por idade
22
de 32,07 por milhão na faixa etária de 0 a 14 anos e 44,25 por milhão para grupo com idade
entre 0 e 19 anos (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ DE ALENCAR GOMES
DA SILVA, 2016).
Segundo estudo realizado pelo Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da
Silva (INCA), a taxa de incidência para câncer do grupo I (leucemias, doenças
mieloproliferativas e doenças mielodisplásicas) foi de 40,35 por milhão no grupo com 0 a 14
anos e 37,75 por milhão naquele com 0 a 19 anos de idade, respectivamente, considerando os
registros de base populacional de 2000 a 2010 (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ
DE ALENCAR GOMES DA SILVA, 2016).
Na região Nordeste, particularmente na cidade do Recife (Pernambuco), a taxa de
incidência de leucemias linfoides por 1 milhão de crianças e adolescente no período de 2003 a
2007 foi de 53,85 casos na faixa etária de 1 a 4 anos; 17,49 casos para faixa etária de 5 a 9 anos;
14,68 casos para grupo com idade entre 10 e 14 anos; e 9,40 casos para indivíduos com 15 a 19
anos. No geral, a taxa de mortalidade no Nordeste foi de 14,41 por milhão para as leucemias
em indivíduos do sexo masculino e feminino (0 a 19 anos) no período de 2009 a 2013
(INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ DE ALENCAR GOMES DA SILVA, 2016).
Embora as taxas de mortalidade sejam relativamente baixas no Nordeste, as leucemias
agudas são consideradas doenças graves que necessitam de um longo tratamento para atingir a
cura e um extenso período de acompanhamento para monitorar o risco de recaída e surgimento
de efeitos tardios, como segunda neoplasia, decorrentes do regime terapêutico inicial (WARD
et al., 2014).
Dentre as leucemias agudas da infância, a leucemia linfoblástica aguda (LLA) é a mais
frequente e pode ser subdividada em dois tipos: a LLA de células B que corresponde a 85% dos
casos, e a LLA de células T, responsável por 15% das LLAs (PUI, 2008). A LLA-T apresenta
pior prognóstico do que a LLA-B e é considerada de alto risco, com taxa alta de mortalidade e
um tratamento mais intensivo, embora 70-80% das crianças acometidas atinjam a remissão
completa (KRASZEWSKA et al., 2012; SCHRAPPE et al., 2011).
A LLA-T apresenta um pico de incidência na faixa etária dos 9 anos e é predominante no
gênero masculino que exibe 3 vezes mais risco de desenvolver a doença (KARRMAN;
JOHANSSON, 2017). A baixa frequência da LLA-T em crianças, a sua heterogeneidade
genética e o conhecimento insuficiente acerca da biologia da doença são dificuldades
encontradas para avaliação do tratamento no desfecho da doença (KRASZEWSKA et al.,
2012), sendo necessários mais estudos, a fim de melhor compreender sua patogênese e,
23
consequentemente, refinar os tratamentos disponíveis para aumentar a sobrevida e a qualidade
de vida dos pacientes.
1.2 A Leucemia Linfoblástica Aguda de Células T
1.2.1 Classificação da LLA-T
Morfologicamente, os blastos da LLA-T podem ser de dois tipos: a) L1 – células com alta
razão núcleo/citoplasma (N/C), nucléolo indistinto ou ausente, e ausência de mieloperoxidade
detectável por coloração citoquímica; b) L2–blasto do tipo II, célula grande com alta razão N/C,
cromatina irregular, não condensada, nucléolo visível e poucos grânulos azurofílicos (ABDUL-
HAMID, 2013b; BEHM, 2003; BENNETT et al., 1976).
Embora a morfologia e citoquímica forneçam informações sobre os blastos e sejam
importantes no diagnóstico da doença e definição do tipo de leucemia em linfoide ou mieloide,
elas não permitem a identificação da linhagem celular comprometida na leucemia (BEHM,
2003; ONCIU, 2009).
A identificação imunológica de antígenos de superfície, citoplasmáticos e nucleares,
também conhecidos como Cluster of differentiation (CD) presentes nos blastos permitem
identificar o estágio de maturação da célula transformada, ou seja, associar o estágio de
diferenciação de células progenitoras linfoides imaturas aos estágios iniciais de
desenvolvimento dos linfócitos T normais (ONCIU, 2009; PUI et al., 2012).
Segundo diretrizes do Grupo Europeu para Classificação Imunológica de Leucemias
(EGIL – European Group for Immunological Classification of Leukemias), a leucemia
linfoblástica aguda de células T pode ser classificada em cinco subtipos imunofenotípicos: pro-
LLA-T, pre-LLA-T, LLA-T-cortical e os tipos maduros αβ e γδ. Nesta classificação, todos os
subtipos apresentam CD3 citoplasmático e todos, com exceção do cortical, não apresentam
CD1a (BENE et al., 1995; KRASZEWSKA et al., 2012).
O subtipo pro-T é caracterizado pela expressão de CD7; o pre-T, pela expressão CD2
e/ou CD5 e/ou CD8; o T-cortical, por CD1a+; o maduro, pela expressão de CD3 de superfície,
sendo os grupos a e b caracterizados pela positividade para o receptor de células T (TCR) αβ e
γδ, respectivamente (BENE et al., 1995).
Diferentemente do EGIL, a classificação do St. Jude Children’s Research Hospital
considera primariamente a expressão de CD3 citoplasmático e CD7 para definição de LLA-T,
utilizando outros marcadores como CD5, CD1, CD4 e 8, CD10 e CD3 de superfície (sCD3)
24
para divisão da doença em 4 subtipos: pre-T (sCD3-/ CD5-/ CD1-/ CD4-/ CD8-/ CD10-), T-
inicial (sCD3-/ CD5+/ CD1-/ CD4-/ CD8±/ CD10-), T-comum (sCD3lo/ CD5+/ CD1±/ CD4±/
CD8±/CD10±) e T-tardio (sCD3hi/ CD5+/ CD1-/ CD4+ ou CD8+/ CD10-) (BEHM, 2003). Os
marcadores de prematuridade TdT (terminal deoxinucleotidiltransferase) e eventualmente
CD34 (30% a 50% de células) também são utilizados na caracterização imunológica de blastos
da linhagem T (CAMPANA; COUSTAN-SMITH, 1999).
1.2.2 Características clínicas e fatores de risco associados
As principais características clínicas apresentadas pelas crianças com LLA-T são
aumento do baço, fígado e linfonodos com presença de massa mediastinal e contagem de
leucócitos totais do sangue bem maior do que o observado em leucemias de células B, podendo
atingir mais de 50.000/µL (SCHRAPPE; STANULLA, 2003; UCKUN et al., 1998). Os
pacientes podem apresentar sintomas inespecíficos, como febre, fadiga, palidez, dor nos ossos,
e envolvimento de sistema nervoso central, além de frequentemente exibirem anemia,
trombocitopenia e granulocitopenia na presença ou ausência de leucocitose (AIFANTIS;
RAETZ; BUONAMICI, 2008; KARRMAN; JOHANSSON, 2017; SCHRAPPE; STANULLA,
2003).
Além dessas manifestações clínicas, frequentemente esses pacientes são caracterizados
em relação às alterações genéticas por estudos de citogenética e biologia molecular, uma vez
que diversos rearranjos e mutações genéticas têm sido relatados na doença e estão envolvidos
no seu desenvolvimento. Os achados moleculares mais evidentes são translocações envolvendo
os cromossomos 7 e 14, onde se localizam os genes para os receptores de células T, e mutações
em genes de supressores tumorais, fatores de transcrição e de proteínas envolvidas em
sinalização intracelular, sobrevivência e proliferação celular (BELVER; FERRANDO, 2016;
UCKUN et al., 1998), embora deleções e amplificações também sejam relatadas.
Diferentemente de outras leucemias, por exemplo, LLA-B e leucemia mielóide aguda
(LMA), essas características genéticas não apresentam valor prognóstico suficiente para
estratificação de risco, demonstrando o nível de heterogeneidade da LLA-T e a importância da
investigação dos fatores biológicos relacionados ao desenvolvimento da doença, a fim de
melhor entender a patogenia da doença e aperfeiçoar o tratamento clínico (PUI et al., 2011).
Ao longo das últimas décadas, mesmo com o avanço nas estratégias de tratamento e o
aumento significativo na sobrevida livre de evento, a LLA-T ainda é reportada com prognóstico
reservado quando comparada às LLA-B (LOCATELLI et al., 2012). Geralmente, os fatores
25
considerados de maior risco neste tipo de leucemia são alta contagem de leucócitos totais no
sangue, idade, subtipo de leucemia causado por precursores imaturos de células T (ETP, early-
T cell precursor leukemia) e ausência de resposta precoce a corticosteroide (ARICÒ et al., 2004;
COUSTAIN-SMITH, 2009; PUI et al., 2008, 2011).
1.3 Patogênese da LLA-T
A LLA-T, assim como outros cânceres pediátricos, é considerada uma doença complexa,
multifatorial, envolvendo a interação de múltiplas características genéticas e ambientais
(UCKUN et al., 1998), embora alguns casos estejam associados a predisposição genética
herdada em síndromes, como a Ataxia-Telangiectasia (JANIC et al., 2007).
Diversos fatores ambientais têm sido sugeridos com um papel na doença, podendo-se
citar exposição a substâncias químicas, radiação ionizante e não-ionizante, dieta materna e da
criança e infecções e alergia (BUFFLER et al., 2005). Em relação às infecções, duas hipóteses
são propostas: a hipótese de Kinlen (2004) e a hipótese de Greaves (GREAVES, 1999, 2006).
A hipótese de Kinlen chamada de “mistura populacional” é direcionada para aglomerados
de crianças com leucemia, e propõe que a ocorrência da doença seja resultado de uma resposta
rara a infecções específicas não-identificadas em indivíduos susceptíveis de áreas populacionais
que tiveram reduzida exposição a patógenos, característica mais comum a áreas isoladas ou
rurais. Essa exposição seria decorrente de movimentos populacionais não usuais, levando ao
influxo de pessoas infectadas para esses locais e, consequentemente, ao aumento na ocorrência
da leucemia (BUFFLER et al., 2005; KINLEN, 2004; PUI et al., 2008).
Já a hipótese de Greaves, chamada de “hipótese de infecção-retardada”, se baseia no
princípio de que o sistema imune necessita de exposições a patógenos tanto no período neonatal
como durante a infância para alcançar uma modulação eficiente da resposta imune e
estruturação da rede imunológica de células e citocinas. Assim, a reduzida ou ausente exposição
a infecções comuns no início da vida, principalmente devido à criação em ambiente de alta
higiene, resultaria na desregulação do sistema imune com consequente reposta patológica após
o indivíduo entrar em contato tardiamente com patógenos, culminando na proliferação
aumentada de células linfoides (GREAVES, 2009; PUI et al., 2008).
Greaves (2009) propõe ainda que o gatilho para a desregulação imunológica na leucemia
não é decorrente apenas da exposição retardada a infecções, mas enfatiza que outros fatores são
importantes para a ocorrência da doença, como a presença de um clone pré-maligno adquirido
26
no período pré-natal, e algum nível de susceptibilidade genética, por exemplo, variações
alélicas em genes codificantes de proteínas do sistema imune.
Estudos genéticos em neonatos (amostra do teste do pezinho) têm demonstrado a
existência de alterações genéticas em pacientes que desenvolveram leucemias agudas, incluindo
a LLA-T, sugerindo a importância de alterações genéticas durante a embriogênese no
desenvolvimento da doença, a relevância de tais modificações na ocorrência precoce de
leucemia (entre 0 e 5 anos de idade) e também a necessidade de alterações secundárias, pós-
natais, para o desencadeamento da doença (FASCHING et al., 2000; FORD et al., 1997;
GREAVES, 2006; MA et al., 2013).
Além disso, muitos destes estudos têm sido conduzidos em gêmeos monozigóticos
(BATEMAN et al., 2015; GREAVES et al., 2003; MA et al., 2013), a fim de estabelecer o grau
de influência genética na leucemia, bem como o período entre a detecção da primeira
modificação genética e a manifestação da doença – período conhecido como latência.
Desta forma, um modelo mínimo de história natural para a leucemia aguda em crianças,
incluindo a LLA-T, tem sido proposto (Figura 1).
Figura 1 – Modelo mínimo para história natural de leucemia aguda da criança.
Fonte: Adaptado de Greaves (2009, tradução nossa).
Nota: O gargalo na causa da leucemia se refere aos eventos que desencadeiam as alterações genéticas
secundárias pós-natais essenciais para a doença e que se desenvolvem em apenas 1% dos indivíduos
que apresentam um clone pré-leucêmico silencioso.
Na leucemia de células T, os principais eventos moleculares relacionados ao
desenvolvimento da doença atingem os genes implicados na ontogenia de células T, ou seja,
desde genes envolvidos no comprometimento de células progenitoras linfoides com a linhagem
T até aqueles relacionados ao processo de maturação da célula no timo, como os genes para os
27
receptores de células T (TCR). A Figura 2 ilustra o processo normal de hematopoiese e
diferenciação da célula T, e os oncogenes associados ao desenvolvimento tumoral que acomete
esta linhagem.
Além das diversas proteínas ilustradas participando do processo de migração de
progenitores para o timo e maturação das células no órgão, diversas moléculas solúveis
presentes no microambiente, como as citocinas, também desempenham papel fundamental no
desenvolvimento normal destas células e poucos estudos têm relacionado tais fatores com a
patogênese da LLA-T, e a resposta ao tratamento quimioterápico, aspectos importantes para um
maior conhecimento da biologia da doença e, principalmente, para o avanço na busca de novos
marcadores de prognóstico com possibilidade de aplicação terapêutica.
Figura 2 – Estágios da hematopoiese, desenvolvimento de célula T e oncogenes relacionados a
leucemia de células T.
Fonte: Adaptado de Aifantis; Raetz; Buonamici (2008, tradução nossa).
Nota: Células-tronco hematopoiéticas da medula óssea (CTH) deixam o nicho quiescente e se
diferenciam se tornando progenitores multipotentes (PMPs). Tais PMPs posteriormente se
comprometem com a linhagem linfoide, gerando os progenitores linfoides comuns (PLC). Vários
subgrupos de progenitores linfoides (incluindo PMPs e PLCs) têm sido sugeridos para representar o
progenitor das células pró-T tímicas. Estes subgrupos migram para o timo (como progenitores iniciais
da linhagem de células T (ETPs, Early T‑cell-lineage progenitors)) e se comprometem com a linhagem,
avançando nos estágios de duplo negativo (DN; CD4-CD8-), DN2, DN3 e DN4. Mediante o sucesso na
recombinação do locus do receptor β de célula T (TCRB), as células pré-T adquirem a expressão do pre-
células pre-TCR-selecionadas atingem o estágio de duplo positivo (DP; CD4+CD8+), etapa em que são
submetidas ao processo de seleção positiva e negativa. As células selecionadas deixam o timo como
simples positiva (SP), sendo células T CD4+ ou CD8+. Os estágios de diferenciação em que os
oncogenes são conhecidos por estarem associados com a LLA-T e requeridos na medula óssea ou timo
estão representados. LMO2, LIM-only 2; TAL1, T-cell acute lymphocytic leukaemia 1. Ikaros, família
de proteínas zinc-finger; MYC e MYB, proto-oncogenes e fatores de transcrição; Notch1, membro da
família de protéinas NOTCH.
28
1.4 Principais Alterações Genéticas na LLA-T
Na LLA-T, aproximadamente 50% dos casos apresentam alguma anormalidade no
cariótipo, seja por um aumento ou redução no número de cromossomos - aneuploidia, por
translocações que podem levar à produção de genes fusionados ou à ativação de genes que
normalmente não são expressos pelas células T, ou deleções que podem caracterizar inativação
de genes supressores tumorais ou ativação de regulador transcricional. A maioria dos genes
envolvidos nas translocações são fatores de transcrição que regulam outros genes,
frequentemente relacionados à diferenciação, proliferação e sobrevivência celular (AIFANTIS;
RAETZ; BUONAMICI, 2008; GRAUX et al., 2006).
As translocações mais frequentes envolvem os loci dos genes dos receptores de células T
(TCR) 14q11 (TCRA/D) e 7q34 (TCRB), que podem ser encontradas em cerca de 35% dos casos
de LLA-T com diversos genes parceiros, entre eles HOX11, HOX11L2, TAL1, LYL1, LMO1 e
LMO2, entre outros. Rearranjos genéticos ocorrem provavelmente durante o estágio de
diferenciação da célula T, no processo de recombinação V(D)J que é essencial para a geração
de diversidade do TCR. Durante a etapa de recombinação, diversos genes transcritos no
processo de desenvolvimento do timócito podem estar com a cromatina em configuração aberta,
o que os deixa susceptíveis à ação das recombinases RAG1 e RAG2, e podem levar aos eventos
inadequados de rearranjo (AIFANTIS; RAETZ; BUONAMICI, 2008; GRAUX et al., 2006;
HUNGER; MULLIGHAN, 2015).
HOX11(TLX1) e HOX11L2(TLX3) são genes homeobox que produzem proteínas de
localização nuclear, com domínio de ligação a DNA e propriedades transcricionais de
transativação (DEAR et al., 1995).
HOX11 tem sido frequentemente relatado com expressão aberrante em células T devido
principalmente a duas translocações, a t(10;14)(q24;q11) e a t(7;10)(q35;q24). O produto deste
gene é essencial para a sobrevivência de células esplênicas durante o desenvolvimento fetal
murino, uma vez que camundongos hox11-/- nascem ausentes de baço (DEAR et al., 1995); o
gene não é expresso normalmente em células T e sua ativação transcricional é exclusiva da
leucemia de células T, não ocorrendo em LLA-B (KEES et al., 2003). As translocações
envolvendo este gene não produzem proteína quimérica, o que ocorre é uma mudança de
promotor, já que HOX11 é justaposto a elementos regulatórios dos genes TCRD ou TCRB,
ficando sob controle transcricional distinto, o que leva à desregulação do gene (HURET et al.,
2013; PÉROT, 1999).
29
Além disso, outros mecanismos de ativação de HOX11 têm sido sugeridos, uma vez que
a expressão do gene pode ocorrer em LLA-T da infância na ausência de aberração no
cromossomo 10q24. Alteração no padrão de metilação do promotor do gene, mutações em
sequências cis-regulatórias, fatores trans-regulatórios dentre outros são alguns mecanismos
alternativos que podem levar a desregulação de HOX11 (KEES et al., 2003; WATT et al., 2000).
O papel de HOX11 no desenvolvimento tumoral tem sido relacionado a sua função
primordial na sobrevivência celular, sendo sugerido que a expressão aberrante nas células T
pode prolongar o tempo de vida destas células (DEAR et al., 1995).
HOX11L2 também apresenta expressão anormal em leucemia de células T e foi
identificado nos pontos de quebra da translocação críptica t(5;14)(q35;q32) que envolve o gene
BCL11B (CTIP2). O rearranjo cromossômico gera a desregulação de HOX11L2, uma vez que
este fica sob controle de sequências regulatórias de BCL11B, altamente expresso durante a
diferenciação de linfócitos T (BERGER, 2002; BERNARD et al., 2001). Em condições
normais, HOX11L2 participa do desenvolvimento do centro respiratório medular ventral, sendo
camundongos deficientes para este gene portadores de uma síndrome semelhante a
hipoventilação central congênita (SHIRASAWA et al., 2000). Ele apresenta um perfil de
expressão restrito, não sendo detectado em baço e linfócitos periféricos de adulto, nem em
medula óssea normal. Entretanto, uma baixa expressão foi observada em timo e baço fetais, e
em timo de adulto, em contraste com a alta expressão de HOX11L2 encontrada em amostras de
LLA-T, mostrando que a expressão do gene no tecido hematopoiético está associada ao fenótipo
maligno (BALLERINI et al., 2002). O mecanismo pelo qual HOX11L2 exerce uma função na
tumorigênese é desconhecido, entretanto a translocação está presente em cerca de 20% dos
casos de LLA-T da infância e foi associada a um pobre prognóstico (BALLERINI et al., 2002).
Outro gene muito reportado em LLA-T é TAL1, também chamado de SCL ou TCL5 e
localizado no cromossomo humano 1p32. Ele codifica uma proteína que pertence à família de
fatores de transcrição hélice-alça-hélice básico, podendo formar heterodímeros com diversas
moléculas desta família, entre elas a proteína E2A que modula a transcrição de genes, e dessa
forma sua alteração pode prejudicar a regulação gênica normal da célula (AIFANTIS; RAETZ;
BUONAMICI, 2008; SANDA et al., 2012).
Aberrações no gene TAL1 são encontradas em até 30% das leucemias de células T,
entretanto a maior proporção dessas alterações se deve a deleções intracromossômicas que
levam a retirada de todos os éxons codificantes do gene SIL, localizado upstream de TAL1, e
da região 5’ não traduzida deste último, resultando na fusão SIL-TAL1, que apresenta a região
codificante do gene TAL1 sob controle transcricional direto do promotor de SIL (VAN DER
30
BURG et al., 2002). Essa modificação culmina com a expressão desregulada da proteína TAL1,
que embora seja normalmente expressa em células hematopoiéticas de linhagem eritróide e
megacariocítica de cérebro adulto e embrionário, em células-tronco hematopoiéticas e linhagem
de mastócitos, não é produzida em células de linhagem linfoide (HURET; LABASTIE, 1998;
VAN DER BURG et al., 2002). TAL1 é essencial para o desenvolvimento da hematopoiese,
uma vez que camundongos mutantes SCL/tal1-/-, que carecem desta proteína apresentam falha
na geração de diversas células da linhagem hematopoiética, hematopoiese indetectável e anemia
fatal durante o desenvolvimento embrionário (PORCHER et al., 1996). Além da fusão SIL-
TAL1, outros eventos de alteração genética podem levar à expressão ectópica de TAL1 em
linfócitos T, como a translocação t(1;14)(p32;q11) encontrada em cerca de 3% dos casos de
LLA-T, e as translocações t(1;7)(p32;q35), t(1;3)(p32;p21) e t(1;5)(p32;q31), que são raras e
pouco conhecidas (HURET, 1998a,b,1999; VAN DER BURG et al., 2002).
Embora todas essas alterações genéticas sejam encontradas na leucemia de células T,
existem controvérsias sobre seu valor prognóstico na doença. Ballerini et al. (2002)
relacionaram a expressão aberrante de HOX11L2 a ocorrência de recaída em crianças com
LLA-T, enquanto Cavé et al. (2004) não encontrou uma diferença significante no prognóstico
de pacientes positivos para expressão de HOX11L2 e HOX11, e para a fusão SIL-TAL em
relação a sobrevida geral e sobrevida livre de evento.
É importante ressaltar que mesmo não sendo utilizado como fator para estratificação de
risco nos protocolos de tratamento, os rearranjos genéticos são importantes sobretudo no
acompanhamento clínico dos pacientes, pois, uma vez detectados, podem ser utilizados na
pesquisa de doença residual mínima, empregada na avaliação da resposta ao tratamento, e
eventual modificação do esquema terapêutico.
Além dos genes mencionados, diversos outros genes associados a translocações
cromossômicas, deleções, duplicações e mutações, como MLL, P15, P16, e NOTCH1, em
conjunto com fatores imunológicos, estão de alguma forma envolvidos na quebra da
homeostase celular, contribuindo para o desenvolvimento do câncer.
A Tabela 1 mostra as principais alterações genéticas em LLA-T e suas frequências.
Tabela 1 – Alterações genéticas encontradas em LLA-T. (Continua).
Gene Alteração genética Frequência (%)
HOX11 (TLX1) t(10;14)(q24;q11) 5-10 t(7;10)(q35;q24)
HOX11L2 (TLX3) t(5;14)(q35;q32) 20-25
31
Tabela 1 – Alterações genéticas encontradas em LLA-T.
(Conclusão)
Gene Alteração genética Frequência (%)
TAL1 t(1;14)(p32;q11) 3
t(1;7)(p32;q34) <1
Mutações geradores de 5’super-
enhancer
5
Deleção de 1p32 25
MLL (KMT2A) t(11;19)(q23;p13) 5
NOTCH1 t(7;9)(q34;q34.3) <1
Mutação ativadora >60
Fonte: Adaptado de Belver; Ferrando (2016, tradução nossa).
Legenda: % percentagem de pacientes positivos para a alteração.
1.5 Imunovigilância e HLA-G
A capacidade do sistema imune reconhecer células inicialmente transformadas ou
neoplásicas e eliminá-las evitando sua expansão é definida como imunovigilância. A
imunovigilância faz parte do processo de imunoedição do câncer, que compreende três etapas
conhecidas como: (i) eliminação, (ii) equilíbrio e (iii) escape (DUNN et al., 2002). Neste
processo, diversas moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) têm sido
reportadas com reduzida ou alterada expressão, ou mesmo expressão ausente, de maneira que
a apresentação de antígenos tumorais para células efetoras se torna prejudicada e,
consequentemente, contribui para a evasão do câncer à resposta imune (YAN, 2011).
O antígeno leucocitário humano G (HLA-G) é uma das moléculas do MHC de classe I,
não clássica, codificada pelo gene HLA-G, localizado no cromossomo humano 6p21.3,
caracterizada por apresentar baixo polimorfismo na região codificante, expressão restrita,
diversidade genética nas regiões não codificantes, função distinta e, várias isoformas devido a
ocorrência de splicing alternativo (CAROSELLA et al., 2008).
HLA-G é fisiologicamente expresso principalmente em células trofoblásticas, na medula
do timo de adulto, na córnea, ilhotas pancreáticas, matriz da unha, precursores eritróides e
endoteliais, e células-tronco mesenquimais (CAROSELLA et al., 2008; CASTELLI et al.,
2010; YAN, 2011).
Quando comparado a outros genes do complexo HLA, o gene HLA-G aparentemente
apresenta oito éxons, mas devido a presença de um códon de parada no éxon 6, o éxon 7 está
sempre ausente no RNA mensageiro (mRNA) maduro, e o éxon 8 representa a região 3' não
traduzida (UTR – Untranslated region). Entretanto, a literatura mundial continua considerando
o gene HLA- G com 8 éxons. A proteína apresenta estrutura semelhante às moléculas HLA de
32
classe I clássicas, com algumas isoformas apresentando uma cadeia leve associada à β2-
microglobulina, como resultado do processamento diferencial da molécula. Assim, o gene
codifica apenas a cadeia leve, sendo a β2-microglobulina codificada pelo gene B2M no
cromossomo humano 15q21.1 (DONADI et al., 2011).
O éxon 1 codifica o peptídeo sinal; os éxons 2, 3 e 4, as porções extracelulares de HLA-
G α1, α2 e α3, respectivamente; e os éxon 5 e 6 são responsáveis pela produção da região
transmembrana e do domínio citoplasmático ou intracelular da molécula. Por splicing
alternativo, HLA-G pode gerar 7 isoformas, sendo 4 delas ligadas à membrana (HLA-G1, -G2,
-G3 e –G4) e três solúveis (HLA-G5, -G6 e -G7) (DONADI et al., 2011).
As isoformas HLA-G1 e -G5 são as únicas que possuem os 3 domínios extracelulares e
encontram-se ligadas a molécula de β2-microglobulina. Adicionalmente, uma forma solúvel da
isoforma HLA-G1 pode ser gerada pela clivagem proteolítica da molécula ligada à membrana.
HLA-G2 e -G6 apresentam os domínios extracelulares 1 e 3; HLA-G3 e G7 apenas o
domínio 1 e a molécula HLA-G4, os domínios 1 e 2 (DONADI et al., 2011; REBMANN,
2007; YAN, 2011).
A Figura 3 ilustra as diferentes isoformas produzidas pelo processamento diferencial do
mRNA de HLA-G.
Figura 3 – Isoformas de HLA-G geradas pelo processamento alternativo do
mRNA do gene HLA-G.
Fonte: Adaptado de Donadi et al. (2011, tradução nossa).
Nota: A Figura mostra a estrutura do mRNA de HLA-G e os transcritos que podem
ser gerados por processamento alternativo. A partir desse mecanismo, quatro
isoformas ligadas à membrana e três isoformas solúveis podem ser produzidas
pelo gene.
33
É importante ressaltar que os domínios globulares α1 e α2 de HLA-G formam uma fenda
de ligação a peptídeo muito similar à apresentada pelo MHC de classe I clássico, e um estudo
com uma linhagem de células linfoblastóides B mostrou que a molécula HLA-G apresenta a
capacidade de acoplar peptídeos (LEE et al., 1995). Entretanto, esse processo não representa a
regra e não tem sido amplamente relatado pela literatura, de maneira que a função primária de
HLA-G não constitui a apresentação de antígenos a células do sistema imune. Diferentemente,
a proteína apresenta propriedades imunomoduladoras, exercendo efeitos inibitórios sobre
diversas células do sistema imunológico, como células NK, linfócitos T CD8+, células
dendríticas, monócitos e linfócitos B (ROUAS-FREISS et al., 2014), entre outras.
A molécula HLA-G teve sua função imunológica inicialmente descrita na interface
materno-fetal, onde as células do citotrofoblasto fetal com expressão da proteína de superfície
apresentaram efeito inibitório sobre a atividade citolítica de células NK da decídua materna,
desempenhando papel na tolerância do feto pela mãe, que age biologicamente como enxerto
semi-alogênico (CAROSELLA, 2011; ROUAS-FREISS et al., 1997). A forma solúvel da
proteína também foi encontrada no sangue de gestante, na placenta e no líquido amniótico,
reforçando a importância de HLA-G neste mecanismo de tolerância (WILCZYRISKI, et al.,
2006). A expressão reduzida da molécula e polimorfismos no gene têm sido associados a
abortos de repetição e eclampsia, ou seja, a uma incapacidade do HLA-G exercer sua atividade
inibitória sobre a resposta imune materna na gestação (BARAKONYI et al., 2002;
HYLENYUS et al., 2004).
Em relação a condições patológicas, uma expressão aumentada de HLA-G foi observada
em vários tumores, incluindo carcinoma renal (BUKUR et al, 2003), pulmão (YIE et al., 2007),
ovário (LIN et al., 2007), doenças hematológicas (GROS et al., 2006) entre outros, sendo tal
característica relacionada a um mecanismo de evasão da reposta imunológica de forma similar
ao que ocorre na gestação (WILCZYRISKI, et al., 2006). Uma expressão alterada de HLA-G
também tem sido relatada em outras condições, como em doenças autoimunes, em rejeição de
transplantes, em infecções virais e em inflamação (CRISPIM et al., 2008; RIZZO et al., 2008,
2012; YAN et al., 2009).
O papel imunossupressor de HLA-G é exercido pela interação das isoformas de
membrana expressas pelas células tumorais (no caso de câncer) com receptores inibitórios de
células NK (KIR2DL4), de células B (ILT2 [símbolo atual - LILRB1]), de células T e
monócitos (ILT4 [símbolo atual – LILRB2]), inibindo a atividade citotóxica dessas células
(LEMAOULT et al., 2003; REBMANN et al. 2007), que em condições normais promoveriam
a destruição das células tumorais. HLA-G interage também com células dendríticas (CD) via
34
ILT2 e ILT4, provocando inibição da maturação dessas células, redução na capacidade de
apresentação de antígenos, e também indução de CD tolerogênicas, o que também contribui no
processo de escape do câncer ao ataque do sistema imune (ROUAS-FREISS et al., 2014). A
Figura 4 mostra os principais efeitos que HLA-G gera nas células que expressam os receptores
KIR2DL4, ILT2 e ILT4.
A expressão de HLA-G é regulada principalmente pela região promotora e pela região 3’
não traduzida do gene. Na 3’UTR, dois mecanismos distintos têm sido associados à regulação
de HLA-G: a presença de uma inserção de 14 pares de base (pb) (rs371194629) e de guanina na
posição +3142 (rs1063320). A presença dos 14 pb leva a um evento adicional de splicing, que
culmina com a deleção de 92 bases da 3’UTR do RNA mensageiro, e influencia o
processamento diferencial e a estabilidade da molécula. As isoformas de mRNA que exibem as
92 bases são mais sensíveis à degradação e, portanto, apresentam menor estabilidade molecular;
enquanto aqueles mRNAs com deleção de 92 bases na 3’UTR estão menos propensos à
degradação, exibindo maior estabilidade e meia vida da molécula (HVIID et al., 2003;
ROUSSEAU et al., 2003).
Figura 4 – Efeitos inibitórios exercidos pela molécula HLA-G.
Fonte: Adaptado de Rouas-Freiss et al. (2014, tradução nossa). Nota: A molécula HLA-G solúvel ou de superfície produzida por uma célula tumoral pode exercer diversos
efeitos inibitórios em células do sistema imune pela interação com seus receptores ILT4 e ILT2,
contribuindo para uma falha no processo de Imunovigilância do câncer.
35
Em relação ao sítio polimórfico +3142 (rs1063320), a presença de guanina leva ao
aumento da afinidade a microRNAs (miRNAs) específicos (miR-148a, miR-148b e miR-152)
e, consequentemente, à diminuição na expressão de HLA-G (CASTELLI et al., 2009; TAN et
al, 2007), uma vez que os miRNAs (pequenas moléculas de RNA endógenas) atuam no controle
pós-transcricional de genes impedindo a tradução de RNAs mensageiros em proteínas
(BARTEL, 2004).
Além desses dois sítios variantes, mais 6 polimorfismos foram descritos na 3’UTR de
HLA-G (+3003 C/T (rs1707), +3010 C/G (rs1710), +3027 A/C (rs17179101), +3035 C/T
(rs17179108), +3142 C/G (rs1063320), +3187 A/G (rs9380142) e +3196 C/G (rs1610696)),
evidenciando a variabilidade genética existente nessa região. Alguns desses polimorfismos
também parecem estar envolvidos na afinidade a miRNAs, e, portanto, devem exercer um papel
na regulação pós-transcricional do gene (CASTELLI et al., 2009).
Em relação à leucemia, uma expressão alterada de HLA-G tem sido relatada por diversos
autores (GROS et al., 2006; NUCKEL et al., 2009; YAN et al., 2008).
Gross et al. (2006) analisaram os níveis de HLA-G solúvel (sHLA-G) em plasma de
pacientes com leucemia aguda (LMA, n= 47; LLA-B, n= 11; LLA-T, n= 17) e mostraram um
aumento na expressão de sHLA-G em 74% das LMA e 89% das LLA em relação ao controle
de indivíduos saudáveis. Os casos de LLA-T exibiram níveis de expressão mais altos do que os
de LLA-B e os níveis elevados da molécula apresentaram associação com leucocitose.
Em outro estudo, o nível de expressão de HLA-G foi determinado por citometria de fluxo
em células B isoladas de sangue periférico de 47 pacientes adultos diagnosticados com leucemia
linfóide crônica de células B (LLC-B). Foi observada uma correlação entre o número de células
com HLA-G de superfície e a presença de imunossupressão humoral e celular, revelada pelo
nível de IgG sérico, número total de células T e células CD4+, além do nível de expressão de
sHLA-G no plasma. Os pacientes com menor percentagem de células HLA-G-positivas
apresentaram sobrevida geral maior do que aqueles com maior percentagem. Adicionalmente,
na análise multivariada foi demonstrado que a expressão de HLA-G é um melhor fator
independente preditor de progressão da doença do que a proteína associada a Zeta 70 (ZAP-
70), marcador prognóstico já estabelecido, perdendo apenas para a classificação de Binet para
estadiamento da doença (NÜCKEL et al., 2009).
Ainda sobre a expressão de HLA-G nas leucemias, Yan et al (2008) não encontrou
expressão da proteína em LLA-B (n=13), mas observou expressão em 18,5% dos pacientes com
LMA (n=54), 22,2% daqueles com leucemia mielóide crônica (LMC) (n=9) e 18,2% dos
pacientes síndrome mielodisplásica (SMD, n=11). Nesse estudo, a expressão de HLA-G foi
36
determinada por citometria de fluxo e apenas as LMA HLA-G+ mostraram-se associadas a um
aumento na percentagem de blastos e a diminuição do total de linfócitos T em relação as LMA
HLA-G-. Este estudo também realizou ensaios funcionais e revelou a inibição exercida pelas
células LMA HLA-G+ sob a lise celular exercida pela linhagem celular NK-92, utilizando
ensaios de citotoxicidade.
A maioria desses estudos foi conduzida em leucemia de adulto, e pouco se sabe sobre o
papel do HLA-G na leucemia da infância, especialmente nas leucemias de células T, que além
de ter pior prognóstico e menor taxa de sobrevida em relação à LLA-B, é caracterizada por
grandes lacunas do conhecimento relativo a sua patogênese. Além disso, o estudo da expressão
de HLA-G em LLA-T contribui na qualificação do HLA-G como marcador de prognóstico na
leucemia, e a possibilidade da sua utilização como alvo para tratamento.
1.6 MicroRNAs e Leucemia
Em adição às alterações numéricas e/ou translocações cromossômicas, existem ainda
diversos genes e moléculas, incluindo proteínas do sistema imune, que podem estar alteradas
na LLA-T. Dentre essas moléculas, merecem destaque os microRNAs (miRNAs) cuja primeira
ligação com câncer foi descrita em leucemia linfocítica crônica de células B (LLC-B), sendo
demonstrada desregulação na expressão de miR-15 e miR-16, miRNAs localizados na região
13q14 que frequentemente está deletada em LLC-B (CALIN et al., 2002).
Os miRNAs são pequenos RNAs endógenos, de fita simples e não-codificantes que
apresentam aproximadamente 22 nucleotídeos de tamanho e atuam reprimindo a expressão de
proteínas ou promovendo a degradação de mRNAs específicos (alvo) pela ligação direta a
3’UTR destas moléculas (BARTEL, 2004; LING; FABBRI; CALIN, 2013; O’CONNELL et
al., 2010). A Figura 5 mostra a biogênese e os mecanismos de ação dos miRNAs.
Os miRNAs podem ser codificados por genes em diversas regiões no genoma, incluindo
regiões intrônicas, exônicas ou intergênicas, sendo transcritos em sua maioria pela ação da RNA
polimerase II. Além disso, eles podem ser transcritos como uma unidade policistrônica,
característica de miRNAs em cluster no genoma (HAYES; PERUZZI; LAWLER, 2014; LIN;
GREGORY, 2015).
Assim como os mRNAs, os miRNAs participam de vários processos biológicos
fundamentais para o desenvolvimento normal de uma célula, como diferenciação e proliferação
celular, apoptose e sobrevivência celular, e estágios de desenvolvimento de um organismo,
tendo a expressão altamente regulada no contexto celular, com a participação de diversas
37
moléculas em cada etapa da biogênese (HA; KIM, 2014; WINTER et al., 2009). Também estão
envolvidos no processo de maturação das células T no timo e mecanismos regulatórios de
autoimunidade (MACEDO et al., 2015).
Figura 5 – Biogênese e mecanismos de ação dos miRNAs.
Fonte: Adaptado de Ling; Fabbri; Calin (2013, tradução nossa).
Nota: O miRNA é inicialmente transcrito como miRNA primário (pri-miRNA) e processado em precursor (pre-
miRNA) pelo complexo microprocessador, composto pelas proteínas Drosha e DGCR8 (Di George syndrome
critical region 8). O pre-miRNA é transportado do núcleo para o citoplasma pela exportina 5 na presença do
cofactor Ran-GTP e, posteriormente, processado na sua forma madura pela Dicer. O miRNA maduro é recrutado
para o complexo de silenciamento induzido por RNA (RISC) e regula a produção de genes codificadores de proteínas por meio de diversos mecanismos. A interação de miRNAs com a região 3' não-traduzida (3' UTR) de
genes codificantes de proteínas é considerado o principal mecanismo, levando a uma diminuição dos níveis
proteicos seja por degradação do mRNA ou pela inibição da tradução. Também tem sido sugerido que os miRNAs
interagem com a 5’ UTR de genes codificantes de proteínas por complementaridade, causando repressão da
tradução ou ativação de proteínas alvo. De maneira semelhante, os miRNAs podem atingir sequências
codificadoras e inibir a tradução de genes alvo. Ainda, os miRNAs podem interagir com complexos de proteínas
regulatórias, como Argonauta 2 (AGO2) e FXR1 (Fragil X mental retardation-related protein 1) e induzir
indiretamente a tradução de um gene alvo. A produção de miRNAs pode ser aumentada ou bloqueada mediante
várias estratégias inespecíficas, no entanto, a regulação precisa pode ser alcançada pelo uso de mimetizadores de
miRNAs (miRNA mimics), anti-miRNAs, miRNAs antagônicos (antagomiRs) e esponjas de miRNAs, que se
ligam e bloqueiam funcionalmente miRNAs específicos. LNA, ácido nucléico bloqueado; ARE, elemento rico em
AU; TNF, fator de necrose tumoral.
38
Cada miRNA pode ter o potencial de reprimir a expressão de diversos genes alvo e mais
de 100 deles são expressos pelas células do sistema imune, apresentando assim a capacidade de
influenciar amplamente vias moleculares associadas ao desenvolvimento e função das respostas
imunes inata e adaptativa. Além disso, tem sido observado que a expressão de miRNAs está
notadamente desregulada em cânceres de origem imunológica, onde tais moléculas podem
apresentar atividades de supressão ou promoção tumoral dependendo da natureza de seus RNAs
mensageiros (mRNA) alvo (O’CONNELL et al., 2010).
Os miRNAs são moléculas mais estáveis em células e tecidos do que os mRNAs, e
podem ser secretadas em vesículas lipídicas e exossomos, sendo liberadas em fluidos biológicos
como sangue, urina, saliva e outros. Devido a isso, são consideradas mais informativas sobre
os eventos moleculares de uma dada situação biológica do que os mRNAs, podendo ser usados
como biomarcadores no diagnóstico e prognóstico de diversos tipos de câncer, como LLC-B,
câncer de cérebro pediátrico, câncer de ovário, câncer de mama, entre outros (HAYES;
PERUZZI; LAWLER, 2014; LING; FABBRI; CALIN, 2013).
Em 2005, foi demonstrado que o padrão de expressão de miRNAs era capaz de
classificar tumores humanos, incluindo seus subtipos genéticos. Diversos tumores sólidos,
como de próstata, bexiga, mama, rim, derivados do trato gastrointestinal e tumores
hematológicos, incluindo leucemias agudas e linfoma de grandes células B, foram
diferenciandos com base na expressão de miRNAs (LU et al., 2005).
A investigação de expressão diferencial de miRNAs que atuam em mRNAs de genes do
sistema imune, bem como nos mRNAs de genes envolvidos no câncer ou malignização celular
é importante para o entendimento das bases biológicas da evasão do câncer à resposta
imunológica, da promoção tumoral e também para possível utilização dessas moléculas na
terapia clínica contra o câncer.
Em um estudo com LLA-T em crianças, a análise do perfil global de expressão de
miRNAs após depleção de TAL1, juntamente com uma análise global de regiões de ligação para
a proteína revelou genes de miRNAs diretamente controlados por TAL1 e seus parceiros
regulatórios, como o miR-223. A superexpressão de miR-223 sob regulação de TAL1 levou à
redução na expressão de FBXW7, um importante supressor de tumor. Por outro lado, o
knockdown de TAL1 levou ao aumento dos níveis da proteína FBXW7 e uma diminuição de
seus substratos, como MYC e NOTCH1. Tais achados demonstraram que a regulação miR-223
por TAL1 promove o fenótipo maligno em LLA-T por meio da repressão do supressor tumoral
FBXW7 (MANSOUR et al., 2013).
39
Outros autores também têm relacionado o miR-223 a leucemias, como Papakonstantinou
et al. (2013) que reportaram expressão aumentada do miRNA em pacientes com LLC
portadores de mutação no gene IGVH (região variável da cadeia leve de imunoglobulina) em
relação àqueles sem a matução, e Mavrakis et al. (2011) que identificaram 5 miRNAs (miR-
19b, miR-20a, miR-26a, miR-92 e miR-223) capazes de promover o desenvolvimento de LLA-
T em modelo murinho e implicados na patogênese da doença em humano.
Outro miRNA muito relatado na literatura em leucemias, tumores sólidos e na imunidade
é o miR-155 (FERRAJOLI et al., 2013; HIGGS; SLACK, 2013; SONKOLY; STAHLE;
PIVARCSI, 2008). Em estudo com pacientes LLC-B, foi demonstrado níveis de miR-155
significativamente superexpressos na progressão de células B normais para linfocitose
monoclonal de células B (LMB) e para LLC. Esta pesquisa também revelou altos níveis de
expressão plasmática deste miRNA em pacientes que não alcançaram resposta completa
comparados àqueles que alcançaram, demonstrando o valor prognóstico do miR-155
(FERRAJOLI et al., 2013).
Os estudos de miRNAs em leucemia são conduzidos na sua maioria em adultos e pouco
se sabe sobre o papel de miRNAs nas leucemias da infância, além do mais o conhecimento
gerado é limitado a amostra de sangue periférico, pouco se sabendo sobre o controle dos
miRNAs na regulação da expressão gênica na medula óssea crianças com leucemia,
microambiente tumoral principal na leucemia.
1.7 Microambiente Tumoral e Citocinas
Assim como a proteína HLA-G, diversas outras moléculas do sistema imune podem
apresentar expressão anormal no câncer, incluindo as citocinas e os receptores para estas
proteínas. No microambiente da medula óssea, as células estromais (fibroblastos, adipócitos,
células endoteliais e osteoblastos) são a maior fonte de fatores de crescimento e citocinas tanto
em condições normais como em patológicas, entretanto, na leucemia os blastos também
produzam estas moléculas. As células alteradas geneticamente secretam citocinas e quimiocinas
alterando o microambiente tumoral, e a quebra da homeostasia medular favorece a criação de
nichos de células anormais. O blasto pode ainda interagir com as células do estroma de maneira
semelhante ao que ocorre na adesão célula-célula com progenitores hematopoiéticos normais.
Esta interação pode contribuir para o crescimento e a sobrevivência dos blastos, mas também
na resistência a terapia e persistência de doença residual mínima (AYALA et al., 2009;
BAKKER et al., 2016).
40
No contexto do microambiente tumoral da leucemia, as citocinas também apresentam um
papel chave na sobrevivência dos blastos, entretanto, o papel preciso dessas proteínas na
sobrevivência, proliferação das células malignas e na progressão e prognóstico das leucemias,
especialmente na LLA-T, não está bem esclarecido. É de conhecimento geral que a complexa
rede de citocinas e sua sinalização é aberrante nas leucemias. A Figura 6 mostra as interações
entre blastos leucêmicos e células do estroma no microambiente da medula óssea.
Figura 6 – Microambiente tumoral na leucemia: interações entre os blastos e as células estromais da medula
óssea.
Fonte: Adaptado de Ayala et al. (2009, tradução nossa).
Nota: Blastos leucêmicos e células estromais produzem fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), fator de
crescimento básico de fibroblasto (bFGF) e outros mediadores proangiogênicos que também apresentam efeitos
pró-tumorais parácrinos e autócrinos. Integrinas e o receptor CXCR4 são fundamentais para a adesão blasto-estroma e mediam o homing dos blastos e persistência de doença residual após o tratamento. Diferentes
mecanismos têm sido descritos para leucemia mielóide aguda (LMA) e leucemia linfoblástica aguda (LLA), a
última sendo mais dependente do bFGF do que do VEGF como mediador proangiogênico. O microambiente em
LLA é também mais rico em mediadores como interleucinas e em asparagina sintetase, outro mecanismo de
resistência ao tratamento. CXCL12, quimiocina C-X-C ligante 12; IL-7, interleucina 7; IL-8, interleucina 8.
41
Park et al. (2006), estudando pacientes com leucemia aguda (95 LMA, 25 LLA e 11
leucemias bifenotípicas), mostraram que os níveis intracelulares das citocinas IL-4, IL-10 e
IFN-em linfócitos T (não leucêmicos) da medula óssea reduziram significantemente no tempo
de remissão completa em relação ao diagnóstico, se tornando comparáveis aos obtidos nos
controles. Estes achados são importantes sobretudo quando consideradas as funções
desempenhadas pelas respectivas citocinas. IL-4 é uma proteína que inibe a produção de
citocinas pró-inflamatórias, promove crescimento de linfócitos T CD8+ e a diferenciação de
células Th2 (perfil anti-inflamatório) (MOQATTASHI; LUTTON, 2004), e um efeito supressor
e antitumoral de uma variante da proteína (BAY 36-1677) foi reportado em células de LLA-B
(SRIVANNABOON et al., 2001). Já IL-10 apresenta função imunossupressora de perfil Th2,
que inibe a liberação de citocinas pró-inflamatórias e reduz a expressão constitutiva e induzida
por IFN-de moléculas do MHC de classe II e moléculas coestimulatórias (SABAT et al.,
2010). Assim, IL-10 pode ter um efeito supressor em leucemias, mas também pode ser um fator
de escape no processo de imunovigilância no câncer, pois exerce um efeito positivo na
expressão de HLA-G de superfície (GROSS et al., 2006; ROUAS-FREISS et al., 2014). Por
último, IFN-é uma citocina pró-inflamatória que induz a expressão de moléculas MHC I e
está envolvida na regulação do crescimento de células leucêmicas e normais (MOQATTASHI;
LUTTON, 2004).
Em outro estudo sobre o microambiente tumoral, os níveis séricos de TNF, IL-6, IL-10,
IL-1RA e endostatina foram avaliados em pacientes com LMA e síndrome mielodisplásica ao
diagnóstico e comparados com controles. Foi observado que altos níveis de TNF estavam
associados a menores taxas de remissão completa (RC) e que a taxa de RC foi maior em
pacientes com níveis de TNF mais baixos em comparação àqueles com níveis mais altos
(TSIMBERIDOU et al., 2008).
Ainda, os níveis de TNF foram associados à sobrevida geral e à sobrevida livre de evento
(EFS – Event free survival), sendo a sobrevida geral maior nos pacientes com níveis reduzidos
em relação àqueles com dosagens aumentadas. Os altos níveis de TNF se mostraram
correlacionados a elevadas concentrações de β2-microglobulina e as moléculas IL-6, IL-10,
IL1-RA e endostatina não foram correlacionadas a RC, sobrevida geral e EFS (TSIMBERIDOU
et al., 2008). Esses resultados são bastante interessantes, uma vez que TNF é uma citocina pró-
inflamatória envolvida na proliferação celular e apoptose, e sua presença (mRNA) tem sido
associada à resistência a terapia de indução (GAO et al., 1998), ressaltando o significado
prognóstico da citocina.
42
Em adição ao conhecimento dos níveis alterados de citocinas no microambiente tumoral,
é importante ressaltar que polimorfismos nos genes codificantes destas moléculas também
podem contribuir para produção alterada das citocinas, que em última instância, terá um papel
no crescimento e progressão tumoral.
1.8 Polimorfismos em Genes de Citocinas e Associação com Leucemia
O gene TNF que codifica a proteína TNF (ou TNF-α) está localizado no cromossomo
humano 6p21.33, região do antígeno leucocitário humano (HLA – Human Leukocyte Antigen).
Apresenta 4 éxons, 2,7 kb de tamanho e pertence ao MHC de classe III (NCBI RESOURCE
COORDINATORS, 2016; SEDGER; MCDERMOTT, 2014). A produção de TNF é regulada
pelo promotor do gene, que apresenta sítios de ligação para fatores de transcrição, incluindo o
fator nuclear-κB (NF-κB), a proteína ativadora-1 (AP1), o c-Jun e o fator nuclear associado a
células T ativadas (NFAT) (LAUTEN et al., 2002; SEDGER; MCDERMOTT, 2014).
Polimorfismos de único nucleotídeo (SNP – Single nucleotide polymorphisms) na região
promotora do gene TNF (-1031 T/C, -863 C/A, -857 C/T, -308 G/A e -238 G/A) têm sido
associados a diversas doenças autoimunes, como artrite reumatoide (BOECHAT et al., 2013;
ZENG et al., 2013), doença inflamatória intestinal (KOSS et al., 2000; LÓPEZ-HERNÁNDEZ
et al., 2013) e vitiligo (LADDHA et al., 2012), mas também ao câncer, incluindo leucemia
linfoblástica aguda (LLA) da infância (DE DEUS; LUGO; MUNIZ, 2012; LAUTEN et al.,
2002).
Dentre os polimorfismos mencionados, a variante localizada na posição 308 G/A antes
do sítio de ínicio da transcrição (+1) tem sido relacionada a diferenças na produção de TNF em
indivíduos saudáveis, com os genótipos GA e AA, e o alelo A associados à alta produção de
TNF, e o genótipo GG juntamente com o alelo G, à baixa produção (PERREY et al., 1998).
Alterações na produção da proteína devido a presença deste polimorfismo também poderiam
contribuir com o desequilíbrio do sistema imune na leucemia.
De maneira semelhante, SNPs no promotor do gene IL10 (-1082 G/A e -819 C/T),
codificante da proteína IL-10, também foram relacionados a doenças de origem imunológica,
apresentando associação com susceptibilidade à asma (ZHENG et al., 2014) e com produção
de maiores níveis da proteína em lúpus eritematoso sistêmico (ROSADO et al., 2008). Em LLA
da infância, o polimorfismo -1082 G/A foi associado à sobrevida geral dos pacientes, com um
menor tempo de vida nos portadores do genótipo AA (DE DEUS; LUGO; MUNIZ, 2012).
43
O gene IL10 encontra-se localizado no cromossomo humano 1q32.1, apresenta 4,8
quilobases (kb) de tamanho e contém 5 éxons. A transcrição de IL10 é regulada por várias
proteínas que têm afinidade a diferentes sítios de ligação presentes no promotor do gene, como
o NF-κB, os fatores de regulação de interferon (IRF), a proteína ativadora (AP), o fator de
especificidade (Sp), as proteínas transdutoras de sinal e ativadoras da transcrição (STAT), a
proteína de ligação ao elemento de resposta a AMP cíclico (CREB), a proteína de
ligação/acentuador CCATT (C/EBP) e o fator fibrossarcoma c-músculo-aponeurótico (c-MAF)
(IYER; CHENG, 2012).
Em relação à influência de polimorfismos no promotor do gene na produção de IL-10, a
variação na posição -1082 G/A foi associada a diferentes atividades transcricionais, sendo o
genótipo GG considerado alto produtor da citocina, enquanto os genótipos GA e AA,
produtores intermediário e baixo, respectivamente (PALADINO et al., 2006).
Interessantemente, o alelo A apresenta maior afinidade de ligação ao fator de transcrição PU.1
(regulador hematopoiético) do que o alelo G, porém a interação culmina em menor atividade
transcricional, sugerindo que PU.1 atua como regulador negativo da transcrição de IL10
(REUSS et al., 2002).
Além das variações nos genes TNF e IL10, outro polimorfismo relacionado à produção
de citocina é o encontrado no íntron 1 do gene IFNG. Um polimorfismo nessa região
caracterizado por um número variável de repetições do dinucleotídeo CA foi correlacionado à
produção de IFN-γ (PRAVICA et al., 2000) e está total desequilíbrio de ligação com o SNP
+874 T/A, adjacente às repetições de CA. Este SNP é um possível sítio de ligação ao fator de
transcrição NF-κB e o alelo T apresenta maior afinidade a ele, levando a uma maior produção
de IFN-γ. O genótipo TT é considerado alto produtor da proteína, enquanto os genótipos TA e
AA, produtores intermediário e baixo, respectivamente (PRAVICA et al., 2000; WINKLER
et al., 2015).
O gene IFNG encontra-se localizado no cromossomo humano 12q15, apresenta 4 éxons
e 4,9 kb de tamanho. Sua transcrição é regulada por diversos fatores de transcrição, como
NFAT, AP-1, AP-4, GATA, ATF e YY-1 (NAKAYAMA et al., 2001). Como citado
anteriormente, a produção de IFN-γ não é controlada apenas por elementos na região promotora
do gene, mas também por aqueles na região do íntron 1. Os polimorfismos +874 A/T e
microssatélite CA já foram relacionados a uma maior susceptibilidade a vitiligo e a grupos de
risco de LLA infantil, influenciando o desenvolvimento da doença. (CLOPPENBORG et al.,
2005; DWIVEDI et al., 2013).
44
A maioria desses estudos foram conduzidos em doenças autoimunes e adultos, sendo
pouco esclarecido o papel destes polimorfismos na leucemia pediátrica, especialmente na LLA-
T. A leucemia tem um componente imunológico importante, mas ainda há lacunas de
conhecimento em relação ao papel regulador de citocinas de perfil Th1, Th2 e Th17, da
molécula HLA-G no desenvolvimento e evolução da LLA-T da infância.
Diante disso, no presente estudo propomos avaliar polimorfismos genéticos em
moléculas do sistema imune e avaliar a expressão de citocinas, HLA-G solúvel e microRNAs
na medula óssea de LLA-T.
O presente trabalho contribuirá para o conhecimento (1) do envolvimento de
polimorfismos nos genes HLA-G, TNF, IL10 e IFNG com a susceptibilidade no
desenvolvimento da leucemia; (2) do potencial dessas moléculas como marcadores de
prognóstico, e (3) da relação dos níveis de expressão de HLA-G solúvel (sHLA-G) e das
citocinas com a identificação precoce de crianças com maior chance de não responder a
quimioterapia. Além disso, acrescenta informações pertinentes a respeito da imunomodulação
na leucemia por meio da análise de expressão diferencial de citocinas e sHLA-G durante o
tratamento, importantes na avaliação dessas moléculas como alvos para terapia.
A investigação da expressão de miRNAs em leucemia linfoblástica aguda de células T
da infância por sequenciamento de nova geração e a pesquisa sobre seu efeito em genes alvo
contribuirão para a identificação de marcadores do tipo de leucemia, com possibilidade de
aplicação no diagnóstico, e identificação de genes alvo de miRNAs que possam ser utilizados
como marcadores de gravidade da doença.
Por fim, ressaltamos que além da geração do conhecimento científico, o caráter inovador
do estudo fornecerá uma melhor caracterização genética da criança portadora de LLA-T, com
a possibilidade de identificação de novas alterações genéticas e transferência dos achados para
a assistência.
45
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Avaliar o papel de polimorfismos genéticos em moléculas do sistema imune, da
expressão de citocinas, HLA-G solúvel e microRNAs na leucemia linfoblástica aguda de
células T da infância ao diagnóstico e durante o tratamento quimioterápico.
2.2 Objetivos Específicos
a) Avaliar o perfil de expressão de citocinas Th1, Th2 e Th17, e HLA-G solúvel secretados
na medula óssea do paciente ao diagnóstico e durante o tratamento;
b) Avaliar a variabilidade da 3’UTR do gene HLA-G, região promotora dos genes TNF e
IL10, e íntron 1 do gene IFNG e suas frequências alélicas, genotípicas e haplotípicas na
LLA-T;
c) Avaliar o perfil de expressão diferencial de microRNAs na medula óssea de pacientes
com LLA-T e LLA-B, a fim de identificar assinaturas de expressão gênica capazes de
distinguir as duas leucemias;
d) Relacionar variáveis experimentais (citocinas e polimorfismos genéticos) com dados
clínicos, laboratoriais e de desfecho da LLA-T (sobrevida geral e óbito).
46
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Desenho e População do Estudo
Este estudo foi conduzido em uma coorte de 63 crianças (idade entre 4 meses e 16 anos)
com leucemia linfoblástica aguda de células T (LLA-T) diagnosticadas e tratadas no Serviço
de Oncologia Pediátrica do Hospital Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira
- IMIP (Recife, Pernambuco, Brasil) entre 2005 e 2014.
Para análise da expressão de citocinas e HLA-G solúvel, foram utilizadas amostras de
32 crianças com LLA-T, sendo 21 amostras de medula ósssea e 11 de sangue periférico ao
diagnóstico devido à condição clínica mais grave e impossibilidade de obtenção de aspirados
de medula óssea. Adicionalmente, foram coletadas amostras de medula óssea durante o
tratamento quimioterápico (dia 19 de tratamento – terapia de indução (n= 27), e dia 49 de
tratamento – terapia de consolidação (n=24)) no procedimento de rotina realizado no serviço
para acompanhamento dos pacientes. O tipo de estudo envolvendo a avaliação dos fatores
solúveis nos diferentes tempos de tratamento foi longitudinal. Para a avaliação dos níveis de
citocinas e HLA-G solúvel em pacientes com LLA-T ao diagnóstico versus grupo controle, o
tipo de estudo foi transversal. Nesta análise, o grupo controle foi constituído por amostras de
medula óssea de pacientes (10 crianças; idade= 0-13 anos; 6 do sexo masculino e 4 do sexo
feminino) referidos ao Serviço com suspeita de outros tumores, mas com mielograma normal e
posterior confirmação de ausência de câncer. Também foram utilizadas amostras de sangue
periférico de 11 crianças saudáveis para comparação com as amostras de sangue periférico dos
pacientes com LLA-T em condição clínica mais grave.
O estudo de polimorfismo genético foi do tipo caso-controle, sendo utilizado DNA
extraído de células mononucleares da medula óssea das 63 crianças com diagnóstico de LLA-
T, no grupo caso; e DNA extraído de células monucleares de sangue periférico de 113 crianças
e adolescentes saudáveis (idade= 6-18 anos; 70 do sexo feminino e 43 do sexo masculino; cor
da pele: 46 brancos, 67 não-brancos) sem histórico familiar de doença autoimune, previamente
determinado e descrito pelo nosso grupo de pesquisa, no grupo controle.
O estudo envolvendo a avaliação do perfil de expressão de microRNAs foi descritivo,
sendo utilizadas 16 amostras de medula óssea ao diagnóstico, sendo oito diagnosticadas com
leucemia linfoblástica aguda de células T (idade= 4-16 anos; 7 do sexo masculino e 1 do sexo
feminino; ETP= 1; Pré-T= 4; T-cortical= 1; T-maduro= 2) e oito com leucemia linfoblástica
aguda de células B (idade= 3-17 anos; 7 do sexo masculino e 1 do sexo feminino; Pré-pré-B=
47
5; Pré-B= 3). Não foram utilizadas amostras de crianças saudáveis (grupo controle), pois o
objetivo desta análise foi determinar o perfil de expressão diferencial de microRNAs entre os
dois tipos de leucemia, capaz de distinguir a LLA-T da LLA-B, a fim de melhor compreender
a biologia da LLA-T e aplicar tais achados futuramente no diagnóstico.
O presente estudo foi realizado no Laboratório de Imunogenética do Departamento de
Imunologia pertencente ao Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz-PE.
O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da FIOCRUZ-PE (CAAE:
13296913.3.0000.5190; Anexo A) e foi obtido consentimento informado para todos os
participantes antes da coleta das amostras (Apêndice A).
3.2 Considerações Sobre o Tratamento Quimioterápico dos Pacientes com LLA-T
O protocolo de tratamento para leucemia linfoblástica aguda de células T (LLA-T)
compreendeu três etapas principais de quimioterapia. A primeira etapa incluiu: i) a fase de
indução, realizada durante as primeiras 6 semanas de tratamento; ii) a fase de consolidação,
realizada durante as próximas 8 semanas; e iii) a manutenção primária, realizada para as 6
semanas restantes.
O objetivo da terapia de indução é induzir a remissão completa e restaurar o processo
normal de hematopoiese; a fase de consolidação é realizada após a terapia de indução, a fim de
eliminar as células leucêmicas residuais; e a manutenção tem o objetivo de reduzir o risco de
recaída desde que a remissão tenha sido alcançada (COOPER; BROWN, 2015; INABA;
GREAVES; MULLIGHAN, 2013).
Na fase de indução, os pacientes receberam ciclos de PVDA (prednisona, vincristina,
daunoblastina e asparaginase), associados à ciclofosfamida, aracytin-C e 6-mercaptopurina, e
duas quimioterapias intratecais com metotrexato e aracytin-C para proteção do sistema nervoso
central. Na fase de consolidação, os pacientes receberam altas doses de metotrexato e de 6-
mercaptopurina, enquanto na manutenção primária, além do metotrexato e 6-mercaptopurina,
receberam dexametasona e vincristina.
A segunda etapa de quimioterapia incluiu: i) fase 1 de re-indução por 8 semanas, em
que as crianças receberam ciclos de DVA (dexametasona, vincristina e asparaginase),
associados à daunoblastina e altas doses de metotrexato e aracytin-C; ii) fase A de manutenção
com ciclos de DVA associados à administração de 6-mercaptopurina e metotrexato durante 36
semanas.
48
A terceira e última etapa da quimioterapia para LLA-T incluiu: i) fase 2 de re-indução
durante 4 semanas; e ii) fase B de manutenção com doses de 6-mercaptopurina, metotrexato,
dexametasona e vincristina durante 52 semanas.
Este protocolo faz parte do protocolo RE-LLA implementado no Hospital IMIP para o
tratamento de LLAs da infância.
3.3 Coleta das Amostras e Isolamento das Células
As amostras de medula óssea foram coletadas em tubos contendo EDTA (1,8 mg/mL)
(Sigma, St. Louis, MO, USA) e utilizadas para análise patológica, sendo o diagnóstico de
leucemia confirmado baseando-se nas características morfológicas dos blastos. Essa
caracterização foi realizada conforme especificações do grupo cooperativo FAB (French-
American-British) (BENNET et al., 1985). Uma alíquota de medula óssea foi submetida à
separação de células no Laboratório de Biologia Molecular do Serviço. A fração mononuclear
foi isolada por centrifugação em gradiente de densidade utilizando o reagente Ficoll-Paque®
(GE Healthcare, USA) conforme as recomendações do fabricante. As células obtidas foram
utilizadas nos experimentos de imunofenotipagem e biologia molecular (genotipagem e ensaio
de miRNAs), e o estroma medular, na determinação do perfil de citocinas e dos níveis de HLA-
G solúvel. Para a identificação da leucemia de linhagem T, os seguintes marcadores foram
utilizados na citometria de fluxo: CD3 (de superfície e citoplasmático), CD7, CD5, CD2, CD4,
CD8 e CD1a. Os marcadores de imaturidade utilizados foram TdT, CD34 e HLA-DR. Já para
a identificação da leucemia de linhagem B, foram utilizados os marcadores CD10, CD34,
CD19, CD22, CD79a (citoplasmático), cadeia leve Kappa (κ), cadeia leve Lambda (λ), TdT
(citoplasmático) e IgM (de superfície e citoplasmático).
3.4 Quantificação de HLA-G Solúvel
As formas solúveis da molécula HLA-G (shedded HLA-G1 e HLA-G5) foram
quantificadas utilizando o RD194070100 sHLA-G ELISA (BioVendor, Laboratory Medicine,
Czech Republic), que consiste em um imunoensaio enzimático do tipo sanduíche. Neste ELISA,
calibradores e amostras são incubados em poços de microplaca pré-revestidas com anticorpo
monoclonal anti-sHLA-G. Após 16-20 horas de incubação e posterior lavagem, anticorpo
monoclonal anti-β2-microglobulina humana marcado com peroxidase de rábano (horseradish
peroxide - HRP) é adicionado aos poços e a placa incubada por 60 minutos com sHLA-G de
49
captura. Após outra etapa de lavagem, o conjugado HRP remanescente é colocado para reagir
com uma solução de substrato (tetrametilbenzidina – TMB). A reação é parada pela adição de
uma solução ácida e a absorbância do produto amarelo resultante é medida. A absorbância é
proporcional à concentração de sHLA-G. A curva de calibração é construída, plotando-se os
valores da absorbância contra concentrações dos calibradores (concentrações conhecidas), e
concentrações de amostras desconhecidas são determinadas utilizando esta curva de calibração.
Os experimentos foram realizados de acordo com o protocolo do fabricante e os níveis totais
de sHLA-G foram determinados por leitura de absorbância realizada em leitor de Microplaca
MULTISKAN FC (Thermo Scientific, Waltham, MA, USA), com densidade óptica de 450 nm
e se baseando em uma curva-padrão de 6 pontos (3,91; 7,81; 15,63; 31,25; 62,50; 125
Unidades/mL). Os resultados foram expressos em U/mL e o limite de detecção do ensaio foi
0.6 U/mL.
3.5 Determinação do Perfil de Citocinas
Os níveis das citocinas (IL-2, IL-4, IL-6, IL-10, TNF, IFN-γ e IL-17A) foram
determinados utilizando-se o Cytometric Bead Array Human Th1/Th2/Th17 Cytokine Kit (BD
Biosciences, USA). A quantificação foi realizada em citômetro de fluxo BD Accuri™ C6
(BD Biosciences) e os resultados obtidos foram analisados utilizando o software FCAPArray™
(BD Biosciences). Os experimentos foram realizados de acordo com o protocolo do fabricante
e os resultados foram expressos em pg/mL. Os limites de detecção para IL-2, IL-4, IL-6, IL-10,
TNF, IFN-γ e IL-17A foram 2,6 pg/mL, 4,9 pg/mL, 2,4 pg/mL, 4,5 pg/mL, 3,8 pg/mL, 3,7
pg/mL e 18,9 pg/mL, respectivamente.
3.6 Extração de DNA Genômico
O DNA genômico foi obtido utilizando o reagente TRIzol (Life Technologies, Carlsbad,
CA) segundo o procedimento de isolamento de DNA descrito no protocolo do fabricante. O
reagente TRIzol permite o isolamento de RNA, DNA e proteína de uma mesma amostra de
células. Foi utilizado 1 mL do reagente para cada amostra de células após a recuperação de fase
aquosa realizada no procedimento de extração de RNA, iniciou-se a extração de DNA,
removendo-se o restante de fase aquosa presente acima da interfase.
Foram adicionados 300 µL de etanol 100% gelado ao tubo contendo a interfase e a fase
orgânica e realizada homogeneização, invertendo-se o tubo várias vezes cuidadosamente. Após
50
isso, as amostras foram incubadas à temperatura ambiente por 3 minutos e em seguida foram
centrifugadas a 2.000 x g por 5 minutos a 4° C para sedimentar o DNA. O sobrenadante (fenol-
etanol) foi removido e armazenado em outro tubo para posterior extração de proteína. Foi
adicionado 1 mL de solução de citrato de sódio/etanol (0,1 M de citrato de sódio em 10% de
etanol, pH 8,5) ao pellet de DNA e realizada homogeneização por inversão. As amostras foram
incubadas a temperatura ambiente por 30 minutos, homogeneizando-se ocasionalmente.
Posteriormente, foi realizada centrifugação a 2.000 x g por 5 minutos a 4° C, o sobrenadante
foi descartado com pipeta e o procedimento foi repetido. Em seguida, foram adicionados 1,5
mL de etanol 75% gelado e realizada homogeneização por inversão. As amostras foram
incubadas por 20 minutos à temperatura ambiente, homogeneizando-se ocasionalmente. Após
esse período, foi realizada centrifugação a 2.000 x g por 5 minutos a 4° C, o sobrenadante foi
descartado e os tubos foram deixados abertos para secar o DNA por 10 minutos ou mais tempo
no caso dos pellets ainda apresentarem muito líquido. As amostras de DNA foram ressuspensas
em 100-200 µL de NaOH 8 mM e colocadas em termobloco a 55° C para melhorar sua eluição.
3.7 Genotipagem da 3’UTR de HLA-G
Para amplificação da 3’UTR do gene foi realizada reação em cadeia da polimerase
(PCR) utilizando 100 ng do DNA genômico obtido de cada paciente (item 3.3) e os primers
específicos HLAG8F 5’-TGTGAAACAGCTGCCCTGTGT-3’; HLAG8R 5’-
GTCTTCCATTTATTTTGTCTCT-3’, descritos previamente na literatura (CASTELLI et al.,
2010). A reação foi realizada conforme descrito em Lucena-Silva et al. (2012) em termociclador
Mastercycler gradient (Eppendorf, USA). A amplificação foi realizada em um volume final de
20 µL contendo tampão de PCR 1X; 1,5 mM de MgCl2; 200 µM de desoxinucleotídeos
trifosfato (dNTP); 0,5 pmol de cada primer; 1 unidade de Taq DNA polimerase (BioTools,
Madrid, Spain) e aproximadamente 100 ng de DNA. As condições da amplificação foram: 1)
desnaturação inicial: 94° C durante 3 minutos; 2) 5 ciclos: 94° C por 1 minuto; 63° C por 1
minuto; 72° C por 1 minuto; 3) 35 ciclos: 94° C por 1 minuto; 60° C por 1 minuto; 72° C por 1
minuto; 4) extensão final: 72° C por 7 minutos. O produto de amplificação foi visualizado em
gel de agarose 2% corado com brometo de etídio 0,1 µg/mL e fotodocumentados em
transiluminador de luz ultravioleta (UV). Os produtos de PCR que apresentaram fragmento de
aproximadamente 350 pb foram enviados para o Núcleo de Plataformas Tecnológicas (NPT)
do IAM/Fiocruz-PE para serem sequenciados, sendo utilizado o primer reverso da PCR e o
51
BigDye Terminator Kit em sequenciador ABI3100 Genetic Analyzer (Applied Biosystems,
USA).
3.8 Genotipagem das Regiões Promotoras dos Genes TNF e IL10 e do Íntron 1 de IFNG
Para amplificação da região promotora do gene TNF foi realizada por PCR utilizando
os primers específicos Forward 5’-CTCAGAGAGCTTCAGGGATAT-3’ e Reverse 5’-
TGGAGAAGAAACCGAGACAGA-3’, que foram desenhados pelo nosso grupo (GOMES,
2014). A amplificação foi realizada em um volume final de 20 µL contendo tampão de PCR
1X; 1,5 mM de MgCl2; 300 µM de dNTP; 0,5 pmol de cada primer; 1 unidades de Taq DNA
polimerase (BioTools) e aproximadamente 100 ng de DNA. As condições da amplificação
foram: 1) desnaturação inicial: 94° C durante 3 minutos; 2) 30 ciclos: 94° C por 45 segundos;
60° C por 30 segundos; 72° C por 45 segundos; 3) extensão final: 72° C por 7 minutos.
Para amplificação da região promotora do gene IL10 foi realizada PCR utilizando
aproximadamente 100 ng de DNA e os primers específicos Forward 5’-
ATCCAAGACAACACTACTAA-3’ e Reverse 5’-TAAATATCCTCAAAGTTCT-3’,
previamente descritos na literatura (PALADINO et al., 2006). A amplificação foi realizada em
um volume final de 25 µL contendo tampão de PCR 1X; 2,5 mM de MgCl2; 300 µM de dNTP;
1,6% de dimetilsulfóxido (DMSO); 0,5 pmol de cada primer; 1 unidade de Taq DNA
polimerase (BioTools) e aproximadamente 100 ng de DNA. As condições da amplificação
foram: 1) desnaturação inicial: 95° C por 3 minutos; 2) 30 ciclos: 95° C por 45 segundos; 56°
C por 45 segundos; 72° C por 1 minuto; 3) extensão final: 72° C por 7 minutos.
Para amplificação do íntron 1 do gene IFNG foi realizada PCR utilizando os primers
específicos Forward 5’-TCAACAAAGCTGATACTCCA-3’ e Reverse 5’-
TTCTGCTTCTCTATCTATATTA-3’, também desenhados pelo nosso grupo (GOMES,
2014). A amplificação foi realizada em um volume final de 20 µL contendo tampão de PCR
1X; 1,9 mM de MgCl2; 300 µM de dNTP; 0,5 pmol de cada primer; 1 unidade de Taq DNA
polimerase (BioTools) e aproximadamente 100 ng de DNA. A PCR foi realizada de acordo com
as seguintes condições de ciclagem: 1) desnaturação inicial: 94° C durante 3 minutos; 2) 35
ciclos: 94° C por 45 segundos; 55° C por 30 segundos e 72° C por 45 segundos; 3) extensão
final: 72° C por 7 minutos.
Todos as reações foram realizadas em termociclador Mastercycler gradient (Eppendorf,
USA), sendo os produtos de PCR visualizados em gel de agarose 2% corado com brometo de
etídio 0,1 µg/mL e fotodocumentados em transiluminador de luz UV. Os produtos de
52
amplificação que apresentaram aproximadamente 977 pb (TNF), 600 pb (IL10) e 513 pb (IFNG)
foram enviados para o Núcleo de Plataformas Tecnológicas (NPT) do IAM/Fiocruz-PE para
serem sequenciados, sendo utilizado o primer forward da PCR e, quando necessário o reverse,
e o BigDye Terminator Kit em sequenciador ABI3100 Genetic Analyzer (Applied Biosystems).
3.9 Extração de RNA Total e Análise de Qualidade e Integridade
O RNA total foi obtido utilizando o reagente TRIzol (Life Technologies) seguindo o
protocolo do fabricante com algumas modificações. Foi utilizado 1 mL do reagente para cada
amostra e realizada homogeneização por pipetagem. Ums incubação a temperatura ambiente
foi realizada durante 3 minutos, sendo posteriormente adicionados 200 µL de clorofórmio
(temperatura ambiente) ao tubo e realizada homogeneização por inversão 30 vezes. O tubo foi
submetido à incubação por 3 minutos a temperatura ambiente. Em seguida, realizou-se
centrifugação a 13.000 rpm (rotações por minuto) por 15 minutos a 4ºC. A fase aquosa
(superior) foi recuperada e colocada em novo tubo. Foram adicionados ao novo tubo 500 µL de
isopropanol (gelado ou temperatura ambiente) e realizada homogeneização cuidadosa,
invertendo-se o tubo 2 vezes. Foram adicionados 0,5 µL de glicogênio 20 µg/µL (Life
Technologies) e o tubo homogeizado com pipeta. O glicogênio foi utilizado com o objetivo de
aumentar o rendimento de RNA, pois o mesmo funciona como carreador e facilita a
precipitação da molécula. A amostra foi incubada a -20º C overnight (ou 18 horas). Após esse
período, foi realizada centrifugação a 12.000 rpm por 10 minutos a 4º C, sendo o isopropanol
descartado e adicionado 1 mL de etanol 75% gelado preparado com água tratada com DEPC
(Dietilpirocarbonato). O tubo foi homogeneizado com pipeta e submetido a centrifugação a
7.500 rpm a 4º C por 5 minutos. O etanol foi descartado e adicionado mais 1 mL. Após
homogeneização, a amostra foi centrifugada a 11.000 rpm por 5 minutos a 4º C. Este
procedimento foi repetido mais uma vez e ao final o etanol foi descartado e pellet de RNA
colocado para secar em papel toalha com o tubo invertido. O RNA foi eluído em 20-30 µL de
água DEPC e armazenado em freezer -80º C até o uso. Todo o procedimento foi realizado com
os tubos depositados no gelo, exceto a secagem.
Todas as amostras foram quantificadas em espectofotômetro Nanodrop (Thermo
Scientific, Waltham, MA, USA) e apenas as preparações livres de proteínas foram consideradas
no estudo. Posteriormente, a integridade do RNA foi avaliada utilizando o equipamento
Bioanalyzer 2100 (Agilent, Santa Clara, CA, USA) com kit de eletroforese microfluídica para
53
RNA conforme especificações do fabricante, sendo consideradas apenas as amostras com RIN
(RNA Integrity Number) acima de 8,0.
3.10 Ensaios do Sequenciamento de MicroRNAs: preparação das bibliotecas e
sequenciamento de nova geração
As bibliotecas foram preparadas de acordo com o TruSeq® Small RNA Library Prep
Guide (Illumina, San Diego, CA), utilizando 1 µg de RNA de cada amostra. Em seguida, foram
preparados 2 pools das bibliotecas e realizado eletroforese em gel de poliacrilamida TBE 6%
para isolamento dos microRNAs. A banda corresponde aos miRNAs foi cortada do gel e
purificada, sendo os dois pools purificados verificados quanto ao tamanho em Bioanalyzer 2100
(Agilent, Santa Clara, CA, USA), a fim de validar as bibliotecas. Estas foram então
quantificadas por PCR quantitativa utilizando o KAPA Library Quantification Kit (KAPA
Biosystems, Foster City, USA) e diluídas para o sequenciamento. O sequenciamento foi
realizado utilizando o HiSeq® Rapid Cluster Kit v2 (Illumina) em plataforma HiSeq 2500
(Illumina). Todo o procedimento experimental de preparação de bibliotecas e sequenciamento
foi realizado no Centro de Genômica Funcional do Departamento de Zootecnia da Escola
Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ/USP) coordenado pelo Prof. Dr. Luiz
Lehman Coutinho, sob contratação de serviço pela Profa. Dra. Norma Lucena-Silva.
3.11 Análise dos Dados de Polimorfismos Genéticos, Citocinas, sHLA-G, Variáveis
Clínicas e Sobrevida Geral
Todos os cromatogramas obtidos dos sequenciamentos de DNA foram analisados
utilizando o programa SeqMan Versão 7.0.0 (DNASTAR®Lasergene, Madison, WI, USA). As
frequências genotípicas e alélicas foram estimadas utilizando o software GENEPOP Versão 4.0
(ROUSSET, 2008; RAYMOND; ROUSSET, 1995), sendo realizadas comparações com as
frequências decorrentes de crianças saudáveis, determinadas pelo nosso grupo de pesquisa. O
teste exato de Fisher com correção de Levene foi aplicado no cálculo do número esperado de
homozigotos e heterozigotos. As medidas das diferenças entre os grupos (LLA-T versus
Controle) foram calculadas utilizando o teste exato de Fisher, sendo o risco relativo estimado
pelo cálculo de Odds ratio (OR) com intervalo de confiança de 95%.
Aderências das proporções genotípicas ao equilíbrio de Hardy-Weinberg (EHW)
esperado foram estimadas utilizando o teste exato de Guo e Thompson (1992) disponível no
54
GENEPOP. Para avaliação do desequilíbrio de ligação (Linkage disequilibrium – LD) entre os
sítios polimórficos foi utilizado o software Arlequin versão 3.5.1.2 (EXCOFFIER; LAVAL;
SCHNEIDER, 2005), que calcula o LD para cada grupo e a população de estudo como um todo.
Diante de LD positivo entre alelos dos polimorfismos estudados, mas com fase gamética
desconhecida, o par haplotípico mais provável para cada indivíduo do estudo foi determinado
utilizando o algoritmo Expectation-maximization (EM) implementado no programa Arlquin
para estimar frequências de haplótipos. Foram considerados para análise os haplótipos com
probabilidade igual ou superior a 98%. Os indivíduos que apresentaram inferências com
probabilidade inferior a 98% foram excluídos da análise.
Para as análises de associação dos polirmorfismos genéticos e haplótipos com variáveis
clínicas, foi realizado o teste exato de Fisher, calculando-se também a Odds ratio (OR) com
intervalo de confiança de 95%. Já para a avaliação da influência dos polimorfismos genéticos
na sobrevida geral dos pacientes com LLA-T, os genótipos dos sítios considerados foram
codificados no programa estatístico SPSS e o método de Kaplan-Meier foi aplicado com
comparação das curvas pelo teste log-rank. A sobrevida em dias foi calculada a partir da data
de admissão dos pacientes no Hospital IMIP (ao diagnóstico) até o dia 21 de novembro de 2014
(data de censura) ou até o óbito (antes do dia 21 de novembro).
Em relação às análises dos dados de citocinas, sHLA-G, variáveis clínicas e
laboratoriais foram realizados testes de normalidade, utilizando o teste adequado para cada
grupo dependendo do número amostral (Kolmogorov-Smirnov ou Shapiro-Wilk). Assumindo
que os dados quantitativos não seguiram distribuição normal, foram aplicados testes não-
paramétricos.
As diferenças entre os níveis de citocinas e sHLA-G na medula óssea de pacientes com
LLA-T foram avaliadas pelo teste Wilcoxon signed rank, utilizando dados de amostras pareadas
ao diagnóstico (Dia 0 (D0) = pacientes sem tratamento) e no dia 19 de terapia (D19) – terapia
de indução (n= 17), amostras pareadas ao diagnóstico e no dia 49 da terapia (D49) – fase de
consolidação (n= 22) e amostras pareadas do dia 19 e dia 49 do tratamento. Comparações das
concentrações de citocinas e sHLA-G na medula óssea também foram realizadas para 14
amostras pareadas nos três períodos de tratamento avaliados (dia 0, dia 19 e dia 49), aplicando-
se o teste Friedman e análise pós-teste (Friedman) de resultados significantes, a fim de estimar
as diferenças entre cada combinação dos grupos estudados (D0 versus D19, D0 versus D49 e
D19 versus D49).
Para as comparações dos níveis de citocinas e sHLA-G entre os pacientes ao diagnóstico
e os indivíduos saudáveis (controles), foi aplicado o teste não-paramétrico Mann-Whitney U.
55
Este teste também foi empregado na avaliação de associação entre dados clínicos (leucócitos
totais em sangue periférico) e os níveis de sHLA-G ao diagnóstico. Correlações entre os níveis
das diferentes citocinas e HLA-G solúvel na medula óssea dos pacientes foram determinadas
aplicando o teste do coeficiente de correlação de Pearson. Este teste foi realizado para os dias
0, 19 e 49.
Análises de regressão linear para avaliação da influência recíproca entre os níveis de
citocinas e sHLA-G solúvel na medula óssea de pacientes com LLA-T também foram realizadas
aplicando-se o teste do coeficiente de correlação de Pearson, em que apenas as variáveis com
P-valor inferior a 0,250 foram elegíveis para análise de múltiplas variáveis.
Análise de curva ROC (Receiver Operating Characteristic) foi realizada para todas as
citocinas e sHLA-G em cada período do tratamento dos pacientes (dias 0, 19 e 49), e para
blastos (percentual) e leucócitos totais no dia 5, considerando o óbito como status avaliado.
Foram consideradas a área sob a curva (AUC – Area Under the Curve) com valor igual ou
superior a 0,500, a sensibilidade, especificidade e significância do teste. Adicionalmente, os
valores de ponto de corte estabelecidos na análise de curva ROC foram aplicados na avaliação
da taxa de sobrevida. O método de Kaplan-Meier foi aplicado na análise de sobrevida, com
comparação das curvas pelo teste log-rank. A data de censura dos dados dos pacientes foi da
admissão no Hospital IMIP (ao diagnóstico) até 21 de novembro de 2014 ou até o óbito (antes
do dia 21 de novembro), não considerando as recaídas.
As análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa GraphPad Prism Versão
5.01 (GraphPad Software, Inc.) e o software SPSS Versão 20 (SAS Institute, Cary, NC), sendo
consideradas significantes as diferenças com P-valor ≤ 0,05.
3.12 Análises dos Dados de MicroRNAs
3.12.1 Controle de qualidade e alinhamento das reads (leituras)
Os resultados do sequenciamento foram verificados quanto à contaminação por
adaptadores e qualidade das reads, utilizando o software FASTQC (ANDREWS, 2010). O
programa Cutadapt (MARTIN, 2011) foi utilizado para remoção de adaptadores e filtragem das
reads com Phred Score ≥ 24. Além disso, foram mantidas apenas as sequências com tamanho
igual ou superior a 17 nucleotídeos, uma vez que os miRNAs apresentam comprimento entre
17 e 22 nucleotídeos. O programa Bowtie (LANGMEAD et al., 2009) foi aplicado para indexar
o genoma de referência (genoma humano versão hg19) disponível no banco de dados UCSC
56
Genome Browser (ROSENBLOOM et al., 2015), e utilizado dentro do programa miRDeep2
(FRIEDLÄNDER et al., 2008) para alinhar as sequências obtidas com o genoma humano.
Posteriormente, a identificação dos miRNAs nas amostras sequenciadas foi realizada pelo
miRDeep2, utilizando o banco de dados de miRNAs miRBase versão 21 (GRIFFITHS-JONES
et al., 2006; KOZOMARA; GRIFFITHS-JONES, 2014).
3.12.2 Análise de expressão diferencial de miRNAs
A tabela com os miRNAs identificados (precursor e maduro) e suas contagens (mais de
1 read em no mínimo 50% das amostras) foi utilizada para a análise de expressão diferencial
no software R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2008), sendo aplicado o pacote do
Bioconductor edgeR (ROBINSON; MCCARTHY; SMYTH, 2010) que implementa uma
metodologia estatística baseada em distribuição binomial negativa. Foram considerados para
análise apenas os miRNAs diferencialmente expressos (DE) com P-valor corrigido ou Taxa de
Falsa Descoberta (FDR - False Discovery Rate) ≤ 4x10-5. A análise de expressão diferencial
foi realizada entre LLA-B e LLA-T, onde LLA-B corresponde ao grupo de 8 pacientes com
leucemia linfoblástica aguda de células B e LLA-T, ao grupo de 8 pacientes com leucemia
linfoblástica aguda de células T. O grupo de pacientes com LLA-B foi considerado neste
trabalho para comparação com a LLA-T, como um modelo de leucemia linfoblástica aguda
infantil distinta da linhagem T, permitindo a identificação de um perfil de expressão
característico da linhagem T neoplásica. Para análise de agrupamento hierárquico dos miRNAs
DE, a função heatmap.2 foi empregada no programa R, sendo considerado o método de Pearson
e Average Linkage para clusterização de genes e amostras (pacientes).
3.12.3 Predição de alvos de miRNAs
Após obtenção dos miRNAs DE, foi realizada uma predição de genes (RNAs
mensageiros - mRNAs) alvo de miRNAs utilizando o banco de dados miRWalk versão 2.0
(DWEEP et al., 2011; DWEEP; GRETZ, 2015) que está integrado a vários outros bancos de
predição. A análise foi realizada separadamente para os miRNAs reprimidos e os induzidos em
LLA-T em relação à LLA-B. Inicialmente, o número oficial de acesso de cada miRNA – MIMA
– foi obtido no banco miRBase e submetido na seção Predicted Target Module – MicroRNA-
genes Target, considerando a espécie humana. Para as quatro etapas seguintes à identificação
da molécula, foram considerados os parâmetros default, exceto em duas seções da etapa 3:
57
Select start position of miRNA seed (Position 2); e a seleção de outros bancos de predição, onde
foram selecionados todos os disponíveis além do miRWalk, como o MicroT4 versões 4.0 e 5.0
(MIN; YOON, 2010), miRanda versão agosto 2010 (YUE; LIU; HUANG, 2009), miRBridge
versão 4.0 (MEGRAW et al., 2007), miRDB versão 4.0 (RAJEWSKY, 2006), miRMap versão
2013 (BAVAMIAN et al., 2015), miRNAMap versão 2008 (DWEEP et al., 2013), PICTAR2
versão 2 (FELEKKIS et al., 2011), PITA versão 2007 (FANG; RAJEWSKY, 2011), RNA22
versão 2 (FORMAN; COLLER, 2010), RNAhybrid versão 2.1 (HAUSSER et al., 2013) e
Targetscan versão 6.1 (LEE et al., 2009). Posteriormente, a tabela com os genes alvo preditos
por diferentes algoritmos foi obtida (predição de interação com 3’UTR, Putative target genes
predicted by chosen algorithms within mRNA selected regions), sendo selecionados os genes
preditos por no mínimo 3 bancos. Todos os bancos citados empregam algoritmos que
consideram a capacidade de ligação de um dado miRNA à região 3’UTR de um mRNA alvo.
3.12.4 Anotação funcional dos genes alvos preditos
Com o objetivo de identificar as vias biológicas associadas aos alvos preditos, e
consequentemente, relacionadas aos miRNAs estudados, foi realizada uma análise de
enriquecimento funcional, utilizando a ferramenta DAVID versão 6.8 (The Database for
Annotation, Visualization and Integrated Discovery) (HUANG DA; SHERMAN; LEMPICKI,
2009) que fornece dados de diversas categorias funcionais, como processo biológico,
componente celular e função molecular. A análise de vias biológicas foi realizada
separadamente para os genes alvo de miRNAs reprimidos e induzidos em LLA-T, sendo
considerado o banco de dados KEGG Pathways (KANEHISA et al., 2017; KANEHISA et al.,
2016; KANEHISA; GOTO, 2000) e significante apenas as vias com P-valor ≤ 0,05 corrigido
(método Benjamini-Hochberg).
O Fluxograma 1 ilustra as principais etapas das metodologias empregadas na realização
do presente trabalho.
58
Fluxograma 1 – Principais etapas realizadas para a avaliação do papel de moléculas imunológicas solúveis,
polimorfismos genéticos e microRNAs em LLA-T da infância.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
59
4 RESULTADOS
Neste trabalho, foram estudados 63 pacientes com leucemia linfoblástica aguda de células
T (LLA-T) que apresentaram mediana de idade de 12 anos e predominância de indivíduos do
sexo masculino (47 dos 63 pacientes). A mediana de leucócitos ao diagnóstico (/mm3) foi
112.200 e 55 pacientes dos 62 com informação disponível apresentaram remissão completa. As
demais características clínicas dos pacientes encontram-se descritas na Tabela 2.
Tabela 2 – Características clínicas dos pacientes com leucemia linfoblástica aguda de células T.
Variáveis clínicas N Variáveis de desfecho N
Idade (anos) Doença residual
<5 11/63 Dia 19 <1% 19/28
5-10 23/63 Dia 19 ≥1% 9/28
>10 29/63 Dia 49 <1% 24/24
Sexo Dia 49 ≥1% 0/24
Masculino 47/63 Remissão completa
Feminino 16/63 Sim 55/62
Cor da pele Não 7/62
Branca 16/62 Recaída
Não-branca 46/62 Sim 8/62
Leucócitos ao diagnóstico
(/mm3)[n=59]
Não 54/62
Mínimo 2.900 Óbito
Mediana 112.200 Sim 19/63
Máximo 859.510 Não 44/63
Hepatomegalia
Sim 44/56
Não 12/56
Esplenomegalia
Sim 45/56
Não 11/56
Linfadenopatia
Sim 51/59
Não 8/59
Massa de mediastino
Sim 26/53
Não 27/53
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: Valores totais variam em cada categoria; N – número amostral.
60
Foi realizada uma comparação das características laboratoriais dos pacientes ao
diagnóstico (D0) e ao Dia 5 (D5) de tratamento com corticóide, tratamento submetido aos
indivíduos antes do início da terapia de indução para verificação de resposta a imunossupressor.
As diferenças entre esses dois pontos encontram-se descritas na Tabela 3. A principal diferença
observada foi na contagem de leucócitos, onde ao diagnóstico a mediana foi de 112.200 e no
Dia 5 foi de 9.300. Outra característica marcante foi a percentagem de blastos em sangue
periférico que se apresentou acima ou igual a 5% na maioria dos pacientes ao diagnóstico
diferentemente do D5 em que foi observado um aumento do número de pacientes com
percentagem de blastos inferior a 5% (D0 - 3 pacientes de um total de 59; D5 – 13 pacientes de
um total de 56).
Tabela 3 – Dados laboratoriais dos pacientes com leucemia linfoblástica aguda de células T.
Variáveis
Ao diagnóstico Dia 5 do tratamento com
corticóide
Leucócitos (/mm3)1 Leucócitos (/mm3)
Mínimo 2.900
Mínimo 500
Mediana 112.200
Mediana 9.300
Máximo 859.510
Máximo 419.470
Hemoglobina (g/%) Hemoglobina (g/%)
Mínimo 2,30 Mínimo 5,70
Mediana 8,30 Mediana 8,80
Máximo 16,10 Máximo 12,60
Hematócrito (%) Hematócrito (%)
Mínimo 12,40 Mínimo 17,00
Mediana 25,40 Mediana 26,60
Máximo 40,90 Máximo 37,90
Plaquetas (/mm3) 2 Plaquetas (/mm3)
Mínimo 2.000 Mínimo 2.000
Mediana 60.500 Mediana 62.000
Máximo 450.000 Máximo 471.000
Blastos in SP (%) Blastos in SP (%)
<5% 3/59 <5% 13/56
≥5% 56/59 ≥5% 43/56
Mielograma (%)
<20% 1/49
≥20% 48/49
LDH (U/l)3
Mínimo 5,07
Mediana 1.418
Máximo 17.820
Fonte: Elaborado pela autora, 2017. Legenda: 1 Leucócitos, hemoglobina e hematócrito ao diagnóstico n=59, e
no dia 5 n=57; 2 Plaquetas ao diagnóstico n=58; no dia 5, n=57; 3 LDH – Lactato desidrogenase, n=54.
61
4.1 Níveis medulares de citocinas e HLA-G solúvel (sHLA-G) em LLA-T
Para o estudo de citocinas, foram considerados 32 pacientes devido à disponibilidade de
amostras para cada tempo de tratamento. A Figura 7 mostra um diagrama com o número de
indíviduos estudados ao diagnóstico (D0), na terapia de indução (Dia 19 – D19) e na
consolidação (Dia 49 – D49). Os níveis de citocinas e sHLA-G em medula óssea de pacientes
com LLA-T foram comparados com os níveis medulares de crianças com medula óssea
morfologicamente normal, cujo diagnóstico de leucemia foi descartado, conforme informado
na seção Materiais e Métodos.
Figura 7 – Diagrama das amostras de sangue periférico e medula óssea de
crianças com LLA-T coletadas ao diagnóstico (D0), e nas fases de indução
(D19) e consolidação (D49) da terapia utilizadas para o estudo de citocinas
e HLA-G solúvel.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017. Legenda: MO – medula óssea; SP – sangue periférico.
Devido a heterogeneidade na coleta de amostras de pacientes com LLA-T, o grande
número de variáveis estudadas, e o número diferente de pacientes em cada tempo de tratamento,
os resultados foram estratificados e apresentados em cinco tópicos:
(a) comparação dos níveis de citocinas e sHLA-G entre pacientes leucêmicos ao
diagnóstico e controles saudáveis;
62
(b) comparações dos níveis de citocinas e sHLA-G em um subgrupo de pacientes com
amostra biológica para todos os tempos de tratamento: diagnóstico (dia 0), terapia
de indução (dia 19) e terapia de consolidação (dia 49);
(c) considerando que alguns pacientes avaliados no dia 0 foram a óbito antes de
alcançarem os dias 19 e 49 após início de tratamento; outros pacientes não
apresentaram amostras de medula óssea suficiente para os ensaios, rendendo grupos
de pacientes com diferentes tamanhos, as comparações dos níveis de citocinas e
sHLA-G foram realizadas de forma pareada para cada combinação, sendo
consideradas três combinações: dia 0 versus dia 19, dia 0 versus dia 49 e dia 19
versus dia 49;
(d) correlações entre os níveis de citocinas e sHLA-G na medula óssea durante o
tratamento;
(e) efeito dos níveis de citocinas e sHLA, e de variáveis clínicas e laboratoriais na
sobrevida de pacientes com LLA-T;
(f) avaliação da influência recíproca entre os níveis de citocinas e sHLA-G na medula
óssea de crianças com LLA-T.
Considerando que todas as variáveis não apresentaram distribuição Gaussiana, todos os
resultados foram analisados utilizando testes não-paramétricos.
4.1.1 Níveis de citocinas e sHLA-G na medula óssea de pacientes com leucemia no dia 0 e em
crianças com mielograma normal
As comparações dos níveis de citocinas na medula óssea entre pacientes com LLA-T ao
diagnóstico e crianças com mielograma sem alteração (controles) não apresentaram resultados
significantes. Em relação à sHLA-G, os níveis (U/mL) na leucemia também não diferiram
daqueles observados nos controles (95,08 versus 185,30, P= 0,094). A Tabela 4 mostra os
valores de mediana e percentis (25 e 75) para as moléculas solúveis observadas em LLA-T
infantil e em controles de medula óssea, e a análise estatística realizada.
63
Tabela 4 – Níveis de citocinas Th1, Th2, Th17 e sHLA-G na medula óssea de pacientes com LLA-T
ao diagnóstico (D0) e crianças com mielograma normal (controles).
Moléculas Mediana dos valores das moléculas (25th-75th)1 P-valor2
T-ALL (D0) Controles
IL-17A, pg/mL 50,76 (ND-66,71) 0,81 (ND-12,35) 0,214
IFN-γ, pg/mL ND (ND-0,38) ND (ND-0,88) 0,524
TNF, pg/mL ND (ND-1,49) ND (ND-1,01) 0,360
IL-10, pg/mL 3,00 (1,57-6,79) 8,41 (ND-11,42) 0,540
IL-6, pg/mL 5,70 (3,12-18,27) 10,25 (ND-45,81) 0,751
IL-4, pg/mL 1,64 (ND-3,63) ND (ND-9,59) 0,911
IL-2, pg/mL 1,14 (ND-3,45) ND (ND-12,99) 0,802
sHLA-G, U/mL3 95,08 (43,19-257,50) 185,30 (173,00-197,50) 0,094
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: 1 Mediana, valores dos percentis 25% e 75%; 2P-valor calculado a partir do teste Mann-Whitney
U; 3 Avaliado em 19 pacientes; ND – não detectável. IL-17A: interleucina-17A; IFN-γ: interferon-gamma;
TNF: fator de necrose tumoral; IL-10: interleucina-10; IL-6: interleucina-6; IL-4: interleucina-4; IL-2:
interleucina-2; sHLA-G: antígeno leucocitário humano G solúvel.
4.1.2 Níveis de citocinas e sHLA-G no sangue periférico de pacientes com leucemia no dia 0 e
em crianças saudáveis
As comparações dos níveis de citocinas no sangue periférico entre crianças com LLA-
T ao diagnóstico e crianças saudáveis apresentaram resultados significantes para IL-10 e IL-6,
com maiores níveis na doença em relação aos controles (IL-10, P= 0,035; IL-6, P< 0,001).
Além disso, os pacientes com LLA-T apresentaram níveis de sHLA-G comparáveis
aqueles observados nos controles (mediana: 87,05 versus 153,20 U/mL, P= 0,341). A Tabela 5
mostra os valores de mediana e percentis (25 e 75) das citocinas e sHLA-G observados na LLA-
T e nos controles saudáveis, e a análise estatística realizada.
64
Tabela 5 – Níveis de citocinas Th1, Th2, Th17 e sHLA-G no sangue periférico de pacientes com LLA-
T ao diagnóstico (D0) e crianças saudáveis (controles).
Moléculas Mediana dos valores das moléculas (25th-75th)1 P-valor2
T-ALL (D0) Controles
IL-17A, pg/mL 15,04 (ND-35,53) ND (ND-8,27) 0,090
IFN-γ, pg/mL ND (ND-0,17) ND (ND-ND) NA
TNF, pg/mL ND (ND-ND) ND (ND-ND) NA
IL-10, pg/mL 1,30 (0,41-3,29) 0,48 (0,08-0,74) 0,035
IL-6, pg/mL 3,94 (3,05-10,74) 0,35 (0,15-0,55) 0,0001
IL-4, pg/mL 0,07 (ND-1,85) ND (ND-ND) NA
IL-2, pg/mL ND (ND-1,74) ND (ND-ND) 0,095
sHLA-G, U/mL3 87,05 (51,66-147,3) 153,20 (48,88-207,7) 0,341
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: 1 Mediana, valores dos percentis 25% e 75%; 2P-valor calculado a partir do teste Mann-Whitney
U; 3 Dados disponíveis para 11 pacientes; Controles são diferentes dos utilizados na análise de citocinas,
estão pareados por idade e sexo, e correspondem a uma amostra dos controles utilizados na análise de
polimorfismos genéticos; ND – não disponível; NA – não avaliado. IL-17A: interleucina-17A; IFN-γ:
interferon-gamma; TNF: fator de necrose tumoral; IL-10: interleucina-10; IL-6: interleucina-6; IL-4:
interleucina-4; IL-2: interleucina-2; sHLA-G: antígeno leucocitário humano G solúvel.
4.1.3 Comparações dos níveis de citocinas e sHLA-G na medula óssea de um subgrupo de
pacientes com amostra biológica para todos os tempos de tratamento: diagnóstico (dia 0),
terapia de indução (dia 19) e terapia de consolidação (dia 49)
A análise a partir do teste de Friedman considerando 14 pacientes que apresentaram
amostra biológica para os três tempos de tratamento revelaram diferenças significantes nas
dosagens de IL-6 (P= 0,032), TNF (P= 0,039) e IL-10 (P= 0,013) durante a quimioterapia. O
teste Post-hoc determinou que os níveis de IL-6, TNF e IL-10 no estroma medular estavam
mais elevados ao diagnóstico em relação às etapas de indução e consolidação. Os níveis de TNF
e IL-6 reduziram significativamente após a terapia de indução, enquanto os níveis de IL-10
mostraram diminuição significativa apenas depois da fase de consolidação.
As dosagens de sHLA-G não apresentaram diferenças significantes no dia 19 da terapia
de indução ou no dia 49 da terapia de consolidação quando comparadas às dosagens ao
diagnóstico de LLA-T.
A Tabela 6 mostra os valores de mediana e percentis (25 e 75) das citocinas e sHLA-G
observados na LLA-T nos dias 0, 19 e 49, com análise estatística realizada para cada molécula
estudada.
65
4.1.4 Comparações dos níveis de citocinas e sHLA-G na medula óssea de pacientes ao
diagnóstico (dia 0) e nos dias 19 e 49 após o início do tratamento – Combinações dos
tempos de tratamento
As comparações dos níveis de citocinas e sHLA-G da medula óssea entre crianças com
LLA-T revelaram diferenças significantes para as dosagens de IL-10 e TNF. Os níveis de IL-
10 se apresentaram aumentados ao diagnóstico e diminuíram significativamente após a terapia
de consolidação em relação aos níveis no dia 0 (PD0-D49= 0,034) e no dia 19 (PD19-D49= 0,044).
Também foram observados níveis aumentados de TNF ao diagnóstico que apresentaram
redução significativa na terapia de indução (PD0-D19= 0,012). Os níveis de HLA-G solúvel não
apresentaram diferenças significantes entre os três tempos de tratamento da LLA-T.
A Tabela 7 mostra os valores de mediana e percentis (25 e 75) das citocinas e sHLA-G
observados na LLA-T nos dias 0, 19 e 49, com análise estatística realizada para cada
combinação de grupos.
Tabela 6 – Níveis de citocinas Th1, Th2, Th17 e sHLA-G em 14 pacientes com LLA-T ao diagnóstico (D0), terapia de
indução - Dia 19 (D19) e consolidação - Dia 49 (D49).
Moléculas Mediana dos valores das moléculas (25th-75th)1 P-valor2 Análise Post-hoc
Diagnóstico Dia 19 Dia 49
IL-17A, pg/mL 39,74 (ND-66,13) 38,29 (ND-70,94) 45,82 (ND-87,23) 0,348 NA
IFN-γ, pg/mL ND (ND-0,66) ND (ND-0,50) 0,28 (ND-1,96) 0,393 NA
TNF, pg/mL 0,20 (ND-2,08) ND (ND-ND) ND (ND-0,44) 0,039 0,008 (D0 xD19)
IL-10, pg/mL 3,09 (1,91-9,16) 2,77 (1,89-4,57) 1,47 (0,66-3,87) 0,013 0,033 (D0 xD49)
IL-6, pg/mL 5,09 (2,29-7,45) 2,95 (ND-4,75) 3,37 (1,97-6,97) 0,032 0,033 (D0 xD19)
IL-4, pg/mL 0,78 (ND-2,41) 0,62 (ND-2,63) 1,27 (ND-4,41) 0,657 NA
IL-2, pg/mL 0,57 (ND-3,07) ND (ND-2,91) 0,02 (ND-2,89) 0,791 NA
sHLA-G, U/mL3 100,60 (46,29-302,1) 97,47 (53,63-311,4) 99,60 (62,27-436,6) 0,367 NA
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: 1 Mediana, valores dos percentis 25% e 75%; 2 P-valor calculado a partir do teste de Friedman.; 3 Dados disponíveis
para 13 pacientes; ND – não detectável; NA – não avaliado. IL-17A: interleucina-17A; IFN-γ: interferon-gamma; TNF: fator
de necrose tumoral; IL-10: interleucina-10; IL-6: interleucina-6; IL-4: interleucina-4; IL-2: interleucina-2; sHLA-G: antígeno
leucocitário humano G solúvel.
66
Tabela 7 – Níveis de citocinas Th1, Th2, Th17 e sHLA-G em pacientes com LLA-T ao diagnóstico (D0), na
terapia de indução - Dia 19 (D19) e na consolidação - Dia 49 (D49).
Moléculas Mediana (25th-75th)1 P (D0 x D19) 2
n= 17
P (D0 x D49) 3
n= 16
P (D19 x D49) 4
n= 22
IL-17A, pg/mL D0 50,76 (ND-66,71)2 0,594 0,248 0,427
D19 ND (ND-52,72)
D49 52,72 (ND-90,69)
IFN-γ, pg/mL D0 ND (ND-0,38) 0,889 0,203 0,308
D19 ND (ND-0,14)
D49 0,28 (ND-1,48)
TNF, pg/mL D0 ND (ND-1,49) 0,012 0,236 0,477
D19 ND (ND-ND)
D49 ND (ND-0,03)
IL-10, pg/mL D0 3,00 (1,57-6,79) 0,356 0,034 0,044
D19 2,66 (1,56-4,06)
D49 1,63 (0,91-3,41)
IL-6, pg/mL D0 5,70 (3,12-18,27) 0,113 0,379 0,277
D19 3,32 (1,20-8,08)
D49 3,64 (1,96-6,45)
IL-4, pg/mL D0 1,64 (ND-3,63) 0,953 0,445 0,346
D19 ND (ND-3,22)
D49 2,07 (ND-4,13)
IL-2, pg/mL D0 1,14 (ND-3,45) 0,515 0,541 0,878
D19 ND (ND-1,42)
D49 ND (ND-2,57)
sHLA-G, U/mL D0 95,08 (43,19-257,5) 0,910 0,140 0,394
D19 68,96 (48,60-161,10)
D49 75,92 (50,35-178,00)
Fonte: Elaborado pela autora, 2017. Legenda: 1 Mediana com valores dos percentis 25% e 75%; 2,3,4 P-valor calculado a partir do teste Wilcoxon signed
rank; ND – não detectável. IL-17A: interleucina-17A; IFN-γ: interferon-gamma; TNF: fator de necrose tumoral; IL-
10: interleucina-10; IL-6: interleucina-6; IL-4: interleucina-4; IL-2: interleucina-2; sHLA-G: antígeno leucocitário
humano G solúvel.
67
4.1.5 Correlações entre os níveis de citocinas e sHLA-G da medula óssea durante o tratamento
Considerando a possível regulação mútua entre os níveis de sHLA-G e citocinas na
medula óssea normal e leucêmica, foi avaliada a correlação entre os níveis de citocinas e sHLA-
G no estroma medular de crianças com LLA-T ao diagnóstico e durante a quimioterapia.
A análise do coeficiente de correlação de Pearson entre as diferentes moléculas ao
diagnóstico revelou correlações positivas significantes entre as citocinas TNF, IFN-γ, IL-2, IL-
4 e IL-17A (Figura 8A). No dia 19 da terapia de indução, os níveis de IFN-γ, IL-2, IL-4 e IL-
17A continuaram correlacionados positivamente. Entretanto, os níveis de TNF apresentaram
correlação positiva apenas com os níveis de IL-6 e de IL-10. No dia 49, após a fase de
consolidação, IL-2 e IL-4 apresentaram correlação positiva entre si, e também com os níveis de
IL-17A e de TNF. Assim como no dia 19, TNF e IL-17A não foram correlacionadas.
Adicionalmente, IL-6 foi correlacionada positivamente a sHLA-G e IFN-γ apresentou
correlação positiva com IL-4, como observado ao diagnóstico e no dia 19.
Os resultados das análises realizadas nos dias 0, 19 e 49 podem ser observados nas
Figuras 8A, 8B e 8C, respectivamente. O coeficiente de correlação de Pearson (r) pode assumir
valores entre -1 e 1, sendo 1 a correlação positiva perfeita entre duas variáveis; -1, a correlação
negativa perfeita, e 0, ausência de correlação.
68
Figura 8 – Análise do coeficiente de correlação de Pearson entre os níveis de citocinas e
HLA-G solúvel (sHLA-G) no estroma medular de pacientes com LLA-T.
A
IL-17A IL17-A
IFN-γ 0,864
<0,001 IFN-γ
TNF 0,715
<0,001
0,833
<0,001 TNF
IL-10 0,176
0,446
0,345
0,125
0,231
0,313 IL-10
IL-6 -0,129 0,578
-0,046 0,845
-0,067 0,773
-0,058 0,802
IL-6
IL-4 0,836
<0,001
0,870
<0,001
0,715
<0,001
0,199
0,387
-0,132
0,569 IL-4
IL-2 0,864
<0,001
0,930
<0,001
0,817
<0,001
0,291
0,201
-0,106
0,649
0,933
<0,001 IL-2
sHLA-G -0,243
0,316
-0,124
0,613
-0,029
0,906
0,245
0,313
-0,106
0,666
-0,262
0,278
-0,411
0,081
B
IL-17A IL17-A
IFN-γ 0,657
<0,001 IFN-γ
TNF -0,144
0,475
-0,081
0,687 TNF
IL-10 -0,168
0,404
-0,092
0,649
0,986
<0,001 IL-10
IL-6 -0,116
0,564
-0,044
0,828
0,973
<0,001
0,956
<0,001 IL-6
IL-4 0,886
<0,001
0,814
<0,001
-0,131
0,516
-0,151
0,453
-0,133
0,509 IL-4
IL-2 0,685
<0,001
0,752
<0,001
-0,101
0,615
-0,114
0,571
-0,131
0,516
0,757
<0,001 IL-2
sHLA-G -0,123
0,567
-0,069
0,749
-0,135
0,529
-0,141
0,512
-0,034
0,876
-0,183
0,392
-0,167
0,436
C
IL-17A IL17-A
IFN-γ 0,277
0,191 IFN-γ
TNF 0,399
0,054
0,107
0,617 TNF
IL-10 -0,065
0,764
0,307
0,144
0,104
0,630 IL-10
IL-6 -0,247
0,245
-0,096
0,655
-0,084
0,696
-0,025
0,907 IL-6
IL-4 0,529
0,008
0,471
0,020
0,595
0,002
0,016
0,939
-0,201
0,346 IL-4
IL-2 0,409
0,047
0,323
0,123
0,708
<0,001
0,137
0,523
-0,143
0,504
0,685
<0,001 IL-2
sHLA-G -0,193
0,378
-0,195
0,372
-0,086
0,697
-0,258
0,235
0,619
0,002
-0,160
0,466
-0,261
0,228
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: (A) diagnóstico; (B) dia 19; (C) dia 49. Valores superiores correspondem ao
coeficiente de correlação de Pearson; valores inferiores, P-valor. Em negrito, correlações
significantes estatisticamente.
69
4.1.6 Efeito dos níveis de citocinas e sHLA, e de variáveis clínicas e laboratoriais na sobrevida
de pacientes com LLA-T
Considerando os diferentes níveis de IL-10, TNF e IL-6 na medula óssea durante o
tratamento e a correlação positiva recíproca do nível de citocinas em diferentes tempos de
tratamento, foi avaliada se a presença ou não de certos níveis de citocinas em um determinado
ponto da quimioterapia seria preditiva de óbito na LLA-T pediátrica.
As análises de curva ROC mostraram que os níveis de IL-10 ao diagnóstico e de IFN-γ
no dia 49 foram preditores de sobrevida nos pacientes com LLA-T. A concentração de 4,57
pg/mL de IL-10 no estroma medular (D0) foi definida como ponto de corte preditor de óbito
(AUC= 0,824; sensibilidade= 1,000; especificidade= 0,765, P= 0,049). As análises de
sobrevida pela curva de Kaplan-Meier revelaram que pacientes com níveis de IL-10 inferiores
a 4,57 pg/mL apresentaram sobrevida geral maior (0 mortes/13 pacientes; 100% de
sobrevivência) do que aqueles com dosagens superiores ou iguais a 4,57 pg/mL (4 mortes/8
pacientes; 50% de sobrevivência; P= 0,001).
Na avaliação de IFN-γ (D49), a análise de curva ROC revelou o valor de 1,17 pg/mL
(AUC= 0,865; sensibilidade= 1,000; especificidade= 0,810, P= 0,045) como ponto de corte
para predição de óbito. As curvas de Kaplan-Meir mostraram que pacientes com baixos níveis
de IFN-γ (< 1,17) apresentaram maior sobrevida geral (0 mortes/17 pacientes, 100% de
sobrevivência) comparados com aqueles cujas dosagens foram superiores ou iguais ao valor de
ponto de corte na fase de consolidação (3 mortes/7 pacientes; 57,1% de sobrevivência; P=
0,015).
As Figuras 9A e 9B mostram as curvas de sobrevida obtidas considerando os níveis de
IL-10 ao diagnóstico e IFN-γ no dia 49, respectivamente.
70
Figura 9 – Influência dos níveis de IL-10 e IFN-γ na sobrevida geral dos pacientes com LLA-T.
A
B
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: (A) Análise de sobrevida geral considerando níveis da citocina IL-10 ao diagnóstico (ponto de corte =
4,57 pg/mL); (B) Análise de sobrevida geral considerando níveis da citocina IFN-γ no dia 49 (D49) (ponto de corte
= 1,17 pg/mL).
A análise de associação de variáveis clínicas e laboratoriais com a taxa de sobrevida não
revelou resultados significantes, mesmo quando foram considerados o número de leucócitos
totais em sangue periférico ao diagnóstico utilizando 50.000/mm3 como ponto de corte (P=
0,218), ou o percentual de blastos em sangue periférico ao diagnóstico e no dia 5 (D5) após
início de tratamento com corticoide considerando 5% como ponto de corte (P= 0,940). As
Figuras 10A e 10B mostram as curvas de sobrevida obtidas considerando leucócitos totais e
blastos no dia 5, respectivamente.
Apesar disso, os níveis de sHLA-G na medula óssea foram associados à leucocitose (P=
0,027), mostrando que aqueles pacientes com leucócitos totais no sangue periférico acima de
50.000/mm3 ao diagnóstico apresentaram níveis mais altos de sHLA-G (mediana= 220,20
U/mL) em relação aos pacientes com leucócitos totais abaixo de 50.000/mm3 (sHLA-G
mediana= 69,44 U/mL). Os níveis de sHLA-G no estroma medular não foram associados à
sobrevida dos pacientes com LLA-T.
O Gráfico 1 mostra os níveis de sHLA-G nos dois grupos de pacientes comparados.
71
Figura 10 – Influência de variáveis clínicas na sobrevida geral dos pacientes com LLA-T.
A
B
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: (A) Análise de sobrevida geral considerando a contagem de leucócitos totais ao diagnóstico; (B) Análise de
sobrevida geral considerando blastos em sangue periférico (SP) no dia 5 (D5).
Gráfico 1 – Análise da associação entre os níveis de HLA-G solúvel (sHLA-
G) e contagem de leucócitos no sangue periférico ao diagnóstico.
Ao diagnóstico
>=50.0
00
<50.0
00
0
200
400
600
800P= 0,027
Leucócitos
sHL
A-G
(U
/mL
)
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: 50.000 leucócitos/mm3 em sangue total como ponto de corte. P – P-
valor calculado a partir do teste Mann-Whitney U.
72
4.1.7 Avaliação da influência recíproca entre os níveis de citocinas e sHLA-G na medula óssea
de crianças com LLA-T
Para uma maior investigação do papel do nível de IL-10 ao diagnóstico na taxa de
sobrevida, foi avaliada a influência recíproca dos níveis de sHLA-G no grupo de pacientes com
níveis de IL-10 iguais ou superiores a 4,57 pg/mL e, separadamente, no grupo de pacientes
apresentando níveis de IL-10 inferiores ao ponto de corte (Figuras 11A, 11B). De acordo com
a análise multivariada, o modelo final revelou que crianças apresentando baixos níveis de IL-
10 ao diagnóstico e melhor taxa de sobrevida exibiram uma correlação positive significante
entre os níveis de IL-17A e IL-2 (P= 0,007). O pior prognóstico relacionado ao alto nível de
IL-10 na medula óssea parece estar relacionado à correlação positiva recíproca entre os níveis
IL-17A e TNF (P< 0,001) e também entre os níveis de TNF e IFN-γ (P< 0,001).
Em relação ao papel dos níveis de IFN-γ após a fase de consolidação da quimioterapia
(D49) na taxa de sobrevida, foram identificadas influências recíprocas dos níveis de IL-17 e IL-
4, IL-4 e IL-2, assim como TNF e IFN-γ no grupo de pacientes com bom prognóstico e menores
níveis de IFN-γ (< 1,17 pg/mL; Figuras 11C, 11D). No grupo com altos níveis de IFN-γ, a
modulação de citocinas foi caracterizada pelas influências recíprocas dos níveis de TNF e IL-2
(P= 0,018), bem como de IFN-γ e IL-6 (P=0,040). Uma influência inversa nos níveis de IL-10
e sHLA-G também foi observada em pacientes com desfecho menos favorável, todavia, não foi
significante (P= 0,093), talvez devido ao pequeno tamanho da amostra, como indicado pelo
grande intervalo de confiança.
Os resultados do teste Mann-Whitney U relacionados à expressão de citocinas de acordo
com o nível de IFN-γ na medula óssea sugeriram que os níveis de IL-2, IL-4 e IL-10 devem
também estar indiretamente associados à taxa de sobrevida (Tabela 8).
73
Figura 11 - Influência recíproca de citocinas e sHLA-G em LLA-T de acordo com os níveis medulares de IL-10 ao diagnóstico (Painel 11A e 11B), e os níveis de IFN-
γ após fase de consolidação da quimioterapia (D49) (Painel 11C e 11D).
A B
C D
IFN-γ
IL-4
IL-2 TNF
IL-17
P=0,007
P=0,08
P=0,016 IFN-γ
IL-4
IL-2 TNF
IL-17
P<0,001
P<0,001
P<0,001
IFN-γ
IL-4
IL-2 TNF
IL-17
P<0,001
P<0,001
P=0,005
P=0,070
IFN-γ
IL-4
IL-2 TNF
IL-17
IL-6
IL-10
sHLA-G
P=0,041
P=0,019
P=0,040 P=0,093
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: (A) Ao diagnóstico, IL-10 < 4,57 pg/mL; (B) Ao diagnóstico, IL-10 ≥ 4,57 pg/mL; (C) No D49, IFN-γ < 1,17 pg/mL; (D) No D49, IFN-γ ≥ 1,17 pg/mL. Todas as
linhas representam correlação positiva entre as moléculas exceto a correlação negativa entre sHLA-G e IL-10 encontrada no D49. Linhas sólidas correspondem ao coeficiente
de correlação de Pearson que atingiu significância na análise multivariada.
IL-10 < 4,57 pg/mL (maior sobrevida geral) IL-10 ≥ 4,57 pg/mL (menor sobrevida geral)
IFN-γ < 1,17 pg/mL (maior sobrevida geral) IFN-γ ≥ 1,17 pg/mL (menor sobrevida geral)
74
Tabela 8 - Diferenças nos níveis de citocinas e sHLA-G em LLA-T de acordo com os níveis
medulares de IL-10 ao diagnóstico, e os níveis de IFN-γ após a fase de consolidação da
quimioterapia.
D0 (IL-10) Alto (≥ 4.57) Baixo (< 4.57) P-valor
Fatores solúveis
IL-2 2,52 0,00 0,250
IL-4 1,66 1,64 0,794
IL-6 7,43 4,90 0,405
TNF 0,00 0,00 0,873
IFN-γ 0,07 0,00 0,407
IL-17A 25,38 51,24 0,969
sHLA-G 95,08 89,66 0,767
D49 (IFN-γ) Alto (≥ 1,17) Baixo (< 1,17) P-valor
Fatores solúveis
IL-2 2,82 0,00 0,045
IL-4 4,22 0,00 0,011
IL-6 5,04 3,10 0,634
IL-10 3,80 1,26 0,017
TNF 0,00 0,00 0,182
IL-17A 70,60 0,00 0,086
sHLA-G 91,97 73,62 0,815
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: Todos os fatores solúveis estão expressos em valores de mediana (pg/mL para citocinas e
Unidades/mL para HLA-G solúvel (sHLA-G)). P-valor calculado a partir do teste Mann-Whitney U.
4.2 Polimorfismos em Genes de Citocinas e de HLA-G em LLA-T
Para o estudo de polimorfismos, foram considerados 61 pacientes devido à
disponibilidade de amostras para extração de DNA. Além disso, em cada sítio polimórfico o
número de pacientes com LLA-T e de indivíduos saudáveis (controles) avaliados foi variável,
uma vez que foram considerados apenas sequenciamentos de qualidade. Devido ao número
diferente de polimorfismos avaliados em cada gene e ao diferente número de pacientes e
controles considerados em cada sítio polimórfico, os resultados foram estratificados em 5
categorias:
(a) Polimorfismos na região promotora do gene IL10;
(b) Polimorfismo no íntron 1 do gene IFNG;
(c) Polimorfismos na região promotora do gene TNF;
(d) Polimorfismos na 3’UTR do gene HLA-G;
75
(e) Associação de polimorfismos genéticos com óbito e sobrevida geral dos pacientes
com LLA-T
4.2.1 Polimorfismos no promotor do gene IL10
Para realização das análises de polimorfismos, foram consideradas 53 e 58 amostras de
DNA provenientes de crianças com LLA-T para avaliação dos sítios -819 C/T (rs1800871) e -
1082 G/A (rs1800896) do gene IL10, respectivamente, e 112 amostras de DNA decorrentes de
crianças saudáveis que apresentaram dados em relação aos alelos e genótipos nos
polimorfismos mencionados. Nenhuma diferença significante foi observada quando as
frequências alélicas e genotípicas de cada sítio polimórfico em IL10 foram comparadas entre
LLA-T e o grupo controle. Os genótipos de todos os sítios polimórficos avaliados adequaram-
se às expectativas do equilíbrio de Hardy-Weinberg (P> 0,05).
A Tabela 9 mostra as frequências alélicas e genotípicas de cada polimorfismo com a
análise estatística realizada.
Tabela 9 – Frequências alélicas e genotípicas dos polimorfismos estudados no gene IL10 em pacientes com LLA-T e
controles.
Polimorfismo LLA-T (n) Frequência Controles (n) Frequência P-valor OR (IC95%)
IL10 -819 C/T
C 75 0,708 142 0,634 0,215 1,40 (0,85-2,30)
T 31 0,292 82 0,366 0,215 0,72 (0,43-1,18)
CC 26 0,491 46 0,411 0,401 1,38 (0,72-2,67)
CT 23 0,434 50 0,446 1,000 0,95 (0,49-1,84)
TT 4 0,075 16 0,143 0,308 0,49 (0,15-1,54)
EHW (P-valor) 1,000 0,686
IL10 -1082 G/A
A 71 0,612 147 0,656 0,474 0,83 (0,52-1,31)
G 45 0,388 77 0,344 0,474 1,21 (0,76-1,92)
AA 23 0,397 50 0,446 0,624 0,81 (0,43-1,55)
GA 25 0,431 47 0,420 1,000 1,05 (0,55-1,99)
GG 10 0,172 15 0,134 0,502 1,35 (0,56-3,22)
EHW (P-valor) 0,579 0,529
Fonte: Elaborado pela autora, 2017. Legenda: n – Número amostral; P-valor calculado a partir do teste exato de Fisher. OR – Odds Ratio; IC95% - Intervalo de
confiança de 95%; EHW – Equilíbrio de Hardy-Weinberg, P-valor > 0,05 = população em equilíbrio.
76
Em relação à análise de reconstrução de haplótipos, foram observadas três combinações
de alelos para a região de IL10 estudada tanto nos pacientes com LLA-T quanto nos controles,
sendo as frequências semelhantes nos dois grupos. Nenhuma associação dos haplótipos com a
doença foi observada. A Tabela 10 mostra os resultados da análise de haplótipos para o gene
IL10.
Tabela 10 – Frequência de haplótipos na região promotora de IL10 estudada presentes nos pacientes
com LLA-T e nos controles.
Haplótipo -1082 -819 LLA-T
N (Frequência)
Controles
N (Frequência) P-valor OR (IC95%)
1 A C 34 (0,333) 65 (0,290) 0,438 1,22 (0,74-2,02)
2 G C 39 (0,382) 77 (0,344) 0,534 1,18 (0,73-1,92)
3 A T 29 (0,284) 82 (0,366) 0,166 0,69 (0,41-1,14)
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: N – Número amostral; P-valor calculado a partir do teste exato de Fisher; OR – Odds Ratio;
IC95% - Intervalo de confiança de 95%.
A análise do desequilíbrio de ligação (LD) revelou LD significante (P< 0,05) para o par
de sítios polimórficos no promotor de IL10 tanto nos pacientes com LLA-T quanto nos
indivíduos saudáveis (controles). A Tabela 11 mostra os resultados da análise de LD nos
pacientes e controles.
Tabela 11 – Probabilidades do teste exato de desequilíbrio de
ligação para os dois polimorfismos estudados na região
promotora de IL10 em relação aos pacientes com LLA-T (sob a
diagnonal) e aos controles (acima da diagonal).
Polimorfismos -819 -1082
-819 C/T - 0,00000
-1082 C/T 0,00000 -
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: P-valores significantes (P< 0,05) estão representados em
negrito e indicam pares de sítios polimórficos em desequilíbrio de
ligação.
77
4.2.2 Polimorfismo no íntron 1 do gene IFNG
Para avaliação do polimorfismo +874 T/A (rs2430561) no íntron 1 do gene IFNG, foram
consideradas 58 amostras de DNA provenientes de crianças com LLA-T e 82 amostras de DNA
decorrentes de indivíduos saudáveis (controles pediátricos) que apresentaram dados em relação
aos alelos e genótipos. Nenhuma diferença significante foi observada quando as frequências
alélicas e genotípicas do sítio polimórfico em IFNG foram comparadas entre LLA-T e o grupo
controle. Os genótipos do polimorfismo apresentaram proporções concordantes com as
esperadas no equilíbrio de Hardy-Weinberg (P> 0,05).
A Tabela 12 mostra as frequências alélicas e genotípicas de IFNG +874 T/A com a análise
estatística realizada.
Tabela 12 – Frequências alélicas e genotípicas dos polimorfismos estudados no íntron 1 do gene IFNG em pacientes com
LLA-T e controles.
Polimorfismo LLA-T (n) Frequência Controles (n) Frequência P-valor OR (IC95%)
IFNG +874 T/A
A 71 0,612 104 0,634 0,709 0,91 (0,56-1,49)
T 45 0,388 60 0,366 0,709 1,10 (0,67-1,79)
AA 23 0,397 32 0,390 1,000 1,03 (0,52-2,04)
TA 25 0,431 40 0,488 0,606 0,79 (0,40-1,56)
TT 10 0,172 10 0,122 0,466 1,50 (0,58-3,88)
EHW (P-valor) 0,589 0,812
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: n – Número amostral; P-valor calculado a partir do teste exato de Fisher; OR – Odds Ratio; IC95% - Intervalo de
confiança de 95%; EHW – Equilíbrio de Hardy-Weinberg, P-valor > 0,05 = população em equilíbrio.
4.2.3 Polimorfismos no promotor do gene TNF
Para as análises de polimorfismos, foram consideradas 56, 58, 58, 56 e 54 amostras de
DNA provenientes de crianças com LLA-T para avaliação dos sítios -1031 T/C (rs1799964), -
863 C/A (rs1800630), -857 C/T (rs1799724), -308 G/A (rs1800629) e -238 G/A (rs361525) do
gene TNF, respectivamente, e 108 amostras de DNA provenientes de indivíduos saudáveis
(controles pediátricos) que apresentaram dados em relação aos alelos e genótipos nos
polimorfismos mencionados. Nenhuma diferença significante foi observada quando as
frequências alélicas e genotípicas de cada sítio polimórfico em TNF foram comparadas entre
LLA-T e o grupo controle. Os genótipos de todos os sítios polimórficos avaliados adequaram-
se às expectativas do equilíbrio de Hardy-Weinberg (P> 0,05).
78
A Tabela 13 mostra as frequências alélicas e genotípicas do polimorfismo com a análise
estatística realizada.
Tabela 13 – Frequências alélicas e genotípicas dos polimorfismos estudados no gene TNF em pacientes com LLA-T e
controles.
Polimorfismo LLA-T (n) Frequência Controles (n) Frequência P-valor OR (IC95%)
TNF -1031 T/C
C 33 0,295 61 0,282 0,898 1,06 (0,64-1,75)
T 79 0,705 155 0,718 0,898 0,94 (0,57-1,56)
CC 5 0,089 7 0,065 0,546 1,41 (0,43-4,68)
TC 23 0,411 47 0,435 0,868 0,90 (0,47-1,74)
TT 28 0,500 54 0,500 1,000 1,00 (0,52-1,90)
EHW (P-valor) 1,000 0,634
TNF -863 C/A
A 27 0,233 44 0,204 0,575 1,19 (0,69-2,04)
C 89 0,767 172 0,796 0,575 0,84 (0,49-1,45)
AA 4 0,069 5 0,046 0,721 1,53 (0,39-5,92)
CA 19 0,328 34 0,315 0,863 1,06 (0,54-2,01)
CC 35 0,603 69 0,639 0,737 0,86 (0,45-1,66)
EHW (P-valor) 0,479 0,767
TNF -857 C/T
C 109 0,940 195 0,903 0,304 1,68 (0,69-4,07)
T 7 0,060 21 0,097 0,304 0,60 (0,25-1,45)
CC 51 0,879 88 0,815 0,379 1,66 (0,65- 4,19)
CT 7 0,121 19 0,176 0,382 0,64 (0,25-1,63)
TT 0 0,000 1 0,009 1,000 0,61 (0,024-15,29)
EHW (P-valor) 1,000 1,000
TNF -308 G/A
A 15 0,134 19 0,088 0,251 1,60 (0,78-3,29)
G 97 0,866 197 0,912 0,251 0,62 (0,30-1,28)
AA 1 0,018 1 0,009 1,000 1,94 (0,12-31,72)
GA 13 0,232 17 0,157 0,288 1,62 (0,72-3,63)
GG 42 0,750 90 0,833 0,217 0,60 (0,27-1,32)
EHW (P-valor) 1,000 0,580
TNF -238 G/A
A 6 0,056 15 0,069 0,812 0,79 (0.30-2.09)
G 102 0,944 201 0,931 0,812 1,27 (0.48-3.37)
AA 0 0,000 0 0,000 ND
GA 6 0,111 15 0,139 0,805 0,77 (0,28-2,13)
GG 48 0,889 93 0,861 0,805 1,29 (0,47-3,54)
EHW (P-valor) 1,000 1,000
Fonte: Elaborado pela autora, 2017. Legenda: n – Número amostral; P-valor calculado a partir do teste exato de Fisher; OR – Odds Ratio; IC95% - Intervalo de
confiança de 95%; ND – Não determinado; EHW – Equilíbrio de Hardy-Weinberg, P-valor > 0,05 = população em equilíbrio.
79
Em relação à análise de reconstrução de haplótipos, foram observadas 5 combinações
de alelos para a região de TNF estudada tanto nos pacientes com LLA-T quanto nos controles,
sendo as frequências semelhantes nos dois grupos. Nenhuma associação dos haplótipos com a
doença foi observada, embora o haplótipo 4- TCCAG tenha apresenta um discreto aumento nos
pacientes com LLA-T (P= 0,073). A Tabela 14 mostra os resultados da análise de haplótipos
para o gene TNF.
Tabela 14 – Frequência de haplótipos na região promotora de TNF estudada presentes nos pacientes com LLA-
T e controles.
Haplótipo -1031 -863 -857 -308 -238 LLA-T
N (Frequência)
Controles
N (Frequência) P-valor OR (IC95%)
1 C A C G G 24 (0,226) 44 (0,209) 0,772 1,10 (0,63-1,94)
2 C C C G A 6 (0,057) 11 (0,052) 1,000 1,08 (0,39-3,02)
3 T C C G G 54 (0,509) 115 (0,548) 0,551 0,86 (0,54-1,37)
4 T C C A G 15 (0,141) 16 (0,076) 0,073 2,00 (0,95-4,22)
5 T C T G G 7 (0,066) 20 (0,095) 0,523 0,67 (0,27-1,64)
6 - Outros - - - - - 0 (0,000) 4 (0,019) 0,305 0,21 (0,01-4,04)
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: N – Número amostral; P-valor calculado a partir do teste exato de Fisher; OR – Odds Ratio; IC95% - Intervalo de
confiança de 95%; Outros: haplótipos CCCGG e TCTGA.
A análise do desequilíbrio de ligação (LD) revelou LD significante (P< 0,05) para 4
dos 10 possíveis pares de sítios polimórficos no promotor de TNF tanto nos pacientes com
LLA-T quanto nos indivíduos saudáveis (controles). A Tabela 15 mostra os resultados da
análise de LD nos pacientes e controles.
Tabela 15 – Probabilidades do teste exato de desequilíbrio de ligação para os cinco
polimorfismos estudados na região promotora de TNF em relação aos pacientes com LLA-T
(sob a diagonal) e aos controles (acima da diagonal).
Polimorfismos -1031 -863 -857 -308 -238
-1031 T/C - 0,00000 0,01084 0,33816 0,00010
-863 C/A 0,00000 - 0,03224 0,34555 0,03718
-857 C/T 0,14944 0,32617 - 0,10084 0,95296
-308 G/A 0,00429 0,01769 0,36232 - 0,79295
-238 G/A 0,00248 0,17992 0,35802 0,16928 -
Fonte: Elaborado pela autora, 2017. Legenda: P-valores significantes (P< 0,05) estão representados em negrito e indicam pares de sítios
polimórficos em desequilíbrio de ligação.
80
4.2.4 Polimorfismos na 3’UTR do gene HLA-G
Para análise dos polimorfismos, foram consideradas 61 crianças com LLA-T para
avaliação dos sítios 14-bp Del/Ins (rs371194629), +3003 C/T (rs1707), +3010 C/G (rs1710),
respectivamente, e 60 pacientes para o sítio +3027 A/C (rs17179101). Já para os polimorfismos
+3035 C/T (rs17179108), +3142 C/G (rs1063320), +3187 A/G (rs9380142) e +3196 C/G
(rs1610696), foram avaliadas amostras de DNA de 61, 60, 55 e 54 pacientes com LLA-T,
respectivamente. Para todas as análises, 107 indivíduos (controles pediátricos) saudáveis foram
considerados, apresentando dados em relação aos alelos e genótipos na 3’UTR do gene.
Nenhuma diferença significante foi observada quando as frequências alélicas e
genotípicas de cada sítio polimórfico em HLA-G foram comparadas entre LLA-T e o grupo
controle. Os genótipos de todos os sítios polimórficos avaliados adequaram-se às expectativas
do equilíbrio de Hardy-Weinberg, com exceção do sítio +3027 em que os pacientes com LLA-
T exibiram déficit de heterozigose (P= 0,050) e do sítio +3035 em que tanto os pacientes (P=
0,004) quantos os controles (P= 0,005) apresentaram déficit de heterozigose.
As frequências alélicas e genotípicas de cada polimorfismo podem ser observadas na
Tabela 16.
Tabela 16 – Frequências alélicas e genotípicas dos polimorfismos estudados na 3’UTR do gene HLA-G em pacientes com
LLA-T e controles. (Continua).
Polimorfismo LLA-T (n) Frequência Controles (n) Frequência P-valor OR (IC95%)
14-bp Del/Ins
Ins 46 0,377 85 0,397 0,729 0,92 (0,58-1,45)
Del 76 0,623 129 0,603 0,729 1,09 (0,69-1,72)
Ins/Ins 7 0,115 17 0,159 0,498 0,69 (0,27-1,76)
Del/Ins 32 0,525 51 0,477 0,631 1,21 (0,65-2,27)
Del/Del 22 0,361 39 0,364 1,000 0,98 (0,51-1,89)
EHW (P-valor) 0,427 1,000
+3003 C/T
C 7 0,057 19 0,089 0,397 0,62 (0,25-1,53)
T 115 0,943 195 0,911 0,397 1,60 (0,65-3,92)
CC 0 0,000 1 0,009 1,000 0,58 (0,02-14,40)
CT 7 0,115 17 0,159 0,498 0,69 (0,27-1,76)
TT 54 0,885 89 0,832 0,379 1,56 (0,61-3,98)
EHW (P-valor) 1,000 0,583
+3010 C/G
C 77 0,631 131 0,612 0,815 1,08 (0,68-1,72)
G 45 0,369 83 0,388 0,815 0,92 (0,58-1,46)
81
Tabela 16 – Frequências alélicas e genotípicas dos polimorfismos estudados na 3’UTR do gene HLA-G em pacientes com
LLA-T e controles.
(Conclusão)
Polimorfismo LLA-T (n) Frequência Controles (n) Frequência P-valor OR (IC95%)
+3010 C/G
CC 23 0,377 37 0,346 0,738 1,14 (0,60-2,20)
CG 31 0,508 57 0,533 0,872 0,91 (0,48-1,70)
GG 7 0,115 13 0,121 1,000 0,94 (0,35-2,49)
EHW (P-valor) 0,588 0,307
+3027 A/C
A 4 0,033 11 0,051 0,586 0,64 (0,20-2,04)
C 116 0,967 203 0,949 0,586 1,57 (0,49-5,05)
AA 1 0,017 0 0,000 0,359 5,42 (0,22-135,30)
AC 2 0,033 11 0,103 0,138 0,30 (0,06-1,41)
CC 57 0,950 96 0,897 0,383 2,18 (0,58-8,14)
EHW (P-valor) 0,050 1,000
+3035 C/T
C 99 0,811 180 0,841 0,546 0,81 (0,45-1,46)
T 23 0,189 34 0,159 0,546 1,23 (0,69-2,20)
CC 44 0,721 80 0,748 0,718 0,87 (0,43-1,78)
CT 11 0,180 20 0,187 1,000 0,96 (0,42-2,16)
TT 6 0,098 7 0,065 0,550 1,56 (0,50-4,87)
EHW (P-valor) 0,004 0,005
+3142 C/G
C 45 0,375 83 0,388 0,907 0,95 (0,60-1,50)
G 75 0,625 131 0,612 0,907 1,06 (0,67-1,67)
CC 7 0,117 13 0,121 1,000 0,95 (0,36-2,54)
CG 31 0,517 57 0,533 0,873 0,94 (0,50-1,77)
GG 22 0,367 37 0,346 0,866 1,09 (0,57-2,20)
EHW (P-valor) 0,583 0,307
+3187 A/G
A 81 0,736 159 0,743 0,894 0,97 (0,57-1,63)
G 29 0,264 55 0,257 0,894 1,03 (0,61-1,75)
AA 31 0,564 58 0,542 0,868 1,09 (0,57-2,10)
AG 19 0,345 43 0,402 0,501 0,78 (0,40-1,55)
GG 5 0,091 6 0,056 0,511 1,68 (0,49-5,78)
EHW (P-valor) 0,485 0,800
+3196 C/G
C 85 0,787 156 0,729 0,279 1,37 (0,79-2,38)
G 23 0,213 58 0,271 0,279 0,73 (0,42-1,26)
CC 31 0,574 55 0,514 0,506 1,27 (0,66-2,46)
CG 23 0,426 46 0,430 1,000 0,98 (0,51-1,91)
GG 0 0,000 6 0,056 0,180 0,14 (0,01-2,60)
EHW (P-valor) 0,095 0,467
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: n – Número amostral; P-valor calculado a partir do teste exato de Fisher; OR – Odds Ratio; IC95% - Intervalo de
confiança de 95%; EHW – Equilíbrio de Hardy-Weinberg, P-valor > 0,05 = população em equilíbrio.
82
Em relação à análise de reconstrução de haplótipos, foram observadas mais de 7
combinações de alelos para a região 3’UTR de HLA-G tanto nos pacientes com LLA-T quanto
nos controles, sendo as frequências semelhantes nos dois grupos. Nenhuma associação dos
haplótipos com a doença foi observada. A Tabela 17 mostra os resultados da análise de
haplótipos para o gene HLA-G.
Tabela 17 – Frequência de haplótipos na região 3’ não-traduzida (3’UTR) de HLA-G presentes nos pacientes com LLA-T
e controles.
Haplótipo
14p
b
+3003
+3010
+3027
+3035
+3142
+3187
+3196
LLA-T1
Controles2
P-valor OR (IC95%)
UTR-1 Del T G C C C G C 25 (0,245) 53 (0,250) 1,000 0,97 (0,56-1,68)
UTR-2 Ins T C C C G A G 19 (0,186) 54 (0,255) 0,201 0,67 (0,37-1,20)
UTR-3 Del T C C C G A C 26 (0,255) 44 (0,207) 0,386 1,31 (0,75-2,28)
UTR-4 Del C G C C C A C 7 (0,069) 19 (0,090) 0,663 0,75 (0,30-1,84)
UTR-5 Ins T C C T G A C 12 (0,118) 20 (0,094) 0,553 1,28 (0,60-2,73)
UTR-6 Del T G C C C A C 6 (0,059) 7 (0,033) 0,364 1,83 (0,60-5,59)
UTR-7 Ins T C A T G A C 4 (0,039) 9 (0,042) 1,000 0,92 (0,28-3,06)
Outros3 - - - - - - - - 3 (0,029) 6 (0,028) 1,000 1,04 (0,25-4,25)
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: 1,2 Número amostral (Frequência); P-valor calculado a partir do teste exato de Fisher; OR – Odds Ratio; IC95% -
Intervalo de confiança de 95%; Outros: UTR-13 DelTCCTGAC, UTR-16 ITCCTGAG, UTRs desconhecidas DelTGCCCGG,
DelTGCCCAG, DelTGCTCAC, InsTCATGAG.
Em relação à análise do desequilíbrio de ligação (LD), foi revelado LD significante (P<
0,05) em 15 dos 28 possíveis pares de sítios polimórficos na 3’UTR de HLA-G nos pacientes
com LLA-T. Já nos controles, o LD foi observado em 25 dos 28 possíveis pares de sítios
polimórficos na região do gene estudado. A Tabela 18 mostra os resultados da análise de LD
nos pacientes e controles.
Tabela 18 – Probabilidades do teste exato de desequilíbrio de ligação para os oito polimorfismos
estudados na 3’UTR de HLA-G em relação aos pacientes com LLA-T (sob a diagnonal) e aos controles
(acima da diagonal).
Polimorfismos 14-pb +3003 +3010 +3027 +3035 +3142 +3187 +3196
14-pb Del/Ins - 0,00223 0,00000 0,00033 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000
+3003 C/T 0,13164 - 0,00000 0,39735 0,01870 0,00000 0,01160 0,20629
+3010 C/G 0,00000 0,00702 - 0,03946 0,00004 0,00000 0,00000 0,00003
+3027 A/C 0,00739 0,51617 0,10705 - 0,00000 0,03946 0,27448 0,03591
+3035 C/T 0,00000 0,21329 0,00017 0,00032 - 0,00004 0,00080 0,01018
+3142 C/G 0,00000 0,00702 0,00000 0,10705 0,00017 - 0,00000 0,00003
+3187 A/G 0,00024 0,08345 0,00000 0,11676 0,00320 0,00000 - 0,00111
+3196 C/G 0,00000 0,40683 0,24917 0,16325 0,21695 0,24917 0,83419 -
Fonte: Elaborado pela autora, 2017. Legenda: P-valores significantes (P < 0,05) estão representados em negrito e indicam pares de sítios
polimórficos em desequilíbrio de ligação.
83
4.2.5 Associação de polimorfismos genéticos com óbito e sobrevida
Considerando que os níveis medulares das citocinas IL-10 e IFN-γ apresentaram
associação com sobrevida geral dos pacientes com LLA-T e que os níveis de TNF exibiram
alteração durante o tratamento quimioterápico, 3 polimorfismos nos genes IL10, IFNG e TNF,
relacionados à produção das citocinas, foram selecionados para avaliação de associação com
óbito e sobrevida geral, a fim de verificar se também existe influência nestas variáveis clínicas.
Foram avaliados os polimorfismos IL10 -1082 G/A, IFNG +874 T/A e TNF -308 G/A,
considerando em cada sítio o genótipo de alta produção da citocina (alto produtor) juntamente
com o genótipo heterozigoto versus genótipo baixo produtor para avaliação de associação com
óbito e sobrevida geral dos pacientes com LLA-T.
Os três polimorfismos avaliados nos genes IL10, IFNG e TNF não apresentaram
associação com óbito, mesmo quando os genótipos foram estratificados e combinados de
acordo com o potencial de influência na produção da proteína. A Tabela 19 mostra a análise
realizada para os três polimorfismos genéticos em relação ao óbito de pacientes com LLA-T.
Tabela 19 – Associação de polimorfismos nos genes IL10, IFNG e TNF com óbito em pacientes com LLA-T.
Polimorfismo Óbito P-valor OR (IC95%)
Sim (n) Não (n)
IL10 -1082 G/A
GG + GA 10 25 0,773 0,75 (0,24-2,32)
AA 8 15
IFNG +874 T/A
TT + TA 13 22 0,257 2,13 (0,64-7,10)
AA 5 18
TNF -308 G/A
AA+GA 4 10 1,000 0,80 (0,21-3,01)
GG 14 28
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: n – Número amostral; P-valor calculado a partir do teste exato de Fisher; OR – Odds Ratio; IC95% - Intervalo de confiança de 95%.
Em relação à sobrevida geral, nenhum polimorfismo genético dos três avaliados
apresentou associação quando os genótipos foram avaliados individualmente ou em
combinação (alto produtor + heterozigoto versus baixo produtor).
Na análise do sítio polimórfico -1082 G/A do gene IL10, a sobrevida geral dos pacientes
com LLA-T portadores do genótipo GG (alto) foi 80% (2 óbitos; 10 pacientes), seguido de 68%
(8 óbitos; 25 pacientes) e 65,5% (8 óbitos; 23 pacientes) de sobrevida para aqueles com
84
genótipos GA e AA (P= 0,483), respectivamente Quando a combinação dos genótipos GG e
GA foi considerada em relação ao genótipo AA, a sobrevida geral dos pacientes com a
combinação foi 71,4% (10 óbitos; 35 pacientes), enquanto a sobrevida para portadores de AA
foi 65,2% (8 óbitos; 23 pacientes; P= 0,334).
Para o polimorfismo +874 T/A no gene IFNG, a sobrevida geral para os pacientes com
genótipo AA foi 78,3% (5 óbitos; 23 pacientes); para aqueles com genótipo TA, 68% (8 óbitos;
25 pacientes) e os pacientes portadores de TT, 50% (5 óbitos; 10 pacientes). Mesmo que as
taxas de sobrevida sejam relativamente diferentes, a análise não atingiu significância estatística
(P= 0,293). Quando a combinação TT+TA (alto produtores) foi considerada, a sobrevida geral
não apresentou diferença significativa (62,9%; 13 óbitos; 35 pacientes) em relação ao genótipo
AA (baixo produtor; 78,3%; 5 óbitos; 23 pacientes; P= 0,201).
A Figura 12 mostra as curvas de Kaplan-Meier analisadas para os polimorfismos em
IL10 e IFNG.
Considerando o polimorfismo -308 G/A no gene TNF, a sobrevida geral para o genótipo
AA foi de 100%. Não houve óbito nesse grupo representado por um paciente com LLA-T. Já
nos pacientes com genótipo GA, a sobrevida cumulativa foi de 69,2% (4 óbitos; 13 pacientes),
e 66,7% (14 óbitos; 42 pacientes) naqueles com genótipo GG. Quando os pacientes foram
agrupados de acordo com genótipos AA+GA (alto produtores), a sobrevida geral foi de 71,4%
(4 óbitos; 14 pacientes) contra 66,7% (14 óbitos; 42 pacientes) para os pacientes com genótipo
GG (P= 0,566).
Em adição, a sobrevida geral dos pacientes com LLA-T também foi avaliada
considerando a combinação de dois sítios polimórficos. Para os polimorfismos -1082 G/A em
IL10 e +874 T/A em IFNG, as combinações de genótipos foram realizadas de acordo com seu
potencial de produção das citocinas, sendo considerado: (1) IL10(GG+GA) + IFNGAA, alto e
baixo produtores; (2) IL10AA + IFNG(TT+TA), baixo e alto produtores; (3) IL10(GG+GA) +
IFNG(TT+TA), alto produtores; e (4) IL10AA + IFNGAA, baixo produtores. A sobrevida geral
dos pacientes com LLA-T não foi estatisticamente diferente (P= 0,244) para as combinações
de genótipos avaliadas, embora tenha ocorrido variação, sendo observado: (1) 87,5% (2 óbitos;
16 pacientes); (2) 68,8% (5 óbitos; 16 pacientes); (3) 55,6% (8 óbitos; 18 pacientes); e (4)
50,0% (3 óbitos; 6 pacientes), respectivamente.
Em relação aos polimorfismos -1082 G/A em IL10 e -308 G/A em TNF, as combinações
de genótipos também foram realizadas de acordo com seu potencial de produção das citocinas,
sendo considerado: (1) IL10AA + TNFGA, baixo e alto produtores; (2) IL10(GG+GA) +
TNFGG, alto e baixo produtores; (3) IL10(GG+GA) + TNF(AA+GA), alto produtores; e (4)
85
IL10AA + TNFGG. A sobrevida geral dos pacientes com LLA-T não foi estatisticamente
diferente (P= 0,468) para as combinações de genótipos avaliadas, embora tenha ocorrido
variação, sendo observado: (1) 100,0% (0 óbitos; 2 pacientes); (2) 68,4% (6 óbitos; 19
pacientes); (3) 66,7% (4 óbitos; 12 pacientes); e (4) 61,9% (8 óbitos; 21 pacientes),
respectivamente.
A Figura 13 mostra as curvas de Kaplan-Meier analisadas para os polimorfismos em
TNF e as combinações de genótipos de IL10 e TNF, e IL10 e IFNG.
Considerando a análise de haplótipos, nenhum dos haplótipos detectados no gene IL10
apresentaram associação com óbito, sendo observadas frequências semelhantes no grupo de
pacientes com LLA-T que foi a óbito e no grupo daquele que estão vivos. Também não foi
observada associação com leucócitos totais em sangue periférico ao diagnóstico considerando
50.000/mm3 como ponto de corte (Apêndice B). A Tabela 20 mostra os resultados da análise
de associação com óbito.
Figura 12 - Influência dos polimorfismos -1082 G/A em IL10 e +874 T/A em IFNG na sobrevida geral dos pacientes com
LLA-T. (Continua).
A
B
86
Figura 12 - Influência dos polimorfismos -1082 G/A em IL10 e +874 T/A em IFNG na sobrevida geral dos pacientes com
LLA-T.
(Conclusão)
C
D
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: (A) e (B) Análises de sobrevida geral considerando os genótipos de IL10 -1082 G/A individualmente ou em
combinação; (C) e (D) Análises de sobrevida geral considerando os genótipos de IFNG +874 T/A individualmente ou em combinação.
Figura 13 - Influência do polimorfismo -308 G/A em TNF e de combinações dos sítios -1082 G/A em IL10, -308 G/A em
TNF e +874 T/A em IFNG na sobrevida geral dos pacientes com LLA-T. (Continua)
A
B
87
Figura 13 - Influência do polimorfismo -308 G/A em TNF e de combinações dos sítios -1082 G/A em IL10, -308 G/A em
TNF e +874 T/A em IFNG na sobrevida geral dos pacientes com LLA-T.
(Conclusão)
C
D
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: (A) e (B) Análises de sobrevida geral considerando os genótipos de TNF -308 G/A individualmente ou em combinação.
(C) Análise de sobrevida geral considerando a combinação de genótipos nos sítios -1082 G/A de IL10 e -308 G/A em TNF, sendo: A1, IL10AA + TNGGA; A2, IL10(GG+GA) + TNFGG; A3, IL10(GG+GA) + TNF(AA+GA); A4, IL10AA + TNFGG.
(D) Análise de sobrevida geral considerando a combinação de genótipos nos sítios -1082 G/A de IL10 e +874 G/A em IFNG,
sendo: B1, IL10(GG+GA) + IFNGAA; B2, IL10AA + IFNG(TT+TA); B3, IL10(GG+GA) + IFNG(TT+TA); B4, IL10AA +
IFNGAA.
Tabela 20 – Análise de associação dos haplótipos da região promotora de IL10 com óbito em pacientes
com LLA-T.
Haplótipo -1082 -819 Óbito P-valor OR (IC95%)
Sim
N (Frequência)
Não
N (Frequência)
1 A C 13 (0,382) 21 (0,309) 0,508 1,38 (0,58-3,28)
2 G C 12 (0,353) 27 (0,397) 0,829 0,83 (0,35-1,95)
3 A T 9 (0,265) 20 (0,294) 0,819 0,86 (0,34-2,18)
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: N – Número amostral; P-valor calculado a partir do teste exato de Fisher; OR – Odds Ratio; IC95%
- Intervalo de confiança de 95%.
Em relação ao gene TNF, dos cinco haplótipos detectados apenas o haplótipo 3- TCCGG
exibiu associação com óbito, sendo observada uma frequência maior nos pacientes que foram
a óbito em relação aos que estão vivos (P= 0,022). Os haplótipos também foram avaliados em
relação à contagem de leucócitos em sangue periférico ao diagnóstico (ponto de corte:
50.000/mm3), entretanto nenhuma associação com essa variável foi observada (Apêndice B).
A Tabela 21 mostra os resultados da análise de associação com óbito.
88
Tabela Tabela 21 – Análise de associação dos haplótipos da região promotora de TNF com óbito em pacientes com LLA-T.
Haplótipo -1031 -863 -857 -308 -238 Óbito P-valor OR (IC95%)
Sim
N (Frequência)
Não
N (Frequência)
1 C A C G G 4 (0,118) 20 (0,278) 0,083 0,35 (0,11-1,11)
2 C C C G A 2 (0,059) 4 (0,055) 1,000 1,06 (0,18-6,11)
3 T C C G G 23 (0,676) 31 (0,430) 0,022 2,76 (1,17-6,51)
4 T C C A G 4 (0,118) 11 (0,153) 0,770 0,74 (0,22-2,52)
5 T C T G G 1 (0,029) 6 (0,083) 0,425 0,33 (0,04-2,89)
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: N – Número amostral; P-valor calculado a partir do teste exato de Fisher; OR – Odds Ratio; IC95% - Intervalo de
confiança de 95%.
Por último, considerando o gene HLA-G, nenhum dos haplótipos detectados nos
pacientes com LLA-T exibiu associação com óbito, embora a frequência do haplótipo UTR-5
tenha sido menor no grupo de óbito (0,036) versus não-óbito (0,149; P= 0,172). Tabela 22
mostra os resultados da análise de associação com óbito.
Tabela 22 – Análise de associação dos haplótipos da região 3’UTR de HLA-G com óbito em pacientes com LLA-T.
Haplótipo
14
pb
+3
00
3
+3
01
0
+3
02
7
+3
03
5
+3
14
2
+3
18
7
+3
19
6
Óbito
P-valor OR (IC95%)
Sim1 Não2
UTR-1 Del T G C C C G C 9 (0,321) 16 (0,216) 0,307 1,72 (0,65-4,52)
UTR-2 Ins T C C C G A G 7 (0,250) 12 (0,162) 0,393 1,72 (0,60-4,95)
UTR-3 Del T C C C G A C 6 (0,214) 20 (0,270) 0,621 0,74 (0,26-2,08)
UTR-4 Del C G C C C A C 2 (0,071) 5 (0,067) 1,000 1,06 (0,19-5,82)
UTR-5 Ins T C C T G A C 1 (0,036) 11 (0,149) 0,172 0,21 (0,03-1,73)
UTR-6 Del T G C C C A C 1 (0,036) 5 (0,067) 1,000 0,51 (0,06-4,58)
UTR-7 Ins T C A T G A C 2 (0,071) 2 (0,027) 0,302 2,77 (0,37-20,69)
Outros - - - - - - - - 0 (0,000) 3 (0,040) 0,559 0,36 (0,02-7,17)
Fonte: Elaborado pela autora, 2017. Legenda: 1,2 Número amostral (Frequência); P-valor calculado a partir do teste exato de Fisher; OR – Odds Ratio; IC95% - Intervalo
de confiança de 95%.
Como os níveis da molécula HLA-G na medula óssea de pacientes com LLA-T foram
associados à contagem de leucócitos totais em sangue periférico ao diagnóstico, as diferentes
combinações de alelos observadas neste estudo foram avaliadas em relação à associação com
89
leucocitose (ponto de corte= 50.000/mm3). A análise pelo teste exato de Fisher não revelou
associação dos haplótipos com desta variável, sendo observada frequências semelhantes para
os grupos com leucometria abaixo e acima de 50.000 células. Tabela 23 mostra os resultados
da análise de associação leucócitos.
Tabela 23 – Análise de associação dos haplótipos da região 3’UTR de HLA-G com leucócitos totais em sangue periférico ao
diagnóstico (D0) em pacientes com LLA-T.
Haplótipo
14p
b
+3003
+3010
+3027
+3035
+3142
+3187
+3196
Leucócitos em SP (D0) P-valor OR (IC95%)
> 50.0001 < 50.0002
UTR-1 Del T G C C C G C 15 (0,220) 9 (0,346) 0,290 0,53 (0,20-1,44)
UTR-2 Ins T C C C G A G 13 (0,191) 2 (0,077) 0,222 2,84 (0,59-13,56)
UTR-3 Del T C C C G A C 17 (0,250) 7 (0,269) 1,000 0,90 (0,32-2,52)
UTR-4 Del C G C C C A C 5 (0,073) 1 (0,038) 1,000 1,98 (0,22-17,85)
UTR-5 Ins T C C T G A C 8 (0,118) 4 (0,154) 0,732 0,73 (0,20-2,68)
UTR-6 Del T G C C C A C 5 (0,073) 1 (0,038) 1,000 1,98 (0,22-17,85)
UTR-7 Ins T C A T G A C 4 (0,059) 0 (0,000) 0,573 3,70 (0,19-71,16)
Outros - - - - - - - - 1 (0,015) 2 (0,077) 0,184 0,179 (0,01-2,07)
Legenda: 1,2 50.000/mm3, número amostral (Frequência); P-valor calculado a partir do teste exato de Fisher; OR – Odds Ratio;
IC95% - Intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
4.3 Perfil de expressão de miRNAs em leucemia linfoblástica aguda da infância
Para o estudo de microRNAs, foram considerados oito pacientes com LLA-T e oito
pacientes com LLA-B. No grupo com LLA-T, um paciente apresentou subtipo ETP; quatro
apresentaram subtipo pré-T; um, cortical; e dois apresentaram subtipo maduro. Já no grupo com
LLA-B, cinco pacientes apresentaram subtipo pré-pré-B e três, subtipo pré-B.
Na análise de expressão diferencial considerando a comparação LLA-B versus LLA-T,
foram observados 77 miRNAs DE com FDR ≤ 0,05, sendo 46 deles reprimidos e 31 deles
induzidos em LLA-T em relação à LLA-B. Dos 77 miRNAs DE, foram selecionados para
estudo aqueles com FDR ≤ 4x10-5, uma vez que eles apresentam alta significância estatística e
podem estar mais relacionados com a linhagem celular acometida. A partir desta triagem, 11
miRNAs (considerando diferentes precursores) foram considerados para análise, sendo 10
subexpressos e 1 superexpresso em LLA-T em relação à LLA-B. A Tabela 24 mostra os
miRNAs selecionados para o estudo.
90
Tabela 24 - miRNAs diferencialmente expressos entre LLA-T e LLA-B com FDR ≤ 4x10-5.
miRNA (precursor) logFC FDR Localização
cromossômica
miRNAs em Cluster
hsa-miR-708-3p (hsa-mir-708) -8,97 0,00000 11q14.1 -
hsa-miR-708-5p (hsa-mir-708) -8,16 0,00000 11q14.1 -
hsa-miR-497-5p (hsa-mir-497) -5,73 0,00000 17p13.1 hsa-miR-195
hsa-miR-455-3p (hsa-mir-455) -5,69 0,00004 9q32 -
hsa-miR-151a-5p (hsa-mir-151a) -5,40 0,00000 8q24.3 -
hsa-miR-151b (hsa-mir-151a) -5,40 0,00000 8q24.3 -
hsa-miR-151a-3p (hsa-mir-151a) -5,08 0,00000 8q24.3 -
hsa-miR-151b (hsa-mir-151b) -4,94 0,00000 14q32.2 hsa-miR-342
hsa-miR-371b-5p (hsa-mir-371b) -4,85 0,00000 19q13.42 hsa-miR-373, hsa-miR-372, hsa-miR-371a
hsa-miR-195-5p (hsa-mir-195) -4,27 0,00000 17q13.1 hsa-miR-497
hsa-miR-629-3p (hsa-mir-629) 3,00 0,00000 15q23 -
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: logFC - Fold Change em logaritmo de base 2. Os valores negativos de logFC indicam que o miRNA
está reprimido em LLA-T em relação à LLA-B. Já os valores positivos, indicam que o miRNA está induzido em
LLA-T em relação à LLA-B.
Em relação ao agrupamento hierárquico, o heatmap dois grandes grupos de pacientes
com um perfil de expressão distinto: o primeiro composto por 1 indivíduo com LLA-B (subtipo
pré-B) e 7 indivíduos com LLA-T (subtipos: 1 ETP, 4 pré-T, 1 cortical e 1 maduro); e o
segundo, por 1 indivíduo com LLA-T (subtipo maduro) e 7 pacientes com LLA-B (subtipos: 5
pré-pré-B e 2 pré-B).
A Figura 14 mostra o heatmap com a clusterização hierárquica dos 11 miRNAs
(segundo o precursor de origem) e os 16 pacientes considerados na análise.
91
Figura 14 – Agrupamento hierárquico dos pacientes com LLA-T versus LLA-B, apresentando os 11
miRNAs diferencialmente expressos com FDR ≤ 4x10-5.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017. Legenda: O primeiro grupo é formado por BALL_L13 (Pré-B), TALL_L25 (T madura), TALL_L19 (Pré-T),
TALL_L21 (Pré-T), TALL_L24 (ETP), TALL_L26 (T cortical), TALL_L18 (Pré-T) e TALL_L23 (Pré-T); o
segundo por: TALL_L20 (T madura), BALL_L10 (Pré-pré-B), BALL_L16 (Pré-pré-B), BALL_L11 (Pré-pré-B),
BALL_L15 (Pré-pré-B), BALL_L12 (Pré-B), BALL_L09 (Pré-B) e BALL_L14 (Pré-pré-B). Em vermelho,
miRNAs regulados positivamente; em verde, regulados negativamente. Todos os miRNAs representados
encontram seguidos de seu precursor de origem.
4.3.1 Análise de predição de genes alvos de miRNAs
Para a análise de predição de alvos, os miRNAs DE foram considerados
independentemente de seus precursores de origem, sendo utilizada a lista de 10 miRNAs não
redundantes nesta etapa. A partir da busca no miRWalk v.2.0, foram encontrados 367.298 genes
redundantes (alvejado por mais de um miRNA) alvos dos miRNAs subexpressos em LLA-T,
considerando todos os bancos de dados de predição disponíveis na plataforma. Após a triagem
92
de predição por no mínimo três bancos, 14.098 genes alvo não redundantes permaneceram na
análise para posterior estudo de vias biológicas. Em relação ao único miRNA superexpresso
em LLA-T (hsa-miR-629-3p), foram preditos 51.719 genes redundantes alvos deste miRNA
segundo os 12 bancos de dados integrados no miRWalk. Após a triagem por predição de bancos
(mínimo de 3 bancos), 8.762 genes alvo não redundantes foram considerados para anotação
funcional.
4.3.2 Anotação funcional dos genes alvos preditos
A análise de enriquecimento funcional foi realizada separadamente para a lista de genes
alvo de miRNAs subexpressos e superexpressos em LLA-T. Foi considerada a anotação
funcional de vias biológicas baseadas no banco de dados KEGG.
Para os genes alvo de miRNAs regulados negativamente, foram encontradas 97 vias
biológicas enriquecidas com P-valor corrigido ≤ 0,05 (Apêndice C), destacando-se as vias
hsa01100:Metabolic pathways, hsa05200:Pathways in cancer, hsa04151:PI3K-Akt signaling
pathway, hsa04144:Endocytosis, hsa04010:MAPK signaling pathway e hsa05166:HTLV-I
infection, que apresentaram mais de 200 genes enquadrados. O Gráfico 2 mostra as 35 vias
biológicas enriquecidas contendo mais de 100 genes alvos de miRNAs.
Em relação à anotação funcional dos genes preditos alvos do miR-629-3p superexpresso
em LLA-T, foram encontradas 88 vias biológicas enriquecidas com P-valor corrigido ≤ 0,05
(Apêndice C), destacando-se a via hsa05200:Pathways in cancer que apresentou mais de 200
genes enquadrados. O Gráfico 3 mostra as 16 vias biológicas enriquecidas contendo mais de
100 genes alvos do miRNA hsa-miR-629-3p.
A partir da anotação das vias biológicas enriquecidas, foi realizada uma análise por
gráfico de Venn para determinação das vias comuns anotadas para os grupos de genes alvo de
miRNAs sub- e superexpressos em LLA-T, bem como das vias únicas observadas em cada
grupo. Esta análise revelou 69 vias biológicas comuns aos dois grupos, como
hsa05200:Pathways in cancer, hsa04151:PI3K-Akt signaling pathway, hsa04144:Endocytosis,
hsa04010:MAPK signaling pathway, hsa05166:HTLV-I infection, hsa04014:Ras signaling
pathway, hsa04015:Rap1 signaling pathway, hsa05205:Proteoglycans in cancer,
hsa04510:Focal adhesion, hsa04024:cAMP signaling pathway, entre outras.
Por outro lado, 28 vias biológicas foram exclusivas do grupo de genes regulados pelos
miRNAs subexpressos em LLA-T, com destaque para hsa01100:Metabolic pathways,
hsa04062:Chemokine signaling pathway, hsa04141:Protein processing in endoplasmic
93
reticulum, hsa04120:Ubiquitin mediated proteolysis, hsa04611:Platelet activation,
hsa04142:Lysosome, hsa04115:p53 signaling pathway, hsa04721:Synaptic vesicle cycle e
hsa04330:Notch signaling pathway.
Para o grupo de genes regulados pelo miR-629-3p superexpresso em LLA-T, foram
observadas 19 vias biológicas exclusivas, destacando-se hsa00532:Glycosaminoglycan
biosynthesis - chondroitin sulfate/dermatan sulfate, hsa05230:Central carbon metabolism in
cancer, hsa04670:Leukocyte transendothelial migration, hsa04520:Adherens junction,
hsa05203:Viral carcinogenesis, hsa03015:mRNA surveillance pathway, hsa04130:SNARE
interactions in vesicular transport, hsa04210:Apoptosis e hsa04064:NF-kappa B signaling
pathway.
O Gráfico 4 mostra o número de vias biológicas enriquecidas comuns e exclusivas dos
grupos de genes regulados por miRNAs sub- e superexpressos em LLA-T. A lista completa de
vias analisadas encontra-se no Apêndice C.
94
888
330
272
223
212
207
188
178
175
167
166
161
155
154
145
144
137
136
133
126
124
123
123
116
116
115
113
109
109
108
108
107
106
104
102
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
hsa01100:Metabolic pathways
hsa05200:Pathways in cancer
hsa04151:PI3K-Akt signaling pathway
hsa04144:Endocytosis
hsa04010:MAPK signaling pathway
hsa05166:HTLV-I infection
hsa04014:Ras signaling pathway
hsa04015:Rap1 signaling pathway
hsa05205:Proteoglycans in cancer
hsa04510:Focal adhesion
hsa04024:cAMP signaling pathway
hsa04810:Regulation of actin cytoskeleton
hsa04020:Calcium signaling pathway
hsa05169:Epstein-Barr virus infection
hsa04022:cGMP-PKG signaling pathway
hsa04062:Chemokine signaling pathway
hsa04141:Protein processing in endoplasmic reticulum
hsa04921:Oxytocin signaling pathway
hsa04390:Hippo signaling pathway
hsa04261:Adrenergic signaling in cardiomyocytes
hsa04910:Insulin signaling pathway
hsa04550:Signaling pathways regulating pluripotency of stem cells
hsa04310:Wnt signaling pathway
hsa04068:FoxO signaling pathway
hsa04514:Cell adhesion molecules (CAMs)
hsa04120:Ubiquitin mediated proteolysis
hsa04360:Axon guidance
hsa04152:AMPK signaling pathway
hsa04728:Dopaminergic synapse
hsa04071:Sphingolipid signaling pathway
hsa04611:Platelet activation
hsa04722:Neurotrophin signaling pathway
hsa04380:Osteoclast differentiation
hsa04142:Lysosome
hsa04919:Thyroid hormone signaling pathway
Número de genes
Vias Biológicas (Termos)
Gráfico 2 – Vias biológicas enriquecidas significantes com mais de 100 genes alvos dos miRNAs identificados com regulação negativa em LLA-T no estudo.
94
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
95
Gráfico 3 – Vias biológicas enriquecidas significantes com mais de 100 genes preditos como alvos
do miRNA identificado com regulação positiva em LLA-T no estudo.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Gráfico 4 – Análise de vias biológicas enriquecidas comuns e exclusivas dos grupos de genes
regulados por miRNAs diferencialmente expressos em LLA-T.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Legenda: Set A – Vias biológicas relacionadas a genes regulados por miRNAs subexpressos em LLA-T, n= 97; Set B – Vias biológicas relacionadas a genes regulados por miRNA superexpresso em LLA-
T, n= 88.
240
185
152
148
144
136
136
128
124
119
119
113
108
103
103
102
0 50 100 150 200 250 300
hsa05200:Pathways in cancer
hsa04151:PI3K-Akt signaling pathway
hsa04144:Endocytosis
hsa04010:MAPK signaling pathway
hsa05166:HTLV-I infection
hsa05205:Proteoglycans in cancer
hsa04014:Ras signaling pathway
hsa04015:Rap1 signaling pathway
hsa04024:cAMP signaling pathway
hsa04510:Focal adhesion
hsa04810:Regulation of actin cytoskeleton
hsa04020:Calcium signaling pathway
hsa05203:Viral carcinogenesis
hsa04022:cGMP-PKG signaling pathway
hsa05169:Epstein-Barr virus infection
hsa04390:Hippo signaling pathway
Número de genes
Vias Biológicas (Termos)
96
5 DISCUSSÃO
5.1 Níveis medulares de citocinas e HLA-G solúvel na leucemia linfoblástica aguda de
células T da infância e sua influência na sobrevida
Dados da literatura reportam que os níveis de citocinas na medula óssea e no sangue
periférico variaram de níveis não detectáveis a níveis elevados significantes na leucemia ao
diagnóstico. No curso da quimioterapia, o microambiente das citocinas muda, e de acordo com
o perfil de citocinas pode ser responsável pela recuperação da medula ou resistência à
quimioterapia (BI et al., 2016). Neste estudo, foi relatado que os fatores solúveis da medula
óssea estavam associados à fase da doença LLA-T, à taxa de sobrevida e pior prognóstico,
incluindo: i) altos níveis medulares de TNF, IL-10 e IL-6 ao diagnóstico quando comparados à
fase de consolidação , ii) níveis reduzidos de IL-10 na medula óssea ao diagnóstico e níveis
medulares diminuídos de IFN-γ após a consolidação da quimioterapia foram associados a
elevada taxa de sobrevida, e iii) a contagem elevada de leucócitos ao diagnóstico, fator bem
conhecido relacionado ao pior prognóstico, foi associada a altos níveis de sHLA-G no estroma
da medula.
O achado de um aumento dos níveis de TNF na medula ao diagnóstico está de acordo
com estudos anteriores em diversas neoplasias hematológicas (SANCHEZ-CORREA et al.,
2013; TSIMBERIDOU et al., 2008; YAN et al., 2011). Níveis séricos altos de TNF têm sido
correlacionados com desfecho desfavorável em pacientes adultos com leucemia mielóide aguda
(LMA) (SANCHEZ-CORREA et al., 2013; TSIMBERIDOU et al., 2008; YAN et al., 2011),
síndromes mielodisplásicas (SMD) (KORNBLAU et al., 2010) e leucemia linfocítica crônica
(LLC) (FAYAD et al., 2001). Embora não tenha sido observada correlação entre os níveis
medulares de TNF e sobrevida na LLA-T, é reconhecido que o TNF influencia direta ou
indiretamente o crescimento de tumor (LIPPITZ, 2013; SANCHEZ-CORREA et al., 2013;
SEDGER; MCDERMOTT, 2014).
Os pacientes que apresentaram níveis elevados de IL-10 na medula (≥ 4,57 pg/mL)
apresentaram menor sobrevida geral, o que está de acordo com vários estudos em neoplasias
hematológicas e outros tipos de câncer, mostrando que níveis mais altos de IL-10 influenciam
na sobrevida livre de evento do paciente e na sobrevida geral (BOHLEN et al., 2000; FAYAD
et al., 2001; ZHAO et al., 2015). A IL-10 é uma citocina pleiotrópica principalmente conhecida
pela sua função imunossupressora; age diminuindo a expressão de moléculas de superfície
(moléculas co-estimulatórias e de adesão) em células tumorais (DING et al., 1993), favorecendo
97
um comprometimento da imunovigilância e levando o tumor ao escape do reconhecimento
imunológico e do ataque (KEBELMANN-BETZING et al., 2001). Na LLA-T, o pior
prognóstico associado aos níveis elevados de IL-10 ao diagnóstico pareceu estar relacionado a
um intenso microambiente pró-inflamatório, com a presença de altos níveis de TNF e correlação
positiva entre TNF e IL-17. A coprodução de IL-17 e TNF por células Th17 no câncer (DUNNE
et al., 2016), e os seus efeitos sinérgicos na indução de IL-6 (RUDDY et al., 2004) têm sido
relatados. A IL-6 na presença da citocina TGF-β (não mensurada neste trabalho) está envolvida
na diferenciação da resposta imune de perfil Th17, no desenvolvimento tumoral e nos danos
aos tecidos (AWASTHI et al., 2009). Níveis elevados de IL-6 na medula óssea também foram
observados no presente estudo de LLA-T, entretanto, nenhuma correlação entre os níveis de
IL-6 e a sobrevida dos pacientes foi encontrada ao contrário de outros investigadores que
observaram uma sobrevida global menor em pacientes com LMA (SANCHEZ-CORREA et al.,
2013) e LLC que apresentavam níveis elevados de IL-6 (FAYAD et al., 2001).
Não houve diferenças significativas nos níveis de citocinas e de sHLA-G no grupo de
crianças com níveis elevados ou baixos de IL-10 ao diagnóstico; contudo, no grupo de pacientes
que apresentaram baixos níveis de IL-10 na medula ao diagnóstico, os níveis de IL17 foram
positivamente correlacionados aos de IL-2, um fator de crescimento de linfócitos. Por
conseguinte, as diferenças na sobrevivência pareceram estar relacionadas à intensidade de
expressão de IL-10 e à maneira que IL-17 influencia as alterações das citocinas no
microambiente do tumor. Semelhante ao relatado para leucemia mielóide aguda, as células
blásticas podem induzir células T produtoras de IL-10/IL-17, como uma estratégia de
imunossupressão da medula a favor da proliferação de blastos (MUSURACA et al., 2015).
Contudo, é esperado que IL-17 e IL-2 apresentem uma correlação inversa, uma vez que
o modulador alfa de elemento de resposta a AMP cíclico (CREMα) induz efeitos opostos sobre
ambas as citocinas dependendo do tipo celular. Assim, por regulação diferencial sobre a
metilação do promotor de IL-2 e IL-17, o CREMα induz uma elevada expressão de IL-17
associada à falha na expressão de IL-2 em células T CD4 de memória efetoras e IL-2 elevada
associada à supressão de IL-17 em células T CD4 naive e de memória central (HEDRICH et
al., 2012). Isto pode indicar que a citocina IL-2 foi produzida por outra célula e não a célula T
produtora de IL-17, na tentativa de superar a imunossupressão induzida por IL-10 e de diminuir
a influência da IL-17 na medula. O desequilíbrio da resposta imune Th17 e Th1 na medula
óssea mostrou estar associado com sobrevida na leucemia mieloide, ou seja, o aumento na
frequência das células Th1 foi associado com sobrevida prolongada, enquanto o aumento no
98
número de células Th17 foi preditor de prognóstico reservado, corroborando com nossa
observação (HAN et al., 2014).
Também ao diagnóstico, a mediana do nível de sHLA-G na medula óssea dos pacientes
com a contagem de leucócitos igual ou superior a 50.000/μL foi superior quando comparada a
dos pacientes com menos de 50.000/μL leucócitos (229,2 U/mL x 69,49 U/mL, P= 0,028). A
alta densidade de células na medula óssea, como esperado nesses pacientes com mais de
50.000/μL leucócitos em sangue periférico, pode favorecer hipóxia na medula, que pode mediar
a expressão do HLA-G por meio dos elementos de resposta à hipóxia no gene HLA-G
(CASTELLI et al., 2014; YAGHI et al., 2016). Isso pode representar um efeito benéfico in situ,
restringindo o crescimento celular, como sugerido pela correlação negativa entre sHLA-G e IL-
2 medulares, embora não tenha alcançado significância (P= 0,081).
Os níveis das citocinas pro-inflamatórias TNF e IL-6 na medula diminuíram
significantemente após a terapia de indução (D19), enquanto os níveis de IL-10 diminuíram
significativamente apenas após a fase de consolidação (D49). Isto pode ser devido aos blastos
da LLA, incluindo a LLA-T, que são capazes de produzir tanto IL-10 quanto seu receptor, IL-
10R, o que reforça os papéis imunossupressores parácrino e autócrino da IL-10 em LLA
(KEBELMANN-BETZING et al., 2001). Também têm sido reportadas alterações nos níveis
plasmáticos de IL-10 no sangue periférico de pacientes pediátricos durante o regime
terapêutico, mostrando uma diminuição gradual dos níveis de citocinas durante as fases de
quimioterapia, como relatado aqui (HIROKI et al., 2015).
No D49, após a fase de consolidação da quimioterapia, os níveis de IFN-γ na medula
óssea foram associados à taxa de sobrevida das crianças. O IFN-γ é conhecido pela sua função
citotóxica em células imunes infectadas e em células tumorais. As células T auxiliares do tipo
1 (Th1, linfócitos CD4+ e CD8+), mas também as células natural killer (NK) e natural killer T
(NKT) são os principais produtores desta citocina (SCHOENBORN; WILSON, 2007). Estudos
demonstraram um papel relevante do IFN-γ na leucemia, com efeitos antiproliferativos,
regulação da apoptose e equilíbrio na liberação de quimiocinas pró e antiangiogênicas em
células de leucemia mielóide aguda (ERSVAER et al., 2007), e sensibilização de células de
leucemia mieloide à morte celular programada (VARELA et al., 2001). No entanto, Regis et al.
(2009) demonstraram que o receptor de IFN-γ (IFN-γR) é regulado negativamente em células
T neoplásicas humanas, o que poderia levar à transdução ineficaz de sinais de citocinas e ao
prejuízo em seus efeitos.
Na LLA-T da infância, a sobrevida prolongada foi associada aos níveis de IFN-γ na
medula inferiores a 1,17 ng/mL, que evoluíram com níveis indetectáveis de IL-2, IL-4, IL-17 e
99
TNF em pelo menos metade dos pacientes, e correlação positiva dos níveis de IFN-y e TNF,
bem como dos níveis de IL-4 e IL-2 ou IL-17, sugerindo que o equilíbrio entre as células Th1
(IL-2), Th2 (IL-4) e Th17 (IL-17) é importante para a recuperação da medula.
Comparando os níveis de citocinas na medula óssea em pacientes com níveis de IFN-γ iguais
ou superiores a 1,17 ng/mL no D49 de quimioterapia com aqueles em pacientes que
apresentaram menores níveis de IFN-γ e tiveram sobrevida prolongada, foi observado um
aumento significante dos níveis de IL-2, IL-4 e IL-10 na medula óssea de crianças com pior
sobrevida. Neste caso, o modelo final de influência recíproca entre as moléculas revelou
correlações positivas significativas entre as citocinas IFN-y e IL-6, e também entre TNF e IL-
2; e uma correlação negativa entre IL-10 e sHLA-G, embora esta não tenha sido significativa
(P= 0,093). Esses achados sugerem um atraso na obtenção de homeostase imunológica na
medula óssea, mesmo não havendo diferença na detecção de blastos residuais mínimos (ponto
de corte de 0,01%) no D49 em qualquer um dos grupos que exibiram níveis de IFN-γ altos ou
baixos.
Em conclusão, na LLA-T pediátrica, os baixos níveis de IL-10 na medula óssea ao
diagnóstico foram associados à sobrevida prolongada; enquanto os níveis elevados de IFN-γ na
presença de desequilíbrio da resposta imune celular após a fase de consolidação da
quimioterapia estiveram associados a pior prognóstico. O papel de sHLA-G no estroma da
medula óssea em LLA-T não está claro, uma vez que seus níveis aparentemente não mudaram
do diagnóstico até a fase de consolidação; mais estudos são necessários para esclarecer se a
correlação negativa entre sHLA-G e IL-10 no D49 desempenha ou não um papel na recuperação
da medula óssea.
5.2 O papel de polimorfismos em genes de citocinas e de HLA-G na ocorrência de LLA-T
Como observado no presente estudo, diferentes citocinas apresentaram alterações em
seus níveis durante o curso do tratamento, mas também em sangue periférico de pacientes com
LLA-T em relação a controles saudáveis. Ainda, os níveis de IL-10 e IFN-γ foram associados
à sobrevida geral dos pacientes. Diante disso, considerando que a produção de moléculas
imunológicas está sob controle genético, foram avaliados polimorfismos em regiões
regulatórias dos genes IL10, IFNG, TNF e HLA-G, que influenciam a produção das respectivas
moléculas, a fim de verificar a associação com susceptibilidade à LLA-T, com óbito e sobrevida
geral dos pacientes.
100
Os polimorfismos -819 C/T (rs1800871) e -1082 G/A (rs1800896) localizados no
promotor de IL10 não apresentaram associação com risco de desenvolver LLA-T, mostrando
que apesar dos níveis de IL-10 serem maiores na doença em relação aos controles estes
polimorfismos não representam um fator importante na susceptibilidade à LLA-T.
O polimorfismo -1082 G/A também não exibiu associação com óbito e sobrevida geral
dos pacientes, mesmo quando os genótipos de alta e média produção -1082 GG e GA foram
combinados e comparados ao genótipo de baixa produção AA, sugerindo que esta variação
também não apresenta efeito no desfecho clínico dos pacientes com LLA-T.
Estes resultados estão de acordo com os dados reportados por Hiroki et al. (2015) que
também não observaram associação do SNP -1082 G/A com susceptibilidade à LLA infantil, e
por Talaat et al. (2014) que não constataram associação do polimorfismo com a susceptibilidade
ao linfoma difuso de grandes células B, outro tipo de neoplasia hematológica.
Diferentemente, outros autores conseguiram associar o polimorfismo rs1800896 a
alguma variável clínica de leucemia (DE DEUS et al., 2012; HIROKI et al., 2015; LAUTEN et
al., 2002; OVSEPYAN et al., 2015).
Ovsepyan et al. (2015) descreveram uma associação do genótipo AA com maior
incidência de estágios mais avançados de leucemia linfocítica crônica em adultos (estágios
Binet B e C).
Lauten et al. (2002) mostraram que o genótipo GG em crianças com LLA apresentava
efeito protetor contra uma má resposta a prednisona, um dos fármacos utilizados na
quimioterapia.
Já Hiroki et al. (2015), revelaram uma forte associação do polimorfismo com risco de
óbito, mostrando que o percentual de óbitos foi maior naqueles pacientes com genótipo GG,
considerado de alta produção de IL-10.
Por último, De Deus et al. (2012) correlacionaram o SNP -1082 G/A com sobrevida em
LLA pediátrica, em que os pacientes com genótipo AA apresentaram pior sobrevida (44%) do
que aqueles com genótipos AG e GG cuja sobrevida foi 69% (censura até 126 meses). O
polimorfismo também exibiu associação com sobrevida quando em combinação com o sítio -
308 G/A no gene TNF, mostrando que pacientes com IL10AA + TNFAA apresentaram menor
sobrevida (38%) versus pacientes com IL10GG + TNFGA (75%).
Apesar de não ter atingido significância, nosso estudo mostrou que pacientes com
genótipos IL10AA + TNFGG, relacionados a baixa produção em ambas citocinas, apresentaram
pior sobrevida (61,9%) em relação àqueles com outras combinações (IL10[GG+GA] + TNF
[AA+GA], 66,7%; IL10(GG+GA) + TNFGG, 68,4%; IL10AA + TNFGA, 100% de sobrevida).
101
Isso sugere que a combinação de IL10 com TNF pode ser importante na sobrevida geral
dos pacientes e a presença de genótipos de baixa e alta produção de IL-10 e TNF,
respectivamente, parecem desempenhar um papel no desfecho clínico da LLA-T.
Em combinação com IFNG +874 T/A, o SNP IL10 -1082 G/A também não apresentou
associação com sobrevida geral em LLA-T, embora os pacientes com genótipos IL10AA +
IFNGAA tenham apresentado menor sobrevida (50%) do que aqueles com outras combinações
(55,6%-87,5%).
Em relação à análise de haplótipos, nenhuma das três combinações de alelos observadas
apresentou associação com a doença, com óbito ou leucocitose ao diagnóstico. Entretanto,
apesar de não ter atingido significância, o haplótipo IL10 -1082 A/-819 T apresentou discreta
redução em LLA-T (0,284) em relação aos controles (0,366; P= 0,166). Em adição, o mesmo
haplótipo exibiu frequência diminuída no grupo de pacientes com contagem de leucócitos acima
de 50.000/mm3 (P= 0,181).
A falta de significância dos resultados pode estar relacionada ao tamanho da amostra,
entretanto, como a LLA-T é uma doença rara, seriam necessários mais anos de estudo para uma
avaliação com tamanho amostral maior. É importante esclarecer se os haplótipos desempenham
um papel importante na manifestação clínica da doença e se em um grupo maior de pacientes o
gene IL10 continua sem associação com a doença e desfecho clínico.
O polimorfismo +874 T/A (rs2430561) localizado no íntron 1 de IFNG tem sido
associado à produção de diferentes níveis de IFN-γ, com os genótipos TT, TA e AA
correlacionados à alta, média e baixa produção, respectivamente (PRAVICA et al., 2000). No
presente estudo, a análise desta variação não revelou associação dos alelos e genótipos com a
susceptibilidade para LLA-T. As frequências alélicas e genotípicas foram semelhantes entre
LLA-T e o grupo controle, sugerindo que o polimorfismo não representa um fator importante
no risco de desenvolver LLA-T.
Além disso, o polimorfismo +874 T/A também não apresentou associação com óbito
quando os genótipos TT e TA foram combinados e comparados ao genótipo AA, demostrando
que este SNP não deve exercer um papel importante no desfecho clínico da LLA-T.
Em relação à sobrevida geral, quando os três genótipos foram avaliados, os pacientes
portadores de AA apresentaram maior sobrevida do que aqueles com genótipo TA ou TT,
embora a análise não tenha atingido significância. A maior sobrevida geral em pacientes com
genótipo baixo produtor se contradiz com o papel do IFN-γ no câncer, que em maiores níveis
aumenta a resposta imune anti-tumoral (URBANOWICZ et al., 2010; ZAIDI; MERLINO,
2011). Mesmo quando pacientes com genótipos TT e TA foram combinados e comparados
102
àquele com AA, a sobrevida geral não foi estatisticamente diferente, mostrando que o
polimorfismo +874 T/A não está associado com o tempo de vida dos pacientes após
diagnóstico.
Esses dados sugerem que a variação +874 T/A parece não estar relacionada a diferenças
na produção da citocina em LLA-T, entretanto, é necessário correlacionar os níveis da proteína
com cada genótipo para uma maior avaliação.
Diferentemente, foi relatada uma associação dos genótipos AA e AT com
susceptibilidade à leucemia linfocítica crônica de células B (LLC-B) em indivíduos poloneses
(URBANOWICZ et al., 2010). Em outro estudo, Dwivedi et al. (2013) mostraram uma
associação dos TT e AT com o ínicio de vitiligo generalizado, sugerindo o efeito do alelo T no
início precoce da doença.
A literatura também tem reportado ausência de associação deste polimorfismo com o
risco de desenvolver LLA infantil (WINKLER et al., 2015), como também doenças
cardiovasculares em artrite reumatoide (GARCÍA-BERMÚDEZ et al., 2012), evidenciando que
o polimorfismo não está relacionado com susceptibilidade nas populações estudadas.
Como os níveis de IFN-γ não apresentaram diferenças na LLA-T ao diagnóstico em
relação aos controles e o polimorfismo IFNG +874 T/A não apresentou associação com
susceptibilidade à doença, o gene IFNG deve ter um pequeno papel no risco de
desenvolvimento desta leucemia, mas pode estar relacionado à resposta ao tratamento
quimioterápico, como reportado por Cloppenborg et al. (2004).
Em relação aos polimorfismos -1031 T/C, -863 C/A, -857 C/T, -308 G/A (rs1800629)
e -238 G/A na região promotora do gene TNF, nenhum deles apresentou associação de alelos
ou genótipos com a susceptibilidade à LLA-T, sugerindo que tais variações não representam
um fator importante no risco de desenvolver LLA-T.
Considerando que os genótipos GG, GA e AA do sítio -308 G/A estão correlacionados
à baixa, média e alta produção de TNF, foi realizada uma combinação dos pacientes portadores
de AA e GA para avaliação de associação com óbito em relação àqueles com genótipo GG. O
polimorfismo TNF -308 G/A também não apresentou associação com óbito nos pacientes com
LLA-T, mostrando que esse sítio não deve exercer um papel fundamental no desfecho clínico
da LLA-T.
Em adição, o sítio TNF -308 G/A não apresentou associação com sobrevida geral dos
pacientes, mesmo quando os genótipos AA e GA foram combinados, sugerindo que esta
variação genética pode não apresentar uma função relevante no prognóstico do paciente.
103
Diferentemente do presente estudo, De Deus et al. (2012) observaram uma associação
de TNF -308 G/A com sobrevida em LLA pediátrica, porém a associação foi significante
quando em combinação com o polimorfismo IL10 -1082 G/A. Aqueles pacientes com genótipos
IL10AA + TNFAA apresentaram menor sobrevida geral (38%), enquanto aqueles com
genótipos IL10GG +TNFAG, maior sobrevida (75%). Neste estudo, a maioria dos pacientes
apresentavam LLA de células B, cujo componente genético é diferente da LLA-T.
Isso poderia explicar as diferenças encontradas em relação ao nosso estudo, sugerindo
que os efeitos dos polimorfismos de TNF em LLA-T podem ser distintos dos em LLA-B. Em
adição, no presente estudo o sítio polimórfico TNF -308 G/A também foi avaliado em
combinação com IL10 -1082 G/A em relação à sobrevida geral, porém a associação não foi
significante. Ao contrário de De Deus et al. (2012), foram consideradas 4 tipos de combinação:
IL10AA + TNFGA; IL10(GG+GA) + TNFGG; IL10(GG+GA) + TNF (GA+AA) e IL10AA +
TNFGG, que correspondem a combinações de genótipos de acordo com o potencial de
produção das citocinas.
Em outro estudo com LLA da infância, o alelo A do SNP TNF -308 G/A foi associado
a um maior risco de recaída em LLA-B, porém à proteção em LLA-T que exibiu menor
incidência de recidiva (FRANCA et al., 2014).
Outros autores (LAUTEN et al, 2002) também associaram o mesmo polimorfismo com
recaída em LLA infantil, onde os pacientes com genótipo GA (em adição a um fator de risco
para fraca resposta ao tratamento) apresentaram maior risco de recaída comparados àqueles
com genótipo GG.
Esses trabalhos mostram como os estudos de associação de polimorfismos no promotor
de TNF com susceptibilidade à LLA e suas variáveis clínicas são bastante variáveis. Além disso,
as consequências funcionais do sítio TNF -308 G/A nos níveis da proteína também não são
claras.
Em um estudo funcional e de meta-análise sobre o papel de polimorfismos no promotor
de TNF, foi revelada ausência de associação dos SNPs -857 C/T, -308 G/A, -238 G/A e
diferentes haplótipos (GGC/GGC e outros) com a produção de TNF (MEKINIAN et al., 2011).
A ausência de associação dos polimorfismos no promotor de TNF com a
susceptibilidade a LLA-T e variáveis clínicas podem ser devido ao tamanho da amostra
avaliada, sendo necessários mais estudos com maior número amostral para replicação dos
dados.
Por outro lado, os polimorfismos estudados podem exercer individualmente um pequeno
efeito na susceptibilidade à LLA-T e no risco de óbito, e por isso não apresentaram associação.
104
Os dados sugerem que essas variações podem não exercer grande influência na produção
diferencial de TNF, embora seja necessário confirmar correlacionando-se os níveis da proteína
com cada genótipo em cada sítio de variação avaliado.
Apesar dos SNPs não terem sido associados à doença, a análise de haplótipos revelou
um discreto aumento do haplótipo -1031T/-863C/-857C/-308A/-238G em LLA-T, com uma
tendência para associação desta combinação de alelos com a susceptibilidade à doença (P=
0,073; OR= 2,00). Este haplótipo apresenta o alelo A na posição -308, que está relacionado a
uma maior ativação transcricional do gene e consequentemente maior produção da citocina
(PERREY et al., 1998; WILSON et al., 1997), entretanto exibe o alelo T na posição -1031 e
alelo C nas posições -857 e -863, relacionados a menor atividade transcricional do promotor de
TNF (HIGUCHI et al., 1998). Desta forma, não está claro como esse haplótipo exerce efeito na
patogênese da leucemia, entretanto, é interessante notar que o gene TNF está localizado na
região do HLA que apresenta forte desequilíbrio de ligação e diversos outros genes
inflamatórios adjacentes, o que poderia influenciar na associação do gene à doença (HORTON
et al., 2004; ROSELLI et al., 2013).
Além disso, no presente estudo foi observada uma forte associação do haplótipo -
1031T/-863C/-857C/-308G/-238G com óbito em pacientes com LLA-T (P= 0,022; OR= 2,76),
com a frequência desta combinação maior no grupo de pacientes que foi a óbito. Este haplótipo
está relacionado a menor produção de TNF, o que poderia explicar sua associação, já que TNF
exerce um importante papel na resposta anti-tumoral com atividade citotóxica (TIAN; WANG;
MA, 2014).
Em relação ao gene HLA-G, os resultados mostraram que nenhum dos 8 sítios
polimórficos na 3’UTR estão associados com o risco de desenvolver LLA-T. Levando em
consideração que os níveis de sHLA-G também não foram diferentes dos controles, os dados
sugerem que HLA-G não representa um fator essencial no desenvolvimento da doença.
Em um estudo com leucemia mieloide aguda (LMA) em adultos, Locafaro et al. (2014)
também não observaram associação de polimorfismos na 3’UTR de HLA-G com a
susceptibilidade à doença. Por outro lado, os autores encontraram associação do haplótipo
UTR-3 (14 bp Del, +3003T, +3010C, +3027C, +3035C, +3142G, +3187A e +3196C) com o
risco de desenvolver LMA.
Em outro estudo, Rizzo et al. (2014) demonstraram que o polimorfismo 14pb Del/Ins
em HLA-G está associado com a sobrevida geral em pacientes com LLC e os pacientes com
genótipo del/del exibiram menor sobrevida do que aqueles com genótipos ins/del ou ins/ins.
105
No presente trabalho, a análise de haplótipos também não revelou associação com a
LLA-T e com variáveis clínicas como óbito e leucócitos, corroborando com os dados
genotípicos e mostrando que HLA-G não representa um fator relevante na patogênese e
desfecho clínico desta doença.
Os estudos de associação de polimorfismos na 3’UTR de HLA-G com câncer são
realizados em sua maioria em tumores sólidos, sendo muito pouco avaliado em leucemias. O
presente estudo é o primeiro a correlacionar polimorfismos na 3’UTR com a susceptibilidade à
LLA-T da infância. Embora os dados tenham revelado ausência de associação com a doença,
mais estudos com uma coorte maior são necessários para replicar esses achados e também
verificar a associação de haplótipos com outras variáveis clínicas da LLA-T.
5.3 Perfil de expressão de miRNAs em leucemia linfoblástica aguda da infância: diferentes
regulações entre LLA-T e LLA-B
Neste estudo, foram utilizadas células mononucleares da medula óssea de pacientes com
LLA-T e LLA-B para a comparação dos perfis de expressão de miRNAs entre as duas doenças,
uma vez que a medula óssea é o foco principal de desregulação celular e imunológica nas
leucemias. Além disso, a literatura tem demonstrado que os miRNAs são moléculas
sucientemente informativas na diferenciação de tumores humanos (LU et al., 2005), incluindo
as leucemias agudas infantis (LU et al., 2005; MARCUCCI et al., 2010; SCHOTTE et al., 2009,
2011).
É importante enfatizar que o componente mononuclear de cada leucemia avaliada
apresentou um percentual de blastos (células transformadas) acima de 70, mostrando que a
maior população de células presentes nas amostras estudadas foi a tumoral. Isso garantiu que
os perfis de expressão de miRNAs determinados fossem característicos dos subtipos de câncer
estudados.
O presente estudo é o primeiro a avaliar o perfil global de expressão de miRNAs em
crianças com LLA-T e LLA-B do estado de Pernambuco referidos ao Hospital IMIP, um centro
de referência no tratamento de leucemias pediátricas do Recife. Embora o tamanho amostral
seja pequeno, esses pacientes representam o perfil de leucemias agudas de Pernambuco e
também do Nordeste do Brasil.
Pelo sequenciamento de nova geração de miRNAs de células leucêmicas dos subtipos
T (ETP, Pré-T, T-cortical e T-madura) e B (Pré-pré-B e pré-B), foram identificados 77 miRNAs
106
diferencialmente expressos, destacando-se 11 miRNAs com FDR ≤ 4x10-5 que foram
selecionados para estudo neste trabalho. Destes 11 miRNAs, 10 deles (hsa-miR-708-5p, hsa-
miR-708-3p, hsa-miR-497-5p, hsa-miR-455-3p, hsa-miR-151a-5p, hsa-miR-151a-3p, hsa-
miR-151b (precursor hsa-mir-151a), hsa-miR-151b (precursor hsa-mir-151b), hsa-miR-371b-
5p e hsa-miR-195-5p) apresentaram subexpressão em LLA-T (ou supererexpressão em LLA-
B), e 1 deles (hsa-miR-629-3p), superexpressão em LLA-T (subexpressão em LLA-B).
Vários miRNAs dos 10 distintos acima mencionados já foram reportados em leucemias
agudas pediátricas ou cânceres hematológicos, incluindo miR-708-5p (anterior miR-708), miR-
151a-5p (anterior miR-151-5p), miR-195-5p (anterior miR-195) e miR-497-5p (anterior miR-
497).
Schotte et al. (2009) avaliaram a expressão de miRNAs em leucemia linfoblástica aguda
da infância por clonagem e PCR em tempo real, e revelaram uma série de miRNAs
diferencialmente expressos em diversos subtipos genéticos de LLA-B (rearranjo do MLL;
fusões TEL-AML, BCR-ABL ou E2A-PBX; hiperdiplóide), em LLA-T e células da medula óssea
CD34+ (marcador de célula-tronco hematopoiética), entre eles miR-151a-5p e miR-708-5p.
miR-151a-5p apresentou superexpressão em células de LLA-B comparado à células
CD34+ normais, mostrando ser um miRNA relacionado à LLA-B sem as alterações genéticas
citadas. Já o miR-708-5p apresentou expressão aumentada tanto em LLA-B com alteração de
MLL quanto em LLA-B sem alterações genéticas (designado como B-other) em relação às
células CD34+. Em LLA-T, apresentou superexpressão comparada a células CD34+, mas não
tão evidente quantos os subtipos genéticos de LLA-B.
Em outro estudo, utilizando PCR em tempo real, miR-151a-5p apresentou expressão
reduzida (48 vezes menos) em LLA-T comparado à LLA-B (pré-B) (SCHOTTE et al., 2011),
o que corrobora com nossos dados e sugere que miR-151a-5p deve estar envolvido com a
linhagem linfóide, uma vez que também apresentou expressão em LLA-T como mencionado
anteriormente. Entretanto, miR-151a-5p parece estar mais relacionado à linhagem B ausente de
alterações genéticas.
MiR-151a-5p é um miRNA cuja sequência é igual a do miR-151b, diferindo apenas em
três nucleotídeos que não estão presentes em miR-151b, que por sua vez o torna menor. Dessa
forma, na literatura, as duas moléculas foram consideradas como mesmo miRNA (NOREN
HOOTEN et al., 2013), fazem parte da mesma família de miRNAs (miR-28) e apresentam
mesma sequência seed, atuando assim nos mesmos genes alvo (semelhante predição
computacional de alvos).
107
Em relação à miR-708-5p, Schotte et al. (2011) mostraram que o miRNA está
hipoexpresso em LLA-T em relação à LLA-B, assim como descrito no presente estudo, embora
o fold change tenha sido diferente (3.884 versus 286 (valor absoluto)).
A regulação negativa de miR-708-5p também foi observada em crianças com LLA-T
(medula óssea) de Ribeirão Preto, estado de São Paulo. A expressão desse miRNA estava
diminuída em relação à LLA-B (Pré-B), e interessantemente, em relação à MO normal
(OLIVEIRA et al., 2015), sugerindo que miR-708-5p deve ser característico de LLA-B, mas
pode ser expresso pela MO normal.
Outro miRNA relacionado à leucemia foi o miR-195-5p, descrito com alta expressão no
sangue periférico de adultos com leucemia linfocítica de células B (LLC-B) em relação a células
CD19+ normais (ZANETTE et al., 2007). De acordo com o miRBase v.21 (KOZOMARA;
GRIFFITHS-JONES, 2014), este miRNA está em cluster com miR-497-5p no cromossomo 17
e apresenta modulação semelhante (subexpressão em LLA-T versus LLA-B) ao seu parceiro
miR-195-5p. Isto é esperado de miRNAs em cluster, uma vez que eles devem sofrer mesma
regulação transcricional devido à localização cromossômica (WINTER et al., 2009). miR-497-
5p teve sua expressão associada a uma melhor sobrevida geral em pacientes com linfoma difuso
de grandes células B, estando relacionado a um aumento na sensibilidade destes pacientes à
quimioterapia (TROPPAN et al., 2011).
Considerando nossos achados e os estudos acima citados, pode-se sugerir que miR-708-
5p, miR-151a-5p, miR-195-5p e miR-497-5p são miRNAs preferencialmente expressos na
linhagem B neoplásica e podem ser utilizados para diferenciar este tipo celular da linhagem T
maligna.
Outro miRNA subexpresso em LLA-T no estudo foi miR-371b-5p que ainda não havia
sido reportado em leucemias. Diferentemente, este miRNA foi relacionado ao câncer de
pâncreas, facilitando a proliferação celular e diminuindo a sobrevida dos pacientes (HE et al.,
2014), e também a condrossarcoma (MUTLU et al., 2015).
Dos 10 miRNAs descritos neste trabalho, o único com expressão aumentada em LLA-T foi
miR-629-3p que, embora não tenha sido relacionado à leucemia por outros autores, tem sido
descrito como preditor de câncer gástrico (SHIN et al., 2015) e preditor de prognóstico de
pacientes com glioblastoma tratados com temozolomida (HUI-YUAN et al., 2014). Apesar
disso, o miR-629-5p, codificado pelo mesmo precursor miR-629, mas com diferentes mRNAs
alvo, teve sua expressão associada a diferentes neoplasias hematológicas (DI LISIO et al., 2012;
SCHOTTE et al., 2011).
Em relação à clusterização hierárquica baseada na expressão dos 11 miRNAs (de acordo
108
com o precursor), foi possível separar os pacientes em dois grandes grupos (LLA-T e LLA-B),
com exceção de dois pacientes: um com LLA-B (L13) que agrupou com a linhagem T, e um
com LLA-T (L20) que agrupou com a maior parte dos pacientes LLA-B. O paciente L13
apresenta leucemia do tipo pré-B e foi agrupado com pacientes com leucemia do tipo T madura,
Pré-T, ETP e T-cortical, respectivamente, todas com estágio de maturação diferente.
Similarmente, o paciente L20 (leucemia T madura) mostrou agrupamento com leucemia do tipo
pré-pré-B e pré-B, ou seja, diferentes imunofenótipos de LLA-B. É importante notar que na
LLA-B, o subtipo pré-pré-B é considerado uma linhagem bastante imatura, caracterizada pela
negatividade para CD10 e IgM citoplasmática e de superfície; enquanto, a pré-B é mais
diferenciada que a anterior e caracterizada pela expressão de CD10 e IgM citoplasmática
(BEHM, 2003).
Dessa forma, os dados mostram que os miRNAs estudados parecem não estar
relacionados ao estágio de diferenciação das leucemias, mas sim aos subtipos linfoides B e T.
Entretanto, uma avaliação com maior número de amostras é necessário para confirmação e
também para investigação da relação dos miRNAs com diferentes subtipos genéticos de cada
LLA.
Para conhecer mais sobre o papel dos miRNAs estudados, foi realizada uma análise de
vias biológicas relacionadas aos genes alvos destas moléculas, entretanto, foi considerado
separadamente os alvos de miRNAs reprimidos em LLA-T e o induzido na doença. Foram
descritas 97 e 88 vias enriquecidas para os alvos de miRNAs sub- e superexpressos,
respectivamente, sendo 69 delas comuns aos dois grupos, como hsa05200:Pathways in cancer,
hsa04151:PI3K-Akt signaling pathway, hsa04144:Endocytosis, hsa04010:MAPK signaling
pathway, hsa05166:HTLV-I infection, hsa04014:Ras signaling pathway, etc, sendo a maioria
relacionada à sinalização celular. Isso mostra que, possivelmente, diferentes genes codificantes
de proteínas de uma mesma via biológica apresentam uma expressão reduzida ou aumentada, e
dependendo de sua função, podem estar contribuindo para um desequilíbrio nos processos
celulares normais característicos da linhagem T, além de colaborar com a desregulação de redes
de interação entre várias vias do sistema imune.
Interessantemente, algumas vias foram únicas para cada grupo de genes alvo analisados,
apresentando enriquecimento funcional no grupo de miRNAs reprimidos ou induzidos em
LLA-T. Na anotação funcional de genes que podem interagir como miR-629-3p, 19 vias
biológicas foram exclusivas, entre elas hsa04064:NF-kappa B signaling pathway,
hsa04210:Apoptosis, hsa04670:Leukocyte transendothelial migration e hsa04520:Adherens
junction. Por outro lado, na análise dos genes relacionados aos miRNAs subexpressos na LLA-
109
T, 28 vias foram exclusivas, destacando-se hsa01100:Metabolic pathways,
hsa04062:Chemokine signaling pathway, hsa04115:p53 signaling pathway e hsa04330:Notch
signaling pathway. Essas vias podem estar com atividade diferente e/ou alterada na linhagem
T devido à expressão dos genes relacionados, considerando que são alvos dos miRNAs
estudados. Essa observação é mais evidente na via hsa04330:Notch signaling pathway,
extremamente importante no comprometimento da linhagem linfoide T e no desenvolvimento
da LLA-T (BELVER; FERRANDO, 2016), embora não tenha apresentado alta significância
estatística (P= 0,054) como as outras.
Pelo conhecimento do mecanismo de interação miRNA-mRNA e seu efeito biológico,
os genes alvo do miRNAs induzido (miR-629-3p) devem apresentar baixa expressão protéica,
e, consequentemente, menor atividade nas vias relacionadas; já aqueles alvos dos miRNAs
reprimidos, alta expressão de suas respectivas proteínas, e portanto, maior atividade das
processos biológicos associados. Entretanto, para confirmação destas hipóteses, seria
necessário validar a interação miRNA-mRNA e avaliar o nível das proteínas de interesse, a fim
de conhecer melhor o papel destas moléculas na função da célula.
110
6 CONCLUSÕES
a) Não foram observadas diferenças significativas entre os níveis de citocinas e HLA-G
solúvel em pacientes com LLA-T infantil em relação aos controles;
b) Ao analisar os tempos de tratamento para avaliação do efeito da terapia, observou-se
diminuição progressiva dos níveis de IL-10, IL-6 e TNF ao longo do tratamento;
c) O aumento nos níveis de IL-10 ao diagnóstico e de IFN-γ no dia 49 da terapia de
consolidação foi relacionado com pior prognóstico (menor sobrevida geral);
d) Níveis mais elevados de HLA-G solúvel foram observados em pacientes com
leucocitose antes do início da terapia, porém não houve influência na resposta destes
pacientes durante o tratamento;
e) Apesar da associação entre o haplótipo -1031T/-863C/-857C/-308G/-238G da região
promotora de TNF com o óbito, os polimorfismos genéticos analisados nos genes HLA-
G, IL10, TNF e IFNG não exerceram influência na susceptibilidade à LLA-T e não
foram associados com outras variáveis clínicas dos pacientes;
f) Dez miRNAs foram identificados diferencialmente expressos entre LLA-T e LLA-B,
sendo nove subexpressos e um superexpresso em LLA-T. Estes miRNAs estão
envolvidos em sessenta e nove vias biológicas, incluindo aquelas relacionadas à câncer
e sistema imune, podendo influenciar direta ou indiretamente o desenvolvimento da
LLA-T ou serem determinantes para o acometimento neoplásico da linhagem T.
111
7 PERSPECTIVAS
O sequenciamento de nova geração realizado para avaliação do perfil de expressão de
microRNAs nas leucemias linfoblásticas agudas de células T e B gerou uma grande quantidade
de dados, sendo os resultados apresentados nesta tese referentes às análises iniciais necessárias
para o conhecimento dos microRNAs diferencialmente expressos entre as duas doenças e as
possíveis vias biológicas envolvidas nessas diferenças. A partir destes dados, é fundamental
realizar uma seleção dos microRNAs diferencialmente expressos de interesse e possíveis genes
alvo para validação funcional. Adicionalmente, outras análises de bioinformática são
necessárias para aprofundar o conhecimento acerca do papel dos microRNAs na determinação
destes tipos de leucemia. Essas atividades serão realizadas no âmbito do projeto de Pós-
Doutorado da aluna Renata dos Santos Almeida.
112
REFERÊNCIAS
ABDUL-HAMID, G. Classification of acute leukemia. In: ANTICA, M. (Org.). Acute
leukemia: the scientist’s perspective and challenge. Rijeka: InTech, 2013a. cap. 1. Disponível
em: <http://www.intechopen.com/books/acute-leukemia-the-scientist-s-perspective-and-
challenge/classification-of-acute-leukemia>. Acesso em: 20 jan. 2017.
ABDUL-HAMID, G. Acute leukemia clinical presentation. In: ANTICA, M. (Org.). Acute
leukemia: the scientist’s perspective and challenge. Rijeka: InTech, 2013b. cap. 3. Disponível
em: <http://www.intechopen.com/books/leukemia/acute-leukemia-clinical-presentation>.
Acesso em: 20 jan. 2017.
AIFANTIS, I.; RAETZ, E.; BUONAMICI, S. Molecular pathogenesis of T-cell leukaemia
and lymphoma. Nature Reviews Immunology, London, v. 8, n. 5, p. 380, 390, 2008.
ANDREWS, S. FastQC: a quality control tool for high throughput sequence data. Cambridge:
2010. Disponível em: <http://www.bioinformatics.babraham.ac.uk/projects/fastqc/>. Acesso
em: 2 maio 2015.
ARBER, D. A. et al. The 2016 revision to the World Health Organization classification of
myeloid neoplasms and acute leukemia. Blood, Washington, v. 127, n. 20, p. 2391-2405,
2016.
ARICÒ, M. et al. Good steroid response in vivo predicts a favorable outcome in children with
T-cell acute lymphoblastic leukemia. The Associazione Italiana Ematologia Oncologia
Pediatrica (AIEOP). Cancer, New York, v. 75, n. 7, p. 1684-1693, 1995.
AYALA, F. et al. Contribution of bone microenvironment to leukemogenesis and leukemia
progression. Leukemia, London, v. 23, n. 12, p. 2233-2241, 2009.
AWASTHI, A.; KUCHROO, V. K. Th17 cells: from precursors to players in inflammation
and infection. International Immunology, Oxford, v. 21, n. 5, p. 489–498, 2009.
BAKKER, E. et al. The role of microenvironment and immunity in drug response in
leukemia. Biochimica et Biophysica Acta, Amsterdam, v. 1863, n. 414–426, 2016.
BALLERINI, P. et al. HOX11L2 expression defines a clinical subtype of pediatric T-ALL
associated with poor prognosis. Blood, Washington, v. 100, n. 3, p. 991-997, 2002.
BARAKONYI, A. et al. Recognition of nonclassical HLA class I antigens by gamma delta T
cells during pregnancy. Journal of Immunology, Baltimore, v. 168, n. 6, p. 2683, 2002.
BARTEL, D. P. MicroRNAs: genomics, biogenesis, mechanism, and function. Cell,
Cambridge, v. 116, n. 2, p. 281-297, 2004.
BATEMAN, C. M. et al. Evolutionary trajectories of hyperdiploid ALL in monozygotic
twins. Leukemia, London, v. 29, n. 1, p. 58-65, 2015.
113
BAVAMIAN, S. et al. Dysregulation of miR-34a links neuronal development to genetic risk
factors for bipolar disorder. Molecular Psychiatry, Houndmills, v. 20, n. 5, p. 573-584, 2015.
BEHM, D. G. Classification of Acute Leukemias. In: PUI, C. H. (Org.). Treatment of acute
leukemias: new directions for clinical research. New Jersey: Humana Press, 2003. p. 43-58.
BELVER, L.; FERRANDO, A. The genetics and mechanisms of T cell acute lymphoblastic
leukaemia. Nature Reviews Cancer, London, v. 16, n. 8, p. 497-507, 2016.
BENE, M. C. et al. Proposals for the immunological classification of acute leukemias.
European Group for the Immunological Characterization of Leukemias (EGIL). Leukemia,
London, v. 9, n. 10, p. 1783-1786, 1995.
BENNETT, J. M. et al. Proposals for the classification of the acute leukaemias. French-
American-British (FAB) co-operative group. British Journal of Haematology, Oxford, v.
33, n. 4, p. 451-458, 1976.
BENNETT, J. M. et al. Proposed revised criteria for the classification of acute myeloid
leukemia. A report of the French-American-British Cooperative Group. Annals of Internal
Medicine, Philadelphia, v. 103, n. 4, p. 620-625, 1985.
BERGER, R. t(5;14)(q35;q32). Atlas of Genetics and Cytogenetics in Oncology and
Haematology, Poitiers, v. 6, n. 4, p. 293-294, 2002.
BERNARD, O. A. et al. A new recurrent and specific cryptic translocation, t(5;14)(q35;q32),
is associated with expression of the Hox11L2 gene in T acute lymphoblastic leukemia.
Leukemia, London, v. 15, n. 10, p. 1495-1504, 2011.
BI, L. et al. Increased Th17 cells and IL-17A exist in patients with B cell acute lymphoblastic
leukemia and promote proliferation and resistance to daunorubicin through activation of Akt
signaling. Journal of Translational Medicine, London, v. 14, n. 1, p. 132, 2016.
BOECHAT, A. L. et al. The influence of a TNF gene polymorphism on the severity of
rheumatoid arthritis in the Brazilian Amazon. Cytokine, Philadelphia, v. 61, n. 2, p. 406-412,
2013.
BOHLEN, H. et al. Poor clinical outcome of patients with Hodgkin's disease and elevated
interleukin-10 serum levels. Clinical significance of interleukin-10 serum levels for Hodgkin's
disease. Annals of Hematology, Berlin, v. 79, n. 3, p. 110-113, 2000.
BUFFLER, P. A. et al. Environmental and genetic risk factors for childhood leucemia:
appraising the evidence. Cancer Investigation, New York, v. 23, n. 1, p. 60-75, 2005.
BUKUR, J. et al. Functional role of human leukocyte antigen-G up-regulation in renal cell
carcinoma. Cancer Research, Baltimore, v. 63, n. 14, p. 4107-4111, 2003.
CALIN, G. A. et al. Frequent deletions and down-regulation of micro- RNA genes miR15 and
miR16 at 13q14 in chronic lymphocytic leukemia. Proceeding of the National Academy of
Sciences of the United States of America, Washington, v. 99, n. 24, p.15524-15529, 2002.
114
CAMPANA, D.; COUSTAN-SMITH, E. Detection of minimal residual disease in acute
leukemia by flow cytometry. Cytometry, New York, v. 38, n. 4, p. 139-152, 1999.
CAROSELLA, E. D. et al. Beyond the increasing complexity of the immunomodulatory
HLA-G molecule. Blood, Washington, v. 111, n. 10, p. 4862-4870, 2008.
CAROSELLA, E. D. The tolerogenic molecule HLA-G. Immunology Letters, Amsterdam,
v. 138, n. 1, p. 22-24, 2011.
CASTELLI, E. C. et al. The genetic structure of 3'untranslated region of the HLA-G gene:
polymorphisms and haplotypes. Genes and Immunity, Houndmills, v. 11, n. 2, p. 134-141,
2010.
CASTELLI, E. C. et al. In silico analysis of microRNAS targeting the HLA-G 3' untranslated
region alleles and haplotypes. Human Immunology, New York, v. 70, n. 12, p. 1020-1025,
2009.
CASTELLI, E. C. et al. Transcriptional and posttranscriptional regulations of the HLA-G
gene. Journal of Immunology Research, Cairo, v. 2014, p. 734068, 2014.
CAVÉ, H. et al. Clinical significance of HOX11L2 expression linked to t(5;14)(q35;q32), of
HOX11 expression, and of SIL-TAL fusion in childhood T-cell malignancies: results of
EORTC studies 58881 and 58951. Blood, Washington, v. 103, n. 2, p. 442-450, 2004.
CLOPPENBORG, T. et al. Immunosurveillance of childhood ALL: polymorphic interferon-
gamma alleles are associated with age at diagnosis and clinical risk groups. Leukemia,
London, v. 19, n. 1, p. 44-48, 2005.
COOPER, S. L.; BROWN, P. A. Treatment of pediatric acute lymphoblastic leukemia.
Pediatric Clinics of North America, Philadelphia, v. 62, n. 1, p. 61-73, 2015.
COUSTAN-SMITH, E. et al. Early T-cell precursor leukaemia: a subtype of very high-risk
acute lymphoblastic leukaemia. The Lancet Oncology, London, v. 10, n. 2, p. 147-156, 2009.
CRISPIM, J. C. et al. Human leukocyte antigen-G expression after kidney transplantation is
associated with a reduced incidence of rejection. Transplant Immunology, Amsterdam, v.
18, n. 4, p. 361-367, 2008.
DEAR, T. N. et al. The Hox11 gene is essential for cell survival during spleen development.
Development, Cambridge, v. 121, n. 9, p. 2909-2915, 1995.
DE DEUS, D. M.; LUGO, K. A.; MUNIZ, M. T. Influence of IL10 (G1082A) and TNFα
(G308A) Polymorphisms on the Survival of Pediatric Patients with ALL. Leukemia
Research and Treatment, New York, v. 2012, ID 692348, 2012. Disponível em:
<https://www.hindawi.com/journals/lrt/2012/692348/>. Acesso em: 20 jan. 2017.
DI LISIO, L. et al. MicroRNA signatures in B-cell lymphomas. Blood Cancer Journal, New
York, v. 2, n. 2, p. e57, 2012. Disponível em:
<https://www.nature.com/bcj/journal/v2/n2/full/bcj20121a.html>. Acesso em: 20 jan. 2017.
115
DING, L. et al. IL-10 inhibits macrophage costimulatory activity by selectively inhibiting the
up-regulation of B7 expression. Journal of Immunology, Baltimore, v. 151, n. 3, p. 1224-
1234, 1993.
DONADI, E. A. et al. Implications of the polymorphism of HLA-G on its function,
regulation, evolution and disease association. Cellular and Molecular Life Sciences, Basel,
v. 68, n. 3, p. 369-395, 2011.
DUNN, G. P. et al. Cancer immunoediting: from immunosurveillance to tumor scape. Nature
Immunology, New York, v. 3, n. 11, p. 991-998, 2002.
DUNNE, M. R. et al. Enrichment of Inflammatory IL-17 and TNF-α Secreting CD4(+) T
Cells within Colorectal Tumors despite the Presence of Elevated CD39(+) T Regulatory Cells
and Increased Expression of the Immune Checkpoint Molecule, PD-1. Frontiers in
Oncology, Lausanne, v. 6, n. 50, p. 1–12, 2016. Disponível em:
<http://journal.frontiersin.org/article/10.3389/fonc.2016.00050/full>. Acesso em: 20 jan.
2017.
DWEEP, H.; GRETZ, N. miRWalk2.0: a comprehensive atlas of microRNA-target
interactions. Nature Methods, New York, v. 12, n. 8, p. 697, 2015.
DWEEP, H. et al. miRWalk--database: prediction of possible miRNA binding sites by
"walking" the genes of three genomes. Journal of Biomedical Informatics, San Diego, v.
44, n. 5, p. 839-847, 2011.
DWEEP, H. et al. Parallel analysis of mRNA and microRNA microarray profiles to explore
functional regulatory patterns in polycystic kidney disease: using PKD/Mhm rat model. PLoS
One, San Francisco, v. 8, n. 1, p. e53780, 2013. Disponível em:
<http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0053780>. Acesso em: 20
jan. 2017.
DWIVEDI, M. et al. Involvement of interferon-gamma genetic variants and intercellular
adhesion molecule-1 in onset and progression of generalized vitiligo. Journal of Interferon
& Cytokine Research, Larchmont, v. 33, n. 11, p. 646-659, 2013.
EXCOFFIER, L.; LAVAL, G.; SCHNEIDER, S. Arlequin (version 3.0): An integrated
software package for population genetics data analysis. Evolutionary Bioinformatics,
Auckland, v. 1, p. 47-50, 2005.
ERSVAER, E. et al. T cells remaining after intensive chemotherapy for acute myelogenous
leukemia show a broad cytokine release profile including high levels of interferon-gamma
that can be further increased by a novel protein kinase C agonist PEP005. Cancer
Immunology, Immunotherapy, Berlin, v. 56, n. 6, p. 913-925, 2007.
FANG, Z.; RAJEWSKY, N. The impact of miRNA target sites in coding sequences and in
3'UTRs. PLoS One, San Francisco, v. 6, n. 3, p. e18067, 2011. Disponível em:
<http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0018067>. Acesso em: 20
jan. 2017.
116
FASCHING, K. et al. Presence of clone-specific antigen receptor gene rearrangements at birth
indicates an in utero origin of diverse types of early childhood acute lymphoblastic leukemia.
Blood, Washington, v. 95, n. 8, p. 2722-2724, 2000.
FAYAD, L. et al. Interleukin-6 and interleukin-10 levels in chronic lymphocytic leukemia:
correlation with phenotypic characteristics and outcome. Blood, Washington, v. 97, n. 1, p.
256-263, 2001.
FELEKKIS, K. et al. Increased number of microRNA target sites in genes encoded in CNV
regions. Evidence for an evolutionary genomic interaction. Molecular Biology and
Evolution, Chicago, v. 28, n. 9, p. 2421-2424, 2011.
FERLAY, J. et al. Cancer Incidence and Mortality Worldwide. In: INTERNATIONAL
AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER. GLOBOCAN 2012: Estimated Cancer
Incidence, Mortality and Prevalence Worldwide in 2012. Lyon, 2013 (IARC Cancer Base, n.
11). Disponível em: <http://globocan.iarc.fr>. Acesso em: 13 mar. 2017.
FERRAJOLI, A. et al. Prognostic value of miR-155 in individuals with monoclonal B-cell
lymphocytosis and patients with B chronic lymphocytic leukemia. Blood, Washington, v.
122, n. 11, p. 1891-9, 2013.
FORD, A. M. et al. Monoclonal origin of concordant T-cell malignancy in identical twins.
Blood, Washington, v. 89, n. 1, p. 281-285, 1997.
FORMAN, J. J.; COLLER, H. A. The code within the code: microRNAs target coding
regions. Cell Cycle, Georgetown, v. 9, n. 8, p. 1533-1541, 2010.
FRANCA, R. et al. TNF-α SNP rs1800629 and risk of relapse in childhood acute
lymphoblastic leukemia: relation to immunophenotype. Pharmacogenomics, London, v. 15,
n. 5, p. 619-627, 2014.
FRIEDLÄNDER, M. R. et al. Discovering microRNAs from deep sequencing data using
miRDeep. Nature Biotechnology, New York, v. 26, n. 4, p. 407-415, 2008.
GAO, X. Z. et al. Cytokine gene activity in AML cells in vivo in patients. Leukemia
Research, Oxford, v. 22, n. 2, p. 429-438, 1998.
GARCÍA-BERMÚDEZ, M. et al. Analysis of the interferon gamma (rs2430561, +874T/A)
functional gene variant in relation to the presence of cardiovascular events in rheumatoid
arthritis. PLoS One, San Francisco, v. 7, n. 10, e47166, 2012. Disponível em:
<http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0047166>. Acesso em: 20
jan. 2015.
GOMES, R. G. Associação de polimorfismos nas sequências regulatórias dos genes HLA-
G, IL-10 e TNF e a sua respectiva expressão gênica em lesões de mucosa em pacientes
portadores de doença infamatória intestinal. 2014. Dissertação (Mestrado em Biociências e
Biotecnologia em Saúde) – Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz,
Recife, 2014.
117
GRAUX, C. et al. Cytogenetics and molecular genetics of T-cell acute lymphoblastic
leukemia: from thymocyte to lymphoblast. Leukemia, London, v. 20, n. 9, p. 1496-1510,
2006.
GREAVES, M. Molecular genetics, natural history and the demise of childhood leukaemia.
European Journal of Cancer, Oxford, v. 35, n. 14, p. 1941-1953, 1999.
GREAVES, M. Infection, immune responses and the aetiology of childhood leukaemia.
Nature Reviews Cancer, London, v. 6, n. 3, p. 193-203, 2006.
GREAVES, M. The causation of childhood leukemia: a paradox of progress? Discovery
Medicine, Baltimore, v. 6, n. 31, p. 24-28, 2009.
GREAVES, M. F. et al. Leukemia in twins: lesson in natural history. Blood, Washington, v.
102, n. 7, p. 2321-2333, 2003.
GRIFFITHS-JONES, S. et al. miRBase: microRNA sequences, targets and gene
nomenclature. Nucleic Acids Research, London, v. 43, n. D140-144, 2006. Disponível em:
<https://academic.oup.com/nar/article-lookup/doi/10.1093/nar/gkj112>. Acesso em: 2 maio
2015.
GROSS, F. et al. Soluble HLA-G molecules are increased during acute leukemia, especially
in subtypes affecting monocytic and lymphoid lineages. Neoplasia, Hamilton, v. 8, n. 3, p.
223-230, 2006.
GUO, S. W.; THOMPSON, E. A. Performing the exact test of Hardy-Weinberg proportion
for multiple alleles. Biometrics, Washington, v. 48, n. 2, p. 361-372, 1992.
HA, M.; KIM, V. N. Regulation of microRNA biogenesis. Nature Reviews. Molecular Cell
Biology, London, v. 15, n. 8, p. 509-524, 2014.
HAN, Y. et al. Th17 cells and interleukin-17 increase with poor prognosis in patients with
acute myeloid leukemia. Cancer Science, Tokyo, v. 105, n. 8, p. 933–942, 2014.
HAUSSER, J. et al. Analysis of CDS-located miRNA target sites suggests that they can
effectively inhibit translation. Genome Research, New York, v. 23, n. 4, p. 604-615, 2013.
HAYES, J.; PERUZZI, P.P.; LAWLER, S. MicroRNAs in cancer: biomarkers, functions and
therapy. Trends in Molecular Medicine, Oxford, v. 20, n. 8, p. 460-469, 2014.
HEDRICH, C, M. et al. cAMP response element modulator controls IL2 and IL17A
expression during CD4 lineage commitment and subset distribution in lupus. Proceedings of
the National Academy of Sciences of the United States of America, Washington, v. 109, n.
41, p. 16606–16611, 2012.
HEINE, G. et al. Autocrine IL-10 promotes human B-cell differentiation into IgM- or IgG-
secreting plasmablasts. European Journal of Immunology, Weinheim, v. 44, n. 6, p. 1615-
1621, 2014.
118
HIGGS, G.; SLACK, F. The multiple roles of microRNA-155 in oncogenesis. Journal of
Clinical Bioinformatics, London, v. 3, n. 1, p. 17, 2013.
HIGUCHI, T. et al. Polymorphism of the 5'-flanking region of the human tumor necrosis
factor (TNF)-alpha gene in Japanese. Tissue Antigens, Copenhagen, v. 51, n. 6, p. 605-612,
1998.
HIROKI, C. H. et al. IL-10 gene polymorphism and influence of chemotherapy on cytokine
plasma levels in childhood acute lymphoblastic leukemia patients: IL-10 polymorphism and
plasma levels in leukemia patients. Blood Cells, Molecules and Diseases, La Jolla, v. 55, n.
2, p. 168-172, 2015.
HORTON, R. et al. Gene map of the extended human MHC. Nature Reviews. Genetics,
London, v. 5, n. 12, p. 889-899, 2004.
HUANG DA, W.; SHERMAN, B. T.; LEMPICKI, R. A. Systematic and integrative analysis
of large gene lists using DAVID bioinformatics resources. Nature Protocols, London, v. 4, n.
1, p. 44-57, 2009.
HUI-YUAN, C. et al. miR-629-3p level significantly predicts prognosis in glioblastoma patients
treated with temozolomide chemotherapy. Current Signal Transduction Therapy, Sharjah, v. 9,
n. 1, p. 9-14, 2014.
HUNGER, S.P.; MULLIGHAN, C. G. Redefining ALL classification: toward detecting high-
risk ALL and implementing precision medicine. Blood, Washington, v. 125, n. 26, p. 3977-
3987, 2015.
HURET, J. L.; AHMAD, M.; ARSABAN, M. et al. Atlas of genetics and cytogenetics in
oncology and haematology in 2013. Nucleic Acids Research, London, v. 41, p. D920-D924,
2013.
HURET, J. L.; LABASTIE, M. C. TAL1 (T-cell acute leukemia 1). Atlas of Genetics and
Cytogenetics in Oncology and Haematology, Poitiers, v. 2, n. 2, p. 47-48, 1998.
HURET, J. L. t(1;7)(p32;q34). t(1;14)(p32;q11). 1p32 rearrangements. Atlas of Genetics
and Cytogenetics in Oncology and Haematology, Poitiers, v. 2, n. 1, p. 20-21, 1998a.
HURET, J. L. t(1;3)(p32;p21). Atlas of Genetics and Cytogenetics in Oncology and
Haematology, Poitiers, v. 2, n. 3, p. 93, 1998b.
HURET, J. L. t(1;5)(p32;q31). Atlas of Genetics and Cytogenetics in Oncology and
Haematology, Poitiers, v. 3, n. 1, p. 21, 1999.
HVIID, T. V. et al. HLA-G allelic variants are associated with differences in the HLA-G
mRNA isoform profile and HLA-G mRNA levels. Immunogenetics, New York, v. 55, n. 2,
p. 63-79, 2003.
HYLENIUS, S. et al. Association between HLA-G genotype and risk of pre-eclampsia: a
case-control study using family triads. Molecular Human Reproduction, Oxford, v. 10, n. 4,
p. 237-246, 2004.
119
INABA, H.; GREAVES, M.; MULLIGHAN, C. G. Acute lymphoblastic leukaemia. Lancet,
London, v. 381, n. 9881, p. 1943-1955, 2013.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA.
Coordenação de Prevenção e Vigilância. Incidência, mortalidade e morbidade hospitalar
por câncer em crianças, adolescentes e adultos jovens no Brasil: informações dos registros
de câncer e do sistema de mortalidade. Rio de Janeiro, 2016.
IYER, S. S.; CHENG, G. Role of interleukin 10 transcriptional regulation in inflammation
and autoimmune disease. Critical Reviews in Immunology, Boca Raton, v. 32, n. 1, p. 23-
63, 2012.
JANIC, D. et al. T-cell acute lymphoblastic leukemia in a child with ataxia-telangiectasia:
case report. Journal of Pediatric Hematology/Oncology, New York, v. 29, n. 10, p. 713-
715, 2007.
KANEHISA, M. et al. K.; KEGG: new perspectives on genomes, pathways, diseases and
drugs. Nucleic Acids Research, London, v. 45, n. D1, p. D353-D361, 2017. Disponível em:
<https://academic.oup.com/nar/article-lookup/doi/10.1093/nar/gkw1092>. Acesso em: 20 jan.
2017.
KANEHISA, M. et al. KEGG as a reference resource for gene and protein annotation.
Nucleic Acids Research, London, v. 44, n. D1, p. D457-D462, 2016. Disponível em:
<https://academic.oup.com/nar/article-lookup/doi/10.1093/nar/gkv1070>. Acesso em: 20 jan.
2017.
KANEHISA, M.; GOTO, S. KEGG: Kyoto Encyclopedia of Genes and Genomes. Nucleic
Acids Research, London, v. 28, n. 1, p. 27-30, 2000.
KARRMAN, K.; JOHANSSON, B. Pediatric T-cell acute lymphoblastic leukemia. Genes,
Chromosomes & Cancer, New York, v. 56, n. 2, p. 89-116, 2017.
KEBELMANN-BETZING, C. et al. Characterization of cytokine, growth factor receptor,
costimulatory and adhesion molecule expression patterns of bone marrow blasts in relapsed
childhood B cell precursor all. Cytokine, Oxford, v. 13, n. 1, p. 39-50, 2001.
KEES, U. R. et al. Expression of HOX11 in childhood T-lineage acute lymphoblastic
leukaemia can occur in the absence of cytogenetic aberration at 10q24: a study from the
Children's Cancer Group (CCG). Leukemia, London, v. 17, n. 5, p. 887-893, 2003.
KINLEN, L. Infections and imune factors in cancer: the role of epidemiology. Oncogene,
Basingstoke, v. 23, n. 38, p. 6341-6348, 2004.
KLEIN, B. et al. Paracrine rather than autocrine regulation of myeloma- cell growth and
differentiation by interleukin-6. Blood, Washington, v. 73, n. 2, p. 517-526, 1989.
KORNBLAU, S. M. et al. Recurrent expression signatures of cytokines and chemokines are
present and are independently prognostic in acute myelogenous leukemia and myelodysplasia.
Blood, Washington, v. 116, n. 20, p. 4251-4261, 2010.
120
KOSS, K. et al. Cytokine (TNF alpha, LT alpha and IL-10) polymorphisms in inflammatory
bowel diseases and normal controls: differential effects on production and allele frequencies.
Genes and Immunity, Houndmills, v. 1, n. 3, p. 185-190, 2000.
KOZOMARA, A.; GRIFFITHS-JONES, S. miRBase: annotating high confidence
microRNAs using deep sequencing data. Nucleic Acids Research, London, v. 42, p. D68-73,
2014. Disponível em: <https://academic.oup.com/nar/article-
lookup/doi/10.1093/nar/gkt1181>. Acesso em: 2 maio 2015.
KRASZEWSKA, M. D. et al. T-cell acute lymphoblastic leukaemia: recent molecular biology
findings. British Journal of Haematology, Oxford, v. 156, n. 3, p. 303-315, 2012.
LADDHA, N. C.; DWIVEDI, M.; BEGUM, R. Increased Tumor Necrosis Factor (TNF)-α
and its promoter polymorphisms correlate with disease progression and higher susceptibility
towards vitiligo. PLoS One, San Francisco, v. 7, n. 12, p. e52298, 2012. Disponível em:
< http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0052298>. Acesso em: 20
jan. 2015.
LANGMEAD, B. et al. Ultrafast and memory-efficient alignment of short DNA sequences to
the human genome. Genome Biology, London, v. 10, n. 2, p. R25, 2009. Disponível em:
<https://genomebiology.biomedcentral.com/articles/10.1186/gb-2009-10-3-r25>. Acesso em:
20. jan. 2017.
LAUTEN, M. et al. Association of initial response to prednisone treatment in childhood acute
lymphoblastic leukaemia and polymorphisms within the tumour necrosis factor and the
interleukin-10 genes. Leukemia, London, v. 16, n. 8, p. 1437-1442, 2002.
LEE, N. et al. The membrane-bound and soluble forms of HLA-G bind identical sets of
endogenous peptides but differ with respect to TAP association. Immunity, Cambridge, v. 3,
n. 5, p. 591-600, 1995.
LEE, I. et al. New class of microRNA targets containing simultaneous 5'-UTR and 3'-UTR
interaction sites. Genome Research, New York, v. 19, n. 7, p. 1175-1183, 2009.
LEMAOULT, J. et al. Biology and functions of human leukocyte antigen-G in health and
sickness. Tissue Antigens, Oxford, v. 64, n. 4, p. 273-284, 2003.
LIN, A. et al. HLA-G expression in human ovarian carcinoma counteracts NK cell function.
Annals of Oncology: official journal of the European Society for Medical Oncology/
ESMO, London, v. 18, n. 11, p. 1804-1809, 2007.
LIN, S.; GREGORY, R. I. MicroRNA biogenesis pathways in cancer. Nature Reviews.
Cancer, London, v. 15, n. 6, p. 321-333, 2015.
LING, H.; FABBRI, M.; CALIN, G. A. MicroRNAs and other non-coding RNAs as targets
for anticancer drug development. Nature Reviews Drug Discovery, London, v. 12, n. 11,
p.847-865, 2013.
LIPPITZ, B. E. Cytokine patterns in patients with cancer: a systematic review. Lancet.
121
Oncology, London, v. 14, n. 6, p. e218-228, 2013.
LOCAFARO, G. et al. HLA-G expression on blasts and tolerogenic cells in patients affected
by acute myeloid leukemia. Journal of Immunology Research, Cairo, v. 2014, p. 636292,
2014. Disponível em: < https://www.hindawi.com/journals/jir/2014/636292/>. Acesso em: 20
jan. 2017.
LOCATELLI, F. et al. How I treat relapsed childhood acute lymphoblastic leukemia. Blood,
Washington, v. 120, n. 14, p. 2807-2816, 2012.
LÓPEZ-HERNÁNDEZ, R. et al. Genetic polymorphisms of tumour necrosis factor alpha
(TNF-α) promoter gene and response to TNF-α inhibitors in Spanish patients with
inflammatory bowel disease. International Journal of Immunogenetics, Oxford, v. 41, n. 1,
p. 63-68, 2014.
LUCENA-SILVA, N. et al. Haplotype frequencies based on eight polymorphic sites at the 3'
untranslated region of the HLA-G gene in individuals from two different geographical regions
of Brazil. Tissue Antigens, Oxford, v. 79, n. 4, p. 272-278, 2012.
LU, J. et al. MicroRNA expression profiles classify human cancers. Nature, London, v. 435,
n. 7043, p. 834-838, 2005.
MA, Y. et al. Developmental timing of mutations revealed by whole-genome sequencing of
twins with acute lymphoblastic leucemia. Proceedings of the National Academy of Sciences
of the United States of America, Washington, v. 110, n. 18, p. 7429-7433, 2013.
MACEDO, C. et al. Aire-dependent peripheral tissue antigen mRNAs in mTEC cells feature
networking refractoriness to microRNA interaction. Immunobiology, New York, v. 220, n. 1,
p. 93-102, 2015.
MANSOUR, M. R. et al. The TAL1 complex targets the FBXW7 tumor suppressor by
activating miR-223 in human T cell acute lymphoblastic leukemia. The Journal of
Experimental Medicine, New York, v. 210, n. 8, p. 1545-1557, 2013.
MARCUCCI, G. et al. The prognostic and functional role of microRNAs in acute myeloid
leukemia. Blood, New York, v. 117, n. 4, p. 1121-1129, 2011.
MARTIN, M. Cutadapt removes adapter sequences from high-throughput sequencing reads.
EMBnet Journal, Uppsala, v. 17, n. 1, p. 10-12, 2011.
MAVRAKIS, K. J. et al. A cooperative microRNA-tumor suppressor gene network in acute
T-cell lymphoblastic leukemia (T-ALL). Nature Genetics, New York, v. 43, n. 7, p. 673-678,
2011.
MEGRAW, M. et al. miRGen: a database for the study of animal microRNA genomic
organization and function. Nucleic Acids Research, London, v. 35, p. D149-55, 2007.
Disponível em: < https://academic.oup.com/nar/article-lookup/doi/10.1093/nar/gkl904>.
Acesso em: 20 jan. 2017.
122
MEKINIAN, A. et al. Functional study of TNF-α promoter polymorphisms: literature review
and meta-analysis. European Cytokine Network, Montrouge, v. 22, n. 2, p. 88-102, 2011.
MIN, H.; YOON, S. Got target? Computational methods for microRNA target prediction and
their extension. Experimental & Molecular Medicine, Seoul, v. 42, n. 4, p. 233-244, 2010.
MOQATTASHI, S.; LUTTON, J. D. Leukemia cells and the cytokine network: therapeutic
prospects. Experimental Biology and Medicine, London, v. 229, n. 2, p. 121-137, 2004.
MUSURACA, G. et al. IL-17/IL-10 double-producing T cells: new link between infections,
immunosuppression and acute myeloid leukemia. Journal of Translational Medicine,
London, v. 13, p. 229, 2015.
MUTLU, S. et al. The expression of miR-181a-5p and miR-371b-5p in chondrosarcoma.
European Review for Medical and Pharmacological Sciences, Rome, v. 19, n. 13, p. 2384-
2388, 2015.
NCBI RESOURCE COORDINATORS. Database resources of the National Center for
Biotechnology Information. Nucleic Acids Research, London, v. 44, p. D7-D19, 2016.
NAKAYAMA, A. et al. Transcriptional regulation of interferon gamma gene by p300 co-
activator. Nucleic Acids Research. Supplement (2001), Oxford, n. 1, p. 89-90, 2001.
NORE HOOTEN, N. et al. Age‑related changes in microRNA levels in serum. Aging
[electronic resource], Albany, v. 5, n. 10, p. 725-740, 2013.
NÜCKEL, H. et al. HLA-G expression is associated with an unfavorable outcome and
immunodeficiency in chronic lymphocytic leukemia. Blood, Washington, v. 105, n. 4, p.
1694-1698, 2005.
O’CONNELL, R. M. et al. Physiological and pathological roles for microRNAs in the
immune system. Nature Reviews Immunology, London, v. 10, n. 2, p. 111-22, 2010.
OLIVEIRA, J. C. et al. MiR-708-5p is differentially expressed in childhood acute
lymphoblastic leukemia but not strongly associated to clinical features. Pediatric Blood &
Cancer, Hoboken, v. 62, n. 1, p. 177-178, 2015.
ONCIU, M. Acute lymphoblastic leucemia. Hematology/Oncology Clinics of North
America, Philadelphia, v. 23, n. 4, p. 655-674, 2009.
OVSEPYAN, V. A. et al. Role of Interleukin-10 Gene Promoter Region Polymorphism in the
Development of Chronic Lymphoid Leukemia. Bulletin of Experimental Biology and
Medicine, New York, v. 160, n. 2, p. 275-277, 2015.
PALADINO, N. et al. Gender susceptibility to chronic hepatitis C virus infection associated
with interleukin 10 promoter polymorphism. Journal of Virology, Washington, v. 80, n. 18,
p. 9144-9150, 2006.
123
PAPAKONSTANTINOU, N. et al. Differential microRNA profiles and their functional
implications in different immunogenetic subsets of chronic lymphocytic leukemia. Molecular
Medicine, Manhasset, v. 19, p. 115-123, 2013.
PARK, H. H. et al. Intracellular IL-4, IL-10, and IFN-gamma levels of leukemic cells and
bone marrow T cells in acute leukemia. Annals of Clinical and Laboratory Science,
Philadelphia, v. 35, n. 1, p. 7-5, 2006.
PÉROT, C. t(10;14)(q24;q11) - t(7;10)(q34;q24). Atlas of Genetics and Cytogenetics in
Oncology and Haematology, Poitiers, v. 3, n. 3, p. 156-157, 1999.
PERREY, C. et al. Genotyping for polymorphisms in interferon-gamma, interleukin-10,
transforming growth factor-beta 1 and tumour necrosis factor-alpha genes: a technical report.
Transplant Immunology, Amsterdam, v. 6, n. 3, p. 193-197, 1998.
PORCHER, C. et al. The T cell leukemia oncoprotein SCL/tal-1 is essential for development
of all hematopoietic lineages. Cell, Cambridge, v. 86, n. 1, p. 47-57, 1996.
PRAVICA, V. et al. A single nucleotide polymorphism in the first intron of the human IFN-
gamma gene: absolute correlation with a polymorphic CA microsatellite marker of high IFN-
gamma production. Human Immunology, New York, v. 61, n. 9, p. 863-866, 2000.
PUI, C. H.; ROBINSON, L. L.; LOOK, A. T. Acute lymphoblastic leukaemia. Lancet,
London, v. 371, n. 9617, p. 1030-1043, 2008.
PUI, C. H. et al. Biology, risk stratification, and therapy of pediatric acute leucemias: an
update. Journal of Clinical Oncology, Alexandria, v. 29, n. 5, p. 551-565, 2011.
PUI, C. H. et al. Pediatric acute lymphoblastic leukemia: where are we going and how do we
get there? Blood, Washington, v. 120, n. 6, p. 1165-1174, 2012.
RAJEWSKY, N. microRNA target predictions in animals. Nature Genetics, New York, v.
38, Suppl., S8-13, 2006.
RAYMOND, M.; ROUSSET, F. GENEPOP (version 1.2): population genetics software for
exact tests and ecumenicism. The Journal of Heredity, Baltimore, v. 86, n. 3, p. 248-249,
1995.
R DEVELOPMENT CORE TEAM. R: A language and environment for statistical
computing. Vienna: R Foundation for Statistical Computing, 2008. Disponível em:
<http://www.R-project.org>. Acesso em: 20 jun. 2015.
REBMANN, V.; WAGNER, S.; GROSSE-WILDE, H. HLA-G expression in malignant
melanoma. Seminars in Cancer Biology, London, v. 17, n. 6, p. 422-429, 2007.
REBMANN, V. et al. HLA-G in B-chronic lymphocytic leukaemia: clinical relevance and
functional implications. Seminars in Cancer Biology, London, v. 17, n. 6, p. 430-435, 2007.
124
REGIS, G. et al. IL-6, but not IFN-gamma, triggers apoptosis and inhibits in vivo growth of
human malignant T cells on STAT3 silencing. Leukemia, London, v. 23, n. 11, p. 2102-2108,
2009.
REUSS, E. et al. Differential regulation of interleukin-10 production by genetic and
environmental factors--a twin study. Genes and Immunity, Houndmills, v. 3, n. 7, p. 407-
413, 2002.
RIZZO, R. et al. New insights into HLA-G and inflammatory diseases. Inflammation &
Allergy Drug Targets, Saif Zone, v. 11, n. 6, p. 448-463, 2012.
RIZZO, R. et al. HLA-G genotype and HLA-G expression in systemic lupus erythematosus:
HLA-G as a putative susceptibility gene in systemic lupus erythematosus. Tissue Antigens,
Oxford, v. 71, n. 6, p. 520-529, 2008.
RIZZO, R. et al. HLA-G is a component of the chronic lymphocytic leukemia escape
repertoire to generate immune suppression: impact of the HLA-G 14 base pair (rs66554220)
polymorphism. Haematologica, Pavia, v. 99, n. 5, p. 888-896, 2014.
ROBINSON, M. D.; MCCARTHY, D. J.; SMYTH, G. K. edgeR: a Bioconductor package for
differential expression analysis of digital gene expression data. Bioinformatics, Oxford, v.
26, n. 1, p. 139-140, 2010.
ROSADO, S. et al. Interleukin-10 promoter polymorphisms in patients with systemic lupus
erythematosus from the Canary Islands. International Journal of Immunogenetics, Oxford,
v. 35, n. 3, p. 235-242, 2008.
ROSELLI, M. et al. TNF-α gene promoter polymorphisms and risk of venous
thromboembolism in gastrointestinal cancer patients undergoing chemotherapy. Annals of
Oncology: official journal of the European Society for Medical Oncology, Boston, v. 24, n.
10, p. 2571-2575, 2013.
ROSENBLOOM, K. R. et al. The UCSC Genome Browser database: 2015 update. Nucleic
Acids Research, Oxford, v.43, p. D670-681, 2015.
ROUAS-FREISS, N. et al. Direct evidence to support the role of HLA-G in protecting the
fetus from maternal uterine natural killer cytolysis. Proceedings of the National Academy of
Sciences of the United States of America, Washington, v. 94, n. 21, p. 11520-11525, 1997.
ROUAS-FREISS, N. et al. The dual role of HLA-G in cancer. Journal of Immunology
Research, Cairo, v. 2014, ID 359748, 2014. Disponível em:
<https://www.hindawi.com/journals/jir/2014/359748/>. Acesso em: 20 jan. 2015.
ROUSSEAU, P. et al. The 14 bp deletion-insertion polymorphism in the 3' UT region of the
HLA-G gene influences HLA-G mRNA stability. Human Immunology, New York, v. 64, n.
11, p. 1005-1010, 2003.
ROUSSET, F. genepop'007: a complete re-implementation of the genepop software for
Windows and Linux. Molecular Ecology Resources, Oxford, v. 8, n. 1, p. 103-106, 2008.
125
RUDDY, M. J. et al. Functional cooperation between interleukin-17 and tumor necrosis
factor-alpha is mediated by CCAAT/enhancer-binding protein family members. The Journal
of Biological Chemistry, Baltimore, v. 279, n. 4, p. 2559–2567, 2004.
SABAT, R. et al. Biology of interleukin-10. Cytokine & Growth Factor Reviews, Oxford,
v. 21, n. 5, p. 331-344, 2010.
SANCHEZ-CORREA, B. et al. Cytokine profiles in acute myeloid leukemia patients at
diagnosis: survival is inversely correlated with IL-6 and directly correlated with IL-10 levels.
Cytokine, Oxford, v. 61, n. 3, p. 885-891, 2013.
SANDA, T. et al. Core transcriptional regulatory circuit controlled by the TAL1 complex in
human T cell acute lymphoblastic leukemia. Cancer Cell, Cambridge, v. 22, n. 2, p. 209-221,
2012.
SCHOENBORN, J. R.; WILSON, C. B. Regulation of interferon-gamma during innate and
adaptive immune responses. Advances in Immunology, New York, v. 96, p. 41-101, 2007.
SCHOTTE, D. et al. Identification of new microRNA genes and aberrant microRNA profiles
in childhood acute lymphoblastic leukemia. Leukemia, London, v. 23, n. 2, p. 313-322, 2009.
SCHOTTE, D. et al. Discovery of new microRNAs by small RNAome deep sequencing in
childhood acute lymphoblastic leukemia. Leukemia, London, v. 25, n. 9, p. 1389-1399, 2011.
SCHRAPPE, M.; STANULLA, M. Treatment of childhood acute lymphoblastic leucemia. In:
PUI, C. H. (Org.). Treatment of acute leukemias: new directions for clinical research. New
Jersey: Humana Press, 2003, p. 87-110.
SCHRAPPE, M. et al. Late MRD response determines relapse risk overall and in subsets of
childhood T-cell ALL: results of the AIEOP-BFM-ALL 2000 study. Blood, Washington, v.
118, n. 8, p. 2077-2084, 2011.
SEDGER, L. M.; MCDERMOTT, M. F. TNF and TNF-receptors: From mediators of cell
death and inflammation to therapeutic giants - past, present and future. Cytokine & Growth
Factor Reviews, Oxford, v. 25, n. 4, p. 453-472, 2014.
SHIN, V. Y. et al. A three-miRNA signature as promising non-invasive diagnostic marker for
gastric cancer. Molecular Cancer, London, v. 14, p. 202, 2015.
SHIRASAWA, S. et al. Rnx deficiency results in congenital central hypoventilation. Nature
Genetics, New York, v. 24, n. 3, p. 287-290, 2000.
SONKOLY, E.; STAHLE, M.; PIVARCSI, A. MicroRNAs and immunity: novel players in
the regulation of normal immune function and inflammation. Seminars in Cancer Biology,
London, v. 18, n. 2, p. 131-140, 2008.
SRIVANNABOON, K. et al. Interleukin-4 variant (BAY 36-1677) selectively induces
apoptosis in acute lymphoblastic leukemia cells. Blood, Washington, v. 97, n. 3, p. 752-758,
2001.
126
TALAAT, R. M. et al. Interleukin 10 gene promoter polymorphism and risk of diffuse large B
cell lymphoma (DLBCL). Egyptian Journal of Medical Human Genetics, Cairo, v. 15, n. 1,
p. 7-13, 2014.
TAN, Z. et al. Allele-specific targeting of microRNAs to HLA-G and risk of asthma.
American Journal of Human Genetics, Chicago, v. 81, n. 4, p. 829-834, 2007.
TIAN, T.; WANG, M.; MA, D. TNF-α, a good or bad factor in hematological diseases? Stem
Cell Investigation, Hong Kong, v. 1, n. 12, eCollection 2014, 2014. Disponível em:
<http://sci.amegroups.com/article/view/3946/4855>. Acesso em: 20 jan. 2017.
TROPPAN, K. et al. miR-199a and miR-497 Are Associated with Better Overall Survival due
to Increased Chemosensitivity in Diffuse Large B-Cell Lymphoma Patients. International
Journal of Molecular Sciences, Basel, v. 16, n. 8, p. 18077-18095, 2015.
TSIMBERIDOU, A. M. et al. The prognostic significance of cytokine levels in newly
diagnosed acute myeloid leukemia and high-risk myelodysplastic syndromes. Cancer,
Hoboken, v. 113, n. 7, p. 1605-1613, 2008.
UCKUN, F. M. et al. Biology and treatment of childhood T-lineage acute lymphoblastic
leukemia. Blood, Washington, v. 91, n. 3, p. 735-746, 1998.
URBANOWICZ, I. et al. IFN gamma gene polymorphism may contribute to the susceptibility
to CLL. Pathology Oncology Research: POR, Dordrecht, v. 16, n. 2, p. 213-226, 2010.
VAN DER BURG, M. et al. A single split-signal FISH probe set allows detection of TAL1
translocations as well as SIL-TAL1 fusion genes in a single test. Leukemia, London, v. 16, n.
4, p. 755-761, 2002.
VARDIMAN, J. W. et al. The 2008 revision of the World Health Organization (WHO)
classification of myeloid neoplasms and acute leukemia: rationale and important changes.
Blood, Washington, v. 114, n. 5, p. 937-951, 2009.
VARELA, N. et al. Interferon-gamma sensitizes human myeloid leukemia cells to death
receptor-mediated apoptosis by a pleiotropic mechanism. Journal of Biological Chemistry,
Baltimore, v. 276, n. 21, p. 17779-17787, 2001.
WARD, E. et al. Childhood and adolescent cancer statistics, 2014. CA: a cancer jornal for
clinicians, Hoboken, v. 64, n. 2, p. 83-103, 2014.
WATT, P. M.; KUMAR, R.; KEES, U. R. Promoter demethylation accompanies reactivation
of the HOX11 proto-oncogene in leukemia. Genes, Chromosomes & Cancer, New York, v.
29, n. 4, p. 371-377, 2000.
WILCZYŃSKI, J. R. Cancer and pregnancy share similar mechanisms of immunological
escape. Chemotherapy, Basel, v. 52, n. 3, p. 107-110, 2006.
WILSON, A. G. et al. Effects of a polymorphism in the human tumor necrosis factor alpha
promoter on transcriptional activation. Proceedings of the National Academy of Sciences of
the United States of America, Washington, v. 94, n. 7, p. 3195-3199, 1997.
127
WINKLER, B. et al. TGFβ and IL10 have an impact on risk group and prognosis in childhood
ALL. Pediatric Blood & Cancer, Hoboken, v. 62, n. 1, p. 72-79, 2015.
WINTER, J. et al. Many roads to maturity: microRNA biogenesis pathways and their
regulation. Nature Cell Biology, London, v. 11, n. 3, p. 228-234, 2009.
YAGHI, L. et al. Hypoxia inducible factor-1 mediates the expression of the immune
checkpoint HLA-G in glioma cells through hypoxia response element located in exon 2.
Oncotarget, Albany, v. 7, n. 39, p. 63690-63707, 2016.
YAN, W. H. HLA-G expression in cancers: potential role in diagnosis, prognosis and therapy.
Endocrine, Metabolic & Immune Disorders Drug Targets, Saif Zone, v. 11, n. 1, p. 76-89,
2011.
YAN, W. H. et al. Induction of both membrane-bound and soluble HLA-G expression in
active human cytomegalovirus infection. The Journal of Infectious Diseases, Oxford, v.
200, n. 5, p. 820-826, 2009.
YAN, W. H. et al. Unfavourable clinical implications for HLA-G expression in acute myeloid
leukaemia. Journal of Cellular and Molecular Medicine, Oxford, v. 12, n. 3, p. 889-898,
2008.
YIE, S. M. et al. Expression of human leucocyte antigen G (HLA-G) is associated with
prognosis in non-small cell lung cancer. Lung Cancer, Limerick, v. 58, n. 2, p. 267-274,
2007.
YUE, D.; LIU, H.; HUANG, Y. Survey of Computational Algorithms for MicroRNA Target
Prediction. Current Genomics, Hilversum, v.10, n. 7, p. 478-492, 2009.
ZAIDI, M. R.; MERLINO, G. The two faces of interferon-γ in cancer. Clinical Cancer
Research: an official journal of the American Association for Cancer Research, Denville, v.
17, n. 19, p. 6118-6124, 2011.
ZANETTE, D. L. et al. miRNA expression profiles in chronic lymphocytic and acute
lymphocytic leukemia. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, Ribeirão
Preto, v. 40, n. 11, p. 1435-1440, 2007.
ZHAO, S. et al. Serum IL-10 predicts worse outcome in cancer patients: A meta-analysis.
PLoS One, San Francisco, v. 10, n. 10, p. e0139598, 2015. Disponível em: <
http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0139598>. Acesso em: 20
jan. 2017.
ZENG, Z. et al. Association between tumor necrosis factor-α (TNF-α) promoter -308 G/A and
response to TNF-α blockers in rheumatoid arthritis: a meta-analysis. Modern Rheumatology,
Tokyo, v. 23, n. 3, p. 489-495, 2013.
ZHENG, X. Y. et al. Interleukin-10 promoter 1082/-819/-592 polymorphisms are associated
with asthma susceptibility in Asians and atopic asthma: a meta-analysis. Lung, New York, v.
192, n. 1, p. 65-73, 2014.
128
APÊNDICE A- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
129
130
APÊNDICE B – ANÁLISES DE ASSOCIAÇÃO DE HAPLÓTIPOS COM LEUCÓCITOS
EM SANGUE PERIFÉRICO AO DIAGNÓSTICO
Tabela B1- Análise de associação dos haplótipos da região promotora de IL10 com leucócitos totais
em sangue periférico ao diagnóstico (D0) em pacientes com LLA-T.
Haplótipo -1082 -819 Leucócitos em SP (D0) P-valor OR (IC95%)
> 50.000/mm3
N (Frequência)
< 50.000/mm3
N (Frequência)
1 A C 27 (0,375) 6 (0,273) 0,451 1,60 (0,56-4,58)
2 G C 27 (0,375) 7 (0,318) 0,801 1,29 (0,46-3,55)
3 A T 18 (0,250) 9 (0,409) 0,181 0,48 (0,18-1,31)
Legenda: N – Número amostral; SP – Sangue periférico; P-valor calculado a partir do teste exato de Fisher;
OR – Odds Ratio; IC95% - Intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Tabela B2 – Análise de associação dos haplótipos da região promotora de TNF com leucócitos totais em sangue periférico ao
diagnóstico (D0) em pacientes com LLA-T.
Haplótipo -1031 -863 -857 -308 -238 Leucócitos em SP (D0) P-valor OR (IC95%)
> 50.000/mm3
N (Frequência)
< 50.000/mm3
N (Frequência)
1 C A C G G 18 (0,257) 6 (0,214) 0,797 1,27 (0,44-3,63)
2 C C C G A 5 (0,071) 1 (0,036) 0,671 2,08 (0,23-18,63)
3 T C C G G 33 (0,471) 15 (0,536) 0,656 0,77 (0,32-1,86)
4 T C C A G 9 (0,129) 4 (0,143) 1,000 0,88 (0,25-3,15)
5 T C T G G 5 (0,071) 2 (0,071) 1,000 1,00 (0,18-5,49)
Legenda: N – Número amostral; SP – Sangue periférico; P-valor calculado a partir do teste exato de Fisher; OR – Odds Ratio;
IC95% - Intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
131
Quadro 1 – Vias biológicas enriquecidas (Kegg pathways) comuns e únicas relacionadas aos genes regulados pelos miRNAs diferencialmente expressos.
(Continua).
Vias biológicas comuns Vias biológicas únicas de genes regulados por
miRNAs reprimidos
Vias biológicas únicas de genes regulados por
miRNA induzido
hsa05200:Pathways in cancer hsa01100:Metabolic pathways hsa00532:Glycosaminoglycan biosynthesis -
chondroitin sulfate / dermatan sulfate
hsa04151:PI3K-Akt signaling pathway hsa04062:Chemokine signaling pathway hsa05230:Central carbon metabolism in cancer
hsa04144:Endocytosis hsa04141:Protein processing in endoplasmic
reticulum hsa05014:Amyotrophic lateral sclerosis (ALS)
hsa04010:MAPK signaling pathway hsa04120:Ubiquitin mediated proteolysis hsa04320:Dorso-ventral axis formation
hsa05166:HTLV-I infection hsa04611:Platelet activation hsa04670:Leukocyte transendothelial migration
hsa04014:Ras signaling pathway hsa04142:Lysosome hsa04520:Adherens junction
hsa04015:Rap1 signaling pathway hsa04270:Vascular smooth muscle contraction hsa05203:Viral carcinogenesis
hsa05205:Proteoglycans in cancer hsa05142:Chagas disease (American
trypanosomiasis) hsa03015:mRNA surveillance pathway
hsa04510:Focal adhesion hsa04114:Oocyte meiosis hsa05160:Hepatitis C
hsa04024:cAMP signaling pathway hsa04723:Retrograde endocannabinoid signaling hsa04130:SNARE interactions in vesicular
transport
hsa04810:Regulation of actin cytoskeleton hsa04912:GnRH signaling pathway hsa04210:Apoptosis
hsa04020:Calcium signaling pathway hsa04540:Gap junction hsa04923:Regulation of lipolysis in adipocytes
hsa05169:Epstein-Barr virus infection hsa04925:Aldosterone synthesis and secretion hsa04064:NF-kappa B signaling pathway
hsa04022:cGMP-PKG signaling pathway hsa04911:Insulin secretion hsa04960:Aldosterone-regulated sodium
reabsorption
hsa04921:Oxytocin signaling pathway hsa04971:Gastric acid secretion hsa05032:Morphine addiction
hsa04390:Hippo signaling pathway hsa04664:Fc epsilon RI signaling pathway hsa05161:Hepatitis B
hsa04261:Adrenergic signaling in cardiomyocytes hsa05031:Amphetamine addiction hsa05412:Arrhythmogenic right ventricular
cardiomyopathy (ARVC)
AP
ÊN
DIC
E C
– L
IST
A C
OM
PL
ET
A D
E V
IAS
BIO
LÓ
GIC
AS
EN
RIQ
UE
CID
AS
RE
LA
CIO
NA
DA
S A
OS
GE
NE
S R
EG
UL
AD
OS
PE
LO
S M
IRN
AS
DIF
ER
EN
CIA
LM
EN
TE
EX
PR
ES
SO
S
131
132
Tabela C1 – Vias biológicas enriquecidas (Kegg pathways) comuns e únicas relacionadas aos genes regulados pelos miRNAs diferencialmente expressos.
(Continua).
Vias biológicas comuns Vias biológicas únicas de genes regulados por
miRNAs reprimidos
Vias biológicas únicas de genes regulados por
miRNA induzido
hsa04910:Insulin signaling pathway hsa04115:p53 signaling pathway hsa05414:Dilated cardiomyopathy
hsa04550:Signaling pathways regulating
pluripotency of stem cells
hsa05120:Epithelial cell signaling in Helicobacter
pylori infection hsa05410:Hypertrophic cardiomyopathy (HCM)
hsa04310:Wnt signaling pathway hsa04730:Long-term depression
hsa04068:FoxO signaling pathway hsa04721:Synaptic vesicle cycle
hsa04514:Cell adhesion molecules (CAMs) hsa05416:Viral myocarditis
hsa04360:Axon guidance hsa05030:Cocaine addiction
hsa04152:AMPK signaling pathway hsa04330:Notch signaling pathway
hsa04728:Dopaminergic synapse hsa04962:Vasopressin-regulated water reabsorption
hsa04071:Sphingolipid signaling pathway hsa04961:Endocrine and other factor-regulated
calcium reabsorption
hsa04722:Neurotrophin signaling pathway hsa00514:Other types of O-glycan biosynthesis
hsa04380:Osteoclast differentiation hsa00410:beta-Alanine metabolism
hsa04919:Thyroid hormone signaling pathway
hsa04724:Glutamatergic synapse
hsa04070:Phosphatidylinositol signaling system
hsa04660:T cell receptor signaling pathway
hsa04668:TNF signaling pathway
hsa04725:Cholinergic synapse
hsa04916:Melanogenesis
hsa04931:Insulin resistance
hsa05231:Choline metabolism in cancer
hsa04915:Estrogen signaling pathway
132
133
Tabela C1 – Vias biológicas enriquecidas (Kegg pathways) comuns e únicas relacionadas aos genes regulados pelos miRNAs diferencialmente expressos.
(Continua).
Vias biológicas comuns Vias biológicas únicas de genes regulados por
miRNAs reprimidos
Vias biológicas únicas de genes regulados por
miRNA induzido
hsa04750:Inflammatory mediator regulation of
TRP channels
hsa04922:Glucagon signaling pathway
hsa04066:HIF-1 signaling pathway
hsa05215:Prostate cancer
hsa04713:Circadian entrainment
hsa04012:ErbB signaling pathway
hsa05222:Small cell lung cancer
hsa04666:Fc gamma R-mediated phagocytosis
hsa04970:Salivary secretion
hsa04350:TGF-beta signaling pathway
hsa05100:Bacterial invasion of epithelial cells
hsa00562:Inositol phosphate metabolism
hsa05220:Chronic myeloid leukemia
hsa04720:Long-term potentiation
hsa05214:Glioma
hsa04917:Prolactin signaling pathway
hsa05211:Renal cell carcinoma
hsa04662:B cell receptor signaling pathway
hsa04920:Adipocytokine signaling pathway
hsa05218:Melanoma
hsa04918:Thyroid hormone synthesis
hsa05212:Pancreatic cancer
hsa04370:VEGF signaling pathway
133
134
Tabela C1 – Vias biológicas enriquecidas (Kegg pathways) comuns e únicas relacionadas aos genes regulados pelos miRNAs diferencialmente expressos.
(Conclusão).
Vias biológicas comuns Vias biológicas únicas de genes regulados por
miRNAs reprimidos
Vias biológicas únicas de genes regulados por
miRNA induzido
hsa05210:Colorectal cancer
hsa04924:Renin secretion
hsa04150:mTOR signaling pathway
hsa05221:Acute myeloid leukemia
hsa05223:Non-small cell lung cancer
hsa05217:Basal cell carcinoma
hsa05213:Endometrial cancer
hsa04930:Type II diabetes mellitus
134
135
ANEXO A - APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA
136
ANEXO B – ARTIGOS PUBLICADOS NO DOUTORADO
ALMEIDA, R. D. S. et al. Cytokines and soluble HLA-G levels in bone marrow stroma and
their association with the survival rate of patients exhibiting childhood T-cell acute
lymphoblastic leukemia. Cytokine, Oxford. Aceito em 2017. doi:
10.1016/j.cyto.2017.07.014.
CAVALCANTI, A. et al. Gene polymorphism and HLA-G expression in patients with
childhood-onset systemic lupus erythematosus: a pilot study. HLA, Oxford. Artigo aceito em
2017. doi: 10.1111/tan.13084.
COLLARES, C. V. et al. Transcriptome meta-analysis of peripheral lymphomononuclear
cells indicates that gestational diabetes is closer to type 1 diabetes than to type 2 diabetes
mellitus. Molecular Biology Reports, Dordrecht, v. 40, n. 9, p. 5351-5358, 2013.
MACEDO, M. et al. Aire-dependent peripheral tissue antigen mRNAs in mTEC cells feature
networking refractoriness to microRNA interaction. Immunobiology, Amsterdam, v. 220, n.
1, p. 93-102, 2015.
top related