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UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE PSICOLOGIA
FUNCIONAMENTO ESQUEMÁTICO, CICLOS INTERPESSOAIS
DISFUNCIONAIS E FUSÃO COGNITIVA NA PERSPETIVA DO
MODELO DE COMPLEMENTARIEDADE PARADIGMÁTICA
Vítor Bruno Faustino Almeida
MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA
(Secção de Psicologia Clínica e da Saúde / Núcleo de Psicoterapia
Cognitiva-Comportamental e Integrativa)
2016
UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE PSICOLOGIA
FUNCIONAMENTO ESQUEMÁTICO, CICLOS INTERPESSOAIS
DISFUNCIONAIS E FUSÃO COGNITIVA NA PERSPETIVA DO
MODELO DE COMPLEMENTARIEDADE PARADIGMÁTICA
Vítor Bruno Faustino Almeida
Dissertação orientada pelo Professor Doutor António Branco Vasco
MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA
(Secção de Psicologia Clínica e da Saúde / Núcleo de Psicoterapia
Cognitiva-Comportamental e Integrativa)
2016
i
Agradecimentos
Quero agradecer, em primeiro lugar, ao meu orientador Professor Doutor António
Branco Vasco pela transmissão de conhecimento e sabedoria, apoio, disponibilidade,
empenho e orientação nas aulas e no presente trabalho. Um agradecimento especial a
todos os participantes pela sua contribuição, fundamental para este trabalho. De extrema
importância foram os meus colegas de tese Teresa, Rafaela e João, pois sem eles este
trabalho não teria sido possível realizar.
Agradeço à Faculdade de Psicologia e a todos os meus professores pelas condições
e ensino de excelência que me proporcionaram nos cinco anos passados. Deixo também
uma palavra de gratidão aos meus orientadores de estágio Professora Doutora Ana
Catarina Nunes e Professor Doutor Jaime Grácio, por todo apoio e tutoria que me
proporcionaram durante o presente ano letivo.
Agradeço ao Professor Doutor Jorge Oliveira e ao Professor Doutor Sérgio
Moreira pelo apoio na análise estatística. Quero agradecer também ao Professor Doutor
Paulo Ventura pelas oportunidades que me tem proporcionado em termos de investigação.
Dedico o presente trabalho à minha família, especialmente à minha mãe, ao meu
pai e à minha irmã por demostrarem carinho, apoio, amor incondicional e por acreditarem
em mim desde o início desta jornada.
Finalmente, estou profundamente agradecido aos meus companheiros de banda,
bem como a todos os meus amigos e colegas com quem tenho partilhado momentos
inesquecíveis de alegria e felicidade que fazem de mim a pessoa que sou hoje. Às pessoas
que passaram pela minha vida, um enorme obrigado.
ii
“Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em
monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo olha também
para dentro de ti.”
Friedrich Wilhelm Nietzsche, Para Além do Bem e do Mal
iii
Resumo
Investigações anteriores têm demonstrado que o funcionamento esquemático
disfuncional, os ciclos interpessoais e a fusão cognitiva estão fortemente relacionados
com a perturbação psicológica e com a saúde mental. Neste sentido, a presente
investigação pretendeu esclarecer, identificar e diferenciar em que medida, os esquemas
precoces mal-adaptativos, os ciclos interpessoais disfuncionais e fusão cognitiva se
relacionam entre si e quais os seus contributos diferenciais para a regulação da satisfação
das necessidades psicológicas, para o bem-estar, distress psicológico e sintomatologia.
Para o efeito, foram avaliados 282 sujeitos divididos em dois grupos, amostra não-clínica
e clínica. Concluiu-se que existe uma forte associação entre os esquemas, os ciclos
interpessoais e a fusão cognitiva nos dois grupos. No entanto no grupo clínico algumas
destas associações encontram-se mais robustas. No geral, quanto maior for a presença de
esquemas, ciclos disfuncionais e rigidez psicológica, menor é capacidade para regular a
satisfação das necessidades psicológicas, menor é o bem-estar, por outro lado, maior é o
distress psicológico e a sintomatologia. Estes resultados são potencialmente relevantes
para a conceptualização de caso e para a tomada de decisão clínica responsiva enquadrada
nas caraterísticas e necessidades dos pacientes
Palavras-Chave: Esquemas precoces mal-adaptativos; Ciclos interpessoais
disfuncionais; Fusão Cognitiva; Necessidades Psicológicas; Saúde mental;
Sintomatologia.
iv
Abstract
Previous investigations have shown that dysfunctional schemata functioning,
interpersonal cycles and cognitive fusion are strongly related to psychological disturbance
and mental health. In this sense, this research sought to clarify, identify and differentiate
to what extent the early maladaptive schemes, interpersonal dysfunctional cycles and
cognitive fusion relate to each other and what their differential contributions to the
regulation of satisfying psychological needs, wellbeing, psychological distress and
symptomatology. For this purpose, 282 subjects were evaluated, and then divided into
two groups: non-clinical and clinical subjects. It was concluded that there is a strong
association between schemas, interpersonal cycles and cognitive fusion in both groups.
However in the clinical group the associations between these variables were found to be
more robust. Overall it was found that when there is a high presence of schemes,
dysfunctional cycles and psychological rigidity, the ability to regulate the satisfaction of
psychological needs decreases – which consequently decreases wellbeing levels and
increases psychological distress and symptomatology. These results may be important to
case conceptualization and clinical judgment focused on the patient’s variables and needs.
Key-words: Early maladaptive schemes; Dysfunctional interpersonal cycles; Cognitive
fusion; Psychological needs; Mental health, Symptomatology.
1
Introdução
A investigação em psicologia clínica e psicoterapia tem vindo a evidenciar os
contributos relativos de diferentes tipos de variáveis determinantes da eficácia
terapêutica. Cerca de 40 % da variância das intervenções é atribuída à remissão
espontânea (variáveis do paciente e caraterísticas da ecologia do indivíduo),
aproximadamente 30% deve-se a fatores comuns como a qualidade da aliança ou
explicações alternativas da perturbação, cerca de 15% da variância pode ser atribuída a
efeitos placebo e os restantes 15% da variância podem ser ainda atribuídos a técnicas
clínicas específicas das diferentes teorias (Lambert & Barley, 2002). No mesmo sentido,
Norcross (2011) salienta que 40% da variância em psicoterapia não está correntemente
identificada ou explicada, sendo os outros 60% atribuídos a fatores como variáveis do
terapeuta (7%), paciente (30%), relação terapêutica (12%), método de intervenção (7%)
e outros fatores (3%).
Neste sentido, a presente investigação pretende continuar a produzir e explicitar
conhecimento dos pesos relativos diferenciais de variáveis potencialmente responsáveis
pelo desenvolvimento e manutenção de perturbação psicológica. Desta forma, pretende-
se contribuir para a objetivação de variáveis com caracter clínico com foco de intervenção
esclarecida, contribuindo desta forma para a diminuição de 30% da variância não
explicada referida às variáveis dos pacientes Assim, pretendeu-se estudar as relações
entre os esquemas precoces mal-adaptativos, os ciclos interpessoais disfuncionais e a
fusão cognitiva à luz do modelo da complementaridade paradigmática, nomeadamente
no entendimento das relações e ponderações diferenciais entre os esquemas, os ciclos
interpessoais e a fusão cognitiva na regulação da satisfação das necessidades, bem-estar,
distress psicológico e na sintomatologia.
2
Funcionamento Esquemático e os Esquemas Precoces Mal-Adaptativos
O funcionamento esquemático diz respeito ao caráter funcional do conceito de
esquema ou de estrutura cognitiva, sendo um dos constructos teóricos mais utilizados em
psicologia para descrever o comportamento humano (Rijo, 2009). Na diversidade do
conceito de esquema, podemos encontrar as seguintes definições: esquemas cognitivos
(Beck, Freeman, & colaboradores, 2004), esquemas emocionais (Greenberg & Pavio,
1997; Vasco, 2013), esquemas e ciclos interpessoais disfuncionais (Safran & Segal, 1990;
Dimaggio, Montano, Popolo & Salvatore, 2015) e esquemas precoces mal-adaptativos
(Young, Klosko & Weishaar, 2003).
Na sua definição compreensiva do conceito de esquemas precoces mal-
adaptativos (EPM), Young e colaboradores, definem os EPM como “padrões amplos e
perversivos de memórias, emoções, cognições e sensações, referentes ao próprio e às
relações com os outros, com origem na infância ou na adolescência, sendo elaborados
durante a vida do indivíduo e disfuncionais de forma significativa” (Young, Klosko &
Weishaar, 2003; pp. 7). Os EMP são amplos, rígidos, inflexíveis e impermeáveis à
experiência e quando ativados envolvem altos níveis de afeto, acarretando sofrimento
para o indivíduo impondo-lhe tendências de ação típicas com carácter disfuncional
(Young, Klosko & Weishaar, 2003) Os autores descrevem cinco categorias diferentes por
onde se distribuem dezoito EPM (ver anexo A).
Segundo Young, Klosko e Weishaar (2003), os EPM são o resultado da atribuição
de significados disfuncionais à interação entre diversas experiências precoces não-
adaptativas, nomeadamente: frustração de necessidades emocionais fundamentais (e,g.,
vinculação segura, autonomia, e validação emocional) traumatização, vitimização,
sobreproteção e internalização seletiva de traços de personalidade. Finalmente, o
temperamento (e.g., ansioso/calmo, tímido/social, passivo/agressivo) e os estilos
3
parentais (e.g., punitivo, evitante/desligado, abusador) complementam a equação
complexa da formação de EPM (Young, Klosko & Weishaar, 2003).
Em termos de investigação prévia, os EPM surgiram como uma das variáveis mais
determinantes na explicação de perturbações psicológicas, sintomatologia e saúde mental.
Num trabalho anterior Fonseca (2012), evidenciou relações significativas positivas entre
a presença de EPM (domínios de distanciamento e rejeição e autonomia e desempenho
deteriorados) e a alexitimia nomeadamente na dificuldade em identificar sentimentos e
distingui-los das sensações corporais. Na mesma investigação, Fonseca (2012) encontrou
uma relação negativa entre os EPM e a regulação da satisfação das necessidades
psicológicas, nomeadamente entre os EPM defeito/vergonha e isolamento
social/alienação com as necessidades de controlo, tranquilidade e autoestima.
Quando associados à sintomatologia psiquiátrica, a presença de EPM tende a ser
vista como um dos fatores de desenvolvimento e manutenção de psicopatologia (Welburn
et al., 2002). Dobois, Martin e Bieling (2009) encontraram associações positivas entre a
presença de EPM e os estilos de humor agressivos e pensamentos auto-depreciativos.
Cláudio (2009) associou positivamente o domínio de EPM de distanciamento e rejeição
com a depressão. Finalmente, quando associados a perturbações de personalidade, os
diferentes EPM parecem conseguir diferenciar os temas subjacentes a cada perfil de
perturbação de personalidade (Young, Klosko & Weishaar 2003; Bach et al., 2015).
Ciclos Interpessoais Disfuncionais
O conceito de ciclos interpessoais disfuncionais (CID) deriva da teoria dos
esquemas interpessoais (EI), sendo os CID definidos como processos intersubjetivos que
acontecem na cena social entre os indivíduos, resultantes de esquemas rígidos, inflexíveis,
generalizados e impermeáveis à experiência (Safran, 1990; Scarvalone, Fox & Safran,
4
2005; Dimaggio, Montano, Popolo & Salvatore, 2015). Enquanto os CID consistem em
processos intersubjetivos que acontecem entre indivíduos, os EI são estruturas mentais
intrapsíquicas que contêm representações generalizadas das interações self-outro, sendo
por natureza instâncias relacionais (Safran & Segal 1990; Scarvalone, Fox & Safran,
2005).
Körner et al., (2004), ao combinar o modelo SASB (Structural Analysis of Social
Behaviour, Benjamin, 1974), com método CCRT (Core Conflictual Relationship Theme,
Luborsky, 1977), conceptualizou quatro configurações básicas interpessoais (respostas
de semelhança, complementaridade, oposição e antítese). Estas configurações foram
depois enquadradas em termos de (1) expectativas do sujeito ao seu comportamento e ao
(2) comportamento dos outros, e (3) atribuições de significado e tendências de ação
internas decorrentes dessas interações (Körner et al., 2004). Assim, foi possível definir
três fatores (dar e receber positivo, autoafirmação/retaliação e reação formativa), bem
como diferenciar dois fatores de introjeção (introjeção/autopunição e
autocuidado/integridade), que refletem os processos intersubjetivos relacionais, ou seja,
os CID (Körner et al., 2004).
Em termos de investigação prévia, os CID inferidos a partir de questionários de
padrões relacionais ou EI, aparentam estar associados positivamente a perturbações
depressivas, a uma baixa autoestima, a incapacidades relacionais, a determinadas
perturbações de personalidade como perturbação histriónica e esquizotipíca (Scarvalone,
Fox & Safran, 2005). Finalmente, os CID são também relacionados com história de
abusos sexuais (Körner et al., 2004; Scarvalone, Fox & Safran, 2005).
Relativamente às semelhanças, os EPM e os EI são definidos como esquemas
desenvolvidos precocemente baseados em experiências nocivas, que guiam o indivíduo
de forma não-adaptativa. No entanto, os conceitos diferem em termos de componentes,
5
tendo os EPM uma conceptualização mais ampla, indiferenciada e portanto mais
integradora contemplando afetos, cognições e experiências em relação ao próprio e aos
outros (self-self, self-outro). Por outro lado, os EI refletem apenas a dimensão self-outro.
Assim, os CID são os processos relacionais intersubjetivos que derivam dos EI e que
ocorrem entre os indivíduos, enquanto esquemas são estruturas intrapsíquicas.
Portanto, aproveitando o potencial integrativo dos EPM, e de acordo com as
semelhanças entre o domínio relacional dos EPM e os EI (relações self – outro), podemos
conceptualizar os EI como a componente interpessoal dos EMP. Neste sentido, CID
podem ser descritos como o conjunto de processos intersubjetivos relacionais resultantes
da componente interpessoal dos EPM. Assim, os CID derivam dos EI, que de acordo com
perspetiva do presente trabalho são definidos como a componente interpessoal estrutural
dos EPM.
Fusão Cognitiva
O constructo fusão cognitiva (FC) deriva do modelo da inflexibilidade psicológica
e evitamento experiencial da Terapia de Aceitação e Compromisso (Acceptance and
Commitment Therapy, em inglês ACT). Como é entendida pela ACT, a flexibilidade
psicológica é a capacidade mental de estar em contacto com o momento presente, de
forma consciente, comprometida e aceitante com os seus interesses e valores sendo capaz
de escolher e mudar o comportamento em função das situações com base nos mesmos
(Hayes, Stroshal & Wilson, 2011; Hayes, Pistorello & Levin, 2012; Gilanders et al, 2014).
Por outro lado, a FC diz respeito ao grau em que o indivíduo acredita que os seus
pensamentos (veiculados pela linguagem interna) são verdades absolutas, levando as
emoções e os comportamentos a ser fortemente regulados e guiados pelo grau de certeza
das suas cognições (Gilanders et al., 2014). Com efeito, quando se pensa em termos de
6
FC as cognições são sentidas como verdades inquestionáveis (pessoa dominada por,
acreditar absolutamente, levar à letra os pensamentos), em detrimento da relativização da
atividade mental, nomeadamente no entendimento de pensamentos como conteúdos
mentais hipotéticos muitas vezes sem necessidade de exteriorização comportamental ou
ação expressa (Hayes, Stroshal & Wilson, 2011; Hayes, Pistorello & Levin, 2012)
Portanto, a FC surge como uma variável clínica muito relevante para o presente
trabalho, visto ser uma forma heurística de definir a rigidez mental. Aliás, a
rigidez/inflexibilidade, é um dos critérios de diagnóstico de psicopatologia do DSM – 5.
Dinis e colaboradores (2015) evidenciaram uma associação positiva entre a FC com
memórias de vergonha na depressão, onde níveis elevados de FC acarretaram maior
quantidade de memórias de vergonha. Por outro lado, níveis elevados de FC estão
associados a maior perda e desvalorização da imagem física em perturbações alimentares
(Ferreira, Palmeira & Trindade, 2014). Finalmente, a FC aparenta ter um papel mediador
na ansiedade social e na sintomatologia depressiva, sendo que quanto maior for nível de
FC, maior é a severidade da ansiedade e depressão (Gilanders et al., 2014).
Neste momento, é possível enquadrar a FC na conceptualização desenvolvida
previamente. Os EPM são estruturas mentais com conteúdos específicos com diversos
componentes estruturais, sendo os EI conceptualizados como a componente interpessoal.
Os CID são processos intersubjetivos relacionais derivados dos EI que ocorrem entre os
indivíduos. E, finalmente, a FC diz respeito à forma da relação entre o self e os seus
produtos (pensamentos, emoções, desejos). Então, a presente investigação procura
relacionar e integrar nos EPM (estruturas mentais mal-adaptativas com conteúdos
específicos), com os EI como a sua componente interpessoal. Dessa componente, derivam
os CID (processos intersubjetivos relacionais decorrentes dos EI), configurados pelo grau
de FC (forma rígida de relação mental entre o self e os seus conteúdos).
7
Necessidades Psicológicas, bem-estar, distress psicológico e sintomatologia
Para Vasco (2013), o conceito de necessidade prende-se com “um estado de
desequilíbrio organísmico provocado por carência ou por excesso de determinados
nutrientes psicológicos, sinalizados emocionalmente, e tendente a promover ações
internas e/ou externas que conduzem ao restabelecimento do equilíbrio” (pp. 2). Neste
sentido, as necessidades psicológicas estão intimamente relacionadas com a teoria da
adaptação do modelo da complementaridade paradigmática. Assim, a adaptação, bem-
estar, distress psicológico, bem como a sintomatologia dependem da capacidade de
calibração dos diversos sistemas (cognitivos, emocionais e motivacionais), interligados
subjacentemente à capacitação da regulação da satisfação das necessidades psicológicas
(Vasco, 2001; 2005; 2013; Vasco & Conceição, 2005).
Vasco e colaboradores (2005; 2013) organizam as necessidades psicológicas em
sete polaridades dialéticas. Segundo Vasco (2013), a “pedra-de-toque” da saúde mental e
do bem-estar é a regulação da satisfação das necessidades psicológicas, sendo o sistema
emocional o sinalizador do grau de regulação das necessidades. Assim, o bem-estar
psicológico subjaz a um jogo de equilíbrio e satisfação dessas mesmas sete polaridades
tendo em mente que, a sua satisfação nunca é permanente e continuadamente possível
(Vasco, 2013; Vasco & Conceição, 2005).
Em termos de investigações prévias, foram encontradas relações significativas
positivas entre a regulação da satisfação das necessidades psicológicas e o bem-estar. Por
outro lado encontraram-se e relações negativas significativas entre o distress psicológico
e a sintomatologia. Concluiu-se que os indivíduos sem sintomas com relevância clínica
são mais capazes de regular a satisfação da regulação das suas necessidades do que
indivíduos com sintomas com relevância clínica (Conde et al., 2012; Vasco, 2005, 2013).
8
Modelo da Complementaridade Paradigmática
De maneira a articular e organizar de forma sistemática, coerente e integrada as
diversas variáveis em estudo, utilizou-se o modelo da complementaridade paradigmática
(MCP). O MCP é um metamodelo integrativo que procura estabelecer e definir uma visão
ampla, compreensiva e diferenciadora dos fenómenos clínicos em psicoterapia,
afirmando-se como uma ferramenta privilegiada para tal efeito (Vasco, 2001; 2005). A
sua articulação teórica permite o enquadramento relacional e funcional a diversos níveis
de abstração, sem perder o fio condutor das suas relações, significados e sentidos. Com
efeito, o MCP define e integra três teorias distintas mas complementares: (1) teoria da
adaptação, (2) teoria da perturbação e (3) teoria da intervenção (não abordada).
A teoria da adaptação salienta a importância das necessidades psicológicas no
bem-estar, bem como na ausência distress psicológico e de sintomatologia, elegendo o
sistema emocional como sinalizador da sua regulação (Vasco, 2013; Vasco & Conceição,
2005). Em linha de conta com o mencionado anteriormente relativamente aos EPM, EI e
CID, a teoria da perturbação enfatiza os presentes construtos como elementos
organizadores de diversos conteúdos potencialmente disfuncionais (Vasco, 2013; Vasco
& Conceição, 2005).
Problemática
De acordo com a presente conceptualização teórica, os EPM e EI (conteúdos
estruturais nocivos do self), os CID (processos intersubjetivos relacionais) e a FC (forma
de relação rígida e inflexível entre o self e os seus conteúdos), surgem como alvo de
investigação enquadrados no MCP. Portanto prende-se perceber os contributos relativos
das presentes variáveis na regulação da satisfação das necessidades psicológicas, no
bem-estar, distress psicológico e sintomatologia. De salientar que o conceito de EPM
9
como o de FC são oriundos do modelo psicoterapêutico cognitivo-comportamental, mas
conceito de CID é originário do modelo psicodinâmico. Portanto, numa lógica integrativa,
importa compreender se cada um destes conceitos acrescenta valor explicativo ao outro.
Enquadradas na presente problemática, para as duas amostras em estudo (não-
clínica e clínica), surgem as seguintes questões: os EPM, a FC e os CID estão fortemente
associados entre si e entre a regulação da satisfação das necessidades psicológicas, o bem-
estar, distress psicológico e a sintomatologia (hipótese 1); os EPM e a FC isoladamente
predizem a regulação da satisfação das necessidades psicológicas (hipótese 2); a
regulação da satisfação das necessidades psicológicas prediz o bem-estar, distress
psicológico e a sintomatologia (hipótese 3); em interação, os EPM, os CID e a FC
predizem a regulação da satisfação das necessidades psicológicas (hipótese 4); em
interação, os EPM, os CID, a FC e a regulação da satisfação das necessidades
psicológicas, predizem o bem-estar, distress psicológico e a sintomatologia (hipótese 5);
existem diferenças significativas na interação entre os EPM, FC, CID, regulação da
satisfação das necessidades psicológicas com o bem-estar, distress psicológico e
sintomatologia, nas duas amostras em estudo (hipótese 6).
Método
Caracterização da amostra
Participaram 282 participantes, distribuídos por duas amostras distintas, a amostra
não-clínica e a amostra clínica. A amostra não-clínica foi recolhida online através da
plataforma Qualtrics. A amostra clínica foi recolhida no Centro Hospitalar Lisboa
Ocidental e na Clínica Psiquiátrica de São José. Os critérios de inclusão foram ter mais
de 18 anos e ter como língua materna o português. O design do presente estudo é de 3 X
4 com três variáveis independentes (VI) – esquemas, ciclos e fusão cognitiva, quatro
10
variáveis dependentes (VD) – necessidades psicológicas, bem-estar, distress psicológico
e sintomatologia, com um tratamento intra e inter-grupos. A VD necessidades
psicológicas, será recategorizada como VI de acordo com as respetivas hipóteses.
A amostra não-clínica constituiu-se com 224 participantes, sendo 48 do sexo
masculino (21.4%) e 176 do sexo feminino (78.6%). A idade dos homens variava entre
20 e 67 anos (M = 32,35 DP = 1.771) e idade das mulheres variava entre os 18 e os 62
anos (M = 30.47; DP = 0.858). A amostra clínica foi constituída por 58 participantes, 13
do sexo masculino (22.4%) e 45 do sexo feminino (77.6%). A idade dos homens variava
entre 20 e 67 anos (M = 27,35 DP = 2.016) e idade das mulheres varia entre os 18 e os 77
anos (M = 29.07; DP = 1.735). Para detalhes sobre as descrições das amostras, consultar
anexos B e C. Finalmente, o tratamento de dados foi realizado com o SPSS versão 23.
Instrumentos
Questionário de Esquemas de Young (QEY – S3)
Os esquemas precoces mal-adaptativos (EPM) foram avaliados através do QEY
– S3 (traduzido e adaptado por Gouveia, Rijo e Salvador, 2005, revista), versão
portuguesa adaptada do Young Schema Questionnaire-S3 (Young, 2005, citado por Rijo,
2009). O QEY – S3 é um questionário de auto - relato constituído por 90 itens, que
procura avaliar em que medida o indivíduo possui cada EPM. Este instrumento apresenta
dezoito subescalas referentes aos dezoito EPM (cinco itens por subescala), que por sua
vez agrupam-se em cinco domínios esquemáticos. O formato de resposta é de escala de
tipo Likert de 6 valores (1 – 6). O alfa de Cronbach global do presente estudo para a
amostra não-clínica (N = 224) é de .978, e para a mostra clínica (N = 58) é de .967. Para
detalhes da consistência interna, consultar anexo D.
11
Questionário de Padrões Relacionais Interpessoais (QPRI)
Os ciclos interpessoais disfuncionais (CID) foram avaliados a partir do QPRI
(Martins, Vasco, Lind, e Benjamin, no prelo), versão portuguesa do Relationship Patterns
Questionnaire (Kurth e Pokorny, 1999), baseado no modelo SASB e na estrutura
empiricamente derivada do método CCRT. O QPRI é composto por 72 itens cotados numa
escala de Likert de 5 pontos (1 = concordo fortemente a 5 = discordo fortemente),
divididos por três dimensões: (1) Respostas dos Outros ao comportamento do sujeito (32
itens, RO – RS); (2) Respostas do Sujeito ao comportamento dos outros (32 itens, RS –
RO); e (3) forma como o sujeito se trata a ele próprio na interação com os outros
significativos (8 itens de introjeção). Para detalhes dos alfas de Cronbach ver anexo E.
Questionário de Fusão Cognitiva (QFC)
O QFC (Gillanders et al., 2013, traduzido e adaptado por Gouveia, Dinis, Gregório
& Pinto, 2013) é composto por 7 itens que avaliam a fusão cognitiva (FC). Cada item é
cotado numa escala de Likert de 7 pontos (1 = nunca verdadeiro a 7 = sempre verdadeiro).
As pontuações mais elevadas são sugestivas de maior presença de FC. A consistência
interna da escala na verão portuguesa (3 amostras), variou entre α = .89 e . α = .94. O
alfa de Cronbach no presente estudo para a amostra não-clínica (n = 224) é de .942, e
para a amostra clínica (n = 58) é de .892.
Escala de Regulação da Satisfação de Necessidades (ERSN – 43)
A regulação da satisfação de necessidades psicológicas foi avaliada pela ERSN -
43 (Vasco e Rucha, 2011). O ERSN – 43 é um instrumento de auto - relato, desenvolvido
a partir da revisão de literatura sobre as necessidades psicológicas alicerçadas no MCP,
sendo as mesmas conceptualizadas em sete polaridades dialéticas (Vasco, 2012). Com
12
efeito, este instrumento possui 14 subescalas referentes a cada polo das necessidades. O
formato de resposta é do tipo Likert de 1 a 8 pontos. Nas duas amostras a consistência
interna foi aceitável (não-clínica, n = 224, α = .948; clínica, n = 58, α = .997).
Inventário de Saúde Mental (ISM)
A saúde mental foi avaliada pelo Inventário de Saúde Mental (ISM, Duarte-Silva
& Novo, 2002, versão portuguesa do Mental Health Inventory – MHI, Ware, Johnston,
Davies-Avery, & Brook, 1979). O ISM é uma medida de bem-estar e distress psicológicos
geral. Este instrumento é um questionário de auto - relato com 38 itens, de resposta numa
escala de tipo Likert de 5 ou 6 valores. O ISM possui duas subescalas em que se subdivide
a saúde mental: uma avalia o distress psicológico (24 itens), a outra avalia o bem-estar
psicológico (14 itens). O alfa de Cronbach apresentado por Ribeiro (2001) foi de .96,
sendo nas subescalas de distress psicológico de .94, e no bem-estar psicológico de .92.
No presente estudo o alfa de Cronbach para a amostra não-clínica (n = 224) foi de .962
(sendo α = .938 para o distress psicológico e α = 0 .933 para o bem-estar.) Para a amostra
clínica (n = 58), o alfa de Cronbach é de .939 (sendo α = .911 para o distress psicológico
e α = 0 .938 para o bem-estar).
Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI)
Para avaliar a sintomatologia, utilizou-se o BSI (Canavarro, 1995, versão
portuguesa do Brief Symptom Inventory – BSI, Derogatis, 1993). O BSI é um inventário
de auto - relato, composto por 53 itens, de resposta numa escala de tipo Likert de cinco
pontos (0 = nunca a 4 = muitíssimas vezes), com objetivo avaliar os sintomas
psicopatológicos. Esta escala apresenta uma elevada consistência interna (α=.90) no seu
estudo original. Na presente investigação a consistência interna foi considerada aceitável
para as duas amostras (não-clínica, n = 224, α = .974; clínica, n = 58, α = .972).
13
Resultados
O quadro 1 apresenta as médias, desvios-padrão e a amplitude (min – max), dos
esquemas (EPM) - QEY – S3, fusão cognitiva (FC) - QFC, ciclos interpessoais
disfuncionais (CID) - QPRI, regulação da satisfação das necessidades psicológicas
(ERSN – 43), bem-estar, distress psicológico e sintomatologia (BSI), para as duas
amostras.
Dp = desvio-padrão; Min - Máx = valores mininos e máximos nas variáveis;* = Resumo das médias das
subescalas mais significativas QPRI.
Correlações
Através das correlações lineares de pearson, procurou-se identificar o grau de
associação entre os esquemas (QYE – S3), fusão cognitiva (QFC), ciclos interpessoais
(QPRI), necessidades psicológicas (ERSN – 43), bem-estar, distress psicológico e
QUADRO 1. Médias aproximadas, desvios-padrão e amplitude: QEY – S3, QFC, QPRI, ERSN – 43,
Bem-estar e Distress Psicológicos e BSI, para as duas amostras não-clínica (n = 224) e clínica n = 58).
Amostra não-clínica
(n = 224)
Amostra clínica
(n = 58)
Variáveis Média Dp Min -
Máx Média Dp Min - Máx
QEY – S3 12.11 4.41 5 – 25.5 14.11 4.17 5.8 – 22.8
QFC 3.14 1,16 1 – 7 4.87 1.33 1.9 – 6.7
Introjeção/autopunição* 6.12 2.7 3 - 15 7.00 3.17 3 – 15
Autocuidado/Integridade* 19.25 3.7 9 - 25 17.41 18 7 – 25
ERSN-43 5.91 .86 3 - 7 5.28 5 3 – 8
Bem-Estar Psicológico 54.01 17.06 8.6 - 90 38.79 16.68 2.9 – 75
Distress Psicológico 62.99 13.47 20 – 89.9 66.1 15.28 22.9 – 89
BSI .79 .65 0 - 2.9 1.43 85 0 – 3.7
14
sintomatologia (BSI) – hipótese 1.
Na amostra não-clinica (n = 224), encontrou-se uma correlação positiva forte (r
= .688, p <.01), entre os valores globais do QEY – S3 com o QFC. Na amostra clínica (n
= 58), encontrou-se também uma correlação positiva forte (r = .500, p <.01).
Para a amostra não-clinica (n = 224) foram efetuadas correlações entre o valor
global do QEY – S3 com as dimensões do QPRI, tendo-se encontrado apenas uma
correlação positiva forte com a dimensão introjeção/autopunição (r = .697 p <.01). Para
a amostra clínica (n = 58), encontrou-se também uma correlação positiva forte com a
dimensão introjeção/autopunição (r = .627 p <.01) – consultar anexo E.
Correlacionou-se, os valores globais do QEY - S3, e do QFC com os valores
globais do ERSN – 43, bem-estar, distress psicológico e BSI para as duas amostras.
Encontrou-se uma correlação negativa forte (r = -.693, p <.01) entre o QEY – S3 e a
ERSN – 43 na amostra não-clínica (n = 224), e na amostra clínica (n = 58), encontrou-se
também uma correlação negativa forte (r = -.747, p <.01) entre as mesmas variáveis (para
detalhe, ver quadro 2).
QUADRO 2. Correlações entre valores globais dos esquemas (QEY – S3), fusão cognitiva (QFC),
necessidades psicológicas (ERSN – 43), bem-estar, distress psicológico e sintomatologia (BSI), na amostra
não - clínica (n = 224) e clínica (n = 58).
Amostra Não-Clínica
(n = 224)
Amostra Clínica
(n = 58)
Variáveis ERSN -
43 QFC
QEY –
S3
ERSN -
43 QFC
QYE –
S3
ERSN - 43 - - .671** -.695** - -.289** -.747**
Bem-estar psicológico .715** -.624** - .607** .672** -.336** -.614**
Distress psicológico .704** -.693** -.645** .483** -.546** -.512**
BSI -.703** .711** .807** -.501** .572** .620**
** p-value < 0.01
15
Regressões Lineares Simples
Através das regressões lineares simples, pretendeu-se perceber em que medida os
esquemas (QEY – S3), e a fusão cognitiva (QFC) predizem a variância na regulação da
satisfação das necessidades psicológicas (ERNS- 43). Seguidamente, pretendeu-se
perceber qual o grau de predição da variância das necessidades psicológicas (ERNS- 43)
no bem-estar, distress psicológico e sintomatologia (BSI) – hipóteses 2 e 3.
Primeiro procurou-se perceber se o valor global dos EPM (QEY – S3) prediz a
regulação da satisfação das necessidades psicológicas (ERSN – 43) nas duas amostras.
Então, na amostra não-clinica (n = 224), encontrou-se, que o valor global do QEY – S3
explica 48% da variância na ERSN – 43 (R2 = .482, F = 206.934, p < .000) . Na amostra
clínica (n = 58), encontrou-se que o valor global do QEY – S3 prediz 55.1% da variância
na ERSN – 43 (R2 = .558 F = 70.819, p < .000).
Seguidamente, procurou-se perceber se a FC (QFC) prediz a regulação da
satisfação das necessidades psicológicas (ERSN – 43) nas duas amostras. Assim, na
amostra não-clínica (n = 224), encontrou-se, que o QFC explica 44.8% da variância da
ERSN – 43 (R2 = .450, F = 181.933, p < .000). Na amostra clínica (n = 58), o QFC não
prediz significativamente a ERSN – 43 (R2 = .083, F = 5.093, p < .000).
Finalmente, procurou-se perceber se a regulação da satisfação de regulação das
necessidades (ERSN – 43) prediz o bem-estar, distress psicológico e a sintomatologia
(BSI) nas duas amostras. Assim, na amostra não-clínica (n = 224), encontrou-se a ERSN
- 43) prediz 50% do bem-estar (R2 = .511, F = 231.852, p < .000), 49.3% do distress
psicológico (R2 = .493, F = 217.204, p < .000) e 49.2% da sintomatologia - BSI (R2 =
.495, F = 217.268, p < .000).
16
Com o mesmo objetivo, na amostra clínica (n = 58), encontrou-se que a regulação
da satisfação das necessidades psicológicas (ERSN – 43), prediz 44.2 % do bem-estar
(R2 = .452, F = 46.162, p = .000), 22% do distress psicológico (R2 = .234, F = 17.070, p
= .000) e 23.7% da sintomatologia - BSI (R2 = .251, F = 18.727, p < .000).
Regressões Lineares Múltiplas – Stepwise
Utilizou-se as regressões lineares múltiplas stepwise, para perceber se os
esquemas (QYE – S3), a fusão cognitiva (QFC) ciclos interpessoais disfuncionais (QPRI)
em interação, acrescentam valor aditivo explicativo (peso diferencial) na predição da
variância da regulação da satisfação das necessidades psicológicas (ERNS- 43), bem-
estar, distress psicológico e sintomatologia (BSI) – hipótese 4. Seguidamente, com o
mesmo objetivo, colocou-se a variável ERNS- 43 como preditor de modo a perceber o
seu contributo na explicação do bem-estar, distress psicológico e sintomatologia (BSI) –
hipótese 5.
Então, para a amostra não-clínica (n = 224), encontrou-se um modelo integrativo
com sete preditores que explicam 66.1% da variância na ERSN – 43. As variáveis com
maior peso explicativo encontradas foram a QFC com 44.8% e o domínio de EPM
distanciamento e rejeição (QEY – S3) em adição, com 57.1% (R2 = .672, F = 63.096, p
< .000) - ver anexo, F.
Para a amostra clínica (n = 58), encontrou-se um modelo integrativo com quatro
preditores que explicam 70.6% da variância do ERSN – 43, sendo o domínio de EPM
distanciamento e rejeição (QYE – S3) a variável com maior peso explicativo na ERSN -
43 (R2 = .728, F = 35.171, p = .000) – ver quadro 3. O domínio de EPM distanciamento
e rejeição surge como fator comum na predição da variância da ERSN – 43 nas duas
amostras.
17
Quadro 3. Sumário do melhor modelo da análise de regressão linear múltipla setpwise para a amostra
clínica (n = 58), em relação à variável dependente (ERSN – 43).
Preditores R2 t Sig.
Distanciamento e rejeição 58.8 -.482 -5.110 .000
Autocuidado/integridade* 66 .260 2.829 .007
Introjeção/autopunição* 68.3 -.235 -2437 .018
Resposta ao objeto (RO – RS) - formação reativa 70.6 .163 2.269 .027
Nota: R2 = 70.6, F = 35.171, p < .000 * = Domínios do Questionário de padrões relacionais interpessoais
(QPRI);
Nas seguintes regressões lineares múltiplas setpwise, a VD necessidades
psicológicas (ERSN – 43), foi recategorizada como VI. Deste modo procurou-se
perceber, qual o peso relativo da regulação da satisfação das necessidades psicológicas
(ERSN – 43), em interação com as outras VI - esquemas (QEY – S3), fusão cognitiva
(QFC) e ciclos interpessoais disfuncionais (QPRI), na predição da variância no bem-estar,
distress psicológico e sintomatologia (BSI).
Então, colocando o ERSN – 43 como preditor, para o bem-estar, encontrou-se um
modelo integrativo com cinco preditores para a amostra não-clínica (n = 224), que prediz
57% da variância, sendo o domínio de EPM distanciamento e rejeição (41.6%), o preditor
com maior peso explicativo na variância do bem-estar (R2 = .580, F = 60.132, p < .000) -
ver anexo, G.
Na amostra clínica (n = 58), encontrou-se também um modelo integrativo com
cinco preditores que explicam 58.3% a variância da subescala bem-estar (R2 = .521, F =
19.610, p < .000) , sendo o domínio de EPM sobrevigilância e inibição (36.4%) o
preditor com maior peso explicativo no modelo - ver anexo H (R2 = .580, F = 60.132, p <
.000).
18
Na mostra não-clínica (n = 224), encontrou-se um modelo com cinco preditores
que de explicam 59.4% da variância do distress psicológico (R2 = 600, F = 66.177, p <
.000) – ver anexo I. Na amostra clínica (n = 58), encontrou-se um modelo com cinco
preditores, com 59.9% de explicação, onde o domínio dos outros do QEY – S3 representa
38.3% da variância do distress psicológico (ver anexo J).
Para a sintomatologia (BSI) encontrou-se um modelo que explica 73.2% da
variância na amostra não-clínica (n = 224) - ver quadro 4. Na amostra clínica (n = 58),
foi encontrado para o BSI um modelo com três preditores, nomeadamente: domínio de
EPM autonomia e desempenho deteriorados (QEY – S3) 35.1%, domínio de EPM
domínio dos outros (QEY – S3) 40.1% e com a fusão cognitiva (QFC), o modelo prediz
49.5% da variância (R2 = .521, F =19.610, p < .000).
Quadro 4. Sumário do melhor modelo da análise de regressão linear múltipla setpwise para a amostra
clínica (n = 224), em relação à variável dependente sintomatologia (BSI).
Preditores R2 t Sig.
Distanciamento e rejeição 64.6 .307 4.440 .000
Autonomia e desempenho deteriorados 69.1 .313 4.888 .000
QFC 72.3 .235 4.626 .000
ERSN – 43 73.2 -.110 -2.014 .045
Nota: R2 = 73.2, F =19.610, p < .000; QFC = Questionário de fusão cognitiva; ERSN – 43 = Escala de
regulação da satisfação das necessidades psicológicas.
As próximas três análises estatísticas (teste – t, regressão logística e mancova),
enquadram-se na hipótese 6 – explorar as diferenças significativas nas VI com as VD, de
modo a perceber as diferenças entre as duas amostras (não-clínica e clínica).
Teste t – Comparação de valores médios para grupos independentes
Com o intuito de perceber se existiam diferenças significativas nas médias das VI
nas duas amostras (não-clinica, n = 224 e clínica, n = 58) procedeu-se inicialmente a um
19
teste t – para amostras independentes. De notar que as subescalas do QPRI não foram
analisadas neste contexto, por se enquadrarem em outra investigação.
Então, foram comparadas as médias entre as duas amostras (não-clinica, n = 224
e clínica, n = 58) nas VI´s (QEY – S3, QFC e ERSN – 43), sendo encontradas diferenças
estatisticamente significativas nas três variáveis, nomeadamente: QEY – S3 (t = 3.295, p
<.000), QFC (t = 6.520, p <.000), e ERSN – 43 (t = -4.608, p <.000) – ver figura 1.
A figura 1. Apresenta os valores médios entre os dois grupos (não-clinico e clínico), nos esquemas precoces
mal-adaptativos (QEY – S3), fusão cognitiva (QFC) e regulação da satisfação das necessidades psicológicas
(ERSN – 43).
Figura 1. Valores médios dos EPM (QEY – 3), da fusão cognitiva (QFC) e da regulação da satisfação de
necessidades psicológicas (ERSN Global), na amostra não-clínica e amostra clínica.
Regressão logística
Seguidamente, utilizou-se a regressão logística de modo a perceber o efeito
diferencial das VI´s - esquemas (QYE – S3), fusão cognitiva (QFC), ciclos interpessoais
disfuncionais (subescalas do QPRI) e necessidades psicológicas (ERSN – 43), nas
diferenças entre a amostra clínica e não-clínica. Encontrou-se que o QFC ( ̂ = -.233, p
<.05), a ERSN – 43 ( ̂ = -.057, p <.05) e o domínio do QPRI resposta ao objeto (RO –
12,1
3,4
5,9
14,1
4,8 5,2
0,000
2,000
4,000
6,000
8,000
10,000
12,000
14,000
16,000
QEY - S3 QFC ERSN - 43
Val
ore
s m
éd
ios
Variáveis em estudo
Não-clínica
Clínica
20
RS) – formação reativa ( ̂ = .034, p <.05) em interação, são as variáveis que melhor
explicam as diferenças nas duas amostras (não-clinica, n = 224 e clínica, n = 58).
Mancova
Finalmente, através da mancova procurou-se perceber qual o melhor conjunto de
VI´s, - esquemas (QYE – S3), fusão cognitiva (QFC), ciclos interpessoais disfuncionais
(subescalas do QPRI) e necessidades psicológicas (ERSN – 43), em interação, que melhor
explica a covariância das VD´s (bem-estar, distress psicológico e sintomatologia) nas
duas amostras (não-clinica, n = 224 e clínica, n = 58).
Assim, encontrou-se um modelo interativo ótimo onde a ERSN – 43, o QEY –
S3), o QFC e os CID -introjeção/autopunição e resposta do objeto (RO) – formação
reativa (QPRI), explica a covariância para o distress psicológico (F = 12,637, p <. 000)
e para a sintomatologia (F = 32,192, p <. 000), nas duas amostras. Então é possível
perceber que a interação entre os EPM, a FC, os CID, e as necessidades psicológicas, é
responsável pela covariância do distress psicológico e da sintomatologia nas duas
amostras (não-clinica, n = 224 e clínica, n = 58).
Discussão
De acordo com o esperado, os esquemas precoces mal-adaptativos (EPM), a fusão
cognitiva (FC) e os ciclos interpessoais disfuncionais (CID) estão fortemente associados
nas duas amostras (não-clínica e clinica), ainda que na amostra clínica, as associações
(correlações), diminuam ligeiramente (confirmação da hipótese 1). De salientar, que o
domínio de EPM distanciamento e rejeição, bem como os domínios
introjeção/autopunição, autocuidado/integridade e resposta ao objeto (RO) – formação
reativa dos CID foram os mais frequentes nas presentes associações em ambas as
amostras.
21
Young, Klosko e Weishaar (2003), descrevem o domínio de EPM distanciamento
e rejeição como o mais severo, generalizado e inflexível. A introjeção/autopunição pode
ser vista como a forma que o individuo se “trata” a ele próprio nas relações com os outros
e o domínio de autocuidado/integridade, pode ser visto como a sua antítese (Körner et
al., 2004). A formação reativa diz respeito ao mecanismo de defesa, utilizado para lidar
com conflitos emocionais, neste contexto na expectativa de comportamentos
ameaçadores da parte do outro (Körner et al., 2004).
Possivelmente, independentemente da presença ou ausência de diagnóstico
psiquiátrico, na presença de EPM e de elevados níveis de FC, os indivíduos tendem a
perseverar em relações tóxicas, angustiantes e frustrantes fazendo atribuições de
significados negativas ao próprio resultantes das experiências interpessoais disfuncionais.
Portanto, os conteúdos esquemáticos, a inflexibilidade psicológica e os ciclos
interpessoais disfuncionais, emergem no presente estudo como uma tríade significativa.
Confirmou-se a hipótese 2. Os EPM estão associados de forma negativa forte e
predizem as dificuldades de regulação da satisfação das necessidades psicológicas, nas
duas amostras, sendo estas relações mais fortes na amostra clínica. Isto poderá significar
que na população clínica, os EPM são de facto mais determinantes nas dificuldades de
regulação da satisfação das necessidades psicológicas. Encontrou-se também uma
associação negativa forte entre os EPM e o bem-estar, bem como relações positivas fortes
com o distress psicológico e a sintomatologia. Os dados sugerem que a presença de EPM,
está fortemente associada a menor bem-estar, e por outro lado, a um maior distress
psicológico e maior severidade sintomática. Estes resultados estão de acordo com
investigações anteriores, nomeadamente na amostra não-clínica (Fonseca, 2012).
Na amostra não-clínica a FC está associada de forma negativa forte e prediz as
dificuldades de regulação da satisfação das necessidades psicológicas. No entanto, na
22
amostra clínica, apenas se verificou uma associação negativa fraca entre as presentes
variáveis. Encontrou-se também para a amostra não-clinica, associações negativas fortes
entre a FC o bem-estar, distress psicológico e uma associação positiva forte com a
sintomatologia. Na amostra clínica, as mesmas associações mantiveram-se. No entanto,
o seu nível de associação diminuiu. De facto, estes resultados podem levantar algumas
questões em termos de relações entre variáveis psicológicas na amostra não-clínica e na
amostra clínica, nomeadamente em termos das perspetivas dimensional/categorial, ou
mesmo pelo efeito da psicoterapia. Estas questões serão abordadas na conclusão.
A regulação da satisfação das necessidades psicológicas está positivamente
associada ao bem-estar e negativamente associada ao distress psicológico e à
sintomatologia nas duas amostras, sendo que na amostra clínica os níveis de associação
diminuíram (confirmação da hipótese 3). Em termos de predição os resultados foram no
mesmo sentido, ou seja, na amostra não-clínica, a regulação da satisfação das
necessidades psicológicas, prediz significativamente o bem-estar, o distress psicológico
e a sintomatologia, sendo que na amostra clínica, os níveis de predição foram menores.
Possivelmente, estes resultados podem ser explicados pelo referido anteriormente, em
termos das perspetivas dimensional/categorial e do acompanhamento psicoterapêutico,
reduzindo desta forma a força das relações entre as variáveis em questão. Os resultados
da amostra não-clínica estão de acordo com investigações anteriores (Conde et al., 2012).
Alcançou-se o objetivo de perceber qual o melhor conjunto de variáveis (EPM,
CID e FC), que melhor explicam as dificuldades de regulação da satisfação das
necessidades psicológicas nas duas amostras (confirmação da hipótese 4). Na amostra
não-clínica, encontrou-se um modelo integrativo com sete variáveis, nomeadamente em
sequência aditiva: FC, domínio EPM de distanciamento e rejeição, CID de
introjeção/autopunição, CID de resposta ao objeto (RO – RS) - formação reativa, EPM
23
de fracasso, EPM de grandiosidade e finalmente, EPM de auto-controlo insuficientes.
Na amostra clínica encontrou-se um modelo integrativo com cinco preditores,
nomeadamente em sequência aditiva: domínio EPM de distanciamento e rejeição, CID
de autocuidado/integridade, CID de introjeção/autopunição e com CID de resposta ao
objeto (RO – RS) - formação reativa.
Estes resultados sugerem que as dificuldades de regulação da satisfação das
necessidades psicológicas são melhor explicadas pela interação complexa entre diversos
fatores em detrimento de fatores isolados (e.g., rigidez mental, associada a experiências
traumáticas de abandono, defeito ou fracasso (EPM), bem como as expectativas
relacionais negativas). Sendo que na amostra clínica, foram necessários menos variáveis
para predizerem maior variância das dificuldades de regulação da satisfação das
necessidades psicológicas.
A hipótese 5 foi também confirmada pois encontrou-se dois conjuntos de
preditores diferentes em função das duas amostras para a explicação da variância do bem-
estar. Na amostra não-clínica, encontrou-se os seguintes preditores: domínio de EPM
distanciamento e rejeição, FC, CID de resposta ao objeto (RO - RS) - formação reativa,
CID de introjeção/autopunição e regulação da satisfação das necessidades psicológicas.
Na amostra clínica, de relevante manteve-se a introjeção/autopunição, como o fator
comum no modelo, sendo os outros preditores os seguintes: domínio de EPM de
sobrevigilância e inibição, CID de autocuidado/integridade, EPM self-subdesenvolvido
e finalmente, com o EPM de autossacrifício. Assim, a introjeção/autopunição emerge
como o “fator comum” na predição da variância no bem-estar em ambas as amostras.
Estes resultados sugerem que a forma como os indivíduos atribuem significado e geram
tendências de ação referentes às suas relações como os outros, têm um impacto
significativo no seu bem-estar.
24
Para o objetivo de perceber se as dificuldades de regulação da satisfação das
necessidades psicológicas, os EPM os CID e a FC predizem o distress psicológico
encontrou-se um modelo integrativo com cinco variáveis, na população não-clínica: FC,
valor global de EPM, CID de resposta ao objeto (RO - RS) – formação reativa, CID de
introjeção/autopunição e finalmente as necessidades psicológicas. Na população clínica
encontrou-se um modelo integrativo também com cinco variáveis, salientando-se o
domínio de EPM de domínio dos outros, CID resposta ao objeto (RO – RS) - formação
reativa, FC, EPM de punição e finalmente, as necessidades psicológicas. Neste caso, a
FC surge como preditor fundamental na presente equação, bem com o CID resposta ao
objeto (RO – RS) - formação reativa e as necessidades psicológicas. Assim, estes três
“fatores comuns” em interação emergem como variáveis determinantes na explicação
distress psicológico em ambas as amostras.
Na amostra não-clínica, encontrou-se um modelo integrativo com quatro
variáveis, que de forma aditiva aumentam o nível de explicação para a sintomatologia,
nomeadamente: domínio de EPM de distanciamento e rejeição, domínio de EPM de
autonomia e desempenho deteriorados, FC e as necessidades psicológicas. Na amostra
clínica, encontrou-se um modelo ótimo com três variáveis na predição da sintomatologia:
domínio de EPM de autonomia e desempenho deteriorados, domínio de EPM de domínio
dos outros e FC. Este modelo de interação mostra que na amostra não-clínica, os EPM ,
a FC e a regulação da satisfação das necessidades psicológicas, são os preditores que
melhor explicam a sintomatologia. No mesmo sentido, na amostra clínica, os EPM e a
FC são determinantes na explicação da sintomatologia.
O objetivo final prendeu-se com a exploração das diferenças entre as duas
amostras (não-clínica e clínica) em termos de variáveis VI´s e VD´s (confirmação da
hipótese 6).
25
Primeiro procurou-se perceber quais as VI´s que melhor diferenciam as duas
amostras isoladamente. Então os EPM, a FC e a regulação da satisfação das necessidades
psicológicas manifestaram diferenças significativas em termos de valores médios nas
duas amostras. Isto significa que estas VI´s isoladas, foram capazes de diferenciar os
sujeitos consoante a amostra.
Segundo, procurou-se perceber quais as VI´s que melhor diferenciam as duas
amostras em interação. Assim, encontrou-se que, a FC, o CID resposta ao objeto (RO –
RS) – formação reativa e as necessidades psicológicas, são as VI´s que melhor
discriminam as duas amostras (não-clínica e clínica). Isto significa que no presente
estudo, a fusão cognitiva, os ciclos interpessoais disfuncionais e a regulação da
satisfação das necessidades psicológicas, são relevantes em termos de variáveis
psicológicas diferenciadoras das duas amostras. Possivelmente, estes resultados podem
contribuir para a conceptualização de caso (abordado na conclusão).
Terceiro pretendeu-se explorar a relação entre o conjunto de VI´s em interação,
que melhor explicam a covariância no bem-estar, no distress psicológico e na
sintomatologia, nas duas amostras. Encontrou-se que a interação entre os EPM, a FC,
CID de introjeção/autopunição, resposta do objeto (RO – RS) – formação reativa e
regulação da satisfação necessidades psicológicas explicam a covariância dos sujeitos
no distress psicológico e na sintomatologia. No bem-estar nas duas amostras, este
conjunto de VI´s não se mostrou significativo para a comparação entre as duas amostras.
Então, é possível afirmar que em ambas as amostras este conjunto de variáveis é
determinante na variância do distress psicológico e na sintomatologia. Provavelmente,
para diferenciar o bem-estar nas duas amostras, poderá ser determinante outro conjunto
de variáveis em interação. Estes resultados são especialmente relevantes para a
conceptualização de caso e para a tomada de decisão clínica (abordado na conclusão).
26
Concluindo, na amostra não-clínica, verificou-se que existem relações
significativas de associação e predição entre os EPM, a FC, os CID e a regulação da
satisfação das necessidades psicológicas. No mesmo sentido, as presentes variáveis em
interação, predizem de forma significativa o bem-estar, distress psicológico e
sintomatologia, sendo no entanto a regulação da satisfação das necessidades
psicológicas uma das variáveis com maiores níveis de associação entre as mesmas.
Na amostra clínica, surgem como mais relevantes as relações entre os EPM e a
regulação da satisfação das necessidades psicológicas, com os efeitos de interação entre
os domínios de resposta ao objeto (RO - RS) - autoasserção/retaliação,
introjeção/autopunição e de autocuidado/integridade (CID), bem como os EPM e FC na
explicação do distress psicológico e na sintomatologia.
Conclusão
Após a realização deste estudo é possível constatar que os objetivos da
investigação foram alcançados. Foram identificadas e diferenciadas as relações de
associação, predição e interação, entre os esquemas precoces mal-adaptativos, os ciclos
interpessoais disfuncionais e a fusão cognitiva, com a regulação da satisfação das
necessidades psicológicas, bem-estar, distress psicológico e sintomatologia numa
amostra não-clinica e clínica. Neste sentido, a possibilidade de ter dois tipos de amostra
foi uma mais-valia para o presente estudo, sendo de especial relevância a amostra clínica.
Portanto, é possível enumerar algumas conclusões.
Em primeiro lugar as variáveis que mais frequentemente surgiram nas análises em
ambas as amostras foram: o domínio de EPM distanciamento e rejeição, a fusão
cognitiva, os domínios de introjeção/autopunição, autocuidado/integridade e resposta ao
objeto (RO) – formação reativa dos CID e finalmente, a regulação da satisfação das
27
necessidades psicológicas. Neste sentido, podemos afirmar que estas variáveis tendem a
ser estruturais quando se conceptualiza as perturbações psicológicas de uma forma geral.
Em segundo lugar, as relações de associação e predição entre os esquemas
precoces mal-adaptativos com a regulação da satisfação das necessidades psicológicas
estão presentes nas duas amostras, sendo que, na amostra clínica estas relações tornam-
se mais fortes. Estes resultados podem sugerir que em indivíduos com perturbações
psicológicas graves, nomeadamente com diagnóstico psiquiátrico, estão presentes
conteúdos esquemáticos disfuncionais (EPM), que dificultam a regulação da satisfação
das necessidades psicológicas.
Em terceiro lugar, a fusão cognitiva é uma variável clínica de relevância para
objetivar a rigidez mental tanto na amostra não-clínica como clínica. No entanto, na
amostra clínica, as relações de associação e predição com os EPM e com as dificuldades
de regulação das necessidades psicológicas diminuíram de intensidade.
De seguida, relativamente aos ciclos interpessoais disfuncionais emergiram com
especial ênfase as expetativas em relação ao comportamento do outro e as suas defesas
associadas (resposta ao objeto (RO – RS) – formação reativa), bem como a forma de
atribuição de significado e as tendências de ação negativas/positivas às experiências
relacionais nas duas amostras (introjeção/autopunição, autocuidado/integridade). Estes
resultados sugerem que os processos psicológicos associados aos CID, são importantes
no bem-estar, distress psicológico e na sintomatologia.
A regulação da satisfação das necessidades psicológicas está associada e prediz
o bem-estar, o distress psicológico e a sintomatologia na amostra não-clínica e na amostra
clínica. Mas, na amostra clínica estas duas relações de associação e predição diminuíram
de intensidade. No entanto, salienta-se a importância da regulação da satisfação das
28
necessidades psicológicas, não só como determinante para o distress psicológico e para
a sintomatologia, mas também na predição e manutenção do bem-estar.
Outro aspeto relevante nesta investigação foram os modelos de interação e
integração de diversas variáveis para a explicação da variância do bem-estar, distress
psicológico e sintomatologia. Estes modelos foram mais robustos relativamente a
variáveis singulares/isoladas, sendo especialmente relevantes na predição do distress
psicológico e na sintomatologia diferenciando claramente as duas amostras. Ou seja, na
explicação do distress psicológico e da sintomatologia, podem estar subjacentes diversas
causalidades entre variáveis estruturais. Por exemplo: um indivíduo com um EPM de
abandono/instabilidade, associado a uma forma de pensamento rígida (FC), tenderá a
envolver-se em ciclos interpessoais disfuncionais onde representará o outro como
ameaçador (formação reativa). Envolto neste funcionamento, o indivíduo poderá
desenvolver dificuldades de regulação da satisfação das suas necessidades psicológicas,
experienciando desta forma menores níveis de bem-estar, e maiores níveis de distress
psicológico e sintomatologia.
Concluindo, estes resultados sugerem que a integração dos construtos derivados
da abordagem cognitivo-comportamental (EPM e FC) da presente conceptualização, com
o construo de CID derivado da abordagem psicodinâmica, torna-se relevante em termos
do aumento de valor explicativo das presentes variáveis umas nas outras em relação às
variáveis regulação da satisfação das necessidades psicológicas, bem-estar, distress
psicológico e sintomatologia. Neste sentido, o uso integrativo de variáveis de diferentes
orientações teóricas, pode ser uma mais-valia na conceptualização de fatores
predisponentes e precipitantes de perturbações psicológicas. Esta é portanto, a perspetiva
do modelo de complementaridade paradigmática (Vasco, 2001; 2005).
29
Posto isto, é possível fazer algumas considerações em termos das diferenças entre
as duas amostras no que diz respeito às relações entre as presentes variáveis em estudo.
Primeiro, podemos olhar para os resultados e observar que as relações entre as
presentes variáveis nas duas amostras, na generalidade dos casos é uma questão de
grau/nível ou quantidade e não de presença/ausência. Neste sentido, ressurge a reflexão
entre a perspetiva dimensional e a perspetiva categorial sobre a saúde mental. O facto de
observarmos que as relações entre as variáveis promotoras de perturbações psicológicas
(EPM, FC, CID e desregulação de necessidades psicológicas) estão presentes nas duas
amostras, sugere que estas manifestações são de carácter dimensional. Ou seja, em ambas
as amostras, as relações estre as variáveis estão presentes em termos de quantidade (e.g.,
correlações mais elevadas entre EPM e necessidades psicológicas na amostra clínica).
Segundo, podemos observar que em determinados casos onde estas relações se
tornam extremamente fortes, parece emergir uma qualidade em detrimento de uma
quantidade, referente à força da relação entre as variáveis responsáveis por perturbações
psicológicas. Por exemplo, o EPM de desconfiança na sua forma leve/moderada pode ser
potencialmente adaptativo, levando os indivíduos com diferentes níveis de desconfiança,
a estarem atentos a possíveis perigos, satisfazendo desta forma a sua necessidade
psicológica de tranquilidade (perspetiva dimensional). Por outro lado, se pensarmos em
termos da perturbação de personalidade paranóide, a rigidez, inflexibilidade e
generalização do EPM de desconfiança em associação com a necessidade psicológica de
tranquilidade, observamos que esta relação por ser tão forte, pode ver vista como uma
qualidade estrutural do indivíduo, ou seja, uma categoria típica da perspetiva categorial.
Portanto, o debate mantém-se pertinente de acordo com os resultados emergentes.
Terceiro, o facto de a maior parte dos participantes da amostra clínica, estar a ter
acompanhamento psicoterapêutico em diferentes fases, pode ajudar a explicar a
30
diminuição da força das relações de associação e predição entre algumas variáveis,
nomeadamente entre a FC e os EPM e entre a FC e as necessidades psicológicas.
Quarto, é esperado que na amostra clínica, existam mais mecanismos de defesa
fazendo com que os indivíduos desta amostra tenham tido uma atitude mais defensiva
face aos itens com conteúdos emocionalmente mais ativadores.
Finalmente, na amostra clínica, cerca de 60% dos diagnósticos psiquiátricos dizem
respeito a perturbações depressivas. E este facto pode ter tido um efeito determinante nas
relações sistemáticas emergentes, nomeadamente: domínio de EPM distanciamento e
rejeição, fusão cognitiva, CID de introjeção/autopunição e de resposta ao objeto (RO –
RS) - formação reativa (Claudio, 2009, Gilanders et al, 2014; Scarvalone, Fox & Safran,
2005). Posto isto, é possível verificar que este conjunto de variáveis configuram um
quadro estrutural prototípico associado a perturbações depressivas, em tudo semelhante
à tríade cognitiva da depressão, onde o indivíduo apresenta uma visão negativa do self,
dos outros/mundo e do futuro (Beck, Freeman & colaboradores, 2004).
Os resultados da presente investigação podem ser relevantes em termos de
conceptualização de caso e tomada de decisão clínica. Primeiro, no esclarecimento e
entendimento das relações entre variáveis predisponentes e precipitantes de perturbação
psicológica, segundo, na tomada de decisão clinica em função dos objetivos terapêuticos.
A presente investigação mostra claramente que as variáveis estruturais da
personalidade (esquemas, rigidez, ciclos interpessoais e necessidades psicológicas) são
determinantes na explicação no distress psicológico e na sintomatologia nas duas
amostras, sendo que na amostra clínica algumas relações surgiram com maior
intensidade. Neste sentido, o foco da intervenção psicológica direcionada às variáveis
estruturais “perturbadas” dos pacientes poderá passar pelas variáveis estudadas na
31
presente investigação, de modo a construir um quadro compreensivo, amplo e integrativo
o suficiente para conceptualizar de forma explícita e útil o paciente e a sua problemática.
Em termos de tomada de decisão clínica, é possível fazer algumas considerações.
O distress psicológico e a sintomatologia foram explicados significativamente pelos
esquemas, rigidez, ciclos e necessidades nas duas amostras. Neste sentido, se o objetivo
da intervenção é prevenir ou diminuir o distress psicológico e a sintomatologia, talvez,
as variáveis estruturais psicológicas do presente estudo, sejam alvos privilegiados de
intervenção. Os resultados deste estudo podem portanto, ser tidos em linha de conta para
aumentar a responsividade perante as caraterísticas e necessidades dos pacientes.
Em termos de relevância da presente investigação, todas as variáveis
independentes (EPM, FC, CID e necessidades), bem como as dependentes (bem-estar,
distress psicológico e sintomatologia), haviam sido estudadas prévia e isoladamente ou
com algum grau de associação (Cláudio, 2009; Conde et al., 2012; Gilanders et al., 2014;
Scarvalone, Fox & Safran, 2005; Vasco, 2013). No entanto, a sua associação,
diferenciação e integração, tanto quanto sabemos não havia sido feita. Ainda assim, estão
descritas na literatura científica como clinicamente relevantes.
Em estudos futuros, seria interessante realizar um estudo longitudinal com as
presentes variáveis de modo a tentar perceber as causalidades sequenciais no surgimento
das suas relações. Interessante seria também aprofundar o nível de explicação das relações
entre as variáveis em estudo, detalhando pormenorizadamente as relações estre esquemas
específicos, ciclos interpessoais, necessidades psicológicas e sintomatologia.
Com o mesmo enquadramento do presente trabalho, seria pertinente aplicar a
presente conceptualização a pacientes a iniciar um acompanhamento psicoterapêutico, e
32
em função do modelo de sete fases de psicoterapia do modelo de complementaridade
paradigmática, avaliar as mudanças relativas aos objetivos estratégicos propostos.
Com especial relevância, seria também utilizar o presente paradigma com
amostras clínicas (subgrupos) com diferentes diagnósticos, nomeadamente com pacientes
com perturbações de personalidade e observar os resultados em termos de configuração
das relações entre as variáveis em estudo.
Quanto às limitações da presente investigação é possível realizar várias
considerações. Em primeiro lugar, o uso de medidas de autorrelato circunscrevem as
repostas à perspetiva que o indivíduo tem de si próprio, podendo a mesma ser enviesada.
Na mesma lógica, usar questionários para avaliar processos limita a sua avaliação, pois o
indivíduo está limitado ao seu grau de consciência perante os mesmos.
Uma condição inerente às populações clínicas é a sua heterogeneidade em termos
de variáveis perturbadas, mecanismos de defesa e sintomatologia o que pode condicionar
a sua generalização. Este facto pode ter sido uma condicionante importante na
explicitação das relações entre as variáveis em estudo.
Uma limitação importante a referenciar foi o facto de os questionários à amostra
não-clínica terem sido aplicados online, não sendo possível assegurar a motivação,
compromisso, veracidade e o contexto de resposta.
Finalmente, espera-se que o presente trabalho se enquadre na continuação da
produção de conhecimento integrado e complementar sobre variáveis promotoras de
perturbação psicológica, constituindo as mesmas como alvos esclarecidos de intervenção
psicoterapêutica. Desta forma, pretende-se contribuir para a redução dos 30 % da
variância não explicada das variáveis psicológicas dos pacientes no resultado da
intervenção em psicologia clínica e psicoterapia.
33
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37
ANEXOS
38
Anexo A
Descrição dos domínios esquemáticos e dos esquemas precoces mal-adaptativos.
Adaptado de Terapia Focada nos Esquemas (Young, Klosko & Weishaar, 2003).
39
Quadro 5. Descrição dos domínios esquemáticos e dos esquemas precoces mal-
adaptativos. Adaptado de Terapia Focada nos Esquemas (Young, Klosko & Weishaar,
2003).
Domínios e esquemas
Distanciamento e Rejeição Expetativas negativas sobre a satisfação
das necessidades de vinculação, como
segurança, afeto validação e afeitação.
Abandono/Instabilidade Instabilidade percebida nas relações com
figuras significativas
Desconfiança/Abuso Expetativa de abusos, humilhações ou
manipulações intencionais da parte dos
outros.
Privação Emocional Expetativa de frustração de suporte e apoio
emocional.
Defeito Convicções e sentimentos de defeito,
inferioridade ou indesejabilidade.
Isolamento Social/Alienação Diferenças percebidas em relação ao
grupo. Não inclusão social.
Autonomia e
Desempenho Deteriorados
Expetativas sobre o self e sobre os outros
que interferem com as capacidades de
autonomia e independência.
Dependência
Incompetência Funcional
Crença de dependência ou incompetência
funcional.
Vulnerabilidade
ao mal e à doença
Medo exagerado sobre problemas de saúde
e emocionais.
Emaranhamento/
Eu Subdesenvolvido
Envolvimento excessivo com agentes
significativos.
Fracasso Crença sobre falhas passadas e falhas
futuras.
Limites Deteriorados Deficiência intena na aquisição de limites,
responsabilidades ou compromissos a
longo termo.
Grandiosidade Crença exagerada de grandiosidade.
40
Auto-Controlo/Autodisciplina
Insuficientes
Dificuldades perversivas no auto-controlo
e tolerância à frustração.
Domínio dos Outros Foco excessivo nos desejos, sentimentos e
necessidades dos outros.
Subjugação Rendição excessiva de necessidades,
emoções e convicções em relação aos
outros.
Autossacrifício Foco voluntário excessivo na satisfação
das necessidades dos outros.
Procura de Aprovação
/Reconhecimento
Ênfase excessivo em ganhar a atenção dos
outros.
Sobrevigilância
e Inibição
Supressão excessiva na espontaneidade,
impulsos e escolhas. Rigidificação de
princípios e regras.
Pessimismo Foco perversivo nos aspetos negativos da
vida.
Inibição Emocional Inibição excessiva na expressão de
emoções e sentimentos
Padrões Excessivos de
Realização/Hipercriticismo
Internalização rígida de regras, princípios.
Crenças de perfecionismo e eficácia.
Punição Convicção rígida na punição dos erros
próprios e alheios.
41
Anexo B
Caracterização da amostra não-clínica e da clínica
42
Quadro 6. Caracterização da amostra clínica e da amostra não-clínica.
Não-Clínica Clínica
N 224 58
Idade
M 30,63 46,59
DP 11,58 13,278
Mínima 18 22
Máxima 67 77
Sexo
Masculino 48 (21,4%) 13 (22,4%)
Feminino 176 (78,6%) 45 (77,6%)
Habilitações Literárias
4º ano - 5 (8,6%)
6º ano - 3 (5,2%)
9º ano - 8 (13,8%)
12º ano 39 (17,4%) 23 (39,7%)
Licenciatura 128 (42,2%) 15 (25,9%)
Mestrado 56 (25,2%) 4 (6,9%)
Acompanhamento terapêutico
Sim 34 (15,2%) 50 (86,2%)
Não 188 (84,8%) 8 (13,8%)
43
Anexo C
Continuação da caracterização detalhada da amostra clínica
44
Quadro 7. Continuação da caracterização da amostra clínica e da amostra não-clínica.
Amostra Clínica
N 58
Diagnóstico
Perturbação Depressiva 17 (29.3%)
Distimia 12 (20.7%)
Episódio Depressivo 6 (10.3%)
Perturbação Bipolar 8 (13.8%)
Perturbação de Ansiedade 5 (8.6%)
Perturbação Obsessivo-Compulsiva 3 (5.2%)
Perturbação da Personalidade
Borderline 4 (6.9%)
Perturbação Delirante 3 (5.2%)
Comorbilidade com Perturbação da Personalidade
Sim 10 (17.2%)
Não 48 (82.8%)
Acompanhamento terapêutico
Sim 50 (86,2%)
Não 8 (13,8%)
Fase do acompanhamento terapêutico
Não aplicável 8 (13.8%)
Fase inicial 11 (19%)
Fase Intermédia 17 (29.3%)
Fase Final 22 (37.9%)
45
Anexo D
Consistência Interna do questionário de esquemas de Young (QEY - S3)
46
Quadro 8. Consistência Interna do questionário de esquemas de Young (QEY - S3)
Domínios e Esquemas α (Daniel
Rijo, 2009)
N=1226
α Amostra
não-clinica
N = 224
α Amostra
clinica
N = 58
Distanciamento e Rejeição .961 .950
Abandono/Instabilidade .843 .908 .834
Desconfiança/Abuso .827 .871 .871
Privação Emocional .896 .897 .956
Defeito .925 .928 .904
Isolamento Social/Alienação .876 .876 .883
Autonomia e Desempenho Deteriorados .923 .889
Dependência/Incompetência Funcional .792 .783 .794
Vulnerabilidade ao mal e à doença .720 .768 .794
Emaranhamento/Eu Subdesenvolvido .738 .783 .718
Fracasso .914 .920 .838
Limites Deteriorados .806 .782
Grandiosidade .665 .684 7.63
Auto-Controlo/Autodisciplina
Insuficientes .799 .787 .738
Domínio dos Outros .861 .817
Subjugação .797 .698 .698
Autossacrifício .750 .790 .787
Procura de Aprovação/Reconhecimento .799 .793 .813
Vigilância Excessiva e Inibição .904 .863
Pessimismo .776 .853 .796
47
Inibição Emocional .879 .870 .803
Padrões Excessivos de
Realização/Hipercriticismo .724 .720 .677
Punição .766 .808 .757
QEY – S3 Global .967 .978 .967
48
Anexo E
Consistência Interna do questionário de padrões relacionais interpessoais (QPRI)
49
Quadro 9 - Consistência Interna Consistência Interna do questionário de padrões
relacionais interpessoais (QPRI)
Variáveis
α (Martins,
2016)
n = 84
α Amostra
não-clinica
n = 224
α Amostra
clinica
n = 58
Resposta do Sujeito (RS) - Dar e
receber positivo
.607 .817 .768
Resposta do Sujeito (RS) -
Autoafirmação/retaliação .708 .726 .598
Resposta do Sujeito (RS) - Formação
reativa .615 .747 .781
Resposta ao Objeto (RO) – Dar e
receber positivo .732 .864 .864
Resposta ao Objeto (RO) –
Autoafirmação/retaliação .679 .838 .892
Resposta do Objeto (RO) – Formação
reativa .646 .710 .810
Introjeção/autopunição .831 .804 .766
Autocuidado/Integridade .708 .792 .744
50
Anexo E
Quadro de correlações significativas entre valor global dos esquemas (QEY – S3) e os
ciclos interpessoais disfuncionais (QPRI), para a amostra não - clínica (n = 224) e
clínica (n = 58).
51
Quadro. 10 Correlações significativas entre valor global dos esquemas (QEY – S3) e os
ciclos interpessoais disfuncionais (QPRI),para a amostra não - clínica (n = 224) e
clínica (n = 58).
Amostra Não-Clínica
(N=224)
Amostra Clínica
(N=58)
Variáveis QEY –S3 QFC QYE–
S3 QFC
Resposta do Sujeito (RS) - Dar e
receber positivo -.232** -.180 -.415** -
Resposta do Sujeito (RS) -
Autoafirmação/retaliação .335** .242** .300** .261**
Resposta do Sujeito (RS) -
Formação reativa .275** .259** .420** .300**
Resposta ao Objeto (RO) – Dar e
receber positivo -.306** -.180** - -
Resposta ao Objeto (RO) –
Autoafirmação/retaliação .364** .349** .374** .261**
Resposta do Objeto (RO) –
Formação reativa .249 - - -
Introjeção/autopunição .697** .537** .627** .420**
Autocuidado/Integridade -.412** -.332** -.543** -
** p-value < 0.01
52
Anexo F
Sumário do melhor modelo da análise de regressão linear múltipla setpwise para a
amostra não - clínica (n = 224), em relação à variável dependente necessidades (ERSN –
43).
53
Quadro 11. Sumário do melhor modelo da análise de regressão linear múltipla setpwise
para a amostra não - clínica (n = 224), em relação à variável dependente necessidades
(ERSN – 43).
Preditores R2 t Sig.
QFC 44.8 -.265 -4.723 .000
Distanciamento e rejeição 57.1 -.330 -4.339 .000
Introjeção/autopunição* 58.8 -.130 -2.292 .023
Resposta ao objeto (RO – RS) - formação
reativa* 61.1 .088 2.040
.043
Fracasso 63.4 -.142 -2.207 .028
Grandiosidade 64.4 .192 3.693 .000
Auto-controlo insuficientes 66.1 -203 -3.402 .001
Nota: (R2 = .66.1, F = 63.096, p < .000). QFC = Questionário de fusão cognitiva; * = Domínios do
Questionário de padrões relacionais interpessoais (QPRI);
54
Anexo G
Sumário do melhor modelo da análise de regressão linear múltipla setpwise para a
amostra não - clínica (n = 224), em relação à variável dependente bem-estar (ISM).
55
Quadro 12. Sumário do melhor modelo da análise de regressão linear múltipla setpwise
para a amostra não - clínica (n = 224), em relação à variável dependente bem-estar
(ISM).
Preditores R2 t Sig.
Distanciamento e rejeição 41.6 -.185 -2.488 .014
QFC 47.6 -.188 -2.908 .014
Resposta ao objeto (RO – RS) - formação reativa* 49.4 .113 2.406 .004
Introjeção/autopunição* 51.5 -120 -1.906 .050
ERSN – 43 57 .384 5.408 .000
Nota: (R2 = 57, F = 60.132, p = .000). QFC = Questionário de fusão cognitiva; * = Domínios do
Questionário de padrões relacionais interpessoais (QPRI); ERSN – 43 = Escala de regulação da satisfação
das necessidades psicológicas;
56
Anexo H
Sumário do melhor modelo da análise de regressão linear múltipla setpwise para a
amostra clínica (n = 58), em relação à variável dependente bem-estar (ISM).
57
Quadro 13. Sumário do melhor modelo da análise de regressão linear múltipla setpwise
para a amostra clínica (n = 58), em relação à variável dependente bem-estar (ISM).
Preditores R2 t Sig.
Sobrevigilância e inibição 36.4 -2.761 -2.761 .008
Introjeção/autopunição* 48.2 -.367 -3.267 .002
Autocuidado/integridade* 51.1 .227 2.075 .043
Self-subdesenvolvido 54.8 .280 2.582 .013
Autossacrifício 58.3 -.232 -2.320 .024
Nota: (R2 = 58.3, F =19.610, p = .000). * = Domínios do Questionário de padrões relacionais interpessoais
(QPRI).
58
Anexo I
Sumário do melhor modelo da análise de regressão linear múltipla setpwise para a
amostra não-clínica (n = 224), em relação à variável dependentes distress psicológico
(ISM).
59
Quadro 14. Sumário do melhor modelo da análise de regressão linear múltipla setpwise
para a amostra não-clínica (n = 224), em relação à variável dependente distress
psicológico (ISM).
Preditores R2 t Sig.
Distanciamento e rejeição 41.9 -.061 -.714 .047
Autonomia e desemprenho deteriorados 44.1 -.115 -1.459 .016
QFC 54.5 -343 -5.476 .000
Autocuidado/integridade* 55.7 .080 1.656 .019
ERSN – 43 59.4 .314 4.569 .000
Nota: (R2 = 59.4 F = 66.177, p = .000) QFC = Questionário de fusão cognitiva; * = Domínios do
Questionário de padrões relacionais interpessoais (QPRI); ERSN – 43 = Escala de regulação da satisfação
das necessidades psicológicas;
60
Anexo J
Sumário do melhor modelo da análise de regressão linear múltipla setpwise para a
amostra clínica (n = 58), em relação à variável dependente distress psicológico (ISM).
61
Quadro 15. Sumário do melhor modelo da análise de regressão linear múltipla setpwise
para a amostra clínica (n = 58), em relação à variável dependente distress psicológico
(ISM).
Preditores R2 t Sig.
Domínio dos outros 38.3 -.510 -4.353 .000
Resposta do sujeito (RS – RO) – formação reativa* 45.6 -.295 -3.005 .004
QFC 51.6 -.265 -2.639 .011
Punição 54.4 .338 2.728 .009
ERSN – 43 56.9 .230 2.009 .050
Nota: (R2 = 56.9, F =16.036, p = .000) * = Domínios do Questionário de padrões relacionais interpessoais
(QPRI); QFC = Questionário de fusão cognitiva; ERSN – 43 = Escala de regulação da satisfação das
necessidades psicológicas;
62
Anexo K
Questionário de Esquemas de Young (QEY-S3)
63
QEY – S31
INSTRUÇÕES: Estão indicadas a seguir algumas afirmações que podemos utilizar
quando nos queremos descrever. Por favor, leia cada uma das afirmações e decida até que
ponto ela se aplica a si, ao longo do último ano. Quando tiver dúvidas, responda
baseando-se no que sente emocionalmente e não no que pensa ser verdade.
Algumas das afirmações referem-se à sua relação com os seus pais ou companheiro(a).
Se alguma destas pessoas faleceu, por favor responda a estas questões com base na
relação que tinha anteriormente com elas. Se, actualmente, não tem um(a)
companheiro(a) mas teve relacionamentos amorosos no passado, por favor responda
com base no seu relacionamento amoroso significativo mais recente.
Para responder até que ponto a afirmação o(a) descreve, utilize a escala de resposta abaixo
indicada, escolhendo, de entre as seis respostas possíveis, aquela que melhor se ajusta ao
seu caso. Escreva o número da resposta no respectivo espaço em branco.
ESCALA DE RESPOSTA
1 = Completamente falso, isto é, não tem absolutamente nada a ver com o que acontece
comigo
2 = Falso na maioria das vezes, isto é, não tem quase nada a ver com o que acontece
comigo
3 = Ligeiramente mais verdadeiro do que falso, isto é, tem ligeiramente a ver com o que
acontece comigo
4 = Moderadamente verdadeiro, isto é, tem moderadamente a ver com o que acontece
comigo
5 = Verdadeiro a maioria das vezes, isto é, tem muito a ver com o que acontece comigo
6 = Descreve-me perfeitamente, isto é, tem tudo a ver com o que acontece comigo
1. ____Não tenho tido ninguém que cuide de mim, que partilhe comigo a sua vida ou
que se preocupe realmente com tudo o que me acontece.
1 QEY-S3 (Young, 2005) traduzido e adaptado por J. Pinto Gouveia, D. Rijo e
M.C. Salvador (2005), revista.
64
2. ____Costumo apegar-me demasiado às pessoas que me são mais próximas porque
tenho medo que elas me abandonem.
3. ____Sinto que as pessoas se vão aproveitar de mim.
4. ____Sou um(a) desajustado(a).
5. ____Nenhum homem/mulher de quem eu goste pode gostar de mim depois de
conhecer os meus defeitos ou fraquezas.
6. ____Quase nada do que faço no trabalho (ou na escola) é tão bom como o que os
outros são capazes de fazer.
7. ____Não me sinto capaz de me desenvencilhar sozinho(a) no dia-a-dia.
8. ____Não consigo deixar de sentir que alguma coisa de mal está para acontecer.
9. ____Não tenho sido capaz de me separar dos meus pais, tal como fazem as outras
pessoas da minha idade.
10. ____Sinto que, se fizer o que quero, só vou arranjar sarilhos.
11. ____Sou sempre eu que acabo por tomar conta das pessoas que me são mais
chegadas.
12. ____Sou demasiado controlado(a) para revelar os meus sentimentos positivos aos
outros (por ex., afecto, mostrar que me preocupo).
13. ____Tenho que ser o(a) melhor em quase tudo o que faço; não aceito ficar em
segundo lugar.
14. ____Tenho muita dificuldade em aceitar um "não" por resposta quando quero
alguma coisa dos outros.
15. ____Não sou capaz de me forçar a ter disciplina suficiente para cumprir tarefas
rotineiras ou aborrecidas.
16. ____Ter dinheiro e conhecer pessoas importantes faz-me sentir uma pessoa com
valor.
17. ____Mesmo quando as coisas parecem estar a correr bem, sinto que isso é apenas
temporário.
18. ____Se cometer um erro, mereço ser castigado.
19. ____Não tenho pessoas que me dêem carinho, apoio e afecto.
20. ____Preciso tanto dos outros que me preocupo com o facto de os poder perder.
21. ____Sinto que tenho sempre que me defender na presença dos outros, senão eles
magoar-me-ão intencionalmente.
22. ____Sou fundamentalmente diferente dos outros.
65
23. ____Ninguém que me agrade gostaria de ficar comigo depois de me conhecer tal
como eu sou na realidade.
24. ____Sou um(a) incompetente quando se trata de atingir objectivos ou de levar a
cabo uma tarefa no trabalho (ou na escola).
25. ____Considero-me uma pessoa dependente relativamente ao que tenho que fazer no
dia-a-dia.
26. ____Sinto que uma desgraça (natural, criminal, financeira ou médica) pode atingir-
me a qualquer momento.
27. ____Eu e os meus pais temos tendência a envolvermo-nos demasiado na vida e nos
problemas uns dos outros.
28. ____Sinto que não tenho outro remédio senão ceder à vontade dos outros, caso
contrário, eles irão retaliar, zangar-se ou rejeitar-me de alguma maneira.
29. ____Sou uma boa pessoa porque penso mais nos outros do que em mim.
30. ____Considero embaraçoso exprimir os meus sentimentos aos outros.
31. ____Esforço-me por fazer o melhor; não me contento com ser suficientemente bom.
32. ____Sou especial e não devia ser obrigado(a) a aceitar muitas das restrições ou
limitações que são impostas aos outros.
33. ____Se não consigo atingir um objectivo, fico facilmente frustrado(a) e desisto.
34. ____Aquilo que consigo alcançar tem mais valor para mim se for algo em que os
outros reparem.
35. ____Se algo de bom acontecer, preocupa-me que esteja para acontecer algo de mau
a seguir.
36. ____Se não me esforçar ao máximo, é de esperar que as coisas corram mal.
37. ____Tenho sentido que não sou uma pessoa especial para ninguém.
38. ____Preocupa-me que as pessoas a que estou ligado(a) me deixem ou me
abandonem.
39. ____Mais tarde ou mais cedo, acabarei por ser traído(a) por alguém.
40. ____Sinto que não pertenço a grupo nenhum; sou um solitário.
41. ____Não tenho valor suficiente para merecer o amor, a atenção e o respeito dos
outros.
42. ____A maioria das pessoas tem mais capacidades do que eu no que diz respeito ao
trabalho (ou à escola).
43. ____Tenho falta de bom senso.
44. ____Preocupa-me poder ser fisicamente agredido por alguém.
66
45. ____É muito difícil, para mim e para os meus pais, termos segredos íntimos que não
contamos uns aos outros, sem nos sentirmos traídos ou culpados por isso.
46. ____Nas minhas relações com os outros deixo que eles me dominem.
47. ____Estou tão ocupado(a) a fazer coisas para as pessoas de quem gosto que tenho
pouco tempo para mim.
48. ____Para mim é difícil ser caloroso(a) e espontâneo(a) com os outros.
49. ____Devo de estar à altura de todas as minhas responsabilidades e funções.
50. ____Detesto ser reprimido(a) ou impedido(a) de fazer o que quero.
51. ____Tenho muita dificuldade em abdicar de uma recompensa ou prazer imediato, a
favor de um objectivo a longo prazo.
52. ____Sinto-me pouco importante, a não ser que receba muita atenção dos outros.
53. ____Todo o cuidado é pouco; quase sempre alguma coisa corre mal.
54. ____Se não fizer bem o que me compete, mereço sofrer as consequências.
55.____Não tenho tido ninguém que me ouça atentamente, que me compreenda ou que
perceba os meus verdadeiros sentimentos e necessidades.
56. ____Quando sinto que alguém de quem eu gosto se está a afastar de mim, sinto-me
desesperado.
57. ____Sou bastante desconfiado quanto às intenções das outras pessoas.
58. ____Sinto-me afastado(a) ou desligado dos outros.
59. ____Sinto que nunca poderei ser amado por alguém.
60. ____Não sou tão talentoso(a) no trabalho como a maioria das pessoas.
61. ____Não se pode confiar no meu julgamento em situações do dia-a-dia.
62. ____Preocupa-me poder perder todo o dinheiro que tenho e ficar muito pobre ou na
miséria.
63. ____Sinto frequentemente que é como se os meus pais vivessem através de mim —
não tenho uma vida própria.
64. ____Sempre deixei que os outros escolhessem por mim; por isso, não sei realmente
aquilo que quero para mim.
65. ____Tenho sido sempre eu quem ouve os problemas dos outros.
66. ____Controlo-me tanto que as pessoas pensam que não tenho sentimentos ou que
tenho um coração de pedra.
67. ____Sinto sobre mim uma pressão constante para fazer coisas e atingir objectivos.
68. ____Sinto que não devia ter que seguir as regras e convenções habituais que as
outras pessoas têm que seguir.
67
69. ____Não me consigo obrigar a fazer coisas de que não gosto, mesmo quando sei que
é para o meu bem.
70. ____Quando faço uma intervenção numa reunião ou quando sou apresentado a
alguém num grupo, é importante para mim obter reconhecimento e admiração.
71. ____Por muito que trabalhe, preocupa-me poder ficar na miséria e perder quase tudo
o que possuo.
72. ____Não interessa porque é que cometi um erro; quando faço algo errado, há que
pagar as consequências.
73. ____Não tenho tido uma pessoa forte ou sensata para me dar bons conselhos e me
dizer o que fazer quando não tenho a certeza da atitude que devo tomar.
74. ____Por vezes, a preocupação que tenho com o facto de as pessoas me poderem
deixar é tão grande, que acabo por as afastar.
75. ____Estou habitualmente à procura de segundas intenções ou do verdadeiro motivo
por detrás do comportamento dos outros.
76. ____Em grupo, sinto sempre que estou de fora.
77. ____ Sou demasiado inaceitável para me poder mostrar tal como sou às outras
pessoas ou para deixar que me conheçam bem.
78. ____No que diz respeito ao trabalho (ou à escola) não sou tão inteligente como a
maior parte das pessoas.
79. ____Não tenho confiança nas minhas capacidades para resolver problemas que
surjam no dia-a-dia.
80. ____Preocupa-me poder estar a desenvolver uma doença grave, ainda que não tenha
sido diagnosticado nada de grave pelo médico.
81. ____ Sinto frequentemente que não tenho uma identidade separada da dos meus pais
ou companheiro(a).
82. ____Tenho imenso trabalho para conseguir que os meus sentimentos sejam tidos em
consideração e os meus direitos sejam respeitados.
83. ____ As outras pessoas consideram que faço muito pelos outros e não faço o
suficiente por mim.
84. ____ As pessoas acham que tenho dificuldade em exprimir o que sinto.
85. ____ Não posso descuidar as minhas obrigações de forma leviana, nem desculpar-
me pelos meus erros
86. ____ Sinto que o que tenho para oferecer tem mais valor do que aquilo que os
outros têm para dar.
68
87. ____ Raramente tenho sido capaz de levar as minhas decisões até ao fim.
88. ____ Receber muitos elogios dos outros faz-me sentir uma pessoa que tem valor.
89. ____ Preocupa-me que uma decisão errada possa provocar uma catástrofe.
90. ____ Sou uma pessoa má que merece ser castigada.
69
Anexo L
Questionário de Padrões Relacionais Interpessoais (QPRI)
70
Questionário sobre padrões de relacionamento interpessoal
(ZMBM) (Kurth & Pokorny, 1999)
Versão Portuguesa de R. Martins, A. B. Vasco, W. Lind e B. Bakonyi (2016)
Este questionário diz respeito aos seus relacionamentos interpessoais. Trata-se de
como eles são realmente, não como seriam idealmente. Pense nas suas relações
concretas nos últimos três meses. Escreva, por favor, por ordem decrescente, 3 a 10
pessoas com as quais tem uma relação importante, indicando apenas o tipo de
relação que tem com cada uma delas (por exemplo: mãe, pai, cônjuge, parceiro (a),
colega, boa amiga/bom amigo, etc.), ou seja, ordene-as segundo o significado que têm
para si, aparecendo o tipo de relação mais importante em primeiro lugar.
Tipo de relações mais importantes:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
Em seguida ser-lhe-ão apresentadas questões sobre a relação que considera mais
importante, isto é, sobre a pessoa que indicou em primeiro lugar. Esta pessoa será
referida como ele/ela. Por favor, leia cada afirmação – em relação a ele / ela – e
indique com uma cruz em que grau cada afirmação corresponde, ou não, a essa
relação.
Exemplo:
Comport
amento
dele/del
a
Quando
ele/ela
…
A minha reação
é
Então eu faço o
seguinte…
Não
correspon
de
Correspo
nde
pouco
Correspon
de mais
ou menos
Correspon
de
bastante
Correspon
de
inteiramen
te
A B C D E
Ele/ela
é
indepen
dente
de mim
Eu
também
imponho
os meus
interesse
M1a ×
71
e impõe
os seus
interess
es
contra a
minha
vontade
s contra
ele/ela.
Eu
submeto
-me às
suas
ideias.
M1b ×
Eu
consinto. M1c ×
Eu ainda
assim
controlo-
o/a.
M1d ×
Em primeiro lugar, ser-lhe-á pedido que avalie como você reage tipicamente em
relação a ele/ela.
Por favor, responda sempre às quatro possibilidades como no exemplo e faça uma
cruz apenas num quadrado em cada uma das quatro linhas! Obrigado!
O comportamento dele / dela
Quando ele/ela faz o seguinte…
Minha própria reação
Então eu faço o seguinte…
Não correspon
de
Corresponde
pouco
Corresponde mais ou menos
Corresponde
bastante
Corresponde
inteiramente
A B C D E
1.1 Ele/ela me concede liberdade para que eu possa, de forma despreocupada, ser como quero ser…
Eu também lhe concedo liberdade de escolha.
131a
Eu controlo-o/a.
131b
Eu imponho a minha vontade contra a vontade dele/dela.
131c
Eu, ainda assim, submeto-me às suas ideias.
131d
1.2 Eu aceito-o/a também
132a
72
Ele/ela me aceita como eu sou…
como ele/ela é.
Eu critico-o/a.
132b
Eu falo, abertamente, com ele/ela sobre aquilo que me preocupa.
132c
Eu, ainda assim, justifico-me
132d
1.3 Ele/ela se aproxima com amor…
Eu, também, reajo com amor.
133a
Eu recuso-o/a.
133b
Eu aprecio a sua proximidade.
133c
Eu defendo-me da sua proximidade.
133b
1.4 Ele/ela me ajuda…
Eu também o/a ajudo.
134a
Eu ignoro a sua oferta de ajuda.
134b
Eu confio e conto com ele/ela.
134c
Eu recuso a sua ajuda.
134d
O comportamento dele / dela
Minha própria reação Então eu faço o seguinte…
Não correspon
de
Corresponde pouco
Corresponde mais
ou menos
Corresponde
bastante
Corresponde
inteiramente
A B C D E
73
Quando ele/ela faz o seguinte…
1.5 Ele/ela me tenta dominar...
Eu também o/a domino.
135a
Eu consinto livremente.
135b
Eu imponho a minha vontade contra a vontade dele/dela.
135c
Eu submeto-me às suas ideias.
135d
1.6 Ele/ela me critica…
Eu também o/a critico.
136a
Eu procuro compreende-lo/la.
136b
Eu defendo-me.
136c
Eu, ainda assim, falo abertamente com ele/ela sobre aquilo que me preocupa.
136d
1.7 Ele/ela me ataca verbal ou fisicamente…
Eu também o/a ataco verbal ou fisicamente.
137a
Eu, ainda assim, respondo-lhe com amor.
137b
74
Agora, ser-lhe-á pedido que avalie como ele/ela reage tipicamente em relação a si.
O meu próprio comportamento
Quando eu faço o seguinte…
A reação dele/dela
Então ele/ela faz o seguinte…
Não correspon
de
Corresponde
pouco
Corresponde mais ou menos
Corresponde
bastante
Corresponde
inteiramente
A B C D E
1.9 Eu lhe concedo liberdade para que ele/ela possa, de forma despreocupada, ser como quer ser…
Ele/ela concede-me também liberdade de escolha.
139a
Ele/ela controla-me.
139b
Ele/ela impõe a sua vontade contra a minha vontade.
139c
Ele/ela, ainda
139d
Eu defendo-me.
137c
Eu, ainda assim, sinto-o como sinal de proximidade.
137d
1.8 Ele/ela me ignora…
Eu também o/a ignoro.
138a
Eu, ainda assim, ajudo-o/a.
138b
Eu rejeito-o/a.
138c
Eu, ainda assim, confio e conto com ele/ela.
138d
75
assim, submete-se às minhas ideias.
2.0 Eu o/a aceito assim como ele/ela é…
Ele/ela também me aceita assim como sou.
140a
Ele/ela critica-me.
140b
Ele/ela fala comigo, abertamente, sobre aquilo que o/a preocupa.
140c
Ele/ela, ainda assim, justifica-se.
140d
2.1 Eu me aproximo dele/dela com amor…
Ele/ela também reage com amor.
141a
Ele/ela recusa-me.
141b
Ele/ela aprecia a minha proximidade.
141c
Ele/ela defende-se da minha proximidade.
141b
O meu próprio comportamento
Quando eu faço o seguinte…
A reação dele/dela
Então ele/ela faz o seguinte…
Não correspon
de
Corresponde
pouco
Corresponde mais ou menos
Corresponde
bastante
Corresponde
inteiramente
A B C D E
76
2.2 Eu o/a ajudo…
Ele/ela também me ajuda.
142a
Ele/ela ignora a minha oferta de ajuda.
142b
Ele/ela confia em mim e conta comigo.
142c
Ele/ela recusa a minha ajuda.
142d
2.3 Eu o/a tento dominar…
Ele/ela também me domina.
Ele/ela consente livremente.
143b
Ele/ela impõe a sua vontade contra a minha vontade.
143c
Ele/ela submete-se às minhas ideias.
143d
2.4 Eu o/a critico…
Ele/ela também me critica.
144a
Ele/ela procura compreender-me.
144b
Ele/ela defende-se.
144c
Ele/ela, ainda assim, fala abertamente comigo sobre aquilo que
144d
77
o/a preocupa.
2.5 Eu o/a ataco verbal ou fisicamente…
Ele/ela também me ataca verbal ou fisicamente.
145a
Ele/ela, ainda assim, responde-me com amor.
145b
Ele/ela defende-se.
145c
Ele/ela, ainda assim, sente-o como sinal de proximidade.
145d
O meu próprio comportamento
Quando eu faço o seguinte…
A reação dele/dela
Então ele/ela faz o seguinte…
Não correspon
de
Corresponde pouco
Corresponde mais ou
menos
Corresponde
bastante
Corresponde
inteiramente
A B C D E
2.6 Eu o/a ignoro…
Ele/ela também me ignora.
146a
Ele/ela, ainda assim, ajuda-me.
146b
Ele/ela rejeita-me.
146c
Ele/ela, ainda assim, confia e conta
146d
78
comigo.
Por fim, ser-lhe-á pedido que avalie como você se trata a si próprio na relação com a
pessoa mais importante que indicou, isto é, quando se relaciona com ele/ela.
Indique com uma cruz em que grau cada afirmação corresponde ou não corresponde,
para si.
Na minha relação com ele/ela
comporto-me ….
Não corresponde
Corresponde pouco
Corresponde mais ou menos
Corresponde bastante
Corresponde inteiramente
A B C D E
Eu sinto que posso desenvolver de forma livre e despreocupada a minha personalidade.
147
Eu posso aceitar-me com os meus pontos fortes e fracos.
148
Eu acarinho-me a mim próprio(a).
149
Eu cresço e tento fazer o que está certo.
150
Eu controlo-me.
151
Eu duvido de mim próprio(a) e desvalorizo aquilo que já realizei.
152
Mesmo que me sinta culpado/a continuo a fazer aquilo que me prejudica.
153
Eu vivo o dia-a-dia sem objetivos e negligencio as minhas necessidades.
154
79
Anexo M
Questionário de Fusão Cognitiva (QFC)
80
CFQ
Gillanders, Bolderston, Bond, Dempster, Flaxman, Campbell, et al., 2013)
(Tradução e adaptação de Pinto-Gouveia, Dinis, Gregório & Pinto, 2013)
Instruções:
Em baixo, encontrará uma lista de afirmações. Por favor, classifique o quanto é
verdadeira para si cada afirmação, rodeando para esse efeito um dos números que se
encontra em frente a cada frase. Responda, por favor, a cada frase, usando a seguinte
escala.
Nunca
verdadeiro
Muito
raramente
verdadeiro
Raramente
verdadeiro
Às vezes
verdadeiro
Frequentemente
verdadeiro
Quase
sempre
verdadeiro
Sempre
verdadeiro
1 2 3 4 5 6 7
1. Os meus pensamentos perturbam-me ou causam-me sofrimento emocional. 1 2 3 4 5 6 7
2. Eu devo evitar situações desagradáveis de qualquer maneira. 1 2 3 4 5 6 7
3. Analiso em excesso as situações até ao ponto em que isso já não é útil para
mim. 1 2 3 4 5 6 7
4. Vivo numa luta com os meus pensamentos. 1 2 3 4 5 6 7
5. Fico chateado/a comigo mesmo/a por ter certos pensamentos. 1 2 3 4 5 6 7
6. Tendo a deixar-me enredar (“prender”) pelos meus pensamentos. 1 2 3 4 5 6 7
7. Sinto muita dificuldade em “largar” os meus pensamentos perturbadores,
mesmo quando sei que seria mais vantajoso fazê-lo. 1 2 3 4 5 6 7
81
Anexo N
Escala de Regulação da Satisfação das Necessidades (ERSN-43)
82
Escala de Regulação da Satisfação das Necessidades
(ERSN-43)
Discordo Concordo
1. Sou capaz de distinguir críticas construtivas de destrutivas.
1 2 3 4 5 6 7 8
2. De forma geral, estou satisfeito(a) comigo mesmo(a).
1 2 3 4 5 6 7 8
3. Sinto mal-estar quando tenho de discordar de alguém.
1 2 3 4 5 6 7 8
4. Faço frequentemente coisas para sair da rotina.
1 2 3 4 5 6 7 8
5. Sinto que os outros não se interessam ou se preocupam comigo.
1 2 3 4 5 6 7 8
6. Sinto-me amado(a) e acarinhado (a) por uma ou mais pessoas.
2 3 4 5 6 7 8
7. De uma forma geral, gosto de experienciar coisas novas.
1 2 3 4 5 6 7 8
8. Consigo desfrutar os pequenos prazeres da vida.
1 2 3 4 5 6 7 8
9. Sentir-me zangado com alguém é sempre sinal de má educação.
1 2 3 4 5 6 7 8
10. Estou satisfeito com a qualidade daquilo que produzo.
1 2 3 4 5 6 7 8
11. Sinto-me sozinho(a), mesmo quando estou acompanhado(a).
1 2 3 4 5 6 7 8
12. Estou sempre muito satisfeito comigo próprio(a).
1 2 3 4 5 6 7 8
13. Sinto que o meu tempo de lazer é útil e valioso.
1 2 3 4 5 6 7 8
14. Tenho dificuldade em desfrutar da vida. 1 2 3 4 5 6 7 8
1 a 4 Desacordo
5 a 8
Concordo
1 2 3 4 5 6 7 8
Seguidamente apresentamos uma sequência de afirmações relativas a características e
vivências pessoais. Por favor, leia com atenção cada uma delas e responda, assinalando o
seu grau de acordo ou desacordo numa escala de 1 a 8. O número “1” significa que
“discorda totalmente” e o “8” que “concorda totalmente”. A linha divisória entre o “4”
e o “5” separa as zonas de desacordo e de acordo. Quanto mais elevado for o número
seleccionado maior é o grau de acordo.
83
15. É humano chorar a perda de alguém que amamos.
1 2 3 4 5 6 7 8
16. As minhas actividades de lazer contribuem para o meu sentimento de bem-estar.
1 2 3 4 5 6 7 8
17. Sou capaz de aceitar que há coisas que estão fora do meu controlo.
1 2 3 4 5 6 7 8
18. Sou tolerante comigo mesmo face a conflitos entre o que penso, sinto e faço.
1 2 3 4 5 6 7 8
19. Sinto-me constrangido e inibido em mostrar as minhas opiniões aos outros.
1 2 3 4 5 6 7 8
20. Sinto que consigo tirar prazer da vida. 1 2 3 4 5 6 7 8
21. Experiencio paz de espírito. 1 2 3 4 5 6 7 8
22. Sinto-me confortável com a ideia de que não posso controlar tudo e todos.
1 2 3 4 5 6 7 8
23. Em função dos meus erros posso aperfeiçoar o meu comportamento.
1 2 3 4 5 6 7 8
24. Sinto-me confortável quando tenho de colaborar com outros.
1 2 3 4 5 6 7 8
25. Consigo suportar situações de desagradáveis se vejo benefícios futuros nisso.
1 2 3 4 5 6 7 8
26. Consigo cooperar com os outros para atingir objectivos comuns.
1 2 3 4 5 6 7 8
27. Sou tolerante comigo mesmo face a conflitos entre emoções contraditórias.
1 2 3 4 5 6 7 8
28. Quando paro e reparo nas coisas à minha volta, sinto-me bem e satisfeito(a).
1 2 3 4 5 6 7 8
29. Expresso as minhas ideias e opiniões, independentemente das reacções dos outros.
1 2 3 4 5 6 7 8
30. Sou capaz de reconhecer que há coisas que estão fora do meu controlo.
1 2 3 4 5 6 7 8
31. Sei distinguir os medos justificados dos que não o são.
1 2 3 4 5 6 7 8
32. Quando sinto que tenho de ceder o meu controlo a um colectivo, aceito-o, cooperando com ele.
1 2 3 4 5 6 7 8
33. Vejo-me como uma pessoa aberta a novas experiências.
1 2 3 4 5 6 7 8
34. Quando sinto incoerências ou conflitos entre o que penso, sinto e faço, aceito a sua existência e procuro resolvê-los.
1 2 3 4 5 6 7 8
35. Sinto-me perto de ser a pessoa que desejo ser.
1 2 3 4 5 6 7 8
36. Sinto que errar possa ser uma oportunidade de aprendizagem.
1 2 3 4 5 6 7 8
84
37. No geral, sinto-me satisfeito(a) quando penso nas minhas características.
1 2 3 4 5 6 7 8
38. Quando sinto incoerências ou conflitos entre emoções contraditórias, aceito a sua existência e procuro resolvê-los.
1 2 3 4 5 6 7 8
39. Sinto orgulho na pessoa que sou. 1 2 3 4 5 6 7 8
40. Sinto que tenho uma certa calma interior.
1 2 3 4 5 6 7 8
41. Sinto orgulho naquilo que produzo e realizo.
1 2 3 4 5 6 7 8
42. É-me difícil suportar a distância entre o que sou e o que desejo ser.
1 2 3 4 5 6 7 8
43. Sinto-me satisfeito com a minha capacidade de usar o meu tempo de lazer.
1 2 3
4 5 6 7 8
44. Sinto-me satisfeito com a minha competência produtiva.
1 2 3 4 5 6 7 8
85
Anexo O
Inventário de Saúde Mental (ISM)
86
Inventário de Saúde Mental (ISM)
Seguidamente pedimos-lhe que responda a um conjunto de questões sobre o modo como
se tem sentido no dia-a-dia, durante este último mês. Para cada questão há várias
alternativas de resposta, pelo que escolha a que considere que melhor se aplica a si.
1. Neste último mês... QUÃO FELIZ E SATISFEITO(A) SE SENTIU COM SUA VIDA
PESSOAL?
Extremamente feliz
Muito feliz e satisfeito, a maior parte do tempo
Geralmente satisfeito e feliz
Ora ligeiramente satisfeito, ora ligeiramente infeliz
Geralmente insatisfeito, infeliz
Quase sempre muito insatisfeito e infeliz.
2. Neste último mês... DURANTE QUANTO TEMPO SE SENTIU SÓ?
Sempre
Quase sempre
A maior parte do tempo
Durante algum tempo
Quase nunca
Nunca
3. Durante o último mês... COM QUE FREQUÊNCIA SE SENTIU NERVOSO OU
APREENSIVO PERANTE COISAS QUE ACONTECERAM, OU PERANTE
SITUAÇÕES INESPERADAS?
Sempre
Com muita frequência
Frequentemente
Com pouca frequência
Quase nunca
Nunca
4. Neste último mês... COM QUE FREQUÊNCIA SENTIU QUE TINHA UM FUTURO
PROMISSOR E CHEIO DE ESPERANÇA?
Sempre
Com muita frequência
Frequentemente
Com pouca frequência
Quase nunca
Nunca
5. Neste último mês... COM QUE FREQUÊNCIA SENTIU QUE A SUA VIDA NO
DIA-A-DIA ESTAVA CHEIA DE COISAS INTERESSANTES?
Sempre
Com muita frequência
87
Frequentemente
Com pouca frequência
Quase nunca
Nunca
6. Neste último mês... COM QUE FREQUÊNCIA SE SENTIU RELAXADO E SEM
TENSÃO?
Sempre
Com muita frequência
Frequentemente
Com pouca frequência
Quase nunca
Nunca
7. Neste último mês... COM QUE FREQUÊNCIA SENTIU PRAZER NAS COISAS
QUE FAZIA?
Sempre
Com muita frequência
Frequentemente
Com pouca frequência
Quase nunca
Nunca
8. Durante o último mês... ESTEVE PERANTE SITUAÇÕES EM QUE SE
QUESTIONOU SE ESTARIA A PERDER A MEMÓRIA?
Não, nunca
Talvez pouco
Sim, mas não o suficiente para ficar preocupado com isso
Sim, e fiquei um bocado preocupado
Sim, e isso preocupa-me
Sim, e estou muito preocupado com isso
9. Durante o último mês... SENTIU-SE DEPRIMIDO?
Sim, quase sempre muito deprimido(a) até ao ponto de não me interessar por nada
Sim, muito deprimido(a) durante a maior parte do tempo
Sim, deprimido(a) muitas vezes
Sim, por vezes sinto-me um pouco deprimido(a)
Não, nunca me sinto deprimido(a)
10. Durante o último mês... QUANTAS VEZES SE SENTIU AMADO(A) E
QUERIDO(A)?
Sempre
Quase sempre
A maior parte das vezes
Algumas vezes
Muito poucas vezes
Nunca
88
11. Neste último mês... DURANTE QUANTO TEMPO SE SENTIU NERVOSO(A)?
Sempre
Quase sempre
A maior parte do tempo
Durante algum tempo
Quase nunca
Nunca
12. Neste último mês... COM QUE FREQUÊNCIA ESPERAVA TER UM DIA
INTERESSANTE AO LEVANTAR-SE?
Sempre
Com muita frequência
Frequentemente
Com pouca frequência
Quase nunca
Nunca
13. Durante o último mês... QUANTAS VEZES SE SENTIU TENSO(A) E
IRRITADO(A)?
Sempre
Quase sempre
A maior parte do tempo
Durante algum tempo
Quase nunca
Nunca
14. Neste último mês... SENTIU QUE CONTROLAVA PERFEITAMENTE O SEU
COMPORTAMENTO, PENSAMENTOS E SENTIMENTOS?
Sim, completamente
Sim, geralmente
Sim, penso que sim
Não muito bem
Não, e ando um pouco perturbado por isso
Não, e ando muito perturbado por isso
15. Neste último mês... COM QUE FREQUÊNCIA SENTIU AS MÃOS A TREMER
QUANDO FAZIA ALGUMA COISA?
Sempre
Com muita frequência
Frequentemente
Com pouca frequência
Quase nunca
Nunca
16. Neste último mês... COM QUE FREQUÊNCIA SENTIU QUE NÃO TINHA
FUTURO, QUE NÃO TINHA PARA ONDE ORIENTAR A SUA VIDA?
Sempre
Com muita frequência
89
Frequentemente
Com pouca frequência
Quase nunca
Nunca
17. Neste último mês... DURANTE QUANTO TEMPO SE SENTIU CALMO(A) E EM
PAZ?
Sempre
Quase sempre
A maior parte do tempo
Durante algum tempo
Quase nunca
Nunca
18. Neste último mês... DURANTE QUANTO TEMPO SE SENTIU
EMOCIONALMENTE ESTÁVEL?
Sempre
Quase sempre
A maior parte do tempo
Durante algum tempo
Quase nunca
Nunca
19. Neste último mês... DURANTE QUANTO TEMPO SE SENTIU TRISTE E EM
BAIXO?
Sempre
Quase sempre
A maior parte do tempo
Durante algum tempo
Quase nunca
Nunca
20. Neste último mês... COM QUE FREQUÊNCIA SE SENTIU PRESTES A
CHORAR?
Sempre
Com muita frequência
Frequentemente
Com pouca frequência
Quase nunca
Nunca
21. Durante o último mês... COM QUE FREQUÊNCIA PENSOU QUE AS OUTRAS
PESSOAS SE SENTIRIAM MELHOR SE VOCÊ NÃO EXISTISSE?
Sempre
Com muita frequência
Frequentemente
Com pouca frequência
Quase nunca
90
Nunca
22. Neste último mês... DURANTE QUANTO TEMPO SE SENTIU CAPAZ DE
RELAXAR SEM DIFICULDADE?
Sempre
Quase sempre
A maior parte do tempo
Durante algum tempo
Quase nunca
Nunca
23. Neste último mês... DURANTE QUANTO TEMPO SENTIU QUE AS SUAS
RELAÇÕES AMOROSAS ERAM TOTALMENTE SATISFATÓRIAS?
Sempre
Quase sempre
A maior parte do tempo
Durante algum tempo
Quase nunca
Nunca
24. Neste último mês... COM QUE FREQUÊNCIA SENTIU QUE TUDO ACONTECIA
AO CONTRÁRIO DO QUE DESEJAVA?
Sempre
Com muita frequência
Frequentemente
Com pouca frequência
Quase nunca
Nunca
25. Neste último mês... QUÃO INCOMODADO(A) É QUE E SENTIU DEVIDO AO
NERVOSO?
Extremamente (ao ponto de não poder fazer as coisas que devia)
Muito incomodado
Um pouco incomodado
Algo incomodado (o suficiente para dar conta)
Apenas de forma muito ligeira
Nada incomodado
26. Neste último mês... DURANTE QUANTO TEMPO SENTIU QUE A SUA VIDA
ERA UMA AVENTURA MARAVILHOSA?
Sempre
Quase sempre
A maior parte do tempo
Durante algum tempo
Quase nunca
Nunca
91
27. Neste último mês... DURANTE QUANTO TEMPO SE SENTIU TRISTE E EM
BAIXO, DE TAL MODO QUE NADA O CONSEGUIA ANIMAR?
Sempre
Com muita frequência
Frequentemente
Com pouca frequência
Quase nunca
Nunca
28. Durante o último mês... ALGUMA VEZ PENSOU EM ACABAR COM A VIDA?
Sim, muitas vezes
Sim, algumas vezes
Sim, umas poucas vezes
Sim, uma vez
Não, nunca.
29. Neste último mês... DURANTE QUANTO TEMPO SE SENTIU CANSADO(A),
INQUIETO(A) E IMPACIENTE?
Sempre
Quase sempre
A maior parte do tempo
Durante algum tempo
Quase nunca
Nunca
30. Neste último mês... DURANTE QUANTO TEMPO SE SENTIU RABUGENTO OU
DE MAU HUMOR?
Sempre
Quase sempre
A maior parte do tempo
Durante algum tempo
Quase nunca
Nunca
31. Neste último mês... DURANTE QUANTO TEMPO SE SENTIU ALEGRE,
ANIMADO(A) E BEM DISPOSTO(A)?
Sempre
Quase sempre
A maior parte do tempo
Durante algum tempo
Quase nunca
Nunca
32. Durante o último mês... COM QUE FREQUÊNCIA SE SENTIU CONFUSO(A) OU
PERTURBADO(A) ?
Sempre
Com muita frequência
Frequentemente
92
Com pouca frequência
Quase nunca
Nunca
33. Neste último mês... SENTIU-SE ANSIOSO(A) OU PREOCUPADO(A)?
Sim, extremamente (ao ponto de ficar doente ou quase)
Sim, muito
Sim, um pouco
Sim, o suficiente para me incomodar
Sim, de forma muito ligeira
Não, de maneira nenhuma
34. Neste último mês... DURANTE QUANTO TEMPO SE SENTIU UMA PESSOA
FELIZ?
Sempre
Quase sempre
A maior parte do tempo
Durante algum tempo
Quase nunca
Nunca
35. Durante o último mês... COM QUE FREQUÊNCIA SENTIU DIFICULDADE EM
MANTER-SE CALMO(A) ?
Sempre
Com muita frequência
Frequentemente
Com pouca frequência
Quase nunca
Nunca
36. Neste último mês... DURANTE QUANTO TEMPO SE SENTIU
ESPIRITUALMENTE EM BAIXO?
Sempre
Quase sempre
A maior parte do tempo
Durante algum tempo
Quase nunca
Nunca
37. Durante o último mês... COM QUE FREQUÊNCIA ACORDOU DE MANHÃ
SENTINDO-SE FRESCO E REPOUSADO(A)?
Sempre, todos os dias
Quase todos os dias
Frequentemente
Algumas vezes, mas normalmente não
Quase nunca
Nunca acordo com a sensação de descansado
93
38. Durante o último mês... ESTEVE OU SENTIU-SE DEBAIXO DE GRANDE
PRESSÃO OU STRESS?
Sim, quase a ultrapassar os limites
Sim, muita pressão
Sim, alguma, mais do que o costume
Sim, alguma como de costume
Sim, um pouco
Não, nenhuma
94
Anexo P
Inventário de sintomas psicopatológicos – Brief Symptom Invetory (BSI)
95
Inventário de Sintomas Psicopatológicos
(BSI)
Segue-se uma lista de problemas ou sintomas que, por vezes, as pessoas
apresentam. Por favor, assinale aquele que melhor descreve o grau em que
cada problema ou sintoma o/a incomodou durante a última semana.
EM QUE MEDIDA FICOU
PERTURBADO/A POR: Nada
Poucas
vezes
Algumas
vezes
Muitas
vezes
Muitíssimas
vezes
1. Nervosismo ou tensão interior. 0 1 2 3 4
2. Desmaios ou tonturas. 0 1 2 3 4
3. Ter a impressão que as outras pessoas
podem controlar os meus pensamentos. 0 1 2 3 4
4. Ter a ideia que os outros são culpados
pela maioria dos seus problemas. 0
1 2 3 4
5. Dificuldade em se lembrar de coisas
passadas ou recentes. 0 1 2 3 4
6. Aborrecer-se ou irritar-se facilmente. 0 1 2 3 4
7. Dores sobre o coração ou no peito. 0 1 2 3 4
8. Medo na rua ou praças públicas. 0 1 2 3 4
9. Pensamentos de acabar com a vida. 0 1 2 3 4
10. Sentir que não pode confiar na maioria
das pessoas. 0 1 2 3 4
11. Perder o apetite. 0 1 2 3 4
12. Ter um medo súbito sem razão para isso. 0 1 2 3 4
13. Ter impulsos que não se podem
controlar. 0 1 2 3 4
14. Sentir-se sozinho/a mesmo quando está
com mais pessoas. 0 1 2 3 4
15. Dificuldade em fazer qualquer trabalho. 0 1 2 3 4
16. Sentir-se sozinho/a. 0 1 2 3 4
17. Sentir-se triste. 0 1 2 3 4
18. Não ter interesse por nada. 0 1 2 3 4
19. Sentir-se atemorizado/a. 0 1 2 3 4
96
20. Sentir-se facilmente ofendido/a nos seus
consentimentos. 0 1 2 3 4
21. Sentir que as outras pessoas não são
amigas ou não gostam de si. 0 1 2 3 4
22. Sentir-se inferior aos outros. 0 1 2 3 4
23. Vontade de vomitar ou mal-estar do
estômago. 0 1 2 3 4
24. Impressão de que os outros o/a
costumam observar ou falar de si. 0 1 2 3 4
25. Dificuldade em adormecer. 0 1 2 3 4
26. Sentir necessidade de verificar várias
vezes o que faz. 0 1 2 3 4
27. Dificuldade em tomar decisões. 0 1 2 3 4
28. Medo de viajar de autocarro, de comboio
ou de metro. 0 1 2 3 4
29. Sensação de que lhe falta o ar. 0 1 2 3 4
30. Calafrios ou afrontamentos. 0 1 2 3 4
31. Ter de evitar certas coisas, ligares ou
atividades por lhe causarem medo. 0 1 2 3 4
32. Sensação de vazio na cabeça. 0 1 2 3 4
33. Sensação de anestesia (encortiçamento
ou formigueiro) no corpo. 0 1 2 3 4
34. Ter a ideia que deveria ser castigado/a
pelos seus pecados. 0 1 2 3 4
35. Sentir-se sem esperança perante o futuro. 0 1 2 3 4
36. Ter dificuldade em concentrar-se. 0 1 2 3 4
37. Falta de forças em partes do corpo. 0 1 2 3 4
38. Sentir-se em estado de tensão ou aflição. 0 1 2 3 4
39. Pensamentos sobre a morte ou que vai
morrer. 0 1 2 3 4
40. Ter impulsos de bater, ofender ou ferir
alguém. 0 1 2 3 4
41. Ter vontade de destruir ou partir coisas. 0 1 2 3 4
42. Sentir-se embaraçado/a junto de outras
pessoas. 0 1 2 3 4
97
43. Sentir-se mal no meio das multidões
como lojas, cinemas ou assembleias. 0 1 2 3 4
44. Grande dificuldade em sentir-se
“próximo/a” de outra pessoa. 0 1 2 3 4
45. Ter ataques de terror ou pânico. 0 1 2 3 4
46. Entrar facilmente em discussão. 0 1 2 3 4
47. Sentir-se nervoso/a quando tem que ficar
sozinho/a 0 1 2 3 4
48. Sentir que as outras pessoas não dão o
devido valor ao seu trabalho ou às suas
capacidades.
0
1
2 3 4
49. Sentir-se tão desassossegado/a que não
consegue manter-se sentado quieto/a. 0 1 2 3 4
50. Sentir que não tem valor. 0 1 2 3 4
51. A impressão de que, se deixasse, as
outras pessoas se aproveitariam de si. 0 1 2 3 4
52. ter sentimentos de culpa. 0 1 2 3 4
53. Ter a impressão de que alguma coisa não
regula bem na sua cabeça. 0 1 2 3 4
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