asdrúbal - patrick girard

16
A TRILOGIA DE CARTAGO ASDRÚBAL —————— A S F O G U E I R A S D E M É G A R A —————— P a t r i c k G i r a r d Volume III

Upload: estacao-liberdade

Post on 23-Jul-2016

256 views

Category:

Documents


8 download

DESCRIPTION

Este volume encerra a 'Trilogia de Cartago' com o fim terrível dessa cidade, cuja destruição fora jurada pelo líder romano Catão. Com determinação e astúcia, Asdrúbal tenta opor uma desesperada resistência a um inimigo infinitamente superior. Assim, o autor narra o terrível destino que se abate sobre a cidade púnica. Desejando retomar o poder sobre o Mediterrâneo, Roma parte para uma guerra decisiva contra os cartagineses, só que desta vez trata-se de uma guerra de extermínio.

TRANSCRIPT

A T R I L O G I A D E C A R T A G O

ASDRÚBAL—————— A S F O G U E I R A S D E M É G A R A ——————

P a t r i c k G i r a r d

Neste último volume da Trilogia de Cartago, Patrick Girard ressuscita o brilho e a grandeza da mais bela cidade do mundo à época, cuja de­

struição foi jurada por Catão. Através da luta de Asdrúbal, último de uma grande linhagem de generais cartagi­neses que incluiu Amílcar e Aníbal,

vemos reconstituídos num relato repleto de paixão os últimos momen­tos dessa cidade que reinou sobre os mares e da qual Roma não deixou

pedra sobre pedra.

Tradução de Guilherme J. F. Teixeira

C A TRILOGIA DE CARTAGO c

No contexto do redobrado interesse pela história antiga no Brasil, apresentamos em três volumes a história romanceada de Car ta­go, centro de uma das principais civilizações da Antigüidade. Foi na prática a única a con seguir ameaçar seriamente a todo­poderosa Roma. Os feitos de seus líderes Amílcar, Aníbal e Asdrúbal entraram para a História, como a longa guerra de dois séculos contra Roma, a reocupação e colonização da Hispânia por Amílcar, a travessia dos Alpes com elefantes por seu filho Aníbal, até o saque e a destruição final de Cartago pelos romanos.

A presente série ressuscita o esplendor des­sa lendária cidade de descendentes diretos dos fenícios e que constitui um exemplo clássico de uma colônia que superou a metrópole em grandeza, poder e influência. Mais do que se deixar levar por uma saga histórica, trata­se para o leitor de redescobrir uma civilização por vezes justa e com veleidades democráticas — como a eleição por aclamação popular de seus chefes militares em praça pública —, mas também dilacerada por lutas intestinas que a deixariam à beira da desolação. Uma Cartago ora voltada ao comércio e à navegação — dos quais tinha o domínio absoluto à época —, ora dedicada às armas com os sucessos e derrotas que fizeram sua fama.

CcPatrick Girard é historiador. Nascido em Paris em 1950, trabalhou como pesquisador no Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) francês e atualmente é editorialista da revista semanal L’Événement. É autor de uma vasta obra de não­ficção e de ensaios históricos.

ASDRÚBAL— A S F O G U E I R A S D E M É G A R A —

“Delenda Cartago” (“É preciso destruir Carta­go”). A famosa e implacável sentença de Catão que ressoa nas salas de mármore do Senado de Roma marcará os acontecimentos deste último volume da Trilogia de Cartago. Nele o autor narra o terrível destino que se abate sobre a famosa cidade púnica. Com o objetivo de re­tomar o poder sobre o Mediter râneo, Roma decide partir para uma guerra decisiva contra os arquiinimigos carta gineses. Trata­se agora de uma guerra de extermínio, durante a qual até o cônsul Cipião, líder do partido mais fa­vorável à paz com Cartago, su cumbe aos apelos guerreiros.

Mas um homem valoroso estará no ca minho dos generais romanos: Asdrúbal, que se entrega de corpo e alma à defesa da cidade, ao mesmo tempo que dá um grande passo em falso, ao raptar a filha do rei de um de seus aliados. Com a aproximação dos invasores romanos liderados por Cipião, Asdrúbal mobiliza seus compatrio­tas para o choque final. Depois de vários suces­sos iniciais que permitem a Cartago entrever uma vitória decisiva, Roma, aparen temente mais forte no jogo diplomático e nas conspirações de palácio, consegue reverter alianças decisivas. Totalmente derrotado, o líder cartaginês assiste à queda e destruição de sua cidade, enquanto sua mulher e filhos pre ferem perder a vida a se tornar escravos.

O autor nos oferece um sufocante retrato do trágico fim de Cartago, que algumas décadas depois renasceria das trevas para se tornar a próspera metrópole da África romana, vândala e bizantina.

Cc A

SDR

ÚB

AL

Cc

Volume III

Pat

rick

Gir

ard

Volume

A TRILOGIA

DECARTAGO

ISBN 85-7448-040-1

A TRILOGIA DE CARTAGO

Volume III

Tradução deGuilherme João de Freitas Teixeira

Patrick Girard

ASDRÚBALAS FOGUEIRAS DE MÉGARA

Todos os direitos reservados à

Editora Estação Liberdade Ltda.Rua Dona Elisa, 116 01155-030 São Paulo-SP

Tel.: (11) 3661 2881 Fax: (11) 3825 4239e-mail: [email protected]

http://www.estacaoliberdade.com.br

© Copyright Editionº1, 2000© Copyright Editora Estação Liberdade, 2001, para esta traduçãoTítulo original: Hasdrubal: les bûchers de Mégara

Preparação e revisão Sílvia Sampaio Ribeiro e Nair Hitomi Kayo

Composição Pedro Barros / Estação Liberdade

Layout da capa Suzana De Bonis

Ilustração da capa A partir de Tomada de Cartago, de Tempesta. © Foto RMN – G. Blot

Editores Angel Bojadsen e Edilberto F. Verza

Girard, Patrick, 1950- Asdrúbal : as fogueiras de Mégara, Patrick Girard ; tradução de Guilherme João de Freitas Teixeira. – São Paulo : Estação Liberdade, 2001. – (A Trilogia de Cartago / volume 3)

Título original: Hasdrubal : les bûchers de Mégara. Inclui mapas do Mediterrâneo e de Cartago.

ISBN 85-7448-040-1

1. Romance francês I. Título. II. Série.

01-1557 CDD-843.081

Índices para catálogo sistemático: 1. Romances históricos : Literatura francesa 843.081

8 Mapa do Mediterrâneo 11 Mapa de Cartago 15 Introdução 21 Capítulo 1 39 Capítulo 2 59 Capítulo 3 77 Capítulo 4 109 Capítulo 5 139 Capítulo 6 165 Capítulo 7 189 Capítulo 8 217 Capítulo 9 247 Capítulo 10 283 Epílogo

Sumário

O Grande Mar na época de Asdrúbal

Cidade de Cartago

à époCa das guerras púniCas

Escala1:66:000

1 km

5 estádios

Para Martine, Olivia e Anna.

15

Introdução

Introdução

á alguns dias, comecei a ditar minhas “Memórias” a Magon, meu fiel ajudante-de-campo, que me acompanhou no momento em que tomei o caminho do exílio. Durante muito tempo, hesitei antes de incumbi-lo de um trabalho tão fastidioso e indigno de sua posição. Afinal de contas, ele manipula melhor o gládio do que o cálamo; além disso, eu poderia ter feito apelo a um escriba, se tal empreitada não exigisse sigilo. Qual teria sido o motivo dessa de-cisão? Continuo a sentir-me bem, mesmo que esteja percebendo os primeiros sinais da velhice. Creio que ainda me restam longos anos de vida. No entanto, tenho receio de que um simples acidente ou uma doença imprevista me impeça de levar a termo minha tarefa.

Com efeito, estou impaciente por responder às calúnias que têm sido espalhadas contra mim e das quais o principal responsável é esse maldito grego, Políbio*, que goza da amizade de Públio Cor-nélio Cipião Emiliano. Por um de seus escravos, fiquei sabendo que ele está escrevendo uma “História” em que irá tratar, entre outros assuntos, das guerras travadas entre Roma e Cartago. Depois das

H

* Grande historiador grego (c. 202-120 a.C.). Depois da batalha de Pidna (na Macedônia, que os romanos venceram), foi um dos mil reféns deportados para Roma, onde estabeleceu uma amizade duradoura com Públio Cornélio Cipião Emiliano, a quem acompanhou durante o cerco de Cartago em 147-146 a.C. Cf. Paul Harvey, Dicionário Oxford de literatura clássica, grega e latina, trad. de Mário da Gama Kury, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1987, p. 409. (N.T.)

16

AsdrúbAl – As fogueirAs de MégArA

várias conversações com esse escravo, não me restou nenhuma ilusão: Políbio não deixará de desferir contra mim alguns dardos bem aguçados, além de se derramar em vis bajulações em favor de seu protetor. Nesse caso, sou obrigado a tomar minhas precauções, consagrando-me ao projeto que há muito tempo está amadurecendo em mim: se eu não tivesse receio de cair no ridículo, diria que se trata simplesmente de uma questão de vida ou de morte.

Políbio nunca chegará a sabê-lo — o que é pena, porque isso o obrigaria a baixar a crista —, mas quem me convenceu, defi-nitivamente, a confiar à posteridade minhas próprias lembranças foi um moleque de uns dez anos de idade, filho de meus vizinhos. Todas as noites, depois de ter bebido uns bons cálices de vinho da Sicília na taberna do Delfim Ágil, volto cambaleando para minha casa, situada perto do Fórum: e lá está ele à minha espera com seus companheiros de farra para me agoniar com insultos. Às vezes, ainda tenho suficiente lucidez para ouvir seus escárnios: “Olhem o beberrão cartaginês. Que saúde! Ele está bêbado como Baco porque é o único meio que encontrou para esconder sua covardia e seus erros.”

Nunca me queixei dele a seu pai, antigo centurião, cujo corpo traz as marcas recebidas no campo de batalha. O Senado forneceu-lhe um alojamento ao lado da minha casa, não tanto para me espio-nar, mas sobretudo para velar pela minha segurança. Um grande número de romanos e — infelizmente, devo admitir — alguns de meus compatriotas sonham em matar-me porque julgam que sou responsável pela morte de seus parentes. Esse homem de bem de-sempenha o papel de meu cérbero e, em várias ocasiões, neutralizou atentados contra minha vida. Se eu lhe contasse as patifarias do filho, sua primeira reação seria aplicar-lhe uma re primenda exem-plar, por medo de que eu me queixasse às autoridades a respeito do tratamento que me é reservado. Mas recuso tal procedimento: não sou o único bêbado a ser alvo da chacota desses jovens que têm a crueldade própria de sua idade. Todavia, a intemperança desses

17

Introdução

homens é menos criminosa do que a minha: são pobres-diabos que sempre conheceram a miséria e a solidão, a quem o vinho traz um apaziguamento provisório. Quanto a mim, tenho outra têmpera: mesmo chafurdando em meus vômitos, não consigo esquecer que sou Asdrúbal, o Boetarca, antigo generalíssimo do exército carta-ginês, o soldado que preferiu entregar-se aos adversários em vez de perecer em companhia de seus concidadãos no incêndio de sua cidade natal.

O sarcasmo desses garotos abriram meus olhos para a ampli tude de minha decadência. Os filhos da Loba não se cansaram de escar-necer de mim: ao entregar-me aos romanos, eu não tinha desejo de salvar minha vida, mas atenuar o sofrimento de meus conci dadãos e evitar que a maior parte deles fossem massacrados ou reduzidos à escravidão. Minha intenção era negociar uma rendição honrosa, sem ignorar o que me esperava. Em Roma, os generais a quem o Senado atribui as honras do triunfo* têm o costume de mandar decapitar seus mais ilustres prisioneiros depois de obrigá-los a desfilar atrás de seu carro até o templo de Júpiter Capi to lino. No dia da cerimônia organizada para celebrar o brilhante sucesso de Públio Cornélio Cipião Emiliano, preparei-me para morrer sob o fio do gládio do carrasco, como, aliás, aconteceu com um grande número de meus companheiros de infortúnio; mas não me coube tal sorte. Meu vencedor decidira poupar-me, sabendo que, para mim, continuar vivendo seria infinitamente mais penoso do que expirar murmurando, pela última vez, o nome de minha pátria bem-amada. Ora, ele não se enganou: há dez anos estou sendo torturado coti-dianamente pelo remorso de ter sobrevivido à minha derrota; aliás, tudo o que tenho procurado fazer é esquecê-la, bebendo como um gambá. É claro, eu poderia suicidar-me, mas tal gesto seria uma forma de reconhecer a pertinência das críticas de meus de tratores.

* Trata-se do cortejo festivo com o qual se celebrava, em Roma, o sucesso de um general romano em campanha importante contra inimigos estrangeiros. Cf. Paul Harvey, Dicionário Oxford de literatura clássica, op. cit., p. 503. (N.T.)

A T R I L O G I A D E C A R T A G O

ASDRÚBAL—————— A S F O G U E I R A S D E M É G A R A ——————

P a t r i c k G i r a r d

Neste último volume da Trilogia de Cartago, Patrick Girard ressuscita o brilho e a grandeza da mais bela cidade do mundo à época, cuja de­

struição foi jurada por Catão. Através da luta de Asdrúbal, último de uma grande linhagem de generais cartagi­neses que incluiu Amílcar e Aníbal,

vemos reconstituídos num relato repleto de paixão os últimos momen­tos dessa cidade que reinou sobre os mares e da qual Roma não deixou

pedra sobre pedra.

Tradução de Guilherme J. F. Teixeira

C A TRILOGIA DE CARTAGO c

No contexto do redobrado interesse pela história antiga no Brasil, apresentamos em três volumes a história romanceada de Car ta­go, centro de uma das principais civilizações da Antigüidade. Foi na prática a única a con seguir ameaçar seriamente a todo­poderosa Roma. Os feitos de seus líderes Amílcar, Aníbal e Asdrúbal entraram para a História, como a longa guerra de dois séculos contra Roma, a reocupação e colonização da Hispânia por Amílcar, a travessia dos Alpes com elefantes por seu filho Aníbal, até o saque e a destruição final de Cartago pelos romanos.

A presente série ressuscita o esplendor des­sa lendária cidade de descendentes diretos dos fenícios e que constitui um exemplo clássico de uma colônia que superou a metrópole em grandeza, poder e influência. Mais do que se deixar levar por uma saga histórica, trata­se para o leitor de redescobrir uma civilização por vezes justa e com veleidades democráticas — como a eleição por aclamação popular de seus chefes militares em praça pública —, mas também dilacerada por lutas intestinas que a deixariam à beira da desolação. Uma Cartago ora voltada ao comércio e à navegação — dos quais tinha o domínio absoluto à época —, ora dedicada às armas com os sucessos e derrotas que fizeram sua fama.

CcPatrick Girard é historiador. Nascido em Paris em 1950, trabalhou como pesquisador no Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) francês e atualmente é editorialista da revista semanal L’Événement. É autor de uma vasta obra de não­ficção e de ensaios históricos.

ASDRÚBAL— A S F O G U E I R A S D E M É G A R A —

“Delenda Cartago” (“É preciso destruir Carta­go”). A famosa e implacável sentença de Catão que ressoa nas salas de mármore do Senado de Roma marcará os acontecimentos deste último volume da Trilogia de Cartago. Nele o autor narra o terrível destino que se abate sobre a famosa cidade púnica. Com o objetivo de re­tomar o poder sobre o Mediter râneo, Roma decide partir para uma guerra decisiva contra os arquiinimigos carta gineses. Trata­se agora de uma guerra de extermínio, durante a qual até o cônsul Cipião, líder do partido mais fa­vorável à paz com Cartago, su cumbe aos apelos guerreiros.

Mas um homem valoroso estará no ca minho dos generais romanos: Asdrúbal, que se entrega de corpo e alma à defesa da cidade, ao mesmo tempo que dá um grande passo em falso, ao raptar a filha do rei de um de seus aliados. Com a aproximação dos invasores romanos liderados por Cipião, Asdrúbal mobiliza seus compatrio­tas para o choque final. Depois de vários suces­sos iniciais que permitem a Cartago entrever uma vitória decisiva, Roma, aparen temente mais forte no jogo diplomático e nas conspirações de palácio, consegue reverter alianças decisivas. Totalmente derrotado, o líder cartaginês assiste à queda e destruição de sua cidade, enquanto sua mulher e filhos pre ferem perder a vida a se tornar escravos.

O autor nos oferece um sufocante retrato do trágico fim de Cartago, que algumas décadas depois renasceria das trevas para se tornar a próspera metrópole da África romana, vândala e bizantina.

Cc A

SDR

ÚB

AL

Cc

Volume III

Pat

rick

Gir

ard

Volume

A TRILOGIA

DECARTAGO

ISBN 85-7448-040-1