brasil de fato rj - 011

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Rio de Janeiro, de 11 a 17 de julho de 2013 | ano 11 | edição 11 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato Cabral nas alturas No dia 8, deputados protocolaram denúncia com vistas ao impeach- ment do governador, após revelação de que ele e sua família têm usado helicópteros oficiais nos finais de se- mana para fins particulares. cidades | pág. 6 cidades | pág. 5 Uma visão popular do Brasil e do mundo Edição Edição Pablo Vergara Carlos Magno/Governo RJ O chorão da Mangueira Fla enfrenta o Asa, em Alagoas Para virar médico, estudante terá de atender por dois anos no SUS Aos 75 anos, o chorão e integrante da Velha Guarda da Mangueira Jo- sé de Alcântara Siqueira lança seu primeiro álbum, intitulado Siquei- ra Entre Nós. Unidas, sete centrais sindicais e movimentos sociais convocam para esta quinta-feira (11), o Dia Nacional de Lutas. Serão realizados atos e protestos em todo o país. No Rio, o período da manhã será de paralisa- ções de diferentes categorias e de manifestação à tarde, com concen- tração na Candelária, a partir das 15h. O Flamengo vai dar uma pausa no Brasileiro e volta a campo hoje (10) para encarar o ASA, em Arapiraca, pela terceira fase da Copa do Brasil. Os rubro-negros estão confiantes. A partir de 2015, aqueles que quise- rem receber o diploma de medici- na no Brasil terão que primeiramen- te trabalhar na atenção básica e nos serviços de emergência da rede de cultura | pág. 11 esporte | pág. 16 brasil | pág. 8 Quinta-feira Quinta-feira é dia de é dia de paralisação paralisação Fugindo do paredão do Big Brother EUA Venezuela, Bolívia e Nicarágua de- safiam Obama e dão asilo a ex-agen- te da CIA que revelou que os EUA espionam a internet de milhares de pessoas – inclusive brasileiros. mundo | pág. 10 Reprodução saúde pública. A medida é válida para faculdades públicas e privadas e faz parte do Programa Mais Médi- cos. Com isso, o curso passará de 6 anos para 8 anos de duração.

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Page 1: Brasil de Fato RJ - 011

Rio de Janeiro, de 11 a 17 de julho de 2013 | ano 11 | edição 11 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato

Cabralnas alturas

No dia 8, deputados protocolaram denúncia com vistas ao impeach-ment do governador, após revelação de que ele e sua família têm usado helicópteros ofi ciais nos fi nais de se-mana para fi ns particulares.

cidades | pág. 6

cidades | pág. 5

Uma visão popular do Brasil e do mundo Edição

Edição

Pablo Vergara

Carlos Magno/Governo RJ

O chorão da Mangueira

Fla enfrenta oAsa, em Alagoas

Para virar médico, estudante terá de atender por dois anos no SUS

Aos 75 anos, o chorão e integrante da Velha Guarda da Mangueira Jo-sé de Alcântara Siqueira lança seu primeiro álbum, intitulado Siquei-ra Entre Nós.

Unidas, sete centrais sindicais e movimentos sociais convocam para esta quinta-feira (11), o Dia Nacional de Lutas. Serão realizados atos e protestos em todo o país. No Rio, o período da manhã será de paralisa-ções de diferentes categorias e de manifestação à tarde, com concen-tração na Candelária, a partir das 15h.

O Flamengo vai dar uma pausa no Brasileiro e volta a campo hoje (10) para encarar o ASA, em Arapiraca, pela terceira fase da Copa do Brasil. Os rubro-negros estão confi antes.

A partir de 2015, aqueles que quise-rem receber o diploma de medici-na no Brasil terão que primeiramen-te trabalhar na atenção básica e nos serviços de emergência da rede de

cultura | pág. 11 esporte | pág. 16 brasil | pág. 8

Quinta-feira Quinta-feira é dia de é dia de

paralisaçãoparalisação

Fugindo do paredãodo Big Brother EUA

Venezuela, Bolívia e Nicarágua de-safi am Obama e dão asilo a ex-agen-te da CIA que revelou que os EUA espionam a internet de milhares de pessoas – inclusive brasileiros.

mundo | pág. 10 Reprodução

saúde pública. A medida é válida para faculdades públicas e privadas e faz parte do Programa Mais Médi-cos. Com isso, o curso passará de 6 anos para 8 anos de duração.

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Rio de Janeiro, de 11 a 17 de julho de 2013 | opinião

Agora vem a público a de-núncia de que o governador estaria utilizando o helicóp-tero ofi cial para fi ns particu-lares.

O Ministério Público do Rio de Janeiro já abriu investiga-ção para apurar a denúncia. Se for comprovada, Cabral se juntará ao presidente do Se-

nado, Renan Calheiros; ao mi-nistro da Previdência Social, Garibaldi Alves; ao Presiden-te do Supremo Tribunal Fe-deral, Joaquim Barbosa, entre outros, no clube daqueles que se utilizam do dinheiro públi-co para fi ns particulares.

Consta que o governador se move de helicóptero desde

contra o Brasil. Lutou contra a criação da Petrobras. Fez par-te do golpe que levou ao sui-cídio de Vargas. Consolidou-se fi nanceiramente, com di-nheiro estrangeiro de um la-do, e de golpistas internos, de outro, sobre o cadáver da nos-sa democracia”.Acrescenta-se que, durante a CPI do Carlinhos Cachoei-

ra, que investigava as relações promíscuas do bicheiro com a revista Veja, a Globo fez chegar ao Palácio do Planalto a men-sagem de que o governo se-ria retaliado se fossem convo-cados jornalistas ou empresá-rios de comunicação.Não é de estranhar o silen-cio da revista do grupo Abril sobre essa denúncia e, mui-to menos, se amanhã ela retri-buir o apoio recebido da famí-lia Marinho. Os conluios ge-ram compromissos de mútua proteção.Agora, através do blog O Es-crivinhador, do jornalista Ro-drigo Vianna, soube-se que a Receita Federal, quando con-cluiu o processo, solicitou a abertura de uma Represen-

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Editor-chefe: Nilton Viana • Editores: Aldo Gama, Marcelo Netto Rodrigues, Eduardo Sales de Lima • Repórteres: Marcio Zonta, Michelle Amaral, Patricia Benvenuti •Correspondentes nacionais: Maíra Gomes (Belo Horizonte – MG), Pedro Carrano (Curitiba – PR), Pedro Rafael Ferreira (Brasília – DF), Vivian Virissimo, Daniel Israel e CláudiaSantiago (Rio de Janeiro –RJ) • Correspondentes internacionais: Achille Lollo (Roma – Itália), Baby Siqueira Abrão (Oriente Médio), Claudia Jardim (Caracas – Venezuela)• Fotógrafos: Carlos Ruggi (Curitiba – PR), Douglas Mansur (São Paulo – SP), Flávio Cannalonga (in memoriam), João R. Ripper (Rio de Janeiro – RJ), João Zinclar (inmemoriam), Joka Madruga (Curitiba – PR), Leonardo Melgarejo (Porto Alegre – RS), Maurício Scerni (Rio de Janeiro – RJ) • Ilustrador: Latuff • Editor de Arte: Marcelo Araujo• Revisão: Marina Tavares Ferreira • Jornalista responsável: Nilton Viana – Mtb 28.466 • Administração: Valdinei Arthur Siqueira • Endereço: Al. Eduardo Prado, 676 – CamposElíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800/ Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo/SP – [email protected] • Gráfi ca: Info Globo • Conselho Editorial: Alipio Freire,Altamiro Borges, Aurelio Fernandes, Bernadete Monteiro, Beto Almeida, Dora Martins, Frederico Santana Rick, Igor Fuser, José Antônio Moroni, Luiz Dallacosta, MarceloGoulart, Maria Luísa Mendonça, Mario Augusto Jakobskind, Milton Pinheiro, Neuri Rosseto, Paulo Roberto Fier, René Vicente dos Santos, Ricardo Gebrim, Rosane Bertotti,Sergio Luiz Monteiro, Ulisses Kaniak, Vito Giannotti • Assinaturas: (11) 2131– 0800 ou [email protected]

Para anunciar:

(11) 2131 0800

Redação Rio:[email protected]

Por que a Rede Globo não é investigada?O JORNALISTA Miguel do Ro-sário, do blog O Cafezinho, de-nunciou que a Rede Globo, em 2002, ainda no governo FHC, promoveu uma sonegação de impostos milionária. Foram so-negados 183 milhões de reais dos cofres públicos.

Em 2006, quando a Recei-ta Federal concluiu o proces-so, somados os juros e multas, a sonegação elevou-se para R$ 615 milhões. Mais de meio bilhão de reais, em valores de 2006, surrupiados do povo brasileiro.O autor d’O Cafezinho é ain-da mais contundente: “(...) a fi cha criminal da Globo vai muito além dessas estripu-lias em paraísos fi scais. A Glo-bo cometeu crimes históricos

editorial | Brasil

O povo nas ruas e o Cabral nas alturas

tação para Fins Penais – uma investigação criminal – con-tra os donos da Globo. Isso em 2006!Por que o Ministério Público Federal engavetou esse pedi-do e tornou-se conivente des-sa ação criminosa? O mesmo MPF que, liderados por Gur-gel e com apoio da Globo, fez a população brasileira acredi-tar que a aprovação da PEC 37 iria favorecer a corrupção no Brasil. Ambos, Globo e MPF, ao segurar os cartazes nas passeatas, não estavam so-mente nus. Estavam, também, cangados. Deve, o MPF, uma resposta à população brasi-leira, o porquê não investiga a Rede Globo.Vianna faz outra denúncia

grave: os funcionários da Re-ceita Federal no Rio estão empânico porque o processocontra a Globo simplesmentesumiu! É um processo que vaialém dos R$ 615 milhões so-negados. Ele revela as contasda família Marinho nos para-ísos fi scais.

Ora, é assim que os ricos selivram das condenações, fa-zendo os processos despare-cerem? Atestam suas inocên-cias promovendo novas açõescriminosas?

Certamente, se compro-vada essa denúncia, o sumi-ço do processo exigiu corrom-per alguns novos funcionáriospúblicos. O cheiro de esgotoque exala da vênus platinadaé cada vez mais forte.

Será que, enfi m, a Rede Globo sentará no banco dos réus dos tribunais desse país?

É IMPRESSIONANTE o grau de desimportância que o go-vernador Sérgio Cabral dá às recentes mobilizações que assolam o país e em especial aqui no Rio de Janeiro. É co-mo se as vozes da rua não fos-sem fortes o sufi ciente para atravessar as paredes do Pa-lácio Guanabara e chegar aos ouvidos do principal chefe do executivo estadual.

Nem mesmo o acampa-mento – montado próximo da sua residência – ecoan-do as principais reivindica-ções que são repetidas nas ru-as, foram capaz de sensibilizá-lo ao ponto de sair a público e anunciar medidas estrutu-rantes nas áreas sociais de sua responsabilidade. Ao contrá-rio. O que se viu foi a ação da polícia barbarizando os mani-festantes na madrugada e ex-pulsando-os com violência.

editorial | Rio de Janeiro

sua residência no Leblon até o Palácio Guanabara em Laran-jeiras, onde despacha todos os dias. Deve ser por isso que não vê o caos que está o trans-porte público.

A última ação da Polícia Militar na Maré, que deixou 10 mortes e vários feridos, é mais um capítulo desse dra-

ma que vive o povo carioca.Essa truculência é o cartão devisitas de um governo que co-manda uma das polícias maisviolentas e corruptas do país.

A situação dos hospitais es-taduais é de caos total. Fal-ta de atendimentos, má qua-lidade nos serviços e precari-zação são apenas algumas dastantas mazelas.

Nesta quinta-feira (11), ha-verá novas mobilizações emtodo Brasil. Aqui no Rio de Ja-neiro, seguramente esses te-mas e outros serão levadospara as ruas.

As Centrais Sindicais, junta-mente com os movimentos so-ciais do campo e da cidade eos estudantes empunharão su-as bandeiras e reivindicaçõesque têm direção certa: o poderfederal, estadual e municipal.

Esperemos que dessa vez opovo seja ouvido.

É como se as vozes da rua não fossem fortes o sufi ciente para atravessar as paredes do Palácio Guanabara e chegar aos ouvidos do principal chefe do executivo estadual

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Rio de Janeiro, de 11 a 17 de julho de 2013 opinião | 03

país para manter sua rotina de treinamento e milhares de pes-soas estão desassistidas, como crianças, idosos e defi cientes.

O Rio de Janeiro vive um contrassenso: perde equipa-mentos esportivos no momen-to em que se prepara para rece-ber as Olimpíadas. Como dis-se uma atleta expulsa do Jú-lio Delamare: o foco para 2016 não está em medalhas, mas no dinheiro. É o que acontece em uma cidade à venda.

Renato Cosentinoatua na ONG Justiça Global e

participa do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas

João Roberto Lopes PintoLatuff

Um jogo de cartas(éis) marcadas(os)EM MEIO ÀS DEZENAS de obras, o Rio de Janeiro éobjeto de um jogo de cartas marcadas, no qual quemganha são algumas empresas e políticos. Até aí nenhu-ma novidade. O novo é que no caso do Rio a coisa es-tá escancarada. O poder econômico além de dar ascartas virou o dono do baralho, ditando as regras, nasquais a banca é garantida pelo dinheiro público.

As cartas são as grandes obras e os jogadores são asempreiteiras. O jogo está sendo jogado por poucos egrandes jogadores. Destacam-se aí as empreiteiras, as“quatro irmãs”: Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS eCamargo Correa. Dos 16 maiores empreendimentos/obras no Rio, verifi camos que em praticamente todoseles há a participação de pelo menos duas delas.

Além disso, chama também a atenção o fato deque elas estão juntas em obras como o Arco Metro-politano e a Transolímpica, ligando a Barra à Aveni-da Brasil. Embora atuem claramente de modo con-sorciado e combinado, elas também se apresentampor vezes como concorrentes em licitações públicas,como foi o caso da disputa pela concessão para ad-ministrar o Maracanã.

O domínio do jogo pelas “quatro irmãs” é de tal for-ma evidente que levanta suspeição sobre possível for-mação de cartel, tipifi cado como infração administra-tiva sujeita a multas e como crime sujeito a prisão peloSistema Brasileiro de Defesa da Concorrência. No ca-so do Rio, é notória a presença destes indícios nas lici-tações de grandes obras.

Outro indício deste domínio são os abusos cometi-dos pelas empresas vencedoras das licitações, que re-visam os orçamentos das obras, elevando seus preços.O caso da reforma do Maracanã é emblemático, queteve seu orçamento duplicado. Cabe ao Ministério Pú-blico (MP) e aos órgãos de defesa da concorrência ve-rifi carem a existência de cartel, a exemplo do proces-so que levou à recente condenação de empreiteiras naÁfrica do Sul por fraude na última Copa do Mundo.

Resta, ainda, indagar quem banca esta jogati-na? A resposta: a banca pública, principalmente doBanco Nacional de Desenvolvimento Econômico eSocial (BNDES).

O dinheiro público alimenta uma concentraçãode poder econômico que, por sua vez, se alimenta demais dinheiro público. Nos últimos dez anos, somen-te as “quatro irmãs” despejaram meio bilhão de reaisnas campanhas. Em 2006, para cada real doado paracampanha de deputados federais, a empreiteira rece-beu em média 8,5 vezes o valor na forma de contratosde obras públicas.

As grandes manifestações parecem indicar que apopulação não quer mais assistir a este jogo e que estádisposta a entrar na partida para mudar as regras emfavor das maiorias.

João Roberto Lopes Pintoé pesquisador do Instituto Mais Democracia

Quando a exceção é a regra imposta pelo Estado

O Rio de Janeiro está à venda

O poder econômico além de dar as cartas virou o dono do baralho, ditando as regras, nas quais a banca é garantida pelo dinheiro público

ASSIM QUE SE reelegeu, o prefeito Eduardo Paes decla-rou que os grandes eventos são uma ótima oportunidade pa-ra vender o país. É o que ele e o governador Sérgio Cabral têm feito no Rio de Janeiro. As PPPs estão repassando mais de 1 mi-lhão de m² de terra pública pa-ra a construção de empreendi-mentos de luxo.

O Maracanã, maior sím-bolo do futebol brasileiro, foi vendido. O governo gastou R$ 1,2 bilhão para a reforma do estádio e a oferta do Consór-cio Maracanã (IMX, Odebre-cht e AEG) foi de R$ 181,5 mi-lhões. Ou seja, ao fi m de 35 anos, o Estado recuperará só

vernador, como do secretário de segurança. Em muitos casos com o silêncio do próprio Judi-ciário, que recebe autos de re-sistência e arquiva os processos de homicídios dos policiais.

É fundamental denunciar o estado de exceção imposto pe-lo governo do Rio às favelas e exigir o fi m da farsa das UPPs. As mobilizações das comuni-dades como do Horto, da Maré, da Rocinha demonstram que não é preciso UPP e sim saú-de, educação, saneamento, lo-go: dignidade humana.

Fernanda Vieiraé advogada do Centro de As-

sessoria Popular Mariana Criola

ACOMPANHAMOS estarre-cidos uma operação policial na favela da Maré que acabou com 9 mortos ofi ciais (e relatos de 13 mortos pelos morado-res). A explicação dos órgãos de segurança para tal mas-sacre se resume à política de combate ao tráfi co. Para o co-mando “apenas 3 vítimas não possuíam passagem pela polí-cia”, legitimando assim a ope-ração de extermínio.

O discurso dos órgãos de se-gurança revelam a implemen-tação por parte do governador Sérgio Cabral de um estado de exceção: quando a política se volta para a pobreza, morado-ra das favelas e, em sua gran-

de maioria, composta de ne-gros. Tanto é assim que o secre-tário de Segurança José Maria Beltrame declarou que “um ti-ro em Copacabana é uma coi-sa, um tiro na Coreia, no Ale-mão, é outra”.

Esses dois pesos e duas me-didas estabelecem para gran-de parcela da população mo-radora das favelas cariocas ou dos bairros pobres da nossa ci-dade uma ausência de direitos para o exercício da cidadania. Logo, não se pode falar em es-tado democrático e de direito nas favelas.

Legitimar as ações de exter-mínio nas favelas vem sendo prática cotidiana tanto do go-

15% do que foi gasto. Se não bastasse, o novo pro-

jeto prevê a demolição do Está-dio de Atletismo Célio de Bar-ros e do Parque Aquático Júlio Delamare, que foram destom-bados por Paes para serem des-truídos, além da Escola Frie-denreich e do Museu do Índio. O objetivo: construir estaciona-mentos, bares e lojas.

Querem transformar o Complexo do Maracanã, que sempre foi um espaço públi-co multiuso de esporte, lazer, cultura, educação e saúde, em shopping center.

Com os equipamentos es-portivos já fechados, atletas olímpicos tiveram que deixar o

Fernanda Vieira

Renato Cosentino

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Rio de Janeiro, de 11 a 17 de julho de 2013 | entrevista

famílias. Há a presença de idosos, pessoas com defi ciência mental e mo-bilidade reduzida.

O MNLM acompanha a ocupação desde o começo?

Nós estamos na Mano-el Congo desde o come-ço, a ocupação foi orga-nizada, planejada e efe-tiva pelo MNLM. Atua-mos em 18 estados e já temos 23 anos de existên-cia. Nos articulamos em 1990 para enfrentar o de-safi o de implementar o artigo 183 da Constitui-ção que trata muito clara-mente a necessidade do solo cumprir função so-cial e coibir a especula-ção imobiliária para ga-rantir a universalização do direito à moradia. Es-sa é a nossa luta.

Uma demanda antiga dos movimentos de mo-radia é a destinação dos imóveis públicos vazios para moradia popular. Por que é tão difícil tirar essa política do papel?

Porque a terra no Bra-

que a gente pudesse abrir em cada andar uma es-trutura mínima.

Qual é o perfi l dos moradores da Manoel Congo?

São 127 pessoas de 42 famílias. Não são famílias muito grandes: só seis são compostas por mais de cinco pessoas. São fa-mílias oriundas de comu-nidades de favelas no Rio, que moravam como agre-gados ou de aluguel. A re-muneração varia de 0 a 3 salários, mas a maioria não recebe mais que um salário mínimo e meio. Muita gente atua no tra-balho informal e muitas mulheres são chefes de

Vivian Virissimo do Rio de Janeiro (RJ)

Os moradores da ocu-pação Manoel Congo, lo-calizada na Rua Alcindo Guanabara, na Cinelân-dia, venceram uma im-portante batalha na últi-ma semana. O Diário Ofi -cial da União publicou o edital que garante R$ 2,9 milhões dos governos fe-deral e estadual para rea-lizar reforma no edifício.

Antiga propriedade do INSS, o prédio públi-co fi cou abandonado por mais de 15 anos e foi ocu-pado no dia 28 de outu-bro de 2007. Hoje a es-trutura abriga 42 famí-lias que vão ter uma uni-dade individual depois da obra. “O governo fede-ral vai repassar R$ 600 mil e o restante virá dos co-fres do governo estadu-al”, conta Lurdinha Lopes, liderança do Movimen-to Nacional de Luta pe-la Moradia (MNLM), em entrevista ao Brasil de Fato. Os recursos são do Fundo Nacional de Habi-tação de Interesse Social.

Brasil de Fato – O que vai melhorar na vida dos moradores da Manoel Congo?

Lurdinha Lopes – Com a obra, pretende-mos garantir condições de moradia digna na Ma-noel Congo. Nesses quase seis anos que moramos na ocupação, usamos co-letivamente um banhei-ro, uma lavandeira e uma pia de lavar louça por an-

dar [são dez andares]. A obra vai garantir que ca-da família tenha sua pró-pria lavanderia, banhei-ro e cozinha. Esta é uma grande vitória que agre-gamos a outras vitórias. A primeira foi ter ocupado um prédio no centro da cidade, depois consegui-mos permanecer no lo-cal, e com três anos de lu-ta vencemos a reintegra-ção de posse [o prédio foi comprado por R$ 900 mil com recursos do governo federal no fi nal de 2010].

Quais eram os problemas enfrentados pelos moradores?

Às vezes, até esquece-mos o quanto sofremos nesse processo. Os pri-meiros três anos foram muito duros. Por conta da precariedade das redes de água e esgoto, fi camos um ano e três meses com cozinha coletiva e um ba-nheiro em todo o prédio. Realmente nos sacrifi ca-mos nessa situação. Com recursos próprios conse-guimos fazer uma rede improvisada auxiliar para

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Henrique Zizo

Lurdinha Lopes, liderança do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM)

“Trabalho, mobilidade urbana e saneamento básico são condições básicas para se morar nas cidades”

“Às vezes, até esquecemos o quanto sofremos nesse processo. Os primeiros três anos foram muito duros”

“É uma grande vitória”MORADIA Governos federal e estadual vão repassar R$ 2,9 milhões para reforma do Manoel Congo – prédio abandonado do INSS e ocupado desde 2007

sil é um capital inerte que se valoriza com o investi-mento de recursos públi-cos. Um exemplo disso é o Porto Maravilha da ges-tão Eduardo Paes. Um ca-sebre abandonado não valia nada até o gover-no federal resolver apor-tar bilhões na revitaliza-ção. O metro quadrado subiu e não há mais espa-ço para os pobres que es-tavam lá invisíveis. Se os imóveis públicos aban-donados desde o impé-rio, da Glória até a Leo-poldina, fossem destina-dos para moradia popu-lar poderíamos ter mais de 100 mil unidades. Es-ses dados são do Institu-to Pereira Passos e do Sin-duscon que mapeou es-ses imóveis vazios. O go-verno assume que o défi -cit é de 270 mil unidades no Rio, mas nós conside-ramos que esse número é muito maior. Habitação não é sinônimo apenas de moradia digna. Traba-lho, mobilidade urbana e saneamento básico são condições básicas para se morar nas cidades.

Inicia nesta sexta-fei-ra (12), com show da APAFUNK, Bonde da Cultura, Repper Fiell, entre outros, o En-contro Popular so-bre Segurança Públi-ca e Direitos Humanos (ENPOP). O evento se-rá realizado no CAp Uerj, na Rua Santa Ale-xandrina, 288, no Rio Comprido. No sábado (13), os primeiros par-ticipantes vão discu-tir “Violências de Esta-do e Resistência Popu-lar”, a segunda mesa de debates é “Das Senza-las Às Favelas: Crimi-nalização da Juventude Negra e Guerra às Dro-gas”. No domingo (14), será abordado “O que está em Jogo nos Me-gaempreendimentos”. Os organizadores avi-sam que as inscrições já estão encerradas. Mais informações no site http://enpop.net.

Segurança pública

O Brasil de Fato com-pletou dez anos de existência em 25 de janeiro deste ano. Pa-ra celebrar esse fei-to, o jornal realiza um ato político-cultural no próximo sábado (13). O objetivo é cele-brar, juntamente com todos os que colabo-ram com este veículo da classe trabalhadora esse feito histórico da impressa alternativa e popular. Estão con-fi rmadas as presenças de vários artistas, in-telectuais, personali-dades da vida pública e lutadores do povo. O evento é aberto ao pú-blico e é gratuito. Por-tanto, anote: dia 13 de julho, com início às 14h e término às 21h, no Vale do Anhan-gabaú, centro de São Paulo (SP).

Brasil de Fatocelebra 10 anos com ato em SP

FATOS EM FOCO

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Rio de Janeiro, de 11 a 17 de julho de 2013 cidades |

Vivian Virissimo do Rio de Janeiro (RJ)

Unidas, sete centrais sindicais e movimentos sociais convocam atos nesta quinta-feira, dia 11 de julho. No Rio, a ma-nhã será de paralisações de diferentes categorias e de manifestação à tar-de, com concentração na Candelária, a partir das 15h.

“Este é o momento certo para conquistar os avanços necessários para que tenhamos um Brasil mais justo e igualitário”, comunicaram em nota CTB, CUT, Força Sindical, NCST, UGT, CGTB e CSP/Conlutas.

Todas orientam que os sindicatos paralisem ati-vidades, mas as suspen-sões estão sendo defi ni-das por assembleia de ca-da categoria. Durante to-da a quarta-feira (10), sindicalistas realizarão assembleias para defi nir a situação de cada setor.

Algumas categorias importantes como os professores ligados ao Sindicato Estadual dos Profi ssionais de Edu-cação do Rio de Janeiro (Sepe), o Sindicato Na-cional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), os trabalhadores ligados aos Sindicato dos Traba-lhadores dos Correios do Rio de Janeiro (Sintec-t-RJ) e ao Sindicato dos Bancários já defi niram pela paralisação.

Em plenária no Sindi-petroRJ, na noite de terça-feira (9), a NCST, na qual o sindicato dos transpor-tes é fi liada, informou que os indicativos de gre-ve de 24h ou de 2h não foram aprovados duran-te as discussões. “Conti-nua sendo discutido, mas até agora o transporte não vai parar no Rio”, dis-se Sérgio Luiz da Silva, vi-

ce presidente da NCST.Essas sete centrais têm

uma pauta de reivindica-ções que já foi encami-nhada à presidenta Dilma Rousseff em 2010, após a realização do Conferên-cia Nacional das Classes trabalhadoras (Conclat).

Além da redução da jornada de traba-lho, também consta o fi m do fator previdenci-ário; reajuste digno pa-ra os aposentados; mais

investimentos em saú-de, educação e seguran-ça; transporte público de qualidade; fi m do proje-to de Lei 4330 que am-plia a terceirização; re-forma agrária e fi m dos leilões do petróleo.

Reforma agrária Marcelo Durão, da

coordenação estadual do Movimento dos Tra-balhadores Rurais Sem Terra (MST), defendeu a reforma agrária para mi-nimizar os problemas das grandes cidades. “Superlotação dos trans-portes, a falta de mora-dia, saúde e educação de qualidade podem ser re-solvidos com uma estra-tégia de desenvolvimen-to no campo que busque manter e deslocar par-te da população para o campo. Hoje percebe-mos que acontece o in-verso”, explicou.

Durão também falou

sobre a importância da democratização da mí-dia. “Percebemos uma grande difi culdade da população ter vez e voz. Nas manifestações, a po-lícia foi o grande articu-lador e interlocutor entre o Estado e a população. A forma que o Estado se co-municou com a popula-ção foi com a violência da polícia”, criticou.

Para ele, as manifes-tações mostraram o que já acontece com os mo-vimentos e com os po-bres na favela. “Na Maré, a polícia reagiu com fu-zil, com bala de verdade. No centro do Rio, foi com bomba de gás e bala de borracha”, lembrou.

Segundo Durão, os megaprojetos em curso na cidade potencializam essa forma de governar. “É a remoção de comu-nidades inteiras. A cida-de está sendo construída benefi ciando quem tem

dinheiro e trazendo difi -culdades para os traba-lhadores que estão sen-do removidos para luga-res cada vez mais distan-tes”, observou.

A serviço da naçãoO sindicalista Edson

Munhoz do Sindipetro-RJ informou que a pau-ta dos petroleiros pede a Petrobras 100% estatal, o fi m dos leilões e o cance-

lamento dos leilões an-teriores.

“Nossa pauta é colo-car o petróleo a serviçoda nação. Não falo dosroyalties que são apenas15%, eu falo de 100% dopetróleo. Saúde, educa-ção, transporte, sanea-mento básico pode serresolvido com dinheirodo petróleo do povo bra-sileiro”, explica.

Munhoz acrescentaque a atuação da Petro-bras deve ser voltada ex-clusivamente para os in-teresses do país e não deempresas estrangeiras.

“Qualquer minério ex-portado do país não pa-ga um tostão de impos-to. Com a Petrobras seriadiferente: destilaremosaqui, estimularemos a in-dústria petroquímica ge-rando emprego e impos-to para o país”, afi rma.

Para o petroleiro, oleilão do pré-sal, que es-tá agendado para outu-bro, não serve aos inte-resses do povo.

“Em primeiro lugar,o leilão só é feito quan-do tem dúvida se existepetróleo ou quando nãotem dinheiro para ex-tração. Não é o caso doBrasil, o petróleo já estáprospectado e a Petro-bras tem condição téc-nica e fi nanceira para aexploração. Barrando osleilões podemos mudara cara do país”.

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Pablo Vergara

Pablo Vergara

Plenária reuniu centrais sindicais e MST no SindipetroRJ

O sindicalista Edson Munhoz do Sindipetro-RJ

Trabalhadores convocam Dia Nacional de LutasPARALISAÇÃO Nesta quinta-feira (11), principal objetivo das centrais é destravar pauta de reivindicações

“Este é o momento certo para conquistar os avanços necessários para que tenhamos um Brasil mais justo e igualitário”

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Rio de Janeiro, de 11 a 17 de julho de 2013 | cidades

do Rio de Janeiro (RJ)

A Defensoria Públi-ca da União (DPU) no Rio de Janeiro classifi cou a atual situação da infra-estrutura do Hospital Fe-deral do Andaraí, na zona norte do Rio, como “suca-teada e calamitosa”.

A declaração foi feita na segunda-feira (8) pe-lo defensor público fe-deral Daniel Macedo du-rante vistoria para averi-guar os frequentes can-celamentos de cirurgias de alta e média comple-xidade que vêm ocor-rendo nos últimos dois anos, em consequên-

cia da falta de insumos e medicamentos básicos.

A DPU deu prazo de dez dias para a direção do hospital responder

quais os medicamentos que estão em falta, quan-tas cirurgias foram des-marcadas e por quais motivos a unidade de

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O IPCA baixou e fi cou em 0,26% no mês de ju-nho. A informação é do IBGE. Em maio, ha-via sido de 0,37%. A al-ta do mês passado é a menor desde junho de 2012, quando fi cou em 0,08%. O IPCA me-de a infl ação para famí-lias com renda de um a 40 salários mínimos em nove regiões metropoli-tanas: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizon-te, Porto Alegre. O Índi-ce Nacional de Preços ao Consumidor subiu 0,28% em junho, ante 0,35% em maio. O INPC mede a infl ação para famílias de um a cinco salários mínimos nas mesmas regiões pes-quisadas para o IPCA.

Infl ação assinala tendência de queda

O Projeto de Lei do Se-nado nº 224/2013, que regulamenta os direi-tos dos trabalhado-res domésticos, deve-rá ser modifi cado pe-la Comissão de Cons-tituição, Justiça e Ci-dadania (CCJ). O re-lator, senador Rome-ro Jucá (PMDB-RR), já apresentou novo pare-cer com cinco emen-das. Além de tornar mais clara a destina-ção de 0,8% para fi -nanciar o seguro con-tra acidentes de tra-balho, alterou a reda-ção de inciso que des-tina 8% ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Outra modifi cação elimina a garantia de o trabalha-dor doméstico receber os salários correspon-dentes ao aviso prévio se rescindir o contrato de trabalho em virtu-de de novo emprego. O parecer pode ser vo-tado quarta (10).

Novo parecer do trabalho doméstico

SINDICALDeputados pedem impeachment do governador Sérgio Cabral

Situação “calamitosa” no Hospital do Andaraí

IRREGULARIDADES Família de Cabral utiliza helicóptero ofi cial nos fi nais de semana. Gasto com deslocamento da Lagoa para Laranjeiras seria de R$ 3,8 milhões

do Rio de Janeiro (RJ)

Os deputados esta-duais Marcelo Freixo (PSOL), Paulo Ramos (PDT) e Luiz Paulo (PS-DB), protocolaram, na última segunda-feira (8), denúncia contra o go-vernador Sérgio Cabral por crime de responsa-bilidade e por quebra de decoro, com vista ao im-peachment.

A ação dos deputados ocorre por conta das de-núncias publicadas na revista Veja que apon-tam que Cabral utiliza helicópteros ofi ciais pa-ra uso privado.

Os parlamentares tam-bém vão entregar ao Mi-nistério Público Federal uma representação con-tra o governador por cri-me de peculato.

“São sete helicópteros a serviço do executivo. A utilização do helicópte-ro pela sua família, ba-bá, pelo seu cachorro Ju-quinha e pelos amigos do seu fi lho não é um deba-te de razoabilidade, é um

debate de crime, de pecu-lato. Não é um debate se é ou não é uma estripulia (termo que o governador utilizou). É debate de res-ponsabilidade e crime, por isso queremos que o governador seja investi-gado”, explicou Freixo.

Ainda na segunda (8), o procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira, do Ministério Público (MP) também abriu investi-gação para apurar as de-núncias contra Cabral.

Segundo revista Veja, o governador usa o heli-cóptero ofi cial para ati-

vidades particulares nos fi ns de semana para se deslocar para Mangara-tiba, na região sul fl umi-nense, onde tem uma ca-sa de praia.

No Rio, um dos he-licópteros, comprado por US$ 9,7 milhões em 2011, tem sido usado pe-lo governador Sérgio Ca-bral para seus desloca-mentos diários. Segundo estimativa da revista, são

gastos por mês cerca de R$ 312 mil ou R$ 3,8 mi-lhões anualmente.

Em Brasília, o gover-nador Cabral continuou defendendo a utilização de helicóptero para seus deslocamentos. Ele parte da Lagoa, onde chega de carro, até o Palácio Gua-nabara, em Laranjeiras, uma distância de 10 km.

“Muitos têm até avi-ões, coisa que o gover-

no do estado não tem. Estamos falando de mo-bilidade de ir para a sua casa e voltar. A mobili-dade de pegar o helicóp-tero quando a sua casa é fora da cidade do Rio de Janeiro. Não sou o pri-meiro a fazer isso no Bra-sil. Outros fazem tam-bém, e faço de acordo com o cargo que ocupo. Não estou fazendo ne-nhuma estripulia”, disse.

“Não é um debate se é ou não é uma estripulia. É debate de responsabilidade e crime, por isso queremos que o governador seja investigado”

Elaza Fiúza/ABr

Reprodução

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral

Hospital Federal do Andaraí, na zona norte do Rio

saúde se encontra em es-tado de abandono.

O defensor Daniel Ma-cedo explicou que, caso os problemas no Hospi-

tal do Andaraí não sejam resolvidos nesse perío-do, uma ação civil públi-ca será ajuizada e os ges-tores da unidade podem ser denunciados por ne-gligência administrativa.

Segundo Macedo, a unidade de saúde recebe mais de R$ 100 milhões de orçamento. “Aqui não tem absolutamente na-da, está tudo quebrado e sucateado. A maternida-de está fechada há dois anos e a emergência está destruída. O paciente que vier aqui tem que con-tar com a sorte para ser atendido”, disse Macedo. (Agência Brasil)

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Rio de Janeiro, de 11 a 17 de julho de 2013 brasil |

Graça Foster, disse que a estatal pretende atuar neste leilão de partilha do pré-sal de forma diferen-ciada, na parcela de 70% que excede a participa-ção de 30% a que tem di-reito e obrigação.

“É fundamental co-nhecer o edital e o con-trato, porque, na outra parte dos 70%, que está

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PETRÓLEO A agência pretende leiloar o Campo de Libra, na Bacia de Santos no dia 21 de outubro

Samuel Tosta

Sindicatos e movimentos sociais são contra os leilões

do Rio de Janeiro (RJ)

A Agência Nacional de Petróleo (ANP) divulgou, nesta terça-feira (9), a mi-nuta de edital na área do pré-sal. A agência preten-de leiloar o Campo de Li-bra, localizado na Bacia de Santos (SP), no dia 21 de outubro. Este será o primeiro leilão com o re-gime de partilha de pro-dução. No próximo dia 23, no Rio de Janeiro, será realizada audiência pú-blica sobre o leilão.

A área a ser licitada tem cerca de 1.547 quilô-metros quadrados de ex-tensão e é considerada pela ANP de grande po-tencial para descober-tas de petróleo e gás na-tural. Segundo o edital, os ganhadores da licita-ção têm de desenvolver as atividades de explora-ção no período de quatro anos, prazo que poderá ser estendido, como pre-vê o contrato de partilha de produção.

A Petrobras será o ope-rador do bloco e terá par-ticipação mínima asse-gurada de 30% no con-sórcio, que não poderá ser integrado por mais de cinco empresas.

Os movimentos so-ciais são contra os leilões. Segundo o diretor do Sin-dipetro-RJ Emanuel Can-cella, a lei que criou o re-gime de partilha torna possível que a Petrobras seja a única empresa a ex-plorar o pré-sal e os mo-vimentos sociais vão lutar para que isso aconteça.

Edital do primeiro leilão do pré-sal é divulgado

Cancella avisou que os movimentos sociais vão aumentar a pressão con-tra a política energética do governo para barrar o leilão do pré-sal. “Nós va-mos criar todas as difi cul-dades políticas e jurídicas para impedir esse entre-guismo”, garantiu.

Já o vice-presidente da Associação dos Enge-nheiros da Petrobras (AE-PET), Fernando Siqueira, questiona os critérios es-tabelecidos pela ANP pa-ra leiloar o campo de Li-bra. “O campo de Libra foi adquirido pela Petro-bras por conta da ces-são onerosa. Ela perfu-rou o campo, correu ris-cos, achou 15 bilhões de barris e a ANP, de for-ma inexplicável, tomou o campo da empresa e quer leiloar. Como leilo-ar petróleo já descoberto! Quais os critérios?”, inda-gou Siqueira.

No mês passado, em entrevista coletiva, a pre-sidenta da Petrobras,

além do direito e da nos-sa obrigação dos 30%, queremos buscar par-ceiros de fato relevantes, para atuar conosco em um consórcio para esses 70%”, afi rmou Graça.

Segundo o edital, a empresa que vencer o leilão terá que pagar à União um bônus de R$ 15 bilhões.

“Nós vamos criar todas as difi culdades políticas e jurídicas para impedir esse entreguismo”

Na quinta-feira (11), mesma data do “Dia Nacional de Luta” con-vocado pelas centrais sindicais e movimen-tos sociais, o Levante Popular da Juventude está chamando para o ato “Levante juventude contra o monopólio da informação”.No Rio de Janeiro, a concentração será ao fi nal do ato das cen-trais, na Cinelândia. “Gritaremos: Fora Glo-bo! que é a emissora de televisão que monopo-liza 75% dos canais de comunicação no Brasil. Queremos a democra-tização dos meios de comunicação!”, expli-cam os organizadores. Manifestações também estão previstas em São Paulo, Belém, Porto Alegre e Aracaju.

O ministro da Saú-de, Alexandre Padi-lha, reuniu-se nesta terça-feira (9) com os presidentes do Sena-do Federal, Renan Ca-lheiros, e da Câmara dos Deputados, Hen-rique Eduardo Alves, para pedir celerida-de na análise da Me-dida Provisória (MP) que institui o Progra-ma Mais Médicos. A MP foi publicada no Diário Ofi cial da União(DOU) de hoje. A par-tir de agora, o texto se-rá apreciado por uma comissão mista de de-putados e senadores, antes ir ao plenário das duas Casas.

Democracia na mídia

Ministro pede urgência na MP do Programa Mais Médicos

FATOS EM FOCO

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Rio de Janeiro, de 11 a 17 de julho de 2013 | brasil

programa Mais Médicos, serão abertas 3.615 vagas nas universidades públi-cas e, entre as particu-lares, devem ser criadas 7.832 novas matrículas.

O aumento deve ser sentido este ano, com a abertura de 1.452 vagas. Em 2014, serão 5.435, anunciou Mercadante. De acordo com o minis-tro, haverá uma descen-tralização dos cursos que serão instalados em mais municípios. A residên-cia médica terá de acom-panhar o ritmo de vagas

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Luana Lourenço e Mariana Tokarnia

de Brasília (DF)

Os alunos que ingres-sarem nos cursos de me-dicina a partir de 2015 te-rão que atuar dois anos no Sistema Único de Saú-de (SUS) para receber o diploma. A medida é váli-da para faculdades públi-cas e privadas e faz par-te do Programa Mais Mé-dicos. Com isso, o curso passará de 6 anos para 8 anos de duração.

Os estudantes irão tra-balhar na atenção básica e nos serviços de urgên-cia e emergência da rede pública. Eles vão receber uma remuneração do governo federal e terão uma autorização tempo-rária para exercer a me-dicina, além de continu-arem vinculados às uni-versidades.

Os profi ssionais que atuarem na orientação desses médicos também receberão um comple-mento salarial. Os últi-mos dois anos do curso, de atuação no SUS, po-derão contar para resi-dência médica ou como pós-graduação, caso o médico escolha se espe-cializar em uma área de atenção básica.

Com a mudança nos currículos, a estimativa é a entrada de 20,5 mil médicos na atenção bá-sica. “Esse aumento será sentido a partir de 2022, quando os médicos esta-rão formados”, disse o mi-

nistro da Educação, Aloi-zio Mercadante.

De acordo com os mi-nistérios da Educação e Saúde, as instituições de ensino terão que acom-panhar e supervisionar o aluno. Após o estudan-te ser aprovado no está-gio no SUS, a autoriza-ção temporária de exer-cício será convertida em inscrição no Conselho Regional de Medicina. Por haver recursos fe-derais no programa, os alunos das escolas par-ticulares deverão fi car isentos do pagamen-to de mensalidade. Esse trabalho na rede pública não acaba com o inter-nato, no quinto e no sex-to anos do curso.

Mais vagas Até 2017, a oferta de

vagas nos cursos de Me-dicina terá um aumen-to superior a 10%. Com o

Tânia Rêgo/ABr

Protesto contra a contratação de médicos estrangeiros no centro da cidade

Aluno de medicina terá de trabalhar dois anos no SUSSAÚDE Os estudantes irão trabalhar na atenção básica e nos serviços de urgência e emergência da rede pública

Com a mudança nos currículos, a estimativa é a entrada de 20,5 mil médicos na atenção básica

O aumento deve ser sentido este ano, com a abertura de 1.452 vagas. Em 2014, serão 5.435

A decisão do governo de autorizar a vinda de médi-cos estrangeiros sem a aprovação no Exame Nacional de Revalidação de Diplomas (Revalida), no âmbito do Programa Mais Médicos, é para evitar que esses pro-fi ssionais disputem mercado com os médicos brasilei-ros, disse no dia 9 de julho o ministro da Saúde, Ale-xandre Padilha.Segundo ele, todos os profi ssionais serão avaliados e atestados por universidades públicas, que são as mes-mas instituições com atribuição e competência, de-fi nidas pela Lei de Diretrizes e Bases, para conduzir o processo de revalidação de diplomas de medicina ob-tidos no exterior.A contratação de médicos formados em outros países sem a obrigatoriedade da aprovação do Revalida tem sido criticada por entidades de classe. (Agência Brasil)

abertas na graduação.“Não basta abrir cur-

so de medicina para fi -xar um médico em uma região que temos inte-resse para ter. É preciso residência médica, que é um fator decisivo para a fi xação, além de políti-cas na área de saúde. Es-tados que têm oferta de residência médica, têm uma concentração gran-de de médicos, como Rio de Janeiro e São Paulo”, disse o ministro.

Segundo ele, have-rá uma melhor distribui-ção dos cursos pelo país. Atualmente, 57 municí-pios oferecem cursos de medicina. Com o novo programa, mais 60 pas-sarão a ofertar, totalizan-do 117 municípios no pa-ís. Isso acarretará, para as universidades federais, a contratação de 3.154 pro-fessores e 1.882 técnicos-administrativos.

Nas particulares, se-gundo Mercadante, não haverá mais a “política de balcão”, em que os insti-tutos apresentam as pro-postas para a abertura de cursos. Agora, a oferta de cursos de medicina se-

rá defi nida por meio deeditais públicos, de acor-do com a necessidade dopaís. “Vamos verifi car asáreas que têm condiçõese necessidade de ofer-tar vaga e lá ofertaremos”.(Agência Brasil)

MÉDICOS ESTRANGEIROS

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Rio de Janeiro, de 11 a 17 de julho de 2013 brasil |

Márcio Zontada Redação

O homem tem 34 anos,

aproximadamente um metro e oitenta e cinco de altura, braços largos e musculosos e algumas cicatrizes na face. “São marcas das batalhas”, diz.

Suas primeiras pala-vras explicam muito de sua profi ssão: “Não, não existe essa de ir para rua para enxergar cidadão em manifestação, e pior ainda em favela, é tudo vagabundo, ou como gos-tam de falar uns coronéis, uns chefes mais antigos, é subversivo, então temos que ir para cima”.

A descrição do ho-mem acima e o sequente relato pertencem a *Rob-son, um soldado da Polí-cia Militar do Estado de São Paulo, que aceitou conversar com a repor-tagem do Brasil de Fato, sob a condição de sigilo de sua identidade. O PM está há dez anos na ins-tituição e atua numa das periferias da cidade, no extremo sul.

A clareza com que Robson explicita a vio-lência, característica central das ações da PM brasileira, ilustra as ce-nas de truculência des-medida da corporação contra os manifestantes dos diversos protestos que eclodiram pelo país no mês de junho, episó-dios que trouxeram o te-ma da desmilitarização da Polícia Militar à tona

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Operação da PM: “em favela, é tudo vagabundo”

Para Guaracy, regimento interno da PM precisa ser modifi cado

Marcelo Camargo/ABr

Mariana Martins/Folhapress

da Redação

O especialista em se-gurança pública, Guara-cy Mingardi, salienta que o processo de desmili-tarização da PM no Bra-sil levaria anos por conta das mudanças jurídicas e ideológicas que impli-cam o processo.

Para mudar uma po-lícia do status militar pa-ra civil, seria necessária uma Proposta de Emen-da Constitucional (PEC) e posteriormente subme-tida à votação em diver-sas esferas do governo.

No entanto, segundo ele, um importante pas-so seria extinguir a Ins-petoria Geral da Polícia Militar (IGPM), subor-dinada às Forças Arma-das, que pode mandar nas ações da PM quan-do quiser.

Segundo Guaracy, ou-tro ponto importante a

ser modifi cado é o regi-mento interno da PM. “Acabando com a infl u-ência da IGPM, teríamos que dar fi m às regras mi-litares pesadas, humi-lhantes que infl uenciam no ímpeto violento dos

“O problema de a Polícia Militar ter sido forjada na ditadura incide sobre sua fi losofi a de atuação”

A hora de desmilitarizarREPRESSÃO Ações truculentas da PM nas mobilizações e nas favelas apontam para os resquícios da ditadura civil-militar brasileira

Uma das etapas da desmilitarização da polícia é dar fi m às regras militares pesadas e humilhantes que infl uenciam no ímpeto violento dos soldados

Por onde começar?

soldados nas ruas. Mas, claro, com a existência de uma hierarquia como todo órgão público. Pa-ra isso, também não pre-cisaríamos de mutações constitucionais”, diz.

Por fi m, outra mu-

nas últimas semanas. Mas no morro, a bala

não é de borracha. Para além da truculência po-licial nos protestos, a fa-la do policial militar Rob-son são corroboradas pe-lo episódio mais recente ocorrido na favela da Ma-ré, no Rio de Janeiro, no dia 24 de junho, quando 13 moradores da comu-nidade foram mortos nu-ma ação dos homens do Batalhão de Operações Especiais (BOPE).

DesmilitarizarPara especialistas no

assunto, agora é o gran-de momento de colocar em pauta a desmilitari-zação. “A PM sempre foi violenta contra os pobres e ninguém nunca se pre-ocupou. Se aparece uma jornalista de um gran-de jornal, com o olho to-do detonado, uma vio-lência extremamente gra-ve e que evidentemente não está legitimada, isso choca muito mais que 20 morrendo na favela.”, en-fatiza o professor de direi-to penal da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Túlio Viana.

Com uma forma de atuação delineada nos tempos da ditadura civil-militar brasileira, a PM tem um treinamento es-pecífi co para combater os “inimigos” nas ruas.

“O problema de a Po-lícia Militar ter sido forja-da na ditadura incide so-bre sua fi losofi a de atua-ção. Enquanto outras po-lícias do mundo são trei-nadas para abordar o su-jeito, fazer averiguação e liberá-lo, ou se cometeu um delito enviá-lo pa-ra outras instâncias, co-mo julgamento, no Bra-sil é diferente: a ordem é aniquilar o inimigo, que nesse caso é o povo”, es-clarece Viana.

*Nome fi ctício.

dança seria igualar osdireitos de um policialno mesmo patamar quede um civil, sem que eleseja julgado pelos seuspróprios pares, mas simcomo qualquer outro ci-dadão. (MZ)

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Rio de Janeiro, de 11 a 17 de julho de 2013 | mundo

cionais, não autorizaram que o avião do presidente da Bolívia, que voltava de uma viagem a Moscou, cruzasse os seus espaços aéreos, por suspeitas de

da Redação

O ex-agente da CIA Edward Snowden, 30, que revelou ao mundo que os Estados Unidos espionam a internet de milhares de pessoas po-derá escolher entre Vene-zuela, Bolívia e Nicarágua para se refugiar.

Esses três países foram os únicos – de uma lis-ta de 27, que também in-cluía o Brasil – a aceitar o seu pedido de asilo.

Ontem, o governo bra-sileiro também disse “não” a Snowden, apesar de nos últimos dias terem vindo à tona informações de que cidadãos brasilei-

ros também estão sendo espionados.

O jovem dos Estados Unidos, que teve seu pas-saporte cancelado pelo governo do seu próprio país, se encontra desde o dia 23 de junho na zo-na de trânsito de um ae-roporto em Moscou – em uma área que legalmente não é considerada como território russo.

Novas colôniasOs Estados Unidos,

que mesmo assim pres-sionam a Rússia para que ela entregue Snowden a eles, já advertiram que nenhum país deve per-mitir que ele viaje por ou

para seu território, exceto se não for em direção aos Estados Unidos.

França, Itália, Espa-nha e Portugal obedece-ram a ordem dada pelos

Estados Unidos e, na se-mana passada, deram a sua “contribuição” à caça de Snowden.

Esses países, mesmo infringindo leis interna-

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Valter Campanato/ABr

Reprodução

O ex-agente da CIA Edward Snowden

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo

Venezuela, Bolívia e Nicarágua dizem “sim” a SnowdenBIG BROTHER EUA Esses três países foram os únicos – de uma lista de 27, que também incluía o Brasil – a aceitar o pedido de asilo do ex-agente da CIA

Sabrina Craidede Brasília (DF)

O ministro das Co-municações, Paulo Ber-nardo, defendeu ontem, dia 9, mecanismos mais fortes de proteção da privacidade das comu-nicações dos cidadãos brasileiros.

Segundo ele, propos-tas neste sentido serão estudadas pelo grupo técnico interministerial que foi formado para analisar as denúncias de monitoramento das co-municações eletrônicas e telefônicas brasileiras pelos Estados Unidos.

EUA grampeiam e-mails e ligações telefônicas de brasileirosDE OLHO EM VOCÊ De acordo com o ministro das Comunicações, além da motivação política (combate ao terrorismo), a espionagem pode ter motivações comerciais

GramposDe acordo com o mi-

nistro, além da motivação política (combate ao ter-rorismo), a espionagem pode ter motivações co-merciais. “Existem relatos de interferência em dis-putas comerciais impor-tantes”, disse ele.

Paulo Bernardo voltou a afi rmar que, se confi r-madas as denúncias de monitoramento de dados de telefonemas e e-mails de brasileiros pela Agên-cia Nacional de Seguran-ça dos EUA, elas terão as consequências cabíveis.

“Isso, caso confi rma-do, é crime. Se for real-

mente confi rmado, vai ter que ter consequência, de-núncia no Ministério Pú-blico, processo judicial, mas ainda não temos es-sa confi rmação.”

De acordo com o mi-nistro, a presidenta Dilma está tranquila em relação ao assunto, mas não vai abrir mão de explicações.

“Ela não está irri-tada ou zangada, mas também acha que is-so é muito grave para fi -car sem uma explicação. Então, a orientação é que nós continuemos ave-riguando. E o Itamaraty vai cobrar explicações.” (Agência Brasil)

que Evo Morales estives-se levando Snowden es-condido a bordo.

O avião foi obrigado apousar em Viena, onde,segundo denúncias de LaPaz, teria sido revistado.

De acordo com o ex-técnico em segurançadigital da CIA, o governodos Estados Unidos teriaacesso direto a servido-res de nove grandes em-presas de internet, in-cluindo Google, Micro-soft, Facebook, Yahoo,Skype e Apple.

Alguns analistas levan-tam que uma alternati-va para Snowden, dianteda difi culdade de sair deMoscou, poderia ser elese abrigar na embaixadade um dos três países emMoscou, repetindo assimo que passa com o porta-voz do Wikileaks, JulianAssange, que se encontrana embaixada do Equa-dor em Londres.

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Rio de Janeiro, de 11 a 17 de julho de 2013 cultura |

tos da sua história, co-mo tocar na banda do Pixinguinha? Sente saudades?

Não tem como não sentir saudades porque você falou de um santo, né? Aí é diferente. “São” Pixinguinha. Naque-la época eu era um pou-co mais jovem e agora é que dou importância pa-ra o que era aquilo. Na-quela época era como to-car com outra pessoa. Eu vejo todo mundo no mes-mo plano. Se é errado ou certo eu não sei, mas eu vejo assim.

O senhor é da Velha Guarda da Mangueira. Fale um pouco dessa Escola de Samba para a gente. O que o senhor sente em fazer parte dela?

É tão difícil… Eu sinto tanta coisa… Eu sou man-gueirense de carteirinha, então a Mangueira é tudo para mim. É como se fos-se um pedaço de mim.

O senhor acredita que gravando CDs e regis-

po, e foram muitas as de-cepções que eu tive. Mui-tos me prometeram, mas só esses rapazes que fi ze-ram para mim [Welling-ton Monteiro, Pedro Can-talice e o batalhão de mú-sicos e amigos que cola-boraram]. Se os mais ve-lhos prometeram e não fi zeram, eram os jovens que iam fazer? E não é que aconteceu?

O senhor tem mais de 450 composições pró-prias. Como o senhor

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Athur William/NPC

Athur William/NPC

O músico José de Alcântara Siqueira (à direita), que acompanhou, dentre outros artistas, Pixinguinha e Beth Carvalho

Arthur William e Marina Schneider

do Rio de Janeiro (RJ)

O músico José de Al-cântara Siqueira, de 75 anos, tocou com a última formação da banda de Pixinguinha e acompa-nhou artistas como Be-th Carvalho, Jamelão, Al-cione, Nelson Gonçalves, entre outros. Siqueira também integrou vários grupos musicais (Ca-rinhoso, Apoio e Cha-péu de Palha), regionais (Chorões do Rio, Mário Pereira e seus Chorões, Conversa de Violão) e também participou de orquestras como Tabaja-ra e Cuba Libre.

Mas em sua trajetória ainda faltava realizar um desejo: fazer um registro de sua obra autoral. Com mais de 450 composições no currículo, muitos já ti-nham prometido ajudar Siqueira. Mas foi o jovem músico Wellington Mon-teiro, junto com o ami-go Pedro Cantalice, que conseguiu mobilizar cer-ca de 70 colegas músicos para concretizar o sonho do cavaquinista.

Brasil de Fato – Quantos anos o senhor tem e onde nasceu?

José de Alcântara Si-queira – Eu nasci em Re-cife, em 21 de setem-bro de 1937. Estou cami-nhando para os 76 anos.

O senhor veio de Recife para o Rio quando e por quê?

Vim para o Rio em 1951. Perdi meu pai e minha mãe resolveu vir pro Rio.

Sua família é de músicos?

Meu pai tocava ban-dolim e minha mãe toca-va piano. Só que, naque-la época, violão, cavaqui-nho, bandolim não eram muito aceitos, não eram vistos com bons olhos. Só o pessoal que “mangua-çava” que tocava (risos). E minha mãe não permi-tia que eu tocasse.

E não dava para ganhar a vida disso?

Não. Era muito difícil antigamente. Por incrível que pareça, hoje é mais fácil.

Nesses 75 anos, como o senhor ganhou a vida?

Sou funcionário pú-blico aposentado. Nunca acreditei na música como opção de vida.

E como o senhor se sen-te hoje, aos 75 para 76…

Velho! (risos)

Como o senhor se sen-te tendo um CD de mú-sicas suas gravado aos 75 anos?

Não tenho palavras, mas posso dizer que foi um prêmio porque eu es-perei muito e muito tem-

compõe e como foi e é a convivência com grandes mestres?

Conheci muita gente nessa trajetória de vida… Com relação às músicas, normalmente na calada da noite é que eu acordo já com uma música pron-ta e passo para o cavaqui-nho. E os mestres foi uma questão de sair tocan-do. Você conhece um, co-nhece outro…

E o senhor se emociona lembrando de momen-

trando suas composi-ções outros composito-res e outros jovens podem levar sua música adiante?

O que vai acontecer sóDeus sabe. Agora, da mi-nha parte, eu vejo isso co-mo uma contribuição àcultura. Não tem outra fi -nalidade. A fi nalidade écontribuir para a cultura.Nós que tocamos choro,vivemos choro, respira-mos choro temos que fa-zer isso sim, porque se-não a música acaba. Eu jáfi z a minha parte, dei mi-nha contribuição.

“Eu sou mangueirense de carteirinha, então a Mangueira é tudo para mim. É como se fosse um pedaço de mim”

“Não tenho palavras, mas posso dizer que foi um prêmio porque euesperei muito e muito tempo, e foram muitas as decepções que eu tive”

Cavaquinista de 75 anos lança seu primeiro CDMÚSICA Siqueira Entre Nós é o primeiro álbum do Chorão e integrante da Velha Guarda da Mangueira, José de Alcântara Siqueira

SERVIÇO

Quem quiser comprar o CD, que custa R$ 20, deve entrar em conta-to pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (21) 98071593. Mais informações em https://www.facebook.com/mestresiqueira

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Rio de Janeiro, de 11 a 17 de julho de 2013 | cultura

SERVIÇO

Raízes do Brasil, de Sér-gio Buarque de Holanda e a peça O Senhor Punti-la e seu Criado Matti, do dramaturgo alemão Ber-tolt Brecht.

Outro aspecto inte-ressante é que O Patrão Cordial vem sendo apre-sentada na forma de en-saio aberto desde agos-to de 2012, em assenta-mentos, escolas e teatros de São Paulo e Rio de Ja-neiro.

A sinopse indica que o personagem central, Cornélio, é inspirado em “Puntila”, criado por Bre-cht. É o proprietário ru-ral que oscila de caráter

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Divulgação

Divulgação

Divulgação

Divulgação

Divulgação

Cena do espetáculo O Patrão Cordial, novo trabalho da Companhia do Latão

Dose Tripla na Artur Fidalgo

Chacrinha no Bangu Shopping

Irmãos Brothers no Parque das Ruínas

Cinebloco na Pedra do Sal

AGENDA

ARRAIÁ DOS IRMÃOS BROTHERSUm espetáculo circense com um toque diferen-ciado do tradicional ca-samento na roça. O mu-sical conta a história do casamento de Rosinha que precisa ser realiza-do às pressas devido ao Andarilho Argemiro ter “embuchado” a moça. Com apresentação to-dos os sábados até o fi -nal de julho (27/07), acontece no Parque das Ruínas em Santa Tere-sa. Entrada franca.

JUVENTUDE EM FOCOOs alunos do 9o ano da Instituição de Aplica-

ção da UERJ ganham ex-posição na Escola de Ar-tes Visuais do Parque La-ge. As 80 fotografi as pro-

duzidas pela turma tem um enfoque na fuga do mundo virtual e na apre-ciação dos esportes. Fi-ca em cartaz até 21/07 no Jardim Botânico. Entrada gratuita

QUEM NÃO SE COMUNICA, SE TRUMBICAEm homenagem aos 25 anos sem o velho Chacri-nha, o Bangu Shopping, está com uma exposição de 150 fotografi as de con-vidados no programa, fi -gurino e mostra de víde-os e depoimentos. Em cartaz em Bangu, a expo-sição vai até o dia 21/07. Entrada gratuita.

DOSE TRIPLA NA ARTUR FIDALGOA Galeria Artur Fidal-go traz para o público uma dose tripla de arte. A exposição teve início no fi nal de junho e con-ta com a exibição do ar-tista paulistano Sergio Sister e suas dimensões, juntamente com Suzana Queiroga e suas nuvens e Fábio Carvalho desve-lando a intimidade do Cowboy. A entrada é gra-tuita e está aberta ao pú-blico até esse fi nal de se-mana (13/07) na Rua Si-queira Campos 143, 2o andar – Copacabana.

II ARRAIÁ BAIÃO DE DOISEm sua segunda edição o evento contará com uma homenagem ao músico e compositor Se-vero, morador do Bair-ro. Além disso, terá apre-sentação de quadrilhas, brincadeiras, barraqui-nhas tradicionais, comi-das típicas e uma Ban-da de Forró ao vivo. Com entrada gratuita, acon-tecerá na Praça em fren-te à Biblioteca Parque de Manguinhos – Benfi ca.

do Rio de Janeiro (RJ)

O palco do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) recebe, até o dia 28 de julho, o mais novo trabalho da Companhia do Latão, a comédia O Patrão Cordial.

Com direção de Sér-gio de Carvalho, a pe-ça está sendo encenada no Teatro III, mas ela foi concebida para ser apre-sentada em espaços al-ternativos, tais como pá-tios, igrejas, sindicatos, escolas etc.

O espetáculo é base-ado em duas fontes lite-rárias: o estudo teórico

Cordialidade em cena no CCBBTEATRO Espetáculo O Patrão Cordial está em cartaz até o fi nal de julho no Rio O Patrão

Cordial

Duração: 100 minutos. Lotação: 90 lugares.Local: Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)Rua Primeiro de Março, 66. Teatro III.Horários: de quarta a domingo, às 19h. Temporada: até 28 de julhoClassifi cação etária: 12 anos.Ingressos: R$ 6 e R$ 3 (estudantes)Tel. (21) 3808-2020

para manter sua condi-ção de classe: cordial e fraterno quando bêba-do, impiedoso e distan-te quando sóbrio. E que

através desse comporta-mento se relaciona com os trabalhadores que de-le dependem. O espetá-culo examina, ao mes-

mo tempo, a “dominação cordial” através da “ética de fundo emotivo” des-crita por Sérgio Buarque de Holanda.

CINEBLOCOGrandes trilhas sono-ras do cinema ganham através desse bloco sua versão brasileira, mistu-rando grandes clássicos da história do cinema com samba, funk, mara-catu e outros ritmos. O

grupo embala todas asgerações com seu reper-tório inusitado. Sábado,13 de julho, se apresen-tarão na Pedra do Sal.Com entrada gratuita oevento começa às 20h.Rua Argemiro Bulcão,35 – Praça Mauá.

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Rio de Janeiro, de 11 a 17 de julho de 2013 variedades | 13

HORÓSCOPO

Momento propenso para rever questões pendentes, principalmente relacionadas a familiares. Período bom para retomar conversas com parentes. Na vida amorosa, antigos sentimentos podem afl orar.

Áries(21/3 a 20/4)

Semana favorece refl exão sobre questões rotineiras. Período de idealizar novos projetos e decisões de médio e longo prazo. Na vida amorosa, novos emoções afl oram com um pouco de nostalgia.

Câncer(21/6 a 22/7)

Momento bom para novos desafi os inclusive profi ssionais. Período importante para re-tomar assuntos pendentes e retomar antigos projetos. Na vida afetiva, período bom para refl etir sobre valores e interesses em comum.

Libra(23/9 a 22/10)

Semana favorece a retomada de projetos e assuntos profi ssionais. Momento também é bom para melhores entendimentos nas relações de amizade. No amor, período especial para decisões e novidades.

Capricórnio(22/12 a 20/1)

Semana favorece novas ideias e cria-tividade. Período bom para se desligar mais de coisas burocráticas. No amor, tendência para assumir sentimentos com responsabilidades.

Touro(21/4 a 20/5)

A semana é propensa para reavaliar questões profi ssionais e negócios. Momento exige avaliações e cuidados com as coisas rotinei-ras. No amor, mais dedicação pode ajudar a ter momentos especiais.

Leão(23/7 a 22/8)

Semana favorece para retomar projetos antigos. O momento é de estratégia para assuntos profi ssionais e fi nanceiros. No amor, procure conselhos e boas conversas antes de tomar decisões sérias.

Escorpião(23/10 a 21/11)

Semana traz infl uência boa para novas amizades partilhar novas ideias. Mas cuida-do com as divergências, principalmente as profi ssionais. No amor, carinho e romantis-mo garantem momentos especiais.

Aquário(21/1 a 19/2)

Momento de atenção com as fi nanças e novos projetos. Período bom para rever valores diante de suas relações. No amor, paciência será determinante para lidar com que vive.

Gêmeos(21/5 a 20/6)

Momento para recompor suas energias. Período bom para questões profi ssionais e trabalho. Procure fazer algo que faça bem às suas emoções. Na vida amorosa, boas conversas ajudam a aliviar angústias.

Virgem(23/8 a 22/9)

Semana positiva para uma dedicação a temas espirituais. Momento especial para renovar energias. No amor, momentos afetuosos intensos e o poder de conquis-ta estará afl orado.

Sagitário (22/11 a 21/12)

Momento propício para demonstrações emo-cionais diante de seus relacionamentos. Período exige atenção para exageros com exigências diante das pessoas que gosta. No amor, com-pense desgastes da rotina com diversão e lazer.

Peixes(20/2 a 20/3)

PALAVRAS CRUZADAS DIRETASwww.coquetel.com.br © Revistas COQUETEL 2013

BANCO 68

Represen-tante da leino Velho

Oeste

Inconve-niente daestradade terraPeso quedá estabi-lidade ao

navio

Caráter eleitoral doanalfabetono Brasil

ReginaDourado,

atrizbaiana

Cilindro,em inglês

As usuá-rias das

sapatilhasde ponta

Tecidogrosso e

resistente,de tendas

Dar um(?) em:

tratar com indiferença

Belo (?),hidre-létrica

paraense

(?) Ner-cessian,

atorgoiano

Embar-cação

típica daAmazônia

"(?) de Ó-dio", wes-tern clás-sico (Cin.)

Recipien-te de sor-vete (pl.)

(?) cer-to: ter

resultadopositivo

Basesólida quelegitima

algo (fig.)

(?) dossantos:cânon

(Catol.)

Cenáriodo "BigBrotherBrasil"

Cilindradas de carros populares

A greve que paralisatodos os serviços

Riquezado sangue

arterial

Causadas pela explo-são do ar duranteraios, são popular-

mente chamadas de"trovões"

Da mesmaforma

A segundavogal

Divisões do processo paulatino

Mudar de (?): ir paralugar saudável

Curral deovelhasQuatro

vintenas

104, emromanosForma,

em inglêsCosmético

facialAve do cer-rado (pl.)

AdesivopostalVinco

na pele

Corta (a grama)Assim, emespanhol

Coranteusado emsalsichas

Enxerguei

Desejo devingança

Sucesso,em inglês

"(?) deAranjuez", composi- ção deJoaquimRodrigo

S EL O

3/así — hit. 5/shape. 6/gaiola — roller — stepan. 7/rastros. 8/concerto.

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ASTROLOGIA - Semana de 11 a 17 de julho Semana positiva para dedicação a temas espirituais, terapias ou temas que revigorem energias; infl uência positiva para relacionamentos e para partilhar novas ideias

Page 14: Brasil de Fato RJ - 011

Rio de Janeiro, de 11 a 17 de julho de 2013 | esporte

Fifa garante ingressos mais baratos para Copa no Brasil

Atleta baiano vence Maratona do Rio

14

Tânia Rêgo-ABr

Maratona do Rio

O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke

O atleta Giomar Pereira da Silva, vencedor da prova

Flávia Villelado Rio de Janeiro (RJ)

Pela primeira vez, em três anos, os quenianos não ganharam a prova masculina dos 42 km da Maratona do Rio. O prin-cipal lugar do pódio cou-be ao baiano Giomar Pe-reira da Silva, seguido dos quenianos Willy Kangogo Kimutai, campeão no ano passado, e Jonathan Kos-gei Kipkorir. Na prova fe-minina, o título fi cou com a etíope Letay Negash Ha-dush, seguida das que-nianas Rose Jepchumba e Pamela Cheyech Ani-somuk. A brasileira Ma-

O Brasil enviará seis atletas para a cidade de Santo Domingo, na Re-pública Dominicana, que recebe nos dias 12 e 13 de julho, o Campe-onato Pan-Americano de Pentatlo Moderno. Brenna Lima e Priscila Oliveira, no feminino, e Danilo Fagundes, Enri-co Ortolani, Felipe Nas-cimento e Luis Magno, no masculino represen-tam o país.

As tenistas brasileiras Teliana Pereira e Be-atriz Haddad garan-tiram nesta semana o melhor ranking de su-as carreiras em simples na WTA. Teliana su-biu para a 111ª coloca-ção com a conquista do ITF US$ 25.000 de Pe-rigueux, na França. Já Beatriz, de apenas 17 anos, atingiu o top 300 pela primeira vez e já é a número 2 do Brasil no ranking WTA com a 270ª posição, após fazer ótima campanha em torneios profi ssionais na Europa (COB).

Pan-americano de pentlato

Brasileiras na WTA

O patinador brasileiro Marcelo Sturmer dis-puta nos dias 26 e 27 dejulho, em Cáli, na Co-lômbia, os Jogos Mun-diais, competição que acontece de quatro em quatro anos reunindo diversas modalidades e esportes diferentes.Tricampeão pan-a-mericano e atual vice-campeão mundial, o brasileiro vai em bus-ca do inédito título para o país. “Conquistei duas me-dalhas de prata nos dois últimos Mundiais e agora tenho a chan-ce de conseguir um tí-tulo que ainda não te-nho”, afi rmou.

Patinação na Colômbia

FATOS EM FOCO

COPA 2014 Secretário da entidade afi rma que, em 70% dos jogos, entradas tendem a custar menos que os das últimas copas

Isabela Vieirado Rio de Janeiro (RJ)

O secretário-geral da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jérôme Valcke, disse em 1º de ju-lho que a Copa do Mun-do de 2014, que será dis-putada em 12 cidades brasileiras, terá os ingres-sos mais baratos da his-tória da competição, cuja primeira edição ocorreu em 1930.

Após apresentar ba-lanço sobre a Copa das Confederações, que ter-minou dia 30, no Rio, Val-cke disse que, em 70% dos jogos de 2014, os in-gressos tendem a custar menos que os das últi-mas copas, sem dar mui-tos detalhes.

“Do jogo 2 ao 48, vai

ser o ingresso mais ba-rato que já tivemos em Copa do Mundo, ain-da mais se você aplicar o sistema de desconto. Vai ser realmente barato”, re-forçou. Uma entrevista sobre o tema está previs-ta para 19 de julho.

Gás lacrimogênioO secretário-geral

também confi rmou que o gás lacrimogênio usa-

do para conter a manifes-tação no entorno do Ma-racanã dia 30, na partida fi nal da Copa das Confe-derações, foi sentido no estádio. “Se você tem gás ao redor do estádio, o gás entra no estádio, o que

você pode fazer? Colocar voluntários para soprar?”

Valcke evitou polemi-zar o assunto e foi enfá-tico ao argumentar que a segurança é um “pro-blema e responsabilida-de” dos governos. “A Fi-

fa pede segurança para os torcedores, para o es-tádio, para o evento em si. Não estamos dizendo o que fazer e nem pode-mos, esse assunto é te-ma de governo”, alegou. (Agência Brasil)

CORRIDA DE RUA Competição levou mais de 22 mil competidores de 61 países às ruas da orla carioca

rily dos Santos chegou em quarto lugar.

A Maratona do Rio, uma das maiores corridas de rua do país e a mais antiga, levou mais de 22 mil competidores de 61 países às ruas da orla ca-rioca neste no último do-mingo (7). Cerca de 6 mil atletas se inscreveram pa-ra o percurso de 42 qui-lômetros (km) da prova principal, e 9.500 mil cor-redores participaram da meia maratona, de 21 km. Mais 6 mil se inscreveram na Family Run, de 6km, uma corrida em família para se divertir.

Por causa do evento,

“Se você tem gás ao redor do estádio, o gás entra no estádio, o que você pode fazer?”

a prefeitura do Rio criou um esquema especial de trânsito, com interdição de diversas vias e altera-ção de mão das principais vias por onde passaram os corredores.

A aposentada Maria Dulce Ferreira, 60 anos, participou com amigas da competição de 6 quilô-metros e disse ter gostado tanto que pretende com-petir mais vezes em corri-das de rua. “É uma sensa-ção única correr com es-se mundo de gente e es-sa paisagem maravilhosa. Agora que descobri o que é bom, não paro mais”, disse. (Agência Brasil)

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Rio de Janeiro, de 11 a 17 de julho de 2013 esporte | 15

antes da partida na tar-de de ontem, que contoucom um rachão descon-traído. O zagueiro Leo-nardo Silva e o volante Le-andro Donizete participa-ram normalmente, masnão foram confi rmados.

mo estes explicam os pe-quenos públicos da Are-na Pernambuco nos jo-gos de sábado e domin-go, sendo que o último era um clássico entre Bo-tafogo e Fluminense?

O possível motivo pa-ra o esvaziamento dos estádios no Brasileirão é, basicamente, a re-lação custo-benefício. Um alto custo por pou-ca qualidade.

O Greuther Fürth – lanterna do último cam-peonato alemão – pos-sui um estádio com ca-pacidade para 18 mil pessoas. Do ponto de vista técnico, joga-ria na série D do Brasil. Seu público médio é de 16.872 torcedores.

Logo, o problema não é técnico. É econômico mesmo.

Pagar caro para ver seleções jogando por aqui é um absurdo, mas compreensível.

Já o ano todo, é um assalto!

Bruno Porpetta é autor do blog

porpetta.blogspot.com

opinião | Bruno Porpetta

Até a quinta rodada, a média de público do Brasileirão era de 10.813 torcedores. Não faz mui-to tempo, a Copa das Confederações levava às seis “arenas” um públi-co em média de 50.291 pessoas.

Com os números na mão, é possível interpre-tá-los de diversas formas.

Apesar do perfi l eli-tizado e notoriamen-te embranquecido do público “padrão Fifa”, a contundente presen-ça nos estádios baseia-se, majoritariamente, no gosto do brasileiro pe-lo futebol. O restante era um punhado de gente que foi ao “shopping”.

Pois bem. Se o brasi-leiro gosta de futebol pa-ra ir aos jogos da Copa das Confederações, por que não vai ao seu pró-prio campeonato? Por que não assiste ao seu próprio clube?

Alguns devem dizer que se deve ao confor-to, acessibilidade e segu-rança que as novas are-nas proporcionam. Co-

Pare! É um assalto!

brasileirão | 7ª rodada

XPonte Preta BahiaSab | 13/07 | 21h00 | Moisés Lucarelli

XFluminense InternacionalSab | 13/07 | 18h30 | Moacyrzão

XSantos PortuguesaSab | 13/07 | 18h30 | Vila Belmiro

XCoritiba Atlético PRDom | 14/07 | 16h00 | Couto Pereira

XGrêmio BotafogoDom | 14/07 | 16h00 | Arena do Grêmio

XVitória São PauloDom | 14/07 | 16h00 | Barradão

XCorinthians Atlético MGDom | 14/07 | 16h00 | Pacaembu

XCriciúma GoiásDom | 14/07 | 18h30 | Heriberto Hülse

XCruzeiro NáuticoDom | 14/07 | 18h30 | Mineirão

XVasco FlamengoDom | 14/07 | 18h30 | Mané Garrincha

Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro

da Redação

Confi ança. Essa é a pa-lavra repetida por atle-tas e torcedores do Atlé-tico-MG, que hoje à noi-te, às 21h50, decide seu futuro na Taça Liberta-dores. O clube recebe, no Independência, em Be-lo Horizonte, o argentino Newell’s Old Boys em dis-puta por uma vaga na fi -nal do torneio.

No jogo de ida, o time mineiro perdeu por 2 a 0 e agora precisa vencer o adversário por pelo me-nos três gols de diferença – uma vez que uma vitó-ria pelo mesmo placar le-va o jogo para as penali-dades.

“Estou sentindo mui-ta confi ança, sei que os torcedores estão con-fi ando na gente, vejo nas conversas que a confi an-ça é muito grande”, dis-se o atacante Jô em de-claração ao site do time. “Acho que isso é o prin-cipal para um jogo deci-

Galo joga a vida na LibertadoresLIBERTADORES Equipe de Ronaldinho Gaúcho encara o argentino Newell’s Old Boys na luta por uma vaga na fi nal do torneio

sivo como esse. É um jo-go que envolve invenci-bilidade dentro do In-dependência, uma fi nal inédita para o clube, en-fi m, é muita coisa dentro de uma partida só e to-dos estamos cientes dis-so”, disse o goleador.

Bola na redeCom seis gols na com-

petição, Jô (que divide a artilharia do torneio com seu companheiro de equipe, Diego Tardelli) diz respeitar o adversário, mas acredita que conse-

guirá reverter o placar e participar de uma fi nal inédita para o Galo.

“Dentro de casa, a gen-te tem a força máxima, a torcida, a força ofensiva, um elenco muito bom, então, acho que tem tudo para dar certo. Claro que temos que entrar pen-sando primeiro em fazer um gol, depois o segun-do e assim por diante, até conseguir a classifi cação, mas, primeiro, temos que pressionar e ter atenção para não tomar gols tam-bém”, comentou.

O técnico Cuca co-mandou o último treino

Jô e Richarlysson conversam durante treino do Galo

“Dentro de casa, a gente tem a força máxima, a torcida, a força ofensiva, um elenco muito bom, então, acho que tem tudo para dar certo”

“É um jogo que envolve invencibilidade dentro do Independência, uma fi nal inédita para o clube”

Newell’s Old BoysAtlético-MG

X

Arena IndependênciaBelo Horizonte (MG) | 10/07 | 21h50

FICHA TÉCNICA

Page 16: Brasil de Fato RJ - 011

Rio de Janeiro, de 11 a 17 de julho de 2013 | esporte16

-negro cedeu o empate para o Coritiba.

Ao menos o clima en-tre os jogadores e a tor-cida parece estar me-lhor. Afastado do elen-co desde o Campeonato Carioca, o zagueiro Alex

COPA DO BRASIL Jogadores rubro-negros mostram confi ança num bom resultado em Alagoas

FATOS EM FOCO

A vitória sobre o Flu-minense neste do-mingo levou o Botafo-go para a liderança do Campeonato Brasilei-ro. Com 13 pontos, os alvinegros estão um a frente do Coritiba. Nes-ta temporada, o time vem fazendo excelente campanha, com ape-nas duas derrotas e 22 vitórias, coroadas com a conquista do Campe-onato Carioca.O time espera descan-sar para evitar o des-gaste para o próximo jogo, no fi m de semana, contra o Grêmio.

A derrota para o Bota-fogo na última rodada do Brasileirão não foi o que a torcida esperava, mas, apesar dela, boas jogadas foram criadas e o Tricolor dominou boa parte do duelo. A falta de pontaria pre-ocupa. Além das chan-ces desperdiçadas, os tricolores lamentaram o momento de liberda-de de Seedorf, que aca-bou decretando a vitó-ria botafoguense. Um dos destaques do Brasil na Copa das Confederações, Fred não teve o retorno que desejava ao Fluminen-se. Trajando a faixa de capitão, o atacante não foi tão acionado no dia 7 de julho, na Arena Pernambuco. O próxi-mo compromisso no Brasileirão, pela sétima rodada, será no sába-do, às 18h30 (de Brasí-lia), quando o time re-cebe o Internacional, em Macaé (RJ).

Botafogo líder

Fluzão sem pontaria

Mano prepara time que irá enfrentar o ASA-AL pela Copa do Brasil

Dinamite e Autuori: técnico deve acertar com o São Paulo

Alexandre Vidal/Fla Imagem

Vasco da Gama

Mengão pra cima do Asa

da Redação

O Flamengo vai dar uma pausa no Brasilei-ro e volta a campo, nes-ta quarta-feira (10), pa-ra encarar o ASA-AL, em Arapiraca, pela terceira fase da Copa do Brasil.

A pressão da torci-da local vai ser intensa, mas os rubro-negros es-tão confi antes num bom resultado.

“Vamos tentar fazer um bom resultado em Arapiraca, porque se-rá importante para nós”, disse Léo Moura ao site do clube.

Apesar da confi an-ça, o time de Manos Me-neses tentará fi car mais atento no jogo para não ocorrer o que aconteceu sábado passado (6), no estádio Mané Garrincha Após o Flamengo abrir 2 a 0 de vantagem, o Rubro

da Redação

A diretoria do Vasco confi rmou o que todos já esperavam na manhã de terça-feira (8). Paulo Au-tuori, insatisfeito com a grave crise fi nanceira do clube, deixou o time e muito provavelmente as-sinará com o São Paulo, interessado em sua con-tratação.

Em São Januário, Au-tuori teve relação estreita com a diretoria, respon-sável por tentar amenizar a má situação econômica que já se alastra há tem-pos. Os salários do elenco

Vasco ofi cializa saída de AutuoriFUTEBOL O nome preferido para substituí-lo é o de Dorival Júnior

Silva chegou a um acor-do com o Flamengo e te-rá o contrato rescindido. O jogador aceitou abrir mão de parte de sua in-denização, já que tem vínculo com o clube até junho de 2014.

Ele também não vinha tendo um bom relacio-namento com a torcida.

O Flamengo deve en-frentar o Asa-AL com: Felipe, Leonardo Mou-ra, Wallace, Marcos Gon-zález e João Paulo; Víctor Cáceres, Val, Elias e Ga-briel; Paulinho e Marce-

FlamengoASA-AL

X

Coaracy da Mata FonsecaArapiraca (AL) | 10/07 | 21h50

FICHA TÉCNICA

“Vamos tentar fazer um bom resultado em Arapiraca, porque será importante para nós”

estão atrasados e seriam quitados em julho, como prometeu Dinamite, mas o juramento não foi cum-prido e irritou o técnico.

Após a derrota do Vas-co para o Internacional, por 5 a 3, neste fi nal de semana, Autuori desem-barcou no Rio de Janeiro em clima de despedida.

O Vasco já tem o no-me preferido para substi-tuir Paulo Autuori: é Do-rival Júnior. Dorival Jú-nior fi cou marcado co-mo o treinador que co-mandou o Vasco na con-quista do Brasileirão da Série B, em 2009.

lo Moreno.A partida é válida pela

terceira fase da Copa do Brasil e será disputada às

21h50 (de Brasília) desta quarta-feira (10), no Es-tádio Municipal de Ara-piraca.