retratos invisíveis
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Retratos Invisíveis
As Representações Imagéticas dos Webcards de Pelotas
Fernanda Ricalde Teixeira
Turismóloga. UFPEL
Especialista em Imagem Publicitária. PUCRS
fernanda.imagem@gmail.com
Resumo
Este trabalho tem por objetivo apresentar um estudo sobre as representações imagéticas veiculadas pelos webcards de Pelotas através da percepção de estudantes e profissionais freqüentadores dos locais publicados através dessas imagens e pretende saber se elas são representativas da cidade e quais os sentimentos que levam essas pessoas a escolherem tais imagens como ícones da cidade. Sendo antecedido por dois capítulos que abordam a imagem para o turismo, a cidade de Pelotas e o contexto histórico do cartão postal, em virtude das características do desenvolvimento das entrevistas. Utilizando-se de uma metodologia de entrevistas via Internet e discussões em grupo, na tentativa de relacionar a atual conjectura de imagens virtuais (em sites) e o pensamento social em relação à realidade dos lugares turísticos preestabelecidos pelo poder público, visando ajudar a compreensão da importância de relacionar a comunidade local com a escolha das imagens publicadas sobre a cidade, com vistas em fomentar o turismo local. Tendo como norteadores da análise os autores Agnew (1993), Santaella e Nöth (1997).
Palavras-chave: webcard; imagem; representatividade; turismo; Pelotas.
INTRODUÇÃO
Os retratos de uma cidade, um espaço
qualquer que inspire uma população, deseja
intimamente ser representada através de
imagens1, cristalizando os signos existentes
1 Imagem (do latim imago) é toda e qualquer visualização gerada pelo ser humano, seja em forma de objeto, de obra
em cada universo particular da paisagem
fotografada. Assim, aliando imaginário
popular e turismo, têm-se as imagens
turísticas, que servem para propagar uma
cidade a partir das vaidades sociais intrínsecas
na memória dos atores locais a fim de exibir as
potencialidades que podem vir a ser atrativas,
e/ou que já sejam atrativas turisticamente.
Retratos Invisíveis é um estudo sobre as
imagens para o turismo de Pelotas postadas
no site da Prefeitura Municipal, administrado
pela CoinPel2, e tem como objetivo levantar os
dados sobre a funcionalidade dos webcards3
como veículos de propaganda e sobre a
representação dos lugares eleitos para as
imagens, através de fotografias, para a
população, com vistas ao incentivo ou
fomento do turismo.
Nem sempre uma imagem postada é uma
bela imagem, não que a paisagem não seja,
mas significa que a fotografia não corresponde
aos padrões de beleza requeridos para ser um
cartão postal. Justamente porque um cartão
postal é uma imagem de um lugar que é
significativo para um grupo de pessoas,
levando em consideração que a memória
coletiva é também seletiva, pois esta
determina o que será registrado pelo
de arte, de registro foto-mecânico, de construção pictórica (pintura, desenho, gravura) ou até de pensamento. 2 Companhia de Informação de Pelotas. CNPJ: 91560573000125. 3 Postais eletrônicos veiculados pela mídia on-line – Internet.
imaginário e veiculado para o mundo
considerando que geralmente as pessoas
lembram aquilo que de mais marcante há em
seu passado.
Os meios de comunicação de massa
possuem um poder infindável de mostrar às
pessoas aquilo que não se pode ver com os
próprios olhos. Mesmo que haja uma mídia ao
redor da corrupção e da violência nas cidades,
quando se trata de Turismo, de veicular
mensagem turística, esses aspectos negativos
são desativados pela população e pelos
media4 e as coisas belas e encantadoras
tornam-se o carro-chefe da identidade social, e
mesmo os momentos de tristeza da
humanidade, tornam-se mágicos diante dos
olhos do turista ávido pela descoberta.
Os cartões postais, um dos meios de
comunicação desde a Era Industrial, fazem o
papel de retratar as melhores imagens de uma
cidade, o melhor ângulo capturado pelas
lentes do fotógrafo. Acompanhadas de
slogans5, os cartões postais transmitem
mensagens exageradamente positivas de um
lugar, usando palavras de nobreza e
magnitude, remetendo-as a um espetáculo de
cores e imaginários, assim as cidades recebem
títulos como “Princesa do Sul”, “Rainha da
Fronteira”, “A Cidade das Hortênsias” etc.
4 Media = \meio de comunicação de massas\', do latim media \'meios\'. Meios de difusão, distribuição ou transmissão de mensagens escritas, visuais, sonoras..., Tais como a imprensa, o cinema, a radiodifusão, a televisão, as telecomunicações...; Meios de comunicação social. = MÍDIA (bras.). 5 Segundo MARTINS (1997) por sua origem o termo slogan significa “grito de guerra”. É sentença curta ou máxima que expressa uma qualidade, uma vantagem do produto ou uma norma de ação do anunciante.
O primeiro capítulo deste trabalho
constitui-se de uma discussão a cerca da
escolha da imagem veiculada para o turismo e
seus agentes sociais, que são, o Estado (poder
público), a comunidade e os turistas.
No segundo capítulo encontra-se uma
breve história da constituição da cidade de
Pelotas e seus patrimônios como atrativos
turísticos, seguida do contexto histórico do
cartão postal, do seu surgimento até a
atualidade sob a forma de webcard.
Posteriormente, apresenta-se uma análise
das imagens do link Cidade Cartão Postal do
site de Pelotas a partir do entendimento e dos
sentimentos dos entrevistados pelas
paisagens veiculadas através de webcards e
pretende saber se esses postais
correspondem à funcionalidade das imagens
turísticas e qual a representatividade delas
dentro da espetacularização da cidade,
segundo os domínios da imagem de Santaella
& Nöth (1997) e do sentido de lugar de Agnew
(1993), sendo estes os norteadores da análise
da pesquisa.
1. IMAGEM NO TURISMO
1.1. A IMAGEM VEICULADA PELO
TURISMO E OS AGENTES SOCIAIS
“... primeiramente [as] sombras depois [os] reflexos que se vêem nas águas ou na superfície dos corpos opacos, polidos e brilhantes, e a todas as representações semelhantes”. Platão
A imagem no campo do turismo, nas
cidades, comporta-se como uma construção
de um espetáculo social planejado pelo Estado
e pelo trade6 turístico para atrair os
consumidores, turistas e residentes do lugar,
considerando o valor subjetivo dos espaços
que compõem a cidade e o que representa
para a sua população. Portanto uma imagem
turística não se limita a um jogo de imagens
escolhidas aleatoriamente, ao contrário, é
necessário perceber a relação –
morador/espaço – para se construir uma
identidade turística local, pois, “a imagem é
um fenômeno subjetivo, ao contrário dos
objetos físicos” (FINKE, 1989, apud SARMENTO,
2004, p. 72), sendo uma representação
humana daquilo que está “ausente” e mais
ainda, da fantasia a respeito de algo,
enaltecendo certos objetos ou paisagens que
estão presentes no imaginário popular,
persuadindo o ethos7 e o pathos para delinear
o gosto das pessoas através da visualidade.
Quando os produtores políticos e técnicos
do turismo determinam as imagens de uma
cidade que serão veiculadas, eles acabam por
direcionar o olhar do turista e dos nativos para
os espaços escolhidos como representativos,
muito embora, estes já tenham em seu
6 Termo inglês que significa literalmente comércio. 7 Ethos - termo emprestado da retórica antiga, o ethos designa a imagem de si que o locutor constrói em seu discurso para exercer uma influência sobre seu alocutário. O "ethos" faz parte, como o "logos" e o "pathos", da trilogia aristotélica dos meios de prova. Adquire em Aristóteles um duplo sentido: por um lado designa as virtudes morais que garantem credibilidade ao orador, tais quais a prudência, a virtude e a benevolência; por outro, comporta uma dimensão social, na medida em que o orador convence ao se exprimir de modo apropriado a seu caráter e a seu tipo social. Nos dois casos trata-se da imagem de si que o orador produz em seu discurso, e não de sua pessoa real.
cotidiano o hábito de transitar pelos espaços
públicos, porém, nem sempre todos os
espaços do turismo em uma cidade estão ao
alcance dos cidadãos, por isso faz-se
necessário perceber o quanto esses espaços
são representativos turisticamente para os
moradores e qual o envolvimento deles na
participação da escolha das imagens turísticas,
afinal uma cidade é composta por espaços,
pessoas e suas manifestações.
O fator humano é extremamente
importante no turismo, pois é um setor da
economia e um fenômeno social que trabalha
diretamente com serviços e utilização de
potencialidades naturais ou fabricadas para
atrair o mercado consumidor, buscando
articular esses potenciais da cidade para que
se desenvolva um planejamento turístico
onde todos os envolvidos com o fenômeno
sejam beneficiados, estimulando o interesse
da população pelo trade como uma fonte de
renda e preservação dos patrimônios que
caracterizam a cidade. Sobre o planejamento
em cidades que desejam participar e
desencadear o turismo, Hall (2001) afirma:
O planejamento serve para auxiliar a
determinar quem perde ou ganha no processo
de desenvolvimento turístico, além de ajudar a
contribuir para formas mais sustentáveis de
turismo, nas quais se vê o equilíbrio das metas
econômicas, ambientais e sociais e que geram
resultados mais justos às partes interessadas, o
que significa não apenas os incorporadores, o
setor turístico e o turista, mas também a
comunidade maior cujo destino está sendo
consumido. (HALL, 2001, p. 35)
Partindo da observação de Hall percebe-
se que é importante considerar e respeitar as
escolhas da comunidade que está no núcleo
do consumo acarretado pelo turismo, e para
isso, incorporadores e comunidade pensariam
em conjunto o planejamento turístico da
cidade, inclusive no que tange a escolha das
imagens desta que seriam veiculadas para o
desenvolvimento do turismo local e regional.
Auxiliando assim o discernimento por parte
daqueles que direta ou indiretamente
participam do turismo, sobre as necessidades
que este acontecimento social influem nas
vidas das pessoas e na economia da cidade,
como a adequação de equipamentos de infra-
estrutura e qualificação de pessoal que irão
realmente influenciar o reconhecimento da
imagem turística, pois esta, não é apenas feita
graficamente (fotografias), mas também
daquilo que revela a cidade como um
território de turismo, aliando os papéis
cognitivo e funcional dos espaços.
No entanto se esses agentes do turismo
não considerarem os gostos8 e as vivências
dos moradores pela cidade, talvez, as imagens
turísticas veiculadas pelos meios de
comunicação (Internet, televisão, mídia
impressa etc.) não sejam tão atrativas e
valorizadas pelos nativos como poderiam ser
se reputassem as idéias dos cidadãos sobre os
espaços da cidade, ou seja, o Estado e os
incorporadores do turismo abrem espaço para
os atores locais envolvidos com a cidade e a
partir disso investem em publicidade turística
8 Gosto é a faculdade de julgamento de um objeto ou de um modo de representação mediante um comprazimento ou descomprazimento (independente de todo o interesse). O objeto de tal comprazimento chama-se belo.
em espaços que a população se identifica
como destino atrativo dirimindo o
distanciamento entre o entendimento e a
percepção da cidade por parte dos agentes de
turismo e a população.
Os aspectos da construção das imagens
turísticas fazem possível perceber que esta é
formada por dois tipos de imagem visual, a
imagem cognitiva e a imagem representada
(neste trabalho a imagem representada é a
imagem gráfica dos webcards). Cognitiva
porque depende do conhecimento detido a
respeito dos espaços fotografados e veiculado
como webcard, e representadas graficamente
porque se trata de fotografias, ou seja,
imagens gráficas.
A imagem visual aceita uma grande
quantidade de informações, e vários níveis de
leitura através do agrupamento dos
elementos. Uma representação gráfica
permite memorizar rapidamente um grande
número de informações, desde que transcritas
de maneira conveniente e ordenadas
visualmente (ARCHELA, 1999, p. 02).
A imagem, segundo Sataella & Nöth
(1997), divide-se em dois universos de
domínio:
a) Primeiro é aquele das representações
visuais, gravuras, fotografia, pintura, desenhos,
imagens cinematográficas, televisivas etc. São
imagens que representam o ambiente visual.
b) O segundo é o domínio imaterial das
imagens na mente, aquilo que está introjetado
no pensamento. Neste domínio, imagens
aparecem como visões, fantasias, imaginações,
esquemas, modelos ou, em geral, como
representações mentais determinadas pela
formação cultural, socioeconômica e histórica
do sujeito.
As representações mentais determinadas
pelo pensamento dos sujeitos do turismo
estão intimamente relacionadas com o sentido
de lugar que cada grupo de pessoas que
compõem os cenários turísticos detêm sobre
os espaços de uso envolvidos na divulgação
das imagens.
O ‘sentido de lugar’, um dos centros de
interesse dos geógrafos culturais é a estrutura
local de sentimentos e o caráter intrínseco a
um lugar particular. Uma chave para o sentido
de lugar pode ser encontrada nas expressões
que as pessoas usam quando lhe quer atribuir
uma carga emocional maior do que
localização ou nó funcional. ‘(...) os mundos
locais e sociais do local (locale) não podem ser
compreendidos separadamente da localização
objetiva de ordem macro e da identidade
territorial subjetiva do sentido de lugar. Tudo
está relacionado’ (AGNEW 1993, p. 263, apud
SARMENTO, 2004, p. 34 - 35).
Os sentidos de lugar de Agnew são os
discursos das pessoas quando se referem a um
determinado local e atribuem um sentimento
especial para esses lugares, dando a eles
sentido. Ao observar imagens de espaços da
cidade, percebe-se que estas provocam no
leitor uma sensação íntima evocando
situações do passado e até mesmo do
cotidiano. Já quando são apresentados
webcards com os prédios históricos, o discurso
parte de uma memória histórica, uma
memória ensinada pelas escolas desde a
infância, introduzindo o sujeito no universo
das imagens visuais importantes para a
História oficial do global e do local.
A imagem da localidade e a imagem
turística estão a serviço da afirmação da
“imagem” oficial, porque a memória histórica
faz parte de um conjunto de memórias que
são aquelas contadas e registradas pelos
detentores da soberania política, econômica e
cultural da cidade, introduzindo na memória
coletiva dos moradores, certos ícones
históricos que servem de referentes e
evocadores da memória local, como os centros
históricos das cidades brasileiras que foram
pensadas como, por exemplo, construções e
estilos arquitetônicos de escolas européias,
que no momento fazem parte de programas e
projetos de restauração e reconstrução para
conservar o patrimônio e tornar-se mais um
atrativo turístico dessas cidades.
Denotando ainda mais a importância da
percepção dos sentimentos que vinculam
morador e espaço para fomentar o turismo
sem que a população local seja ignorada
quanto às suas preferências e escolhas, pois
estas constituem a alma do lugar.
1.2. A IMAGEM A SERVIÇO DO
TURISMO
Atualmente nos processos de
desenvolvimento do turismo em cidades
históricas o foco da atenção dos gestores
públicos e privados está na melhoria urbana
com “caráter embelezador, que objetivam
evidenciar aspectos visuais mais desejáveis e
atraentes da paisagem e do espaço urbano,
condizentes com uma ‘estética do lazer’”
(SILVA, 2004, p. 21).
Os lugares explorados pelo turismo são, em grande parte, vendidos como cenários produzidos sobre uma base paisagística preexistente que, associada a aspectos culturais, históricos e geográficos, constitui a matéria-prima para o processo contínuo de produção e consumo do espaço (idem, ibidem, p. 21).
Com os meios de comunicação foi
possível desenvolver um universo de imagens
para o turismo, cada vez mais aprimoradas e
embelezadas com os programas de edição
fotográfica e isso acarretou um senso estético
que determina o gosto pelas imagens
veiculadas pela mídia, moldando inclusive o
valor dos espaços de vivência de grupos da
cidade. Assim, mesmo um lugar sendo
importante histórica e socialmente, se ele não
estiver esteticamente sendo disponibilizado
pelos media, não será tão atrativo para o
público quanto as paisagem fotografadas de
ângulos que valorizem o lugar, seja um prédio
do centro histórico da cidade, seja um bem
imaterial como a gastronomia. Sobre a
publicidade elaborada para o turismo, Silva
(2004) afirma o seguinte:
A publicidade elaborada para o turismo faz da paisagem o objeto de consumo e define a atividade em si: faz-turismo para viajar, para ter novas experiências, para encontrar pessoas, mas para, sobretudo, ver: ‘Vá e veja por si mesmo’ (...) (SILVA, 2004, p. 21-22).
As representações turísticas
cristalizadas pelas imagens tornam-se
mercadorias a serem consumidas pelas
pessoas, tanto turistas como moradores, e
como toda mercadoria simbólica, ela necessita
de atributos estéticos para atrair o público-
alvo incitando os turistas a exortar a vontade
de consumir imagens.
A exploração do simbólico estimula
o encontro com o imaginário cultural e a
memória histórica detida pelo turista, este por
sua vez, interage com o meio cultural e
histórico da cidade visitada que lhe foi
apresentada através de imagens publicitárias
veiculadas pelo turismo para atraí-lo. O turista
pós-moderno tem em seu cotidiano a
possibilidade de encontrar uma vasta
variedade de imagens de divulgação dos
lugares em bancos de dados disponíveis na
Internet e em outros tipos de mídia, como a
televisão e impressa, que o desloca
virtualmente de um lugar ao outro no seu
imaginário estimulando o consumo real da
viagem, motivados pelos ícones culturais
existentes nesses lugares.
O mercado turístico encontra nas
cidades um universo pleno de recursos para a
exploração da imagem e da interface turista-
cidade e para isso utiliza-se de ferramentas e
softwares de edição de imagens que as
tornam mais atraentes ao olhar do leitor,
aproximando o imaginário cultural contido na
identidade social da comunidade que produz
o turismo, da imagem como reconstrução
cultural, revelando a percepção do
conhecimento daquilo que é vivenciado pela
cidade no cotidiano dos moradores como
uma manifestação de pontos importantes
para o turismo. Assim, uma colônia de
pescadores passa a ter uma imagem
fotográfica para além das embarcações, e
começa a ser pensada como uma reprodução
do cotidiano das pessoas que vivem naquele
lugar, como por exemplo, o mar, o feitio da
rede de pescar, o artesanato com derivados
do peixe, o folclore, enfim, explorar o espaço
partindo da comunidade que o envolve e
agregar a isso um valor cênico, que age como
um propulsor do turismo, exortando a
curiosidade das pessoas de ver com seus
próprios olhos aquelas imagens veiculadas
pela mídia.
Neste caso, a fotografia age como
mecanismo provocador do deslocamento,
pois os sentimentos e as reais emoções que
propiciam a produção de tais imagens
manipuladas graficamente não conseguem
transcender às sensações, como aconteceria
se o sujeito estivesse no local para sentir a
paisagem com os seus próprios mecanismos
perceptivos de seu corpo e mente, a
fotografia consegue ilustrar os locais e
remeter o leitor a diversos momentos de seu
passado intrínsecos em sua memória, mas o
leitor não conseguirá descrever a fotografia,
leia-se imagem fotográfica usada para o
turismo, em sua totalidade sem antes
conhecer o local fotografado, Barthes, em “El
Mensaje Fotográfico” afirma:
(...) Ante una fotografia, el sentimiento, o si se prefiere, de plenitud analógica, es tan fuerte, que su desciptión es literalmente imposible, puesto que describir es precisamente adjuntar al mensaje denotado, un relevo ou un mensaje secundario, tomado de un código que es la lengua y que constutuye fatalmente, por más cuidados que se tomen para ser exactos, una conotación respecto de lo análogo fotográfico: por conseguiente, describir no es tan sólo ser inexacto o incompleto, sino cambiar de estructura, significar algo distinto de lo que se muetra9(BARTHES, 2006, On-line).
As imagens fotográficas utilizadas
pelo turismo comportam-se como um convite
ao leitor para visitar as paisagens veiculadas
pelo poder público, como os lugares turísticos
de uma cidade ou região, para que este leitor-
turista tenha as experiências sociais projetadas
nas imagens como atividades que darão a ele
prazer e satisfação de desvendar os
significados sociais retratados em postais,
fotografias, webcards, que circulam pela mídia
em um ato provocativo da descoberta.
2. A CIDADE E O CARTÃO POSTAL
2.1. RETRATOS DA CIDADE DE PELOTAS
Pelotas tem sua origem como núcleo
urbano em 1780, com o advento das
charqueadas (propriedades que secavam a
carne bovina com salmoura em varais).
Apoiadas no trabalho escravo geraram 9 Ante uma fotografia, o sentimento de, ou se prefere, de plenitude analógica, é tão forte, que sua descrição é literalmente impossível, posto que descrever é precisamente associar à mensagem denotada, um relevo ou uma mensagem secundária, tomando de um código que é a língua, e que constitui fatalmente, por mais cuidados que se tomem para ser exatos, uma conotação respectiva do análogo fotográfico: por conseguinte, descrever não é tão somente ser inexato ou incompleto, senão trocar de estrutura, significa algo distinto do que se mostra (tradução da autora).
enorme riqueza para região, ocasionaram
grande crescimento populacional, “resultando
um perfil verdadeiramente industrial e
organizacional nestes estabelecimentos”
(MATTOS, 200, p. 10).
A Indústria do Charque prosperava cada
vez mais, um período de extrema opulência
para a cidade; há um refinamento no trajar,
nos hábitos, nas moradias e na cultura da elite.
Tornando a cidade pólo cultural da região e
um referente para as cidades menos
desenvolvidas do entorno, envaidecendo cada
vez mais os moradores locais.
Os charqueadores, muito enriquecidos
pelo êxito de sua economia, construíram no
meio urbano verdadeiros palacetes, casarões
luxuosos com grandes espaços. Assim, foram
importados da Europa diversos elementos
arquitetônicos que compõe o tão significativo
patrimônio histórico, entre eles destacam-se o
Relógio do Mercado, a Fonte das Nereidas, das
Meninas, bebedouros e coretos, consagrando
Pelotas como o maior patrimônio
arquitetônico neoclássico da América do Sul.
A sociedade do início do Séc. XX estava
ligada às artes, à produção intelectual
surgindo então a Escola Técnica Federal de
Pelotas e a Agrotécnica Visconde da Graça que
vão abrindo caminho para o desenvolvimento
das Universidades de Pelotas, configurando-se
uma cidade que está desde então ligada à
cultura e à ciência atraindo estudantes e
intelectuais de todo país que buscam estudo e
emprego nas Universidades.
No momento Pelotas está buscando ser
uma cidade turística com mais força no
mercado regional e nacional, integrando
diversos programas e roteiros e realizando
anualmente a Feira Nacional do Doce –
FENADOCE – cujo sujeito da festa, o “Doce de
Pelotas”, esta sendo estudado para tornar-se
um patrimônio imaterial da cidade , o que a
caracteriza ainda mais como um lugar
turístico.
Faz parte da Agência de
Desenvolvimento da Costa Doce, uma agência
que promove o desenvolvimento das cidades
ligadas à Laguna dos Patos, traçando roteiros e
pontos de visitação, propiciando ao turista os
prazeres das areias brancas dos balneários
Santo Antônio e Valverde, e da Colônia de
Pescadores Z-3, onde é possível encontrar
além das belezas naturais das ilhas de
importância histórica, como a Ilha da Feitoria,
o artesanato local e a culinária, ambos
baseados no peixe e nos frutos do mar.
Pelotas está ligada ao turismo por ser
uma cidade historicamente importante para a
História do seu estado e do seu país,
justamente porque foi um cenário de grandes
acontecimentos culturais e sociais na
construção da identidade da sua região.
Atualmente o centro histórico da cidade
passa por uma reforma dirigida pelo Projeto
Monumenta10, que além de visar à restauração
dos prédios, visa articular formas de interação
10 O Monumenta é um programa de recuperação sustentável do patrimônio histórico urbano brasileiro tombado pelo IPHAN e sob tutela federal. Tem como objetivo principal atacar as causas da degradação do patrimônio histórico, geralmente localizado em áreas com baixo nível de atividade econômica e de reduzida participação da sociedade, elevando a qualidade de vida das comunidades envolvidas. (Ministério da Cultura. On-line).
entre os casarões, o Grande Hotel, prédios
públicos, a população, turistas, residentes
temporários como estudantes e empresários
etc.
Com isso, as paisagens tornaram-se
múltiplas, embelezando cada vez mais a
cidade de Pelotas, retomando a idéia de
cidade cartão postal. Desde 1873, logo após a
invenção do cartão postal, os pelotenses já
tinham o hábito de enviar e receber postais; o
mais antigo deles, de 1873 (vide Anexo 01),
mostra a Fonte das Nereidas, quando ainda
ficava próximo à atual rua Marechal Floriano,
em diagonal com o Theatro Sete de Abril.
(DIAS, 2003).
Assim, denota-se a relação de Pelotas
com os postais, sendo uma das únicas cidades
que mantêm um link de imagens com a
conotação de Cartão Postal, webcards em seu
site disponibilizando fotografias de alguns de
seus atrativos turísticos.
2.3. CONTEXTO HISTÓRICO DO CARTÃO
POSTAL
O cartão postal11 deu início ao processo
de divulgação da imagem turística,
deslocando as paisagens dos lugares do
mundo, e tornando-as conhecidas pelas
classes menos favorecidas, pois viajar era
privilégio da sociedade aristocrática, tornando
a visualização das cidades possível para um
11 O cartão postal foi criado pelo Dr. Emmanuel Hermman em 1870 e apareceu pela primeira vez em 1º de outubro de 1869, foi lançado para venda o primeiro cartão-postal do mundo - Correspondenz Karte, escrito em cor negra sobre cartão creme, levando impresso um selo de 02 Neukreuzer.
público maior e mais diversificado. A
Revolução Industrial serviu de alavanca para a
propagação dos postais já que os meios de
transporte se multiplicavam pela Europa do
século XIX, tornando a viagem uma atividade
mais popular. Outro fator que propiciou o
sucesso do cartão postal foi que na mesma
época o telefone (que surgiu praticamente
junto com o cartão postal) não era tão popular
e acessível como o primeiro.
Portanto, o cartão postal passa a ser um
meio de globalização da paisagem estética e
não mais de notícias de sobrevivência das
guerras12 (o cartão postal foi criado para ser
um mensageiro de guerra entre as frentes de
batalha e para enviar notícias aos familiares),
fazendo com que as cidades se preocupassem
com as belezas arquitetônicas e paisagísticas
retratadas nos postais.
O cartão postal “(...) se tornou uma
ferramenta muito importante de comunicação
na atividade turística. Um cartão postal é um
sonho que o remetente realizou e deseja
compartilhar com o destinatário” (BOLSON,
2004, On-line).
Assim, o imaginário coletivo torna-se o
sujeito determinante na escolha das paisagens
que representarão o lugar para o resto do
mundo; um imaginário que no futuro será
também memória de um passado que fora
modificado pelas necessidades tecnológicas
que a própria sociedade impõe.
12 As primeiras mensagens em postais produzidas em litogravura foram enviadas na guerra franco-prussiana, em 1870, com imagens dessa mesma guerra.
Em uma reportagem para o Jornal da
USP, de Juliana K. Moreno, sobre a exposição
“O crescimento da metrópole paulistana através
de cartões-postais”, realizada em São Paulo, o
Professor e Historiador Benedito Lima de
Toledo ratifica essa importância desse diálogo
do cartão postal com o passado recordado
dizendo: “O cartão-postal traz a cidade como a
população gosta de apreciar. Daí sua
representatividade social. Fixa um momento e
um ângulo particular para futuras leituras”.
No Brasil, a fase de ouro do cartão
postal ocorreu entre 1900 e 1920, e eram
impressos por fotógrafos, editoras e empresas.
Em São Paulo, estima-se que as primeiras
séries foram publicadas na última década do
século XIX pelo Estabelecimento Gráphico V.
Steidel & Cia. (YAMAGAWA, 2006, On-line).
Já na década de 70, há uma volta dos
postais através dos fotógrafos que desejavam
divulgar não apenas a paisagem, mas sim a
percepção do próprio autor que captou a
imagem no intuito de mostrar um outro
aspecto possível da representação imagética
através da fotografia estética, onde a
paisagem era parte da imagem, mas o que
realmente queria ser mostrado era o olhar do
artista; daí então, a fotografia toma uma forma
de manifestação artística e não meramente
informativa. Ganharam campo também como
forma de publicidade de lojas e fabricantes de
automóveis. Quando se fazia interessante
enviar um informativo publicitário a algum
cliente, enviavam-no em forma de cartão
postal. Esta prática ainda persiste no meio
publicitário como forma de atrair
consumidores colecionadores de postais que
compõem um público bastante significativo,
principalmente na Europa, que compõem um
nicho específico e fiel que movimenta um
montante de € 350 milhões por ano na França.
(FRANCO, 2004, p. 03).
Atualmente, o cartão postal está
inserido em um universo de tecnologias, como
a Internet, com a denominação de webcard, a
sua funcionalidade é basicamente publicitária,
servindo como um banco de imagens on-line
que exibem os retratos da cidade a partir dos
seus atrativos turísticos, revelando os
produtos que serão oferecidos aos turistas
quando este visitar o destino exibido nas
páginas virtuais da Internet. Neste caso, o
postal sofre uma metamorfose, passa a ser um
mensageiro de imagens e idéias, porém sem
as carinhosas descrições do destinatário. Os
webcards estão disponíveis a todas as pessoas
que têm acesso à Internet e, não necessitam
mais dos destinatários para receber postais de
imagens distantes, eles mesmos detêm o
poder de acessar as imagens e tomar
conhecimento das potencialidades de cada
lugar.
Há dessa forma um universo paralelo do
cartão postal no qual ele é um veículo de
propaganda turística largamente utilizado
para divulgar destinos, hotéis, pousadas,
resorts, bem como produtos locais como
artesanato e gastronomia; a maioria das
cidades turísticas utiliza-se de recursos como
webcards para divulgar suas imagens mais
significativas e capazes de atrair o mercado
consumidor. Quando não utiliza o webcard
propriamente dito, faz uso do termo “cidade
cartão postal” no intuito de relacionar as
fotografias dispostas em um banco de dados
do site com as belas imagens tipicamente
transformadas em cartões postais, remetendo
o internauta diretamente ao universo do
imaginário (memória) dos grupos locais.
A imagem capturada e transposta em
postal é uma “imagem deslocada” que reflete
a “paisagem colada na memória que não tem
memória” (CONRADO, 2006). Isto porque antes
de ser capturada e editada a imagem em si ali
representada não tinha nenhuma significância
imagética para o sujeito turista e por isso não
tinha memória explícita. Por isso, é preciso ter
uma consciência política das situações sociais
que envolvem as paisagens para que depois se
fotografe algo ou alguém. Barthes escrevera
sobre a diferença entre um homem que possui
uma idéia sobre condição social e política do
objeto capturado, daquele que desconhece as
conotações culturais existentes nas relações
sociais, em seu texto “El Mensaje Fotográfico”:
(...) no puede decirse que el hombre moderno proyecte en la lectura de la fotografía sentimientos y valores caracterológicos o , es decir infra o trans-históricos, más que si se precisa con toda claridad que la significación es siempre elaborada por una sociedad y una historia definidas; la significación es, en suma, el movimiento dialéctico que resuelve la contradicción entre el hombre cultural y el hombre natural13 (BARTHES, 2006, On-line).
13 (...) não se pode dizer que o homem moderno projete na leitura da fotografia sentimentos e valores característicos ou, é dizer, infra ou trans-históricos, mais que se precisa com toda claridade que a significação é sempre elaborada por uma sociedade e uma história definida; a significação é em suma o movimento dialético que resolve a contradição entre o homem cultural e o homem natural (tradução da autora).
Assim, quando um turista fotografa um
lugar que lhe é conhecido através dos livros de
História, a importância daquela imagem se
torna ainda maior e com intenções diferentes
daquelas fotografias meramente capturadas
pelo valor estético atribuído a ela. A relação
fotografia/turismo dá-se no momento em que
o turista frenético e inseguro tenta tomar
posse do lugar através dos “clics” produzidos
pelas câmeras fotográficas e acaba por
descobrir um outro universo contido na
paisagem, refletindo a sua propriedade
histórica no contexto sócio-cultural da cidade.
A fotografia tornou-se “sobretudo um rito
social, uma proteção contra a ansiedade e um
instrumento de poder” (SONTAG, 2004, p. 18)
do conhecimento local.
3. RETRATOS INVISÍVEIS
3.1 METODOLOGIA DA PESQUISA
O presente estudo busca a
compreensão da imagem usada pelo turismo
no que diz respeito à dimensão representativa
desta para os agentes sociais e para a cidade
através da análise de imagens sob forma de
webcards, hospedadas em um site local,
levando em conta as considerações obtidas
pelo questionário aplicado a estudantes e
profissionais das áreas que trabalham com a
questão da imagem, que conhecem a
localização das imagens, e portanto possuem
propriedade de discuti-las como fotografias
passíveis de divulgação turística.
Primeiramente foi realizada uma revisão
bibliográfica de autores que abordam a
questão da imagem fotográfica no contexto
social e sua funcionalidade para o
desenvolvimento turístico. Como norteadores
da pesquisa foram definidos Agnew (1993) e
Santaella & Nöth (1997) por considerarem as
questões que envolvem os sentimentos dos
entrevistados aos lugares e os universos de
domínio da imagem.
Como corpus do trabalho apresentam-
se 6 das 15 imagens preestabelecidas pelo site
www.pelotas.com.br sob a forma de webcard.
Este site foi escolhido porque é o espaço
virtual administrado pela Prefeitura da cidade;
existem outros sites, veiculados através do
Convention & Visitors Bureau e pelas
universidades UCPel (Universidade Católica
de Pelotas) e UFPel (Universidade Federal de
Pelotas), mas para esta análise será utilizado
apenas aquele administrado pela prefeitura
municipal por ser o representante da
população e por representar o poder público
do Estado nas determinações das escolhas das
imagens para o turismo.
Embora o site apresente 15 webcards, as
declarações dos entrevistados delimitam o
campo da pesquisa em 6 postais que eles
consideraram representativos socialmente e
funcionais como veículo de propaganda da
imagem turística da cidade.
O pequeno grupo exposto ao
questionário (vide Apêndice 01) é composto
de 10 estudantes e profissionais das áreas que
trabalham com a questão da imagem:
arquitetura, publicidade e turismo, todos
residentes em Pelotas, de ambos os sexos,
com idade igual ou superior a 21 anos, que
têm a imagem como objeto de estudo, seja do
ângulo arquitetônico, publicitário ou turístico.
A partir da coleta de dados serão extraídas
para a análise apenas as 6 imagens que
obtiveram destaque.
O grupo é composto por 10 pessoas
porque se trata de uma pesquisa social,
portanto qualitativa, e de um estudo
experimental, onde se prefere trabalhar com
pequenas quantidades de pessoas para que se
obtenha um melhor resultado em termos de
qualidade de respostas. Isso, contudo, não
significa que as escolhas sejam a
representação da grande massa populacional,
mas em suma, quer apresentar um ponto de
vista para apoiar uma formatação imagética
da cidade quando esta intencionar atrair
pessoas que buscam apreender os
relacionamentos da cidade com um público
jovem e consumidor de espaços públicos,
visto que muitas vezes as organizações que
produzem as imagens para o turismo levam
em consideração mais a história do lugar que
os sentimentos dos cidadãos pelos espaços
que o compõe.
Baseando-se nos domínios da imagem
de Santaella & Nöth (1997) é que os webcards
serão analisados, levando em consideração os
lugares de fala dos entrevistados e o sentido
de lugar de Agnew (1993). Para tanto foram
instituídas 3 categorias analíticas:
a) Quanto ao sentido de lugar -
sentimentos atribuídos aos espaços
como motivadores de visitação a partir
dos discursos dos entrevistados.
b) Quanto ao domínio das representações
visuais – os aspectos apresentados das
paisagens nos webcards.
c) Quanto ao domínio imaterial das
imagens – as projeções imagéticas
intrínsecas na mente dos entrevistados
diante da apresentação dos postais,
produzidas e declaradas pelos
entrevistados e o contexto espacial
destes.
Com o propósito de identificar
adequadamente os postais, estes foram
identificados por letras do alfabeto arábico,
conforme a Tabela 01 abaixo:
Postal A:
Charqueada São João
Postal F:
Arroio Pelotas
Postal L:
Museu da Baronesa
Postal B:
Biblioteca Pública
Postal G:
Castelo Simões Lopes
Postal M:
Catedral São Fco. De Paula
Postal C:
Theatro Sete de Abril
Postal H:
Colônia Z-3
Postal N:
Fonte das Nereidas
Postal D:
Grande Hotel
Postal I:
Teatro Guarany
Postal O:
Praia do Laranjal
Postal E:
Prefeitura Municipal
Postal J:
Relógio do Mercado
(noite)
Postal P:
Relógio do Mercado
(dia)
TABELA 01: Características de Imagens Cenários
Representativas das Paisagens do município de Pelotas –
RS:
3.2. RESULTADOS DA PESQUISA
A pesquisa indica seis webcards de
Pelotas como imagens representativas, que
serão aqui apresentados de acordo com as
categorias analíticas estabelecidas para a
estruturação dos dados de acordo com as
preferências dos entrevistados e a
fundamentação teórica apresentada
anteriormente.
Os dados apontam para um postal em
especial, cuja imagem mostra-se funcional
para o desenvolvimento da formatação
imagética do turismo em Pelotas e esta causou
uma impressão maior na transmissão da
mensagem cognitiva do webcard. Trata-se
portanto, do Postal P – Relógio do Mercado
(dia).
O Postal A – Charqueada São João, teve
o segundo melhor posicionamento na
apuração dos dados, denotando a importância
histórica e turística do local fortemente
veiculada pelas mídias que envolvem a cidade.
Os outros quatro webcards que foram
selecionados pelo grupo de entrevistados, são
os Postais B, D, M e N, correspondentes
respectivamente às imagens da Biblioteca
Pública, Grande Hotel, Catedral São Francisco
de Paula e Fonte das Nereidas.
Os demais webcards que não foram
selecionados pelo grupo de entrevistados, não
serão apresentados devido a sua falta de
informação e interesse do público, e pela não
correspondência aos domínios da imagem,
acarretando assim, uma ausência de sentido
de lugar que é o fator que denota a
representatividade imagética e a
funcionalidade atrativa dos postais como
veículos de propaganda do produto turístico –
cidade.
Assim como Bourdieu (1976) já
observou em suas pesquisas a respeito da
imagem fotografável, os entrevistados desta
pesquisa assim se comportaram:
As declarações dos entrevistados sobre o que eles estimam “fotografável” delimitam o campo do que aos seus olhos é susceptível de ser constituído esteticamente (por oposição ao que dele é excluído pela sua insignificância,
feiúra ou ainda por razões éticas) (BOURDIEU, 1976, p. 88).
Diante disso, compreendeu-se que para
melhor analisar os webcards escolhidos como
representativos e funcionais era preciso excluir
das análises aqueles que os próprios
entrevistados excluíram de suas escolhas por
sua reduzida importância estética e
emocional.
3.3. ANÁLISES DOS WEBCARDS
Postal P – Relógio do Mercado (dia):
A) Quanto ao sentido de lugar:
O webcard apresenta a partir dos
discursos dos entrevistados, duas chaves de
sentido de lugar. A primeira chave é referente
à base do Relógio do Mercado, que foi
construída em aço e vidro e que resulta em
uma analogia com a Torre Eiffel, na qual a base
do Relógio foi inspirada. Isto ocorre porque a
imagem da Torre Eiffel é extremamente
veiculada através de diferentes meios, desde o
princípio e isso, produz uma imagem mental
nas pessoas que quando confrontadas com o
Relógio do Mercado às remete diretamente a
este ícone do turismo parisiense.
Em contrapartida tem-se uma segunda
chave alicerçada nos arbustos vermelhos
dispostos no primeiro plano da imagem,
remetendo o grupo de entrevistados à
primavera e aos passeios pelo centro da
cidade em seus cotidianos, atribuindo ao
webcard um sentido de lugar estruturado na
subjetividade que estas duas chaves
apresentam, uma atrelada à cultura européia e
outra nas cores dos arbustos presentes no
jardim interno do Mercado Público, que
apresenta o espaço como um lugar
arborizado, tão distinto do restante da cidade,
mas com isso, os discursos dos entrevistados
apresentam uma necessidade de viver em
uma cidade rica em patrimônios históricos,
mas também em elementos da natureza.
Os discursos dos entrevistados seguem
abaixo como forma ilustrativa da categoria
analítica quanto ao sentido de lugar:
• “Lembra a Torre Eiffel”; “fase aço e vidro da arquitetura”; “remete à Europa”; “cultura européia”. – Guilherme W. Larrosa – arquiteto e designer.
• “Representa um símbolo da era industrial, possui uma grande lembrança com a torre Eiffel, mais uma característica histórica na cidade, que resgata a memória da colonização com origem européia. O ângulo da foto representa uma cidade linda, rica em monumentos. Passa a sensação de existirem parques e muitas flores, sendo estes na verdade, uma minoria na cidade gaúcha”. – Guilherme W. Larrosa – arquiteto e designer.
• “Poesia, ao tempo distante de alguém; estética.” – Marcelo B. Corrêa – Publicitário.
• “O Relógio, (...) porque ele é um símbolo da cidade, mas principalmente pelo mercado público que é ainda pouco valorizado, mas que deveria receber maior atenção por parte de todos nós”. – Aline Martins – Turismóloga.
B) Quanto ao domínio das
representações visuais:
O ambiente visual do webcard
apresenta o relógio do mercado público em
segundo plano e os arbustos coloridos em
primeiro plano, configurando um esquema de
coloração que apreende a atenção do leitor
para a imagem.
Ao observar a figura tem-se a impressão
de que o objeto relógio é um elemento de
proporções semelhantes às da Torre Eiffel, isso
se dá devido ao uso da escala de profundidade
usado para capturar a fotografia, o Relógio foi
fotografado de baixo para cima, apresentando
um aspecto grandioso do objeto, o que em
realidade não se constata.
C) Quanto ao domínio imaterial da
imagem:
Sob este aspecto foi possível perceber
novamente a ligação do relógio com a torre de
Paris que segundo os autores Santaella e Nöth
(1997), este domínio refere-se aos esquemas
imagéticos produzidos no pensamento das
pessoas a partir daquilo que elas já possuem
em sua memória histórica e coletiva, e como já
foi explicado antes a Torre Eiffel é uma
imagem que circula largamente pelos meios
de comunicação.
Quanto aos elementos do primeiro
plano, estes produzem no leitor uma sensação
de estar em um lugar arborizado e florido, os
levando a imaginar a possibilidade e a
vontade “de sair pelas ruas aproveitando as
cores e seus coloridos” em um fantasioso
passeio pela cidade desfrutando da paisagem
rica em recursos naturais, o que infelizmente
não se verifica, mas o webcard sugere esse
devaneio aos leitores pela sua coloração forte.
Postal N – Fonte das Nereidas:
A) Quanto ao sentido de lugar:
A partir das declarações dos
entrevistados sobre o postal N, foi possível
apreender que a chave para o sentido de lugar
desse webcard está em seu valor arquitetônico
e na vaidade, leia-se orgulho, que as pessoas
apresentam ao falar sobre a Fonte das
Nereidas, sendo esta um ícone do patrimônio
arquitetônico da cidade por ter sido trazida da
França em 1872 e quando este elemento é
percebido como algo raro no mundo,
existindo de igual tamanho apenas em duas
cidades detentoras desses chafarizes,
denotando assim a importância atrativa do
elemento que se localiza no centro da Praça
Coronel Pedro Osório, convergindo à atenção
do olhar daqueles que passam pela praça no
seu cotidiano.
As declarações dos entrevistados
seguem abaixo como forma ilustrativa da
categoria analítica quanto ao sentido de lugar:
• “A fonte das nereidas, por exemplo, fonte como esta, rica em detalhes e tamanho, existe apenas em Pelotas e em uma cidade escocesa”. – Guilherme W. Larrosa – arquiteto e designer.
B) Quanto ao domínio das
representações visuais:
Quanto às representações visuais
constitui-se em uma imagem de uma Nereida
montada em um cavalo, com o olhar
direcionado para o exterior da fonte.
Apresenta-se com uma coloração cinza, tendo
no segundo plano da fotografia o elemento do
verde das árvores que compõem um
diversificado conjunto arbóreo da Praça
Coronel Pedro Osório, fazendo com que a
atenção do leitor seja apreendida pelo jogo de
cores além da beleza artística da escultura que
faz parte do chafariz.
C) Quanto ao domínio imaterial da
imagem:
A Fonte das Nereidas está situada no
centro da Praça Coronel Pedro Osório, o
chafariz foi introduzido no local com o
objetivo de fornecer água potável à
população, inaugurado em 25 de Junho de
1873.
A Feira do Livro acontece em torno da
fonte, o que provoca uma fixação da imagem
na memória daqueles que tem por costume
freqüentar espaços de consumo da cultura
urbana.
A idéia de compartilhar o espaço é um
ponto muito significativo no turismo, pois a
idéia central da praça, figurada na Fonte das
Nereidas, parece ser justamente essa, a de
partilhar os momentos com os amigos, com a
família, com os visitantes da cidade, tornando
o espaço palco de atividades que integrem a
comunidade nos seus respectivos grupos de
convívio.
Postal D - Grande Hotel:
A) Quanto ao sentido de lugar:
Sobre esse aspecto foi possível
encontrar um sentido de lugar baseado nas
entrevistas do grupo, pelo aspecto da
centralidade e da beleza arquitetônica do
prédio. As pessoas entrevistadas sentem que o
Grande Hotel é o prédio mais bonito da
cidade, além de estar situado no centro
comercial de Pelotas, apresenta-se como um
ponto característico da história local,
resultando em um discurso dos entrevistados,
em cima da perspectiva daquilo que eles
consideram mais atraente no prédio,
constituindo como sentido de lugar o bonito,
conhecido e nobre.
Os discursos dos entrevistados seguem
abaixo como forma ilustrativa da categoria
analítica quanto ao sentido de lugar:
• “(...)conhecido, reformado, bonito... mais fácil de caracterizar a cidade” – Marília C. Vieira – Publicitária.
B) Quanto ao domínio das
representações visuais:
Construído na segunda metade do
Século XX, é um prédio que atrai as pessoas
pela sua estética; os entrevistados apontam
para o fator de que o prédio é um ícone da
cidade, é algo que a caracteriza pela sua
arquitetura e centralidade, é um ponto
turístico da cidade, fazendo parte dos city
tours14 organizados pelas agências de viagens
receptivas.
Apresenta um estilo eclético com
inspirações Art Nouveau. A cúpula e a
clarabóia15 foram importadas da França.
C) Quanto ao domínio imaterial da
imagem:
14 Roteiros turísticos compostos pelos atrativos centrais da cidade. 15 Abertura envidraçada, com caixilhos, feita no teto ou na parede externa de prédios ou casas, a fim de permitir a passagem de luz; olho-de-boi. (KOOGAN / HOUASS. Enciclopédia e Dicionário Ilustrado. Edições Delta, 1997, p. 392).
O domínio imaterial presente no
webcard está relacionado à riqueza
patrimonial da cidade e ao fato do elemento
fotografado estar no núcleo urbano, fazendo
parte do caminho das pessoas que transitam
pelo centro comercial de Pelotas e costumam
utilizar os espaços públicos, como é o caso do
Grande Hotel que abriga exposições de arte e
é também um centro de informações
turísticas. É uma construção importante
historicamente para a cidade e contudo, uma
paisagem que esteticamente agrada aos
transeuntes.
Postal M – Catedral São Francisco de
Paula:
A) Quanto ao sentido de lugar:
Neste caso, o sentido de lugar está
ligado à produção artística, ou seja, por ser
uma imagem composta por diversos
elementos considerados belos pelos
entrevistados, afrescos e vitrais com pinturas
características sacras, os entrevistados
possuem um desejo de compartilhar ou exibir
essa beleza com outras pessoas.
A questão da religiosidade não possui
para os entrevistados um sentido coligado ao
templo, mas sim às obras de arte, sendo estas
o motivo que os atrai até o espaço, revelando
até mesmo um sentimento de paz e
tranqüilidade ao estar na presença de tais
obras que para eles poderiam estar em
qualquer outro lugar, como em um museu ou
galeria de arte, e não perderiam a razão
motivacional de ir apreciar as imagens
encontradas na Catedral São Francisco de
Paula.
Os discursos dos entrevistados seguem
abaixo como forma ilustrativa da categoria
analítica quanto ao sentido de lugar:
• “A Catedral é lindíssima e acredito que deva ser divulgada para todos, mas escolhi principalmente pela fotografia que adorei”. – Aline Martins – Turismóloga.
B) Quanto ao domínio das
representações visuais:
O webcard apresenta uma fotografia do
interior da Catedral São Francisco de Paula, e
nela aparece o corredor central levando o
leitor até o altar sagrado com a imagem do
padroeiro da cidade que tem o mesmo nome
do templo, os arcos e o teto adornado com
pinturas de Aldo Locatelli16, importante artista
16 Em 1954, naturalizou-se cidadão brasileiro e, ainda na década de 50, realizou pinturas de obras sacras na capital gaúcha e em outras cidades do interior do Estado, entre elas Santa Maria, Novo Hamburgo e Caxias do Sul. Na
italiano que viveu no Brasil e realizou pinturas
de obras sacras no Rio Grande do Sul.
C) Quanto ao domínio imaterial da
imagem:
O domínio imaterial presente neste
webcard está na significação cognitiva da
religiosidade e da apreciação da beleza
magnífica do interior da Catedral, devido às
pinturas do italiano que fez com que o templo
se tornasse não só um lugar de rituais
católicos, mas também um ponto turístico da
cidade, pois a obra de Aldo Locatelli é
reconhecida em todo território estadual.
A Catedral foi construída em 1912 no
mesmo lugar onde havia uma capela onde se
rezavam as missas da Vila São Francisco de
Paula. A construção da Catedral teve como
propósito elevar a Vila à categoria de
Freguesia, para que os moradores da
localidade não precisassem se deslocar até a
cidade do Rio Grande, onde era a sede política
da região.
Postal A - Charqueada São João:
Igreja São Pelegrino, em Caxias do Sul, encontra-se uma das mais importantes obras de Locatelli: a Via Sacra, em sua peculiar versão. Ao longo dos anos, seu trabalho passou, também, a ser conhecido em municípios dos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
A) Quanto ao sentido de lugar:
Considerado como uma síntese do
peculiar cultural pelotense baseado na
indústria do charque, remete o entrevistado
aos significados das representações
cristalizadas na memória coletiva sobre a vida
daqueles que viveram na época das
charqueadas e que deixaram o legado às suas
famílias de manter o patrimônio e
disponibilizar a experiência de entrar em
contato com o passado para aqueles que
visitam as Charqueadas.
Os discursos dos entrevistados seguem
abaixo como forma ilustrativa da categoria
analítica quanto ao sentido de lugar:
• “O da charqueada mais pela história do lugar que é importantíssima para a cidade e também porque é um postal bonito.” – Aline Martins – Turismóloga.
• “(...) o postal da Charqueada São João, apesar de ilustrar uma propriedade histórica, também passível de ser encontrada em outros pontos do estado, retrata um detalhe específico, de um ângulo diferente/inusual e que, por isso, chama atenção para seus
elementos (...) a síntese do peculiar cultural da cidade, no que se remete à arquitetura e aos patrimônios material e imaterial”; – Fernanda C. da Silva – Turismóloga.
B) Quanto ao domínio das
representações visuais:
O webcard mostra o pátio interno da
Charqueada São João, tendo no primeiro
plano o busto de Dona Maria, uma senhora
filha de escravos, que viveu na propriedade
durante seus 104 anos, juntamente com
alguns artefatos em cerâmica dos tempos da
indústria do charque.
C) Quanto ao domínio imaterial da
imagem:
Lugar de memória dos tempos da
Indústria do Charque, situada à margem do
Arroio Pelotas, propriedade diretamente
ligada ao Turismo, com serviço de visitação,
alimentação e hospedagem. Contudo, a
maioria da população local jamais visitou o
lugar, apenas sabe da existência por causa da
mídia, que aliada à macro série da Rede Globo,
A Casa das Sete Mulheres, ajuda a compor um
cenário imaginário em torno das personagens
heróicas da Revolução Farroupilha, que
inclusive foi residência de Bento Gonçalves,
abrindo caminho para as fantasias possíveis
em torno dessa perspectiva.
Postal B – Biblioteca Pública
Pelotense:
A) Quanto ao sentido de lugar:
O sentido de lugar presente neste
webcard está na descoberta dos registros e
documentos que a instituição mantêm a
disposição do público, para os entrevistados,
que são jovens estudantes, a Biblioteca
Pública é uma fonte de pesquisa em jornais e
revistas que circularam e/ou circulam na
região, sendo uma guardiã da memória local
através desses documentos.
É também um lugar de passatempo
entre um compromisso e outro no centro da
cidade, muito embora cause neles um
sentimento de tristeza e nostalgia ao entrar no
ambiente, pois em função da umidade e do
estado de conservação precário da casa, os
documentos ali mantidos sofrem depredações
que perturbam as emoções dos sujeitos que
freqüentam o espaço por serem estes
apreciadores e pesquisadores dos registros e
do próprio prédio que também sofre as
conseqüências do tempo.
B) Quanto ao domínio das
representações visuais:
Novamente tem-se uma fotografia de
interior mostrando o segundo andar da
Biblioteca Pública Pelotense, com foco na
clarabóia, valorizando os elementos
arquitetônicos existentes na construção, que
foi o segundo prédio público erguido na
cidade. Projeto do arquiteto José Izella
Merotti. Construído em um período de dez
anos, de 1878 até 1888, pelo comando de
Manoel Jorge Rodrigues. No período de
1911/1913 foi ampliado para dois pavimentos
por Caetano Casaretto e por isso apresenta-se
com uma linguagem historicista.
No momento o prédio está sendo
preparado para receber as restaurações do
Programa Monumenta, que está restaurando
todo o centro histórico da cidade, como o
Mercado Público, a Prefeitura Municipal, os
casarios do entorno da Praça Coronel Pedro
Osório e a própria Praça, que se encontra em
obras.
C) Quanto ao domínio imaterial da
imagem:
O webcard remete o leitor a uma
situação anterior a Internet, fazendo-o
transpor-se a um passado em que as pessoas
precisavam ir até uma biblioteca para fazer
suas pesquisas, tendo em vista que o grupo de
entrevistados é formado por jovens adultos, a
imagem possui para estes um significativo
valor de ligação com os meios de pesquisa e
os atrai pela possibilidade de ter contato físico
com documentos, entrando em um estado de
fantasia que os remete às imagens
cinematográficas que formam, por sua vez, as
suas imagens mentais já que estes têm como
referencial de pesquisa os meios eletrônicos,
televisivos e a mídia de jornais e revistas que
podem comprar em revistarias, porém o
ambiente taciturno e o contato com antigos
documentos proporcionam emoções e
sentimentos alheios ao mundo propagandista,
caótico e poluído, do Século XXI, mas também
tão fascinantes dos meios de comunicação
disponíveis pelos écrans17.
3.4. ASPECTOS RELEVANTES
A análise dessas categorias informa
sobre a influência da imagem urbana como
linguagem sintética das caracterizações
turísticas de uma cidade, pontos de referência
do cotidiano das pessoas que vivem em
Pelotas e, principalmente, vivem a cidade, nas
suas mais diversificadas formas de aproveitar
os espaços públicos e privados disponíveis no
mercado de atrativos da cidade.
No primeiro webcard pode-se notar a
necessidade do leitor de ter um espaço
arborizado e mais florido na cidade, com a
presença dos elementos naturais em meio ao
concreto dos prédios históricos e modernos.
Além de apresentar-se como um espaço de
contemplação e passagem, sendo também um
elemento de saudosismo e orgulho para as
pessoas que freqüentam o centro comercial,
pois se trata do relógio do Mercado Público,
espaço importante na história da urbanização
brasileira. Essa arborização presente na
17 Écran – quadro branco sobre o qual se projetam imagens fixas ou animadas, no cinema ou na televisão. / Tela (KOOGAN / HOUASS. Enciclopédia e Dicionário Ilustrado. Edições Delta, 1997, p. 555).
fotografia porém nada mais é que apenas uma
árvore bonita em um ambiente nada
correspondente, se o leitor tivesse que
comparar a imagem gráfica com a imagem
real, talvez suas opiniões fossem diferentes
quanto à estética do espaço.
O segundo webcard está ligado ao fator
da disposição de uma obra de arte
arquitetônica em plena praça central da
cidade, assim como na mitologia grega que as
filhas de Nero e Doris encantavam os
marinheiros, montadas em golfinhos, as
Nereidas da fonte da Praça Coronel Pedro
Osório, montadas em cavalos encantam
aqueles que passam pela praça vindos de
todos os cantos, pois todos os caminhos levam
até elas, como que num feitiço.
O terceiro webcard, do Grande Hotel,
embora não seja em si uma fotografia que
privilegie a beleza e os seus principais
atrativos, a cúpula e os detalhes que
embelezam a construção, está entre os postais
representativos por ser um prédio importante
para a cidade, pela sua plasticidade funcional,
ali já funcionara um hotel, um cassino,
restaurante, ateliê e hoje é propriedade do
poder público e também cenário de mostras
de arte bem como centro de informações
turísticas.
O próximo webcard analisado fora o da
Catedral São Francisco de Paula, que mereceu
estar entre os mais representativos não pela
sua conotação religiosa, mas sim por ser um
espaço que abriga um dos mais belos
conjuntos da obra de Aldo Locatelli, cujas
obras sacras inspiram paz e segurança aos
visitantes. Igrejas são sempre lugares
turísticos, fazem parte das imagens dos
cartões postais de cidades ocidentais, porque
independentemente de religião, a cidade
valoriza a Igreja como um lugar de visitação,
pelas obras de arte, pintura, escultura e
arquitetura. As Igrejas católicas possuem um
certo fascínio sobre os turistas, até mesmo
aquelas que passaram pela Reforma
Protestante como é o caso das igrejas da
Alemanha, e de todos os países que hoje são
protestantes que têm igrejas como ponto
turístico pelo seu valor artístico e histórico,
portanto são importantes como tais.
O quinto postal da análise constitui-se
no webcard da imagem que talvez seja aquela
mais familiar aos moradores e turistas da
cidade, trata-se da Charqueada São João e,
portanto, não traz em termos de análise
muitas novidades, pois as considerações à
cerca desta peça são reflexos daquilo que já
faz parte da sabedoria popular em torno das
charqueadas pelotenses, palco de memórias
farroupilhas e guardiãs de artefatos que
retratam os tempos de escravidão e requinte
da época de ouro da indústria do charque.
O Postal B, o último webcard analisado
fora o da Biblioteca Pública, cujas discussões
ficaram em torno do elemento pesquisa em
documentos físicos, a imagem em si remeteu
agrado ao leitor pela presença da clarabóia,
um elemento interessante esteticamente ao
olhar. Quanto à funcionalidade e a
representatividade, esse webcard, diante dos
outros, torna-se um atrativo possível, mesmo
que não seja uma fotografia que mostre
exatamente o espaço como ele é em sua
totalidade, no seu aspecto exterior. Portanto, o
fator motivador para o webcard é a observação
dos elementos arquitetônicos da Biblioteca, e
não na sua principal função que é a de centro
de pesquisa, que para os entrevistados é esse
o sentido de lugar.
No entanto, apenas seis dos quinze
webcards foram selecionados, o que
demonstra uma falha na comunicação, na
manutenção e na escolha das imagens
veiculadas pelo site, pois menos de 50% dos
postais que foram eleitos, indicando a falta de
atributos estéticos, bem como da não
percepção do poder público ao cotidiano de
seus moradores, pois ao final de cada
questionário os entrevistados podiam indicar
espaços que eles consideravam dignos de
serem divulgados pelos meios de
comunicação on-line, e com isso o que se pode
perceber é que existe uma distância entre a
realidade da experiência urbana e as escolhas
políticas de difusão da imagem da cidade.
A saber, os entrevistados citaram como
elementos que faltam estar presentes no site,
o Doce de Pelotas, o Café Aquário e a região
do Porto (“Quadrado”), mas contudo, falta
como atrativo turístico e como ferramenta
motivadora para atrair turistas, o elemento
humano nos webcards, este sim, real
motivador e propulsor do turismo nas cidades,
pois é a população local que dá vida e alma
aos lugares turísticos, sejam eles históricos ou
pós-modernos.
Apresenta-se agora o gráfico que
demonstra as escolhas dos entrevistados
quanto à representatividade, que são os
mesmos apresentados anteriormente na
análise:
Figura 01: Webcards Representativos (votos)
6
4
3
3
3
3 Relógio do Mercado (dia)
Charqueada São João
Biblioteca Pública
Grande Hotel
Catedral São Francisco dePaula
Fonte das Nereidas
No entanto, a fotografia como fator
decisivo e importante nessa pesquisa, nos
informa outro tipo de leitura da pesquisa,
quanto à estética, portanto será apresentado
um novo gráfico revelando as escolhas dos
entrevistados baseados nos seus gostos, mas
não sendo considerado aqui o valor funcional
das imagens como promotores de venda, nem
mesmo como representativas para a
comunidade, apenas como fotografias que
agradam e atraem o olhar. A seguir o
respectivo gráfico fornecendo o código do
postal e a sua nota correspondente (média
aritmética):
Figura 02: Média das Notas dos Webcards Quanto à Estética da Fotografia
Postal B; 7,5
Postal C; 6
Postal D; 10
Postal E; 4,8
Postal F; 8,4
Postal G; 9,9
Postal H; 6,7
Postal I; 6,9Postal J; 10,5
Postal L; 8,6
Postal M; 11
Postal N; 11
Postal O; 11
Postal P; 12
Postal A; 8,9
A partir dessa nova perspectiva tem-se
então uma leitura também nova quanto aos
webcards, que indica além daqueles que são
representativos, mais três peças consideradas
esteticamente belas, que são: o Postal O, Praia
do Laranjal; o Postal J, Mercado Público (noite);
o Postal G, Castelo Simões Lopes.
Mas isso contudo é apenas uma
demonstração da diversidade e amplitude da
abordagem que se pode fazer a respeito da
imagem veiculada pelo turismo, ou seja, com
essa pesquisa é possível perceber até o
momento duas formas de atrair o turista,
primeiramente pela representatividade das
imagens através da paisagem, e depois pelo
uso de uma fotografia estética. Isso não
significa que esses lugares que foram
indicados a partir do segundo gráfico não
sejam também representativos para a
comunidade e para os entrevistados, porque
inclusive há um dos espaços que se repete em
dois webcards, portanto o caminho para se
compreender essa alteração é que às vezes os
lugares embora importantes, não são tão
freqüentados como quanto agradam os olhos
do leitor, diminuindo um pouco a relação
morador/espaço.
Diante dessa abordagem temos o
Relógio do Mercado duas vezes indicado,
porém com webcards diferentes, reforçando
ainda mais a idéia da necessidade que os
entrevistados sentem em viver em uma cidade
que seja arborizada, pois senão, poderiam
escolher o Postal J assim como outro qualquer,
porque os dois possuem o mesmo elemento
como motivo da fotografia.
Quanto às imagens que não foram
escolhidas (vide Anexo 02) o que a pesquisa
informa é que não houve um cuidado especial
com o tratamento dessas imagens, que
poderiam ter sido capturadas de ângulos e em
um dia cuja luz favorecesse o objeto, todavia
não se apresentaram como webcards que
persuadissem o leitor como turista ou como
morador, as imagens não corresponderam às
representações imagéticas que a própria
paisagem propõe.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos capítulos precedentes fez-se a
tentativa de demonstrar a importância da
imagem veiculada pelo turismo através da
mídia on-line em Pelotas, procedendo-se de
um estudo sobre a imagem e os agentes
socais e seus comportamentos diante do
turismo, uma atividade que se mostra cada vez
mais presente no cotidiano das pessoas, e que
absorve as mais diversificadas comunidades
em contato com a comunicação de massas.
O cartão postal, inspirador de todo esse
trabalho, guardião de tantas lembranças da
cidade e das viagens, é uma ferramenta que
precisa ser preservada no entender da
pesquisa, merecendo assim respeito e atenção
à sua forma plástica de se adaptar aos
modernismos sociais como foi possível
mostrar no trabalho sob a forma de webcard,
que muitos dos entrevistados e das pessoas
com quem se discutiu o assunto, desconhecia
o termo e as significações desse pequeno
papel cartonado que carrega consigo
realidades e sonhos daqueles que passam e
transitam pelos lugares.
Por fim, este trabalho realizou uma
análise dos webcards divulgados pelo site
<www.pelotas.com.br> da cidade de Pelotas,
administrado pela CoinPel, através de um
sistema de entrevistas e reuniões com
discussões sobre as respectivas imagens e suas
funcionalidades e representatividades no
cotidiano das pessoas, a fim de entender o
valor dos espaços divulgados para a
comunidade, e contudo perceber as fronteiras
existentes entre a escolha pública e as
opiniões da comunidade a respeito do assunto
imagem para o turismo.
Infelizmente os administradores do site
não dispuseram de dados sobre os acessos
dos internautas que poderiam maximizar e
otimizar a pesquisa quando esta necessitou
saber a funcionalidade do próprio site,
portanto não é possível saber quantas pessoas
visualizam esses webcards.
No caso específico da análise dos
webcards do site verificou-se que o domínio
visual é o mais deficiente dos três quesitos
estabelecidos e por isso, causou uma baixa
quantidade de escolhas das imagens
significativas, o que mostra que uma
negligência dos agentes comunicadores com
a mídia on-line, e conseqüentemente com um
público que possui acesso à Internet, sendo
que estes consumidores denotam um poder
de compra e consumo dos produtos turísticos,
já que possuem, por sua vez, renda suficiente
para participar do que se chama
“cibercultura18”. Portanto, nota-se a
necessidade de a administração do site
perceber, por sua vez, os cuidados que se deve
ter ao divulgar imagens de uma cidade em um
mundo globalizado e ditado pelas regras do
consumo, pois na conjectura atual da
sociedade, os meios de comunicação on-line
são tão importantes quanto a mídia impressa e
televisiva. Ao observar a mídia impressa nota-
se uma real preocupação com a estética das
fotografias de Pelotas que são distribuídas em
postos de informações turísticas e eventos
afins, mas quando se trata de Internet os
aspectos visuais são esquecidos e não
recebem a atenção precisa.
Pode-se dizer através deste estudo que
o link “Cidade Cartão Postal” atinge seus
objetivos de divulgar a imagem de Pelotas,
mas não consegue persuadir os leitores à
visitação com as mesmas, pois elas em sua
maioria não seduzem o olhar, não mostram os
prédios de ângulos que otimizem a riqueza de
detalhes da arquitetura das construções
históricas da cidade, nem seus valores
funcionais respectivos ao consumo do espaço
como atrativo turístico nem como usual para
os moradores, pois como já foi observado,
menos de 50% dos postais fizeram parte do rol
das escolhas dos entrevistados.
Destaca-se que é preliminar e parcial,
posto que para se construir um amplo estudo
da realidade da imagem para o turismo
18 A cibercultura é um termo utilizado na definição dos agenciamentos sociais das comunidades no espaço eletrônico virtual. Estas comunidades estão ampliando e popularizando a utilização da Internet e outras tecnologias de comunicação, possibilitando assim maior aproximação entre as pessoas de todo o mundo. Este termo se relaciona diretamente com à dinâmica Política, Antropo-social, Econômica e Filosófica dos indivíduos conectados em rede, bem como a tentativa de englobar os desdobramentos que este comportamento requisita.
necessita-se de um investimento maior de
tempo e um exame mais aprimorado que não
foi possível no curto espaço de tempo
disposto para o estudo em questão. No
entanto, a pesquisa sinaliza para destinos de
análise que provavelmente deverão ser
buscados para a continuidade e
melhoramento da análise, envolvendo
posteriormente os incorporadores do turismo.
O profissional de turismo tem por
dever compreender e estudar a imagem
turística, (re) conhecer e descobrir a realidade
e a história dos lugares como representações
da sua comunidade, circunscrever os encargos
que lhe competem cumprir, desvendando
seus significados para o público e a relação
dessa com a memória local. Neste momento,
quando o turismólogo consegue captar as
relações intrínsecas da imagem com o
produtor dela, torna-se capaz de exercer sua
tarefa de intermediário entre os integrados no
trade turístico que estão envolvidos na
produção do turismo na cidade para que seus
habitantes sintam-se apaixonados por ela,
sejam esses habitantes mochileiros nômades,
moradores fixos, estudantes cumprindo uma
nova etapa da vida, empresários fechando
negócios, famílias praticando lazer, qualquer
ser que transite por suas ruas e buscam uma
percepção da realidade dos lugares visitados.
O presente trabalho terá atingido seu
objetivo se as idéias aqui apresentadas
servirem de estímulo a outras pesquisas no
campo da imagem usada pelo turismo e da
imagem turística, bem como se servir de apoio
para os interessados em preservar e melhorar
os aspectos funcionais dos webcards, que são
tão importantes quanto qualquer outro tipo
de mídia no trade turístico, já que esta visa
atingir o público maior e portanto utiliza-se
dos mais variados meios de comunicação.
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ANEXOS
Anexo 01. Um dos primeiros Cartões Postais de 1873 – Pelotas, Praça da
Regeneração (atual Praça Coronel Pedro Osório):
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