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Transtorno do Espectro Autista no ensino Superior

Pontos importantes para compreender e intervir

Material de apoio organizado pela psicóloga Ingrid Ausec (Núcleo de Acessibilidade da UEL) para subsidiar o acompanhamento de

estudantes com TEA nos cursos de Graduação da UEL.

Fone: 3371-4148

-Dezembro/ 2006 –

Atualizado em Novembro de 2016

ing-ausec@uel.br www.uel.br/prograd/nac 1

Considerações iniciais

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O avanço da medicina, o uso de medicações cada vez mais eficazes, o desenvolvimento de procedimentos psicológicos aliados ao movimento inclusivo na educação tem garantido que indivíduos com limitações significativas no comportamento relacionadas não só às deficiências, mas a outras condições que geram dificuldades acadêmicas importantes estejam inseridos na rede regular de ensino chegando também ao ensino superior.

TGD e Educação

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Atualmente, os Transtornos Globais do Desenvolvimento foram absorvidos por um único diagnóstico (DSM V, 2013), TRANSTORNOS DO ESPECTRO AUTISTA (TEA). A mudança refletiu a visão científica de que aqueles transtornos são na verdade uma mesma condição com gradações em dois grupos de sintomas: Déficit na comunicação e interação social; Padrão de comportamentos, interesses e atividades restritos e repetitivos.

De acordo com o MEC (2009), os estudantes com transtornos globais do desenvolvimento são aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos com autismo entre outras síndromes invasivas do desenvolvimento (Ex: Síndrome de Asperger/ Rett/ e desintegrativo da infância -DSM IV, 1994).

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TEA NA VIDA ADULTA

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A palavra Autismo está sempre associada a um transtorno da infância, sendo pouco disseminado a sua repercussão na vida adulta.

-Poucos dados a respeito do processo de amadurecimento; - necessidade de instrumentos apropriados para avaliação comportamental , cognitiva e neuroimagem; -Padrões comportamentais e necessidades especificas precisam ser determinadas em indivíduos mais velhos.

Observações, principalmente de pais de crianças com TEA, mostram que não há impedimento para uma vida adulta “normal”. Geralmente buscarão uma ocupação ou profissão relacionada a sua área de interesse especial, às vezes se tornando muito talentoso.

“muitos dos estudantes brilhantes são capazes de completar com sucesso a faculdade e até mesmo pós graduação. Em muitos casos continuarão a demonstrar, pelo menos em alguma extensão, sutis diferenças nas interações sociais.” (BAUER, S. 1995)

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Muitos se casam, mas devido às dificuldades de interação, dentro e fora da família, há risco aumentado de problemas de humor, como depressão e ansiedade. Muitos adultos com TEA são vistos pelos outros como “um pouco diferentes” ou excêntricos, ou talvez recebam um outro diagnóstico psiquiátrico.

“Olhe nos Meus Olhos" é a

tocante narrativa e bem-humorada

de alguém que cresceu com a

Síndrome de Asperger numa

época em que esse diagnóstico

não existia.

Desde criança, John Robison

tinha dificuldades em relacionar-se

com outras pessoas. Na

adolescência, os problemas se

agravaram e apenas aos 40 anos

Robison foi diagnosticado, por um

atento terapeuta: era portador de

uma forma de autismo chamada

síndrome de Asperger. Essa

súbita compreensão transformou a

maneira como Robison se via - e

como via o mundo. 7

Podem seguir uma profissão, casar-se, e até mesmo, há quem se torne professor universitário. Uma Asperger (*) de sucesso chama-se Temple Grandin, nos Estados Unidos, uma engenheira e zoóloga, professora universitária.

(*) Autora do livro “Uma menina estranha” que conta sua biografia como autista. Alguns estudiosos a consideram Asperger.

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Dica 1

Filme: Temple Grandin (Drama, 2010 – HBO) Cinebiografia da jovem autista Temple Grandin (Claire Danes) que tinha sua maneira particular de ver o mundo, se distanciou dos humanos, mas chegou a conseguir, entre outras conquistas, defender seu doutorado. Com uma percepção de vida totalmente diferenciada, dedicou-se aos animais e revolucionou os métodos de manejo do gado com técnicas que surpreenderam experientes criadores e ajudaram a indústria da pecuária americana.

Dica 2

Artigo:

Schmidt, Carlo. (2012). Temple Grandin e o

autismo: uma análise do filme. Revista Brasileira

de Educação Especial, 18(2), 179-194.

(Disponível no Scielo)

ORIENTAÇÕES GERAIS AO INTERAGIR COM UMA PESSOA COM TEA: • primeiro explique o que vai fazer, assegurando-se de ter sido entendido;

• use uma linguagem simples e clara, com frases curtas;

• faça perguntas específicas e que não permitam uma interpretação ambígua;

• evite a ironia, o sarcasmo e as metáforas;

• dê à pessoa um tempo adicional para pensar ou agir em relação ao que disse;

• lembre-se que, se a pessoa evita o contato visual, isso não significa que esta evasiva ou faltando com o respeito.

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ASPERGER E CONTEXTO ACADÊMICO

Estudantes com TEA podem estudar em escolas regulares e fazer faculdade desde que recebam algum suporte

educacional sempre que necessário. No entanto, quando o ambiente acadêmico for compreensivo

e flexível são capazes de se adaptar com poucos recursos e apoios formais da instituição de ensino.

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“Entendendo estudantes com Síndrome de Asperger: Guia para Professores”

Adaptado do original: "Understanding the Student with Asperger Syndrome: Guidelines for Teachers" by

Karen Williams, 1995, FOCUS ON AUTISTIC BEHAVIOR, Vol. 10, No. 2, Copyright, June l995 by PRO-ED, Inc. Reprinted by permission.

Os quadros a seguir apresentam algumas das características mais marcantes das pessoas com TEA. Levando-se em consideração que o indivíduo adulto tem

maior repertório social e acadêmico, adaptamos as sugestões de trabalho com crianças para algumas das possibilidades de intervenção no contexto

universitário.

Ressalto que nem todo estudante com TEA apresenta as mesmas dificuldades e limitações e que as sugestões apresentadas são de caráter geral, devendo ser

avaliadas de acordo com a interação estabelecida entre professor-aluno.

Como já dito anteriormente, são sugestões e cabe aos docentes que trabalham com estas pessoas a grande responsabilidade de observar e ensinar cada

estudante de acordo com suas individualidades.

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Insistência em semelhanças Sentem-se facilmente afetados por mudanças mínimas. São altamente sensíveis a pressões do ambiente e às vezes atraído por rituais. São ansiosos e tendem a temer quando não sabem o que esperar. Stress, fadiga e sobrecarga emocional facilmente os afeta.

Sugestões - Proporcionar ambiente o mais previsível possível minimizando o impacto de mudanças repentinas (de professores, metodologia, turma, prazos, etc); - Disponibilizar, sempre que possível, rotina das aulas previamente (transparências, textos, ementas, atividades extra-classe, viagens);

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Dificuldades em interações sociais São inábeis em entender regras complexas de interação social; parecem ingênuos, podem não gostar de contatos físicos, dificuldade em manter contato visual, não entendem brincadeiras, ironias ou metáforas, pouca habilidade para iniciar e manter conversações, comunicação pobre.

Sugestões - intervir se perceber que o estudante está sendo importunado; - intermediar situações cooperativas com o grupo aumentando desta forma sua aceitação; - incentivar o envolvimento com os pares e encorajar atividades sociais.

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Gama restrita de interesses Tendem a “leitura” implacável nas áreas de interesse e perguntam insistentemente sobre os mesmos; tem dificuldade para ir avante nas idéias; seguem suas próprias inclinações; às vezes recusam-se a aprender qualquer coisa fora de seu campo de interesse.

Sugestões - ser objetivo na orientação de trabalhos escritos ou orais até que consiga completar a tarefa; - usar dos interesses individuais para ampliar seu repertório de envolvimento com os conteúdos estudados. - Disponibilizar estudantes monitores que possam auxiliar nos estudos.

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Concentração fraca São freqüentemente desligados e distraídos por estímulos externos; são meio desorganizados e tem dificuldade para sustentar o foco nas atividades de sala de aula.

Sugestões - permitir a realização de trabalhos em tempo diferenciado, respeitando-se algumas regras (ex: prorrogar apenas 1 vez a entrega de um trabalho ou prova) - sinalizar discreta e gentilmente quando perceber que o estudante está desatento;

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Dificuldades acadêmicas Usualmente tem inteligência média ou acima da média, mas faltam pensamentos de alto nível e habilidades de compreensão. Seu impressionante vocabulário dá a falsa idéia de que entendem daquilo que estão falando, quando na verdade estão geralmente “papagueando” o que leram e ouviram.

Sugestões - perceber que nem sempre o estudante aprendeu só porque falou sobre determinado conteúdo; - oferecer explicação adicional e tentar simplificar quando os conceitos são demasiadamente abstratos; - quando um trabalho acadêmico for de baixa qualidade, motivar e acompanhar a execução do trabalho até que o mesmo se complete de maneira satisfatória.

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Vulnerabilidade emocional Apesar de inteligentes, são inábeis para enfrentar as exigências de uma sala de aula. São frequentemente estressados devido a sua vulnerabilidade. Frequentemente são autocríticos e não toleram erros. Reações de raiva são comuns em situações de frustração/ stress.

Sugestões - auxiliar no enfrentamento do stress dando exemplos de como pode resolver situações problema; - ser calmo e previsível a maior parte do tempo em que estiver com um estudante com TEA.

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APA DSM-5. 2013. American Psychiatric Association. AUSEC, Ingrid Caroline de Oliveira.Capacitação Comportamental Informatizada para Professores Universitários: Inclusão no ensino superior. 2013. 166 páginas. Dissertação (Mestrado em Análise do Comportamento). Universidade Estadual de Londrina, Londrina. KLIN, Ami. Autism and Asperger syndrome: an overview. Rev. Bras. Psiquiatria., São Paulo, v. 28, 2006. Disponível em: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462006000500002&lng=en&nrm=iso . Acessado em: 11 Dec 2006. WILLIAMS, K. Entendendo estudantes com Síndrome de Asperger: guia para professores. UNIVERSIDADE DE MICHIGAN- Hospital Psiquiátrico para Crianças e Adolescentes In: “Focus on Autistic Behavior”, vol 10, nr.2, 1995. Traduzido em abril/ 1996. Disponível no site: http://www.autismo-br.com.br/home/As-escol.htm BAUER, S. Asperger Syndrome – Throught the Lifespan (1995). The Developmental Unit, Genesee Hospital Rochester, New York. Traduzido em abril 1996. Disponível em: http://www.udel.edu/bkirby/asperger/bauerport.html Acessado em: 11 de dezembro de 2006. The Autism Alert card. Disponível em www. autism.org.uk/card Acessado em: 11 Dec 2006

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MAIS SUGESTÕES DE LEITURA

“UMA VISÃO INTERIOR DO AUTISMO” – Temple Grandin

Tradução feita por Jussara Cunha de Mello – Belo Horizonte a pedido da Associação de Pais de Portadores de Autismo e outras Síndromes – APPAS.

Obtida da INTERNET- www.painet.com.br/rocha/temple.htm

“DICAS DE ENSINO PARA CRIANÇAS E ADULTOS COM AUTISMO”

Temple Grandin

Disponível http://saci.org.br/?modulo=akemi&parametro=17916 Acesso 29 de março de 2015.

A voz de Carly (2012, sem edição em português) - www.carlyscafe.com

http://autismoerealidade.org – site que procura favorecer a busca e a divulgação do conhecimento acerca do Autismo, com o objetivo de melhorar a capacidade de adaptação e qualidade de vida das pessoas com autismo e

seus familiares.

www.comportese.com.br

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