artigo articulaÇÕes sobre o modelo biomÉdico
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ARTICULAÇÕES SOBRE O MODELO BIOMÉDICO, BIOPSICOSSOCIAL
E O FILME PATCH ADAMS – UMA LIÇÃO DE VIDA.
Juracimira Guedes Teles.
Professora: Dra. Catarina Nívea B. Menezes.
Universidade de Fortaleza – UNIFOR.
Fortaleza/CESetembro/2011
Introdução
Este estudo pretende analisar o filme Patch Adams, identificando o modelo biomédico
e biopsicossocial e discutir a importância dos mesmos na relação médico/paciente. De início
será apresentado conceito do modelo biomédico, biopsicossocial identificando-os em
algumas passagens com o intuito de ilustrar tanto um quanto outro e as conseqüências na
saúde dos pacientes e por fim as considerações sobre o estudo.
Vale ressaltar algumas informações sobre a personagem principal da trama que na
realidade pratica a medicina com a mesma visão humanitária apresentada no filme. O
médico é autor de três livros, dois deles publicados no Brasil. Neles, o Dr. Adams sai em
defesa da compaixão, alegria e esperança no tratamento de pacientes. Fundador do Instituto
Gesundheit, nos Estados Unidos, hospital filantrópico foi criado em 1972 em uma cabana
pobre, onde se pratica medicina gratuita com alegria e compaixão.
Em outubro de 2007, Patch Adams e seu Instituto iniciaram uma campanha para
arrecadar US $ 1 milhão para a construção de um Centro de Aprendizagem e uma clínica na
Virgínia para treinar futuros médicos na terapia do riso.
O Instituto levou palhaços a zonas de guerra na Bósnia, campos de refugiados e
orfanatos para crianças com AIDS na África do Sul.
Em setembro de 2011 estará novamente no Brasil na I Jornada de Palhaços Cuidadores
divulgando seu trabalho para muitos jovens voluntários.
O modelo biomédico:
O pensamento medieval que entendia o universo orgânico e espiritual foi substituído
pela noção do mundo como uma máquina na modernidade. A ciência então passa a
desenvolver um novo olhar de investigação – a descrição e a racionalidade analítica de
Descartes que influenciaram as concepções de saúde e doença, na medicina moderna com
caráter reducionista e mecanicista do modelo biomédico.
O corpo humano passa a ser considerado uma máquina que pode ser analisada peça a
peça; a doença é entendida como um mau funcionamento dos mecanismos biológicos, e a
medicina se encarrega de consertar o defeito desse corpo tornado máquina. Mente e corpo
funcionam separados: mente relacionada com sentimentos e pensamentos e corpo
relacionado a músculo, ossos, cérebro e órgãos.
Percebemos no filme em questão uma cena que nos exemplifica: quando o Dr. Pacht e
o amigo acompanham uma aula onde o professor identifica o paciente pelo prontuário e
identificação da “lesão” sem se dá conta do pavor que a senhora sentia naquele momento. A
paciente se sente um pouco mais confortável quando do Dr. Adams pergunta-lhe o nome e
diz algumas palavras de encorajamento.
Notamos que a medicina, inclusive atualmente, embasa suas considerações, a partir do
paradigma do modelo biomédico que não contextualiza o sujeito inserido nas suas outras
esferas: psicológica e social.
Como nos assinala CAPRA (2006, 127):
“ A relação entre medicina e saúde é difícil de ser avaliada porque a maioria das estatísticas sobre saúde usa o limitado conceito biomédico de saúde, definindo-a como ausência de doença. Uma avaliação significativa envolveria a saúde do indivíduo e a saúde da sociedade; teria que incluir doenças mentais e patologias sociais.”
Contudo, apesar da medicina ter avançado com o passar do tempo, há alguns fatores
que contribuem para o questionamento do caráter reducionista do modelo biomédico -
ausência de simpatia, solicitude e mais humanidade, e o surgimento de um novo paradigma,
um novo olhar sobre o adoecer.
O modelo biopsicossocial:
Os aspectos que contribuíram para o surgimento desse novo modelo na medicina
foram a redução dos fenômenos patológicos a simplicidade da causa orgânica, a separação
mente/corpo. O modelo olha para além da doença, percebe a influência dos fatores
psicológicos que influenciam no corpo e esse corpo por sua vez, influencia diretamente o
ambiente social do sujeito. Se há algum desequilíbrio em algum aspecto o corpo é quem
indica que algo não está bem. Assim, os fatores psicossociais podem interferir mantendo ou
modificando o adoecer, variando de um indivíduo para outro.
Apontamos como exemplo a cena em que o Dr. Patch interage com o paciente mais
agressivo com os funcionários do hospital, consegue através do bom humor trazer uma
mudança para melhor no estado do paciente. Outro exemplo é a cena das crianças da ala de
oncologia. É relevante a mudança de atitude das crianças perante o ambiente hostil
hospitalar, solidão, medo em contraponto à postura de vivacidade e alegria depois das
intervenções do Dr. Adams.
A necessidade agora é de uma equipe multidisciplinar e seus saberes juntos com o
mesmo propósito, qual seja o tratamento. Para tanto, acreditamos que é preciso uma
mudança na formação do profissional de saúde de sua prática individual para a de
colaboração em equipe, como afirma Capra (Ibid. 332), “a mudança de paradigma na
assistência à saúde envolverá a formulação de novos modelos conceituais, a criação de
novas instituições e a implementação de uma nova política”.
Considerações finais:
Em nosso entendimento, é necessário em qualquer contexto médico uma visão ampla
para a complexidade das questões entre saúde e doença voltada para a colaboração entre os
profissionais envolvidos. A nós, futuros psicólogos cabe a tarefa de ter em mente a cultura
médica – onde só havia espaço exclusivo para eles, como ferramenta facilitadora de
trabalho.
A nossa contribuição a saúde pública deverá estar condicionada a um processo
acelerado de pesquisas neste saber que possibilitem um melhor entendimento sobre a
relação do indivíduo adoecido e as instituições.
Para concluir lembramos que a Organização Mundial de Saúde tem como maior
objetivo é não poupar esforços para que todos possuam uma excelente qualidade de saúde
no que se refere ao bem estar mental, físico, social e não apenas ausência de doença como
apregoa a visão biomédica, para tanto a psicologia social, comunitária e da saúde, enfim,
todas as vertentes que tem como objeto de pesquisa o homem inserido em grupos deveriam
investir em seu desenvolvimento em relação à saúde.
Referências Bibliográficas:
CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação: A Ciência, a Sociedade e a Cultura Emergente. 25.
ed. São Paulo: Cultrix, 1982.
ROSSANA, Zakabi. Doutor e Palhaço: O médico americano cuja vida virou filme
diz que o humor e a esperança são bons auxiliares no tratamento dos doentes. Disponível em: < http://veja.abril.com.br/250204/entrevista.html> Acesso em 11 de Set. de 2011.