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FACULDADE DE DIREITO
CLÁUDIA GISLENE DOS SANTOS
O FENÔMENO DA PEJOTIZAÇÃO COMO FORMA DE FRAUDE
AOS DIREITOS TRABALHISTAS
CANOAS 2011
1 �
CLÁUDIA GISLENE DOS SANTOS
O FENÔMENO DA PEJOTIZAÇÃO COMO FORMA DE FRAUDE
AOS DIREITOS TRABALHISTAS
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Direito do Centro Universitário Ritter dos Reis, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.
Orientador: Prof. Ms. Andrio Portuguez Fonseca
CANOAS 2011
2 �
CLÁUDIA GISLENE DOS SANTOS
O FENÔMENO DA PEJOTIZAÇÃO COMO FORMA DE FRAUDE
AOS DIREITOS TRABALHISTAS
Trabalho de conclusão defendido e aprovado como requisito parcial a obtenção do título de Bacharel em Direito pela Banca examinadora constituída por:
_______________________________________ Andrio Portuguez Fonseca
_______________________________________
Examinador 1
_______________________________________
Examinador 2
CANOAS
2011
3 �
Dedico este trabalho à minha mãe,
minha maior incentivadora e exemplo de
coragem; às minhas irmãs, cunhados e
sobrinhos como demonstração de que
somos capazes de alcançar nossos
objetivos; ao meu pai, como prova de
que faço dos obstáculos, trampolins; à
minha sogra, que com afeto de mãe me
acolheu e me apoiou ao final deste
trajeto. Ao Fábio, meu noivo, que com
um amor singular soube compreender e
aceitar muito mais do que a minha
ausência durante a construção deste
trabalho. Vocês são testemunhas:
Sonhos se tornam realidade!
4 �
Agradeço aos meus amigos, que sempre
tiveram palavras de motivação a me
falar, e ao meu professor orientador,
pela atenção, dedicação e generosidade
em passar-me toda a sua sabedoria.
5 �
“Apesar dos nossos defeitos,
precisamos enxergar que somos
pérolas únicas no teatro da vida e
entender que não existem pessoas de
sucesso e pessoas fracassadas. O que
existem são pessoas que lutam pelos
seus sonhos ou desistem deles.”
(Augusto Cury)
6 �
RESUMO
A relação de emprego tem sido alvo de tentativa de dissimulações e fraude no que concerne à sua caracterização. Existem empresas que na tentativa de mascarar o vínculo empregatício têm efetuado a contratação forjada de pessoas jurídicas, quando na verdade estes trabalhadores estão submetidos ao poder de mando de seu empregador, estando subordinados diretamente à empresa tomadora dos serviços. Assim, não há que se falar em empresa terceirizante, e sim em vínculo de emprego, pois resta evidente que o contrato de trabalho está sendo encoberto pelo fenômeno da pejotização. Cabe ao magistrado fazer a análise do caso concreto, à luz do princípio da primazia da realidade e principalmente do princípio da boa-fé - que evidentemente deve margear toda relação contratual - levando em consideração os demais princípios norteadores do Direito do Trabalho no que diz respeito à proteção do trabalhador, que indubitavelmente é a parte frágil da relação de emprego.
Palavras-chave: Pejotização. Relação de emprego. Primazia da realidade.
7 �
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 8�
2 RELAÇÃO DE EMPREGO E SEUS ELEMENTOS CARACTERIZADORES
...........................................................................................................................10�
2.1�RELAÇÃO DE EMPREGO E DE TRABALHO ............................................ 10�
2.2 CONTRATO DE TRABALHO ...................................................................... 12�
2.3 IDENTIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO ....... 13�
2.3.1�Não eventualidade .................................................................................. 14�
2.3.2�Subordinação.......................................................................................... 15�
2.3.3�Pessoalidade / Pessoa física ................................................................. 17�
2.3.4�Onerosidade............................................................................................ 18�
3 PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE E ÔNUS DA PROVA .............. 20�
3.1 FONTES DO DIREITO DO TRABALHO ..................................................... 20�
3.1.1 Acordos e convenções coletivas de trabalho ..................................... 21�
3.1.2 Regulamento interno de empresa ........................................................ 21�
3.1.3 Dissídios coletivos ................................................................................ 23�
3.2�O PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE ........................................... 25�
3.3 VERDADE REAL X VERDADE LEGAL ...................................................... 30�
3.4 A PROVA NO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO .......................... 32�
3.5 O ÔNUS DA PROVA .................................................................................. 33�
4 A TERCEIRIZAÇÃO E O FENÔMENO DA PEJOTIZAÇÃO......................... 36�
4.1 TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA ........................................................................... 36�
4.2 TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA .......................................................................... 39�
4.2.1 Representante comercial autônomo .................................................... 43�
4.2.2 Cooperativas .......................................................................................... 46�
5 CONCLUSÃO ................................................................................................ 49�
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 51�
LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIAS CONSULTADAS ............................... 53�
8 �
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho de monografia tem como matéria de estudo “o
fenômeno da pejotização como forma de fraude aos direitos trabalhistas”. A
pesquisa será desenvolvida à luz da doutrina e da jurisprudência brasileira, e
tem como objetivo geral analisar as responsabilidades do empregador ao
contratar uma pessoa jurídica para a prestação de serviços, e avaliar a forma
com que ocorrem essas contratações.
O assunto abordado é atual e mostra-se de altíssima relevância, uma
vez que para se eximirem do pagamento dos direitos trabalhistas, os
empregadores se utilizam da contratação de pessoa jurídica para exercer as
tarefas que deveriam ser exercidas por um empregado - pessoa física - que
faria jus a esses direitos.
A contratação de pessoa jurídica para prestação de serviços é uma
prática legal, amparada pela legislação brasileira, no entanto, algumas
empresas são criadas com o intuito de fraudar os direitos trabalhistas, pois
contratando uma pessoa jurídica, o tomador de serviços se exime do
pagamento das verbas trabalhistas e rescisórias deste trabalhador. Face às
condições de empregabilidade, algumas pessoas se vêem obrigadas a se
submeter a este tipo de contratação, constituindo uma pessoa jurídica para
obter trabalho, e muito embora estando sujeitos a todas as regras de
subordinação que os empregados formais, não percebem os direitos
trabalhistas que estes últimos percebem.
O trabalho encontra-se dividido em três capítulos. O primeiro fará uma
análise acerca da caracterização da relação de emprego, fazendo-se uma
análise segregada de cada um dos elementos caracterizadores dessa relação.
Serão analisadas ainda as formas em que o contrato de trabalho pode se
apresentar.
O segundo capítulo trará uma análise sobre as formas de proteção ao
empregado, abordando fontes de direito admitidas pelo Direito do Trabalho e
9 �
fazendo uma análise acerca do princípio da primazia da realidade como
princípio norteador do Direito do Trabalho, e a distinção entre verdade real e
verdade legal. Na segunda parte deste capítulo será estudada a forma como se
dá a prova e o ônus da prova no Direito Processual Trabalhista.
No terceiro e último capítulo serão trazidas as formas de terceirização de
trabalho, e algumas situações que as empresas podem se utilizar desta
possibilidade de diminuir custos para a empresa, transformando empregados
em profissionais autônomos, visando possibilitar a comprovação da existência
de fraude em alguns casos deste tipo de contratação. Será analisada ainda a
competência para processar e julgar as ações oriundas deste tipo de conflito.
A legislação estabelece normas, amplamente discutidas pela doutrina,
acerca da definição de relação de emprego, assim, quando da contratação de
uma pessoa jurídica que se enquadre nessas regras, é possível que
verifiquemos que a relação de emprego foi mascarada, caracterizando assim, a
pejotização.
Cumpre salientar que o fenômeno da pejotização não se confunde com
a terceirização de serviços, pois a contratação se dá de forma direta com a
pessoa que exercerá o trabalho para o qual está sendo contratada, o que a
caracteriza é a utilização, ou ainda a criação de um Cadastro Nacional de
Pessoas Jurídicas (CNPJ) para exercer as atividades para as quais foi
contratada, daí advém a denominação “pejotização”.
Tais análises são necessárias para que relações de emprego sejam
caracterizadas e os verdadeiros direitos dos empregados sejam assegurados.
10 �
2 RELAÇÃO DE EMPREGO E SEUS ELEMENTOS CARACTERIZADORES
Neste capítulo, será analisada a definição de relação de emprego,
fazendo-se a distinção entre este conceito e o da relação de trabalho,
mormente ao que concerne aos requisitos para caracterização da relação de
emprego. Também analisar-se-á as formas em que podem se apresentar os
contratos de trabalho.
Serão analisados os requisitos indissolúveis da caracterização do
vínculo de emprego, conceituando cada um deles de forma a demonstrar que
estão totalmente interligados, motivo pelo qual se faz necessária a existência
de todos esses elementos para que haja o vínculo empregatício.
2.1 RELAÇÃO DE EMPREGO E DE TRABALHO
Para viabilizarmos a análise e o estudo pretendido, é imprescindível
definirmos o conceito de relação de emprego e de trabalho.
Cumpre salientar que relação de trabalho e relação de emprego são
expressões distintas, pois a primeira abrange todas as relações jurídicas que
se referem a uma prestação de trabalho, ou seja, o trabalho eventual, o
trabalho avulso, o trabalho autônomo, o estágio, a representação comercial, o
trabalho cooperativado, entre outras, enquanto a relação de emprego se trata
de uma das modalidades da relação de trabalho, conforme explica Maurício
Godinho Delgado:
A relação de emprego, do ponto de vista técnico-jurídico, é apenas uma das modalidades específicas de relação de trabalho juridicamente configuradas. Corresponde a um tipo legal próprio e específico, inconfundível com as demais modalidades de relação de trabalho ora vigorantes.1
Acerca da relação de emprego, Amauri Mascaro Nascimento definiu
contrato de emprego “[...] como a relação jurídica de natureza contratual tendo
���������������������������������������� �������������������1 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 10.ed. São Paulo: LTr, 2011. p. 276
11 �
como sujeitos o empregado e o empregador e como objeto o trabalho
subordinado, continuado e assalariado”.2
Na definição de Carmen Camino:
Relação de emprego é a relação de trabalho de natureza contratual, realizada no âmbito de uma atividade econômica ou a ela equiparada, em que o empregado se obriga a prestar trabalho pessoal, essencial à consecução dos fins da empresa e subordinado, cabendo ao empregador suportar os riscos do empreendimento econômico, comandar a prestação pessoal do trabalho e contraprestá-lo através do salário.3
Assim, passamos a apontar quais seriam as características que refletem
a verdadeira relação de emprego, pois conforme veremos no decorrer deste
trabalho, é possível configurar a relação de emprego, mesmo que não haja
documento formalizado entre as partes, ou seja, concluímos que o contrato
escrito não é elemento essencial para a caracterização da relação de emprego.
As características que definem a relação de emprego são: não
eventualidade, subordinação, pessoalidade (pessoa física) e onerosidade na
prestação de trabalho, conforme conceitua Alice Monteiro de Barros:
[...] o contrato de trabalho é acordo expresso (escrito ou verbal) ou tácito firmado entre uma pessoa física (empregado) e outra pessoa física, jurídica ou entidade (empregador), por meio do qual o primeiro se compromete a executar, pessoalmente, em favor do segundo um serviço de natureza não eventual, mediante salário e subordinação jurídica. Sua nota típica é a subordinação jurídica. É ela que irá distinguir o contrato de trabalho dos contratos que lhe são afins e, evidentemente, o trabalho subordinado do trabalho autônomo.4
O empregador “por assumir os riscos da atividade empreendida, exerce
o poder de comando (diretivo, hierárquico e disciplinar), em relação aos
serviços prestados pelo empregado”.5 É o que chamamos de alteridade. Nota-
se que em razão do empregador contrair os riscos da atividade econômica e
���������������������������������������� �������������������2 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 24.ed. São Paulo: Saraiva,
2009. p. 687 3 CAMINO, Carmen. Direito Individual do Trabalho. 4.ed. Porto Alegre: Síntese, 2004. p. 235 4 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 7.ed. São Paulo: LTr, 2011.
p.185 5 SÜSSEKIND, Arnaldo. Curso de Direito do Trabalho. 3.ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2010.
p. 236
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possuir o poder de mando, torna o empregado a parte hipossuficiente da
relação de trabalho, motivo pelo qual, no Brasil, há uma expressiva proteção
aos direitos trabalhistas, principalmente no que tange à caracterização do
vínculo empregatício, para que não haja prejuízo ao trabalhador.
2.2 CONTRATO DE TRABALHO
Como antes mencionado, o contrato escrito não é elemento essencial
para a caracterização da relação de emprego, uma vez que essa relação de
emprego pode ser estabelecida de maneira verbal.
O contrato de trabalho escrito é constituído fisicamente por um
documento acordado e assinado pelo empregado e pelo empregador, onde
constam todas as disposições que ensejarão esta relação de emprego,
dispondo também sobre os limites e possíveis regras da empresa que está
contratando o funcionário. Estas são algumas características formais do
contrato de trabalho, no entanto, muitas são as características que definem um
contrato de trabalho, que pode restar configurado mesmo não existindo um
documento impresso e assinado pelo empregado e pelo empregador.
Como antes mencionado, o contrato de trabalho pode, ainda, ser
estabelecido verbalmente, configurando a relação de emprego, conforme
definição de Sérgio Pinto Martins:
Não é o contrato de trabalho um pacto solene, pois independe de quaisquer formalidades, podendo ser ajustado verbalmente ou por escrito (Artigo 443 da CLT). Havendo consenso entre as partes, mesmo verbalmente, o contrato de trabalho estará acordado. Não há necessidade para seu aperfeiçoamento da entrega de qualquer coisa, como ocorre na compra e venda.6
Diante dessas colocações, fica evidente que o empregador não pode se
valer da inexistência de um contrato de trabalho assinado para negar a relação
de emprego, uma vez que esta relação pode se estabelecer inclusive
verbalmente.
���������������������������������������� �������������������6 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 26.ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 100
13 �
2.3 IDENTIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO
Conforme exposto anteriormente, alguns elementos são indispensáveis
para a caracterização da relação de emprego, pois sem eles não se configura o
vínculo empregatício.
De valia destacar que tais elementos devem ser encontrados em
conjunto, sob pena de descaracterizar a relação de emprego, restando
evidente que um elemento isolado não preenche o suporte fático necessário e
previsto no ordenamento jurídico brasileiro.
Assim, primordial conhecermos cada um dos elementos, bem como as
situações que margeiam a sua identificação, para demonstrarmos a
(des)caracterização desejada.
O caput do artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estatui
que “considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário”.7 Os elementos aos quais a norma está se referindo é a não
eventualidade, a subordinação, a pessoalidade (pessoa física) e a onerosidade.
Farta é a jurisprudência no sentido de caracterizar a relação de emprego
tendo por embasamento a existência destes pressupostos. Neste sentido,
cumpre transcrever a decisão da 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho
da 4ª Região:
VÍNCULO DE EMPREGO. DENTISTA. Hipótese em que se reconhece o vínculo de emprego entre a dentista que prestou serviços ao sindicato reclamado, nos moldes dos artigos 2º e 3º da CLT, porque presentes os requisitos da subordinação, não eventualidade, onerosidade e pessoalidade. Recurso ordinário do reclamado desprovido, no tópico.8
���������������������������������������� �������������������7 BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 01 de maio de 1943. 8 RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0044700-
04.2009.5.04.0004, Relatora: Des. Flávia Lorena Pacheco, 2010.
14 �
No mesmo sentido é o entendimento da 10ª Turma do Tribunal Regional
do Trabalho da 3ª Região, conforme transcrito a seguir:
CORRETOR DE SEGUROS. RELAÇÃO DE EMPREGO CARACTERIZADA. Comprovado que a reclamante empregava sua força de trabalho em atividade essencialmente ligada ao objetivo principal da reclamada, exercendo seu mister, com pessoalidade, onerosidade, não-eventualidade e subordinação, deve ser reconhecida a relação de emprego, não obstante a pseudo-condição de corretor de seguros.9
A análise destes elementos, a seguir, tem o intuito de conceituar e de
demonstrar a importância individual de cada um deles, e de tornar notável o
quanto estão ligados um ao outro na caracterização da relação de emprego.
2.3.1 Não eventualidade
A não eventualidade se refere à habitualidade na prestação do serviço.
É o trabalho prestado de forma contínua e recorrente, onde não há caráter
ocasional, mesmo que não seja executado diariamente, mas desde que seja
realizado com frequência. Considera-se ainda, como não eventual, os serviços
ligados diretamente às atividades normais do empreendimento onde há o
desenvolvimento do trabalho, conforme definido por Gustavo Filipe Barbosa
Garcia:
Trabalho não eventual, num primeiro enfoque, é aquele habitual, contínuo. Pode-se dizer, entretanto, que a não eventualidade significa a prestação de serviços ligados às atividades normais do empregador, ou seja, realizando serviços permanentemente necessários à atividade do empregador ou de seu empreendimento.10
Vejamos a decisão proferida pela 7ª Turma do Tribunal Regional do
Trabalho da 4ª Região:
FAXINEIRA DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL. CONCEITO DE “NÃO-EVENTUALIDADE”. EXISTÊNCIA DE VÍNCULO DE EMPREGO. O trabalho de faxineira, em empresa comercial, gera vínculo de emprego, quando presentes os pressupostos elencados
���������������������������������������� �������������������9 MINAS GERAIS, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0067900-
53.2009.5.03.0138, Relatora: Des. Wilméia da Costa Benevides, 2009. 10 GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa, Curso de Direito do Trabalho. 2.ed. São Paulo: Método,
2008. p. 135-136
15 �
nos artigos 2º e 3º da CLT. O fato da prestação de serviços ocorrer na periodicidade de uma ou duas vezes por semana não equivalem à eventualidade, de vez que os serviços de limpeza e conservação correspondem à atividade-meio de caráter permanente e necessária ao empregador, tanto que, no caso concreto, foi prestado por mais de quatro anos. Recurso que se dá provimento.11
A ementa transcrita acima mostra de forma explícita a aplicação do
pressuposto da não eventualidade para a caracterização da relação de
emprego para o celetista, uma vez que considera que o fato de o serviço ter
sido prestado de uma a duas vezes por semana estabelece o vínculo
empregatício, pois houve habitualidade na prestação desse serviço.
Cabe frisar que a legislação na identificação da relação do empregado
celetista apontou como um dos elementos caracterizadores a não
eventualidade, enquanto na lei do empregado doméstico encontramos a
expressão continuidade. Visando a diferenciação apontamos que a
caracterização da continuidade é mais difícil do que a da não eventualidade.
Como exemplo, trazemos o caso do garçom que labora num restaurante
somente aos sábados e domingos, restando evidente que tal labor seria não
eventual, acarretando o reconhecimento do vínculo empregatício, enquanto
que dois dias de labor na semana numa relação de emprego doméstico, não
caracterizaria a relação de empregado doméstico, já que não encontramos o
elemento “continuidade”.
A legislação do empregado doméstico, apresenta no seu bojo o
interesse de proteger ou ser mais flexível com a célula familiar, por tal motivo
encontramos até as hipóteses de autorização de salário complessivo,
reconhecimento de pagamento mediante prova testemunhal (contrariando o
Artigo 464 da CLT) e a possibilidade de qualquer membro da família
representar a empresa em juízo (conforme reza a Súmula 377 do TST).
2.3.2 Subordinação
���������������������������������������� �������������������11 RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0069000-
73.2009.5.04.0022, Relatora: Des. Flávia Lorena Pacheco, 2010.
16 �
Subordinação é tratada pela CLT, em seu artigo 3º da CLT como
“dependência”, configurando-se pela situação de submissão hierárquica a que
está submetido o trabalhador. Significa que o trabalhador está subordinado à
determinada pessoa e ao poder de mando que esta pessoa exerce sobre o seu
trabalho.
A subordinação jurídica está presente quando o empregado age por
conta alheia, com base nas orientações e diretrizes dadas pelo empregador,
dentro dos limites legais, conforme segue:
A subordinação jurídica compreende, assim, a sujeição do labor do empregado à vontade do empregador. Na relação empregatícia, o empregador detém os poderes para dirigir, regulamentar, fiscalizar e aplicar penalidades ao trabalhador. É por intermédio do exercício do poder empregatício que se instrumentaliza a subordinação jurídica no contexto da relação de emprego.12
A decisão proferida pela 10ª turma do Tribunal Regional do Trabalho de
Minas Gerais, transcrita abaixo, demonstra que a subordinação é requisito
fundamental para caracterização da relação de emprego:
RELAÇÃO DE EMPREGO. CARACTERIZAÇÃO. SUBORDINAÇÃO JURÍDICA. CONCEITO. COZINHEIRA. TRABALHO EM RESTAURANTE. A caracterização da relação de emprego se dá pelo exame no mundo dos fatos, pouco importando o nome emprestado pelas partes ao ajuste firmado; quando se reúnem os pressupostos dos artigo 3º da CLT, a saber, prestação de serviços com pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e subordinação jurídica, tem-se aí um vínculo empregatício (primazia da realidade). Dentre tais elementos, a subordinação jurídica sobressai como determinante na diferenciação entre a prestação de serviços do trabalhador autônomo e aquela ofertada pelo empregado, vez que os demais fatores são encontrados, tanto aqui, quanto lá. A chamada "subordinação-integração ou objetiva" se traduz "no fato de o empregado constituir parte integrante da organização" empresarial - Alice Monteiro de Barros, Curso de Direito do Trabalho, LTr, 2.005, p. 258. Dito isso, não há dúvidas de que a cozinheira que trabalha em restaurante, com prolongamento da prestação laborativa no tempo, figura como empregada do estabelecimento; a prestação de serviços apresenta-se incorporada à essência do negócio e, ainda, a trabalhadora está sujeita "às diretivas do empregador acerca da prestação e ao seu poder disciplinar" ("subordinação-controle ou subjetiva" - cf. obra citada, p. 259).13
���������������������������������������� �������������������12 ALVARENGA, Rúbia Zanotelli de. O poder empregatício no contrato de trabalho. Justiça do
Trabalho. Porto Alegre, n. 309, set. 2009, p. 48. 13 MINAS GERAIS, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão processo 0179100-
62.2009.5.03.0042, Relatora: Des. Wilméia da Costa Benevides, 2010.
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Assim, a subordinação jurídica é um dos elementos caracterizadores da
relação de emprego, mas cabe salientar que conforme descrito por Souto
Maior, “a subordinação, vale lembrar, não se caracteriza por uma relação de
poder entre as pessoas, mas sobre a atividade exercida”14, ou seja, a pessoa
está subordinada apenas no que concerne ao trabalho por ela executado, sem
envolver outras questões, como as de ordem pessoal.
2.3.3 Pessoalidade / Pessoa física
A pessoalidade traz como um de seus pressupostos o fato do contrato
de trabalho ser intuitu personae em relação ao empregado, ou seja, é
celebrado com a pessoa que está sendo contratada e deve ser cumprido por
esta pessoa.15
Neste sentido são as decisões da jurisprudência brasileira, e como
exemplo, cumpre transcrever a decisão da 10ª Turma do Tribunal Regional do
Trabalho da 4ª Região, que menciona a pessoalidade como elemento
caracterizador da relação de emprego:
Vínculo de emprego. Médico. Relação jurídica de trabalho em que presentes a subordinação jurídica, a pessoalidade, a não eventualidade e a onerosidade, elementos caracterizadores da relação de emprego, nos termos do artigo 3º da CLT, autorizando o reconhecimento do vínculo de emprego.16
Outro pressuposto para a configuração da pessoalidade é o de que este
elemento determina que para que alguém seja empregado, necessariamente
deve ser pessoa física, conforme também determina o artigo 3º da CLT.
Importante salientar que o fato de contratar trabalhador como pessoa
jurídica não afastaria a configuração da relação de emprego, pois isso
implicaria em fraude aos direitos trabalhistas, conforme explica Souto Maior:
���������������������������������������� �������������������14 SOUTO MAIOR, Jorge Luiz . Curso de Direito do Trabalho: a relação de emprego, São
Paulo: LTr, 2008. v. 2. p. 52. 15 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 7.ed. São Paulo: LTr, 2011. p.
187 16 RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0218000-
87.2009.5.04.0333, Relatora: Des. Denise Pacheco, 2011.
18 �
Este pressuposto não quer dizer, de forma alguma, que se possa “transformar” o trabalhador em pessoa jurídica e que, assim, estará afastada a relação de emprego. A prática que se disseminou nas relações de trabalho pelo Brasil afora da “pejotização”, da exigência de que o trabalhador, para obter trabalho, constitua uma pessoa jurídica, com a qual se faz um contrato de prestação de serviços, trata-se apenas de mais um grande equívoco jurídico, provocado por má intenção ou por falta de conhecimento.17
Como é evidente, não se pode utilizar uma pessoa jurídica com o intuito
de ludibriar a relação de emprego, pois a terceirização seria ilícita e a relação
de emprego caracterizada.
2.3.4 Onerosidade
O trabalhador deve receber uma retribuição pelos serviços prestados,
assim, economicamente, este serviço é oneroso para o empregador. Significa
que o trabalho não foi prestado de forma gratuita, ou seja, o trabalhador será
remunerado.
A contraprestação recebida pelo empregado se dá mediante salário, que
pode ser pago em dinheiro ou através do chamado salário-utilidade.18 Para o
pagamento através de utilidades, é necessário que o empregado tenha
conhecimento dessa condição antecipadamente à prestação dos serviços.
Fazer da onerosidade um elemento caracterizador da relação de
emprego se justifica à medida em que avançamos no estudo e percebemos
que algumas espécies de trabalho não tem como objetivo a remuneração, a
exemplo dos pastores de igreja e também das pessoas que desempenham
trabalhos voluntários.
Neste sentido, cumpre transcrever a decisão da 3ª Tuma do Tribunal
Regional do Trabalho da 3ª Região:
���������������������������������������� �������������������17 SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. Curso de Direito do Trabalho: a relação de emprego, São
Paulo: LTr, 2008. v. 2. p. 48 18
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 26.ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 227
19 �
RELAÇÃO DE EMPREGO. PASTOR EVANGÉLICO. SERVIÇOS NÃO EXCLUSIVAMENTE ECLESIÁSTICOS. INEXISTÊNCIA. Membros de congregação religiosa que tem por finalidade a propagação do evangelho não se confundem com a figura do empregado. Se o pastor evangélico prestou serviços à comunidade, em caráter de orientador espiritual, atividade escolhida por devoção e convicção religiosa, e não com o intuito de ver formada relação de emprego, não se fala em contrato de trabalho, regido pela CLT.19
Por oportuno, faz-se imprescindível esclarecer que o fato de o
empregador não ter quitado a sua obrigação e estar inadimplente com o
pagamento da remuneração do empregado, não exclui a existência da
onerosidade. O elemento preexiste à inadimplência20, assim, mesmo que o
empregador não tenha pago o salário devido ao seu empregado, não exclui a
existência da onerosidade.
���������������������������������������� �������������������19 MINAS GERAIS, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão processo 0001359-
34.2010.5.03.0031, Relator: Des. Bolívar Viégas Peixoto, 2011. 20 CAMINO, Carmen. Direito Individual do Trabalho. 2.ed. Porto Alegre: Síntese, 2004. p. 199
20 �
3 PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE E ÔNUS DA PROVA
O assunto principal do capítulo que se inicia é o ônus da prova no Direito
Processual do Trabalho. Para chegarmos ao estudo sobre a finalidade da
prova e a qual parte do processo incumbe o ônus da prova, é necessário que
primeiramente vejamos algumas fontes do Direito do Trabalho que auxiliam na
elucidação do caso concreto, uma vez que podem compor o conjunto
probatório.
Analisaremos também o conceito do princípio da primazia da realidade,
como forma de proteção aos direitos do empregado, demonstrando a
importância que tem a aplicação deste princípio no julgamento do caso
concreto. Também será analisada a distinção de verdade real e verdade legal,
estabelecendo a conjugação entre o princípio da primazia da realidade e a
verdade real.
Como de notório conhecimento o magistrado necessita conhecer as
normas jurídicas apenas de âmbito nacional, assim os demais regramentos
cabe às partes fazer a juntada e referência da existência de tal regramento de
âmbito municipal, estadual ou até mesmo particular, assim iniciaremos tal
capitulo fazendo referencia a tais fontes de direito.
3.1 FONTES DO DIREITO DO TRABALHO
Conforme reza o Artigo 8º da CLT o julgador pode fundamentar a sua
decisão em casos análogos e ainda em outras fontes do direito, sendo que no
ramo da ciência do direito do trabalho encontramos a possibilidade das
próprias partes envolvidas na relação jurídica criarem novas interpretações e
novos direitos.
No entanto, cabe ressaltar que qualquer nova fonte do direito, mesmo
que criada pelas partes envolvidas, pode ser revista pelo poder judiciário,
21 �
conforme perceberemos no estudo do Artigo 9º da CLT e ainda com a análise
do princípio da primazia da realidade.
3.1.1 Acordos e convenções coletivas de trabalho
O empregado, por ser considerado a parte hipossuficiente da relação de
emprego, é amplamente protegido pela legislação brasileira. A Constituição
Federal de 1988, em seu artigo 7º, inciso XXVI, estabeleceu o reconhecimento
das convenções e acordos coletivos de trabalho, enquanto o artigo 611 da CLT
consolidou o seguinte texto para a norma:
Convenção coletiva de trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho.21
Uma das principais diferenças entre o contrato individual e o acordo
coletivo de trabalho, é que ao passo que o contrato individual tem efeito
somente entre as partes que o firmaram, ou seja, entre o empregado e o
empregador, o acordo coletivo atinge as particularidades das partes,
abrangendo categorias de empregados e empresas e os contratos de trabalho
que venham a surgir dentro destas categorias.22
A convenção coletiva de trabalho é de grande importância para a
sociedade, uma vez que contribui significativamente na melhoria das condições
de vida do trabalhador, sendo este um fator determinante para o andamento
amistoso e confiável das relações entre empregado e empregador.
3.1.2 Regulamento interno de empresa
As empresas possuem a prerrogativa de utilizar outras fontes
normativas, além da legislação trabalhista. Esta faculdade se justifica pelas
situações peculiares do cotidiano de cada empresa, e que podem não estar ���������������������������������������� �������������������21 BRASIL, Decreto-Lei nº 5.452, de 01 de maio de 1943. 22 CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 33.ed. São
Paulo: Saraiva, 2008. p. 470
22 �
previstas nas normas existentes. Nesse contexto, um dos instrumentos
utilizados pelas empresas é o regulamento interno.
O regulamento interno de empresa é um conjunto de regras
estabelecidas pela empresa e que devem ser cumpridas pelos seus
empregados, Por isso, o empregado deve tomar conhecimento do regulamento
interno no momento de sua admissão e a empresa deverá manter o
regulamento fixado em sua sede, em local público e de fácil acesso. Sobre o
regulamento Amauri Mascaro Nascimento ensina que:
[...] pode dispor também sobre normas, organização da atividade, disciplina interna e vantagens conferidas aos trabalhadores, com plena eficácia jurídica, subordinado, no entanto, às leis e aos instrumentos normativos mais benéficos aos empregados.23
Não há uma forma pré-estabelecida de regulamento, assim, “pode
corresponder tanto a um texto sistematizado, qualquer que seja seu título,
como ao conjunto de atos isolados cujas disposições, por sua natureza jurídica,
configurem o regulamento”.24
A previsão legal do regulamento da empresa é o artigo 444 da CLT, que
dispõe:
As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às disposições das autoridades competentes.25
Observa-se que o legislador se preocupou em determinar que os
regulamentos internos de empresa não se sobressaiam à legislação ou aos
acordos coletivos, conforme mencionou Valentin Carrion:
Nessa ordem protecionista é que devem ser entendidos os dispositivos que constituem as fontes formais do Direito, na ordem de
���������������������������������������� �������������������23 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 36.ed. São Paulo: LTr.
2011. p. 93 24 SÜSSEKIND, Arnaldo. Curso de Direito do Trabalho. 3.ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2010.
p. 232 25 BRASIL, Decreto-Lei nº 5.452, de 01 de maio de 1943.
23 �
sua hierarquia: a Constituição Federal, depois as leis (ou decretos-leis), normas coletivas (em sentenças ou em contratos coletivos), contratos individuais; as fontes inferiores não podem conceder menos do que as superiores determinam; em nosso sistema, o regulamento de empresa integra-se ao contrato individual [...]26
O regulamento interno tem sido também, objeto de matéria para recurso
de revista, conforme decisão exarada pela 1ª Turma do Tribunal Superior do
Trabalho em recurso de revista interposto pela reclamada para reformar a
decisão de 2º grau, que a condenou à integração do adicional de
periculosidade na base de cálculo da complementação de aposentadoria
percebida pelo empregado, embasando sua decisão à equiparação do
regulamento interno da empresa à Lei Estadual, conforme decisão transcrita
abaixo:
RECURSO DE REVISTA - COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA INCLUSÃO DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE EM SUA BASE DE CÁLCULO PRINCÍPIO DA CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA ARTS. 1º, IV, E 7º, I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. A Constituição Federal, nos termos do seu artigo 7º, I, garante aos trabalhadores o patamar civilizatório mínimo que o poder constituinte originário reputou indispensável à valorização do labor humano, fundamento da República Federativa do Brasil (artigo 1º, IV, da Carta Magna). Dessa forma, atende à finalidade deste ramo da ciência jurídica, qual seja, a melhora das condições de pactuação do trabalho em relação ao capital, dispositivo de lei estadual (equiparada a regulamento interno de empresa) que estabelece, em respeito ao princípio da condição mais benéfica, a integração do adicional de periculosidade na base de cálculo da complementação de aposentadoria percebida pelo empregado. Recurso de revista não conhecido.27
Por ser o regulamento de empresa um conjunto de disposições
elaboradas pelo empregador, onde há a aceitação tácita do empregado ao ser
admitido, evidentemente não terá maior importância que a legislação, mas
deve ser seguido pelo empregado, pois contém as diretrizes da empresa.
3.1.3 Dissídios coletivos
���������������������������������������� �������������������26 CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 33.ed. São
Paulo: Saraiva, 2008. p. 291 27 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. RR processo 124300-14.2004.5.04.0016. Ministro
Relator: Vieira de Mello Filho, 2010.
24 �
Dissídio coletivo é o meio utilizado no Direito do Trabalho para a
resolução de conflitos de caráter coletivo que necessitem da intervenção do
poder judiciário.
O dissídio coletivo difere do dissídio individual porque o dissídio
individual tem o escopo de dirimir conflitos entre o empregado (ou vários
empregados considerados de maneira individual) e o empregador, enquanto o
dissídio coletivo tem o propósito de resolver conflitos ou defender interesses de
um grupo de empregados inseridos em uma determinada categoria, conforme
definição de Bezerra Leite:
[...] o dissídio coletivo é uma espécie de ação coletiva conferida a determinados entes coletivos, geralmente os sindicatos, para a defesa de interesses cujos titulares materiais não são pessoas individualmente consideradas, mas sim grupos ou categorias econômicas, profissionais ou diferenciadas [...] 28
Para Alice Monteiro de Barros, “nos dissídios coletivos reivindica-se a
criação de novas condições de trabalho ou a interpretação de norma
preexistente [...]”29, isto é, para a autora a ação de dissídio coletivo pode ser
ajuizada somente para discutir normas que já existem, não sendo possível que
se discuta a criação de normas ou ainda questões já reguladas por lei ou que
podem ser resolvidas entre as partes, sem a necessidade de intervenção
judicial, conforme decisão dos Magistrados integrantes da Seção de Dissídios
Coletivos do Tribunal Regional da 4ª Região:
REVISÃO DE DISSÍDIO COLETIVO. Deferimento de algumas vantagens, nos termos da norma coletiva revisanda, e de acordo com o entendimento predominante nesta Seção de Dissídios Coletivos e com Precedentes deste Tribunal e do TST. Indeferimento dos demais pedidos, por versarem sobre matérias suficientemente reguladas por lei, ou próprias para acordo entre as partes.30
É também através da ação de dissídio coletivo que as empresas devem
formalizar acordos com a entidade sindical da qual faz parte, consoante a
���������������������������������������� �������������������28 BEZERRA LEITE, Carlos Henrique. Curso de Direito Processual do Trabalho. 8.ed. São
Paulo: LTr, 2010. p. 1117 29
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 7.ed. São Paulo: LTr, 2011. p. 1004
30 RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão DC processo 0303100-39.2009.5.04.0000, Relator: Des. Fabiano de Castilhos Bertolucci, 2010.
25 �
decisão proferida pelos Magistrados integrantes da Seção de Dissídios
Coletivos do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região:
DISSÍDIO COLETIVO. HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO. Acordo livremente avençado entre o suscitante e a primeira suscitada, o qual conta com a assistência da segunda suscitada, que se homologa para que produza seus efeitos no âmbito das categorias representadas. No cumprimento do acordo, as cláusulas e condições ajustadas devem ser examinadas à luz das normas constitucionais, legais e as soberanas decisões das assembléias, as quais, neste ato, juntamente com as fontes formais de direito, são expressamente ressalvadas.31
Por fim, cabe salientar que a Emenda Constitucional nº 45, confirmou a
competência da Justiça do Trabalho para julgar as ações de dissídio coletivo,
conforme o Artigo 114, § 2º da Constituição Federal do Brasil, Também é
importante destacar que o juiz possui grande responsabilidade na resolução
destes conflitos, pois deve ser imparcial, valendo-se das provas apresentadas
no processo para julgar o caso concreto, e é isso o que veremos nos próximos
capítulos.
3.2 O PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE
Dentro do raciocínio de proteção ao empregado temos como princípio
reflexo aquele denominado de verdade real ou também conhecido como
princípio da primazia da realidade.
O princípio da primazia da realidade foi estudado pelo doutrinador
uruguaio Américo Plá Rodriguez, que afirmava que “em caso de discordância
entre o que ocorre na prática e o que emerge de documentos ou acordos,
deve-se dar preferência ao primeiro, isto é, ao que sucede no terreno dos
fatos”32, assim, deixa-se de lado o que os documentos tentam demonstrar, para
dar importância ao que ocorre na prática.
���������������������������������������� �������������������31 RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão DC processo 0294800-
25.2008.5.04.0000, Relatora: Des. Cleusa Regina Halfen, 2010. 32 RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho. 3.ed. São Paulo: LTr, 2000.
p. 333
26 �
Plá Rodriguez traz ao princípio da primazia da realidade o preceito de
De La Cueva, que defendia que “o contrato de trabalho é um contrato-
realidade”33, completando o preceito com a definição da natureza jurídica dos
contratos de trabalho, ao mencionar que a indispensável diferença entre os
contratos de trabalho e os contratos de natureza civil é que, para que os
contratos de natureza civil produzam efeitos é necessário somente o acordo de
vontades, enquanto o contrato de trabalho depende do cumprimento da
obrigação contraída, ou seja, “se deduz que no direito civil o contrato não está
ligado ao seu cumprimento, enquanto no do trabalho não fica completo senão
através de sua execução.”34
No que diz respeito à definição do princípio da primazia da realidade,
diversos doutrinadores seguiram a definição desenvolvida por Plá Rodriguez, a
exemplo de Barbosa Garcia, que afirmou que “o princípio da primazia da
realidade indica que, na relação de emprego, deve prevalecer a efetiva
realidade dos fatos, e não a eventual forma construída em desacordo com a
verdade”.35
Cumpre transcrever a análise do conceito feita por Alice Monteiro de
Barros:
O princípio da primazia da realidade significa que as relações jurídico-trabalhistas de definem pela situação de fato, isto é, pela forma como se realizou a prestação de serviços, pouco importando o nome que lhes foi atribuído pelas partes. Despreza-se a ficção jurídica. É sabido que muitas vezes a prestação de trabalho subordinado está encoberta por meio de contratos de Direito Civil ou Comercial. Compete ao intérprete, quando chamado a se pronunciar sobre o caso concreto, retirar essa roupagem e atribuir-lhe o enquadramento adequado, nos moldes traçados pelos artigos 2º e 3º da CLT.36
Vale salientar que o princípio da primazia da realidade está presente
durante toda a relação de trabalho, e é aplicável em qualquer fase desta ���������������������������������������� �������������������33 LA CUEVA, 1943 apud RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho.
3.ed. São Paulo: LTr, 2000, p. 339. 34 RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho. 3.ed. São Paulo: LTr, 2000.
p. 333 35 GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa, Curso de Direito do Trabalho. 2.ed. São Paulo: Editora
Método, 2008. p. 93 36 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 7.ed. São Paulo: LTr, 2011. p.
146
27 �
relação, uma vez que o contrato pode ter sua forma alterada ao longo da
relação de trabalho, surgindo e sendo pactuado de uma maneira, mas sofrendo
modificações no decorrer de sua execução.
O princípio da primazia da realidade privilegia a realidade fática, assim,
não importa se a verdade é do empregado ou do empregador, pois prevalecerá
a verdade dos fatos, muito embora se saiba que o empregador é na grande
maioria das vezes a parte prejudicada, conforme elucida Martinez:
É verdade que o empregado, como sujeito juridicamente mais fragilizado, é a vítima preferencial dos documentos que revelam coisa diversa daquilo que efetivamente existiu. Há maus empregadores que, na tentativa de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos direitos trabalhistas, engenham contratos de natureza assemelhada (como representação comercial, estágio ou cooperativa) e constroem falas provas, inclusive de pagamento.37
A jurisprudência brasileira é farta no sentido de que o princípio da
primazia da realidade se sobressai aos documentos formais que possam haver
entre as partes, conforme decisão proferida pela 4ª Turma do Tribunal Regional
do Trabalho da 4ª Região:
RECURSO ORDINÁRIO. RELAÇÃO DE EMPREGO. O princípio da primazia da realidade privilegia a realidade dos fatos, preterindo-se os aspectos formais. Dos aspectos fáticos que se evidenciam da prova testemunhal colhida, resulta a perfeita caracterização da relação de trabalho subordinada, onerosa, com pessoalidade e não eventual em atividade essencial à reclamada. Presentes, pois, os elementos caracterizadores do vínculo de natureza empregatícia, emergentes das disposições do artigo 3º da CLT.38
Em decisão a recurso ordinário interposto pela reclamada a fim de
reverter decisão condenatória, a Nona Turma do Tribunal regional do Trabalho
da 3ª região negou provimento ao recurso, mantendo a sentença que
condenou a reclamada a retificar a CTPS do reclamante, com base no princípio
da primazia da realidade, conforme ementa transcrita abaixo:
TRABALHO VOLUNTÁRIO. INEXISTÊNCIA DO TERMO DE ADESÃO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA
���������������������������������������� �������������������37 MARTINEZ, Luciano. Curso de Direito do Trabalho. 1.ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 92 38 RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0142100-
81.2007.5.04.0232, Relator: Des. Fabiano de Castilhos Bertolucci, 2010.
28 �
REALIDADE. O princípio da primazia da realidade preza a real intenção das partes contratantes e o fim por elas colimado, em detrimento da formalidade contratual. Assim, a inexistência de adesão formal do reclamante ao labor gracioso não é capaz, por si só, de apagar a sua intenção de exercer uma função de forma voluntária.39
A 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª região, também
decidiu pelo princípio da primazia da realidade, tornando ineficaz os
documentos formais, conforme decisão abaixo transcrita:
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. VÍNCULO DE EMPREGO. Em que pese a insurgência da recorrente quanto ao reconhecimento de relação de emprego, o contexto probatório favorece para a manutenção da sentença proferida. Da prova oral extrai-se a subordinação e a não eventualidade a que o autor estava submetido. O Direito do Trabalho é norteado pelo Princípio da Primazia da Realidade, razão pela qual os fatos extraídos do contexto probatório prevalecem em relação aos documentos e às demais formalidades.40
Observa-se que o princípio da primazia da realidade, por privilegiar a
realidade dos fatos, fazendo prevalecer o que ocorre na prática em relação ao
disposto na documentação formal, tem uma ligação direta com o princípio da
proteção, pois beneficia o trabalhador em situações que ele poderia ser
prejudicado, conforme explanou Carmen Camino:
Sem dúvida, o princípio da primazia da realidade também acaba por ser um desdobramento do princípio da proteção, porque o trabalhador sempre sai beneficiado, quer pela facilitação da prova de suas alegações (a realidade se demonstra através de qualquer meio idôneo), quer pela ineficácia dos registros desconformes com a situação de fato mais favorável.41
Diretamente ligada ao princípio da primazia da realidade, também está a
Súmula nº 12 do Tribunal Superior do Trabalho, que dispõe sobre as anotações
na CTPS, determinando que “as anotações apostas pelo empregador na
carteira profissional do empregado não geram presunção juris et de jure, mas
apenas juris tantum”42, ou seja, sua presunção é relativa, pois admite prova em
contrário. Todas as anotações inseridas pelo empregador são dadas como ���������������������������������������� �������������������39 MINAS GERAIS, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0131100-
39.2009.5.03.0007 , Relator: Des. Ricardo Marcelo Silva, 2010. 40 RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0010118-
18.2010.5.04.0141, Relator: Des. Alexandre Corrêa da Cruz, 2011. 41 CAMINO, Carmen. Direito Individual do Trabalho. 2.ed. Porto Alegre: Síntese, 2004. p. 100 42 BRASIL. Superior Tribunal do Trabalho. Súmula n.12
29 �
verdadeiras, mas podem surgir provas no decorrer da relação de trabalho que
torne tal anotação ineficaz.
Assim, podemos apontar que todo documento, por si só, apresenta sua
validade plena enquanto não questionado ou impugnado pela outra parte, no
entanto, não esqueçamos o Artigo 9º da CLT, que determina que serão nulos
os atos praticados com o objetivo de desvirtuar ou fraudar a legislação
trabalhista.
Neste sentido, cumpre transcrever também a decisão proferida pela 3ª
Turma do Tribunal Superior do Trabalho:
RECURSO DE REVISTA. 1. PRELIMINAR DE NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Deixando a Parte de indicar ofensa aos arts. 832 da CLT, 93, IX, da CF ou 458 do CPC, não se dá impulso ao recurso de revista. Recurso de revista não conhecido. 2. DESVIO DE FUNÇÃO. DIFERENÇAS SALARIAIS. ANOTAÇÕES NA CTPS. PRESUNÇÃO JURIS TANTUM. DECISÃO MOLDADA À JURISPRUDÊNCIA UNIFORMIZADA DO TST. SÚMULA 12. Nos termos da Súmula 12 do TST, as anotações apostas pelo empregador na carteira profissional do empregado não geram presunção juris et de jure , mas apenas juris tantum. Óbice da Súmula 333 do TST e artigo 896, § 4º, da CLT. Recurso de revista não conhecido. 3. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DESCABIMENTO. Na Justiça do Trabalho, os pressupostos para deferimento dos honorários advocatícios, previstos no artigo 14 da Lei nº 5.584/70, são cumulativos, sendo necessário que o trabalhador esteja representado pelo sindicato da categoria profissional e, ainda, que perceba salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal ou, recebendo maior salário, comprove situação econômica que não lhe permita d e mandar, sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família. Ausente a assistência sindical, desmerecido o benefício. Recurso de Revista conhecido e provido.43
Para Nascimento, “na interpretação dos fatos levados pela
documentação trabalhista, o intérprete deve agir com o cuidado de verificar se
o conteúdo do documento coincide com os fatos, tal como verdade ocorreram,
e estes, não aquele, prevalecem”.44 Neste sentido, Bruno Klippel resume de
forma simples e objetiva o disposto na Súmula nº 12 do TST, conforme trecho
transcrito a seguir:
���������������������������������������� �������������������43 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Acórdão RR processo 31464/2002-900-07-00.
Ministro Relator: Alberto Bresciani, 2008. 44 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 36.ed. São Paulo: LTr.
p. 126-127
30 �
Nem tudo o que está escrito na CTPS é verdade. O contrário poderá ser demonstrado em juízo por meio de qualquer prova idônea. Tem-se aqui grande preocupação com o princípio da primazia da realidade, que afirma serem mais importantes os fatos concretos ocorridos no liame empregatício do que os documentos referentes aos mesmos, pois estes podem conter máculas.45
Como exemplo do mencionado por Nascimento, traz-se a decisão
proferida em sede de recurso ordinário pela 10ª Turma do Tribunal Regional do
Trabalho da 4ª Região:
VÍNCULO DE EMPREGO. CONFIGURAÇÃO. O contrato de trabalho, de que decorre a relação de emprego, é contrato-realidade cuja natureza impõe sempre relevar os fatos sobre a forma. Se na execução normal do contrato o comportamento das partes revela relação subordinada de trabalho, com a presença de cada um dos elementos emanados dos arts. 2º e 3º da CLT, a relação jurídica que daí se estabelece é de emprego, nos termos da CLT, desimportando a roupagem que formalmente tenham as partes dado ao contrato e/ou à relação jurídica por ele documentada.46
Pela análise dos fatos, este princípio possui grande relevância no que
concerne à proteção do trabalhador, pois de alguma forma tenta sanar
deficiências que o Direito do Trabalho enfrenta habitualmente, uma vez que
muitos trabalhadores podem ser prejudicados em razão de seu empregador
fazer constar em seu contrato de trabalho ou ainda em sua Carteira de
Trabalho e Previdência Social, informações divergentes da realidade, o que
certamente prejudicaria o empregado.
Assim podemos constatar que existem duas verdades, uma denominada de
legal e outra de real.
3.3 VERDADE REAL X VERDADE LEGAL
Para uma discussão judicial, torna-se imprescindível a apresentação de
todas as provas que demonstrem o que está sendo alegado. Essas provas são
divididas em verdade real e verdade legal (chamada por alguns doutrinadores
de verdade formal). ���������������������������������������� �������������������45 KLIPPEL, Bruno. Direito Sumular – TST Esquematizado. 1.ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
p. 46 46
RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0051500-36.2009.5.04.0202. Relator: Des. Milton Varela Dutra, 2011.
31 �
A verdade real é a demonstração do que efetivamente aconteceu. Por se
tratar de prova fática, é necessária a comprovação nos autos do que está
sendo alegado. Já a verdade legal deriva da lei ou dos documentos juntados
aos autos como meio de prova, podendo ser dispensáveis outros meios de
prova, já que os documentos são a prova dos fatos
Teixeira Filho comentou tal assunto em sua obra sobre provas no
processo do trabalho, do qual se extrai um trecho para transcrever no presente
estudo:
[...] em que pese ao fato de o processo visar, fundamentalmente, à verdade real, é, em concreto, a formal que vincula a formação do convencimento (que de certo modo também é formal) do julgador, na medida em que a lei o compele a respeitá-la. Podemos afirmar, por isso, que o processo somente atinge, com plenitude, a sua verdadeira razão teleológica quando a verdade formal coincide com a real.
47
De certa forma, não é tão simples aceitar e concordar que a verdade
legal logrará êxito sobre a verdade real, no entanto, de acordo com Sérgio
Pinto Martins, “no Direito Processual do Trabalho muitas vezes não se obtém a
verdade real, como se pretende no processo penal. Daí por que é admitida a
obtenção da verdade legal”.48
No nosso ordenamento jurídico existem diversas referências sobre a
verdade legal. A título exemplificativo, apontamos o caso da Súmula 244 do
TST, onde o empregador toma conhecimento da gravidez da funcionária ao
dispensá-la, mesmo que a empregada não tenha essa ciência, tal verdade é
imposta ao empregador pelo próprio ordenamento legal, ou seja, é uma
verdade legal.
De outra banda, Mauro Schiavi discorda da maioria dos doutrinadores, e
esclarece seu posicionamento dizendo que “embora a doutrina diferencie
verdade real da verdade formal, acredita que a verdade é uma só, não
���������������������������������������� �������������������47 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. A prova no Processo do Trabalho. 8.ed. São Paulo:
LTr, 2003. p. 40 48 MARTINS, Sérgio Pinto Martins. Direito Processual do Trabalho. 29 ed. São Paulo: Atlas,
2009. p. 314
32 �
existindo duas verdades, ou uma verdade mais contundente que a outra49”,
conforme explanação a seguir:
[...] embora tanto o Direito Processual Civil como o Processual do Trabalho se contentem com a verdade formal, ou seja: a que se extrai dos autos, devem não só as partes, mas o Juiz, direcionar a atividade probatória no sentido da busca da verdade real, embora esta última seja praticamente impossível de se conseguir, diante da própria falibilidade humana na interpretação dos fatos da realidade.50
Em síntese, o que Schiavi menciona, é que mesmo com as dificuldades
enfrentadas, cabe ao juiz buscar a elucidação do caso concreto, conduzindo o
processo para a obtenção da prova verdadeira, já que no Direito do Trabalho
não se admite a livre convicção do juiz.
Por tais motivos o Artigo 401 do Código de Processo Civil não é aceito
na justiça federal especializada do trabalho, já que a prova testemunhal sempre
é usada na busca de elucidar a verdadeira situação vivida no mundo fático, na
busca da primazia da realidade e da verdade real.
3.4 A PROVA NO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Deve-se observar o fato de que quando se fala em provas no Processo
do Trabalho, somos remetidos diretamente às regras existentes para que se
forme o conjunto probatório. Essas regras se dão através da legislação,
conforme será analisado nesta parte do presente estudo. Há que se observar
ainda a vasta doutrina existente sobre este assunto, que auxilia o aplicador do
Direito a se nortear através destes ditames.
A finalidade da prova é convencer o Juiz dos fatos que estão sendo
apresentados. É para o julgador que todo o conjunto probatório é apresentado,
com o intuito de convencê-lo de que o exposto pela parte é a verdade. As
partes possuem obrigação de juntar aos autos todas as informações que
���������������������������������������� �������������������49 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 1.ed. São Paulo: LTr, 2008.
p. 446 50 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 1.ed. São Paulo: LTr, 2008.
p.446
33 �
formam o conjunto probatório de suas alegações, pois o juiz não tem obrigação
de saber da existência de informações ou de provas que não foram juntadas
aos autos.51
Neste sentido é o entendimento de Amauri Mascaro Nascimento acerca
da finalidade das provas, consoante explanado por ele em sua obra sobre o
Direito Processual do Trabalho:
A prova tem a finalidade de transportar, para o processo judicial, a realidade externa dos fatos que geraram a demanda, traduzindo-os, para que possam ser conhecidos pelo juiz e para que sirvam de base para os debates entre as partes.52
É na fase probatória que todas as provas contidas nos autos serão
examinadas pelo juiz, a fim de formar seu convencimento. Após a formação
deste convencimento, ele determinará qual das partes obteve êxito na
demanda, salientando que “o julgador não pode decidir contra prova existente
nos autos, sob pena de nulidade da sentença”53, conforme dispõe o artigo 131
do Código de Processo Civil.
As normas referentes às provas no Direito Processual do Trabalho estão
dispostas nos artigos 818 a 830 da CLT, no entanto, o Direito Processual do
Trabalho importou do Processual Civil algumas disposições acerca das provas
contidas no capítulo IV deste dispositivo legal, através do artigo 769 da CLT,
que determina que “nos casos omissos, o direito processual comum será fonte
subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for
incompatível com as normas deste Título.”54
3.5 O ÔNUS DA PROVA
���������������������������������������� �������������������51 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 1.ed. São Paulo: LTr, 2008. p. 447 52 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 23.ed. São
Paulo: Saraiva, 2008. p. 536 53 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 1.ed. São Paulo: LTr, 2008.
p. 447 54 BRASIL, Decreto-Lei nº 5.452, de 01 de maio de 1943.
34 �
De acordo com o disposto no artigo 818 da CLT, o ônus da prova
consiste na incumbência da parte de comprovar o que está sendo alegado. No
entanto, observa-se que esta definição trouxe prejuízos ao empregado, que
pode encontrar dificuldades em fazer prova do que está alegando, já que o
empregador é a parte que detém a maior parte das informações e documentos
sobre a execução laboral.
Amauri Mascaro Nascimento tratou sobre esta dificuldade do empregado
em sua obra sobre Processo do Trabalho:
Nem sempre a igual distribuição do ônus da prova atende às necessidades do processo trabalhista, porque sobrecarrega o empregado, que não tem as mesmas condições e facilidades do empregador.55
Assim, por ser a definição do artigo 818 da CLT uma definição simplista,
a jurisprudência aceita a aplicação conjunta deste dispositivo com o artigo 333
do Código de Processo Civil, que dispõe que “o ônus da prova incumbe: ao
autor, quando ao fato constitutivo de seu direito; ao réu, quanto à existência de
fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor”.56
Algumas súmulas do TST versam sobre o ônus da prova do processo
trabalhista, tais como a súmula 6, inciso VIII que trata sobre a equiparação
salarial, a súmula 16 que versa sobre a presunção do prazo de recebimento da
notificação, a súmula 212 que determina que é do empregador o ônus de
provar o término do contrato de trabalho e a súmula 254 que dispõe sobre o
recebimento do salário família. Havia ainda a Orientação Jurisprudencial nº 301
da Subseção de Dissídios Individuais 1 do TST que foi recentemente
cancelada pelo TST, mas versava sobre o ônus probatório na questão de
comprovação do pagamento do FGTS.
A jurisprudência corrobora esse entendimento, conforme decisão do
Tribunal Regional da 4ª região, abaixo transcrita:
���������������������������������������� �������������������55 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 23.ed. São
Paulo: Saraiva, 2008. p. 539 56 BRASIL, Decreto-Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
35 �
PAGAMENTO DE SALÁRIOS. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova de pagamento é da que parte a quem compete essa responsabilidade. Se o dever de pagar salários é do empregador, a este compete o ônus da prova de todo e qualquer pagamento dessa natureza.57
Em outra decisão de recurso ordinário, a 4ª Turma do mesmo Tribunal,
no mesmo sentido do acórdão anterior, se manifestou da seguinte forma:
RELAÇÃO DE EMPREGO - ÔNUS DA PROVA. Admitida a prestação de serviços, mas negada a relação jurídica de emprego, incumbe ao reclamado provar o fato modificativo do direito postulado pelo reclamante. Inteligência dos artigos 818 da CLT e 333, II, do CPC.58
O Artigo 74, § 2º da CLT dispõe que é ônus do empregador apresentar
os cartões ponto, quando a sua empresa possuir mais de 10 empregados, no
entanto, a súmula 338, III do TST determina que cartão ponto britânico, ou
seja, aqueles com horários de entrada e saída uniforme, não vale nada,
prevalecendo a jornada de trabalho alegada pelo reclamante na petição inicial.
Na verdade, não existe inversão do ônus da prova, mas sim uma
facilitação da prova conforme texto legal.
Nota-se, portanto, que também no processo trabalhista houve uma
proteção ao empregado, já que não seria coerente que o empregado tivesse o
ônus de provar determinadas alegações, como por exemplo, se o empregado
ajuíza ação requerendo o pagamento de horas extras, cabe ao empregador o
ônus de comprovar que efetuou este pagamento, já que ele é o responsável
por qualquer pagamento feito ao seu empregado.
Após a análise das questões relacionadas à caracterização do vínculo
empregatício e as formas de proteção ao empregado, cumpre-nos fazer a
diferenciação entre este tipo de trabalhador e o trabalhador terceirizado,
principalmente no que concerne à terceirização ilícita, enfoque principal deste
trabalho.
���������������������������������������� �������������������57 RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0122500-
28.2008.5.04.0721, Relatora: Des. Maria Cristina Schaan ferreira, 2011. 58 RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0024000-
95.2009.5.04.0201, Relator: Des. Ricardo Tavares Gehling, 2011.
36 �
4 A TERCEIRIZAÇÃO E O FENÔMENO DA PEJOTIZAÇÃO
Neste capítulo será analisada a forma de delegação de atividades da
empresa através da terceirização. Falaremos sobre as diferenças entre o
trabalhador terceirizado e o empregado que possui vínculo empregatício com a
empresa. Cumpre salientar que não se trata aqui da terceirização de serviços
temporários, pois esta é uma prática amparada pela legislação brasileira, se
efetuada conforme o disposto na Lei 6.019 de 1974.
A análise será feita acerca da terceirização de atividade-meio, onde há a
contratação direta de uma pessoa jurídica para executar esses serviços. Serão
expostas ainda as formas lícitas e ilícitas de terceirização, as roupagens que a
terceirização pode adotar no intuito de fraudar a legislação trabalhista e ainda
as medidas que estão sendo adotadas pelas empresas na tentativa de
descaracterizar a fraude.
Por fim, serão trazidos exemplos de trabalhos em que podem ocorrer a
terceirização ilícita, e através da jurisprudência se fará a comprovação de que o
poder judiciário brasileiro tem atacado fortemente essa prática, através dos
elementos caracterizadores da relação de emprego.
4.1 TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA
A terceirização é amparada pela legislação brasileira através da Súmula
331 do TST, no entanto, o legislador foi cauteloso na redação deste dispositivo,
ao determinar explicitamente as terceirizações permitidas pela legislação,
elencadas no inciso III da referida súmula, conforme transcrito abaixo:
Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20-06-1983), de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta.59
���������������������������������������� �������������������59 BRASIL. Superior Tribunal do Trabalho. Súmula n. 331.
37 �
Cumpre salientar que a Súmula 331 do TST recentemente ganhou nova
redação, com a alteração do inciso IV e inclusão dos incisos V e VI.
Conforme definição de Delgado, “para o Direito do Trabalho
terceirização é o fenômeno pelo qual se dissocia a relação econômica de
trabalho da relação justrabalhista que lhe seria correspondente”60, isto é, a
empresa delega os serviços para outra pessoa jurídica, e assim não terá o
vínculo empregatício com o trabalhador que estiver executando-o.
Faz-se imprescindível destacar que para que a terceirização seja lícita,
não deve haver pessoalidade e subordinação entre o trabalhador e o tomador
dos serviços, de acordo com a Súmula 331 do TST. Estes elementos são
caracterizadores da relação de emprego, assim a subordinação e a
pessoalidade existirão somente entre o trabalhador e a empresa terceirizante,
consoante o pensamento de Delgado:
[...] isso significa, na verdade, que a jurisprudência admite a terceirização apenas enquanto modalidade de contratação de prestação de serviços entre duas entidades empresariais, mediante a qual a empresa terceirizante responde pela direção dos serviços efetuados por seu trabalhador no estabelecimento da empresa tomadora. A subordinação e a pessoalidade, desse modo, terão de se manter perante a empresa terceirizante e não diretamente em face da empresa tomadora dos serviços terceirizados.61
Importante frisar que a terceirização lícita exige, ainda, que o serviço
terceirizado seja ligado à atividade-meio da empresa, pois conforme
mencionado por Vólia Bomfim Cassar, “regular é a terceirização de mão-de-
obra ligada à atividade-meio, quando ausentes os requisitos do vínculo de
emprego entre o trabalhador e o tomador”.62
Com base nesse entendimento, os Magistrados integrantes da 5ª Turma
do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, à unanimidade de votos,
decidiram negar provimento ao recurso ordinário que a reclamante interpôs
���������������������������������������� �������������������60
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 10.ed. São Paulo: LTr, 2011. p. 426
61 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 10.ed. São Paulo: LTr, 2011. p. 439
62 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 3.ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p. 393
38 �
contra sentença de 1º Grau que negou vínculo empregatício com a tomadora
dos serviços.
VÍNCULO DE EMPREGO. Não preenchidos os requisitos previstos no Artigo 3º da CLT, não há como reconhecer a relação de emprego pretendida pela autora com a reclamada. Recurso ordinário ao qual se nega provimento.63
Para melhor elucidação do caso, transcrevemos também o
embasamento dos Magistrados integrantes da 5ª Turma do Tribunal Regional
do Trabalho da 4ª Região para negar provimento ao recurso ordinário:
O Juízo a quo julgou improcedente a presente ação, entendendo inexistente o vínculo empregatício alegado pela recorrente, considerando que a reclamada realizou terceirização lícita de atividade-meio. Reconheceu a legalidade da intermediação de mão de obra, e afastou a irregularidade de contratação apontada pela reclamante, reconhecendo a natureza civil da contratação havida, além de entender que as atividades desenvolvidas por ela se inserem no objeto do contrato firmado entre a empresa-ré e a empresa Sul Service Serviços Especializados Ltda, afastando-se do campo das atividades essenciais da reclamada.64
Cabe ressaltar que por força da Súmula 331, IV do TST, mesmo que a
terceirização seja lícita, e desde que observados os requisitos contidos neste
dispositivo, “[...] o inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do
empregador, ou seja, do fornecedor da mão-de-obra, implica responsabilidade
subsidiária do tomador quanto àquelas obrigações [...]”65
Este é o entendimento da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da
4ª Região:
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA TOMADORA DE SERVIÇOS. Por adoção da súmula 331, IV, do TST, a segunda reclamada, na condição de tomadora dos serviços do reclamante, é subsidiariamente responsável por créditos trabalhistas não adimplidos por empresa prestadora de serviços.66
���������������������������������������� �������������������63 RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0117500-
55.2008.5.04.0007, Relatora: Des. Maria Beatriz Condessa Ferreira, 2010. 64 RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0117500-
55.2008.5.04.0007, Relatora: Des. Maria Beatriz Condessa Ferreira, 2010. 65 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 7.ed. São Paulo: LTr, 2011. p.
359 66 RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0000317-
60.2010.5.04.0341, Relator: Juiz Convocado Raul Zoratto Sanvicente, 2011.
39 �
A Súmula 331 do TST tornou essa uma obrigação do tomador de
serviços como mais uma demonstração de proteção e segurança ao
trabalhador, haja vista que, não raramente, as empresas terceirizantes não são
empresas com poder econômico suficiente para adimplir com as obrigações
trabalhistas de seu empregado.
4.2 TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA
Como já introduzimos no primeiro capítulo deste trabalho, o empregador
pode dar roupagens fraudulentas à relação de emprego, no intuito de se eximir
da obrigação de adimplir as verbas trabalhistas do empregado. “A terceirização
irregular viola lei ou princípios gerais, caracterizando-se em ato ilícito ou
abusivo.”67
Contudo, a doutrina brasileira demonstra que sendo fraudulenta a
terceirização, o vínculo de emprego poderá ser reconhecido, assim, “os
cuidados devem ser redobrados do ponto de vista jurídico, porquanto a adoção
de mão-de-obra terceirizada poderá implicar reconhecimento direto de vínculo
empregatício com a tomadora dos serviços, na hipótese de fraude [...]”68
O que está sendo trazido como objeto de estudo do presente trabalho, é
o fenômeno da pejotização, prática que vem sendo disseminada pelo Brasil e
consiste no fato de o empregador contratar o executor do trabalho através de
seu CNPJ, ou mesmo o de obrigá-lo a criar um CNPJ para contratá-lo através
de sua pessoa jurídica, tentando isentar-se do dever de pagar os direitos
trabalhistas e rescisórios deste trabalhador, pois ele terá personalidade jurídica
e não física, o que teoricamente o eximiria destas obrigações. Tal prática foi
abordada por Carmen Camino:
Não se pode, também, despersonalizar o empregado, através do artifício da pessoa jurídica, porque, independentemente da personalidade atribuída ao prestador do trabalho, prevalecerá a vinculação do homem que trabalha pela elementar razão de
���������������������������������������� �������������������67 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 3.ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p. 409 68 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 7.ed. São Paulo: LTr, 2011. p.
358
40 �
constituir, o objeto do contrato de trabalho, a energia humana; o ato de trabalhar, expressão indelével da pessoa física do prestador. Irrelevante a forma adotada para a contratação: aqui, com toda a sua forma, atua o princípio da primazia da realidade.69
Neste caso, o trabalhador recebe o valor pecuniário pelos serviços
prestados mediante a apresentação de nota fiscal, como se fosse realmente
um prestador de serviços que não tivesse vínculo algum com a empresa
tomadora dos serviços.
No que tange à validação deste tipo de contrato, conforme já
mencionado, o artigo 9º da CLT dispõe que serão nulos os atos praticados com
o objetivo de desvirtuar ou fraudar a legislação trabalhista, portanto, não
produzirão efeitos. O pleito de nulidade de contrato, com base em simulação
apresenta efeito de ordem pública, assim, com base no princípio da proteção e
da boa-fé objetiva, a nulidade de contrato apresenta efeito ex tunc, onde os
atos praticados retroagem à data do início do negócio jurídico, ou seja, é como
se esta relação de trabalho nunca tivesse existido, com exceção ao que diz
respeito aos direitos do trabalhador, conforme bem explanado por Süssekind:
Ainda que o contrato haja sido declarado extinto por ter, por exemplo, objeto ilícito, ainda assim ao trabalhador são devidas as prestações decorrentes da execução do contrato nulo, protegidas pela lei.70
Assim decidiu a 1ª Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da
18ª Região:
INSS. CONTRATO NULO. CONTRIBUIÇÃO SOB O PERÍODO DO VÍNCULO. A contratação de servidor público sem a observância do requisito da prévia aprovação em concurso, implica em nulidade absoluta do ato, com efeitos ex tunc, não surtindo qualquer efeito trabalhista, portanto, ressalvando-se o pagamento da contraprestação pactuada e o FGTS como forma de ressarcimento da força de trabalho despendida. Assim, é indevido o recolhimento dos valores atinentes à contribuição previdenciária durante esse período, sob pena de dar validade ao contrato declarado nulo, em afronta direta ao artigo 37, II e § 2º, da CF/88.71
���������������������������������������� �������������������69 CAMINO, Carmen. Direito Individual do Trabalho. 4.ed. Porto Alegre: Síntese, 2004. p. 193 70 SÜSSEKIND, Arnaldo. Curso de Direito do Trabalho. 3.ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2010.
p. 256 71 GOIÁS, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 00526-2006-171-18-00-0
Relatora: Des. Aldon do Vale Alves Taglialegna, 2010.
41 �
Vejamos que a 8ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região,
no mesmo sentido, proferiu a decisão abaixo:
RESPONSABILIDADE DA CEF. VÍNCULO EMPREGATÍCIO. CONTRATO NULO. CONDIÇÃO DE ECONOMIÁRIA. A terceirização das atividades-fim da empresa é ilícita, formando-se o vínculo de emprego diretamente com o tomador. Conforme o entendimento contido na Súmula 331, I do TST. Contrato que, embora nulo, por inobservância do disposto no artigo 37, II, da Constituição Federal, é gerador de plenos efeitos jurídicos, como se válido fosse, inclusive quanto ao reconhecimento da condição de economiária da empregada.72
Por outro lado, no que tange à validação dos atos praticados sob a égide
do referido artigo, “[...] os efeitos da infringência consistem em considerar
válida a relação de emprego, adaptando-se as demais cláusulas e
circunstancias às normas mínimas vigentes”.73
Por derradeiro, corroborou Schwarz:
A prestação de serviços por pessoa jurídica obsta o surgimento de uma relação de emprego, salvo quando, nessa prestação, a pessoa jurídica é utilizada apenas para encobrir a efetiva prestação de trabalho por uma pessoa física específica, em fraude à legislação social.74
Neste sentido, proferiu decisão o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho
do Estado do Paraná, conforme transcrito a seguir:
TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA - VÍNCULO DIRETO COM A TOMADORA DOS SERVIÇOS. Existindo prova de que os serviços prestados marcam-se pela essencialidade e relação direta com a atividade-fim da Ré, havendo pessoalidade e subordinação jurídica em relação a esta, a hipótese é de reconhecimento do vínculo diretamente com a tomadora dos serviços. A situação fática aqui estabelecida, quanto à terceirização de serviço essencial pela financeira, importa, sem dúvida, em evidente fraude à legislação trabalhista, eis que a tomadora dos serviços se exime de suas obrigações trabalhistas, já que existe entendimento sumulado estabelecendo jornada reduzida a estes trabalhadores, além daquelas vantagens asseguradas nas
���������������������������������������� �������������������72 RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0032700-
46.2008.5.04.0023, Relatora: Des. Cleusa Regina Halfen, 2010. 73 CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 33.ed. São
Paulo: Saraiva, 2008. p. 70 74 SCHWARZ, Rodrigo Corrêa. Direito do Trabalho. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
42 �
CCTs dos financiários. Reconhecimento de vínculo de emprego direto com a tomadora, como escorreitamente declarado na origem. Sentença mantida.75
Neste diapasão, transcreve-se a decisão proferida pela 6ª Turma do
Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região:
TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA. VÍNCULO DE EMPREGO DIRETAMENTE COM O TOMADOR DOS SERVIÇOS. A terceirização admitida em nosso ordenamento jurídico, é a prevista na Lei nº 6.019/74, (trabalho temporário) e na Súmula nº 331/TST (serviços de vigilância, conservação e limpeza e serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador). Pretensa terceirização de serviço diretamente ligado à atividade-fim da instituição bancária, viola os preceitos da CLT devendo ser afastada e reconhecidos os efeitos do vínculo jurídico de emprego diretamente com o tomador do serviço.76
No mesmo sentido é o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho,
conforme decisão proferida em recurso de revista, transcrita abaixo:
RECURSO DE REVISTA. TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO COM A TOMADORA DE SERVIÇOS. Inviável o processamento do Apelo quando a decisão encontra-se em sintonia com entendimento pacífico desta Corte, in casu o item I da Súmula n.º 331. Ademais, as premissas fáticas delineadas no julgado regional deixam clara a existência de terceirização ilícita dos serviços desenvolvidos pela Reclamante, e qualquer outra consideração a respeito da questão em debate só poderia ser tomada mediante o reexame do conjunto fático-probatório dos autos, o que encontra óbice na Súmula n.º 126 do TST. Recurso de Revista não conhecido.77
Cabe esclarecer ainda, a competência para julgar as ações advindas
deste tipo de relação. A competência da Justiça do Trabalho, elencada no
Artigo 114 da Constituição Federal, foi ampliada com o advento da Emenda
Constitucional nº 45, assim, a justiça trabalhista é competente para processar e
julgar “ações oriundas da relação de trabalho”78, estando incluída neste
���������������������������������������� �������������������75 PARANÁ, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 1435400-
89.2009.5.09.0005 Relatora: Des. Sueli Gil El-Rafihi, 2011. 76 RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0082100-
96.2009.5.04.0733, Relatora: Juíza Convocada Maria Madalena Telesca, 2010. 77 BRASIL, Tribunal Superior do Trabalho, RR - 9100-37.2009.5.03.0104. Ministra Relatora:
Maria de Assis Calsing, 2010. 78 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988.
43 �
contexto, as relações de trabalho autônomo, conforme explicação de Manoel
Antônio Teixeira Filho:
Ampliada a competência da Justiça do Trabalho, pela EC n. 45/2004, poderão figurar, doravante, em um dos pólos da relação jurídica processual, trabalhadores autônomos em geral, como: contadores, contabilistas, engenheiros, arquitetos, consultores, corretores, eletricistas, mecânicos, jardineiros, pintores, pedreiros, carpinteiros, mestres-de-obras, vidraceiros, decoradores, costureiras, manicuras, ‘personal trainer’, estagiários, representantes comerciais, apenas para nomear alguns, desse vasto universo heterogêneo.79
Se observadas as razões pela qual foi criada, ou ainda utilizada a
pessoa jurídica para exercer determinado trabalho, teríamos que este contrato
social não atinge a finalidade de pessoa jurídica estabelecida pelas regras do
Código Civil, assim, o contrato social desta empresa teria presunção relativa,
uma vez que, se enquadrando nas situações de empregado, não teria os
efeitos de contrato social, como forma de comprovar a existência de
personalidade jurídica.
Passamos à análise exemplificativa de alguns casos em que podem
ocorrer a pejotização, demonstrando através da doutrina e da jurisprudência a
caracterização de cada um deles.
4.2.1 Representante comercial autônomo
A prática de representação comercial é amparada pela Lei nº 4.886 de
1965. Em seu Artigo 1º, a lei determina o conceito de representação comercial
autônoma:
Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou a pessoa física, sem relação de emprego, que desempenha, em caráter não eventual por conta de uma ou mais pessoas, a mediação para a realização de negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para transmiti-los aos representados, praticando ou não atos relacionados com a execução dos negócios.80
���������������������������������������� �������������������79 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Direito Processual Civil. São Paulo: LTr, 2009. v.1, p.
386 80 BRASIL, Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971.
44 �
No caso da representação comercial, tem-se a particularidade que
consiste no fato de o representante comercial poder atuar através de pessoa
física ou através de uma pessoa jurídica, mais precisamente, “[...] o
representante comercial pode ser um agente autônomo com modesta
capacidade (pessoa física) ou um agente com grande estrutura de produção
(pessoa jurídica)”.81
Neste trabalho, utilizaremos a forma de contratação do representante
comercial autônomo pessoa jurídica como um exemplificativo, uma vez que
não raramente a constituição dessa pessoa jurídica possui caráter fraudulento,
pois o verdadeiro intuito da empresa é o de se eximir dos encargos
trabalhistas, fazendo com que o trabalhador assuma essa condição para que
possa ser contratado.
A diferenciação entre o representante comercial autônomo e o vendedor
com vínculo empregatício nem sempre é tão fácil de fazer, pois “[...] as funções
são análogas. A solução da questão dependerá do exame do caso concreto”82,
conforme veremos com a análise de jurisprudências neste sentido.
Na prática, vemos que algumas empresas adotam providências no
sentido de tentar descaracterizar o vínculo empregatício, mas com a análise da
situação fática e através do princípio da primazia da realidade, o juiz pode
elucidar a situação, reconhecendo o vínculo de emprego que estava
mascarado através da pejotização, conforme decisão proferida pela 2ª Turma
do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região:
REPRESENTAÇÃO COMERCIAL X VÍNCULO DE EMPREGO. Quando a prova dos autos evidencia que a prestação de trabalho se deu nos moldes da relação de emprego e não mediante representação comercial, impõe-se manter a sentença que reconheceu a relação de emprego porque presentes os requisitos contidos nos artigos 2º e 3º da CLT. Negado provimento ao recurso da reclamada.83
���������������������������������������� �������������������81 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 3.ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p. 249 82 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 3.ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p. 249 83
RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0050600-94.2007.5.04.0017, Relator: Des. Hugo Carlos Scheuermann, 2008.
45 �
Existem ainda os casos em que o empregado que era vendedor com
vínculo empregatício com a empresa para a qual laborava, e por razões
diversas, é “dispensado” pela empresa e passa a atuar como representante
comercial autônomo da mesma empresa, prática que também é rechaçada
pelo poder judiciário, conforme decisão abaixo transcrita:
PEJOTIZAÇÃO CONFIGURADA. UNICIDADE DE VÍNCULO RECONHECIDAA [sic]. O fenômeno da pejotização reconhecido nos presentes autos revela uma forma de terceirização mediante a qual a mesma pessoa, antes empregada, continua a realizar os mesmos serviços com a diferença de que a forma do contrato de trabalho transmuda-se geralmente sob a denominação jurídica de profissional liberal, micro-empresa ou cooperativa, em flagrante afronta aos princípios da primazia da realidade e da continuidade da relação de emprego e requer desta Especializada a adoção de uma postura mais consentânea com os princípios basilares que norteiam o direito do trabalho.84
Vê-se ainda que as empresas, em mais um esforço para ocultar o Direito
do Trabalho no sentido de não cumprir com obrigações que teriam pela
contratação de um empregado, tentam descaracterizar o vínculo empregatício
através da ausência da subordinação, por conseguinte, incorrem em grave
erro, conforme decisão da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª
Região:
REPRESENTAÇÃO COMERCIAL – PEJOTIZAÇÃO - RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO - DISTRIBUIDORA - EXTERNALIZAÇÃO DE ATIVIDADE-FIM - O cerne da questão é o fato de que a tomadora dos serviços não era um laboratório, mas uma distribuidora, ou seja, a distribuidora é que exercia a atividade de representação comercial do laboratório ou dos laboratórios. A reclamada já detinha a expertise de representação e distribuição de medicamentos, o trabalhador era apenas arregimentado como mão de obra, como vendedor. O fato de arcar com as despesas do veículo denota muito mais o grau de coação econômica e subordinação do que propriamente suposta assunção dos riscos do negócio. Em outras palavras, trata-se de simples transferência coativa das despesas para a parte hipossuficiente na relação jurídica.85
A questão também está pacificada em sede de recurso de revista pelo
Tribunal Superior do Trabalho, conforme decisão abaixo:
���������������������������������������� �������������������84 BAHIA, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 00492-2004-021-05-00-9,
Relatora: Des. Maria Edna Aguiar, 2009. 85 MINAS GERAIS, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0162600-
15.2008.5.03.0022, Relator: Juiz Convocado José Eduardo de Resende Chaves Júnior, 2009.
46 �
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. CONSTITUIÇÃO DE PESSOA JURÍDICA COM O INTUITO DE DISSIMULAR O CONTRATO DE TRABALHO. DISCREPÂNCIA ENTRE O ASPECTO FORMAL E A REALIDADE. O acórdão recorrido contém todas as premissas que autorizam o exame do enquadramento jurídico dado pelo TRT aos fatos registrados. Nesse contexto, verifica-se que se tratava de típica fraude ao contrato de trabalho, consubstanciada na imposição feita pelo empregador para que o empregado constituísse pessoa jurídica com o objetivo de burlar a relação de emprego havida entre as partes. Não se constata violação dos artigos 110 e 111 do Código Civil, uma vez que demonstrada a ocorrência de fraude, revelada na discrepância entre o aspecto formal (contratos celebrados) e a realidade. Agravo de instrumento improvido.86
Corroborando com o exposto no início deste capítulo acerca da
competência da Justiça do Trabalho para julgar ações oriundas deste tipo de
relação, transcrevemos a seguir a decisão da 10ª Turma do Tribunal Regional
do Trabalho da 4ª Região:
REPRESENTANTE COMERCIAL AUTÔNOMO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Decorre da regra contida no artigo 114, inciso I, da Constituição Federal, a competência material desta Justiça Especializada para julgar demanda de representante comercial autônomo.87
As empresas, no ato da contratação de um representante comercial,
devem seguir rigorosamente o disposto na Lei nº 4.886/65, e fazê-lo seguindo
os ditames da boa-fé, princípio que norteia toda a relação contratual, tanto no
âmbito do Direito Civil como no do Direito do Trabalho.
4.2.2 Cooperativas
As cooperativas são amparadas pela lei nº 5.764 de 1971, sendo seu
objeto de livre escolha, conforme reza o Artigo 5º, que dispõe que “as
sociedades cooperativas poderão adotar por objeto qualquer gênero de
serviço, operação ou atividade”.88
���������������������������������������� �������������������86 BRASIL, Tribunal Superior do Trabalho. Acórdão RR - 1313/2001-051-01-40. Ministro
Relator: Horácio Senna Pires, 2008. 87 RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0185600-
10.2009.5.04.0401, Juiz Convocado Herbert Paulo Beck, 2010. 88 BRASIL, Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971.
47 �
Organizadas de maneira que não há vínculo empregatício entre
cooperado e cooperativa, “[...] o verdadeiro cooperado apresenta uma dupla
condição em relação à cooperativa, pois, além de prestar serviços, deverá ser
beneficiário dos serviços prestados pela entidade”.89 Assim, entre os
cooperados não existe subordinação, pois todos estão no mesmo patamar de
igualdade.
Ocorre que muitas vezes a relação de emprego adota a forma de
cooperativa como forma de dissimular a relação de emprego, fazendo com que
o trabalhador se torne um cooperado. Daí verifica-se novamente a importância
da análise do caso concreto, que deve ser examinado também à luz do
princípio da primazia da realidade, trazendo-se a verdade real para a
elucidação do caso, conforme decisão abaixo transcrita:
VÍNCULO DE EMPREGO. COOPERATIVA. O Artigo 442, parágrafo único, da CLT, veda o reconhecimento de vínculo de emprego entre a cooperativa e seus associados. Contudo, no caso dos autos, tendo em vista a primazia da realidade, verifica-se que houve o desvirtuamento deste dispositivo legal. Sendo assim, existindo fraude na prestação de serviços, aplica-se o Artigo 9º da CLT e reconhece-se o vínculo diretamente com a cooperativa, determinando-se o retorno dos autos ao juízo de origem para análise dos pedidos daí decorrentes.90
Corrobora deste entendimento o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª
Região:
COOPERATIVA DE ENSINO. RESPONSABILIDADE DO TOMADOR. Caso em que foi demonstrada a fraude na contratação por cooperativa de trabalho, uma vez que: 1 - não havia cooperação, mas sim subordinação; 2 - a adesão à cooperativa era condição para o trabalho na instituição de ensino; e, 3 - a cooperativa atuava como mera intermediária para a contratação de professores, empregados ligados à atividade-fim da segunda reclamada. Forma-se o vínculo diretamente com o tomador de serviços, nos termos do artigo 9º, da CLT e Súmula 331, I, do C. TST, sendo inaplicável a exceção prevista no artigo 442, da CLT.91
���������������������������������������� �������������������89 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 7.ed. São Paulo: LTr, 2011. p.
183 90 RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0108000-
22.2009.5.04.0203, Relator: Juiz Convocado Marcelo Gonçalves de Oliveira, 2011. 91 SÃO PAULO, Tribunal Regional do Trabalho, Acórdão RO processo 0030000-
55.2009.5.15.0153, Relatora: Des. Erodite Ribeiro dos Santos De Biasi, 2011.
48 �
As cooperativas podem incorrer em fraude ao serem criadas com o
intuito de dissimular relações de emprego, a fim de que os direitos dos
empregados sejam sonegados, diminuindo-se assim os custos que a empresa
teria ao contratar um empregado.
Além dos representantes comerciais e das cooperativas, muitos outros
são os casos em que há a incidência da pejotização. Esta prática tem se
propagado pelas empresas, e a título exemplificativo apontamos os
profissionais da tecnologia da informação, instituições de ensino que contratam
professores através de pessoa jurídica, corretores de imóveis, médicos,
advogados, engenheiros, entre outros, que em diversos casos são vítimas da
pejotização.
Conforme vimos, a jurisprudência tem sido taxativa no sentido de punir
as empresas, condenando-as com o reconhecimento de vínculo empregatício
com base na caracterização da pejotização. Desta forma, resta claro que não
se pode mascarar a relação de emprego sob o artifício da pessoa jurídica, pois
esta prática se caracteriza em fraude aos direitos trabalhistas.
49 �
5 CONCLUSÃO
O desenvolvimento deste trabalho de monografia deu-se através de três
capítulos, nos quais estudamos a forma como pode acontecer a pejotização.
Inicialmente, analisamos a caracterização do vínculo empregatício, buscando
demonstrar os aspectos relevantes do Direito do Trabalho e também como o
Direito Processual do Trabalho vem sendo utilizado no sentido de colaborar
com esta caracterização.
Vimos os elementos caracterizadores da relação de emprego e a
importância da presença conjunta destes, uma vez que é com base na sua
existência que uma relação de emprego pode estar sendo mascarada através
da pejotização.
Abordamos as fontes de direito admitidas no direito do trabalho, com o
intuito de tornar clara a proteção que o empregado possui no ordenamento
jurídico brasileiro. Essa proteção visa mitigar os efeitos negativos que algumas
práticas exercem sobre o trabalhador.
Foram expostas jurisprudências para auxiliar na elucidação de algumas
questões de ordem prática no que concerne à caracterização do vínculo de
emprego. Através do estudo do princípio da primazia da realidade e da
demonstração da importância da verdade real, pudemos concluir que o
empregado pode ser muito prejudicado caso o empregador haja com má-fé no
decorrer da relação empregatícia.
Através dos estudos feitos, encontramos diversas formas de pejotização,
que se dão por simulações de terceirização, como as cooperativas, as
representações comerciais, serviços intelectuais, e diversas outras profissões,
que poderiam indubitavelmente ser objeto de terceirização lícita, mas em
alguns casos sofrem a prática da pejotização, como demonstrado nas
jurisprudências. Constatamos que não importa a modalidade das formas de
pejotizaçao, essa é uma prática utilizada como meio de fraudar os direitos
trabalhistas e por isso são apontadas como nulas pelo texto legal.
50 �
Em vista dos argumentos apresentados durante o trabalho de
monografia, concluímos que o cerne da questão da pejotização está
diretamente ligado a fatores que, infelizmente, nos parecem ainda longe de
serem extintos, como as condições de empregabilidade no Brasil, que obrigam
pessoas que precisam trabalhar a se sujeitarem às condições impostas pelo
empregador.
Concluímos ainda que essa é uma prática fraudulenta que deve ser
rechaçada pelo poder judiciário e pelos aplicadores do direito, sempre na busca
da primazia da realidade e da proteção do empregado, pois só assim
avançaremos na obtenção de melhores condições de trabalho, o que refletirá
fortemente nas condições de empregabilidade em nosso país.
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REFERÊNCIAS
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MINAS GERAIS, Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário processo nº 0162600-15.2008.5.03.0022. Recorrente: Valéria Belenice Pinto. Recorrida: Distribuidora de Medicamentos Santa Cruz Ltda. Belo Horizonte, 15 jul. 2009. Relator: Juiz Convocado José Eduardo de Resende Chaves Júnior. Disponível em: http://gsa.trt3.jus.br/search?q=cache:as1.trt3.jus.br/jurisprudencia/acordaoNumero.do%3Fevento%3DDetalhe%26idAcordao%3D709287%26codProcesso%3D703509%26datPublicacao%3D27/07/2009%26index%3D0+pejotiza%C3%A7%C3%A3o&access=p&output=xml_no_dtd&client=trt3Juris&proxystylesheet=trt3Juris&dtPub=27-07-2009&tema=RELA%C7%C3O%20DE%20EMPREGO%20-%20REPRESENTANTE%20COMERCIAL&oj=Quarta%20Turma&proc=0162600-15.2008.5.03.0022%20RO%20-%20RO&fonte=DEJT&pg=95&rel=Luiz%20Ot%E1vio%20Linhares%20Renault&rev=Convocado%20Jos%E9%20Eduardo%20de%20Resende%20Chaves%20J%FAnior. Acesso em: 20 maio 2011. PARANÁ, Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário processo nº 1435400-89.2009.5.09.0005. Recorrentes: Negresco S.A. Crédito Financiamento e Investimentos, Crediparana Serviços Financeiros Ltda., Juliana Aparecida Hoinatzki. Recorridos: Negresco S.A. Crédito Financiamento e Investimentos, Crediparana Serviços Financeiros Ltda., Juliana Aparecida Hoinatzki. Relatora: Des. Sueli Gil El-Rafihi. Curitiba, 30 de março de 2011. Disponível em: http://www.trt9.jus.br/internet_base/publicacaoman.do?evento=Editar&chPlc=4277523&procR=AAB9IGABoAACVHZAAS&ctl=25728. Acesso em: 02 jun. 2011. RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho. Dissídio Coletivo processo nº 0303100-39.2009.5.04.0000. Suscitante: Sindicato dos Empregados no Comércio de Farroupilha. Suscitados: Sindicato do Comércio Varejista de Farroupilha, Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Farroupilha, Sindicato do Comércio Varejista de Peças e Acessórios para Veículos do Estado do Rio Grande do Sul, Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços Funerários do Estado do Rio Grande do Sul, Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado do Rio Grande do Sul, Sindicato do Comércio Atacadista de Alcóol e Bebidas em Geral do Estado do Rio Grande do Sul, Sindicato Intermunicipal das Concessionárias e Distribuidores de Veículos no Estado do Rio Grande do Sul, Sindicato do Comércio Varejista de Caxias do Sul, Sindicato do Comércio Varejista de Material Óptico, Fotográfico e Cinematográfico do Estado do Rio Grande do Sul e Sindicato do Comércio Atacadista do Rio Grande do Sul. Relator: Des. Fabiano de Castilhos Bertolucci. Porto Alegre, 23 ago. 2010. Disponível em: http://gsa4.trt4.jus.br/search?q=cache:VQwITUzFTOIJ:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcordaoRTF%3FpCodAndamento%3D35752217+inmeta:DATA_DOCUMENTO:2010-06-08..2011-06-08+++0303100-39.2009.5.04.0000&client=jurisp&site=jurisp&output=xml_no_dtd&proxystylesheet=jurisp&ie=UTF-8&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8. Acesso em: 20 maio 2011.
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RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho. Dissídio Coletivo processo nº 0294800-25.2008.5.04.0000. Suscitante: Sindicato dos Técnicos Industriais de Nível Médio do Estado do Rio Grande do Sul - SINTEC. Suscitado: Companhia Riograndense de Saneamento - CORSAN - e Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul - FIERGS. Relatora: Des. Cleusa Regina Halfen. Porto Alegre, 23 ago. 2010. Disponível em: http://gsa4.trt4.jus.br/search?q=cache:eoX9EVL-DS0J:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcordaoRTF%3FpCodAndamento%3D35681020+inmeta:DATA_DOCUMENTO:2010-06-08..2011-06-08+++0294800-25.2008.5.04.0000&client=jurisp&site=jurisp&output=xml_no_dtd&proxystylesheet=jurisp&ie=UTF-8&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8. Acesso em: 20 maio 2011. RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário processo nº 0010118-18.2010.5.04.0141. Recorrente: Feddern Granitos e Mármores Ltda. Recorrido: Waldelino Xavier. Relator: Des. Alexandre Corrêa da Cruz. Porto Alegre, 28 abr. 2011. Disponível em: http://gsa4.trt4.jus.br/search?q=cache:424WoQE-Eb8J:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcordaoRTF%3FpCodAndamento%3D38044185+inmeta:DATA_DOCUMENTO:2010-06-08..2011-06-08+++0010118-18.2010.5.04.0141&client=jurisp&site=jurisp&output=xml_no_dtd&proxystylesheet=jurisp&ie=UTF-8&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8. Acesso em: 02 jun. 2011. RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário processo nº 0142100-81.2007.5.04.0232. Recorrente: Cerâmica Atlético Clube. Recorrida: Carmen Azambuja Julio. Relator: Des. Fabiano de Castilhos Bertolucci. Porto Alegre, 1º dez. 2010. Disponível em: http://gsa4.trt4.jus.br/search?q=cache:CaMLmun4SeAJ:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcordaoRTF%3FpCodAndamento%3D36726150+inmeta:DATA_DOCUMENTO:2010-06-08..2011-06-08+++0142100-81.2007.5.04.0232&client=jurisp&site=jurisp&output=xml_no_dtd&proxystylesheet=jurisp&ie=UTF-8&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8. Acesso em: 02 jun. 2011. RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário processo nº 0051500-36.2009.5.04.0202. Recorrente: Valmir Farias da Conceição. Recorrida: Comprebem Comércio e Transportes Ltda. Relator: Des. Milton Varela Dutra. Porto Alegre, 5 maio 2011. Disponível em: http://gsa3.trt4.jus.br/search?q=cache:gFlDwH8IcXIJ:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcordaoRTF%3FpCodAndamento%3D38120000+inmeta:DATA_DOCUMENTO:2010-06-08..2011-06-08+++0051500-36.2009.5.04.0202&client=jurisp&site=jurisp&output=xml_no_dtd&proxystylesheet=jurisp&ie=UTF-8&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8. Acesso em: 02 jun. 2011. RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário processo nº 0024000-95.2009.5.04.0201. Recorrente: Edison Viegas Trindade.
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Recorrida: D'Souza e Silva Transportes Ltda. Relator: Des. Ricardo Tavares Gehling. Porto Alegre, 26 maio 2011. Disponível em: http://gsa3.trt4.jus.br/search?q=cache:SFvIznMrOcwJ:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcordaoRTF%3FpCodAndamento%3D38375771+inmeta:DATA_DOCUMENTO:2010-06-08..2011-06-08+++0024000-95.2009.5.04.0201&client=jurisp&site=jurisp&output=xml_no_dtd&proxystylesheet=jurisp&ie=UTF-8&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8. Acesso em: 02 jun. 2011. RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário processo nº 0117500-55.2008.5.04.0007. Recorrente: Aline Pioner. Recorrido: Philip Morris Brasil Indústria e Comércio Ltda. Relatora: Des. Maria Beatriz Condessa Ferreira. Porto Alegre, 17 jun. 2010. Disponível em: http://gsa3.trt4.jus.br/search?q=cache:dLQzNZ72NgUJ:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcordaoRTF%3FpCodAndamento%3D34877587+inmeta:DATA_DOCUMENTO:2010-06-08..2011-06-08+++0117500-55.2008.5.04.0007&client=jurisp&site=jurisp&output=xml_no_dtd&proxystylesheet=jurisp&ie=UTF-8&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8. Acesso em: 20 maio 2011. RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário processo nº 0000317-60.2010.5.04.0341. Recorrente: AES Sul Distribuidora Gaúcha de Energia S.A. Recorridos: Zeno Steiger e Vigilância Pedrozo ltda. (massa falida). Relator: Juiz Convocado Raul Zoratto Sanvicente. Porto Alegre, 12 maio 2011. Disponível em: http://gsa3.trt4.jus.br/search?q=cache:Ebv8KW-ru9IJ:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcordaoRTF%3FpCodAndamento%3D38212280+inmeta:DATA_DOCUMENTO:2010-06-08..2011-06-08+++0000317-60.2010.5.04.0341&client=jurisp&site=jurisp&output=xml_no_dtd&proxystylesheet=jurisp&ie=UTF-8&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8. Acesso em: 02 jun. 2011. RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário processo nº 0185600-10.2009.5.04.0401. Recorrente Douglas Prim. Recorrida: Pettenati S.A. Indústria Têxtil. Juiz convocado Herbert Paulo Beck. Porto Alegre, 7 out. 2010. Disponível em: http://gsa3.trt4.jus.br/search?q=cache:z5J8fUC7HMkJ:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcordaoRTF%3FpCodAndamento%3D36136011+inmeta:DATA_DOCUMENTO:2010-06-08..2011-06-08+++0185600-10.2009.5.04.0401&client=jurisp&site=jurisp&output=xml_no_dtd&proxystylesheet=jurisp&ie=UTF-8&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8. Acesso em: 20 maio 2011. RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário processo nº 0108000-22.2009.5.04.0203. Sergio Luiz Lencina Barbosa. Recorrido: Cooperativa Integral de Trabalhadores Ltda. e Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB. Relator: Juiz Convocado Marcelo Gonçalves de Oliveira. Porto Alegre, 4 maio 2011. Disponível em: http://gsa3.trt4.jus.br/search?q=cache:57GZ0ZliCZkJ:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcordaoRTF%3FpCodAndamento%3D38107652+inmeta:DA
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TA_DOCUMENTO:2010-06-08..2011-06-08+++0108000-22.2009.5.04.0203&client=jurisp&site=jurisp&output=xml_no_dtd&proxystylesheet=jurisp&ie=UTF-8&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8. Acesso em: 02 jun. 2011. RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário processo nº 0032700-46.2008.5.04.0023. Recorrentes: Caixa Econômica Federal - CEF e PROBANK S.A. Recorridos: Os mesmos e Jaqueline Farias Machado. Relatora: Des. Cleusa Regina Halfen. Porto Alegre, 2 set. 2010. Disponível em: http://gsa3.trt4.jus.br/search?q=cache:6hQiotM5pnEJ:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcordaoRTF%3FpCodAndamento%3D35765021+inmeta:DATA_DOCUMENTO:2010-06-08..2011-06-08+++0032700-46.2008.5.04.0023&client=jurisp&site=jurisp&output=xml_no_dtd&proxystylesheet=jurisp&ie=UTF-8&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8. Acesso em: 20 maio 2011. RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário processo nº 0050600-94.2007.5.04.0017. Recorrente: Kepler Weber Industrial S.A. Recorrido: Afonso Carlos Brum Aguilar. Relator: Des. Hugo Carlos Scheuermann. Porto Alegre, 13 ago. 2008. Disponível em: http://gsa3.trt4.jus.br/search?q=cache:-LJU0DalG_AJ:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcordaoRTF%3FpCodAndamento%3D28759355+inmeta:DATA_DOCUMENTO:2008-05-08..2008-09-01+++&client=jurisp&site=jurisp&output=xml_no_dtd&proxystylesheet=jurisp&ie=UTF-8&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8. Acesso em: 20 maio 2011. RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário processo nº 0082100-96.2009.5.04.0733. Recorrente Evelize Aldrem Faller. Recorridos: Caixa Econômica Federal - CEF e PROBANK S.A. Relatora: Juíza Convocada Maria Madalena Telesca. Porto Alegre, 09 de dezembro de 2010. Disponível em: http://gsa3.trt4.jus.br/search?q=cache:pNgKshAF7fgJ:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcordaoRTF%3FpCodAndamento%3D36840164+inmeta:DATA_DOCUMENTO:2010-06-08..2011-06-08+++0082100-96.2009.5.04.0733&client=jurisp&site=jurisp&output=xml_no_dtd&proxystylesheet=jurisp&ie=UTF-8&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8. Acesso em: 20 maio 2011. RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário processo nº 0218000-87.2009.5.04.0333. Recorrente: Comunidade Evangélica Luterana São Paulo – CELSP. Recorrido: Paulo Sérgio Soares. Relatora: Des. Denise Pacheco, Porto Alegre, 14 abr. 2011. Disponível em: http://gsa4.trt4.jus.br/search?q=cache:3NBmpKeiXFMJ:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcordaoRTF%3FpCodAndamento%3D37906363+inmeta:DATA_DOCUMENTO:2010-06-08..2011-06-08+++0218000-87.2009.5.04.0333&client=jurisp&site=jurisp&output=xml_no_dtd&proxystylesheet=jurisp&ie=UTF-8&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8. Acesso em: 02 jun. 2011.
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RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário processo nº 0044700-04.2009.5.04.0004. Recorrentes Sindi -Vigilantes - Sindicatos Profissional dos Vigilantes, Empregados de Empresas de Segurança e Vigilância, dos Trabalhadores em Serviços de Segurança, Vigilância, Segurança Pessoal, Cursos de Formação e Especialização de Vigilantes, Similares e Seus Anexos e Afins de Porto Alegre, Região Metropolitana e Bases Inorganizadas do Estado do Rio Grande do Sul - Sindivigilantes do Sul e Cristina Lazzarotto Marangon. Recorridos: os mesmos. Relatora: Des. Flávia Lorena Pacheco. Porto Alegre, 10 nov. 2010. Disponível em: http://gsa4.trt4.jus.br/search?q=cache:LIVl2iS-DYcJ:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcordaoRTF%3FpCodAndamento%3D36480596+inmeta:DATA_DOCUMENTO:2010-06-08..2011-06-08+++0044700-04.2009.5.04.0004&client=jurisp&site=jurisp&output=xml_no_dtd&proxystylesheet=jurisp&ie=UTF-8&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8. Acesso em: 20 maio 2011. RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário processo nº 0069000-73.2009.5.04.0022. Recorrente: Gilnara Ribeiro Silva Hendler. Recorrida: Dulce de Oliveira Santana - ME. Relatora: Des. Flávia Lorena Pacheco. Porto Alegre, 28 jul. 2010. Disponível em: http://gsa4.trt4.jus.br/search?q=cache:4I1u-B8Spx4J:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcordaoRTF%3FpCodAndamento%3D35333113+inmeta:DATA_DOCUMENTO:2010-06-08..2011-06-08+++0069000-73.2009.5.04.0022&client=jurisp&site=jurisp&output=xml_no_dtd&proxystylesheet=jurisp&ie=UTF-8&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8. Acesso em: 20 maio 2011. RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário processo nº 0122500-28.2008.5.04.0721. Recorrente: César Ernesto Correia da Silveira. Recorrida: J.H. Forsthofer & Cia Ltda. Relatora: Des. Maria Cristina Schaan Ferreira. Porto Alegre, 18 maio 2011. Disponível em: http://gsa3.trt4.jus.br/search?q=cache:ILRnCrcbnQUJ:iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.ExibirAcordaoRTF%3FpCodAndamento%3D38277228+inmeta:DATA_DOCUMENTO:2010-06-08..2011-06-08+++0122500-28.2008.5.04.0721&client=jurisp&site=jurisp&output=xml_no_dtd&proxystylesheet=jurisp&ie=UTF-8&lr=lang_pt&access=p&oe=UTF-8. Acesso em: 02 jun. 2011. SÃO PAULO, Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário processo nº 0030000-55.2009.5.15.0153. Recorrente: Associação Bandeirantes de Ensino S/C Ltda. Recorrido: Pedro Zambianchi Junior. Relatora: Des. Erodite Ribeiro dos Santos De Biasi. São Paulo, 29 mar. 2011. Disponível em: http://consulta.trt15.jus.br/consulta/owa/pDecisao.wAcordao?pTipoConsulta=PROCESSO&n_idv=1121411. Acesso em: 02 jun. 2011.
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