brasil de fato rj - 125
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RIO DE JANEIROM
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Divulgação
Ano 3 | edição 125
1 a 4 de outubro de 2015 distribuição gratuita
MAB realiza ato no Rio
Esportes | pág.11
Cidades | pág. 4
Negro, de família pobre, Eduardo Felipe Santos, de 17 anos, foi morto na última terça-feira (29) após uma operação policial na Providência. No sepultamento, ocorrido nesta quarta-feira (30), amigos e moradores da favela exigiam justiça.
Movimento reúne famílias em frente ao BNDES nesta quinta (1)
Samba-enredo de Tantinho foi desclassificado no último final de semana
Mangueira ainda define samba sobre Bethânia
Cultura | pág. 7
Familiares de menor morto na Providência exigem justiça
Skate pode ser esporte olímpico
Comitê organizador das Olimpíadas de
Tóquio indicou novas modalidades para 2020
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Vídeo divulgado nas redes sociais desmentiu a versão dos policiais da UPP, mostrando que os agentes forjaram a cena do crime. Segundo uma testemunha, o jovem foi executado por PMs quando já tinha se rendido. Cidades l pág. 5 C
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Frente Brasil Popular em defesa
da Petrobrás
No Rio, atividade acontecerá nesta sexta-feira (2) na Candelária
ENCARtE
Agência O Globo
O problema é social SIM!
O prefeito Eduardo Pa-es (PMDB) declarou recente-mente que o problema da vio-lência nas praias do Rio de Ja-neiro não é uma questão so-cial. Segundo ele, o problema é falta de autoridade. Falta de a polícia agir com mais ener-gia e repressão para elimi-nar o “problema”, investigan-do de perto os suspeitos. Será mesmo? Quem seriam então os tais suspeitos?
A primeira orientação é abordar jovens, sem cami-sa, vindos dos ônibus que saem da zona norte. Ou se-ja, se você é jovem, mora na zona norte e está com calor, ao ir à praia, se torna auto-maticamente... suspeito!
Sem contar com um deta-lhe. Sabemos que, se é jovem e tem a pele negra, a chance de ser considerado “suspei-to” se multiplica por mil.
A segunda é que os jovens que não pagarem a passa-gem devem ser retirados dos ônibus e mandados pra casa. Foi assim que encon-traram a forma mais efi-ciente de proibirem os po-bres de irem à praia. Essa forma de lazer se tornou as-sim um privilégio de quem possa pagar por ela.
Como se não bastasse, pretendem cortar o traje-
O que o prefeito não quer fazer é diminuir o preço das passagens, como milhões de jovens exigiram em 2013
EDItORIAL
Quinta-feira, 1 de outubro, Rio de Janeiro, Brasil
º C | F29Tempestades com raios isoladas
PREVISÃO DO tEMPO
EXPEDIENtE
Desde 1º de maio de 2013
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. O Brasil de Fato RJ circula todas as segundas e quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
CONSELHO EDITORIAL:Alexania Rossato,Antonio Neiva (in memoriam), Joaquín Piñero, Kleybson Andra-de, Mario Augusto Jakobskind, Nicolle Berti, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam)
EDIÇÃO:Vivian Virissimo (MTb 13.344)
SUB-EDIÇÃO:André Vieira e Fania Rodrigues
REPORTAGEM:Bruno Porpetta e Pedro Rafael Vilela
REVISÃO: Sheila Jacob
COLUNA SINDICAL: Claudia Santiago
FOTÓGRAFO: Stefano Figalo
ESTAGIÁRIO: Victor Ohana
ADMINISTRAÇÃO: Carla Guindani
DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade
DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga
TIRAGEM MENSAL: 200 mil exemplares
(21) 4062 [email protected]
está se acabando. Agora, se-rá “democrático” apenas para quem possa pagar.
POLÍtICAS PÚBLICASOra, se proibir um setor da população não é um proble-ma social, o que seria então? O que o prefeito não quer fa-zer é diminuir o preço das passagens, como milhões de jovens exigiram em 2013. O que ele não quer fazer é in-
to dos ônibus que vão da zona norte à zona sul. As-sim, será necessário pagar mais duas passagens se vo-cê quiser ir à praia. O que significa um custo de qua-se quinze reais apenas de transporte. Ou dá ou desce.
SEM LENÇOA terceira é pedir o docu-mento de identidade des-ses jovens. Sejamos hones-tos, quantos de nós não está acostumado a ir à praia sem documento? Desde quando foi necessário carregar iden-tidade pra poder ir à praia?
Um resumo: se você é po-bre, negro e mora na zona norte ou oeste está proibido de frequentar um dos luga-res de lazer mais importan-tes do Rio de Janeiro. A ideia de que as praias são um lo-cal “democrático” de lazer
vestir em políticas públicas e de lazer para a juventude e para o povo, diminuindo as-sim, de fato, o problema so-cial que gera a violência, os assaltos, os arrastões.
Assim, se vende uma ima-gem do Rio de Janeiro, a tal “cidade olímpica”. Com praias lindas, frequentadas por gente branca e rica. Aos pobres, mais “autoridade” e polícia. E nada mais.
2 | Opinião Rio de Janeiro, 1 a 4 de outubro de 2015
De acordo com o levanta-mento, o passeio em um cen-tro de compras ou supermer-cado na companhia dos filhos estimula ainda mais o consumo. Nes-sa situação, quatro em ca-da dez mães admitem gastar mais que o planeja-do. (Abr)
Divulgação
Emgepron demite em massa
A Emgepron (Empresa Gerencial de Projetos Na-vais), uma empresa públi-ca, demitiu cerca de 100 trabalhadores que atua-vam na Fábrica de Muni-ção, em Campo Grande, zona oeste do Rio, sob ale-gação de crise financeira. A maioria foi comunicada através de telegrama. Os trabalhadores reclamam ainda dos baixos salários e do piso abaixo do que manda o acordo coletivo. O Sindicato dos Metalúr-gicos do Rio luta para que se cumpra o acordo coleti-vo que reconheceu os tra-balhadores da empresa como sendo metalúrgicos.
SINDICALpor Claudia Santiago
Lula Marques
Cáritas RJ
Maioria das mães cede à vontade dos filhos na hora das compras
Seis em cada dez mães não resistem ao apelo dos filhos quando o assunto é com-prar, indica pesquisa do Serviço de Proteção ao Cré-dito (SPC) e da Confedera-ção Nacional de Dirigen-tes Lojistas (CNDL). O es-tudo observou a reação das mães, com filhos entre dois e 18 anos, na aquisição de produtos supérfluos, como brinquedos, roupas e doces.
O Flamengo mandou muito bem ao criar no úl-timo domingo (27) a torci-da Fla-Refugiados, que se tornou oficialmente em-baixada do clube. Antes do jogo, o presidente do time entregou uma camisa per-sonalizada e um diploma ao grupo de refugiados.
O senador mineiro Aécio Neves terá que se explicar porque usou mais verba pú-blica para vir ao Rio do que ir para Belo Horizonte, ca-pital do estado pelo qual é parlamentar. Parece até um quarto senador fluminense, mas a lei só permite três.
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FAVELA O cotidiano e a estrutura das favelas cariocas nos anos 60 podem ser conhecidos na exposição fotográfica “O Rio que se queria negar: as favelas do Rio de Janeiro no acervo de Anthony Leeds”, que ficará aberta até 10 de janeiro de 2016, no Museu da República, na zona sul do Rio.
disse o cantor Lulu Santos durante o Rock in Rio ao criticar a definição do conceito de família por uma Comissão da Câmara.
FGtS das domésticas
Os empregadores do-mésticos terão que re-colher, a partir de outu-bro, o Fundo de Garan-tia do Tempo de Servi-ço (FGTS) e outras obri-gações de seus emprega-dos. Para facilitar o reco-lhimento, a Receita Fe-deral oferecerá um siste-ma que permite o paga-mento das contribuições sociais em único boleto.
“Não se pode regulamentar o amor. Família é o que for do coração”,
FRASE DA SEMANA
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Geral | 3Rio de Janeiro, 1 a 4 de outubro de 2015
As atividades acontecerão na manhã de quinta-feira (1), quando famílias vindas de seis estados seguirão em mar-cha até o BNDES
Nós, feministas, defendemos que a maternidade não é uma obrigação nem um castigo
Na última segunda feira, dia 28 de setembro, ocupa-mos as ruas de todo o Bra-sil para exigir a legaliza-ção e descriminalização do aborto. Uma dessas ações ocorreu em Santana do Li-vramento (RS), reunindo mulheres brasileiras, uru-guaias e argentinas, como parte da 4ª Ação Interna-cional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM).
Denunciamos a atual legis-lação brasileira que crimina-liza as mulheres que preci-sam interromper a gravidez e reafirmamos que não va-mos tolerar perdas de di-reitos, como a aprovação do PL 5069/2013 do deputa-do Eduardo Cunha. Tal pro-posta tornaria crime a pres-tação de auxílio pelos pro-fissionais da saúde às mu-lheres que fizessem aborto, restringe o atendimento via SUS àquelas vítimas de vio-lência sexual, entre outras ações que objetiva o exter-mínio das mulheres.
MERCADO CLANDEStINOAtualmente podemos inter-romper uma gravidez pelo SUS quando é resultado de estupro, causa risco a vida da gestante ou quando o feto tem má-formação que não o deixa sobreviver depois que nasce. Esta política restriti-va fortalece o mercado das clínicas clandestinas que re-
OPINIÃO | Malu Azevedo
Interrupção voluntária da gravidez é um direito
alizam o abortamento me-diante o pagamento de va-lores altíssimos. Assim pro-duz-se a morte de mulhe-res, principalmente as mais pobres e negras, que não po-dem pagar pelo serviço.
Nós, feministas, defen-demos que a maternidade não é uma obrigação nem um castigo. Cabe ao Esta-do oferecer educação sexu-
al para prevenir a gravidez indesejada, acesso gratuito aos meios de contracepção e atendimento ginecológico para as mulheres. E cabe ao SUS realizar o abortamento seguro. Nossa luta pela des-criminalização é cotidiana e temos como proposta no Senado Federal a Sugestão Legislativa - SUG 15/2014, que consiste em aprovar a interrupção voluntária da gravidez até a 12ª semana de gestação. Seguiremos em Marcha Até que Todas Sejamos Livres!
Malu Azevedo da Marcha Mundial de Mulheres,
Núcleo Rosa dos Ventos - RJ
EBC Memória
O Brasil é o terceiro maior produtor de energia hidrelétri-ca do mundo, atrás apenas da China (1° lugar) e Canadá (2°). A importância das usinas hi-drelétricas para o país é inegá-vel, já que elas são responsáveis pela geração de 65,7% da ener-gia brasileira. Se por um lado a construção de novas usinas re-presenta o aumento na ofer-ta de energia, por outro essas obras geram impactos dire-tos às comunidades que vivem perto das hidrelétricas.
Nesta quinta-feira (1), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) reali-zará um conjunto de ativida-des em frente à sede do Ban-co Nacional do Desenvolvi-mento Econômico e Social (BNDES), no centro do Rio, cobrando ações do banco em relação às famílias que são impactadas pela cons-trução das hidrelétricas. O banco, que é público, é res-ponsável por grande parte do investimento na constru-ção das usinas.
hIDRELétRICAS“O BNDES financiou 148 hi-drelétricas entre 2002 e 2012, somando quase R$ 70 bi-lhões. Se por um lado existe todo o investimento nas cons-truções, por outro não exis-te uma política do banco pa-ra compensação ambiental nem para o desenvolvimento das famílias que são realoca-das”, critica Alexania Rossato, da coordenação do MAB.
Em 2014, o MAB se reuniu com a diretoria do BNDES
para apresentar um conjun-to de reivindicações. Apesar do compromisso do banco, elas não foram atendidas. En-
tre as demandas estão: cria-ção de um fundo de recursos para garantir o direito das fa-mílias; criação de programas
para recuperar e desenvolver as regiões atingidas; participa-ção na elaboração de propos-tas e gestão de recursos; cria-ção de condicionantes sociais, com a participação dos atin-gidos, para os novos financia-mentos de construções.
PROGRAMAÇÃOAs atividades acontecerão na manhã da quinta-feira (1). Fa-mílias vindas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná sairão da Praça Tiradentes, no centro do Rio, e seguirão em marcha até a sede do BNDES. Uma aula pública está programa-da e pela noite está prevista uma atividade cultural.
Famílias reivindicam ações do BNDES para compensar atingidos
Atingidos por barragens protestam no BNDESCom participação de seis estados, atividade cobra ações em benefício das famílias impactadas
André Vieirado Rio de Janeiro (RJ)
4 | Cidades Rio de Janeiro, 1 a 4 de outubro de 2015
André Vieirado Rio de Janeiro (RJ)
Uma testemunha afirmou que o jovem foi executado por Policiais Militares quando já tinha se rendido.
A primeira favela do Rio de Janeiro, o Morro da Provi-dência, enterrou nesta quar-ta-feira (30) mais um de seus filhos vítimas da violência policial. Negro, de família pobre, Eduardo Felipe San-tos, de 17 anos, foi morto na última terça-feira (29) após uma operação da Polícia Mi-litar na Providência. No se-pultamento, ocorrido no Ce-mitério São João Batista, zo-na sul do Rio, amigos e mora-dores da favela em que mora-va Eduardo exigiam justiça.
O caso de Eduardo pode-ria ser mais um a figurar nos dados de auto de resistên-cia, quando em uma opera-ção a polícia mata em legí-tima defesa. Mas um vídeo divulgado nas redes sociais desmentiu a versão dos PMs da Unidade de Polícia Paci-ficadora (UPP) da Providên-cia, mostrando que os agen-tes forjaram a cena do cri-me. As acusações não pa-ram por aí. Em entrevista ao telejornal RJTV, uma tes-temunha afirmou que o jo-vem foi executado por Poli-ciais Militares quando já ti-nha se rendido. Eduardo é acusado de ser vendedor de varejo de drogas.
FALtA DE OPORtUNIDADESAmiga da família de Eduar-do, a corretora de planos de saúde Railda França contou que a família estava tentan-do tirar o jovem do trabalho ilegal. Para ela, além de as-
UPP da Providência: indignação marca enterro de jovemPoliciais desrespeitaram lei ao forjar auto de resistência
sassinar Eduardo, o Estado tem culpa ao não criar polí-ticas públicas que verdadei-ramente atendam às favelas. “Nossos filhos estão expostos aos marginais devido à ca-
rência da comunidade. O go-verno está tirando educação, alimentação, saúde, tudo is-so vai por água abaixo. E as crianças ficam aí sem nada. Com isso, o tráfico aprovei-ta os jovens e buscam aqueles que estão na rua, infelizmen-te”, conta Railda, acrescen-tando que é preciso reformu-lar o projeto de segurança pú-blica para as favelas.
No final da tarde desta quarta (30), familiares do jo-vem assassinado divulga-ram uma carta cobrando que
os PMs envolvidos no cri-me “sejam devidamente jul-gados e punidos por esse ato desumano, pois sabemos que existem sim bons policiais e que não devemos generali-zar”. Para eles, dentro de um Estado Democrático de Di-reito é incabível “agentes pú-blicos, que deveriam ‘prote-
ger e servir’, punirem com a morte, fraudando e desres-peitando a lei que deveriam exemplarmente respeitar”.
PM ENVOLVIDO COM OUtROS CRIMESAmigo de infância de Edu-ardo Felipe, outro morador do Morro da Providência,
que preferiu não se identifi-car, afirmou que um dos po-liciais envolvidos na opera-ção, identificado por ele co-mo Paulo, já praticou outros assassinatos na favela. “Ele já matou três inocentes, este é o quarto. Ele pega, sai pra matar e não dá direito de de-fesa pra ninguém. Os outros policiais vão atrás do que ele faz, porque todo mundo tem medo dele”, denuncia.
Também na tarde desta quarta-feira o Tribunal de Justiça decretou a prisão preventiva dos cinco poli-ciais militares acusados de modificar a cena do crime. Eles estavam presos admi-nistrativamente desde a úl-tima terça-feira (29), dia em que ocorreu o assassinato. O governador Luiz Fernan-do Pezão falou pela primei-ra vez sobre o caso e con-siderou abominável a ação dos PMs de alterar a cena do crime.
Eduardo Felipe foi enterrado com familiares
pedindo justiça.
Agência O Globo
Cidades | 5Rio de Janeiro, 1 a 4 de outubro de 2015
BRASIL distribuição gratuita
Mudança na lei coloca pré-sal em risco
A Frente Brasil Popular, que reúne movimentos populares, sindi-catos, partidos e intelectuais, sairá às ruas nos dias 2 e 3 de ou-tubro. A primeira mobilização da Frente será realizada no dia do aniversário da Petrobrás. Nosso compromisso é defender a es-
Petroleiros denunciam interesses do senador José Serra (PSDB-SP) Pág. 3
Presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) manobra e burla legislação. Pág. 4
Pedidos de impeachment “pulam a cerca” da Constituição
Frente Brasil Popular sai às ruas pela Petrobrás e contra o ajuste
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Tomaz Silva / Agência Brasil
tatal, a democracia e lutar por uma outra política econômica. O povo brasileiro sabe que é fácil sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho. Mas sabe, também, que sonho que se sonha junto pode se tornar realidade. Vem com a gente! Página 2
Ano 1 | Edição Especial
AtO NO RIOSexta-feira, 2/10Candelária, 15h
Em defesa da democracia, da Petrobrás e contra o ajuste fiscalMovimentos lançam a Frente Brasil Popular como instrumento de mobilização e programático
Vivemos um momento de crise. Crise internacional do capitalismo, crise econômi-ca e política em vários paí-ses e no Brasil. Correm gra-ves perigos os direitos e as aspirações fundamentais do povo brasileiro: ao emprego, ao bem-estar social, às liber-dades democráticas, à sobe-rania nacional, à integração com os países vizinhos.
Diante deste cenário, no último dia 5 de setembro, em Belo Horizonte, mais de 2,1 mil militantes de 21 estados e do Distrito Federal lança-ram a Frente Brasil Popular que reúne movimentos po-pulares, sindicatos, partidos políticos e intelectuais.
Esta Frente representa, aci-ma de tudo, uma tentativa da esquerda responder, da forma mais unitária possível, à ofen-siva conservadora em curso.
CONtRA O GOLPISMO E O AJUStE FISCALNão se trata de uma aliança de apoio ao governo da presi-dente Dilma Rousseff, ainda que um de seus compromis-sos seja a defesa da legalida-de democrática e do manda-to sacramentado pelas urnas.
A outra linha de atuação da FBP é o combate à políti-ca econômica adotada pelo governo depois da reeleição: o chamado ajuste fiscal.
A Frente luta simultane-amente contra o golpismo, representado pelos setores mais conservadores, e con-tra o sequestro da agenda governamental pelos inte-resses do capital financeiro.
Sem propósitos eleitorais, a Frente é um instrumento de mobilização aberta a to-das as correntes democráti-cas e de esquerda.
SONHO QUE SE
REALIDADESONHA JUNTO VIRA
Lydiane Ponciano
taxar os ricos: a saída para a crise econômica
Sairemos às ruas nos dias 2 e 3 de outubro, aniversário da
Petrobrás, para realizarmos nossa primeira mobilização em defesa da estatal, da democracia e por uma outra política econômica.
há no Brasil uma grande injustiça tributária. Quem paga muitos impos-tos são os pobres, os trabalhadores e a classe média
OPINIÃO | João Sicsú*
Mês após mês o desem-prego sobe. E o rendimento médio real dos trabalhado-res nas seis grandes regiões metropolitanas pesquisa-das pelo IBGE recuou 5% em relação a maio de 2014.
O nível de desemprego ainda não é alarmante. Mas a trajetória crescente é desesperadora. Já foram fechados mais de 278 mil postos de trabalho com carteira assinada de ja-neiro a maio.
No Brasil da última déca-da, o mais importante ins-trumento de inclusão so-
cial foi o acesso ao trabalho com carteira assinada que concede direitos, como férias, 13º salário. Oferece, além dis-so, a possibilidade de crédito.
A atual exclusão social de-corrente do desemprego é resultado da política de aus-teridade do governo, o cha-mado ajuste fiscal que dese-ja reduzir o déficit nas con-tas públicas cortando gastos e direitos trabalhistas e so-ciais. Sim, é preciso reduzir o déficit do ano passado que foi de 6,7% do PIB. Tal déficit não foi produzido por uma “gastança” pública dirigida
a programas sociais. Foi pro-duzido devido à baixa arre-cadação, já que o crescimen-
sários e rentistas. Aos empre-sários, foi feita uma transfe-rência, na forma de desone-rações, de mais de R$ 100 bi-lhões (2,1% do PIB). Ao ren-tistas, foram pagos mais de R$ 300 bilhões (6,1% do PIB).
É preciso gastar certo e com qualidade. Gastos pú-blicos com pagamentos de juros e desonerações não ge-ram empregos. É preciso re-alizar obras na construção civil, que geram muitos em-pregos: ampliar o Minha Ca-sa, Minha Vida, construir es-colas, hospitais... É uma es-colha política de projeto.
Há no Brasil uma grande injustiça tributária. Quem paga muitos impostos são os pobres, os trabalhadores e a classe média. Quem não pa-ga ou é aliviado são os ricos. Uma reforma que faça jus-tiça seria uma fonte imen-sa de recursos para garantir empregos e financiar os gas-tos públicos de um modelo de contínuo crescimento.
*Professor de Economia da UFRJ, foi diretor
de Estudos e Políticas Macroeconômicas do IPEA
durante o governo Lula
to econômico foi pífio, e de-vido aos gastos do governo feitos para beneficiar empre-
2 | Especial Frente Brasil Popular
Segundo o último ba-lanço divulgado pela Pe-trobrás, no primeiro se-mestre de 2015 a empresa aumentou em 9% a produ-ção de barris de petróleo. Mesmo com a queda do valor do barril e com a cri-se internacional, a estatal brasileira também seguiu gerando lucro. O acumu-lado deste ano do lucro lí-quido é de R$ 5,86 bilhões.
As riquezas que a estatal produz representam 13% do Produto Interno Bru-to (PIB), gerando milhões de empregos no país e 42% de todos os investimentos da indústria nacional. Is-
Mudar lei do pré-sal prejudica o paísAlteração na legislação poderá comprometer investimentos em saúde e educação
Há nove anos, a Petrobrás descobriu o pré-sal e já pro-duz mais de 800 mil bar-ris diários de petróleo nes-
Campanha quer enfraquecer PetrobrásPetroleiro critica casos de corrupção na estatal e a cobertura da mídia
Os recentes escândalos de corrupção que envolvem a Pe-trobrás estão sendo utilizados como um dos argumentos por aqueles que defendem sua pri-vatização. “Tudo que sai na mí-dia sobre a Petrobrás é negati-vo, como se ela fosse culpada e não vítima das denúncias de corrupção. É uma campanha para enfraquecer a empresa, movida pelos mesmos setores que tentam há anos privatizá-la e agora querem abocanhar também o pré-sal”, declara Jo-sé Maria Rangel, coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Ele ressalta que a Petrobrás e seus trabalhadores não po-dem ser criminalizados pelos erros de alguns gestores inves-tigados pela Operação Lava Ja-to. “Aqueles que praticaram atos de corrupção na empre-sa já estão sendo investigados.
Dados mostram aumento da produção de barris no primeiro semestre de 2015
Produção de petróleo aumentou 9%
so tudo só foi possível por-que nos últimos anos, o governo brasileiro recu-perou e fortaleceu a em-presa, com investimen-tos estratégicos, como na área de Exploração e Pro-dução, que saltaram de 3,6 bilhões de dólares, em 2002, para 27,7 bilhões de dólares, em 2013. O resul-tado é que a Petrobrás do-brou a produção de óleo e gás, descobriu o pré-sal e hoje já tem reservas provadas de 16,612 bilhões de barris de petróleo e pe-lo menos outros 22 bilhões que ainda aguardam decla-ração de comercialidade.
O que não podemos aceitar é que a mídia se aproveite disso para atacar dia e noite a Petro-brás, passando a impressão de que ela está na bancarrota. Isso é mentira. A empresa tem bati-do recordes que nunca são no-ticiados”, explica o petroleiro.
sa região. O Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial das maiores des-cobertas de petróleo. Toda essa riqueza, que hoje per-tence aos brasileiros e bra-sileiras, está ameaçada.
O Projeto de Lei 131/2015, de autoria do senador Jo-sé Serra (PSDB/SP), quer ti-rar da Petrobrás a função de operadora única do pré-sal.
Isso significaria tirar o pe-tróleo brasileiro do controle do Estado, ou seja, concedê-lo para empresas privadas e estrangeiras.
Na Câmara dos Deputa-
dos, outros dois Projetos de Lei do PSDB visam acabar com o regime de partilha e também com o Fundo Social Soberano que prevê recursos para saúde e em educação.
“Mexer no sistema de parti-lha é retirar do povo a garan-tia de que a riqueza produzi-da pelo pré-sal seja investida no Brasil”, alerta a Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Especial Frente Brasil Popular | 3
No último dia 24/09, a pre-sidente Dilma Rousseff ve-tou trechos da reforma po-lítica aprovada na Câma-ra dos Deputados, que con-sagrava as doações de em-presas a políticos e partidos, considerada um dos princi-pais fatores da corrupção.
A atitude acompanhou a votação do Supremo Tri-bunal Federal (STF), que nos dias 16 e 17/09, con-cluiu o julgamento da ADI (ação direta de inconsti-tucionalidade) sobre o fi-nanciamento empresarial das campanhas e dos par-tidos. Os resultados repre-sentaram uma vitória de diversos movimentos po-pulares, que há tempos defendiam a proibição do financiamento empresa-rial das campanhas
PEC DA CORRUPÇÃOA decisão aconteceu 17 me-ses depois do Ministro Gil-mar Mendes ter pedido vis-tas do processo, numa estra-tégia combinada com os seg-mentos favoráveis ao finan-ciamento empresarial, pa-ra que desse tempo de votar no Congresso uma PEC 330 (chamada PEC da Corrup-ção), para constitucionalizar este tipo de financiamento.
A PEC 330 foi aprovada na Câmara dos Deputados após manobras do grupo do presidente da casa, Edu-ardo Cunha (PMDB-RJ), e encaminhada para apre-ciação no Senado, que ain-da não votou a proposta. Por não ter veto presiden-cial, a PEC poderia invali-dar a decisão do STF.
“Estão querendo ‘pular a cerca’ da Constituição”, diz advogado sobre pedidos de impeachmentJurista diz que não há hipótese legal para o impedimento
Dilma foi reeleita com cerca de 52% dos votos em outubro de 2014. Após o iní-cio do segundo mandato, parte daqueles que se opõe ao seu governo passou a de-fender a ideia de que a pre-sidenta deveria sofrer um processo de impeachment.
Parlamentares oposicionis-tas criaram um movimen-to a favor do impedimento de Dilma no dia 10 de setembro. Em resposta, PT, PSD, PC do B, PMDB e PP criaram uma frente contra o processo de impeachment e, numa reu-nião com a presidenta, decla-raram seu apoio.
Treze pedidos de abertu-ra de impeachment já fo-ram entregues ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ao contrário do que a legislação prevê nos casos de tramitação de im-peachment, Cunha devol-veu os pedidos aos seus au-tores para que corrijam os erros presentes nas peti-ções. Normalmente, tais do-cumentos seriam rejeita-dos. Além disso, no dia 23 de setembro, o pemedebis-ta estabeleceu o trâmite pa-ra o processamento dos pe-didos, demonstrando que, ao menos, quer deixar aber-ta a possibilidade de colocá-los em votação. Especialis-tas apontam que essa movi-mentação faz parte de uma articulação entre forças conservadoras que tentam nas ruas, nas redes sociais e na mídia privada, influen-ciar a opinião pública a fa-vor de um ‘golpe branco’ via impeachment no Congresso
VALIDADEA Constituição prevê o impe-achment nos casos em que o presidente cometa crimes de responsabilidade, ou seja, rea-lizados por agente político du-rante o exercício de seu man-dato. Como não existe nenhu-ma acusação contra Dilma, especialistas contestam a va-lidade e legalidade dos pedi-dos de impeachment.
Luiz Carlos Bresser-Perei-ra, economista e fundador do PSDB, acusa seu ex-partido de se aliar com corruptos pa-ra fazer oposição à presidenta Dilma. “Os guardiões da éti-ca na política procuram der-rubar uma presidente cuja honestidade é evidente alian-do-se ao que é evidentemen-te corrupto”, afirmou. Bresser fazia referência específica à articulação dos tucanos com Eduardo Cunha.
Há diversos interesses polí-ticos por trás de um pedido de impeachment que, somados à crise econômica, aumentam
a pressão contra o governo. É essa a opinião de Armando Boito Jr., professor titular de Ciência Política da Unicamp
“A direita econômica, re-presentante do capital na-cional e internacional espe-culativo, não está satisfei-ta com o ajuste que o gover-no Dilma vem fazendo. Por tudo isso, o impeachment é possível. Muitas empresas estrangeiras estão de olho gordo no Pré-Sal e o PSDB, um dos partidos mais inte-ressados no impeachment, trabalha para entregar o Pré-Sal e privatiza a Petrobras”, analisa Boito.
O advogado Igor Sant’Anna Tamasauskas aponta que, do ponto de vista jurídico, não há nenhuma possibilidade de um impeachment con-tra a presidenta Dilma nesse momento. Ele chama a mo-vimentação dos deputados de “ataque à democracia”. “Estão querendo pular a cer-ca da Constituição”, acusa.
Lula Marques
Para juristas, pedidos de
impeachment contra Dilma não
se sustentam
Luta pela reforma política está longe do fimPEC da corrupção pode reverter decisão do STF e veto de Dilma sobre financiamento privado de campanha
As 10 maiores doadoras elegeram 70% da Câmara dos Deputados
Por anos, o Congresso Na-cional se recusou a votar qual-quer alteração substancial so-bre a reforma do sistema polí-tico. No entanto, os diferentes movimentos e campanhas da sociedade civil a favor do tema fez com que, este ano, as casas resolvessem votar, porém, de forma distorcida.
PODER ECONÔMICOAs decisões no STF e o veto de Dilma, porém, reabrem a pos-sibilidade do povo brasilei-ro voltar a lutar por uma ver-dadeira reforma política, com ampla participação popu-lar, quer seja pelo caminho do Projeto de Lei de Iniciativa Po-pular, encaminhado ao Con-gresso pela Coalizão Demo-crática por Eleições Limpas, li-derado por OAB, CNBB e UNE, quer seja pressionando por um Plebiscito Oficial que convo-que uma Constituinte Exclusi-va para fazer a Reforma do Sis-tema Político, permitindo com que o povo possa participar de forma mais direta e soberana das decisões políticas do país.
Financiamento privado Eleições 2014
R$ 154,2 milhõesfoi a soma das 20 maiores doação de empresas
4 | Especial Frente Brasil Popular
Confesso que estava na torcida pela composição de tantinho e sua turma
No último sábado (26), na semifinal da escolha do samba-enredo da Estação Primeira, a composição da parceria liderada por Tan-tinho da Mangueira aca-bou eliminada da dispu-ta. Particularmente, con-siderei uma lástima, pois Tantinho e seus parceiros compuseram um samba que honraria as melhores tradições da Verde e Rosa. Um samba que tem a ca-ra da Mangueira, para ho-menagear a baiana Maria Bethânia, e que possui ele-mentos que poderiam le-var a escola a voltar a so-nhar com o título, que não vem desde 2002.
É bem verdade que a sa-fra da Mangueira este ano é muito boa, e belos sam-bas ainda permanecem na disputa. A parceria de Le-quinho, mais uma vez, des-ponta como favorita. Mas confesso que estava na tor-cida pela composição de Tantinho e sua turma. Já que não deu, resolvi fazer essa coluna de hoje em ho-menagem a esse baluarte da Mangueira.
PARtIDO-ALtONascido em 1947 no morro da Mangueira, na Favela de Santo Antônio, Devani Ferreira, ou simplesmen-te Tantinho, tornou-se fre-
NA CADÊNCIA | Diogo Coelho
Mangueira: cai o samba de tantinho
quentador assíduo das ro-das de partido-alto no Bu-raco Quente, Chalé e Três Tombos, favelas que tam-bém integram o morro. Lá conviveu desde pequeno com lendas como Cartola, Nelson Cavaquinho, Dona Neuma, Padeirinho, Nel-son Sargento, Carlos Ca-chaça e Jorge Zagaia.
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AGENDA DA SEMANA
O quê: O longa-metragem conta a história de Alphaville, cidade comandada pelo computador Alpha 60, que aboliu os sentimentos em todos os seus habitantes. Onde: Sala de Cultura da UFRRJ – BR 465, km 7, Seropédica.Quando: Quinta (1), às 19h.Quanto: 0800
O quê: A exposição apresenta 185 objetos do acervo do Museu Nacional, trazidos da África entre 1810 e 1940, e outros que pertenceram ou foram produzidos por africanos e descendentes diretos no Brasil, entre 1880 e 1950. Onde: Museu Nacional – Quinta da Boa Vista, São Cristóvão.Quando: Dom, ter, qua, qui, sex e sáb, das 10h às 17h | seg, das 12h às 17hQuanto: 0800
O quê: Mostra reúne obras de artistas de gerações e linguagens diferentes que formam uma síntese da arte brasileira do século XX.Onde: Espaço Cultural Correios de Niterói - Av. Visconde do Rio Branco 481, Centro, Niterói.Quando: De seg a sáb, 10h às 19h.Quanto: 0800
O quê: 60 fotos de favelas cariocas da década de 1960 retratam o ponto de vista do antropólogo norte-americano Anthony Leeds.Onde: Museu da República – Rua do Catete, 153, Catete.Quando: De ter a sex, 10h às 17h. Sáb e dom, 11h às 18h. Quanto: 0800
O quê: O cantor Arnaldo Antunes apresenta ao público um show mais intimista, com apenas dois músicos, violões, guitarras, teclados e sanfona.Onde: Teatro Sesc Nova Iguaçu – Rua Dom Adriano Hipólito, 10.Quando: Sexta (2), às 20h.Quanto: R$ 10 (R$ 5 meia)
O quê: Misturando comédia, drama e música, o espetáculo narra os acontecimentos que antecedem e originam a famosa Guerra de Troia.Onde: Casa de Cultura de Nova Iguaçu – Rua Getúlio Vargas, no 51, Centro de Nova Iguaçu.Quando: Sexta (2), às 20h.Quanto: 0800
A Ilíada
Alphaville
Arnaldo Antunes
Visões cotidianas do Brasil moderno
O Rio que se queria negar
Kumbukumbu – África, Memória e Patrimônio
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Tantinho trabalhou co-mo office-boy, laboratoris-ta e também numa agência de publicidade, além da Fu-narte, onde se aposentou. Mas sua paixão é o samba, e imortalizou-se como com-positor de obras da estirpe de “Candongueiro” e “Vem rompendo o dia”.
VERDE E ROSAÉ uma pena que não te-nha conseguido este ano acrescentar em seu currí-culo a autoria do hino da Verde e Rosa. Mas, como canta Wanderley Montei-ro, “samba-enredo só ga-nha um”. Perdeu a Man-gueira, perdemos nós.
Samba da Mangueira vai homenagear a baiana Maria Bethânia
Cultura | 7Rio de Janeiro, 1 a 4 de outubro de 2015
Movimentando cifras milionárias, que eu não me atrevo a escrever aqui, o Rock in Rio, evento tra-dicional do Rio de Janeiro, tem também patrocinado-res tradicionais que fazem a festa acontecer.
As empresas que finan-ciam esse tipo de evento descontam parte do que pa-garam para o evento na ho-ra de pagar os seus impos-tos. Ou seja, fazem a festa com o dinheiro público.
Em minha opinião, es-se negócio, por mais que seja feito dentro da legali-dade, não tem nada de le-gal. Na Constituição está escrito que é dever do Es-tado financiar, proteger e fomentar toda e qualquer cultura. Mas com essas regras isso não acontece.
FEStA SEM POVOO Rock in Rio, por mais que seja uma festa particular do Medina com os seus fami-liares e amigos patrocina-dores, é feito com dinheiro de todos nós, por isso teria que ter uma função pública. Mas o povo não chega nem perto da festa, nem mesmo os taxistas ganham dinhei-
A FIM DE PAPO | Mc LeonardoCarmen Diniz
O bloqueio contra Cuba foi imposto pelo governo dos EUA em 1962. Todo o comér-cio entre os dois países foi proibido. No ano seguinte fo-ram proibidas as viagens de cidadãos estadunidenses a Cuba. Os sucessivos gover-nos estadunidenses aprova-ram leis e normas para tor-nar cada vez mais severas as restrições contra Cuba.
Em 1992 surge a primeira lei aprovada pelo Congres-so daquele país, a “Lei pa-ra a democracia Cubana” ou “Lei Torricelli”, que tinha por pretexto “a segurança nacio-nal dos EUA” e a “promoção dos direitos humanos e pela democracia em Cuba“. A lei reunia todas as medidas con-tra Cuba com a finalidade de isolar o país da comunidade internacional.
SOBERANIAEsta norma acaba por inva-dir a soberania de terceiros países ao proibir subsidiá-rias de empresas estaduni-denses estabelecidas em ou-tros países de comerciali-zar com Cuba. Assim como a proibição de navio de qual-quer nacionalidade de atra-car em território dos EUA se anteriormente houvesse co-mercializado em qualquer porto cubano dentro do perí-odo de seis meses.
Em 1996 o congresso norte-americano promulgou a “Lei para a Liberdade e Solidarie-dade Democrática Cubana” ou Lei Helms-Burton, que reuniu todas as normas e de-mais legislações contra Cuba desde 1962.
De acordo com normas in-
Os prejuízos eco-nômicos e huma-nos são enormes. Um verdadeiro genocídio. Desde 1992 a ONU vota contra o bloqueio
O Rock in Rio é feito com dinheiro de todos nós, por isso teria que ter uma função pública
Entenda como funciona o bloqueio dos EUA contra Cuba
RIR Duro!!!
do realizado legitimamente. Cuba não é devedora dos
EUA. Não cometeu delito con-tra os EUA. E sofre este ver-dadeiro genocídio há mais de cinco décadas. Os prejuí-zos econômicos e humanos são enormes. Um verdadei-ro genocídio. Desde 1992 a ONU vota contra o bloqueio. De 191 países, na última vota-ção (2014), 188 votaram pelo fim desta inexplicável sanção aplicada a um país que man-tém, apesar de tudo, solida-riedade pelas demais nações.
Carmen Diniz é do Comitê Carioca de
Solidariedade a Cuba
Mais informações: face-book.com/comitecuba
ro com o Rock in Rio.Por outro lado, vemos
o Rio Parada Funk, que já vai pra a sua sexta edição, penar para ter o simples aval dos órgãos públicos para ser realizado, mes-mo já estando no calen-dário cultural da cidade. Vai entender...
ternacionais, o que o governo estadunidense aplica a Cuba é um bloqueio criminoso com a finalidade de isolar e asfixiar todo um povo sem que se te-
Rock in Rio movimenta cifras milionárias com dinheiro público
Alexandre Macieira / Rio Tur
Talvez seja porque é um evento feito pelo povo ao ar livre e de graça para o próprio povo que precisa ter sua verdadeira cultu-ra fomentada.
OUtRAS REGRASOu lutamos para que as regras sejam mudadas ou iremos ter que aturar por muitos e muitos anos es-sa lógica desigual de fo-mento à cultura. Deve ser por isso que a sigla do Ro-ck in Rio é RIR...
nha uma guerra declarada. Falamos de embargo quando um país, de forma judicial, re-tém bens daquele para garan-tir o cumprimento de um acor-
Opinião | 9Rio de Janeiro, 1 a 4 de outubro de 2015
Equador vai rever a taxação de heranças
Em agosto, o governo do presidente Rafael Correa enfrentou protestos dos se-tores conservadores, que são contra a lei que cria im-posto sobre grandes heran-ças. O governo argumenta que o objetivo é atingir os mais ricos e gerar redis-tribuição de renda.
Como resposta às ruas, Correa designou o minis-tro das Relações Exterio-res do país, Ricardo Pa-tiño, para coordenar um diálogo amplo com a so-ciedade e opositores. E re-tirou do Congresso os pro-jetos de lei para acabar com a especulação imo-biliária e de taxação de grandes heranças, prome-tendo reformular as bases desta medida. (Abr)
EM FOCO
Agência Andina
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FRANÇA Paris sem carro – No último sábado (26) a capital francesa proibiu a circulação de carros e viveu um dia excepcional. As ruas foram tomadas por pedestres e ciclistas.
A coalizão dos partidos se-paratistas do Estado Espa-nhol da Catalunha conquis-taram a maioria das cadeiras no Parlamento regional, nas eleições do último domingo (27). O resultado já é consi-derado um passo importante em direção à separação defi-nitiva da Espanha.
Entretanto, o Partido Po-pular (PP), do presidente Mariano Rajoy, garantiu que o governo “não vai permitir” que se continue o processo de independência, apesar da
Separatistas vencem eleições na Catalunha
Centenas comemoram resultados das eleições na Catalunha
vitória dos independentistas.Com uma taxa de partici-
pação histórica de 77%, a co-alizão Junts pel Sí (Juntos pe-lo Sim), integrada pelo par-tido liberal de Mas (CDC), a progressista ERC e associa-ções civis, obteve 62 das 135 cadeiras da câmara regional.
Líder dos independentistas, Raul Romeva informou que a vitória dessa coligação sig-nifica que seu grupo obteve o “mandato democrático” para prosseguir com o projeto da in-dependência da região. (Abr)
Coligação Juntos pelo Sim
Os britânicos estão cada vez mais a favor da saída da Grã-Bretanha da União Eu-ropeia, de acordo com nova pesquisa publicada essa se-mana no jornal The Times.
O levantamento, feito pela empresa YouGov para o jor-nal, indica que 40% dos entre-vistados preferem sair do blo-co europeu, enquanto 38% defendem a permanência.
O estudo mostra também
que a última vez que os de-fensores da saída da UE esti-veram à frente nas pesquisas foi em novembro de 2014.
Em junho deste ano, um le-vantamento registrou vanta-gem de dez pontos dos que preferem ficar na União Eu-ropeia. “Contudo, a opinião pública parece ter mudado de ideia depois de um verão mar-cado pela crise dos refugia-dos”, destaca o The Times. (Abr)
Primeiro ministro David Cameron pode convocar referendo
Reino Unido quer sair da União Europeia
Ricardo Patiño
10 | Mundo Rio de Janeiro, 1 a 4 de outubro de 2015
Michel Platini também ganhou motivos para ar-regalar os olhos, com seu nome citado como des-tinatário de par-te da bufunfa
tOQUES CURtOS | Bruno Porpetta
Óleo de perobaFernando Frazão / Agência Brasil
Gaspar Nóbrega
Brasil vai à forra
A seleção brasileira de judô “vingou” a de fute-bol ao “golear” a Alema-nha, no Teatro da Barra, no Rio de Janeiro, no de-safio internacional entre os dois países, no últi-mo domingo (27). Foram cinco lutas, todas venci-das pelos brasileiros.
Luciano Corrêa, Rafae-la Silva, Leandro Guilhei-ro, Maria Portela e Felipe Kitadai foram os respon-sáveis pela forra brasilei-ra contra Daniel Herbst, Jacquelin Lisson, Benja-min Muennich, Mirian Butkereit e Philip Graf, respectivamente.
BINÓCULO
Se você acha que a polí-tica é um meio sujo, você ainda não conhece o mun-do do futebol.
Sobre a política ainda é possível exercer algum con-trole público, existem ins-trumentos e mecanismos de defesa do interesse co-letivo. Por mais que lhe ne-guem acesso cada vez mais, algum acesso você tem.
É possível que a real in-tenção das investigações to-cadas conjuntamente pelo FBI e a justiça suíça não se-ja das mais nobres, mas elas estão provocando um estra-go danado ao que parecia um eterno sossego destes aproveitadores do futebol.
Joseph Blatter, que a princípio não larga o os-so até fevereiro de 2016, es-tá na mira dos suíços. Seu provável substituto, Michel Platini, também ganhou motivos para arregalar os olhos, com seu nome cita-do como destinatário de parte da bufunfa.
Enquanto isso, Zico não consegue míseras cinco cartas de recomendação para seguir adiante em sua candidatura à presidência da FIFA. Ele pode não ser santo, mas decididamente não faz parte do esquema.
A barbárie no mundo do futebol é tamanha que, diante das investigações so-bre um suposto calote em impostos dado por Neymar aqui no Brasil, o empresário do atleta “recomenda” pu-blicamente que o pai – aque-le que levou a comissão mais gorda da história por uma transação de jogador – tire seu dinheiro do país e o leve para paraísos fiscais.
É o espírito olímpico da ca-ra de pau, superando limites.
As críticas da Federação In-ternacional de Natação (FI-NA) às instalações olímpicas do Rio de Janeiro ganharam um aliado de peso. A Federa-ção de Esportes Aquáticos dos EUA (USAS, sigla em inglês) divulgou um documento em que reafirma as preocupações da entidade internacional.
Além de questionar a ca-
Pressão aumenta, mas COI confia no diálogo
Federação de Esportes Aquáticos dos EUA endossa críticas da FINA
pacidade da piscina olímpi-ca e das arquibancadas, am-bas criticaram duramente o Parque Aquático Maria Lenk. Defendem a ideia de se insta-lar uma cobertura no local, para que não haja incidência de vento nas provas de saltos ornamentais, nado sincroni-zado e polo aquático.
O presidente do COI, Tho-mas Bach, disse em entrevis-ta ao canal Sportv que acre-dita em uma solução nego-ciada entre Prefeitura, FI-NA e Comitê Organizador do Rio 2016. (BP)
Thomas Bach acredita em um entendimento sobre os esportes aquáticos
Nesta segunda-feira (28), saiu a lista de esportes indica-dos pela organização dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.
São cinco modalidades que o Comitê levará para aprecia-ção do Comitê Olímpico Inter-nacional (COI) e poderão in-tegrar o programa olímpico a
tóquio anuncia esportes candidatos para 2020Comitê Organizador de Tóquio 2020 divulgou lista nesta segunda-feira (28)
partir da Olimpíada japonesa.Os esportes indicados pe-
lo Comitê Organizador dos Jogos são o surfe, skatebo-ard, softbol/beisebol (con-tado conjuntamente), esca-lada e caratê.
As modalidades apreciadas pela organização que não fi-
No futebol, tal como no tráfico de drogas, armas, contrabando e quaisquer atividades criminosas em todo o mundo, existe uma estrutura paralela ao “nos-so mundo” onde rola mui-ta grana.
Esse dinheiro você não sabe de onde vem, tam-pouco sabe para onde vai. Mas, por onde pas-sa, vai enriquecendo diri-gentes e empresários que se valem da nossa paixão pelo esporte.
Michel Platini é favorito nas eleições da FIFA. Mais do mesmo
UEFA
guraram na lista final são o boliche, squash e wushu (arte marcial similar ao kung-fu).
A decisão do COI sobre as modalidades que passa-rão a fazer parte do progra-ma olímpico sairá em agos-to de 2016, durante os Jogos do Rio. (BP)
Esportes | 11Rio de Janeiro, 1 a 4 de outubro de 2015
12 | Esportes
Vasco empata e São Paulo avança
Flu garante vaga heroica em Porto Alegre
CR7 alcança a marca de 501 gols O craque português Cris-
tiano Ronaldo, após passar três jogos em branco, en-fim conseguiu marcar o gol de número 500 na carreira. Não satisfeito, fez dois no jogo contra o Malmo (SUE) e chegou a 501 tentos.
O gajo marcou os dois
gols da vitória do Real Madrid (ESP) contra a equipe sueca por 2 a 0, em Estocolmo, pe-la segunda rodada da fase de grupos da UEFA Champions League, onde lidera o grupo A com seis pontos, junto ao Pa-ris Saint-Germain (FRA), que venceu o Shakhtar Donetsk
(UCR) por 3 a 0.Além da marca pessoal, o
português também igualou o número do ídolo Raul no Real Madrid, com 323 gols. O próximo jogo do Real pe-lo torneio é contra o Paris Saint-Germain, na capital francesa, no dia 21. (BP)
Empate por 1 a 1 classifica Fluminense para a semifinal da Copa do Brasil
O Fluminense foi à Are-na do Grêmio enfrentar o tricolor gaúcho e teve uma noite que reviveu o time de guerreiros, como ficou co-nhecido o time que esca-pou de um provável rebai-xamento em 2009.
Para quem dava como certa a classificação do Grê-mio, o Flu tratou de mos-trar o tamanho do clube e o peso de sua camisa. Na pri-meira etapa, o tricolor ca-rioca jogou muito bem. Su-portou a pressão gremista e
Bruno Porpettado Rio de Janeiro (RJ)
conseguiu ser perigoso nos contra-ataques.
O Grêmio, com todo seu volume de jogo, graças à força defensiva do Flumi-nense, criou apenas uma grande chance, quando o zagueiro Erazo acertou o travessão, desviando chute cruzado de Galhardo.
Porém, o Flu foi valente e muito eficiente. Aos 39 minu-tos, Marcos Júnior fez exce-lente cruzamento na cabeça de Fred, que colocou no can-to do gol de Marcelo Grohe.
Com o gol, Fred se tornou o segundo maior artilhei-ro da Copa do Brasil, igua-lando Viola e com sete gols
X
X
XDom. 4/10
16h
Dom. 4/1016h
Dom. 4/1011h
Dom. 4/1016h
Dom. 4/1011h
Sab. 3/1021h
Sab. 3/1018h30
Sab. 3/1018h30
Dom. 4/1016h
Dom. 4/1018h30
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Brasileirão 2015
AVA
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29a RODADA
Classificação Série AN
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FC
a menos que Romário.Depois do gol, o Grêmio
acordou e teve mais uma chance em uma cabeçada de Erazo, brilhantemente de-fendida por Diego Cavalieri.
O segundo tempo teve o mesmo panorama: pressão forte do Grêmio, sem mui-tas chances criadas. O gol de empate saiu apenas aos 30 minutos, com Bobô.
Daí até o final o Grêmio pressionou muito. Cavalieri se destacou e garantiu a va-ga, até então pouco provável, do Fluminense na semifinal, quando enfrentará o Palmei-ras, que eliminou o Inter ven-cendo por 3 a 2, em São Paulo.
Fred foi mais uma vez decisivo e fez história na competição
O Vasco recebeu o São Paulo no Maracanã, tentando reverter uma enorme desvantagem. O tricolor paulista fez 3 a 0 no Vasco, no Morum-bi, e podia perder por até dois gols de diferença.
Com o time reserva, o Vasco começou o jo-go em cima do São Pau-lo. Mais na base da von-tade do que da técnica, o cruzmaltino encurralava o tricolor no seu campo. A estratégia deu certo.
Aos 16 minutos, Rias-cos recebeu livre e ba-teu para defesa de Rogé-rio Ceni, que não segu-rou e a bola sobrou para o atacante completar pa-ra o gol. Sonhar não cus-tava nada.
O São Paulo, que tam-bém poupou alguns titu-lares, não conseguiu pro-duzir nada no primeiro tempo. O Vasco foi para o intervalo com merecida vantagem no placar.
Na etapa final, Juan Carlos Osório colocou em campo alguns dos ti-tulares poupados, como Paulo Henrique Ganso, e o São Paulo melhorou em campo.
A melhora resultou no empate. Aos 14 minutos, Pato fez boa jogada pela esquerda e cruzou para Centurión, sozinho, em-purrar para as redes.
Com Ganso em cam-po, o São Pau lo con-seguiu segurar mais a bola e ter tranquilida-de para deixar o tem-po correr. Para o Vasco, fazer os quatro gols ne-cessários para a classifi-cação era muito difícil. O 1 a 1 acabou não se al-terando até o fim. Zona de classificação para Libertadores
Zona de rebaixamento para Série B
P J V SG1o Corinthians 60 28 18 262o Atlético-MG 53 28 16 183o Grêmio 51 28 15 164o Palmeiras 45 28 13 185o Santos 43 28 12 126o São Paulo 43 28 12 57o Flamengo 41 28 13 -28o Internacional 41 28 11 -39o Ponte Preta 40 28 10 110o Sport 40 28 9 1011o Atlético-PR 38 28 11 -212o Fluminense 37 28 11 -613o Cruzeiro 36 28 10 114o Coritiba 33 28 8 -615o Avaí 32 28 9 -1616o Goiás 31 28 8 017o Chapecoense 31 28 8 -1218o Figueirense 28 28 7 -1719o Vasco 26 28 7 -2920o Joinville 24 28 5 -14
Rio de Janeiro, 1 a 4 de outubro de 2015