rimas e bocejos
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Cadastro do Autor
AS PALAVRAS DO SILÊNCIO - 2002 ARTESANATO - 2007 NOVAS DE ACHAMENTO - 2008 QUASE POEMAS – 2009 LEGENDAS-2010
TORRESMOS LÍRICOS COM FEIJÃO BRANCO-2011
Ficha Técnica Título : ” Rimas e Bocejos”
Autor:: Joaquim Castilho
Edição: Autor
Execução Gráfica: Tipografia Fátima Lda
Tiragem: 200 Exemplares
1º Edição: Novembro de 2012
RIMAS
Poemas de rimarpalavras soltas
sons que florescem no arversos que se iluminam
balanços que se conseguempoemas que se constroemsem o medo de tropeçar.
7
VER
Procurar o diapousar o olhar
sentir e ver
o que apenas se sentiae se não conhecia
porque havia sempreuma qualquer pressa de chegar.
8
O TEMPO
Quando nada acontecefecham-se os olhos
afasta-se o sonoe não se adormece
hora de olharo que se não vê
de escutar o silênciosem perguntar porquê
num lento aguardaro que o Tempo
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esse nosso tempohá muito nos tece.
RISO
O risoque chega
vindo do nadasem um lamento
sem uma voz desesperadao olhar límpido
a boca escancarada
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esquecendo o presentesem olhar o futuro
apenas e sóuma boa gargalhada.
PALAVRAS
Palavras que tocam
caminhos sensíveissob a tua pele
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palavrasque te mentem
que te consentemque te trazem o calor
de um dia frio de Verão.
DÚVIDA
Tímido sorriso
12
Ponhoum sonho meu
em cima da mesapara terpara ver
para viverde uma única certeza.
Uma sombra clara como eudo que jamais aconteceu
do que nunca irá acontecer.
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VAZIO
Soacomo um dia cheio de nadaum sol de estio
em tarde geladaum tempo vazio
no fim de uma escada.
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O TEU POEMA
O teu poemajogo hermético
de palavras soltasem terra árida
chagade imagens revoltas
sem ter rumoum estranho assomo de emoçãosombra lúcida que logo se apaga
fogo sem ter fumouma fonte incerta
vagaque arde
sem ter chão.
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SEMENTE
Aguardarque do nada venha
a raiz do poemauma palavra, um som, um fonema
que em mim se detenhasem eu mesmo o saber
para poder vingarganhar versos
e nascer.
17
A MINHA RAZÃO
A Razãofeita do que vi
do que li do que senti
a minha razãosó minhacertezasúnicas
que eu em vãome construí.
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VOZ
Escrever um poemacomo quem
de longeacena
na esperade um eco impossível
na voz serenade um silêncio qualquer.
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mãosde água pura
num manto longo lugar longe
da sombra e da amargura.
FLOR
Na margem de um rioestava uma flor
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transida de friodorida sem ter dor
sem medo do vento.Da esperança tinha a cora vida trazia-lhe alentocomo se fizesse calor.
PRAZER
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Névoaque rompe as imagense acorda as sombras
os vultos, as miragensque esconde os caminhos
e a água das fontes,as distâncias e o mar.
Ver assim o segredo dos horizontes
com o rosto de um novo olhar.
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FUTURO
Ontemsonhei com o futurotinha asas de marfim
e voavaera uma paisagem sem fimonde o dia nunca acabavao choro era desconhecidoninguém andava perdido
e quem duvidavaestava sempre seguro.
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CLARÃO
Desfolhar os diasna procura incerta
de um silêncio cheiovereda aberta,
clarãoque em nós desperta
sem temor, sem o receio
de noites vaziasprelúdio adivinhadoda eterna emoção
de uma nova descoberta.
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CONSTRUÇÃO
O estranho balançode uma simples palavra, uma nótula só
viva, sem descansosolta mas agarrada
vinda do fundo do nadaque tomba sobre uma outra palavra
da mesma ninhadae outra e mais outra até que um verso
apareçae se escreva para que não se esqueça
verso trôpego ainda sem conseguir caminhar
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verso que aguarda mais versospara se poder equilibrar
um berço, raiz de um sentido, de um tema
uma tentativa, vã talvezde construir
mais um anónimo poema.
DESALENTO
Braços cansadosde não abraçarrios desaguados
sem o azul do marcarinhos guardadossonhos desbotados
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lugarde palavras reinventadas
escrever sem descreverapenas mostrar
lograr sentiro outro lado do ver
tentar descobriraflorar
uma outra dimensão do estar.
ONDE?
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Na desolaçãoonde encontrar alentonos horizontes do marou na voz do vento?
Na lava revoltada de um vulcãogritando sonoras utopias
ou em líricas fátuas e doentiasque alguns poetas nos tecem?
Em janelas abertas de par em parou em grandes arcas vazias cheias das razões da Razão
para viver uma vida a esperarpor sonhos que nunca acontecem?
BOM DIA
31
Ritos rasosrotinasmanias
por que tem de sercortinasvasos
os “bons dias”eu sei
porque empurram o viver.
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PASSADO
Memórias feridasenterradasesquecidas
ecos de vidas vividassombras passadasjulgadas perdidas
que não mais se querem recordar.
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TESOURO
Por detrás das palavras ditasas outras
que se não ouvemque no teu silêncio murmuras e gritas
sombras de sombras infinitasque em ti guardas
como tesouros derramadosciosamente guardados
só para ti.
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REGRESSO
Um dia voltareiaos lugares de onde nunca parti.
Quando? Nem eu sei!Só sei
que em muitos outros lugareshá muito jáeu morri.
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DECADÊNCIA
Abraçar um corpo que se desfazconsciente
doenteque sente
não mais ser capazde viver os sonhos já desfeitos
caminhos outrora perfeitosquando se julgava ter encontrado
a Paz.
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A claridadeatarda-se já
a Noite espera.
Nascem floresabrem-se botões
despertam amorescrescem ilusões.
Plim!
TEMPO
Diluir o tempo
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no tempo de outros temposde outros vagares
para além dos tempospara além dos mares
pedras que ficaram dos temposde diferentes pensares
presentes agora no tempode todos os temposdestroços solenes
de todos os lugares.
QUANDO
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Quando o olhar se não pousae resvala
porque não se atreve, não ousae se cala
sem uma palavra, um sorrisouma fala
num silêncio duro e precisocomo uma bala
vidro fosco, opaco, indecisocom um pouco de calor
sem um grito sem um esgar de dor esmorece e estala.
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AMANHECER
Rompe da névoa o diasem amanhecer
as árvores, as casas, um murosem um sopro de vento
o vulto que passa a corrersombras
no branco cinzento que não deixa ver
o que sem acontecerna nossa frente
acontecia.
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SILÊNCIO
Silêncio no olharmaior o silênciodo que o pensaro silêncio duro
do não falarouvir sem escutar
outras falasvozes de um outro mar
ou o som fátuo de poemas vazios
versos brancos de rimar.
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PRISÃO
Estar e não estarporque as raízes te ficaram
presasem vão
num outro lugaronde sentes que pertences
mesmo que não queirasonde nasceste onde viveste
é essa a tua inevitável condição.
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PAISAGEM
Encher o olhar de verpaisagens , Homens, cidades outras
jogos, fogos do acontecerpara além do mar.
Lugaresde mantas estendidas de muitos verdes
de rostos apagados de outras sedesvivendo para sobreviver.
Com histórias mudas para me mostrarvidas impossíveis
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diante mima desfilar.
TURISMO
Turista, eugentes, paisagens, históriasque em breve irei esquecer
quandocheio de tanto
lá longe no mundo meuno meu canto
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do outro lado do marem mim
uma vez mais me reencontrar.
SEDE
De olhar vaziopousado
sem horizonteRio
sem barcos
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repousosinto
pressintocada momento
na luz que luz
no escurocomo se o presente
nunca tivesse o Futuro.
DESOLAÇÃO
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Sentadonuma carruagem vazia
de um comboio abandonadoviajo noite e dia
num destroço enferrujadosem destino certonum mundo meu
por mim descobertonum roteiro abertopor mim inventado
sentadonuma carruagem vaziade um comboio parado.
PERDA
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No balanço manso
esmorecendovejo-me vendo
falho de alentoolhando ausente
distraídoo estranho presente
barco lentoque por mim
me vai acontecendo.
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A OUTRA MARGEM
Como se não houvesse mais riosnem o prazer de uma paisagem
estradas aeroportosrotas nuas
de passagemtempo sem tempo
que a cidade aguardaperto
como miragemtudo o resto é longenum mundo outro
paradonuma outra margem.
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LUIS FILIPE DE CASTRO MENDES
Teus poemasde encantado desencanto
livro de distânciassaudade dolente
de choro doce sem ter prantoa Índia
no teu falarsempre presente
cores, locais, fragrânciaspoiso sereno do teu canto
nos gestos transparentes de tão delicada genteinvenção lunar
reflexo iluminado do teu espanto.
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PASSADO ETERNO
Séculos de memóriahúmus infiltrado
num pedaço extenso de terranum mapa traçado
pelo sopro lento da História.Berço de muitos berços
de sangue e suor derramadoem Paz e na Guerra, tempo do tempo
que passagritos, miséria e glória
argamassa
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de falas, gestos, costumesfogos apagados
chão de muitos lumessonhos vividos dias vencidos
hinos e bandeirasonde só se podem escrever
as sombras coloridas da Vitória!
POETA
Poeta tuescondido
nos teus versosem novelos
perdidonas linhas quebradas
do teu texto
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nova literatura, revolta, pesadelos?ou apenas um pretexto
para versos sem sentidopalavras soltas em enxurradas
versos livres, abertos, nusveredas sem luzque interessa?
Virá um dia alguémque sem desdém
fará do teu poema uma peçaum festival!
VAZIO
Saudadesdos versos que nunca escrevi
dos que nunca agarreidos que apenas senti
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por mais que escute as sombrase olhe para o papel vazio
vejo sempresempre
o que sempre vi.
EU
E até passei um bom bocado
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entretido na conversaexibi-me como erudito entusiasmado
um vulcão em mim renasceueu que o julgava, para sempre,
apagadosinto que fiz boa figura
fui fluente, firme, demagógico e educado
fingindo dominar o assuntomostrei-me culto, sagaz e bem
informadoe depois
até escrevi um poema banalde rima simples, infantil, elementarque podia ter sido em -ar ou em -al
mas acabou por ficarcomo acima enunciado
com uma rima simples e pueril mais um poema banal em -ado.
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DESERTO
Olharo teu olhar vazio
e julgar vera imagem serena de um rio
afinal o que eu olhavaera um deserto
imenso e nu um silêncio magoado
feito de distância, gelo e friotu.
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OS PÁSSAROS, SEMPRE
E regressaram os pássarosnaves suaves como a neve
abrindo as asaspor sobre os Homens
por sobre as casascomo se fossem cair
visão serena de uma vida breveausentes
mesmo antes de partir.
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ESCREVO
Escrevoem clareiras rasgadas
no ruído assumidodos meus dias
acasos de silêncio abertos no acontecer
onde procuro mais do que o viver.
Escrevopalavras, sons, poesias
para mim e para tiescrevo e rescrevo
o que sempre escrevitentando despertar horizontes
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nas manhãs mais frias.
AUSÊNCIA
Barro negroem fogo lento
poema apagadonunca encontrado
sem rosto sem vento
solidão a doisamor de ausência
sem caminho sem depois.
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LEITURA
Leioas palavras
que em ti desabam em torrentenão é o eco das palavras
mas um estranho rumor da quedao que se sente
sombras significantesque se atropelam
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sentidos sem sentidoque se estatelampalavras muitas
versos e mais versossons dispersos
sem o sabor único da palavra em ti esquecido
ausente.
ESPERA
Vêm de longede muito longe
para lá de todos os horizontespor vales, planuras e montes
trazem consigo um saber sem igual
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e lógica de todos os sábios e de um monge
o caminho perfeito para o Universoem nós sempre submerso
que só em sonhos se pode sonhar mas, pobres de nós
nunca poderão cá chegar!
ACASOS
Agarrei no acaso mais um verso
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trazido por um qualquer ventoum brilho, um sorriso lentoentre mil palavras dispersoraiz primária de um poema
sentido sem ser sentidotema sem ser tema
apenas um vago pressentimentoum som distante, perdido
memória há muito rasgadasonho de um sono brando
em noite sempre acordada.
O QUE EU TENHO
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Sem céu para alcançare futuro que já esquecitenho vento, tenho mar tenho fogo, rumo, fontepalavras com horizonterimas fáceis de rimar
tenho música, fotos, livros aconchegada companhia
em que um diaeu me reconheci.
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SERENIDADE
Dia claro de um longo nasceronde, imóvel,
se espreguiça a auroratranquilo e lento o despertar
na luz que mal se deixa anteverluz que se atarda no olhare no voo de um pássaro
se demora.
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A FOLHA BRANCA
Palavras que nascemde outras palavras
na terra brandafolha branca
que tu, poeta, lavraspalavras luz, novos temasversos que te aparecemque de ti se esquecem
reflexos de sombra, ou de cor livres, no límpido interior
dos teus poemas.
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PROCURA
Escrever o sonho, o maras sombras e o vento
palavras nuasem busca de talento
um rosto só de imaginar o ver sem nunca olhar
esquecendo o que existeem tantas janelas cerradas
de tantas outras ruas!
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VONTADE
Acaba o que não se acaba
começao que apenas recomeça
uma colectiva ficçãoum doce engano de se enganar
uma assumida e voluntária ilusãofruto sempre verde da vontade
de um diaum qualquer dia
conseguir
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enfim mudar.
SOMBRAS
Sombras projectadasde faces iluminadassombras de sombras
medoslumessonhos
mundos cheios de pequenos nadas
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EPÍLOGO
Por detrás das linhas que escrevoestou também eueu, a sós comigo
eu, que não consigoum poema único como o teu
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