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OPRC LEVEL 1 – FIRST RESPONDER
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
ÍNDICE
INTRODUÇÃO.....................................................................................01
MÓDULO 1 .......................................................................................19
LIÇÃO 1 – PROPRIEDADES, COMPORTAMENTO E DESTINO DE UM DERRAMAMENTO DE ÓLEO............................................................................................. ..19
LIÇÃO 2 – SAÚDE E SEGURANÇA ................................................................29
LIÇÃO 3 – SENSIBILIDADE E IMPACTOS AMBIENTAIS..........................................43
LIÇÃO 4 – PLANO DE ESTRUTURA DA RESPOSTA À EMERGÊNCIA...........................61
MÓDULO 2 .......................................................................................71
LIÇÃO 1 – BARREIRAS DE CONTENÇÃO........... .............................................71
LIÇÃO 2 – FALHAS DE BARREIRAS DE CONTENÇÃO ..........................................81
LIÇÃO 3 – ESCOLHA DA BARREIRA .............................................................89
LIÇÃO 4 – UTILIZAÇÃO, RECOLHIMENTO E CONFIGURAÇÃO DAS BARREIRAS DE CONTENÇÃO........... ...........................................................................95
LIÇÃO 5 – SKIMMERS ...........................................................................107
LIÇÃO 6 – LANÇAMENTO E OPERAÇÃO DOS SKIMMERS.....................................117
LIÇÃO 7 – ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE ÓLEO RECOLHIDO .....................125
LIÇÃO 8 – GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS............................. .....................131
MÓDULO 3 ......................................................................................139
LIÇÃO 1 – DISPERSANTES QUÍMICOS ..........................................................139
LIÇÃO 2 – MATERIAIS ABSORVENTES .........................................................159
MÓDULO 4 ......................................................................................165
LIÇÃO 1 – LIMPEZA DA COSTA .................................................................165
LIÇÃO 2 – LIMPEZA, MANUTENÇÃO E ARMAZENAGEM DE EQUIPAMENTOS ..............179
LIÇÃO 3 – AMOSTRAGEM DE ÓLEO E DOCUMENTAÇÃO ....................................189
LIÇÃO 4 – FAUNA AMEAÇADA........... ......................................................199
APÊNDICE I – NECESSIDADES DE EQUIPAMENTOS: OPERAÇÃO DE CONTROLE E LIMPEZA DE DERRAMAMENTO NA COSTA .................................................203
APÊNDICE II – RESUMO DOS MÉTODOS DE LIMPEZA DA COSTA........................205
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INTRODUÇÃO
O objetivo dessa seção é fornecer uma visão geral das principais causas de derrame de óleo
no ambiente marinho e sua importância.
Quando ocorrem grandes derrames de óleo, devem ser acionados equipamentos e pessoal
especializado além de experiência externa necessária.
É necessário ter um mecanismo para solicitar assistência externa e para fornecer o suporte
logístico para a ajuda oferecida. A estrutura para essa cooperação internacional é oferecida
pela Convenção OPRC e por outros acordos regionais.
ÓLEO NO AMBIENTE MARINHO
Numa escala global, aproximadamente metade da descarga de óleo no ambiente marinho vêm
de fontes do continente: efluentes industriais e esgoto urbano (vão seguindo o fluxo dos rios
até encontrar o mar).
Infiltrações naturais de óleo e precipitações atmosféricas contribuem com um quarto (1/4)
de descargas de óleo. Outra parte é devido a atividades marítimas, incluindo operações de
navio-tanque e também liberação de efluente oleoso e óleo combustível de navegação em
geral.
Embora derrames de óleo de navio-tanque possam causar sérios problemas localizados,
representam uma porção relativamente pequena (menos de 5%) do total de derrames de óleo
nos oceanos.
Há evidências de que a descarga de óleo, de transporte de óleo e navegação estão diminuindo
em consequência da aplicação de regulamentos internacionais (MARPOL) e outros. Atividades
de produção offshore, no mar, podem ser uma importante fonte de descarga de óleo em
algumas regiões, embora não sejam significantes globalmente.
Risco de Derramamento
Derrames pequenos: por exemplo, de óleo de transporte. São causados por acidentes
pequenos, tais como falhas de válvula e mangueira, que podem ser interrompidas e
controladas rapidamente.
Derrames maiores: chegando a milhares de toneladas (ou dezenas de milhares de barris), são
muito difíceis de acontecer e estão relacionados principalmente com colisões e encalhes não
controlados que causam danos nos tanques de carga e combustível.
A base da filosofia de resposta em níveis (que será abordado na apresentação de
planejamento de contingência) é esta probabilidade de a maior parte dos derramamentos ser
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de pequeno porte e perto de terminais marítimos ou dentro de portos, e derramamentos
médios e grandes serem cada vez menos frequentes.
Causas de Derramamentos Marítimos
A International Tanker Owners Pollution Federation Ltd. (ITOPF) mantém, desde 1974, um
banco de dados sobre derramamentos de óleo de navios-tanque, transportes combinados e
barcaças.
Por motivos históricos a ocorrência de derramamentos é classificada por tamanho:
• Mais de 07 toneladas;
• Entre 07 e 700 toneladas;
• Mais de 700 toneladas.
A maioria dos incidentes (85%) está dentro da faixa de menos de 07 toneladas. A média de
grandes derramamentos por ano na década de 1990 foi de, aproximadamente, um terço dos
que ocorreram nos anos 1970.
Incidência de derramamentos por causa: 1974-2002
OPERAÇÕES < 7 toneladas 7-700 toneladas > 700 toneladas Total
Carga/descarga 2772 301 17 3090
Armazenamento 542 25 0 567
Outras operações 1167 47 0 1214
ACIDENTES
Colisões 164 260 87 511
Encalhes 222 203 107 532
Falhas de casco 563 77 44 684
Fogo & explosões 150 16 19 185
OUTROS / Desconhecido
2221 165 38 2424
TOTAL 7801 1094 312 9207
Fonte: ITOPF
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Principais Metas e Objetivos da Convenção de OPRC (Convenção de Prontidão, Resposta e
Cooperação de Poluição por Óleo)
Principais objetivos:
• Estimular os países a desenvolver e manter uma capacidade de lidar com emergências
comuns de poluição por óleo;
• Facilitar a cooperação internacional e a assistência recíproca no caso de um grande
incidente.
Uma autoridade nacional é designada para desenvolver uma organização de resposta. Assim,
assegurar que navios, unidades offshore e instalações que lidam com óleo façam relatório de
derramamentos e tenham seus próprios planos de resposta contra poluição, incluindo um nível
mínimo de equipamento pré-posicionado de resposta a derramamento de óleo e um programa
de treinamento e exercício do pessoal relevante.
No nível internacional, os Estados (as partes) que assinaram a Convenção são obrigados a dar
suporte técnico e equipamento de resposta a incidente se for solicitado por outra parte, de
acordo com suas capacidades.
Relacionamento entre Sistemas Nacionais de Resposta e Providências Internacionais de
Prontidão e Resposta a Derramamento de Óleo
Existem dois tipos de planejamento na estrutura internacional: 1) conceito do setor de
resposta em tier e 2) providências governamentais nos níveis local, nacional e regional.
1) Resposta em Tier
• Tier 1: prontidão e resposta a derramamentos pequenos dentro de uma instalação
individual, como por exemplo um terminal de óleo. O limite superior para o tamanho
de derramamento e os recursos necessários normalmente são determinados com base
nos riscos e do ambiente em volta. No entanto, o tier 1 atendem derrames
operacionais que tipicamente são menores que 10 toneladas.
• Tier 2: trata derramamentos maiores e exige a contribuição de recursos humanos e
equipamento de mais de uma fonte, como várias instalações dentro de um porto ou
de fora da área imediata. Uma ampla faixa de tamanhos e cenários de
derramamentos pode ser coberta por planos de tier 2.
• Tier 3: são planos para grandes derramamentos que requerem todos os recursos
nacionais disponíveis e, possivelmente, meios regionais ou globais.
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2) Providências governamentais
• Grupo 1: abrange o sistema de resposta nacional, que inclui a reunião de planos sub-
regionais para áreas geográficas específicas e planos locais cobrindo portos, terminais
e unidades offshore.
• Grupo 2: quaisquer planos ou acordos bilaterais ou multilaterais com outros recursos
para um grande derramamento, que seria um caso raro.
• Grupo 3: é a rede de planos ou acordos inter-regionais coordenados regional ou
globalmente pela IMO.
Planos e Acordos Regionais
A maior parte das regiões do mundo desenvolveu ou está desenvolvendo acordos regionais
multilaterais sobre cooperação no combate a emergências de poluição marinha.
Em geral, os acordos exigem: relatório de poluição, estabelecimento de um sistema nacional
de resposta, incluindo equipamento e pessoal dedicado, assistência e cooperação mútua.
Esses acordos precisam de suporte técnico e administrativo.
Em alguns casos isso é feito por secretariados, em outros casos foram estabelecidos centros
regionais para prover funções. Como por exemplo: coletar e disseminar informações, manter
estoques de recursos de resposta a emergências e auxiliar com o desenvolvimento de planos
de contingência e treinamento dentro da região.
Providências do Setor de Petróleo
O setor de petróleo criou capacidades de resposta regional e global por meio do
estabelecimento de estoques (Tier 3) para aumentar os recursos nacionais.
As principais organizações de Tier 3 são: Oil Spil Response (OSR) no Reino Unido, East Asia
Response Ltd. (EARL) em Cingapura, Clean Caribbean & Americas (CCA) nos Estados Unidos,
Offshore Oil Spill Unit na França e Australian Marine Oil Spil Centre (AMOSC). A Associação
de Petróleo do Japão também estabeleceu estoques na Arábia Saudíta, Abu Dhabi, Malásia,
Cingapura e Indonésia.
Estes estoques estão, em princípio, disponíveis para quem precise. Somente a OSRL possui
uma capacidade global, os outros são designados para operar dentro de uma região geográfica
específica.
Centros de Tier 3 gastam muito dinheiro para se estabelecer e manter. São operados numa
visão de não visar ao lucro. O acesso aos recursos de estoques do setor é, por isso, dado
preferencialmente às companhias de óleo e energia. Acionistas financiam a compra dos
equipamentos e os custos operacionais e gerais da organização.
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Estes sócios contribuintes têm um contrato de serviço por escrito que lhes garante acesso a
certo nível de equipamento e perícia numa emergência, a uma tarifa preferencial.
Governos e armadores podem geralmente obter acesso aos recursos de estoques do setor.
Entretanto, a resposta não é garantida, então eles precisam assinar um Acordo de Terceiros e
antes de toda resposta ser mobilizada. Estes acordos contêm disposições de indenização e
exigem que usuários façam pagamentos antecipados ou estabeleçam providências para o
rápido reembolso do Centro durante o período em que está prestando seus serviços.
Terceiros também são cobrados por uma tarifa maior do que os sócios porque eles não
contribuíram para o estabelecimento ou custos operacionais do Centro. Essas tarifas mais
altas são incorporadas em tarifas maiores de aluguel diário cobrado de não-sócios.
É de responsabilidade do usuário que solicita a assistência:
• O transporte de equipamento para o local de derrames de óleo. Os Centros também
irão promover ajuda normalmente usando aeronaves subcontratadas.
• Assegurar que o suporte logístico necessário esteja disponível no local, incluindo
equipamento adequado de descarga para a aeronave, transporte até a cena do
derramamento de óleo, entre outros.
É de responsabilidade das agências governamentais apropriadas:
• Estabelecer procedimentos com as autoridades alfandegárias e de imigração a fim de
garantir o movimento desimpedido de equipamento e pessoal para o país e, no final
das operações de resposta, para fora do país.
Uma vez no local, a equipe especializada dos Centros trabalha sob a direção geral da
organização que solicitou os seus serviços e oferecerá conselhos táticos conforme necessário.
No entanto, não é da responsabilidade dos Centros o gerenciamento da resposta geral a um
incidente ou fornecer as funções de comando e controle. Eles irão trabalhar dentro da
estrutura dos procedimentos de comando de incidente do país no qual o incidente ocorrer.
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA APLICÁVEL
Existem diversas leis, resoluções e decretos brasileiros relacionados à poluição do mar por
óleo e à proteção do meio ambiente. O conhecimento sobre essas normas brasileiras é muito
importante para a uma resposta eficiente e de acordo com os procedimentos e exigências
determinadas pela autoridade ambiental.
A seguir são apresentadas, em ordem cronológica, um resumo das principais leis, decretos e
resoluções vigentes no Brasil.
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A redação original das legislações, de onde foram extraídas as passagens presentadas neste
documento, pode ser consultada DOU – Diário Oficial da União, onde são oficialmente
publicadas.
Decreto Federal n° 79.437, de 28/03/1977
Promulga a Convenção Internacional sobre a Responsabilidade Civil em Danos Causados por
Poluição por Óleo – CLC 69.
Decreto Federal n° 83.540, de 04/06/1979
Regulamenta a aplicação da Convenção Internacional sobre a Responsabilidade Civil em Danos
Causados por Poluição por Óleo – CLC 69.
As principais exigências estabelecidas por este Decreto são:
Art. 2o - O proprietário de um navio, que transporte óleo a granel como carga, é civilmente
responsável pelos danos causados por óleo no Território Nacional, incluído o mar territorial,
salvo nas hipóteses previstas no §2o, do Artigo III, da Convenção ora regulamentada.
Art. 3o - Em garantia da responsabilidade a que se refere o artigo anterior, todo navio
registrado em Estado contratante, e que transporte mais de 2.000 (duas mil) toneladas de
óleo a granel como carga, deverá ter, a bordo, Certificado de Garantia previsto no §2o, do
Artigo VII, da Convenção ora regulamentada, para que possa trafegar ou permanecer em
águas territoriais, portos ou terminais brasileiros.
Parágrafo único - Todo navio registrado em um. Estado não contratante está obrigado à
apresentação de uma garantia financeira que represente, no mínimo, o total previsto no §1o,
do artigo V, da Convenção Internacional.
Art. 4o - A Diretoria de Portos e Costas (DPC), do Ministério da Marinha, exigirá a
apresentação do Certificado ou da garantia financeira equivalente, referidos no Artigo 3o,
bem como emitirá o Certificado para os navios de Bandeira Brasileira.
Art. 5o - A Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA1) estabelecerá as normas e os padrões
de controle da poluição por óleo, com o objetivo de prevenir ou reduzir seus efeitos.
Art. 6o - Os órgãos estaduais de controle do meio ambiente, que tenham jurisdição na área
onde ocorrer o incidente, executarão em articulação com a SEMA, as medidas preventivas e
corretivas necessárias à redução dos danos causados por poluição por óleo, bem como
1 A SEMA foi extinta pela Lei nº 7.735/89 (art. 1º); As funções antes de competência da SEMA, hoje são
exercidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis- IBAMA,
conforme disposto no artigo 2º da Lei nº 7.735/89, que foi modificado pela Lei nº 8.028/90.
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supervisionarão as medidas adotadas pelo proprietário do navio concernentes a essa redução
dos danos.
Parágrafo único - A autoridade, designada pelo órgão estadual de controle do meio ambiente
da área atingida, poderá intervir, substituindo o proprietário do navio na execução das
medidas que, a este, competem para redução dos danos causados por poluição por óleo,
sempre que, a critério do referido órgão estadual, essas medidas não sejam corretamente
adotadas.
Art. 8o - A ação preventiva ou corretiva iniciar-se-á imediatamente após o conhecimento do
incidente.
§1° - Qualquer incidente deverá ser comunicado imediatamente a Capitania dos Portos da
área, ou órgão a ela subordinado, por quem tomar conhecimento de fato que possa resultar
ou tenha resultado em poluição por óleo.
§2° - A Capitania dos Portos, recebida a comunicação de que trata o parágrafo anterior,
deverá participar o incidente, com urgência, a SEMA e aos órgãos estaduais de controle do
meio-ambiente da área atingida.
Lei Federal n° 6.938, de 31/08/1981
Esta lei dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de
formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA e institui o
Cadastro de Defesa Ambiental.
De acordo com o Art. 2º desta Lei Federal, a Política Nacional do Meio Ambiente tem como
finalidade a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida,
visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da
segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.
Para isso, são estabelecidos os Princípios, Objetivos e Instrumentos da Política Nacional de
Meio Ambiente.
Os principais aspectos em relação a um incidente e a resposta de derramamento de óleo para
o mar definidos nesta Lei Federal, são descritos a seguir:
Art. 4o - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os
danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins
econômicos.
Art. 9o - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
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III - a avaliação de impactos ambientais;
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas
necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras
dos recursos ambientais;
Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e
municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos
inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os
transgressores:
I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no
máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em
casos de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança
pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos
Municípios.
II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público;
III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos
oficiais de crédito;
IV - à suspensão de sua atividade.
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio
ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos
Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos
causados ao meio ambiente.
Decreto n° 87.186, de 18/05/1982
Promulga a Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida Humana no Mar – SOLAS, 1974.
Decreto no 87.566, de 16/09/1982
Promulga o texto da Convenção sobre Prevenção da Poluição Marinha por Alijamento de
Resíduos e Outras Matérias, concluída em Londres, em 29 de dezembro de 1972.
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Lei no 7.347, de 24/07/1985
Disciplina a Ação Civil Pública de Responsabilidade por Danos Causados ao Meio Ambiente, ao
Consumidor, a Bens e Direitos de Valor Artístico, Estético, Histórico e Turístico e Paisagístico.
Lei no 9.605, de 12/02/1990
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao
meio ambiente, e dá outras providências.
Esta lei, conhecida como “Lei de Crimes Ambientais”, prevê:
Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei,
incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o
administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou
mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de
impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente
conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da
sua entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas,
autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.
Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a
saúde pública e para o meio ambiente;
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.
Art. 11 A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às
prescrições legais.
Art. 14 São circunstâncias que atenuam a pena:
I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou
limitação significativa da degradação ambiental causada;
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III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;
Art. 15 São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o
crime:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
II - ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.
Art. 54 Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar
em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição
significativa da flora:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
§ 2º Se o crime:
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I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos
habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de
água de uma comunidade;
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou
substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando
assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano
ambiental grave ou irreversível.
Art. 58 Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão aumentadas:
I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral;
II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem;
III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.
Art. 69 Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões
ambientais:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Art. 75 O valor da multa de que trata este Capítulo será fixado no regulamento desta Lei e
corrigido periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo
o mínimo de R$ 50,00 (cinquenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões
de reais).
Decreto no 2.508, de 04/03/98
Promulga a Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição Causada por Navios,
concluída em Londres, em 02 de novembro de 1973, seu Protocolo, concluído em Londres, em
17 de fevereiro de 1978, suas Emendas de 1984, e seus Anexos Opcionais III, IV e V.
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Decreto no 2.870, de 10/12/1998
Promulga a convenção Internacional sobre Preparo, Resposta e Cooperação em Caso de
Poluição por Óleo, assinada em Londres, em 30/11/90.
Lei no 9.966, de 28/04/2000
Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de
óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras
providências.
Os principais aspectos contemplados nesta lei são:
Art. 1o Esta Lei estabelece os princípios básicos a serem obedecidos na movimentação de óleo
e outras substâncias nocivas ou perigosas em portos organizados, instalações portuárias,
plataformas e navios em águas sob jurisdição nacional.
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á:
I - quando ausentes os pressupostos para aplicação da Convenção Internacional para a
Prevenção da Poluição Causada por Navios (Marpol 73/78);
II - às embarcações nacionais, portos organizados, instalações portuárias, dutos, plataformas
e suas instalações de apoio, em caráter complementar à Marpol 73/78;
III - às embarcações, plataformas e instalações de apoio estrangeiras, cuja bandeira arvorada
seja ou não de país contratante da Marpol 73/78, quando em águas sob jurisdição nacional;
IV - às instalações portuárias especializadas em outras cargas que não óleo e substâncias
nocivas ou perigosas, e aos estaleiros, marinas, clubes náuticos e outros locais e instalações
similares.
Art. 5o Todo porto organizado, instalação portuária e plataforma, bem como suas instalações
de apoio, disporá obrigatoriamente de instalações ou meios adequados para o recebimento e
tratamento dos diversos tipos de resíduos e para o combate da poluição, observadas as
normas e critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente.
Art. 6o As entidades exploradoras de portos organizados e instalações portuárias e os
proprietários ou operadores de plataformas deverão elaborar manual de procedimento
interno para o gerenciamento dos riscos de poluição, bem como para a gestão dos diversos
resíduos gerados ou provenientes das atividades de movimentação e armazenamento de óleo
e substâncias nocivas ou perigosas, o qual deverá ser aprovado pelo órgão ambiental
competente, em conformidade com a legislação, normas e diretrizes técnicas vigentes.
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Art. 7o Os portos organizados, instalações portuárias e plataformas, bem como suas
instalações de apoio, deverão dispor de planos de emergência individuais para o combate à
poluição por óleo e substâncias nocivas ou perigosas, os quais serão submetidos à aprovação
do órgão ambiental competente.
§ 1o No caso de áreas onde se concentrem portos organizados, instalações portuárias ou
plataformas, os planos de emergência individuais serão consolidados na forma de um único
plano de emergência para toda a área sujeita ao risco de poluição, o qual deverá estabelecer
os mecanismos de ação conjunta a serem implementados, observado o disposto nesta Lei e
nas demais normas e diretrizes vigentes.
§ 2o A responsabilidade pela consolidação dos planos de emergência individuais em um único
plano de emergência para a área envolvida cabe às entidades exploradoras de portos
organizados e instalações portuárias, e aos proprietários ou operadores de plataformas, sob a
coordenação do órgão ambiental competente.
Art. 8o Os planos de emergência mencionados no artigo anterior serão consolidados pelo
órgão ambiental competente, na forma de planos de contingência locais ou regionais, em
articulação com os órgãos de defesa civil.
Parágrafo único. O órgão federal de meio ambiente, em consonância com o disposto na
OPRC/90, consolidará os planos de contingência locais e regionais na forma do Plano Nacional
de Contingência, em articulação com os órgãos de defesa civil.
Art. 13 Os navios enquadrados na CLC/69 deverão possuir o certificado ou garantia financeira
equivalente, conforme especificado por essa convenção, para que possam trafegar ou
permanecer em águas sob jurisdição nacional.
Art. 17 É proibida a descarga de óleo, misturas oleosas e lixo em águas sob jurisdição
nacional, exceto nas situações permitidas pela Marpol 73/78, e não estando o navio,
plataforma ou similar dentro dos limites de área ecologicamente sensível, e os procedimentos
para descarga sejam devidamente aprovados pelo órgão ambiental competente.
Art. 18 Exceto nos casos permitidos por esta Lei, a descarga de lixo, água de lastro, resíduos
de lavagem de tanques e porões ou outras misturas que contenham óleo ou substâncias
nocivas ou perigosas de qualquer categoria só poderá ser efetuada em instalações de
recebimento e tratamento de resíduos, conforme previsto no art. 5o desta Lei.
Art. 19 A descarga de óleo, misturas oleosas, substâncias nocivas ou perigosas de qualquer
categoria, e lixo, em águas sob jurisdição nacional, poderá ser excepcionalmente tolerada
para salvaguarda de vidas humanas, pesquisa ou segurança de navio, nos termos do
regulamento.
Art. 21 As circunstâncias em que a descarga, em águas sob jurisdição nacional, de óleo e
substâncias nocivas ou perigosas, ou misturas que os contenham, de água de lastro e de
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outros resíduos poluentes for autorizada não desobrigam o responsável de reparar os danos
causados ao meio ambiente e de indenizar as atividades econômicas e o patrimônio público e
privado pelos prejuízos decorrentes dessa descarga.
Art. 22 Qualquer incidente ocorrido em portos organizados, instalações portuárias, dutos,
navios, plataformas e suas instalações de apoio, que possa provocar poluição das águas sob
jurisdição nacional, deverá ser imediatamente comunicado ao órgão ambiental competente, à
Capitania dos Portos e ao órgão regulador da indústria do petróleo, independentemente das
medidas tomadas para seu controle.
Art. 23 A entidade exploradora de porto organizado ou de instalação portuária, o proprietário
ou operador de plataforma ou de navio, e o concessionário ou empresa autorizada a exercer
atividade pertinente à indústria do petróleo, responsáveis pela descarga de material poluente
em águas sob jurisdição nacional, são obrigados a ressarcir os órgãos competentes pelas
despesas por eles efetuadas para o controle ou minimização da poluição causada,
independentemente de prévia autorização e de pagamento de multa.
Parágrafo único. No caso de descarga por navio não possuidor do certificado exigido pela
CLC/69, a embarcação será retida e só será liberada após o depósito de caução como garantia
para pagamento das despesas decorrentes da poluição.
Art. 24 A contratação, por órgão ou empresa pública ou privada, de navio para realização de
transporte de óleo ou de substância enquadrada nas categorias definidas no art. 4o desta Lei
só poderá efetuar-se após a verificação de que a empresa transportadora esteja devidamente
habilitada para operar de acordo com as normas da autoridade marítima.
Art. 25 São infrações, punidas na forma desta Lei:
IV - descumprir o disposto no art. 24:
Pena - multa e suspensão imediata das atividades da empresa transportadora em situação
irregular.
§ 1o Respondem pelas infrações previstas neste artigo, na medida de sua ação ou omissão:
I - o proprietário do navio, pessoa física ou jurídica, ou quem legalmente o represente;
II - o armador ou operador do navio, caso este não esteja sendo armado ou operado pelo
proprietário;
III - o concessionário ou a empresa autorizada a exercer atividades pertinentes à indústria do
petróleo;
IV - o comandante ou tripulante do navio;
V - a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, que legalmente represente o
porto organizado, a instalação portuária, a plataforma e suas instalações de apoio, o
estaleiro, a marina, o clube náutico ou instalação similar;
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
15
VI - o proprietário da carga.
§ 2o O valor da multa de que trata este artigo será fixado no regulamento desta Lei, sendo o
mínimo de R$ 7.000,00 (sete mil reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões
de reais).
§ 3o A aplicação das penas previstas neste artigo não isenta o agente de outras sanções
administrativas e penais previstas na Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e em outras
normas específicas que tratem da matéria, nem da responsabilidade civil pelas perdas e
danos causados ao meio ambiente e ao patrimônio público e privado.
Resolução CONAMA no 269, de 14/09/2000
Dispõe sobre o Regulamento para Uso de Dispersantes Químicos em Derrames de Óleo no Mar,
como uma opção de estratégia de resposta à poluição marinha por óleo.
Para isso, esta Resolução estabelece as diretrizes para a aplicação de dispersantes químicos,
determinando condições que direcionam a tomada de decisão quanto ao uso dos dispersantes.
Art. 1º - A produção, importação, comercialização e uso de dispersantes químicos para as
ações de combate aos derrames de petróleo e seus derivados no mar somente poderão ser
efetivados após a obtenção do registro do produto junto ao Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA.
Parágrafo único - O IBAMA estabelecerá, por meio de Instrução Normativa, os procedimentos
e exigências necessários para a obtenção do registro dos dispersantes químicos.
Art. 2º - A utilização de dispersantes químicos em vazamentos, derrames e descargas de
petróleo e seus derivados no mar deverá obedecer aos critérios dispostos no regulamento
anexo a esta Resolução.
Art. 3º - O não cumprimento do disposto nesta Resolução sujeitará os infratores às
penalidades previstas na legislação vigente.
No Regulamento para Uso de Dispersantes Químicos em Derrames de Óleo no Mar, anexo a
esta Resolução, estão apresentadas informações, como:
1. Estrutura e funcionamento dos dispersantes químicos;
2. Tipos de dispersantes.
3. Critérios para a tomada de decisão quanto ao uso de dispersantes;
3.1 Critérios para Uso
3.2 Restrições para Uso
3.3 Critérios para Tomada de Decisão
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Decreto no 4.136, 20/02/2002
Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às infrações, às regras de prevenção,
controle e fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias
nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional, prevista na Lei no 9.966, de 28/4/00.
Decreto estabelece principalmente que:
Art. 1º - Constitui infração às regras sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da
poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas
sob jurisdição nacional a inobservância a qualquer preceito constante da Lei nº 9.966, de 28
de abril de 2000, e a instrumentos internacionais ratificados pelo Brasil.
Art. 4o As infrações, para efeito de aplicação de multa, classificam-se em grupos, por faixas,
de modo a permitir a sua adequada gradação em função da gravidade da infração, sendo seus
valores estabelecidos no Anexo I deste Decreto.
Art. 5o Para efeito deste Decreto, respondem pela infração, na medida de sua ação ou
omissão:
I - o proprietário do navio, pessoa física ou jurídica, ou quem legalmente o
represente;
II - o armador ou operador do navio, caso este não esteja sendo armado ou operado
pelo proprietário;
III - o concessionário ou a empresa autorizada a exercer atividades pertinentes à
indústria do petróleo;
IV - o comandante ou tripulante do navio;
V - a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, que legalmente
represente o porto organizado, a instalação portuária, a plataforma e suas instalações
de apoio, o estaleiro, a marina, o clube náutico ou instalação similar; e
VI - o proprietário da carga.
Art. 7o São autoridades competentes para lavrar auto de infração os agentes da autoridade
marítima, dos órgãos ambientais federal, estaduais e municipais e do órgão regulador da
indústria do petróleo, no âmbito de suas respectivas competências.
Art. 9o As infrações dispostas nas Subseções VI a XVII da Seção II deste Capítulo serão punidas
com as seguintes sanções:
I - advertência;
II - multa simples;
III - multa diária;
IV - apreensão do navio;
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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V - destruição ou inutilização do produto;
VI - embargo da atividade;
VII - suspensão parcial ou total das atividades; e
VIII - restritiva de direitos.
§ 1o Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão
aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas.
§ 5o A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar
no tempo, até a sua efetiva cessação ou regularização da situação, mediante a
celebração, pelo infrator, de termo de compromisso de reparação do dano.
Art. 11 Constitui reincidência, para efeito das infrações previstas nas Subseções VI a XVII da
Seção II deste Capítulo a repetição da prática de infração de mesma natureza pelo mesmo
agente, em período igual ou inferior a trinta e seis meses.
Parágrafo único. No caso de infração punida com multa, a reincidência implicará o aumento
da penalidade originária ao triplo do seu valor.
Art. 54 A aplicação das penas previstas neste Decreto não isenta o agente de outras sanções
administrativas e penais previstas na Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e em outras
normas específicas que tratam da matéria, nem da responsabilidade civil pelas perdas e danos
causados ao meio ambiente e ao patrimônio público e privado.
Art. 55 O alijamento em águas sob jurisdição nacional deverá obedecer às condições previstas
na Convenção sobre Prevenção da Poluição Marinha por Alijamento de Resíduos e Outras
Matérias, de 1972, promulgada pelo Decreto no 87.566, de 16 de setembro de 1982, e suas
atualizações.
ANEXO I - Valores das multas por grupos
Grupos Valor Mínimo (R$) Valor Máximo (R$)
A 1.000,00 10.000.000,00
B 1.000,00 20.000.000,00
C 1.000,00 30.000.000,00
D 1.000,00 40.000.000,00
E 1.000,00 50.000.000,00
F 7.000,00 35.000,00
G 7.000,00 70.000,00
H 7.000,00 700.000,00
I 7.000,00 7.000.000,00
J 7.000,00 1.000.000,00
J* acrescido de 7.000,00 a cada hora a partir do momento do incidente.
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Resolução CONAMA no 398, de 11/06/2008
Dispõe sobre o conteúdo mínimo do Plano de Emergência Individual para incidentes de
poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional, originado em portos organizados,
instalações portuárias, terminais, dutos, sondas terrestres, plataformas e suas instalações de
apoio, refinarias, estaleiros, marinas, clubes náuticos e instalações similares, e orienta a sua
elaboração.
Considerando a necessidade de serem estabelecidas diretrizes para elaboração do Plano de
Emergência Individual, prevista na Lei no 9.966, e a Convenção Internacional Sobre Preparo,
Resposta e Cooperação em Caso de Poluição por Óleo, esta Resolução tem como objetivo
estabelecer estratégias de prevenção e gestão dos impactos ambientais gerados por
incidentes em instalações que podem causar poluição por óleo.
Art. 5o - O Plano de Emergência Individual da instalação deverá ser elaborado de acordo com
as seguintes orientações:
I - conforme conteúdo mínimo estabelecido no Anexo I;
II - com base nas informações referenciais estabelecidas no Anexo II;
III - com base nos resultados da análise de risco da instalação;
IV - conforme os critérios de dimensionamento da capacidade mínima de resposta
estabelecidos no Anexo III;
V - de forma integrada com o Plano de Área correspondente.
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MÓDULO 01
LIÇÃO 1 – PROPRIEDADES, COMPORTAMENTO E DESTINO DE UM DERRAMAMENTO DE ÓLEO
OBJETIVOS DA LIÇÃO
Conhecer o comportamento de um derramamento de óleo é essencial para montar uma ação
de resposta inicial, selecionar as técnicas apropriadas, conduzir a operação com segurança ou
até mesmo decidir não realizar a resposta. Esta aula explicará como o óleo se comporta no
ambiente marinho.
Ao final da lição você deve ser capaz de avaliar a extensão de um derramamento de óleo e
descrever as propriedades e o comportamento típico de derramamentos de óleo no ambiente
marinho.
Durante a aula você aprenderá sobre:
• As principais propriedades físico-químicas do óleo.
• A importância do espalhamento e movimento.
• O processo de intemperismo e a inter-relação entre evaporação, dispersão e
emulsificação.
Propriedades Físico-Químicas do Óleo
As equipes de resposta devem considerar derramamentos de diversos tipos de óleo,
principalmente, óleos crus e óleos combustíveis pesados, e sob certas circunstâncias, alguns
outros produtos refinados, como gasolina e diesel.
A composição e a proporção dos vários compostos de hidrocarbonetos conferem as
propriedades particulares dos produtos.
Óleos de Interesse:
Óleo Cru
Óleos crus contêm uma grande variedade de compostos, que vão desde gases dissolvidos (os
mais leves), como metano e propano, até compostos extremamente pesados, como graxas e
asfaltenos. A variabilidade desses compostos no óleo cru implica no seu comportamento num
derramamento de óleo O teor destes compostos também irá mudar à medida que o óleo
começa a se degradar, acarretando em mudanças nas propriedades do mesmo.
Produtos Refinados
Os produtos refinados comumente envolvidos em derramamentos são:
• Gasolina, seção mais leve do óleo cru;
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• Diesel, combustível um pouco mais pesado, mas, ainda assim, razoavelmente leve
(também conhecido como óleo combustível nº 2);
• Óleo combustível residual, tal como óleo combustível pesado (conhecido também como
Bunker C e óleo combustível nº 6).
Tipos de Óleos e suas características
• Óleos Pesados: pouco espalhamento, baixa taxa de evaporação e diluição, baixa
porcentagem de componentes tóxicos/voláteis. Pode ser semi-sólido a baixas
temperaturas.
• Óleos Médios: moderadas taxas de propagação dependendo da temperatura da água,
toxicidade varia de acordo com a porcentagem de óleos leves e voláteis e formação de
emulsões estáveis sob agitação.
• Óleos Leves/Muito leves: espalhamento rápido, toxicidade elevada devido à elevada
volatilidade, altas taxas de evaporação, formação de emulsões não estáveis e penetração
no solo.
Na Tabela M1L1.1 abaixo estão apresentadas algumas características referentes aos
diferentes tipos de óleo.
Tabela M1L1.1 - Grupos de Óleos conforme ITOPF
ITOPF Densidade 0API Classificação Meia Vida Persistência
Grupo I < 0,8 >45 Muito leve ~24h 1-2 dias
Grupo II 0,8 a 0,85 35 a 45 Leve ~48h 3-4 dias
Grupo III 0,85 a 0,95 17,5 a 35 Médio ~72h 6-7 dias
Grupo IV > 0,95 <17,5 Pesado ~168h >7 dias
Fonte: ITOPF - The International Tanker Owners Pollution Federation
Óleos Persistentes e Não-Persistentes
• Óleos não persistentes: tendem a desaparecer rapidamente da superfície do mar.
• Óleos persistentes: se dissipam mais lentamente e requerem uma resposta de limpeza caso
haja um derramamento, principalmente se ameaçarem águas litorâneas.
A Tabela M1L1.2 apresenta alguns exemplos de óleos persistentes e não persistentes.
Tabela M1L1.2 - Exemplos de óleo persistentes e não persistentes
Óleos Persistentes Óleos Não Persistentes
• Muitos petróleos brutos • Derivados refinados pesados
• Nafta • Querosene • Gasolina • Diesel • Óleos vegetais
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Propriedades Físicas
O óleo possui duas propriedades importantes, que alteram durante um derramamento de
óleo:
• Densidade (gravidade específica/flutuabilidade - capacidade do óleo de flutuar)
• Viscosidade (fluidez e espessura)
Á medida em que os compostos mais leves evaporam, o óleo se torna mais pesado (mais
denso) e pode afundar (o óleo Bunker C tem densidade próxima a da água e, portanto,
afunda).
A medida que o óleo intemperiza, ele se torna mais espesso (aumenta sua viscosidade) e
assim, fica mais difícil bombeá-lo. Dessa forma, ele também se espalha mais lentamente.
Sob condições de calor, a viscosidade diminui e o óleo se torna mais fino, se espalhando mais
rapidamente.
A viscosidade é uma propriedade física que possui influência na escolha dos skimmers
(recolhedores). (veja MÓDULO 02, LIÇÃO 05).
Outras Propriedades
• Volatilidade
Esta propriedade descreve a tendência de o óleo evaporar. Á medida em que a temperatura
do óleo aumenta, diferentes compostos atingem seu ponto de ebulição e, por sua vez, são
destilados (evaporam).
• Ponto de Fluidez (Pour Point)
O ponto de fluidez é a temperatura abaixo da qual o óleo não flui, não se comportando como
líquido. Ele representa o ponto no qual o óleo começa a se solidificar ou se transformar em
gel.
• Teor de Asfalteno
Os asfaltenos (hidrocarbonetos cíclicos complexos) tendem a aumentar a formação de
emulsão estável de água em óleo (mousse de chocolate), que pode ter viscosidade e
persistência maiores do que o óleo original.
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• Ponto de fulgor (Flash Point)
O ponto de fulgor é a temperatura mais baixa à qual os vapores acima de uma substância
volátil irão se incendiar no ar quando expostos a uma chama. O óleo marítimo tem ponto de
fulgor acima de 60o C.
• Tensão Superficial
A tensão superficial é um indicador da tendência de um óleo a se espalhar e dispersar. Ela é
discutida em detalhes no MÓDULO 3, LIÇÃO 1, que trata de dispersantes.
A tabela M1L1.3 apresenta uma comparação entre as propriedades de diferentes produtos.
Tabela M1L1.3 - Comparação das Propriedades
Densidade (g/ml)
Viscosidade (cSt)
Características de destilação % ebulição abaixo 200°C % ebulição abaixo 370°C
Ponto de fluidez oC
Óleo cru típico 0,85 a 0,90 10 até 50 25 -40 até -50
Gasolina 0,75 1 100 0
-
Diesel 0,85 1 a 5 20 50
-20
Óleo combustível pesado
0,95 a 0,98 5000 até 10.000
10 65
-5 até -15
Água 1 1 100 0
ESPALHAMENTO E MOVIMENTO DO ÓLEO
Espalhamento do Óleo
Quando derramado na água, o óleo se espalha rapidamente, formando uma fina película que
pode cobrir uma grande área.
Durante a fase inicial de derramamento, a taxa de dispersão é particularmente alta, mas
diminui gradualmente ao longo do tempo. A taxa de dispersão e as variações são
determinadas pelas propriedades do óleo (ou seja, gravidade específica, tensão superficial e
viscosidade), volume, temperatura, velocidade do vento, ondas e corrente.
Apesar de vários fatores influenciarem a taxa de espalhamento e o tamanho final da mancha,
aproximações podem ser feitas utilizando tabelas de espalhamento, caso se saiba o volume e
o tipo de óleo. Por exemplo, após 2 horas, um derrame de 5 mil toneladas de óleo cru com
uma densidade de 0,875 e uma viscosidade de 10cSt cobrirá uma área de 0,5 km². Após 24
horas, cobrirá uma área de 1,7 km².
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Note que inicialmente ocorre uma rápida dispersão da mancha e que, para um volume
específico de derramamento, existe uma área de equilíbrio além da qual o óleo não se
dispersará. Assim, espessura média pode ser estimada dividindo-se o volume derramado pela
área.
Entretanto, as reais condições do mar resultam em variações de espessura dentro da área do
derramamento (ex. porções espessas e finas da mancha).
Normalmente, derramamentos de óleo na água formam uma fina lente com a parte interna
mais espessa que as bordas e com a maior parte do volume total na parte da mancha a favor
do vento (barlavento).
A maior parte do derramamento fica contida em uma área relativamente pequena de óleo
espesso circundado por uma fina película que cobre uma área muito maior. Uma regra prática
para esta decomposição é que 90% do óleo são contidos em 10% da área, e os 10% restantes do
óleo, cobrindo 90% da área total da mancha.
A maioria dos óleos crus se espalha em uma espessura de aproximadamente 0,3 mm em 12
horas. No entanto, alguns óleos crus e óleos combustíveis pesados são excepcionalmente
viscosos e tendem a não se espalhar muito, mas a permanecer em manchas arredondadas.
O volume da camada de óleo em determinada área, em certa medida, pode ser estimado por
meios visuais, pois a cor do óleo na superfície do mar normalmente se relaciona diretamente
com a espessura da camada.
Guia para a Relação entre Aparência, Espessura e Volume de Óleo na Superfície
O Código de Aparência do Bonn Agreement
Com base na aparência (cor aparente) do óleo, é possível estimar a espessura da película de
óleo na superfície.
A cor de uma película de óleo depende da maneira pela qual as ondas de luz são refletidas na
superfície, transmitida através do óleo (e refletida na superfície da água abaixo do óleo) e
absorvida pelo óleo. Além da combinação desses fatores, a cor do óleo é influenciada por
condições meteorológicas, altitude, ângulo de observação e cor da água do mar que depende
do tipo de óleo derramado.
Um parâmetro importante a ser considerado é a densidade ótica (habilidade em bloquear a
entrada de luz). Combustíveis destilados e lubrificantes são frações leves do óleo cru e
formará camadas muito finas que são quase transparentes, permitindo a passagem da luz.
Óleos pesados e espessos podem bloqueiam a luz que o atravessam, mesmo em camadas
finas.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Assim, com objetivo de auxiliar a estimativa de volume de óleo, foi criado o Código de
Aparência, que com base na cor aparente do filme de óleo na superfície, determina intervalos
de espessura. Essas estimativas são internacionalmente reconhecidas e podem ser usadas para
cálculos preliminares de volumes de óleo que podem ser usados para o planejamento da
resposta.
Os códigos de aparências e os respectivos intervalos de espessura/volume estão apresentados
na área Tabela M1L1.4 e exemplificados na Figura M1L1.1.
Tabela M1L1.4 - Código de aparência (NOAA, 2007)
Código Descrição / Aparência Intervalo de espessura da camada (µm)
Vol. Aproximado Litros por km2
Por unidade de área
1 Brilhoso (prateado/cinza) 0.04 até 0.30 40 – 300
2 Arco-iris 0.30 até 5.0 300 – 5000
3 Metálico 5.0 até 50 5000 – 50.000
4 Transicional 50 até 200 50.000 – 200.000
5 Cor escura ≥ 200 200.000 – >200.000
Figura M1L1.1 - Exemplos de aparência de óleo
Fonte: (Adaptado de NOAA – Open Water Identification Job Aid, 2007)
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2
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4
5
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A dispersão do óleo dificulta a eficiência da resposta, pois, ao longo do tempo, a mancha
passa a cobrir áreas que dificultam a administração e com espessura muito fina para ser
removida por skimmers. A chuva, por exemplo, também ajuda a diluir uma mancha de óleo
fina e leve.
Portanto, a eficiência da limpeza de um derramamento de óleo está diretamente relacionada
à rapidez nas tomadas de ação de resposta. Vale relembrar que uma estimativa genérica é de
que 90% do óleo estão em 10% da área e que 10% do óleo estão em 90% da área.
Movimento
O movimento de uma mancha de óleo pelas forças do vento e corrente de água pode ser um
fenômeno complexo devido aos muitos fatores a serem considerados.
Atualmente, existem diversos modelos computadorizados que podem ser usados para prever
movimentos de manchas com um bom grau de precisão. Estes modelos computadorizados são
úteis quando se opera em um amplo intervalo de tempo e com mudanças frequentes no vento
e correntes.
A maior vantagem dos modelos computadorizados é sua capacidade de armazenar e usar
grandes quantidades de informações históricas de correntes e tempo que podem variar
conforme o local específico e a época do ano.
A principal desvantagem é o acesso que nem sempre é possível e/ou a indisponibilidade ou
baixa qualidade dos dados locais de correntes de água e vento.
Entretanto, para se previr o movimento de óleo em curto prazo, em muitos casos, cálculos
simples provaram ser de grande valor e suficientemente precisos.
Utilidade dos cálculos:
• Para dizer antecipadamente onde e quando o óleo pode gerar impacto em uma
determinada área litorânea, ou para saber onde devemos estabelecer contramedidas;
• Ajudar a localizar uma mancha durante a noite ou neblina.
Uma boa regra prática para estimar esse movimento é:
Deslocamento da mancha de óleo = 3% da velocidade (intensidade e direção) do vento + 100 %
da velocidade (intensidade e direção) da corrente de água na superfície.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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INTEMPERISMO
Enquanto o óleo se espalha e se move na superfície do mar, um conjunto de processos
naturais altera suas propriedades físicas e químicas. Isto inclui espalhamento, evaporação,
dispersão, emulsificação, dissolução, biodegradação, oxidação e sedimentação.
Expansão
São normalmente classificados como uma parte do processo de intemperismo.
Evaporação
Componentes voláteis leves de uma mancha de óleo evaporam naturalmente, o que leva a
mudanças das propriedades do óleo remanescente. O resíduo que continua na superfície do
mar tem uma densidade e viscosidade maior do que a do óleo original.
A evaporação de petróleos brutos leves e derivados leves também leva a uma redução
significativa redução do volume total do derramamento. Esta evaporação pode resultar em
uma atmosfera explosiva, com risco de incêndio e explosão.
Os fatores que controlam a taxa de evaporação são:
• Composição química do óleo.
• Espessura da mancha: a taxa de evaporação aumenta com a redução da espessura.
• Temperatura: o óleo evapora mais rápido em temperaturas mais altas (note que
apesar da taxa de evaporação ser menor em temperaturas baixas, gasolina e a maior parte
dos óleos crus continuaram a evaporar mesmo em temperaturas de congelamento).
• Velocidade do vento: quanto maior a velocidade do vento, maior a taxa de
evaporação.
• Condições do mar: quanto mais agitado, maior a taxa de evaporação.
• Sob certas circunstâncias externas, o volume perdido, para óleos leves refinados e
óleos crus, pode ficar entre 25 e 30% nas primeiras 12 horas e mais de 50% em um dia.
Gasolina pode evaporar 100%. Óleos crus pesados perdem muito pouco volume.
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Dispersão
A ação do mar devido a ondas e turbulência pode acarretar na formação de gotículas nas
camadas superficiais do mar. Gotas maiores tendem a ressurgir como manchas flutuantes,
mas a contínua ação das ondas pode manter pequenas gotículas em suspensão. A taxa de
formação de gotículas é elevada para os óleos de baixa viscosidade e um processo de remoção
é importante para este tipo de óleo.
Emulsificação
Muitos óleos tendem a formar emulsões óleo-água (mousse de chocolate) que podem
aumentar o volume do poluente drasticamente. Essas emulsões são frequentemente muito
viscosas e estáveis, e mais difíceis de limpar. Emulsões podem conter de 75 a 90% de água,
que tem implicações no volume total do derrame e nas decisões de ação de resposta
(recolhimento, transferência, armazenamento e descarte).
Os processos de evaporação, dispersão e emulsificação interagem, até certo ponto. Por
exemplo, à medida que o óleo evapora ele tende a emulsificar, e se o óleo emulsificar, irá
resistir à dispersão.
Dissolução
As perdas por dissolução são menores, já que a maioria dos hidrocarbonetos de petróleo tem
baixa solubilidade na água do mar.
Biodegradação
Este é um processo pelo qual o óleo é decomposto por micro-organismos que habitam
naturalmente o ambiente marinho. A biodegradação é um processo lento e muito dependente
da temperatura no ambiente, e contribui para reduzir os efeitos de um grande derramamento
durante as operações de combate. No entanto, é interessante conhecer como o ambiente se
recuperará de um derramamento dentro de um período de meses ou anos.
Oxidação
Alguns hidrocarbonetos podem reagir com o oxigênio para formar compostos que são solúveis
em água ou formar piche. Muitas dessas reações oxidativas são promovidas pela luz solar
(foto-oxidação). Apesar de acontecer ao longo da duração de um derramamento, o efeito
total da dissipação é menor em relação ao processo de intemperismo.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Sedimentação
A sedimentação pode ser considerada um fenômeno de degradação, já que a evaporação e a
emulsificação aumentam a densidade do óleo. Alguns derivados refinados pesados têm peso
específico maior do que 1 e assim irão afundar em água doce ou salobra.
No entanto, poucos petróleos brutos são suficientemente densos, ou se degradam de tal
forma que os seus resíduos afundarão na água do mar. O afundamento normalmente é
causado pela adesão de partículas de sedimento ou matéria orgânica natural ao óleo.
As águas rasas e de estuários muitas vezes estão carregadas com sólidos suspensos e assim
oferecem condições favoráveis à sedimentação.
A temperatura também pode afetar o comportamento do óleo em relação a sua
flutuabilidade; enquanto ele mal flutua durante um dia frio, ele pode afundar quando a
temperatura cai durante a noite e ressurgir mais tarde à medida que o dia aquece.
Detecção Noturna
A detecção noturna pode ser feita por meio de radares, que medem a quantidade de ondinhas
presentes na superfície do mar. O óleo geralmente faz com que a superfície fique mais lisa, e
assim, o radar detecta as áreas onde a superfície do mar aparece mais lisa.
Há dois tipos de medidores para detecção de manchas de óleo que utilizam as diferenças de
ondas de calor: a luz infravermelha e a ultravioleta. A luz ultravioleta não pode ser utilizada
para detectar manchas de óleo de noite. A infravermelha pode ser usada de noite, mas
diferente da ultravioleta, ela usa o espectro infravermelho de ondas de calor.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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LIÇÃO 2 – SAÚDE E SEGURANÇA
OBJETIVOS DA LIÇÃO
A segurança humana é o fator mais importante em qualquer resposta ao derramamento de
óleo. Um conhecimento geral sobre segurança do trabalho e as ameaças à saúde em áreas
contaminadas por óleo é crucial para conduzir uma resposta segura.
NENHUM TRABALHO É TÃO URGENTE A PONTO QUE NÃO POSSA SER PLANEJADO E
EXECUTADO COM SEGURANÇA!
Este módulo não se preocupa com os aspectos normais de segurança do trabalho. Ele é focado
nos aspectos de saúde e segurança relacionados à resposta ao derramamento de óleo,
especialmente aos riscos relacionados com os hidrocarbonetos.
Ao final da aula, você devera saber:
• Quais são as ameaças à saúde e segurança durante uma resposta a um derrame de óleo
• Outras ameaças à saúde e precauções de segurança apropriadas.
• Formas de Mitigação dos riscos
1. RISCOS REFERENTES À MANCHA DE ÓLEO E FORMAS DE MITIGAÇÃO
Os óleos crus são misturas complexas de substâncias químicas e devem ser tratadas com
cuidado. Os riscos referentes à mancha de óleo podem ser classificados em três categorias
gerais:
• Efeitos do vapor
- Atmosfera explosiva
- Inalação Tóxica
• Contato com a pele
• Ingestão
A seguir está apresentado cada risco referente à mancha de óleo em si, assim como as formas
de mitigação desses riscos.
1.1 Efeitos do Vapor – Atmosfera Explosiva
A evaporação dos derivados leves do óleo em áreas confinadas, ou até mesmo em áreas
abertas, é uma questão muito importante do ponto de vista da segurança.
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Durante os primeiros estágios de um derrame envolvendo óleo cru fresco (não-intemperizado)
de produtos refinados leves, como a gasolina ou outros combustíveis leves, uma atmosfera
explosiva pode estar presente nas imediações do vazamento. Isto cria um alto risco de fogo e
explosão.
Este risco depende da substância, do local e do tempo de intemperismo que o óleo se
encontra. O risco geralmente diminui à medida que o óleo intemperiza e perde seus
componentes leves (os componentes mais voláteis evaporam). O risco também será diminuído
pelo vento, que tende a dissipar atmosferas inflamáveis, no caso de combate em áreas
abertas. Por esse motivo dizemos que o comportamento da macha de óleo, assim como os
riscos associados a ela, são mutantes.
O óleo cru possui componentes químicos com baixas temperaturas de ponto de fulgor. Dessa
forma, mesmo em baixas temperaturas, o óleo se vaporiza em quantidades suficientes para
formar com o ar uma mistura capaz de inflamar-se momentaneamente quando se aplica uma
centelha sobre a mesma.
Ponto de fulgor: é a menor temperatura na qual um combustível liberta vapor em quantidade
suficiente para formar uma mistura inflamável por uma fonte externa de calor.
A tabela M1L2.1 a seguir apresenta alguns exemplos de componentes químicos e seus
respectivos pontos de fulgor.
Tabela M1L2.1 - Exemplos de componentes químicos inflamáveis presentes no petróleo
Composto Químico Ponto de Fulgor
Benzeno C6H6 -11° C
Gás sulfídrico H2S -82° C
Metano CH4 - 188° C
1.1.1. Formas de identificação do risco de explosividade
Os gases e vapores inflamáveis quando misturados ao ar podem formar misturas inflamáveis.
Uma mistura inflamável é quando a quantidade de combustível e oxigênio estão equilibradas,
de forma que uma centelha externa possa iniciar uma explosão. O intervalo dessa combinação
inflamável na atmosfera, de forma a torná-la com potencial explosivo, está limitado pelo
limite inferior de explosividade LIE e pelo limite superior de explosividade LSE . A Figura
M1L2.1 esquematiza os intervalos das misturas pobre, inflamável e rica.
Figura M2L1.1 - Intervalos de mistura pobre, inflamável e rica
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Na mistura pobre não há risco de explosão, pois não há combustível suficiente, e na mistura
rica, há muito combustível, porém pouco oxigênio para que haja um risco de explosão ou
incêndio. Na mistura inflamável, as concentrações estão equilibradas e é onde se encontra o
risco de uma explosão.
Nos locais onde há o risco de uma atmosfera inflamável (próximo a mancha de óleo), a área
deverá ser testada e avaliada, usando um instrumento de leitura instantânea, tal como um
explosímetro. Este instrumento possui sensores capazes de detectar o percentual de gás e
informar, através de alarmes luminosos e/ou sonoros, se a atmosfera encontra-se em uma
mistura inflamável ou não.
Os explosímetros fornecem leituras entre 0 e 100% do LIE (limite inferior de explosividade)
que é a menor concentração de gases e vapores combustíveis no ar capaz de gerar uma
combustão, com uma fonte de ignição presente. Estes equipamentos deverão estar
devidamente calibrados e operados por pessoas treinadas, assim a leitura do LIE estará o mais
próximo da realidade.
ATENÇÃO! Esses limites na prática devem ser usados com muito cuidado, pois a mobilidade
do ar pode mudar rapidamente a concentração do gás ou vapor.
Dessa forma, podemos identificar o risco de uma atmosfera explosiva. É muito importante
que a atmosfera esteja sendo monitorada com o auxilio de um explosímetro durante a
resposta. Caso o LIE ultrapasse os 20% ou caso o alarme dispare, deve-se evacuar a área o
mais rápido possível.
1.1.2. Forma de mitigação do risco de explosividade
Formas de mitigação desse risco:
• Eliminar todas as fontes de chama (isqueiros, cigarros) durante o a resposta ao
derramamento.
• Não usar equipamentos elétricos que não sejam intrinsecamente seguros.
Vale lembrar que centelhas podem também ser produzidas quando se usa ferramentas básicas
como chaves de fenda, alicates, etc. que não sejam feitos de material especial. Ferramentas
especiais anti-centelha devem, então, ser usadas em tais ocorrências.
ATENÇÃO! Em um local a concentração pode estar abaixo do limite inferior de
explosividade e ser perigosa devido à toxicidade.
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1.2. Efeitos do Vapor – Inalação
1.2.1. Inalação
Inalação é o ato de aspirar vapores ou líquidos pelos pulmões. Pela alta volatilidade do
petróleo, devemos sempre estar atentos aos vapores tóxicos liberados por ele.
1.2.2. Toxicidade
O comportamento do óleo derramado no mar depende da sua composição química e também
da atuação de processos como evaporação, emulsificação, dissolução, biodegradação, foto-
oxidação e das interações entre óleo, sedimentos e água. A combinação destes processos é
conhecida como intemperismo, o qual reduz a concentração de diferentes grupos de
compostos, modificando as características químicas e físicas do petróleo.
Os processos intempéricos, que atuam sobre um óleo derramado no mar, podem ocorrer
simultaneamente, mas a diferentes velocidades. A velocidade e a extensão desses processos
dependem das propriedades físicas e químicas do óleo original e de condições ambientais,
como: temperatura, velocidade e direção dos ventos e das correntes marinhas. A evaporação
é a responsável pelas mudanças mais importantes ocorridas no óleo durante um derrame. Em
poucos dias, um petróleo leve, dependendo da sua composição, pode perder até 75% de seu
volume e os médios até 40%. Nos ambientes tropicais, as temperaturas elevadas fazem com
que a perda por evaporação dos componentes voláteis do petróleo seja mais rápida,
diminuindo seus efeitos tóxicos sobre a microflora local (MERV-Fingas-The basic of oil
cleanup).
A figura M1L2-2 ilustra a volatilização do óleo.
Figura M1L2 - 2: Esquema de volatilização do óleo.
Como foi apresentado anteriormente, a evaporação pode gerar uma atmosfera inflamável.
Porém em uma atmosfera inflamável ou não, devemos estar muito atentos à toxicidade
causada pelos componentes químicos volatilizados.
Compostos Orgânicos Voláteis
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O petróleo e seus derivados contem componentes tóxicos como o benzeno, tolueno e xileno,
em várias concentrações, dependendo do produto ou tipo de óleo. Estes são considerados
tóxicos e podem causar sérios problemas de saúde, caso não sejam tomadas precauções.
O Benzeno tem efeitos tóxicos particulares. É considerado tanto carcinogênico (causador de
câncer) e teratogênico (prejudica o desenvolvimento do feto), afetando o sangue, órgãos
hematopoiéticos (formadores de sangue) e a exposição persistente a este produto está ligada
a alta incidência de câncer, especialmente leucemia. Como o benzeno é altamente volátil e
evapora de uma mancha de óleo rapidamente, devemos estar com atenção redobrada em
relação a este composto nas primeiras horas de combate.
Hidrocarbonetos aromáticos agem no sistema nervoso central e efeitos agudos são
normalmente causados por exposição a altas concentrações. Mesmo exposições a baixas
concentrações podem resultar nos sintomas abaixo:
• Tontura, dor de cabeça, náusea
• Olfato prejudicado
• Irritação na pele e nos olhos
• Diminuição do senso de responsabilidade
A tontura e a perda de responsabilidade, em alguns casos, se assemelham a causada por
bebida, e a fala fica arrastada.
A exposição a altas concentrações podem levar a:
• Visão embaçada
• Tontura
• Confusão
• Perda de consciência
E por último:
• Parada respiratória
• Parada cardíaca
• Morte
1.2.3. Formas de mitigação dos riscos de inalação tóxica
Durante as operações de combate no mar, os efeitos tóxicos do óleo cru são limitados, já que
os vapores são diluídos e as concentrações correspondentes baixas. Entretanto, as seguintes
medidas de seguranças devem ser observadas:
• Quando necessário, use aparato respiratório especial, como um cartucho respirador,
resistente aos gases presentes, ou aparato de respiração autônomo. Isto é
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particularmente necessário para o pessoal da primeira resposta, já que eles deverão
entrar em contato com óleo fresco no início da resposta.
• Outra boa forma de mitigar esse risco é trabalhar sempre que possível a barlavento,
de forma que a direção do vento seja: trabalhador�mancha de óleo. Evite a inalação
de gases, vapores e fumaça.
• Se possível, obtenha os riscos específicos na ficha técnica (FISPQ) do óleo em
questão, ou de qualquer outro produto químico envolvido na resposta, como por
exemplo, os dispersantes.
• Como os vapores do petróleo são mais pesados do que o ar, eles podem se acumular
em áreas baixas. Por isso, nunca entre em lugares sob cais ou diques sem o respirador
ou até que todos os gases tenham evaporado.
1.2.4. Precauções
Note que o cheiro nem sempre é prova suficiente para testar a sua presença devido ao fato de
que fortes concentrações podem paralisar o sentido do olfato.
1.3. Contato com a pele
O contato com a pele é o de ocorrência mais comum, e o maior risco à saúde numa operação
de resposta devido a sua frequência. Qualquer derivado do petróleo pode causar irritação na
pele porque o petróleo é absorvido diretamente através das camadas da pele, folículos
capilares e glândulas sudoríparas.
Vários efeitos podem ocorrer rapidamente após a exposição da pele, e quanto mais
prolongado e frequente for o contato com alguns produtos maior as chances de problemas
cutâneos sérios, incluindo câncer.
Os trabalhadores envolvidos na resposta devem tomar precauções especiais quando
manipularem qualquer equipamento contaminado por óleo, principalmente durante a
primeira resposta.
1.3.1. Formas de mitigação dos riscos do contato de óleo com a pele
A principal forma de mitigação desse risco é a conscientização dos trabalhadores para se
evitar qualquer contato direto com o óleo principalmente a partir do uso do EPI indicado para
cada atividade, como por exemplo, macacão, bota, e luvas.
Caso haja o contato seguir os seguintes procedimentos:
• Caso haja o contato com a pele
- Remova o mais rápido possível
- Use sabão (não use sabão áspero) e água ou preparado especial para limpar.
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• Caso haja contato com os olhos:
- Lave os olhos com água limpa. Líquidos especiais para olhos/sprays devem
estar disponíveis.
1.4 Ingestão
A deglutição involuntária de óleo pode ocorrer quando alimento e/ou cigarros são
manipulados com as mãos contaminadas.
1.4.1. Formas de mitigação dos riscos de ingestão
A equipe envolvida na resposta deverá sempre lavar bem as mãos e retirar a roupa
contaminada antes de comer.
Caso haja uma quantidade considerável de óleo ingerida é requerido atendimento médico
para avaliar o nível de toxicidade.
1.5. Sintomas Gerais
Os seguintes sinais/sintomas gerais indicam uma exposição potencialmente tóxica. Caso um
ou mais sintomas persistirem, o trabalhador envolvido na resposta deverá procurar
atendimento médico.
• Perda súbita de peso ou mudança no apetite
• Fadiga ou dificuldades para dormir
• Irritabilidade
• Feridas cutâneas / alergias / soro
• Problemas ou perda de visão
• Perda de audição
• Mudanças na sensibilidade olfativa
• Respiração curta / asma / tosse ou produção de catarro
• Dor no peito
• Náusea / vômito / diarreia / constipação
• Fraqueza / tremores
• Mudança na personalidade
2. OUTROS RISCOS ENCONTRADOS DURANTE UMA RESPOSTA AO DERRAMAMENTO
Além das ameaças referentes à mancha de óleo em si, também iremos tratar de mais 3 riscos
presentes na resposta a um derramamento de óleo:
• Acidentes
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• Calor
• Animais selvagens
2.1. Acidentes
Para prevenir acidentes durante o trabalho, deve-se dar atenção aos seguintes pontos:
• Conhecimento dos riscos potenciais
• Procedimentos para lidar com tais riscos
• Preparações, procedimentos, ações, escolhas e decisões afetam não somente à pessoa que
as faz, mas também seus companheiros de trabalho
Os principais riscos de acidente durante uma resposta a emergência são:
• Queda no convés
• Queda no mar
• Ser atingido por algum equipamento enquanto está sendo içado ou se prender em algum
cabo.
2.1.2. Formas de mitigação dos riscos de acidente
A melhor forma de prevenir qualquer acidente durante a resposta está relacionada com a
organização da mesma. Para isso cada trabalhador deve estar perfeitamente ciente de sua
função e bem treinado para executá-la de forma correta.
O tempo ruim e o mar fora das condições ideais aumentam o risco de acidentes e por isso é
importante avaliar as condições climáticas para saber se está seguro efetuar a resposta sob
estas condições.
O uso de EPI correto também é uma importante forma de mitigar os riscos de acidentes.
2.2. Calor
Exposição prolongada a altas temperaturas ambientais pode levar ao desconforto,
irritabilidade e queda de desempenho. A insolação pode ser causada em ambientes quentes e
úmidos e ocorre geralmente onde se tem um alto nível de irradiação solar.
Uma pessoa com insolação possui a regulagem da temperatura do seu corpo alterada. Isto por
que o corpo não dissipa o excesso de calor provocado por condições ambientais extremas.
Pode também ser originada a partir da utilização de roupas de proteção, principalmente em
situações árduas de trabalho e sob condições ambientais severas.
Cãibras de calor são espasmos nos músculos dos braços e pernas devido à falta de sal
ocasionada por desidratação.
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Exaustão por causa do calor ocorre quando o corpo não pode se refrigerar. Isto pode-baixara
frequência cardíaca, que leva à fraqueza, palidez e desmaio.
2.2.1. Formas de mitigação dos riscos associados ao calor
Os coordenadores da resposta devem conhecer bem os sintomas deste mal, a fim de prestar
os primeiros socorros aos trabalhadores que apresentarem estes indícios. Os trabalhadores, se
realmente necessário, deverão ser expostos a altas temperaturas gradualmente. Deverá
existir água suficiente disponível e permissão para descansos suficientes. Os trabalhadores
deverão ser treinados para reconhecer os sintomas de um estresse de calor e dos cuidados
que deverão ser tomados contra insolação e desidratação.
As pessoas que estiverem trabalhando em campo deverão estar protegidas dos riscos de
exposição excessiva ao sol. A exposição ao sol deverá ser controlada, fornecendo-se aos
trabalhadores coberturas, chapéus com abas largas e cremes de proteção solar.
O trabalho deverá ser mínimo quando o sol estiver em seu ápice. Após o horário do almoço, é
recomendável um descanso e que sejam oferecidas refeições leves, ricas em carboidratos,
além de suficientes quantidades de líquidos.
2.3. Animais Selvagens
Certas áreas podem ser habitadas por animais potencialmente perigosos, como cobras
venenosas. Mesmo que possa parecer uma pequena inconveniência, pode se tornar uma
ameaça para algumas pessoas. Por exemplo, picadas de abelhas podem causar reações
alérgicas. Todos os problemas devem ser relatados ao pessoal encarregado no local.
Também se deve observar que pode ser perigoso tentar salvar ou limpar animais selvagens
como pássaros ou animais domésticos, por causa do estado de estresse que esses animais
podem estar. Em geral, trabalhadores não treinados não devem lidar com estas situações,
mas sim pedir assistência especial.
3. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
A seleção dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) dependerá do produto envolvido e
suas características químicas.
O ideal de uma equipe de emergência é dirigir-se para o local do acidente com uma bolsa de
EPIs e aguardar instruções de um profissional credenciado para a liberação do trabalho e
definição dos EPIs que serão necessários.
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Os equipamentos de proteção individual, em geral, são luvas, botas, óculos, respiradores,
macacão, capacete e roupas de proteção química. Os trabalhadores precisam estar protegidos
de temperaturas altas e baixas, líquidos perigosos e gases nocivos.
Os maiores riscos para o trabalhador ocorrem nas primeiras horas após o acidente e referem-
se principalmente à inalação de vapores e/ou gases tóxicos. Dependendo da situação,
sobretudo em locais abertos e com baixa concentração de vapores, mascaras panorâmicas
com filtro (carvão ativado) apresentam adequado nível de proteção.
As pessoas envolvidas em uma operação devem ter um conhecimento sólido de como usar
corretamente os EPIs, além de seguir práticas corretas de higienização e limpeza aos mesmos.
3.1. Tipos de Equipamento de Proteção Individual
A seguir estão alguns exemplos com uma breve descrição de EPIs comumente usados em
resposta ao derramamento de óleo:
Mascaras de Proteção
Estes equipamentos são somente efetivos se as pessoas os utilizarem corretamente. Os
operadores precisam ser ensinados sobre sua manutenção e da melhor maneira de acoplá-los
à face. O acoplamento correto é importante para assegurar que não haja vazamento de
produtos químicos para dentro da máscara. Estas mascaras são mais usadas em operações de
limpeza da costa.
Luvas de vaqueta
Bastante usadas quando é necessário fazer esforços ou movimentar cargas.
Luvas de Nitrila
São as mais apropriadas para o trabalho com óleo. As luvas de borracha (látex) não são a
melhor opção
Óculos Protetores
Ampla Visão: proteção contra respingos de óleo e de dispersantes.
Óculos escuros: proteção contra os raios UVA/UVB.
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A seguir mais alguns exemplos de EPIs comumente usados:
- Macacão, durante toda a resposta
- Macacão TYVEK, descartável
- Protetor auricular tipo concha, nas proximidades de equipamentos ruidosos.
- Protetor auricular tipo Plugue, nas proximidades de equipamentos ruidosos.
- Bloqueador Solar para os trabalhadores expostos a luz solar.
- Capacete onde houver risco de ser atingido por cima ou bater a cabeça.
- Óculos de Segurança, usado em todas as áreas de trabalho
- Jardineira com bota de borracha para locais alagados
- Calçados de proteção (botas de borracha de segurança com biqueira de aço e sola
texturizada)
- Boné/Chapéu para proteção solar durante a limpeza de praias
4. OUTROS ASPECTOS IMPORTANTES RELACIONADOS À SEGURANÇA
4.1. Dispersantes
Dispersante é uma mistura de solventes e surfactantes que possuem a propriedade de quebrar
a tensão superficial entre o óleo e a água e, assim, favorecer a biodegradação.
Dispersantes são usualmente aplicados sobre uma mancha de óleo por embarcações,
helicópteros ou aviões. Os dispersantes deverão ser usados em áreas bem ventiladas, distante
de faíscas, calor ou chamas. O grau de explosividade de cada dispersante varia de acordo com
a composição química dos mesmos.
Contato prolongado com dispersantes pode causar um efeito desengraxante dos óleos
naturais, levando a rachadura e irritações da pele, possivelmente uma dermatite. Inalação de
vapores pode resultar em tonturas, náuseas etc. Inalação extensiva deverá ser tratada através
da remoção para ar fresco e envio da pessoa contaminada para atendimento médico.
Olhos, pele e vias respiratórias deverão ser protegidos da borrifação. Olhos contaminados
deverão ser cuidadosamente lavados com água.
Dispersantes derramados criam uma superfície escorregadia. Quaisquer derramamentos
deverão ser limpos com esfregão, com absorvente adequado e lavados com bastante água.
É importante ressaltar que o uso de dispersantes químicos também apresenta risco de saúde,
já que a nevoa produzida por eles pode ser inalada pelos trabalhadores envolvidos.
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4.2. Segurança Pública
Um aspecto relacionado a operações de limpeza da costa é supervisionar as atividades que,
em regra, costumam atrair atenção do público. Assim, deve-se tratar da segurança do
público, mesmo em atividades menores de limpeza da costa.
Espectadores devem tomar uma distância segura. Determine qual é esta distância segura,
considerando o tamanho da área necessária a livre movimentação do pessoal envolvido,
materiais, equipamentos e transporte. A possibilidade de vapores tóxicos ou inflamáveis se
espalharem deve ser considerada.
Não permita que voluntários assistam às operações de limpeza, a menos que tenham
autorização de autoridades maiores e treinamento básico ou orientação. A experiência tem
mostrado que quando essas pessoas se envolvem nas ações, nas quais não tiveram
treinamento ou experiência, frequentemente se machucam, levemente ou seriamente.
Caso repórteres e fotógrafos tenham permissão para entrar na área do incidente, eles devem
ser instruídos quanto às precauções de segurança básicas, seja qual for o local do
derramamento que queiram examinar.
4.3. Tipos de Costa
Os tipos de costa variam de características e, portanto, precauções especiais devem ser
tomadas para cada uma delas. Por exemplo, praias de seixos e cascalho podem ser bastante
escorregadias e consistem de pedras irregulares. Todo o pessoal neste tipo de área de
trabalho deve usar calçados à prova d’água com solado aderente.
Bancos argilosos, pântanos e costões lodosos também são difíceis de trabalhar, pois não se
caminha em solo firme, e pode-se ter de avançar numa água estagnada e oleosa até o peito.
Ao limpar penhascos a partir do mar, o capitão do navio irá decidir se a embarcação pode ser
manobrada bem o suficiente para uma abordagem segura. No caso da limpeza de uma escarpa
com um pequeno barco, o Comandante de Cena vai decidir se a operação pode ser iniciada de
maneira segura.
É obrigatório o uso de salva-vidas. Caso os trabalhadores sejam requisitados para realizar
operações de limpeza do alto de penhascos, eles devem estar seguros por linhas de segurança
e arreios. Quando trabalhando no mar, ao longo da costa ou de um cais, o pessoal deve estar
sempre de salva-vidas, nunca estar sozinho (buddy system) e sempre alerta. Certas águas
possuem correnteza forte, ondas, ressacas e marés, e o uso de linhas de vida é necessário.
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4.4. Condições Adversas de Tempo
Como a eficácia das estratégias de resposta depende das condições de tempo incluindo chuva,
vento, correntes marítimas, calor e frio, o ambiente de trabalho do pessoal deve ser
continuamente avaliado. Exposição tanto ao calor quanto ao frio por um longo período pode
afetar fisiologicamente e psicologicamente a condição daqueles envolvidos. A exposição
contínua pode resultar em desconforto físico, perda de eficiência e uma suscetibilidade maior
aos acidentes e ferimentos.
4.5. Zoneamento da Área
O Zoneamento da área é uma estratégia importante na hora da resposta. As Zonas podem ser
separadas em:
Zona Quente: Zona da resposta propriamente dita (contaminação imediata /
monitoramento)
Zona Morna: É usada para a descontaminação, retirada das roupas e EPIs contaminados,
colocação dos EPIs para adentrar na zona quente e entrada e saída da área de
emergência.
Zona Fria: Acomodação, descanso, alimentação, recepção de pessoal.
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LIÇÃO 3 – SENSIBILIDADE E IMPACTOS AMBIENTAIS
OBJETIVO DA LIÇÃO
Devido às suas características físico-químicas, o petróleo e seus derivados são produtos que
apresentam alto grau de toxicidade, provocando, quando liberados para o meio ambiente,
graves impactos ambientais, conceituados pela Resolução CONAMA 001/86, em seu Artigo 1º,
como sendo: “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades
humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da
população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e
sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais”.
Ao final da Aula, você deverá conhecer os impactos ambientais mais importantes em um
derramamento de óleo.
A seguir são apresentados os impactos decorrentes da poluição por óleo sobre a fauna e flora
presentes nos diferentes compartimentos dos ambientes marinho e costeiro.
IMPACTO EM HABITATS MARINHOS E COSTEIROS
Águas abertas e oceanos
Animais aquáticos de grande porte, como lulas, peixes, tartarugas, baleias e golfinhos são
bastante móveis e raramente afetados por derrames de óleo em águas abertas. Em regiões
costeiras, mamíferos marinhos, como focas, e tartarugas podem ser vulneráveis devido à
necessidade de subir para respirar.
Focas adultas sentem a presença do óleo e deixam a área do derramamento. Entretanto, em
certos casos, focas adultas e, em particular, filhotes de focas ficam presos e acabam
morrendo em praias poluídas. Castores podem se asfixiar e morrer por causa do óleo, pois não
tem como sair das áreas em que habitam (ex. o incidente EXXON VALDEZ no Alasca/EUA, em
março de 1989).
As águas rasas onde ocorrem desovas também podem ser afetadas por óleo dissolvido ou
disperso. Moluscos são particularmente vulneráveis porque têm mobilidade restrita. Fundos
de grama e habitantes do fundo marinho como mexilhões, ouriços e vermes podem ser
afetados pelo óleo e, por sua vez, transferir esta contaminação através da cadeia alimentar.
Para auxiliar no planejamento das ações de resposta e no direcionamento dos recursos
disponíveis, uma Carta SAO (Sensibilidade Ambiental ao Óleo) é feita para mapear onde
ficam, por exemplo, os ambientes mais sensíveis ao óleo, aspectos socioeconômicos, como
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locais de atividades de pesca, turismo, indústrias, aspectos ambientais, como espécies de
animais típicas, entre outros aspectos, que auxiliam na escolha dos lugares a terem sua
proteção priorizada.
Essas cartas podem ajudar na análise de sensibilidade na costa, vendo quais espécies de aves,
peixes e outras espécies podem ser afetados com um derramamento de óleo. Também é mais
fácil para avisar as comunidades locais sobre a vulnerabilidade do local e solicitar ajuda em
caso de derramamento de óleo no mar.
Litoral
Os efeitos no litoral são particularmente severos quando estão descobertos na maré baixa. O
óleo na superfície tende a afetar toda a vida na zona entre marés. Os efeitos podem ser tanto
químicos, quando os animais ficam expostos aos elementos tóxicos do óleo, quanto físicos,
quando organismos sufocam por causa da mancha.
Em áreas abrigadas, como pântanos de água salgada, mangues e pântanos, o óleo pode causar
danos consideráveis, pelo fato dessas áreas serem frequentemente ecossistemas de grande
produtividade. São áreas de alimentação para aves, na maré baixa, e para peixes, na
preamar. Como essas áreas têm um potencial auto-limpante muito pequeno, o óleo pode ter
impacto de longo prazo.
Alagadiços
Áreas rasas abaixo da faixa de marés são frequentemente ricas em vida marinha, incluindo
moluscos, peixes jovens e alevinos, recifes de coral e leito de grama. São habitats
importantes e berçário de muitas aves, como também de grande importância para a pesca.
Como o ambiente é muito sensível à elevadas concentrações de óleo, o uso de dispersantes
pode causar graves danos. Nessas áreas, por isso, os dispersantes não podem ser usados.
Pântanos de água salgada provêem importantes fontes de alimento para vermes, caracóis,
mexilhões, caranguejos e, por sua vez, aves. O óleo leve pode ser letal para a vegetação. A
baixa energia é uma preocupação, pois faz com que o óleo persista no ambiente por muito
tempo, especialmente se penetra no sedimento (acarretando preocupação para o trabalho de
limpeza).
Florestas de mangue fornecem um importante habitat para o estágio jovem de peixes de
importância comercial e camarões, como também são áreas de reprodução de peixes e
moluscos. O óleo pode bloquear a entrada de ar para as árvores do mangue ou interferir no
equilíbrio salino, provocando sua morte.
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IMPACTO NA FAUNA MARINHA E COSTEIRA
Plâncton
O plâncton é a base da cadeia alimentar marinha, que inclui ovos, larvas de peixe e outros
animais. São muito sensíveis à toxicidade do óleo. Organismos planctônicos serão
inevitavelmente mortos, particularmente se a concentração do óleo na água é aumentada
pela ação das ondas ou dispersantes químicos. Entretanto, efeitos de longo prazo parecem ser
desprezíveis.
Corais
Recifes de coral são geralmente submersos, e estão sujeitos ao óleo flutuante apenas quando
expostos na maré baixa. Mas os corais podem também ser suscetíveis ao óleo disperso, e
também, naturalmente, através do uso de químicos. A maior parte dos efeitos é temporária,
mas pequenos peixes residentes e outros animais podem ser varridos da proteção do recife
por ondas e correntes.
Peixes
Peixes adultos possuem órgãos sensitivos muito apurados, de forma que eles “sentem” o óleo
e rapidamente deixam a área do derrame. Peixes jovens, no entanto, são mais vulneráveis,
uma vez que frequentemente vivem em águas rasas próximas à costa, conhecidas como
“berçários”, até que cheguem à fase adulta. Se o óleo entrar numa baía rasa e dispersar na
água, naturalmente ou pelo uso de dispersantes, o aumento da concentração poderá trazer
efeitos graves nos jovens e resultar em um impacto de longo prazo no estoque de peixes
adultos.
Aves
• Aves Marinhas
As aves marinhas, assim como os demais organismos que vivem nas camadas superficiais do
mar, são especialmente vulneráveis a vazamentos de óleo (LEIGHTON, 2000) em função da
película de óleo que se forma na superfície.
As penas das aves lhes conferem impermeabilidade, isolamento térmico e capacidade de
flutuação. Em contato com o óleo, as propriedades da plumagem destes animais ficam
prejudicadas, dificultando ou impedindo o voo.
Além disso, a ingestão de compostos do petróleo por alimentos contaminados ou durante a
tentativa de se limpar provoca danos ao sistema digestivo e intoxicação.
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Assim, as causas mais comuns de morte de aves devido à poluição por óleo são por
afogamento, inanição, hipotermia e envenenamento em consequência do dano à plumagem
pelo óleo.
A mortalidade causada pelo derrame de óleo normalmente não terá efeito detectável na
população jovem das aves marinhas, exceto no caso de colônias isoladas com potencial
limitado de recolonização.
A limpeza das aves é um exercício especializado, com um índice de sobrevivência muito
variável. Somente especialistas em limpeza de aves devem executar este trabalho.
Entretanto, a justificativa para a limpeza e reabilitação das aves contaminadas se baseia mais
em promover o bem-estar do animal do que na expectativa de recuperar a população, exceto
nos casos de aves ameaçadas de extinção.
• Aves costeiras
Aves costeiras não sofrem tanto a ação do óleo quanto as aves marinhas, que descansam e se
alimentam sobre a água. A maior preocupação com as aves costeiras é com o dano causado
pelo óleo nas áreas de alimentação.
Mamíferos marinhos
Baleias, golfinhos, focas e leões marinhos raramente são afetados por um derrame de óleo.
Lontras marinhas são mais vulneráveis, por causa de seu modo de vida e sua pelagem.
Quelônios marinhos
Tartarugas marinhas são ameaçadas de extinção. As praias de nidificação são particularmente
vulneráveis aos derrames de óleo, e ações devem ser tomadas para proteger estas praias do
impacto do óleo, sempre que possível.
Crustáceos e moluscos
Crustáceos como a lagosta, mariscos e outros moluscos, têm mais dificuldade para escapar
dos efeitos do óleo do que os peixes, e ficam mais expostos na medida em que o óleo afunda
e se mistura aos sedimentos no fundo do mar. Como resultado, há uma possibilidade maior de
que eles retenham o óleo e fiquem impregnados.
A seguir são apresentados os impactos decorrentes da poluição por óleo sobre as atividades
desenvolvidas nos ambientes marinho e costeiro.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
47
Praias turísticas
Praias poluídas por óleo, ou mesmo a ameaça de poluição, têm grande influência no turismo.
Porém, em algumas partes do mundo a indústria do turismo é bastante sazonal, e isto deve
ser levado em consideração quando se inicia uma ação de resposta.
Pesca
Mesmo que o estoque de peixes não seja afetado pelo derrame, os pescadores provavelmente
serão, porque eles serão proibidos de pescar durante o incidente.
Além disso, moluscos e crustáceos, por terem menor mobilidade, podem ser seriamente
afetados pelo óleo. Ainda que o óleo incorporado esteja em concentrações que não
representem riscos aos consumidores, o sabor do óleo na carne desses animais inviabiliza o a
comercialização do produto, resultando em perda financeira.
Caso não saibam do óleo flutuando na área, os pescadores podem ter seus equipamentos de
pesca danificados mesmo por pequenas quantidades de óleo. Por isso, deve-se sempre emitir
alertas apropriados.
Aquicultura
Peixes em fazenda são cercados por redes e não conseguem escapar do óleo. Apesar de ser
improvável que os peixes morram por causa do óleo, uma vez que são bastante tolerantes, é
bem provável que fiquem impregnados. Se a impregnação for severa, o peixe pode ficar
impróprio para o consumo e tenha de ser descartado (ex. no incidente do BRAER, nas ilhas
Shetland, em janeiro de 2003). Se deixados em águas limpas, a contaminação desaparece
gradualmente. O uso de dispersantes próximos aos cercados de peixes ou criação de moluscos
resultaria em mais óleo disponível para os animais, aumentando a impregnação. Caso os
cercos fiquem sujos de óleo, será muito difícil de limpar ou caro de trocar.
Marinas
As áreas com marinas e clubes náuticos são muito sensíveis à poluição por óleo, no sentido de
que barcos de passeio e iates caros vão sempre exigir limpeza, o que pode resultar numa
operação bastante cara.
Extração de água
Se o óleo chegar à tomada de água para arrefecimento e nas trocas de calor, estações de
força, refinarias e outras instalações industriais terão de parar as atividades. Já ocorreram
incidentes de fechamentos causados por derrame de óleo com apenas uma tonelada.
Indústrias de dessalinização são especialmente sensíveis ao óleo, e os resultados podem ser
muito graves, com a redução do fornecimento d’água para a população.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
48
Outro tipo de indústria que pode ser afetada pela poluição por óleo é a salineira. O uso de
dispersantes nessas áreas pode também causar muitos danos.
CLASSIFICAÇÃO DE HABITATS E FEIÇÕES COSTEIRAS BRASILEIRAS SEGUNDO O SEU ÍNDICE
DE SENSIBILIDADE DO LITORAL (ISL) A DERRAMAMENTO DE ÓLEO
A identificação precoce dos possíveis impactos ambientais, em consequência de um derrame
de óleo, é muito importante para uma resposta eficaz.
Dessa forma, mapas de sensibilidade são elementos-chave em um plano de contingência, pois
fornecem a localização e informações essenciais sobre as áreas ecologicamente sensíveis,
áreas de prioridade de proteção e limpeza, e recursos economicamente importantes.
Os diversos habitats e feições da costa brasileira foram ordenados de acordo com o índice de
sensibilidade do litoral (ISL). Este índice classifica os diversos tipos de segmentos litorâneos
em uma escala que varia de 1 a 10, sendo o índice tanto mais alto quanto maior a
sensibilidade. A classificação da sensibilidade é baseada nos seguintes fatores: grau de
exposição à energia de ondas e marés, declividade do litoral e tipo de substrato.
Esta classificação considera os índices estabelecidos pela NOAA2 adaptados para as feições do
litoral brasileiro.
A tabela M1L3.1 apresenta uma classificação dos tipos de costa de acordo com sua
sensibilidade relativa ao derramamento de óleo, acompanhadas de breve relato das
características principais desses ambientes; dos impactos de derramamento de óleo e de
ações de resposta recomendadas.
2 NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) – Agência federal americana que
regula assuntos relacionados às condições oceânicas e atmosféricas.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de
substrato (MMA, 2008)
Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 1
Tipo de Costa
– Costões rochosos lisos, de alta declividade, expostos
– Falésias em rochas sedimentares, expostas
– Estruturas artificiais lisas (paredões marítimos artificiais), expostas
Características: Exposição frequente a ondas de um ou mais metros de altura e/ou a fortes correntes de maré; tendência refletiva; substrato impermeável e sem rugosidades; declividade superior a 30 graus (zona intermarés estreita).
Comportamento potencial do óleo/Ações
de Resposta:
Não há penetração de óleo; baixa permanência do óleo; a remoção tende a ocorrer rapidamente, de modo natural.
Exemplos de Ambientes classificados como ISL 1
Costão rochoso liso, exposto, de alta declividade e estrutura
artificial lisa, exposta
Falésias em rochas sedimentares, expostas
Estrutura artificial lisa, exposta
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de
substrato (MMA, 2008) (Continuação)
Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 2
Tipo de Costa
- Costões rochosos lisos, de declividade média a baixa, expostos
- Terraços ou substratos de declividade média, expostos (terraço ou plataforma de abrasão, terraço arenítico exumado bem consolidado, etc.)
Características:
Exposição frequente a ondas de um ou mais metros de altura e/ou a fortes correntes de maré; tendência refletiva; substrato impermeável e sem rugosidades, podendo apresentar fina cobertura de sedimentos mobilizáveis; declividade inferior a 30 graus (zona intermarés mais larga que as relativas às feições classificadas no índice de sensibilidade 1); sedimentos podem acumular na base da escarpa, sendo removidos nas tempestades.
Comportamento potencial do óleo/Ações
de Resposta:
Não há penetração de óleo; remoção geralmente rápida do óleo por ação das ondas; a remoção de depósitos de óleo na faixa da preamar pode ser necessária, no caso de uso intensivo para recreação ou proteção de espécies animais.
Exemplos de Ambientes classificados como ISL 2
Costões rochosos lisos, de declividade média a baixa, expostos.
Terraço rochoso liso, exposto.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de
substrato (MMA, 2008) (Continuação)
Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 3
Tipo de Costa
- Praias dissipativas de areia média a fina, expostas
- Faixas arenosas contíguas à praia, não vegetadas, sujeitas à ação de ressacas (restingas isoladas ou múltiplas, feixes alongados de restingas tipo “long beach”)
- Escarpas e taludes íngremes (formações do grupo Barreiras e Tabuleiros Litorâneos), expostos
- Campos de dunas expostas
Características:
Reflexão média das ondas; praias com declividade da face praial da ordem de 3 a 5 graus (zona intermarés larga); sedimentos bem selecionados e geralmente compactos (fundo duro); percolação do óleo geralmente inferior a 10 cm; baixa mobilidade do perfil praial, com baixo potencial de soterramento; sedimentos superficiais sujeitos à remobilização frequente por ação das ondas.
Comportamento potencial do óleo / Ações de Resposta:
Penetração do óleo geralmente menor que 10 cm; mínima possibilidade de soterramento do óleo devido à lenta mobilidade da massa sedimentar; a possibilidade existe, porém, em praias expostas, após a fase erosiva das tempestades; impactos sobre as comunidades bióticas intermarés podem ser severos; geralmente a limpeza é necessária; é possível o tráfego de veículos, respeitando o ciclo de marés e as eventuais restrições ambientais locais. No caso das barreiras, o óleo pode se entranhar no material desmoronado, acumulado na base da escarpa, tornando a limpeza necessária na faixa da preamar.
Exemplos de Ambientes classificados como ISL 3
Faixa arenosa contígua à praia, não vegetada, sujeita à ação de
ressaca (restinga)
Escarpa íngreme (formação do grupo Barreiras), exposta
Campos de dunas
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de
substrato (MMA, 2008) (Continuação)
Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 4
Tipo de Costa
- Praias de areia grossa
- Praias intermediárias de areia fina a média, expostas
- Praias de areia fina a média, abrigadas
Características: Declividade da face praial entre 3 e 10 graus; substratos moderadamente permeáveis; mobilidade sedimentar relativamente elevada (acumulação de até 20 cm por ciclo de maré); soterramento parcial do óleo.
Comportamento potencial do óleo/Ações
de Resposta:
Penetração do óleo até cerca de 25 cm de profundidade; mobilidade do sedimento tende ao soterramento; possibilidade de ocorrência de sequência de estratos com e sem contaminação, exigindo o manuseio de grande volume de sedimentos; impactos sobre as comunidades bióticas intermarés podem ser severos; limpeza difícil, agravada pela tendência do equipamento misturar ainda mais o óleo com o sedimento; tráfego de veículos pode não ser possível; pode haver a transposição da praia por ondas em situações de tempestade, com potencial contaminação da retaguarda do cordão litorâneo.
Exemplos de Ambientes classificados como ISL 4
Praia de areia grossa
Praia intermediária de areia fina a média, exposta
Praia de areia fina a média, abrigada
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de
substrato (MMA, 2008) (Continuação)
Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 5
Tipo de Costa
- Praias mistas de areia e cascalho, ou conchas e fragmentos de corais
- Terraço ou plataforma de abrasão de superfície irregular ou recoberta de ve-getação
- Recifes areníticos em franja
Características:
Energia variada das ondas e das correntes de maré; declividade entre 8 e 15 graus, nos casos de substratos móveis, ou sub-horizontal em substratos duros; média a elevada permeabilidade do substrato (mistura de cascalho e areia); participação relativa da fração cascalho (maior que 2 mm) de pelo menos 20% na composição do sedimento; cascalho pode ser composto de fragmentos de rochas, conchas ou corais; percolação do óleo até cerca de 50 cm de profundidade; mobilidade dos sedimentos muito elevada no ciclo tempestade/ pós-tempestade; potencial de erosão durante tempestades e posterior soterramento; superfície irregular ou recoberta de vegetação, no caso de substratos duros. Os recifes em franja formam barragem com declividade suave para o continente e brusca queda para o mar, e apresentam rugosidades onde tende a se acumular o óleo.
Comportamento potencial do óleo/Ações
de Resposta:
Penetração do óleo até cerca de 50 cm de profundidade; maior profundidade de percolação do óleo dificulta a limpeza, podendo causar erosão ou problemas de descarte; baixa trafegabilidade potencial; persistência do óleo pode ser alta se houver soterramento ou retenção em irregularidades do substrato; tempestades periódicas podem ajudar a remoção e/ ou soterramento do óleo.
Exemplos de Ambientes classificados como ISL 5
Praia mista de areia e cascalho
Terraço de abrasão de superfície irregular, recoberto de vegetação
Recifes areníticos em franja
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de
substrato (MMA, 2008) (Continuação)
Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 6
Tipo de Costa
- Praias de cascalho (seixos e calhaus)
- Costa de detritos calcários
- Depósito de tálus
- Enrocamentos (“rip-rap”, guia corrente, quebra-mar) expostos
- Plataforma ou terraço exumado recoberto por concreções lateríticas (disformes e porosas)
Características:
Elevada variabilidade anual no grau de exposição e, consequentemente, na frequência de mobilização de sedimentos por ação das ondas; reflexão variável das ondas; elevada permeabilidade do substrato (cascalho) ou substrato rochoso / duro com muitas reentrâncias; declividade moderada; potencial de enterramento e erosão durante tempestades; baixíssima trafegabilidade; baixíssima reposição natural dos sedimentos.
Comportamento potencial do óleo/Ações
de Resposta:
Percolação do óleo até cerca de 100 cm; praias de cascalho têm o nível mais elevado de impacto, devido à facilidade e profundidade de percolação do óleo e consequentes dificuldades de remoção; persistência do óleo pode ser alta se há soterramento ou se as tempestades após o soterramento forem pouco frequentes; limpeza pode ser difícil devido à grande profundidade de penetração do óleo e baixa trafegabilidade; jateamento com água pode ser uma solução parcial em enrocamentos.
Exemplos de Ambientes classificados como ISL 6
Costa de detritos calcários
Encoramento (“rip-rap”) exposto
Terraço exumado recoberto por concreções lateríticas (disformes
e porosas)
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de
substrato (MMA, 2008) (Continuação)
Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 7
Tipo de Costa - Planície de maré arenosa exposta
- Terraço de baixa-mar
Características:
Acumulação sedimentar de baixíssima declividade (menor que 3 graus); formado predominantemente por areia, podendo ocorrer frações de silte e cascalho; percolação do óleo muito reduzida, devido à saturação do sedimento com água; largura variando de poucos metros a extensões da ordem de quilômetros; sedimento inconsistente e de baixa trafegabilidade.
Comportamento potencial do óleo/Ações
de Resposta:
O óleo tende a não percolar ou aderir facilmente aos sedimentos arenosos saturados; o óleo tende a ser transportado para a zona de alcance máximo da preamar ou é levado ao longo da costa pelas correntes de maré; o impacto na biota pode ser alto devido à exposição tóxica (óleos leves ou frações dispersas) ou asfixia (óleos pesados); limpeza difícil devido à tendência de transferir o óleo para camadas mais profundas de sedimento através do pisoteio ou outras ações de resposta.
Exemplos de Ambientes classificados como ISL 7
Planície de maré arenosa exposta.
Terraço de baixa-mar.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de
substrato (MMA, 2008) (Continuação)
Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 8
Tipo de Costa
- Escarpa/ encosta de rocha lisa, abrigada
- Escarpa/ encosta de rocha não lisa, abrigada
- Escarpas e taludes íngremes de areia, abrigados
- Enrocamentos (“rip-rap” e outras estruturas artificiais não lisas) abrigados
Características:
Abrigado da ação das ondas; substrato duro composto por rocha do embasamento, estrutura artificial ou argila dura, exceto no caso das barreiras; o substrato pode variar de vertical liso a encosta rugosa de variados graus de permeabilidade; declividade geralmente íngreme (maior que 15 graus), resultando em estreita faixa de estirâncio; usualmente com densa cobertura de algas e outros organismos.
Comportamento potencial do óleo/Ações
de Resposta:
Óleo tende a recobrir a superfície afetada, persistindo por longo tempo devido à inexistência de hidrodinamismo capaz de efetuar a remoção; o impacto na biota pode ser alto devido à exposição tóxica (óleos leves ou frações dispersas) ou asfixia (óleos pesados); limpeza frequentemente necessária, tanto por razões estéticas, quanto pela baixa remoção natural, sendo muitas vezes complicada, devido à dificuldade de acesso.
Exemplos de Ambientes classificados como ISL 8
Costão rochoso liso, abrigado
Escarpas e taludes íngremes de areia, abrigados
Enrocamentos (“rip-rap”) abrigados
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de
substrato (MMA, 2008) (Continuação)
Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 9
Tipo de Costa
- Planície de maré arenosa/ lamosa abrigada e outras áreas úmidas costeiras não vegetadas
- Terraço de baixa-mar lamoso abrigado
- Recifes areníticos servindo de suporte para colônias de corais
Características:
Abrigado da ação das ondas; substrato sub-horizontal lamoso (declividade menor que 3 graus); sedimento saturado com água, com baixa permeabilidade a não ser pela presença de orifícios feitos por animais; largura variando de poucos metros a extensões da ordem de quilômetros; sedimentos moles de baixíssima trafegabilidade. Os recifes com colônias de corais constituem ambientes de grande diversidade biológica; grau de exposição a ondas e inclinação variável; substrato rugoso característico de concreções biológicas de grande heterogeneidade; permeabilidade variável e grande aderência, agravada pela presença de orifícios feitos por animais; baixa ou nenhuma trafegabilidade.
Comportamento potencial do óleo/Ações
de Resposta:
A penetração de óleo é limitada pelos sedimentos saturados de água; o óleo é geralmente transportado até a linha de maré alta, podendo ocorrer penetração junto à linha de preamar; o impacto na biota pode ser alto devido à exposição tóxica (óleos leves ou frações dispersas) ou asfixia (óleos pesados); a remoção natural ocorre de forma extremamente lenta; o substrato mole e a dificuldade de acesso tornam a limpeza quase impossível; qualquer esforço nesse sentido tende a introduzir o óleo nas camadas mais profundas. No caso de recifes biológicos, a limpeza é impraticável; ações de resposta podem agravar o dano.
Exemplos de Ambientes classificados como ISL 9
Planícies de maré arenosa/ lamosa abrigada e outras áreas úmidas costeiras não vegetadas
Terraço de baixa-mar lamoso abrigado
Recifes areníticos servindo de suporte para colônias de corais
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de
substrato (MMA, 2008) (Continuação)
Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 10
Tipo de Costa
- Deltas e barras de rio vegetadas
- Terraços alagadiços, banhados, brejos, margens de rios e lagoas
- Brejo salobro ou de água salgada, com vegetação adaptada ao meio salobro ou salgado; apicum
- Marismas
- Manguezal (mangues frontais e mangues de estuários)
Características:
Ambientes de baixa energia; substrato plano, lamoso a arenoso, sendo mais comuns os solos muito orgânicos lamosos; declive geralmente muito baixo, menor que 3 graus (zona intermarés potencialmente extensa); sedimento saturado com água, com baixa permeabilidade a não ser pela presença de orifícios feitos por animais; sedimentos moles de baixíssima trafegabilidade.
Comportamento potencial do óleo/Ações
de Resposta:
A penetração de óleo é limitada pelos sedimentos saturados de água; possibilidade de cobertura direta da vegetação pelo óleo na zona intermarés; cobertura direta com óleos viscosos pode sufocar os organismos bênticos e sistemas de raízes; o impacto na biota pode ser alto devido à exposição tóxica (óleos leves ou frações dispersas) ou asfixia (óleos pesados); a remoção natural ocorre de forma extremamente lenta, devido aos baixos níveis de energia e biodegradação (condição anaeróbia do substrato) desses ambientes; constituem os hábitats mais sensíveis devido à elevada riqueza e valor biológico; funcionam como verdadeiras armadilhas de retenção de óleo; o substrato mole e a dificuldade de acesso tornam a limpeza impraticável; o esforço nesse sentido tende a introduzir o óleo nas camadas mais profundas e agravar o dano.
Exemplos de Ambientes classificados como ISL 10
Margens de lagoa com vegetação
Marismas
Manguezal (mangues de estuários)
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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ANÁLISE DE BENEFÍCIO AMBIENTAL LÍQUIDO (Net Environmental Benefit Analyses - NEBA)
Uma vez acontecido o derramamento de óleo, decisões urgentes devem ser tomadas dentro
das opções disponíveis para resposta e limpeza, de forma que o impacto ambiental e
socioeconômico seja mínimo. Obter o equilíbrio correto é sempre um processo difícil e
conflitos inevitavelmente aparecem, e devem ser resolvidos da maneira mais prática possível.
As vantagens e desvantagens de diferentes opções de resposta devem ser consideradas e
comparadas, entre elas e com as vantagens e desvantagens da recuperação natural. Este
processo de avaliação é algumas vezes conhecido como NEBA.
O processo exige levar em consideração as circunstâncias do derramamento de óleo, a
viabilidade de uma resposta de limpeza, o entendimento científico dos impactos relativos ao
óleo no ambiente e as opções de limpeza, e algum bom senso no julgamento da relativa
importância dos fatores sociais, econômicos e ambientais. O senso comum e o consenso são
tão importantes nas tomadas de decisão quanto às informações científicas. As decisões são
melhores caso o processo de planejamento da contingência inclua consultas e acordos com
organizações apropriadas, e caso as informações ambientais e socioeconômicas relevantes
forem avaliadas antecipadamente, através de um processo abrangente de mapeamento de
áreas sensíveis.
O processo de avaliação NEBA normalmente envolve as seguintes etapas:
• Coleta de informações sobre características físicas, ecologia, uso humano dos recursos
ambientais e outros recursos da área.
• Revisão de casos anteriores de derramamentos de óleo e de resultados experimentais
relevantes para a área e para os métodos de resposta que possam eventualmente ser usados.
• Com base na experiência, prever o cenário ambiental resultante, caso a resposta
proposta seja usada, e o que aconteceria se a área fosse deixada para limpeza natural.
• Comparar e pesar vantagens e desvantagens das possíveis respostas entre si e com a
limpeza natural.
• Muito dessa avaliação pode ser feita no estágio de planejamento da contingência.
Entretanto, uma revisão das informações coletadas e das limitações das opções de resposta,
sob as condições do atual acidente, é necessária antes do início da resposta.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
60
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
61
LIÇÃO 4 - PLANO E ESTRUTURA DE RESPOSTA À EMERGÊNCIA
INTRODUÇÃO
Derramamentos de óleo no mar podem causar impactos ambientais e socioeconômicos de
diferentes formas e magnitudes. Além disso, podem causar impactos financeiros, como multas
e os próprios custos das operações de resposta, implicações jurídicas e danos à reputação da
empresa.
Dessa forma, é importante planejar tanto estratégias preventivas com objetivo de minimizar
os riscos de incidentes de poluição por óleo, como estratégias mitigadoras para minimizar os
impactos gerados no caso de sua ocorrência.
Para garantir um atendimento mais rápido e eficaz em uma situação de emergência, são
elaborados planos de emergência específicos para incidentes com vazamento de óleo, onde
são definidos procedimentos e estratégias de resposta, estrutura organizacional e respectivas
atribuições/responsabilidades, fluxograma de comunicação, recursos a serem mobilizados,
entre outros.
DISPOSITIVOS LEGAIS
O Plano de Emergência a incidentes de poluição por óleo deve considerar as determinações de
algumas legislações brasileiras. A seguir são apresentados os principais dispositivos legais
relacionados à elaboração do plano e das ações de resposta.
Lei Federal no 9.966, de 28/04/2000
Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de
óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras
providências.
Resolução CONAMA no 269, de 14/09/2000
Regulamenta o uso de dispersantes químicos em derrames de óleo no mar.
Decreto no 4.136, de 20/02/2002
Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às infrações às regras de prevenção,
controle e fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias
nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional, prevista na Lei no 9.966, de 28 de abril
de 2000, e dá outras providências.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
62
Resolução CONAMA no 398, de 11/06/2008
Dispõe sobre o conteúdo mínimo do Plano de Emergência Individual para incidentes de
poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional, originados em portos organizados,
instalações portuárias, terminais, dutos, sondas terrestres, plataformas e suas instalações de
apoio, refinarias, estaleiros, marinas, clubes náuticos e instalações similares, e orienta a sua
elaboração.
PLANO DE EMERGÊNCIA INDIVIDUAL - PEI
O plano de Emergência Individual (PEI) deve conter informações e procedimentos necessários
ao combate a incidentes de poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional, originados em
portos organizados, instalações portuárias, terminais, dutos, sondas terrestres, plataformas e
suas instalações de apoio, refinarias, estaleiros, marinas, clubes náuticos e instalações
similares, e orienta a sua elaboração.
A elaboração do PEI deve seguir as diretrizes estabelecidas pela Resolução CONAMA n°
398/08, além de considerar eventuais exigências estaduais, municipais ou específicas àquele
empreendimento, quando da decisão do órgão ambiental competente.
Nesse plano, além dos procedimentos para controle e combate a poluição por óleo, devem ser
definidas as responsabilidades e atribuições da Organização de Resposta e os recursos
próprios e de terceiros disponíveis para as ações de resposta identificadas no plano.
A organização do PEI conta com 03 (três) anexos que abordam diferentes aspectos da resposta
à emergência. A seguir serão apresentadas e descritas as principais seções que constituem o
plano.
1. Identificação da instalação
No início do documento devem ser apresentadas informações sobre a instalação do
empreendimento, como localização e descrição de acesso. Além disso, devem ser informados
neste item, os dados cadastrais da instalação e seu representante legal, da empresa
responsável pela operação da instalação e do coordenador das ações de resposta.
2. Cenários acidentais
Descrição dos cenários acidentais considerados durante a elaboração das estratégias e
dimensionamento dos recursos.
Os cenários acidentais são previamente identificados através do Estudo de Análise de Risco
específico para o empreendimento objeto do plano.
Primeiro identificam-se as fontes potenciais de derramamentos de óleo. Depois, define as
hipóteses acidentais.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
63
A hipótese de pior caso considera o cenário acidental que envolve o maior volume de
derramamento de óleo. Para a definição dos procedimentos e dimensionamento dos recursos,
considera-se essa hipótese.
3. Informações e procedimentos para resposta
Nas seções seguintes serão apresentadas informações e procedimentos específicos de cada
etapa do combate à poluição por óleo.
3.1. Sistemas de alerta a derramamento de óleo
Nesta seção devem ser descritos os dispositivos e procedimentos estabelecidos para a
identificação e alerta de ocorrência de derramamento de óleo.
3.2. Comunicação do incidente
Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos operacionais a serem adotados para realizar
a comunicação interna e externa de ocorrência de derramamento de óleo. Além disso, devem
ser listadas as pessoas e instituições de contato, bem como os respectivos números de
telefone e fax, e endereços eletrônicos.
De acordo com a Lei Federal n°9966/00. As seguintes autoridades devem ser imediatamente
notificadas no caso de incidente de poluição por óleo:
• Órgão Ambiental Competente
• Capitania dos Portos
• Agencia Nacional do Petróleo – ANP
A comunicação com as autoridades competentes deve ser realizada por meio do formulário de
Comunicação Inicial do Incidente, apresentada no apêndice 1 do Anexo I da Resolução
CONAMA n° 398/08, como representada na tabela 1 abaixo.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
64
Tabela 1 - Formulário de Comunicação Inicial de Incidente
I. Identificação da instalação que originou o incidente.
Nome da instalação:
( ) Sem condições de informar
II. Data e hora da primeira observação
Hora: Data:
III. Data e hora estimadas do incidente
Hora: Data:
IV. Localização geográfica do incidente
Latitude: Longitude:
V. Óleo derramado
Tipo de óleo:
Volume estimado:
VI. Causa provável do incidente
( ) Sem condições de informar
VII. Situação atual da descarga do óleo
( ) Paralisada ( ) Não foi paralisada ( ) Sem condições de informar
VIII. Ações iniciais que foram tomadas
( ) Acionado Plano de Emergência Individual;
( ) Outras providência;
( ) Sem evidência de ação ou providência até o momento.
IX. Data e hora da comunicação
Hora: Data:
X. Identificação do comunicante
Nome completo:
Cargo/emprego/função na instalação:
XII. Outras informações julgadas pertinentes
______________________________________
Assinatura
Além das autoridades locais, a imprensa, parceiros e outras partes interessadas também
devem ser comunicados. Para isso é recomendável a elaboração de procedimentos
específicos.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
65
3.3. Estrutura Organizacional de Resposta
A Estrutura Organizacional de Resposta – EOR deve contemplar todos os recursos humanos,
próprios e contratados, previstos para responder ao incidente.
Além da identificação individual do titular e suplente de cada elemento da EOR, devem ser
apresentadas informações como:
• função;
• atribuição e responsabilidade;
• tempo máximo para mobilização; e
• qualificação técnica para o desempenho da função prevista na EOR.
A EOR deve ser representada graficamente por meio de organograma que demonstre as
relações entre cada elemento. Além disso, deve ser claramente identificado o coordenador
das ações de resposta e seu substituto.
3.4. Equipamentos e materiais de resposta
Nesta seção, deverão ser apresentados os equipamentos e materiais de resposta, próprios e
contratados, tais como aqueles destinados a:
• a contenção, recolhimento e dispersão do óleo;
• a proteção e isolamento de áreas vulneráveis;
• a limpeza de áreas atingidas;
• o acondicionamento de resíduos oleosos; além de
• produtos absorventes e adsorventes; e
• veículos (leves e pesados), cuja utilização esteja prevista pela instalação.
Devem ser apresentadas também informações relacionadas aos equipamentos identificados,
como:
• nome, tipo e características operacionais;
• quantidade disponível;
• localização;
• tempo máximo estimado de deslocamento para o local de utilização; e
• limitações para o uso dos equipamentos e materiais;
No caso de equipamentos e materiais de terceiros, deverão estar anexados os contratos e
outros documentos legais que comprovem a disponibilidade dos equipamentos e materiais
relacionados.
Deverão também estar especificados os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) a serem
utilizados pelas equipes de resposta.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
66
3.5. Procedimentos operacionais de resposta
Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos operacionais a serem adotados para controle
e limpeza de derramamento de óleo para cada cenário acidental considerado.
Na descrição dos procedimentos, é importante considerar aspectos relacionados à segurança
do pessoal envolvido nas ações de resposta.
Os procedimentos devem considerar os equipamentos e materiais de resposta, os cenários
acidentais contemplados no plano, e as áreas vulneráveis.
3.5.1. Procedimentos para interrupção da descarga de óleo
Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos operacionais a serem adotados para
interromper a fonte da descarga de óleo.
3.5.2. Procedimentos para contenção do derramamento de óleo
Nesta seção são apresentados os procedimentos a serem adotados para conter do óleo
derramado, visando reduzir o alcance de óleo e minimizar os possíveis impactos.
3.5.3. Procedimentos para proteção de áreas vulneráveis
Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos operacionais a serem adotados para
proteção das áreas identificadas nos mapas de vulnerabilidade.
A vulnerabilidade de um ambiente é a combinação entre sua sensibilidade e a probabilidade
de ser atingido pelo óleo. O Mapa de vulnerabilidade representa graficamente essas duas
condições.
A identificação prévia das áreas mais vulneráveis permite planejar o acionamento dos
recursos adequados para cada tipo de ambiente, visando a maior eficiência da resposta e
minimização dos impactos.
Para isso, é necessário:
• Identificar os ambientes prioritários para a proteção (pesquisas de campo ou consulta
à Carta SAO), com base nos. A identificação dos recursos ameaçados em caso de
poluição por óleo pode ser realizada por pesquisas de campo ou consulta à Carta SAO
(ver Módulo 1 - Lição 3).
• Considerar o provável comportamento do óleo derramado de acordo com os
resultados da modelagem de dispersão. A modelagem considera as características do
óleo e correntes predominantes para determinar as probabilidades de toque de óleo
na costa.
3.5.4. Procedimentos para monitoramento da mancha de óleo derramado
Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos operacionais a serem adotados para o
monitoramento da mancha de óleo, visando prever a trajetória da mancha. O monitoramento
permite avaliar em tempo real a eficiência das ações de resposta e fornecer informações para
o planejamento das ações.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
67
O monitoramento pode ser realizado de diferentes maneiras:
• monitoramento visual aéreo ou a bordo de embarcação;
• imagens de satélite, fotografias ou outros meios;
• coleta de amostras;
• modelagem matemática.
Também deverão estar descritas a forma e a frequência de registro das informações obtidas
durante os procedimentos de monitoramento, quanto à área, volume, deslocamento e
degradação da mancha de óleo. É recomendado que essas informações sejam registradas em
formulários previamente elaborados, para organizar as informações que serão utilizadas nos
relatórios técnicos de resposta a incidente de poluição por óleo.
3.5.5. Procedimentos para recolhimento do óleo derramado
Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos operacionais a serem adotados para realizar
o recolhimento do óleo derramado contido, i.e., remover o óleo da água.
3.5.6. Procedimentos para dispersão mecânica e química do óleo derramado
Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos operacionais a serem adotados para
utilização de meios mecânicos e agentes químicos para dispersão da mancha de óleo.
Os procedimentos de dispersão devem atender às condições e restrições, estabelecidas na
Resolução CONAMA n°269/00.
3.5.7. Procedimentos para limpeza das áreas atingidas
Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos operacionais a serem adotados para a
limpeza de ambientes terrestres, costeiros e estruturas artificiais da própria e de terceiros.
A definição dos procedimentos deverá considerar fatores, como:
• Tipo de óleo derramado;
• Geomorfologia e grau de exposição da área;
• Condições de circulação d`água;
• Tipo e a sensibilidade da biota local;
• Atividades socioeconômicas.
3.5.8. Procedimentos para coleta e disposição dos resíduos gerados
Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos a serem adotados para cada etapa do
gerenciamento dos resíduos.
Os procedimentos devem considerar o registro e controle dos resíduos recolhidos e materiais
utilizados.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
68
3.5.9. Procedimentos para deslocamento dos recursos
Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos operacionais a serem adotados para o
deslocamento dos recursos humanos e materiais para o local do incidente.
A avaliação inicial do incidente é importante para o dimensionamento e priorização desses
recursos, de acordo com a sensibilidade do ambiente ou severidade como o óleo deve
impactar.
3.5.10. Procedimentos para obtenção e atualização de informações relevantes
Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos e frequência a serem adotados para
obtenção e atualização de:
• informações hidrográficas, hidrodinâmicas, meteorológicas e oceanográficas;
• descrição da forma de impacto (grau de intemperização do óleo, infiltração,
aderência na superfície, fauna e flora atingidas etc.);
• monitoramento da atmosfera para detecção de vapores, gases e explosividade.
3.5.11. Procedimentos para registro das ações de resposta
Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos a serem adotados para registro das ações de
resposta visando permitir o acompanhamento e controle das ações e organizar informações
que subsidiarão a preparação do relatório final.
É recomendado que todos os participantes façam o registro individual de suas ações e que,
além disso, haja uma pessoa dedicada ao registro das ações e eventos gerais tomadas e
ocorridos durante a resposta.
3.5.12. Procedimentos para proteção das populações
Nos casos em que as análises realizadas identifiquem cenários acidentais que possam
representar risco à segurança de populações, deverão estar descritos procedimentos para a
sua proteção, em consonância com as diretrizes estabelecidas pelo Sistema Nacional de
Defesa Civil – SINDEC.
3.5.13. Procedimentos para proteção da fauna
Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos a serem adotados para garantir a proteção
da fauna ameaçada ou recuperação de fauna impactada pelo derramamento de óleo. Para
isso deve ser feito um levantamento da fauna existente na região possivelmente afetada, de
acordo com a modelagem, bem como da fauna migratória.
4. Encerramento das operações
Nesta seção, são estabelecidos os aspectos a serem observados durante o encerramento das
operações:
• Critérios para decisão quanto ao encerramento das operações;
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
69
• procedimentos para desmobilização do pessoal, equipamentos e materiais
empregados nas ações de resposta;
• procedimentos para definição de ações suplementares.
5. Mapas, cartas náuticas, plantas, desenhos e fotografias
Nesta seção, são apresentadas informações relacionadas ao planejamento e tomada de
decisão relacionadas à resposta, como:
• Planta geral da instalação, em papel e em formato digital, em escala apropriada,
contendo e identificando, conforme o caso, a localização de:
o tanques, dutos, equipamentos de processo, operações de carga e descarga e
outras fontes potenciais de derramamento;
o sistemas de contenção secundária;
o equipamentos e materiais de resposta a incidentes de poluição por óleo;
• Planta de drenagem da instalação, em papel ou em formato digital,em escala
apropriada, contendo e identificando, conforme o caso:
o principais pontos e linhas de drenagem de água contaminada e água pluvial;
o direções dos fluxos de derramamento de óleo a partir dos pontos de descarga
até os limites da instalação;
• Mapas de vulnerabilidade;
• Mapas, cartas náuticas, desenhos e fotografias;
• Outras informações julgadas pertinentes.
6. Treinamento de pessoal e exercício de resposta
Nesta seção, deve ser apresentado o programa de treinamentos e exercícios de resposta a
incidente de poluição por óleo, com objetivo de familiarizar e reciclar o conhecimento
dos membros da Organização de Resposta.
O programa deve estabelecer o público alvo, a frequência e o conteúdo. A modalidade de
exercício varia de acordo com o aspecto a ser treinado e avaliado, e podem ser:
• Exercício de comunicação e acionamento da resposta;
• Exercício de planejamento das ações de resposta;
• Exercício de mobilização de recursos;
• Exercício completo de resposta.
Além dessas informações, a CONAMA n° 398/08 também define os critérios de
dimensionamento dos recursos, como barreiras, capacidade de recolhimento e
armazenamento, e materiais absorventes, considerando o cenário de pior caso
identificado para aquela atividade.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
70
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
71
MÓDULO 2
LIÇÃO 1 – BARREIRAS DE CONTENÇÃO
OBJETIVO DA LIÇÃO
Aprender a diferenciar os tipos comuns de barreiras de contenção e descrever suas principais
características. Saber escolher o tipo ideal de barreira de contenção para cada ambiente. A
capacidade de escolher o tipo ideal de barreira tem grande influência no sucesso/falha da
operação de recolhimento de derramamento de óleo.
Ao longo da aula, você aprenderá sobre:
• A finalidade de usar uma barreira de contenção de óleo;
• O projeto básico de uma Barreira tipo Cortina e suas características físicas;
• O projeto básico de uma Barreira tipo Cerca e suas características físicas;
• O projeto básico de uma Barreira tipo Vedação de Praia e suas características físicas;
• O projeto básico de uma Barreira tipo Incêndio e suas características físicas.
OBJETIVO DO USO DE UMA BARREIRA DE CONTENÇÃO DE ÓLEO
Contenção / Concentração de Óleo na Superfície da Água
A barreira de contenção é lançada quando ocorre derramamento de óleo em águas abertas,
águas próximas ao litoral ou enseadas. A barreira circunda e concentra o óleo derramado em
uma pequena área. Isto cria uma condição ideal para o skimmer /bomba recolher o óleo.
Desvio de Óleo em Rios ou Áreas Costeiras
Quando ocorre derramamento de óleo em rio ou área próximo à costa, há risco potencial de
contaminação de áreas ambientalmente sensíveis. Por exemplo, devido a uma forte corrente,
fica difícil impedir que o óleo atinja áreas sensíveis. Colocar barreiras de contenção em
formações corretas torna possível guiar a mancha de óleo para áreas menos sensíveis.
A formação de Barreira Defletora pode ser instalada permanentemente ou utilizada
imediatamente depois de um derramamento.
Proteção em Caso de um risco Potencial de Derramamento de Óleo
Uma barreira de contenção pode ser usada em áreas industriais, como forma de proteção
contra um risco potencial de derramamento de óleo.
Por exemplo: em terminais de óleo onde um petroleiro está sendo envolvido por barreiras de
contenção antes da operação de carga/descarga ocorrer; ou também em torno de um navio
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
72
encalhado que poderia resultar em liberação de óleo. Nesses casos o óleo pode ser recolhido
imediatamente.
Barreiras permanentes ou semi-permanentes são usadas muitas vezes por usinas de energia,
tomadas d’água de resfriamento, criadouros de peixes, marinas de iates, entre outros.
As barreiras podem ser feitas de material disponível no local (redes, cabos, toras, por
exemplo).
A barreira de contenção somente concentra o óleo derramado, então deve ser usada junto
com um skimmer /bomba, que pode recolher esse óleo derramado.
Componentes de uma barreira de contenção:
a) Elemento de flutuação: parte da barreira que por meio de ar ou algum material
flutuante, permite que a barreira flutue sobre a água.
b) Saia: parte abaixo do elemento de flutuação que impede ou diminui o escape de óleo
sob a barreira.
c) Elemento de tensão: parte longitudinal da barreira (corrente, cabo ou rede) para
resistir aos efeitos de ventos, ondas e correntes marítimas.
d) Lastro: parte que mantém a barreira para baixo e sua posição ideal.
Expressões técnicas importantes:
e) Borda livre: parte da barreira que está acima do nível da água e impede ou reduz
respingos.
f) Calado: parte da barreira que fica abaixo do nível da água.
g) Coeficiente de flutuabilidade: é a relação entre volume do elemento de flutuação e o
peso por metro de barreira.
PROJETO BÁSICO DE UMA BARREIRA TIPO CORTINA E SUAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Projeto Básico
O projeto característico de Barreiras tipo Cortina é um elemento de flutuação de linha de
centro com uma saia flexível.
Barreiras tipo Cortina normalmente têm um alto coeficiente de flutuabilidade (acima de 5:1).
O material de construção normalmente é tecido revestido de PVC, poliuretano ou tecido
revestido de borracha. Não importa qual lado da barreira está virado para o óleo.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
73
Componentes da Barreira
• Elemento de flutuação: uma barreira tipo cortina possui um elemento de flutuação
preenchido com ar, gás inerte e barras de espuma sólida ou espuma granulada contida
em um cilindro.
Barreiras infláveis com ar podem ser infladas manualmente ou serem auto-infláveis. Os
Elementos de Flutuação estão disponíveis em dois projetos: com uma única e longa câmara de
ar ou com câmaras de ar separadas (2-4 metros de comprimento).
A altura da barreira diminui quando infladas.
• Saia: ela é flexível e se move mais ou menos independente do elemento de flutuação.
• Elemento de tensão: O elemento de tensão normalmente é uma corrente ou um cabo
que muitas vezes está colocado logo abaixo do fundo da saia e também atua como
lastro.
O elemento de tensão também pode ser colocado logo abaixo do elemento de flutuação em
vez do fundo da saia. Algumas barreiras tipo cortina têm redes como elemento de tensão.
• Lastro: o peso do lastro é acoplado ao fundo da saia – normalmente uma corrente ou
blocos fundidos.
• Coeficiente de Flutuabilidade: o tamanho do elemento de flutuação é muito grande
comparado ao peso da barreira. Isto dá um alto Coeficiente de flutuabilidade, que é
uma vantagem com relação à resposta de ondas. Normalmente, o coeficiente de
flutuabilidade será entre 5:1 - 20:1. A barreira pode suportar 5-20 vezes o seu próprio
peso.
• Borda livre/Calado: na altura de uma Barreira tipo Contenção, normalmente 2/5 são
o borda livre e 3/5 o calado.
Utilização
Grandes Barreiras tipo Cortina muitas vezes são usadas em mar aberto devido ao alto
coeficiente de flutuabilidade.
Barreiras tipo Cortina normalmente são usadas em áreas com baixas correntes, pois correntes
fortes podem forçar a saia para cima e para a superfície da água.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
74
Vantagens / Desvantagens
Um alto coeficiente de flutuabilidade que dá boa resposta à onda.
Barreiras tipo Cortina infladas com ar têm um pequeno volume de armazenamento
(comparado a barreira preenchida com espuma) e normalmente são fáceis de limpar devido à
superfície plana quando desinfladas.
Com um elemento de flutuação dividido em câmaras separadas, essas barreiras normalmente
são muito flexíveis na direção horizontal e na vertical, o que dá uma boa resposta de onda.
O procedimento de preenchimento de uma barreira inflável com uma longa câmara de ar é
muito simples e normalmente rápido. Porém, uma barreira com somente uma câmara de ar é
muito sensível a punções e não segue bem o movimento das ondas, pois a câmara é longa e
rígida.
Resumo – BARREIRAS TIPO CORTINA
Barreiras tipo cortina têm um elemento de flutuação preenchido com ar, gás inerte, espuma
sólida ou granulada.
Possuem uma saia flexível que pode mover independentemente do elemento de flutuação.
O coeficiente de flutuabilidade é entre 5:1 e 20:1.
Barreiras preenchidas com ar são fáceis de limpar, porém são de lançamento mais demorado
e são mais sensíveis a punções do que Barreiras de Flutuação Sólidas.
O volume de armazenamento é muito pequeno para barreiras preenchidas com ar e grande
para barreiras preenchidas com espuma sólida.
PROJETO BÁSICO DE UMA BARREIRA TIPO CERCA E SUAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Projeto Básico
Uma Barreira tipo Cerca possui elementos de flutuação sólidos dispostos em forma de uma
cerca.
Este tipo de barreira muitas vezes é feito de tecido revestido de PVC, poliuretano ou aço. É
bem rígido no plano vertical e, dependendo do tipo material de construção, pode ser mais ou
menos rígido no plano horizontal.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
75
Componentes da Barreira
• Elemento de Flutuação: Usualmente uma Barreira tipo Cerca possui um elemento de
flutuação sólido. Alguns tipos de Barreira tipo Cerca têm elementos de flutuação
destacáveis.
• Saia: A saia é rígida na direção vertical devido a treliças de fibra de vidro ou outros
materiais rígidos. As treliças normalmente são colocadas entre os elementos de
flutuação sólidos com uma distância de 1-3 metros.
• Elemento de tensão: O elemento de tensão é de rede tecida ou cabo tecido como nas
Barreiras tipo Cortina.
Barreiras tipo Cerca muitas vezes tem tecidos ou malha como elemento de tensão costurado
no material.
• Lastro: Cabo, corrente ou blocos de aço fundido.
• Coeficiente de flutuabilidade: Para manter o volume de armazenamento o menor
possível, o coeficiente de flutuabilidade é bem baixo: 3:1 a 6:1 (pequena quantidade
de espuma).
• Borda livre / Calado
Em geral, a borda livre dessas barreiras é 1/3 da altura total e o calado é 2/3 da altura total
devido a sua baixa flutuabilidade.
Utilização
Devido a seu baixo coeficiente de flutuabilidade e desempenho ruim em ondas altas, as
Barreiras tipo Cerca não são recomendadas para mar aberto.
Entretanto, em águas abrigadas, elas podem ter um desempenho tão bom quanto ou melhor
que as Barreiras tipo Cortina.
Barreiras tipo Cerca são usadas em instalações permanentes devido ao material de flutuação
sólido e porque tem um bom desempenho em correntes; são muito boas em correntes fortes
(por exemplo: rios, onde a estrutura vertical rígida consegue reter o óleo).
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
76
Vantagens / Desvantagens
A maior vantagem das Barreiras tipo Cerca é que elas são muito simples de usar devido a seu
baixo peso e não a não necessidade de qualquer equipamento auxiliar. Elas normalmente são
equipamento de baixo custo.
Barreiras tipo Cerca são divididas em três tipos, de acordo com:
1. Elemento de Flutuação de Linha Central;
2. Elemento de Flutuação de Fora do Bordo;
3. Linha de Tensão Externa.
1. Elemento de Flutuação de Linha Central
Este elemento de flutuação de linha central normalmente é uma placa de espuma sólida. Esta
placa flutuante reduz o volume de armazenamento.
• Vantagens
Um elemento de flutuação de Linha Central é de baixo custo e muitos países o produzem
localmente. Este tipo de barreira é muito fácil de operar.
• Desvantagens
O elemento de flutuação de Linha Central tem pouco contato com a água. A chamada rigidez
de balanço é baixa, o que significa que a barreira pode facilmente tombar. Isto pode ser
compensado parcialmente pelo lastro, mas devido ao baixo coeficiente de flutuabilidade o
peso deve ser baixo.
2. Elemento de Flutuação Fora da Borda
O Elemento de Flutuação Fora da Borda pode ter flutuadores fora da borda em um ou ambos
os lados da barreira.
• Vantagens
Os flutuadores fora da borda dão uma área de contato maior com a água, o que aumenta a
rigidez de balanço. Esse tipo de barreira é mais estável na água do que o tipo de linha
central.
• Desvantagens
Os flutuadores são bastante sensíveis na água, já que não são partes totalmente integradas da
parede da barreira.
3. Linha de Tensão Externa
Há dois tipos de Barreira de Linha de Tensão Externa: 1) uma única linha de tensão no lado de
frente para a corrente e 2) com uma linha de tensão nos dois lados da barreira.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
77
Uma linha de tensão é acoplada ao topo e à base da barreira por meio de cabos de
amarração. A distância entre o membro de flutuação e a linha externa normalmente é de 1-2
metros.
• Vantagens
A linha de tensão aumenta o desempenho da barreira especialmente em correntes fortes.
Linhas de tensão em ambos os lados da barreira tornam ela estável em áreas de maré nas
quais a corrente muda de direção.
• Desvantagens
O tipo de linha de tensão externa é bastante complicado de usar e recolher, pois as linhas
ficam enroscadas.
Barreiras tipo Cerca com linhas de tensão em um lado somente podem ser usadas em áreas
nas quais a corrente é de uma direção (sem maré).
Resumo – BARREIRAS TIPO CERCA
Barreiras do tipo Cerca são rígidas no plano vertical.
• Coeficiente de flutuabilidade baixo (3:1 -6:1).
• Baixo preço.
• Não adequadas para operação em mar aberto devido ao desempenho bastante
deficiente em ondas grandes.
• Grande volume de armazenamento.
• De uso fácil e rápido.
• Há três tipos de Barreiras tipo Cerca, de acordo com: Elemento de Flutuação de Linha
Central, Elemento de Flutuação Fora do Bordo, e Linha de Tensão Externa.
Atualmente as Barreiras tipo Cortina e as Barreiras tipo Cerca são as mais usadas. Mas nem
sempre é fácil determinar se uma barreira é estritamente uma de tipo Cortina ou tipo Cerca,
pois muitas barreiras juntam características de ambos os tipos.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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PROJETO BÁSICO DE UMA BARREIRA TIPO VEDAÇÃO DE PRAIA E SUAS CARACTERÍSTICAS
FÍSICAS
Caso um derramamento de óleo atinja a costa, pode ser muito difícil manter o óleo dentro da
Barreira de Contenção.
Uma Barreira tipo Cerca não é apropriada em profundidade de água menor do que o calado da
barreira, a barreira tombaria. Na zona entre marés a Barreira de Contenção não é pesada o
suficiente para aderir ao fundo.
Pelas razões apresentadas, foi desenvolvida uma Barreira tipo Vedação de Praia.
Projeto Básico
Uma Barreira de Praia é composta de três tubos individuais de 10-25 metros de comprimento.
Eles formam um triângulo com dois tubos em baixo e um em cima.
O tubo superior é cheio de ar e os dois tubos inferiores, que são colocados próximos um do
outro, são cheios com água a fim lhes dar o peso para manter a barreira junto ao fundo/à
praia.
Quando encher uma Barreira de Praia com água é importante não encher as câmaras de água
até a sua capacidade total. O fundo da Barreira de Praia pode acompanhar melhor o formato
da praia quando não estiver rígida demais.
Na água, a barreira flutua livremente.
Componentes da Barreira
• Elemento de Flutuação: é o tubo cheio de ar no alto da barreira.
• Saia: não há saia específica como numa Barreira de Contenção convencional. Em
Barreiras de Praia, a saia é o mesmo que o calado.
• Tensão: o elemento de tensão normalmente é o tecido.
• Lastro: os dois tubos cheios de água.
• Borda livre: em geral, uma metade da barreira está acima da água (borda livre).
• Calado: os dois tubos cheios de água constituem o calado, mais ou menos a metade
da barreira.
• Coeficiente de Flutuabilidade: como o peso da água nos tubos de água é neutro na
água, o coeficiente de flutuabilidade normalmente é de 5:1 - 10:1.
Utilização
Quando ocorrer um derramamento de óleo na zona entre marés.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
79
Vantagens / Desvantagens
É um tipo exclusivo de barreira que não pode ser substituída por outros tipos.
Deve ser manuseada com cuidado quando utilizada em solo rochoso para impedir que rasgue o
fundo.
Normalmente, uma Barreira tipo Vedação de Praia pode ser conectada facilmente a uma
Barreira de Contenção comum.
Resumo – BARREIRA TIPO VEDAÇÃO DE PRAIA
Uma Barreira tipo Vedação de Praia é projetada especialmente para manter o óleo na zona
entre-marés (zona de oscilação de marés).
Normalmente, uma Barreira tipo Vedação de Praia tem uma câmara de ar superior e duas
câmaras inferiores de água e pode ser conectada a Barreiras de Contenção comuns.
PROJETO BÁSICO DE UMA BARREIRA DE INCÊNDIO E SUAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Projeto Básico
As barreiras de incêndio antigas continham flutuadores metálicos ou de materiais resistentes
ao fogo destinadas à contenção de produtos inflamáveis, a fim de evitar a propagação do
incêndio no produto derramado por intermédio da sua deriva. Atualmente existem barreiras
com revestimento saturado de água que permite a resistência ao fogo.
Componentes da Barreira
• Revestimento de proteção ao fogo saturado de água;
• Linhas internas de água;
• Câmara de ar;
• Válvula Munson (válvula da câmara de ar);
• Cabo de tensão superior e inferior; e
• Linha principal de alimentação de água a ligar ao coletor de incêndios.
Utilização
No caso em que exista o perigo de o produto derramado incendiar.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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LIÇÃO 2 – FALHAS DE BARREIRA DE CONTENÇÃO
OBJETIVO DA LIÇÃO
A operação incorreta de uma barreira de óleo ou as falhas não corrigidas podem comprometer
a operação inteira.
Esta lição trata de como evitar problemas durante o manejo de barreiras e como identificar e
corrigir falhas caso ocorram. No final da lição você deve ser capaz de identificar e sugerir
medidas corretivas para falhas típicas de Barreiras de Contenção que podem ocorrer durante
as operações.
Durante a lição você aprenderá como:
• Identificar e sugerir medida corretiva para falha por arraste (entrainment);
• Identificar e sugerir medida corretiva para falha de drenagem;
• Identificar e sugerir medida corretiva para falha de sobrepassagem (respingos);
• Identificar e sugerir medida corretiva para falha de submersão;
• Identificar e sugerir medida corretiva para falha por planeio;
• Identificar falha estrutural e calcular as forças que atuam sobre as barreiras de
contenção.
FUNDAMENTOS
A fim de entender os problemas potenciais associados à operação de barreiras de contenção é
necessário esclarecer algumas regras básicas.
Geralmente a barreira de contenção é lançada à jusante da mancha de óleo. Isto significa que
a corrente irá guiar a mancha de óleo em direção da formação de barreira. Se, por algum
motivo, não for possível empregar a barreira de contenção à jusante, ela pode ser empregada
à montante e ser movida para o óleo na mesma direção que a corrente. Porém, é mais fácil
controlar a mancha quando ela pode ser parada pela formação de barreira.
Existem dois tipos de velocidade: movimento na superfície da água e velocidade no fundo. O
movimento na superfície da água é medido em relação à corrente e a velocidade no fundo é
medida em relação ao leito do mar.
O termo "velocidade" usado neste módulo se refere ao movimento na superfície da água.
O modo real de utilização de barreiras será descrito em detalhes mais a frente, mas é útil
saber que os métodos de utilização modernos são as configurações em V, J e U.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
82
FALHA POR ARRASTE
Definição
Esse tipo de falha ocorre quando gotas de óleo se separam do fundo da mancha contida pela
barreira de contenção e voltam à superfície, fora da configuração da barreira, devido à alta
velocidade relativa de arraste.
Circunstâncias
Normalmente, o óleo fluirá com a mesma velocidade que a corrente e será afetado pela
velocidade das ondas.
Se tanto a corrente quanto as ondas vêm da mesma direção, a velocidade do óleo em relação
a uma barreira sem flutuação livre é a soma dos valores de velocidade da corrente e das
ondas.
Se esta velocidade ultrapassar 0,7 (0,36 m/seg.), ocorrerá turbulência à jusante da onda
principal. Isto fará que gotículas de óleo se desprendam do fundo da mancha principal e
algumas delas voltem à superfície, atrás da formação da barreira.
Meios de Correção/Prevenção
É impossível evitar falhas por arraste.
A fim de minimizar esse problema, a velocidade do óleo perpendicular à parede da barreira
precisa ser reduzida. Isto pode ser feito em água aberta baixando a velocidade da barreira
(em relação à corrente).
Com instalações fixas, muitas vezes usadas em rios, a única maneira de minimizar o problema
é utilizar a barreira num ângulo em relação à corrente. Isto resultará na redução da
velocidade da corrente perpendicular à parede da barreira e impedirá o óleo de ser contido
pela barreira. Em vez disso, o óleo será desviado pelo ângulo para uma área com velocidade
mais baixa.
Resumo
Falha por arraste é a situação em que gotículas de óleo se separam do fundo da camada de
óleo devido à alta velocidade em que o óleo é arrastado (0,7 nós).
Este problema de arraste pode ser minimizado reduzindo a velocidade da barreira em relação
à corrente. Em instalações fixas a formação deve ser empregada a um ângulo com relação à
corrente.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
83
FALHA DE DRENAGEM
Definição
Falha de drenagem é quando o óleo contido na configuração da barreira escapa sob a saia da
barreira.
Circunstâncias
Se óleo demais for contido pela barreira, a saia não será mais capaz de retê-lo e o óleo
começará a escapar por baixo da saia.
Em circunstâncias normais, quantidades de óleo maiores irão escapar quando houver a falha
de drenagem em comparação à falha causada por arraste.
Meios de Correção/Prevenção
Como é impossível corrigir uma falha de drenagem, a atenção deve ser concentrada em
preveni-la.
Para evitar uma falha de drenagem são apresentadas as alternativas abaixo:
• Pode ser colocado um skimmer na área de drenagem para remover o óleo.
• Outra possibilidade é colocar uma barreira absorvente à montante da formação de
barreira.
• Se nenhuma destas soluções for possível, a alternativa é reduzir a velocidade da
barreira em relação à velocidade da mancha de óleo a fim de evitar excesso de
concentração de óleo.
O formato da saia é um fator muito importante para a capacidade da barreira. O formato
ideal é levemente côncavo em direção ao óleo contido. A saia deve sempre ser mantida em
posição. Se for forçada para trás devido à pressão da água, não há nada que impeça o óleo de
fluir por baixo da barreira. Empregar uma barreira com uma saia muito profunda somente
aumenta o problema.
A barreira não retém a água, mas a direciona por baixo da saia. Uma saia maior irá aumentar
a velocidade da água e, com isso, as forças de sucção. Isto resultará no arrasto de óleo sob a
saia e para o outro lado da formação da barreira.
A profundidade da saia não deve exceder 1/3 da profundidade da água.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Resumo
Falha de drenagem ocorre quando o óleo escapa por baixo da saia da barreira. Aumentar a
saia somente aumenta o problema.
As maneiras de minimizar o problema são:
Colocar um skimmer na área de drenagem. Colocar uma barreira absorvente à montante da
formação de barreira. Reduzir a velocidade relativa da barreira.
FALHA DE SOBREPASSAGEM
Definição
Respingo significa que algum do óleo contido passa sobre a borda livre da barreira de óleo.
Circunstâncias
Respingos irão ocorrer quando as ondas estão encrespadas (o comprimento da onda em
relação à altura da onda é abaixo de 5:1). Isto muitas vezes é visto em águas rasas.
Ondas encrespadas vêm com intervalos curtos e é difícil para a barreira seguir seus ritmos.
A construção da barreira também influencia o risco de sobrepassagem porque:
• Quanto mais baixo a borda livre – maiores são os respingos.
• Um coeficiente de flutuabilidade baixo (menor do que 4:1) torna difícil para a
barreira seguir os ritmos das ondas.
• Se a barreira for rígida e as ondas forem altas, os respingos ocorrerão
simultaneamente com a falha de drenagem.
Meios de Correção/Prevenção
É possível corrigir respingos pela utilização de uma barreira absorvente como um quebra-mar
à montante da formação da barreira.
Uma maneira de evitar respingos em ondas altas e encrespadas (1,0-1,5 metros) é usar uma
barreira com um alto coeficiente de flutuabilidade.
O pessoal encarregado de lançar as barreiras deve estar familiarizado com as condições
locais: deve conhecer a altura assim como o tipo de ondas que provavelmente ocorrem no
ambiente real.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Se as ondas forem acima de 1,0 – 1,5 m deve ser usada uma barreira de cortina com uma
grande flutuação.
Resumo
Respingo significa que está escapando óleo sobre a borda livre da barreira.
É essencial conhecer os tipos de ondas que são prováveis de ocorrer no ambiente real.
No caso de ondas altas e encrespadas deve ser selecionada uma barreira de cortina com um
grande coeficiente de flutuabilidade.
FALHA DE SUBMERSÃO
Definição
Falha de submersão é quando a barreira é puxada para baixo da superfície da água.
Circunstâncias
Isto ocorre quando a velocidade do reboque está alta demais. Normalmente, isto ocorre
durante o posicionamento da barreira na configuração correta antes de ocorrer a real
contenção de óleo. Se a barreira já tiver contido algum óleo, uma falha por arrasto sempre
ocorrerá antes da falha de submersão.
Meios de Correção / Prevenção
A maneira de corrigir falhas de submersão é reduzir a velocidade de reboque da barreira.
Um coeficiente de flutuabilidade de 10:1 ou mais reduz o risco de falhas de submersão.
Em geral, uma Barreira tipo Cortina com um coeficiente de flutuabilidade maior do que 10:1
pode ser rebocada a uma velocidade de 3 nós (1,5 m/seg.) sem qualquer falha de submersão.
Exemplo: Se uma barreira for empregada a partir de um píer, e precisa ser rebocada por uma
longa distância antes de ser usada para conter o óleo derramado, ela deve ser rebocada por
uma embarcação somente, por exemplo, em um reboque longo atrás da embarcação. Esta
precaução minimiza as forças sobre a barreira.
Quando a barreira estiver na formação (configuração) correta, sua velocidade não deve
exceder 0,7 nós. Esta velocidade normalmente não causa qualquer falha de submersão.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Resumo
Falha de submersão ocorre quando uma barreira de contenção é empurrada para baixo da
superfície da água devido à alta velocidade de reboque.
Isto pode ser evitado pela redução da velocidade e por usar uma barreira com um alto
coeficiente de flutuabilidade.
Durante o transporte de uma barreira para a área do derramamento de óleo, ela deve ser
puxada somente por uma embarcação em cabo de reboque longo.
FALHA POR PLANEIO
Definição
Falha por planeio é quando a barreira é forçada em posição paralela à superfície da água.
Circunstâncias
Quando um forte vento estiver soprando em uma direção e uma forte corrente estiver se
movendo em outra direção, isto pode forçar a barreira paralelamente à superfície da água.
Este fenômeno é mais provável de ocorrer quando a barreira tem muito pouco contato com a
água (por exemplo: Barreiras tipo Cerca) com elemento de flutuação de linha de centro. Em
barreiras do tipo Cortina, a saia também pode ser forçada em paralelo à superfície pela
pressão da água.
Meios de Correção / Prevenção
Não é possível corrigir falha por planeio.
Lastro adequado mantém a barreira na posição correta. Em algumas barreiras, a corrente de
lastro é levemente mais curta do que a própria barreira. A corrente é fixada aos pontos de
reboque e manterá a barreira em posição. A barreira não será afetada por falha de planeio, a
menos que a corrente se rompa.
Barreiras com um elemento de flutuação cilíndrico são expostas a falhas de planeio já que o
ponto de contato com a água é maior do que para tipos de barreira de cerca.
Resumo
Falha de planeio significa que a barreira será forçada em paralelo com a superfície da água
devido a vento e corrente forte em direção oposta.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Isto pode ser evitado usando uma corrente de lastro que seja um pouco mais curta do que a
barreira.
FALHA ESTRUTURAL E CÁLCULO DAS FORÇAS QUE ATUAM NA BARREIRA DE CONTENÇÃO
Definição
Falha estrutural é a situação em que uma barreira de contenção é exposta a forças que
excedem a real resistência de ruptura de materiais usados na barreira.
As forças que atuam na barreira são causadas pela pressão da água e do ar combinadas com
atrito que são um produto da formação da barreira e da velocidade de correntes, ondas e do
vento.
Circunstâncias
Podem existir diversos motivos para uma falha estrutural:
i. A velocidade de reboque pode ser alta demais (a velocidade da barreira em relação à
superfície da água);
ii. A barreira pode ser presa por um obstáculo;
iii. A barreira pode ser presa pela hélice do barco rebocador;
iv. Uma formação de barreiras longa demais pode criar forças que intensificam as forças
de atrito.
Existem muitos motivos detalhados para falha estrutural e pode ser difícil evitar todos. O
pessoal que opera o equipamento pode estar sob estresse e nem sempre se conscientizar de
todas as situações críticas.
A maioria dos fabricantes de barreiras de contenção pode fornecer especificações para a
resistência de ruptura de seus produtos. Normalmente, estes números são confiáveis.
Meios de Correção/Prevenção
Estes usualmente são diversos sinais de advertência antes de a falha estrutural ocorrer:
i. Falha por arrasto;
ii. Falha por submersão;
iii. Forte turbulência no rastro da parede da barreira.
Quando isto ocorre, é importante diminuir a velocidade de reboque imediatamente. A
velocidade de reboque não deve exceder um valor de 0,7 -1,0 nós.
Se a barreira for longa demais, pode ser impossível observar sinais de advertência.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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A maioria das falhas estruturais é causada por erros humanos. A única maneira de evitá-los é
através de informação e treinamento.
A comunicação durante a operação inteira é crucial: observar sinais de advertência e informar
os operadores imediatamente.
Cálculo das forças
As principais forças que atuam sobre a barreira são: Correntes, Vento e Ondas.
O ponto de ruptura do equipamento/barreira é ligado às forças que atuam sobre o mesmo.
Estas forças são causadas por velocidade, peso da água e vento. A densidade da água é de
aproximadamente 1000 kg/m3 e a densidade do ar é de aproximadamente 1,25 kg/m3. A
velocidade do vento não é considerada aqui.
Normalmente, uma operação de recolhimento de óleo será interrompida antes de a
velocidade do vento ficar aproximadamente 20 m/s.
Exemplo
O comprimento da barreira é de 400 metros. A abertura na configuração da barreira é de
200 metros. A profundidade da saia é de 0,5 metros. A velocidade é de 0,5 nós.
F = 26 x (200 x 0.5) x 0.52 = 650 kp
No caso de a velocidade ser aumentada para 2,0 nós:
F = 26 x (200 x 0.5) x 2.02 = 10.400 kp
Deve ser fortemente enfatizado que qualquer aumento de velocidade produz um aumento
drástico nas forças que atuam sobre a barreira.
A força vinda das ondas também não é considerada. Em águas abertas a barreira
simplesmente acompanhará o ritmo das ondas. Mas se a barreira for colocada na
arrebentação, as ondas devem ser levadas em conta. A força das ondas na arrebentação pode
destruir mesmo a barreira mais forte em pouco tempo. Entretanto, não existe uma fórmula
simples para calcular esta força.
Normalmente tem como certo que o ângulo entre a barreira e a corrente é exatamente 90
graus. Nesta lição, nós presumimos que a corrente seja perpendicular à barreira.
O comprimento da barreira é entendido como o comprimento da parte exposta à corrente
(por exemplo: numa formação em U é a distância entre as duas pernas na abertura e não o
comprimento da barreira inteira).
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LIÇÃO 3 – ESCOLHA DA BARREIRA
OBJETIVO DA LIÇÃO
Para uma operação de limpeza bem sucedida, é essencial usar o tipo mais adequado de
equipamento. Esta lição fornece o conhecimento essencial para fazer uma escolha qualificada
da barreira a ser usada num ambiente específico.
Durante a lição, você aprenderá como escolher o tipo de barreira mais adequado para as
condições físicas específicas no ambiente marinho.
FUNDAMENTOS
Muitas vezes, no momento de um derramamento de óleo, somente estão disponíveis poucos
tipos de barreira. É essencial ter certeza de que a barreira adquirida é o tipo ideal para o
ambiente em torno do derramamento de óleo.
A escolha deve ser baseada na finalidade da barreira e as condições ambientais que serão
encontradas.
Um fator essencial que influencia a escolha é a resistência intrínseca da barreira.
SELEÇÃO DE UM TIPO DE BARREIRA TIPO PARA UM AMBIENTE ESPECÍFICO
Objetivos Gerais de Utilização de Barreira
Contenção de óleo em águas abertas.
Desvio de óleo em rios ou áreas costeiras.
Proteção em caso de um potencial derramamento de óleo.
Na escolha do tipo de barreira para águas abertas é importante considerar:
A resistência da barreira – ela precisa resistir às forças causadas por ondas e correntes.
Fácil utilização – contenção de óleo em águas abertas não é uma ocorrência regular e o
pessoal não terá experiência de rotina com o equipamento. Um treinamento regular é
importante para resposta segura e efetiva.
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Reduzido volume de armazenamento - o equipamento provavelmente precisará ser instalado
a bordo de uma embarcação numa situação de derramamento de óleo.
Esses critérios indicam que um tipo de barreira de cortina inflável com um coeficiente de
flutuabilidade de pelo menos 8:1 seria apropriado para uma barreira adequada.
O tamanho da borda livre e calado da barreira deve estar de acordo com a altura das ondas e
as correntes na área.
RIOS E COSTAS
Desvio de óleo em rios ou áreas de costa muitas vezes requer uma utilização extensiva ou
permanente.
É necessário levar o seguinte em consideração quando escolher um tipo de barreira:
Resistência do equipamento a punções - Isto sugere o uso de uma barreira de elemento de
flutuação sólido ou um tipo inflável por ar que não seja sensível a punções. Esse último tipo
muitas vezes é bastante caro.
Correntes e marés na área – em correntes fracas, pode ser usada uma barreira de cerca com
elemento de flutuação de linha central comum. Em correntes fortes, é preferível uma
barreira de cerca com uma linha de tensão externa.
Quando estiverem presentes marés, uma barreira de cerca com duas linhas de tensão externa
ou uma barreira de cortina com uma corrente de lastro como elemento de tensão são mais
adequadas.
PROTEÇÃO CONTRA UM POTENCIAL DERRAMAMENTO DE ÓLEO
Dependendo das condições ambientais e do modo exato de utilização necessário, podem ser
escolhidos diversos tipos de barreiras:
Utilização de quebra-mar
É necessária uma utilização rápida e fácil.
Isto indica o uso de uma barreira de espuma sólida ou de uma barreira auto inflável.
As ondas e correntes prevalentes irão decidir se o tipo cerca ou cortina é o adequado.
Uma barreira de cortina é preferível em áreas expostas a ondas.
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Uma barreira de cortina com uma corrente ou uma barreira de cerca com linha de tensão
externa pode ser escolhida em áreas com correntes fortes.
Utilização de ancoradouro
Se uma barreira deve ser utilizada cada vez que um petroleiro aportar no ancoradouro, ela
deve ser simples de operar. Uma barreira de cerca auto inflável ou de espuma sólida seria
adequada.
Se for utilizada de modo permanente ou semi-permanente em áreas onde o mar pode ser
violento, a resistência da barreira e um alto coeficiente de flutuabilidade são cruciais.
Isto indica uma barreira inflável ou de espuma sólida que não é tão sensível a punções.
Seleção de Barreira em Geral
Na decisão sobre que tipo de barreira deve ser usado, é útil usar as seguintes duas listas de
verificação/orientações que relacionam as características de diversos tipos de barreira aos
requisitos das condições operacionais específicas.
Antes de tudo, os seguintes 4 parâmetros de barreira devem ser considerados:
• Borda livre
• Calado
• Coeficiente de flutuabilidade
• Resistência elástica total
Com relação às seguintes condições que provavelmente serão encontradas:
• Águas calmas com ondas de até 0,3 m (lagos, portos etc.).
• Águas calmas com corrente (rios).
• Águas protegidas com ondas de até 1,0 m.
• Águas abertas com ondas acima de 1,0 m.
Depois desta escolha, é preciso determinar o desempenho operacional detalhado:
• Durabilidade
• Facilidade de utilização
• Acompanhamento das ondas
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• Velocidade de utilização
• Bloqueio da costa
• Facilidade de manutenção
• Fator de armazenamento
• Uso preferencial.
Resumo
O fator básico para a escolha da barreira é o objetivo de utilização:
• Contenção na água
• Desvio
• Proteção
• Resistência apropriada da barreira
Formulário para Seleção da Barreira
Águas calmas com ondas < 0,3 m
(lagos, portos, etc.)
Águas calmas com correntes (rios)
Águas abrigadas ondas < 1,5 m (áreas perto da
costa)
Águas abertas ondas > 1,0 m
Borda livre 0,2-0,5 m 0,3 - 0,5 m 0,4 - 0,6 m 0,5-1,0 m
Calado 0,2-0,5 m 0,3-0,7 m 0,4 - 0,8 m 0,6-1,5 m
Coeficiente de Flutuabilidade
3:1 - 10:1 3:1 - 10:1 5:1 - 12:1 8:1 - 15:1
Resistência Elástica Total
≥10 kN ≥30 kN ≥50 kN ≥150 kN
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Diretrizes da Seleção de Barreira
Tipo Cerca Cortina Seladora Absorvente
Desenho
Durabilidade 1 2 3 5
Facilidade de lançamento 2 3 4 1
Acompanhamento das ondas 5 2 1 -
Agilidade no lançamento
1 3 4 1
Selamento de praia 5 3 1 -
Facilidade de manutenção 1 3 4 1
Fator de armazenamento
5 1 1 3
Uso preferencial A B C D
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LIÇÃO 4 - UTILIZAÇÃO, RECOLHIMENTO E CONFIGURAÇÃO DE BARREIRAS DE CONTENÇÃO
DE ÓLEO
OBJETIVO DA LIÇÃO
Para uma operação bem sucedida, é necessário estar familiarizado com os procedimentos de
lançamento e recuperação de barreiras. No final desta lição você deve poder descrever os
princípios de lançamento de barreira, recolhimento e composição de configurações comuns de
barreira.
Durante a lição você aprenderá sobre:
• O lançamento e o recolhimento da barreira de contenção de uma embarcação.
• Configurações padrão de barreira em águas abertas.
• O lançamento e o recolhimento de uma barreira de contenção do litoral.
• Configurações padrão de barreira próximo à costa e em rios, os princípios básicos para
ancorar uma barreira.
LANÇAMENTO E RECOLHIMENTO DE UMA BARREIRA DE CONTENÇÃO A PARTIR DE UMA
EMBARCAÇÃO
O comandante da embarcação principal é o encarregado da operação. O comandante de
qualquer barco de apoio deve seguir as instruções do comandante da embarcação principal.
Uma pessoa localizada na área de trabalho da embarcação principal e qualquer barco de
apoio serão responsáveis pela utilização prática do equipamento. Essa pessoa deve ser parte
da cadeia de comunicação por rádio.
LANÇAMENTO
Fixar o equipamento no convés
Normalmente, o lançamento de barreiras é feita por cima da popa da embarcação. Um
rebocador tem um bom convés principal aberto que é muito adequado para o lançamento de
barreiras de contenção. O equipamento muitas vezes será usado a bordo de uma embarcação
que não é projetada para este tipo de operação, sem pontos de amarração especialmente
designados no convés para fixar a barreira. É essencial que o equipamento esteja fixado no
convés durante toda a operação para impedir que a barreira seja puxada para a água. Essa
situação, além da perda de equipamento, pode ser perigosa para a tripulação.
O espaço de convés necessário depende do tipo de barreira utilizado. Quando utilizar uma
barreira de cerca, a unidade de armazenamento (enrolador, engradado etc.) pode ser
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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colocada junto à popa. Uma barreira inflável requer mais espaço livre de convés entre a
unidade de armazenamento e a popa da embarcação. O espaço necessário depende do
comprimento da câmara. Em geral, 5-6 m são suficientes.
Acoplar Equipamento de Reboque
O equipamento de reboque deve ser acoplado a uma barreira bem antes da utilização
propriamente dita. Certos tipos de barreira com lastro de corrente requerem que a corrente
seja acoplada ao equipamento de reboque. Isto deve ser verificado cuidadosamente antes de
lançar a barreira.
Navegar lentamente na superfície do mar
No lançamento, a embarcação deve se mover lentamente na superfície do mar. Depois de 10-
20m de a barreira ter sido lançada, a velocidade do navio na água puxará para fora o resto da
barreira. Este método não requer uma embarcação de apoio, o que torna a operação mais
fácil e mais segura.
Quando for utilizada uma embarcação de apoio, a comunicação entre as duas embarcações é
essencial, a fim de evitar acidentes. Se a embarcação de apoio subitamente mudar de curso,
podem ocorrer situações perigosas com os cabos de reboque nas embarcações principal e de
apoio. O pessoal pode ficar preso nos cabos ou pode ser puxado para o mar.
Lançamento das seções da barreira
Se a barreira for do tipo de flutuador sólido, ela normalmente pode ser acionada
imediatamente sem ação adicional. Os tipos de barreiras auto-infláveis também podem ser
acionados imediatamente. O tempo de utilização para - e.g. 200 metros de tipos de barreira
de flutuador sólido ou auto-inflável - é entre 3-10 minutos.
Em situações em que várias unidades de armazenamento são instaladas a bordo, elas devem
ser colocadas ao longo do costado da embarcação, de modo que as pontas da seção podem
facilmente ser acopladas entre si. A unidade de armazenamento colocada mais perto da popa
é utilizada em primeiro lugar, e é seguida pela próxima na fila. Barreiras com elementos de
flutuação longos e sólidos muitas vezes serão armazenados em racks ou simplesmente no
convés.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
97
Se forem utilizadas barreiras infláveis com câmaras individuais, o tempo de lançamento para
barreiras com enchimento de ar central é de 6-15 minutos para 200 metros. Para barreiras
infláveis com câmaras de ar individuais, o tempo de lançamento normalmente é de 12-20
minutos para 200 metros. Para esse tipo de barreira, é importante encontrar uma constante
adequada, baixa velocidade do carretel ao invés do constante ligar e desligar do carretel,
para dar tempo de encher as câmaras de ar.
Assegurar que a barreira esteja fixa na embarcação
Antes de lançar a última seção da barreira é essencial assegurar que a barreira não será
perdida na água. Um cabo de reboque acoplado à última seção da barreira sempre deve estar
preso a bordo da embarcação.
Conectar a barreira à embarcação de apoio
Quando a última seção da barreira for lançada e o cabo de reboque estiver preso a um poste
de amarração ou similar, a corda de flutuação livre acoplada à primeira seção utilizada da
barreira é fixada na embarcação de apoio. A formação da barreira agora pode ser iniciada.
RECOLHIMENTO
A operação de recolhimento normalmente é realizada em ordem inversa à de lançamento
O cabo de puxar é liberado para a água pela embarcação de apoio, de modo que a barreira
somente esteja conectada à embarcação principal.
A embarcação navega lentamente contra a corrente. Isto é para assegurar que a barreira
forme uma linha reta atrás da embarcação.
A barreira é puxada para bordo. A maioria das barreiras é mantida em carretéis hidráulicos,
que podem ser usados como um cabrestante. A corda de reboque, que é uma parte do
equipamento de reboque, é girada 2-3 vezes em torno do tambor do carretel e depois puxada
a bordo da embarcação.
O recolhimento continua até que a última seção da barreira seja colocada a bordo.
Durante o recolhimento, uma pessoa é responsável por registrar se a barreira foi danificada
durante a operação e assegurar que ela seja reparada depois da operação.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Uma barreira suja de óleo vai dificultar a operação de recolhimento, sujando tanto o
equipamento quanto a tripulação. Os procedimentos de segurança devem sempre ser
observados. O recolhimento deve ser realizado muito lentamente para reduzir o risco de
acidentes. Normalmente, a barreira contaminada será colocada no carretel e a operação de
limpeza será feita em terra numa área adequada.
Resumo
Etapas da operação de lançamento:
- Prender o equipamento no convés.
- Acoplar o equipamento de reboque
- Lançar as seções da barreira.
- Assegurar que a barreira esteja presa no convés
- Conectar a barreira à embarcação de apoio.
- É essencial prender o equipamento corretamente a bordo da embarcação antes da
operação.
O método de lançamento mais seguro usa somente uma embarcação principal.
A operação de recolhimento da barreira é similar ao lançamento, mas executada em ordem
inversa.
A comunicação entre as duas embarcações é essencial para uma operação segura e bem
sucedida.
CONFIGURAÇÕES PADRÃO DE BARREIRA PARA OPERAÇÕES EM MAR ABERTO
O objetivo básico de acionar barreiras de contenção de óleo é conter o óleo, que é
concentrado no vértice da barreira.
As configurações de barreira dependerão do número de embarcações envolvidas na operação.
As configurações típicas são:
• Configuração de única embarcação com: Varredura Única; Varredura Dupla
• Configuração de duas embarcações;
• Configuração de três embarcações.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
99
CONFIGURAÇÃO DE ÚNICA EMBARCAÇÃO
Se somente uma embarcação estiver disponível, o tamanho máximo da barreira será limitado.
Normalmente, um braço é utilizado de um dos costados (varredura simples) ou de ambos os
costados (varredura dupla) da embarcação. O braço pode ter entre 5-15 m de comprimento
dependendo do porte da embarcação.
A formação comum de única embarcação é a formação em V que é dividida em:
Formação em V – varredura simples
A barreira é acoplada à embarcação e à ponta do braço. O comprimento da barreira numa
formação em V normalmente é de 10 - 50 m dependendo do comprimento do braço e do
tamanho da embarcação.
No vértice (o fundo da formação de barreira para a qual o óleo é direcionado) normalmente é
colocado um skimmer. Se estiverem sendo recolhidos sólidos haverá uma rede de arrasto. É
conveniente ter o vértice perto da embarcação.
Formação em V – varredura dupla
A barreira é colocada em formação em V nos dois costados da embarcação.
A vantagem de uma operação de varredura dupla é uma área dupla de recolhimento. Além
disso, é mais fácil manobrar a embarcação, já que as forças são iguais nos dois lados.
Se a área onde a varredura opera for limitada, uma operação de varredura dupla pode ser
impossível.
Uma operação de varredura dupla bem sucedida requer uma grande quantidade de
equipamentos e de espaço no convés.
CONFIGURAÇÃO DE DUAS EMBARCAÇÕES
Formação em J
Uma configuração comum de duas embarcações é a chamada formação em J. A barreira é
acoplada entre as embarcações num formato de J. Normalmente, uma seção de barreira de
20-40 m é colocada entre a embarcação principal e o vértice. Um skimmer, usualmente
hidráulico, é colocado no vértice da configuração. A barreira deve ser fixada ao longo do
costado da embarcação (10-20m) para criar uma formação "impermeável a óleo".
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
100
A fim de manter um vértice pontudo pode ser necessário ter um sistema de cabos transversais
conectando a embarcação e a barreira. O comprimento do cabo pode ser ajustado durante a
operação a fim de obter o formato ideal do vértice.
O comprimento da barreira guia normalmente será de 100 – 400 m. É muito difícil para a
embarcação de apoio manter uma posição ideal se a barreira for mais longa. Se a embarcação
de apoio não mantiver a posição correta, o desempenho do sistema diminuirá
consideravelmente.
CONFIGURAÇÃO DE TRÊS EMBARCAÇÕES
Com três embarcações a configuração normal é a chamada configuração em U ou de U aberto.
Formação em U
A barreira é rebocada por duas embarcações que estão situadas próximas uma à outra.
Normalmente é possível ter até 600 m de barreira nesta configuração. Como as embarcações
estão colocadas próximas uma à outra, é mais fácil manter a posição correta, em comparação
à configuração em J.
A terceira embarcação é colocada no vértice onde é lançado um skimmer. Como ela
armazena o óleo recolhido, deve ter uma grande capacidade de tanques para evitar a
constante troca da embarcação de recolhimento.
Formação em U aberto
Outro desenvolvimento da formação em U é a chamada formação em U aberto que tem uma
abertura - normalmente de 5 -10 m de largura – no vértice. As duas seções da barreira são
mantidas em posição por meio de cabos. Duas pequenas asas de barreira de aprox. 3-10 m de
comprimento são colocadas na abertura, criando um funil que reduz a turbulência da
passagem do óleo. Este funil manterá o óleo num formato bem definido, o que facilita muito
o recolhimento do óleo. O recolhimento deste óleo afunilado ocorre pelo uso de embarcações
de varredura simples ou dupla.
Resumo
Operação de única embarcação: Formação em V (Varredura Simples / Varredura Dupla)
Operação de duas embarcações: Formação em J
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101
Operação de três embarcações: Formação em U/formação em U aberto
LANÇAMENTO E RECOLHIMENTO DE BARREIRAS DE CONTENÇÃO A PARTIR DO LITORAL
Comparado ao lançamento a partir de uma embarcação, o lançamento a partir da costa é
mais complicado. É necessário usar uma embarcação para puxar para fora a barreira da costa,
contra a corrente. Os locais de lançamento e recolhimento da barreira podem ser preparados
antecipadamente.
Os procedimentos a ser executados são basicamente os mesmos que a bordo de uma
embarcação. A diferença é que é necessária uma embarcação de apoio. É essencial que a
pessoa que está na costa, no comando da operação, tenha contato contínuo com a
embarcação.
Quando a barreira estiver fixada na costa durante o lançamento, é importante que a
embarcação de apoio possa manter a barreira na posição correta. Em algumas áreas perto da
costa, a corrente é muito forte (3-6 nós). Uma barreira de 200 m acionada requer uma
embarcação muito potente para mantê-la em posição.
O lançamento de barreiras a partir de um quebra-mar ou um píer em áreas com maré forte
pode ser complicado, já que existe uma considerável diferença nos níveis da água na maré
baixa e alta. Isto é especialmente verdadeiro durante operações de recolhimento da barreira
em maré baixa, quando o equipamento está sendo empurrado para fora, para o mar.
Resumo
Basicamente, o lançamento e o recolhimento de barreiras de contenção a partir do litoral e
partir de embarcações são realizados da mesma maneira, mas operações na costa muitas
vezes são mais complicadas.
Entretanto, é possível estabelecer uma boa plataforma de trabalho na costa.
Uma pessoa na costa deve estar encarregada da operação e ter contato contínuo com a
embarcação de apoio.
CONFIGURAÇÕES PADRÃO DE BARREIRA PERTO DE COSTAS E EM RIOS
Uma barreira de contenção muitas vezes é acionada perto da costa a fim de desviar o óleo e
evitar contaminação de áreas sensíveis.
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102
Executar uma operação bem sucedida requer familiaridade com:
- As condições ambientais predominantes, especialmente a direção e velocidade de correntes,
a fim de determinar o ângulo correto de lançamento.
- A profundidade da saia da barreira e a profundidade da água, que muitas vezes é baixa
nessas áreas. A profundidade da saia não deve exceder 1/3 da profundidade da água.
- As diferenças de nível das marés, por exemplo, quando uma entrada de um porto precisa ser
fechada por barreiras.
- Para compensar os níveis de maré, é vantajoso usar rolos guia (os chamados compensadores
de maré) para garantir a impermeabilidade de óleo da configuração da barreira durante a
mudança dos níveis da maré. Se, por exemplo, a entrada de uma lagoa deve ser fechada, é
possível usar barreiras de bloqueio de praia para criar estanqueidade ao óleo mesmo na
mudança dos níveis da maré.
CONFIGURAÇÃO DE BARREIRAS
Uma barreira de contenção de óleo normalmente não é capaz de conter óleo fluindo
perpendicularmente à barreira com velocidade acima 0,7 nós. Além disso, a forte corrente
nessas áreas exige uma resposta muito rápida a um derramamento de óleo. Por isso, em rios
ou áreas costeiras com correntes fortes, é necessário acionar a barreira em ângulo a fim de
reduzir a velocidade do óleo.
Para assegurar uma rápida resposta em áreas com correntes fortes, as instalações de
lançamento devem ser dispostas antecipadamente. Devem estar disponíveis pontos de
ancoragem facilmente acessíveis para a fixação de cabos. O pessoal responsável por
administrar acidentes de derramamento de óleo deve saber quais áreas são adequadas para o
lançamento.
O ângulo correto deve ser determinado rapidamente usando o diagrama apresentado a seguir.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
103
O diagrama abaixo indica o ângulo correto da barreira em relação à velocidade da corrente.
Quanto maior a velocidade da corrente, menor deverá ser o ângulo. Além disso, o diagrama
indica o comprimento de barreira requerido em relação ao ângulo. Em geral, o comprimento
da barreira deve ser de aproximadamente 2 vezes a largura do rio.
Comprimento de barreira e ângulo de lançamento em rios
Velocidade da Corrente (nós) Ângulo da Barreira à Margem Comprimento da Barreira em Relação à Largura do Rio
0,7 90° 1,0 X largura do rio
1,0 45° 1,4 X largura do rio
1,5 30° 2,0 X largura do rio
2,0 20° 3,0 X largura do rio
2,5 16° 3,5 X largura do rio
3,0 15° 4,3 X largura do rio
3,5 11° 5,0 X largura do rio
4,0 10° 5,7 X largura do rio
5,0 8° 7,0 X largura do rio
AS – Ângulo Máximo de Lançamento a Partir da Margem até a Barreira (em graus)
AB - Ângulo a Partir da Linha de Base
Linha de Base
Marge
m
Velocidad
e da
man
cha de
óleo
(pés/seg
undo
)
Velocidad
e da
man
cha de
óleo
(metros/segu
ndo)
Barreira AS - Ângulo a partir da Linha de Margem
Gráfico feito para uma velocidade de arraste de 0,7 nós, 1.18 ft/s, ou 0,36 m/s.
AB – Ângulo Mínimo de Lançamento a Partir da Linha de Base até a Barreira (em graus)
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
104
Exemplo: A velocidade da corrente de 1,5 nós requer um ângulo de 30°. Para um ângulo de
30°, o comprimento da barreira deve ser 2 vezes a largura do rio.
EXERCÍCIO – ÂNGULO DE LANÇAMENTO / COMPRIMENTO DA BARREIRA
Usando o diagrama acima, determine o ângulo de lançamento requerido e o comprimento da
barreira para uma barreira de contenção em um rio com 40m de largura e corrente de 2,8
nós.
• Ferramentas: transferidor e papel quadriculado
• Tempo: 5 minutos
• Seno As = 7,0/2,8 = 0,25
• Seno As = 7.0/2.8 = 0.25
• Do diagrama acima, vemos que o comprimento requerido para a barreira é
aproximadamente quatro vezes a largura do rio, por exemplo, 160m.
Em muitos rios, existem áreas com águas quase paradas – frequentemente dentro de dobras
ou onde a vegetação ou pedras formam uma língua. Estas são as melhores áreas pra se
conduzir o óleo.
Em geral, é recomendado conduzir o óleo para dentro de uma dobra do rio. A formação de
barreiras não deve se estender pelo rio de margem a margem. Ao invés disso, ela deve ser
dividida em duas, permitindo pequenas embarcações entrarem na área. É sempre mais fácil
manter uma pequena barreira na formação do que uma comprida. Duas configurações muito
usadas em rios são a Chevron e a Escalonada.
Se possível, é extremamente recomendado haver pelo menos duas formações de barreira uma
após a outra, com uma distância de aproximadamente 100m entre elas, pois escapa bastante
óleo da primeira barreira. Uma barreira de vedação de praia é necessária em rios, caso seja
necessária uma proteção das margens.
Devido à corrente frequentemente forte e a área limitada onde o óleo poderá ser recolhido, a
falha de drenagem é muito comum. A falha pode ser reduzida lançando-se vários skimmers na
área.
Em rios, muitos detritos são coletados pela barreira. Esses detritos podem não só danificar a
barreira, mas também o afetar o desempenho do skimmer, quando o óleo fica misturado a
sementes, galhos, folhas, etc.
Colocar troncos de árvore na frente da barreira pode diminuir o problema, uma vez que os
troncos podem reter os detritos flutuando na água, enquanto o óleo flui por baixo deles em
direção a barreira. Os troncos devem estar firmados com segurança.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
105
Resumo
• Em áreas próximas à costa e rios, é vital que se tenha pontos de lançamento, assim
como pontos de ancoragem preparados antecipadamente.
• O ângulo de lançamento da barreira deve ser determinado para assegurar uma
contenção de óleo bem sucedida.
• Em áreas de correnteza forte, vários skimmers devem ser lançados.
• As áreas com águas calmas criam ótimas condições para os skimmers.
• É importante prevenir que detritos cheguem à barreira.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DO ANCORAMENTO DE BARREIRAS
A ancoragem correta e segura de barreiras de contenção exige conhecimentos sobre:
• Estrutura do fundo do mar: se é arenoso, com pedras ou rochoso
• Velocidade da corrente
• Direção da corrente (marés ou uma direção apenas)
• Velocidade da corrente
• Profundidade
• Caso as correntes tenham uma direção, âncoras devem ser colocadas na barreira no
lado que faceia a corrente. Caso as correntes mudem de direção, as âncoras devem
ser colocadas em ambos os lados da formação de barreira
A maioria das barreiras vem com pontos de ancoragem. Caso não possuam, as âncoras podem
ser conectadas às juntas das seções de barreira.
O número e o tamanho das âncoras dependerão de:
• Forças atuando na barreira (ventos, correntes, ondas)
• Direção da corrente
• Comprimento da barreira
• Tamanho da embarcação
Normalmente, âncoras tipo Danforth, Bruce ou Almirantado são usadas com barreiras. Elas
resistem a uma força entre 25 e 40 vezes seu próprio peso, dependendo das condições do
fundo do mar.
A força de uma âncora depende muito do ângulo entre a haste da âncora e o fundo do mar. O
ângulo ótimo é 0º. Se a haste é levantada mesmo em 10º, a força de resistência da âncora
diminui dramaticamente. Uma corrente conectada à âncora previne que a âncora seja içada.
A bóia de arinque cria um ângulo entre a configuração de barreira e o cabo de âncora.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
106
Este ângulo evita que o movimento do sistema de barreiras afete o sistema de ancoragem. O
comprimento do cabo conectando a âncora à bóia de arinque deve ser pelo menos 3 vezes a
profundidade local, para prevenir que a âncora seja içada pelas ondas.
O tamanho da bóia de arinque depende do peso da âncora. Normalmente, tem um volume
entre 60 e 250 litros. Como precaução de segurança, é recomendado instalar um tipo de
dispositivo de rápida liberação para a bóia de arinque. Caso o sistema de barreiras tenha de
ser removido rapidamente por algum motivo, demora muito tempo para remover também o
sistema de arinque.
O uso de bóias menores como bóias de âncora é recomendado. A bóia de âncora serve para
dois propósitos:
• Marcar a posição da âncora, no caso do cabo se romper.
• No caso da âncora se prender, o cabo da bóia de âncora pode ser usado para puxar a
âncora na direção oposta para liberá-la.
• O comprimento do cabo da âncora até a bóia da âncora deve ser de pelo menos o
dobro da profundidade.
As dimensões dos cabos devem ser:
• Cabo de âncora /Boia de arinque: Polipropileno Ø24 - Ø 32 mm
• Cabo de âncora/Boia da âncora: Polipropileno Ø12 - Ø20 mm
Resumo
• O conhecimento das condições do fundo do local é essencial
• Correntes em uma direção requerem âncoras em um lado (contra a corrente).
Corrente de ambos os lados requer âncoras em ambos os lados.
• O comprimento do cabo da âncora até a boia de arinque deve ser três vezes a
profundidade local.
• O comprimento do cabo da boia da âncora deve ser duas vezes a profundidade local.
• O peso da âncora é normalmente de 20 a 100 kg, e seu poder de resistência
aproximadamente 30 vezes o seu peso.
• A corrente de âncora mantém a haste da âncora abaixada.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
107
LIÇÃO 5 - SKIMMERS
OBJETIVO DA LIÇÃO
Skimmers (recolhedores de óleo) são usados para a remoção física do óleo, um dos principais
meios de combater a poluição por óleo no mar. É considerado o processo que menos danifica
o ambiente marinho. Para manejá-lo e utilizá-lo corretamente, precisa-se de um
conhecimento básico sobre o skimmer.
Ao final desta aula, você saberá distinguir os tipos comuns de skimmers e descrever suas
vantagens e desvantagens. Além disso, deverá aprender sobre:
• Três fatores que determinam a eficiência de um skimmer.
• Quatro tipos mais comuns de skimmers de óleo e suas principais vantagens e
desvantagens.
DEFINIÇÃO
O skimmer é um equipamento especialmente projetado para a remoção de óleo (ou mistura
óleo/água) da superfície da água, e que não altera suas características físicas e/ou químicas.
Para se operar os skimmers, devem ser consideradas as propriedades do óleo ou mistura
óleo/água, como as diferenças de densidade entre óleo ou misturas óleo/água e água ou nas
diferenças na adesão a materiais.
Os skimmers possuem os seguintes componentes:
• Cabeça recolhedora: O componente que separa o óleo da água.
• Sistema de transferência: Unidade embutida de bomba ou vácuo, discos, escovas,
correias ou cordas, mangueiras e acoplamentos.
• Unidade de contenção: Tanque ou contêiner para armazenamento do óleo recolhido.
• São construídos de materiais resistentes a água e às intempéries tais como aço
inoxidável, borracha, alumínio e polipropileno.
OS TRÊS FATORES QUE DETERMINAM A EFICIÊNCIA DO SKIMMER
Três fatores são usados para descrever o desempenho de um skimmer:
• Taxa de Recolhimento
• Eficiência de Recolhimento
• Eficiência de Rendimento
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
108
Taxa de Recolhimento
A taxa de recolhimento é estipulada pelo fabricante do skimmer (volume por tempo). (m3/h).
A taxa de recolhimento informada pelo fabricante está relacionada a condições ótimas, por
exemplo, camada de óleo espessa, sem ondas, ótima viscosidade, etc. Dessa forma, é
importante considerar a diferença entre a capacidade ótima e a capacidade real, que em
condições reais, geralmente apresenta eficiência entre 20 e 35% da taxa estimada pelo
fabricante.
Alguns fabricantes definem a taxa de recolhimento como uma taxa de recolhimento total, o
que inclui o conteúdo de água. A taxa de recolhimento é frequentemente o único fator
auferido pelo fabricante, por isso, pode ser facilmente medido e é independente das
condições ambientais, além da viscosidade do óleo. Entretanto, skimmers com altas taxas de
recolhimento geralmente são apresentam baixa eficiência no recolhimento de óleo, pois
coletam muita água.
Eficiência de Recolhimento
A eficiência de recolhimento é o volume real de óleo, recolhido da mistura óleo/água, em
relação ao volume da mistura óleo/água recolhida, em determinado período de tempo de
operação.
A maior parte dos skimmers recolhe grandes quantidades de água e óleo. Unidades de
armazenamento a bordo da embarcação ou em terra devem ser capazes de armazenar um
volume extra desta mistura. Isto depende do tipo de skimmer usado e das condições
ambientais (ventos, ondas, temperatura, etc.). Uma mistura de 80% de água em fluidos
recolhidos é realista em casos reais de recuperação.
Eficiência de Recolhimento do Óleo Contido
É o percentual do óleo recolhido em relação ao volume de óleo que foi contido pela barreira.
Normalmente não é uma medida precisa já que não se sabe a quantidade de óleo na
contenção da barreira, mas ao final da operação é uma informação importante para
determinar a eficiência global do sistema de recolhimento.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
109
Resumo
• Taxa de recolhimento é a taxa estipulada pelo fabricante.
• A eficiência de recolhimento é a relação entre o óleo recolhido e os fluidos recolhidos
(mistura óleo/água).
• Eficiência de rendimento é a relação entre o óleo recolhido e o óleo encontrado.
TIPOS DE SKIMMER
O método de coletar o óleo é usado para distinguir entre os principais grupos de skimmers. Os
quatro tipos de skimmers usados atualmente são:
• Vertedouro;
• Vácuo;
• Oleofílico;
• Mecânicos.
Skimmers do tipo vertedouro algumas vezes são acionados como parte de sistemas de
barreiras de contenção ou são usados individualmente a partir de navios, da costa ou portos.
Skimmers oleofílicos e outros skimmers maiores normalmente requerem o uso de
equipamento especial como embarcações ou guindastes.
1. SKIMMERS DO TIPO VERTEDOURO
Este é provavelmente o tipo de skimmer de uso mais comum devido à sua construção simples.
Estes skimmers incluem qualquer dispositivo que usa a gravidade para drenar o óleo da
superfície da água.
Durante o seu lançamento, a borda do vertedouro é posicionada logo abaixo da superfície
superior da mancha, permitindo que o óleo flua sobre a borda do vertedouro para um tanque
coletor e depois seja bombeado para o depósito. O vertedouro deve ser ajustado
corretamente para impedir que grandes quantidades de água entrem na bomba, e esse
controle pode ser remoto ou auto-ajustáveis.
Sistemas de ajuste remoto são baseados em ar comprimido. Este ar é bombeado para a
unidade do skimmer a fim de levantar todo o sistema. A abertura do vertedouro é fixa e não
pode se mover de modo independente. O ar bombeado para a unidade vai levantar a unidade.
A liberação de ar vai baixar a unidade. Normalmente, passam-se alguns minutos até que
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
110
realmente ocorra a elevação ou rebaixamento. Mesmo em mares comparativamente calmos,
um ajuste preciso pode ser difícil.
O auto-ajuste do sistema vertedouro é normalmente uma abertura do vertedouro que pode se
mover mais ou menos independentemente do resto do skimmer. Permite que a abertura do
skimmer siga, em parte, o movimento das ondas.
Skimmers do tipo vertedouro em águas rasas podem ter problemas de desempenho, já que o
óleo normalmente entra na bomba a partir do topo do skimmer.
Skimmers vertedouro maiores possuem uma bomba hidráulica embutida na unidade. A maioria
dos grandes skimmers tipo vertedouro possui uma bomba hidráulica inserida na unidade.
Frequentemente, lâminas giratórias são colocadas na abertura para quebrar detritos que
entram na bomba. Normalmente, a bomba pode ser revertida para ejetar grandes detritos.
1.1. Vantagens do Skimmer do Tipo Vertedouro
• Equipamento de baixo custo.
• Alta taxa de recolhimento: até 300 - 400 m3/h (100 m3/h é uma taxa muito comum) .
• Pequenas dimensões.
• Baixo peso.
• Capacidade de trabalhar com vasta variação de viscosidade de óleo.
• Frequentemente, a bomba pode ser retirada facilmente do skimmer e usada como
bomba de transferência.
• Manutenção simples.
1.2. Desvantagens do Skimmer do Tipo Vertedouro
• Difícil ajuste da abertura do vertedouro.
• Baixa eficiência em ondas.
• Baixa eficiência de recolhimento (de até 10%) especialmente em manchas finas.
• Sensível a detritos.
• Não é bom em óleo de viscosidade muito alta.
• Normalmente é necessário um guindaste para lançar o skimmer na água.
• O calado do skimmer muitas vezes dá problemas se for usado em águas rasas, já que o
óleo entra na bomba a partir do topo do skimmer.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
111
2. SKIMMERS A VÁCUO
Um skimmer a vácuo não possui uma bomba incorporada à cabeça do skimmer (skimmer
head). A mistura de óleo/água é recolhida diretamente por uma bomba de sucção ou a vácuo,
a qual é guiada manualmente.
A capacidade de recolhimento de um skimmer varia de 10m3/h até 100m3/h, dependendo da
bomba de sucção usada. O tipo mais simples é uma mangueira conectada a um caminhão a
vácuo, que pode facilmente ser empregada em portos e rios.
A capacidade de recolhimento é alta, embora a eficiência seja reduzida em óleo pouco
espesso. Além disso, devido a sua sensibilidade a ondas, os skimmers a vácuo têm seu uso
restrito a portos e áreas de águas calmas.
A maioria desses skimmers é de pequeno porte ou de construção simples. Muitas vezes, são
fabricados localmente a preços razoáveis. Assim, uma grande variedade de pequenos
skimmers de sucção está disponível no mercado, especialmente o chamado Skimmer
Vertedouro de sucção. A cabeça flutuante do vertedouro pode normalmente ser conectada a
bombas de sucção. Entretanto, as possibilidades de ajustes do vertedouro nesse skimmer são
limitadas.
2.1. Vantagens do Skimmer a Vácuo
• Pequenas unidades operacionais.
• Tecnologia simples.
• Manutenção simples.
• Fabricação local e de baixo custo.
2.2. Desvantagens do Skimmer a Vácuo
• Baixa eficiência de recolhimento.
• Com uma mangueira de caminhão a vácuo, é menos de 10%.
Tipos mais avançados têm eficiência de recolhimento entre 60 e 70%, sob ótimas condições.
3. SKIMMERS OLEOFÍLICOS
O princípio de recolhimento de óleo para skimmers oleofílicos é baseado em materiais
específicos que têm maior afinidade por óleo do que por água. Esses materiais são conhecidos
como oleofílicos (esfregões, corda, escovas ou discos).
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
112
A parte móvel do skimmer (corda, correia, tambor e disco) com a superfície oleofílica é
girada ou puxada sobre a mancha de óleo. O óleo aderido à superfície oleofílica é então
raspado ou retirado e direcionado para um tanque para ser bombeado ou sugado para fora.
Skimmers oleofílicos são divididos nos seguintes subgrupos:
• Skimmers de Disco (Disc Skimmer)
• Skimmers de Corda (Rope Mop Skimmer)
• Skimmers de Correia (Belt Skimmer)
• Skimmers de Escova (Brush Skimmer)
3.1 Skimmers de Disco
Skimmers de disco oleofílico baseiam-se na adesão do óleo à superfície de discos girados
através da mistura óleo/água. O óleo adere à superfície dos discos e depois o óleo é removido
por raspadores montados na parte estacionária do skimmer. O óleo é coletado num tanque e
bombeado para fora. Os discos giram para baixo na mancha, já que de outra forma criariam
uma pequena onda que iria perturbar a mancha.
3.1.1. Vantagens do Skimmers de Disco
• Bom desempenho com óleos leves.
• Alta eficiência de recolhimento.
• Pouco sensível a detritos.
• Manutenção simples.
3.1.2. Desvantagens do Skimmers de Disco
• Baixa taxa de recolhimento: de 10 a 60 m3/h.
• Abrangência de viscosidades limitada (óleos de alta viscosidade não grudam nos
discos).
• Sensíveis a algas e ondas.
3.2. Skimmers de Corda
Este tipo de skimmer emprega uma longa corda contínua composta por material oleofílico.
Um mecanismo movimenta a corda sobre a superfície da água com óleo e torce o óleo
absorvido para um tanque coletor.
Skimmers desse tipo podem ser tanto horizontais como verticais.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
113
Horizontal: Normalmente é lançado da costa. As cordas são de alta flexibilidade tanto
verticalmente como horizontalmente, o que o permite acompanhar as ondas. A capacidade de
recolhimento normalmente é entre 3-20 m3/h.
Vertical: Normalmente é suspenso sobre a área de recolhimento por um grande guindaste. Ele
emprega vários esfregões que lhe dão grande capacidade de recolhimento. A capacidade de
recolhimento é de até 70 m3/h.
3.2.1. Vantagens dos Skimmers de Corda
• Baixo teor de água no óleo recuperado – muitas vezes menos de 10%.
• Bom desempenho em áreas com detritos.
• Cordas flexíveis cobrem uma grande área.
• Fácil manutenção.
• Baixo custo.
• As cordas podem ser reutilizadas.
3.2.2. Desvantagens dos Skimmers de Corda
• Sensível à vegetação marinha (tipo horizontal)
• Baixa taxa de recolhimento
• Faixa limitada de viscosidade
• Dificuldade de lançamento das cordas na posição correta
3.3. Skimmers de Correia
Um skimmer de correia é um tipo de recolhedor pouco empregado. Ele utiliza uma correia
oleofílica para elevar o óleo da superfície da água. A correia é feita de material oleofílico
poroso que permite a passagem da água. O óleo que adere à superfície é removido por
raspadores ou rolos e levado para um tanque. Em geral, eles funcionam melhor com óleo de
alta viscosidade.
O skimmer pode ser instalado numa embarcação ou pode ser uma unidade flutuante
independente. O comprimento da correia pode ser de até 10-15 m e o skimmer pode ser
usado em ondas de até 1 m.
3.3.1. Vantagens dos Skimmers de Correia
• Alta taxa de recolhimento e alta eficiência de recolhimento
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
114
• Eficiente em uma ampla faixa de viscosidade, porém é mais indicado para óleo de
alta viscosidade.
• Eficiente em ondas altas.
3.3.2. Desvantagens dos Skimmers de Correia
Frequentemente, skimmers desse tipo são muito grandes e requerem uma grande embarcação
ou guindastes pesados para sua operação, e são muito caros.
3.4. Skimmers de Escova
Este tipo coleta o óleo usando vários conjuntos ou fileiras de escovas. Skimmers de escova
podem ser do tipo escovas de tambor (Drum Brush) – com as escovas posicionadas sobre a
superfície de um tambor – ou escova de corrente (Chain Brush) – com as escovas posicionadas
em correntes.
O óleo adere às escovas giratórias e é raspado e levado para um tanque. Esses skimmers são
normalmente instalados a bordo de uma embarcação, mas também podem ser unidades
flutuantes independentes.
3.4.1. Vantagens do Skimmers de Escova
• Alta taxa e eficiência de recolhimento, em ondas de até 1 m.
• Fácil manutenção.
3.4.2. Desvantagens do Skimmers de Escova
• Grande volume.
• Faixa limitada de viscosidade (trabalha melhor com óleos de alta viscosidade).
• Alto custo.
4. SKIMMERS MECÂNICOS E OUTROS TIPOS DE SKIMMERS
Além dos tipos de skimmers mencionados anteriormente, devemos considerar outra variedade
de skimmer.
Os skimmers mecânicos podem ser simples, como por exemplo, a pá de uma escavadeira,
discos de metal denteados, e baldes.
A maioria destes skimmers funciona melhor quando o óleo está concentrado, e é incapaz de
separar os detritos do óleo.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
115
4.1. Tipos de Skimmers Mecânicos
Esses skimmers podem consistir em uma correia de borracha texturizada, ou em uma correia
transportadora de aço com dentes de aço. A correia transportadora é colocada na mistura
óleo/água para coletar o material viscoso.
Os skimmers do tipo tambor normalmente são feitos de malha de aço, o que permite a água
escapar, mas retém o óleo, que depois é raspado.
O tipo parafuso de Arquimedes eleva a mistura óleo/água; durante esta operação a água será
drenada da mistura.
4.2. Vantagens dos Skimmers Mecânicos
• Skimmers mecânicos simples são bastante acessíveis.
• Não é sensível a detritos.
• Pode trabalhar com óleo muito pesado e emulsificado.
4.3. Desvantagens dos Skimmers Mecânicos
• Eficiência de recolhimento muito baixa.
• Frequentemente, são unidades difíceis de manobrar.
• Funciona somente com óleo muito pesado.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
117
LIÇÃO 6 – LANÇAMENTO E OPERAÇÃO DOS SKIMMERS
OBJETIVO DA LIÇÃO
O sucesso de uma operação de recolhimento de óleo depende da quantidade de óleo
recolhido em relação ao total derramado. O skimmer é um importante equipamento de
combate, e muitas vezes é utilizados em combinação com barreiras de contenção de óleo.
Os combatentes devem ser capazes de selecionar, acionar e operar o tipo correto de skimmer
para um recolhimento eficiente e bem sucedido. No final desta lição, você deve poder
descrever o uso de skimmers em diferentes condições.
Durante a lição, você aprenderá sobre:
• O acionamento e o uso de skimmers em operações em mar aberto.
• O acionamento e o uso de skimmers em águas abrigadas.
• O acionamento e o uso de skimmers em operações em terra.
LANÇAMENTO DE SKIMMERS EM OPERAÇÕES EM MAR ABERTO
O lançamento e recolhimento de barreiras de contenção de óleo foram descritos no MÓDULO
2 - LIÇÃO 4. O óleo é concentrado no vértice da barreira, onde os skimmers são lançados. Os
seguintes tipos de skimmers são adequados para operações em mar aberto:
• Skimmers tipo Vertedouro
• Skimmers tipo Vertedouro integrados às Barreiras de Contenção
• Skimmers de Escova
• Skimmers de Correia
• Skimmers de Corda Vertical
• Skimmers de Disco.
Antes de lançar algum tipo de skimmer, seu funcionamento correto deve ser verificado no
convés ou na sua posição na embarcação.
A verificação de pré-acionamento inclui:
• Todas as mangueiras e acoplamentos de conexão hidráulica estão presas?
• Os acoplamentos de mangueira foram fixados?
• Os cabos elétricos estão intactos?
• A bomba está funcionando corretamente?
• As mangueiras de conexão ou correias para tanques de contenção estão colocadas
corretamente?
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
118
Precauções de Segurança
É de extrema importância que a equipe operacional esteja ciente dos riscos de segurança
para impedir acidentes durante a operação. (Os aspectos de segurança são tratados mais
adiante na lição sobre Saúde e Segurança.)
Para skimmers tipo vertedouro com entrada aberta para a bomba, uma distância de
segurança de pelo menos 2 metros deve ser mantida e proteções colocadas na entrada.
Não colocar as mãos em peças giratórias de skimmers de escova.
Não colocar as mãos em cordas ou roletes de skimmers de corda.
Depois que um skimmer foi utilizado e contaminado por óleo, pode ser muito demorado
recuperar e reparar o mesmo.
Skimmers usados em recolhimento em mar aberto não são projetados para remover a última
parte da película de óleo. Quando o recolhimento envolver a coleta de uma quantidade
excessiva de água, a operação deve ser interrompida.
Resumo
Certifique-se de que todas as conexões (elétricas, hidráulicas e de descarga) estejam
colocadas e fixadas corretamente.
Coloque o skimmer o mais próximo possível do vértice da barreira de contenção. Examine a
mistura bombeada, particularmente no início da operação. Se houver água excessiva,
bombeie-a de volta para dentro da formação de barreira e ajuste o skimmer. Se possível,
decantar os tanques de armazenamento para minimizar o teor de água do material recolhido.
1. Skimmers tipo Vertedouro
Um skimmer de livre flutuação normalmente é lançado de uma embarcação, usando um
guindaste. Devido ao movimento da formação, ele será direcionado naturalmente em direção
ao vértice de qualquer tipo de formação de barreira, seja configuração em V, J ou U.
O direcionamento do skimmer para a localização ideal na configuração é feito por meio de
cordas.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
119
Numa formação em V (simples ou dupla), o vértice estará perto da popa da embarcação. Isto
facilita a colocação correta do skimmer no vértice e o exame do local onde a mancha de óleo
tem espessura ideal. Algumas formações de barreira em V podem ter cordas transversais
colocadas perto do vértice para manter a configuração da barreira no lugar (ver o MÓDULO 2,
LIÇÃO 4). O skimmer deve ser mantido afastado dessas cordas colocadas no topo e na base da
barreira. Verifique se há suficiente borda livre ou calado disponível no vértice para colocar o
skimmer ali.
Numa formação em J com duas embarcações, o skimmer será colocado no vértice a 20-50
metros da embarcação de recolhimento. Isto torna difícil ver efetivamente se o skimmer está
colocado corretamente e se a barreira é mantida em sua posição.
Depois de começar o recolhimento, os fluidos bombeados devem ser examinados. O skimmer
está coletando somente água? O teor de óleo na mistura poderia ser mais alto? Isto pode ser
verificado deixando a bomba descarregar a mistura de volta ao mar dentro da formação da
barreira e examinando o teor de água da mistura.
Skimmers vertedouros maiores usados para operações em mar aberto terão uma capacidade
nominal (a assim chamada capacidade da placa de identificação, fornecida pelo fabricante)
indo de 50 a 400 m3/h. Deve haver capacidade suficiente de tanque a bordo da embarcação
de recolhimento para um mínimo de 2-3 horas de operação.
Muitas operações de recolhimento falham porque a capacidade de armazenamento é muito
limitada. Os tanques de armazenamento devem ser decantados, se for possível, para remover
o teor de água livre.
2. Skimmers tipo Vertedouro integrados às Barreiras de Contenção
Algumas configurações de barreira têm um skimmer tipo vertedouro integrado no vértice. Isto
é uma vantagem em termos de utilização, mas torna mais complicado o ajuste e localização
ideal do vértice e do skimmer.
Para skimmers integrados, é particularmente importante examinar se estão funcionando
corretamente antes da utilização. O recolhimento de uma formação inteira para reparar um
skimmer é complexo e demorado.
O ajuste remoto destes skimmers é lento e mais difícil do que em skimmers tipo vertedouro
individuais. Alguns skimmers deste tipo têm uma grade na entrada do vertedouro para evitar
a entrada de detritos na bomba.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
120
3. Skimmers de Escova e Correia
Estes são skimmers grandes, montados numa barcaça (unidade auto-flutuante) ou numa
embarcação construída especialmente. A utilização de skimmers grandes pode ser complicada
e requer equipamento pesado e pessoal especialmente treinado. Estes skimmers têm uma
alta eficiência e taxa de recolhimento, mas são produtos especializados. A operação destas
embarcações especializadas não faz parte deste Curso de Treinamento, mas o seu conceito é
explicado.
4. Skimmers de Corda Vertical
Skimmers de corda são de grande porte e lançados de uma embarcação ou costa usando um
guindaste durante toda a operação. Normalmente o tipo de skimmers de corda vertical
somente é usado para operações de varredura simples. O vértice da formação de barreira em
V deve estar muito próximo do costado da embarcação, onde as cordas serão usadas.
Como os esfregões de corda flutuam esse tipo de skimmer não é sensível a ondas. Entretanto,
cargas suspensas são um risco de segurança numa embarcação arfante. Além disso, será
coletada muito pouca água durante o recolhimento, o que torna este tipo de skimmers muito
adequado para a coleta de tipos de óleo mais leves. Como o óleo é retirado torcendo as
cordas do esfregão e é armazenado num tanque coletor a bordo da embarcação, os detritos
não irão afetar a operação da bomba. Skimmers de corda também são altamente eficientes,
com uma eficiência de recolhimento de 90-95 %.
5. Skimmers de Disco
Os skimmers de disco maiores com capacidades de recolhimento de 40-100 m3/h podem ser
usados para operações em mar aberto. Skimmers de disco funcionam melhor com tipos de
óleo mais leves (viscosidade média) e não conseguem lidar com óleo emulsificado. O volume e
peso destes discos são altos devido ao tamanho e ao número de discos giratórios. A utilização
requer um guindaste e seu direcionamento e controle podem ser difíceis.
UTILIZAÇÃO E USO DE SKIMMERS EM ÁGUAS ABRIGADAS
Áreas de águas abrigadas tais como litorais, portos, lagos ou rios vão tornar difícil ou
impossível o acionamento de unidades maiores. As condições do local tais como acesso à área
do derramamento, profundidade da água, tipo de fundo do mar ou rio irão ditar que tipo de
skimmer é adequado para o recolhimento do óleo. Skimmers usados em áreas de águas rasas
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121
são de construção mais simples, são mais fáceis de manejar, mas muitas vezes são de
capacidade menor do que skimmers usados em mar aberto.
Os tipos de skimmer normalmente utilizados nessas áreas são:
• Skimmers de Vertedouro.
• Skimmers de Sucção/Vácuo.
• Skimmers de Corda.
• Skimmers de Disco.
• Skimmers Mecânicos.
Como descrito no MÓDULO 2, LIÇÃO 4, o óleo deve ser concentrado para uma operação de
recolhimento eficiente, muitas vezes pelo uso de barreiras de contenção. Se a profundidade
da água for baixa ou o teor de sedimentos na água for alto, há um risco potencial de recolher
areia, lodo, lama, pedras etc. Isto irá afetar as bombas conectadas aos skimmers,
especialmente bombas do tipo helicoidal. Por isso, recomenda-se usar bombas do tipo
peristáltico ou de diafragma, que são mais capazes de manejar sedimentos e entulho de até
3-5 mm. Estas bombas têm fácil manutenção e operação.
Existem regras gerais para a utilização de skimmer em águas abrigadas:
• Posicionar o skimmers no vértice da barreira e assegurar que possa ser operado com
segurança.
• O vértice deve estar em área de água calma (correntes mínimas).
• Fácil acesso à área é essencial.
• Impedir que o óleo entre em contato com a costa, píeres etc.
1. Skimmers tipo Vertedouro e a Vácuo
Skimmers simples tipo vertedouro e a vácuo podem ser lançados com sucesso em águas
calmas com nenhuma ou pouca corrente. Todos eles são pequenos e fáceis de manejar e
podem ser lançados manualmente. Eles são direcionados para a parte espessa do óleo usando-
se cordas. O comprimento das mangueiras de sucção não deve exceder 30 metros, pois isto
dará uma taxa de recolhimento mais baixa e vai ser difícil controlar o skimmers. Observe que
alguns skimmers vertedouro e de vácuo precisam ser preenchidos com óleo e/ou água antes
de iniciar a operação de recolhimento.
2. Skimmers de Corda Horizontal
Skimmers de Corda Horizontal são altamente eficientes em águas calmas tais como lagos ou
portos, especialmente para tipos de óleo mais leves. Diversas unidades movidas a diesel estão
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
122
disponíveis. A maioria delas é pequena e pesa entre 70-90 kg, o que torna possível transportá-
las para áreas que não são acessíveis por veículos. Skimmers de Corda sempre são colocados
na costa e devem estar firmemente fixados antes da operação. Se as cordas ficarem
enroscadas, o skimmer pode ser puxado para dentro da água.
Esses skimmers usam uma laçada de corda, que é enrolada na unidade de acionamento. A
laçada de corda será guiada através de um conjunto de roletes. O skimmer é montado num
tambor onde o óleo coletado é espremido. Uma ponta da laçada é passada através de uma
polia, fixada a uma coluna, píer, barco ou o que estiver disponível. Acionada pelo motor e
fixado entre este e a polia, a laçada de corda gira lentamente para dentro da água
recolhendo o óleo. Quando o tambor com o skimmers no topo estiver cheio, a operação é
interrompida e o skimmer acoplado a um tambor vazio - ou uma bomba é acoplada para
esvaziar o tambor sem que a operação seja interrompida. Os tambores não devem ser
totalmente preenchidos, pois ficam muito pesados e difíceis de manejar.
3. Skimmers de Disco
Para derramamentos de óleo em áreas com ondas menores e poucas correntes, skimmers de
disco (redondo, triangular ou quadrado) são eficientes, particularmente com óleo de baixa
viscosidade. Os menores skimmers de disco com baixo peso e uma capacidade de 10-15 m3/h
podem ser carregados manualmente até a área de utilização. Todos os skimmers de disco
requerem alimentação hidráulica. Por isso, uma fonte de energia deve estar disponível.
4. Skimmers Mecânicos
Se a mancha já estiver contaminada com detritos, a única solução pode ser o recolhimento
mecânico do óleo, como um skimmer de correia com dente de aço ou uma garra.
Óleo coletado por recolhimento mecânico vai exigir tratamento adicional, já que estes
skimmers recolhem tudo, incluindo detritos, vegetação marinha, etc.
ACIONAMENTO E USO DE SKIMMERS PARA OPERAÇÕES EM TERRA
Derramamentos no Solo
Para derramamentos de óleo no solo, qualquer diferença de nível (declive) deve ser utilizada.
A melhor solução é cavar uma cova na parte baixa do declive e direcionar o óleo para a cova.
Pode ser usado um skimmer de vácuo para o recolhimento de óleo. Pode ser necessário
remover mecanicamente a parte superior do solo para tratamento adicional usando um
escavador ou pás.
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123
Derramamentos em Concreto, Asfalto ou outra superfície dura
Para evitar dispersão maior do óleo, podem ser colocadas barreiras absorventes para conter o
derramamento. Se o óleo for fresco, ele pode ser recolhido usando um skimmer a vácuo. Se o
óleo não for fresco (solidificado), limpadores de alta pressão combinados com tratamento
químico constituem uma opção.
Áreas de águas abrigadas (pântanos, brejos ou lagoas)
Barreiras absorventes podem ser usadas para guiar o óleo em direção ao skimmer. Os
skimmers podem ser de esfregão de corda ou de disco, já que pode haver um alto teor de
detritos na água. Se não for possível concentrar o óleo derramado, é vantajoso usar um
Skimmer de Corda, pois ele pode cobrir uma área maior do que o skimmer de Disco. Deve ser
evitado qualquer tipo de tratamento mecânico em áreas sensíveis tais como pântanos ou
áreas de águas rasas, onde for possível, já que o equipamento pesado irá danificar o meio
ambiente muito mais do que o recolhimento ou o tratamento (ver o MÓDULO 4, LIÇÃO 1).
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LIÇÃO 7 - ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE ÓLEO RECOLHIDO
OBJETIVO DA LIÇÃO
O volume da mistura de óleo/água recolhido vai trazer para os primeiros combatentes
problemas de armazenagem, manuseio e transporte. Por isso, os primeiros combatentes
precisam saber preparar locais apropriados para manuseio da mistura, em instalações a bordo
da embarcação equipada com o skimmer ou na costa, bem como providenciar maneiras seguras
de transportar a mistura para longe da área do derramamento para tratamento adicional.
No final desta lição você poderá sugerir opções para o armazenamento de óleo recolhido no
mar. Você também deverá conhecer os princípios para separar o óleo da água e ser capaz de
sugerir maneiras seguras para transportar o óleo recolhido na área do derramamento.
Durante a lição você aprenderá sobre:
• As opções para a contenção de óleo recolhido/água.
• Como minimizar o teor de água e detritos em uma mistura de óleo/água.
• Os típicos problemas e riscos de segurança relacionados à transferência e transporte de
óleo recolhido.
OPÇÕES PARA A CONTENÇÃO DE ÁGUA/ÓLEO RECOLHIDO
Recolhimento e armazenamento de óleo no mar
Quando o recolhimento do óleo é realizado em mar aberto, a quantidade de detritos no óleo
será muito limitada e a quantidade de água vai depender do tipo de skimmer usado e do tempo
em que o óleo esteve na água. Para óleo fresco e condições ideais, é possível alcançar um teor
de óleo de 70-90%. Se a mancha de óleo for velha, o óleo pode estar emulsificado, o que torna
extremamente difícil separar a água do óleo (MÓDULO 1, LIÇÃO 1).
É importante poder estimar a provável quantidade da mistura de óleo/água a ser recolhida para
disponibilizar uma capacidade de tanque suficiente para o armazenamento a bordo da
embarcação equipada com o skimmer, conforme os requerimentos nacionais e internacionais.
Segundo o Manual de Participantes do Curso IMO para Fist Responders, emitido em 2005, a
capacidade mínima de armazenamento deve ser equivalente a duas horas da capacidade total
de recolhimento da operação. Entretanto, segundo a Resolução Conama nº 398/08, que
determina os critérios para dimensionamento da capacidade de resposta para incidentes no
Brasil, a capacidade mínima de armazenamento deve ser equivalente a três horas da
capacidade total de recolhimento.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
126
Assim, em um exemplo em que sejam utilizados dois skimmers do tipo vertedouro para uma
operação, cada um com taxa de recolhimento de 70 m3/h, a capacidade mínima de
armazenamento nas embarcações para atender aos requerimentos legais deve ser equivalente a
três horas de operação, totalizando 420 m3 (2 skimmers x 70 m3/h x 3 h = 420 m3).
Caso a capacidade mínima requerida não esteja disponível nos tanques da(s) embarcação(ões)
equipada(s) com o(s) skimmer (s), o óleo precisará ser transferido para outras embarcações ou
para tanques flutuantes, a depender da disponibilidade e das condições de tempo.
Os tanques flutuantes são feitos de materiais resistentes a óleo, tais como PVC ou borracha,
geralmente com uma capacidade de 5 - 100 m3. Esses grandes tanques são práticos durante a
operação de recolhimento, mas difíceis de serem manobrados.
Eles podem ser facilmente danificados por hélices em funcionamento ou sofrerem rasgos em
píeres. Não é recomendado armazenar óleo a bordo de uma embarcação em tanques flexíveis,
pois eles podem reduzir a estabilidade da embarcação.
Resumo
• As embarcações devem ter suficiente capacidade de tanque;
• Barcaças ou barcos de transbordo devem estar disponíveis;
• Tanques flexíveis flutuantes devem estar disponíveis.
Operação na Costa
Os procedimentos e precauções de limpeza de praias estão descritos no MÓDULO 4, LIÇÃO 1.
O problema básico associado ao recolhimento de óleo na costa é a quantidade de detritos, como
madeira, plástico, areia etc., bem como a solidificação e emulsão do óleo que podem ter
ocorrido (pixe).
O óleo solidificado precisa ser recolhido manualmente por meio de raspadores ou pás e
carregado para uma instalação de contenção (o MÓDULO 4, LIÇÃO 1 contém mais descrições). Já
o óleo líquido pode ser bombeado através de skimmers, sendo necessária uma instalação de
contenção (tambor ou tanques) em terra para cada skimmer utilizado.
As opções disponíveis para contenção temporária são:
• Tanques auto infláveis revestidos;
• Contêineres:
• Poços revestidos de plástico;
• Tambores;
• Sacos plásticos.
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127
Tanques são feitos de material flexível resistente a óleo (plástico ou borracha). Existem dois
tipos de tanques: tipo rígido com uma estrutura de alumínio ou aço e um tipo auto inflável (sem
estrutura). Normalmente a capacidade é de 5-15 m3 e alguns tanques são equipados com uma
válvula para decantar a água.
Outra possibilidade são as instalações de armazenamento maiores, tais como contêineres ou
poços revestidos. Os poços não devem ser maiores do que 2 m de largura e 1,5 m de
profundidade, de modo a permitir que uma pessoa que sofra uma possível queda consiga sair
sozinho. Se os poços forem usados por vários dias ou semanas, eles devem ser cobertos com
proteção contra a água da chuva.
Tambores de 200 litros ou sacos plásticos resistentes podem servir como instalações de
armazenamento temporário. Se os sacos ou tambores precisarem ser manejados manualmente,
o seu peso deve ser limitado e não devem ser totalmente preenchidos.
Os sacos plásticos resistentes devem ser mantidos longe do sol, pois os materiais deterioram
rapidamente e tornam os sacos frágeis e impossíveis de serem manuseados.
COMO MINIMIZAR O TEOR DE ÁGUA NA MISTURA DE ÓLEO/ÁGUA
Alto teor de água na mistura de óleo /água recolhida torna o seu manuseio difícil e de alto
custo.
Uma separação natural por gravitação ocorre numa mistura de óleo/água, deixando o óleo
sobre a água. A velocidade desta separação natural depende da temperatura e da densidade do
óleo. Quanto mais alta for a temperatura e mais denso for o óleo, mais rapidamente ocorrerá a
separação. Desta forma, o processo pode ser acelerado aquecendo-se a mistura. Alguns tanques
de armazenamento de óleo são equipados com uma bobina de aquecimento para este fim.
Entretanto, se o óleo já estiver emulsificado, é muito difícil separá-lo da água.
A gravitação também pode ser usada com sucesso para separar os detritos maiores (madeira,
pedras, areia) do óleo, simplesmente deixando a mistura assentar. Itens maiores contaminados
podem ser lavados com um limpador de alta pressão.
É possível usar centrífugas para a separação, mas elas precisam ter um volume considerável
para terem algum efeito (60-80 m3/h), além de serem caras e de difícil manuseio. Unidades
menores encontradas em navios são basicamente inadequadas para este fim.
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TÍPICOS PROBLEMAS E RISCOS DE SEGURANÇA ASSOCIADOS À TRANSFERÊNCIA E TRANSPORTE
DE ÓLEO RECOLHIDO
Se o óleo for proveniente de um incidente em mar aberto, o óleo é recolhido para uma
embarcação ou para um tanque flutuante. Quando a embarcação/tanque chegar a um porto, o
óleo pode ser carregado para caminhões ou para tanques de óleo para tratamento adicional.
Esta operação normalmente não causa problemas de manuseio.
Se o óleo for recolhido durante operações de limpeza de praias, o manuseio do óleo muitas
vezes é mais complicado devido a:
• Difícil acesso para caminhões para a área de trabalho;
• Distância entre as áreas de recolhimento;
• Óleo com detritos (areia, pequenas pedras etc.).
Como descrito acima, o óleo muitas vezes é recolhido em tanques montados ou em poços. Estas
instalações de armazenamento temporário devem ser esvaziadas por caminhões a vácuo. Se não
for possível para um caminhão entrar na área próxima à zona de recolhimento, então devem ser
criadas outras instalações de armazenamento temporário próximas à área de acesso dos
caminhões. Essas instalações podem constituir grandes poços revestidos ou grandes tanques
flexíveis colocados diretamente no solo. O óleo então precisa ser bombeado das instalações de
armazenamento para perto das zonas de acesso dos caminhões.
A entrada de grandes caminhões para uma área com muitas pessoas e um solo escorregadio
devido à contaminação de óleo apresenta riscos para pessoas e para os equipamentos.
As seguintes medidas devem ser tomadas a fim de minimizar os riscos:
• Cada caminhão que entrar na área deve saber exatamente sua rota e destino. Um mapa
ou instruções devem ser fornecidos aos motoristas.
• Uma pessoa precisa ser responsável pela comunicação com os motoristas.
• As áreas onde caminhões são permitidos trafegar devem ser marcadas claramente. O
transporte rodoviário deve ser mantido longe da zona "oleosa".
• As áreas de trânsito não podem estar contaminadas com óleo – para não comprometer a
frenagem dos caminhões.
• Os poços devem ser providos de acostamentos para impedir a entrada de caminhões.
• A área inteira deve estar iluminada se o trabalho continuar no período noturno.
• Cada pessoa que trabalhar na área deve usar refletores de segurança visíveis a fim de
ser visto por motoristas à noite.
• A pessoa encarregada deve saber como chamar por assistência no caso de algum
ferimento ou acidente.
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As bombas de transferência devem estar equipadas com grades de detritos. Se isso não for
possível, é importante que ninguém se aproxime das bombas durante a operação. Em geral,
deve-se observar uma distância de segurança de pelo menos 2 m.
Todos os equipamentos de trabalho devem ser limpos após o uso.
Equipamentos de segurança devem ser usados durante toda a operação. Se alguém recusar-se a
usar equipamento de proteção individual (óculos de segurança; botas de segurança; máscaras
de respiração, etc.) ele/ela deve ser retirado (a) da área.
Não devem ser deixados espalhados e soltos na área: ferramentas, mangueiras, cordas etc.
É impossível listar todos os potenciais riscos durante uma operação desse tipo. Entretanto, é
essencial seguir estas diretrizes para assegurar a segurança básica na área de trabalho.
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LIÇÃO 8 - GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
OBJETIVO DA LIÇÃO
Ao final desta lição você deverá:
• Ser capaz de identificar os diferentes tipos de resíduos
• Conhecer os principais procedimentos do gerenciamento dos resíduos
INTRODUÇÃO
Durante a resposta a um incidente de derramamento de óleo, há a geração de grande
quantidade e variedade de resíduos oleosos e não oleosos, principalmente nas etapas de
contenção e recolhimento.
São considerados resíduos oleosos todos os materiais contaminados com óleo, como barreiras e
mantas absorventes usadas, porções de solos impregnadas com óleo, equipamentos de limpeza
a serem descartados e o próprio óleo recolhido. Por sua vez, os resíduos não oleosos configuram
os materiais consumidos e descartados durante a atividade de resposta que não tiveram contato
ou foram devidamente descontaminados, como as embalagens descartáveis de materiais,
equipamentos, alimentos consumidos, e outros resíduos livres de óleo.
O correto gerenciamento dos resíduos permite a evitar ou minimizar a contaminação de
ambientes e assegurar a segurança dos trabalhadores e de populações. Para isso, exige cuidados
em diferentes etapas, desde sua geração até a disposição final, ou tratamento.
Para determinar o tratamento ou disposição final adequados, é necessário analisar os resíduos e
seus potenciais subprodutos, interações e efeitos no meio ambiente. Nesse sentido, no Brasil, os
resíduos são classificados de acordo com suas principais características com base em critérios
estabelecidos por normas.
1. CLASSIFICAÇÃO
Os rejeitos podem ser classificados em relação a diferentes aspectos, como estado físico,
origem, e características de periculosidade.
A classificação de resíduos sólidos quanto à periculosidade é regulamentada pela ABNT - NBR
10004:2004 - Classificação de Resíduos Sólidos, além de considerar outras normas que
determinam os métodos de testes e amostragem.
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A NBR 10004:2004 determina a seguinte classificação:
Classe I - Resíduos Perigosos
De acordo com a NBR 10004:2004, resíduos perigosos são substâncias “que, em função de suas
propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas, podem apresentar risco à saúde
pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices ou riscos
ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada”.
A classificação de resíduos perigosos é determinada pela presença de uma das seguintes
características: Inflamabilidade, Corrosividade, Reatividade, Toxicidade e Patogenicidade,
considerando:
• Inflamabilidade: capacidade de provocar incêndios durante seu armazenamento,
transporte ou disposição final.
• Corrosividade: capacidade de destruir ou danificar irreversivelmente substâncias ou
superfícies com as quais esteja em contato.
• Reatividade: capacidade de reagir a misturas ou condições e, como consequência,
produzir explosões, e/ou liberar gases, vapores ou fumos tóxicos.
• Toxicidade: capacidade de provocar, em maior ou menor grau, um efeito adverso em
consequência de sua interação com o organismo.
• Patogenicidade: presença de agentes biológicos ou toxinas capazes de produzir
doenças em homens, animais ou vegetais.
Classe II – Resíduo Não Perigoso
Os Resíduos Não Perigosos são aqueles que não apresentam as propriedades que caracterizam
o resíduo como perigoso, apresentadas anteriormente. Essa classe de resíduos é dividida em
duas categorias em função do extrato resultante de teste de solubilização.
Classe II-A - Resíduo Não-Inerte
Os resíduos dessa classe não se enquadram nas classificações de Resíduos Perigosos - Classe I
ou de Resíduos Não Perigosos - Classe II B - Inertes. Assim, quando submetidos a testes de
solubilidade, apresentam seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos
limites estabelecidos no anexo G. Esses resíduos podem ter propriedades, como
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.
Classe II-B - Resíduo Inerte
De acordo com a NBR 1004:2011, Resíduos Inertes são “quaisquer resíduos que, quando
amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um
contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente,
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133
conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor,
turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G”. O referido anexo G apresenta as substâncias e
respectivos limites de concentração, quando submetidos ao teste de solubilização.
2. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
O gerenciamento dos resíduos gerados durante a resposta deve considerar diferentes
procedimentos, desde sua geração até o seu tratamento ou disposição final.
É importante considerar que todos os procedimentos estabelecidos devem estar em
consonância com as normas vigentes pertinentes.
Os procedimentos gerais que configuram o gerenciamento dos resíduos são, a seguir,
apresentados e descritos.
2.1 Treinamento dos trabalhadores
Todos os trabalhadores envolvidos da resposta à emergência devem ser treinados quanto à
sua participação no sistema de gerenciamento de resíduos, pois sua ação é fundamental para
o funcionamento do sistema.
É importante que haja uma rotina de programa de treinamento de forma a manter todos
preparados e reciclar o conhecimento.
2.2 Minimização de resíduos
A etapa de minimização da geração de resíduos compreende a aplicação de ações desde a
geração até a destinação do resíduo: a redução real do consumo de materiais e a reutilização
ou reciclagem de materiais contaminados.
Assim, consideram-se 03 (três) estratégias de minimização de geração de resíduos:
• Reduzir – Durante o combate a derramamentos de óleo, é importante que os
materiais e outras fontes de resíduos oleosos sejam utilizados de forma planejada,
com objetivo de otimizar o consumo e evitando o desperdício.
• Reutilizar – Após o uso, alguns materiais podem ser recondicionados ao uso. Barreiras
e mantas absorventes de polipropileno que podem ser centrifugadas e/ou espremidas
em equipamento próprio, EPIs podem ser limpos e higienizados industrialmente em
empresa especializada e credenciada para tal fim.
• Reciclar – Alguns materiais podem ser reaproveitados como matéria-prima para um
novos produtos.
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2.3 Segregação
A segregação dos materiais contaminados é uma etapa inicial do gerenciamento de resíduos
que tem como objetivo fazer uma separação preliminar dos resíduos, para facilitar sua
destinação final.
Esta atividade deve ser realizada em local dotado de estrutura mínima que evite a
contaminação do terreno sobre o qual é realizada a atividade.
A segregação dos resíduos por tipo também tem grande influência na destinação adequada
aos diferentes tipos de resíduos, de acordo com suas necessidades.
Além disso, impede a ocorrência de reações químicas diversas, evitando-se danos maiores e
imprevisíveis ao meio ambiente, evitando a possibilidade de formação de gases tóxicos ou
volatilização de substâncias tóxicas, o que aumentaria a poluição do ar, além de favorecer a
reciclagem e diminuir os custos com o tratamento, transporte e disposição.
2.4 Identificação e Quantificação
Todos os resíduos gerados durante a resposta devidamente segregados devem ser
identificados, quantificados. Esses procedimentos permitem prever as quantidades e tipos de
resíduos gerados e planejar os meios de transporte e disposição adequados.
O material descartado deve ser identificado por etiquetas ou fichas resistentes que permitam
seu reconhecimento dentre os vários tipos de resíduos, preenchidas com as seguintes
informações básicas:
• Nome da empresa responsável pelo resíduo
• Além do nome da operação/emergência
• Data
• Tipo de resíduo e peso aproximado
• Local de onde o resíduo foi retirado
2.5 Armazenamento temporário (locais, recipientes, condições)
Os resíduos identificados e pesados devem ser armazenados temporariamente em recipientes
estrategicamente distribuídos até que atinjam volumes que justifiquem seu transporte e sua
destinação final.
Para o armazenamento, os recipientes devem ser constituídos por material inerte, possuírem
resistência e durabilidade e ter dimensões e forma adequadas ao tipo de transporte. Esta
atividade deve ser realizada em local dotado de estrutura mínima que evite a contaminação
do terreno sobre o qual é realizada a atividade.
Os dispositivos de armazenamento mais utilizados nas operações de combate à poluição por
óleo são tambores metálicos, big bags, sacos plásticos resistentes, além dos Oil Bags e Fast
Tanks.
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O armazenamento temporário dos resíduos deve ser realizado em conformidade com a NBR
12.235 - Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos e com a
NBR 11.174 - Armazenamento de Resíduos Classe II - Não Inertes e III - Inertes.
2.6 Transporte
O transporte dos resíduos pode ser realizado por meios marítimo, fluvial, ferroviário ou
rodoviário. Para as atividades potencialmente poluidoras, é importante que seja feito
previamente um levantamento sobre os fornecedores de serviço de transporte.
O transporte dos resíduos deve ser realizado em conformidade com a NBR 13.221 -
Transporte de Resíduos, o Decreto Federal n° 96.044, de 18/05/1988, a Resolução CONAMA
n° 01-A, de 20/01/1986, e a Portaria Federal n° 204, de 10/05/1997.
2.7 Destinação final
Co-Processamento
O co-processamento consiste em reutilizar o resíduo com a mesma finalidade de ou outra,
sempre de maneira a minimizar o impacto ambiental. O resíduo de óleo é usado no processo
de fabricação de cimento, na produção de clínquer, que é o produto da mistura de argila com
calcáreo, aquecida até 1450oC, e posteriormente resfriada.
Os hidrocarbonetos passam a fazer parte do cimento ou são aprisionados por dispositivos de
controle de poluição do ar. Como a poluição gerada com e sem resíduos oleosos é a mesma,
diminui a poluição e o uso de recursos naturais. Esse processo tem sido considerado o destino
final de resíduos. A adição de óleo também contribui para uma redução de energia elétrica
usada para produção, lenha e manutenção das peças, já que o óleo diminui o desgaste das
peças.
Incineração
Trata-se de um tratamento que utiliza a decomposição térmica via oxidação, tornando assim
o resíduo tóxico ou atóxico, menos volumoso, ou eliminando-o totalmente. Para a
possibilidade de incinerar o resíduo, deve-se considerar: o processo industrial a ser utilizado,
incluindo o fluxograma do processo indicando os pontos de geração de resíduos e a
quantidade, estado físico, poder calorífico, viscosidade (para os líquidos), densidade,
viscosidade e porcentagem de sólidos (para as lamas), densidade (para os gases),
corrosividade e composição química.
As instalações que realizam a incineração devem ter equipamentos de controle de poluição do
ar e efluentes. Os resíduos a serem incinerados podem ser sólidos, líquidos ou pastosos. O
processo é composto por 5 sistemas com as seguintes funções: preparo do resíduo para a
queima, combustão do resíduo (fase onde o material torna-se não tóxico), tratamento de
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
136
gases de saída, tratamento de efluentes líquidos e acondicionamento e disposição dos
resíduos sólidos gerados no processo de queima e nos equipamentos de controle de poluição
no ar.
Incineração em Equipamentos Industriais
Alguns resíduos podem ser queimados em caldeiras industriais, como os dispositivos fechados
que utilizam chama de combustão e fazem parte do processo de fabricação (fornos de
cimento, cal, coqueira, altos-fornos e fornos para agregados). Os fornos apresentam alta
eficiência na destruição, onde os resíduos podem ser destruídos de modo seguro e controlado.
Queima no Local
Só é considerado quando em lugares remotos. A queima dos resíduos jogará poluição para o
ar, mas apesar de trazer grande choque de opinião pública, o volume liberado na atmosfera
não é muito grande. A única vantagem maior da queima dos resíduos usando esse método é a
eliminação dos custos com transporte.
Estabilização e Solidificação
Os objetivos desses dois pré-tratamentos são: melhorar as características físicas e de
manuseio dos resíduos, reduzirem a área de superfície por onde possa ocorrer migração dos
poluentes, e restringir a solubilidade ou retirar a toxicidade dos elementos perigosos do
resíduo. A estabilização faz com que os elementos perigosos de um resíduo sejam
transformados, para assim tornarem-se menos tóxicos e menos solúveis.
A solidificação produz um bloco de resíduo tratado, aprimorando as características físicas e a
estrutura, de modo a facilitar o manuseio, o transporte do resíduo e ainda a sua preservação
de forma sólida, pelo tempo necessário à sua degradação. Os resíduos perigosos, gerados em
grandes quantidades, são indicados para esse tratamento.
Os processos de estabilização/solidificação são classificados como: fixação inorgânica (onde
se adiciona cimento, cal, silicatos e argilas) e técnicas de encapsulamento, onde são
empregados termoplásticos como betume, asfalto e polietileno, que quando aquecidos,
amolecem, e resfriados, endurecem, ou polímeros orgânicos específicos, como poliéster e
butadieno.
“Landfarming”
São sistemas que utilizam as propriedades químicas, físicas e a intensa atividade microbiana
do solo para transformar, biodegradar, destoxificar os resíduos tratados, reduzindo os riscos
de contaminação no meio-ambiente.
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137
Os processos que ocorrem no “landfarming” são: biodegradação, volatilização, percolação e
lixiviação superficial. No entanto, espera-se que ocorra o máximo de degradação biológica, e
que diminuam as perdas por volatilização e lixiviação.
As vantagens desse método são: resíduos estão dispostos na superfície, em curto prazo,
permitindo ações corretivas à medida que ocorra algum problema e os compostos orgânicos
são biodegradáveis, e os metais pesados normalmente se acumulam na superfície, sendo
assim esta técnica é utilizada para a limpeza de areia contaminada.
As desvantagens são: necessidade de grandes áreas e resíduos dispostos em grandes
quantidades podem inviabilizar a eficiência do processo.
Lavagem da areia contaminada
Processo de separação com jateamento a alta pressão de grandes volumes de água quente.
Essa água vai para um sistema fechado, por onde passa por vários separadores água-óleo, o
óleo vai para re-refino, enquanto que com a água temos perdas somente por conta da
evaporação. A areia depois será devolvida ao local de origem, levando em consideração
alguns fatores ambientais, ou utilizar esta areia já lavada em construções.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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MÓDULO 3
LIÇÃO 1 – DISPERSANTES QUÍMICOS
OBJETIVO DA LIÇÃO
Esta lição trata sobre a aplicação de dispersantes químicos como estratégia de resposta a
derramamentos de óleo na água e as respectivas preocupações ambientais e de riscos à saúde.
A familiaridade com os conceitos e procedimentos de aplicação dispersantes, equipamentos
utilizados, e os problemas e riscos ambientais e à saúde associados é essencial para uma
operação correta e segura.
Ao final da lição você deverá:
1. Poder descrever como os dispersantes funcionam, onde e quando eles podem ser aplicados
tecnicamente e as limitações ao seu uso.
2. Poder identificar os três tipos de dispersantes.
3. Ter conhecimento dos riscos de saúde e ambientais quando usar dispersantes.
INTRODUÇÃO
Através do Decreto Federal no 2.870/1998, foi promulgada no Brasil a Convenção Internacional
sobre Preparo, Resposta e Cooperação em Caso de Poluição por Óleo (OPRC/90). Esta
Convenção estabelece que as partes se comprometam, conjunta e individualmente, a tomar
todas as medidas adequadas em caso de incidente de poluição por óleo.
Assim, determinou-se a obrigatoriedade de estabelecer um Sistema Nacional para Responder
aos Incidentes de Poluição por Óleo, no qual está incluído um Plano Nacional de Contingência
que complementa toda a infraestrutura para responder aos incidentes.
A necessidade da criação deste Sistema foi ratificada pela Lei no 9.966/00, que dispõe sobre a
prevenção, controle e fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras
substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e outras providências,
No Brasil, o uso de dispersantes químicos como estratégia de combate a derramamentos de
óleo é regulamentado pela Resolução CONAMA no 269/00, a qual dispõe sobre a utilização
dos dispersantes em derramamentos de petróleo e seus derivados no mar.
Esta Resolução visa estabelecer as diretrizes para o uso de dispersantes nas operações de
emergência, servindo como subsídio para a tomada de decisão dos coordenadores da
emergência, nessas ocasiões.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
140
Os critérios para utilização de dispersantes possuem caráter geral, e suas orientações guiam a
utilização em cenários de derrame de óleo. Para tanto, recomenda-se:
• Definição da área geográfica a ser considerada (área de risco direto e indireto);
• Definição da distribuição e da sazonalidade das espécies de cada ecossistema que
compõe a área;
• Identificação dos recursos socioeconômicos em risco;
• Definição da geomorfologia costeira e de relativa sensibilidade dos ambientes ao
óleo;
• Obtenção de dados meteorológicos e climatológicos da área;
• Obtenção de dados hidrodinâmicos e hidrográficos da área;
• Cartografia dos dados físico-naturais e socioeconômicos, identificando onde a
aplicação de dispersantes é recomendável ou não.
Além disso, é importante que se utilize um modelo matemático para previsão de tendência de
orientação e movimentação das manchas de óleo no mar, nas regiões de influência direta e
indireta das potenciais fontes poluidoras, como: terminais, oleodutos e rotas de navios.
DEFINIÇÃO DE DISPERSANTES QUÍMICOS
Segundo a Resolução CONAMA no 269/00, dispersantes são formulações químicas de natureza
orgânica, destinadas a reduzir a tensão superficial entre óleo e a água, auxiliando a dispersão
do óleo em gotículas no meio aquoso. São constituídos por ingredientes ativos, denominados
surfactantes, cuja molécula é composta por uma cadeia orgânica, basicamente apolar, com
afinidade por óleos e graxas (oleofílica) e uma extremidade de forte polaridade, com
afinidade pela água (hidrofílica).
Além dos surfactantes, os dispersantes também são constituídos por solventes da parte ativa
que permitem a sua difusão no óleo.
Os dispersantes são, potencialmente, aplicáveis em situações de derrames de óleo, visando à
proteção de recursos naturais e socioeconômicos sensíveis como os ecossistemas costeiros e
marinhos. A sua aplicabilidade deve ser criteriosamente estabelecida e somente utilizada
caso resulte em menor prejuízo ambiental, se comparado ao efeito causado por um derrame
sem tratamento algum ou utilizado como alternativa ou, ainda, adicional à contenção e
recolhimento mecânico no caso de ineficácia desses procedimentos de resposta.
A eficiência do dispersante está relacionada aos processos de intemperização do óleo no mar.
Óleos intemperizados são mais viscosos e podem sofrer emulsificação, que diminui a sua
eficiência. Portanto, para se utilizar com eficiência o dispersante, é indicada sua aplicação
preferencialmente nas primeiras 24 horas, durante as operações iniciais de atendimento,
levando em consideração o cenário do derrame, por pulverização.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
141
Na aplicação de dispersantes sobre uma mancha, as substâncias surfactantes circundam as
gotículas de óleo presentes estabilizando a dispersão. (Figura M3L1.1 – parte superior), isso
ajuda a promover uma rápida diluição pelo movimento da água. Como exposto acima, o
dispersante reduz a tensão entre água e óleo, isso faz com que se formem gotículas menores
(Figura M3L1.1 – parte central e inferior), estas tendem a se movimentar na coluna d’água e
a permanecer em suspensão na superfície, acelerando o processo natural de degradação e de
dispersão, favorecendo desta forma a biodegradação.
Figura M3L1.1 – Representação da ação do dispersante sobre uma mancha de óleo
Fonte: IPIECA, 1993.
Quando os dispersantes são aplicados corretamente podem auxiliar na transferência para a
coluna d’água de um grande volume de óleo que estava na superfície, obtendo-se resultados
com mais agilidade que os métodos de remoção mecânicos.
De acordo com a International Maritime Organization (IMO), os dispersantes em geral têm
pouco efeito sobre óleos viscosos. Assim, para uma operação de dispersão adequada, a
viscosidade do óleo não deve ultrapassar 5.000 cSt.
Os dispersantes são projetados para serem utilizados em águas salgadas, e, dessa forma,
normalmente não produzem efeito em águas doces.
Como eles tendem a se decompor facilmente, devem ser guardados em ambientes
controlados, caso contrário se tornam ineficientes. Esses ambientes controlados são
contêineres resistentes à corrosão que mantenham o produto hermeticamente fechado.
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TIPOS DE DISPERSANTES
Tipo 1 – Dispersante Convencional
O material ativo é diluído em solventes, em geral hidrocarbonetos alifáticos. A concentração
do material ativo é baixa. Não deve sofrer diluição na aplicação, ou antes de ser aplicado. O
produto está pronto para uso.
Tipo 2 – Dispersante Concentrado Diluível em Água
O material ativo é geralmente uma mistura de substâncias tensoativas e compostos
oxigenados ou outros. É de base aquosa e pode para ser aplicado sofrer diluição prévia.
Tipo 3 – Dispersante Concentrado não Diluível em Água
O material ativo é geralmente uma mistura de substâncias tensoativas, compostos
oxigenados, hidrocarbonetos alifáticos ou outros. A sua concentração é elevada, implicando
em um baixo consumo de produto. Normalmente é de base aquosa e deve ser aplicado sem
diluição.
De acordo com a IMO, a aplicação do dispersante tipo 3 deve considerar inicialmente a
proporção de 1:20. Essa taxa, no entanto, pode ser modificada caso seja considerado
necessário, de acordo com os resultados das aplicações.
A tabela M3L1.1 abaixo apresenta as diferentes formas de aplicação dos dispersantes
químicos, de acordo com os tipos convencional e concentrado.
Tabela M3L1.1 – Classificação dos Tipos de Dispersantes (Resolução CONAMA no 269/00)
Dispersante Tipo Modo de Aplicação Solvente
Convencional 1 Produto não diluído (puro).
Aplicação por barcos e/ou aeronaves
Hidrocarbonetos
não aromáticos
Concentrado
2 Produto diluído.
Aplicação por barcos e/ou aeronaves.
Oxigenados
(glicol, éteres) e
hidrocarbonetos
não aromáticos 3
Produto não diluído (puro).
Aplicação por barcos e/ou aeronaves
Fonte: Resolução CONAMA n°269/00
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143
CRITÉRIOS PARA TOMADA DE DECISÃO QUANTO AO USO DE DISPERSANTES
Critérios para Uso
Os dispersantes poderão ser utilizados:
a) Quando forem homologados pelo Órgão Ambiental Federal competente;
b) Em situações em que outras técnicas de resposta não sejam eficientes, tais como
contenção e recolhimento do óleo, em função das características do óleo, do volume
derramado e das condições ambientais;
c) Quando estiverem em consonância com a Convenção sobre a Salvaguarda da Vida Humana
no Mar (SOLAS/74), quando for necessária a adoção de medidas emergenciais decorrentes do
derramamento de óleo, nas quais haja risco iminente de incêndio com perigo para a vida
humana no mar ou regiões costeiras, envolvendo instalações marítimas ou navios próprios ou
de terceiros;
d) Em situações nas quais a mancha de óleo estiver se deslocando para áreas designadas
como ambientalmente sensíveis, devendo ser aplicados no mínimo a 2.000 m da costa,
inclusive de ilhas, ou em distâncias menores do que esta, se atendidas às profundidades
maiores que as isóbatas, encontradas ao longo do mar territorial, conforme o exposto a
seguir:
• Do Cabo Orange a Foz do Rio Parnaíba – 10 m
• Da Foz do Rio Parnaíba ao Cabo Calcanhar – 15 m
• Do Cabo Calcanhar à Ilheus – 20 m
• De Ilhéus ao Chuí – 15 m
e) Em situações que sua aplicação é mais eficiente e vantajosa na redução do impacto global
de um derramamento (que possa atingir áreas ambientalmente sensíveis) para assegurar que
a mistura óleo/dispersante não chegue a comprometer o ambiente costeiro e nem outros
ativos ambientais importantes;
f) Em áreas e situações específicas não previstas nos itens acima, desde que devidamente
autorizados pelo órgão ambiental competente.
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Restrições ao Uso
Os dispersantes não podem ser utilizados em:
Áreas costeiras abrigadas que possuem baixa circulação e pouca renovação de águas, nos
quais o dispersante químico e a mistura de óleo possam permanecer concentrados ou ter um
alto período de residência, como os corpos d’água costeiros semi-fechados;
Estuários, canais, costões rochosos, praias arenosas, lodosas ou pedregulhos, inclusive áreas
sensíveis como manguezais, marismas, recifes de corais, lagunas, restingas, baixios expostos
pela maré, unidades de conservação, parques ecológicos e reservas ambientais;
Áreas discriminadas nos mapas de sensibilidade de:
• Ressurgência;
• Desova e berçário naturais de peixes;
• Espécies ameaçadas de extinção;
• Populações de peixes ou frutos do mar de interesse comercial ou ainda criadouros
artificiais de peixes, crustáceos ou moluscos (aquacultura);
• Migração e reprodução de espécies (mamíferos, aves e tartarugas);
• Recursos hídricos para o uso tanto de abastecimento humano como para fins
industriais;
Derramamento de petróleo ou derivados que possuam viscosidade dinâmica inferiores a 500
mPa.s ou superiores a 2.000 mPa.s à 10oC, já que a eficiência de dispersantes sobre este tipo
de óleo é baixa ou nula;
Processo de formação da emulsão água-óleo tenha sido iniciado (“mousse de chocolate”) ou,
também, quando o processo de envelhecimento da mistura de óleo for visível;
Situações nas quais se deseja manter apenas a estética do corpo hídrico;
Na limpeza de instalações portuárias, em qualquer tipo de embarcação, bem como em
equipamentos utilizados na operação de resposta ao derrame de petróleo e derivados.
CRITÉRIOS PARA TOMADA DE DECISÃO
A tomada de decisão sobe o uso de dispersantes deve considerar algumas condições mínimas
necessárias que justifiquem a aplicação de dispersantes químicos.
Abaixo é apresentado o esquema da árvore de tomada de decisão sobre o uso de dispersantes
Figura M3L1.2 cujo objetivo é auxiliar a tomada de decisão do coordenador das operações
quanto a sua necessidade e/ou aplicabilidade:
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Figura M3L1.2 – Árvore de Tomada de Decisão sobre Uso de Dispersantes
Fonte: Resolução CONAMA n° 269/00.
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146
Métodos e Formas de Aplicação
Os métodos e formas de aplicação dos dispersantes, no combate a vazamentos de óleo no mar
devem ser escolhidos levando-se em consideração uma série de fatores, entre os quais:
• Tipo e volume de óleo a ser disperso;
• Grau de intemperização do óleo no mar no momento da aplicação;
• Características oceanográficas e meteorológicas;
• Tipo de dispersante a ser utilizado; e
• Equipamentos disponíveis para aplicação.
Para a dispersão adequada do óleo na água, em um cenário de mar calmo, deve-se proceder a
agitação mecânica após a aplicação do dispersante.
A taxa de aplicação dos dispersantes varia de acordo com diversos fatores, como:
• tipo de óleo;
• eficiência do dispersante;
• espessura da mancha;
• condições oceanográficas.
O controle da aplicação pode ser realizado através de duas variáveis: vazão da bomba do
sistema de aplicação e velocidade da embarcação ou aeronave. A relação entre essas duas
variáveis pode ser calculada através da seguinte equação (ITOPF, 1993):
Q Q v lb a
= 0003, . . .
Onde:
Qb = vazão da bomba (l/min);
Qa = taxa de aplicação (l/ha);
v = velocidade da embarcação ou aeronave (nós);
l = largura da faixa de aplicação (m).
Por exemplo, para uma mancha com uma espessura estimada em 0,2 mm, que representa um
volume de aproximadamente 2 m3/ha, será necessária uma taxa de aplicação de 100 l/ha
(Qa), se for utilizado um dispersante concentrado numa dose 1:20; assim, um barco operando
a 10 nós (v) numa faixa com largura de 30 m (l) necessitará de uma bomba com uma vazão de
90 l/min.
A tabela M3L1.2 é uma base para orientar a escolha do melhor método a ser empregado para
aplicação do dispersante, em função das condições de mar, tendo em vista aspectos
relacionados à segurança e à eficiência da operação.
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Tabela M3L1.2 – Condições Limites para Sistemas de Aplicação de Dispersante
Fonte: Resolução CONAMA n° 269/00.
A aplicação do dispersante deve sempre contemplar uma estimativa da área a ser tratada e
do volume de óleo a ser disperso; assim, faz-se necessário um planejamento prévio que
considere, além do equipamento disponível para a aplicação, a quantidade e o tipo de
produto a ser utilizado nessa operação. A tabela M3L1.3 fornece orientações para essas
ações.
Tabela 03 – Volume de Óleo que pode ser disperso, por hectare, em diferentes taxas de aplicação de dispersante Taxa de Aplicação
Dispersante/Óleo
Volume de Dispersante Utilizado (litros/ha)
1:1 46,8 65,5 93,5 187,1 467,7
1:2 93,6 131 187 374,2 935,4
1:4 187,2 262 374 748,4 1871
1:10 468 655 935 1871 4677
1:20 936 1310 1870 3742 9354
1:30 1404 1965 2805 5613 14031
1:50 2340 3275 4675 9355 23385
1:100 4680 6550 9350 18710 46770
Fonte: Resolução CONAMA n° 269/00.
Os dispersantes podem ser aplicados por aeronaves e embarcações. Aviões pequenos,
helicópteros, e rebocadores são adequados para o lançamento desses agentes químicos, em
função das suas limitações de velocidade e capacidade de transporte, principalmente.
Nos eventos maiores, aviões de maior porte são mais vantajosos.
Aplicação de dispersantes por via marítima
A aplicação de dispersantes por embarcações é realizada por rebocadores, embarcações de
resposta a emergência e barcaças, através de um sistema composto por “braços” dotados de
bicos pulverizadores que lançam o produto sobre a mancha de óleo (Figura 3). Embarcações
Sistema de Aplicação
Condições Ambientais Limites para Operações Efetivas e Seguras
Escala Beaufort
Velocidade do vento Altura das ondas
(nós) (m/s) (pés) (m)
Embarcação 3 - 5 7 - 21 3,6 – 10,8 1 - 9 0,30 – 2,70
Avião monomotor 5 17 - 21 8,7 – 10,8 6 - 9 1,80 – 2,70
Helicóptero 5 - 6 17 - 27 8,7 – 13,9 6 - 17 1,80 – 5,20
Avião de grande porte
7 30 - 35 15,4 – 18,0 17 - 23 5,20 – 7,00
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148
desses tipos são relativamente lentas e, dessa forma, são indicadas para atuar nas operações
de pequeno porte que requeiram a aplicação em pequenas áreas.
Nessa atividade, o monitoramento aéreo tem um papel fundamental para otimizar a aplicação
do dispersante via marítima. O observador a bordo da aeronave pode identificar as manchas
densas, maiores e mais próximas das áreas sensíveis com maior precisão e orientar a
embarcação dedicada à aplicação de dispersante sobre a melhor forma de posicionamento.
A Figura M3L1.3 apresenta um sistema típico de “braços” para a aplicação de dispersantes
químicos por embarcações.
Os braços devem ser instalados o mais afastado possível do casco da embarcação, de modo a
evitar a ação de ondas que possam comprometer os resultados desejados. Os bicos de
aspersão devem ser dimensionados de acordo com as características da bomba a ser utilizada
(vazão e pressão), de modo a possibilitar uma aplicação uniforme de gotículas e nunca na
forma de névoa ou neblina.
Figura M3L1.3 – Braços para aplicação de dispersantes por embarcações
Fonte: Resolução CONAMA n° 269/00.
Caso seja necessário promover a agitação para facilitar o processo de mistura e obter uma
dispersão adequada, podem ser empregadas pranchas de madeiras. Essas estruturas podem
ser instaladas nos próprios “braços” de aspersão ou na embarcação, quando esses estiverem a
meia nau e a sua velocidade não exceder a 5 nós, conforme apresentado na Figura 4.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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Figura 04 – Uso de pranchas para auxiliar a dispersão/agitação do óleo
Fonte: Resolução CONAMA n° 269/00.
Como último recurso, a aplicação de dispersantes pode ser realizada por meio do sistemas de
combate a incêndios existentes em embarcações (como os rebocadores). Neste caso, o
sistema de lançamento do produto sobre a mancha deve ter uma inclinação que varie entre
30 e 40o em relação ao plano horizontal, para que se crie condições necessárias para a
pulverização em forma de gotículas, não devendo nunca a aplicação ser feita através de jatos
sólidos com mangueiras de combate ao fogo.
Deve ser assegurado que a diluição do dispersante seja alcançada na proporção necessária,
por isso deve-se conhecer previamente as características do sistema empregado, de modo que
o mesmo possibilite a aplicação nas especificações requeridas.
De modo geral, os sistemas destinados à aplicação de dispersantes dever ter as seguintes
características:
• Fáceis de transportar;
• Leves, porém rígidos; e
• De fácil e rápida instalação; Versáteis e adaptáveis a diferentes números de bicos, de
acordo com as características da bomba, velocidade da embarcação e tipo de produto a
ser utilizado.
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150
Aplicação de Dispersantes por Via Aérea
Vantagens em relação a utilização de embarcações:
• Dispersão mais eficiente;
• Rapidez no deslocamento e manobras das ações de combate;
• Tratamento de manchas de maior extensão;
• Melhor observação e avaliação da aplicação.
É importante considerar a eficiência da deposição do produto sobre a mancha, pois estas são
permanentemente expostas às condições meteoceanográficas. As ações de ventos e correntes
marinhas podem comprometer a eficiencia da apícação. Assim, é recomendado que pelo
menos 80% da área da mancha seja pulverizada com o produto.
Deve-se considerar também a altura de sobrevoo para que a operação seja realizada de forma
eficiente. Testes demonstram que altitudes da ordem de 50 pés (15m) apresentam alta
eficiência, seguidos de bons resultados entre 100 e 150 pés (30 e 45m).
A aplicação aérea deve ser realizada, preferencialmente, com produtos concentrados, cuja
viscosidade cinemática deve ser de pelo menos 60 cSt, já que dispersantes de baixa
viscosidade possivelmente não iriam produzir gotículas em condições de atingir a mancha ou
mesmo de se misturarem de forma adequada com o óleo.
Deve-se levar em consideração, para a escolha da aeronave, sua autonomia, magnitude do
vazamento, distância do local de combate e capacidade de carga.
Aviões de pequeno porte (com boa autonomia de voo, baixo consumo de combustível e com
capacidade de operar em pistas de pouso improvisadas) são recomendados para o combate a
pequenos derrames próximos à costa.
Helicópteros apresentam maior manobrabilidade, sendo portanto mais indicados para
operações em regiões portuárias e acidentadas ou de plataformas de produção de petróleo.
O sistema de aplicação adaptado em aeronaves deve ser projetado para fornecer a eficiência
requerida, no tocante ao tamanho e distribuição das gotículas do produto no momento da
aplicação. Assim, o nímero de bicos, o diâmetro dos orifícios, a vazão da bomba e a
velocidade da aeronave devem ser especificados adequadamente para a obtenção de
melhores resultados. Os equipamentos destinados à aplicação de dispersantes por aeronaves
devem, de forma geral, possuir as seguintes características:
• Autonomia de voo compatível com o porte do vazamento a ser combatido;
• Capacidade de carga suficiente para deslocamento com segurança do sistema de
aplicação do dispersante;
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
151
• Manobrabilidade compatível com o cenário da ocorrência;
• Capacidade de voar em baixas altitudes;
• Sistemas de comunicação adequados, abrangendo as embarcações e a sede central da
operação; e
• Sistema de radar para monitoramento da altitude de voo, de forma a eliminar erros de
avaliação durante a operação de aplicação.
É importante destacar que em altitudes maiores, a presença de nuvens, bancos de corais,
cardumes de peixes e banco de algas, entre outros, podem ser confundidos com manchas de
óleo, prejudicando a operação.
Figura 05 – Sistema de aplicação de dispersantes adaptado para aviões
Nos helicópteros, além dos braços instalados na fuselagem, o sistema pode ser utilizado de
forma suspensa através de cabos que suportem o tanque, a bomba e os braços.
Figura 06 – Sistemas de aplicação de dispersantes adaptados para helicópteros
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
152
MONITORAMENTO DA APLICAÇÃO DE DISPERSANTES
A aplicação de dispersantes deve ser feita com o acompanhamento simultâneo de um trabalho
de monitoramento aéreo e marítimo, visando a máxima eficiência desta operação e evitando
a contaminação de áreas não afetadas pelo óleo. Em cenários de grandes vazamentos, quando
há tendência da formação de várias manchas, o monitoramento deverá ser mais intenso e
abranger áreas mais extensas, tendo por prioridade as manchas que terão prioridade para
dispersão.
Monitoramento Aéreo
É recomendável fazer uma vistoria aérea das manchas de óleo no mar se constatado
vazamento, para conhecer a tendência do seu deslocamento e orientar a aplicação de
dispersantes.
Os técnicos designados para este trabalho devem dispor de GPS e sistema de
comunicação, mapas, cartas náuticas da região e rádios, além de equipamento
fotográfico. O monitoramento deve ser feito, de preferência, por um helicóptero, por
causa de sua capacidade de manobrabilidade.
O monitoramento aéreo deve abranger:
a) Avaliação geral
Sobrevoar a região identificando extensão e largura das manchas mais densas e próximas
das áreas sensíveis, fazendo o registro de seu posicionamento em coordenadas
geográficas;
E observar os dados de profundidade e distância da costa, informando-se sobre as
condições meteorológicas e oceanográficas presentes bem como as previsões para as
próximas horas.
b) Procedimento operacional
Orientar a forma de aplicação de maneira a ser iniciada pelas extremidades ou contorno
das manchas mais densas, limitando seu espalhamento e evitando a aplicação sobre óleo
já dispersado;
Recomendar à embarcação ou aeronave que estiver fazendo a aplicação do produto, que
mantenha seu posicionamento sobre a mancha mais densa, o qual pode ser facilmente
alterado por influências das ondas e correntes marítimas;
Supervisionar a forma e o direcionamento da aplicação, de modo que a dispersão
uniforme seja mantida, evitando a formação de névoa ou neblina;
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Acompanhar o comportamento da mancha de óleo em processo de dispersão, observando
a eficiência da aplicação, sua fragmentação e os possíveis deslocamentos de manchas
menores, em função de alterações no sentido e velocidade dos ventos e da corrente
marinha, considerando a probabilidade de aproximação das áreas costeiras sensíveis.
Estas informações poderão ser utilizadas em modelos matemáticos de previsão de
tendência de deslocamento da mancha.
Monitoramento Marítimo
Durante a aplicação do dispersante deve-se utilizar monitoramento com lanchas rápidas,
para acompanhar a sua eficácia, podendo também auxiliar na agitação mecânica das
manchas de óleo dispersadas.
Os monitoramentos são recomendados após a aplicação, para acompanhar a tendência do
deslocamento das plumas de óleo dispersado de acordo com a direção do vento e da
corrente marítima.
Monitoramento Ambiental
Recomenda-se a coleta de amostras de sedimentos, água, plâncton, organismos marinhos,
entre esses os frutos do mar, principalmente os criados em sistemas de aquacultura, bem
como peixes confinados em cercos de pesca ou redes de espera das regiões afetadas pelo
vazamento de óleo. As campanhas de coleta devem ser realizadas nos primeiros dias, 30
dias e 90 dias após a aplicação dos dispersantes para verificar possíveis alterações
introduzidas.
COMUNICAÇÃO E RELATÓRIO SOBRE APLICAÇÃO DE DISPERSANTE
No caso de um derramamento de óleo em que seja necessário aplicação de dispersante
químico como estratégia de resposta, o responsável pela resposta à emergência deverá tomar
as seguintes providências:
1. Comunicação formal ao Órgão Estadual de Meio Ambiente (OEMA) e à representação do
Instituto do Meio Ambinete e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA local, conforme
exposto do Plano de Contingência local, para que se proceda o monitoramento de seu uso
pelos órgãos ambientais. A comunicação deve conter o seguinte:
• Nome e coordenadas geográficas do local onde ocorreu o derramamento de óleo e que se
pretende aplicar o dispersante;
• Tipo e características do óleo derramado;
• Data e hora de quando foi verificado o derrame do óleo e a previsão de quando ocorrerá a
primeira aplicação do produto;
• Nome do dispersante a ser aplicado.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
154
2. Encaminhamento formal de relatório detalhado sobre critérios e procedimentos adotados
para sua utilização ao Órgão Estadual de Meio Ambiente (OEMA) e à representação do IBAMA
local, com prazo de até 15 dias, após a finalização da operação de aplicação do dispersante.
O relatório deverá ter o conteúdo mínimo abaixo:
Sobre o derramamento ou vazamento, antes da aplicação do dispersante:
• Nome da localidade e as coordenadas geográficas de onde ocorreu o acidente;
• Data e hora da ocorrência;
• Profundidade e distância da costa de onde ocorreu o evento;
• Fonte e causa: navio (citar o nome e bandeira), terminal e outras;
• Tipo e características do óleo derramado;
• Aspecto da mancha;
• Estimativa da mancha: área e espessura.
Sobre condições ambientais:
• Direção e intensidade do vento;
• Direção e intensidade da corrente marinha;
• Estado do mar (escala Beaufort);
• Sentido da corrente de maré (vazante ou enchente);
• Temperatura do ar e da água;
• Ocorrência ou não de chuva.
Sobre aplicação do dispersante:
• Nome do dispersante utilizado;
• Justificativa para utilização do dispersante (com base na árvore de decisão);
• Justificativa para escolha do dispersante aplicado, em função do tipo (tabela 1);
• Coordenadas geográficas, profundidade e distância da costa de onde ocorreu a aplicação
do dispersante;
• Volume de petróleo ou derivado tratado;
• Método de aplicação e de mistura (equipamento, mão-de-obra, tempo);
• Data e hora do início e fim da operação.
Considerações gerais sobre a operação:
• Monitoramento visual, fotográfico, telemétrico;
• Monitoramento ambiental;
• Acompanhamento do comportamento da mancha dispersada (dispersão, desaparecimento,
reimersão, formação de pelotas, incluindo dados de posicionamento com referências sobre
data e hora e coordenadas geográficas, de preferência plotados em base cartográfica);
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• Observação da mancha pós-aplicação (dispersão, desaparição, reimersão, entre outros),
dia e hora.
Responsabilidade pela operação:
• Nome do Coordenador-Geral da operação;
• Recursos mobilizados;
• Recursos financeiros, humanos e materiais mobilizados na operação.
AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA OPERAÇÃO
Após o término da operação de resposta ao derrame de óleo, com aplicação de dispersante
químico, a entidade responsável pelo atendimento à emergência deverá apresentar ao OEMA
e à representação do IBAMA local, um documento com avaliação dos impactos ambientais e
sócio-ambientais no prazo máximo de 90 dias.
O relatório deverá considerar os impactos provocados tanto pelo derrame quanto pela
aplicação do dispersante químico, privilegiando relatos e comentários sobre os impactos
sócio-econômicos e ambientais gerados pelo óleo derramado e pelas manchas quimicamente
dispersadas.
Na elaboração do documento podem ser utilizados, além dos relatos formais da operação de
resposta ao acidente (notas, memórias e relatórios), o seguinte:
• Mapas de sensibilidade da zona costeira;
• Inventários ambientais;
• Diagnósticos sócio-ambientais;
• Propostas de zonemento; ou
• Outras informações disponíveis.
CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS PARA USO DE DISPERSANTES
Para orientar e agilizar a utilização dos dispersantes químicos, recomenda-se que as áreas
sujeitas à derramamento de óleo sejam classificadas, mapeadas e dadas a conhecer pelas
instituições responsáveis pela gestão integrada dos ambientes costeiros e marinhos como
sugerido a seguir:
Áreas de Exclusão – áreas em que a utilização de dispersantes não é permitida;
Áreas Pré-Aprovadas – áreas em que a utilização de dispersante é permitida, desde que
atendidos os critérios e restrições de uso;
Áreas Condicionadas – Áreas em que a utilização de dispersante deve ser previamente
negociada com o OEMA ou representação do IBAMA local, em função de características
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
156
específicas dos ecossistemas envolvidos, do deslocamento das manchas e das vantagens de se
usar ou não os dispersantes.
PRECAUÇÕES DE SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DE DISPERSANTES
Os dispersantes são produtos químicos, por isso é imprescindível proteção individual em seu
manuseio. Devem sempre ser usados trajes químicos e luvas de PVC e é recomendável o uso
de máscara respiratória para prevenção de inalação de vapores. Após o uso, as mãos e face
devem ser lavadas com sabão, principalmente antes do consumo de alimentos.
A aplicação correta do dispersante remove o óleo da superfície da água e o distribui na coluna
d’água. Os três primeiros metros da coluna d’água conterão uma elevada concentração de
óleo/dispersante por um curto intervalo de tempo, desde que o movimento da água assegure
uma contínua e rápida diluição das gotículas.
Abaixo dos 3 a 5 metros de profundidade concentrações de óleo disperso significantes são
raramente vistos. A legislação específica dos países que permitem o uso de dispersantes deve
ser observada. A profundidade da água deve ser de pelo menos 10m, para que seja
aconselhável o uso de dispersantes. Em alguns países são 20m.
No Brasil, os dispersantes devem ser testados e aprovados pelo IBAMA, antes que possam ser
utilizados. É uma condição que a toxidade do dispersante e a dispersão do óleo, combinadas,
não sejam mais tóxicas do que o óleo isoladamente.
Mesmo quando aprovados, os dispersantes não podem ser utilizados em águas paradas ou onde
houver captação de águas para indústria (por exemplo, dessalinização, energia,
arrefecimento, salinas).
MÉTODOS ALTERNATIVOS DE COMBATE A DERRAMAMENTO DE ÓLEO
• Separador de Emulsão
Estes agentes são usados para separar água do óleo numa emulsão que tenha se formado.
Alguns tipos de skimmer pulverizam o separador de emulsão a volta da abertura do
vertedouro, para reduzir o conteúdo de água na mistura recolhida. A dosagem normal de
emulsão varia de 1:500 a 1:2000.
• Agentes Coletores de Superfície
São conhecidos como “herders” (“pastores”). Utilizados como barreiras químicas. Espalham-
se mais rápido que o óleo e com isso, diminui a taxa de espalhamento da mancha de óleo. Só
podem ser utilizados em condições extremamente calmas e em óleo muito leve.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
157
• Agentes Gelificadores
Utilizados para solidificar quimicamente o óleo. São necessárias altas doses combinadas com
uma agitação vigorosa. Este tipo de agente possui um alto custo financeiro.
• Aditivos Viscoelásticos
Estes aditivos podem ser usados para manter uma mancha de óleo coesa, o que ajudaria no
recolhimento. A dosagem é de aproximadamente 1:300 e demora cerca de uma hora para que
o produto se dissolva completamente no óleo.
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158
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
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LIÇÃO 2 – MATERIAIS ABSORVENTES
OBJETIVO DA LIÇÃO
Uma operação de limpeza de derramamento de óleo não está concluída até que os últimos
traços de óleo tenham sido retirados da área contaminada. A remoção do último brilho de óleo
na água ou do óleo que chegou às praias demonstra para a mídia e as autoridades que a limpeza
foi feita com êxito e profissionalmente.
No final desta lição você deve poder identificar diferentes materiais absorventes típicos. Você
também poderá sugerir absorventes alternativos localmente disponíveis.
No final da lição você deve:
• Poder listar materiais capazes de absorver óleo (absorventes);
• Poder listar tipos comuns de equipamento absorvente;
• Poder descrever como usar vegetação natural no combate a derramamentos de óleo assim
como outros materiais localmente disponíveis.
MATERIAIS SORVENTES
Sorventes funcionam de duas maneiras distintas.
• Eles podem absorver óleo – isto é, o óleo penetra no material.
• Eles podem adsorver óleo – isto é, o óleo somente é atraído para a superfície do sorvente
(ex.: pompons).
O material absorvente para produtos de petróleo deve ser oleofílico, isto é, ele atrai óleo, e
hidrofóbico o que significa que ele repele água. O tipo ideal de material sorvente absorve óleo
rapidamente e o retém.
O material absorvente deve:
• Absorver uma grande quantidade de óleo e muito pouca água por unidade.
• Não afundar quando tiver absorvido grande quantidade de óleo.
• Ser forte suficiente para ser recolhido quando encharcado com óleo.
O material absorvente deve ser biodegradável ou capaz de ser descartado seguramente para
queima. Normalmente este tipo de material somente é usado para tipos de óleo mais leves.
Os materiais que absorvem óleo podem ser divididos em três categorias:
• Material orgânico
• Material inorgânico
• Material sintético
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
160
Material Orgânico
• Palha
• Turfa
• Serragem
• Penas de galinha
• Sabugos de milho moídos
• Produtos de carbono
A principal vantagem de material orgânico é que ele normalmente está disponível em grandes
quantidades. A capacidade de absorção muitas vezes é boa (5-15 vezes o seu peso de óleo).
Alguns dos produtos vão absorver água também e vão afundar depois de algum tempo na
água.
Como o material muitas vezes é granulado, o recolhimento do material às vezes pode causar
problemas. Isto pode ser resolvido mantendo o material em algum tipo de malha ou rede.
Material Inorgânico
• Neve
• Vermiculita
A neve tem a capacidade de puxar o óleo do solo para cima. Quando a neve oleosa tiver sido
retirada, a operação deve ser repetida até que nenhum óleo mais seja absorvido.
Materiais inorgânicos – principalmente vermiculita – também absorvem grandes quantidades
de óleo (4-20 vezes o seu próprio peso). Alguns materiais são difíceis de aplicar, pois
facilmente são levados pelo vento. Todos os materiais são desagradáveis para inalar e a
maioria é perigosa, tornando necessário o uso de máscaras de respiração pelos operadores.
Estes materiais não são biodegradáveis e, por isso, devem ser recolhidos completamente. Em
algumas áreas, é fácil obter materiais inorgânicos adequados que normalmente são bastante
baratos.
Material Sintético
• Poliuretano
• Polietileno
• Polipropileno
• Fibras de nylon
• Espuma de formaldeído de ureia
Em geral, os materiais sintéticos são altamente oleofílicos e hidrofóbicos. Isto significa que
eles têm altas taxas de absorção, muitas vezes mais do que 25 vezes o seu próprio peso.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
161
Alguns tipos de material sintético podem ser usados 3-5 vezes se existirem instalações para
remover o óleo do material (centrífuga). Quando usar espuma, o tamanho do poro pode ser
controlado, o que permite que o material recolha até mesmo tipos de óleo altamente viscosos
pelo uso de poros grandes. Normalmente, este tipo de material não está disponível
localmente em quantidades maiores. Sintéticos são bastante dispendiosos em comparação
com material orgânico.
Vantagens de usar absorventes:
• Eles podem remover o último brilho de óleo;
• Recolhem pouca água;
• Antes do uso, leves e fáceis de manusear.
Desvantagens de usar absorventes:
• Eles podem ser muito pesados e difíceis de recolher e transportar quando encharcados
com óleo;
• O recolhimento de granulados e chumaços pode ser muito difícil;
• O material absorvente que flutua livremente pode entrar em bombas, skimmers etc.
Resumo
• Material orgânico como palha, serragem, penas de galinhas;
• Material inorgânico como vermiculita, neve;
• Material sintético como polipropileno, fibras de nylon.
TIPOS COMUNS DE PRODUTOS ABSORVENTES
Produtos absorventes específicos
Os produtos absorventes estão disponíveis em muitas formas, mas podem ser classificados em
quatro categorias principais:
• Rolos, folhas, mantas, chumaços;
• Soltos (granulado);
• Fechados (almofadas, barreiras);
• Unidade de aglomeração (rede/tela aberta ou espuma porosa – óleo muito viscoso).
Rolos, folhas e mantas
Rolos, folhas e mantas de materiais absorventes processados podem ter vários tamanhos. A
largura e o comprimento sempre são muito maiores do que a espessura. Rolos ou folhas
podem ser cortados para qualquer comprimento necessário. Eles muitas vezes são usados na
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
162
indústria para envolver maquinário etc. que vaza óleo, mas também podem ser usados na
água.
Se um comprimento considerável (50 m) desse material for empregado em óleo, a carga de
ruptura do material deve ser determinada. 50 m de material absorvente pode ser muito
pesado se estiver cheio de óleo e se provar difícil de recolher intacto.
Se forem empregados chumaços, o recolhimento de cada chumaço individual pode ser
bastante difícil e demorado.
Materiais soltos
Materiais soltos muitas vezes são granulados, prontos para ser espalhados sobre um
derramamento de óleo. Pode ser bastante difícil recolher todos os granulados da água, pois
eles serão influenciados por vento e correntes. Ás vezes é utilizada uma longa tela com
tamanho de malha menor do que o diâmetro do granulado, junto com algum tipo de soprador,
soprando o granulado para a tela e formando uma barreira temporária.
Partículas sintéticas absorventes
Quando usar partículas sintéticas absorventes para recolher hidrocarbonetos de águas de
maré, você deve recuperar TODAS as partículas. Em alguns países, quaisquer partículas que
são deixadas para trás podem ser classificadas como resíduo e a empresa responsável pela
resposta pode ser multada.
Almofadas e barreiras
Almofadas e barreiras consistem de tecido ou tela que é permeável ao óleo, mas que retém o
material absorvente. Estes tipos podem ter vários tamanhos.
As barreiras usadas na água normalmente são entre 3 e 5 m de comprimento e 10 - 30 cm de
diâmetro. Muitas vezes, as barreiras são equipadas com um cabo ou fio de aço interno que dá
resistência estrutural. Nas duas pontas da barreira muitas vezes existe algum tipo de gancho
de soltura rápida usado para conectar outras seções. É possível obter barreiras absorventes
que têm 15 - 20 m de comprimento, mas o peso unitário é tão alto que o manuseio é difícil e
pode causar danos extensos.
Um tipo especial de barreira é chamado de Barreira Armadilha (Snare Boom). Ela consiste de
uma longa corda na qual é fixado o material sorvente. Ela pode ser empregada em áreas de
altas correntes e pode aprisionar óleo altamente viscoso. Óleo com baixa viscosidade não se
fixa em uma barreira armadilha.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
163
Unidade de Aglomeração
Outro tipo de barreira tenta combinar a barreira absorvente com uma barreira de contenção.
O material absorvente do elemento de flutuação atua como uma barreira absorvente e uma
saia é acoplada abaixo do material absorvente.
Resumo
• Rolos, Folhas, Chumaços (muito maior comprimento e largura do que espessura)
• Material solto, muitas vezes granulados
• Material fechado como barreiras e almofadas
• Unidade de aglomeração: Tela aberta ou espuma de poros abertos
COMO USAR VEGETAÇÃO NATURAL E MATERIAL LOCALMENTE DISPONÍVEL EM COMBATE A
DERRAMAMENTO DE ÓLEO
O uso de materiais absorventes é relevante somente para derramamentos menores ou para o
"tratamento cosmético" final de uma operação maior. O uso de vegetação natural é uma
medida a ser considerada como uma primeira resposta imediata a ser seguida pelo uso de
materiais mais específicos e apropriados. A vegetação natural é mais relevante para
derramamentos de óleo perto do litoral ou em terra.
Quando for uma resposta a um grande derramamento de óleo, deve-se considerar
cuidadosamente se vale a pena envidar esforços no emprego de vegetação natural.
O mais óbvio tipo de vegetação a ser utilizado, se estiver disponível, são feixes de palha. Eles
têm capacidade de absorção e, em feixes, normalmente podem ser conectados entre si por
meio de uma corda. Formações de barreiras de palha podem atuar tanto como barreiras de
contenção como barreiras de absorção. O principal problema com a palha é que os feixes são
destruídos facilmente e difíceis de coletar.
Capim crescendo perto de margens também pode ser cortado e enfeixado. Isto oferece
algumas possibilidades para direcionar o óleo. Em áreas calmas sem correntes, a barreira de
capim pode ser usada como uma barreira de contenção. Novamente, é importante que os
feixes sejam amarrados corretamente.
Troncos de madeira também podem ser colocados em rio com os dois objetivos:
1. Manter detritos maiores afastados da barreira de contenção colocada à jusante.
2. Atuar como uma barreira-guia que direciona o óleo para uma área com pouca ou
nenhuma corrente.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
164
Se não existir nenhuma corrente, os troncos podem ser usados como barreira de contenção.
Como os troncos têm bordas limitadas, a velocidade de reboque deve ser muito baixa para
impedir que o óleo passe por baixo dos troncos.
Se nenhum skimmer avançado estiver disponível, então um caminhão normal de vácuo pode
ser usado para derramamentos de óleo menores.
É claro que pás, vassouras, etc. também podem ser usadas na resposta a um derramamento
de óleo menor. Entretanto, quando usar equipamento para recolher óleo da água que não
seja dedicado para este tipo de trabalho, o dano causado pelo uso de equipamento
inadequado pode ser mais prejudicial do que o dano causado pelo óleo. Quanto maior for o
equipamento maior será o potencial dano ao meio ambiente.
NOVOS DESENVOLVIMENTOS
Novos produtos estão sendo desenvolvidos constantemente. Os produtos que você pretende
usar num derramamento devem ser examinados para ver se o seu uso causa problemas
adicionais. Por exemplo, existe um produto absorvente que contém micróbios para ajudar a
acelerar o processo de biodegradação. Isto pode ser visto como a introdução de um
microorganismo que não é nativo naquela área e que pode causar problemas no longo prazo.
Se estiver em dúvida, as agências ambientais locais devem ser consultadas por conselho e/ou
aprovação.
RESUMO
• Normalmente o uso de vegetação natural somente vale a pena em caso de
derramamentos de óleo menores.
• Assegure-se de que a vegetação utilizada seja fixada corretamente para que não fique
flutuando livremente na água.
• Use o que estiver disponível: palha, capim, troncos de madeira, etc.
• Use como recolhedores o que estiver disponível: caminhões de vácuo, pás, vassouras, etc.
• Certifique-se de que o dano ambiental causado pelo uso de equipamento que não é
dedicado ao trabalho seja menos prejudicial do que o óleo na água.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
165
MÓDULO 4
LIÇÃO 1 – LIMPEZA DA COSTA
OBJETIVO DA LIÇÃO
A maioria dos derramamentos de óleo atinge o litoral e causa visível poluição de óleo, que é
um tópico particularmente sensível para a opinião pública. Portanto, a seleção e a aplicação
correta de técnicas de limpeza são essenciais.
No final desta lição você deve poder descrever os diferentes tipos de litorais e áreas costeiras
e planejar e executar as técnicas de limpeza necessária e apropriadas para cada tipo.
No final da lição você deverá ser capaz de:
• Descrever as considerações ambientais necessárias quando o óleo atinge o litoral.
• Descrever a operação de limpeza da costa e as opções a ser consideradas.
• Descrever as técnicas de limpeza adequadas para diversas costas e os efeitos
ambientais resultantes.
• Descrever a organização e as tarefas da operação de limpeza.
• Elaborar um Plano Operacional.
• Descrever os aspectos de Saúde e Segurança com relação à operação de limpeza da
costa.
CONSIDERAÇÕES AMBIENTAIS
Quando ocorre um derramamento de óleo em águas abertas, a solução ideal é interceptar e
recolher o óleo antes que atinja a costa. Isto se deve às seguintes razões:
• O dano ambiental normalmente é menos crítico no ambiente de águas abertas.
• A logística de remoção do óleo se torna mais complexa no ambiente natural
diversificado de costas em comparação com o mar aberto.
• Os custos de recolhimento de óleo aumentam drasticamente quando o óleo atinge o
litoral, em comparação com operações em águas abertas.
A experiência tem demonstrado que é muito difícil evitar que algum óleo atinja as áreas
costeiras. Equipamentos mecânicos e o tratamento químico no mar muitas vezes são
insuficientes para recolher todo o óleo derramado no mar. Quando o óleo atinge a costa,
inúmeros parâmetros específicos diferentes para esta situação particular devem ser levados
em consideração:
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
166
• Quantidade de óleo
• Características do óleo (por exemplo, toxicidade e viscosidade)
• Condições prevalentes no local (tempo, estação do ano, marés, temperatura)
• Tipo ou combinação de tipos de costa (rochedos, seixos, areia, pântanos)
• Considerações Especiais
Características do óleo
Uma amostra do óleo derramado deve ser examinada para conhecer seu grau de toxicidade.
Isso é importante para podermos julgar a magnitude do dano ambiental sobre os organismos
vivos do litoral, assim como os riscos que a equipe de limpeza vai encontrar em seus esforços
para remover a poluição.
A viscosidade do óleo precisa ser determinada, pois isso irá determinar o seu comportamento
sobre a costa.
Condições prevalecentes no local
Devem ser conhecidos os padrões dos ventos, das correntes e ondas que existem, ou poderiam
se desenvolver, assim como a temperatura. Esses fatores vão influenciar o movimento do óleo
derramado que, por sua vez, irá afetar o sucesso associado ao uso de diversos tipos de
equipamento e procedimentos de limpeza.
É importante conhecer os horários atualizados de maré alta e maré baixa a fim de planejar
operações de limpeza eficientes.
Tipos de costa
Os diversos tipos de costa têm vulnerabilidades diferentes a derramamentos de óleo e o
padrão de deposição do óleo pode ser previsto. Por esse motivo, são aplicadas diferentes
técnicas de limpeza dependendo do tipo de costa. A viabilidade da eficiência da limpeza
também depende do tipo de costa encontrada.
Considerações especiais
Algumas áreas costeiras possuem períodos no ano muito sensíveis, o que influencia a tomada
de decisão sobre a limpeza do derramamento de óleo. Aves silvestres e outros pássaros
podem usar a região para forragem ou nidificação durante um período limitado. Além disso,
muitos milhares de pássaros migratórios podem usar a área por um período restrito do ano a
cada ano.
Em muitos países, as praias arenosas são associadas a alto valor de lazer de importância
nacional.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
167
Planejamento de contingência
O prévio mapeamento de áreas sensíveis ao longo das costas que poderiam receber poluição
de óleo do mar é de grande ajuda no planejamento operacional, se ocorrer um derramamento
de óleo. Áreas que foram consideradas sensíveis podem então ser protegidas rapidamente
antes da poluição, para que a deposição na costa ocorra em áreas que sejam menos sensíveis
a derramamentos de óleo.
Os detritos flutuantes normais do mar usualmente são depositados na costa em uma área
limitada, conforme determinado pela direção das correntes, ventos predominantes etc. A
identificação prévia de áreas com níveis altos de detritos trazidos às praias dá uma indicação
das áreas que serão submetidas à contaminação mais pesada.
É necessário identificar os locais de descarte de detritos para o material recolhido durante as
operações de limpeza. Essa informação deve estar prontamente disponível antes de ocorrer
algum derramamento de óleo real. A coleta pós-incidente não é possível, já que outros
assuntos devem dominar as atividades da equipe envolvida em lidar com possível/real
poluição da costa.
Resumo
• Operações de limpeza da costa muitas vezes são muito difíceis e caras.
• A quantidade de óleo deve ser conhecida
• Características do óleo em relação a riscos de saúde e ao padrão de dispersão
• Condições predominantes no local
• Tipo de costa ou litoral
• Plano de contingência, incluindo mapeamento de prioridades de sensibilidade e áreas
de detritos e lixo conhecidas
OPERAÇÕES DE LIMPEZA DA COSTA E OPÇÕES A SEREM CONSIDERADAS
A operação de limpeza da costa normalmente não é uma operação de emergência como é o
caso com um derramamento de óleo em águas abertas. Um projeto de limpeza pode durar
muitas semanas ou meses dependendo da quantidade de óleo derramado; exceções a isso são
possíveis. Por exemplo, um grande número de aves migratórias pode ser esperado ou a
temporada turística está para começar ou está em andamento.
Podem ser tomadas muitas decisões erradas no planejamento e execução de uma operação de
limpeza de costa. O plano de contingência deve ser usado em combinação com consultores
especialistas com experiência em limpeza de costa. O órgão ambiental nacional deve ter uma
lista dos peritos experientes que sejam relevantes para a situação específica de
derramamento de óleo.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
168
Uma operação de limpeza de costa é tipicamente dividida em três estágios:
Estágio 1 Remoção de poluição bruta e volume de óleo
Estágio 2 Remoção de óleo
Estágio 3 Tratamento cosmético / estético final.
Remoção de poluição bruta e volume de óleo
Isso significa recolher o óleo flutuante na beira da água e remover as camadas espessas de
óleo na costa. É necessário equipamento mecânico, isto é, skimmers, bombas, caminhões de
vácuo, pás, baldes, etc.
Nestas operações a opção de permitir caminhões de vácuo na praia para sugar o óleo pode
parecer atraente. Entretanto, é aconselhável deixar os peritos decidirem sobre como
proceder, apesar da possibilidade de adiamento da operação de limpeza. Eles precisam
decidir, por exemplo, se o uso de caminhões pesados é compatível com áreas sensíveis.
Remoção de óleo que chegou até a praia (óleo encalhado)
Este segundo estágio é a remoção de óleo moderadamente encalhado e de materiais de praia
com óleo. Uma operação de limpeza muitas vezes começa nesse estágio se o derramamento
de óleo for bastante restrito ou se o óleo esteve presente na costa por algum tempo e
penetrou nas camadas superiores. Para esse estágio, é necessário equipamento mecânico que
inclui skimmers, bombas, caminhões de vácuo e baldes.
Tratamento final cosmético / estético
A descrição da aparência final da área poluída depois do tratamento final deve ser discutida e
acordada por todas as partes interessadas para evitar mal-entendidos sobre o nível de
limpeza (e aparência cosmética) a ser atingido.
Esse estágio final exige o uso de material absorvente para remover o óleo restante da costa.
O uso de dispersantes também pode ser útil para essa finalidade, se for permitido pelas
autoridades locais ou nacionais.
Opções a serem consideradas
A operação de limpeza da costa é dispendiosa porque exige muito pessoal, equipamento e
tempo. A fim de controlar os custos da operação é essencial que os objetivos da limpeza
sejam totalmente descritos.
O objetivo da limpeza de uma costa é:
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
169
• Restaurar o pleno uso ou o valor total da área poluída. Se a área não tiver valor de
lazer ou outro valor, então não há necessidade de operações de limpeza.
Entretanto, nem sempre é possível manter razões objetivas, já que o Governo e o público
podem ter demandas que não podem ser ignoradas. Por isso, é importante desenvolver e
especificar razões objetivas para o esforço de limpeza e os níveis de custo envolvidos.
O custo dessa limpeza adicional pode não ser aceito como razoável pelas autoridades de
compensação e deve ser avaliado pelas autoridades locais.
Existem quatro opções a serem consideradas antes de iniciar uma operação de limpeza:
• Não limpar;
• Limpar, mas somente o mínimo;
• Limpar até a completa restauração;
• Limpar até o nível de pureza e limpeza original.
1. Não limpar
Os motivos para essa opção podem ser:
• A limpeza vai causar mais danos do que o óleo
• A área será limpa naturalmente pela alta ação das ondas
• A área tem pouco valor e os custos de limpeza são proibitivamente altos
(análise de custo-benefício).
2. Limpar, mas a um padrão mínimo
A costa afetada tem pouco valor por si só, porem o óleo pode se espalhar para outras áreas
mais sensíveis se não for removido.
3. Limpar à plena restauração
A costa é importante e precisa ser restaurada à sua condição pré-derramamento.
4. Limpar ao nível de pureza e limpeza original
Em alguns casos, a operação de limpeza irá resultar em costas mais limpas do que a sua
condição antes do derramamento de óleo. Os motivos podem ser a existência de
remanescentes de derramamentos de óleo anteriores ou detritos marinhos em geral. Algumas
vezes existem demandas do governo ou do público para que as costas sejam limpas a um
padrão maior do que o que existia antes do derramamento de óleo.
Resumo
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
170
As operações de limpeza de costa incluem:
• Remoção de poluição bruta e volume do óleo
• Definir o nível do padrão de limpeza:
• Remoção de óleo que chegou à praia (óleo encalhado)
• Tratamento cosmético final
As seguintes opções estão disponíveis e as decisões devem ser tomadas com base na NEBA
(Análise de Benefício Líquido Ambiental):
• Não limpar
• Limpar, mas a um padrão mínimo
• Limpar até a completa restauração
• Limpar até o nível limpeza e pureza original
COSTAS E AS TÉCNICAS DE LIMPEZA APLICADAS
O perfil das costas pode ser dividido em três zonas de acordo com as suas características:
• Zona de águas rasas
• Zona entre marés (zona de oscilação das marés)
• Zona pós-praia (dunas litorâneas)
1. Zona de águas rasas
A zona de águas rasas sempre está localizada abaixo da marca de águas baixas (submersa) e
somente recebe leve contaminação.
2. Zona entre marés
A zona de oscilação de marés é a área entre a marca de água baixa e a marca de água alta.
Se esta praia receber grande ação de ondas, a parte da zona mais próxima da marca de água
alta vai receber a maior parte da contaminação. Se a ação das ondas for menor, o óleo vai
cobrir toda a zona de águas rasas.
3. Zona de pós-praia (dunas litorâneas)
A zona de dunas litorâneas está localizada acima do nível da atividade normal das ondas. Em
condições normais, essa área somente será afetada pelo óleo em casos de tempestades ou
nível de maré excepcionalmente alto.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
171
Técnicas de limpeza
As técnicas de limpeza que podem ser usadas dependem da natureza da costa. Os tipos de
costas são:
• Rochas e estruturas edificadas pelo homem;
• Pedregulhos, Seixos e Cascalho;
• Praias de areia fina;
• Sedimentos.
A seção seguinte descreve estes quatro tipos e os métodos de limpeza apropriados
disponíveis.
1. Rochas e Estruturas edificadas pelo homem
As rochas expostas à ação das ondas normalmente possuem grande potencial de auto limpeza
e a limpeza destas áreas não é recomendada. Entretanto, se a ação das ondas é baixa ou se as
estruturas edificadas pelo homem (portos, cais etc.) forem áreas importantes para atividades
humanas, pode ser necessário limpar o derramamento de óleo. Neste caso, os seguintes
estágios devem ser seguidos:
• Remoção do mar usando skimmers combinados com barreiras
• Remoção das estruturas usando limpadores de alta pressão/aspersão (água quente ou
fria)
• Absorventes e dispersantes
Estágio 1
• Usar skimmers, bombas etc., para recuperação do óleo flutuante.
• Nas costas com bacias de maré o óleo deve ser lavado das rochas/concreto para uma
barreira combinado com um skimmer na borda da água. A solução ótima deve usar
barreiras para conter a área a ser limpa o mais completamente possível.
• A área somente deve ser limpa em conjunto com barreiras montados. Qualquer óleo
lavado para o mar irá retornar.
Estágio 2
• Depois de remover o óleo livre, os limpadores de alta pressão devem ser suados para
limpar as rochas/concreto. Deve ser usada a água do mar.
A decisão de usar limpadores a vapor deve considerar que o calor irá matar o micro ambiente
presente. Estas colônias formam a fundação para outras espécies vivas mais complexas.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
172
Problemas ecológicos mais graves podem ocorrer devido a limpeza das rochas a vapor do que
deixar o óleo no local ou usar a água fria do mar para a limpeza.
• As barreiras e skimmers são usados para recuperar o óleo lavado. A barreira é
colocada na borda da água e os skimmers na superfície do nível de água.
Estágio 3
• O uso de dispersantes, quando ecologicamente adequados, pode ser obtido
aspergindo na zona entre marés logo antes da maré alta submergir a área.
• O uso de material absorvente para recuperação do filme de óleo é recomendado para
este tipo de operação.
2. Pedregulhos, Seixos e Cascalho
Estes tipos de costas são muito difíceis de limpar já que uma grande quantidade de óleo
penetra nas folgas entre as pedras. As pedras frequentemente são colonizadas por
comunidades de plantas importantes e bem estabelecidas e, portanto, é necessária uma
limpeza cuidadosa. Os seguintes estágios devem ser seguidos:
• Remoção a granel, skimmers, barreiras. Nenhuma máquina pesadas pode ser usada.
• Limpadores de alta pressão combinados com barreiras e skimmers.
• Deposição mecânica no mar além das marés.
Estágio 1
A mesma técnica usada para as rochas e estruturas edificadas pelo homem pode ser usada
aqui. Entretanto, a maquinaria pesada não pode ser usada devido à baixa capacidade de
carga deste tipo de costa bem como os danos para as comunidades de plantas.
Estágio 2
Limpadores de alta pressão com água fria do mar devem ser usados para lavar o óleo da
superfície para a borda da água onde as barreiras e skimmers foram instalados.
Durante esta operação uma parte do óleo irá penetrar ainda mais profundamente no material
da costa e será lixiviado lentamente como uma película brilhante durante um período de
semanas ou meses. Nas situações onde as pedras são removidas para permitir a limpeza, os
efeitos resultantes na erosão costeira devem ser levados em consideração.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
173
Estágio 3
As pedras com um filme oleoso após o uso de limpadores de alta pressão podem ser
empurradas para o mar nas áreas fora da maré onde serão limpas gradualmente pela ação das
ondas. Os possíveis efeitos na erosão local devem ser considerados novamente.
A área onde ocorre a limpeza deve ser cercada com barreiras. O uso de dispersantes não é
recomendado uma vez que permite a penetração mais profunda do óleo nos materiais da
praia.
3. Praia de areia fina
As praias de areia fina pura normalmente são expostas a forte ação das ondas ou correntes e
possuem potencial para auto limpeza. As praias podem ter alto valor de amenidade e
recreação.
Durante o verão, uma operação de limpeza imediata normalmente é necessária. É possível
remover a areia poluída considerando a possível erosão.
Lembrando novamente que a quantidade de resíduos pode ser até 20 vezes a quantidade de
óleo recuperado, remover a areia deve ser considerado com cuidado. O acesso a praias de
recreação geralmente é muito bom e a areia plana e compacta normalmente permite o uso de
máquinas pesadas. Os seguintes estágios devem ser seguidos:
Estágio 1
• Remoção da areia superficial que foi poluída. Isto pode ser feito usando maquinaria
pesada ou alternativamente usando pás e sacos plásticos. A desvantagem de usar
maquinaria pesada é o grande volume de areia no óleo recuperado que mais tarde
apresentará problemas para o descarte.
Estágio 2
• Retirar a areia oleosa manualmente com pás diretamente para as pás carregadeiras
para transporte para locais de armazenagem temporária.
Se os veículos disponíveis não forem apropriados para o tipo de praia e condições da areia,
então a areia oleosa coletada manualmente deve ser colocado em sacos plásticos para serviço
pesado.
Precauções devem ser tomadas para não encher demais os sacos. Os sacos devem ser
protegidos contra exposição à luz solar direta por longos períodos já que os plásticos estão
sujeitos à decomposição.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
174
O óleo frequentemente penetra 30 cm na areia (dependo de sua viscosidade) e isto pode
tornar a área poluída grande demais para remoção de toda a areia (problemas de logística e
erosão).
É impossível limpar toda a extensão de uma praia ao mesmo tempo. A praia deve ser dividida
em seções menores com aproximadamente 100 metros, dependendo do número de pessoas
disponíveis nos grupos de trabalho.
• Antes da maré crescente (inundação) uma extensão da praia deve ser cercada com
barreiras de vedação de praia colocados a aproximadamente 20 metros da praia.
Estes barreiras são colocadas logo acima da zona entre marés e transversais a toda a costa
para serem conectados nas barreiras de contenção na interface praia/água.
Na maré alta, a areia poluída na costa coberta é arada ou raspada. Como a área perturbada
está abaixo do nível da água o óleo será liberado para a superfície do mar. Bicos de jatos de
água direcionados para a área sendo perturbada pela aragem ajudam a levantar o óleo para
fora da areia.
Imediatamente após as operações de aragem, skimmers de sucção menores ou skimmers de
corda de limpeza começam a remover o óleo que aparece na superfície. A contenção e
concentração do óleo liberado podem ser realizadas por barreiras muito pequenas que são
empurrados manualmente para a praia. Estes barreiras pequenas são colocadas dentro da
formação de bolsão das barreiras citados anteriormente.
Todas as algas marinhas, etc., devem ser removidas manualmente antecipadamente para ter
uma praia "limpa". O óleo recuperado, com baixo teor de areia, pode ser armazenado
temporariamente em tanques montados instantaneamente. Estes tanques permitem a
drenagem da água. Caminhões a vácuo ou similares podem esvaziar estes tanques
periodicamente. Duas marés altas por dia permitem dois períodos de trabalho de duas horas.
Um destes períodos será sempre durante a noite com luz diurna reduzida.
Holofotes são essenciais ao trabalho na limpeza da praia durante a noite e geradores a diesel
quase sempre serão necessários.
Estágio 3
• A parte restante do óleo pode ser removida por aspersão de agentes dispersantes
aproximadamente 30 minutos antes da maré alta.
• As costas sem maré podem ser lavadas com água do mar.
• Bolas de piche restantes podem ser recolhidas manualmente usando pás para passar o
material da praia através de telas.
• Após a limpeza a areia descolorida pode ser levemente coberta com areia fresca.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
175
Sedimentos
Nas áreas mais protegidas o sedimento contém partículas mais leves de lama e mais vida
marinha. Frequentemente estas áreas são importantes para alimentação de aves e possuem
uma sensibilidade maior à poluição por óleo.
Infelizmente suas propriedades de auto-limpeza são muito baixas devido à baixa atividade das
ondas. As áreas lodosas podem ser acesso difícil.
A remoção do solo poluído frequentemente é mais prejudicial para o meio ambiente do que a
própria poluição por óleo. Qualquer decisão de remover a poluição deve ter bons argumentos.
• A limpeza exige a escavação de canaletas de drenagem para ajudar a acumular o óleo
usando lavagem de baixa pressão com água do mar. Então o óleo é removido com
bombas.
A remoção manual do material oleoso da zona do topo é a única possibilidade para costas de
lama muito macia.
Os pântanos salgados e manguezais são dois biótipos especiais que são sensíveis a poluição por
óleo e aos métodos físicos de limpeza. A experiência tem demonstrado que nenhuma ação em
geral é a melhor solução embora possa levar dez anos para a área se recuperar dos danos
provocados pelo óleo.
Resumo
• Zona perto da costa, zona entre marés, zona traseira da costa;
• Rochas e estruturas edificadas pelo homem;
• Pedregulhos, Seixos, Cascalho;
• Praias de areia;
• Depósitos sedimentares.
ORGANIZAÇÃO E TAREFAS DE UMA OPERAÇÃO DE LIMPEZA
Antes e durante a limpeza das costas é importante que a cadeia de comando e as tarefas
individuais sejam claramente definidas.
Um Supervisor de Praia deve ser designado que será responsável pela operação de limpeza. A
segurança pública fica sob a responsabilidade do Supervisor de Praia (Módulo 1, Lição 2
referências).
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
176
Para assegurar que a operação de limpeza irá funcionar bem, as seguintes diretrizes e tarefas
organizacionais são recomendadas:
1. As equipes de trabalho são divididas em quatro grupos com no máximo 10
pessoas.
2. Um Líder de Equipe deve ser indicado para cada grupo.
3. Os Líderes de Equipes se reportam ao Supervisor de Praia.
4. Cada grupo é designado para uma seção especial da costa ou um trabalho
especial dentro da costa limitada se a operação de limpeza para realizada
seção por seção.
5. As atividades que o grupo deve realizar devem ser claras e verificáveis.
O(s) Líder(es) de Equipe(s) indicado(s) deve(m) assegurar que:
1. Registros sejam mantidos para todo o trabalho realizado pelo grupo e
entregues para o Supervisor de Praia.
2. O pessoal envolvido deverá receber roupas de trabalho adequadas e outros
equipamentos de segurança.
3. O Líder de Equipe será responsável pelo seu grupo cumprindo os regulamentos
de segurança e saúde.
O Supervisor de Praia será responsável por:
• Fornecimento de holofotes, geradores, pás, baldes.
• Fornecimento de instalações para higiene pessoal e instalações sanitárias.
• A equipe trabalhando na praia deverá ter intervalos com disponibilidade de bebidas
refrescantes.
• Todo o tráfego de veículos deverá ser controlado. Os veículos não devem entrar na
área sem instruções precisas sobre onde devem ir.
• Todos os equipamentos devem ser limpos após o uso e ficar prontos para o dia
seguinte.
• A área deve ficar restrita para acesso até os indivíduos receberem as instruções
completas de segurança.
• Contatos com a imprensa (favor ver o Módulo 1, Lição 3)
• Manter o público a uma distância segura. Somente o pessoal autorizado deve ser
permitido na praia durante as operações. A polícia pode ajudar com o cordão ao redor
do local do derramamento.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
177
ELABORAR UM PLANO OPERACIONAL
O Supervisor de Praia deve preparar um plano de ação antes de começar as operações de
limpeza de campo. Este plano deve incluir:
• O estado aceitável acordado para a limpeza deve ser atingido.
• As tarefas para cada Equipe e Líderes de Equipes.
• Descrição dos procedimentos a serem seguidos por cada equipe.
• Equipamentos a serem usados.
• Tráfego de veículos e armazenagem.
• Horários de trabalho.
Além disso, o plano deve incluir uma lista de verificação de segurança pertinente a esta
operação.
Este plano deve ser distribuído para todos os Líderes de Equipes.
É basicamente um documento de trabalho que pode ser revisado diariamente durante todo o
período de operações de limpeza da costa.
ASPECTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DE UMA OPERAÇÃO DE LIMPEZA DA COSTA
Os aspectos de saúde e segurança têm importância primordial em uma operação de limpeza.
Os Líderes de Equipes devem informar aos membros de suas equipes sobre os regulamentos de
segurança que devem ser seguidos. Os membros do grupo que são incapazes de seguir os
procedimentos devem ser solicitados a abandonar a área. A falha em seguir os procedimentos
de segurança pode colocar em risco a segurança das outras pessoas.
Os acidentes frequentemente ocorrem devido a regras que não são seguidas. As regras mais
comuns a serem seguidas são:
1. O sistema de comunicação deve ser definido e verificado.
2. As ferramentas não devem ser deixadas espalhadas na praia.
3. O pessoal de trabalho deve ficar bem iluminado durante as operações.
4. As rotas dos caminhões entrando na área de limpeza devem ser bem
sinalizadas mesmo durante a noite e devem ser cumpridas.
5. O pessoal deve ser equipado com roupas de segurança adequadas.
6. Nas áreas com risco de explosão, todos os equipamentos usados devem ser em
materiais não inflamáveis como plástico, latão, etc.
7. Se foram usados produtos químicos, assegurar os equipamentos de segurança
adequados são usados e que são apropriados para as características tóxicas do
óleo e dos produtos químicos de combate.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
178
8. Deve haver acesso imediato a aspersão correta para lavagem dos olhos/corpo
se ocorrer um acidente.
9. A limpeza e manutenção correta dos equipamentos deve ser realizada durante
a operação.
10. Cada Líder de Equipe deve estar familiarizado com os procedimentos no caso
de quaisquer lesões do pessoal (chamar a ambulância, reportar ao Supervisor
de Praia, acompanhar a ambulância até a pessoa ferida, uma pessoa deve
acompanhar o ferido até o hospital e reportar ao Supervisor de Praia, a
família deve ser informada, etc.)
11 As pessoas trabalhando com bombas/skimmers devem ser instruídas sobre seu
uso correto e riscos em potencial.
Resumo
• Os aspectos de segurança e saúde são os mais importantes.
• Certificar que a cadeia de comando está clara para todos.
• Os equipamentos de segurança devem estar disponíveis e devem ser usados.
• Certificar que os procedimentos a seguir no caso de uma lesão foram definidos e
estão claros para todo o pessoal pertinente.
• Ficar ciente que o óleo pode prejudicar as pessoas.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
179
LIÇÃO 2 - LIMPEZA, MANUTENÇÃO E ARMAZENAGEM DOS EQUIPAMENTOS
OBJETIVO DA LIÇÃO
Ao completar uma operação de derramamento de óleo, uma tarefa final vital é a limpeza,
manutenção e armazenagem dos equipamentos que foram usados. Se estas três atividades
não forem realizada corretamente a próxima operação tem grandes chances de falhar.
Esta lição explica como realizar a limpeza, manutenção e armazenagem correta dos
equipamentos padronizados de combate a derramamento de óleo e como coletar a
documentação para as despesas de recuperação. Por exemplo, os custos devido à necessidade
de substituição de equipamentos danificados durante a resposta a um derramamento de óleo
serão anotados.
No final desta lição deverá saber como:
• Limpar os equipamentos de combate a derramamento de óleo.
• Manter os equipamentos de combate a derramamento de óleo.
• Armazenar os equipamentos de combate a derramamento de óleo.
• Ficar ciente da importância de coletar a documentação de todas as despesas durante as operações de limpeza.
LIMPEZA DOS EQUIPAMENTOS DE COMBATE A DERRAMAMENTO DE ÓLEO
Quando os equipamentos de combate a derramamento de óleo são comprados, normalmente
um manual será incluído com o produto descrevendo os procedimentos de limpeza para os
equipamentos. O manual deverá descrever os produtos químicos corretos para limpeza que
podem ser usados e quais produtos químicos devem ser evitados. Se estes itens não estiverem
disponíveis o fabricante deverá ser contatado para obter estas informações. Dados relativos à
limpeza devem ser incluídos, nos próprios equipamentos ou na embalagem onde são mantidos
normalmente.
Existem dois tipos principais de equipamentos mecânicos de combate a derramamento de
óleo:
• Barreiras de Contenção de Óleo
• Skimmers
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
180
O procedimento para limpeza destes equipamentos depende de qual entre os dois objetivos
se aplica ao uso:
• Limpeza após treinamento (normalmente sem óleo) e
• Limpeza após operação
Limpeza após treinamento
1. Barreiras de Contenção
Quando os equipamentos são usados para treinamento são expostos a água salgada que causa
uma grave corrosão das partes metálicas. Durante a recuperação dos equipamentos as
barreiras devem ser lavadas com água não salina no lado inferior e superior. Além das
barreiras, todas as partes metálicas dos equipamentos de reboque incluindo o enrolado usado
para armazenagem da barreira devem ser lavadas com água não salina.
Se uma unidade de potência para usada durante a operação de limpeza, esta deve ser
protegida contra a água do mar. Se por acidente, a unidade de potência ficar em contato com
a água do mar deve ser aspergida com água não salina. A unidade de potência deve ser
partida e o motor diesel deve atingir a temperatura de trabalho para evaporar a água
superficial.
Os acoplamentos hidráulicos também devem ser limpos após o uso com água doce.
2. Skimmers
As partes metálicas de um skimmer (recolhedor) devem ser lavadas com água não salina. Após
o uso, todas s partes móveis devem ser lubrificadas enquanto o skimmer ainda está conectado
com a unidade de energia. Sua operação deve ser testada durante alguns minutos quando esta
manutenção terminar. É preciso prestar muita atenção com a segurança durante estes
procedimentos.
Os acoplamentos hidráulicos devem ser limpos com água doce.
Limpeza após as operações
1. Barreiras de Contenção
Após o uso em operações de derramamento de óleo as barreiras ficarão contaminadas com
óleo. A limpeza de todos os equipamentos contaminados com óleo deve ser realizada em uma
área com um separador de óleo ou onde o óleo não pode entrar no sistema de esgoto público
e provocar poluição por óleo.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
181
É importante que as barreiras sejam limpas o mais rapidamente possível após uma operação
de limpeza de derramamento de óleo. Se não o óleo se torna difícil de remover,
particularmente se as barreiras forem deixadas sem tratamento durante diversas semanas ou
meses. Alguns tipos de tecidos de barreira podem ser afetados permanentemente se o óleo
para deixado no tecido durante um longo período.
A maioria dos fornecedores de barreiras fornece uma estação de limpeza especialmente
projetada para suas barreiras e alguns também produzem estações de limpeza que podem
limpar a maioria dos tipos de barreiras.
Em geral, a limpeza das barreiras é realizada através de equipamentos de alta pressão. Se
uma estação de limpeza dedicada não estiver disponível o procedimento correto é o seguinte:
• O comprimento total da barreira é colocado em uma fundação de contenção onde o
óleo pode ser separado na drenagem (purgador de óleo).
• As barreiras pegajosas e muito contaminadas podem ser limpos manualmente
aplicando óleo diesel com uma escova.
• 15-30 min. após aplicar o óleo diesel, usar um limpador de alta pressão com água
quente ou vapor nas barreiras.
• Manter o bico a 10-20 cm de distância do tecido. Se para um tecido de baixa
resistência, o ângulo entre o bico e o tecido deve ser mantido baixo (menos de 45 graus)
para evitar danificar o tecido.
• Usar raspadores com cuidado para remover as partes com óleo pegajoso.
Pode ser complicado limpar as barreiras com material flutuante sólido devido à superfície
curva da barreira. Alguns tipos de barreiras permitem a entrada da água na câmara de
flutuação o que pode provocar dificuldades durante a limpeza da barreira.
As barreiras normalmente ficam mais contaminadas em um lado devido ao uso do mesmo.
Entretanto, é importante limpar os dois lados.
O procedimento de limpeza é finalizado enxaguando as barreiras com água não salina.
O enrolador usado para armazenar a barreira normalmente também fica contaminado e deve
ser limpo usando um limpador de alta pressão.
Os equipamentos de reboque etc., usados nas operações também exigem limpeza. Atenção
especial deve ser data para o fato de que as cordas usadas nos equipamentos não devem ser
expostas ao vapor que pode danificar a estrutura e reduzir a resistência operacional.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
182
Observar que a limpeza das barreiras no convés durante sua recuperação do mar não é um
procedimento aceitável. Primeiro, o óleo irá terminar no convés o que provoca problemas de
segurança. Além disso, o espaço de trabalho é sempre limitado a bordo de uma embarcação e
irá resultar em métodos de trabalho inapropriados com situações potencialmente perigosas.
Finalmente, esta tentativa de limpeza irá provocar uma nova poluição por óleo.
2. Skimmers
Os skimmers devem ser limpos em uma área apropriada que não provoca um novo
derramamento de óleo. O procedimento de limpeza é o seguinte:
• Todas as partes metálicas do skimmer são limpas usando limpadores de alta
pressão. Quando o óleo pegajoso é retido no skimmer, deve ser usado óleo diesel.
• Atenção especial deve ser dada para a limpeza dos acoplamentos (hidráulicos
e descarga/sucção) já que são sensíveis a pequenas partículas de impurezas que
afetam a operação satisfatória.
• Depois de limpar os skimmers, devem ser lavados com água doce.
• Finalmente, a bomba é lubrificada com óleo e as partes móveis são giradas
lentamente durante um minuto.
As mangueiras de descarga e sucção também podem ser contaminadas com óleo e devem, se
possível, ser lavadas com óleo diesel. As mangueiras devem ser mantidas no estado esticado
para permitir que o excesso de óleo diesel pingue e evapore. Se as mangueiras estiverem
muito contaminadas devem ser substituídas.
3. Skimmer tipo escova (Mop Rope) e Corrente (Brush Chain)
O Skimmer de corda e o skimmer de corrente devem ser limpos com óleo diesel se estiverem
contaminados com óleo pesado. Alguns tipos de skimmers tipo escova possuem um conjunto
especial de limpeza que pode raspar a maior parte do óleo preso na Escova de Corrente.
Se as correntes de rolos e roldanas forem parte do skimmer, estas peças devem ser
lubrificadas com graxa após cada limpeza.
Normalmente não é possível limpar os skimmers de corda e o de corrente totalmente. É
aconselhável que se tenha skimmers limpos para treinamento e outros que possam ser usados
nas operações (levemente contaminados).
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
183
Resumo
• Procedimentos de limpeza para Treinamento e Operações.
• Após o treinamento, limpar o equipamento com água fresca.
• Após o uso, todo o equipamento deve ser rapidamente lavado em uma área apropriada (separador de óleo).
• Depois de limpo, deve-se passar óleo nas partes móveis.
MANUTENÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE COMBATE À DERRAMAMENTO DE ÓLEO
1. Barreiras de Contenção
• Como o sucesso da operação depende do desempenho do equipamento,
manutenção adequada tem de ser feita. É aconselhável que uma pessoa seja
responsável por manter registros de cada unidade de armazenamento de barreiras,
com as seguintes informações:
• Quando a barreira foi usada?
• Usada para treinamento ou operação?
• Possui algum dano?
• Conserto da barreira: onde e quando?
• Manutenção da unidade de armazenamento deve ser avaliada inclusive.
É bom que se identifique cada seção de barreira. A maioria dos fabricantes identifica cada
seção durante a produção e isso deve ser especificado pelo comprador em seu pedido. Caso a
barreira tenha câmaras de ar individuais, cada câmara deve ser marcada para facilitar a
identificação.
As barreiras, em geral, não precisam de manutenção regular. Depois do uso precisam ser
avaliadas para conferir se há danos, que podem ocorrer durante treinamento/operação. Essa
inspeção acontece durante a recuperação, por uma pessoa encarregada de identificar
quaisquer danos.
Uma boa oportunidade de identificar danos é quando a barreira está sendo limpa. Os danos
devem ser listados nesse momento.
Áreas mais vulneráveis de barreiras:
• Conexão da corrente do lastro;
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
184
• Conector de seção;
• Válvulas de ar (se forem do tipo infláveis);
• Vertical lattices;
• Danos de fábrica em geral.
É aconselhável que se tenha um livro de registros de cada conjunto de barreira. Esse registro
deve conter o seguinte:
• Quando a barreira foi fornecida;
• Marca e tipo de barreira;
• Quando foi usada (para treinamento ou operação?);
• Onde, quando e como foi consertada e quem foi responsável pelo reparo.
Uma barreira em boas condições não requer manutenção e pode ser armazenada por muitos
anos sem haver deterioração.
Enroladores devem possuir partes móveis engraxadas depois de limpas. A pintura interior deve
ser avaliada quando enroladores estiverem vazios. Normalmente a pintura será raspada da
barreira. Áreas não cobertas com barreira devem ser pintadas quando danificadas.
Caso o enrolador seja hidráulico, níveis de óleo da caixa de engrenagem devem corresponder
a guias no manual de instrução. Lubrificantes devem também ser avaliados. Esses são
suscetíveis a danos ou bloqueios. Deve ser lembrado que é possível a aplicação excessiva de
graxa nos rolamentos.
Power packs são mais complicados para manter. Em geral, demandam pessoal especializado,
que são familiarizados com motores a diesel.
Motores a diesel devem ser acionados pelo menos uma vez por mês. Não devem ser acionados
a toda velocidade imediatamente depois de ligados. Depois de alguns minutos pode ser
aumentada. O motor tem de estar completamente aquecido antes de parar. Sempre lembre
que um motor a diesel não pode ser ligado sem que antes o óleo lubrificante seja avaliado.
Toda mangueira de conexão deve ser avaliada com o motor desligado. O Power Pack deve ser
verificado para não haver vazamento de óleo durante funcionamento. (isso requer base de
selamento em caso de vazamento). Durante operação do motor a diesel, V-belts devem ser
checados para não haver problemas no funcionamento. Não toque ou ajuste os belts enquanto
o motor estiver ligado.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
185
O sistema hidráulico deve ser avaliado durante as operações. Sem conectar nenhuma
mangueira, o controle manual pode ser posicionado para a pressão da bomba hidráulica do
sistema.
Além disso, o nível de óleo hidráulico no sistema deve ser checado.
Se necessário, o sistema deve ser alimentado. Verificar se o correto tipo de óleo está
disponível e usado. Óleo errado leva a uma falha hidráulica total.
Se o Power Pack incluir um soprador de ar, o soprador deve ser pulverizado com silicone ou
outro óleo lubrificante na entrada de sucção logo antes do soprador parar.
Para outros tipos de construções pintadas, é vital que a cobertura de pintura seja mantida.
Qualquer dano na superfície deve ser reparado instantaneamente.
Se o Power pack é fornecido com um contador de tempo, deve ser observado que todos os
motores diesel exigem verificações regulares de serviço a cada, por exemplo, 1000 horas de
operação. Se a unidade de energia não tiver um contador de tempo, devem ser mantidos
registros para ter uma estimativa do tempo de operação.
Os acoplamentos hidráulicos devem sempre ser verificados. Se estiverem corroídos ou
danificados de qualquer forma devem ser reparados ou substituídos. Um acoplamento
danificado pode abortar toda a operação.
Uma unidade de energia deve ter um livro de registro que corresponde ao livro de registro da
barreira.
2. Skimmers
Quando um skimmer é limpo e as partes móveis foram lubrificadas, normalmente não exige
mais manutenção. Se a unidade do skimmer incluir um motor diesel, então o procedimento
descrito na seção anterior deve ser seguido.
Se o skimmer inclui um sistema hidráulico, então este sistema deve ser verificado para
qualquer vazamento bem como para níveis de óleo.
Todas as partes móveis devem ser lubrificadas com graxa. A lubrificação em excesso deve ser
evitada. Todos os acoplamentos na unidade de energia devem ser verificados para assegurar
sua confiabilidade operacional.
É importante lembrar que este tipo de equipamento deve ficar instantaneamente pronto para
operação confiável para um incidente de derramamento de óleo. Verificar que o serviço ou
manutenção não deve ficar para o último minuto.
Resumo
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
186
• Verificar todos os equipamentos para danos a cada vez que forem usados para treinamento/operação
• Reparar imediatamente após o uso se necessário.
• Manter algum tipo de livro de registro para todos os equipamentos.
• Certificar que existe pessoal treinado para manter os equipamentos mais complicados como, por exemplo, os motores diesel (unidades de energia).
ARMAZENAGEM DOS EQUIPAMENTOS DE COMBATE A DERRAMAMENTO DE ÓLEO
A armazenagem correta dos equipamentos de combate a derramamento de óleo é uma parte
vital da manutenção. Este tipo de equipamento frequentemente dura 10 anos ou mais já que
se espera que seja usado muito raramente.
Estes equipamentos exigem as seguintes diretrizes em relação à armazenagem:
• Os equipamentos não devem ser expostos a luz solar direta. Muitas barreiras
têm sido danificados por extensa exposição a radiação UV na luz solar direta.
• Os equipamentos devem ser mantidos longe de pragas que atacam ou comem
o tecido.
• Os equipamentos devem ser armazenados em um almoxarifado com boa
ventilação para assegurar que serão mantidos secos após o uso.
• Normalmente este tipo de equipamento devem ser mantidos em temperaturas
entre -20 graus Celsius e +60 graus Celsius.
• Os equipamentos que exigem manutenção regular (motores diesel) devem ser
colocados em local de fácil acesso. Se forem armazenados inconvenientemente,
existe um risco da manutenção não ser realizada.
• Os equipamentos auxiliares como as cordas, boias, ferramentas, etc., devem
ser armazenados em containers de armazenagem e trancados com segurança já que
possuem um valor considerável para muitas outras operações marítimas.
• Uma lista completa deve ser preparada para todos os equipamentos. Esta lista
também deve especificar os locais exatos de cada item na área de armazenagem.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
187
Resumo
• Os equipamentos não devem ser expostos a luz solar direta.
• Os equipamentos devem ser armazenados em áreas com boa ventilação. Os
equipamentos devem ser facilmente acessíveis já que a velocidade é um fator vital no
evento de um derramamento de óleo
• Uma lista completa dos equipamentos deve estar disponível com informações
sobre seu local na área de armazenagem
IMPORTÂNCIA DA DOCUMENTAÇÃO DE TODAS AS DESPESAS DURANTE AS OPERAÇÕES DE
LIMPEZA
A maioria das ações de resposta a derramamentos de óleo é muito cara e deve ser
reembolsada na extensão possível de acordo com o princípio do 'poluidor paga'.
É essencial que a documentação de suporte mostre como as despesas das operações de
limpeza são associadas com as ações realizadas nos canteiros de trabalho especificados.
Grandes despesas podem ser incorridas devido ao uso de aeronaves, embarcações,
equipamentos especializados, maquinaria pesada, caminhões e pessoal. Alguns destes podem
ser propriedade do governo; outros podem estar sujeitos a disposições contratuais.
Os reclamantes devem manter registros compreensivos de todas as operações e despesas
resultantes de um incidente. O pessoal de supervisão deve registrar diariamente as operações
em progresso, os equipamentos em uso, onde e como são usados, o número de pessoas
empregadas, onde e como são designadas e os materiais consumidos. Folhas de trabalho
padronizadas, projetadas para as circunstâncias particulares do derramamento e a
organização de resposta no país, são úteis para esses registros. Frequentemente é útil
designar um controlador financeiro para manter registros adequados e controlar as despesas.
O Fundo Internacional de Compensação de Poluição por Óleo (International Oil Pollution
Compensação Fund - IOPC Fund) publicou o Manual do Reclamante, que é atualizado
periodicamente (ver www.iopcfund.org). É um guia prático para apresentar reivindicações nos
casos de danos de poluição por óleo resultante de derramamentos de óleo persistente de
navios tanque.
É muito importante prestar atenção ao fato da apresentação correta das reivindicações ser o
elemento principal para o reembolso imediato das despesas relacionadas com um incidente
de derramamento de óleo. Para permitir à organização de contingência de derramamento de
óleo apresentar reivindicações na forma prescrita todos os níveis na organização de resposta
devem compartilhar a responsabilidade para a coleta ordenada dos dados para a apresentação
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
188
da reivindicação. Isto é um elemento vital das atividades e responsabilidades de todos os
níveis de gestão na organização de resposta a partir do momento quando começa a ação de
resposta ao derramamento de óleo.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
189
LIÇÃO 3 – AMOSTRAGEM DE ÓLEO E DOCUMENTAÇÃO
OBJETIVO DA LIÇÃO
Sempre que ocorre um derramamento de óleo, as pessoas desejam ser reembolsadas pelos
custos da limpeza do ambiente ou compensadas pelos danos sofridos. O regime internacional
de responsabilidade e compensação aplicável a derramamentos de navios tanque foi
estabelecido para fornecer um mecanismo para apresentar reivindicações legítimas para
compensação.
Além disso, em algumas ocasiões a descarga de óleo pode ser deliberada. A ação legal pode
ser adotada de acordo com a legislação e o código penal do país. Em muitos casos os
processos serão baseados na alegação que ocorreu uma contravenção da Convenção
Internacional para Prevenção da Poluição de Navios (International Convention for the
Prevention of Pollution from Ships - MARPOL 73/78). Esta lição focaliza a importância de
coletar evidências e manter registros apropriados para os objetivos de processar os ofensores
de descarga.
Seja para o registro de informações com o objetivo de apresentar reivindicações para
compensação, ou para coletar amostras de óleo ou outras evidências com o objetivo de
processar os ofensores de descarga, é essencial que os Primeiros Combatentes entendam a
importância de manter registros apropriados de suas ações.
Durante esta lição vamos aprender sobre:
• A base do regime legal internacional sobre responsabilidade e compensação.
• O objetivo da coleta de evidências.
• Os componentes principais da coleta de amostras de óleo.
• Os componentes principais das evidências fotográficas.
ESTRUTURA LEGAL INTERNACIONAL
Um sistema de compensação de dois níveis foi estabelecido pelas Convenções internacionais.
O armador do navio tanque que provocou o derramamento é legalmente responsável pelo
pagamento de compensação conforme o primeiro nível. Depois de exceder o limite de
responsabilidade do armador do navio tanque, o Fundo IOPC assume. O Fundo IOPC obtém
seus recursos de impostos cobrados sobre a quantidade de óleo recebida nos Estados Membros
do Fundo, que é cobrado retrospectivamente com base nos pagamentos estimados a serem
realizados.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
190
Função da Convenção de Responsabilidade Civil de 1992
Conforme a Convenção de Responsabilidade Civil de 1992 (Civil Liability Convention - CLC), as
reivindicações para compensação de danos de poluição por óleo podem ser apresentadas
contra o armador do navio tanque que provocou o dano (ou sua seguradora).
Conforme a CLC, o armador do navio tem "responsabilidade estrita" por danos de poluição
provocados pelo escapamento ou descarga de óleo persistente de seu navio tanque. Isto
significa que é responsável mesmo na ausência de falha de sua parte.
O armador do navio é obrigado a manter um seguro para cobrir sua responsabilidade conforme
a Convenção de Responsabilidade Civil de 1992. Esta obrigação não se aplica a navios
transportando menos de 2000 toneladas de óleo como carga.
O limite de responsabilidade conforme a CLC 1992 dependente do tamanho do navio tanque,
mas a responsabilidade máxima é aproximadamente US$ 84 milhões.
Função da Convenção do Fundo de 1992
A Convenção do Fundo de 1992 paga uma compensação aos que sofrem danos por poluição por
óleo em um Estado que é uma Parte Contratante da Convenção e onde a compensação total
não foi obtida conforme a CLC nos seguintes casos:
• O armador do navio está isento de responsabilidade conforme a CLC porque
pode invocar uma das isenções conforme a Convenção;
• O armador do navio é financeiramente incapaz de atender suas obrigações no
total e seu seguro é insuficiente para satisfazer as reivindicações de danos por
poluição;
• O dano excede a responsabilidade do armador do navio conforme a CLC.
Fundo Suplementar para Compensação
Um Protocolo foi adotado em maio de 2003 que cria um Fundo Suplementar de Compensação
que melhora o regime internacional para compensação das vítimas de poluição por óleo de
navios tanque. O Fundo Suplementar não irá substituir o Fundo existente de 1992 mas torna
disponível uma compensação adicional para as vítimas nos Estados que aceitam o Protocolo. O
Fundo Suplementar terá uma disponibilidade de 750 milhões de SDR (aproximadamente US$
845 milhões nas taxas de câmbio prevalecente em dezembro de 2004); isto será adicional aos
US$ 314 milhões que estão disponíveis no Fundo de 1992 após o aumento que entrou em vigor
em 1° de novembro de 2003. Este valor inclui - e não é adicional a – o valor pago pelo
armador do navio tanque ou sua seguradora conforme o CLC de 1992.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
191
A data de entrada em vigor do Fundo Suplementar é 3 de março de 2005.
OBJETIVO DA COLETA DE EVIDÊNCIAS
É importante assegurar que um caso válido pode ser apresentado para suportar uma
reivindicação para compensação ou para processo em um tribunal baseado em evidências
firmes. A ação de resposta à poluição do mar normalmente é muito cara. Em muitos casos as
seguradoras e os regimes de compensação reembolsam os custos – mas as reivindicações
devem ser corretamente preparadas.
A obtenção de boas evidências é relacionada com estes dois elementos (compensação e
processo). Algumas das melhores evidências de descargas ilegais são as amostras de óleo que
são coletadas para análise subsequente. Como as amostras de óleo têm uma função muito
importante como evidência, um dos objetivos desta lição é treinar os Primeiros Combatentes
nas técnicas corretas de amostragem.
O pessoal operacional na equipe de OSC pode ser designado com a responsabilidade de
coletar as evidências relacionadas com um derramamento de óleo. Isto inclui principalmente
a coleta de amostras e as fotografias / vídeos e assegurar que estes são realizados de forma
suficiente para satisfazer o escrutínio das reivindicações potenciais para recuperação de
custos ou processo legal contra um poluidor. O processo de coletar evidências normalmente é
realizado sob a orientação de alguém com autoridade legal designado para a equipe de OSC.
OSC mantém a responsabilidade pelas evidências coletadas.
As evidências corretamente coletadas e documentadas são as únicas evidências válidas.
Por que e quando recolher amostras de óleo
1. Por que Recolher Amostras
A análise das amostras pode comprovar que a substância na água é um poluente bem como
especificar a composição química detalhada do poluente.
Se uma amostra da área poluída corresponder a uma amostra de um navio/instalação de
tratamento de óleo suspeita, esta pode comprovar que navio/instalação pode ser o poluidor.
Se apenas uma correspondência for encontrada entre todas as fontes possíveis, estão este
navio/instalação deve ser o poluidor.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
192
Para a análise comprovar que as amostras correspondem, os encarregados da tarefa de
coletar as amostras de óleo e enviar as mesmas para o laboratório devem tomar muito
cuidado com as amostras durante:
• coleta
• vedação
• rotulagem
• armazenagem
• despacho (envio) das amostras.
Isto é necessário para evitar a contaminação ou manipulação.
Esta é uma tarefa muito importante, tão importante quando a análise no laboratório.
Se as tarefas não forem realizadas corretamente, o laboratório não poderá identificar a fonte
do óleo ou os resultados não passarão pelo exame legal.
Em qualquer caso, todos os trabalhos de amostragem, a análise do laboratório e a
investigação serão perdidos.
2. Quando Coletar Amostras
É melhor coletar as amostras o mais cedo possível. É uma experiência que as pessoas
envolvidas nas atividades de combate ao óleo e limpeza durante o primeiro período de
agitação se concentram no combate. Outros elementos importantes, tais como a
compensação e ação de acompanhamento legal, são esquecidos.
Quando estes elementos são lembrados mais tarde, a melhor oportunidade para coletar as
amostras pode ter passado. Essa negligência pode ser extremamente cara para a agência de
combate.
Outro argumento importante para a coleta imediata das amostras de óleo é que o óleo
começa a "intemperizar" ou alterar logo após o derramamento. Embora o químico entenda o
processo de intemperização e como este afeta os dados, a análise é sempre mais fácil com o
óleo fresco. Alguns compostos característicos mais leves que podem identificar a amostra
podem evaporar muito rapidamente.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
193
Onde e como coletar as amostras
1. Onde coletar as Amostras
As amostras devem ser coletadas em:
• Água a montante da área poluída para mostrar as condições pré-derramamento;
• Área poluída;
• Todas as fontes possíveis.
É recomendável coletar as amostras regularmente na área poluída, em particular nos grandes
incidentes de poluição. A experiência tem demonstrado que os outros presentes na área
afetada são tentados a aproveitar a situação para se livrar de substâncias poluentes
acreditando firmemente que estas irão "se afogar" na poluição primária.
O derramamento de óleo pode conter diferentes tipos de óleo em diferentes locais.
Também pode ser necessário obter diversas amostras de uma fonte suspeita, isto é, de
diversos tanques de carga de um navio tanque, dos tanques de combustível, tanques diários e
de esgoto.
Todas as fontes possíveis do poluente descarregado devem ser investigadas quando possível.
Isto deve incluir todos os tanques de carga e combustível dos navios e das instalações que, no
momento do incidente, podem ter sido a fonte.
2. Como Coletar as Amostras
a) Equipamentos
Para ajudar na amostragem foram desenvolvidos diversos conjuntos de amostragem com
recipientes, dispositivos de amostragem, fitas e rótulos, bem como instruções sobre como
coletar as amostras.
Entretanto, se esse conjunto especializado não estiver disponível, uma regra básica muito
importante é usar frascos limpos de vidro, Teflon ou aço inoxidável. Recipientes de plástico
nunca devem ser usados já que uma parte do plástico pode se misturar com o óleo e alterar
sua composição.
Não ficar preocupado em encher completamente um recipiente de amostra. As análises
modernas usam quantidades mínimas da amostra (menos de 0,1 grama).
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
194
b) Rotulagem
• A amostra deve ser corretamente rotulada com as informações pertinentes
tais como:
• Caso e número da amostra;
• Data e hora de coleta da amostra;
• Se a amostra veio do derramamento ou de um suspeito;
• Descrição da Amostra;
• Nome da pessoa que coletou a amostra;
• Nome da pessoa de autoridade.
A rotulagem deve ser escrita com letras a prova de água/óleo. Uma duplicata dos dados para
cada amostra deve ser anotada em um livro de registro.
c) Vedação
Imediatamente após coletar as amostras estas devem ser vedadas com segurança. As
vedações pode ser uma fita sobre o frasco e ao redor da folga entre a tampa e o frasco. Isto
irá reduzir a evaporação da amostra.
Uma rubrica deve ser colocada nas interseções da fita para evitar a subsequente manipulação
da amostra.
A tampa deve ser de material adequado (vidro, Teflon, aço inoxidável).
d) Armazenagem
Quando armazenadas, as amostras de óleo devem ser mantidas trancadas com chave em local
escuto a uma temperatura máxima de +4°C para minimizar o efeito da água e do oxigênio na
amostra.
e) Transporte
A localização da amostra, e a pessoa responsável acompanhando a coleta o tempo todo, deve
ser responsável e testemunhar para que a amostra seja admissível como evidência em um
tribunal.
Portanto, a amostra de óleo deve ser acompanhada por uma "Corrente de Registro de
Custódia" com a assinatura de todas as pessoas que controlam a amostra (ou com a custódia
da mesma) (além de assinar o rótulo).
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
195
Este documento será enviado com a amostra para o laboratório e para o tribunal.
Como regra geral, é preferível transportar as amostras para o laboratório manualmente e
entregar diretamente para o analista. Entretanto, o despacho por transporte público é
aceitável para a maioria dos tribunais se enviado por correio registrado, portador ou um
sistema similar que fornece um registro da transmissão e exige a assinatura do recebedor na
entrega.
f) Segurança
Sempre pensar em segurança em primeiro lugar:
• Ao coletar amostras do derramamento, tentar ficar a barlavento do derramamento;
• Usar luvas limpas;
• Estar ciente das condições climáticas e se necessário atrasar a coleta da amostra até as condições climáticas melhorarem;
• Ao coletar amostras em um navio/instalação, ter a companhia de um membro da tripulação.
OUTRAS FORMAS DE OBTER EVIDÊNCIAS
Além da amostragem de óleo, existem diversas outras formas de coletar evidências para
facilitar o processo dos poluidores e o reembolso dos custos provocados pela poluição.
Estas formas incluem:
• Inspeção da fonte de poluição suspeita
• Observação visual do derramamento
• Modelos de espalhamento e deriva (acompanhamento de retorno)
• Sensoriamento remoto
1. Inspeção da fonte de poluição suspeita
Este tópico não será discutido por estar fora da estrutura básica deste curso.
2. Observação visual
Isto é tratado em parte no Módulo 1, Lição 1 deste curso. Entretanto, deve ser enfatizado que
a observação visual é uma das melhores formas de reconhecer e avaliar um derramamento de
óleo excedendo os limites legais da convenção global internacional que trata desse assunto
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
196
(MARPOL 73/78). Isto é devido ao fato de, em geral, quando o óleo é visível na superfície do
mar há uma violação destes limites. Entretanto, para comprovar que ocorreu uma violação
será necessário coletar as amostras para análise.
3. Modelos de espalhamento e deriva – Acompanhamento de retorno
Em relação à deriva do óleo é possível, usando um computador, operar um modelo
matemático do comportamento do óleo derramado, o sentido e velocidade de seu movimento
e a forma como se espalha e altera suas propriedades.
Também é possível usar esta técnica para acompanhar o derramamento de volta para a área
geográfica onde se originou, o chamado "acompanhamento de retorno".
4. Sensoriamento remoto
Ao se referir a "sensoriamento remoto" no contexto do combate a derramamento de óleo, isto
geralmente significa "sistemas aéreos de sensoriamento remoto".
Diferentes sensores instalados em aeronaves podem detectar e quantificar a poluição de óleo
e, em certa extensão, também determinar o tipo de óleo.
Os seguintes sensores são encontrados nos sistemas operacionais existentes:
4.1. Radar Aéreo de Pesquisa Lateral (Side Looking Airborne Radar - SLAR)
Capaz de detectar manchas de óleo (ou algo que se comporta como o óleo na superfície do
mar) em uma faixa de 30 km em cada lado da aeronave.
4.2. Varredura de linha infravermelha (Infra-Red line scanner - IR-scanner)
Fornece uma indicação da espessura relativa em diversas partes da mancha - e assim ajuda no
direcionamento das unidades de combate ao óleo para as áreas mais espessas.
4.3. Varredura de linha ultravioleta (Ultra Violet line scanner - UV-scanner)
O Scanner UV é capaz de mapear toda a área do derramamento, mesmo as áreas cobertas
com filmes de óleo extremamente finos.
4.4. Radiômetro de micro-ondas (Micro Wave Radiometer)
O Radiômetro de micro-ondas é capaz de medir a quantidade de óleo resultante de um
derramamento acidental. Como não pode medir a espessura abaixo de 0,05 mm, normalmente
não irá detectar descargas operacionais.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
197
4.5. Laser Fluoro Sensor (LFS)
Um Laser Fluoro Sensor (LFS) foi desenvolvido que, em uma determinada extensão, é capaz
de fornecer informações sobre o tipo de óleo derramado.
A observação visual e sensoriamento remoto aéreo podem ter importância crucial para um
resultado bem sucedido de uma ação de resposta. A boa comunicação entre a aeronave e os
que coletam as informações é um assunto de alta prioridade.
EVIDÊNCIAS FOTOGRÁFICAS
O uso de fotografias e a coleta de amostras como evidências são ferramentas essenciais para
identificar a fonte de uma descarga:
• Suporta o processo de recuperação dos custos e litígio.
• As fotografias e as amostras podem documentar a natureza, fonte e quantidade do material derramado.
Câmeras fotográficas e câmeras de vídeo
Estas são usadas frequentemente para suportar as evidências da observação visual. Os dados
incluindo a data, hora, posição, aeronave, rumo e números de identificação das figuras são
expostos no filme e aparecem como uma linha de dados na parte superior da fotografia
revelada ou do vídeo.
Intensificadores de Imagem: (LLLTV), (ULLLIS)
Quando os baixos níveis de luz tornam difícil identificar um navio por observação visual é
possível ler o nome do navio com uma câmera convencional de Televisão de Baixo Nível de
Luz (Low Light Level Television - LLLTV). Esta identificação noturna tem melhorado com o
uso de um sensor usando flash branco ou infravermelho para iluminar o nome do Sistema de
Imagem de Nível Ultra Baixo de Luz (Ultra Low Light Level Imaging System - ULLLIS).
Documentação
É essencial manter precisa e completa documentação de evidências fotográficas e de vídeo.
Manter um registro preciso das fotografias no campo (no mínimo, incluir o local e uma
descrição do objeto da fotografia).
• O registro deve indicar a data, hora, local, sujeito, ajustes da câmera, e leitura do medidor de luz (se aplicável), para cada fotografia.
• O tipo do filme, câmera e lente devem ser anotados.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
198
• Incluir o local e direção das fotografias em um mapa esquemático (normalmente escrevendo o número da foto ao lado de um ponto indicando o local com uma seta apontando na direção do disparo).
• Transcrever o registro fotográfico para os rótulos a serem apresentados com o filme para processamento.
• Identificar os rolos: a numeração pode seguir esta forma: N° da Equipe de Levantamento do N° do Rolo – iniciais do fotógrafo.
• Escrever os números dos rolos no cilindro do filme e na tampa do recipiente plástico do filme usando um marcador permanente.
• Colocar cada rolo completo em um saco impermeável junto com o registro fotográfico de campo e os rótulos.
• As fotografias de "área" podem ser usadas para estabelecer a localização e
identificar a embarcação seguida de fotografias de “perto" para mostrar o tipo e
quantidade de poluente.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
199
LIÇÃO 4 – FAUNA AMEAÇADA
OBJETIVO DA LIÇÃO
A limpeza da vida selvagem contaminada com óleo, em particular das aves, é um trabalho
para os especialistas. Entretanto, as equipes de combate ao óleo e os grupos de limpeza da
praia frequentemente são confrontados com animais contaminados com óleo e devem estar
preparados para realizar uma primeira resposta. O manuseio correto destas vítimas animais é
muito importante para não reduzir as chances de sobrevivência do animal.
Além do sofrimento e morte dos animais poluídos pelo óleo, esta poluição frequentemente
resulta em forte reação do público. Portanto, é importante prestar a devida atenção ao
manuseio e reabilitação das vítimas da vida selvagem.
Em alguns países a resposta da vida selvagem é planejada e descrita no plano de
contingência; em muitos países não existem recomendações sobre o que fazer. O manuseio de
animais vivos e mortos pelas equipes de limpeza da praia após um derramamento de óleo
deve ter um objetivo (científico, bem estar dos animais ou conservação), que deve ser
claramente descrito no plano de contingência.
O objetivo desta lição é fornecer informações básicas sobre como os especialistas tendem a
tratar os animais poluídos com óleo, em particular as aves. O manuseio de animais vivos pode
ser perigoso. Pegar um animal para tratamento implica em uma obrigação de cuidar de seu
bem estar após a captura (ética). A coleta de animais mortos para análise de impacto implica
em certas responsabilidades, por exemplo, assegurar que nenhum dado pertinente (data,
hora, local) seja perdido e evitar a dupla contagem das vítimas.
No final da lição deverá entender como os animais poluídos com óleo, e em particular as
aves, devem ser tratados.
Esta lição trata principalmente do manuseio e reabilitação das aves. O tratamento de outros
animais pode ser muito diferente e deve ser deixado para os especialistas. Os mamíferos
tendem a ser mais robustos que as aves e apresentam mais probabilidades de sobreviver ao
tratamento. Alguns exemplos são as focas, lontras e leões marinhos. Os mamíferos são mais
difíceis de capturar e especialistas habilitados serão necessários.
AVES CONTAMINADAS
A reabilitação das diversas espécies de aves que podem ser contaminadas com óleo é um
problema a ser tratado pelos especialistas.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
200
Existem algumas regras básicas que devem ser seguidas pelos não especialistas, que podem
encontrar aves com óleo ao realizar as atividades de limpeza e podem necessitar iniciar uma
primeira resposta.
PROBLEMAS COM AS AVES COM ÓLEO
As aves que se congregam em grandes números no mar ou na costa para alimentação, ou
mudar as penas são especialmente vulneráveis a poluição por óleo. Estas incluem patos,
pinguins e mergulhões. Outras espécies que mergulham para se alimentar – tais como os
pelicanos, cormorões e gansos patola – também podem ser afetadas. Embora o óleo ingerido
pelas aves ao limpar as penas possa ser letal, a causa mais comum de morte é afogamento,
fome ou hipotermia devido à perda do isolamento da plumagem coberta de óleo. As penas
perdem suas propriedades de impermeabilidade e isolamento quando ficam cobertas com
óleo.
A limpeza e reabilitação das aves cobertas de óleo é um processo intensivo e, complicado que
exige pessoal treinado, equipamentos apropriados e inevitavelmente provoca distúrbios
consideráveis para as aves. Embora as aves individuais possam ser salvas, a limpeza racional
das aves com óleo frequentemente é baseada mais no bem estar do animal do que na
expectativa de promover a recuperação das populações de aves. Entretanto, nos
derramamentos com impacto nas espécies ameaçadas ou em risco, os esforços de reabilitação
podem significar a diferença entre a sobrevivência e a extinção.
CAPTURA E TRANSPORTE DE AVES VIVAS COBERTAS COM ÓLEO
Normalmente é melhor deixar isto para os especialistas, ou para voluntários que já foram
treinados. É fácil colocar as aves sob forte tensão ao perseguir e maltratar as mesmas.
Se encontrar aves cobertas de óleo é recomendável notificar a organização local de resposta
para a vida selvagem, que pode responder pessoalmente ou fornecer orientações. Entretanto,
alguma resposta pode ser necessária pela equipe de limpeza e isto exige equipamentos e
conhecimentos adequados.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
201
Equipamentos
O envolvimento na captura de aves exige os seguintes equipamentos:
• Luvas (capazes de resistir a bicadas e mordidas das aves);
• Visor para proteger os olhos (opcional, mas desejável);
• Macacão que fornece proteção contra o óleo;
• Calçados adequados para perseguir as aves nas costas molhadas e oleosas;
• Caixa de papelão de tamanho adequado com tampa – que pode fornecer algum movimento limitado para a ave. A caixa deve ter acolchoamento (jornal, tecido, roupas velhas – mas nunca serragem ou pequenos pedaços de madeira). Deve ter furos de ventilação nos lados e na tampa;
• Rede de cabo longo para capturar as aves (opcional).
Regras:
• Não deixar a ave chegar perto de sua cabeça, uma vez que poderá tentar bicar seus olhos;
• Pegar a ave com as mãos ou com a ajuda de uma rede de cabo longo;
• Não colocar as aves sob mais tensão do que necessário;
• Tentar capturar apenas se puder fazer isto rápida e efetivamente;
• Segurar a ave com as duas mãos e com as asas dobradas;
• Colocar a ave em uma caixa de papelão com tampa revestida com material absorvente. A caixa deve ter furos de ventilação adequados para evitar que a ave fique superaquecida e permitir a dissipação dos vapores do óleo;
• Não enrolar nada ao redor da ave – pode ficar muito quente e muito tensa;
• Nunca prender os bicos. Algumas aves (por exemplo, ganso patola) respiram através de seus bicos porque não possuem orifícios de nariz;
• É muito importante levar as aves para a estação de limpeza logo que possível. Avisar onde e quanto a ave foi capturada;
• Manter um registro de todas as aves capturadas e enviar para a estação de limpeza.
Anotar as espécies se possível.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
202
LIMPEZA E REABILITAÇÃO DAS AVES COBERTAS COM ÓLEO
Os centros das organizações de limpeza de aves devem sempre ser deixados para os
especialistas treinados e experientes. Os voluntários podem ser treinados pelos mesmos para
realizar determinadas tarefas.
TRATAMENTO DAS AVES MORTAS COBERTAS COM ÓLEO
• Coletar as aves mortas e colocar em sacos plásticos lacrados (uma ave por saco) e
manter em armazenagem fria (de preferência um freezer).
• Manter registros dos números, locais (onde e quando encontradas), nome do coletor,
e espécie – se conhecida.
• Descartar somente após acordo com as autoridades pertinentes.
ESPECIALISTAS E ORGANIZAÇÕES DE LIMPEZA DE AVES
Existem organizações voluntárias e profissionais em muitos países que são treinadas e
experientes na captura, limpeza e reabilitação de aves cobertas com óleo. Algumas destas
desenvolveram técnicas padronizadas altamente científicas e protocolos com as quais podem
ser obtidas altas taxas de sucesso na reabilitação.
A chance de uma operação ser bem sucedida aumenta se a função destas organizações está
totalmente integrada no plano geral de resposta ao óleo. Os canais de contatos para estas
organizações, portanto, devem ser informados nos planos de contingências locais e nacionais.
REFERÊNCIAS PARA LEITURA ADICIONAL
Série de Relatórios IPIECA, Volume 13: "Guidelines for oiled wildlife response planning"
(2004);
Este relatório contém referência os protocolos e melhores práticas publicadas, web sites e
organizações profissionais. (http:/www.ipieca.org/publications/oilspill.html).
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
203
APÊNDICE I – NECESSIDADES DE EQUIPAMENTOS: OPERAÇÃO DE CONTROLE E LIMPEZA DE
DERRAMAMENTO NA COSTA
Para operações de alívio:
- Bombas
- Navios tanque e barcaças costeiras
- Cercas
- Boias
- Mangueiras
- Geradores de gás inerte
- Equipamentos de aquecimento (se necessário)
- Transmissores/receptores de rádio
Para contenção:
- Barreiras
- Rebocadores
Para fornecimento de combustíveis:
- Caminhões tanque
- Taques de armazenagem intermediária
- Bombas
- Filtros (obrigatório para todo reabastecimento de aeronaves incluindo
helicópteros)
Para bombear o óleo para a costa:
- Bombas
- Botes
- Cercas
- Mangueiras com acessórios de flutuação
- Equipamentos de aquecimento (se necessário)
- Instalações de recepção na costa
- Transmissores/receptores de rádio
Para aplicação de produtos químicos de tratamento:
- Recipientes
- Equipamentos de aspersão
- Botes e/ou aeronaves
- Bombas de transferência
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
204
Para vigilância de derramamento:
- Dispositivo para medir e registrar a velocidade e direção do vento
(anemômetro)
- Explosímetros
- Recipientes para amostragem (vidro, aço inoxidável ou Teflon)
- Câmeras fotográficas (filme a ser comprado depois de estabelecer a base)
- Equipamentos de Vídeo e filme
Disposições gerais:
- Roupas de proteção para todos (incluindo botas e luvas), roupas de reserva
- Material de limpeza, tecidos, sabão, detergentes, escovas
- Equipamentos para limpar as roupas, máquinas, etc., com jatos de água
quente
- Sacos plásticos (serviço pesado) para coleta de resíduos oleosos
- Folhas plásticas para serviço pesado e feltro para áreas de armazenagem
especialmente para revestimento de poços de armazenagem temporária
- Pás, enxadas, raspadores, baldes, forcados,
- Cordas e cabos
- Âncoras, boias
- Lâmpadas e geradores portáteis
- Apitos
- Material de primeiros socorros
Equipamentos especiais que podem ser necessários:
- Botes de trabalho
- Caminhões/carros (tração nas quatro rodas)
- Transmissores/receptores de rádio
- Oficinas/instalações de reparos
- Tratores, raspadores mecânicos e equipamentos de terraplenagem similares
- Caminhões a vácuo
- Carretas Tanque
- Coletes Salva-vidas
- Explosímetro
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
205
APÊNDICE II– RESUMO DOS MÉTODOS DE LIMPEZA DA COSTA
Técnica de limpeza Descrição Uso primário das
técnicas
Exigências de
acesso Efeitos físicos Efeitos biológicos
TÉCNICAS DE BOMBEAMENTO E RECOLHIMENTO Poço e Bomba/
Skimmer Óleo coletado em um poço conforme se move para baixo
na praia, e removido com uma bomba ou skimmer.
Usado nas praias de areia e lodo firme
com acúmulo pesado de óleo.
Estrada de acesso ou aterrissagem na
praia para armazenagem e remoção do óleo
coletado.
Exige escavação do poço até 1 m de
profundidade; não remove todos os traços de óleo.
Remove organismos no local do poço; efeitos potenciais do óleo deixado na costa;
recuperação depende da persistência do óleo
remanescente. Caminhões de vácuo Caminhão levado
até o poço ou local de recuperação do óleo, óleo recolhido com mangueira de
vácuo.
Usado para recuperar acúmulos
de óleo de depressões da costa, e quando equipamentos de recolhimento não estão disponíveis.
Estrada de acesso ao local de
recuperação.
Não remove todos os traços de óleo.
Pode remover alguns organismos; efeitos potenciais do óleo deixado na costa;
recuperação depende da persistência do óleo
remanescente.
TÉCNICAS DE LAVAGEM Lavagem de alta
Pressão Jatos de água de
alta pressão removem o óleo do substrato, óleo
direcionado para a área de
recuperação.
Usado para remover camadas de óleo
dos rochedos rochas e estruturas
edificadas pelo homem.
Acesso leve para equipamentos portáteis de
bombeamento e recolhimento.
Pode perturbar a superfície do
substrato; pode transportar o óleo para os sedimentos subsuperficiais.
Remove organismos do substrato; o óleo não
recuperado pode afetar os organismos a jusante a operação de lavagem.
Lavagem de baixa Pressão
A aspersão de água de baixa pressão lava o óleo do substrato, óleo
direcionado para a área de
recuperação.
Usado para lavar óleos não pegajosos das praias de lodo,
pedregulhos, rochedos, estruturas
edificadas pelo homem e vegetação.
Acesso leve para equipamentos portáteis de
bombeamento e recolhimento.
Pouco distúrbio na superfície do
substrato; pode transportar o óleo para os sedimentos subsuperficiais.
Deixa a maioria dos organismos vivos e no
lugar; o óleo não recuperado pode afetar os organismos a jusante a operação de lavagem.
Lavagem com água quente/ limpeza com
vapor
Água aquecida ou vapor usado para remover o óleo do substrato, óleo
direcionado para a área de
recuperação.
Usado para remover revestimento de
óleo dos rochedos, rochas e estruturas
edificadas pelo homem.
Acesso para bombas portáteis; exige
suprimento de água doce.
Adiciona calor na superfície.
Remove os sub-organismos do substrato;
efeito letal nos organismos devido ao
calor; o óleo não recuperado pode afetar os organismos a jusante a operação de lavagem.
Fonte: Model Course, OPRC - Level , 2005.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
206
Técnica de limpeza Descrição Uso primário das
técnicas
Exigências de
Acesso Efeitos físicos Efeitos biológicos
TÉCNICAS DE REMOÇÃO DE SEDIMENTOS Pá carregadeira A pá carregadeira
recolhe o material diretamente da praia.
Usado nas praias de lodo, areia, e cascalho onde a penetração do óleo é
moderada e a contaminação de óleo é leve a moderada; pás
carregadeiras com pneus de borracha são preferidas sobre as de esteira porque
são mais rápidas e minimizam os distúrbios na superfície da praia; as pás
carregadeiras são o método preferido para
remover cascalho oleoso.
Acesso para equipamentos pesados; capacidade de tráfego razoável a boa para a pá carregadeira na
praia.
Remove 10 a 25 cm da praia; a redução da estabilidade da praia pode resultar em erosão e retração
da praia.
Remove organismos enterrados rasos e
profundos; a restabilização do substrato pode ser
lenta.
Trator Bulldozer O trator Bulldozer empurra os sedimentos
Contaminados em pilhas para remoção
com as pás carregadeiras.
Usado nas praias de areia grossa, cascalho e pedregulho onde a
penetração do óleo é profunda, a contaminação por óleo é extensa e a
capacidade de tráfego na praia é deficiente.
Acesso para equipamentos pesados capacidade de tráfego razoável a boa para a pá carregadeira na
praia.
Remove 15 a 50 cm da praia; a perda da estabilidade da praia pode resultar em erosão grave e
retração da praia.
Remove todos os organismos;
desestabilização do substrato e a repopulação
da fauna será extremamente lenta.
Fonte: Model Course, OPRC - Level , 2005.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
207
Técnica de limpezas Descrição Uso primário
das técnicas
Exigências de
acesso Efeitos físicos Efeitos biológicos
TÉCNICAS DE REMOÇÃO DE SEDIMENTOS Moto-niveladora A nivelação com água
forma pilhas de óleo e sedimento oleoso para recolhimento com uma niveladora de elevação.
Usado nas praias de areia e cascalho onde penetração
do óleo é menos de 3 cm.
acesso para equipamentos pesados; boa capacidade de
tráfego na praia.
Remove somente os 3 cm superiores da
praia.
Remove organismos enterrados rasos;
recolonização provável muito rapidamente após a recuperação natural do substrato
Niveladora de Elevação Recolhe o material contaminado diretamente
da praia.
Usado nas praias de areia e cascalho onde penetração
do óleo é menos de 3 cm; também usado para
recuperar bolas de piche e pontos isolados de óleo intemperizado.
Acesso para equipamentos pesados; boa capacidade de
tráfego na praia.
Remove 3 a 10 cm superiores da praia; redução menor da
estabilidade da praia pode provocar erosão e
retração da praia.
Remove organismos enterrados rasos e
profundos; a reestabilização do substrato pode ser lenta; recolonização
provável muito rapidamente após a
recuperação natural do substrato.
Niveladora/pá carregadeira A niveladora a motor forma pilhas de material contaminado para coleta pela pá carregadeira.
praias de areia e cascalho onde
penetração do óleo é menos de 3 cm
Acesso para equipamentos pesados; boa capacidade de
tráfego na praia.
Remove somente os 3 cm superiores da praia.
Remove organismos enterrados rasos re-colonização provável muito rapidamente após a recuperação natural do substrato.
Retroescavadeira Opera no topo do banco ou praia para remover o
sedimento contaminado e carregar nos caminhões
Usada para remover
sedimentos contaminados de bancos íngremes
Acesso para equipamentos
pesados e substrato estável no topo do
banco
Remove 25 a 50 cm da praia; a perda da
estabilidade da praia pode provocar erosão grave e retração da
praia
Remove todos os organismos;
restabilização do substrato e
repopulação da fauna serão extremamente
lentos. Drag Line ou caçamba Opera no topo da área
contaminada para remover os sedimentos de óleo.
Usado nas praias de areia, cascalho e pedregulho muito
oleosas onde a baixa capacidade de tráfego não permite o uso de equipamentos com
esteiras.
Acesso para equipamentos
pesados para a área de operação; alcance dos
equipamentos cobre a área contaminada.
Remove 25 a 50 cm da praia; a perda da
estabilidade da praia pode provocar erosão grave e retração da
praia.
Remove todos os organismos;
restabilização do substrato e
repopulação da fauna serão extremamente
lentos.
Fonte: Model Course, OPRC - Level , 2005.
OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER
208
Técnica de limpeza Descrição Uso primário das técnicas
Exigências de acesso
Efeitos físicos Efeitos biológicos
TÉCNICAS DE BIODEGRADAÇÃO Recuperação natural Óleo deixado degradando
naturalmente. Usado em praias de alta energia onde a ação das ondas remove a maior parte do óleo em tempo breve; também usado onde a limpeza ativa provocaria
efeitos inaceitáveis.
Nenhum Pode não remover todos os traços de óleo; o óleo pode
contaminar área limpas anteriormente; pode
exigir tempo prolongado para recuperação substancial.
Efeito da contaminação de óleo estendido devido a
remoção mais lenta do óleo; recuperação
biológica similarmente atrasada.
Biodegradação Recuperação natural melhorada com a adição
de nutrientes e/ou bactérias.
Praias provavelmente oleosas; como passo final após
outros esforços de limpeza; também usado onde a limpeza ativa
provocaria efeitos inaceitáveis.
Equipamentos e materiais podem ser
carregados e aplicados
manualmente.
Pode não remover todos os traços de óleo; o óleo pode
contaminar área limpas anteriormente; pode
exigir tempo prolongado para recuperação substancial.
Efeito da contaminação de óleo estendido devido à
remoção mais lenta do óleo; recuperação
biológica similarmente atrasada.
Fonte: Model Course, OPRC - Level , 2005.