cap.05 análise histórico de...
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5. LEVANTAMENTO HISTÓRICO DE ACIDENTES
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.2
5. LEVANTAMENTO HISTÓRICO DE ACIDENTES
5.1. INTRODUÇÃO
O Complexo Industrial do Pecem, está em contínuo processo de expansão
próxima a áreas ecologicamente sensíveis como os manguezais, para
implantação de novos terminais. A movimentação de substâncias químicas,
nocivas e perigosas, é considerada uma atividade de risco, com potencial para
gerar impactos socioambientais negativos. Com a instalação de terminais
químicos, petroquímicos e de contêineres e com o crescimento do transporte
marítimo aumentou a movimentação de cargas nocivas e perigosas na região
portuária, amplificando a possibilidade de ocorrer acidentes e de gerar
impactos negativos à fauna e flora, estuarina e marinha, danos à saúde física e
emocional das pessoas e danos aos bens patrimoniais, inclusive os históricos.
Daí a importância do trabalho de prevenção e de resposta.
A análise histórica de acidentes em instalações similares a deste estudo, foi
realizada por meio da consulta a bancos de dados, internacionais e nacionais,
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5.3
quando disponíveis, e através de literatura especializada, as quais forneceram
informações necessárias para análise e avaliação dos dados e informações
relevantes, tais como: causas, tipologias acidentais e número de vítimas, entre
outras. A análise de risco é reconhecida internacionalmente, como um método
científico e foi empregada no presente trabalho para identificar as possíveis
falhas associadas às operações envolvendo substâncias nocivas e perigosas
no Complexo Industrial do Pecém. Possibilita também subsidiar a implantação
de medidas e procedimentos, técnicos e administrativos, que visam prevenir,
controlar e reduzir estes riscos. Uma das técnicas tradicionalmente
empregadas na elaboração destes estudos é a análise histórica dos acidentes,
a qual permite identificar e classificar as causas, os modos de falha e as
conseqüências mais comuns que podem ser associadas a um conjunto de
operações ocorridas no transporte marítimo, nos terminais químicos, dutos e
demais fontes.
5.2. FONTES DE INFORMAÇÕES
No presente estudo, a pesquisa para elaboração da análise histórica, foi
desenvolvida através de consulta a bancos de dados e referências
bibliográficas.
BANCO DE DADOS INTERNACIONAIS
MHIDAS - Stands for Major Hazardous Incident Data Service
Indian Chemical Industry Accident Database
CISRA - Canon Information Systems Research Australia
Lloyd’s Register’s Risk Assessment Review of the Marine
Transportation of Liquefied Natural Gas
DOT - U.S. Department of Transportation
EGIG - European Gas Incident Group
CONCAWE - oil Companies’ European Organization for Environment,
Health and Safety
CNA Risk Control - Industry Guide Series
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NTSB - National Transportation Safety Board
Office of Pipeline Safety – Natural Gas Pipeline Operators
CSI - Cement Sustainability Initiative
CNA Risk Control - Industry Guide Series
NTSB - National Transportation Safety Board
Office of Pipeline Safety – Natural Gas Pipeline Operators
BANCO DE DADOS NACIONAIS
CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas
SFIT - Sistema Federal de Inspeção do Trabalho
DSST - Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho
SIT - Sistema Integrado de Trânsito
CADEQ - Cadastro de Emergências Químicas
5.3. DEFINIÇÕES Para uma melhor compreensão, algumas definições e tipologias acidentais
empregadas neste estudo estão abordadas a seguir.
5.3.1. Causas dos Acidentes
Para este estudo, as causas de acidentes foram divididas em seis categorias
principais, conforme abaixo relacionadas:
• Falha mecânica;
• Falha humana (operacional);
• Causa natural;
• Devido à corrosão;
• Ação de terceiros;
• Outras (Causa desconhecida).
A seguir são apresentadas as definições adotadas para cada uma das
categorias de falhas.
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5.5
Falha Mecânica – Entende-se como falha mecânica qualquer problema
ocorrido com equipamentos e materiais, independente da ação realizada pelo
homem no momento do acidente. Portanto, esta categoria inclui falha de
projeto e construção e falhas de material relacionadas com a falta de controle
dos padrões de qualidade, procedimentos de teste e de manutenção. Deve-se
lembrar, no entanto, que é muito difícil dissociar a falha mecânica do erro
humano (falha operacional), uma vez que, mesmo a falha de um equipamento
devido, por exemplo, à falta de manutenção, na maioria das vezes, está
associada à falha do homem.
Falha Humana ou Operacional – Entende-se por falha operacional ou erro
humano qualquer problema gerado através da ação realizada pelo homem no
momento do acidente.
Causa Natural – Dentre as causas naturais que podem gerar acidentes, estão
incluídos os problemas geológicos como os desabamentos, desmoronamentos
e movimentação do solo (movimento de massa); os problemas hidrológicos
como inundações e conseqüentes correntes de água provocadas, e outros
problemas naturais, tais como, descargas atmosféricas, vendavais etc., estão
incluídos nesta categoria.
Devido a Corrosão – A falha devido à corrosão é causada pela deterioração
dos materiais devido à ação química ou eletroquímica do meio, podendo estar
ou não associada a esforços mecânicos. A corrosão pode incidir sobre diversos
tipos de materiais, sejam metálicos, como os aços ou as ligas de cobre, por
exemplo, ou não metálicos, como plásticos, cerâmicos ou concretos. A ênfase
neste estudo será sobre a corrosão dos materiais metálicos. Esta corrosão é
denominada corrosão metálica.
Ação de Terceiros – Nesta categoria estão incluídas causas geradas por
outros eventos/atividades não diretamente relacionados com instalações
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5.6
estudadas. Essas causas podem ainda ser divididas em dois tipos: intencional
(sabotagem ou vandalismo) ou não intencional (abertura de vala para
drenagem ou galeria de águas pluviais pelas prefeituras locais sem o devido
conhecimento do local, por exemplo). No caso específico de uma instalação
como a da Companhia Siderúrgica do Pecém, as ações causadoras de
acidentes devido a trabalhos como soldagem, movimento de equipamentos,
escavações, deverão ser consideradas como “Ação de Primeiros”, visto as
características de segurança e controle exercido sobre tais atividades.
5.3.2. Tipologias Acidentais
As tipologias acidentais identificadas nos bancos de dados pesquisados estão
apresentadas a seguir.
Fogo/Incêndio – Grande quantidade de energia emitida na forma de calor de
radiação, visto que este é produto da combustão de materiais inflamáveis;
Explosão – Qualquer evento com grande liberação de energia na forma de
ondas de pressão associado a uma rápida expansão de gases. Esta tipologia
engloba tanto as explosões em ambientes confinados (Confined Vapour
Explosion – CVE) quanto as que ocorrem em ambientes não confinados
(Unconfined Vapour Cloud Explosion – UVCE);
BLEVE/Fireball – Combustão instantânea superficial do volume esférico de
mistura inflamável, de vapor ou gás em ar, que é disperso explosivamente pela
ruptura repentina do recipiente que o contém. A massa inteira, liberada pela
ruptura repentina, se eleva por efeito de redução de densidade provocada pelo
superaquecimento e emite intensa radiação sobre uma área considerável.
Jato de Fogo (Jet Fire) – Fogo proveniente de um escape de líquido ou gás
pressurizado à medida que está sendo liberado por uma unidade de processo.
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5.7
A principal preocupação com este tipo de tipologia, similar ao incêndio em
poça, estar relacionada com os efeitos de radiação local.
Flashfire – Incêndio de uma nuvem de vapores inflamáveis sem efeitos de
pressão apreciáveis.
UVCE – Unconfined Vapor Cloud Explosion – Termo geralmente encontrado
na literatura referindo-se a explosão de uma nuvem de vapor. É geralmente
aceito quando algum grau de confinamento se faça necessário para que ocorra
a explosão.
VCE – Vapor Confined Explosion – Quando um vapor inflamável é liberado,
sua mistura com o ar forma uma nuvem de vapor inflamável. Se ela entra em
ignição, a chama pode mover-se e atingir altas velocidades e produzir uma
onda de choque (sobrepressão) significante.
Nuvem tóxica – Nuvem formada pela liberação de uma substância
considerada tóxica.
Incêndio em nuvem – Ocorrência de fogo em nuvem inflamável sem efeito de
sobrepressão.
Vazamento – Perda de produto, mas que não sofreu incêndio e/ou explosão.
5.4. HISTÓRICO DE ACIDENTES POR TIPO DE INDÚSTRIAS 5.4.1. Porto
No caso de grandes portos, a maioria dos negócios se baseia no comércio de
produtos químicos, petróleo e hidrocarbonetos. Por exemplo, o porto de
Barcelona, durante o ano de 2003, entre as substâncias consideradas
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5.8
perigosas, 90% correspondiam a graneis líquidos, quase um terço do total do
tráfego de mercadorias.
É evidente que o manuseio e/ou armazenamento de grandes quantidades de
substâncias perigosas tem provocado uma série de eventos acidentais nos
portos, além disso, dependendo da situação geográfica dos portos, as
conseqüências podem ser ainda mais dramáticas. Muitos portos, por razões
históricas, estão localizados dentro de áreas urbanas, agravando ainda mais os
cenários de acidentes, por exemplo, a formação de nuvem tóxica, poderia
representar graves conseqüências para a população. Além disso, a presença
de água facilita ainda mais a propagação de vazamentos de petróleo e
produtos químicos prejudicando o meio ambiente.
Acidentes em áreas portuárias ocorrem principalmente devido a atividades de
transporte de materiais perigosos, como abordagem ou manobras de navios,
bem como, em operações de carregamento, descarregamento,
armazenamento e transporte. De acordo com uma lista publicada pela Rao &
Raghavan, eventos perigosos relacionadas com as operações portuárias
podem ser classificados como segue:
Acidentes com transporte no mar, nas proximidades de portos, incluindo:
• Incêndios e explosões na sala dos motores;
• Explosões em bombas e compressores de carga;
• Explosões em tanques de químicos.
Acidentes durante operações de atracação:
• Explosões, devido operações de carga e descarga;
• Acidentes ocasionados por fenômenos naturais, como raios, ventos;
• Incêndios em instalações elétricas em navios / transportadoras;
• Incêndios durante operações de limpeza em cargueiros.
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5.9
Acidentes durante operações de transferência de produtos químicos entre
navios e o cais, incluindo:
• Ruptura de dutos;
• Falha em válvulas;
• Raios durante operações de descarga;
• Explosões e incêndios em bombas de transferência;
• Queda acidental de contêiner.
Acidentes em galpões de carga, ocasionando incêndio, explosão ou formação
de nuvem tóxica:
• Acidentes elétricos;
• Armazenamento excessivo de contêineres;
• Ruptura de dutos;
• Falha do sistema de controle.
Acidentes durante o transporte de carga perigosa, do porto para áreas
externas:
• Acidentes com veículos de transporte;
• Formação de eletricidade estática;
• Queda acidental de contêineres;
• Mau funcionamento ou ruptura de válvulas e dutos.
O porto de Santos, em São Paulo, por exemplo, apresenta resultados obtidos
discutindo-se, conjuntamente, as causas e as conseqüências a partir da fonte,
ou seja, ocorrências envolvendo transporte marítimo (navios), dutos, terminais
químicos e petroquímicos (Tequim), terminais de contêineres (Tecon), área
portuária (cais comercial), empresas (outros terminais que não sejam os já
citados) e fontes não identificadas. Dos 424 registros no período de 27 anos, o
maior número de ocorrências está relacionado com transporte marítimo (36%
ou 152 casos), com fontes não identificadas (32% ou 136 casos) e com
terminais químicos (15% ou 64 casos).
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5.10
7,1%
5,7%
2,1%
2,1%
15,1%
35,8%
32,1%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0%
Tecon
Cais Publico
Cais Privado
Duto
Tequim
Transporte Maritmo
Não Identificadas
Figura 5.1 – Relação Geral de Ocorrências por fonte. Fonte: Gerenciamento de Riscos Socioambientais no Complexo Portuário de Santos na Ótica Ecossistêmica, Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental – PROCAM, Universidade de São Paulo, 2007.
Entre as operações que mais ocasionam acidentes em áreas portuárias
segundo o MHIDAS - Stands for Major Hazardous Incident Data Service, cita-
se as apresentadas na Figura 5.2, abaixo:
33,8%
27,1%
13,0%
12,2%
6,8%
4,8%
2,3%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0%
Carga / Descarga
Manobra
Aproximação
Armazenagem
Transporte
Manutenção
Processo
Figura 5.2 – Classificação do Acidentes em Função do Tipo de Operação Fonte: MHIDAS
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5.11
Podemos perceber que as operações de carga e descarga configuram a maior
ocorrência de acidentes, isto se deve ao fato da enorme quantidade de
operações e pessoas envolvidas, já operações de manobra, abordam a falta de
rebocadores com a finalidade de controlar a entrada de navios, que não
conhecendo as áreas de acesso ao porto acabem por ocasionar colisões e/ou
naufrágios, resultando ate mesmo no fechamento do porto.
Entre os elementos causadores ou onde ocorrem as maiores freqüências de
acidentes, podemos citar as áreas de armazenagem, uma vez que
correspondem a uma grande quantidade de substâncias químicas estocadas,
representando um cenário propicio a riscos, principalmente devido a choques
mecânicos, resultando em vazamentos, incêndios e explosões, seguido pelos
dutos, expostos as mesmas causas do armazenamento.
36,2%
27,9%
13,8%
7,2%
7,2%
4,3%
2,5%
0,7%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0%
Armazém
Dutos
Mangueiras
Válvula
Tambores
Caminhão
Trem Cargueiro
Guindastes
Figura 5.3 – Elementos e/ou Locais com maior Freqüência de Acidentes Fonte: MHIDAS
Ainda segundo o MHIDAS, dentre as substâncias presentes na maior parte dos
cenários acidentais apresentados acima, podemos citar o petróleo bruto e o
óleo combustível, o primeiro por representar as grandes quantidades
transportadas para refinarias inseridas em complexos portuários, e o segundo
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5.12
por ser um dos mais utilizados para a movimentação de maquinas e/ou
equipamentos, por isso aqui representado como os de maior freqüência.
34,7%
13,8%
11,0%
10,5%
5,9%
5,2%
4,9%
4,9%
4,7%
4,4%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0%
Petróleo Bruto
Óleo Combustivel
Óleo
Gasolina
Químicos
Amonia
Gasóleo
Óleo Diesel
Petroleo
GLP
Figura 5.4 – Ranking de substâncias envolvido em acidentes por freqüência. Fonte: MHIDAS
5.4.2. Metal-Mecânica
A indústria metal-mecânica (ou indústria metalomecânica, podendo ser ainda
conhecida como metalurgia mecânica) incorpora todos os segmentos
responsáveis pela transformação de metais nos produtos desejados, desde a
produção de bens até serviços intermediários, incluindo máquinas,
equipamentos, veículos e materiais de transporte.
Dentro dos campos de estudo do metal-mecânica encontram-se os processos de
deformação plástica, soldadura, fundição e maquinagem. Engloba ainda o
estudo das propriedades dos materiais utilizados, o seu projeto e seleção, e
ainda de fenômenos de quebra destes como a fadiga, a fluência ou o atrito.
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.13
29,3%
26,0%
7,7%
6,9%
6,3%
3,9%
19,9%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0%
Impacto Sofrido
Doença Ocupacional
Prensagem
Esforço ‐ Físico
Corte
Impacto Sofrido
Outros
Figura 5.5 – Distribuição dos Acidentes Segundo a Natureza. Fonte: Análise de Acidentes de Trabalho Ocorridos na Atividade da Indústria Metalúrgica e Metal-Mecânica do Estado do Rio Grande do Sul. Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Escola De Engenharia - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.
Figura 5.6. – Distribuição dos Acidentes Segundo os Agentes da Lesão mais Freqüentes. Fonte: Análise de Acidentes de Trabalho Ocorridos na Atividade da Indústria Metalúrgica e Metal-Mecânica do Estado do Rio Grande do Sul. Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Escola De Engenharia - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.
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5.14
Com base na Figura 5.6., que apresenta a distribuição dos acidentes segundo o
agente causador da lesão, pode-se verificar que ruído e a L.E.R., são os
principais causadores de acidentes do trabalho (23,82%). Logo após vem às
lesões causadas pôr máquinas, ferramentas, peças, chapas, prensa e torno
(29,82%).
Dentre os acidentes acima mencionados, a freqüência segundo tipo de lesão
ocasionada é exposto na Figura 5.7 abaixo:
23,6%
17,7%
13,1%
9,0%
5,1%
5,0%
4,8%
3,7%
2,8%
15,2%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0%
Ferimento. Corto‐contuso
Hipoacusia
Contusão
Fratura
Tendinite
Queimadura
Dores
Disacusia
Entorse
Outras
Figura 5.7. – Distribuição dos Acidentes o Tipo de Lesão. Fonte: Análise de Acidentes de Trabalho Ocorridos na Atividade da Indústria Metalúrgica e Metal-Mecânica do Estado do Rio Grande do Sul. Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Escola De Engenharia - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.
A freqüência de ocorrência de ferimentos corto-contuso corresponde sozinho por
23,60% do total de lesões, isto de se deve ao da grande quantidade de objetos
com as características de causar a lesão supracitada, o que nos remete a Figura
5.5. no que diz respeito a ocorrência deste tipo de ferimento ocasionado
principalmente por impactos.
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5.15
Um fato interessante diz respeito ao soldador que na indústria em questão sofre
lesões principalmente por choques mecânicos, o que não era esperado, uma vez
que o esperado seriam lesões na região dos olhos ou mãos. Os principais
agentes causadores de lesão ao soldador foram canos, tubos e barras (12%),
ruído 8%, máquinas (8%) e ferramentas (8%), serra e furadeira (6,7%) e
movimento do corpo mal feito (6,7%). O fato interessante é o soldador estar se
acidentando principalmente com canos, barras e tubos, provavelmente no
momento da soldagem.
Este tópico foi aqui apresentado, uma vez que a principal indústria metal
mecânica do complexo é a WOBBEN WINDPOWER, responsável pela
fabricação de geradores de energia eólica, bem como diversos parques para a
geração de energia eólica estão construídos ou em fase de construção.
Contemplamos aqui os riscos associados ao parque, caso alguma instalação
esteja localizada próxima ao empreendimento, não representando objeto de
simulação por não representar risco ao complexo, caso algum equipamento
seja danificado.
Uma usina de energia eólica apresenta vários fatores de riscos presentes em
seu ambientes de trabalho: colapso estrutural, incêndio, explosão,
desprendimento de partes hélices, vazamentos de óleos, riscos de queda
durante manutenções entre outros.
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.16
12,9%
4,2%
3,1%
13,9%
13,6%
3,8%
36,2%
12,2%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0%
Outros
Erro Operacional
Transporte
Incendio
Falha Estrutural
Danos Ambientais
Falha Mecânica
Fatais
Figura 5.8. – Ocorrência de Acidentes em Usinas Eólicas (1975 a 2006) Fonte: TecnoPT Pela Figura podemos observar que a maior parte dos acidentes em usinas de
energia eólica estão relacionadas a falhas mecânicas, onde muitas destas são
causadas por fatores ambientais, como ventos fortes e tempestades, o que leva
a danificar o rotor, ocasionando muitas vezes em desprendimento das hélices,
resultando no lançamento destas a até 150m do ponto de instalação da
estrutura, além de destruição do suporte pela variação de inclinação das hélices.
Os danos ambientais estão relacionados a vazamentos de óleo que muitas
vezes são identificados dias ou ate mesmo semanas depois do ocorrido, uma
vez que as estruturas são alocadas em regiões de difícil acesso. Os incêndios
têm ligação com os vazamentos de óleo e curtos circuitos do sistema.
As falhas estruturais tratam do colapso das estruturas algumas vezes
ocasionados pelo peso do numero de funcionários envolvidos nas manutenções
de uma mesma estrutura de sustentação, porém casos de quebra de rotores
sem a presença de condições adversas também foram relatados, provavelmente
por fadiga.
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.17
O transporte são acidentes ocasionados durante o período de montagem das
estruturas, onde algumas vezes ocorrem choques mecânicos resultando em
falhas na estrutura de sustentação da torre; já os erros operacionais tratam da
ocorrência de acidentes envolvendo operadores onde podemos destacar a falta
de atenção na manutenção da rede de alta tensão, resultando em choques
elétricos, bem como do não travamento das unidades moveis resultando em
mutilações, falhas estruturais e queda da torre.
5.4.3. Refinaria
Segundo o Banco de Dados do MHIDAS (2002), identificou registro de
informações sobre as causas para 247 registros do total de 543 acidentes em
refinarias. Neste total onde as causas são conhecidas, as três principais
causas são: falha mecânica, eventos externos e falha humana. Refinarias são
sistemas complexos com muitos componentes mecânicos; portanto, ter-se
como principal causa identificada a falha mecânica é algo que não surpreende,
mas que talvez indique a importância de um Programa de Gerenciamento de
Riscos consistente com reforço nas questões relativas à manutenção e
qualidade de componentes mecânicos. A Figura 5.9 abaixo contempla o
número de acidentes segundo a causa em refinarias:
30,4%
29,1%
21,9%
11,7%
3,2%
1,6%
1,2%
0,8%
0,0% 5,0% 10,0%15,0%20,0%25,0%30,0%35,0%
Falha mecânica
Eventos externos
Fator humano
Impacto
Serviço
Condições anormais de processo
Instrumentação
Reações descontroladas
Figura 5.9 - Número de Acidentes Segundo a Causa Fonte: MHIDAS
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.18
As informações para a Figura 5.10., abaixo, foram identificadas para 525
casos, ou seja, para quase a totalidade. Incêndios aparecem como o principal
tipo de conseqüência de acidentes em refinarias, seguido de explosões, ou
seja, entre somente estes dois tipos de conseqüências tem-se quase que 70%
dos tipos de cenário de acidente. Dado que em refinarias praticamente todos
os insumos e produtos são líquidos ou gases inflamáveis, os resultados da
pesquisa confirmam algo esperado permitindo afirmar a importância de
considerar este fator no processo de planejamento de emergência de
refinarias. Pode ser constatado que o número de acidentes envolvendo
vazamentos responde por cerca de 8% do total, mas, no entanto, acidentes
desta natureza normalmente apresentam grande repercussão.
38,1%
30,1%
14,7%
8,4%
2,1%
1,9%
1,3%
1,0%
0,8%
0,8%
0,2%
0,2%
0,2%
0,2%
0,2%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0%
Incêndio
Explosão
Liberação contínua
Vazamento
Incêndio em tanque
Explosão não confinada
Liberação instantânea
Incêndio em nuvem
Explosão confinada
Tocha
BLEVE e incêndio
Explosão nuvem de pó
Bola de fogo
Nuvem de gás
Incêndio em poça
Figura 5.10. - Caracterização dos acidentes por tipo de conseqüência Fonte: MHIDAS
As áreas com maior freqüência de acidentes são indicadas na Figura abaixo.
No planejamento de emergência, um aspecto importante a ser considerado é a
área onde existe a ocorrência. Certamente um incêndio em uma unidade de
processo exige estratégias distintas do mesmo incêndio quando ocorrendo em
uma tubovia de processo. Dessa forma foram pesquisadas nos relatórios as
áreas onde ocorreram os acidentes. Os resultados do levantamento obtido para
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.19
529 casos de acidentes são apresentados na Figura 5.11., de um total de 541
disponíveis. Pode-se perceber que a área de processo é onde a maior parte
dos acidentes acontece, pois responde por 300 acidentes do total conhecido.
Outro aspecto importante é que a área de tancagem responde por 19,80%
totalizando nestas duas áreas mais de três quartos dos acidentes em refinarias.
56,7%
19,8%
12,5%
9,8%
0,6%
0,6%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0%
Processo
Tancagem
Transporte
Transferência
Armazenagem
Resíduos
Figura 5.11. - Acidentes por áreas das refinarias Fonte: MHIDAS A Figura 5.12 contempla a tipificação de acidentes com lesão sofridos por
trabalhadores terceirizados na refinaria de petróleo da Petrobras. Os choques
mecânicos correspondem como um dos grandes fatores para a ocorrência de
lesão durante o expediente de trabalho, representando sozinho por 42% do
total, muito mais do que vazamentos e emissões juntos.
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.20
42,0%
14,5%
10,1%
13,0%
5,8%
2,9%
2,9%
2,9%
1,4%
1,4%
1,4%
1,4%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0%
Choques mecânicos
Quedas e rompimento de material
Quedas
Vazamentos/Emissões
Contato com superfícies escorregadias/irregulares
Contato com superfícies quentes
Contato com corpo estranho
Contato com objeto cortante (faca)
Contato com substância química
Acidente de trânsito (interno)
Não definido
Trajeto
Figura 5.12 - Tipificação dos Acidentes com Lesão dos Trabalhadores Terceirizados na Refinaria de Petróleo Fonte: Souza
Pode-se observar que estes eventos ocorriam com maior freqüência em
operações físicas, como: resfriamento/aquecimento, filtração, transporte por
linhas de processo, corte e solda. Os acidentes em sistemas auxiliares, tais
como sistema de suprimento de energia e sistema flare vem logo em seguida.
A Figura 5.13, abaixo, contempla também equipamentos de armazenamento
associados: depósito/material estocado, tanques para armazenamento à
pressão atmosférica; estrutura civil; administração;
carregamento/descarregamento/enchimento: carregamento/descarregamento
de caminhões e não definido.
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.21
25,4%
8,5%
6,8%
5,1%
5,1%
3,4%
1,7%
44,1%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0% 50,0%
Operações físicas
Sistemas auxiliares
Oficinas de manutenção
Equipamentos de armazenamento associados
Estrutura civil
Administração
Carregamento/descarregamento/enchimento
Não definido
Figura 5.13 - Distribuição dos Acidentes com Lesão dos Trabalhadores Terceirizados na Refinaria de Petróleo por Sistema Envolvido. Fonte: Souza
Dentre os sistemas acima, o sistema de resfriamento/aquecimento responde
pela maior parte dos acidentes ocorridos, representando 25% dos 59 acidentes
identificados no período em questão.
5.4.4. Indústria Química
A indústria química inclui as indústrias que têm a ver com a produção de
petroquímicos, agroquímicos, produtos farmacêuticos, polímeros, tintas, etc. São
utilizados processos químicos, incluindo reações químicas, para formar novas
substâncias, separações baseadas em propriedades tais como a solubilidade ou
a carga iônica, e destilações, além de transformações por aquecimento ou por
outros métodos.
As indústrias químicas envolvem o processamento ou alteração de matérias-
primas obtidas por mineração e agricultura, entre outras fontes de
abastecimento, formando matérias e substâncias com utilidade imediata ou que
são necessários para outras indústrias.
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.22
Entre os vários riscos representados por indústrias químicas podemos citar as
diversas operações efetuadas por este tipo de indústria, principalmente
transporte, estoque entre outras atividades. A figura abaixo relata a freqüência
em que estes tipos de acidentes ocorrem, onde podemos perceber que a maior
parte dos acidentes está relacionada a atividades de estocagem. Isto se deve
principalmente a problemas elétricos, como mostrado na Figura 5.15., o que
compromete o sistema supervisório das plantas. A segunda maior causa de
acidente esta relacionada a choques mecânicos e/ou erro operacional durante
operações de carga e descarga das substancias, resultando em vazamentos
seguidos de incêndios, o que pode comprometer a segurança da unidade de
produção.
34,8%
18,4%
14,9%
6,4%
5,0%
5,0%
5,0%
3,5%
3,5%
2,1%
1,4%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0%
Estoque
Desligamento
Operações Normais
Transporte
Material de Acondicionamento
Transferencia de Materiais
Transferencia de Calor
Manutenção
Destilação
Agitação
Startup
Figura 5.14 – Acidentes na Indústria Química por tipo de atividade. Fonte: Indian Chemical Industry Accident Database – An Effort By CISRA
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.23
28,9%
24,4%
15,6%
15,6%
7,1%
8,4%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0%
Elétrico
Externo
Humano
Processo
Quimicos
Não Identificadas
Figura 5.15 – Acidentes na Indústria Química por tipo de causa. Fonte: Indian Chemical Industry Accident Database – An Effort By CISRA Os sistemas elétricos correspondem a 28,90% das causas de acidentes em
indústrias químicas, entre estes podemos destacar as causas contempladas na
Figura 5.16.
39,0%
40,0%
11,0%
5,0%
5,0%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0%
Curto‐Circuito
Faíscas
Falha de Equipamento
Defeitos
Falha de Isolamento
Figura 5.16 – Acidentes na Indústria Química por Causas Elétricas. Fonte: Indian Chemical Industry Accident Database – An Effort By CISRA A ocorrência de faíscas é responsável por 40% dos acidentes, o que mostra a
relação entre as Figuras 5.16 e 5.14, onde as faíscas (fontes de ignição) são as
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.24
principais responsáveis por acidentes em áreas de armazenagem, devido à
volatilização de compostos inflamáveis.
As causas externas, pela Figura 5.15, são a segunda maior causa de
acidentes, representando 24,40% do total, onde desta porcentagem podemos
citar as ocorrências contidas na Figura 5.17 abaixo.
30,0%
25,0%
22,0%
11,0%
5,0%
7,0%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0%
Faíscas Mecanicas
Fonte de Fogo Externa
Calor por Atrito
Residuos de Combustiveis
Superficies Quentes
Contaminação
Figura 5.17 – Acidentes na Indústria Química por Causas Externas. Fonte: Indian Chemical Industry Accident Database – An Effort By CISRA
As faíscas (fontes de ignição) ocasionadas por fatores externos representam
sozinha 30% dos 24,40% das causas externas, resultando em acidentes
principalmente pelo deslocamento de nuvens explosivas para fora da área de
realização do processo químico.
A terceira maior freqüência de acidentes, ainda segundo a Figura 5.15,
podemos citar os fatores humanos e as operações de processo, representando
cada uma 15,60% do valor total. Os fatores humanos contemplam os erros
operacionais, resultando em risco de morte, como exposto na Figura 5.18.
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.25
78,0%
11,0%
11,0%
0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%
Descuido
Erro do Operador
Falta de Treinamento
Figura 5.18 – Acidentes na Indústria Química por Causas Humanas. Fonte: Indian Chemical Industry Accident Database – An Effort By CISRA
Podemos perceber pela Figura 5.18., que a falta de atenção do funcionário
durante a realização do serviço é a principal responsável pelas mortes em
indústrias químicas, isto ocorre principalmente com funcionários experientes
que por acreditarem que conhecem o processo, sentem-se confiantes o
suficiente para a realização de “tarefas” sem a utilização de equipamentos de
segurança.
Já as operações de processo, temos os cenários acidentais da Figura 5.19.,
abaixo, retratando o vazamento como uma dos principais eventos de processo,
43,00% do valor total, ocasionado principalmente por corrosão, resultado de
falta de manutenção ou alocação correta de sistema supervisório com o intuito
de minimizar as conseqüências deste evento.
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.26
43,0%
20,0%
14,0%
14,0%
9,0%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0%
Vazamento
Falha no Suprimento de Água
Falha no Suprimento de Energia
Problemas com Temperatura
Problemas com Pressão
Figura 5.19 – Acidentes na Indústria Química por Causas de Processo. Fonte: Indian Chemical Industry Accident Database – An Effort By CISRA
Cada um dos cenários expostos nas Figuras acima foi responsável por uma
serie de conseqüências, principalmente pelo perigo representado dos produtos
manipulados. Dentre as principais ocorrências a geração de incêndios, 72,50%
dos casos segundo a Figura 5.20, é a principal causa relacionada a cenários
acidentais, na maioria das vezes são pequenas ocorrências isoladas, o que
não compromete o desempenho da planta, mas se não combatido a tempo
pode resultar em efeitos catastróficos.
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.27
17,5%
72,5%
6,3%
3,8%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0%
Explosão
Fogo e Fumos
Liberação de Gases/Vapor
Consequencias Humanas
Figura 5.20 – Acidentes na Indústria Química por Conseqüências. Fonte: Indian Chemical Industry Accident Database – An Effort By CISRA 5.4.5. Siderurgia
Siderurgia é o ramo da metalurgia que se dedica à fabricação e tratamento do
aço. O aço é uma variante do ferro que tem em sua composição uma
concentração levemente maior de carbono. A concentração de carbono gera
uma liga de ferro com uma maleabilidade e dureza maiores do que o ferro puro.
O ferro é achado na natureza sob a forma de vários compostos, como a hematita
(Fe2O3), magnetita (Fe3O4), limonita (FeO[OH]), siderita (FeCO3), pirita (FeS2) e
limenita (FeTiO3). Dentre todos esses compostos, a CSN (Companhia
Siderúrgica Nacional) utiliza principalmente a hematita, por ser o mais abundante
na natureza.
O processo de produção do aço envolve um outro composto chamado coque. O
coque é um combustível com altos teores de carbono. Ele chega à usina
siderúrgica ainda com algumas impurezas e com uma concentração de carbono
inferior à desejada. Portanto, faz-se na CSN uma purificação do coque para
aumentar a concentração de carbono. Essa purificação é como destilar as
impurezas do coque: ele é aquecido a 1300°C por 16 horas, removendo assim
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.28
as impurezas, como alcatrão e outros, por volatilização e vaporização O coque é
usado como combustível e agente redutor nos altos-fornos e é dele que provém
o carbono adicionado ao ferro, gerando o aço.
O aço é produzido, basicamente, a partir de minério de ferro, coque e cal. A
fabricação do aço pode ser dividida em quatro etapas: preparação da carga,
redução, refino e laminação.
1. Preparação da carga ou sinterização: grande parte do minério de ferro (finos)
é aglomerada utilizando-se cal e finos de coque. O produto resultante é chamado
de sinter. O carvão é processado na coqueria e transforma-se em coque.
2. Redução: essas matérias-primas, agora preparadas, são carregadas no alto
forno. O ar pré-aquecido a uma temperatura de 1000°C é soprado pela parte de
baixo do alto forno. O coque, em contato com o oxigênio, produz calor que funde
a carga metálica e dá início ao processo de redução do minério de ferro,
transformando-o em um metal líquido: o ferro-gusa que é uma liga de ferro e
carbono com um teor de carbono elevado.
3. Refino: aciarias a oxigênio ou elétricas são utilizadas para transformar o ferro-
gusa líquido ou sólido e sucata de ferro e aço em aço líquido. Nesta etapa, parte
do carbono contido no gusa é removida juntamente com impurezas. A maior
parte do aço líquido é solidificada em equipamentos de lingotamento contínuo
para produzir semi-acabados, lingotes e blocos.
4. Laminação: os semi-acabados, lingotes e blocos são processados por
equipamentos chamados laminadores e transformados em uma grande
variedade de produtos siderúrgicos cuja nomenclatura depende de sua forma
e/ou composição química.
No que diz respeito à ocorrência de acidentes de quatro empresas estudadas
por um período de três anos foram analisadas a quantidade de acidentes de
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.29
trabalho, por motivo, segundo a Classificação Nacional de Atividades
Econômicas – CNAE. As empresas do estudo não foram identificadas por
nomes, mas pelos seguintes códigos: 2711, 2712, 2721 e 2722. As Figuras
correspondentes as seguintes empresas no que diz respeito aos motivos é
apresentado na Figura 5.21 a seguir:
86,7%
6,0%
7,3%
0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%
Típico
Trajeto
Doença de Trabalho
Figura 5.21 - Quantidade de acidentes do trabalho registrados, por motivo Fonte: CNAE
Dos acidentes exposto pela Figura 5.21 acima, podemos perceber a maior
ocorrência de acidentes típicos, ocasionados por choques mecânicos e/ou falta
de atenção do funcionário durante a realização do serviço. As doenças de
trabalho são resultantes da exposição dos trabalhadores a situações adversas,
principalmente calor excessivo, ou contato com vapores oriundos principalmente
dos altos fornos. Entretanto devemos ter em mente que um grande número de
postos de trabalho do setor siderúrgico vem sendo terceirizados, principalmente
aqueles associados aos principais riscos ocupacionais. Essa medida transfere
trabalhadores e eventuais acidentes e doenças ocupacionais do setor
siderúrgico para outros setores econômicos nas estatísticas oficiais.
Outra fonte de informação para a análise dos acidentes do trabalho no setor é o
Sistema Federal de Inspeção do Trabalho – SFIT, utilizado pelos Auditores
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.30
Fiscais do Trabalho para a inclusão de relatórios sobre as inspeções realizadas.
A partir de 2001 o Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho –
DSST/SIT/MTE acrescentou ao SFIT instrumentos necessários para a inclusão
de dados sobre investigação de acidentes do trabalho graves ou fatais. Desde a
implantação do sistema em julho de 2001 até abril de 2002 foram investigados
417 acidentes do trabalho. Esses acidentes atingiram 504 trabalhadores, sendo
276 casos fatais e 228 classificados como graves não fatais. Nesse sistema são
contabilizados os trabalhadores próprios e de empresas contratadas. Desses
504 trabalhadores, 20 (3,97%) são do setor siderúrgico. A Figura abaixo
representa os acidentes relativos apenas ao setor siderúrgico.
55,0%
45,0%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0%
Acidentes Fatais
Acidentes Não ‐ Fatais
Figura 5.22 - Número de trabalhadores que sofreram acidentes fatais e graves não fatais investigados pelo TEM. Fonte: Sistema Federal de Inspeção do Trabalho – SFIT A Figura 5.22 acima demonstra a quantidade de acidentes fatais ocorridos em
siderúrgicas, isto se deve ao fato da quantidade de processos e situações
adversas que o trabalhador é exposto, pois se trata de uma planta de produção
de proporções extraordinárias. O calor extremo do processo e a quantidade de
material transportado acarretam em lesões graves aos funcionários, o que
muitas vezes, apesar da utilização de equipamentos de proteção individual, não
é suficientes para a garantia da vida em caso de acidentes.
5.4.6. Regaseificação
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.31
Os terminais para desembarque do gás situam-se junto aos centros de
consumo. Seus principais elementos são os tanques de estocagem e os
regaseificadores, além dos equipamentos complementares. No caso de
terminais de regaseificação destinados a receber GNL importado, a capacidade
dos tanques de estocagem pode ser um pouco superior a carga de um navio
(caso da Espanha, com 160 mil m3 de armazenagem, para navios de 135 mil
m3), ou muito superior, quando o terminal propõe-se a servir de balanceador de
picos de consumo e estoque estratégico. Neste último caso está o terminal de
Sodegaura, na baía de Tóquio, capaz de armazenar 2,7 milhões m3, vinte vezes
a carga de um navio padrão.
Os regaseificadores podem usar água do mar para reaquecer o GNL, ou vapor
quando há uma termelétrica nos arredores, como é muito freqüente. Neste caso,
a expansão do gás ao se vaporizar poderá acionar turbinas, capazes de
adicionar alguma potência à termelétrica. Há ainda uma possibilidade de usar o
frio liberado na regaseificação para indústria de alimentos.
28,0%
4,0%
16,0%
16,0%
16,0%
20,0%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0%
Não Identificada
Operações de Transferencia
Carregamento
Descarregamento
No Porto
No Mar
Figura 5.23 – Maiores Acidentes com GNL por Status do Navio Fonte: Lloyd’s Register’s Risk Assessment Review of the Marine Transportation of Liquefied Natural Gas As causas não identificadas correspondem a acidentes não diretamente
ocasionados pela presença de LNG, mas sim de alguma causa externa que
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.32
colocou em risco a segurança da embarcação e seus tripulantes. Entre estas
causas podemos citar falha em válvulas de alumínio em contato com ambientes
criogênicos, explosões em subestações de energia próximas aos portos e
alimentadas por gás natural, etc.
Das causas identificadas de acidentes podemos perceber pela figura acima a
ocorrência de acidentes no mar, ocasionadas por danos aos tanques e/ou
tanques de contenção. Incêndios na sala de maquinas apesar de não afetar
diretamente os acidentes com LNG pode contribuir de maneira significativa para
a ocorrência de problemas relacionados a explosões, comprometendo estruturas
de armazenagem.
5.4.7. Termelétrica
Central Termoelétrica ou Usina Termoelétrica é uma instalação industrial usada
para geração de energia elétrica/eletricidade a partir da energia liberada em
forma de calor, normalmente por meio da combustão de algum tipo de
combustível renovável ou não renovável.
Há vários tipos de usinas termelétricas, sendo que os processos de produção de
energia são praticamente iguais, porém com combustíveis diferentes. Alguns
exemplos são:
• Usina a óleo;
• Usina a gás: usa gás natural como o combustível para alimentar uma
turbina de gás. Os gases produzem uma alta temperatura através da
queima são usados para produzir o vapor para mover uma segunda
turbina, esta por sua vez de vapor. Como a diferença da temperatura, que
é produzida com a combustão dos gases liberados torna-se mais elevada
do que uma turbina do gás e por vapor, portanto os rendimentos obtidos
são superiores, da ordem de 55%;
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.33
• Usina a carvão;
• Usina nuclear.
Os acidentes tratam das ocorrências em dutos para o transporte de combustíveis
segundo as causas iniciadoras. A figura relativa às ocorrências supracitadas é
apresentada a seguir.
31,5%
14,0%
6,0%
25,1%
2,8%
0,8%
9,9%
9,9%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0%
Falha de Material
Escavação
Corrosão
Erro Humano
Desmoronamento
Fogo
Impacto de Veiculos
Forças Externas
Figura 5.24 – Freqüência de Fatalidades por Causas Iniciadoras Fonte: MHIDAS
O que comprova a falta de manutenção em tubulações, pois como exposto na
figura acima, de 62 acidentes 31,50% corresponde a falha de material,
ocasionando rupturas por efeito de pressão, além de tornarem-se mais
suscetíveis a rupturas por choque mecânico, uma vez que juntas e conexões
estão comprometidas, bem como problemas em válvulas comprometendo o
sistema supervisório, representando por isso, a maior causa de fatalidades.
Segundo a tipologia acidental foram identificados casos para termelétricas a gás
natural, resultando em incêndio, explosão confinada, vazamento entre outros,
como exposto abaixo:
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.34
58,5%
24,4%
9,7%
2,4%
5,0%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0%
Incêndio
Explosão Confinada
Vazamento
Efeito Dominó
Desconhecido
Figura 5.25 – Freqüência de Acidentes Segundo Tipologia Acidental Fonte: MHIDAS
Como verificado na Figura acima, os artigos do MHIDAS mostram que as
principais tipologias acidentais estão relacionadas a incêndios. Há registros de
acidentes com ocorrência de explosão, sendo todos eles associados a explosões
em áreas confinadas e para redes de distribuição.
5.4.8. CITYGATE
O Citygate trata-se de um conjunto de instalações contendo manifolds
(coletores) e sistema de medição, destinado a entregar o gás natural (oriundo
de uma concessão, de uma UPGN – Unidade de Processamento de Gás
Natural, de um sistema de transporte ou de um sistema de transferência) para
a concessionária estadual distribuidora de gás canalizado. Também
denominada “Estação de Entrega e Recebimento de Gás Natural” ou “Estação
de Transferência de Custódia de Gás Natural”. Retratada no presente estudo
pela quantidade de riscos envolvidos neste processo de distribuição, podendo
comprometer toda sua circunvizinhança.
Na Figura 5.26. abaixo, a análise das causas de incidentes envolvendo
gasodutos com tubulação metálica evidencia a importância das chamadas
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.35
forças externas, correspondendo a 66% do total de incidentes. Corrosão
responde com 9% do total. É importante observar que 62% das tubulações
onde houve incidentes devido à corrosão não apresentavam proteção catódica.
Falhas de construção ou operação ocorrem principalmente em soldas ou outros
materiais.
66,0%
9,0%
6,0%
5,0%
14,0%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0%
Forças Externas
Corrosão
Falhas Construção/ Operação
Falhas do Operador
Outros
Figura 5.26 - Classificação das causas de incidentes em tubulações metálicas não aéreas. Fonte: DOT – USA
O DOT classifica dois tipos de forças externas: Forças naturais (movimentos da
terra e eventos climáticos) e escavações. Na Figura 5.27, observa-se com mais
detalhe a distribuição de incidentes relacionados com estas forças.
82,0%
12,0%
3,0%
3,0%
0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%
Ação de Terceiros
Movimento do Solo
Raios e Incêndios
Ação do Operador
Figura 5.27 - Classificação das causas de acidentes relacionadas a forças externas em tubulações metálicas não aéreas. Fonte: DOT – USA
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.36
A Figura 5.27 torna evidente a necessidade de adoção de sistemas ou
procedimentos de prevenção contra ações de terceiros que possam causar
incidentes ao gasoduto. Também é importante analisar de que forma a
companhia distribuidora age ao causar incidentes em seus próprios gasodutos,
porém esta análise vai além dos propósitos do presente estudo.
Outro ponto passível de analise são os equipamentos, os quais mostram maior
freqüência de acidentes relacionados com falhas na construção e operação,
como mostra a Figura 5.28.
34,0%
16,0%
18,0%
9,0%
14,0%
9,0%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0%
Outros
Tubulação
Conexões
Juntas
Válvulas
Soldas
Figura 5.28 - Distribuição dos equipamentos envolvidos em falhas de construção ou operação Fonte: DOT – USA
Embora úteis, os dados para equipamentos devem ser analisados com cautela,
levando em conta as limitações do banco de dados. Para a Figura 5.28, foram
utilizados apenas 50 registros e os valores apresentados podem ser facilmente
alterados com a inclusão de novos registros de acidentes.
Embora todos os acidentes sejam de importância para a Petrobras, as causas
do pequeno conjunto de incidentes que resultam em ferimentos ou fatalidades
são particularmente importantes para que sejam entendidos e controlados.
Assim, pode ser útil dividir os incidentes a fim de verificar se as tendências
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.37
entre os incidentes mais severos são diferentes em relação ao banco de dados
como um todo.
20,0%
6,0%
1,0%
2,0%
35,0%
17,0%
9,0%
10,0%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0%
Outros
Movimento do Solo
Raios ou Incêndios
Ação do Operador
Ação de Terceiros
Corrosão
Falhas Construção/Operação
Falhas Operador
Figura 5.29 - Classificação das causas de incidentes com mortos ou feridos para tubulação metálica não aérea. Fonte: DOT – USA
Comparando com a Figura 5.26 verifica-se que a importância relativa do papel
do operador aumenta quando são examinados os incidentes causadores de
mortos e feridos. O fator humano também está envolvido em ações de terceiros
que devem, juntamente com falhas do operador, receber maior atenção.
Outros estudos investigativos de incidentes com gasodutos apontam
tendências similares para causas e efeitos. Em particular, o estudo comparativo
de Papadakis, embora tratando de linhas de transmissão, merece destaque
pela seleção abrangente de bases de dados utilizada, incluindo o European
Gás Incident Group (EGIG), The oil Companies’ European Organization for
Environment, Health and Safety (CONCAWE), o FACTS da TNO e o próprio
DOT, para listar os mais importantes. Foram estudados separadamente
gasodutos e oleodutos. A maior parte dos dados coletados para gasodutos
refere-se a gás natural. As principais conclusões deste estudo para gasodutos
são:
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.38
• Interferências externas, principalmente atividades de terceiros,
envolvendo uso de maquinários são o mecanismo de falha dominante;
• Parte expressiva das falhas que envolvem terceiros foram observadas
em tubulações com diâmetro entre 5 e 16 polegadas;
• Taxas de mortos e feridos em linhas de transmissão de gás nos Estados
Unidos estão progressivamente decrescendo, mas a freqüência de
incidentes que resultam em mortos e feridos aumentou no mundo todo
nos últimos 15 anos, indicando o potencial de perigo dos gasodutos; o
estudo indica a possibilidade de um morto ou ferido a cada 5 falhas;
• Ocorrência de mortos ou feridos em linhas de transmissão de gás têm
forte relação com a operação de válvulas ou outras partes associadas à
linha; também se verificou que não há forte relação entre ocorrência de
mortos e feridos e falhas em trechos retos dos dutos.
• Embora a performance das linhas de transmissão como um todo (gás e
óleo) em termos de falha tenha aumentado, há uma tendência
permanente das falhas, quando ocorrem, implicarem em danos e
destruição.
5.4.9. Tancagem
O parque de tancagem ou área de tancagem são áreas destinadas ao
armazenamento de combustíveis líquidos, gasosos e outros derivados do
processo de refino do Petróleo. Ele é constituído de vários tanques podendo ser
no formato cilíndrico ou esférico. Uma consulta realizada ao Cadastro de
Emergências Químicas – CADEQ da CETESB mostra um total 192 ocorrências
atendidas em São Paulo, desde 1981 até 2009, envolvendo unidades de
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.39
armazenamento em geral. A Figura 5.30 mostra o número de acidentes
ocorridos por ano.
A redução dos acidentes ano a ano esta relacionado a adoção de medidas de
segurança pelas empresas responsáveis pelo armazenamento, os picos no
numero de acidentes em sua grande parte dizem respeito a falha operacional,
choques mecânicos e falha dos instrumentos de controle.
0,5%1,0%
0,0%1,6%1,6%
5,2%0,5%
1,6%3,6%
1,6%1,0%
5,2%4,2%4,2%
4,7%2,1%
3,1%3,6%3,6%
6,8%7,3%
4,2%4,2%
6,3%7,8%
5,7%4,7%
3,6%0,5%
0,0% 1,0% 2,0% 3,0% 4,0% 5,0% 6,0% 7,0% 8,0% 9,0%
19811982198319841985198619871988198919901991199219931994199519961997199819992000200120022003200420052006200720082009
Figura 5.30 – Número de acidentes por ano com unidades de armazenamento em geral. Fonte: Cadastro de Emergências Químicas – CETESB 2009.
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.40
4,2%
31,3%
2,1%
1,0%
3,6%
12,5%
5,2%
4,7%
18,8%
16,6%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0%
Gases
Líquidos Inflamaveis
Sólidos Inflamáveis
Oxidantes / Peróxidos
Tóxicas / Infectantes
Corrosivas
Substâncias
Diversas
Não Identificadas
Não Classificadas
Figura 5.31 – Classificação das Substâncias Químicas presentes no total de ocorrências atendidas. Fonte: Cadastro de Emergências Químicas – CETESB 2009
Em alguns trabalhos encontrados na literatura foram identificadas ocorrências
envolvendo diretamente tanques de armazenagem a pressão atmosférica, as
duas principais causas dos acidentes foram falha operacional e falha dos
instrumentos de controle.
5.4.10. Cimento
Uma vez que os acidentes de trabalhos mortais são as situações mais graves
que podem acontecer na Indústria Cimenteira, todos os dados estatísticos
disponíveis foram reunidos, e analisados em detalhes para obter a melhor
estratégia possível no que diz respeito à prevenção.
Os dados de um determinado número de membros da CSI (Cement Sustainability Initiative) foram compilados e analisados da seguinte forma: • Registrou um total de 389 acidentes de trabalho mortais em
aproximadamente 300.000 trabalhadores diretos nos últimos 4 anos;
• A taxa de mortalidade dos colaboradores indiretos, quando disponível, foi 8
vezes superior à dos colaboradores diretos;
• A taxa global conjugada (para colaboradores diretos e indiretos) foi de 2,67
para esse estudo.
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.41
A análise por causa mostra que 79% de todos os acidentes de trabalhos com
fatalidades:
• Trânsito e Circulação Interna (43%)
• Quedas de Altura e Queda de Objetos (21%)
• Aprisionamento por Equipamento em Arranque/Movimento (15%)
43,0%
15,0%
5,0%
21,0%
6,0%
7,0%
3,0%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0%
Trânsito e Circulação Interna
Aprisionamento por Equipamento em Arranque/Movimento
Explosão de Tanques e Caminhões Cisterna, Incêndios
Quedas em Altura e Queda de Objetos
Eletrocussão durante Operações de Manutenção
Soterramento em Silos ou Pilhas de Material
Afogamentos em Pedreiras ou Reservatórios
Figura 5.32 – Freqüência de Acidentes de Trabalho Mortais / Causa. Fonte: Cement Sustainability Initiative – CSI
Os acidentes apresentados na Figura 5.31 acima mostram que os acidentes
decorrentes de movimentação interna são responsáveis por 43,0% das mortes,
principalmente por falta de atenção dos operários durante a movimentação de
carga.
As estatísticas que se seguem, Figura 5.32, dizem respeito aos dados
disponibilizados por uma empresa membro da CSI. As principais causas são:
Escorregamento, Tropeçamento e Queda (29%), Quedas de Objetos ou Objetos
em Movimento (19%) e Elevação, Sobrecarga e Esforço excessivo (18%). Estas
três causas são responsáveis por 66% do total de acidentes.
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.42
12,0%
29,0%
19,0%
6,0%
9,0%
18,0%
6,0%
1,0%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0%
Outras Causas
Escorregamento, Tropeçamento e Queda
Queda de Objetos ou Objetos em Movimento
Atropelamento / Circulação Interna
Aprisionamento por Máquinas Fixas
Elevação, Sobrecarga e Esforço
Utilização de Ferramentas manuais
Queimaduras por Produtos Químicos e Temperaturas Elevadas
Figura 5.33 – Freqüência de Acidentes de Trabalho por Causa.
Fonte: Cement Sustainability Initiative – CSI
A maior parte dos acidentes registra-se em nível de Braços e Mãos (32%),
Pernas e Pés (25%) e Costas (13%)
• Estas lesões representam 71% do total.
No que diz respeito a categorias e idades típicas temos:
• Operadores de fábrica (39%) e operativos (33%) são os que registram mais
propensão para acidentes.
• O intervalo de idades de 30-39 é o que registra maior propensão para
acidentes (33%), seguido pelo intervalo de 20-29 (25%) e de 40-49 (24%).
5.4.11. Pré-Moldados
Operações de pré fabricação de concretos enfrentam uma variedade de riscos,
tais como lesões, acidentes automobilísticos, roubo e danos de equipamentos,
bem como reclamações de responsabilidade que incluem danos à propriedades.
Há também exposições, dependendo do ambiente de trabalho, que podem exigir
a necessidade de abordar segurança de carga, equipamentos de armazenagem
e sobrecarga elétrica.
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.43
O que se segue é uma revisão com base em análise da CNA entre 1 º de janeiro
de 2004 e 31 de dezembro 2007.
39,3%
23,8%
16,7%
10,7%
9,5%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0%
Ferir‐se com /Ferir‐se contra
Manipulação de Material e Fatores Ergonomicos
Escorregar, Tropeçar e Cair no mesmo Nível
Preso em, na, ou entre
Exposição ou Contato com Agentes Químicos
Figura 5.34 – Freqüência de Acidentes Causadores de Lesão. Fonte: CNA Risk Control - Industry Guide Series
48,4%
18,7%
14,3%
9,9%
8,8%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0%
Ferir‐se com /Ferir‐se contra
Preso em, na, ou entre
Escorregar, Tropeçar e Cair no mesmo Nível
Queda de Altura
Manipulação de Material e Fatores Ergonomicos
Figura 5.35 – Porcentagem da Quantidade de Gastos por Tipo de Acidentes. Fonte: CNA Risk Control - Industry Guide Series
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.44
Os dados das Figuras 5.34 e 5.35 indicam os tipos de incidentes mais
susceptíveis de causar lesões nos trabalhadores por movimentação manual de
cargas, queda no mesmo nível, entre outros. Estes tipos de incidentes
representam também a maior gravidade dos gastos inerentes aos acidentes.
Uma das principais causas de lesões de trabalho, 39,30% segundo a Figura 5.34
e a maior quantidade de despesas 48,40% segundo a Figura 5.35, resulta do
contato com material a ser transferido, de forma manual ou pela utilização de
veículos. Os trabalhadores também estão expostos a lesões ocasionadas por
queda de materiais, deitando fôrmas ou concretos acabados.
A segunda maior causa de acidentes na indústria de pré-moldados, 23,80% dos
casos segundo a Figura 5.34, é ocasionada pela movimentação manual de uma
variedade de trabalhos relacionados com materiais, fôrmas, e ferramentas. As
lesões de ergonômicas estão relacionadas ao peso dos materiais, transporte de
material em terreno irregular, ou a tentativa de impedir a queda de fôrmas.
Apesar da quantidade de acidentes relacionados a estes fatores, em termos
econômicos eles representam apenas 8,80% dos gastos, afinal a maioria dos
casos gera pequenos ferimentos resultando curtos períodos de afastamentos.
34,8%
29,3%
25,0%
5,4%
5,4%
0,0% 5,0% 10,0%15,0%20,0%25,0%30,0%35,0%40,0%
Danos Físicos a Propriedades
Ferir‐se com
Acidentes com Veículos
Preso em, na, ou entre
Ferimento contra
Figura 5.36 – Acidentes Causadores de Perdas. Fonte: CNA Risk Control - Industry Guide Series
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.45
Os dados indicam os dois tipos mais freqüentes de acidentes resultando em
danos físicos e de propriedade. Os danos físicos a propriedades, 34,80% dos
casos relatados na Figura 5.36, foram ocasionados por acidentes envolvendo
empilhadeiras resultando em choques entre materiais e propriedades ou
pedestres.
5.4.12. Gasodutos
Os vazamentos ocorrem toda vez em que aparecem as liberações de produtos
não planejadas para o ambiente externo ao duto e suas principais causas são a
corrosão, as movimentações de terreno, as não conformidades operacionais, as
ações de terceiros e o crescimento de mossas (amassamentos).
De acordo com o National Transportation Safety Board (NTSB), acidentes em
gasodutos resultam em menos fatalidades anualmente comparadas a outros modos de transporte, no entanto, o acidente de um único gasoduto tem o
potencial de causar um desastre catastrófico que pode ferir centenas de
pessoas, afetar milhares mais, e custar milhões de dólares em termos de danos
à propriedade, perda de oportunidades de trabalho, desintegração social, danos
ecológicos. Escavações e atividades de construção são as maiores causas de
acidentes em gasodutos.
Quatro fatores são importantes no que respeita a danificação de gasodutos:
1. A possibilidade de a população local danificar o gasoduto,
intencionalmente ou não, aumenta com a densidade populacional;
2. Atividade agrícola ao longo da rota do gasoduto aumenta a
probabilidade de acidentes;
3. O risco de acidente aumenta quando o gasoduto é mais longo e
existem mais pontos de inflexão na rota;
4. A probabilidade de acidente é maior quando a topografia é mais
acidentada e menor quando plana.
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.46
Uma consulta realizada ao banco de dados FACTS/TNO mostra as causas de
acidentes mais comuns envolvendo tubulações de transporte de gás durante os
períodos de 1960 a 2003.
Figura 5.37 – Classificação dos acidentes por causa envolvendo transporte de gás natural em dutos pressurizados. Fonte: FACTS/TNO
331
22
347
153
34
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Com ocorrência de incêndio (Fire)
Com ocorrência de bola de fogo (Fireball)
Explosão
FlashFire
Vazamento
Figura 5.38 – Tipologias acidentais envolvendo transporte de gás natural em dutos pressurizado. Fonte: FACTS/TNO Uma análise da Figura 5.37 demonstra que a maior causa de acidentes
envolvendo o transporte de gás natural é a falha operacional seguida por causas
COMPLEXO INDUSTRIAL DO PECÉM – CIP ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO – TEXTO
5.47
desconhecidas. Como conseqüência dos vazamentos, a ocorrência de
explosões é predominante, seguida de incêndio e Flashfire.