ansiedade e trânsito

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ANSIEDADE E TRÂNSITO Nesta seção pretende-se abordar assuntos relacionados a estados psicológicos e segurança no trânsito, atentando para a verdade de que o fator humano, como já foi citado no presente estudo, é um grande determinante de riscos nesse contexto. O comportamento humano no trânsito, tanto do pedestre quanto do motorista, analisa Vasconcelos (1985, p.77), é essencial para entender-se a dinâmica e ocorrência de acidentes: “não somos máquinas, somos seres humanos e, portanto, falíveis no mais alto grau”. De acordo com o que já foi visto, pode se concluir que o trânsito é uma das questões principais para o funcionamento das cidades. Assim como outros autores, Matos (2008) também comenta que as vias apresentam disputas pelo espaço entre veículos motorizados, não motorizados e pedestres. Constantemente, essa disputa já ocasiona estresse e ansiedade nas pessoas que participam do trânsito, independente do perfil psicológico de cada um. Igualmente expõe Viecili (2003), que o ato de transitar provoca situações que podem ocasionar um estado de ansiedade no indivíduo, considerando as diversas circunstâncias que fazem parte do contexto do trânsito e que o levam a tomar uma decisão. Frente à situação de dirigir ultrapassar carros, parar, estacionar, aumentar ou diminuir a velocidade, etc., são comportamentos exigidos pelas vias Entende-se que o nível dessa emoção, que varia de acordo com cada um, afeta os processos psíquicos, pois pode interferir na capacidade cognitiva e perceptual do indivíduo. Em extremo pode ter como conseqüência, por exemplo, um envolvimento em um AT. Do mesmo modo, Bartholomeu (2008) em seus estudos revela que condições e estados emocionais dos motoristas constituem causas humanas diretas que afetam negativamente a habilidade destes em processar as informações pertinentes para que dirijam com segurança. Dentre as condições emocionais, cita Treat et al. (1977, apud Bartholomeu, 2008), as mais relacionadas aos acidentes são: ansiedade, agressividade, angústia, entre outros; estando muitas

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Comportamento no trasinto

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ANSIEDADE E TRNSITO

Nesta seo pretende-se abordar assuntos relacionados a estados psicolgicos e segurana no trnsito, atentando para a verdade de que o fator humano, como j foi citado no presente estudo, um grande determinante de riscos nesse contexto. O comportamento humano no trnsito, tanto do pedestre quanto do motorista, analisa Vasconcelos (1985, p.77), essencial para entender-se a dinmica e ocorrncia de acidentes: no somos mquinas, somos seres humanos e, portanto, falveis no mais alto grau. De acordo com o que j foi visto, pode se concluir que o trnsito uma das questes principais para o funcionamento das cidades. Assim como outros autores, Matos (2008) tambm comenta que as vias apresentam disputas pelo espao entre veculos motorizados, no motorizados e pedestres. Constantemente, essa disputa j ocasiona estresse e ansiedade nas pessoas que participam do trnsito, independente do perfil psicolgico de cada um. Igualmente expe Viecili (2003), que o ato de transitar provoca situaes que podem ocasionar um estado de ansiedade no indivduo, considerando as diversas circunstncias que fazem parte do contexto do trnsito e que o levam a tomar uma deciso. Frente situao de dirigir ultrapassar carros, parar, estacionar, aumentar ou diminuir a velocidade, etc., so comportamentos exigidos pelas vias Entende-se que o nvel dessa emoo, que varia de acordo com cada um, afeta os processos psquicos, pois pode interferir na capacidade cognitiva e perceptual do indivduo. Em extremo pode ter como conseqncia, por exemplo, um envolvimento em um AT. Do mesmo modo, Bartholomeu (2008) em seus estudos revela que condies e estados emocionais dos motoristas constituem causas humanas diretas que afetam negativamente a habilidade destes em processar as informaes pertinentes para que dirijam com segurana. Dentre as condies emocionais, cita Treat et al. (1977, apud Bartholomeu, 2008), as mais relacionadas aos acidentes so: ansiedade, agressividade, angstia, entre outros; estando muitas destas associadas personalidade. Assim, certas caractersticas de personalidade poderiam afetar de forma negativa os comportamentos dos motoristas no trnsito, podendo aumentar as probabilidades destes incorrerem em acidentes. Pode se entender a personalidade, como menciona Rozestraten (1988, p. 132), como um construto hipottico de caractersticas relativamente constantes que se manifestam no comportamento de uma pessoa. Sob o ponto de vista de Allport (1973, apud Bartholomeu, 2008) personalidade se refere consistncia de comportamentos das pessoas ao longo do tempo e situaes, ao mesmo tempo em que caracteriza sua singularidade. Abrange uma integrao de sistemas cognitivos, afetivos e comportamentais que interagem com caractersticas inatas, adquiridas, orgnicas e sociais, tendo funo de sntese, controle e unificao. No entanto, Eysenck e Eysenck (1987, apud Bartholomeu, 2008) a percebem como uma hierarquia de traos que se caracterizam por tendncias duradouras que constituem formas de se comportar em diferentes situaes. J Bernardos e Avia (1995, apud Bartholomeu, 2008), compreendem a personalidade com aspectos estruturais, ou seja, como um sistema de natureza intrapsquica que envolve processos gerais conscientes e inconscientes que se expressam nas diferenas individuais. Nesse mbito, considera Eysenck (1971, apud Bartholomeu, 2008) que as constncias do comportamento do sujeito definem as caractersticas psicolgicas dos indivduos, pois representam formas relativamente estveis de pensar, sentir e atuar com as pessoas Contudo o autor ressalta o papel do ambiente e da aprendizagem. Assim conclui Bazi (2003, apud Bartholomeu, 2008) que h uma parte constante e outra varivel na conduta de um sujeito, sendo a constante caracterizada como um trao, entretanto com tendncia a variaes. Ainda referente personalidade do condutor, para Hoffmann e Gonzlez (2003), no se pode afirmar que um determinado tipo de personalidade (no patolgica) provoque maior risco no ato de dirigir, mas, sim, que o problema vem de determinados elementos que aparecem associados a ela. Concluem que os dados indicam que h maior tendncia para as condutas arriscadas, como excesso de velocidade, falta de respeitos s normas, competitividade, por parte de alguns indivduos, o que associados a um menor controle e ao uso de substncias txicas (lcool) pode lev-los a se envolver mais em acidentes. Sugerem que os sujeitos mais extrovertidos tendem com maior probabilidade a transgredir as regras, pois costumam ser mais velozes na execuo de tarefas, sendo que quelas que exigem um alto nvel de vigilncia podem tornar-se prejudicadas em sua execuo. Ouros autores tambm avaliam que a personalidade pode influenciar o comportamento no trnsito, Vasconcelos (1985) considera essa relao alm da cultura e da ideologia (viso de mundo), e se refere principalmente as condies do indivduo no exato momento, no ato de dirigir. Entende de um modo geral, que em situaes em que o indivduo se encontra mais ansioso (ex: atrasado para um compromisso) ou aborrecido, tende a ser mais rgido no trnsito, enquanto num dia de bom humor pode ser mais cooperativo. O trnsito tem como composio, o carter e a inteligncia de quem os integra, aponta Rozestraten (1986, apud Ma; Ilha, 2003, p.274). Conforme o autor relata: o automvel o espelho daquele que o conduz; e nessa conduo do veculo que a pessoa revela seu grau de satisfao ou insatisfao com a vida. Conclui dessa forma que quem vive bem ajustado na sociedade, se comporta bem no trnsito; pois, o veculo e a maneira de dirig-lo traduzem a personalidade de um indivduo. O risco insensato, o brincar com o perigo tem origem na neurose, na loucura, no conflito psquico. No trnsito, funciona o homem inteiro com suas neuroses, frustraes, alegrias e contentamentos, e o veculo passa a ser a verdadeira extenso do condutor. (ROZESTRATEN, 1996, p.81 apud MA; ILHA, 2003, p. 274) Para muitos pesquisadores do assunto fato que existem fortes correlaes entre o ato de dirigir e o aspecto afetivo do motorista, como explica Johnson (1997, apud Macedo, 2004), pois este se sente influenciado pelo seu estado de humor enquanto dirige. H indcios de que irritao, agressividade, transtornos de ansiedade e comportamento violento no trnsito tm aumentado cada vez mais. Na viso de Who (1976, apud Marn; Queiroz, 2000) h conexo significativa entre personalidade e risco de AT. Uma pesquisa na Austrlia, por exemplo, comparou cem indivduos culpados de acidentes graves com cem controles pareados. Os casos apresentaram maior freqncia de sintomas psiquitricos menores, como ansiedade, impulsividade e falta de conscincia social. Referiram, tambm, com maior constncia, eventos de vida desfavorveis nas quatro semanas prvias ao acidente. A resoluo n 80 do CONTRAN de 19 de novembro de 1998, aponta Porto (1999, apud Viecili, 2003) fornece critrios psicolgicos a serem avaliados e indispensveis ao ato de dirigir. No anexo II da Resoluo, referente Avaliao Psicolgica possvel constatar: 1.1. O exame de Avaliao Psicolgica preliminar, obrigatrio, eliminatrio, e complementar para os condutores e candidatos a obteno, mudana de categoria, da Carteira Nacional de Habilitao, aferindo-se psicometricamente as seguintes reas de concentrao de caractersticas psicolgicas: a) rea Percepto Reacional , Motora e Nvel Mental b) rea do Equilbrio Psquico c) habilidades Especficas Em relao realizao dos exames, a Resoluo do CONTRAN, aponta na rea percepto-reacional e motora que sejam avaliadas, atravs de tcnicas psicolgicas: ateno; percepo; tomada de deciso; motricidade e reao; cognio e nvel mental. J a rea de equilbrio psquico ser analisada atravs de entrevistas, observao durante os exames e de tcnicas psicolgicas, e ser considerado: ansiedade e excitabilidade; ausncia de quadro reconhecidamente patolgico; controle adequado da agressividade e impulsividade; equilbrio emocional; ajustamento pessoal-social e demais problemas correlatos (alcoolismo, epilepsia, droga adio, entre outros), que possam detectar contraindicaes segurana do trnsito. No que diz respeito s habilidades especificas e complementares, essas tratam de: tempo de reao; ateno concentrada; rapidez de raciocnio; relaes espaciais e outras, desde que necessrias ao aprofundamento da avaliao psicolgica. Vale ressaltar que de acordo com a presente Resoluo, as reas Percepto-Reacional e Motora, e de Equilbrio Psquico so reas de avaliao bsica de todo condutor. Essas caractersticas citadas so importantes de serem analisadas, inclusive pela existncia de processos psicolgicos implicados na complexa atividade de conduzir um veculo. Hoffmann e Gonzllez (2003, p. 379-380) salientam que as principais funes psicolgicas em funcionamento so: a) correta capacidade perceptiva e atencional, que lhe permita captar o que ocorre ao seu redor e, tambm, identificar e discriminar os estmulos revelantes que definem a situao ou problema de trnsito, que ele deve resolver; b) correta interpretao e avaliao da situao; c) deciso a respeito da ao ou manobra mais adequada, dentre todas as possveis, para a situao ou problema especfico que enfrenta; d) uma vez escolhida manobra mais adequada, deve execut-la com a maior rapidez e preciso possvel, o que se denomina capacidade de resposta do condutor (performace) e se refere ao conjunto de atividades sensriomotriz e psicomotora que o condutor pe em funcionamento para manter o controle sobre o veculo e sua trajetria; e) processos e variveis mediacionais (personalidade, inteligncia, estilos cognitivos, motivao, aprendizagem, experincia, memria) que modulam o funcionamento dos processos psicolgicos implicados na conduo. Mais uma vez se faz importante citar, como enfatiza Spagnhol (1985, apud Bartholomeu, 2008), que o ato de dirigir no se resume a habilidades motoras ou cognitivas, mas envolve aspectos volitivos e expresso emocional, alm do aprendizado de regras formais e informais que so necessrias ao entendimento do contexto em que o motorista se encontra, bem como a antecipao das situaes de risco. Alm disso, o motorista deve ser capaz de ajustar seus sentimentos, adequando-os conforme a situao que se apresenta no trnsito. Nessa perspectiva pode se avaliar, como apontam Hoffmann e Gonzles (2003), que a ateno e a distrao so fatores de grande repercusso na segurana do trnsito, pois existem diversos estados que podem levar a uma ateno inadequada ou provocar uma distrao. A ansiedade certamente considerada por esses autores como um agente interno e originrio de distraes, assim como outros estados psicolgicos transitrios. Pode se citar como exemplo o motorista que est atento aos seus problemas, esse ter mais dificuldade em se atentar aos estmulos exteriores, o que ocasionar risco em sua conduo. Pode-se entender a ateno, prope Viecili (2003), como uma preparao para a percepo de algum objeto ou situao. Se o indivduo se apresenta ansioso, nervoso ou preocupado, o interesse ser em achar ou evitar o seu temor, e seu foco de ateno ser desviado. Como foi sugerido no primeiro captulo, a falta de ateno um dos mais importantes fatores humanos causadores de AT. A ateno pode ser distinguida, como argumenta Rozestraten (1988) em: difusa, concentrada e distribuda. A primeira mais abrangente (porm o nvel da ateno deve ser dosado conforme as exigncias da situao), demanda movimentos oculares maiores e se resume em uma ateno de busca ou procura (vigilncia). A concentrada dirigida para determinado objeto ou situao, tanto que a difusa interrompida por ela geralmente nas sinalizaes, veculos com perigo de coliso e outros indcios de perigo, se houver falha aqui um AT poder ser ocasionado. A ltima se refere ateno concentrada dirigida para vrios objetos, por exemplo, dirigir conversando com algum. No contexto do trnsito, sugere Viecili (2003), a ansiedade se expressa como uma funo preventiva e paralelamente expositiva frente s situaes. Cabe aqui frisar, que a conduo de um veculo exige uma srie de conhecimentos, como, legislao de trnsito, sinalizaes e outros. A todo o momento, como indica a autora, esse indivduo acionado, juntamente com as suas capacidades cognitivas, emotivas e motoras. Certo grau de ansiedade necessrio para que esse permanea atento e alerta, principalmente em casos que demandam demasiada ateno, porm se for um grau elevado, esse processo (ato de dirigir) tende a ficar prejudicado. Pode provocar reaes psicolgicas de extrema perturbao. Dessa forma Dalgalarrondo (2008, p.166) explica: a ansiedade definida como um estado de humor desconfortvel, apreenso negativa em relao ao futuro, inquietao interna desagradvel. Opera como um mecanismo de defesa do nosso corpo e faz parte do funcionamento normal da fisiologia dos homens e dos animais. Tem um importante valor de sobrevivncia e adaptao, pois sua finalidade alertar o organismo a respeito de algum perigo para que ele tenha tempo de lidar com a situao que o ameaa lutando ou fugindo. Uma vez que a situao desaparece, desaparecem tambm os sintomas fsicos e psquicos a ela relacionados, sendo os fsicos: dispnia; taquicardia; vaso-constrio ou dilatao; tenso muscular; parestesias; tremores; sudorese; tontura e etc., e os psquicos: insegurana; irritabilidade; dificuldade para se concentrar; preocupaes exageradas e etc. Para Gabbard (1998, p.175), a ansiedade, como outros sintomas, com freqncia determinada por mltiplos aspectos com origem em uma variedade de nveis evolutivos. O transtorno de ansiedade revela Dalgalarrondo (2008), ao contrrio, um problema psicolgico que perturba o sujeito a ponto de atrapalhar sua vida e do qual ele no consegue se livrar por conta prpria. Para a compreenso dos transtornos de ansiedade, necessrio primeiramente compreender alguns fenmenos como o Ataque de Pnico e a Agorafobia. O autor explica que os ataques de pnico so manifestaes abruptas de ansiedade que ocorrem sob forma de crises intermitentes, com a ecloso de vrios sintomas ansiosos, em nmero e intensidade significativos. Ocorrem no contexto de diversos Transtornos de Ansiedade diferentes, e podem ser muitas vezes desencadeados por condies, como: aglomerados humanos, ficar preso (ou com dificuldade para sair), em congestionamentos no trnsito, supermercados com muita gente, shopping centers, situaes de ameaa, etc. (PEREIRA, 1997 apud DALGALARRONDO, 2008, p. 305). De acordo com o DSM IV (1995, p. 376-377) existem trs tipos caractersticos: Ataques de Pnico inesperados (no evocados) o incio do ataque no est associado com um ativador situacional, isto , ocorre espontaneamente (vindo do nada); Ataques de Pnico ligados a situaes (evocados) ocorrem, quase que invariavelmente, logo aps a exposio ou antecipao a um evocador ou ativador situacional e Ataques de Pnico predispostos pela situao tendem a ocorrer na exposio ao evocador ou ativador situacional, mas no esto invariavelmente associados ao evocador e no ocorrem necessariamente aps a exposio (por ex., os ataques tendem mais a ocorrer mais quando o sujeito est dirigindo, mas existem momentos em que a pessoa dirige e no tem ataques, ou estes ocorrem aps dirigir por meia hora). Embora os ataques de pnico geralmente durem alguns minutos, segundo Gabbard (2008), eles produzem um considervel desconforto. De acordo com os critrios do DSM-IV (1995, p. 376), um ataque de pnico ocorre quando um perodo distinto de intenso temor, no qual quatro (ou mais) dos seguintes sintomas desenvolveram-se abruptamente e alcanaram um pico em 10 minutos: palpitaes ou ritmo cardaco acelerado; sudorese; tremores ou abalos; sensaes de falta de ar ou sufocamento; sensaes de asfixia; dor ou desconforto torcico; nusea ou desconforto abdominal; sensao de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio; desrealizao (sensaes de irrealidade) ou despersonalizao (estar distanciado de si mesmo; medo de perder o controle ou enlouquecer; medo de morrer; parestesias (anestesia ou sensaes de formigamento) e calafrios ou ondas de calor. Uma vez que a agorafobia pode ocorrer no contexto de Transtorno de Pnico (com Agorafobia), torna-se importante compreender esse fenmeno. Conforme o DSM-IV (1995, p.378) agorafobia ocorre quando: A) ansiedade acerca de estar em locais ou situaes de onde possa ser difcil (ou embaraoso) escapar ou onde o auxlio pode no estar disponvel, na eventualidade de ter um Ataque de Pnico inesperado ou predisposto pela situao, ou sintomas tipo pnico. Os temores agorafbicos tipicamente envolvem agrupamentos caractersticos de situaes, que incluem: estar fora de casa desacompanhado; estar em meio a uma multido ou permanecer em uma fila; estar em uma ponte; viajar de nibus, trem ou automvel; B) as situaes so evitadas (por ex., viagens so restringidas) ou suportadas com acentuado sofrimento ou com ansiedade acerca de ter um Ataque de Pnico ou sintomas tipo pnico, ou exigem companhia; C) a ansiedade ou esquiva agorafbica no melhor explicada por um outro transtorno mental, como Fobia Social (por ex., a esquiva se limita a situaes sociais pelo medo do embarao), Fobia Especfica (por ex., a esquiva se limita a uma nica situao, como elevadores), Transtorno Obsessivo-Compulsivo (por ex., esquiva sujeira, em algum com uma obsesso de contaminao), Transtorno de Estresse Ps-Traumtico (por ex., esquiva de estmulos associados com um estressor severo) ou Transtorno de Ansiedade de Separao (por ex., esquiva a afastar-se do lar ou de parentes). No que se refere ao Transtorno do Pnico sem Agorafobia de acordo com os critrios do DSM-IV (1995, p.383-384): A. (1) e (2): (1) ataques de pnico recorrentes e inesperados; (2) pelo menos um dos ataques foi seguido por 1 ms (ou mais) de uma (ou mais) das seguintes caractersticas: preocupao persistente acerca de ter ataques adicionais, preocupao acerca das implicaes do ataque ou suas conseqncias (por ex., perder o controle, ter um ataque cardaco, "ficar louco") e uma alterao comportamental significativa relacionada aos ataques B) ausncia de agorafobia C) os ataques de pnico no se devem aos efeitos fisiolgicos diretos de uma substncia (por ex., droga de abuso, medicamento) ou de uma condio mdica geral (por ex., hipertiroidismo); D) os ataques de pnico no so melhor explicados por outro transtorno mental, como Fobia Social (por ex., ocorrendo quando da exposio a situaes sociais temidas), Fobia Especfica (por ex., ocorrendo quando da exposio a uma situao fbica especfica), Transtorno Obsessivo-Compulsivo (por ex., quando da exposio sujeira, em algum com uma obsesso de contaminao), Transtorno de Estresse Ps-Traumtico (por ex., em resposta a estmulos associados a um estressor severo) ou Transtorno de Ansiedade de Separao (por ex., em resposta a estar afastado do lar ou de parentes queridos). Como informam Regier e cols. (1988, apud Gabbard, 2008), o grupo dos transtornos de ansiedade o mais prevalente entre os transtornos mentais e dentre os transtornos de ansiedade, as fobias so de longe o grupo mais comum. Dalgalarrondo (2008, p. 171) as define como medos determinados psicologicamente, desproporcionais e incompatveis com as possibilidades de perigo real oferecidas pelos desencadeadores, chamados de objetos ou situaes fobgenas. Algumas teorias j associam alguns comportamentos ansigenos com a complexidade atual da civilizao. Viecilli (2003) acredita que as pessoas esto mais alertas para identificar situaes de perigo. Esse comportamento pode ser visto como uma herana; resultado de alteraes de valores culturais e mudanas rpidas. Arajo, Diniz e Rocha (2009) citam igualmente que entre os fatores que poderiam influenciar na ocorrncia de AT, esto s caractersticas da personalidade do motorista. Determinam como exemplo fatores tais como: controle de hostilidade; tolerncia tenso; ansiedade de separao e egocentrismo e sociocentrismo, esses foram mais preditivos de performance na direo do que diferenas individuais em caractersticas fisiolgicas e psicofisiolgicas. Do mesmo modo, a impulsividade um dos traos que tem sido frequentemente associado tanto a comportamentos de risco em geral quanto a violaes das leis de trnsito e acidentes. Para alguns autores os resultados dos estudos sobre o envolvimento diferencial de pacientes portadores de transtornos psiquitricos em acidentes de trnsito so contraditrios. Cremona (1986, apud Arajo; Diniz; Rocha, 2009) segundo pesquisas realizadas, relatou que pacientes com transtornos da personalidade apresentavam at seis vezes mais probabilidades de se envolver em acidentes de veculos. Os traos que poderiam estar associados direo perigosa foram: irresponsabilidade, agressividade, egocentrismo, impulsividade e intolerncia frustrao. Cushman et al. (1990, apud Arajo; Diniz; Rocha, 2009), informaram que motoristas com diagnsticos psiquitricos (como transtorno depressivo maior, psicose reativa breve, transtorno de personalidade bordeline, transtorno conversivo, transtorno misto de personalidade, transtorno de personalidade passivo-dependente, fobia social, outros transtornos de ansiedade e transtorno de ajustamento) no eram diferentes dos controles quanto s taxas de batidas em objeto fixo, velocidade insegura, infraes ou menos uso de cinto de segurana. Segundo esses autores, essa aparente contradio poderia ser explicada pelas caractersticas dos estudos epidemiolgicos sobre acidentes automobilsticos que, em geral, so retrospectivos, limitados pelas caractersticas das amostras e dependentes da possibilidade de dosagens srias de psicotrpicos. Como foram apresentadas no captulo anterior, as infraes e AT esto de forma atenuante relacionadas tambm ao uso de lcool, que podem estar associados a comportamentos ansiosos. Conforme a literatura apresenta h transtornos que esto relacionados a substncias. De acordo com o DSM IV (1995, p.171), nessa categoria esto includos aqueles que esto associados ao uso de drogas (inclusive lcool), aos efeitos colaterais de um medicamento e exposio de toxinas. Aqui cabe enfatizar o Transtorno de Ansiedade Induzido por Substncias, que se refere a sintomas proeminentes de ansiedade, decorrentes dos efeitos fisiolgicos de uma substncia (ex: abuso de lcool). Dependendo da natureza da substncia e do contexto no qual os sintomas ocorrem (isto , durante intoxicao ou abstinncia), a perturbao pode envolver ansiedade proeminente, Ataques de Pnico, fobias, obsesses ou compulses. E os sintomas devem causar sofrimento clinicamente significativo ou prejuzo no funcionamento social, ocupacional ou em outras reas importantes da vida do indivduo. De qualquer forma, sabe-se que ansiedade em nvel elevado, independente de sua origem, como sugere Viecili (2003), influenciar na tomada de deciso, e ir comprometer conseqentemente a percepo e a capacidade de julgamento do indivduo. Em uma situao que exige uma resposta rpida, a sua reao, seja ela reflexa ou voluntria, ser igualmente prejudicada e a possibilidade de equvoco aumentar. Por outro lado, afirma a autora que se um estmulo percebido de forma distorcida em virtude de uma descarga ansigena, o indivduo buscar solues em percepes imprecisas do real, ocasionado uma ao prejudicial para determinada situao. O nvel de ansiedade promover condies favorveis ou no. Trata-se de decises que podero propiciar uma soluo tranqila ou o envolvimento em acidentes.