apostila de economia

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    APOSTILA DE INTRODUO ECONOMIA. PROFESSOR MS. ALEXANDRE DELLAMURA. AULA 1 CONCEITOS E DEFINIES DE ECONOMIA Alfred Marshall, um dos mais ilustres economistas, dizia que a economia nada mais do que o estudo do homem dirigindo a sua vida cotidiana. A palavra economia vem do Grego: OIKOS = casa NOMOS = norma, Lei Ento, OIKOSNOMOS quer dizer: Administrao da casa Aquele que administra o lar Administrao da coisa pblica A economia muito mais conhecida como a cincia da escassez. A escassez dos recursos produtivos o principal problema da Economia. Sendo assim, a economia a cincia social que estuda a produo, a circulao e o consumo dos bens e servios que so utilizados para satisfazer as necessidades humanas. A TEORIA ECONMICA dividida em dois grandes enfoques: teoria microeconmica e teoria macroeconmica. MICROECONOMIA: explica o comportamento econmico a partir dos agentes econmicos individuais produtores e consumidores. Usa um olhar microscpico para estudar o sistema de preos e as foras do mercado. Lida com a demanda de mercado de um determinado bem ou servio, com a quantidade do bem que a firma deve ofertar, a quantidade do bem que a industria deve ofertar e, mais que isso, trata do preo desse bem ou servio. Por isso dizemos que, onde h preo, h Microeconomia e por isso a Micro tambm chamada de Cincia dos Preos. Est subdividida em Teoria do Consumidor, Teoria da Firma e Teoria da Produo. MACROECONOMIA: Estuda a Economia de modo macroscpico, em seus grandes agregados, como um todo. A produo total, o desemprego global, taxas de inflao e desenvolvimento so o alvo da macroeconomia. Repetindo, na Macro estudamos os agregados, ou seja, um determinado ramo global, diferente da Micro, onde estudado o preo de determinada mercadoria, ou quantidade demandada de determinada mercadoria num determinado mercado.

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    FATORES DE PRODUO So os elementos indispensveis e bsicos ao processo produtivo de bens ou servios. Tradicionalmente so trs principais: a) Terra No apenas terra cultivvel e urbana, mas tambm os recursos naturais que contm, por exemplo, minerais. Para ser considerado um fator de produo, a terra deve ser explorvel, ou seja, um parque nacional ou uma reserva intocada no considerado fator; b) Trabalho Faculdades fsicas e intelectuais dos seres humanos que intervm no processo produtivo. parte da populao que desenvolve as tarefas produtivas. A Populao Economicamente Ativa (PEA), compreende os trabalhadores empregados e os desempregados que tm condies de trabalhar. Esto fora da PEA os estudantes, aposentados, donas de casa, incapacitados e pessoas que no procuram emprego. c) Capital Corresponde ao conjunto de edifcios, mquinas, equipamentos e instalaes que a sociedade dispe para efetuar a produo. Este conjunto denominado de estoque de capital da economia. Quanto mais bens de capital dispuser a economia, mais produtiva ela ser. O capital circulante consiste nos bens em matrias-primas e estoques de armazm; o capital fixo consiste em instrumentos de toda a espcie, incluindo os edifcios e os equipamentos. Capital Dinheiro, usado na linguagem comum, no tido como fator de produo.

    BENS A economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com

    o objetivo de produzir bens e servios e distribu-los para seu consumo entre os membros da sociedade.

    Se um bem produzido ou h a necessidade de qualquer consumidor em compr-lo, ele se chama bem econmico. Um carro, um po, a eletricidade ou a gua que consumimos em nossa casa so exemplos de bem econmico. J o ar, a gua da praia e os raios solares, que no precisam ser produzidos ou transacionados, so chamados de bens livres. Os bens econmicos, por sua vez, se dividem em:

    Bens de Capital so mquinas e equipamentos utilizados na produo de outros bens. So utilizados na produo dos bens de consumo.

    Bens de Consumo so os bens que se destinam satisfao das necessidades. Podem ser durveis (permitem uso prolongado, como carro ou moto) e no-durveis (acabam com o tempo - alimentos ou roupas)

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    Bens Intermedirios so as matrias-primas ou insumos vendidos de uma empresa a outra para a fabricao de um bem final. Ex: cana-de-acar que fabrica o lcool, ou os grandes lingotes de ferro que as indstrias pesadas elaboram e vendem para as montadoras fabricarem seus carros ***As 3 perguntas que a Cincia Econmica deve responder: 1 - O que e quanto produzir? Significa quais produtos devero ser produzidos (carros, cigarros, caf, roupas, etc.) e em que quantidades devero ser colocados disposio dos consumidores; 2 - Como produzir? Por quem sero os bens e servios produzidos, com quais recursos e de que maneira ou processo tcnico; 3 - Para quem produzir? Para quem se destinar a produo (fatalmente, para os que tm renda). FLUXO CIRCULAR DE RENDA Numa economia de mercado (capitalista) h dois agentes econmicos principais: as unidades produtivas (empresas) e as unidades consumidoras (famlias).

    As empresas produzem os bens e servios, utilizando os fatores de produo (terra, trabalho e capital) que so cedidos a ela pelos proprietrios dos mesmos (famlias) em troca de uma remunerao, que denominada renda.

    Os proprietrios dos fatores de produo (capitalistas donos do capital, assalariados e outros trabalhadores que possuem o trabalho e as pessoas que so donas dos recursos naturais ou seja, as famlias) utilizam a renda gerada pelas empresas para comprar os bens e servios que estas produzem. O valor dessas compras chamado de dispndio. Obs: os capitalistas so os donos do capital, mas fazem parte das famlias. Resumindo: empresas alugam os fatores de produo das famlias e lhes pagam uma determinada renda. A renda recebida pelas famlias compra de volta a produo realizada pelas empresas, determinando o dispndio.

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    Pagamento pela compra de bens e servios = dispndio

    Pagamento pelo uso dos fatores de produo = renda A renda, remunerao paga pelas empresas pelo uso dos fatores de produo classificada em salrios (remunerao do fator trabalho), juros e lucros (remunerao do fator capital) e aluguis (remunerao dos recursos naturais e de bens de capital alugados). CURVAS DE POSSIBILIDADE DE PRODUO (CPP)

    A anlise do problema de escassez dos recursos e as ilimitadas necessidades nos leva a crer que a Economia uma cincia ligada a problemas de escolha.

    A Curva de Possibilidade de Produo a fronteira mxima que a economia pode produzir, dados os recursos produtivos limitados. Ela mostra as alternativas de produo da sociedade, supondo os recursos plenamente empregados. Trata-se de um conceito terico, cujo principal objetivo ilustrar a questo da escassez de recursos e as opes ou escolhas que as sociedades devem fazer. Supondo que a Volkswagen do Brasil fabrique apenas dois carros: o Gol e o Cross Fox.

    UNIDADE DE PRODUO: EMPRESAS

    UNIDADES CONSUMIDORAS: FAMLIAS

    Bens e Servios

    Fatores de Produo

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    GOL CROSS FOX 20 0 18 1 15 2 11 3 6 4 0 5

    0 1 2 3 4 5 CROSS FOX

    Ponto 0 (pleno desemprego): situao representada apenas teoricamente, pois torna-se necessrio pelo menos um mnimo de produo para a simples subsistncia.

    Qualquer ponto sobre curva: representa a produo mxima da economia, ou pleno emprego dos fatores de produo.

    Pontos alm da curva: no podero ser atingidos com os recursos disponveis. Torna-se possvel apenas com Mudanas tecnolgicos ou aparecimento de novos recursos naturais.

    Pontos internos curva: representam situaes nas quais a economia no est empregando todos os recursos (ou seja, h capacidade ociosa).

    Custo de oportunidade: O custo de oportunidade de um bem ou servio a quantidade de outros bens ou servios que se deve renunciar para obt-lo. A quantidade perdida do automvel GOL que a Volks precisa incorrer para aumentar a produo do CROSS FOX denominada custo de oportunidade. (Demonstrao em aula)

    GOL 20 18 15 11 6

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    EXERCCIOS

    1 Por que dizemos que o principal problema da economia a escassez? Existe algo no mundo que no seja escasso? 2 O carro que o taxista usa em seu turno de trabalho um bem de capital. Por qu? 3 Eu no quero trabalhar e no procuro emprego. Estou na PEA? E o meu av aposentado, est na PEA? O que PEA? 4 A microeconomia conhecida como a cincia dos preos. Voc saberia o porqu? 5 O que diferencia um bem de um servio? 6 - Dada a Curva de Possibilidade de Produo (CPP) abaixo, explicar o significado dos pontos A, B e C. Produto Y

    Produto Z

    9 (ICMS 2006) Considere a seguinte curva de possibilidades de produo para uma determinada economia fictcia, onde Y e X so os nicos bens produzidos na economia.

    A

    B C

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    X correto afirmar que: a) os pontos A, B e D representam cominaes de produo Y e X em que todos os recursos produtivos disponveis esto sendo utilizados. b) a economia s poder atingir o ponto C se houver um aumento na disponibilidade de seus recursos produtivos e/ ou por meio de inovaes tecnolgicas. c) a partir do ponto D, s possvel atingir os pontos A e B se houver um aumento na disponibilidade de recursos produtivos na economia. d) somente o ponto A representa o pleno emprego dos fatores produtivos, pois o ponto mais alto da curva. e) os pontos A e B, no curto prazo, representam maiores potenciais de crescimento econmico (elevao do produto interno bruto) em relao ao ponto D.

    Y

    D

    A

    B

    C

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    AULA 2 - INTRODUO AO ESTUDO DOS MERCADOS O mercado o local onde se encontram os vendedores e compradores de determinados bens e servios. Seguem abaixo suas divises. CONCORRNCIA PERFEITA. Esse mercado tem as seguintes caractersticas:

    a) existncia de um grande nmero de pequenos vendedores e compradores que sozinhos representem muito pouco no total do mercado;

    b) o produto transacionado homogneo, ou seja, todas as empresas fabricam produtos iguais que no se distinguem por qualidade, marca ou rtulo;

    c) h livre entrada e sada de empresas no mercado, sem qualquer restries dos concorrentes, como prticas desleais de preos ou associaes para impedir a entrada de empresas novas;

    d) perfeita transparncia e conhecimento pelos compradores e vendedores de tudo o que ocorre no mercado (se uma empresa obtiver uma inovao tecnolgica as outras empresas sabero imediatamente.

    e) Os fatores de produo so perfeitamente mveis.

    O mercado de concorrncia perfeita praticamente no existe na prtica, sendo encontrados apenas em alguns casos de produtos agrcolas. Esse seria o mercado ideal, por isso as teorias elementares de oferta e demanda so baseadas nele.

    Na concorrncia perfeita nenhum vendedor ou comprador tem influncia sobre o preo de mercado. Nenhum vendedor isolado conseguir vender seu produto por preo superior ao preo de mercado, pois o comprador simplesmente ir optar por uma empresa concorrente. Da mesma maneira, nenhum comprador conseguir comprar o produto abaixo do preo do mercado, pois o vendedor sabe que se no vender para ele, vender para qualquer outro consumidor.

    A concorrncia perfeita seria o sonho da Cincia Econmica.

    MONOPLIO

    correto dizermos que, excetuando-se a concorrncia perfeita, todos os mercados restantes devem ser tratados de concorrncia imperfeita. Desses, o monoplio detm o maior grau de imperfeio.

    Faremos, como no caso da concorrncia perfeita, a mesma separao de hipteses que caracterizam um monoplio, embora tenhamos tambm que levar em conta certo grau de abstrao, o que discutiremos aps a apresentao as possibilidades que caracterizam um monoplio.

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    a) Existncia de somente uma empresa que venda um determinado bem ou servio para um grande nmero de compradores ou que domine boa parte de um determinado mercado; b) O bem ou servio produzido no deve possuir substitutos prximos. Se houvesse algum substituto prximo, uma elevao do preo do produto por parte do monopolista faria com que os consumidores migrassem sua demanda para o substituto. c) Existncia de Lucros Extraordinrios. Claro que com apenas uma empresa dominando o mercado, seus lucros no seriam normais. Isso no quer dizer que a empresa monopolista possa elevar de modo indiscriminado seus preos. Um litro de leite tem um preo razovel a R$ 2,00, mas se houver apenas uma empresa produtora de leites e esta elevar o preo do litro para R$ 15,00, bvio ser que, apesar da no existncia de substitutos, os consumidores mdios s comprariam um litro de leite em casos extremos, assim como compram um quilo de salmo ou caviar. d) Existncia de barreiras a entrada de novas empresas. Tais barreiras podem ser expressas por meio de patentes, frmulas e avanos tecnolgicos, de propriedade apenas do monopolista, ou por autorizao do governo (nesse caso chamamos de monoplio legal). Sobre patentes, um caso clssico o do laboratrio Pfizer, que at o dia 20 de junho de 2010 era dona da patente do medicamento para disfuno ertil Viagra, lanado em 1998. A empresa americana era a nica empresa que produzia o medicamento com base na substncia Citrato de Sildenafila e s em 2009 suas vendas somaram mais de R$ 170 milhes. Com o fim do monoplio do Viagra pela Pfizer, vrias empresas esperam autorizao da ANVISA (Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria) para a fabricao do medicamento.

    Temos que lembrar que a demanda da empresa monopolista a prpria

    demanda do mercado, posto que ela o domina. Vejamos alguns exemplos famosos de monoplio como acabamos de definir:

    1 Monoplio da transmisso de futebol pela Rede Globo de Televiso:

    para as transmisses dos jogos do campeonato brasileiro de futebol, alm de campeonatos regionais, a Globo acaba dividindo os direitos de transmisso com suas emissoras a cabo ou com alguma outra emissora aberta que no tenha condies de interferir no domnio quase total de sua audincia.

    2 Monoplio das lojas de varejo pelo grupo Po de Acar: o Grupo Po de Acar adquiriu os direitos de propriedade do Ponto Frio e das Casas Bahia, alm de ser proprietrio tambm do Extra Eletro. Tpico exemplo de um grupo coligado que domina muito mais que 50% de um mercado, com claro poder de influncia sobre os preos.

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    3 Monoplio das lojas virtuais (online): Americanas.com, Submarino e Shoptime faturam anualmente mais de R$ 2 bilhes. Fazem parte do mesmo grupo e no so raras as vezes em que no h diferena de preo de determinado produto nos trs sites.

    Citamos apenas trs exemplos de casos mais concretos de monoplio, ou monoplio no-puro, mas voc certamente j deve ter visto uma dezena de outros em sua cidade ou bairro. Poucos so os casos em que existe um substituto prximo e a hiptese de lucros extraordinrios visvel. O que indubitvel em casos de monoplio o prejuzo social que sua existncia impe a sociedade. O monoplio mngua todos os interesses da coletividade, desde o poder de escolha, passando pela qualidade do produto at a perda do excedente do consumidor.

    OLIGOPLIO

    Na concorrncia imperfeita, a existncia do oligoplio muito mais provvel

    que a de monoplio. A situao de duas empresas que dominem a quase totalidade de um mercado j caracteriza um oligoplio. Alm disso, s barreiras entrada de novas empresas e os lucros extraordinrios so algumas das caractersticas comuns entre o oligoplio e o monoplio.

    No existe uma teoria definitiva do oligoplio, sendo utilizados para estudo uma srie de modelos de autores como Cournot, Chamberlin, Edgeworth e Sweezy. Esses autores tentaram sua maneira e em seu tempo delinear observaes desse fenmeno muito comum no sistema capitalista.

    Seguindo os exemplos anteriores, vejamos algumas hipteses que justifiquem um mercado oligopolista, tirando dos modelos citados as principais caractersticas.

    a) Um pequeno nmero de empresas, como j dissemos, que domine um mercado. O duoplio uma forma muito comum de oligoplio, com apenas duas empresas. No setor automobilstico ou de eletrnicos comum a existncia de mais empresas, quatro ou cinco, que domine mais que 85% da oferta total. b) O oligoplio pode existir sem diferenciao de produto ou servio (hiptese de um oligoplio puro). Como os produtos so idnticos, supomos que os custos incorridos na produo tambm sejam aproximadamente parecidos. Daremos aqui os exemplos da produo de ao ou da minerao. O preo de mercado num oligoplio sem diferenciao de produto, com duas ou trs empresas, pode ser dado pela fixao do preo de monoplio, ou seja, um preo alto o suficiente para que as empresas possam auferir lucros extraordinrios sem guerra de preos. Se algum dos oligopolistas aumentar o seu preo, a demanda de seu produto no existir; caso uma delas decida diminuir seu preo, a outra ou as outras faro o mesmo em retaliao, o que diminuir o patamar dos lucros e beneficiar o consumidor.

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    c) O oligoplio pode existir com diferenciao de produto ou servio (hiptese de um oligoplio diferenciado). Geralmente a diferenciao entre os produtos ou servios pode ser sutil, como na indstria automobilstica brasileira, nos cigarros (no Brasil tambm um duoplio entre Souza Cruz e Philip Morris) ou nos refrigerantes. Esse tipo de oligoplio permite maiores manobras de preos entre os participantes, embora possa redundar tambm em guerras de preos. As guerras de preos, como vimos, diminuem os lucros dos oligopolistas. Como os produtos ou servios podem ser diferentes, os custos tambm so diferentes, o que torna difcil a fixao de um preo parecido entre os membros. d) As decises de uma empresa devem influenciar as outras empresas e, por conseguinte, o mercado. Imagine um jogo de futebol onde ocorrem as seguintes condies: 1 O empate classifica os dois times para a prxima fase; 2 Se um dos dois times ganhar, alm de desclassificar o outro, chegar prxima fase com vantagem sobre as demais adversrios. Tal a condio de um oligoplio: a de um jogo. Esse jogo pode ou no ser cooperativo. Em nosso exemplo, o empate seria muito bom para ambos os times se os dois cooperassem, mas, a vitria seria um benefcio maior ainda, capaz de valer o risco de sua busca para o vencedor (no cooperao). O certo que na maioria das vezes ocorrem prticas de acordos, combinaes ou maquinaes e, mesmo que o jogo seja cooperativo, os cooperadores sempre desejaro conhecer o maior leque de opes possveis sobre o outro. Vamos lembrar que, principalmente sobre a tica de Sweezy, se um dos oligopolistas baixar seu preo, todos os outros faro o mesmo ou at em patamares maiores, por represlia ao primeiro; mas, caso algum dos oligopolistas aumente seu preo, dificilmente os outros aumentaro. e) A competio direcionada ao marketing. Na existncia de oligoplio puro ou de produtos com elevado grau de substituio j explicamos que uma possvel guerra de preos seria prejudicial a todos os produtores-vendedores. Uma prtica muito constante usada pelos oligopolistas para ampliao de suas vendas se concentra ento nas estratgias de marketing, mais especificamente na promoo do produto ou servio (propaganda). s lembrar-se das propagandas de cerveja, automveis e refrigerantes.

    O Cartel

    Pense na seguinte situao: voc est voltando de uma festa s 03:00 horas da madrugada e corta uma cidade inteira com seu carro. De repente olha no marcador de combustvel e percebe que deve abastecer logo, com o risco de uma pane seca. Voc para no primeiro posto da cidade e o frentista lhe diz que a gasolina custa R$ 3,50. Achando um absurdo voc segue em frente, parando no prximo

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    posto de combustvel. Qual a sua surpresa ao perguntar sobre o preo da gasolina? R$ 3,50. No terceiro, no quarto e no quinto posto: R$ 3,50. O que voc conclui?

    Primeiro claro que, se voc no abastecer, ficar pelo caminho. Segundo, o que voc acabou de passar chamado em economia de cartel. O cartel geralmente se caracteriza num oligoplio onde so combinadas as cotas de produo e os preos. Literalmente trata-se de um acordo. Se o produto ou servio possuir uma demanda inelstica muito importante para o consumidor os membros do cartel podero auferir lucros muito similares a de um monoplio e claro prejuzo ao consumidor com a diminuio de seu excedente.

    Muitos pases tentam coibir a prtica de cartel. O Brasil considera crime tal prtica e a pena pode varia de um a cinco anos de priso, alm de multas que podem chegar a 30% do faturamento da empresa infratora.

    CONCORRNCIA MONOPOLSTICA Note os seguintes anncios publicitrios: Dove, nico sabonete com de creme hidratante Itaipava, a primeira cerveja com selo de proteo Voc deve saber que o sabonete Dove , na realidade, o nico sabonete que contm mesmo de creme hidratante. Essa caracterstica o torna nico. Ento, por que no dizer que o Dove detm monoplio do sabonete com de creme hidratante? Da mesma forma, por que no dizer que a cerveja Itaipava detm o monoplio da cerveja com selinho de alumnio? Mas, o mercado de sabonetes e de cervejas possui muitas empresas, cada uma com determinada parcela de mercado. No h uma marca que domine, digamos, mais que 50% de toda parcela de vendas. Apesar disso voc j deve ter notado que cada marca pode ser, dentro de seu respectivo mercado, diferente de outra ou de outras marcas. Elas podem se diferenciar quanto a embalagem, quanto a uma diversificao, mesmo que pequena, no gosto ou na apresentao do produto, na quantidade, na publicidade ou mesmo no valor da marca. A esse tipo de estrutura de mercado que acabamos de observar, daremos o nome de concorrncia monopolstica. Como fizemos com as outras estruturas, vamos enumerar as principais caractersticas da concorrncia monopolstica: a) A concorrncia monopolstica hbrida, uma mistura da concorrncia perfeita com o monoplio. essa a principal denominao da concorrncia monopolstica: h um esboo de concorrncia perfeita que barrado pela existncia

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    de alguma diferenciao do produto ou servio, que o torna, ao mesmo tempo, um monoplio. b) H livre entrada e sada de empresas desse mercado, o que tambm explica a existncia de um grande nmero de produtores-vendedores. Aqui no falamos de patentes, facilitaes ou decretos governamentais que limitem o ingresso de novas empresas. Estas so atradas pelos lucros altos no curto prazo e, ao observarem a possibilidade de ganhos acima dos normais, voltam sua produo aos produtos cuja concorrncia seja monopolstica. O prprio mercado regular a situao de excesso de empresas, j que com uma grande quantidade de empresas os lucros diminuiro e tendero, no longo prazo, a se tornarem lucros normais. c) Os produtos, como dissemos, no so homogneos (iguais) como na concorrncia perfeita. Existe sempre uma pequena diferena que faa com que o consumidor seja fiel a sua marca. Isso pode se caracterizar por um pequeno detalhe, por uma propaganda que reflita um estilo de vida, pela embalagem que as pessoas se identifiquem, pela pequenina diferena no sabor, pelo modo com que o consumidor atendido no ps-venda, entre muitas outras. d) O grau de substituio entre os produtos (elasticidade-cruzada da demanda) muito alto. Isso acontece porque h na concorrncia monopolstica a existncia de muitas marcas. Todos eles so bons substitutos entre si, apesar de no serem iguais como dissemos no item anterior. Voc pode pagar R$ 0,30 ou 0,50 a mais por um sabonete Dove, mas no vai pagar R$ 1,00 se o vendedor assim o fizer. Da mesma forma que, para voc, o selinho na lata de cerveja Itaipava um diferencial que possa valer, R$ 0,15 a mais no preo, certamente no valer R$ 0,50. Aqui voc poderia facilmente substitu-la por uma Skol, Brahma, Kaiser ou Nova Schin. Enfim, podemos finalizar nossa anlise a respeito da concorrncia perfeita afirmando, com grande grau de certeza, que esta a estrutura de mercado com que mais nos deparamos no dia-a-dia. O consumidor se identifica bastante com um bom jingle na TV e com uma embalagem chamativa. Ele tambm tem seu refrigerante favorito ou cerveja, pelo gostinho que a distingue. Esse gostinho faz esse produto nico entre muitos semelhantes, e por isso dissemos ser um monoplio no interior de um mercado de concorrncia. EXERCCIOS 1 Descreva as implicaes sociais da existncia de um mercado de monoplio. 2 Voc acha que uma guerra de preos num mercado oligopolista vale pena? Por que isso no ocorre com o mercado de automveis no Brasil?

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    3 D exemplos de mercados cuja concorrncia seja monopolstica. Atente-se aos detalhes que fazem os produtos parecerem nicos em relao aos semelhantes. 4 H uma piada antiga que diz que a concorrncia perfeita o sonho do economista. Justifique essa afirmao. 5 O Oligoplio e o monoplio so distores a um mercado de concorrncia perfeita. Suas principais diferenas em relao a essa ltima seriam ento: a) perfeita transparncia do mercado oligopolista e monopolista. b) tanto no oligoplio quanto no monoplio existem muitos ofertadores. c) nenhum dos agentes, tanto do monoplio quanto do oligoplio, atuam em condies de modificar o preo do bem ou servio. d) barreiras a entrada de novas empresas e bons produtos substitutos e) barreiras a entrada de novas empresas e lucros extraordinrios. 6 (AFCE TCU/ 1994). Em relao s caractersticas de um oligoplio, assinale o item que melhor o descreve. a) Uma situao de mercado com poucos compradores. b) Uma situao de mercado com poucos produtores. c) Uma situao de mercado com apenas um comprador. d) Uma situao de mercado com os preos controlados pelo Governo. e) Uma situao de mercado com apenas um vendedor.

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    AULA 3 - TEORIA ELEMENTAR DA DEMANDA E OFERTA EM CONCORRNCIA PERFEITA. TEORIA ELEMENTAR DA DEMANDA:

    A demanda ou procura definida como a quantidade de um determinado bem ou servio que o consumidor deseja adquirir em certo perodo de tempo. Primeiramente, a demanda um desejo de adquirir, um plano, e no literalmente a sua realizao. Em segundo lugar, a demanda um fluxo por unidade de tempo, expressa em um dado perodo. Ex: Dona Dulci deseja adquirir 4 quilos de arroz por semana e no que Dona Dulci deseja simplesmente 4 quilos de arroz e que esta a sua procura.

    Tendo um oramento limitado, ou seja, um determinado nvel de renda, o consumidor dever fazer a melhor combinao possvel entre os bens e servios e sempre maximizar a sua renda para ter maior satisfao. A demanda de um bem depende de uma srie de fatores, entre eles: O preo do bem (Px); A renda do consumidor (Y); O preo de outros bens (Pz); Os gostos ou preferncias dos consumidores (G).

    Matematicamente, pode-se expressar a demanda do bem de x pela seguinte expresso:

    Dx = f(Px, Y, Pz, G, etc.)

    Onde a letra f significa que Dx funo de e a palavra etc. abarca as outras possveis variveis. Sendo: Dx: a demanda do bem x Px: o preo do bem x Pz: o preo dos outros bens Y: renda G: preferncias

    preciso fazer uma simplificao para se estudar a influncia de cada fator na procura, pois do contrrio seria bastante complexo. Estuda-se cada varivel separadamente, fazendo a hiptese de que tudo mais permanea constante. Essa hiptese muito importante e conhecida na Economia como condio coeteris paribus (tudo o mais permanece constante).

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    Ento, coeteris paribus, a demanda funo do preo, tudo o mais permanecendo constante.

    Qdx = f (Px)

    Normalmente h uma relao inversa entre o preo do bem e a quantidade demandada. Repare que a curva abaixo descendente da esquerda para a direita, o que evidencia a Lei da Procura: a quantidade procurada do bem varia inversamente ao comportamento do seu preo, ou seja, se o bem aumentar, a quantidade demandada diminuir, e se o preo do bem diminuir, a quantidade procurada do bem aumentar.

    Quando o preo do bem cai, o bem fica mais barato em relao aos seus concorrentes e os consumidores devero aumentar seu desejo de compr-lo (efeito-substituio). De outra forma, quando o preo cai, o consumidor fica mais rico (efeito-renda). Assim, quando Pn Dn e Pn Dn

    Repetindo, matematicamente, pode-se dizer que a demanda do bem x uma funo inversa ou decrescente do seu preo. Num grfico os economistas costumam tratar a curva de demanda como uma reta, a chamada demanda linear.

    EXCEES LEI DA PROCURA:

    Mas o aluno h de perguntar: mas eu j vi algo diferente! Certamente, pois h

    duas excees Lei da Procura. Bens de Giffen (Robert Giffen, ingls): So bens de pequeno valor, mas de grande importncia para os consumidores. o caso do po. Antes do seu aumento os consumidores pobres podiam comprar alguns outros bens mais caros que o po, mas

    Preo do bem n ($) 10 8 100 120 Quantidade procurada

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    quando seu preo aumenta, no sobra renda suficiente para a compra de outros alimentos e ento o consumo do po ter que aumentar, posto que o po o alimento mais barato. Bens de Veblen: (Thorstein Veblen, americano): So bens de consumo ostentatrios, tais como obras de arte, jias e automveis de luxo. Quanto mais caros, mais so procurados. Seu consumidor sempre quer mostrar que tem grande renda.

    TEORIA ELEMENTAR DA OFERTA

    Oferta a quantidade de bens e servios que os produtores/empresas desejam colocar a venda no mercado em determinado perodo de tempo.

    Lembrar: Qox empresa deseja vender vender propriamente dito. Lei da oferta: A quantidade ofertada de determinado bem ou servio diretamente proporcional ao seu preo, coeteris paribus . Quer dizer que quanto maior o preo maior ser a quantidade a ser ofertada no mercado pelos produtores/empresas. Isto se deve a possibilidade de aumentarem suas receitas. Pox Qox Pox Qox Pox: Preo de oferta do produto x Qox: Quantidade ofertada do produto x. : Aumenta : Diminui Preste ateno no quadro:

    Preo ($) Quantidade ofertada 10,00 100 15,00 150 30,00 300

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    Curva de oferta

    P O 30 15 10 100 150 300 Q

    Funo da Oferta

    Qox = f (Px) Qox = quantidade ofertada de um determinado bem ou servio (produto x), num dado perodo de tempo. Px = preo do bem ou servio (produto x) A expresso significa que a quantidade ofertada, Qo, uma funo f do preo P, isto , depende do preo P, coeteris paribus.

    Outros fatores ou aspectos determinantes da oferta:

    1. Preo do bem 2. Custos dos Fatores de Produo (tambm chamados de insumos) 3. Aumento do nmero de empresas no mercado 4. Tecnologia 5. Preo de outros bens

    Ento: Ox = f(Px, PI, E, T, Pz...) Mas, coeteris paribus : Qox = f(Px)

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    EQUILBRIO DO MERCADO

    Partindo-se da hiptese de que o mercado esteja em concorrncia perfeita (nem empresas e nem consumidores individuais tm poder para influenciar o preo de mercado), o preo de equilbrio no mercado ser determinado pelas livres manifestaes das foras de oferta e demanda (procura). O preo de equilbrio o ponto em que a quantidade demandada for igual a quantidade ofertada.

    Veja o grfico a seguir:

    Supondo que o mercado comece com o preo 20. Com esse preo os vendedores oferecem 150 unidades do bem, mas os compradores s desejam adquirir 60 unidades. A quantidade transacionada no mercado ao preo 20 ser portanto, de 60 unidades e haver um excedente (sobra) de 90 unidades (150 unidades ofertadas menos 60 adquiridas pelos compradores).

    Os vendedores no ficaram satisfeitos, pois tiveram um estoque indesejado de 90 unidades. Para se livrar desse estoque tero que baixar os preos. Logo, este mercado no est em equilbrio.

    Inversamente, supondo que o mercado comece com o preo 10. Ocorrer uma escassez (excesso de quantidade demandada sobre a ofertada), pois os compradores desejaro consumir mais, ou 170 unidades do bem, enquanto os vendedores estaro dispostos a vender apenas 40 unidades (escassez de 130 unidades). Os compradores

    P x 20 14 10 40 60 100 150 170 Qx

  • 20

    ficaro insatisfeitos e oferecero preos maiores para conseguir os bens. Logo, o preo do bem ir aumentar.

    O preo de 14 corresponde ao cruzamento das duas curvas, onde ocorre o equilbrio de mercado. Nesse caso tanto os vendedores desejam oferecer quanto os compradores tencionam adquirir 100 unidades do bem. Com os grupos satisfeitos o preo de equilbrio ser de 14 e quantidade procurada e oferecida ser de 100 unidades.

    Lembre-se: Ponto de Equilbrio: a quantidade que os consumidores desejam comprar exatamente igual a que os produtores desejam vender. Neste caso, Q = 100 e P = 14 Excedente (Excesso de oferta): Para qualquer preo superior ao ponto de equilbrio, a quantidade que os produtores desejam vender maior que a que os consumidores desejam comprar, havendo assim um acmulo nos estoques, provocando uma competio no mercado e forando a baixa dos preos at o ponto de equilbrio. Escassez (Excesso de demanda): Para qualquer preo abaixo do ponto de equilbrio surgir um excesso de demanda. As quantidades ofertadas so menores que as demandadas, sendo assim os consumidores disputaro a quantidade ofertada pressionando a elevao dos preos at o ponto de equilbrio. TRATAMENTO MATEMTICO As curvas de demanda e de oferta tambm podem ser expressas linearmente, atravs

    de equaes.

    QDx = 280 - 4Px (demanda) parmetro de Px sempre negativo, pois a relao

    inversa (se o preo aumentar, a quantidade diminui)

    QOx = - 20 + 2Px (oferta) parmetro sempre positivo, pois a relao direta (se o

    preo aumentar, a quantidade ofertada tambm aumenta).

    Onde:

    QDx = quantidade demandada (ou procurada) do bem X

    QOx = quantidade ofertada do bem X

    Px = preo do bem X

  • 21

    Px QDx = 280 4Px QOx = -20 + 2Px

    30 280 (4 x 30) = 160 - 20 + (2 x 30) = 40

    40 280 (4 x 40) = 120 - 20 + (2 x 40) = 60

    50 280 (4 x 50) = 80 - 20 + (2 x 50) = 80

    60 280 (4 x 60) = 40 - 20 + (2 x 60) = 100

    Observando-se a tabela acima, percebe-se facilmente que o preo de

    equilbrio $50. Para se obter o preo de equilbrio, seria mais fcil igualar as quantidades demandadas e ofertadas (j que o preo de equilbrio iguala as duas quantidades), ao invs de montar a tabela.

    280 - 4Px = - 20 + 2Px

    300 = 6Px

    Px = 300

    6

    Px = 50

    Agora s substituir o Px de equilbrio em qualquer uma das equaes:

    QDx = 280 4(50)

    QDx = 80

    E a quantidade de equilbrio desse mercado de 80, como no quadro.

    Dadas as seguintes equaes: Qs = 48 + 10p Qd = 300 8p Voc saberia dizer qual o preo de equilbrio e a quantidade de equilbrio?

  • 22

    EXERCCIOS

    1- Dadas as seguintes funes: (Qo = 70 + 5p) e (Qd = 200 5p), determinar: a) Preo de Equilbrio = b) Quantidade de Equilbrio = c) O que acontece se os produtores aumentarem o preo para $ 15? 2 - Dadas seguintes funes de oferta e demanda, determinar o preo de equilbrio, a quantidade de equilbrio e o que acontece se o governo tabelar o preo a 10. Qs = 48 + 10p Qd = 300 8p 3 - Admita-se que o Sr. Joo, empresrio agrcola de Piraporinha (Diadema), dedica-se ao cultivo de tomates. Com base no comportamento da produo no quadro abaixo, trace a curva de oferta. Preo da caixa de tomates

    Quantidade de caixas oferecidas

    Px X 10 20 30 40 50 60

    0 5 10 15 20 25

    4 (Fiscal de Tributos Estaduais MG/1993). No se inclui entre os determinantes da procura individual. a) o preo do bem. b) a renda do consumidor. c) os preos dos outros bens. d) a quantidade ofertada do bem. e) o gosto ou preferncia do indivduo.

  • 23

    5 (Controlador da Arrecadao Federal/1983). Um bem, cuja quantidade demandada cai quando o seu preo relativo diminui, chamado bem: a) normal. b) inferior. c) superior. d) de Giffen. e) anormal. 6 (Economista do Ministrio da Minas e Energia/1981). Segundo a teoria microeconmica, o principal fator a determinar a quantidade procurada de um bem : a) a renda real do consumidor. b) o preo do prprio bem. c) a renda monetria do consumidor. d) os preos dos diversos bens substitutos.

  • 24

    AULA 4 - MUDANA NO PREO DE EQUILBRIO DE MERCADO: DESLOCAMENTOS DAS CURVAS DE OFERTA E PROCURA

    1. DESLOCAMENTOS DAS CURVAS DE DEMANDA A curva de demanda se desloca em relao sua posio original quando uma daquelas variveis que supusemos constantes quando traamos a curva (renda, preo dos outros bens, gosto do consumidor) mudar de valor. Ela se deslocar para a direita da posio original quando a mudana do valor da varivel antes suposta constante contribuir para aumentar a demanda e para a esquerda da posio original quando contribuir para diminuir a demanda.

    1.1 MUDANA NA RENDA DOS CONSUMIDORES

    BENS NORMAIS

    Bens normais so aqueles cujo consumo aumenta medida que a renda do consumidor se eleva. Chocolate, picanha e laticnios, por exemplo. Caso a renda dos consumidores se eleve (portanto, esto mais ricos), provavelmente eles aumentaro tambm as quantidades demandadas do bem x. Surge ento uma nova curva de demanda, situada direita da curva antiga, indicando que a cada nvel de preo possvel, os consumidores esto dispostos a adquirir maiores quantidades do bem, porque esto com mais renda que antes. Esse fato dar origem a um novo preo e quantidade de equilbrio, maiores que os antigos. Se a renda do consumidor diminuir, o raciocnio inverso e a curva se deslocar para esquerda, diminuindo o preo e quantidade de equilbrio.

  • 25

    Como a curva de demanda nova (Dx`) est direita da antiga (Dx), a

    interseco da curva de oferta de X (Ox) com Dx` origem a um preo e quantidade de equilbrio (Pe` e Qe`) maiores que o preo e quantidade de equilbrio antigos (PE e Qe). Ou seja, o aumento da demanda do bem X devido a elevao da renda dos consumidores (curva da demanda para direita) tem como conseqncia uma elevao do preo do mercado e na quantidade transacionada.

    Caso a renda dos consumidores diminua ao invs de se elevar, o raciocnio inverso: diminuio da demanda do bem X devido ao decrscimo da renda. Ento a curva de demanda se deslocar para a esquerda de sua posio original, diminuindo o preo e quantidade transacionada.

    BENS INFERIORES Bens inferiores so bens cuja demanda diminui quando o nvel de renda do

    consumidor aumenta e aumenta quando o consumidor fica mais pobre. Um exemplo a carne de segunda. Se a renda do consumidor aumenta, ele diminui a procura por carne de segunda. Se a renda do consumidor diminui, ocorre o inverso: ele reduz o consumo de carne de primeira e aumenta o da carne de segunda.

    Se o bem X for um bem inferior, o aumento da renda dos consumidores reduz a sua demanda, a curva se desloca para a esquerda e o preo e a quantidade de equilbrio diminuem. Um decrscimo na renda dos consumidores ter conseqncias inversas.

    Qe Qe`

    Pe` Pe

    Ox

    Dx` (Y aumentou)

    Dx QPx

    Px

  • 26

    OBS: Alguns bens como os gneros alimentcios de primeira necessidade e os medicamentos, por exemplo, so chamados de bens de consumo saciados, pelo fato de aumentos ou redues na renda dos consumidores no afetarem ou afetarem muito pouco seu consumo.

    1.2 MUDANA NOS PREOS DE OUTROS BENS (PZ )

    Um determinado bem Z pode ter as seguintes relaes com o bem X: a) Z um bem de consumo independente de X; b) Z substituto de X; c) Z complementar de X. Quando Z e X so independentes, o preo de Z nada tem a ver com a

    demanda de X. Assim, por exemplo, feijo e automveis so bens de consumo independentemente: alteraes no preo do feijo no provocaro nenhuma modificao na demanda de automveis e vice-versa. Entretanto, quando Z e X so substitutos ou complementares, modificaes no preo de um ocasionam mudanas na demanda do outro, conforme abaixo.

    BENS SUBSTITUTOS So bens em que o consumo de um deles exclui (mesmo que parcialmente) o

    consumo de outro. Ex: Manteiga e margarina, caf e ch, carne de vaca e carne porco.

    Se Z e X so substitutos, o aumento no preo do bem Z tornar seu consumo menos atrativo que o do bem X, de maneira que a demanda deste ltimo dever se

    Qe` Qe

    Pe Pe`

    Ox

    Dx

    Dx` (Y aumentou) QPx

    Px

  • 27

    elevar e se preo e quantidade de equilbrio no mercado tambm aumentaro. Efeitos inversos ocorrero no mercado de X se o preo de Z diminuir.

    BENS COMPLEMENTARES So bens cujo consumo feito geralmente de maneira simultnea, ou seja, o

    consumo de um complementa o outro. Exemplo: po e manteiga, caf e leite, caderno e caneta, microcomputador e impressora. Basta que o consumo de ambos esteja associado de alguma forma.

    Se Z e X so complementares, o aumento no preo de Z provocar uma diminuio no seu consumo no mercado; como o seu consumo est associado ao de X, a demanda de X tambm tender a diminuir, deslocando a curva para a esquerda e provocando queda no preo e na quantidade de equilbrio do mercado de X. Efeitos inversos ocorrero se o preo de Z diminuir.

    Qe Qe`

    Pe` Pe

    Ox

    Dx` (Pz aumentou)

    Dx QPx

    Px

  • 28

    HBITOS E GOSTOS DOS CONSUMIDORES

    Esta uma varivel influenciada principalmente por campanhas publicitrias e propaganda do bem X. Por exemplo, se uma campanha publicitria convencer o consumidor que o consumo de um determinado produto faz bem a sade, a demanda deste bem dever aumentar e, conseqentemente, elevar o seu preo e quantidade de equilbrio.

    Qe Qe`

    Pe` Pe

    Ox

    Dx` depois da propaganda

    Dx (antes da propaganda) QPx

    Px

    Qe` Qe

    Pe Pe`

    Ox

    Dx

    Dx` (Pz aumentou) QPx

    Px

  • 29

    2 DESLOCAMENTOS DA CURVA DE OFERTA A curva de oferta se desloca em relao sua posio original quando uma

    daquelas variveis que foram supostas constantes ao se traar a curva (preo dos fatores de produo, tecnologia, preo de outros bens) mudar de valor.

    Supondo-se que um dos fatores de produo (capital) utilizados na produo de um bem X sofra um aumento. Como o custo de produo do bem X aumentar, os produtores devero aumentar os preos na mesma proporo. Sempre que o custo de produo aumentado, a oferta diminui e a sua curva diminui para a esquerda de sua posio original; se o custo de produo reduzido, ocorre o inverso.

    EXERCCIOS 1 Observe os exemplos e justifique sobre a influncia da renda na demanda. Normais, inferiores ou saciados? a) Arroz b) Chandelle c) Kisuco d) Roupas do Brech e) Ferrero Roch f) Maminha g) Ingressos para jogo de futebol 2 Observe os pares e justifique sobre a influncia do preo dos outros produtos na demanda. Substitutos ou complementares? a) Viagem de nibus ou viagem de avio b) Molho de tomate e macarro c) Ipad e Galaxy d) Impressora e computador e) peixe e carne de porco

    Dx

    Ox

    Ox`

    Qe` Qe

    Pe` Pe

    QOx

    Px

  • 30

    f) Margarina e manteiga g) Pneus e automveis 3 Falaremos novamente do Ipad da Apple e do Samsung Galaxy. Uma diminuio de 30% no preo do Galaxy ocasionaria mudanas na curva de demanda do Ipad ou da curva de demanda do Ipad? Demonstre graficamente. 4 O aa virou mania entre os brasileiros e est sendo exportado para muitos outros pases. Voc acha que aconteceria alguma coisa com a demanda de granola, caso o preo do aa fosse aumentado em 25%? Demonstre graficamente. 5 (Especialista em Polticas Pblicas e Gesto Governamental/1997). Quando a renda de um indivduo cai, tudo o mais permanecendo constante, a sua demanda por um bem inferior: a) aumenta. b) cai numa proporo igual queda de sua renda. c) cai numa proporo maior do que a queda de sua renda. d) cai numa proporo menor do que a queda de sua renda. e) permanece inalterada. 6 (Agente da Polcia Federal/2000). Julgue o item seguinte. - Anlises da demanda da farinha de mandioca, no Brasil, indicam que uma expanso da renda dos consumidores reduz a demanda por esse produto. Se isso estiver correto, ento a farinha de mandioca um bem inferior.

  • 31

    AULA 5 ELASTICIDADE

    Amigos, elasticidade em economia significa sensibilidade. Assim, a elasticidade mede a variao que ocorre nas quantidades de um determinado bem ou servio quando ocorrem variaes em outro fator, tudo mais permanecendo constante (coeteris paribus). Ento, a elasticidade medir o que acontece com a quantidade de um produto quando o seu preo, ou a renda dos consumidores, ou o preo de outro bem sofrem variaes. Abaixo contam os 4 principais tipos de elasticidade. Estudaremos profundamente apenas a elasticidade-preo da demanda. * Elasticidade preo da demanda; * Elasticidade renda da demanda; * Elasticidade cruzada da demanda; * Elasticidade preo da oferta.

    1) Elasticidade preo da demanda Veja o comportamento da demanda de dois bens A e B: Demanda de A Demanda de B PA QDA PB QDB 1 momento 10 100 20 80 2 momento 12 60 24 76 Observe que os dois preos foram aumentados em 20% (PA passou de 10 para 12) e (PB passou de 20 para 24). Entretanto, o comportamento da quantidade demandada foi completamente diferente. QDA diminuiu 40% (de 100 para 60) e QDB diminuiu apenas 5% (de 80 para 76). Em vista disso pode-se dizer que demanda do bem A mais elstica que a demanda do bem B, ou que a quantidade demandada do bem A mais sensvel a variaes de seu preo do que o bem B. 1.1) Coeficiente de Elasticidade Preo da Demanda (Epd)

    Existem duas formas de se medir o coeficiente de elasticidade preo da demanda. A mais simples e a lgica do conceito a seguinte:

    Epd = variao percentual da quantidade demandada Variao percentual do preo EpdA = 40% = 2 20%

  • 32

    e no caso do bem B: EpdB = 5% = 0,25 20% Se o valor absoluto (no se considera negativo) de Epd for:

    a) maior que 1, a demanda do bem considerada elstica em relao a seu preo. Geralmente so considerados produtos suprfluos; b) menor que 1, a demanda do bem considerada inelstica em relao a seu preo. Geralmente so produtos de subsistncia ou muito necessrios; c) igual a 1, a demanda do bem apresenta elasticidade unitria em relao ao preo. Geralmente bens normais apresentam elasticidade, como no caso da moradia.

    Outra maneira de se calcular o coeficiente de elasticidade preo da demanda (mais concreta) a seguinte:

    Epd = Po x QD QDo P Po = preo inicial QDo = quantidade demandada inicial QD = variao na quantidade demandada P = variao no preo

    Utilizando esta frmula para os bens A e B: EpdA = 10 x 40 = 400 = 2 100 2 200 EpdB = 20 x 4 = 80 = 0,25 80 4 320

    1.2) Relao entre Epd e a receita total dos produtores (RT)

    Simples: Receita total dos produtores = quantidades vendidas do bem x preo de

    venda. Usando a elasticidade o produtor pode prever o que acontecer com as suas vendas se aumentar ou diminuir o preo de seu produto.

    Quando o bem desse produtor tiver uma DEMANDA ELSTICA, se ele AUMENTAR o PREO no mercado HAVER uma REDUO de sua RECEITA TOTAL. Caso ele DIMINUA o PREO de mercado OCORRER um AUMENTO de sua RECEITA TOTAL.

  • 33

    PA QDA RT 10 100 10 x 100 = 1000 12 60 12 x 60 = 720 Vamos provar que um demanda elstica?

    Epd = Po x QD QDo P

    Epd = 10 x 40 = 400 = 2 (maior que 1, portanto elstica) 100 2 200

    Quando o bem desse produtor tiver uma DEMANDA INELSTICA, um AUMENTO ou DIMINUIO do seu preo no mercado ACARRETARO MUDANAS NO MESMO SENTIDO NA RECEITA TOTAL DOS PRODUTORES, ou seja, ELA SE ELEVAR OU SE REDUZIR, respectivamente. PA QDA RT 20 80 1600 24 76 1824

    Viu? O preo aumentou 20% e a quantidade demandada reduziu-se em apenas 5%. Nesse caso, a variao do preo prevalece e a RT aumenta de 1600 para 1824.

    Quando o bem desse produtor tiver uma demanda com ELASTICIDADE UNITRIA, qualquer variao no preo anulada pela variao da quantidade procurada. Nesse caso a RECEITA TOTAL dos produtores NO SE ALTERA. Casos Extremos de elasticidade de demanda; a) Demanda Perfeitamente Inelstica: isto elasticidade zero. Quando variar o preo, a demanda no mostra nenhuma resposta na quantidade demandada. Ex: sal. b) Demanda Perfeitamente Elstica: ou infinita. Quando os compradores no esto dispostos a pagar mais que um determinado preo, qualquer que seja a quantidade do bem. Ex: rodzio onde se pode comer o quanto quiser por R$ 15. Pode-se comer qualquer quantidade, desde que o preo seja 15

  • 34

    2) Elasticidade Renda da demanda O coeficiente de elasticidade-renda de procura tem por objetivo medir a sensibilidade da demanda de um bem X em relao a variaes na renda Y do consumidor. Er = variao % da quantidade procurada (QP) Variao % da renda do consumidor (Y) Assim, por exemplo, se a renda dos consumidores se elevar de 1000 para 1300 e as quantidades demandadas dos bens A, B, C e D apresentassem o comportamento exposto na tabela a seguir: Quantidade Demandada Bens Y = 1000 Y = 1300 A 40 36 B 50 60 C 60 78 D 20 30 Temos que: 1) Er (bem A) = -10% = - 1/3 30% Observe que a quantidade demandada do bem A diminuiu quando a renda aumentou. Ento A um bem inferior. O coeficiente de elasticidade-renda dos bens inferiores negativo, refletindo o comportamento inverso entre quantidade procurada e renda. 2) Er (bem B) = 20% = 2/3 (ento menor que 1) 30% O coeficiente do bem B positivo (ento B um bem normal). Entretanto, ele menor que 1, indicando que B tem demanda inelstica (pouco sensvel em relao renda) 3) Er (bem C) = 30% = 1 30% O bem C apresenta elasticidade-renda da demanda unitria. 4) Er (bem D) = 50% = 5/3 (maior que 1) 30%

  • 35

    O bem D apresenta Er > 1, logo sua demanda elstica em relao variao da renda. Esse tipo de bens so denominados bens superiores (suprfluos ou de luxo) A frmula Erd = Yo x QD a mais usada, onde QDo Y Yo = Renda inicial Y = Variao da Renda Qdo = Quantidade demandada inicial QD = Variao da quantidade demandada

    3) Elasticidade Cruzada da demanda A elasticidade-cruzada da demanda (Ecd) mede a sensibilidade da demanda do bem X a variaes nos preos de outros bens (Pz) Elasticidade cruzada = variao % da quantidade procurada do bem X Variao % do preo do bem Z Como foi visto anteriormente, os bens X e Z podem ser substitutos, complementares ou independentes. A tabela abaixo deixa claro as relaes entre X e Z e o seu coeficiente de elasticidade cruzada: Relao entre X e Z Sinal da elast. Cruzada Valor da Elast. cruzada Substitutos Positivo > 1, demanda elstica

    < 1, demanda inelstica Complementares Negativo = 1, elasticidade unitria Independentes Igual a zero ------- Assim, por exemplo, se o preo do bem Z aumenta 10% e a quantidade demandada de X diminui em 15%:

    Ecruzada = -15% = -1,5% +10%

    Como o sinal da elasticidade-cruzada negativo, X e Z so complementares. O preo do bem Z aumentou e a quantidade procurada de X diminuiu, o que indica que X e Z tm uma relao de bens complementares. O valor absoluto da elasticidade maior que 1, logo a demanda de X elstica em relao ao preo de Z.

  • 36

    4) Elasticidade Preo da Oferta A elasticidade-preo da oferta (Epo) mede a sensibilidade da oferta a

    variaes do preo do bem X: Epo = variao % da quantidade ofertada do bem X Variao % do preo do bem X

    Valores de Epo Grau de Elasticidade > 1 Oferta Elstica < 1 Oferta Inelstica = 1 Oferta de Elasticidade Unitria O valor da elasticidade-preo da oferta sempre positivo, porque o preo e a quantidade ofertada (coeteris paribus) variam na mesma direo. . EXERCCIOS

    1 A Epd de um dado medicamento de 0,25. Como voc interpretaria esse coeficiente?

    2 Digamos que a Epd do chocolate Ferrero Rocher de 1,25. Como voc interpretaria esse coeficiente?

    3- Uma determinada empresa vendia 3000 unidades/ms de seu produto quando praticava um preo de R$ 5,00. Num determinado momento, passou a praticar o preo de R$ 4,00, vendendo 4000 unidades/ms do produto. Encontrar o coeficiente de elasticidade.

    4- Dada a funo Qd = 1600 20p, encontrar a quantidade demandada quando o preo for 32 e quando passar para 31,80. Depois, calcular a elasticidade dessa mudana de preo.

    5 Supondo que a curva de demanda de determinado produto seja dada por:

    Qd = 80 5p a) Calcule a elasticidade desse produto quando o preo de R$ 6,00 sofrer um

    acrscimo de 10%; b) Calcular a receita total dos vendedores;

  • 37

    c) Valeu pena o aumento de preo?

    6 (Papiloscopista Polcia Federal/2000). Julgue o item seguinte. - A dificuldade em impedir altas dos preos dos medicamentos, que constitui

    o cerne do embate entre o governo e os laboratrios farmacuticos, explica-se, parcialmente, pelas baixas elasticidades-preo da demanda que caracterizam esses produtos.

    7 (FTF/1981). Um determinado bem tem procura elstica em relao ao seu preo. Ento, se o preo desse bem aumenta, com tudo o mais permanecendo constante, o gasto total do consumidor com o bem:

    a) aumenta. b) diminui. c) permanece constante. d) aumenta indefinidamente.

    8 - Um trabalhador cuja renda Y de R$ 2300 tem a quantidade demandada de um produto H de 150 unidades. Ao receber um aumento seu salrio vai de 2300 para 2990, e o trabalhador passa a procurar 180 unidades do produto H. Calcular a elasticidade-renda da demanda dessa mudana.

  • 38

    AULA 6 - TEORIA DA FIRMA Esta a ltima parte da Microeconomia que estudaremos. A Teoria da Firma (ou Empresa) est subdividida em Teoria da Produo e Teoria dos Custos. Ambos, de maneira opostas, retrataro o comportamento das receitas e dos custos das unidades produtivas. Essa relao expressa na seguinte equao: Lucro Total (LT) = Receita Total (RT) Custo Total (CT).

    TEORIA DA PRODUO

    Produo o processo pelo qual uma firma transforma os fatores de produo adquiridos e suas matrias-primas em produtos ou servios para a venda no mercado. Ento, recapitulando, a firma compra os insumos (fatores de produo/ matrias-primas), combina-os segundo um processo de produo escolhido e vende os produtos no mercado.

    Funo de Produo a relao tcnica entre a quantidade fsica de fatores de produo e a quantidade fsica do produto em determinado perodo de tempo.

    Quantidade do Produto = f (quantidade dos fatores de produo) Q = f (N, K, M) Quantidade mo-de-obra capital fsico matrias-primas Produzida utilizada utilizado utilizadas

    Ex: Q = 2K0,5L0,5

    Utilizando a funo acima, se L = 81 trabalhadores, K = 16 mquinas, a quantidade produzida Q seria: Q = 2 . 16 . 81 Q = 2 . 4. 9 Q = 72 unidades

    Fatores de Produo Fixos: so aqueles que permanecem inalterados quando a produo varia. Geralmente o capital (K)

    Fatores de produo Variveis: Se alteram com a variao da quantidade produzida. Geralmente a mo-de-obra (N)

    Curto Prazo: perodo no qual existe pelo menos um fator de produo fixo. Longo prazo: todos os fatores variam.

    ANLISE DE CURTO PRAZO

  • 39

    Com apenas dois fatores de produo, mo-de-obra (N) e capital (K), sendo

    apenas a mo-de-obra varivel e o capital (equipamentos e instalaes) fixo, a funo de produo ficaria:

    Q = f(N, K) Mas, como K fixo no curto prazo: Q = f(N) O que acontece com a produo caso varie a quantidade utilizada de um

    insumo, mantendo-se constante o outro? A resposta para essa pergunta a famosa LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES: Se adicionarmos quantidades de uma mesma magnitude de um fator de produo varivel a uma quantidade fixa de outro, os acrscimos na produo sero inicialmente crescentes, porm, depois se tornaro decrescentes podendo, inclusive, assumir valores negativos. Repare no quadro, admitindo que usaremos apenas dois fatores de produo (Capital K e Trabalho N):

    K N PT Pmed = PT N

    Pmgn = PT N

    5 0 0 - - 5 1 3 3 3 5 2 8 4 5 5 3 12 4 4 5 4 15 3,75 3 5 5 17 3,4 2 5 6 17 2,8 0 5 7 16 2,3 - 1 5 8 13 1,6 - 3

    Onde: K = Capital N = Trabalho, Mo-de-obra PT = Produo Total Pmed = Produo Mdia (Produo Total dividida pela Mo-de-obra, que o nico fator varivel). Representa a contribuio mdia de cada trabalhador. Se fossemos

  • 40

    medir a Produo Mdia do capital (K), estaramos medindo a contribuio mdia de cada mquina. Pmgn = Produo Marginal (Variao da Produo Total dividida pela variao da Mo-de-obra). a contribuio marginal ou adicional de cada fator de produo. No caso do quadro, a contribuio adicional do fator trabalho, dada a entrada de sempre um trabalhador a mais.

    Repare que o capital (K) se mantm fixo (5 unidades), o que indica ser uma abordagem de curto prazo. Com essas 5 mquinas, medida que se aumenta o nmero de trabalhadores (N), a produo total aumenta at certo ponto, assim como a produo mdia e produo marginal. Depois seu crescimento paralisado e vai se tornar negativo. Isso se deve ao fato de que no haver mais mquinas suficientes para todos os trabalhadores a partir do quinto trabalhador. Se formos observar graficamente, a produo total seria: Produo Total

    0

    Quantidade de trabalhadores Como no quadro, a produo total sobe a taxas crescentes, depois a taxa decrescentes, at que comea a cair. Vejamos o comportamento da produtividade marginal e da produtividde mdia do trabalho:

    . .

    .

  • 41

    PMg, PMe 0

    Quantidade de trabalhadores Ambas as curvas tm a forma de uma letra U invertida, pois so crescentes de incio, atingem um mximo e depois passam a decrescer. Perceba que, enquanto a produtividade marginal for maior que a mdia, esta ltima crescente; quando PMg e PMe forem iguais, a PMe mxima (quando as duas curvas se tocam.

    ANLISE DE LONGO PRAZO

    No longo prazo todos os insumos (fatores de produo e matria-prima) so variveis (mo-de-obra, terra, capital, instalaes e matrias-primas). Supondo que estejamos trabalhando apenas com dois fatores, mo-de-obra (N) e o capital (K), teremos a seguinte funo de produo:

    Q = f(N, K) A possibilidade, no longo prazo, do aumento da quantidade de todos os

    fatores de produo (capital, trabalho e terra) pressupe que a empresa pode aumentar inclusive o tamanho de suas instalaes, ou seja, a escala de suas operaes.

    Se as quantidades dos insumos aumentarem numa dada proporo e a produo tambm aumentar na mesma proporo, teremos a ocorrncia de rendimentos constantes de escala. Caso a produo aumente numa proporo maior, teremos rendimentos crescentes de escala e caso ela aumente numa proporo menor, rendimentos decrescentes de escala.

    PMg PMe

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    Veja no quadro:

    Variao na Escala (fatores de produo

    Variao na Produo Total (Q)

    Tipo de rendimento

    10% 10% Constante de escala 10% 15% Crescente de escala 10% 5% Decrescente de escala

    TEORIA DOS CUSTOS DE PRODUO

    Custo, em economia, quer dizer o gasto monetrio de todos os bens materiais, trabalho e servios consumidos pela empresa na produo de bens e servios e na manuteno de suas instalaes. Vejamos as denominaes de custos mais utilizadas a Curto Prazo:

    Custo Varivel Total (CVT): Parcela do custo que varia quando a produo varia. a parcela que depende da quantidade produzida. Ex: folha de pagamento e despesas com matrias-primas. CVT = f(Q)

    Custo Fixo Total (CFT): Parcela do custo que se mantm fixa quando a produo varia, ou seja, so os gastos com fatores fixos, como aluguel e depreciao.

    Custo Total (CT): a soma do Custo Varivel Total com o Custo Fixo Total. CT = CVT + CFT.

    Custo Mdio (CMe): Custos Totais CT quantidade produzida q

    Custo Varivel Mdio (CVMe): CVT

    q Custo Fixo Mdio (CFMe): CFT

    q Custo Marginal (CMg): variao do CT ou CT o custo de se produzir

    uma unidade extra do produto. Variao em q q Os custos marginais no so influenciados pelos custos fixos, que so

    invariveis a curto prazo. Ento: CMg = CVT q

    A geometria das curvas de custo totalmente contrria a da produtividade

    marginal e mdia. Os custos comeam decrescente, atingem um ponto mnimo e depois sobem, demonstrando a inviabilidade da produo a partir de tal ponto.

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    CMg, CVme

    0

    Quantidade

    EQUILBRIO DO PRODUTOR EM CONCORRNCIA PERFEITA O ponto no qual a firma mais eficiente no ponto de vista econmico estar na maximizao do lucro. Ela acontece quando h: 1 Maximizao da produo; 2 Minimizao dos custos. Ou, o lucro mximo quando a diferena entre a receita total (valor total do faturamento) e o custo total da produo for a maior possvel.

    RECEITA TOTAL Como j foi visto em elasticidade, a RECEITA TOTAL dada por: RT = preo unitrio de venda x quantidade vendida RT = P x Q

    RECEITA MDIA

    A Receita Mdia (RMe) a receita por unidade de produto vendida, ou Receita Unitria. RMe = RT Q RMe = p . q Q RMe = P

    CMg

    CVme

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    RECEITA MARGINAL

    a receita adicional, ou a variao da receita total, quando varia a quantidade

    vendida, ou seja, a receita extra, quando se vende uma unidade a mais. RMg = pq, mas por conveno e lgica, RMg = p q

    EQUILBRIO: A receita para a firma maximizar os lucros dada por: RMg = CMg Caso a receita marginal seja maior que o custo marginal, a empresa deve produzir mais, pois aumentar o seu lucro total, que ainda no o mximo. Caso ocorra o contrrio (custo marginal maior que a receita marginal, a empresa dever reduzir a produo pois mais unidades fabricadas diminuiriam o seu lucro total (ela teria ultrapassado a produo de lucro mximo). Perceba no quadro que a quantidade de 8, receita e custo marginal de 5,00, o lucro total mximo.

    Q Receita Marginal (RMg)

    Custo Marginal (Cmg)

    Lucro Total (LT)

    0 - - (15,00) 1 5,00 2,00 (12,00) 2 5,00 1,50 (8,50) 3 5,00 1,00 (4,50) 4 5,00 1,25 (0,75) 5 5,00 1,50 2,75 6 5,00 2,00 5,75 7 5,00 3,26 7,49 8 5,00 5,00 7,50 9 5,00 8,00 4,50

    10 5,00 12,00 (2,50)

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    RMg, CMg

    0 8

    Quantidade Perceba que a receita marginal uma reta a partir de R$ 5,00, que tambm igual ao preo. Em seu cruzamento com a curva de custo marginal (que se d na quantidade 8) temos o lucro mximo. Com uma quantidade menor ou maior que 8 essa condio anulada.

    Para efeito de elucidao, o ponto em que a empresa no aufere lucro ou prejuzo, isto , suas receitas so iguais aos seus custos (RT = CT) chamado em economia de BREAK-EVEN POINT. Geralmente ocorre quando uma empresa entra num mercado competitivo e ter que aceitar o preo dado pelo mercado. Seu lucro normal pode estar implcito dentro do valor dos custos.

    Exerccios do captulo 10 1 - Dada a tabela abaixo, calcule as colunas restantes. K N PT PMe PMg 15 0 0 15 1 10 15 2 22 15 3 36 15 4 52 15 5 65 15 6 77,4 15 7 87,5 15 8 96 15 9 99 15 10 100 15 11 99

    CMg

    RMg 5

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    2 Dados os custos abaixo, calcular tambm as colunas restantes. Quantidade CF CV CT CFm CVM CTm 0 15 - 1 15 2,00 2 15 3,50 3 15 4,50 4 15 5,75 5 15 7,25 6 15 9,25 7 15 12,51 8 15 17,50 9 15 25,50 10 15 37,50 3 Calcular o Custo Marginal Quantidade Custo Total Custo Marginal 0 15,00 1 17,00 2 18,50 3 19,50 4 20,75 5 22,25 6 24,25 7 27,51 8 32,50 9 40,50 10 52,50 4 Repita o mesmo procedimento e indique o ponto onde o lucro mximo. Quantidade Total

    Custo Total

    Preo Receita Total

    Lucro Total

    Custo Marginal

    Receita Marginal

    0 10,00 5,00 1 15,00 5,00 2 18,00 5,00 3 20,00 5,00 4 21,00 5,00 5 23,00 5,00 6 26,00 5,00 7 30,00 5,00 8 35,00 5,00 9 41,00 5,00 10 48,00 5,00 11 56,00 5,00

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    5 (Economista do Ministrio das Minas e Energia/1981). Considere uma fbrica de panelas, cujas matrias-primas esto disponveis e que preciso aumentar a produo para atender determinada encomenda. O fabricante precisa decidir quantos homens empregar na produo. Ele sabe que a relao entre o nmero de homens empregados e a produo por semana a que se apresenta na tabela abaixo: No de homens/semana Panelas/Semana

    1 40 2 88 3 142 4 210 5 260 6 316 7 366 8 408 9 440 10 460 11 466 12 456

    De acordo com a tabela anterior, verifique as afirmativas seguintes. 1 A produo mxima de panelas por semana igual a 456 panelas. 2 O produto mdio dos primeiros 5 trabalhadores igual a 260 panelas. 3 O produto marginal do 10 homem empregado de 20 panelas. 4 O produto mdio dos primeiros 4 trabalhadores de 52,5 panelas. Pode-se dizer que so corretas as afirmativas: a) 1, 3 e 4 b) 1 e 2 c) 3 e 4 d) 2, 3 e 4.

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    AULA 7 - MACROECONOMIA - INTRODUO Para podermos traar cenrios econmicos ou analisar sries econmicas do passado, imprescindvel o domnio da Macroeconomia, ou como j sabemos, o estudo dos grandes agregados. Este o ramo da teoria econmica que trata da economia como um todo, analisando e determinando o comportamento da renda, produto nacional, investimento, poupana e consumo agregado, nvel geral de preos, emprego e desemprego, estoque de moedas e taxas de juros, balano de pagamentos e taxa de cmbio. Na internet, nos jornais e nos noticirios econmicos, a macroeconomia mais explorada que a micro. Voc deve estar atento: a maioria dos temas de entrevistas, testes, dinmicas de grupo e concursos vo abordar a macro.

    A) METAS MACROECONMICAS: As principais metas que a poltica macroeconmica visa atingir so as seguintes: 1 ALTO NVEL DE EMPREGO = Essa foi uma questo que surgiu de maneira arrebatadora aps a Grande Depresso de 1929. O emprego nos Estados Unidos na primeira metade da dcada de 1930 caiu 25% e o total de todas as suas riquezas 30%. John Maynard Keynes representou ento um marco na histria e teoria econmica ao elaborar sua obra (a principal da Macroeconomia) A teoria geral do emprego, do juro e da moeda, de 1936, iniciada com uma srie de artigos aps 1929. Desde ento o pleno emprego do fator trabalho vm sendo uma meta obsessiva da maioria dos governos. 2 ESTABILIDADE DE PREOS = Veremos mais tarde um estudo aprofundado do fenmeno inflacionrio. Define-se inflao como um aumento contnuo e generalizado no nvel geral de preos. A inflao maligna porque distorce a distribuio de renda, as expectativas das empresas, o mercado de capitais e o Balano de Pagamentos. A obteno de um crescimento estvel requer uma srie de controles no que se refere a polticas inflacionrias. A maioria dos pases no-desenvolvidos tem ou j tiveram problemas com a inflao (pergunte aos seus pais como era a vida na dcada de 1980!!!) 3 DISTRIBUIO EQUITATIVA = De que adianta um pas crescer tanto, como aconteceu no Brasil nos anos de 1970, na China e na ndia de hoje, se o bolo no for repartido de forma, ao menos justa? A concentrao de renda um dos maiores males brasileiros e mundiais. Essa concentrao se d tanto em regies

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    geogrficas (sul e sudeste) quanto em classes sociais (A e B no Brasil, como nas castas indianas que voc acompanhou na novela das 8 quando matava aula). 4 CRESCIMENTO ECONMICO E DESENVOLVIMENTO ECONMICO = Ns acompanhamos no estudo da Curva de Possibilidades de Produo que h certo limite nas combinaes e uso dos fatores de produo e tecnologia. A partir de certo ponto, ou se descobre novas fontes desses fatores ou o crescimento paralisado. Ento as teorias de crescimento econmico (crescimento, principalmente do Produto e Renda Nacional) pregam um aumento na quantidade e disponibilidade de mercadorias e servios disposio da sociedade. Isso Crescimento Econmico. Agora, com o crescimento econmico deve vir uma melhor distribuio de renda e melhora nos nveis dos indicadores sociais, como pobreza, desemprego, meio ambiente, moradia, etc. Isso se chama Desenvolvimento Econmico. Atualmente so dois termos muito retratados pelos economistas e governantes. No se deve confundir seu significado, mesmo, que o governo tende levar a essa situao por interesse prprio.

    Ento, por Crescimento Econmico devemos entender o crescimento do Produto da economia, no caso do Brasil o Produto Interno Bruto (PIB). Para ultrapassar a CPP e produzir mais bens e servios deve-se modificar a quantidade e qualidade do capital e da mo-de-obra. Isso ocorrer pelo aumento e melhoria da fora de trabalho (investimentos em educao), aumento no estoque de capital e avanos tecnolgicos. Estudos mostram que para que se possa aumentar o PIB brasileiro em mais 3%, o investimento em capital fsico (FBKF) deve ser aumentado na ordem de 10% (relao capital-produto de 3). No podemos esquecer que crescimento econmico o crescimento da economia (Produto e Renda). Por sua vez, quando falamos de melhoria na qualidade de vida da populao (saltos em educao, melhoria de sade, segurana pblica, saneamento bsico, ou seja, no bem estar) estamos falando de Desenvolvimento Econmico. Repare que os dois conceitos so consequncias e se entrelaam, pois, como vimos, s se melhora a mo-de-obra atravs de investimentos na educao, que leva cidadania e ao desenvolvimento econmico e social. Um crescimento econmico robusto se d por altas taxas de poupana, que como j vimos uma condio obrigatria para o investimento (acumulao de capital). Esse crescimento dever se transformar no longo prazo em desenvolvimento econmico, desde que a renda no se concentre (como no caso brasileiro) e se respeite os limites da natureza do pas.

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    B) INSTRUMENTOS DE POLTICA MACROECONMICA

    Depois que Keynes mostrou ao mundo que o governo deveria atuar de forma marcante na economia para corrigir as imperfeies do sistema (diferente dos economistas clssicos que acreditavam na Mo-Invisvel, ou seja, que o prprio sistema corrigia as imperfeies e que a ao do Estado/Governo era indispensvel), os governos de praticamente todas as economias capitalistas de mercado atuam sobre a capacidade produtiva (OFERTA AGREGADA) e nas despesas planejadas (DEMANDA AGREGADA). OFERTA AGREGADA: quantidade de bens ou servios que o conjunto dos ofertantes produz e oferece ao mercado, em determinado perodo de tempo e por determinado preo soma das ofertas individuais. DEMANDA AGREGADA: quantidade de bens e servios que a totalidade dos consumidores deseja e est disposta a adquirir em determinado perodo de tempo por determinado preo e a soma de todas as demandas individuais desse produto.

    So estes os instrumentos de Poltica Macroeconmica: 1 POLTICA FISCAL = Todos os instrumentos de que o governo dispe para a arrecadao de tributos (poltica tributria) e controle de suas despesas (poltica de gastos). Mas, o que acontece quando o governo gasta mais dinheiro do que arrecada? A resposta simples: a mesma coisa de quando voc gasta mais do que ganha, ou seja, dvida. Para se endividar o governo emite ttulos pblicos, que qualquer um, pessoas, bancos ou empresas podem comprar. Quando esses agentes compram os ttulos do governo e o pagam em dinheiro, o governo usa esse dinheiro para tapar seus gastos acima do oramento. O nome dessa venda e tambm compra de ttulos open market.

    Mas existem outras hipteses. Se o objetivo da poltica fiscal for a reduo da inflao, por exemplo, o governo tentar diminuir os seus gastos pblicos e aumentar a carga tributria para diminuir o consumo das famlias e o investimento das empresas. Essa ser a poltica fiscal contracionista ou restritiva.

    Se objetivo for o contrrio, isto , maior crescimento e maior emprego, o governo faria como recentemente fez: diminuiria os impostos (IPI para os carros) e aumentaria os seus gastos, para que a economia pudesse alavancar e crescer mais. Essa ser a poltica fiscal expansionista.

    Viu como fcil entender? 2 POLTICA MONETRIA = Se refere quantidade de moeda, crdito e taxas de juros controladas pelo governo. Dependendo da poltica monetria que o governo

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    determinar ele sempre lidar com diferentes desejos de dois grupos, os produtores/consumidores (pessoas que desejam consumir e empresas que desejam emprestar dinheiro para investir na produo) ou os especuladores (agentes que desejam ganhar dinheiro sem nada produzir, sempre almejando juros maiores para multiplicar seu dinheiro). A poltica monetria tem como um dos principais objetivos controlar a liquidez da economia, ou seja, a quantidade de moeda disponvel, que pode ser gasta de imediato. Para isso o governo possui um verdadeiro arsenal de instrumentos. So eles: a) emisses de moeda: o governo pode injetar mais moeda na economia, se decidir. bom lembrar que a emisso de moeda sem lastro (garantia) na produo de bens e servios, pode causar inflao de demanda. b) as reservas compulsrias: o dinheiro dos bancos comerciais retidos pelo governo. Trata-se de uma parte, principalmente dos depsitos feitos vista pelo pblico nos bancos, que fica retida numa conta vinculada ao governo. Se os bancos emprestassem tudo que entra de depsitos em seu caixa o efeito multiplicador da moeda seria grande, tambm podendo causar inflao. c) open market: compra e venda de ttulos pblicos. Quando o governo quer diminui a liquidez da economia, vende os seus ttulos e retira dinheiro do pblico; quando quer aumentar, recompra os ttulos. Vai depender se a poltica monetria do momento for restritiva ou expansionista. d) o redesconto: emprstimos do governo aos bancos comerciais. Quando os bancos comerciais no conseguem fechar seu caixa, optam por uma linha de crdito do governo. O aumento ou diminuio dessa taxa, dependendo do interesse da poltica monetria, far com que os bancos emprestem menos dinheiro. e) o controle sobre o crdito e taxas de juros. Juros o preo da moeda. Quanto maior for a taxa de juros da economia, mais difcil ser para as pessoas e empresas tomarem dinheiro emprestado; melhor ser a vida dos especuladores. A taxa de juros utilizada pelo governo a famosa SELIC (Sistema Especial de Liquidao e de Custdia. Essa taxa determina a taxa que os bancos cobraro das pessoas fsicas e jurdicas. 3 POLTICA CAMBIAL E COMERCIAL = Atuam sobre as variveis relacionadas ao setor externo da economia, ou seja, a relao comercial com outros pases. Trata-se da taxas de cmbio (fixo ou flutuante), incentivo s exportaes ou desestmulos s importaes, etc. Ser tratado em aula separada. 4 POLTICA DE RENDAS (CONTROLE DE PREOS, SALRIOS, ALUGUIS) = Normalmente utilizados no controle da inflao, agindo diretamente sobre as rendas (salrios, lucros, juros e aluguel). Tambm pode estar condicionada a programas de cunho social, de forma a manter a demanda agregada.

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    EXERCCIOS 1 Quando o Governo estoura seu oramento, ele: a) Emite dinheiro; b) Emite obrigaes; c) Emite ttulos pblicos; d) Emite oramento; e) Nenhuma das anteriores. 2 So instrumentos de Poltica Monetria: a) Redesconto, over night, compulsrio; b) Compulsrio, taxa de desconto, juros; c) Taxa de juros, redesconto, compulsrio; d) Tributos, cmbio desvalorizado, redesconto. e) Nenhuma das anteriores. 3 - Qual a sua opinio sobre os programas sociais de renda, como o Bolsa Famlia? 4 Se o PIB brasileiro crescer 10% em 2011, ocorreu crescimento econmico ou desenvolvimento econmico? 5 Por que o Brasil no um pas desenvolvido como a Sucia ou Noruega? Cite os 5 principais motivos para essa situao. 6 Voc o Ministro da Fazenda de um pas onde a grande liquidez fez com que as pessoas tivessem muito mais acesso s mercadorias e ao crdito. De tanta demanda a inflao promete disparar. Quais medidas de poltica monetria voc deveria tomar? 7 Cite uma medida de poltica fiscal que pode ser adotada em meio de uma grande recesso econmica.

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    AULA 8 - CONTABILIDADE SOCIAL A Contabilidade Social ou Contabilidade Nacional registra a atividade econmica global de um pas num perodo determinado. realizada pelo mtodo das partidas dobradas (um crdito pede um dbito) e os pases seguem um modelo determinado pela Organizao das Naes Unidas, ONU.

    A) SETORES DA ECONOMIA: So trs: Setor Primrio, Setor Secundrio e Setor Tercirio. 1 Primrio = Confere a produo da agricultura, pecuria, pesca e extrao vegetal; 2 Secundrio = Confere a produo da indstria e da extrao mineral; 3 Tercirio = Confere os servios, comrcio, transportes e comunicaes, servios pblicos.

    B) AGENTES ECONMICOS: So as entidades que realizam as transaes econmicas. Esto classificados

    em Empresas, famlias, Governo e o Resto do Mundo. 1 Empresas = Como j vimos, entidades produtoras de bens e servios. Para produzir bens e servios, compram os fatores de produo das famlias (terra, capital e trabalho), pagando a eles uma remunerao. 2 Famlias = Entidades que fornecem os fatores de produo s empresas e, numa economia completa, tambm ao Governo. 3 Governo = constitudo pelos rgos da Administrao Direta, de nvel federal, estadual e municipal, que prestam servios que so consumidos pela coletividade, como a defesa nacional, administrao da justia, educao etc. O Governo no tem o objetivo de conseguir lucro. Suas empresas pblicas e de sociedade mista esto includas como Empresas. 4 Resto do Mundo = So todas as entidades que praticam atos econmicos com o pas que se elabora a Contabilidade Social e que tenham a sua residncia fora das fronteiras geogrficas deste. Se estivermos trabalhando com a Contabilidade Social do Brasil, o resto do mundo so os agentes dos outros pases.

    C) PRODUTO, RENDA E DESPESA PRODUTO: o valor de todos os bens e servios finais produzidos em determinado perodo de tempo. Bens finais porque no se consideram os bens e servios intermedirios, como matria-prima e componentes, para que no haja mltipla

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    contagem. O Produto definido por um perodo de tempo, ou seja, o Produto brasileiro de 2004 so todos os bens e servios produzidos e realizados em 2004. Os estoques anteriores a esse ano no contam como Produto de 2004, e sim numa conta de variao de estoques. O Produto de uma a soma dos produtos do setor primrio, secundrio e tercirio. No Brasil a principal nomenclatura de produto est no PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, tudo que foi produzido em territrio nacional livre de depreciao. O PIB brasileiro em 2010 foi de R$ 3,675 trilhes, que dividido pela sua populao, resultar em aproximadamente R$ 19.016,00 por habitantes ao ano, cerca de R$ 1.585,00 ao ms. RENDA: Total de pagamentos feitos aos fatores de produo que foram utilizados para a obteno do Produto da economia. E a quem so pagas as remuneraes dos fatores de produo? Ora, s famlias! Renda = salrios (w) + juros (j) + aluguis (a) + lucros (i) RN = w + j + a + l Vejamos um exemplo do envolvimento entre Produto e Renda. Supondo uma economia que seja composta apenas de uma empresa agrcola que use trabalho, terra, mquinas e equipamentos, e capital de giro emprestado para produzir soja e trigo. O Produto e a Renda dessa economia seriam, por exemplo: PRODUO RENDA Valor total da produo de soja 600.000 Valor total da produo de trigo 400.000 1.000.000

    Total dos pagamentos de salrios 800.000 Aluguel da Terra 80.000 Juros pagos 20.000 Lucros 100.000 1.000.000

    DESPESA: E se toda essa produo fosse comprada? Podemos imaginar essa hiptese em nosso exemplo citado. Supondo que as famlias, as empresas, o governo e alguns pases de fora comprassem todo o 1.000.000 de soja e trigo que nossa simples economia produziu. Essa seria a Despesa Nacional, que o gasto dos agentes econmicos com o produto nacional. Mais especificamente: Despesa Nacional = despesas das famlias (c) + despesas das empresas (i) + despesas do governo (g) + despesas lquidas do setor externo (X M)

    D = C + I + G + X M, onde:

    C = Despesas ou consumo das famlias (bens que as famlias compram) I = Despesas das empresas, ou simplesmente, investimento. G = Despesas ou gastos do Governo para sua manuteno e para a coletividade. (X M) = Despesas do Setor externo. Deveria ser somente os gastos que o resto do mundo teve comprando a mercadoria do nosso pas, mas, voc esqueceu que as

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    nossas empresas tambm gastaram - compraram (importaram) mercadorias ou servios dos outros pases? IMPORTANTE! IMPORTANTSSIMO! IMPORTANTE DEMAIS! Voc j diagnosticou uma das principais identidades da Macroeconomia, na qual: PRODUTO = RENDA = DESPESA

    D) VALOR ADICIONADO Para a perfeita medio do Produto da economia costuma-se medi-lo pelo mtodo do Valor Adicionado por cada setor. Consiste em calcular o que cada ramo de atividade adicionou ao valor do produto final, em cada etapa do processo produtivo. VALOR ADICIONADO = VALOR BRUTO DA PRODUO CONSUMO DE PRODUTOS INTERMEDIRIOS (MATRIA-PRIMA E COMPONENTES) O Valor Bruto da Produo (VBP) o faturamento, a receita de vendas de cada setor produtivo. a renda gerada por cada setor de atividade na cadeia de produo. Retirando da receita de vendas os gastos com a compra de bens intermedirios, o que sobra a remunerao dos fatores de produo de cada setor. Vamos usar um exemplo parecido com o anterior: TRIGO FARINHA PO a) Receita de Vendas b) Compras Intermedirias Valor Adicionado (a b)

    100.000 0 100.000 + renda paga pelo setor de trigo aos fatores de produo (VA trigo)

    400.000 100.000 300.000 + renda paga pelo setor de farinha aos fatores de produo (VA farinha)

    1.000.000 400.000 600.000 = renda paga pelo setor de panificao aos fatores de produo (VA po)

    PN = DN = 1.000.000 1.000.000 = RN

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    Portanto: P = D = R = VA = 1.000.000 PROFESSOR, MAS SE AS EMPRESAS NO VENDEREM TODAS AS SUAS

    MERCADORIAS? HAVER UM ESTOQUE, NO VERDADE? Nesse caso a produo no vendida faz parte do Produto, pois foi fabricada no perodo em questo. Mas, como Produto Nacional e Despesa Nacional so iguais, os bens que no foram vendidos devero ser comprados pelos prprios fabricantes e tidos como estoques. Isso no absurdo. Mais tarde, no outro ano, se as Despesas forem maiores que o Produto (contrrio) haver uma variao de estoques negativa, consumindo os estoques iniciais. H um item especial na Contabilidade Social voltado apenas para essa situao, chamado de variao de estoques. EXERCCIOS 1 O que voc sabe sobre os setores da Economia? 2 Quem so os agentes econmicos e quais so as suas atribuies? 3 O Setor Primrio tem o Valor Bruto da Produo no valor de 10.000.000. O Setor Secundrio de uma economia tem o Valor Bruto de Produo de 15.000.000, sendo 3.000.000 de compras intermedirias do Setor Primrio. O Setor Tercirio da economia tem um Valor Bruto de Produo de 12.000.000, mas usou 7.000.000 do Setor Secundrio. Em tal caso, qual o valor do Produto Nacional? a) 37.000.000 b) 10.000.000 c) 27.000.000 d) 24.000.000 4 (Esaf/AFPS 2002). Considere uma economia hipottica que s produza um bem final: po. Suponha as seguintes atividades e transaes num determinado perodo de tempo: * o setor S produziu sementes no valor de 200 e vendei para o setor T; * o setor T produziu trigo no valor de 1.500, vendeu uma parcela equivalente a 1.000 para o setor F e estocou o restante. * o setor F produziu farinha no valor de 1.300. * o setor P produziu pes no valor de 1.600 e vendeu-os aos consumidores finais. Com base nessas informaes, o produto dessa economia foi, no perodo, de: a) 1.600 b) 2.100 c) 3.000 d) 4.600 e) 3.600 5 (ANPEC 2008). Julgue a afirmativa abaixo: Um bem produzido em 2000 e vendido em 2001. Este bem contribuiu para o PIB de 2000, no para o PIB de 2001.

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    AULA 9 - MACROECONOMIA: MAIS AGREGADOS

    A) CONCEITO DE POUPANA (S) Poupana a parcela da Renda Nacional que no foi consumida no perodo, isto , da renda que foi gerada e paga aos donos dos fatores de produo (salrios, juros aluguis e lucros), parte no gasta com o consumo. S = R C (C = Consumo agregado) (S = Poupana, do ingls Saving)

    B) CONCEITO DE INVESTIMENTO (I) Investimento o gasto com bens de capital novos (representam aumento na capacidade produtiva) pelas empresas com o objetivo de ampliar ou melhorar a sua capacidade produtiva. Alm dos gastos com bens de capital (mquinas e equipamentos novos) na economia, quando as famlias compram imveis novos, estes tambm so considerados investimentos porque aumentam a capacidade de consumo da economia. Esses dois tipos de investimento tambm so chamados de Formao Bruta de Capital Fixo. A construo de pontes, escolas, estradas, ferrovias e aeroportos tambm conta como FBKF. Quando h variao de estoques na economia, ou seja, quando no foi consumido tudo o que foi produzido, essas variaes so consideradas tambm investimentos, sendo contabilizadas como j dissemos como Variao de Estoques. A soma da Formao Bruta de Capital Fixo mais a Variao de Estoques igual ao Investimento Total. Ento, conclui-se que: I = P C I = AQUILO QUE NO FOI CONSUMIDO I = Fbkf + E (Investimento em bens de Capital + Variao de estoques) NO CONFUNDA: Aplicao em aes, ou CDB ou Poupana em Bancos Comerciais com o investimento econmico explicado acima! Este sim o verdadeiro sentido de Investimento na Economia!

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    IDENTIDADE CONTBIL ENTRE A POUPANA E O INVESTIMENTO Esta uma das principais identidades macroeconmicas. Ento se... P = C + I Onde: P = Produto C = Consumo I = Investimento P = C + S Onde: P = Produto C = Consumo S = Poupana Conclumos que: C + I = C + S Ou I = S Ento, caro aluno, voc deve estar pensando (corretamente) e concluindo que so as poupanas das famlias que financiam os investimentos das empresas. Isso feito pelo mercado financeiro. A renda no consumida pelas famlias aplicada na aquisio de ativos financeiros, como depsitos, ttulos, fundos de investimento, que rendem juros. Ento as instituies financeiras usam esse dinheiro para a disposio das empresas, que realizam os seus investimentos. Alm disso, os lucros que as empresas no distribuem por algum motivo e os gastos em depreciao tambm so investimentos.

    C) PRODUTO REAL E PRODUTO NOMINAL (o problema da inflao)

    O Produto Nominal o valor do Produto medido em termos da moeda

    corrente do pas. Ele pode aumentar ou diminuir em funo tanto das variaes nos preos quanto nas variaes das quantidades produzidas de bens e servios.

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    O Produto Real corresponde ao total fsico das mercadorias e servios. Temos que medi-lo apenas quando h variao da quantidade de mercadorias e servios. Elimina-se, portanto, o aumento de preos (inflao), sendo ento a medida correta para saber a variao do produto numa economia. Vejamos um exemplo: DADOS DE DELLAMURA OCIDENTAL

    Ano Produto Nominal ndice de Preos Produto Real Cresc. Real 1990 1991

    12.000,00 15.840,00

    100 120 (inflao 20%)

    12.000,00 13.200,00

    10%

    Chegamos ao Produto Real de 13.200,00, o que quer dizer que a economia no cresceu 20%, e sim 10%. P.real = P.nominal x (100) P.real = 15.840 x (100) ndice de preos 120 P.real 1991 = 13.200 Se o Produto Real em 1990 foi de 12.000 e o Produto Real em 1991 foi de 13.200... Cresc. P.real = P.real x (100) P.real inicial 1.200 x (100) 12.000 Crescimento do P.real = 10%

    D) PRODUTO BRUTO E PRODUTO LQUIDO

    Produto Bruto, como j vimos, a soma do valor da produo de bens e servios finais da economia sem que se deduza a depreciao. A depreciao descrita como a destruio do capital. Produto Lquido o Produto Bruto menos a depreciao.

    PRODUTO LQUIDO = PRODUTO BRUTO DEPRECIAO

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    PRODUTO BRUTO = PRODUTO LQUIDO + DEPRECIAO ATENO! ATENO! ATENO! LQUIDO REFLETE O DESCONTO DA DEPRECIAO. LOGO, TUDO QUE FOR LQUIDO (DESPESA, RENDA E PRODUTO) SER LIVRE DE DEPRECIAO.

    E) CARGA TRIBUTRIA BRUTA E LQUIDA

    Carga Tributria Bruta mede quanto da produo gerada internamente no

    pas destinada a financiar gastos do Governo atravs da receita tributria. CTB (%) = Tributos Indiretos + Tributos Diretos x 100 PIB

    Tributos Indiretos: IPI (Imposto sobre Produtos industrializados), ICMS (Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios), ISS (Impostos sobre Servios), IOF (Imposto sobre Operaes Financeiras), II (Imposto de Importao)

    Tributos Diretos: IR (imposto de renda), IPVA (imposto so