apresentação de poemas musicados 3
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BARCA BELAPescador da barca bela,
Onde vais pescar comela,Que é tão bela,Ó pescador?
Não vês que a últimaestrelaNo céu nublado se vela?
Colhe a vela,Ó pescador!
Deita o lanço comcautela,Que a sereia cantabela...Mas cautela,Ó pescador!
Não se enrede a redenela,Que perdido é remo evelaSó de vê-la,
Ó pescador!
Poema de Almeida Garrett
Interpretação de MadalenaIglesias
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HÁ PALAVRAS QUE NOS BEIJAM
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, deesperança,
De imenso amor, deesperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde orosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teudesgosto.
De repente coloridasEntre palavras sem cor,Esperadas inesperadasComo a poesia ou oamor.
(O nome de quem seamaLetra a letra reveladoNo mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nostransportamAonde a noite é mais
forte,Ao silêncio dos
Poema de AlexandreO’NeillInterpretação de Mariza
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Trova do Vento que Passaergunto ao vento que passa
otícias do meu país
o vento cala a desgraça
vento nada me diz.
ergunto aos rios que levam
anto sonho à flor das águas
os rios não me sossegam
evam sonhos deixam mágoas.
evam sonhos deixam mágoas
i rios do meu país
inha pátria à flor das águas
ara onde vais? Ninguém diz.
e o verde trevo desfolhas
ede notícias e diz
Pergunto à gente que passapor que vai de olhos no chão.Silêncio - é tudo o que temquem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramosdireitos e ao céu voltados.E a quem gosta de ter amosvi sempre os ombroscurvados.
E o vento não me diz nadaninguém diz nada de novo.Vi minha pátria pregadanos braços em cruz do povo. Vi minha pátria na margemdos rios que vão pró marcomo quem ama a viagemmas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir(minha pátria à flor das águas)vi minha pátria florir(verdes folhas verdesmágoas).
Há quem te queira ignoradae fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificadanos braços negros da fome.
E o vento não me diz nadasó o silêncio persiste.
Vi minha pátria paradaà beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novose notícias vou pedindonas mãos vazias do povovi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.Peço notícias ao ventoe o vento nada me diz.
Mas há sempre uma candeiadentro da própria desgraçahá sempre alguém quesemeiacanções no vento que passa.
Mesmo na noite mais tristeem tempo de servidãohá sempre alguém queresistehá sempre alguém que diznão. Poema de Manuel Alegre
Interpretação de LJS, Pac
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MUDAM-SE OS TEMPOS, MUDAM-SE AS VONTADES
Mudam-se os tempos, mudam-se as
vontades,Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto demudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas nalembrança,
E do bem, se algum houve, as
saudades.
O tempo cobre o chão de verdemanto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce
canto.
P o e m
a d e
L u í s
d e C a m
õ e s
I n t e r p r e t a
ç ã o d
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é M á r i o
B r a n
c o
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VERDES SÃO OS CAMPOS
Verdes são os campos,De cor de limão:Assim são os olhosDo meu coração.
Campo, que te estendesCom verdura bela;Ovelhas, que nelaVosso pasto tendes,De ervas vos mantendesQue traz o Verão,
E eu das lembrançasDo meu coração.
Gados que pasceis
Comcontentamento,Vosso mantimentoNão no entendereis;Isso que comeisNão são ervas, não:
São graças dosolhosDo meu coração.
Poema de Luís deCamõesInterpretação de JoséAfonso
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S e r P o e t aSer poeta é ser mais alto, é ser
maiorDo que os homens! Morder como
quem beija!É ser mendigo e dar como quem
seja
Rei do Reino de Áquem e de AlémDor! É ter de mil desejos o esplendorE não saber sequer que se
deseja!É ter cá dentro um astro queflameja,
É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito!Por elmo, as manhãs de oiro e de
P o e m
a d e F
l o r b e
l a E s p a n
c a
I n t e r p
r e t a ç ã o
d e L u í s R e
p r e s a s
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Pedra filosofal
Interpretação de ManuelFreire
Poema de António Gedeão
Eles não sabem que osonho
é tela, é cor, é pincel,base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega,magia,
que é retorta dealquimista,
mapa do mundodistante,
rosa-dos-ventos,Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da BoaEsperança,
ouro, canela, marfim,
Eles não sabem que osonho
é uma constante davida
tão concreta edefinida
como outra coisaqualquer,
como esta pedracinzenta
em que me sento edescanso,
como este ribeiromanso
em serenossobressaltos,
como estes pinheirosaltos
que em verde e oiro seagitam,
como estas aves quegritam
Eles não sabem, nemsonham,que o sonho comanda avida,que sempre que umhomem sonha
o mundo pula e avançacomo bola colorida
.
florete de espadachim,bastidor, passo dedança,Colombina e Arlequim,passarola voadora,pára-raios, locomotiva,barco de proa festiva,alto-forno, geradora,cisão do átomo, radar,ultra-som, televisão,desembarque em
foguetãona superfície lunar.
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LÁGRIMA DE PRETA
Encontrei uma pretaque estava a chorar,pedi-lhe uma lágrimapara analisar.
Recolhi a lágrimacom todo o cuidadonum tubo de ensaiobem esterilizado.
Olhei-a de um lado,do outro e de frente:tinha um ar de gotamuito transparente.
Mandei vir os ácidos,as bases e os sais,as drogas usadasem casos que tais.
Ensaiei a frio,experimentei ao lume,de todas as vezesdeu-me o que é costume:
nem sinais de negronem vestígios de ódio. Água (quase tudo)e cloreto de sódio.
Poema de António GedeãoInterpretação de Duarte Mendes
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O Infante
Deus quer, o homem sonha, aobra nasce.Deus quis que a terra fosse todauma,Que o mar unisse, já nãoseparasse.Sagrou te, e foste desvendando aespuma,
E a orla branca foi de ilha emcontinente,Clareou, correndo, até ao fim do
mundo,E viu-se a terra inteira, derepente,Surgir, redonda, do azulprofundo.
Quem te sagrou criou-teportuguês.Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Poema de Fernando Pessoa
In terpre tados por Du lce
Pon tes
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GaivotaSe uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.
Que perfeito coração
no meu peito bateria,meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.
Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.
Poema de Alexandre O’ Neill
Interpretado por Sónia Tavares
Que perfeito coração
no meu peito bateria,meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.
Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste oprimeiro.
Que perfeito coraçãono meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeitobateu o meu coração.
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MeninaMenina de olhar
sereno
raiando pela manhãde seio duro e
pequeno
num coletinho delã,
Menina cheirando afeno
casado comhortelã.
Menina que nocaminho
Vais pisandoformosura
trazes nos olhos umninho
todo em penas deternura
P o e m a
d e A r y
d o s
S a n t o s
I n t e r p r
e t a ç ã o
d e
T o n i c h
a
Menina de riso aosmolhosminha seiva de
pinheiro
menina de saia aosfolhos
alfazema sem canteiro.
Menina de corpo
inteirocom tranças de
madrugada
que se levantaprimeiro
do que a terraalvoroçada