atributos quÍmicos e fÍsicos de um...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE, UNICENTRO-PR
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA – PPGA
MESTRADO
ATRIBUTOS QUÍMICOS E FÍSICOS DE UM
LATOSSOLO SOB PLANTIO DIRETO EM ZONAS DE
MANEJO COM DIFERENTES PRODUTIVIDADES
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
LUIZ FERNANDO MACHADO KRAMER
GUARAPUAVA-PR
2012
LUIZ FERNANDO MACHADO KRAMER
ATRIBUTOS QUÍMICOS E FÍSICOS DE UM LATOSSOLO SOB PLANTIO
DIRETO EM ZONAS DE MANEJO COM DIFERENTES PRODUTIVIDADES
Dissertação apresentada à Universidade Estadual do Centro-Oeste, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Agronomia, área de concentração em Produção Vegetal, para a obtenção do título de Mestre.
Prof. Dr. Marcelo Marques Lopes Müller
Orientador
GUARAPUAVA-PR 2012
Catalogação na Publicação
Biblioteca da UNICENTRO, Campus CEDETEG
Kramer, Luiz Fernando Machado
K86a Atributos químicos e físicos de um latossolo sob plantio direto em zonas de manejo com diferentes produtividades / Luiz Fernando Machado Kramer. – – Guarapuava, 2012
xii, 49 f. : il. ; 28 cm Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual do Centro-Oeste,
Programa de Pós-Graduação em Agronomia, área de concentração em Produção Vegetal, 2012
Orientador: Marcelo Marques Lopes Müller Banca examinadora: Aline Marques Genú, Antônio Luiz Santi
Bibliografia 1. Agronomia. 2. Produção vegetal. 3. Solo. 4.Fertilidade do solo. 5.
Qualidade física do solo. 6. Produção - solo. 7. Zonas uniformes - solo. I. Título. II.Programa de Pós-Graduação em Agronomia.
CDD 631.4
Aos meus pais, Luiz e Tereza, que são a luz que me orienta e fonte de inspiração. Às “minhas vidas”, Josiane e Luiz Eduardo, que sempre estiveram ao meu lado, me
amparando e apoiando. Esse trabalho também é de vocês.
DEDICO
"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para
que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar".
Eduardo Hughes Galeano
AGRADECIMENTOS
O filósofo grego Cícero afirmava “ser a gratidão não só a maior de todas as virtudes,
mas a origem de todas as outras”.
Tenho uma fé que transcende os limites da compreensão. Sou grato a Deus.
Fui ensinado a prezar sempre pela honestidade e amar o próximo. Sou grato aos meus
pais Luiz e Tereza.
Compreendi que amor não se explica, se sente. Sou grato ao meu filho Luiz Eduardo.
Aprendi a diferença entre compromisso e comprometimento. Sou grato a minha
esposa Josiane.
Descobri que percorrer trilhas desconhecidas é mais seguro quando o Mestre está ao
nosso lado. Sou grato ao Professor Orientador Marcelo Marques Lopes Müller, pelo
companheirismo, estímulo e comprometimento.
Percebi claramente o significado de “dom de ensinar”. Sou grato aos Professores
Cassio Antônio Tormena, Aline Marques Genú, Luciano Farinha Watzlawick e Jackson
Kawakami.
Percebi que as verdadeiras conquistas nunca são alcançadas pelas mãos de uma só
pessoa. Sou grato aos estudantes Cristiano Ortolan, Fábio Ortolan, Marcelo Vicensi, Alex
Benaski, Willian Satil, Alex Renan Nouvaczik, Tales Roberto Galina, Éliton Ianiski, Ivan
Kowaltschuk e Ronaldo Nascimento, além dos Engenheiros Agrônomos Diovane Caon e
Patrikk John Martins. Minha gratidão especial ao colega Mestrando Engenheiro Agrônomo
Leandro Michalovicz, pela imensurável colaboração.
O que difere as instituições de ensino são as pessoas que sem empenham em fazer dela
uma verdadeira Academia. Sou grato a todos os professores e colaboradores do Programa de
Pós Graduação em Agronomia e a Universidade Estadual do Centro-Oeste.
Agradeço ao Eng. Agrônomo Pellisson Kaminski, e em especial ao Grupo Reinhofer,
pela cessão da área para realização do estudo, apoio e informações prestadas para a realização
do trabalho.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS..................................................................................................................i
LISTA DE TABELAS ...............................................................................................................iii
RESUMO....................................................................................................................................iv
ABSTRACT ................................................................................................................................v
1. INTRODUÇÃO GERAL .......................................................................................................1
2. OBJETIVO .............................................................................................................................4
3. CAPÍTULO I – PRODUTIVIDADE DO TRIGO E FERTILIDADE DO SOLO
SOB PLANTIO DIRETO EM ZONAS DE UM TALHÃO MANEJADO COM
AGRICULTURA DE PRECISÃO............................................................................................5
RESUMO .....................................................................................................................................5
ABSTRACT .................................................................................................................................6
3.1. Introdução..............................................................................................................................7
3.2. Material e Métodos................................................................................................................8
3.3. Resultados e Discussão........................................................................................................11
3.4. Conclusões...........................................................................................................................25
4. CAPÍTULO II – ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO SOB PLANTIO DIRETO EM
ZONAS DE UM TALHÃO COM DIFERENTES POTENCIAIS PRODUTIVOS ...........26
RESUMO ...................................................................................................................................26
ABSTRACT ...............................................................................................................................27
4.1. Introdução............................................................................................................................28
4.2. Material e Métodos..............................................................................................................29
4.3. Resultados e Discussão........................................................................................................31
4.4. Conclusões...........................................................................................................................41
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................42
i
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização das zonas com produtividades distintas selecionadas para o estudo
(Reserva do Iguaçu-PR)........................................................................................ 9
Figura 2. Mapas da distribuição espacial da produtividade do trigo (Kg ha-1) nas zonas
selecionadas para o estudo (Reserva do Iguaçu, 2011)........................................ 12
Figura 3. Mapas da distribuição espacial de Corg (g dm-3) nas camadas 0,00-0,10 m e
0,10-0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011)............. 14
Figura 4. Mapas da distribuição espacial de pH nas camadas de 0,00-0,10 m e 0,10-
0,20m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011)...................... 16
Figura 5. Mapas da distribuição espacial de m% nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-0,20 m
nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011)................................. 17
Figura 6. Mapas da distribuição espacial de V% nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-0,20 m
nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011)................................. 19
Figura 7. Mapas da distribuição espacial de P nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-0,20 m
nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011)................................. 20
Figura 8. Mapas da distribuição espacial de Ca2+ nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-0,20
m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011)............................. 22
Figura 9. Mapas da distribuição espacial de Mg2+ nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-0,20
m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011)............................. 23
Figura 10. Mapas da distribuição espacial de K+ nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-0,20 m
nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011)................................. 24
Figura 11. Mapas da distribuição espacial de RP (MPa) na camada 0,00-0,10 m nas zonas
de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011).................................................. 32
ii
Figura 12. Mapas da distribuição espacial de RP (MPa) na camada 0,10-0,20 m nas zonas
de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011).................................................. 33
Figura 13. Mapas da distribuição espacial de UG (kg kg-1) nas camadas 0,00-0,10 m e
0,10-0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011)............. 34
Figura 14. Mapas da distribuição espacial de Ds (Mg m-3) nas camadas 0,00-0,10 m e
0,10-0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011)............. 35
Figura 15. Mapas da distribuição espacial de PT (%) nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-
0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011)..................... 37
Figura 16. Mapas da distribuição espacial de Mac (%) nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-
0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011)..................... 38
Figura 17. Mapas da distribuição espacial de Mic (%) nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-
0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011)..................... 39
Figura 18. Velocidade de infiltração básica (VIB) de água no solo nas diferentes zonas de
manejo (Reserva do Iguaçu, 2011)....................................................................... 40
Figura 19. Mapas da distribuição espacial de VIB (mm h-1) nas zonas de manejo
estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011)................................................................... 41
iii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Estatística descritiva dos dados de produtividade de cevada (2006), trigo
(2007) e milho (2009), nas zonas selecionadas para o estudo (Reserva do
Iguaçu, 2010)........................................................................................................ 9
Tabela 2. Limites aproximados das classes para elaboração de mapas de krigagem.......... 10
Tabela 3. Estatística descritiva para a produtividade do trigo nas zonas selecionadas para
o estudo (Reserva do Iguaçu, 2010)..................................................................... 11
Tabela 4. Carbono orgânico (Corg), pH, acidez trocável (Al3+), saturações por alumínio
(m) e bases (V) e fósforo (P) nas zonas selecionadas para o estudo (Reserva do
Iguaçu, 2011)........................................................................................................ 13
Tabela 5. Teores e saturações (em relação à CTC total) de cálcio (Ca2+), magnésio
(Mg2+) e potássio (K+) nas zonas selecionadas para o estudo (Reserva do
Iguaçu, 2011)........................................................................................................ 21
Tabela 6. Valores de resistência a penetração (RP), umidade gravimétrica (UG),
densidade do solo (Ds), porosidade total (PT), microporosidade (Mic) e
macroporosidade (Mac) nas diferentes zonas de manejo e profundidades
avaliadas (Reserva do Iguaçu, 2011).................................................................... 31
iv
RESUMO
Luiz Fernando Machado Kramer. Atributos químicos e físicos de um Latossolo sob plantio
direto em zonas de manejo com diferentes produtividades.
Devido às características do sistema plantio direto (SPD), áreas sob este sistema têm mostrado
evoluções específicas, com distintos potenciais de produtividade. Com a agricultura de
precisão (AP), é possível mapear a produtividade das culturas e outros informações, bem
como estabelecer interações localizadas entre atributos do solo e potencial produtivo, o que
pode ser utilizado para estabelecer estratégias de manejo eficiente das lavouras. Este trabalho
teve como objetivo estudar a produtividade do trigo e atributos do solo sob SPD em zonas de
manejo com potenciais produtivos distintos, identificadas com técnicas de AP numa fazenda
do Centro-Sul do Paraná. O estudo se desenvolveu em 2010-2011 na Fazenda Campo Bonito,
município de Reserva do Iguaçu, avaliando-se duas zonas de manejo com produtividades
contrastantes, denominadas Z1 e Z2. Estabeleceram-se malhas regulares de amostragem de 50
x 50 m (¼ hectare), totalizando 16 unidades amostrais, sendo que em cada unidade foram três
pontos (subamostras) amostrais para avaliar o rendimento de grãos do trigo e coletar amostras
de solo para caracterização da fertilidade química e dos atributos físicos do solo. A
produtividade média do trigo em Z1 foi superior (22%) àquela obtida em Z2. Concorreu, para
esta diferença, a menor fertilidade química do solo em Z2, que também apresentou condições
físicas do solo mais limitantes. A acidez do solo e o teor de alumínio trocável foram maiores e
os teores de carbono orgânico e cátions básicos do solo foram menores em Z2, sobretudo na
camada subsuperficial (0,10-0,20 m), evidenciando a importância da amostragem estratificada
em profundidade nos solos sob SPD. Observou-se, também, maior resistência mecânica (RP)
do solo à penetração (0,00-0,10m) e densidade (Ds) do solo (0,00-0,10 e 0,10-0,20 m) em Z2,
enquanto Z1 apresentou maior porosidade total (PT), em função da maior porcentagem de
macroporos (Mac), responsáveis pela infiltração de água e aeração do solo. Em concordância
com essa distribuição de poros, Z1 também apresentou maior velocidade de infiltração básica
(VIB) de água no solo. Os mapas de atributos químicos e físicos do solo apresentaram
informações concordantes com os resultados de mapeamento da produtividade do trigo.
Palavras-Chaves: fertilidade do solo, qualidade física do solo, produção, zonas uniformes.
v
ABSTRACT
Luiz Fernando Machado Kramer. Chemical and physical attributes of an Oxisol under no-till
in management zones with different grain yields.
Given the specificities of no-till (NT), crops under this system have shown specific
characteristics, with different yield potentials. With the instruments of precision agriculture
(PA), it is possible to map crops’ productivities and other informations, as well as to establish
site-specific interactions between soil attributes and yield potential what may be used to
establish efficient strategies for crop management. This work aimed to study wheat grain
yield and soil attributes under NT and in management zones with distinct yields, identified in
a farm managed with PA techniques at South-Central Region of Paraná. The study was
performed in a Farm land at Reserva do Iguaçu, evaluating two management zones with
contrasting crop yields: Z1 and Z2. Regular sampling grids of 50 x 50 m (¼ hectare) were
established, with a total of 16 sampling units. For each unit, three sampling points were use to
evaluate wheat grain yield and collect soil samples for the characterization of soil chemical
and physical attributes. Average wheat yield at Z1 was superior (22%) to that found for Z2.
Concurred for this result the fact that soil chemical fertility was lower at Z2, which also had
more limiting conditions in terms of soil physics. Higher soil acidity and content of
exchangeable aluminum combined to lower levels of organic carbon and basic cations were
observed in Z2, especially at subsuperficial layer (0,10-0,20 m), highlighting the importance
of stratified sampling of the soils under NT. Moreover, Z2 also had higher mechanical
resistance to penetration (RP) (0,00-0,10 m) and bulk density (Db) (0,00-0,10 and 0,10-0,20
m), while Z1 showed higher total soil porosity (PT), due to higher macroporosity (Mac)
percentage, responsible for water infiltration and soil aeration In agreement with these pore
distributions, Z1 also presented higher soil basic infiltration velocity (VIB) of water. The
maps of soil chemical and physical attributes showed concurrent information with the results
of wheat yield mapping.
Keywords: soil fertility, physical quality, grain production, uniform zones.
1
1. INTRODUÇÃO GERAL
O sistema plantio direto (SPD) ultrapassou a marca dos 110 milhões de hectares
cultivados a nível mundial, sob as mais diversas condições de clima e solo (DERPSCH et al.,
2010). Em substituição ao sistema de preparo convencional do solo, o SPD foi introduzido no
Brasil no início da década de 1970 para controlar a erosão e melhorar o manejo dos solos, em
busca de uma agricultura mais sustentável. Na última estimativa da Federação Brasileira de
Plantio Direto na Palha (safra 2005/2006), cerca de 25,5 milhões de hectares encontravam-se
sob este sistema no país (FEBRAPDP, 2006), 5,7 milhões de hectares somente no Estado do
Paraná (CALEGARI; CAVIGLIONE, 2008).
Essa é uma grande conquista do país, pois sob SPD a perda de solo por erosão é
reduzida e o estoque de matéria orgânica do solo (MOS) aumenta, mudanças que melhoram a
qualidade do solo e a eficiência de uso da água e dos nutrientes pelas plantas, mas dependem
do não revolvimento do solo, do nível de acúmulo de palha, de modificações na fertilidade do
solo, da variabilidade de espécies na rotação, da dinâmica da água no solo e da dinâmica de
pragas, doenças e plantas invasoras (LOPES et al., 2004). Assim, podem ocorrer evoluções
distintas nas áreas de SPD, especialmente sob tipos diferentes de solo e clima, progredindo
para condições mais favoráveis ou mais restritivas aos cultivos agrícolas.
A ausência de revolvimento do solo, aliada ao tráfego de máquinas, cada vez maiores
e mais pesadas, traz reorganizações estruturais do perfil do solo sob SPD e leva à redução da
macroporosidade (BRONICK; LAL, 2005), o que se traduz em compactação do solo próximo
da superfície (TORMENA et al., 1998) e maior resistência mecânica ao crescimento das
raízes (PICCININ et al., 2000), com potenciais efeitos negativos no crescimento das plantas
devido à redução da disponibilidade de água e nutrientes (GIAROLA et al., 2009).
Assim, em áreas com vários anos de adoção de SPD, é comum identificar talhões ou
partes de talhões (zonas uniformes) com produtividades distintas, mesmo com culturas e
condições climáticas semelhantes ao longo do tempo. Como a existência da variabilidade de
produtividade dentro de uma gleba é o pressuposto básico para se trabalhar com agricultura de
precisão (AP) (RESENDE; SHIRATSUCHI, 2007), a adoção do instrumental de AP, a
exemplo do SPD, está em franco desenvolvimento (COELHO, 2005). Ademais, aumentos dos
custos de produção e das preocupações com as questões ambientais têm pressionado os
produtores a melhorar o manejo das lavouras e otimizar o uso de insumos (ARRIAGA et al.,
2
2010), sendo fundamental, para isso, conhecer a capacidade produtiva do solo (MULLA;
SCHEPERS, 1997).
Manejo por zonas uniformes, que pode ser sinônimo para AP, tem por princípio básico
o manejo das variabilidades de solos e culturas no espaço e no tempo (COELHO, 2005), as
quais são passíveis de identificação e análise a partir dos mapas de produtividade,
considerados ponto de partida para a visualização da variabilidade espacial das lavouras, pois
nenhuma informação é mais real que própria resposta da cultura (MOLIN, 2002).
O uso da AP para gerar outros mapas, além dos de produtividade, sobretudo de
atributos do solo, pode auxiliar a estabelecer interações entre as condições do solo e a
produtividade, possibilitando definir melhores estratégias de manejo do sistema de produção
(PONTELLI, 2006). De fato, definir atributos do solo que melhor se relacionam com o
potencial produtivo das lavouras é importante, pois possibilita identificar limitações ao
rendimento e traçar estratégias para contorná-los. A AP é, acima de tudo, uma ferramenta de
gerenciamento na agricultura (SWINTON; LOWENBERG-DEBOER, 1998).
Entretanto, quando se busca melhorar a expressão produtiva das culturas no campo, há
controvérsia sobre quais atributos devem ser considerados, sendo os químicos os mais
frequentemente estudados (COELHO, 2005), embora muitos trabalhos demonstrem a
importância da qualidade física do solo para a produtividade das culturas (COSTA et al.,
2003; TORMENA et al., 2002), sobretudo em SPD cuja compactação excessiva do solo é
reconhecida (RICHART et al., 2005; TORMENA et al., 1998).
Segundo Santi (2007), que avaliou atributos do solo e produtividades de grãos em
áreas comerciais sob SPD e AP, a amostragem intensiva do solo (uma amostra ha-1) permitiu
observar que parte da variabilidade espacial e temporal do rendimento das culturas se devia à
variabilidade dos atributos químicos do solo, e que a definição de zonas de potencial de
rendimento permitiu concluir que a infiltração de água no solo foi um dos principais atributos
físicos com influência no rendimento das culturas, sendo determinante na variação temporal
dos mesmos.
Outro problema quanto aos atributos do solo para mapeamento é o nível de dificuldade
ou esforço envolvido na coleta, sendo esta uma das razões para que os atributos físicos sejam
preteridos pelos químicos, considerando suposta maior facilidade de obtenção de amostras e
resultados para atributos químicos, embora os custos envolvidos sejam, normalmente, os
principais limitantes para qualquer escolha, determinando, inclusive, a densidade de
3
observações e, portanto, o nível de representatividade dos dados em relação à realidade. Em
áreas de AP, é comum a coleta de 1 amostra a cada 2 ha, sendo a precisão dos mapas de
disponibilidade de nutrientes aumentada à medida em que se aumenta a intensidade amostral,
mas os custos com amostragem e análise de solo aumentam sobremaneira com densidades de
amostragem superiores a 2 amostras ha-1 (WOLLENHAUPT et al., 1994).
O que se tem percebido é que, assim como no SPD, após vários anos de adoção, ainda
perdurou variações na qualidade do solo. Áreas com históricos de adoção de AP, vem
apresentando variabilidade na produtividade, mesmo após intervenções localizadas de manejo
de corretivos e fertilizantes. Nestes casos, se faz necessário estudos localizados, orientados
pelo histórico de produtividade (zonas com potenciais produtivos distintos) visando reorientar
as intervenções de manejo para minimizar essa variabilidade.
Neste contexto, estudos envolvendo amostragem estratificada de atributos químicos do
solo e inclusão de variáveis físicas do solo, no reconhecimento das características espaciais de
zonas distintas, podem contribuir para a evolução da AP além de manter a qualidade do solo e
a sustentabilidade da produção agrícola.
4
2. OBJETIVO
Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade química e física do solo sob SPD,
em zonas com produtividades distintas, alta e baixa, em uma área manejada com técnicas de
AP na região Centro-Sul do Paraná.
5
3. CAPÍTULO I – PRODUTIVIDADE DO TRIGO E FERTILIDADE DO SOLO SOB
PLANTIO DIRETO EM ZONAS DE UM TALHÃO MANEJADO COM
AGRICULTURA DE PRECISÃO
RESUMO
Em sua maioria sob sistema plantio direto (SPD) há vários anos, as lavouras de grãos do
Centro-Sul do Paraná têm evoluído com diferentes potenciais produtivos, internamente nos
talhões e entre eles dentro das propriedades. Com ferramentas de agricultura de precisão (AP),
é possível identificar e analisar essas áreas, gerando informações específicas a elas e
aplicáveis à melhoria do manejo das culturas. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a
produtividade do trigo e os atributos químicos do solo em zonas de um talhão com potenciais
produtivos diferentes. O estudo foi realizado numa propriedade rural em Reserva do Iguaçu,
Paraná, que no início do estudo, realizado entre 2010-2011, apresentava 25 anos de uso de
SPD e cinco anos de adoção de tecnologias de AP. Foram definidas duas zonas de um talhão
com potenciais produtivos distintos, denominadas zonas de manejo Z1 e Z2, nas quais se
estabeleceu uma malha regular de 16 unidades amostrais com 50 x 50 m. Em cada unidade
foram estabelecidos três pontos amostrais, onde se avaliou o rendimento de grãos do trigo e
coletaram-se amostras de solo para caracterização química. O trigo produziu 22% a mais em
Z1 em comparação a Z2. Houve diminuição do teor de carbono orgânico (Corg) e do pH do
solo da camada de 0,00-0,10 m para a camada de 0,10-0,20 m, em ambas as zonas de manejo,
sendo maiores o pH (0,10-0,20 m) e o teor de Corg (0,00-0,10 e 0,10-0,20 m) em Z1. Em Z2,
os valores de alumínio trocável e saturação por alumínio aumentaram da camada superficial
para a de 0,10-0,20 m, sendo que nesta camada os valores foram maiores em Z2, revelando a
importância da amostragem de solo estratificada até 0,20 m em áreas sob SPD. A saturação
por bases na camada subsuperficial do solo foi maior em Z1, onde os teores e saturações de
cálcio e magnésio foram maiores. Quanto ao potássio, Z1 apresentou teores e saturações
maiores em ambas as camadas de solo. Não houve diferença entre as zonas de manejo para os
teores de fósforo. Em concordância com estes resultados, o estudo dos mapas dos atributos
químicos do solo mostrou que a distribuição (%) de área nas classes de maior acidez e de
menores concentrações de Corg e nutrientes foi maior em Z2 na comparação com Z1,
relacionando-se, portanto, à menor produtividade do trigo em Z2.
Palavras-chave: Triticum sp., Latossolo Bruno, fertilidade do solo, zonas uniformes.
6
WHEAT YIELD AND SOIL FERTILITY UNDER NO-TILL IN ZONES OF A PLOT
MANAGED WITH PRECISION AGRICULTURE
ABSTRACT
Mostly under no-till (NT) for several years, grain crops of South-Central Region of Paraná
State have evolved with distinct yield potentials, internally and among the plots within the
farms. With precision agriculture (PA) tools, it is possible to identify and analyze these areas,
generating specific information to them applicable to improve crop management. The
objective of this work was to evaluate the yield of wheat and the chemical attributes of a soil
under NT in areas with different yield potentials. The study was developed in a farm at
Reserva do Iguaçu, Paraná State, Brazil, which at the beginning of the study, performed
between 2010-2011, had been using NT for 25 years and PA for five years. Two zones of a
plot with contrasting yields were defined: management zones Z1 and Z2, on which regular
grids of 16 sampling units of 50 x 50 m was established. Three sampling points (subsamples)
were established on each unit for evaluating the grain yield of wheat and collecting soil
samples for soil chemical characterization. Yield averages were 22% higher in Z1 in relation
to Z2. In both management zones, organic carbon (Corg) and pH decreased from 0,00-0,10 m
layer to 0,10-0,20 m layer, with higher values of pH (0,10-0,20 m) and Corg (0,00-0,10 e 0,10-
0,20 m) in Z1. The values of exchangeable aluminum and aluminum saturation increased
from surface layer to 0,10-0,20 m, where values were significantly higher in Z2 compared to
Z1, highlighting the need for stratified soil sampling in depth until 0,20 m on areas under NT.
The saturation of bases on soil subsuperficial layer was higher in Z1, where concentrations of
calcium and magnesium and their saturations on cation exchange capacity were either higher.
About potassium, Z1 showed concentrations and saturations higher than Z1 in both soil
layers. No differences between zones were recorded for phosphorus. In agreement these
results, the study of maps of soil chemical attributes showed that the distribution (%) of area
on classes of higher soil acidity and lower nutrient and Corg levels was higher on Z2 in
comparison to Z1, relating to the lower wheat yield on Z2.
Keywords: Triticum sp., Brown Latosol, soil fertility, uniform zones.
7
3.1. Introdução
Na prática, o sucesso do SPD, em relação aos sistemas com preparo convencional do
solo, de início se deve à economia de combustível com operações mecanizadas (NAGAOKA;
NOMURA, 2003), bem como de tempo e trabalho, determinando maior retorno econômico da
agricultura e interesse dos agricultores em adotá-lo, sobretudo na América do Sul, onde
alguns países o utilizam em até 70% da área total cultivada (DERPSCH et al., 2010).
Tecnicamente, o SPD também é vantajoso porque a existência de cobertura morta na
superfície do solo resulta em processos que mantêm ou aumentam o teor de matéria orgânica
do solo (MOS) e melhoram a sustentabilidade do sistema produtivo (AMADO et al., 2001;
COSTA et al., 2004). O SPD altera, ainda, a dinâmica de acidez do solo e de disponibilidade
de nutrientes no perfil e modifica a qualidade da MOS (ANGHINONI, 2007), o que decorre
do não revolvimento e acúmulo de resíduos na superfície, nova dinâmica de água no solo,
adubação sucessiva e variedade de culturas em rotação (LOPES et al., 2004).
Com a evolução desses processos e a manutenção do perfil do solo sem grandes
perturbações, a localização de sub-regiões ou zonas homogêneas e com potenciais produtivos
distintos nas lavouras torna-se mais fácil, sobretudo quando o produtor adota técnicas de AP.
Identificar e analisar essas áreas pode levar à formação, dentro da propriedade, de unidades ou
zonas de manejo (MOLIN, 2002), o qual pode ser diferenciado de acordo com a necessidade
específica de cada talhão ou parte dele.
O mapa de produtividade é tido como ponto de partida para usuários e pesquisadores
visualizarem a variabilidade espacial das lavouras, porque materializa a resposta da cultura
aos diversos fatores que compõem o ambiente produtivo (MOLIN, 2002). Associando-se este
mapa aos de fertilidade do solo, é possível investigar interações entre os atributos químicos do
solo e o potencial produtivo das áreas, bem como sua relação com sub-regiões das lavouras de
maneira que se possam definir melhores estratégias de manejo do solo e do sistema de
produção (PONTELLI, 2006).
A MOS, além de considerada atributo chave para o monitoramento da qualidade do
solo (MIELNICZUK, 1999), tem sido um dos principais atributos do solo cuja variabilidade
espacial se correlaciona com a variabilidade espacial da produtividade de grãos em áreas sob
SPD (AMADO et al., 2004). Bellé (2009), estudando áreas sob SPD, encontrou correlações
positivas entre mapas de capacidade de troca catiônica (CTC), magnésio (Mg2+), cálcio (Ca2+)
8
e MOS do solo e mapas de colheita de soja-soja-soja-milho (2004 a 2008). Estudando
relações entre indicadores da fertilidade e da qualidade física do solo com a produtividade das
culturas em área manejada com AP e SPD, Santi (2007) concluiu que, dentre os atributos
químicos, o que melhor explicou o potencial produtivo de culturas de grãos foi o alto teor de
potássio no solo na camada de 0,00-0,05 m, limitando absorções de Ca2+ e Mg2+.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o rendimento do trigo e os atributos químicos da
fertilidade do solo sob SPD, em duas zonas de manejo com potenciais produtivos diferentes,
identificadas numa fazenda do Centro-Sul do Paraná manejada com técnicas de AP.
3.2. Material e Métodos
O estudo foi realizado entre 2010 e 2011 na Fazenda Campo Bonito, Reserva do
Iguaçu, Centro-Sul Paranaense, nas coordenadas 52º 0' 19,76" de longitude Oeste e 25º 44'
50,10" de latitude Sul, com altitude média de 880 m. A precipitação anual média na região é
de 1.800 a 2.000 mm, bem distribuídos nos diferentes meses do ano, caracterizando clima tipo
Cfb (Köppen), com verão ameno e geadas severas no inverno (IAPAR, 2000). De acordo com
mapa atualizado de solos do Estado do Paraná (EMBRAPA, 2008), a área de estudo encontra-
se na unidade de mapeamento LBd5, constituída por Latossolos Brunos distroférricos.
A propriedade foi escolhida por utilizar SPD há 25 anos e, nos cinco anos anteriores
ao início do estudo, ter adotado tecnologias de AP e possuir mapas de produtividade de grãos,
utilizados para definir zonas de manejo diferenciado na propriedade. Com base nos dados
utilizados para gerar estes mapas, especificamente os de colheita de cevada (2006), trigo
(2007) e milho (2009) anteriores ao início do estudo, foram identificadas duas zonas com
potenciais produtivos distintos num mesmo talhão (Tabela 1), denominando-as Z1 e Z2
(Figura 1), que no entanto eram similares quanto à posição no relevo (terço superior),
declividade (máxima de 5%) e histórico de cultivo, sendo o esquema de rotação de culturas do
talhão de duas safras de soja e uma de milho no verão a cada três anos, além de lavouras de
trigo e cevada intercaladas a lavouras de aveia forrageira com integração lavoura-pecuária
(bovinos) no inverno, em ocorrências variáveis. A adubação, no caso das culturas de grãos, é
baseada na expectativa de colheita e na estimativa de exportação de nutrientes pelos grãos.
9
Tabela 1. Estatística descritiva dos dados de produtividade de cevada (2006), trigo (2007) e
milho (2009), nas zonas selecionadas para o estudo (Reserva do Iguaçu, 2010).
Zona de manejo
Média Mínimo Máximo DP CV
Cevada 2006 Z1 3462,49 1750,16 4995,00 649,52 19,02 Z2 3126,34 1750,06 4998,50 686,79 21,87
Trigo 2007 Z1 3311,54 1750,06 4998,50 761,17 22,98 Z2 1491,15 1000,47 3808,46 327,37 21,94
Milho 2009 Z1 10217,89 4037,82 13709,05 1810,55 17,64 Z2 7531,53 4857,43 13348,84 1150,24 15,27
Figura 1. Localização das zonas com produtividades distintas selecionadas para o estudo (Reserva do Iguaçu-PR). Fonte: Google Earth, 2012. Em cada zona, foi estabelecida uma malha regular com 16 unidades amostrais de 50 x
50 m (Figura 1), perfazendo 4 ha. Com três pontos amostrais por unidade (subamostras),
foram 48 observações por zona para avaliar o rendimento do trigo (cv. BRS Guamirim),
semeado e adubado com 334 kg ha-1 de 09-25-24 em junho de 2010. Em cada ponto amostral,
colheram-se as plantas de 1 m2 em novembro de 2010, as quais, após debulha e pesagem dos
grãos, originaram os dados de produção (kg ha-1), corrigidos para umidade de 130 g kg-1.
Zona de manejo Z2
Zona de manejo Z1
10
Para avaliar os atributos químicos do solo, colheram-se amostras com trado holandês
em cada ponto amostral em abril de 2011, nas camadas de 0,00-0,10 e 0,1-0,20 m, totalizando
96 observações zona-1. As análises foram feitas no Laboratório de Solos e Nutrição de Plantas
da UNICENTRO, conforme metodologia descrita por Pavan et al. (1992) para determinação
de: pH (CaCl2), acidez potencial (H+Al), alumínio (Al3+), cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+) e
potássio (K+) trocáveis, fósforo disponível (P-Mehlich) e carbono orgânico (Corg).
Para estes resultados, foram criadas classes de mapeamento de forma a possibilitar o
estudo da distribuição espacial com pelo menos quatro classes. Sempre que possível, foram
utilizados como valores limites de algumas dessas classes os valores utilizados para
interpretação da fertilidade do solo para a cultura da soja no Paraná (SFREDO et al., 1999),
em virtude de ser esta uma recomendação oficial para o Estado e para a cultura
financeiramente mais importante no sistema de rotação da área. No caso dos parâmetros não
contemplados por Sfredo et al. (1999), optou-se pelos níveis interpretativos apresentados por
Raij et al. (1997) para saturação por bases do solo (V) e pH (CaCl2), e Comissão (2004) para
Corg e saturação por alumínio (m), conforme apresentado na Tabela 2.
Tabela 2. Limites aproximados das classes para elaboração de mapas de krigagem.
Parâmetro (1) Classes Fonte
P - ≤ 3,0 3,1-6,0 > 6,0
K ≤ 0,10 0,11 – 0,20 0,21 – 0,30 > 0,30
Ca - ≤ 2,0 2,1 – 4,0 > 4,0
Mg - ≤ 0,4 0,5 – 0,8 > 0,8
Al - ≤ 0,02 0,03 – 1,5 > 1,5
Sfredo et al
(1999)
------------------------------------------------------------------------------------------ Corg ≤ 14,5 14,6 – 29 > 30
m% < 1,0 1,0-10,0 10,1-20,0 > 20,0
Comissão
(2004)
------------------------------------------------------------------------------------------ pHCaCl2 ≤ 4,3 4,4 – 5,0 5,1 – 5,5 > 5,5
V% ≤ 25 26 - 50 51 - 70 > 70
Raij et al.
(1997) (1) P: mg dm-3; K, Ca, Mg, Al: cmolc dm-3; pH, Ca/Mg, Ca/K, Mg/K: adimencional.
11
Todos os resultados foram submetidos ao teste de normalidade e as médias
comparadas entre zonas pelo teste t para amostras independentes, e também entre
profundidades no caso dos atributos químicos do solo, utilizando-se o programa ASSISTAT
(2011). Na elaboração dos mapas das variáveis estudadas, nas duas profundidades e zonas, foi
utilizado o programa Surfer 9.0 (GOLDEN SOFTWARE, 2010) com base nos valores
estimados por krigagem e dos parâmetros dos semivariogramas ajustados, realizada com o
programa GS+ (ROBERTSON, 1998), e quantificando-se os percentuais (%) de área
referentes a cada classe das variáveis com o programa IDRISI TAIGA (EASTMAN, 2009).
3.3. Resultados e Discussão
Os resultados da avaliação de produtividade do trigo são apresentados na Tabela 3.
Houve diferença entre Z1 e Z2, confirmando as discrepâncias de produtividade verificadas a
priori, com base nos dados gerados na propriedade para seus mapas de produtividade. A
média de produtividade em Z1 foi 22% superior àquela apresentada por Z2. Os mapas de
produtividade de grãos do trigo (Figura 2) apresentaram informações concordantes. Enquanto
96% da área mapeada em Z1 apresentou-se nas classes acima de 2.900 kg ha-1, Z2 apresentou
76 % da área com produtividades nas classes abaixo de 2.900 Kg ha-1.
Tabela 3. Estatística descritiva para a produtividade do trigo nas zonas selecionadas para o
estudo (Reserva do Iguaçu, 2010).
Média Mínima Máxima DP CV Zona de
manejo ------------------------------ kg ha-1 ----------------------------- ----- % ----
Z1 3.431,00 A* 2.590,00 4.202,00 437,38 12,75
Z2 2.676,94 B 1.928,00 3.301,00 437,89 16,36
*Médias seguidas de letras distintas indicam diferença significativa (p<0,05) pelo teste t (Student). DP: desvio padrão da média; CV: coeficiente de variação.
12
Z1 Z2
0m 50m 100m 150m Classes (kg ha-1)
1900 2400 2900 3400 3900 4400
Zonas % da Área
Z1 0 4 40 53 3
Z2 9 67 24 0 0
Figura 2. Mapas da distribuição espacial da produtividade do trigo (Kg ha-1) nas zonas selecionadas para o estudo (Reserva do Iguaçu, 2011).
Os valores de Corg do solo, apresentados na Tabela 4, são considerados muito altos
para o Paraná, maior que 14 g dm-3 (SFREDO et al., 1999), em ambas camadas de solo,
indicando manutenção dos teores de MO do solo em níveis adequados com o manejo adotado
(SPD), condizentes também com à condição local de clima frio e úmido (Cfb). Houve
diferença significativa entre as zonas estudadas em ambas as profundidades, com teores 6,1 e
12,6% maiores em Z1 em relação a Z2, nas camadas de 0,00-0,10 e 0,10-0,20 m,
respectivamente. Os níveis de Corg foram, também, superiores na camada superficial em
ambas as áreas, resultado justificado pelo manejo sob SPD, não havendo, portanto,
incorporação dos restos culturais, que permanecem como cobertura morta da superfície.
Nos mapas de Corg (Figura 3), as classes foram, inevitavelmente, estabelecidas acima
das faixas interpretativas propostas por Sfredo et al. (1999), por serem os valores muito altos,
tratando-se de solos ricos, portanto, em MOS. Os mapas também evidenciaram queda nos
teores de Corg em profundidade, sendo possível verificar diferenças entre Z1 e Z2 em ambas
as camadas, sendo que na camada 0,00-0,10 m Z1 tem a maior porcentagem de área entre 35-
60 g dm-3. Na camada 0,10-0,20 m, 82% da área em Z2 está entre 25-30 g dm-3.
13
Tabela 4. Carbono orgânico (Corg), pH, acidez trocável (Al3+), saturações por alumínio (m) e
bases (V) e fósforo (P) nas zonas selecionadas para o estudo (Reserva do Iguaçu, 2011).
Corg pH Al3+ m V P Fonte Variação g dm-3 CaCl2 cmolc dm-3 ---------- % ---------- mg dm-3
0,00-0,10 m
Z1 34,94 A* a 5,42 A a 0,09 A a 0,90 A a 41,36 A a 7,22 A a
Z2 32,80 B a 5,39 A a 0,08 A b 0,86 A b 39,78 A a 7,19 A a
Média 33,87 5,41 0,08 0,88 40,57 7,20
DMS 1,58 0,21 0,07 0,72 5,10 1,39
CV 6,49 5,37 119,50 114,66 17,42 26,84
0,10-0,20 m
Z1 32,66 A b 5,18 A b 0,17 B a 1,74 B a 32,87 A b 4,94 A b
Z2 28,54 B b 4,63 B b 0,79 A a 7,27 A a 16,95 B b 5,32 A b
Média 30,60 4,90 0,48 4,50 24,91 5,13
DMS 1.40 0,15 0,21 1,72 4,66 0,94
CV 6,34 4,27 59,35 52,86 25,92 25,56 *Médias seguidas por letras distintas indicam diferenças significativas pelo teste t (p<0,05). Letras maiúsculas comparam zonas de manejo na mesma profundidade, e letras minúsculas comparam as profundidades para a mesma zona de manejo. DMS: diferença mínima significativa; CV: coeficiente de variação.
Em que pese a importância dos teores de Corg para o funcionamento do solo e seu
resultado para as condições de produção das culturas, sobretudo em manejo de SPD, esta
diferença corrobora os dados de produtividade do trigo. Trabalhos de Bayer et al. (1999),
Ciotta et al. (2003), Meurer (2007), Silva e Sá Mendonça (2007) demonstram os benefícios do
Corg (MO) do solo para os sistemas produtivos, em virtude da melhoria da características
químicas do solo, em especial pelo aumento da capacidade de troca de cátions (CTC), do
poder tampão e de regular a atividade de Al3+ em solos ácidos.
Entretanto, considerando áreas tão próximas e com histórico recente de rotação de
culturas similar, sob o mesmo clima, as diferenças de produtividade de grãos podem ser tanto
efeito de condições mais limitantes de produção em Z2, mas também causa dos menores
teores de Corg nesta zona de manejo, uma vez que a menor produção de grãos se relaciona
com menor produção de biomassa em Z2, e com as culturas adicionando menos resíduos ao
solo, os estoques de carbono se mantêm menores nesta zona de manejo.
14
Z1 Z2 0,00-0,10 m
0m
50m
100m
150m
0,10-0,20 m
0m 50m 100m 150m
Classes (g dm-3) 20 25 30 35 60
Profundidade Zonas % da Área
Z1 0 0 40 60 0,00-0,10 m
Z2 0 6 83 11
Z1 0 0 100 0 0,10-0,20 m
Z2 0 82 18 0
Figura 3. Mapas da distribuição espacial de Corg (g dm-3) nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011).
Quanto ao pH, houve diferença entre Z1 e Z2 na camada de 0,10-0,20 m (Tabela 4),
onde Z2 mostrou solo mais ácido. Quanto às profundidades, houve queda do pH a partir da
15
camada superficial, em Z1 e Z2. Esta variação vertical do pH do solo em SPD também foi
constatada por Trevisan et al. (2008), que afirmam ser a ausência de revolvimento do solo,
sem incorporação do calcário, a causa para maior correção do pH nas camadas superficiais em
detrimento das subsuperfíciais. Os mapas de pH do solo nas diferentes zonas e profundidades
(Figura 4) também mostram que as principais diferenças entre as zonas ocorreram na camada
de 0,10-0,20 m, onde Z1 apresentou maior parte da área (94%) nas classes de valores acima
de pH 5,0, enquanto Z2 apresentou 100 % da área nas classes com pH inferior a 5,0.
Os resultados evidenciam, ainda, a necessidade de amostragem estratificada do solo
em SPD nas camadas de 0,00-0,10 e 0,10-0,20 m, conforme recomendação oficial para a soja
no Paraná (EMBRAPA, 2006). Com pequena mobilidade do calcário a partir da superfície,
sobretudo em solos argilosos (AMARAL; ANGHINONI, 2001; PÖTTKER; BEN, 1998), a
camada de 0,00-0,10 m concentra os efeitos e, com os anos, se a amostragem se limitar a esta
camada, não se diagnosticam necessidades de calagem diferentes em solos que, em
subsuperfície, onde a eficiência da calagem é limitada, possuem condições distintas de acidez.
Os resultados de Al3+ (Tabela 4) foram condizentes com os de pH. A diferença entre
zonas também foi na camada subsuperficial, com maior concentração de Al3+ em Z2. Os
resultados de pH e Al3+ estão de acordo com os rendimentos do trigo: a zona com maior
acidez do solo apresentou menor produtividade. De fato, a acidez excessiva é um fator
limitante básico para a produção (QUAGGIO, 2000), e valores de pH < 5, associados a outros
indicadores de acidez do solo, como a presença de Al3+, limitam o rendimento das culturas
(NICOLODI et al., 2008). No presente caso, os teores de Al3+ foram médios (0,02-1,5 cmolc
dm-3) para o cultivo da soja (EMBRAPA, 2006), em ambas as camadas. Por outro lado, o teor
de 0,79 cmolc dm-3 de Al3+ de 0,10-0,20 m em Z2 ficou acima do nível crítico para o
crescimento radicular do trigo, estimado por Caires et al. (2008) em 0,3 cmolc dm-3.
A saturação por alumínio (m) do solo comprovou que a diferença entre as zonas se
concentrou na camada de 0,10-0,20 m, onde os valores foram significativamente maiores em
Z2 (Tabela 4). Os mapas de m (%) mostraram (Figura 5) correspondência com os de pH,
sendo maior a proporção de área nas classes de maior saturação na camada subsuperficial em
Z2: 75 % acima de 6%. Outra diferença entre as zonas foi que os valores de m (%)
aumentaram em profundidade em Z2, o mesmo não acontecendo em Z1. Embora as médias
observadas tenham ficado abaixo do limite de 10 % tolerado pelo trigo (NICOLODI et al.,
2008), estes dados concordam com a menor produtividade em Z2, já que o Al3+ prejudica o
16
enraizamento das plantas e, portanto, a absorção de água e nutrientes (SOUZA et al., 2007).
Z1 Z2
0,00-0,10 m
0,10-0,20 m
0m 50m 100m 150m
Classes 4,2 4,4 5,0 5,5 6,0
Profundidade Zonas % da Área
Z1 0 1 63 36 0,00-0,10 m
Z2 0 2 73 25
Z1 0 6 88 6 0,10-0,20 m
Z2 2 98 0 0
Figura 4. Mapas da distribuição espacial de pH nas camadas de 0,00-0,10 m e 0,10-0,20m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011).
Concentrações de Al3+ abaixo dos 0,10 m podem funcionar como barreira química,
17
implicando na proliferação de raízes próximo à superfície do solo. Conforme Caires (2011), a
toxidez por Al3+ que ocorre com a acidez do subsolo é intensificada no SPD com chuvas
abaixo do normal, comprometendo o enraizamento de plantas pouco tolerantes, como o trigo.
Z1 Z2 0,00-0,10 m
0,10-0,20 m
Classes (%) 0 3 6 9 12 15
Profundidade Zonas % da Área
Z1 97 3 0 0 0 0,00-0,10 m
Z2 100 0 0 0 0
Z1 93 7 0 0 0 0,10-0,20 m
Z2 0 25 52 22 1
Figura 5. Mapas da distribuição espacial de m% nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011).
18
A saturação por bases do solo (V%) também demonstrou diferenças entre zonas em
subsuperfície, onde Z1 mostrou os maiores valores (Tabela 4), em concordância com o pH,
confirmando a relação direta entre os parâmetros (CATANI; GALLO, 1955; MALAVOLTA,
1987). Para o trigo, os valores, sobretudo na camada de 0,10-0,20 m, ficaram abaixo da faixa
de 50 a 60% recomendada para a cultura no Paraná (COSTA, 2003), e segundo classificação
estabelecida por Raij et al. (1997), os valores são todos considerados baixos, à exceção da
média de 0,10-0,20 m em Z2, considerada muito baixa, justificando a menor produtividade do
trigo nesta zona. Em ambas as zonas, a produtividade foi relativamente baixa em relação à
região, que registra produtividades acima dos 3.000-3500 kg ha-1 (FONTOURA et al.,
2010).A Figura 6 ilustra o decréscimo nos valores de V% a partir da superfície, sobretudo em
Z2, onde 84% da área apresentou-se na faixa de 10-20% de saturação por bases.
Quanto ao P, os teores não foram diferentes entre as zonas de manejo, em ambas as
camadas de solo, observando-se, no entanto, efeito significativo da profundidade sobre os
teores, que foram superiores na camada de 0,00-0,10 m, com média de 7,20 mg dm-3, em
comparação à camada de 0,10-0,20 m, cuja média foi de 5,13 mg dm-3 (Tabela 4). O
mapeamento dos teores de P no solo (Figura 7) confirmou esta queda dos valores em
profundidade, em ambas as zonas estudadas e, diferentemente dos demais nutrientes
estudados, os mapas indicaram que, na camada de 0,00-0,10 m, o teor de P foi mais uniforme
em Z2, que concentrou 94 % da área na classe de valores entre 6-9 mg dm-3. Por outro lado,
Z1 apresentou a maior proporção de área na classe de teores mais elevados, com 22% da área
entre 9-12 mg dm-3.
Trabalhos de Costa (2008) e Rheinheimer e Anghinoni (2001) mostram que o maior
teor de P na camada de superfície em SPD ocorre pela não incorporação dos fertilizantes
adicionados na superfície, às menores perdas por erosão e, também, pela reciclagem
proporcionada pelas plantas, as quais absorvem o P disponível de camadas mais profundas,
deixando-o na superfície, quando da decomposição dos seus resíduos.
19
Z1 Z2 0,00-0,10 m
0,10-0,20 m
0m 50m 100m 150m
Classes (%) 10 20 30 40 50
Profundidade Zonas % da Área
Z1 0 1 37 62 0,00-0,10 m Z2 0 0 55 45
Z1 0 28 47 25 0,10-0,20 m
Z2 84 16 0 0
Figura 6. Mapas da distribuição espacial de V% nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011).
20
Z1 Z2 0,00-0,10 m
0,10-0,20 m
0m 50m 100m 150m
Classes (mg dm-3) 0 3 6 9 12
Profundidade Zonas % da Área
Z1 0 37 41 22 0,00-0,10 m Z2 0 1 94 5
Z1 0 93 7 0 0,10-0,20 m
Z2 0 80 20 0
Figura 7. Mapas da distribuição espacial de P nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011).
Os teores de Ca2+ e Mg2+ não foram diferentes entre as zonas de manejo na camada de
0,00-0,10 m (Tabela 5). Entretanto, houve redução nos teores de ambos os nutrientes em
21
profundidade, com maior intensidade em Z2. Assim, houve diferença entre as zonas em
subsuperfície, verificando-se teores significativamente menores de Ca2+ e Mg2+ em Z2.
Tabela 5. Teores e saturações (em relação à CTC total) de cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+) e
potássio (K+) nas zonas selecionadas para o estudo (Reserva do Iguaçu, 2011).
Ca2+ Mg2+ K+ Ca Mg K Fonte Variação ---------------- cmolc dm-3 ---------------- -------------------- % -------------------
0,00-0,10 m
Z1 2,42 A* a 0,95 A a 0,45 A a 26,09 A a 10,33 A a 4,94 A a
Z2 2,22 A a 0,95 A a 0,38 B a 24,86 A a 10,64 A a 4,27 A a
Média 2,32 0,95 0,42 25,48 10,49 4,61
DMS 0,25 0,14 0,06 3,31 1,96 0,80
CV 15,28 20,68 21,11 18,04 25,94 23,96
0,10-0,20 m
Z1 1,98 A b 0,78 A b 0,38 A a 20,75 A b 8,15 A b 3,97 A a
Z2 1,08 B b 0,48 B b 0,22 B b 10,29 B b 4,60 B b 2,06 B b
Média 1,53219 0,63 0,30 15,52 6,37 3,01
DMS 0,25 0,11 0,06 3,18 1,38 0,71
CV 22,98 24,69 30,01 28,40 30,01 32,92 *Médias seguidas por letras distintas indicam diferenças significativas pelo teste t (p<0,05). Letras maiúsculas comparam zonas de manejo na mesma profundidade, e letras minúsculas comparam as profundidades para a mesma zona de manejo. DMS: diferença mínima significativa; CV: coeficiente de variação.
No mapeamento, observou-se que, na camada de 0,10-0,20 m, 55 % da área estava na
classe entre 2-3 cmolc dm-3 de Ca2+ em Z1. Nesta mesma camada, Z2 apresentou 67 % da área
com teores < 2 cmolc dm-3 de Ca2+ (Figura 8). No caso do Mg2+, considerando-se a mesma
camada subsuperficial, enquanto 44 % da área em Z1 estava nas classes acima 0,8 cmolc dm-3,
em Z2 foram registrados 99 % da área nas classes abaixo deste valor (Figura 9) que, conforme
se extrai da tabela 1, é considerado o nível crítico de Mg2+ no solo, entre as classes de média e
alta fertilidade.
22
Z1 Z2 0,00-0,10 m
0,10-0,20 m
0m 50m 100m 150m
Classes (cmolc dm-3) 0 1 2 3 4
Profundidade Zonas % da Área
Z1 0 1 98,5 0,5 0,00-0,10 m
Z2 0 18 82 0
Z1 0 45 55 0 0,10-0,20 m
Z2 33 67 0 0 Figura 8. Mapas da distribuição espacial de Ca2+ nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011).
23
Z1 Z2 0,00-0,10 m
0,10-0,20 m
0m 50m 100m 150m
Classes (cmolc dm-3) 0,2 0,4 0,6 0,8 0,9 1,3
Profundidade Zonas % da Área
Z1 0 0 10 25 65 0,00-0,10 m
Z2 0 0 18 22 60
Z1 0 0 56 25 19 0,10-0,20 m
Z2 17 35 48 0 0
Figura 9. Mapas da distribuição espacial de Mg2+ nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011).
Diferente de Ca2+ e Mg2+, K+ apresentou-se em teores maiores em Z1 em relação a Z2
não só na camada de 0,10-0,20 m, mas também na camada de 0,00-0,10 m, com queda
significativa dos teores de K+ a partir da superfície em Z2. Tal diferença de comportamento
24
do K+ ficou nítida também no mapeamento (Figura 10). Enquanto 72 % da área em Z1 na
camada de 0,10-0,20 m ficou nas classes acima de 0,3 cmolc dm-3, 100% da área em Z2 na
mesma camada ficou nas classes abaixo deste valor.
Z1 Z2
0,00-0,10 m
0m
50m
100m
150m
0,10-0,20 m
0m 50m 100m 150m
Classes (cmolc dm-3) 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
Profundidade Zonas % da Área
Z1 0 1 37 62 0,00-0,10 m Z2 0 0 55 45
Z1 0 28 47 25 0,10-0,20 m
Z2 84 16 0 0
Figura 10. Mapas da distribuição espacial de K+ nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011).
25
Quanto às saturações de cálcio (Ca%), magnésio (Mg%) e potássio (K%), não houve
diferença estatística entre as zonas de manejo para a camada 0,00-0,10 m (Tabela 5).
Entretanto, na camada 0,10-0,20 m as saturações dos três elementos foi significativamente
maior em Z1. Segundo Bear e Toth (1948), citado por Oliveira et al. (2001), o balanço ideal
de cátions no complexo de troca seria com 65% de Ca2+, 10% de Mg2+, 5% de K+, e embora
essa proporção seja variável com a cultura, o tipo de solo e, também, com o nível de saturação
por bases, o nutriente com a maior discrepância em relação a estes valores guias foi o Ca2+,
cuja saturação mais elevada foi de 26,09% na camada de 0,00-0,10 m em Z1, chegando a
apenas 10,29% em Z2 na camada de 0,10-0,20 m.
Segundo Caires et al. (2001), valores de Ca% em subsuperfície podem favorecer o
crescimento do sistema radicular em maior profundidade, com reflexos positivos na
produtividade das culturas. Assim, os menores valores de Ca% registrados em Z2 também
estão em concordância com a menor produtividade do trigo encontrada nesta área.
3.4. Conclusões
Conclui-se que o menor potencial produtivo das lavouras na zona de manejo Z2,
confirmado pelo estudo detalhado da produtividade de grãos do trigo, se deve às condições de
menor fertilidade química do solo em relação à zona Z1, sendo a maior acidez do solo, o
maior teor e saturação por alumínio trocável e a menor disponibilidade de nutrientes,
sobretudo na camada de 0,10 – 0,20 m, os fatores relacionados à restrição de produtividade
em Z2.
Em áreas sob SPD com fertilidade elevada e equilibrada na camada 0,00-0,10 m, mas
com variabilidade de produtividade, é necessário amostrar o solo de forma estratificada em
subsuperfície, alcançando a camada de 0,10-0,20 m, de forma a prover informações
importantes para melhor manejo da fertilidade em subsuperfície, sobretudo nas zonas da
propriedade onde são registrados os menores índices de produtividade.
26
4. CAPÍTULO II – ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO SOB PLANTIO DIRETO EM
ZONAS DE UM TALHÃO COM DIFERENTES POTENCIAIS PRODUTIVOS
RESUMO
Embora o manejo influencie as características químicas e físicas do solo, estudos de atributos
químicos do solo são mais numerosos, negligenciando-se a importância da condição física do
solo para o potencial produtivo das culturas. O objetivo deste estudo foi avaliar os atributos
físicos do solo sob SPD em duas zonas de manejo com potenciais produtivos distintos. A
propriedade escolhida para o trabalho se situa em Reserva do Iguaçu, Paraná, apresentando 25
anos de SPD e cinco anos de AP no início do estudo, realizado entre 2010-2011. A definição
das zonas de manejo, Z1 e Z2, se deu com base nos dados de mapas de produtividade da
propriedade, de cevada (2006), trigo (2007) e milho (2009), sendo confirmado o maior
potencial produtivo em Z1 com a avaliação de produtividade do trigo nas zonas já delimitadas
em 2010. Em cada zona, foram estabelecidas malhas com 16 unidades amostrais e três pontos
unidade-1, onde foram realizadas determinações de velocidade de infiltração básica (VIB) de
água no solo e coleta de amostras indeformadas de solo, nas camadas de 0,00-0,10 e 0,10-0,20
m. Sem variação significativa da umidade gravimétrica do solo (UG) entre camadas, Z1 e Z2
mostraram aumento da resistência do solo à penetração (RP) a partir da superfície,
ultrapassando o limite crítico de 2,0 MPa na camada subsuperficial. Entre as zonas, a RP foi
maior em Z2 na camada superficial, e embora a UG do solo tenha sido menor nesta zona de
manejo, o que pode superestimar a RP, a densidade do solo (Ds) também foi maior em Z2 em
comparação a Z1, em ambas as camadas de solo. A porosidade total do solo (PT) foi maior
em Z1 nas duas camadas, e como não houve diferenças significativas de microporosidade do
solo (Mic) entre Z1 e Z2, esta maior PT em Z1 se deu em função da maior macroporosidade
do solo (Mac) nesta zona, a qual é responsável pela infiltração de água e aeração do solo. Em
concordância, Z1 também mostrou VIB maior (30%) em relação a Z2. Os mapas com a
distribuição espacial dos atributos físicos do solo mostraram que as porcentagens de área nas
classes de maior RP e Ds, bem como de menor PT, Mac e VIB do solo foram maiores em Z2,
indicando condição física do solo mais restritiva às plantas nesta zona, relacionada ao menor
potencial produtivo das culturas.
Palavras-chave: Latossolo Bruno, qualidade física do solo, zonas uniformes.
27
PHYSICAL ATTRIBUTES OF A SOIL UNDER NO-TILL IN ZONES OF A PLOT
WITH DIFFERENT YIELD POTENTIALS
ABSTRACT
Although soil management have influence on both chemical and physical soil characteristics,
studies on the chemical attributes are more numerous, neglecting the importance of soil
physical condition for crops yield potential. The present study aimed to evaluate the physical
attributes of a soil under NT in two management zones with different yield potentials. The
property chosen for the work is situated on Reserva do Iguaçu, Paraná State, presenting 25
years of NT and five years of PA at the beginning of study, performed between 2010-2011.
The definition of the management zones, Z1 and Z2, was made based on data from yield maps
from the property, of barley (2006), wheat (2007) and maize (2009), with confirmation of
higher yield potential on Z1 with the evaluation of wheat yield on the already outlined zones
in the field in 2010. On each zone, grids with 16 sampling units were established in three
points unit-1, where determinations of soil basic infiltration velocity (BIV) and collecting of
soil undisturbed samples (three points unit-1), on 0,00-0,10 m and 0,10-0,20 m layer, were
done. Without significant variation of soil gravimetric moisture (GM) between layers, Z1 and
Z2 showed increase of soil resistance to penetration (RP) downwards from surface layer,
exceeding the critical limit of 2,0 Mpa on subsurface layer. Between zones, higher RP was
observed for Z2 on surface layer, and although UG was lower on this management zone, what
could overestimate RP, soil bulk density (Db) was also higher for Z2 in relation to Z1, for
both soil layers. Soil total porosity (PT) was higher in Z1 for both layers, and without
significant differences of soil microporosity (Mic) between zones, this higher PT for Z1 was
due to the higher macroporosity (Mac) in this zone, which is responsible for water infiltration
and soil aeration. In agreement, Z1 also showed higher VIB (30%) in relation to Z2. The maps
with spatial distribution of soil physical attributes showed that the percentages of areas on
classes of higher RP and Ds, as well as lower PT, Mac and VIB were higher for Z2, indicating
soil physical condition more restrictive to plants in this zone, related to the lower grain yield
potential of the crops.
Keywords: Brown Latosol, soil physical quality, uniform zones.
28
4.1. Introdução
Um dos aspectos da AP é o manejo localizado das lavouras, visando coincidir a
aplicação de insumos (local, momento, quantidade) e demais ações de manejo com as
necessidades do solo e das plantas, que variam no espaço e no tempo (FLORIN et al., 2011).
Segundo Resende e Shiratsuchi (2007), a variação dos índices de produtividade dentro de uma
lavoura é a razão básica para se trabalhar com AP.
Para tanto, o ponto de partida é o mapa de produtividade das culturas (MOLIN, 2002).
Em seguida, é necessário conhecer os fatores que influenciam a expressão do potencial
produtivo das mesmas, como os atributos físicos, químicos e biológicos do solo. Na prática, a
maioria dos esforços de mapeamento se concentra nos atributos químicos, pois a coleta de
informações sobre a qualidade física do solo é mais trabalhosa, sendo mais racional, neste
caso, realizar amostragens dirigidas ou em zonas de manejo com alta e baixa produtividade
(SANTI, 2007), as quais devem ser tão pequenas e homogêneas quanto permitirem a
tecnologia e os custos (DODERMANN; PING, 2004).
Para Viana (2005), quando os atributos químicos do solo encontram-se em níveis não
limitantes para as culturas, novos atributos devem ser estudados. Considerando que o manejo
sob SPD pode causar redução da porosidade e aumento da Ds (TORMENA et al., 2002),
aumento da resistência mecânica à penetração (RP) e diminuição da permeabilidade (SILVA
et al., 2009), a disponibilidade de água e nutrientes para as culturas pode ser reduzida,
afetando o crescimento das plantas (GIAROLA et al., 2009). Assim, nas áreas sob SPD, os
atributos físicos do solo precisam ser monitorados.
Segundo Guimarães (2011), a perda da qualidade física do solo pode ser evidenciada
pelo aumento do impedimento mecânico à penetração das raízes, redução da infiltração de
água no solo e aumento da suscetibilidade à erosão. A RP tem sido utilizada como um
indicador da compactação do solo, por ser um atributo diretamente relacionado ao
crescimento das plantas e de fácil e rápida determinação (MERCANTE et al., 2003). Valores
críticos de RP variam de 1,5 a 4,0 MPa, dependendo da cultura, sendo que o valor de 2,0 MPa
é aceito, de maneira geral, como limite acima do qual há impedimento ao crescimento
radicular das culturas agrícolas (IMHOFF et al., 2000).
A infiltração de água no solo se relaciona ao arranjamento de suas partículas e,
portanto, com a densidade e com a porosidade total (PT) do solo (POTT; DE MARIA, 2003).
29
Quantificar a velocidade de infiltração básica (VIB) de água no solo, por sua vez, estabelece a
taxa de irrigação ou a quantidade de chuva que a área suporta sem que ocorram perdas por
escoamento superficial (POTT et al., 2005). Assim, a VIB é um indicador das condições de
crescimento das plantas e de perdas de solo, água e nutrientes. Conforme Islan e Weil (2000),
a permeabilidade do solo à água é um atributo importante, refletindo sua qualidade e
estabilidade estrutural. Estudando áreas comerciais sob SPD e uso de técnicas de AP, Santi
(2007) concluiu que a infiltração de água no solo foi um dos principais atributos físicos com
influência no rendimento das culturas, sendo determinante na variação temporal dos mesmos.
Inversamente proporcional à Ds, a PT do solo é constituída por microporosidade
(Mic), onde a água fica retida para as plantas, e por macroporosidade (Mac), por onde a água
drena mais rapidamente e ocorrem as trocas gasosas (KIEHL, 1979). A Mic é muito
influenciada pela textura e teor de Corg e pouco influenciada pelo tráfego de máquinas e
implementos (SILVA; KAY, 1997). A Mac, influenciada pela compactação, destaca-se na
avaliação de desempenho dos sistemas de manejo em relação à produtividade das culturas,
pois valores menores que 0,10 m3 m-3 de poros livre de ar impõem limitação ao pleno
desenvolvimento do sistema radicular das plantas (TORMENA et al., 1998).
O objetivo deste estudo foi avaliar atributos físicos do solo em duas zonas de manejo
com potenciais produtivos distintos, identificadas por meio de técnicas de AP numa fazenda
do Centro-Sul do Paraná.
4.2. Material e Métodos
A localização e demais características da área do estudo, bem como a definição das
zonas de manejo estudadas e as descrições da metodologia de amostragem e avaliação de
produtividade do trigo em 2010 encontram-se no Capítulo 1, seção 3.2. (p.8).
Para avaliar os atributos físicos do solo, entre junho e setembro de 2011 foram
realizadas avaliações de campo e coletas de amostras de solo. Em cada um dos três pontos
(subamostras) por unidade amostral, mediu-se a RP com penetrômetro Falker® a cada 0,01 m
(TORMENA; ROLOFF, 1996) até 0,20 m de profundidade, obtendo-se médias para as
camadas de 0,00-0,10 e 0,10-0,20 m. Concomitantemente, foram coletadas amostras de solo
por tradagem nestas duas camadas para determinar a umidade gravimétrica do solo (UG)
(EMBRAPA, 1997), totalizando 96 observações de RP e UG zona-1 de manejo.
30
Nos mesmos pontos de amostragem, determinou-se, no campo, a velocidade de
infiltração básica (VIB) de água do solo com infiltrômetro de pressão modelo IAC, que
funciona por princípio de Mariotte com carga hidráulica controlada, de 0,06 m na
profundidade de 0,10 m no presente caso, em orifícios abertos com trado de 0,065 m de
diâmetro. Foram realizadas leituras em intervalos de 1 minuto até fluxo constante, ou seja,
cinco leituras consecutivas iguais (POTT, 2001). Para calcular a VIB, utilizou-se a equação 1:
( )
××+××=
HDoDo
DpqVIB
460
2
2 (eq. 1)
em que: q é o fluxo constante de água do permeâmetro (mm min-1); Dp é o diâmetro do
permeâmetro (mm); Do é o diâmetro do orifício (mm) e; H é a carga hidráulica (mm).
Nas mesmas camadas de solo e pontos amostrais utilizados para determinar a RP,
foram colhidas amostras de solo com estrutura indeformada, utilizando cilindros de aço com
0,0001 m3. No laboratório de Solos e Nutrição de Plantas da UNICENTRO, foram fixadas
telas de nylon na extremidade inferior das amostras, que depois foram saturadas em água por
48 horas, pesadas e submetidas à mesa de tensão a -0,006 MPa. Cessada a drenagem,
calculou-se o teor volumétrico de água no momento para determinar a microporosidade (Mic)
do solo (EMBRAPA, 1997). Em seguida, o solo foi seco a 105-110ºC (peso constante) e
pesado, obtendo-se a massa de solo seco que, dividida pelo volume de cada cilindro de
amostragem, serviu ao cálculo da densidade do solo (Ds) (BLAKE; HARTGE, 1986).
A porosidade total (PT) do solo foi obtida pela relação entre Ds e densidade de
partículas (DANIELSON; SUTHERLAND, 1986), enquanto a macroporosidade (Mac) do
solo foi obtida pela diferença entre PT e Mic. A densidade de partículas do solo foi
determinada com o método do balão volumétrico e álcool etílico (EMBRAPA, 1997),
utilizando solo das amostras após os procedimentos na mesa de tensão e secagem.
Os dados foram submetidos ao teste de normalidade e as médias comparadas entre
zonas pelo teste t para amostras independentes, e também entre profundidades, utilizando-se o
programa ASSISTAT (2011). Também foram elaborados mapas de distribuição espacial dos
atributos do solo nas duas profundidades e zonas, utilizando o programa Surfer 9.0 (GOLDEN
SOFTWARE, 2010) com base nos valores estimados por krigagem, a qual foi realizada por
meio do programa GS+ (ROBERTSON, 1998), quantificando-se os percentuais (%) de área
referentes a cada classe das variáveis com o programa IDRISI TAIGA (EASTMAN, 2009).
31
4.3. Resultados e Discussão
Na Tabela 6 estão os resultados de RP, UG, Ds, PT, Mic e Mac. Na camada de 0,00-
0,10 m, a RP foi maior em Z2, e embora a UG do solo tenha sido menor nesta zona, o que
pode causar superestimação da RP (BUSSCHER et al., 1997), a Ds também foi maior em Z2,
indicando condições físicas de solo mais limitantes em comparação a Z1. Segundo Busscher
(1990) e Busscher et al. (1997), o manejo inadequado dos solos provoca aumento da RP e da
Ds, sendo que ambas diretamente relacionadas.
Tabela 6. Valores de resistência a penetração (RP), umidade gravimétrica (UG), densidade do solo (Ds), porosidade total (PT), microporosidade (Mic) e macroporosidade (Mac) nas diferentes zonas de manejo e profundidades avaliadas (Reserva do Iguaçu, 2011).
RP UG Ds PT Mic Mac Fonte Variação MPa kg kg-1 Mg m-3 -------------------- % -------------------
0,00-0,10 m Z1 1,50 B* b 0,46 A a 1,05 B a 61,01 A b 51,56 A b 9,45 A a
Z2 1,65 A b 0,42 B a 1,12 A a 58,49 B b 52,42 A b 6,08 B a
Média 1,58 0,44 1,09 59,75 51,99 7,76 DMS 0,11 0,01 0,03 1,07 0,94 1,37 CV 9,65 3,55 3,52 2,49 2,50 24,45
0,10-0,20 m Z1 2,33 A a 0,47 A a 1,01 B b 64,45 A a 55,97 A a 8,48 A a Z2 2,32 A a 0,43 B a 1,13 A a 60,91 B a 54,60 A a 6,31 B a
Média 2,33 0,45 1,07 62,68 55,28 7,39 DMS 0,11 0,01 0,03 1,45 1,72 1,15 CV 6,71 4,22 4,07 3,21 4,32 21,62
*Médias seguidas por letras distintas indicam diferenças significativas pelo teste t (p<0,05). Letras maiúsculas comparam Zonas de Manejo na mesma profundidade, e letras minúsculas comparam as profundidades para a mesma Zona de Manejo. DMS: diferença mínima significativa; CV: coeficiente de variação.
Na camada de 0,10-0,20 m, não houve diferença de RP entre as zonas de manejo. Mas,
em ambas as zonas de manejo, a RP aumentou em profundidade. Como não houve alteração
significativa da umidade com o aumento da profundidade em Z1 e Z2, observa-se que a
camada subsuperficial foi mais limitante ao enraizamento que a superficial. Em SPD de longo
prazo, como neste estudo, há tendência à compactação do solo em subsuperfície (0,07-0,15 m)
(SILVA et al., 2000; STONE; SILVEIRA, 2001). Na camada superficial, a mobilização
sistemática do solo pelos mecanismos sulcadores das semeadoras-adubadoras, aliada ao maior
conteúdo de matéria orgânica nessa camada, contribuem para valores menores de RP.
32
Embora alguns autores citem RP limitante ao enraizamento próxima de 3 Mpa para
soja e arroz (BEUTLER, 2003; MIELNICZUK et al.,1985; PETTER, 1990), os valores mais
citados ficam entre 2,0 e 2,5 MPa (TAYLOR et al., 1966), sendo o valor 2 MPa o mais
freqüentemente utilizado (IMHOFF et al., 2000; LAPEN et al., 2004). Assim, ambas as áreas
apresentaram RP potencialmente limitante ao enraizamento na camada de 0,10-0,20 m, com
médias próximas a 2,3 MPa, principalmente se considerada a condição de alta UG nesta
camada, entre 0,43 e 0,47 kg kg-1, no momento das determinações, pois decréscimos de UG
com o secamento do solo podem resultar em elevação da RP a valores ainda maiores.
Os mapas de RP também mostraram diferenças entre Z1 e Z2 na camada de 0,00-0,10
m (Figura 11). Z1 apresentou 79 % da área nas classes abaixo de 1,6 MPa, enquanto Z2 teve
71 % da área com valores na classe entre 1,6-1,8 MPa. Na camada de 0,10-0,20 m, os mapas
mostraram semelhança entre as zonas, com 90 e 97 % das áreas de Z1 e Z2 (Figura 12),
respectivamente, nas classes imediatamente abaixo e imediatamente acima do valor 2,3 MPa,
que é bastante próximo das médias de RP nas duas zonas para esta camada de solo.
Z1 Z2 0,00-0,10 m
Classes (MPa) 1,2 1,4 1,6 1,8
Zonas % da Área
Z1 17 62 21 Z2 1 28 71
Figura 11. Mapas da distribuição espacial de RP (MPa) na camada 0,00-0,10 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011).
33
Z1 Z2 0,10-0,20 m
Classes (MPa) 1,9 2,1 2,3 2,5 2,7
Zonas % da Área
Z1 2 30 60 8 Z2 0 30 67 3
Figura 12. Mapas da distribuição espacial de RP (MPa) na camada 0,10-0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011).
Quanto à Ds, os valores foram significativamente maiores em Z2, em ambas as
camadas de solo. Em relação ao efeito da profundidade do solo, houve queda de Ds a partir da
camada superficial em Z1, mas sem alterações significativas em Z2. A magnitude dos valores
de Ds, no entanto, ficou abaixo da faixa limitante, proposta por Reichert et al. (2003) para
algumas classes texturais de solo, sendo de 1,30-1,40 Mg m-3 para solos argilosos como o do
presente estudo. Nos mapas (Figura 13), além de similaridade de distribuição entre camadas
de uma mesma área, sobretudo em Z2, é possível observar maior área nas classes de valores
menores de Ds em ambas as camadas de Z1, bem como que em Z1 acentua-se a distribuição
na classe de valores mais baixos da camada superficial para a de subsuperfície, em acordo
com a queda de Ds observada na Tabela 6.
Considerando o trabalho de Alves et al. (2007), que observaram efeito do aumento do
teor de matéria orgânica na melhoria da qualidade física do solo, sobretudo na diminuição da
Ds, os teores de Corg (Capítulo I, Tabela 4) observados no presente estudo podem estar ligados
a diferença de Ds entre as zonas de manejo e as camadas de solo avaliadas, visto que os
maiores valores de Ds ocorreram onde os valores de Corg foram menores.
34
Z1 Z2 0,00-0,10 m
0m
50m
100m
150m
0,10-0,20 m
0m 50m 100m 150m
Classes (Mg m-3) 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3
Profundidade Zonas % da Área
Z1 2 96 2 0 0,00-0,10 m Z2 0 25 75 0 Z1 35 65 0 0
0,10-0,20 m Z2 0 32 67 1
Figura 13. Mapas da distribuição espacial de Ds (Mg m-3) nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011).
Diferentemente dos mapas de RP, os mapas de UG (Figura 14) mostraram distribuição
muito similar entre as camadas de solo numa mesma zona de manejo, apenas acentuando-se
as porcentagens em classes com maiores valores na camada subsuperficial. Entre as zonas
35
estudadas, houve maior porcentagem de área nas classes de UG mais baixas em Z2 na
comparação com Z1.
Z1 Z2
0,00-0,10 m
0m
50m
100m
150m
0,10-0,20 m
0m 50m 100m 150m
Classes (kg kg-1) 0,40 0,42 0,44 0,46 0,48 0,50
Profundidade Zonas % da Área
Z1 0 3 54 34 9 0,00-0,10 m
Z2 35 65 0 0 0 Z1 0 5 16 56 23
0,10-0,20 m Z2 7 75 18 0 0
Figura 14. Mapas da distribuição espacial de UG (kg kg-1) nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011).
36
Com solo mais úmido e menos denso nas duas camadas e com menor RP na camada
de 0,00-0,10 m em Z1, esta zona de manejo apresentou condições físicas mais favoráveis à
absorção de água e nutrientes e, consequentemente, de produtividade das culturas em relação
a Z2, em concordância com a avaliação de potencial produtivo (Capítulo I, tabelas 1 e 3).
A partir dos resultados de porosidade, verifica-se que a maior Ds em Z2 deveu-se à
menor PT em relação a Z1 (Tabela 6), uma vez que aumentos de Ds resultam de alterações no
espaço poroso do solo, decorrente da redução da PT, normalmente às expensas da Mac, o que
pode reduzir trocas de gases entre o solo e a atmosfera e aumentar a RP (BLAINSKI et al.,
2009; LETEY, 1985). No presente estudo, Z2 apresentou, simultaneamente, menor PT e Mac
em relação a Z1 (Tabela 6), em ambas as camadas, resultado corroborado pela distribuição
espacial desses atributos, uma vez que os mapas demonstram maior porcentagem de área nas
classes de menor valor de PT (Figura 15) e de Mac (Figura 16) em Z2, em ambas as camadas.
Considerando que Alves et al. (2007) observaram efeito do acréscimo no teor de MO
do solo aumentando a infiltração de água, e que os macroporos estão relacionados à
infiltração de água no solo (SILVA et al., 2008), os resultados dos teores de Corg (Capítulo I,
Tabela 4) do presente estudo também podem ser relacionados aos resultados de PT e Mac,
cujas médias foram maiores em Z1, onde os teores de Corg também foram maiores.
Por outro lado, não houve diferenças significatias entre Z1 e Z2 quanto às médias de
Mic, em ambas as camadas (Tabela 6). Nas duas zonas, entretanto, houve aumento da Mic em
profundidade a partir da camada superficial, sem alteração significativa da Mac,
demonstrando que o aumento de PT observado em profundidade ocorreu devido ao aumento
da Mic. A distribuição espacial dos dados também não evidenciou grande distinção entre as
zonas (Figura 17), apenas que as porcentagens de área em classes de menor valor de Mic
foram maiores em Z1 na comparação com Z2 na camada superficial, ocorrendo
comportamento inverso na camada subsuperficial.
Os dados da Tabela 6 revelaram, ainda, haver uma proporção muito grande de Mic em
relação à Mac, com valores de Mic, sempre acima de 50 %, sendo de 5,5 a 9,2 vezes maiores
que os de Mac. Conforme Tormena et al. (2002), a Mac é, geralmente, tida como restritiva ao
crescimento e produtividade da maioria das culturas quando abaixo de 10-15%, por seu papel
na aeração do solo, apesar da dependência de espécie de planta e de atividade biológica do
solo. Neste estudo, a maior média de Mac encontrada foi de 9,45%, na camada superficial de
Z1, sendo o menor valor o de 6,08%, encontrado em Z2 nesta mesma camada de solo.
37
Z1 Z2 0,00-0,10 m
0m
50m
100m
150m
0,10-0,20 m
0m 50m 100m 150m
Classes (%) 56 59 62 65 68
Profundidade Zonas % da Área
Z1 0 69 31 0 0,00-0,10 m Z2 66 34 0 0 Z1 0 0 70 30
0,10-0,20 m Z2 12 45 37 6
Figura 15. Mapas da distribuição espacial de PT (%) nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011).
38
Z1 Z2 0,00-0,10 m
0,10-0,20 m
Classes (%) 3 6 9 12 15
Profundidade Zonas % da Área
Z1 2 32 58 8 0,00-0,10 m Z2 39 61 0 0 Z1 0 77 23 0 0,10-0,20 m Z2 36 61 3 0
Figura 16. Mapas da distribuição espacial de Mac (%) nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011).
39
Z1 Z2 0,00-0,10 m
0,10-0,20 m
0m 50m 100m 150m
Classes (%)
48 50 52 54 56 58
Profundidade Zonas % da Área Z1 1 70 22 7 0
0,00-0,10 m Z2 0 30 70 0 0 Z1 0 0 5 38 57
0,10-0,20 m Z2 0 5 39 22 34
Figura 17. Mapas da distribuição espacial de Mic (%) nas camadas 0,00-0,10 m e 0,10-0,20 m nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011).
Conforme Araújo (2004), a porosidade pode ser um bom parâmetro para indicar
alterações no solo causadas pelo uso, visto que a porosidade do solo pode refletir sua
qualidade, tendo implicação direta na velocidade de infiltração da água, nas trocas gasosas, na
40
vida microbiana e no crescimento das raízes.
Interpretando conjuntamente os resultados da Tabela 6, observou-se incremento de Ds
e de RP com o aumento da profundidade do solo, acompanhado de decréscimo na PT às
custas da Mac, sendo a zona de manejo Z2 a que apresentou os maiores indícios de condição
física do solo em níveis potencialmente problemáticos para as culturas. Estes resultados estão
em acordo com aqueles encontrados por Amado et al. (2009), também em zonas de manejo
com produtividades contrastantes.
Os resultados de VIB (Figura 18) apresentaram-se em acordo com os dados da tabela
6. A VIB observada em Z1foi aproximadamente 30% superior à observada em Z2, podendo
ser relacionada à maior Mac de Z1, também cerca de 30% maior (média das duas camadas de
solo) em relação a Z2. Conforme Silva et al. (2008), a redução da Mac tem grande efeito
sobre a velocidade de infiltração de água e sobre o desenvolvimento radicular das plantas,
principalmente em solos argilosos, como é o caso do presente estudo. Enquanto Z1 apresentou
apenas 50% da área na classe de menor VIB (30-50 mm h-1), em Z2 este percentual chegou a
95 % (Figura 19).
56,11 A*
38, 97 B
0
10
20
30
40
50
60
VIB
(mm
h-1)
Mínimo = 30,26 mm h- Mínimo = 30,26 mm
Máximo = 90,79 mm h Máximo = 70,62 mm h-
CV = 32,14% CV = 33,91%
Z2Z1
Figura 18. Velocidade de infiltração básica (VIB) de água no solo nas diferentes zonas de manejo (Reserva do Iguaçu, 2011). * Médias seguidas por letras distintas indicam diferenças significativas pelo teste t (p<0,05).
41
Z1 Z2
Classes (mm h-1) 30 50 70 90
Zonas % da Área
Z1 50 41 9 Z2 95 5 0
Figura 19. Mapas da distribuição espacial de VIB (mm h-1) nas zonas de manejo estudadas (Reserva do Iguaçu, 2011).
4.4. Conclusões
Conclui-se que Z2 apresentou uma condição física do solo pior em comparação a Z1,
com maiores RP e DS, menores PT e Mac e menor VIB, gerando, portanto, maiores
limitações de crescimento e desenvolvimento das lavouras, as quais apresentam menor
potencial produtivo em resposta.
42
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