beneficios emociones positivas

Upload: hlop

Post on 09-Jan-2016

215 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Revisión sobre los beneficios de las emociones positivas

TRANSCRIPT

  • Os benefcios das emoes positivas

    The benefits of positive emotions

    Rafaela Luiza Silva SilvestreSecretaria de Estado da Criana do Distrito Federal

    Av. L2 Sul, Quadra 614/615, Lote 104, 70200-740, CREAS, Braslia, DF, Brasil.

    [email protected]

    Luc VandenberghePontifcia Universidade Catlica de Gois

    1 Avenida, 1069, Q. 88, Setor Leste Universitrio, 74605-020, Goinia, GO, Brasil.

    [email protected]

    Resumo. As emoes positivas constituem um campo importante da vivn-cia do dia a dia. Existe uma tradio de pesquisa experimental acerca dos seus efeitos pouco explorada pelos clnicos. Recentemente, emergiram algu-mas referncias a essa tradio para sustentar a posio mais central acor-dada s emoes positivas em novos modelos da psicoterapia. No presente artigo, voltamos para a fonte e revisamos a referida tradio para esclarecer quais so os benefcios das emoes positivas nela evidenciadas. Os traba-lhos revisados mostram que as emoes positivas contribuem de diversas formas para a regulao de emoes; ajudam a desfazer o impacto txico do estresse sobre processos fisiolgicos; ampliam o leque de ao e pensamen-to, e a abertura s experincias; melhoram estratgias de coping; e favorecem a qualidade de relacionamentos. Em longo prazo, esses processos contri-buem para a construo de recursos pessoais e sociais fortes, favorecendo a sade e a resilincia.

    Palavras-chave: emoo positiva, pesquisa sobre emoes, psicologia positiva.

    Abstract. Positive emotions constitute an important aspect of daily life expe-rience. The existing tradition of experimental research about its effects has attracted little attention. However, this research tradition has been referred to more recently in order to sustain the central role new models of psycho-therapy have accorded to positive emotion. The present article turns to this source to review the referred tradition in order to clarify what the benefits of positive emotion are which are documented in it. The studies under review show that positive emotions contribute in several ways to emotion regu-lation; help to undo the toxic effects of stress on physiological processes; broaden action and thought repertoires; deepen openness to experience; sustain coping strategies and enhance the quality of relationships. In the long run these changes contribute to the building of strong personal and social resources, thus promoting health and resilience.

    Key words: positive emotion, emotion research, positive psychology.

    Contextos Clnicos, 6(1):50-57, janeiro-junho 2013 2013 by Unisinos - doi: 10.4013/ctc.2013.61.06

  • 51Contextos Clnicos, vol. 6, n. 1, janeiro-junho 2013

    Rafaela Luiza Silva Silvestre, Luc Vandenberghe

    Tradicionalmente, a psicologia clnica se in-teressou mais pelas emoes negativas do que pelas positivas. No contexto de trabalho com pessoas que enfrentam, s vezes, um sofrimen-to profundo, esse vis faz sentido. Porm, tra-balhos recentes tm chamado a ateno para o papel das emoes positivas no processo psicoteraputico (Fizpatrick e Stalikas, 2008; Dick-Niederhauser, 2009; Hayes et al., 2011; Vandenberghe e Silvestre, 2013). interessante observar que todos se referem a uma base de dados de pesquisa experimental, em parte j antiga. Trata-se de uma tradio de trabalhos experimentais acerca dos benefcios das emo-es positivas que foi iniciada por Alice Isen e continuada sob a liderana intelectual de Bar-bara Frederickson, que at recentemente con-tinuou despercebida ou desconsiderada pelos autores clnicos.

    Os dados provenientes desses experimen-tos so usados como evidncia emprica para sustentar que emoes positivas desempe-nham um papel central no processo teraputi-co. Hayes et al. (2011) apontam, a partir dessa literatura, que o relacionamento teraputico pode ser curativo por promover emoes po-sitivas no cliente, as quais, por sua vez, favore-cem o desenvolvimento de recursos pessoais que ajudaro o cliente a superar seus proble-mas. Fizpatrick e Stalikas (2008) e Dick-Nie-derhauser (2009) discutem dinmicas comuns em diferentes tratamentos psicolgicos, que lembram a espiral positiva descrita acima. Ambos os artigos argumentam, a partir da tradio de pesquisa referida, que o psicotera-peuta precisa promover experincias nos seus clientes que provocam emoes positivas. As vivncias positivas dos clientes na terapia pro-movem novos comportamentos e a construo de novos recursos pessoais, que, por sua vez, conduzem a novas vivncias positivas, e assim por diante. As mudanas comportamentais podem dar origem construo de novas re-des de apoio e a habilidades sociais, que con-tinuam disposio da pessoa muito tempo depois de ter cessado a emoo positiva que promoveu a mudana.

    Vandenberghe e Silvestre (2013) discu-tem como emoes positivas do terapeuta podem influenciar no processo teraputico. Podem promover mais ateno e criativida-de na atuao do terapeuta e contribuir para o desenvolvimento de habilidades clnicas, alm de contribuir para o contedo da sesso. A compreenso do cliente na sua complexi-dade, como tambm o desenvolvimento de

    uma sensao de ns (o terapeuta e o clien-te como uma equipe unida com objetivos e tarefas compartilhados) pode ser promovida pelas emoes positivas que o terapeuta sente no seu trabalho com o cliente. Por outro lado, terapeutas relatam que as vivncias positivas contribuem para o desenvolvimento de novos recursos pessoais e profissionais, incluindo a expanso do repertrio de tcnicas teraputi-cas, melhor regulao das emoes e um me-lhor sentimento de conexo com o cliente.

    O objetivo do presente trabalho de revisar as pesquisas originais sobre emoes positivas para esclarecer os dados empricos que esto sendo usados para justificar o papel central das emoes positivas nos novos modelos de psicoterapia.

    Modelos da emoo

    Os experimentos se encaixam numa cor-rente conhecida como psicologia positiva, dedicada ao estudo emprico do florescer hu-mano (Seligman, 2004), mas em parte a antece-dem. Hoje, a pesquisa sobre emoes positivas incorpora uma rea especfica desta psicologia positiva. Porm, o estudo experimental das emoes antecede psicologia positiva. De acordo com Gross (2008), o modelo tpico nes-sa rea pressupe que uma emoo evocada por uma situao que exige ateno, tem um significado particular para a pessoa e desenca-deia um conjunto de respostas que se encon-tram programadas em redes neurais ou arma-zenadas em esquemas mentais. Sendo assim, a emoo vista como um programa engati-lhado por um evento em que informaes pas-sam por um processamento automtico. Dois exemplos deste modelo tpico so: o modelo neurofisiolgico de Lang e o modelo cogniti-vo de Leventhal. Ambos foram usados ampla-mente durante as ltimas dcadas do sculo XX e so representativos de uma tendncia ge-ral na literatura emprica sobre emoes.

    Os experimentos de Lang (1978) mostra-ram que as emoes so compostas de trs dimenses: (i) respostas fisiolgicas, neuro-hormonais, musculares e outras; (ii) sentidos sustentados pela lngua; e (iii) tendncias de ao. Esses trs so interligados em redes neu-rais que organizam as informaes que cons-tituem cada emoo. Por exemplo, na pessoa que sofreu um assalto no escuro, a percep-o de escurido pode levar a um aumento de tenso muscular, a uma sensao subjeti-va de perigo e a uma preparao para fugir.

  • 52Contextos Clnicos, vol. 6, n. 1, janeiro-junho 2013

    Os benefcios das emoes positivas

    A experincia traumtica fornece conexes en-tre a ativao neural do evento preceptivo em questo e as outras partes da rede.

    Entre cada dupla de elementos fisiolgicos, lingusticos ou motores da rede existe uma probabilidade de que um ser ativado quando o outro o . Uma correlao alta (digamos o valor 1 numa escala de 0 a 1) entre um desses elementos e outro denota que quando um dos dois ativado, ele aciona o outro. H tambm pesos negativos: conexes em que a ativao de um elemento inibe o outro. Em nosso exem-plo, a percepo da escurido pode inibir sen-saes de aconchego ou a tendncia de pegar no sono, que, anteriormente ao trauma, esta-vam ligadas ao escuro. Os pesos das conexes entre os elementos da resposta emocional po-dem ser modificados quando a pessoa passa por uma vivncia suficientemente intensa que permite a integrao de novas informaes rede neural (Lang, 1978).

    No modelo de Leventhal (1982), um esque-ma emocional uma estrutura da memria que organiza e guia o processamento de novas informaes e a recuperao das informaes j armazenadas durante vivncias anteriores. Contm trs diferentes nveis de processa-mento de informao. So eles: (i) imagens e sequncias que fizeram parte de vivncias de uma emoo; (ii) comportamentos expressivos e padres de resposta autnomos que carac-terizam essa emoo; e (iii) regras conceituais e proposies sobre como se deve reagir nas situaes que evocam essa emoo. A vivncia de uma emoo entendida como o efeito da ativao de tal esquema por informao subje-tivamente relevante em funo das necessida-des, dos objetivos e das suposies da pessoa.

    Gross (2008) critica o modelo tpico (tan-to na sua verso neurofisiolgica, quanto na cognitiva) por apresentar a emoo como um processo retilneo e mecnico. Ele afirma que a vivncia emocional muito mais flexvel e su-jeita intencionalidade. Envolve sistemas de resposta coordenados e maleveis. A pessoa que est sentindo a emoo no passiva. Ela direciona e maneja a emoo atravs de cinco famlias de regulao emocional: (i) seleo da situao: a pessoa procura entrar em situaes (e evitar outras) que forneam certa emoo; (ii) modificao da situao: o indivduo muda a situao que evoca a emoo; (iii) distribui-o estratgica da ateno: consiste em mudar o foco para alterar o impacto emocional da si-tuao; (iv) mudana cognitiva: elaborar o sig-nificado da situao de modo que a vivncia

    emocional seja alterada; e (v) modulao da resposta: o indivduo reage de maneira dife-rente a uma emoo, resultando em uma vi-vncia diferente.

    As estratgias de regulao descritas por Gross deixam a emoo como algo interativo e moldvel. A reviso abaixo mostra que as pes-quisas sobre o efeito das emoes positivas se encaixam nessa nova viso ao explorar como estas interagem com comportamentos sociais, ateno e cognio, e como influenciam as emoes negativas.

    Emoo e ao

    H um consenso entre os pesquisadores deste assunto (Gross, 2008; Lang, 1978; Le-venthal, 1982) de que cada emoo inclui uma tendncia ao. Exemplos: fugir da situao est relacionado a medo, e atacar, ira. Ansie-dade envolve esquiva, e tristeza, recolhimento. Sendo assim, essas tendncias so adaptativas. As emoes negativas restringem o leque de disposies e ideias, favorecendo especifica-mente as aes que se encaixam no contexto da emoo: fugir, atacar, esquivar-se ou recolher-se. Num dado momento, essa restrio pode ser benfica, mas pode se tornar demasiada-mente presente na vida da pessoa. Alm dis-so, emoes negativas tm efeitos chamados de txicos. Envolvem processos hormonais e cardiovasculares ou outras respostas corpo-rais que sustentam o comportamento espec-fico ligado emoo. Quando certa emoo se torna frequente ou intensa demais na vida de uma pessoa, essas cadeias de respostas fisio-lgicas podem prejudicar a sade. Trabalhos que mostram a influncia de emoes negati-vas frequentes e intensas no desenvolvimento de quadros de dor crnica, doenas cardacas e outras patologias foram resumidos por Mel-zak (1997) e Gross (2008).

    Frederickson (1998) tentou identificar as tendncias de ao de cada emoo positiva. A autora apontou que o interesse promove explorao e envolvimento. O contentamento inclui uma tendncia para integrar vivncias. O amor amplia os repertrios de curtir e inte-ragir. A alegria inclui a tendncia de participar em atividades fsicas, sociais ou intelectuais. Percebemos que as tendncias de ao ligadas a cada emoo positiva so amplas e difusas, enquanto as ligadas s emoes negativas so especficas. A falta de especificidade dos efei-tos pode ofuscar as funes adaptativas que as emoes positivas possuem. Nossa reviso

  • 53Contextos Clnicos, vol. 6, n. 1, janeiro-junho 2013

    Rafaela Luiza Silva Silvestre, Luc Vandenberghe

    da literatura inicia-se neste ponto: com o pro-grama experimental que pretende identificar as tendncias de ao promovidas pelas emo-es positivas, que comeou com o trabalho de Isen, antes de a disciplina da psicologia positi-va nascer formalmente.

    Efeitos passageiros de emoes positivas

    Num dos seus trabalhos clssicos, Isen (1970) relata trs experimentos que investiga-ram o efeito das emoes numa situao social. Em cada experimento, os participantes execu-taram uma srie de tarefas, e, ao final, foram divididos em trs grupos. Os dois grupos ex-perimentais foram informados de que tinham tido sucesso ou haviam fracassado. Participan-tes do grupo de controle fizeram as mesmas ta-refas, mas no receberam nenhum comentrio sobre seus desempenhos. No primeiro expe-rimento, entrou um segundo experimentador que solicitou uma contribuio para a carida-de. Nos outros experimentos, os participantes foram confrontados com situaes em que uma pessoa parecia precisar de ajuda. Os partici-pantes do grupo que foi comunicado que teve sucesso contriburam com mais dinheiro para a caridade e foram mais prestativos para um es-tranho. Os participantes do grupo de fracasso e do grupo de controle se recordaram menos do que aconteceu na presena da pessoa apa-rentemente necessitada do que os que tiveram sucesso. Isso sugere que a emoo positiva afe-ta no s a tendncia para ajudar outra pessoa, mas tambm um desempenho cognitivo como prestar ateno ao ambiente. Isen (1970) chama este fenmeno de warmglow.

    Em outro artigo, Isen e Levin (1972) rela-tam dois experimentos sobre a tendncia para ajudar. Uma sensao de bem-estar foi evoca-da numa situao de recebimento de biscoitos distribudos numa biblioteca e numa situao de ter encontrado uma ficha telefnica no re-torno de fichas de um telefone pblico. Os participantes do grupo de controle que no re-ceberam biscoito nem a ficha ajudaram menos um estudante que pediu ajuda (no estudo I) e tomaram menos a iniciativa de ajudar espon-taneamente uma pessoa que tinha deixado cair papis. Esses resultados forneceram suporte adicional para a noo de que a sensao de bem-estar torna a pessoa mais prestativa.

    Um experimento posterior indicou que o decurso de tempo do warmglow limitado (Isen et al., 1976). Um experimentador entre-

    gou pequenos presentes de porta em porta. Em seguida, depois de intervalos diferentes, cada sujeito tinha a oportunidade de ajudar algum que batia sua porta. As pessoas que tinham recebido o pacote ajudaram mais do que as que no o receberam. O efeito diminuiu gradualmente no decorrer do tempo e, 20 mi-nutos aps a recepo do pacote, o grupo ex-perimental agiu do mesmo modo do grupo de controle.

    Uma sequncia de experimentos posterio-res mostrou que a vivncia de emoes posi-tivas leva a um desempenho cognitivo mais flexvel (Isen e Daubman, 1984), mais criativo (Isen et al., 1987), com mais integrao e inclu-so de novas informaes (Isen e Daubman, 1984; Isen et al., 1991). Emoes positivas tam-bm promovem a abertura para novas infor-maes que no so congruentes com as ideias que a pessoa j tinha e para o feedback negativo sobre o prprio desempenho (Estrada et al., 1997). Alguns desses resultados foram obtidos no estudo do processo diagnstico mdico, um processo de deciso com consequncias importantes.

    Estudantes de medicina, num estado afeti-vo positivo induzido por sucesso numa tare-fa anterior, chegaram a decises diagnsticas mais aprofundadas do que colegas que no tinham sido informados sobre o sucesso na ta-refa anterior. Eles tambm iam alm da tarefa, considerando outros problemas diagnsticos do caso apresentado, mostrando, no processo, mais pensamento complexo e menos evidn-cia de confuso (Isen et al., 1991). Num estudo similar, mdicos internistas em quem foi indu-zido afeto positivo geraram a hiptese correta significativamente mais rpido do que outros e mostraram mais raciocnio flexvel no pro-cesso, com menos distoro de evidncia con-trria sua hiptese e mais capacidade de con-siderar para alternativas (Estrada et al., 1997).

    Fora de settings experimentais, as emoes positivas ajudam a lidar melhor com situaes difceis. Durante fases estressantes da vida, comum as pessoas procurarem apreciar os as-pectos positivos do dia a dia, ou se sentirem po-sitivamente desafiadas pelo problema pelo qual esto passando. Muitas vezes, elas reavaliam ou reenquadram uma situao negativa em uma perspectiva positiva. Em outros casos, criam uma situao positiva ou encaram um evento comum como positivo para compensar as emo-es negativas de um evento estressante (Folk-man e Moskowitz, 2000). Observa-se que essas estratgias deixam a pessoa mais resiliente; em

  • 54Contextos Clnicos, vol. 6, n. 1, janeiro-junho 2013

    Os benefcios das emoes positivas

    outras palavras, capaz de superar o impacto das adversidades. Nos seguintes pargrafos, resumiremos algumas pesquisas de laboratrio em que se tentou identificar como essas estrat-gias do cotidiano podem ser entendidas.

    Frederickson e Levenson (1998) investi-garam este uso de emoes positivas experi-mentalmente. Participantes dos experimentos assistiram a imagens que induziram ao medo, o que foi corroborado pelo relato deles e pela constatao de uma ativao cardiovascular intensa. Depois, foram dispostos aleatoria-mente em quatro grupos para assistir a um de quatro filmes que evocavam: contentamento, diverso, tristeza e um era neutro. Compa-rando os grupos, pde-se notar que os que viram os filmes positivos apresentaram uma retomada significativamente mais rpida dos nveis prvios de atividade cardiovascular. No segundo estudo, os participantes foram expos-tos a um filme eliciador de tristeza. A maio-ria deles sorriu espontaneamente, pelo menos uma vez, enquanto assistia a esse filme. Quem sorriu apresentou recuperao mais rpida dos nveis prvios de ativao fisiolgica. Es-ses resultados apontam que emoes positivas combatem efeitos txicos de emoes negati-vas ao restaurar o equilbrio do organismo.

    Frederickson et al. (2000) verificaram que esse efeito resultado da positividade e no da eliminao do estressor. Primeiro, obtive-ram, por induo de ansiedade, uma resposta cardiovascular de estresse. Em seguida, uma parte dos participantes assistiu a filmes que suscitaram emoes brandas de contentamen-to, divertimento, ou tristeza; e outra parte, a um filme emocionalmente neutro. Outros participantes receberam, depois da induo da resposta de estresse, instrues para rela-xar e esvaziar a mente de todos os pensamen-tos, sentimentos e memrias. A induo das emoes positivas brandas acelerou o retorno para o estado fisiolgico de repouso, enquan-to o relaxamento e os filmes neutro ou triste no tiveram esse efeito. Posteriormente, os participantes que viram os filmes que evoca-ram emoes positivas mostraram capacidade de ateno significativamente ampliada num teste de processamento de informao visual. Esse efeito foi confirmado numa replicao por Frederickson e Branigan (2005).

    Emoes positivas ajudam a pessoa a dar um passo atrs e a considerar os problemas em diferentes perspectivas (Frederickson e Brani-gan, 2005). Elas podem, com mais facilidade, ver o contexto maior. Assim podem visualizar

    mais possibilidades, o que aumenta a tendn-cia de construo abstrata (por exemplo, fo-cando o aspecto por que de um ato, em vez do aspecto mais concreto como). Tambm ajuda a investir a pr em prtica objetivos que a pessoa construiu numa forma abstrata (La-broo e Patrick, 2009).

    Tugade e Frederickson (2004) detectaram que pessoas psicologicamente resilientes no dia a dia, quando participam de tarefas estres-santes no laboratrio, usam emoes positivas, para regular as negativas. E essa estratgia se mostra muitas vezes eficaz. Essas pessoas se recuperam mais rapidamente dos efeitos fisio-lgicos do estresse do que as pessoas menos resilientes. Pessoas resilientes usam essa estra-tgia espontaneamente no seu cotidiano. Mui-tas vezes, reavaliam positivamente situaes de estresse. Fazem essa reavaliao esponta-neamente. Mas a estratgia pode tambm ser aprendida por pessoas menos resilientes, que, desta forma, tambm conseguem acelerar a re-cuperao do equilbrio fisiolgico depois da vivncia estressante.

    A consolidao dos efeitos em longo prazo

    De acordo com pesquisas de Frederickson (2001), as emoes positivas promovem o en-gajamento em atividades com outras pessoas, a explorao de novos assuntos e aprofun-dam relaes interpessoais. Assim, a pessoa acumula novas aprendizagens e constri re-des sociais. Estes recursos ajudaro a superar momentos difceis e a crescer no futuro. Desse modo, as emoes positivas contribuem para a construo da resilincia. Em um estudo longitudinal, contedos de contentamento, felicidade, interesse, amor e esperana foram identificados em antigas autobiografias escri-tas por 180 freiras quando tinham em torno de 22 anos. As freiras que manifestaram mais emoes positivas viveram, em mdia, 10 anos a mais do que as outras (Danner et al., 2001). Frederickson (2003) explica o ganho em expec-tativa de vida, como resultado das emoes positivas, as quais podem reduzir os danos fi-siolgicos causados pela experincia de estres-se e pelas emoes negativas.

    Num estudo com estudantes universitrios que dividiam um apartamento numa repbli-ca com colegas que no conheciam antes, Wau-gh e Frederickson (2006) monitoraram a frequ-ncia de emoes durante a primeira semana da convivncia. Um ms depois, os estudantes

  • 55Contextos Clnicos, vol. 6, n. 1, janeiro-junho 2013

    Rafaela Luiza Silva Silvestre, Luc Vandenberghe

    que tinham apresentado uma razo maior de emoes positivas versus emoes negativas mostraram nveis crescentes de incluso do outro na sua percepo de si e da complexi-dade da compreenso que tiveram do colega de apartamento. Descreveram a si mesmos em termos de ns e descreveram os traos do cole-ga de forma no estereotipada e com ateno para circunstncias contextuais.

    Num outro estudo, as emoes positivas dos participantes foram monitoradas diaria-mente e relacionadas com medidas de resilin-cia e satisfao com a vida, antes e depois de um ms. Os resultados mostram que vivncias positivas aumentam o grau de resilincia. Es-sas, por sua vez, funcionam como mediadoras de mudanas na satisfao com a vida (Cohn et al., 2009). Para verificar se a induo inten-cional de emoes positivas tem efeitos simila-res, Frederickson et al. (2008) orientaram pes-soas durante nove semanas na prtica diria de uma tcnica de meditao voltada para o sentimento de compaixo. Comparado com o grupo de controle que no meditava, os me-ditantes mostraram mais vivncias dirias de emoes positivas. Esse aumento em frequn-cia levou a um crescimento em recursos pes-soais consolidados, incluindo maior grau de mindfulness e percepo de apoio social. Esses, por sua vez, eram preditivos de maior satisfa-o com a vida.

    Cohn e Fredrickson (2010) verificaram que aps um treino de meditao focada em com-paixo, os participantes manifestaram ganhos em resilincia psicolgica, suporte social, habi-lidades, entre outros. Mantinham estes recur-sos pessoais adquiridos em longo prazo, inclu-sive nos que no continuaram meditando. Um tero dos participantes continuou a praticar e estes relataram mais emoes positivas do que aqueles que haviam parado.

    A consolidao das mudanas em longo prazo considerada o efeito de um movimen-to em espiral. Frederickson (2001) cogita que as emoes positivas ajudam indivduos a entrar em espirais positivos, envolvendo rela-es causais recprocas entre as emoes posi-tivas de um lado e a ampliao de repertrios do outro. A melhora dos recursos da ateno e da cognio facilita o coping. Esse leva a mais vivncias positivas no futuro. Como resumido acima, o elo emoes positivas melhoram os recursos pessoais e sociais conta com apoio emprico. Porm, o outro elo melhores recur-sos promovem emoes positivas tambm foi investigado.

    Num estudo utilizando questionrios para medir afetos positivos, coping, confiana inter-pessoal e apoio social, os resultados mostra-ram que afetos positivos aumentam as respos-tas de coping e de confiana interpessoal. Tanto o coping quanto a confiana interpessoal au-mentam o afeto positivo. Afeto positivo e per-cepo de suporte social no influenciam um ao outro. J o afeto negativo diminui a satisfa-o com suporte social. Confiana interpessoal e satisfao com o suporte social diminuem o afeto negativo (Burns et al., 2008).

    Existem outros dados que podem cor-roborar a natureza recproca da influncia. Consideramos dois exemplos: um estudo de Srivastava et al. (2006), e outro de Frederick-son e Joiner (2002). O primeiro um estudo longitudinal em que otimistas perceberam maior apoio social dos seus cnjuges do que pessimistas. Tanto os otimistas quanto seus parceiros acharam que o outro, no relaciona-mento, se conduziu mais positivamente numa situao de conflito e, em retrospectiva, ava-liaram os conflitos como mais bem resolvidos. O estudo de Frederickson e Joiner (2002) mos-trou que afetos positivos aumentam formas mais criativas de coping e vice-versa. Formas de coping pouco criativo no aumentam afetos positivos.

    Discusso

    As pesquisas revisadas no traam um novo modelo que poderia substituir os modelos exis-tentes das emoes. Porm, apoiam a viso que conceitua as emoes como processos dinmi-cos e maleveis. Os cinco nveis de regulao emocional de Gross (2008) podem ser identifi-cados na pesquisa sobre emoes positivas. E a psicologia clnica deve levar em conta esse achado. Os terapeutas podem ajudar clientes a aprenderem a regular suas emoes. E isso pode ser uma contribuio importante tanto para o tratamento de transtornos de humor quanto para outros problemas psicolgicos.

    Nos experimentos de Frederickson e Isen, usam-se situaes especficas para evocar emoes positivas. Essa estratgia se encaixa nos primeiros dois nveis da regulao emo-cional: a seleo e a modificao da situao. O terceiro nvel, a distribuio estratgica da ateno, estudado nos trabalhos que envol-vem meditao e mindfulness. O quarto nvel, o de coping cognitivo, aparece no uso de emo-es positivas para lidar com situaes estres-santes. Por fim, a modulao da resposta faz

  • 56Contextos Clnicos, vol. 6, n. 1, janeiro-junho 2013

    Os benefcios das emoes positivas

    parte da espiral positiva descrita por Frederi-ckson. Nesse nvel, a pessoa age de formas no-vas e criativas e, assim, obtm resultados que mudam sua vivncia emocional.

    Os trabalhos revisados desvelam mltiplos papis da emoo positiva. Propomos dividir esses papis em quatro categorias: (i) so ins-trumentais na regulao emocional nos cinco nveis do modelo de Gross; (ii) ajudam a pes-soa recuperar-se do estresse, porque desfazem os efeitos txicos das emoes negativas; (iii) ampliam temporariamente o pensamento e as tendncias de ao e, desta forma, (iv) facili-tam a construo de recursos psicolgicos ao longo da vida.

    A primeira categoria pode ser relevante na promoo da sade mental. O manejo de emo-es negativas pode ter um papel importante na preveno de recada depois de uma de-presso (Segal et al., 2002). A segunda catego-ria pode ter maior relevncia na promoo da sade fsica. Por desfazerem os efeitos nocivos do estresse, as emoes positivas contribuem, em longo prazo, para a sade. Uma pesqui-sa aplicada pode verificar se a promoo de experincias positivas pode ter um papel em programas que pretendem favorecer a resili-ncia em grupos de risco a recidivas cardio-vasculares ou a outros problemas de sade.

    Enquanto Isen identificou que vivncias po-sitivas aumentam temporariamente a ateno e a tendncia para ajudar outros, Frederickson explorou a ponte entre os efeitos que resumi-mos na terceira categoria e os que cabem na quarta. Os efeitos, em si efmeros, das emoes positivas direcionam a novas experincias en-riquecedoras. E estas novas vivncias, por sua vez, ajudam a iniciar novos relacionamentos e aprendizagens. Estas facilitam a construo de redes sociais, conhecimentos e habilidades que ajudaro a superar contratempos futuros. As novas experincias levam construo de recursos pessoais e sociais valiosos.

    Assim, um leque de possibilidades de pes-quisa e aplicao na preveno em sade, na psicoterapia e na assistncia social pode ser co-gitado. A noo da espiral entre coping criativo e emoes positivas parece promissora neste ponto. possvel que esses processos atuem de forma no percebida na psicologia clnica e expliquem mudanas duradoras que ocorrem em psicoterapia (Fizpatrick e Stalikas, 2008; Dick-Niederhauser, 2009; Hayes et al., 2011; Vandenberghe e Silvestre, 2013).

    Apesar de ter sido encontrada, nesta revi-so de literatura, fundamentao para o uso

    abrangente do modelo de emoes positivas na clnica, preciso atentar para as limitaes. necessrio ainda estudar e considerar mais os efeitos negativos das emoes positivas. Em certos contextos podem prejudicar o pro-cesso teraputico, encaminhar recados proble-mticos no relacionamento terapeuta-cliente e dificultar o trabalho na sesso (Vandenber-ghe e Silvestre, 2013). As pesquisas empricas s quais as aplicaes do modelo de emoes positivas se referem concentram-se muito nos benefcios de emoo positiva. Para um uso ponderado deste modelo na clnica, necess-rio aprofundar mais a pesquisa sobre as des-vantagens das emoes positivas.

    Referncias

    BURNS, A.B.; BROWN, J.S.; SACHS-ERICSSON, N.; PLANT, E.A.; CURTIS, J.T.; FREDRICKSON, B.L.; JOINER, T.E. 2008. Upward spirals of posi-Upward spirals of posi-tive emotion and coping: Replication, exten-sion, and initial exploration of neurochemical substrates. Personality and Individual Differences, 44:360-370. http://dx.doi.org/10.1016/j.paid.2007.08.015

    COHN, M.A.; FREDERICKSON, B.L.; BROWN, S.L.; MIKELS, J.A.; CONWAY, A.M. 2009. Happiness unpacked: Positive emotions increase life satis-faction by building resilience. Emotion, 9:361-368. http://dx.doi.org/10.1037/a0015952

    COHN, M.A.; FREDERICKSON, B.L. 2010. In search of durable positive psychology interventions: Predictors and consequences of long-term posi-tive behavior change. The Journal of Positive Psy-chology, 5:355-366. http://dx.doi.org/10.1080/17439760.2010.508883

    DANNER, D.D.; SNOWDON, D.A.; FRIESEN, W.V. 2001. Positive emotions in early life and longev-ity: findings from the nun study. Journal of Per-sonality and Social Psychology, 80:804-813. http://dx.doi.org/10.1037/0022-3514.80.5.804

    DICK-NIEDERHAUSER, A. 2009. Therapeutic change and the experience of joy: Toward a theory of curative processes. Journal of Psycho-therapy Integration, 19:187-211. http://dx.doi.org/10.1037/a0016020

    ESTRADA, C.A.; ISEN, A.M.; YOUNG, M.J. 1997. Positive affect facilitates integration of infor-mation and decreases anchoring in reasoning among physicians. Organizational behavior and human decision processes, 72:117-135. http://dx.doi.org/10.1006/obhd.1997.2734

    FIZPATRICK, M.R.; STALIKAS, A. 2008. Positive emotions as generators of therapeutic change. Journal of Psychotherapy Integration, 18:137-154.http://dx.doi.org/10.1037/1053-0479.18.2.137

    FOLKMAN, S.; MOSKOWITZ, J.T. 2000. Positive affect and the other side of coping. American Psychologist, 55:647-654. http://dx.doi.org/10.1037/0003-066X.55.6.647

  • 57Contextos Clnicos, vol. 6, n. 1, janeiro-junho 2013

    Rafaela Luiza Silva Silvestre, Luc Vandenberghe

    FREDERICKSON, B.L. 1998. What good are posi-tive emotions? Review of General Psychology, 2:300-319. http://dx.doi.org/10.1037/1089-2680.2.3.300

    FREDERICKSON, B.L. 2001. The role of positive emotions in positive psychology. The broaden-and-build theory of positive emotions. American Psychologist, 56:218-226. http://dx.doi.org/10.1037/0003-066X.56.3.218

    FREDERICKSON, B.L. 2003. The value of positive emotions - The emerging science of positive psychology is coming to understand why its good to feel good. American Scientist, 91:330-335.

    FREDERICKSON, B.L.; BRANIGAN, C. 2005. Posi-tive emotions broaden the scope of attention and thought-action repertoires. Cognition and emotion, 19:313-332. http://dx.doi.org/10.1080/02699930441000238

    FREDERICKSON, B.L.; COHN, M.A.; COFFEY, K C.; PEK, J.; FINKEL, S.M. 2008. Open hearts build lives: Positive emotions, induced through loving-kindness meditation, build consequen-tial personal resources. Journal of personality and social psychology, 95:1045-1062. http://dx.doi.org/10.1037/a0013262

    FREDRICKSON, B.L.; JOINER, T. 2002. Positive emo-tions trigger upward spirals toward emotional well-being. Psychological Science, 13:172-175.

    FREDERICKSON, B.L.; LEVENSON, R.W. 1998. Positive emotions speed recovery from the car-diovascular sequelae of negative emotions. Cog-nition and emotion, 12:191-220. http://dx.doi.org/10.1080/026999398379718

    FREDERICKSON, B.L.; MANCUSO, R.A.; BRA-NIGAN, C.; TUGADE, M.M. 2000. The undoing effect of positive emotions. Motivation and Emo-tion, 24:1-22. http://dx.doi.org/10.1023/A:1005520224700

    GROSS, J.J. 2008. Emotion regulation. In: M. LEW-IS; J.M. HAVILAND-JONES; L.F. BARRETT (orgs.), Handbook of emotions. New York, Guil-ford, p. 497-512.

    HAYES, S.C.; VILLATTE, M.; LEVIN, M.; HILDEB-RANDT, M. 2011. Open, aware and active: Con-textual approaches as an emerging trend in the behavioral and cognitive therapies. Annual Re-view of Clinical Psychology, 7:141-168. http://dx.doi.org/10.1146/annurev-clinpsy-032210-104449

    ISEN, A.M. 1970. Success, failure, attention, and re-action to others: The warm glow of success. Jour-nal of Personality and Social Psychology, 15:294-301. http://dx.doi.org/10.1037/h0029610

    ISEN, A.M.; DAUBMAN, K. A. 1984. The influence of affect on categorization. Journal of personality and social psychology, 47:1206-1217.http://dx.doi.org/10.1037/0022-3514.47.6.1206

    ISEN, A.M.; DAUBMAN, K.A.; NOWICKI, G.P. 1987. Positive affect facilitates creative problem solving. Journal of personality and social psycho-logy, 52:1122-1131. http://dx.doi.org/10.1037/0022-3514.52.6.1122

    ISEN, A.M.; LEVIN, P. 1972. Effect of feeling good on helping: cookies and kindness. Journal of Per-sonality and Social Psychology, 21:384-388.

    http://dx.doi.org/10.1037/h0032317ISEN, A.M.; ROSENZWEIG, A.S.; YOUNG, M.J.

    1991. The influence of positive affect on clini-cal problem solving. Medical Decision Making, 11:221-227. http://dx.doi.org/10.1177/0272989X9101100313

    ISEN, A.M.; SCHWARTZ, M.F.; CLARK, M. 1976. Duration of the effect of good mood on helping: Footprints on the sands of time. Journal of Per-sonality and Social Psychology, 34:385-393. http://dx.doi.org/10.1037/0022-3514.34.3.385

    LABROO, A.A.; PATRICK, V.M. 2009. Psychological distancing: Why happiness helps you see the big picture. Journal of Consumer Research, 35:800-809.http://dx.doi.org/10.1086/593683

    LANG, P.J. 1978. Anxiety: towards a psychobiologi-cal definition. In: H.S. AKISKAL; W.L. WEBB (orgs.), Psychiatric diagnosis: Exploration of bio-logical criteria. New York, Spectrum, p. 265-389.

    LEVENTHAL, H. 1982. The integration of emo-tion and cognition. In: M.S. CLARK.; T.S. FISKE (orgs.), Affect and Cognition. Hillsdale, Erlbaum, p. 253-276.

    MELZAK, R. 1997. Pain and stress: Clues toward understanding chronic pain. In: M. SABOURIN; F. CRAIK; M. ROBERT (orgs.), Advances in psychological science. Hove, Psychology Press, p. 89-106

    SEGAL, Z.V.; WILLIAMS, J.M.G.; TEASDALE, J.D. 2002. Mindfulness based cognitive therapy of depres-sion. New York, Guilford. 324 p.

    SELIGMAN, M.E. 2004. Felicidade autntica. Rio de Janeiro, Objetiva, 333 p.

    SRIVASTAVA, S.; MCGONIGAL, K.M.; RICHAR-DS, J.M.; BUTLER, E.A.; GROSS, J.J. 2006. Opti-Opti-mism in close relationships: How seeing things in a positive light makes them so. Journal of Per-sonality and Social Psychology, 91:143-53. http://dx.doi.org/10.1037/0022-3514.91.1.143

    TUGATE, M.M.; FREDERICKSON, B.L. 2004. Re-silient individuals use positive emotions to bounce back from negative emotional experi-ences. Journal of Personality and Social Psychology, 86:320-333. http://dx.doi.org/10.1037/0022-3514.86.2.320

    VANDENBERGHE, L.; SILVESTRE, R.L.S. 2013.Therapists positive emotions in-session: Why they happen and what they are good for. Coun-selling and Psychotherapy Research, 13:257-266. http://dx.doi.org/10.1080/14733145.2013.790455

    WAUGH, C.E.; FREDERICKSON, B.L. 2006. Nice to know you: Positive emotions, self-other over-lap, and complex understanding in the forma-tion of a new relationship. The Journal of Positive Psychology, 1:93-106. http://dx.doi.org/10.1080/17439760500510569

    Recebido: 15/02/2013Aceito: 18/03/2013