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  • DIREITO EMPRESARIAL (Analista do Banco Central BACEN rea 3) PROFESSOR: ANTONIO NBREGA

    Prof. Antonio Nbrega www.pontodosconcursos.com.br 1

    Aula 4 Direito Empresarial (Analista do Banco Central BACEN rea 3)

    Prof. Antonio Nbrega

    Prezado candidato, hoje iremos dar sequncia ao assunto iniciado em nossa ltima aula e que trata das Sociedades Annimas.

    Nesta aula, estudaremos a administrao das sociedades annimas, alm das operaes societrias e as relaes entre sociedades. Manteremos nosso padro didtico de exposio, com teoria e exerccios comentados.

    Mais uma vez, o candidato no deve dispensar a leitura da prpria legislao. Utilizaremos, na aula de hoje, na maior parte do tempo, a Lei das Sociedades Annimas. Porm, alguns temas sero extrados do Cdigo Civil.

    ROTEIRO DA AULA TPICOS

    1. Administrao das sociedades annimas.

    1.1. Administrao e demais rgos.

    1.2. Administradores.

    1.3. Dissoluo, liquidao e extino.

    2. Operaes societrias: transformao; incorporao; fuso e Ciso.

    3. Relaes entre as sociedades: sociedades controladoras, controladas e

    coligadas; grupos societrios; consrcios; subsidiria integral; sociedade

    de propsito especfico.

    4. Exerccios.

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    1. Administrao das sociedades annimas

    1.2. Administrao e demais rgos da companhia

    A estrutura das sociedades annimas naturalmente complexa.

    O expressivo volume de recursos e a grande quantidade de pessoas envolvidas nos negcios das companhias certamente demanda que seja feita uma diviso de tarefas, bem como um efetivo controle das atividades desempenhadas por todos.

    Tambm natural que seja dada uma ateno especial para os valores investidos pelos acionistas, de modo que o objetivo final do lucro possa ser alcanado, atravs do exerccio do objeto empresarial da sociedade.

    Esse desdobramento interno nos diversos departamentos e funes no de todo relevante para nosso estudo. O que o direito procura tutelar so alguns rgos previstos na Lei 6.404/76, que fazem parte da cpula da companhia, quais sejam: assembleia-geral, conselho de administrao, diretoria e conselho fiscal.

    Antes de tratarmos do regime legal referente a cada um destes rgos, necessrio recordar que, justamente por serem considerados parte integrante da companhia, os rgos no tm personalidade jurdica. Com efeito, os rgos no podem ser demandados em juzo e tampouco tem patrimnio prprio. Suas manifestaes confundem-se com a prpria vontade das sociedades, j que so parte integrante delas.

    Deste modo, quando o conselho fiscal ou o conselho de administrao externam sua posio em relao a um assunto dentro de suas esferas de competncia, a prpria companhia que o est fazendo, e no os membros isolados daqueles rgos.

    Assembleia-geral

    A assembleia-geral o rgo mximo de deliberao da companhia. Ao dispor sobre os poderes da assemblia-geral, o art. 121 da Lei 6.404/76 afirma que este rgo tem poderes para decidir todos os negcios relativos ao objeto da companhia e tomar as resolues que julgar convenientes sua defesa e desenvolvimento.

    Apesar desta competncia genrica para tratar dos assuntos relativos gesto da companhia, o art. 122 apresenta um rol de matrias que so de competncia privativa da assemblia-geral, no podendo ser atribudas a outros

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    rgos da sociedade. Desta forma, havendo necessidade de deliberar sobre estas questes, necessria a convocao da assemblia-geral. O referido elenco o seguinte:

    O caput do art. 123 dispe que a competncia para a convocao da assembleia-geral pertence ao conselho de administrao ou aos diretores. Contudo, perceba, candidato, que as hipteses insculpidas nos itens a a d do pargrafo nico do mesmo artigo apresentam situaes nas quais o conselho fiscal e os prprios acionistas podem convocar a realizao da assembleia-geral.

    oportuno ressaltar que nas trs situaes onde possvel aos acionistas a convocao da assembleia-geral (itens b, c e d), ocorre a inrcia dos administradores.

    As formalidades para a convocao da assemblia-geral encontram-se estatudas no art. 124. O legislador procurou neste artigo oferecer as condies necessrias para que fosse dada a publicidade devida convocao do rgo, de modo que todos os acionistas interessados sejam cientificados.

    A no observncia das regras inseridas no aludido art. 124 poder gerar a nulidade das deliberaes, exceto no caso de todos os acionistas comparecem assembleia-geral, nos termos do 4.

    Alm das formalidades previstas no art. 124, para que a assembleia-geral se instale em primeira convocao e d incio aos trabalhos, necessrio um nmero mnimo de acionistas. O art. 125 determina que a assembleia-geral instalar-se-, em primeira convocao, com a presena de acionistas que representem, no mnimo, 1/4 (um quarto) do capital social com direito de voto; em segunda convocao instalar-se- com qualquer nmero.

    I - reformar o estatuto social;

    II - eleger ou destituir, a qualquer tempo, os administradores e fiscais da

    companhia, ressalvado o disposto no inciso II do art. 142;

    III - tomar, anualmente, as contas dos administradores e deliberar sobre as

    demonstraes financeiras por eles apresentadas;

    IV - autorizar a emisso de debntures, ressalvado o disposto no 1o do art. 59

    V - suspender o exerccio dos direitos do acionista (art. 120);

    VI - deliberar sobre a avaliao de bens com que o acionista concorrer para a

    formao do capital social;

    VII - autorizar a emisso de partes beneficirias;

    VIII - deliberar sobre transformao, fuso, incorporao e ciso da companhia, sua

    dissoluo e liquidao, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as contas; e

    IX - autorizar os administradores a confessar falncia e pedir concordata.

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    O pargrafo nico do art. 125 apresenta uma importante regra para os acionistas sem direito a voto, dispondo que lhes ser permitido ter o direito de voz durante a assembleia-geral.

    Durante os trabalhos da assembleia-geral, quantos votos so necessrios para que uma matria seja considerada aprovada? O art. 129 responde a este questionamento, ao dispor que as deliberaes, ressalvadas as excees previstas em lei, sero tomadas por maioria absoluta de votos, no se computando os votos em branco.

    O 1 subsequente permite que nas companhias fechadas se aumente o qurum exigido para certas deliberaes. Desta forma, possvel, somente nas companhias fechadas, determinar que certas matrias sejam aprovadas por unanimidade ou simplesmente aumentar o qurum legalmente estabelecido.

    Alm do qurum previsto no art. 129, a Lei 6.404/76 prev em seu art. 136 o chamado qurum qualificado, que necessita para a aprovao da matria em debate de metade dos acionistas com direito a voto, estando ou no presente assembleia-geral.

    Os assuntos que exigem este qurum qualificado so aqueles de grande importncia para a companhia, dispondo sobre a continuidade de suas atividades, o exerccio de seu objeto ou sua relao com os acionistas. O elenco do art. 136 o seguinte:

    I - criao de aes preferenciais ou aumento de classe de aes preferenciais

    existentes, sem guardar proporo com as demais classes de aes preferenciais,

    salvo se j previstos ou autorizados pelo estatuto;

    II - alterao nas preferncias, vantagens e condies de resgate ou amortizao

    de uma ou mais classes de aes preferenciais, ou criao de nova classe mais

    favorecida;

    III - reduo do dividendo obrigatrio;

    IV - fuso da companhia, ou sua incorporao em outra;

    V - participao em grupo de sociedades (art. 265);

    VI - mudana do objeto da companhia;

    VII - cessao do estado de liquidao da companhia;

    VIII - criao de partes beneficirias;

    IX - ciso da companhia;

    X - dissoluo da companhia.

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    Existem duas espcies de assembleia-geral, a ordinria e a extraordinria, as quais so diferenciadas de acordo com a matria que ser votada.

    A assembleia-geral ordinria - AGO, conforme previso do art. 132, ser realizada todo o ano, nos quatro meses seguintes ao trmino do exerccio social e seu objeto ser:

    Tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as demonstraes financeiras.

    Deliberar sobre a destinao do lucro lquido do exerccio e a distribuio de dividendos.

    Eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso.

    Aprovar a correo da expresso monetria do capital social.

    Atente-se para o fato de que, de acordo com a inteligncia do pargrafo nico do art. 131, possvel que a assembleia-geral ordinria delibere sobre outros assuntos de competncia da extraordinria, desde que cumulativamente realizadas.

    As regras para a preparao da AGO encontram-se insculpidas ao longo do art. 133. relevante notar que o 4 do art. 133 permite que a eventual inobservncia de prazos ou da publicao de anncios previstos naquele dispositivo legal pode ser sanada se a assembleia-geral reunir a totalidade dos acionistas. Todavia, tal possibilidade no estendida para a publicao dos documentos previstos nos incisos I a V. A forma como sero realizados os trabalhos na assembleia-geral ordinria esto previstos no art. 134.

    A assembleia-geral extraordinria AGE pode deliberar sobre todos os assuntos que no forem de competncia exclusiva da AGO.

    A instalao da AGE deve, em regra, observar o qurum normal previsto no art. 125. Contudo, quando se tratar de AGE para reforma do estatuto, dever se observar, em primeira convocao, o qurum especial de dois teros do capital com direito a voto, conforme o art. 135. Em segunda convocao poder instalar-se com qualquer nmero.

    A norma prevista no 1 do mencionado art. 135 exige que, para que a reforma do estatuto possa ser oposta a terceiros, a publicidade do ato e o respectivo arquivamento na Junta Comercial competente.

    A segunda parte do mesmo pargrafo acrescenta que a companhia ou seus acionistas no podem usar a falta de cumprimento das formalidades atinentes publicao e arquivamento do ato para no adimplirem suas

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    obrigaes. Repare que a mesma regra referente ao necessrio arquivamento e publicao de atos para que produzam efeitos em relao a terceiros tambm est presente no 1 do art. 142, que dispe sobre as competncias do conselho de administrao.

    Considerando que alguns assuntos que podem ser discutidos pela AGE tem grande importncia para as bases de funcionamento da companhia, o art. 136 determinou que a aprovao de tais matrias fosse feita por qurum qualificado, conforme demonstrado no quadro acima. Repise-se que, de acordo com este artigo, o estatuto pode aumentar este qurum no caso de companhias fechadas. Porm, os temas restantes que podero ser objeto de deliberao pela AGE se submetem ao qurum previsto no art. 129.

    Antes de prosseguirmos para o prximo tema, vale lembrar que j falamos sucintamente do direito de retirada previsto no art. 137, quando abordamos as questes referentes aos direitos dos acionistas.

    Administrao da Companhia

    Prezados candidatos, vamos discorrer agora sobre dois rgos de grande destaque dentro da companhia e que constantemente so cobrados em provas: conselho de administrao e diretoria.

    O primeiro ponto que merece nfase refere-se ao fato de que a diretoria constitui-se rgo indispensvel, diferentemente do conselho de administrao, que pode ou no ser adotado pelo estatuto da companhia. Frise-se que, conforme o 2 do art. 138, as companhias abertas e as de capital autorizado1 tero, obrigatoriamente, conselho de administrao.

    Justamente por no ser obrigatria a existncia do conselho de administrao, possvel, segundo o caput do art. 138, que a administrao da companhia seja atribuio somente da diretoria ou de ambos os rgos societrios.

    1 Rubens Requio ensina que a companhia de capital autorizado no uma espcie de sociedade annima. No se confunde com a companhia aberta, pois esta pode adotar o sistema de capital autorizado ou de capital determinado ou fixo, O capital autorizado, pois, constitui um sistema de formao do capital, apenas, e no da sociedade. A companhia fechada ou aberta, indiferentemente, podem constituir seu capital na forma de autorizao.

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    Conselho de Administrao

    O conselho de administrao rgo integrante da estrutura de algumas companhias, tendo como objetivo deliberar sobre questes relativas gesto dos negcios da sociedade, bem como acompanhar e fiscalizar a atuao dos diretores, de acordo com o elenco de competncias previstas no art. 142.

    A composio do conselho de administrao vem insculpida no art. 140, que determina que este rgo ser composto por, no mnimo, 3 (trs) membros, eleitos pela assembleia-geral e por ela destituveis a qualquer tempo.

    Perceba que a competncia da assembleia-geral tanto para eleio dos membros quanto para a destituio dos mesmos. Ademais, note que trs o nmero mnimo de membros do conselho de administrao, sendo possvel que o estatuto fixe nmero superior.

    Ainda em relao composio do conselho de administrao, insta salientar que o prazo mximo de mandato para seus membros de trs anos, sendo possvel a reeleio, conforme inciso III, do art. 140, e a norma do art. 146, que determina que s pessoas naturais e acionistas podem fazer parte do conselho de administrao.

    Neste passo, registre-se a regra excepcional do pargrafo nico do art. 140, que permite a participao excepcional de funcionrios da sociedade annima naquele conselho.

    O inciso IV do mesmo art. 140 determina que caber ao estatuto dispor sobre a convocao, instalao e funcionamento do conselho, que deliberar por maioria de votos, podendo o estatuto estabelecer qurum qualificado para certas deliberaes, desde que especifique a matria. Evidencia-se que o qurum qualificado s ser exigido para certas matrias previstas no estatuto.

    ADMINISTRAO DA COMPANHIA

    Diretoria

    Diretoria e conselho de

    administrao

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    O art. 141 trata de um interessante mecanismo de votos que visa propiciar minoria uma participao nos negcios da companhia, por meio da possibilidade da eleio de um dos membros do conselho.

    Em regra, o preenchimento dos cargos do Conselho de Administrao pode ser feito pelo critrio majoritrio ou proporcional, devendo a companhia dispor sobre qual o mtodo ser utilizado.

    No critrio majoritrio, a eleio poder ser por chapas, quando o acionista escolher entre grupos com nmero de membros igual ao de cargos no conselho, ou por cargo, quando a votao ocorrer em separado para cada lugar no conselho. Percebe-se que nesta modalidade de votao, o controlador facilmente eleger todos os membros do conselho.

    No critrio proporcional os votos so atribudos a candidatos isolados para o preenchimento dos cargos, sendo eleitos os mais votados. Nesta forma de votao, possvel aos acionistas distriburem seus votos ou concentrarem em um s candidato, o que possibilita que acionistas minoritrios tenham representantes no conselho de administrao. Deste modo, caso as aes com direito a voto sejam divididas entre A (60%), B (20%) e C (20%), e haja cinco vagas no conselho de administrao, provvel que trs membros sejam eleitos por A, um por B e um por C.

    Alm destes dois mtodos, o aludido art. 141 prev o voto mltiplo, que pode ser requerido pelos acionistas que representem pelo menos um dcimo do capital social.

    Ao se referir a este critrio, o doutrinador Andr Luiz Ramos, em sua esclarecedora obra de Direito Empresarial, assevera que trata-se, enfim, de um modelo especial de votao proporcional, em que cada ao votante corresponder a tantos votos quantos forem os membros do conselho de administrao. E mais: cada acionista poder usar os votos que suas aes lhe conferem da forma que bem entender, ou seja, pode concentr-los todos num nico candidato ou distribu-los em candidatos distintos.

    Utilizando-se exemplo anlogo ao apresentado por Fabio Ulhoa Coelho, se o capital com direito a voto est dividido entre A, que tem 60.000 aes, e B, que tem 40.000 aes, e a eleio para os cinco cargos do conselho de administrao acontecer por voto mltiplo, A ter 300.000 votos e B 200.000 votos. Caso A distribua o voto em trs candidatos e B em dois, a proporo dos membros do conselho ser equivalente a participao dos acionistas no capital votante.

    Para concluir, ressalte-se que o 4 do art. 141 nos apresenta mais uma regra para proteger os acionistas que no faam parte do grupo de controle da companhia, possibilitando que estes tenham o direito de eleger e destituir um

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    membro e seu suplente do conselho de administrao, em votao em separado na assembleia-geral, excludo o acionista controlador.

    Tal prerrogativa dada maioria dos titulares de aes de emisso de companhia aberta com direito a voto, que representem, pelo menos, 15% (quinze por cento) do total das aes com direito a voto e de aes preferenciais sem direito a voto ou com voto restrito de emisso de companhia aberta, que representem, no mnimo, 10% (dez por cento) do capital social, que no houverem exercido o direito previsto no estatuto, de eleger em votao em separado um ou mais membros do conselho de administrao.

    Diretoria

    Como vimos, o estatuto da companhia pode determinar que a administrao da companhia seja dividida entre o conselho de administrao e a diretoria ou ser atribuio somente deste ltimo rgo, no caso de no haver previso para a constituio do primeiro.

    Havendo diviso de atribuies com o conselho de administrao, a diretoria ser preponderantemente um rgo executivo, dando cumprimento s determinaes emanadas por aquele conselho. Caso a diretoria seja o nico rgo de administrao da companhia, suas funes administrativas so mais amplas, delineando a poltica dos negcios da companhia e executando-a na forma prevista no estatuto.

    A redao do art. 143 da Lei 6.404/76 evidencia que caso o conselho de administrao esteja constitudo, caber a este rgo a eleio e destituio dos membros da diretoria. Caso contrrio, tal competncia ser da assemblia-geral.

    Outrossim, importante notar que a diretoria dever ser composta por, no mnimo, dois membros, e o prazo de seus mandatos no deve ser superior

    Conselho de Administrao (competncias previstas no art. 142) - ser composto por, no mnimo, 3 (trs) membros; - prazo mximo de mandato para seus membros de trs anos, sendo possvel a reeleio; - deve ser composto por pessoas naturais, que sejam acionistas; - as deliberaes em regra sero por maioria de votos (qurum qualificado s ser exigido para certas matrias previstas no estatuto); - preenchimento dos cargos do Conselho de Administrao pode ser feito pelo critrio majoritrio ou proporcional H ainda a previso de voto mltiplo e eleio em separado para certas hipteses.

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    a trs anos, sendo permitida a reeleio. Os diretores devem ser pessoas naturais e residentes no Pas (art. 146).

    O pargrafo primeiro do art. 143 dispe que at um tero dos membros do conselho de administrao podem ser eleitos diretores. Perceba que nada impede que todos os diretores sejam conselheiros, j que no h limitao para o nmero de cargos da diretoria que podem ser ocupados por membros do conselho de administrao.

    Mesmo o estatuto prevendo uma diviso de atribuies entre os diretores, tal como a competncia para tratar de questes financeiras ou jurdicas, nada impede que seja determinado que certas matrias sejam necessariamente deliberadas em reunio de diretoria, de acordo com o pargrafo segundo do art. 143. Neste caso, a deciso dever ser tomada por maioria dos votos.

    Outro ponto que merece ateno a previso do 2 do art. 138, que estatui que a representao da companhia privativa da diretoria. Ainda, no havendo previso estatutria ou deliberao do conselho de administrao, qualquer diretor poder representar a companhia e praticar os atos necessrios ao seu funcionamento regular (art. 144).

    Conselho Fiscal

    O conselho fiscal rgo interno de fiscalizao da gesto da companhia, tendo como funo o acompanhamento dos negcios da empresa e a verificao da regularidade dos procedimentos adotados. Funciona como rgo de assessoramento da assembleia-geral na apreciao das contas dos administradores, bem como na votao das demonstraes financeiras da companhia.

    DIRETORIA

    a) composta por no mnimo dois membros;

    b) prazo do mandato dos membros no pode ser superior a trs anos, sendo possvel a reeleio;

    c) diretores devem ser pessoas naturais e residentes no Brasil;

    d) at um tero dos membros do conselho de administrao podem ser eleitos para a diretoria;

    e) a representao da companhia privativa dos diretores.

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    O art. 161 da Lei das S.A. dispe que toda a companhia ter um conselho fiscal. Por outro lado o mesmo dispositivo afirma que o estatuto dispor sobre seu funcionamento, de modo permanente ou nos exerccios sociais em que for instalado a pedido de acionistas.

    Pelo exposto, conclui-se que, no obstante ser obrigatria a existncia do conselho fiscal, seu funcionamento facultativo.

    Desta forma, ainda que omisso estatuto, o conselho fiscal existir, podendo estar ou no em funcionamento.

    O pargrafo segundo e terceiro do mesmo artigo tratam de questes atinentes ao pedido de instalao do conselho fiscal. Perceba, candidato, que o pedido de funcionamento do conselho fiscal pode ser formulado na assembleia-geral ordinria, bem como na assembleia-geral extraordinria.

    A composio do rgo em debate determinada no pargrafo primeiro do art. 161 que dispe que o conselho fiscal ser composto de, no mnimo, 3 (trs) e, no mximo, 5 (cinco) membros, e suplentes em igual nmero, acionistas ou no, eleitos pela assembleia-geral. importante frisar que, diferentemente da diretoria, a escolha dos membros do conselho fiscal competncia exclusiva da assembleia-geral e a lei limita o nmero mximo de membros no referido conselho a cinco pessoas.

    Alm do fato de que os membros do conselho fiscal podem ou no ser acionistas, relevante destacar que o art. 162 estabelece que estes devem ser pessoas naturais, residir no Brasil e ter diploma universitrio ou ter exercido por prazo mnimo de 3 (trs) anos, cargo de administrador de empresa ou de conselheiro fiscal.

    Note que, segundo a orientao do pargrafo primeiro, nas localidades em que no houver pessoas habilitadas, em nmero suficiente, para o exerccio da funo, caber ao juiz dispensar a companhia da satisfao dos requisitos estabelecidos neste artigo.

    O pargrafo segundo do art. 162 impe outra limitao escolha dos membros do conselho fiscal, impedindo que sejam eleitos para este cargo membros de rgos de administrao e empregados da companhia ou de sociedade controlada ou do mesmo grupo, e o cnjuge ou parente, at terceiro grau, de administrador da companhia.

    No tocante aos mandatos dos membros do conselho fiscal, atente-se que sua durao vai at a primeira assembleia-geral ordinria que ocorrer aps a eleio, sendo possvel que os ocupantes sejam reeleitos para os cargos (6, art. 161). Ademais, vale frisar que suas funes so indelegveis (7).

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    As competncias do conselho fiscal esto arroladas no art. 163. Sugiro ao candidato que, se possvel, faa uma leitura atenta a este elenco, de modo que possa se recordar de alguns daqueles incisos, caso sejam cobrados pela banca examinadora.

    conveniente chamar a ateno ao 7 daquele artigo, que, considerando o vigor das atribuies legais concedidas ao conselho fiscal, notadamente aquelas previstas nos pargrafos anteriores daquela norma, veda ao estatuto estender tais poderes a outros rgos da companhia.

    No prximo tpico vamos falar das responsabilidades dos administradores, mas como o art. 165 seguinte trata especificamente das responsabilidades e deveres dos membros do conselho fiscal, vamos tecer breves palavras sobre o tema.

    Alm dos deveres previstos no art. 153 a 156, os membros do conselho fiscal respondem pelos danos resultantes de omisso no cumprimento de seus deveres e de atos praticados com culpa ou dolo, ou com violao da lei ou do estatuto (art. 165).

    Ainda, o 1 claro ao dispor sobre o dever de lealdade, considerar-se- abusivo o exerccio da funo com o fim de causar dano companhia, ou aos seus acionistas ou administradores, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem a que no faz jus e de que resulte, ou possa resultar, prejuzo para a companhia, seus acionistas ou administradores.

    Por fim, em relao responsabilidade solidria dos membros do conselho fiscal, perceba que, apesar do teor do 2 do art. 165 (O membro do conselho fiscal no responsvel pelos atos ilcitos de outros membros, salvo se com eles foi conivente, ou se concorrer para a prtica do ato), tal figura no est totalmente afastada.

    Ora, se tratando de responsabilidade por omisso no cumprimento de seus deveres, todos respondem solidariamente, conforme o pargrafo terceiro do art. 165. Para se eximir desta responsabilidade, deve o membro consignar sua divergncia em ata, para atender a parte final da mesma norma.

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    CONSELHO FISCAL

    I. existncia obrigatria/funcionamento facultativo;

    II. composto de, no mnimo, 3 (trs) e, no mximo, 5 (cinco) membros, eleitos pela assemblia-geral;

    III. membros podem ser acionistas ou no;

    IV. no podem ocupar cargo no conselho de administrao os membros de rgos de administrao e empregados da companhia ou de sociedade controlada ou do mesmo grupo, e o cnjuge ou parente, at terceiro grau, de administrador da companhia;

    V. a durao do mandato vai at a primeira assemblia-geral ordinria que ocorrer aps a eleio, sendo possvel a reeleio;

    VI. as funes dos membros do conselho fiscal so indelegveis;

    VII. todos os membros do conselho fiscal respondem por omisso no cumprimento de seus deveres, salvo se consignarem suas divergncias.

    1.2. Administradores

    Neste captulo iremos falar um pouco sobre os deveres dos administradores e a eventual responsabilizao dos mesmos. Optei por tratar deste tema em um tpico separado, tendo em vista a relevncia do tema e a necessria abordagem minuciosa de alguns pontos.

    Aps discorrer sobre o conselho de administrao e a diretoria, a Lei das S.A. passa a dispor, nas sees III e IV daquele captulo, sobre as regras aplicveis aos componentes de ambos os rgos (art. 145).

    Inicialmente, como j vimos, recorde-se que a norma do art. 146 impede que pessoas jurdicas faam parte daqueles rgos.

    Os pargrafos primeiro e segundo do art. 147 versam sobre impedimentos para os eventuais ocupantes em cargos de administrao da companhia, dispondo que so inelegveis:

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    pessoas impedidas por lei especial, ou condenadas por crime falimentar, de prevaricao, peita ou suborno, concusso, peculato, contra a economia popular, a f pblica ou a propriedade, ou a pena criminal que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos pblicos;

    pessoas declaradas inabilitadas por ato da Comisso de Valores Mobilirios.

    A segunda hiptese decorre das naturais atribuies daquela autarquia, que representa o Estado no seu papel fiscalizador e interventor no ordenamento do mercado de capitais.

    Ainda merecem nfase os impedimentos do pargrafo terceiro do mesmo artigo. So eles:

    ocupar cargos em sociedades que possam ser consideradas concorrentes no mercado, em especial, em conselhos consultivos, de administrao ou fiscal;

    tiver interesse conflitante com a sociedade.

    Contudo, candidato, ateno, j que a assembleia-geral pode afastar estas duas limitaes.

    O art. 150 nos traz as regras que sero aplicadas no caso de vacncia dos cargos de conselheiro e de diretor. Note que, conforme o pargrafo terceiro, os substitutos somente completaro o prazo de gesto dos substitudos.

    Em relao renncia dos administradores, o teor do art. 151 apresenta dois momentos para que tal medida passe a produzir seus efeitos. Em relao companhia, a renncia torna-se eficaz desde o momento em que lhe for entregue a comunicao; j em relao a terceiros de boa-f, a eficcia ocorre aps arquivamento no registro de comrcio e respectiva publicao.

    Deveres dos administradores

    A relevncia do papel desempenhado pelos administradores acarreta uma gama de deveres e obrigaes para os ocupantes dos cargos de cpula da companhia. O comportamento probo do administrador deve se voltar no somente

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    aos interesses da empresa, mas tambm ao mercado de valores mobilirios, aos acionistas e prpria comunidade.

    O primeiro dos deveres previstos na Lei 6.404/76 o de diligncia. Destarte, o artigo 153 dispe que o administrador da companhia deve empregar, no exerccio de suas funes, o cuidado e diligncia que todo homem ativo e probo costuma empregar na administrao dos seus prprios negcios. A definio fluda, sendo recomendvel a anlise do caso concreto, para que possa se verificar se o administrador pautou sua atuao pelos padres naturalmente exigveis daqueles que participam da gesto dos negcios da companhia.

    O art. 154 versa sobre as finalidades das atribuies do administrador, que deve ter como principal objetivo os fins e interesses da companhia. Perceba, candidato, que no est se determinando uma busca desenfreada pelo lucro, pois o prprio artigo prev na parte final que sejam satisfeitas as exigncias do bem pblico e da funo social da empresa. Os objetivos financeiros devem ser alcanados de modo que se harmonizem com o papel que a companhia desempenha dentro da sociedade.

    O poder investido ao administrador deve ser utilizado para que a companhia seja orientada em sua atuao, de modo que as finalidades inerentes a sua atividade fiquem mais prximas de serem alcanadas. Note que no se trata de obrigao de fim, mas de meio, j que no se pode exigir que os objetivos sejam sempre atingidos. O que se demanda do administrador que direcione a atuao da companhia neste sentido.

    O 1 do art. 154 nos apresenta uma importante regra, ressaltando que os deveres dos administradores so para com a companhia e no para o grupo que os elegeu. A referida norma dispe que o administrador eleito por grupo ou classe de acionistas tem, para com a companhia, os mesmos deveres que os demais, no podendo, ainda que para defesa do interesse dos que o elegeram, faltar a esses deveres.

    O pargrafo segundo apresenta trs prticas que podem ser consideradas desvio de poder por parte dos administradores, so elas:

    Praticar ato de liberalidade custa da companhia;

    sem prvia autorizao da assemblia-geral ou do conselho de administrao, tomar por emprstimo recursos ou bens da companhia, ou usar, em proveito prprio, de sociedade em que tenha interesse, ou de terceiros, os seus bens, servios ou crdito;

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    receber de terceiros, sem autorizao estatutria ou da assemblia-geral, qualquer modalidade de vantagem pessoal, direta ou indireta, em razo do exerccio de seu cargo.

    Frise-se que o prprio pargrafo quarto subsequente excetua a regra da primeira prtica acima listada, ao dispor que O conselho de administrao ou a diretoria podem autorizar a prtica de atos gratuitos razoveis em benefcio dos empregados ou da comunidade de que participe a empresa, tendo em vista suas responsabilidades sociais.

    Adiante, o art. 155 passa a discorrer sobre o dever de lealdade. Ao abordar o tema, o j citado mestre Rubens Requio afirma que se o acionista se prende, por um dever tico, sociedade, com muito mais fora deve o administrador pautar sua atuao dentro de princpios de lealdade para com a empresa. Embora isso esteja implcito na conduta de qualquer pessoa dentro do grupo social em que vive e atua, a lei resolveu reiterar, como regra expressa, o dever de lealdade do administrador.

    A lista de condutas que so vedadas pelo art. 155 so as seguintes:

    usar, em benefcio prprio ou de outrem, com ou sem prejuzo para a companhia, as oportunidades comerciais de que tenha conhecimento em razo do exerccio de seu cargo;

    omitir-se no exerccio ou proteo de direitos da companhia ou, visando obteno de vantagens, para si ou para outrem, deixar de aproveitar oportunidades de negcio de interesse da companhia;

    adquirir, para revender com lucro, bem ou direito que sabe necessrio companhia, ou que esta tencione adquirir.

    O pargrafo primeiro trata da figura do chamado insider trading, o qual se utiliza de informaes privilegiadas e sigilosas para obter vantagens para si ou para outrem com a compra ou venda de aes, j que possui cincia de fatos ainda no divulgados ao mercado. Registre-se que a previso daquela norma relativa s companhias abertas e garante o direito do prejudicado de pleitear perdas e danos, nos termos do pargrafo terceiro.

    O conflito de interesses, que se encontra positivado no art. 156, decorre do prprio dever de lealdade. Busca o legislador evitar que, diante de uma situao em que haja um choque entre o interesse privado do administrador e os interesses

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    da companhia, estes ltimos fiquem em segundo plano, com evidente prejuzo gesto dos negcios da empresa.

    Deste modo, o aludido dispositivo estatui que vedado ao administrador intervir em qualquer operao social em que tiver interesse conflitante com o da companhia, bem como na deliberao que a respeito tomarem os demais administradores (...)

    relevante destacar que, no obstante um possvel conflito de interesses, no h proibio que o administrador contrate com a prpria sociedade.

    Mesmo considerando que as partes que iro figurar no contrato so diferentes pessoas de direito (companhia de um lado e administrador de outro), evidencia-se que a vontade para a concluso do negcio possivelmente partiu, de fato, de uma s pessoa, o administrador. Por essa razo, o pargrafo primeiro do art. 156 determina que o administrador somente pode contratar com a companhia em condies razoveis ou eqitativas, idnticas s que prevalecem no mercado ou em que a companhia contrataria com terceiros.

    A sano para os contratos celebrados entre a companhia e o administrador que no observarem as exigncias acima mencionadas a anulabilidade, nos termos do pargrafo segundo do mesmo artigo.

    O dever de informar o ltimo previsto na seo ora em estudo. Preliminarmente acentue-se que, ao arrazoar sobre este tema, o art. 157 se refere especificamente s companhias abertas.

    Alm de fornecer os dados concernentes aos valores mobilirios de emisso da companhia, bem como de outras empresas controladas ou do mesmo grupo (caput), o administrador ainda deve revelar assemblia-geral ordinria as informaes arroladas no pargrafo primeiro do art. 157. Neste passo, perceba que a alnea e menciona quaisquer atos ou fatos relevantes nas atividades da companhia, abrindo o leque de fatos que devero ser revelados pelos administradores.

    Como se disse, as informaes citadas acima so divulgadas companhia. Contudo, h tambm fatos que devem ser revelados ao mercado, de acordo com a racionalidade dos pargrafos quarto e sexto.

    Para enriquecer o debate, vale, novamente, fazer aluso sempre elucidativa e agradvel obra de Fbio Ulhoa Coelho, quando afirma que o aspecto mais importante do direito de informar, contudo, diz respeito s comunicaes ao mercado. Assim, o administrador deve informar CVM, bem como bolsa de valores em que os valores mobilirios da companhia so negociveis, qualquer modificao em sua posio acionria; isto , qualquer compra ou venda de aes emitidas pela companhia. (6)

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    Ainda em relao s informaes que devem ser divulgadas ao mercado, prossegue o mestre com a afirmao que o administrador deve providenciar comunicao bolsa de valores e CVM e publicao pela imprensa da ocorrncia de fatos relevantes . (...) Ser relevante o fato se puder influir, de modo pondervel, na deciso de investidores do mercado de capitais, no sentido de vender ou comprar valores mobilirios. (4)

    Para terminar, mister chamar ateno regra (5) que permite que o administrador no revele certas informaes (1, alnea e e 4), caso entenda que tal divulgao possa vir a prejudicar os interesses da companhia. A inteno da norma evitar uma vigorosa desestabilizao nos negcios da empresa, bem como a oscilao dos preos dos valores mobilirios por ela emitidos.

    Contudo, observe-se que essa deciso no discricionria, j que a CVM poder decidir sobre a prestao de informaes, responsabilizando o administrador, se for o caso.

    Responsabilidade dos Administradores

    Primeiramente, registre-se que na nossa primeira aula debatemos, no tpico 4.2, as responsabilidades dos administradores insculpidos no Cdigo Civil, bem como na Lei n 6.404/76, objeto da nossa aula de hoje. Recorda-se que foram abordados os artigos 153 a 155 desta ltima lei, que apresentam as regras gerais que podem ser aplicadas queles que administram os tipos societrios.

    Para melhor fixao do contedo, vamos repisar o que foi aventado naquela oportunidade e acrescentar alguns pontos relevantes para nosso estudo.

    A responsabilidade civil do administrador das sociedades annimas vem instituda no art. 158 da Lei 6.404/76.

    De incio, convm recordar que aqueles que ocupam os cargos de cpula das sociedades annimas, ao praticarem os atos de gesto da empresa, o fazem na qualidade de rgos da companhia, agindo em nome e por conta desta. As pessoas jurdicas no tm vontade prpria, sendo necessrio que atuem por meio de seus rgos, compostos pelos administradores.

    A primeira parte do caput do art. 158 exclui a responsabilidade pessoal do administrador pelas obrigaes que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gesto.

    Contudo, certas situaes podem afastar essa capa de proteo que reveste os atos do administrador. Destarte, o administrador responder civilmente, sendo obrigado a reparar o dano eventualmente causado, quando

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    proceder dentro de suas atribuies ou poderes, com culpa ou dolo; ou com violao da lei ou do estatuto.

    A primeira hiptese de responsabilizao do administrador refere-se s situaes onde, apesar de ter atuado conforme as regras consignadas no estatuto e nos normativos vigentes, est caracterizado a existncia de dolo ou culpa.

    Trata-se da definio de responsabilidade civil. O administrador apenas ser responsabilizado se restar devidamente demonstrado que agiu de maneira dolosa. Para melhor entendimento, com a inteno de obter vantagem em prejuzo da companhia, ou com culpa, nas modalidades de negligncia, imprudncia ou impercia, causando danos companhia.

    Saliente-se que a alegao de que atuara de acordo com a previso estatutria no suficiente para afastar a obrigao de indenizar por parte do administrador.

    O inciso II se refere aos casos pelos quais a atuao do administrador conflita com o estatuto ou com a legislao vigente. A norma parte do princpio de que aqueles que ocupam os cargos de alto escalo dentro da companhia conhecem profundamente as leis aplicveis s atividades desenvolvidas, bem como o estatuto social da empresa, ou, pelo menos, tem o assessoramento necessrio para atuar de acordo com estes mandamentos.

    Desta forma, poderia at se afirmar que no haveria necessidade da demonstrao de dolo ou culpa, pois estaria configurada uma modalidade de responsabilidade objetiva ou a presuno de culpa por parte do administrador faltoso.

    Adiante, ainda no art. 158, a Lei 6.404/76 apresenta trs hipteses em que um administrador responde solidariamente pelos atos ilcitos de outro, afastando a regra geral da natureza individual da responsabilidade civil dos ocupantes daqueles cargos.

    Com efeito, so trs as possibilidade estatudas no pargrafo primeiro que podem trazer o efeito da solidariedade: conivncia, negligncia ou omisso deliberada.

    Relembrando as lies do jurista Haroldo Malheiros D. Verosa, nos apresenta uma esclarecedora lio:

    A conivncia decorre do conluio de dois administradores na prtica de atos danosos companhia, devidamente comprovado.

    A negligncia, no caso, est ligada ao dever de fiscalizao recproca estabelecido na lei, em benefcio direto da sociedade e indireto dos seus acionistas e credores.

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    A omisso deliberada acontece quando um administrador toma conhecimento de ilcitos praticados por outro mas se mantm absolutamente inerte tanto para impedir a prtica do ato como na sua comunicao sociedade.

    A solidariedade ainda encontra previso no subsequente pargrafo segundo, quando dispe que todos os administradores sero responsveis pela adoo das providncias necessrias ao funcionamento normal dos negcios da companhia. Ou seja, caso um administrador deixe de praticar ato legalmente indispensvel para que a empresa possa realizar suas atividades, como, por exemplo, a obteno de autorizaes ou licenas, todos os administradores sero responsveis pelos prejuzos advindos desta omisso.

    Deve-se enfatizar, contudo, que no tocante companhia aberta, esta ltima hiptese de responsabilidade solidria ir incidir somente para os administradores que, por disposio do estatuto, tenham atribuio especfica de dar cumprimento queles deveres (3).

    Se o administrador tiver cincia do no cumprimento dos deveres impostos pela lei para que a companhia possa exercer suas atividades por seu predecessor, ou pelo administrador a quem competir a realizao de tal ato, e no comunicar o fato assemblia-geral, ir se tornar solidariamente responsvel (4).

    O ltimo pargrafo do art. 158 determina que pessoas, estranhas ou no sociedade, podero ser solidariamente responsveis com os administradores caso, com o fim de obter vantagem para si ou para outrem, concorram para a prtica de ato com violao da lei ou do estatuto.

    SSSSOOOOLLLLIIIIDDDDAAAARRRRIIIIEEEEDDDDAAAADDDDEEEE::::

    -conivncia, negligncia ou omisso deliberada na prtica de atos ilcitos.

    -prejuzos causados em virtude do no cumprimento dos deveres impostos por lei para assegurar o funcionamento normal da companhia (companhias abertas incide s nos administradores que, por disposio do estatuto, tenham atribuio especfica de dar cumprimento queles deveres)

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    Para concluir esta etapa, iremos falar agora sobre a ao de responsabilidade prevista no art. 159.

    O caput da aludida norma cria uma condio de procedibilidade para a propositura da ao judicial de responsabilidade civil em face do administrador: a aprovao da assemblia-geral. Somente com esta autorizao poder a companhia ingressar em juzo para requerer a indenizao pelas perdas e danos eventualmente suportadas.

    Perceba, candidato, que o pargrafo primeiro permite que esta autorizao seja dada tanto em AGE como em AGO.

    Os pargrafos terceiro e quarto apresentam duas hipteses em que possvel a substituio processual, ou seja, permitem que outra pessoa, no caso um acionista ou grupo de acionistas, pleiteie em juzo o direito da prpria companhia de ser ressarcida por eventuais prejuzos.

    A primeira situao ocorre quando, apesar de ter deliberado pelo ajuizamento da ao em face do administrador, a companhia quedou-se inerte por perodo superior a trs meses. J o caso do pargrafo quarto se reporta s hipteses em que a assemblia-geral decidiu no propor a ao, sendo possvel que tal medida seja adotada por acionistas que representem cinco por cento, pelo menos, do capital social.

    imperativo asseverar que, em qualquer das situaes acima delineadas, o titular do direito indenizao a prpria companhia que suportou os prejuzos e no o acionista, que ter direito somente as despesas em que tiver incorrido, inclusive correo monetria e juros dos dispndios realizados (5).

    Convm destacar a regra do pargrafo sexto do art. 159, que permite a excluso da responsabilidade do administrador se este tiver agido de boa-f e no interesse da companhia. certo que, conforme lembrado na obra de Jos E. Tavares Borba, apesar da norma aventada se referir somente ao rgo judicial, o reconhecimento destes elementos pode ocorrer tambm no mbito da assembleia-geral.

    Ainda, utilizando-se da lio do renomado mestre para aprofundar o debate, saliente-se que nos casos de atos dolosos, a excluso da responsabilidade no se aplica (...) a negligncia igualmente no se conjuga com a boa-f, e muito menos com a idia de interesse da empresa, Restariam, ento, as ocorrncia de imprudncia ou impercia e de infrao lei e ao estatuto, nas quais, em certas circunstncias, poder-se-ia divisar uma atuao do administrador que, conquanto contrria aos padres normais, tenha se imposto como uma tentativa de salvar a sociedade ou os seus interesses superiores.

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    1.3. Dissoluo, liquidao e extino

    Prezado candidato, j estudamos a dissoluo, a liquidao e a extino das sociedades de pessoas. Para as sociedades annimas (assim como para as sociedades em comandita por aes e a das sociedades limitadas que adotarem a Lei das S.A., subsidiariamente), estes institutos no diferem muito destes que j vimos. Assim, recomendamos a reviso destes pontos antes de prosseguirmos.

    As causas de dissoluo das companhias so muito semelhantes s vistas anteriormente (art. 1.033, CC/02). Vejamos o que diz o art. 206 da Lei das S.A.:

    Art. 206. Dissolve-se a companhia:

    I - de pleno direito:

    a) pelo trmino do prazo de durao;

    b) nos casos previstos no estatuto;

    c) por deliberao da assemblia-geral (art. 136, X);

    d) pela existncia de 1 (um) nico acionista, verificada em assemblia-geral ordinria, se o

    mnimo de 2 (dois) no for reconstitudo at do ano seguinte, ressalvado o disposto no artigo

    251;

    e) pela extino, na forma da lei, da autorizao para funcionar.

    II - por deciso judicial:

    a) quando anulada a sua constituio, em ao proposta por qualquer acionista;

    b) quando provado que no pode preencher o seu fim, em ao proposta por acionistas que

    representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social;

    c) em caso de falncia, na forma prevista na respectiva lei;

    III - por deciso de autoridade administrativa competente, nos casos e na forma previstos em

    lei especial.

    Para que seja proposta a ao de responsabilidade civil em face do administrador deve haver aprovao da assemblia-geral.

    OBS1: Se a assembleia-geral aprovar mas permanecer inerte por trs meses, qualquer acionista pode propor a ao.

    OBS2: Se a assembleia-geral decidir no propor a ao, os acionistas que representem cinco por cento, pelo menos, do capital social podem adotar tal medida.

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    Ocorrida alguma dessas alternativas, a sociedade entrar em liquidao. Ela continuar possuindo personalidade jurdica, mas sofrer alterao em seu nome empresarial, ao qual ser acrescentada a expresso em liquidao (art. 212). Esta medida serve para a companhia ultimar os negcios pendentes, mas tambm para alertas possveis negociantes sobre o estado da sociedade.

    Igualmente, como ocorre com as outras sociedades, a dissoluo poder ser judicial ou extrajudicial e, em ambos os casos, haver a figura do liquidante. Os deveres deste agente sero idnticos ao que foi visto anteriormente (art. 1.103, CC/02). Comparando o Cdigo Civil com a Lei das S.A., veremos que esta altera apenas algumas palavras e adapta a terminologia ao mbito das companhias:

    Art. 210. So deveres do liquidante:

    I - arquivar e publicar a ata da assemblia-geral, ou certido de sentena, que tiver deliberado

    ou decidido a liquidao;

    II - arrecadar os bens, livros e documentos da companhia, onde quer que estejam;

    III - fazer levantar de imediato, em prazo no superior ao fixado pela assemblia-geral ou pelo

    juiz, o balano patrimonial da companhia;

    IV - ultimar os negcios da companhia, realizar o ativo, pagar o passivo, e partilhar o

    remanescente entre os acionistas;

    V - exigir dos acionistas, quando o ativo no bastar para a soluo do passivo, a integralizao

    de suas aes;

    VI - convocar a assemblia-geral, nos casos previstos em lei ou quando julgar necessrio;

    VII - confessar a falncia da companhia e pedir concordata, nos casos previstos em lei;

    VIII - finda a liquidao, submeter assemblia-geral relatrio dos atos e operaes da

    liquidao e suas contas finais;

    IX - arquivar e publicar a ata da assemblia-geral que houver encerrado a liquidao.

    Alm disso, o liquidante ter as mesmas responsabilidades do administrador, e os deveres e responsabilidades dos administradores, fiscais e acionistas subsistiro at a extino da companhia (art. 217).

    Quanto s dissolues extrajudiciais, silenciando o estatuto, compete assemblia-geral, nos casos do nmero I do artigo 206, determinar o modo de liquidao e nomear o liquidante e o conselho fiscal que devam funcionar durante o perodo de liquidao (art. 208).

    J as dissolues judiciais tambm so reguladas pelo Cdigo de Processo Civil de 1939 (DL 1.1608), em razo do disposto no art. 1.218, VII, do atual CPC, e encontra-se nos arts. 655 a 674 do Cdigo antigo. O processo em si, no matria a ser cobrada no certame, porm, exceto pelas questes processuais,

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    o papel e as funes do liquidante no diferem muito de uma liquidao extrajudicial.

    Uma diferena entre a liquidao das sociedades annimas e a das sociedades regidas pelo Cdigo Civil que, no primeiro caso, o liquidante obrigado a convocar a assemblia geral, de seis em seis meses, para prestar contas (art. 213).

    Pago o passivo e partilhado o remanescente, convocar o liquidante assemblia dos scios para a prestao final de contas (art. 216). Assim, aprovadas as contas, encerra-se a liquidao, e a sociedade se extingue, ao ser averbado no registro prprio a ata da assemblia (art. 216, 1). O dissidente ter trinta dias, a contar da publicao da atam, para propor a ao que couber (art. 216, 2).

    O art. 218 informa que, encerrada a liquidao, o credor no satisfeito s poder exigir o pagamento dos scios, individualmente, no limite do recebido por eles recebido na partilha, e a propor contra o liquidante ao de perdas e danos. O acionista executado ter direito de haver dos demais a parcela que lhes couber no crdito pago.

    Como podemos ver, o processo de liquidao quase idntico ao visto anteriormente, apenas alterando a fonte normativa, algumas expresses e terminologias, de modo que o assunto dissoluo, liquidao e extino deve ser entendido como um aspecto geral do Direito Societrio e no algo peculiar de cada tipo societrio.

    2. Operaes societrias: transformao; incorporao; fuso e

    Ciso.

    Caro amigo, o prximo tema relativamente simples e no diz respeito apenas s sociedades annimas. Ocorre que, mais uma vez, as fontes normativas so distintas: o Cdigo Civil e a Lei das S.A.

    Transformao

    A transformao ocorre quando uma sociedade passa de um tipo para outro. Por exemplo, uma sociedade limitada transforma-se em uma sociedade annima. A regra que no ocorrer nenhuma dissoluo ou liquidao e a sociedade dever obedecer os preceitos de inscrio e constituio do tipo societrio a ser adotado (art. 1.113, CC/02, e art. 220, caput e pargrafo nico, LSA).

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    A transformao, salvo disposto ao contrrio nos atos constitutivos, depende do consentimento unnime dos scios. Caso o estatuto ou contrato social preveja outra hiptese, o dissidente ter direito de retirada (art. 1.114. CC/02, e art. 221, LSA), aplicando o que j vimos sobre dissoluo parcial de sociedades.

    Em nenhum dos casos, a transformao prejudicar o direito dos credores (art. 1.115, CC/02, e art. 222, LSA).

    Incorporao

    Na incorporao, uma ou mais sociedades so absorvidas por outra, que as sucede em direitos e obrigaes. Todas as sociedades envolvidas devem aprov-la, conforme a forma de deliberao de cada tipo ou como o estatuto ou contrato social definir (art. 1.116, CC/02, e art. 223 e 227, caput, LSA).

    Nas sociedades annimas, os scios ou acionistas das sociedades incorporadas, fundidas ou cindidas recebero, diretamente da companhia emissora, as aes que lhes couberem (art. 223, 2, LSA). Situao que ocorrer, tambm, nas outras modalidades de operaes societrias que veremos abaixo.

    Uma regra especfica das companhias que, se a incorporao, fuso ou ciso envolverem companhia aberta, as sociedades que a sucederem sero tambm abertas, devendo obter o respectivo registro e, se for o caso, promover a admisso de negociao das novas aes no mercado secundrio, no prazo mximo de cento e vinte dias, contados da data da assemblia-geral que aprovou a operao, observando as normas pertinentes baixadas pela Comisso de Valores Mobilirios (art. 223, 3, LSA).

    Tambm dever haver protocolo firmado pelos rgos de administrao ou scios das sociedades interessadas sobre as condies da incorporao, fuso ou ciso com incorporao em sociedade existente (art. 224, LSA).

    Igualmente, estas operaes devero ser justificadas (art. 225, LSA), devendo a administrao submeter estas justificativas assemblia geral, mencionando:

    os motivos ou fins da operao, e o interesse da companhia na sua realizao;

    as aes que os acionistas preferenciais recebero e as razes para a modificao dos seus direitos, se prevista;

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    a composio, aps a operao, segundo espcies e classes das aes, do capital das companhias que devero emitir aes em substituio s que se devero extinguir;

    o valor de reembolso das aes a que tero direito os acionistas dissidentes.

    Outra regra comum dispe que as operaes de incorporao, fuso e ciso somente podero ser efetivadas nas condies aprovadas se os peritos nomeados determinarem que o valor do patrimnio ou patrimnios lquidos a serem vertidos para a formao de capital social , ao menos, igual ao montante do capital a realizar (art. 226, LSA).

    A ltima destas regras aplicveis s incorporaes ou cises que, havendo debntures, a operao societria depender da prvia aprovao dos debenturistas, reunidos em assemblia especialmente convocada com esse fim (art. 231, LSA).

    O 1 deste artigo dispe que ser dispensada a aprovao pela assemblia se for assegurado aos debenturistas que o desejarem, durante o prazo mnimo de 6 (seis) meses a contar da data da publicao das atas das assemblias relativas operao, o resgate das debntures de que forem titulares. Neste caso, a sociedade cindida e as sociedades que absorverem parcelas do seu patrimnio respondero solidariamente pelo resgate das debntures (art. 231, 2, LSA).

    Estas cinco ltimas regras devem ser observadas, tambm, nas demais modalidades de operaes societrias abaixo: fuso e ciso.

    Fuso

    Na fuso, duas ou mais sociedades se unem e so extintas , surgindo uma nova no lugar (art. 1.119, CC/02, e art. 228, LSA).

    Igualmente, ser decidida, na forma estabelecida para os respectivos tipos, pelas sociedades que pretendam unir-se (art. 1.120, CC/02, e art. 223, caput e 1, LSA).

    Ciso

    Ciso definida apenas na Lei das S.A.: a ciso a operao pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimnio para uma ou mais sociedades,

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    constitudas para esse fim ou j existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver verso de todo o seu patrimnio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a verso (art. 229).

    Porm, a definio tambm aplica-se s sociedades regidas pelo Cdigo Civil, por ser uma definio universal. Ademais, sempre que o Cdigo Civil foi omisso, as normas das Leis das S.A. podem ser aplicadas por analogia, mesmo no quando esta no for o instrumento normativo subsidirio.

    Esta ltima operao no apresente muitos mistrios, j que se aplicam as mesmas regras: deliberao dos scios ou assemblias, obedincia aos tipos de constituio a serem adotados, alm das quatro regras gerais de fuso, incorporao e ciso, que vimos na primeira destas modalidades de operaes societrias.

    Uma regra especfica da ciso que com extino da companhia cindida, as sociedades que absorverem parcelas do seu patrimnio respondero solidariamente pelas obrigaes da companhia extinta. A companhia cindida que subsistir e as que absorverem parcelas do seu patrimnio respondero solidariamente pelas obrigaes da primeira anteriores ciso (art. 233, LSA).

    Alternativamente, o ato de ciso parcial poder estipular que as sociedades que absorverem parcelas do patrimnio da companhia cindida sero responsveis apenas pelas obrigaes que lhes forem transferidas, sem solidariedade entre si ou com a companhia cindida, mas, nesse caso, qualquer credor anterior poder se opor estipulao, em relao ao seu crdito, desde que notifique a sociedade no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data da publicao dos atos da ciso (art. 233, pargrafo nico, LSA).

    Tipo Definio Extingue-se a

    soceidade?

    H nova sociedade?

    Transformao Uma sociedade altera seu

    tipo societrio.

    No. No.

    Incorporao Uma sociedade absorve

    outra(s) sociedade(s).

    A incorporada

    extinta.

    No.

    Fuso Duas ou mais sociedades

    se unem.

    Sim. Sim.

    Ciso Uma sociedade

    desmembrada em duas ou

    mais sociedades.

    H as duas

    possibilidades.

    Necessariamente,

    haver, pelo menos,

    uma nova sociedade.

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    3. Relaes entre as sociedades: sociedades controladoras e

    controladas; sociedades coligadas; grupos societrios; consrcios;

    subsidiria integral; sociedade de propsito especfico.

    Caro candidato, as sociedades empresrias, por serem pessoas de direito, podem ser scias de outras sociedades, isto , participar da formao do capital e, por consequncia, ser titular de quotas ou aes daquelas sociedades. As sociedades, da mesma forma, por possurem personalidade jurdica, tambm podem estabelecer convenes com outras sociedades. Estas relaes entre as sociedades ser o que estudaremos agora.

    Sociedades controladoras e controladas

    Uma sociedade controladora aquele que, diretamente ou por intermdio de outras sociedades controladas, detm controle acionrio ou de quotas suficiente para ter maioria de votos nas deliberaes sociais.

    Tal como vimos quando estudamos poder de controle, mas tratamos de modo geral o assunto, uma sociedade controladora ocorrer quando uma pessoa jurdica controlar outra sociedade. Assim, aplicam-se os mesmos princpios cabveis a qualquer controlador, mas os aplicveis exclusivamente quando este for uma pessoa jurdica.

    A sociedade controlada, por sua vez, no demanda mais explicaes do que o fato desta ser controlada por uma pessoa jurdica e no por um ou por um grupo de acionistas.

    claro que estas outras sociedades tambm so controladas, em sentido amplo, mas at a, no teramos nenhuma explicao, afinal, toda sociedade controlada de alguma forma ou de outra. O termo sociedade controlada, em seu sentido estrito, restrito s sociedades controladas por outra pessoa jurdica. o que determina o art. 23, 2, da LSA, e o art. 1.098 do Cdigo Civil.

    Por se tratar de uma pessoa jurdica e, mais especificamente, de uma sociedade empresarial, quando esta controla outra sociedade, passa a ter certas responsabilidades a mais do que o controlador pessoa fsica. Estas so mais acentuadas, no caso da controladora ou controlada ser sociedade annima. Estas responsabilidades aumentam, tanto em relao aos prprios acionistas como aos das controladas.

    O art. 243 da LSA, por exemplo, determina que relatrio anual da administrao deve relacionar os investimentos da companhia em sociedades

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    coligadas e controladas e mencionar as modificaes ocorridas durante o exerccio.

    Outro exemplo o art. 249 da LSA, que manda a companhia aberta, que tiver mais de 30% (trinta por cento) do valor do seu patrimnio lquido representado por investimentos em sociedades controladas, elaborar e divulgar, juntamente com suas demonstraes financeiras, demonstraes consolidadas.

    Ademais, vedada a participao recproca entre a companhia e suas coligadas ou controladas (art. 244, LSA). Isto , a sociedade A no pode ter aes (ou quotas) da sociedade B ao mesmo tempo em que esta as possui da sociedade A. A exceo ocorre no caso em que ao menos uma das sociedades participa de outra com observncia das condies em que a lei autoriza a aquisio das prprias aes (art. 244, 1, LSA).

    O Cdigo Civil tem regra semelhante em seu art. 1.101: salvo disposio especial de lei, a sociedade no pode participar de outra, que seja sua scia, por montante superior, segundo o balano, ao das prprias reservas, excluda a reserva legal.

    Sociedades coligadas

    Caro candidato, aqui, temos situao semelhante, porm, a sociedade titular de direitos de scios de outra sociedade no possui o controle, mas apenas influncia nas deliberaes sociais. Os mesmos deveres aplicados s sociedades controladoras aplicam-se s sociedades coligadas (art. 247, LSA).

    O Cdigo Civil determina que uma sociedade coligada se participa do capital de outra sociedade em ao menos 10% (art. 1099). Caso a participao seja menor, ser caso de simples participao (art. 1.100).

    J a Lei das S.A. adota critrio diferente: participao significativa. Considera-se que h influncia significativa quando a investidora detm ou exerce o poder de participar nas decises das polticas financeira ou operacional da investida, sem control-la (art. 243, 4, LSA). Porm, quando a investidora participar de pelo menos 20% do capital votante, presume-se a influncia (art. 243, 5, LSA).

    Grupos societrios

    Um grupo societrio ocorre quando controladoras, controladas e coligadas unem esforos para atingir um fim comum e formalizam este fato por meio de

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    conveno, arquivada na Junta Comercial (art. 265, LSA). H um requisito legal de que a sociedade controladora seja brasileira (art. 265, 1, LSA).

    A formao de um grupo societrio deve ser aprovada da mesma forma que uma deliberao para alterao no contrato ou estatuto social (art. 270, LSA). Da mesma forma que j vimos antes, os dissidentes tero direito de retirada (art. 270, pargrafo nico, LSA).

    Embora um grupo societrio no tenha personalidade jurdica, ele possuir certas caractersticas que se assemelham a um tipo societrio. Ao invs de nome empresarial, possuir uma designao, na qual constar(ao) a(s) palavra(s) grupo ou grupo de sociedades (art. 267, LSA), e somente os grupos organizados como determina a lei podero utilizar esta designao (art. 267, pargrafo nico, LSA).

    O grupo dever ter uma constituio, que dever conter: a designao; indicao das sociedades de comando; prazo, e houve, e condies de extino; rgos e cargos de administrao do grupo; etc. (art. 269).

    Como se v, o grupo dever estabelecer uma administrao, imposta pelo art. 272: a conveno deve definir a estrutura administrativa do grupo de sociedades, podendo criar rgos de deliberao colegiada e cargos de direo-geral. Alm disso, haver o dever de publicar as demonstraes financeiras: grupo de sociedades publicar, alm das demonstraes financeiras referentes a cada uma das companhias que o compem, demonstraes consolidadas, compreendendo todas as sociedades do grupo, elaboradas com observncia do disposto no artigo 250 (art. 275, LSA).

    Como se v, em muito o grupo assemelha-se a uma sociedade empresarial regular, com seus deveres e direitos estabelecidos em Lei. Mas o concursando deve ter em mente que, em nenhuma hiptese, o grupo ter personalidade jurdica.

    Consrcio

    Como foi visto, a criao de grupo societrio est restrita s sociedades controladoras, controladas e coligadas. Mas outras sociedades empresariais tambm podem se unir para empreendimentos comuns. Chama-se isto de consrcio.

    Igualmente, o consrcio no possuir personalidade jurdica (art. 278, 1, LSA), mas dever ser estabelecido conforme manda da Lei. A Lei das S.A. dispe que: as companhias e quaisquer outras sociedades, sob o mesmo

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    controle ou no, podem constituir consrcio para executar determinado empreendimento, observado o disposto neste Captulo (art. 278).

    O captulo sobre consrcios, na Lei das S.A., sinttico e, fora o j comentado supra, determina que a falncia de um consorciado no se estende aos demais (art. 278, 2), alm de dispor sobre sua constituio (art. 279). Esta dever conter:

    Art. 279. O consrcio ser constitudo mediante contrato aprovado pelo rgo da sociedade competente para autorizar a alienao de bens do ativo no circulante, do qual constaro:

    I - a designao do consrcio se houver;

    II - o empreendimento que constitua o objeto do consrcio;

    III - a durao, endereo e foro;

    IV - a definio das obrigaes e responsabilidade de cada sociedade consorciada, e das

    prestaes especficas;

    V - normas sobre recebimento de receitas e partilha de resultados;

    VI - normas sobre administrao do consrcio, contabilizao, representao das sociedades

    consorciadas e taxa de administrao, se houver;

    VII - forma de deliberao sobre assuntos de interesse comum, com o nmero de votos que

    cabe a cada consorciado;

    VIII - contribuio de cada consorciado para as despesas comuns, se houver.

    Pargrafo nico. O contrato de consrcio e suas alteraes sero arquivados no registro do

    comrcio do lugar da sua sede, devendo a certido do arquivamento ser publicada.

    Prezado candidato, conclumos aqui nossos estudos.

    Espero que as aulas apresentadas ao longo deste curso tenham alcanado o objetivo com que as elaboramos, de modo que a compreenso das matrias debatidas tenha fludo da forma tanto mais natural e agradvel quanto seja possvel.

    Neste momento, necessria concentrao e perseverana. Apesar do cansao dos repetidos estudos em torno do extenso elenco de matrias cobradas nos editais, no se pode diminuir o ritmo de aplicao durante uma preparao para concursos.

    Estarei disposio para o esclarecimento de eventuais dvidas no frum ou atravs do email [email protected].

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    Desejo a voc muitas alegrias e felicidades. E que, em breve, possamos nos encontrar, no mais como concurseiro e professor, mas sim como servidores.

    Um grande abrao.

    Antonio Nbrega

    4. Exerccios

    1. (TRT - 21 Regio/RN - 2010 - Juiz) A sociedade annima pode, por deliberao dos acionistas, sofrer modificaes na sua estrutura e configurao societria, transformando o tipo de sociedade, transferindo patrimnio e alterando o corpo acionrio. As mudanas trazem caractersticas prprias. Observando a ordem das assertivas abaixo, indique a alternativa que aponta os institutos jurdicos mencionados.

    I - operao pela qual a companhia transfere parcelas de seu patrimnio para uma ou mais sociedades, extinguindo-se a companhia, se houver verso de todo o seu patrimnio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a verso;

    II - operao pela qual a sociedade passa, independentemente de dissoluo e liquidao, de um tipo para outro;

    III - operao pela qual uma ou mais sociedades so absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigaes;

    IV - operao pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes suceder em todos os direitos e obrigaes.

    a) transformao, ciso, fuso e incorporao;

    b) fuso, ciso, incorporao e transformao;

    c) ciso, incorporao, transformao e fuso;

    d) ciso, transformao, incorporao e fuso;

    e) todas as alternativas esto incorretas.

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    2. (CESGRANRIO - 2010 - Petrobrs - Profissional Jnior Direito) Qual o rgo da sociedade annima de capital aberto que tem competncia para a alienao de bens do ativo no circulante de uma companhia?

    a) Diretoria.

    b) Assembleia Geral.

    c) Conselho Fiscal.

    d) Conselho de Administrao.

    e) Conselho Consultivo.

    3. (PUC-PR - 2011 - TJ-RO Juiz) Acerca das Sociedades Annimas, assinale a nica alternativa CORRETA:

    a) A Assembleia Geral Ordinria (AGO) pode ser realizada vrias vezes no ano e tem competncia para tratar de quaisquer assuntos os do interesse da companhia.

    b) O capital social de uma Sociedade Annima pode ser composto por aes ordinrias e preferenciais. As aes ordinrias sempre do a seu titular o direito de voto. J as preferenciais nunca conferem aos seus titulares o direito de voto, mas sim vantagens de natureza poltica ou econmica em relao s aes ordinrias.

    c) O agente fiducirio o legitimado para a propositura de medidas judiciais em caso de inadimplemento, pela companhia emissora, de debntures emitidas em subscrio pblica por Sociedade Annima de capital aberto.

    d) A competncia para a eleio e destituio dos Diretores, em uma Sociedade Annima de capital aberto, da Assembleia Geral.

    e) O Conselho Fiscal, caso detecte alguma irregularidade nas operaes da Diretoria de uma Sociedade Annima, no tem competncia para convocar Assembleia Geral Extraordinria. Para tanto, precisa fazer pedido formal para que a Diretoria da Companhia convoque uma Assembleia Geral Extraordinria.

    4. (PUC-PR - 2011 - TJ-RO Juiz) Sobre as Sociedades Annimas, assinale nica alternativa CORRETA.

    a) Em uma Companhia com o capital dividido em 1000 aes, sendo 500 ordinrias e 500 preferenciais sem direito a voto, o acionista A detm 251 aes ordinrias e 100 preferenciais, totalizando 351 aes. O acionista B detm 249

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    ordinrias e 400 preferenciais, totalizando 649 aes. Diante disso, correto afirmar que o acionista A o acionista controlador.

    b) Quando uma sociedade annima detm 100% das quotas de uma sociedade limitada, diz-se que esta uma subsidiria integral da primeira.

    c) Os acionistas em Assembleia no podem destituir, sem motivo justificado, os integrantes dos rgos de administrao.

    d) Caso a sociedade A detenha a maioria do capital social da sociedade B, correto dizer que a sociedade B controladora da sociedade A.

    e) No existe previso legal para a constituio, por sociedades annimas e outras sociedades, de consrcio para executar determinado empreendimento.

    5. (CESPE - 2008 - TJ-SE Juiz) O liquidante judicial de determinada empresa, percebendo a existncia de ativo remanescente, aps ter pago todos os credores conhecidos, convocou a assembleia geral, antes de ultimada a liquidao para deliberarem a respeito da destinao do ativo apurado. Com o voto de 90% dos acionistas, a assembleia geral aprovou que a partilha do ativo remanescente seria feita com a atribuio de bens aos scios majoritrios pelo valor contbil. Feito o rateio do ativo remanescente e aprovadas as contas pela maioria de votos da assembleia geral, foi encerrada a liquidao e extinta a referida sociedade, com a publicao da ata de encerramento no dia 30/1/2008.

    A propsito dessa situao hipottica, assinale a opo correta.

    a) Eventuais credores no pagos da referida empresa tero 2 anos para ajuizar ao contra os acionistas e o liquidante, contado o prazo a partir da publicao da ata de encerramento da liquidao da companhia.

    b) No pagamento dos credores conhecidos, o liquidante, respeitados os direitos dos credores preferenciais, dever pagar inicialmente as dvidas vencidas e, depois, as vincendas. Consumados todos os pagamentos, dever o liquidante apurar a existncia de ativo remanescente.

    c) A responsabilidade dos acionistas e liquidantes pelo pagamento do credor no satisfeito pela liquidao limitada ao valor total do ativo remanescente, independentemente da soma individualmente recebida.

    d) O acionista que divergir da deliberao da assembleia geral que aprovar a prestao final das contas da liquidao poder promover a ao que lhe couber no prazo de um ano, a contar da publicao da respectiva ata.

    e) Havendo divergncia em relao partilha do ativo remanescente, aprovada em assembleia geral com o voto de 90% dos acionistas, o acionista dissidente

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    que provar que a partilha se operou em detrimento da parcela que lhe caberia poder ajuizar ao de reparao de danos contra os scios majoritrios, que devero indeniz-lo pelos prejuzos apurados.

    6. (CGU-2008/ESAF, adaptada) A respeito da responsabilidade dos administradores na legislao das sociedades annimas, julgue os seguintes itens.

    I Compete companhia, mediante prvia deliberao do conselho fiscal, a ao de responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuzos causados ao seu patrimnio;

    II Os administradores so solidariamente responsveis pelos prejuzos causados em virtude do no-cumprimento dos deveres impostos por lei para assegurar o funcionamento normal da companhia, ainda que, pelo estatuto, tais deveres no caibam a todos eles;

    III O administrador responde civilmente pelos prejuzos que causar, quando proceder, dentro de suas atribuies ou poderes, com violao da lei ou do estatuto.

    7. (CGU-2008/ESAF, adaptada) Quanto composio dos rgos legais de administrao e fiscalizao das sociedades annimas, julgue as assertivas:

    I O estatuto da companhia poder prever a participao no conselho de administrao de representante dos empregados, escolhido pelo voto destes, em eleio direta, organizada pela empresa, em conjunto com as entidades sindicais que os representem;

    II No podem compor o conselho fiscal membros de rgos de administrao e empregados da companhia ou de sociedade controlada ou do mesmo grupo.

    III O conselho de administrao ser composto por dois ou mais membros, eleitos pela assemblia geral e por ela destituveis a qualquer tempo.

    8. (Auditor INSS 2006/ESAF, adaptada) Julgue as seguintes afirmativas.

    I Nas sociedades annimas, os membros do conselho de administrao necessitam invariavelmente ter domiclio no Brasil;

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    II Nas sociedades annimas, a competncia das assemblias gerais extraordinrias formada por excluso, em relao competncia das assemblias gerais ordinrias;

    III Nas sociedades annimas, para os efeitos legais de responsabilidade, os diretores so considerados administradores e os membros do conselho de administrao responsveis pelo controle social.

    9. (Auditor Ministrio do Trabalho 2003/ESAF, adaptada) Quanto aos administradores das sociedades annimas, julgue os seguintes itens:

    I Os administradores devem exercer suas funes em atendimento ao dever de diligncia;

    II Os administradores podem ser pessoas jurdicas, devendo, neste caso, ser designado um representante residente e domiciliado no Brasil;

    III Os administradores respondem solidariamente pelos atos ou omisses danosos dos demais administradores, tendo ao regressiva contra estes quando forem inocentes.

    10. (Assistente Jurdico AGU 1999/ESAF, adaptada) Sobre o preenchimento dos cargos de administrao diretoria e conselho de administrao , julgue os seguintes itens.

    I Os administradores devem ter formao superior nas reas de atuao respectivas;

    II Os conselheiros podem ser pessoas jurdicas estrangeiras;

    III Os conselheiros no necessitam ser acionistas.

    11. (Juiz, RS 2009, adaptada) No caso de eleio do conselho de administrao de uma sociedade annima em que haja utilizao do processo de voto mltiplo solicitada pelo representante de um grupo de acionistas minoritrio com mais de 10% do capital social votante, julgue as seguintes assertivas.

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    I Se forem cinco conselheiros, dois sero nomeados pelo grupo majoritrio e dois pelo grupo minoritrio e o ltimo ser nomeado pelo presidente da assemblia geral;

    II O grupo minoritrio deve solicitar a instalao do processo de voto mltiplo em, pelo menos, 48 horas antes da assemblia geral;

    III Para obter-se a quantidade de votos de cada grupo na eleio para o conselho de administrao, deve-se multiplicar o nmero de aes de cada grupo pelo nmero de vagas no conselho.

    12. (OAB Unificada 2006.2, adaptada) Com relao s operaes societrias, segundo a Lei n 6.404/1976, julgue os itens abaixo.

    I A operao em que ABC Ltda. une-se ABC S.A. e, ao final do procedimento, subsiste a sociedade ABC S.A. uma incorporao.

    II A transformao de sociedade somente possvel de S.A. para Ltda. e vice-versa.

    III A fuso de sociedades somente pode ocorrer entre pessoas jurdicas organizadas sob a mesma forma societria.

    13. (TRT - 3 Regio/MG Juiz, 2011, adaptada) Leia as afirmativas e julgue se esto corretas ou erradas:

    I Os administradores agem na qualidade de rgos da sociedade annima e todos os atos que praticarem em decorrncia dessa condio so de responsabilidade exclusiva da prpria companhia, pois ela que se fez presente por seus rgos. Em outras palavras, o administrador no pessoalmente responsvel pelas obrigaes que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gesto.

    II O administrador da sociedade annima s responde civilmente pelos prejuzos que causar sociedade annima nos seguintes casos: mesmo agindo dentro de suas atribuies ou poderes, vier a faz-lo com culpa ou dolo; proceder com violao da lei ou do estatuto; agir nos estritos limites da lei ou do estatuto, mas se portar de forma imprudente, negligente ou com impercia, ou ainda com manifesta inteno de causar prejuzo sociedade. Nesses casos, estar ele obrigado a reparar o dano, se veio a causar prejuzo sociedade

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    annima por ter agido contrariamente lei ou ao estatuto, situao em que a existncia de culpa ou dolo presumida.

    III Em princpio, nas sociedades annimas, no existe a responsabilidade solidria dos administradores, ou seja, um administrador no responde pelos atos ilcitos de outro, a no ser que seja conivente, negligente em descobrir estes ilcitos, ou ento que os descubra e no tome nenhuma providncia para impedir sua prtica.

    Gabarito

    Questo 1: D Questo 2: D Questo 3: C

    Questo 4: A Questo 5: E

    Questo 6: I E, II C, III C.

    Questo 7: I C, II C, III E.

    Questo 8: I E, II C, III E.

    Questo 9: I C, II E, III E.

    Questo 10: I E, II E, III C.

    Questo 11: I E, II C, III C.

    Questo 12: I C, II E, III E.

    Questo 13: I C, II C, III C.

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    Comentrios

    1. (TRT - 21 Regio/RN - 2010 - Juiz) A sociedade annima pode, por deliberao dos acionistas, sofrer modificaes na sua estrutura e configurao societria, transformando o tipo de sociedade, transferindo patrimnio e alterando o corpo acionrio. As mudanas trazem caractersticas prprias. Observando a ordem das assertivas abaixo, indique a alternativa que aponta os institutos jurdicos mencionados.

    I - operao pela qual a companhia transfere parcelas de seu patrimnio para uma ou mais sociedades, extinguindo-se a companhia, se houver verso de todo o seu patrimnio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a verso;

    II - operao pela qual a sociedade passa, independentemente de dissoluo e liquidao, de um tipo para outro;

    III - operao pela qual uma ou mais sociedades so absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigaes;

    IV - operao pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes suceder em todos os direitos e obrigaes.

    a) transformao, ciso, fuso e incorporao;

    b) fuso, ciso, incorporao e transformao;

    c) ciso, incorporao, transformao e fuso;

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    d) ciso, transformao, incorporao e fuso;

    e) todas as alternativas esto incorretas.

    Questo 1

    A resposta certa a opo d. O item I descreve o art. 229; o item II, o art. 220; o item III, o art. 227; e o item III, o art. 228; todos, igualmente, da LSA.

    2. (CESGRANRIO - 2010 - Petrobrs - Profissional Jnior Direito) Qual o rgo da sociedade annima de capital aberto que tem competncia para a alienao de bens do ativo no circulante de uma companhia?

    a) Diretoria.

    b) Assembleia Geral.

    c) Conselho Fiscal.

    d) Conselho de Administrao.

    e) Conselho Consultivo.

    Questo 2

    A resposta certa a alternativa d. A soluo encontra-se no art. 142, LSA, que dispe o rol de competncias do Conselho de Administrao:

    I - fixar a orientao geral dos negcios da companhia;

    II - eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes as atribuies, observado o que a respeito dispuser o estatuto;

    III - fiscalizar a gesto dos diretores, examinar, a qualquer tempo, os livros e papis da companhia, solicitar informaes sobre contratos celebrados ou em via de celebrao, e quaisquer outros atos;

    IV - convocar a assembleia geral quando julgar conveniente, ou no caso do artigo 132;

    V - manifestar-se sobre o relatrio da administrao e as contas da diretoria;

    VI - manifestar-se previamente sobre atos ou contratos, quando o estatuto assim o exigir;

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    VII - deliberar, quando autorizado pelo estatuto, sobre a emisso de aes ou de bnus de subscrio;

    VIII autorizar, se o estatuto no dispuser em contrrio, a alienao de bens do ativo no circulante, a constituio de nus reais e a prestao de garantias a obrigaes de terceiros;

    IX - escolher e destituir os auditores independentes, se houver.

    3. (PUC-PR - 2011 - TJ-RO Juiz) Acerca das Sociedades Annimas, assinale a nica alternativa CORRETA:

    a) A Assembleia Geral Ordinria (AGO) pode ser realizada vrias vezes no ano e tem competncia para tratar de quaisquer assuntos os do interesse da companhia.

    b) O capital social de uma Sociedade Annima pode ser composto por aes ordinrias e preferenciais. As aes ordinrias sempre do a seu titular o direito de voto. J as preferenciais nunca conferem aos seus titulares o direito de voto, mas sim vantagens de natureza poltica ou econmica em relao s aes ordinrias.

    c) O agente fiducirio o legitimado para a propositura de medidas judiciais em caso de inadimplemento, pela companhia emissora, de debntures emitidas em subscrio pblica por Sociedade Annima de capital aberto.

    d) A competncia para a eleio e destituio dos Diretores, em uma Sociedade Annima de capital aberto, da Assembleia Geral.

    e) O Conselho Fiscal, caso detecte alguma irregularidade nas operaes da Diretoria de uma Sociedade Annima, no tem competncia para convocar Assembleia Geral Extraordinria. Para tanto, precisa fazer pedido formal para que a Diretoria da Companhia convoque uma Assembleia Geral Extraordinria.

    Questo 3

    A resposta certa, se o prezado candidato lembra da lio sobre debntures, a opo c. O 3 do art. 68, LSA, dispe que o agente fiducirio pode usar de qualquer ao para proteger direitos ou defender interesses dos debenturistas.

    A opo a