barbolandia: a fuga do herdeiro - 1º capítulo

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Leia o 1º capítulo de "Barbolandia: A Fuga do Herdeiro", de Bruno Melo.

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bruno melo

1a edição

Ananindeua, 2012

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Barbolandia: A Fuga do HerdeiroTodos os direitos reservados a Bruno C. M. Rodrigues

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves (fcptn), Belém, pa, Brasil

M528b Melo, Bruno Barbolandia: a fuga do herdeiro / Bruno Melo; ilustrações de Rhodrigo Maia. -- Ananindeua, pa: Barbohouse, 2012. 80 p. : il. ISBN: 978-85-65576-00-0

1. Literatura infantojuvenil. i. Maia, Rhodrigo. ii.Título.

cdd: 028.5

- 2012 -

Todos os direitos desta edição reservados àBarbohouse cnpj: 14286658-0001/16barbohouse.blogspot.comAnanindeua - pa - Brasil

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sua assinatura

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sumárioao leitor

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fuga 15

os três piratas 23

sem rumo nenhum 41

o mordomo ataca novamente 45

a direção certa 51

el toro 55

a grande ideia do sr. day 67

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Provavelmente, você já deve ter ouvido que para um li-vro ser bom não precisa ser extenso ou curto, e sim pre-cisa ser interessante. Você também já deve ter lido inúmeras histórias, ou pode ser que esteja começando agora. Não importa. Você já sabe que quando abre as páginas de um livro ou você terá emoções fortes, ou, quem sabe, nem sofrerá cócegas. Apesar disso, o importante é ler de tudo. Não importa se for revista de moda ou bula de remédio. Nunca pare de ler. Mas, com tantas obras atualmente

ao leitor

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desejando chamar atenção mais pela capa do que pelo conteúdo, ler um livro acaba não sendo tão simples as-sim. Sem falar do livro de um autor paraense. Escrever um livro é complicado. Mas publicá-lo e fazê-lo chegar até você envolve muito mais trabalho. Se você está lendo este texto agora, sinta-se sortudo. A Barbohouse nasceu para levar algumas horas de emoção e encantamento. Sem pretensões. Queremos guiá-lo pelos caminhos da ilha de Barbolandia e mostrar o quanto ela é especial. Nesta primeira edição da série Barbolandia da editora Barbohouse, vamos explicar como os cinco personagens principais se conheceram. Peço também que comparti-lhe a história. Faça grupos de discussão. Uma jornada é mais legal quando fazemos com amigos.

Desejo uma interessante leitura a todos. Vamos começar?

Bruno Melo editor e criador de Barbolandia.

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20 de julho

meu querido augusto day,Então, você finalmente criou algo novo. Como é essa sua ilha? Aconchegante? Soube que você não poupou em despesas luxuosas. Os hotéis habituais que frequento aumentaram vergonhosamente os preços, algo que nem vale o investimento! Posso tentar passar as férias em sua ilha, no próximo verão, se você der mais notícias favoráveis sobre ela, embora eu deteste cruzeiros atlânticos. Eu li algo a respeito de ter neve na ilha, mas com certeza trata-se de um tolo boato, uma vez que se localiza em um trópico (a não ser que você tenha inventado uma máquina que congele até mesmo o sol, algo que seria bem do feitio extravagante de suas empresas). Ainda assim, sei que tudo o que possui a chancela da Dinastia Day é, certamente, bonita e confortável – e surpreendente. Obrigada pelo Convite-Cor-Do-Dia.

Beijos, Sra. Celeste Plumb.

21 de julho

minha adorável sra. plumb,Sim, Barbolandia é um país incrível, inigualável e ímpar. Posso lhe garantir que ninguém até hoje fez acontecer um empreendimento tão ambicioso quanto o meu. E acredito que não iremos ver nada parecido nem daqui a dez anos, até eu criar outra megasurpresa ao mundo, é claro. Meu

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país é muito aconchegante e tenho certeza de que você se sentirá bem aqui. Sugiro você trocar as férias por uma estadia mais prolongada. Quanto à neve, devo lhe assegurar que é de verdade. Barbolandia é exclusiva para pessoas exclusivas como você. E você terá muito do que se orgulhar. Os olhos do mundo estão aqui.

Graciosamente,Sr. Augusto Day

PS: Cruzeiro Atlântico não é a única forma de chegar à ilha. A Day Linhas Aéreas também é uma opção, mais rápida e igualmente segura. Não se esqueça de usufruir de nossos pacotes turísticos!

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A Dinastia Day era uma família muito respeitada ao redor do mundo, dona de uma grande fortuna e de forte influência. Naqueles tempos, porém, ninguém imagina-va que ela passava por uma crise financeira oriunda de negócios mal resolvidos, o que fazia seu prestígio decair lenta e perigosamente. O Sr. Augusto Day, que era um homem muito cheio de ideias, precisava de uma nova luz que pudesse trazer a Dinastia de volta à tona. A esperan-ça de um futuro saudável e lustroso para eles também era confiada em outro membro - seu herdeiro, Ryan Day, que, embora jovem, fora preparado desde criança para o cargo de chefe da Dinastia, e substituiria seu pai Au-gusto assim que necessário. Ryan crescera com cuidados privilegiados e com uma educação muito rígida, focada

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apenas nos interesses da família. Ele obedecia às normas com respeito, mas, no fundo, tinha uma índole que dei-xava a Dinastia preocupada. Eles sabiam que esse garoto era diferente. Quando lhe falavam da importância que tinha, ele parecia ficar distante e à parte disso; sequer de-monstrava algum sinal de que tinha orgulho de ser um Day - o que era um tanto desesperador, porque a Dinas-tia esperava um sucessor mais interessado em manter sua supremacia.

Certa vez, Panfilo Day - avô de Ryan e um grande Day - levou o neto para um passeio em sua mansão e mostrou um longo corredor cuja parede possuía uma se-quência de retratos dos homens que deram continuidade ao nome, indicando suas relevâncias na história. No final do corredor havia três últimos quadros - o de Panfilo, depois o de Augusto e, por fim, um quadro vazio, onde o avô revelou que lá brevemente estaria uma foto de Ryan.

– Os homens que estão nessa parede só estão aqui por-que foram grandes. Fizeram feitos maravilhosos. E espero muito que você esteja aqui, um dia, meu querido neto.

O pai de Ryan não era tão doce quanto o avô. Um dia, zangado pelo filho ter se atrasado para um jantar oficial dos Day para receber um investidor, no fim do evento Augusto deu um tabefe no rosto dele e o criticou severa-mente. “Quer nos humilhar?” ralhara. “Quer que nosso nome seja motivo de chacota?”.

Ryan também tinha outras divergências a respeito da sua família. Ele não gostava da forma como os Day trata-vam os empregados da mansão ou qualquer outro subordi-

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nado. Frequentemente os empregados eram demitidos por alguma causa absurda, como por quebrar uma taça ou por não polir suficientemente os talheres. Apesar disso, Ryan nunca expressava suas opiniões, com medo de ser repri-mido novamente. Ele cedia aos desejos de seus pais para evitar mais conflitos, pois aqueles eram tempos em que a linha que sustentava os Day contra a completa derrota era fina e sensível, e qualquer reserva de tolerância já estava esgotada. Desse jeito, Ryan vinha se sentindo preso e opri-mido por aquela vida de boas maneiras, por mais rica que fosse, e revoltado por ninguém nunca ter perguntado se ao menos ele desejava ser o futuro chefe da Dinastia Day.

Naquela noite quente de julho houve mais um jantar de negócios, onde os principais Day deveriam estar pre-sentes para se acertarem com investidores em potencial. Ryan sabia que sua presença nesses jantares era estraté-gica, porque os Day gostavam de expor seu valioso su-cessor onde quer que fossem. Ryan era empacotado em uma roupa oficial negra e com um bóton da Dinastia na lapela. Quando os convidados o olhavam, Ryan percebia um certo temor nos olhos deles.

Mas Ryan se cansava fácil daquele jogo de mesqui-nharias, pois se sentia um peixe fora d’água. Pouco antes do jantar terminar, ele decidiu pedir desculpas à mesa, dizendo que se sentia mal, e foi para seu quarto. Ele ti-nha certeza de que aquilo renderia um bom sermão so-bre boas condutas, mas, pela primeira vez, ele não ligava. Estava cansado de ter que ser sempre tão complacente. Se ao menos soubessem... Se ao menos imaginassem...

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Foi aí que a ideia surgiu num relance.Como os Day estavam ocupados demais com os con-

vidados, seria tarde demais quando descobrissem que o sucessor deles, por acaso, só por acaso, havia desapareci-do para sempre.

Ryan pegou uma mochila e lotou-a de suprimentos. Roupas, um pouco de comida e dinheiro, tirado do seu cofre particular. O dinheiro devia ser o suficiente para se hospedar em algum hotel. O principal era ir para bem longe dali. Com tudo pronto, ele saiu do quarto e desceu para o hall de entrada. A sala de jantar onde os Day es-tavam ficava bem longe do hall, mas Ryan sabia que não podia simplesmente sair pela porta da frente, pois lá fora havia seguranças aos batalhões. Primeiro, ele desceu as escadas até a área dos serventes. Como não havia nin-guém, pois todos estavam trabalhando para que o jantar saísse perfeito, ele abriu de fininho um dos armários de ferro da sala e tirou um uniforme de faxineiro. Vestiu-o por cima da roupa comum e subiu as escadas novamen-te. Depois, saiu da mansão pela porta dos empregados e seguiu direto para a grade que dava acesso à rua. Antes que conseguisse abrir a grade, entretanto, um guarda, que fazia a ronda ali perto, o interceptou.

– O que o senhor faz aqui?Ryan ficou imóvel. Pensou que havia sido descoberto,

mas então o homem disse: – Você não devia estar na cozinha, limpando a sujeira

do jantar?

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– Fui demitido - respondeu Ryan, sem nem pensar muito. – Quebrei uma taça.

O guarda fez um gesto como se achasse aquilo mui-to compreensível e deixou-o ir embora. Ryan fechou a grade e deu uma olhada analítica na rua escura e vazia da vizinhança. Ele exauriu o ar preso tensamente nos pulmões, relaxando, depois tirou a roupa de faxineiro, jogou-a atrás de uma moita, ajeitou a mochila nas cos-tas e, feliz, correu o mais rápido que pode. Ele não tinha pena de sua família quando ela soubesse o que acontece-ra. Não tinha nenhum sentimento de medo, não sentia remorso, não pensava em nada. Era um momento apenas de agir. Ryan correu decididamente, sem olhar de volta, até que uma esquina trouxe o desapego, a mansão dos Day desapareceu e tudo o que ficou para trás se transfor-mou somente em lembranças.

fuga 21

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