apostila de fundamentos de economia
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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA
2013/4
Professor: Ms. Romário de Souza Gollo
Curva ou Fronteira de Possibilidades de Produção (FPP) Curva ou Fronteira de Possibilidades de Produção (FPP)
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - UCS
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O JOVEM RAPAZ E A ESTRELA-DO-MAR
Um homem sábio fazia um passeio pela praia, ao alvorecer. Ao longe, avistou um
jovem rapaz que parecia dançar ao longo das ondas. Ao se aproximar, percebeu que o
jovem pegava estrelas-do-mar da areia e as atirava suavemente de volta à água. Então o
homem sábio lhe perguntou:
“O que você está fazendo?”.
“O sol está subindo e a maré está baixando; se eu não as devolver ao mar, irão
morrer”.
“Mas meu caro jovem, há quilômetros e quilômetros de praias cobertas de estrelas-do-
mar . Você não vai conseguir fazer diferença”.
O jovem se curvou, pegou mais uma estrela-do-mar e atirou-a carinhosamente de
volta ao oceano, além da arrebatação das ondas. E retrucou:
“Fiz a diferença para essa aí”.
A atitude daquele jovem representa alguma coisa de especial que existe em nós.
Todos fomos dotados da capacidade de fazer diferença.
Cada um de nós pode moldar o próprio futuro.
Cada um de nós tem o poder de ajudar nossas “organizações” a atingirem seus
objetivos.
(História inspirada em Loren Eiseley)
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AO DISCENTE
Embora os problemas econômicos sejam universais, cerca de 90% da população do
mundo estiveram relativamente resguardados dos distantes acontecimentos de mais de 95%
da história humana. Esse isolamento, contudo, não é mais possível, nem deveria ser
desejável. Uma revolução relativamente silenciosa vem se arrastando pelo mundo – a
globalização da atividade econômica. O preço dos alimentos que comemos os meios de
transportes que usamos e a ocupação que desempenhamos está entre as numerosas
atividades que talvez sejam poderosamente afetadas por acontecimentos na maior parte do
mundo.
O problema econômico básico é que todos gostariam de gastar bem mais do que
podem. Mensalidades escolares e livros provavelmente absorvem muito da renda que você
gostaria de gastar em roupas, carros e entretenimento. Você provavelmente também
gostaria de ter mais tempo para estudar, ter uma vida social mais gratificante ou dormir
mais. Seu orçamento e tempo limitados requerem decisões de como você irá gastar seu
dinheiro e suas horas. De modo similar, todas as sociedades devem escolher dentre
alternativas. Como o indivíduo e a sociedade escolhem e os efeitos de suas escolhas são os
pontos essenciais da economia.
A economia pode ser tão fascinante como nada do que você jamais estudou e, se
você for aplicado, isso parecerá natural e lógico. O entendimento da Economia capacita-o
a avaliar sistematicamente assuntos que variam das políticas governamentais até sua vida
profissional e pessoal. O modo de pensar a partir de uma perspectiva econômica pode
fornecer a você vantagens que a maioria das pessoas não tem.
Como Estudar Economia
Estudos superficiais às vésperas de exames provavelmente não serão bem-
sucedidos em um curso de economia. Não desanimar é crucial. A maioria das pessoas
aprende mais efetivamente se os conceitos forem expostos de várias maneiras em um
período de tempo. Você vai aprender mais sobre Economia e reterá melhor se você ler,
assistir, ouvir, comunicar, e então aplicar os fundamentos econômicos. O que nós
iremos estudar é muito mais do que alguns fatos e generalizações volúveis; o entendimento
de economia requer reflexão. Essa é a estratégia que os alunos consideram útil para ajudar
no estudo de economia; muitos estudantes também adaptaram essas técnicas para outras
aulas.
Ralph T. Byrns e Gerald W.Stone Jr.
A economia é composta de conceitos que poderão parecer um mistério, mas você
deve acostumar-se tanto a ouvir quanto a usar termos como custos, lucros, preços, oferta,
demanda, competitividade, e produtividade, por toda a sua vida. Portanto, economia
fará parte de sua vida para sempre, quer queira ou não.
Para Refletir...
“ Se Você acha que o conhecimento custa caro, experimente a ignorância”.
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1.1 Princípios de economia
O termo Economia origina-se das palavras gregas oikos (casa) e nomos ( normas).
Na Grécia antiga, Economia significava a arte de bem administrar o lar, levando-se em
conta a renda familiar e os gastos efetuados, durante um período de tempo. Em seu tratado,
Ho oikonomikos, Xenofonte ( 431 – 355 a .C.), ensinou as regras básicas para a
administração de uma casa, para a caça, a pesca, a agricultura e o manejo dos escravos. As
primeiras teorizações econômicas surgiram com Aristóteles (384 – 322 a. C), quando se
referiu ao valor de uso e ao valor de troca de um bem.
Quando utilizamos a palavra economia, a maioria das pessoas pensa imediatamente
em duas posições distintas: não gastar, relacionando a economizar, e ganhar dinheiro.
Vejam que economizar não significa, necessariamente, não gastar, mas não gastar pode ser
um dos componentes necessários no ato de economizar. Por outro lado, ganhar dinheiro é
efeito e não causa. Você ganha dinheiro porque aplicou algum recurso como a sua mão-de-
obra ou os seus recursos financeiros, de forma adequada. Logo, na próxima vez que você
disser a si mesmo ou a sua família “vamos economizar” esclareça que isto,
necessariamente, não significa somente não gastar, mas gastar bem ou adequadamente.
Esta é a base do conceito de economia e, como veremos mais adiante, tem uma relação
direta com eficiência na aplicação dos seus recursos.
A Economia, enquanto ciência que trata das relações do ser humano com um
mundo dotado de recursos escassos apresenta-se de forma extremamente simples: todos
nós participamos do sistema econômico do país, consumindo hoje produtos básicos ou
poupando parte de nossos rendimentos para consumo futuro. Aprende-se a economizar nas
coisas – bens e serviços – que compramos; na difícil arte da sobrevivência no mundo dos
negócios vencem aqueles que aprenderam a economizar certos fatores utilizados na
produção, melhorando sua competitividade.
1 - INTRODUÇÃO À ECONOMIA
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Se for verdade que a participação e a vivência levam ao conhecimento do
funcionamento do sistema, também o é, que vezes nos defrontamos com alguns fatos
econômicos cuja apreensão é mais difícil do que se imagina: o mercado de ações em
baixa, o índice de preços em alta, a dificuldade em obter empréstimos bancários, a
falta de certos produtos nas prateleiras dos supermercados etc.
Para explicar esses fenômenos, os economistas devotam especial predileção por
métodos quantitativos em que predominam equações diferenciais em modelos algébricos.
Mas, de forma geral, os problemas econômicos não podem ser reduzidos a fórmulas
matemáticas. Trata-se de questões relacionadas à sociedade, instituições, história, cultura,
ideologia e, o que é mais importante, refere-se ao povo, conceito que compreende o
conjunto das classes e grupos sociais – patrões, empregados, profissionais liberais,
assalariados – empenhados na solução objetiva das tarefas do desenvolvimento, que
competem a todos, sem distinção.
1.2 Definição de Economia
A economia estuda a forma na qual os indivíduos e a sociedade fazem suas escolhas
e decisões, para que os recursos disponíveis, sempre escassos, possam contribuir da melhor
forma para satisfazer as necessidades individuais e coletivas da sociedade.
“A economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com
o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os
membros da sociedade”.
Podemos também definir Economia como uma “ciência social que estuda a
administração dos recursos escassos, que possuem usos alternativos, diante das
necessidades humanas que são ilimitadas”.
De forma intuitiva, pode-se dizer que a economia se preocupa com a forma que
os indivíduos “economizam” seus recursos, isto é, de como empregam sua renda de
forma cuidadosa e sábia, de modo a obter o maior aproveitamento possível.
Essa definição contém vários conceitos importantes, que são a base e o objeto do estudo da
Ciência Econômica:
Escolha;
Escassez;
Necessidades;
Recursos;
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Produção e,
Distribuição.
Do ponto de vista da sociedade, em seu conjunto, a economia trata de como os
indivíduos alcançam o nível de bem-estar material mais alto possível a partir dos recursos
disponíveis.
A economia somente se preocupa com as necessidades que são satisfeitas por bens
econômicos, ou seja, por elementos naturais escassos ou por produtos elaborados pelo
homem.
Resumindo ao nível máximo estes conceitos, eles significam que a Economia é
mutante e que seu principal problema é conjugar a dicotomia entre recursos escassos e
necessidades humanas ilimitadas com a agravante de que os recursos podem ter usos
diversos.
No entanto, uma relação mais extensa de grandes temas de que se ocupa a
economia, incluiria:
Escassez. A escassa disponibilidade de recursos para o processo produtivo. Sua
conformação. Seus custos. Sua exaustão ou capacidade de renovação.
Emprego. O emprego dos recursos. A ociosidade dos que se encontram disponíveis.
O desemprego, suas causas e conseqüências.
Produção. O processo produtivo como categoria básica. Decorrências da produção: a
geração de renda, dispêndio e a acumulação. A riqueza, a pobreza e o bem-estar.
Agentes. Como se comportam os agentes econômicos. Em que conflitos de interesses
se envolvem. Quais suas funções típicas. Quais suas motivações.
Trocas. Fundamentos do sistema de trocas: divisão do trabalho, especialização, busca
por economias de escala. Eficiência comparativa dos sistemas de trocas em relação à
auto-suficiência.
Valor. Fundamentos do valor dos recursos e dos produtos deles decorrentes. Razões
objetivas e subjetivas que definem o valor.
Moeda. Como e por que se deu seu aparecimento. Como evoluiu. Formas atuais e
futuras de moeda. Razões da variação de seu valor. Conseqüências das duas
categorias básicas de variação do valor da moeda: a inflação e a deflação.
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Preços. Diferentes abordagens. Os preços como expressão monetária de valor. Como
resultado da interação de forças de ofertas e de procura. Como orientadores para o
emprego de recursos. Como mecanismos de coordenação do processo econômico
como um todo.
Mercados. Tipologia e características dos mercados. A procura e a oferta: fatores
determinantes. O equilíbrio, as funções e as imperfeições dos mercados.
Concorrência. Diferentes estruturas concorrências: da concorrência perfeita ao
monopólio. Impactos sociais de cada uma delas. Funções da concorrência. Razões
para controle de suas imperfeições. Razões para sua preservação.
Remunerações. Tipologia e características das diferentes formas de remunerações
pagas aos recursos de produção. Os salários, os juros, as depreciações, os aluguéis, os
royalties, o lucro. Natureza de cada uma dessas formas. Conflitos que decorrem de
cada uma de suas diferentes participações na renda da sociedade como um todo.
Agregados. Denominação dada às grandes categorias da Contabilidade Social, como
Produto Interno Bruto e a Renda Nacional. Como medi-los. O que significam. Como
empregá-los para aferir o desempenho da economia em sua totalidade.
Transações. Categorias básicas: reais e financeiras. Abrangência: internas, de âmbito
nacional; externas, de âmbito internacional. Meios de pagamentos envolvidos. Causas
e conseqüências de desequilíbrios, notadamente no âmbito externo.
Crescimento. A expansão da economia como um todo. Crescimento e
desenvolvimento: diferenças conceituais. Crescimento e ciclos econômicos.
Equilíbrio. Como se estabelece o equilíbrio geral, estático e dinâmico do processo
econômico. Como e por que, a despeito da complexa teia de relações econômicas e
dos decorrentes conflitos de interesse que as envolvem, a ordem se sobrepõe ao caos.
Quais os mecanismos que dão sustentação ao processo econômico, para que siga o
seu curso, apesar da amplitude dos movimentos de alta e de abaixa, de depressão e de
expansão.
Organização. Formas alternativas, do ponto de vista institucional, para a organização
econômica da sociedade. Antagonismo entre o capitalismo liberal e o socialismo
centralista. Matrizes ideológicas que os suportam. Padrões e desdobramentos das
alternativas extremadas. Objetivos e resultados.
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1.3 A Quantificação da Realidade Econômica
Em relação às sínteses acima, é fundamental afirmar que cada um dos temas tem
múltiplos desdobramentos. Conjuntos e subconjuntos de temas relacionados a cada um
deles poderão ser destacados, cobrindo diferentes aspectos e particularidades da vida
econômica.
Todos, porém, têm uma característica comum: são passíveis de alguma forma de
mensuração.
Essa característica costuma ser apontada como uma diferença marcante entre a
economia e outros ramos do conhecimento social. Em economia é possível:
Quantificar resultados.
Construir identidades quantificáveis.
Estabelecer relações quantitativas entre diferentes categorias de transações.
Desenvolver modelos explicativos da realidade, baseados em sistemas de
equações simultâneas.
Proceder a análises fundamentadas em parâmetros quantificados.
Desenvolver sistemas quantitativos para diagnósticos e prognósticos.
1.4 O Conceito de Economia
As pessoas necessitam alimentar-se, vestir-se, receber uma educação etc.; para isso,
há os recursos, mas a renda é insuficiente na hora de conseguir todos os bens e serviços
desejados para satisfazer suas necessidades.
A sociedade (conjunto de pessoas) tem também necessidades coletivas, tais como
estradas, defesa, justiça, etc O mesmo ocorre individualmente com as pessoas que também
tem mais necessidades do que meios para satisfazê-las. A economia se ocupa das questões
relativas à satisfação das necessidades dos indivíduos e da sociedade.
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1.5 A Economia como Ciência Social
As ciências sociais ocupam-se dos diferentes aspectos do comportamento humano.
Podem ser também caracterizadas como ciências do comportamento, ou alternativamente,
como ciências humanas. Compreendem áreas distintas, à medida que se possam
diferenciar, por sua natureza, os diferentes aspectos da ação do homem com os quais cada
uma delas se envolve.
A ciência política trata das relações entre a nação e o Estado, das formas de
governo e da condução dos negócios públicos. A sociologia ocupa-se das relações e da
organização da sociedade. A antropologia cultural volta-se para o estudo das origens e da
evolução, da organização e das diferentes formas de expressão cultural do homem. A
psicologia ocupa-se do comportamento do homem, de suas motivações, valores e
estímulos. Ao direito cabe fixar, com a precisão ditada pelos usos, costumes e valores da
sociedade, as normas de regularão os direitos e as obrigações individuais e sociais. E a
economia, que, como as demais áreas, abrangem apenas uma fração das ciências sociais,
compete o estudo da ação econômica do homem, envolvendo essencialmente o processo de
produção, a geração e a apropriação da renda, o dispêndio e a acumulação.
1.6 As Externalidades Econômicas
Uma externalidade econômica ocorre quando os custos da atividade de um agente
oneram outro. Um exemplo é a poluição, em que um agente, nesse caso uma fábrica, impõe
os custos da fumaça, rios insalubres, muito ruído etc. a uma parcela expressiva da
sociedade. Outro exemplo é a vacinação, em que todos, inclusive os não-vacinados, são
beneficiados com um risco menor de contrair uma doença. Dessa forma, temos
externalidades negativas (como poluição) e externalidades positivas ( como as vacinas).
O comportamento dos fumantes impõe externalidade negativa aos vizinhos não-
fumantes, porque afeta o seu bem-estar, já, prazer de observar o jardim de flores do meu
vizinho, é uma externalidade positiva (Robert S. Pyndyck/Daniel L. Rubinfeld, 1999).
Um objetivo importante da atividade econômica é o de alcançar eficiência no uso
dos recursos produtivos, ou seja, produzir o máximo possível com os recursos disponíveis.
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O objetivo da legislação sob a ótica da economia seria o de fomentar o máximo de
eficiência por um lado, e por outro, fazer com que os custos de cada atividade onerem
o produtor. Dessa forma, uma fabrica que poluísse deveria de alguma forma compensar os
prejudicados com a poluição.
Como compensar os prejudicados com uma determinada atividade é um grande
desafio para os legisladores, pois quase todas as atividades produtivas afetam outros
agentes, além dos produtores. Algumas leis estabelecem níveis máximos de poluição. Há
limites de emissão de gases, de ruídos etc. em quase todos os países do mundo. Em alguns
casos, determinadas indústrias estão circunscritas geograficamente. Outra forma é
estabelecer imposto maior a indústrias mais poluidoras para compensar pelo custo imposto
a toda sociedade.
A Água como um Bem Público e sua Característica de Externalidade.
Não há como dissociar a água das falhas de mercado representadas pelos bens
públicos e pelas externalidades. Com isto, estamos diante de uma ineficiência de mercado,
considerando que o valor do bem não está espelhando a realidade, dado que não foram
internalizados, ao custo pago pelo agente produtor, os danos produzidos ao meio ambiente
ou à própria sociedade. Têm-se a impressão de que, diante da regulamentação
governamental, por meio de impostos, subsídios, pelo exercício do direito de propriedade
ou até pela introdução de novas tecnologias, o problema possa ser solucionado. Estes
procedimentos, porém, dão mais conotação de penalidade, do que solução ao caso. Se não
aplicadas todas essas condições punitivas, teremos realmente solucionado o problema de
falhas de mercado? Teremos desta forma transformando um mercado ineficiente num
mercado eficiente? Serão justos e corretos os preços cobrados por este bem, mediante tais
procedimentos? Por si só, a questão é discutível. Seriam mais importantes que fossem, em
primeiro lugar, identificadas e atacadas as causas que originam tais anomalias de mercado
e não as conseqüências delas decorrentes. Se a externalidade é originária da contaminação
da água, é necessário atacar a causa desta contaminação, ou seja quem são e como agem os
agentes poluidores. Não basta e não resolve somente regular, criar imposto, conceder
incentivos etc. Mesmo que as empresas passem a internalizar tais custos, não eliminam por
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completo a poluição que produzem, muito embora passem a pagar por isto. Ao persistir
este critério, o problema fica para a sociedade, que é afetada pela poluição, tornando-se
refém desta última, acabando por absorver e consumir bens impróprios, que resultarão em
doenças, já diagnosticadas pelas autoridades sanitárias em hospitais do país.
A solução passa obrigatoriamente pela regulamentação e aplicação, na essência da
Lei das Águas, obrigando os agentes poluidores a ajustarem-se preventivamente, antes de
sua instalação, e não posteriormente, depois da externalidade criada, que é o que hoje
ocorre.
1.7 O Problema Econômico
O segundo componente da definição contemporânea da Economia é a
administração dos recursos escassos que está ligado ao problema econômico básico: a
escassez. A economia só existe porque os recursos são escassos e, portanto, necessitam ser
eficientemente administrado. Não se deve confundir escassez com pobreza. A escassez é
uma relação dos recursos disponíveis com os desejos; a pobreza é uma situação de
discrepância distributiva proveniente de políticas econômicas empreendidas. Aqui vale um
lembrete sobre a questão pobreza, já que se discute no País a implantação de um imposto
específico para fazer frente a este sério problema: pobreza não é causa, mas sim efeito da
falta de crescimento econômico e do baixo nível de educação que determina índices de
produtividade muito baixos e, por conseguinte, patamares salariais reduzidos.
O problema econômico por excelência é a escassez. Surge porque as necessidades
humanas são virtualmente ilimitadas e os recursos econômicos limitados, incluindo
também os bens. Esse não é um problema tecnológico, e sim de disparidade entre os
desejos humanos e os meios disponíveis para satisfazê-los. A escassez é um conceito
relativo, pois existe o desejo de adquirir uma quantidade de bens e serviços maior que a
disponibilidade. Essa é a questão central do estudo da Economia
Em qualquer sociedade, os recursos produtivos ou fatores de produção ( mão -de-
obra, terra, matérias-primas,capital,dentre outros) são limitados.Por outro lado, as
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necessidades humanas são ilimitadas,e sempre se renovam, por força do próprio
crescimento populacional e do contínuo desejo de elevação do padrão de vida.
Independentemente do grau de desenvolvimento do país, nenhum deles dispõe de todos os
recursos necessários para satisfazer toda a necessidade da coletividade.
1.7.1 Os problemas econômicos fundamentais
Da escassez dos recursos ou fatores de produção, associadas às necessidades
ilimitadas do homem, originam-se os chamados problemas econômicos fundamentais. O
quê produzir? Como produzir? Para quem produzir?
> o quê produzir: dada a escassez de recursos de produção, a sociedade terá de escolher,
dentro do leque de possibilidades de produção, quais produtos serão produzidos e as
respectivas quantidades a serem fabricadas;
> como produzir: a sociedade terá de escolher ainda quais recursos de produção serão
utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico existente. A
concorrência entre os diferentes produtores acaba decidindo como serão produzidos os
bens e serviços. Os produtores escolherão entre os métodos o mais eficientes, aquele que
tiver o menor custo de produção possível;
> para quem produzir: a sociedade terá também de decidir como seus membros
participarão da distribuição dos resultados de sua produção. A distribuição da renda
dependerá não só da oferta e da demanda nos mercados de serviços produtivos, ou seja, da
determinação dos salários, das rendas da terra, dos juros e dos benefícios do capital, mas
também da repartição inicial da propriedade e da maneira com ela se transmite por herança
(*)VASCOCELLOS, M. A. S. Edição Saraiva. Fundamentos de
Economia TROSTER Roberto Luiz, MOCHÓN Francisco,Ed.Makron,
Introdução à Economia;Rossetti,Ed.Atlas,Introdução à Economia.
Para Pensar ... “Você é do tamanho do teu sonho
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2. Recursos ou Fatores de Produção
“Em suas atividades de produção, os sistemas econômicos empregam o
trabalho humano, as reservas naturais e os recursos instrumentais –
mais simplificadamente, capital. Estes últimos permitem um volume de
produção maior e mais diversificado, comparativamente a uma situação
em que se aplicassem apenas o trabalho humano e as reservas naturais.
Uma das bases decisivas do progresso conseguido pela humanidade, da
pré-história aos dias atuais, fundamenta-se, precisamente, na maior
disponibilidade e na maior perfeição dos instrumentos com que se
realiza a produção. Há, todavia, limitações à continuidade infinita desse
processo. Estas decorrem de que o fluxo de recursos se deve processar
em permanente equilíbrio.A destruição das reservas naturais, a explosão
demográfica ou a instrumentação inadequada poderão comprometer as
bases da atividade de produção e, consequëntemente, a própria
sobrevivência da humanidade.”
CLAUDIO NAPOLEON
Elementi di economia política
Todas as categorias básicas de fluxos econômicos - a geração da renda, as
diferentes formas de dispêndio e a acumulação de riquezas – resultam da produção,
considerada, por isso mesmo, como atividade econômica fundamental. O estudo dessa
atividade, de suas bases, de seu significado e de seus fluxos é, assim, um bom ponto de
partida para a compreensão do processo econômico.
Os recursos de produção são também denominados fatores de produção. Eles são
constituídos pelas dádivas da natureza, pela população economicamente mobilizável, pelas
diferentes categorias de capital e pelas capacidades tecnológicas e empresariais.
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“Os recursos são os fatores de produção básicos utilizados na produção de
bens e serviços. São denominados de fatores de produção”.
Esses fatores de produção dividem se em três grandes categorias: terra, capital e
trabalho.
Para que você possa aumentar o seu padrão de consumo serão necessárias duas
situações: a) você terá que aumentar a quantidade de recursos que dispõe ou; b) você terá
que aumentar a produtividade destes recursos. A regra vale tanto para a empresa, como
para o consumidor, mas apresenta algumas diferenças fundamentais de uma para outra
ótica.
No primeiro caso, aumentar a quantidade de recursos, implica agregar, somar mais
unidades dos três grandes grupos. Se você é produtor ou empresário, a soma de mais
recursos aos já existentes deve ser, na proporção, igualitária , ou seja, se você agregar mais
capital ao seu negócio, o trabalho, expresso pela mão-de-obra, os recursos naturais e a
matéria prima deverão seguir a proporção necessária. Exemplo: se você tem uma empresa e
resolve ampliá-la, tendo para tanto a disponibilidade de capital, você, antes da aplicação
deste recurso, deverá verificar se a mão-de-obra está disponível na quantidade e qualidade
necessárias, assim como se o suprimento de recursos naturais ou matérias-primas. A
matéria prima não é um fator de produção, visto que, ela é expressa pela conjugação dos
recursos de produção em outra empresa. Caso você amplie seu negócio sem seguir esta
simples regra, incorrerá no que os economistas chamam de Lei dos Rendimentos
Decrescentes. Tal lei determina que, ao aumentar um ou dois dos recursos de produção,
permanecendo um ou dois no mesmo nível, você poderá ter, num primeiro momento,
crescimento, que, em determinado ponto, cessará e você poderá até retroceder.
Neste sentido, aumentar o fator trabalho ou o fator terra, sem proceder a ampliação
do capital, provocará a atuação da lei citada tendo como conseqüência rendimentos
decrescentes. Um exemplo muito constante disto é o crescimento de uma empresa que, sem
contar com recursos humanos adequados, cria uma estrutura que não pode ser contemplada
pela capacidade empresarial de seu diretor. Ele a tem, mas a empresa cresceu demais e os
recursos humanos inadequadamente selecionados não permitem que ele possa delegar
atribuições. Com isso, sua potencialidade já não é suficiente para controlar e gerenciar todo
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o negócio. Esta situação é conhecida como deseconomias de escala, ou seja, a empresa
cresceu, mas sua lucratividade caiu.
A ampliação dos negócios somente se realiza a partir do investimento igualitário em
todos os fatores, tendo como elemento determinante para tanto o prévio acúmulo de
poupança. Na empresa a poupança é expressa pela retenção de parte dos lucros ou pela
entrada de novos sócios. A ampliação também pode ser feita através de financiamento,
entretanto, o retorno esperado pelo investimento não deve ser inferior à taxa de juros que
será paga.
Se você conseguir estabelecer um aproveitamento dos recursos disponíveis na
empresa próximo a capacidade máxima de produção podemos afirmar que sua empresa
pratica economia. Exemplo: você possui uma fábrica de camisas com capacidade de
produzir 10.000 camisas por mês. Entretanto, estão sendo produzidas 7.000 camisas por
mês. Logo, sua capacidade ociosa é de 3.000 camisas por mês. A partir de uma análise das
causas desta capacidade ociosa você poderá determinar a prática da economia.
Sendo você consumidor, a soma de mais recursos fica restrita a sua
capacidade.Você tem como recurso a sua mão-de-obra que envolve quantitativamente o
elemento tempo disponível, ou ainda os recursos provenientes da sua poupança que
permitem somar os instrumentos de trabalho, incrementando sua renda, ou adquirindo um
bem que lhe desonere, como, por exemplo, uma casa própria.
A outra possibilidade de ampliação dos seus rendimentos passa pela maior
produtividade dos recursos disponíveis. A produtividade é expressa pela relação entre o
resultado da produção, ou o produto total e a quantidade do recurso utilizado. A sua
produtividade é medida pela quantidade de produto que você consegue produzir em
determinada unidade de tempo. Para a empresa, a produtividade é expressa em cada um
dos recursos de produção. O incremento da produtividade permite maior produção com a
mesma quantidade de recursos e, portanto, eleva os rendimentos. A base para o aumento da
produtividade é a inovação que, via de regra, tem origem no conhecimento adquirido.
Resumindo, para obtermos renda, utilizamos os recursos de que dispomos. Logo,
para ampliarmos nossa renda precisamos expandir estes recursos, seja quantitativamente,
somando maiores níveis, ou qualitativamente, através da produtividade. Como
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consumidores ou empresa, o ponto de partida para aumentar quantitativamente e/ou
qualitativamente os recursos é através da poupança. Como empresa, o aumento deverá ser
efetuado nas mesmas proporções em cada um dos recursos. Por outro lado,
qualitativamente, para a empresa, se elevam os recursos através da tecnologia e da
inovação que, via de regra, têm origem no conhecimento. Já para o consumidor, o
acréscimo qualitativo tem como caminho a educação, seja formal ou informal.
Esclarecida a importância dos recursos e a forma genérica de expandi-los, vamos
passar a análise individual de cada um dos recursos de produção.
2.l O Recurso; Fator Terra.
Do elenco de recursos que os sistemas econômicos mobilizam no desencadeamento
do processo de produção, as reservas naturais, ou o fator terra constituem a base sobre a
qual se exercem as pressões e as atividades dos demais recursos.
As reservas naturais, renováveis ou não, encontram-se na base de todo o processo
de produção. As dádivas da natureza, aproveitadas pelo homem em seus estados naturais,
ou então transfomadas, encontram-se presentes em todas as atividades de produção.A
própria localização espacial dos agrupamentos humanos foi históricamente condicionado as
dispersão e aglomerações do homem nos diferentes espaços continentais, certamente as
disponibilidades de fatores naturais e seu aprendizado de como vencer e aproveitar as
forças da natureza atuaram como fatores condicionantes da cnstituição e da perpetuação
das nações, de sua scenção a seu declínio.
A disponibilidade das reservas naturais,todavia, não dependem apenas dos níveis e
das dimensões de suas ocorrências, mas também de sua interação com os demais fatores
de produção, notadamente a capacidade tencológica. É a partir da interação com os demais
fatores que se viabiliza seu efetivo aproveitamento. E este depende também dos diferentes
estágios da consciência social sobre sua preservação e reposição.
O fator terra compreende tanto a destinada para produção agrícola, como a de uso
urbano, assim como os minerais, a água, o clima ou a mata, desde que tenham a
possibilidade de uso econômico racional, gerando renda e, na relação custo benefício
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(custo de oportunidade) não se traduzam em efeitos danosos às pessoas, impingindo ao
conjunto da sociedade custos muito superiores a sua exploração.
A terra é a base de toda a produção, iniciando pela nossa alimentação e passando
pela variada quantidade de produtos derivados, por exemplo, do petróleo. È um recurso tão
fundamental que os núcleos populacionais sempre procuram se concentrar nos locais onde
ele é abundante e de fácil acesso, além de apresentar boa qualidade, como no caso do solo
agricultável.
Para podermos otimizar o uso do recurso terra necessitamos de algumas premissas,
quais sejam, o conhecimento, a tecnologia e o acréscimo quantitativo fazendo uso
adequado e tendo a disponibilidade dos instrumentos necessários.
O conhecimento deverá ser usado para extrair deste recurso todas as possibilidades
já estudadas e comprovadas como viáveis dentro da ótica do uso econômico racional.
Através do conhecimento poderemos buscar novas formas de exploração, aumentando os
rendimentos provenientes e viabilizando seu uso sem degradação.
A tecnologia é uma aliada do conhecimento e fruto deste. Com ela é possível
aumentar a produtividade com a mesma quantidade do recurso e, em decorrência, obter seu
melhor uso.
O acréscimo quantitativo, por sua vez, incorporará a possibilidade de produção em
níveis mais elevados. Caso você utilize todo o conhecimento e a tecnologia disponíveis e
esteja praticando o uso adequado, assim como tenha a disponibilidade dos instrumentos
necessários, só restará para a ampliação dos seus rendimentos o acréscimo quantitativo do
recurso. Ele representará, sempre, não só o resultado quantitativo como qualitativo, visto
que, se está sendo incorporado, é porque não estava sendo usado na sua potencialidade
total o que significa que não estava sendo utilizado com economia. Neste sentido, o não
uso de uma área produtiva, assim como seu uso de forma inadequada, é um desperdício
econômico e social inaceitável. O mesmo raciocínio vale para qualquer outro elemento do
recurso terra e dos demais fatores de produção. A água potável é um exemplo bem presente
e constantemente lembrado. Seus mananciais são esgotáveis e seu desperdício por uso e
contaminação é enorme. Diante disto podemos antever o aumento da escassez deste recurso
e sérias dificuldades para toda a humanidade.
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Condições que expandem as bases das
reservas naturais economicamente
aproveitáveis
Condições que restringem a ação do
homem sobre as reservas naturais
economicamente aproveitáveis
>Estágio do conhecimento humano.
>Disponibilidade de instrumentos
exploratórios.
>Avanços sobre novas fronteiras.
>Processos de renovação e de reposição.
>Processos de reciclagem de materiais
básicos já trasnformados e rejeitados.
>Níveis de exaustão das reservas minerais
aferidas.
>Ameaça de extinção de espécies vegetais e
animais.
>Degradação de macrodisponibilidades
naturais.
>Conciência preservacionista.
>Restrições legais , condicinantes da forma
de acesso e de exploração econômica.
Quadro-A discutível fixidez do fator terra: a expansão e as limitações
Fonte:Rosssetti;Introdução à Economia.ediora atlas
2.1.2 A Limitada Dotação do Fator Terra
A dotação do fator terra expressa-se por magnitudes das seguintes ordens de
grandeza:
> A disponibilidade de solos potencialmente aproveitáveis para a agricultura é de
3,2 bilhões de hectares.
> As águas dos mares e oceanos totalizam 1,4 bilhão de quilômetros cúbicos.
> Estão em movimento nas bacias hidrográficas continentais, constituídas pelos rios
e seus alfuentes, outros 20 milhões de quilômetros cúbicos de águas.
> Há 1.560.000 formas de vida que habitam a Terra. Considerando-se as cadeias de
sustentação dos ecossistemas, todas têm, ainda que remota ou indiretamente, algum tipo de
relação com interêsses econômicos de exploração.
> O sol, 1.500.000 vezes maior que a Terra, é uma fonte inesgotável de energia,
disponível por ainda 5 milhões de anos.
Essas magnitudes não significam, porém, que a dotação do fator terra seja ilimitada.
Como todos os demais fatores de produção, as reservas naturais são escassas. Elas são
18
passíveis de exaustão e seu aproveitamento pressupõe a aplicação dos demais recursos de
produção, cuja disponibilidade também é escassa.
2.2 O Recurso; Fator Capital.
O fator capital deve ser compreendido sobre dois ângulos: o capital econômico e o
financeiro.
O capital econômico abrange os prédios, máquinas, equipamentos, rodovias,
escolas, hospitais, inovações pelo conhecimento, redes de energia e todas as demais
existências físicas ou não que possibilitem produzir ou elevar a produção.
A origem do capital econômico é o investimento que é propiciado pela
poupança. A poupança é a parcela da renda não destinada ao consumo; portanto, o nível
de investimento será determinado pelo dela – poupança -, originando uma opção que se
coloca a você, à empresa ou ao país de decidir entre a proporção da renda destinada ao
consumo e a poupança. Pessoas, empresas ou países que optarem por destinar parcela
maior de sua renda à poupança, terão maior nível de crescimento. Vale lembrar que
também não é necessário destinar à poupança níveis muito elevados. A partir da situação
individual de cada um dos agentes citados (pessoas, empresas ou países), haverá o
estabelecimento do patamar adequado de poupança. Destinar parcelas exageradas da renda
à poupança pode determinar situações de desajuste em todos os níveis. Pessoalmente pode
significar um patamar de sacrifício desnecessário e o exemplo é a figura do ermitão
avarento. Para a empresa desestímulo aos acionistas devido ao baixo retorno ou a
incidência da Lei dos Rendimentos Decrescentes. Esta situação tem dois ângulos: se o
excesso de poupança se transformar em investimento pode ocorrer os efeitos da lei citada;
se o destino for o lucro transformado em retirada, a empresa não apresentará crescimento.
Já para o País, o resultado do excesso de poupança é a retração da atividade econômica,
normalmente expressa por desemprego. O exemplo contemporâneo que podemos utilizar é
o do Japão. O povo japonês, com medo de perder o emprego pelo avanço tecnológico,
aumentou sensivelmente o seu nível de poupança. O resultado desta ação foi a retração do
consumo e, portanto, da atividade econômica aumentando, assim, o desemprego.
A forma de aumentar o capital é, portanto, através do acúmulo de poupança,
pressupondo-se que seus elementos (prédios, máquinas, equipamentos, etc.) estejam sendo
19
utilizados adequadamente, ou que, em outras palavras, não estejam ocorrendo desperdícios,
como não aproveitar em todo o seu potencial uma máquina, equipamento ou prédio, ou
ainda, construir uma estrada que leva do nada a lugar nenhum.
Você pode estar se perguntando porque incluímos no capital econômico as escolas e
hospitais. Veja que dissemos que são considerados como capital todas as possibilidades de
produzir ou elevar a produção. Uma escola possibilita conhecimento e este eleva a
produtividade, atingindo assim a definição inicial. O mesmo raciocínio vale para um
hospital.
Na otimização do capital, dentro dos parâmetros que já citamos (aumentar o
investimento ou o uso adequado), devemos considerar que uma parcela do acréscimo deste
fator será destinada para repor o desgaste dos bens de capital já existentes (depreciação).
Portanto, do montante de capital realizado, conhecido como investimento bruto, devemos
descontar a parcela que se destina à depreciação, resultando desta subtração o investimento
líquido, ou seja, o incremento real do estoque de bens de capital. O componente
depreciação é, principalmente em pequenas e médias empresas, esquecido na hora de
compor os custos determinando um ciclo de vida do negócio muito curto, pois, quando
ocorre a necessidade de repor os bens de capital, não ocorreu o acúmulo prévio para tanto.
Os conceitos aqui expostos a cerca do capital econômico valem tanto para a
empresa quanto para você consumidor. Para o consumidor, a melhor forma de incrementar
seus recursos é, sem dúvida, a educação que, embora exija sacrifício no consumo e no
lazer, permitirá qualificação e, portanto, melhores possibilidades de renda. Esta educação
obrigatoriamente não é a educação formal, mas qualquer tipo de treinamento ou curso que
permita a agregação de conhecimentos traduzidos em novas técnicas e maior
produtividade.
Quanto ao capital financeiro, se direcionado para o investimento,
automaticamente se transformará em capital econômico. Caso contrário seu destino será o
mercado financeiro, possibilidade em que não estará gerando incremento na economia
como um todo, mas apenas procedendo a transferência de renda de quem toma moeda
emprestada para quem aplicou. Este mecanismo, em períodos de alta inflação, transforma-
se num brutal elemento de concentração de renda e é conhecido como imposto
inflacionário.. O grande determinante do rumo que tomará o capital financeiro é a
20
taxa de juros real (descontada da inflação). Se ela for elevada, propiciando rendimento
superior ao retorno do investimento, você ou a empresa, optarão por deixar o recurso no
rendimento financeiro, adiando a realização dos investimentos. Portanto, é importante que
fique claro a diferença entre aplicação financeira e investimento. Somente este último gera
renda e emprego proporcionando crescimento econômico e desenvolvimento.
Enquanto os bens de consumo se orientam para a satisfação direta das necessidades
humanas, os bens de capital ou de investimentos, não estão concebidos para satisfazer às
necessidades humanas, mas para serem utilizados na produção de outros bens. Se
dedicarmos certa quantidade de recursos para produzir bens de capital, eles nos
satisfarão no futuro, quando forem utilizados na produção de bens de consumo.
O capital empregado na produção pode dividir-se em capital fixo e capital
circulante. O capital circulante consiste nos bens em processo de preparação para o
consumo, basicamente matérias-primas e estoques, enquanto que o capital fixo consiste em
instrumentos de toda a espécie, incluindo edifícios, maquinaria e equipamentos.
Há também o capital humano: educação, formação profissional e experiência, em
geral, tudo que eleva a capacidade produtiva dos seres humanos e, o capital financeiro:
fundos disponíveis para a compra de capital físico ou ativo financeiros.
2.3 O Recurso; Fator Trabalho.
O fator trabalho, do qual o consumidor é o grande proprietário, possui, como
componente de sua expansão quantitativa, a taxa de natalidade que define o tamanho da
população economicamente ativa. No campo qualitativo, a expansão do fator trabalho se dá
pela sua qualificação profissional. Aqui vale lembrar a Lei dos Rendimentos Decrescentes,
que citamos quando da análise da expansão dos fatores de produção, onde dizíamos que a
ampliação dos fatores deve se dar de forma igualitária entre os três grandes grupos. Logo,
se tivermos uma taxa de natalidade em níveis muito elevados, desproporcional ao
crescimento dos fatores capital (investimentos) e terra, teremos como resultado
rendimentos decrescentes. Nada mais real do que a atuação desta lei na economia
brasileira. Nossa situação já foi mais crítica nas décadas de 60 e 70 quando atingimos
respectivamente um crescimento populacional da ordem de 5,60% e 4,05% (IBGE). A
partir da década de 80, com a crise instalada e a saída da mulher para o mercado de
21
trabalho, além de outros fatores de ordem cultural, esta taxa entrou em declínio, fechando o
período 80 a 90 em 3,01% (IBGE). A taxa de fecundidade, que exprime a relação entre os
nascimentos e o número de mulheres em idade fértil (dos 15 aos 44 anos), acompanhou
esta tendência de queda, passando de 5,76 em 1970 para 4,0 em 1980 e 2,7 em 1990
(IBGE). Dizem os maldosos que um dos componentes culturais desta tendência de queda
no crescimento populacional é fruto da expansão da quantidade de televisores nos lares
brasileiros. Não temos conhecimento de nenhum estudo científico a respeito, a não ser
depoimentos pessoais, entretanto, a disseminação de métodos anticoncepcionais é,
comprovadamente, um dos itens que constituem os fatores que explicam tal redução.
Descontando-se da população total os muito idosos e os em idade não apta para o
trabalho, teremos a população economicamente mobilizável. Subtraindo desta os que não
estão procurando trabalho (estudantes e donas de casa) teremos a população
economicamente ativa, que podemos subdividir em empregados e desempregados. Estes
conceitos ainda podem ser mais explicitados, definindo-se, por exemplo, o que é
desempregado (biscateiro é ou não é?) e, por conseguinte empregado, ou ainda a idade
efetiva para entrada ou saída do mercado de trabalho. É nesta explicitação dos conceitos
que residem as diferenças entre os índices de desemprego, por exemplo, do IBGE e
DIEESE. Taís diferenças compõem a metodologia de cálculo do índice. O indicador da
relação entre o crescimento populacional e o produto (crescimento econômico) é a renda
per capita. Esta é resultado da divisão do produto total pela população total, indicando a
distribuição igualitária do produto e o patamar de acesso da população aos bens e serviços.
Se cresce a população de forma proporcionalmente maior que o produto, o resultado será a
queda da renda per capita e, portanto, menor acesso aos bens e serviços.
A expansão qualitativa do fator trabalho tem como propulsor maior a
educação. Entretanto, as características pessoais também podem ajudar neste sentido. Você
pode, conforme já vimos, aumentar sua produtividade e, por conseguinte suas
possibilidades de maior rendimento com a educação. Por outro lado, você pode ser
portador de habilidades específicas desenvolvidas por sua personalidade ou convívio que
lhe permitem desempenhar com desenvoltura determinadas tarefas. Esta última
possibilidade é exceção, mas há vários casos expressos por pessoas sem nível educacional
22
que atingiram sucesso pessoal e profissional através da exploração de elementos de sua
personalidade. Ampliaremos este assunto na 5ª lição.
Assim, a expansão quantitativa do fator trabalho é determinada pela taxa de
fecundidade ou natalidade e a qualitativa pela aquisição do conhecimento ou
desenvolvimento de características pessoais.
A otimização do trabalho se dá por seu uso adequado, expresso pela expansão
qualitativa (educação) e o melhor aproveitamento do tempo.
Enfim, o fator trabalho refere-se às faculdades fisicas e intelectuais dos seres
humanos que intervêm no processo produtivo.
ROSSETTI.Introdução à Economia, editora Atlas,TROSTES /MOCHÓN.Introdução
à Economia.Editoira Makron.
Para Pensar ...
“ Mesmo na pior das circunstâncias, há um aspecto positivo se você tiver
coragem de procurá-las”.
23
3. Conjunto de Oportunidades e Trade-offs (*)
Os sistemas de mercados deixam nas mãos das pessoas e empresas a decisão de
selecionar o que consumir e o que produzir. Como são tomadas essas decisões?
No caso de pessoas e empresas racionais, o primeiro passo da análise econômica de
qualquer escolha é identificar o que é possível – que os economistas denominam de
conjunto de oportunidades e que é simplesmente uma lista de opções disponíveis. Se
você quer um sanduíche e na geladeira só há presunto e queijo, então seu conjunto de
oportunidades se resume a um sanduíche de presunto, um sanduíche de queijo, um misto
ou nenhum sanduíche. Um sanduíche de peito frango está fora de questão. Definir as
limitações com que se depara a pessoa ou a empresas é um passo fundamental em qualquer
análise de escolhas. Podemos passar o tempo ansiando pelo sanduíche de peito de frango
ou qualquer outra coisa que estiver fora do conjunto de oportunidades, mas quando se trata
de fazer escolhas e enfrentar decisões, apenas o que está dentro do conjunto é relevante.
De modo que o primeiro passo na análise das escolhas é identificar o que está
dentro do conjunto de oportunidades.
Conjunto de oportunidades de Andréa
CDs DVDs
0
2
4
6
8
10
12
6
5
4
3
2
1
0
Restrição Orçamentária e Restrição do Tempo
As restrições limitam as escolhas e definem o conjunto de oportunidades. Na maior
parte das situações econômicas, as restrições que limitam as escolhas de uma pessoa - isto
é, as restrições realmente relevantes - são tempo e dinheiro.
As restrições impostas pelo dinheiro são denominadas restrições orçamentárias;
aquelas determinadas pelo tempo disponível são chamadas de restrições temporais. Um
24
bilionário pode achar que suas escolhas não são limitadas pelo dinheiro, mas pelo tempo; já
um trabalhador desempregado verá que suas escolhas são limitadas pela falta de dinheiro e
não de tempo.
As restrições orçamentárias definem o conjunto de oportunidades típico. Examine
as restrições orçamentárias de Andréa, que resolveu gastar R$120,00 com CDs ou DVDs.
Um CD custa R$10,00 e um DVD R$20,00. Portanto, Andréa pode comprar 12 CDs ou 6
DVDs; ou 8 CDs e 2 DVDs, ou 4 CDs e 4 DVDs. As várias possibilidades são
apresentadas na tabela abaixo.
Restrição Orçamentária
0
2
4
6
8
10
12
14
0 1 2 3 4 5 6
DVDs
CD
s
Conjunto de Oportunidades
No eixo vertical medimos o número de CDs comprados e no eixo horizontal, o
número de DVDs. Os espaços sombreados (entre os CDs 12 e os DVDs 6) é a restrição
orçamentária de Andréa. Os pontos entre os esses dois extremos, ao longo da restrição
orçamentária, representa as demais combinações possíveis. O custo de cada combinação de
CDs e DVDs deve somar R$120,00. Se Andréa decide comprar mais DVDs, ela terá de
conformar-se com menos CDs.
A restrição orçamentária de Andréa é a linha que define os limites externos de seu
conjunto de oportunidades. Mas o conjunto total de oportunidades é mais amplo, também
incluindo os pontos abaixo da restrição orçamentária. É a área sombreada da figura. A
restrição orçamentária mostra o número máximo de CVDs que Andréa pode comprar para
25
cada CD adquirido, e vice-versa. Enfim, o conjunto de oportunidades do indivíduo é
definido por sua restrição orçamentária.
A figura seguinte ilustra uma restrição temporal. Em sua forma mais simples ela
nos diz que a soma do tempo que as pessoas dedicam as diversas atividades ao longo de
seu dia- incluindo o sono- tem de ser igual à 24 horas. A figura plota as horas gastas
assistindo televisão no eixo horizontal e às horas destinadas às demais atividades, no eixo
vertical. As pessoas – sejam elas ricas ou pobres – só têm 24 horas por dia para suas
diferentes atividades. A restrição temporal se assemelha bastante à restrição orçamentária.
Uma pessoa não pode assistir TV mais de 24 horas diárias nem menos de zero horas.
Quanto mais tempo assistir televisão, menos sobrará para as outras atividades. Se desejar
assistir mais TV, enfrentará um trade-off a única forma de assistir mais televisão será
reduzir o tempo dedicado a alguma outra atividade.
Restrição temporal
0
4
8
12
16
20
24
0 4 8 12 16 20 24
Horas de televisão
Ho
ras
de
ma
is
ati
vid
ad
es
Restrição temporal
TROSTER/MOCHÓN.Introdução à Economia.Ed.Makron Boocks
26
4. A Necessidade de Escolha e o Custo de Oportunidade (Trade-Off)
Na vida somos forçados a escolher continuamente. Quando optamos por algo,
temos de renunciar outras coisas. Como os recursos disponíveis são escassos, somente se
pode satisfazer uma necessidade se se deixar de satisfazer outra. Não há recursos materiais
suficientes, trabalho e nem capital para produzir tudo o que as pessoas desejam. Por isso, é
necessário escolher entre as diferentes opções que se apresentam.
Este problema é enfrentado pelos governos, famílias e empresas. Quando decidem
gastar ou produzir, governos, empresas ou famílias estão renunciando a outras
possibilidades. A opção que se deve abandonar para poder produzir ou obter outra coisa se
associa, ao conceito de custo de oportunidade.
„‟O custo de oportunidade de um bem ou serviço é a quantidade de outros bens
ou serviços que se deve renunciar para “obtê-lo, ou produzi-lo”.
O custo de oportunidade também é chamado de custo alternativo por apresentar o
custo da produção alternativa sacrificada (vide abaixo na curva ou fronteira de
possibilidade de produção).
Se alguém lhe perguntasse agora quanto lhe custa ir ao cinema, você provavelmente
responderia “oito reais” ou o que quer que seja que você pagou da última vez que foi ao
cinema. Mas com o conceito de trade-offs, verá que a resposta completa não é tão simples.
Para começar, o custo não é de R$8,00, mas o que esse montante lhe permitiria comprar
alternativamente.Além disso, seu tempo é um recurso escasso e deveria entrar também no
cálculo. Tanto o tempo como o dinheiro representa oportunidades de que desistiu para ir ao
cinema, ou o que os economistas denominam custo de oportunidade da ida ao cinema.
Aplicar um recurso em alguma coisa significa não poder usá-lo para outra. Assim,
precisamos considerar o melhor uso alternativo de qualquer recurso quando decidimos
destiná-lo a uma utilização determinada. Esse melhor uso alternativo é a medida formal do
custo de oportunidade
4.1 Curva ou Fronteira de Possibilidades de Produção
27
Consideremos uma economia com uma tecnologia dada, que dispõe de uma dotação
fixa de fatores produtos, plenamente utilizada e na qual se produzem somente duas
espécies de bens: trigo e algodão. Se a partir de uma situação dada decide-se produzir
mais trigo, orientando os esforços nessa direção, deverá dispor-se a produzir menos
algodão. Em conseqüência, para poder satisfazer melhor a necessidade alimentícia, deverá
haver disposição para sacrificar uma certa quantidade de algodão, já que se supôs que
somente se produz dois bens. Portanto, aumentar a produção de trigo tem um custo para a
sociedade em termos de algodão que se deixou de produzir (ver gráficos seguintes)
Quadro: Possibilidades de Produção
Opção Algodão Trigo Custo de
Oportunidade
A 0 7,5
B 1 7,0 0,5
C 2 6,0 1,0
D 3 4,5 1,5
E 4 2,5 2,0
F 5 0 2,5
Quantidades de trigo que não dever ser produzida para obter-se uma unidade
adicional de algodão.
28
Curva de possibilidades de produção
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0 1 2 3 4 5
Algodão
Tri
go Conjunto de
portunidades da
sociedade
Essa curva reflete as opções oferecidas à sociedade e a necessidade de escolha entre
elas. Como se observa, a produção de algodão implica a produção menor de trigo e vice-
versa. A curva de possibilidade de produção mostra o conjunto de oportunidades da
sociedade. Esta descreve o trade-off entre as produções de trigo e algodão. Os pontos
Trigo 7,5 e Algodão 5 mostram as opções extremas, onde a sociedade produz apenas trigo
ou algodão.
A fronteira de possibilidades de produção reflete as opções que se oferecem à
sociedade e a necessidade de escolher entre elas. Uma economia está situada sobre a
Fronteira de Possibilidades de Produção quanto todos os fatores de que dispõe a economia
estão sendo utilizados para a produção de bens e serviços.
TROSTER/MOCHÓN. Introdução à Economia Ed. Makron
BooksVASCONCELLOS, Marco Antonio Fundamentos de
Economia.Ed.Saraiva,VARIAN Hal R.Microeconomia Princípios básicos.Editora Campus
Para Pensar ...
“ A vida é um eco. Se Você não gosta do que está recebendo, preste
atenção no que está emitindo”.
Curva ou Fronteira de Possibilidades de Produção (FPP)
29
5. Bens Livres e Bens Econômicos (*)
O ditado popular “quanto mais se tem mais se quer” parece refletir fielmente a
atitude dos indivíduos em relação aos bens materiais. Assim, pois, o fato real que enfrenta
a economia é que em todas as sociedades, tanto nas ricas como nas pobres, os desejos dos
indivíduos não podem ser completamente satisfeitos. Neste sentido, bens escassos, são
aqueles que nunca se tem em quantidade suficiente para satisfazer os desejos dos
indivíduos (ver quadro seguinte).
Os bens econômicos caracterizam-se pela utilidade, escassez, e por serem
transferíveis. Os bens livres - como, por exemplo, o ar - são aqueles cuja quantidade é
suficiente para satisfazer a todo mundo.
Bem: é tudo aquilo que satisfaz direta ou indiretamente os desejos e necessidades dos seres
humanos.
Tipos de bens:
Livres: são ilimitados em quantidade ou muito abundantes
Segundo seu e não apropriáveis.
caráter Econômicos : são escassos em quantidade, dada sua procura, e
apropriáveis. é o objeto do estudo da economia.
De capital: não atendem diretamente às necessidades
Segundo sua De consumo: destinam-se à satisfação direta de necessidades
natureza Duradouros: permitem um uso prolongado.
Não-duradouros: acabam com o tempo.
Intermediários: devem sofrer novas transformações antes de se
converterem em bens de consumo
Segundo sua
função Finais: já sofreram as transformações necessárias para seu
uso ou consumo.
____________________________________________________________________
Tipos de bens .
(*)TROSTER/MOCHÓN
Para Pensar ...“O propósito da vida é uma vida de propósito”
30
6 Os Agentes Econômicos (*)
6.1 Qualificações e Funções
Os agentes econômicos – as famílias, as empresas e o setor público – são os
responsáveis pela atividade econômica. A atividade econômica concretiza-se na produção
de ampla gama de bens e serviços, cujo destino é a satisfação das necessidades humanas.
Os homens, mediante sua capacidade de trabalho, são os organizadores da produção.
As famílias, as empresas e o setor público podem ser agrupados em três grandes
setores, quais sejam:
> O setor primário abrange atividades que se realizam próximas às
bases de recursos naturais, isto é, as atividades agrícolas, pesqueiras
pecuárias e extrativas.
> O setor secundário inclui as atividades industriais, mediante as
quais são transformados os bens.
> O setor terciário ou de serviços reúne as atividades direcionadas a
satisfazer necessidades de serviços produtivos que não se transformam
em algo material.
Setores >Primário: agricultura,pesca e mineração
Econômicos >Secundário: indústria e construção
>Terciário: serviços,comércio,transporte, bancos etc.
As Empresas
As empresas são os agentes econômicos para os quais convergem os recursos de
produção disponíveis. São as unidades que os empregam e combinam, para a geração dos
bens e serviços que atenderão às necessidades de consumo e de acumulação da sociedade.
Neste sentido, empresas e unidades de produção são expressões sinônimas, do ponto de
vista da teoria econômica.
O conjunto das empresas que compõem o aparelho de produção é heterogêneo, sob
diversos aspectos: tamanhos, estatutos jurídicos, origens e controle, forma de gestão e
natureza dos produtos.
31
Nas sociedades modernas, as empresas produzem e oferecem praticamente a
totalidade dos bens e serviços, como o pão, os sapatos, as agencias de turismo etc. A
empresa é a unidade de produção básica. Contrata trabalho e compra fatores com o fim
de fazer e vender bens e serviços. ( vide figura abaixo)
Esquema dos Fluxos de bens e serviços e dos fatores produtivos e dos
pagamentos monetários (MOCHON, TROSTER)
Nas sociedades primitivas, contudo, a produção era individual e artesanal. Hoje, as
empresas são as maiores responsáveis pela produção em massa. Somente as empresas
podem reunir grandes quantidades de recursos financeiros e físicos necessários para
construir as instalações e os equipamentos que a atualidade exige.
Além disso, somente as empresas têm a capacidade de organizar os complexos
processos de produção e distribuição exigidos pelas sociedades modernas.
Tipos de Empresas Segundo Sua Natureza Jurídica
> Individual: Trata-se de empresas que pertencem a um só indivíduo
e são dirigidas por ele. Ex.: banca de jornal.
32
> Limitadas – O capital social deve estar totalmente desembolsado
em um movimento de constituir a sociedade. O capital está dividido
em partes iguais, chamadas cotas. Nestas empresas os sócios não
respondem pessoalmente a dados sociais, somente com o capital
aplicado.
> Sociedades Anônimas ou S.A. – Somente se pode ser sócio
investindo dinheiro. O capital está dividido aos acionistas. A
responsabilidade dos sócios se limita ao capital aplicado. As ações são
eventualmente negociadas na bolsa.
> Cooperativas. As sociedades cooperativas são associações criadas
para satisfazer as necessidades comuns dos associados que
compartilham de iguais riscos e benefícios. São empresas de pessoas e
não de capital. Não sujeitas à falência.
Nas sociedades anônimas, especialmente nas grandes empresas, existe uma clara
separação entre a propriedade - que é dos acionistas – e a direção – que é exercida pelo
Conselho de Administração. É esta que geralmente contrata técnicos especializados para
as diversas áreas da empresa.
O Financiamento da Empresa.
As sociedades podem conseguir fundos para seu crescimento do mesmo modo que
os proprietários individuais, isto é, obtendo empréstimos ou créditos de instituições
financeiras ou reinvestindo os lucros, isto é, auto financiando-se. O financiamento pode
ser diferenciado entre crédito e empréstimo. No caso de empréstimo, a empresa recebe
de imediato o total do financiamento concedido, apesar de em alguns casos haver desconto
dos juros. Ao contrário, a empresa que recebe um crédito retira, dentro do limite máximo
combinado, o capital necessário, podendo realizar várias retiradas e pagamentos, de
maneira que somente pague os juros relativos ao capital utilizado.
33
Autofinanciamento: recursos financeiros gerados pela própria empresa
1.Empréstimos
Financiamento Externo 2.Créditos
3.Obrigações (para grande volume de dinheiro)
Excluindo o crédito e o financiamento, as sociedades anônimas podem também
emitir ações e obrigações. Quando uma sociedade “vende” participações em forma de
ações, potencialmente aceita um novo sócio, já que cada ação representa uma fração da
propriedade e da sociedade. As ações conferem direitos políticos – o principal destes é
votar nas assembléias-gerais dos acionistas – e econômicos. O principal direito
econômico é o de participar na repartição dos lucros (dividendos), caso se produza. Por
isso as ações são títulos de renda variável e integra o que se denomina o capital de risco,
pois sofrem, conforme o caso, as perdas ou as reduções de lucros. O outro direito
econômico é o de participar em todo o patrimônio da empresa, que não pode ser utilizado
até sua liquidação, pois origina o direito preferencial ao subscrever a emissão de novas
ações.
Alternativamente, a empresa pode obter fundos mediante a venda de bônus e
obrigações, com os quais não se aumentará o número de novos acionistas. Uma obrigação
representa uma dívida para a empresa, pois de fato é uma parte proporcional de um
empréstimo ou um empréstimo concedido à empresa emissora e supõe para esta uma
obrigação legal expressa de pagar juros periódicos e de devolver o valor da emissão
principal ao portador, quando acontece o vencimento. Uma obrigação muito comum
emitida pelas empresas brasileiras são as debêntures. (títulos de dívidas amortizáveis,
emitido por companhias mercantis, que tem preferência sobre a maioria dos demais
créditos)
As Famílias ou as Unidades Familiares
O conceito econômico de unidades familiares engloba todos os tipos de unidades
domésticas, unipessoais ou familiares, com ou sem laços de parentesco, segundo as quais a
sociedade como um todo se encontra segmentada.
34
O conceito tem raiz sociológica. Sua qualificação econômica resulta de que essas
unidades possuem e fornecem os recursos de produção, apropriam-se de diferentes
categorias de rendas e decidem como, quando, onde e em que as rendas recebidas serão
despendidas.
A maior parte das unidades familiares tem uma ou mais pessoas economicamente
ativas, diretamente empregadas, fornecendo recursos para o processamento das atividades
primárias, secundárias ou terciárias de produção. São proprietários de terras, de fábricas ou
de unidades de prestação de serviços. São empregadores ou empregados. Ou, ainda,
agentes que trabalham por conta própria. Mas há unidades familiares que não têm pessoas
efetivamente empregadas nas atividades de produção. Estas se mantêm, participando
também dos fluxos econômicos, com recursos que a sociedade lhes transfere, de que são
exemplos os pagamentos dos sistemas de previdência social, públicos e privados.
Na destinação de seus recursos de produção e das diferentes formas de renda ou de
transferência recebidas, cada uma das unidades familiares possui amplo poder decisório.
Elas administram, de forma independente, seus próprios orçamentos. Decidem sobre seus
dispêndios correntes de consumo, sobre o aumento de seus ativos ou a diminuição dos seus
passivos. Este poder decisório é uma das características econômicas desse agente. Dele
decorre, em grande parte, o montante, o direcionamento e a composição do fluxo global de
dispêndio da economia.
Os agentes privados básicos são as famílias e as empresas.
Setor Privado: Famílias (unidades familiares).
Empresas
Tipos de agentes
Econômicos Setor Público
As funções das famílias consistem em, por um lado, consumir bens e serviços; por
outro, oferecer seus recursos, isto é, trabalho e capital às empresas. Entretanto, as
famílias que pretendem maximizar a satisfação obtida no consumo são limitadas pelo
orçamento de que dispõem.
35
As famílias ou unidades familiares consomem bens e serviços, e oferecem seus
recursos - fundamentalmente trabalho e capital - às empresas.
O Setor Público
Entende-se por setor público mais do que somente o Estado-Nação das
organizações políticas atuais. Os órgãos e administrações públicas que compõem o setor
público têm ao menos três níveis de governo.
a. As administrações locais: as prefeituras.
b. As administrações estaduais.
c. A administração central, isto é, governo da União, ministérios e
demais organismos de caráter nacional.
O Desenvolvimento do Setor Público
Em qualquer sociedade moderna, seja qual for sua configuração política, o setor
público realiza funções econômicas de fundamental importância. Até o início do século
XX, era freqüente afirmar que o governo deveria cuidar fundamentalmente da segurança e
defesa dos cidadãos e de seus direitos de propriedade. Ainda, deveria garantir as condições
para que as atividades puramente econômicas se desenvolvessem sem obstáculos. Em
síntese, acreditava-se que a função do Estado consistia no estabelecimento de um marco
jurídico-institucional, sendo, porém os indivíduos e grupos privados os verdadeiros
responsáveis pela atividade econômica do sistema.
Ao longo do século XX, as funções públicas ampliaram-se e diversificaram-se em
setores como saúde, educação, transportes etc. O Estado deixou de ser mero guardião do
bom desenvolvimento da atividade econômica para se converter em um verdadeiro agente
econômico. Com freqüência, o setor público atua como empresário e oferecem certos
bens, os bens públicos.
Bens públicos são bens proporcionados a todas as pessoas a um custo que não é
maior que o necessário para fornecimento a uma só pessoa.
Um exemplo típico de bem público são os serviços de defesa nacional. Esses
serviços não podem ser oferecidos por empresas privadas, devem ser providos pelo Estado
O setor público, ainda, coordena e regula o mercado e, às vezes, estabelece a
política econômica, tentando alcançar objetivos sociais, tais como: crescimento estável do
36
produto nacional; pleno aproveitamento dos recursos e eficiente alocação dos
mesmos; estabilidade dos preços; e distribuição de renda justa.
O setor público estabelece um marco jurídico-institucional no qual se desenvolve a
atividade econômica. É responsável também pelo estabelecimento da política econômica.
(*)TROSTER /MOCHÓN
Para Pensar ...
“O mundo está vendo você. O que ele vê?”
37
7. Sistemas Econômicos
Sistemas econômicos é o conjunto de relações técnicas básicas e institucionais que
caracterizam a organização econômica de uma sociedade.
Essas relações condicionam o sentido geral das decisões fundamentais que se
tomam em toda a sociedade e os ramos predominantes de sua atividade.
7.1 As Limitações do Sistema de Economia de Mercado
O sistema de economia de mercado apresenta em seu funcionamento vantagens e
inconvenientes que convém analisar antes de se iniciar o estudo sobre o sistema e
economias centralizadas. O sistema de economia de mercado funciona com um alto grau de
eficiência e de liberdade econômica. Os agentes econômicos, tanto as empresas como os
agentes individuais, atuam guiados pelo seu próprio interesse e de forma livre. O sistema
de preços estimula os produtores a fabricar os bens que o público deseja.
Os movimentos dos preços atuam como sinais que induzem os produtores a
comportarem-se de uma forma correta; ao mesmo tempo, procuram alcançar seus
objetivos. O mercado motiva os indivíduos a utilizarem cuidadosamente os bens e recursos
escassos, pois os preços atuam racionando as escassas quantidades disponíveis. Esse
sistema também apresenta limitações, dentre as quais destacam:
A renda não se distribui de forma eqüitativa. A renda se reparte em função
de como está distribuída a propriedade dos recursos e dos salários vigentes. O
resultado é o aparecimento de diferenças de rendas muito elevadas.
Existem falhas no mercado. Argumenta-se que por diversas razões, em certas
ocasiões, o mercado filha no seu objetivo de alcançar a eficiência econômica.
Alcança-se a eficiência econômica quando a sociedade não pode aumentar a
quantidade produzida de um dos bens sem reduzir a do outro.
As falhas que podem surgir no mercado se devem às principais razões:
i.Existem mercados em que a concorrência é imperfeita. Em muitos mercados,
um ou mais participantes podem influir nos preços, fixando o nível mais eficiente.
ii.Aparecem efeitos externos, como a contaminação, que o mercado não
aborda. Assim, uma indústria que produz papel pode contaminar os rios das redondezas ao
verter seus resíduos. A atividade da indústria prejudica os agricultores que utilizam a água
38
do rio, e os preços de produção do papel não refletem o prejuízo ocasionado aos
agricultores.
iii.Existência de bens públicos que distorcem o mercado. Os bens públicos
(aqueles cujo consumo por parte do indivíduo não reduz a quantidade disponível para
outros), como, por exemplo, a defesa nacional ou os faróis do mar, criam sérios problemas.
Do uso desse tipo de bens ninguém pode ser excluído, já que não se poderá designar um
custo para sua utilização. O resultado é que será oferecida em quantidade suficiente.
iv.Os bens ou recursos de propriedade comum tendem a esgotar-se. Os recursos
de propriedade comum, isto é, os serviços que são utilizados na produção e no consumo,
não são de propriedade de nenhum indivíduo; em particular, costumam experimentar um
consumo abusivo. Exemplos desses tipos de bens são os bancos de pesca em águas
internacionais e os pastos comuns.
v.A publicidade pode ser utilizada para manipular os consumidores.As grandes
empresas fazem campanhas publicitárias que podem manipular os desejos dos
consumidores, criando necessidades artificialmente.
vi. As economias de mercado tendem a ser instáveis. As economias de mercado
estão nas mãos da iniciativa privada e tendem a ser instáveis, sofrendo periodicamente
fortes crises.
Dentre os problemas relacionados com o funcionamento do sistema de economia de
mercado, talvez os citados primeiro, isto é, os relacionados com distribuição de renda e a
desatenção com os mais necessitados são os que têm maior relevância e, também os que
com mais força têm induzido seus críticos para defender a conveniência de se procurar um
sistema econômico alternativo ( vide esquema abaixo)
1. Economias de mercado
Sistema Econômicos{2.Economias mistas
3.Planejamento Central{1.Planejamento total centralizado
ou economias autoritárias;
2.Socialismo de mercado
Esquema - Os sistema econômicos
39
7.2 O sistema de Economia Centralizada
O sistema de economia centralizada parte de um critica aos mecanismos de
economia de mercado. Argumenta-se que o funcionamento desta economia leva ao
desemprego e ao freqüente aparecimento de crises que implicam graves desperdícios de
recursos. O planejamento centralizado pretende evitar esses males.
Nas economias centralmente planificadas, os meios de produção são de
propriedade estatal e as decisões-chave são feitas na agência de planejamento, o poder
central.
Um risco comum a todas as economias centralizadas tem sido a acumulação do
poder econômico na mão do Estado, que é quem rege, em definitivo, o funcionamento da
economia.
Como Funciona o Planejamento Centralizado?
A análise do funcionamento do sistema do planejamento centralizado será baseada
nos três seguintes pontos:
> O papel do poder central;
> O funcionamento das empresas;
> O crescimento da burocracia.
O Papel do Poder Central
O poder central, ou agência de planejamento, distribui não só as tarefas do plano,
mas também os meios de produção, tanto materiais como financeiros.
O centro de planejamento determina como designar a produção de diferentes
fábricas e esforça-se para que cada fábrica tenha os fatores de produção necessários para
poder obter a quantidade exigida.
Na prática, o sistema esboçado apresenta sérios problemas. Assim, dadas às
restrições que impõe o poder central, os gerentes das empresas tomam decisões que,
globalmente consideradas, geral ineficiências. Por exemplo, os gerentes sabem que quanto
mais meios de produção receberem, maior as possibilidades de realizar os objetivos fixados
pelo plano. Por isso, pressionam o centro de planejamento para obter a maior quantidade
possível de recursos, em geral, muito acima de suas necessidades.
40
O Funcionamento das Empresas
As empresas não baseiam sua atuação no cálculo econômico, isto e, na
maximização dos lucros ou minimização dos custos, e sim na realização do plano de metas.
Durante os primeiros anos de funcionamento das economias planificadas, os
objetivos procurados pelas empresas eram quantitativos. Posteriormente, as metas
passaram a estabelecer um valor. Quando se determinavam os objetivos a alcançar, em
termos de valor, surgia um efeito não desejado, pois as empresas estavam interessadas em
produzir bens e serviços com muito valor; já que só assim se cumpre o plano. Esse
comportamento não motiva as empresas a diminuírem os custos.
Por outro lado, no sistema de planejamento centralizado, uma empresa não pode
“quebrar”. Todas as empresas são socialmente úteis, ainda que algumas sejam deficitárias.
Quando uma empresa é dificitária, seus problemas financeiros se solucionam mediante
transferências do poder central. Na pratica, dada a inexistência de incentivos reais para que
as empresas reduzam seus custos, o resultado tem sido um processo de endividamento
progressivo. Enquanto o volume de dividida era aceitável, o sistema de planejamento
central funcionou, porém, conforme aumentaram, suas ineficiências se fizeram mais
palpáveis e seu financiamento menos viável.
O Crescimento da Burocracia
O funcionamento do sistema descrito requer a existência de um enorme aparato
administrativo, pois é a única forma de controlar as empresas. Conforme cresce o sistema
produtivo, o aparato burocrático vai desenvolvendo-se em um ritmo progressivo.
O fluxo de informação entre as empresas passa por um sistema burocrático, que
necessariamente precisa ser amplo e complexo. Por outro lado, é fundamental controlar e
influir sobre as empresas, porém o resultado é uma burocracia crescente.
8.3 O Fracasso do Sistema de Economia Centralizada
Os elementos negativos do sistema de planejamento central, já apontados,
acumularam-se durante várias décadas. Começaram a manifestar-se na década de 1970 e
explodiram na década seguinte.
41
A falta de informações válidas e de incentivos efetivos que guiassem o sistema até a
eficiência econômica foi a razão fundamental que pôs em marcha o processo
revolucionário de volta ao mercado, que supõe a perostróika. Sem dúvida a perostróika,
entendida como o processo de reforma econômica radical e de reestruturação social
realizada na URSS, tem sua origem devido à estagnação da economia soviética, evidente
desde os anos 70.
A perostróika é o processo de reforma fiscal e de reestruturação da sociedade
adotado pelas autoridades soviéticas.
7.3.1. A Perostróika
Durante anos, a URSS acumulou vários elementos negativos em seu sistema de
planejamento central. Esses elementos chegaram ao ápice na década de 1980, cerca de dez
anos após se manifestarem. Assim, por exemplo, a taxa de crescimento da produção em
termos reais, que na década de 1970 era de 5,3%, reduziu-se para 2,1%, sendo
especialmente grave a crise na agricultura.
As razões que explicam o fracasso do planejamento centralizado são múltiplas, mas
podem ser resumidas em um único ponto: não existe nenhum mecanismo centralizado que
seja capaz de recolher e transmitir mais eficientemente que o mercado a informação
necessária para coordenar a atividade econômica.
7.3.2. A volta ao Mercado
Diante dos maus resultados do planejamento centralizado, os responsáveis pelas
agências de planejamento voltaram a atenção ao mercado, na tentativa de alcançar a
eficiência econômica que este pode proporcionar. Nesse sentido, a tarefa de realizar é
muito complexa, pois a mudança de um sistema de planejamento centralizado para outro
sistema de economia de mercado exige superação de muitos obstáculos. As frentes em que
se deve atuar de forma simultânea podem ser resumidas nos seguintes pontos:
Abandono do Sistema de Planejamento
Para passar do planejamento centralizado para um sistema de economia de
mercado, é necessário um planejamento indicativo e concreto na determinação de certas
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tarefas estratégicas, deixando que a iniciativa privada tome a maior parte das decisões.
Numa fase de transição, esse planejamento pode ser decisivo.
Mudança no Sistema de Propriedade
Dado que o Estado mantém a propriedade da maioria dos meios de produção,
existem somente duas opções: um sistema de propriedade privada ou um sistema de
autogestão, isto é, um sistema no qual os trabalhadores participem de forma direta nas
tarefas de gestão das empresas.
Introdução Progressiva do Mercado
O objetivo último deve ser o funcionamento das empresas segundo critérios de
eficiência econômica, sobretudo minimizando os custos. Para isso, é preciso liberar dois
elementos fundamentais: os preços e os mercados de fatores. A liberação dos preços,
porém, provoca forte inflação, pois existe uma grande demanda insatisfeita.
A liberação dos mercados de fatores, em especial do mercado de trabalho, cria
sérias dificuldades. No sistema de planejamento central, o Estado oferecia emprego a todos
e assegurava uma renda mínima a toda a população. No processo de transição, as greves
crescem de forma significativa, trazendo um novo problema para as economias
centralizadas.
7.4 As Economias Mistas e o Mercado
O sistema de economia de mercado e o de planejamento, como já vimos, são
modelos antagônicos. Na realidade, não é normal encontrar modelos puros, mas situações
intermediárias.
Em uma economia mista, o setor público colabora com a iniciativa
privada nas respostas às perguntas sobre o que como e para quem do
conjunto da sociedade.
O Estado brasileiro, por exemplo, promove ações de planejamento para coordenar a
atuação de certos setores, como o elétrico e o siderúrgico. Também por meio de políticas
industriais, busca desenvolver indústrias de alta tecnologia. Por outro lado, em relação à
distribuição de renda, o Estado brasileiro desenvolve amplo sistema de prestação de
43
serviços sociais, que procura elevar o nível de vida das classes menos privilegiadas e
garantir um nível mínimo de qualidade de vida.
A Corrente Neoliberal
A intervenção do Estado no desenvolvimento da atividade econômica ainda ocorre
em certos países capitalistas, entretanto, desde o final da década de 1970 está havendo um
certo processo de redescobrimento do livre mercado, com acentuada onde de
neoliberalismo. Parece que o mundo atual está revalorizando a eficiência econômica que o
mecanismo de mercado pode fazer.
Para Pensar...
“Alguns choram outros vendem lenço”
44
8. Estrutura de Mercado
O mercado é uma forma de intercâmbio na qual se realizam compras e vendas de
bens e serviços, pondo em contato compradores e vendedores.
Vamos centrar nossos estudos neste item, analisando os diferentes mercados,
segundo o tipo de ofertantes ou produtores:
i. Muitos compradores ante muitos vendedores = concorrência
perfeita.
ii. Número reduzido de vendedores ante muitos compradores =
oligopólio.
iii. Um só vendedor ante muitos compradores = monopólio.
O Mercado e a Concorrência
A concorrência está associada, normalmente, à idéia de rivalidade ou oposição
entre dois ou mais sujeitos para conseguir um objetivo, como a utilidade pessoal ou
ambição econômica privada. Em economia, essa concepção foi complementada por outra
que considera a concorrência como um mecanismo da organização dos mercados, isto é,
como uma forma de determinar os preços e as quantidades de equilíbrio.
A concorrência é uma forma de organizar os mercados que permite determinar os
preços e as quantidades de equilíbrio.
O critério mais freqüentemente utilizado para classificar os diferentes tipos de
mercados é o que faz referência ao número de participantes dele. A concorrência existente
entre um grande número de vendedores (concorrência perfeita será diferente da que gera
um mercado onde concorre um número reduzido de vendedores (oligopólio).Como caso
extremo, onde a concorrência é inexistente, destaca-se aquele mercado controlado por um
só produtor ( monopólio ).
A Concorrência Perfeita
Nesse mercado, a interação da oferta e demanda determina o preço. Um mercado
em concorrência perfeita é aquele no qual existem muitos compradores e muitos
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vendedores, deforma que nenhum comprador ou vendedor individual exerce influência
sobre o preço.
Para que esse processo ocorra de maneira correta, a criação formal dos mercados
perfeitamente competitivos requer que se cumpram as quatro condições seguintes:
i. Existência de elevado número de ofertantes e demandantes.
Implica que a decisão individual deles exercerá pouca influência
sobre o mercado global. Assim, se um produtor individual decide
aumentar ou reduzir a quantidade produzida, esta decisão não influi
sobre o preço de mercado do bem que produz;
ii. Homogeneidade do produto. Supõe que não existe diferença entre
o produto que vende um ofertante e o que vende os demais;
iii. Transparência no mercado. Requer que todos os participantes
tenham pleno conhecimento das condições gerais em que opera o
mercado;
iv. Liberdade de entrada e saída de empresas. Todas as empresas
participantes poderão entrar e sair do mercado de forma imediata.
Assim, por exemplo, se uma empresa está produzindo calçados
esportivos e não obtém lucros, abandonará esta atividade e começará
a produzir outros bens mais lucrativos.
Quando se cumpre simultaneamente todas as condições anteriores, dir-se-á que é
um mercado de concorrência perfeita, cuja essência não está na rivalidade nem na
dispersão da capacidade de controle que os agentes econômicos poder exercer sobre a
marcha do mercado. Isso se deve ao fato de que quanto mais repartido o poder de influir
nas condições do mercado, menos eficazes serão aquelas ações discricionárias que
objetivam manipular a quantidade disponível de produtos e os preços no mercado.
O Funcionamento dos Mercados e a Concorrência Perfeita
O funcionamento desse tipo de mercado pode ser esquematizado da seguinte forma:
a oferta e a demanda do produto determinam um preço de equilíbrio, como já vimos
anteriormente. O Sistema de Economia de Mercado – e um dado preço as empresas
decidem livremente que quantidade produzir.
46
Por conseguinte, o mercado determina o preço, e cada empresa aceitará o preço
como um dado fixo sobre o qual não poderá influir.
A partir do preço de equilíbrio, cada empresa individual produzirá a quantidade
que indica a sua curva de oferta para dado preço (veja quadro seguinte). A curva de oferta
de cada empresa virá condicionada pelos seus custos de produção
Os Lucros e a Concorrência Perfeita
O preço que se determina no equilíbrio de um mercado concorrencial, não dará às
empresas, em geral, os mesmos lucros. Isso se deve ao fato de que, como se supõe, todas as
empresas de um mercado possuem a mesma tecnologia, a curto prazo, porém as instalações
fixas das diferentes empresas serão diferentes, de forma que os custos e os lucros também
serão diferentes ( vide quadro seguinte)
Os lucros obtidos pelas empresas mais eficientes no mercado serão também notados
pelas companhias de outros mercados ou setores. De novo, a curto prazo, estes não poderão
abandonar o setor no qual se encontram ( se seu lucro for menor que o de outro setor),
porém logo que liquidarem suas instalações o farão. Desse modo, se uma empresa que se
dedica a produzir laminados metálicos observa que seus lucros, em geral os de sua
indústria, são consideravelmente inferiores aos que se obtém no setor de microeletrônica,
procurará – se tem capacidade financeira e técnica – mudar de atividade e dedicar-se, por
exemplo, a produzir componentes eletrônicos. Assim, nos mercados de concorrência
perfeita, há uma tendência a minimizar os custos e a equiparar os lucros.
A Concorrência Perfeita e a Eficiência Econômica
Nos mercados de concorrência perfeita, as empresas que buscam os maiores
lucros devem recorrer ao máximo à tecnologia, ou seja, incorporar os últimos avanços em
técnicas produtivas.
Portanto, a concorrência perfeita procura maiores lucros por meio de maior
eficiência, do melhor aproveitamento dos fatores produtivos e da modernização
tecnológica.
Alcança-se a eficiência econômica quando a sociedade não pode aumentar a
quantidade produzida de um dos bens sem reduzir a do outro.
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O Monopólio
No mundo real, não é freqüente acontecer a concorrência perfeita, pois existem
fortes incentivos para tentar quebrá-la, já que a empresa tem controle sobre os preços e
pode utilizar essa capacidade para influir sobre os mesmos, buscando melhorar sua posição
individual. Dada esta perspectiva, o monopólio e a concorrência perfeita aparecem como
dois extremos.
No mercado monopolista existe um só ofertante, que tem plena capacidade de
determinar o preço.
Como já vimos, o empresário concorrencial toma o preço como dado e adapta seu
comportamento às condições de mercado. O empresário monopolista, pelo contrário,
desempenha um papel determinante no processo de fixação de preço de mercado, pois tem
capacidade de decidir seu valor.
Causas que Explicam a Aparição do Monopólio
Dentre os fatores que intervêm na aparição do monopólio, podemos destacar os
seguintes:
i. O controle exclusivo de um fator produtivo por uma empresa ou o
domínio das fontes mais importantes de matéria-prima
indispensáveis para a produção de um determinado bem. Assim, uma
empresa que controla uma única mina de diamantes existente num
país atuará de forma monopolística;
ii. A concessão de uma patente também gera uma situação
monopolística, de caráter temporal. A patente confere ao inventor o
direito de fabricação exclusiva de um produto durante um período de
tempo;
iii. O controle estatal da oferta de determinados serviços origina os
monopólios estatais, como são os serviços de correios, etc. Esses
serviços são freqüentemente oferecidos por empresas
concessionárias privadas e mistas;
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iv. O porte do mercado e a estrutura de custos de indústrias especiais
podem dar lugar a um monopólio natural.
Um monopólio natural surge quando uma empresa diminui de maneira expressiva
seu custo médio por unidade de produto à medida que aumenta a produção.
Conseqüentemente, poderá satisfazer as necessidades do mercado de forma mais eficiente
que muitas empresas.
As razões tecnológicas dos monopólios naturais mostram-se quando os custos
médios diminuem à medida que aumenta a quantidade produzida do bem. Assim, a
existência de duas ou três companhias de telefone, água e luz numa mesma localidade
representa um enorme desperdício de recursos.
Oligopólio
O oligopólio é uma forma de organizar os mercados que se situa entre a
concorrência perfeita e os monopólios.
No mercado oligopolista, existe um número reduzido de vendedores (ofertantes),
diante de uma grande quantidade de compradores, deforma que os vendedores podem
exercer algum tipo de controle sobre o preço.
O setor produtivo brasileiro é altamente oligopolizado, sendo possível encontrar
inúmeros exemplos: montadoras de veículos, setor de cosméticos, indústria de papel,
indústria de bebidas, indústria química,indústria farmacêutica,empresas de TV, aéreas etc.
Uma das características básicas desse tipo de mercado é a de interdependência
mútua. Dado que as empresas determinam seus preços com base nas estimativas de suas
funções de demanda, levando em conta a reação de seus rivais, o normal será uma elevada
dose de incerteza. Para isso, existem diversas possibilidades:
1.adivinhar as ações dos rivais;
2.pôr-se de acordo sobre os preços e competir só na base da publicidade
e;
3. formar um cartel, isto é, em vez de competir, cooperar e repartir o
mercado.
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O Estabelecimento de Acordos Entre Empresas Oligopolistas
As “guerras de preços” têm mostrado aos oligopolistas a conveniência de realizar
acordos, tácitos ou expressos, para fixar os preços e/ ou repartir os mercados. Por esta
razão, o oligopólio moderno caracteriza-se por certa rigidez nos preços, que facilita, dentre
outras coisas, a elaboração dos pactos. Uma possibilidade consiste na formação do cartel,
isto é, as empresas que participam do mercado, mesmo que mantenham separadas suas
identidades corporativas, reúnem-se e elaboram acordos comerciais para distribuir quotas
de produção e, sobretudo, para determinar os preços.
Cartel é um agrupamento de empresas que procura limitar a ação das forças da livre
concorrência para estabelecer um preço comum e/ou alcançar uma maximização
conjunta de lucros.
Esses acordos, porém, tendem a serem instáveis, porque cada membro do cartel
tem incentivos para abaixar os preços e vender mais do que sua quota. O atrito entre os
interesses coletivos do cartel e os individuais de seus integrantes freqüentemente acaba em
“guerras de preços”, nas quais cada empresa procura aumentar sua participação no
mercado.
50
Características
1.Quanto ao número
de empresas
2.Quanto ao produto
3.Quanto ao controle
das empresas sobre os
preços
4.Quanto concorrência
extra preço
5.Quanto às condições
de ingresso na
indústria
Concorrência
perfeita
Muito Grande
Homogêneo. Não há
quaisquer diferenças
Não há possibilidades
de manobras pelas
empresas
Não é possível nem
seria eficaz
Não há barreiras
Monopólio
Só há uma empresa
Não há substitutos
próximos
As empresas têm
grande poder para
manter preços
relativamente
elevados, sobretudo
quando não há
intervenções
restritivas do governo
(leis antitrustes)
A empresa geralmente
recorre a campanhas
institucionais, para
salvar sua imagem
Barreiras ao acesso de
novas empresas
Oligopólio
Pequeno
Pode ser homogêneo
ou diferenciado
Embora dificultado
pela interdependência
entre as empresas,
essas tendem a formar
cartéis controlando
preços e quotas de
produção
É intensa, sobretudo
quando há
diferenciação do
produto
Barreiras ao acesso de
novas empresas
Quadro –Principais características das estruturas básicas de mercado
TROSTER/MOCHÓN, Introdução à Economia. Ed.Makron Books,VASCONCELLOS Marco
Antonio S., Fundamentos de Economia, editora Saraiva.
Para Pensar ...
“ Não permita que cresça ervas daninhas no campo dos seus sonhos”.