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PENSANDO O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: APONTAMENTOS PARA
MUDANÇA DE PARADIGMA RUMO À CONSTRUÇÃO DO NOVO PROJETO
NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO
Rosivânia Santos de Jesus
rosisantos-65@live.com
GT2: Estado, Território e Políticas de Desenvolvimento.
RESUMO A lógica político-econômica mundial dominante coloca em risco os 7 bilhões de habitantes do planeta
terra, um sistema econômico que busca recursos ilimitados em um planeta finito e que fomenta como
qualidade de vida e felicidade, padrões de consumo e estilos de vida que estão esgotando nossas
reservas naturais e contrariando nosso planeta. Há um desequilíbrio na base de desenvolvimento
humano, via economia, que estabelece uma lógica racional dissociada da noção de sustentabilidade.
Sendo assim, torna-se urgente que homens e mulheres possam aprender a entender a complexidade da
condição humana e de suas relações com a natureza numa direção que impulsione para uma mudança
de paradigmas. O conceito de desenvolvimento sustentável tornou-se importante para guiar as
atividades humanas, referendado por diversos fóruns mundiais. Esse modelo não corresponde a uma
ruptura, mas ao adotá-lo propõe medidas para o aprofundamento do processo democrático,
assegurando a defesa do meio ambiente e melhores condições de vida para o povo, levando em conta a
correlação de forças na luta política. Frente ao exposto, o presente trabalho visa apresentar uma
revisão bibliográfica sobre o desenvolvimento sustentável, trazendo o alcance e o sentido na
atualidade.
PALAVRAS-CHAVES: Desenvolvimento Sustentável, natureza, sociedade.
INTRODUÇÃO
Os impactos socioeconômicos decorrentes do processo de exploração dos povos foram
capazes de interferir de modo radical na vida das pessoas, desconsiderando a diversidade
étnica, cultural ou geográfica em busca do acúmulo da riqueza pelo subjugo dos povos. Uma
economia que produz um consumo desigual dos recursos naturais em que os 16% mais ricos
do mundo são responsáveis por cerca de 78% do consumo mundial, de acordo com o
Relatório Estado do Mundo publicado pelo Instituto Akatu (2010). Por simples análise
matemática, verifica-se que se o resto do mundo quiser seguir este padrão de consumo serão
necessários quatro planetas terras para atender 100% desta necessidade. Uma economia que
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concentra metade da riqueza nas mãos de 1% da população em ativos e especulações rentistas
aprofundando cada vez mais as desigualdades sociais.
De acordo com Camargo (2003), diante do panorama atual torna-se claro que
realmente vivemos um momento de crise diferente de todas as crises parciais que vivemos no
passado, pois não apresenta apenas questões passageiras, mas sim questões cruciais e
decisivas para o futuro da humanidade. Afirma ainda, que a crise ecológica é uma crise
complexa, multidimensional, cujas facetas afetam todos os aspectos da vida humana. A crise
ambiental reflete a crise de uma sociedade, não sendo apenas uma crise de gerenciamento de
recursos da natureza. Portanto, há uma crise de paradigmas, que segue uma ampla
investigação em busca da resposta. Neste sentido, o modelo de desenvolvimento sustentável
seria uma resposta à crise.
O presente trabalho visa apresentar uma revisão bibliográfica sobre o desenvolvimento
sustentável, trazendo o alcance e o sentido na atualidade. Em que pese o fato de o
desenvolvimento sustentável ser um tema bastante banalizado ele é também uma fonte sempre
renovada de reflexões e de críticas.
1. CONSUMO E MEIO AMBIENTE
A sociedade moderna a partir da Revolução Industrial progrediu cientificamente
mudando a forma de enxergar a natureza. A natureza e o homem foram estudados
separadamente, em busca do lucro máximo a qualquer custo, o que evidencia as concepções e
práticas predatórias responsáveis pela degradação ambiental: poluição ambiental, destruição
de parte das florestas, dos recursos hídricos e da fauna.O modelo de desenvolvimento
capitalista se apropriou da natureza e da força do trabalho humano. Nesse sistema, baseado na
economia de mercado, a regra é deixar as empresas internalizar os lucros e externalizar os
custos ambientais (SACHS, 2008).
Após discussões sobre a questão ambiental, muitos autores afirmam que para a
resolução da crise ecológica é preciso diminuir o consumo. Isso até seria possível se os
sujeitos em questão não fossem os seres humanos. Durante toda a história, os seres humanos
sempre procuraram retirar os recursos naturais do ambiente para o próprio benefício. Primeiro
para sua própria sobrevivência, depois para obtenção de riquezas e ascensão ao poder. Deste
modo, é ilusão pensar que os seres humanos mudarão suas atitudes consumistas, abrindo mão
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do conforto e da comodidade conquistada ao longo do tempo para, simplesmente, salvar o
planeta.
Compreende-se que o responsável pela grande crise ambiental está no processo de
produção oriundo do capitalismo, segundo Portilho (2005), a exploração excessiva dos
recursos naturais e iniquidade, inter e intrageracional na distribuição dos benefícios oriundos
dessa exploração, conduziram à reflexão sobre a insustentabilidade ambiental e social dos
atuais padrões de consumo e seus pressupostos étnico-normativos.
De acordo com Portilho (2005), a partir da década de 90, houve um novo discurso
dentro do pensamento ambientalista internacional. O problema ambiental começou a ser
redefinido, relacionando-se aos altos padrões de consumo e estilo de vida. O nível e o estilo
de consumo se tornaram a principal fonte de identidade cultural e de participação na vida
coletiva. As propostas de consumo sustentável restritas à esfera individual são limitadas,
limitantes e desagregadoras. As ações de caráter coletivo, via movimentos sociais, ao
contrário, podem ampliar as possibilidades de ambientalização e politização das relações de
consumo, contribuindo para a construção da sustentabilidade e para a participação na esfera
pública.
No relatório “Nosso futuro Comum” (BERTRAND, 2005),ao propor o termo
“desenvolvimento sustentável” na agenda internacional, reforça a asserção de que crescimento
econômico compatibilizado com a proteção ambiental e melhor distribuição de riquezas.Desta
forma, o relatório estimula importante virada no discurso político dominante fazendo surgir,
embora de forma inicial, um reconhecimento formal da desigual contribuição dos diferentes
estilos de vida na degradação ambiental. (PORTILHO, 2005). A discussão sobre consumo e
meio ambiente, portanto, abriga o pensar os conflitos e opções políticas da humanidade no
contexto do mundo material. A crítica ao consumismo passou a ser vista como uma
contribuição para a construção de uma sociedade sustentável.
A partir da percepção da questão ambiental como um problema relativo aos estilos de
vida e consumo, a análise do consumo passa a ser visto como uma atividade social e cultural
que se insere nos novos discursos e propostas advindas do pensamento ambientalista
internacional.Portilho (2005), afirma que a sociedade de consumo engloba aspectos culturais,
mas não deixa de lado outras dimensões como seu significado político, sua conexão com os
sistemas econômicos de produção e reprodução e sua importância em termos de construção e
manutenção da divisão social.
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A mudança em questão não envolve simplesmente uma nova profusão de práticas,
significados e locais de consumo, mas também e principalmente a reestruturação das relações
entre esfera público e privada, ação individual e ação coletiva.Neste sentido, a sociedade de
consumo “não está relacionada somente à satisfação de necessidades, mas sobretudo às
formas através das quais nós vemos o mundo e nossa posição dentro dele, medindo o
progresso da nossa trajetória de vida. ” (PORTILHO, 2005).
Portilho (2005) enfatiza o consumo como um fenômeno que pode ao mesmo tempo
empoderar e explorar os consumidores.
“O campo de consumo, e da sociedade de consumo, é multifacetado,
contraditório e ambíguo. Trata-se de um fenômeno, ao mesmo tempo,
econômico e cultural. O sistema econômico, ao atuar em função das
necessidades do mercado, produz consequências negativas para organização
da sociedade” (PORTILHO, 2005).
Dessa forma, o elemento dialético do consumo torna-se capaz para tomada da
participação popular nas esferas de poder. Enfrentando as desigualdades econômico-social,
decorrente do sistema de produção e reprodução, propondo um novo modelo no campo do
desenvolvimento sustentável.
2. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Verifica-se, como bem observado por Portilho (2005), que o enfoque dado às causas
da crise ambiental evoluiu historicamente nestas últimas décadas: do crescimento
populacional (neomathusianos) para o sistema econômico produtivo, e finalmente,
principalmente depois da Eco-92, para o problema do consumo ilimitado.
Após publicação do relatório de Brundtland (1987), a busca pela harmonia entre
desenvolvimento e ambiente passou a ser denominada através do termo “desenvolvimento
sustentável” que, com a Conferência do Meio Ambiente, conhecida como Eco-92, foi
difundida e utilizada mundialmente.
“A humanidade é capaz de tornar o desenvolvimento sustentável – de
garantir que ele atenda às necessidades do presente sem comprometer a
capacidade de as gerações futuras atenderem também as suas.” (CMMAD,
1988. p.9)
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É evidente que o discurso dominante procura consolidar um consenso em torno da
noção de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentável como uma forma de preservação
da ordem estabelecida. Entende-se, por isso, que as próprias contradições constitutivas do
conceito, permitem também, que ele seja utilizado “na contramão” do discurso dominante.
De acordo com Leff (2008), o princípio da sustentabilidade surge no contexto da
globalização como marca limite e o sinal que reorienta o processo civilizatório da
humanidade. O discurso da sustentabilidade busca reconciliar os contrários da dialética do
desenvolvimento: o meio ambiente e o crescimento econômico.
O desenvolvimento sustentável tornou-se um conceito importante para guiar as
atividades humanas, mas não é fácil encontrar o equilíbrio exato entre a proteção da
diversidade biológica e o uso dos recursos naturais. O surgimento da consciência ambiental e
da ideia de sustentabilidade estariam relacionadas ao fato dos recursos serem findáveis e a
noção de risco. Atualmente, vemos o termo risco ligado ao termo desenvolvimento
sustentável, mostrando que o planeta está próximo de sua destruição se não mudarmos nossos
modos de utilização dos recursos naturais.
Para Leff (2008) a questão ambiental não pode ser enfrentada de modo dissociada das
dimensões política e cultural. Isto é, a solução para o problema ambiental passa pela
superação da condição de exclusão de populações que, tal como a natureza, é usurpada e
explorada.Portanto o desenvolvimento sustentável sugere qualidade em vez de quantidade.
Nesse sentido, que assegure o crescimento da economia, distribuição de renda mais igualitária
e equitativa, que se alie à setores que combatem a privatização da natureza, que adote medidas
que aprofundam o processo democrático, assegurando a defesa do meio ambiente e melhores
condições de vida.
Ainda de acordo com Leff (2008), a transição clara para o desenvolvimento
sustentável não se fará por força da necessidade de sobrevivência da sociedade. Tais
mudanças não serão alcançadas sem uma complexa estratégia política, orientada pelos
princípios de uma gestão democrática do desenvolvimento sustentável, mobilizadas pelas
reformas de Estado e pelo fortalecimento das organizações da sociedade civil. Isso implica
uma nova ética e numa nova cultura política que legitimariam os direitos culturais e
ambientais dos povos, constituindo novos atores e gerando movimentos sociais pela
reapropiação da natureza.
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3. CONSTITUIÇÃO DO CONCEITO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Até a década de 70, foram formando-se correntes ambientalistas, dentre as quais
destacam-se:
● Conservacionista: que pregava o uso racional dos recursos ambientais.
● Preservacionistas: que buscavam a total ausência de interferência antrópica na
natureza
● Ecologia profunda: com enfoque biocêntrico;
● Ecologia Social: com bases anarquistas e utópicas;
● Ecosocialismo: agregando à teoria marxista as forças produtivas da natureza, ou seja, a
infraestrutura não seria formada somente pelas forças de produção do trabalho e as
relações sociais de produção, mas também pelas forças produtivas da natureza
(DIEGUES,1996).
A doutrina do ecodesenvolvimento foi proposta por Mauricie Strong (1973), e em
seguida ampliada pelo economista Ignacy Sanchs (2008), onde o enfoque era: as dimensões
sociais, culturais, espaciais, econômicas e ecológicas do termo. Nasceu na década de 70
durante divergências geradas na primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente, em Estocolmo.
Ecodesenvolvimento é um estilo de desenvolvimento que, em cada ecorregião insiste
na busca de soluções específicas para seus problemas particulares, levando em conta não só os
dados ecológicos, mas também os culturais, bem como as necessidades imediatas e de longo
prazo (SANCHS, 2008, p. 64).
Para Sanchs (2008), a saída para os problemas ambientais causados pelas sociedades
industriais, estaria no ecodesenvolvimento, uma vez que mediante o reaproveitamento dos
dejetos para fins produtivos diminuiria os impactos negativos causados pelos homens.
Constituiria um estilo de desenvolvimento que leva em conta o respeito ao homem,
observando suas especificidades e a gestão competente dos recursos naturais.
Como derivação do conceito surgiu a ideia do desenvolvimento sustentável, servindo
como base principal para a formulação da Agenda 21 em que 170 países se comprometeram
por meio de 2.500 objetivos práticos para preparar o mundo para os desafios do século XXI.
O conceito de desenvolvimento sustentável, apesar de possuir interligações com os
conceitos de ecodesenvolvimento apresenta seis princípios que norteiam as agendas na
atualidade:
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● Integração entre conservação da natureza e desenvolvimento
● O entendimento e a satisfação das necessidades fundamentais humanas
● Equidade e justiça social
● A busca pela autodeterminação social
● O respeito à diversidade cultural
● Integridade ecológica
4. PROJETO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O efetivo desenvolvimento sustentável é incompatível com desenvolvimento a
qualquer preço, assim como com certo tipo de defesa do ambiente que paralisa o
desenvolvimento. O esforço de combinar o desenvolvimento com o meio ambiente passou a
estar presente nas resoluções dos encontros que tratam do tema. Todavia existem várias
concepções de desenvolvimento sustentável (ALDO ARANTES, 2010).
Aqui compreendemos que a solução efetiva dos problemas ambientais só será possível
com a adoção de um modo de produção que não seja voltado para o lucro, mas sim para o
bem-estar da sociedade. Levando em conta a correlação de forças ao apresentar suas
propostas para a luta política, assim sendo, deve-se aprofundar nas conquistas da luta em
defesa do meio ambiente, com participação do Estado e da sociedade civil. Passa pela
combinação equilibrada entre desenvolvimento, meio ambiente e melhores condições de vida
do povo.
Do ponto de vista da luta imediata, a luta em defesa do meio ambiente, nos dias atuais
se identifica com a sustentabilidade democrática, com a participação do Estado e da sociedade
civil, na luta em defesa do meio ambiente. Visando o processo de acumulação de forças,
combatendo a lógica capitalista de exploração máxima da força de trabalho e da natureza e
denunciando sistematicamente a visão que postula soluções para os problemas ambientais
pela via do mercado (ALDO ARANTES, 2010).
Depois da Revolução Francesa, com a crise do absolutismo, o rei deixa de ter poder
passando para o poder do povo, o poder da cidadania. Cada cidadão quer se ver representado
no projeto do Estado, ou seja, seu próprio projeto, e dessa forma, legitimar a existência do
Estado. De acordo comDarc Costa (2010) “um Projeto Nacional deve ter a componente social
maximizada. O projeto de Estado precisa ser articulado com a vontade nacional. Um Projeto
Nacional. Que essa vontade coletiva sintetize num projeto nacional, que transforme o
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potencial de país em poder. Está centrado na ideia de um planejamento de longo prazo,
alicerçado do triângulo o que fazer, como fazer e quais meios. ” (BARROSO; DARC COSTA
2010).
O aprofundamento do processo de democratização do País é o objetivo a ser alcançado
pelo desenvolvimento sustentável, entendendo a democratização como avanço nas conquistas
econômicas, sociais, ambientais e culturais. Ele implica uma articulação harmônica entre estes
diferentes aspectos, dando ênfase à solução dos problemas econômicos e sociais e adotando as
medidas necessárias para mitigar os impactos sobre o meio ambiente. (ALDO ARANTES,
2010).
A solução para o problema, conforme Aldo Arantes (2010), que está na elaboração e
execução de um Projeto Nacional de Desenvolvimento Sustentável que assegure o
crescimento da economia, a geração de emprego, a distribuição de renda, a afirmação da
cultura nacional, a defesa do meio ambiente, o aprofundamento da democracia e a integração
latino-americana. Como também, que garanta um conjunto de medidasque garantam a defesa
do meio ambiente, com prioridade para a luta contra a pobreza e a miséria.
5. A CAMINHADA
Um projeto requer planejamento, objetivos, ou seja, novos padrões de comportamento,
sentimentos e atitudes. Traçar metas é algo que deve estar na agenda internacional,
governamental e política dos atores da sociedade, não sendo as metas praticadas pelo sistema
financeiro que expressa a ganância, metas associadas ao lucro a todo custo. Mas, que sejam
metas norteadoras da atualidade a serem adotadas para assegurar um desenvolvimento
sustentável.
Entre tais medidas, e deve apresentar-se como eixo, está a defesa do princípio
“responsabilidades comuns, mas diferenciadas” entre os países responsáveis pela emissão de
gases do efeito estufa, não aceitando metas de imposição dos países altamente desenvolvidos
aos países em desenvolvimento.
A partir desse entendimento Aldo Arantes (2010) aponta medidas que norteiam a
atualidade:
● Manutenção da matriz energética baseada na energia hidroelétrica, no etanol,
na ampliação do uso de energias alternativas, em particular a solar e a eólica. A
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construção de usinas hidrelétricas acompanhada de rigorosas medidas de
redução do impacto ambiental.
● A realização do zoneamento ecológico-econômico do País, cuja aplicação deva
ser obrigatória, estabelecendo áreas de plantio de produtos alimentícios, de
preservação ambiental e de plantio de cana.
● Em relação à água é necessário desenvolver uma política de redução drástica
do uso de agrotóxicos, assim como, implementar uma política nacional de
reflorestamento das margens dos rios e nascentes, com árvores nativas.
● Adotar política de saneamento nas cidades ribeirinhas, impedido que os
efluentes sejam jogados nos rios.
● Defender medidas de redução da poluição do ar com estímulo à adoção de
energia limpa pela indústria automobilística.
● Obrigatoriedade do uso de energia não poluente em transporte público.
● Adotar medidas que reduzam a impermeabilização do solo urbano.
● Política habitacional que assegure moradia aos trabalhadores, impedindo que
construa em áreas de risco.
● Implementar uma política de ampliação do saneamento básico, tratamento
adequado para os resíduos sólidos, a construção de aterro sanitário e a coleta
seletiva.
● Em relação ao trânsito urbano, estabelecer restrições ao transporte individual e
estimular o transporte coletivo de qualidade. Diversificar o transporte de cargas
e passageiros com ênfase para o transporte ferroviário e hidroviário.
● Adotar um novo modelo de desenvolvimento agrícola com novas técnicas de
plantio, a não utilização de agrotóxicos, novos métodos de irrigação que
resultem em economia de água e não poluição da água dos rios.
● Defesa e fortalecimento do papel do Estado no exercício dos mecanismos de
“combate e controle”, ou seja, na aplicação da legislação ambiental.
● Fomentar a ativa participação dos movimentos sociais, das entidades de
trabalhadores e dos partidos políticos nos órgãos de gestão ambiental.
● Estimular políticas públicas de educação ambiental, com ênfase em suas
características sociais, nas escolas e outras entidades públicas, despertando e
fortalecendo a consciência de combater as agressões ambientais e lutar por um
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modelo de desenvolvimento com distribuição de renda e ambientalmente
sustentável
6. BANDEIRA DA INJUSTIÇA AMBIENTAL
A injustiça ambiental pode ser definida como um mecanismo pelo qual sociedades
desiguais (dividida em classes) destinam a maior parte dos danos ambientais do
desenvolvimento a grupos sociais de trabalhadores, populações de baixa renda, grupos raciais
discriminados, mulheres, juventude, populações marginalizadas e mais vulneráveis
(ACSELRAD, 2004).
A injustiça social está na desigual exposição aos danos ambientais e ao ônus desigual
dos custos do desenvolvimento. O custo das externalidades da produção da riqueza impacta
de forma diferente os atores sociais. Populações que foram deslocadas, a fim de atender
demandas de mercado, para áreas vulneráveis desprovidas de esgotamento sanitário,
abastecimento de água, saúde e educação de qualidade, no caso particular do Brasil, com
gigantesca riqueza, os impactos são pagos com a saúde dos trabalhadores, com extermínio de
jovens negros e da subalternação de uma parte da sociedade.
A questão da injustiça ambiental, tendo como uma das principais causas da injustiça
social, abre, não só um interessante campo de estudo, como um espaço comum na agenda dos
movimentos que lutam por uma transformação social voltada para um desenvolvimento
sustentável.
7. CONSIDERAÇÕES
A mudança do paradigma do desenvolvimento sustentável precisa estar associada ao
paradigma da transformação social. A permanência do paradigma da transformação social,
quanto à necessidade de somar forças contra a acumulação capitalista, especialmente, em um
país rico, mas campeão em desigualdades sociais como é o Brasil configura-se como o norte
para o Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento.
Torna-se pertinente, no nosso entendimento, estabelecer este “grande campo de
unidade” já que, do ponto de vista prático, seria muito difícil somar forças dos que querem a
transformação da sociedade com os que desejam apenas “enverdecer o capitalismo”.
(SILVIA, 2009).
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Os movimentos – sindicais, de juventude, de mulheres, ecológicos, dos estudantes,
enfim, dos conjuntos dos movimentos da sociedade - não podem cessar esforços para
construir uma unidade, buscando a garantia de uma política de desenvolvimento sustentável.A
resolução da crise ambiental se dará através da efetivação do desenvolvimento sustentável,
com a gestão adequada do ambiente e com o desenvolvimento das grandes potências no
combate à pobreza e no desenvolvimento de tecnologias mais renováveis.
Logo, é necessário passar de uma sociedade de alto consumo para baixo consumo de
energia, sensibilizar de que nossas reservas estão no limite tolerável da sustentabilidade, pois
estamos consumindo mais do que o planeta pode nos dar por toda vida. O sistema econômico
baseado no lucro, no uso das fontes de energia não-renováveis, na competição e na destruição
da natureza e das comunidades precisa ser repensado em torno de outros fundamentos, no
valor energético real, no aproveitamento racional dos recursos e energias renováveis, na
colaboração, na recuperação da natureza e das comunidades, ou seja, precisamos trilhar o
caminho para a sustentabilidade planetária.
A partir das contradições apresentadas no modelo de desenvolvimento sustentável a
mudança de paradigma requer mudança de postura, atua na contramão do discurso dominante,
constrói com participação popular um campo de unidade em torno da bandeira da injustiça
social levando em conta a correlação de forças na luta política, atuando na construção de um
Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento que coloque a transformação social como o
alcance do Desenvolvimento Sustentável para o bem estar da sociedade.
8. REFERÊNCIAS
ARANTES, Aldo (organizador). Meio Ambiente e Desenvolvimento: em busca de um
compromisso – São Paulo: Anita Garibaldi: Fundação Maurício Grabois, 2010.
ACSELRAD, Henri; HERCULANO, Selene; PÁDUA, José Augusto.Justiça Ambiental e
Cidadania – Rio de Janeiro, RelumeDumará, 2004.
BARROSO, Aloísio Sergio e SOUZA, Renildo. Desenvolvimento: idéias para um projeto
nacional – São Paulo: Anita Garibaldi: Fundação Maurício Grabois, 2010.
CAMARGO, Ana Luiza de Brasil. Desenvolvimento Sustentável - dimensões e desafios.
São Paulo: Papirus, 2003.
CMMAD. COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E
DESENVOVIMENTO. Nosso Futuro Comum. Rio de Janeiro: Bertrand, 2005.
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Consumo Sustentável disponível em:
<www.mma.gov.br/estruturas/educamb/_.../consumo_sustentavel.pdf> acesso em 20/03/2016.
DIEGUES, A. C. S. O mito moderno da natureza intocada. São Paulo: Hucitec, 1996.
LEFF, E. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. 6 ed.
Petrópolis: Vozes, 2008.
MARX, K. Manuscritos Econômico-Filosóficos. Tradução de José Jesus Ranieri -
Campinas, 2004.
Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento e Meio Ambiente:
<http://inma.org.br/site/desenvolvimento-e-meio-ambiente/128-novo-projeto.html> acesso
em 20/03/2016.
PORTILHO, Fátima. Sustentabilidade Ambiental, Consumo e cidadania. São Paulo,
Cortez editora, 2005.
Relatório Estado do Mundo Disponível em
<http://www.wwiuma.org.br/estado_2010.pdf>acesso em 15/02/2016> Foi publicado no
Brasil, em 2010, através de uma parceria entre o Instituto Akatu.
SACHS, Ignacy. Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável. 3ª edição. Rio de Janeiro:
Ed. Garamond, 2008.
SILVIA, Maria Beatriz Oliveira da. Desenvolvimento sustentável no Brasil de Lula: uma
abordagem jurídico-ambiental – Santa Cruz do Sul:EDUNISC; São Paulo: Anita Garibaldi,
2009.
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