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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA
MARIANA RIBEIRO LOPES
COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO USO DE CATETER CENTRAL DE
INSERÇÃO PERIFÉRICA EM UTI NEONATAL NO BRASIL
NITERÓI
2014
MARIANA RIBEIRO LOPES
COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO USO DE CATETER CENTRAL DE
INSERÇÃO PERIFÉRICA EM UTI NEONATAL NO BRASIL
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Coordenação de Curso de Graduação em
Enfermagem e Licenciatura, como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel em
Enfermagem e Licenciatura.
Orientador:
Profa. Dr. Eny Dórea Paiva
Niterói, RJ
2014
L 864 Lopes, Mariana Ribeiro.
Complicações relacionadas ao uso do cateter central de
inserção periférica em UTINs no Brasil / Eny Dórea Paiva.
– Niterói: [s.n.], 2014.
64 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Enfermagem) - Universidade Federal Fluminense, 2014.
Orientador: Profª. Eny Dórea Paiva.
1. Cateterismo venoso central. 2. Recém-nascido. 3.
Enfermagem neonatal. I.Título.
CDD 610.73
MARIANA RIBEIRO LOPES
COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO USO DE CATETER CENTRAL DE
INSERÇÃO PERIFÉRICA EM UTI NEONATAL NO BRASIL
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Coordenação de Curso de Graduação em
Enfermagem e Licenciatura, como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel em
Enfermagem e Licenciatura.
BANCA EXAMINADORA:
__________________________________________________________________________
Profa. Dr. Eny Dórea Paiva
Presidente (EEAAC – UFF)
__________________________________________________________________________
Profa. Dr. Liliane Faria da Silva
1ª examinadora (EEAAC – UFF)
__________________________________________________________________________
Profa. Dr. Rosane Cordeiro Burla de Aguiar
2ª examinadora (EEAAC – UFF)
Niterói, RJ
2014
DEDICATÓRIA
A meus pais Ana Lúcia e Marcelo, os pilares da minha vida, pessoas sempre presentes
contribuindo para meu crescimento pessoal e profissional, orientando e aconselhando-me
sobre as formas de enfrentar as dificuldades da vida.
A minha irmã Juliana, pessoa para a qual procuro me tornar um exemplo de luta e
perseverança, para que a mesma nunca desista de realizar seus sonhos.
As minhas avós Dayse e Marlene, minhas paixões, pessoas que contribuíram para o meu
crescimento e sempre abriram os braços para me acolher.
A minha namorada Ana Carolina, minha companheira, minha amiga, pessoa com quem
divido meus anseios e compartilho todos os meus momentos, sejam eles bons ou ruins. Seus
conselhos e palavras de carinho são fundamentais para enfrentar toda e qualquer
adversidade da vida.
Ao meu avô Amaury, pessoa que me fez entender o verdadeiro sentido da profissão que
escolhi para minha vida. Pessoa pela qual me doei de corpo e alma. Ensinou-me o sentido de
cuidar do outro com amor e respeito. Minha jornada na UFF começou um dia após sua
partida, e hoje essa conquista é dedicada a você.
Aos recém-nascidos, pequenos seres humanos aos quais pretendo dedicar meus
conhecimentos e práticas proporcionando-os uma melhor assistência e qualidade de vida.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me proporcionar a dádiva de poder desfrutar desse momento privilegiado e por
me dar força para seguir em frente nesta jornada rumo a residência de neonatologia.
À Profª Drª Eny Dórea Paiva, pelo acolhimento na fase inicial desta pesquisa, pela
dedicação e sabedoria na condução desta orientação. Pela oportunidade de convivência e
aprendizado nesta etapa final da Graduação, compartilhando sua vivência prática,
contribuindo para o meu crescimento pessoal e profissional.
Às minhas queridas professoras Emília Cursino, Liliane Faria e Rosane Burla, pelas
oportunidades de aprendizado e constante estímulo para realização dos meus sonhos e, ao
professor Jorge Luiz Lima da Silva, que deste o início demostrou incrível apoio e disposição
para o meu crescimento e desenvolvimento profissional.
Aos meus amigos e amigas Thayssa Bello, Rebecca Ferreira, Jonathan Henrique Almeida,
Vinícius Rodrigues, Rafael Soares, Karina Feital, Vanessa Diniz, Bruna Cristina e Camille
Rabêllo, pela amizade, presença, pelo carinho e apoio. Pessoas com quem compartilhei
angústias, trabalhos, alegrias, risadas e sonhos. Com vocês esses quase cinco anos de
jornada se tornaram bem mais divertidos.
RESUMO
Os avanços tecnológicos e científicos na área da neonatologia possibilitaram o
desenvolvimento de novos materiais e aprimoramento da terapia intravenosa tornando os
dispositivos de acesso venoso central vitais para a recuperação e sobrevivência dos recém-
nascidos. O Cateter Central de Inserção Periférica (PICC) é um dispositivo vascular inserido
em veia periférica cuja ponta apresenta localização central. Sua utilização possibilita a
diminuição de punções venosas periféricas e complicações associadas ao uso do cateter
venoso central. Este estudo teve como objetivo conhecer a prevalência acerca da ocorrência
de complicações relacionadas ao PICC em Unidades de Terapia Intensiva Neonatais (UTIN)
no Brasil; descrever o perfil dos recém-nascidos submetidos ao procedimento de inserção;
além de descrever a prevalência das complicações decorrentes ao uso deste dispositivo. A
metodologia adotada foi a revisão integrativa cujo propósito é reunir e sintetizar o
conhecimento sobre a temática proposta. Foi realizada busca nas bases de dados Lilacs e
Medline, sendo utilizados os descritores “cateterismo venoso central”, “/complicações”,
“recém-nascido”, “enfermagem neonatal” e “unidade de terapia intensiva neonatal”. Após
leitura dos artigos na íntegra foram selecionados 11 estudos. Os resultados evidenciaram uma
maior produção científica a partir de 2007, com predominância na região sudeste. Entre os
recém-nascidos foi evidenciada uma maior prevalência do sexo masculino, prematuros com
idade gestacional inferior a 35 semanas e média de peso ao nascer entre 1639 a 2276 gramas.
O aumento das taxas de remoção eletiva e redução das taxas de remoção não eletiva foram
evidenciados a partir do ano de 2009. As complicações decorrentes do uso do dispositivo
apresentaram taxas de prevalência igual ou superior quando comparadas a estudos
internacionais. O tempo de permanência do cateter é semelhante ao de outros estudos na área.
Há poucos estudos de comparação entre os tipos de cateter o que limita a evidência do melhor
tipo de cateter a ser usado em cada neonato, sendo necessária maior produção científica a fim
de comparar os tipos de cateter e as complicações oriundas de cada dispositivo. Os resultados
deste estudo contribuem para o avanço do conhecimento na área de neonatologia e fornecem
subsídios à área da enfermagem. Através do conhecimento da melhor evidência científica
disponível, o profissional pode associar esse conhecimento a sua prática, contribuindo para a
qualidade do atendimento clínico por meio de ações de formação continuada.
Palavras-chave: cateterismo venoso central; recém-nascido; enfermagem neonatal.
ABSTRACT
The technological and scientific advances in neonatology have allowed the development of
new materials and improvement of intravenous therapy making the devices central venous
access vital to the recovery and survival of newborns. The Peripheral Inserted Central
Catheter (PICC) is a vascular device inserted into a peripheral vein with catheter tip into
central location. Its use allows the reduction of venous punctures and complications
associated with central venous catheter. This study aimed to know the prevalence of the
PICC-related complications in Neonatal Intensive Care Units (NICUs), describe the profile of
newborns submitted the insertion procedure and describe the prevalence of complications
from the use of this device. The integrative literature review method was adopted, which aims
to join and synthesize knowledge on the proposed theme. A search was performed in the
database Lilacs and Medline using the descriptors "central venous catheterization",
“/complications”, "newborn", "neonatal nursing" and "neonatal intensive care". After full
reading of the articles, 11 studies were selected. The results showed a higher scientific
production since 2007, predominantly in the southeastern region. Among the newborns was
found a higher prevalence of male premature infants with gestational age less than 35 weeks
and mean birth weight between 1639-2276 g. The increased rates of elective removal and
reduced rates of non-elective removal were evidenced from the 2009 year. The complications
resulting from the use of the device presented prevalence rates similar or greater when
compared to international studies. The average dwell time for PICC is similar to the previous
studies. There are few studies comparing the types of catheter which limits the best evidence
of the type of catheter to be used in each newborn. Most scientific literature is necessary to
compare the catheter types and complications derived from each device. The results of the
study contribute to the advancement of knowledge in neonatology and provide subsidies to
the nursing area. Through knowledge of the best scientific evidence available, the
professional can associate this knowledge to their practice, contributing to the quality of
clinical care through continuing education actions.
Key words: central venous catheterization; newborn; neonatal nursing.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1
Fluxograma de seleção dos estudos. Rio de Janeiro (RJ), 2014. p. 29.
Quadro 1
Distribuição dos artigos segundo ano de estudo, ano de publicação, base de
dados, tipo de estudo, nome do artigo e primeiro autor. Rio de Janeiro (RJ),
2014. p. 32.
Quadro 2
Caracterização dos recém-nascidos. Rio de Janeiro (RJ), 2014. p. 34.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1
Estratégia de busca por descritores realizada na base de dados BVS. Rio de
Janeiro (RJ), 2014. p. 28.
TABELA 2
Estratégia de busca por palavras, realizada na base de dados BVS. Rio de
Janeiro (RJ), 2014. p. 28.
TABELA 3
Caracterização dos estudos quanto ao desenho metodológico. Rio de
Janeiro (RJ), 2014. p. 32.
TABELA 4
Frequência e porcentagem de estudos, segundo o local de desenvolvimento
do estudo. Rio de Janeiro (RJ), 2014. p. 33.
TABELA 5 Caracterização dos neonatos. Rio de Janeiro (RJ), 2014. p. 35.
TABELA 6
Relação dos estudos quanto ao tipo de cateteres instalados. Rio de Janeiro
(RJ), 2014. p. 39.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1
Relação entre a indicação de remoção do PICC e os estudos analisados. Rio de
Janeiro (RJ), 2014. p. 36.
Gráfico 2
Relação entre a indicação de remoção eletiva e não eletiva do PICC e o ano da
pesquisa. Rio de Janeiro (RJ), 2014. p. 37.
Gráfico 3
Tempo de Permanência do Cateter Central de Inserção Periférica. Rio de
Janeiro (RJ), 2014. p. 38.
Gráfico 4
Relação entre a menor e maior prevalência de complicações relacionadas ao
PICC. Rio de janeiro (RJ), 2014. p. 40.
Gráfico 5 Taxa de obstrução relacionada ao uso do PICC. Rio de Janeiro (RJ), 2014. p.
41.
Gráfico 6 Taxa de ruptura relacionada ao uso do PICC. Rio de Janeiro (RJ), 2014. p. 42.
Gráfico 7 Taxa de migração relacionada ao uso do PICC. Rio de Janeiro (RJ), 2014. p.
43.
Gráfico 8
Taxa de exteriorização relacionada ao uso do PICC. Rio de Janeiro (RJ), 2014.
p. 44.
Gráfico 9 Taxa de edema relacionada ao uso do PICC. Rio de Janeiro (RJ), 2014. p. 45.
Gráfico 10
Taxa de extravasamento relacionada ao uso do PICC. Rio de Janeiro (RJ),
2014. p. 46.
Gráfico 11 Taxa de infecção relacionada ao uso do PICC. Rio de Janeiro (RJ), 2014. p. 47.
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO, p. 13
1.1 QUESTÃO NORTEADORA, p. 15
1.2 OBJETIVO, p. 16
1.2.1 Objetivo Geral, p. 16
1.2.2 Objetivo específico, p. 16
1.3 JUSTIFICATIVA, p. 16
2 REVISÃO DE LITERATURA, p. 18
2.1 O DISPOSITIVO PICC, p. 18
2.2 MANUTENÇÃO E PERMEABILIDADE DO CATETER PICC, p. 20
2.3 COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO USO DO CATETER PICC, p. 21
3 METODOLOGIA, p. 25
3.1 TIPO DE PESQUISA, p. 25
3.1.1 Estabelecimento do Problema de Revisão, p. 25
3.1.2 Seleção da Amostra, p. 26
3.1.3 Categorização dos Estudos, p. 26
3.1.4 Análise dos Resultados, p. 26
3.1.5 Apresentação e Discussão dos Resultados, p. 27
3.1.6 Apresentação da Revisão, p. 27
3.2 LEVANTAMENTO DE DADOS, p. 27
3.3 ANÁLISE DOS DADOS, p. 28
3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS, p. 29
3.5 ASPECTOS ÉTICOS, p. 30
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO, p. 31
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ESTUDOS, p. 31
4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS RECÉM-NASCIDOS, p. 34
4.3 INDICAÇÃO DE REMOÇÃO DO CATETER, p. 36
4.4 COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO USO DO PICC, p. 39
4.4.1 Complicações Locais, p. 40
12
4.4.2 Complicações Sistêmicas, p. 47
4.4.3 Complicações Menos Frequentes, p. 48
5 CONCLUSÃO, p. 51
OBRAS CITADAS, p. 53
OBRAS CONSULTADAS, p. 61
APÊNDICES, p. 62
APÊNDICE A: REFERÊNCIA DOS ARTIGOS USADOS NA PRESENTE REVISÃO
INTEGRATIVA, p. 62
APÊNDICE B: INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS, p. 63.
13
1 INTRODUÇÃO
No cuidado ao recém-nascido internado em uma Unidade de Terapia Intensiva
Neonatal (UTIN), as tecnologias e os procedimentos invasivos complexos são necessários
para garantir sua sobrevida. Segundo Lourenço e Kakehashi (2003), nos últimos anos, com o
grande avanço da tecnologia na área de ciências médicas, somadas aos recursos terapêuticos e
da qualidade da UTIN, houve um considerável crescimento na taxa de sobrevivência dos
recém-nascidos, em especial, os neonatos prematuros.
Com a modernização das UTIN, o desenvolvimento de novas ações na assistência
médica e de enfermagem possibilitou uma melhor prestação da assistência neonatal, bem
como o aprimoramento técnico-científico dos cuidados prestados ao recém-nascido de alto
risco. O uso de novas técnicas propiciou um grande salto na qualidade da assistência, como
por exemplo, a terapia intravenosa (MOTTA et al., 2011).
Para a realização da terapia intravenosa é fundamental a viabilização de um acesso
venoso, desta forma faz-se necessário o uso de dispositivos tais como o cateter umbilical,
cateter periférico, dissecção venosa ou cateter central de inserção periférica.
O cateterismo venoso umbilical é um procedimento médico, cujo dispositivo é
introduzido pelo coto umbilical que se apresenta gelatinoso, o que facilita sua introdução. É
considerada a principal escolha de acesso vascular na sala de parto e no período neonatal
imediato. O acesso venoso periférico é um procedimento realizado pela equipe de
enfermagem, cujo cateter curto de silicone sobre agulha (jelco) é introduzido por meio de
punção na veia periférica. A dissecção venosa é um procedimento cirúrgico, realizado por
médico, que envolve uma incisão da pele por meio da qual se introduz o cateter na veia,
mantendo-o fixo com pontos cirúrgicos. Outra forma de acesso venoso envolve o uso do
cateter central de inserção periférica (PAIVA, 2012, p. 22).
A garantia de acesso venoso seguro é um desafio constante na rotina da equipe de
enfermagem e pode influenciar na sobrevida e prognóstico dos neonatos de baixo peso e
criticamente doentes. Nesse contexto, é preciso dispor de um acesso venoso seguro e
adequado para administração de medicamentos, soluções intravenosas adicionais e nutrição
parenteral. Desta forma, a viabilização de um suporte nutricional adequado é fundamental
14
Introdução o
Introdução o
para o suprimento das demandas de crescimento e desenvolvimento desses neonatos (COSTA
et al., 2012; CÂMARA; TAVARES; CHAVES, 2007).
O enfermeiro tem papel fundamental na terapia intravenosa, sendo o principal
responsável pela escolha do vaso sanguíneo ideal, pela garantia do acesso venoso e
manutenção do mesmo, tornando-se o principal responsável pela punção venosa com a
utilização do PICC, assim como sua manutenção e cuidados contra complicações. Como
resultado, os profissionais que se ocupam da assistência neonatal são continuamente
desafiados a melhorar os métodos de prover acesso vascular periférico seguro, assim como
conhecer as diversas variedades de dispositivos existentes no mercado, visando atender as
necessidades dessa população neonatal vulnerável (SWERTS et al., 2013).
O primeiro relato histórico encontrado na literatura de uma tentativa de manter acesso
venoso central utilizando uma via periférica foi descrito em 1929, por um médico alemão que
se autocateterizou com uma sonda vesical através de uma veia da fossa cubital. Contudo, o
procedimento não foi implementado devido à rigidez dos materiais utilizados e pela
precariedade de materiais disponíveis, havendo o desencadeamento de diversas complicações
(VENDRAMIM; PEDREIRA; PETERLINI, 2007). Na década de 50, foi observado que as
medicações ao atingir os grandes vasos, tornavam-se mais diluídas, diminuindo os riscos de
reações inflamatórias e trombose química, comprovando, então, a eficácia do procedimento
de cateterização (SILVA; NOGUEIRA, 20041 apud BELO et al., 2012).
Na segunda metade do século XX, na década de 70, a técnica de acesso venoso central
por via periférica foi aprimorada, sendo desenvolvido nos Estados Unidos da América (EUA)
um dispositivo com cateter de silicone chamado Peripherally Inserted Central Catheters
(PICC) ou Cateter Central de Inserção Periférica. Este dispositivo surgiu como método de
primeira escolha de acesso vascular prolongado em neonatos prematuros, em razão da sua
elevada taxa de sucesso na inserção e baixo risco de complicações (COSTA et al., 2012).
Somente a partir de 1980, devido aos cursos de capacitação dos profissionais e pela
facilidade de sua inserção à beira do leito por enfermeiras, pode-se observar a grande
expansão de procedimentos utilizando este dispositivo No Brasil, o PICC foi conhecido em
1993 através de médicos e enfermeiros capacitados que trouxeram a técnica oriunda do
exterior. No ano seguinte, o dispositivo começou a ser comercializado pelo país (MOTTA et
al., 2011).
1 Silva GRG, Nogueira MFH. Terapia intravenosa em recém-nascidos: orientações para o cuidado de
enfermagem. Rio de Janeiro: Cultura Medica; 2004. p.23-37.
15
Introdução o
Introdução o
De acordo com Paiva (2011, p. 24), o enfermeiro desempenha papel de destaque no
cuidado com cateteres, especialmente, em relação à manutenção do dispositivo. Por ser um
profissional capacitado e que atua diariamente com a técnica de punção venosa, o enfermeiro
se especializou neste tipo de procedimento. A habilidade no manejo do PICC necessita da
experiência prática por parte do profissional, sendo esta desenvolvida ao longo da prática
assistencial.
A competência técnica e legal do enfermeiro em inserir, manipular e remover o cateter
central de inserção periférica encontra-se amparada pela Lei 7498/86 (BRASIL, 1986). Além
destes encontramos as Resoluções COFEN nº 258/2001 (CONSELHO FEDERAL DE
ENFERMAGEM, 2001) e do parecer técnico COREN-RJ nº 09/2000 (CONSELHO
REGIONAL DE ENFERMAGEM, 2000), onde foi normalizada a inserção e
a manipulação deste dispositivo pelo profissional enfermeiro.
Ainda que proporcione inúmeros benefícios para a qualidade de vida dos neonatos, o
uso do PICC pode causar diversas complicações que levam à sua remoção não eletiva, ou
seja, aquela realizada antes do término programado da terapêutica intravenosa. As
complicações mais descritas relacionadas ao uso de PICC em neonatos são: infiltração,
extravasamento, flebite, obstrução, infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter,
infecção do sítio de inserção, embolia, migração da ponta, tração acidental, arritmias,
tamponamento cardíaco, ruptura do cateter, trombose e edema de membros (COSTA et al.,
2012).
Os profissionais de enfermagem em UTIN devem estar atentos para a detecção
precoce de complicações relacionadas ao uso do PICC, além de priorizar a prevenção dessas
complicações, visando à segurança do paciente.
O presente estudo surgiu da necessidade de obter maior conhecimento sobre a
prevalência das complicações relacionadas ao uso dos cateteres centrais de inserção
periférica, tendo em vista o crescente uso deste dispositivo nas UTINs a fim de promover
melhor qualidade de vida aos neonatos.
1.1 QUESTÃO NORTEADORA
Qual a frequência com que ocorrem complicações relacionadas ao uso do PICC nas
UTINs do Brasil nos últimos 10 (dez) anos?
16 Introdução o
1.2 OBJETIVO
1.2.1 Objetivo Geral
Conhecer a prevalência acerca da ocorrência de complicações relacionadas ao uso do
Cateter Central de Inserção Periférica (PICC) em recém-nascidos internados em Unidades de
Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) localizadas no Brasil nos últimos 10 anos.
1.2.2 Objetivo Específico
Descrever o perfil dos recém-nascidos submetidos ao procedimento da inserção do
cateter PICC; Descrever a prevalência das complicações relacionadas à inserção do cateter
PICC;
1.3 JUSTIFICATIVA
Desde o primeiro minuto de vida, o recém-nascido deve ser observado com extremo
cuidado, pois necessita de cuidados que possibilitem sua adaptação ao mundo exterior devido
a sua suscetibilidade às infecções e pela ausência de mecanismos de defesa. Nesse contexto as
atenções a ele dispensadas na unidade de neonatologia, podem ser decisivas para a sua vida
futura (NAGANUMA, CHAUD, PINHEIRO, 1999 apud PIZZATO; POIAN, 1988).
Em uma unidade de neonatologia, o enfermeiro assiste uma clientela com
características e peculiaridades especiais em um momento de grande vulnerabilidade.
Segundo Naganuma, Chaud, Pinheiro (1999), a fim de garantir ao recém-nascido uma
adaptação satisfatória à vida extra-uterina, o enfermeiro necessita de conhecimentos
específicos para garantir-lhes a assistência devida e de qualidade.
Buscando maiores conhecimentos na área de neonatologia percebi que, embora o
enfermeiro seja o principal profissional responsável pela instalação e manutenção do cateter
central de inserção periférica, esse procedimento é pouco conhecido pelos alunos durante a
graduação em enfermagem.
Considerando os grandes avanços tecnológicos e o grande aumento na utilização do
dispositivo PICC, torna-se necessário avaliar a prevalência das complicações decorrentes do
seu uso em recém-nascidos internados em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal no Brasil.
17 Introdução o
A realização deste estudo se justifica pela necessidade de obter maior conhecimento e
compreensão acerca das complicações relacionadas ao uso do PICC em neonatos, pois o
levantamento de tais complicações visa à qualidade do cuidado prestado através da
minimização de práticas errôneas. A atualização dos profissionais possibilita minimizar as
complicações decorrentes da inserção, manipulação e retirada do PICC, assim como a criação
e instituição de protocolos e/ou diretrizes clínicas no serviço são importantes para garantir a
qualidade da assistência (CAMARGO, 2007).
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 O DISPOSITIVO PICC
Entre os anos de 1980 a 2000, os avanços tecnológicos da terapia intravenosa na área
de neonatologia se intensificaram trazendo grande benefício aos recém-nascidos (RN) de alto
risco que necessitam de um acesso venoso seguro e por tempo prolongado (RODRIGUES;
CHAVES; CARDOSO, 2006).
A punção venosa é considerada um dos procedimentos mais difíceis de realizar no RN
devido ao tamanho de seus vasos sanguíneos e a fragilidade dos capilares. Além disso, a perda
freqüente do acesso venoso causa interrupções na infusão de líquidos e eletrólitos,
comprometendo a eficácia da terapêutica. As repetidas punções comprometem os vasos
periféricos com certas complicações, que podem ser locais ou sistêmicas, culminando muitas
vezes com a necessidade de uma dissecção venosa (LOURENÇO; KAKEHASHI, 2003).
Com o desenvolvimento de novos materiais e aprimoramento da técnica de punção,
um dos dispositivos mais utilizados em neonatologia é o cateter central de inserção periférica
(PICC) (MOTTA et al., 2011). No Brasil, a partir dos anos 90, essa técnica passou a ser
utilizada por médicos e enfermeiros especializados nesse tipo de procedimento.
No momento atual, os PICCs são indicados para todo neonato que necessite de terapia
intravenosa por um período superior a seis dias, sendo que o tempo de permanência é oito
semanas em média (RODRIGUES; CHAVES; CARDOSO, 2006).
O PICC é um dispositivo vascular de inserção periférica cuja ponta apresenta
localização central. É inserido através de uma punção periférica que, por meio de uma agulha
introdutora, progride até o terço distal da veia cava superior ou veia cava inferior em átrio
direito (MOTTA et al., 2011; JOHANN et al., 2012). O local de inserção é uma veia
periférica preservada, de calibre adequado e não tortuosa, as mais indicadas são as veias
basílica e cefálica (MONTES et al., 2011). Trata-se de um cateter longo de 20 a 60
centímetros de comprimento com marcações a cada centímetro em toda sua extensão, sendo
constituída por material biocompatível como silicone ou poliuretano. Seu diâmetro varia de 1
19 Revisão de Literatura o
a 5 French (Fr) de calibre. O dispositivo apresenta-se nas formas mono ou duplolúmen
(COSTA et al., 2012).
A localização central do dispositivo é definida pela presença da ponta do cateter na
veia cava superior, átrio direito ou veia cava inferior, acima ou ao nível do diafragma. A
inserção do PICC pode ser dificultada pelo tamanho do vaso sanguíneo, vasoespasmo,
tortuosidade da veia, presença de válvulas venosas, fluxo de sangue venoso, turbulência do
fluxo e lesão endotelial, acarretando na inserção não central do cateter, permanecendo a ponta
ocasionalmente nas veias braquiocefálica, jugular, axilar ou safena (RACADIO et al., 2001).
A localização da ponta do cateter é confirmada após a realização e verificação de exame
radiológico (D'ELIA et al., 2002).
Sua localização central permite a infusão de soluções com pH não fisiológico,
hiperosmolares, drogas parenterais vesicantes ou irritantes e nutrição parenteral (NPT). Estes
possuem especificações no calibre, comprimento, diâmetro interno, diâmetro externo e
priming, registrados em tabelas de conversão que acompanham o produto (CÂMARA;
TAVARES; CHAVES, 2007).
A utilização desse procedimento possibilita a diminuição das punções venosas
periféricas, o estresse do paciente decorrente da manipulação excessiva e complicações
associadas ao uso do cateter venoso central inserido cirurgicamente. Suas vantagens incluem
manter preservados os demais acessos venosos; menor risco de infecção em relação a outros
dispositivos vasculares centrais; melhor hemodiluição das drogas, menor desconforto e dor;
maior facilidade de inserção/manuseio; diminuição do tempo e do estresse da equipe pelas
punções repetitivas; menor risco de hemotórax e pneumotórax e fácil manipulação (Op cit).
As contra-indicações ao acesso por PICC incluem veias inadequadas, distúrbios de
sangramento, trauma que envolve a extremidade, queimaduras graves, presença de lesões
cutâneas no local da inserção, infecções de pele ou tecido subcutâneo no local ou próximo ao
local de inserção, imunodepressão grave, alterações anatômicas estruturais, administração de
grandes volumes "em bolus" sob pressão, não aderência do paciente e falta de cuidados de
seguimento (CÂMARA; TAVARES; CHAVES, 2007; BOWDEN; GREENBERG, 2005,
cap.116, p.648).
Manter o cateter PICC pérvio é um dos maiores desafios para os enfermeiros em razão
do calibre e da possibilidade de oclusão. Dependendo de como é feita a manutenção, o tempo
de permanência do cateter PICC, após sua instalação, varia de uma semana a seis meses
(NUNES; OLIVEIRA, 2007).
20 Revisão de Literatura o
2.2 MANUTENÇÃO E PERMEABILIDADE DO CATETER PICC
Com o objetivo de garantir a otimização do cateter PICC, cuidados relacionados ao
manuseio são necessários durante a terapia intravenosa. A manutenção diária do cateter deve
ser realizada apenas pelo enfermeiro treinado e capacitado.
De acordo com SOBETI (2004), o curativo do PICC cria um ambiente que protege a
área onde o cateter está inserido e evita que haja o deslocamento e migração do mesmo.
Quanto à cobertura do óstio do cateter, após a inserção, é recomendado o uso de
curativo convencional com gaze e fita adesiva (PETTIT; WYCKOFF, 2007, p.51). Segundo
Pezzi (2004), a primeira troca do curativo deverá ser realizada após 24 horas do
procedimento, utilizando apenas o curativo do tipo transparente. A troca do curativo
transparente deve ocorrer a cada sete dias, ou antes desse prazo, em caso de umidade, sujidade
ou deslocamento e reações alérgicas locais, substituindo as conexões de polifix e equipo a
cada 72 horas com desinfecção prévia da extensão do cateter com álcool a 70%.
A freqüência da troca do curativo deve ser analisada em pacientes pediátricos, pois o
risco de deslocamento do cateter é maior que o benefício oferecido pela troca do curativo
(JOHANN et al., 2012).
Para manter a permeabilidade do cateter é necessária a realização de uma técnica de
lavagem apropriada (flushing). O uso de seringas com volume inferior a 5 ml podem
comprometer a integridade do cateter, gerando pressões capazes de rompê-lo; É recomendada
a realização de flushing com água destilada a cada 6-8 horas para permeabilizar o interior do
cateter e eliminar as precipitações químicas das medicações (PETTIT; WYCKOFF, 2007,
p.49). Estudos apontam a prática de salinização utilizando solução fisiológica a 0,9% com
seringa de 10 ml antes e após infundir medicamento e soluções intravenosas (FREITAS;
RAPOSO; FINÓQUIO, 1999). Não há evidencia de que o uso da heparina diminui a
ocorrência de trombose e a obstrução do cateter em RNs, além do que seu emprego aumenta o
riso de sangramento e trombocitopenia (PAIVA, 2011, p. 30).
Embora o acesso venoso com PICC seja uma terapia frequentemente utilizada no
cotidiano das UTINs, alguns estudos apontam para seu tempo de permanência inferior ao
indicado para seu uso. Este fato está relacionado com sucessivas perdas do acesso e punções
recorrentes, causando danos ao tecido vascular e provocando complicações inerentes ao uso
do cateter e a falhas técnicas do procedimento (LIMA, 2009; CAMARGO, 2007).
21 Revisão de Literatura o
2.3 COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO USO DO CATETER PICC
Por ser um procedimento invasivo, complicações associadas com o acesso por PICC
podem surgir ao longo da terapia intravenosa. Essas complicações podem ser classificadas
como locais, ou seja, circunscritas ao local de inserção do dispositivo, ou sistêmicas, quando
relacionadas ao sistema vascular. As complicações locais incluem obstrução do cateter,
flebite, infiltração, extravasamento, trombose, sangramento e mau funcionamento mecânico,
incluindo rupturas, tração, migração. Já as complicações sistêmicas incluem a infecção de
corrente sanguínea ou sepse (BOWDEN; GREENBERG, 2005, cap.116, p.648).
A complicação mais descrita relacionada ao uso do PICC em neonatos é a obstrução
do cateter. Esta é definida como a obstrução parcial ou total. A obstrução parcial ocorre
quando há resistência na infusão de solução, sendo causado pela formação de trombos ou
bainha de fibrina na ponta do cateter. A obstrução completa ocorre quando há ausência de
refluxo sanguíneo na aspiração e dificuldade de infusão de solução, sendo causada pela
formação de coágulos ou precipitação de medicamentos incompatíveis ou nutrição parenteral
(HERTZOG; WAYBILL, 2008). Outras causas menos freqüentes estão relacionadas ao mau
posicionamento do cateter ou por oclusões mecânicas por dobras ou compressão extrínseca do
lúmen (MONTES et al., 2011).
A flebite é uma das principais complicações locais relacionadas ao uso do PICC. É
uma irritação da veia, de origem química, mecânica ou infecciosa. Apresenta-se como uma
resposta inflamatória, caracterizada por sinais flogísticos no pertuito do cateter e por
hiperemia, edema e, por vezes, calor (PAIVA, 2011, p. 28).
Alguns autores classificam a flebite de acordo com sua etiologia. Segundo Smeltzer e
Bare (2009, cap. 14, p.295), "a flebite química pode ser causada por um medicamento ou
solução irritante (pH aumentado ou osmoralidade alta de uma solução), velocidades de
infusão rápidas e incompatibilidades medicamentosas". A flebite mecânica ocorre por trauma
vascular devido ao contato direto do cateter com a camada íntima da veia, sendo seu
desenvolvimento relacionado com o tipo de material do cateter. Já flebite infecciosa está
associada à contaminação bacteriana ou fúngica resultante da má técnica asséptica realizada
durante a inserção ou manutenção do cateter (HERTZOG; WAYBILL, 2008).
A infiltração é uma complicação decorrente do deslocamento do cateter no interior da
veia, ocorrendo administração involuntária de soluções não vesicantes nos tecidos adjacentes,
caracterizado pela não ocorrência de injúrias no local da lesão. Pode ser observada a presença
de edema, pele fria e tensa, fluxo sanguíneo ausente, infusão lenta e contínua. Já o
22 Revisão de Literatura o
extravasamento ocorre com a administração involuntária de soluções vesicantes nos tecidos
adjacentes. A severidade da lesão está diretamente relacionada ao tipo, concentração e volume
do fluido infiltrado nos tecidos intersticiais. É caracterizada por eritema, calor, dor, edema,
pele fria, descoloração da pele, redução da mobilidade do membro e infusão lenta ou parada
(PAIVA, 2011, p. 49; VENDRAMIN, 2004; GOMES et al, 2011).
A presença do cateter pode causar trauma na túnica íntima da veia, ocasionando a
adesão de plaquetas e fibrina devido à ativação das vias intrínseca e extrínseca da cascata de
coagulação. Essa resposta gera um quadro de trombose venosa, sendo esta evidenciada pela
presença de edema de extremidades, face, pescoço e/ou ombros. O coágulo sanguíneo que se
forma em torno do cateter pode estender nas veias centrais em direção ao átrio direito e
raramente pode ser uma fonte de embolia pulmonar (HERTZOG; WAYBILL, 2008; PAIVA,
2011, p. 48).
Segundo Paiva (2011, p. 29), após a realização do procedimento é esperada a
ocorrência de 1 a 2 ml de sangramento nas primeiras 24 a 48 horas. O sangramento excessivo
caracteriza-se como complicação relacionada ao uso do PICC. O uso de introdutor de maior
calibre que o calibre do cateter e as coagulopatias justificam a ocorrência de sangramento
excessivo. Para prevenir a ocorrência de sangramento, antes da realização do procedimento, é
indispensável a verificação de exames laboratoriais do tipo hemograma, em especial a
contagem de plaqueta.
Dentre as complicações relacionadas ao mau funcionamento mecânico, uma de maior
destaque encontrada na literatura, é a ruptura do cateter. Os cateteres de calibre estreito,
sobretudo os confeccionados com silicone, podem romper-se quando manuseados
inadequadamente ou em decorrência do excesso de pressão no flush exercida pela utilização
de seringas menores que 10 ml (BAGGIO; BAZZI; BILIBIO, 2010). De acordo com Paiva
(2011, p. 28), a ruptura pode ocorrer no hub ou na extensão do cateter. O uso de solução
alcoólica pode ressecar e favorecer sua ruptura. Além disso, pressões exercidas durante o
procedimento de permeabilização do CCIP podem causar seu rompimento.
A tração do cateter é outra complicação que pode ocorrer com o uso desse dispositivo.
Essa complicação ocorre devido a movimentação excessiva do neonato, pela fixação
inadequada do cateter ocasionada pela não aderência do curativo na pele, presença de
sangramento no sitio de inserção do cateter ou por alterações da pressão intratorácica A tração
do dispositivo pode ocorrer, acidentalmente, durante a troca de curativo, ocasionando
migração da ponta do cateter para outro local, alojando-se em uma localização periférica e,
23 Revisão de Literatura o
consequentemente, interferindo na terapia medicamentosa (PAIVA, 2011, p. 29; CAMARGO,
2007, p. 46).
As complicações sistêmicas relacionadas à terapia com uso do dispositivo PICC
incluem a infecção de corrente sanguínea associada ao cateter ou sepse. A infecção é um risco
inerente ao emprego de qualquer dispositivo de acesso vascular. Para Costa et al. (2012),
alguns fatores de risco podem ser associados, incluindo a prematuridade, peso baixo ao
nascer, inexperiência da equipe de enfermagem no cuidado diário ao cateter, múltiplas
manipulações, contaminação do canhão e longo tempo de permanência do dispositivo.
A infecção é evidenciada através de sinais de hiperemia e edema local, presença de
secreção purulenta, febre, leucocitose e hemoculturas positivas. Após a detecção destes sinais
é importante que o cateter seja retirado e sua ponta é encaminhada para a realização de exame
de cultura e confirmação ou não de microorganismos (VENDRAMIN, 2004).
Complicações graves, descritas na literatura, são relacionadas ao posicionamento
inadequado do cateter. O posicionamento inadequado do PICC possui como causas prováveis
a anatomia venosa, posicionamento inadequado do paciente ou a medida incorreta do trajeto
do cateter que pode ser prevenida com avaliação cuidadosa da passagem do mesmo. Este se
caracteriza por resistência do avanço e ausência de retorno de sangue. Já a dificuldade de
progressão do PICC é quando este encontra resistência no trajeto, causado por venoespasmo,
esclerose, encontro com válvulas, posição incorreta do cateter ou do paciente ou bifurcação
venosa (VENDRAMIN, 20042 apud MOTTA et al., 2011).
Dentre as complicações descritas, encontramos as arritmias cardíacas, tamponamento
cardíaco, derrame pericárdico, derrame pleural, pneumotórax, hidrotórax, dentre outras e,
inclusive, o óbito. Além disso, podem ocorrer também, perfuração e extravasamento em pelve
renal e irritação mecânica do cateter pelo íntimo contato com o endocárdio auricular ou
ventricular direito (MOTTA et al., 2011 apud VENDRAMIN, 2004). Pontas de cateteres
posicionadas em átrio direito ou sua migração para dentro do átrio direito são apontadas como
prováveis causas destas complicações (CAMARGO et al., 2008).
As arritmias cardíacas, atriais ou ventriculares, podem ser ocasionadas pela entrada do
cateter nas câmaras cardíacas devido ao mau posicionamento na inserção ou migração do
cateter para o átrio direito, podendo também, causa irritação do miocárdio. Seus sinais e
2 VENDRAMIN, P. Cateter central de inserção periférica (CCIP) em crianças. São Paulo, 2004. Disponível em:
<http://portal.samaritano.com.br/pt/interna.asp?page=1&idpagina=294>. Acesso em: 10 maio 2014.
24 Revisão de Literatura o
sintomas são: ritmo cardíaco irregular, dispnéia e hipotensão (MOTTA et al., 2011; PETTIT;
WYCKOFF, 2007, p.37).
A perfuração do miocárdio, o derrame e o tamponamento cardíaco podem ocorrer a
qualquer momento a permanência do dispositivo. Tais complicações podem ser relacionadas
ao dano no miocárdio devido ao contato da ponta do cateter com o músculo cardíaco a cada
contração, ocasionando a formação de trombos devido a lesão constante ou a perfuração do
músculo cardíaco. As manifestações clínicas podem variar devido a severidade das lesões,
podendo incluir taquicardia ou bradicardia, hipotensão, arritmias, batimentos cardíacos
hipofonéticos, desconforto respiratório, palidez ou cianose (PETTIT; WYCKOFF, 2007,
p.38).
O derrame pleural, pneumotórax e o hidrotórax são complicações raras que ocorrem
devido à perfuração de uma veia central durante ou após a inserção do cateter, bloqueio do
ducto torácico pela presença de trombos ou pela ponta do cateter, erosão do vaso sanguíneo
devido ao contato com o cateter. As manifestações clínicas podem variar de acordo com o
tamanho do derrame, acúmulo de fluídos e grau do dano venoso. São caracterizadas pela
dificuldade respiratória com ausculta diminuída sobre o pulmão afetado, ausência de retorno
sanguíneo por aspiração do cateter (Op cit).
A equipe de enfermagem possui papel primordial no cuidado e manutenção do cateter,
desta forma algumas ações podem ser implementadas desde o momento em que se avaliam as
veias viáveis para o acesso e as condições clínicas do RN para ser submetido à inserção do
PICC até após a remoção desse dispositivo.
25
3 METODOLOGIA
3.1 TIPO DE PESQUISA
A presente pesquisa consiste em uma revisão sistemática de literatura científica, na
modalidade denominada revisão integrativa.
O desenvolvimento deste estudo consiste na possibilidade de propor subsídio para a
implementação de mudanças que promovam qualidade das condutas assistenciais de
enfermagem através de modelos de pesquisa. Admite a construção de considerável análise da
literatura, envolvendo discussões a cerca de métodos e resultados das publicações
(GANONG, 1987).
Para Campos (2005) a revisão sistemática da literatura foi definida como uma
compilação da produção científica sobre determinado tema em um dado momento, utilizando-
se um método reproduzível.
Segundo Atallah e Castro (1998) trata-se de uma metodologia reprodutível, evita
esforços duplicados dos pesquisadores, possibilita detecção de lacunas de conhecimento e a
rápida atualização, dada a inclusão de novos estudos publicados, além de auxiliar a tomada de
decisões políticas em saúde.
Dentre as modalidades de revisão sistemática, encontra- se a revisão integrativa. A
revisão integrativa é uma técnica de pesquisa, na qual estudos são reunidos e sintetizados, por
meio da análise dos resultados evidenciados nos estudos de muitos autores especializados.
Consiste na síntese dos resultados das pesquisas e das conclusões de especialistas sobre o
assunto, onde os estudos são analisados em relação aos seus objetivos, design e resultados,
possibilitando conclusões a respeito de um corpo de conhecimento (CAMPOS, 2005).
De acordo Barbosa (2007) a revisão integrativa da literatura é composta de seis etapas
distintas, compreendidas pelo estabelecimento do problema de revisão; pela seleção da
amostra; pela categorização dos estudos; pela análise dos resultados; pela apresentação e
discussão dos resultados; e por fim, pela apresentação da revisão.
3.1.1 Estabelecimento do Problema de Revisão
A formulação do problema corresponde a etapa de formulação de hipóteses ou
questionamentos para a revisão. O problema dever ser instituído de forma clara e específica,
26 Metodologia o
assim como a hipótese de uma pesquisa primária. Nesse sentido, a elaboração da questão
norteadora da pesquisa deve estar associada a um raciocínio teórico e deve fundamentar-se em
definições já compreendidas pelo pesquisador (GANONG, 1987).
3.1.2 Seleção da Amostra
Nessa etapa são estabelecidos os critérios de inclusão e exclusão dos estudos, onde são
apresentadas as delimitações que apontam á seleção das pesquisas a serem revisadas. Para
Ganong (1987), a melhor amostra corresponde aquela que inclui todas as pesquisas
encontradas, ou a seleção randomizada das mesmas, e caso não haja possibilidade de realizar
um dos dois procedimentos, deve-se delimitar claramente os critérios de inclusão e exclusão
dos artigos.
A seleção dos estudos a serem incluídos na revisão integrativa é uma tarefa
importante, pois é um indicador crítico para avaliar o poder de generalização e confiabilidade
das conclusões (SILVEIRA, 2005).
3.1.3 Categorização dos Estudos
A etapa de categorização do estudo representa a essência da revisão integrativa. É
nessa fase que são definidas as características ou informações que serão coletadas das
pesquisas em processo de revisão (GANONG, 1987).
Nesta fase é essencial a utilização de um instrumento para avaliar a qualidade do
estudo, sendo este explicado e disponibilizado aos leitores para não comprometer a validade
dos resultados da revisão (COOPER, 1989).
3.1.4 Análise dos Resultados
O critério para a revisão integrativa abrange parâmetros minuciosos de análise, que
envolvem o uso de métodos para garantir o alcance dos objetivos; aplicar análise rigorosa;
examinar a teoria utilizada; estabelecer relações com os resultados, métodos, sujeitos e
atributos da pesquisa, visando apresentar ao leitor informações sobre os estudos revisados,
sem destacar apenas os resultados, de modo a maximizar as possíveis informações
(GANONG, 1987).
27 Metodologia o
De acordo com Broome (2000), a estatística descritiva é usualmente utilizada para
prover uma perspectiva de qual é a abrangência da literatura na área.
3.1.5 Apresentação e Discussão dos Resultados
Consiste na comparação dos dados evidenciados nos artigos incluídos na revisão
integrativa com o conhecimento teórico. Nesta fase, o pesquisador poderá fazer sugestões
para a prática de enfermagem, discutir condições de impacto político ou prático, contestar
resultados em relação às teorias e fazer recomendações para futuros revisores (GANONG,
1987).
3.1.6 Apresentação da Revisão
Segundo Campos (2005), nesta etapa do procedimento metodológico deve-se ter
clareza na obtenção dos resultados, de modo completo para que o leitor possa fazer um exame
crítico dos achados.
A finalidade da revisão integrativa corresponde à síntese das evidencias reunidas em
pesquisas primárias ou originais (SILVEIRA, 2005).
3.2 LEVANTAMENTO DE DADOS
Para a desenvolvimento desta pesquisa foi realizado um levantamento bibliográfico,
baseado em obras secundárias, publicadas no período de 2004 a janeiro de 2014, que abordem
o tema em questão.
O levantamento bibliográfico foi realizado em ambiente virtual, por meio da
Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) como fontes principais, os bancos de dados Lilacs
(Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde) e Medline (Sistema Online de Busca e
Análise de Literatura Médica).
A busca foi realizada através do método “por palavras”, sendo utilizados os seguintes
descritores do DeCS (Descritores em Ciências da Saúde): “cateterismo venoso central”,
“recém-nascido”, “enfermagem neonatal”, “unidade de terapia intensiva neonatal”. Foram
realizados três cruzamentos dos descritores utilizados de forma conjunta, sendo obtido um
total de 332 artigos na BVS.
28 Metodologia o
Tabela 1: Estratégia de busca por descritores realizada na base de dados BVS. Rio de Janeiro (RJ), 2014.
Termo de busca Operador
booleano
Artigos
encontrados
Artigos
Selecionados
Cateterismo venoso central
Recém-nascido
Enfermagem Neonatal
AND
AND
AND
78
13
Cateterismo venoso central
Recém-nascido Unidade de terapia intensiva
neonatal
AND
AND
AND
205
9
Enfermagem
Cateterismo venoso central/efeitos adversos
Recém-nascido
AND
AND AND
AND
39
1
TOTAL 322 23
Posteriormente, foi realizada uma busca livre na BVS utilizando como termos, as
palavras “complicações”, “cateterismo venoso central”, “recém-nascido” e “enfermagem
neonatal”. Nesta etapa foram realizados dois cruzamentos de forma conjunta, sendo obtido
um total de 62 artigos na BVS.
Tabela 2: Estratégia de busca por palavras, realizada na base de dados BVS. Rio de Janeiro (RJ), 2014.
Termo de busca Operador booleano Artigos encontrados Artigos
Selecionados
Complicações
Cateterismo venoso central
Recém-nascido
AND
AND
AND
56
5
Complicações
Cateterismo venoso central
Enfermagem neonatal
AND
AND
AND
8
4
TOTAL 62 9
3.3 ANÁLISE DOS DADOS
Como critérios de inclusão na pesquisa, serão selecionados estudos que demonstrem
semelhanças com o tema de forma integral e singular, tendo como cenário UTINs nacionais,
estudos que abordem as taxas de complicações do PICC, textos completos e publicados até
janeiro de 2014. Serão excluídos da pesquisa estudos que somente abordem os cateteres
29 Metodologia o
venosos centrais, estudos que se repetem, estudos internacionais, estudos bibliográficos e os
que somente se apresentavam em forma de resumo. O levantamento das obras foi realizado no
mês de fevereiro de 2014.
Figura 1: Fluxograma de seleção dos artigos. Rio de Janeiro (RJ), 2014.
Para seleção inicial, avaliou-se o título e o resumo, de modo a confirmar se
contemplavam a questão de pesquisa, sendo selecionados 32 artigos ao final desta etapa. Após
seleção inicial das publicações, foi realizada leitura na integra de modo a confirmar se os
estudos atendiam aos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Após a análise dos dados
11 artigos foram selecionados para a realização da pesquisa.
3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Para a coleta de dados dos artigos selecionados na pesquisa, foi elaborado um
instrumento no formato de tabela (Apêndice A).
352 artigos com ausência em relação ao tema e estudos
internacionais
21 ARTIGOS EXCLUÍDOS
- 8 artigos se repetem
- 2 artigos não apresentam
texto completo
- 1 artigo em forma de revisão
bibliográfica
- 10 artigos não abordam o PICC
30 Metodologia o
O instrumento é constituído por três partes. A primeira parte do instrumento aborda a
identificação dos artigos e contempla os seguintes itens: Base de Dados, Ano de Publicação
do artigo, nome do artigo, nome dos autores e tipo de estudo. A segunda parte aborda a
caracterização dos recém-nascidos quanto ao sexo, peso ao nascer e idade gestacional. Já a
terceira parte aborda a caracterização e as variáveis de remoção do PICC, quanto ao tipo de
cateter, tempo de permanência, indicação de remoção e as taxas de complicações.
3.5 ASPECTOS ÉTICOS
Por tratar-se de uma revisão integrativa da literatura, não foi necessário submeter o
projeto de pesquisa ao Comitê Ético de Pesquisa (CEP), pois a mesma utiliza como dados as
informações encontradas na literatura científica acerca do tema proposto, não havendo, desta
forma, envolvimento com seres humanos.
31
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A presente revisão integrativa objetivou conhecer e descrever a prevalência das
complicações relacionadas ao cateter central de inserção periférica, assim como descrever o
perfil dos recém-nascidos submetidos ao procedimento de inserção do dispositivo. O PICC é
considerado, por muitos autores, um dispositivo de acesso vascular seguro (CARLSON, 1999;
VENDRAMIN, 2005; SECOLI; 2006). A ocorrência de complicações relacionadas ao seu uso
pode acarretar prejuízos à terapia, tais como a não infusão de medicamento e limitação do
local para outras punções, além de comprometer a segurança do paciente, ampliando o tempo
de hospitalização e custos do tratamento.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ESTUDOS
A amostra da pesquisa foi composta de 11 estudos conforme seleção a partir dos
critérios de inclusão e exclusão propostos.
O quadro (1) descreve a relação dos estudos selecionados quanto ao ano de estudo,
ano de publicação/base de dados, tipo de estudo, nome do artigo e primeiro autor.
Na tabela (3), em relação à caracterização dos estudos de acordo com o desenho
metodológico, considerando-se os 11 estudos analisados, obtiveram-se 03 coortes
prospectivas e 08 estudos descritivos. Todos os estudos são de abordagem quantitativa,
atendendo aos critérios de inclusão.
Na prática baseada em evidências, os níveis de evidência dos estudos são
caracterizados de forma hierárquica, dependendo do delineamento de pesquisa, ou seja, da
abordagem metodológica adotada para o desenvolvimento do estudo.
Para Melnyk (2005) a qualidade das evidências é classificada em sete níveis. No nível
1, revisão sistemática ou metanálise de todos relevantes ensaios clínicos randomizados
controlados ou oriundas de diretrizes clínicas baseadas em revisões sistemáticas de ensaios
clínicos randomizados controlados; nível 2, pelo menos um ensaio clínico randomizado
controlado bem delineado; nível 3, ensaios clínicos bem delineados sem randomização; nível
4, estudos de coorte e de caso-controle bem delineados; nível 5, revisão sistemática de estudos
descritivos e qualitativos; nível 6, único estudo descritivo ou qualitativo; nível 7, evidências
oriundas de opinião de autoridades e/ou relatório de comitês de especialistas.
32 Resultados e Discussão o
Quadro 1: Distribuição dos artigos segundo ano de estudo, ano de publicação, base de dados, tipo de estudo,
nome do artigo e primeiro autor. Rio de Janeiro (RJ), 2014.
De acordo com a classificação da qualidade das evidências estudos de caráter
descritivo apresentam nível 05, sendo de menor evidência científica quando comparados aos
estudos de coorte, pois estes apresentam nível 04. Segundo Galvão (2006) o conhecimento
destas classificações proporciona subsídios para auxiliar o enfermeiro na avaliação crítica de
resultados provenientes de pesquisas e, consequentemente, na tomada de decisão sobre a
incorporação das evidências à prática clínica.
TABELA 3: Caracterização dos estudos quanto ao desenho metodológico. Rio de Janeiro (RJ), 2014.
ARTIGO ANO DO
ESTUDO
PUBLICAÇÃO/
BASE DE
DADOS
TIPO DE
ESTUDO
NOME
DO ARTIGO
PRIMEIRO
AUTOR
Estudo 1 2002-
2003
2007
SCIELO
Descritivo
Exploratório
Cateter Venoso de Inserção periférica:
Análise do uso em recém-nascidos de uma
unidade pública neonatal de Fortaleza
CÂMARA, S.
Estudo 2 2004-
2006
2008 Descritivo
retrospectivo
Avaliação da implantação do cateter central
de inserção periférica
ALMEIDA, A.
Estudo 3 2007 2010 MEDLINE
Descritiva retrospectiva
Eventos adversos relacionados ao uso de cateteres venosos centrais em recém-
nascidos
FRANCESCH
I, A.
Estudo 4 2006-
2008
2010
LILACS
MEDLINE
Descritivo
retrospectivo
Cateter central de inserção periférica:
descrição da utilização em UTI Neonatal e
Pediátrica
BAGGIO, M.
Estudo 5 2004-
2007
2011
LILACS
Descritivo
retrospectivo
O uso do cateter epicutâneo na clientela
neonatal de um hospital público estadual
REIS, A.
Estudo 6 2009 2011
LILACS
MEDLINE
Descritivo
exploratório
Práticas de manejo do cateter central de
inserção periférica em uma unidade neonatal
DOREA, E.
Estudo 7 2008-
2009
2011
SCIELO
Descritivo
retrospectivo
Ocorrência de complicações relacionadas ao
uso do Cateter Central de Inserção Periférica
em Recém-Nascidos
MONTES, S.
Estudo 8 2010 2012
LILACS
MEDLINE
Descritivo
Transversal
Prevalência e motivos de remoção não
eletiva do cateter central de inserção
periférica em neonatos
COSTA, P.
Estudo 9 2009 2012 LILACS
Coorte prospectiva
Efeitos adversos relacionados ao processo do cateterismo venoso central em UTI neonatal
e UTI pediátrica
GOMES, A.
Estudo 10 2010-
2011
2013
LILACS
Coorte
prospectiva
Complicações relacionadas ao tipo de cateter
epicutâneo em uma coorte de neonatos
DOREA, E.
Estudo 11 2010-
2011
2013
LILACS
Coorte
prospectiva
Causas de remoção não eletiva do cateter
epicutâneo em neonatos
DOREA, E.
Desenho Metodológico Número de Estudos (%)
Coorte 03 (27,2%)
Descritivo 07 (63,7%)
Transversal
Total:
01 (9,1%)
11 (100,0%)
33 Resultados e Discussão o
Pode se observar, em relação ao período de publicação dos estudos, que 04 artigos
(36,4%) foram publicados entre os anos de 2007 a 2010, sendo 01 estudo em 2007, 01 estudo
em 2008 e 02 estudos em 2010 e, que 07 artigos (63,6%) foram publicados entre os anos de
2011 a 2013, sendo 03 estudos em 2011, 02 estudos em 2012 e 02 estudos em 2013. Estes
dados demonstram que a preocupação está aumentando em relação ao uso do PICC e ao
conhecimento das complicações decorrentes ao seu uso. As pesquisas na área da enfermagem
se encontram em um ritmo constante, porém ainda são poucos os estudos publicados
retratando as complicações acerca do PICC na área de enfermagem neonatal no Brasil.
Ao realizar a análise do local de desenvolvimento da pesquisa, objetiva-se verificar
quais as regiões do país em que os estudos são mais frequentemente desenvolvidos, bem
como quais regiões desenvolvem menos pesquisas.
Por meio destes dados, verifica-se um maior desenvolvimento científico na região
Sudeste (72,7%), seguida da região Sul (18,2%), e região Nordeste (9,1%), o que reforça os
dados demonstrados na Tabela (4), pois os estudos, em sua maioria, foram realizados nas
cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. A região sudeste representa o maior polo econômico
do Brasil, sendo a região que possui as grandes universidades voltadas à pesquisa do país.
TABELA 4: Frequência e porcentagem de estudos, segundo o local de desenvolvimento do estudo. Rio de
Janeiro (RJ), 2014.
LOCAL DO ESTUDO n %
Sudeste 08 72,7%
Sul 02 18,2%
Nordeste 01 9,1%
TOTAL 11 100,0
Para Silveira (2005) esse desenvolvimento concentrado em algumas regiões pode
inviabilizar a utilização de resultados de pesquisa dentro do próprio território nacional. A
autora ressalta que o Brasil apresenta uma grande diversidade socioeconômica e cultural entre
suas regiões, fazendo com que a aplicação dos resultados de pesquisas provenientes de
centros mais desenvolvidos economicamente, fique comprometida em regiões menos
favorecidas e vice-versa, devido aos recursos tecnológicos e a formação profissional existente.
34 Resultados e Discussão o
4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS RECÉM-NASCIDOS
Recém-nascido é a criança com idade entre 0 e 28 dias de vida. Os neonatos
prematuros, principalmente os prematuros extremos, constituem o grupo majoritário entre os
pacientes internados em UTIN. Sua internação ocorre após o nascimento e estende-se, além
do período neonatal (TAMEZ, 2009).
Estes recém-nascidos de alto risco geralmente demandam de tratamentos
medicamentos prolongados, infundidos intravenosamente, tornando-se necessária a inserção
de cateteres venosos. Neste contexto, o dispositivo PICC propicia o atendimento das
demandas terapêuticas destes neonatos criticamente doentes (HOANG et al, 2008).
Quadro 2: Caracterização dos recém-nascidos. Rio de Janeiro (RJ), 2014.
ARTIGOS SEXO PESO AO NASCER IDADE GESTACIONAL
Estudo 1 Feminino – 42,34%
Masculino – 57,66%
<1000g: 13,5%
1000g-2000g: 28,8%
2000g-3000g: 21,15%
>3000g: 5,7%
<30sem: 5,7%
30-35sem: 40,4%
>35 sem: 21,15%
Estudo 2 Feminino – 52%
Masculino – 48%
Menor peso: 700g Não evidenciado
Estudo 3 Feminino – 46,1%
Masculino – 53,9%
Média: 1993g Média: 33,6s
Estudo 4 Feminino – 40%
Masculino – 60%
Menor peso: 652g Prematuros 43,2%
Estudo 5 Feminino – não informado
Masculino - não informado
AIG: 60,7%
PIG: 19,9%
GIG: 6,3%
Prematuros: 71,7%
Estudo 6 Feminino – 26,7%
Masculino – 73,3%
<1000g: 4,4%
1000g-1500g: 35,5%
>1500g: 22,3%
>2000g: 37,8%
<30sem: 37,8%
30-35sem: 35,5%
>35 sem: 26,7%
Estudo 7 Feminino – 50%
Masculino – 50%
Mín: 715g
Máx: 2826g
Média: 1639g
Mín: 35
Máx: 40
Média: 31,9 sem
Estudo 8 Feminino – 33,5%
Masculino – 65,5%
AIG: 88,1%
Média: 1777,3
Pré-termo: 95,2%
Média: 33,3 sem
Estudo 9 Feminino – 34%
Masculino – 48%
Não evidenciado Não evidenciado
Estudo 10 Feminino – 38,9%
Masculino – 61,1%
Mín: 550g
Máx: 3860g
Média: 2276g
Mín: 22,6
Máx: 46,3
Média: 34,4 sem.
Estudo 11 Feminino – 38,8%
Masculino – 61,2%
AIG: 83,4%
Média: 1882,9g
Média: 34,1 sem.
35 Resultados e Discussão o
Com relação aos recém-nascidos submetidos aos procedimentos de inserção do PICC,
dos 11 estudos selecionados, pode-se evidenciar que a maioria dos neonatos que fizeram uso
do dispositivo foram os do sexo masculino, variando de 48% a 73,3%, já os neonatos do sexo
feminino variaram de 26,7% a 52% nos estudos observados.
Dentre os estudos selecionados, foram observadas as médias da idade gestacional e
peso ao nascer. A IG teve variação de 31,9 a 34,4 semanas e o peso variou de 1.639 a 2.276 g.
Diante das informações, caracterizou-se uma população de neonatos do sexo masculino,
prematuros e de baixo peso, porém adequados para a idade gestacional.
TABELA 5: Caracterização dos neonatos. Rio de Janeiro (RJ), 2014.
Estes achados corroboram com outros estudos que apontam as mesmas características.
Em um estudo chinês realizado por Liu (2009) no Hospital Universitário de Pequim, com 104
recém-nascidos, foi evidenciado que 52% dos neonatos eram do sexo masculino, com média
de idade gestacional de 30,50 semanas e peso ao nascer de 1.344 gramas.
Em um estudo prospectivo, realizado por Barría e Santander (2006), que avaliou a
implantação de 46 PICCs em 40 neonatos de UTIN de um Hospital de Valdívia (Chile), a
média da idade gestacional foi de 30,4 semanas e o peso de 1.465 gramas.
4.3 INDICAÇÃO DE REMOÇÃO DO CATETER
De acordo com a Infusion Nurses Society Brasil (2008), a indicação de remoção do
PICC ocorre por prescrição médica e seu protocolo de remoção deve ser estabelecido em
rotinas de cada instituição, devendo ser determinada pelas condições do paciente e
diagnóstico, tipo e duração da terapia intravenosa administrada, presença de infecção ou
processo inflamatório, além do posicionamento da ponta do cateter.
Perfil dos neonatos Menor prevalência Maior prevalência
Sexo
Feminino 26,7% 52%
Masculino 48% 73,3%
IG ao nascer
Média 31,9 semanas 34,4 semanas
Peso ao nascer
Média 1639 gramas 2276 gramas
36 Resultados e Discussão o
Na prática assistencial cabe ao enfermeiro, habilitado no manejo do PICC, estar atento
às potenciais complicações em sua remoção e estar preparado para iniciar as medidas
necessárias. O PICC poderá ser mantido até o término da terapia, não havendo quaisquer
indícios de complicação (PAIVA, 2011).
Gráfico 1: Relação entre a indicação de remoção do PICC e os estudos analisados. Rio de Janeiro (RJ), 2014.
O gráfico (1), em ordem quanto ao ano de publicação, mostra a relação entre a
indicação de remoção do PICC, sendo esta eletiva ou não eletiva. Dentre os estudos
analisados, a taxa de remoção eletiva, representada pelo término da terapia, variou de 27,3% a
67,5%. Já a taxa de remoção não eletiva, representada pelas complicações relacionadas ao uso
PICC, variou de 32,5% a 72,7% nos estudos observados.
No gráfico (2) a indicação de remoção do PICC foi relacionada ao ano de realização
da pesquisa, diferenciando-se quanto ao ano de publicação. Podemos observar que os estudos
efetuados entre 2003 e 2008 apresentaram, em sua maioria, maior prevalência de
complicações relacionadas ao PICC.
Três estudos foram realizados em 2009, um deles apresenta a maior taxa de
complicação dos estudos analisados e os outros dois apresentam taxa de remoção eletiva
superior às de remoção não eletiva,. Os estudos realizados entre 2010 e 2011 apresentam taxa
de remoção eletiva superior à remoção não eletiva. Foi observado aumento da taxa de
remoção eletiva e redução das complicações nos estudos realizados a partir de 2009.
48%
36%
52,3% 52%
42%
67,5%
27,3%
60,7%
54,2%
61,5% 60,9%
52%
64%
47,7% 48%
57%
32,6%
72,7%
39,3%
45,8%
38,5% 39,1%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
PR
EV
AL
EN
CIA
DE
RE
MO
ÇÃ
O
ESTUDOS
INDICAÇÃO DE REMOÇÃO
ELETIVA NÃO ELETIVA
37 Resultados e Discussão o
Gráfico 2: Relação entre a indicação de remoção eletiva e não eletiva do PICC e o ano da pesquisa. Rio
de Janeiro (RJ), 2014.
Um estudo brasileiro realizado em 2002 por Lourenço (2003), avaliando 135 cateteres
PICC demostrou uma prevalência de complicações mecânicas e infecciosas de 62,2%. Este
dado contribui para o achado no Gráfico (2), onde se pode observar uma relação inversamente
proporcional quanto à taxa de remoção não eletiva e ao ano de realização do estudo. Estudos
realizados nos últimos 5 anos apresentam menores taxas de remoção não eletivas, sendo os
dados similares aos encontrados em estudos internacionais. Um estudo de coorte, realizado
por Hoang (2008), com 447 neonatos que objetivou comparar as taxas de complicações
relacionadas ao PICC inseridos em membros superiores e inferiores para infusão de nutrição
parenteral apresentou taxa de complicações de 30,7%. O estudo chinês de Liu (2009), com
104 recém-nascidos, apresentou uma taxa de complicação foi de 31,73%, sendo minimizadas
com intervenção, não havendo necessidade de remoção. Ao final do estudo 87,5% dos PICCs
foram removidos eletivamente após a conclusão da terapia e apenas 12,5% dos casos foram
remoções não eletivas.
O aumento da utilização do PICC em neonatos implica em manter os profissionais de
saúde constantemente atualizados e treinados, principalmente quanto à manutenção e retirada
do mesmo, com o objetivo de prolongar a permanência do dispositivo em boas condições de
uso sem ocasionar complicações ao neonato. A redução das complicações pode estar
associada ao maior conhecimento e capacitação pela equipe de enfermagem.
Segundo Paschoal (2004), a educação é um dos pilares na formação dos profissionais
de saúde, principalmente de enfermagem, devido às complexas mudanças no cuidar. A
inserção contínua de novas tecnologias na área da saúde propicia lacunas no conhecimento
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
2003 2006 2007 2007 2008 2009 2009 2009 2010 2011 2011
ANO DO ESTUDO
INDICAÇÃO X ANO DO ESTUDO
ELETIVA NÃO ELETIVA
38 Resultados e Discussão o
dos profissionais, que necessitam atualizar-se constantemente. A educação permanente
engloba a educação continuada e em serviço, na qual as ações educativas são realizadas no
processo de trabalho. A educação em serviço na enfermagem engloba o cuidar, o gerenciar e o
educar, refletindo-se no processo de trabalho a fim de transformá-lo e adequá-lo à realidade
local.
O levantamento das complicações relacionadas ao PICC minimiza práticas errôneas e
visa à qualidade do cuidado prestado. Diversas formas educativas são utilizadas para atualizar
os profissionais e minimizar as complicações decorrentes da inserção, manipulação e retirada
do PICC. A criação e instituição de protocolos e/ou diretrizes clínicas no serviço são
importantes para garantir a qualidade da assistência (CAMARGO, 2007).
Gráfico 3: Tempo de Permanência do Cateter Central de Inserção Periférica. Rio de Janeiro (RJ), 2014.
O gráfico (3) destaca a média de permanência do dispositivo variando de 7,7 dias a
14,5 dias entre os 08 estudos que abordaram o tempo de permanência do cateter.
O presente achado é semelhante ao estudo de Paulson e Miller (2008) realizado com
164 pacientes, avaliando 185 PICCs, onde se obteve um tempo médio de permanência de 12,2
dias. Porém é bastante inferior ao encontrado no estudo de Liu (2009) onde o tempo médio de
permanência do PICC foi de 22,3 dias.
De acordo com Pettit (2007), a incidência de complicações associadas ao uso do PICC
são baixas, sendo a maioria dos cateteres removidos eletivamente na conclusão da terapia.
Apesar dos muitos benefícios, durante a utilização do cateter a ocorrência de complicações
pode acarretar prejuízos à terapia e comprometer a segurança do paciente, ampliando o tempo
de hospitalização e os custos do tratamento.
14 dias
12,6 dias
14,5 dias
7,7 dias
9,42 dias
8,8 dias
12 dias
12 dias
MÉDIA DO TEMPO DE PERMANÊNCIA
Estudo 1
Estudo 2
estudo 4
estudo 5
estudo 6
Estudo 7
Estudo 8
Estudo 9
39 Resultados e Discussão o
Estudos internacionais apontam que diferentes tipos de cateter influenciam no tempo
de permanência e na indicação de remoção por complicação. Entretanto, observa-se que
poucos foram os estudos que compararam a incidência de complicações entre os diferentes
tipos de cateteres instalados em neonatos. A maioria dos estudos relata taxas de complicações
relacionadas ao uso do dispositivo independente do tipo do cateter. Somente 04 estudos
abordaram os tipos de cateteres, sendo o cateter de monolúmen de silicone o mais utilizado
comparado ao cateter duplolúmen de poliuretano.
TABELA 6: Relação dos estudos quanto ao tipo de cateteres instalados. Rio de Janeiro (RJ), 2014.
ESTUDO MONOLÚMEN DE
SILICONE
DUPLOLÚMEN DE
POLIURETANO
Estudo 6 60% 40%
Estudo 8 94% 1,2%
Estudo 10 70% 30%
Estudo 11 70,3% 29,7%
Tsai e cols (2011) realizaram uma coorte retrospectiva em uma UTIN de Taiwan onde
compararam a incidência de complicações entre dois tipos de cateteres de silicone,
denominados de PICC antigo e PICC novo, porém diferenciavam-se pelo tipo de introdutor.
A incidência de remoção por complicações no grupo de cateteres antigos foi de 32,4% e no
grupo de novos cateteres foi de 40,0%, sendo a conclusão dos autores que diferentes tipos de
cateteres influenciam na taxa de complicações.
Costa e cols (2014) realizaram um estudo cujo objetivo era comparar a incidência de
remoção não eletiva em cateteres monolúmen de silicone e duplolúmen de poliuretano. Os
resultados sugerem uma incidência de remoção não eletiva 2,6 vezes maior entre os cateteres
de poliuretano comparados aos de silicone. No entanto, o cateter de poliuretano apresentou
um tempo de permanência significativamente maior por quase duas semanas.
No Brasil ainda existem poucos estudos que abordem os tipos de cateteres PICC
encontrados no mercado e, principalmente, há uma escassez de estudos que avaliem
comparativamente os tipos de dispositivos.
4.4 COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO USO DO PICC
Devido ao seu método invasivo, complicações associadas ao uso do PICC podem
surgir ao longo da terapia intravenosa. Essas complicações podem ser classificadas como
40 Resultados e Discussão o
locais, ou seja, circunscritas ao local de inserção do dispositivo, ou sistêmicas, quando
relacionadas ao sistema vascular.
Uma redução na incidência de complicações foi observada quando os procedimentos
para a inserção e os cuidados com o cateter foram padronizados e os enfermeiros tornaram-se
mais experientes com relação a inserção e a manutenção dos cateteres (Rourke, Higgins ,
1998; Sherrod et al., 2005).
Gráfico 4: Relação entre a menor e maior prevalência de complicações relacionadas ao PICC. Rio de janeiro
(RJ), 2014.
Problemas mecânicos, incluindo a obstrução, ruptura, extravazamento e migração,
juntamente com a infecção foram as complicações mais comuns identificadas. Tais
complicações podem estar relacionadas com a técnica de inserção, cuidados de rotina e
procedimentos de manutenção ou problemas específicos do paciente (PETTIT, 2002).
4.4.1 Complicações Locais
As complicações locais incluem obstrução do cateter, infiltração, flebite,
extravasamento, trombose e problemas mecânicos, tais como, rupturas, tração, migração e
mau posicionamento.
A obstrução relacionada ao PICC é uma das complicações pós-inserção mais comuns
relatadas na literatura. A obstrução pode ser causada por uma variedade de fatores, sendo as
causas mais comuns a manutenção ineficaz do cateter, precipitação de drogas, administração
Migração ; 0,96-
48%
Infecção; 3,6-
37,1%
Obstrução; 9,6 -
30,9%
Ruptura; 7,4-
23,1%
Exteriorização;
2,3-22,3%
Extravasamento;
1,2-18%
Tração; 1,2-13,9%
Edema; 5-9,6%
Flebite; 0-4,2%
Infiltração; 0-5,1%
Sindrome de veia
cava superior; 0-
2%
Exsudato;
0-2% Trombose; 0-
1,90%
Falso trajeto; 0-
1,80% Má perfusão; 0-
1,40%
41 Resultados e Discussão o
de drogas incompatíveis, estado de hipercoagulabilidade do paciente, acumulação gradual de
fibrina no lúmen, mal posicionamento (BAIOCCO, 2013).
Segundo Jesus e Secoli (2007), a obstrução também encontra-se associada a poucas
lavagens do cateter, ao fluxo de sangue retrógrado e à coleta frequente de sangue pelo
dispositivo, fatores que, somados ao pequeno diâmetro interno e comprimento longo,
contribuem para a ocorrência de tal evento.
Gráfico 5: Taxa de obstrução relacionada ao uso do PICC. Rio de Janeiro (RJ), 2014.
A obstrução foi a complicação mais prevalente encontrada nos estudos. Sua
prevalência variou de 9,6 a 30,9%. A menor taxa de obstrução foi encontrada no Estudo 1,
realizado em Fortaleza (2007) com 52 recém-nascidos, onde apresenta taxa de remoção não
eletiva de 52%, sendo a taxa de obstrução de 9,6%. A maior taxa foi encontrada no Estudo 7,
realizado em Minas Gerais (2011) com 41 recém-nascidos e 55 PICCs, onde apresenta taxa de
remoção não eletiva de 72,7%, sendo a taxa de obstrução de 30,9%.
Um estudo semelhante realizado por Chathas em 1986, relatou uma taxa de obstrução
de 23% em 41 pacientes neonatais com 56 PICCs, o que representa uma diferença
significativa se comparado o ano de realização dos estudos.
No estudo de Paulson e Miller (2008), dos 159 cateteres PICCs avaliados apenas 07
(4,4%) apresentaram a obstrução como complicação.
A etiologia determina o curso das intervenções para desobstrução do cateter.
Imediatamente após a inserção do cateter, é importante a realização de uma radiografia de
tórax para determinar a localização do PICC, podendo o reposicionamento ser necessário caso
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
TAXA DE OBSTRUÇÃO
OBSTRUÇÃO
42 Resultados e Discussão o
o cateter se apresente contra a parede do vaso. A obstrução pode ser removida através de
agentes que retornam o precipitado em solução criando um equilíbrio de pH favorável, sendo
o ativador plasminogênio tecidual (tPA) mais utilizado pela maioria dos relatórios. Não há
evidência de que o uso da heparina diminui a ocorrência de obstrução, além do que seu uso
aumenta o risco de sangramento e trombocitopenia (GORSKI, 2004; SHAH, 2008). A
manutenção da permeabilidade pode ser feita com a lavagem apropriada do cateter. Estudos
apontam a prática de salinização utilizando solução fisiológica a 0,9% com seringa de 10 ml
antes e após infundir medicamento e soluções intravenosas (FREITAS; RAPOSO;
FINÓQUIO, 1999).
A ruptura do cateter pode ocorrer devido a sua manipulação inadequada. Esse
dispositivo requer cuidados especiais, como a utilização de seringas igual ou maiores que 10
ml para a lavagem, pois não suportam a pressão causada por seringas menores, podendo
ocasionar o rompimento.
Gráfico 6: Taxa de ruptura relacionada ao uso do PICC. Rio de Janeiro (RJ), 2014.
A ruptura esteve presente em 10 dos 11 estudos observados. Sua prevalência variou de
7,4% a 23,1%. A menor taxa de ruptura foi observada no Estudo 9, realizado no Rio de
Janeiro (2012) com 56 RNs, apresentando como remoção não eletiva 45,8%, sendo a ruptura
presente em 7,4% dos casos. A maior taxa foi observada nos Estudos 10 e 11, ambos
realizados em São Paulo (2013) com 270 e 266 PICCs, respectivamente, apresentando 23,1%
de remoção por ruptura do cateter.
No estudo 10, Paiva (2011) analisou 270 cateteres com o objetivo de analisar a
ocorrência de complicações em comparação ao tipo de cateter. Foram comparados dois tipos
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
TAXA DE RUPTURA
RUPTURA
43 Resultados e Discussão o
de cateter, sendo estes o monolúmen de silicone, apresentando taxa de ruptura de 10,5%, e os
cateteres de duplolúmen, onde a taxa foi de 4,9%, sendo a ocrrência total de ruptura de 23,1%.
O estudo realizado por Walshe (2002) analisou as complicações de 351 PICCs, sendo
evidenciado ruptura em 21 cateteres, o que representa uma taxa de ruptura de 6%.
A resistência do cateter está diretamente relacionada ao tamanho e ao tipo de materal
do dispositivo. As características de flexibilidade e maleabilidade do silicone tornam o cateter
mais vulnerável a danos em áreas de fraqueza e movimento, sendo a incidencia de 0% a 5,9%.
Já os cateteres de poliuretano são mais resistentes que os cateteres de silicone, no entanto,
uma manipulação e cuidados inadequados podem danificar os dois tipos de cateteres
(PETTIT, 2003).
Segundo a Infusion Nursing Society (2011), as estratégias de prevenção da ruptura
incluem uma aderência adequada do curativo, mantendo limpo e seco o local de inserção do
dispositivo. Não realizar manobras de flush se observar resistência à infusão, remover o
cateter com delicadeza segurando-o próximo ao sítio de inserção, não pelo seu canhão.
Migração do cateter é o movimento não intencional de um cateter dentro do corpo.
Alguns fatores de risco podem estar associados à migração do cateter, sendo eles sangramento
ou drenagem no local de inserção; curativos inseguros ou instáveis que permitam a
espontânea movimentação do cateter; ventilação de alta frequência, devido a vibração
repetitiva em curso, além de vómitos, espirros e tosse (PETTIT, 2003).
Gráfico 7: Taxa de migração relacionada ao uso do PICC. Rio de Janeiro (RJ), 2014.
A migração foi descrita em apenas 04 estudos desta pesquisa, apresentando uma taxa
entre 0,96% a 48%. A menor taxa foi observada no estudo 11, realizada em São Paulo (2013)
através da análise de 270 cateteres PICC, apresentando 0,96% de migração. A maior taxa foi
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
Estudo 4 Estudo 5 Estudo 11 Estudo 12
TAXA DE MIGRAÇÃO
MIGRAÇÃO
44 Resultados e Discussão o
observada no estudo 05, realizado por Reis (2011), com 239 cateteres PICC onde apresentou
uma taxa de 48%. No mesmo estudo observou-se que 86 cateteres não obtiveram informações
sobre indicação de remoção ou ocorrência de complicação.
Paulson e Miller (2008) através de um estudo prospectivo, analisaram 185 cateteres
inseridos em 164 neonatos, encontrando uma incidência de 2,5% de ocorrência de migração
da ponta em cateteres com ponta posicionada centralmente.
A ocorrência de migração pode ser identificada através do acompanhamento do
posicionamento da ponta do cateter por radiografias, além da avaliação da marcação do
comprimento do cateter (PETTIT, 2003). O posicionamento do cateter pode mudar durante
toda sua permanência e ocorrer sem a observação de nenhum sintoma. Devido essa razão,
alguns autores sugerem a realização de radiografias de rotina, porém essa prática não
apresenta evidência de eficácia (DURLING, 2001; NOWLEN, 2002).
A migração pode levar a ocorrência de deslocamento do dispositivo, este é
identificado como a remoção parcial ou total acidental de um cateter a partir do corpo. A
remoção total acidental do cateter, é denominada exteriorização.
Gráfico 8: Taxa de exteriorização relacionada ao uso do PICC. Rio de Janeiro (RJ), 2014.
.
A taxa de exteriorização foi observada em 07 dos 11 estudos analisados na pesquisa.
Sua prevalência variou de 2,3% a 22,3%. O estudo 03, realizado por Franceschi (2010), com
216 cateteres PICC, foi o que apresentou a menor taxa de exteriorização, sendo esta de 2,3%.
A maior taxa observada foi observada no estudo 09, realizado por Gomes (2012), com 59
cateteres PICC, onde apresentou uma taxa de 22,3%.
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
Estudo
1
Estudo
3
Estudo
4
Estudo
6
Estudo
7
Estudo
9
Estudo
10
TAXA DE EXTERIORIZAÇÃO
EXTERIORIZAÇÃO
45 Resultados e Discussão o
Na população neonatal, em decorrência a pequena dimensão do cateter, a
exteriorização de centímetros por deslocamento acidental, torna o cateter em posição não
central ou periférico, sendo um motivo de remoçã pelo risco de complicações.
Um cuidado primordial que compete ao enfermeiro é a realização do curativo. Este
deve manter o cateter em seu sítio de inserção, prevenindo além da exteriorização e migração,
a ocorrência de flebite e trombose. Além disto, o curativo bem realizado auxilia na proteção
contra a entrada de microorganismos funcionando com uma primeira barreira de proteção
(SHARPE, 2008).
O edema é caracterizado por inchaço do membro onde o PICC está inserido, causado
por má circulação e congestão venosa. A recomendação para previnir o aparecimento de
edema é maximizar o fluxo sanguíneo; usar o menor cateter possível e encorajar a
movimentação da extremidade em que o cateter foi inserido (PAULSON, MILLER; 2008).
Gráfico 9: Taxa de edema relacionada ao uso do PICC. Rio de Janeiro (RJ), 2014.
O edema de membro teve uma prevalência de 5% a 9,6% entre os estudos apresentados.
O estudo 02, realizado por Almeida (2008), utilizando 40 cateteres PICC, foi o que apresentou
a menor taxa, sendo de 5%. A maior taxa apresentada foi observada no estudo 01, realizado
por Câmara (2007), com 52 recém-nascidos, onde a taxa foi de 9,6%.
Estudo realizado por Bueno e cols (2008) em uma UTIN na Espanha, que teve como
objetivo descrever a experiência de utilização da técnica de seldinger para inserção de cateter
duplolúmen em neonatos e lactentes, analisar as características do procedimento e descrever
as complicações relacionadas ao uso do dispositivo, apontou a incidência de remoção do
PICC devido ao edema. A incidência de edema descrita no estudo foi de 21,3% sendo
relacionada à flebite e/ou edema.
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
Estudo 1 Estudo 2 Estudo 8 Estudo 11 Estudo 12
TAXA DE EDEMA
EDEMA
46 Resultados e Discussão o
A manipulação inadequada do dispositivo ou outros rompimentos mecânicos da parede
do vaso sanguíneo favorece a transfixação da veia pela ponta do cateter (AMJAD et al, 2011).
A infiltração é decorrente ao deslocamento do cateter no interior da veia, ocorrendo
administração involuntária de soluções não vesicantes nos tecidos adjacentes, sendo o
extravasamento a administração involuntária de soluções vesicantes nos tecidos adjacentes.
Na presente pesquisa somente os estudos 03 e 11 apresentaram a infiltração como
complicação do PICC. A menor taxa de complicação foi descrita no estudo 11, realizado por
Paiva (2013) utilizando 266 cateteres PICC, sendo observada a ocorrência de 1,9% de
infiltração. A maior taxa foi observada no estudo 03, realizado por Franceschi (2010), com
216 cateteres, sendo observada uma taxa de infiltração de 5,1%.
Gráfico 10: Taxa de extravasamento relacionada ao uso do PICC. Rio de Janeiro (RJ), 2014.
O extravasamento apresentou uma prevalência de 1,2% a 18,0% entre os estudos
analisados. O estudo 08, realizado por Costa (2012), a partir de 84 cateterizações com o PICC,
observou a ocorrência de 1,2% de extravasamento. A maior taxa observada ocorreu no estudo
02, realizado por Almeida (2008), onde a taxa de prevalência foi de 18,0%.
A mobilidade, sensibilidade e circulação sanguínea do membro deve ser prontamente
identificadas e avaliadas pelo enfermeiro. O extravasamento pode ocorrer centralmente,
ocasionando ascite ou derrame pleural ou pericárdico, sendo mais difícil a detecção (PETTIT,
2003).
Segundo a diretriz da Infusion Nurses Society (2006), a infiltração e extravasamento
podem ser classificados em graus de 0 a 4, sendo o extravasamento sempre 4 na escala de
infiltração.
0%
5%
10%
15%
20%
Estudo 2 Estudo 7 Estudo 8 Estudo 12
TAXA DE EXTRAVASAMENTO
EXTRAVASAMENTO
47 Resultados e Discussão o
4.4.2 Complicações Sistêmicas
Na utilização do PICC, a presença de um cateter no interior de um vaso aumenta o
risco de infecções bacterianas sistêmicas, denominadas de infecções da corrente sanguínea
relacionadas ao cateter, sendo uma importante causa de morbimortalidade em recém-nascidos
prematuros. O risco de infecção está associado ao local do acesso, ao tipo de solução
infundida, à experiência do profissional responsável pelo procedimento e ao tempo de
permanência do cateter.
Gráfico 11: Taxa de infecção relacionada ao uso do PICC. Rio de Janeiro (RJ), 2014.
A infecção foi uma das complicações mais presentes entre os estudos analisados,
sendo evidenciada em 9 estudos. Sua prevalência variou de 6% a 37,1%. A menor taxa
observada no estudo 07, realizado por Montes (2011), utilizando 55 cateteres PICC, sendo a
taxa de infecção de 3,6%. O estudo 09, realizado por Gomes (2012), utilizando 59 cateteres
PICC, foi o que apresentou a maior taxa de infecção, sendo esta de 37,1%.
Costa e cols (2014), em uma coorte prospectiva com 247 cateteres PICC cujo objetivo
é comparar a incidência de remoção não eletiva em cateters monolúmen de silicone e
duplolúmen de poliuretano, apresentou remoção por infecção de corrente sanguínea
relacionada ao cateter em 27,8% das inserções.
Para a prevenção de infecções, uma abordagem pró-ativa consiste na realização de
várias técnicas simples do cuidado, sendo elas a higienização das mãos, precaução de barreira
máxima na inserção, antissepsia com clorexidine, seleção adequada do local de inserção,
trocar semanalmente o curativo oclusivo estéril ou quando houver perda de sua adesividade e
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
Estudo2
Estudo3
Estudo4
Estudo5
Estudo7
Estudo8
Estudo9
Estudo10
Estudo11
TAXA DE INFECÇÃO
INFECÇÃO
48 Resultados e Discussão o
realizar revisão diária sobre a necessidade de permanência do cateter (PETTIT, 2002;
PETTIT, 2003).
Não há um consenso na literatura sobre a forma de tratar a infecção relacionada ao
cateter entre os neonatos, sendo recomendada a análise caso a caso. Uma opção de tratamento
é através da administração de antimicrobianos pelo cateter e repetição da hemocultura após 48
horas, em caso de persistência, a remoção do cateter é indicada. Em alguns casos ocorreu a
descontinuação do uso do cateter sem tentativa de tratamento, pincipalmente em infecções
fúngicas, podendo um novo cateter ser inserido após 24 a 48 horas do início do tratamento
sistêmico (PETTIT, 2003).
Em uma coorte prospectiva, Tsai e cols (2012) investigaram se a remoção do PICC é
obrigatória em recém-nascidos com infecção de corrente sanguínea, além de analisar os
fatores de risco para complicações infecciosas quando o cateter é mantido nestes pacientes.
Dos 234 recém-nascidos da pesquisa, 99 tiveram a remoção precoce antes de 3 dias após o
início da sepse clínica e 135 tiveram a remoção tardia do cateter, sendo a permanência por
mais de 3 dias após o início da sepse clínica. Os resultados apontaram que o tratamento da
sepse clínica foi mais eficaz no grupo que teve a remoção precoce do cateter em comparação
com o grupo que teve a remoção tardia, sendo 80,8% e 57,8% respectivamente. Os autores
concluíram que o PICC deve ser removido em neonatos com infecção de corrente sanguínea,
pois a retenção do PICC por mais de 3 dias está associado com atraso resolução da sepse
clínica e a uma maior incidência de recorrência dentro de 1 mês.
4.4.3 Complicações Menos Frequentes
Na presente pesquisa algumas complicações tiveram uma menor frequencia dentre os
estudos selecionados. A trombose esteve presente em 02 estudos analisados. A menor taxa de
trombose foi de 0,96%, descrita no estudo realizado por Paiva (2013) cujo objetivo consiste
em analisar a relação enre o tipo de cateter epicutâneo e o tempo até a ocorrência de
complicações que motivam a remoção do dispositivo. A maior taxa encontrada foi de 1,9%,
em um estudo também realizado por Paiva (2013) cujo objetivo foi descrever a incidência e as
razões de remoção não eletiva do cateter epicutâneo, verificando associação com o sítio de
inserção.
A trombose é causada pela aderência de fibrina e plaquetas causando a obstrução do
cateter e o lúmen do vaso sanguíneo. Traumas no tecido venoso, a interrupção da terapêutica
por longo período, o refluxo de sangue pelo cateter, a velocidade lenta da infusão e a presença
49 Resultados e Discussão o
de coagulopatias causadas por doenças no neonato, representam alguns dos fatores que
acarretam na formação de trombose (BAIOCCO, pag.160, 2013). A presença de trombose
requer uma terapia com anticoagulante e remoção do cateter o mais precoce possível.
Um estudo realizado por Tsai (2011) em neonatos de um Hospital de Taiwan,
objetivou identificar a prevalência e fatores de risco para as complicações associadas com os
PICCs e avaliar o efeito de diferentes tipos de cateter e seu tempo de demora até a ocorrência
de complicações. No presente estudo foi observada uma taxa de 0,5% na ocorrência de
trombose.
A tração esteve presente em 03 dos estudos analisados. Sua menor taxa foi encontrada
no estudo 08, realizado por Costa (2012) em um estudo transversal com 67 recém-nascidos e
84 inserções de PICC, onde obteve-se uma taxa de 1,2% de tração. A maior taxa foi
observada no estudo 04 de Baggio (2010) com 176 inserções do PICC, sendo a taxa de tração
de 13,9%.
A remoção ocasionada pelo ocorrência de flebite esteve presente em 02 estudos. A
menor taxa de flebite foi observada no estudo 07, realizado por Montes (2011) com 41 recém-
nascidos e 55 inserções do PICC, com uma taxa de 3,6%. A maior taxa foi observada no
estudo 04 de Baggio (2010) onde a taxa de flebite foi de 4,2%.
No estudo de Liu (2009), com 104 recém-nascidos, cujo objetivo foi analisar as taxas
de complicações do PICC em UTIN e estudar os fatores de risco associados com a remoção
de urgência do cateter, a flebite foi a complicação mais comum sendo de 22,1% sua taxa de
prevalência. Nestes neonatos, foram aplicadas compressas quentes intermitentes ao longo do
cateter, que se estende desde o local de inserção ao longo do braço. Dos 23 casos de flebite,
em 20 casos o edema foi reduzido e, nas 24 horas seguintes, o membro voltou ao normal.
Flebite é a inflamação das células endoteliais da parede venosa, sua ocorrência pode
ser relacionada a fatores mecânicos, químicos ou infecciosos. A Infusion Nurse Society
(2000) graduou a flebite em uma escala de 1 a 4, de acordo com a gravidade dos sinais e
sintomas. Esta escala é recomendada para o estabelecer um padão uniforme para medir os
vários graus de flebite.
Muitos autores recomendam, quanto ao tratamento da flebite mecânica, a elevação do
membro afetado e a aplicação de calor local, por meio de uma compressa quente. Já as
flebites químicas e infecciosas requerem a remoção do dispositivo (PHILPOT, 2003;
VENDRAMIN, 2005).
A má perfusão foi identificada em 03 estudos da presente pesquisa. A menor taxa
apresentada foi no estudo 11 de Paiva (2013) com 266 inserções do PICC, obtendo uma taxa
50 Resultados e Discussão o
de 1% de má perfusão. O estudo 04, realizado por Baggio (2010) foi o que apresentou maior
taxa, sendo esta de 1,4%.
As complicações relacionadas ao falso trajeto do cateter, exsudato e síndrome da veia
cava superior foram relatadas em apenas 01 estudo da presente pesquisa. A complicação falso
trajeto foi descrita no estudo 07, por Montes (2011), sendo sua taxa de 1,8%. As
complicações por exsudato e a síndrome da veia cava superior foram relatadas no estudo 01,
por Câmara (2007), com taxa de 2% cada.
51
5 CONCLUSÃO
A presente revisão integrativa foi realizada a partir da análise de 11 estudos,
publicados no período de 2004 a janeiro de 2014, realizados em UTINs do Brasil. Estes
estudos abordaram as complicações relacionadas ao uso do cateter central de inserção
periférica em UTINs. Com relação à caracterização dos estudos verificou-se que os 11
estudos selecionados foram publicados entre os anos de 2007 a 2013, sendo observada a
escassez de estudos, na área da neonatologia, a respeito das prevalências das complicações
que envolvem o uso do cateter PICC.
Estudos com menor evidência científica, em sua maioria de caráter descritivo, são
predominantes nessa revisão integrativa. Os estudos que apresentam maior nível de evidência
clínica foram os estudos de coorte. Houve um maior desenvolvimento científico na região
Sudeste, com predominância no Estado de São Paulo.
Na análise dos dados, foram observados diferentes métodos estatísticos utilizados para
a caracterização dos sujeitos de pesquisa quanto à idade gestacional e peso ao nascer. Em
alguns dos estudos foi utilizada a medida de porcentagem, enquanto outros realizaram a
análise a partir da média para definição do perfil dos neonatos. Essa diferença de métodos
estatísticos representa uma limitação para o estudo. Diante do exposto, para a avaliação do
peso ao nascer e idade gestacional dos neonatos, foi realizada análise de cada estudo
separadamente.
Na caracterização dos recém-nascidos foi evidenciada uma maior prevalência de
inserção do PICC em neonatos do sexo masculino, prematuros com idade gestacional inferior
a 35 semanas e com média de peso ao nascer entre 1639gramas a 2276 gramas.
Estudos realizados a partir do ano de 2009 apresentaram maior taxa de remoção
eletiva e menor taxa de remoção não eletiva. Esta redução nas taxas de remoção por
complicação pode estar relacionada com o avanço da tecnologia nas UTINs, padronização de
procedimentos e maior conhecimento acerca do cateter, demonstrando a importância de
manter os profissionais de enfermagem constantemente atualizados quanto à inserção,
manutenção e retirada do PICC.
Apesar da redução, os resultados da presente pesquisa apontaram taxas de remoção
não eletiva superior às encontradas em estudos internacionais na área. A seguinte informação
ressalta a necessidade de manter constante a busca de conhecimento sobre o dispositivo, a
educação continuada e treinamento dos profissionais.
52 Conclusão o
Uma limitação encontrada se deve ao fato de que sete estudos não apresentam
diferenciação quanto ao tipo do cateter. Apenas quatro estudos mencionam a diferença entre
os tipos de cateter monolúmen de silicone e duplolúmen de poliuretano quanto à indicação de
remoção, tempo de permanência e as complicações dos mesmos. Dentre estes estudos o
cateter monolúmen de silicone foi o mais utilizado entre os neonatos. Apesar da grande
variedade de cateteres disponíveis no mercado, há uma escassez de estudos que avaliem
comparativamente os tipos de dispositivos, o que limita o estabelecimento de evidências
científicas que apoiem a escolha do tipo ideal de dispositivo para cada paciente. Diante do
exposto, é necessária uma maior produção científica que propiciam determinar taxas de
incidência e fatores que se relacionam às complicações oriundas do uso desse tipo de
dispositivo.
O tempo de permanência dos cateteres, evidenciado em oito estudos, apresentou uma
variação de 7,7 a 14,5 dias. Há uma limitação quanto a evidência do dispositivo que apresenta
maior tempo de permanência devido a ausência de comparação entre os cateteres em alguns
estudos desta pesquisa. Estudos internacionais apontam o cateter de poliuretano com o maior
tempo de permanência entre os dispositivo.
Apesar das inúmeras vantagens, complicações decorrentes do uso do dispositivo
ocorrem com frequência nas UTINs e podem comprometer o uso do dispositivo e a
assistência ao neonato. As complicações mais relatadas entre os estudos foram obstrução,
ruptura, infecção, migração, exteriorização, infiltração, extravasamento e edema. Estas
complicações apresentaram taxas superiores, sendo algumas semelhantes, quando comparadas
a estudos internacionais.
Entre as complicações menos frequentes foram observadas trombose, tração, flebite,
má perfusão do membro, falso trajeto, exsudato e síndrome da veia cava superior. Tais
complicações apresentam baixa taxa de prevalência e seus dados são semelhantes a outros
estudos na área.
Apesar das limitações encontradas, os achados da presente pesquisa merecem ser mais
bem explorados em estudos subsequentes, visto a escassez de estudos relacionados à
prevalência das complicações decorrentes ao uso do dispositivo PICC em neonatos.
53
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Enfermagem, v. 15, n. 1, p. 156-61, jan/mar; 2013.
VENDRAMIM, Patrícia; PEDREIRA, Mavilde da Luz Gonçalves; PETERLINI, Maria
Angélica Sorgini. Cateteres centrais de inserção periférica em crianças de hospitais do
município de São Paulo. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 28, n. 3, p. 331-9.
2007.
______. Cateter central de inserção periférica (CCIP). In: HARADA, M. J. C. S.; Rego R. C.,
(Org.). Manual de terapia intravenosa em pediatria. São Paulo: ELLU, 2005. p.75-95.
SILVA, Edna Lúcia da. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 4. ed. rev.
atual. Florianópolis: UFSC, 2005. 138p.
TAMEZ, R.N; SILVA, M.J.P . Enfermagem na UTI Neonatal: Assistência ao Recém-nascido
de Alto Risco. 4ª Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
TSAI, Ming-Horng; CHU, Shih-Ming; LIEN, Reyin; HUANG, Hsuan-Rong; WANG, Jiunn-
Wei; CHIANG, Chiao-Chiang; HSU, Jen-Fu; HUANG, Yhu-Chering. Complications
Associated With 2 Different Types of Percutaneously Inserted Central Venous Catheters in
Very Low Birth Weight Infants. The Society for Healtcare Epidemiology of America,
Chicago, v. 32, n. 3, p. 258-266. mar. 2011.
TSAI, Ming-Horng; HSU, Jen-Fu; LIEN, Reyin; HUANG, Hsuan-Rong; CHIANG, Chiao-
Chiang; CHU, Shih-Ming; LIANG, Hwey-Fang; HUANG, Yhu-Chering. Catheter
management in neonates with bloodstream infection and a percutaneously inserted central
venous catheter in situ: Removal or not?. American Journal of Infection Control, v. 40, p. 59-
64, 2012.
61
OBRAS CONSULTADAS
TSAI, Ming-Horng; LIEN, Reyin; WANG, Jiunn-Wei; HUANG, Hsuan-Rong; CHIANG,
Chiao-Chiang; HSU, Jen-Fu; HUANG, Yhu-Chering. Complication rates with central venous
catheters inserted femoral na non-femural sites in very low birth weight infants. Pediatric
Infectious Disease Journal, v. 28, p. 966-970, 2009.
LEFLORE, JL; ENGLE, WD. Comparison of nonelective removal of percutaneously versus
surgically placed central venous catheters in high-risk neonates. Journal of the American
Academy of Nurse Practitioners, v.19, p. 111-5, 2007.
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. Apresentação de trabalhos monográficos de
conclusão de curso. 10ª edição. Niterói: EdUFF, 2012. 83 p.
62
APÊNDICE
APÊNDICE A: REFERÊNCIA DOS ARTIGOS USADOS NA PRESENTE REVISÃO
INTEGRATIVA.
ALMEIDA, Andressa Freitas de.; VESCOVI, Emanuelle Oliveira.; FREITAS, Andreia
Gomes. Avaliação da Implantação do Cateter Central de Inserção Periférica – PICC.
Neonatal na NEOCARE. Revista do Centro Universitário Vila Velha, vila velha, v. 9, n. 1, p.
7-20Janeiro/junho 2008.
BAGGIO, Maria Aparecida; BAZZI, Fernanda Cardoso da Silva; BILIBIO, Cassia Alcionara
Conte. Cateter central de inserção periférica: descrição da utilização em UTI Neonatal e
Pediátrica. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 31, n. 1, p. 70-6, mar. 2010.
CÂMARA, Sônia Maria Campos; TAVARES, Teresinha de Jesus Lima; CHAVES, Edna
Maria Camelo. Cateter venoso de inserção periférica: análise do uso em recém-nascidos de
uma unidade neonatal pública em fortaleza. Revista RENE. Fortaleza, v. 8, n. 1, p. 32-37,
jan./abr.2007.
COSTA, Priscila; KIMURA, Amélia Fumiko; VIZZOTTO, Mirella de Pádua Souza;
CASTRO, Talita Elci de; WEST, Andressa; DÓREA, Eny. Prevalência e motivos de
remoção não eletiva do cateter central de inserção periférica em neonatos. Revista Gaúcha de
Enfermermagem, Porto Alegre, v. 33, n. 3, p. 126-133, agosto, 2012.
DÓREA, Eny; CASTRO, Talita E; COSTA, Priscila; KIMURA, Amélia Fumiko; SANTOS,
Fernanda Matilde G. Práticas de manejo do Cateter Central de Inserção Periférica em uma
unidade neonatal. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasilia, v.64, n.8, p.997-1002.nov-
dez,2011.
FRANCESCHI, Alessandra Tomazi; CUNHA, Maria Luzia C.; Eventos adversos
relacionados ao uso de cateteres venosos centrais em recém-nascidos hospitalizados. Revista
Latino-Americana de Enfermagem, v. 18, n. 2, p. 57-63, mar-abr, 2010.
GOMES, Aline Verônica de Oliveira; NASCIMENTO, Maria Aparecida de Luca; SILVA,
Leila Rangel da; SANTANA, Keli de Cássia Luiz de. Efeitos adversos relacionados ao
processo do cateterismo venoso central em unidade intensiva neonatal e pediátrica. Revista
Eletrônica de Enfermagem [Internet], v. 14, n. 4, p. 883-9. oct/dec, 2012.
MONTES, SF., TEIXEIRA, JBA., BARBOSA, MH., BARICHELLO, E. Ocorrência de
complicações relacionadas ao uso de Cateter Venoso Central de Inserção Periférica (PICC)
em recém-nascidos. Enfermería Global, v.24, p. 10-18. 2011.
REIS, Adriana Teixeira; SANTOS, Sylvia Bittencourt; BARRETO, Juliana Marques;
SILVA, Glória Regina Gomes da. O Uso do Cateter Epicutâneo na Clientela Neonatal de um
Hospital Público Estadual: Estudo Retrospectivo. Revista de Enfermagem da UERJ, Rio de
Janeiro, v. 19, n. 4, p.592-7. out/dez, 2011
PAIVA, Eny Dórea; KIMURA, Amélia F; COSTA, Priscila; MAGALHÃES, Talita Elci de
Castro, TOMA, Edi; ALVES, Angelina Maria Aparecida. Complicações relacionadas ao tipo
de cateter epicutâneo em uma coorte de neonatos. Online brazil journal nursing, v. 12, n. 4, p.
942-52, 2013.
PAIVA, Eny Dórea; COSTA, Priscila; KIMURA, Amélia F.; CASTRO, Talita E. Causas de
Remoção Não Eletiva do Cateter Epicutâneo em Neonatos. Revista da Escola de
Enfermagem USP; v. 47, n.6, p. 1279-84, 2013.
63
APÊNDICE B: INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
1 - IDENTIFICAÇÃO
BASE DE DADOS
ANO DE PUBLICAÇÃO
NOME DO ARTIGO
AUTORES
TIPO DE ESTUDO
2 - CARACTERIZAÇÃO DOS RECÉM - NASCIDOS
SEXO FEMININO________ MASCULINO_________
PESO
AO NASCER
< 1000g_________ 1000g - 1500g________ >1500g__________
IDADE
GESTACIONAL
<30 sem.__________ 30 1/5- 35sem._________
> 35sem. __________
3 - CARACTERIZAÇÃO E VARIÁVEIS DE REMOÇÃO DO PICC
TIPO DE CATETER MONOLÚMEN SILICONE________
DUPLOLÚMEN POLIURETANO______
TEMPO DE
PERMANÊNCIA
MÉDIA_______
INDICAÇÃO DE
REMOÇÃO
ELETIVA _________ NÃO ELETIVA___________
TAXAS DE
COMPLICAÇÕES
(%)
OBSTRUÇÃO___________ RUPTURA____________
INFECÇÃO_____________ TROMBOSE____________
INFILTRAÇÃO__________ EDEMA___________
EXTRAVASAMENTO________ FLEBITE___________
MIGRAÇÃO___________ EXTERIORIZAÇÃO___________
OUTRAS_______________________________________________
______________________________________________________
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