manuel bandeira

Post on 13-Feb-2017

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Profª. Ms. Daniele Onodera

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira

(Recife,1886 - Rio de Janeiro,1968)

Juntamente com Oswald e Mário de

Andrade, compõe o grupo que solidifica e

divulga o Modernismo no

Brasil.

Bandeira conhece entre 1913 e 1914, na Suíça Paul Éluard (que mais tarde virá a ser um famoso escritor dadaísta e surrealista)

OBRA BIOGRAFIARELAÇÃO

Uns tomam éter, outros cocaína.Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.Tenho todos os motivos menos um de ser triste

(...)

Sim, já perdi pai, mãe, irmãosPerdi a saúde tambémÉ por isso que sinto como ninguém o ritmo do

jazz-band

(BANDEIRA, Manuel. Não sei dançar. In Libertinagem)

Sua obra é vasta abrangendo desde o

pós-Parnasianismo e pós- Simbolismo às

experiências concretistas de 1950 –1960.

“Na minha experiência pessoal fui verificando que o meu esforço consciente

só resultava em insatisfação, ao passo que o me saía do subconsciente, numa espécie de transe ou alumbramento, tinha ao menos

a virtude de me deixar aliviado de minhas angústias.”

(Manuel Bandeira, Intinerário de Pasárgada)

DESENCANTO  Eu faço versos como quem chora

De desalento... de desencanto...Fecha meu livro se por agoraNão tens motivo algum de pranto

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...Tristeza esparsa... remorso vão...Dói-me nas veias. Amargo e quenteCai gota à gota do coração.

E nesses versos de angústia roucaAssim dos lábios a vida corre,Deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre!

(BANDEIRA, Manuel. Desencanto. In: As Cinzas das Horas)

CONSOADA  Quando a Indesejada das gentes chegar

(Não sei se dura ou caroável), talvez eu tenha medo. Talvez sorria, ou diga: - Alô, iniludível! O meu dia foi bom, pode a noite descer. (A noite com os seus sortilégios.) Encontrará lavrado o campo, a casa limpa, A mesa posta, Com cada coisa em seu lugar.

 (BANDEIRA, Manuel. Consoada. In: Opus 10

CONFIDÊNCIA Tudo o que existe em mim de grave e carinhosoTe digo aqui como se fosse ao teu ouvido...Só tu mesma ouvirás o que aos outros não ousoContar do meu tormento obscuro e impressentido. Em tuas mãos de morte, ó minha Noite escura!Aperta as minhas mãos geladas. E em repousoEu te direi no ouvido a minha desventuraE tudo o que em mim há de grave e carinhoso. 

(BANDEIRA, Manuel. Confidência. In: Carnaval)

MULHERES Como as mulheres são lindas! Inútil pensar que é do vestido...E depois não há só as bonitas:Há também as simpáticas.E as feias, certas feias em cujos olhos vejo isto:Uma menininha que é batida e pisada e nunca sai da cozinha. Como deve ser bom gostar de uma feia!O meu amor porém não tem bondade alguma.É fraco! É fraco!Meu Deus, eu amo como as criancinhas... És linda como uma história da caronchinhaE eu preciso de ti como precisava de mamãe e papai(No tempo em que pensava que os ladrões moravam no morro atrás da casa e tinham cara de pau).  

(BANDEIRA, Manuel. Mulheres. In: Libertinagem)

IRENE NO CÉU

Irene pretaIrene boaIrene sempre de bom humor.

Imagino Irene entrando no céu:— Licença, meu branco!E São Pedro bonachão:— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.

(BANDEIRA, Manuel. Irene no céu. In: Libertinagem)

POEMA TIRADO DE UMA NOTÍCIA DE JORNAL  João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro

da Babilônia num barracão sem númeroUma noite ele chegou no bar Vinte de NovembroBebeuCantouDançouDepois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

(BANDEIRA, Manuel. Poema tirado de uma notícia de jornal. In: Libertinagem)

O BICHO

Vi ontem um bichoNa imundície do pátioCatando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,Não examinava nem cheirava:Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,Não era um gato,Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.(BANDEIRA, Manuel. O bicho. In: Belo Belo)

Homenagem de Carlos Drummond de Andrade ao amigo Manuel Bandeira

DECLARAÇÕES A MANUEL Teu verso límpido, libertode todo sentimento falso;teu verso em que Amor, soluçante,se retesa e contempla a mortecom a mesma forte lucidezde quem soube enfrentar a vida;teu verso em que deslizam sombrasque de fantasmas se tornaramnossos amigos sorridentes.

(Carlos Drummond de Andrade)

PRINCIPAIS TEMAS:•A paixão pela vida

“Tenho todos os motivos menos um de ser triste “

PRINCIPAIS TEMAS:• A morte e a solidão

“Talvez sorria, ou diga: - Alô, iniludível!”

PRINCIPAIS TEMAS:• O amor e o erotismo;

“Como deve ser bom gostar de uma feia!O meu amor porém não tem bondade alguma.”

PRINCIPAIS TEMAS:• A angústia existencial

“Só tu mesma ouvirás o que aos outros não ousoContar do meu tormento obscuro e impressentido.”

PRINCIPAIS TEMAS:• O cotidiano

“O bicho, meu Deus, era um homem.”

PRINCIPAIS TEMAS:• A infância

O ÚLTIMO POEMA Assim eu quereria o meu último poemaQue fosse terno dizendo as coisas mais simples e

menos intencionaisQue fosse ardente como um soluço sem lágrimasQue tivesse a beleza das flores quase sem perfumeA pureza da chama em que se consomem os

diamantes mais límpidosA paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

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