análise da ocupação espacial da bacia do córrego do judeu na cidade de taubaté - sp

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  Bruno Lima Emidio Análise da Ocupação Espacial da Bacia do Córrego do Judeu na cidade de Taubaté - SP   2008

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Bruno Lima Emidio

Anlise da Ocupao Espacial da Bacia do Crrego do Judeu na cidade de Taubat - SP

Taubat - SP 2008

Bruno Lima Emidio

Anlise da Ocupao Espacial da Bacia do Crrego do Judeu na cidade de Taubat - SP

Trabalho de Concluso de Curso de Graduao em Geografia apresentado ao Departamento de Cincias Sociais e Letras da Universidade de Taubat, como parte dos requisitos para colao de grau no curso de Geografia Orientador: Prof. Fabio Sanches

Taubat - SP 2008

Avaliao do TrabalhoAUTOR: Bruno Lima Emidio TTULO: Anlise da Ocupao Espacial da Bacia do Crrego do Judeu na cidade de Taubat - SP UNIVERSIDADE DE TAUBAT, TAUBAT, SP Data: ___________________ Resultado: _______________ BANCA EXAMINADORA Prof. ._______________________ Assinatura_____________________

Prof. _______________________ Assinatura_____________________

Prof. _______________________ Assinatura_____________________

Dedicatria Dedico este Trabalho de Concluso de Curso, a trs pessoas que jamais deixaram meus sublimes pensamentos, primeiramente a memria de minha tia que faleceu neste ms de julho, Maria Virginita, que tanto questo fazia de enaltecer aos seus amigos e parentes que to logo seu sobrinho se tornaria um professor, e que dela resgatei seu orgulho para superar os momentos mais sombrios e inconstantes da trajetria de formulao desta obra. Em segundo lugar ao meu falecido av Adalberto, que sem dvida, seria a pessoa que mais faria questo que estivesse presente neste momento, que qualifico como o mais importante em minha vida at este instante, e neste homem que espelho o exemplo verdadeiro de profissional dedicado, que no largou nem ao menos quando estava prximo de sua morte, o seu ofcio. A minha falecida av Luisa, de quem jamais pude pedir desculpas pelas peripcias de uma criana traquina, que at hoje enleia meu sono, e que s eu sei o quanto me protegera na esperana de tornar-me honrado, e que a poca, chistoso desdenhava seus sbios conselhos. Enquanto for consciente, resgatarei as mais sublimes lembranas para transpor os empecilhos que se colocaram a minha frente, pois com a memria de momentos inolvidveis, saberei realmente quem sou e para onde devo caminhar!

Agradecimentos Agradeo pela concluso deste trabalho em primeiro lugar ao meu professor Fabio Sanches, pois desde o primeiro dia que adentrei a universidade dedicara significativo tempo para emoldurar o meu conhecimento. Aos professores Gilberto Fisch e Helena Frana, que aceitaram estar em minha avaliao de TCC, e acompanharam meu crescimento enquanto acadmico do curso de Geografia. Aos colegas e amigos que fiz durante estes quatro anos de Geografia, em especial ao meu amigo Matheus que emprestei o seu extenso vocabulrio, das minhas colegas de fundo de sala Gisele, Karen, Viviane, e rica, das quais emprestei sua simpatia, dos meus colegas Felipe(Pedrinho), Gilmar, Alexandre, e Adnis, dos quais peguei emprestado a reflexo e a retrica, das minhas mes de curso, Rosngela, Andria, e Sueli, de onde auferi demasiada afetividade e de valiosos conselhos, dos demais colegas que a todo momento me escutaram quando solicitado, e que pude contar nas horas que j no tinha mais esperanas. Como j notrio, sou ateu, e desta forma no creditarei quaisquer agradecimentos a figuras divinas, ou a qualquer poder que dimane de espaos mticos, porm creio que apenas a fora que emana da vontade humana, que pode modificar verdadeiramente incidir sobre as realidades, e inspirar outros homens. Daqueles que olham o cu, apenas o milagre podemos esperar, porm daqueles que olham ao seu redor, podemos esperar a soluo. Por isto credito especialmente aos meus professores, amigos, colegas, e a todas as pessoas que fizeram parte desta trajetria de crescimento humano, e acadmico que realizei nestes quatro longos e felizes anos, at concluso desta obra. Bruno Lima Emidio

Epgrafe medida que a histria vai fazendo-se, a configurao territorial dada pelas obras dos homens: estradas, plantaes, casas, depsitos, portos, fbricas, cidades etc; verdadeiras prteses. Cria-se uma configurao territorial que cada vez mais o resultado de uma produo histrica e tende a uma negao da natureza natural, substituindo-a por uma natureza inteiramente humanizada. Milton Santos

ResumoA bacia do Crrego do Judeu, classificada pelo IGC, possui todas suas nascentes localizadas dentro do municpio de Taubat-SP, sendo o principal cursor, o Crrego do Judeu, tem sua poro montante localizada no bairro da Baronesa. Esta bacia tem aspectos bastante peculiares, uma vez que foi afetada diretamente pela expanso da malha urbana, como atestado pelas cartas topogrficas, pelas imagens de satlite Landsat, e Cbers, e o levantamento de campo, que comprovam o avano do meio urbano e a impermeabilizao das reas marginais do crrego, que de acordo com a legislao do Cdigo florestal (Lei 4771/65) devem ser preservadas como reas de Preservao Permanente (APP). A metodologia de avaliao socioambiental, altimtrica, e de ocupao espacial comps-se prioritariamente no conhecimento terico da dinmica da ocupao de solos urbanos, da subdiviso espacial de bacias urbanas e os fatores que fazem presso sobre meios naturais presentes no espao urbano, com uso do SIG SPRING e de GPS. A avaliao socioambiental consistiu prioritariamente em descobrir como os fatores ambientais estavam sendo pressionados pela dinmica de expanso urbana. A ocupao espacial do crrego foi analisada sob a vertente da prpria expanso da mancha urbana sobre a rea de APP da bacia. Com a interpretao destes dados foi possvel obter uma representao extremamente precisa das condies que ocorreram esta ocupao espacial e analisar a existncia de um processo de expanso da mancha urbana. Os resultados foram obtidos do cruzamento da anlise dos dados de sensores remotos Landsat e Cbers, que demonstraram crescimento da mancha urbana sobre a rea da bacia do crrego. O crescimento no perodo de 1984 a 2008 aumentou em quase 93%, um aumento considerado bastante significativo que implicou diretamente em maior impermeabilizao do solo da bacia.

SUMRIO 1 INTRODUO................................................................................................... 11 2 REVISO BIBLIOGRFICA .......... ERRO! INDICADOR NO DEFINIDO.3 2.1 MEIO URBANO TAUBATEANO CARACTERSTICAS GERAIS E HISTRICAS ................ 13 2.2 LEGISLAO VIGENTE DE APP: CONSIDERAES ....................................................... 16 2.3 CDIGO AMBIENTAL DE 1965 REAS DE PRESERVAO PERMANENTE .................. 17 2.4 SENSORES REMOTOS: CARACTERSTICAS GERAIS ...................................................... 18 2.5 SISTEMA GLOBAL DE POSICIONAMENTO GPS: CARACTERSTICAS GERAIS .............. 19 2.6 SIG Sistema de Informao Geogrfica: SPRING................................................. 20 3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS..................................................... 21 3.1 Elementos de Anlise Espacial.................................................................................. 21 3.2 Tipos de Anlises Executadas ................................................................................... 24 4 RESULTADOS E DISCUSSES...................................................................... 26 4.1 OCUPAO ESPACIAL DA BACIA DO CRREGO DO JUDEU MTODO MANUAL DE ANLISE VISUAL DE DADOS SENSORES REMOTOS REAS OCUPADAS E REAS NO OCUPADAS........................................................................................................................ 26 4.2 NVEL DE IMPERMEABILIZAO DA BACIA DO CRREGO DO JUDEU ........................... 31 4.3 CLASSIFICAO AUTOMTICA DO SOFTWARE SPRING DE DADOS ORIUNDOS DE SENSORES REMOTOS SOBRE A BACIA DO CRREGO DO JUDEU .......................................... 33 6. CONSIDERAES FINAIS:........................................................................... 36 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 37 ABREVIATURAS E TERMOS TCNICOS ..................................................... 38

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 2.1.1 LOCALIZAO DO MUNICPIO DE TAUBAT E DA BACIA DO CRREGO DO JUDEU ......................................................................................................................... 14 FIGURA 2.1.2 FOTO DA CALHA PRINCIPAL DO CRREGO DO JUDEU EM TRECHO J CANALIZADO .................................................................................................................... 15 FIGURA 2.1.3 FOTO DA CALHA PRINCIPAL DO CRREGO DO JUDEU EM TRECHO J CANALIZADO .................................................................................................................... 15 FIGURA 4.1.1 MAPA DA EXPANSO URBANA SOBRE A BACIA DO CRREGO DO JUDEU . 23 FIGURA 4.1.2 MAPA DE DENSIDADE POPULACIONAL NA MICRO-BACIA DO CRREGO DO JUDEU SOBRE APP ...................................................................................................... 33 FIGURA 4.3.1- REAS URBANAS E NO URBANAS CRREGO DO JUDEU - 1984 ............ 36 FIGURA 4.3.2- REAS URBANAS E NO URBANAS CRREGO DO JUDEU - 1992 ............ 37 FIGURA 4.3.3- REAS URBANAS E NO URBANAS CRREGO DO JUDEU - 2007 ............ 37 FIGURA 4.3.4- REAS URBANAS E NO URBANAS CRREGO DO JUDEU - 2008 ............ 38

LISTA DE TABELAS TABELA 3.1.1 SISTEMAS SENSORES: CARACTERIZAO .................................................. 21 TABELA 4.1.1 OCUPAO URBANA DA BACIA DO CRREGO DO JUDEU (2008) ............... 29

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1. INTRODUO O crescimento urbano brasileiro um fenmeno recente, derivado

principalmente da industrializao ps-segunda guerra mundial, porm Santos (1994) faz referncia ao estado de So Paulo como um territrio de relaes econmicas diferenciadas: [...] o Estado de So Paulo era j, dentro do Brasil, uma rea onde se reconheciam aspectos de desenvolvimento que, a partir da industrializao, da agricultura modernizada e do grau de urbanizao, revelavam alto coeficiente de utilizao de tcnicas e de sua incorporao ao territrio, assim como a presena de uma considervel rede de ferrovias e de estradas de rodagem, notvel modernizao organizacional em muitos setores [...] (SANTOS, 1994, p. 66) Desta forma, as cidades do interior do estado de So Paulo se tornaram palco privilegiado da industrializao e do crescimento urbano. Porm com o advento destes processos no houve adoo de polticas compatveis de organizao territorial, gerando importantes e graves problemas urbanos, dentre os mais diversificados aspectos, sejam eles ambientais, sociais, econmicos, ou a fuso dos mesmos em diferentes medidas, variando conforme a histria de organizao do espao territorial. O crescimento urbano taubateano foi decorrente da vivncia da fase industrial brasileira, sendo este incremento populacional fator importante para transformar o espao urbano, como descrito na obra de Santos (1988), no caso do Brasil, a populao urbana praticamente multiplicada por cinco nos ltimos trinta e cinco anos e por mais de trs nos ltimos vinte e cinco anos, e, portanto, este contingente populacional levou a uma depreciao dos espaos urbanos tanto nos aspectos sociais, quanto nos aspectos ambientais. Em Taubat, como j observado empiricamente, seja a campo, ou por intermdio do espectro refletido e captado por sensores remotos, ntido que o processo de crescimento da mancha urbana combinado ao processo de ocupao das reas marginais dos crregos.

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A canalizao de crregos e a ocupao mal planejada das reas de bacias, mesmo que sejam executadas com o objetivo de trazer a melhora da qualidade de vida dos muncipes, traz impactos decorrentes desta ao e onera os cofres pblicos com os mais diversificados problemas. Desta forma o trabalho tem como objetivo a anlise do meio urbano taubateano decorrem especificamente da anlise da ocupao espacial e sob espectro da anlise morfoaltimtrica e socioambiental na micro-bacia urbana do Crrego do Judeu, bem como observar se houve alteraes significativas no entorno da rea desta micro-bacia e nas reas de APP.

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2. REVISO DA LITERATURA

2.1 Meio Urbano Taubateano Caractersticas Gerais e Histricas A cidade de Taubat fica localizada no mdio vale do Paraba, local de intensos processos de intemperismo qumico e de processos erosivos s margens dos rios da bacia. Seu relevo varia da formao de mares de morros, quando observamos o sul do municpio que antecede a formao da Serra do Mar, e uma formao mais aplainada ao se aproximar do Rio Paraba do Sul. Dentro do meio urbano, as variaes de altitude no tem grande amplitude, variando desde a rea de vrzea do Rio Paraba do Sul entorno dos 540 metros acima do nvel do mar, at as bases da Serra do Mar com altitudes variando entorno dos 1.400 metros acima do nvel do mar, desta forma, um fator a ser considerado enquanto facilitador para ocupao urbana, diferentemente de cidades da mesma regio afetadas diretamente pelo fator da amplitude de altitude, como as cidades situadas nas Serras do Mar e da Mantiqueira.

Figura 2.1.1 Localizao do Municpio de Taubat e da Bacia do Crrego do Judeu.

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Taubat comeou a ser colonizada ainda no sculo XVI, porm a Taubat foi levado somente a condio de Vila, como definido por PRADO (2005): [...]Por proviso de 5 de dezembro de 1645, de Antnio Barbosa Aguiar, capito-mor governador, ouvidor e alcaide-mor da Capitania de Itanham, o povoado fundado por Jacques Flix elevou-se categoria de Vila [...] A categoria de cidade, Taubat foi elevada no ano de 1842 pelo Baro de Monte Alegre, como citado por PRADO (op. cit.) Pela Lei de 5 de agosto de 1942, promulgada peloBaro de Monte Alegre, Taubat alcanou a categoria de cidade.

Porm o desenvolvimento

urbano foi acentuado somente no incio do sculo XX, com a fase da industrializao. Em uma anlise do crescimento da mancha urbana taubateana, auxiliada pelos sensores remotos Landsat, e Cbers, nota-se que este crescimento urbano foi dado de forma concentrada s proximidades do antigo centro urbano, com poucas reas urbanas dispersas, dentro dos limites municipais. A exceo o distrito de Quiririm, e o distrito industrial. Este crescimento da mancha urbana levanta importantes indagaes sobre a eficcia da aplicao das polticas pblicas para conteno da degradao ambiental sobre esta bacia especificamente, uma vez que ela uma das responsveis pelo abastecimento hdrico, tambm por abastecer as de atividades agrcolas da rea de vrzea, podendo ento causar impactos diretos sobre outras atividades econmicas desenvolvidos neste municpio e indiretamente nos municpios a jusante na bacia do Rio Paraba do Sul, que a mesma micro-bacia faz parte. O conhecimento do abastecimento hidrolgico, da proteo marginal de sua bacia, da forma de ocupao, e dos seus impactos decorrentes, de suma importncia para entendimento de impactos, para ento se dar a soluo planejada para diversos problemas enfrentados pela populao e pelo poder pblico, ainda que no sejam esgotados os impactos, mas que possam servir para mitigao dos mesmos.

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Para tanto necessrio ter-se o conhecimento de certos aspectos para o levantamento da ocupao espacial dentro desta micro-bacia urbana. Dentre estes aspectos necessrio saber sobre: a legislao vigente de rea de Proteo Permanente (APP); os elementos de anlise; os aspectos ambientais; e o ritmo de crescimento urbano.

Figura 2.1.2 Foto da Calha principal do Crrego do Judeu em trecho j canalizado

Figura 2.1.3 Foto da Calha principal do Crrego do Judeu em trecho j canalizado

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2.2. Legislao Vigente de APP: Consideraes A legislao que melhor faz referncia ainda hoje com as dividas modificaes o Cdigo Ambiental de 1965. Apesar de antigo, extremamente abrangente, considerando Ahrens (2004) o Cdigo Florestal de 1965 tinha como propsito maior protegeroutros elementos que no apenas as rvores e as florestas: estas eram apenas um meio para atingir outros fins..

Ou seja, suas perspectivas de amparo s reas de proteo ambiental

traziam consigo um escopo de garantir a mantedoria mnima de recursos lenhosos, gua e solos, que at ento era inusitado, porm ainda no era o bastante para garantir o cumprimento integral destas medidas. O processo industrial brasileiro e o avano da mancha urbana, condicionado ao sistema de crise ambiental que o prprio governo militar levou a enorme expanso econmica que (...) exigiu deste (Brasil) um esforo extraordinrio, entre o que se conta uma superexplorao dos trabalhadores, (...), a criao de gigantescos conglomerados urbanos com condies de vida deterioradas, uma polarizao entre riqueza e misria como jamais o Brasil havia conhecido (SADER, 1990, p.88) O Brasil viveu uma fase onde a expanso econmica se sobreps as questes sociais, e mesmo ambientais, e a cidade sendo o centro maior destas aes, tornou-se mais crtica o cumprimento das funes do Estado, e por conseqncia do prprio Cdigo Florestal Brasileiro de 1965.

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2.3 Cdigo Ambiental de 1965 reas de Preservao Permanente O Cdigo Ambiental de 1965 determina em seu artigo 2 que:Artigo 2 - Consideram-se de preservao permanente, pelo s efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetao natural situada: a) ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d'gua desde o seu nvel mais alto em faixa marginal cuja largura mnima seja: 1) de 30 metros para os cursos d'gua de menos de 10 metros de largura;

A micro-bacia do crrego do Judeu, como pode ser observada por imagens de satlites, e mesmo por fotos areas, porm a largura deste crrego em nenhum ponto ultrapassa os dez metros, analisando claro, as reas em a ocupao urbana no tomou o leito de seu rio com a expanso urbana, portanto classificada dentro da primeira feio, ento a rea de proteo deveria ser de 30 metros. As reas destinadas exclusivamente proteo ambiental em sua maioria absoluta esto imersas em meio mdia e alta ocupao espacial. Porm somente uma anlise histrica poderia comprovar esta ocupao urbana em tempo histrico de forma adequada, com a anlise de sensores remotos sobre a rea, dentre os quais foram escolhidos sensores das famlias Cbers, e Landsat.

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2.4. Sensores Remotos: Caractersticas Gerais Os sensores remotos podem ser classificados dentre vrios aspectos, de acordo com Moraes (1999), em que sensores remotos so dispositivos capazes de detectar a energia eletromagntica, podendo ser classificados entre sensores imagiadores e noimagiadores. Ainda podemos classificar enquanto fonte de energia em que tambm Moraes (op. cit) afirma que os sistemas sensores tambm podem ser classificados como ativos e passivos. Os sistemas sensores que captam e geram um produto a partir de comprimentos de onda eletromagntica, se for do tipo imagiador, gera uma imagem em relao rea em que o mesmo foi sobreposto com uma cmara fotogrfica que capta determinados comprimentos de onda eletromagntica, assim como fazem as cmaras areas, as cmeras fotogrficas, ou mesmo os sensores de imagens de satlites. Os sensores no imagiadores apenas transformam os dados de uma determinada rea em representaes grficas. Os sistemas sensores enquanto a fonte de energia podem ser passivos, ou seja, dependem de fonte de energia eletromagntica externas ao sistema sensor, ou ainda podem ser classificados como sensores ativos caso faam a emisso de qualquer fonte de energia eletromagntica e que retornem a estes sistemas sensores com dados dos objetos que refletiram esta energia. A famlia de sensores Cbers, faz parte do programa sino-brasileiro de cooperao tecnolgica para proteo ambiental, que existem disponveis para downloads dos usurios desde 2004, e suas imagens de tima resoluo espacial e ideais para delineamento da mancha urbana sobre micro-bacia do Crrego do Judeu, assim como os sensores da famlia Landsat, porm como descrito por Rosemback (2005) Ao optar pelo uso de imagens CBERS-2, para estudos urbanos, o usurio depara-se com algumas limitaes. Uma delas a questo da temporalidade, ou seja, ainda no tem um banco de dados to extensos quanto ao contedo histrico, pois esto disponveis desde 2004.

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2.5. Sistema Global de Posicionamento GPS: Caractersticas Gerais O sistema GPS composto por trs segmentos, o primeiro o segmento o orbital que de acordo com Monico (2000) assim definido [...] sistema de radionavegao desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, [...],consiste de 24 satlites distribudos em seis planos orbitais igualmente espaados, com quatro satlites em cada plano, numa altitude aproximada de 20.200 km. Os planos orbitais so inclinados 55 em relao ao Equador e o perodo orbital de aproximadamente 12 horas siderais[...] (MONICO, 2000, Cap. I) O segundo plano o segmento de processamento dos sinais provenientes da constelao de satlites e que so modulados dentro do receptor, tambm definido por Monico (op. cit) como [...] Cada satlite GPS transmite duas ondas portadoras: LI e L2 [...] As mensagens de navegao, que fornecem as informaes bsicas para o clculo das posies dos satlites [...] dados para correo da propagao na atmosfera, parmetros para correo do erro dos relgios dos satlites [...] (MONICO, 2000, Cap. I) O terceiro plano o segmento do usurio, onde o GPS interage com o usurio atravs de sua interface, porm divido quanto as suas aes, se civis ou militares [...] o segmento de usurios constitudo pelos receptores GPS, os quais devem ser apropriados para os propsitos a que se destinam, tal como em navegao, geodsia ou outra atividade qualquer [...]

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2.6 SIG Sistema de Informao Geogrfica: SPRING O sistema de informaes geogrficas assim definido por CAMARA NETO(Apud. SANTOS, L. dos.) como um sistema de informao que permite capturar, modelar, manipular, consultar e analisar dados geograficamente georreferenciados, ou seja, um

software que consegue integrar dados obtidos do meio por diversificados levantamentos de campo, sejam eles diretos ou indiretos, e referenci-los a coordenadas geogrficas com a finalidade de atribuir espacialidade e correlao de variados fenmenos que do sentido ao complexo espao geogrfico. O SIG utilizado neste trabalho, especificamente, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o SIG SPRING, que consegue trabalhar em todas as plataformas desde obteno at a sada de dados, e desta forma possvel qualific-lo como um recurso de altamente flexvel e de grande suporte aos trabalhos com dados georreferenciados, uma vez que no preciso haver transferncia de dados para outras plataformas, sendo assim um SIG completo, passvel de se utilizar o mesmo pacote de programas para produzir dados nas mais variadas etapas. O SIG SPRING apenas uma parte do pacote de programas que desenvolvido pelo INPE, ento este pacote composto pelos seguintes programas:

IMPIMA: Programa responsvel pela transformao de dados raster, diversos,

em dados raster passveis de interpretao no software com extenso GRIB

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SPRING: Programa em formato de SIG, onde so correlacionadas as

informaes e interpretados os dados gerando novas e diversificadas bases de

dados georreferenciados.

SCARTA: Programa responsvel pela formulao dos dados em visualizao

grfica, podendo ser gerado em vrios formatos, sejam estes cartas ou mapas.

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IPLOT: Programa prprio para impresso de dados gerados na plataforma,

onde possvel definir resoluo de sada dos dados grficos gerados a partir do

programa SCARTA.

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3. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS 3.1 Elementos de Anlise Espacial Para anlise foram usados trs elementos, o primeiro so os recursos de sensoriamento remoto (Cbers, e Landsat), o segundo que so os dados de GPS, e o

terceiro que o relacionamento destes dados no SIG SPRING.

Os dados de sensoriamento remoto so indispensveis para anlise, dada a importncia da anlise histrica dos aspectos impactantes no meio urbano, da microbacia do crrego do judeu, que o objeto de anlise deste trabalho. Os sistemas sensores utilizados neste trabalho foram sensores imagiadores, de energia passiva e que tem como objetivo maior a deteco da mancha urbana e delineamento de aspectos ambientais, com mdia resoluo espacial, e de resoluo espectral dentro do espectro visvel e do infravermelho prximo. Observe abaixo quais os dados sensores selecionados: Tabela 3.1.1 Sistemas Sensores: Caracterizao Adaptado de www.engesat.com.br Sistemas Sensores Bandas Resoluo Espectral ( m) Cbers 2 e 2B 2 3 4 Landsat 5 3 4 5 0,45-0,52 0,52-0,59 0,63-0,69 0,63-0,69 0,76-0,90 1,55-1,75 20 m 20 m 20 m 30 m 30 m 30 m Resoluo Espacial

O sensor TM Landsat-5 serviu de apoio para resgatar o processo de evoluo da ocupao espacial da micro-bacia urbana por dois motivos. O primeiro motivo que

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estes tipos de sensores tm o banco de dados aberto mais antigo disponvel em modelo digital, sendo importante para ter registrado uma parte deste processo histrico, que lanam respeitveis projees de crescimento urbano, alm de refletir novas, ou mesmo a continuidade de velhas polticas pblicas, dependendo da observao do alvo terrestre. O segundo que esta famlia de sensores remotos tm uma impressionante preciso espacial, que desde o Landsat-4, tm a bordo o sensor TM que possu resoluo espacial de 30 metros, abrangendo desde o espectro visvel at o infravermelho termal. Estes sensores cumpriram um papel comum, que ser a comparao de dados, sabendo que pode haver diferenas significativas, devido prpria diferena de resoluo espacial e de cmaras de cada sensor, que mostram muitas vezes uma realidade prxima com detalhamentos diferenciados, mesmo aos olhos de experientes observadores. As imagens selecionadas foram: 1984 Landsat-5 Bandas: 3,4,5 1992 Landsat-5 Bandas: 3,4,5 2004 Cbers-2 Bandas: 2,3,4 2007 Landsat-5 Bandas: 3,4,5 2008 Cbers-2b Bandas: 2,3,4 Estes dados foram vitais para delineamento da ocupao urbana conforme estas trs dcadas, podendo ainda ser consultada como base a carta topogrfica da prpria cidade para reconstituio do cenrio urbano da dcada de 70. Em relao aos dados obtidos via GPS ganharam de importncia devido ao recolhimento de amostras para o trabalho, uma vez que foram aferidos dados relativos altimetria e a localizao espacial do canal principal do crrego do judeu dentro do meio urbano.

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Estes dados quando relacionados em um SIG ganharam conectividade, pois as mais diversas informaes comeam a se relacionar formando um cenrio passvel a interpretao mais precisa. Estes cenrios que se configuram podem ser setorizados somente nesta etapa, onde possvel fazer a diviso morfoaltimtrica da micro-bacia a partir do modelo numrico do terreno gerado a partir de dados provenientes de GPS, e tambm possvel fazer a relao com os dados de interpretao. Com o relacionamento destes planos possvel ento ter-se as coordenadas desejadas no trabalho, sendo necessrio ressaltar que existem diferenas de dados entre os mais diversificados receptores, que variam conforme a tcnica, e principalmente conforme o aparelho receptor, que faz o clculo dos ciclos de onda, transformando em coordenadas geogrficas. Neste trabalho foram usados dados de um aparelho GPS Garmin Etrex, com sete metros de preciso planialtimtrica, 12 canais, sobre a rea de montante do canal principal do Crrego do Judeu na rea urbana, pois justamente nesta rea era necessrio referendar os dados georreferenciados para registros das imagens de satlites, para identificao do canal, que no possvel observ-lo central, pois este est soterrado, e para fazer a setorizao da micro-bacia de acordo com sua elevao e ao tipo de corte do canal, identificado pela coleta de pontos nas reas interfluviais e na rea que originalmente estava presente o Crrego do Judeu. Desta forma, todo o conjunto de dados gerados neste banco de dados que se props a referenciar a bacia do crrego do judeu, foi criado, interpretado, e concebido a partir dos dados gerados neste pacote de programas da plataforma SPRING. Ento necessrio agora fazer a relao de como so gerados os dados a partir do SIG, especificamente, o SPRING para entendimento do processo de anlise e correlao de dados georreferenciados.

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3.2 Tipos de Anlises Executadas Para anlise da ocupao espacial, foram delineadas algumas anlises para composio do quadro da bacia do Crrego do Judeu, sob uma srie histrica. O primeiro mtodo de anlise consiste em levantar por meio de dados oriundos de sensores remotos, reas com padres espectrais de reas ocupadas, e reas no ocupadas, tanto na rea de APP, quanto da micro-bacia do Crrego do Judeu. Neste trabalho presente, foram usadas informaes majoritariamente dos planos de imagem, e dos planos temticos, que tem por caractersticas atribuir informaes por toda a extenso geogrfica da varivel. Ao plano de imagem esto associadas todas as imagens obtidas atravs dos sensores remotos Cbers-2 e Landsat-5, que foi passvel de trabalhar informaes da ocupao espacial da bacia do Crrego do Judeu. Do plano temtico, foi possvel fazer as interpretaes a respeito da ocupao espacial, da rea impermevel da bacia, do treinamento de ocupao antrpica da rea da bacia. Sendo necessrio ressaltar que a diferena entre a resoluo espectral, e espacial pode induzir a interpretaes diferenciadas de uma mesma regio, portanto, necessrio uma anlise mais aprofundada por parte do usurio, que somente o treinamento do SPRING, no capaz de auferir, uma vez que est atrelado a um dos componentes de anlise, que tem ligao direta com a resoluo espacial e espectral dos alvos, gerando ento uma confuso de anlise, que pode ser determinante na averiguao dos dados, no atribuindo ento grau superior de confiabilidade de apreciao. O segundo mtodo de anlise consiste em levantar a ocupao espacial atravs dos nveis de impermeabilizao da rea do Crrego do Judeu, atravs dos dados oriundos de sensores remotos. O terceiro mtodo consiste no classificao automtica dos dados oriundos dos sensores remotos, para delineamento das reas antropizadas de toda a bacia do Crrego do Judeu, com mero intuito comparativo e de comprovao da hiptese de confuso de

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dados, para justificar o no uso desta metodologia quando compararmos dados de sensores remotos distintos.

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4. Resultados e Discusses4.1 Ocupao Espacial da Bacia do Crrego do Judeu Mtodo Manual de Anlise Visual de Dados Sensores Remotos reas ocupadas e reas no ocupadas A anlise da ocupao espacial em srie temporal, da micro-bacia do Crrego do Judeu poderia apenas ser identificada com dados oriundos de sensores remotos, pois no h hoje dados originrios de institutos de pesquisas nas esferas, nacional, estadual e municipal, que dem informaes atualizadas a respeito da ocupao espacial na bacia. Para tanto cabe ressaltar que a interpretao, como j dita uma perspectiva de um observador, portanto, podemos ter uma interpretao diferente da mesma rea. Porm as utilizaes de algumas tcnicas comuns podem diminuir as divergncias a respeito da interpretao, tais como: - Resposta espectral; - Sombreamento; - Rugosidade do alvo (aspecto liso, ou rugoso); - Aspectos lineares (estradas, rios, diques, e etc.); - Localizao; - Temporalidade (poca do ano e aspectos climticos); - Entorno; - Conhecimento do usurio. Alm de outros aspectos, que cada usurio pode desenvolver conforme sua experincia com imagens oriundas de satlites, e com os diversos softwares. Desta forma a resposta espectral, pode ser um fator importante de anlise, porm a composio de bandas de satlites pode levar ao engano e a srios equvocos, ento os

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outros aspectos delineados acima podem solucionar dvidas a respeito do alvo que desejas identificar. No caso especfico do Crrego do Judeu, os alvos urbanos foram todos identificados com as cores prximas da real, onde a rea urbana ganhou tonalidades variando entre o roxo e o rosa, com aspecto irregular, o entorno so em geral de terrenos sem cobertura vegetal, com nenhuma cobertura de nuvens, sem sombreamentos, e de aspecto pouco rugoso e elevado em relao ao entorno. Este mtodo relacionou variveis de provenientes de anlises de dados oriundos de sensores remotos Landsat-5 e Cbers-2 e 2b, dos anos de 1984, 1992, 2004, 2007 e 2008. As anlises levaram a constataes de expanso urbana no interior da bacia do Crrego do Judeu, entre os anos de 1984 e 2008, porm com diferentes ritmos de ocupao do espao. Abaixo seguem os mapas que revelam esta constatao:

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Figura 4.1.1 Mapa da Expanso Urbana sobre a Bacia do Crrego do Judeu

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A evoluo da mancha urbana na Bacia do Crrego do Judeu expandiu com mais intensidade, no perodo de 1984-1992, com crescimento de 49% e em menor perodo entre os anos de 2004 e 2008, com crescimento de apenas 3% no perodo. Porm a ocupao total da bacia chega a 52%, concentrada principalmente na rea de mdio curso e alto curso da bacia. Assim, de acordo com dados do Banco de dados do zoneamento urbano existem: Tabela 4.1.1 Ocupao Urbana da Bacia do Crrego do Judeu (2008) Ocupao Urbana Sem Ocupao Baixa Ocupao Mdia Ocupao Alta Ocupao Total reas (ha) 9,38 8,20 29,18 49,87 96,63 Percentual de rea ocupada (%) 9,7 8,5 30,2 51,6 100,0

Na rea de baixo curso o crescimento ainda limitado pelas prprias condies impostas pela agricultura, no caso a rizicultura (arroz), que plantada nesta rea, que tomam cerca de 28% da rea desta bacia. A rizicultura ocupa a faixa que antecede o encontro com o Rio Paraba do Sul. Ainda necessrio ressaltar que o quadro da ocupao espacial da APP bacia do Crrego do Judeu extremamente preocupante, com o predomnio absoluto de reas residenciais, de alta e mdia densidade populacional, facilmente explicvel, pela proximidade desta micro-bacia com a regio central de Taubat. O quadro da ocupao est descrito logo abaixo no mapa:

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Figura 4.1.2 Mapa de Densidade Populacional na micro-bacia do Crrego do Judeu sobre APP.

Desta forma o baixo curso tem uma taxa de ocupao urbana de 32%, e neste ponto especificamente existe uma possibilidade maior de recarga da bacia, pois tanto no mdio, quanto no alto curso as taxas chegam respectivamente aos patamares de 89% e 72%.

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4.2 Nvel de impermeabilizao da Bacia do Crrego do Judeu A impermeabilizao da Bacia do Crrego do Judeu nestes ltimos 24 anos (1984-2008) foi dada em sentido leste-oeste, e principalmente nos trechos de mdio e baixo curso. Observando o nvel de ocupao espacial, Tucci (2003), diz que a impermeabilizao do solo tem como impactos a contaminao das guas com a lavagem das superfcies urbanas contaminadas com diferentes componentes orgnicos e metais, resduos slidos representados por sedimentos erodidos pelo aumento da vazo, e lixo urbano depositado ou transportado para a drenagem. Desta forma o impacto da impermeabilizao tende a no somente aumentar significativamente a velocidade com que a gua das chuvas chega ao Crrego do Judeu, como tambm aumenta o nvel de vazo, assim como a sua contaminao gerando uma srie de efeitos em cadeia, que atingem o mago da populao, mesmo quando aterrado o crrego como fora nos ltimos anos, ou canalizado. A proximidade com a rea urbana trouxe infortnios, que ainda hoje assolam s comunidades que esto s margens deste crrego, como o mau cheiro, e s condies sanitrias, e ambientais que so mantidas a populao e o prprio crrego. O Jornal Valeparaibano, em reportagem de oito de agosto de 2001, onde a populao relata o problema do lixo e das enchentes sobre a comunidade do Jardim Santa F, em Taubat-SP. Em um dos trechos estes impactos se revelam:[...] Moradores da rua do Pinho, prxima ao Crrego do Judeu, no bairro Santa F, em Taubat, esto preocupados com o provvel risco de enchente no local devido a uma obra da prefeitura e ao lixo depositado s margens do ribeiro.[...] Segundo os moradores, h trsmeses, a prefeitura iniciou o aterro em parte da margem do crrego para a construo de uma avenida, que deve ligar a avenida Charles Schneider at o Jardim Santa Catarina. O aterro teria provocado o desvio do crrego [...]

(Jornal Valeparaibano, 08 de agosto de 2001)

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Ou seja, nos relatos a questo do desrespeito ao Cdigo Florestal de 1965, tornase evidente, por parte da prefeitura que efetua obras s margens do crrego desviando o traado original do crrego, e o desrespeito a proteo integral da mata ciliar e do leito do crrego. Alm de configurar a infrao do artigo constitucional 225, que diz:Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv- lo para as presentes e futuras geraes (Brasil, 1988, art. 225)

O nvel de impermeabilizao do Crrego do Judeu, desta forma encontrasse em notvel desordem, pois desde o bairro da Baronesa, at cercanias da Loja Di Cicco, o Crrego no pode ser observado, devido a canalizao e seu aterramento. Posterior, em direo ao Parque Aeroporto reaparece canalizado, e notavelmente poludo at os locais de plantio de arroz, sem nenhum tratamento de suas guas.

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4.3 Classificao automtica do software SPRING de dados oriundos de sensores remotos sobre a bacia do Crrego do Judeu Os dados oriundos de sensores Landsat-5 e Cbers2 e 2b, foram treinados para percepo de modificaes antrpicas na rea, porm com sentido puramente pedaggico de provar que somente a considerao de alvos por intermdio de respostas espectrais, no tem a capacidade de abstrair sutilezas, e peculiaridades que somente um usurio treinado pode executar e descrever com mximo de detalhamento. O treinamento consistiu no uso da ferramenta TREINAMENTO, inserida dentro da rea de tratamento de imagens do software SPRING, em que foram recolhidas amostras de resposta espectral de espaos urbanos e no-urbanos, e foram obtidas as seguintes respostas do terreno:

Figura 4.3.1- reas Urbanas e No Urbanas Crrego do Judeu - 1984

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Figura 4.3.2 - reas Urbanas e No Urbanas Crrego do Judeu 1992

Figura 4.3.3 - reas Urbanas e No Urbanas Crrego do Judeu 2007

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Figura - 4.3.4 - reas Urbanas e No Urbanas Crrego do Judeu 2008

O mtodo de classificao automtica mostrou-se pouco eficaz no delineamento de reas urbanas, considerando que o software automaticamente identificou reas com mesmas respostas espectrais, como as zonas centrais, as reas de cultura de arroz, e reas de solo exposto, como um mesmo alvo. Os erros tambm variam quando comparamos que houve a identificao diferenciada variando o sensor remoto, em que a rea urbana, fora identificada como menor que os ndices de 1992, que vai de encontro a anlise visual do observador, alm da questo de expanso de populao neste perodo no municpio de Taubat, que coloca em cheque quaisquer possibilidades de regresso do meio urbano dentro desta bacia. O mtodo de classificao automtica, considerando apenas os dados do sensor Landsat-5, constatou um aumento de 1984 2007 de 20% na rea urbana, algo muito aqum dos ndices apresentados pelos dados e interpretaes visuais. Desta forma o uso do modo de Treinamento para identificao da expanso urbana, fora descartado como mtodo de anlise preciso e confivel.

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5. CONSIDERAES FINAIS

O trabalho apontou que a impermeabilizao da rea do Crrego constatou a existncia de diversos problemas relacionados conservao ambiental, a contaminao das guas, a qualidade de vida da populao, e principalmente que existem diferenas significativas quanto ao sensor e quanto forma de anlise (manual e treinamento), que podem trazer diferentes resultados. O impacto sob as reas de matas ciliares fora talvez, o mais notrio desrespeito a legislao ambiental e tambm de passvel identificao, sendo possvel fazer o planejamento municipal para regulamentao urbana, alm de traar as perspectivas de crescimento urbano, que deve crescer no sentido leste-oeste em direo a bacia do Crrego do Pinho que tambm tem crescido a ndices elevados, cerca de 160% nos ltimos 24 anos, e em direo s reas de cultivo de arroz, s margens do Rio Paraba, podendo inclusive fazer parte do fenmeno de conurbao com a cidade de Trememb. Enquanto questo da quantificao necessrio ressaltar que tanto os sensores Landsat-5, quanto o Cbers-2 e Cbers-2b, atenderam com excelncia a identificao dos alvos, com diferenas notveis de variao de cor, e de rea dos alvos, devido respectivamente ao comprimento de ondas captadas por cada banda das imagens de satlites, e a resoluo espacial. As reas de APP, como j descrito sofrem a presso com o incremento populacional nesta micro-bacia, onde o crescimento de residncias no local, pode levar a exausto por completo dos ltimos remanescentes de reas preservadas ao longo do Crrego do Judeu e seus afluentes. Os impactos decorrentes deste crescimento puderam ser constatados em trabalho de campo, e mesmo em matria do Jornal Valeparaibano, portanto, a cidade deve estar atenta quanto a soluo do desvio e da canalizao do curso deste crrego, e de outros, pois infere negativamente quanto a preservao ambiental, e quanto ao equilbrio ecolgico, que o municpio deve prezar em relao aos seus cidados.

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS AHRENS, S. O Novo Cdigo Florestal Brasileiro: Conceitos jurdicos fundamentais. Colombo: VIII Congresso Florestal Brasileiro, 2003. BRASIL. Ministrio do Meio Ambiente. Cdigo Florestal Brasileiro, Lei 4771/65, de 15 de setembro de 1965. Braslia, 1965. Matria do Jornal Valeparaibano. Morador de Taubat diz que obra pode provocar enchente. Taubat, 08 de agosto de 2001. MONICO, J. F. G. Posicionamento pelo NAVSTAR-GPS: Descrio, fundamentos e aplicaes. 1ed. Presidente Prudente, Editora UNESP, 2000. MORAES, E. C. Fundamentos do Sensoriamento Remoto. So Jos dos Campos. Apostila do Curso de Mestrado de Sensoriamento Remoto, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 1999. PRADO, J. B. Taubat: cidade educao, cultura e cincia. So Paulo, Editora Noovha, 2005. ROSEMBACK, R.; FRANA, A. M. S.; FLORENZANO, T. G. Anlise comparativa dos dados NDVI obtidos de imagens CCD/CBERS-2 e TM/LANDSAT-5 em rea urbana. So Jos dos Campos, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2005. SADER, E. A Transio no Brasil: Da ditadura democracia?. 2ed. So Paulo: Editora Atual, 1990. SANTOS, M. Metamorfoses do Espao Habitado: Fundamentos terico e metodolgico da geografia. So Paulo: Hucitec, 1988. _____________, Tcnica Espao e Tempo: Globalizao e meio tcnico-cientfico. So Paulo: Editora da Universidade de So Paulo, 1994.

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SANTOS, L. dos. Sistema de Informaes Geogrficas: Elaborao de uma base de dados georreferenciada na secretaria de trnsito e transporte SETTRAN. Uberlndia, Universidade Federal de Uberlndia, 2003 TUCCI, C.E.M. Drenagem Urbana. Porto Alegre, UFRGS, 2003.

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ABREVIATURAS E TERMOS TCNICOS IGC: Instituto Geogrfico e Cartogrfico SPRING:Programa distribudo gratuitamente pelo INPE, para construo de banco de dados georreferenciados CBERS: Famlia de sensores remotos, produzidos em conjunto por Brasil e China, para captao de dados ambientais. LANDSAT: Famlia de sensores remotos produzidos nos Estados Unidos para captao de dados ambientais. MARES DE MORROS: Conjunto de meias laranjas; formao que antecede as formaes de Serras e Planaltos do Leste e Sudeste. GPS: Sistema de Posicionamento Global; Aparelho que capta dados em ondas de rdio e que calcula a localizao em meio a superfcie terrestre. APP: reas de Preservao Permanente. TREINAMENTO: Modo de coleta automtico, em que o usurio recolhe amostras espectrais na imagem para o software interpretar. SENSORES REMOTOS: Qualquer aparelho que capte informao relativa a qualquer alvo na superfcie transforme em informao passvel de anlise. RASTER: Imagem. SIG: Sistema de Informao Geogrfica