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Caderno de Resumos e Programação
IV SEMINÁRIO DE ESTUDOS MEDIEVAIS
12, 13 E 14 DE JUNHO DE 2017 PPGL/UFPB
Universidade Federal da Paraíba – UFPB
Profa. Dra. Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz - Reitora
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Profa. Dra. Mônica Nóbrega - Diretora
Coordenação do curso de Letras
Prof.Cirineu Cecote Stein - Coordenador
Programa de Pós-Graduação em Letras
Profa. Dra. Ana Marinho - Coordenadora
INICIATIVA
Grupo Interdisciplinar de Estudos Medievais(CNPq/UFPB)
Grupo Christine de Pizan(CNPq/UFPB/UnB)
Grupo de Pesquisa Estudos Literários Lusófonos (CNPQ/UEPB)
Principium (CNPq/UEPB)
Sacratum (CNPq/UFPB)
COMISSÃO ORGANIZADORA
Aldinida Medeiros (UEPB)
Ana Míriam Wuensch (UnB)
Luciana Calado Deplagne (UFPB)
Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB/UFPB)
COMISSÃO CIENTÍFICA
Aldinida Medeiros (UEPB)
Annabela Rita (Universidade de Lisboa)
Ana Míriam Wuensch (UnB)
Cláudia Brochado (UnB)
Fernanda Cardozo (UECE)
Isabel Lousada (Universidade Nova de Lisboa)
Karine Rocha (UFPE)
Luciana Calado Deplagne (UFPB)
Luciano Vianna (UPE)
Maria Graciele Lima (UFPB)
Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB/UFPB)
Ria Lemaire (Université de Poitiers)
Suelma de Souza Moraes (UFPB)
ARTE
François Deplagne
MONITORES
Anália Sofia Cordeiro de Lima Gomes
Andreia Rafael de Araújo
Aniely Walesca Oliveira Santiago
Daniel Eduardo da Silva
Eliza de Souza Silva Araújo
Laura Maria da Silva Florentino
Maria Letícia Macêdo Bezerra
Mônica de Paula Gomides
Rosemeri Veríssimo Santana da Costa
Sebastiana Inácio Lima
Suelen Amaral da Silva
Sofia Fidélis de Lisboa
Thamires Nayara Sousa de Vanconcelos
Whadja Nascimento Oliveira
Yasmin de Andrade Alves
APOIO:
Universidade Federal da Paraíba
Pró-Reitoria de Pós-Graduação da UFPB
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA/UFPB)
Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL/UFPB)
Academia Lusófona Luis de Camões
CLEPUL (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)
EIXOS TEMÁTICOS e COORDENA DORES
Utopia do amor: Fin´Amor
Profª. Drª Luciana Eleonora
Calado Deplagne (UFPB)
Profª.Drª Ria Lemaire
(Université de Poitiers)
Utopia da autonomia: As
beguinas
Profª.Drª.Karine Rocha(UFPE)
Profª.Drª.Maria Simone
Marinho Nogueira
(UEPB/UFPB)
Utopia da Querelle des femmes: A
Cidade das Damas
Profª.Drª. Cláudia Brochado (UnB)
Profª.Drª. Ana Míriam Wuensch
(UnB)
Utopia e Novelas de Cavalaria
Profª. Drª Aldinida
Medeiros(UEPB)
Temática livre voltada aos Estudos Medievais
Prof.Dr. Luciano J. Vianna (UPE)
PROGRAMAÇÃO GERAL
Horário Segunda
12/06
Terça
13/06
Quarta
14/06
08h00 Credenciamento
Exposição
Credenciamento
Exposição
Credenciamento
Exposição
08h30-
10h00
Mesa-redonda 5
Mesa-redonda 6
Mesa-redonda 7
Mesa-redonda 8
09h00-
10h30
Sessão de
abertura
Conferência
inaugural
Edward
Hoornaert
10h00-
10h30 Coffee break Coffee break
10h30-
12h00
Atividade
Cultural:
Performance
Christine de Pizan
Apresentação
musical: Cantigas
de amor
Rosário Leite e
Daniel Seixas
Conferência 2
Adriana Zierer
Apresentação do
grupo Verso de
boca (UFC)
Conferência de
encerramento
Maria Simone
Marinho
Nogueira
Lançamento de
livros
Apresentação:
Pequeno recital
Maria Graciele
Lima
12h00 –
13h45 Almoço Almoço Almoço
13h45 –
15h45
Mesa-redonda 1
Mesa-redonda 2 Mini-curso Mini-curso
15h45 –
16h00 Coffee break Coffee break Coffee break
CONFERÊNCIAS
12/06/2017 - Auditório da Reitora – UFPB
09h30
Conferência de abertura: Utopias medievais
Prof. Dr. Edward Hoornaert (UFBa)
13/06/2017 - Auditório 1 da CA (Central de Aulas)
10h30
Conferência 2: Paraíso e Utopia: uma viagem ao Além Medieval
na Visão de Túndalo
Profª.Drª. Adriana Zierer (UEMA)
14/06/2017 – Auditório 1 da CA (Central de Aulas)
10h30
Conferência de encerramento: A Mística Feminina Medieval como “um
lugar para se perder"
Profª.Drª Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB / UFPB)
MESAS-REDONDAS
12/06/2017
13:45 às 15:45
MESA-REDONDA 1: Autoria feminina : do medievo à
contemporaneidade - Auditório 1 CA
Neta(s) de D. Dinis": FiamaHass Pais Brandão, Maria Teresa
Horta, Myriam Coeli e Natália Correia
Profª. Drª. Conceição Flores (UnP)
Traços da lírica trovadoresca amorosa em Viagem, de Cecília
Meireles
Profª.Drª. Maria Aparecida Lima Francisco (UEPB)
“Quem é a autora?”: Literatura de autoria feminina na
Inglaterra medieval
Profª;Msª. Fernanda Cardoso Nunes (UECE)
Utopia, distopia e a insatisfação com a realidade em A Cidade
das Damas de Christine de Pizan e O Último Homem de Mary
Shelley
ProfªMsª Janile Pequeno Soares (UFPB)
MESA-REDONDA 2: Utopia e imaginário medieval
Auditório 2 CA
Utopia literária espanhola: cronologia de uma fuga.
Prof. Dr. Juan Ignacio Jurado Centurión Lopez (UFPE)
Cartografia das terras imaginárias: a utopia do maravilhoso na
Idade Média.
Profª. Drª. Beliza Áurea (UFPB)
As viagens de São Jorge entre tempos e territórios medievais
antes de embarcar na liturgia contemporânea de Umbanda
Profª.Dr. Roncalli Dantas Pinheiro (UFPB)
Dante e a utopia medieval da Divina Comédia: categorias
literárias antigas e medievais
Prof. Dr. Anderson D´Arc (UFPB)
12/06/2017
16:00 às 18:00
MESA-REDONDA 3: Literatura medieval e residualidade
Auditório 1 CA
O medievo está aqui
Roberto Pontes (UFC)
“A orgia dos duendes: Um medievo satirizado, confundido
Profª.Drª Elizabeth Dias Martins (UFC)
Resíduos do medievo: a morte e a morte macabra na poesia de
Augusto dos Anjos
Francisco Wellington Rodrigues Lima (UFC)
MESA-REDONDA 4: “Mística, alquimia e eros no universo medieval:
utopia ou busca da perfeição?
Auditório 2 CA
Mistica, alchimia ed eros nell’ universo medievale”. Utopia o
ricerca della perfezione?
Claudio Lanzi (Centro de pesquisa SIMMETRIA)
Dante Alighieri - A Rosa mística e o Amor que move as estrelas
Profª. Drª. Suelma Moraes (UFPB)
13/06/2017
08:30 às 10:00
MESA-REDONDA 5: Mística feminina e Amor cortês
Auditório 2 CA
A poética de Fin´Amors na obra de Marguerite Porète
Profª.Msª. Maria Graciele de Lima (UFPB)
Mística e amor cortês em Espelho das almas simples e
aniquilidas de Marguerite Porete
Profª. Drª Karine Rocha (UFPE)
Os enlaces divinos na poesia da beguina Hadewijch de
Amberes
Profª. Msª Paloma Oliveira (UEPB/UFPB)
MESA-REDONDA 6: Grupo Christine de Pizan
Auditório 1 CA
A Mística em Hildegarda de Bingen
Profª.Msª. Mirtes Pinheiro (UFMG)
Resistência e utopia na Cidade das Damas.
Profª.Msª. Ana Miriam Wuensch (UnB)
Mil anos depois: notas sobre a tradução para o português
brasileiro do tratado de medicina para as mulheres de
Trotuladi Ruggiero (séc. XI)
Profª.Drª. Karine Simoni (UFSC) e Profª.Drª. Luciana Calado
Deplagne(UFPB)
14/06/2017
08:30 às 10:00
MESA-REDONDA 7: Estudos Antigos e Medievais: visões
interdisciplinares
Auditório 1 - CA
As crônicas do século XVI: uma necessária análise
interdisciplinar
Prof. Dr. Luciano José Vianna (UPE)
A utopia na República de Platão: mito da caverna
Prof. Dr. Marco Valério Colonnelli (UFPB)
Imagens da Utopia Medieval na construção do Imaginário
Americano
Prof. Dr. Juan Pablo Martín Rodrigues (UFPE)
Hipátia de Alexandria (379-413 d.C), exemplo de mulher
intelectual na transição entre a Antiguidade-Tardia e o
Medievo
Prof. Dr. Marcos Roberto Nunes da Costa (UFPE)
MESA-REDONDA 8: Maravilhoso Medieval e Novelas de Cavalaria
Auditório 2 - CA
Utopias medievais e o Merlim cristianizado
Prof. Dr. André de Sena (UFPE)
O maravilhoso nas novelas de cavalaria
Profª. Drª. Luciane Alves Santos (UFPB)
O maravilhoso em uma novela de cavalaria renascentista
portuguesa: um estudo sobre o Memorial das Proezas da
Segunda TávolaRedonda, de Jorge Ferreira de Vasconcelos
Profª.Msª Letícia Raiane dos Santos (UFPE)
O maravilhoso e a magia medieval
Prof.Dr. Átila de Almeida (UFRJ)
SESSÕES DE COMUNICAÇÃO
EIXO TÍTULO DO
RESUMO
AUTOR/A/S
UTOPIA DA
AUTONOMIA: AS
BEGUINAS
13/06/17
16H00 - 18H00
LOCAL: CA
(Central de Aulas)
Bloco A – Sala 101
A influência e a
contribuição social de
pensadoras no período
medieval: o movimento
das Beguinas.
Dennis Cláudio
Ferreira (UEPB)
A liberdade das Almas
Aniquiladas no Le
Miroir de Marguerite
Porète (1250-1310).
Danielle Mendes da
Costa (UFRJ)
Amar, servir e ser
amada: O caminho
virtuoso ao encontro do
Amado em Hadewich
da Antuérpia.
Neuma Antonia da
Silva (UEPB)
A emancipação
feminina nos
beguinários: palavra,
ação e escrita.
TatianneGabrielly
Oliveira Quintans
(UEPB)
Co-autora: Simone
Dos Santos Alves
Ferreira(UEPB)
As Beguinas e
Marguerite Porète: a
experiência com o
divino e o cuidado com
Valkíria Oliveira de
Melo (UEPB)
Maria Simone
Marinho
o outro. Nogueira(UEPB)
EIXO UTOPIA DA
QUERELLE DE
FEMME: A CIDADE
DAS DAMAS
13/06/17 16H00 -
18H00
LOCAL: CA (Central de
Aulas)
Bloco A – Sala 102
Razão, retidão e
justiça: a questão do
conhecimento em A
cidade das damas de
Christine de Pizan.
Anderson Cardoso
Rubin
(UFSC/UCDB)
Transgressão e
pioneirismo em
Marguerite Porète e
Christine de Pizan.
Daniel Eduardo da
Silva (UFPB)
Pelo acesso das
mulheres à educação:
mulheres intelectuais
em A cidade das damas
de Christine de Pizan.
Gizelda Ferreira do
Nascimento Lima
(UFPB)
Um lugar para Maria
Bonita na Cidade das
Damas.
Maria Carreiro
Chaves Pereira
(UNB)
EIXO UTOPIA E
NOVELAS DE
CAVALARIA
13/06/17
16H00-18H00
LOCAL: CA
(Central de Aulas)
Bloco A – Sala 103
A ressonância da
utopia cavalheiresca no
par romântico de o
bobo de Alexandre
Herculano.
Andréia Rafael de
Araújo - UFPB
Orientadora:Aldinida
Medeiros
(UEPB/UFPB)
Utopia da justiça: O
milenarismo na
Canção de Rolando.
AnielyWalesca
Oliveira
Santiago(UFPB)
Um estudo da
santidade feminina
medieval a partir da
obra A Demanda do
Claudienne da Cruz
Ferreira (UEMA)
Orientadora:Adriana
Maria de Souza
Santo Graal. Zierer(UEMA)
A Canção de Rolando e
a Utópica Imagem do
Cavaleiro Perfeito.
Elisângela Coelho
Morais(UEMA)
Orientadora: Adriana
Maria de Souza
Zierer (UEMA)
Don Quijote: la crítica
que transpone el
tiempo.
Jossana Melo da
Silva (UFPB)
EIXO UTOPIA DO
AMOR: FIN'AMOR 1
13/06/17
16H00 - 18H00
LOCAL: CA
(Central de Aulas)
Bloco A – Sala 104
O Amor Virginal em O
Colar da Pomba de
IbnHazm.
Celia Daniele
Moreira de
Souza(UFRJ)
As cantigas do amor
total: Considerações
sobre o
Neotrovadorismo na
poesia de Vinicius de
Moraes.
Jonathan Lucas
Moreira Leite(UFPB)
Co-
autora:JéssicaRodrigu
es Férrer (UFPB)
O amor cortês emInês
de Castro de María
Pilar QueraltdelHierro.
Simone dos Santos
Alves Ferreira
(UEPB)
Entre o exercício da
dor de amar e a
plenitude do amor:
Uma análise do
Romance Epistolar de
Mariana Alcoforado à
Mística Erótica de
Teresa D’Ávilla.
Thamires Nayara
Sousa de
Vasconcelos (UFPB)
EIXO UTOPIA DO
AMOR: FIN'AMOR 2
13/06/17 16H00 -
18H00
LOCAL: CA
(Central de Aulas)
Bloco A – Sala 105
A desconstrução do
ideal platônico do amor
cortês nas Cantigas de
Amigo de Natália
Correia
Anália Sofia Cordeiro
de Lima Gomes
(UFPB)
O amor cortês em La
Celestina entre o
medieval e o
renascentista.
Aline Kelly Vieira
Hernández ( UFPB)
Rousseau e o romance
filosófico: reflexões
sobre as
Correspondências de
Abelardo e Heloísa e a
Nova Heloísa.
Jozelma Oliveira
Pereira (UEPB)
Maria Simone
Nogueira (UEPB)
Amor cortês em
Pequeno Romanceiro,
de Guilherme de
Almeida.
Leonildo Cerqueira
(UFC)
LITERATURA 1:
Poéticas da oralidade
13/06/17
16H00 - 18H00
LOCAL: CA (Central de
Aulas)
Bloco A – Sala 106
São Saruê: A Cocanha
Nordestina.
Caroline Sandrise dos
Santos Maia(UFPB)
José Costa Leite e os
encantos da mulher
Fabianne Ramos de
Souza Vieira( UFPB)
Cocanha e São Saruê:
terras de abundância
Laura Florentino
(UFPB)
Lia de Itamaracá e a
Ciranda do Amor.
Manuela Xavier R. de
Souza (UFPB)
DoTrovadorismo ao
Repente nordestino:
revisitando as cantigas
Welson dos Anjos
Pereira (UEPB)
de tenção medievais
pelos desafios da
cultura popular.
Simone Dos Santos
Alves Santos (UEPB)
LITERATURA 2
Interdisciplinaridade
14/06/17
16H00 - 18H00
LOCAL: CA
(Central de Aulas)
Bloco A – Sala 101
A arte de dizer poemas:
um resíduo medieval
Ana Carolina de Sena
Rocha (UFC)
Elizabeth Dias Martin
(UFC)
Por debaixo dos panos:
o engano em Vespas,
de Aristófanes, e n’ A
farsa do Advogado
Pathelin.
Francisco Alison
Ramos da Silva
(UFC)
Breve reflexão sobre as
concepções acerca do
tempo no pensamento
filosófico e literário.
Gilmar de Souza
Barbosa Vasconcelos
(UEPB)
Dante Alighieri e a
busca de uma ordem de
paz universal.
Risomar Gomes
Monteiro Fialho
(Faculdade Paraíso –
CE)
Gustavo Leite Neves
da Luz (Faculdade
Paraíso – CE)
O simbolismo das
culturas cristã e pagã
no imaginário
simbólico do filme As
Brumas de Avalon luz
sobre a terra média: a
imagem mítica
psicológica da mulher,
Rafael Francisco
Braz (UEPB)
deusa, élfica.
LITERATURA 3:
Representação da
mulher na Literatura
medieval e
Renascentista
14/06/17
16H00 - 18H00
LOCAL: CA
(Central de Aulas)
Bloco A – Sala 102
Os modelos de
comportamento nas
barcas de Gil Vicente.
Andreia Karine
Duarte (UEMA)
A leitura da mulher
medieval: o conto “A
mulher de Bath”, de
Geoffrey Chaucer,
como representação.
Daniela Viana Cruz
(UNEB-BA)
Luis Roberto
Resende dos Santos
(UNEB-BA)
O riso e a
representação da figura
feminina da Idade
Média: da condenação
à carnavalização
GracielleAngeline
Tavares da Silva
(UFPB)
José Suetonio Ramos
Gonçalves (UFPB)
Maria Lucivânia da
Silva Bernardino
(UFPB)
A representação da
mulher em " Ditos da
freira" ( sec. XVI), de
Joana da Gama.
Mônica de Paula
Gomides (UFPB)
Larisa Souza Silva
(UFPB)
Rejane Cavalcante da
Silva(UFPB)
Mulheres portuguesas
em Gil Vicente: uma
análise dos tipos
satirizados e das
camadas sociais em
algumas peças
vicentinas.
Renata de Jesus
Aragão Mendes
(UEMA)
Orientadora: Adriana
Maria de Souza
Zierer (UEMA)
Maria Exita, resíduos
da camponesa
medieval em
Substância, de
Guimarães Rosa
Victória Pereira
Vasconcelos Abreu
(UFC)Elizabeth Dias
MARTINS (UFC)
LITERATURA 4
Tradição medieval na
Literatura
contemporânea
14/06/17 16H00 -
18H00
LOCAL: CA (Central de
Aulas)
Bloco A – Sala 103
Diálogo atemporal: um
estudo residual do
poema Cantiga para
não morrer, de Ferreira
Gullar.
Kaio Oliveira Tillesse
Barros (UFC)
Daniel Pereira de
Oliveira (UFC)
Resíduos da novela de
cavalaria no romance
d’a pedra do reino, de
Ariano Suassuna.
Maria Milene Peixoto
de Oliveira (UFC)
Rosa Brava: uma
releitura da mulher
medieval na figura de
Leonor teles.
Rosemeri Verissimo
Santana Costa
(UFPB)
Aldinida Medeiros
(UEPB)
Ideia de mundo
medieval, uma
proposta de leitura a
partir do C. S. Lewis.
Salomão Davi Xavier
da Silva (UFPB)
O discurso de Fernão
Lopes sob a
perspectiva da
metaficçãohistóriográfi
ca deSeomara da
Veiga Ferreira.
WhadjaNascimento(
GIELLus)
AldinidaMedeirosUE
PB/ PPGL-UFPB
LITERATURA 5
Representação do Resíduos do sirventês Carlos Henrique
medievo na Literaturas
Brasileira
14/06/17
16H00 - 18H00
LOCAL: CA
(Central de Aulas)
Bloco A – Sala 104
medieval na poesia
insubmissa de Pedro
Lyra.
Peixoto de Oliveira e
Brenda Raquel Nobre
Lopes (UFC)
Justiça e esperança em
Verbo Encarnado, de
Roberto Pontes:
resíduos de um
pensamento medieval.
Cássia Alves da Silva
(UFC)
Mary Nascimento da
Silva Leitão(UFC)
Conhecer é perigoso:
do mito de Prometeu
ao pecado original,
resíduos do demoníaco
em Lavoura Arcaica.
Francisca Yorranna
da Silva (UFC)
Elizabeth Dias (UFC)
A Arte Literária e o
Mal: sexo, desvio e
danação na Crônica da
Casa Assassinada.
Romildo Biar
Monteiro (UFC)
Elizabeth Dias
Martins (UFC)
A batalha discursiva
entre Oliveiros e
Ferrabrás: do Medieval
para o sertão
nordestino.
Willian Lima de
Sousa (UFPB)
ESTUDOS EM
MEDIEVALÍSTICA 1
14/06/17
16H00 - 18H00
LOCAL: CA
(Central de Aulas)
Bloco A – Sala 105
Senhorio, normativas
canônicas e a guerra:
As relações de
negociação em Castela
e Leão nos séculos XI e
XII.
Bruno Gonçalves
Alvaro (UFS)
Legitimidade, Bruna Oliveira Mota
autoridade e poder:
Uma breve reflexão
sobre as relações de
negociações senhoriais
no período alfonsino
(1252-1284)
(UFS)
Giordano Bruno:
apropriação e
reelaboração da
especulação
Cusana sobe a
infinitude de deus e do
universo.
José Teixeira
(UERN)
Entre a justiça e a
felicidade: o diálogo de
um injustiçado
Lauro Cristiano
Marculino Leal
(UFPB)
Traços para uma
experiência do olhar
em De Visione Dei de
Nicolau de Cusa
Klédson Tiago Alves
de Souza (UEPB)
Maria Simone
Marinho Nogueira
(UEPB)
O ressurgimento
urbano na baixa idade
média e sua
contribuição para o
estudodo urbanismo
ocidental moderno.
Magnus Galeno Felga
Fialho (FJN)
EIXO LIVRE
ESTUDOS EM
MEDIEVALÍSTICA 2
14/06/17 16H00 -
18H00
LOCAL: CA
(Central de Aulas)
Diálogos entre a
filosofia medieval-
tomista e a jusfilosofia
contemporânea: ensaio
hermenêutico e
axiológico.
Cláudio Pedrosa
Nunes(UFCG)
Bloco A – Sala 106
Do misticismo à
presunção: as
representações da rosa
na passagem da Idade
Média ao Barroco.
Lourival da Silva
Burlamaqui
Neto(UFPE)
Paraíso e Salvação na
Arte de BienMorir:
Considerações sobre
uma utopia medieval.
Patrícia Marques de
Souza (UFRJ)
Monergismosoteriológi
co na Suma de santo
Tomás de Aquino.
Renan Pires Maia
(UFPB)
Tradução ao conceito
de desprendimento em
mestre Eckhart.
Sebastiana Inácio
Lima (UFPB)
MINI-CURSOS
13 e 14 de junho 13:45 ás 15:45
Central de Aulas- Bloco A - UFPB
MINICURSO 1
Sala 101 – Bloco A (Central de aulas)
Título: O corpo que cala: A vida divina e a emancipação do
corpo no pensamento de Marguerite Porete
Profª Amanda Oliveira da Silva Pontes (UEPB)
MINICURSO 2
Sala 102 – CA (Central de aulas)
Título: O Latim nos hinos litúrgicos: a face clerical do medievo
Prof. Dr. Alder Júlio Ferreira Calado (UFPB)
MINICURSO 3
Sala 103 – CA (Central de aulas)
Título: Magia e a utopia da vontade
Prof.Dr. Átila de Almeida (UFRJ)
CONFERÊNCIAS
PARAÍSO E UTOPIA: UMA VIAGEM AO ALÉM MEDIEVAL NA
VISÃO DE TÚNDALO
Adriana Zierer (UEMA/Brathair/Mnemosyne)
Para os homens e mulheres da Idade Média, a ida ao Paraíso depois da
morte era o principal propósito, motivo pelo qual este lugar pode ser
considerado uma utopia por excelência, espaço ao mesmo tempo, físico e
espiritual de felicidade e bem estar. De acordo com Le Goff (2002, p. 21),
depois da ressurreição, que ocorre no fim do mundo, os “bons” vivem
eternamente num lugar de delícias, o Paraíso. Porém para atingir este local,
os humanos devem abster-se de pecar no mundo terreno. Assim, o local de
plenitude se opõe diretamente ao Inferno, local das punições eternas para
onde vão aqueles que, segundo o cristianismo, se dedicaram aos prazeres
mundanos e às tentações do mal. No intuito de afastar os indivíduos deste
local, foram compostas muitas narrativas dentre as quais as viagens ao
Além-túmulo. Dentre estas, a Visio Tnugdali (Visão de Túndalo) é a mais
conhecida e que teve maior difusão. Composta no século XII, mas com
ampla circulação até o século XVI em boa parte da Europa, esta narrativa
trata da transformação de um cavaleiro pecador num bom cristão. Ele
“morre” temporariamente, isto é, passa mal subitamente e entra numa
espécie de coma, quando faz um percurso ao Além, acompanhado do seu
anjo da guarda. A narrativa foi uma das que influenciaram a Divina
Comédia, de Dante. Após passar pelos locais infernais e sofrer fisicamente
torturas por seus pecados, o protagonista, Túndalo se arrepende de suas
antigas faltas. Depois, chega a conhecer os três espaços do Paraíso, dividido
em muros. O local tem pontos de contato com o Éden bíblico e com a
Jerusalém Celeste, que é caracterizada no medievo como uma cidade
commuros. Neste local, todos são felizes e louvam continuamente o criador.
Há ali a presença da fonte de água viva, de árvores frutíferas, das pedras
preciosas e instrumentos musicais, entre outros elementos. Após conhecer
os espaços infernais e paradisíacos, o cavaleiro “acorda”, isto é, retorna ao
mundo terreno, onde, regenerado, doa os seus bens aos pobres e à Igreja e se
torna um modelo de bom cristão para que quando morresse retornasse à
utopia paradisíaca. Por isso, é possível afirmar que a Visão de Túndalo age
como um verdadeiro manual de comportamento, ensinando atitudes corretas
para que os indivíduos atingissem o Paraíso na outra vida.
UTOPIAS MEDIEVAIS
Eduardo Hoornaert (UFBa)
Os temas anunciados para as seis Mesas Redondas desse Seminário são
fascinantes. Quem não se sente com vontade de saber mais sobre a Visão de
Tundalo, as visões de Margarita Porete, Hadewijch de Antuérpia,
Hildegarde de Bingen, as sensacionais inovações de Trotula de Ruggiero no
campo da medicina, a infeliz sorte de Hipátia de Alexandria, a primeira
matemática de seu tempo e, bem mais perto de nós, a literatura de Mary
Shelley? Quem não gostaria de participar das viagens de São Jorge, o
itinerário de Dante pelo inferno, pelo purgatório e pelo paraíso? Quem não
quer revisitar Merlin e o mundo maravilhoso da Saga do Rei Artur, ou
entrar com Christine de Pizan na feminista Cidade das Damas? Peço licença
para colaborar com uma colocação que, assim espero, ajude a aprofundar os
temas que vocês vão abordar nestes dias. Gostaria de propor o tema da
ironia no estudo dos temas que serão abordados nestes dias, pois quer me
parecer que a vivência de uma utopia postula o exercício de uma boa dose
de ironia. Nessa reflexão, Cervantes vai me servir de guia, pois seu
Romance Dom Quixote constitui a seu modo uma revisão e uma crítica da
literatura medieval. Cervantes mostra que a utopia, ao mesmo tempo em que
constitui a vivência da verdade, necessita de ironia para não resultar em
ilusão.
A MÍSTICA FEMININA MEDIEVAL COMO “UM LUGAR PARA
SE PERDER”
Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB/Pós-Graduação em
Filosofia/Mestrado/UFPB)
Nesta conferência pretende-se abordar a mística feminina medieval tendo
como principal recorte histórico os séculos XII e XIII com base nos textos
apresentados pelas mulheres que se situam nesse período. Desta forma, far-
se-á, em primeiro lugar, uma breve contextualização da mística na história
da filosofia; em segundo lugar, mostrar-se-á algumas diferenças entre a
mística produzida pelas mulheres e a mística produzida pelos homens; e, por
fim, num terceiro momento, procurar-se-á apresentar a mística feminina
medieval como uma atopia não só porque, como afirma Michel de Certeau,
ela se constitui como um lugar para se perder, mas também porque, nas
suas expressões (da mística feminina) há uma estranha obsessão pelo vazio
que se revela no fogo do desejo, mas não deixa de ser, ao mesmo tempo,
uma experiência do pensamento.
MESAS-REDONDAS
RESISTÊNCIA E UTOPIA NA CIDADE DAS DAMAS.
Profª Ana MíriamWuensch (UnB)
Apresentamos neste trabalho algumas linhas gerais para uma leitura política
da obra Cidade das Damas da escritora medieval Christine de Pizan.
Perguntamos se a ficção que constitui a Cidade das Damas, em seus retratos
biográficos de mulheres singulares organizados pelo diálogo interno que
organiza a obra, pode ser entendida como resistência ou como utopia.
Consideramos as diferenças e articulações entre os dois termos, em seus
aspectos literários, políticos, e epistemológicos mais antigos e mais
modernos. Utilizamos como recurso privilegiado, entre outros, as ideias da
pensadora Hannah Arendt relativas à condição humana da política, e sua
estratégia de voltar-se para um passado esquecido pela tradição do
pensamento político ocidental, em busca de vestígios de compreensão do
mundo com mulheres, em nosso presente.
Palavras-chave: Christine de Pizan, Cidade das Damas, Hannah Arendt,
resistência, utopia.
DANTE E A DIVINA COMÉDIA: CATEGORIAS LITERÁRIAS
ANTIGAS E MEDIEVAIS
Prof. Dr. Anderson D’Arc Ferreira (UFPB)
O presente trabalho apresenta-se como um breve excurso em minhas
pesquisas. A interface entre categorias filosóficas e literárias sempre atraiu
os estudos dos filósofos desde seu debate com a cultura dos poetas na
Grécia Arcaica. Nosso trabalho, entrementes, é fruto de uma primeira
aproximação, de minha parte, entre algumas das categorias filosóficas e
literárias desenvolvidas durante o medievo. O objetivo que pretendemos
atingir nessa pesquisa preliminar é levantar de que forma Dante recebe as
influências literárias da tradição e as reinterpreta diante dos dados morais
cristãos incutidos pela revelação. Nossa hipótese é a de que ele trabalha com
os elementos oriundos de Homero (descida de Ulisses ao mundo dos mortos
- Odisseia) e Virgílio (descida de Eneias ao mundo dos mortos – Eneida).
Para atingir nosso objetivo compararemos a narrativa desenvolvida por
Dante com os dados da katábasis (descida) de Ulisses e Eneias, aspectos
que nos possibilitarão entender o significado da escolha, por parte de Dante,
da Comédia como estilo literário de sua obra, e não uma Epopeia como em
Homero e Virgílio. Com isso pretenderemos levantar alguns elementos que
nos permitam entender em que sentido a Divina Comédia pode ser chamada
de ‘utopia’ do medievo.
Palavras-Chave: Dante; Utopia; Divina Comédia.
UTOPIAS MEDIEVAIS E O MERLIM CRISTIANIZADO
Prof. Dr. André de Sena (UFPE)
O presente artigo visa apresentar as movências que o imaginário cristão
consolidou em obras como Merlim, de Robert de Boron, e a Demanda do
Santo Graal, através das quais elementos originariamente pagãos foram
cristianizados, ao tempo que sugere novas abordagens teóricas e crítico-
literárias em relação às mesmas. A partir dos conceitos medievais de
miraculaemirabilia, intenta-se, a partir da figura icônica do mago Merlim,
observar como tais processos se deram, tendo-se em vista possíveis ligações
com as utopias religiosas.
Palavras-chave: Literatura medieval, Cristianismo, Paganismo, Merlim.
O MARAVILHOSO E A MAGIA MEDIEVAL
Prof. Dr. Atila de Almeida (UFRJ)
A comunicação pretende discutir a posição da magia no amplo conceito de
maravilhoso, sobretudo conforme estabelecido por Jacques Le Goff. Para Le
Goff, o maravilhoso é um espaço onde concentram-se objetos, seres e
lugares maravilhosos, isto é, que têm a capacidade de arregalar os olhos
daqueles que os vêem. Por outro lado, a magia também fascina, admira e,
finalmente, maravilha. A posição da magia, sobretudo da adivinhação, é um
campo fértil para reflexões acerca das relações entre estes dois campos.
Assim,pretende-se trazer estas questões a partir de um exemplo retirado
da Historiae Regum Britanniae de Geoffrey de Monmouth (1135 a.D), em
um de seus mais caros personagens, a saber, Merlim. Neste texto, o
personagem faz uso de seus poderes de adivinho, fazendo emergir diversos
elementos importantes para o debate.
MISTICA, ALCHIMIA ED EROS NELL´UNIVERSO MEDIEVALE.
UTOPIA O RICERCA DELLA PERFEZIONE?
Claudio Lanzi (Centro de pesquisa SIMMETRIA)
La donna e la Vergine nel potente linguaggio del 1300, La raffinata mistica
dell’eroscome transizione dall’esperienza cavalleresca a quella dell’Amor
Cortese. Il linguaggio simbolico dei Minnesinger e dei Fedeli d’amore. Il
romanzo della Rosa di De Lorris e del Fioredi Dante. Le cattedrali gotiche
come ermeneutica architettonica del pensiero medievale. I monaci
alchimisti, Frate Elia. Tutti costoro partecipano alla costruzione della
gigantesca ed enigmatica sapienza medievale.
“NETA(S) DE D. DINIS”: FIAMA HASS PAIS BRANDÃO, MARIA
TERESA HORTA, MYRIAM COELI E NATÁLIA CORREIA
Profª. Drª. Conceição Flores (UnP)
Natália Correia (1923-1993) afirma que a sua linhagem poética se vincula a
D. Dinis, rei trovador, e que as cantigas de amigo são a sagrada matriz do
seu lirismo. Partindo, pois, destas afirmações da poetisa açoriana e
vinculando a essa genealogia as poetisas portuguesas FiamaHass Pais,
Maria Teresa Horta e a norte-rio-grandense Myriam Coeli, este trabalho
analisa as releituras das cantigas de amigo dessas quatro autoras.
Palavras-chave: releituras; cantigas de amigo; autoria feminina.
“A ORGIA DOS DUENDES”: UM MEDIEVO SATIRIZADO,
CONFUNDIDO
ProfªDrª Elizabeth Dias Martins (UFC)
Nossa comunicação vai abordar a presença de elementos do imaginário
medieval na perspectiva analítica do riso satânico no poema “A orgia dos
duendes” de Bernardo Guimarães, texto que reflete de modo acentuado o
gosto romântico pelos temas do medievo e pelo ambiente noturno. Tais
elementos aguçaram a imaginação do autor, levando-o a produzir uma peça
que enfatiza campo não muito explorado pelos demais românticos
brasileiros, a exemplo da dança macabra, das feitiçarias, da corrupção da
essência religiosa pela aceitação do que é carnal. A crítica humorística se
inicia na paródia ao ritmo empregado por Gonçalves Dias no “Canto do
Piaga”, como observou Basílio de Magalhães14. Porém, nos versos de nove
sílabas do ouropretano, não se lê uma exaltação aos feitos e aos costumes
indígenas, trata-se da narrativa de rituais macabros tipicamente medievais,
mesclados com o lendário popular, em que a ambientação, os ingredientes e
o material utilizados lembram os cultos indígenas, porém tratados de modo
satírico.
Palavras-chave: Poesia; Romantismo; Medieval; Riso; Residual;
“QUEM É A AUTORA?”: LITERATURA DE AUTORIA FEMININA
NA INGLATERRA MEDIEVAL
Profa. Ms. Fernanda Cardoso Nunes (UECE-FAFIDAM)
Este trabalho tem como objetivo analisar como o conceito de “autoria” é
elaborado nas obras de três autoras inglesas medievais: Christina de
Markyate (c. 1096- c.1155), Juliana de Norwich (1343- c.1416) e
MargeryKempe (1373- c.1438). Com a pergunta “haveria autoras na Idade
Média?”, Jennifer Summit (2003), provoca a reflexão sobre de que forma a
definição de “autor” pode ser relacionada à categoria “mulheres” no
contexto medieval. Percebemos que, na realidade, o conceito de “autor (a)”
constitui uma variável ao longo da história da literatura. A obra das três
autoras inglesas, consideradas pioneiras em termos de literatura de autoria
feminina na Idade Média inglesa, propõe desafios aos estudiosos dessa
literatura no sentido de que o próprio status de “autor (a)”, em seu sentido
atribuído pela crítica literária moderna, não existia naquele período
histórico. Utilizando-nos das reflexões de Chenu (1927), Foucault (2009),
Compagnon (2001), a supracitada Summit e Telles (1992), pretendemos
analisar, brevemente, como os escritos das três místicas inglesas
problematizam a questão da autoria feminina no âmbito da literatura
medieval inglesa.
Palavras-chave: Literatura de autoria feminina. Literatura Inglesa Medieval.
Christina de Markyate. Juliana de Norwich. MargeryKempe.
RESÍDUOS DO MEDIEVO: A MORTE E A MORTE MACABRA NA
POESIA DE AUGUSTO DOS ANJOS
Prof. Ms. Francisco Wellington Rodrigues Lima (UFC)
A poesia de Augusto do Anjos, repleta de pensamentos filosóficos e
científicos, nos remete a diferentes paradigmas sobre o homem e sua
condição existencial no mundo (vida x morte x sofrimento humano).
Dessa forma, o poeta paraibano quase s empre expressou em seus
poemas o pessimismo e a visão materialista e perplexa da vida,
construindo, inclusive, imagens grotescas, horríveis e repugnantes do
sofrimento do homem ainda em vida e do seu caminhar para a morte,
provocando assim, um choque ao leitor de seus poemas. Para o poeta, a
morte tem um sentido complexo; ela é uma certeza para todo e qualquer
vivente; dela, ninguém escapa. Nesse sentido, o autor acaba ressaltando a
morte como um fim; um processo de decomposição; um processo
químico-biológico – a volta ao pó; o fim macabro do homem e da sua
existência. Sendo assim, nosso trabalho visa compreender a imagem da
morte e do macabro da morte como elemento residual na obra de
Augusto dos Anjos, utilizando-se para tal a Teoria da Residualidade
Literária e Cultural, elaborada e sistematizada por Roberto Pontes.
Palavras– chave: Residualidade, Morte, Macabro, Augusto dos Anjos
.
UTOPIA, DISTOPIA E A INSATISFAÇÃO COM A REALIDADE
EM A CIDADE DAS DAMAS DE CHRISTINE DE PIZAN E O
ÚLTIMO HOMEM DE MARY SHELLEY
Profª.Ms. Janile Pequeno Soares (PPGL/UFPB)
Este trabalho tem por objetivo levantar considerações a respeito dos pontos
que unem a utopia de Christine de PizanA Cidade das Damas, escrita em
1405, final do período medieval, e a distopia de Mary Shelley O Último
Homem, texto escrito em 1826, início do século XIX. O texto de Pizan, a
primeira utopia feminista escrita por uma mulher, nos coloca diante de
argumentos que empoderam as capacidades intelectuais da mulher,
problematizando seu papel na sociedade e trazendo alternativas para a
desconstrução do pensamento misógino em relação às mulheres, através de
um projeto utópico que cria a cidade ideal onde as mulheres têm espaço e
voz. Já no texto de Shelley, primeira obra pós-apocalíptica/distópica escrita
por uma mulher, encontramos o desenvolvimento de um mundo onde o
projeto humano falhou devido à vontade de poder exacerbada, egoísmo e
falta de amor nas relações sociais, fazendo com que a humanidade seja
tomada por uma praga que poupa apenas um único sujeito; imune à praga, o
último homem descreve o fim da humanidade em meio a ponderações sobre
fraqueza humana diante de suas intencionalidades monstruosas, o que
impede a construção de uma sociedade justa. Escritos em épocas diferentes
e com abordagens do mundo diferentes, os textos de Pizan e Shelley se
unem diante do mesmo ponto que une o pensamento utópico ao distópico: a
insatisfação com a realidade, e este é o ponto central de nossa análise. Para
tanto, utilizaremos o apoio teórico de Garretas (1995), Deplagne (2012),
Booker (1994), Cavalcanti (2006), Moylan (2016).
Palavras-chave: Pizan, Shelley, Utopia/Distopia.
UTOPIA LITERÁRIA ESPANHOLA: CRONOLOGIA DE UMA
FUGA.
Prof. Doutor Juan Ignacio Jurado-Centurión López (CCHLA/DLEM/UFPB)
A utopia é um desejo endémico da humanidade; desde o começo dos tempos
o homem tem projetado a sua inquietação por um mundo melhor por meio
das artes plásticas, da filosofia, da literatura, etc. sem que por isso esses
artistas sejam hoje reconhecidos como mentores do pensamento utópico. A
consolidação desse pensamento vai se produzir no Humanismo,
principalmente a partir da obra prima de Thomas More. Ela será seguida de
uma infinidade de publicações que vão aportando ao tema inovações de
acordo com a época em que foram redigidas. Elas conformaram o corpus de
um gênero que até hoje não deixa de crescer diversificando-se em novas
visões entre distópicas e utópicas que trouxeram novas temáticas como a
tecnologia, a psicologia ou as questões meio ambientais. Contudo ao longo
da historia a literatura, numerosos escritores têm desenhando , têm projetado
um mundo melhor sem que por isso sejam autores considerados escritores
utópicos. Este trabalho, dentro dos limites da literatura espanhola, pretende
aproximar o leitor de alguns desses textos e analisar eles desde a perspectiva
do imaginário utópico que de forma implícita todos eles participam. Autores
como Fray Luís de León, Antônio de Guevara ou José de Espronceda
estarão entre os autores revisitados.
Palavras chave: Utopia. Literatura espanhola. Estudos do imaginario.
IMAGENS DA UTOPIA MEDIEVAL NA CONSTRUÇÃO DO
IMAGINÁRIO AMERICANO.
Prof. Dr. Juan Pablo Martín Rodrigues (UFPE)
Embora exista um número razoável de estudos sobre o Imaginário
Americano e a importância da Utopia Medieval na sua construção, talvez
não tenha se insistido o suficiente na categorização destas utopias como
simultânea causa motora, justificativa e consolidação da Conquista de
América. Será muito esclarecedora a classificação que Hilário Franco Junior
apresenta nas suas Utopias medievais (1992) “utopia da abundância – a
Cocanha, a utopia de Justiça - o Milênio, a utopia do sexo - a androginia e a
utopia matriz - o paraíso” e que pode ser preenchida com as variadas utopias
americanas que perseguiam os aventureiros europeus, desde o país de Jauja
até Eldorado, desde a Cidade dos Césares até os domínios das andróginas (e
cativantes) Amazonas. Ditos mitemas configuram o que Fernando Aínsa
(1993) definiria como o pre-utópico que constitui as “linhas de força
afetivas e intelectuais que conotam e anunciam a semântica e sintaxe do
imaginário utópico ulterior”. O desenvolvimento de tais mitemas não se
limita aos relatos orais ou escritos, mas se desenvolve decididamente
através das imagens cartográficas que desempenham um papel inter-
semiótico definitivo na constituição dessas utopias, no que Alfredo
Cordiviola (2005) definirá como a “promessa das torres distantes: geografia
e felicidade” ou na busca recorrente “já não de um paraíso perdido no final
do mundo, mas de um possível ao outro lado do oceano” (FUENTES
CRISPÍN, 2016). Conclui-se que “o exercício da imaginação é também uma
atividade fundamentalmente política. Imaginar é ousar estabelecer conexões
inesperadas, propor imagens que, portanto, criticam o status quo.” (DIDI-
HUBERMAN, 2011).
Palavras chave: Utopias Medievais; Pré-utopia; Imaginário Americano.
MÍSTICA E AMOR CORTÊS EM ESPELHO DAS ALMAS SIMPLES
E ANIQUILADAS, DE MARGUERITE PORETE
Profª. Dra. Karine Rocha(UFPE)
Em Espelho das almas simples e aniquiladas, Marguerite Porete afirma que
o conceito de Brautmystik aqui trabalhado poderia ser de difícil
compreensão para as demais beguinas. Para as demais beguinas a união com
Deus se dá no início da jornada mística como promessa de uma consumação
futura. O caminho até esta consumação é marcado pela ausência do Amado,
se tornando penoso. Em Porete a dor da ausência e a constante obrigação de
se mostrar leal são apenas o início da jornada mística. Marguerite Porete nos
apresenta uma obra onde existe uma tensão maior entre o sagrado e o
dionisíaco. Nosso objetivo é analisar como a reapropriação do amor cortês
em sua obra remete a ideia de que este é uma ilusão do amor perfeito.
Espelho das almas simples e aniquiladas nos mostra que os efeitos do amor
cortês inebriam a alma, impedindo-a de alcançar estágios mais nobres e
elevados. No amor cortês existe apenas amor por si mesma, mas a alma
disto não se apercebe. Porete ensina que ao despojar-se deste amar a si
mesmo, a alma se entrega ao “amor no nada”, conseguindo a união perfeita
com Deus. Marguerite Porete, assim, contraria a concepção cortês,
revelando que o amor só é amor quando o culto amoroso cessa e a alma se
une ao Amado.
Palavras-chave: mística cortês, literatura medieval, gênero.
MIL ANOS DEPOIS: NOTAS SOBRE A TRADUÇÃO PARA O
PORTUGUÊS BRASILEIRO DO TRATADO DE MEDICINA PARA
AS MULHERES DE TROTULA DI RUGGIERO (SÉC. XI)
Profª.Drª.Karine Simoni (UFSC)
Profª.Drª Luciana Eleonora de Freitas Calado Deplagne (UFPB)
No séc. XI, Trotuladi Ruggiero era uma das principais referências da
renomada Escola de Medicina de Salerno, sul da Itália (SANTUCCI, 2008,
p.87). Nas suas observações e práticas medicinais, dedicou-se ao estudo da
saúde e das doenças que acometiam de modo especial as mulheres. Apesar
das constantes tentativas de apagamento de Trotula ao longo dos séculos,
feitas em sua maioria por indivíduos homens, do exaustivo trabalho da
médica de Salerno resultam hoje dois tratados: o De passionibusmulierum
ante in et post partum [As doenças das mulheres antes, durante e depois do
parto], também chamado deTrotulamaggiore [Trotula maior], que trata das
doenças das mulheres, e o Trotula minore [Trotula menor], que contém
orientações sobre como alcançar a beleza feminina. A comunicação
apresenta algumas reflexões sobre o processo de tradução para o português
brasileiro dos dois textos de Trotula, entendendo a tradução não só como a
forma de dar vida ao original, mas, principalmente, de garantir a sua
sobrevivência. (BENJAMIN, 1923). Nesse sentido, traduzir é (re)conhecer a
obra e a importância da autora e dos seus tratados para a história da
medicina e para a história das mulheres. Inicialmente serão apresentadas
brevemente a autora e a obra em seu contexto histórico, para, em seguida,
discutir as relações entre os elementos linguísticos/ culturais envolvidos na
tradução e os desafios de traduzir a distância temporal e espacial entre as
línguas e as culturas envolvidas.
Palavras-chave: Trotula di Ruggiero; As doenças das mulheres antes,
durante e depois do parto; processo de tradução
O MARAVILHOSO EM UMA NOVELA DE CAVALARIA
RENASCENTIS TA PORTUGUESA: UM ESTUDO SOBRE O
MEMORIAL DAS PROEZAS DA SEGUNDA TÁVOLAREDONDA, DE
JORGE FERREIRA DE VASCONCELOS
Profª.Ms. Letícia Raiane dos Santos(UFPE)
Publicado pela primeira vez em 1554 com o título Livro primeiro
da primeira parte dos Triunfos de Sagramor, rey de Inglaterra e França,
em que se tratam os maravilhosos feitos dos cavaleiros da segunda Távola
Redonda; e, posteriormente,em 1567, editado como o Memorial de Proezas
da Segunda Távola Redonda, esta novela de cavalaria escrita por Jorge
Ferreira de Vasconcelos insere-se diegeticamente no ciclo arturiano, dando
continuidade às aventuras de um novo grupo de guerreiros montados
subservientes ao Rei Artur. Contudo, apesar de estar ligada formalmente e
tematicamente a um gênero literário datado, essa obra carrega em si um
duplo caráter que a aproxima tanto dos ideias da literatura medieval quanto
dos que se fizeram presentes no Quinhentismolusitano.
De acordo com Massaud Moisés (1957), a novela de cavalaria
portuguesa propriamente dita é fruto do século XVI. Para o autor,
anteriormente, o que se tinha eram apenas traduções de outras obras
européias, fato que impossibilitou que Portugal possuísse um livro desse
gênero genuinamente luso em plena Idade Média.
Segundo Moisés (1957) e Figueiredo (1950), sob o influxo dos
ideais quinhentistas potugueses, houve, nas novelas de cavalaria publicadas
no século XVI, um surto nacionalizador da matéria cavaleiresca, o que
acabou direcionando, inclusive em Jorge Ferreira de Vasconcelos, uma
busca pela afirmação de um heroísmo luso antes mesmo da grande épica
camoniana. Ademais, no caso do “Memorial de Proezas da Segunda Távola
Redonda”, é bastante comum ver alusões à mitologia greco-romana no
interior da própria narrativa, o que evidencia ainda mais a interpenetração
dos moldes literários da renascença e do medievo. Além disso, ao contrário
das novelas de cavalaria medievais, nas quais Deus e o diabo estavam
sempre presentes, agindo ativamente, nessa obra da qual pretendemos tratar
especificamente, são os deuses pagãos que agem contra e em favor dos
heróis.
Levando em consideração os estudos de Massaud Moisés (1957),
Fidelino Figueiredo (1950), William J. Entwistle (1942), Jean Flori (2010),
Dominique Barthélemy (2011) e Heitor Megale (2008), pretende-se refletir
neste trabalho acerca da forma como se apresenta o maravilhoso no
Memorial das Proezas da Segunda Távola Redonda, que, por vezes, oscila
entre o misticismo medieval e a tradição classicista do início do século XVI.
Palavras-chave: Novela de cavalaria renascentista; maravilhoso pagão,
maravilhoso cristão
AS CRÔNICAS DO SÉCULO XVI: O ENCONTRO ENTRE O
PASSADO MEDIEVAL E UMA NOVA REALIDADE
Luciano José Vianna (UPE/ SpatioSerti)
Desde as últimas décadas do século XX surgiram novas metodologias para
o estudo do Medievo, o que fez com que história e a historiografia medieval
se tornassem um dos campos de trabalho mais privilegiados para uma
aproximação à realidade histórica de uma forma mais concreta. Nesta
apresentação abordaremos as crônicas do século XVI, tanto portuguesas
quanto castelhanas, as quais foram compostas a partir da experiência do
homem europeu medieval com o território americano, tanto no âmbito
português quando no âmbito espanhol. Nossa proposta se justifica pela
necessidade de abordar o contato do homem europeu medieval que chega ao
continente americano através do estudo e da pesquisa com fontes primárias
e com documentação de época, compreendendo não somente as relações do
homem com o espaço e o tempo relacionados a este período histórico, suas
relações políticas, sociais, econômicas e culturais, mas também a partir de
uma abordagem historiográfica, interdisciplinar. Neste sentido, observamos
a necessidade da utilização de procedimentos de análise histórica não
somente voltados para as propostas da Nova História Cultural, mas também
de disciplinas tais como a Filologia, a Codicologia e a Paleografia.
HIPÁTIA DE ALEXANDRIA (370-413 D. C), EXEMPLO DE
MULHER INTELECTUAL NA TRANSIÇÃO ENTRE A
ANTIGUIDADE-TARIDA E O MEDIEVO
Prof. Dr. Marcos Roberto Nunes da Costa (UFPE)
Até mesmo nos meios acadêmicos é corrente a afirmação de que, antes da
chamada Modernidade, não há registro de mulheres na construção do
pensamento erudito. Realmente, se nos basearmos em alguns dados
empíricos, como, por exemplo, nos Manuais ou Compêndios de História da
Filosofia, não aparece nenhuma mulher na lista dos chamados Filósofos.
Nossa contribuição nesta mesa-redonda é mostrar que, apesar de todas as
evidências, se vasculharmos a construção do Pensamento Ocidental
veremos que as mulheres sempre estiveram presentes, contribuindo indireta
ou diretamente para construção do saber erudito. E até é possível identificar
a presença de algumas delas já nos tempos remotos, na Filosofia Clássica
Antiga, por exemplo, passando pela Antiguidade-Tardia, pela Idade Média,
até alcançarmos o Renascimento. E como exemplo de mulher intelectual na
transição entre a Antiguidade-Tardia e o Medievo, apresentaremos, a título
de exemplo, a ilustre matemática, astróloga, física e filósofaHipátia de
Alexandria.
Palavras-chave:Hipátia de Alexandria – Matemática, Astrologia – Física –
Filosofia.
“O LUGAR DA UTOPIA NA REPÚBLICA DE PLATÃO: O MITO
DA CAVERNA”
Marco ValérioClasse Colonnelli (UFPB)
A influência da República de Platão em autores posteriores, especialmente
Agostinho e Morus, tem sido amplamente reconhecida. Após a publicação
de “Utopia” de Morus, o próprio conceito de utopia ali desenvolvido tornou-
se um dos adjetivos mais frequente na definição do plano discursivo da
República de Platão. Nesta comunicação, pretendemos demonstrar os
limites dessa adjetivação, acompanhando três grandes linhas de
argumentação do discurso de Sócrates na referida obra.
Palavras-chave: República, Platão, utopia, argumentação, mito da caverna.
TRAÇOS DA LÍRICA TROVADORESCA EM VIAGEM (1938), DE
CECÍLIA MEIRELES
Maria Aparecida de Lima Francisco (UEPB)
No presente estudo, intitulado “Traços da lírica trovadoresca em Viagem
(1938), de Cecília Meireles”, propomo-nos relacionar aspectos temáticos e
estruturais de alguns poemas lírico-amorosos presentes nesta obra a algumas
composições da lírica trovadoresca, a fim de demonstrar a maneira como a
poetisa brasileira atualiza tanto a erótica de procedência ovidiana como
certas reflexões metalinguísticas concernentes ao discurso sentimental. Com
lastro nos estudos de Segismundo Spina (1996), podemos constatar que essa
retomada sofre adaptações, uma vez que Cecília Meireles lhe imprime
nuances no que tange à modalidade afetiva de expressão do “eu” lírico, e
que o faz de forma a, também, atualizar e reverenciar a tradição poética oral.
Palavras-chave: Metalinguagem. Trovadorismo. Erótica. Tradição oral.
Contensão emocional.
A POÉTICA DE FIN’AMORS NA OBRA DE MARGUERITE
PORÈTE
Maria Graciele de Lima (PPGL/UFPB/CNPq)
Dentre as beguinas que escreveram, sem dúvida, Marguerite Porète (1250-
1310) é um exemplo de protagonismo intelectual e artístico de seu tempo.
Seu único livro, OEspelho das Almas Simples e Aniquiladas, é o mais
antigo escrito místico da literatura francesa e apresenta várias possibilidades
de leituras, sendo uma delas (passível de infinitos desdobramentos), a dos
Estudos Literários. A obra é estruturada em forma de diálogo e traz poemas
intercalados que, entre outras questões, expressam a chamada poética de
fin’amors. Assim, o objetivo deste trabalho é tratar dessa poética existente
em O Espelho das Almas Simples e Aniquiladas, mostrando suas principais
características e inserindo-a nas discussões voltadas às utopias medievais.
Para tanto, os apontamentos de Franco Júnior (1992), Zum Brunn (2007) e
Octávio Paz (1993), entre outras contribuições, formarão a base teórica de
apoio à realização da leitura proposta.
Palavras-chave: Poesia. Marguerite Porète. Beguinas. Fin’amors. Utopias.
A MÍSTICA EM HILDEGARDA DE BINGEN
Profª.Msª. Mirtes Pinheiro (UFMG)
Para analisarmos o misticismo em Hildegarda é necessário que a situemos
dentro do contexto no qual ela vive, pois foi o sobrenatural que a permitiu
sair dos marcos que, em princípio, lhe estava reservado, para situar-se em
primeiro plano da espiritualidade e cultura de sua época. A experiência
mística, sobretudo a visionária, da qual ela é a grande representante do
século XII, é acompanhado da linguagem, tanto simbólica, representada
pelas ilustrações das visões, quanto da linguagem escrita. O que a difere de
outros místicos é que suas visões e interpretações são canais pelos quais
Deus comunica verdades sobre crenças e práticas cristãs, pois elas não
expressam sua experiência pessoal da divindade.Hildegarda desvela as
visões, já que a voz explica o significado das imagens de forma a torná-las
mais compreensíveis para o público ao qual ela se destina.
OS ENLACES DIVINOS NA POESIA DA BEGUINA
HADEWIJCH DE AMBERES
Paloma do N. Oliveira (UFPB)
Longe do nosso alcance por algumas centenas de anos, os escritos da
beguina Hadewijch de Amberes foram apresentados à comunidade
acadêmica, em meados do século XIX, por dois medievalistas: Mone e
Snellaerte. A partir de então foi possível ter acesso a um conjunto de textos
que englobam cartas, visões e poemas. Sua vida pessoal chega a ser uma
incógnita, pois, como vivia entre as beguinas, não estava em um meio
monástico e não se tem registros precisos; o que se percebe é que ela
poderia ser de família abastada, pois naquela época as mulheres só tinham
acesso à erudição se estivessem em posição social privilegiada. O manejo
com os versos chama atenção para uma poesia que funde amor e divino e
deixa marcas de uma visão distinta da então praticada pela Igreja: onde a
figura da divindade se encontrava num nível tão superior que apenas os
clérigos seriam capazes de transmitir-lhe a comunicação humana.
Hadewijch abandona esse intermédio e traz um eu lírico feminino amante
do Senhor que não teme esse contato sem vínculos. Desta forma, o presente
trabalho tratará dessa relação que a beguina constrói com Deus a partir de
seus escritos poéticos. Para tanto, serão utilizados como aporte teórico os
estudos de Cirlot&Garí (1999), Tabuyo (2005) e (1999), Nunes (2005),
entre outros.
Palavras-Chave: Beguinas. Poesia. Literatura medieval.
O MEDIEVO ESTÁ AQUI
Roberto Pontes (UFC)
Esta comunicação trata de mostrar como é possível proceder ao estudo das
raízes medievais da cultura brasileira, em especial da nordestina, na falta de
uma Idade Média da qual não participamos, por ser esta uma época que
transcorreu ao largo histórico da ainda inexistente nação brasileira. Para
tanto, nosso trabalho colocará em foco alguns aspectos residuais da cultura
mediévica devida aos árabes que se cristalizaram através de processos
muito singulares e hoje constituem uma terceira natureza hibridada: a
cultura brasileira. E o faremos com base nos estudos do catalão ex-professor
das universidades federais de Pernambuco, Paraíba, Brasília e da UDESC
em Florianópolis, Luis Soler: As raízes àrabes na tradição poético-musical
do sertão nordestino (Recife: Editora Universitária da UFPE, 1978.) e
Origens árabes no folclore do sertão brasileiro (Florianópolis: Editora
UFSC, 1995.).
Palavras-chave:Raízes medievais; Cultura Brasileira; Cristalização;
Residualidade; Hibridação Cultural.
AS VIAGENS DE SÃO JORGE ENTRE TEMPOS E TERRITÓRIOS
MEDIEVAIS ANTES DE EMBARCAR NA LITURGIA
CONTEMPORÂNEA DA UMBANDA EM JOÃO PESSOA/PARAÍBA
Roncalli Dantas Pinheiro(UFPB/PROLING)
Introdução: O mito de São Jorge percorreu grandes distancias espaciais e
temporais. Os seus arquétipos carregam narrativas anteriores ao cristianismo
e alinhava várias culturas e nações, sendo um elemento religioso que
transita entre diferentes religiões e matrizes culturais. Este trabalho objetiva,
a partir da apresentação de textos desde o século IX aos seus reflexos
contemporâneos a partir de fotografias do início do século XVIII, discutir
como o mito se desenvolveu na Europa antes de chegar em solo brasileiro.
Desenvolvimento: O trabalho é fundamentado em três gêneros textuais
distintos: Um manuscrito originalmente fixado em língua cóptica do Sec.IX,
o primeiro registro escrito do mito que se tem notícia, os textos
hagiográficos desde o século XIV, que apresenta o santo como exemplo a
ser seguido pelos fieis e as revistas portuguesas do século XIX, que retrata a
decadência do culto ao mito em terras portuguesas. A discussão será a partir
de uma convergência teórica entre historiadores e linguistas como Paul
Zumthor, Georges Duby, Jacques Le Goff e Gilbert Durand. Algumas
Consideracoes : O estudo do mito de São Jorge é um veículo de
compreensão das articulações de arquétipos que transitam entre diferentes
culturas, sendo importante o conhecimento de como mito se desenvolveu
anteriormente na Europa para entender suas mutações após o choque
cultural ocorrido no Brasil colônia nas casas grandes e senzalas.
SESSÕES DE COMUNICAÇÃO
Eixo Utopia da autonomia: As beguinas
A LIBERDADE DAS ALMAS ANIQUILADAS NO LE MIROIR DE
MARGUERITE PORETE (1250-1310)
Danielle Mendes da Costa(UFRJ/CAPES)
O presente trabalho tem por objetivo apresentar a origem e as consequências
do estado de liberdade nas Almas Aniquiladas, cujos ensinamentos no Le
Miroir de simples âmesanéantiesculminaram na condenação de Marguerite
Porete por heresia em 1310. Os poucos dados sobre esta beguina, nascida
em 1250 na região de Hainaut se resumem ao seu livro e os autos de seu
julgamento. Redigido no estilo verso e prosa combinado aos modelos épico,
alegórico e do amor cortês, o principal tema do Le Miroir é o
aniquilamento, ou seja, o estado que as almas simples adquirem a plena
liberdade. Nele, a personagem dama Amor ensina o caminho para as almas
se desfazerem de todos os vínculos que impediriam a verdadeira humildade
e o encontro com a divindade. Por meio de uma espiritualidade sinemedio
(sem intermediários), as almas são levadas ao aniquilamento. Deste modo,
ao não desejarem nem possuírem mais vontade elas obtinham uma perfeita
união com a divindade, que lhes garantia uma liberdade na paz da vida na
caridade. Entre as consequências desta liberdade estava a concepção de que
as Almas Aniquiladas não podiam pecar e não precisavam mais de jejuns,
rezas e sermões. Nesse estado a alma estaria livre para obedecer somente a
Deus e nada do que acontecesse poderia tirar-lhes dessa vida.
Palavras-Chaves: Marguerite Porete, Almas Aniquiladas, Liberdade.
A INFLUÊNCIA E A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DE PENSADORAS
NO PERÍODO MEDIEVAL: O MOVIMENTO DAS BEGUINAS
Dennis Cláudio Ferreira (UEPB)
Orientadora: Prof.ª. Dra. Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB/UFPB)
O presente trabalho foi desenvolvido através do projeto de pesquisa
PIBIC/UEPB/ CNPq/, sendo o resultado parcial do trabalho, o qual propôs
como objetivo geral fazer um levantamento da produção filosófica feita
pelas mulheres no decorrer da História da Filosofia. O foco nesta
comunicação é a discussão da influência das mulheres protagonistas no
período medieval, tendo em vista o Movimento das Beguinas. Vale salientar
através desde fenômeno a contribuição das pensadoras deste movimento
também no âmbito macrossocial, para além da esfera eclesiástica. Tal
movimento acontece no contexto justamente de misoginia imperante,
mesmo assim, enxergamos essas mulheres como sábias, místicas, militantes
guerreiras, dentre as quais podemos citar: Margarida de Porete, Matilde de
Magdeburgo, Gertrude de Helfta, Marie d’Ognie, Matilde de Hackeborn,
Beatriz de Nazareth e Hadewijch de Antuérpia. As pensadoras que
instituíram o Movimento das Beguinas tiveram marco relevante histórico-
social, sendo destacadas contribuições como: o incentivo ao papel da
mulher num contexto que lhes era desfavorável; protagonistas relevantes no
mundo das letras; compromisso com a causa libertária dos excluídos;
autonomia, liberdade, autogestão. No tocante ao ponto de vista cristã, o
questionamento da hierarquia eclesiástica masculina; a inserção da prática
religiosa fora do controle institucional eclesiástico; investimentos de
automanutenção evitando laços de dependência econômica. Este trabalho
baseia-se em procedimentos metodológicos quantitativos através do
levantamento de referências bibliográficas e, também, qualitativo, por meio
de análise de ideias das respectivas pensadoras. Pode-se perceber através da
pesquisa uma significativa contribuição das mulheres, apesar dos desafios
enfrentados no cenário de imposições religiosas em que viviam.
Palavras-chave: Mulheres. Período Medieval. Movimento das Beguinas.
AMAR, SERVIR E SER AMADA:
O CAMINHO VIRTUOSO AO ENCONTRO DO AMADO EM
HADEWICH DA ANTUÉRPIA
Neuma Antonia da Silva (UEPB)
Orientadora: Prof.ª. Dra. Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB/UFPB)
Esta proposta de Comunicação é fruto dos trabalhos de investigação
desenvolvidos no Principium –Núcleo de Estudo e Pesquisa em Filosofia
Medieval, UEPB/CNPq. Num Projeto sobre as mulheres na História da
Filosofia, descobrimos uma pensadora chamada Hadewich da Antuérpia que
se destacou no Movimento das Beguinas. Assim, trabalharemos a
Correspondência de Hadewich com outras beguinas. Ela escreve suas cartas
às irmãs beguinas que se encontram em momentos de grande tentação em
suas vidas espirituais: momentos de tristeza e aborrecimento, momentos nos
quais se manifesta a inconstância, afastando-as do caminho que as
conduzirá ao encontro com o amado (Deus) e à perfeição para a qual são
destinadas por Deus. Como modo de superar essas fases de incertezas,
Hadewich diz que a fidelidade é a condição para amadurecer. Neste sentido,
o objetivo deste trabalho é apreender o sentido do conceito de maturidade
segundo Hadewich. Mas a que maturidade se refere Hadewich? Qual é o
conceito de maturidade segundo ela? Para responder a estas perguntas,
procedemos a uma leitura cuidadosa das Cartas escritas por Hadewich na
obra Deus, Amor e Amante, refletindo que, para Hadewich, o sentido da
vida não é acumular méritos e boas obras, mas amadurecer buscando o
encontro com o seu Amante e chegar à perfeição para a qual foi destinada
por Deus. Entendemos que ao mostrar este caminho, a maturidade expressa
por nossa pensadora se reflete, também, na ideia de autonomia tão cara ao
Movimento Beguinal.
Palavras-chave: Hadewich. Amor. Maturidade.
A EMANCIPAÇÃO FEMININA NOS BEGUINÁRIOS: PALAVRA,
AÇÃO E ESCRITA
TatianneGabrielly Oliveira Quintans (UEPB)
Simone Dos Santos Alves Ferreira (UFPB)
Este artigo tem por finalidade abordar a questão da emancipação feminina
nos beguinários no período da baixa Idade Média,evidenciando as
contribuições dessas mulheres para a sociedade da época. Os beguinários
permitiram a essas mulheres o desenvolvimento de uma autonomia
feminina, pois por meio da palavra, da escrita e da ação social houve a
resistência em uma sociedade totalmente misógina por não se submeterem
às regras sociais que lhes eram impostas, como por exemplo, a mulher devia
dedicar sua vida voltada aos cuidados do lar e eram ensinadas desde
pequenas a serem submissas aos homens. Dessa forma, não era lhes
ensinado as letras,apenas prendas domésticas, porém, as beguinas
conseguiram se emancipar, tornaram-se mulheres à frente do seu
tempo.Através de muita dedicação, elas reinvidicaram a palavra, escreveram
e deixaram suas marcas positivas. Com o intuito de mostrar a importância
dessas comunidades religiosas no período medieval, uma época não tão
favorável para a mulher, nos valemos das considerações teóricas de alguns
estudiosos do assunto, tais como:Macedo (2002), Casagrande
(1993),Claudia Opitz (1993), Régnier-Bohler (1993), Calado (2012) e
outros que se fizerem necessários. Consequentemente, buscaremos
viabilizar o conhecimento da existência dessas mulheres – que lutaram pela
emancipação feminina –e que, embora tenham tido uma grande
representação no período, hoje se encontram ocultadas pelo olhar da
historiografia. Daí a necessidade de resgatar essas mulheres das letras que se
instituíram no meio social, mostrando suas características e importância no
que se refere à luta em prol do feminino.
Palavras-chave: Beguinas. Idade Média. Misoginia.
AS BEGUINAS E MARGUERITE PORETE: A EXPERIÊNCIA COM
O DIVINO E O CUIDADO COM O OUTRO
Valkíria Oliveira de Melo(UEPB)
Orientadora: Prof.ª. Dra. Maria Simone Marinho Nogueira(UEPB/UFPB)
É sabido que a Idade Média foi marcada pelo fervor religioso, onde a ênfase
do ministério cristão estava voltada apenas aos homens. Foi a partir dos
movimentos reformadores que tinham como destaque a profecia e o
evangelismo, que se abriu espaço teologicamente permitido para que as
mulheres pudessem desenvolver sua espiritualidade, embora a vida religiosa
regular excluísse as mulheres da pregação. Mas um grupo de mulheres não
estava satisfeitas de viver uma religiosidade de forma passiva.Conhecidas
como beguinas, essas mulheres buscavam desenvolver uma nova
espiritualidade na qual dedicavam sua vida a Deus e ao cuidado com o
próximo. Enquanto algumas mulheres dedicavam suas vidas às obras de
caridades, outras, nesse caso, Marguerite Porete, considerava que a própria
caridade, ou o bem que ela poderia fazer ao outro, seria ajudar as
pessoas/almas a libertarem-se do “eu” e, com isso, de todas as suas misérias.
Desse modo, tanto as beguinas quanto Marguerite Porete (segundo alguns
estudiosos não há como comprovar que esta fora uma beguina, embora seu
modo de vida muito se assemelhasse aos das mulheres que faziam parte do
movimento beguinal),desenvolveram um olhar de amor para com o
próximo. Amor esse que foi aperfeiçoado pela experiência com o divino
eque transformou mulheres comuns em pessoas que viam Deus em todas as
criaturas. Desta forma, esta comunicação pretende mostrar como a
experiência do divino em Marguerite Porete se reveste, também, no cuidado
com o outro.
Palavras-Chave: Beguinas. Marguerite Porete. Divino.
Eixo Utopia da Querelle des femmes: A Cidade das Damas
RAZÃO, RETIDÃO E JUSTIÇA: A QUESTÃO DO
CONHECIMENTO EM A CIDADE DAS DAMAS DE CHRISTINE DE
PIZAN
Anderson Cardoso Rubin (UnB)
Em A cidade das damas, de Christine de Pizan (1366-1430), a narrativa é
estruturada pelo encontro dialético de Christine – a personagem alter ego da
autora – e três figuras alegóricas de damas que personificam a Razão
(Raison), a Retidão (Droiture) e a Justiça (Justice). O presente estudo busca
descrever o conhecimento nos livros que compõem a referida obra: no Livro
I, o conhecimento a partir do princípio nosce teipsum e a relação que cada
mulher estabelece com o seu próprio corpo como via de experiência direta;
no Livro II, o conhecimento da verdade como padrão ético – a justa medida
do bem – e como fundamento das virtudes cardeais; e, no Livro III, o
conhecimento contemplativo como denúncia e resposta ao mais brutal
argumento misógino, o feminicídio. Busca ainda reconstituir o debate entre
a autora ítalo-francesa e a tradição filosófica antiga e medieval, apontando
os caminhos que ela propõe para a revolução, a resiliência e a resistência do
feminino ante o pensamento misógino. Finalmente, aponta como a obra
abarca variados ramos do conhecimento, como a literatura, a filosofia, a
teologia, a história e o direito.
Palavras-chave: Literatura Medieval – Filosofia Medieval – Teologia
Medieval – Direito Medieval – História Medieval – Teoria do
Conhecimento – Direitos Humanos Fundamentais – Feminismo –
QuerelledesFemmes– Igualdade de Gênero – Feminicídio.
O FLORESCIMENTO DA PRODUÇÃO FEMININA NO MEDIEVO:
ALEGORIAS E UTOPIAS EM CHRISTINE DE PIZAN: A CIDADE
DAS DAMAS
Daniel Eduardo da Silva(UFPB)
Desde os tempos mais remotos quando encontramos a figura de Hipátia (ca.
350–370 - 8 de março de 415) na Antiguidade, ou de Hildegarda de
Bigen (1098 - 1179) na Idade Média, constamos que as mulheres tiveram
seu espaço na literatura, pois escreveram e deram sua contribuição para a
história livresca. Mas, o ocultamento dessa produção genuinamente
feminina fora empalidecida pela força do patriarcado e da dominação
masculina no âmbito da literatura. Desse modo, podemos conceber em A
Cidade das Damas (1405) a formação de uma protoconsciência feminina
que antecede as questões de gênero na literatura quando Christine de
Pizan (1364 – c. 1430) reivindica para as mulheres o direito da igualdade na
diferença, quer seja o acesso das mulheres à educação e ao conhecimento.
Pìzan emerge de uma sociedade patriarcal onde o que imperava era o
princípio masculino de que a mulher deveria ser subjugada ao homem.
Considerando A Cidade das Damas como uma cidade utópica e alegórica no
âmbito literário, tomamos de Milagros Rivera a característica do termo de
uma ginecosociedade. Em A Cidade das Damas podemos compreender
segundo este autor que: “demarca com precisão um espaço simbólico
exclusivamente feminino, uma ginecosociedade simbólica e quimérica”.
Com efeito, A cidade das Damas, é uma cidade utópica edificada por
mulheres e iluminadas pelas virtuosas Damas místicas e conselheiras da
narrativa de Pizan.
Palavras-chave: Christine de Pizan; literatura medieval; alegoria.
PELO ACESSO DAS MULHERES À EDUCAÇÃO: MULHERES
INTELECTUAIS EM
A CIDADE DAS DAMAS DE CHRISTINE DE PIZAN
Gizelda Ferreira do Nascimento Lima (UFPB)
Luciana Eleonora de F. Calado Deplagne (UFPB)
Com o surgimento das muitas vozes femininas, a partir do Movimento
feminista, no qual ecoaram posicionamentos políticos e luta por direitos
sociais, a educação passa a ser uma de suas importantes reivindicações.
Assim, o acesso a uma educação de qualidade semelhante à masculina passa
a ser questionado como um direito também feminino. No entanto, o que
pouco se discute é que desde tempos muito remotos as mulheres se
colocaram como sujeitos do conhecimento. E que essa reivindicação na
verdade é bastante antiga. No livro A cidade das Damas (1405), Christine
de Pizan defende que se as mulheres querem estudar, essa educação deve
ser acessível a todas, pois o que diferencia o grau de instrução das mulheres
se comparada a dos homens é justamente o acesso ao saber. Segundo Pizan
(p. 176, 2006) “se fosse um hábito mandar as meninas à escola e de ensiná-
las as ciências, como o fazem com os meninos, elas aprenderiam e
compreenderiam as sutilezas de todas as artes e de todas as ciências
perfeitamente quanto eles”. O presente trabalho tem como objetivo analisar
como o conhecimento feminino é construído em A cidade das damas. Tendo
como recorte o livro primeiro através do diálogo entre Christine e a Dama
Razão. Nosso trabalho traz como referências: Calado (2006), Garretas
(1990) e Perrot (1994). Nossa análise será construída a partir do lugar de
poder e dos questionamentos levantados por Christine como narradora
personagem na obra. E também da apresentação de figuras femininas que
além do acesso ao saber também produziram conhecimento em contextos de
negação ao feminino.
Palavras-chave: Educação,Conhecimento feminino, Cidade das Damas.
UM LUGAR PARA MARIA BONITA NA CIDADE DAS DAMAS.
Maria Carreiro Chaves Pereira(UnB/CNPq)
O presente trabalho é, ainda, um esboço preliminar de um projeto que visa
destacar a figura de Maria Bonita, colocando-a no lugar que ela merece
estar: na Cidade das Damas, de Christine de Pizan. Naobra Cidade das
Damas encontramos histórias de mulheres comuns ou famosas, mártires ou
heroínas, que enfrentaram todo tipo de situação, inclusive situações de
violência, como narradas pela autora. Nosso propósito é defender que uma
dama do sertão brasileiro, Maria Bonita, a famosa companheira de Lampião,
merece estar nesta cidade de memória das mulheres. Nossa intenção é
elogiar a virtude da figura feminina de Maria Bonita, mulher valente,
amorosa e leal cuja fama até hoje ainda é cantada em prosa e verso,
principalmente pelos cordelistas, que exprimem a beleza e a coragem de
Maria. Pois a Cidade das Damas reúne mulheres de diferentes virtudes, e de
várias origens, buscando fazer justiça às mulheres do passado, do presente e
do futuro, como pretende a sua autora.
Eixo Utopia e Novelas de Cavalaria
A RESSONÂNCA DA UTOPIA CAVALEIRESCA NO PAR
ROMÂNTICO DE O BOBO DE ALEXANDRE HERCULANO
Andréia Rafael de Araújo (UFPB/GIELLus)
Aldinida Medeiros (UFPB-PPGL)
O Bobo,de Alexandre Herculano (1843), é um romance que lida ao mesmo
tempo com História e ficção. Trata-se de um enredo que promove uma
releitura da Batalha de São Mamede, na qual D. Afonso Henriques está em
guerra com os partidários de sua mãe, D. Teresa. Historiador e romancista,
dentre outras atividades, Alexandre Herculano tem fundamental importância
na retomada do período medieval pelo romantismo português. O par
romântico formado entre o cavaleiro do exército afonsino, Egas Moniz, e
Dulce retrata o sentimentalismo da época mesclando algumas características
do romance de cavalaria com o romance romântico. Nosso principal
objetivo nesta comunicação é evidenciar estas relações a partir do par
romântico, sobremaneira na figura do cavaleiro, que nutre por Dulce um
amor idealizado, impossível e que tem um fim trágico. Neste sentido, temos,
então, um elemento utópico, a ressonância da figura cavalheiresca no par
romântico de O Bobo, a utopia entendida como um desejo de perfeição
inatingível. A partir destas considerações, nortearemo-nospela perspectiva
teórica de Hilário Franco Júnior (1994), AsUtopias Medievais e, ainda, por
alguns outros teóricos sobre a Idade Média como Duby (1989), Franco
Júnior (2001) e Bloch (1987) e sobre o romantismo, a citar Moisés (2008), a
fim de evidenciar o que anunciamos, por considerarmos, na obra literária
em questão, a ressonância do medieval.
Palavras-chave:O bobo. Alexandre Herculano. Cavaleiro medieval. Utopia
medieval.
UTOPIA DA JUSTIÇA: O MILENARIS MO NA CANÇÃO DE
ROLANDO
AnielyWalesca Oliveira Santiago (UFPB)
Luciana E. de F. Calado Deplagne (UFPB)
Escrita entre o final do século XI e início do século XII,A Canção de
Rolando (La Chanson de Roland) é um poema épico francês medieval que
narra a batalha travada entre o exército francês, liderado pelo imperador
cristão Carlos Magno, e comandado pelo conde Rolando; e o exército
muçulmano, liderado pelo rei Marsílio. A obra foi escrita no período das
cruzadas, consideradas guerras santas e justas na concepção dos cristãos.
Segundo o historiador Hilário Franco, a cruzada "deve ser compreendida
nesse contexto fortemente escatológico: libertar o Santo Sepulcro das mãos
dos seguidores do Anticristo era promover o início do Milênio." Na Canção
de Rolando, os Doze Pares de França tinha como principal missão defender
a santa fé católica e manter a justiça, punindo por conseguinte os infiéis.
Um dos Pares de França, chamado Ganelon, traiu Rolando na batalha,
levando à morte deste. Ganelon foi julgado e punido conforme a justiça
divina de Carlos Magno. Tomando como referência o historiador Hilário
Franco, partimos da premissa de que todo herói mítico é um messias, um
intermediário entre o humano e o divino, propomos em nosso estudo a
investigação das figuras messiânicas dos heróis Carlos Magno e Rolando,
assim como as formas utópicas de justiça representadas na Canção de
Rolando.
Palavras-chave: A Canção de Rolando. Utopia da Justiça. Milenarismo.
UM ESTUDO DA SANTIDADE FEMININA MEDIEVAL A PARTIR
DA OBRA A DEMANDA DO SANTO GRAAL
Claudienne da Cruz Ferreira (UEMA)
Orientadora: Adriana Maria de Souza Zierer
A Demanda do Santo Graal é uma novela de cavalaria cristianizada escrita
na França e que adentra Portugal ainda no século XIII. Narrativa centrada
na figura de rei Artur e dos cavaleiros da távola redonda, conta as aventuras
destes últimos na busca por reencontrar o Santo Graal, relíquia sagrada
utilizada por Cristo na Última Ceia e no qual José de Arimatéia recolheu o
sangue de Jesus na cruz. A forte conotação moralista do discurso cristão
presente na obra propõe modelos de conduta comportamental para os
personagens masculinos, com a cavalaria cristã, e ao feminino, a partir da
adoção de modelos de santidade, elementos máximos da vivência das
virtudes. O foco central de nossas investigações nesse trabalho será a
identificação desses modelos de santidade presentes na obra e que eram
apregoados pelo discurso clerical para a sociedade medieval.
Palavras-chave: santidade, A Demanda do Santo Graal, feminino.
A CANÇÃO DE ROLANDO E A UTÓPICA IMAGEM DO
CAVALEIRO PERFEITO.
Elisângela Coelho Morais(UFMA/CAPES)
Orientadora: Prof. Dra. Adriana Maria
de Souza Zierer
O homem medieval sempre buscava se espelhar em algo que o elevasse em
direção ao Céu, e um desses modelos se baseava na visão do nobre ideal.
Essa é uma das características da Canção de Rolando, um poema épico que
conta as proezas do exército carolíngio, em combate contra os povos não
cristãos em Saragoça.Nos versos, o autor objetivava mostrar como eram
importantes os laços de sangue, e acima de tudo o elo entre vassalo e
senhor, relação essencial para a manutenção do status quo da classe nobre
que se via ameaçada pelo fortalecimento da burguesia e de inimigos além
das fronteiras. O poema traduzia os anseios da população francesa do século
XII que almejava um reinado de paz, prosperidade, força política, perfeição
e virtudes de seus nobres, que passavam por um período turbulento de
instabilidade nos campos que envolviam questões espirituais e materiais. A
obra busca exemplificar a imagem do nobre perfeito, usando o fascínio
exercido pelas coisas do céu dentro do imaginário medieval, onde todas as
recompensas serão dadas àquele que for um servo fiel dos senhores terrestre
e do Senhor Celeste. E Rolando é a manifestação desse utópico nobre: é
leal, corajoso, belo e temente a Deus, vive cercado de companheiros
igualmente formidáveis, mas também atrai a inveja, a ira e a maldade na
persona de seu padrasto Ganelon, que, por cultivar tais vícios, se une aos
inimigos e atraiçoa sua família e sua pátria, sendo punido por isso pelas leis
da Terra e do Céu.
Palavras chave: Cavalaria, Utopia, Modelo.
DON QUIJOTE: LA CRÍTTICA QUE TRANSPONE EL TIEMPO
Jossana Melo da Silva (UFPB)
O livro “O fidalgo Don Quixote de la Mancha”, foi escrito por Miguel de
Cervantes e publicado em 1605. A obra foi escrita com o objetivo principal
de criticar os livros de cavalarias, porém pode-se verificar que Cervantes
utiliza também toda a obra para fazer uma crítica à sociedade da sua época.
O autor introduz em sua obra valores sociais, que apesar dos séculos não
mudaram, por tanto, o leitor do século XXI encontrará uma crítica atual que
irá mostrar práticas que, apesar de haver um desenvolvimento diferente
esconde a mesma finalidade, por isso, em alguns episódios pode-se perceber
a crítica que fazia o autor pode ser aplicada na sociedade atual. Durante a
obra o personagem principal Don Quixote, não saiu pelo mundo apenas em
busca de aventuras, mas também com o intensão de melhorar o mundo em
que vivia, ou seja, ele cria em sua cabeça uma sociedade utópica e ao sair
acredita que pode consumar o seu desejo em relação a um mundo melhor.
Segundo Adolfo Sánchez Vásquez, existe a necessidade de criar uma utopia
quando há uma inconformidade e se necessita recria-la. Como também, ao
questionar alguns ideais reais presentes na sociedade, no poder e nos
valores, cria-se através disso um mundo irreal, utópico e contrario. O
personagem de Dom Quixote faz na obra o que Adolfo Sánchez Vásquez
cita, ele crítica à sociedade e os seus valores e por isso, busca criar uma
sociedade sem desigualdade social, sem violência, sem maldade, com maior
valorização da mulher e que as pessoas viveriam em harmonia, etc. Logo se
pode perceber que Don Quixote está inconformado com as mudanças que a
sociedade está sofrendo ao longo do tempo, porque essas mudanças estão
trazendo consigo varias consequências, portanto idealiza uma sociedade
melhor e sai em busca de concretiza-la. É conhecido que Cervantes foi um
avido leitor da Utopia de Thomas More e sem duvida podem se encontrar
reminiscências desse livro na sua imortal obra.
Palavras-chave: Critica social, literatura, utopia e Dom Quixote.
Eixo Utopia do amor: Fin´Amor
O AMOR CORTÊS EM LA CELESTINA ENTRE O MEDIEVAL E O
RENASCENTIS TA
Aline Kelly Vieira Hernández (UFPB/PPGL)
Escrita a finais da Idade Media, em um período de transição ao
Renascimento, a obra La Celestina de Fernando de Rojas, assimila os novos
conceitos e formas convivendo, todavia com as do passado. Alguns críticos
literários como Rosa Lida de Malkiel a marcam como comédia humanística
pela “humanidade” excessiva de seus personagens. Cervantes considerou
que La Celestina seria um “livro divino, se encobrisse mais o humano”
(LOPÉZ, 2006, p. 147, tradução nossa). Porém apesar de todo esse viés
humanístico, La Celestina apresenta fortes traços do chamado Amor Cortês,
o qual permeia toda a obra. Personagens como Calisto e seus empregados,
recorrem ao chamado Código do Amor Cortês para conquistar suas damas
desejadas. Porém no caso de Calisto (protagonista), esse código é por
muitas vezes violado, levando-o a frustrar em muitas ocasiões suas
intenções. O objetivo deste trabalho é tentar mostrar como La Celestina
entra nos moldes do Amor Cortês, apesar de se situar “entre o crepúsculo da
Idade Média e o amanhecer do Renascimento” (DEYERMOND in RICO,
1980, pág.485, tradução nossa). Serão usadas como metodologia, consultas
bibliográficas de autores como José García López (2006), George Duby
(1992), PedrazaJiménez(2007), entre outros. Os resultados deste trabalho
destinam-se a colaborar em sua medida para os estudos literários da Idade
Média.
Palavras- chave: Idade Média. Renascimento. Amor Cortês.
A DESCONSTRUÇÃO DO IDEAL PLATÔNICO DO AMOR
CORTÊS NA RELEITURA CONTEMPORÂNEA DE UMA
CANTIGA DE AMIGO DE NATÁLIA CORREIA
Anália Sofia Cordeiro de Lima Gomes (UFPB/PPGL)
O presente trabalho, inserido no âmbito acadêmico dos Estudos Medievais,
é fruto de uma inquietação sobre a idealização do amor inacessível da dama
feudal na vassalagem amorosa. Durante o século XII, nas cortes medievais,
desenvolveu-se um tipo de lírica cortês erudita, a chanson (cantigas de
amor), no qual o grande tema de inspiração é o Amor. Nasce, então, o amor
cortês, que oferece destaque à imagem da dama. Muito se pensa que o amor
existente nesse tipo de cantiga não era direcionado à conotações carnais. O
desejo sublimado e tido como algo espiritual, uma tensão de amor ideal, um
culto à beleza, sem qualquer ânsia de desejo sexual. A dama era idealizada
como formosa e ideal, um ser perfeito e inacessível. O amor do poeta dessas
cantigas é um amor impossível, um amor não correspondido. Este estudo
busca questionar o ideal platônico na prática do fin`amor da vassalagem
amorosa, discorrendo sobre a importância de imagem da dama como objeto
de inspiração, o jogo intelectual entre os poetas/vassalos e os senhores, a
possibilidade da concretude da relação, entres outros pontos que nos
permitem desconstruir a visão utópica do amor cortês. Para tanto,
identificaremos as marcas dessa desconstrução, a partir da análise
comparada de uma cantiga de amigo com uma releitura contemporânea da
escritora portuguesa Natália Correia.
Palavras-chaves: Amor cortês, Cantigas de amor, Vassalagem amorosa.
Natália Correia
O AMOR VIRGINAL EM O COLAR DA POMBA DE IBN HAZM
Celia Daniele Moreira de Souza (PPGHIS/UFRJ)
O Colar da Pomba, epístola escrita por Ibn Hazm, no séc. XI em Játiva,
atualmente Espanha, propõe-se a analisar o amor, ambientando sua
exemplificação nos áureos tempos do Califado Omíada de Córdoba. Dentre
os vários tipos de amor elencados pelo autor, o amor virginal surge como
uma inovação ao resgatar uma prática pré-islâmica e adaptá-la ao discurso
religioso islâmico de sua sociedade. O amor virginal seria o
amor ᶜuḏrī, oriundo da tribo nômade Banū ᶜUḏra, “filhos da virgindade”, da
Península Arábica, que nos séculos V e VI praticava uma abstinência de
contatos físicos e sexuais visando uma união das almas entre os
amantes. Ibn Hazm conformaria a excelência da castidade deste grupo com
a doutrina islâmica ao indicá-la nos casos em que a consumação do amor
resultaria em pecado, tornando assim o amor um caminho de expiação para
o crente muçulmano.
Nesta comunicação, discutirei como o autor construiu a utopia de um amor
que emergiria de uma dimensão corpórea e ganharia sustentação e
finalidade metafísicas, consubstanciando o ser amado na própria teofania
divina.
Palavras-chave: Al-Andalus, Sexualidade Islâmica, Islã Medieval.
AS CANTIGAS DO AMOR TOTAL: CONSIDERAÇÕES SOBRE O
NEOTROVADORIS MO NA POESIA DE VINICIUS DE MORAES
Jonathan Lucas Moreira Leite (UFPB/PPGL)
Jéssica Rodrigues Férrer Metre (UFPB/PPGL)
O presente trabalho insere-se no campo dos estudos medievais, bem como
no dos estudos semióticos, tendo como principal objetivo analisar as
ressonâncias do amor cortês dos trovadores na poesia de Vinicius de
Moraes, poeta e compositor popular brasileiro. Para tal, discorreremos sobre
as principais características do Trovadorismo, norteados pelos medievalistas
Spina (1956), Martins e Nunes (2014) e Maleval (2002), contando também
com as contribuições do poeta e ensaísta Paz (1994). Além dos
medievalistas, recorreremos aos estudos realizados por Peirce (1975),
Santaella (2000) e Ferraz Júnior (2012) para apresentar, brevemente, os
principais conceitos da Teoria Geral dos Signos, aporte teórico-
metodológico escolhido para nossa análise. Por fim, nossa apreciação
enfocará as relações entre as cantigas de amor medievais e o poema
Romanza, presente no livro O caminho para distância (1933), focalizando a
maneira como os símbolos remanescentes da literatura medieval são
atualizados na poesia do autor.
Palavras-chave: Vinicius de Moraes; Neotrovadorismo; Semiótica.
ROUSSEAU E O ROMANCE FILOSÓFICO: REFLEXÕES SOBRE
AS CORRESPONDÊNCIAS DE ABELARDO E HELOÍSA E A NOVA
HELOÍSA
Jozelma Oliveira Pereira (UEPB)
Orientador (a): Prof. Dra. Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB)
O romance filosófico rousseauniano tem em Júlia, ou a Nova Heloísa, um
importante registro do sentimentalismo do filósofo genebrino. O então
romance se deve notavelmente pela influência das famosas cartas dos dois
amantes que viveram no século XII e tiveram uma trágica história de amor –
o filósofo Abelardo e a jovem Heloísa, ele cônego e respeitado professor de
lógica e pelo movimento filosófico que se tornou um dos mais importantes
da filosofia medieval – os universais, – o amor [im] possível está registrado
da famosa obra Correspondências de Abelardo e Heloísa.O romance
filosófico rousseauniano é um importante ponto de reflexão para toda a obra
do filósofo genebrino, desta forma, Rousseau encontra nas
Correspondências de Abelardo e Heloísa fundamentos para o
desenvolvimento das epístolas que compõem a reencenação da história de
amor n'A Nova Heloísa. No entanto, o principal propósito da nossa
investigação, é apresentar de que forma Rousseau se posiciona como
escritor e crítico do seu tempo, e de que forma sua obra estabelece
indagações de estrutura literária, histórica, mas de conteúdo filosófico.
Procuraremos estabelecer uma possível aproximação entre o romantismo
das obras, enfatizando acerca das semelhanças e diferenças em relação às
mesmas, e apontando o possível retorno do filósofo das luzes ao período
medieval.
Palavras-Chave:Epístolas. Medievo. Romance filosófico.
AMOR CORTÊS EM PEQUENO ROMANCEIRO,
DE GUILHERME DE ALMEIDA
Leonildo Cerqueira
A vassalagem amorosa caracterizou-se como uma entrega completa e
devotada do homem a sua amada, elevando-a a um patamar de sublimidade.
Chamamos "vassalagem" pela relação estabelecida com o sistema feudal, a
partir do comportamento submisso e leal de um servo para sua senhora.
Esse modo amoroso serviu de tal maneira ao momento em que surgiu, que
ele caracterizou toda uma vertente das cantigas trovadorescas, as de amor.
Por suas profundas marcas deixadas na Idade Média, ele se perpetuou,
servindo de matéria à literatura. Michel Pastoureau (1989), como também
Johan Huizinga (2010) consideram essa forma de amor como reflexo da
idealização amorosa, portanto, a atitude cortês não ia além do universo das
cantigas trovadorescas nem dos romances de cavalaria, configurando-se
apenas como uma virtualidade, como o anseio por um estilo belo de vida.
Tendo em vista, assim, que o amor cortês arraigou-se na cultura ocidental e
teve continuidade nas literaturas posteriores à medievalidade, e embasados
nos princípios da Teoria da Residualidade (PONTES, 1999), nosso
propósito é verificar a realização amorosa em produções literárias mais
recentes, como as de Guilherme de Almeida, voltando-nos especificamente
para a análise de poemas de seu Pequeno romanceiro (1957), destacando
textos cuja essência esteja pautada no molde do amor cortês, como é o caso
de “Lenda” – tematizando a cavalaria e as aventuras travadas em nome do
amor – e “Dona Tareja” – entrega absoluta do homem a sua Senhora,
condicionando à vontade desta as ações daquele.
Palavras-chave: Teoria da Residualidade. Romanceiro. Ideal amoroso.
O AMOR CORTÊS EM INÊS DE CASTRO
DE MARÍA PILAR QUERALT DEL HIERRO
Simone dos Santos Alves Ferreira - Mestra (UFPB)
O amor desde a Idade Média foi o grande inspirador do artista literário, pois
é nesse período que vamos encontrar os grandes casos amorosos criados e
revividos na literatura. Muitos até tornaram-se lendários e, por isso, ainda
relembrados e ressignificados por meio da arte. Desde a poesia lírica à
prosa, entre outros gêneros, o amor encantou poetas e escritores engajados
em tal temática. O amor cortês surgido no século XII representava os modos
de sentir e pensar da sociedade medieval criticando de forma velada os
padrões vigentes da época no que se refere ao casamento. De acordo com o
código desse amor a mulher era cultuada e suas qualidades eram exaltadas
pelo enamorado, que a tornava dona e senhora de si, jurando-lhe submissão,
fidelidade e lealdade. Nesse sentido, o presente trabalho busca observar a
constituição do amor cortês no romance Inês de Castro (2006) de María
Pilar QueraltdelHierro no que se refere ao casal português Inês de Castro e
Pedro I, casal que ficou conhecido pelo amor transcendental que
vivenciaram. Para isso, nos valemos das considerações teóricas de Massaud
Moisés (2013), Capelão (2000), Barros (2008), Duby (1993), Marinho
(1990), Paz (1994), Rougemont (1988) e Souza (1987). Tendo em vista que
o amor cortês se revelou como uma revolução nos modos de amar, com o
casal português não foi diferente, Inês e Pedro buscavam na contemplação
mútua idealizar e vivenciar um amor que se perpetuasse para além da vida,
mesmo sendo impedidos de amar livremente devidos às inconveniências
sociais.
Palavras-chave: Idade Média; Amor cortês; María Pilar Queralt del Hierro.
ENTRE O EXERCÍCIO DA DOR DE AMAR E A PLENITUDE DO
AMOR: UMA ANÁLIS E DO ROMANCE EPISTOLAR DE
MARIANA ALCOFORADO À MÍSTICA ERÓTICA DE TERESA
D’ÁVILLA
Thamires Nayara Sousa de Vasconcelos (UFPB/PPGL)
O presente artigo predispõe-se a tecer uma análise comparativa entre as
obras literárias Cartas Portuguesas de Mariana Alcoforado, especificamente
a sua Quinta Carta, e o poema Mi Amado para mi deTeresa D’Ávilla
utilizando como ponto de intersecção os dispares conceitos de amor e a
amar traduzidos nas obras em questão. As obras escolhidas como corpus
deste trabalho, nos possibilita a leitura de dois universos monásticos
díspares, sendo o primeiro fundado na dor de um Amor Doloroso dedicado a
um Cavaleiro que não o corresponde e tendo como universo antagônico um
AmorPleno que atinge a sua plenitude ao personificar o Deus-Amado,
experimentado através da mística religiosa e revestido de caráter
sacrossanto e devocional. No tocante a fundamentação teórica, utilizaremos
para basear o nosso estudo Bataille (2004), Bion (1973), Beneito (2001)
dentre outros teóricos da Literatura Medieval Monástica, os quais darão
aporte necessário para o nossa pesquisa.
Palavras-chave: Amor; Literatura Monástica; Mística.
Eixo Livre – ESTUDOS MEDIEVAIS
Literatura 1: Poéticas da Oralidade
SÃO SARUÊ: A COCANHA NORDESTINA
Caroline Sandrise dos Santos Maia (Proling/UFPB)
Orientadora: Drª. Beliza Áurea de Arruda Mello (Proling/UFPB)
O presente artigo tem o objetivo de discorrer sobre o folheto de cordel
Viagem a São Saruê, de Manuel Camilo dos Santos, e sua tradição
discursiva, ligada à memória da Cocanha, que, segundo Franco Júnior
(1998), circulou oralmente pela Europa na metade do século XVII e foi
registrada em versos no Fabliau de Cocagne, em francês arcaico, no século
XVIII. O folheto Viagem a São Saruê pertence ao ciclo da utopia e narra os
encantos de um país imaginário, onde os rios são de leite, os açudes de
vinho e as ruas são cobertas de ouro, ou seja, uma terra de abundância. Já a
lenda de Cocanha, um país concebido pela imaginação medieval, possui
duzentos versos octossílabos e narra a história do autor, que é anônimo, em
um país imaginário, em que há abundância de prazeres e de alimentos, após
partir para uma viagem com a intenção de cumprir uma penitência que lhe
foi imputada pelo papa (LE GOFF, 2009). É perceptível a semelhança entre
os dois países; Manuel Camilo dos Santos recria Cocanha com os traços e
desejos que se encontram no imaginário coletivo do povo nordestino. Dessa
forma, este trabalho se propõe a discutir sobre a territorialização do conto de
Cocanha no nordeste brasileiro. Para tal, utilizará bases teóricas voltadas
para o folheto de cordel, o imaginário, a oralidade e escritura e as tradições
discursivas.
Palavras-chave: Cocanha; Viagem a São Saruê; Tradição discursiva.
JOSÉ COSTA LEITE E OS ENCANTOS DA MULHER
Fabianne Ramos de Souza Vieira (UFPB/Proling)
Orientadora:Beliza Áurea de Arruda Mello (UFPB/Proling)
O presente artigo tem o objetivo de discutir sobre a construção do
imaginário da mulher a partir de dois folhetos de cordel Beijo de mulher
bonita e carinho de mulher feia; A magia do beijo da mulher bonita, ambos
do poeta de cordel José Costa Leite, que apresentam o arquétipo da beleza
como mito fundante da sedução, recuperando o mito da mulher Eva e a
representação misógina recorrente nas narrativas medievais. Desse modo,
esse artigo vem contribuir para discutir o papel histórico do signo feminino
como símbolo da “queda” e/ou da racionalidade. A presença feminina
aponta uma desestabilização de uma ordem, instituído por conceitos fixos
de uma sociedade patriarcal, “signos reproduzidos através dos tempos, que
são tudo o que me chega desse passado.” (HALBWACHS, 2006, pg. 73).
Legado da misoginia medieval construído a partir dos paradigmas do
catolicismo, bem como do judaísmo-cristão. Este artigo propôs-se a
apresentar uma dimensão retificadora da misoginia – mito basilar na cultura
ocidental, a partir da Idade Média. Dessa forma, esse artigo vem discutir o
papel histórico da mulher na construção da sociedade, e contribuir para os
estudos da tradição discursiva, da oralidade, da escritura, do imaginário e
dos estudos medievais. Os estudos teóricos utilizados permitem que haja
uma reflexão contundente sobre os aspectos propostos.
Palavras-chave: Folheto de Cordel; Imaginário; Tradição Discursiva.
COCANHA E SÃO SARUÊ: TERRAS DE ABUNDÂNCIA
Laura Maria da Silva Florentino(PPGL / UFPB)
Este trabalho insere-se no âmbito dos Estudos Medievais, tendo por objetivo
analisar as marcas da utopia da abundância alimentar em duas versões
anônimas do fabliau da Cocanha, a francesa e a inglesa; além de fazer uma
ponte de ligação com os aspectos alimentares presentes no folheto de cordel
“Viagem à São Saruê”, de Manuel Camilo dos Santos . O fabliau da
Cocanhafoi composto durante o século XIII,e amplamente divulgado na
Europa medieval, assumido novas formas e olhares através dos tempos, até
chegar a inspirar poetas brasileiros, em meados do século XX. Tomando por
base os apontamentos de Hilário Franco Junior em relação aos vários temas
utópicos que marcaram o período medieval, bem como o imaginário
daquela época; de José Rivair Macedo no tocante à sociedade na Idade
Média; aos de Mikhail Bakhtin, associados às experiências alimentares que
dialogam com o “baixo” material e corporal em Rabelais; e além dos
apontamentos de Idelette M. F. dos Santos, em relação às abordagens da
atualidade no que se diz respeito à literatura popular brasileira, tentaremos
traçar um panorama acerca destas marcas, fornecendo ao leitor dos dias de
hoje um pouco daquilo que permeava o pensamento do homem medieval,
que por tantas vezes enfrentou a escassez alimentar tal qual o habitante de
determinadas localidades do Nordeste Brasileiro que também conhece o
dilema da falta de alimentos em períodos de seca e estiagem.
Palavras-chave: Fabliau da Cocanha, São Saruê, abundância.
LIA DE ITAMARACÁ E A CIRANDA DO AMOR
Manuela Xavier R. de Souza (UFPB)
A ciranda, dentro dos seus desdobramentos, atravessou o Atlântico e chegou
ao nosso litoral com os portugueses, e com os povos que traziam sendo
escravizados em suas embarcações. Apenas na década de 1970, a Ciranda
ganha repercussão na mídia, e as canções de autoria de Lia de Itamaracá,
mulher negra, cantadora desse gênero, ao qual nos referimos inicialmente,
ganham notoriedade no Nordeste do Brasil e no Exterior. É nossa intenção,
identificar nesse gênero textual oralizado, uma ancestral tradição
feminina(LEMAIRE, 2010) de cantos de trabalho e de diversão, entoados
por mulheres desde as cantigas de mulheres trovadoras, que cantavam o
amor, a amizade, a beleza do lugar que moravam, seus desejos, através de
uma performance peculiar e tipicamente feminina. Embora a ciranda não
seja uma modalidade exclusivamente feminina, já que em Pernambuco,
diversos são os cantadores de Ciranda, homens que marcaram a história
desse patrimônio imaterial e cultural do nosso Estado. As mulheres foram as
que deram força efetiva à memória, ao resgate e à difusão dessa tradição
oral pernambucana. Baseando-nos nas contribuições do pesquisador Paul
Zumthor(1997, 2007) acerca da oralidade, da performance, assim como dos
estudos de Lemaire(1994, 2010, 2015) sobre as cantigas de mulheres
medievais, pretendemos analisar algumas composições de Lia de Itamaracá,
inserindo-as na tradição oral de cantos de mulheres.
Palavras-Chave: Ciranda, Lia de Itamaracá, Cantigas de mulheres,
oralidade.
DO TROVADORIS MO AO REPENTE NORDESTINO:
REVISITANDO AS CANTIGAS DE TENÇÃO MEDIEVAIS PELOS
DESAFIOS DA CULTURA POPULAR
Welson dos Anjos Pereira(UEPB)
Simone Dos Santos Alves Ferreira (UFPB)
Pensar o repente e os cantadores nordestinos é pensar uma forma de
manifestação artística e cultural marcada pela arte popular cantada, pelo tom
satírico, amoroso e pelas disputas de improviso. Algumas dessas marcas são
características também da arte trovadoresca da Idade Média quando nos
referimos às cantigas, especificamente, as de tenção. Percebendo esses
traços em comum às duas formas de arte em tempos tão diferentes e
longínquos, o presente trabalho se propõe a analisar o diálogo entre as
cantigas de tenções dos trovadores medievais e os desafios dos repentistas
nordestinos, sua arte, características e seus temas. Para isso escolhemos
algumas das tenções de Joán Airas e JoánVaásquiz, Martim Soares e Paio
Soares de Taveirós e os desafios da poesia popular de Valdir Teles e
Raimundo Caetano. Para tal, embasamos teoricamente nossa análise nas
considerações de Massaud Moisés (2013), Spina (1956), Barros (2005),
Sautchuk (2009), Mikhail Bakhtin (1987), Ramalho (2000), entre outros que
se fizerem necessários. Tendo em vista que as manifestações artísticas
foram desde a antiguidade, uma forma de se expressar e de se constituir no
mundo é que se dá a importância de resgatar essas raízes, que se mostram de
grande importância e imprescindíveis na formação cultural de uma
sociedade.
Palavras-chave: Trovadorismo; Tenção;Repente.
Literatura Medieval 2 : interdisciplinariedade
A ARTE DE DIZER POEMAS: UM RESÍDUO MEDIEVA L
Ana Carolina de Sena Rocha
Elizabeth Dias Martins
O Verso de Boca é um grupo de performance poética do Curso de Letras da
Universidade Federal do Ceará que, com o intuito de divulgar a Poesia, há
18 (dezoito) anos apresenta-se aos mais diversificados públicos. Os
principais objetivos do Grupo são: divulgar a obra dos maiores poetas de
língua portuguesa; desenvolver o hábito de dizer e ouvir poemas; e tornar a
Poesia mais atrativa para o público através de sua sensibilidade. Para a
concretização desse trabalho, é de suma importância que seus integrantes
tenham uma boa condição técnica, adquirida por meio de três reuniões
semanais para planejar, ensaiar e praticar exercícios de expressão vocal e
corporal. As apresentações do Grupo Verso de Boca direcionam-se,
primeiramente, à Universidade Federal do Ceará, sobretudo ao Curso de
Letras, e estendem-se a uma atuação gratuita em escolas e universidades
públicas de Fortaleza e do interior do Estado e em inúmeros eventos
particulares. A constante apresentação em eventos literários e acadêmicos
vem crescendo cada vez mais. O Grupo conta com um novo espetáculo, que
abarca toda a poesia medieval e seus resíduos na contemporaneidade, o
espetáculo “Versos de Ouro El’rei mandou-nos lavrar”, tomando um mote
do poeta modernista residual Guilherme de Almeida. Os integrantes cantam
a boa poesia tais quais os trovadores medievais.
POR DEBAIXO DOS PANOS: O ENGANO EM VESPAS, DE
ARISTÓFANES, E N’ A FARSA DO ADVOGADO PATHELIN
Francisco Alison Ramos da Silva (UFC)
Este artigo analisa o tema do engano emVespas (422 a. C.), de Aristófanes,
e n’A farsa do Advogado Pathelin (1460). Apesar da distância temporal
entre essas peças, pois a primeira pertence ao teatro clássico ateniense e a
segunda participa do teatro medieval francês, ambas apresentam
semelhanças entre si, como a denúncia das falhas dos tribunais, sobretudo
no que concerne ao tema proposto. Um elemento de análise imprescindível
é a figura do cordeiro, cuja pele alude ao ato de ocultar alguma verdade e
que, em ambas as obras, dialoga com autores de tempos aproximados, tanto
na Grécia quanto na França, como Homero e François Rabelais,
respectivamente. Porém, faz-se igualmente necessário considerar as
diferenças, tendo em vista que a Comédia Antiga é estritamente política,
portanto pontualmente ligada às circunstâncias do período em que foi
produzida, ao passo que a segunda mantém-se ocupada com os assuntos do
cristianismo e com a atuação social da mulher na atualidade da farsa
analisada. Em suma, a linguagem, usada para enganar, funciona como uma
espécie instrumento para a dissolução dos abusos do direito e para a
restauração da ordem social, sempre que possível, denunciando, inclusive, o
lugar da mulher na cultura medieval.
Palavras-chave: Engano. Vespas, de Aristófanes. Gênero farsa.
BREVE REFLEXÃO SOBRE AS CONCEPÇÕES ACERCA
DO TEMPO NO PENSAMENTO FILOSÓFICO E LITERÁRIO
Gilmar de Souza Barbosa Vasconcelos(UEPB)
O artigo propõe uma breve reflexão sobre as concepções acerca do tempo
no pensamento filosófico e literário; com esse objetivo selecionamos alguns
importantes autores, e algumas de suas respectivas obras, nas quais abordam
essa temática é o caso de Agostinho de Hipona em sua obra Confissões
(1984), e Martin Heidegger em Ser e Tempo (2011) no campo da filosofia e
de Haroldo de Campos com seu Qohélet = O-que-sabe: Eclesiastes: poema
sapiencial (1991), juntamente com Jorge Luis Borges e sua Histórias da
eternidade (1999) no campo da literatura. Procura-se demonstrar como essa
temática inquietante tem provocado, desde a antiguidade, os pensamentos
de filósofos e literatos levando-os muitas vezes a discutirem o
assuntoexaustivamente. E, no entanto, no decorrer dessa exposição pode-se
perceber, claramente, que apesar de ser um tema que está presente até
mesmo nas conversações do cotidiano, pouco se pode apreender do que seja
de fato uma definição razoável acerca do tempo. Conclui-se a partir das
reflexões acerca do tempo na literatura e na filosofia que, o conceito de
tempo define-se através das relações estabelecidas pelo ser, pois doutra
maneira é impossível definir o que seja o tempo por meiodo uso, apenas,
dos conceitos.
Palavras-chave:Tempo. Filosofia. Literatura.
DANTE ALIGHIERI E A BUSCA DE UMA ORDEM DE PAZ
UNIVERSAL
Gustavo Leite Neves da Luz (FAP)
Risomar Gomes Monteiro Fialho(FAP)
Dante Alighieri através das ideias desenvolvidas, principalmente em sua
obra Da monarquia, proibido pela Santa Sé, buscou desenvolver um tratado
político que tinha como objetivo primário uma ordem que pudesse preservar
a paz mundial e que tinha como base a divisão dos poderes em dois pilares,
material e imaterial. Sendo o primeiro, pertencente a um monarca ou
imperador que pudesse representar todo o gênero humano através de um
império legitimo e o último, sendo de responsabilidade da Igreja. O trabalho
pretende demonstrar a importância do pensamento de Dante Alighieri para o
seu tempo e como ele buscou elaborar suas ideias baseado em uma
perspectiva medieval de base aristotélica/tomista, se estabelecendo como
referência quando se pensa em buscar um meio de construção de uma paz
mundial. Utiliza-se para a elaboração deste estudo uma base documental e
bibliográfica. Com ele se pretende concluir que as contribuições trazidas por
Dante para a solução dos conflitos de poder em sua época foram sem
precedentes para a formação de um pensamento de ordem universal que
serviram de base para as gerações de pensadores que o sucederam.
Palavras-chave: Idade Média, Dante Alighieri, Monarquia universal.
O SIMBOLISMO DAS CULTURAS CRISTÃ E PAGÃ NO
IMAGINÁRIO SIMBÓLICO DO FILME AS BRUMAS DE AVALON
Ms. Rafael Francisco Braz (UEPB)
Dentre o vasto leque de seres estranhos criados pela fantasia humana, a
bruxa ocupa lugar entre os mais populares. Sua universalidade é percebida
através de sua aparição de diferentes formas em diferentes culturas, mas
apesar de aparecer de maneiras diferentes por influência da cultura local, a
bruxa guarda sempre uma identidade que a torna reconhecível. A
imagem da bruxa foi se constituindo ao longo dos tempos, desde os cultos
primitivos à deusa mãe-natureza, as antigas lendas célticas, a feiticeira
medieval fabricada pela Inquisição, e foi ganhando força, ao longo do
tempo, através de representações artísticas e, sobretudo, na literatura
alimentada pela tradição oral. Este artigo tem por objetivo fazer uma
análise da imagem da mulher/bruxa na figura de Morgana e Viviane no
filme As Brumas de Avalon. Para tanto, nossa fundamentação teórica
baseia-se nos aspectos simbológicos de Marc Girard (1997), Jean Chevalier
e Alain Gheerbrant (2009) pelo víeis na psicologia analítica de Carl Gusta
Jung (2002) e Erick Neumann (1996) e, por fim, nos conceitos mitológco de
Joseph Campbell (1990). A análise nos mostra que tanto a bruxa, quanto a
Grande Mãe fazem parte do inconsciente coletivo da humanidade, pois
diversas culturas e religião se usa de suas características para representá-las .
Como fadas, sacerdotisas ou bruxas suas características principais
sobrevivem ao longo dos anos e se estendem por distintos povos,
distintasculturas e distintas religiões.
Palavras-chave: Grande Mãe; A imagem da bruxa; As Brumas de Avalon.
Literatura Medieval 3: Representações das mulheres
OS MODELOS DE COMPORTAMENTO NAS BARCAS DE GIL
VICENTE
Andreia Karine Duarte (FAPEMA/PIBIC)
Por meio desta pesquisapropomos perceber alguns modelos de
comportamento apresentados nas peças de Gil Vicente, visando mostrar
através de seus personagens alguns exemplos de comportamento ideal que
deveriam ser seguidos pela sociedade portuguesa do século XVI. Por viver
em um período de transição (XV-XVI)Vicente retém em suas obras
características desses dois tempos, onde ora em seus textos percebe-se que é
defendido um pensamento voltado mais para Deus, ora exalta a valorização
do homem livre. Nesse sentido, a principal documentação utilizada na
pesquisa são obras de Gil Vicente: O Auto da Barca do Inferno (1517), O
Auto da Barca do Purgatório (1518)e OAuto da Barca Glória (1519). As
peçam tratam em tese sobre o julgamento das almas que chegam a uma
parte do mar onde estão ancorados dois barcos um em direção ao Paraíso,
outro ao Inferno, a primeira tripulada por um Anjo e a outra pelo Diabo e
seu companheiro. Todos os tipos desejavam entrar na barca do Paraíso,
porém a maioria das alegorias foi condenada, por viverem presas ao pecado
e a bens materiais. Diante da analise desses exemplos de comportamento e
seus os respectivos destinos nas peças, se percebe que Gil Vicente propõe
em seus autos fazer um resgate aos valores cristãos tradicionais que se
perdiam diante dos novos pensamentos fomentados pelo Humanismo.
Palavras-Chave: Gil Vicente, contra modelos, comportamento social.
A LEITURA DA MULHER MEDIEVAL: O CONTO “A MULHER
DE BATH”, DE GEOFFREY CHAUCER, COMO
REPRES ENTAÇÃO
Daniela Viana Cruz (UNEB)
Luis Roberto Resende dos Santos (UFBA)
O presente projeto de pesquisa trata-se de um estudo sobre a figura feminina
na sociedade medieval, tendo como corpus o conto “A mulher de Bath”, de
Geoffrey Chaucer. Esta investigação se concentra no campo dos estudos
sobre a representação das mulheres na literatura de língua inglesa e,
consequentemente, na produção de saberes sobre a mulher através da
história. Diante das figuras analisadas, no período medieval a mulher é
apresentada como sujeito subordinado ao homem. Entretanto, essa mesma
análise nos mostrou que o conto “A mulher de Bath”, de Geoffrey Chaucer,
ainda representa outra vertente da mulher: um sujeito que é impulsionado
por anseios de liberdade. Esse estar presente na sociedade é apresentado no
conto como anseios por ter uma vida política, cultural e, acima de tudo,
liberdade sexual. Nesse contexto, sobressai-se a figura feminina retratada
por Alice no conto referido, a qual mostra as suas apreciações morais e
anseios. A narradora emprega princípios cristãos para defender seus desejos,
pois a personagem que dá nome ao conto casou-se cinco vezes e dominouos
cinco maridos, demonstrando onde reside o poder e a força da figura
feminina que paira no imaginário da época. Nossa hipótese para esta
investigação se ampara, principalmente, nos estudos de Bizaco (1999),
Duby (1989), Macedo (2002) e Medeiros; Zimmerman (2013), por
apresentarem perspectivas sobre a mulher pela história e sobre como ela é
vista pela ótica literária.
Palavras-chave:Literatura; Mulher; Sociedade.
O RISO E A REPRES ENTAÇÃO DA FIGURA FEMININA NA
IDADE MÉDIA: DA CONDENAÇÃO À CARNAVALIZAÇÃO
GracielleAngeline Tavares da Silva (UFPB)
Maria Lucivânia da Silva Bernardino (UFPB)
José Suetonio Ramos Gonçalves (UFPB)
O riso, como expressão literária, social e cultural sempre esteve relacionado
à história da humanidade, adquirindo significados distintos a depender de
cada época e do contexto no qual se insere, despertando, em virtude de sua
dinamicidade conceitual, interesse por parte de estudiosos, a exemplo de
Minois (2003), Bremmer e Roodenburg (2000), Alberti (2002), Bakhtin
(1999),Bergson (2001) e Cerchiari (2009). De acordo com Souza (2017), o
riso passa por reformulações e posicionamentos valorativos diversos,
desempenhando funções múltiplas no processo interacional, adaptando-se às
inúmeras situações enunciativas. O riso emerge assim como consequência
temporal direta de determinadas práticas e valores sociais vivenciados pelos
seus sujeitos, destacando-se, sobretudo, por seu caráter protagonista na
atividade coletiva humana. Objetivando caracterizar o fenômeno do risível
na Idade Média, faremos aqui uma abordagem histórica, mostrando a
origem do riso, sua correlação com a figura feminina e com a cultura
popular, definições trazidas pelos filósofos clássicos, o paradigma bakthiano
e o conceito de carnavalização, além de sua repercussão na atualidade, a
partir de uma pesquisa qualitativa na Literatura, utilizando como principais
referencias teóricas os autores supracitados.
Palavras-chaves: Riso; Idade Média; Carnavalização; Feminino; Cultura
Popular.
A MULHER EM “DITOS DA FREIRA”: A TRANSFORMAÇÃO DA
REPRES ENTAÇÃO DO FEMININO NA OBRA DE JOANA DA
GAMA
Mônica de Paula Gomides (UFPB)
Larisa Souza Silva (UFPB)
Rejane Cavalcante da Silva (UFPB)
No presente trabalho buscamos mostrar as representações do feminino na
obra de Joana da Gama, o livro Ditos da Freira, ediçãocom notas, fixação do
texto e apresentação de Anne-Marie Quint, de 2010, que traz para a
Literatura portuguesa marcas do ideal de mulher do ponto de vista da beata
no seu tempo. Para isso, utilizaremos o conceito de gênero embasado em
uma teoria social de vertente feminista, segundo Louro (2003) e o conceito
de representação de teoria histórica sendo Chartier (1990, 2010) em uma
pesquisa de cunho bibliográfico; análise qualitativa e interpretativa. A partir
da análise interpretamos a obra de Joana da Gama como intimista, pessoal,
com o cunho moralista característicos de sua época e contexto literário, a
literatura monástica do século XVI, em contraponto à consciência do
sofrimento e intempéries da realidade feminina.
Palavras-chaves: representação de gênero, feminismo, Literatura
portuguesa, Joana da Gama.
MULHERES PORTUGUESAS EM GIL VICENTE: UMA ANÁLIS E
DOS TIPOS SATIRIZADOS E DAS CAMADAS SOCIAIS EM
ALGUMAS PEÇAS VICENTINAS
Renata de Jesus Aragão Mendes(PIBIC/CNPq/UEMA)
Orientadora: Adriana Maria de Souza Zierer(CECEN/UEMA)
Buscou-se neste trabalho compreender as representações da Mulher
portuguesa do século XVI a partir das obras do teatrólogo Gil Vicente. Este
homem embora tenha produzido e representado todas as suas peças no
início de Quinhentos nasceu no século XV. O teatrólogo estava, portanto,
ligado aos princípios medievais e principalmente ao resgate dos valores
religiosos que a Igreja Católica buscou legitimar durante toda à Idade
Média. Nesse sentido, suas peças refletem seu pensamento cristão: o
cumprimento do modelo ideal de mulher representado pela Virgem Maria.
Foram analisados oito personagens femininas em cinco obras entre as quais
estão: Auto da Índia (1509), Auto da Sibila Cassandra (1513), Auto da
Barca do Inferno (1517), Pranto de Maria Parda(1522), Farsa de Inês
Pereira (1523).Porém, além das personagens femininas analisamos seis
personagens masculinos. Afinal, foi necessário compreender em quais
camadas estavam os tipos masculinos que as personagens se relacionavam.
Percebeu-se que dos personagens analisados somente um é nobre, mas que
riqueza nenhuma possuía. Todos os outros restantes são camponeses. Ficou
evidente que são geralmente os tipos sociais das camadas a que Gil Vicente
destina suas obras que são criticados negativamente pelo teatrólogo. A partir
desta análise objetivamos primeiramente apontar os tipos de mulheres que
são satirizadas nas obras de Gil Vicente e consequentemente identificar se
as mulheres com traços negativos nas peças vicentinas estão relacionadas a
uma determinada camada social. Constatamos que no geral os tipos
femininos satirizados são caracterizados por moças, alcoviteiras, velhas,
esposas, todas camponesas.
Palavras-chave: Mulher portuguesa. Camadas sociais. Gil Vicente.
MARIA EXITA, RESÍDUOS DA CAMPONESA MEDIEVAL, EM
SUBSTÂNCIA, DE GUIMARÃES ROSA
Victória Pereira Vasconcelos Abreu (UFC)
Elizabeth Dias Martins (UFC)
O presente trabalho aborda a temática da mulher camponesa, papel
fortemente exercido na Idade Média, sendo um dos imaginários femininos
mais evidenciados em relação à labuta, o serviço e o trabalho. Esses
elementos serão analisados dentro da obra de João Guimarães Rosa, um
escritor do modernismo brasileiro, que teve um grande destaque no cenário
literário do país. A obra a ser estudada é o conto Substância, que está
inserido em seu livro Primeiras Estórias, uma obra que está enquadrada na
terceira geração do Modernismo Brasileiro, sendo publicado em 1962 e que
carrega em sua personagem principal, Maria Exita, toda uma mentalidade
medieva em suas características e ações no decorrer do conto. A presente
análise será pautada na Teoria da Residualidade, proposta teórico -
investigativa sistematizada por Roberto Pontes, para identificar os resíduos
do imaginário da mulher camponesa medieval, que permaneceram de um
tempo em outra cultura e que se manifestaram na personagem principal do
conto referido. Analisaremos os resíduos dessa mulher que era serva do
trabalho camponês que remanescem no período contemporâneo da obra em
estudo.
Palavras-chave: Camponesa. Residualidade. Medieval.
Eixo Literatura 4: Tradição medieval na Literatura contemporânea
DIÁLOGO ATEMPORAL: UM ESTUDO RESIDUAL DO POEMA
CANTIGA PARA NÃO MORRER, DE FERREIRA GULLAR.
Kaio Oliveira Tillesse Barros
Daniel Pereira de Oliveira
Ferreira Gullar, poeta de renome internacional, indicado ao Prêmio Nobel
de 2002 e ganhador do prêmio Camões da Língua Portuguesa de 2010,
dedicou sua vida à poesia em seus mais de 80 anos. De forma brilhante, este
maranhense consegue unir o lírico ao social, o romântico ao polít ico;
escrevendo, assim, uma poesia vibrante, intensa e vasta. Este breve trabalho
tem como intuito analisar a mentalidade medieval contida no poema Cantiga
para não morrer, presente no livro Dentro da noite veloz (1975); ressaltando
seus aspectos trovadorescos. Neste estudo, ganham destaque elementos
residuais que serão ressaltados através da voz lírica masculina, da coita de
amor, da mesura, do uso do senhal e também do uso do paralelismo
presentes neste poema.
RESÍDUOS DA NOVELA DE CAVALARIA NO ROMANCE D’A
PEDRA DO REINO, DE ARIANO SUASSUNA
Maria Milene Peixoto de Oliveira (UEMA)
As marcas da influência ibérica são bastante evidentes na produção literária
de diversos escritores brasileiros, principalmente, nordestinos. Este trabalho
trata de uma investigação acerca dos resíduos cavaleirescos no Romance
d’A Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta, de Ariano
Suassuna. A escolha se deve não apenas à clara ascendência da literatura
ibérica na obra do escritor, mas também à importância deste no âmbito da
literatura nacional. Os Romances ou novelas de cavalaria são de origem
medieval, e constituem uma das manifestações literárias de ficção em prosa
mais ricas da literatura peninsular. Neste trabalho, serão investigados
elementos que evidenciam a mentalidade cavaleiresca na obra do escritor
paraibano. Corroborando a matriz europeia que aqui se fixou, tais elementos
aparecem cristalizados pelo imaginário nordestino, uma vez que estão
ligados a uma cultura popular sertaneja. O nosso estudo apoiar-se-á na
Teoria da Residualidade e seus conceitos básicos, sistematizados pelo
pesquisador Roberto Pontes.
Palavras-chave: Novela de Cavalaria. Ariano Suassuna. Residualidade.
ROSA BRAVA: UMA RELEITURA DA MULHER MEDIEVAL NA
FIGURA DE LEONOR TELES
Rosemeri Verissimo Santana Costa (UFPB)
Aldinida Medeiros (PPGL/UFPB)
O presente trabalho apresenta um estudo sobre a personagem Leon or Teles
de Meneses, através do romance Rosa Brava (2010) da autoria de José
Manuel Saraiva. É nosso intento estabelecer uma leitura crítica e analítica
da obra, buscando identificar como a literatura contemporânea estabelece
uma releitura da mulher na Alta Idade Média. Neste caso específico, como o
autor de uma metaficção historiográfica configura a rainha Leonor Teles no
romance em questão. Sob tal perspectiva, nos propomos a perceber como a
personagem e o enredo romanesco resgatam o perfil da mulher medieval por
meio da releitura e das relações entre Literatura e História, bem como
percebermos questões de cunho narratológico. Para isso, trabalharemos com
um aporte teórico que contemple as áreas do tema: Linda Hutcheon (1991),
Fátima Marinho (1999) Cristina da Costa Vieira (2001), como também as
contribuições de Georges Duby (1990) Le Goff (1989) e Michelle Perrot
(2008).
Palavras-chave:Rosa Brava. Leonor Teles. Figura feminina medieval.
IDEIA DE MUNDO MEDIEVAL, UMA PROPOSTA DE LEITURA A
PARTIR DO C. S. LEWIS
Salomão Davi Xavier da Silva (UFPB)
Este trabalho busca analisar o modo de interpretação presente no livro A
imagem descartada: para compreender a visão medieval de mundo
(2015)do medievalista e renascentista de Cambridge e Oxford, Clive Staples
Lewis, conhecido mundialmente como autor de ‘As crônicas de Nárnia’.
Especifico o tratamento como apontamentos acerca da ideia de crítica
literária do Lewis e a compreensão da ideia de mundo medieval, a entender
não como uma unidade homogênea, antes como uma multiplicidade
unificada.
O DISCURSO DE FERNÃO LOPES SOB A PERSPECTIVA DA
METAFICÇÃO HISTÓRIOGRÁFICADE SEOMARA DA VEIGA
FERREIRA
Whadja Nascimento(GIELLus)
Aldinida Medeiros (UEPB/ PPGL-UFPB)
O estudo que se segue tem por objetivo um romance que traz a releitura de
uma figura medieval, a rainha consorte portuguesa Leonor Teles,
protagonista do romance histórico contemporâneo Leonor Teles ou o canto
da salamandra (1999), da escritora Seomara da Veiga Ferreira, que destaca
a marcante participação política desta rainha em algumas nas questões do
reinado de D. Fernando. Para tanto, faremos uma relação entre o perfil
histórico e literário desta mulher, considerando que o discurso de Seomara
em sua obra, difere do que nos foi apresentado historicamente por Fernão
Lopes nas crônicas que escreveu, no século XVI, sobre os reis de Portugal.
Neste sentido, podemos perceber o olhar autoral de Seomara da Veiga
Ferreira como uma releitura marcadamente crítica do discurso lopino,
possibilitando à personagem alguns traços de uma representação feminina
marcante, sem a figuração notadamente malévola que se encontra na
Crónica de D. Fernando, do já mencionado Lopes (2004). Nosso trabalho,
estritamente de cunho bibliográfico, tem como aporte teórico ensaios quer
versam sobre a Idade Média, sobre a vida de Leonor Teles e sobre o
romance histórico, dentre os quais Georges Duby (1999; 2011), Michelle
Perrot e Georges Duby (1990), Isabel Pina Baleiras (2012), Maria de Fátima
Marinho (1999) e Maria Ema Tarracha Ferreira (2000), além das crônicas
de Fernão Lopes (2004).
Palavras-chave: Romance histórico. Representação feminina. Leonor Teles.
Literatura Medieval 5: Representação do medievo na Literatura Brasileira
RESÍDUOS DO SIRVENTÊS MEDIEVAL NA POESIA
INSUBMISSA DE PEDRO LYRA
Carlos Henrique Peixoto de Oliveira(UFC)
Brenda Raquel Nobre Lopes(UFC)
O modo poético usado pelos trovadores para fazer crítica social era
denominado sirventês. Eles não se destinaram a escrever apenas cantigas de
amor e cantigas de amigo, mas abordaram também na sua poesia as más
práticas humanas da vida social em que estavam inseridos, como as
injustiças sociais, as querelas políticas, a tirania de reis e de senhores
feudais, a avareza de artesãos e de comerciantes, a conduta desvirtuada de
religiosos sem zelo apostólico, os maus trovadores, etc.. O trabalho que ora
desenvolvemos busca estudar a presença de resíduos poéticos do sirventês
na obra Decisão, poemas dialéticos do poeta cearense Pedro Lyra. Poeta da
geração 60 da poesia brasileira, Lyra vivenciou os anos da ditadura militar
no Brasil e fez de seus poemas armas contra esse regime de exceção e
contra um sistema político de exploração do homem. A mentalidade do
sirventês medieval se apresenta de maneira remanescente na produção desse
poeta, pois sua poesia tem o mesmo espírito insubmisso, de denúncia social,
que continha aquele modo poético do medievo. Para a nossa investigação,
lançamos mão daTeoria da Residualidade desenvolvida pelo poeta Roberto
Pontes.
PALAVRAS-CHAVE: Sirventês; Poesia Insubmissa; Residualidade; Pedro
Lyra.
JUSTIÇA E ESPERANÇA EM VERBO ENCARNADO, DE
ROBERTO PONTES: RESÍDUOS DE UM PENSAMENTO
MEDIEVAL
Ma. Cássia Alves da Silva(PPGL-UFC)
Ma. Mary Nascimento da Silva Leitão(PPGL-UFC)
A voz poética que surge nos versos de Verbo Encarnado, de Roberto
Pontes, é a representação de uma coletividade que luta por um novo tempo.
A obra escrita na segunda metade do século XX, ao mesmo tempo em que
exprime a angústia de um período histórico marcado pela ditadura, também
demonstra anseio por uma vida mais bela. Retomaremos o forte sentimento
de amargura, propagado no final da Idade Média (HUIZINGA, 2013), por
conta das arbitrariedades de clérigos, nobres e funcionários feudais,
vivenciado simultaneamente a um instante de crença na paz e na salvação da
humanidade (FRANCO JÚNIOR, 1992). Relacionaremos referidos
pensamentos com os imaginários de justiça e esperança identificados nos
poemas do autor cearense. A análise comparativa dar-se-á com base na
teoria da residualidade (PONTES, 1999), no intuito de observar os
elementos medievais que se cristalizaram numa produção literária da
atualidade. Apresentaremos uma discussão em torno das semelhanças
identificadas entre as manifestações artísticas medievais e os poemas de
Verbo Encarnado.
Palavras-chaves: Verbo Encarnado. Residualidade. Medievalidade.
CONHECER É PERIGOSO: DO MITO DE PROMETEU AO
PECADO ORIGINAL, RESÍDUOS DO DEMONÍACO EM LAVOURA
ARCAICA
Francisca Yorranna da Silva (UFC)
Elizabeth Dias Martins (PUC – RIO)
O conceito de demoníaco em nossa cultura foi formado, principalmente,
durante a Idade Média, período no qual o cristianismo ocidental se
desenvolveu e firmou-se como religião predominante; no entanto, até hoje
encontramos resíduos desta mentalidade em nossa cultura. Deste modo ,
tomamos como exemplo Lavoura Arcaica (1975), de Raduan Nassar, a fim
de demonstrarmos de que forma se dá a permanência da mentalidade acerca
do demoníaco na literatura contemporânea. Neste sentido, procuramos
identificar os elementos que aparecem atrelados ao universo demoníaco na
obra, ressaltando a visão que se tem sobre o ato de conhecer, que no
romance é visto como algo perigoso, uma vez que, a liberdade
proporcionada pelo conhecimento pode colocar em risco estruturas sociais
consolidadas como a Igreja, o Estado e a família. Além disso, o simples
desejo de conhecer pode ser considerado demoníaco porque o conhecimento
está na esfera do divino, concepção que retoma o mito de Prometeu e a
narrativa do Gênesis que fala sobre a queda da humanidade; nesta última, o
primeiro pecado cometido pelo homem é motivado pela ânsia de conhecer o
Bem e o Mal, tornando-se igual a Deus. Nesta perspectiva, a Teoria da
Residualidade, aporte teórico utilizado neste trabalho, faz-se fundamental
visto que através de seus conceitos busca explicar o processo de
remanescência desses resíduos. Assim, ao concluirmos este trabalho
esperamos alcançar nossos objetivos, possibilitando uma nova leitura para
obra de Raduan Nassar por meio do diálogo entre os períodos clássico,
medieval e contemporâneo.
Palavras-chave: Residualidade. Demoníaco. Lavoura Arcaica.
A ARTE LITERÁRIA E O MAL: SEXO, DESVIO E DANAÇÃO NA
CRÔNICA DA CASA ASSASSINADA
Romildo Biar Monteiro(UFC/CAPES)
Elizabeth Dias Martins(PUC – RIO)
O presente trabalho busca analisar no romance Crônica da Casa
Assassinada (1959), de Lúcio Cardoso, os comportamentos desviantes
impetrados pelas personagens Ana, Nina e Timóteo, que são reveladores de
resíduos do doutrinário cristão medieval, concernentes às manifestações e
representações do princípio do Mal, do pecado e da danação, presentes na
prosa cardosiana, por meio da relação entre o demoníaco e aconduta das
personagens. Nesse sentido, buscaremos compreender as diferentes
ocorrências de atitudes e práticas transgressoras, em especial, aquelas
ligadas à sexualidade, de modo a identificar até que ponto as variações do
princípio do Mal na literatura de Lúcio Cardoso indicam processos de
assimilação e recriação. Para tanto, pautar-nos-emos nos pressupostos
oriundos da Literatura Comparada e da Residualidade, proposta teórico-
investigativa sistematizada por Roberto Pontes (1999), que se baseia no
princípio de que toda cultura contém resíduos de outros tempos e espaços.
Palavras-chave: Crônica da Casa Assassinada. Mal. Transgressão. Danação.
Residualidade.
A BATALHA DISCURSIVA ENTRE OLIVEIROS E FERRABRÁS:
DO MEDIEVAL PARA O SERTÃO NORDESTINO
Willian Lima de Sousa (PPGL/UFPB)
Uma das narrativas mais conhecidas no sertão nordestino concerne a Carlos
Magno e os Pares de França. Na obra Os Cinco Livros do Povo,Câmara
Cascudo (1953) define a trama carolíngia como um clássico do cordel.
Analisando o folheto Batalha de Oliveiros com Ferrabrás, dois elementos
são significativos para o entendimento da fama dessa narrativa: 1º) o
processo de aproximação entre Carlos Magno e Cangaceiro nordestino e 2º)
a batalha utópico/discursiva entre Oliveiros (soldado carolíngio e católico)
vs. Ferrabrás (mouro e na cultura sertaneja, o antagonista ao catolicismo).
Nesta oportunidade, abordaremos o quesito discursivo em voga no folheto
Batalha de Oliveiros com Ferrabrás, de Leandro Gomes de Barros. Por esse
viés, entendemos que o processo de convencimento discursivo utilizado por
Oliveiros objetiva dois fatores: o arrependimento e conversão de Ferrabrás
ao catolicismo. Os resquícios da religiosidade medieval presente nos Pares
de França são acentuados pelo poeta paraibano; essa técnica aproxima
“público e folheto”, pois o catolicismo está arraigado entre o povo
nordestino. Visando compreender essa batalha discursiva e a estruturação e
aproveitamento do texto matriz (Carlos Magno e os Doze Pares de França),
essa pesquisa está alicerçada teoricamente nas contribuições dos seguintes
autores: Bakhtin (2009); Barros (1909); Curran (1973); (Foucault (2011);
Mello (1980); Zumthor (1993).
Palavras-chave: Carlos Magno, discurso, catolicismo.
Estudos em Medievalística 1
LEGITIMIDADE, AUTORIDADE E PODER: UMA BREVE
REFLEXÃO SOBRE AS RELAÇÕES DE NEGOCIAÇÕES
SENHORIAIS NO PERÍODO ALFONSINO (1252-1284)
Bruna Oliveira Mota(UFS/CAPES)
Nesta apresentação temos por objetivo analisar e compreender as relações
de negociações senhoriais existentes em Castela no século XIII. Temos
entendido tais negociações como um aspecto comum à política inerente às
aristocracias laica e eclesiástica, que amparadas no tripé legitimidade,
autoridade e poder constituíam, para nós, a base dos governos na Península
Ibérica.Defendemos que as monarquias castelhanas estavam, também elas,
inseridas no grupamento aristocrático, tendo, porém, a natureza hereditária
como ancoragem do seu princípio legitimador, composto, por sua vez à
noção de mérito, atributo e herança, ou seja, o direito de comando do
monarca era assegurado pelas instituições consagradas pela tradição. No que
tange a autoridade monárquica, ela era concebida como uma espécie de
poder horizontalizado, no qual os indivíduos prestavam obediência por
acreditarem na capacidade de quem os governava, necessitando
constantemente de medidas que reafirmasse e renovasse essa condição de
governabilidade para o bem daqueles que integram e legitimam tal
relação.Finalmente, a noção poder que abordamos em nosso trabalho foge
de uma perspectiva centralizadora, de cima pra baixo, tradicionalista do
modelo burocrático do século XIX. Temos utilizado o conceito de “noção
corporativista do poder” para compreender os conflitos e negociações no
período alfonsino. Graças a esta perspectiva, consideramos que a repartição
ou partilha daquele poder monárquico com outros poderes na construção
harmoniosa do reino invoca uma latente horizontalidade que, no entanto,
não anula a verticalidade nas relações presentes na aristocracia medieval.O
governo de Alfonso X (1252-1284), apesar de inúmeras continuidades, nos
apresenta alguns dados singulares no processo de relações de negociações
senhoriais frente aos reinados antecessores e são justamente tais rupturas
que temos nos debruçado em nossa pesquisa de mestrado financiada pela
CAPES no PROHIS-UFS e que buscaremos expor nesta comunicação seus
mecanismos de negociações senhoriais.
Palavras-chave: Negociações senhoriais; Alfonso X; Relações de poder.
SENHORIO, NORMATIVAS CANÔNICAS E A GUERRA: AS
RELAÇÕES DE NEGOCIAÇÃO EM CASTELA E LEÃO NOS
SÉCULOS XI E XII
Bruno Gonçalves Alvaro(UFMT)
Entre os séculos XI e XII, as relações entre as igrejas castelhano-leonesas e
as múltiplas forças senhoriais, das quais damos ênfase à Monarquia, nos
possibilitam observar um amplo leque de possibilidades analíticas para
aqueles medievalistas preocupados com a história política e das instituições.
Exemplo disso, é o conhecido binômio senhorios episcopais versus
senhorios monárquicos. Ao contrário de seguir uma ampla tradição
historiográfica que identifica submissão, dependência constante, projeto de
centralismo por parte de um ou de outro segmento, etc., procuraremos
enfatizar por meio do estudo de alguns concílios do período, justamente o
contrário. Para nós, o que se sobressaem nessas relações senhoriais é,
justamente, o caráter de negociação, no qual, ora é possível identificar
relações fraternas e socorro mútuo em forma de apoio, principalmente, em
conflitos armados, ora uma série de querelas nas quais vemos sobressaltar
inúmeros cânones normativos a respeito da atuação eclesiástica em assuntos
laicos e vice-versa.Para pensar tais relações de negociação, selecionamos o
exercício da guerra como espaço definidor para as especificidades que,
defendemos, são inerentes à cada uma das instâncias que lidamos – as
Igrejas e as Monarquias – mesmo sendo o senhorio o elo de ligação do qual
partirmos para por em prática o presente estudo.É a partir do século XI que
o fenômeno senhorial generaliza-se na região de Castela e Leão, o que se
pressupõe uma larga escala de igrejas que se tornam detentoras de
senhorios, entre outros motivos, graças ao contexto bélico do momento.
Sendo assim, por objetivarmos um estudo que preza pela segurança no
manejo da documentação e uma vez que temos como hipótese geral, que as
relações de negociação são específicas de um senhorio para outro,
analisaremos nesta comunicação apenas os senhorios eclesiásticos
deToledo, Leão, Sigüenza e Osma.
Palavras-chave: Senhorio; Relações de negociação; Séculos XI e XII.
GIORDANO BRUNO: APROPRIAÇÃO E REELABORAÇÃO DA
ESPECULAÇÃO CUSANA SOBE A INFINITUDE DE DEUS E DO
UNIVERSO
José Texeira (UERN)
O presente texto é fruto das discussões realizadas no projeto de pesquisa
PIBIC intitulado “Giordano Bruno (1548-1600): O universo infinito e os
infinitos mundos”. O referido projeto de pesquisa pretendia ser a segunda
parte da pesquisa cuja problemática principal era interpretar o início das
discussões modernas sobre o conceito do “infinito” relacionado,
principalmente, às questões metafísicas e cosmológicas. Na primeira parte
da pesquisa situamos histórica e filosoficamente o pensamento de Nicolau
de Cusa (1401-1464) a partir da discussão sobre a infinitude de Deus e do
universo. Para determinar os diversos usos e significados que o termo
“infinito” assume no pensamento cusano e em que sentido Nicolau afirma
que tanto Deus quanto o universo são infinitos, tomamos como ponto de
partida o primeiro e o segundo livro do De doctaignorantia, texto escrito em
1440 pelo pensador alemão. Sobre a relação entre Bruno e Nicolau,
considerava Heimsoeth (1960, p. 111) que os ensinamentos do “grande
alemão” determinou, por meio de Bruno, a imagem do cosmos da ciência e
da metafísica moderna. Embora não seja o objetivo geral dessa pesquisa
demarcar o quadro em que se inscreve a proximidade e a relação entre
Giordano Bruno e Nicolau de Cusa, pois essa relação já foi demarcada há
bastante tempo, por exemplo, por F. J. Clemens no seu texto Giordano
Bruno undNicolausvonCusa (1847) e H. Védrine em L’influence de Nicolas
de Cuessur Giordano Bruno (1964), interessa-nos, porém, na continuidade
da pesquisa investigar especificamente como as especulações cusanas sobre
a infinitude de Deus e do universo são apropriadas por Giordano Bruno
(1548-1600). Portanto, buscaremos questionar se a “filosofia nolana” sobre
a infiniturdepode ser vista a partir de uma apropriação fecunda de aspectos
da especulação de Nicolau de Cusa e da tradição neoplatônica.
Palavras-chave: Nicolau de Cusa. Giordano Bruno. Infinito. Universo.
Deus.
TRAÇOS PARA UMA EXPERIÊNCIA DO OLHAR EM DE VISIONE
DEI DE NICOLAU DE CUSA
Klédson Tiago Alves de Souza (UFPB)
Prof. Dra. Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB)
Este artigo busca discutir acerca da experiência místico-especulativa que
Nicolau de Cusa (1401-1464) propõe aos monges de Tegernsee para os
conduzir à “sagrada obscuridade” ou “teologia mística”, motivado pela
discussão proeminente de sua época sobre se se deveria entender a visão
contemplativa de forma meramente afetiva ou intelectual, envolvendo dois
grandes partidários de ambas perspectivas, respectivamente, Vicente de
Aggsbach e Gerson. Após troca de cartas, Nicolau de Cusa envia aos
monges beneditinos do monastério de Tegernsee o De visione dei (1453) e
um quadro “que tudo vê” denominado por ele “o ícone de Deus”. Destarte, a
partir da experiência de olhar um quadro, cuja pintura traz a peculiaridade
de o olhar pintado acompanhar aquele que o olha, Nicolau os leva a
especular sobre a experiência do olhar de Deus que não abandona e
acompanha todos e cada um. Logo, o caminho proposto no De visione dei é
uma verdadeira “condução pela mão” (Manuductio) para que os monges,
segundo as suas capacidades, alcancem a experiência mística: do olhar
finito do quadro ao olhar infinito que é o próprio olhar de Deus. O artigo,
portanto, dentro do âmbito da filosofia de Nicolau de Cusa mostra a via
reflexiva que parte da experiência da finitude até a mais alta e profunda
especulação que o homem pode vir a fazer: especular sobre o divino.
Palavras-chave: Nicolau de Cusa. Mística. Olhar.
O RESSURGIMENTO URBANO NA BAIXA IDADE MÉDIAE SUA
CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO DO URBANISMO
OCIDENTAL MODERNO
Magnus Galeno Felga Fialho(UMESP)
O século XXI traz, entre tantas outras marcas, novos desafios para a
urbanização. A compreensão do homem e seu habitat ganha importância
como estudo da chamada psicologia do espaço, levando à integração de
diversos saberes para entender o homem na construção destes espaços: o
natural, o construído, o social e o existencial. O eixo central é a urbs – a
cidade. Ela está presente na história humana desde o período neolítico como
grandes aglomerados urbanos que marcam o avanço da civilização. Já na
denominada Baixa Idade Média o ressurgimento gradual das cidadesrevela
as mudanças psicológicas advindas da nova realidade Ocidental. Este
trabalho visa analisar essas mudanças na mentalidade pessoal e coletiva
surgidas com a reurbanização, demonstrando a vida medieval e as transições
entre um mundo rural e o urbano. Caminha ainda observando como as
soluções de urbanização encontradas na época influenciam o surgimento de
novas estruturas econômicas, a nova classe social nascente, a religião e a
concepção de mundo e expectativas de vida, procurando estabelecer como
se deu a reconstrução das cidades na baixa Idade Média a partir da análise
do espaço urbano medieval. O trabalho,portanto, fortalece a Ideia dos eixos
de análise dos espaços (em especial o urbano) de maneira interdisciplinar, já
bem presente em Fernand Braudel (história), Friedrich Ratzel (Psicologia),
Max Sorre e Milton Santos (Geógrafos).
Palavras-chave: Idade Média; Cidades; Urbanismo.
Estudos em Medievalística 2
DIÁLOGOS ENTRE A FILOSOFIA MEDIEVAL-TOMISTA E A
JUSFILOSOFIA CONTEMPORÂNEA: ENSAIO HERMENÊUTICO
E AXIOLÓGICO
Claudio Pedrosa Nunes (Universidade de Coimbra)
O presente artigo objetiva realizar uma investigação propedêutica sobre os
diálogos e conexões que se podem regularmente perceber entre variados
dogmas, categorias e instituições filosóficas e jusfilosóficas do medievo e os
seus correspondentes na contemporaneidade, com especial destaque para a
doutrina teológico-filosófica de Tomás de Aquino. Evoca-se nesse ambiente
a proeminência do direito natural do medievo tardio como fonte de
excelência, inclusive normativa, para efeito de edificação das bases
fundamentais desses diálogos e conexões, com concurso dos costumes
sociopolíticos e socioeconômicos de então, cuja engenharia conserva
remanescentes inclusive nos julgados tribunalícios contemporâneos. Em
apelo de problematização, o estudo sugere uma rediscussão a respeito da
perspectiva hoje sedimentada de conhecimento estanque entre os variados
períodos históricos da filosofia e do direito, numa espécie de exclusão
definitiva de tudo o que concerne à Idade Média. E, nisso, indaga-se: é
correto afirmar que a filosofia medieval nada oferece de significativo e
substancial para os estudos jurídico-filosóficos do nosso tempo? Estaria ou
não a filosofia medieval-tomista impregnada por dogmas cristãos católicos
odiosos que a expurgam como segmento do conhecimento capaz de
construir bases sólidas para o direito contemporâneo? Trata-se, outrossim,
de pesquisa conduzida sob o método dedutivo, com pesquisa de natureza
histórico-filosófica e dissertativa e fonte de dados documental e
bibliográfica.
Palavras-chave: Diálogos; Filosofia; Medieval; Jusfilosofia. Lourival
TRAÇOS PARA UMA EXPERIÊNCIA DO OLHAR EM DE VISIONE
DEI DE NICOLAU DE CUSA
Klédson Tiago Alves de Souza(UFPB)
Prof. Dra. Maria Simone Marinho Nogueira(UFPB)
Este artigo busca discutir acerca da experiência místico-especulativa que
Nicolau de Cusa (1401-1464) propõe aos monges de Tegernsee para os
conduzir à “sagrada obscuridade” ou “teologia mística”, motivado pela
discussão proeminente de sua época sobre se se deveria entender a visão
contemplativa de forma meramente afetiva ou intelectual, envolvendo dois
grandes partidários de ambas perspectivas, respectivamente, Vicente de
Aggsbach e Gerson. Após troca de cartas, Nicolau de Cusa envia aos
monges beneditinos do monastério de Tegernsee o De visione dei (1453) e
um quadro “que tudo vê” denominado por ele “o ícone de Deus”. Destarte, a
partir da experiência de olhar um quadro, cuja pintura traz a peculiaridade
de o olhar pintado acompanhar aquele que o olha, Nicolau os leva a
especular sobre a experiência do olhar de Deus que não abandona e
acompanha todos e cada um. Logo, o caminho proposto no De visione dei é
uma verdadeira “condução pela mão” (Manuductio) para que os monges,
segundo as suas capacidades, alcancem a experiência mística: do olhar
finito do quadro ao olhar infinito que é o próprio olhar de Deus. O artigo,
portanto, dentro do âmbito da filosofia de Nicolau de Cusa mostra a via
reflexiva que parte da experiência da finitude até a mais alta e profunda
especulação que o homem pode vir a fazer: especular sobre o divino.
Palavras-chave: Nicolau de Cusa. Mística. Olhar
PARAÍSO E SALVAÇÃO NA ARTE DE BIEN MORIR:
CONSIDERAÇÕES SOBRE UMA UTOPIA MEDIEVAL
Patrícia Marques de Souza(UFRJ / CAPES)
A busca por um lugar no Paraíso deveria ser o objetivo central de todo
cristão na Idade Média. A partir das prerrogativas afirmadas no IV Concílio
de Latrão (1215), como a ênfase na realização do exame de consciência e da
necessidade da confissão anual somada à definição do Purgatório - como
um lugar de expiação transitório dos pecados veniais - e com o início das
pregações das ordens mendicantes no século XIII, a esperança de uma
felicidade eterna passou a ser associada com a hora do transitus da alma.
Assim, a recompensa para uma boa morte era um locus marcado pela
alegria e pela paz duradoura. Nele, as almas não sentiam fome e nem sede.
O caminho rumo à contemplação da face de Deus era guiado pelos
anjospsicopompos.Neste sentido, o objetivo desta comunicação é elucidar
os mecanismos de construção da utopia da salvação e do Paraíso na Baixa
Idade Média a partir do conceito formulado pelo medievalista Hilário
Franco Júnior em sua obra: As Utopias Medievais (1992). A fonte analisada
neste trabalho é a versão castelhana do manual de bem morrer surgido no
século XV e que conta com onze gravuras: a Arte de BienMorir, de autoria
anônima, que foi impressa em c.1480 por Pablo Hurus na cidade de
Saragoça, Espanha. Nesta fonte, os anjos assumem o papel de auxiliar o fiel
na busca pelo seu lugar no Céu assim como educar e reafirmar os valores da
ortodoxia cristã através da divulgação de modelos de comportamento ideais
que eram expressos tanto na narrativa textual quanto na visual.
Palavras-chave: Boa Morte. Salvação. Paraíso.
MONERGIS MO SOTERIOLÓGICO NA SUMA DE SANTO TOMÁS
DE AQUINO
Me. Renan Pires Maia (UFPB)
O presente trabalho tem o intuito de fazer uma análise da noção de um
monergismosoteriológico na Suma Theologica de Santo Tomás, mais
especificamente na parte do Tratado sobre a Graça (pt. I da pt. II, q. 109-
114). Por soteriologia entende-se aquela disciplina da teologia que estuda a
salvação (soteria) e, por monergismo, aquela perspectiva soteriológica que
defende que é apenas Deus quem salva o homem, em contraposição ao
sinergismo, que defende que o homem colabora com Deus em sua salvação,
e também àquelas vertentes que postulam que o homem é completamente
autossuficiente para salvar-se (pelagianismo). No Cristianismo, em resumo,
a salvação se dá através da fé, que apreende a verdade, da boa vontade, que
se inclina ao bem e da vida santificada na qual o pecado é vencido. Nenhum
destes elementos pode ser alcançado pelas capacidades humanas, posto que
o ser humano encontra-se em seu estado corrompido desde a queda, embora
opere nelas. Pode-se ver esta perspectiva de modo claro já em Santo
Agostinho, no De Libero Arbitrioe no De Praedestinatione Sanctorum.
Santo Tomás retoma esta perspectiva agostiniana, aprofundando-a com seus
conceitos de gratia infusa e de primeiro motor imóvel, Deus, que move o
mundo segundo seus propósitos. A graça, para Santo Tomás, como para
Santo Agostinho, é também preveniente, isto é, anterior a qualquer
movimento do homem em direção a Deus, sendo, antes, a própria condição
deste movimento (Q. CXII, A. I – III).
Palavras-chave:Santo Tomás. Soteriologia. Graça
INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE DESPRENDIMENTO EM
MESTRE ECKHART
Sebastiana Inácio Lima (UFPB)
O presente trabalho, intitulado Introdução ao Conceito de Desprendimento
em Mestre Eckhart, é um trabalho introdutório. Eckharté um teólogo e
filósofo alemão, nascido em 1260 em Hochheim, próximo a Ghota na
Turíngia. É pertencente a mística alemã e é tido como um dos
representantes mais típicos dessa mística. Esse estudo tem os seguintes
objetivos: conhecer um pouco acerca do contexto histórico do Mestre
Eckhart, compreender o sentido do termo mística e analisar o conceito de
desprendimento. O texto está dividido em três partes: 1. Contexto histórico
de Mestre Eckhart; 2. O conceito de mística; 3. Tópicos acerca do conceito
de desprendimento.Na primeira parte é apresentado um pouco da biografia e
do contexto histórico de Mestre Eckhart; na segunda parte é tratado sobre o
termo mística e como ela (a mística) se expressa no Medievo; na terceira e
última parte, é feita uma breve análise no que tange ao conceito de
desprendimento. Com o intuito de compreender, do ponto de vista
filosófico, a mística Medieval e seus grandes mestres, surgiu a ideia de
adentrarmos ao pensamento eckhartiano. Trata-se de um assunto relevante
que tem muito a ser estudado, dada a sua importância. Esse texto foi
apresentado como requisito de avaliação, da disciplina Tópicos Especiais
em Filosofia V da Professora Dra. Maria Simone Marinho Nogueira.
Adotamos para essa pesquisa a consulta bibliográfica, além de algumas
fontes eletrônicas de documentos da internet.
Palavras Chave: Conceito. Mística. Desprendimento.
MINICURSO
MINICURSO 1
Sala 101 – CA (Central de aulas)
Título: O corpo que cala: A vida divina e a emancipação do corpo no
pensamento de Marguerite Porete
Profª Amanda Oliveira da Silva Pontes (UEPB)
RESUMO: O minicurso tem o objetivo de apresentar o pensamento de
Marguerite Porete no que concerne ao corpo e sua atuação dentro da
mística. Procurando situar o corpo no itinerário místico proposto por
Marguerite Porete, buscamos discutir o porquê desta escritora medieval
rejeitar a compleição física como meio para alcançar a vida divina. Para
autora e escritora do Espelho das almas Simples, o corpo não participa ou
goza da experiência imediata de Deus; a natureza corpórea deve ser
emancipada da substância espiritual e por isso mesmo alheado a experiência
mística. Intentamos então compreender como se desenvolve este processo
no trajeto indicado por Marguerite Porete para alcançar a plenitude divina e
quais suas motivações para recusar a participação do corpo neste percurso.
MINICURSO 2
Sala 102 – CA (Central de aulas)
Título: O Latim nos hinos litúrgicos: a face clerical do medievo
Prof. Dr. Alder Júlio Ferreira Calado (UFPB)
RESUMO: A título de exercício da Língua Latina, propõem-se para rápido
estudo alguns hinos litúrgicos medievais, ainda hoje cantados (“Pange
lingua”, “Veni, Sancte Spiritus”, “Adoro te devote”). De modo
contextualizado, a leitura e discussões dos hinos em latim serão
acompanhadas de vídeos ou áudios, com as respectivas letras.
MINICURSO 3
Título: Magia e a utopia da vontade
Sala 103 – CAa (Central de aulas)
Resumo: O minicurso propõe uma discussão dividida em dois eixos
principais. O primeiro é a definição do conceito de magia e os elementos
que ela engloba, apresentando exemplos diversos das formas mais comuns
praticadas durante os séculos XII e XIII, de acordo com os termos definidos
previamente. O segundo eixo é o de apresentar duas narrativas do século
XII, de Geoffrey de Monmouth, a Historia Regum Britanniae e a Vita
Merlini, chamando a atenção para os elementos do mágico e do
maravilhoso, analisando-os de acordo com a discussão teórica a respeito do
tema. O objetivo do minicurso é o de propor uma reflexão a respeito da
magia, ou, dito de outra maneira, das ferramentas que dispunham os homens
e mulheres medievais para alcançar seus desejos, por um lado, e responder
às necessidades mais prementes de uma vida cheia de contrastes radicais. A
utopia da vontade é o desejo sempre renovado de alcançar aquilo que está
para diante das possibilidades materiais imediatas dos homens da Idade
Média.