aspectos de bem-estar animal no abate de aves aurione.pdf · miguel aurione orientador: prof. dr....
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
CAMPUS JATAÍ
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO
ASPECTOS DE BEM-ESTAR ANIMAL NO ABATE DE AVES
Miguel Aurione Orientador: Prof. Dr. Ariel Eurides Stella
JATAÍ 2010
MIGUEL AURIONE
ASPECTOS DE BEM-ESTAR ANIMAL NO ABATE DE AVES
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado para a obtenção do título de Médico Veterinário junto à Universidade Federal de Goiás,
Campus Jataí.
Orientador : Prof. Dr. Ariel Eurides Stella
UFG/ CAJ
Supervisor: Fernando de Paula Navarrette
BRASIL FOODS S.A
JATAÍ 2010
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) GPT/BC/UFG
A927a
Aurione, Miguel Aspectos de bem-estar animal no abate de aves / Miguel Aurione. - 2010. 62 f. : il., figs., tabs.
Orientadora: Prof. Dr. Ariel Eurides Stella. Monografia (Graduação) – Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí, 2010. Bibliografia. Inclui lista de tabelas e figuras. 1. Aves - Abate - Complexo agroindustrial - Goiás (Estado) 2. Avicultura – Indústria – Consumidor – Qualidade da Carne . 3. Abate - Humanitário. I. Título. CDU: 637.512
MIGUEL AURIONE
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação defendido e aprovado em oito
de Dezembro de 2010 pela seguinte Banca Examinadora:
_______________________________________________________________
Prof. Dr. Ariel Eurides Stella – UFG/CAJ
(Presidente da Banca)
_______________________________________________________________
Profª. Drª. Cleusely Matias de Souza – UFG/CAJ
(Membro da Banca)
_______________________________________________________________
Med. Veterinária Gracielle Teles Pádua – Brasil Foods – Mineiros
(Membro da Banca)
iv
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus por sempre estar ao meu lado, em
todas as etapas de sucesso da minha vida.
Aos meus pais, Miguel Aurione Neto e Tereza Olímpia, por confiar
em minhas capacidades e apostarem em meu crescimento pessoal e
profissional, sempre apoiando pelas minhas decisões e sendo peças
fundamentais para o meu sucesso.
A minha amada Lorena Maria, que ajudo muito para o meu
crescimento pessoal, sempre estando ao meu lado durante grande parte da
minha formação acadêmica, me apoiando e incentivando, nos momentos
felizes e difíceis.
Aos funcionários do Matadouro de aves e coelhos, BRASIL FOODS
S.A – Mineiros, pela paciência e dedicação, pelos ensinamentos que todos
pouco souberam me passar durante minha permeância no estagio curricular.
Aos amigos que soube construir durante o estagio, que foram peças
fundamentais para a realização do mesmo. Ao supervisores e técnico, Julio
Cesar, Thatiane Chistine e Willian Rodrigues e aos veterinários Fernando
Navarrette e Gracielle Teles.
Aos meus amigos de infância que mesmo morando muito distante,
sempre estiveram do meu lado, Daniel Baramille, Mauricio Leite, Pablo Natal,
Taina Dal Bosco, Tales dias, etc.
Aos meus colegas de faculdades, que sempre foram mais que
colegas e amigos e sim verdadeiros irmãos que a vida me proporcionou,
estando sempre juntos nas farras semanais, sendo verdadeiros companheiros
em todos os momentos; Rômulo pereira, Fausto Carrijo, Juliano Pereira,
Alexandre Vinhal, Willian Fayad, Lucas Santos e todos da minha turma que
sempre tiveram presentes.
As minhas colegas de faculdade, que sempre foram e estiveram
presentes, vivendo inseparavelmente durante os cinco anos. Ísis Assis, Jessica
Ribeiro, Ludmilla Daminhão, Nívea Carolina, Vanessa Freitas, Flávia Freitas,
Janine Freitas.
v
Agradeço de coração aos meus irmãos de republica, em que
vivemos todo o período de faculdade junto, construindo uma historia, com
inestimáveis momentos agradáveis, Willian Martins Silva e Reiller Morães Silva.
Ao meu orientador Ariel Eurides Stella, pela paciência e atenção no
acréscimo aos meus conhecimentos acadêmicos.
Ao nosso psicólogo fabinho que em todos os momentos de nossa
graduação, sempre nos acolheu de braços aberto no seu estabelecimento,
sempre servindo a “cerva” bem gelada e o pastel na hora.
A todos os professores que foram fundamentais para o meu
conhecimento acadêmico, fazendo com que aumenta-se os meus
conhecimentos da área, Cleusely Matias de Souza, Vera Fontana, Thiago
Correa, Carla Fontana, etc.
A nossa ajudante de republica, que sempre esteve nos ajudando
com os serviços domésticos, obrigado Celina.
Agradeço de coração a todas as pessoas que foram importantes ou
que participaram de minha formação acadêmica, contribuindo de alguma
forma. Há todo muito obrigado.
vi
Dedico,
aos meus pais Miguel Aurione
e Tereza Olímpia que me apoiaram
e sempre me deram força para correr
atrás dos meus sonhos e nunca desistir.
não podendo faltar as pessoas importantes,
meu irmão Gabriel Almeida Aurione,
minha amada Lorena Maria e meus amigos
que sempre estiveram presentes.
vii
“Chegará o dia em que os homens conhecerão o íntimo
dos animais, e neste dia, um crime contra
um animal será considerado um crime
contra a humanidade.”
(Leonardo Da Vinci)
“Durante toda a faculdade de veterinária,
você aprende a possibilitar um conforto e
bem-estar para os animais, hoje eu possibilito
um bem-estar para que eles possam morrer bem.”
(Darwem Alencar – Veterinário Sênior BRF S.A)
viii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1
2. CAMPO DE ESTÁGIO .................................................................................... 4
2.1 Complexo agroindustrial BRF, Mineiros – GO .............................................. 4
2.2 Atividades desenvolvidas .............................................................................. 5
3. MERCADO DE PERU ..................................................................................... 8
4. ASPECTOS DE BEM - ESTAR ANIMAL NO ABATE DE AVES ...................... 12
4.1 Abate humanitário ......................................................................................... 14
4.2 Legislações e protocolos de bem-estar animal ............................................ 15
4.3 Fisiologia do estresse .................................................................................... 19
4.4 Estresse animal versus qualidade da carne .................................................. 24
4.5 Parâmetros de bem-estar no abate ............................................................... 28
4.5.1 Apanha ....................................................................................................... 28
4.5.2 Transporte .................................................................................................. 30
4.5.3 Descanso pré-abate / recepção.................................................................. 33
4.5.4 Pendura ...................................................................................................... 37
4.5.5 Insensibilização .......................................................................................... 40
4.5.6 Sangria ....................................................................................................... 52
4.5.7 Abate de emergência ................................................................................. 56
4.5.8 Abate religioso ............................................................................................ 57
CONCLUSÃO ....................................................................................................... 60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 61
ix
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Complexo Agroindustrial BRF - Mineiros – GO ................... 04
FIGURA 2 Logomarca do programa de bem-estar animal BRF ........... 14
FIGURA 3 Selo da HFAC, de controle de abate humanitários ............. 18
FIGURA 4 Logomarca da HFAC ........................................................... 18
FIGURA 5 Gráfico de respostas endócrinas ao estresse ...................... 21
FIGURA 6 Apanha de perus de maneira correta .................................. 30
FIGURA 7 Apanha de perus de maneira incorreta ............................... 30
FIGURA 8 Imprevistos com o transporte das aves: atolamento ........... 32
FIGURA 9 Galpão de espera das aves no matadouro BRASIL FOODS S/A, Mineiros – GO .............................................................. 34
FIGURA 10 Aves com morte súbita nas caixas de transporte nos galpões de espera ............................................................................ 35
FIGURA 11 Ventiladores e nebulizadores no galpão de espera da BRF – Mineiros .............................................................. 37 FIGURA 12 Sala de pendura - matadouro BRF BRASIL FOODS S/A, Mineiros – GO ..................................................................... 38
FIGURA 13 Insensibilização mecânica por dado cativo em perus ........ 42
FIGURA 14 Entrada dos perus na cuba de insensibilização. BRF – Mineiros ................................................................... 43
FIGURA 15 Demonstrativo do funcionamento de uma cuba eletrificada .44
x
FIGURA 16 Insensibilização com aves pequenas, baixa resistência ..... 44
FIGURA 17 Insensibilização com aves grandes, alta resistência ........... 45
FIGURA 18 Divisão de amperagem em todas as aves na cuba ............ 47
FIGURA 19 Pré-choque na asa, na entrada da cuba, antes da ave ser insensibilizada .................................................................... 49
FIGURA 20 Demonstrativo do corte dos quatro vasos, duas artérias carótidas, duas veias jugulares ........................................... 53
FIGURA 21 Demonstrativo do corte de dois vasos, uma artérias caro- tidas,Uma veia jugular ......................................................... 54
FIGURA 22 Demonstrativo do corte das duas veias jugulares, com as artérias intactas .............................................................. 54
FIGURA 23 Símbolo da Cibal Halal Brasil, Centro Islâmico Brasileiro de abate Halal .......................................................................... 59
xi
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Correspondente da quantidade de freqüência e amperagem para frangos e perus. ............................................................. 46
1. INTRODUÇÃO
O mercado consumidor de proteínas de origem animal vem
aumentando a cada ano, devido a carne de ave ser uma fonte de proteína
relativamente barata e com baixa quantidade de lipídeos. A cada dia cresce
mais o número de pessoas preocupadas com a saúde de sua família e com o
modelo de produção dos alimentos.
A tendência desta nova década e de cada vez mais, pessoas
exigirem alimentos saudáveis ou que sejam criados em padrões visando o
bem-estar animal. Com isso, as pessoas procuram preferencialmente alimentos
livres de medicamentos, produzidos dentro dos padrões de bem estar-animal,
orgânicos e/ou que respeitem padrões religiosos durante o abate.
Para conseguir conquistar o mercado consumidor, que geralmente é
externo as empresas devem se adequar às exigências de cada consumidor.
As mudanças no estilo de vida da sociedade, fez com que as
necessidades e preferências dos consumidores se modificassem, isso levou as
indústrias a se adaptarem a estas novas exigências. Maiores volumes de
frango em corte ou desossado passaram a ser requeridos, em detrimento às
aves embaladas inteiras.
Na produção houve a necessidade de selecionar geneticamente
aves com maiores rendimentos de coxa e peito e, na industrialização houve a
necessidade de minimizar defeitos causados pelo manejo pré-abate e durante
o abate, que se tornavam evidentes quando a ave era comercializada com
osso ou desossada (MENDES, 2002).
A rede de produtos alimentícios Tesco, um dos maiores mercados
atacadistas da União Européia, exige uma cota de produção de seus
fornecedores. Cotas essas que priorizam o bem-estar animal, desde a fase de
perus nas granjas até a sangria sem sofrimento e dor.
Alguns mercados com a religião predominante islâmica, exigem que
os animais sejam abatidos por ritual religioso. No abate Halal, o bem-estar das
aves não é o ponto principal, mas sim o sofrimento do animal, para garantir um
alimento puro, livre de sangue.
2
Junto com as exigências dos mercados específicos, tem-se o
desafio de produzir mais a um preço menor. No entanto há também uma maior
preocupação com a biossegurança dos alimentos. Para se produzir mais, com
um preço barato e além de tudo um alimento inócuo se faz necessário cada
vez mais estudos envolvendo os animais criados intensivamente, visando
reduzir as perdas da produção, o aumento dos níveis de rentabilidade do
produto acabado, com uma qualidade impecável Deste modo, deve-se investir
em pesquisas, para descobrir e solucionar problemas encontrados no
fluxograma industrial.
Na região Centro-Oeste, a avicultura tem possibilidade de
crescimento e desenvolvimento vigoroso, visto que os produtores encontram
um cenário com ótimas condições para produzir aves de qualidade. Dentre as
vantagens temos a mão-de-obra barata e a facilidade de aquisição de grãos
como milho, soja e sorgo, que permite a produção de ração a baixo custo e
suficiente para suprir o vasto plantel regional.
Uma das maiores empresas especializados na produção de
produtos cárneos in natura e industrializados, a Brasil Foods S.A. esta presente
no sudoeste goiano, possuindo três grandes frigoríficos de abates de aves e
suínos: Rio verde, abate de suínos, frango e chester, em Jataí frango leve e em
Mineiros perus pesados.
Este trabalho demonstra a importância do abate humanitário na
produção avícola, discutindo políticas e protocolos de bem estar animal (BEA)
dos principais centros de exportação e consumidores de carne de aves, como a
União Européia (E.U), Estados Unidos da América (E.U.A) e o Brasil.
São relatados os protocolos brasileiros de bem-estar animal da
União Brasileira Avícola (UBA) de 2008, juntamente com a Associação Mundial
de Proteção aos Animais (WSPA). Legislações da Autoridade máxima da
Européia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) de 2004, onde possuem
orientações sobre os métodos de atordoamento e sangria adequada para o
abate de animais. Os protocolos Norte Americanos da associação de bem-
estar animal dos Estados Unidos “Humane Farm Animal Care” (HFAC),
seguem os padrões dos cuidados com animais, específicos para perus de
2008.
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Evidenciando a importância do abate humanitário no Brasil, o
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Sociedade
Mundial de Proteção aos Animais; “ World Society for the Protection of Animals
(WSPA), criaram protocolos e executam treinamentos aos Médicos Veterinários
e agentes do serviço de Inspeção Federal (SIF) dos frigoríficos.
O objetivo deste trabalho foi relatar as atividades desenvolvidas na
indústria durante a permanência do estágio curricular, evidenciando o processo
de abate de aves, visando um produto de melhor qualidade com um
rendimento elevado, colocando em pauta uma das maiores preocupações com
a qualidade e biossegurança dos produtos, o bem estar-animal, está tornando
a principal exigência do mercado, assim políticas de bem-estar devem ser
discutidas e adotadas visando às especificações de cada grupo de
compradores.
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2. CAMPO DE ESTAGIO
2.1 Complexo Agroindustrial Brasil Foods S/A – Mineiros – GO
As empresas da BRASIL FOODS – S.A comercializam os produtos
de grandes marcas, reconhecidas nacional e internacionalmente como Perdix,
Halal, Confidencia (comércio internacional), Batavo, Perdigão, Sadia, Becel,
Doriana, Cotochés e Elege (comércio Nacional).
A unidade da BRF de Mineiros – GO é originada do projeto Guarani,
no qual se abate perus está situada na Rodovia GO 341, s/n, km 2,5 (FIGURA
1).
FIGURA 1 – Complexo Agroindustrial da BRF Mineiros – GO Fonte: Google Earth, 2010.
A unidade possui hoje cerca de 1.200 funcionários, e abate em
média 22.000 perus/dia, em dois turnos. A capacidade real da indústria e de
30.000 perus/dia em três turnos. Possui estrutura física montada, para os
equipamentos para a implantação de outra linha de abate de aves.
O estágio foi realizado no setor de abate e evisceração de perus,
com a supervisão do administrador Julio Cesar Perreira, com acompanhamento
dos médicos veterinários responsáveis pelo setor, Dr. Fernando de Paula
Navarrette – CRMV - 5137 e Drª. Gracielle Teles Pádua – CRMV - 4902. O
5
mesmo foi realizado no período de 10 de agosto à 26 novembro de 2010, com
totalização de 540 horas.
A empresa possui uma estrutura considerada avançada para o setor,
com todos os programas de autocontrole implantados, e com um programa de
bem-estar animal rigoroso, proporcionando um conforto no abate das aves,
sendo bastante cobrado por parte da empresa e do mercado comprador, como
seus clientes da Tesco.
Com uma unidade de abate relativamente nova, com três anos de
funcionamento, está em grande desenvolvimento no setor de produção e
exportação de proteína de origem avícola. Atualmente com 60% da indústria
em produção, e atuando com 70% da sua capacidade implantada, tende a ter
um aumento na sua produção, aderindo à segunda linha de abate.
2.2 Atividades desenvolvidas
Durante a permanência na indústria, local de realização das
atividades de estágio curricular, foram acompanhados os procedimentos de
rotina dos Médicos Veterinários do setor de abate e evisceração, que controlam
a qualidade das carcaças e o bem-estar das aves. Foi acompanhado também a
rotina dos vários setores da unidade produtiva, Garantia Qualidade (GQ), PCP,
Apontamento, com o intuito do conhecimento de todas as etapas da cadeia
produtiva.
Foi acompanhada a criação dos perus (setor da agropecuária), com
início nos aviários de crescimento dos perus como o sistema iniciador de perus
(SIP). Neste, os pintainhos permanecem até os 28 dias, passando para o
sistema terminador de perus (STP), de onde permanecendo até a fase de
abate, com 90 dias para as fêmeas e 120 dias para os machos.
Na industria, houve acompanhamento em todos os setores, incluindo
setores administrativos e de produção como apontamento, PCP
(Processamento, controle e produção), ETE (Estação de tratamento de
esgoto), caldeira, FFG (Fábrica de farinhas e gordura), sala de abate, sala de
cortes, sala de CMS (Carne mecanicamente separada), paletização, etc.
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Durante a permanência na indústria, houve acompanhamento
constante dos Médicos Veterinários responsáveis pela linha, possibilitando uma
maior abordagem do conhecimento do processo industrial de abate de perus e
das suas áreas de atuação na indústria.
Outra atuação dos Médicos Veterinários é a responsabilidade pelo
controle da qualidade de alimentos, visando estabelecer os programas de
autocontrole, como Boas Prática de Fabricação (BPF), Análise de Perigos e
Pontos Críticos de Controle (APPCC) e Procedimento Sanitário Operacional
(PSO). Foram realizadas vistorias em todo o processo de produção, avaliando
a cadeia produtiva, verificando temperaturas, qualidade e aspectos dos
produtos, controle de sanidade e higiene, tudo visando o controle das
exigências implantadas pelo Sistema de Inspeção Federal (SIF), gerenciado
pelo MAPA.
No setor de abate e evisceração, os Médicos Veterinários, devem
fazer acompanhamento do lote para avaliação das carcaças e inspeção do
bem-estar das aves (possuem nomeação de inspetores do bem-estar animal).
Além do acompanhamento dos Médicos Veterinários da indústria,
são realizados projetos no setor de atuação do estágio, como o de rendimento
de carcaça, viabilidade do Post-Stunner e modificações de bem- estar animal
do programa da WSPA.
O projeto de rendimentos de carcaças de perus pesados, constituía
da verificação do rendimento das carcaças e dos miúdos comercializados
(fígado, moela, coração e traquéia). Com estes dados em mãos, era possível
verificar qual das raças de perus comerciais encontrava melhor rendimento na
região, assim podendo haver melhorias genéticas do plantel. A raça hoje
abatida, e da linhagem americana, BUTA (British United Turkeys American)
será substituída pela linhagen melhorada geneticamente, como Nichollas
(California, EUA) e a Britânica, Hybrid onde foram realizados testes com as
raças. Os testes de rendimento de carcaça e miúdos entre as raças e sexos,
comprovaram que a raça Nichollas possui o maior rendimento de carcaça,
acompanhado das raças Hybrid e BUTA, possuindo 79,85%, 79,65% e 79,14%
respectivamente para as fêmeas de perus. Os rendimentos dos miúdos
também acompanharam os das carcaças.
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Outra finalidade dos testes foi verificar qual faixa de peso,
apresentava um maior rendimento para o abate, constando a faixa de 7 kg à
8,5kg de peso vivo das fêmeas de BUTA a mais rentável.
O procedimento do projeto constituía da pesagem dos animais vivos
na sala de pendura, utilizando uma balança tipo Toledo, com precisão de cinco
gramas. Após a pesagem dos animais, eram lacrados com um lacre de
polietileno e uma etiqueta do mesmo material, os animais recebiam lacres
numerados para que pudessem retornar a linha da nórea, afim de prosseguir
com os testes na sala de evisceração. Na evisceração após as linhas de
inspeção, foram retirados os pacotes, contendo o fígado, coração e moela,
Neste local os miúdos eram limpos e pesados.
No PCC2 os funcionários retiram da linha as carcaças etiquetadas,
onde posteriormente eram pesadas as carcaças integras que não tiveram
alterações pelos funcionários do SIF. Assim, possibilitando uma amostragem
de cada animal com as variáveis de peso vivo, peso da carcaça, peso do
coração, peso da moela, peso do fígado e peso de traquéia. Com todos estes
parâmetros, é possível calcular a porcentagem de rendimento de cada animal,
e então analisada a porcentagem de miúdos separadamente e carcaças,
podendo verificar qual margem de peso é mais rentável.
O projeto de análise da viabilidade de um Post-stunner, possuindo
uma finalidade da implantação de um estimulador elétrico que possa ocorrer
uma estimulação elétrica na musculatura das aves após a sangria, para que a
mesma possa facilitar o esgotamento eficiente do sangue das aves, deste
modo à reduzir os índices de sangue residual presente nas veias braquiais, das
asas e na veia cava, presente internamente na musculatura do peito. A
estimulação na ave após a sangria faria com que a musculatura contraísse
facilitando e forçando o bombeamento do sangue, durante a sangria.
O projeto de BEA visava adequar a unidade industrial as
especificações do treinamento realizado em parceria do SIF com a WSPA, as
mesmas foram corrigidas e adequadas perante os regulamentos da
organização, visando o bem-estar das aves no abate.
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3. MERCADO DE PERU
Nos últimos anos, a avicultura brasileira tem apresentado um grande
crescimento, evidenciando uma importante representação na produção mundial
de proteína animal, como carne e derivado de aves. De certa forma a produção
e a criação de perus se destaca nestes últimos aumentos da produção avícola
brasileira. Assim como o frango de corte, grande parte da produção de carne
de peru é exportada. Todavia o frango de corte tem o consumo no mercado
interno bastante consolidado, o que já não ocorre com o consumo de derivados
de peru, que se apresenta bastante baixo, já que é considerado como um
alimento nobre e caro.
Tendo o Brasil pouca tradição no consumo da carne de peru, a
tecnologia de produção e abate ainda é novidade sendo abatidos
industrialmente menos de 10 anos, necessitando de melhorias para a
adaptação da espécie em nossa região (Centro-Oeste); diferente de países que
possuem a tradição e hábito no consumo da carne da ave em questão como
EUA e UE.
A tendência das pessoas nesta década é de procurar consumir
alimentos mais saudáveis e naturais, obtidos respeitando o bem-estar animal.
Isto faz com que aumenta se a procura por produtos de carne de aves,
principalmente de peru. A substituição do consumo da carne vermelha pela
carne branca das aves já está ocorrendo em vários locais do mundo.
O mercado interno brasileiro para peru inteiro é bastante limitado
uma vez que o produto compete diretamente com as aves temperadas, cujos
hábitos de consumo estão concentrados nas ocasiões festivas. O segmento de
cortes “in natura” também concorre diretamente com os cortes de frangos.
Exceção se faz aos processados, uma ótima forma para aumentar o consumo
per capita de perus no Brasil, especialmente na forma de presuntos, peitos
defumados, cozidos, mortadelas, salsichas, hambúrgueres, entre outros, aliado
ao forte apelo pela carne branca, saudável, com baixo teor de gordura, avalia
KAIBER (2004).
Hoje, o Brasil ocupa o 3° lugar no ranking de produção mundial de
carne de peru, tendo como destino grande parte da produção o mercado
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externo, já que o consumo interno é pequeno. Atualmente o consumo per
capita brasileiro de carne de peru está em tornor de 1 kg/hab./ano, no ano de
2003, o consumo era de 700 gramas/hab./ano. Mesmo com a elevação do
consumo interno, o Brasil ainda está longe de figurar entre os maiores
consumidores mundiais da ave, entretanto o país permanece atrás apenas dos
Estados Unidos e da União Européia. Estes países são também os maiores
criadores mundiais de peru, responsáveis por 91,1% da produção, enquanto
que a produção de peru no Brasil representa 6,9% da produção mundial (RAI,
2009).
De acordo com dados divulgados pelo Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos (USDA), a produção global de carne de peru em 2010 está
prevista em 5.156 bilhões de toneladas. Estados Unidos e União Européia
serão responsáveis por cerca de 85,8% da produção mundial. Este ano, o
Brasil, que é o terceiro maior produtor de carne de peru do mundo, deve
produzir cerca de 437 milhões de toneladas. A expectativa para 2010 é que o
país eleve o número de exportações em pelo menos 12 milhões de toneladas
(RAI, 2009).
O Canadá que é o quarto maior produtor, diminuiu sua produção em
11 milhões de toneladas em 2009. Entretanto a expectativa para 2010 no país
é um aumento de pelo menos 6% (RAI, 2009).
No Brasil existem quatro cidades que estão abatendo perus
industrialmente, as quais são representadas por grandes companhias no ramo
alimentício, cidades estas bem divididas estrategicamente pelo país, como
Uberlândia- MG, Francisco Beltrão – SC, Chapecó – SC e Mineiros – GO.
O complexo agroindustrial da BRF BRASIL FOODS – S.A, localizada
em Mineiros, é um dos maiores abatedouro de perus do Brasil, tendo abatidos
em Agosto/2010, cerca de 22.000 aves/dias, totalizando 440.000 aves abatidas
no mês em questão, em cinco dias abate por semana. No mesmo mês, teve
entrada na indústria 5.700 toneladas de peso vivo (PV) da ave, gerando 4.000
toneladas de produto acabado. Grande parte desta produção na indústria é
destinada a compradores externos, sendo exportados 64% da produção, 6%
destinado ao mercado interno e 30% gerado matéria prima para produtos
industrializados em outras unidades da empresa, principalmente em Rio Verde
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– GO. Esta porcentagem de matéria prima é disponibilizada no sistema
integrado da empresa, onde outras sedes que fazem a industrialização podem
requerer o produto. Em torno de 90% da matéria prima é disponibilizada para
Rio Verde e 10% para o restante das indústrias. Grande parte destes produtos
industrializados são destinados ao mercado interno. Este mercado possui
exigências de produtos de segunda linha, não tendo procura por cortes nobres
da ave. Este mercado prefere sambiquira, moela, pescoço, asa, e produtos
industrializados em geral, como presuntos, patês e embutidos. Estes produtos
são disponibilizados, para as regiões sul, sudeste e nordeste, onde a procura
por este tipo de produto é bem maior.
Grande parte da produção da carne de peru é exportada, são três
grandes grupos de compradores licenciados: os países da lista européia , lista
especial, lista geral. Cada um dos países destas listas possuem suas
exigências e especificações para a comercialização dos produtos.
O complexo BRASIL FOODS – S/A - Mineiros, exporta hoje para os
seguintes países; Lista especial: África do Sul, Países Árabes, Ilhas Canárias,
Argentina e Chile ; Lista Européia: Suíça, Rússia e Alemanha; Lista Geral:
África geral, China, Chile etc.
Alguns destes países ou compradores possuem suas exigências
específicas sobre o produto, o que faz com que a industria se adéqüe ao
mercado comprador.
A rede atacadista Tesco, localizada na Europa, tem como
compradores a Suíça e a Rússia, possuindo exigências específicas para
produtos que se adaptem ao hábito dos consumidores. A rede possui uma cota
de exigências onde os animais abatidos devem ter minimizados ao máximos
seus níveis de estresse ou dor, priorizando um alimento que seja produzido
dentro dos padrões éticos do bem-estar animal. Suas exigências começam no
campo, possuindo aviários específicos para Tesco. Estas exigências são
acompanhadas e passando relatórios mensais para a rede. Uma vez ao ano
eles vêm auditar a indústria.
A cota Alo Free, que possuem produtos livres de medicamentos
durante a sua produção, prioriza um público exigente, que é formado por
11
naturalistas, que querem um produto natural, livre de qualquer medicamento,
estimulante nutricional, entre outras. Esta cota é exportada para a suíça.
A empresa realiza o abate Halal (abate religioso), para as
exportações de produtos aos países Árabes, que possuem a religião Islâmica.
Eles acreditam que o animal oferecido como alimento, não deve conter
qualquer tipo de “toxinas” e “impurezas”, sendo assim eles retiram o sangue
dos animais por completo acreditando que as impurezas estão contidas no
sangue, e fazem orações durante o processo de sangria, segundo a religião,
para que a alma do alimento seja purificada. Uma das exigências é de que o
animal deve estar o menos sensibilizado possível, para que possa estar
consciente na hora da purificação diante de Ala.
Comparando com a cota Tesco, são dois produtos e linhas de
produção totalmente diferentes onde um visa o BEA e outra linha o sacrifício.
12
4.0. ASPECTOS DE BEM - ESTAR ANIMAL NO ABATE DE AVES
O termo bem-estar animal designa, de maneira geral, os numerosos
elementos que contribuem para a qualidade de vida dos animais. Assim, para
que possa ser definida uma condição de bem-estar, esta deve permanecer nos
parâmetros que constituem as "cinco liberdades" definidas pela Farm Animal
Welfare Council (FAWC) de 1992. Portanto, a adoção de medidas envolvendo
o bem-estar animal deve ser baseada em conhecimentos científicos e incluir o
planejamento e a capacitação das pessoas envolvidas (UBA, 2OO8).
Decorrente de uma das maiores discussões na cadeia de produção
de proteínas de origem animal, atualmente o bem-estar dos animais de é
definido desde a criação ao abate e visa seguir os aspectos das legislações de
proteção aos animais dos países compradores, que prioriza um alimento que
tenha sido produzido com total qualidade, biossegurança e BEA.
Alguns países já perceberam a importância de se criar um código de
praticas definindo os aspectos de cada passo na produção e abate de animais
priorizando o bem-estar, assim definindo uma legislação local de proteção e
ética na cadeia de produção animal.
Nos últimos anos tem se evidenciado uma demanda crescente, de
diversos países e mesmo blocos de países, por produtos de animais criados
com padrões de bem-estar. O preço que o consumidor final paga pode ser um
pouco mais alto, mas ele está mais consciente e mais exigente sobre a forma
como os animais destinados à alimentação são criados, mesmo que para isso
tenha que pagar um pouco mais (WSPA, 2009).
O Programa Nacional de Abate Humanitário da WSPA-Brasil vem ao
encontro dessa demanda, considerando também a legislação brasileira, as
diretrizes da OIE, as legislações européias e o movimento global que existe
hoje em relação ao bem-estar animal (WSPA, 2009).
O conceito de bem-estar animal foi, em seu início, estabelecido
dentro de parâmetros de natureza muito ampla e de aspectos pouco científicos,
portanto, de difícil aceitação por países produtores. Com isso criou-se
parâmetros de avaliação do bem-estar dos animais, que são analisados com
fundamentos científicos.
13
As cinco liberdades são: liberdade psicológica (de não sentir medo,
ansiedade ou estresse); liberdade comportamental (de expressar seu
comportamento natural sem influencias do homem); liberdade fisiológica (de
não sentir fome ou sede); liberdades sanitárias (de não estar exposto a
doenças e injúria) e liberdades ambientais (de viver em ambientes adequado,
com conforto e sem predadores).
As “cinco liberdades” foram originalmente desenvolvidas pelo
Conselho de Bem-Estar de Animais de Produção do Reino Unido (Farm Animal
Welfare Council – FAWC) e oferecem valiosa orientação para definir o bem-
estar animal.
As visões da sociedade com relação ao bem-estar animal estão
mudando e existe uma crescente preocupação com os valores éticos que
dizem respeito produção animal. Em virtude dessas mudanças, as pessoas não
mais consomem simplesmente os produtos alimentícios mais baratos, mas
procuram por várias características qualitativas adicionais, dentre as quais está
o bem-estar (NÄÄS, 1995).
O Brasil é um grande exportador de carne de frango e peru,
entretanto o país hoje possuem poucas exigências sobre BEA no abate de
aves, a tendência é que este cenário mude, devido à demanda do comércio
exterior, principalmente daqueles países ditos desenvolvidos.
Na atualidade um do poucos países que possuem uma legislação
especifica no assunto, é a união européia, com a Autoridade Européia para a
Segurança dos Alimentos (EFSA) onde o foco são os métodos de
atordoamento e sangria dos animais de produção, visando cada espécie
especifica.
O Brasil, somente as Instrução Normativa (IN) Nº 3, de 17 de Janeiro
de 2000, que visa o Regulamento Técnico de métodos de insensibilização para
o abate humanitário de animais de açougue, Portaria 210, regulamento técnico
da inspeção tecnológica e higiênico-sanitária de carne de aves, visão o galpão
de espera cuidados no trasporte das aves ate o frigorifico.
O protocolo brasileiro de BEA, foi elaborado a partir de associações
de bem estar animal e a União Brasileira de Avicultura (UBA), criando
protocolos de procedimentos de bem-estar para frangos e perus de corte.
14
As Indústrias devem realizar os procedimentos de BEA mesmo que
não exista um órgão que possa fiscalizar estas ações.
As indústrias Perdigão S/A, possuem padrões específicos para o
bem-estar animal (FIGURA 2). Inspetores e códigos de conduta de bem-estar
animal garantem um abate tranquilo para as aves, assim gerando um produto
de qualidade, conquistando compradores exigentes internacionalmente.
FIGURA 2 – Logomarca do Programa de Bem-Estar Animal BRF. Fonte: BRF S/A, 2010.
A intenção deste trabalho é analisar e unificar e avaliar os aspectos
de bem-estar animal de várias legislações mundiais, comparando as doutrinas
dos grandes mercados consumidores e produtores de carne de aves, visando
um propósito em comum, o bem-estar de aves no processo de abate.
4.1 Abate humanitário
O Abate humanitário consiste de um termo que envolve bastante
discussões, confusão de sua definição e até mesmo ironia do seu termo, visto
que muitas pessoas não consideram humanitário o ato de se abater um animal
para consumo. Instintivamente, é difícil fazer uma boa relação entre “abate”,
palavra que significa morte (realizada por sangria) e “humanitário”, que de
forma otimista nos remete ao amor à vida. Uma opção para e etiologia, poderia
ser “abate bem-estarista” (ROÇA, 2001).
15
Abate humanitário, refere-se a todos os procedimentos que visam
temas relacionados à bioética, bem-estar e direito dos animal, a partir disso
pesquisadores do mundo todo estão elaborando técnicas de manejo, avaliando
reações fisiológicas e comportamentais de animais, afim de melhorar a
condição de vida e morte dos mesmos.
“Abate humanitário” é definido pela IN Nº 03, publicada em 2000
pelo MAPA, e pode ser intepretado como o conjunto de procedimentos técnicos
e científicos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na
propriedade rural até a operação de sangria no matadouro-frigorífico (BRASIL,
2000).
O abate de animais deve ser realizado sem sofrimentos
desnecessários. As condições humanitárias devem prevalecer em todos os
momentos precedentes ao abate (ROÇA, 2001).
O essencial é que o abate de animais seja realizado sem
sofrimentos desnecessários e que a sangria seja eficiente. As condições
humanitárias não devem prevalecer somente no ato de abater e sim nos
momentos precedentes ao abate (GRACEY & COLLINS, 1992).
O importante é definir que no abate humanitário deve prevalecer a
moral do homem e o respeito a todos os animais, evitando os sofrimentos
inúteis. Cada país deve estabelecer regulamentos, com o objetivo de garantir
condições para a proteção humanitária à diferentes espécies de animais de
produção.
4.2 Legislações e protocolos de bem-estar animal
No Brasil infelizmente, ainda não existe nenhuma legislação
especifica na proteção para o bem-estar dos animais de produção, onde consta
no projeto de lei 215, ainda não aprovada.
O que ampara a proteção dos animais nos procedimentos pré-abate
seria, primeiramente, a normativa brasileira que trata do transporte de animais,
visando o bem-estar dos mesmos, o decreto 24.645 considera como maus
16
tratos aos animais que tenha embarcado e permanecidos por mais de 12 horas
sem água e sem alimentos (BRASIL, 1934).
Posteriormente, estas normas foram complementadas pela portaria
nº 210, que é o Regulamento técnico da inspeção tecnológica e higiênico-
sanitária de carne de aves, onde uma das medidas da portaria exige a
construção de um local para espera nos abatedouros de aves, com ventilação
e se, necessária nebulização do ambiente (BRASIL, 1998).
A IN Nº 3, visa o Regulamento Técnico de Métodos de
Insensibilização para o Abate Humanitário de Animais de Açougue, assim
como o manejo destes nas instalações dos estabelecimentos aprovados para
esta finalidade (BRASIL, 2000).
Projeto de lei nº 215, institui o Código Federal de Bem-Estar Animal,
cujo objetivo é promover a redução da mortalidade decorrente de maus tratos
aos animais. No que se refere às operações pré-abate, o artigo nº 74 afirma
que no transporte, embarque e desembarque dos animais, devem ser
atendidas para as condições de bem-estar, a devida atenção com o tempo de
viagem, condições climáticas, densidade de aves por caixa, bem como o tempo
e local de espera (BRASIL, 2007).
Em julho de 2008, surge o protocolo de bem-estar para frangos e
perus, que visa o bem estar das aves destinadas ao abate. Protocolo este que
foi destinado a fornecer parâmetos de bem-estar, para indústrias e integrados.
O Protocolo de bem-estar animal na produção de frangos de corte e
perus foi elaborado para que seja utilizado como um documento norteador para
as empresas avícolas do Brasil. O trabalho foi coordenado pelo Dr. Ariel
Mendes da UBA, pela Dra. Sulivan Pereira Alves da Associação Brasileira de
exportadores de frangos e pela Dra. Ibiara C. L. Almeida Paz da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP (UBA, 2008).
Para sua elaboração foram consultados protocolos similares de
outros países e o documento preparado pelo Comitê Interamericano de
Sanidade Avícola (CISA). Considerou-se também a legislação brasileira
existente até então, ou seja, a IN nº3 da DSA/MAPA (UBA, 2008).
Como a União Européia é um importante importador de carne de
frango e perus do Brasil, procurou-se atender as exigências constantes da
17
Diretiva 2007/43/CE do Conselho da União Européia que estabelece regras
mínimas para a proteção dos frangos de corte (UBA, 2008).
Na União Européia existe uma autoridade máxima para discutir
aspectos relacionados à qualidade e segurança dos alimentos, que cria
legislações para defesa dos animais de produção. A “European Food Safety
Authority” (EFSA) autoridade européia para a segurança alimentar, juntamente
com a sociedade protetora dos animais da União européia, produziram
protocolos de bem estar animal "Aspectos do bem-estar e métodos de
insensibilização de abate de animais” EFSA-Q-2003-093.
O Tratado de Amsterdã, em vigor desde 01 de maio de 1999,
estabeleceu novas regras de base para o abate da União Européia (UE) sobre
bem-estar animal, no "Protocolo relativo à proteção e Bem-Estar dos Animais
"(1997). Ele reconhece que os animais são seres sencientes (provido de
sentimentos e sensações) e obriga as instituições européias a levarem em
conta as exigências de bem-estar na formulação e aplicação da legislação
comunitária (EFSA, 2003).
Nos Estados Unidos da America (EUA), a Humane Farm Animal
Care (HFAC), estipula padrões de proteção e bem-estar dos animais, onde
criaram-se protocolos específicos para cada classe de animais e espécies, no
caso dos padrões que serão discutidos, refere-se especificamente para a
produção de perus de 2008.
A HFAC é apoiada pela associação de organizações de proteção
aos animais, indivíduos e fundações, como a American Society for the
Prevention Of Cruelty to Animals e a Humane Society dos EUA (HFAC, 2008).
De acordo com o mesmo autor, os padrões da HFAC foram
desenvolvidos para fornecer os únicos padrões aprovados para criação,
manejo, transporte e abate de perus, para serem usados no programa
“Certified Humane”, Esses padrões incorporam pesquisas cientificas,
recomendações de veterinários e experiências práticas na indústria agrícola
(HFAC, 2008).
Um selo de qualidade foi lançado nos EUA pela HFAC em 2004.
Onde se evidencia que alguns alimentos são produzidos de forma irracional, e
estipula-se que escolhendo alimentos que tenham um certificado de criação e
18
manejo humanitário, os consumidores estariam não só demonstrando a sua
conscientização em torno do assunto, mas mandando um claro recado para a
agroindústrias em geral e dizendo que o tratamento humanitário dos animais é
prioridade na produção de alimentos.
O programa “Certified Humane” que estão ajudando a melhorar a
vida de milhares de animais de fazenda, foi desenvolvido para certificar animais
e seus derivados, após a aplicação e inspeção satisfatória, os produtos que
atenderem aos padrões da HFAC, podem utilizar o logotipo “Certified Humane -
Raises and Handled” nos produtos (Figura 3).
Os participantes do programa são inspecionados e monitorados pelo
HFAC (Figura 4). As taxas coletadas para a implantação do selo buscam cobrir
os custos das inspeções e do programa. Toda verba excedente será investida
na educação do consumidor e em pesquisas para melhorar os cuidados e o
bem-estar de animais de produção (HFAC, 2010).
FIGURA 3 - Selo da HFAC, identificando controle de Abate Humanitário. Fonte: HFAC, 2010.
FIGURA 4 – Logomarca da HFAC. Fonte: HFAC, 2010.
19
Os códigos de práticas evidenciam a necessidade de se garantir ao
público, produtos elaborados dentro de padrões elevados de bem-estar animal.
Isso, tem levado algumas indústrias ou associações a elaborarem suas
próprias políticas e seus próprios códigos de prática. Exemplos de códigos de
prática da indústria que alcançaram confiabilidade são os desenvolvidos nos
Estados Unidos, pela UNITED EGG PRODUCERS (UEP) e por redes de "fast-
food" como McDonald's e Burger King, com recomendações relativas às
práticas de manejo, densidade nas gaiolas e transporte.
Os padrões de bem-estar na produção animal desenvolvidos pela
indústria que sejam baseados em princípios científicos e éticos, podem prover
boas alternativas à legislação imposta.
4.3 Fisiologia do estresse
Todos os seres vivos necessitam de exigências mínimas para sua
sobrevivência, sendo assim estão em constante manutenção de um equilíbrio
complexo, dinâmico e harmonioso, denominado homeostasia do organismo,
estando em constante resposta fisiológica reguladora. Desta maneira, toda vez
que um organismo é ameaçado (fisiologicamente ou psicologicamente) ocorre
uma série de respostas adaptativas que se contrapõem aos efeitos dos
estímulos, na tentativa de restabelecer a homeostasia. Nestas condições
dizemos que o animal está em estado de estresse (EDENS & SIEGEL, 1975).
Para EDENS & SIEGEL (1975), os pioneiros no estudo do estresse,
a terminologia estresse, descreve o mecanismo de defesa animal e o estímulo
ao estresse (estressor) como qualquer situação que induz as respostas
defensivas, ou seja, o estresse corresponde a uma interação entre o indivíduo
e o meio ambiente. O ambiente no qual a ave vive incluem várias combinações
de condições externas (temperatura, umidade, luz, etc) ou internas (doenças,
parasitas). O sucesso das aves em manter a homeostasia frente a estas
variáveis, vai depender da habilidade fisiológica da ave em responder aos
agentes estressores, bem como da intensidade dos mesmos.
20
A resposta da ave frente aos agentes estressores depende da
integração de diferentes sistemas fisiológicos, principalmente o sistema
nervoso e o sistema endócrino. O sistema nervoso é o responsável pelo
contato que o animal possui, tanto com o meio externo (exteroceptiva) como
com o meio interno (interoceptiva). As informações sensitivas, exteroceptivas e
interoceptivas, fazem com que o animal tenha a sensação, ou seja, a
percepção de uma informação. Os estímulos sensoriais são na maioria das
vezes seguidas de respostas rápidas e lentas (EDENS & SIEGEL, 1975).
Para respostas rápidas aos agentes, há o envolvimento do sistema
nervoso autônomo simpático, que libera epinefrina, principalmente nos
terminais simpáticos e norepinefrína na medula da adrenal, afetando várias
funções do corpo de forma instantânea e direta (EDENS & SIEGEL, 1975).
Respostas lentas têm participação e mecanismos que envolvem
síntese e liberação de hormônios como, por exemplo, aumento ou diminuição
do metabolismo quando as aves se expõem ao frio ou calor, respectivamente
(EDENS & SIEGEL, 1975).
Resposta adaptativa hormonal frente ao estresse é desencadeada
inicialmente pela ativação do eixo hipotálamo-Hadrenal-adrenal (HHA), sendo o
estágio final desta ativação é a secreção de glicocorticóides a partir da córtex
adrenal. O estímulo interno e externo canalizados via sistema nervoso até o
hipotálamo estimulando a produção do hormônio liberador de corticotrófico
(CRH), o qual estimula a glândula pituitária (adeno-Hipófise) anterior a
aumentar a síntese de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). O ACTH chega
até a glândula adrenal e estimula a síntese e liberação glicocorticóides
(cortisol), pelo córtex da adrenal, que em conjunto com as catecolaminas da
medula da adrenal produzem lipólise, glicogenólise e catabolize de proteínas
(EDENS & SIEGEL, 1975).
O organismo responde a uma demanda física ou psíquica pela
liberação de ACTH da hipófise anterior, glicocorticóides pela córtex adrenal,
adrenalina a partir da medula adrenal e noradrenalina originada dos nervos
simpático como observado na Figura 5. Estes hormônios servem para adaptar
o organismo aos agentes estressores que podem induzir desde leves
21
alterações psicológicas até intensas agressões físicas, afetando os sistemas
cardiovascular, imune e a produção energética (AXELROD & REISINE, 1984).
FIGURA 5 - Respostas endócrinas ao estresse. Fonte: AXELROD & REISINE (1984)
Portanto, catecolaminas e corticosteróides, mobilizam a produção e
distribuição de substratos energéticos durante o estresse, bem como induzem
alterações em varias funções do organismo que darão o suporte necessário
para restabelecer o equilíbrio (homeostase) (EDENS & SIEGEL, 1975).
JAMES et al. (1970) concluíram que o mecanismo de controle da
função adrenocortical em varias espécies, possui variações diurnas na
concentração de cortisol, detectando que os níveis a tarde, a parti das 16:00 h
seriam inferiores aos da amanhã, registrando que à noite os valores atingiam
68% dos valores matinais. Isto implicando a importância de realizar o
transporte das aves em horários de escuridão, diminuindo a carga de estresse.
O estresse em animais geralmente é considerado de dois tipos: o
estresse mental, o qual pode ser desencadeado por um meio-ambiente hostil
ou não familiar e o estresse físico ou participatório, que pode ser causado por
técnicas de contenção, impactos mecânicos ou canibalismos (STOTT, 1981).
Existem três fases evidentes no estresse:
- Fase de Alarme: esta é a fase em que os estímulos estressores
agem em respostas agudas.
22
- Fase de Resistência: Se o agente estressor tornar-se crônico, o
organismo se adapta e parece normal até a resistência diminuir.
- Fase de Exaustão: O estressor é tão severo ou continuo por muito
tempo que a habilidade de resistir é reduzida. É nesta fase que o organismo
mostra os efeitos do estresse. (EDENS & SIEGEL, 1975).
Neste sentido, se em certo momento o animal não consegue manter
a homeostasia, a consequência, mesmo que rápida e eventual, será um
prejuízo ao bem estar animal.
O estresse térmico pode causar alterações na fisiologia das aves
assim os fatores ante-mortem atuam sobre as seguintes características da
carne: capacidade de retenção de água (CRA), perda por gotejamento, cor,
firmeza, maciez, sabor, suculência, capacidade de emulsificação das matérias
primas, rendimento do processo, e cor dos produtos processados (HEDRICK
et. al, 1994).
As condições climáticas são as que mais diretamente afetam as
aves, por comprometer a manutenção homeotérmica, que é uma função vital.
O desequilíbrio fisiológico causado por altas temperaturas e alta umidade
relativa do ar, no momento do abate, tem efeito direto sobre as reservas de
glicogênio muscular responsáveis pelo desenvolvimento das reações
bioquímicas post-mortem, que determinarão a qualidade da carne e suas
propriedades funcionais, ou seja, suas características possuem implicações
tecnológicas diretas e que influenciam decisivamente os aspectos econômicos
dos produtos (OLIVEIRA et al., 2006).
As aves, por serem homeotérmicas, dispõem de um centro
termorregulador localizado no hipotálamo. Esse centro é capaz de controlar a
temperatura corporal por meio de mecanismos fisiológicos e de respostas
comportamentais, mediante a produção e liberação de calor, possibilitando a
manutenção da temperatura corporal normal (MACARI et al., 1994).
Os principais mecanismos ativados para manter a homeostasia
térmica em frangos são, a radiação, a convecção e a evaporação (quase que
exclusivamente pela respiração, visto que esses animais não possuem
glândulas sudoríparas). Em temperaturas ambientais de até 21ºC, as perdas
sensíveis de calor se efetuam por meio dos processos de radiação, condução e
23
convecção, já em altas temperaturas, a principal rota de dissipação do calor é a
evaporação respiratória (HILLMAN et al., 1985).
Normalmente as asas são afastadas do corpo (aumentando a área
de superfície de contato do ar com o corpo), e as penas são eriçadas para
permitir o resfriamento corporal. Internamente, a corrente sanguínea é
desviada de órgãos como fígado, rins e intestinos para a circulação periférica,
permitindo melhor troca de calor. A perda de calor não-evaporativo pode
também ocorrer com o aumento da produção de urina, se essa perda de água
for compensada pelo maior consumo de água fria (BORGES et al., 2003).
Um ambiente é considerado confortável para aves adultas quando
apresenta temperaturas de 16 a 23ºC e umidade relativa do ar (UR) de 50 a
70%, porém, quando a temperatura ambiente se eleva acima da zona de
termo-neutralidade, a ave é submetida ao estresse térmico. A temperatura
corporal e a taxa de ventilação aumentam, provocando uma redução na
pressão parcial de gás carbônico no sangue (BORGES et al., 2003).
Toda essa mudança de temperatura corporal, trocas gasosas e a
queima de glicogênio, fazem com que ocorram desordens no balanço
acidobásico durante o estresse, tornando o processo complexo, já que muitas
variáveis relevantes são alteradas simultaneamente e, em muitas instâncias,
em direções opostas, dependendo da espécie e do tipo de agente estressante
(BORGES et al., 2003). Nesse sentido, a hipertermia aguda e a alcalose
respiratória em frangos são consideradas causadoras de efeitos deletérios para
a produção eficiente de carne de frango e perus (HOWLINDER & ROSE,
1989).
O verão, devido a alta umidade sempre acompanhada de altas
temperaturas, é um desafio para a termo-regulação e o bem-estar das aves de
corte, podendo interferir negativamente na produtividade e qualidade da
criação. Isso se deve principalmente ao aumento da mortalidade, à diminuição
da ingestão de água e de alimento e, conseqüentemente, à piora na conversão
alimentar (HOWLINDER & ROSE, 1989).
Conclui-se entre que, os produtores devem estar atentos em
controlar esses fatores estressantes, para que as aves possam manter suas
24
funções fisiológicas normais e consigam produzir carne com qualidade e
eficiência.
4.4 Estresse animal versus qualidade da carne
Atualmente, os animais altamente eficientes em termos de
produtividade têm demonstrado uma maior susceptibilidade a certas
enfermidades e menor resistência aos fatores estressantes.
Animais com desenvolvimento muscular acelerado podem ter
alterações na velocidade da glicólise, o que pode acarretar alterações nas
características de qualidade da carne. Grande parte dessas alterações, podem
estar relacionadas com a aceleração do metabolismo, ocorrida em razão do
aumento da exigência metabólica dos animais selecionados para a produção
de carne. A energia no tecido muscular é armazenada na forma de adenosina
trifosfato (ATP), creatina, fosfato e glicogênio, sendo esse último a maior
reserva energética do músculo (SWATLAND, 1995).
Em processos fisiológicos, com disponibilidade de oxigênio, a
degradação do glicogênio se dá por meio da glicólise aeróbica, na qual o ácido
pirúvico produzido continua com o ciclo dos ácidos tri-carboxílico, formando em
última instância CO2 e H2O e liberando energia na forma de ATP. Já em
condições de falta de oxigenação celular como o período post-mortem, a
degradação do glicogênio muscular ocorre via glicólise anaeróbica e leva à
formação de ácido láctico a partir do piruvato, reduzindo o pH muscular
(DRANSFIELD & SOSNICKI, 1999).
O pH da carne post-mortem encontra-se em torno de 7,2 que
alcança valores finais ao redor de 5,8. Essa redução é necessária para uma
correta maturação da carne no processo denominado conversão do músculo
em carne (DRANSFIELD & SOSNICKI, 1999).
A depleção das reservas de glicogênio muscular enquanto o animal
encontra-se ainda vivo faz com que não haja acúmulo de ácido láctico no
músculo post-mortem, já que não há glicogênio suficiente para ocorrer essa
transformação do piruvato. Assim sendo, o pH final da carne permanecerá
elevado, ficando bastante acima do ponto isoelétrico das principais proteínas
25
musculares (actina, pH = 4,7; miosina, pH = 5,4) (DRANSFIELD & SOSNICKI,
1999).
Entretanto, aves estressadas usam rapidamente suas reservas de
glicogênio, o que pode resultar em seu esgotamento in vivo, impossibilitando a
queda do pH post-mortem. Nessas condições, a capacidade dessas proteínas
em reter água estará bastante alta a ponto da água retida no músculo ser
praticamente imobilizada, não permitindo seu extravasamento. Desse modo, a
carne permanece com o pH próximo ao seu fisiológico, o que não possibilita a
acidificação da carne. Verifica-se uma condição de carne seca, que não é
exatamente verdadeira se for levada em consideração a quantidade de água
retida pelo músculo (DRANSFIELD & SOSNICKI, 1999).
Esse tipo de carne apresenta-se mais rígida que o normal, porque as
fibras estão intumescidas, pelo preenchimento com fluidos sarcoplasmáticos, e
também é mais escura, já que devido ao pH elevado, sua superfície dispersa
menos luz do que o normal. Além disso, devido ao pH próximo do fisiológico,
esse tipo de carne constitui-se um meio propício para o crescimento de
microrganismos indesejáveis, reduzindo a vida útil do alimento. Este tipo de
produto e denominado de carne escura, firme e seca “Dark, Firm, Dry” (DFD)
(MAGANHINI, 2007).
O desenvolvimento da carne DFD também está relacionado com o
manejo pré-abate. Os exercícios físicos, o transporte, a movimentação, o jejum
prolongado acarretam o consumo das reservas de glicogênio, levando à
lentidão da glicólise com relativa diminuição da formação de ácido-lático
muscular. O pH reduz ligeiramente nas primeiras horas e depois se estabiliza,
permanecendo em geral em níveis superiores a 6,0. Em decorrência do pH
alto, ocorre essa capacidade para reter água no interior das células, como
conseqüência a superfície de corte do músculo permanece pegajosa e escura
(MAGANHINI, 2007).
Por outro lado o músculo que apresenta valores de pH menores que
5,8 em torno de 15 minutos após o abate, quando a carcaça ainda se encontra
em temperaturas próximas da fisiológica, geralmente sofre uma desnaturação
parcial das proteínas que o compõem. A dispersão de luz de um músculo é
diretamente proporcional ao grau de desnaturação protéica (ANADÓN, 2002).
26
Este tipo de produto é denominado de Pale, Soft and Exsudative
(PSE) aspecto pálido, flácido e exsudativo. Na prática, é o resultado das
condições de manejo ante-mortem mal conduzidos e estressantes a que são
submetidos os animais, provocando um rigor-mortis acelerado (ANADÓN,
2002).
Durante a conversão do músculo em carne, em animais que passam
por estresse nos momentos que precedem o abate, ocorre á rápida glicólise.
Isto, imediatamente após o abate, gera pH muscular ácido, geralmente menor
que 5.8 enquanto a carcaça ainda se encontra quente, por volta dos 35ºC
dentro dos 15 mim de post-mortem. A condição de baixo pH quando a
temperatura corporal ainda está elevada provoca desnaturação protéica,
causando coloração pálida na carne. Conferindo assim, pobres características
de processamento, com redução dos rendimentos dos produtos e
conseqüentes perdas econômicas (MAGANHINI, 2007).
Além disso, o baixo pH ainda influencia a capacidade de retenção de
água da carne, uma das principais características de rendimento no
processamento do produto e de maciez. A queda do pH post-mortem altera a
composição celular e extracelular das miofibrilas, reduzindo a capacidade de
reter água nas proteínas musculares. Isso, é uma conseqüência da
desnaturação protéica, especialmente da miosina. Uma vez desnaturada, esta
proteína perde suas características físico-químicas e, consequentemente, a
eficiência de ligação com as moléculas de água torna-se bastante prejudicada.
Quanto maior a desnaturação de suas proteínas, menos luz
consegue ser transmitida por entre as fibras. Esse tipo de carne, por sua cor
pálida e principalmente por sua propriedade de não reter água como um
músculo normal, causa transtornos à industrialização (BARBUT, 2002).
Ela apresenta rendimento deficiente, quando processada, dificuldade
em manter sua própria água, baixa absorção de salmoura, perda de líquido por
gotejamento (exsudação) na embalagem, baixa capacidade de emulsificação,
pouca coesividade e perda de peso pós-cocção. Com isso, observa-se
reduzida suculência, além de menor vida útil do produto (BARBUT, 2002).
De acordo com BARBUT (2002), somente com o rápido crescimento
da produção de industrializados de carnes de aves é que surgiram problemas
27
observados na textura, coesividade e suculência. Com isso, a questão das
carnes PSE e DFD ganhou importância, principalmente nas carnes de peru e
mais recentemente, com frangos. Atualmente é reconhecido que 41% da carne
de peru e 37% da carne de frango podem apresentar características PSE.
28
4.5 PARAMETROS DE BEM - ESTAR NO ABATE
4.5.1 APANHA
De acordo com o protocolo de bem-estar de aves da UBA (2008), as
empresas devem ter um programa de treinamento constante sobre as
responsabilidades quanto ao bem-estar das aves para os funcionários
encarregados de realizar a apanha, transporte e manejo pré-abate das aves no
frigorífico. A equipe de apanha deve ter sempre presente um líder para fazer o
monitoramento da mesma, incluindo de fiscalizar os funcionários diretamente,
evitando que ocorram maus tratos e brutalidade no manejo. Atitudes como
estas não devem ser toleradas.
O líder deve ainda identificar as aves que apresentam problemas
sanitários, fraturas ou lesões que comprometam o bem-estar das aves, se
observados algum desses problemas nas aves, as mesmas não devem ser
transporadas. Neste caso é recomendável o sacrifício de emergência, sendo
aceitável o deslocamento cervical manualmente desde que as aves não
apresentem mais de 3 kg e que seja realizado por um funcionário treinado para
o abate emergencial. Em aves acima de 3 kg, como os perus, deve-se utilizar o
destroncador (UBA, 2008).
HFAC (2008) também possui a exigência de que seja indicado um
responsável pela supervisão, monitoramento e manutenção dos altos padrões
de bem-estar, durante a retirada das aves do alojamento até o carregamento
das aves no veículo de transporte.
Antes do transporte todas as aves devem receber água até o
momento que se inicia o carregamento. A alimentação não deve ser suspensa
por mais de 12 horas antes do abate. Nas situações em que o período de 12
horas for excedido, deve haver procedimentos que garantam o bem-estar das
aves (UBA, 2008).
A densidade das aves no transporte deve ser ajustada de acordo
com as condições climáticas, tamanho das caixas, peso das aves e espécie,
baseando-se nos princípios de que todas as aves devem ter espaço suficiente
na caixa para que possam deitar sem ocorrer amontoamento de uma ave sobre
29
a outra. Os funcionários devem deslizar as caixas contendo as aves,
suavemente sobre a linha de carregamento até a plataforma do caminhão
(UBA, 2008).
Não é permitida a panha das aves pelos pés, asas e pescoço devido
às lesões e sofrimentos que possam causar, a maneira correta é mostrando
pela Figura 7. Aves com menos de 1,8 kg podem, excepcionalmente, ser
apanhadas pelos dois pés, desde que no número máximo de duas aves por
vez. Os animais devem ser apanhados com as duas mãos, pelo dorso,
segurado as asas, para evitar que possam batê-las, como mostrado na Figura
6 (UBA, 2008).
As equipes de captura devem se preocupar mais com o bem-estar
das aves, do que com a rapidez da operação. Deve haver tempo disponível
suficiente para garantir que as aves sejam tratadas com cuidado. Bem como
haver ventilação adequada para as aves que estiverem soltas até o momento
do carregamento (UBA, 2008).
Nos padrões da HFAC (2008) os carregadores devem inspecionar o
rebanho imediatamente antes do carregamento e devem separar todas as aves
inadequadas. As aves que são visivelmente inadequadas para o carregamento
não devem ser transportadas, e sim submetidas à eutanásia. Todos os
comedouros, bebedouros e outros obstáculos devem ser suspensos ou
removidos do alojamento antes do processo de captura (apanha) das aves,
para minimizar o risco de ferimentos (HFAC, 2008).
HFAC, igualmente como a UBA, afirmam que as aves devem ter
acesso à água até o momento da captura. As aves não devem ser privadas de
água por mais de 12 horas.
30
FIGURA 6 – Apanha de perus de maneira correta, Fonte: BRF, 2010.
FIGURA 7 - Apanha de perus de maneira incorreta, risco de hematomas. Fonte: BRF, 2010.
4.5.2. Transporte
A UBA (2008) recomenda que os veículos de transporte devem estar
em boas condições de higiene e manutenção, e possuir proteção na parte
superior (tela, grade ou lona) da carga, afim de impedir que as aves escapem
das caixas durante o deslocamento da granja ao frigorífico. Obrigando que a
empresa possua um programa de reposição das caixas danificadas.
31
Recomenda-se que em condições de temperatura elevada, as aves
sejam molhadas antes da saída do caminhão da propriedade. O motorista deve
evitar as paradas no deslocamento das aves da granja ao frigorífico (UBA,
2008).
De acordo com a HFAC (2008), os sistemas de transporte dos
animais devem ser planejados e gerenciados para garantir que não haja aflição
ou desconforto desnecessário para os perus. O transporte e o manuseio dos
perus devem ser mínimos. Os funcionários envolvidos no transporte devem ser
cuidadosamente treinados e competentes para as tarefas que se exige deles.
A UBA (2008) cita que deve haver um procedimento de emergência
(suporte) em casos de quebra do veículo de transporte das aves ou atrasos
que possam ocasionar problemas relacionados ao bem-estar das mesmas.
Para isso todos os motoristas devem ser treinados quanto aos procedimentos
de bem-estar animal para o transporte. A empresa deve conter um número de
telefone e um funcionário treinado para que possa atender emergências
relacionadas ao transporte, bem como preparar um abate de emergência para
esta carga específica, evitando que os animais esperem por muito tempo até
que sejam abatidos.
A HFAC (2008) também traz em seus protocolos, a importância de
uma equipe bem treinada e competente, responsáveis pelo transporte das
aves. A equipe deve possuir competência no mínimo para manusear as aves,
proteger as cargas, manter um ambiente térmico adequado durante a viagem,
dirigir e estacionar com segurança e saber seguir procedimentos de
emergência.
Os caminhos de acesso ao alojamento das aves devem ser
adequadamente projetados e conservados para permitir a passagem segura
dos veículos de transporte, assim evitando acidentes e contratempos que
possam estressar as aves (Figura 8) (HFAC, 2008).
32
FIGURA 8 – Imprevisto com o transporte das aves para o frigorífico: atolamento. Fonte: BRF, 2010.
A HFAC (2008) recomenda investigação da mortalidade durante o
transporte, desta forma quando alta mortalidade for identificada, medidas
devem ser adotadas para evitar mais mortes, ferimentos ou sofrimentos das
aves. A mortalidade durante o transporte (de perus de uma única origem)
acima de 0,5% deve ser investigada.
HFAC (2008) determina que o tempo limite de transporte entre o
inicio do carregamento e o fim do descarregamento deve ser inferior a 10
horas. O motorista deve estar informado sobre problemas de tráfego, e assim
ter condições de planejar a viagem para minimizar a sua duração. A UBA
(2008) prioriza um transporte de no máximo 12 horas.
Considerando à redução de ruídos, HFAC alega que os níveis de
ruídos de todas as origens, devem ser minimizados durante o carregamento,
descarregamento e transporte (HFAC, 2008).
Uma das maiores preocupações devido ao bem-estar das aves no
transporte se refere à precaução com o estresse térmico. Em ocasiões de alta
temperatura ambiental, ou quanto à umidade elevada é uma ameaça às aves,
capturar, carregar e transportar gera riscos específicos de estresse pelo calor.
Nesses casos, os responsáveis devem monitorar previsões meteorológicas e
providenciar transporte das aves à noite ou durante as horas mais frescas do
dia (HFAC, 2008).
33
Caso seja necessário manter as aves em veículo estacionado, o
motorista deve adotar medidas para evitar o estresse causado pelo calor ou
frio. No clima quente (superior a 25ºC ou 77ºF), uma forma eficaz de
proporcionar uma corrente de ar é manter o veiculo em movimento. O veículo
de transporte deve estar equipado com cortinas apropriadas que possam ser
abertas e fechadas por um único operador. Nos períodos de clima quente,
deve haver uma passagem central livre, sem aves ou engradados, para permitir
uma maior ventilação interna no caminhão. Os veículos devem estar equipados
com ventiladores. Em casos de climas frios, com presença de chuva, deve-se
fechar as cortinas, e manter-se sempre atento a elevação da temperatura
interna das cargas (HFAC, 2008).
De acordo com o projeto de lei Nº 215, de 2007 que Institui o Código
Federal de Bem-Estar Animal, o artigo 74, referente ao transporte de animais,
informa que no transporte, embarque e desembarque devem ser observados,
para atendimento às condições de bem-estar animal, o tempo da viagem, o
período do dia, as condições climáticas, a densidade de animais por caixa,
gaiolas, caixa de transporte, baia ou recinto, o tempo e local de espera, as
condições da estrada, e as demais disposições legais concernentes aos
animais transportados (BRASIL, 2007).
As caixas de transporte, gaiolas ou compartimentos móveis internos
dos veículos de transporte, devem ser operadas e posicionadas de modo a
promover ventilação entre os espaços vazios. Os animais que apresentarem
sinais de estresse, debilidade ou enfermidade devem ser apartados dos
demais, para tratamento condizente ou destinação prevista imediata (BRASIL,
2007).
4.5.3. Descanso pré-abate / recepção
O procedimento de espera é de grande importância para o bem-
estar animal, logo que o animal passa por longos períodos de estresse seus
níveis de glicogênio são aumentados na corrente sanguínea, juntamente com
os níveis de adrenalina e CO2, tornando o abate estressante e acarretando uma
queda na qualidade da carcaça.
34
Avaliando o nível de conforto térmico durante a espera para o abate
em diferentes tipos e localizações de caminhões transportadores, SILVA et al.
(1997) concluíram que, durante o transporte, os fatores densidade por caixa e
idade das aves afetara significativamente a mortalidade. Além disso, a
localização dos caminhões na espera (ambiente controlado ou não) é
importante na redução da carga térmica e, consequentemente, no estresse dos
animais (Figura 9).
FIGURA 9 - Galpão de espera das aves no matadouro BRF BRASIL FOODS S/A, Mineiros – GO, 2010. Fonte: BRF, 2010.
Dependendo da magnitude e duração do estresse térmico, ocorrem
altos índices de prostração e mortalidade (MOURA, 2001), o que pode ser
facilmente observado durante o transporte das aves das granjas até os
abatedouros.
Quando as aves são submetidas a estresse térmico, dependendo da
magnitude e duração do estresse, verificam-se altos índices de prostração e
mortalidade. Em situações de estresse térmico, além do aumento da
temperatura retal das aves, ocorre também aumento da freqüência respiratória,
com conseqüente efeito no metabolismo, para estimular a perda evaporativa de
calor (ofegante) e para manter o equilíbrio térmico corporal (Figura 10)(SILVA
et al., 2001; MACARI et al., 2004).
35
De acordo a UBA (2008), para proporcionar melhores condições de
abate das aves submetidas ao estresse no transporte, até que aguarde o
procedimento de abate, as instalações da área de descanso devem ser
cobertas e possuir ventiladores e sistemas de aspersão de água, posicionados
de forma que atinjam toda a carga. Nas áreas de descanso deve haver termo-
hidrômetro, ventiladores e nebulizadores (Figura 11).
Recomenda-se que haja um funcionário responsável por estas áreas
de descanso, para realizar o monitoramento das condições de temperatura e
umidade relativa. O tempo de descanso para as aves deve ser o mais curto
possível e que não ultrapasse 3 horas. Recomenda-se também, que a umidade
relativa (UR) do ambiente não ultrapasse 65% durante o verão (UBA, 2008).
FIGURA 10 - Aves com morte súbita nas caixas de transporte nos galpões de espera. Fonte: BRF, 2010.
Os padrões do HFAC (2008), afirma que as áreas de permanência
devem garantir que todas as aves que aguardam o procedimento de abate,
sejam protegidas de raios solares diretos e de condições climáticas
desfavoráveis; por exemplo, vento, chuva, granizo e neve. Também devem
manter acesso à ventilação adequada. A temperatura e a umidade na área de
permanência e nos engradados com as aves devem ser monitoradas e
controladas regularmente. Os animais que estiverem em processo de
sofrimento, devem ser submetidos à eutanásia humanitária imediatamente.
36
Quando possível, os engradados de transporte devem ser
descarregados imediatamente após a chegada no alojamento de
processamento e colocados em uma área de permanência com controle de
ambiente. A temperatura e a iluminação na área de permanência devem ser
controladas para que as aves fiquem confortáveis e calmas (UBA, 2008).
Todas as aves devem ser abatidas assim que possível, depois da
chegada às instalações de processamento. O abate das aves deve ocorrer não
mais do que 12 horas depois que a alimentação foi retirada na granja, e no
prazo máximo de 4 horas da chega das aves à instalação. Após a chegada
destas aves ao recinto onde serão processadas, não devem ser movidas de
retorno para as granjas. Equipamentos de reserva (gerador) devem estar
disponíveis, para os casos de interrupção do fornecimento de energia (UBA,
2008).
Os padrões do HFAC (2008) determinam que os engradados fixos
devem ser examinados na chegada à instalação, para identificar aves que
possam ter sofrido estresse por causa do calor ou frio. Devem-se adotar
medidas imediatas para evitar sofrimentos e para garantir que ocorrências
semelhantes sejam evitadas. A recepção deve assegurar que os animais não
sejam acuados, excitados ou maltratados (BRASIL, 2000).
Recomenda-se, que na área de recepção das caixas contendo as
aves, haja esteiras móveis ou elevador para facilitar o descarregamento, sem
que ocorra choque das caixas (choque mecânico), causando agitação, lesões
ou estresse as aves (UBA, 2008).
37
FIGURA 11 – Ventiladores e nebulização nos galpões de espera da BRF - Mineiros. Fonte: BRF, 2010.
4.5.4. Pendura
O processo de pendura necessita de uma atenção especial, já que
oferecer estresse ao animal, gerando maiores incidências de hematomas e
membros quebrados (asas e pernas). A dificuldade de colocá-las no gancho, é
maior o que faz aumentar tanto o estresse das aves.
As aves pequenas que se encontram com o peso muito inferior a
média do lote (caquéticas ou descarte) não devem ser penduradas na linha de
abate. Todas as aves que estiverem com aparência sofrida ou que necessitam
de sacrifício imediato (abate emergencial) no frigorífico, devem ser removidas
com carrinhos ou caixas identificadas (UBA, 2008).
Os animais devem ser imediatamente conduzidos ao equipamento
de insensibilização, logo após a contenção, que deverá ser feita conforme o
disposto na regulamentação de abate de cada espécie animal. Os animais não
serão colocados no recinto de insensibilização se o responsável pela sangria
não puder proceder a essa ação imediatamente após a insensibilização
(BRASIL, 2000).
A WSPA (2008) prioriza que se tenha uma equipe de pendura
capacitada a conhecer e separar as aves que estejam mortas ou doentes, afim
de garantir a qualidade do processo. As aves mortas devem ser totalmente
condenadas, aves doentes devem ser separadas para a inspeção veterinária, e
posteriormente sacrificadas.
38
Quando o operador for pendurar as aves, deve agir de forma
cuidadosa, retirando-as da caixa, e colocando-as cuidadosamente nos ganchos
(Figura 12) (WSPA, 2008).
Nunca se deve pega-las pelas asas, cabeça ou penas. O operador
deve tentar tranqüilizá-las com a mão quando as aves estiverem batendo as
asas no gancho. Cerca de 90% das aves batem as asas após a pendura,
durante cerca de doze segundos. Com isso a linha de pendura até a cuba deve
ser de 12 a 60 segundos. Ocorrerá mais batida de asas se houver curvas,
desníveis e paradas na linha. A utilização do parapeito na linha de pendura
antes da cuba, ajudara a tranqüilizar as aves (WSPA, 2008).
A UBA(2008) prioriza o rodízio de pessoas, conforme preconizado
no programa de troca de função durante o turno de trabalho, sempre realizando
treinamentos e cursos, afim de conscientizar a equipe, para evitar estresse dos
animais.
FIGURA 12 – Sala de pendura. Fonte: BRF, 2010.
Recomenda-se que a disposição da linha de abate, entre a etapa da
pendura e insensibilização, seja a mais linear possível, com um mínimo de
curvas e mudanças na altura da linha. Estas curvas e desníveis da nórea com
as aves ainda vivas fazem com que aumente o seu linear de medo,
aumentando a liberação de cortisol. O ambiente deve possuir iluminação
39
reduzida, utilizando iluminação de baixa freqüência, na coloração azul, isso
porque as aves não conseguem enxergar nesta freqüência, sendo um
ambiente escuro, deixando-as mais calmas. Recomenda-se capturar e
pendurar as aves soltas na plataforma de recebimento em intervalo máximo de
1 hora, evitando com que os animais possam vir a estressar-se mais ainda com
o local e os ruídos (UBA, 2008).
O sofrimento ocasionado pela pendura (compressão dos ossos
metatarsos) induz as aves a bater as asas, e há um potencial aumento no
número significativo de animais com deslocamentos e fraturas. Este bater de
asas só pode ser permitido até 12 e 20 segundos para frango e peru,
respectivamente (EFSA, 2004).
O controle de pré-choque em abatedouros de aves, é um dos
procedimentos que geram muitas discussões e auditorias a respeito do
assunto, já que a pré-insensibilização (Pré-choque) leva a um estresse antes
da insensibilização definitiva, o que gera fraturas e hematomas de asas, pré-
choque este que pode ser controlado pela bater das asas.
Os animais antes de entrarem na cuba de insensibilização
encostam a asa na água recebendo um choque, antes que a sua cabeça
mergulhe na água, desta fora a insensibilização é feita do modo correto. Assim
o animal recebe mais de uma descarga elétrica sem que ocorra a
insensibilização, sentindo dor.
O pré-choque deve ser evitado de qualquer forma, não sendo aceito
os animais passarem por dois procedimentos ou mais de insensibilização
(UBA, 2008).
Os padrões do HFAC (2008) juntamente com a UBA (2008)
priorizam o treinamento da equipe de pendura, para manusear as aves de
forma a evitar ferimentos, como ossos quebrados, deslocados e contusões. O
supervisor da área deve contar com um número suficiente de pessoas
alocadas nas linhas de pendura em todos os momentos, para garantir o
cuidado e a rapidez convenientes para o processo.
As aves devem ser penduradas, sem dor e aflição desnecessária,
usando ganchos de tamanhos e tipos adequados para cada espécie e
velocidade da linha de abate apropriada para o peso e a espécie (UBA, 2008).
40
As aves devem ser penduras pelas duas pernas, em ganchos
separados, alinhados a altura entre os pés, caso isso não ocorra a nórea deve
ser paralisada para que possa ser arrumados os pés das mesmas. Com o
alinhamento errado dos pés ou aves penduradas apenas por um dos pés,
durante a insensibilização elétrica, poderá ocorrer uma má condutividade do
choque com o gancho (UBA, 2008).
Quando encontradas aves soltas, elas deverão ser imediatamente
encaminhadas à área de pendura, ou se tiverem ferimentos, devem ser
imediatamente e humanitariamente eliminadas da linha. Todos os engradados
devem ser verificados para garantir que nenhuma ave foi esquecida (HFAC,
2008).
Recomenda-se estabelecer os seguintes procedimentos e ações em
caso de parada da linha de abate: todas as aves que estiverem no
insensibilizador e também as que passaram pela insensibilização devem de
imediato, ser sangradas manualmente após a parada; Aves que não foram
insensibilizadas devem ser retiradas dos ganchos e retornar para as caixas até
o restabelecimento da operação. O tempo máximo de espera das aves
conscientes dependuradas na linha deve ser de 2 minutos para frangos e 3
minutos para perus (UBA, 2008). A HFAC (2008) indica que os perus não
devem permanecer suspensos por mais de 90 segundos antes do
atordoamento.
4.5.5. Insensibilização
A insensibilização dos animais é um dos procedimentos mais
delicados que pode interferir no bem-estar, das aves, onde geralmente ocorre
uma insensibilização em conjunto na linha de produção. Com isso deve-se
adotar parâmetro adeguados para cada lote e sexo, podendo ser prejudicial
para as aves que forem de tamanhos desuniformes no lote, já que os
atordoamento interfere de forma diferente no organismo de cada individuo.
41
Atordoamento ou Insensibilização é o processo aplicado ao animal,
para proporcionar rapidamente um estado de insensibilidade, mantendo as
funções vitais até a sangria (BRASIL, 2000).
O processo de insensibilização ou atordoamento pré-abate é um
método obrigatório em grande parte do mundo, onde apenas questões
religiosas não priorizam este procedimento. Este método deve levar a ave à
inconsciência imediata, permanecendo assim até a morte.
Os métodos de insensibilização para o abate humanitário dos
animais classificam-se em de acordo com BRASIL, 2000:
• Método mecânico (percussivo penetrativo): pistola com dardo
cativo, a pistola deve ser posicionada de modo a assegurar que o dardo
penetre no córtex cerebral, através da região frontal, como demonstrado na
Figura 13.
• Método elétrico (Eletronarcose): casos de eletrodos a seco, os
eletrodos devem ser colocados de modo a permitir que a corrente elétrica
atravesse o cérebro. Os eletrodos devem ter um firme contato com a pele e,
caso necessário, devem ser adotadas medidas que garantam um bom contato
dos mesmos com a pele, tais como molhar a região (BRASIL, 2000).
• Método de exposição à atmosfera controlada: a atmosfera com
dióxido de carbono ou com mistura de dióxido de carbono e gases onde os
animais são expostos para insensibilização deve ser controlada para induzir e
manter os animais em estado de inconsciência até a sangria, sem submetê-los
a lesões e sofrimento físico.
42
FIGURA 13 – Insensibilização mecânica por dardo cativo em perus. Fonte: BRF, 2010.
Os equipamentos devem possuir um dispositivo de segurança que
controle, afim de garantir a indução e a manutenção dos animais em estado de
inconsciência até a operação de sangria. Caso seja utilizado equipamento de
imersão de aves em grupo, deve ser mantida uma tensão suficiente para
produzir uma intensidade de corrente eficaz para garantir a insensibilização de
todas as aves. Medidas apropriadas devem ser tomadas a fim de assegurar
uma passagem satisfatória da corrente elétrica. Consegue-se mediante um
bom contato, molhando as patas das aves e os ganchos de suspensão (UBA,
2008).
Insensibilização elétrica: Quando se utilizam corrente elétrica para
gerar uma insensibilização as aves, isto é chamado de eletronarcose. A
eletricidade passa através do cérebro, interrompendo a atividade normal,
tornando a ave inconsciente, mantendo-as vivas (Figura 14) (WSPA, 2008).
43
FIGURA 14 – Entrada dos perus na cuba de insensibilização do frigorifico BRF – Mineiros, 2010. Fonte: BRF, 2010.
O processo que regula a corrente elétrica para que ocorra a morte
da ave, é denominado eletrocussão. Neste caso a eletricidade fluí
primeiramente para a cabeça, tornando-a inconsciente, seguindo para o
coração, causando parada cardíaca e morte (WSPA, 2008).
Para que se tenha uma melhor compreensão do funcionamento do
sistema elétrico de insensibilização (Figura 15), é necessário o conhecimento
de alguns princípios elétricos. O fluxo de eletricidade é chamado de corrente,
sendo medido em amperes (A) ou miliamperes (mA) sendo utilizada a corrente
alternada de ondas tipo senoidal. A frequência da corrente é determinada pela
quantidade de vezes que a onda é repetida em 1 segundo, e é medida em
Hertz (Hz). A força de condução da corrente ou a tensão elétrica é conhecida
como voltagem, medida em volts. Tudo que dificulta o fluxo da corrente elétrica
é denominado de resistência elétrica, e medido em ohms. A resistência
depende do tamanho, peso e condição corporal da ave como mostrado nas
Figuras 16 e 17 (WSPA, 2008).
44
FIGURA 15 – Demonstrativo de funcionamento de uma cuba Eletrificada. Fonte: WSPA, 2008
A quantidade de corrente, a forma de onda e a frequência,
determinam a profundidade e a duração da inconsciência das aves. Para que
se possa ter um maior fluxo de corrente, se deve aumentar a voltagem. A
voltagem no sistema pode ser ajustada para cada lote especifico, porém para
cada ave ela e fixa, dependendo da resistência de cada animal. Com isso para
que ocorra uma boa insensibilização, deve haver voltagem suficiente para
conduzir corrente acima da resistência da ave, para uma insensibilização
rápida e efetiva (WSPA, 2008).
A frequência influência na insensibilização, quanto mais baixa, maior
a insensibilização, podendo até levar à morte. Quanto maior a frequência, mais
fraca e de curta duração é a insensibilização (WSPA, 2008).
FIGURA 16 – Insensibilização, com aves pequenas e baixa resistência. Fonte: WSPA, 2010.
45
FIGURA 17 – Insensibilização, com aves grandes e alta resistência. Fonte: WSPA, 2010.
Com a lei de ohms, I = V/R, utilizando a corrente mínima de 120 mA
determinada por ave (frango), sabendo a resistência da mesma, deve-se
ajustar a voltagem para a insensibilização do lote, permanecendo acima do
recomendado. Com esta variação de resistência, animais de diferentes
tamanhos no mesmo lote recebendo a mesma corrente na cuba, as aves que
possuírem maior resistência podem não ser insensibilizadas. A eficácia da
insensibilização também é influenciada pelo tempo que as aves ficam
submersos na cuba, necessitando de no mínimo 3 segundos (WSPA, 2008).
A duração da inconsciência diminui com o aumento da frequência,
com isso deve-se priorizar uma insensibilização de baixa frequência e alta
tensão. Deve-se utilizar uma frequência na cuba próxima de 50 a 60Hz, usando
correntes elétricas tipo senoidal para o atordoamento das aves. A
insensibilização em frigoríficos é extremamente estressante para o animal, com
isso deve-se haver uma manipulação o menos estressante possível,
principalmente na pendura das aves (EFSA, 2004).
HFAC (2008) indica o correto atordoamento, evitando o pré-choque
dos animais, onde devem ser tomadas medidas apropriadas para evitar que as
asas batam, e que as aves levantem a cabeça antes de chegarem à cuba para
atordoamento. Entre estas medidas podemos citar o uso de barra de peito,
cortinas, redução de ruídos, baixa intensidade de luz ou luz azul,
46
acompanhamento das aves com a mão durante a pendura e evitar curvas na
linha entre a pendura e o atordoamento.
Para reduzir a prevalência do bater das asas, deve-se proporcionar
um efeito calmante sobre as aves, com isso, deve-se reduzir os ruídos e a
freqüência da intensidade da luz. O ato de bater as asas após à pendura até a
cuba de insensibilização predispõe as aves a receber choques elétricos antes
que ocorra a insensibilização pela cabeça, assim chamado de pré-choque,
ocorrido pelo contato da asa na cuba antes da insensibilização (WSPA, 2008).
O choque pré-atordoamento elétrico é extremamente doloroso e
angustiante para as aves. Devido à grande envergadura dos perus, as asas
tendem a cair na cuba antes da cabeça. Com isso deve-se evitar esse
acontecimento, adaptando a entrada da cuba para que a cabeça passe
primeiro (EFSA, 2004).
A quantidade de corrente fornecida para cada ave em um sistema de
atordoamento tipo cuba, varia de acordo com a resistência elétrica de cada ave
em sua imersão na cuba. Não podendo ser controlada sem a aplicação de
corrente constante. Isto seria um dos motivos para se ter um lote padrão, assim
tendo os animais com resistências próximas. A tensão que passa pela água
deve ser suficiente para fornecer estas correntes a todas as aves na cuba
(EFSA, 2004).
Tabela de valores 1: Correspondente da quantidade de freqüência e amperagem para frangos e perus.
_________________________________________________ Mínimo recomendado correntes RMS (mA por ave)
Freqüências (Hz) Frangos Perus .
> 200 Hz 100 250
200 ate 400 Hz 150 400
400 ate 1500 Hz 200 400 _________________________________________________ Fonte: EFSA, 2004
Os seguintes sinais indicam uma insensibilização bem-sucedida, que
pode ser observada após a saída da cuba: início imediato da crise tônica, olhos
abertos durante a convulsão tônica, apnéia durante a convulsão tônica,
movimentos bruscos das asas e pernas (aparência de tremores corporais).
47
As aves não devem bater as asas durante a sangria e os reflexos
dos olhos devem estar ausentes quando estas saírem da cuba (EFSA, 2004).
A corrente de saída da cuba, sob carga deve ser igual ou maior do
que a mínima recomendado para o animal, multiplicada pelo número de aves
em imersão a qualquer momento (120 mA x 10 aves = 1,2 A) (Figura 18).
FIGURA 18 – Divisão de amperagem em todas as aves na cuba. Fonte: WSPA, 2008.
Esta regra pode ser usada para configurar o sistema elétrico.
Quando uma corrente alternada de 50 Hz é usada, a corrente necessária para
induzir a fibrilação ventricular cardíaca em 99% dos frangos é de 148 mA por
frango em imersão na cuba (GREGORY & WOTTON, 1987).
Uma amperagem 150 e 250 mA respectivamente com uma corrente
alternada (CA) de 50 Hz deve ser aplicada por um período mínimo de 1
segundo para frangos e perus, respectivamente, para gerar parada cardíaca.
Indução de fibrilação ventricular cardíaca é o método mais rápido de indução
de morte encefálica em aves, no entanto, isto não se aplica aos perus em que
a morte cerebral ocorre mais rápido após o corte das artérias carótidas (EFSA,
2004).
As preocupações de bem-estar das aves associados com a
recuperação da consciência, em sistemas de insensibilização elétrico que
geram morte são diminuídos como à falta de atordoamentos ou atordoamentos
48
ineficazes ou cortes de pescoços maus sucedidos, assim a morte cerebral não
ocorre, prejudicando o bem estar das aves (EFSA, 2004).
A UBA (2008) aconselha o método de insensibilização elétrica,
eletronarcose. A duração da inconsciência das aves depende da quantidade e
da freqüência da corrente elétrica, tempo em que as aves permanecem
imersas na água, velocidade da linha, comprimento da cuba e resistência do
meio e da profundidade de imersão das aves. A imersão rasa precisa de uma
voltagem maior do que a profunda, já que, perde-se muita corrente.
Recomenda-se que as aves sejam imersas até a base da asa de
forma que a cabeça esteja próxima ao eletrodo na base interna da cuba.
Sugere-se que seja colocado na linha um spray ou borrifador com água
direcionado à área de contato (gancho/pé) prévio à entrada da cuba de
insensibilização (UBA, 2008).
Todos os equipamentos que insensibilizam aves através da
eletronarcose devem possuir monitores que permitam a visualização dos
parâmetros de amperagem, voltagem e frequência. Recomenda-se observar os
sinais de eficiência da insensibilização como, pescoço frouxo, asas junto ao
corpo, olhos abertos e ausência de reflexo das córneas (sem movimento da
membrana nictitante quando o olho é tocado com o dedo ou com uma pena).
Em caso de falhas na eficiência da insensibilização ações corretivas
imediatas devem ser tomadas. Uma delas é adicionar à água da cuba, 0,15%
de sal para melhorar a condutividade e o monitoramento e registro diário em
intervalos de duas horas, para avaliar a eficiência da insensibilização (UBA,
2008).
A HFAC (2008) aceita os seguintes métodos de atordoamento, cuba
para atordoamento elétrico, atordoamento a seco incorporando uma grelha ou
barra de metal eletrificada e atordoamento manual.
Quando uma cuba com água eletrificada para atordoamento elétrico
é usada, a cuba de atordoamento deve estar em uma altura apropriada para o
tamanho e o número de aves especificamente. A altura deve ser definida de
forma que as cabeças de todas as aves tenham contatos efetivo com a cuba de
água. Quando os perus são eletricamente atordoados, deve ser usada uma
corrente elétrica suficiente para induzir inconsciência imediata a todas as aves
49
antes que os pescoços sejam cortados. As aves devem ser mantidas
inconscientes até que morram com a sangria, por choque hipovolêmico (HFAC,
2008).
A cuba de água deve ser projetada e instalada para evitar que as
aves recebam choques antes do atordoamento denominado de pré-choque
(Figura 19). Bem como deve ser provida de um amperímetro para monitorar o
fluxo de corrente através da cuba, quando elas estiverem carregadas com aves
(HFAC, 2008).
Quando os perus são eletricamente atordoados em uma cuba de
água, a corrente aplicada deve ser suficientes para induzir inconsciência
imediata. As aves não-atordoadas devem ser impedidas de ver as aves
atordoadas ou mortas. A linha até o atordoador deve ter pouca iluminação
(HFAC, 2008).
FIGURA 19 - Pré-choque na asa, na entrada da cuba , antes da ave ser insensibilizada. Fonte: WSPA, 2008.
No atordoamento elétrico utilizando eletrodo seco, as aves são
contidas em esteiras, não são penduradas na linha antes do atordoamento, o
que evita o mal-estar da pendura e do pré-choque, que possa vir a ocorrer. No
entanto, as correntes mínimas necessárias para a insensibilização foram
criadas apenas para frangos e precisam ser determinadas para perus (EFSA,
2004).
50
O atordoamento elétrico a seco é melhor do que cuba elétrica, em
razão do bem-estar das aves, onde se regula a quantidade necessária de
corrente e amperagem para cada ave especifica, não tendo problemas de
resistências diferentes no mesmo lote (EFSA, 2004).
Para os atordoadores elétricos manuais, são aceitáveis os seguintes
parâmetros, os perus devem ter os movimentos limitados em um cone ou em
uma trava, as aves devem ser atordoadas imediatamente depois de serem
imobilizadas, devem-se adotar cuidados para garantir que os eletrodos de
atordoamentos sejam aplicados firmemente em um dos lados da cabeça, entre
o olho e o ouvido, a corrente usada deve ser suficiente para que os perus
fiquem inconscientes imediatamente, a eletricidade deve ser aplicada até que o
bater de asas inicial pare ou, se os perus estiverem em um cone, até que as
pernas fiquem rígidas e estendidas, o pescoço deve ser cortado imediatamente
com um corte unilateral, para garantir o rompimento das artérias carótidas
(HFAC, 2008).
A HFAC trabalha com protocolos de manutenção e imprevistos,
onde afirmam que todos os equipamentos de atordoamento e de sangria
devem receber manutenção regular, limpeza frequente e verificação para
garantir que se encontram em condições de funcionamento adequado.
Atmosfera controlada: O equipamento deve dispor de aparelhos
para medir a concentração de gás no ponto de exposição máxima. Esses
aparelhos devem emitir um sinal de alerta, visível e/ou audível pelo operador,
caso a concentração de dióxido de carbono esteja fora dos limites
recomendáveis pelo fabricante; a concentração de dióxido de carbono em seu
nível máximo em volume deve ser de pelo menos, 30% para aves (BRASIL,
2000).
O objetivo principal do atordoamento com gás é evitar a dor e o
sofrimento associados a outros métodos de insensibilização e da sangria das
aves no abate. Por isso, atordoamento com gás deve ser utilizado com as aves
contidas em caixas. O atordoamento em recipientes de transporte vai eliminar a
necessidade de aves vivas serem manipuladas para a pendura e todos os
problemas encontrados com as instalações elétricas. Porém necessita de certo
51
tempo de intervalo entre o final da exposição ao gás e o corte no pescoço,
prolongando o intervalo de inconsciência/morte (EFSA, 2004).
A duração da inconsciência induzida com atordoamento com gás
terá que ser maior do que o exigido em situações de atordoamentos elétricos,
para impedir o retorno da consciência, durante o corte dos vasos (EFSA, 2004).
A única diferença entre o atordoamento com gás e a morte pelo
mesmo, é que as aves são expostas a misturas de gases até estarem mortas.
Portanto, qualquer atraso no corte dos vasos sanguíneos torna-se prejudicial
para a eliminação do sangue da carcaça, podendo ocasionar grandes taxas de
sangue residual nas carcaças.
Preocupações relacionadas ao bem-estar das aves como o estresse
da indução da inconsciência, provocado pela misturas de gases, levaram as
autoridade a definirem importantes parâmetros para definir o grau de
atordoamento desejado (EFSA, 2004).
RAJ (1997) constatou que a hipóxia não é invasiva às aves de abate
e que a mistura de argônio-dióxido de carbono é melhor do que usar altas
concentrações de dióxido de carbono. Os resultados do referido trabalho
também indicam que 30% em volume de dióxido de carbono pode ser
prejudicial às aves. O autor verificou que aves expostas a concentrações
decrescentes de oxigênio usando nitrogênio durante a matança, a anóxia (falta
de oxigênio) não fez as aves mostrarem qualquer manifestação de sofrimento
ou falta respiratória, não apresentando qualquer comportamento que sugerisse
angústia. Com base em tais dados sugere-se que a hipóxia é a melhor opção
para o atordoamento ou abate de aves.
Concentração de 50% ou mais de dióxido de carbono é considerada
desagradável para os animais, diferentes dos humanos. Os animais possuem
quimiorreceptores intrapulmonares que são extremamente sensíveis ao dióxido
de carbono e insensíveis à hipóxia. Esta é provavelmente a razão pela qual as
galinhas e perus evitam o dióxido de carbono, mas não as atmosferas
hipóxicas, do contrário os humanos sentem mais a falta do oxigênio do que a
presença do dióxido de carbono (EFSA, 2004).
As aves podem ser abatidas com uma exposição à atmosfera de
dois minutos a 2% em volume de oxigênio residual, no entanto observa-se o
52
retorno dos sentidos após 15 segundos fora da atmosfera. Para evitar isso
recomenda-se que as aves devam ser mortas, em vez de atordoadas,
expondo-as a 2% em volume de oxigênio residual no máximo, utilizando 3
minutos de exposição à anóxia, para que possa ocorrer a morte das aves
(EFSA, 2004).
A tempo de exposição necessário para atordoar ao invés de matar e
a duração da inconsciência induzida com estas misturas não são totalmente
conhecidos. Não há conhecimento sobre o uso da mistura de gás para os
perus, mas se sabe que 2 minutos de exposição tem sido suficiente para matá-
los (EFSA, 2004).
As misturas gasosas para o atordoamento ou gerar morte das aves
defendidas pela EFSA ( 2004) são:
• Um mínimo de dois minutos de exposição ao nitrogênio, argônio ou
outros gases inertes, ou qualquer mistura desses gases no ar atmosférico, com
um máximo de 2% de oxigênio residual por volume.
• Um mínimo de dois min. de exposição a qualquer mistura de
argônio, nitrogênio ou outros gases inertes com o ar atmosférico e dióxido de
carbono, desde que a concentração de dióxido de carbono não exceda 30% do
volume e a concentração de oxigênio residual não exceda 2% em volume.
• Mínimo de um min. de exposição a uma mistura de dióxido de
carbono de 40% em volume, 30% de oxigênio e nitrogênio, 30% em volume,
seguido imediatamente por dois min. exposição a um mínimo de 80% de
dióxido de carbono no ar em volume para abate de frangos.
4.5.6. Sangria
A sangria é o ponto final para que se possa fiscalizar os lineares do
bem-estar animal. Neste ponto não deve haver nenhuma manifestação de
sentimento ou lucidez, afim de que ocorra uma morte tranquila do animal. É
durante a sangria que necessita-se de maior atenção, por parte das pessoas
treinadas para serem inspetores do bem-estar, já que aqui é possível verificar o
grau da insensibilização e se o animal sentiu dor durante a sua morte.
53
Todas as aves que forem insensibilizadas devem ser sangradas
imediatamente, isso por que na insensibilização correta ocorre apenas uma
perda de consciência da ave, e se ela não for sangrada ocorrera à recuperação
(WSPA, 2008).
A sangria interrompe o fornecimento de sangue para o cérebro, e
consequentemente do oxigênio, levando à morte cerebral e posteriormente a
morte cardíaca. É aconselhável o sangramento imediato após a saída do
animal da cuba de insensibilização.
Em casos de frequências maiores que 100 Hz, a sangria deve
ocorrer em até 10 segundos. Em casos de baixa frequência deve ocorrer em
até 20 segundos (WSPA, 2008).
O tempo de morte das aves por choque hipovolêmico (perda de
sangue) é influenciado pela quantidade de vasos sanguíneos rompidos e pela
qualidade do corte. Caso os principais vasos não forem cortados
adequadamente, o cérebro continuara recebendo oxigênio, e a ave precisara
de mais tempo para morrer (WSPA, 2008).
De acordo com a WSPA (2008) quando ambas as veias e artérias
(duas jugulares, duas carótidas) são cortadas, a ave morre rapidamente, e em
torno de 10 segundos, demonstrado na Figura 20.
FIGURA 20 – Demonstrativo do corte dos quatro vasos: duas artérias carótidas e duas jugulares. Fonte WSPA, 2010.
O corte lateral, produzindo a incisão de apenas uma veia e uma
artéria, implica em uma morte mais lenta, levando até 24 segundos. Já que o
54
cérebro ainda possuirá uma pequena fonte de oxigênio, demonstrado na Figura
21.
FIGURA 21 – Demonstrativo do corte de dois vasos: uma artéria
carótida e uma jugular. Fonte: WSPA, 2010.
Caso ocorra apenas os cortes das duas veias jugulares, a ave
demora em torno de 55 segundos para morrer. No entanto as fontes de
oxigênio continuam intactas, ocorrendo a morte hipovolêmica pela falta de
sangue do retorno da pequena circulação, demonstrado na Figura 22.
FIGURA 22 – Demonstrativo do corte das duas jugulares, com as artérias intactas. Fonte WSPA, 2010.
No protocolo de bem-estar para frangos e perus, da União Brasileira
de Avicultura (2008) a sangria pode ser manual ou automática. Nos casos em
que se utiliza a sangria automática, deve haver uma pessoa encarregada pelo
55
repasse manual, quando as aves não forem bem sangradas pelo equipamento.
A incisão deve ser feita próxima às vértebras cervicais (pescoço) seccionando
os vasos sanguíneos. Deve ocorrer a incisão por completo dos quatro grandes
vasos, 2 carótidas (arterial) 2 jugulares (venoso). Assim o animal pode morrer
mais rápido por choque hipovolêmico.
A eficiência da sangria deve ser monitorada na entrada do tanque de
escaldagem, não sendo admitida nenhuma ave consciente (viva). A sangria
deve ser realizada imediatamente após a insensibilização devendo acontecer
no máximo 12 segundos após a mesma, sendo monitorada e com 100% de
eficiência. O tempo de sangria deve ser no mínimo de 2 minutos a fim de
garantir o máximo de expulsão do sangue, antes que os animais entre no
tanque de escaldagem (UBA, 2008).
Os padrões norte americanos da HFAC (2008), seguem protocolos
parecidos com os protocolos brasileiros, onde a sangria deve ser realizada por
corte dos quatro vasos sanguíneos, das artérias carótidas e as veias jugulares,
onde devem ser efetivamente rompidos usando-se um corte transversal. Este
corte deve ser examinado por um funcionário indicado, com tempo suficiente
para romper os vasos sangüíneos manualmente se necessário. Em abates
comuns, as aves não devem bater as asas, pestanejar ou respirar durante a
sangria, exceto nos abates religiosos.
O tempo entre o atordoamento e o corte do pescoço, não deve ser
maior que 10 segundos. Todas as aves devem estar acessíveis aos
funcionários antes de serem mergulhadas no tanque de escaldagem, para que
eles possam verificar as que apresentem sinais de consciência. As aves devem
ser examinadas para garantir que estão mortas antes de serem mergulhadas
no tanque de escaldagem (HFAC, 2008).
De acordo com o tempo entre o corte no pescoço e a escaldagem,
os perus não devem ser depenados ou mergulhados no tanque de escaldagem
até que, pelo menos, 120 segundos tenham decorrido desde que os vasos
sanguíneos principais do pescoço tenham sido cortados. Somente após este
período, ocorre a parada cardíaca (podendo ocorrer a parada cardíaca na
eletronarcose), e morte hipovolêmica. Assim, todos os padrões para promover
o bem-estar das aves foram cuidadosamente verificados, do nascimento até a
56
sua morte, sendo evitado o máximo de estresse e sofrimento in vida (HFAC,
2008).
O MAPA defende que a operação de sangria deve ser iniciada logo
após a insensibilização do animal, de modo a provocar o rápido e mais
completo possível escoamento do sangue. A operação de sangria é realizada
pela seção dos grandes vasos do pescoço, no máximo 10 segundos após a
insensibilização. Após a incisão dos grandes vasos do pescoço, não serão
permitidas na calha de sangria, operações que envolvam mutilações até que o
sangue seja esgotado ao máximo possível, tolerando-se a estimulação elétrica
com o objetivo de acelerar as modificações post-mortem. Na sangria
automatizada, torna-se necessária a supervisão de um operador, visando
proceder manualmente o processo, em caso de falha do equipamento,
impedindo que o animal alcance a escaldagem sem a devida morte pela
sangria (BRASIL, 2000).
No abate mecânico, o disco deve estar regulado para o tamanho das
aves do lote. Em linha de abate manual, deve ocorrer a troca constante das
facas e do operador, para evitar cansaço de funcionários. O sangrador deve
observar um bom fluxo de sangue após a incisão, caso não ocorra, deve-se
certificar-se que houve a incisão reforçando o corte. Todas as aves devem
sangrar completamente e estarem mortas antes de entrarem no tangue de
escaldagem, nenhuma ave pode entrar viva no tanque de escaldagem (WSPA,
2008).
4.5.7. Abate de Emergência
O abate de emergência é uma ferramenta muito importante para
amenizar o sofrimento dos animais, acelerando o processo de abate, e livrando
a ave de sofrimento ou injúrias.
Assim animais que forram encontrados em situações de doença ou
estresse visíveis aumentados, que estejam interferindo numa das cinco
liberdades do bem-estar, devem ser abatidos de emergência, realizando o
sacrifício do mesmo no local encontrado. O método de sacrifício das aves de
57
emergência, é com o deslocamento da conexão das colunas cervicais (atlas –
áxil), artérias e nervos.
Os animais acidentados ou em estado de sofrimento durante o
transporte ou à chegada no estabelecimento de abate, devem ser submetidos à
abate de emergência. Para tal, os animais não devem ser arrastados e sim
transportados para o local do abate de emergência por meio apropriado, meio
este que não acarrete qualquer sofrimento inútil ao animal a ser abatido
(BRASIL, 2000).
Outros animais presentes no estabelecimento, não devem
presenciar ou ouvir os animais que estejam sofrendo, não deve ser realizado o
abate emergencial na presença de outros animais.
As aves que apresentam fraturas ou lesões que comprometem seu
bem-estar, não devem ser penduradas na linha de abate. É aceitável o
deslocamento manual do pescoço desde que as aves não apresentem mais de
3 kg e que seja realizado por um funcionário treinado para o abate emergencial
nas aves com estas medidas, no caso de aves como chester e perus, devem
ser utilizados o estrangulador para realizar o abate de emergência (UBA,
2008).
As aves com pernas e ossos quebrados devem ser separadas e
sacrificadas emergencialmente, evitando o prolongamento do seu estresse
(WSPA, 2008).
4.5.8. Abate religioso – Halal
O abate Religioso, principalmente o método Halal, é exigido pela
comunidade islâmica, que consome apenas alimentos considerados puros,
sendo denominados produtos Halal. Estes alimentos são considerados puros,
livres de agrotóxico, sangue e toxinas.
Halal significa lícito, permitido, autorizado (permitido ao consumo
humano, legal). Alimentos Halal são aquelas cujo consumo é permitido por
Deus. No Alcorão, Deus ordena aos muçulmanos e a toda a humanidade a
comer apenas alimentos Halal (Figura 23) (CIBAL, 2010).
58
Halal também é a base de tudo que é lícito, na política, no social,
nos atos praticados (conduta), na justiça, nas vestimentas, nas finanças, etc., é
o resultado de um sistema de produção que busca criar mecanismos que
contribuam com a saúde humana, criando equilíbrio sustentável em todo seu
processo (CIBAL, 2010).
Com esse rigoroso controle da sociedade islâmica, existem pessoas
treinadas para prepararem os alimentos, a convicção que os animais devam
sofrer, para livrar-se das impurezas durante a sua morte diante de Ala.
No abate dos animais destinados ao comércio Halal, à sangria é
realizada por pessoas obrigatoriamente da religião islâmica, em que em cada
procedimento de sangria, é realizado um ritual religioso, onde o peito do animal
deve estar voltado para Meca e sejam feitas orações pelo sangrador, que deve
falar ou pensar em cada corte, Ala é grande.
Esse ritual de sacrifício deve ser feito com ética. Ao evocar o nome
de Deus, estamos agradecendo pelo alimento que Este nos enviou, pedimos
perdão, pois não matamos um animal por sadismo e nem por prazer, e sim
para garantir o sustento alimentar ao ser humano.
Procedimentos para o abate Halal: a) Os animais, para serem
abatidos, devem ser saudáveis e aprovados pelas autoridades sanitárias
competentes; b) O animal deverá estar em perfeita condição física; c) O abate
será executado somente por muçulmano mentalmente sadio e que entenda,
totalmente, o fundamento das regras e das condições relacionadas com o
abate de animais no Islam; d) A frase (Em nome de Deus, o mais Bondoso, o
mais Misericordioso) tem de ser invocada imediatamente antes do abate; e) Os
equipamentos e os utensílios utilizados no abate Halal serão exclusivos para
esse tipo de degola; f) A faca do abate deverá ser afiada; g) A sangria deverá
ser feita apenas uma vez. A “ação cortante” do abate é permitida já que as
facas do abate não são descoladas do animal durante o abate, procurando
minorar-se o sofrimento infringido; h) O esgotamento do sangue deverá ser
espontâneo e completo; i) O inspetor mulçumano treinado será indicado e terá
responsabilidade de checar se os animais são abatidos corretamente de
acordo com as (leis) Shariah; j) A ave abatida somente poderá ser escaldada,
após a confirmação da morte pelo abate Halal (CIBAL, 2010).
59
FIGURA 23 - Símbolo Cibal Halal Brasil, Centro Islâmico Brasileiro de abate Halal. Fonte: Google Imagens.
Quando por razões religiosas os animais forem abatidos sem prévia
insensibilização, a operação deverá ser realizada sem causar sofrimento
desnecessário ao animal e de acordo com os controles específicos para o
procedimento (TWAR-UK, 1995).
É permitido o abate sem a prévia insensibilização somente para
atender preceitos religiosos (BRASIL, 2OOO).
60
CONCLUSÃO
Mediante a literatura pesquisada, temos parâmetros suficientes para
identificar condições de estresse das aves destinadas ao abate comercial, o
que nos direciona a priorizar o bem-estar animal, com a intenção de evitar
qualquer tipo de desconforto antes do abate.
Neste trabalho estão relatados, aspectos de bem-estar das aves
durante o processo de abate, implicados em várias diretrizes mundiais, países
produtores e compradores, com a intenção de comparar ou unificar um
parâmetro único de bem-estar.
A intenção do trabalho é alertar sobre a importância de se priorizar
um abate humanitário, sem sofrimento ou qualquer tipo de estresse na cadeia
produtiva de carne de aves, podendo ser adotados não só no Brasil, mas em
qualquer região do mundo, já que reúne referências aprovadas dos quatro
blocos econômicos.
Entretanto, o bem-estar animal no abate das aves não deve ser um
preceito unicamente econômico, ou um detalhe a ser seguido devido a
pressões da sociedade, mas, bem-estar animal é condição inerente ao
desenvolvimento de uma sociedade mais humana, justa e responsável para
com os animais.
61
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