big bang, o comeÇo de tudo. desde os primórdios da civilização, o homem não se satisfaz em...

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1 BIG BANG, O COMEÇO DE TUDO. Desde os primórdios da civilização, o homem não se satisfaz em observar os eventos isolados e sem explicação, necessita de uma compreensão da ordem subjacente do mundo. Ainda hoje ansiamos por saber por que estamos aqui e de onde viemos. Acreditamos que fomos feitos da matéria estelar. A nossa relação atômica e molecular com o resto do Universo é uma ligação real e realista. O século XX é o tempo em que se concretizaram os sonhos mais antigos do homem, em que a humanidade ga- nhou asas e tornou realidade as aspirações de Dédalo, Ícaro, da Vinci e de Santos Dumont. Respirando ar, homens a bordo de aviões supersônicos, como o Tupolev Tu -144, russo, o mais rápido avião de passageiros, levando 126 pes- soas, atingiu a velocidade de 2.587 km por hora, realizou a circunavegação do nosso planeta, em dezembro de 1988, em tempo recorde. Em outubro de 1992, o primeiro serviço de passa- geiros transatlântico, supersônico, era efetuado pela fantás- tica máquina, o Concorde da Air France, que deslizando acima da atmosfera, transportava 128 passageiros, voando a 2.300 km por hora, fazia a volta ao globo em 32 horas e 49 minutos. Retirado do mercado em 2003, por ser considera- do antieconômico. Mas o maior avião de passageiros do mundo é o Boeing 747- 400 dos EUA, que comporta 567 passageiros e voa a uma velocidade de 1.030 km por hora. O inicio do século XXI nós trouxe mais uma novidade em aviação comercial, o gigantesco Super Jumbo A-380, dos EUA, de dois andares, pode levar até 525 passageiros. Foi nos finais do século XVIII, que o grande geó- logo escocês James Hutton resumiu em poucas palavras a vastidão e a imensidão de tempo em que a Terra, o Sol, o Sistema Solar, as galáxias e o Universo se desenvolveram.

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BIG BANG, O COMEÇO DE TUDO.

Desde os primórdios da civilização, o homem não se

satisfaz em observar os eventos isolados e sem explicação,

necessita de uma compreensão da ordem subjacente do

mundo. Ainda hoje ansiamos por saber por que estamos

aqui e de onde viemos. Acreditamos que fomos feitos da

matéria estelar. A nossa relação atômica e molecular com o

resto do Universo é uma ligação real e realista.

O século XX é o tempo em que se concretizaram os

sonhos mais antigos do homem, em que a humanidade ga-

nhou asas e tornou realidade as aspirações de Dédalo, Ícaro,

da Vinci e de Santos Dumont. Respirando ar, homens a

bordo de aviões supersônicos, como o Tupolev Tu -144,

russo, o mais rápido avião de passageiros, levando 126 pes-

soas, atingiu a velocidade de 2.587 km por hora, realizou a

circunavegação do nosso planeta, em dezembro de 1988,

em tempo recorde.

Em outubro de 1992, o primeiro serviço de passa-

geiros transatlântico, supersônico, era efetuado pela fantás-

tica máquina, o Concorde da Air France, que deslizando

acima da atmosfera, transportava 128 passageiros, voando a

2.300 km por hora, fazia a volta ao globo em 32 horas e 49

minutos. Retirado do mercado em 2003, por ser considera-

do antieconômico. Mas o maior avião de passageiros do

mundo é o Boeing 747- 400 dos EUA, que comporta 567

passageiros e voa a uma velocidade de 1.030 km por hora.

O inicio do século XXI nós trouxe mais uma novidade em

aviação comercial, o gigantesco Super Jumbo A-380, dos

EUA, de dois andares, pode levar até 525 passageiros.

Foi nos finais do século XVIII, que o grande geó-

logo escocês James Hutton resumiu em poucas palavras a

vastidão e a imensidão de tempo em que a Terra, o Sol, o

Sistema Solar, as galáxias e o Universo se desenvolveram.

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Ele sublinhou que não há “vestígios de um começo,

nem previsão de um fim”.Esta frase desafiou a concepção

de um tempo muito limitado para a criação do mundo e

abriu uma nova era de pensamento geológico e cosmológi-

co.No início do século XX surgem novos conceitos e teori-

as com relação ao estudo do Universo. Em 1905, o físico

alemão Albert Einstein desenvolve a Teoria da Relativida-

de, modificando, pela primeira vez, fundamentos da física

desde a época de Newton.

A mais importante alteração trazida pela Relativi-

dade é que o tempo deixa de ser absoluto. Einstein é um dos

maiores gênios científicos de todos os tempos, nasceu em

Ulm na Alemanha em 1879, morreu em 18 de abril de

1955.A sua obra de física matemática é considerável e mar-

ca profundamente a ciência moderna. Em 1907 a Teoria da

Relatividade ganha uma formulação matemática mais práti-

ca com o físico alemão Hermann Minkowski. Nas equações

de Minkowski o espaço não tem apenas largura, compri-

mento e altura, as três dimensões usuais.Há também uma

quarta dimensão,o tempo.

Em 1916, Einstein lança as bases para uma melhor

compreensão do Universo; oferecendo aos cientistas dife-

rentes perspectivas da origem do Universo e de toda a ma-

téria, e, com isso, a formulação de modelos cosmológicos

consistentes. Amplia sua Teoria da Relatividade para en-

globar os efeitos da força da gravidade. Seu esquema teóri-

co passa a se chamar Teoria da Relatividade Geral. Com

ela, pela primeira vez, os físicos têm fórmulas que podem

ser aplicadas ao Universo inteiro. E por meio dessas fórmu-

las que, mais tarde, se calcula a expansão das galáxias a

partir de uma grande explosão inicial, o Big Bang.

O modelo mais aceito atualmente é a Teoria do Big

Bang (Grande Explosão), que começou a ser elaborada ain-

da na década de 20. Georges Lemaître foi o primeiro teóri-

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co do Big Bang. O mais produtivo desses modelos cosmo-

lógicos foi elaborado pelo físico soviético Albert Fried-

mann, em 1922. Ele postulou um Universo em expansão

com o tempo, a partir de uma situação no passado, de ex-

trema densidade. As observações do astrônomo americano

Edwin Powell Hubble, enunciadas em 1929, sugeriam que

teria havido um tempo, chamado instante do Big Bang, em

que o Universo teria nascido de uma grande explosão cós-

mica que envolveu toda a matéria e energia do Universo

atual, entre 13,7 a 20 bilhões de anos atrás.

Até então o Universo fora infinitesimalmente pe-

queno e extremamente compacto, denso e quente, um ovo

cósmico cujo núcleo continha todos os elementos da estru-

tura do Universo, concentravam-se em um único ponto de

temperatura e densidade energética altíssimas. Esse ponto

explodiu - no instante “zero” do tempo - e iniciou-se a per-

manente expansão que é observada até hoje, as galáxias se

afastam umas das outras em grande velocidade. À medida

que o Universo se expandia, ele se resfriava.

A evolução do Universo, de acordo com a Teoria da

Relatividade, depende da densidade da matéria nele exis-

tente. A Teoria sobre a origem do Universo enunciada em

1948, pelo físico George Gamow, nascido em Odessa, an-

tigo Império Russo, hoje parte da Ucrânia, propunha que o

Big Bang não é uma explosão no espaço, mas uma explosão

do espaço e do tempo.

O espaço e o tempo têm a sua origem no Big Bang.

Não havia tempo antes do Big Bang e todo o espaço foi

envolvido na explosão.O Universo do espaço e do tempo

começou, como um imenso caldeirão quente de energia,

governado por leis físicas. O Big Bang pode ser o início do

Universo ou então uma descontinuidade na qual foi destruí-

da a informação sobre a história anterior do Universo, que

na realidade devia existir.

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A visão da Terra como parte do Universo tem

variado com o tempo. Novos conceitos e teorias, como a

Teoria Geral da Relatividade, de Einstein, ofereceram aos

cientistas diferentes perspectivas da origem do Universo e

de toda a matéria existente no Cosmo. Formulada por Niels

Bohr, cientista dinamarquês, em 1913, contemporâneo de

Albert Einstein, a mecânica quântica introduz um inevitável

elemento de imprevisibilidade ou casualidade na ciência.

Em 1926, a Lei das Probabilidades é desenvolvida a

partir do Princípio de Planck e o Princípio da Incerteza de

Werner Heisenberg, cientista alemão. De acordo com a Te-

oria o Universo é imprevisível, nada pode ser previsto. Em

1927, define-se o Princípio da Incerteza, sobre a qual se

baseia quase toda a física moderna. É o passo definitivo

para o estabelecimento da mecânica quântica, o autor da

definição é Werner Carl Heisenberg.

De acordo com esse Princípio, não é possível medir

com absoluta precisão, ao mesmo tempo, a velocidade e a

posição dos átomos. Ao medir uma velocidade, o cientista

sempre perturba o átomo, tirando-o um pouco da sua posi-

ção. Esta, então, já não pode ser estimada com todo o rigor.

E vice-versa: quando se tenta descobrir a posição do áto-

mo, modifica-se sua velocidade, e a medição fica prejudi-

cada. Nunca podemos estar certos quanto à posição e velo-

cidade de uma partícula. O Principio da Incerteza da mecâ-

nica quântica significa que certos pares de quantidades, tais

como posição e velocidade de uma partícula, não podem ser

ambas previstas com rigor absoluto.

As estrelas oferecem muitas pistas sobre a origem

do Universo, bem como sobre a origem da Terra e do pró-

prio homem, que possivelmente, são compostos da mesma

matéria das estrelas. Os dados radiométricos das rochas

mais antigas da Terra e da Lua dão-nos pistas sobre a idade

do Sistema Solar, cerca de 5 bilhões de anos. O resfriamen-

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to e a consolidação sob o efeito da gravidade dos gases inte-

restelares e poeiras criaram o Sol e endureceram progressi-

vamente objetos amontoados por concreção e que se con-

densaram para formar os planetas e as suas luas.

A Via Láctea é um exemplo de uma grande galáxia

em espiral de aglomerados de estrelas. O Sol nasceu no seio

da Via Láctea, a sua luz é feita de partículas minúsculas e

indivisíveis. Na parte interior do Sistema Solar, os planetas

primitivos eram aglomerados irregulares de rocha e metal,

de detritos,dos componentes secundários da nuvem inicial,

do material que não dispersara quando o Sol incandesceu.

Esses planetas foram se aquecendo durante o perío-

do formativo. Acredita-se que a Terra se formou como o

restante do Sistema Solar, há cerca de 4,6 a 5 bilhões de

anos atrás, da mesma nuvem interestelar primitiva de gás,

poeira e dejetos vindos do espaço sideral, das remotas regi-

ões galácticas, a partir dos quais se condensou e deu origem

às estrelas e planetas do nosso Sistema Solar.Impactos de

alta velocidade geraram calor e, as camadas superiores da

Terra se fundiram para formar um oceano global de rocha

liquida. O Planeta, ainda novo, guarda o calor da explosão

estelar e, por isso, seu interior quente expele incessante-

mente rios de lava dos vulcões. No decorrer da história do

Planeta, os continentes navegaram sobre a rocha derretida.

Durante um tempo indeterminado o globo terrestre

girou no espaço em volta do Sol, a poeira e o material sóli-

do se consolidaram formando o núcleo, o manto e a crosta.

O Planeta Terra apresenta cinco camadas concêntricas - a

crosta, o manto superior, o manto inferior, o núcleo externo

e o núcleo central. Os continentes, ilhas e as terras do fun-

do do mar compõem a parte externa da crosta terrestre. A

crosta da Terra é uma pele de rochas, sua espessura varia de

6 a 11 km sob os oceanos e de 25 a 50 km nos continentes.

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Sua porção externa é sólida e formada por três tipos

de rochas: ígneas, sedimentares e metamórficas. Envolven-

do o núcleo externo está o manto superior da Terra, que é

uma camada pastosa com cerca de 670 km de espessura.

Compõe-se predominantemente de silício, oxigênio, alumí-

nio,ferro e magnésio. Sua temperatura varia de 870°Celsius,

junto à crosta, e até 2.200°Celsius, junto à parte externa do

núcleo. As rochas densas desta zona fluem, em tempo geo-

lógico, sob o calor e pressão intensos.

Em contraste, o mais espesso manto inferior, com

2.230 km é inteiramente sólido. Devido ao imenso peso das

rochas de cima, o manto é muito denso e quente. Provavel-

mente é a pressão que o conserva em estado de fusão.

Quando um ponto fraco ocorre na crosta, a rocha supera-

quecida, situada abaixo, expande-se e torna-se liquida numa

temperatura de 1.100 graus Celsius de calor.

O núcleo da Terra é dividido em, núcleo externo lí-

quido, com 2.250 km de espessura. Encontra-se entre 3.000

e 5.000 km de profundidade. O núcleo exterior tem tempe-

raturas que variam entre 2.200° Celsius na parte superior e

5.000° Celsius nas regiões mais profundas, é formado por

ferro e níquel líquidos. A sua natureza líquida foi deduzida

pela informação de sismos.

O núcleo central sólido, que se situa entre 5.000 e

6.370 km de profundidade, tem a espessura de 1.225 km, é

composto de níquel e ferro em estado sólido, em conse-

qüência da grande pressão do interior do planeta.Tem uma

temperatura de 5.000° Celsius.Está envolto por ferro líqui-

do, esta camada gera o campo magnético da Terra.O ponto

central do núcleo e do globo fica a 6.500 km da superfície.

As rochas pré-cambrianas tiveram origem nos escu-

dos cristalinos, tais escudos foram as primeiras rochas for-

madas na Terra. A crosta original foi constituída de rochas

ígneas tais como lavas e granitos que se solidificaram. A

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maior parte da crosta continental é posterior ao período

Arqueano. Só na Austrália Ocidental, sul da África e sul da

Groenlândia há rochas sedimentares com 3,5 bilhões de

anos, as mais antigas, contendo fósseis de estrematólitos,

microorganismos da época do Arqueano, prova da existên-

cia da vida na Terra.Trata-se, de fato, das primeiras massas

surgidas sobre o globo terrestre.

A rocha derretida irrompe através da crosta, como

um jorro de massa liquefeita, a lava. Nas erupções vulcâni-

cas, gases e materiais fundidos no manto da Terra, atingem

a superfície, através de uma abertura na crosta terrestre. O

material expelido – lava, cinzas e poeira, acumulam-se sob

a forma de um cone, com uma cratera no centro. O resfria-

mento da lava espalhada sobre a superfície da terra, dá ori-

gem às rochas ígneas extrusivas (resfriadas na superfície) e

intrusivas (resfriadas abaixo da superfície).

As rochas ígneas como o basalto, se originam de

derrames de magma dos vulcões. As sedimentares, são

formadas por material retirado de rochas pelo processo de

erosão. Os sedimentos que dão origem a essas rochas, cons-

tituem uma camada distinta denominada depósito sedimen-

tar. Durante milhões de anos, materiais produzidos à custa

de destruição das rochas preexistentes, acumulam-se sob a

forma de sedimentos, cascalho, arenito e barro. Removidos

pela água corrente, pelo vento e pelo gelo, originam as ro-

chas sedimentares que cobrem cerca de 75% da superfície

terrestre.

A maior parte dos sedimentos é de origem marinha,

mas muitos são continentais, nas bases das montanhas, nos

vales dos rios e dos lagos. Os solos produzidos pelo intem-

perismo cobrem a maior parte da superfície da Terra. Mui-

tos depósitos minerais hoje existentes na crosta terrestre

correspondem à localização de antigos mares rasos. Final-

mente, constituíram-se rochas metamórficas, foram altera-

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das pelo calor, pela pressão ou por ação química. As meta-

mórficas, como o granito, resultam de transformações quí-

micas de rochas sedimentares e ígneas.

Na época da sua formação, a Terra era muito quente

e sem atmosfera, foi então dominada por violentas erupções

vulcânicas, e toda a sua superfície ficou coberta por uma

grossa camada de lava incandescente. Os vulcões expeliam

gases, como vapor de água. Os gases retidos no seu interior

foram libertados formando atmosferas. No processo, a Ter-

ra atraiu uma atmosfera gasosa primordial à sua volta. A

atmosfera original não continha oxigênio, mas uma grande

quantidade de outros gases.

Esses gases permaneceram acima da superfície,

produzindo as primeiras atmosferas diferentes da que exis-

te hoje na Terra, compostas de gás metano, amônia, sulfeto

de hidrogênio, água e hidrogênio, insuportáveis e irrespirá-

veis para qualquer ser vivente. O mundo tem-se transfor-

mado muitas vezes, desde que as crostas duras e rochosas

dos continentes e as massas líquidas dos oceanos se forma-

ram há cerca de 4 bilhões de anos. Durante mais da metade

da existência da Terra, que teve origem há 5 bilhões de a-

nos e durante toda a Era Pré-Cambriana Arqueana de 4,6

bilhões de anos, não existiu vida em nosso planeta.

A Teoria atual da história da Lua supõe uma colisão

há 3,9 bilhões de anos atrás, entre a Terra e um gigantesco

asteróide, tão grande como o planeta Marte. Poeira, detritos

e restos resultantes do colossal impacto, foram expelidos

para fora da superfície da Terra, e entraram em órbita à vol-

ta da Terra, aglutinaram-se lentamente para formar a Lua.

Tanto a Terra como a Lua foram sujeitas a intenso

bombardeamento nas suas histórias remotas, tal como o

sistema solar foi varrido da maioria dos detritos da sua for-

mação. Nosso planeta foi formado por acréscimo de es-

combros resultantes dos Grandes Bombardeios dos cometas

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e asteróides. Sobre a Lua, os últimos estágios desta tempes-

tade cósmica são ainda visíveis, fenômeno mostrado nas

fotografias tiradas da sua superfície, coberta de crateras.

Os meteoros são corpos sólidos, rochosos, que se

movem no espaço exterior e ao penetrarem na atmosfera

terrestre, por atrito com gases, provocam luminescência. O

grande fluxo de meteoritos é considerado responsável por

cerca de 100 toneladas do material extraterreno que cai na

Terra a cada dia. O maior meteoro conhecido é o Grootfon-

tem, ainda hoje semi-enterrado nas proximidades da cidade

do mesmo nome, na África do Sul, onde caiu. Seu peso é

calculado em 70 toneladas.

Já os asteróides são pequenos corpos celestes, ro-

chosos, que giram em redor do Sol, remanescentes sólidos

da poeira original da qual teriam se formado o Sol, a Terra

e os outros planetas, há 4,6 bilhões de anos. Os asteróides

bombardeiam a Terra milhares de vezes, diariamente. Na

região, entre os planetas Júpiter e Marte, fica o “Cinturão

de Asteróides”que orbitam ao redor do Sol, são fragmentos

rochosos variando em tamanho, que não conseguiram jun-

tar-se num único planeta à época da formação do sistema

solar. Desencadeiam ocasionais tempestades de asteróides

bombardeando a Terra e a Lua.

Possívelmente células vivas foram trazidas nos me-

teoritos ou cometas nos fragmentos de gelo, trouxeram a

água e a semente da vida do espaço e a semearam nos oce-

anos primitivos que cobriam a Terra. Os processos nuclea-

res nos interiores das estrelas, a luz, os relâmpagos, raios e

trovões, contribuíam para os processos planetários que con-

duziam à vida e a sustentavam. Foram conquistados novos

ambientes como a terra e o ar.

Cometas são corpos celestes do sistema solar que

gravitam em redor do Sol, seus componentes mais comuns

são o hidrogênio, o oxigênio, o carbono e o sódio, sempre

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sob a forma de moléculas geladas. No interior do núcleo, há

também blocos sólidos,cujo tamanho vão de um grão de

areia até rochas e granitos gigantescos.Os processos de co-

lisão afetaram a evolução da vida na Terra de uma forma

bem maior e talvez tenha criado as condições para os ma-

míferos se desenvolverem, levando ao surgimento do Homo

sapiens.

Durante um bilhão de anos a agitação cósmica e ge-

ológica foi aos poucos diminuindo enquanto o planeta es-

friava. Como a superfície arrefeceu, o vapor de água se

condensou em nuvens de chuva e violentas tempestades

assolaram a Terra despejando dilúvios de água, formando

os primeiros oceanos. A água cobriu toda a superfície do

Planeta, que se tornou um mundo aquático e durou por 500

milhões de anos. Geologicamente a Terra pode ser descrita

como uma esfera de crosta rochosa, totalmente coberta de

água e envolvida por uma camada gasosa (atmosfera).

Milhões e milhões de anos antes da vida surgir nos

mares, a superfície das águas do grande Oceano que cobria

a Terra, estava vazia. Onde agora existem continentes, na-

da se erguia acima das ondas impetuosas.Todo o Oceano

era movimentado apenas por gigantescas vagas, que se er-

guiam ao comando da lua e dos ventos. Escuras, negras,

varriam a superfície do mar vazio, caindo apenas sobre si

mesmas, terríveis, poderosas, solitárias.

Há 3,4 bilhões de anos atrás, ocorreram eventos

geológicos dramáticos no fundo do Grande Oceano. Ao

longo de uma linha que se estendia por milhares de quilô-

metros, uma ruptura apareceu na rocha basáltica do leito

oceânico. Forças internas rugindo nas entranhas do núcleo

em convulsão provocaram uma grande fratura na estrutura

básica da Terra, e por ali começou a fluir rocha fervendo,

derretida. Ao escapar da prisão interna, o magma entrou em

contato com a água do mar. No mesmo instante a rocha

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explodiu, enviando colunas de vapor e lava liberados pelo

manto superior da Terra. A rocha de granito do leito foi o

berço dos continentes, formou a primeira crosta continental.

Através do tempo seguiram-se milhares de erupções

vulcânicas gigantescas, uma espessa camada de lava cobriu

toda a Terra.Com o tempo o magma foi se solidificando,

crescendo, para se tornar uma partícula infinitesimal de

terra naquele grande vazio. As raízes do hipotético, lendá-

rio, supercontinente Godínia nasceram nas trevas, em meio

às turbulentas ondas do oceano, ao nada.

E por centenas de milhões de anos, da ruptura ex-

tensa no leito do Oceano, grande quantidade de rocha liqui-

da foram sendo vomitados do manto fervente, forçando o

caminho para cima, através das fendas abertas, cada parcela

dando sua contribuição para acumulação de material que se

formava no leito do Oceano. Nessas ocasiões, pressões gi-

gantescas se acumulavam por baixo da ruptura e depois

explodiam com violência extrema arremessando nuvens de

vapor, cinzas e lava incandescente a dezenas de quilômetros

acima das águas que cobriam o globo terrestre.

Por muitos milhões de anos, o supercontinente Go-

dínia lutou no seio do grande Oceano, esforçando-se em

nascer como terra. Obstinadamente, centímetro a centíme-

tro, foi crescendo arduamente, acolhendo a lava dos vulcões

que sacudiam o fundo do Oceano. O núcleo e o manto da

Terra estavam em violentas convulsões. Tais explosões,

indescritíveis em sua fúria, elevavam a altura do continente

ainda submerso, a lava deslizando pelos lados das monta-

nhas em formação e aderindo ao material rochoso que esca-

para antes, consolidando a crosta terrestre.

Submerso por outros milhões de anos, o vulcão

submarino sibilou e rugiu como um animal acuado, vomi-

tou rocha derretida e cinza ardente, que se depositou sobre a

superfície das montanhas constituídas de blocos de lava

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solidificados. Palmo a palmo, os detritos foram se agluti-

nando, até que o grande continente se formou. O supercon-

tinente Godínia aflorava sobre as ondas. Assim foi o pro-

cesso turbulento do Universo, a violência do nascimento.

Por um bilhão de anos o continente esteve nesse precário

equilíbrio. O supercontinente Godínia era filho da violên-

cia.Nasceu como lugar desolado, estéril e sem vida, e assim

ficou por tempo indeterminado.

Sucessivos eventos cataclísmicos provocaram gran-

de transformação da crosta terrestre. O primordial super-

continente de Godínia desmantelou-se em diversos conti-

nentes que ficaram à deriva pelos imensos oceanos, impul-

sionados pelas placas tectônicas em comoção. Em um longo

espaço de tempo geológico, as massas de terra flutuantes de

Godínia, se uniram novamente para formar o superconti-

nente Pangéia (do grego toda a terra).

Milhões de anos se passaram. O Sol prosseguia em

seus ciclos majestosos. A Lua crescia e definhava, as ondas

corriam pela superfície dos oceanos, ora calmas, outras ve-

zes enfurecidas. Milhares de vezes o clima mudou, o gelo

desceu sobre o supercontinente, seu peso e sua força rom-

pendo as rochas, formando a terra. E durante outros milhões

de anos, a ação dos glaciares, dos raios e trovões, da chuva,

do vento e do clima foi pulverizando as montanhas de lava

petrificada decompondo-as em solo, modelando a face da

Terra, oferecendo condições para a vida se desenvolver.

As atmosferas primitivas compunham-se dos mais

variados átomos e eram ricas em hidrogênio e hélio. A luz

solar incidindo sobre as moléculas da atmosfera primitiva,

dinamizava-as, induzindo choques moleculares e produzin-

do moléculas maiores. Sob as leis inexoráveis da física e da

química essas moléculas interagiam, caiam nos oceanos

primitivos, agiam num processo de divisão, nova síntese e

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transformação, caminhando lentamente para a formação de

moléculas de complexidade cada vez maior.

Impelidas pelas leis da física e da química prosse-

guiam no seu desenvolvimento produzindo moléculas ain-

da maiores - moléculas muito mais complexas do que os

átomos iniciais que as tinham formado, mas ainda micros-

cópicas segundo os padrões humanos. Os componentes

químicos iniciais necessários à origem da vida são as molé-

culas mais abundantes no Universo, e os átomos necessá-

rios, foram produzidos no interior das estrelas gigantes

vermelhas. A vida é feita de moléculas.

Átomo - é a unidade básica da matéria comum

constituída de pequeno núcleo (formado de prótons e nêu-

trons) circundado por elétrons em órbita.

Ácido nucléico – é o material genético de toda a vi-

da na Terra, consiste em seqüências de unidades chamadas

nucleótidos, dispostos em degrau, formando um duplo héli-

ce. Existem duas variedades principais de ácidos nucléicos,

o ADN e o ARN. Em todos os organismos, as moléculas

hereditárias são ácidos nucléicos.

Proteína - juntamente com os ácidos nucléicos, a

principal base molecular da vida na Terra.

Molécula – grupamento estável de dois ou mais áto-

mos, que caracterizam quimicamente certa substância.

Essas moléculas são as mesmas de que somos feitos:

os blocos de construção dos ácidos nucléicos, que são o

nosso material hereditário e os blocos de construção das

proteínas, os artífices moleculares que executam o trabalho

da célula; foram produzidos pela atmosfera e os oceanos da

Terra primitiva. Depois de algum tempo, os oceanos atingi-

ram a consistência de um caldo morno, gelatinoso, uma

sopa primordial de aminoácidos, elementos essenciais à

vida. As primeiras formas de vida surgidas nos oceanos, há

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3,5 bilhões de anos eram insignificantes, quase invisíveis,

liquens e musgos.

Entre as inúmeras espécies de moléculas orgânicas

complexas que se formavam e dissipavam nesse caldo, sur-

giu uma molécula que era capaz de produzir, a partir dos

blocos de construção moleculares da água que a cercava,

uma cópia bastante exata de si mesma. Esse sistema mole-

cular - capaz de duplicação, mutação e reprodução de suas

mutações é um aglomerado de moléculas capaz de evoluir

por seleção natural; eram os primórdios da vida que surgia.

A vida é definida como um sistema autocontrolado

de moléculas que podem duplicar-se a si próprias de gera-

ção em geração. Na história da Terra primitiva, os elemen-

tos que constituíam a vasta maioria dos tecidos vivos ( hi-

drogênio, carbono, oxigênio e nitrogênio), estavam dispo-

níveis em alguma forma, e a energia era abundante.

Os blocos de construção da vida vieram para a Terra

por meio de impactos de asteróides e cometas. Nas partes

externas da nebulosa solar, distante do Sol, as temperaturas

eram muito mais baixas, levando a uma abundância de gelo

de água e de outros gases congelados, tais como gás meta-

no, amônia, dióxido de carbono, monóxido de carbono. Os

voláteis na Terra devem ser derivados desse reservatório

distante no Sistema Solar Externo. A maioria do material da

biosfera e de nossos próprios corpos é material de cometa,

proveniente do Sistema Solar Externo.

Os cometas e muitos asteróides são imensamente ri-

cos em elementos biogênicos, aqueles elementos voláteis

como carbono e nitrogênio que são essenciais para a vida

orgânica. O cometa Halley, por exemplo, tem aproximada-

mente 25% de sua massa composta por material orgânico.

Pode-se presumir que o caldo primordial da Terra primitiva

foi abastecido de orgânicos pré-bióticos dessa forma – via

depósito durante o Pesado Bombardeio de asteróides e co-

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metas. É possível que os microorganismos possam ter mi-

grado de outros planetas nos fragmentos expelidos durante

o período do bombardeamento; poderiam abrigar microor-

ganismos dos raios cósmicos durante a passagem interpla-

netária.

Em 1924, o russo Aleksander Ivanowitch Opárim

formula a teoria segundo a qual a vida teria começado a

partir da combinação de substâncias inorgânicas em reações

de oxidação e fermentação aproveitando uma atmosfera rica

em hidrogênio. Contudo, o que observamos hoje nem sem-

pre existiu. A vida se desenvolveu na Terra em um ambien-

te pontuado de catástrofes de impacto. Á época da origem

da vida, cerca de 3,5 bilhões de anos atrás a Terra estava

suportando grande número de gigantescos impactos de aste-

róides e cometas a cada 400 mil anos, e talvez de objetos

menores com maior freqüência, que trouxeram consigo

água e compostos orgânicos que favoreciam a vida.

As mais primitivas formas de vida podem ter-se as-

semelhado a organismos como bactérias que existem nas

nascentes quentes ”géiseres", associadas à atividade vulcâ-

nica. Os organismos estrematólitos vivem na lava incandes-

cente dos vulcões e em soluções ferventes e concentradas

de ácido sulfúrico nas fontes em erupção, como vivem nos

poços profundos e respiradouros hidrotermais na Terra.

As criaturas vivem desde os picos nevados do Eve-

rest, nas profundezas das fossas oceânicas e nos desertos

áridos do Atacama. Vivem na gota de água absorvida por

um simples cristal de sal. A vida se sustenta nos lugares

mais impossíveis e inacreditáveis, mesmo os organismos

microscópicos não perdem a oportunidade de se instalar e

lutam pela sobrevivência até o ultimo alento da matéria.

É muito curioso, que haja atualmente bactérias co-

nhecidas vivendo a muitos quilômetros na profundidade da

Terra. A vida prospera dentro da rocha ígnea, os estremófi-

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los alimentam-se da própria pedra. Pode ser que a única

vida que tenha sobrevivido as grandes catástrofes tenha

sido a vida nas profundezas, tornando-se o ancestral da vida

terrestre contemporânea.Os primeiros ancestrais de micro-

organismos que ainda existem fossem termófilos que cres-

ciam à temperatura próxima da ebulição da água, significa

que os primeiros organismos na Terra evoluíram nas pro-

fundezas, em altas temperaturas. Assim, há um sentido pelo

quais os impactos teriam ajudado na origem da vida.

A Terra possui o seu próprio motor térmico: os pro-

cessos radioativos no interior do núcleo ajudam a gerar ga-

ses para atmosfera e produzem movimentos das placas da

crosta. A presença de gases diversos, incluindo o vapor da

água, providenciou a mistura de substâncias da qual a vida

tem evoluído, assim como a fina camada protetora, rica em

oxigênio e nitrogênio, que forma a atmosfera.

A Terra, ao girar à volta do Sol, recebe o calor, gera

gases e transforma a sua crosta, forma montanhas, oferece

às várias formas de vida um ambiente ideal para a evolução.

Desta forma iniciou-se um processo de evolução que atin-

giria o desenvolvimento de organismos auto-reprodutores

cada vez mais complexos. As primeiras formas primitivas

de vida consumiram vários materiais, inclusive sulfeto de

hidrogênio e liberaram o oxigênio.

Gradualmente a atmosfera foi-se modificando no

sentido da composição que apresenta hoje e garantiu o de-

senvolvimento das formas mais elevadas de vida, admira-

velmente afinadas com o meio ambiente específico, adapta-

das a tais condições, mas as condições mudaram, o clima

variou, mas os organismos conseguiram manter-se. Um

maior número de espécies de organismos morreu no decor-

rer do tempo geológico da Terra, do que o número que exis-

te hoje. O segredo da evolução é o tempo, a morte é a reci-

clagem global.

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A evolução através da seleção natural, a brilhante

descoberta de Charles Darwin e Alfred Russel Wallace em

meados do século XIX, explica os milhares de milhões de

anos desse processo lento e continuo de transformação. A

evolução biológica tem sido acompanhada por uma com-

plexidade cada vez maior. Os organismos mais complexos

que existem atualmente na Terra contêm muito mais infor-

mação armazenada, quer genética, quer extragenética, do

que os organismos mais complexos de há 200 milhões de

anos atrás.

A maior parte dos organismos depende muito mais

da sua informação genética, que está ”pré-programada” no

seu sistema nervoso, do que da sua informação extragenéti-

ca, adquirida durante a vida. Com os seres humanos é, na

realidade, com todos os mamíferos passa-se o contrário.

Embora o nosso comportamento ainda seja altamente con-

trolado pela nossa herança genética, temos através do cére-

bro uma oportunidade muito maior de abrir novo caminho

comportamental e cultural em escala de tempo curta.

Todos os organismos no planeta Terra têm cromos-

somos que contêm o material genético transmitido de gera-

ção em geração. Em todos os organismos, as moléculas

hereditárias são ácidos nucléicos ADN E ARN. Na realida-

de, esta linguagem genética comum constitui uma prova de

que todos os organismos da Terra descendem de um mesmo

antepassado, de um exemplar único da origem da vida, de

há cerca de 3,5 bilhões de anos.

Entre as adaptações está a que chamamos de inteli-

gência. A inteligência é uma extensão da tendência evoluti-

va, aparente no mais simples dos organismos – a tendência

de controlar o meio ambiente. O método biológico habitual

de controle é o material hereditário, a informação transmi-

tida pelos ácidos nucléicos de uma geração à outra.

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Mas a inteligência necessita de informação de qua-

lidade adaptável desenvolvida durante a existência de um

único individuo. Atualmente uma variedade de organismos

na Terra possui essa qualidade que chamamos de inteligên-

cia. Todos animais a têm, em maior ou menor grau, mais

ela é mais evidente e desenvolvida nos seres humanos. Foi

isso mais que qualquer outra coisa que elevou o homem ao

seu presente nível de eminência no planeta Terra. Somos o

produto de 4,5 bilhões de anos de uma evolução biológica

lenta e fortuita. Não há razão para pensar que o processo de

evolução tenha parado. O homem é um animal de transição.

Não é o clímax da criação. Há leis da Natureza que se apli-

cam, inexoravelmente, em todo o Universo.

O desenvolvimento futuro do homem será prova-

velmente uma combinação entre a evolução biológica, o

mecanismo genético e uma associação íntima de organis-

mos e máquinas inteligentes. Num sentido muito real os

seres humanos são máquinas montadas pelos ácidos nucléi-

cos a fim de assegurar uma duplicação eficiente de outros

ácidos nucléicos. De certa forma os nossos impulsos mais

fortes, o nosso caráter, as necessidades mais prementes, são

todos uma expressão da informação codificada no material

genético.O homem é o produto do meio em que se criou e

também onde vive, no entanto, uma grande parte é herança

genética.

Não resta dúvida de que o nosso mecanismo instin-

tivo pouco mudou desde os dias de caçadores coletivos de

há milhares de anos. Nossa sociedade, porém, mudou imen-

samente desde aquela época e os maiores problemas de

sobrevivência do mundo contemporâneo podem ser com-

preendidos nos termos desse conflito - o que sentimos que

devemos fazer em função dos nossos instintos primitivos e

o quanto sabem que devemos fazer em função do nosso

aprendizado extragenético.

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Se adquirirmos um respeito profundo pelos outros

seres humanos como co-depositários desse patrimônio pre-

cioso de 4,5 bilhões de anos de evolução, por que não de-

verá essa identificação aplicar-se também a todos outros

organismos da Terra, que são igualmente produto de 4,5

bilhões de anos de evolução? Todos os organismos que

existem na Terra são nossos irmãos, porque são feitos da

mesma matéria estelar que nós. Vivemos em um mundo

entre uma imensidão de outros mundos.

As teorias de Darwin no campo da seleção natural

mostraram que não há uma trilha que nos conduza direta-

mente das formas simples ao ser humano; muito ao contrá-

rio, a evolução avança aos solavancos, e a maioria das for-

mas de vida leva a becos sem saída na cadeia evolucionária.

Somos o produto de uma longa série de acidentes biológi-

cos. Na perspectiva cósmica não há razão para se pensar

que sejamos os primeiros, os últimos ou os melhores.

É urgente percebermos o nosso relacionamento pro-

fundo com outras formas de vida, tanto simples como com-

plexas. Saber que os átomos que nós deram origem foram

sintetizados no âmago das estrelas em gerações preceden-

tes. Estarmos conscientes da nossa íntima relação, tanto na

forma quanto na matéria, com o resto do Universo.

Apesar da aparente diversidade de formas de vida

terrestre, elas são idênticas no sentido mais profundo. Ele-

fantes e ratos, bactérias e baleias, todos utilizam os ácidos

nucléicos para armazenar e transmitir informação hereditá-

ria. Todos usam proteínas na catálise e no controle. Todos

os organismos da Terra usam o mesmo código genético.

Em corte transversal a estrutura celular do sêmen

humano é quase idêntica a de protozoário ciliado. A clorofi-

la e a hemoglobina e as substâncias responsáveis pela colo-

ração de vários animais são todas essencialmente a mesma

molécula. É difícil fugir á conclusão – que de certa forma

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está implícita na seleção natural de Darwin – de que toda a

vida na Terra evoluiu de um único tipo original.

Durante esse tempo geológico todo o clima era ins-

tável. Pequenas variações na produção de luz solar, no mo-

vimento orbital do planeta, nas nuvens carregadas de vapor,

nos oceanos, e nas calotas polares provocaram mudanças

climáticas, destruindo grupos inteiros de organismos e cau-

sando a proliferação exuberante de outros grupos antes in-

significantes. Baseada no princípio da seleção de Darwin, a

idéia de que, em qualquer população de organismos auto-

reprodutores, há variações de matéria e formação genética

entre os diversos indivíduos.

Tais diferenças implicam que alguns indivíduos se-

jam mais hábeis do que outros para atingir as conclusões

corretas a respeito do mundo à sua volta, e agir de acordo

com elas. Estes indivíduos estarão mais aptos a sobreviver e

reproduzir e, assim, seu padrão de comportamento e pen-

samento se tornará dominante. Tanto quanto sabemos, nada

de semelhante à inteligência humana apareceu na Terra há

menos de algumas dezenas de milhões de anos.

E é verdadeiro que, no passado, o que chamamos de

inteligência constituiu uma sobrevivência vantajosa. Nos

nossos dias, não temos de esperar 10 milhões de anos pela

próxima mudança, pois vivemos numa época em que o

mundo se transforma a uma velocidade sem precedentes.

Assim, a recente e rápida evolução da inteligência humana

é não só a causa, mas também a única solução concebivel

para o grande número de problemas que se nos põem.

Com o passar do tempo o clima na Terra esfriou. As

florestas diminuíram. Os pequenos animais arbóreos (pri-

matas) desceram das árvores para procurar alimento nas

savanas. Evoluíram lentamente para o humanóide primitivo

Aprenderam andar eretos e passaram a utilizar ferramentas

rústicas. Começaram a comunicar-se por gestos e voz.

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Interessaram-se pelo fogo provocado pelos raios.

Desenvolveram a caça coletiva, inventaram a escrita, su-

perstição e religião, a ciência e a tecnologia. Então a criatu-

ra foi capaz de ponderar sobre o mistério das suas origens,

o caminho estranho e tortuoso pelo qual emergira do mate-

rial estelar. Era matéria cósmica a contemplar-se a si mes-

ma. Era um espécime do povo das estrelas. E ansiava por

retornar às suas origens.

O PLANETA TERRA

A Terra é o maior dos planetas rochosos no Sistema

Solar e, como resultado do seu volume, retém um interior

quente, a temperatura pode alcançar 6.000°Celsius no nú-

cleo, tão quente como a superfície do Sol. O calor interno

torna a Terra um dos corpos mais sismicamente ativos do

Sistema Solar. Sobre a superfície, causa atividade vulcâni-

ca, e a grande profundidade, conduz o movimento das pla-

cas separadas da crosta. Este movimento de dobrar as ro-

chas da crosta cria as cadeias de montanhas. Nos perímetros

das placas é criada nova crosta. As forças atmosféricas,

vento e água, contribuem também para dar nova forma à

superfície da Terra, erodindo a rocha e depositando materi-

ais para formar novos estratos de rocha sedimentar.

Todos esses processos, em conjunto, atuam para re-

novar a superfície do planeta ao longo de centenas de mi-

lhões de anos, alterando as cicatrizes de impactos antigos

que se vêem sobre as superfícies de tantos corpos no sis-

tema solar.Somente são visíveis poucas crateras de impac-

tos recentes, insinuações da antiga, turbulenta história da

Terra. A ação exercida pelas forças ancestrais modificou a

superfície da Terra; seguindo-se as chuvas, glaciares, rios,

águas subterrâneas, vento e ondas que provocam erosão

constante, transportando detritos e depositando-os.

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A Terra é moldada em outras formas de relevo pela

deposição desses detritos. Os glaciares arrancam pedaços

de rocha dos lados dos vales, os rios transportam esses

fragmentos ao longo da correnteza e os ventos levantam e

transportam partículas de areia e poeira. A velocidade do ar

e da água determina a força erosiva de ventos e rios, e os

fragmentos de pedregulho que arrastam consigo tornam

estes agentes grandemente abrasivos, depositados em vales

ou montanhas esses detritos compõem o solo. A formação

do solo é um processo muito complexo. Envolve a intera-

ção do clima, tipo de rocha, topografia e biótica. Estes fato-

res atuam ao longo do tempo e variam substancialmente

com o local, alguns solos e os seus produtos estão se for-

mando há centenas de milhões de anos.

Há muitos fatores que tornam a Terra um planeta

único. As formas dinâmicas, sempre em mudança, sua at-

mosfera, oceanos, placas movediças, gases e vulcões, diver-

sas formas de vida, solos variados, vegetação, animais e

aves, e a presença do ser humano, tudo contribui para um

único sistema biofísico. Do equador aos pólos, das monta-

nhas às profundezas dos oceanos, plantas e animais seguem

seus ciclos de vida criados pelos climas e nutrientes, nos

solos e nas águas. É possível documentar períodos de arre-

fecimento da Terra e mudanças no clima, ocorridos entre os

milhões de anos, numa escala global.

A Terra é um planeta do Sistema Solar, além de gi-

rar à volta do Sol, a Terra também gira em torno de um eixo

que passa pelos pólos geográficos norte e sul. Vista acima

do pólo norte, a Terra gira em sentido contrário ao dos pon-

teiros do relógio, e circunda o Sol no mesmo sentido. Em

relação à distância do Sol, ocupa uma posição privilegiada

quanto aos extremos de variação de temperatura, o que faci-

lita a evolução da vida. O nosso planeta é um palco muito

pequeno na imensa arena cósmica nas imediações da parte

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planetária do Sistema Solar. Visto do espaço é apenas um

pálido ponto azul na grande escuridão que o envolve.

O eixo da Terra é inclinado, em relação ao plano da

órbita, em 23,5°. A orientação do eixo da Terra não é estri-

tamente fixa, mas oscila à volta num circuito de 26.000

anos. Como resultado desta precessão, as estações do ano,

agora, parecerão fora do padrão de 5.000 anos atrás, pois

desde esse tempo o eixo de rotação da Terra mudou de di-

reção.Outros efeitos também se deram em períodos de de-

zenas de milhares de anos para mudar ligeiramente a incli-

nação do globo, mudanças que podem ter afetado bastante o

clima da Terra.Há provas de que essas mudanças resultaram

em idades glaciares periódicas.

A história da Terra divide-se em fases chamadas E-

ras, Períodos e Épocas. As Eras correspondem às principais

etapas de seu desenvolvimento. A idade das Eras geológi-

cas é a mesma do Sistema Solar, calculada a partir do estu-

do dos meteoritos. As Eras podem ser subdivididas em eta-

pas menores, denominadas Períodos e estes em Épocas.

A Era Pré-Cambriana compreende as Eras Arquea-

na e Proterózoica, estendendo-se desde a origem da Terra

até cerca de 600 milhões de anos atrás, quando surgiram os

primeiros animais – medusas, vermes e esponjas. Portanto,

o Pré-Cambriano representa 90% de toda a história do nos-

so planeta. É denominada de Era Primária.

Possivelmente a vida se desenvolveu durante a Era

Pré-Cambriana Proterozóica que teve início há 2,5 bilhões

de anos Há 2 bilhões de anos atrás surgem as primeiras

formas de vida, organismos unicelulares - bactérias e algas.

As bactérias são microorganismos unicelulares, desprovi-

dos de núcleo individualizado, pertencente ao grupo que

abrange todos os organismos procariotes, à exceção das

cianofíceas (micróbios), logo aparecem os primeiros micró-

bios com núcleos - eucariontes. Após cerca de 1 bilhão de

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anos, muitos dos processos metabólicos básicos de que de-

pende a vida, existiam.

Na passagem da Era Pré-Cambriana Proterozóica

para a Paleozóica ocorre à súbita expansão e diversificação

dos animais. Há 650 milhões de anos surgiram nos mares,

abaixo do gelo, animais complexos como medusas, vermes,

esponjas e moluscos. O clima arrefeceu, as drásticas mu-

danças formaram uma camada de gelo de mil metros de

espessura sobre a terra e os mares, que ficaram totalmente

cobertos. A temperatura era de 40° Celsius negativos, o

fenômeno se estendeu por 10 milhões de anos. Lentamente

o gelo recuou e a temperatura aqueceu.

A Era Paleozóica começou há 600 milhões de anos,

durou 370 milhões de anos. Na Paleozóica predominaram

os invertebrados marinhos. No Período Cambriano, há 570

milhões de anos, aparecem os trilobitas que seriam a forma

dominante de vida marinha durante o Cambriano, surgiram

também outros organismos que tinham conchas duras, e os

primeiros peixes primitivos. A vida era limitada aos ocea-

nos, desenvolvia-se lentamente no caldo morno da água.

Portanto, há indícios da existência de mar durante o

Período Cambriano, 570 milhões de anos atrás, na região da

bacia amazônica e em todo o continente sul-americano

onde foi encontrado o fóssil de trilobitas, esqueletos de pei-

xes e moluscos impressos nas formações rochosas. O grupo

de trilobitas constitui uma classe extinta de artrópodes.

No Período Ordoviciano, há 508 milhões de anos a-

trás, apareceram os primeiros invertebrados.Viviam no su-

percontinente Pangéia grandes diversidades de pequenos

animais marinhos com conchas.

Período Silusiano, há 438 milhões de anos, come-

çam a aparecer às primeiras plantas terrestres.

No Período Devoniano, há 409 milhões de anos, a-

parecem os anfíbios, escorpiões-do-mar atingindo até 3 m,

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e trilobitas gigantes, grandes tartarugas, houve a diversifi-

cação dos peixes; surgiram as plantas primitivas.

No Período Carbonífero, há 363 milhões de anos, a

Terra foi recoberta por densa vegetação, formaram-se ex-

tensas florestas tropicais, que vieram criar grandes reserva-

tórios de carvão e petróleo, oriundos de depósitos sedimen-

tares marinhos e outros que se acumularam, indicando su-

cessivos movimentos da crosta terrestre. Os vertebrados

saíram do mar para a terra, surgem os anfíbios dando ori-

gem aos grandes répteis terrestres. Os primeiros dinossau-

ros se espalham por todo o supercontinente de Pangéia.

No Período Permiano, iniciado há 288 milhões de

anos (durou 50 milhões de anos), ocorre a expansão dos

gimnospermas (coníferas) e a extinção dos corais primiti-

vos.Durante o Permiano as condições climáticas eram ex-

tremas, toda a Terra ficou coberta por grossas camadas de

gelo; a atividade vulcânica foi intensa.

Foi em 1922, que Wegener criou a tese de que, toda

a grande massa de Terra do continente ancestral existente

em primeiras épocas da formação da Terra, até 250 milhões

de anos atrás, formava um único supercontinente, o Pan-

géia (do grego toda a terra). Era cercado pelo antigo mar de

Pantalassa (atual oceano Pacífico) e pelo Mar de Tetis, que

se estendia a partir do que é hoje o mar Mediterrâneo em

direção ao leste, até o sudeste da Ásia.

O supercontinente Pangéia começa a se dividir du-

rante a Era Mesozóica no sentido leste-oeste, em virtude

das fendas ocasionadas pela pressão vinda do núcleo cen-

tral da Terra e das forças tectônicas que movimentam as

massas sólidas sobre as liquidas. Essa divisão teria dado

origem a dois subcontinentes, Laurásia e Gondwana, que se

afastam lentamente um do outro. As correntes oceânicas e o

clima global se alteraram drasticamente.

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O marco divisor entre a Era Paleozóica e a Meso-

zóica é a extinção de 99 % de animais e vegetais existen-

tes, como resultado do princípio da fragmentação do super-

continente Pangéia. A Era Secundária ou Mesozóica, com-

preende o período de 250 milhões de anos, até 65 milhões

de anos atrás, inclui o Triássico, Jurássico e Cretáceo.

Durante o Período Triássico, aparecem os primeiros

mamíferos. Alguns répteis foram substituídos por novos

grupos, como as tartarugas, lagartos e crocodilos gigantes.O

períodoTriássico se caracteriza pela presença de grandes

sáurios aquáticos e terrestres como os dinossauros e pteros-

sauros. Surgem os monstros marinhos Plesiossauros, Icti-

ossauros, Mosassaurus, que se incluem entre os mais fero-

zes répteis marinhos da Era Mesozóica, eram carnívoros,

atingiam até 10 m de comprimento e viveram nos mares e

oceanos da terra, no Triássico, Jurássico e Cretáceo.

Dinossauros vagavam pelo Pangéia, coberto por

densas florestas, eles dominaram a terra e os mares durante

160 milhões de anos, até desaparecer completamente, dei-

xando fósseis em todos os continentes, inclusive na Austrá-

lia e Antártica. Os gigantescos dinossauros, Brontosauros,

Brachiosaurus,de até 22 m de comprimento e 6 m de altura,

chegavam a ter 50 toneladas de peso, eram herbívoros.

Muitos outros, como o Tyrannosaurus Rex de 15 m de

comprimento e 6 m de altura, eram carnívoros; eram os

maiores predadores do Triássico. Entre os dinossauros ha-

via diferentes espécies, uns carnívoros outros vegetarianos.

No Período Jurássico, entre 208 e 146 milhões de

anos aparecem animais de transição entre répteis e aves,

que evoluíram dos dinossauros ou dos répteis. As rochas

Jurássicas contêm os fósseis mais antigos da Terra. Fósseis

de moscas, vespas, baratas, abelhas e formigas; eram abun-

dantes os tipos atuais de crustáceos marinhos. Há 200 mi-

lhões anos atrás os continentes formavam grandes planí-

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cies, muitos se situavam a poucos metros acima do nível do

mar ou totalmente cobertos pelas águas.

O Período Cretáceo teve início há 135 milhões de

anos,durou 72 milhões de anos. Na flora, surgem os primei-

ros grupos de plantas floríferas (angiospermas), se espalha-

ram pela terra. Na fauna, apareceram os primeiros mamífe-

ros pequenos (marsupiais).Os tubarões povoam os mares.

Há 130 milhões de anos, com a sucessão de períodos domi-

nados por convulsões da crosta terrestre o subcontinente de

Gondwana começa a desagregar-se dando origem a cinco

continentes.As fendas ocasionadas pelos cataclismos, força-

ram a separação e afastamento da América do Sul, África,

Índia, Austrália (Austrália, Nova Zelândia e Nova Guiné,

formavam uma única massa continental) e Antártica.

Há cerca de 115 milhões de anos atrás a separação

da África e América do Sul prossegue, a Índia tinha se se-

parado da África e migrava em direção da Ásia. Há 110

milhões de anos os continentes se afastam mais, forma-se

um mar raso entre eles e a progressiva formação do Oceano

Atlântico e Índico.A atual configuração foi estabelecida há

65 milhões de anos.A posição dos novos continentes e a

seqüência da quebra determinam as rotas migratórias dis-

poníveis, a inter-relação ou características comuns, dos a-

nimais, das plantas e minerais que existem hoje. No fim do

Cretáceo os oceanos regrediram, originaram-se cadeias de

montanhas tais como: as Cordilheiras dos Andes, dos Hi-

malaias e as Antárticas.

A Era Mesozóica assistiu á intensa atividade do nú-

cleo central do planeta, freqüentes mudanças da crosta ter-

restre e a extinção completa dos grandes sáurios. Foi a épo-

ca em que ocorreram os eventos mais dramáticos do Planeta

Terra. A placa tectônica do Mar de Pantalassa, precursor do

Pacífico, em colisão com a placa Americana levantou o

continente 1.800 m acima do nível do mar.

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A transição da Era Mesozóica para a Cenozóica ca-

racteriza-se pelo desaparecimento dos dinossauros no final

do Cretáceo, não deixando sobreviventes, também os gran-

des répteis marinhos e seus primos voadores desaparece-

ram. Um meteoro gigantesco caiu sob a Terra e causou a

perda de 75% de todos os animais existentes. Entre os di-

versos tipos de insetos surgem as baratas, as formigas e os

escorpiões, eles existem há 350 milhões de anos, são sobre-

viventes de todas as catástrofes, até da bomba atômica.

Esta mudança marca o começo da Era Cenozóica e

do Período Terciário que inclui cinco épocas: Paleoceno,

Eoceno, Oligoceno, Mioceno e Plioceno.

Há 65 milhões de anos surgem os mamíferos, os

ancestrais dos cetáceos e os primeiros símios antropomor-

fos; quando teve inicio a propagação dos megamamíferos

que dominaram a terra por 2 milhões de anos, de aves e

plantas com flores. O impacto de um asteróide no Arizona

provocou uma nuvem de poeira com cinzas e detritos que

bloqueou a luz do sol durante muitos meses, impedindo a

fotossíntese. Nesse cataclismo foram extintas 55% das es-

pécies de plantas e de seres vivos.

Com a violenta turbulência da crosta terrestre, há

55 milhões de anos, o eixo de rotação da Terra oscilou e

mudou de direção, deslocando a região do atual Oceano

Glacial Ártico e dos territórios do norte da Europa e da Si-

béria para o sul, situando as terras do atual Canadá na faixa

do Equador.O Oceano Ártico ficou sendo um mar raso de

águas mornas deixando, ao norte, a grande depressão oceâ-

nica que ocupava anteriormente. Passou a confrontar-se

com uma extensa área de florestas luxuriantes de coníferas

que dominavam toda a região norte da Europa, época em

que os mamutes, os dinossauros e tigres dentes-de-sabre,

perambulavam pelas pastagens verdejantes da Sibéria.

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Tranformações extremas do globo terrestre ocorre-

ram centenas de vezes na história geológica do Planeta. Na

época do Mioceno há 23,5 milhões de anos, com o choque

das Placas Tectônicas adjacentes, inicia-se a formação das

Montanhas Rochosas, Andes Antárticos e Alpes europeus.

Período Quaternário apresenta apenas duas épocas:

a época do Pleistoceno que ocorreu há 3 milhões de anos, e

o atual. Esse Período assistiu à formação do sistema monta-

nhoso do planeta, ao movimento dos continentes até a sua

posição atual, e à tendência do arrefecimento do clima que

culminou na Idade do Gelo, no hemisfério Norte, a conse-

qüente expansão de camadas de gelo e queda do nível dos

oceanos. Também ao aparecimento dos primeiros hominí-

deos, há 2 milhões de anos..

Há 400 mil anos a Groenlândia, situada no mar Gla-

cial Ártico estava coberta com grossas camadas de gelo de

até 5 mil metros de profundidade e vastas áreas da Europa

e da América do Norte estiveram debaixo de centenas de

metros de gelo até 15.000 anos atrás. Contudo a Terra a-

queceu, os glaciares recuaram, os níveis dos mares subiram,

os baixios continentais e vales de rios inundaram, criando

novos hábitats para plantas e animais.Tais mudanças com

alterações climáticas rigorosas e conseqüentes Eras Glaciais

ocorreram centenas de vezes ao longo dos últimos 3 mi-

lhões de anos, no chamado período Quaternário da história

da Terra.

Alfred Wegener, meteorologista e geofísico alemão

(1880–1930), é o autor da célebre teoria das translações

continentais. A atual configuração e a posição dos continen-

tes foram estabelecidas há cerca de 65 milhões de anos,

mas continua em constante transformação. A América do

Sul e a África, por exemplo, afastam-se 7 cm por ano, am-

pliando a área ocupada pelo Oceano Atlântico. O Mar

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Vermelho também está se alargando e o continente africano

migra em direção ao continente europeu.

O deslocamento da crosta terrestre denominado de-

riva dos continentes, é resultado de um processo da recons-

trução permanente da crosta terrestre, que não é continua,

mas divide-se em vários blocos, as placas tectônicas, sepa-

radas por grandes fendas vulcânicas em permanente ativi-

dade no fundo do mar.Através dessas fendas, o magma sobe

do manto para a superfície, adicionando novos materiais à

crosta. Isso expande o fundo do mar e movimenta os blocos

que formam a superfície em diferentes direções. A solidifi-

cação do magma em camadas superpostas ao longo das

fendas vulcânicas forma grandes cordilheiras oceânicas. A

Dorsal do Atlântico Médio tem 73.000 km de extensão e

picos de até 3.800 m de altura.

Existe a lenda de que grandes massas de terra locali-

zavam-se nos atuais oceanos Pacífico,Índico e Atlântico, os

hipotéticos continentes de Mu, Lemúria e Atlântida. Lemú-

ria é o continente que se presume ter existido no Índico, ao

sul da Ásia à qual estaria ligado, bem como por Madagascar

à África e ao sul estaria unido à Austrália. Forças geológi-

cas abriram fissuras profundas na crosta terrestre submer-

gindo-os; separando os continentes e formando os mares.

Atlântida era um continente que se supõe ter existi-

do no Oceano Atlântico, a oeste do Estreito de Gibraltar.

Segundo os geólogos atuais, seria uma terra desaparecida

no oceano, de que restam ainda vestígios representados pelo

Arquipélago dos Açores, da Ilha da Madeira e das Canárias,

que fazem parte da cordilheira submarina, que se estende

longitudinalmente no oceano,a Dorsal Meso-Atlântica, cu-

jos picos emergem como ilhas vulcânicas. Atlântida ligava-

se à África abrangia a parte Norte, na região do Atlas, indo

até o limite do atual Saara então coberto pelas águas do mar

Mediterrâneo.

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Atlântida foi afundando por etapas, a primeira ocor-

reu 14.000 a.C. num tremendo cataclismo, devido à colisão

das placas tectônicas convergentes, Africana e Eurásiana,

que produziram violentos abalos terrestres. A segunda em

8.500 a.C. no final da Idade do Gelo, quando houve a gran-

de erupção do vulcão submarino Thera, no Mediterrâneo,

que provocou intensos tremores e deslizamentos de terra. A

agitação da água do mar dentro da caldeira gigantesca do

vulcão, causou ondas de até 100 m de altura.

De acordo com escritos de Platão, essa civilização

altamente tecnológica já existia a milhares de anos antes

dessa data. Há 27 mil anos atrás, o nível dos oceanos era

bem mais baixo algo entre 110 e 120 metros, com a movi-

mentação da crosta terrestre devidas às forças tectônicas, o

nível do mar elevou-se novamente e muitas ilhas, continen-

tes e cidades foram engolidas pelas águas.A Terra é um

planeta dinâmico, com forças continuamente ativas dentro

dele.Continentes submergiram, outros nasceram, oceanos

mudaram de posição e de forma ao longo do tempo.

Abalos de terra, e outras provas, demonstram que a

crosta terrestre, uma camada sólida e rígida, é fragmentada

em partes chamadas placas tectônicas. Os limites das placas

coincidem com as principais zonas de sismos, também com

cadeias vulcânicas ao longo delas. Existem evidências de

atividade vulcânica que inclui placas movediças de rochas,

causando desenvolvimento ativo de montanhas.

As várias partes do antigo continente de Gondwana

mostram um melhor ajuste geológico, mas preciso, como

entre a África e América do Sul. Wegener pôs em ordem as

evidências para mostrar que o encaixe envolvia a justaposi-

ção de vales de rios e cadeias de montanhas, similares for-

mações rochosas que continham fósseis e depósitos mine-

rais iguais.

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No inicio do século XVII, o filósofo e ensaísta in-

glês Francis Bacon já tinha chamado a atenção para o fato

inédito, tal como Snider Pellegrini em 1858, que apontou as

características similares de fósseis de plantas encontrados

em depósitos de carvão de ambos os continentes. Em 1922,

Wegener expôs a sua teoria de que os continentes tinham

sido impulsionados para as suas atuais posições.Muitos

cientistas aceitaram a teoria de Wegener, de que os conti-

nentes se moveram até as suas posições atuais, porque há

crescentes provas geológicas, tal como apresentadas por

Alex du Troit da África do Sul,que prova similariedade em

áreas ditas como tendo estado,nalgum tempo,juntas entre si.

Dentro de instante geológico de cerca de 5.000 anos,

o campo magnético da Terra contraiu-se a zero, e então

reapareceu com o norte e o sul magnéticos trocados. O ves-

tígio magnético desta troca é encontrado em grupos alter-

nados de rochas ao longo dos sulcos do meio dos oceanos.

As descobertas de inversões magnéticas em rochas no fun-

do dos oceanos, o caráter vulcânico das cristas oceânicas e

a idade dos basaltos oceânicos cobertos por uma camada de

sedimento geologicamente jovem, contribuíram para o co-

nhecimento da expansão do fundo do mar e daí para a Teo-

ria das Placas Tectônicas, que pode ser considerada uma

atualização das idéias de Wegener acerca do movimento

dos continentes.

Nos últimos 50 anos, a tecnologia moderna tem da-

do muita informação. Formalizaram-se as provas da valida-

de da Teoria da Expansão Continental no registro das ro-

chas e na distribuição de plantas e animais. Com a Tectôni-

ca das Placas, é possível explicar melhor a formação de

montanhas, assim como a distribuição de sismos, vulcões e

de muitas formas de vida.O leito oceânico vive em constan-

te movimento, arrasta e muda de lugar continentes e ilhas.

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A Geotectônica das placas, segundo a qual a super-

fície terrestre está dividida em várias placas rígidas que se

movimentam, umas em relação às outras e em relação à

camada inferior, liquida, composta de magma, resultando

na deriva continental. Na borda das placas tectônicas cos-

tumam ocorrer terremotos, vulcanismo e processos ligados

à formação de montanhas.

Foram identificadas sete placas principais: a do

Pacífico, Norte-Americana, Sul-Americana, Eurasiana, A-

fricana, Indo-Australiana, Antártica e dezenas de placas

menores. Ao longo de milhões de anos, as placas moveram-

se consideravelmente. Têm-se separado como as placas

divergentes que se afastam progressivamente, dando origem

aos oceanos, ou como as placas convergentes que se diri-

gem para o mesmo ponto e colidem, formando as mais

altas montanhas e as profundas fossas oceânicas, escorre-

gando entre si ao longo das falhas.

No meio dos oceanos Atlântico e Indico, e na parte

ocidental do Oceano Pacífico, existem longas fendas onde o

material derretido veio à superfície para formar cadeias

submarinas de vulcões. Este material em fusão tem origem

nos depósitos de magma dentro do manto superior da Terra,

e cristaliza-se como basalto ao resfriar. Estas cadeias de

vulcões oceânicos formam um sistema interligado com cer-

ca de 60.000 quilômetros de extensão, às vezes fraturado

em vários locais. As placas movem-se cerca de 5 cm por

ano. Algumas placas separam-se mais rapidamente, como

as placas de Nazca e do Pacífico que se movem cerca de 20

cm por ano. Quando as placas colidem, as zonas de colisão

são marcadas por grandes terremotos, como os ocorridos no

final do século XX no Japão, Irã e Afeganistão.

Outro tipo de limite de placa envolve duas placas

deslizando uma sob a outra ao longo da linha de falhas. O

exemplo mais conhecido e a falha de Cascádia (San Andre-

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as), na Califórnia, na costa oeste norte-americana, de 1.000

km de comprimento, tem sido associada com os grandes

terremotos em São Francisco e Los Angeles.A placa do

Pacífico desliza na direção norte em relação à placa Norte-

americana adjacente. Os terremotos são manifestações de

deslizamentos ocorridos nas falhas geológicas.

Os vulcões surgem por causa do choque das cama-

das rochosas superficiais que formam a crosta terrestre,

conhecidas como placas tectônicas. Nas áreas onde elas se

encontram, as altas pressões e as elevadas temperaturas do

centro da Terra provocam fendas por onde o magma é im-

pulsionado para fora. Ao entrar em contato com o ar, a lava

resfria e solidifica,formando uma elevação cônica,o vulcão.

A faixa que circunda o Oceano Pacífico é chamada

de “Circulo de Fogo”, por causa da presença de cadeias

vulcânicas ao longo dela, com vulcões em atividade. Quase

todos os vulcões ativos do mundo estão localizados em

bordas de placas convergentes. Aproximadamente 82% dos

vulcões em função se situam no “Circulo de Fogo”, na

junção da placa do Pacífico com as placas, norte-americana,

sul-americana, e indo-australiana.

A faixa também chamada de “Anel de Fogo” esten-

de-se por 40 mil quilômetros nas profundezas do oceano

Pacífico, está se tornando mais ativa.A região abrange a

cordilheira dos Andes, no oeste da América do Sul, as mon-

tanhas Rochosas, no oeste da América do Norte, as ilhas do

Japão, das Filipinas e da Indonésia. Outros 12% se locali-

zam na região denominada Dorsal do Atlântico, uma cordi-

lheira submarina que corta esse oceano de norte a sul e tem

a forma de um S.

Os vulcões ativos ocorrem geralmente ao longo de

linhas de falhas entre placas tectônicas, ou ao longo das

rachaduras do meio do oceano. O abalo sísmico ocasionado

pela erupção do vulcão submarino, em 26 de dezembro do

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ano 2004, no Oceano Índico provocou um gigantesco tsu-

nami, de ondas altíssimas, que varreu todo litoral da Indo-

nésia, atingiu violentamente o sul da Índia, e a costa da Á-

frica, matando mais de 270 mil pessoas. A maior parte das

vítimas (160.080) se encontrava na província de Aceh, na

ilha de Sumatra, a mais próxima ao epicentro do terremoto.

As grandes falhas oceânicas ficam paralelas aos arcos de

ilhas vulcânicas formadas como resultado de colisões de

placas oceânicas entre si, sendo as configurações mais pro-

fundas sobre a superfície da Terra.

A profundidade média dos oceanos é de 3.795 m,

mas o relevo submarino não é homogêneo. Apresenta desde

grandes cadeias de montanhas com picos superiores a 3.000

m, até depressões profundas como as fossas abissais. No

Pacífico Central existe a mais profunda depressão conheci-

da, a fossa oceânica das Marianas, ao longo das ilhas Mari-

anas, com 2.550 km de extensão e 11.898 metros de pro-

fundidade, é a mais profunda depressão conhecida.

Há várias falhas ao longo das ilhas do Japão e pró-

xima da ilha de Mindanao nas Filipinas se encontra a gran-

de fossa abissal de 10.790 metros, uma das mais profundas

fossas marinhas. No Atlântico existe a fossa de Porto Rico

ao longo da ilha com 8.648 metros, no Índico a de Java

com 7.724 metros de profundidade, a fossa Kermadec com

10.047 m, próxima à ilha de Tonga, a do Pacífico na costa

oeste do Peru-Chile com 8.066 m. A Bacia de Eurásia com

5.449 metros, e depressões, de Planet com 9.140 m na No-

va Guiné, de Horizon com 10.882 m nas Ilhas Fiji.

As profundas depressões no solo, com lagos de ori-

gem pelágica, salinos, são vestígios de mares isolados por

movimentos tectônicos, como o Mar Morto em Israel situa-

do a 394 m abaixo do nível do mar, o Mar de Aral com 68

m de profundidade e o Mar Cáspio com 980 m de profun-

didade, os dois últimos situados no sul da Rússia européia.

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Estes lagos são muitas vezes característicos das regiões

desérticas e geralmente sujeitos a secar. O grande lago

Baikal na Sibéria, próximo à fronteira da Mongólia, atual-

mente com 30.500 km² de superfície, já foi em tempos re-

motos um vasto mar de água doce; tem 1.620 m de profun-

didade, é o lago mais profundo da terra, possivelmente a

cratera originada pelo impacto de um gigantesco meteoro

(fragmento mineral que veio do espaço interplanetário).

Na época do Mioceno, há 23,5 milhões de anos a-

trás, com a colisão das placas tectônicas adjacentes Norte-

americanas com a Placa do Pacifico, inicia-se a formação

das montanhas dobradas da América Central, das Monta-

nhas Rochosas da América do Norte e do Canadá.

O Mar Vermelho no Egito, é um exemplo de uma

nova expansão do fundo do mar, enquanto que no leste da

África existe uma zona cortada de depressões, como o a-

longado Vale da Fenda (Grande Rift), que se estende por

mais de 2.890 quilômetros, através de Zimbábue, Moçam-

bique, Malawi, Tanzânia, Quênia e Etiópia, em cujos vales

se situam os grandes lagos, - o Turcana com 4.250 km² de

superfície e 73 m de profundidade, fica na divisa da Etiópia

com o Quênia, lago que dá origem ao Nilo Azul. O lago

Kiwu de origem vulcânica situado no Zaire, o lago Tanga-

nica com 32.900 km² de superfície e 1.435 m de profundi-

dade entre Tanzânia e Zaire.

O lago Vitória entre Quênia, Uganda e Tanzânia

com 68.800 km² de superfície e 100 m de profundidade,

onde se acha a nascente principal do Nilo Branco. O lago

Niassa ou Malawi, com 22.490 km² de superfície e 706 m

de profundidade, entre Malawi e Zâmbia, bem como os

demais lagos formados nas crateras de vulcões extintos.

Talvez o Vale da Fenda represente uma nova rachadura e

separação continental, daqui a um tempo imprevisto no

futuro. Há vários vulcões ativos ao longo do Vale Rift.

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A EXPANSÃO DA VIDA NA TERRA.

Todas as espécies vivas são sujeitas à extinção. Mu-

danças no ambiente, alterações climáticas, cataclismos co-

mo transformação brusca e de grande amplitude da crosta

terrestre, doenças, predadores ou outras espécies mais com-

petitivas na busca por alimentos, podem levar as espécies a

desaparecer. Os fósseis demonstram que a Terra foi povoa-

da por inúmeras espécies que foram extintas. São reconhe-

cidas pelo menos cinco grandes extinções em massa, sepa-

radas por períodos de centenas de milhões de anos.

Uma gigantesca extinção ocorreu 440 milhões de

anos atrás, no fim do período Ordoviciano. O brutal conge-

lamento do planeta (glaciação) e a conseqüente alteração no

ambiente marinho eliminaram 95 % dos seres vivos do pla-

neta. Há 370 milhões de anos, no fim do período Devonia-

no, uma série de extinções, que podem ter durado 20 mi-

lhões de anos, dizimou cerca de 70% das espécies existen-

tes. Uma das possíveis causas seria a colisão do meteoro

“Antártica” com a Terra. O impacto desse gigantesco mete-

oro teria provocado a “Grande Morte”. O evento colossal

desencadeou alterações profundas na superfície do Pangéia,

começaram a abrirem-se fendas e abismos assustadores.

A maior catástrofe ocorreu no período Permiano, há

288 milhões de anos atrás, com o início da desagregação do

supercontinente Pangeia. Morreram 70% das espécies ter-

restres e 96 % das marinhas. Outras causas que também

podem ter contribuído para essa tragédia, foram as imensas

erupções vulcânicas que ocorriam na região dos Montes

Urais ao longo de 2400 km na Sibéria, sufocando o am-

biente com cinzas e escuridão durante meses, impedindo a

ação da radiação da luz solar no processo da fotossíntese.

A lava fervente expelida pelos vulcões cobriu toda a região.

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Entre 250 e 200 milhões de anos atrás, no fim do pe-

ríodo Triássico e começo do Jurássico, 80% dos seres mari-

nhos foram eliminados, tendo por causa a fragmentação do

supercontinente Pangéia e formação de Laurásia e Gond-

wana, ocasionada pela superatividade vulcânica. Um gigan-

tesco meteoro ou cometa, o bólido Cretáceo-Terciário ou

CT colidiu com a Terra ao final do período Cretáceo da

história geológica, há 65 milhões de anos atrás. Em 1981,

cientistas americanos, Luis e Walter Alvarez e seus colegas,

descobriram que a poeira tóxica que pairou na atmosfera

ocasionada pelo impacto do gigantesco meteoro, havia sido

responsável pela extinção em massa dos dinossauros e mais

de 60% de todas as espécies vivas do planeta.

Tal colisão, que escavou a cratera Chicxulub (Méxi-

co), de duzentos quilômetros, foi o impacto de um objeto

com o tamanho do cometa Halley – cerca de quarenta qui-

lômetros de diâmetro. Objetos do tamanho do C.T. colidi-

ram com a Terra aproximadamente 10 mil vezes durante

seu primeiro bilhão de anos. O impacto do CT teve uma

grande influência sobre a história da vida na Terra.

Existem indícios de que naquela época ocorria in-

tensa atividade vulcânica na região da atual Índia..Em 30 de

junho de 1908, caiu um meteoro no vasto território de Tun-

guska, região deserta da taiga, a imensa floresta siberiana,

norte da Sibéria, abrindo uma cratera de 270 km de diâme-

tro, o impacto devastou e queimou 80 milhões de árvores da

floresta boreal de coníferas, numa extensão de 10.000 km².

Os dinossauros Pterossáurios, eram répteis voado-

res que viveram do Jurássico ao Cretáceo, durante 100 mi-

lhões de anos. Esses répteis voavam, tinham a envergadura

de asas de cerca de 11m, o pescoço não muito longo, a

cabeça dotada de focinho com dentes salientes e agudos. O

corpo compacto e a cauda longa terminavam numa mem-

brana larga da pele semelhante a um leme.

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As pernas posteriores eram fortes e as anteriores e-

ram usadas para sustentar as membranas das asas. Quando

em terra, utilizavam as quatro patas, arrastando-se desajei-

tadamente, eram adaptados para a vida no mar e para voar.

Algumas espécies menores sobreviveram à destruição refu-

giando-se nas águas do mar, como o dragão voador Pteros-

sáurios, que viveu ignorado até o século XV, nas cavernas

dos Montes Cárpatos, na Romênia, caçando e se alimentan-

do das ovelhas dos fazendeiros da região. Os fósseis do

dragão foram encontrados recentemente. Os ossos foram

datados, pelo carbono-14, para o ano de 1.475 da nossa era.

Na China, existe a mitologia do dragão. Diz a len-

da, que há 50 mil anos atrás, havia dragões voadores da era

dos dinossauros, possuíam cauda de serpente, quatro patas

com garras e duas grandes asas, viviam em grutas nas mon-

tanhas e saiam para caçar animais domésticos. Quando ata-

cados, defendiam-se soltando fogo pela boca, também, para

aquecer os ovos nos ninhos, das temperaturas do frio inten-

so das montanhas onde viviam. O dragão está presente na

tradição chinesa, foi o símbolo de poder dos imperadores

chineses, figura nas comemorações festivas,danças, pintu-

ras e murais.

O principal componente da evolução é o tempo.

Somente indo ao encontro de um passado de cerca de 3,5

bilhões de anos, o fenômeno da evolução dos seres vivos se

torna claro.Os fósseis são a única fonte de informação sobre

a longa história da vida no nosso planeta. Esses milhões de

anos do passado são igualmente partes da história da Terra.

Carbono-14 Isótopo radioativo do carbono, formado

em decorrência do impacto de raios cósmicos na atmosfera

terrestre. O carbono-14 foi a grande revolução na datação

de restos orgânicos, no entanto, é o uso do carbono-14, um

elemento radioativo. Desenvolvido em 1949, por Willard F.

Libby, químico norte-americano, esse processo permite

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medir a atividade do carbono-14, presente em ossos, madei-

ras ou carvão e compará-lo com o existente nos seres vivos.

Achados de fósseis humanos e de animais no mun-

do, jogam novas luzes sobre a vida e a passagem do homem

pelo planeta. No Saara marroquino, uma equipe da Univer-

sidade de Chicago chefiada pelo arqueólogo Paul Sereno

encontra, restos de dois animais que viveram na Terra há 90

milhões de anos; o Carcharodontosaurus saharicus (réptil

com dentes do tubarão, do Saara), um dinossauro de 15

metros de comprimento, cujo crânio sozinho mede 1,60 m

de circunferência, e o Deltadromeus agilis, um carnívoro de

ossos delgados de 8,5 metros de comprimento.

Os processos de colisão de asteróides e cometas afe-

taram a evolução da vida na Terra de uma forma bem maior

e talvez tenham criado as condições para os mamíferos se

desenvolverem, levando ao surgimento do Homo sapiens

Na evolução das espécies, os primeiros antropóides prece-

deriam de perto o surgimento do homem.

Durante o Período Eocênico, há 55 milhões de anos,

existia uma grande proliferação de primatas, tanto arbóreos

como terrestres, assistindo-se a evolução de uma linha de

descendência que provavelmente conduziu ao homem. Os

primeiros fósseis de primatas encontrados na África e Ásia

datam de 45 a 50 milhões de anos. Surgem os primeiros

hominóides, o africano e o asiático considerados como o

começo da espécie humana.

O primeiro vestígio fóssil encontrado na Etiópia em

1994, é de um cérebro de aspecto vagamente humano, data

de 18 milhões de anos, do Período Miocênico, quando apa-

receram no continente africano os primeiros primatas an-

tropóides,o Proconsul ou Dryopithecus e o Ramapithecus

prováveis antecessores dos homens e dos macacos. O Pro-

consul era quadrúpede e arbóreo, provavelmente um ante-

passado dos grandes macacos e também do Homo sapiens.

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Estimulados por mudanças ambientais e outros fato-

res desconhecidos, primatas e hominóides seguiram cami-

nhos evolutivos diferentes entre 5,2 e 8 milhões de anos

atrás. A família do macaco do sul da África, o australopi-

thecus, divide-se em três ramos, que lentamente evoluem

para gorilas, chimpanzés e humanos. Os hominóides adap-

taram-se à floresta e à savana e com o passar do tempo de-

senvolveram a faculdade da postura ereta o que lhes permi-

tiu caminhar sobre duas pernas.

O homem mais primitivo, isto é, um mamífero da

família Hominidae, o homo habilis, viveu no fim da época

Pliocênica, há cerca de 5,2 milhões de anos atrás; a partir

dessa forma primitiva o homem evoluiu através da época

Pleistocênica. Habitava as vastas savanas africanas, na Tan-

zãnia e na África do Sul, um meio ambiente hostil, com

uma enorme variedade de predadores carnívoros, ferozes.

Fósseis do Australopithecus anamensis foram des-

cobertos no Quênia, em 1993, mostram que o anamensis já

caminhava sobre duas pernas, entre 4,6 e 3,9 milhões de

anos atrás. Há cerca de 4,5 milhões de anos, havia uma

grande variedade de bípedes, alguns consideravelmente

maiores do que os Australopithecus grácil da África Orien-

tal, que os havia antecedido alguns milhões de anos antes.

Os locais onde habitavam estão associados com a manufa-

tura de utensílios feitos de pedra e de ossos de animais, de

chifres e de dentes.

O Australopithecus grácil era pequeno e flexível,

tinha de 1 a 1,35m de altura e pesava 30 kg, caminhava

sobre duas pernas. Foi contemporâneo do Homo habilis,

mas muito mais antigo.Viveu na região do Quênia Há cerca

de 4,4 milhões de anos, viveu o Australopithecus ramidus,

primata, parente próximo do primitivo ancestral humano.O

esqueleto dessa espécie foi apontada como o mais antigo

hominídeo.Habitava cavernas na atual Província do Cabo e

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Gauteng, caçava animais e comia plantas. O fóssil foi en-

contrado na Etiópia em 1994, aparentava ter 1,5m de altura

e pesar até 60 kg.

A mais antiga e segura prova do bipedalismo foi en-

contrada em 1974, na região do Médio Awash na Etiópia,

por Donald C. Johanson. Era o esqueleto apelidado de

Lucy, um Australopihtecus afarensis do gênero feminino,

que vagava pela região há 3,4 milhões de anos atrás, do-

cumenta uma transição na evolução humana. Em 1976, a

arqueóloga inglesa Mary Leakey, encontrou em Laetoli, na

Tanzânia, pegadas fossilizadas de 3 homideos, que cami-

nharam por ali, sobre uma planície coberta de cinzas vulcâ-

nicas, aproximadamente 3,5 milhões de anos atrás. As pe-

gadas provam que aqueles primatas andavam sobre duas

pernas. Fósseis de humanos e pré-humanos encontrados no

Olduvai Gorge, junto à fronteira da Tanzânia datam de dois

milhões de anos.

Uma mandíbula de 2,3 milhões de anos, foi encon-

trada no Deserto da Etiópia em 1994, pertencente ao gênero

Homo, ancestral do homem moderno e 400 mil anos mais

velho do que o Homo habilis, o mais antigo até então des-

coberto. Na África Oriental, clareiras na floresta permitiram

aos pastores e agricultores de cereais descerem para o Rift

Valley na Etiópia, para o Quênia e Tanzânia, onde a huma-

nidade pode ter tido origem. A invenção da ferramenta de

pedra rudimentar e o uso de utensílios de caça e pesca feitos

de ossos de animais, distinguiu os primeiros humanos de

outros hominídeos.

Os fósseis mais antigos atribuídos ao gênero Austra-

lopithecus robustus (ou talvez Homo habilis), considerado

o primeiro hominídeo a fabricar utensílios de pedra, foram

encontrados na savana da África Oriental, no sopé do mon-

te Ngorongoro, antigo vulcão, perto do desfiladeiro Olduvai

Gorge, (Tanzânia) e em Koobi Fora (Quênia), os fósseis

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foram descobertos pelo antropólogo queniano Louis Lea-

kley.em 1959.Os australopithecus viveram na África até

cerca de 1,7 milhões de anos.

O achado mais famoso ocorreu em 1930,de um fós-

sil hominídeo datado de 1,75 a 2.milhões de anos. O fóssil

foi encontrado, no Gran Rift Valley, na Tanzânia. Um ou-

tro fóssil de hominídeo foi encontrado na Ásia Central, nas

estepes do Cazaquistão, datado entre 1,9 e 2,34 milhões de

anos. Fósseis hominídeos encontrados na Cave Longgupo

na província de Sichuan, na China datam cerca de 1,9 mi-

lhões de anos, e assemelham-se à primitiva espécie huma-

na, o Homo habilis. Isso sugere um êxodo da África bastan-

te anterior. Há a possibilidade de que o Homo erectus, evo-

luiu independente na Ásia, e não é uma espécie africana.

Pesquisas recentes baseadas em provas fósseis e ge-

néticas sugerem que os hominídeos migraram para fora da

África, em várias ocasiões, há 2 milhões de anos. Altera-

ções no clima teria sido um fator decisivo nessas primeiras

migrações. Uma teoria sugere que há 2 a 3 milhões de anos

uma mudança de clima generalizada levou à substituição

das florestas tropicais na África Oriental pelas savanas, o

que favoreceu a espécie Homo que se adaptou melhor ao

terreno aberto, começou a empreender grandes caminhadas.

Inicialmente, seguindo os grandes mamíferos quan-

do esses animais começaram a se deslocar para o norte e

na direção leste, na seqüência da expansão da pradaria. No

decorrer das suas migrações, as primeiras espécies Homo,

transpuseram várias pontes terrestres que surgiram durante

as sucessivas Idades do Gelo,dos últimos 2 milhões de a-

nos.Aparentemente o Homo erectus,datando de cerca de 1,8

milhões de anos, migrou das planícies da África para tão

longe como a China e o Sudeste da Ásia, cujos vestígios

estão claramente associados com o mais antigo emprego

controlado do fogo, numa caverna em Zhoukondian na

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China. Outro fóssil foi descoberto por Weng Chung-pei em

1929, nos arredores de Pequim, chamado de “O Homem de

Pequim”, datado de 460.000 anos a.C. Em 1976, Richard

Leakey, do National Museums of Kenya, referiu a existên-

cia de um crânio de Homo erectus com 1,5 milhões de anos,

quase intacto.

Um estudo recente dos paleantropólogos e arqueó-

logos coloca a origem da espécie humana, no continente

africano de 2 milhões de anos atrás. O grupo africano pode

ser considerado uma forma primitiva do Homo sapiens,

linhagem da qual derivaram as primeiras populações de

seres humanos modernos. Os mais antigos fósseis conheci-

dos, com as características do homem moderno, são aqueles

do sitio Omo1 (Etiópia), da desembocadura do rio Klasies

(África do Sul), e de Qafzet (Israel ), que datam entre

90.000 e 110.000 a.C.

A África, berço dos hominídeos é o cenário da evo-

lução humana. Nos últimos 200 mil anos, a evolução da

espécie, conforme a doutrina de Charles Darwin, permitiu o

aparecimento do Homo sapiens moderno. Gradualmente, a

inteligência se desenvolveu no cérebro dos seres humanos,

no entanto, só parcialmente no dos animais, nalguns desen-

volveu-se mais, como nos chimpanzés e gorilas, nos golfi-

nhos, baleias, elefantes, castores, gatos e cães.

Sir Arthur Keith, um estudioso inglês da evolução

humana, propôs, que em sua opinião, as qualidades que

distinguem o homem começaram a emergir no volume ce-

rebral do Homo Erectus com cerca de 750 cm³ a 1250 cm³

de massa encefálica, evoluindo no Homo Sapiens para

1.100 cm³ a 1.800 cm³ de volume cerebral. A seleção na-

tural funcionou como uma espécie de crivo intelectual, pro-

duzindo cérebros e inteligências cada vez mais aptas a fazer

face às leis da natureza.

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No final do século XX, tornou-se possível seqüên-

ciar as bases do DNA, podia-se ter uma medida quantitativa

do relacionamento entre humanos e chimpanzés, e acontece

que as duas espécies compartilham 99,6 % de seus genes

ativos. Se não tivéssemos muito mais do que a prova bioló-

gica molecular, ainda assim ficaria muito claro que não há

nada em nós que seja qualitativamente diferente de nossos

parentes mais próximos, os chimpanzés – com a possível

exceção de um talento para a linguagem - a faculdade de

falar é uma característica humana. Num fóssil de Homo

habilis com mais de 2 milhões de anos, foram detectados

indícios, numa região do cérebro, de vários centros necessá-

rios para o desenvolvimento da fala, fato que constitui uma

virada fundamental na evolução dos seres humanos.

O desenvolvimento da linguagem, dos utensílios e

da civilização pode ter ocorrido aproximadamente na mes-

ma época. Há muito a descobrir a respeito da origem e dis-

persão da espécie humana. OHomo sapiens parece ter-se

desenvolvido na África nos últimos 200 mil anos, e terem

migrado para fora desse continente durante os últimos 100

mil anos.Os seus descendentes começaram a se estender

além do seu local de origem para colonizar ambientes me-

nos hospitaleiros na Europa e na Ásia. Para isso fizeram uso

da sua inteligência que lhe permitia construir abrigos, con-

feccionar roupas utilizando agulhas de osso, e dominar o

fogo, habilitando-os a sobreviver e prosperar mesmo quan-

do camadas de gelo cobriam a maior parte do mundo seten-

trional.

A colonização da Europa provavelmente começou

entre 1 milhão a 700 mil anos a.C. Os achados arqueológi-

cos mais antigos encontrados na Europa foram os fósseis do

Homo sapiens arcaico chamado de Neanderthal. Os pri-

meiros esqueletos dessa espécie, início da fase humana mo-

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derna, são descobertos em 1865, nos arredores do Vale do

Neander em Düsseldorf, na Alemanha.

Em 1879, em paredes de grutas em Altamira na Es-

panha,foram descobertas pinturas de animais pré-históricos,

como rinocerontes, bisões, veados, tigres dentes-de-sabre,

touros e mamutes lanudos, uma mega-fauna do período

Pleistoceno (Idade do Gelo), quando as pessoas caçavam

grandes animais selvagens ao longo da beirada das geleiras,

há 40.000 a 130.000 a.C.Em 1940, na França, foram desco-

bertas pinturas de animais nas paredes das cavernas de Las-

caux, em Dordonha, datadas de 20.000 a.C.Em 1933, foram

encontrados desenhos a carvão vegetal nas paredes da ca-

verna Cosquer, na França, da era do paleolítico superior, o

período final da Idade da Pedra Lascada, há 27.000 anos.

Os Neanderthais desapareceram há cerca de 40.000

anos no Oriente Médio e 35.000 anos na Europa, assimila-

dos ou exterminados pela chegada do Cro-Magnon (Homo

sapiens), compartilharam o continente europeu, próximo a

cinco mil anos.Homo sapiens sapiens, o humano moderno

apareceu no final do Período Quaternário, surgiu no conti-

nente africano entre 150 e 100.mil anos atrás. Emigrou para

o norte, para a Europa, entre 45 a 100.mil anos, e depois se

dispersou pelo mundo. Foi assinalado na China de 68 mil

anos a.C.

A espécie humana, Homo sapiens sapiens, pertence

ao gênero Homo (que inclui nossos antepassados hominide-

os) na familia Hominidae, que envolve os primatas (orango-

tango, gorilas e chimpanzés). A China foi habitada desde os

tempos mais primitivos. Restos de hominídeos foram acha-

dos na China O homo sapiens apareceu nas culturas paleolí-

ticas na região de Ordos, Hebei, e no sudoeste, por volta 30

mil anos a.C.. No vale do rio Huang Ho (Amarelo), a agri-

cultura primitiva chinesa dependia muito do painço e do

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cultivo do arroz, provas da existência de arrozais no delta

do Yang-tzé datam do 10° milênio a.C.

O homem moderno já ocupava a maior parte do en-

tão mundo habitável por volta de 60.000 a.C. Isso inclui a

Austrália povoada em 60.000 – 40.000 a.C. por ancestrais

dos aborígenes que construíram canoas e barcos marítimos

para cruzar o mar aberto entre Java (então unida ao Sudeste

da Ásia) e o continente desabitado da Nova Guiné.

O êxito do homem moderno, Homo sapiens sapiens,

na colonização da Terra, deve-se à mudança evolutiva na

forma física e capacidade mental dos hominídeos. Embora a

sua anatomia básica pouco se tenha alterado, os traços dis-

tintivos dos hominídeos, como a postura ereta, o caminha-

rem sobre duas pernas, a face vertical, dentes menores, e

cérebro maior, foram aperfeiçoados em cada espécie e sub-

espécie sucessiva. A capacidade média do cérebro dos mo-

dernos humanos é três vezes maior à dos grandes primatas.

Devido à variação genética, os indivíduos de uma

população têm uma tolerância ao redor do seu nicho ecoló-

gico, mas para além de um limite particular de diferenças,

as espécies são incapazes de viver. As comunidades são

fortemente ligadas ao seu ambiente físico, ou habitat.

Uma vez que o clima, os solos, e os fatores “bióti-

cos” variam ao redor do mundo, as populações são obriga-

das a se adaptar. O conjunto de plantas e animais de uma

região ocorrem em grupos particulares, refletindo a sua

adaptação uns aos outros e ao meio ambiente. A interação

da “biota” com o clima, solo, relevo e outras condições tem

sido tema de muita descoberta ecológica. Sobre a terra e

nos oceanos, existem claros agrupamentos regionais de

“biota” contribuindo para diferenças entre locais. Mudanças

no clima tenham elas ocorrido há milhões de anos atrás ou

no século passado, requerem ajustamentos dos organismos.

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Charles Darwin (1809-1882), célebre naturalista in-

glês, foi um dos muitos cientistas que conceberam padrões

de evolução dos seres vivos. Em 1831, participou com ou-

tros cientistas, de uma expedição de volta ao mundo, que

durou cinco anos. Nessa viagem obteve informações para

fundamentar a Teoria da Evolução. Em expedição cientifica

ao Madagascar, a quarta ilha maior do mundo, separada do

continente africano há mais de 50 milhões de anos; desen-

volveu-se ali uma fauna e flora própria, que não se encon-

tram em nenhuma parte - ali vive um fóssil vivo, o pequeno

e gracioso primata de grandes olhos – o lêmure, que desper-

tou atenção especial de Darwin. Os chamados fósseis vi-

vos são espécies vegetais e animais que viveram durante

um grande período de tempo geológico sem sofrer trans-

formações vultosas, inclui espécies extintas de peixes dota-

dos de barbatanas ou lobadas.

O Celacanto, como os dinossauros, surgiu no Triás-

sico há 250 milhões de anos; é uma espécie de peixe fóssil,

considerado como animal de transição, que se pensava ex-

tinto, já que as espécies similares desapareceram, aproxi-

madamente há 70 milhões de anos, no final do Cretáceo.

Até que um exemplar foi pescado nas águas do Canal de

Moçambique em 1939. Outro exemplar foi pescado por um

nativo da ilha de Anjouan a oeste de Madagascar em 1952.

O Celacanto é considerado um dos pontos capitais

da evolução do homem dos seus antepassados animais, é

semelhante a uma perca gigante, mede 1,65m de compri-

mento, tem cauda dupla, possui dentes possantes de preda-

dor, barbatanas lobuladas em forma de pincel, barbatanas

peitorais e do abdome com aspecto de patas.Verifica-se que

não estão longe dos membros dos vertebrados quadrúpedes.

A evolução biológica tem sido acompanhada por

uma complexidade cada vez maior. Os organismos mais

complexos que existem atualmente na Terra contêm muito

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mais informação armazenada, quer genética, quer extra -

genética, do que os organismos mais complexos de há 200

milhões de anos atrás. A evolução é um fenômeno lento e

gradual sofrido pelos seres vivos, a partir de formas primi-

tivas até as formas complexas atuais. Os fósseis fornecem

os registros da história da Terra que provam a existência da

evolução. Outros estudos em Biologia, Fisiologia, Genética,

Embriologia e outros campos dão provas seguras a favor

desse processo.

A pré-história pesquisada é apenas a ponta de ice-

berg que remonta ao aparecimento da espécie humana na

Terra. Paleontólogos, arqueólogos, antropólogos, cientistas

e pesquisadores, ampliaram a visão do passado em milhões

de anos.Seria impossível compreender a história da raça

humana sem considerar as suas descobertas.Toda interpre-

tação do passado é sempre provisória, no sentido de que

não passa de uma hipótese; não importa quantas vezes os

resultados de experiências concordem com uma Teoria,

talvez amanhã os cientistas discordem das teses atuais e

formulem novos modelos, conceitos, leis de astronomia e

física do futuro.

Charles Darwin convenceu a maioria dos estudiosos

de que a evolução realmente ocorrera. Viajou ao Arquipé-

lago de Colón (Galápagos), um conjunto de ilhas vulcâni-

cas, pertencentes ao Equador, localizadas a 1.000 km ao

largo da costa do Pacífico. As ilhas nasceram do fogo das

profundezas da Terra, das forças geológicas em convulsão

que as moldaram, solidificando a lava incandescente vomi-

tada pelos vulcões.As Galápagos são uma cadeia de vulcões

submarinos que se aglomeraram formando o arquipélago.

O Arquipélago de Galápagos é um caldeirão repleto

de vida, abriga uma singular e estranha fauna que se consti-

tui de espécies únicas de animais,está situado em cima da

linha do Equador, tem um clima abrasador, infernal, mas na

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temporada das chuvas da primavera se transforma em um

paraíso verde e florido.ocalizado na encruzilhada das cor-

rentes oceânicas; da corrente fria de Humboldt, que parte da

Antártica em direção ao Equador e esfria a água do Pacífi-

co e da corrente Equatorial, quente, que se dirige do Equa-

dor para os pólos e leva calor.A temperatura favorável das

águas do Oceano beneficia a diversidade da vida nas ilhas.

O grupo de ilhas vulcânicas das Galápagos são os

locais mais ativos do mundo, vulcões geram uma ilha após

a outra, que se originam das profundezas da crosta oceâni-

ca. Deslocam-se 5 cm por ano, sobre uma placa quente

equivalente a uma esteira geológica rolante. Foi lá, nas I-

lhas Galápagos, que Darwin reuniu o principal material da

sua célebre obra, “A Origem das Espécies”, publicada em

1859. Nesse livro ele expôs a teoria da evolução das espé-

cies pela seleção natural. Naturalistas do mundo todo visi-

tam as ilhas e se deslumbram com a vida estranha e singu-

lar desse mundo exótico.

A existência de espécimes únicos no reino animal

nas Galápagos e Madagascar deu a Darwin a oportunidade

de observar a evolução e adaptação ao meio ambiente. É o

hábitat de tartarugas gigantes (galápagos), de couraça de

até 0,90 m de diâmetro, alcançam o peso de 150 kg, longe-

vas, podem viver de 123 até 200 anos. As tartarugas for-

mam a ordem mais antiga dos répteis, apareceram há mais

de 200 milhões de anos, são animais de sangue frio, ovípa-

ros. Na Era Mesozóica, os répteis se desenvolveram extra-

ordinariamente, originaram-se a partir dos anfíbios. Todas

as tartarugas são protegidas por uma couraça. A cabeça e

membros são retraídos, as extremidades dos membros são

achatadas, como remos.

As Quelídridas das Galápagos são de tamanho vo-

lumoso, a cabeça grande, o pescoço longo e enrugado, do-

tado de franja, carapaça rugosa e a cauda longa. São terres-

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tres, herbívoras, alimentam-se de plantas e capim. As maio-

res tartarugas verdes vivem nos mares quentes das ilhas

Galápagos, geralmente nas águas rasas do litoral, vêm à

superfície a cada hora para respirar. As tartarugas põem os

ovos num ninho raso, escavado no chão, em lugar onde haja

bastante sol.

O iguana ou dragão marinho, que parece um rema-

nescente da época dos dinossauros couraçados do Triássico.

Duas espécies de iguanas vivem nas ilhas Galápagos, a es-

pécie Amblyrhynchus, gênero de répteis sáurios iguanídeos,

escamados. A cabeça do iguana é grande, com formato tri-

angular, e por baixo dela existe um grande enrugamento da

pele, com saco dilatável. No dorso, da nuca até a cauda a-

presenta uma crista de espinhos. Possuem escamas granula-

res sobre os lados do corpo, nas costas e na barriga.

Nas quatro patas robustas possuem cinco dedos do-

tados de garras. A cauda é mais comprida do que o corpo, o

animal utiliza-a para defender-se. A cor predominante é a

verde com manchas pardas, azul e verde escuras, podem

mudar de cor. São ovíparos. Podem atingir de 1,30 a 1,80m

de comprimento. Vivem em praias rochosas e comem algas

marinhas, insetos e plantas. O iguana terrestre deposita seus

ovos nas cinzas vulcânicas ainda mornas.

O Arquipélago das Galápagos é um cadinho fasci-

nante para a vida, ali desabrocha o cacto nas dobras da lava

resfriada, o alimento preferido das tartarugas. Vivem ali

lobos marinhos, focas, pingüins, corvos marinhos que não

voam, enormes leões marinhos a guerrear pelas fêmeas nas

praias, lagartos marinhos que em outros tempos eram ter-

restres, mas, para sobreviver voltaram ao mar. Enormes

albatrozes, com asas de dois metros de envergadura, sobre-

voam o Oceano disputando a presa com atobás de perna

azul. Lindos flamingos rosa chafurdam nas poças de lama à

beira dos gêiseres, à procura de alimento.

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As três espécies de tentilhões das árvores, que se di-

ferenciam pelos bicos, pássaros inteligentes; praticam uma

engenhosa maneira de tirar gordas lagartas dos orifícios das

árvores; primeiro, cortam com o bico uma haste fina de

graveto, aparam-na segurando com os pés, depois a enfiam

no orifício espetando a lagarta e trazendo-a para fora, deli-

ciam-se com a lauta refeição.

Em 1871, Charles Darwin publicou o livro “A Des-

cendência do Homem”, obra na qual expõe sua teoria de

que o ser humano descende de primatas. Na sua viagem à

Terra do Fogo, a região distante e inóspita de cada lado do

assustador Estreito de Magalhães, que recebeu o nome de

“Canto mais remoto da Terra”, a despeito das tempestades

de neve quase infindáveis, soprando a pouca distância do

solo.A Terra do Fogo,possui uma fascinante grandiosidade.

Geleiras caem verticalmente para o Oceano e, atrás delas,

picos cobertos de gelo, destacam-se contra o céu pálido.

Milhares de pingüins reais desfilam pelas encostas

geladas e colônias inteiras de morsas, focas e leões mari-

nhos espreguiçam na praia ou engalfinham-se em lutas pe-

las fêmeas Até o século XIX, as tempestades uivantes e o

terreno desolado, desencorajavam os exploradores e deixa-

vam os indígenas Yahgan, descendentes de aborígines aus-

tralianos, viverem em paz durante 11.000 anos. Os habitan-

tes fueginos, pareceram a Charles Darwin, que visitou a

região, “criaturas mais desprezíveis e miseráveis que já

conheci, sendo comparados a animais selvagens, pelo com-

portamento e modo primitivo de vida”.Em rituais caniba-

lescos, com danças e cantos, sacrificavam seus inimigos.

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O CONTINENTE AFRICANO.

Desde a Era Arqueana, há 4 bilhões de anos da for-

mação do supercontinente Pangéia até o inicio da Era Me-

sozóica há 250 milhões de anos, a história geológica da

Terra foi se desenrolando lentamente. Aconteceu a frag-

mentação do Pangéia resultando na formação de dois sub-

continentes: Gondwana e Laurásia. Há 145 milhões de a-

nos, iniciou-se a desagregação do subcontinente Gondwana,

provocado pelo intenso vulcanismo. A contínua instabilida-

de e comoção da crosta terrestre abriram fendas que separa-

ram a América do Sul, África e a Índia; surgiram os Ocea-

nos Atlântico e Índico, fenômeno que se prolongou por

mais de 75 milhões de anos, resultando na atual configura-

ção terrestre.

A África separou-se da América do Sul e da Ásia,

tornando-se o segundo maior continente do mundo, com

30.270.643 km² de superfície. É banhado a oeste pelo Oce-

ano Atlântico, á leste pelo Mar Vermelho e o Oceano Índi-

co. Ao norte pelo Mar Mediterrâneo e ao sul pelo Oceano

Atlântico e Índico. É cortado pela linha do Equador, situa-

se entre os trópicos de Câncer e Capricórnio. Continente de

grandes reservas minerais, mas de climas muito difíceis.

Contudo centenas de tribos primitivas vivem satisfatoria-

mente em desertos e florestas. Importantes civilizações têm

surgido no continente, na Antiguidade e na Idade Média.

No período em que a África fazia parte do conti-

nente de Gondwana possuía o clima tropical úmido, era a

época em que a região do Saara estava coberta por imensas

florestas, onde perambulavam dinossauros, tigres dente-de-

sabre, elefantes, búfalos, zebras e girafas. O ambiente tropi-

cal úmido favorecia a vida, que fervilhava nas florestas,

savanas e lagoas.Caudalosos rios serpenteavam por toda a

África, inclusive, onde hoje se expande o Deserto do Saara.

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Em conseqüência da fragmentação de Gondwana e catastró-

ficas mudanças climáticas, o Saara começou a desertificar.

O lago Chade, situado na África Central, era um i-

menso mar interior de água doce que abrangia toda a região

da atual Guiné, Niger, Nigéria e Chade, com milhões de

km² de superfície, estendendo-se além pela planície amazô-

nica na América do Sul e África, continentes ainda unidos

entre si. Atualmente o lago Chade tem apenas 27.000 mil

km² de superfície, e 7 metros de profundidade, devido a

intensa evaporação pelo calor e assoreamento pelas tem-

pestades de areia vindos do Deserto do Saara. É formado

fundamentalmente por pântanos, sendo considerado rema-

nescente do antigo mar interior que existia naquele tempo.

Deságuam no lago Chade, os rios Chari e Logone que tem

suas nascentes no maciço do Adamaoua que se eleva no

pico Hosére Vokré com 2.049 m de altitude, e os rios Ha-

dejia, o Komadugu Gana, e outros rios menores.

Há 1,5 milhões de anos atrás hominídeos caçadores,

deslocando-se da África Oriental caminham para o Norte

atravessando o deserto de Saara, na altura uma região de

abundante vegetação e caça. Ao Norte do Equador, a tran-

sição das atividades de caça e coleta para a produção de

alimentos começou por volta de 13.000 anos a.C. e lenta-

mente se desenvolveu. O cultivo de cereais chegou ao norte

da África vindo do oeste da Ásia

A África Tropical foi o hábitat dos primeiros homi-

nídeos que faziam ferramentas de pedra, controlavam o

fogo e construíam abrigos. Há apenas 1 milhão de anos os

seres humanos começaram a povoar as áreas limítrofes com

a Ásia e a Europa. Cerca de 400 mil anos atrás, grupos de

seres humanos se estabeleciam até o Norte da China e se

estendiam em direção ao Sul, na Índia e o Sudeste Asiático.

O povoamento da África foi crucialmente determi-

nado pelas limitações físicas do continente. A existência de

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desertos e florestas equatoriais em grandes áreas tornava a

agricultura e a comunicação muito difíceis. As tribos pri-

mitivas comunicavam-se pelo som dos tambores A África é

uma terra de grandes contrastes. No continente, o mais tro-

pical do mundo, predominam as altas temperaturas, máxima

registrada na Líbia de 57,7º Celsius, mas também existem

faixas subtropicais nas extremidades norte e sul, com má-

xima registrada no Marrocos de menos de 23,9° Celsius.

Grande parte de seu território é formado por desér-

tos. No Norte da África, situa-se o maior deserto quente do

mundo, a árida região do Deserto do Saara, com tempera-

turas de até 54°Celsius ao sol, representa um terço de todo

território africano. O Saara ocupa 8.670.000 km² de super-

fície. A região é atravessada pelo Trópico de Câncer ao sul

do Magreb,do planalto da Líbia e do delta do Nilo no Egito.

O Saara se espalha a oeste do Mar Vermelho, na

Somália, Etiópia, Egito, ao sul da Argélia, por trás do Atlas

Saariano e Tunísia, vai até os limites de Mali, Mauritânia,

Niger e Chade. Ao norte das estepes do Sudão estende-se

a vastidão de areia e formações de rochas do Deserto, salpi-

cado, aqui e ali de pequenos oásis habitados.Na margem da

região central, encontra-se o Sahel, uma estreita faixa de

terra semi-árida ao sul do Deserto, que atravessa 12 países

africanos de oeste a leste, uma savana de transição que se

prolonga até a margem do lago Chade.O Sahel é uma regi-

ão de matas espinhosas, capim áspero, árvores de acácia

dispersas pelo terreno arenoso, de cujas folhas se alimentam

as girafas, modelando a árvore como um guarda-chuva.

Nos séculos chuvosos de 20.000 a.C., habitantes do

Magreb (a região que abrange a planície litoral do Mediter-

râneo e os montes Atlas) que faziam arco e flecha, povoa-

ram o Saara antes árido, mas que com as chuvas freqüentes

tornou-se produtivo.Até há 7 mil anos atrás o deserto de

Tassili era coberto de ciprestes; a região de Ahaggar era

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uma vasta pradaria onde viviam girafas e avestruzes; e o

deserto de Tenéré, uma das regiões mais áridas do Saara,

era um mar, de cuja fauna viviam numerosos povos de pes-

cadores e cujo vestígio é o atual lago Chade. A região do

Chade é desértica ao norte, o Saara cobre 40% do territó-

rio, onde se encontra o grande maciço vulcânico do Tibesti.

No subsolo encontram-se grandes lençóis de água potável.

Varias espécies de plantas nativas foram cultivadas

nas terras úmidas do Saara, fato comprovado, em vista das

belíssimas pinturas rupestres achadas através do Saara, nas

grutas do maciço de Tassili, do Tibesti e no Hoggar, datan-

do de 10.000 a 40.000 mil anos atrás.As primitivas pinturas

mostravam figuras de elefantes, búfalos e girafas acompa-

nhadas por manadas de gado domesticado pastando nos

campos. Outras pinturas representavam seres humanos dan-

çando e seres sobrenaturais nos quais acreditavam.

A modificação na inclinação da Terra e da sua rota-

ção em milhares de anos alterou o clima no continente afri-

cano. Há 11.500 a.C.no final da Idade do Gelo, houve uma

mudança repentina do clima.Os megamamíferos foram ex-

tintos.As áreas de florestas cerradas e pastagens cultiváveis

se contraíram no período de mudanças climáticas, levando à

alterações consideráveis nos métodos consolidados de pro-

dução e distribuição de alimentos.

Por volta de 3.000 a.C., com a gradual transforma-

ção do clima, teve início a desertificação progressiva da

área saariana, que ao largo dos séculos provocou incontá-

veis migrações de animais e tribos para o litoral marítimo

ou as verdes pradarias do sul. As terras foram tornando-se

paulatinamente secas e áridas, as plantas morreram, os nu-

merosos rios que percorriam outrora a região secaram, la-

gos evaporaram deixando no fundo grossas camadas de sal.

No Saara se formaram vastos planaltos calcáreos,

grandes acumulações de dunas de areia que cobrem imen-

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sos espaços e planícies varridas pelos ventos, cobertos de

areia grossa. O clima seco, caracterizado pela secura do ar e

pela variação da temperatura, pela violência dos ventos

quentes (síroco), também pelas tempestades de areia.Os

ventos provocam a erosão por desagregação das rochas e

arrastam os detritos formando as dunas de areia, que muitas

vezes se elevam até 300 m de altura e mudam-se constan-

temente, de acordo com a direção dos ventos que as empur-

ram. A vegetação é rara, alguns arbustos e ervas espinho-

sas, resistentes ao calor. Os animais que ali vivem são os

dromedários, raposas, antílopes, ônix, lebres, chacais, rép-

teis, roedores, vermes, insetos e algumas aves.

Os desertos são regiões inacessíveis aos ventos chu-

vosos do mar e submetidos a uma estiagem contínua. Dai

provêm uma ausência de vegetação quase total, um relevo

de origem eólica e dunas de areia devido ao efeito dos ven-

tos. Um clima sujeito a bruscas variações de temperatura e

uma inabitabilidade quase absoluta a não ser na orla da re-

gião desértica e nos oásis, muitas vezes criados pelo ho-

mem. Os berberes, de raça negróide, é o principal povo que

vive no deserto do Saara. Nos tempos antigos, os tuaregues,

feroz tribo nômade de berberes, vigiavam as rotas das cara-

vanas e muitas vezes as atacavam e saqueavam.

Após a desertificação do Saara (2.500 anos a.C.) a

África viu-se dividida numa área mediterrânea e outra tro-

pical, sendo a região subdesértica do Sahel o ponto de con-

vergência das culturas desenvolvidas em ambas. Acentua-

ram-se os contrastes entre os nômades do deserto e as tri-

bos sedentárias de sua periferia.

Berço da humanidade, a África sempre se caracteri-

zou por sua variedade de crenças e tradições. A quantidade

de línguas, costumes e práticas religiosas foram sempre tão

diversificadas quanto a paisagem, composta ora por deser-

tos, florestas exuberantes e montanhas, ora por pântanos,

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rios e lagos. A história desse continente de contrastes é

pouco conhecida e estudada por outros povos. Com exceção

da Região Norte, onde floresceu a civilização egípcia, há

poucos registros da trajetória de seus habitantes antes da

chegada dos muçulmanos, a partir do século VII.

Há 2.200 a.C. houve uma grande seca que abrangeu

toda a atual Grécia, Turquia, Iraque, Irã, Egito e a Etiopia.

A seca provocada pela dramática mudança do clima se pro-

longou por dezenas de anos, o Nilo secou desde as nascen-

tes na Etiópia, e a fome destruiu o grande Império Egípcio.

O Egito, graças ao Nilo, integrava um conjunto à parte, ao

qual se ligavam os Núbios (Sudão e Etiópia), anexados pela

IV dinastia com o nome de País de Kush.Até o ano 750

a.C.reina o esplendor da cultura kushita no Sudão.No sécu-

lo V a.C. a faixa norte sofreu colonização fenícia e grega,

mais tarde os romanos ocuparam o norte da África até o

Egito.As costas de Zanzibar eram alcançadas pelos árabes

e etíopes do Reino de Axum estabelecido no século I d.C.

Fundado em 900 a.C.. o Reino de Meroe situado na

junção dos rios, Nilo Azul e Nilo Branco, foi derrubado no

ano 400 d.C. pelo Reino de Axum, estado mercantil da Eti-

ópia. A riqueza de Axum derivava do comércio marítimo e

exportação de marfim africano e em 400 d.C. sua frota na-

val dominava o Mar Vermelho, comercial e militarmente.

Mas no ano 700 d.C. Axum entrou em conflito com o poder

muçulmano e sua frota foi destruída pelos árabes.No século

VII - II a.C. instala-se a cultura Nok no atual território da

Nigéria, dela descendem os Yorubas do sul.Somente no ano

1.000 surge o reino de Yoruba e desenvolve-se na região.

Em 150 d.C.as tribos berberes e mandingas come-

çam a dominar o Sudão.A expansão do comércio transaari-

ano impulsionou os Estados do cinturão sudanês.Dois dos

maiores, Gana e Mali foram criados por povos mandingas

que se espalhavam pelo oeste da África. O império de Ga-

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na, que prosperou entre os séculos VIII a XI, foi fundado

pelo grupo soninquê dos mandingas na área ao norte dos

rios Senegal e Niger, é destruído pelos Almorávidas em

1076, seita religiosa e política dominante na Espanha e no

Norte da África de 1061 a 1147.

Na região sahélio-sudanesa nos séculos IV-XV d.C.,

desenvolveu-se o rico império de Mali,centralizado nas

cidades de Gao e Timbuktu, cidades florescentes, situadas

ao longo do rio Niger, região de terra fértil, e grandes jazi-

das de ouro no maciço de Fouta Djalon .O império Mali

estende-se da cidade de Timbuktu até o Atlântico, torna-se

o maior centro comercial de ouro e diamantes, dentre os

impérios sudaneses.Criado por povos mandingas, cuja cul-

tura misturava elementos animistas locais a outros de influ-

ência islâmica.É dominado pelo Império Songhai em 1546.

Entre os séculos V- XIV, o Império Songhai desli-

gado de Mali estende-se do Senegal ao centro do Saara.

Jóias, ouro e sal eram transportados através do abrasador

deserto no lombo dos camelos. O camelo foi introduzido na

África no período romano, trazido da Ásia Central no ano

100 d.C. Essa criatura extraordinária deu prosseguimento às

caravanas que atravessavam o deserto rumo aos portos do

litoral do norte. Extraía-se sal nas minas dos antigos lagos,

agora secos. O sal é um elemento essencial na alimentação,

era valioso e disputado.

O Império Songhai, é o primeiro grande Estado mu-

çulmano dessa região. Atinge o apogeu durante o reinado

de Mansa Musa em 1312, quando se expande até a costa do

Atlântico. Em 1324, o rei Mansa Musa foi à Meca em pere-

grinação, levou muito ouro com seu enorme séqüito, che-

gando à Cairo distribuiu o ouro entre os peregrinos que se

dirigiam à cidade sagrada de Meca, na Península Arábica.

Multidões seguiam para o Templo de Caaba, orar à Allah,

Deus único, clemente e misecordioso e admirar a Pedra

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Negra (um meteorito, pequena rocha que veio do espaço

sideral, exposta no Templo). Nos séculos XIII-XV, foram

islamizados os peul, mandê e hauçá do Sudão e os Impé-

rios de Gana e do Mali. Nos séculos seguintes, os muçul-

manos dominaram os poderosos Impérios do Mali e Son-

ghai. Em 1450, foi criada a primeira Universidade de San-

kore. Torna-se um importante centro intelectual, atraindo

estudantes e professores de todo o mundo islâmico.

A África desse período era formada por diversos

reinos, nações, cidades-Estado e tribos, cada um com suas

crenças, ritos e costumes. Durante o domínio árabe, o isla-

mismo funcionou como um elemento catalisador e permitiu

o aparecimento de Estados unitários autônomos no norte da

África. Na faixa entre o Norte e a África Subsaariana, no

entanto, as guerras provocadas pela presença islâmica de-

sintegraram o Império Gana, a partir do século XI.

Entre 1.000 e 1.500 o Islã se expandiu em direção

ao sul e através do Saara para o interior dos Estados do Cin-

turão Sudanês, do Senegal ao Nilo. Mercadores e viajantes

atravessavam o Saara com caravanas de camelos, partindo

dos depósitos comerciais em uma das extremidades do de-

serto, ao sul dos Montes Atlas no Marrocos e Walata no

Mali, artigos de luxo e sal eram levados para a África Ne-

gra do sul. Em troca, traziam artigos de couro, escravos,

ouro e diamantes. A expansão do comércio transaariano

impulsionou as cidades-Estado.

Mais a leste ficava o Império Kanure, fundado por

povos desérticos em Kanem, a leste de lago Chade A oeste

de Mali ficavam as cidades-Estado dos Hauçás, Kano,Zaria,

Katsina.Ao longo da costa oriental, havia muitas cidades-

Estado muçulmanas, onde o povo e a civilização suaíli inse-

riram esta parte da África em um complexo comercial do

Oceano Indico. Kilwa Kisiwani prosperou como entreposto

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para ouro do Zimbábue, trazido via Sofala. Em 1740, o rei-

no de Lozi estabelece-se na planície do rio Zambeze.

No século X a.C. o expansionismo banto chega ao

vale do Grande Rift, e métodos complexos de irrigação são

usados na região.Pesquisas sugerem que bantos, um povo

de agricultores de raça negra, relacionados pela língua e

físico aos primitivos povos da África Ocidental, surgiu na

bacia do rio Congo nos séculos 1V-V, d.C. a procura de

pastos para as ovelhas e vacas, plantando sementes expan-

diu-se na África Meridional. O processo envolveu confron-

to com caçadores e coletores da região, o povo Khoisan.

Prevaleceram os agricultores bantos, mais numero-

sos, que se tornaram presença lingüística e cultural domi-

nante no leste e sudeste africano, e foram responsáveis pe-

los primeiros reinados comerciais da região, como o do

império do Grande Zimbábue, que floresceu até o ano de

1400 d.C. Na região do atual Zimbábue no vale do Zambe-

ze, surgiu entre os séculos XV – X1X, o reino de Monomo-

tapa, conhecedor da metalurgia do ferro, cobre e ouro, e que

mantinha intenso comércio de metais e marfim com a Índia.

A partir do século XV todas essas civilizações seri-

am influenciadas pelas expedições portuguesas e espanho-

las, que modificariam as práticas comerciais, introduziriam

a cristianização, o tráfico negreiro, e teve início a coloniza-

ção ocidental do continente africano.

Por volta do século X d.C. os árabes fixaram-se ao

longo da costa mediterrânea. Parte dos habitantes no norte é

de raça branca, tuaregues e mouros. Os beduínos (árabo-

berberes) perfuram poços artesianos nos oásis, criam cabras

e cultivam tamareiras, cujos frutos são a sua riqueza.No sul

do Saara habitam povos, principalmente da raça negra. Os

Negróides africanos podem ser classificados em três grupos

principais: 1) os da Guiné (guinéus) e do Sudão (sudane-

ses); 2) os bantos; 3) os pigmeus, os san ou boxímanes e

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hotentotes. Os guinéus e sudaneses vivem na região do Su-

dão ao sul do deserto do Saara. Ao sul do Sudão fica a re-

gião dos bantos. As diversas tribos e nações que compreen-

dem as populações de bantos vivem da agricultura, criação

de gado e da produção de laticínios.

A floresta equatorial atravessa o continente do leste

a oeste, do Quênia ao Gabão. No cinturão das grandes chu-

vas, diárias, próximo do equador, a criação de gado ou ou-

tros animais, é praticamente impossível, por causa da mos-

ca tse-tsé, que transmite a “doença do sono”. As tribos de

negritos dispersas na floresta equatorial do Gabão, Uganda

e Congo, subsistem do cultivo do inhame, da bananeira, da

mandioca, e de palmeiras produtoras de coco e óleo.A costa

oeste da África consiste de savanas, estepes e desertos com

temperaturas elevadas, poucas chuvas e secas freqüentes. O

nordeste da África é quente e árido, a chuva é escassa, a

zona é sujeita as secas severas.

O semideserto estéril das montanhas ao Norte con-

trasta com as planícies do Sul cobertas de savanas do inte-

rior, que abrigam uma fauna rica e variada. As savanas são

espaços abertos cobertos de gramíneas, arbustos e mato

rasteiro. Apresentam um exuberante tapete de pasto verde

No centro e ocidente predominam as características equato-

riais e tropicais com chuvas torrenciais, que quando caem

alagam tudo.Florestas e bosques cobrem grandes extensões.

No Período Terciário, aproximadamente há 23,5

milhões de anos atrás ocorreu uma gigantesca colisão entre

a placa tectônica Sul-Americana e a placa Africana. Com o

choque houve enorme enrugamento do solo formando

grandes cadeias de montanhas ao longo da costa litorânea e

na área central. O continente africano consiste numa série

de planaltos cortados a leste pelo Rift Valley (Vale da Fen-

da), é um vale estreito de desabamento tectônico, formado

pela depressão de uma área entre duas falhas, ao longo do

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qual acontecem freqüentes erupções vulcânicas, existem

muitos lagos e vales alongados.

A partir da costa a Tanzânia estende-se por um pla-

nalto com altitude média de 1.000 m até o lago Malawi, que

tem 30.800 km² de superfície e 678 m de profundidade, e o

lago Tanganica, com 32.893 km² e 1.435 m de profundida-

de no Rift Valley. O Rift Valley Oriental divide as Northern

Highlands, que são dominadas pelo maciço montanhoso

Kilimanjaro,onde se situa o monte Kibo de 5.985 m de alti-

tude e o monte Kenya de 5.200 m de altitude, no Quênia.

O ponto mais alto da Etiópia com o Ras Dashen Te-

rara de 4.620m e o pico Elgon de 4.321m de altitude, onde

a paisagem do país é dominada por um planalto montanho-

so dividido pelo meio pelo Rift Valley.O rebordo da imensa

bacia do rio Congo,a leste,è formado pela cadeia de Mi-

tumba, com o monte Karisimbi de 4507m de altura,ao largo

do Rift Valley e pelo maciço de montanhas vulcânicas do

Ruwenzori, com o monte Stanley de 5130 m de altitude.

No continente há várias depressões, entre elas o de

Tungubutu, do Chade, do Congo, do Calahari e do Zambe-

ze, cujos bordos abruptos ficam voltados para o mar, como

os cumes dos montes de Fouta Djallon, Camarões, Montes

de Cristal, Drakensberg, entre outras cadeias de menor alti-

tude distribuídas pelo continente africano montanhoso.

Compreende ainda, ao noroeste o Magreb, região de

montanhas Rife e a Cordilheira do Atlas enquadrada por

planaltos, que atravessa Marrocos, Argélia e Tunísia, e o

maciço de Hoggar na Argélia. O ponto culminante é o mon-

te Jebel Toubkai que se eleva a 4.165 m de altitude, no

Marrocos. Na fronteira com a Líbia, a noroeste de Chade

situam-se as montanhas vulcânicas do Tibesti que atingem

3.415 m no pico de Emi Koussi. E o maciço de Darfur, no

Sudão, junto à fronteira do Chade, com o monte Kinyeti de

3.187 m de altura.

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Histórica e geograficamente a África é separada pe-

lo deserto do Saara. Continente de grandes contrastes cli-

máticos pode-se dividir em duas, com base na cultura e até

certo ponto no clima - o norte da África e a África ao sul do

Saara. No árido Norte habitam os povos de língua árabe,

desde Marrocos, o Saara Ocidental, Argélia, Tunísia, Líbia

e Egito, todos eles climática e culturalmente semelhantes ao

Médio Oriente e onde se situam os desertos da Líbia e da

Núbia. As populações árabes estão concentradas ao longo

do Mediterrâneo. O norte da África produziu as grandes

civilizações da Antiguidade, como o do Egito e Cartago.

Os primeiros habitantes do Marrocos (capital Ra-

bat), foram os berberes, que ainda ali vivem. No século XII

d.C. foram invadidos pelos árabes e convertidos ao Islã. As

principais culturas da região são a cevada e o trigo, plantam

também cítricos e batata que dependem da irrigação. Mais

de um terço do território de Marrocos é montanhoso.

A Tunísia (capital Tunis) tem seu território coloni-

zado por fenícios por volta do ano 1000 a.C. Eles fundam

Cartago (atual Tunis), que domina o comércio no mar Me-

diterrâneo até ser destruída pelos romanos em 146 a.C.

quando a região torna-se parte do Império Romano. Os ára-

bes conquistam o território no século VII da Era Cristã,

fazendo de Tunis o centro da cultura islâmica do norte da

África. Seu território é montanhoso, é fértil ao norte e de-

sértico ao sul, na área agrícola a Tunísia produz trigo, ceva-

da, azeitonas e cítricos. O principal produto de exportação é

o petróleo.

A Argélia (capital Argel), é o 2° maior país do con-

tinente africano, com uma área de 2.381.741 km², e uma

população de 34,4 milhões (em 2008). Foi uma província

do Império Romano. As planícies férteis do litoral atraem,

desde a Antiguidade, invasores de diversas origens, berbe-

res, fenícios, cartagineses e romanos. Na Idade Média, vân-

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dalos e bizantinos sucedem-se nessa região, ocupação que

se estende desde o século VII, quando foi anexada ao Im-

pério Bizantino, até o século XVI. Argel era um porto de

comércio de escravos.Com expansão do Islamismo passa

ao domínio árabe até o século XIX. Em 1834 é conquistada

pela França, que a transforma em colônia, por 132 anos. A

luta pela independência começa depois da 2ª Guerra Mun-

dial. Em março de 1962, França reconhece a sua indepen-

dência. Atualmente o petróleo e o gás natural são a base da

economia do país. 85% do seu território é ocupado pelo

deserto do Saara.

A Líbia (capital Trípoli) tem seu litoral povoado, na

Antiguidade, por berberes, fenícios, cartagineses, gregos,

romanos e vândalos, tendo feito parte do Império de Ale-

xandre, o Grande, no século IV a.C., esteve na posse dos

romanos durante 500 anos. Foi incorporada ao Império Bi-

zantino, no século IV, da Era Cristã. Em 642 d.C. a região

foi conquistada pelos árabes quando se expandem pelo nor-

te da África. Em 1517, o território cai sob o domínio do

Império Turco-Otomano, situação que se mantém até 1911.

Líbia conquista a independência em 1951. O petró-

leo é a base da economia, é responsável por mais de 90%

das exportações. O grande planalto do Saara ocupa 93% do

território da Líbia. O país não tem lagos nem rios perma-

nentes, cerca de dois terços da água é obtida de poços arte-

sianos, dos grandes lençóis de água do subsolo do Saara.

A República Árabe do Egito possui uma área de

1.001.449 km², e população de 76,8 milhões (2008), têm a

posição geográfica estratégica, no encontro do continente

africano com o asiático, com destaque no Norte da África e

no Oriente Médio. O Egito é o berço de uma das mais im-

portantes civilizações da Antiguidade. Teve início há 6.000

anos a.C. com a unificação das tribos nômades indo-

européias que se instalam na região do vale do Rio Nilo, na

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Idade Neolítica, divididos em pequenos estados indepen-

dentes. Criam Cidades-estado como Tebas, Mêmphis e Tâ-

nis, que se foram coligando até abranger todo o vale, desde

o delta até a 5ª catarata, isto é, as cidades e vilas do Alto e

Baixo Egito.

Os primeiros habitantes do vale do Baixo Nilo e-

ram grupos nômades, que praticavam a caça e a coleta, na

rica vegetação natural da planície de inundação do rio Nilo

e abundância de caça selvagem das regiões vizinhas. O

norte da África era menos árida do que hoje, e as bordas

dos desertos eram cobertas por ricas pastagens. No fim da

Idade do Gelo, os habitantes do norte da África começaram

a criar gado e cultivar trigo e cevada; sustentada pela cheia

anual do rio Nilo a agricultura se desenvolveu, comunida-

des cresceram e prosperaram. Época em que começou a

agricultura em terras de aluvião depositadas no vale do Ni-

lo, e o uso da irrigação para cultivar frutas e legumes.

Vindo da Etiópia, o rio Nilo corre através das terras

do Egito, do sul ao norte, deságua no Mediterrâneo por um

extenso delta. Em Cartum no Sudão, juntam-se as águas do

Nilo Azul e do Nilo Branco. Partindo da junção, o curso do

Nilo Azul pode ser acompanhado para sudeste através da

fronteira com a Etiópia até o lago Tana, onde se derrama

em grande catarata, nasce nas terras altas etíopes a 2700 m.

Seguindo o curso do Nilo Branco para o sul e os vastos

pântanos do Sudd, através de Uganda, encontra sua nascen-

te no lago Vitória. O rio Nilo tem 6.695 km, é o 2° maior

rio do mundo em extensão. Forma uma bacia hidrográfica

de 2.867.000 km². O Nilo é a arteria vital para a economia

dos países que atravessa.

Em 3.500 a.C. os egípcios inventam a vela para bar-

cos de navegação no rio Nilo, estabelecem um Estado uni-

ficado por volta de 3.200 a.C., Menés, rei do Alto Egito,

subjugou o Baixo Egito, e fundou a primeira dinastia que

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governou o país durante 500 anos de paz e prosperidade.

Construiu a nova capital chamada Memphis. A arte, arqui-

tetura, pirâmides monumentais e túmulos do antigo Egito

estão entre os tesouros da civilização, é o paraíso dos ar-

queólogos e dos turistas Em 3.600 a.C. os egípcios come-

çam a confeccionar objetos de cobre, jóias e ornamentos.

No Oriente Próximo a soldagem de ferro é inventada. Os

egípcios trazem ouro de outras regiões da África. Em 2.300

a.C. cavalos selvagens são arrebanhados nas estepes do sul

da Rússia, domesticados, são utilizados no trabalho do

campo e combates de guerra.

A capital deslocou-se para Tebas, em cerca de 3.000

a.C. com o Egito unificado sob um único faraó. A prosperi-

dade do Império veio da estabilidade do governo e da

administração centralizada de recursos.Os egípcios constru-

íram canais e reservatórios para as águas do Nilo, cultiva-

ram trigo, cevada e cânhamo e descobriram a técnica da

rotatividade do solo.No começo do Antigo Reinado, da 3ª e

5ª Dinastia (2685-2180 a.C.), época dos reis edificadores de

pirâmides, foram construídas gigantescas obras de arte, o

imenso poder e prestigio da monarquia egípcia se refletiu

na construção da Pirâmide do rei Zoser, em Saqqara.

Foram construídas, a famosa Esfinge, a Grande Pi-

râmide de Quéops, e as pirâmides dos faraós Quéfrem e

Miquerinos, uma das maiores estruturas da época. Locali-

zam-se no deserto em Gizé, nas imediações do Cairo, edi-

ficadas com milhares de enormes blocos de pedra,entre os

anos de 3.700 e 2.600 a.C. Eram destinadas para abrigo das

sepulturas dos faraós; são atrações turísticas do mundo.

Em 2.500 a.C.os egípcios descobrem a utilidade da

planta de papiro, como material para produzir papel e

inventaram a tinta para a escrita. Em 1.497 a.C o reinado de

Thutmosis III, marca o apogeu do Império, entre as cons-

truções, estão os célebres templos consagrados ao deus

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Amon, em Karnak e Luxor no Alto Egito, possuem colunas

redondas, com capitel em forma de lótus estilizado.Em

1.370 a.C. o faraó Akhenaton fortalece o culto monoteísta

ao deus Sol. De 1333-1323 a.C. Tutankhamon, faraó da 18ª

dinastia reina sobre todo o Egito, chegando ao trono com

nove anos de idade, reina desde Mêmphis perto do Cairo

até a 4ª catarata, com a ajuda do regente Ay. Restabeleceu

no seu esplendor o culto de Amon. Em 1290 a.C. reina o

faraó Ramsés II.

Após a invasão persa de 525 a.C. iniciou-se o pro-

cesso de decadência. Inúmeros governantes e conquistado-

res chegaram e partiram desde então: persas, gregos e ro-

manos, aos quais se seguiram no século VII, às conquistas

dos muçulmanos e a conversão da região ao Islamismo. Em

332 a.C.o Egito torna-se parte do Império de Alexandre, o

Grande, este constrói a cidade de Alexandria em 331 a.C.

um dos centros culturais de maior infuência do mundo clás-

sico. Roma apodera-se do Egito depois da derrota de Mar-

co Antônio e Cleópatra. Em 304 a.C. Ptolomeu I, governa-

dor macedônio do Egito, funda uma dinastia independente

que governa até o ano 30 a.C.

Em 642 d.C. o Egito cai em poder dos árabes. Em

1517, turcos otomanos dominam Egito por 250 anos. Em

1798, Napoleão Bonaparte conquista o Egito e controla o

país até 1801, quando os britânicos o expulsam e se apode-

ram da capital Cairo e do porto de Alexandria. Em 1.822,o

francês Jean François Champollion, descobre a Pedra Ro-

setta, por meio da qual decifra os hieróglifos egípcios.Com

a crescente influência européia, Egito torna-se protetorado

do Reino Unido a partir de 1882.

Ferdinand de Lesseps inicia a construção do Canal

de Suez, que é concluído em 1869. O Canal de Suez liga o

Mar Vermelho ao Mediterrâneo, permitindo mais acesso à

Índia e ao Oceano Pacifico, possui 163 km de extensão e 55

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m de largura. Ingleses e egípcios assinam em 1936, um

tratado que assegura a presença militar do Reino Unido na

zona do Canal. Em 1956, o Canal de Suez passa ao controle

do Egito. Em 1922, o país conquista a independência.

A maior parte do território egipcio é desértica salvo

na costa do mar Mediterrâneo e nas margens do Nilo, es-

sencial à sobrevivência do país, o rio garante o fornecimen-

to de água, energia elétrica e possibilita a agricultura ao

longo do seu curso rumo ao norte. Em 1953, foi construída

no Nilo a represa de Aswam, uma das maiores do mundo.

No Egito 90% da população vive junto ás margens do Nilo.

Á oeste do Nilo fica o Deserto da Líbia região árida e calcá-

ria, consiste de vales baixos e declives, ao norte tem uma

grande área abaixo do nível do mar,a Depressão de Qattara.

Entre os patrimônios da humanidade estão, a Necró-

pole de Memphis, Campo das Pirâmides de El-Gizeh a

Dakshur, Antigas Necrópoles de Tebas e Luxor, Monumen-

tos Núbios, de Abu Simbel a Philae, Cairo Islâmico, Ruínas

Cristãs de Abu Mena. Egito possui diversas cidades históri-

cas, entre elas a capital Cairo onde está o magnífico Museu

do Cairo, Abu Mena, El-Gizeh, Memphis, El Minya, Tebas,

Luxor, Abu Simbel.

A Repúbica do Sudão (capital Cartum) é o maior

país da África, possui um território de 2.503.890 km², e

uma população de 39,4 milhões (2008). Está situado ao sul

do Egito. Conhecido como Núbia, na Antiguidade, o Sudão

teve o norte de seu território controlado pelo Egito. Foi in-

corporado ao mundo árabe pela expansão Islâmica no sécu-

lo VII. Tem 570 grupos étnicos diferentes e mais de 100

línguas, pelo que foi difícil para formar uma nação.

Em 1820, o Sudão é conquistado e unificado pelo

Egito. Em 1898, o país é submetido ao domínio conjunto

egípcio-britânico. Conquista a independência em 1956, mas

a paz é perturbada pela ação de grupos étnicos rivais e re-

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beldes separatistas. No norte do país, o pedregoso deserto

do Saara se estende para oeste, até se transformar numa

imensidão de dunas de areia e no maciço de Darfur que

junto à fronteira do Chade atinge 3.071m, a leste as monta-

nhas do Mar Vermelho sobem 2.000 m acima da planície

costeira. O rio Nilo atravessa o país do sul ao norte, garante

a energia elétrica e a irrigação. A maioria dos habitantes

vive junto ao Nilo, de agricultura de subsistência e da pe-

cuária,o petróleo é principal produto de exportação do país.

A Etiópia (capital Adis-Abeba) ex-Abissinia, é um

dos países mais antigos do mundo, possui uma população

de 85,2 milhões (2008) e uma área de 1.127.127 km², do-

minada por um planalto montanhoso vulcânico, dividido ao

meio pelo Rift Valley. Nas terras altas do ocidente, tem

origem o Nilo Azul que começa no lago Tana e corre para o

norte. Á leste das terras altas está o Deserto de Denakil,

onde existe uma depressão que desce até 116 m abaixo do

nível do mar, a temperatura média fica em 34° Celsius. Se-

cas periódicas assolam a nação etíope e a metade da popu-

lação sofre com a fome. Campos e pastagens cobrem três

quartos do território e sustentam o rebanho bovino.

Couro e café são os principais produtos de exporta-

ção.A tradição etíope considera como marco da fundação

de sua dinastia real a união entre a rainha de Sabá e o rei

Salomão de Israel. O cristianismo é introduzido pelos cop-

tas e torna-se a religião predominante no século IV d.C. No

século V d.C. estabelece-se o reino de Axum,que estende

seu domínio sobre região do mar Vermelho.A Etiópia re-

siste à invasão árabe no séculoVII,conservando a fé cristã.

A Uganda (capital Campala) no leste, é um país de

lagos e pântanos, entre eles o lago Vitória, que abrange

68.800 km² de superfície e tem 100 m de profundidade, é o

maior lago da África. A disposição dos lagos é determina-

da pelos declives e falhas do Rift Valley, com a Cordilheira

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de Ruwenzori no oeste de Uganda. Desde o século X, di-

versas tribos ocupam o território.Em 1894,Uganda torna-se

protetorado do Reino Unido.Em1962,obtêm independência.

A África Meridional apresenta vastas regiões de ter-

ras áridas e semi-áridas e a população é mais dispersa. A

Namíbia é habitada por povos bantos. É um país árido do

sudoeste africano, com a área de 824.292 km² em grande

parte desértica, as dunas de areia do Deserto Namib são

praticamente desabitadas, uma faixa estreita de aproxima-

damente 135.000 km², orla toda a costa atlântica do país, o

interior é tomado pelo Deserto de Kalahari. Durante os úl-

timos 80 milhões de anos, ventos sopram do mar e amonto-

am a areia em dunas de até 300 m de altura.

Nos limites do Deserto de Namib e do Kalahari a

flora consiste em cacto, arbustos baixos espinhosos, capim

de folhas rígidas e plantas rasteiras.Aqui e acolá cresce uma

árvore frondosa de baobá, que necessita levar suas raízes

até 15 m de profundidade para alcançar água.A temperatura

pode atingir até 60° Celsius ao sol. A chuva é muito rara

nessa região, só chove em espaços muito prolongados.

Períodicamente as regiões desérticas são invadidas

por nuvens de gafanhotos (locustas),que aparecem em for-

mações de até 20 km, pousando em terra cobrem as dunas

de areia e devoram todo verde que existe.As fêmeas deso-

vam na areia quente e quando os saltões eclodem comem o

resto das plantas que sobrou.O gafanhoto é a praga mais

terrível do deserto.

Na orla costeira do Namib todas as manhãs o nevo-

eiro vindo do mar estende-se sobre as dunas e sobre a ve-

getação sedenta, a umidade do ar dá condições para a vida

se desenvolver.Vivem ali raposas, lagartos, porcos-espinho,

formigas, aranhas, besouros, escorpiões, vespas e cobras

venenosas como a naja tripudian.

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De surpresa, chegam manadas de elefantes vindos

da floresta equatorial do norte, para refrescar-se nas águas

do mar. Para aproveitar as águas tépidas dos trópicos, na

época do acasalamento e procriação, vêm das águas geladas

da Antártica milhares de pingüins e focas e no seu encalço

seguem as baleias e leões marinhos, seus predadores.

Quando os filhotes estão em condições a colônia volta para

seu lugar de origem, abandonando as areias quentes do

Namib.

O Deserto de Kalahari se estende por 930.000 km²

no interior de Namíbia e Botsuana. No verão, sem nenhuma

umidade o calor pode atingir 50° Celsius. Quando a longa

temporada de seca acaba, na breve estação das chuvas da

primavera o deserto desperta e como um milagre da nature-

za os espinheiros brotam, o capim seco torna-se verde e as

areias cobrem-se de flores multicoloridas. E o mesmo fe-

nômeno da natureza se repete ao sul de Namib no deserto

Great Karoo,que nessa época se parece com o lendário Jar-

dim do Éden, verde e florido.

As ilhas do Cabo Verde foram usadas desde século

XV e até o final do século XIX, por traficantes de escravos

como entreposto para reunir os escravos e abastecer os na-

vios. O Senegal, Guiné, Serra Leoa, Costa do Marfim, An-

gola, e quase toda costa oeste da África, foi usada como

centro de comércio de escravos negros africanos, princi-

palmente as regiões colonizadas pelos portugueses.

Niger (capital Niamei) com a área de 1.186.408

km², tem dois terços de seu território no Deserto do Saara, o

retante situa-se em zona semidesértica do Sahel. O aspecto

geográfico central de Niger é o maciço de Ajir. Nestas

montanhas que se elevam das planícies do Saara em picos

recortados que atingem 1900 m de altura, chove às vezes o

suficiente para que nasçam alguns arbustos espinhosos.

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Durante o transcorrer dos últimos 15 milhões de a-

nos o clima da África mudou constantemente, e por conse-

qüência tornou alguns lugares totalmente inabitáveis. Areia

e terra arenosa cobrem a maior parte das planícies do deser-

to ao norte e leste, uma região onde praticamente nunca

chove e è desabitada, com exceção de alguns oásis de ta-

mareiras, ocupados por tuaregues. A fauna inclui búfalos,

dromedários, antílopes, leões, hipopótamos e crocodilos.

Povoada desde o período neolítico, a região que cor-

responde ao atual Niger foi habitada por povos nômades da

nação ioruba que apascentavam seus camelos, cavalos, va-

cas e cabras, mas as secas destruíram o seu meio de subsis-

tência. Na região sudoeste atravessada pelo rio Niger há

solos férteis, que vem sofrendo acentuado processo de de-

sertificação, resultado do desmatamento e da agropecuária

predatória. Niger é habitado por diversos grupos étnicos de

negróides: hauçás, djemas, fulas, tuaregues e iorubas, que

cultivam o inhame, mandioca, milho e arroz. Com 14,7

milhões de habitantes em (2008), assolados pela seca e pela

fome o povo é miserável. O urânio é a base da economia.

Nigéria (capital Abuja) situada na costa oeste tem a

maior população do continente de 151,5 milhões (2008),

ocupando um território de 923.770 km², rico em petróleo e

recursos minerais. É um dos países mais importantes da

África. A exitência de cerca de 250 grupos étnicos, com

línguas e culturas diferentes, gera tensões permanentes. A

vida do povo ioruba, cristãos, centra-se no sul, enquanto o

domínio dos hauçás, muçulmanos, é ao norte. Juntar todos

esses povos e formar uma nação mostrou-se uma tarefa

muito difícil. O país torna-se palco de conflitos étnicos e

religiosos, típicos da região na franja sul do Saara.Os bri-

tânicos, em luta com os portugueses pelo controle do tráfico

de escravos, obtêm o domínio do litoral oeste no século

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XVIII. Em 1914 a Nigéria torna-se colônia britânica. Ob-

têm a independência em 1960.

O rio Niger nasce no maciço montanhoso de Fouta

Djallon, situado na fronteira da atual República da Serra

Leoa com a de Guiné. Do monte Loma Mansa de 1.948 m

de altura descem as águas do Niger, que atravessa a Guiné e

entra na Nigéria e em grandes volteios corre para o oeste e

deságua no Golfo da Guiné, no oceano Atlântico, por um

imenso delta. Tem 4.184 km de extensão; no seu percurso

recebe diversos tributários, formando uma bacia hidrográfi-

ca que abrange a área de 2.092.000 km². As bacias dos rios

Niger e Benué banham 60% do território da Nigéria, ferti-

lizando a terra e fixando ao campo mais da metade da popu-

lação. O país possui grandes depósitos de gás e petróleo,

que juntos respondem por 90% das exportações.

A República Democrática do Congo, ex-Zaire (capi-

tal Kinshasa) possui uma área de 2.344.858 km² e uma po-

pulação de 64,7 milhões (2008), é o terceiro maior país da

África. Fica no centro do continente e tem um estreito aces-

so ao Oceano Atlântico. Tem um dos maiores rios navegá-

veis do mundo, o rio Congo. O rebordo da bacia do Congo

a leste é formado pela cadeia do Mitumba ao longo do Rift

Valley, e pela cadeia vulcânica do Ruwenzori.

A imensa bacia do rio Congo com 3.700.000 km²,

rio que nasce na República Democrática do Congo, corre

por 4.667 km rumo oeste. Na extremidade sudeste o lago

Mweru de 4.920 km² e 14 de profundidade, alimenta o

principal afluente do Congo que corre para o norte, o Lua-

laba. Desenhando uma grande ferradura para o norte e oes-

te, o rio Congo recebe o Ubangi à medida que desce do

planalto central, deságua no Oceano Atlântico.

Atravessado pela linha do Equador, o país é coberto

por uma extensa floresta tropical, montanhas, vulcões,

grandes rios e rica vida selvagem. As pastagens da savana a

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leste e sul abrigam girafas, elefantes, leões, antílopes e

rinocerontes, que são protegidos em reservas, como o Par-

que Nacional do Virunga, Upemba e do Salonga.

Apesar de ter solos férteis e exportarem minerais, a

República Democrática do Congo é um país pobre. A regi-

ão é ocupada desde a Antiguidade, por povos negróides

congo, luba, azande, bantos da África Oriental e por povos

vindos do Rio Nilo. Habitam o país mais de 200 grupos

indígenas, sobretudo de origem banto. Os povos da grande

bacia do rio Congo e da costa oeste da África são negrói-

des. Ali vivem os pigmeus ou negritos, os bantos, os mu-

kambas, os vatusis e os massais. Os das florestas vivem da

agricultura e da caça, os das zonas montanhosas do oeste,

mais secas, são caçadores e criadores de gado. Nas terras

secas do sul vivem os bosquímanos, bantos e zulus.

Os pigmeus, ou negritos, são uma raça de homens

pequenos, tendo de 1,20 a 1,35 m de altura, pouco civiliza-

dos e de tipo degenerado, talvez por causa de uniões con-

sangüíneas. Antigos habitantes das nascentes do Nilo cons-

tituem o núcleo da população indígena nas regiões do cen-

tro e sul da África Equatorial, vivem atualmente na floresta

chuvosa da bacia do rio Congo. Alimentam-se principal-

mente da caça e coleta de nozes e raízes na floresta. Geral-

mente trocam carne e outros produtos da floresta por bana-

nas e artigos produzidos por seus vizinhos, os bantos.

Esta enorme região caiu nas mãos do rei Leopoldo

II, da Bélgica em 1885, que a explorou como um domínio

privado. Em 1908 torna-se colônia da Bélgica. A República

Democrática do Congo adquire a independência em 1960.O

envolvimento de países vizinhos e vários grupos guerrilhei-

ros na guerra civil que devasta o país, tem como pano de

fundo a disputa por um território que guarda imensas rique-

zas minerais,como diamantes,ouro,estanho, cobre e cobalto.

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A República do Zimbábue tem como capital a cida-

de de Harare. A antiga cidade de Zimbábue é sede de uma

desenvolvida civilização urbana que floresce na região en-

tre os séculos IX e XIII. Traficantes de escravos portugue-

ses vindos de Moçambique chegam ao território a partir do

século XVI. O britânico Cecil Rhodes obtém as concessões

para a exploração mineral da região. Tropas britânicas es-

magam a resistência das tribos nativas de bantos, de língua

shona e matabele, e a região torna-se um protetorado do

Reino Unido em 1888. Independente desde 1980.

O Zimbábue está situado no sudoeste africano e não

tem acesso ao mar. Os planaltos ondulados do médio veld

(savana) descem suavemente para o norte e para o sul deste

platô central, chegando até as baixas regiões ribeirinhas do

rio Limpopo e do Save no sul e do Zambeze no norte.

O rio Zambeze, inicia seu curso no planalto de Lun-

da, em Angola, tem uma extensão de 3.600 km, forma uma

bacia de 1.330.000 km², e deságua no canal de Moçambi-

que, formando um grande delta. Na fronteira norte com

Zâmbia e Zimbábue, o Zambeze corre por uma série de

desfiladeiros e com um quilômetro de largura precipita-se

de 120 m de altura, formando as cataratas Vitória. As cata-

ratas, o lago Kariba e diversos parques nacionais onde vi-

vem leopardos, elefantes e rinocerontes, estão entre as prin-

cipais atrações turísticas do Zimbábue.

É um dos países mais desenvolvidos da África. O

solo fértil e o clima favorecem a agriculura. Recebe grande

fluxo de turistas para visitar as Cataratas de Vitória, os par-

ques nacionais de Mosi-oa-Tunya /Vitória Falls, Mana Po-

ols, monumentos nacionais do Grande Zimbábue, e as Ruí-

nas de Khami construções dos povos bantos do século IX

d.C. No Parque Nacional Rodes-Matapos foram encontra-

das pinturas rupestres em cavernas, de animais como bi-

sontes, mamutes, veados e ursos, fato que comprova a pre-

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sença dessas espécies na região em época pré-histórica, e

de hominídeos que os caçavam.

A África do Sul (capital Pretória) com uma área de

1.219.090 km² está situada na extremidade sul do continen-

te africano, é composta por um planalto central, tendo ao

sul e leste os Montes Drakensberg. O rio Orange ou Garieb,

nasce nas encostas desses Montes, corre do leste para oeste,

muito variável no regime de suas águas (depende das chu-

vas), deságua no Atlântico, tem 2.018 km de extensão.

O homem mais primitivo, o australopithecus, habi-

tava outrora numa extensa área da África do Sul. Era ocu-

pada há 120.000 a.C.pelo Homo sapiens sapiens. Restos de

ossos de animais, conchas e carvão, foram encontrados nu-

ma gruta perto de Port Elisabeth, eram caçadores e coleto-

res, alimentavam-se de cágados, mariscos, peixes, ovos de

aves e caça de animais.

Há 2.000 ano a.C. os bosquímanos ou san, povo

nômade, do sul da África, que habita principalmente o de-

serto de Kalahari (Namíbia e Botsuana) entre o lago Ngami,

que é alimentado pelas águas do delta do Okavango e o rio

Orange, ao norte do Cabo. O deserto é uma mistura brutal

ondulante de areia, de sentinelas de rochas isoladas elevan-

do os picos ao alto.Os bosquímanos e os hotentotes relacio-

nam-se aos pigmeus.Alguns são um pouco mais altos do

que os pigmeus, também são nômades, caçadores e coleto-

res de raízes e frutas. Rastreadores exímios, são hábeis em

acuar a caça. As tribos nômades vagueiam pelo deserto,

ocasionalmente assentam-se por pouco tempo em locais

mais favoráveis, onde houver caça e frutas para colher.

Ali onde o clã acampou, é apenas um ponto de para-

da, instalado em baixo de um gigantesco baobá. O lugar de

cada família é demarcado por galhos e pedras empilhadas.

Não há cabana, nenhum abrigo além da relva jogada de

qualquer maneira sobre armações de galhos. A área de cada

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família contêm apenas espaço suficiente para que os mem-

bros deitem em buracos escavados para os quadris. As mu-

lheres são responsáveis pelo fogo, levam-no em brasidos,

de um lugar para outro, onde o grupo se dirige. Alimentam

a fogueira para espantar os animais ferozes e a escuridão.

De espinheiros aderindo à superfície de areia aver-

melhada, escaldada pelo sol, saiam pequenos animais, ser-

pentes e tartarugas rastejando, escorpiões e aranhas corren-

do de um lado para outro à noite, em busca de alimento. As

hienas sempre á espreita da carniça emitiam suas risadas

maníacas na escuridão. Antílopes velozes, ônix e gnus des-

confiados e seus predadores movimentando-se durante o dia

na busca incessante de comida e água. Aquela extensão

cruel de calor sufocante durante o dia e frio intenso à noite

era suportada numa ousadia indescritível pelos seres que ali

viviam. Logo seriam obrigados a migrar, deixar seu hábitat

e o lago moribundo.

Havia quase uma década que muito pouco chovia, a

terra estava crestada e os arbustos secaram. A água do lago

Ngami estava secando, o nível baixara muito e a água se

tornava cada vez mais salobra. O hipopótamo deitado na

água barrenta, com apenas as narinas expostas, sabia que

em breve deveria deixar aquele lugar.As zebras que vieram

ao lago beberam com relutância a água fétida.Duas leoas,

esperavam de tocaia, deitadas na relva seca e amarelada,

viram uma manada de zebras se aproximar.

Um rinoceronte, parecendo em sua grotesca armadu-

ra como nos últimos três milhões de anos, desceu ruidosa-

mente até a água e começou a revirar a lama, procurando

por raízes, cansado, bebeu da água salobra e se foi pela tri-

lha batida na vegetação ressecada. Um punhado de flamin-

gos rosas elevou-se da outra extremidade do lago, voando

em arcos pelo céu, fazendo voltas em círculos graciosos,

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depois seguiram para o norte. Eles também estavam aban-

donando o lago agonizante.

Os bosquímanos ou san, eram caçadores nômades, o

povo sem lar. Viviam perambulando pelo deserto Kalahari,

caçando e colhendo raízes. Por onde quer que o povo san

viajasse durante os últimos 15.000 anos deixara em rochas

e cavernas um registro da sua passagem.Grandes animais

correndo pela savana, com homens em perseguição, esta-

vam gravados nas paredes das rochas; os esplendidos rino-

cerontes pintados por esses artistas selvagens, eram extra-

ordinárias obras de arte.

O típico homem do clã dos bosquímanos tem entre

1,20 e 1,45m de altura, de cor parda meio amarelado, ma-

gro e extremamente enrugado. O rosto mais parece o mapa

de uma bacia aquática muito antiga, marcada pelas trilhas

de mil animais. As rugas os acompanham desde os vinte

anos, é a marca do seu povo. Quando ele sorri mostra os

dentes brancos que se distinguem na pele negra.Os cabelos

dos san não crescem como os dos outros negros, aparecem

em pequenos tufos retorcidos, separados uns dos outros por

espaços de couro cabeludo vazio, é uma carapinha ventilada

que protege do sol escaldante.As mulheres têm nádegas de

grandes proporções, algumas se projetam tanto para trás

que parecem corcovas.

Antigamente, o clã nada sabia sobre a agricultura ou

sobre criação de animais, vivia apenas de carne obtida pelo

uso das flechas envenenadas, se não conseguissem caça, a

dieta estaria confinada a raízes, bulbos, melões, roedores,

cobras e larvas que as mulheres pudessem encontrar.Os

hotentotes foram, outrora, caçadores como os bosquímanos,

mas hoje dependem da criação de gado vacum e ovino.

A África do Sul, no século XV, foi ocupada por uma

onda de povos bantos do Norte guardadores de gado e cul-

tivadores de cereais, cujos modernos descendentes são gru-

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pos como os chosas e os zulus. Em 1652, chegaram dois

grupos de colonizadores europeus, holandeses e huguenotes

franceses. Os ingleses fixaram-se no Cabo em 1806.

A colonização européia no século XVII, culminou

num governo de minoria branca e uma controversa política

de segregação racial foi implantada em 1948. Os africanos

negróides, eram confinados numa série de Estados Negros.

Após 50 anos de discriminação, o regime de apartheid ter-

mina com a primeira eleição multirracial, em 1994, mas

deixa a herança das desigualdades sociais. Foi libertado o

líder negro Nelson Mandela, prisioneiro político de longa

data que combatia a segregação racial. A África do Sul pos-

sui dentre 48,8 milhões de habitantes, 76 % de população

negra, 12 % de brancos e 12% de mestiços e outras raças.

Os europeus penetraram no continente africano a

partir do século XV. A influência européia na África já era

bastante considerável até o século XVIII. Eles buscavam

matéria prima e mão-de-obra escrava, negociadas em diver-

sos entrepostos comerciais estabelecidos ao longo da costa

africana. Era praticado o comercio de Especiarias, de mar-

fim e o tráfico de escravos. A partir do século XIX,os euro-

peus dominaram e colonizaram o território, estendendo seu

poder sobre os povos africanos até meados do século XX.

O controle político avançou para o interior e em sé-

culos seguintes todo o continente africano foi invadido,

disputado e dividido, por potências européias - França, Grã

Bretanha, Portugal, Espanha, Alemanha, Bélgica.A influên-

cia dos estrangeiros, foi o principal fator da desagregação

da estrutura social dos povos africanos. Ocupados por paí-

ses estrangeiros, apesar da repressão dos invasores, em

muitas nações africanas a resistência persistiu. As conquis-

tas nacionalistas iniciaram um processo que levou ao colap-

so dos colonizadores europeus e a maior parte dos países

africanos conquistam a independência em 1950, 1960,

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1964, 1966 e até 1975, todas as nações africanas tornam-

se independentes.

A atual África se divide em 53 países com seus go-

vernos próprios. São eles: Marrocos, Argélia, Tunísia, Lí-

bia, Egito, Saara Ocidental, Mauritânia, Mali, Niger, Cha-

de, Sudão, Djibuti, Eritreia, Senegal, Gâmbia, Guiné-

Bissau, Guiné, Serra Leoa, Costa do Marfim, Libéria,Guiné

Equatorial, Gana, Togo, Benin, Burkina Faso, Nigé-

ria,Camarões, República Centro Africana, Etiópia, Gabão,

República Democrática do Congo, Uganda, Quênia, Somá-

lia, Ruanda, Burundi,Tanzânia, Angola, Zâmbia, Malavi,

Namíbia, Botswana, Zimbábue, África do Sul, Lesoto, Sua-

zilândia, Moçambique,Ilhas São Tomé e Príncipe, Ilhas do

Cabo Verde, Ilhas Comores, Ilhas Mauricio, Ilhas Seiche-

les, e a Ilha da República Malgaxe ou Madagascar, que se

separou do continente africano há mais de 50 milhões de

anos, desenvolveu uma fauna e flora próprias, que não se

encontram em nenhuma outra parte do mundo.

A África é povoada ao Norte por raças brancas: -

berberes, israelitas, árabes de raça semítica e etíope. No

Norte são faladas as línguas, árabe, berbere, aramaico, fran-

cês, inglês, espanhol, italiano, alemão e línguas nativas. Na

época colonial, várias línguas européias tornaram-se línguas

oficiais de países africanos. O francês, o português e o in-

glês são falados em muitas regiões.Mas em geral são usadas

línguas nativas, mandinga, hauçá, ibo, fula, ioruba, suaíli,

banto, suazi, somali, afar, shona, zulu, africânder.Abaixo,

rumo ao Centro e Sul estão a África Subsaariana onde habi-

tam raças negras, palco de constantes guerras civis sangren-

tas; as disputas por recursos minerais e os conflitos étnicos

e religiosos continuam a fomentar confrontos armados.

A maior parte das desavenças deve-se à descoloni-

zação do continente, nos meados do século XX. As atuais

fronteiras dos países africanos foram determinadas durante

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os tempos coloniais, muitas vezes atravessando zonas tri-

bais e separando membros dos mesmos grupos étnicos ou

juntando tribos tradicionalmente antagônicas. A guerra

permanente interrompe gravemente a produção agrícola,

fazendo deslocar as pessoas, que as colheitas não chegam

sequer a ser plantadas.

Mais de 60%da população africana depende da agri-

cultura para sua subsistência. Cultivam milho, sorgo, arroz,

amendoim, mandioca, tabaco, algodão e cana-de-açúcar.

Cultiva-se também frutas e legumes, bananas, mangas,

tamareiras, cítricos, parreiras e oliveiras.Os habitantes das

savanas da África Ocidental cultivam cereais e pastoreiam

animais; os tuaregues do Saara criam gado e camelos.

A África é o continente mais pobre do mundo. As

secas prolongadas e o alastramento dos desertos em zonas

marginais são a maior causa da fome, isto pode observar-se

na vasta região do Sahel. Há falta de alimentos, de remé-

dios e de recursos essenciais para sobrevivência. A mor-

tandade infantil é grande. A fome tem sido um problema

sério no continente, desde tempos antigos, há registros de

fome no Egito há 6.000 anos a.C.

Apesar disso, há países e regiões prósperos. A Áfri-

ca do Sul produz um quinto das riquezas do continente gra-

ças à exportação de ouro, minério de ferro, diamante e car-

vão. Os países do Norte africano são ricos em minerais, a

Argélia, Líbia e Nigéria são grandes produtores de petróleo,

que também se encontram em Angola, Benin, Guiné-Bissau

e Egito.O gás natural existe na Argélia, Líbia, e Egito.Tanto

o petróleo, como gás natural e o carvão se formaram de

restos de animais e de colossais florestas que povoaram o

continente em tempos remotos,é o combustível fóssil.

Em 1.822, na costa oeste africana, entre Serra Leoa,

Guiné e Costa do Marfim é fundada Libéria, com capital

Monróvia, como refúgio para escravos norte-americanos

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libertos, que vivem de agricultura de subsistência e pesca.

Estão em constante conflito com as tribos indígenas do inte-

rior há muito tempo ali fixadas. Em 1847 é proclamada a

independência da Libéria.

A África tropical úmida inclui a região Central e

Oriental, desde a Guiné Equatorial, Gabão, Congo, Repú-

blica Democrática do Congo, Uganda, Quênia e Tanzânia,

onde predominam as características equatoriais. Florestas e

bosques cobrem 3/4 desses territórios. As savanas africanas

possuem uma das faunas mais ricas e variadas do mundo.

Vivem ali, zebras, antílopes, elefantes, rinocerontes, hipo-

pótamos, girafas, búfalos, leões, chitas, leopardos, hienas,

chacais, dromedários, chimpanzés, gorilas, mandris, lobos,

raposas, várias espécies de roedores e insetos.

A diversidade de aves é imensa, avestruzes, papa-

gaios, pássaros canoros e colibris, águias, falcões e outras

aves de rapina. Serpentes venenosas, crocodilos, sapos e

tantos outros animais e aves; algumas dessas espécies estão

ameaçadas de extinção.Em nenhuma parte da terra existe

algo que se compare à variedade da vida selvagem africana,

grande parte da qual pode ser vista num cenário natural.

Mas hoje, muitos animais apenas sobrevivem nos

numerosos parques nacionais espalhados pelo continente,

como o Krugel National Park na África do Sul, o Tsavo

National Park no Quênia (um dos maiores), o Serengeti

National Park na Tanzânia, e o grande Parque Nacional de

Virunga, na República Democrática do Congo. A Reserva

Nacional de Massai Mara no Quênia, tem 25.000 km², ali

vivem leões,gnus, zebras, chacais, rinocerontes e elefantes.

A flora africana é rica e variada, entre os vegetais

pode-se citar a gigantesca árvore baobá, de tronco excessi-

vamente grosso, pode atingir até 23 metros de circunferên-

cia, rica em depósito de água na casca esponjosa, é muito

disseminada nas savanas.Crescem palmeiras diversas, como

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a tamareira e o coqueiro, a acácia espinhosa, ébano, acaju,

canchu. Entre as plantas alimentares cresce a vinha, o ca-

caueiro, a oliveira, cana-de-açúcar, café, algodoeiro, bauni-

lha e cravo-da-índia. Na produção mineral salienta-se o

ouro, diamantes, cobre, fosfatos, petróleo e gás natural.

A cobertura vegetal no continente, no entanto, vem

sendo reduzida pelo desmatamento de grandes áreas, pelo

corte de árvores nobres pelas serrarias, com finalidade de

exportação. Atualmente a África conserva apenas 33% das

suas florestas originais. As maiores extensões de florestas

nativas remanescentes encontram-se no Gabão, no Congo e

na República Democrática do Congo.

A África, hábitat original do homem primitivo fica-

va longe das geleiras da Idade do Gelo. Ainda assim foi

afetada pelas mudanças do clima ocorridas nessa época, em

outros continentes Apesar do ambiente hostíl e marcantes

variações climáticas, o homem conseguiu adaptar-se ao

meio, e as populações humanas continuaram a crescer e se

expandir além do seu local de origem.

De qualquer forma somos todos africanos. Há 100

mil anos o Homo sapiens sapiens, saiu da África para po-

voar a Europa, Ásia, América, Austrália e outros continen-

tes onde as condições de sobrevivência eram favoráveis.

Pelos achados arqueológicos no Cazaquistão, na Ásia Cen-

tral, há 50 mil anos viveu na região o ancestral dos euro-

peus, de parte dos asiáticos e dos habitantes do subconti-

nente indiano.

RIO AMAZONAS E A FLORESTA TROPICAL

O primordial rio Amazonas que corria pelo conti-

nente de Gondwana, antes da fragmentação da grande mas-

sa de terra, tinha como nascedouro o imenso lago Chade,

um mar interior de água doce na África Central. As volu-

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mosas águas do rio Amazonas corriam do leste para o oes-

te, e atravessando o território sul-americano recebia inúme-

ros afluentes, lançava suas águas no Oceano Pacífico.

Um cataclismo geológico bloqueou o trajeto milenar

do caudaloso rio Amazonas para o Pacífico, com o surgi-

mento da Cordilheira dos Andes que se elevou como con-

seqüência da colisão das Placas Tectônicas. As águas repre-

sadas derramaram-se pela planície amazônica. Formou-se

um imenso mar interior de água doce, alimentado pelas

nascentes que desciam das geleiras dos Andes.

Durante milhões de anos seguintes, depósitos de a-

reia oriundos de processos erosivos das rochas da Cordi-

lheira, da neve, da água das geleiras, do vento que levou

substâncias orgânicas, tudo isso resultou no processo de

assoreamento do fundo do mar de águas rasas. Nas áreas

obstruídas por sedimentos e pedregulho foi crescendo vege-

tação, formando grandes ilhas de terra firme. Com as suces-

sivas e drásticas mudanças climáticas o mar desapareceu,

deixando pântanos e grandes lagoas.As águas das chuvas

torrenciais e as enchentes cavaram seu leito próprio dire-

cionando o curso do rio Amazonas para o leste, ao Oceano

Atlântico.

A Cordilheira dos Andes teve origem no período

Terciário, entre a época do Paleoceno e o Mioceno, quando

a placa Tectónica do Pacífico e a placa Continental Sul-

Americana colidiram violentamente. O choque entre duas

placas tectonicas forma pressões laterais enormes elevando

camadas de rochas sedimentares. A costa ocidental da A-

mérica do Sul sofreu intenso enrugamento e dobras que

formaram a Cordilheira dos Andes e uma sucessão de

montanhas que se estendem por todo o continente sul-

americano.

Os Andes são uma longa cadeia de montanhas que

domina a costa ocidental da América do Sul, com 9.000 km

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de extensão. Emergem do mar das Antilhas, se estendem

até o Cabo Horn, no Pacífico, atravessando Colômbia, E-

quador, Peru, Bolívia, Chile, Patagônia e mergulham nas

profundezas do Oceano Pacífico até Antártica.Os Montes

Transantárticos são um prolongamento da Cordilheira dos

Andes. Os cumes mais elevados dos Andes, são o Aconcá-

gua, na Argentina (vulcão 7.010 m), Ojos del Salado (6.908

m) entre a Argentina e o Chile; o Nevado de Misti (6.822

m) e o Huascarán (6.768 m) no Peru; o Ilampu (6.617 m) e

o Nevado de Sajama (6.542 m) na Bolívia; o Chimboraço

(6.310 m) e Cotopaxi (5.960 m) vulcões ativos, no Equador.

A atividade da crosta terrestre e o trabalho destruti-

vo das forças de erosão dão à superfície da Terra um aspec-

to irregular. O enrugamento das rochas é a causa mais co-

mum de formação de montanhas; foram assim constituídas

as grandes cadeias dos Alpes, as Cordilheiras do Himalaia,

dos Andes e as Montanhas Rochosas. Os Andes estão sujei-

tos a terremotos e a erupções vulcânicas, com numerosos

vulcões em atividade. A Cordilheira influencia a formação

de importantes bacias hidrográficas, na parte norte, como a

do Amazonas e do Orenoco e a grande bacia da Prata à les-

te do continente, que é composto de planícies e planaltos.

O rio Amazonas tem sua origem na Cordilheira dos

Andes, próximo à Arequipa, no Peru, em duas pequenas

nascentes. Um filete de água desce dos picos gelados do

Nevado de Misti, a 6.822 metros de altura, é a nascente do

rio Apurimac ou Catonga, a outra nascente, a do rio Uru-

bamba tem sua origem no pico Huágro. Das escarpas de

gelo descem como pequenos regatos, formam cascatas e

mais córregos juntam-se a eles, ganham velocidade e não

tardam a ser um rio, após juntar suas águas alguns quilôme-

tros abaixo, arrastando gelo e lama na sua furiosa descida

pelas montanhas.

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O Apurimac e o Urubamba são os dois mais impor-

tantes rios que dão origem ao Ucayali, um dos principais

formadores do Amazonas. Suas águas velozes despencam

em cachoeiras, rugem nas fendas esgueirando-se como ser-

pentes, invadem e correm através da selva tropical já como

Ucayali, dirigindo-se para o norte, e lá embaixo, próximo

ao vilarejo de Nauta, juntam o formidável volume de água

ao rio Marañon. O Ucayali, desde as nascentes até desem-

bocar no Marañon percorre 3000 km do território peruano.

O rio Marañon Superior, nasce no lago Lauricocha,

no Peru, formado pelas águas que descem do maciço Huá-

nuco e Pasco, tem 2406 km de extensão até a sua junção

com o Huallaga seu maior afluente.Após a confluência,

suas águas volumosas correm por entre os vales e selva

tropical no rumo norte, até a junção com o Ucayali, quando

formam o rio Solimões. Logo abaixo, a 4.200 km do Oce-

ano Atlântico fica Iquitos, porto fluvial peruano.

O Amazonas inicia o seu curso grandioso em territó-

rio peruano com o nome de Solimões, penetra em território

brasileiro na localidade de Tabatinga, e ali se encontra a

4000 km de distância da sua embocadura no Atlântico e a

somente 65 m acima do nível do mar. Mas somente após

encontrar-se com o Rio Negro, 16 quilômetros abaixo de

Manaus, toma o nome de Amazonas.

Na foz do Rio Negro a largura do Amazonas vai a-

lém de 96 quilômetros. Embora correndo juntas, a água

escura do Rio Negro não se mistura por quilômetros e qui-

lômetros, com a água turva e barrenta do rio Solimões, de

água verde. O Rio-Mar, que nasce de dois filetes de água no

Peru termina como um gigante no Brasil, sua profundidade

varia de 30 a 130 metros, chega a ter na sua foz mais de 100

metros de profundidade.

As águas vêm de longe, das encostas andinas cober-

tas de neve e de milhares de nascentes obscuras, ao norte,

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do Planalto das Guianas, e ao sul, do Planalto Brasileiro.

Mas, agora, a viagem chegou ao fim; num ritmo de 240 mil

m³ por segundo, a formidável torrente precipita-se sobre o

oceano, termina por empurrá-lo para trás, numa pentração

violenta e profunda, inunda o próprio mar com águas bar-

rentas, carregadas de folhas, raízes, galhos, sedimentos e

ilhas verdes de plantas lacustres, flutuantes.

Enlameado, o verde transforma-se numa imensa

mancha amarela, que se prolonga mar adentro a centenas de

quilômetros da costa. Na maré alta, as águas do oceano

procuram penetrar no interior do estuário do rio, mas a e-

norme pressão da massa fluvial torna inútil o esforço. Co-

mo que represado, o Amazonas parece proibido de lançar

suas águas no oceano. De repente, no limite das águas do-

ces e salgadas, forma-se uma pequena onda. O equilíbrio é

rompido e o rio inicia sua retirada.

Vencendo as águas do Amazonas, a maré montante

atravessa os baixios e bancos de areia do estuário e vaga-

lhões de 4 metros de altura da água do mar, irrompem de

súbito em sentido oposto ao do fluxo das águas do rio. E

sobem rio acima, com grande rugido, surdo e fragoroso,

que se ouve a quilômetros de distância. É o som das ondas

que arrebentam seguidamente, penetrando rio acima. É a

pororoca, que se manifesta com uma violência particular-

mente destruidora. A influência da maré alta estende-se até

790 km acima da foz. Na ocasião das cheias, o Amazonas

penetra no Oceano adentro até cerca de 400 km.

Não foram os portugueses os primeiros europeus a

contemplarem o violento combate das águas travado na foz

amazônica. Antes mesmo que as caravelas de Cabral apor-

tassem no Brasil, o navegador espanhol Vicente Yañez Pin-

zón já havia descoberto a desembocadura deste rio, a que

deu o nome de Santa Maria de la Mar Dulce.

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Penetrando pelo imenso estuário, emoldurado pela

compacta parede de floresta, Pinzón chegou a explorar 20

km rio acima, depois retornando, acompanhou o litoral nor-

te atá a altura do rio Oiapoque. Em 1541, outro espanhol,

Francisco Orellana, realizou uma travessia histórica. Par-

tindo de Quito, no Equador, percorreu mais de 4.500 km

através do Marañon, do Solimões e do Amazonas, cujo es-

tuário atingiu depois de meses de viagem e de privações.

O Amazonas é um típico rio de planície, tem a ex-

tensão de 6.992,06 quilômetros, desde a principal nascente,

o Apurimac, até a foz no Atlântico. Éo mais longo rio do

mundo. Forma uma imensa bacia fluvial de 7.050.000 km²,

cujas nascentes se estendem da Serra Nevada de Cocha-

bamba na Bolívia aos maciços do Cerro do Pasco no Peru, e

cuja direção comum das águas é do sul para o norte, en-

quanto o rio principal, o Amazonas, formado por toda essa

gigantesca massa de água volta-se para o Oceano Atlântico,

corre de oeste para o leste..Atravessa as florestas tropicais

peruanas e brasileiras, e lança-se no Atlântico formando

uma embocadura de 300 km. A largura da sua foz principal

é de 92 quilômetros.

Alguns dos seus numerosos afluentes, no território

brasileiro, estão entre os mais extensos do mundo. Os mais

caudalosos e principais da margem direita são:

O Javari que nasce na Serra da Contamana no terri-

tório peruano e marca o limite entre o Peru e o Brasil, tem

1.056 km de extensão.

O Jutai tem 1.200 km, nasce nas planícies do oeste

do Estado do Amazonas.

O Juruá nasce na Serra da Contamana, no Peru, tem

3.283 km.de extensão.

O Tefé tem 990 km, nasce no Estado do Amazonas.

O Purus tem uma extensão de 3.220 km, nasce nos

altiplanos dos Andes peruanos.

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O Madeira, rio do Estado de Rondônia e do Ama-

zonas, tem um curso de 3.380 km desde as nascentes, é

formado pela junção dos rios Mamoré e Guaporé. O Ma-

moré nasce no sopé do Nevado de Sajama próximo à Co-

chabamba na Bolívia, pelo Madre de Dios e Beni que des-

cem da Cadeia de Ilimani, tem suas nascentes nos Andes

bolivianos,correm através dos pampas dos Moxos e das

planícies pantanosas de Chiquitos. O rio Madeira é o maior

afluente da margem direita do Amazonas, suas águas cor-

rem por 1,7 mil quilômetros no território brasileiro.

Enquanto que o Guaporé nasce a oeste da Chapada

dos Parecís, no Mato Grosso, suas águas rolam em direção

noroeste contornando a Serra dos Parecís e o prolongamen-

to desta que, em Rondônia, toma o nome de Pacaás Novos.

As águas do Guaporé correm no rumo norte até a conflu-

ência com o Mamoré, na junção nasce o rio Madeira, que

vai descendo em direção à planície até a foz no Amazonas.

O Tapajós tem sua origem nos rios que formam o

Juruena; nascem no norte da Chapada dos Parecís no Mato

Grosso, que após a junção das suas águas com o rio Teles

Pires toma o nome de Tapajós até sua foz no Amazonas,

mistura suas águas verde-escuras próximo à cidade de Óbi-

dos. Tem um curso de 2.000 km.

O Xingu nasce na encosta norte da Serra do Ronca-

dor no Mato Grosso, tem um curso de 1.980 km, deságua

no Amazonas perto da cidade de Santarém.

O Tocantins origina-se de dois grandes rios, o Ara-

guaia e o Tocantins. O Araguaia nasce na parte leste das

Serra das Vertentes no planalto goiano, tem 2627 km de

extensão. O Tocantins nasce na confluência dos rios Alma e

Maranhão, em Goiás e se junta ao Araguaia no Estado do

Pará, tem uma extensão de 2.640 km, deságua na foz do

Amazonas, no Atlântico.

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Na margem esquerda deságua o Putumayo ou Içá,

nasce na vertente oriental dos Andes, na Colômbia, tem

uma extensão de 1.800 km.

O Japurá nasce na Lagoa de Santiago na Colômbia,

no sopé dos Andes, tem uma extensão de 2200 km.

O rio Negro nasce na Venezuela tem 2250 km de

extensão, corre para o sul, recebe o rio Cassiquiare formado

por um braço do Orenoco que liga as duas grandes bacias

fluviais, é um dos vestigios da época em que o Amazonas

corria para o oceano Pacífico. Seus principais afluentes são

os rios Uaupés, Içana, Rio Branco.

O Trombetas nasce na Serra de Tumucumaque no

Pará, faz divisa com Suriname, tem 570 km.

O Jarí nasce na Serra de Tumucumaque no Amapá

na fronteira com Guiana Francesa, tem 600 km de extensão.

Muitos outros rios deságuam no Amazonas, quase

todos navegáveis, alimentados no seu percurso por centenas

de igarapé-açus, igarapé-mirins e nascentes originadas nos

pântanos e nas encostas das montanhas. Agora o Amazo-

nas não é mais um rio comum, rompe suas próprias mar-

gens com fúria brutal. Em alguns lugares suas margens dis-

tanciam-se tanto que dum lado do rio não se vê o outro.

Amazônia, maior rede fluvial do mundo, os rios são

as ruas, por ele passam os casamentos, os batizados, os en-

terros, passa o trabalhador, a polícia, o padre, o comerciante

e o pescador; através deles se faz visita, compra e se vai ao

médico na cidade. O barco é, para o amazonense, o que é

para o pantaneiro mato-grossense o cavalo e o boi de sela.

A evaporação intensa proveniente da enorme quan-

tidade de água dos rios e da selva quente-úmida dessa regi-

ão produz um clima diferente. Existe o verão que vai de

abril a setembro com calor e chuva, e inverno que vai de

outubro até março, com calor e muito mais chuva. O calor

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intenso, úmido e pegajoso dá um ar sufocante e incômodo

ao visitante vindo de climas temperados.

A grande extensão do Amazonas faz com que as á-

guas de suas enchentes, vinda das mais remotas partes do

interior do continente, atinjam o seu curso em diferentes

partes, como também em diferentes épocas. Enquanto o

Marañon em Mainas no sopé dos Andes, já em janeiro está

muito cheio, as águas do Solimões só em fevereiro come-

çam a subir, enquanto o Amazonas abaixo do Rio Negro, só

atinge seu nível máximo nos fins de março. No Solimões e

mais para o leste, a enchente avança para o interior e sobe

até 12 metros, alaga até 50 km de floresta de cada lado do

rio A inundação anual dá inicio a uma migração notável.

Os indígenas da região observam as formigas e se

afastam do rio a mesma distância que os insetos, animais

fogem para a parte mais alta da terra firme. Os peixes, ari-

ranhas e os crocodilos, seus predadores, os seguem e caçam

em volta dos troncos da floresta alagada. Durante as cheias

dos rios, formam-se ilhas de saúvas em migração quando,

com habilidade, improvisam balsas de seus corpos unidos

por baixo e por cima um do outro, e assim navegam rio

abaixo, fugindo da enchente.

Os pássaros e os macacos refugiados nos topos das

árvores não perecem com esse tumulto da natureza. Os gol-

finhos guiam-se pelo sonar nas águas turvas do rio à procu-

ra das presas. O poraquê, peixe-elétrico – emite 600 volts

de eletricidade para imobilizar a caça. Bandos de cormorões

e garças caçam os peixes que ficam na superfície da água.

Assim é, que o centro do continente sul-americano

é constituído por uma cadeia de planícies ligadas entre si,

que se estendem desde a embocadura do Orenoco até o Rio

da Prata e até o Estreito de Magalhães. E do sopé da Cor-

dilheira Oriental dos Andes até o Amazonas, formando uma

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única e colossal bacia, que estende três braços gigantescos

para o Oceano Atlântico.

A região da bacia Amazônica, é coberta quase que

toda, de um extremo ao outro por colossais florestas vir-

gens. Regada pelas freqüentes chuvas equatoriais, com seus

cerca de 5,5 milhões de quilômetros quadrados é a maior

floresta tropical úmida do planeta e a mais rica em biodi-

versidade. A maior parte da Floresta Amazônica, cerca de

3,3 milhões de quilômetros quadrados pertence ao Brasil.

Cortada pela Linha do Equador, a Amazônia corres-

ponde a cerca de 30% da América do Sul, abrangendo parte

do território do Brasil, Guiana Francesa, Suriname, Guiana,

o sul da Venezuela, parte do sudeste da Colômbia, toda a

parte oriental do Equador e do Peru e nordeste da Bolívia.

A Amazônia brasileira, ou Região Norte, é uma vas-

ta área tropical - que originalmente era um mar de água

doce - drenada pelo rio Amazonas e os seus mais de 7 mil

afluentes. Ocupando a metade norte do país, este sistema

fluvial passa através de vastas regiões de floresta tropical.

É integrado pelos Estados do Amazonas, do Pará,

Acre, Rondônia, Amapá e Roraima. É também considerada

Amazônia Legal a região compreendida pela parte norte de

Mato Grosso, norte do Estado de Tocantins e oeste do Ma-

ranhão, perfazendo um total de 3,9 milhões de quilômetros

quadrados. Boa parte desta área apresenta acentuada identi-

dade física, de relevo fundamentalmente plano.

A Amazonia é um território de constituição muito

recente. Alguns dos seus terrenos se formaram durante o

Período Terciário, mas outros, talvês a maior parte, estrutu-

raram-se no período geológico Quaternário. Para compro-

var que, em tempos remotos existiu um mar em toda região

amazônica, é necessário examinar a formação da camada de

solo que, geralmente, não passa da espessura média de 40

centímetros, constituída de húmus da decomposição das

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folhas e troncos de árvores caídas. Sob esta superfície veri-

fica-se a incidência de vasta camada de areia, que pode

aprofundar-se sem limite previsível. Quando o terreno é

sujeito a fortes chuvas, ocasiona erosão em forma de crate-

ras profundas que são chamadas de voçorocas.

O rio Amazonas corre, através de uma vasta planí-

cie, que se estende para o norte e para o sul do seu leito,

sempre percorrendo a grande depressão que constitui a pla-

nície amazônica. As primeiras cachoeiras dos grandes rios

que levam suas águas ao Amazonas encontram-se em Al-

cobaça no Tocantins, Vitória no Xingu, Itaituba no Tapajós

e Porto Velho no Madeira.

A grande planície amazônica termina nessas locali-

dades junto às cachoeiras, e começa a encosta do Planalto

Central Brasileiro. Os rios agora, dirigem os seus cursos

através de terrenos acentuadamente inclinados para a gran-

de depressão. Porém, a Amazônia amplia-se além da planí-

cie amazônica, abrangendo 400 km de trecho encachoeira-

do do rio Madeira entre Porto Velho e Guajará-Mirim, que

constitui um degrau que separa a Planície amazônica do

Planalto.

A primeira cachoeira, a de Santo Antônio, fica a 6

km acima de Porto Velho, e a 1.000 km aproximadamente

da foz do Madeira no Amazonas. Ali termina a planície

amazônica, mas continua a Amazônia que se dilata ainda

por todo o trecho das cachoeiras do Madeira, e de todo o

curso do rio Guaporé. A cidade de Porto Velho situa-se a

60 m acima do nível do mar e Guajará-Mirim a 122 m.

Nos grandes afluentes da margem direita que deli-

mitam a planície amazônica, existem saltos, cachoeiras,

pântanos, charcos, corredeiras e inundações, praias de arei-

as brancas e águas tranqüilas e uma fauna ictiológica a mais

rica do mundo. Peixes perigosos, desde os maiores de dois

metros, bagres carnívoros, a terrível e voraz piranha de den-

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tes afiados como navalha que devora qualquer presa morta

ou ferida em poucos minutos.

Baiacus de pele venenosa, poraquês que emitem ter-

ríveis choques elétricos, arraias de ferrões venenosos, o

minúsculo peixe candiru (vandelia cirrhosa), que descarna

os animais mortos em poucos segundos; penetra nas abertu-

ras anal e vaginal das pessoas que se banham nas águas por

ele habitadas, obrigando os nativos protegerem os órgãos

genitais ao entrar no rio. Existem ainda milhares de jacarés

e ariranhas sempre famintos, a procura de presas. Há o pira-

rucu de carne deliciosa, o tambaqui, o pacu, surubim, dou-

rado, tucunaré e milhares de outras espécies. É possível

encontrar mais espécies de peixes num lago amazônico me-

nor do que em todos os rios da Europa juntos.

O curioso peixe-boi ( trichechus manatus) é um

mamífero, o filhote nasce em lagunas abrigadas e nada qua-

se que imediatamente. A fêmea destes estranhos animais

tem as mamas em baixo das nadadeiras da frente. O peixe-

boi é da ordem de sirênio, grande animal aquático, de respi-

ração aérea, que tem os membros anteriores dispostos em

longas barbatanas em forma de cotovelo, cauda horizontal,

achatada em forma de remo, não fendida no meio, focinho

muito grande com alguns pêlos e boca pequena. Os sirênios

distinguem-se dos cetáceos porque tem dentes incisivos e

molares e cinco dedos nos membros anteriores. São despro-

vidos de membros posteriores e de orelhas externas.

Atingem, em média, 2 a 3 metros e pesam até 160

quilos. Vivem exclusivamente nas águas doces das bacias

do Orenoco e do Amazonas. Nadam vagarosamente e saem

para alimentar-se de plantas gramíneas, nas águas costeiras

e rasas das baías, lagoas e estuários das regiões tropicais do

Oceano Atlântico. No Brasil o peixe-boi, hoje é bastante

raro. Esse animal, quando mergulha, pode permanecer até

15 minutos debaixo da água, sem respirar. Seus membros

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anteriores estão adaptados ao nado. O dugongo é parente

próximo do peixe-boi e do manatí, do qual se diferencia

pela cauda bifurcada como a da baleia.

O vale do rio Amazonas é a mais extensa bacia hi-

drográfica do mundo, quase toda coberta pela soberba vege-

tação tropical, constituindo a “Hiléia Brasileira” que ocupa

38,5% do território nacional. Possui três tipos de vegetação,

classificada segundo a proximidade dos rios – a mata de

igapó, mata de várzea e mata de terra-firme.

A mata de igapó é uma espécie de floresta submer-

sa, localizada no terreno alagado pelos rios. A mata da vár-

zea é uma mata de inundação temporária. Nela encontra-se

grande quantidade de seringueiras, palmeiras, jatobás, ma-

çarandubas e extensos pacovais.

As matas de terra firme não são inundadas pelas

cheias dos rios e ocupam a maior parte da região, suas árvo-

res podem atingir até 60 metros de altura, e o contato de

suas copas fechadas forma um telhado verde capaz de reter

95% da luz solar. Cresce ali a frondosa castanheira, mog-

no, ipé roxo e amarelo, cerejeira, gonçalo alves, pau-ferro,

canela, pau-marfim, imbuia, jacarandá, maracateana, ange-

lin, cedro vermelho, andiroba, maçaranduba, guaiçara, aro-

eira-do-norte, pinho amazônico, figueira, pau-d´allho, ro-

xinho, macaúba, copaíba, sucupira, gameleira e cipós gi-

gantescos envolvendo troncos de espessas ramagens.

A maioria das espécies é de folhagem permanente,

renovam-se pouco a pouco. Como estão em regiões quentes

e úmidas, possuem folhas largas (latifoliadas), que absor-

vem mais energia solar. Essas florestas são muito compac-

tas, de cor verde escura. As copas das árvores, em diversos

níveis, tocam-se, formando uma defesa muito densa à luz.

Assim o interior dessa floresta é muito escuro mal

ventilado e muito úmido. Há árvores esparsas cujas copas

se colocam bem acima da grande maioria das plantas.

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Quando faltam essas ramagens que se sobressaem, as copas

de todas as árvores da mesma altura formam um dossel

continuo e uniforme. A selva amazônica é paraíso e infer-

no, porque é bela, assustadora e terrível. Esconde sob o

manto verde fascínio, mistérios e muitos perigos. Horizon-

tes infinitos de beleza natural, clima tropical, úmido e chu-

voso. Matas gigantescas, cujo solo nunca viu o sol.

Chove muito na selva, principalmente de outubro a

março. É uma verdadeira estufa. Por cima, copas fechadas

de árvores de 70 m de altura e 6 m de circunferência; por

baixo uma camada de meio metro de folhas fofas, úmidas

no chão.Temperatura de 40º Celsius, de sufocante calor

úmido de dia e 6º graus durante a noite; madrugadas de frio

úmido. Pelo fato de o rio Amazonas correr ao lado da Linha

do Equador, ali não há crepúsculo, a noite desce rapido.

Maior região florestal de toda a Terra, com inúmeras

variedades de espécies vegetais e animais. Ali a natureza

em tudo exagerou, os cipós lenhosos de enormes grossuras

são freqüentes, chegam a ter sessenta metros de compri-

mento. Plantas aquáticas cujas folhas gigantescas têm dois

metros de diâmetro, como a maravilhosa Victória Régia,

que cresce nos remansos tranqüilos dos lagos e pântanos

amazonenses, suas flores são brancas e perfumadas.

É de mencionar a riqueza dessas matas em legumi-

nosas, moráceas e sapotáceas. As palmeiras são um compo-

nente importante desta vegetação, como babaçu, buriti, pu-

punha, juçara e palmito branco. Ocorre também o guaraná,

tabaco, malva, juta, pequi, cupuaçu, cacau e café selvagem.

Encontra-se também, diversas frutas silvestres e de cultivo,

como marmelo, taperebá, ingá, açaí, jenipapo, tucumã,

mucajá, caju, banana, limão bravo, graviola, abacate, biriba,

jaca, manga, sapotilha, guabiroba, tarumã, cupuaçu do qual

se fazem deliciosos sucos, doces e sorvetes. Plantas aromá-

ticas como baunilha, canela, pimenta do reino, cravo, casta-

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nha-do-pará. Nos ocos das árvores ou na terra, as abelhas

de várias espécies fazem as suas colméias e produzem mel

saborosíssimo, que é disputado pelos indígenas.

Mundo selvagem onde impera a lei do mais forte, do

mais astuto, mais esperto, na luta constante pela sobrevi-

vência. Violência, botes nas sombras da noite, ciladas trai-

çoeiras ao som de estranha orquestra que vai do esturro da

onça pintada aos silvos da serpente e gorjeio dos pássaros.

Florestas impenetráveis, cheias de perigo e beleza. Quente e

úmida a floresta é a estufa natural das mais lindas orquí-

deas, cujas flores variam do branco à púrpura e ao amarelo,

com pintas e desenhos fantásticos e surreais.

Os solos nas florestas tropicais, chuvosas, de cor

vermelha (latossolos), são sujeitos à drenagem excessiva,

portanto, de pouca fertilidade (terra Catanduva). A cor re-

sulta da ação química da água da chuva sobre os minerais

de ferro. Os solos formados sob as florestas são escuros e

ácidos. A exuberância de folhas e troncos, o colossal mun-

do verde é formado mais pelo calor e umidade. Vão-se

constituindo lentamente com as folhas e os frutos que caem

das árvores, acumulam-se no chão úmido e quente do labo-

ratório selvagem.

Então as raízes dos enormes troncos das árvores da

floresta tropical não se aprofundam no chão, mas espalham-

se como pés de galinha, levando às suas células os princí-

pios vitais do crescimento. Não possuem a raiz penetrante

(peão) que se aprofunda no solo, mas criam raízes para os

lados da base do tronco que a sustentam em posição verti-

cal, e que se estendem para longe na parte subterrânea.

A cobertura vegetal das florestas tropicais é densa e

contínua, com solos geralmente pobres, retira seus nutrien-

tes do húmus formado da decomposição de galhos, troncos

e folhas. A luxuriante vegetação amazônica dá a falsa im-

pressão de um terreno extremamente fértil. Entretanto, se

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for retirada a cobertura vegetal, toda a região pode-se trans-

formar, com rapidez, numa imensa área desértica. O solo

protegido por essa floresta não serve para exploração agrí-

cola intensa ou para pecuária, já que rapidamente perde a

fertilidade após a derrubada da vegetação.

Embora a Amazônia possua a mais rica e mais vasta

floresta tropical do mundo, sua flora ainda é muito pouco

conhecida. A vegetação tropical em geral e as florestas ú-

midas são um reflexo de sua extraordinária riqueza e diver-

sidade. Nenhuma floresta do mundo possui tantas epífitas e

parasitas crescendo sob a forma de musgos, liquens, ervas,

cipós e bromélias. Enroscam-se, enlaçam, procurando subir

aos galhos mais altos à procura do sol.

Vivem numa luta constante, onde muitas vezes o

pequeno acaba esmagando o grande, como sucede com o

micróbio no organismo humano.Ataca silenciosamente na

forma de uma minúscula sementinha levada pelo vento e

pelos pássaros. Ao cair sobre uma árvore a sementinha co-

meça a brotar e a sugar as suas energias. Crescendo verti-

calmente no vegetal à qual se agregou, desce as suas raízes

para baixo introduzindo-as no solo.

Além de florestas de diversos tipos a Hiléia amazô-

nica reúne varias formas de campos. Nas regiões de cerra-

dos que ocorrem na Amazônia, encontram-se um tipo de

vegetação, caracterizado por conjuntos de árvores baixas,

de troncos tortuosos, em geral dotados de casca grossa e

suberosa, espinhos e folhas cobertas com pêlos. Essas espé-

cies estão adaptadas à seca e aos incêndios que ocorrem

com freqüência; no solo estendem-se tapetes de gramíneas.

O valor da fauna amazônica é incalculável, devido

às propriedades e aos hábitos que os animais possuem. A

fundamental importância dos animais da Amazônia está no

papel que eles representam dentro do ecossistema da flores-

ta tropical úmida. A vegetação e a fauna criaram um mu-

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tualismo inseparável; uma não pode existir sem a outra.

Essa dependência mútua é essencial para o seu equilíbrio.

Embaixo de seculares castanheiros e jequitibás va-

gam índios ferozes, deslizam cobras peçonhentas, jibóias

arborícolas, formigas antropófagas e a grande formiga pre-

ta, a tocandira, que chega a 22 mm de comprimento, de

picada muito dolorosa, capaz de produzir vômitos e des-

maios. Crescem plantas carnívoras e árvores-formigueiros,

que abrigam no seu interior colônias desses insetos.

Escorpiões, aranhas caranguejeiras e nuvens de mi-

núsculos piuns, muriçocas e carapanãs. A cobra sucuri ou

anaconda, que vive nos rios e nas florestas próximas a eles,

alimenta-se de peixes, aves e mamíferos; mata a presa en-

roscando-se nela, e a engole inteira, após triturar-lhes os

ossos por compressão muscular. Atinge mais de doze me-

tros de comprimento, e chega a pesar até 200 quilos.

No meio amazônico, que compreende mais de cinco

milhões de quilômetros quadrados do mais rico ecossistema

do mundo, é impossível obter-se uma lista completa de to-

das as espécies. Existem gambás, morcegos, macacos, ta-

manduás, preguiças, tatus, roedores diversos, ouriços, pre-

ás, capivaras, pacas, cutias, botos, cachorros-do-mato, gua-

rás,quatis, iraras, furões, lontras, ariranhas, onças, javalís,

antas, peixe-boi,caititus,veados, queixadas.Todos esses ani-

mais estão ameaçados de extinção, com a devastação das

florestas tropicais e conseqüente destruição de seu hábitat.

Há também enorme variedade de espécies de aves,

como mergulhão, cormorão, garça, ganso, codorniz, jaçanã,

rola, mutum, gaivota, coruja, gavião, falcão, urubu, jacu,

melro, arara, periquito, papagaio, tucano, carriça, papa-

mosca, sanhaço, andorinha, pica-pau, sabiá, beija-flor. Os

pássaros são quase tão abundantes quanto os insetos, as

diversas espécies de borboletas formam nuvens multicolo-

ridas contra o céu azul, e o seu papel no ecossistema é mui-

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to grande e diversificado. Assim como os pássaros, os insé-

tos são importantes polinizadores das plantas.

Os cursos de água e igarapés no interior da floresta

amazônica ativam o crescimento de uma exuberante vege-

tação ciliar, a qual é beneficiada por substâncias nutrientes

fornecidas pela água e por maior quantidade de luz solar.

Essa vegetação é uma verdadeira fábrica de elementos nu-

tritivos sob a forma de folhas, flores e frutos, que caem e se

acumulam no solo ou são varridos para a água. Esse proces-

so ajuda a sustentar um grande número de peixes.

Em acréscimo às variáveis encontradas hoje no solo

e no clima, há também o importante papel representado

pela história da região na diversidade e na distribuição das

espécies; as mudanças climáticas da Terra no Pleistoceno e

em tempos mais recentes também afetaram profundamente

a região amazônica. Durante os períodos de clima mais

seco a extensão dos cerrados aumentou e a das florestas

diminuiu, dividindo-a em manchas. Esse fato, por sua vez,

isolou as espécies separando-as em dois ou mais grupos e

aumentando as possibilidades de mudanças evolutivas, an-

tes que o dossel da floresta formasse de novo uma superfí-

cie contínua com o retorno do clima úmido.

Brasil, o maior país tropical do mundo apresenta

grande variedade de paisagens - áreas de vegetação herbá-

ceo-lenhosa como o cerrado, a caatinga, a mata Atlântica, o

pantanal-matogrossense, pampas do sul, ou simplesmente

campos limpos. As savanas de terra firme, que são áreas

isoladas, de cerrados, cobertas de capim rasteiro e subar-

bustos de folhas grandes e duras, algumas árvores baixas,

retorcidas, de cascas grossas e fendidas, esparsamente dis-

tribuídas pela região.

Os cerrados são valiosas como pastagens. Essas á-

reas são sempre circundadas por florestas. Os campos e

cerrados do Planalto Central, característico de Mato Grosso,

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de Minas Gerais, Goiás, oeste da Bahia, leste e sul do Ma-

ranhão, Mato Grosso do Sul, que se estendem também aos

Estados de São Paulo e Paraná e ocupam imensas ”ilhas de

vegetação” na Amazônia, recobrem uma área aproximada

de dois milhões de quilômetros quadrados ou cerca de 23%

do território brasileiro.

Amazônia é reconhecidamente a mais rica e mais

vasta floresta tropical do mundo. Aglomerado exuberante,

arbitrário e louco de troncos e hastes, ramaria unida e mul-

tiforme, por onde serpeava, em curvas imprevistas, em ba-

lanços largos, em anéis repetidos e fatais todo um mundo de

lianas e parasitas verdes, que fazia em alguns trechos uma

rede intransponível. Fervilhante de animais, pássaros, insé-

tos e rios povoados de peixes. Possuindo riquezas e misé-

rias, junto das pedras preciosas, ouro, prata, diamantes, mi-

nério de ferro, alumínio, cassiterita (minério de estanho),

borracha, petróleo, gás e madeira, estão as doenças e a hos-

tilidade das tribos selvagens e das feras.

Estigmatizada tristemente pelas doenças endêmicas

que atacam as populações da Amazônia, que, combatidas,

continuam a resistir. A malária, a febre amarela, amebíase,

ancilostomíase, leishmaniose, hanseníase, esquistossomose,

tripanossomíase (Doença de Chagas), tuberculose, leptospi-

rose, pênfigo (Fogo Selvagem), pneumonia, hepatite e a

sífilis, doenças transmitidas pelo homem, por mosquitos,

por animais e pelo meio-ambiente.

Essas doenças continuam grassando entre a popula-

ção sertaneja do interior, é um item importante pela sua

potencialidade patogênica nos trópicos úmidos. A região,

pelas características do clima, favorece a proliferação do

mosquito transmissor e do parasito causador da doença em

seu interior. Atualmente, essas doenças e outras endemias

sofrem um cerco pela ação sanitária do governo.

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A região amazônica, sempre atraiu pessoas notáveis

do mundo todo, naturalistas, cientistas, etnólogos, botâni-

cos, escritores, médicos e estudiosos do meio ambiente.

Muitos cientistas europeus percorreram a Amazônia, entre

eles os naturalistas ingleses Charles Robert Darwin, Alfred

Russel Walace, Henry Walter Bates. O escocês Richard

Spruce, o suíço Louis Agassiz e sua esposa Elizabeth. Os

franceses, Charles Marie de la Condamine, Henry Coudeau,

o botânico Auguste de Saint Hilaire.

O cientista, naturalista e geólogo alemão Alexander

von Humboldt que, entre 1799 e 1804, explorou a América

Central e América do Sul, inclusive percorreu todo o terri-

tório brasileiro.Os naturalistas alemães,Carl Friedrich Phi-

lipp von Martius e Johann Baptist von Spix, fizeram uma

expedição de três anos pelo interior do Brasil onde catalo-

garam 6.500 espécies de plantas e 3.400 espécies de ani-

mais, além de encontrar fósseis em Minas Gerais e na Bahia

(1817). O explorador e naturalista Willy Aureli que em

1963, percorreu as florestas amazônicas.

O grande tormento, a verdadeira tortura que aflige o

ousado explorador desta região, é o mosquito. As dolorosas

ferroadas da mosca “bizogó”, das mutucas, do berne (larva

de mosca inoculada sob a pele), das muriçocas, do “pólvo-

ra”, “borrachudo” do “lambe olho”, e o pavoroso, infernal

“pium”, inexorável inseto que sem tréguas inocula seu fer-

rão arrancando lágrimas de dor e desespero. Persegue, fer-

reteia, insiste, gruda, forma nuvens, desde os primeiros al-

vores até o cair da noite.

Enxames de insetos e aracnídeos de todas as espé-

cies, como o microscópico carrapato-pólvora, que perma-

nece em grandes grupos sobre as folhas de vegetação a-

guardando a passagem de um hospedeiro, suas picadas dei-

xam forte coceira e prurido infernal. Pernilongos, abelhas,

marimbondos, formigas, pulgas, aranhas, percevejos, bi-

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chos-do-pé, moscas varejeiras, piolhos, centopéias, san-

guessugas, baratas, cupins, traças, escorpiões e carrapatos-

de-boi, perseguem o corajoso sertanista.

Terra de contrastes, ora o silêncio de santuário das

florestas virgens, ora os medonhos urros das feras e o grito

selvagem do índio. Quem entra primeira vez na selva ama-

zônica, nada compreende. Para ele, as árvores são apenas

árvores, a agitação dos seus ramos, simples soprar do vento,

as pisadas no chão que se lhe deparam nada mais lhe indi-

cam do que os rastos de um animal que por ali passou, as

inúmeras vozes da floresta não significam mais do que um

ruído para seus ouvidos.

Pouco a pouco, observando, vê desvendar-se na sua

frente o secreto sentido das coisas, mas não almeja adquirir

o conhecimento dos indígenas, que nasceram e sempre vi-

veram naquela imensa floresta. Estes, em cada árvore des-

cobrem um abrigo, um alimento, uma arma, um veneno,

uma bebida, um remédio ou uma sombra para o repouso. A

sua experiência de vida neste universo verde, cheio de dons

da natureza, é completa e absoluta nos menores detalhes, é

a principal condição da sua existência.As maravilhas e os

perigos da impenetrável e angustiante Amazônia persistem,

são as realidades da região mais inimaginável e misteriosa

do mundo.

A corrida para as terras da Amazônia começou na

década de 1970. O governo federal adotou a política da

integração da região amazonense, incentivando a ocupação,

nos Estados de Mato Grosso, Rondônia, Acre, Pará, Rorai-

ma e Amazonas. Vindos do Nordeste e do Sul, colonos po-

bres instalaram-se na região ao longo dos grandes eixos de

penetração na floresta, a rodovia BR-364, a rodovia Trans-

amazônica, e a “ rodovia da soja” BR-163.

O governo concedeu áreas de 10 alqueires de terra

por família, para cultivo, se o colono não conseguisse tornar

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produtiva a terra no prazo de cinco anos, ele perderia o di-

reito à propriedade definitiva, e a posse retornaria ao go-

verno federal. No encalço dessa avalanche de migrantes

pobres, vieram os fazendeiros, madeireiros, garimpeiros,

grileiros, pistoleiros e todo tipo de aventureiro. Os interes-

ses do mercado globalizado estão invadindo a Amazônia,

acelerando a sua destruição. Nos últimos quarenta anos,

quase 20% da floresta amazônica foi dizimada, centenas de

pessoas morreram em conflitos pela posse da terra, não

contando os indígenas que foram encurralados pelos fazen-

deiros ou expulsos das suas terras.

Nessa nova fronteira agrícola, sem lei, dominada pe-

las armas, pelo terror, pelas motosserras e tratores, os fun-

cionários do Ibama, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

e Recursos Naturais Renováveis e outros agentes do gover-

no contando com apenas algumas dezenas de fiscais para

monitorar um território que se estende por milhares de qui-

lômetros quadrados de floresta. Esses homens podem ser

corruptos e ineficazes, muitas vezes por absoluta falta de

recursos, por estarem mal equipados, sem condução ou sem

combustíveis para as viaturas e pior, mal remunerados.

Aos produtores de soja se juntaram os madeireiros e

fazendeiros criadores de gado, intensificando o desmata-

mento e entrando cada vez mais no interior da floresta, cor-

roendo, formando enormes clareiras e destruição, como

cicatrizes no corpo da floresta milenar. O desmatamento

para pecuária e agricultura é o principal fator de destruição.

A extração de madeiras nobres, por madeireiros, que abrem

redes de estradas, em busca de mogno, no meio da floresta,

é a marca visível da atividade clandestina das serrarias que

trabalham a todo vapor ao longo das estradas.

Clareiras são abertas por motosserras e tratores,

queimadas para dar lugar a lavouras de soja e pecuária. Ao

mesmo tempo, as árvores estão sendo derrubadas e retiradas

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pelas serrarias, ou queimadas para abrir novas áreas de cul-

tivo nos estados do Pará, Mato Grosso, Acre e Rondônia. A

madeira extraída ilegalmente é vendida, num amplo esque-

ma de fraudes e contrabando, de milhões de metros cúbicos,

a compradores dos Estados Unidos, Europa e Ásia.

Nas áreas desmatadas, a chuva, o sol, o vento, a ati-

vidade humana e a pecuária provocam degradação do solo.

De camada pobre e de pouca profundidade, que não serve

para exploração agrícola intensa ou para pecuária, já que

rapidamente perde a fertilidade após a derrubada da vegeta-

ção e vira cerrado de capim e arbustos ralos, e com o pas-

sar do tempo com o sol causticante transforma-se em deser-

to.E principalmente causa a destruição do meio ambiente.

A Amazônia encontra-se sob a ameaça constante de

desmatamento, inclusive de desertificação, à medida que

avança a ocupação humana. E talvez a causa mais alarman-

te seja a invasão da floresta amazônica por estrangeiros à

procura de madeiras nobres e plantas medicinais para seus

laboratórios, que são patenteadas como sua propriedade.

AS PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES.

A pré-história, o primeiro período da História Uni-

versal, se nicia com o surgimento dos primeiros hominí-

deos, antepassados do homem moderno, há cerca da 3,5

milhões de anos, e termina com o aparecimento da escrita

por volta de 4.000 mil anos a.C. Divide-se em três fases:

Paleolítico, Mesolítico e Neolítico.

O Paleolítico é conhecido como a Idade da Pedra

Lascada, vai de 3,5 milhões de anos a 10.000 a.C.Os homi-

nídeos começam a desenvolver a linguagem oral,vivem em

pequenos bandos nômades e utilizam técnicas rudimentares

para conseguir alimento. Começam a utilizar o fogo, provo-

cado por raios e incêndios nas florestas. Vivem em grupos e

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habitam copas de árvores ou espaços ocos nos troncos, ca-

vernas e tendas feitas de ramos de arbustos.

À medida que o homem progredia na utilização das

ferramentas de pedra, adquiria maior domínio sobre o am-

biente em que vivia. O machado de pedra bruta foi suplan-

tado por facas, machados e pontas de flechas fabricadas em

sílex. Inventou a agulha, o anzol, o arpão, o arco e a flecha.

O conjunto global de povos e nações atuais resulta

de um longo processo de evolução social, que remonta a

cerca de dois milhões de anos. Foi então que a humanidade

começou a definir-se claramente como algo único no plane-

ta - por contraste com os grandes primatas - através de alte-

rações físicas e mentais, tais como a maneira de andar ereto

e cérebros muito maiores do que o dos macacos.

Nos últimos 40.000 anos ocorreu o grande salto evo-

lutivo: a capacidade desenvolvida para a linguagem, a fa-

culdade de criar novos instrumentos e o talento para plane-

jar antecipado. Seres humanos haviam povoado quase todo

o mundo então habitável, desde os úmidos trópicos até as

bordas dos desertos áridos e vastas regiões polares.

O Mesolítico é o período de transição entre o Paleo-

lítico e o Neolítico, que se estende de 10.000 a 8.000 a.C

Os grupos humanos aprendem a fazer o fogo e utilizá-lo

para defender-se e afugentar as feras.Começam a domesti-

car os animais, semear sementes e a cultivar algumas espé-

cies de plantas, o que dá inicio a fixação do homem na ter-

ra. Registros arqueológicos começam a surgir desde 11.000

a.C sobre o inicio do cultivo de plantas e grãos.

O Neolítico, chamado de Idade da Pedra Polida es-

tende-se de 8.000 a 4.000 a.C. Os hominídeos desenvol-

vem a agricultura, a domesticação e a criação de ovelhas,

cabras, bovinos e porcos.A organização tribal dá lugar a

comunidades tribais. Os grupos humanos se fixam na terra

e se estabelecem em povoados agrícolas. As migrações o-

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correm mais raramente, apenas quando a terra se esgota,

vão então em busca de áreas férteis e campos com gramí-

neas para o gado. Supersticiosos, rendem preces aos espíri-

tos dos animais e da floresta, adoram as forças da Natureza

e cultuam os antepassados.

Uma das mais importantes descobertas na história

da humanidade foi, de que sementes plantadas crescem.

Isso aconteceu no inicio do Mesolítico, há cerca de 10.000

anos a.C. Os homens primitivos caçavam, pescavam e co-

lhiam grãos, bagas e raízes silvestres.Os primeiros povos

que guardaram sementes e as plantaram viviam no sudoeste

da Ásia.As primeiras culturas foram cereais: trigo e cevada,

que eram gramíneas silvestres cultivadas e melhoradas.

No Neolítico entre 8.350-7.350 a.C. foi fundada Je-

ricó no vale do rio Jordão, na Palestina (4 hectares), primei-

ra cidade murada do mundo. Era protegida por uma vala

cortada na rocha e um muro de pedra com sólida torre cir-

cular. Em 5.000 a.C. teve início a colonização da planície

aluvial da Mesopotâmia. A área cultivada era restrita à

disponibilidade de chuvas ou nascentes naturais. Mudança

importante da fase seguinte foi o desenvolvimento de técni-

cas eficazes de irrigação permitindo a expansão do povoa-

mento, sustentavam povoados de mais de mil pessoas.

Definida pela urbanização e pela escrita, a civiliza-

ção teve inicio na Mesopotâmia e no Elão, estendeu-se para

o Egito, ao vale do Indus, à Creta e Ásia Menor.As mais

antigas civilizações da história,européias, asiáticas e africa-

nas surgem por volta de 8.000-2.000 a.C.época do apareci-

mento das Cidades-estado e do desenvolvimento da escrita.

No Neolítico, conhecido como Idade dos Metais (do

Cobre em 4.500 a.C., do Bronze em 3.000 a.C., do Ferro

em 2.000 a.C.), desenvolvem a técnica da fundição do co-

bre, do estanho, do bronze e da prata e por último o do fer-

ro, completando a revolução iniciada com a agricultura e o

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pastoreio.Domesticação de cavalos nas estepes da Ásia

Central em 2.500 a.C.As atividades humanas passam a de-

pender cada vez mais da coletividade e começam a se for-

mar as primeiras civilizações humanas.

As principais civilizações são: a suméria, acadiana,

assíria, hebraica, hitita, babilônica, egípcia, fenícia, persa,

chinesa, hindú e outras civilizações asiáticas. Ocupam uma

região que se estende da Índia ao mar Mediterrâneo e dos

mares Negro e Cáspio ao Oceano Índico.A aridez dos gran-

des desertos dessa área, como o Deserto Arábico e do Saa-

ra, contrasta com a fertilidade dos vales, banhados pelos

rios Orontes na Síria, Jordão na Palestina, Tigre e Eufrates

na Mesopotâmia, Nilo no Egito, Rio Amarelo na China e

dos rios Indus e Ganges na Índia.

Crescente Fértil é a região que se estende, em arco,

do rio Nilo até o Golfo Pérsico, atravessando os atuais terri-

tórios do Líbano, Israel, Jordânia, Síria, Turquia e Iraque.

Seu traçado lembra a Lua em quarto crescente. Por ser a

única região irrigada por rios, Tigre e Eufrates, no oeste, e

Nilo, no leste, em meio a desertos do Saara, da Arábia, Ne-

gev e Sinai é chamada de Crescente Fértil. Ao longo da

faixa de terra que vai do Rio Nilo ao Tigre e Eufrates, esta-

belecem-se importantes civilizações da Antiguidade.

As primeiras civilizações surgiram nas férteis bacias

aluviais dos principais rios, que desciam dos contrafortes

montanhosos.O rio Eufrates nasce nas montanhas da Armê-

nia e tem um curso de 2.900 km, o rio Tigre desce da Cor-

dilheira do Tauro armênio e tem uma extensão de 2.000

km. Os dois rios irrigam as planícies áridas do Oriente Pró-

ximo, onde a agricultura começou.

As vilas agrícolas iam da Palestina até os Montes

Zagros, área com pluviosidade suficiente para cultivar cere-

ais.Canais de irrigação permitiam que o povoamento se

estendesse às planícies das baixadas, onde a chuva era es-

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cassa. Mas, se irrigadas, as planícies férteis do sul da Me-

sopotâmia sustentavam cidades com milhares de habitantes.

Entre as cidades mais antigas foram fundadas: a cidade de

Jarmo na Babilônia (atual Iraque) desenvolveu-se em 7.000

a.C. Ugarit na Fenícia (atual Líbano) em 6.000 a.C. Essas

civilizações criaram meios de transporte como barcos de

pele e carros puxados por animais.

No início da agricultura, entre 7.500 - 6.000 a.C.,

segundo o método de datação com carbono 14, teve inicio o

desenvolvimento da cidade-colméia de Çatal Hüyük na

Anatólia (região da Turquia), a maior cidade da época, as

casas eram construídas de tijolo de barro e pedra. A vila de

Çatal Hüyük ocupava 13 hectares, não era protegida por

muralhas.Achados nos sítios arqueológicos da planície cen-

tral da Turquia em 1961, entre outros fósseis, foi encontra-

da cerâmica pintada, sofisticada, que já era produzida; teci-

dos e tear eram usados e cultivava-se linho e diversos pro-

dutos para alimentação.

Em 4.000 a.C. os fundamentos da civilização meso-

potâmica haviam sido estabelecidos. Extensos sistemas de

canais de irrigação mantinham comunidades agrícolas

prósperas, permitindo que o comércio e o artesanato pros-

perassem. As primeiras cidades históricas da Suméria surgi-

ram a partir destas comunidades bem-sucedidas.

A descoberta da agricultura originou a mais antiga

civilização, a dos sumérios caucasianos, aparentados aos

dravidianos da Índia, provavelmente vieram da Ásia Cen-

tral, instalaram-se na Mesopotâmia dos vales dos rios Tigre

- Eufrates, em cerca de 10.000 a.C. convivendo com tribos

de origem semita que ali viviam desde tempos remotos.

Fundam, ao sul, Cidades-estado onde floresciam as civili-

zações acadiana, babilônica e assíria.

A classificação de caucasiano é relativa a indivíduo

pertencente à maior divisão étnica da espécie humana, que

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tem características distintivas, tais como a cor da pele, que

varia de muito clara a morena e cabelos finos, entre lisos a

ondulados ou crespos. Esta divisão inclui grupos de povos

nativos da Europa, Norte da África, Oriente Médio, Ásia

Central, Rússia e o subcontinente indiano. Um dos aspectos

mais impressionantes sobre a história das línguas desses

povos, é que a maioria delas se desenvolveu a partir de uma

raiz comum. Muitas das línguas faladas hoje têm uma única

origem, a família indo-européia. Muitos linguistas situam o

indo-europeu entre 6.000 e 5.000 a.C.

O antropólogo alemão Max Muller, afirma que os

primeiros caucasianos eram tribos de nômades proceden-

tes da Cordilheira do Altai, na Ásia Central, que se espalha-

ram em sucessivas ondas migratórias pela Ásia no sentido

do Ocidente. Maioria desses grupos se fixou na região do

Cáucaso e nas estepes entre o Mar Negro e o Cáspio. Ori-

ginaram-se dos antigos uighures. Afirma-se que os uighures

tinham alcançado um alto nível de civilização, conheciam a

arquitetura, medicina, matemática, astrologia, mineração,

produção têxtil e agricultura e as praticavam com grande

habilidade e conhecimento.

Qual seria a origem exata dos uighures? Diz a tradi-

ção popular que vieram do lendário continente de Lemúria,

que se situava no Oceano Índico, entre a África e Austrália,

que foi submergindo nas águas do Oceano, vagarosamente,

durante milênios e afundou totalmente há 24.000 anos atrás.

Esse cataclismo foi provocado pelas transformações de

grande amplitude da crosta terrestre na Idade do Gelo.

Portanto, o povo Uighur não é de origem mongólica,

mas de tipo caucasiano, de cabelos castanhos e olhos azuis,

embora habitassem na Mongólia. No século VII d.C., os

uighures possuíam um extenso Império na Mongólia Cen-

tral, a capital era Karakota, ao sul do Lago Baikal, próximo

da atual capital da Mongólia, Ulan Bator.Outra cidade que

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foi habitada pelos uighures, Onjin, fica situada nas areias do

Deserto de Gobi, não muito distante das margens do lago

Gaxum.Segundo a antiga tradição, o atual Deserto de Gobi

já foi uma região fértil, com uma grande planície cultivada,

com muitas cidades habitadas pelo povo Uighur.

Afirma-se que esse Império já existia há 18.000 a-

nos atrás. Estendia-se por toda a Ásia, desde o Pacifico,

através da China, Mongólia, Ásia Central, até as margens

norte e leste do Mar Cáspio. O Império Uighur chegou ao

apogeu em 15.000 a.C. O declínio teria sido em virtude de

um cataclismo climático, que começou por volta de 15.000

a.C. (Idade do Gelo), a região de Gobi, paulatinamente, foi

se transformando, de uma região fértil em deserto árido. O

clima seco não favorecia a agricultura e a fome assolou o

país, levando ao declínio da civilização em 840 d.C.

Mesmo debilitado o Império Uighur ainda durou por

centenas de anos, centralizado em Turfan, uma típica cida-

de uighur, outrora capital do Reino, que foi conquistada por

Genghis Khan no século XIII. O Reino foi destruído, to-

mado pelos mongóis, os remanescentes uighures migraram

para oeste; habitam atualmente a província chinesa de Sin-

kiang, no Turquestão e na Manchúria. A cidade de Turfan

situa-se na Depressão de Turfan, a 1500 m abaixo do nível

do mar, é o local mais quente da China.

***

Suméria, antigo território da baixa Mesopotâmia,

por volta de 4.000 a.C. desenvolvem-se cidades importantes

na região. Sua história prolonga-se até o final do 3° milênio

a.C. e desaparece com a conquista do seu país pelos elami-

tas e os semitas amoreus. No 4° milênio a.C. a Mesopotâ-

mia meridional entre Nippur e o inicio do Golfo Pérsico foi

ocupada pelos sumérios e acadianos, vizinhos ao norte. Na

primeira metade do 3° milênio a.C. a organização política

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de ambos baseava-se em Cidades-estado sob o domínio de

Uruk, Ur e Kish onde a hegemonia se alternava.

O chefe militar semita Sargão I, de Acade, invade e

conquista Suméria em 2.371-2.220 a.C. e anexa ao Impé-

rio Acadiano.Os acadianos originam-se de tribos semitas

que habitam o Norte da Mesopotâmia.Sob o reinado de

Sargão I, conquistam e unificam as Cidades-estado sumé-

rias inaugurando o primeiro Império Mesopotâmico da his-

tória. O Império desmorona-se em 2.180 a.C. após a inva-

são dos povos asiáticos vindos das montanhas do Cáucaso.

Os sumérios recuperam o poder, mas enfraquecidos por

guerras internas não resistem aos amoreus, povo semita do

Norte, que invade as Cidades-estado sumérias e acadianas e

fundam a cidade de Babilônia (atual Iraque).

Em 2.050 a.C.o Amoreu Sumuabum fundou a pri-

meira dinastia da Babilônia, cujo sexto rei, Hamurabi, em

1.728 a.C. realizou a unificação da Suméria e de Acade

num Império Babilônico, centralizado. Criou o Código de

Hamurabi em 1.961 a.C. O Código tem suas penas basea-

das no princípio de ”olho por olho, dente por dente”, co-

nhecido como Lei de Talião. Ao autor do delito é infringido

o mesmo castigo que impôs a vitima. Baseado em antigas

leis sumérias, compõe-se de 282 artigos.

O domínio da metalurgia forneceu aqueles que o

possuíam grandes vantagens militares sobre quem não tinha

esse conhecimento, tal como a roda quando apareceu por

volta de 4.000 a.C. no Cáucaso, nas proximidades do Mar

Negro e se espalhou pelo mundo antigo. Na mesma época

surgiram os cavalos, vindos das estepes do sul da Rússia.

Cavalos domesticados atrelados a carros de combate primi-

tivos mudaram a natureza da guerra na Antiguidade.

Nessas regiões desenvolve-se a agricultura, princi-

pal atividade desses povos. Utilizam técnicas de irrigação e

drenagem do solo, construção de canais, diques e reservató-

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rios. Essas civilizações deixam importantes contribuições,

como o alfabeto, as pirâmides, os conhecimentos da Astro-

nomia, de Astrologia, sistemas de pesos e medidas e calen-

dários lunares e solares. Usam a metalurgia do bronze, car-

ros com rodas, o arado, fazem comércio com outras cidades

e povos por terra, bem como por navegação marítima, para

isso construíram grandes barcos de junco.

Construíram as Cidades-estado de Ur, Uruk, Eridu,

Lagach, Nippur e Kish. Os sumérios foram os criadores de

uma das duas mais antigas civilizações históricas. Sua in-

fluência cultural artística e religiosa foi grande, ficou na

Ásia principalmente na Babilônia e na Assíria. Criaram a

escrita cuneiforme e a primeira coleção sistemática de leis,

o Código de Ur-Namu em 2.775 a.C.A escrita cuneiforme

terá surgido cerca de 6 mil anos na Suméria, tendo apareci-

do depois no Egito como hieróglifos, há 3.000 anos a.C. no

Vale do Indo em 2.500 a.C. e os modernos caracteres na

China há 2.000 a.C. A escrita pode ter passado da Suméria

para o Vale do Indo e também para o Egito.

Em 1.750 a.C. matemáticos babilônios já compreen-

dem os conceitos da raiz cúbica e raiz quadrada Em 1.500

a.C. os sumérios desenvolveram a escrita alfabética (base

das escritas modernas européias). Fizeram observações

astronômicas, dividiram o dia em 24 horas e hora em mi-

nutos e segundos, desenvolveram negócios e métodos ban-

cários.A partir dessa época e até ao tempo dos Selêucidas a

Babilônia foi uma das mais importantes cidades do Oriente.

Caldeia, nome antigo da Babilônia a que tinha por

capital a cidade de Babilônia, abrangeu todo o vasto terri-

tório compreendido entre o Tigre e o Eufrates, da Suméria

até o Golfo Pérsico. Elão era o antigo estado vizinho da

Caldeia, com a capital Susa. Os seus reis conquistaram a

Caldeia, e apoiaram a Babilônia contra a Assíria, que aca-

bou por dominar o Elão. No século XIII a.C. Nabucodono-

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sor I, torna-se um dos primeiros reis da Babilônia. Nabu-

codonosor II, o Grande, rei da Caldéia (Babilônia) de 605 a

562 a.C. guerreou contra o Egito, destruiu o reino de Judá e

sua capital Jerusalém e ganhou territórios na Arábia.

Por volta de 539 a.C. após um novo período de he-

gemonia liderado pelo rei Nabuconodosor II, a Babilônia é

incorporada ao Império Persa pelo rei Ciro, o Grande. Em

332 a.C.Alexandre Magno, da Macedônia, conquista Babi-

lônia e o reino de Elão com sua capital, a cidade Susa.

O declínio da civilização suméria foi marcado pela

anexação do Tigre-Eufrates pelos assírios (1.050 a.C.) que

já ocupavam as cabeceiras do Tigre há 3.000 anos a.C. Se-

naquerib, rei da Assíria, entre 705 e 681 a.C.conquista a

Babilônia. Após a destruição da Assíria e o saque à capital

Ninive em 612 a.C., pelos medas e citas, a Babilônia vito-

riosa, manteve as terras baixas da Mesopotâmia.

Os Assírios resultam da mistura das tribos de semi-

tas vindos da Samaria (região da Palestina) e os povos do

norte do Rio Tigre, por volta de 1.000 a.C. No reinado de

Assur, no ano de 883 a.C. conquistam seus vizinhos e for-

mam o Império Assírio, que se estende da Pérsia até a

cidade egípcia de Tebas. Suas principais cidades-Estado

eram Assur e Ninive.

Uma antiga civilização agrícola já existia no Irã,

quando os arianos de origem indo-européia chegaram por

volta de 2.000 a.C., dividiram-se em dois grupos: os medas

e os persas. Os Persas, tribos nômades aparentados dos

Citas do Cáucaso, deslocam-se para a região do Irã, mes-

clando-se aos povos locais. Por volta de 700 a.C. fundam

cidades-Estado como Pasárgadas e Persópolis, vivem sob

hegemonia meda.

Em 550 a.C. Ciro, o Grande, funda o Império Persa.

Rebelou-se e derrotou o rei meda Astyages e uniu os medas

aos persas para fazer do Irã o poder dominante na Ásia e

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Oriente Próximo.Assim os povos iranianos, recém chega-

dos da Ásia Central, dominaram os centros de poder do

mundo mesopotâmico. Ciro II submete as sociedades da

Mesopotâmia, consolida a hegemonia no Irã, conquista a

Babilônia, o reino da Lídia e as colônias gregas da Ásia

Menor. Mais tarde sucumbiria a diversas invasões. Os ára-

bes conquistam o país e introduzem o islamismo em 642

a.C. em seguida foram substituídos por turcos e mongóis.

Os persas praticam a agricultura, a pecuária, o arte-

sanato, a metalurgia, a mineração de metais e pedras pre-

ciosas. Realizam intensos intercâmbios comerciais. Cons-

troem estradas de pedra e canais para facilitar o transporte,

as trocas e o correio a cavalo. Implantam uma economia

monetária, adotam um sistema de pesos e medidas e institu-

em impostos fixos. Em 330 a.C. Alexandre, o Grande, der-

rota o Império Persa. No século VII d.C. a Mesopotâmia foi

invadida pelos árabes da Pérsia, que estabeleceram sua ca-

pital em Bagdá.

No século XIII d.C.o Irã (Pérsia) recupera a inde-

pendência e passa a ser governado, no decorrer do tempo,

por várias dinastias.Os árabes, povo do Oriente Médio, per-

tencem ao grupo da grande família semítica. O tronco cami-

to-semítico é o 2° mais importante do mundo em extensão

geográfica, compreende o Norte da África e o Oriente Mé-

dio.Compõe-se de três grupos principais: o semítico, egíp-

cio e o berbere.

*

Hebreus, povo de origem semita, pastores nômades,

originários dos desertos da Mesopotâmia, da região de Ur,

pequeno reino situado na margem direita do Eufrates, su-

bordinado à Caldéia. Em 2.211 a.C. sob a liderança do pa-

triarca Abraão, os hebreus migram para Palestina. Percor-

rendo os desertos da Mesopotâmia até Harã na Babilônia,

chegam à terra de Canaã, onde se estabelecem na cidade de

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Hebron. O patriarca Abraão é descendente de Sem filho de

Noé; marido de Sara, pai de Isaac e de Ismael. Ismael, é

fruto da união entre Abraão e a escrava egipcia Agar, que

viviam, segundo a Bíblia, numa confederação de tribos no

deserto da Arábia. De Abraão descende o povo judeu e, por

Ismael descendem os Árabes.

Chefiados por Jacó ou Israel (filho de Abraão) os

hebreus saindo de Hebron á procura de pastos para seus

rebanhos e de melhores condições de vida, atravessam o

deserto da península do Sinai e chegam a Memphis no Egi-

to,onde acabam sendo escravizados pelos hicsos. O período

de escravidão dos judeus no Egito se prolongou por 400

anos. Hicsos, povos da Antiguidade originários da Síria,

que se estabeleceu na metade oriental do Delta do Nilo em

2160-1580 a.C. Fundaram sua capital na cidade de Aváris.

Os hicsos se integraram ao povo egípcio e dominaram o

Médio Império por 500 anos, pela 15ª -16ª e 17ª dinastia.

Em 1.500 a.C.após grandes flagelos que assolaram o

povo egípcio, os hebreus foram liberados da escravidão

pelo faraó Ahmóses. Voltaram à Canaã em busca de um

território seguro, a“Terra Prometida”, guiados pelo patriar-

ca Moisés, o maior vulto do Antigo Testamento, chefe dos

hebreus, guiou seu povo livre da escravidão do Egito, pelo

deserto do Sinai no episódio bíblico conhecido como Êxo-

do, peregrinação que durou 40 anos.

Nessa época é criada a primeira religião monoteísta

da História (culto a Yahwé, Deus Único), baseada nos Dez

Mandamentos, revelados a Moisés no Monte Sinai. A partir

dos Dez Mandamentos, Moisés elabora os fundamentos do

judaísmo. Produz uma literatura importante, contida em

parte na Bíblia e no Talmude. As duas obras são hoje a base

da religião e da vida comunitária judaica.

Jericó foi a primeira cidade que se deparou aos he-

breus quando entraram na Terra Prometida. Josué, chefe

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dos hebreus,depois de Moisés, atravessou o rio Jordão, cer-

cou os muros da cidade de Jericó e com seus exércitos a-

possou-se da cidade, conquistando a Terra de Canaã, na

Palestina.Por volta de 1029 a.C. as 12 tribos hebraicas or-

ganizam-se numa confederação político-religiosa para de-

fender suas terras e seus santuários, sob o comando de Saul.

Em 1.000 a.C.o rei Davi o sucede e une os reinos de

Israel e Judá. Sob o domínio do rei Salomão, Israel alcan-

ça o apogeu entre 966 e 926 a.C. O reino unificado expan-

de-se dominando todas as Cidades-estado da Cananéia.

Praticam a agricultura, o pastoreio, o artesanato e o comér-

cio com os povos vizinhos. Utilizam o trabalho escravo e de

servos. As tribos são dirigidas de forma absoluta pelos che-

fes-patriarcas, que acumulam as funções de sacerdote, juiz

e chefe militar.Os notáveis patriarcas foram Abraão, Isaac,

Jacó ou Israel, José, Moisés e Josué. Os reis históricos que

governaram os hebreus foram Saul, Davi e Salomão.

Em 926 a.C. o reino divide-se em dois, o de Judá

ao sul, com a capital em Jerusalém e o de Israel, ao norte.

Após a morte de Salomão, um período de crise põe em dú-

vida a sobrevivência da nação judaica, conquistada por vá-

rios povos Em 586 a.C. o rei da Babilônia, Nabucodonosor,

com um grande exército de guerrilheiros caldeus, assírios e

de moabitas invade e saqueia a cidade de Jerusalém. Os

hebreus enfraquecidos pelas rivalidades, são incorporados

ao Império Babilônico e deportados para a Babilônia como

escravos. O tempo do cativeiro na Babilônia vai desde 586

a 538 a.C., isto é, durante 48 anos.

Inicia-se a Iª Diáspora judaica, dispersão dos judeus

pelo mundo. Nessa época Babilônia é conquistada pelo Im-

pério Persa. Em 538 a.C. a publicação do Édito de Ciro, o

Grande, rei da Pérsia, dá liberdade aos hebreus e lhes per-

mite o retorno da Caldéia para Israel. Em 70 a.C.o general

romano Tito invade o reino de Israel e conquista Jerusa-

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lém. Os judeus recusaram-se cultuar o imperador romano,

então Jerusalém e o Primeiro Templo de Salomão são des-

truídos pelos romanos e os judeus são expulsos da Palesti-

na. A proibição de retornar à região leva a segunda Diáspo-

ra judaica, então eles migram para outras cidades e para

outros países.

A seita judaica dos essênios, fundada no tempo dos

Macabéus, no século II a.C., cuja doutrina tinha grande

analogia com ás dos primeiros Cristãos.Distinguiam-se pela

vida ascética e celibatária, instalados em mosteiros escava-

dos nas montanhas, de difícil acesso, na região desértica do

Mar Morto.Diz a tradição que Jesus Cristo conviveu com

eles por muitos anos. Em 1956, são descobertos os “Ma-

nuscritos do Mar Morto”, fragmentos de antigos textos he-

braicos, escondidos pela tribo dos essênios nas cavernas

perto do antigo assentamento de Khirbet Qumrãn, na região

de Jericó, datando de 200 a.C.

Em 132 d.C. houve a grande rebelião judaica con-

tra Roma que resultou em violenta repressão e prisões em

massa. Expulsos novamente de seu território, os judeus

dispersam-se pelo mundo. Em 636 os árabes invadem a

Palestina e ocupam Jerusalém. Constroem o “Domo da Ro-

cha”, o grande monumento da arquitetura islâmica, conclu-

ído em 692, alçou Jerusalém a condição de lugar santo para

o Islã. Desde a destruição do 1° Templo e o exílio na Babi-

lônia, a Judéia foi ocupada por uma sucessão de impérios

poderosos: assírios, babilônico, persa, ptolomaico, selêuci-

da, romano, bizantino, os impérios islâmicos, culminando

com incorporação da região ao Império Turco-Otomano,

de 1517 a 1917, seguindo-se a ocupação inglesa em 1920.

Em 1909, sob o patrocínio do banqueiro judeu barão

de Rothschild e do governo norte-americano, instala-se nas

proximidades de Jaffa a 1ª colônia agrícola (kibutz) da Pa-

lestina. Desde 1922, os ingleses exerceram uma influência

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preponderante no país. Após a aprovação pela ONU do

plano da partilha da Palestina entre árabes e judeus, no dia

14 de maio de 1948, é criado oficialmente o Estado de Isra-

el, fato que leva à expulsão dos árabes palestinos que vivem

há séculos na região da Palestina.A guerra entre palestinos

e judeus, pela ocupação e posse do território continua até

hoje sem solução.

*

Fenícia, antiga região localizada no Oriente Médio,

na região da Palestina, entre os Montes Casio, Carmelo e

Líbano (atual Líbano, capital Beirute),o histórico território

dos fenícios, cuja cultura floresceu por mais de 2.000 anos

a partir de 3.000 a.C. Possuía uma estreita faixa costeira

úmida e fértil com o interior montanhoso na costa ociden-

tal da Síria, até o Carmelo ao sul. A sua história foi mar-

cada por sucessivas ocupações estrangeiras, de hititas, egíp-

cios, assírios, persas. Tiro (Sur), antiga cidade costeira, fa-

mosa pelo seu comércio e indústria de púrpura, foi tomada

por Nabucodonosor II, após um cerco de treze anos e, de-

pois por Alexandre Magno, rei da Macedônia, em 332 a.C.

ficando sob domínio grego até 63 a.C.quando se torna pro-

víncia romana.Conquistada pelos Cruzados em 1123.

Os fenícios, povo de origem semítica, vindos da

margem do Golfo Pérsico, estabeleceram-se no litoral me-

diterrâneo, na encosta do monte Líbano. Fundaram cidades

essencialmente marítimas como Cádiz e Málaga na costa

sul espanhola, Tiro (Sur), Sidon (Sayda) Trípoli, Baalbek,

Anjar, donde partiam frotas que iam comercializar e coloni-

zar em toda a bacia do Mediterrâneo e até o Mar Vermelho,

no Atlântico e no Báltico.

Desenvolvem técnicas de navegação e fabricação de

barcos, vidro, tecidos e artesanato metalúrgico.Realizam

um forte intercambio com as cidades gregas, egípcias e as

tribos litorâneas da África e da Península Ibérica no Medi-

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terrâneo. Fundam colônias no norte da África, a mais im-

portante era Cartago, fundada em 814 a.C Cartago e Cádiz

foram os principais portos de comercio do estanho na Anti-

guidade. A habilidade dos fenícios como grandes navega-

dores e mercadores, ficou célebre. Negociavam principal-

mente com vidro, cerâmica, papiro, tecidos, perfumes, in-

censo e especiarias da Índia e da Arábia e metais preciosos

da África. A partir de 800 a.C a Fenícia faz parte, sucessi-

vamente, do Império Babilônico, do Império Persa e do

Império Macedônico. Com a queda de Tiro, em 332 a.C. a

hegemonia passa para Cartago, que enfrenta os romanos nas

Guerras Púnicas.Cartago é derrotada em 146 a.C.

Há relatos de que fenícios, nas suas viagens pelos

mares distantes descobriram “Uma grande terra no Ociden-

te”, por volta de 500 a.C.Os antigos Hebreus e Fenícios de

origem semítica, foram os primeiros povos a abandonar a

escrita hieroglífica em favor de um alfabeto. O antigo alfa-

beto fenício é considerado como o antepassado do alfabeto

grego, e indiretamente, como o do alfabeto latino e de todos

os alfabetos ocidentais. O alfabeto português consta funda-

mentalmente de 23 letras, além dessas letras, há três que só

se podem usar em casos especiais: k, w, y. Originou-se do

romano, que se desenvolveu do grego. O alfabeto grego foi

influenciado, através do tempo, pelos alfabetos fenício e

hebraico.

*

Os Citas antigos povos bárbaros e na maior parte

nômades, vindos do nordeste da Ásia, são considerados

como antepassados dos Sármatas, antigo povo espalhado do

mar Báltico ao mar Negro e Cáspio, mais tarde fundiram-

se com os eslavos. Os Citas da Sibéria, mestres do Ouro,

viveram entre os anos de 2.700 e 600 a.C.na região de Ty-

va, nas planícies abaixo das montanhas Sayan Ocidental,

hoje República de Tyva, capital Kyzyl, na Ásia Central,

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próximo à fronteira da Mongólia, um território pouco povo-

ado, de pradarias e picos cobertos de neve.

Era um povo nômade, notável na arte e na guerra,

criavam cavalos, carneiros, cabras e vacas. Cavaleiros exí-

mios e guerreiros cruéis usavam a caveira de suas vítimas

como taças para bebida, faziam parte de um grupo de língua

iraniana. Domesticaram os cavalos descendentes de uma

espécie selvagem indígena das estepes do Sul da Rússia. Os

cavalos mongóis são os únicos parentes sobreviventes da

espécie da qual todos os cavalos domesticados descendem.

Compunham-se de tribos diversas, mas tinham o

mesmo modo de vida e costumes funerários parecidos, e

uma cultura em comum. Um dos traços culturais mais mar-

cantes é o habito de reproduzir animais na arte. A sudeste

de Tyva, nas montanhas Altay, nos sítios funerários havia

tatuagens de peixes nos corpos congelados de citas, assim

como diversos peixes de ouro como ornamento, além de

milhares de felinos de ouro de Arzhan. Os Citas eram exí-

mios cavaleiros e grandes guerreiros, mas também tinham

alto nível de desenvolvimento cultural, tinham ourives ha-

bilidosos, que trabalhavam o ouro com arte esplendorosa.

Invadiram a Mesopotâmia no século VII a.C. ven-

ceram Ciro II e lutaram com êxito em 513 a.C.contra Dario.

No final do século VI a.C. outras tribos vieram para esse

território, possivelmente nômades vindos do que é hoje o

Cazaquistão ou do Irã. No século V a.C. guiados por povos

do Império Khazar, seus parentes, que habitavam as estepes

ao norte do mar Cáspio, os Citas migraram para Citia,

região de estepes entre o mar Negro e mar Cáspio. Sua cul-

tura espalhou-se na direção oeste, pelo sul da Rússia e da

Ucrânia, chegando à Alemanha e desapareceu da história

por volta do século I a.C. no inicio da era cristã. O Império

Khazar era o Estado mais civilizado da região, desde a que-

da dos Citas no século I a.C.Os khazares governaram um

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território que se estendia a oeste até Sambat (Kiew) e o sul

até a cidade de Kherson.

*

A Anatólia, península da Ásia Menor (Turquia asiá-

tica) é uma das mais antigas regiões da Terra. Habitada

desde 4.000 a.C. por hititas, frigios, lídios, persas, capadó-

cios, romanos, armênios, sucessivamente. Durante séculos,

serviu como campo de batalha para conquistadores estran-

geiros. O território é ocupado por povos hititas, nômades

procedentes do Cáucaso, que no fim do 3° milênio a.C.

invadem a região, estabelecem em 1.640 a.C. o primeiro

reino de Hatti na Capadócia (Turquia), tendo Hattusha co-

mo capital.

Os hititas vieram orientados pelos khazares, povo

antigo aparentado com os Citas, que habitavam as estepes

ao norte do Mar Cáspio. Desenvolvem uma política expan-

sionista contra Síria, Babilônia e Egito. O apogeu do Impé-

rio Hitita acontece sob Hatusil III. Para sua segurança,

construíram cidades subterrâneas escavadas em rochas; no

interior das montanhas fizeram redes de aquedutos destina-

dos a captar a água da chuva e armazenar nos poços do sub-

terrâneo. Cavaram grutas com 260 quilômetros de corredo-

res nas profundezas, ali estocavam alimento, água e escon-

diam camelos e cavalos. No subsolo fabricavam armas e

equipamentos para defesa.

Recentemente os arqueólogos encontraram nesses

subterrâneos secretos da Capadócia, fósseis de ossos de

camelos, pedaços de cerâmica, aquedutos e poços para ar-

mazenar água e outros indícios da ocupação hitita. Em

1.594 a.C. os hititas invadem e destroem a capital Babilônia

e põem fim ao Império Babilônico, mas não resistem à in-

vasão dos aqueus, povo grego antigo, em 1.200 a.C.

Por volta do século I d.C. as incursões ao norte da

China, deram inicio a uma série de invasões que, nos quatro

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séculos seguintes, ameaçaram as civilizações estabelecidas

na Grécia, Roma, Norte da China, Pérsia e Índia. Tais inva-

sões foram causadas pelos avanços dos nômades da Ásia

Central e resultaram no retrocesso das civilizações.

Os invasores não eram de origem indo-européia, e-

ram povos do nordeste da Ásia, ligados por parentesco e

tradições comuns. Não possuíam controle central, embora

tenham se difundido a partir de uma única região. Tinham

tipo físico variado, mas em geral com características mon-

gólicas, a maioria falava idiomas de grupos altaicos do nor-

deste da Ásia, hoje representados por dialetos turcos.

Eram povos pastores e, na guerra, lutavam como

arqueiros montados, com cavalos rápidos criados nas este-

pes. Os centros de poder desses povos altaicos estavam nas

regiões férteis, junto à Grande Muralha da China e na Mon-

gólia, ao norte do deserto de Gobi. Estabeleceram confede-

rações que incluíam nômades iranianos e tribos mongólicas

das florestas da Sibéria, turcos, ávaros, visigodos e hunos.

Os Turcos, povo originário do Norte da China, des-

cendem dos grupos étnicos altaicos. Os turcos azuis (kök

türük), chamados de tu-kin pelos chineses, governaram, nos

séculos VII e VIII d.C, um Império, que ia da Manchúria no

Norte da China, abrangia o deserto de Gobi na Mongólia, as

regiões dos Montes Altai, do lago Baykal e do lago Balkha-

sh, estendia-se pelas estepes áridas à oeste do Syr Darya,

rio do sul da Rússia, até o Mar de Aral.

No ano 550 d.C. esses nômades altáicos foram con-

duzidos pelos turcos para oeste, para fora da Mongólia, em

guerras de conquista e saques às cidades invadidas. Os po-

vos turcos, cuja dominação se estabeleceu primeiro na pe-

nínsula da Anatólia (Ásia Menor), sobre as ruínas do domí-

nio dos Abácidas, dinastia muçulmana de 37 califas árabes.

Descendente de Al-Abbas (tio do profeta Maomé) cujo

primeiro governante foi Abul Abbas que destronou os Omí-

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adas (661 a 744) e que reinou em Bagdá de 750 a 1258. Os

Seljúcidas, a dinastia turca que reinou nos séculos XI a

XIII, ocupou lugar preponderante no Oriente Médio, pene-

traram na Europa no século XV, e fundaram um poderoso

Estado sobre as ruínas do Império Bizantino.

A cidade de Constantinopla (Istambul) é a sede do

Império Bizantino de 395 até 1.453, criado por Teodósio

em 395, quando é conquistada pelos turcos Seljúcidas que

criam o Império Turco-Otomano em 1.458. O apogeu do

Império ocorre no reinado do sultão Suleiman I. Sob o

domínio turco-otomano a cidade de Constantinopla torna-se

a capital do mundo islâmico. O Império se espalhou levan-

do o Islã, pelo Oriente Médio, o Norte da África, expandiu-

se do Rio Indus ao Mar Mediterrâneo. No fim do século

XVII, inicia-se um período de decadência do Império Tur-

co-Otomano, cuja queda em 1.918 marca o nascimento da

Turquia moderna.

A Turquia sempre ocupou uma posição estrategica-

mente importante, ligando Europa à Ásia. O centro do pla-

nalto da Anatólia é limitado ao norte e ao sul pelas cadeias

montanhosas orientais da Anatólia, que culminam no topo

vulcânico de Agri Dagi (Monte Ararat, 5.166 m ) de altitu-

de, no maciço da Armênia. A Turquia possui importantes

patrimônios mundiais, como as áreas históricas de Istambul

(antiga Constantinopla), Parque Nacional Göreme e Encla-

ves Rupestres da Capadócia, a cidade hitita de Hattusha, o

sitio arqueológico de Nemrud Dagh. A Turquia asiática

(Anatólia) ocupa 97% da área total do Estado.

*

Os vikings povos escandinavos superaram os fení-

cios como grandes navegadores. Eram piratas e saqueado-

res de cidades litorâneas, mas também colonizadores.

Quando os noruegueses descobriram que havia diversas

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ilhas no Atlântico Norte com ambiente muito semelhante

ao de sua terra natal, começaram a procurar uma vida me-

lhor, mais terra para cultivar.As primeiras incursões vikings

ocorreram no ano de 793 da nossa era, nas costas irlande-

sas. No século seguinte, várias bases norueguesas foram

estabelecidas na Irlanda, sendo a mais famosa Dublin, fun-

dada em 841. A repentina ampliação de atividades escandi-

navas ultramarinas coincidiu com a crescente demanda de

mercadorias que só podiam ser obtidas no Mar do Norte e

no Ártico.

As morsas eram as principais fontes de marfim; as

barbatanas de tubarão e peles de animais das regiões árti-

cas, como da marta zibelina eram muito valiosas. Em res-

posta à demanda desses artigos, os navegadores escandina-

vos como Ottar, aventuraram-se para muito longe em busca

de novas mercadorias. A colonização da Islândia pelos

noruegueses teve inicio por volta do ano de 870. Emigran-

tes com famílias, viajando em 24 grandes barcos chegaram

ao sul da Islândia, onde estabeleceram colônias.

O viking Erik, o Ruivo, navegador e corsário norue-

guês, banido da sua pátria, atravessou o Mar do Norte, cos-

teou o litoral da Escócia, passou por Islândia, cruzou o O-

ceano Glacial Ártico e depois de meses navegando em ma-

res tempestuosos, aportou em Groenlândia em 985. Ali es-

tabeleceu fazendas e povoados, e fixou-se por muitos a-

nos. Os vikings alcançaram uma grande ilha a qual deram o

nome de Terra Nova (Newfoundland), situada na emboca-

dura do rio São Lourenço na América do Norte, atualmente

pertencente ao Canadá. Povoados foram encontrados ali e

mais ao sul o de L´Anse aux Meadows, fundado pelos vi-

kings.

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O SUBCONTINENTE INDIANO.

Até a Era Mesozóica, há 245 milhões de anos atrás,

todos os continentes estavam reunidos em um único super-

continente chamado Pangéia, que era banhado a leste, pelo

imenso Mar de Tétis e a oeste pelo primitivo Mar de Panta-

lassa (atual Pacífico). Num extraordinário evento geológi-

co, Pangéia começa a se dividir no sentido leste-oeste

formando dois subcontinentes: Laurásia e Gondwana. Há

135 milhões de anos atrás, forças tectônicas vindas do nú-

cleo do planeta abrem fendas profundas na superfície de

Gondwana e inicia-se uma lenta desagregação, dando ori-

gem a cinco continentes, entre eles o indiano.

Durante a Era Cenozóica, cerca de 65 milhões de

anos atrás, no fenômeno chamado de deriva dos continen-

tes, a placa tectônica Indo-australiana desloca-se em dire-

ção à placa Euro-asiática, a violenta colisão entre as duas

placas convergentes forma a estupenda Cordilheira do Hi-

malaia. O deslocamento da crosta terrestre que formou o

Himalaia entre o período Secundário e o final doTerciário,

consolidou-se por meio da lenta sucessão de diferentes fa-

ses de levantamento.Esse processo formou o Grande Hima-

laia, onde aparecem rochas do oceano a uma altura de 6.000

metros

A placa tectônica Eurasiana rodou sobre os lados do

subcontinente indiano, puxando enormes extratos sedimen-

tares do mar então ali existente, na forma de grandes dobras

montanhosas. Três cadeias foram formadas em épocas geo-

lógicas sucessivas. De norte a sul, a Índia está dividida em

três grandes regiões topográficas – os Himalaias e seus

contrafortes, que se estendem por toda a fronteira norte,

onde o terreno imensamente gelado cobre 15% da área total

da superfície, sobem as elevações a mais de 7.000 m, nas

cordilheiras de Ladakh e Karakoram.

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O subcontinente indiano tem como embasamento

um rígido bloco de rochas graníticas e gnáissicas, mais da

metade é formada por um dos maiores fragmentos do antigo

continente de Gondwana, que teria unido outrora, no perí-

odo Primário, todo o oceano Índico – da África á Austrália

- só se rompendo no início do Secundário. Na Índia o que

resta desse antigo continente é o planalto do Deccan, do

qual se separam dois blocos isolados, o planalto de Assam,

a nordeste, e a ilha do Sri Lanka, ao sul.

A planície indo-gangética, região fértil e densamen-

te povoada, incluindo o planalto do Deccan, é moderada-

mente elevada. O clima é de monção, tropical, equatorial ao

sul, árido tropical no noroeste, e frio de montanha, ao norte.

A cadeia do sul, forma o Ghatts Ocidental na costa oeste do

Deccan e Ghatts Oriental na costa leste. Devido a pressão

das forças tectônicas, o granito e gnaisse que predominam

no planalto formaram áreas salientes e deprimidas que, tra-

balhadas por intensa erosão diferencial – motivada pela

dureza desigual das rochas, resultaram numa série de cristas

dessimétricas, como nos montes Vindhya e Satpura.

As franjas das cordilheiras himalaias se estendem

desde o Pamir até a orla montanhosa tibetano-birmanesa, ao

longo de 2400 km. Ao norte é a mais elevada, tem os picos

mais altos do mundo, o Monte Everest com 8.848 m de

altitude, no Tibet. Na cadeia do Pamir e do Karakoram es-

tão os espetaculares píncaros, de Godwin Austen K-2 de

8.611 m de altura e o pico de Kanchenjunga de 8.598 m no

Nepal, o Nanga Parbat de 8.126 m de altitude no norte do

Paquistão.

O antigo escudo do Deccan é separado do Himalaia,

do Hindu Kush e Montes Sulaiman – todos de formação

recente – por grandes fossas tectônicas ocupadas por planí-

cies resultantes da deposição do material aluvial do rio

Indo a oeste, do Ganges ao norte, e do Ganges e Brahmapu-

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tra reunidos, a nordeste. A planície do Indo é formada por

depósitos sedimentares quaternários, que recobrem o emba-

samento pré-cambriano. As montanhas do norte e da extre-

midade ocidental são dobramentos terciários misturados

com rochas da Era Secundária. A Cordilheira de Vindhya a

leste do Golfo de Cambay separa a planície indo-gangética,

do planalto do Deccan. .

Sobre o complexo relevo da Índia, onde, a distâncias

relativamente curtas,fragmentos de velhos continentes imó-

veis desde o Primário, estão associados a montanhas ainda

agitadas por grandes e constantes tremores, o clima de

monção e as grandes chuvas equatoriais fizeram surgir es-

pécies de vida extremamente prolíficas, as mais sufocantes

do reino vegetal e as mais agressivas do reino animal.

Nesse imenso território, os climas são variados, des-

de as neves eternas dos Himalaias às selvas tórridas e deser-

tos de ambientes hostís. A flora e a fauna são por isso mes-

mo diversas, as raças e as línguas numerosas, testemunhan-

do um povoamento antiqüíssimo e invasões sucessivas.

Protegida ao Norte pelas intransponíveis geleiras do Hima-

laia e do Karakoram, orlada de costas extensas, o subconti-

nente indiano, estaria isolado, se uma larga brecha não ti-

vesse aberta a noroeste, pelo vale do Indo.

Seres humanos habitavam o subcontinente indiano,

há mais de dois milhões de anos.Alguns dos mais antigos

artefatos de pedra descobertos vieram de um sitio próximo

à Rawalpindi no Paquistão.Provas da atividade humana

existem em quase todas as partes do sul da Ásia, e utensí-

lios de pedra pertencentes ao Paleolítico aparecem em

grande quantidade.As provas mais antigas do aparecimento

da ocupação agrícola sedentária vieram dos limites ociden-

tais do vale do Rio Indo (atual Paquistão), no 8° milênio

a.C.No inicio do Neolítico começa o cultivo da cevada,

painço e trigo que datam de períodos muito antigos, quando

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os animais começaram ser domesticados e homens apren-

deram a fazer e utilizar o fogo.O homem se fixa na terra e

se reúne em povoados agrícolas, formando os primeiros

núcleos urbanos, ou vilas.Os remanescentes dos povoamen-

tos são provas da ocupação da Índia pelos povos antigos.

Três mil anos a.C.os habitantes do vale do rio Indo,

construíram aproximadamente cem cidades.As maiores

delas Harappa e Mohenjo-Daro edificaram suntuosos palá-

cios e templos, criaram um tipo de escrita e talharam selos

de rara perfeição. Dedicados à agricultura de irrigação, eles

fomentaram uma economia próspera e mantiveram um in-

tercâmbio comercial ativo, entre o oceano Indico e as fral-

das do Himalaia, usando o rio Indo como principal via de

comunicação.

Nas áreas montanhosas da Ásia Central há muitos

lugares históricos: mosteiros, templos e ruínas de antigos

reinos como Hunza, Zanskar, Bhutan, Balkash. Segundo as

antigas tradições indianas e esotéricas, o Império Rama se

estabeleceu há pelo menos 15.000 anos a.C. no norte e no

oeste da Índia. Os nagas, um povo de origem branca, de

pele escura, que, de acordo com o Ramayana (o antigo épi-

co indiano), foi a primeira raça a chegar à Índia, por volta

de 30.000 anos atrás. Seu país de origem era Birmânia

(Myanmar), na região de Burma (Mandalay).

Mudaram-se depois para o planalto do Deccan, no

sul da Índia, onde até hoje se encontram remanescentes

desse povo e o nagali é uma língua isolada só falada na

região. Foram os nagas que fundaram o Império Rama, o

maior e mais poderoso de toda a Ásia, na época. Construí-

ram sua capital em Nagpur, no Madhya Pradesh, onde fica

hoje uma moderna cidade, de onde passaram a levar a sua

religião e seus conhecimentos para a Babilônia e o Egito.

De acordo com as pesquisas arqueológicas o Impé-

rio Rama se estendia desde o vale do Indo, onde hoje é o

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Paquistão, o Gujarate, às planícies do Ganges e ao sul do

Deccan. Já foram escavadas diversas cidades desse Império,

do qual faziam parte as sete cidades Rishi do Império, a

Mohenjo-Daro, Harappa, Lothal, Kalibanga, Nagpur, Bena-

res e Patna. Essas cidades já existiam há 6.000 anos a.C.

Supõe-se que o Império Rama foi contemporâneo

das grandes culturas ocidentais da Atlântida e de Osiris. O

continente de Atlântida, pelos escritos de Platão e antigos

registros egípcios se localizava no Oceano Atlântico, a oes-

te do Estreito de Gibraltar. A civilização osiriana se esten-

dia pelo Mediterrâneo e norte da África. A Cidade-estado

de Osíris submergiu no Mediterrâneo em 8.500 a.C.em con-

sequência dos violentos abalos sísmicos provocados pela

erupção do vulcão Thera, que se elevava não longe da ilha

de Creta. Gigantescos maremotos açoitaram os continentes.

A planície indo-gangética, berço da civilização indi-

ana é ocupada em 3.500 a.C. Ela teria sido uma grande ex-

tensão desértica, se não fosse atingida pelo regime de mon-

ções que lhe trazem vida, favorecendo as culturas. A pene-

tração cultural do vale do Rio Indo, em toda sua extensão

ainda está sendo revelada. As escavações arqueológicas em

1925, revelaram centros de povoamentos paleolíticos

(10.000 a.C.) nos vales de Sohan (Punjab), Narmada (Dec-

can), Harrapa (Punjab) e Mohenjo-Daro (Sindh). Descober-

tas recentes incluem Kot Diji ( Sindh), Kalibanga (Rajas-

tan), Rupar (Punjab) e o porto de Lothal (Gujarate).

A cidade de Mathura, situada à margem do rio Ya-

muna é uma das cidades mais antigas da Índia, foi construí-

da há mais de 3.500 a.C., berço do Império Krishna,cujo

reino se estendia pelo Norte da Índia e pelo Paquistão, sua

capital era a antiga Dwarka, cidade litorânea no Gujarate.

No fim da década de 1950, foi descoberta a antiga

cidade-porto de Lothal, no Mar da Arábia, fica ao sul a 80

quilômetros de Ahmadabad. É interessante notar que o por-

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to fica longe do Golfo de Cambay; para chegar ao litoral,

atravessa-se uma área de aproximadamente 20 km de terra

seca. É obvio que uma grande mudança geológica ocorreu

na época e o nível dos oceanos caiu muito desde então.

Apesar de sua abertura para o oceano, as principais

influências que o mundo indiano sofreu chegaram por terra.

A presença das civilizações ocidentais se faz sentir desde

antes da invasão dos árias, criando, no terceiro e segundo

milênios a.C., centros ligados à civilização Suméria, como

as cidades de Harappa e Mohenjo-Daro, foram as primeiras

e mais importantes civilizações do vale do Rio Indo, sobre-

viveram por cerca de mil anos (2.550-1550 a.C), e desapa-

receram com a invasão dos árias há cerca de 2000 a.C.que

destruíram as cidades e dominaram a península indiana.

Na era pré-ariana de 3.250 a 1.750 a.C. os dravidia-

nos, povo uralo-altáico, que se estabeleceu originalmente

no Norte da Índia, antes da chegada dos árias, oferece ves-

tígios evidentes de sangue negro. A família lingüística dra-

vidiana, mantém uma área compacta no sul do Deccan e

Sri Lanka.Os primeiros arianos do mundo eram procedentes

de Aryana, nome antigo do Afeganistão. A cidade afegã de

Kabul está pendurada na interseção de trilhas de caravanas

usadas há mais de três mil anos, era cercada, a oeste, pela

cadeia de montanhas Koh-i-Baba, com picos de mais de

cinco mil metros de altura, e ao norte pelo ainda maior

Hindu Kush, um dos maiores maciços montanhosos da Á-

sia. No inverno, aquelaas cadeias majestosas ficam cobertas

de grossas camadas de gelo e neve.

A ocupação pelos arianos teve conseqüências sur-

preendentes para a Índia, visto que lhe trouxeram o sânscri-

to, a religião védica, o sistema de castas e os principais e-

lementos da sua cultura. As correntes migratórias ocupa-

ram o norte da Índia e o Irã.Os drávidas foram deslocados

para o sul, para o Deccan, pelos invasores.Esses antigos

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habitantes da região, praticamente foram submersos pelas

posteriores ondas migratórias de arianos, protonórdicos,

povos procedentes do Afeganistão (Ásia Central), que en-

traram através dos passos de Khyber no Hindu Kush e dos

passos Karakoram e Khunjarab nos Himalaias.

Os invasores puseram fim às antigas estruturas tri-

bais nos vales do rio Indo, do Ganges e do Deccan.Os nô-

mades, recém-chegados à Índia, eram caçadores e pastores,

criadores de gado e cavalos. Aos poucos foram adotando

técnicas de agricultura sedentária dos drávidas conquista-

dos, que plantavam trigo e cevada. Eles tinham a pele clara,

cabelos e olhos castanhos, crenças, hábitos e cultura diferen

te do conjunto de características do povo que dominaram.

A expansão dos árias para o leste da planície gangé-

tica, desloca-se das regiões do Punjab para o Doab, a região

entre o Ganges e seu afluente Yamuna, de terra fértil, que

será disputada ao longo da história. Os invasores arianos

introduziram na Índia o cavalo domesticado e a fundição do

ferro e do bronze. Derrubaram extensas florestas no norte

da Índia, para cultivo de cereais e comercialização da ma-

deira. Dispondo de armas de ferro, armaduras e carros de

combate submeteram a população local e estabeleceram

diversos reinos. Sua língua, o sânscrito, foi a base de uma

literatura tão desenvolvida quanto a grega e latina. Do con-

fronto entre os dois povos, nasce a civilização hindu.

Os árias introduziram o sistema de castas baseado

em princípios da religião védica, que encontra a sua expres-

são ideológica no hinduismo e no bramanismo. As raízes

do hinduísmo encontram-se nas tradições dos primeiros

habitantes da Índia, a cultura dravídica e a religião dos árias

que incorporou a religião védica, fundamentada no sacrifí-

cio e nos textos orais sagrados. As estruturas econômicas e

sociais se solidificaram numa estratificação de castas, o

processo que leva a formação de camadas hierárquicas, que

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de certa forma, subsiste até hoje, apesar de ter sido abolido

o sistema de castas.

O bramanismo védico predomina no século VI a.C.

O védico deu origem ao sânscrito e aos antigos dialetos

vulgares dos quais surgiram as modernas línguas indo-

arianas. Sânscrito é o idioma falado nos primórdios da civi-

lização, espalhou-se pela Índia, Oriente Médio e Europa.

No idioma sânscrito foram compilados os Vedas – os cha-

mados livros do “conhecimento”, um conjunto de hinos e

rituais de culto. Escritos em sânscrito, língua sagrada, os

Vedas deram à Índia as bases da sua cultura e contribuíram

para estruturar o conjunto de crenças, atitudes e valores que

formaram sua civilização.

A influência ariana foi profunda sob o ponto de vista

cultural, lingüístico e religioso, tornando a região norte a

mais representativa dessa tradição. Em nenhuma outra civi-

lização, talvez, a religião esteve tão intimamente ligada à

direção dos negócios públicos e ao comportamento huma-

no. É a própria base da estrutura social e como sustentáculo

da coletividade indiana. No tempo do bramanismo tradicio-

nal a sociedade indiana regulava-se pelo Darma, doutrina

que é simultaneamente a lei, um estatuto, a ética e a religi-

ão, e cuja fonte é o Veda.

Os árias impuseram a divisão de castas, pouco a

pouco, codificando-a cada vez mais, a fim de manter uma

distinção racial entre a sua própria raça considerada pura e

a das populações cujos territórios tinham invadido. A divi-

são da sociedade em castas adquiriu, desde então, uma rigi-

dez a que a noção de Carma, o conjunto das ações do indi-

víduo e suas conseqüências (destino) acrescentam um cará-

ter rigoroso, punitivo.

O Bramanismo com as suas quatro castas principais

e grandes subdivisões intermediarias consolidou o prestígio

da casta sacerdotal dominante (brâmanes) e a autoridade

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feudal dos guerreiros conquistadores. A religião ordena um

sistema de castas que é dominada pelos brâmanes, ou sa-

cerdotes, pelos xatrias (guerreiros e nobres), vaixias, ou

homens livres (comerciantes e fazendeiros) os sudras, a

classe servil (empregados e servos), e os dalit ou intocáveis

que fazem o trabalho mais sujo. Todos aqueles que não

pertencem a qualquer uma destas quatro castas estão fora

do sistema, e não têm direito ou qualquer existência social.

Os “sem casta” são aqueles que são designados com

nome de dalit ou intocáveis, são o pó da sociedade, não

podem ser tocados, porque poluem o tocado. Todos os “sem

casta” desempenham as profissões mais humildes, despre-

zíveis e imundas. São estes os caçadores, açougueiros, pei-

xeiros, curtidores, carrascos, coveiros, limpadores de latri-

nas, varredores de rua, puxadores de riquixás, cesteiros,

lixeiros, vendedores ambulantes e outros gatos-pingados.

Chamados de intocáveis por causa da sua impureza, vivem

em aldeias afastadas ou em bairros exteriores. A casta infe-

liz dos intocáveis é massiçamente composta de pobres dia-

bos que são desprezados pela sociedade, não podem mistu-

rar-se com os outros, por convivência, amizade ou casa-

mento, até sua sombra é evitada.

Nascidos para servirem às três outras castas, os su-

dras sofrem de uma considerável inferioridade social e reli-

giosa. Essa divisão da vida hindu só é tolerável devido a

crença de que dentro do ser humano existe uma alma imor-

tal, que renasce milhões de vezes, de acordo com a lei mo-

ral ou Carma que prevalece no Universo.O individuo pode-

rá renascer como um pessoa de casta, se for esse seu méri-

to.A origem histórica do budismo situa-se no nordeste da

Índia, entre os séculos VI e IV a.C..quando surgiu o grande

reformador, chamado Siddharta Gautama, “Buda, o Ilumi-

nado”. Nasceu em Kapilavastu em 563 a.C.e foi o fundador

do budismo.

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Os grandes épicos indianos incluem textos sagrados,

como o Mahabharata, que contém o famoso poema Bhaga-

vat Gita escrito em 500 a.C. Ramayana outra antiga e im-

portante literatura épica, que, junto a textos sagrados conta

a história do príncipe Rama e seu Império. A religião védi-

ca se caracteriza por um mundo de deuses e deusas elemen-

tares, como Surya, Agni, Rudra, Indra, Vayu, Hanuman o

deus-macaco, os dois filhos de Shiva e Parvati, Ganesh, o

deus-elefante e o jovial Kartikeyya, que conduzem à trinda-

de principal e superior de deuses, Brahma, Vishnu, e Shiva.

Por volta do século VI a.C o Norte da Índia tinha

pelo menos 16 unidades políticas organizadas, algumas

ainda repúblicas tribais, outras já monarquias absolutas. O

reino de Magadha instala-se a partir do século VI a.C. e

torna-se o berço do primeiro Grande Império autóctone da

Índia, o do Mauryas, estava estabelecido na rica planície do

rio Ganges. No século V a.C. o número de grandes reinos

foi reduzido para quatro, e após um século de guerras, fo-

ram incorporados ao reino de Magadha.

Enquanto os reinos indianos do Nordeste disputa-

vam entre si a hegemonia, o Oeste recebia influências per-

sas. Em 530 a C. começam as primeiras invasões dos Persas

(iranianos) que conquistam Gandhara (agora Afeganistão) e

grande parte do Punjab. As invasões irãnico-gregas dos

séculos VI a IV a.C. não afetaram Magadha, o estado mais

poderoso da Índia, situado no vale do Ganges. Durante dois

séculos, as possessões indianas do Imperador Dario I, per-

maneceram sujeitas à Pérsia. A fama de Persépolis chegou

até Pataliputra (Patna), capital de Magadha.

Em 331 a.C. os exércitos de Alexandre, o Grande da

Macedônia, vencedor de Dario III, após conquistar a Pér-

sia Aquemênida, invadem a região do Indo assegurando à

Grécia o domínio da Índia. Com a morte de Alexandre, em

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323 a.C. Chandragupta Maurya tomou o reino de Magadha

e anexou a região a leste do Indo, em 305 a.C.

A dinastia Maurya fundada por Seleuco, rei da Síria

cresceu com Bindussara filho de Chandragupta, e atingiu o

apogeu sob comando de seu neto, o imperador Ashoka, que

reinou desde 320 a 185 a.C.dominou todo o subcontinente a

partir de uma base em Patna, exceto o extremo sul. Ashoka

e seus descendentes foram a força dirigente por trás de uma

unificação cultural que incluiu a organização e difusão do

budismo, baseada nos ensinamentos de Sidhartha Gautama.

Mas o domínio da dinastia Maurya sobreviveu pouco tempo

após a morte de Ashoka, em 227 a.C.

No final do século I° a.C., a Índia foi invadida pelos

Citas, povos asiáticos vindos do Norte.A civilização indiana

era ligada ao Sudeste Asiático, pelo comércio e por víncu-

los culturais desde os tempos pré-históricos. Por volta do

século I° a.C.a Índia havia estabelecido relações mais es-

treitas com o Oriente Próximo, e também, através do Impé-

rio Kushan, com a China e a Ásia Central.

Na metade do século II d C. os reinos estrangeiros

do Norte estavam em decadência, e novos grupos invasores

emergiram. Os povos de língua tâmil (dravídica) ao sul de

Tâmil Nadu (antiga Madras), ocuparam brevemente o Sri

Lanka e construíram portos no extremo sul da Índia. Os

povos do Deccan espalharam-se pela península. No começo

do século IV d.C. a Índia recuperou a hegemonia com a

dinastia indiana dos Gupta. Chandragupta II, reinou de 375

até 534 d.C., com base em Magadha, dominou de Sind e

Pundjab até Bengala.No reinado de Kumaragupta I, filho de

Chandragupta II,a dinastia atingiu o seu apogeu. Reinos se-

parados prosperaram dentro do Império Gupta por200 anos.

Infelizmente, uma nova ameaça surgira na fronteira

Noroeste do Império, a invasão dos hunos em 485. Os Gup-

tas não conseguiram sustar-lhes o avanço. A Dinastia dos

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Guptas, contudo, sobreviveu, mas muito diminuída. Coube

ao príncipe Harcha (605-647) reagrupar a Índia do Norte e

do Centro sob um domínio único, o engrandecimento da

Índia Imperial estava restaurado.

Em 520, matemáticos indianos Aryabhata e Varam-

yhara inventaram os números do sistema decimal, que hoje

usamos. É um equívoco atribuir aos árabes a invenção dos

números Foi a época clássica da civilização do norte da

Índia, que sobreviveu ao colapso político do Império, cau-

sado por novas invasões dos hunos.

Citas e hunos destroem a dinastia Gupta em 535, di-

vidindo o reino em dois Estados. Tais invasões foram cau-

sadas pelo avanço dos nômades das estepes da Ásia Cen-

tral, vindos dos planaltos da Cordilheira Altay e do deserto

de Gobi, na Mongólia. Os invasores não eram de origem

indo-européia, eram povos ligados por parentesco e tradi-

ções comuns. Não possuíam controle central, embora te-

nham se difundido a partir de uma única região.

O subcontinente indiano recebeu diversas culturas e

formas de povoamento, os árias, a influência helenística e a

cultura islâmica. O domínio muçulmano continuou com os

goriditas e os turcos mamelucos. As dinastias turcas conti-

nuaram controlando grande parte do subcontinente, recha-

çando várias tentativas de invasão dos mongóis. No século

X, os Ganenévidas, dinastia turca, ocupou o vale do Gan-

ges. O sultanato de Delhi, criado no século XIII, subsistiu

até o século XVIII. No século XIV, entretanto, acentuou-se

a decadência das dinastias turcas, que foram perdendo parte

dos territórios que tinham dominado.

Desde 1.402, uma nova investida dos mongóis, che-

fiada por Tamerlão (Timur Lenk), conquistador tártaro,

descendente de Ghengis Khan, penetrou no subcontinente,

no qual voltavam a adquirir força os reinos indianos. Mais

tarde, entre os anos de 1505 e 1525 os mongóis com Babur,

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bisneto de Tamerlão, à frente de um exercito de guerreiros

nômades do Afeganistão conquista o Norte da Índia, invade

Delhi e funda o Segundo Império do Grande Moghul que

prospera durante 200 anos.

Os descendentes de Babur consolidaram o Islamis-

mo, especialmente no noroeste (Paquistão). Em 1526, Akh-

bar, o Grande, considerado como o maior dos Mongóis,

submete os príncipes do Rajastan para controlar toda a

Índia do Norte e parte do Deccan. A dinastia Moghul go-

vernou até 1707. Por volta de 1632 a 1650, a cultura e as

artes se desenvolveram; data desta época a construção do

Taj Mahal, um mausoléu todo de mármore branco, erigido

perto de Agra, pelo imperador Shah Jahan, em memória de

sua quarta esposa, a favorita sultana Mumtaz-i-Mahal. É

uma jóia da arquitetura muçulmana da época dos mongóis.

O deserto de Thar a sudoeste, na província do Rajas-

tan, contém uma vasta área de dunas de areia, o clima árido

e a fragilidade do solo são fatores preponderantes para o

processo de desertificação em curso na região. Jaipur, co-

nhecida como “Cidade Rosada” por causa das suas constru-

ções de arenito rosa, tornou-se capital do Rajastan em 1567.

Os rajputs, ferozes guerreiros hindus, ofereceram

grande resistência aos invasores mongóis muçulmanos que

na época estavam invadindo a Índia. Muitas batalhas foram

travadas nas planícies poeirentas do Deserto de Thar, no

Rajastan. Foi durante essas guerras que começou o costume

hindu do Suttee..Esse hábito estranho exige que a viúva se

jogue na pira funerária do marido morto e pereça com ele.

Essa prática começou no século XVI, quando uma

princesa hindu atirou-se na pira do rei, para não ter que se

casar com o conquistador, o imperador mongol, que acaba-

va de derrotar o exercito do seu marido. Todas as damas de

companhia, cerca de cinqüenta mulheres seguiram o seu

exemplo, jogando-se também na fogueira. Durante muitos

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anos esse costume vigorou na Índia, hoje o governo proibiu

o Suttee. Chittorgardh, a antiga capital do Rajastan é o ber-

ço da tradição do Suttee.A sociedade da região é a mais

rigorosa e conservadora das tradições hindus.

As famosas feiras anuais em Pushkar, no Rajastan,

reúnem milhões de pessoas, uma extraordinária mistura de

vendedores ambulantes e mercadores vindos dos mais re-

motos confins da Índia, trazem a mercadoria no lombo dos

camelos e acampam na praça em tendas de couro. Multi-

dões enchem as ruas, dervixes, mendigos e encantadores de

serpentes, vendedores, moças envoltas em sáris de tons

brilhantes de vermelho, amarelo ou laranja, com sininhos

nos tornozelos, pulseiras e anéis, dançam no meio do povo.

A multidão de homens apresenta um mar de turban-

tes amarelos, vermelhos, laranjas e azuis. Por toda a parte

reina uma balbúrdia sem controle. O eco de vozes e gritos é

ensurdecedor. Vacas perambulam no meio da multidão sem

que ninguém as perturbe. O espetáculo que mais chama a

atenção do público são as corridas de camelos.

Ao norte da Índia, a bramanização foi profunda. Já

na Índia meridional, os numerosos cultos pré-bramânicos

subsistem e constituem um dos mais vigorosos elementos

do hinduísmo atual.Os vínculos culturais criados foram

capazes de resistir aos invasores que se seguiram aos árias,

às disputas dinásticas, ao avanço do Islã (século VIII d.C.),

aos freqüentes períodos de anarquia e aos primeiros conta-

tos com os europeus.

Com a queda do Império Moghul, a presença euro-

péia, até aqui limitada às áreas costeiras, começou a se

fazer sentir. Coube aos portugueses descobrir em 1498, o

caminho marítimo da Índia e estabeleceram o monopólio do

acesso aos mares indianos até o fim do século XVI. Em

1510, os portugueses se estabelecem na Índia, conquistam a

província de Goa na costa de Malabar, no oeste do país. A

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bacia de Goa constitui um dos melhores portos portugueses

no Oceano Índico. Até o século XV, as especiarias da Índia,

pimenta, canela, cravo, nóz-moscada, marfim e ouro, vi-

nham para a Europa pelo Mar Vermelho até Suez, daí se-

guiam em caravanas pelo deserto da Líbia até Cairo e Ale-

xandria, onde embarcavam para Veneza, que na época era o

grande mercado europeu.

Em 1740, franceses, holandeses e britânicos contro-

lam os negócios e instalam portos em Madrasta, Bombaim

e Calcutá. A administração britânica significou um trans-

torno para a economia indiana, pois instalou sistemas e me-

canismos de desenvolvimento, que canalizaram todos os

benefícios para a Inglaterra. Em sucessivas campanhas

empreendidas a partir de 1798, as tropas da Companhia das

Índias Orientais conquistaram o território indiano. Os britâ-

nicos controlavam efetivamente toda a Índia desde 1805.

Em 1867, a Companhia das Índias Britânicas se instala em

caráter definitivo em Bombaim e Calcutá e comercia com a

Europa e China.

A Índia produz as matérias primas, principalmente o

algodão, para as fábricas inglesas O artesanato têxtil, que

exportava tecidos de excelente qualidade, constituía um

obstáculo para o crescimento da indústria têxtil inglesa. A

ruína dessa indústria, baseada em tecelões individuais,

trouxe o empobrecimento generalizado do povo. Com isso,

a economia indiana foi completamente desmantelada.

Embora praticando o princípio “dividir para gover-

nar”, a dominação inglesa, devido ao seu caráter centraliza-

do, se viu totalmente hostilizado pelo nacionalismo indiano,

que reuniu os mais diversos movimentos antibritânicos. Os

principais organismos se uniram efetivamente em 1855,

constituindo o Congresso Nacional Indiano, que se tran-

formou no principal elemento da reivindicação da indepen-

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dência. A idéia de que a rebelião violenta não traria resulta-

dos, começou a ganhar adeptos.

O apóstolo dessa concepção foi Mohandas Kara-

manchand Ghandi, chamado “ o Mahatma” (Grande Alma).

Advogado, educado na Inglaterra, regressou à Índia em

1915, logo percebeu a necessidade de superar a limitada

“cooperação” anglo-indiana. Ghandi tratou de incorporar os

muçulmanos à causa autonomista e deu particular impor-

tância à mobilização popular. Pacifista, Ghandi desencadeia

em 1920, um amplo movimento de desobediência civil. O

movimento propunha o boicote aos produtos britânicos e às

instituições coloniais e a não violência. O movimento se

espalhou por toda a Índia.

A liderança incansável de Ghandi, asceta que dava

pessoalmente exemplo de tudo que pregava e que foi várias

vezes preso. As diferenças religiosas também foram usadas

pelos ingleses. Ao longo do período colonial, toda essa ma-

nipulação provocou inúmeras explosões sociais. Em 1880, é

organizado o Movimento Nacionalista Indiano que pressio-

na para o fim do domínio britânico. Há descontentamento

geral e ataques violentos de extremistas.

Uma nova campanha entre 1930 e 1934, tinha como

bandeira a independência total e a luta contra o monopólio

estatal do sal. As prisões estavam abarrotadas de presos,

que afluíam sem cessar e sem resistir. As autoridades britâ-

nicas já não sabiam o que fazer e não tiveram outra saída,

depois do fim da Segunda Guerra Mundial, senão negociar,

pois tinha recrudescido a luta contra o colonialismo britâni-

co, que só termina com a independência da Índia em 15 de

agosto de 1947. A Grã-Bretanha chamou de volta seu últi-

mo vice-rei na Índia, Lord Mountbatten.

Com o advento da independência em 1947, sob in-

centivo britânico, líderes muçulmanos indianos decidem

formar um Estado independente, o Paquistão. A partilha do

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território, baseada em critérios religiosos, provoca o deslo-

camento de mais de 2 milhões de pessoas, fato que colabo-

rou numa divisão violenta e tumultuada do país, em Índia e

Paquistão. Milhares de pessoas foram transferidas das suas

habituais regiões para outros lugares. Radicais prossegui-

ram em sua tática em expulsar os hindus do Punjab e forçar

a volta de seis milhões de muçulmanos que vivem espalha-

dos pela Índia. Enquanto isso, outras lutas inter-religiosas

se desenvolviam em outras partes do país, confrontos entre

hindus e muçulmanos.

A península ficou dividida em dois países - de um

lado a União Indiana, do outro o Paquistão, criado com o

propósito de reunir a população muçulmana em uma só

região. A União Indiana reunia uma grande quantidade de

raças, grupos étnicos, lingüísticos e culturais, consolidando

o sentimento de unidade nacional. Regionalmente, as dife-

renças entre o norte e o sul são sensíveis, correspondem a

duas faces da civilização indiana. O mais grave problema

interno enfrentado pela Índia, é o dos constantes conflitos

desencadeados pelas rivalidades comunitárias, entre benga-

lis, imigrantes nepaleses e demais minorias étnicas do Esta-

do, por questões religiosas. Uma onda de violência assolou

o país, aconteceram seqüestros, atentados e assassinatos.

Menos de um ano depois da independência, os con-

flitos entre hindus e muçulmanos provocaram um doloroso

drama, o assassinato da figura mítica de Ghandi, em 30 de

janeiro de 1948, por um fanático sikhs, de nome Naturam

Vinaiac Godse, em meio de uma reunião de centenas de

milhares de pessoas em praça pública.

A Índia, uma nação na qual os hindus são a imensa

maioria, enfrenta movimentos nacionalistas de algumas de

suas minorias. As tensões entre Índia e Paquistão se acentu-

aram em 1990, devido o apoio paquistanês aos movimentos

autonomistas de Caxemira, e a região foi palco novamente

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de violentos combates entre as tropas indianas e os militan-

tes islâmicos, apoiados pelo Paquistão. A disputa com Pa-

quistão em torno do próspero território de Caxemira a noro-

este, continua insolúvel e é causa de muitos atos terroristas.

A religião hindu é praticada por 83% da população,

11% são muçulmanos, 3,5% pratica outras religiões e 2,5%

são sikhs. No sentido religioso, um sikh é alguém que acre-

dita em um só Deus e que segue os gurus que revelam seus

ensinamentos.O Guru Nanak, hindu de nascimento (1.469-

1.539) foi o fundador do sikhismo. Os sikhs, grupo étnico

cuja religião mistura o hinduismo e o islamismo, formam

uma organização pela independência do Punjab, no Norte

da Índia. Uma serie de atentados levou o governo de Indira

Gandhi, em setembro de 1984, à ordem de invasão do san-

tuário supremo de todos os sikhs, o Templo Dourado de

Amritsar, no Punjab. Centenas de sikhs morreram. Em re-

presália, os rebeldes assassinaram Indira, provocando nova

explosão de violência.

A misteriosa Índia, que tanto fascinava os antigos, o

cobiçado alvo das viagens dos navegadores famosos, a terra

das especiarias e produtos preciosos, corresponde, ao vasto

subcontinente que se estende das montanhas de Karakoram

e dos Himalaias ao norte, até o cabo Comorim ao sul, pró-

ximo à linha do Equador.

O clima na Índia é determinado pelas monções; é

quente e seco durante oito meses por ano, chove copiosa-

mente durante o verão. É um problema difícil no país, que

tem periodicamente terríveis secas. Os caprichos das esta-

ções são por vezes catastróficos; as tormentas devastam os

campos, a seca castiga com rigor, as inundações destroem

as colheitas. Com as calamidades os agricultores perdem

tudo, sofrem mais os pobres que não tem a quem recorrer.

A agricultura é a pedra angular da Índia. A produção

básica é de arroz, cultiva-se também a cevada, trigo, milho,

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sorgo, cana-de-açúcar, chá-da-índia (Thea sinensis), juta,

algodão, gergelim, várias frutas e leguminosas, e cardamo-

mo cujas sementes são utilizadas como condimento aromá-

tico e como chá. Trata-se com maior cuidado a irrigação,

que assegura o melhor rendimento da produção. O sistema

de irrigação é feito por desvios de água dos rios ou lagos

para compridos canais ladeados de pequenos diques de ter-

ra, distribuídos pela área.

Para não cansarem a terra, os agricultores indianos

praticam a rotação de culturas a ser plantada. Destas cultu-

ras, a do arroz e talvez a mais importante, quando a irriga-

ção do terreno, pode ser feito de modo suficiente, pois o

arroz é a base da alimentação indiana. O cultivo do arroz

necessita de mão-de-obra abundante; o arranque das mudas

é seguido de transplantação, feita a mão, com o corpo incli-

nado durante horas e pés descalços dentro da água.

A economia da Índia no passado era essencialmente

rural, atualmente é uma mistura de lavoura de aldeia, agri-

cultura moderna, artesanato, uma série de indústrias moder-

nas, e inumeráveis serviços de apoio, mas 31,6% da eco-

nomia indiana vêm da agricultura. O setor têxtil tem uma

eficiência elevadíssima. Em poucas décadas, a Índia conse-

guiu grandes avanços tecnológicos, mas não conseguiu re-

solver o problema da fome de sua população. A crise eco-

nômica da primeira década de 1970 atingiu duramente a

Índia, dependente da importação de petróleo.

Longe, na periferia das cidades, vêem-se pequenos

acampamentos cheios de pessoas que não tem onde morar,

que vieram para a cidade grande na esperança de encontrar

trabalho. São as favelas indianas. Ao lado de populações

miseráveis, há considerável parcela de indianos com acesso

à educação, o que garante à nação destaque na produção

científica – farmacêutica e informática. Nos últimos anos, a

Índia torna-se o maior exportador mundial de software. O

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impacto desse crescimento, no entanto, reflete-se pouco e

lentamente nas condições de vida da maioria da população.

Outrora, o comércio era principalmente alimentado

pelas caravanas de camelos, que cruzavam as estradas, re-

cebendo as cargas nos grandes portos do litoral e transpor-

tando-as para o interior, para as províncias do Noroeste,

onde ficavam ligadas à rede internacional dos Caminhos da

Seda. Esses caminhos ligavam o litoral da Síria à China

atravessando as regiões montanhosas do Afeganistão e o

Deserto de Gobi, e avançando pelos postos dos oásis que

alcançavam através desses desertos, chegavam à bacia do

rio Tarim na China.

A travessia do deserto era a mais difícil e sofrida,

pois as pessoas corriam o risco de morrer de sede e de fo-

me, serem mortos por animais ferozes, atacados por beduí-

nos salteadores, picados por cobras venenosas ou engolidos

por areias movediças. Havia também o perigo das tempes-

tades de areia. O atravessamento das florestas oferecia o

perigo dos ataques de bandos de selvagens. A caravana

seguia em interminável fila de camelos, com caminhar lento

e mugidos, onde se misturavam os gritos dos condutores.

A importância atribuída ao gado, na Índia, não des-

merece em nada à das culturas, ele circula livremente por

entre os transeuntes nas ruas. As vacas leiteiras são rodea-

das de especiais cuidados. Matar uma vaca e comer a carne

é considerado crime grave, igual ao assassinato de um ho-

mem. Na vida cotidiana das populações rurais, as cobras

najas ocupam um papel importante. Na Índia, as vacas, as

cobras e os macacos, são sagrados.O encantador de serpen-

tes é uma das figuras mais conhecidas e típicas de Índia.

Pulando sob os galhos das árvores nas florestas, ou

correndo sob as ruínas dos templos, nos parques públicos,

ou invadindo as residências, existe uma multidão de babuí-

nos de todos os tamanhos e espécies. Os bois são utilizados,

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pela população como animais de tração, nos trabalhos do

campo, para puxar o arado ou a carroça. Num meio onde a

locomoção é muitas vezes difícil, os elefantes domesticados

são utilizados para o transporte de pessoas e carga. Outras

vezes, nos festejos populares e comemorações desfilam

pelas ruas, ricamente enfeitados de fitas e quinquilharias.

Nas vilas e nas cidades, os comerciantes ocupam ge-

ralmente um bairro cujas ruas têm lojas de um lado e de

outro e muitas vezes ocupam todo o espaço da rua.. Além

do comércio de porta, há numerosos vendedores ambulan-

tes que percorrem as ruas apregoando os artigos que ven-

dem, transportam-nos em tabuleiros ou em cestos de vime

postos na cabeça, ou então suspensos na extremidade de

uma vara mantida em equilíbrio num dos ombros. Há inú-

meras bancas e cozinhas improvisadas onde é preparado, na

hora, o alimento solicitado. A aglomeração e o movimento

de pequenos automóveis como táxis, jinriquixás, vacas,

elefantes e pessoas nas ruas são estonteantes.

O jinriquixá, veículo pequeno e leve de duas rodas,

corre rapidamente pela rua levando um passageiro, puxado

por um homem a pé, magro e moreno, vestido só com um

pano amarrado na cintura e turbante branco na cabeça, ou-

tro jinriquixá é puxado por um homem em bicicleta, ou o

mais moderno jinriquixá a motor que substitui os puxados

por pessoas.Esse transporte singular é praticado também na

China e em outros países do Oriente asiático.

O quadro exótico das ruas inclui a multidão de mu-

lheres envoltas em vistosos sáris de seda dos pés à cabeça,

exibindo várias pulseiras, longos brincos nas orelhas e jóias

ao pescoço, um sinal vermelho no meio da testa, essa é a

aparência típica da mulher indiana. Os carregadores com

seus turbantes brancos e camisas vermelhas, calças largas

de algodão e sapatos pontudos. É um mundo cheio de vida,

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um bombardeio de imagens, cheiros, sabores, sons, texturas

e experiências fascinantes.

As barracas com cozinhas improvisadas vendem as

mais exóticas comidas, desde formigas, rãs e gafanhotos

crocantes, até filés de cobra d´água empanados e uma vari-

edade incrível de crustáceos, peixes e roedores. De acordo

com o costume dos países asiáticos a maioria das pessoas

come o alimento pegando com os dedos da mão direita,

porque a mão esquerda é considerada impura, exceto na

China onde se utilizam pauzinhos.

Ainda existem florestas inexploradas por todo con-

tinente indiano, mas atualmente estão ameaçadas pelo des-

matamento. Nos Ghates Ocidentais, região do Bangalore

vive o panda gigante, animal que está a beira da extinção,

pela escassez de folhas de bambu seu principal alimento, as

várias espécies de bambu que proliferavam nessa área, es-

tão desaparecendo. Entre as madeiras preciosas, de lei, das

quais a Índia era grande produtor, atualmente escassas, e-

xiste ainda a teca (Tectona grandis), produzida na Costa do

Malabar na região de Karnataka, no Travancare e no Guja-

rate, cuja resistência á ação da água a indicava para cons-

trução de navios e barcos. Existem florestas de pinheiros ao

norte de Délhi e as montanhas do Himalaia são povoadas

de cedros e bétulas.

O ébano, o pau-rosa (Dalbergia latifólia), e o pre-

cioso sândalo (Santalum álbum hinn) produzido no sul. Os

perfumes e o incenso têm importância invulgar no mundo

oriental. Um dos mais procurados perfumes é o de almíscar.

Além das madeiras a Índia exporta gomas e resinas, mirra,

balsâmina, aloes, cinábrio e outros que servem também

como corantes, condimentos e medicamentos.

As florestas das montanhas são santuários para mui-

tos animais como chacais, porcos-espinho, cobra naja tri-

pudians cujo pescoço se dilata quando ela enraivece; a co-

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bra real que pode alcançar até 4,40 m de comprimento e 9

kg de peso, é alimentada e venerada pela população. Leo-

pardos, guepardos, leões, tigres, zebras, ônix, antílopes,

elefantes, búfalos, lagartos e crocodilos, animais que vivem

nas grandes florestas, pântanos e grandes rios. Aves como

avestruzes, pavões, perdizes, cucos, papagaios, melros e

uma infinidade de pássaros canoros vivem nas matas das

planícies tropicais.

Os principais recursos minerais da Índia é o carvão

e o ferro, há também ricas minas de metais preciosos, como

ouro, prata, cobre, mercúrio, magnésio, mica, pedras pre-

ciosas e semipreciosas, diamante, rubi, topázio, safira, es-

meralda, lápis-lazúli, cristal de rocha, aos quais se acrescen-

ta a pesca da pérola, do coral, do nácar e das conchas de

madrepérola. Mais da metade do Estado de Caxemira é um

árido deserto, mas existem ali importantes reservas de pe-

tróleo. As minas de sal do litoral estão sob o monopólio do

Estado.

A vasta península triangular indiana que ocupa o

sul da Ásia está parcialmente isolada do resto do continente

asiático. Separada a oeste pelo mar da Arábia e pelas mon-

tanhas Sulaman no Afeganistão, a leste pelo Golfo de Ben-

gala e a cadeia montanhosa Arakan Yoma, no Mianmar, ao

sul pelo Oceano Índico e ao norte pela imponente Cordi-

lheira dos Himalaias.

Nesse imenso território, de 3.287.263 km² - cerca

de 10% da superfície asiática, é o segundo país mais popu-

loso do mundo com 1,186 bilhão (2008) de habitantes, ali

vive um sexto da população mundial, sendo 72% de origem

indo-ariana, 25% de drávidas ao sul e 3% de outras nacio-

nalidades. Existe uma importante população aborígine,

principalmente nas florestas e montanhas centrais e grupos

mongóis no norte montanhoso. Os idiomas oficiais são o

hindi e inglês. No entanto, dezoito línguas são reconhecidas

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oficialmente, como o bengali, tâmil, telugu, marati, urdu,

gujarati, punjabe, caxemir, shindi, sânscrito, embora seja

falada uma infinidade de línguas e dialetos locais.

As línguas indo-arianas derivadas do sânscrito, são

dominantes no país, como conseqüência natural da influên-

cia que os arianos exerceram no desenvolvimento da Índia.

Trata-se na verdade, de um patrimônio comum, uma civili-

zação cujas formas de vida e de pensamento conseguiram

integrar, num mundo à parte, centenas de milhões de pesso-

as, de raças, de religiões e mais de 700 idiomas diferentes,

que revelam traços de conduta semelhantes, ainda que, em

diversas ocasiões, eles não se apresentem de maneira facil-

mente definível.

Na seção oriental da planície do Ganges, Uttar e Bi-

hãr encontra-se uma civilização agrícola em desenvolvi-

mento há 10.000 anos. A coexistência de diversos sistemas

de exploração do solo para produção de milho e arroz con-

tribui para o encontro e fusão de grupos raciais e culturais

distantes, como o mediterâneo-armênico e o munda, povo

do nordeste da Índia, integrados na população dravídica já

antes da chegada dos árias.

A população da Índia formou-se ao longo de milê-

nios por uma multiplicidade de raças e culturas, incluindo

os diferentes grupos étnicos, que se impuseram aos primiti-

vos habitantes da região. Contudo, dentro da grande varie-

dade de tipos humanos encontrados no país, podem-se dis-

tinguir dois grupos, ligados a diferentes origens culturais:

os drávidas e os arianos. A maioria dos habitantes tem ori-

gem nos povos arianos. Ao norte subsiste a influência das

invasões árabes, dos séculos VII e VIII, e de mongóis do

século XII. No planalto do Deccan e ao sul predominam os

povos de origem drávida.

A Índia é uma confederação de 28 Estados extre-

mamente diversos; a única coisa que mantém o país unido é

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o hinduísmo. Tem como capital Nova Délhi (aglomeração

urbana 15.900.000 em 2007), uma massa fervilhante de

pessoas que se movimenta pelas ruas da metrópole. Outras

cidades importantes são Mumbai (Bombaim), Calcutá, Ma-

dras, Bangalore, Patna, Agra, Jaipur, Hiderabade, Ahmeda-

bad, Kampur, Nagpur, Puna, Luknan, Calicute. A maioria

dos Estados tem sua própria língua, embora o hindi seja a

língua oficial, a rupia indiana é a moeda do país. Cada Es-

tado tem sua própria cultura, sistema de escrita e leis civis.

Por seu movimento marítimo, Calcutá ocupa o primeiro

lugar entre os portos internacionais do país. Contudo, o

fator principal são as ferrovias que a ligam com o coração

do Deccan e com as planícies do Ganges.

Os maiores rios que banham a Índia são, o Ganges,

o Indo, Narmada, Brahmaputra, Godavari, Krishna, Maha-

nadi e muitos outros. O Ganges (Ganga) grande rio da Ín-

dia, com 2700 km de extensão, origina-se de vários regatos

alimentados pelas geleiras do Kamet (7758 m) e do Nanda

Devi (7.816 m), no Himalaia central, na sua trajetória rece-

be o rio Yamuna em Allahabad, banha Benares (Varãna-

si), Patna e Baghalpur, une-se ao Brahmaputra antes de

lançar o caudal das águas por um grande e pantanoso delta

de 58.753 km², no golfo de Bengala. A bacia do Ganges-

Brahmaputra se estende por 1.730.000 km² através da Índia

e Bangladesh. O Brahmaputra nasce no lago Mansarovai

no Himalaia, tem 2840 km de extensão.

As pessoas peregrinam pela Índia para verem e se-

rem vistas pelas divindades. Centros importantes e sagrados

de peregrinação, como Varãnasi (Benares), situam-se nas

margens dos grandes rios. Locais famosos incluem Kuruk-

shetra palco de guerra do Mahabharata, Ayodhya a antiga

capital do Império Rama, ou Mathura no centro-norte da

Índia, onde nasceu Krishna. Benares, já foi descrita como

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“cidade oração”. É uma das mais antigas cidades do mundo,

fazia parte do mítico Império Rama.

Há milhares de anos os hindus rezam e meditam

nas margens do Ganges, o rio mais sagrado da Índia. Gan-

ga, é a deusa do rio Ganges. É aqui que cada hindu ortodo-

xo deve ser cremado, e todos os dias se vêem pilhas de ca-

dáveres ardendo nas piras crematórias sob plataformas de

madeira nos degraus, que descem até o rio. O Ganges é,

para os hindus, o rio sagrado, no qual se banham os inúme-

ros peregrinos, praticando rituais ancestrais, um dos aspec-

tos culturais da Índia. Tomar banho no rio Ganges é uma

prática religiosa; acredita-se que todos os pecados ou o

Carma negativo, são lavados pelas águas sagradas. Um fato

curioso sobre o Ganges e que, enquanto se despejam no rio

as cinzas de centenas de cadáveres, esgotos sem tratamento

e outros detritos, os testes de água mostram que ela é de

uma pureza espantosa, não tem poluição.

A Índia possui importantes patrimônios históricos.

Foram descobertas em 1819, as famosas Cavernas Elephan-

ta na ilha Ghapapuri, de Ajanta e de Ellora. Desconhecidas

do mundo por dois mil anos, supõem-se que foram escava-

das na rocha maciça por volta do século II a.C. O Forte e o

Mausoléu Taj Mahal em Agra, Templo do Sol em Konarak,

Templo Brihadisvara em Thanjavur, Parques Nacionais

Kaziranga, Royal Manas, Keoladeo, Surdanbans, Nanda

Devi. Logo ao sul de Ahmadabad fica Lothal, outra cidade

muito antiga, uma das Sete Cidades do Império Rama.

O subcontinente indiano com a área original de

4.490.439 km², atualmente está dividido em sete países in-

dependentes: Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh, Sri Lan-

ka, Butão e Maldivas. Desde a pré-história até o fim da

ocupação britânica e a independência em 1947, Índia cons-

tituía um único e imenso país, com história própria, de civi-

lizações, invasões, impérios, conturbado por guerras e riva-

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lidades,épocas de prosperidade; todos esses acontecimentos

compartilhados por diversos povos, grupos sociais e etnias

que a habitavam, até a época da divisão do subcontinente.

O governo da República da Índia é parlamentarista,

tendo como Presidenta, Pratibha Patil (desde 2007) é a pri-

meira mulher a ocupar o cargo na história do país. O Pri-

meiro-ministro é Manmohan Singh (desde 2004).

*

A República do Sri Lanka (antigo Ceilão) é uma ilha

do Oceano Índico, situada ao largo da costa sudoeste da

Índia, dela separada pelo canal de Palk.Constituída por um

fragmento do bloco peninsular indiano, com o qual tem em

comum a constituição geológica, terras miocênicas permeá-

veis do período Terciário que cobrem o norte da ilha.

Sri Lanka possui uma área de 65.610 km² e uma

população de 19,4 milhões (2008), tem como capital a ci-

dade de Colombo. Composição étnica: cingaleses 74%,

tâmeis 16%, 10% outros. Língua: sinhala, tâmil (oficiais).

Povoada pelos vedas nos tempos pré-históricos,

substituídos pelos tâmis que chegaram à ilha há cerca de

dois mil anos. A ilha de Ceilão foi invadida sucessivamente

por tâmis, cingaleses e indo-europeus, que deram origem a

uma civilização avançada.Torna-se um importante centro

da cultura budista, introduzida no século III, a.C.

Em 1505, chegaram os portugueses, cento e cin-

quenta anos depois os holandeses expulsaram os lusitanos.

Em 1796, os britânicos que já haviam se apossado da Índia,

tornaram a ilha como sua colônia. Revoltas e tumultos na-

cionalistas conseguem a independência em 1948, mas acei-

tam o protetorado da Coroa britânica. Nessa época conflitos

étnicos, entre cingaleses e a minoria tâmil, sacodem o país.

Em 1978, é instalada a República do Sri Lanka.Em 2005 é

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eleito o socialista Mahinda Rajapakse como presidente e

Ratnasiri Wikremanayake como primeiro-ministro.

*

A República das Maldivas com a área de 298 km²,

têm como capital a cidade de Male.É um arquipélago for-

mado por cerca de 1.200 pequenas ilhas coralíneas e atóis,

situado à sudoeste da extremidade sul da Índia, o Cabo

Comorim no Oceano Índico.Os maldivos, excelentes nave-

gadores e pescadores sempre mantiveram um contato estrei-

to com o continente asiático. Foi dos asiáticos, no século

XII, que eles receberam a influência árabe e muçulmana.

A população maldiva, de 311 mil habitantes (2007),

tem origem nas imigrações dos povos drávidas, cingaleses e

indo-arianos, procedentes da Índia Os colonizadores portu-

gueses chegaram às Maldivas, escala obrigatória em sua

rota para o Extremo Oriente. Em 1.887, Maldivas aceitou o

protetorado do Império Britânico. Em 26 de julho de 1.965

conseguiu a independência. Em 1968, é instalada a Repú-

blica presidencialista, com Mohamed “Anni”Nasheed co-

mo presidente ( desde 2008).

*

O Bangladesh, capital Dacca, pequeno país muçul-

mano, dissidente do Paquistão, possui uma área de 147.570

km², e uma população de 161,3 milhões, com 98% de ben-

galis, muçulmanos. Situado no Golfo de Bengala, no delta

do rio Padma – que se forma pela confluência dos rios Me-

ghna, Ganges e Brahmaputra. Bangladesh é uma planície de

férteis terras aluviais, nas quais se cultivam arroz, chá e

juta. Há grandes extensões de florestas e de pântanos.

O Bangladesh é um estado de formação recente, mas

é uma velha nação, com raízes no antigo reino de Banga.

Sua história já está documentada a milhares de anos, no

antigo poema épico Mahabharata, indiano.Foi ocupado pelo

governo britânico por 190 anos. Étnica e culturalmente

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homogênea, essa sociedade nasceu há 25 séculos, pela fu-

são da população bengali local com imigrantes arianos pro-

venientes da Ásia Central. Seu surgimento como nação

independente ocorreu em 1971, como República parlamen-

tarista. Em 2002, foi eleito como presidente Iajuddin Ah-

med e primeiro-ministro Fakhruddin Ahmed desde (2007).

*

O Butão, capital Timfu, pequeno reino de apenas

46.640 km², e 700 mil habitantes (2008). Está situado no

coração das grandiosas montanhas do Himalaia, entre a

Índia e o Tibet. Seus gigantescos vizinhos, China, Índia e os

picos mais elevados do planeta, impuseram ao país um

grande isolamento do resto do mundo. Durante a década de

60, Butão começou a emergir do isolamento.

Embora somente 6% do território sejam cultiváveis,

o país vive da agricultura, setor que emprega cerca de 90%

dos butaneses. Butão é um reino de monastérios budistas, a

maioria deles fechada aos estrangeiros. Dominado pelos

tibetanos, no século XIX Butão torna-se uma colônia do

Reino Unido. Em 1949, o país obtém a independência. O

governo é uma monarquia parlamentarista tendo como

chefe de Estado o rei Jigme Khesar Namgyel Wangchuck,

(desde 2006) e como primeiro-ministro Jigme Yoser Thin-

ley (desde 2008).

*

O pequeno reino do Nepal, com capital Kathmandu,

possui uma área de 147.181 km², e uma população de 28,8

milhões (2008).Encravado nas encostas dos Himalaias, está

rodeado pela Índia a oeste, sul e leste e tem fronteira com a

China. Os nepaleses são descendentes de indianos, tibeta-

nos e mongóis. País sem acesso ao mar, é constituído por

três regiões geográficas bem distintas, a planície de Tarai,

fértil e tropical, os platôs centrais cobertos de pastagens e

florestas, e a cordilheira do Himalaia, que abriga os cumes

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mais altos do mundo. A oeste encontra-se o pico Annapur-

na (8078 m) e o Manaslu (8125 m), a leste ficam os picos

do Cho Oyu (8154 m) e o Everest (8847 m).

As diferentes alturas determinam uma grande di-

versidade de climas, desde o tropical chuvoso até o frio

rigoroso das altas montanhas. Quanto à flora montanhosa,

as encostas apresentam-se cobertas de bosques de coníferas,

acima crescem bétulas, rododendros e ervas que sobem até

o limite dos gelos eternos. O longo vale de Khatmandu es-

tende-se verde e fértil, semeado de templos e mosteiros,

abarrotado de turistas estrangeiros e nepaleses.

Os telhados angulares dos templos se destacam aci-

ma dos tetos inclinados da cidade velha, com seu encanto

medieval, seus inúmeros pagodes quadrados, os pequenos

templos e santuários em cada esquina, o constante tilintar

dos sinos e o cheiro de incenso no ar.Guirlandas de flores

enfeitam as estatuas e ouve-se o murmúrio incessante de

preces.Ali um asceta errante, com a cabeleira desgrenhada,

vestindo apenas um pano em volta da cintura, senta nos

degraus de um templo.Acolá caminha um monge de cabeça

raspada e túnica cor de açafrão.

Pela manhã se vêem porcos, cabras, búfalos e vacas

andando pelas ruas e ninguém os incomoda. Em Khatman-

du também tem uma grande quantidade de adivinhos, espe-

cialistas em ervas curativas, gurus de diversas origens, ne-

paleses, indianos, tibetanos, europeus e outros ocultistas. A

cidade tem a reputação de ser uma área de atividade para os

praticantes do ocultismo negro. A maioria da população

professa o hinduismo mesclado a crenças budistas.

Um sistema agrícola arcaico forma as bases da eco-

nomia nepalesa, ocupando 88% da população. O turismo

ganha impulso, apesar da enorme pobreza do país. Em maio

de 2.008, com a abdicação do último rei, foi instalda a Re-

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pública do Nepal. Escolhido como presidente Ram Baran

Yadav, e como primeiro-ministro Pushpa Kamae Dahal.

*

A República Islâmica do Paquistão, capital Islama-

bad, possui o território de 796.096 km², ocupa o vale do

Indo e dos seus afluentes, á oeste da Índia. As fronteiras

mais sensíveis são com a Índia a leste, e o Afeganistão a

oeste. Têm fronteiras pequenas com o Irã e a China. É um

país montanhoso, semi-árido, possui desertos na fronteira

com a Índia e com o Irã, de clima seco, com exceção da

bacia do rio Indo. Essa é, praticamente, a única área irriga-

da do território, própria para a cultura extensiva de cereais e

algodão, essencial para a economia. A maioria da popula-

ção vive da agricultura nas áreas perto dos rios.

O rio Indo origina-se na Cordilheira de Karakoram

no nordeste do Paquistão, deságua no mar da Arabia for-

mando um grande delta. Tem um curso de 3.180 km e uma

bacia fluvial de 960.000 km². As águas que descem dos

Himalaias permitem o cultivo de vastas regiões áridas.

No processo da independência do subcontinente in-

diano, em 1947, os líderes muçulmanos indianos decidem

formar um Estado independente, o Paquistão. A partilha

baseada em critérios religiosos provoca o deslocamento de

mais de 2 milhões de pessoas. Choques entre hindus e mu-

çulmanos deixam 200 mil mortos, inaugurando o antago-

nismo entre a Índia e o Paquistão. Na época da divisão, o

Paquistão foi formado por dois territórios muito separados

entre si, o Paquistão Ocidental e Oriental. Em 1971,o Pa-

quistão Oriental conquistou a independência passando a

chamar-se Bangladesh.

O islamismo ou Islã é uma religião de fidelidade a

Deus (Allah), que começou na Arábia, berço do islamismo,

com o profeta Muhammad (Maomé),fundador da religião,

nascido em Meca em 570 d.C. Para os árabes muçulmanos

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a Mesquita de Omar concluída em 696 d.C.em Jerusalém,

assim como Meca e Medina ambas na Arábia Saudita, são

cidades sagradas para os fieis e alvo da tradicional peregri-

nação dos muçulmanos do mundo todo.

A lei do Islã conhecida como Sharia, foi compilada

por especialistas religiosos e refere-se a qualquer atividade

individual ou comunitária. Os muçulmanos xiitas distin-

guem-se por seguirem rigorosamente os ensinamentos dos

seus imãs ou aiatolás. Eruditos sunitas em geral vêem a

devoção a santos e santuários como ameaça ao culto exclu-

sivo a Deus. Os xiitas adotam uma visão diferente, visitam

os túmulos de seus imãs como parte dos deveres religiosos.

Todo muçulmano deve seguir a Sharia, sistema de

leis religiosas islâmicas, que ordena a crença em um só

Deus (Allah).Todos os dias, cinco vezes por dia, da sacada

da mesquita o muezim chama os fieis à oração. E os mu-

çulmanos colocam os tapetes de oração no chão, dobram

seus joelhos em direção à Meca, se prosternam, oram, se

levantam, oram, se prosternam de novo, sempre quatro ve-

zes. Realizam mudas súplicas a Deus, só os lábios se me-

xem. ”Não há senão um só Deus e Maomé é seu Profeta”.

A Sharia determina a vida, conduta religiosa, moral

e social de todos os seus adeptos, assim como a maneira de

se vestir e até os cuidados com a higiene. Pela lei da Sharia,

a mulher é discriminada. A crença na superioridade mascu-

lina está arraigada fundo na mentalidade muçulmana.

No Paquistão, Irã e em outros países de religião is-

lâmica, as mulheres são obrigadas a seguir os severos códi-

gos de vestimenta e comportamento, regidos pelo Islã. Ves-

tem longas burcas (xador) negras, que envolve todo o cor-

po, da cabeça aos tornozelos, deixando apenas um pequeno

retângulo de renda bordada em frente dos olhos por onde

vêem o mundo, sem que ninguém lhes veja o rosto.

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Geralmente as mulheres jovens são oferecidas em

casamento em troca de um bom dote, e são os pais que es-

colhem o noivo dentro do clã, também se casam entre pa-

rentes. A vontade dos pais é sempre soberana. Os homens

podem ter tantas esposas quantas desejem. Moram todos

juntos, as diversas esposas e seus filhos, irmãs, irmãos e

tios, sogros e avós, como uma grande família.

Os mullah são os muçulmanos de grande conheci-

mento da teologia e leis sagradas. Os imãs e aiatolás fun-

damentalistas fazem uma interpretação literal do Alcorão e

são os guardiões rigorosos da Sharia, junto ao povo. Para

ser um bom muçulmano é preciso aceitar Deus, orar, jejuar,

dar esmola, e viajar à Meca, pelo menos uma vez na vida.

Os muçulmanos xiitas tomaram o poder no Irã em 1978,

sob a liderança de aiatolá Ruhollah Khomeini. Até o pre-

sente o Irã e seu vizinho Paquistão, estão marcados por

tensões étnicas e religiosas entre grupos de origem indiana,

muçulmanos sunitas e xiitas.

Paquistão possui importantes cidades, como Islama-

bad, Faisalabad, Ravalpindi, Peshawar, além de Karachi

que é um movimentado porto no Mar da Arábia, uma via

vital para escoamento da produção. Karachi e Lahore são

grandes centros de fabricação de têxteis. A cidade de Laho-

re, é também o baluarte cultural e artístico do Paquistão,

uma metrópole dinâmica, localizada no meio de uma planí-

cie sem defesas naturais, já foi conquistada, destruída e

reconstruída inúmeras vezes. Outras indústrias produzem

uma grande variedade de produtos petrolíferos, materiais de

construção, de alimentos e de papel.

Na vastidão da Ásia Central, no norte do Afeganis-

tão, elevam-se as montanhas majestosas e sombrias do Hin-

du Kush, onde nasce o rio Oxus ou Amu Darya que corre

para oeste pelas planícies de Samarcanda. A leste fica a

passagem de Khyber, e ao sul da cidade de Kandahar se

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estendem os desertos intermináveis de Baluquistão. Para o

leste, aquelas imponentes montanhas do Hindu Kush se

unem aos montes de Pamir e ao Karakoram e ao sul se ele-

vam os próprios cumes do Himalaia, em sua curva para

leste através do espinhaço da Ásia.

No extremo noroeste do Paquistão ficam as Grandes

Terras Altas, a oeste, na fronteira com Afeganistão,estão

situados os espetaculares píncaros do Karakoram e do Pa-

mir. Á leste o desfiladeiro de Khyber, com a abertura da

Rota da Seda em 112 a.C.fez parte da rota de comércio

entre as grandes civilizações através da Ásia Central ligan-

do a China ao Ocidente e a Roma.

Durante milhares de anos o desfiladeiro tem sido

invadido por grupos indesejáveis. Persas, gregos, mongóis,

afegãos e britânicos, já tentaram conquistar a Índia, condu-

zindo seus exércitos através deste desfiladeiro. No século

VI, a.C. o rei persa Dario, conquistou grandes área do Afe-

ganistão e continuou a marcha através do desfiladeiro de

Khyber até o rio Indo..

Dois séculos depois foram os generais de Alexan-

dre, o Grande que conduziram suas tropas através do desfi-

ladeiro.Ghengis Khan destruiu grande parte da Rota da Se-

da, enquanto Marco Polo seguiu o rastro das caravanas no

caminho do Oriente.Atualmente pelo desfiladeiro de Khy-

ber são contrabandeadas armas de todo tipo e grande quan-

tidade de entorpecentes, como a heroína, ópio e haxixe.

A travessia das montanhas do Hindu Kush pelo des-

filadeiro, na fronteira entre Afeganistão e Paquistão é uma

verdadeira prova de coragem. Ao amanhecer, o sol lança

seus primeiros raios pelos rochedos íngremes. A paisagem é

cor de poeira, em tons marrom-acinzentados. As encostas

de rocha e os blocos de granito ameaçam precipitar uma

avalanche de pedras e seixos sufocando os passantes.

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A estrada atravessa os territórios tribais do Passo

Khyber, serpenteando entre penhascos de xisto e calcário.

As montanhas áridas e imponentes margeiam profundos

desfiladeiros e se erguem em cumes nevados da cordilheira

do Hindu Kush, ao norte. Uma confusão de atalhos se en-

trecruza antes de desaparecer atrás de pedras e colinas. Es-

ses atalhos têm sido pisados durante séculos, por exércitos

de conquistadores, contrabandistas, guerrilheiros e carava-

nas de camelos vindas da China e dos confins da Ásia Cen-

tral. Milhares de pessoas procedentes do Afeganistão en-

tram diariamente no Paquistão, em jipes, a pé, montados em

cavalos ou camelos que sobem a ladeira, arquejantes. Um

passo em falso e despencará a montaria e o homem, abismo

abaixo. O cavalo avança com calma pelas trilhas íngremes,

sem se incomodar com o homem que leva na garupa.

Em 1979,com a invasão do Afeganistão pelos sovié-

ticos surgiram grupos de guerrilheiros islâmicos,os mudja-

hedin, que lutavam para expulsá-los do país. Depois em

1992, os mudjahedin começaram a lutar entre si por ques-

tões de etnia e religião. Em 1996 até 2001, apareceu a Milí-

cia Islâmica Sunita Taliban, um grupo fundamentalista que

consolidou seu domínio sobre 90% do país. O Taliban im-

pôs a lei islâmica severa, movendo guerra às etnias rivais,

destruindo qualquer herança cultural que o afegão possa ter.

Durante muitos séculos, existia uma estrada cheia de

curvas que ia de Kabul ao histórico Vale de Bamiyan, onde

o budismo florescera séculos antes do nascimento de Mao-

mé. As montanhas tinham cerca de cinco mil metros de

altura, costados ameaçadores, cujos picos nenhum homem

havia escalado, elas dominavam a paisagem do Koh-i-Baba.

Bamiyan está situado no coração do Hindu Kush, e

muito embora houvesse montanhas mais altas na Ásia, co-

mo os picos nas cadeias de Pamir, Karakoram e do Hima-

laia, eram todos mais altos mas nenhuma suplantava aque-

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las montanhas do Afeganistão em sua grandeza rochosa e

vale encantador.No Vale de Bamiyan, há dois mil anos a-

trás, foram esculpidos no penhasco rochoso duas estatuas

de Budas Gigantes, de trinta metros de altura.

De ambos os lados das estatuas, por toda a extensão

do gigantesco nicho, o rochedo tinha sido escavado, for-

mando uma infinidade de cavernas sombrias e túneis que

formavam um emaranhado dentro do penhasco, onde os

monges budistas se alojavam, usavam-nas como moradia e

como abrigo para os peregrinos. A paisagem variava, indo

de picos cobertos de neve aos desertos, dos precipícios à

formações rochosas. Bamyian havia sido outrora, um reduto

florescente do budismo, até cair sob o domínio islâmico.

Na época em que caravanas de camelos cruzavam o

Vale seguindo a Rota da Seda, passaram invasores um atrás

do outro, Ghengis Khan, o neto dele Kublai Khan, no sécu-

lo XIII, macedônios, sassanidas, árabes, mongóis e, em

1988 os soviéticos, e recentemente os norte-americanos,

caçando o guerrilheiro Bin Laden nas cavernas das monta-

nhas do Afeganistão, também os terroristas das Milicias do

Taliban, que no seu fanatismo religioso, seu desprezo pela

história, pela cultura e arte do país, dinamitaram os Budas

Gigantes de Bamiyan, reduzindo-as a pó.

No Paquistão estão importantes patrimônios da hu-

manidade: as Ruínas Arqueológicas de Mohenjo-Daro e

Taxila; Ruínas Budistas de Takht-i-Bahi; Monumentos His-

tóricos de Thatta; Fonte e Jardins de Shalamar em Lahore.

O Paquistão fazia parte da Índia até 1947, partilha

com ela uma história de antiqüíssimas civilizações, migra-

ções e invasões. A disputa por Caxemira envenena as rela-

ções com a Índia, caso não solucionado até a data presente.

A violência também faz parte da política interna, em con-

flitos étnicos e rivalidades entre muçulmanos sunitas (majo-

ritários) e xiitas. A religião islâmica é praticada por 96,7%

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da população e 3,3% outras religiões O idioma oficial é o

urdu, fala-se também o punjabi, sindi, saricoli e inglês. O

Paquistão possui uma população de 167 milhões (2008).

Governo: República parlamentarista tem como pre-

sidente Asif Ali Zardari (desde 2008) e como primeiro-

ministro Yousaf Raza Gilani (desde 2008).

A CIVILIZAÇÃO CHINESA.

A China, país da Ásia Oriental, com dimensões con-

tinentais, é o terceiro maior país em extensão territorial do

mundo, com 9.572.900 km², uma potência industrial e eco-

nômica, è o mais populoso, conta com 1,336 bilhão de habi-

tantes no ano de 2.008. A língua oficial é o mandarim. Mais

de 92% de chineses são da etnia han. É o berço da mais

antiga civilização do mundo.

Um dramático fenômeno da geologia, iniciado no

Cretáceo, há 200 milhões de anos atrás, estendendo-se até

o Mioceno, moldou seu território. Nas áreas que emergiram

do leito marinho na colisão da placa tectônica do subconti-

nente indiano com a placa da Eurásia, o cataclismo causou

o soerguimento da cordilheira do Himalaia e criou o altís-

simo planalto do Tibet, pontilhado de vulcões, muitos ainda

ativos.O Himalaia tornou-se a cordilheira mais alta do

mundo, e continua a crescer um centímetro por ano, devido

o deslocamento para o norte da massa do subcontinente

indiano.

As eras de soerguimento e erosão esculpiram o cal-

cáreo em cavernas e montes serrilhados que margeiam os

rios como dentes de dragão. As novas altitudes alteraram

os padrões climáticos, criando desertos ao norte e alagando

o sudeste da China com as chuvas das monções. No leste,

nas planícies fertilizadas por inundações fluviais e rodeadas

por cadeias montanhosas moldadas pelas intempéries, a

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civilização chinesa se estabeleceu inicialmente, há cerca de

10.000 anos a.C. ao longo do rio Yang-tsé, praticando agri-

cultura de irrigação, mas principalmente o cultivo do arroz

e colza, em terras alagadas. Tornou-se uma das primeiras

regiões a domesticar plantas e animais, garantindo o susten-

to de uma população que veio a ser, mais tarde, a mais nu-

merosa do mundo.

Os grandes rios da China, alimentados pelas geleiras

do planalto cortam o país seguindo para o leste. O Yang-

tsé, nasce nas montanhas do Tibet, tem 6.200 km de exten-

são, atravessa a China meridional e deságua no Mar da

China O Yang-tsé é a verdadeira corrente vital da China. A

primeira garganta do Yang-tsé, de nome de Garganta de

Wuxi, de cerca de 40 km de extensão, possui altos penhas-

cos se elevando de ambos os lados.

Os vapores que percorrem o grande rio vão de Xan-

gai a Xongqing carregados de mercadorias. Pequenos bar-

cos a vapor, balsas de velas enfunadas e sampanas atulha-

das de gente, serpenteiam ao longo das margens. A Gargan-

ta de Qutang é a última e a mais espetacular, com precipí-

cios verticais se arrojando num estreito desfiladeiro de me-

nos de 100 m de largura. O Huang Ho (Rio Amarelo) com

5.464 km de extensão e uma colossal bacia de 1.807.199

km². De sua mística nascente no platô Quinghai-Tibet, a

4.300 metros de altitude, o rio percorre as planícies do norte

em que os primeiros habitantes da China aprenderam a cul-

tivar e irrigar, fazer cerâmica e pólvora, elevar e enterrar

dinastias imperiais.

Poucos rios incorporam a alma de uma nação mais

profundamente que o rio Amarelo. Ele é para a China o

berço da civilização, um símbolo de glória perene, uma

força da natureza temida e venerada, é um vale fértil e den-

samente povoado. Foi batizado de Huang em homenagem

ao lendário fundador do Império chinês. Deságua no Golfo

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Bo Hai no Mar Amarelo. Infelizmente hoje esse rio está

morrendo, manchado pela poluição e contaminado pelo

esgoto industrial e doméstico.

O rio Mekong nasce no Tibet, corre para o sul pelo

território chinês, entra e atravessa a Indochina, deságua no

Mar da China, tem 4.500 km de extensão. Todos esses rios

são navegáveis, formando importantes vias fluviais de co-

municação e transporte.

A civilização chinesa desenvolveu-se relativamente

isolada, protegida a sudoeste pela Cordilheira do Himalaia,

ao norte pelo deserto de Gobi e planalto da Mongólia. Gobi,

é uma vasta depressão que se estende por 1.036.000 km²,

abriga a região montanhosa dos Montes Altay, de solo frá-

gil e clima árido, terrivelmente desigual, chove raramente,

variando em períodos de cada vinte a cinqüenta anos.O

deserto de Gobi, até o final do Cretáceo, era uma terra fértil

e úmida coberta de florestas, onde vagavam milhares de

dinossauros e animais de várias espécies.

A China limita-se a noroeste pelas majestosas dunas

do deserto de Taklimakan que domina uma bacia surgida há

250 milhões de anos, durante o processo de formação da

Eurásia, atualmente o Taklimakan se estende por 320.000

km². Ao norte as cadeias de montanhas abrigam as maiores

florestas intocadas da China, e é nelas que vivem os amea-

çados de extinção, tigres siberianos. Á leste limita-se pelo

Oceano Pacífico. Ao sul pelo Oceano Índico.

Comunidades neolíticas agrícolas, ancestrais diretos

da civilização chinesa surgiram em 8.000 a.C. no sul da

China, onde os solos eram ideais para a agricultura primiti-

va. Numerosos sítios deram provas da existência de uma

agricultura já instalada nessa época, baseada no cultivo do

arroz e painço, e criação de porcos. Foram descobertos ves-

tígios da primeira cerâmica de argila, na costa sul, datada

de 5.500 a.C. No sul da China, o arroz crescia selvagem,

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mas logo esta planta útil passou a ser cultivada, também no

norte por lavradores do vale do Yang-tsé..

A China foi habitada desde os tempos pré-

históricos, como o demonstra a descoberta em 1929, do

Sinanthropus pekinensis, um exemplar do Homo erectus

datado de 460 mil anos atrás, vivia nos arredores de Pe-

quim, em Shanxi, Guangxi e Yunnan. O Homo erectus, está

presente na China há 1,9 milhões de anos, demonstra ser

anterior a Era Quaternária. Foram descobertos os fósseis de

Homo habilis na Gruta Longgupo, na Província de Sichuan.

O Homo sapiens sapiens, apareceu nas culturas paleolíticas

na região de Ordos, Hubei e no sudoeste, por volta de

30.000 anos a.C. Nas grutas são descobertas pinturas e ins-

crições rupestres datando de 8.000 a.C.

Desde o período pré-histórico diferentes povos o-

cuparam a China. É provável que as aldeias se tivessem

unido para formar estados em várias regiões, mas os indí-

cios arqueológicos situam a primeira civilização, a Xia,

com sua antiga capital Xianyang, nos vales do médio e bai-

xo rio Amarelo.A sudeste de Xianyang fica a maior pirâ-

mide do mundo, conhecida como “Grande Pirâmide da

China”,de cerca de 4.000 a.C., portanto anterior à dinastia

Xia.

Textos escritos sugerem que o rei Xia uniu várias

tribos guerreiras numa federação, assim surgiu a primeira

dinastia Xia,.e seus imperadores foram os primeiros gover-

nantes autênticos, depois dos “Cinco Monarcas” que gover-

naram de 2.852 a 2.206 a.C. A dinastia Xia reinou de 2.205

a 1767 a.C. Nessa época a China desenvolve a criação de

animais domésticos e a irrigação das lavouras. Sucederam-

se-lhes vinte e duas dinastias que correspondem aos gran-

des períodos da história chinesa.

Entre elas está a dinastia Shang, que teve origem no

vale Huang e data do início da Idade do Bronze, durou até

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1.122 a.C., embora se considere que a história chinesa só

começa com a dinastia Chou em 1.122 a.C. Foram constru-

ídas grandes cidades muradas, foi inventada a primeira es-

crita chinesa baseada em pictogramas e expandiram seu

território através de campanhas militares. Foram derrotados

pela Dinastia Zhou, confederado Xia, que durou vários sé-

culos.

Em 551 a.C. nasce Confúcio (Kung Fu-tsé), o céle-

bre filósofo e erudito chinês, fundador do Confucionismo.

No século III a.C. o reino Zhou, do nordeste da Chi-

na estava enfraquecido por vários anos de ataques perpetra-

dos por povos tribais guerreiros do norte e noroeste. A Chi-

na estava dividida em diversos estados feudais. Após o co-

lapso do reino, começaram as guerras entre estados rivais,

por fim um dos estados vassalos dos Zhou, o Chin, ganhou

ascendência e assumiu o controle dos outros estados.

Durante quase dois mil anos, sucedem-se lutas in-

ternas pelo poder entre senhores feudais e disputas religio-

sas entre taoistas seguidores dos filósofos Lao-tsé (século

VI) e Tchuang-tsé (século IV) e confusionistas adeptos de

Confúcio (século VI). Em 328 a 308 a.C.o Estado de Chin,

na fronteira noroeste, controlou o noroeste e o oeste e, na

ultima metade do século III a.C.destruiu os rivais até domi-

nar toda a China em 221 a.C.

Durante o reinado Chin, apareceu um líder chama-

do Chin Shih Huang-ti, que em 211 a.C. unificou a nação

destroçada por rivalidades e guerras. O Imperador Chin

Shih Huang-ti, que governava o grande Império, introduziu

novas técnicas agrícolas, como drenagem, a rotação de cul-

turas, a adubação e irrigação. Foi um período de inovação

na tecnologia, na ciência e no governo, e de agitação filosó-

fica, quando se impuseram as principais correntes de pen-

samento chinês: confusionismo, taoísmo e legalismo.

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A maior parte da população se concentrava na regi-

ão leste, ocupada por grandes planícies onde estão as gran-

des áreas agrícolas chinesas. Incentivou e desenvolveu a

agricultura, a metalurgia do bronze, a fabricação de seda,

tecidos e cerâmica, e o comercio com outros países.A intro-

dução das ferramentas de ferro a partir de 500 a.C.e o uso

da tração animal contribuiu para aumentar a produtividade

agrícola.No Estado de Chin, a aristocracia feudal foi substi-

tuida por uma burocracia rígida e centralizada.O novo sis-

tema entrou em vigor através de um código penal rigoroso.

Em 215 a.C., para defender a fronteira nordeste da

invasão dos nômades das estepes da Ásia Central, que des-

truíam e saqueavam as aldeias chinesas, o Imperador Chin

Shih Huang-ti mandou reconstruir a Grande Muralha anti-

ga, feita de terra batida e parcialmente destruída pelo tem-

po. Com 7300 quilômetros de comprimento, a Muralha

estende-se pela planície, protegendo as nascentes do rio

Huang Ho (Rio Amarelo) através do Deserto de Taklima-

kan até Ordos.

Continuou a construção até Pequim na extensão de

3.459 quilômetros e ramificações de mais de 2.864 quilô-

metros. Feita de tijolos cozidos era inexpugnável para a

época, visou proteger o Norte do país das invasões dos e-

xércitos turcos e mongóis. Senhor absoluto e arbitrário, de

temperamento guerreiro, cruel e sanguinário não parava

nunca. Aproveitando a mão de obra ociosa com o fim das

guerras, empregou mais de um milhão de pessoas na cons-

trução da muralha. Essa obra gigantesca sacrificou milhares

de vidas de soldados e camponeses chineses.

O Imperador Chin Shih Huang-ti, tomado pelo de-

vaneio de imortalidade procurou-a intensivamente até o

fim. A seu mando os alquimistas da corte, procuravam des-

cobrir uma substância que o imortalizasse. Já com saúde

abalada, melomaniaco, usava altas doses de mercúrio como

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recurso para prolongar a vida infinitamente. Crente na con-

tinuação da vida após a morte, para proteger-se mandou

esculpir um exército em terracota, com 10.000 guerreiros

em tamanho real. Autorizando para que fossem enterrados

em volta do seu túmulo, junto com as pessoas vivas que o

serviam, suas esposas, concubinas, mandarins, generais,

eunucos, cavalos, alimentos e jóias, tudo que lhe pertencia,

particularmente.

Mandou construir o seu mausoléu em Lintong Xian.

Em 210 a.C. o 1º Imperador da Dinastia Chin, Shih Huang-

ti fez a sua úlima viagem, morreu aos 50 anos. No funeral

foram seguidas todas as ordens do Imperador. Em 1974,

realizadas as escavações em volta do mausoléu, foi desco-

berto o túmulo do Imperador Chin. Os soldados de terracota

ficaram 2.000 anos debaixo da terra, descobertos pelos ar-

queólogos, tornaram-se atração turística.

Entre os séculos III e I a.C. os sábios chineses in-

ventam o pergaminho de pele de cabra, como material de

escrita e no século II, criam o papel de fibra vegetal. Inven-

tam a pólvora, a bússola, um sistema monetário e de pesos

e medidas. A China alcançara um grau de homogeneidade

cultural e social sem paralelo, milhares de anos antes do

nascimento das culturas ocidentais. Expande-se pela Ásia

Central e sudeste asiático e amplia o domínio até o Golfo

Pérsico.

Em 210 a. C. após a morte do Imperador Chin, co-

meçou a 5ª dinastia dos Imperadores Han, que reinou du-

rante quatro séculos. Em 102 a.C.navios chineses alcançam

a costa leste da Índia, o comércio com outros países prospe-

rou. Em 271 d.C. o uso da bússola magnética permitiu a

navegação nos mais distantes oceanos.

O desenvolvimento da Rota da Seda, como rota de

comércio entre a China e o Ocidente, era a principal liga-

ção com o mundo exterior. A antiga Rota da Seda, saia da

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China para oeste, ao longo do platô tibetano, atravessando o

deserto de Gobi até Dunhuang, onde termina a Grande Mu-

ralha da primeira dinastia Han, e entrando pela província de

Sinkiang-Uighur, no extremo oeste. Neste ponto a Rota da

Seda se subdividia: a trilha norte levava a Kashgar, através

de Turfan; a trilha sul contornava os pântanos salgados de

Lop Nor e o deserto de Taklimakan.

Deste ponto a rota subia o vale do Wakhan, che-

gando até Báctria e a Pérsia (Irã), aonde as caravanas vin-

das da Ásia Menor, Damasco e Jerusalém se encontravam,

prosseguindo para o Oriente. Dentro da China as principais

vias de comunicação eram os rios e canais por onde passa-

vam incontáveis sampanas ( embarcações), cheias de carga.

O budismo floresceu na China durante a Dinastia

Tang (618-907 d.C) e exerce até hoje uma influência religi-

osa e cultural muito grande.Tang Sung funda a Dinastia

Sung. Durante os 300 anos da dinastia China tornou-se o

império mais extenso do mundo. A dinastia Sung, que go-

vernou de 960 até 1269 d.C.é considerada a Idade de Ouro

da China.Expandiu-se o comercio com outras nações e os

navios chineses levaram porcelana e sedas para as Índias

Orientais, Pérsia e África. Houve nessa época grande pros-

peridade em todas as áreas. O papel-moeda foi nventado

pelos chineses, no ano 806 d.C. séculos antes dos europeus.

Em 1206, exércitos mongóis liderados pelo maior

chefe militar mongol, Ghengis Khan, iniciam a invasão e a

conquista da Ásia, e põe fim à Dinastia Sung. Em 1229, os

mongóis sob as ordens de Kublai Khan, neto de Ghengis

Khan, controlavam toda a China inclusive Pequim (Bei-

jing), a capital do Império, e em 1264, Kublai Khan funda a

dinastia Yuan na China.

Em 1236, os mongóis invadem e conquistam a Rús-

sia, em 1480 após 250 anos de ocupação, o czar Ivan III,

subjuga e encerra o domínio mongol no território russo. Em

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1300 o Império Mongol ia de Kiew ao Golfo Pérsico, e da

Birmânia (Myanmar) à Coréia. Em 1368, o chefe mongol

Tamerlão assume o poder em Samarcanda, às margens da

Rota da Seda, domina a grande rede de estradas para o co-

mércio através da Ásia Central e estende seu Império à

China. Trava campanhas implacáveis, conquistando o norte

da Índia, a Pérsia e a Síria e derrota os otomanos em Anka-

ra em 1.402. O comandante chinês Zhu Yuanzhang com seu

exercito e camponeses rebeldes lutando contra o governo

dos mongóis, capturou Nanquim e Pequim, e expulsou os

mongóis da China.O último imperador mongol, Toghon

Timur fugiu da China, retirando-se para as estepes da

Mongólia,onde morreu em combate.

Os meninos mongóis adolescentes, capturados pe-

los soldados chineses, eram castrados, retiravam-lhes os

testículos e o pênis, portanto, tornavam-se eunucos e eram

educados para servir na Cidade Proibida, no harém do Im-

perador, às ordens das esposas e concubinas.

A Dinastia Ming fundada por Hung-Wu assume o

poder, reina desde 1.356 até 1.644. Nessa época o Império

se estende da Birmânia à Coréia, contudo, as principais

características da civilização chinesa, tinham sido criadas

no tempo das Dinastias Han, Tang e Song. Várias inven-

ções feitas na época chegaram ao Ocidente, como a pólvo-

ra, o papel de fibra vegetal e a bússola.

A Grande Muralha foi restaurada e prolongada para

7.400 km. Durante os três séculos de poder da dinastia

Ming, construíram-se vários palácios, inclusive o Palácio

Imperial em Pequim, e centenas de navios chineses viaja-

vam pelos oceanos Índico e Atlântico. Se alinhassem todas

as muralhas construídas pelas diversas dinastias, teriam 25

mil quilômetros de extensão. Era como um dragão, o sím-

bolo do poder chinês, abraçando todo o território.

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Qual povo poderia ter viajado e explorado o mundo

na pré-história? Há dois antigos textos clássicos chineses

que falam sobre importantes expedições marítimas a uma

grande terra ao leste. O primeiro data de 2.250 a.C. e o se-

gundo é de 400 d.C. Navegadores desconhecidos precede-

ram os exploradores europeus nos primeiros anos do século

XV. Na época, só havia uma nação com os recursos materi-

ais, os conhecimentos científicos, uma imensa frota de na-

vios e a experiência em viagens marítimas para efetuar essa

viagem extraordinária de descobrimento.A nação era a Chi-

na, que abriga uma das mais antigas civilizações da Terra.

No inicio do século XV, a China sob o Império

Ming, era a nação mais avançada da Terra, excedia em im-

portância todas as demais nações. E não havia prova maior

da superioridade que as embarcações produzidas em sua

indústria naval. Seus exércitos já usavam armas de fogo

quando ingleses, portugueses e espanhóis ainda lutavam

com lanças e flechas. Mas o maior contraste entre o avanço

chinês e o atraso europeu estava na engenharia naval.

Zhu Di era o quarto filho de Zhu Yuanzhang, que

se tornou o primeiro imperador da Dinastia Ming (1.356),

adotando o título dinástico de Hong Wu. Por volta de 1400,

Zhu Di, o Filho do Céu, comandava o país e sua gigantesca

frota de navios, da sua majestosa e misteriosa capital mura-

da, a Cidade Proibida. Zhu Di levou o país ao seu auge

econômico. Ordenou a duplicação dos estaleiros na margem

do Yang-tsé, em Nanquim, ele tinha por objetivo criar um

império marítimo que cobrisse todos os oceanos. Todos os

países visitados deveriam saber quem era o ocupante legí-

timo do Trono do Dragão, O Filho do Céu - Zhu Di.

Foram os chineses os primeiros exploradores a al-

cançar o Novo Mundo, pelo menos 500 anos antes de Cris-

tóvão Colombo, conforme o mapa do cartógrafo chinês

Moyi Tong, copiado a partir de um original de 1418. O ma-

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pa primitivo descreve com riqueza de detalhes, onde cons-

tam a América do Sul, Central e do Norte, uma grande ilha

onde se situaria a Austrália e até trechos da Antártida.

Datam de 1402, as primeiras cartas de navegação, a

de Kangnido, de autoria de Chuan Chin e Li Hui,onde cons-

tam os continentes da África e Ásia. A carta de 1420, de

Wu Pei Chi, com instruções chinesas de navegação, a de

1422 de Mao Kun, chinês, que mostra a rota seguida pela

frota de Zheng He no Oceano Índico.

Havia outras cartas náuticas, como o mapa de 1424,

mostrando continentes que foram visitados por explorado-

res desconhecidos, assinado pelo cartógrafo veneziano Zu-

ane Pizzigano. Apresentava a Europa e partes da África; e

desenhadas estavam também duas grandes ilhas, muito dis-

tantes, no Atlântico Ocidental. O nome que lhes foi dado

era Satanazes e Antília. Antilia significava uma ilha no lado

oposto do Atlântico. Portanto, as duas ilhas eram na verda-

de, as atuais ilhas caribenhas de Porto Rico e Guadalupe, e

que alguém havia feito um levantamento topográfico preci-

so das ilhas, cerca de 70 anos antes de Colombo chegar ao

Caribe.

A Patagônia, o Cabo Horn e a Cordilheira dos An-

des, constam do mapa de 1513 de Piri Reis, cartógrafo e

almirante renomado, a serviço do sultão turco Solimão II.

Baseado parcialmente no Mapa do Mundo de 1428, junta-

mente com o desenho de animais e plantas da Patagônia,

que haviam sido mapeados um século antes de serem avis-

tados pelos navegadores europeus. Outros mapas antigos

mostravam a Antártida, a costa leste da África, a Austrália,

o Caribe, a Groenlândia, o Ártico, as costas do Pacífico e

do Atlântico tanto da América do Norte como do Sul, muito

antes da chegada dos europeus.

Para poderem desenhar esses mapas com tanta pre-

cisão, esses exploradores, teriam feito obrigatoriamente,

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uma viagem de circunavegação do globo terrestre. Deviam

ter sido hábeis em navegação astronômica a fim de cobrir

as enormes distâncias envolvidas, precisaram navegar du-

rante muito tempo, reabastecer-se de água potável e de ali-

mentos, as costas das ilhas e continentes encontrados. As-

sim, desembarcavam e permaneciam durante meses em

terra firme, plantando e colhendo verduras e cereais, caçan-

do animais e pescando, preparando-se para prosseguir a

viagem. Além, de providenciar suprimentos para a conti-

nuação da viagem, levavam plantas e animais de uma terra

para outra.

Transferiram plantas alimentícias das Américas, da

África, da Ásia e da Austrália, como a batata, batata-doce,

cana-de-açúcar, mandioca, bambu, coco, inhame, banana,

açafrão, gengibre, tomate, fruta-pão, amendoim, algodão,

amora, tabaco, abóbora, feijão, milho, arroz, hibisco, pi-

mentão, laranja, abacaxi. Muitas dessas plantas já cresciam

no Havaí e em outras terras que não eram seu hábitat origi-

nal, quando os europeus lá chegaram. Nada menos de 94

gêneros de plantas eram comuns apenas na América do Sul

e na Australásia. Depois do arroz, natural da China, o milho

é a cultura mais prolífica da terra. É nativo do México e

espalhou-se pelo mundo, por intermédio das frotas chine-

sas, até hoje é alimento básico de numerosos países.

Cada navio capitania media cerca de 150m de com-

primento e 50m de largura. O tamanho assombroso dos

navios e da armada chinesa não tinha comparativos de i-

gualdade na época, pois os navios de Zhu Di eram monstros

de alto mar construídos de teca. (tectona grandis), árvore

nativa da Ásia, que fornece excelente madeira para a cons-

trução de embarcações. As velas eram feitas de tecido de

seda, sustentadas por mastros de bambu.

Os navios do Imperador teriam por missão navegar

em todos os mares do mundo e preparar cartas náuticas dos

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mesmos. No centro, navegavam as grandes naus capitanias,

cercadas por um grande conjunto de juncos mercantes de

28m de comprimento e 10m de boca. As grandes frotas

chinesas empreenderam expedições científicas que os euro-

peus sequer poderiam começar a igualar em escala e abran-

gência.A mais famosa “frota de tesouros” de 250 navios

partiu de Nanquim em 1421 sob a orientação do Grande

Eunuco almirante Zheng He, um comandante de extraordi-

nária bravura e conselheiro íntimo do Imperador.

Navegou pela costa da África, foi levado pela forte

corrente marítima sul-equatorial, que o trouxe ao litoral

Norte do Brasil, no Maranhão. Ali ficaram por um relativo

tempo, deixaram pequenas colônias de famílias de emigran-

tes chineses e indianos que viajavam no navio. Relaciona-

ram-se com as índias arauaques e tupiniquins, que viviam

no litoral brasileiro, deixando seus genes no Brasil.

Além dos navios de “tesouros” a frota incluía mais

de 3.500 outros navios que estavam sob o comando de qua-

tro Eunucos, Hong Bao, Zhou Man, Zhou Wen e Yang

Qing, que percorreram separadamente os oceanos do mun-

do durante três anos. Iniciaram a viagem em 1421, circuna-

vegaram o mundo e retornaram à China em 1423.Os navios

voltavam à China abarrotados de todos os tipos de produtos

exóticos, como âmbar cinzento e dourado, incenso, sânda-

lo,ouro, prata, cavalos, leões, leopardos, avestruzes, elefan-

tes, papagaios, pavões, madeiras preciosas e cardamomo.

Os grandes “navios de tesouros”, gigantes de nove

mastros, saiam de Nanqim e podiam permanecer até três

meses no mar, cobrir uma distância de 7.200 km sem ir a

terra para se reabastecer de alimentos e água potável, pois

vinham providos do necessário. Levavam alimentos básicos

– feijão-soja, trigo, painço e arroz. O feijão-soja era culti-

vado em tinas de barro, durante todo o ano, e era usado de

várias maneiras. As verduras frescas como repolho, beter-

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raba e nabo eram cortados, salgados e socados em barris de

barro, onde se transformavam em conserva. Os brotos de

bambu eram enterrados em areia.

Levavam frutas cítricas em grande quantidade – li-

mão, laranja, pomelo e coco, que eram secadas, carameli-

zadas e armazenadas a bordo para, durante três meses, dar

aos tripulantes proteção contra o escorbuto. Os juncos leva-

vam enorme quantidade de água potável e reabasteciam

seus tanques sempre que havia oportunidade, mas sabiam

também como dessalinizar e purificar a água do mar. Os

navios transportavam grande variedade de espécimes da

flora e animais domésticos que os chineses tencionavam

plantar em terras descobertas.

A armada fantástica fez muitas viagens pelo Ocea-

no Indico entre 1400 e 1430. Buscavam nos portos das ilhas

– todo tipo de especiarias.O porto de Calicute no sul da

Índia era centro de distribuição de porcelana chinesa e teci-

dos indianos, tornando-se um dos principais eixos do co-

mércio no Oceano Indico. O comércio de especiarias era de

importância suprema, oferecendo a mercadores e navegado-

res a oportunidade de juntarem imensas fortunas.

Era, portanto, as Especiarias a mercadoria mais co-

biçada pelos piratas, que atacavam os navios, principal-

mente no Estreito de Málaca.Por toda a península da Malá-

sia, do arquipélago da Indonésia e no sudeste da Ásia o

comercio era dominado pelos chineses. Nas ilhas de Bali,

Java, Sumatra, Bornéo, Nova Guiné, Célebes, Molucas,

Komodo e outras “Ilhas das Especiarias” adquiriam pimen-

ta, cravo-da-índia, colorau, noz-moscada, louro, coentro,

açafrão, canela, gengibre, mostarda, funcho, hortelã-

pimenta e outras espécies aromáticas, que se usam como

condimento na alimentação.

Uma frota chinesa explorara o mundo antes dos eu-

ropeus. O circundamento completo da terra já teria sido

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feito, 100 anos antes da expedição de Fernão de Maga-

lhães. Os chineses tinham bem mais de seis séculos de ex-

periência em navegação oceânica, baseando seus cálculos

na Estrela Polar e nas estrelas que circulam em torno do

pólo a altas altitudes e que nunca se erguem ou se põe. A

costa nordeste do Brasil descoberta pelas frotas mercantes

de Zhou Man e Hong Bao, aparecia em mapas desenhados

antes dos exploradores europeus se fazerem ao mar. O lito-

ral onde se situa o porto de São Luís do Maranhão consta

do mapa baseado de 1428, as latitudes dos deltas do Ama-

zonas e do Orenoco, estão corretas.

A frota de Zheng He, nessa épica expedição, fez le-

vantamentos topográficos em todos os continentes do mun-

do. Marinheiros e concubinas dessas grandes frotas estabe-

leceram colônias permanentes ao longo da costa das Amé-

ricas do Norte, Central e do Sul, banhados pelo Oceano

Pacífico e por todo o litoral do Atlântico, na Austrália nas

ilhas e através do Oceano Índico, até a África Oriental.

As grandes frotas chinesas e seus navios mercantes

de abastecimento ligariam todas essas colônias e bases.O

fato é que os chineses tinham os navios, os conhecimentos

especializados, os recursos e o tempo para realizar essa ex-

traordinária circunavegação do globo, como também que

ninguém mais, nessa época, poderia ter feito isso.

No final do ano de 1423, Zhu Di morreu nas estepes

do Norte, durante a perseguição ao líder mongol Arugathai.

Seu filho Zhu Gaozhi subiu ao trono. Nesse mesmo dia Zhu

Gaozhi, que era contrário à política do pai de expansão na-

val, proclamou um decreto suspendendo todas as viagens de

navios em expedições ao exterior. As obras de construção e

reparo de navios mercantes foram paralisadas.

Os últimos remanescentes das grandes frotas de des-

cobrimentos voltaram para China em fins de 1423, após

dois anos e meio no mar, encontraram o país convulsionado

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e transformado, além da possibilidade de reconhcimento. A

tripulação e o comandante Zhen He não sabiam dos aconte-

cimentos dramáticos ocorridos na terra natal.Durante sua

ausência houve uma grande e repentina mudança da políti-

ca no país.Por ordem do imperador Zhu Gaozhi,o manda-

rim Liu Daxia, que estava à frente do Ministério da Guerra,

suspendeu todas viagens marítimas de exploração e orde-

nou a destruição de mapas e registros escritos do período.

Zhu Gaozhi faleceu um ano depois de ter subido ao

trono e foi sucedido pelo filho, Zhu Zhanji, que continuou a

política do pai. Com a morte de Zhu Zhanji, em 1435, a

mais extremada aversão a pessoas e negócios com os es-

trangeiros instalou-se no país. Foi decretada a proibição do

comércio e das viagens ao exterior. O embargo ao comércio

externo foi mantido com rigor nos 100 anos seguintes, re-

forçando-o ainda mais. Em fins 1424, a história da China

foi estabelecida para os séculos vindouros.

O legado de Zhu Di, de Zheng He e das grandes

frotas de exploração foi suprimido, e com o tempo caiu no

esquecimento. A China deu as costas à sua gloriosa herança

marítima e cientifica e retirou-se para um longo e auto-

imposto isolamento do mundo exterior, voltou-se para den-

tro de si mesma, fechou-se para o mundo. Foram desativa-

dos os estaleiros e queimados os projetos e os planos de

construção de grandes navios mercantes e de exploração.

Foram confiscados e destruídos os registros existentes das

expedições de Zheng He, queimados os diários de bordo, as

anotações e os mapas. As colônias estabelecidas na África,

na Austrália e nas Américas do Norte e do Sul foram aban-

donadas e deixadas à sua sorte.

Alguns poucos documentos e mapas salvos da des-

truição confirmam que várias frotas chinesas realizaram

realmente viagens de exploração nos primeiros anos do

século XV. Não apenas contornaram o Cabo da Boa Espe-

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rança e cruzaram o Atlântico para mapear as ilhas que estão

desenhadas no mapa de Pizzigano de 1424, mas tinham

continuado a viagem e explorado a Antártica e o Ártico, as

Américas do Norte e do Sul e cruzado o Pacífico até Aus-

trália. Eles haviam solucionado os cálculos da latitude e

longitude e mapeado a Terra e o Céu com igual precisão.

Na ilha de Java e por toda a Indonésia o legado de Zheng

He continua vivo, é lembrado em comemorações anuais,

com grande pompa. Sua estátua está erigida no centro da

praça principal da capital Jacarta.

Os Manchús invadem a China a partir do noroeste e

estabelecem a Dinastia Qing, que sucedeu ao último dos

imperadores Ming. Desde 1683 e até 1912, a Dinastia Qing,

representou o regresso ao poder dos Manchús, aparentados

com os mongóis, trazendo paz e prosperidade à China. No

entanto, o Imperador indolente e viciado em ópio se aco-

modou, surgiram as intrigas, rivalidades e guerras com os

vizinhos. O governo Qing tornou-se fraco e corrupto, sem

autoridade, não se contrapõe às ambições estrangeiras.

Em 1800, a Companhia das Índias Orientais desen-

volve atividades na China; os ingleses contrabandeiam ópio

para a China como moeda de troca por outros produtos;

interesses comerciais entram em choque entre a China e a

Grã Bretanha e trava-se a Guerra do Ópio, que termina em

1842. A China perde 5 portos principais, inclusive Hong

Kong, para os britânicos. A China recuperou o controle de

Hong Kong, em 1997, depois de 155 anos de domínio bri-

tânico da Ilha. Em 1911, o Tibet foi declarado como territó-

rio chinês e anexado como uma província da China.

Nas densas florestas de bambu da Província de Si-

chuan, vive a panda gigante e nas montanhas geladas do

Tibet, cobertas de abetos, se abrigam os tigres e os ursos

selvagens. Em 1610, quando havia uma imensa procura de

chá na Europa, a China seu principal produtor, transporta-

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va-o pela Rota da Seda, através dos vastos desertos, flores-

tas selvagens e altos desfiladeiros nas montanhas.

Em 1912, Pu-Yi, o último imperador, homem fraco,

sem autoridade, abdicou do trono e foi proclamada a repú-

blica. Nos 40 anos seguintes prevaleceu a desordem política

e militar. É fundado o Partido Comunista Chinês em 1921,

que se alia ao Kuomintang. Em 1926, Chang Kai-shek, dá

inicio à reunificação do Estado e torna-se presidente da

China, em 1943 é eleito novamente.

Debilitada pela guerra civil, a China não oferece re-

sistência contra o Japão que em 1931, invade a Manchúria

e cria o Protetorado do Manchukuô, sob o governo fantoche

de Pu-Yi, o último imperador da dinastia manchú. Reinicia-

se a guerra civil; a vitória coube aos comunistas e a Repu-

blica Popular da China foi proclamada em outubro de 1949.

Os comunistas liderados por Mao Tse-Tung assu-

mem o poder em Pequim, e durante quatro anos (de 1965 a

1969), promovem a revolução cultural na China.. Chiang

Kai-shek refugia-se em Formosa. Em 1976, morre Mao

Tse-Tung, segue-se a reorientação da política e moderniza-

ção, sob o governo de Deng Chiaoping, que é eleito como

chefe da Comissão Militar do Partido Comunista Chinês.

Dando continuidade às reformas empreendidas em 1978 por

Deng Chiaoping, os planos de Zhu Rongji, primeiro minis-

tro, voltaram-se para a reestruturação do sistema financeiro

e a proceder a adaptação das empresas estatais às regras de

livre mercado.

Após um século de lideres poderosos, de convul-

sões e transformações políticas, sociais e econômicas, a

história da China voltou a ser marcada pela trajetória das

pessoas comuns. Para controlar o consumo de petróleo no

país, a maioria dos cidadãos chineses utiliza a bicicleta co-

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mo meio de locomoção. Em vez de carros, são milhares de

bicicletas que se despejam pelas ruas como uma enorme

avalanche, normalmente no inicio da manhã e final da tar-

de.Além de ser um hábito saudável é também econômico.

A China permanece como um enigma para o resto

do mundo. A história do país tem tendendência de combi-

nar longos períodos de estabilidade dinástica com períodos

mais curtos de mudança súbita e dramática. Antes isolada,

agrária e indiferente às outras sociedades e culturas, o futu-

ro da China è agora o de uma nação moderna, com comér-

cio com todos os países. País de cultura milenar, berço de

importantes religiões orientais, como o confucionismo, o

taoísmo e budismo, vive sob o regime comunista há 50 a-

nos. Uma das mais antigas civilizações do mundo, a China

possui muitas cidades históricas como Xangai, Beijing,

Guangzou, Shenzhen,Wuhan,Tianjin,Chongqing, Shenhang

e muitas outras.

Em 1994, teve inicio a construção da colossal barra-

gem das Três Gargantas, no rio Yang-tsé. O projeto foi

concluído em maio 2006 e a maior hidrelétrica do mundo

foi inaugurada. A estrutura principal tem 185m de altura.

Comunidades inteiras,aldeias, vilas e cidades que seriam

inundadas pela represa foram transferidas para outras regi-

ões. Aproximadamente 1.400.000 pessoas foram deslocadas

das margens do rio e reassentadas em outros locais. Gigan-

tescas turbinas foram instaladas para gerar eletricidade. O

projeto também visa o controle das cheias do rio Yang-tsé

desde as nascentes.

Em 12 de maio de 2008, um catastrófico terremoto

de 7,8 na escala Richter abalou a região de Sichuan, no su-

doeste da China, deixando 68.977 mortos, 18.630 desapare-

cidos e aproximadamente 1,5 milhões de desabrigados. Em

dias seguidos, tremores secundários sacudiram a cidade de

Cheng-du, na adjacência do epicentro, atingindo 6,1 na es-

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cala Richter. Grandes desmoronamentos de terra e rachadu-

ras nas comportas provocaram o transbordamento de repre-

sas e lagos, inundando aldeias e cidades.

A catástrofe teve origem na colisão das placas tec-

tônicas do Pacífico com a placa Euro-asiática, que encon-

tram suas bordas naquela região. Em conseqüência houve

tremores de terra no Norte do Paquistão e do Afeganistão,

locais de intensa atividade vulcânica que se localizam no

encontro das mesmas placas tectônicas.

Dez dias antes do terremoto na China, o violento

ciclone Nargis, de categoria 4, com ventos de 200 km por

hora e chuvas torrenciais, varreu o leste de Myanmar, ma-

tando 100 mil pessoas, inúmeros animais e desabrigando 33

mil pessoas.Uma das forças mais destrutivas do Universo,

o ciclone formou-se no Oceano Pacífico e levantando ondas

de 5 m de altura dirigiu-se ao Golfo de Bengala, a violência

do vento fustigou a região do Delta do rio Irrawaddy, avan-

çando continente adentro, inundou e destruiu tudo que en-

controu pela frente, aldeias inteiras, plantações e casas, al-

cançando a capital, Rangoon.

A Mãe-Terra está muito irada, a Natureza está dan-

do sinais de impaciência pela agressão que está sofrendo,

principalmente nos dois últimos séculos. Para abrandar a

dor sofrida pelo povo nas perdas do grande terremoto em

Sichuan e das enchentes em Myanmar, e dar-lhes um pouco

de alegria, o governo chinês não cancelou nem transferiu os

Jogos Olímpicos, programados há cinco anos atrás, com

inicio para o dia 8 de agosto de 2.008.

Na data prevista realizaram-se as competições, com

entusiasmo e espírito esportivo, na qual tomaram parte mi-

lhares de atletas de 204 delegações de diversos países do

mundo. A abertura dos Jogos foi fantástica, um esplendor

de arte e tecnologia, realizada no estádio ”Ninho de Pássa-

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ro” em Pequim (Beijing).Sob orientação do presidente da

China, Hu Jintao. Os Jogos Olímpicos foram um sucesso.

POVOS DA AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA.

A América do Norte e do Sul são dois imensos con-

tinentes ligados entre si por uma estreita faixa de terra, o

Istmo do Panamá. Atravessados por imponente Cordilheira,

rica em grandiosos vulcões e gigantescos picos cobertos de

neve, que se estende sem interrupção, formando cadeias

ligadas por grandes maciços numa extensão de 17.000 mil

quilômetros, do Estreito de Behring no extremo norte., até o

Cabo Horn no extremo sul.Correm paralelas e próximas ao

litoral, prolongando-se além pelo continente Antártico for-

mando os Montes Transantárticos.A disposição geográfica

permite distinguir três Américas: do Norte,Central e do Sul.

A expansão das geleiras decorrente da queda da

temperatura média da terra caracteriza as Eras Glaciais.

Nesse período, o gelo dos pólos avança, cobrindo 30% da

superfície terrestre. No Hemisfério Sul, as geleiras chega-

ram até a Patagônia, na Argentina, e no Hemisfério Norte

atingiram a América do Norte, a Europa e parte da Ásia. A

última glaciação, a Idade do Gelo (Pleistoceno), começou

há 1,64 milhões de anos. Não foi o primeiro episódio de

clima frio na história, 35 milhões de anos atrás, um grande

bloco de gelo se formou na Antártica. O auge da Era Glaci-

al aconteceu há 20 milhões de anos. As temperaturas caí-

ram novamente entre 14 e 11 milhões de anos atrás.

Grandes geleiras começaram a avançar pela Améri-

ca do Norte e Eurásia setentrional há cerca de 3,2 milhões

de anos. As Idades do Gelo perduraram por dezenas de mi-

lhões de anos, com vários e extensos intervalos entre as

glaciações. Nesse período de tempo a maior parte dos con-

tinentes ficava coberta pelo gelo. Diversas vezes, lençóis de

gelo impenetráveis se expandiram, cobrindo grande parte

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da Europa, Ásia e América do Norte e toda Groenlândia,

bloqueando mares que, na seqüência, se retraíram.

O crescimento das geleiras provocou uma diminui-

ção da água, que reduziu o nível dos mares em mais de

147 metros, muito abaixo do encontrado hoje, e como con-

seqüência as terras emersas formaram pontes que ligaram

as principais áreas e inúmeras ilhas marítimas isoladas em

um único continente, que aumentou em cerca de 30%.

Nessa época, a cada período aproximado de 12 mil

anos, os continentes passaram por extremos de calor e frio,

dilúvios e seca, mais intensos do que quaisquer outros re-

gistrados nos últimos séculos. Houve mudanças abruptas do

clima, com resfriamentos repentinos e conseqüentes glacia-

ções, alternados por períodos interglaciais de clima quente.

Nos últimos 2,7 milhões de anos já ocorreram cerca de 30

glaciações, cada uma delas durou aproximadamente 100

mil anos. Atualmente o mundo está num período interglaci-

al. Uma nova Era Glacial deve ocorrer no Hemisfério Nor-

te daqui a 25 mil anos.

No Período Paleolítico, conhecido como a Idade da

Pedra Lascada, que vai de 3,5 milhões de anos a 10.000

a.C. surgem os primeiros hominídeos antepassados do Ho-

mo sapiens-sapiens, o homem moderno. Seres humanos

haviam povoado quase todo o mundo então habitável, desde

os úmidos trópicos até as bordas dos desertos áridos e vas-

tas regiões polares.Tal ocupação é notável por ocorrer na

Idade do Gelo, quando vastas geleiras avançavam e recua-

vam periodicamente, e florestas temperadas se alternavam

com a tundra congelada.

A capacidade humana única em se adaptar a mudan-

ças ambientais foi um fator crucial para a sobrevivência e

dispersão da espécie. Durante o período de grandes modi-

ficações climáticas da Terra, aproximadamente há 65 mil

anos a.C., o Estreito de Behring, entre Ásia Oriental e A-

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mérica do Norte, tornou-se uma estrada seca e possibilitou

a migração de povos e animais. Grupos esparsos chegaram

entre 63 a 45 mil anos e outras sucessivas levas chegaram

entre 35 a 10 mil anos a.C.

O homem chegou ao Novo Mundo no auge da Era

do Gelo. Atravessando a pé o Estreito de Behring, chega-

ram os povos chukchis, caçadores do norte da Sibéria,

penetrando nas ricas terras de caça das planícies america-

nas. Possivelmente os índios das Américas são seus des-

cendentes, pois apresentam traços evidentes de origem

asiática. Por algum tempo, as camadas de gelo da América

do Norte se expandiram e fecharam a rota para o sul. Um

corredor sem gelo abriu-se outra vez em 12 mil anos a.C.

Perseguindo a caça, os nômades continuaram os desloca-

mentos para o sul, passando pelo istmo do Panamá. Esses

antecessores das atuais tribos da América do Sul encontra-

ram terra, pesca e caça de variedade infinita.

Os últimos 10 mil anos, quando prevaleceram as a-

tuais condições climáticas, são apenas a última de uma de-

zena ou mais de fases que interromperam a Idade do Gelo.

Este período assistiu a uma explosão sem precedentes do

número de seres da espécie humana e seu impacto no mun-

do. Alguns cientistas acreditam que as variações genéticas

entre os povos indígenas da América são tão grandes que

denotam três ou quatro ondas migratórias. Estes primeiros

povoadores eram provavelmente de origens mais diversas,

alguns podem ter chegado através do mar, e outros através

de pontes terrestres.

Entre as teorias sobre o povoamento da América, a

mais conhecida è a que pregava Ales Hrdlicka. Este antro-

pólogo defendia a idéia de que grupos humanos, vindos da

Ásia, periodicamente cruzavam a ponte terrestre sobre o

Estreito de Behring, durante a última Idade do Gelo ao

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redor de 62.000 a 20.000 anos a.C. Outras rotas, além desta,

deveriam ter sido usadas pelos antigos povoadores.

Para Paul Rivet, antropólogo e etnólogo francês,

(nascido em 1876), que dedicou a maior parte do seu traba-

lho às raças da América equatorial. A América recebeu e-

lementos asiáticos através do Estreito de Behring em levas

sucessivas, mas elementos australianos teriam atingido o

extremo sul da América do Sul e esta migração poderia ter

ocorrido pelas vias, Austrália, Antártica e as várias ilhas

existentes neste trajeto. Para fundamentar sua teoria, Rivet

procurou demonstrar afinidades étnicas e culturais existen-

tes entre a Austrália e o extremo sul da América do Sul.

Outros pesquisadores acreditam que houve um des-

locamento humano, com embarcações, aproveitando a dire-

ção da corrente marinha de Kuro-Shio, que teria atingido às

costas equatorianas, vindos do Japão.Também há correla-

ção da cultura Olmeca, localizada no golfo do México, com

a cultura Shang, da China. Essa população amplamente

dispersa pela América do Norte, Central e América do Sul,

do fim do Paleolítico, ainda que as terras de caça se esten-

dessem até o extremo do continente sul-americano, tinham

mais dificuldade em encontrar alimento à medida que a

Idade do Gelo chegava ao fim.

Chegando às Américas, os caçadores siberianos es-

palharam-se através dos continentes americanos, originando

centenas de tribos, com línguas e modos de vida diferentes.

Os das bacias Amazônica e do Orenoco eram principalmen-

te caçadores, mas praticavam também, alguma agricultura.

Os indígenas das planícies americanas e dos pampas eram

nômades, deslocando-se atrás da caça e de plantas silvestres

comestíveis. Tal dispersão e adaptação ao novo ambiente é

uma das mais notáveis realizações dos ancestrais dos indí-

genas americanos. Antes nômades caçadores de animais

selvagens e coletores de frutas e sementes, algumas tribos

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de índios das terras americanas começaram a se fixar em

acampamentos e a praticar a agricultura incipiente.

O Homo sapiens sapiens tem sua origem na África.

Do continente africano, ondas migratórias levaram o ser

humano a todos os cantos da terra. Á distante Austrália há

50.000 anos, para a América, através de uma ligação ter-

restre há 45.000 anos a.C. Os primeiros australianos, ances-

trais dos aborígines, eram caçadores e pescadores de pele

escura, originais do Sudeste Asiático. Chegaram à Oceania

caminhando. Naquela época havia pontes de terra firme

entre as diversas ilhas do Pacífico até a Austrália e Nova

Zêlandia.

Perseguindo a caça se espalharam para o sul, che-

gando até os confins da Terra do Fogo, no extremo do con-

tinente sul-americano. Devem ter entrado em conflito com

os habitantes nativos, os fueguinos, na disputa por caça e

território. Pelas análises referentes aos primeiros habitantes

da Patagônia e das ilhas da Terra do Fogo, na Argentina,

eram parentes dos antigos australianos.O povo australo-

melanésio quase foi extinto pelos novos invasores. Sobre-

viveram poucas pessoas que se refugiaram em outras terras.

***

Quando Cristovam Colombo aportou no Novo

Mundo, em 1492, pensou que tinha chegado à Índia, ele deu

aos habitantes o nome de “índios”. Ficou fascinado, pois

encontrou um continente riquíssimo em ouro e prata, dia-

mantes, minérios e pedras preciosas. Extensas florestas po-

voadas por uma fauna variada de mamíferos, aves e répteis

e rios abundantes em peixe.Era o paraíso terrestre de abas-

tança, onde floresciam importantes civilizações autóctones

e viviam milhares de pessoas. Após muitos anos caçando e

colhendo plantas silvestres como seminômades, os índios

em terras andinas na América Central e do Sul praticaram a

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agricultura (7.000 a.C.). Cultivavam as plantas nativas da

região, o algodoeiro, coca, tabaco, cacau, inhame, banana,

pimenteira, quina,baunilha,cana-de-açúcar, tomateiro, man-

dioca, batata-doce, abóbora e o feijão. O milho era o ali-

mento fundamental.

Viviam em vilarejos permanentes que mais tarde se

tornaram cidades. Este estágio de desenvolvimento foi o

ponto de partida para a civilização e crescimento de Esta-

dos, com população de milhares de pessoas, hierarquias de

classes sociais, organização pública de serviços, adminis-

tração e governo. Os astecas do México descendem dos

fenícios, grandes navegadores, que nas suas esguias embar-

cações guiando-se pela estrela Polar percorreram todos os

mares da terra e chegaram às Américas.

Calcula-se que, na época da chegada dos primeiros

europeus, no final do século XV, havia no continente ame-

ricano aproximadamente 40 milhões de habitantes, entre

diversas nações indígenas. Entre estes, os aborígines peles-

vermelhas dos Estados Unidos e do Canadá, quase extintos;

caraíbas das Antilhas, também quase desaparecidos; olme-

cas, toltecas e astecas do México; maias da península de

Yucatã e Guatemala; chibchas da Colômbia, incas do Peru,

arauaques, yanomamis, tupis, guaranis do Brasil e Paraguai.

No final do século XVI, as guerras promovidas pe-

los europeus, escravidão, as doenças trazidas pelos brancos

e os suicídios coletivos de tribos indígenas inteiras, que

desesperados diante da perda da liberdade, dos valores cul-

turais, reduziram a cifra a pouco mais de um milhão de in-

divíduos. Isso representou, sem dúvida, um genocídio, um

crime contra a humanidade. Os indígenas eram considera-

dos pelos europeus como subumanos que não tinham alma,

assim como as mulheres, negros e macacos. Naquele tem-

po, supunha-se que só os varões adultos eram humanos.

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Os índios escravizados foram utilizados pelos con-

quistadores, em todo tipo de trabalho forçado, nas lavouras

e nas guerras de conquista de novos territórios. As popula-

ções nativas estavam divididas em sociedades independen-

tes, pertencentes a centenas de famílias de línguas diferen-

tes e possuindo uma grande variedade de culturas. Ao redor

e entre estes núcleos de civilização, as comunidades eram

governadas por chefes tribais.

De um lado, estavam os caçadores da Idade da Pe-

dra, tais como os esquimós, povos das regiões polares entre

a baía de Hudson e o Estreito de Behring, no Alasca, e os

matacos do Grande Chaco argentino, de outro, estavam as

civilizações complexas, altamente desenvolvidas da Améri-

ca Central e dos Andes, onde os maias, astecas e incas esta-

beleceram uma tradição cultural de mais de mil anos. Pros-

peraram na América Central, no México, as primeiras cul-

turas: a Tabasco, Nahuatl, Huasteca, Zapoteca do Monte

Alban e Mixteca, entre outras. Esses povos cultuavam os

deuses da natureza: o Sol, a Lua, a Chuva, o Vento, o deus

da Vida e da Morte. Sacrificavam seres humanos e animais

em oferenda aos seus deuses, muitas tribos eram canibais.

A agricultura dos indígenas do norte da América do

Sul e do México conhecia plantas diferentes das cultivadas

no resto do mundo. Eles plantavam milho, mandioca, a-

mendoim, abacaxi, pimentão, batata-doce, cacau, tomate,

inhame, feijão, abóbora e pequi, que eram seus alimentos

principais, além da caça e da pesca. Cultivavam ainda o

algodão e o tabaco. Os que habitavam as montanhas, no

canto Noroeste do continente sul-americano, onde hoje se

localizam a Colômbia, o Equador e o Peru, várias tribos

desenvolveram um alto grau de civilização. Os incas prati-

cavam eficazes sistemas de agricultura com terraceamento e

irrigação. Os principais produtos de cultivo era o milho e a

mandioca, originários da região.

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Os indígenas da extremidade meridional do conti-

nente sul-americano passavam seus dias na procura de plan-

tas comestíveis, ou de animais para caçar, na região fria e

desolada. Os das florestas do leste e do nordeste do conti-

nente praticavam uma agricultura baseada na derrubada da

mata e queimada. No local cultivavam as plantas até que a

fertilidade do solo fosse exaurida; deslocavam-se então para

outro lugar, e ali montavam seus acampamentos.

As Civilizações do México e da Guatemala tem ori-

gem comum, a cultura Olmeca, que se desenvolve ao longo

da costa do golfo de Campeche, no México, há 7.000 a.C.

Os olmecas, predecessores dos maias, formaram a civiliza-

ção mais antiga da América Central e possivelmente de

todas as Américas. Deixaram engenhosas criações e escul-

turas. Por volta de 1500 a.C., porém, os olmecas desapare-

ceram, por motivos ignorados, talvez assimilados pelos

conquistadores. Foram sucedidos pelos maias, que criaram

um império comercial que cobria toda a América Central e

as ilhas do Caribe.

A grande civilização dos maias desenvolveu-se nas

florestas tropicais da península de Yucatã, Guatemala e

Honduras, prosperou durante mais de um milênio, entre os

séculos IV a.C.e IX d.C. As grandes realizações do norte

de Yucatã, os templos de Palenque, Chichen Itzá e de Ux-

mal contavam mais de três séculos de existência no século

IX. Durante o século X, a civilização maia começou decli-

nar, foi a época em que foi dominada pelos toltecas.

A data convencional para o início do Período Clás-

sico das civilizações da América Central é o ano 250 d.C.

época das realizações culturais e artísticas notáveis. Os

maias adotaram a escrita hieroglífica, e erigiram estelas

com inscrições relativas à história. Eles constroem edifícios

de pedra monumentais, usam avançadas técnicas de irriga-

ção e praticam com perfeição a fiação, a tintura e a tecela-

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gem do algodão. Cultivam o milho, abóbora e mandioca,

essa trindade proporcionou uma dieta saudável com a qual

povos das Américas se alimentavam durante milênios.

O auge do governo teocrático, no qual a autoridade

máxima vem dos deuses, ocorre entre os maias durante seu

Império. São politeístas, com destaque para deuses da natu-

reza, como o do Céu, do Sol, da Lua,da Chuva, do Vento,do

Milho, da Vida e da Morte. Os astrônomos maias calcula-

ram a duração exata do ano solar (365 dias) e do mês lunar,

inventaram a idéia de casas decimais e o conceito do zero.

Na fase do apogeu, nos anos de 600 a 900 d.C.a

influência desse povo estende-se do sul do México à Costa

Rica, fazendo prosperar os centros religiosos de Tikal, Ua-

xactún, Bonampak, Palenque,Uxmal e Chichén Itzá. Em

426, a Dinastia Maia de 16 reis é fundada em Copán, na

atual Honduras. Entretanto, após esse glorioso período hou-

ve um declínio considerável, entre os anos de 900 a 1531

d.C. sobrevivem apenas as Cidades-estado das montanhas

na Guatemala e na península de Yucatan.

O alto grau de crescimento atingido por outras civi-

lizações pré-colombianas da América Central e do Sul,

também se evidencia nas majestosas pirâmides maias de

Chichén Itzá e Uxmal, a cidade de Tenochtitlán localizada

no México e a cidade de pedra de Machu Picchu no Peru.

Presume-se que por volta de 800 d.C. chegaram os primei-

ros colonizadores na Ilha da Páscoa, vindos da Polinésia.

Traços marcantes da sua cultura são os gigantescos menires

esculpidos em blocos de pedra, em forma humana, dispos-

tos verticalmente ao longo da praia, como guardiões da ilha.

A civilização Maia, que os chineses encontraram no

México era tão antiga quanto a chinesa. Seus ancestrais, os

olmecas, remontam há mais de 7.000 a.C. Os maias domi-

naram o sul do México, a Península do Yucatan e regiões

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da América Central, como Guatemala e Honduras. Forma-

vam uma Civilização importante até o século XV d.C.

Em 1421, a era maia já tinha chegado ao fim, por

causa das rivalidades e guerras internas, mas os chineses

teriam encontrado uma civilização muito antiga e adianta-

da. Praticavam a agricultura irrigada, cultivavam o milho,

feijão, abóbora, batata, batata-doce, mandioca e tomate que

são plantas nativas da América do Sul e de alguma manei-

ra cruzaram o mundo antes das viagens de descobrimento

dos europeus.

Pode-se admitir a possibilidade de contatos bastante

repetidos ao longo da história, levando em conta a quanti-

dade de outros fatos importantes compartilhados. Deve-se,

portanto, supor uma origem comum de duas civilizações.

Os laços entre civilizações pré-históricas do México e a

China, porém não terminam com o conhecimento do cultivo

de cereais e plantas e a criação de animais domésticos. São

impressionantes as semelhanças visíveis entre muitos as-

pectos das civilizações da América Central e do Sul e as do

leste e sudoeste da Ásia.

Da costa do México banhada pelo Pacífico até a re-

gião central do Peru, os costumes e o povo são muito pare-

cidos com os chineses. A prova da presença de colônias

chinesas, é vista a oeste do Golfo da Venezuela. Algumas

tribos nativas que vivem nessa área remota apresentam no

sangue traços de genes chineses. Essa descoberta constitui

uma prova da existência de um elo racial entre índios sul-

americanos e os chineses.

A Civilização Maia clássica, não foi um fenômeno

isolado.Culturas regionais importantes desenvolveram-se

no México, no vale de Oaxaca, onde Monte Alban tornou-

se uma grande cidade, decaiu no século X d.C. Tenochti-

tlán, em cerca de 300 a.C.a 950 d.C.foi a grande civiliza-

ção religiosa dominante na América Central, precedeu a dos

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toltecas, mas esta prosperidade não durou muito tempo, por

volta de 980 d.C. Tenochtitlán foi destruída por invasores

toltecas e sucedida por Tula.

No ano 1.000 os toltecas de Tula fundam um Impé-

rio que floresce durante os 200 anos seguintes. Dominam

grande parte do México e a península de Yucatã a partir de

Tula, sua capital, quase até o final do século XII. Os tolte-

cas eram um povo indígena do altiplano central do México,

arquitetos e artesãos extraordinários, e que cultuavam o

deus Quetzacoalt ao qual ofereciam sacrifícios de vidas

humanas.A destruição de Tula no século XII pelos astecas,

assinala a fragmentação do Vale do México em Cidades-

estado. Os náuatle ou astecas invadiram o Vale do México,

por volta de 1174, dominaram a região até o século XVI,

mantiveram uma sociedade altamente desenvolvida e cen-

tralizada. Eram descendentes diretos da dinastia dos tolte-

cas, falavam a língua náuatle.

Esse povo guerreiro veio dos desertos do norte, se

fixou nas ilhas pantanosas em torno do lago Texcoco, ai

construíram a capital do seu Império Tenochtitlán (atual

cidade do México), em 1325. Adoravam o deus Quetzaco-

alt, a Serpente Emplumada, ao qual ofereciam, em sacrifí-

cio, os corações ainda palpitantes arrancados do peito dos

seus inimigos e prisioneiros de guerra. Cultuavam uma

multiplicidade de deuses da Natureza aos quais ofereciam

sangue e vidas humanas. Também sacrificavam para os

deuses da Guerra, do Sol, da Chuva e para a Serpente Em-

plumada. Durante os séculos IX e X, um conflito lançara os

astecas contra os maias da península de Yucatã, os astecas

os venceram. Antes subjugados pelos toltecas, depois sob

domínio dos astecas o Império Maia declina lentamente.

O Império Asteca, no início do século XV, ocupava

a oitava parte do México atual, expande-se sob o reinado de

Montezuma II (de 1502 a 1520), e agrupa 500 cidades e 15

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milhões de habitantes. No decurso dos séculos XIV e XVI,

eles formaram um grande Império, controlado de sua capi-

tal Tenochtitlán, a primeira Cidade-estado.

Os astecas tinham uma cultura material, marcada

por edificações de pedra, escultura e ourivesaria suntuosa.

Tenochtitlán é considerada a mais bela do mundo na época

das conquistas espanholas. A cidade, na época, tinha 300

mil habitantes, sistema de aquedutos, mercados, parques

públicos, jardim zoológico e templos monumentais em

forma de pirâmide.Descobriram a utilidade da obsidiana,

vidro vulcânico natural, do qual usavam as lâminas para

fabricar facas e pontas de flechas. As frutas usadas entre os

astecas eram: a fruta-pão, abacate, mamão, ananás e bana-

na.

Entre 1519 e 1520, o conquistador espanhol Hernan

Cortez, inicia a guerra contra o Império Asteca. Contando

com o apoio das populações subjugadas pelos astecas, e que

odeiam seus conquistadores, derrota o Imperador Monte-

zuma II, e ocupa Tenochtitlán, que sitiado, se rende pela

fome. A população asteca foi dizimada numa guerra de ge-

nocídio, pelo sanguinário capitão Cortez.

***

Em época pré-histórica, grupos de indígenas deslo-

cando-se atrás de caça, vieram da América Central atraves-

sando o Istmo do Panamá e ocuparam os altiplanos dos

Andes na América do Sul. As civilizações dos Andes Cen-

trais constituíam-se de muitos Estados independentes, como

os povos Chavim, Paraca, Moche, Nazca, Huari, Tiachua-

naco e Atacameno, culturas pré-incaicas que se fixaram no

litoral e no interior peruanos. A cultura Chavim, entre os

séculos XX a.C. a II a.C. desenvolveu-se no norte do Peru.

Éo ponto de partida tanto para a civilização inca,

que deixou ao mundo magnífica herança em técnicas de

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tecelagem, cerâmica, ourivesaria, engenharia e agricultura,

quanto para as culturas que se expandiram no litoral perua-

no, a dos Paracas que se iniciou no ano 100 a.C. a Nazca,

também a de Tiachuanaco, que floresceu nas montanhas,

na região do lago Titicaca na Bolívia, culturas que se de-

senvolveram nos últimos séculos antes da Era Cristã.

Entre os anos 100 e 500 d.C. Tiwanakue e Waru,

importantes centros Moche, tornam-se os principais centros

urbanos da parte sul e central dos Andes, com fortes estru-

turas administrativas, grandes edifícios e técnicas altamente

desenvolvidas. Até o século VII, muitas civilizações aí se

sucederam praticando a agricultura com irrigação através de

um perfeito sistema de canais. Os povos que ocupavam o

litoral norte chamavam-se mochicas. Em 850, os chimús

sucederam os mochicas, e fundaram o Império Chimú em

1200, constroem a capital Chan Chan no vale do Moche.A

metalurgia atingiu com eles seu maior desenvolvimento.A

última grande civilização litorânea do Peru é o reino de

Chimú, cerca de cem anos antes de aparecerem os incas.

Os Andes Centrais foram o berço de outras impor-

tantes civilizações. Entre os anos 600 e 1.000 d.C. assisti-

ram a ascensão e queda de um poder imperial com base em

Huari nos Andes Peruanos. Muitos elementos da religião e

arte Huari se desenvolveram em Tiahuanaco na Bolívia, e

foram adotados no Peru. Por pouco tempo, Huari tornou-se

a capital de um Estado político, que abrangia a maior parte

do Peru, mas em 1.000 d.C.a cidade foi destruída e abando-

nada. Só com a conquista dos incas (povo quíchua) no sécu-

lo X d.C. o Peru foi reunificado.

Os incas do Peru, Bolívia e Equador, as culturas do

Vale do México e os maias do sul do México e Guatemala,

são os três grandes focos da civilização no continente ame-

ricano antes da chegada dos europeus. Contribuem para a

formação étnica e cultural dos países atuais. Pela influência

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e pelas realizações materiais, as Civilizações Maia, Asteca

e Inca não tiveram paralelo na América pré-colonial.

Além dos incas, outras populações, como chibchas,

chimus, diaguitas, chegaram a atingir apreciável estágio de

desenvolvimento em território sul-americano.Habitando nas

escostas dos Andes, os chibchas constituíram uma das civi-

lizações mais desenvolvidas da América pré-colombiana.

Por ocasião da conquista espanhola, estavam organizados

em uma espécie de confederação e já dispunham de cidades

com cerca de 20 mil habitantes.Estabelecidos na costa oeste

do Peru, os chimus, desenvolveram uma notável técnica de

irrigação e tinham cidades bem organizadas, depois invadi-

das e destruídas pelos incas. Já os calchaquis ou diaguitas,

localizados a noroeste da Argentina, possuíam uma organi-

zação menos complexa que a dos chibchas e chimus, refle-

tindo forte influência das civilizações Tiachuanaco e Inca.

A ERA DOS DESCOBRIMENTOS.

A rota que seguia por terra para a China, para as I-

lhas das Especiarias e a Grande Rota da Seda que corria

através da China, chegando ao Oriente Médio, foi bloquea-

da em 1261, quando o Império Otomano sitiou Bizâncio

(Istambul), situada à margem do Estreito de Bósforo. Fin-

dou o cerco com a tomada da cidade pelos turcos em 1453.

O Egito também fechou as fronteiras. Portanto, todas as

rotas terrestres, inclusive a rota marítima do Bósforo, para o

Oriente estavam nesse momento fechadas para os europeus.

Uma nova rota oceânica teria de ser encontrada.

A conquista da fortaleza moura de Ceuta, em 1415,

marca o inicio da expansão colonial portuguesa. Portugal se

lança a essa empreitada buscando uma rota alternativa, que

contorna a África e evita a travessia do Mediterrâneo, já

dominado por comerciantes italianos e muçulmanos. Na

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Espanha, os reis católicos Fernando II e Isabel I de Aragão

e Castela, começam logo financiar as viagens às Índias.

Depois dos chineses retirarem-se para o isolamento,

outras nações européias viajaram, guiando-se pelos mapas

escritos pelas expedições de Zen He. Todos os explorado-

res, colonizadores e descobridores, seguiram as rotas sin-

gradas pelas frotas do Imperador Zhu Di. O Mapa Mundial

de 1424, de Zuane Pizzigano, era de importância incalculá-

vel para o governo português, e outros mandatários interes-

sados nas expedições marítimas. Esse mapa mostrava as

Índias Orientais e revelava as rotas marítimas para as Ilhas

das Especiarias e China, costeando a África, passando pelo

Cabo da Boa Esperança e o Oceano Índico ou cruzando o

Estreito de Magalhães para o Pacifico.

Nicolau Copérnico, célebre astrônomo polonês, nas-

cido em 1473, demonstrou o duplo movimento dos planetas

sobre si mesmos e em volta do Sol. Afirmou ser a Terra

uma esfera; até esta data acreditava-se em ser a terra qua-

drada. Em 1543, em seu livro “Sobre a Revolução dos Cor-

pos Celestes”, ele defende o heliocentrismo, Teoria de que

todos os planetas, inclusive a Terra, giram em torno do Sol.

Essa nova Teoria foi condenada pelo Papa Paulo

V,como contrária às Escrituras Sagradas.Em 1632, o ilustre

matemático, físico e astrônomo italiano Galiléu Galilei pu-

blicou obras que confirmam as teorias astronômicas de Co-

pérnico. A Cúria Romana declara como herético o sistema

de Copérnico. Galileu é preso pela Inquisição e forçado a

negar publicamente as suas idéias para se livrar de ser

queimado vivo na fogueira.

Durante a Idade Média, período que abrange o final

do século V d.C. até século XV, prosseguindo até meados

do século XIX, durante aproximadamente mil e quinhen-

tos anos, em quase toda a Europa, o comportamento indi-

vidual e coletivo era determinado e vigiado pela Igrejá Ca-

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tólica. Em 1231, o papa Gregório IX funda a Inquisição,

Tribunal da Igreja Católica, instituído para julgar e punir os

acusados de heresia. O poder da Igreja Católica Romana era

imenso, mantinha submissas as nações, seus exércitos, seu

povo, seus nobres e seus reis.

O calendário Juliano reformado é proposto pelo pa-

pa Gregório XIII, em 1.582, chamado de calendário Grego-

riano, é o que vigora hoje na maior parte do mundo cristão.

Portugal foi o último país europeu a abolir os autos

da Inquisição, nos quais pessoas que ousassem criticar ou

se opor a doutrina da Igreja, incluíndo infiéis, hereges, ju-

deus, mouros, protestantes e mulheres suspeitas de feitiçaria

eram julgados, torturados e condenados à morte na foguei-

ra. De todos os países europeus, Portugal e Espanha conti-

nuaram sendo os mais rigorosos conservadores da doutrina

da igreja católica romana.

São famosos os nomes dos grandes navegadores, ci-

entistas e exploradores europeus, cujas façanhas os cobri-

ram de gloria ao findar do século XV, época dos grandes

descobrimentos marítimos e científicos. Portugueses, espa-

nhóis, franceses, italianos e ingleses, homens do mar cora-

josos, como Américo Vespúcio, Bartolomeu Dias, Vasco da

Gama, Cristóvão Colombo, Fernão de Magalhães, Jacques

Cartier, Juan Dias de Solis, Pedro Alvarez Cabral, Vasco

Nunes de Balbôa,Vicente Yanéz Pinzón,Pedro de Mendoza,

Bastidas de la Cosa, Hernandez de Córdoba e tantos outros.

Eles seguiram orientados pela nova Teoria de Co-

pérnico, a qual afirmava a Terra ser uma esfera, e não qua-

drada, então ninguém correria o perigo de cair no abismo

no fim do oceano, como se acreditava. Nessa época, um

grande número de navegadores e exploradores europeus

chegou às Américas do Norte, Central e América do Sul.

Em 1482, Bartolomeu Dias, almirante português

comandava um esquadrão de três navios, que deveriam ten-

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tar fazer a volta pela ponta meridional da África, o Cabo da

Boa Esperança. Bartolomeu, foi seguido por Vasco da Ga-

ma, que recebeu ordens de D. Henrique, o Navegador, rei

de Portugal, de continuar navegando em volta do Cabo e

chegar à Índia e às Ilhas das Especiarias.

Após dar a volta pelo Cabo da Boa Esperança, Vas-

co da Gama prosseguiu viagem, subindo a costa Oriental da

África, chegando aos portos famosos de Sofala, Kilwa,

Zanzibar, Mombaça, Malindi e Calicute no sul da Índia,

desenvolvidos pelas frotas chinesas e indianas ao longo dos

séculos, quando o comércio no Oceano Índico era o mais

lucrativo do Mundo.Em 1498, Vasco da Gama fez a primei-

ra viagem marítima européia de ida e volta à Índia.

Em 1513, Vasco Nunes de Balboa atravessou o Ist-

mo do Panamá, foi o primeiro europeu a ver o oceano Pací-

fico. O povoamento do continente começou em 1519, nas

praias do Golfo do Urubá na costa do Istmo do Panamá, na

América Central. Logo teve inicio o processo de ocupação

e exploração de todo continente, das riquezas e dos povos

que o habitavam. Em 1520, conquistadores espanhóis, Her-

nando de Soto alcança a Flórida na América do Norte e

viaja pelo Mississipi acima, no ano seguinte Coronado ex-

plora o sudoeste até Califórnia.

Dos Andes caribenhos aos Andes colombianos per-

corria Gonçalo Jimenez de Quesada, Nicolas Federmann

vinha da Venezuela e Sebastian de Belalcazar o conquista-

dor de Quito, descia os Andes para a Colômbia.O Capitão

Diogo de Almagro veio abrindo caminho desde o sul do

Peru através de desertos, por cima dos Andes. Pedro de

Mendoza fundador de Buenos Aires em 1536 e Pedro de

Valdivia, que exploravam as regiões do extremo Chile, se-

guiram, alcançando a Terra do Fogo. Em 1540, Assunção e

Buenos Aires já tinham sido povoadas, o Rio da Prata ex-

plorado, a Patagônia invadida, faltava o Amazonas.

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Francisco Pizarro, seguro na sua conquista dos in-

cas, ordena a Gonçalo seu irmão, e a Francisco Orellana,

que saiam à procura da rica cidade e da terra tão comenta-

da pelos indígenas. A fabulosa cidade de “El-Dorado”. Sa-

indo do Peru, entrando na selva acompanhado de quatro

mil índios e quinhentos espanhóis,Orellana descobre o rio

Amazonas.Fica deslumbrado com esse imenso mar de água

doce e pela exuberância da flora e fauna.

Os conquistadores eram nomeados como adelanta-

dos, ou governadores das províncias conquistadas, como

Vasco Nunes de Balbôa, navegador espanhol, Alvãr Nuñez

Cabeça de Vaca, governador do Paraguai espanhol, em

1541. Foi a época em que os primeiros conquistadores eu-

ropeus percorreram as Américas. Francisco Pizarro, Fer-

nando Cortez, Alonso de Ojeda, Juan de la Cosa, Gil Gon-

çalves Dávila, Pedro de Alvarado, Francisco de Montijo,

Ponce de Leon, Fernão de Magalhães e centenas de outros,

que sonhavam com a descoberta do Eldorado!

A lendária cidade coberta de ouro e pedras preciosas

enlouqueceu centenas de pessoas. Durante anos e anos, a

fábula exerceu um místico fascínio sobre eles. Explorado-

res, aventureiros, piratas, padres, degredados, comandantes,

coronéis e soldados, se aventuraram pela Amazônia, des-

bravando sertões, negociando, catequizando, lutando e es-

cravizando os índios, mas só tinham um sonho na mente - a

descoberta do Eldorado.

Os navegadores portugueses receberam apoio finan-

ceiro de D. Henrique, o Navegador, infante português, filho

de D. João I, um dos nomes mais ilustres da história de Por-

tugal. D.Henrique fundou uma escola de navegação, um

observatório astronômico e estaleiros para construção de

navios, em Sagres, junto ao Atlântico. Chamou do estran-

geiro cosmógrafos e matemáticos ilustres, e, com eles, se

entregou ao estudo de cartas náuticas. Era uma Academia

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para cartógrafos, construtores navais e fabricantes de ins-

trumentos; foram desenvolvidas novas técnicas de navega-

ção. De Sagres teriam partido as primeiras caravelas que se

arrojaram à conquista dos mares desconhecidos, dando im-

pulso às muitas viagens de exploração e colonização.

As grandes navegações dos séculos XV e XVI são

motivadas pela necessidade dos reinos europeus expandi-

rem seus domínios territoriais e conquistar novas rotas de

comércio. O principal motivo é chegar ao Oriente, mas pre-

cisamente às Índias, região fornecedora de Especiarias e um

novo mercado de consumo. Os navegadores europeus parti-

am levando copias de mapas chineses antigos, que mostra-

vam exatamente a rota para o desconhecido Novo Mundo.

Certamente, em 1492, Cristóvão Colombo possuía uma

copia desse mapa.

Encontraram colonos chineses quando da sua che-

gada nas terras alcançadas. Marinheiros e suas mulheres,

dessas grandes frotas chinesas, estabeleceram-se na Malá-

sia, na Índia, na costa da África, nas Américas do Norte,

Central e do Sul, Austrália, Nova Zelândia e em ilhas do

Pacífico. Nas suas viagens os chineses trouxeram nos navi-

os diversos animais domésticos, como galinhas, marrecos,

gatos, cachorros, cavalos, cabras e plantas diversas, princi-

palmente o arroz e a soja que é a cultura agrícola mais im-

portante da China, foi disseminada pelo mundo a partir das

frotas chinesas. Já os ratos e ratazanas vieram como clan-

destinos, escondidos nos porões dos navios.

Os exploradores europeus descobriram provas e ar-

tefatos deixados por seus predecessores. Cacos de porcela-

na, oferendas, estelas em colunas de pedra com inscrições

entalhadas de intrincados hieróglifos deixados por almiran-

tes chineses, marcando as suas realizações. Destroços de

juncos dos navios nas costas africanas, das Américas, da

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Austrália e Nova Zelândia; flora e fauna transplantadas de

seu hábitat de origem que prosperavam nas novas terras.

De acordo com a lenda repassada de geração em ge-

ração, pelos pajés indígenas sul-americanos, dizia que, via-

jantes de pele clara, que usavam tunicas longas feitas de

tecido branco chegaram de navios, pelo Pacífico, desem-

barcaram no litoral do Chile, muito antes dos europeus.

Geólogos indianos viajavam na frota do Grande Eunuco

Zhou Man, que subiu pela costa oeste da América do Sul.

Eles eram homens altos, de pele clara, usando túnicas bran-

cas compridas, soltas. Os indianos originários do Vale do

Indo são descendentes da raça ariana, de pele branca, apa-

rentados com os iranianos. Tradicionalmente vestem roupas

brancas, longas, usam barba e turbantes na cabeça.

Foram encontradas oferendas votivas de deuses hin-

dus, de Gamesha o deus elefante, e Hanuman o deus maca-

co, que são duas das mais importantes divindades dos devo-

tos hindus do Sul da Índia de onde a frota zarpou. Em Cali-

cute, porto do sul da Índia, embarcaram sacerdotes, enge-

nheiros de mineração e geólogos indianos.

Navegando no Golfo do México, explorando as i-

lhas do mar do Caribe, juncos chineses chegaram à costa

nordeste da América do Sul, na região do delta do rio Ore-

noco, na Venezuela, onde teriam se reabastecido de água e

alimentos frescos, e velejaram para o sul. As correntes ma-

rítimas os teriam levado pela costa leste do Brasil até Cabo

Blanco no sul da Argentina.

Era realmente possível, que juncos mercantes leva-

dos pelos ventos para longe de seu curso, entrassem no es-

tuário do Amazonas e tivessem navegado pelo grande rio

até a foz do Rio Negro onde começa o Solimões e até a

confluência do Marañon, no Peru, deixando colônias fun-

dadas de marinheiros indianos e chineses, nas margens dos

rios. Contam-se histórias, que são afirmadas pelo folclore

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indígena acerca de tribos de mulheres brancas, guerreiras,

as “Amazonas”.

Nesse contexto a lenda das amazonas, as mulheres

guerreiras e dos colares de pedra verde, esmeraldas (mui-

raquitã), que traziam ao pescoço, pode ter fundamento.

Pesquisas feitas por geneticistas americanos no ano 2.000,

encontraram semelhanças entre genes chineses e de tribos

indígenas do Amazonas e Mato Grosso do Sul. Ìndios Ma-

yoruna ou Matsé, povo indígena da família lingüística pano,

que habita a região do rio Javari, na sua foz no Solimões

(Amazonas). São índios altos, de cabelos e pele clara. Su-

põe-se que são descendentes de colonos indianos que aqui

aportaram em 1421, na frota chinesa de Zhou Man, que

subiu o rio Amazonas até o Peru.

Francisco Orellana, explorador espanhol, acompa-

nhou Francisco Pizarro na conquista do Peru. Descobriu

em 1541 a foz do Amazonas e a Ilha de Marajó. Quando

explorava o rio Amazonas, observou que havia grandes

povoados construídos às margens do grande rio. Eram al-

deias indígenas com aproximadamente 5 mil pessoas em

cada povoado. Moravam em grandes palhoças, construções

de aproximadamente 40 metros, de telhados redondos co-

bertos com folhas de palmeira. Eram cercadas por altas pa-

liçadas de troncos de árvores.

A praça central tinha 90 metros de diâmetro e em

torno dela que se localizavam as tabas. Em cada oca mora-

vam famílias de até 40 pessoas. Cultivavam mandioca, mi-

lho, abóbora, batata-doce, algodão e pequi. Criavam ani-

mais domésticos, galinhas, porcos, cachorros e gatos. Os

homens se dedicavam à caça e a pesca, também eram guer-

reiros. Plantavam em terra preta, muito fértil, cujo segredo

de preparo era guardado em sigilo. Esses selvagens possuí-

am a formula secreta de produzir a terra negra, fértil, que

cobria o solo original amarelo e arenoso, com uma camada

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aproximada de um metro de profundidade. O solo fértil

produzia alimentos em abundância para a população. Nos

primórdios, desde o ano 305 a.C. o preparo, a conservação

da terra, e a rotação das culturas agrícolas eram segredos de

Estado, na China, o assunto era tratado só pelo Imperador.

Talvez esses colonos chineses e indianos tivessem trazido o

segredo da China ou receberam-no do comandante da frota

chinesa, Zheng He, autorizado a fazê-lo.

AMÉRICA DO SUL, O NOVO MUNDO.

No final do século XV, os exploradores europeus

em busca de rotas para a Ásia encontraram a América, con-

tinente até então desconhecido pela Europa, e um oceano de

extensão inimaginável. Perplexos, chegaram à conclusão

de que todos os oceanos estavam interligados entre si.

O navegador e geógrafo italiano Américo Vespúcio,

nasceu em Florença, esteve a serviço da Espanha e Portugal

em viagens de descobrimento. Navegando pelo Atlântico á

procura de nova rota para as Índias, enfrentou fortes corren-

tes marítimas e ventos alísios que vergastaram suas carave-

las e as impeliram na direção Oeste, para a costa do conti-

nente americano. Assim, Américo Vespúcio, por acaso e

imerecidamente entrou para a história; os cartógrafos em-

prestaram o seu nome para batizar o novo continente re-

cém-descoberto, de América.

Cristóvão Colombo, genovês a serviço da Espanha,

em 1492 obteve de Isabel de Aragão e Castela, a rainha

Católica, três caravelas com as quais se lançou ao desco-

brimento de um Novo Mundo. Atravessou o Atlântico, sua

missão era fazer a volta a terra pelo Oeste e chegar à Ásia,

esperava alcançar a Índia, já que a rota que contornava a

África pelo Sul era dominada pelos portugueses.

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As caravelas de Cristóvão Colombo passaram ao

longo da costa da Venezuela, atingiram Trinidad e as Ilhas

do Caribe em 12 de outubro de 1492. Na sua terceira via-

gem de descobrimento em 1498, chegou à América do Sul,

costeou o litoral nordeste do continente, levando sua frota

para o Atlântico Sul, onde tentaria atravessar o Estreito de

Magalhães para o Pacifico.

A América do Sul é banhada ao norte e noroeste

pelo mar das Antilhas (Caribe), a nordeste, leste e sudeste

pelo Oceano Atlântico e a oeste pelo Oceano Pacífico. Se-

para-se da Antártica pelo Estreito de Drake e une-se à Amé-

rica Central pelo Istmo do Panamá. Tem formato triangular,

com o vértice voltado para o sul. Apresenta quatro regiões

nitidamente identificáveis: a oeste estão a Cordilheira dos

Andes e os Planaltos Andinos, no centro as grandes planí-

cies do interior, os velhos maciços orientais e o extenso

Planalto da Patagônia, ao sul. O continente sul-americano

estende-se dos trópicos até as zonas subpolares, e tem gran-

de diversidade de climas, ao norte predomina o clima equa-

torial. Os trópicos cobrem uma grande área no norte, com a

parte sul de clima temperado.

A zona maior, tropical úmida, é caracterizada por

extensas florestas no Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela e

Gu-ianas, é a maior floresta tropical do mundo, a Amazô-

nia.Possui abundante fauna selvagem, incluindo lhamas,

alpacas, antas, onças, tatus, javalis, preguiças, tamanduás e

gigantescas sucuris, rios povoados de peixes, e um exército

alado das mais variadas espécies.O tatu, a preguiça e o ta-

manduá, são fósseis vivos, sobreviventes do Período Terci-

ário de 50 milhões de anos atrás.

Nas áreas do centro, mais secas, de pouca chuva,

localiza-se o cerrado, onde crescem arbustos e prevalece a

vegetação espinhosa. As regiões subtropicais e temperadas

do sul do continente são marcadas por extensas áreas de

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gramíneas, com árvores dispersas, como nos pampas da

Argentina, até as zonas subpolares no sul da Patagônia. Na

direção oeste, estendem-se as áreas desérticas onde a vege-

tação é esparsa. Nos Andes Centrais, a chuva concentra-se

nas fraldas orientais, que são arborizadas. Ao largo do lado

ocidental, árido, a vegetação é esparsa é composta em geral

por arbustos espinhosos, e a vida animal é limitada. A regi-

ão mais seca de todas é o deserto de Atacama, no norte do

Chile onde não chove há mais de 50 anos.

Formando a extensa muralha rochosa dos Andes na

qual a América do Sul se recosta, o Istmo do Panamá é a

ponte ligando suas duas metades. È o ponto mais estreito do

sudoeste da América Central. Continua depois de curta in-

terrupção, com cadeias mais baixas de colinas de granito e

na sua parte mais baixa, a força das águas do oceano Atlân-

tico reunida no Golfo do México para romper este gigantes-

co dique no seu ponto mais fraco, de 46 km de largura, tem

agido por milhares de anos em vão.

Em 1879, o engenheiro francês Ferdinand Lesseps

começou a construção do canal do Panamá, que liga o Oce-

ano Atlântico ao Pacífico. Derrotado pelo clima, doenças e

inúmeras mortes dos trabalhadores, Lesseps desistiu. O

Canal foi concluído em 1914, pelos Estados Unidos, que

compraram a concessão da companhia francesa que a pos-

suía, e obtiveram o controle exclusivo da zona do Canal.

Pelo acordo o Canal do Panamá e suas instalações passaram

ao controle panamenho no ano 2.000. O Canal tem 82 km

de extensão, 91,5 metros de largura mínima, 26 metros de

profundidade e três eclusas duplas.

A Cordilheira dos Andes que se estende desde o

extremo norte da América do Sul até a gelada Terra do Fo-

go, separa a região da costa do Pacífico, quente e seca, das

bacias úmidas dos rios Amazonas e Orenoco, dos pampas

temperados, ao longo do rio da Prata, e das planícies esté-

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reis e batidas pelo vento da Patagônia. A orla da costa oeste

da América do Sul, de cerca de 7.500 km de extensão e de

35 a 180 km de largura, estende-se do sul para o norte, no

sopé dos Andes. É uma estreita, na sua maior parte estéril

orla, com praias planas banhadas pelas águas do Pacífico.

Nas ricas entranhas de toda a Cordilheira dos Andes

existem os mais diversos minérios: - grandes minas de ou-

ro, de cobre, de estanho, de chumbo e as famosas minas de

prata, situadas em Potosi na Bolívia e nas de Copiapó, no

Chile. No árido Deserto de Atacama situam-se as grandes

minas de salitre (nitrato de sódio) usado como adubo nitro-

genado nas plantações, cobre, enxofre e ferro.

Nos maciços de Huánuco e Pasco se enraízam no-

vamente duas cadeias que, estendendo-se a leste de Lima,

capital peruana, reúnem ao mais considerável de todos os

maciços de montanhas dos Andes, a região de Cuzco que

fica na extremidade leste deste maciço, ao qual se agrega a

mais alta, ao mesmo tempo uma das maiores bacias da ca-

deia dos Andes, isto é, o Planalto da Lagoa de Titicaca, ou

Chucuíto, lago de água salgada, com 8.965 km² de superfí-

cie e 370 m de profundidade situada a 3.854 m acima do

nível do mar, entre a Bolívia e Peru.

O lago contém diversas ilhas, a Ilha do Sol, da Lua

e a Ilha da Serpente. Nas águas do lago crescem juncos

(totora) de até 6 metros de altura, de cuja fibra os indígenas

fazem seus barcos. Na maior das ilhas, dedicada á deus

”Sol”, centro da religião Inca, os soberanos construíram um

templo magnífico, com as paredes revestidas de ouro. A

cidade de pedra de Cuzco, no Peru, fortaleza pré-incaica,

até o ano de 1.538 foi a sede da mais antiga civilização sul-

americana, o Império Inca, está situada a 3.420 m de altitu-

de nos Andes.

As inúmeras e profundas cavernas e desfiladeiros

existentes na Cordilheira, nas proximidades de Cuzco, são

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evidências de fundo de mar existente naquela região em

tempos remotos. Os violentos tsunamis que resultaram dos

choques das Placas Tectônicas de Nazca e a Sul-

americana, ocasionaram grandes erosões das rochas sub-

marinas.

O Chimborazo, um dos montes mais elevados do

globo considerado como um vulcão extinto, mais recente-

mente, do interior da cratera que se levanta a prumo até as

nuvens, soltava nuvens de fumaça, e um chumaço de vapor

ergue-se da bocarra como a respiração de um monstro das

profundezas da terra que o sufoca. Está ensaiando para

voltar à atividade. Na extensão da Cordilheira tem numero-

sos vulcões ativos.

Os tremores de terra são muito freqüentes em toda a

cadeia, que abrem precipícios e deslizamentos entre as ge-

leiras. Em meados de agosto de 2007, um terremoto de 7,8

graus da escala Richter, abalou e destruiu a cidade de Pis-

co, situada na costa do Pacífico no sopé da Cordilheira Oci-

dental dos Andes, no Peru. No cataclismo morreram 519

pessoas, 1.300 ficaram feridas e milhares desabrigados.

Os terremotos são tremores na superfície da Terra,

causados pelo encontro das placas tectônicas a 300 m abai-

xo do solo.As regiões mais sujeitas a abalos sísmicos loca-

lizam-se próximo das bordas das placas tectônicas, como

no oeste da América do Sul, onde se encontram as Placas

de Nazca e a Placa Sul-Americana, e nas regiões onde no-

vas placas estão se formando, como no “Cinturão de Fogo”,

no Oceano Pacífico.A montanha vulcânica, mais alta do

mundo, é a Mauna Kea, no Havaí, tem 10.203 m a partir do

fundo do Oceano, mais 4205 m que ficam acima das águas.

A vida nos Andes é um desafio às criaturas que nele

habitam. O frio extremo, de até 20 graus negativos nos

altiplanos de 5.000 metros de altitude e de até 60 graus ne-

gativos nos cumes das geleiras, o ar rarefeito, a falta de

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oxigênio e o vento gélido que sopra dos picos das monta-

nhas faz da vida um eterno combate.No longo e rigoroso

inverno andino, a água doce que corre das montanhas con-

gela. A maioria dos lagos salgados solidifica-se, alguns são

aquecidos pelos géiseres, que são fontes com erupções pe-

riódicas próximos aos vulcões. É o local predileto dos fla-

mingos rosa, mergulhões e gansos selvagens de passagem,

e outras aves de arribação.

No breve verão andino, de apenas 4 meses, o ciclo

da vida recomeça. Os sobreviventes do inverno surgem das

tocas à procura do alimento. A neve derretida deixa desco-

bertos os cadáveres dos animais doentes, fracos, filhotes de

aves mortos pela fome, que o frio congelou. Ao entardecer

começa a grande luta mortal O grande felino raramente

visto, perigoso e dissimulado puma sai á caça. Persegue os

guanacos machos que pastam com seus grandes haréns de

fêmeas, rápido salta pelos montes na perseguição da presa.

A vida persevera nos altiplanos andinos. Ali vive a

raposa prateada de pele preciosa, saltitam pelas montanhas

bandos de vicunhas, que são primas dos guanacos, as vis-

cachas que são coelhos montanheses, lhamas e alpacas, o

colibri chimboraço suga o néctar das flores do cacto, o car-

cajú ou texugo americano, o caracará que come os restos de

carniça. Vivem nas montanhas muitas aves e roedores. As

corujas e os periquitos verdes, escavam seus ninhos nos

barrancos à beira do mar.

E voando por entre os mais altos picos nevados dos

Andes, o condor, ave fóssil de um milhão de anos, da épo-

ca dos dinossauros, atualmente a maior das aves voadoras

do mundo. Seu corpo mede um metro de comprimento.

Tem a envergadura de azas de três metros.. Pesa 15 quilos e

vive até 65 anos. Tem uma visão excelente, pode ver uma

pequena presa a 1.000 metros de altura. Alimenta-se de

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cadáveres de animais mortos e congelados durante o inver-

no, mas também caça pequenos animais, aves e répteis.

No lado oposto da Cordilheira dos Andes, no extre-

mo sul da Argentina, na direção oeste do planalto frio e

semi-árido, estendem-se por 673.000km² as áreas desérticas

da Patagônia, onde a vegetação é esparsa e a aridez decorre

da existência de cordilheiras que impedem as precipitações.

Nos dias plenos do curto verão, tempestades violen-

tas podem acontecer, com ventos soprando a 100 km por

hora. Os ventos fortes sopram o dia todo, varrem os alti-

planos. A neve nunca derrete e torres de rochas erguem-se

acima das geleiras, são restos de vulcões extintos. O mun-

do das geleiras está em constante evolução.

Acontecem colossais avalanches de geleiras gigan-

tescas que quebram e se desprendem dos maciços elevados,

deslizando montanha abaixo, destroem tudo no seu cami-

nho, até despencar no mar com estrondo ouvido a grande

distância. Sob o gelado litoral voam fragatas, biguás, ando-

rinhas do mar, gaivotas, mergulhões, albatrozes, na caça de

peixes. Nos declives pedregosos e na areia desfilam orde-

nadamente multidões de pingüins. Milhares de focas e leões

marinhos arrastam-se e engalfinham em luta pelas fêmeas.

O continente sul-americano é cortado pela linha do

Equador e pelo Trópico de Capricórnio. Oferece contrastes

climáticos entre o norte, onde predomina o clima equatori-

al, e o sul onde prevalece o clima temperado. É percorrido

de norte a sul pela Cordilheira dos Andes ao longo da costa

do Pacífico, desde o estreito de Magalhães até o norte da

Venezuela, na extensão de 7.500 km.Os velhos maciços

orientais sul-americanos acompanham a costa atlântica con-

tinental.A região é caracterizada pela presença dos maciços

das Guianas e Brasileiro, separados pela depressão amazô-

nica. O Maciço das Guianas alteia-se ao norte da Planície

Amazônica formando escarpas para o lado brasileiro.

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O Maciço Brasileiro expande-se para o interior do

Brasil, onde se encontram as grandes planícies sedimenta-

res, que ocupam um terço do território continental. Sua

formação deve-se a depósitos aluvionais recentes, e nelas

podem ser destacadas três unidades fundamentais, servidas

pelo sistema de drenagem dos importantes cursos de água

da América do Sul. As planícies da Bacia do Orenoco, ao

norte, sofrem os efeitos de fortes enchentes e inundações,

provocadas pela descida dos rios andinos. Entre os planal-

tos, Brasileiro e das Guianas, a Bacia Amazônica apresenta

a mais importante unidade aluvional, cercada por vastos

terraços de areia, argila e cascalhos no curso superior do rio

Amazonas.

Finalmente, mais ao sul, a Bacia do Prata forma a

vasta área arenosa do Chaco, freqüentemente pantanosa,

mas em parte drenada pelos afluentes do rio Paraná. Já em

território exclusivamente argentino,os imensos pampas ca-

racterizam-se pelo nivel plano de seu relêvo. O Planalto da

Patagônia encontra-se na região meridional do continente.

Cortado por numerosos vales, o vasto planalto é formado de

camadas sedimentares terciárias. É uma região agreste, fria

e quase desértica.

O continente sul-americano caracteriza-se, ainda,

pela grande riqueza dos seus rios. Além da maior massa

fluvial do mundo, a bacia Amazônica, ocupa uma área de

7.050.000 km², são dignas de consideração especial a ex-

tensa bacia do Orenoco (2370 km) que abrange 945.000

km² no norte do continente, a bacia da Prata com 3.140.000

km², composta pelos rios Paraná (4390 km), Paraguai (2078

km) e Uruguai (2046 km) no sudeste.Á elas deve-se acres-

centar a importância do volume de água formado pelo To-

cantins (2640 km) e seu afluente Araguaia (2627km) com

uma bacia de 813.674 km², da bacia do São Francisco

(3161km), que abrange 645.067 km² em terras brasileiras.

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No território brasileiro, as reservas de águas subter-

râneas encontram-se em aqüíferos.Embora ainda não haja

dados precisos sobre os grandes reservatórios subterrâneos

de água no Brasil, considera-se que os principais aqüíferos

são: o Guaraní; o Serra Grande, Cabeças e o Poti-Piauí, no

subsolo do Piauí e do Maranhão; o São Sebastião, na Bahia;

o Açu, no Rio Grande do Norte; o Solimões e o Alter do

Chão, na Amazônia; do Bauru e da Serra Geral, no Sudeste.

O Aqüífero Guarani, é um dos maiores e principais

reservatórios subterrâneos de água doce da América do Sul,

ocupa 1,19 milhões de km². Ele se estende pelo subsolo de

Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais,

São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, e

por partes do território do Paraguai, Uruguai e da Argenti-

na. Uma camada de rocha basáltica contém as águas e as

protege da contaminação.

** *

A noticia do descobrimento do Novo Mundo foi re-

cebida na Europa com grande júbilo. Populações inteiras

afluíam aos portos a procura de lugar nos navios destinados

às novas terras. Vinham aventureiros, fidalgos, ladrões,

degredados, prostitutas, criminosos e desempregados. Che-

gavam às legiões cobiçosas de riquezas do além-mar. Espa-

nha queria garantir o monopólio da sua descoberta. Os por-

tugueses desejavam assegurar as rotas marítimas ao Sul do

Atlântico.

As disputas entre Portugal e Espanha acirraram-se

em 1492, com o descobrimento da América pelo navegador

genovês Cristóvão Colombo, a serviço da coroa espanhola.

Atuando como árbitro, o papa Alexandre VI, a pedido de

Fernando V e Isabel de Aragão e Castela, soberanos espa-

nhóis, católicos, para evitar a guerra entre Portugal e Espa-

nha, pois que, D. João I, rei de Portugal, se julgava também

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com direito às terras descobertas, o papa decidiu que se

fizesse um acordo entre as partes em conflito.

E, em 7 de junho de 1494, depois de duras negocia-

ções, é assinado o Tratado de Tordesilhas, que estabelece os

limites dos territórios descobertos pelas duas potências du-

rante o período da expansão marítima. O Tratado de Torde-

silhas divide o mundo a partir de um meridiano, a 370 lé-

guas a oeste do Arquipélago de Cabo Verde.

A linha de demarcação estabelecida pelo Tratado,

excluía os espanhóis da maior parte do leste da América do

Sul. Todas as terras recém-descobertas a oeste da linha pas-

savam a pertencer à Espanha e as terras a leste a Portugal.

Dera assim o Papa posse aos portugueses e aos espanhóis

de todas as terras descobertas do Novo Mundo, com a ale-

gação da prioridade de descobrimento.

Este acordo foi ratificado pelo papa Júlio II. Perma-

neceu válido até 1750, quando passa a vigorar o princípio

de que a terra pertence a quem a ocupa. Segundo o Tratado,

Portugal, só teria o pedaço do território do Brasil corres-

pondente a uma linha reta que ligasse Belém no Pará até

Laguna em Santa Catarina, as demais terras a oeste desta

linha pertenceriam à Espanha. Portugal estabeleceu a maior

colônia sul-americana, o Brasil, enquanto a Espanha ocu-

pou a maioria da parte remanescente do continente.

Neste imenso triangulo sul-americano, de mais de

17.766.478,50 km², vivem cerca de 385,9 milhões de pes-

soas (estimativa de 2.008), de várias etnias e distribuídos

num quadro geopolítico e econômico bastante desigual.

Entre os diversos países e mesmo no interior de cada um

deles, registram-se contrastes marcantes na distribuição das

riquezas, salientando-se grandes diferenças regionais, de-

terminadas áreas concentram núcleos altamente ativos e

densamente povoados, enquanto outras permanecem quase

abandonadas e inabitadas, vivendo na extrema pobreza.

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As ex-colônias espanholas da América Latina, são -

Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile, Ar-

gentina, Uruguai e Paraguai.A região recebe esse nome

porque a língua dos colonizadores deriva do latim, e ficou

sendo a língua oficial desses países.Ao norte foram criados

três países pequenos - Guiana, de língua inglesa, a Guiana

Francesa onde se fala francês e o Suriname, de língua ho-

landesa.Os países que fazem parte deste continente têm as

suas fronteiras determinadas pelas potências coloniais, es-

panhola e portuguesa, que a ocuparam desde o século XVI.

A América Latina herdou uma estrutura racial com-

plexa.As sociedades, portuguesa e hispano-americana, eram

compostas de uma grande maioria de índios, um número

menor de mestiços e uma minoria de brancos. A base indí-

gena desta pirâmide era maior no Peru, no México e na

Guatemala, e menor no Rio da Prata e no Chile. Desde o

ano de 1510, quando começou o tráfico escravo da África

para a América, acrescentou o negro, do qual descendem os

mulatos e outros grupos miscigenados.

As principais guerras de libertação contra a Espanha

na América Latina duraram até 1826. Envolveram duas

forças: uma liderada pelos venezuelanos, general Simón

Bolívar e Antônio José de Sucre, convergindo para o Peru,

baluarte central da Espanha e a outra, pelo Exército dos

Andes, tendo à frente San Martin, da Argentina, e Bernardo

O´Higgins, do Chile, atacando Lima, a capital do Peru.

A absoluta maioria das colônias sul-americanas tor-

na-se independente e rompe os vínculos que as prendiam

aos reinos ibéricos. Contudo, o processo de formação dos

Estados nacionais mostra-se bastante acidentado, a instabi-

lidade econômica reflete-se em freqüentes crises políticas

internas, constantes revoltas e revoluções. Ai surge o caudi-

lho, líder em tempos de guerra ou ditador militar, represen-

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tava interesses regionais e econômicos. Os 50 anos após a

independência foram a época clássica do caudilismo.

A velha divisão colonial entre a minoria privilegiada

que monopolizava terras e cargos e a massa de camponeses

e trabalhadores que sobrevivem à independência era cada

vez maior e mais exigente dos seus direitos. O novo poder

baseava-se na hacienda (grande latifúndio), propriedade

rural que dependia do trabalho servil. A escravidão foi abo-

lida em quase toda a América do Sul, mas sobreviveu de

forma atenuada até 1840. O Brasil era uma sociedade es-

cravagista até 1888, onde o negro era propriedade do “se-

nhor”. A escravidão era tida como componente vital do

sistema agrícola do país. Mesmo após a abolição, os negros

e mulatos, continuaram na base da pirâmide social - incul-

tos, pobres, sem profissão e sem emprego.

A segunda metade do século XIX testemunha uma

transformação nas camadas integrantes da população sul-

americana especialmente no sul e sudeste, onde se verifica

a entrada maciça de imigrantes europeus, não só portugue-

ses e espanhóis, mas principalmente italianos, alemães,

austríacos, poloneses, ucranianos e outras etnias do leste

europeu. Tanto o Brasil como a Argentina receberam gran-

des contingentes desses povos. Os imigrantes europeus dão

novo impulso à agricultura, fixando-se em terras ainda i-

nexploradas.

O Estado se consolida pelos interesses agrários e

mercantís, assentando sobre eles o poder.O processo de

industrialização, porém, inicia-se com bastante atraso em

países de economia agropastoril. A Segunda Guerra Mun-

dial força o desenvolvimento de indústrias básicas, princi-

palmente as siderúrgicas.Somente nos fins do século XIX, e

principalmente durante o século XX, e que as antigas colô-

nias presenciam a formação de uma consciência continen-

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tal, visando ao aproveitamento das semelhanças reconheci-

das entre as diversas nações e seus interesses comuns.

Um fenômeno comum, entretanto, parece atingir

todos os países sul-americanos: o crescimento demográfico

explosivo e a tendência crescente para a concentração urba-

na. Em todo o continente verifica-se um fluxo migratório

intenso das zonas rurais para as grandes cidades. Geralmen-

te enfrentando a miséria e a fome nos lugares natais, a po-

pulação rural tende a procur nas cidades os meios para ele-

var seu nível de vida. A atração urbana, entretanto, pouco

tem ajudado a essa gente, cuja mão-de-obra, sem qualifica-

ção, não pode ser absorvida pela indústria avançada.

Com as esperanças frustradas, acaba por contentar-

se com a prestação de serviços mal renumerados e instá-

veis, habitando nas periferias das cidades, em favelas insa-

lubres e miseráveis, ou simplesmente morando na rua e

dormindo em praça pública.Em conseqüência,um dos gran-

des problemas enfrentados por esses migrantes e o desem-

prego. A indústria está centrada no beneficiamento de pro-

dutos agrícolas e na produção de bens de consumo.

No Brasil e na Argentina abrange setores como ex-

tração e refino de petróleo, siderurgia, metalurgia, química

e automobilistica.O Brasil é responsável por cerca de três

quintos da produção industrial sul-americana, a mineração

do cobre, estanho, manganês, ferro, zinco, chumbo, alumí-

nio, prata e ouro. A América do Sul possui grandes recursos

naturais e graves problemas econômicos e sociais.

Nas décadas 1960 e 1970, a maior parte dos paises

sul-americanos estava submetida à ditaduras militares, a-

poiadas pelos Estados Unidos.Turbulências políticas conti-

nuam, a despeito da democratização iniciada na década de

1980. Nos últimos anos, o continente passa por uma “onda

de esquerda”.Em vários países,presidentes considerados de

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esquerda são eleitos, ao contrário da situação vivida em

décadas passadas.

Os países da América do Sul estão aqui relacionados

conforme sua localização no continente - Guiana Francesa

(território Ultramarino), Suriname, Guiana, Venezuela, Co-

lômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile, Argentina, Paraguai,

Uruguai e o Brasil, com o mais extenso território. O territó-

rio das Guianas está encrustado entre o norte do Brasil, o

leste da Venezuela e o oceano Atlântico, o território das

Guianas tem aproximadamente 500.000 km². Era habitado

por ameríndios caraíbas, warraus e arauaquis. Na língua

indígena, guiana significa“Terra de muitas águas”.

Politicamente, a região acha-se dividida entre a Re-

pública Cooperativa da Guiana, República do Suriname e a

Guiana Francesa (possessão da França), ocupando extenso

planalto que se inclina ao norte para o oceano e, ao sul, se-

param-se da bacia do Amazonas por um conjunto de baixos

maciços montanhosos. As linhas gerais do relevo são de-

terminadas, por extensas plataformas, separadas por pro-

fundas incisões, em cujo fundo se alojam os vales.

Na fronteira com a Venezuela e o Brasil, as plata-

formas elevam-se em bruscos degraus rochosos. O mais

alto desses relevos é a serra Paracaíma, que culmina no

monte Roraima (2734 m), ponto de encontro dos territórios

venezuelano, brasileiro e guianense. De uma altura de 975

metros do monte Roraima, despencam as águas da mais alta

catarata do mundo, batizada de “ del Angel” em homena-

gem ao explorador que a encontrou.

A serra de Paracaíma separa a bacia do rio Branco

(afluente do Rio Negro) da bacia do Essequibo, o rio mais

importante das Guianas. Tanto o Essequibo como seus

afluentes descem a serra formando saltos e cataratas como

de Kaieteur (247 m), no rio Potaro. Ao sul, na fronteira

com o Brasil, o relevo decai de oeste para leste (serra Aca-

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rai, 1500 m, serra de Tumucumaque, 850 m), apresentando-

se cortado por muitos rios torrenciais.

Embora as costas das Guianas tivessem sido avista-

das por Colombo no final do século XV, em sua terceira

viagem às Américas, só depois de despertada a atenção dos

europeus pela lenda das riquezas do Eldorado e que elas

começaram a ser visitadas por exploradores.

GUIANA FRANCESA.

Departamento Ultramarino, pertencente à França,

possui a superfície de 83,5 mil km². Capital Caiena. Popu-

lação 208 mil (2007). Limita-se a oeste com o Suriname, ao

sul e a leste com o Brasil e ao norte com Atlântico. Clima

equatorial. Geológicamente apresenta três zonas disintas: as

terras do sul pertencem ao maciço Guiano, de formação

rochosa antiga de montanhas baixas, de origem vulcânica,

erodidas pelas chuvas torrenciais. A região do noroeste é

constituída por degraus montanhosos de cerca de 350 m de

altitude, que correm paralelos à costa, e a faixa costeira é

formada por planícies baixas.

A Guiana Francesa possui vários rios navegáveis,

os principais são o Oiapoque, na fronteira com o Brasil, o

Mana e o Maroni. Ao longo dos rios e da faixa costeira en-

tre Caiena e Iracoubo, o solo é aluvional. A planície costei-

ra, coberta por florestas e pântanos é excepcionalmente

fértil. Cerca de 80% da população é constituída de créoles,

representantes de uma grande mistura racial, de elementos

europeus, africanos, asiáticos e indígenas. O idioma oficil é

o francês, falam-se também línguas asiáticas e nativas.

A França começou a colonizar o território e as ilhas

em 1604, aproveitando-os como colônia penal, principal-

mente a famosa “Ilha do Diabo” que era uma prisão de se-

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gurança máxima. Os prisioneiros, degredados e criminosos,

viviam ali em condições subumanas, sua odisséia foi descri-

ta no livro “Papilon” de autoria de Henry Charriére, um

degredado fugitivo do inferno prisional da Ilha. Só em 1944

é que a Guiana Francesa deixou de ser colônia penal.

As florestas, que cobrem mais de 95% do território,

têm sido pouco aproveitadas devido à falta de meios de

transporte e comunicação. O ponto mais alto é a Serra de

Tumucumaque com 850 m de altitude, na divisa com o Bra-

sil. A 50 km ao norte da capital Caiena, existe uma base

espacial da França, é o Centro Espacial de Kourou, que

opera ali desde 1968.

REPÚBLICA DO SURINAME

Os caraíbas, povo indígena que habitava as Peque-

nas Antilhas, estabeleceram-se ao largo da costa atlântica

das Américas Central e do Sul, dispersando-se depois pelo

interior do continente e pelas ilhas perto da costa, massa-

crando os pacíficos arauaques que ocupavam as terras des-

de os primórdios. Invadiram a região das Guaianas, da Co-

lômbia, regiões do norte do rio Amazonas e do Orenoco.A

maioria deles era nômade.Outros viviam em comunidades

pequenas, dedicados à caça e à pesca. Plantavam milho,

abóbora e mandioca. Eram destemidos, hábeis e ferozes

guerreiros. Faziam sacrifícios humanos a seus deuses e

praticavam o canibalismo.

O território da Guiana Holandesa, atual Suriname,

ocupa uma área de 163.820 km², é o menor país em exten-

são do continente, limita-se a oeste com a Guyana, ao sul

com o Brasil, a leste com a Guiana Francesa e ao norte com

o oceano Atlântico.A planície costeira do Suriname é baixa

e arenosa, com algumas áreas abaixo do nível do mar. No

interior, depois da faixa costeira cultivada com cana-de-

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açucar situa-se uma zona de savana arenosa, e ao sul desta,

começa uma área de floresta densa e intocada (92% da área

total do país).O clima é equatorial chuvoso.

A floresta estende-se para o interior até as terras da

Guiana, que são uma extensão da cadeia de montanhas Tu-

mucumaque, no extremo nordeste do Brasil. O clima é típi-

co da zona tropical. A agricultura baseada no cultivo do

arroz e da cana-de-açucar, é uma das atividades importan-

tes do país. Cerca de 70% das receitas externas provém da

exportação de bauxita. No começo do século XVII, os ho-

landeses se estabeleceram no Suriname e iniciaram o tráfico

e comércio de escravos africanos.Em 1863, foi abolida a

escravidão e a mão-de-obra africana foi substituída por tra-

balho semi-escravo, de imigrantes hindus, indonésios e chi-

neses.

A população do Suriname caracteriza-se pela pre-

sença de várias raças e línguas, embora o holandês seja a

língua oficial, fala-se também o javanês, o chinês, o hindu e

línguas indígenas. A capital Paramaribo abriga cerca de

35% da população.Em 1975, a Guiana Holandesa torna-se

independente com o nome de Suriname. Possui uma popu-

lação de 461 mil (2007).O presidente atual é Runaldo Ve-

netiaan.

REPÚBLICA COOPERATIVA DA GUIANA.

Antiga terra dos indígenas arauaques, caraíbas e wa-

raus é o único país de colonização britânica na América do

Sul. A maior parte do seu território de 214.999 km², é uma

planície coberta de florestas, que só se eleva ao sul, na fron-

teira com o Brasil. A economia é baseada no plantio de

cana-de-açucar, arroz e pecuária. Possui grande reserva de

bauxita, ouro e diamantes. Além do inglês, língua oficial,

falam-se línguas asiáticas, hindu, urdu e línguas nativas.

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A Guiana limita-se a oeste com a Venezuela, ainda a

oeste e ao sul com o Brasil e a leste com o Suriname, ao

norte é banhada pelo Atlântico. O planalto da Guiana sofreu

uma depressão abaixo do nível marítimo em fins do Tercia-

rio e inicio do Quaternário, mas elevou-se novamente em

tempos geológicos mais recentes, inclinando-se em direção

ao mar. No interior é constituído por uma superfície uni-

forme, recoberto pela savana e com as extremidades limi-

tadas por gargantas profundas. Na divisa brasileira se en-

contram as serras Acarai e da Pacaraíma. Os rios da bacia

do Essequibo servem como vias de comunicação. Seu clima

é típico das terras equatoriais.

Os habitantes revelam uma miscigenação complexa:

de europeus, índios e negros, também, muitos hindus e chi-

neses, população asiática que veio substituir a mão-de-obra

escrava, durante o período da colonização inglesa. Os indí-

genas Yanomami espalham-se pelo interior das florestas do

sul. Na capital Georgetown, concentra-se a população de

origem européia. A independência do país só se concretiza

a 23 de fevereiro de 1970. População 736 mil

(2007).Composição: indianos 51%, afro-americanos 30%,

euramerindios 11%, outros 8%. Presidente do país Bharrat

Jagdeo. Mantem disputas fronteiriças com Venezuela e

Suriname.

REPÚBLICA BOLIVARIANA DA VENEZUELA.

A Venezuela situa-se no litoral norte da América do

Sul, com seus 2.800 km de costa, banhadas pelo mar das

Antilhas e o oceano Atlântico. Ao sul, limita-se com o Bra-

sil, a oeste, com a Colômbia e a leste com a Guiana. Apre-

senta um litoral recortado, com penínsulas e ilhas no mar do

Caribe. A costa atlântica é quase toda construída pelo delta

do Orenoco, é uma área baixa, plana, alagadiça e arenosa,

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recortada por uma serie de canais naturais que entrelaçam

os vários braços em que se divide o rio.

Entre a região dos lhanos e a Guiana corre o rio O-

renoco, do qual são tributários quase todos os cursos de

água venezuelanos e muitos dos colombianos. O grande rio

nasce a 1.000 metros de altitude, na serra Parima (fronteira

com o Brasil), e desce para oeste fazendo uma curva, que

serve de limite natural com a Colômbia. Atravessa o territó-

rio seguindo para leste, quando despeja suas águas no A-

tlântico, num amplo delta, após percorrer 3.000 km. Possui

uma bacia fluvial de 945.000 km².

O país se divide em três zonas naturais. Em primeiro

lugar estão, as altas montanhas dos Andes e outras cadeias

não-andinas que se situam a oeste e norte; no centro-sul há

o extenso planalto das Guianas e outras elevações. O ponto

mais alto da Venezuela é o Pico Bolívar com 5775 m de

altitude, à sudoeste, numa ramificação dos Andes. As terras

quentes e baixas que circundam o lago Maracaíbo (13.600

km²,o maior da América do Sul),no extremo noroeste, in-

cluem uma das áreas mais populosas do país. Duas ramifi-

cações da cordilheira dos Andes do norte separam a bacia

do lago Maracaíbo do sistema de drenagem do rio Orenoco,

a leste. Ao sul ficam as extensas planícies de vegetação

herbácea, os lhanos, que são savanas para pastagem.

No sudeste, fica o vasto e antigo platô granítico das

Terras Altas da Guiana, que se estende até as fronteiras do

Brasil e da Guiana, formando uma região pouco habitada,

selvagem, com savanas, rios e platôs. O maciço das Guia-

nas e a região montanhosa do norte constituem as mais an-

tigas formações rochosas da América do Sul, especialmente

importantes porque dos seus depósitos aluvionais afloram

as infiltrações petrolíferas.

Antes da chegada de Cristovão Colombo, em 1498,

a região era habitada por índios arauaques e caraíbas. Na

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sua terceira viagem à América, Colombo navegou ao longo

das costas guianesas e penetrou no golfo de Paria. No ano

seguinte, em 1499, outra expedição, que contava com a

presença do navegador Américo Vespúcio,o espanhol A-

lonso de Ojeda e Juan de la Cosa, explorou a costa da Ve-

nezuela, entre as Guianas, até o lago de Maracaìbo.

Durante a viagem Vespúcio observou as habitações

de palafitas, dos nativos, que estavam construídas sobre o

Lago Maracaíbo; o fato lembrou ao navegador italiano as

construções de Veneza, que o fez denominar a região “Pe-

quena Veneza” ou Venezuela. A ocupação da Venezuela

continental começou depois que os espanhóis se assenhore-

aram da ilha Margarita, no mar das Antilhas.

No início do século XVI, o banco alemão Weiser,

recebe da Espanha concessão para colonizar e explorar o

território. O contrato é rescindido em 1546, e a região passa

a ser administrada pela Audiência Real de Caracas. Duran-

te o domínio colonial, a Venezuela foi organizada como

Capitania Geral do Vice-Reinado de Nova Granada. A par-

tir da fundação de Caracas, em 1567,começou a tomar for-

ma de colônia. No século XVIII, se tornou a colônia agríco-

la mais importante, produtora de cacau, cuja cultura deu

lugar à formaçãço de uma aristocracia crioula baseada no

uso da mão-de-obra escrava africana.

Francisco de Miranda e Simón Bolívar, dois dos

maiores líderes da independência latino-americana, nasce-

ram na capitania espanhola. Em 19 de abril de 1810, come-

ça a luta pela independência. Miranda se tornou comandan-

te do exército, Bolívar aderiu ao programa de libertação de

Miranda, com o apoio da oligarquia cacaueira. Apoiado por

importantes líderes militares como Antônio José de Sucre,

Marino, José A.Páez, empreendeu campanhas vitoriosas, na

metade norte do continente.

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Simon Bolívar, o Libertador, conduz a campanha

militar pela independência, que é conquistada em 1819.

Forma-se a Gran-Colômbia, composta por Venezuela, Co-

lômbia, Panamá e Equador, é presidida por Simon Bolívar.

Mas a independência fica muito aquém dos sonhos de Bolí-

var, que em 1824, parte para libertar a Bolívia e o Peru. A

Gran-Colômbia fragmenta-se e, na Venezuela, a oligarquia

rural exerce o poder por quase um século de ditaduras su-

cessivas, guerras civis e disputas fronteiriças.

A partir da primeira década do século XX, a Vene-

zuela tornou-se um dos principais exportadores de café do

mercado mundial. Na década de 20, foram descobertas

grandes jazidas de petróleo e iniciou-se a exploração. Mas a

riqueza proveniente do petróleo não beneficia todo o país, a

maior parte dos lucros fica com as companhias internacio-

nais, que obtêm a concessão de exploração, só uma pequena

parte é investida e consumida principalmente em Caracas.

A renda atinge limites perigosos de má distribuição,

o que, aliado ao crescimento da classe média urbana, pro-

voca os movimentos de reformas políticas que apresentam

como reinvidicações principais, a reforma agrária e a diver-

sificação industrial. Esse amplo território de 916.445 km², é

marcado por violentos contrastes, que vão desde a diversi-

dade da paisagem até a distribuição desigual de suas rique-

zas. A economia é totalmente baseada na exploração e refi-

no do petróleo, petroquímica e indústria siderúrgica.

No litoral, em Maracaíbo e no Golfo de Paria, en-

contram-se as principais bacias petrolíferas. Além de hidro-

carbonetos, o país conta com jazidas de ferro, bauxita,

manganês, tungstênio, ouro, diamantes e cromo.Cultiva-se

cana-de-açucar, café, arroz e milho.Na região dos lhanos

criam-se grandes rebanos bovinos.

Rafael Caldera, eleito presidente em 1969, pacifica a

nação após dezenas de anos de guerrilhas e legaliza os par-

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tidos de esquerda. Em fevereiro de 1999, tomou posse o

presidente eleito Hugo Rafael Chávez Frías, reeleito em

2000 e em 2006.Chávez declara apoio ao socialismo como

sistema de organização social e econômica. A nova Consti-

tuição promulgada em 1999 muda o nome do país para Re-

púbica Bolivariana da Venezuela ( em referência à Simón

Bolívar), e mexe nas instituições do Estado.

Em janeiro de 2005, Chávez assina uma lei de re-

forma agrária para acabar com os latifúndios improdutivos.

Em 2006, o governo assume o controle de 32 campos de

petróleo operados por empresas estrangeiras, e amplia o

controle estatal sobre a exploração petrolífera. Oficializa a

nacionalização dos quatro consórcios de multinacionais que

exploram as jazidas de petróleo da faixa do rio Orenoco.

As cidades principais são: Caracas, Valência, Bar-

quisimeto, Maracaíbo. A língua oficial é o espanhol. A po-

pulação é de 28,1 milhões (2008). Composição: euramerín-

dios 67%, europeus ibéricos 21%, afro-americanos 10%,

outros 2%.

REPÚBLICA DA COLÔMBIA.

As costas da Colômbia foram visitadas em 1499,

pelos navios de Américo Vespúcio, Alonso de Ojeda e Juan

de la Cosa. Os navegadores exploraram o lago Maracaibo e

costearam a península de Guajira. Cristovam Colombo pas-

sou no litoral colombiano em 1502, na sua quarta viagem à

América. O país recebeu o nome em sua homenagem.

O litoral da Colômbia era habitado por índios caraí-

bas e arauaques e o seu planalto, por chibchas, agricultores

e mineradores, espalhados pelo norte do país e na região

onde é hoje o Panamá. Os grupos mais adiantados eram os

que habitavam o vale do rio Cauca e o planalto de Bogotá.

A tradição histórica de algumas tribos permite relacionar

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esses grupos com outras culturas avançadas do norte e sul

do continente americano.

Os chibchas do planalto de Bogotá já tinham atingi-

do um nível de desenvolvimento comparável ao das tribos

íncas do Peru central. Os chibchas sabiam trabalhar os me-

tais e possuíam notável senso artístico.As populações da

zona norte da Colômbia eram menos desenvolvidas.O mai-

or grupo que habitou a região,o dos pacíficos arauaques

cujos descendentes, os guajiros,vivem até hoje junto ao mar

das Antilhas.Os ferozes caraíbas ocupavam uma grande

parte da costa e o vale do baixo Madalena. Cartagena, fun-

dada em 1533, torna-se uma das principais bases do impé-

rio espanhol na América, porto exportador de ouro e prata.

Entre 1536 e 1539, Gonzalo Jiménes de Quesada

dominou os povos indígenas, e fundou a cidade de Santa

Fé de Bogotá.A população foi submetida ao sistema de tra-

balho escravo. Após 280 anos de colonialismo espanhol, a

maioria dos indígenas colombianos desapareceu, foi dizi-

mada por doenças e guerras com os conquistadores. A con-

cessão das terras ao longo do mar das Antilhas, feito pela

coroa espanhola a favor do fundador de Bogotá, resultou no

aumento dos limites da Colônia de Nueva Granada, como a

Colômbia foi conhecida até 1861.

Ela abrangia os atuais territórios do Panamá, Vene-

zuela, Equador e Colômbia. Nueva Granada foi governada

pelo vice-rei do Peru até 1718, passando a vice-reinado

independente em 1740. Santa Fé de Bogotá transforma-se

na capital do vice-reinado. A cidade está situada no coração

dos Andes, a 2611 m de altitude, num planalto dominado

pelos montes Monserrate e Guadalupe. Bogotá, a atual ca-

pital política e econômica da Colômbia, é também uma das

maiores metrópoles da América do Sul.

Em 1783, nasceu em Caracas, José Antônio de la

Santíssima Trinidad Simón Bolivar y Palácios. Educado na

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Europa, torna-se estadista e militar venezuelano, lidera as

lutas pela independência dos países latino-americanos. Em

Bogotá, em 20 de julho de 1810, se inicia a rebelião contra

o domínio espanhol. Em 1819, os exércitos de Simón Bolí-

var vencem os espanhóis e é fundada a República de la

Gran-Colômbia, constituída com a Colômbia, Venezuela,

Panamá e Equador. A vitoriosa campanha política e militar,

de Simon Bolívar, o leva em 1821, a ser presidente da re-

cém-formada Gran-Colômbia. Em 1830, Venezuela e E-

quador passam a ser independentes; em 1903, o Panamá se

separa da Colômbia.

A República da Colômbia situa-se no extremo noro-

este do continente da América do Sul e ao sul do Istmo do

Panamá. É banhada pelo oceano Atlântico (mar das Anti-

lhas ou do Caribe) e pelo Pacífico. País com 1.141.748 km²

de território, formado por uma tríplice ramificação da cordi-

lheira dos Andes que percorre o país de norte a sul.

A cordilheira ocidental próxima ao Pacífico, a cen-

tral e a oriental, separadas entre si pelos amplos vales dos

rios Cauca e do Magdalena.A cordilheira Central destaca-se

por seus imponentes vulcões.Das formações vulcânicas

emergem doze grandes picos, cinco dos quais cobertos por

neves eternas. São os nevados de Huila (5150m), de Tolima

(5620m),de Ruiz (5400m),de Quindío (5150m) e de Santa

Isabel (5100 m).

Limitado ao norte pelo vasto delta do Magdalena, o

rio mais importante do país, (mede 1.550 km) e é uma das

mais importantes vias de comunicações colombianas. Á

oeste limita-se pela planície litoral do Pacífico, a sudoeste

pelo Equador, ao sul com o Peru, a leste estendem-se as

terras planas com florestas e savanas que descem em dire-

ção ao Orenoco e ao Amazonas, na fronteira com o Brasil.

Essa configuração resulta em uma grande variedade

climática, das terras geladas dos picos nevados andinos ao

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clima tropical da Amazônia. Mais da metade do território

colombiano corresponde a vastas planícies cobertas de sa-

vanas e a floresta tropical, o restante é ocupado pela cordi-

lheira dos Andes e pelas regiões costeiras, a oeste, onde

vivem 90% dos colombianos.Estas planícies, denominadas

lhanos, são recobertas de campo limpo herbáceo ou de sa-

vana, são irrigadas pelos grandes rios que nascem na ver-

tente oriental dos Andes e vão engrossar as águas do Ore-

noco e do Solimões. As lagoas e os pântanos são paisagens

características do litoral colombiano do oceano Pacífico.

Em toda a faixa costeira e ao longo das encostas

predominam as florestas, que dificultam as comunicações.

Apesar do desenvolvimento do transporte aéreo, rodoviario

e ferroviário,os rios continuam sendo as “estradas” preferi-

das na Colômbia.O Magdalena, sobretudo, desempenha

papel muito importante como via navegável. Outra impor-

tante via fluvial é o rio Cauca, que atravessa as terras altas,

de clima ameno e solo mais fértil. Foi pelo Cauca que subi-

ram os primeiros conquistadores, e foi à sua volta que sur-

giram os primeiros centros culturais de importância.

As cidades principais são: Bogotá (capital), Cali,

Medellin, Barranquilla, Cartagena. A população colombia-

na de 46,7 milhões (2008), é formada, a maioria por mesti-

ços de índios, negros e brancos, e a minoria por europeus

ibéricos. Os mestiços de sangue índio ainda conservam seus

costumes e tradições apesar da influência cultural espanho-

la. Em zonas afastadas, como a península de Guajira, ou nas

regiões interiores da Amazônia, estão os grupos indígenas

que conseguiram sobreviver a quatro séculos de persegui-

ção e descrimação pelos conquistadores europeus.

A principal atividade econômica da Colômbia é a

agricultura, com destaque para o cultivo do café, em segui-

da do cacau, cana-de-açucar, algodão, banana, tabaco, ar-

roz, batata, milho, trigo. Grande parte da população traba-

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lha na agricultura, mas poucos são donos de suas próprias

terras.A maioria das fazendas pertence a um grupo reduzido

de grandes proprietários rurais, e as terras restantes são di-

vididas em numerosos minifúndios, o que compromete o

seu aproveitamento econômico.

As riquezas e a extensão das jazidas minerais da Co-

lômbia estão relacionadas com a formação geológica da

cordilheira dos Andes. O subsolo colombiano contém ricas

jazidas, de ouro, diamantes, platina, esmeralda, ferro, prata,

petróleo, carvão e sal. Foram encontrados ainda, depósitos

de urânio, enxofre, cobre, zinco, chumbo, cromo e estanho.

O café, o petróleo, o gás natural e o carvão são as maiores

fontes de divisas de exportação, legal, mas as receitas do

tráfico da cocaína processada excedem todas as outras.

Ex-combatentes liberais liderados por Pedro Antô-

nio Marin e Manuel Marulanda criam,em 1964, as Forças

Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).Outras guer-

rilhas de esquerda, como o Exercito de Libertação Nacional

(ELN), e o Movimento Revolucionário 19 de abril (M-19),

e as milícias camponesas de extrema direita (AUC),.são

fundadas e a guerra civil avança pelo país. Mais de 40% do

território colombiano está sob contole desses grupos.Os

atentados da guerrilha crescem paralelamente ao tráfico de

drogas. São os maiores responsáveis pela violência no país.

Além de milhares de camponeses expulsos de suas

terras pelos conflitos, a violência política e a do narcotráfi-

co causam milhares de mortes no país. Os movimentos

guerrilheiros, especialmente as Farc e o M-19, continuam

muito ativos, com seqüestros de políticos e torturas. No

centro desse panorama de violência, a droga e seus trafican-

tes se instalaram como um autêntico núcleo de poder Os

grandes cartéis da droga - de Medellín e de Cali - fizeram

do país um grande produtor mundial de cocaína.

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Atualmente, não existem guerras ou disputas fron-

teiriças na América do Sul.Contudo, há consideráveis lutas

civis entre grupos de guerrilha e governos em vários países

do continente.Na Colômbia, Equador e no Peru, os cartéis

de narcotráfico, continuam a ser o problema principal.

A presidência da Colômbia é ocupada por Álvaro

Uribe, eleito em 2002, reeleito em 2006.

REPÚBLICA DO EQUADOR.

Desde 2500 a.C o.atual território do Equador era

ocupado por diversos povos. A região foi uma zona de fron-

teira com influência das civilizações nazca, tiachuanaco,

huari, chibcha e mexica. Também há indícios de contato

com povos do Pacífico, japoneses e polinésios. Nos séculos

VI e VII, o território era habitado pela nação Cara que fun-

dou o reino de Quito.Os equatorianos são na maioria des-

cendentes do povo quíchua.

Pela mesma época, tanto a nação Chimú, provenien-

te da zona costeira norte do Peru, como o Império Inca co-

meçaram a exercer pressão sobre o povo Cara. No século

XIV, o território esteve dividido entre vários estados guer-

reiros. Os quíchuas, índios agricultores que viviam na regi-

ão são dominados pelos incas por volta de 1450. Em 1478,

o inca Tupác Yupanqui unificou os povos agrícolas que

habitavam o território do Equador.

Nos anos seguintes, a região norte do país quíchua,

cujo centro estava em Quito, tornou-se centro comercial e

cultural da grande Civilização Inca. A rivalidade na suces-

são entre Ataualpa de Quito e Huáscar de Cuzco enfraque-

ceu o poder do Império Inca. Em 1534, o exercito, sob o

comando do Sebastian Benalcázar e Diego de Almagro,

enviados por Pizarro, subjugou o reino de Quito. Os nativos

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foram reduzidos a uma semi-escravidão no regime das en-

comiendas.

O Equador passa a integrar o Vice-Reinado de Li-

ma, e depois em 1717 até 1740, ao novo Vice-Reinado de

Nova Granada que inclui o Equador, Panamá, Colômbia e

Venezuela. Dominada por uma nobreza rural, clericarista e

conservadora a Sierra sustentava o governo. Coube ao ge-

neral Antônio José de Sucre, enviado por Simon Bolívar,

concretizar o fim da era colonial espanhola em 1822. Equa-

dor se vinculou á Federação da Gran-Colômbia, até 1830,

quando se torna independente e adota o nome de Equador.

A República do Equador limita-se ao norte com a

Colômbia, a leste com o Peru, a oeste é banhado pelo O-

ceano Pacífico. Possui a área de 272.045 km².O nome de

Equador deriva do fato de a linha do equador passar pelo

meio do país. Seu território, situado no noroeste da América

do Sul, é cortado por duas cadeias montanhosas da cordi-

lheira dos Andes. Entre elas há elevados planaltos (altipla-

no), onde se situa Quito, a capital do país, numa altitude de

2850 m, região sujeita a terremotos, e onde predomina po-

pulação de origem indígena, o povo quíchua.

Na face ocidental localiza-se o ponto culminante do

país, o vulcão Chimborazo, 6.272 m de altitude. Existem

vinte vulcões ativos no Equador. O Cotopaxi situa-se na

cordilheira Oriental, e com seus 5.897 m, é o vulcão ativo

mais alto do mundo. A região da Sierra equatoriana ocupa

15% da superfície total do país, e aí se concentra cerca da

metade da população do país.Nessa área, os indígenas dedi-

cam-se ao pastoreio ou empregam-se, em condições servís,

nas grandes “haciendas”de proprietários brancos.

O Equador compreende, a oeste a região costeira,

planície litoral de clima equatorial; no centro, a Sierra, ele-

vados planaltos dominados por vulcões e cavados por baci-

as interiores que concentram a maior parte da população.

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Praticamente isolada pelo braço leste da cordilheira, a por-

ção oriental equatoriana da planície amazônica, é selvagem

e quase toda recoberta pela selva e pouco habitada.

O país abriga o arquipélago das Galápagos, ou Co-

lón, com treze ilhas e uma infinidade de ilhotas e recifes de

origem vulcânica, localizado a cerca de 1.000 km do litoral

equatoriano, no Pacífico, povoadas por espécimes animais

únicos. O Arquipélago desempenhou papel essencial para a

formulação de uma das teorias mais importantes da história

da humanidade.

Em 1831, a bordo do navio Beagle, Charles Darwin

passou por lá, e ficou muito impressionado pelo modo com

que esses animais diferem em cada ilha do grupo. A fauna

de Galápagos inclui animais extintos em outras partes do

mundo, como tartarugas gigantes e grandes iguanas. Foi a

partir de seu estudo desses animais que Charles Darwin

começou a formular a Teoria da Evolução das Espécies.

As principais culturas do país são: de arroz, cacau,

café, cana-de-açucar, banana, tabaco e algodão. O subsolo é

rico em petróleo, ouro, prata, chumbo, cobre, ferro e car-

vão. O gás natural e o petróleo formam a maior receita de

exportação do Equador. Turbulências políticas e disputas

fronteiriças com o Peru, marcam a história equatoriana.

A mestiçagem dos indígenas com os espanhóis e o

aporte de escravos africanos, influencía a composição étni-

ca atual.Os grupos indígenas, que representam 25% da po-

pulação pressionam o governo para serem reconhecidas as

suas nacionalidades distintas dentro da sua região.A popu-

lação equatoriana soma 13,6 milhões em 2008.

As cidades mais importantes do Equador são: Gua-

yaquil, Quito, Cuenca, Machala, Ambato, Ibarra, Esmeral-

das. O espanhol é língua oficial, mas falam-se no país as

línguas indígenas, principalmente o quíchua e chibcha.

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Desde janeiro de 2007, está no governo do país co-

mo presidente eleito o esquerdista Rafael Correa.

REPÚBLICA DO PERU.

Nas cavernas próximas de Ayunco no Peru, foram

encontradas evidências de vida humana datados de 15.000

a. C. mas grupos esparsos de caçadores-coletores viviam na

região desde há 35.000 a.C. Os Sican, povos primitivos,

pré-colombianos, habitavam o litoral norte do Peru.A Civi-

lização peruana emergiu há 3.000 a.C.já com agricultura

irrigada, cerâmica elaborada e tecidos feitos de algodão, de

lã de lhama e de alpaca.

O Peru, país dos incas (quíchuas), situa-se a noroes-

te da América do Sul, banhado, a oeste pelo Pacífico.Tem

fronteira, ao norte, com o Equador e Colômbia, a leste com

o Brasil, Bolívia e Chile. Com a superfície de 1.285.216

km², é o terceiro maior país do continente, com aproxima-

damente 28,8 milhões de habitantes em 2007, com a com-

posição étnica de 45% de quíchuas e aimarás, euramerín-

dios 37%, europeus ibéricos 15% e outros 3%.

Acompanhando a linha costeira, o Peru estende-se

por cerca de 2.000 km, com uma largura máxima de 1250

km. É país intertropical, localizando-se entre a faixa do

equador e os 18° de latitude sul. O litoral concentra as mai-

ores cidades, entre elas a capital Lima (antiga Ciudad de

los Reyes), Paita, Arequipa, Callao, Chiclayo, Trujillo, San

Juan e Cuzco a antiga capital dos Incas, nos Andes perua-

nos. A passagem ferroviária mais alta do mundo, com 4829

m, situa-se no percurso Lima - la Oroya.

Nas ilhas do litoral vive uma imensidade de aves

marínhas, elas produzem uma das riquezas do Peru.O ex-

cremento, depositado nas encostas das ilhas pelos pássaros,

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forma o guano, substância rica em fósforo e nitrogênio, que

constituem um ótimo e disputado adubo para a agricultura.

A cordilheira dos Andes possui grandes reservas

minerais, ouro, cobre, chumbo, zinco, prata, carvão, petró-

leo e gás natural. A cordilheira corta ao comprido o territó-

rio do Peru, dividindo-o em três regiões diferntes entre si. A

porção ocidental constitui a Costa, de terras áridas e secas,

ao centro a área da cordilheira, uma série de cadeias de

montanhas com altiplanos e vales profundos, chama-se a

Sierra. A leste, as encostas e contrafortes orientais dos An-

des e a planície amazônica formam uma região quente e

úmida, a Montaña.

Os Andes peruanos dividem-se em dois ramos prin-

cipais, a cordilheira Oriental e a Ocidental, esta última

constituindo o divisor de águas entre a bacia amazônica e a

do Pacífico. Próximo à cordilheira Oriental, o horizonte

uniforme do altiplano (puna) é quebrado por uma série de

picos vulcânicos, cobertos de neve, são vulcões adormeci-

dos ou extintos, como Misti (5822 m),o Chacaui (6075m), o

Pichu Pichu (5700 m), o Ampato (6378 m) e o Coropuna

(6615 m). Nessa área são freqüentes os abalos sísmicos.

Estes vulcões são remanescentes da grande cadeia formada

no Período Terciário.

Tanto o lago Titicaca, como o vulcão Misti, situam-

se no sul do Peru, aonde a cordilheira chega a atingir 450

km de largura.Em direção ao norte, envolvido pelas monta-

nhas, localiza-se o vale luxuriante do rio Huatanay e a cida-

de de Cuzco, próxima a Machu Picchu, e sede do Império

Inca.Um pouco acima, fica o Pampa de Junin, área de gran-

des lagos e nascente do rio Mantaro, afluente do Apurimac.

Ao norte do Pampa de Junin, os dois ramos da cor-

dilheira unem-se no Cerro de Pasco (4300 m) onde nascem

os rios Marañon e Huallaga. Ambos em conjunto com o

Ucayali (constituído pelo Apurimac, Mantaro, Urubamba e

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outros), vão unir-se a nordeste do país para formar o rio

Solimões (Amazonas).

O ponto culminante dos Andes peruanos, o monte

Huascarán (6768m) está situado na cordilheira Blanca, uma

das ramificaçãoes da cadeia ocidental. Toda a região costei-

ra do Peru é desértica, contando com apenas alguns oásis.

Exceto na vertente amazônica, não existem florestas nos

Andes. Até 3.800 m de altitude as encostas são cobertas de

uma estepe arbustiva, e mais acima, por uma vegetação

herbácea do tipo desértico.

Ocupando o nordeste do Peru, a planície amazônica

assenta-se sobre uma vasta bacia sedimentar que separa os

Andes do Escudo Brasileiro. A região é atravessada pelas

ramificações das nascentes do Amazonas-Ucayali, Marañon

e Huallaga,cujas bacias encontram-se separadas por modes-

tas elevações.O restante da região de Montaña está coberto

por uma densa floresta, com árvores de até 50 m de altura.

Toda a Montaña é escassamente povoada, com as cidades

agrupando-se à margem dos rios. A maior é Iquitos, locali-

zada no alto Solimões, em comunicação fluvial com o oce-

ano Atlântico, através do Amazonas no território brasileiro.

O povo quíchua (inca) se espalhava por toda a regi-

ão andina desde tempos pré-históricos. Há indícios de uma

agricultura incipiente praticada desde 7.000 a.C., era culti-

vado o milho, mandioca e abóbora, a base de sua alimenta-

ção.Os incas form os últimos intérpretes da história pré-

colombiana na América do Sul.

A história inca iniciou-se no século XI, com uma

migração desde o sul até o altiplano de sudoeste. A civiliza-

ção expandiu-se rapidamente durante os anos 1000 a 1531,

ao longo da Cordilheira dos Andes, em território do Peru,

Equador, Chile e Bolívia. No apogeu, em 1470, com a in-

corporação dos reinos de Quito e Chimú, a conquista de

Tiachuanaco e a região do lago Titicaca, o Império se es-

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tende da Colômbia até o sul da costa chilena e ao norte da

Argentina, com uma população de 6 milhões de habitantes,

governados pelos reis Incas.

Sob a liderança de Manco Capac, (o primeiro dos

doze reis “históricos”, até o fim do Império), construíram

uma cidade que acreditavam estar situada no centro do

mundo. Por isso deram-lhe o nome de Cuzco, que em lin-

gua quíchua, significa “umbigo”.A fortaleza-capital dos

incas, Cuzco, é fundada em 1.250 d.C. Situada num vale

andino a 3.420 metros de altitude, a região é sujeita à ter-

remotos, a cidade foi atingida e destruída diversas vezes.

A arquitetura foi um dos pontos fortes da antiga cul-

tura inca.Construíram com perícia edifícios, pontes e ca-

nais, e uma extensa rede viária de aproxidamente 22 mil

quilômetros, ligando os confins do Império à capital, Cuz-

co, viabilizaram a agricultura nas regiões montanhosas dos

Andes, talhando o relevo em degraus múltiplos e utilizaram

extensivamente a irrigação.Nas regiões desérticas do litoral,

irrigaram a terra por meio de tanques e canais.

Cultivavam milho, mandioca, abóbora, batata-doce,

feijão, pimentão e tomate seus principais alimentos. Domi-

navam a metalurgia, utilizando o ouro, a prata, o cobre e o

estanho para confeccionar utensílios, máscaras funerárias,

esculturas e ornamentos. Cultuavam o Sol e os deuses da

Natureza, aos quais faziam sacrifícios de vidas humanas.

Os prisioneiros capturados em guerras eram sacrificados em

festas canibalescas.

É o único povo pré-colombiano da América do Sul,

a domesticar animais. Entre eles estão a lhama, usada para

o transporte, além de fornecer carne, couro e esterco, e a

alpaca, da qual obtém a lã e a carne. Não conheciam a roda,

transportavam tudo no lombo de lhamas, os viajantes servi-

am-se de escadas feitas na pedra para galgar as elevações.

A economia inca baeava-se na agricultura, não havia pro-

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priedade privada, e as terras eram divididas em três partes:

as do Inca (rei), as do Sol, e as do povo, pequenos quinhões

destinados para cada família.

Construíram uma notável rede de estradas, de traça-

do retilíneo revestidas com dura argamassa, organizaram

um sistema de mensageiros, que se comunicava com todo o

Império, desde o Oceano Pacífico até o Atlântico. O cami-

nho “transcontinental”, ao qual chamaram de “Peabirú”,

construído de pedras, partia do litoral peruano, transpunha a

cordilheira dos Andes e pelo meio da selva, atravessava

montanhas, rios e campos e terminava no litoral brasileiro,

em São Vicente, Província de São Paulo.

Durante cinco séculos, os incas construíram um

grande Império e governaram a América do Sul a partir de

Cuzco, sua magnífica capital, que é testemunha da grande-

za do antigo Império. Nas ruínas ainda existentes pode-se

observar a perfeição com que executavam suas obras e o

cuidado com os detalhes. Entre suas magníficas e elabora-

das obras arquitetônicas está a cidade de Machu Picchu,

localizada nos cumes dos Andes a 4 mil metros de altura

sobre o Vale Urubamba, em 800 d.C. Situada a cerca de 80

km de Cuzco, foi construída por ordem do imperador Pa-

chacuti, fundador do Império Inca.

As ruínas foram descobertas em 1911, pelo arqueó-

logo norte-americano Hiram Bingham. Há evidências de

que o monumento era um local sagrado, de grande impor-

tância religiosa e simbólica para o povo Inca. Restam cen-

tenas de ruínas de habitações de pedra, provavelmente per-

tencentes à elite e sacerdotes. As ruínas da cidade de Machu

Picchu são dignas de admiração; consideradas como patri-

mônio da humanidade, atraem turistas do mundo todo.

Nos séculos precedentes às conquistas espanholas,

os incas mantiveram o domínio sobre todos os outros povos

da região. A partir de Cuzco, o Imperador Inca exerce um

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rígido controle sobre o extenso território, por meio de uma

burocracia altamente treinada, uma religião estatal, um po-

deroso exército e uma avançada rede viária.

A expansão sob Huayna Capac, colocou estas insti-

tuições sob forte pressão. Os Estados subjugados estavam

descontentes pelas imposições diversas e cobrança de altos

impostos. Huayna Capac teve dois filhos Atahualpa e Hu-

ascar. Quando o pai morreu em 1526, os dois começaram a

disputar o trono. As divisões entre grupos dominantes e

subordinados foram agravadas pela hostilidade entre elite

inca do interior, região de Cuzco, ao sul, e os que viviam

nas regiões fronteiriças, ao norte, em Quito.

A pretexto das desavenças, irrompe uma guerra ci-

vil, que dividiu o Império em duas metades, a parte norte

chefiada por Atahualpa e o sul liderado por Huascár seu

irmão. Atahualpa conseguiu derrotar Huascar, fez amizade

com os espanhóis, mas foi traído por Pizarro, que o aprisio-

nou na província de Cajamarca. Pizarro fixou um resgate

em ouro e prata, mas tendo recebido, mandou executar Ata-

hualpa, em 1533, em seguida atacou e ocupou Cuzco.

Enfraquecidos pelas guerras fratricidas os incas fo-

ram conquistados e destruídos entre os anos de 1531 e

1533, pelo cruel aventureiro espanhol, Francisco Pizarro

que, invadiu o rico Império Inca com auxílio dos seus ir-

mãos Gonçalo e Fernando. O fim do Império Inca, foi com

a ocupação de Quito por Sebastian Belalcázar em 1533. No

entanto, durou pouco a paz entre os espanhóis. Pizarro de-

sentendeu-se com seu rival capitão Diego de Almagro, e

este aprisionado, foi executado. Como vingança, o filho de

Almagro assassinou Francisco Pizarro, em 1541.

A descoberta das ricas minas de prata, estanho,cobre

e chumbo, situadas nas encostas da montanha de Potosi nos

Andes bolivianos, em 1545, seguiu-se das minas de Huan-

cavélica em 1563, fatos esses que ainda mais açularam a

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cobiça de riquezas incas nos espanhóis.A colônia é elevada

a Vice-Reinado do Peru em 1543.

Os indígenas vinham sendo dizimados pelo trabalho

escravo nas minas e fazendas. Obrigados à servidão, rebe-

lam-se em 1780; a revolta é liderada pelo descendente da

família real inca, Tupac Amaru II,que foi morto em batalha

pelas forças espanholas. A revolta se estende até o Equador

e só é controlada três anos depois. Os incas desapareceram

como nação, pouco depois do contato com os espanhóis,

foram exterminados em guerras, por doenças trazidas pelos

europeus, para as quais não possuíam imunidade ou reduzi-

dos à humilhante e severa escravidão.

Os três séculos de colonização foram marcados pelo

monopólio comercial exercido pela Espanha, que absorvia

todas as riquezas da colônia, pelo predomínio eclesiástico

nas áreas política e social, e pelos funcionários enviados de

Madri. No princípio do século XIX, com o colapso do Im-

pério espanhól, as colônias americanas foram, uma a uma,

proclamando sua independência. Em 1819, o general argen-

tino José de San Martin inicia a luta contra os espanhóis,

auxiliado pelas tropas do general Antônio José de Sucre

enviadas por general Simon Bolívar, derrota os espanhóis

em 1824. Independente, em 1828, o país liberta os indíge-

nas do trabalho forçado, e os negros da escravidão.

Pertencentes ao grupo pré-colombiano dos aimarás,

os indígenas que habitam as imediações do lago Titicaca,

mantem suas tradições e a língua nativa. O lago Titicaca é

um dos lagos mais altos do mundo, está situado a 3812 m

de altitude,com uma área 8965 km², sua profundidade é

variavel entre 30 m a 270 m. Marca a divisa entre o Peru e a

Bolívia. A Cuzco espanhola ergueu-se sobre as muralhas

da antiga capital inca, num símbolo expressivo da imposi-

ção de uma cultura sobre a outra; esta, no entanto, ainda

conseguiu sobreviver. Metade dos indígenas peruanos são

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descendentes diretos dos antigos incas e de outras civiliza-

ções pré-colombianas. O espanhól, quíchua e o aimará, são

as línguas oficiais do Peru.

Os indígenas, que habitam a maior parte da Sierra e

a vertente amazônica dos Andes, na selva, permanecem

isolados, não integrados à sociedade moderna, praticam

uma agricultura primitiva, donos de uma cultura pouco ela-

borada. O povo conserva a língua quíchua, os costumes e os

rituais antigos, vivem organizados em tribos ou comunida-

des camponesas. Mais de 82% da população do país tem

origem indígena. Relegados ao analfebetismo e à pobreza

quase absoluta, vivem isolados em povoados localizados

principalmente no altiplano andino, onde a agricultura ga-

rante sua subsistência, se dedicam ao cultivo de milho, ar-

roz, batata, fumo, mandioca, algodão e coca.

Nos centros urbanos, como Lima e seus arredores,

ameríndios e mestiços são fortemente discriminados pela

minoria branca. Os migrntes rurais, sem trabalho e sem

meios de sustento na cidade, acabaram por constituir fave-

las, onde vivem de bicos, à espera de melhores oportunida-

des. A desigualdade social é grande e 70% da força de tra-

balho atua na economia informal.

Recentemente, o Peru experimentou uma séria crise

política. As profundas divisões sociais deram origem, em

1980, ao movimento Sendero Luminoso, formado por um

grupo guerrilheiro inspirado nas idéias do líder comunista

chinês Mão Tse-tung.. As atividades terroristas do grupo,

iniciadas em Ayacucho, resultaram na perda de 23.000 vi-

das de militares e civis.O país se envolve numa sucessão de

conflitos desastrosos com os vizinhos, Colômbia, Bolívia e

Chile, mais conflitos na fronteira com o Equador no inicio

de 1995, levam a um confronto armado entre os dois países.

Ao longo da história do Peru independente, o poder

é exercido pelos generais, sendo constantes os golpes de

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Estado. Em 1990, é eleito presidente Alberto Fujimori, que

dá amplos poderes aos militares na repressão ao terrorismo.

Em 1995, Fujimori e reeleito novamente. Em 2000, candi-

data-se para o terceiro mandato, é reeleito, toma posse em

meio a violentos protestos da oposição. Poucos meses de-

pois, apresenta carta de renúncia. A situação começa a mu-

dar quando o economista indígena Alejandro Toledo é elei-

to presidente em 2001. Em 2006, o ex-presidente Alan Gar-

cia vence as eleições com maioria de votos, na posse, a-

nuncia apoio ao tratado de livre-comércio com os EUA.

O Peru é um dos maiores produtores de coca, de

uso comum na cultura indígena. Estima-se que no vale do

rio Huallaga seja produzida 60% da coca, com a qual se

elabora a cocaína..As plantações são protegidas pela guerri-

lha. A agricultura e a mineração são as principais fontes de

receita, mas presume-se que o comercio ilegal de coca,

supere todos os recursos obtidos com as exportações legais.

Patrimônios da humanidade: Cidade de Cuzco, San-

tuário Histórico de Machu Picchu, Sitio Arqueológico de

Chavim, Parque Nacional de Huascarán, Zona Arqueológi-

ca Chan Chan, Parques Nacionais Manu e Rio Abiseo, Cen-

tro Histórico de Lima, Linhas e Grifos de Nazca.

REPÚBLICA DA BOLÍVIA.

Incrustado no centro-oeste da América do Sul, seu

território de 1.098.581 km², é habitado por 9,7 milhões de

pessoas (2008). Limita-se com o Brasil ao norte e a leste,

com o Paraguai a sudeste, com a Argentina ao sul, com o

Chile e o Peru a oeste. A Bolívia é um país interior sem

ligações diretas com o mar. De solo montanhoso formado à

Oeste pelos altos Planaltos dos Andes, que em seu território

atinge a largura máxima de 650 km. É onde se localizam o

árido altiplano andino e as principais cidades, como La Paz,

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a 3636 m de altitude, a capital mais alta do mundo A partir

de Pasco, no Peru, os Andes dividem-se em duas ramifica-

ções, as cordilheiras Ocidental e Oriental.

A Bolívia apresenta tal diversidade de relevo, que

seu clima e extremamente variável de região para a região.

Assim, verifica-se uma zona tórrida nas provincias dos lla-

nos, já na zona das yungas a temperatura é média. As terras

mais baixas do Altiplano formam uma zona temperada, e as

regiões do Altiplano mais elevadas constituem a zona fria, e

nas altitudes das grandes cumes cobertos de neves eternas,

define-se a zona glacial.

As geladas alturas dos Andes e seus planaltos co-

brem todas as terras centro-ocidentais do país, enquanto as

do leste avançam por baixas planícies tropicais de aluvião.

Este violento contraste determina a variedade de clima,

vegetação e recursos naturais. O maciço andino, é de solo

pobre e desértico, mas a cordilheira Oriental, seu ramo mais

importante possui vultosas jazidas minerais. O relevo boli-

viano encontra-se constituído por duas regiões: a andina ou

Ocidental, que se subdivide na Cordillera, no Altiplano e

nas Yungas e Vales, ocupando um terço do território nacio-

nal. A região dos llanos ou planícies do leste, também cha-

mada de Oriente, coberta por densas florestas tropicias,

pertencentes à Hiléia Amazônica.

A região dos Vales é favorável às atividades agríco-

las, a do Altiplano é a área mais ocupada, principalmente

pelos indígenas que constituem 55% da população, que se

compõe de três grupos, o aymará, quíchua e guarani. Os

dois primeiros vivem no Altiplano, vales e yungas. Estes

grupos não se fundiram e conservam seus idiomas e tradi-

ções originais.Os guaranis habitam as planícies fronteiriças

com o Paraguai.Os mestiços de índios e europeus são 25%,

portanto,o indígena compõe o elemento étnico predominan-

te no país, 20% constituem-se de brancos, negros e asiáti-

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cos. A cordilheira Ocidental é constituída por uma serie de

cumes de origem vulcânica, separados por passagens entre

as montanhas a cerca de 4.000 m de altitude, que possibili-

tam a ligação com o Pacífico. O cume mais elevado é o

Nevado de Sajama (6542 m), em cujo sopé crescem exten-

sos bosques utilizados na fabricação de carvão vegetal.

A cadeia Oriental encerra alguns dos mais altos pi-

cos do país, como o Illampu (6360 m), o Illimani (6460 m),

o Chachacomani (6203 m) e serve como divisor de águas

entre a bacia interior do Altiplano e de vários afluentes do

Amazonas e do rio da Prata.O lago Titicaca, é dividido com

o Peru, representa uma saída para a costa do Pacífico.Uma

linha de transporte naval liga os portos de Guaqui na Bolí-

via e Puno no Peru.Mais ao sul encontra-se o vasto pântano

salgado ”Salar de Uyuni”em cuja margem passa a estrada

de ferro para Antofagasta, porto chileno, no Pacífico.

Há 2.000 a.C. a região da atual Bolívia era habitada

sucessivamente por povos de origens diversas, guerreiros e

coletores, agricultores e pastores. Muito antes da invasão

incaica, o território boliviano abrigava civilizações singula-

res. Tribos de urus, povos antiquissimos e primitivos, cuja

fixação às margens do lago Titicaca remonta às primeiras

migrações de caçadores siberianos, através do Estreito de

Behring. Esses grupos habitavam nos terraços andinos, on-

de surgiu a civilização Tiahuanaco-Huari em 600 a.C. a

1000 d.C.As ruínas desta cidade encontram-se ao sul do

lago. Esta civilização chegara a um alto grau de aprimora-

mento na arquitetura, cerâmica e trabalhos em metal.

A variedade de clima permitiu a criação de gado, o

cultivo da batata, do algodão, do milho e da coca. No sécu-

lo IX, Tiahuanaco se expandiu, formando um Império. Em

1100, os incas, originários do vale de Cuzco, no Peru, sub-

meteram os povos andinos constituindo uma confederação

de estados sob o Império Inca. Os índios quíchuas e ayma-

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rás (collas) que habitavam o Altiplano são dominados no

século XIII pelos incas.

Nas imediações dos lagos Titicaca e Poopó, chuvas

mais abundantes e temperaturas mais elevadas permitiam

alguma atividade agrícola. A região é densamente povoada

pelos indígenas quíchuas e aymarás, a população aproveita

os vales dos rios e os terraços sucessivos recortados nas

montanhas, concebidos pelos incas, para agricultura. Os

indígenas não conheciam a roda e nem o arado. As zonas

ocidental e meridional do Altiplano prestam-se apenas para

a criação de ovelhas, lhamas e vicunhas que são animais

domésticos muito úteis na Bolívia, fornecem carne e lã, e as

lhamas, um bom meio de transporte.

A Bolívia que outrora fez parte do Império Inca foi

conquistada pelos espanhóis Pizarro e Almagro, em 1538,

que ali fundaram a capital Chuquisaca (atual Sucre ).La

Paz, sede do governo e capital administrtiva, foi fundada

em 1548, no lugar da aldeia Chuquiapó,dos índios aymarás,

situada a 3630 m de altitude, hoje ocupa um amplo vale.

Em 1559, foi estabelecida a Audiência de Charcas,

dependente de Vice-Reinado do Peru, mas funcionando

como centro administrativo da região que compreendia os

territórios atuais da Bolívia, Argentina, Paraguai, Uruguai e

Norte do Chile, além do sul do Peru até Cuzco. Em 1776,

foi criado o Vice-Reinado da Prata, abrangendo quase o

mesmo território que a Audiência de Charcas.

A vida do índio no Altiplano é toda subordinada ao

problema da terra. Apesar da importância social da terra, a

base econômica do Altiplano boliviano sempre foi extração

mineral. Em 1545, na cordilheira Central, a 4200 m de

altitude, foram descobertas pelos espanhóis as minas de

prata de Potosí, de cujos veios a Espanha extraiu imensa

quantidade de prata, estanho e cobre que contribuíram para

consolidr a riqueza dos países europeus.Consideradas no

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século XVI, entre as mais ricas, e que determinaram uma

espantosa afluência de aventureiros e mineradores espa-

nhóis sedentos de riquezas americanas.

Em conseqüência, os indígenas são escravizados pa-

ra trabalhar nas minas de prata. Na exploração das minas, a

servidão do índio foi absoluta, e à medida que a mineração

se transformava na preocupação máxima dos conquistado-

res, a exploração da mão-de-obra indígena tornava-se de-

sumana, arregimentando milhares de indivíduos para aten-

der a crescente demanda de prata. Centenas de milhares de

índios morreram trabalhando até a exaustão.

Em 1571, surgiu a primeira revolta contra os espa-

nhóis, lideradas por Tupac Amaru, descendente de reis in-

cas, não alcançando sucesso. Anos mais tarde, ocorreu se-

gunda revolta chefiada por Tupac Amaru II, mas, a rebelião

indígena fracassa novamente ante o poderío espanhól.

Em 1808, o Alto Peru, como a região era conhecida,

é uma das colônias espanholas a se rebelar, conquistando a

liberdade na batalha de Aiacucho. A independência bolivi-

ana só se concretizou a 6 de agosto de 1825, depois da vitó-

ria das tropas comandadas pelo general Antônio José Sucre,

do estado-maior do general Simón Bolívar. Em homenagem

de seus libertadores, o Alto Peru passou a se denominar

República da Bolívia e a capital recebeu o nome de Sucre.

Com a república, desencadeou-se um violento jogo

de interesses diversos, tanto na Bolívia como nos países

vizinhos recém-libertados do domínio espanhol. A história

desse período acha-se marcada pela violência interna e ex-

terna. De 1825 a 1898, registraram-se mais de sessenta re-

voltas, levantes e revoluções. A oposição existente entre

diferentes setores militares contribuiu para a eclosão de

lutas fratricidas. A Bolívia é conhecida pela sua instabilida-

de política, houve 192 golpes de Estado em 156 anos, em

consequência ocorreram muitas trocas de presidentes.

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Na guerra do Pacífico, em 1879 a 1883, Chile, Peru

e Bolívia, lutam entre si, para controlar o importante deser-

to de Atacama, rico em depósitos de nitrato. Bolívia perde

toda a região de Antofagasta, sua única saída para o mar. A

vitória do Chile tornou-o a maior potência do Pacífico.

Estendendo-se da região das yungas e dos vales para

o norte e leste do país, até os limites com o Brasil, Paraguai

e Argentina, encontram-se as extensas planícies denomina-

das de llanos de Mojos. Nos llanos tropicais do leste e do

norte, região de florestas e savanas (cerrados) pratica-se a

criação de gado e cultiva-se arroz, soja e cana-de-açucar,

além disso, há jazidas de hidrocarbonetos.

O Gran Chaco possui uma parte da região, nos va-

les entre os rios que o atravessam, composta de pântanos

cobertos de gramíneas palustres. Estende-se desde a frontei-

ra com a Argentina, ao sul, até os limites do Paraguai a les-

te. Nas estepes, áreas menos acidentadas de solo estéril se-

mi-árido, são recobertas por vegetação herbácea e arbusti-

va, povoado por uma rica fauna de animais selvagens e pás-

saros. Em 1889, a Bolívia perde parte do território do Cha-

co para a Argentina.

Em 1903, para solucionar os conflitos com os serin-

gueiros brasileiros, a Bolívia vende ao Brasil o território do

atual Estado do Acre. Em troca, o Brasil compromete-se a

construir a estrada de ferro Madeira-Mamoré, ligando o

Oriente (leste) boliviano ao rio Amazonas. A ferrovia deve-

ria chegar ao porto Riberalta, na Bolívia, mas os trabalhos

foram interrompidos em 1913, quando a exportação do la-

tex sofreu um grande colapso. O governo brasileiro indeni-

zou a Bolívia em moeda corrente. A descoberta de petróleo

no sudeste do país, no sopé dos Andes, provoca a guerra do

Chaco, de 1932 a 1935, na qual a Bolívia perde três quar-

tos do território do Chaco para o Paraguai.

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Em 1951, o presidente civil eleito Victor Paz Es-

tenssoro, promove a reforma agrária e a nacionalização das

minas, o que provoca boicote internacional ao estanho boli-

viano. Seguem-se diversos golpes militares e o país mergu-

lha na instabilidade. Em 1971, o general Juan José Torres é

deposto pelo general Hugo Bánzer Suárez. A eclosão de

protestos violentos, greves e diversas tentativas de golpes

de Estado levam o Exercito a assumir o controle do país,

em 1974. Bánzer renuncia em 1978, abrindo novo período

de golpes e contragolpes militares.

Em1993, o governo de Gonzalo Sanchez de Loza-

da, provoca conflitos com os camponeses, em virtude da

política de erradicação do cultivo da coca e com a Central

Operária Boliviana por causa das privatizações das estatais,

em especial ás da área de mineração. Os protestos popula-

res ganham intensidade no decorrer dos anos 2000 em di-

ante, fato que agrava a crise e a pobreza no país.

Abolindo o regime de servidão, a reforma agrária

boliviana, sem orientação adequada, intensificou a prolife-

ração de minifúndios e não solucionou o problema da popu-

lação rural. Esta é a principal razão do deslocamento de

grande número de famílias para a região do Oriente. A po-

pulação se concentra nos fundos planos dos vales, que se

encontram intensamente cultivados.

Na região das yungas (zona limítrofe das monta-

nhas) que são formadas por ondulações, colinas ou eleva-

ções abruptas, cortadas por afluentes do Mamoré e do Beni,

cultiva-se amplamente a coca, cujas folhas secas são con-

sumidas pelos indígenas do Altiplano para compensar os

efeitos da altitude e aplacar a fome. O café, cacau, cana-de-

açucar, soja e coca, são as principais culturas desta zona de

clima subtropical. Os solos aluvionais destes vales são pro-

fundos e bem drenados, e o mais importante deles e o de

Cochabamba uma das mais importantes zonas agrícolas do

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país. Na região das yungas e dos vales há culturas perma-

nentes, sobretudo frutíferas, ao lado de uma atividade de

subsistência baseada no cultivo de milho, trigo e batata.

Além das bacias internas do Altiplano a Bolíva pos-

sui duas outras grandes bacias fluviais na região do Oriente,

a que converge para o rio Amazonas com os rios constituin-

tes do rio Madeira - o rio Beni, o Mamoré, o Guaporé (Ite-

nez).A bacia boliviana do Prata, ao sul, é formada pelos rios

Paraguai e seu afluênte Pilcomayo, que nasce nos Andes.

Em 1996, Bolívia acerta com o Brasil a construção

de um gasoduto que transportará gás boliviano de Tarija, do

departamento de Santa Cruz de la Sierra para Porto Alegre,

e São Paulo. Em toda a zona subandina, desde Trinidad até

fronteira com a Argentina, no Gran Chaco, encontram-se

vestígios de grandes jazidas de petróleo e gás natural.As

grandes reservas minerais constituem o principal recurso

econômico do país. Na época colonial foram exploradas

intensamente as minas de prata de Potosí, atualmente explo-

ra-se na região, a cassiterita, (minério de estanho).

A partir de 2006, os dirigentes dos quatro departa-

mentos mais ricos do leste da Bolívia (Santa Cruz,Tarija,

Pando e Beni) incitam um amplo movimento de oposição

ao governo do presidente de origem indígena Evo Morales

(2006).Os governadores dos quatro departamentos revolto-

sos anunciam sua autonomia em relação ao governo central

e convocam uma greve geral.

O país vive enorme crise, com ameaça de divisão

pairando sobre seu futuro.Centenas de bolivianos atraves-

sam a fronteira do Brasil em Cobija na província de Pando,

procurando refúgio nas cidades brasileiras de Brasiléia e

Epitaciolândia, no Acre, após violentas ações dos manifes-

tantes contrários ao presidente Evo Morales. Em maio de

2008 é aprovada a autonomia regional dos quatro departa-

mentos insurgentes.

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REPÚBLICA DO CHILE.

Situado na costa sudoeste do continente sul-ameri-

cano, encravado entre a cordilheira dos Andes e o oceano

Pacífico, o Chile é um país de conformação peculiar, possui

o território mais estreito do mundo, levando-se em conta o

seu comprimento de 4320 km. A largura máxima é de 180

km, e a mínima de 25 km, e toda esta área de 756.102 km²

acha-se inteiramente comprimida entre fronteiras físicas de

difícil acesso. Apenas em Antofagasta, o Chile alcança a

maior largura, aproximadamente 260 km. A estreiteza do

território, espremido entre o maciço andino e o mar, bem

como sua longa extensão confere ao país uma grande diver-

sidade de condições ambientais.

O país apresenta diferentes paisagens, ao norte, o

amplo deserto de Atacama – uma das regiões mais secas da

Terra – separa-o do Peru e da Bolívia, a leste, a gigantesca

barreira dos Andes, ao sul, a cadeia montanhosa costeira,

que desde o Puerto Montt, convertem-se num labirinto de

ilhas, arquipélagos, fiordes, recifes, e picos nevados dos

Andes. No extremo-sul o Cabo Horn, sua última fronteira,

aponta para as vastidões geladas e inóspitas da Antártica. Á

oeste, na imensidão das águas do Pacifico, a cerca de 3780

km da costa, situa-se a tropical e enigmática Ilha de Páscoa

(Rapa Nui). Esta ilha vulcânica tem despertado o interesse

de arqueólogos e cientistas pelos estranhos monólitos es-

culpidos em pedra, de idade e origem desconhecida.

As terras chilenas apresentam os mais diversos con-

trastes geográficos, zonas de clima tipicamente mediterrâ-

neo, vales aluvionais e altitudes majestosas de rocha viva,

fiordes profundos diante de uma infinidade de ilhas costei-

ras, punas ralas e florestas densas, além de subsolo rico em

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minerais, como ouro, prata, nitrogênio, minério de ferro,

manganês, chumbo, carvão, gás natural e petróleo.

O clima é árido ao norte, frio e úmido no extremo-

sul e temperado no resto do país. Sua população de 16,8

milhões (2008), é bastante homogênea, cerca de 95% dos

chilenos são mestiços de indígenas e europeus.Atualmente,

só restam algumas tribos de araucanos puros, nas regiões

setentrionais e nas ilhas austrais. O idioma oficial é o espa-

nhol, mas falam-se também línguas indígenas. Na língua

dos índios aimarás, chile, significa “confins da terra”.

O território continental chileno divide-se em - Rele-

vos Andinos, o Norte Grande e o Norte “Chico” ou Peque-

no, a Região Central, a Região do Bío Bío, a Região dos

Lagos e os Fiordes do Sul. Quanto às características do re-

levo, o Chile apresenta três zonas mais ou menos paralelas.

Á leste fica a cordilheira Central, ao longo do litoral corre a

cadeia Costeira, e entre estas duas formações montanhosas

insere-se a Depressão Intermediária.

A cordilheira Central chilena se revela como uma

muralha compacta, onde os altos topos de suas montanhas

poucos se destacam. Atinge suas altitudes máximas nos

picos culminantes de Ojos del Salado (6870m), Llullaillaco

(6723 m), Cerro Mercedário (6770 m) e Cerro Tupungato

(6550 m). Também o Aconcágua com 6960 m, ponto cul-

minante das Américas faz parte deste maciço, mas encon-

tra-se em território argentino. Os altiplanos dos Andes são

compostos de rochas e de solos estéreis.

Ao norte, junto à fronteira com Bolívia e o Peru, a

cordilheira andina forma um grande altiplano a 3000 m de

altitude. É aí que se encontra a Puna de Atacama (puna,

planalto frio da cordilheira dos Andes, situado entre 3000 e

5000 m de altitude), em cujo centro um lago de águas sal-

gadas dá origem ao “Salar de Atacama”. A cadeia Costeira

cai abruptamente sobre o Pacífico encerrando numerosos

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lagos salgados de águas quentes, onde brotam gêiseres. Os

flamingos rosa na sua viagem migratória, acampam na beira

desses lagos para se alimentar de insetos e vermes,a sua

permanência oferece beleza e movimento á vida no deserto.

O que é hoje o Deserto de Atacama, no Norte Gran-

de do Chile, nos primórdios do tempo, cerca de 15.000

anos a.C. era coberto pelas águas do mar.Tem aproxima-

damente 140.000 km² de superfície, ocupa uma faixa estrei-

ta, de 35 a 175 km de largura, entre o Pacífico e os Andes,

cujos paredões elevam-se a pique a mil metros de altura.

Origina-se da presença de correntes oceânicas frias, que

inibem a precipitação. O Deserto de Atacama é recordista

em aridez, não caiu uma gota de água entre os anos de 1919

a 1970. Em Arica não chove há 50 anos, mas a cerração que

surge do oceano favorece o crescimento de arbustos xerófi-

los, isto é, adaptados à escassez de água.

Em Arica, os camelos importados da Ásia são dos

poucos animais domésticos capazes de resistir ao clima

desértico. É difícil acreditar que algo possa sobreviver neste

clima árido, com 50° Celsius durante o dia. A névoa úmida

que vem do mar todas as manhãs, sustenta a pouca vida e a

planta típica da região, o cacto, em cujo caule esférico e

espinhoso ficam suspensas as gotículas de água, que alivi-

am a sede das poucas espécies de aves e insetos, do casuar e

do guanaco que se alimentam dos brotos do cacto. Serpen-

tes venenosas ziguezagueam pela areia escaldante.

Arbustos espinhosos salpicam a terra árida, mas e-

xistem pequenos oásis onde os indígenas se abrigam e cri-

am cabras e ovelhas.Só existem possibilidades agrícolas no

sopé do maciço andino, ali se estabeleceram dezenas de

núcleos estáveis de antigas sociedades de índios atacamas,

quíchuas e aimarás, embora suas áreas variem bastante em

extensão. Nas bordas do deserto, situa-se a cidade de São

Pedro de Atacama, habitada desde 12.000 a.C. pelos índios

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atacamas. Na região o cultivo agrícola é limitado, pela sali-

nidade do solo e pela escassez de água.

Mas o principal produto do Norte Grande é o cobre,

cuja exploração se concentra em Chuquicamata e Mantos

Blancos. Há abundância de minérios no solo desértico,

grandes minas de cobre de Calama, enxofre, salitre, nitra-

tos, gás natural e petróleo, todos importantes itens de expor-

tação. A usina de Tocopilla fornece energia elétrica para as

minas de cobre. Os portos marítimos de Arica, Iquique e

Antofagasta oferecem transporte para os minérios. Ao lon-

go das praias do Atacama acumulam-se morros de sal.

Adiante de Calama, próxima ao litoral, situa-se a

pequena cidade de Cobija,a região mais seca do mundo,

durante o dia faz 47º graus Celsius de calor e durante a noi-

te a temperatura cai para 5°graus negativos.A secura do

Deserto mumifica os corpos das pessoas mortas e enterra-

das na areia,em 1982,foram achadas múmias de 11.000 a.C.

Descobertas arqueológicas realizadas na gruta de

Milodón, nas vizinhanças de Puerto Natales, comprovam

que os primeiros grupos humanos chegaram ao Chile, mais

de 9.000 a.C.eram os atacamenos e diaguitas. Na região do

Norte Grande, mas exatamente no Cajón del Rio Loa exis-

tem vestígios de terraços agrícolas com canalização para a

irrigação das culturas.Encontram-se também os restos de

uma cidade-fortaleza com pequenas casas de pedra, restos

de cerâmica e vários objetos de madeira entalhada.

A região de Atacama era ocupada pelos índios ata-

camas até o século XV, quando passa ao domínio dos incas.

No território compreendido entre Copiapó ao norte, e Puer-

to Montt no sul, habitavam os indígenas araúcanos (mapu-

ches), que se opunham ferozmente a qualquer invasão vinda

do norte. Era uma gente belicosa, dedicada à caça e agricul-

tura, chegaram a desenvolver técnicas de irrigação do solo.

Mais ao sul, viviam os povos pescadores, os yamanas e os

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alacalufes, e no extremo-sul viviam os patagões e os fue-

guinos fixados na Terra do Fogo e nas ilhas austrais. Nô-

mades, estes habitantes primitivos viviam num estado de

extremo atraso cultural.

Fernão de Magalhães, a serviço da Espanha, cruza o

estreito que hoje tem seu nome, e chega ao Chile em 1520.

A primeira expedição conquistadora espanhola, procedente

de Lima, sob o comando de Diego de Almagro, penetrou no

território chileno em 1535, mas logo depois se viu obrigado

a voltar a Cuzco. Em 1541, outra expedição sob o comando

do espanhol Pedro de Valdivia, companheiro de Pizarro, foi

enviada para as terras ao sul de Arica.

Valdivia conquista o Vale Central e funda a cidade

de Santiago, em torno da pequena colina a que deu o nome

de Cerro de Santa Luzia. A cidade é construida num vale

abrigado, de clima temperado, entre a cadeia de montanhas

litorâneas a oeste e os Andes no interior. A nova cidade foi

muitas vezes atacada pelos índios araúcanos, comandados

pelos famosos chefes, Lautaro e Caupolicán, os indígenas

continuavam opondo a mais obstinada resistência à expan-

são espanhola em direção às suas terras ao sul.

Num desses combates, em 1553, os espanhóis so-

freram esmagadora derrota, morrendo o próprio comandan-

te Pedro Valdivia, sucedeu-lhe o governador Francisco Vil-

lagran. Formou-se assim, o território de frontera, que du-

rante mais de três séculos, constituiu uma zona militar de

limites estáveis. Com a morte de Valdivia o Chile fora de-

clarado Capitania Geral, subordinada ao Vice-Reinado do

Peru. Mas os descendentes dos incas e os araúcanos (mapu-

ches) continuaram hostís à Capitania Geral.

No início do século XIX, Bernardo O´Higgins, filho

de imigrante irlandês residente no Peru, nomeado governa-

dor, começa a luta pela independência, obtida graças ao

apoio do general argentino José de San Martin, que cruza os

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Andes, com seu exercito e derrota os espanhóis na batalha

de Maipú. Em 12 de fevereiro de 1818, é proclamada a

independência do Chile.

O general O´Higgins governa como ditador, até

1823, hostilizado pelos aristocratas e conservadores viu-se

obrigado a renunciar a presidência. Um país sem liderança,

teve que enfrentar os conflitos entre as várias facções e ao

mesmo tempo, tratar de questões fronteiriças com a Bolívia,

o Peru, a Argentina e com os aguerridos índios araúcanos

das zonas meridionais, a leste dos Andes.

O Vale Central é uma planície fértil, com 800 km

de comprimento, é onde atualmente se localizam 70% dos

principais vinhedos, e onde vivem 60% da população chile-

na. Contrastando com o clima desértico do Norte Grande,

onde o rio Loa seca completamente nos dias tórridos de

verão, a região do Vale Central apresenta condições climá-

ticas tipicamente mediterrâneas. Graças ao clima, todos os

rios desta região são perenes e formam várias bacias muito

férteis. O rio Bío Bío, Maule, Aconcágua, Maipo, Rapel,

Mataquito e Itata.

No Chile Central, as cidades fazem parte da paisa-

gem desde a época colonial. As importantes fundações re-

montam ao século XVI, com Santiago, Valparaiso e Viña

del Mar, e ao século XVIII, Los Angeles, San Felipe, San

Fernando,Curicó,Talca, Linares,Concepción e Talcahuano.

A Grande Santiago, capital interna de um país todo litorâ-

neo, localiza-se no centro do vale do rio Mapocho, é o cen-

tro financeiro, político, administrativo, industrial e comer-

cial do Chile.

De Arica, a cidade mais setentrional do Chile, parte

a ferrovia que une o Pacífico com La Paz, a capital da Bolí-

via. Antofagasta é o maior centro chileno produtor de cobre

e conta com um porto unido por ferrovias com a Bolívia e a

Argentina. Valparaiso é um grande centro industrial e Viña

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del Mar a mais concorrida estação balneária do Pacífico

meridional. E, em plena Patagônia quase no extremo sul,

ergue-se Punta Arenas, importante centro petrolífero.

O Chile é um dos importantes produtores de vinho

de todo mundo. As videiras, introduzidas em 1851, produ-

zem vinhos excelentes. A atividade pesqueira constitui ou-

tro recurso de inegável importância para a nação chilena. O

guano, aglomerado nas rochas do continente e das ilhas

costeiras, resulta da acumulação de excrementos e cadáve-

res de aves marinhas, constituindo um fertilizante de exce-

lente qualidade para a agricultura do país, é também expor-

tado. O nitrato de sódio (salitre) constitui importante fonte

de exportações, a zona produtiva do nitrato ocupa um vasto

setor das Províncias de Tarapacá, Antofagasta e Atacama,

mas a maior riqueza mineral é constituida pelo cobre.

O minério é encontrado em praticamente todo o ter-

ritório nacional, mas as jazidas mais importantes estão em

Antofagasta, no Atacama e El Teniente, nas próximidades

de Santiago. O minério de ferro é encontrado, em maior

concentração nas Províncias de Atacama e Coquimbo.

Após décadas de distúrbios políticos, golpes milita-

res e ditaduras, o Chile é agora uma das nações socialmente

mais desenvolvidas da América do Sul e das mais próspe-

ras, no aspecto econômico. A exportação de cobre - do qual

é o maior produtor mundial - de frutas, vinho e pescado, são

as suas principais fontes de receita. A composição étnica

chilena é de 95% de europeus ibéricos e eurameríndios. O

idioma oficial é o espanhol. Em 2006, foi eleita como pre-

sidente do país, a socialista Michelle Bachelet.

REPÚBLICA DA ARGENTINA.

Há 12.000 anos a.C. pequenas comunidades huma-

nas vivem da caça e da pesca no território da atual Argenti-

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na. Nos anos 600 a 900 d.C. o Noroeste é povoado por co-

munidades com organizações sociais complexas, influenci-

adas pelas civilizações maia e asteca, da América Central.

Os primeiros colonizadores do território argentino, no sécu-

lo XVI, encontraram uma população indígena bastante dife-

renciada, com culturas que variavam segundo os ambientes

físicos em que viviam, sendo que 70% dessa população

habitavam a região noroeste.

Os indígenas ocupavam os vales e as passagens das

regiões noroeste e das serras pampeanas, além da Puna

(planalto frio dos Andes, situado entre 3.000 e 5.000 m), os

habitantes dessa área eram povos de língua quíchua. Vivi-

am em núcleos sedentários, criavam lhamas. No contato

com os incas aperfeiçoram a sua agricultura com o uso de

terraços e irrigação do solo, constituindo o milho a base da

sua agricultura. Os quíchuas cultuavam o Deus do Milho.

A Puna e a Prepuna são um prolongamento dos

grandes altiplanos do norte e da Puna de Atacama, no Chi-

le. No setor pertencente à Argentina, o planalto é extenso e

árido, com altitude média de 3.500 m, encrespado por mon-

tanhas vulcânicas, com picos culminantes que superam

6.000 m. Localiza-se ali o ponto mais alto da América, o

pico Aconcágua de 6.965 m. O planalto é parcialmente o-

cupado por vales planos, onde aparecem os Salares de

grande área, cobertos de dura camada de sal. A Puna apre-

senta um clima rígoroso agravado pela secura do ar.

A Puna e a zona de Humahuaca constituíam o do-

minio dos atacamenos e diaguitas, desde os primórdios. As

extensas planícies do Chaco, dos Pampas e a Mesopotâmia

eram habitadas por povos coletores, caçadores e pescado-

res, que viviam em aldeias provisórias. Eram nômades. No

Chaco viviam os chiriguanos, os matacos, os tobas e abipo-

nes. Já na Mesopotâmia habitavam os guaranis, os charuas

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e quiloazas. Os pehuendes, ranqueles, puelches e mapuches,

estavam dispersos pelos Pampas.

Argentina, segundo maior país da América do Sul,

com a superfície de 2.780.403 km², mais 17.283 km² das

ilhas do Atlântico meridional; situa-se ao sul do continente.

Limita-se ao norte com a Bolívia, a nordeste com o Para-

guai, a leste com o Brasil, Uruguai e Oceano Atlântico, ao

sul com Oceano Pacífico, a oeste, com a cordilheira dos

Andes que percorre o país de norte a sul, forma uma fron-

teira natural entre o Chile e a Argentina. Na divisa com a

Bolívia, a cordilheira ocupa quase um terço do território

argentino, enquanto ao sul, a largura dessa fronteira monta-

nhosa diminui nitidamente.

Os Andes constituem, também, a linha divisória das

águas que correm para o Pacífico e o Atlântico. O enorme

sistema fluvial dos rios Paraguai, Paraná e Uruguai, que é o

segundo maior do continente drena o sul a partir do Chaco,

e o oeste desde as terras altas do Uruguai antes de desaguar

no estuário do Rio da Prata. Sobressaem as correntes fluvi-

ais, que alimentadas pelas águas tropicais, convergem para

os grandes rios Paraná e Uruguai. A área que abrange esses

rios forma a Mesopotâmia argentina. A bacia da Prata com-

preende 3.140.000 km².

Ao norte, no limite com a Bolívia e do Paraguai, si-

tuam-se as florestas subtropicais e pantanosas do Gran

Chaco uma zona que se estende na área fronteiriça com o

Paraguai a nordeste. Pantanoso em alguns locais e seco e

árido em outros, coberto de mato e arbustos espinhosos, de

vegetação mirrada e homogênea.

Durante o período quaternário, um movimento ver-

tical descendente provocou a depressão do atual Pampa sul-

americano preenchida, posteriormente, por camadas de se-

dimentos de origem eólica e fluvial Os pampas foram for-

mados pelo cascalho e areia, trazidos pelas corredeiras que

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descem dos Andes. Das substâncias depositadas derivam

os espessos extratos de lodo pampeano (terra preta).A im-

ponente massa orográfica dos Andes cuja altitude ultrapassa

4.000 m exerce grande influência sobre o clima. As tempe-

raturas médias decrescem na direção norte-sul. O traço mais

característico do relevo é o predomínio das planícies de

baixa altitude, com extensas áreas de solo profundo e fértil.

No centro-oeste essas planícies constituem os Pam-

pas, a região característica da Argentina, é limitada pelas

cordilheiras andinas. O clima é árido porque as montanhas

interrompem a circulação do ar úmido procedente do Pací-

fico. Se distingue por um terreno originalmente desprovido

de vegetação arbórea, de clima temperado, sem estação

seca, coberto o ano todo por um tapete verde de gramíneas.

Nos Pampas, em suas imensas planícies e pastagens desen-

volveu-se um dos maiores rebanhos de gado do mundo,

constituem a maior fonte de riqueza do país, e em sua peri-

feria que estão situadas as principais cidades argentinas.

Mais ao sul, configura-se uma região totalmente di-

ferente, o planalto de clima semi-árido e frio da Patagônia,

cortado de vales profundos, estende-se do litoral Atlântico

até os Andes. O relevo caracterizado por morros e serras,

cobertas por uma vegetação de estepe, arbustiva, até a alti-

tude de 500 m e herbácea acima desse limite. Plantas xeró-

filas (que vivem em lugares secos) dispersas no solo pobre,

pedregoso, batidas pelos ventos do oeste, formam a vegeta-

ção da estepe patagônica, onde se criam extensivamente

ovinos. Ocupa o terceiro lugar na exportação da lã. Explo-

ra-se também o petróleo do qual possui importantes jazidas.

Entre muitos fósseis de animais pré-históricos en-

contrados recentemente, o argentino Rodolfo Cori, desco-

briu em 1995, o esqueleto de um dinossauro que supera

oTyrannosaurus rex, um réptil que viveu no final do Cre-

táceo, há cerca de 100 milhões de anos atrás.O achado fós-

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sil do dinossauro gigante, tinha 4 metros de altura e 15 me-

tros de comprimento,com cráneo de 2 m de diâmetro. O

sáurio viveu na região de Neuquém, deserto da Patagônia

no sul da Argentina. Da mesma época, troncos gigantescos

de árvores fossilizados, estão expostos na superfície da ter-

ra. Os vales andinos da Patagonia e as serranias eram o do-

mínio das tribos dispersas da grande família dos araúcanos

(mapuches),dos tehuelches, onas e yahganes povos nôma-

des, caçadores e pescadores.

Nos Andes, região da Patagônia, com as encostas de

suas montanhas cobertas de gelo e neve permanentes, onde

se pratica o esqui, situa-se a cidade de São Carlos de Bari-

loche, centro turístico para onde convergem anualmente

milhares de pessoas para praticar os esportes de inverno.

Bariloche é hoje um dos principais centros turísticos da

Argentina. De cumes cobertos por neves eternas, as mon-

tanhas encontram-se sulcadas por inúmeros rios e correntes

que deságuam em grandes lagos, como Lago Buenos Aires,

o Viedma, Argentino e Nahuel Huapi, formados pelas á-

guas das geleiras andinas.

Finalmente, no extremo sul do continente, a massa

montanhosa, que pouco a pouco vai perdendo altitude, a-

presenta um grande fracionamento, com formação de ca-

nais, arquipélagos, ilhas e braços de mar.A maior dessas

ilhas, a Terra do Fogo, forma, com várias outras o chamado

“arco das Antilhas austrais”,que se relacionam com o conti-

nente por afinidades estruturais e morfológicas. Em Ushu-

aia na Terra do Fogo, criam-se grandes rebanhos de ovinos.

Os povos Yahgan e Ona habitam o território, desde os pri-

mórdios, apesar do seu clima glacial.

As explorações organizadas pela Espanha no século

XVI, levaram Américo Vespúcio, em 1502, até o estuário

do rio, que batizaram de Rio da Prata. O território que é

hoje Argentina, era habitado por grandes famílias de indí-

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genas, querandis no leste, charruas nos pampas, quíchuas

nos Andes e guaranís no nordeste, quando os conquistado-

res espanhóis, liderados por Juan Diaz de Solís aportaram

no Rio da Prata, em 1516. No mesmo ano, Diaz de Solís, o

líder da expedição foi morto pelos indígenas querandis.

Para deter o avanço português, a Espanha enviou

Don Pedro de Mendoza à região, investido do título de ade-

lantado (governador) do Rio da Prata. Mendoza fundou, em

1536, sobre as barrancas do Riachuelo, o núcleo de Nues-

tra Señora Sancta Maria del Buen Aire, um pequeno povo-

ado, que desde o começo sofreu implacável assédio dos

índios, foi destruído por eles e abandonado, a cidade foi

reconstruída por João de Garay em 1580, no mesmo local.

Desde o início da colonização, os espanhóis avança-

ram pelo sistema fluvial do Rio da Prata, ou vindos de no-

roeste, desceram os contrafortes dos Andes, procedentes do

Peru, descendo para o sul, conseguiram achar uma saída até

o vale dos grandes rios. Fundaram vários núcleos urbanos

que constituem hoje as principais cidades do país. Diego de

Almagro percorreu o noroeste argentino, em 1536. Seis

anos depois, Diego de Rojas cruzou a mesma região, que

ficou conhecida como Tucumán, e chegou até a embocadu-

ra do Carcaraná.

No território, ainda pertencente ao Vice-Reinado do

Peru, no século XVII, na região do Guayrá, no Paraguai,

missionários jesuítas fundam as “reduções”, aldeias fortifi-

cadas para acolher e catequizar os índios. Incentivam a pro-

dução de erva-mate, tabaco, algodão e a criação de gado,

utilizando a mão-de-obra indígena. Pressionados pela inva-

são espanhola, muitos araucanos do Chile (mapuches), e-

migraram para a região centro e sudoeste da Argentina.

No final do século XVIII, ocorrem significativas

mudanças políticas e econômicas, é criado o Vice-Reinado

da Prata, em 1776, englobando os atuais, Chile, Bolívia,

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Paraguai, Argentina e Uruguai. O intenso comércio trans-

forma o porto de Buenos Aires em capital do novo Vice-

Reinado. Com o desenvolvimento verificado após a criação

do Vice-Reinado da Prata, surgiu um dado novo no proces-

so de colonização do território argentino. A figura do fa-

zendeiro latifundiário criollo, descendente de espanhol, a

nova classe, cada vez mais poderosa e independente.

Os índios foram expulsos da Patagônia, e as amplas

estepes foram divididas em latifúndios destinados à criação

e pastoreio de lanígeros. A ocupação do território era com-

pletada com o extermínio dos índios na região do Chaco,

nos Pampas e na Patagônia.

A derrota dos ingleses nas duas tentativas de ocupar

Buenos Aires entre 1806 e 1807, inspira a revolução que

derruba o vice-rei espanhol em 1810, e culmina na inden-

dência proclamada em Tucumán.O general José de San

Martin, é considerado o artífice das vitórias militares que

garantiram a emancipação política da Argentina, proclama-

da a 9 de julho de 1816.Após a independência o país en-

frentou sérios conflitos internos.No ano seguinte, violenta

guerra civil se alastrou entre as províncias contrárias à

submissão a um governo central. As contínuas guerras civis

tiravam a oportunidade para o país se desenvolver. Sucede-

ram-se crises sociais,financeiras graves e golpes de Estado.

Muitos sacrifícios e muitas lutas custaram aos ar-

gentinos à definição de sua unidade territorial, as fronteiras

criadas pelo Vice-Reinado da Prata, estimularam disputas

territoriais. Tais desentendimentos levaram os argentinos a

guerras internacionais.A fronteira ainda indefinida com o

Chile só foi fixada em 1902.A questão da soberania sobre a

região que é hoje o Uruguai motivou, em 1825 a 1828, a

primeira guerra com o Brasil, chamada de Cisplatina, nessa

guerra a Argentina perde a Banda Oriental.

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Na segunda metade do século XIX, a construção de

uma ampla rede de estradas de ferro, a partir dos portos de

Santa Fé, Rosário e Buenos Aires, contribui decisivamente

para dar coerência funcional à região. A grande corrente

migratória, principalmente de espanhóis e italianos, que

entrou no paìs de 1860 a 1914, distribuiu-se por toda a regi-

ão platina e alcançou as bases para que a economia, funda-

da na exportação de produtos primários, alcançasse seu

nível mais alto. País essencialmente agrícola, a Argentina

cultiva trigo, milho,soja, centeio, cana-de-açucar, vinhedos,

algodão, linho, árvores frutíferas,erva-mate, mas sobretudo

a criação de gado que constitui a maior riqueza do país.

Na região subandina encontra-se uma sucessão de

oásis de agricultura baseada na irrigação. Planta-se cana-de-

açucar e cítricos ao norte, e videiras no centro. Á leste da

cordilheira estendem-se as planícies, no norte, a do Chaco,

com vegetação subtropical e cultivo de algodão; no centro,

o Pampa, de solos férteis e profundos, com clima tempera-

do, onde se desenvolve a criação de bovinos e ovinos, as-

sim como o cultivo de trigo, milho, soja e forragens.

Desde o início, a cultura de cereais centralizou-se no

Pampa. Em poucos anos a Argentina passou de uma produ-

ção deficitária de trigo para uma situação de liderança na

exportação desse cereal e do milho. A conquista das férteis

“terras negras” tomadas dos índios, após 1880, consolidou

o processo de desenvolvimento agrícola. A criação de gado

bovino é uma das principais atividades econômicas da Ar-

gentina, é a principal exportadora mundial de carne.

Em nome do liberalismo econômico e político, Bar-

tolomeu Mitre, que ocupava a presidência da Argentina

(1862 a 1868), se aliou a D. Pedro II, imperador do Brasil e

a Venancio Flores, presidente do Uruguai, para uma guerra

de extermínio contra o Paraguai, conhecida como Tríplice

Aliança. A guerra começou em 1864 e foi até 1870, termi-

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nou com a morte do presidente paraguaio Francisco Solano

Lopez. Paraguai foi derrotado e espoliado, único país onde

os indígenas guaranís haviam preservado sua identidade.

Este conflito sangrento custou ao Paraguai 330 mil vidas

entre soldados e civis, maioria de homens adultos.

A sucessão de governos que representavam os inte-

resses dos latifundiários agroexportadores terminou quando

a classe média e o incipiente proletariado levaram Hipólito

Yrigoyen ao governo em 1916. As classes dominantes insa-

tisfeitas com seu governo derrubaram Yrigoyen em 1919.

Uma aliança entre a burguesia, o proletariado e as Forças

Armadas ocupou o cenário político na época da Segunda

Guerra Mundial. A mobilização popular, em 1946, levou à

presidência o então coronel Juan Domingo Perón. Seu go-

verno nacionalizou as companhias de comércio exterior,

bancos, estradas de ferro, companhias de gás e telefone.

Elevou a participação dos trabalhadores na renda nacional a

50%, e impôs uma avançada legislação social.

Sua esposa, Evita,foi um elo de excepcional caris-

ma entre Perón e os trabalhadores e influiu na conquista do

voto feminino. O “Peronismo” foi a principal força política

na Argentina entre os anos 1946 e 1976.Após a morte de

Perón sua vice- presidente Isabelita é empossada no cargo.

Um golpe militar depõe Isabelita em 1976. A junta militar

chefiada pelo general Jorge Rafael Videla toma o poder. A

ditadura militar governa o país de 1976 a 1983.

Associado ao continente acha-se o arquipélago das

Malvinas, que repousa sobre a plataforma continental. A

Argentina reclama a posse das Malvinas que foram invadi-

das pela Grã Bretanha em 1833. No dia 2 de abril de 1982,

forças da Argentina ocuparam as ilhas Malvinas. Dois me-

ses depois, após uma guerra que deixou mais de mil mortos,

a bandeira britânica voltou a tremular nas Malvinas, cuja

posse voltou para Grã Bretanha.

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Nas eleições de 1989, o peronista Carlos Saúl Me-

nem foi eleito presidente. Ao contrário de Perón, no primei-

ro ano de governo privatizou a empresa estatal petrolífera,

os meios de comunicação, os telefones e a companhia aérea

do Estado. A persistente crise econômica e social, somada

às mudanças de Menem em relação à doutrina do justicia-

lismo tradicional, provocou convulsões nas instituições do

país. Ao final do seu segundo mandato consecutivo, Me-

nem enfrenta um grande desgaste, causado pela estagnação

da economia, o elevado índice de desemprego e pelos nu-

merosos casos de corrupção no seu governo.

Grave crise econômica se instala em 2002, quando o

Produto Interno Bruto despenca 10,9 %, o desemprego a-

tinge 21% da força de trabalho e mais da metade da popula-

ção argentina passa a viver abaixo da linha de pobreza. As

reformas introduzidas pelo presidente Menen foram consi-

deradas como uma restruturação geral, começando um pe-

ríodo de crescimento econômico.A partir de 2003, a eco-

nomia argentina mostra expressiva recuperação.O forte

crescimento da economia permite significativa recuperação

da qualidade de vida e a redução da pobreza, o desemprego

diminui, mesmo assim, os conflitos sociais persistem.

A população do país atinge 39,9 milhões em 2008.

A composição étnica é de maioria de argentinos descenden-

tes de imigrantes europeus 85%, sobretudo de espanhóis e

italianos.A população indígena 7,5%, é composta de 15

povos indígenas e três povos mestiços, concentrados no

norte e sudoeste do país.Os araúcanos (mapuches), kollas e

os tobas são as etnias mais numerosas. A língua oficial é o

espanhol, mas falam-se também as línguas indígenas.

Como na maioria dos países em desenvolvimento,

grande parte da população está concentrada nas cidades,

especialmente na região do Prata, e cerca de um terço dos

argentinos, sendo a maioria de origem européia, vive na

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província de Buenos Aires. As maiores cidades argentinas

são, a capital Buenos Aires, Córdoba, Rosário, La Plata,

Mendoza, San Miguel de Tucumán, Mar del Plata,Santa Fé,

Bahia Blanca, Salta, Santiago del Estero.

Mar del Plata, a maior cidade balneária da Argentina

e um de seus principais centros turísticos, está ligada a Bu-

enos Aires por moderna rodovia. A Argentina possui vá-

rios patrimônios culturais e naturais, entre eles estão as

Missões Jesuíticas dos Guaranis, o Parque Nacional dos

Glaciares e o Parque Nacional do Iguaçu.

O governo do país é exercido pela presidenta Cristi-

na Fernandez de Kirchner (2007), que desde a sua posse

enfrenta problemas com as greves dos agricultores e pecua-

ristas, reivindicando menores impostos.

REPÚBLICA DO PARAGUAI.

Ocupando uma área de 406.752 km², na região cen-

tro-sul da América do Sul, o Paraguai situa-se entre três

países muito maiores. Ao norte e noroeste limita-se com a

Bolívia, a oeste e sudoeste faz divisa com a Argentina, e a

leste com o Brasil. A composição étnica paraguaia é em sua

maioria (95 %), de mestiços de indígenas e espanhóis, com

uma população estimada em 6,2 milhões (2008). Idiomas

oficiais, espanhol e guaraní. Cidades: Assunção, Ciudad del

Este, San Lorenzo,Concepción, Villarica, Encarnación.

Paraguai é país sem litoral, situado no centro da ba-

cia do Rio da Prata. Existe um nítido contraste entre as duas

regiões divididas pelo rio Paraguai. A Oriental, de território

pouco elevado, de planícies regadas pelos afluentes dos rios

Paraguai e Paraná cobertas de florestas é a que apresenta a

maior produção agrícola. Além da soja, principal produto

de exportação, há o cultivo de trigo, milho, cana-de-açucar,

mandioca e tabaco.

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Os planaltos orientais não passam de uma continua-

ção do Planalto Brasileiro, de pequenas elevações e cadeias

de morros. É o rio Paraná, que traça as fronteiras orientais e

meridionais do país. As chamadas terras baixas orientais

situam-se entre o médio Paraguai e o Alto Paraná, constitu-

indo planícies inundáveis. São formadas principalmente por

aluviões recentes, mas dispõe de solos muito férteis.

Contudo, na estação das chuvas, os rios extravasam,

inundando extensas áreas e dando origem a grandes trechos

pantanosos, alguns permanentes, como a região dos lagos

Ypoá e Ipacaray. Essas terras constituem os solos mais im-

portantes do país, ai se concentra a maior parte dos cultivos

e dos rebanhos de bovinos e ovinos. A criação de gado tem

sido a atividade básica desde os primórdios da colonização.

A região Ocidental estende-se a oeste do rio Para-

guai, é a planície alagadiça do Gran Chaco paraguaio, uma

planura homogênea e inexpressiva formada por grossas

camadas de sedimentos carreados desde os Andes pelos

numerosos rios que a atravessam. O Chaco caracteriza-se

pela vegetação de savana, presença de bosques de espinhei-

ros, densas gramíneas nas áreas pantanosas e de formações

herbáceas, arbustos e grupos esparsos de palmáceas, inter-

rompida por manchas de tosca vegetação rasteira. Com a

progressiva diminuição das chuvas no oeste, determina á-

reas em que só crescem cerca de dez espécies de vegetais

xerófilos, predominam mirrados agrupamentos de acácias,

mimosas e palmeiras.

Encontra-se também esparso pela floresta o quebra-

cho, a árvore da qual se extrai o tanino usado nos curtumes

de couro. À medida que o terreno avança na direção da

fronteira com a Bolívia, a região torna-se mais seca e árida,

muda para mato semidesértico, a noroeste. O Chaco é um

santuário zoológico para inúmeras espécies de mamíferos,

répteis, pássaros e insetos. Nas áreas de terras férteis da

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região cultiva-se o algodão, e no cerrado pratica-se exten-

siva criação de gado.

O rio Paraguai, que liga o norte ao sul, é a mais im-

portante via navegável e comercial num país sem acesso ao

mar. Nasce na Serra do Araporé (cordilheira dos Parecís)

próximo à Diamantino, no Mato Grosso, atravessa a planí-

cie do Pantanal, banha o Brasil, o Paraguai e a Argentina,

deságua na margem direita do rio Paraná, tem 2500 km de

extensão. Seus afluentes da margem esquerda são os rios

Cuiabá, o São Lourenço, o Rio Apa, Aquidaban, o Taquarí.

Na margem direita desemboca o rio Negro, San Carlos e o

Pilcomayo, que serve de divisa com Argentina.

Costeando os contrafortes orientais dos Andes, vin-

dos do Peru, as expedições de Domingos Martinez de Irala,

de Juan de Ayolas, Juan de Salazar e Juan de Garay, foram

os primeiros europeus a explorar as terras interiores da ba-

cia platina em 1520 e 1526, hoje território paraguaio. Irala

fundou o porto e o forte onde se originou Assunção. O terri-

tório paraguaio incluía, então, toda região ao longo dos rios

Paraná e Uruguai, bem como, a atual província argentina de

Buenos Aires, sendo tudo considerado como dependência

do Vice-Reinado do Peru.

Na década de 1530, os colonizadores espanhóis en-

contraram uma grande população indígena na região do

Paraguai.Três grupos ocupavam a bacia do rio Paraguai,

guaranis na região central, e guaycurus e payagúas, ao sul,

na região do Chaco.A sociedade guarani era sedentária,

praticavam o cultivo da mandioca, da abóbora, da batata-

doce e do milho. Não formavam uma comunidade política

sujeita a um poder central.Eles pertenciam a muitas tribos e

falavam uma língua comum, o guarani. Eram organizados

em aldeias sob a chefia dum cacique e um pajé da tribo.Os

diversos grupos eram autônomos.Os guaycurus e os paya-

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gúas eram caçadores e pescadores nômades, assaltavam as

plantações guaranis para roubar-lhes o produto do cultivo.

Os conquistadores estabeleceram-se no forte Nues-

tra Señora de la Assuncion, construído em 1537, por Do-

mingos Martinez de Irala.Assunção seria a capital da pro-

víncia do Rio da Prata, durante um século.Uma poderosa

oligarquia intermediária se desenvolveu nos portos de Bue-

nos Aires e Montevideo relegando Assunção ao segundo

plano.Em 1776, Buenos Aires tranformou-se em Vice-Rei-

nado do Rio da Prata e o Paraguai passou a sua jurisdição.

Quando da vinda de Alvãr Nunes Cabeça de Vaca,

em 1542, nomeado como adelantado de Assunção, ele es-

colheu o caminho por terra para Assunção partindo do lito-

ral de Santa Catarina. Entraram pelo Itapuçu até o rio Ivai e

por este abaixo até chegar ao rio Paraná e depois por terra

até Assunção.Essa era trilha muito frequentada no século

XVI, para as relações entre os portugueses do Brasil, e os

espanhóis do Paraguai. Foram conduzidos por Alfonso Ve-

lido e Fernando de Salazar, compondo-se o grupo de trinta

pessoas, mais os guias indígenas. Por conflitos de interes-

ses, os partidários de Irala prenderam, em 1545, Alvãr Nu-

nes Cabeza de Vaca,embarcando-o no navio de retorno à

Espanha.

Em 1550, a caravela de Don Diogo de Sanabria

chegou à ilha de Santa Catarina no litoral do Brasil. Foi por

ele fundada a vila de São Francisco do Sul, em 1552. João

de Salazar, capitão do navio, mandou de Santa Catarina,

por terra à Assunção, a Cristovam de Saavedra com comiti-

va, a fim de comunicar a Domingos Martinez de Irala, da

nomeação de Don Diogo de Sanabria para “adelantado” do

Rio da Prata. Para que mandasse a São Gabriel víveres e

recursos para que todos pudessem subir o rio Paraná e o rio

Paraguai até Assunção.

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Notável na época da implantação colonial foram a

longa dominação civil e religiosa das missões jesuítas, que

se estendeu de 1609 a 1768 (159 anos).Para proteger os

guaranís da escravidão, os padres jesuítas projetaram esta-

belecer uma república teocrática, criando uma espécie de

domínio, a leste e ao sul do território. A região das Missões

Jesuíticas, abrangia o sudeste do Paraguai, nordeste da Ar-

gentina, oeste e noroeste do Paraná e noroeste do Rio Gran-

de do Sul, no território brasileiro.

Implantaram centenas de ”reduções”, nas quais es-

tabeleceram uma sociedade organizada e auto-suficiênte.

As “reduções” chegaram a concentrar 300.000 guaranís,

não eram apenas centros de educação e civilização. Os ín-

dios, sob rígida disciplina, eram educados para o trabalho

nas lavouras, no pastoreio e no artesanato. Militarizados

para enfrentar as invasões dos bandeirantes paulistas a cata

de escravos. No século XVIII, a área das “missões” é alvo

de ataques de espanhóis e portugueses caçadores de escra-

vos. Os índios resistem tenazmente, mas são massacrados,

após a expulsão dos jesuítas, de Portugal em 1759, e da

América em 1768, pelo marquês de Pombal. As “reduções”

são pilhadas e partilhadas pelos colonizadores. Consta co-

mo patrimônio mundial, a Missão Jesuítica da Santíssima

Trindade de Paraná e de Jesus de Tavarangue.

O Paraguai torna-se independente da Espanha em

1811, e vive em isolamento até 1840, quando morre o dita-

dor José Gaspar Rodriguez Francia, no poder desde 1814.

Na esteira das lutas pela independência do domínio espa-

nhol, a luta pela hegemonia nos territórios do ex-Vice-

Reinado do Rio da Prata culminou com a imposição de

Buenos Aires como nova capital. O Paraguai resistia à polí-

tica de impostos portuários do porto de Buenos Aires e su-

portava as pressões do Brasil no sentido de impor a livre

navegabilidade aos seus rios interiores.

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Em 1844 a 1862, assume a presidência do Paraguai

o advogado Carlos Antônio Lopez. Progressista, Lopez

abriu o país às relações internacionais e defendeu a sobera-

nia, resistindo pelas armas ao presidente argentino Rosas,

que pretendia sua incorporação à Argentina. Promoveu o

progresso com a ajuda de técnicos estrangeiros. Imprensa,

escolas, ferrovias, telégrafo, frota mercante e de guerra,

uma indústria florescente, fomento à lavoura e um ativo

comércio com o exterior, marcaram sua administração.

Em 1862, foi sucedido por seu filho, Francisco So-

lano Lopez. Por essa época, o Paraguai era um Estado mo-

derno e próspero, verdadeira exceção na América do Sul.Os

progressos alcançados conferiam ao Paraguai um destaque

no continente. O modelo político paraguaio, que entrava em

choque com os governos argentino e brasileiro e com o

imperialismo inglês, constituía um sistema independente,

90% da propriedade da terra estavam nas mãos do Estado.

O governo paraguaio tinha o monopólio de exportação de

madeiras, da erva-mate e do tabaco. O comércio exterior

era quse completamente nacionalizado

Solano Lopez, por ocasião da intervenção da armada

brasileira na guerra civil uruguaia em 1864, julgando amea-

çada a estabilidade da região do Prata, declarou guerra ao

Brasil. Para alcançar o sul brasileiro, viu-se obrigado a a-

travessar o território argentino, e esse incidente resultou na

aliança da Argentina, Brasil e Uruguai, contra o Paraguai.

Os três países coligados viram a oportunidade de obter ter-

ritórios fronteiriços há muito disputados.

Em 1865, Brasil, Argentina e Uruguai, representa-

dos respectivamente por D. Pedro II, Bartolomeu Mitre e

Venâncio Flores, assinaram, com anuência do governo bri-

tânico, o tratado conhecido como Tríplice Aliança, median-

te o qual foi levada a cabo uma guerra que culminou com a

destruíção do Paraguai e o extermínio de quase 80% da sua

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população. Durante a guerra, foi feito um recrutamento ge-

ral, todo paraguaio capaz foi colocado em serviço ativo,

formaram-se batalhões de mulheres e regimentos de garotos

entre doze e quinze anos de idade.

A guerra prosseguiu, as tropas brasileiras lutavam

sob comando de Duque de Caxias, mais tarde sob as or-

dens de Conde D´Eu. Após cinco anos de árduos combates,

a guerra culminou com a derrota completa das forças para-

guaias,o terrível saldo de toda população adulta massacra-

da,que lutou bravamente até o fim, só ficaram com vida

crianças, mulheres e velhos. Terminou com a morte do pre-

sidente Francisco Solano Lopez (março de 1870), no Cerro

Corá. Nos custos da derrota, além do genocídio, o Paraguai

perdeu 160.000 km² de seu território, foi obrigado aceitar a

livre navegabilidade dos seus rios. Pagou altas indenizações

ao Brasil, à Argentina e ao Uruguai. O Paraguai estava de-

vastado, as culturas tinham sido destruídas e os rebanhos, a

maior riqueza do país, havia desaparecido. Suas terras, suas

fábricas e seus serviços foram privatizados.

Em 1870, logo depois da derrota ante a coligação

dos três países, o Paraguai adotou uma Constituição liberal

que esteve em vigor por setenta anos. Iniciou-se então uma

recuperação lenta e difícil, prejudicada por lutas estéreis

entre os azules, liberais e anticlericais, e os colorados con-

servadores e latifundiários.

As fronteiras ainda não totalmente definidas, entre o

Paraguai e a Bolívia, tornaram-se a causa de repetidos inci-

dentes a partir de 1929. Por essa época Bolívia começara a

explorar seus recursos petrolíferos no Chaco Oriental. Mul-

tiplicaram-se os conflitos de fronteira, quando a Bolívia

estabeleceu postos militares no território reclamado pelos

paraguaios. Em 1932, começou a guerra do Chaco que du-

rou até 1935, travada num deserto espinhoso e insalubre. O

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resultado da guerra foi favorável ao Paraguai, o país con-

quista três quartos da região em disputa, rica em petróleo.

A República do Paraguai, socialmente caracterizada

pelo contraste entre uma pequena minoria abastada e a ofi-

cialidade burocrática, de um lado, e de outro, a grande mai-

oria pobre e inculta. Toda a economia está baseada na agri-

cultura e o comércio de produtos importados sem taxas,

constitui uma grande fonte de receita do Paraguai. Conhe-

cido centro de comércio de contrabando, o país é também

rota do tráfico internacional de drogas.

Mas as origens de sua pobreza devem ser encontra-

das concernentes à história, à política e à sociedade da na-

ção paraguaia.A instabilidade de governos e golpes suces

sivos até 1954, quando o comandante do Exército, general

Alfredo Stroessner, derruba o presidente Federico Chavez,

e instala um regime ditatorial baseado no apoio do Partido

Colorado.Nesse período, a corrupção se generaliza.Um gol-

pe militar em 1989,depõe Stroessner, que se asila no Brasil.

Após décadas de ditadura, o regime político é ins-

tável, como mostram as frequêntes tentativas de golpes mi-

litares. Em 1993, é eleito, pelo partido Colorado, Juan Car-

los Wasmosy, sua política de abertura de mercado provoca

protestos no campo, onde vivem 54% da população do país.

Na região leste do Paraguai vive um grande número

de brasileiros “os brasiguaios”, que ocupam uma área cada

vez mais próxima à fronteira com o Brasil, fonte de tensão

com os habitantes locais. Em agosto de 1999, os sem-terra

paraguaios, organizam protestos contra agricultores vindos

do Brasil. Em 2000, o Congresso aprova um programa de

privatização nas áreas de telecomunicações, ferrovias e dis-

tribuição de água.A crise institucional é agravada, em 2001,

por protestos de camponese contra a política econômica.

Em 2003 é eleito como presidente do Paraguai, Ni-

canor Duarte, pelo partido Colorado.O Paraguai pressiona o

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Brasil a rever os termos do Tratado de Itaipu, as autoridades

paraguaias reivindicam, também, uma revisão do preço da

energia,que é comprada pelo Brasil por preços inferiores

aos de mercado.As hidreléticas feitas em associação com

Brasil, a Itaipú,e com a Argentina,Yacyretá, fornecem ener-

gia abundante e barata ao país, em vista de que, o Paraguai

têm a grande oportunidade de desenvolver a sua indústria.

Como parte do acordo de cooperação militar com os

Estados Unidos, em 2006, surge a especulação sobre a ins-

talação de uma base militar na região do Chaco, próximo a

Tríplice Fronteira entre Paraguai, Brasil e Argentina.

Em 2008, foi eleito como presidente do Paraguai, o

bispo católico Fernando Lugo, de linha esquerdista, que

renunciou ao sacerdócio para poder se candidatar. Após a

sua eleição surgem comentários sobre o comportamento

indecoroso cometido pelo ex-bispo, como a paternidade de

três filhos, reivindicada por três mulheres diferentes.

REPÚBLICA ORIENTAL DO URUGUAI.

O Uruguai, segundo país menor da América do Sul,

está situado no sudeste do continente, à margem esquerda

do estuário do rio da Prata. Este pequeno território inde-

pendente, de 176.215 km², limita-se ao norte e nordeste

com o Brasil, a leste com o oceano Atlântico; e ao sul com

o rio da Prata, a oeste, acha-se separado da República Ar-

gentina pelo rio Uruguai. O rio Uruguai (do indígena rio

das aves), nasce na Serra do Mar, no Estado de Santa Cata-

rina, Brasil, com o nome de Pelotas até a foz do Canoas,

quando passa chamar-se Uruguai, se junta ao rio Paraná

para formar o rio da Prata. Tem 1.500 km de extensão.

Os grandes rios limítrofes, Uruguai e da Prata, e o

oceano Atlântico dão ao Uruguai facilidades de navegação

e contato com o exterior. As costas, tanto as fluviais como a

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marítima, citando-se em primeiro lugar o centro turístico

de Punta del Este, oferecem uma sucessão de belas praias

de areias brancas e finas, e modernos hotéis, sendo o bal-

neário um grande atrativo turístico.

O solo do interior do território apresenta suaves co-

linas (cuchillas). Seu relevo é um prolongamento do sul do

Brasil, apóia-se sobre antigas formações geológicas rela-

cionadas com o gigantesco escudo cristalino, o Guiânico-

Brasileiro. O trabalho erosivo dos rios e arroios transfor-

mou o relevo primitivo numa planície suavemente ondula-

da. Sua altitude media é de 300 m acima do nível do mar, é

coberto por campos de pastagens naturais que integram os

pampas, que também se estendem pelo sul do Brasil e da

Argentina. A vegetação de pradaria ocupa cerca de 73,3 %

da superfície do país,com apreciável valor forraginoso.

A atividade pastoril é a mais importante da econo-

mia uruguaia.O Uruguai é dotado de uma rede de cursos de

água bastante densa, com saída para o mar. Uma parte das

águas e colhida pelo rio Uruguai e seu grande afluente, o

rio Negro (800 km de extensão).O rio da Prata serve de

intermediário entre o Uruguai e o oceano, e é navegável por

canais naturais, com acesso a Montevideu e Buenos Aires.

As férteis terras e florestas da parte oriental do rio

Uruguai são habitadas desde há 10 mil anos a.C. Os con-

quistadores europeus ao chegarem no século XVI, encon-

traram o território habitado por três grupos culturais.Os

indios charruas, caçadores nômades, os chanaés, que de-

senvolveram uma agricultura incipiente nas margens do rio,

e os guaranís, que além de algumas técnicas agrícolas, do-

minavam a cerâmica e a navegação ribeirinha em canoas.

Embora vivessem em pequenos grupos e dispersos, estes

nativos, valentes, exímios combatentes, opuseram feroz

resistência aos conquistadores.

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Em 1517, Juan Diaz de Solis adentrou o território do

rio da Prata acima, vindo a morrer ferido por uma flecha

indígena. Apesar de terem explorado o rio da Prata desde

1515, os espanhóis só povoaram o solo uruguaio cerca de

um século mais tarde, quando conseguiram dizimar os char-

ruas e outros grupos indígenas, a ferro e fogo. Em 1527,

Sebastian Gaboto, o primeiro europeu a penetrar pelos rios

Paraná e Uruguai, estabeleceu a primeira colônia espanhola

da região.A ocupação, realmente, começou depois de 1603,

quando Hernando Arias de Saavedra, governador de As-

sunção, introduziu a criação de gado na margem oriental do

rio Uruguai, em 1611. Pastos naturais abundantes, o clima

favorável e a abundância de água fizeram com que os reba-

nhos de bovinos, equinos e ovinos prosperassem.

A pecuária encontrou melhor desenvolvimento na

parte norte do país ficando a região costeira do sul com a

maior concentração agrícola e industrial. Os grandes reba-

nhos deram impulso à agropecuária que atualmente é a

principal base da economia, com destaque para a produção

de lã, carne e cereais.A atividade pastoril extensiva não

necessita de grande número de trabalhadores, apesar de

ocupar 85 % da superfície útil do país. Apenas 10,5 % das

terras férteis destinam-se a cultura de cereais e vinhedos.

Desde o inicio de sua história, o território viu-se en-

volvido pela cobiça dos espanhóis de Buenos Aires e dos

portugueses do Rio de Janeiro, devido à sua posição estra-

tégica. A Espanha utilizava o estuário do Prata como esco-

adouro das riquezas do Peru, e Portugal desejava para si a

margem esquerda como base para o comércio no Atlântico

Sul.Em busca de gado e de rios que os levassem ao interior

do rio da Prata, os portugueses avançaram pela então cha-

mada Banda Oriental, fundando a Colônia do Sacramento,

em 1680, motivo de constante discórdia com os espanhóis.

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Os espanhóis fundaram São Felipe de Montevidéu,

em 1726, junto a uma baía bem guardada, próxima ao Cer-

ro (elevação de 136 m de altitude) e à via fluvial de trânsito

para Buenos Aires. A situação geográfica de Montevidéu

imprimiu à nova cidade rápido desenvolvimento e seu porto

adquiriu grande importância. Assim como Buenos Aires,

Montevidéu dependeu do Vice-Reinado do Peru até 1776,

quando foi criado o Vice-Reinado do Rio da Prata, com

Buenos Aires como capital e Montevidéu como base naval.

Por fim a Banda Oriental tornou-se parte reconheci-

da do vice-reino espanhol com sede na Argentina. Quando

os argentinos se libertaram do domínio espanhol em 1810,

os comerciantes de Montevidéu recusaram-se a aceitar Bu-

enos Aires como nova metrópole. Os portugueses do Brasil

em 1817 invadiram a Banda Oriental, ocuparam Montevi-

déu e por cinco anos o Uruguai foi incorporado ao Brasil,

sob o nome de Província Cisplatina. Comandados pelo ge-

neral Artigas os uruguaios derrotaram e expulsaram as for-

ças brasileiras do seu território, na batalha de Ituzaingó.

O general José Gervásio Artigas (1764-1850), fun-

dador da nação uruguaia e chefe do seu povo, na luta contra

Espanha pela independência do país, conseguida em 18 de

julho de 1825. Patriota destemido, comandante audaz, des-

pertou na nação o sentimento de liberdade. O Uruguai foi

controlado, alternadamente, por portugueses e por espa-

nhóis durante 150 anos, até obter finalmente a independên-

cia, em 1827, à qual se seguiram quarenta anos de guerra

civil. O século XIX uruguaio, foi marcado por lutas inter-

nas, disputas com países vizinhos, como o Brasil, Argentina

e Paraguai, e mudanças bruscas de governo.

A nação dividira-se na luta política, formaram-se

dois partidos, Blanco, conservador e Colorado, liberal.O

crescente antagonismo entre os colorados e blancos provo-

ca uma guerra civil entre 1839 e 1851.A repressão aos mo-

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vimentos populares reivindicativos acabou por acirrar a luta

entre elementos, grupos e facções de esquerda e de direita.

Em 1963, em meio ao clima conturbado e aos choques de

idéias e interesses destacou-se uma organização guerrilheira

urbana, os Tupamaros (nome tomado do inca Tupac Ama-

ru), grupo rebelde praticante de atividades terroristas.

Ao tornar-se país independente, o Uruguai já conta-

va com rebanhos bovinos, ovinos e suínos de alguns mi-

lhões de cabeças e deles extraia e processava carne, pele,

couro e lã. Na Grande Montevidéu se concentram mais da

metade da atividade industrial, como metalurgia, química,

farmacêutica, fábricas de bebidas, cimento, calçados, teci-

dos, bem como vários frigoríficos, com industrialização de

carne para exportação.

O país possui 3,5 milhões de habitantes. Na compo-

sição étnica predominam brancos de descendência européia

88 %, há minorias de origem indígena (charruas) 8%, e

africana 4%.O padrão de vida do país está entre os melho-

res do continente. Cerca de 90 % da população vive em

cidades, a metade na capital, Montevidéu. As maiores cida-

des são, Montevidéu, Salto, Paysandú, Las Piedras, Rivera,

Maldonado, Punta del Este.

Tabaré Vasquez, eleito em 2005, torna-se o primeiro

presidente de esquerda na história do Uruguai.

BRASIL-COLÔNIA DE PORTUGAL

Paralelamente à missão de Vasco da Gama,de apos-

sar-se do comércio de Especiarias, o rei D. João II, de Por-

tugal (1481 a 1495), enviou o experiente navegador portu-

guês, Pedro Álvares Cabral, para encontrar a América do

Sul, as terras que constavam do Mapa Mundial de 1428,

que acreditava existirem, conforme dizia o documento pre-

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cioso que estava em sua posse. Não alcançou esse momen-

to. Morreu prematuramente em 1495.

O seu sucessor D. Manuel I (1495 a 1521), ordenou

a Pedro Álvares Cabral, em viagem para a Índia e os reinos

do Extremo Oriente que tomasse posse da parte Ocidental

das Índias. Portugal sabia da existência de terras a oeste

desde a chegada de Colombo à América e já havia garanti-

do parte delas pelo Tratado de Tordesilhas em 1494. O a-

cordo assinado por Portugal e Espanha, traça um meridiano

localizado 370 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Ver-

de, passando sobre as atuais cidades de Belém (Pará) e La-

guna (S.C.). Portugal fica com as terras a leste e a Espanha

com as terras a oeste dessa linha.

Seus navegadores conheciam bem as correntes ma-

rítimas do Atlântico Sul. Cabral, num desvio de rota para

oeste, seguindo instruções de Portugal, avistou sinais de

terra próxima e sua esquadra atinge o litoral sul da Bahia,

deparando-se com o Monte Pascoal. Pedro Álvares Cabral

e seus navios prosseguem, até atingir um bom porto, ao

qual foi dado o nome de Porto Seguro.

Em 22 de abril de 1500, Cabral desembarca na costa

sul-americana; em seguida ruma para o continente e finca

no solo uma cruz de madeira com as armas da Coroa Portu-

guesa, tomando, assim, posse da nova terra, em nome do rei

de Portugal, D. Manuel I.Um grupo de indígenas, pasmos,

observava a cena e a gente diferente jamáis vista por eles.

À terra descoberta deu o nome de Terra de Santa

Cruz, mudando depois para Brasil, por causa da grande

quantidade de árvores de pau-brasil existentes na região, de

cuja madeira extraía-se um precioso corante vermelho, que

servia para tingir tecidos; foi objeto de intenso comércio

nos tempos coloniais, até a extinção da árvore. Os portu-

gueses começaram a colonizar e fixar povoamentos no Bra-

sil apenas no ano de 1530. Trouxeram nos navios, degreda-

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dos, ladrões, criminosos, contraventores e todo tipo de pri-

sioneiros tirados das cadeias de Portugal.

Em 1532, Martim Afonso de Souza, líder da primei-

ra expedição colonizadora das terras brasileiras, introduz no

país o cultivo da cana-de-açucar. O governo português pro-

curou uma alternativa econômica que, além de tornar a Co-

lônia rendosa, fixasse as populações portuguesas na terra

para assegurar a sua posse. Capturavam indígenas obrigan-

do-os ao trabalho escravo nas lavouras.

O problema da posse foi resolvido com a implanta-

ção da cultura de cana-de-açúcar mantida pela mão-de-obra

escrava indígena e depois africana. As grandes proprieda-

des canavieiras também ocupavam grandes extensões de

terra com a criação de gado, utilizando-o como alimento e

como animais de carga nas lavouras canavieiras. Criavam

animais domésticos, como porcos, galinhas, cabras e cava-

los, os cachorros utilizavam em caçadas de animais. A de-

manda brasileira por trabalho escravo impulsionou os mer-

cados portugueses na África Ocidental. Na primeira metade

do século XVI, chegam os primeiros escravos africanos.

Começa o ciclo açucareiro, o mercado europeu esta-

va ávido por açúcar. Com solo apropriado para o cultivo da

cana e facilidade de comprar escravos, a faixa fértil costeira

entre Pernambuco e Rio de Janeiro passa a ser o centro da

cultura canavieira. Estimativas do final do século XVII in-

dicam a existência de 528 engenhos na colônia. Os enge-

nhos se espalham pelo Nordeste. Os colonos cultivam tam-

bém tabaco e algodão.

O sistema de expedições colonizadoras era muito

dispendioso para o governo e Dom João III, rei de Portu-

gal, em 1532, resolveu dividir o Brasil em “Capitanias He-

reditárias”. O monarca efetuou a partilha do litoral brasi-

leiro em 14 capitanias e entregou cada uma a um donatário

benemérito, homens de sua confiança, que se encarregaram

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de colonizar o Brasil; para isso receberam amplas conces-

sões e direitos quase ilimitados.

A costa paranaense ficou pertencendo à Martim A-

fonso de Souza e a seu irmão Pero Lopes de Souza, a quem

couberam as capitanias de S. Vicente e Sant´Anna. O dona-

tário funda São Vicente, a primeira vila da colônia, no atual

estado de São Paulo. Estas capitanias eram limitadas a oeste

pela linha de Tordesilhas.

Duarte Coelho, donatário da capitania de Pernambu-

co, toma posse do território em 1535, e funda a vila de O-

linda. Por culpa dos colonos portugueses, explodiu uma

revolta dos índios, que até ai se mostravam pacíficos. Os

habitantes da povoação de Olinda foram sitiados, os indíge-

nas aproximando-se da povoação lançaram uma grande

quantidade de flechas às quais tinham amarrado mechas de

algodão acesas. Assim, atearam fogo nos tetos das choupa-

nas dos colonos, cobertas de capim. Os prisioneiros captu-

rados eram sacrificados em festejos da tribo.

Decorrido algum tempo, o rei Dom João III, sentiu o

desinteresse dos donatários e, como conseqüência, o fracas-

so do sistema das capitanias, resolveu então criar um poder

central, nomeando Tomé de Sousa, como primeiro gover-

nador geral do Brasil, em março de 1549, com plenos po-

deres de decisão. Ele fundou na Bahia a cidade de Salva-

dor, como sede do governo.Em 1553, Duarte da Costa subs-

titui Tomé de Sousa como governador geral. Envolve-se em

conflitos entre donatários e jesuítas em torno da escraviza-

ção dos índios, e é forçado a voltar para Portugal.

Em 1557, é nomeado o terceiro governador geral,

Mem de Sá. Com a ajuda dos jesuítas Manoel da Nóbrega e

José de Anchieta ele neutraliza a aliança entre índios ta-

moios e franceses. É fundada a cidade de São Sebastião do

Rio de Janeiro. O desempenho eficiente de Mem de Sá con-

tribui para firmar a posição do governo geral na colônia.

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Em 1568, é oficializado pelo governador geral Sal-

vador Correa de Sá o tráfico de escravos negros. Cada se-

nhor de engenho de açúcar fica autorizado a comprar até

120 escravos negros por ano. Navios negreiros faziam a

rota entre Brasil e Guiné, Benin, Costa de Marfim, Mali,

Congo, Angola e Moçambique, onde os escravos negros

eram vendidos, pagos em ouro ou trocados por tabaco.

Durante quatro séculos seguintes, foram traficados

aproximadamente 4 milhões de escravos africanos, vieram

amontoados nos porões dos navios negreiros, de modo que

muitos morreram durante a viagem. Vendidos como merca-

doria formaram a grande massa trabalhadora nas plantações

de cana-de-açucar, nos cafezais e na mineração. Os negros

substituiram os índios, considerados ineficientes para o

trabalho agrícola.

Em 1580, Felipe II, que reinava sobre a Espanha as-

sume o trono de Portugal. O Tratado da União Ibérica entre

a Coroa portuguesa e a espanhola vigora até 1640, isto é,

pelo espaço de 60 anos. Os caminhos abertos pela criação

de gado pelos bandeirantes, apresadores de índios, minera-

dores, tropeiros e missionários, estendem o território brasi-

leiro para muito além do estipulado no Tratado de Tordesi-

lhas. A expansão é facilitada pela união das Coroas Ibéri-

cas, mas continua mesmo após a separação das mesmas. A

ocupação do interior do território brasileiro pelos bandei-

rantes garantiu a posse da terra aos portugueses.

Em 1640, o duque de Bragança é aclamado rei de

Portugal, como dom João IV, mas os espanhóis não aceitam

o fim da União Ibérica. Portugal e Espanha entram em

guerra, mas só em 1648, Portugal conquista sua indepen-

dência. Acordos firmados entre Portugal e Espanha nos

anos de 1750 e 1777 asseguraram praticamente todo o atual

território brasileiro a Portugal. Nesse período o país tem sua

área aumentada em mais de duas vezes. Em 1759, Sebastião

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José de Carvalho e Mello, marquês de Pombal, nomeado

ministro todo-poderoso do rei D.José I de Portugal, extin-

gue o sistema de Capitanias Hereditárias que voltam para as

mãos da Coroa portuguesa.

Em 1777 morre D. José I, sua filha Dona Maria I, é

coroada rainha de Portugal. No seu governo o Marquês de

Pombal caiu no ostracismo, foi afastado do centro de deci-

sões do poder.A assinatura do Tratado de Badajoz, em

1801, restabelece a demarcação acertada em 1750, pelo

Tratado de Madri, que reconhece com base no direito de

posse pelo uso, a presença luso-brasileira nas terras desbra-

vadas em processo de ocupação.

As bandeiras eram expedições armadas, com o fim

de capturar índios, descobrir minas de ouro e diamantes e

tomar posse das terras. Eram inúmeras caravanas de ho-

mens destemidos, marchando a pé, de surrão de couro às

costas, vestidos de grossas calças e camisões de algodão,

largos chapéus de palha na cabeça, armados de machados,

compridos e afiados facões, garruchas, pistolas e munição.

Calçavam botas de couro de cano alto.Quando no interior

dos sertões, caminhavam orientando-se pelo sol, bússola e

pelas estrelas. Seguiam os cursos dos rios e os atravessa-

vam, circundavam pântanos insalubres e serranias inóspi-

tas. Compunham as bandeiras todo tipo de pessoas, homens

brancos, negros, mamelucos, índios mansos, mulheres, cri-

anças, padres e grande número de animais domésticos, cães

e animais de carga.

Nada detinha essas bandeiras, nem os desfiladeiros e

precipícios, nem a sede ou a fome, tormentas ou temporais

de chuva ou ciladas de índios selvagens. No ciclo do ouro

os bandeirantes portugueses não conheceram limites, inva-

diram os sertões desde o Tietê em São Paulo até Santa Cruz

de la Sierra na Bolívia. Percorreram a Bahia, Espirito San-

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to, Rio Grande do Norte, subiram o rio Amazonas até a

Cordilheira dos Andes no Peru.

No final do século XVII, os exploradores encon-

tram ricas jazidas de ouro em Minas Gerais, Bahia, Goiás e

Mato Grosso. As bandeiras de conquista, centenas delas,

corriam os sertões. Os capitães Jorge Dias, Fernão Dias

Paes Leme, Manoel Borba Gato, Bartolomeu Bueno da

Silva, todos eles chefes duros, valentes, ambiciosos, reme-

xeram a terra, os rios, revolveram grupiáras, cascalho dos

barrancos e dos ribeirões, à procura de ouro e diamantes.

Milhares de portugueses invadem essas regiões.

O que incendiava a imaginação dos bandeirantes

paulistas e portuguesas era a febre de riqueza das minas e

de escravos índios, que valiam ouro e se vendiam em São

Paulo e Rio de Janeiro. Os boatos da existência de muito

ouro no sertão dos Goitacás (povo indígena extinto) no

Espirito Santo alvoroçaram Portugal. As bandeiras sucedi-

am-se, apressadas. Corriam notícias que havia uma monta-

nha resplandecente de esmeraldas.

A notícia do achado reboou na Corte Portuguesa

como um trovão, despertou a cobiça e a ambição pela ri-

queza fácil. Imediatamente chegaram, em voragem, ordens

formais d´El-Rei D. João V (1706-1750), lançando o im-

posto sobre a extração. A Coroa estendia as garras, queria

todos os diamantes acima de vinte quilates. Um quinto do

ouro descoberto pertencia à Coroa, como taxa. Saiam mi-

lhares de arrobas de ouro, diamante, esmeralda e prata. O

ouro sufocava o Reino e a notícia de tanta riqueza deixava

em delírio os salões de Lisboa. Portugal assanhou-se na

doida cobiça das minas do Brasil-Colônia. Fidalgos e corte-

sãos portugueses festejavam a riqueza.

Quando, mais tarde, as minas foram se exaurindo,

mas o fisco português atormentava os mineradores queren-

do receber ouro, além de criar numerosos impostos para

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assegurar os lucros da Corte de Lisboa. O Reino, desvaira-

do pelos milhares de arrobas de ouro puro, que lhes chega-

vam do Brasil, não sabia guardá-lo, esbanjava as mãos

cheias. Proprietários e mineradores descontentes pela pres-

são do governo em cobrar altos impostos incentivam rebe-

liões em diversas regiões da Colônia.

Em 1789, acontece a Inconfidência Mineira, mo-

vimento de independência de Minas Gerais, que transforma

o alferes José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, em

herói nacional, foi preso e enforcado no Rio em praça pú-

blica, em 21 de abril de 1792.

No início do século XIX, nossos diamantes, esme-

raldas, pedras peciosas de todas as cores e pau-brasil ajuda-

ram a solidificar a hegemonia britânica nos mares. Com

nossas riquezas se defenderiam de Napoleão Bonaparte no

Bloqueio Continental. Foi o ouro do Brasil, Arca da colônia

portuguesa, que estabilizou o Império Britânico.

Em 1807, Napoleão Bonaparte havia riscado Portu-

gal do mapa da Europa, e culpavam-no pela fuga da Famí-

lia Real para o Brasil. Don João e sua Corte, assustados,

fugiram ao ouvir os tambores triunfantes do general Jean

Andoche Junot, chegando a Lisboa à frente do Exército

Francês. Com a invasão de Portugal pelas tropas napoleôni-

cas,em 26 de fevereiro de 1808, a família real e a corte por-

tuguesa se transferem as pressas para Rio de Janeiro.

Chegaram aproximadamente 15.000 pessoas com-

pondo a corte do príncipe regente Dom João. O grupo in-

cluía a família Real, pessoas da nobreza, conselheiros reais

e militares, médicos, ministros, desembargadores, juizes,

advogados, comerciantes, valdevinos, estróinas e prostitu-

tas, entre eles um enxame de aventureiros. Também viaja-

vam vários bispos, freiras, muitos clérigos, damas de com-

panhia, camareiros, pajens e cozinheiros.

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Uma efervescência e grande excitação dos recém-

chegados, ávidos de ouro e de aventuras amorosas, caíram

sobre a sociedade patriarcal, obscura, do Brasil-colônia. Era

uma corte cara, perdulária, corrupta e voraz. Com isso a

vida na cidade de Rio de Janeiro muda radicalmente. A

malandragem prosperava nas ruas da cidade e nas provín-

cias. Em 1816, veio na companhia do duque de Luxembur-

go o botânico Auguste de Saint Hilaire que pemaneceu no

Brasil até 1822. Explorou os territórios de Goiás, Mato

Grosso, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Ge-

rais e Espírito Santo, percorrendo cerca de 15.000 quilôme-

tros colhendo plantas medicinais.

A mais famosa expedição científica que acompa-

nhou a princesa Leopoldina, austriaca, (recém-casada em

Viena, por procuração, com o futuro imperador D.Pedro I),

desembarcou em 1817. Chefiada pelo botânico alemão Karl

Friedrich Philipp von Martius, de 23 anos, e o também

botânico Johann Baptist von Spix. Incumbidos de estudar

plantas, animais, minérios e indígenas brasileiros, percorre-

ram mais de 10.000 quilômetros pelo interior do Brasil.

Vieram também, artistas, pintores, poetas e estudiosos.

O regente Dom João, com a morte da mãe, rainha D.

Maria I (A Louca), é coroado rei de Portugal, Brasil e Al-

garves. O Brasil é elevado a Reino-Unido em 16 de feve-

reiro de 1815, pelo rei D. João VI, que governava no Rio de

Janeiro, onde era a sede do seu reino. A elevação da Colô-

nia à situação de Reino praticamente corta os vínculos co-

loniais com a metrópole. Entre as primeiras decisões toma-

das por Dom João, estão: a abertura dos portos às nações

estrangeiras, fundação do Banco do Brasil e do Jardim Bo-

tânico, criação da Academia Militar e da Marinha, a Biblio-

téca Real, a Imprensa Régia e Escola Superior de Medicina.

Em 1816, dom João envia forças navais para sitiar

Montevidéu e ocupar a Banda Oriental (Uruguai), território

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integrante do antigo Vice-Reinado do Prata. Seu objetivo é

se tornar regente do império colonial espanhól na América

enquanto durasse a ocupação da Espanha por Napoleão. O

Brasil anexa a Banda Oriental a seu território em 1821, co-

mo Província Cisplatina. Localizada na entrada do estuário

do rio da Prata, a Cisplatina é uma área de alto valor eco-

nômico e estratégico para brasileiros e argentinos.

Expulsos os franceses de Portugal, e com as agita-

ções em torno da Coroa em 1820, D. João VI, voltou à

Lisboa para tomar posse do trono português. Levou toda a

Família Real de regresso para Lisboa, exceto o filho mais

velho, o príncipe D. Pedro, de 22 anos, que deixava como

regente do Brasil. Em 26 de abril 1821 a frota real zarpou,

levando de retorno 5.000 mil cortesãos, parasitas da Coroa.

A Independência do Brasil foi declarada oficialmen-

te no dia 7 de setembro de 1822, quando numa viagem a

São Paulo, o regente D. Pedro proclama a separação políti-

ca entre a Colônia e a Metrópole portuguesa. Estadista por-

tuguês e primeiro imperador do Brasil (1798-1834) Pedro

de Alcântara Bragança e Bourbon, è aclamado Imperador

e coroado pelos pares do Reino, recebendo o título de D.

Pedro I, em 1° de dezembro de 1822.

D. Pedro I, desde o início do seu governo, tivera

que lutar contra notável oposição. Autoritário, impunha sua

vontade aos ministros, ia perdendo a popularidade, por cau-

sa do gênio irascível e do governo arbitrário. Em 1825, o

Imperador envia tropas para a Cisplatina, mas elas são der-

rotadas em 1827, na batalha de Passo do Rosário. Em 1828,

após dificeis negociações, o Brasil e a Argentina reconhe-

cem a independência do Uruguai.

D. Pedro I governou o Brasil até 7 de abril de

1831, quando desgostoso com a situação desfavorável, ab-

dicou em favor do seu filho D. Pedro de Alcântara, de ape-

nas 5 anos de idade, que ficou sob a tutela de José Bonifá-

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cio de Andrada e Silva, até os 15 anos. Após a abdicação de

D.Pedro I, as Regências Trinas tentaram em vão pôr fim à

guerra civil nas províncias e à insubordinação do Exército.

E em 1840, foi antecipada a maioridade de D. Pedro que é

coroado Imperador do Brasil, como D. Pedro II, em 1841.

D. Pedro I, seu pai, retirou-se para Portugal.

Em 1865, irrompe a Guerra do Paraguai. Foram

convocados, homens pobres, mulatos e negros para formar

os batalhões de voluntários da pátria. Escravos africanos

recebem alforria para ser transformados em soldados. Esse

esforço de mobilização é necessário já que o Paraguai tem

efetivos maiores que as forças da aliança. Os conflitos na

região ocorrem por causa da disputa pela estratégica região

do Rio da Prata.

O ditador paraguaio Francisco Solano Lopes abre

várias frentes na fronteira com o Brasil, invade Rio Grande

do Sul e avança em direção ao Uruguai. Brasil, Argentina e

Uruguai firmam o Tratado da Tríplice Aliança, e atacam os

exércitos paraguaios. Em 1869 os soldados da aliança en-

tram em Assunção, capital do Paraguai. Solano Lopes é

morto em batalha em Cerro Corá. Quase dois terços da po-

pulação do Paraguai são dizimados nessa terrivel guerra.

Por quase quatrocentos anos o Brasil foi uma socie-

dade escravagista, onde negros e mulatos faziam parte das

camadas sociais mais baixas, serviam para o trabalho como

escravos. Os fazendeiros portugueses e brasileiros torna-

ram-se tão dependentes da escravatura, que o governo pres-

sionado pelo movimento abolicionista, só gradualmente

promulga leis que limitam a escravidão, até que a prática é

oficialmente abolida em 13 de maio de 1888. Portugal foi o

último país a acabar com o tráfico de escravos africanos.

A princesa Isabel, filha de D. Pedro II assina a Lei

Áurea que extingue definitivamente a escravidão no Brasil,

mas sem as medidas que garantam aos ex-escravos inserção

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plena na sociedade, como acesso a educação e a terra. Esta-

vam livres, mas não possuiam nada. A pesada herança es-

cravocrata, assim, permanece na sociedade brasileira até

hoje, na forma de discriminação racial, social e econômica.

O problema social transforma-se em questão política

para a elite dirigente. A abolição desagrada os fazendeiros,

que exigem indenizações pela perda do que consideram

suas propriedades. Como não são bem sucedidos, aderem

ao movimento republicano.O Império perde sua última base

de sustentação política.

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

Com o movimento político-militar de descontentes

com o governo de D. Pedro II, o Brasil deixou de ser mo-

narquia. No dia 15 de novembro de 1889, foi proclamada a

República do Brasil, pelo marechal Manuel Deodoro da

Fonseca, que foi nomeado como chefe do Governo Provi-

sório. D.Pedro II e a família real partiram para Portugal.

No dia 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a I°

Constituição da República Federativa do Brasil.

O Marechal Deodoro, atacado pela oposição e para

evitar o derramamento de sangue, renuncia ao cargo de Pre-

sidente da nação e passa o poder ao vice-presidente, mare-

chal Floriano Peixoto que governa até 1894, quando assume

Prudente de Morais.À proporção que se aproximava a elei-

ção para presidente da República do Brasil em 1930, o con-

flito de interesses entre Minas Gerais e São Paulo aumen-

tava. Rompeu-se a política do café-com-leite. Minas em

represália entra para a oposição e forma a Aliança Liberal.

Getúlio Dornelles Vargas, estadista gaúcho, natural

de São Borja, candidato à presidência da República pela

Aliança Liberal é derrotado pelo Dr. Júlio Prestes do Parti-

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do Republicano Paulista, candidato do Governo para suces-

são de Washington Luís Pereira de Souza. Júlio Prestes

consegue eleger-se com o apoio da máquina eleitoral do

governo paulista. Esse fato provocou grande descontenta-

mento nos meios políticos mineiros e gaúchos.

Irrompe a crise entre os opositores, quando, após

intensa conspiração, no dia 3 de outubro de 1930, eclode no

Rio Grande do Sul e alastra-se pelo país o movimento polí-

tico-militar, encabeçado pelos estados da Paraíba, Minas

Gerais e Rio Grande do Sul, sob o comando de Getúlio

Dornelles Vargas. Dentro da conjuntura política nacional, a

rápida adesão dos paranaenses à revolução, o principal era

o motivo, pois visava impedir que Júlio Prestes assumisse a

presidência da República. Com a queda de Washington

Luís encerra-se o período da República Velha.

Vitorioso, Getúlio Vargas assume a chefia do Go-

verno Provisório de caráter ditatorial. Na presidência da

República, adota uma política populista e nacionalista, mo-

derniza a economia do país. Em 26 de novembro de 1930,

cria o Ministério do Trabalho, e nomeia como Ministro, seu

amigo particular,o gaúcho Lindolfo Leopoldo Bökel Collor.

Pelo Decreto n° 19.710, em 18 de fevereiro de 1931,

foi instituído o registro civil obrigatório.

Em 1932, cria a Justiça Eleitoral e é elaborado o

Novo Código Eleitoral que institui o voto secreto e o direito

das mulheres de votar e serem votadas. Cria sindicatos

oficiais, reestrutura a Previdência Social, incorporando pra-

ticamente todas as categorias de trabalhadores urbanos.

Em 1° novembro de 1942, Getúlio Vargas cria a no-

va moeda, o cruzeiro, em substituição ao mil réis. O cruzei-

ro era a moeda que circulou até o ano de 1986. Para asse-

gurar o apoio dos trabalhadores, o governo Vargas institui o

salário mínimo, estabelece a jornada de trabalho de oito

horas diárias e torna obrigatória a carteira profissional.

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Em 1937, instala a ditadura do Estado Novo, com

forte repressão política.O governo do Estado Novo garante

grande avanço nas políticas sociais e econômicas pela im-

plantação de ampla legislação trabalhista e o apoio à indus-

trialização, com projetos oficiais nas estratégicas áreas side-

rúrgica e petrolífera.Em 1943 Getúlio Vargas cria o SENAI

e o SESI.Entra em vigor um novo conjunto de regras traba-

lhistas, com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),

que sistematiza e amplia a legislação trabalhista.

A oposição ao Estado Novo havia crescido entre in-

telectuais, estudantes, religiosos e empresários, Vargas per-

deu o controle da situação. Em 29 de outubro de 1945, è

pressionado pelos ministros militares a deixar o poder. Re-

nuncia e volta para São Borja. Reeleito presidente da Repú-

blica em 1950, pelo Partido Trabalhista Brasileiro e apoio

de Ademar de Barros, então influente político paulista e do

seu partido PSP, Partido Social Progressista, Vargas toma

posse e preside o país até 1954.

Reprisando a política do Estado Novo, retoma a

política nacionalista e populista do seu governo. Implanta o

monopólio estatal do petróleo, cria a Petrobras, em outubro

de 1953, e nacionaliza a produção da energia elétrica com a

Eletrobrás. As correntes nacionalistas o apoiam e apostam

na industrialização do país como motor do crescimento

econômico. É combatido pela oposição conservadora, de

civis e militares. As Forças Armadas exigem a sua renún-

cia. Vargas suicida-se com um tiro no peito na madrugada

de 24 de agosto de 1954.

Paraná era governado, na ocasião, pelo governador

Afonso Alves de Camargo, deposto em 5 de outubro de

1930, sendo nomeado em seu lugar, como Interventor Fede-

ral, Mário Alves Monteiro Tourinho, natural de Antonina.

Em julho de 1932, é substituído por Manoel Ribas, natural

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de Ponta Grossa, nomeado por Getúlio Vargas, como Inter-

ventor, ocupou o cargo até 1945, por 13 anos consecutivos.

Com a queda do Estado Novo de Getúlio Vargas,

em 1945, e após cinco governadores provisórios, em 1947,

assume o governo do Estado do Paraná, Moysés Wille Lu-

pion de Troia, governa até 1951, quando passa o governo

para Bento Munhoz da Rocha Neto. Em 1956 Moysés Lu-

pion volta a governar o Paraná, até 31 de janeiro de 1961.

Em outubro de 1955, Juscelino Kubitschek de Oli-

veira é eleito presidente da República, tendo como vice

João Goulart. Juscelino toma posse em 1956, com um dis-

curso desenvolvimentista e anuncia o lema “cinqüenta anos

(de progresso) em cinco” (de governo).Seu Plano Nacional

de Desenvolvimento, privilegia os setores de energia, trans-

porte, alimentação, industria de base e educação.

Com os investimentos externos, Kubitschek estimu-

la a diversificação da economia nacional. Em 1957, Kubits-

chek inicia a construção de Brasília a nova capital do país,

localizada no Planalto Central, em Goiás. A cidade-símbolo

da integridade nacional é inaugurada em 1960. Juscelino sai

do governo deixando grande crescimento econômico, base-

ado na industrialização.

Em 1961, Jânio Quadros vence as eleições para a

Presidência da República e João Goulart é eleito para vice.

Jânio renuncia sete meses depois e o vice-presidente João

Goulart assume o governo. De tendência esquerdista, é des-

tituido em 31 de março de 1964, por um golpe militar que

implanta o “Regime Militar”, que vai até 1985. O período é

marcado por autoritarismo, surpressão dos direitos constitu-

cionais, perseguição política e militar, prisão e tortura dos

opositores e censura prévia dos meios de comunicação.

O general Humberto de Alencar Castello Branco é

eleito presidente, pelo Congresso Nacional. Segue o gene-

ral Artur da Costa e Silva, eleito para a Presidência em

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1967. Em 1969, assume o general gaúcho Emilio Garrasta-

zu Médici. Em 1974, assume o general gaúcho Ernesto Gei-

sel. É iniciada a abertura política. Em 1979, assume a Pre-

sidência o general fluminense João Batista de Oliveira Fi-

gueiredo. Acelera a abertura política iniciada no governo

Geisel. O regime militar governa o país por 21 anos.

Em 1985, Tancredo Neves é eleito presidente da

República pelo Colégio Eleitoral, não chega a tomar posse,

na véspera é internado no hospital gravemente doente, onde

morre. Seu vice José Sarney assume o cargo. No seu gover-

no a inflação marca seu recorde nacional, chega a 225% ao

mês, 2.708,39% ao ano. A situação econômica estava insus-

tentável. No peródo até 1994 a moeda brasileira foi muito

desvalorizada e muda de nome cinco vezes: cruzeiro, cru-

zado, cruzado novo, cruzeiro, cruzeiro real e real.

Em 1994, é eleito para presidente da República, o

sociólogo Fernando Henrique Cardoso. As principais medi-

das do governo estão ligadas à estabilidade econômica e às

reformas constitucionais. Para estabilizar a economia lança

o Plano Real. Abre a economia ao capital estrangeiro e pri-

vatiza estatais. É reeleito em 1998, para mais um mandato

de quatro anos. Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-metalúrgico

e ex-sindicalista, concorre à Presidência e é derrotado por

três vezes.Vence em 2002 e se reelege em 2006. Faz um

governo populista, com tendência esquerdista.

*

O Brasil é uma república federativa composta por

26 Estados e Distrito Federal. Localizado na porção centro-

oriental da América do Sul, é o maior país do Hemisfério

Sul e quinto maior do mundo, com 8.514.876,6 km² de á-

rea. Limita-se ao norte com a Guiana Francesa, o Suriname,

Guiana e as Repúblicas da Venezuela e Colômbia. A oeste

com as Repúblicas, do Peru, Bolívia, Paraguai e Argentina,

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ao sul com o Uruguai, a sudeste, leste e nordeste com o

oceano Atlântico.

A extensão da costa no Atlântico é de 7.920 km, que

se estende da Foz do Rio Oiapoque, no Cabo Orange, ao

norte, e Arroio Chui na fronteira do Uruguai, ao sul. Os

pontos extremos do país são - ao norte, a nascente do rio

Ailã, na Serra do Caburaí, na fronteira de Roraima com a

Guiana; ao sul, o Arroio Chui, na fronteira do Rio Grande

do Sul com o Uruguai; a leste, a Ponta do Seixas, na Paraí-

ba; a oeste, a nascente do Rio Moa, na Serra da Contamana

(Serra do Divisor), na fronteira do Acre com o Peru.

O Brasil é dono de grandes diferenças geográficas,

climáticas, econômicas e sociais. A linha equatorial corta a

Amazônia na altura da cidade de Macapá (Amapá) no ex-

tremo norte.O trópico de Capricórnio cruza o território na-

cional sobre a cidade de São Paulo. Possui clima equatorial,

tropical de altitude, tropical atlântico, sub-tropical, semi-

árido e árido no nordeste.A condição de ser um país tropical

resulta da combinação de sua posição geográfica e seu rele-

vo modesto,com médias altimétricas inferiores a 1000 me-

tros, constituindo exceção às áreas realmente montanhosas.

O relevo brasileiro tem formação antiga e resulta

principalmente da ação das forças internas da Terra e da

sucessão de ciclos climáticos, cuja alternância de climas

quentes e úmidos com áridos e semi-áridos, favorece o pro-

cesso de erosão. O país é formado por planaltos cristalinos

e de planaltos sedimentares, com apenas 3% do território

constituindo área montanhosa acima de 900 metros de altu-

ra. As baixas altitudes, conjugadas com a localização geo-

gráfica, levam à predominância dos climas quentes, do tipo

tropical ou equatorial; à presença de extensas áreas de flo-

restas quentes e úmidas, de campos, cerrados e caatingas.

A baixa altitude dos planaltos brasileiros provém da

antiguidade de suas origens. Enquanto as grandes cordilhei-

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ras do mundo contemporâneo se formaram no Período Ter-

ciário, há uns 65 milhões de anos, o Escudo Brasileiro re-

monta a mais antiga das eras geológicas - o Pré-Cambriano.

Os terrenos arqueozóicos do Pré-Cambriano, formados há

mais de 3,5 bilhões de anos, e por isso fortemente rebaixa-

do pela prolongada erosão, denominam-se “complexo brasi-

leiro”, que ocupa 1/3 da superfície do país.

Os terrenos proterozóicos (Pré-Cambriano, mais re-

cente), formaram-se há cerca de 2 bilhões de anos, ocupam

4% da superfície do país. Os escudos mais antigos e rígi-

dos caracterizam-se pela presença de rochas cristalinas e

estão associadas à existência de jazidas de minerais metáli-

cos como o ferro, manganês, ouro, níquel, chumbo, bauxita,

pedras preciosas e minerais atômicos.

O Brasil possui 64% do território formado por baci-

as sedimentares, 36% por escudos cristalinos. Em sua

grande parte, as estruturas geológicas mais antigas, no caso

das bacias sedimemtares datam da Era Paleozóica à Meso-

zóica.As bacias sedimentares formaram-se a partir do acú-

mulo de sedimentos em depressões.È um terreno rico em

combustíveis fósseis,como carvão, petróleo, gás natural e

xisto.Foi descoberta pela Petrobrás, em 2007, uma grande

reserva de gás e petróleo no megacampo de Tupi, na Bacia

de Santos. A faixa litorrânea do Sudeste abriga outras im-

portantes jazidas, situadas na Bacia de Campos, na plata-

forma continental, e em águas profundas e ultraprofundas

do pré-sal.

A área total do pré-sal cobre uma faixa de 800 qui-

lômetros de comprimento por 200 quilômetros de largura

máxima, do norte de Santa Catarina, ao sul do Espirito San-

to. O pré-sal é a camada que fica abaixo de uma espessa

acumulação de sal, nas profundezas do oceano, situa-se de

5 a 8 mil metros de profundidade. As mais importantes re-

servas de petróleo e gás estão sob essa camada de sal, for-

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mada há 100 milhões de anos, no Cretáceo, período de se-

paração dos continentes americano e africano. As grandes

reservas de carvão mineral é explorado em Santa Catarina a

céu aberto.O gás natural também é extraído, no sul do país,

das jazidas de xisto betuminoso (rocha metamórfica con-

tendo hidrocarbonetos).

O Escudo Brasileiro manteve suas altitudes mais

elevadas em dois extensos planaltos, separados entre si por

terras baixas, platôs e planícies: o Planalto das Guianas e o

Planalto Brasileiro. O das Guianas ocupa o norte da Ama-

zônia. Eleva-se no sentido sul-norte, atingindo a média de

600 metros na fronteira do Brasil com a Venezuela e as

Guianas.

Nesse ponto constitui-se uma região serrana, com

picos isolados e os pontos culminantes do país: o pico da

Neblina (3014 m) e o pico 31 de março ( 2992 m), ambos

na Serra Imeri, no Estado do Amazonas, e o pico Roraima

(2727 m) na Serra do Paracaima, em Roraima, fronteira

com a Guiana. O Planalto das Guianas ultrapassa as frontei-

ras brasileiras, penetrando nos países limítrofes. Quanto ao

Planalto Brasileiro, ocupa o conjunto de terras altas situadas

ao sul do rio Amazonas, subdivide-se em cinco planaltos

menores: o Central, do Meio-Norte, da Borborema, o Atlân-

tico e Meridional.

O Planalto Central domina a faixa sul da Amazônia,

a maior parte do território norte de Mato Grosso, estenden-

do-se para leste, até o vale do São Francisco.

O Planalto do Meio-Norte engloba o norte de Goi-

ás, o Maranhão e o Piaui, indo desde o nordeste do Pará até

o noroeste do Ceará.

O Planalto da Borborema, ou Nordestino, é marca-

do pelas escarpas da Serra da Borborema, próxima ao lito-

ral, que se projeta para o interior, desde o Ceará e Rio

Grande do Norte até a Bahia.

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O Planalto Atlântico estende-se desde a Bahia até o

litoral de Santa Catarina, constitui o conjunto de blocos

cristalinos que se alinham acompanhando o litoral. Nos

rebordos do planalto há duas serras: a Serra do Mar e a da

Mantiqueira, é onde se encontram as maiores altitudes do

Planalto Brasileiro: o pico da Bandeira (2890 m), e o das

Agulhas Negras (2787 m).

O último constituinte do Planalto Brasileiro é o Pla-

nalto Meridional, sua periferia elevada estende-se do Rio

Grande do Sul até o Paraná e São Paulo, prosseguindo pelo

sudoeste de Minas Gerais, sul de Goiás e Mato Grosso;

prolongando-se pelo Paraguai, Argentina e Uruguai.

A região do Pantanal Mato-Grossense é a mais típi-

ca planície do país, localizando-se nos rebordos ocidentais

do Planalto Brasileiro. Chega a atingir 500 quilômetros de

extensão (no sentido norte-sul) e mais de 200 quilômetros

de largura, apenas no território nacional, é parte das planí-

cies chaco-pampeanas. Periodicamente é invadido pelas

águas, em especial às do Rio Paraguai e seus afluentes.

As divisões regionais do território foram estabele-

cidas no decorrer da história do Brasil. Com a Constituição

de 1988, fica definida a nova divisão, foram criadas cinco

regiões: Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul. O

objetivo é reunir estados com traços físicos, humanos, eco-

nômicos e sociais comuns, o que ajuda no planejamento de

políticas voltadas para áreas com necessidades semelhantes.

A região Centro-Oeste, é formada pelos estados de

Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e pelo Distrito

Federal. O relevo da região, localizada no extenso Planalto

Central, caracteriza-se por terrenos antigos e aplainados

pela erosão, que originaram os chapadões. A oeste do esta-

do de Mato Grosso do Sul e a sudoeste de Mato Grosso

encontra-se a depressão do Pantanal Mato-Grossense, cor-

tado pelo rio Paraguai e sujeita à cheias durante parte do

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ano. É a maior bacia inundável do mundo, com plantas e

fauna diversificada. Nos planaltos a vegetação é de cerrado.

A economia do Centro-Oeste baseia-se na agricultu-

ra e pecuária. A transferência da capital federal do Rio de

Janeiro para Brasília, em 1960, acelera o povoamento da

região e contribui para seu desenvolvimento. A agroindús-

tria é o setor econômico mais importante da região. Ela é a

maior produtora de soja, algodão, girassol, arroz, milho e

cana-de-açucar. Centro-Oeste também possui o maior reba-

nho bovino do país. As indústrias são principalmente do

setor de alimentos e de produtos como adubos, fertilizantes

e rações, além de grandes frigoríficos e usinas de etanol.

O crescimento econômico da região deve-se, sobre-

tudo, ao bom desempenho do setor agropecuário. A grande

produção de grãos beneficia a indústria e o comércio de

exportação. A adaptação da soja ao solo do cerrado devas-

tou grande parte da vegetação local e a cultura do grão a-

vança para o norte do Mato Grosso, rumo à floresta Ama-

zônica, que está sendo ameaçada de destruição.

A região Nordeste, é formada pelos estados de Ma-

ranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte,

Alagoas, Sergipe, Paraíba e Bahia.A maior parte do territó-

rio nordestino é constituído e aplainado pela erosão. O rio

São Francisco é o maior da região e a única fonte de água

perene para as populações que habitam suas margens, ba-

nha Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco.

Outro rio importante é o rio Parnaíba. Nasce no Maranhão,

corre para o norte numa extensão de 1.766 km, faz divisa

entre Maranhão e Piauí, a bacia ocupa uma área de 330

mil km², deságua no Atlântico formando um delta oceânico.

Além da beleza da paisagem do Delta do Parnaíba,

surge um cenário de ilhas, lagoas, igarapés e praias de areia

fina, dunas e coqueirais. No Piauí existem mais de setecen-

tos importantes sítios arqueológicos: da Serra da Capivara

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guarda evidências de humanos que viveram na região há 60

mil anos, o lugar foi descoberto em 1973, durante uma ex-

pedição dirigida pela arqueóloga francesa Niéde Guidon.

Abriga ainda, o sitio das Sete Cidades onde se en-

contram formações rochosas estranhas e cavernas com pin-

turas rupestres. Até 9 mil anos atrás, naquela região corriam

rios caudalosos e toda a área era coberta por densa floresta

tropical, habitada por preguiças e tatus gigantes, tigres-

dente-de sabre, mastodontes e cavalos selvagens, fauna

pintada nas paredes das cavernas de rocha calcária.

Na Formação Santana em Alagoas, encontra-se um

lago salino do Período Cretáceo, no depósito pelágico fo-

ram encontrados fósseis de libélulas e escorpiões gigantes.

O paleontólogo padre Giuseppe Leonardi encontrou pega-

das fósseis de até 80 cm de diâmetro em Araraquara, SP

(1980). O paleontólogo Fausto Luis de Souza Cunha, iden-

tifica fóssil de mamífero conhecido como Xenoungulado,

de 70 milhões de anos, em Itaboraí, RJ. (1982).

Por causa das diferentes características físicas que

apresenta a Região Nordeste encontra-se dividida em quatro

sub-regiões: o meio-norte, zona da mata, agreste e sertão,

de clima semi-árido. A vegetação de caatinga e cerrado

ocupa quase todo o território e a faixa litorânea é coberta

por vegetação de restinga e salinas. A agricultura e a pecuá-

ria sofrem com os longos períodos de seca. A terra é fértil,

quando chove, as lavouras produzem milho, feijão, arroz,

algodão, cana-de-açucar, cacau, café, côco-da-baía, banana.

Paralelamente é praticada a agricultura irrigada no

Vale do São Francisco. Novas culturas são implantadas na

região, o cultivo de frutas tropicais, como manga, acerola,

melão, uva de mesa e tomate. A pecuária e o setor avícola

registram um aumento considerável nos últimos anos.A boa

adaptação dos caprinos ao clima semi-árido faz com que o

Nordeste tenha o maior rebanho do país.

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A Bahia é o maior e mais populoso estado do Nor-

deste, abriga a maior proporção de negros e mulatos do

Brasil, a cultura africana tem grande influência na vida

cultural do Estado. Com a mais extensa faixa litorânea do

Brasil, tem praias famosas, como as de Porto Seguro, I-

lhéus, Trancoso, Praia do Forte, Costa do Sauípe. Possui

grande diversidade de atrações naturais, na região central

destaca-se a chapada Diamantina, com inúmeras grutas,

cachoeiras e cavernas. Na entrada da Baía de Todos os San-

tos está situada a cidade turística de Salvador.

O processo de modernização é marcado pela des-

coberta e pela exploração do petróleo no Recôncavo Baia-

no, e pela construção da Usina Hidrelétrica de Paulo Afon-

so, de Luiz Gonzaga e de Sobradinho no rio São Francisco.

Incentivos fiscais favorecem a implantação do Pólo Indus-

trial de Aratú e do Pólo Petroquímico de Camaçari, na regi-

ão metropolitana de Salvador.

O Nordeste é a região mais pobre do país. No fim do

século XIX, o ciclo da borracha na Amazônia dá início à

migração dos nordestinos, que aumenta no século XX para

a Região Sudeste, principalmente para a cidade de São Pau-

lo,o maior destino dos retirantes, e para o Centro-Oeste,

com a construção de Brasília.Além da atração econômica

de outras regiões,os grandes fluxos migratórios são motiva-

dos pelos longos períodos de seca, e, sobretudo, pelas pre-

cárias condições de vida, mesmo nas regiões não atingidas

pela estiagem.O nordestino migra, fugindo da seca e fome.

O grande número de cidades litorâneas com lindas

praias de areia fina e águas tépidas contribuem para o de-

senvolvimento do turismo no Nordeste. A cidade de Forta-

leza, capital do Ceará, é um dos centros turísticos mais

procurados do Brasil, pelas famosas praias, pelo clima tro-

pical e pela excelente culinária. Ao sul do Estado situa-se a

Floresta Nacional do Araripe ende está a maior concentra-

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ção de fósseis do Período Cretáceo (entre 140 e 65 milhões

de anos atrás).

Na Bahia, região central do Estado destaca-se o Par-

que Nacional da Chapada Diamantina, apresentando inúme-

ras formações rochosas, rios e cachoeiras, entre outras, a

Cachoeira da Fumaça que despenca de 340 metros de altu-

ra. Grutas e cavernas, com formações de estalactites da Era

Paleozóica de 900 milhões de anos atrás, e achados de fós-

seis de trilobitas no interior das cavernas. Ao longo de

7.920 quilômetros de extensão, o litoral brasileiro, além de

belas praias, possui manguezais, lagoas, coqueirais, serras e

dunas de areia. No litoral do Rio Grande do Norte estão

alinhadas imensas dunas de sal.

As cidades mais visitadas por estrangeiros são do

Nordeste, como Salvador, Fortaleza e Natal A cidade de

Recife, com forte atrativo turístico e comercial vem se con-

solidando como centro de excelência em eletroeletrônica

graças às pesquisas realizadas nos laboratórios da Universi-

dade Federal de Pernambuco.

A Região Norte, é formada pelos estados de Amapá,

Roraima, Amazonas, Pará, Tocantins, Acre e Rondônia.

Localizada entre o maciço das Guianas, ao norte, o planalto

Central, ao sul, a Cordilheira dos Andes, a oeste, e o Ocea-

no Atlântico a noroeste, a Região Norte é banhada pelos

grandes rios das bacias, Amazônica e do Tocantins. A mai-

or parte da região apresenta clima equatorial. A floresta

amazônica possui a vegetação mais abundante, e é uma das

áreas de maior biodiversidade do planeta.

A Região Norte detém 85,26 % das áreas indígenas,

cerca de 200 mil índios vivem nessa região. No Pará, em

cavernas no sitio da Pedra Pintada, em desenhos rupestres

há indicios de presença humana datados de 11.300 anos. O

crescimento econômico ocorre à custa do aumento da pecu-

ária extensiva, do avanço da agricultura ao sul e ao leste da

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região, das ações ilegais de madeireiros e das pressões ur-

banas para obras de infra-estrutura. O sucesso das planta-

ções de soja no Centro-Oeste abre novas fronteiras agríco-

las em direção à Região Norte.

A economia baseia-se no extrativismo vegetal de

produtos como látex, açaí, madeira e castanha.A região é

também muito rica em minérios, lá está a serra dos Carajás,

no Pará, a mais importante área de mineração do país, de

onde se extrai grande parte do minério de ferro brasileiro

exportado, de cobre e de ouro. A serra do Navio no Amapá

é rica em manganês. A Zona Franca de Manaus investe em

infra-estrutura e oferece incentivos fiscais para que indús-

trias se estabeleçam na região.

A Região Sudeste, formada pelos estados de Espíri-

to Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Situa-

se na parte mais elevada do planalto Atlântico, onde estão

as serras da Mantiqueira, do Mar e do Espinhaço. No seu

relevo destacam-se os planaltos com escarpas e depressões.

Os climas predominantes na região são o tropical úmido e o

tropical semi-úmido, com geadas ocasionais. No litoral do

Espírito Santo, ao sul da capital Vitória, localiza-se a cidade

de Guaraparí, com praias conhecidas pela areia monazítica.

A mata tropical nativa que cobria o litoral foi de-

vastada durante o povoamento e no período de expansão do

cultivo do café. No noroeste do estado de Minas Gerais

predomina a vegetação de cerrado que se caracteriza, prin-

cipalmente, pela presença de pequenos arbustos e árvores

retorcidas, com casca grossa e folhas recobertas de pelos.

O solo revestido de gramíneas é deficiente em nu-

trientes e com alta concentração de alumínio dá à mata uma

aparência seca, de savana tropical. No vale do rio São Fran-

cisco e por todo o norte da região encontra-se a caatinga,

formada por pequenas árvores de galhos espinhosos e de

folhas rígidas, ocorrem também às cactáceas espinhosas,

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plantas destituídas de folhas, de caule oblongo e grosso,

com amplas reservas de água.

No começo do século XVIII, depois do fim do ciclo

da cana-de-açucar no Nordeste e da descoberta das grandes

jazidas de ouro e diamantes em Minas Gerais, o coração

econômico do Brasil-colônia deslocou-se para o triângulo

formado por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Com a corrida do ouro em Minas, foram fundadas as cida-

des históricas de Ouro Preto, Mariana, Tiradentes, Sabará,

Diamantina e São João del Rei, que prosperaram em função

do ciclo do ouro. São a principal atração turística e patri-

mônio de arquitetura e arte colonial. Outra atração são as

estâncias hidrominerais, como São Lourenço, Caxambú e

Poços de Caldas.

A região do Triângulo Mineiro era chamada de Ser-

tão do Novo Sul, Geral Grande ou Sertão da Farinha Podre.

Essas plagas eram dominadas pelos indígenas araxás, donos

legítimos da terra. Havia notícias da abundância de ouro na

região, e profusão de diamantes no rio Bagagem, fato que

empolgava as mentes e incentivava as ondas de garimpeiros

para o Sertão do Novo Sul.

O núcleo inicial da colonização do Sertão Grande se

originou no Arraial das Abelhas, depois Desemboque. Em

torno do Desemboque nasciam aldeias ocupadas pelos ga-

rimpeiros à procura de ouro e diamantes. Entre elas a aldeia

de São Domingos, hoje Araxá, Farinha Podre (cidade de

Uberaba), Arraial da Ventania hoje cidade de Araguari,

Vila de N.S. da Saúde de Poços de Caldas, Nossa Senhora

do Patrocínio do Salitre, São Pedro de Uberabinha, hoje

importante cidade de Uberlândia. Todos os dias surgiam

novos acampamentos, vilas e cidades.

Nasceram inúmeros centros urbanos, destacando-se

Araxá, notável cidade turística, famosa pelas fontes de á-

gua mineral sulfurosa, fontes radioativas, o Grande Hotel

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de Araxá e as Termas. Surgiam por todo o território do Tri-

ângulo Mineiro, fazendas iniciais de criação de gado, ocu-

pando os cerrados. As terras de cultura do Sertão da Farinha

Podre é o mais fértil território das Minas Gerais.

Atualmente é uma das mais prósperas regiões do

Sudeste. Seu clima é ameno e saudável. Triângulo Mineiro

é hoje a terra dos grandes rebanhos de gado, de fazendas

agrícolas, na sua maioria mecanizadas, com extensas plan-

tações de soja, milho e cafezais a perder de vista. Grandes

extensões de terra estão ocupadas com o cultivo da cana-

de-açúcar para produção do etanol, combustivel.

Com quase todo território localizado em planaltos,

Minas Gerais tem uma paisagem marcada por montanhas,

vales e grutas, com o pico da Bandeira, na serra do Capara-

ó, com 2890 metros de altitude. Em 1975, foi encontrado

pelo arqueólogo brasileiro Walter Neves, no sitio arqueoló-

gico da Lapa Vermelha em Minas Gerais, um fóssil huma-

no de 11 mil anos. No crânio feminino encontrado desco-

briram-se feições aborígenes ou australo-melanésias. Os

antepassados do fóssil devem ter chegado à América vindo

do Sudeste Asiático. Batizada como Luzia, a mulher de

traços fortes, lembra os aborígenes da Austrália.

Localizam-se em Minas Gerais as nascentes de du-

as importantes bacias hidrográficas, a do rio Paraná e a ba-

cia do São Francisco. O rio São Francisco nasce na serra da

Canastra, tem 3161 km de extensão, forma uma bacia de

645.067 km². Além de importante para a navegação o São

Francisco possui bom potencial hidrelétrico.Nele estão ins-

taladas as usinas de Paulo Afonso e Sobradinho na Bahia;

Moxotó em Alagoas,Três Marias, Furnas em Minas Gerais.

A Região Sudeste abriga as três mais importantes

metrópoles nacionais - São Paulo, Rio de Janeiro e Belo

Horizonte. Formam as maiores regiões metropolitanas do

país, reunindo 20% da população. O Sudeste responde pela

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maior parcela da riqueza do Brasil. Movimentada pelas

maiores montadoras e siderúrgicas do país, a produção in-

dustrial da região é diversificada. A Região é o maior par-

que industrial do Brasil.

Em 1727, o militar e sertanista paraense, Francisco

de Melo Palheta traz as primeiras mudas e sementes de café

para o Brasil, contrabandeadas da Guiana Francesa. O cul-

tivo é iniciado no Pará e, décadas depois, as mudas vão

sendo plantadas ao redor de São Paulo. Estendendo-se as

lavoras por outras regiões, o café ganha o interesse dos

grandes proprietários. Das pequenas plantações nas vizi-

nhanças da corte entre 1810 e 1820, os cafezais espalham-

se por todo o vale do Paraíba. No inicio do século XX, co-

brem extensas faixas de terra desde o norte do Estado do

Paraná até o Espírito Santo. O café torna-se o principal pro-

duto agrícola do país, fazendo dos cafeicultores, concentra-

dos no Sudeste, conhecidos como “barões do café “, a elite

econômica e política brasileira até meados do século XX.

Os serviços e o comércio são os principais ramos de

atividade e representam a maior parte da riqueza da Região

Sudeste. A agricultura demonstra elevado padrão técnico e

boa produtividade O extenso cultivo do café, soja, cana-de-

açucar, milho, feijão, laranja, está entre os mais importantes

do país. O Sudeste também possui riqueza mineral, como as

jazidas de ferro e manganês na serra do Espinhaço. Da Ba-

cia de Campos, no Rio de Janeiro, sai a maior parte do pe-

tróleo brasileiro.Com a descoberta de nova reserva petrolí-

fera localizada na Bacia de Santos, o Sudeste consolida-se

como a nova fronteira para a exploração do petróleo e gás

natural do país.

São Paulo é o estado mais populoso e com maior

parque industrial, responsável por sua liderança na produ-

ção econômica do país. Marcado pela imigração, o estado

recebeu italianos, portugueses, espanhóis, alemães, japone-

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ses, judeus, sírios e libaneses, que ajudaram a construir sua

riqueza, sua história e seus costumes. A agropecuária pau-

lista é diversificada e de bom padrão tecnológico.

O Estado de São Paulo detém a liderança no cultivo

de cana-de-açucar e laranja, além de ser um dos maiores

produtores de grãos, café, leite e aves. O setor de serviços e

comércio, que responde por 66,5% da economia do estado,

emprega quase 2 milhões de pessoas. A cidade de São Pau-

lo é a capital brasileira do turismo de negócios, onde o co-

mércio varejista é o maior empregador.

A Região Sul, faz fronteira a oeste com Paraguai e

Argentina, ao sul com Uruguai, a leste com oceano Atlân-

tico. É formada pelos estados do Paraná, Santa Catarina e

Rio Grande do Sul. A excessão do norte do Paraná, onde

predomina o clima tropical, na Região Sul o clima domi-

nante é o subtropical, com temperaturas mais baixas regis-

tradas durante o inverno, com surgimento de geadas e oca-

sionalmente de neve, nas serras catarinenses e gaúchas. A

vegetação acompanha essa variação da temperatura, nos

locais mais frios predominam as matas de araucárias e nos

pampas os campos de gramíneas.

Das grandes florestas de araucária que povoavam as

regiões do Paraná e de Santa Catarina até o inicio do sécu-

lo XX, restou pouco desses pinheirais. Uma das mais im-

portantes florestas subtropicais do mundo está quase dizi-

mada, por causa da excelência da sua madeira para a cons-

trução e do desmatamento para colonização da região.

A Região Sul possui grande potencial hidrelétrico,

destacando-se a grande usina hidrelétrica binacional de I-

taipu, construída no rio Paraná, na fronteira com o Para-

guai. O rio Paraná se forma da junção de dois rios: o Para-

naíba que desce da serra da Mata da Corda, no Triangulo

Mineiro e do rio Grande, que nasce na serra da Mantiquei-

ra. Unem as suas águas na divisa entre Mato Grosso do Sul,

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Minas Gerais e São Paulo, tem cerca de 4.390 km de exten-

são desde a nascente até a foz no Atlântico.A bacia do rio

Paraná abrange cerca de 880 mil km². Apresenta o maior

aproveitamento hidrelétrico do Brasil.

Os afluentes do rio Paraná, também contam com

grande potencial para a geração de energia. O rio Grande

abriga as usinas hidrelétricas de Água Vermelha e de Ma-

rimbondo, o rio Tietê a usina de Três Irmãos, na foz do

Tietê está à usina hidrelétrica da Ilha Solteira, mais abaixo

fica a de Jupiá, e na foz do Paranapanema fica a usina de

Porto Primavera. O rio Paranapanema abriga as usinas de

Capivara e Taquaruçú. No rio Iguaçu, afluente do Paraná,

foram construídas várias usinas hidrelétricas, entre elas, a

de Foz do Areia, Salto Santiago, Salto Osório, Salto Caxias.

O rio Iguaçu forma-se da junção de múltiplos pe-

quenos regatos que se originam na encosta da Serra do Mar,

no município de Piraquara, no Paraná, e diversos afluentes

que recebe no seu trajeto pelo solo paranaense. Tem 1320

km de extensão. Na sua foz, na fronteira entre o Brasil e a

Argentina forma as “Cataratas do Iguaçu”, com 62 metros

de altura, despenca as águas numa faixa de 3700 metros de

largura em várias quedas sucessivas, formando um panora-

ma espetacular admirado por milhares de turistas.

O uso de técnicas agrícolas modernas propicia boa

produtividade às culturas de café, milho, trigo, arroz, feijão

e tabaco. Os estados do Sul são os maiores produtores do

país de soja, trigo, milho, batata, mel, cebola, maçã e uva.

Grandes rebanhos bovinos são criados nos pampas gaúchos

e nos pastos formados do Paraná. A criação de aves e suí-

nos em Santa Catarina e Paraná, também é importante fon-

te de renda. Como nas outras regiões, o setor de serviços

responde pela maior parte das riquezas dos estados sulistas.

Depois vem a indústria, com destaque para os setores me-

talúrgico, automobilístico, têxtil, e grandes frigoríficos.

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Após a abolição, houve necessidade premente de

mão-de-obra para as plantações de cana-de-açucar e algo-

dão do Nordeste, de cana-de-açucar e café no Sudeste, de

café e outras lavouras no Sul. D. Pedro II autoriza a entrada

de imigrantes europeus, para tanto envia agentes de seu

governo para angariar mão-de-obra na Europa. No final do

século XIX e inicio do século XX, tanto o Brasil como a

Argentina receberam uma imigração maciça, principalmen-

te de italianos, espanhóis, portugueses, alemães, holande-

ses, poloneses, ucranianos e outras etnias do leste europeu.

Os imigrantes europeus contribuem grandemente

para o desenvolvmento da economia, baseada na pequena

propriedade rural de policultura. Multidões chegam ao sul e

se fixam no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Com a colonização do norte do Paraná houve um grande

fluxo de imigrantes japoneses para as lavouras de café na

região.Como reflexo de sua melhor condição de vida, com-

parativamente aos habitantes de outras regiões do país, os

moradores do Sul têm uma expectativa de vida maior.

Da intensa miscigenação de raças que se processa

no território nacional, desde os primórdios da colonização

portuguesa, resultou a grande variedade de tipos étnicos que

compõe a população brasileira. Para a formação do povo

brasileiro contribuíram as diversas nações indígenas que

habitavam o país na época do descobrimento; os coloniza-

dores portugueses; os escravos africanos; as sucessivas cor-

rentes migratórias de europeus de diversas nacionalidades,

e o elemento japonês, que começou a desembarcar no Bra-

sil na metade do século XX..

Atualmente o Brasil possui 194,2 milhões de habi-

tantes (2008). Na composição étnica da população brasilei-

ra, os brancos respondem por 49,7%, os pardos 42,6%, pre-

tos 6,9%, os amarelos 0,5 e os indígenas 0,3%.Na Bahia

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concentra-se a maior população negra 15,7% e no Rio de

Janeiro 12%.

A QUESTÃO DO ACRE.

O Estado do Acre é situado no extremo oeste da Re-

gião Norte, faz fronteira com o Peru pela serra do Divisor, e

pela confluência dos rios Beni, Mamoré-Guaporé com a

Bolívia. Todo o território era originariamente coberto pela

Floresta Amazônica, rica em seringueiras de onde se extrai

a borracha. O transporte fluvial, concentrado nos rios Juruá

e Moa, a noroeste do estado, e Tarauacá, Envira e o Purús,

a sudoeste, é o mais importante meio de circulação. Na ver-

de superfície extensa da planície amazônica dois rios gran-

des, muito semelhantes, o Purús e o Juruá, lançam suas á-

guas no Solimões, que adiante toma o nome de Amazonas.

Esses cursos d’água cujas fontes brotam nos contra-

fortes andinos fluem quase paralelamente, transportam a

riqueza do sertão, a borracha, que definiram impulso des-

bravador aquela região, a partir do começo do século XIX.

Sulcaram estes rios, inúmeros coletores de plantas medici-

nais, contrabandistas e aventureiros, a cata de aves raras e

animais para comercializar na Europa.

O Acre foi a última grande área a ser incorprada ao

Brasil. Pelos acordos de limites do período colonial, con-

firmados no Império, o território pertencia à Bolívia, com

uma pequena parte reinvidicada pelo Peru.Em 1867,foi fir-

mado o Tratado de Ayacucho, que fixa a fronteira, entre os

dois países na confluência dos rios Beni e Mamoré.

A façanha brasileira de desbravamento conquista o

domínio do que é hoje o estado do Acre. Devido à tenaci-

dade e coragem do cearense, que fugindo da grande estia-

gem que afligiu a sua terra natal, no decorrer dos anos 1877

a 1879. Quando o Ceará foi flagelado por terrivel seca, o

interior do Amazonas começou a povoar-se.

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Levas numerosas de flagelados da seca aportavam a

Belém e Manaus, com o organismo combalido pela fome, e

eram logo recrutados pelo comércio e embarcados nos va-

pores para a longa e torturante jornada da qual muitos nun-

ca mais voltavam, mortos nas barracas pelas endemias rei-

nantes e peculiares às regiões tropicais Os empreiteiros

largavam esses homens seminus e esqueléticos aqui e ali, à

margem dos rios navegáveis, com grande quantidade de

mantimentos, armas e munições, a mercê da sorte, para a

colheita do látex da seringueira.

Todo o imenso vale do rio Amazonas encheu-se de

cearenses, tangidos da terra natal pelo fenômeno climático

assolador, que secava os rios, despovoava os lares, tornava

ermos os campos, transformava terras verdejantes em áridas

estepes da morte.Fugitivos da seca do Nordeste povoaram

os sertões entre Juruá e Purus, ricos em seringais nativos.

Foram assim se formando os seringais, constituindo

as propriedades da terra, se arraigando no espírito daquela

gente inculta a idéia da soberania do Brasil, incontestável e

única sobre todos aqueles rios de águas caudalosas e de

todas aquelas exuberantes e opulentas florestas onde a se-

ringueira era uma mina inesgotável e o seringueiro a figura

triunfante. E não mais parou a onda povoadora.

O Ceará despovoava-se em benefício da Amazônia.

O Amazonas tornou-se o refúgio predileto do cearense a-

cossado pela seca. O povoamento foi sempre crescente.

Expulsos da terra natal pela inclemência do sol, penetraram

ousadamente a mata opressora em cujo seio úmido a morte

imperava. Subiram os largos rios em cujas margens domi-

nava o índio, que se precavia, se amoitava nas sebes e no

cimo das árvores, de tocaia, a espreita do invasor para ex-

pulsá-lo, ou matá-lo.O cearense ia à cata da seringueira, na

floresta virgem, disputando ao silvícola a terra e a água, e

ao clima inóspito a própria vida.

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Vieram, nessas levas de desesperados, homens ou-

sados e inteligentes na sua rudeza de sertanejos, que soube-

ram reviver o período colonial da conquista dos sertões

bravios.Foi uma verdadeira colonização que se operou nas

florestas amazônicas, remontando à esse tempo a intensifi-

cação da industria extrativa da borracha. Milhares de se-

ringueiros ficaram sepultados nos barrancos, abatidos pelas

doenças tropicais, como a malária e a febre amarela, pelas

lutas com os indígenas ou atacados por animais selvagens.

Milhares triunfaram e se fixaram na região, tornan-

do-se donos de seringais vastos, tão grandes que nem eles

mesmos lhes conheciam os limites, conquistados palmo a

palmo ao índio e ao impaludismo, e cuja posse a arma de

fogo assegurava, marcando-a indelével com o sangue do

indígena..A contribuição da região acreana na produção e

no desenvolvimento da industria extrativa da borracha no-

Amazonas foi incalculável.

O povoamento, encaminhado pelo comércio, de pre-

ferência às bacias do Juruá e Purús, onde a seringueira era

abundante e o clima era menos hostil. A extração do látex

da borracha nos seringais era precedida pela demarcação da

área a ser coletada. Destinavam aquele trabalho à homens

nordestinos, mestiços índios e a raças ainda não sofistica-

das. Não era fácil, embrenhar-se na selva à procura das se-

ringueiras, manejar os facões específicos para cortar a casca

da árvore e colocar o suporte para recolher o látex. As fer-

ramentas de trabalho dos seringueiros eram o facão, o ma-

chado, foice e a serra. Eram utensílios indispensáveis, tanto

no desempenho da empreitada, como na defesa pessoal.

O sertão e os terrenos alagadiços fervilhavam de in-

setos, parasitos e vermes de toda espécie. Formigas, sapos,

aranhas, cobras, ratos, vespas, moscas, abelhas e sangues-

sugas.Tudo o que pudesse morder ou picar de forma insu-

portável estava ali bem representado. Apesar de todo cuida-

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do, mesmo assim, eram atacados, ferroados, sugados, pica-

dos.Deviam também, proteger-se dos animais selvagens e

dos indígenas, que viviam na selva, era um perigo iminente.

A maioria dos homens usava botas de cano longo,

calças de brim amarradas nos tornozelos e camisas de man-

ga longa. Após o dia longo de trabalho exaustivo, tomavam

o rumo das barracas. Antes de entrar, juntavam-se, nus,

debaixo de um chuveiro comunitário, e depois, só de cal-

ções de algodão, entravam nas barracas, onde o homem

incumbido de cozinhar naquele dia, já colocara sobre a me-

sa tosca, pratos de alumínio, colheres e canecas. Uma mo-

ringa com água no canto da mesa, e os panelões de feijão

com charque, raiz de mandioca cozida e farinha. Os homens

caíam famintos sobre a comida e devoravam tudo.

As autoridades bolivianas reagiram ao que conside-

ram invasão do seu território e como medida para recon-

quistá-lo, fundaram Puerto Alonso (Porto Acre), uma sede

administrativa para recolhimento de impostos. A Bolívia

estabeleceu sua soberania no Acre, os seringueiros se rebe-

lam e expulsam do território o delegado boliviano, ato que

toma caráter de uma verdadeira revolução.

Os seringueiros opunham-se ao governo boliviano,

que pretendia ser soberano sobre este pedaço do Brasil,

situado entre o rio Madeira e o Javarí, afluentes do Amazo-

nas. O direito brasileiro a este pedaço de chão, fundamenta-

se na longa posse de toda esta região, consagrada pelo tra-

balho de homens nordestinos e pelo seu suor derramado na

labuta árdua nos seringais. Baseia-se na riqueza que eles

aqui fomentaram e expandiram.

Os habitantes brasileiros da região do Acre, não a-

ceitavam a bruta desnacionalização promovida pela Bolívia.

Se a Pátria os abandonava, pelo desinteresse da diplomacia

do presidente Campos Sales na defesa da sua causa, eles

criavam outra pátria. Não podendo ser brasileiros resolve-

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ram não ser bolivianos. A primeira insurreição acreana a-

conteceu em 1° de maio de 1899, chefiada pelo jornalista e

advogado cearense José de Carvalho.

Surgiu, nesse ambiente conturbado pela revolta dos

seringueiros, a figura enigmática de Luiz Galvez Rodrigues

de Arias. Nascido na Espanha, veio para o Brasil levado por

seu espírito de aventura. Chegou à Manaus num navio mer-

cante, e logo se interessou pelo negócio da borracha. Ho-

mem de grande audácia embarcou num vapor que se dirigia

para a região do Acre. Inteligente e comunicativo conquis-

tou a simpatia do povo, integrando-se na política local,

insuflou entre os seringueiros a insurreição contra a explo-

ração do governo da Bolívia..

Luiz Galvez, foi um personagem cuja atuação na

História do Acre foi positiva, teve papel relevante no de-

sempenho e na condução da política acreana, por ocasião

da Independência do Acre. No dia 14 de julho de 1899, foi

proclamado o Estado Independente do Acre e eleito Luiz

Galvez seu Presidente. Acercou-se ele de algumas figuras

acreanas de relevo, que o auxiliaram. Luiz Galvez não tinha

capacidade de comando, mas era sagaz, aventureiro por

temperamento, acobertado pelo governo do Amazonas a-

preendeu a situação e reuniu elementos que lhe deram o

necessário apoio moral e financeiro.

O ato decisivo foi motivado pelo acordo secreto en-

tre a Bolívia e os Estados Unidos, em 1901, para o arren-

damento de todo o território acreano ao The Bolivian Syn-

dicate. Que tinha em mira administrar e explorar as rique-

zas naturais do território do Acre, por um período de 30

anos, competindo-lhe auferir os proventos, 60 % preserva-

dos para o governo boliviano e 40 % para o Syndicate. O

Syndicate tinha como principais sócios Percival Farqufar e

Emilian Roosevelt, filho do presidente dos EUA.

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O Estado Independente do Acre, comandado por

Luiz Galvez, foi o primeiro gesto de revolta contra a Bolí-

via. Entretanto, Galvez tornara-se um elemento indesejável,

suspeito, pelo governo brasileiro, que interveio e retirou

Galvez do cenário acreano, reconhecendo os direitos da

Bolívia na região. Galvez é preso é conduzido à Manaus,

onde sua figura singular desaparece da paisagem. A Repú-

blica do Acre teve a vida efêmera de apenas oito meses.

Em 1902, o agrimensor gaúcho Plácido de Castro

reúne algumas centenas de seringueiros e ocupa a vila de

Xapuri. Em seguida prepara e comanda uma ação militar

ampla e desbarata as fortes posições bolivianas. O Brasil

ocupa militarmente o Acre. Em 24 de janeiro de 1903, en-

cerrava-se o domínio da Bolívia no Acre. Plácido de Castro

era um comandante valente, destemido, afeito aos comba-

tes, que muitos travara nos campos do Rio Grande do Sul,

sua terra natal, ao mando de Gumercindo Saraiva de quem

aprendera a tática fria e arguta de guerrilha.

A revolução acreana que durara 171 dias pôs fim à

ocupação boliviana, devolvendo as terras situadas entre os

rios Madeira e Javarí à soberania brasileira. Esse feito cus-

tou a vida do bravo gaúcho José Plácido de Castro, que foi

assassinado por Alexandrino José da Silva, subdelegado de

polícia do Acre A vitória dos seringueiros contra forças

regulares da Bolívia dirigidas pelo coronel Rozendo Rojas

repercutiu no país inteiro.O coronel Don Lino Romero in-

formou o general Manuel Maria Pando da derrota boliviana.

A celebração do Tratado de Petrópolis em 17 de no-

vembro de 1903, assinado pelos diplomatas brasileiros

Ministro Barão do Rio Branco e Assis Brasil, e pelo Doutor

Fernando Guachala e Cláudio Pinilla, pela Bolívia, estabe-

lece os limites definitivos e dirime a secular contenda de

fronteira com a Bolívia.Atualmente a superfície do Estado

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do Acre brasileiro é de 152.581,4 quilômetros quadrados,

com uma população de 680.073 (2008).

Analisando bem a questão, se a ação de Luiz Galvez

e do bravo agrimensor gaúcho José Plácido de Castro, não

fosse perturbada pelo Governo Federal, a solução do Trata-

do de Petrópolis não seria tão oneroso para o Brasil. O Tra-

tado estabeleceu uma indenização à Bolívia de dois mi-

lhões de libras esterlinas e a construção de uma estrada de

ferro - Madeira-Mamoré - que partindo de porto Santo An-

tônio, em Rondônia (Porto Velho), trecho encachoeirado do

rio Madeira até Guajará-Mirim, no rio Mamoré, prosse-

guindo até Riberalta, na confluência do rio Beni com o Ma-

dre de Dios, na Bolívia, para escoamento e exportação da

borracha, através dos portos de Manaus e Belém. Além

disso, teria que pagar uma grande indenização ao Syndicate

de Farqufar. Compromissos avalizados pelo então presiden-

te da República do Brasil, Rodrigues Alves.

De 1902 até 1920, Acre era uma região riquíssima,

produtora do látex da borracha.Com a concorrência asiática,

faliu a indústria da borracha, e faliu toda a região que a

produzia. Desaparelhada para a luta, sem lavoura, sem pe-

cuária, sem outra fonte de riqueza explorada, a miséria a-

cercou-se dos seringais. A fome bateu à porta dos barracões

dos seringueiros. A borracha aviltada na sua cotação co-

mercial, deixou de ser uma indústria lucrativa e os serin-

gais, pouco a pouco, foram se despovoando.

A concorrência asiática ameaçava seriamente a bor-

racha nacional, pelo aumento extraordinário da sua produ-

ção e pelas condições de exploração dos seringais cultiva-

dos, donde o barateamento da similar oriental. Os ingleses

exploravam cientificamente no Oriente, arrebatando a he-

gemonia acreana. Apesar de o Estado ser ainda um grande

produtor de borracha – em grande parte vinda de árvores

nativas – a floresta vem sendo devastada. O principal mo-

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tivo para essa destruição é a exploração da madeira. A pe-

quena indústria limita-se a serrarias e engenhos de açúcar.

Com o declínio da extração da borracha e a estagna-

ção econômica, o Acre retoma o crescimento nos anos 40 e

50, sustentado principalmente por recursos da União. Em

1962,o Acre é elevado à condição de Estado. Nos anos 70,

o Acre recebe investimentos incentivados pelo governo

federal, em diversos setores, principalmente na pecuária.

Há pequeno crescimento da economia. No decorrer do tem-

po agravam-se os problemas econômicos e sociais, como as

disputas de terra,os desmatamentos, a corrupção política e a

violência no campo e nas cidades. Acontecem assassinatos

políticos como o do Chico Mendes, líder seringueiro e sin-

dicalista, morto em 1988. Tornou-se mundialmente conhe-

cido por denuncias da destruição da Floresta Amazônica.

Em 2005 é iniciada a construção da Rodovia Inter-

oceânica, que possibilitará o acesso do Brasil, pelo Acre, a

três portos peruanos (Ilo, Matarani e San Juan), facilitando

o escoamento de produtos brasileiros para a Ásia.

NAÇÕES INDÍGENAS DO BRASIL

É importante evidenciar, que os primeiros humanos

a ocuparem o continente sul-americano foram os diferentes

povos indígenas. Ao desembarcar, em 1492, os navegantes

portugueses e espanhóis, tiveram o primeiro contato com os

gentios, os mais antigos habitantes destas terras. Presume-

se que havia aproximadamente cinco milhões de índios.

No continente habitavam populações indígenas que

pouco ou nenhum contato mantinham com a civilização

andina. Desde a bacia do Orenoco, até as terras planas dos

pampas argentinos, passando por todo o território central do

continente, e pela orla atlântica, inúmeros povos espalha-

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vam seus núcleos primitivos nas florestas, savanas, planal-

tos e terras altas dos velhos maciços.

Eram mais rudes e não chegaram a organizar ne-

nhuma unidade política de importância, tampouco estabe-

leceram áreas definitivas para sua fixação, eram seminô-

mades. Viviam dos produtos fornecidos por uma caça for-

tuita, da pesca e da coleta. Algumas tribos cultivavam mi-

lho, mandioca e abóbora em áreas desmatadas na floresta.

Há 60 mil anos atrás o nordeste brasileiro já é ocu-

pado por grupos humanos, conforme vestígios encontrados

em São Raimundo Nonato, interior do Piauí, mais antigos

do que os antes encontrados, o homem de Neanderthal na

Alemanha que data de 30 mil anos. Ferramentas e restos de

fogueiras, datados de 58 mil anos, achados no sitio do Bo-

queirão da Pedra Furada, no Piauí, reforçam a tese da ocu-

pação da América desde aquela época. Os indígenas sul-

americanos conservam muitos dos seus usos e costumes

tradicionais, vivendo quase à margem da civilização impos-

ta pelos conquistadores europeus.

A ocupação da Amazônia vem do final do período

Paleolítico, Idade da Pedra Lascada..Achados como pintu-

ras rupestres, carvão, ossos de animais e utensílios encon-

trados na Caverna da Pedra Pintada, em Monte Alegre no

Pará, determinam que os paleoíndicos amazônicos eram tão

adiantados como os demais povos da América pré-colom-

biana; quando do aparecimento da cerâmica no Equador e

Colômbia no ano 3.000 a.C.e o início do trabalho em metal

no Peru há 2.000 a.C.

A partir da Oceania, de barco, o homem teria chega-

do ao litoral oeste da América do Sul e caminhado até o

interior do subcontinente. O sitio da Pedra Pintada, no Pará,

guarda indícios de que a floresta Amazônica já era ocupada

há 11,5 mil anos atrás, época em que vive Luzia, o mais

antigo fóssil humano, encontrado na região da Lagoa Santa,

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em Minas Gerais. O território brasileiro era habitado por

numerosas tribos que pertenciam a quatro grandes nações -

tupi-guarani, arauaque, caraíba e jê. Os indígenas brasilei-

ros possuíam quatro grupos lingüísticos: o tupi-guarani,

macro-jê, caribe e arauaque, existindo mais de 170 dialetos

diferentes. Sob o nome de “tupi”estão vários grupos indíge-

nas de culturas semelhantes, como tupi-guarani, tupinambá

e tupiniquin.

Em 1000 a.C.a 1500 d.C.os indígenas tupi, povo se-

dentário da América Central, chegam ao atual território

brasileiro e se espalham, dizimando os grupos nômades que

habitavam a região. Ocuparam as Guianas, o norte e o lito-

ral brasileiro. O tronco tupi é formado pelas famílias lin-

guisticas Tupi-guarani, Munduruku, Juruna, Arikém, Tupa-

ri, Ramarâma, Mondé.

A grande nação Guarani representa os maiores gru-

pos de povos indígenas que habitavam extensas regiões da

América do Sul. Localizados no Sul e no Sudeste, os gua-

ranis ocupavam o litoral, os campos e as florestas do Brasil,

da Bolívia, do Paraguai e o norte da Argentina. No Para-

guai, até hoje, a sua presença é numerosa, conservam sua

língua e tradições, o idioma guarani é o mais empregado no

país. Os povos da família tupi-guarani conheciam a navega-

ção fluvial, a cerâmica, a rede e a agricultura. Plantavam

milho, mandioca, abóbora, algodão e fumo.

Distinguem-se os povos arauaques, que era a desig-

nação comum a diversas nações indígenas distribuídos por

vários Estados brasileiros e países da América do Sul. Os

arauaques pertencem à família de línguas andino-equato-

riais, habitavam a bacia Amazônica desde o litoral do Ma-

ranhão, parte de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Ro-

raima, no Brasil, e ainda em regiões das ilhas do Caribe, no

Peru, Bolívia, Guiana, Guiana Francesa e no Suriname. Os

Caraíbas habitavam as Pequenas Antilhas, região das Guia-

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nas, Colômbia, parte do litoral centro-americano, regiões do

norte do rio Amazonas e do Orenoco.

A nação Jê, pertence à família lingüística do tronco

Macro-jê, que reúne diversas línguas faladas por povos in-

dígenas do Brasil Central e do Sul do país, que inclui os jê,

maxacali, kariri e bororo; mais os caingangues e xoclengues

que possuem pequenos aldeamentos (reservas), nos estados

de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O povo do tronco macro-jê habitava o cerrado, des-

conhecia o uso da rede para dormir, possuíam uma cerâmi-

ca e agricultura muito rudimentar. Viviam da coleta de ali-

mentos silvestres, da caça e pesca.

A grande família dos Yanomâmi habita o extremo

norte do Amazonas, Roraima, o sudeste da Colômbia, sul

da Venezuela e as Guianas. Nas regiões Norte e Centro-

oeste do Brasil que a presença indígena é maior. As etnias

mais populosas são os guaranis e os caingangues. O povo

ticuna, também numeroso, habita a região do alto Solimões

no Amazonas e Mato Grosso do Sul.

Na Amazônia sul-americana existem diversas na-

ções indígenas. Algumas totalmente isoladas, outras com

contatos intermitentes, ou permanentes e outras integradas à

civilização dos brancos.Terra dos hostis silvícolas juaperís,

dos ticunas, cuarinas, waimiri, tucanos, tijucas, piratapuias,

muras. Tribos e mais tribos localizadas nas cabeceiras dos

grandes rios,contendo milhares de índios, maués, maku,

munduruku, kayabi, nambikuara, kampa, apiacá, capanana,

parecí, paritintin, kulina, arara, juruna, kayapó, parakanã,

tapuia, arawak, bororo, xavante, javaé, karajá, xerente, ka-

mayurá,suiá, kalapalo, katukina, carijó, apurinã, karipuna,

waiwai, yanomâmi, makuxí, wapixana, sateré-mawé, cinta-

larga, pacaás-nova, kaxinawá, palikan, janamadí, uruen-

wanwan, yawanawá do Acre, os cuicuru do Xingú.

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Dentre todas as tribos ferozes de índios americanos,

os jivaros da Amazônia brasileiro-colombiana, sempre

mantiveram uma liderança macabra. Usam horríveis méto-

dos de mutilação dos adversários vencidos nas batalhas.

Decepam a cabeça dos inimigos, reduzem a miniatura e

enfeitam suas casas com esses troféus. Os mundurukus do

Alto Amazonas, eram degoladores, tendo suas malocas ro-

deadas de troféus de cabeças cortadas dos inimigos.

No início da colonização os índios são escravizados

e obrigados ao trabalho forçado. O cativeiro é proibido por

Portugal em 1595, mas a captura, a aculturação e a chacina

continuam. Calcula-se que no ano de 1500, existiam cinco

milhões de índios no Brasil. Em cinco séculos foram redu-

zidos a 500 mil indivíduos, que representam 0,3% da popu-

lação brasileira, aproximadamente.

Esses povos possuíam costumes, língua e modos de

vida diferentes dos europeus. Era uma organização socialis-

ta. Dedicavam-se à caça, pesca e coleta de frutas, em grupo,

distribuindo o resultado por igual a todos. Não existia entre

eles propriedade particular, nem conheciam o dinheiro, seus

tesouros são penas de pássaros, quem as tem muitas, é rico.

Algumas tribos cultivavam roças de milho e mandioca. Ca-

da família tem, para comer, a mandioca que lhe é própria.

Possuíam uma estrutura social baseada no coletivismo pri-

mitivo, plantavam e colhiam em comunidade.

As aldeias dos índios chamadas de tabas ficavam

dispostas em círculo ao redor de uma praça. Em geral suas

habitações eram construídas redondas, com a cobertura em

cone revestida com folhas de palmáceas trançadas com ci-

pó, as paredes eram armações de taquara rebocadas com

barro. A choupana era habitada por várias famílias, parenta

ou não. Não tem divisões no interior. Ninguém tem quarto

separado. A cada ocupante, porém, marido e mulher, cabem

um espaço estabelecido, o espaço correspondente doutro

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lado é tomado por outro habitante. Assim as choças ficam

repletas. Cada ocupante tem seu fogo próprio.

O chefe da choupana tem seu lugar no centro da ha-

bitação. Cada cabana é provida de uma pequena porta. Ela é

tão baixa que as pessoas precisam curvar-se para entrar.

Poucas aldeias contam com mais de doze cabanas. Entre

elas há uma ocara ou terreiro livre, onde se reúnem em con-

ferências, dançam e sacrificam os seus prisioneiros captu-

rados na guerra.

Dormem em redes tecidas de fio de algodão pelas

mulheres da aldeia, amarram-nas acima do solo batido, em

dois mourões, ou acomodam-se sobre jiraus, forrados com

folhas ou peles de animais. No meio da habitação, conser-

vam permanentemente uma fogueira, e quando viajam le-

vam o fogo junto num braseiro. Em volta das palhoças,

havia geralmente uma cerca de pau-a-pique, em que fica-

vam espetadas as caveiras dos inimigos mortos na guerra. A

exposição dos crânios realçava a glória da vitória.

Cada nação indígena revela diferentes costumes e

tradições, crença e organização social, mas a maioria dos

grupos compartilha algumas características, como o peque-

no aldeamento de 30 a 100 pessoas. Fixam suas aldeias de

preferência, em lugares em cuja proximidade tem água e

lenha, assim como caça e pesca. Se uma região se exaure,

transferem seu lugar de moradia para outro. Quando que-

rem mudar, reúnem-se em grupos, escolhem o novo lugar e

edificam suas cabanas.

Cercam suas tabas com uma fortificação de estacas

de troncos de palmeira, rachados. Estas cercas de três ou

mais metros de altura, fazem-nas tão cerradas que nenhuma

flecha pode atravessá-las. Entre tribos antropófagas, é uso

espetar sobre estacas à entrada da aldeia, as cabeças dos

inimigos sacrificados e devorados em grandes festejos.

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Existem na mata plantas tóxicas que são utilizadas

pelos índios para pegar peixes, eles usam o cipó tingui, o

timbó, o andá ou cauaçu. As folhas e o cipó são triturados e

jogados no rio ou lago para tontear os peixes, quando são

apanhados mais facilmente pelos pescadores. A Yurupari-

pina é árvore de espinhos venenosos. Ayahuasca ou santo-

daime, bebida alucinógena preparada pela decocção de ra-

mos e folhas do cipó caapi, se extrai o narcótico que é usa-

do pelos pajés em atividades religiosas.

Curare, veneno vegetal usado pelos índios para en-

venenar as pontas das flechas, Tiuba, favo de mel que em-

briaga, o arbusto do Ipadu ou da coca, cujas folhas e casca

contem vários alcalóides, dos quais se produzem a cocaína;

a folha é usada pelos indígenas para mascar, acalma a fome

e a sede, e é usada nas cerimônias religiosas, especialmente

pelos pajés. O Cânhamo ou maconha (Cannabis Indíca)

cujas folhas e inflorescências, secas e trituradas, são usadas

como droga alucinógena pelos silvícolas, para animar os

festejos e danças, em agradecimento aos deuses pela boa

caça e pesca. São os jivaros peritos na fabricação do cura-

re, empregado basicamente na caça, provoca a morte dos

atingidos em poucos minutos.Cabe aos feiticeiros a mani-

pulação do curare. É empregado o cipó“uirarí” como maté-

ria prima, o veneno de aranhas caranguejeiras, escorpiões,

abelhas, e outros insetos peçonhentos. A ação do curare é

paralisar todo o sistema nervoso e provocar a morte por

sufocação.

Os índios comem larvas de besouro da palmeira, de

taquara, de jaracatiá e de cana-de-açúcar; lagartas de borbo-

letas e gafanhotos. Comem tanajuras ou içás de saúva. Pre-

param uma bebida alcoólica, o cauim, que pode ser de

mandioca, do fruto de pequi, milho, coco, banana, caju, ou

ananás. Que após ser mastigado pelas mulheres da tribo,

fica por alguns dias em potes de barro para fermentação.

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O índio brasileiro é de estatura média, corpo refor-

çado, olhos negros pequenos, amendoados, como na raça

mongólica, orelhas grandes, cabelo negro, liso, dentes alvos

e pés pequenos, não possuindo barba. A sua pele é da cor

de cobre, avermelhada. Andavam quase nus, ornavam a

cabeça com cocar de penas de pássaros, no pescoço usavam

colares de ossos, contas coloridas ou de dentes dos inimi-

gos. Na cintura, vestiam uma faixa de penas.

Como levavam uma vida de guerreiros, os índios e-

ram vingativos e ferozes. Envenenavam as pontas das fle-

chas com o violento veneno curare, extraído da casca de

certos cipós. Hospitaleiros, mas desconfiados com os des-

conhecidos, simples, incultos e selvagens, zelosos da sua

independência, valentes nos combates, cruéis nas vingan-

ças, mas eram capazes de sentimentos nobres e generosos.

A religião dos índios reconhecia a existência de um

Ser Supremo, o Tupã, isto é, o Altíssimo. Adoravam o Sol,

e a Lua. Acreditavam em gênios, a quem atribuíam influ-

ência boa ou má. Eram extremamente supersticiosos. Os

pajés eram ao mesmo tempo sacerdotes, feiticeiros, curan-

deiros e adivinhos.Diziam-se medianeiros entre a divindade

e os mortais.O cacique possuía uma autoridade absoluta

durante a guerra,e gozava de grande influência em tempos

de paz.Como não usavam moeda alguma,faziam troca de

gêneros dos quais necessitavam, fumo, flechas e cerâmica.

No trabalho, era o dever da mulher fazer as planta-

ções e colheitas da mandioca, milho, feijão e cará. Assar o

beijú, preparar a bebida, fiar e tecer, fazer cestos, redes,

esteiras e potes de barro, além de cozinhar, atender as ne-

cessidades do marido, parir e cuidar das crianças. Os passa-

tempos favoritos dos homens são os festejos, as danças e as

lutas, para os quais pintam o rosto e o corpo com tinta ver-

melha de urucum misturado com carvão e jenipapo, em

interresantes desenhos.A música e a dança constituíam uma

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atividade importante na vida dos indígenas. Usavam-na em

guerras, em festas religiosas a também por ocasião dos en-

terros. Nessas oportunidades pintavam o corpo, usando as

cores condizentes com a solenidade.

Certos costumes da população sertaneja são consi-

derados, hoje, uma herança de nossos índios. Forte, criado

sem roupas ao sabor das intempéries, vivendo seus hábitos

primitivos, o índio passa os dias caçando, pescando ou pre-

parando as clareiras no meio do mato para a plantação. Ele

é feliz até a chegada do homem branco que traz para ele

doenças desconhecidas, para as quais o índio não tem imu-

nidade e nem remédios. Essas doenças aliadas à propagação

de vícios da embriaguês devastam populações inteiras.

Eles conheciam e usavam como remédio, a erva-

mate, o guaraná, a flor da datura, a folha do ipadú (coca)

como soporífero, e quando mastigado matava a fome e a

sede. Usavam a casca da árvore quina para curar a malária,

a febre amarela e outras febres endêmicas. Conheciam a

raiz da ipecacuanha que cura a disenteria. Muita coisa, que

o mundo civilizado conhece hoje, o índio já conhecia há

milhares de anos.A família indígena, além do alimento

principal que é o beiju, feito de farinha de mandioca, come

produtos dos rios e lagoas, peixes, tartarugas, cágados, tra-

cajás e seus ovos. Nos campos e nas matas caça o macaco,

o veado-campeiro, capivaras, caititus, pacas, antas, e aves

como jacutinga, jacu e outros que consegue apanhar.O ín-

dio se alimenta também de raiz da mandioca, do milho,

batata doce e de uma infinidade de frutas silvestres, além do

mel que é encontrado nos troncos de árvores e no chão.

Cada aldeia geralmente tem seu conjunto de crenças

a respeito da estrutura do Universo. Os índios cultuam seus

deuses misteriosos, seres sobrenaturais como Deus do sol,

da lua, do raio, do trovão, espíritos da floresta, do vento, da

água, dos espíritos bons e maus. São extremamente supers-

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ticiosos. Acreditam nessas divindades boas ou demoníacas,

eles temem as desgraças. Recorrem às danças e ao pajé para

acalmar a sua ira.

A poligamia é privilégio dos caciques e chefes guer-

reiros, o índio comum tem direito a uma só esposa. Existe o

divórcio. Não há prostituição. Vivem em coletividade com

várias famílias instaladas em malocas. Dividem o produto

do trabalho por todos igualmente. A autoridade do cacique

é absoluta e o poder é hereditário, transmitido de pai para o

filho.Também, o pajé é muito respeitado por todos, uma

mistura de feiticeiro, médico, profeta, sacerdote e conse-

lheiro da tribo.

Diversas nações indígenas habitam o território ma-

to-grossense (muitas já extintas), entre eles os povos indí-

genas da família lingüística Bororo e Kaiapó, do tronco

Macro-jê, os terena e parecí são da família lingüística A-

rauaque; os paiaguás (extintos) pertenciam à família lin-

güística Guaicuru. Ao tronco tupi da família lingüística

Tupi-guarani pertencem os guaranis, os apiaká e kayabi,

habitam os municípios de Juara, Porto dos Gaúchos e Ari-

puanã. Tribos pertencentes à nação kaxinauá, pareci, xavan-

te e tantas outras, habitam as terras mato-grossenses. Os

indígenas da tribo karipuna habitam a região de Guajará-

Mirim e Porto Velho (RO) às margens do rio Madeira.

A grande nação indígena nambikuára, da família

lingüistica Nambikuára, é habitante da região da Serra do

Norte, no Estado do Mato Grosso. Ocupam os territórios

banhados pelos rios amazônicos, acham-se espalhados pe-

los vales do Rio Juruena, Arinos, Rio do Sangue, Papagaio,

Aripuanã, Juina, Roosevelt, nos municípios de Vila Bela da

Santíssima Trindade, Diamantino, Barra do Bugre, Alto

Paraguai, Pontes e Lacerda, Aripuanã (MT) e campos de

Vilhena (RO). Seu núcleo principal (tribo cinta-larga) habi-

ta entre os rios 12 de Outubro e Roosevelt. Um grande

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grupo habita o noroeste nas vizinhanças do rio Madeira e

dos tributários do Giparaná, nos campos de 14 de Abril e

José Bonifácio. Á leste habitam o vale do rio Tapajós, a

oeste o do rio Guaporé.

É constituída de três agrupamentos étnicos: Nambi-

kuára do campo, do norte e do sul, falam diversos dialetos

da língua nambikuára que são radicalmente diferentes do

tupi-guarani. Antes das expedições de 1907,de Cândido

Rondon não existiam senão vagas notícias sobre os índios

da Cordilheira do Norte, a mais central das populações

primitivas do continente sul-americano. Entre eles foi en-

contrado o grupo de cultura Jê-botocudo, do tronco Macro-

jê, evoluindo para a cultura Nu-arauak.

O nambikuara tem a pele de cor acobreada. Os cabe-

los lisos, duros, pretos. Os pés são relativamente grandes,

pernas finas e musculosas. Abdome saliente, mãos peque-

nas. Altura 1,65 m homens, mulheres 1,50 m, estatura me-

diana, robustos, de largas espáduas, olhos negros, oblíquos.

Barba rala lembra o tipo mongól.

A região da Serra do Norte era coberta de florestas

colossais. Entretanto, margeando os grandes rios, ou ador-

nando os mananciais, a floresta, por toda parte, cresce e

domina, conforta com sua sombra e seus frutos; espanta

com suas formas esquisitas.Do outro lado da corrente de

água, os sons confusos da mata levantam-se em surdina,

para compor a serenata vespertina de sons. Borboletas

brancas, amarelas, verdes, azuis, com nuanças de bronze,

como pedacinhos de papel de cor, juntam-se em multidão

para beber na orla do rio, matizando o tapete ondeante, à

sombra das grandes árvores.

Nessa hora crepuscular surgem da mata, que mar-

geia o rio, enxames de mosquitos borrachudos, mamanga-

bas, mosquitos-pólvora, pium, muriçocas, louva-a-deus,

besouros, pernilongos, vorazes e agressivos, cuja picada é

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incômoda e dolorida, a pele incha e coça. Nuvens desses

insetos sobrevoam as águas do rio e servem de alimento aos

peixes que saltam para apanhá-los.

As diversas nações indígenas do Estado de Mato

Grosso estavam dispersas pela Chapada dos Parecís e por

todo o planalto da Cordilheira do Norte. Acomodados em

malocas no meio da selva, entre a margem esquerda do Ju-

ruena e o lado direito do rio Aripuanã foi encontrada uma

civilização fóssil, pela expedição de Cândido Rondon em

1907. O povo indígena Irantxé, de língua isolada, viviam

em plena Idade da Pedra Lascada, usando machados de

pedra mal polida, facas de madeira, ignorando a navegação,

andavam totalmente nus, dormindo diretamente sobre o

solo, não conheciam a fabricação de cerâmica nem a rede

de dormir. Viviam, quase, em absoluta segregação.

Muitos não tinham visto homens de raça branca ou

negra. Não conheciam animais domésticos. Os que habita-

vam o vale do Juruena eram os mais atrasados, eram menos

sociáveis, mais agressivos, construíam choças rudimenta-

res. Não tinham chefes permanentes. Viveram até o início

do século XX, completamente apartados do resto da popu-

lação; rodeadas de outras tribos, durante séculos, fugiam ao

contágio de usos e costumes de seus vizinhos.

Os índios da nação Parecí, foram descobertos em

1718, pertencem à família lingüística arauaque, habitam as

nascentes do Rio Verde, Juba, Cabaçal e do Jaurú. Toda a

tribo vive espalhada pelas cabeceiras dos tributários do rio

Paraguai, do Juruena, do Guaporé no município Vila Bela

da Santíssima Trindade, de Diamantino, Tangará da Serra,

Barra dos Bugres no planalto dos Parecís. O chapadão tris-

te, arenoso e inóspito, é a pátria Parecí.

O planalto dos Parecís é formado de camadas de a-

reião interrompidas em alguns pontos, por pequenas exten-

sões de terreno argiloso; não apresenta nenhum afloramento

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de rocha vulcânica. O Chapadão dos Parecí é um mar de

areia, desolador, grande mancha de deserto. Sem nascentes

de água e sem sombra de árvores.

.Os pontos mais elevados destas terras são formados

por grandes campos, de cuja superfície se levantam altas e

compridas dunas de areia semelhantes às ondas do oceano,

é areia balofa e solta. Estes campos não oferecem pasta-

gens, cresce neles apenas certa qualidade de arbusto baixo,

de folhas ásperas. Os cerrados são escassamente povoados

por arbustos muricí-cascudo, caracterizados por grandes

folhas peludas, ásperas, vegetação baixa, de casca grossa,

galhos contorcidos, como se estivessem sofrendo.

Os Parecís constroem choupanas grandes, com teto

cônico, cobertas de folhas de palmeiras, de portas baixas e

pequenas. Até quarenta pessoas dormem numa palhoça. Ao

centro, um esteio alto e forte. À noite armam redes em raio,

levando desse esteio para os caibros laterais; entre uma rede

e outra, acendem uma pequena fogueira, que clareia e es-

quenta o interior da cabana.

À medida que o índio brasileiro vai tendo contato

com a civilização, desorganiza sua vida social, perde sua

cultura, fica marginalizado, transforma-se num ser sem des-

tino, doente, preguiçoso e viciado; obrigado a assumir a

posição de pária numa sociedade que não é a dele, deprimi-

do, muitas vezes recorre ao suicídio, fato que ocorre com

muitos jovens indígenas.

A partir de 1718, teve início a exploração das terras,

florestas e rios da Amazônia, principalmente de Mato Gros-

so, situado no coração da América do Sul, com a linha geo-

désica em Cuiabá. Era uma vasta extensão de terras ainda

desconhecidas, cruzadas de raro em raro por grupos de

bandeirantes paulistas e mineiros, que, passando pela trilha

por eles próprios rasgada através da Cordilheira do Norte,

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iam e vinham na sua faina de buscar ouro e diamantes, ar-

rebanhar índios e emprenhar as índias.

Metiam-se esses aventureiros, Continente adentro,

seguiam o curso dos rios, embrenhavam-se nas matas, a-

brindo picadas a golpe de facão e machado, marcando ca-

minhos no meio da floresta com os cascos dos seus cavalos.

E naqueles tempos muitos desses desbravadores se haviam

fixado em vários pontos do território mato-grossense, esta-

belecendo fazendas de criação de gado. Em seguida reque-

riam a El-Rei cartas de sesmaria. Eles formaram a nobreza

campesina que atua e influência a política do Estado, até

tempos atuais.

Desde o século XVIII, foram esses sertões percorri-

dos por bandeirantes, sertanistas, naturalistas, etnólogos,

cientistas, garimpeiros e aventureiros de toda espécie. No

início do século XX, Cândido Mariano da Silva Rondon,

coronel, depois nomeado marechal, do Corpo de Engenha-

ria Militar, foi encarregado pelo presidente da República

Afonso Pena, de ligar à Capital, pelo fio telegráfico, os ter-

ritórios do Amazonas, do Acre, do Alto Purus e do Alto

Juruá. Por intermédio de Goiás via Cuiabá, capital de Mato

Grosso, já em comunicação com o Rio de Janeiro.

Os pontos extremos da linha telegráfica seria Cuia-

bá-Santo Antônio do Rio Madeira (Porto Velho).O fio cru-

zaria o grande divisor das águas platinas e amazônicas. En-

tre 1907 e 1908 a Comissão de Cândido Rondon, transpôs o

rio Juruena, e entrou em pleno território dos Nambikuáras

e Tapaniunas, atravessou o rio Juína, o Camararé, e o 12 de

Outubro e seguiu até a confluência do Arinos com o Jurue-

na. Atingiu o coração da Serra do Norte.

Em 17 de dezembro de 1913, o sertanista e enge-

nheiro, marechal Cândido Mariano Rondon, numa épica

expedição, acompanhou o presidente dos EUA Theodore

Roosevelt (54 anos),.o filho Kermit, George Cherry, biólo-

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go e amigo do presidente, além de uma grande comitiva de

guias, barqueiros e provisões, pela região de Mato Grosso,

Rondônia, Acre e Amazonas. Quando Roosevelt deparou-se

com o rico dossel de copas verdes, ficou deslumbrado. O

interesse principal do presidente era descobrir onde ficava o

Rio da Dúvida.

Durante um ano o grupo navegou e explorou os rios

e florestas da parte Noroeste do país.O rio procurado e des-

coberto por Roosevelt, nasce nos campos de Vilhena (RO)

invade e corre a oeste de Mato Grosso, entre barrancos,

corredeiras, despencando em cachoeiras, toma o rumo nor-

te, junta as águas ao rio Aripuanã e deságua no rio Madeira.

Foi assim nomeado em homenagem ao presidente norte-

americano que o percorreu em barco a motor.

O etnólogo alemão Karl von den Steinen, na expedi-

ção que fez pelo Brasil, nos anos 1884 a 1888, percorreu os

sertões da Amazônia principalmente o de Amazonas, Mato

Grosso, Pará e Goiás, pesquisando os costumes e a cultura

dos povos indígenas.Assim como A. de Saint-Hilaire, natu-

ralista francês e o cientista alemão Alexandre von Hum-

boldt, pesquisadores, desembarcaram na Venezuela em 16

de junho de 1799, quando teve início a excursão pelos rios

e sertões do Brasil; percorreram o território sul-americano

até Patagônia, pesquisando a flora e a fauna, até meados

do século XIX.

Edgard Roquete Pinto, era médico, cientista e escri-

tor (1884-1954). Deixou estudos de etnografia, antropolo-

gia e mineralogia. Acompanhou a Comissão Rondon na

implantação das linhas telegráficas desde Cuiabá a Santo

Antônio do Madeira, em Rondônia. È famosa sua teoria, de

que tudo é interação na natureza. Uma coisa depende da

outra para se desenvolver e viver.

Quem atravessa as terras de Mato Grosso, nota que

seus rios orientados para o Norte, contribuintes do Amazo-

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nas, e os que vão se lançar no rio Paraguai, nascem como

irmãos gêmeos, lado a lado; entre uns e outros não há mon-

tanhas, brotam da terra e correm cada qual para seu desti-

no. As águas do Juruena se aproximam das que procuram o

rio do Sangue, e perto de Diamantino, o espaço de terra que

separa o rio Paraguai do rio Arinos é ainda menor.

***

A ocupação mais antiga da região do Paraná está re-

lacionada ao povoamento primitivo da América do Sul. O

território que forma o Estado do Paraná foi habitado por

diferentes populações humanas, continuamente, em épocas

diversas, remonta até 12 mil anos atrás, de acordo com os

sítios arqueológicos encontrados em diferentes regiões. Mas

se refletirmos sobre a ocupação em épocas anteriores, é

provável que seja confirmada a presença do homem nessa

região em épocas mais remotas, de há 40 mil anos a.C.

Os povos indígenas do Paraná pertenciam a duas

grandes áreas culturais: a da floresta tropical e a marginal.

No primeiro grupo está a grande família Tupi-guarani, com

suas inúmeras tribos, e no segundo a maior parte da nação

Jê, onde se destacam os caingangues, xoklengues (botocu-

dos) e os xetá (extintos).Essas populações ocuparam as ter-

ras paranaenses durante mais de 2 mil anos.Os caingangues

da nação Jê, vieram do Brasil Central e ocuparam imensas

áreas dos estados da Região Sul e a Província de Missiones.

As tribos, da grande nação Guarani, migraram da in-

salubre região dos rios Madeira e Guaporé, infestada por

transmissores de malária e febre amarela, e expandiram-se

por todo o sul do continente. Ocuparam as bacias dos rios

Paraná, Paraguai e Uruguai, isto é, toda Bacia do Prata.

Eles mantiveram esse vasto domínio até a chegada dos pri-

meiros europeus, ocupando os vales e as terras adjacentes

de quase todos os grandes rios e seus afluentes.Com a che-

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gada dos guaranis e na altura que estes iam conquistando os

vales dos rios, os caingangues foram sendo empurrados

para o centro-sul do Estado do Paraná e passaram a ocupar

os campos de Palmas e Guarapuava e os sertões dos vales

dos rios Tibagi e Ivai.

Os ferozes índios xoklengues, ou botocudos, assim

chamados por usarem adorno facial (botoque) em forma de

disco feito de madeira leve, que prendiam a um furo no

lábio ou na orelha, por este costume, identificam-se com

certas tribos aborígenes da Austrália. Eram guerreiros au-

daciosos e brutais, com sede de sangue. Atacavam e defen-

diam-se com valentia. Os prisioneiros eles sacrificavam aos

deuses em cerimoniais elaborados. Praticavam a tortura, o

canibalismo e a feitiçaria. Habitavam as terras da margem

esquerda do rio Iguaçu, no Estado de Santa Catarina e as

áreas próximas do litoral sulbrasileiro.

As florestas, de ambas as margens do Iguaçu, eram

escassamente povoadas por posseiros, caboclos e latifundi-

ários pecuaristas. Na época da colonização do Paraná, os

indígenas que viviam nessa região, percebendo que suas

terras eram invadidas pelos colonos europeus, iniciaram

uma resistência tenaz à ocupação de seus territórios. To-

mando posse dos sertões paranaenses os bandeirantes por-

tugueses e paulistas expulsaram, destruíram e aprisionaram

os indígenas. Dizimados por guerras e pelas doenças trazi-

das pelo homem branco, muitos dos sobreviventes embre-

nharam-se nas florestas ainda não exploradas.

As terras hoje paranaenses pertenciam à Espanha,

por força do Tratado de Tordesilhas. Em 18 de outubro de

1541, o solo paranaense foi pisado pela figura histórica de

Dom Alvãr Nuñes Cabeza de Vaca, adelantado (governa-

dor) espanhol do Paraguai, que iniciou a marcha rumo a

Assunção partindo do litoral de Santa Catarina em direção

oeste, com 250 homens e 26 cavalos. Seguiu uma rota ter-

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restre através dos campos de Curitiba e Campos Gerais pelo

“Caminho do Peabirú”, chegou ao Paraguai, após cinco

meses de caminhada e 1600 quilômetros percorridos a pé.

Em 1554, a Espanha decidiu estender o domínio do

rei Luís Felipe II, na região. Assim, Rodriguez de Vergara,

preposto do governador espanhol do Paraguai, determinou a

fundação do povoado de Ontiveros, nas margens do rio

Paraná, pouco abaixo das Sete Quedas, porém dois anos

depois, foi transferida para as proximidades da foz do rio

Piquiri. O deslocamento do vilarejo deu-se em virtude da

grande presença de índios na região. Neste novo local o

núcleo foi denominado Ciudad Real del Guayrá.

Em abril de 1581, foi proclamado rei de Portugal,

Luís Felipe II, já rei da Espanha.Assim, o Brasil,como as

demais colônias portuguesas, passavam para o domínio

espanhol.Em 1600,o Governo espanhol de Assunção trans-

forma a Ciudad Real em sede da Província de Guayrá. A

nova Província estende o domínio espanhol a todo oeste do

Paraná. Fundou diversas povoações na região do Guayrá,

com a finalidade de dominar os índios da grande família

Tupi-guarani, que habitavam aquelas terras. Também, para

deter as seguidas invasões dos bandeirantes portugueses

para oeste da linha de Tordesilhas, na preação dos índios.

O território do Guayrá se estendia do rio Paranapa-

nema ao Iguaçu e do Rio Paraná ao Tibagi, compreendia

parte da região norte, todo noroeste e oeste do Paraná.. Foi

local de trânsito de espanhóis que saiam de Assunção no

Paraguai, atravessavam o interior do Paraná, seguindo pelo

“Caminho do Peabirú” e suas ramificações, em direção às

vilas de São Vicente e Cananéia no litoral paulista, e outros

povoamentos do litoral brasileiro.

Os jesuítas espanhóis vieram ao Brasil em 26 de fe-

vereiro de 1549, com o Governador Geral Tomé de Souza.

Eram da Ordem de Santo Agostinho de Loyola, da Compa-

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nhia de Jesus, fundada em 1534, chefiada pelo padre Mano-

el da Nóbrega, dedicavam-se a catequizar os índios e edu-

car os colonos. Entre os séculos XVI e XVIII, constroem

inúmeras capelas, igrejas, seminários, colégios e conventos.

A partir de 1602, para proteger os indígenas da es-

cravidão e evitar o seu aniquilamento total pelos conquis-

tadores, os padres jesuítas fundaram aldeamentos indígenas

por ordem do rei Felipe III, da Espanha e Portugal. Reuni-

ram os índios convertidos em aldeias chamadas de Redu-

ções. Esta providência não agradou a numerosos espanhóis,

partidários da escravidão dos índios.

Os padres jesuítas fundaram as Reduções do Guayrá

e criaram cerca de trinta Missões, onde estabeleceram um

sistema social cooperativo, com economia baseada em dife-

rentes formas de trabalho comunitário e na socialização da

produção e do consumo. Os jesuítas visavam dentro das

Reduções realizarem a catequese indígena e empregar sua

mão-de-obra para a empresa colonial. Os índios nestas al-

deias não eram totalmente livres.

Durante o governo espanhol, foram criadas pelos

jesuítas 13 Reduções no Paraná. Próximo das Missões,

existiam dois povoados, que foram fundados, o primeiro

em 1555, a Ciudad Real del Guayrá na foz do Piquiri no

rio Paraná e outro a Villa Rica del Espiritu Santu, em

1576, na confluência dos rios Corumbatai e Ivai, vilas que

serviam de apoio logístico para os espanhóis A idéia era

criar uma República Guarani nas terras de domínio de Cas-

tela (Espanha).Os jesuítas fundam uma empresa comercial

em Sete Povos das Missões, no norte do Rio Grande do Sul.

Por volta de 1610, os jesuítas instalaram diversas

Reduções nas margens dos grandes rios, como Paraguai,

Uruguai, Paraná e seus afluentes como Paranapanema, Ti-

bagi, Ivai, Piquiri e Iguaçu. Ao longo do século XVII, os

bandeirantes paulistas procuraram impedir a expansão es-

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panhola ao sul do rio Paranapanema. Aconteceram os pri-

meiros assaltos dos bandeirantes às Reduções do Guayrá.

Iniciou-se a destruição dos aldeamentos. Essas aldeias, bem

como os povoados de Ciudad Real e Vila Rica, foram ata-

cadas e destruídas por diversas expedições portuguesas.

Em 1629, durante o governo espanhol do rei Filipe

IV, a região das Missões do Guayrá foi invadida pelo ban-

deirante português, caçador de escravos, Antônio Raposo

Tavares, com aproximadamente 3.000 homens armados.

Este tinha plena consciência de ilegalidade da ação, pois

contrariava os altos interesses da Coroa Espanhola. Atacou

as Reduções dos jesuítas, mas encontrou forte resistência

dos indígenas. Durante vários meses permaneceu nas mar-

gens do Tibagi, capturando índios para serem vendidos em

São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Cerca de 60.000 foram

caçados e levados como escravos. Milhares de silvícolas

foram mortos. A região foi palco de guerra de destruição

desses territórios indígenas. Os paulistas, ano após ano,

organizaram sucessivas expedições e destruíram todas as

Missões do Paraná capturando os índios, e em pouco tem-

po, das Reduções do Paraná não restaram mais do que deso-

ladas ruínas.

Com a restauração do Reino de Portugal em 1640, e

a coroação do rei Dom João IV, parte do território que

compreendia as Missões Jesuíticas foi incorporada ao Bra-

sil. Pelos idos de 1654, os jesuítas fundaram com o rema-

nescente das Reduções destruídas uma república religiosa,

com o nome de Território das Missões. A região abrangia o

sudeste do Paraguai, nordeste da Argentina, oeste e sudoes-

te do Paraná, oeste de Santa Catarina e noroeste do Rio

Grande do Sul.

A Espanha reconheceu com relutância, pelo Trata-

do de Madri, em 1750,e de Santo Ildefonso em 1777, o do-

mínio português, sobre as terras a oeste da linha de Tordesi-

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lhas, a fronteira avançou até o Rio Paraná, terras estas que

ficaram em completo abandono desde a destruição das Re-

duções pelos bandeirantes paulistas. Em 1754, os Guaranis

de Sete Povos das Missões se recusam a deixar suas terras

no território do Rio Grande do Sul e tem início a Guerra

Guaranítica. Os Sete Povos das Missões são dominados e

aniquilados em 1756.

Em Portugal, no reinado de D. José I, é nomeado

ministro o marquês de Pombal, que, em 1759, decreta a

expulsão da Ordem dos Jesuítas, de Portugal, do Brasil e

das colônias portuguesas. Pombal, homem autoritário e sem

escrúpulos, sem medir as conseqüências desta ordem radi-

cal, privou o Brasil dos melhores professores Os índios

perderam os seus defensores nas comunidades fechadas

das reduções.

Ao longo do tempo os portugueses e espanhóis ca-

çavam e escravizavam os índios porque não eram conside-

rados homens, mas animais, como os negros e os macacos.

Tanto era assim que os primeiros bandeirantes sustentavam

seus cães de caça com a carne de índio, sem que isso fosse

considerado crime ou pecado. Capturavam o gentio como

faziam com a onça, anta ou javali. Durante quase cinco sé-

culos, os índios foram caçados, escravizados, perseguidos,

quase exterminados, ou expulsos das suas terras.

Em 1910, foi criado o Serviço de Proteção ao Índio,

pelo marechal Cândido Rondon. Em 1967 foi substituído

pela Fundação Nacional do Índio (Funai).Somente a Cons-

tituição Federal de 1988, reconhece os direitos originários

dos índios sobre as terras que tradicionalmente ocupam; é

também reconhecida a diversidade étnica. Foram criadas

reservas indígenas federais que são, atualmente, os princi-

pais locais de preservação da cultura e das línguas nativas.

O Brasil tem mais de 500 mil índios que represem-

tam 0,3% da população, ocupam 635 áreas indígenas, com

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mais de 101,2 milhões de hectares, o equivalente a 12% do

território nacional. A maior concentração de índios está na

Região Norte, principalmente no Amazonas (17% do total),

onde se encontra a maior parcela (36 %) das terras indíge-

nas. As etnias mais numerosas espalhadas pelo país são os

ticuna, guarani, caingangue, macuxi, terena, guajajara, xa-

vante, yanomâmi, pataxó, potiguara..

Outrora, os indígenas da nação caingangue eram

numerosos no Paraná, os remanescentes dessa população

e em menor número os guaranis, 715 famílias ao todo, cor-

respondem a apenas 1,8% da população indígena nacional,

estão assentados nos Postos Indígenas (reservas federais).

Os índios da grande nação Guarani, até hoje marcam uma

forte presença no Paraguai, com a cultura e língua nativas.

Nos anos 90, o governo Collor determina a demar-

cação de diversas áreas indígenas. Foi demarcada em 1998,

no Estado de Roraima, na fronteira com Venezuela e Guia-

na, a reserva indígena Raposa /Serra do Sol com 1,7 mi-

lhão hectares, foi homologada em 2008 como área conti-

nua, abriga mais de 15 mil índios de cinco etnias, com pre-

domínio da nação Yanomâmi. A violência na região se in-

tensifica com a persistência dos fazendeiros (grileiros) que

ocupam a área ilegalmente, em retirar-se. No Mato Grosso

foi criado o Parque Indígena do Xingu. Outras áreas meno-

res foram demarcadas em diversos Estados.

Os índios da Amazônia, principalmente a grande

família yanomâmi, também os manoki, panará, kayapó e

guaicuru, estão sendo cercados, suas terras invadidas, ocu-

padas e exploradas. Estão sendo expulsos do seu território

tradicional, um destino dramático partilhado por muitos

dos 170 povos indígenas da Amazônia. Cerca de um quarto

da Amazônia brasileira é terra indígena. De um lado, por

fazendeiros criadores de gado, madeireiros, garimpeiros,

seringueiros, castanheiros, rizicultores e sojicultores. Tam-

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bém por caçadores, bandidos, grileiros com jagunços, pos-

seiros e aventureiros sem escrúpulo que chegam ás aldeias

trazendo bijuteria, espelhos e outras quinquilharias, e pior

de tudo, armas e bebidas alcoólicas.

Em troca levam peles de animais selvagens, sagüis,

macacos, tartarugas, peixes de aquário, araras, papagaios e

diversos pássaros canoros, que serão vendidos no estrangei-

ro como animais de estimação. Além dos aventureiros e

contrabandistas de ouro, diamantes e pedras preciosas que

chegam do estrangeiro, também chegam madeireiros orien-

tais que ocupam as florestas da Amazônia, devastando as

reservas de madeiras nobres.

OCEANIA

A Oceania é o menor continente do mundo, com su-

perfície terrestre de 8.480.354 quilômetros quadrados,

composta de um grupo de ilhas espalhadas no hemisfério

sul. Só a Austrália corresponde por 90,6% da área emersa

da Oceania seguida de Papua Nova Guiné e Nova Zelândia

(8,6%) e das ilhas e atóis que se espalham pelo oceano Pa-

cífico (menos de 1%) A Oceania compõe-se de 14 países:

Austrália, Fiji, ilhas Marshall, ilhas Salomão, Kiribati, Mi-

cronésia, Nauru, Nova Zelândia, Palau, Papua Nova Guiné,

Tonga, Samoa, Tuvalu e Vanuatu. As ilhas do Pacífico são

divididas em três áreas etnogeográficas: Polinésia, no ex-

tremo leste, Melanésia na região central e Micronésia ao

norte.

Cerca de 60 mil a.C. o nível muito mais baixo do

mar ligava Tasmânia, Austrália e Papua Nova Guiné num

só território, como também se uniram as diversas ilhas do

oceano. Os primeiros navegadores asiáticos, ousados, aven-

turaram-se na direção do grande continente australiano. Foi

uma jornada pioneira e arriscada, que partiu do sudeste A-

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siático, enfrentando o imenso Oceano Pacífico, em frágeis

chalupas de junco, numa considerável travessia marítima.

Os australianos aborígenes estavam entre os primiti-

vos viajantes. Um estranho e misterioso mundo acolheu os

recém-chegados; imenso, abrangendo o norte tropical, po-

voado de florestas e desertos causticantes, ao sul de clima

ameno, mediterrâneo. Algumas plantas comestíveis encon-

tradas se assemelhavam às da Ásia e eram familiares.

Os animais eram totalmente diferentes, havia cangu-

rus gigantescos, de até três metros de altura e diversos ani-

mais enormes aparentados com bois, grandes leões indíge-

nas com jubas imensas, além de aves pernaltas como os

moas de até 3 metros de altura, que habitavam Nova Ze-

lândia (extintos),emus, grandes aves que percorrem campos

secos da Austália alimentando-se de frutos e plantas, e a

linda ave-do-paraíso da Nova Guiné. Graciosos coalas gru-

dados nos galhos dos eucaliptos, alimentando-se das folhas.

Mas foi a fartura de peixes e moluscos, disponíveis

nas costas litorrâneas e nos rios, que atraiu a atenção dos

aborígenes, e nestas áreas concentraram-se os primeiros

povoados humanos. Mas a maioria desses sítios se perdeu,

pois, há cerca de 6 mil anos atrás o mar subiu até o nível

atual e hoje eles se encontram na plataforma continental,

sob a água do oceano.

Embora o modo de vida aborígene, se baseasse na

caça, pesca e coleta (nunca se tornaram agricultores), de-

senvolveram relações complexas com o ambiente. Em áreas

desertas, pequenos grupos nômades espalhavam-se por mi-

lhares de quilômetros e nas regiões férteis existiam vilare-

jos permanentes. Mudanças consideráveis ocorreram 6 mil

anos atrás, com a introdução de plantas e animais domesti-

cados, vindos da Ásia, trazidos pelos chineses.

As populações nativas da Oceania apresentam vari-

ações outras, afora as raciais. Os polinésios são altos e mo-

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renos. Embora racialmente misturados apresentam traços

caucasóides. Provaelmente ocorreram diversas migrações

vindas da Ásia, cada uma apresentando diferenças quanto à

origem.Os aborígenes australianos são, literalmente, um

povo da Idade Paleolítica. Suas ferramentas são rusticamen-

te feitas de pedra lascada. Eles não conhecem a cerâmica

nem a tecelagem, o arco e a flecha são ignorados. Nas ilhas,

as populações vivem principalmente da pesca e da agricul-

tura. Os coqueirais abundantes nas ilhas do Pacífico Sul,

fornecem cocos e óleo para alimentação, material para

construção e para combustível. Os Maoris, da Nova Zelân-

dia são grandes navegadores, constroem canoas compridas,

estreitas e velozes, de tamanho gigantesco.

Os principais grupos de ilhas da Melanésia e Poliné-

sia Ocidental foram as primeiras a serem povoadas nos dois

últimos milênios, por colonizadores marítimos. Após mil

anos de isolamento geográfico, desenvolveu-se em Tonga e

Samoa uma cultura material polinésia característica, intro-

duzida na Polinésia Oriental por volta de 400 d.C.Entre os

anos 400 e 1000 d.C. povoadores polinésios dominavam o

Pacífico, navegando em grandes barcos a vela chamados de

Hokulé-a, ou em pequenas canoas duplas alcançaram, prati-

camente, cada ilha do triângulo polinésio. Eram hábeis na-

vegadores e desbravadores.

A maior parte das ilhas da Melanésia ( a leste, nor-

deste e sudeste da Nova Guiné) recebeu seus primeiros

habitantes no 2º e 1º milênios a.C.quando grupos mercantis

marítimos trazendo plantas e animais domesticados ocupa-

ram a área. Samoanos pré-históricos se aventuraram para o

leste em canoas e se instalaram nas ilhas Marquesas. Os

povoadores se estenderam pelas ilhas do Havaí por volta de

400 d.C.época em que os primeiros polinésios chegaram à

ilha da Páscoa, dando início a uma cultura extraordinária.

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Os demais grupos de milhares de ilhas da Polinésia,

espalhadas pelo Pacífico, incluindo a Nova Zelândia, foram

povoados principalmente a partir de Samoa-Tonga e ilhas

Marquesas, entre 1000 e 1300 d.C.Uma multiplicidade de

culturas independentes evoluiu neste “universo de ilhas”,

mas foram destruídas pelo choque com o contato europeu

entre séculos XVII a XIX. Quando os europeus chegaram,

Cook e outros exploradores encontraram a Nova Zelândia

ocupada por 250 mil maoris. Um estilo de vida baseado na

caça e coleta, complementado por horticultura na região

costeira, predominava. O contato e o povoamento europeu

levaram à confrontação violenta, que resultou na rápida

ruptura da tradicional sociedade e cultura maori.

A maioria das ilhas da Oceania é de origem vulcâni-

ca, com clima quente e úmido, cobertas de florestas tropi-

cais, das quais cerca de um terço das matas nativas foi de-

vastada. Atualmente a economia das ilhas do Pacífico é

essencialmente agrícola, com plantações de subsistência e

monocultura de exportação, principalmente de coco. Histo-

ricamente, os países da Oceania foram dominados pelos

europeus, no fim do século XVIII. As populações nativas

foram praticamente exterminadas, hoje, as minorias indíge-

nas como os aborígenes da Austrália e maoris da Nova Ze-

lândia lutam pela preservação étnica e cultural do seu povo.

A Nova Zelândia é uma das grandes exportadoras mundiais

de lã de carneiro.

Os cumes mais altos das montanhas da Oceania são

os picos Wilhelm de 4694 m. em Papua Nova Guiné, o

Mauna Kea de 4210 m e o Mauna Loa de 4170 m nas Ilhas

do Havaí.

COMUNIDADE DA AUSTRÁLIA.

A Austrália está situada no meio da Placa Indo-

Australiana, onde não se consolidaram montanhas durante a

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Era Terciária. As terras altas do leste da Austrália, os rema-

nescentes desgastados das antigas montanhas, são uma série

de planaltos elevados; a parte oeste é um velho planalto

erodido ligado ao leste por vastas bacias sedimentares.A

paisagem árida alterna entre escarpas erodidas, planícies e

depressões contendo desertos de areia e lagos salgados.

Disposta geograficamente a sudoeste da Oceania,

com uma área de 7.703.429 km² a Austrália é o sexto país

do mundo em extensão territorial. Limita-se com Estreito

de Torres ao norte e mar de Timor a noroeste, o mar de Co-

ral a nordeste e mar da Tasmânia a sudoeste, Oceano Índico

a oeste e Pacífico ao sul. Essa plataforma continental se

separou da Antártica entre 100 e 140 milhões de anos atrás

Foi berço de espécies animais e marinhas únicas do

planeta, também dos aborígenes que povoaram a Austrália

há mais de 60 mil anos. O Homo sapiens sapiens entrou na

Austrália e Nova Guiné oriundo do Sudeste Asiático, possi-

velmente através de jangadas de bambu ou juncos chine-

ses..Essas migrações tornaram-se possíveis pelo fato de

durante a última Idade do Gelo, numerosas pontes de terra

uniam ilhas e continentes.

As ilhas do Pacífico Ocidental foram povoadas na

mesma época da colonização da Austrália e Nova Guiné,

quando os níveis do mar permitiam a sua ligação ao conti-

nente asiático..A Austrália ocupa a parte continental da O-

ceania e a ilha de Tasmânia. Região formada por grandes

planaltos e vastas bacias de fundo plano, sendo um terço

desértico. Orlada a leste pelos Alpes Australianos, onde se

situa o monte Kosciuszko de 2286 m de altitude, em cujo

sopé nasce o rio Murray. A Grande Cordilheira Australiana

se estende ao longo da costa oriental.

No interior encontra-se o Grande Vale Central, uma

planície desértica, rodeada de estepes e savanas. No centro

do continente, em pleno deserto pedregoso fica o lago Eyre,

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de água salgada, de 10.000 km² de superfície, remanescente

do antigo mar. A zona desértica avança em direção do oes-

te, apresenta no noroeste o Grande Deserto de Areia com

400.000 km² de extensão, deserto de Tanami no Território

do Norte, de Gibson no oeste, de Simpson de 145.000 km²

na região central e o Grande Deserto Vitória no sul, com

647.000 km².

Austrália, terra de contrastes e contradições, apre-

senta grande diversidade de paisagens, entre densas flores-

tas tropicais antigas, na região norte, desertos a oeste e no

interior, montanhas nevadas e praias. A flora e a fauna aus-

traliana são muito diferenciadas. As árvores mais comuns

são os esguios eucaliptos que chegam à assombrosa altura

de 100 metros e as frondosas acácias. A maior parte dos

mamíferos da região são marsupiais, como canguru, coala,

vombate e possum. A variedade de répteis era quase infini-

ta. A vida alada era tão rica e variada que se contava aos

milhares, destacam-se, a exótica cacatua branca de crista

amarela e os minúsculos periquitos verdes e amarelos.

O rato almiscarado, mamífero marsupial, vive na

Austrália há 12 milhões de anos. Outro animal bizarro, o

ornitorrinco (Ornithorhynchus anatinus) é encontrado ex-

clusivamente no sul e leste da Austrália, na Nova Guiné e

na Tasmânia. O ornitorrinco, mamífero ovíparo (se repro-

duz por meio de ovos), é um gênero de mamífero tão primi-

tivo, que constitui uma curiosidade entre os mamíferos atu-

ais. Altamente adaptado à vida aquática, cujos dedos das

patas anteriores são unidos por membranas, e os das patas

traseiras têm fortes garras. Tem bico semelhante ao do pato,

a cauda chata. Mede 0,60 m de comprimento. Orienta-se na

água por intermédio do sonar localizado no seu largo bico.

O ornitorrinco e a eqüídna são do gênero de mamí-

feros monotremados, únicos em todo o mundo, tem os apa-

relhos – digestivo, urinário e reprodutor terminando num

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órgão comum - a cloaca; tem apenas um só orifício para

todas as excreções na extremidade posterior do corpo.São

também dotados de coracóide (um dos três ossos compo-

nentes da cintura escapular dos vertebrados ovíparos de

respiração pulmonar), constituindo uma forma de transição

entre répteis, aves e mamíferos.

A eqüídna, é coberta de espinhos, de focinho que

termina numa espécie de bico e que vive em tocas; alimen-

ta-se de insetos, formigas e vermes que apreende com a

língua comprida e viscosa.Os monotremos, são os únicos

mamíferos que põe ovos, não possuem glândulas mamárias

verdadeiras; o leite escorre de poros situados dentro dos

folículos pilosos, no abdômen da fêmea.

Os castores, roedores semi-aquáticos, constroem su-

as represas como inteligentes engenheiros.Crocodilos de até

6 metros de comprimento que sobreviveram aos dinossau-

ros habitam o rio Adelaide. Grandes casuares vivem nos

campos e se alimentam de frutas que caem das árvores.O

canguru é um animal marsupial, as fêmeas destes animais

têm uma bolsa na barriga, onde carregam os minúsculos

filhotes recém-nascidos, por meses, até ficarem fortes.Se

instalaram na Austrália e na Nova Guiné há pelo menos 15

milhões de anos.A enorme quantidade de cangurus que sal-

titam por todo território australiano, são considerados como

praga; alimentam-se de ervas e folhas verdes.

A Austrália, por longos séculos isolada do mundo,

criou a sua flora e fauna sem igual no Planeta. A terra é de

planícies de solo negro, coberta de pastagens imensas, sal-

picadas de grupos de árvores; onde vivem bandos de aves-

truzes, que quando asustados disparam a correr, ligeiros

como o vento. Os plessiossauros viveram em águas gela-

das, há 130 milhões de anos, quando este continente estava

coberto pelas águas do Oceano Glacial Antártico.

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A Grande Barreira Coralina, é o maior recife de co-

rais do mundo, com mais de dois mil e quinhentos quilô-

metros de comprimento e oitenta de largura, situa-se na

costa nordeste do Queensland, um paraíso cheio de caver-

nas subterrâneas habitadas por cardumes de peixes de cores

vibrantes, tartarugas-verdes, tubarões-baleia e golfinhos.

Congrega mais de mil ilhas e 2600 recifes de corais. É a

maior estrutura formada por criaturas vivas do globo terres-

tre e também uma das mais preservadas.

No norte da Austrália, o clima é árido tropical, com

predomínio de florestas tropicais; o sul do território austra-

liano tem clima temperado, mediterrâneo. No sudeste, de

clima subtropical concentra-se 75% da população. Descen-

dentes de europeus, principalmente britânicos, é a grande

maioria na Austrália e na Nova Zelândia.

As tribos aborigenes habitam as terras que formam a

Austrália desde tempos pré-históricos. Calcula-se que havia

uma população de 750 mil indivíduos, que tinham cerca de

700 dialetos, antes da chegada dos colonizadores europeus.

Essa população declinou drasticamente durante o século

XIX, especialmente devido ao impacto com o homem bran-

co. No ano de 1606, o espanhól Vaez de Torres explorou o

estreito que leva o seu nome, entre Austrália e Nova-Guné.

No entanto, a colonização somente começou após a

chegada do explorador inglês capitão James Cook que de-

sembarcou na ilha em 1770, fincou a bandeira do Reino

Unido na baía de Sydney, consolidando a posse britânica.

Em fins de janeiro de 1788, oito meses depois de zarpar da

Inglaterra, a frota de onze navios, sob o comando do capi-

tão Arthur Phillip chegou à Austrália, atracou na colônia de

Nova Gales do Sul, para ali despejar seus mais de mil sen-

tenciados, na baia de Botany Bay em Sidney, onde foi fun-

dada uma colônia penal para criminos ingleses. A deporta-

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ção de prisioneiros britânicos durou até 1868. Em 80 anos a

Austália recebeu 160 mil prisioneiros.

A população começa a crescer com a chegada ma-

ciça dos imigrantes ingleses, escoceses e irlandeses. Os

imigrantes chegando àquelas áreas tomaram posse de vastas

extensões de terras devolutas, expulsando os aborígenes,

donos legítimos. As guerras pela posse das terras custaram

a vida de 80% dos aborígenes. Famílias inteiras foram en-

venenadas ou expulsas das suas terras.Os aborígenes perde-

ram primeiro seus territórios ricos em recursos naturais.

Os europeus se apoderaram das áreas de pesca e das

terras férteis mais adequadas para o cultivo, e dos campos

para a criação de ovelhas e produção de lã, com que abaste-

ciam a dinâmica indústria têxtil inglesa. Atualmente, uma

minoria aborigene habita áreas hostis para o europeu, como

o Deserto Central ou as selvas do Norte do país, consevan-

do suas tradições religiosas e sociais. A economia se desen-

volve com a ocupação de vastas regiões em pastagens para

criação de ovelhas, porém começou a crescer sem parar a

partir de 1850, em decorrência da “Corrida do Ouro”.

Rica em recursos naturais a Austrália distingue-se

pelo parque industrial avançado na extração mineral de car-

vão, ferro, ouro, bauxita, cobre, prata, urânio, níquel, tungs-

tênio, chumbo, diamante, petróleo e gás natural. Possui o

maior rebanho mundial de ovinos criados nas estepes e sa-

vanas do interior, e é o mais importante produtor mundial

de lã, carne e leite.A Austrália é um país jovem e impres-

siona pelo alto desenvolvimento conseguido em tão pouco

tempo, é uma das melhores economias do mundo. Com alto

padrão de vida, é a nação com o melhor Índice de Desen-

volvimento Humano. Possui uma população de 21 milhôes

(2008), sendo 95% de britânicos. Lingua oficial, inglês.

Embora seja um país independente desde 1901, per-

tence à Commonwealth of Austrália (Comunidade da Aus-

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trália), tendo como chefe de Estado formal a rainha Elisabe-

th II, soberana do Reino Unido, representada pela governa-

dora-geral, Quentin Bryce.O país é uma monarquia parla-

mentarista comandada pelo primeiro-ministro Kevin Rudd,

eleito em 2007.A Austrália se divide em seis Estados e dois

territórios. A capital Canberra, cidades Sydney, Melbourne,

Brisbane, Perth, Adelaide, Newcastle.

Possui três bacias hidrográficas - da Carpentária a

nordeste, Artesiana a leste, Murray-Darling com 910.000

km², no sudeste. Os rios principais que banham a Austrália

concentram-se no leste, o Darling com 2720 km. de exten-

são e o Murray com 2575 km. Nas terras baixas do Queens-

land, gado bovino e ovelhas são criadas em propriedades

imensas, pertencentes a latifundiários ingleses.

A Austrália possui valiosos patrimônios mundiais:

Parque Nacional Kakadu; Grande Barreira Coralina; Zona

Selvagem da Tasmânia; Parques das Florestas da Costa

Leste Australiana; Parque Nacional Uluru; Trópicos Úmi-

dos de Queensland; Sitio Arqueológico de Riversleigh.

Existem evidências, de que no período Permo-Triássico, há

250 milhões de anos, houve a queda de um gigantesco me-

teoro na região de Kakadu, atingindo a borda noroeste da

placa continental australiana, o impacto deixou uma cratera

de 22 km de diâmetro e ocasionou colossais tsunamis.

Houve uma extinsão em massa, morreram 90% das criatu-

ras da terra.

Regiões povoadas por grandes florestas de eucalip-

tos e acácias, como Queensland, ocasionalmente, são atin-

gidas por violentas tempestades secas, com nuvens negras

carregadas de eletricidade, relâmpagos riscando o céu, se-

guidas por explosões de raios e trovões, provocando incon-

troláveis e devastadores incêndios. Essas tempestades não

trazem chuva. Em fevereiro de 2009, um incêndio nas flo-

restas de eucaliptos, na região sul de Victoria, já consumiu

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mais de mil casas e matou 181 pessoas. De difícil controle,

está se estendendo rumo norte, às planícies do Queensland.

AOTEAROA / NOVA ZELÂNDIA.

O arquipélago de Aotearoa / Nova Zelândia, situa-se

no sul da Oceania, a 1600 km a sudeste da Austrália, tem

uma área de 270.534 km². Consiste em duas ilhas princi-

pais, separadas pelo Estreito de Cook,bem como várias i-

lhas menores.A Ilha do Norte é vulcânica, e apresenta pla-

naltos e gêiseres, seu clima é subtropical, enquanto na ex-

tremidade meridional da Ilha do Sul é comum o inverno

com neve. É cruzada pela cadeia montanhosa dos Alpes do

Sul, sobressaindo o Monte Cook de 3764 metros de altura.

Aotearoa, a Terra da Longa Nuvem Branca, assim

chamada pelos nativos. Foi povoada em torno de 750 e

1000 anos atrás, pelos maoris, vindos da Polinésia. Eles

desenvolveram uma cultura avançada, de alto nível, na fa-

bricação de tecidos, construção de casas e de canoas e na

horticultura. Em 1642, o holandês Abel Tasman chegou à

Ilha do Sul, a maior, mas foi impedido de desembarcar pela

resistência dos maoris. Em 1769, o britânico James Cook,

realizou um reconhecimento da costa das duas ilhas, do Sul

e do Norte, abrindo as portas para a colonização.

De 1850 a 1950, vastas áreas de floresta na Ilha do

Norte foram dizimadas, deixando colinas inclinadas e secas,

que foram cobertas com gramíneas para criação de grandes

rebanhos de ovelhas. Com amplas áreas de pastagem a

Nova Zelândia produz lã, carne bovina e de carneiro. A

base da economia é agricultura e pecuária. Há também re-

servas de carvão, petróleo e gás natural.

Em 1840, foi proclamada a anexação da Nova Ze-

lândia à Coroa Britânica, como colônia. Tem como base de

governo a monarquia parlamentar, é membro da Comuni-

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dade Britânica,com chefe de Estado a rainha Elisabeth II,

representada pelo governador-geral Anand Satyanand

(2006), e primeiro-ministro John Key (2008).Capital Wel-

lington, outras cidades Auckland, Christchurch, Manukau.

Possui uma população de 4,2 milhões (2008). A composi-

ção étnica é de europeus 86%, maoris 10%, polinésios 4%.

O idioma oficial é o inglês e maori.

O CONTINENTE ANTÁRTICO.

Durante a Era Mesozóica, com as transformações

sucessivas do globo terrestre, pelo movimento das placas

tectônicas e vulcanismo, o clima mudou drasticamente. O

subcontinente de Gondwana começou a rachar;grandes fen-

das separam a América do Sul, a África e a Índia, que pelo

processo de deriva afastam-se rumo leste. O continente da

Antártica, que há 135 milhões de anos atrás, estava unido à

Austrália e América do Sul, separa-se progressivamente.

O continente da Antártica está situado no Pólo Sul,

com uma área de 13,2 milhões de km²,é cercado pelas á-

guas confluentes dos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico.O

continente Antártico é o quinto maior do mundo, o mais

frio e menos hospitaleiro; consiste num alicerce de rocha

continental, com uma cobertura de gelo maciço sobreposta,

com espessura média de dois mil metros e volume de cerca

de 30 milhões de quilômetros cúbicos, que se estende por

todo o território. A única exceção nesse cenário glacial é a

Peninsula Antártica, região que não permanece gelada o

ano inteiro. A Antártica é separada de todas as outras mas-

sas de terra pelas águas tempestuosas e agitadas do Oceano

Glacial Antártico. Possui várias ilhas adjacentes.

As geleiras formam-se do acúmulo de gelo que se

origina da deposição continua de neve sobre partes da su-

perfície dos continentes. As geleiras concentram cerca de

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três quartos da água doce existente no planeta que corres-

ponde a 77,2 % das águas continentais. As geleiras conti-

nentais recobrem a Antártica, no Pólo Sul, e a Groenlândia

no Circulo Polar Ártico. No Pólo Norte não há geleiras –

nessa região não existe continente - a massa de gelo flutua

sobre o Oceano Glacial Ártico. O Circulo Polar Ártico, a-

briga vários mamíferos terrestres, entre os quais: lebres,

roedores, raposas, lobos, ursos e manadas de caribús selva-

gens (Rangifer tarandus).

Apesar da maior parte da água doce de todo o mun-

do estar armazenada na camada de gelo da Antártica (com

até 4.800 m de espessura), o continente é também o mais

seco do mundo, porque a temperatura muito baixa limita a

humidade que o ar pode reter. Existem vales secos e únicos,

onde as rochas ficam expostas, não chove nunca, são os

locais mais secos do mundo. No inverno, sua superfície

gelada é duplicada pelo congelamento dos oceanos. As ca-

lotas polares são muito importantes para o equilíbrio ambi-

ental do planeta, pois interferem no nível dos oceanos.

Embora as condições ambientais sejam severas, vá-

rias espécies de animais se adaptaram ao clima rigoroso. A

Antártica possui uma rica fauna marinha que inclui focas,

elefantes-marinhos, baleias e diversas espécies de pingüins.

Vivem nos rochedos da costa multidões de pássaros mari-

nhos. A vida marinha prospera nas águas ricas em nutientes

em volta da Antártica. O fitoplancton é abundante, como o

pequeno “krill”, parecido com camarão, e que faz parte da

cadeia alimentar que inclui crustáceos, moluscos, peixes,

baleias, elefantes-marinhos, focas e golfinhos.

Em algumas poucas regiões o continente possui

uma cobertura vegetal rasteira composta por algas, liquens

e musgos.Prevalecem climas muito frios nas regiões pola-

res.Com temperaturas inferiores a O° Celsius no verão,

podendo alcançar 80º Celsius negativos no inverno.Por cau-

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sa do desvio do eixo da Terra, as regiões polares recebem

obliquamente os raios solares, e embora durante os meses

de verão não haja praticamente escuridão, há pouca radia-

ção solar, que não é suficiente para aquecer a superfície da

terra congelada.

O continente Antártico abriga o Pólo Geográfico

Sul, a 90° de latitude Sul, além do Pólo Magnético Sul, cuja

localização não é fixa. Oculta sob o gelo o lago Vostok, de

água doce, com 10.000 km² de extensão, o maior do mun-

do. Alguns dos picos mais altos da Antártica como o Erebus

(vulcão ativo, de 3734 m) e o Kirkpatrick (4530 m), se lo-

calizam nos Montes Transantárticos, um prolongamento

geológico da cordilheira dos Andes que percorre a faixa

centro-sul do continente antártico, dividindo-o em duas

partes. As montanhas Transantárticas, que formam um limi-

te entre a Antártica Oriental e Ocidental, são uma das maio-

res cadeias montanhosas do mundo.

A Península Antártica é uma cadeia de ilhas relacio-

nadas com a cordilheira dos Andes, geologicamente mais

nova, onde se encontram vários vulcões em atividade. Na

base das montanhas Transantârticas, em frente da Antártica

Ocidental, existe um cinturão de sedimentos dobrados, com

a idade de 65 milhões de anos. Nessa época uma série de

movimentos da crosta terrestre, acompanhou a atividade

vulcânica intensa e as erupções que ocorreram, podem estar

ligadas à formação das montanhas Transantárticas.

Geologicamente, a Antártica Oriental consiste, nu-

ma antiga crosta continental, que remonta a Era Arqueozói-

ca, quando fez parte do supercontinente Pangéia. Muitas

rochas e fósseis da Antártica são iguais aos encontrados nos

continentes que estavam unidos entre si. Na parte Oriental

destaca-se o monte Sör Rondane (3630 m) e Menzies (3355

m). A porção Ocidental também é formada por um planalto

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elevado, com picos que se erguem, no monte Sidley a 4141

metros de altitude, e no maciço Vinson a 5140 metros.

Na região existem estações de pesquisa de vários

países, ocupadas por cientistas. O clima severo não permite

que abriguem moradores permanentes. A temperatura chega

a 89,2° Celsius negativos, na estação Vostok. Ventos fortes

e gelados sopram continuamente de oeste para leste, sobre a

superfície da terra e dos mares que circundam a Antártica.

Vinte e sete países possuem bases de pesquisa científica no

continente antártico, entre os quais o Brasil, que desenvolve

atividades na Base Comandante Ferraz.

Em 1961, entrou em vigor o Tratado da Antártica,

que internacionalizou a região e regulamentou seu uso ex-

clusivamente para pesquisas com fins pacíficos. As ativida-

des humanas no continente restringem-se à pesca regula-

mentada desde 1982, e investigação científica. Foi desco-

berta pelos cientistas a maior depressão no continente antár-

tico, a Fossa Subglacial Bentley com 2538 m de profundi-

dade.

Page 352: BIG BANG, O COMEÇO DE TUDO. Desde os primórdios da civilização, o homem não se satisfaz em observar os eventos isolados e … · passageiros e voa a uma velocidade de 1.030 km

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