apostila de direito civil completa

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APOSTILA DE DIREITO CIVIL PARA CONCURSOS Atualizada pelo Novo Código Civil Encontre o material de estudo para seu concurso preferido em www.acheiconcursos.com.br Conteúdo: I. PARTE GERAL 1. Personalidade 1.1. Das pessoas 1.2. Personalidade jurídica 1.3. Direitos da personalidade 2. Pessoas naturais ou físicas 2.1. Capacidade jurídica 2.1.1. Da incapacidade 2.1.2. Proteção aos incapazes 2.1.3. Cessação da incapacidade ou emancipação 3. Começo da personalidade natural 4. Individualização da pessoa natural 4.1. Nome 4.2. Estado 4.3. Domicílio 4.3.1. Espécies de domicílio 5. Extinção da personalidade natural 6. Pessoa jurídica 6.1. Classificações 6.2. Começo e fim da pessoa jurídica 6.3. Responsabilidade civil 6.4. Entes despersonalizados 6.5. Desconsideração da pessoa jurídica 7. Dos bens 7.1. Considerados em si mesmos 7.2. Reciprocamente considerados 7.2.1. Bens relacionados ao titular 7.2.2. Bens fora do comércio 7.2.3. Bem de família 8. Fatos jurídicos 8.1. Classificação 8.2. Aquisição de direitos 8.2.1. Classificação dos negócios jurídicos 8.3. Modificação de direitos 8.4. Extinção de direitos 9. Elementos dos atos jurídicos 9.1. Validade do ato jurídico 10. Defeitos dos atos jurídicos 10.1. Nulidades 10.2. Da prova dos fatos jurídicos 11. O ato ilícito 11.1. Excludentes de responsabilidade

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  • APOSTILA DE DIREITO CIVILPARA CONCURSOS

    Atualizada pelo Novo Cdigo Civil

    Encontre o material de estudo para seu concurso preferido em

    www.acheiconcursos.com.br

    Contedo:

    I. PARTE GERAL

    1. Personalidade1.1. Das pessoas1.2. Personalidade jurdica1.3. Direitos da personalidade2. Pessoas naturais ou fsicas2.1. Capacidade jurdica2.1.1. Da incapacidade2.1.2. Proteo aos incapazes2.1.3. Cessao da incapacidade ou emancipao3. Comeo da personalidade natural4. Individualizao da pessoa natural4.1. Nome4.2. Estado4.3. Domiclio4.3.1. Espcies de domiclio5. Extino da personalidade natural6. Pessoa jurdica6.1. Classificaes6.2. Comeo e fim da pessoa jurdica6.3. Responsabilidade civil6.4. Entes despersonalizados6.5. Desconsiderao da pessoa jurdica7. Dos bens7.1. Considerados em si mesmos7.2. Reciprocamente considerados7.2.1. Bens relacionados ao titular7.2.2. Bens fora do comrcio7.2.3. Bem de famlia8. Fatos jurdicos8.1. Classificao8.2. Aquisio de direitos8.2.1. Classificao dos negcios jurdicos8.3. Modificao de direitos8.4. Extino de direitos9. Elementos dos atos jurdicos9.1. Validade do ato jurdico10. Defeitos dos atos jurdicos10.1. Nulidades10.2. Da prova dos fatos jurdicos11. O ato ilcito11.1. Excludentes de responsabilidade

  • 12. Prescrio e decadncia

    II. TEORIA GERAL DAS OBRIGAES

    1. Definio de obrigao2. Classificao2.1. Obrigaes de dar2.2. Obrigaes de fazer2.3. Obrigaes de no fazer3. Da extino das obrigaes3.1. Pagamento direto3.2. Pagamento indireto: espcies3.2.1. Consignao em pagamento3.2.2. Sub-rogao3.2.3. Imputao ao pagamento3.2.4. Dao em pagamento3.2.5. Novao3.2.6. Compensao3.2.7. Transao3.2.8. Compromisso3.2.9. Confuso3.2.10. Remisso4. Conseqncias da inexecuo das obrigaes4.1. Da mora4.1.1. Juros moratrios4.2. Das perdas e danos4.3. Da clusula penal

    III. OS CONTRATOS EM ESPCIE

    1. Contratos em geral2. Princpios fundamentais3. Reviso dos contratos4. Formao do contrato5. Classificao6. Efeitos particulares dos contratos6.1. Extino dos contratos7. Dos contratos em espcie7.1. Contrato de compra e venda7.1.2. Conseqncias do inadimplemento7.1.3. Clusulas especiais da compra e venda7.1.4. Compromisso de compra e venda7.2. Contrato de troca7.3. Contrato estimatrio7.4. Contrato de doao7.4.1. Espcies de doao7.5. Contrato de locao7.5.1. Tipos de locao de imveis7.6. Contrato de prestao de servios7.7. Contrato de empreitada7.7.1. Classificao da empreitada7.7.2. Das responsabilidades7.8. Contrato de emprstimo7.8.1. Do comodato7.8.2. Do mtuo7.8.2.1. Requisitos e efeitos7.9. Contrato de depsito7.9.1. Classificao do depsito7.10. O mandato7.11. Contrato de comisso

  • 7.12. Contrato de agncia e distribuio7.12.1. Contrato de agncia7.12.2. Contrato de distribuio7.13. Contrato de corretagem7.14. Contrato de transporte7.15. Contrato de seguro7.15.1. Caractersticas contratuais7.15.2. Modalidade de seguros7.16. Contrato de constituio de renda7.17. Contrato de jogo e de aposta7.18. Contrato de fiana7.19. Da transao7.20. Do compromisso7.21. Algumas consideraes sobre os contratos mercantis

    IV. DIREITO DAS COISAS

    1. Classificao dos direitos reais2. Conceito de direitos reais2.1. Diferena entre direitos reais e direitos pessoais2.2. Caractersticas dos direitos reais2.3. Objeto dos direitos reais3. Posse e suas teorias3.1. Teoria subjetiva da posse3.2. Teoria objetiva da posse4. Classificao da posse5. Dos efeitos da posse5.1. Da aquisio da posse5.2. Da perda da posse6. A propriedade e o domnio6.1. Elementos da propriedade7. Aquisio da propriedade imvel7.1. Usucapio7.1.1. Requisitos para o usucapio7.1.2. Modalidades de usucapio7.2. Aquisio pelo registro do ttulo7.3. Aquisio pela acesso 7.4. De perda da propriedade imvel8. Condomnio8.1. Condomnios especiais8.1.1. Condomnio em paredes, cercas, muros e valas8.1.2. Condomnio edifcio8.1.2.1. Formao do condomnio9. Dos direitos de vizinhana9.1. Do uso anormal da propriedade9.2. Das rvores limtrofes9.3. Da passagem forada9.4. Da passagem de cabos e tubulaes9.5. Das guas9.6. Dos limites entre prdios e o direito de tapagem9.7. Do direito de construir10. A propriedade mvel11. Direitos reais de gozo ou fruio sobre coisas alheias11.1. Enfiteuse11.2. Servides prediais11.3. Usufruto11.4. Uso11.5. Habitao

  • 11.6. Superfcie12. Direitos reais de garantia12.1. Penhor12.2. Hipoteca12.3. Anticrese12.4. Alienao fiduciria12.5. Direito real de aquisio

    V. DIREITO DE FAMLIA

    1. Conceito1.1. Diviso do direito de famlia1.2. Objeto do direito de famlia1.3. Princpios do direito de famlia1.4. O direito de famlia em outros ramos do direito2. Do casamento2.1. Natureza jurdica2.2. Caractersticas e princpios do casamento2.3. Esponsais2.4. Condies de existncia, regularidade, validade do casamento2.4.1. Condies necessrias validade do ato nupcial3. Impedimentos e nulidades3.1. Impedimentos dirimentes pblicos ou absolutos3.2. Impedimentos impedientes suspensivos ou proibitivos3.3. Impedimentos dirimentes privativos ou relativos3.4. Oposio dos impedimentos3.4.1. A invalidade do casamento4. Formalidade preliminares a celebrao do casamento4.1. A celebrao do casamento4.2. Tipos de casamento4.3. Provas do casamento4.4. Efeitos jurdicos do casamento4.4.1. Sociais4.4.2. Pessoais4.4.2.1. Em relao aos filhos4.4.3. Patrimoniais4.4.3.1. Regime de bens4.4.3.2. Pacto antenupcial4.4.3.3. Os regimes de bens propriamente ditos4.4.4. Regime de bens: restries4.4.5. Dever recproco de socorro5. Dissoluo da sociedade conjugal5.1. Pela morte5.2. Pela anulao do casamento5.2.1. Sistema de nulidades do casamento5.3. Pela separao judicial5.3.1. Separao consensual5.3.2. Separao litigiosa5.4. Pelo divrcio6. A unio estvel7. Parentesco7.1. Filiao7.2. Ao negatria de paternidade e de maternidade7.3. Reconhecimento dos filhos7.4. Adoo7.5. Poder familiar8. Dos alimentos9. Do direito assistencial9.1. Da guarda9.2. Da tutela

  • 9.3. Da curatela9.4. Medidas de proteo e do menor

    VI. DIREITO DAS SUCESSES

    1. Conceito, fundamento e contedo2. Espcies de sucesso3. A transmisso da herana3.1. Momento da transmisso3.2. Lugar da abertura do inventrio3.3. Objeto da sucesso hereditria3.4. Capacidade e incapacidade sucessria4. Aceitao da herana4.1. Espcies de aceitao da herana5. Renncia da herana5.1. Efeitos da renncia6. Cesso da herana7. Herana jacente e vacante8. Da sucesso legtima8.1. Sucesso dos descendentes8.2. Sucesso dos ascendentes8.3. Sucesso do cnjuge ou do convivente8.4. Sucesso dos colaterais8.5. Sucesso do Municpio, Distrito Federal e Unio8.6. Direito de representao9. Sucesso testamentria9.1. Formas de testamento9.1.1. Formas ordinrias de testamento9.1.2. Formas especiais de testamento9.2. Testemunhas testamentrias9.3. Inexecuo do testamento9.4. Registro, arquivamento e cumprimento do testamento9.5. Testamenteiro10. Codicilo11. Legado12. Direito de acrescer13. Substituio

  • DIREITO CIVIL

    I - PARTE GERAL1. PERSONALIDADE1.1. Das pessoas

    A palavra pessoa vem do latim "persona" denominao dada s mscaras utilizadas pelosatores romanos, destinadas a dar eco s suas palavras. A palavra, cora a evoluo dos tempos,passou a representar as personagens e, finalmente, a prpria pessoa. As pessoas, na ordem jurdicaclassificam-se em pessoas naturais ou fsicas e pessoas jurdicas. No sentido jurdico, pessoa o entefsico ou moral - coletivo - suscetvel de direitos e obrigaes ou, simplesmente, sujeito de uma relaojurdica.

    1.2. Personalidade JurdicaLiga-se pessoa a idia de personalidade, que significa a aptido genrica para adquirir

    direitos e contrair obrigaes. Quer sejam pessoas naturais ou jurdicas todas as pessoas so dotadasde personalidade. A capacidade a "medida jurdica da personalidade e essa capacidade jurdica (serelativa ou absoluta) condio ou pressuposto de existncia ou de exerccio dos direitos inerentes spessoas, por isso para ser pessoa basta que exista enquanto tal, mas para ser capaz necessitapreencher requisitos para agir de per si, ou por nome de outrem. Por isso os autores distinguem acapacidade de duas formas a capacidade de direito ou de gozo e a capacidade de exerccio ou de fato.

    1.3. Direitos da personalidadeSo direitos da personalidade aqueles que buscam a defesa dos valores inatos nos homens,

    reconhecidos a eles em sua interioridade e em suas projees na sociedade. A par de ser um campomuito vasto para estudo a doutrina divide os direitos da personalidade em trs espcies:a) direitos fsicos: referentes integridade corporal (componentes materiais da estrutura humana),como os direitos vida, integridade fsica, ao corpo, imagem e voz;b) direitos psquicos: atinentes aos apangios intrnsecos da personalidade, como os direitos liberdade, intimidade, integridade psquica e ao segredo;c) direitos morais, ligados ao complexo valorativo da pessoa., projetado nela mesma e no meio socialem que vive e, nesta ltima categoria, estariam inseridos os direitos identidade, honra, ao respeitoe s criaes intelectuais.

    Os direitos da personalidade so direitos subjetivos inerentes pessoa humana e fora da rbitapatrimonial, portanto, absolutos, indisponveis, inalienveis, intransmissveis, imprescritveis,irrenunciveis e impenhorveis, via de regra.

    Sendo, assim, os direitos da personalidade asseguram pessoa a defesa do que lhe e prprio,ou seja, sua integridade fsica, intelectual e moral.

    A proteo jurdica desses direitos ocorre com a cessao dos atos que perturbam edesrespeitam a integridade fsica, intelectual ou moral do ser e, em seguida, com a averiguao daexistncia da leso ou no, no ressarcimento dos danos morais e patrimoniais experimentados pelavitima (CC. art. 12).

    Diz o art. 5, X: "so inviolveis a intimidade, a vida privada a honra e a imagem das pessoas,assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao"

    Segundo Jos Afonso da Silva "a intimidade foi considerada um direito diverso dos direitos vida privada honra e imagem das pessoas'' - direito privacidade e direitos da personalidade. Porisso o autor prefere utilizar a expresso direito privacidade em sentido genrico e amplo de modo "aabarcar todas essas manifestaes da esfera intima privada e da personalidade, que o textoconstitucional em exame consagrou".

    Moacyr de Oliveira expressa a amplitude da inviolabilidade dentro do direito privacidade (ouvida privada) dizendo que ele: "abrange o modo de vida domstico, nas relaes familiares e afetivaera geral, fatos, hbitos, local, nome, imagem, pensamentos, segredos; e, bem assim, as origens eplanos futuros do indivduo".

    A intimidade, por sua vez, se define como "a esfera secreta da vida do indivduo na qual estetem o poder legal de evitar os demais", inclusive seus familiares se assim quiser (liberdade depensamento). Em sentido prtico, porm, o que a interpretao sistemtica do texto constitucional nos

  • leva a concluir que a intimidade abrangeria o sigilo de correspondncia, a inviolabilidade do domicilio(CF.: art. 5, XI) e o segredo profissional.

    J o direito de preservao da honra e da imagem das pessoas, segundo Jos Afonso daSilva, no pareceriam caracterizar, acertadamente, um desdobramento do direito intimidade ou dodireito privacidade: seriam, segundo ele, conexos.

    A honra revela-se como o conjunto de qualidades que caracterizam a dignidade da pessoa, orespeito dos concidados, o bom nome, e a reputao.

    A inviolabilidade da imagem da pessoa consiste na tutela do aspecto fsico como perceptvelvisivelmente, e Adriano de Cupis acrescenta que: "essa reserva pessoal, no que tange ao aspectofsico - que, de resto, reflete tambm personalidade moral do indivduo -, satisfaz uma exignciaespiritual de isolamento, uma necessidade eminentemente moral.

    O direito imagem ou de imagem, subdivide-se em dois tipos:a) imagem retrato (como fotografia) descrita no inciso X do art. 5 da CF; eb) imagem atributo (publicitria p. ex) descrita no art. 5, V da CF.

    Como explica o Promotor de Justia Humberto Ibiapina Lima Maia "O direito imageminegavelmente faz parte da personalidade do Ser. Distintos, mas juntos a ela, esto muitas vezes osdireitos honra e intimidade. Todos devidamente preservados pelos dispositivos legais em vigor:notoriamente a Constituio Federal, em seu artigo 5".

    No novo Cdigo Civil temos, agora, supletivamente, a seguinte normao, o que no implicanecessariamente em uma novidade no ordenamento jurdico:a) Direito ao corpo vivo ou morto: CC., arts. 12, pargrafo nico, e arts. 13 a 15b) Direito ao nome: CC., arts. 16 a 19c) Direito imagem: CC., art. 20d) Direito privacidade: CC., art. 21

    2. PESSOAS NATURAIS OU FSICASA pessoa natural aquele ser humano que provem de uma mulher; o ente humano

    individualmente considerado (o art. 2 CC dizia.: todo homem capaz de direitos e obrigaes naordem civil). O novo cdigo diz no art. 1 que "Toda pessoa capaz de direitos e deveres na ordemcivil", o art. 2 diz "a personalidade civil da pessoa comea do nascimento com vida mas a lei pe asalvo, desde a concepo, os direitos do nascituro".

    2.1. Capacidade jurdicaCapacidade conceito que decorre da personalidade e que torna possvel uma pessoa ser

    titular de direitos e obrigaes. Tal aptido para ser sujeito de direitos e obrigaes e exercer, por si oupor outrem atos da vida civil poder, todavia, depender de assistncia ou representao nas situaesque o Cdigo determinar em funo de ser a incapacidade relativa ou absoluta, respectivamente.

    Assim temos que a capacidade da pessoa natural pode ser:a) de fato: representando a aptido da pessoa para praticar pessoalmente os atos da vida civil -como faculdade de fazer valer seus direitos.b) de direito ou de gozo: representando a aptido para adquirir direitos e contrair obrigaes aquela que permite que todos, indistintamente, atuem no mundo jurdico (representados e assistidos)fazendo que inexista a incapacidade civil de direito.

    2.1.1. Da incapacidadePessoas que no tm discernimento necessrio para praticar certos atos jurdicos so

    consideradas incapazes, e tal incapacidade pode ser absoluta ou relativa.a) incapacidade absoluta: caracterizada pela impossibilidade de exercer pessoalmente os atos davida civil, de acordo com o art. 3 do CC; a incapacidade aqui suprida pela representao; so essesos absolutamente incapazes:

    Os menores de 16 anos: que so representados por seus pais ou tutores; Os que, por enfermidade ou deficincia mental, no tiverem o necessrio discernimento para aprtica desses atos (a lei anterior dizia no antigo art. 5: loucos de todo o gnero). So pessoasrepresentadas por curadores (CC., art. 1767,I). Com a insero do termo "discernimento" o juiz

  • pode a requerimento da parte interessada fixar em sentena se o indivduo absolutamente ourelativamente incapaz, todavia, para que a sentena tenha efeito erga omnes imprescindvel oseu registro no cartrio de pessoas naturais (CC., art. 9, III), alm do que, o art. 4, II e Ill gradua osportadores de debilidade mental entre os relativamente incapazes"; Os que, mesmo por causa. transitria, no puderem exprimir sua vontade (a lei dizia: surdos-mudos, que no pudessem exprimir suas vontades) Eles estaro sujeitos curatela (CC., art.1780) - (tambm CC., arts. 1767, III e IV. 1.772 e 1782).

    O Novo Cdigo no permite que se estenda a incapacidade aos cegos e aos ausentes assimdeclarados por sentena (CC., art 22 e ss. c/c CC., art. 9, IV e ainda CPC., arts. 1159 a 1169).OBS1.: Ausenta-se aquele que se afasta do domiclio sem deixar procurador ou representante do qualse tenha notcias instituindo-se, portanto, a curatela (CC. art. 22). A curatela do ausente se d emrazo de sentena declaratria que necessita ser registrada (CC. Art. 9, IV) no cartrio do domicilioanterior do ausente. Procede-se a arrecadao dos bens (CPC.. art. 1160), nomeando-se o cnjuge doausente - se no separados de fato por mais de 2 anos - como o legtimo curada (ou as pessoasindicadas nos do CC. art. 25), procedendo-se sucesso provisria (CC. arts. 26 a 36) para,depois, torn-la definitiva (CC., arts. 37 a 39).OBS2.: os atos praticados por pessoas absolutamente incapazes so nulos de pleno direito (CC., art.166. I) permanecendo como era antes da reforma.b) incapacidade relativa: caracteriza-se pela impassibilidade da pratica de certos atos (CC., art. 4),ou a maneira de os exercer, sem a devida assistncia. So eles:

    Os maiores de 16 e menores de 18 anos, que podem praticar, de per si, apenas certos atos:1. Os maiores de 16 e menores de 18 anos no podem eximir-se de uma obrigao quandoocultam dolosamente sua idade (CC., art. 180 c/c CC., art. 105 e 181).2. Pelo artigo 116 do ECA eles so equiparados ao maior quando da responsabilidade civildecorrente de atos infracionais.3. Podem aceitar mandato: CC., art. 666.4. Podem fazer testamento: CC. Art. 1860, pargrafo nico.5. Podem exercer emprego pblico para o qual no for exigida maioridade.6. Podem ser comerciantes (precedido de autorizao): CC. art. 5, pargrafo nico, v7. Podem se casar, homem ou mulher com 16 anos: CC. art 15178. Podem celebrar contrato de trabalho: CLT 446 (se for aprendiz com 14 anos).9. Podem votar facultativamente: Cdigo Eleitoral, art. 4. 1, I

    OBS1.: a menoridade cessa aos 18 anos (CC., art. 5), mas Maria Helena Diniz afirma que ele jpode, requerer o registro de seu nascimento (Lei 6.015/73 art. 50, 3 com alterao da Lei9.053/95), pleitear perante a justia trabalhista sem assistncia do pai ou tutor (CLT art. .792),exercer na justia criminal o direito de queixa, renuncia e perdo (CPC arts. 34, 50, pargrafonico, e 52), firmar recibos de salrio e pagamentos do INSS.

    E ainda,

    Os brios habituais, os viciados em txicos, e os que, por deficincia mental, tenham odiscernimento reduzido, que no podero praticar atos na vida. civil sem assistncia de um curador(CC., art. 1767, III).OBS2.: os psicopatas, toxicmanos e viciados em substncias capazes de causar dependnciaqumica ou fsica; j eram relativa ou absolutamente incapazes, conforme determinasse a sentenade interdio (CPC., art. 1185).

    Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo: so os fracos de mente, surdos-mudos, portadores de anomalia psquica etc.

    Os prdigos: pelo CC., arts. 1768 e 1769 s incorrem em interdio se tiverem cnjuge;ascendente ou descendente, qualquer parente ou o MP promovem essa ao.OBS3.: os atos praticados por pessoas relativamente incapazes geram anulabilidade do ato e nonulidade: CC. Art. 171, I - permanecendo como era antes de reforma.

    Os silvcolas esto sujeitos a regime regulado por legislao especial (CC. art. 4, pargrafonico).

    2.1.2. Proteo aos incapazes: breves notas sobre a interdioPais ou tutores representam os menores de 16 anos e assistem os maiores de 16 e menores

    de 18 anos (CC., arts 115 a 120: 1634, V, 1690, 1747, I e 1767).

  • Os prdigos, deficientes mentais, alcolatras ou toxicmanos, igualmente, sero representadosse menores de 16 anos e assistidos se entre 16 e 18 anos, todavia, por curador. A curatela pode incidirsobre maiores de 18 anos, tambm, pois pode, a incapacidade ter causa. superveniente - trata-se deum mnus pblico.

    Vale notar que quando o indivduo adquire a sua capacidade de fato nada poder retirar-lheesse atributo que no seja atravs de um processo de interdio, de modo que o pressuposto jurdicoda curatela, in casu, uma deciso judicial pois aquele que era capaz toma-se incapaz. O pedido sersempre deferido, a critrio do juiz, dentro de um processo de interdio (que visa a curatela), umprocedimento especial de jurisdio voluntria que necessita obrigatoriamente de prova pericial (CPC.,arts. 1181 e 1183).

    So legitimados para propor essa ao, taxativamente mas no na mesma ordem, osgenitores, o tutor, o cnjuge ou qualquer parente (CC., arts 1768, II e III) e o MP (CC. art. 1769). Porqualquer parente deve-se entender os parentes sucessveis abrangendo at o limite da ordem davocao hereditria, ou seja, os colaterais at 4 grau (CC., arts. 1829, IV, 1830 e 1839), excluindo-seos afins (CPC., art. 1182).

    2.1.3. Cessao da incapacidade ou emancipaoAos dezoito anos completos acaba a menoridade, ficando habilitado o indivduo para todos os

    atos da vida civil (CC., art. 5), porm, o pargrafo nico diz quando cessa essa incapacidade.a) a primeira forma de emancipao a que se refere o inciso I do pargrafo nico do art. 5 do CdigoCivil aquela que consiste na aquisio da capacidade civil antes da idade legal, em razo da extinodo poder familiar (que se d, na verdade, pela renncia dos pais desse poder), fazendo cessarigualmente a condio de pupilo na tutela, em que, a partir dos 16 anos o menor adquire a maioridade.Pode ser por instrumento pblico ou na divergncia dos pais em conced-la (CPC., arts. 1103 a 1112 -jurisdio voluntria), por sentena.b) a segunda se d em razo do casamento,c) a terceira pelo exerccio de emprego ou funo pblica, excetuadas as funes exercidas emrgos autrquicos ou entidades paraestatais,d) depois, pela colao de grau no ensino superior, ee) pelo exerccio de atividade comercial.OBS.: O art. 73 da Lei 4375/64 (Dec. n. 57.654/66 art. 239) diz: "Para efeito de servio militar cessar aincapacidade civil do menor na data em que completar 17 anos", porque o ano em que completa 18deve se alistar,

    3. COMEO DA PERSONALIDADE NATURALA personalidade atributo de que goza a pessoa, representando a aptido genrica para

    adquirir direitos e contrair obrigaes.A personalidade tem inicio a partir do nascimento com vida (CC., art. 2), independente de

    perfeio ou no, integridade fsica ou moral, terminando com a morte (CC., art. 6), ou ainda com apresuno de sua morte, como ocorre no caso de ausentes (CC., art. 7), para efeitos de sucesso(CC., arts. 22 a 39).

    Para dirimir qualquer dvida em relao uma criana ter nascido morta ou ter morrido logoaps o seu nascimento, utilizava-se o processo conhecido por Docemasia Hidrosttica de Galeno,que baseia-se no princpio de que o feto, depois de ter respirado, teria os pulmes cheios de ar e,portanto, imersos em gua, sobrenadariam, o que no acontece com os pulmes que nuncarespiraram. Hoje, tcnicas mais modernas, existem.

    No obstante assim seja, a lei assegura os direitos do nascituro, isto , o feto que se encontrano ventre materno e que ainda no possua personalidade jurdica (CC., art. 2). O nascituro pessoacondicional uma vez que a aquisio de personalidade acha-se condicionada ao nascimento com vida.Porm, o nascituro herdeiro, pode receber doaes e legados, pode ser adotado e reconhecido.Pode agir atravs de seu curador (CC., art. 1779), e assim, figurar como sujeito ativo e passivo deobrigaes, ressalvado que a eficcia de tudo ficar condicionada ao seu nascimento com vida.

    Todo o nascimento deve ser registrado (Lei 6.015/73 art. 50 e 53; CC., art. 9, I, CF., art. 5,LXXVI, a) mesmo que a criana tenha nascido morta ou falecido durante o parto (Lei 6.015/73 arts. 33,V e 73). O registro se faz no local do nascimento ou no da residncia dos pais. Em regra o registro sed no prazo de 15 dias, mas se os pais residirem em distncia maior do que 30 Km do cartrio maisprximo esse prazo prorroga-se por 3 meses. Na falta dos pais o registro caber aos parentes mais

  • prximos; na falta deles, os administradores do hospital devero providenci-lo, mdicos, parteiros ouas pessoas encarregadas de sua guarda.

    Em ltima hiptese, como vimos, ele mesmo poder faz-lo aos 16 anos (Lei 6.015/73 art. 50, 3 com as alteraes da Lei 9.053/95), mas no ficar desprovido do registro jamais.

    4. INDIVIDUALIZAO DA PESSOA NATURAL4.1. Nome

    Um dos mais importantes atributos da pessoa natural (ao lado da honra, da imagem dacapacidade e do estado), o nome. O nome inalienvel, imprescritvel e protegido juridicamente nose extinguindo nem com a morte (CC. arts. 16, 17, 18 e 19; CP. art. 185).

    O homem recebe-o ao nascer e ele estar presente em todos os acontecimentos da sua vidaindividual, familiar e social, em todos os atos jurdicos, em todos os momentos. Ele apresenta-se com onome que lhe foi atribudo e registrado. Servir como um elemento de individualizao de um serhumano para outro.

    O nome de uma pessoa compe-se de prenome ou nome prprio e do respectivo apelido defamlia, tambm designado como sobrenome, patronmico, cognome e etc.. O primeiro individual epode ser escolhido ad libitum dos interessados. Pode ser simples ou composto (duplo), mas nadaimpede que seja triplo, qudruplo...

    O segundo elemento fundamental do nome o patronmico ou apelido de famlia. o sinalrevelador da procedncia da pessoa e serve para indicar sua filiao, sua estirpe. Como o prenome, oapelido de famlia inaltervel (Lei 6.015/73, art, 56). S ser suscetvel de alterao (Lei 6.015/73, art.58) quando for evidente o erro grfico, ou ainda quando sujeitar o portador ao ridculo (Lei 6.015/73,art. 55, pargrafo nico), ou quando a homonmia for causadora de problemas srios (R T 531/234).

    O uso prolongado e constante de um nome diverso do que figura no registro, pode permitir asua alterao (RT 517/105, 537/75) sendo, tambm, possvel a incluso de apelido ou alcunha utilizadohabitualmente pelo interessado (RT 518/104).

    A lei no probe que se complete o nome com a adio de sobrenome usado por ascendente.O descendente tem direito ao sobrenome de seu ascendente, mesmo que este sobrenome no tenhasido usado por uma ou mais geraes (RT 384/178, 400/169, 406/131, 424/75, 538/64).

    O sobrenome pode ser adquirido, tambm, quando da adoo ou do casamento. Na adooregida pelo cdigo civil o filho adotivo no pode conservar o nome de seus pais de sangue (CC., arts.1626 e 1618 a 1629). E com o casamento poder qualquer dos nubentes acrescer ao seu sobrenome,se quiser, o sobrenome do outro (CC., 1565, 1) perdendo esse direito com a anulao do matrimnioou por deliberao em sentena judicial.

    4.2. Estado da pessoa naturalO estado representa o modo particular de existir de uma pessoa. A expresso "estado" provm

    do latim status, empregada pelos romanos para designar os vrios predicados integrantes dapersonalidade. Era o modo de ser em virtude do qual se tornavam os homens suscetveis de direitos nasociedade civil. Modernamente esse status representa-se por dois derradeiros estados: nacionalidadee famlia.

    O estado indisponvel e imprescritvel e se apresenta de quatro formas:a) Estado individual ou fsico: modo de ser da pessoa sob o aspecto orgnico (idade, sexo, sade)e capacidade;b) Estado familiar: posio ocupada pela pessoa no seio da famlia. Todo o indivduo se enquadraem determinada famlia por trs ordens de relaes, a saber, pelo vnculo conjugal, pelo parentescodecorrente de consanginidade ou afinidade e, sob esse aspecto as pessoas distinguem-se emcasadas, solteiras, separadas, divorciadas, parentes ou no.c) Estado poltico: qualidade jurdica que advm da posio do indivduo como parcela de umasociedade politicamente organizada e chamada de nao (Estado). Nesse contexto os indivduos sedividem em nacionais (natos e naturalizados), e estrangeiros (CF., art. 12).d) Estado civil: regula-se por normas de ordem pblica e no podem, via de regra, ser modificadospela vontade das partes no sentido de que ser sempre uno, ou seja, ningum pode ser ao mesmotempo solteiro e casado, maior e menor, brasileiro e estrangeiro (Ateno: a dupla nacionalidade figura no regulada pelo direito).

  • 4.3. DomicilioPara a pessoa natural, o domiclio fixado das seguintes formas estabelecidas pelo Cdigo:

    a) o lugar onde estabelece a sua residncia com nimo definitivo: CC., art. 70;b) se vrias as residncias ou vrios centros de atividades, ser qualquer deles: CC., art. 71;c) se no possuir residncia habitual ou empregue a vida em viagens, o domicilio ser o lugar ondefor encontrada.

    Para as pessoas jurdicas de direito privado o domicilio ser o lugar de sua sede, ou aondefuncionar a sua diretoria e/ou administrao, ou ainda onde elegerem domicilio especial nos seusestatutos ou atos constitutivos (CC., art. 75, IV) e para as pessoas jurdicas de direito pblico odomicilio vem disciplinado nos incisos I, II e III do art. 75 do Cdigo Civil, no havendo qualquermodificao nesse sentido na atual sistemtica do novo codex.

    4.3.1. Espcies de domiclioa) necessrio ou legal: determinado por lei em razo de condio ou certa situao:

    o recm nascido tem o domicilio dos pais, o intinerante tem o domiclio no lugar onde for encontrado: CC. art. 73; o domiclio de cada cnjuge ser o do casal: CC. art. 1569; e ainda os casos do CC. art. 76, pargrafo nico, que diz:.

    o domiclio do incapaz o do seu representante ou assistente;

    o do servidor pblico, o lugar em que exercer permanentemente suas funes;

    o do militar; onde servir, e, sendo da. Marinha ou da Aeronutica, a sede do comando a quese encontrar imediatamente subordinado;

    o do martimo, onde o navio estiver matriculado; e

    o do preso, o lugar em que cumprir a sentena.b) domiclio voluntrio aquele que pode ser escolhido livremente, subdividindo-se em:

    geral: se fixado pela vontade de um indivduo capaz, ou especial: se estabelecido entre as partes de um contrato: CC., art. 78 e CPC., art. 95.

    Perde-se o domicilio.a) pela mudana: CC art. 74.b) por determinao legal nos casos de alterao das condies do pargrafo nico do art. 76.c) por contrato em razo de eleio das partes.

    5. EXTINO DA PERSONALIDADE NATURALA existncia da pessoa natural termina com a morte real, presumida ou ficta (CC., art. 6, 1

    parte). At esse termo final inexorvel, conserva o ser humano a personalidade adquirida ao nascer.S com a morte perde tal predicado. Os mortos no so mais pessoas - inobstante a eles ainda sedeva respeito - no so mais sujeitos de direitos e obrigaes. Todavia vale mencionar que nossosdoutrinadores aceitam, tambm, o que se chama de morte civil.

    O primeiro caso vem previsto no CC., art. 1814: so pessoais os efeitos da excluso daherana por indignidade. Os descendentes do herdeiro excludo sucedem como se morto ele fosse. Osegundo caso est nas leis militares (art. 7 do D.L. 3.088/41): uma vez declarado indigno do oficialato,ou com ele incompatvel, perder o militar seu posto e respectiva patente, ressalvado s famlias odireito a percepo de suas penses, como se houvesse falecido.

    Para o direito a morte significa:a) fato gerador de tributo (CF., art. 155, I),b) dissoluo do vnculo conjugal e do regime matrimonial (CC., art. 1571),c) extino do poder familiar (CC., art. 1635),

  • d) abertura da sucesso (CC., art. 1784).e) extino dos contratos personalssimos, como prestao ou locao de servios (CC., art. 607),parceria, mandato (CC., art. 682, II) e sociedade, obrigaes de fazer, quando convencionado ocumprimento pessoal (CC., art. 247),f) extino do pacto de venda a contento, preempo (CC., art. 520) ou preferncia de melhorcomprador,g) extino do usufruto (CC., art. 1410, I e CPC., art. 1112, VI),h) extino do cargo de testamentria (CC., art. 1985),

    Comorincia:Prevista anteriormente pelo CC., art. 11, est agora disciplinada no CC., art. 8 e representa a

    circunstncia em que dois ou mais indivduos falecem na mesma ocasio, no se podendo averiguarse a morte de algum precedeu a de outro(s).

    6. PESSOA JURDICAChamados tambm de entes morais, pessoas coletivas ou civis, caracterizam-se pelo

    agrupamento de pessoas ou bens para fins determinados que adquirem, por fora de lei, ascaractersticas de uma pessoa, porm, distinta das que as compem, e a quem a ordem jurdica atribuipersonalidade, tornando-as capaz de exercer direitos e contrair obrigaes.

    6.1. Classificao da pessoa jurdica (CC., art. 40)Quanto nacionalidade a pessoa jurdica nacional ou estrangeira. So pessoas jurdicas de

    direito pblico externo (CC., art. 42) os pases estrangeiros, e os organismos internacionais. Sopessoas jurdicas de direito pblico interno (CC., art. 41) a Unio Federal, os Estados, os Municpios,as Autarquias, demais entidades de carter pblico criadas por lei. So pessoas jurdicas de direitoprivado as sociedades simples e empresariais, as associaes, as fundaes particulares e os partidospolticos (Lei 9096/95 c/c CF., art. 17, I a IV, 1 a4).

    O que distingue as pessoas de direito pblico das de direito privado o regime jurdico a que elasesto submetidas., e no a origem dos recursos. O regime jurdico de direito pblico tem prerrogativasque as pessoas jurdicas de direito privado no possuem. As pessoas de direito privado, essas sim,distinguem-se pelos recursos em estatais e particulares sendo que as estatais constituem-se comrecursos pblicos e as particulares somente com recursos particulares.

    Para fins didticos vale a seguinte classificao:a) associaes civis: (culturais, sociais, sindicais): resultam da conjugao de pessoas com um

    objetivo comum visando a execuo desses objetivos e no possuem finalidade econmica (CC.,art. 53). Aplicam-se aqui as normas do novo Direito de Empresa previsto a partir do CC., arts. 966e seguintes. Como no tm fim lucrativo podem assumir diversas finalidades, a saber altrusticas(beneficentes), egosticas (literrias, recreativas, esportivas), ou apenas de socorro mtuo, de fimno lucrativo.

    Basta que siga alguns critrios. estruturao do grupo em normas estatutrias; regulamentao clara e uniforme dos direitos e deveres dos associados: natureza contratual que liga o associado instituio; pagamento de um quantum inicial ou sucessivo pelos associados: inexistncia de direitos e deveres recprocos: CC. art. 53, nico; funcionamento por meio de diretoria; direito a voto nas assemblias e respeito s suas deliberaes, sem que se impea oassociado que entrar em discrdia se desligar; imposio de sanes queles que ferirem as normas estatutrias e etc.

    b) fundaes particulares: so pessoas jurdicas compostas pela organizao de um patrimnio,destacado pelo seu instituidor para uma finalidade especifica. No tm proprietrios nem titulares

  • ou scios. Tm apenas um patrimnio gerido por curadores. A fundao pode ser criada porescritura pblica ou testamento (CC., art. 62 ss. c/c CPC., arts. 1199 a 1204), devendo o instituidordoar os meios necessrios e especificar o fim a que se destina: religiosos, morais, culturais ou deassistncia. As fundaes podem ainda ser mantidas ou constitudas pelo poder pblicoconjugando recursos pblicos e privados, mas se o caso, estar sujeita ao direito administrativo.

    c) sociedades simples: (CC., arts. 997 a 1038) so aquelas que visam lucro e, portanto, tmfinalidade econmica. Atuam com certa autonomia patrimonial, pois sua existncia distinta dafigura dos seus scios, de modo que as obrigaes, direitos e deveres de um, no se confundemcom a pessoa do outro.

    d) sociedades empresariais: visam, igualmente, o lucro, todavia, atravs do exerccio de umaatividade mercantil, assumindo vrias formas, tais como sociedade em nome coletivo, sociedadeem comandita simples; sociedade em comandita por aes; sociedade limitada; sociedadeannima ou por aes (CC., arts. 1039 a 1092) que, adiante, sero tratadas.

    OBS.: Para distinguir uma sociedade simples de uma sociedade empresria basta considerar anatureza das operaes habituais. Se tiver por objeto exerccio de atividade econmica organizadapara a produo ou circulao de bens e servios, prprias de empresrio sujeito a registro (CC.982 e 967) sociedade empresarial, caso contrrio ser simples.

    6.2. Comeo e fim da existncia legal da pessoa jurdicaA personalidade das pessoas jurdicas passa a existir com a inscrio de seus atos

    constitutivos no registro competente e sero representadas, ativa e passivamente, nos atos judiciais eextrajudiciais, por quem os estatutos designarem ou, em no consignando, por seus diretores. Seudomiclio o local de sua sede, seu governo, administrao ou direo.

    As pessoas jurdicas de direito pblico iniciam-se em razo de determinao constitucional oude lei especial. Assim que numa cadeia de atribuies - delegao, competncia exclusiva ouconcorrente - Estados, Municpios e o Distrito Federal estabelecem, cada qual, direitos e deveresespao temporais.

    As pessoas jurdicas de direito privado (outrora somente regidas pelo Cdigo Comercial) e ospartidos polticos (regidos por lei especfica) tm como fato gerador a vontade humana sem anecessidade de qualquer ato administrativo de concesso ou permisso - salvo nas hipteses do CC.,arts. 1123 a 1125, e CC., arts. 1128 a 1141. Elas nascem com o registro de seus atos constitutivospodendo ser unilateral inter vivos ou causa mortis no caso das fundaes, ou por ato jurdico bilateralinter vivos no caso das associaes e sociedades (CC., art. 104).

    A ausncia do registro, por seu turno, de acordo com o CC., arts. 986 a 990, CC., arts. 1132 e1136, desautoriza as sociedades a. acionar seus membros ou terceiros sendo, estes, ao contrrio,responsveis por todos os seus atos (CPC. art. 12, 2 e 596), dentre outros efeitos.

    A capacidade das pessoas jurdicas decorre de sua personalidade que vem com o registro deseus atos constitutivos e estende-se em todos os campos do direito quer seja exercida por umadiretoria quer seja pelo seu rgo legal.

    A existncia de uma pessoa jurdica pode terminar pela dissoluo deliberada entre seusmembros (CC., 1033, II), pelo decurso do prazo de sua durao (CC., arts. 69, 1 parte c/c art. 1033, I),por deliberao dos scios - maioria absoluta (CC., art. 1033, III), pela dissoluo quando a lei assimdeterminar, ou ainda pela dissoluo em virtude de ato do governo (CC., art. 1125 e 1033, V), quandolhe casse a autorizao para funcionar, por determinao do poder judicirio (CC., art. 1034, I e II)

    6.3. Responsabilidade civil - noesTodas as pessoas jurdicas respondem civilmente pela. prtica de ilcito ou ato que contrarie

    suas estipulaes estatutrias como tambm, segundo o CDC., arts. 12 a 25, trazem consigo aresponsabilidade objetiva - independente de culpa - caso decorra de vcio no produto ou no servio quefornea, danos que podem ser morais e materiais (CF., 173, 5). Profissionais liberais tmresponsabilidade subjetiva (CDC art. 14, 1 ao 4).

    No campo da responsabilidade extracontratual sabido que as pessoas jurdicas de direitoprivado devem reparar o dano causado pelo seu representante. Os arts. 931 e 1009 do CC,estipularam a responsabilidade civil para as pessoas jurdicas que tm finalidade lucrativa ouempresarial ao dizer que respondem pelos produtos postos em circulao.

  • Combinando-se o art. 932, III com o 933, o novo cdigo civil inova e traz a responsabilidadeobjetiva naqueles casos, pelos danos porventura provocados. Mas quanto aos fornecedores deprodutos e servios o CDC j havia estipulado essa modalidade de responsabilidade.

    Quanto responsabilidade civil do Estado, convm lembrar as teorias que se firmaram sobreela (CF., art. 37, 6. CDC, art. 3):a) teoria da culpa administrativa do preposto: onde o Estado s indeniza se houver culpa do agenteb) teoria do acidente administrativo ou falta impessoal do servio pblico, onde no se indaga culpadeste ou daquele funcionrio mas sim o todo da prestao do servio ou ausncia deste que causedano, e ac) teoria do risco integral: responsabilidade objetiva, teoria adotada pelo direito brasileiro agora,tambm, reforada pelo novo cdigo civil em seu art. 43.

    6.4. Entes despersonalizadosSo aqueles entes que no esto descritos como dotados de personalidade jurdica mas que,

    todavia, por algum momento no espao e no tempo aderirem esse status para que possam agirrepresentando uma coletividade de bens ou pessoas. So tambm chamadas de quase pessoasjurdicas e so elas a famlia, as sociedades de fato ou no personificadas; a massa falida; a heranajacente e vacante; o esplio e o condomnio.

    6.5. Desconsiderao da pessoa jurdicaComo vimos a pessoa jurdica ente autnomo da figura de seus componentes ou

    instituidores, mas com o intuito de impedir a consumao de fraudes e atos atentatrios dignidade dajustia que venham a lesar terceiros o Cdigo Civil assim preceituou:

    Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurdica, caracterizado pelo desvio de finalidade, oupela confuso patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministrio Pblicoquando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relaes deobrigaes sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou scios da pessoajurdica.

    A teoria da desconsiderao ou penetrao, como salienta Maria Helena Diniz, permite que ojuiz no reais considere os efeitos da personificao ou da autonomia jurdica da sociedade para atingire vincular a responsabilidade dos scios - podendo invadir seu patrimnio para garantir indenizaes -e, ainda impedir a consumao de fraudes e abusos de direito cometidos por meio da personalidadejurdica, que causem prejuzos ou danos a terceiros. No uma novidade na prtica visto que ostribunais j estavam assim entendendo.

    7. DOS BENSBem tudo quanto pode proporcionar ao homem qualquer satisfao. Nesse sentido se diz

    que a sade um bem, que a amizade um bem e etc. Mas juridicamente falando, bens so osvalores materiais ou imateriais que podem ser objeto de uma relao de direito.

    Para que seja objeto de uma relao jurdica preciso que o bem tenha idoneidade parasatisfazer um interesse econmico - portanto, que tenha valor econmico - e, que subordine-sejuridicamente a um titular.

    7.1. Dos bens considerados em si mesmos: CC arts. 79 a 91a) corpreos: so aqueles dotados de existncia fsica, material, que incidem ou recaem sob ossentidos;b) incorpreos: so aqueles que, embora de existncia abstrata ou ideal, ou seja, intangveis, soreconhecidos pela ordem jurdica, tendo para o homem valor econmico - podem estar entre os direitosreais, obrigacionais ou autorais.c) mveis: so os bens que podem ser transportados de um local para outro sem sofrer alterao desua substncia. O transporte pode ser por movimento prprio ou por fora alheia. A lei,excepcionalmente, atribui essa qualidade a outros bens, como o caso dos direitos de autor (CC., art.82).d) imveis: so os que no podem ser transferidos de um local para outro sem alterao de suasubstncia. Essa imobilizao pode se dar por acesso fsica artificial (construes, sementes jogadas

  • a terra), acesso intelectual, por sua natureza (solo e espao areo), destinao (utenslios agrcolas),ou por determinao legal (penhor agrcola, sucesso aberta).OBS.: Bens mveis e imveis distinguem-se por diversas razes: Imveis s so adquiridos pelo registro do ttulo, acesso, usucapio e pelo direito hereditrio (CC.,arts. 1238 a 1245, 1248, 1784), e os mveis pela tradio, usucapio, ocupao, achado de tesouro,especificao, confuso, comisto, adjuno (CC. arts. 1260 a 1274). Imveis no podem ser alienados, hipotecados ou gravados de nus reais por pessoas casadas semanuncia do cnjuge (CC. art. 1647, I) exceto se o regime seja o da separao absoluta de bens. Prazo para usucapir para imveis de 5, 10 ou 15 anos (CF. 183, 191 e CC. arts. 1238 a 1242, 1260e 1261). Para bens mveis de 3 ou 5 anos (CC. 1260 e 1261) dentre outras peculiaridades.OBS1.: O navio e a aeronave continuam a ser bens mveis sui generis, de natureza especial, sendotratados, em vrios aspectos, como se fossem imveis, necessitando de registro e admitindo ahipoteca (CC. art. 1473, VI e VII). O navio tem nome, e o avio, marca, obrigatoriamente. Ambos tmnacionalidade. Podem ser projees do territrio nacional no ar e no mar (CP., art. 5, 2).e) fungveis: so bens que podem ser substitudos por outros da mesma espcie, em igualquantidade e qualidade (CC., art. 85)f) infungveis: so os que no podem ser substitudos, valendo pela sua individualidade (tela)OBS2.: A fungibilidade prpria de bens mveis, mas ainda assim alguns bens podem ser excetuadosdessa regra. A fungibilidade tambm empregada no direito das obrigaes de fazer; fungvelquando puder ser prestada por terceiro que no o obrigado, infungvel - personalssima - quando nopuder (CC., art. 247). Ademais entre os contratos a fungibilidade aparece nos de mtuo (CC., art. 586),comodato, e nos contratos de depsito de coisas fungveis (normas relativas ao mtuo: CC., art. 645).g) consumveis: so os que se destroem assim que vo sendo utilizados (alimentos), sendo tambmconsiderados assim os passveis de alienao (CC., art. 86).h) inconsumveis: os de natureza durvel, de utilizao continua e duradoura (um livro).i) divisveis: so aqueles que podem ser divididos ou fracionados sem, contudo, perder a sua funooriginal, como por exemplo, um terreno. (CC. art. 87)j) indivisveis: aqueles que no admitem diviso, uma vez que se divididos, perderiam sua funoou utilidade primria como um relgio por exemplo.k) singulares: so os bens individualizados como um caderno, um copo etc., ainda que estejamreunidos (CC., art. 89), por isso o cdigo anterior classificava as coisas singulares em simples (queformavam um todo homogneo) podendo ser materiais ou imateriais (um crdito por exemplo) e oscompostos aqueles que, formados de partes heterogneas comporiam um todo (materiais deconstruo por exemplo)l) coletivos ou universais: so os bens agregados num todo como ocorre com uma biblioteca; so,pois, constitudos por vrias coisas singulares, consideradas em conjunto. Podem consistir em umauniversalidade de fato (a biblioteca p. ex.) ou de direito (o patrimnio, a massa falida, esplio e etc.).

    7.2. Dos bens reciprocamente considerados: CC. arts. 92 a 97Principais e acessrios: so os que assim se consideram em relao aos outros. Principal o bemque existe sobre si, abstrata ou concretamente (a rvore em relao ao fruto); acessrio, aquele cujaexistncia supe a do principal (CC. art. 92). Os bens acessrios so basicamente naturais, industriaisou civis.

    OBS1.: O cdigo enumera expressamente os bens acessrios: frutos: naturais, industriais e civis (rendimentos - CC., arts. 95 e 1232); produtos: incluindo os orgnicos da superfcie; minerais contidos no subsolo (observando-se a CF., art. 176); obras de aderncia feitas acima ou abaixo da superfcie (CC., at. 1230); as benfeitorias (CC. art. 96), que so teis (melhoramento = aumentam ou facilitam o uso dacoisa), necessrias (conservao da coisa) ou volupturias (embelezar = prazer). as pertenas (CC. art. 93) que o cdigo define como "bens que, no constituindo partesintegrante, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao servio ou ao aformoseamento deoutro" servem de adorno ao bem principal e no so fundamentais para a utilizao do bem: amoldura de um quadro, rgo da igreja, acessrios do veiculo e etc...

  • 7.2.1. Dos bens considerados em relao ao titular do domnio: CC. arts. 98 ssa) pblicos: so os bens de domnio da Unio, Estados e Municpios.

    H trs tipos de bens pblicos: Bens de uso comum do povo: (CC. art. 99. I) praas, jardins, ruas e etc... Bens pblicos de uso especial: (CC. art. 99. II) terrenos ou edifcios destinados a servio ouestabelecimentos dos entes polticos e; Bens dominicais: (CC. art. 99. III) so bens pertencentes s pessoas jurdicas de direitopblico a que se tenha dado estrutura de direito privado (CF., art. 20, I a XI: art. 26, I a IV).

    b) particulares: os que pertencem as pessoas naturais ou jurdicas de direito privado.

    7.2.2. Dos bens fora do comrcio: CC. arts. 98 ss.a) bens no comrcio: so os bens negociveis, passveis de alienao, que podem transmitir-segratuita ou onerosamente do patrimnio de um indivduo ao patrimnio de outro, ou ser trocados,alugados e etc.a) bens fora do comrcio: so os bens insuscetveis de apropriao, inalienveis, quer seja porimpossibilidade fsica quer seja por impossibilidade jurdica:

    Inapropriveis por natureza: como o ar, a luz solar, ou at mesmo os direitos da personalidade(salvo o uso consentido da imagem). Todavia possvel a captao, por meio de aparelhos, quepermitam a comercializao de alguns desses bens: ex. ar comprimido dos cilindros demergulho; extrao do sal da gua do mar e etc.... Legalmente inalienveis: so aqueles que, inobstante passveis de alienao, tm suacomerciabilidade excluda pela lei, para atender certos interesses. So eles: bens pblicos: CC. art. 100 bens de fundao: CC. arts. 62 a 69 bens de menores: CC. art. 1691 lotes rurais inferiores ao mdulo fixado: Lei 4.947/66. capital destinado a indenizar a vitima de ato ilcito CPC. art. 602, 1 e 4 terreno onde est edificado prdio de condomnio por andares: CC. art. 1331, 2 tombamento de mveis e imveis: Dec. - lei n. 25/37 terras ocupadas pelos ndios. CF. art. 231, 4 os inalienveis pela vontade humana: CC., art. 1911 o bem de famlia merecer destaque especial a seguir

    7.2.3. Bem de famlia: CC. arts. 1711 a 1722A instituio do bem de famlia tem por finalidade proteger a famlia, ou o ente familiar,

    proporcionando-lhe abrigo seguro. O bem de famlia. divide-se em voluntrio e legal.

    O bem de famlia voluntrioCom o advento da Constituio de 88, deve-se entender que o bem de famlia voluntrio pode

    ser institudo por membro de entidade familiar, composta pelo pai ou pela me, e seus filhos, ou pelaunio estvel de um homem e uma mulher (CF., art. 226).

    o instituto em que o casal, ou a entidade familiar, destina por escritura pblica, ou testamento que precisa de registro no cartrio de imveis (CC. art. 1714) - parte do seu patrimnio para instituirbem de famlia, desde que no ultrapasse 1/3 do patrimnio liquido existente ao tempo da instituio(CC., art. 1711) A mudana significativa no novo cdigo posto que anteriormente o casal s podiadestinar para esse fim um determinado imvel prprio para domicilio da famlia. Agora temos 1/3 dopatrimnio liquido.

    O art. 1712 diz que o bem consistir em imvel residencial, urbano ou rural, com suaspertenas e acessrios, destinando-se, necessariamente, ao domiclio familiar.

    A idia central, exemplo do cdigo de 1916, permanece, contudo, a mesma, qual seja: aexistncia de clusula que isente o bem de execuo por dvidas (CC. art. 1715). Essa iseno dequalquer execuo por dividas durar enquanto viverem os cnjuges e at que os filhos completem amaioridade (CC. art. 1716) condio idntica estampada no cdigo anterior. Igualmente a essacondio est a de que o imvel no pode ter outra destinao ou ser alienado, sem o consentimentodos interessados e dos seus representantes legais (CC. art. 1717), todavia, agora, ouvindo-se o MP.

  • Curioso que a dissoluo da sociedade conjugal no extingue o bem de famlia (CC. art.1721). S extinguir-se- caso morram os cnjuges e atinjam os menores a maioridade, desde que nosujeitos curatela (CC. art. 1722).

    O bem de famlia legalFoi institudo pela Lei 8.009/90 que estabeleceu a impenhorabilidade geral de todas as

    moradias familiares prprias, uma para cada famlia, independentemente de qualquer ato ouprovidncia dos interessados. Caso a famlia possua mais de um imvel, para os efeitos dessaproteo, ser considerado o imvel de menor valor, exceto se j houver bem de famlia voluntrioanteriormente institudo.

    A impenhorabilidade abrange os seguintes bens, desde que quitados: a casa e seu terreno, osmveis que guarnecem a casa, as plantaes, as benfeitorias de qualquer natureza e osequipamentos, inclusive os de uso profissional. Excluem-se os veculos de transporte, obras de arte eadornos suntuosos. No caso de residncia alugada, a impenhorabilidade abrange os bens mveisquitados, de propriedade do inquilino, que guarnecem a residncia.

    Mas excluem a impenhorabilidade, tambm, as seguintes dvidas e situaes expressas,taxativamente, na Lei 8009/90: dividas anteriores compra do bem; dvidas decorrentes do prprioimvel; crditos trabalhistas e previdencirios insatisfeitos decorrentes de empregados da residncia;por terem sido adquiridos atravs de produto de crime ou no caso de execuo de sentenacondenatria a ressarcimento, indenizao ou perda de bens; para execuo de hipoteca sobre oimvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar; por obrigao decorrente defiana dada em contrato de locao.

    No imvel rural a imunidade estende-se apenas sede de moradia e respectivos bens mveis.Na pequena propriedade rural, rea assim definida pela lei e pelo art. 5, XXVI, da CF.

    Diferenas entre o bem de famlia legal e voluntrioO bem de famlia voluntrio continua a ter natureza jurdica de afetao, ou imobilizao de um

    imvel para uma certa finalidade, tomando-o impenhorvel, inalienvel e insusceptvel de execuosalvo as excees expressas na lei, enquanto que o bem de famlia legal tem natureza de meraimpenhorabilidade (com as excees apontadas), no tornando o imvel inalienvel nem isento deinventrio e partilha. O Bem de famlia voluntrio depende de escritura pblica, o que no ocorre com aoutra espcie - so de natureza jurdica distintas.

    Convm notar, por seu turno, que a norma genrica no derroga a especifica, o que fazpresumir que a lei 8009 est em vigor. Mas o NCC traz um problema: s necessria a formalizaovoluntria do bem quando algum tiver dois ou mais imveis e pela interpretao do CC art. 1711quem adquirir a segunda casa, de melhor padro, no poder, institui-la. como bem de famlia (porquesto de talvez no atingir 1/3) - penalizando as famlias de menor poder aquisitivo. de se discutir.

    8. FATOS JURDICOS (lato sensu)Fato um acontecimento. Os fatos podem decorrer das foras da natureza (chuvas, terremotos

    p. ex.), ou surgirem em razo da ao humana (casamentos, compra e venda p. ex.). Mas para odireito nem todos os fatos tm relevncia jurdica: como o simples fato de chover. Somente algunsfatos dentro desse universo, capazes de gerar efeitos legais, interessam ao direito. Assim, o simplesfato de chover ser estranho ao mundo jurdico, a menos que sobrevenha a necessidade deindenizao em razo de dano sofrido com a chuva. Aos fatos, importantes para a lei por gerarem umdeterminado efeito jurdico, d-se a denominao de fatos jurdicos: ser jurdico, ento, o fato que forrelevante para o direito, mesmo que seja um fato ilcito.

    Fato jurdico lato sensu o elemento que d origem aos direitos subjetivos, impulsionando umarelao jurdica, concretizando as normas jurdicas. Realmente, do direito objetivo no surgemdiretamente os direitos subjetivos; necessria uma fora de propulso ou causa a que se denominaem sentido amplo "fato jurdico. Assim que somente amparado pelo direito objetivo, que possibilita onascimento de uma relao jurdica, um indivduo pode exercer seu direito subjetivo. Assim entendidodois fatores esto na constituio de um fato jurdico:a) o fato, como qualquer eventualidade que atue sobre o direito subjetivo, eb) uma declarao da norma jurdica que confere efeitos jurdicos quele fato

  • Savigny os classifica como "acontecimentos em virtude dos quais as relaes de direitonascem e se extinguem". Mas nem sempre assim pois nem sempre o fato faz nascer ou perecer odireito nos dizeres de Maria Helena Diniz.

    A melhor definio ainda a de Washington de Barros Monteiro fatos jurdicos seriam osacontecimentos, previstos em norma de direito, em razo dos quais nascem, se modificam, subsisteme se extinguem as relaes jurdicas".

    8.1. Classificao dos fatos jurdicosOs fatos que interessam ao direito podem ser assim divididos:

    a) Fatos naturais (em sentido estrito): decorrem de fenmenos naturais sem qualquer interfernciahumana. Esses fatos naturais subdividem-se em:

    ordinrios: nascimento, maioridade, morte, decurso de tempo e etc... e extraordinrios: casos fortuitos ou de fora maior.

    b) Fatos humanos (em sentido amplo): so aqueles que acontecera em virtude de uma conduta(omissiva ou comissiva) do homem, visando criao, modificao, transferncia ou extino dedireitos. Nessa linha de raciocnio podemos afirmar que o fato gnero do qual decorre a espcie atojurdico que abrange, por sua vez, os atos lcitos e ilcitos.

    Essas condutas humanas subdividem-se em duas ordens: voluntrias (licitas): quando os efeitos jurdicos desejados pelo agente so atingidos, caso emque nos deparamos com o ato jurdico em sentido amplo, de onde decorre:1. o ato jurdico em sentido estrito: quando objetiva a realizao da vontade de um agente(como p. ex. o perdo, a confisso), ou2. o negcio jurdico: quando partes estipulam normas para regular interesses comuns,harmonizando vontades que, mesmo parecendo antagnicas involuntrias (ilcitas): quando as conseqncias jurdicas decorrentes do ato so alheias vontade do agente.

    OBS1.: Convm notar que nem sempre os atos ou o negcio jurdico so lcitos assim como nemsempre a conduta involuntria ilcita. O que vai ditar realmente a ilicitude da conduta a sualegitimidade. Se a conduta legtima - est em conformidade com o ordenamento jurdico - o ato lcito e, assim, apto a produzir todos os efeitos almejados. Se, ao contrrio, ilegtima, ou seja, emdesacordo com o direito positivo, tem-se um ato ilcito. Hoje, os atos ilcitos integram a categoria deatos jurdicos pelos efeitos que produzem: obrigao de reparar o dano (CC. art. 927).

    8.2. Aquisio de direitosI. No mbito patrimonial dois so os modos de adquirir direitos:a) modo originrio: que nasce no momento em que o titular se apropria do bem de maneira diretasem suceder ningum por ato inter vivos ou causa mortis;b) modo derivado: quando, quer seja por ato inter vivos ou causa mortis algum sucede uma pessoana titularidade daquele bem; onde a aquisio pode se dar de forma gratuita: quando no hcontraprestao, como no caso da doao simples, ou na sucesso hereditria; ou onerosa: quando hcontraprestao, como na compra e venda.II. Levando em conta o modo como se processa a aquisio pode ser:a) a ttulo universal: quando o adquirente substitui o antecessor na totalidade dos seus direitos eobrigaes; oub) a ttulo singular: quando o adquirente substitui o antecessor em parte dos seus direitos eobrigaes; ouIII. Quanto ao seu processo de formao os atos podem ser:a) simples: se o fato gerador da relao consiste num s ato (Ex.: assinatura de um ttulo); eb) complexos: se for necessria a intercorrncia simultnea ou sucessiva de mais de um fato ou ato,como por exemplo o usucapio.IV. Quanto aquisio o Cdigo civil diz que:

  • a) a pessoa pode adquirir para si ou para outrem: como no caso da estipulao em favor deterceiros, nos contratos de seguro de vida dentre outros;b) os direitos podem ser adquiridos por ato do adquirente ou por intermdio de terceiros,possibilitando, por exemplo, que o absolutamente incapaz adquira bens ou direitos desde querepresentado, ou que aquele que capaz possa faz-lo por mandatrio, mas h de se notar, contudo,que certos "direitos" nascem independentemente de ato ou vontade do adquirente ou seurepresentante, como nos casos de avulso e de aluvio;c) os direitos podem ser atuais, quando a partir de adquiridos j podem ser exercidos ou, futuros,cuja aquisio depende da ocorrncia de condio ou termo.

    8.2.1. Classificao dos negcios jurdicosTodos os atos acima descritos refletem um negcio jurdico. Esses negcios fundam-se,

    basicamente, na "autonomia privada", ou seja, na existncia de um fato jurdico que vincula as partesnele inseridas por um objeto com carter de norma. Assim que esses negcios jurdicos admitem aseguinte classificao:a) quanto existncia os atos so principais, quando existirem por si mesmos ou acessrios, quandosubordinarem-se ou condicionarem-se a outro(s);b) quanto sua formalidade esses atos podem ser praticados sob uma forma solene ou no soleneem virtude do que dispuser a lei;c) quanto ao seu contedo podem ser patrimoniais (reais ou obrigacionais), ou aindaextrapatrimoniais, quando indisponveis por exemplo;d) quanto ao tempo em que produzem seus efeitos os atos so classificados como atos "inter vivos"ou "mortis causa", conforme a declarao de vontade do agente se destine a produzir efeitos em vidaou depois de sua morte, respectivamente;e) quanto s vantagens que produz, onerosos ou gratuitos;f) quanto aos seus efeitos podem ser constitutivos ou declaratrios, mas vale mencionar que, via deregra os atos de efeito constitutivo tm eficcia "ex nunc", ou seja, produzem efeitos a partir domomento da concluso do negcio jurdico (por exemplo a compra e venda), e os de efeito declarativopodem ter eficcia "ex tunc" se efetivando de acordo com a ocorrncia do fato a que se veiculam, comop. ex. reconhecimento de filho ilegtimo.g) quanto ao exerccio dos direitos temos os negcios jurdicos de disposio, se implicam no amploexerccio de direitos sobre os objetos (propriedade por exemplo), ou simplesmente de administrao,se os direitos so restritos sobre esse objeto ou direito por qual se exerce um poder, sem que hajaalterao de sua substncia como o caso de um contrato de mtuo ou uma locao residencial p. ex.h) quanto manifestao da vontade das partes os atos podem ser unilaterais ou bilaterais e aquiconvm observar:

    Nos atos unilaterais a declarao de vontade emana de uma pessoa, sempre na mesmadireo, como a renncia e a desistncia. J nos atos bilaterais as declaraes de vontade soemanadas de uma ou mais pessoas, porm em sentidos "aparentemente" antagnicos como acontecenos contratos em geral. Os atos bilaterais podem, ainda, ser subdivididos em simples ousinalagmticos:

    atos bilaterais simples: so os que concedem vantagens a uma das partes e vantagens outra, como o contrato de depsito; atos bilaterais sinalagmticos: so recprocos, ou seja, concedem vantagens e nusreciprocamente, como o caso do contrato de locao.

    8.3. Modificao de direitosSem alterar-lhes a substncia os direitos podem sofrer alteraes em seu contedo, objeto e

    at mesmo em seus titulares. Assim a modificao pode ser de duas ordens:a) modificao objetiva: relativa ao objeto ou ao contedo do direito, que pode ser:

    qualitativa: quando o contedo do direito se converte em outra espcie daquela convencionada ou

    quantitativa: quando sem a mudana do contedo ou qualidade do direito aumenta-se ou diminui-seo objeto.

  • b) modificao subjetiva: relativa aos sujeitos, remete o pensar para os atos de transferncia dedireitos patrimoniais ou no em razo de ato inter vivos ou causa mortis em que uma(s) - parte(s)sucede(m) outra(s) na titularidade de um direito. Vrias hiptese podem se enquadrar no presentecaso:

    extino de usufruto simultneo em que os titulares vo se reduzindo;

    desdobramento de relao jurdica, cesso de crdito e etc...

    8.4. Extino de direitosOs direitos se extinguem quando ocorre o perecimento do objeto; quando houver alienao ou

    transferncia a outro titular; quando ocorrer a renncia; quando o titular abandona a coisa; quandoocorrer a morte do titular sem herdeiros ou cujo direito seja personalssimo; quando aniversariarem osrespectivos prazos de prescrio e decadncia; quando houver confuso; quando ocorrer o implementoda condio resolutiva; quando houver o termo final de sua durao; quando ocorrer a perempo ouquando surgir (por sentena ou no) direito incompatvel ou superveniente ao direito que atualmenteexista por sobre algo exercido por algum. Em todos esses casos no renasce o direito.

    9. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DOS ATOS JURDICOSI. Elementos essenciais:a) Gerais: capacidade, objeto lcito e possvel e consentimento.

    Capacidade do agente: para que um ato seja considerado vlido necessrio que o agente tenhacapacidade; por esse motivo, os relativamente incapazes so assistidos, e os absolutamenteincapazes so representados. Na falta de representao o ato ser nulo (CC. art. 166, I), e na faltade assistncia, anulvel (CC. art. 171, I), como vimos.

    Convm observar que, salvo os atos personalssimos, todos os demais podem ser praticadospor representantes (CC. art. 116) e so trs as espcies de representao:

    legal: a quem a norma confere poderes para administrar bens alheios, como os pais, emrelao aos bens dos filhos menores (CC. art. 115, 1 parte), tutores quanto aos pupilos (CC.art. 1747, I), e curadores pelos curatelados (CC. art. 1774)

    judicial: quando so nomeados pelo magistrado como o curador de herana jacente, osndico, o inventariante, caso em que temos uma representao imprpria pois foge danoo de dupla vontade.

    convencional: quando se verifica o instrumento de mandato (CC. arts. 115, art. 2 parte, 653a 692 e 120, 2 parte).

    Alm da capacidade geral existe, tambm, para a prtica de certos atos, a necessidade de umacapacidade especial em certos casos:

    outorga uxria ou marital: CC., art. 1647, I

    proibio de venda de bem a descendente sem cincia dos demais: CC. art. 496, pargrafonico.

    casos de indignidade: CC. arts. 1814 a 1818

    impedimento de o curador adquirir bens do curatelado: CC. art. 497, I Objeto lcito e possvel: necessrio que o objeto envolvido no ato jurdico seja fsica ejuridicamente possvel e mais, que no ofenda a lei.

    objeto lcito: a prestao deve ser lcita, ou seja, deve estar de conformidade com a moral,os bons costumes e ordem pblica. Ilcitas so as convenes que objetivem usura,contrabando, cmbio negro, e etc. Ilcito ou impossvel o objeto, nula ser a obrigao (CC.,art. 166, II), no produzindo qualquer efeito o ato.

    objeto possvel: porque o objeto da obrigao tem que ser possvel, pois do contrrio no suscetvel de cumprimento. Distingue-se a possibilidade material da possibilidade jurdica.Possibilidade material diz respeito a realizao do objeto em si mesmo. E a possibilidadejurdica pretende que a obrigao realize-se em conformidade com a ordem jurdica.A impossibilidade pode ser fsica ou material, legal ou jurdica:

  • haver impossibilidade fsica ou material sempre que a estipulao concernir a prestao quejamais poder ser obtida ou efetuada, por contrariar as leis da natureza (loteamento da lua,comprar o oceano), ultrapassa s foras humanas; haver impossibilidade legal ou jurdica sempre que a estipulao se refira a objeto proibido porlei como por exemplo a alienao de bens pblicos, de bem de famlia, de bens onerados comclusula de inalienabilidade e etc. A impossibilidade deve ser real e absoluta. Consentimento: (CC., art. 111) sendo o consentimento ato voluntrio, poder dar-se de formaexpressa ou tcita. Ser expresso quando explcito e tcito quando implcito, isto , quando sepraticar algum ato que demonstre aceitao, como por exemplo, o ato de um indivduo que aoreceber uma proposta de prestao de servios de consultoria jurdica, passa a utilizar os serviosoferecidos sem manifestar o seu "de acordo".

    b) Particulares: formas e solenidades previstas em lei como diz o CC., art. 104, III, j mencionado,que diz forma prevista ou no defesa em lei. Neste sentido podemos afirmar que existem:

    formas livres ou gerais: aquelas que podem se dar com a manifestao da vontade de forma escritaou oral, expressa ou tcita desde que no contrarie os preceitos acima; e as

    formas especiais ou solenes: aqui encontramos um conjunto de solenidades que a prpria leiestipula para a concretizao de um ato e dentre elas citamos:

    forma nica: aquela que no pode ser preterida por outra como a exigncia de escritura pblicapara certos atos (CC., arts. 108, 215, 1653, 1227 e 1245), as exigncias para os casamentos (CC.,arts. 1534 a 1542), dentre outras, e a forma plural: quando a lei faculta a prtica de um ato por diversos modos, excludentes, porm nolivres (CC., arts. 1609; 62; 1806 e 1417 por exemplo) forma genrica: quando temos uma imposio de uma solenidade geral dentro de uma faculdadecontratual possvel de ser exercida ou no, por exemplo, sempre que a lei disser que algo deve serou no feito "salvo disposio em contrrio" estar genericamente indicando o modo de praticar oato, mas facultando s partes como querem agir. forma contratual: o modo eleito pelas partes para fazer valer as obrigaes que pactuam, ouseja, convencionam, antes do ato principal a forma como ser feito o contrato entre elas. (CC., art.104).

    Mas, se no entanto, a impossibilidade for superveniente, torna a obrigao inexeqvel. Se aimpossibilidade for provocada por caso fortuito ou fora maior, ela libera a obrigao. Se, no entanto, aobrigao se impossibilitar por causa de algum, a este responsvel caber arcar com ela.II. Elementos naturais: so aqueles que decorrem da prpria natureza do ato praticado, isto , o atojurdico de compra e venda, tem como conseqncia natural, a transmisso do domnio do bem, porexemplo.III. Elementos acidentais: so aqueles representados pelas clusulas acessrias e que devero,necessariamente, ser expressas para modificar, no ato, alguns de seus elementos naturais. Soexemplos, a condio, o termo, e etc.

    A condio o conjunto futuro e incerto ao qual se subordinam os efeitos do ato jurdico (CC. arts.121, 122 e 123).

    O termo a indicao do momento em que comeam ou terminam os efeitos do ato jurdico(CC., arts. 131 a 135).

    O encargo a atribuio ou nus que o disponente impe pessoa favorecida (CC., arts. 136 e137).

    9.1. Validade do ato jurdicoA falta de algum elemento substancial ou essencial do ato jurdico pode torna-lo nulo ou

    anulvel. A diferena entre ser o negcio nulo ou anulvel uma diferena de grau ou gravidade dodefeito, a critrio da lei. A nulidade absoluta pode ser argida a qualquer tempo, por qualquer pessoa,pelo Ministrio Pblico e pelo juiz inclusive, no se admitindo convalidao nem ratificao enquantoque a nulidade relativa, ao contrrio, s pode ser argida pelos interessados diretos, dentro de prazosprevistos em lei (quatro anos em regra), admitindo convalidao e ratificao.

    Pela convalidao o ato anulvel passa a ser plenamente vlido. D-se a convalidao pelaprescrio, pela correo do vcio, pela revogao da exigncia legal preterida, pela ratificao, etc.

  • Ato jurdico inexistente o que contm um grau de nulidade to grande e visvel, quedispensa ao judicial para ser declarado sem efeito. Exemplos: casamento entre pessoas do mesmosexo; testamento verbal e etc. Mas a idia de ato jurdico inexistente s aplicvel em casos raros eextremos. Em regra, torna-se sempre necessrio o processo judicial para a declarao de umanulidade.

    Ato jurdico ineficaz o que vale plenamente entre as partes, mas no produz efeitos emrelao a certa pessoa (ineficcia relativa), ou em relao a todas as outras pessoas (ineficciaabsoluta). Exemplos: alienao fiduciria no registrada (art. 129 , 5 da LRP); venda no registrada;bens alienados pelo falido aps a falncia (LF art. 40), etc.OBS.: Nunca se deve confundir nulidade com ineficcia como fazem alguns. A nulidade um vciointrnseco ou interno do ato jurdico. Na ineficcia o ato perfeito entre as partes, mas fatores externosimpedem que produza efeito em relao a terceiros.

    10. DEFEITOS DOS ATOS JURDICOSA declarao da vontade ato essencial do ato ou negcio jurdico e, para que seja vlido tem

    que prescindir de vcios. Os arts. 138 a 144 do Cdigo Civil tratam, entre esses defeitos, do erro ouignorncia, do dolo, da coao, do estado de perigo, da leso de direito, da fraude contra credores e dasimulao.I. Erro:

    a falsa noo sobre alguma coisa, objeto ou pessoa que acaba por influir na declarao devontade do agente. A ignorncia, embora se caracterize pela ausncia parcial ou completa deconhecimento sobre algo, foi equiparada ao erro pelo legislador. O nico erro que torna anulvel o atojurdico o erro substancial (CC. art. 138). Continuam a existir, ento, dois tipos de erro:

    erro substancial: que recai sobre as qualidades essenciais da pessoa, coisa ou objeto; onde olegislador, mais cauteloso, agora houve por bem definir quais os tipos de erro que so substanciais e,portanto, anulariam o negcio, vejamos:

    Art. 139. O erro substancial quando:I - interessa natureza do negcio, ao objeto principal da declarao, ou a alguma dasqualidades a ele essenciais;II - concerne identidade ou qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declarao devontade, desde que tenha infludo nesta de modo relevante;III - sendo de direito e no implicando recusa aplicao da lei, for o motivo nico ou principal donegcio jurdico.

    erro acidental: que diz respeito a uma qualidade secundria da coisa objeto ou pessoa e, portanto,seria escusvel, no acarretando a anulabilidade do ato (CC. arts. 142, 143 e 144).

    II. Dolo: o artificio usado para enganar algum (CC. arts. 145 a 149). Os doutrinadores no trazem

    consenso nos elementos que definem a existncia do dolo, pois uns tm como referncia aconfigurao de um artifcio usado para enganar algum, sem que necessariamente haja ganho, outroscrem que o dano patrimonial imprescindvel para a anulao do ato. Mas Washington de Barrosassevera, com razo, que mesmo que o agente no tenha ganho o lesado sofre, no mnimo, danosmorais.

    O dolo tambm passou a ser classificado de forma diversa da que era antes seno vejamos:a) Dolus bonus e dolus malus: no se considera dolo o simples elogio da mercadoria (dolus bonus).S anula o ato o dolo de certa gravidade (dolus malus). No h normas absolutas que possibilitemdiferenciar o dolus bonus do dolus malus, cabendo ao juiz a anlise do caso concreto.b) Dolus causam (principal) e dolus incidens (acidental): o dolo principal quando d causa aonegcio acarretando sua anulabilidade como preceitua o CC., art. 145: "So os negcios jurdicosanulveis por dolo, quando este for a sua causa." Para que o dolo principal se configure precisointeno; uso de artifcios fraudulentos graves que sejam causa determinante na declarao davontade e que o ato seja advindo de terceiro, ou da parte contratante.O dolo acidental o que leva o agente a celebrar o negcio em certa desvantagem e no sendo causadeterminante na celebrao do negcio e, portanto, no gera a anulabilidade do ato, mas somente dadireito indenizao como se v do CC. art. 146.

  • c) Dolo positivo (comissivo) e dolo negativo (omissivo: CC. art.147): no dolo positivo verifica-se umaao ou conjunto de artifcios que levam o agente prtica do ato; no dolo negativo omite-seinformao que seria determinante para a no celebrao do negcio.d) O dolo de terceiro, para acarretar a anulao do ato jurdico exige o conhecimento de uma daspartes contratantes e s pode referir-se a atos bilaterais: CC. art. 148.e) O dolo de representante legal, quando atua em nome de seu representando, no pode serconsiderado dolo de terceiro, pois se o fosse o representado responderia solidariamente pelas perdas edanos e assim no ocorre (CC. art. 149).f) O dolo de ambas as partes, por fim, neutraliza o delito: CC. art. 150.

    III. Coao: a violncia fsica ou moral que impede algum de proceder livremente. Tambm deve ser de

    certa gravidade para ensejar a anulabilidade do negcio (CC., arts. 151 a 155). No se consideracoao a ameaa do exerccio normal de um direito nem o simples temor reverencial (respeitoprofundo por algum CC. art. 153).

    Para que haja coao como causa determinante da anulabilidade do negcio preciso que elaseja, igualmente, causa determinante na sua celebrao e que incuta na vtima um temor justificvel,ou seja, o temor deve dizer respeito a um dano iminente.

    Art. 151. A coao, para viciar a declarao da vontade, h de ser tal que incuta ao pacientefundado temor de dano iminente e considervel sua pessoa, sua famlia, ou aos seus bens.

    IV. Leso e estado de perigo:Novas modalidades de vcio o estado de perigo e de leso, apesar de muito prximos da

    coao, receberam em seus caputs definies explcitas de quais os casos em que interviriam para aanulabilidade do ato jurdico:

    Do Estado de PerigoArt. 156 Configura-se o estado de perigo quando algum, premido da necessidade de salvar-se,ou a pessoa de sua famlia, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigaoexcessivamente onerosa.Pargrafo nico. Tratando-se de pessoa no pertencente famlia do declarante, o juiz decidirsegundo as circunstncias.

    No estado de perigo h o temor de grande dano moral ou material onde a pessoa, diante dessapossibilidade, assume comportamento que no teria, normalmente, caso no houvesse essa condioque pusesse a vida de familiar em risco. Caso do indivduo que paga honorrios exorbitantes a mdicopara salvar seu filho em risco iminente de morte, ou vende jias por valor inferior para pagar umresgate e etc. Nesses casos o negcio s pode ser anulado se a parte contrria tivesse conhecimentodo dano ou estivesse se aproveitando da situao.

    Da LesoArt. 157. Ocorre a leso quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperincia,se obriga a prestao manifestamente desproporcional ao valor da prestao oposta. 1o Aprecia-se a desproporo das prestaes segundo os valores vigentes ao tempo em quefoi celebrado o negcio jurdico. 2o No se decretar a anulao do negcio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se aparte favorecida concordar com a reduo do proveito.

    O instituto da leso visa a proteger o contratante que se encontra em posio de inferioridadeem contratos de natureza cumutativa, dada a desproporo entre a sua prestao e a prestao daparte contrria.

    Para haver a leso preciso a existncia de dois requisitos:a) objetivo: configurao de lucro em detrimento da desproporcionalidade da prestao da outraparte;b) subjetivo: o dolo de aproveitar-se de uma situao para locupletar-se da outra parte; mas o doloaqui no precisa ser provado (dolo especial) bastando que se comprovem as condies em que se viuforado o lesado a celebrar o ato.

    V. Simulao:

  • a declarao enganosa da vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamenteindicado, com o fim de criar uma aparncia de direito, para iludir terceiros ou burlar a lei. geralmenteum ato bilateral, em que duas ou mais pessoas fingem a pratica de um ato jurdico, como por exemploa doao de homem casado concubina, atravs de uma compra e venda simulada.

    A simulao apresenta, ento, caractersticas especficas:a) falsa declarao bilateral de vontade;b) a exteriorizao do ato no reflete a inteno real das partes;c) estar sempre a iludir ou prejudicar terceiro

    O art. 167 do CC. trata da simulao e da dissimulao de formas distintas. Enquanto asimulao causa falsa crena num estado no real, a dissimulao oculta ao conhecimento de outremuma situao existente. Vejamos:

    Art. 167. nulo o negcio jurdico simulado, mas subsistir o que se dissimulou, se vlido for nasubstncia e na forma. 1o Haver simulao nos negcios jurdicos quando:I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas s quais realmente seconferem, ou transmitem;II - contiverem declarao, confisso, condio ou clusula no verdadeira;III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou ps-datados. 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-f em face dos contraentes do negcio jurdicosimulado.

    A simulao no ser um defeito do ato jurdico se no houver prejuzo a algum ou violaoda lei. Nenhum dos simuladores pode alegar a simulao em juzo num eventual litgio que possasurgir entre os comparsas. S terceiros lesados pela simulao que podem demandar a nulidade dosatos simulados.

    Outro fato curioso que a simulao escapou do prazo decadencial de quatro anos, como nopoderia deixar de ser.

    A ao competente para anular os atos jurdicos viciados com erro ou ignorncia, dolo, coao, estadode perigo ou leso e da fraude contra credores est sujeita ao prazo decadencial de 4 anos contados apartir da data em que foram celebrados e, no caso da coao, contados do dia em que ela cessar.

    A simulao comporta, ainda, a seguinte classificao:a) absoluta: quando a declarao enganosa de vontade exprime um negcio jurdico bilateral ouunilateral, no havendo inteno real de celebrar negcio algumb) relativa: quando resulta de desacordo entre a vontade interna e a declarada, quando a pessoa,atravs de um negcio aparentemente verdadeiro pretende realizar outro.

    Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou peloMinistrio Pblico, quando lhe couber intervir.Pargrafo nico. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negcio jurdicoou dos seus efeitos e as encontrar provadas, no lhe sendo permitido supri-Ias, ainda que arequerimento das partes.

    Fraude contra credores:Pratica fraude contra credores o devedor insolvente, ou na iminncia de o ser, que desfalca

    seu patrimnio, onerando ou alienando bens, subtraindo-os garantia comum dos credores com o fimde salv-los de uma provvel execuo por dvidas (CC., arts. 158 a 165).

    Se a alienao for gratuita, presume-se a fraude. Se onerosa, s haver fraude no caso deanterior insolvncia notria, ou se havia motivo para ser conhecida do outro contratante. A insolvncia notria, por exemplo, quando h protestos contra o devedor, anteriores ao negcio que se reputafraudulento. E certas circunstncias podem indicar que o outro contratante no ignorava a insolvnciado devedor como, por exemplo, o parentesco prximo, a amizade ntima, o preo vil, a venda oudoao do nico bem do devedor (CC., art. 159).

    So requisitos para a fraude contra credores: (CC., art. 160)

  • a existncia de crdito anterior ao ato que se diz fraudulento;

    que do ato tenha resultado prejuzo;

    que tenha inteno de fraudar; se bem que alguns autores entendem dispensvel a inteno defraudar ou prejudicar, bastando o conhecimento de que se diminui a garantia dos credores;

    prova da insolvncia;OBS.: O sistema prev dois tipo de fraudes:

    fraude contra credores: arts. 158 e ss. do CC, como instituto do direito civil, que torna os atosanulveis atravs de ao pauliana ou revocatria; e fraude de execuo ou fraude execuo: (art. 593 do CPC), como instituto de direitoprocessual. Ocorrer fraude de execuo, entre outras hipteses, quando ao tempo da alienaoou onerao j corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo a insolvncia. Tais bensainda que em poder de terceiros podem ser alcanados pelos atos de apreenso judicial sem anecessidade da propositura de ao pauliana ou revocatria.

    A ao pauliana, uma ao pessoal que concede ao interessado a faculdade de pleitear aanulao da alienao fraudulenta. Os requisitos necessrios para a propositura de uma Ao Paulianaso o: consilium fraudis e o eventus damni. O consilium fraudis, segundo Washington de BarrosMonteiro " a m f, o intuito malicioso de prejudicar". O eventus damni, segundo o mesmo autor :"todo ato prejudicial ao credor, por tornar o devedor insolvente, ou por ter sido praticado em estado deinsolvncia.

    No Brasil, o nico requisito exigido o eventus damni, onde aceita-se que a fraude presumida com a ocorrncia somente do elemento objetivo. A ao pauliana ao constitutivanegativa, na qual se promove a anulao do ato tido como fraudulento. uma ao de anulaodestinada a revogar o ato lesivo aos interesses dos credores e tem por efeito restituir ao patrimnio dodevedor insolvente o bem subtrado, para que sobre o acervo assim integralizado recaia a ao doscredores e obtenham estes a satisfao de seus crditos. Em suma, a ao pauliana tende a anulaodo ato fraudulento, fazendo reincorporar ao patrimnio do devedor o bem alienado para a sim ser eleconstrito pelo credor - ao contrrio da fraude de execuo.

    10.1. Nulidades do negcio jurdicoA nulidade a sano que a lei impe para a desobedincia daquilo que ela prescreve.

    Pressupe um vcio que pode se dar em desobedincia a normas de ordem pblica ou em decorrnciade vcios morais ou sociais. Com a declarao da nulidade absoluta (CC. art. 166) o ato no produzqualquer efeito pois essa declarao tem efeitos ex tunc. Quando h nulidade relativa (CC. art. 171),com sua declarao, os efeitos dessa deciso operam-se ex nunc.

    10.2. Da prova dos fatos jurdicosJ insculpido nos arts 333, I e II, e 400 a 419 do CPC o cdigo civil no inovou em seus arts.

    212 e seguintes. Quis expressamente delinear quais os meios dos quais podem as partes se valer paraprovarem a existncia dos fatos jurdicos".

    11. O ATO ILCITOAto ilcito aquele praticado em desacordo com o ordenamento, aquele em que, como vimos,

    h uma conduta omissiva ou comissiva do agente que ilegtima.A teoria da responsabilidade subjetiva encontra-se ainda regulada pelo cdigo civil que em seu

    art. 186 diz:Art. 186. Aquele que, por ao ou omisso voluntria, negligncia ou imprudncia, violar direito ecausar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilcito.

    A teoria clssica permanece (aquiliana ou teoria subjetiva), ou seja, o ato ilcito pode decorrerde dolo ou de culpa (grave, leve e levssima), por negligncia ou imprudncia, precisando para suacaracterizao o estabelecimento do nexo de causalidade entre conduta fato dano. Mas o cdigocivil regula, como vimos, para alguns casos a indenizabilidade decorrente da teoria objetiva, ou seja,que despreza o elemento culpa. O artigo 187 diz que "tambm comete ato ilcito o titular de um direitoque, ao exerc-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econmico ou social, pelaboa-f ou pelos bons costumes".

    Em decorrncia da conduta danosa nasce o dever de reparar:

  • Art. 927. Aquele que, por ato ilcito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repar-lo.Pargrafo nico. Haver obrigao de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casosespecificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, porsua natureza, risco para os direitos de outrem.

    A responsabilidade civil consiste na obrigao de reparar o dano quando injustamente causadoa outrem. apurada, em regra, no juzo cvel para o fim da exigncia da reparao. Resulta da ofensaou violao de direito, derivada de uma conduta dolosa ou culposa. A presena do dolo verifica-sequando o indivduo tem pleno conhecimento do mal e direto propsito de pratic-lo. A presena daculpa, por sua vez, apresenta-se quando o indivduo no tem a inteno deliberada de causar o danomas o causa. Nesse passo dividem-se em dois os tipos de responsabilidade (diferente das teorias):a) responsabilidade contratual: que deriva de contrato no adimplido ou constitudo em mora,havendo, assim, um vnculo anterior ao dano ocorrido;b) responsabilidade extracontratual: que se constitui, basicamente, de obrigaes derivadas de atosilcitos que se consubstanciam em aes ou omisses culposas ou dolosas praticadas com infrao aum dever de conduta e das quais resulta dano a outrem, gerando a obrigao de indeniz-lo ouressarci-lo.

    11.1. Excludentes de responsabilidadeExcluem de responsabilidade, e consequentemente de reparao do dano, o estado de

    necessidade, a legtima defesa, o exerccio regular de direito, o estrito cumprimento do dever legal, ocaso fortuito ou a fora maior, a culpa exclusiva ou concorrente da vtima, o ato de terceiro e a clusulade no indenizar (CC. art. 188)

    12. PRESCRIO E DECADNCIAPrescrio tem influncia tanto na aquisio como na extino de direitos.Prescrio como um meio de defesa, ou de exceo, tem como base o decurso do tempo

    interferindo nas relaes jurdicas, fazendo desaparecer o direito de algum - e de pleitear oreconhecimento de um direito subjetivo violado (CC. art. 189) - e que, assim, extingue a ao atribudaa esse direito. Mas para extinguir essa ao deve ser argida pelo interessado (CPC. Art. 219, 5) -por isso, acima de tudo considera-se um meio de defesa.

    Aqui uma mudana significativa traz o CC., art. 205 ao dizer que "a prescrio ocorre em dezanos, quando a lei no lhe haja fixado prazo menor". Tal prescrio denominada ordinria ou comum,sendo seu prazo decenal comum s aes reais ou pessoais pois ambas so patrimoniais. Mas hcasos de prescrio especial para os casos em que a norma jurdica estipula prazos mais exguos(CC., art. 206, 1 ao 5), mas a prescrio pode ser alegada a qualquer tempo ou grau de jurisdio(CC., art. 193), permanecendo de forma idntica a que era antes.

    Todas as aes prescrevem, essa a regra, todavia, dentre elas, o direito assume algumasexcees, determinando que no prescrevem as aes que versarem sobre:a) direitos da personalidade;b) reconhecimento de filiao, penso alimentcia, e condio conjugal;c) bens pblicos;d) pretenso de o condmino dividir a coisa comum: CC. art. 1320, 1297, 1327;e) ao para anular inscrio de nome empresarial feita em violao de lei ou contrato: CC. art. 1167;f) exceo de nulidade no caso do CC. art. 1860, pargrafo nico.

    No corre a prescrio: CC. art. 197 a 199a) entre os cnjuges, na constncia da sociedade conjugal;b) entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;c) entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.d) contra os incapazes de que trata o art. 3o;e) contra os ausentes do Pas em servio pblico da Unio, dos Estados ou dos Municpios;f) contra os que se acharem servindo nas Foras Armadas, em tempo de guerra;g) pendendo condio suspensiva;h) no estando vencido o prazo;i) pendendo ao de evico.

  • Interrupo da Prescrio: CC. art. 202 /203 / 204a) por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citao, se o interessado a promover noprazo e na forma da lei processual;b) por protesto, nas condies do inciso antecedente;c) por protesto cambial;d) pela apresentao do ttulo de crdito em juzo de inventrio ou em concurso de credores;e) por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;f) por qualquer ato inequvoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelodevedor.

    Decadncia (caducidade, prazo extintivo), tem semelhana com a prescrio, mas com elano se confunde. Representa tambm a interferncia do tempo nas relaes jurdicas, s que se dirigeno aos direitos subjetivos mas aos direitos potestativos, o que nos permite dizer que trata-se naverdade da extino de um direito pelo seu no exerccio, no prazo assinalado por lei ou conveno. Oque se extingue o prprio direito e no apenas a ao que o protege. Na decadncia no h prazosgerais, s especiais, porque expressamente fixados.

    O novo cdigo civil cita expressamente a decadncia, coisa que no fazia, entre os artigos 207a 211. E por isso h quem afirme que o novo cdigo solucionou a diferenciao entre os casos em quese apresenta a prescrio e os casos em que se apresenta a decadncia.a) em 3 dias: inexistindo prazo estipulado, o direito de preempo (pref