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1

Sumário

Arte bizantina .......................................................................................................................... 2

Arte Românica ........................................................................................................................ 5

Arte Gótica .............................................................................................................................. 7

Arte no Barroco......................................................................................................................10

Arte no Renascimento ...........................................................................................................15

Arte no Impressionismo .........................................................................................................22

Arte no Pós-Impressionismo .................................................................................................26

Arte no Expressionismo.........................................................................................................31

Referências Bibliográficas .....................................................................................................34

2

ETAPA 2

ARTE BIZANTINA - SÉCULO IV A XV

A arte bizantina está dirigida pela religião; ao clero cabia, além das suas

funções, organizar também as artes, tornando os artistas meros executores. O

regime era teocrático e o imperador possuia poderes administrativos e espirituais;

era o representante de Deus, tanto que se convencionou representá-lo com uma

auréola sobre a cabeça, e, não raro encontrar um mosaico onde esteja juntamente

com a esposa, ladeando a Virgem Maria e o Menino Jesus.

O mosaico é expressão máxima da arte bizantina e não se destinava apenas

a enfeitar as paredes e abóbadas, mas instruir os fiéis mostrando-lhes cenas da

vida de Cristo, dos profetas e dos vários imperadores. A arte bizantina teve seu

grande apogeu no século VI durante o reinado do Imperador Justiniano. Porém,

logo se sucedeu um período de crise chamado de Iconoclastia. Constituía na

destruição de qualquer imagem santa devido ao conflito entre os imperadores e o

clero.

A arte bizantina não se extinguiu em 1453, pois, durante a segunda metade

do século XV e boa parte do século XVI, a arte daquelas regiões onde ainda

florescia a ortodoxia grega permaneceu dentro da arte bizantina. E essa arte

extravasou em muito os limites territoriais do império, penetrando, por exemplo,

nos países eslavos.

3

Mosaicos

O mosaico é expressão máxima da arte

bizantina e não se destinava apenas a

enfeitar as paredes e abóbadas, mas instruir

os fiéis mostrando-lhes cenas da vida de

Cristo, dos profetas e dos vários imperadores

Mosaico é a arte de criar a partir da

composição expressiva e harmoniosa de

peças, visualmente separadas umas das outras, mas agrupadas de acordo com

cores, linhas, formas e volume. Artistas usam até hoje essa técnica como forma de

expressão.

Os mosaicos podem ser encontrados no nosso dia a dia em igrejas,

calçadas, fachadas de casas e edifícios, e em painéis decorativos. Os mosaicos

bizantinos retratam figuras sagradas ou de imperadores em posturas solenes e

estáticas, quase simétricas. Plasticamente, o mosaico bizantino em nada se

assemelha aos mosaicos romanos; são confeccionados com técnicas diferentes e

seguem convenções que regem inclusive os afrescos. Neles, por exemplo, as

pessoas são representadas de frente e verticalizadas para criar certa

espiritualidade; a perspectiva e o volume são ignorados e o dourado é

demasiadamente utilizado devido à associação com maior bem existente na terra:

o ouro. Esses mosaicos, habilmente fixados e de colorido brilhante, fizeram do

interior de muitos templos, como o de Santa Sofia, em Constantinopla, joias

preciosas e exuberantes.

Responda:

1. Qual a principal característica da arte Bizantina?

4

2. Qual a sua expressão máxima?

3. O que é mosaico?

4. A arte bizantina é dirigida por qual religião?

5. Na arte bizantina que tipo de regime era?

6. Que tipo poderes o imperador possuía e de quem ele era representante?

7. Onde podemos encontrar os mosaicos?

8. Que tipo de mosaico retratam figuras sagradas?

9. Plasticamente, o mosaico bizantino em nada se assemelha aos mosaicos

romanos. Descreva o tipo de técnica que era usada na época e de um

exemplo:

5

ARTE ROMÂNICA FINAL DO SÉCULO XI E XII

Quando os povos bárbaros, provenientes do norte da Europa, destruíram a

civilização romana, desenvolveu-se uma nova arte. Os árabes, vindos do sul,

estabeleceram-se na Península Itálica e contribuíram com uma nova cultura e

novos conhecimentos para a arte que se formava.

A arte românica sofreu influência de culturas muito importantes. Inserida com

as artes romana e bizantina, foi influenciada também pelos bárbaros, provenientes

do norte da Europa, e pelos árabes, estruturando-se de forma diferente, segundo

as condições de cada lugar onde se desenvolveu.

O único ponto comum que podemos citar é que a arte românica foi

essencialmente sacra. Desenvolveu-se dentro dos mosteiros, com muita paz e

trabalho. Fora deles, reinavam as lutas e a desordem.

A Arquitetura

Na arquitetura românica predominavam naves no

sentido horizontal. Apresenta um aspecto forte e

pesado devido à abundância de pedras, muros,

contrafortes e torres de planta quadrada. Sua

característica básica é as abóbadas, que abrigam a

estrutura do edifício. Da época românica conservam-

se poucas casas, mas ainda podemos contemplar

muitos castelos.

A escultura e a Pintura

A escultura românica tinha por fim inspirar devoção e temor, para evitar o

pecado. Portanto, visava transmitir mensagens bíblicas. Desenvolveu-se em

função da arquitetura, decorando os capitéis e a base das colunas. Suas figuras

eram alongadas, com rostos formais, mas sem expressão. Também se

No detalhe: Abóbodas.

6

caracterizavam pelo uso de linhas estilizadas e decorativas para o drapeado.

Bustos de imperadores eram esculpidos em datas comemorativas e para serem

venerados. Para imortalizar as batalhas e a coragem de seus soldados, os

escultores faziam figuras em baixo relevo na pedra. Os artistas dedicavam grande

parte de seu tempo na decoração de igrejas.

Nos séculos XI e XII, um estilo bastante uniforme de pintura chamado pintura

românica, surgiu na Europa ocidental. Ela combinava elementos da arte clássica

romana e da arte cristã primitiva, bizantina e carolíngia. Apareceu mais ou menos

na mesma época em que muitas igrejas foram construídas a fim de atender às

necessidades do cristianismo em expansão. Seus artistas pintaram lindos afrescos

nas paredes das igrejas. A pintura, com obras de grandes proporções, tinha a

mesma finalidade da escultura. Suas figuras eram estilizadas de forma

simplificada e as cores chapadas, não têm perspectiva, mas mostram muito

cuidado na composição.

Responda:

1. Como foi dado o surgimento da arte romântica?

2. Quais são as influências sofridas pela arte romântica?

3. Quais as características de sua arquitetura?

4. Qual a finalidade da escultura românica para a sociedade do final dos

séculos XI e XII?

5. O que predominava na arquitetura românica?

7

ARTE GÓTICA

A partir do século XII, o centro de cultura deixa de ser somente o mosteiro e

se expande para as cidades, onde as igrejas passam a ser o núcleo central. A

catedral se torna o edifício mais importante e é nela que encontramos a

característica do estilo gótico.

A arte gótica surgiu na França e se espalhou rapidamente através da Europa

ocidental. Ela foi um prosseguimento da arte românica e conseguiu um perfeito

equilíbrio de expressão. Neste estilo o que mais se destaca é a arquitetura que, no

século XIII, tomou o lugar da arquitetura românica.

O estilo gótico de arquitetura é dinâmica, graciosa, com linhas verticais

voltadas para o céu. Os elementos que mais a caracterizavam são as grandes

janelas que tomavam amplo espaço - nas paredes em que, igrejas românicas, os

artistas teriam pintado afrescos. Os artistas fecharam essas janelas com vitrais de

lindas cores, que narravam histórias religiosas. O clima religioso da época

favorecia a construção de igrejas, com linhas ascendentes que terminavam em

abóbadas; os vitrais tiveram também grande importância, pois com seus coloridos

e a variedade dos seus mosaicos

de vidro, atenuavam a luz no

interior. Entre as mais famosas

igrejas góticas estão Notre Dame

(França), Westminster (Inglaterra)

e a catedral de Colônia

(Alemanha).

8

A escultura e a Pintura

A partir do século XIII, a

escultura gótica, livre do

convencionalismo do estilo

românico, adquire um aspecto

majestoso, embora expresse

serenidade e simplicidade.

Desenvolve-se em função da

arquitetura. Os escultores

fizeram trabalhos formais e estilizados, os rostos das figuras são humanos e

naturais. Os túmulos esculpidos tornaram-se numerosos; a princípio, escultores só

decoravam os túmulos dos reis e de grandes personalidades, com imagens destas

pessoas. Mais tarde também os cavaleiros e membros inferiores da nobreza

conseguiram que escultores entalhassem figuras em seus túmulos.

Na pintura, realista e detalhista, predominam motivos da natureza, sem

criação simbólica. No norte da Europa, a pintura de afresco decaiu neste período e

muitos pintores dedicavam-se então a iluminuras. Eles ornamentavam as valiosas

cópias manuscritas dos evangelhos e livros de oração. As cores e góticos. Muitos

destes artistas deram preferência aos azuis e vermelhos brilhantes que eram

comuns nos vitrais. Dividiam suas figuras em compartimentos parecidos com os

mesmos painéis dessas complexas janelas.

9

Os manuscritos ilustrados

Esses manuscritos eram feitos em

várias etapas e dependiam do trabalho de

várias pessoas. Primeiro, era necessário

curtir de modo especial a pele de

cordeiros ou vitelas. Essa pele curtida

chamava-se velino e era usada no lugar

do papel dos livros atuais. Nas oficinas

dos mosteiros ou nos ateliês de artistas

leigos, os trabalhadores cortavam as

folhas de velino no tamanho em que seria

o livro. A seguir, os copistas dedicavam-se

a transcrição de textos sobre as páginas já

cortadas. Ao realizar essa tarefa,

deixavam espaços para que os artistas fizessem as ilustrações, os cabeçalhos, os

títulos ou as letras maiúsculas com que se iniciava um texto. Esse trabalho

decorativo ficou conhecido com o nome de iluminura.

Responda:

1. Onde surgiu a arte gótica?

2. Cite uma igreja do estilo gótico.

3. Quais as características da escultura gótica?

4. Como eram feitos os "manuscritos ilustrados"?

5. Explique como era a pintura gótica.

10

ARTE NO BARROCO

A arte barroca desenvolveu-se no século XVII, num período muito importante

da história da civilização ocidental, pois nele ocorreram mudanças que deram

nova feição à Europa da Idade Moderna.

A Reforma Protestante, que

teve início na Alemanha e, a seguir,

expandiu-se por muitos outros

países, foi um movimento de caráter

religioso, teve consequências que

ultrapassaram as questões de fé,

pois provocaram alterações em

outros setores da cultura Europeia. A

Igreja Católica logo se organizou

contra a Reforma Protestante, mas somente no século XVI que essa reação

ganhou um caráter de contrarreforma, em virtude da convocação do Concílio de

Trento. Com os trabalhos conciliares e a atuação das grandes ordens religiosas,

entre elas a Companhia de Jesus, a Igreja Católica retomou sua força e novas -

grandes igrejas foram edificadas.

Novamente a arte é vista como um meio de propagar o catolicismo e ampliar sua

influência. Dentre as obras que melhor expressam a preocupação da igreja de

revigorar seus princípios doutrinários está O Juízo Final, que Michelangelo pintou

na Capela Sistina entre os anos de 1536 e 1541.

A intensidade expressiva e a vigor das figuras dessa obra fazem de

Michelangelo o precursor do estilo Barroco, que desabrochou plenamente no

século XVII. Não só como pintor, mas também como arquiteto, Michelangelo já

manifestava um novo estilo, como na cúpula da Basílica de São Pedro, no

Vaticano.

A arte barroca originou-se na Itália, mas não tardou a irradiar-se por outros

países da Europa e a chegar também ao continente americano, trazida pelos

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colonizadores portugueses e espanhóis. Entretanto, ela não se desenvolveu de

maneira homogenia. Houve grandes diferenças entre os artistas e entre as obras

produzidas nos diferentes países. Apesar disso, alguns princípios gerais podem

ser indicados como caracterizadores dessa concepção artística: as obras barrocas

romperam o equilíbrio entre o sentimento e a razão ou entre a arte e a ciência, que

os artistas renascentistas procuram realizar de forma muito consciente; na arte

barroca, predominam as emoções e não o racionalismo da arte renascentista.

No dia 10 de maio de 1508, Michelangelo começou a produzir uma das mais

grandiosas obras da sua autoria e da humanidade: os afrescos da Capela Sistina.

No dia 2 de novembro de 1512, o artista retirou os andaimes que encobriam

a perspectiva total da obra, permitindo a presença do papa à capela, para que

pudesse ver o resultado. A pintura trazia toda a trajetória humana, guiada pela

plenitude do Criador. Trezentos personagens do Antigo Testamento desfilavam

pela abóbada da capela, de 40 metros de largura por 13 de altura. Figuras

dramáticas moviam-se em multidão, umas sentadas, outras que flutuavam.

A Pintura

De modo geral, as

características da pintura

barroca podem ser resumidas

em alguns pontos principais.

O primeiro é a disposição dos

elementos dos quadros, que

sempre forma uma

composição em diagonal.

Além disso, as cenas

representadas envolvem-se

em acentuado contraste de

claroescuro, o que intensifica

Michelangelo pintou os Afrescos da Capela Sistina.

12

a expressão de sentimentos. Quanto ao assunto, a pintura barroca é realista, mas

a realidade que lhe serve de ponto de partida não é só a vida de reis e rainhas de

cortes luxuosas, mas também a do povo simples.

Rembrandt: a emoção por meio da gradação da claridade

Quando admiramos a pintura de Rembrandt (1606-1669), reconhecemos que

estamos diante de uma das maiores expressões do estilo luminista. O que dirige

nossa atenção nos quadros deste pintor não é propriamente o contraste entre luz

e sombra, mas a gradação da claridade, os meios-tons, as penumbras que

envolvem áreas de luminosidade mais intensa.

Caravaggio: a beleza não é privilégio da aristocracia

Caravaggio (1573-1610) não se interessou pela beleza clássica que tanto

encantou o Renascimento. Ao contrário, procurava seus modelos entre os

vendedores, os músicos ambulantes, os ciganos, enfim, entre as pessoas do

povo. Para ele não havia a identificação, tão comum na época, entre beleza e

classe aristocrática. O que melhor caracteriza a sua pintura é o modo

revolucionário como ele usa a luz. Ela não aparece como reflexo da luz solar, mas

é criada intencionalmente pelo artista, para dirigir a atenção do observador. Isso

foi tão fundamental na sua obra, que ele é conhecido como fundador do estilo

luminista, que pode ser observado em A Ceia em Emaús, Conversão de São

Paulo e Deposição de Cristo.

Andréa Pozzo: os tetos das igrejas abrem-se para o céu

A pintura barroca desenvolveu-se também nos tetos das igrejas e palácios.

Essa pintura, sobretudo de efeito decorativo, realizou audaciosas composições de

perspectiva. Assim foi o trabalho que Andréa Pozzo (1642-1709) realizou para o

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teto da igreja de Santo Inácio, em Roma. Essa obra impressiona pelo número de

figuras e pela ilusão - criada pela perspectiva - de que as paredes e colunas da

igreja continuam no teto, e de que este se abre para o céu, de onde santos e anjos

convidam os homens para a santidade.

Rubens: a força das cores quentes

Além de um colorista vibrante, Rubens se notabilizou por criar cenas que

sugerem, a partir das linhas contorcidas dos corpos e das pregas das roupas, um

intenso movimento.

El Greco: a verticalidade da pintura

As figuras esguias e alongadas de El Greco superam a visão humanista dos

artistas do Renascimento italiano e recuperam o caráter espiritualista dos

mosaicos e ícones bizantinos.

A escultura barroca

Nas esculturas renascentistas havia um equilíbrio entre aspectos intelectuais

e emocionais. Já nas obras barrocas, esse equilíbrio desaparece, dando lugar à

exaltação dos sentimentos. As formas procuram expressar o movimento e

recobrem-se de efeitos decorativos. Predominam as linhas curvas, os drapeados

das vestes e o uso do dourado. Os gestos e os rostos das personagens revelam

emoções violentas e atingem uma dramaticidade desconhecida no Renascimento.

Dentre os artistas do Barroco italiano, Bernini (1598-1680) foi, sem dúvida, o

mais importante e completo, pois foi arquiteto, urbanista, escultor, decorador e

pintor. Algumas de suas obras serviram como elementos decorativos das igrejas,

como por exemplo, o baldaquino e a cadeira de São Pedro, ambos na Basílica de

São Pedro, no Vaticano.

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A Arquitetura Barroca

A arquitetura do século XVII realizou-se

principalmente nos palácios e nas igrejas. A igreja

Católica queria proclamar o triunfo de sua fé e, por isso,

realizou obras que impressionam pelo seu esplendor. Na

Itália, por exemplo, a praça de São Pedro (1657-1666),

projetada por Bernini ilustra de modo significativo essa

vitória da Igreja Católica. Por outro lado, governantes

como Luís XIV da França, que se consideravam reis por direito divino, também

desejaram palácios que demonstrassem poder e riqueza. Quanto ao estilo da

construção, os arquitetos deixam de lado valores de simplicidade e racionalidade

típicos da Capela Pazzi, de Brunelleschi, por exemplo, e insistem nos efeitos

decorativos. O trabalho realizado por Bernini para essa praça é um dos exemplos

mais significativos da arquitetura e do urbanismo do século XVII, na Itália.

Na imagem ao lado, temos a Capela Pazzi Sua construção foi ordenada em

torno de 1429 por Andrea Pazzi, membro de rica família de banqueiros, mas as

obras só começaram em torno de 1441, sendo completada na década de 1460.

Responda:

1. Quando surgiu a arte no estilo barroco?

2. Qual sua principal característica?

3. Qual o predomínio da arte barroca?

4. Cite alguns artistas importantes.

5. Qual a principal característica da arquitetura barroca?

15

ARTE NO RENASCIMENTO

As transformações sofridas no final da Idade Média alteraram a vida

econômica e política da Europa. O renascimento comercial e urbano, sobretudo no

Norte da Itália, proporcionou o desenvolvimento da burguesia possuidora de uma

nova visão de mundo. Esta nova visão cristalizou-se na mudança de mentalidade

e dos padrões culturais, proporcionando o renascimento cultural e artístico.

A burguesia, que participava da dinamização econômica e social, procurava

novos valores e se opunha aos seus velhos conceitos medievais. O homem

redescobria a técnica, tão necessária às navegações quanto às novas situações

vividas na Idade Moderna. Isto desenvolveu o espírito de pesquisa para o qual

contribuíram, no século XIII, Rogério Bacon e Frederico II, imperador do Sacro

Império. Os ricos mercadores investiram no movimento cultural e artístico

desenvolvendo uma ação de apoio às realizações culturais, conhecida como

mecenato. Tanto famílias aristocráticas como a Igreja apoiaram o movimento

através dos papas Pio II, Júlio II, Alexandre VI e outros.

A visão humanística que caracterizou o renascimento apoiava-se no

otimismo, individualismo, naturalismo, interesse pela antiguidade grecorromana e

pelo ser humano e desprezo pela cultura medieval. O humanismo era a

glorificação do humano e natural, em oposição ao divino e extra-terreno, típico da

Idade Média.

O homem passou a dar importância a si mesmo como indivíduo. A natureza

passou a ser vista criticamente, e os olhos da ciência passaram a pesquisar como

ela funcionava. O humanismo rejeitou a influência medieval procurando definir os

limites de atuação entre a ciência e a religião.

O termo Renascimento faz referência a um movimento intelectual e artístico

que surgiu na Itália, entre os séculos XIV e XVI, e foi difundido por toda a Europa.

Este período é definido como o grande florescimento do espírito humano, espécie

de "descoberta do mundo e do homem".

Os artistas do período se orientam por ideais de perfeição, harmonia,

equilíbrio e graça - representados com o auxilio dos sentidos de simetria e

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proporção das figuras - de acordo com os parâmetros ditados pelo belo clássico. A

característica mais marcante do renascimento foi a valorização do ser humano. O

humanismo colocou o ser humano no centro das reflexões. Tratava-se de valorizar

as pessoas em si, encontrar nelas qualidades e as virtudes negadas pelo

pensamento católico medieval. Nesse sentindo, "o homem tornou-se a medida de

todas as coisas".

Os renascentistas acreditavam que uma pessoa poderia vir aprender e saber

tudo o que se conhece. Seu ideal de ser humano era, portanto, aquele que

conhecia todas as artes e todas as ciências. Leonardo Da Vinci, que foi

considerado o modelo de homem renascentista, dominava várias ciências e artes

plásticas. Ele conhecia astronomia, mecânica, anatomia e fazia os mais variados

experimentos, projetou inúmeras máquinas e deixou um grande número de obras-

primas pintadas e esculpidas. Da Vinci foi a pessoa que mais se aproximou do

ideal de universalidade.

A Arquitetura

As principais características

da arquitetura renascentista são:

presença de colunas, capitéis

suspensos, cornijas salientes,

janelas de dupla abertura e altos

relevos. O maior exemplo da

arquitetura renascentista é a

Basílica de São Pedro, em Roma,

construída em 1506 no local onde

estava situada a antiga Basílica do

imperador Constantino, por ordem do papa Júlio II.

Bramante, seu primeiro arquiteto, projetou uma planta em forma de cruz

grega, com ampla e elevada cúpula central. Mais tarde Rafael a alterou, dotando-a

Basílica de São Pedro

17

de uma forma retangular ou basilical. O projeto de sua cúpula foi obra de Miguel

Ângelo, mas foi somente terminada por Giacomo della Porta.

A Pintura

Os pintores, de um modo geral, procuram reproduzir a realidade, submetida

a uma beleza idealista. O espírito clássico, a ordem e as formas simétricas são

traços marcantes desta pintura. A paisagem não é mais um quadro pintado atrás

dos personagens. Torna-se independente e contribui para o sentimento geral. As

figuras são envolvidas pela atmosfera, e a invenção do claroescuro, por Leonardo

da Vinci, parece resultar não apenas do desejo de representar melhor a realidade,

mas ainda da necessidade de estabelecer a unidade e fazer com que a luz

represente um papel importante no conjunto.

Na pintura renascentista podemos distinguir três grandes escolas com

características próprias, facilmente perceptíveis, quando se adquire alguma

familiaridade com seus artistas representativos. Essas escolas são: a florentina, a

veneziana e a romana.

A florentina cujo centro de irradiação fora a cidade de Florença a partir da

segunda metade do século XV, caracterizou-se pelo intelectualismo, que se

exprimiu tanto pelo predomínio da linha sobre a cor como pela sensibilidade

espiritualizada do claroescuro.

A veneziana, que se irradiou de Veneza,

notabiliza-se pelo predomínio da cor sobre o desenho

ou a linha. Os venezianos são luminosos coloristas.

Sugerem o volume e o contorno por meio de massas

e cores, exprimindo-se pouco pelo desenho. Falam

mais aos sentidos do que ao espírito. São sensuais, decorativos e suntuosos.

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A romana realiza o equilíbrio entre a linha dos florentinos e a cor dos

venezianos. Em outras palavras, entre o intelectualismo florentino e o sensualismo

veneziano, entre a razão e o sentido.

O pintor Sandro Botticelli fez parte da escola florentina. Em suas obras

compõe alegorias mitológicas (Nascimento de Vênus é um exemplo; acima),

literárias e cenas religiosas na qual expressa um requintado intelectualismo.

Apreciam os belos trajes, os nus são castos, a linha sugere o volume.

Vênus de Urbino

Alessandro di Mariano di Vanni Felipepi nasceu na cidade italiana de

Florença, no dia 1º de março de 1445. Desenvolveu um estilo personalíssimo,

caracterizado pela elegância do seu traçado e pela força expressiva de suas

linhas.

A maior figura da pintura renascentista, entretanto, é Leonardo Da Vinci.

Não podemos compreender este gênio da escola florentina sem conhecer os seus

manuscritos, fruto de suas experiências e meditações de seu espírito universal.

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O maior representante da escola veneziana é Ticiano, que domina toda a

primeira metade do século XVI. Sua personalidade se afirma na pintura de cores

quentes e luminosas, com uma composição suntuosa e vigor do espaço

atmosférico. A antiguidade sugere-lhe assuntos, mas os motivos são por ele

encontrados na realidade. Tem um grande apego à vida e à beleza feminina,

como demonstra a sua Vênus de Urbino.

Rafael, da escola romana, destaca-se pela delicadeza de traços, pela

conciliação do paganismo com o cristianismo e pelo equilíbrio entre a linha e a cor.

Geralmente o conhecemos como pintor das madonas, tipos ideais e serenos de

beleza feminina, suaves, um pouco lânguidas, muitas vezes convencionais, pois

muitas de suas obras foram praticamente feitas por discípulos. Destacam-se pelos

valores expressivos na organização e distribuição dos elementos: massas,

volumes, áreas, cores e linhas nos seus quadros, aplicando com sensibilidade os

princípios matemáticos e geométricos, então bastante em voga entre os

renascentistas italianos. Teve um sentimento do espaço, articulando-o com os

volumes. Deixou alguns dos mais belos e eloquentes retratos da pintura universal,

tanto pela acuidade da observação psicológica, segurança de técnica, como pela

simplicidade e bom gosto da composição.

Michelangelo, artista que por sua originalidade se torna verdadeiro solitário,

difícil de ser classificado dentro das características gerais dessas escolas. Foi

escultor, pintor, arquiteto e poeta. A pedido do papa Júlio II, pintou o teto da

capela Sistina, dividindo-o em nove

retângulos, contando a história da

criação do mundo e do homem. No

fundo desta capela, pintou o Juízo Final,

monumental afresco com 17 metros de

altura, por 13 de largura. É uma obra

magnífica pela sua exuberância de

formas e linhas concebida em plena

renascença e que prenuncia o barroco.

Obra "de Michelangelo 'Pietà".

20

A Escultura

O maior escultor do renascimento italiano foi também Michelangelo. Suas

próprias pinturas, pelo vigor do desenho e dos volumes, possuem caráter

escultório. Em 1501, por encomenda da Signoria, começa a executar em Florença,

num bloco de mármore abandonado junto da catedral, a estátua colossal de Davi,

que está hoje na Academia de Arte da cidade. Dotada de grande técnica, tem

algumas características marcantes como: eloquência, heroísmo, força, visão

dramática e grandiosa do mundo.

Ghiberti, escultor florentino, destacou-se com suas duas portas de bronze

no Bastitério de Florença. A sua Porta do Paraíso prima pela comunicação

realista, justeza do modelado e senso de profundidade. As cenas do Velho

testamento, desde a criação de Adão e Eva até o encontro de Salomão com a

rainha de Sabá, no templo de Jerusalém, superam as expectativas.

Outra figura importante na escultura italiana foi Donatello, realista, com suas

figuras carregadas de verdades humanas, com fortes influências da escultura

romana como povoam as suas obras: Davi e Gattamelata.

Leonardo da Vinci

Leonardo da Vinci nasceu em 1452, no pequeno

vilarejo de Vinci, próximo a Florença, na Itália, daí vem

seu nome, e morreu aos 67 anos no castelo onde vivia

em Cloux, França, no ano de 1519. Era filho ilegítimo de

um advogado e tabelião, com uma camponesa, mas

teve o apoio de um tio com quem aprendeu a apreciar e

observar com atenção a natureza.

Bem cedo se tornou um estudioso das águas, das

plantas e dos animais. Desde então teve sempre uma

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curiosidade permanente de descobrir a razão do funcionamento de tudo.

Apresentou talento artístico precocemente, o que levou o pai a encaminhá-lo para

o ateliê de um famoso mestre, Andréa Verrochio, em Florença. Aos 20 anos se

destacava como pintor, mas nunca se restringiu ao mundo da arte, dividindo-se

entre a pintura, escultura e experimentos em múltiplas áreas. Uma inteligência

extraordinária, o talento quase sobrenatural e uma forte intuição, num período de

grande efervescência cultural e científica, o Renascimento transformou Leonardo

da Vinci num dos maiores gênios da história - o maior de todos, segundo alguns,

por sua versatilidade e antevisão do futuro. Fez descobertas espantosas para a

época, quando a Europa recém se libertava do obscurantismo da Idade Média.

Da Vinci dissecava cadáveres, uma atividade mal vista na época. Produziu

cerca de 120 estudos inéditos do corpo humano, com desenhos extremamente

detalhados - quase tomografias - dos músculos, ossos, nervos, tecidos, artérias,

explicando o funcionamento de cada órgão ou sistema e o desenvolvimento do

feto. Fez descobertas que só se confirmariam no século XX, como a

arteriosclerose. São notáveis, por exemplo, suas conclusões sobre o mecanismo

da visão, pois quando todos acreditavam que o olho humano emitia um facho de

luz para ver as coisas, ele deduziu exatamente o contrário: é o olho que recebe a

luz e transmite a imagem ao cérebro através do nervo óptico. É de Leonardo

também O Homem de Vitruviano, conhecida ilustração sobre a simetria e as

proporções humanas, baseada num tratado do arquiteto romano Marcus Vitruvius

Pollo. Leonardo tinha uma certa aura de mistério. Era melancólico e reservado,

contam historiadores, costumava escrever de modo inverso, da direita para a

esquerda, com uma caligrafia que só pode ser lida num espelho por especialistas,

e às vezes introduzia erros em seus projetos para enganar a quem tentasse copiá-

los.

Leonardo Da Vinci sempre foi considerado um homem à frente do seu tempo

e uma unanimidade artística. É dele a pintura mais famosa do mundo, a Mona

Lisa, que se encontra no Museu do Louvre, em Paris. Também na arte foi um

gênio inquieto, procurando novos materiais e técnicas inovadoras na incansável

22

busca à perfeição. São características na sua obra, por exemplo, a riqueza dos

movimentos, paisagens de fundo e o sfumato - camadas de cores que produzem

maior sensação de profundidade, forma, volume, e contornos sem definição. O

que se destaca nele é uma multiplicidade de campos de atuação, pois era

pretensão dos humanistas de então ter uma visão de todas as áreas do

conhecimento. É um artista singular. Sua obra é pequena em número quando

comparada com a de outros artistas do Renascimento Italiano, mas é uma obra de

tal ordem revolucionária que muda o curso da arte. É um inovador em todos os

aspectos.

Responda:

1. Quais as transformações influenciaram o surgimento da arte renascentista no

final da idade média?

2. Qual a principal diferença em comparação com o período anterior?

3. No que acreditavam os renascentistas?

4. Cite características de sua arquitetura.

5. Cite um dos artistas mais importantes e suas características.

ARTE NO IMPRESSIONISMO

O Impressionismo foi um movimento artístico que revolucionou

profundamente a pintura e deu início às grandes tendências da arte do século XX.

A origem do nome Impressionista vem de um texto jornalístico que, inspirado na

tela Impressão, Sol Nascente de Claude Monet, rotula a exposição coletiva

23

realizada em Paris, no ano de 1874, na qual foi a primeira vez que o público teve

contato com a obra dos impressionistas. Entre os expositores estavam Renoir,

Degas, Pissaro, Cézanne, Sisley, Monet e Morisot. Somente na década seguinte

que os impressionistas começaram a ser compreendidos pela crítica e pelo

público.

Os pintores impressionistas procuraram, a partir da observação direta do

efeito da luz solar sobre os objetos, registrar em suas telas as constantes

alterações que essa luz provoca nas cores da natureza. Havia algumas

considerações gerais, muito mais práticas do que teóricas, que os artistas

seguiam em seus procedimentos técnicos para obter os resultados que

caracterizam a pintura impressionista. Essas considerações podem ser assim

resumidas:

A pintura deve registrar as tonalidades que os objetos adquirem ao

refletir a luz solar num determinado momento, pois as cores da natureza se

modificam constantemente, dependendo da incidência da luz do sol.

As figuras não devem ter contornos nítidos, pois a linha é uma

abstração do ser humano para representar imagens.

As sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão

visual que nos causam, e não escuras ou pretas, como os pintores costumavam

representá-las no passado.

Os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei

das cores complementares. Assim, um amarelo próximo a um violeta produz uma

impressão de luz e de sombra muito mais real do que o claroescuro tão valorizado

pelos pintores barrocos.

As cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura das tintas

na paleta do pintor. Pelo contrário, devem ser puras e dissociadas nos quadros,

em pequenas pinceladas. É o observador que, ao admirar a pintura, combina as

várias cores (na retina), obtendo o resultado final. A mistura deixa, portanto, de ser

técnica para ser óptica.

24

Monet: as cores inconstantes da natureza

A grande preocupação de Claude Monet (1840-1926) são as pesquisas com

a luz solar refletida nos seres humanos e na natureza. A obra Mulheres no Jardim

marca o início dessa fase em sua pintura, a partir daí, Monet entusiasma-se pela

pintura ao ar livre, que lhe permite recriar os efeitos da luz do sol diretamente da

natureza.

O melhor exemplo dessa preocupação de Monet pelo registro dos efeitos da

luz pode ser observado na série de quadros que pintou da Catedral de Rouen.

Tomando como tema a fachada dessa construção gótica, o artista pintou-a em

vários momentos do dia, registrando assim as diferentes impressões que o edifício

lhe causava. Foi esse encanto que sentia pela luz e a ousadia em representá-la

tão intensamente que o tornaram chefe dos impressionistas.

Renoir: a alegria e o otimismo do fim do século XIX

Pierre Auguste Renoir (1841-1919) foi o pintor impressionista que ganhou

maior popularidade e chegou a ter o reconhecimento da critica ainda em vida.

Seus quadros manifestam otimismo, alegria e a intensa movimentação da vida

parisiense do fim do século XIX. Exemplo disso é o famoso Baile no Moulin de la

Galette, em que as pessoas movimentam-se numa atmosfera feliz de cores e

sorrisos.

Desde 1869, depois de superar as influências de Coubert, Renoir

manifestava claramente sua adesão ao movimento impressionista com La

Grenouilliere. Nessa tela, ele retrata uma cena segundo a impressão determinada

pela luz solar num momento efêmero. Podemos observar aí o princípio óptico do

impressionismo: as manchas coloridas unidas visualmente pelo observador

compõem um todo percebido como uma reunião festiva. A cena representada foi

pintada ao mesmo tempo por Monet e Renoir. Esse fato, além de ter dado fama às

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duas telas, mostra como os dois artistas estavam empenhados em explorar as

superfícies refletoras de luz.

Degas: o ambiente fechado, a luz artificial e a influência da fotografia

Apesar de ter feito parte do grupo dos

impressionistas, Edgar Degas (134-1917) teve

nele uma posição muito pessoal. Sua formação

acadêmica e sua admiração por Ingres fizeram

com que valorizasse o desenho e não apenas a

cor, que era a grande paixão do

Impressionismo. Além disso, foi pintor de

poucas paisagens e cenas ao ar livre. Os

ambientes de seus quadros são interiores e a

luz é artificial. Sua grande preocupação era

flagrar um instante da vida das pessoas,

apreender um momento do movimento de um

corpo ou da expressão de um rosto. Exemplo disso são suas telas com bailarinas,

tais como Ensaio de Balé, No palco, Quatro Bailarinas em Cena e O Ensaio,

vemos a leveza dos movimentos, a delicadeza das cores em pastel e a sutileza do

desenho.

A contribuição mais importante de Degas para a pintura moderna é a

angulação oblíqua e o enquadramento das cenas, com objetos e pessoas em

primeiro plano, o que dá maior profundidade à composição. Essa característica

revela a grande influência que a fotografia exerceu sobre ele. É inegável, por

exemplo, a semelhança de muitos de seus quadros com fotografias instantâneas,

pois as pessoas são pintadas como se tivessem sido imobilizadas em plena ação

que realizam.

Duas Meninas ao Piano 1892

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Responda:

1. Cite três características da pintura impressionista:

2. Faça uma análise dos pintores abaixo:

" RENOIR

" DEGAS

" MONET

ARTE NO PÓS-IMPRESSIONISMO

A expressão Pós-Impressionismo foi usada para designar a pintura que se

desenvolveu de 1886 a partir da última exposição impressionista, até o surgimento

do Cubismo, com Pablo Picasso e Georges Braque. Ela abrange pintores de

tendências bem diversas, como Gauguim, Cézanne, Van Gogh e Seurat. Além

desses artistas Toulouse Lautrec, que documentou a vida parisiense do fim do

século XIX.

Gauguin: o uso arbitrário da cor

Inicialmente, Paul Gauguin (1848-1903) ligou-se ao impressionismo e

participou da quinta exposição coletiva desse movimento, em 1880. Mas por volta

de 1884, seus quadros já superavam em alguns aspectos a tendência

impressionista: a tinta começa a ser usada pura, em áreas de cor bem definidas,

27

os objetos passam a ser coloridos de modo arbitrário e a representação deixa de

ser tridimensional.

Em 1888, as características de sua pintura acentuam-se bastante,

principalmente na obra Jacó e o Anjo. Agora, ao contrário da pintura

impressionista, os campos de cor são bem definidos e limitados por linhas de

contorno visíveis, as formas das pessoas e dos objetos são planas e as sombras

desaparecem. Na década de 1890, Gauguin viveu no Taiti e produziu uma série

de tela. Seus quadros dessa época registram o espaço natural e a vida simples

das pessoas livres do peso da civilização ocidental.

Cézanne: a busca da estrutura permanente da natureza

Como Gauguin, Paul Cézanne

(1839-1906) também teve o início de

sua carreira ligada ao movimento

impressionista. Mas não tardou

muito para que sua pintura tomasse

outros rumos. Ele não se

preocupava em registrar o aspecto

passageiro de um momento

provocado pela constante mudança

da luz solar, como defendiam os

impressionistas. Ao contrário, o que Cézanne buscava era o permanente, a

estrutura íntima da natureza, ou seja, a forma da natureza.

Essa mudança radical de concepção estética já é evidente em sua tela O

Castelo de Médan.Nesse quadro, os campos de cor são bem delimitados, embora

persistam ainda áreas matizadas com ocre e laranja. No entanto, as árvores são

concebidas com uma estrutura cilíndrica bem definida e é nítida a diferença entre

linhas horizontais e verticais. A partir dessa obra, o rompimento com o grupo

Maçãs e laranjas - Cézanne.

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impressionista é inevitável, pois a tendência de Cézanne em converter os

elementos naturais em figuras geométricas - como cilindros, cones e esferas -

acentua-se cada vez mais, de tal forma que se torna impossível para ele recriar a

realidade segundo as impressões captadas pelos sentidos.

A arte de Cézanne amadurece no período que vai de 1885 a 1895, quando

mora em Aix-en-Provence, longe do agitado ambiente de Paris. Nessa época,

pintou alguns retratos de seu filho e de sua mulher, onde podemos observar o

mesmo tratamento dado aos objetos ou elementos da natureza. Em Madame

Cézanne fica evidente a intenção geometrizante do artista, pois ele representa o

rosto da figura com forma oval e os braços com formas cilíndricas.

Cézanne exerceu enorme influência sobre os artistas que nas primeiras

décadas do século XX criaram a arte denominada moderna.

Van Gogh: a emoção enquanto cor

Vincent Willem van Gogh (1853-1890) se

empenhou profundamente em recriar a beleza

dos seres humanos e da natureza através da cor,

que para ele era o elemento fundamental da

pintura. Nascido na Holanda foi contemporâneo

de muitos pintores e até se aproximou de alguns

deles, como Tolouse-Lautrec e Gauguin. Mas, na

verdade, foi uma pessoa solitária.

Em 1888, deixou Paris e foi para Arles,

cidade ao sul da França, onde passou a pintar ao

ar livre. O sol intenso da região mediterrânea

interferiu em sua pintura, e o artista libertou-se completamente de qualquer

naturalismo no emprego das cores, declarando-se um colorista arbitrário. Van

Gogh apaixonou-se então pelas cores intensas e puras, sem nenhuma matização,

pois elas tinham para ele a função de representar emoções.

Autorretrato -Van Gogh

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Entretanto, Van Gogh passou por várias crises nervosas e, depois de

internações e tratamentos médicos, em 1890 foi para Anvers, uma cidade

tranquila ao norte da França. Nessa época, em três meses apenas, pintou cerca

de oitenta telas com cores fortes e linhas retorcidas, como Os Ciprestes e Trigal

com Corvos. No mesmo ano, Van Gogh, suicidou-se deixando uma obra plástica

composta por 879 pinturas, 1756 desenhos e 10 gravuras. Enquanto viveu não foi

reconhecido pelo público nem pelos críticos, que não souberam ver em sua obra

os primeiros passos em direção à arte moderna, nem compreender o seu esforço

para libertar a beleza dos seres por meio de uma explosão de cores.

Toulouse-Lautrec: os cartazes e a vida noturna parisiense

Henri-Marie-Raymonde de Toulouse-Lautrec-Monfa nasceu em Albi, França

(1864-1901), aos 14 anos quebrou uma perna e, tempo depois, a outra. Nunca

pode se restabelecer e suas pernas atrofiadas e disformes dificultavam-lhe a

locomoção. Dedicou então cada vez mais tempo à pintura.

Ao contrário dos impressionistas, demonstrou pouco interesse pelas

paisagens e dedicou-se aos interiores. São famosos Moulin Rouge, Au salon de

La rue des Moulins e inúmeros retratos, gênero a que conferiu incomum

aprofundamento psicológico com grande economia de meios. As figuras são

situadas na tela de forma a que as pernas não fiquem visíveis. Interpretada como

reação à condição física do próprio artista, essa característica elimina a obviedade

do movimento, que passa a ser apenas sugerido.

A ideia da pintura como obra de arte elevada, executada necessariamente

em óleo sobre tela, desagradava a Toulouse-Lautrec. Em 1891 ele criou seu

primeiro cartaz de propaganda, Moulin Rouge - La Goulue, que foi afixado nos

muros de Paris. As prostitutas, dançarinas de cancã dos cabarés e outros

personagens da vida noturna parisiense da década de 1890 eram seus modelos

prediletos. A simplificação do contorno e o uso de grandes áreas em uma só cor

caracterizam os cartazes, que estão entre suas obras mais significativas. A partir

30

de 1892, Toulouse-Lautrec dedicou-se à litografia. Entre as mais de 300 que

produziu, destaca-se a série Elles, sensível panorama da vida nos bordéis.

Apesar da excepcional popularidade de seus cartazes publicitários, como os

que fez para Aristide Bruant, Jane Avril, May Belfort e outros artistas, além das

numerosas litografias, só posteriormente reconheceu-se a importância de sua

obra, que prefigurou revolucionários movimentos artísticos do Século XX, como o

fauvismo, o cubismo e o expressionismo.

A evolução do impressionismo: O Pontilhismo

Em 1886 realizou-se a última exposição coletiva do grupo de artistas

impressionistas. Dessa exposição participaram dois pintores que dariam uma nova

tendência ao movimento: Georges Seurat (1859-1891) e Paul Signac (1863-1935).

Basicamente, o trabalho desses artistas aprofundou as pesquisas que os

impressionistas realizaram quanto à percepção óptica. Seurat, principalmente,

acabou reduzindo as pinceladas a um sistema de pontos uniformes que, no seu

conjunto, dão ao observador a percepção de uma cena. Essa técnica foi chamada

de Pontilhismo e Divisionismo, porque as figuras, na tela, são representadas em

minúsculos fragmentos ou pontos, cabendo ao observador percebê-los como um

todo plenamente organizado.

Dentro dessa tendência, os quadros mais famosos de Seurat são Tarde de

Domingo na Ilhade Grande Jatte e O Circo, e de Signac, Margens do Rio e

Veleiros do Porto.

Responda:

1. Onde surgiu a expressão "pós-impressionismo"?

2. Qual técnica surgiu com a evolução da pintura impressionista?

31

3. Faça uma análise dos pintores abaixo:

- Gauguin

- Cézanne

- Van Gogh

- Toulouse-Lautrec

ARTE NO EXPRESSIONISMO

Este movimento artístico teve origem em Dresden, Alemanha, entre 1904 e

1905, com o grupo chamado Die Brücke, que significa A Ponte. Desse grupo

faziam parte Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938), Erich Heckel (1883-1970) e Karl

Schmidt-Rottluff (1884-1976).

É inegável que o Expressionismo foi uma reação ao Impressionismo, já que

esse movimento se preocupou apenas com as sensações de luz e cor, não se

importando com os sentimentos humanos e com problemática da sociedade

moderna. Ao contrário, o Expressionismo procurou expressar as emoções

humanas e interpretar as angústias que caracterizam psicologicamente o homem

do início do século XX. Deforma-se a figura, para ressaltar o sentimento.

Predominância dos valores emocionais sobre os intelectuais.

Essa tendência de traduzir em linhas e cores os sentimentos mais

dramáticos do homem já vinha sendo realizada por Van Gogh, que não se

preocupava mais em fixar os efeitos efêmeros da luz solar sobre os seres. Esse

artista procurava, através da cor e da deformação proposital da realidade, fazer

com que seres reais nos revelassem seu mundo interior.

Os expressionistas são deformadores sistemáticos da realidade, pois

desejam expressar com a maior veemência possível seu pessimismo em relação

ao mundo. Assim, realizaram uma pintura que foge às regras tradicionais de

equilíbrio da composição, da regularidade da forma e da harmonia das cores. Por

32

isso é considerada por alguns como uma pintura feia. Contribui para essa visão

negativa a amargura com que às vezes o homem e a natureza são retratados.

Edvard Munch

O pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944)

também inspirou o movimento expressionista. Foi

um dos primeiros artistas do século XX que

conseguiu conceder às cores um valor simbólico e

subjetivo, longe das representações realistas. Seus

quadros exerceram grande influência nos artistas do

grupo Die Brücke, que conheciam e admiravam sua

obra. Sua obra O Grito (ao lado) é um exemplo dos

temas que sensibilizaram os artistas ligados a essa

tendência. Nela a figura humana não apresenta suas

linhas reais, mas contorce-se sob efeito de suas emoções. As linhas sinuosas do

céu e da água, e a linha diagonal para a boca da figura que se abre num grito

perturbador. Essa atitude inédita ate aqui para os personagens da pintura e a

ênfase para as linhas fortes evidenciam a emoção que o artista procura expressar.

Perseguido pela tragédia familiar, Munch foi um artista determinado a criar

"pessoas vivas, que respiram e sentem, sofrem e amam". Recusou o banal, as

cenas interiores pacíficas, comuns na sua época. A dor e o trágico permeiam seus

quadros.

Ernst Kirchner

O pintor Ernst Kirchner (1880-1938) foi um dos fundadores do grupo de

pintura expressionista Die Brücke. Influenciado pelo cubismo e fauvismo, o pintor

alemão deu formas geométricas às cores e despojou-as de sua função decorativa

33

por meio de contrastes agressivos, com o fim de manifestar sua verdadeira visão

da realidade.

Kirchner tentou mostrar em toda a sua produção pictórica uma realidade de

pesadelo e decadência. Sensivelmente influenciado pelos desastres da guerra,

seus quadros se transformaram num amontoado neurótico de cores contrastantes

e agressivas, produto de uma profunda tristeza. No final de 1938 o pintor pôs fim à

própria vida. Suas obras mais importantes estão dispersas pelos museus de arte

moderna da Alemanha.

Em Cinco Mulheres na Rua, um tema aparentemente ingênuo é tratado de

uma forma inquietante. Cinco mulheres vestidas com roupas elegantes parecem

imobilizadas numa calçada, observando uma vitrina. As extremidades de suas

figuras são alongadas nas linhas dos sapatos e nos enfeites dos chapéus. Isso

lhes confere um ar maldoso e arrogante, que é reforçado pelas expressões duras

de seus rostos. Além disso, as vestes escuras contra os tons verdes do fundo

enfatizam a sugestão de aspereza e de dificuldade de comunicação no

relacionamento entre os seres humanos, ou ainda a atitude orgulhosa da

burguesia, que elas parecem representar.

Responda:

1. Onde começou o movimento expressionista?

2. Qual sua principal característica?

3. Faça uma análise dos pintores abaixo:

- Edvad Munch

- Ernest Kirchner

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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aprendizagem da arte na escola. São Paulo: Cortez, 2003.

CHILVERS, I. Dicionário Oxford de arte. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

FERRAZ, Maria Heloísa C. de T.; FUSARI, Maria. F. de Rezende e.

Metodologia do Ensino de Arte. In: Coleção Magistério. 2º grau. Série Formação

do professor. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1999.

GRIMSHAW, C. Arte: Conexões. São Paulo: Callis, 1998. (Conexões).

HALDDAD, Denise Akel; MORBIN Dulce Gonçalves. A arte de fazer arte. 2.

ed. Reform. São Paulo: Saraiva, 2004.

PEDROSA, I. Da cor à inexistente. Brasília: UnB, 1982.

VELLO, Valdemar, COLUCCI Mônica; ARIANE Paula. Artes: pranchas de

linguagem visual: minigaleria e glossário. V. 4. São Paulo: Scipione, 2001.

FERRAZ, Maria Heloísa C. de T.; FUSARI, Maria. F. de Rezende e. Arte na

Educação Escolar. In: Coleção Magistério. 2º grau. Série Formação do professor.

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Paula Brondi Calabria, Raquel Valle Martins. - São Paulo: FTD, 1997.

FERRAZ, Maria Heloísa C. de T.; FUSARI, Maria. F. de Rezende e.

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Graça Proença - História da Arte. Ed. Ática, 2002.