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CÉLULAS-TRONCO: CONTEXTUALIZANDO O ENSINO DE BIOLOGIA

Lumena Coutinho Pontes1

Maria Júlia Corazza2

Resumo

A intervenção pedagógica foi desenvolvida em uma turma de 40 alunos da 1ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Marechal Rondon, localizado na cidade de Campo Mourão, PR. O trabalho teve como objetivo propiciar o desenvolvimento de capacidades que levassem os alunos a entender, questionar, analisar e adquirir um posicionamento crítico diante das informações discutidas à respeito da tecnologia das células-tronco, de modo a fazer uso dos conhecimentos adquiridos, tornando-se multiplicadores do conhecimento científico. As reflexões que conduziram o trabalho pedagógico, principalmente no que se refere às interações sociais estabelecidas em sala de aula, fundamentaram-se na perspectiva da Teoria Histórico-Cultural, descrita por Vygtysky e colaboradores. Ideias de autores como Paulo Freire, Wartha e Alário, Delizoicov e Angotti, que defendem que os momentos pedagógicos devem acontecer a partir da contextualização entre o tema a ser trabalhado e a realidade a qual o aluno está inserido, também foram consideradas nas atividades realizadas durante a intervenção pedagógica. A evolução na formação de conceitos, conhecimentos e posicionamentos críticos relacionados ao tema células-tronco foi avaliada por meio da análise das transcrições das interações verbais e debates, além das produções escritas que constituíram o fórum de debate e jornal. Tornou-se claro que no início da intervenção pedagógica as ideias dos estudantes sobre a temática não passavam de suas percepções primeiras. Porém, no decorrer das atividades, por meio de questionamentos e elaborações mentais sobre o processo científico e tecnológico, eles foram se posicionando e, ao final, a grande maioria afirmou ser favorável à utilização das células-tronco embrionárias para fins de pesquisa e procedimentos terapêuticos. Palavras-chave: Células-tronco; Fim terapêutico; Contextualização; Tecnologia.

1. Introdução

Na época atual, marcada pelos avanços científicos e biotecnológicos,

temáticas como a utilização das células-tronco, principalmente as embrionárias, para

1 Pós- graduada em Cronobiologia pela FAFIJAN, Jandaia do Sul. Professora de Biologia da Rede Estadual de

Educação do Paraná. 2 Doutora em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita, Botucatu/SP. Professora

PDE da área de Biologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

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fins de pesquisa e procedimentos terapêuticos, tornou-se assunto de discussões

polêmicas entre cidadãos comuns, religiosos, filósofos, cientistas e juristas.

Questões polêmicas como essa têm suscitado reflexões sobre o papel do ensino

das ciências naturais na formação de sujeitos críticos, reflexivos e analíticos,

surgindo diferentes concepções do que se deve ensinar e que abordagens

metodológicas se deve empregar para atingir tal objetivo.

Diante desse cenário, têm-se tornado constante nas publicações em ensino

de ciências a necessidade e a importância de abordagens referentes às inovações

científicas e biotecnológicas em salas de aula do Ensino Fundamental e Médio, a fim

de que os alunos, além de obter informações, possam formar o pensamento e o

senso crítico sobre os meios de produção, aplicações e implicações sociais,

econômicas e éticas da ciência e tecnologia (LORENZETTI; DELIZOICOV, 2001;

MENEZES, 1996; TRIVELATO, 1988).

No entanto, percebe-se que muitas escolas ainda encontram-se distantes das

finalidades educativas da Educação Básica, consubstanciadas nas Diretrizes

Curriculares Estaduais e Federais, em promover a socialização dos conhecimentos

produzidos ao longo da história da humanidade, numa perspectiva em “que tais

conhecimentos contribuam para a crítica às contradições sociais, políticas e

econômicas presentes nas estruturas da sociedade contemporânea e propiciem

compreender a produção científica, a reflexão filosófica, a criação artística, nos

contextos em que elas se constituem” (SEED, 2008, p.14).

Norteada por esta perspectiva, as Diretrizes Curriculares da Educação

Básica - Biologia – do Estado do Paraná, objetivam “trazer os conteúdos de volta

para os currículos escolares”, retomando a história da produção do conhecimento

científico e da disciplina escolar, seus determinantes políticos, sociais e ideológicos

(p. 62). Com esta finalidade, propõem a problematização como uma abordagem

metodológica, partindo-se “do princípio da provocação e mobilização do aluno na

busca por conhecimentos necessários para resolver problemas. Estes problemas

relacionam os conteúdos da Biologia ao cotidiano, do aluno para que ele busque

compreender e atuar na sociedade de forma crítica” (SEED, 2008, p.65).

Temas relativos à área de conhecimento da Biologia vêm sendo cada vez

mais discutidos pelos meios de comunicação, incluindo jornais, revistas, televisão e

internet, instigando o professor a apresentar esses assuntos de maneira a

possibilitar que o aluno associe a realidade do desenvolvimento científico atual com

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os conceitos básicos do pensamento biológico. Dessa forma, para Bonzanini e

Bastos (2007, p.2), é necessário que os professores acompanhem a evolução das

produções científicas e biotecnológicas, levando para a sala de aula “discussões que

envolvam tais assuntos para aprimorar o senso crítico dos educandos e para

proporcionar a contextualização do ensino que será ministrado”.

Diante da complexidade que envolve o ensino de Biologia frente aos avanços

científicos e biotecnológicos, questiona-se: Como organizar o ensino de Biologia no

Ensino Médio, de modo a contemplar os avanços científicos e biotecnológicos

atuais? É possível levar o aluno à participação nos debates contemporâneos que

exigem conhecimento biológico? Quais conteúdos são necessários para que os

alunos se apropriem dos conceitos e processos relativos à tecnologia das Células-

Tronco, de modo a formar uma consciência crítica sobre seus benefícios e

implicações sociais, éticas e econômicas?

Diante destas perspectivas, a intervenção pedagógica teve como objetivo

propiciar a 40 alunos da 1ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Marechal

Rondon, de Campo Mourão, o desenvolvimento de capacidades que os levem a

entender, discutir, questionar, analisar e adquirir posicionamento crítico diante das

informações discutidas à respeito da tecnologia das células-tronco, de modo a fazer

uso dos conhecimentos adquiridos, tornando-se multiplicador do conhecimento

científico.

2. Fundamentação Teórica

2.1 O aprendizado da Biologia frente às inovações científicas e tecnológicas-

Células-tronco

Cotidianamente, a população, embora sujeita a toda sorte de propagandas e

campanhas, e mesmo diante da variedade de informações e posicionamentos,

sente-se pouco confiante para opinar sobre temas polêmicos, que podem interferir

direta ou indiretamente em suas condições de vida, como o uso de transgênicos, a

clonagem, a reprodução assistida, entre outros assuntos. A lista de exemplos é

interminável, e vai desde problemas domésticos até aqueles que atingem toda a

população. O ensino de Biologia deveria nortear o posicionamento do aluno frente a

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essas questões, além de outras, como as suas ações do dia-a-dia: os cuidados com

o corpo, com a alimentação, com a sexualidade; outros conhecimentos atuais, como

a utilização de células-tronco, incluindo as embrionárias, para fins de pesquisa e

procedimentos terapêuticos.

Contraditoriamente, apesar de a Biologia fazer parte do dia-a-dia da

população, o ensino dessa disciplina encontra-se tão distanciado da realidade que

não permite à população, perceber o vínculo estreito existente entre o que é

estudado na disciplina Biologia e o cotidiano. Essa visão dicotômica impossibilita ao

aluno estabelecer relações entre a produção científica e o seu contexto,

prejudicando a necessária visão holística que deve pautar o aprendizado sobre esta

ciência.

Para enfrentar esses desafios e contradições, o ensino da disciplina de

Biologia deveria se pautar na alfabetização científica, que de acordo com FOUREZ

(1994), está muito em evidência e vem sendo discutido em países Anglo-Saxões e

em países do norte da Europa. O termo, de acordo com o autor, designa “um tipo de

saber, de capacidade ou de conhecimento e de saber-ser que, em nosso mundo

técnico-científico, seria uma contraparte ao que foi alfabetização no último século”

(Fourez, 1994, p.11). Com respeito à educação escolar tem sido apontado que “a

maioria dos educadores concorda que o propósito da ciência escolar é ajudar os

estudantes a alcançar níveis mais altos de alfabetização científica” (Bybee, 1995, p.

28), existindo grande consenso em relação à sua importância para a vida cotidiana

de qualquer indivíduo.

Entretanto, a alfabetização científica “tem muitas das características de um

slogan educacional no qual o consenso é superficial, porque o termo significa coisas

diferentes para pessoas diferentes” (Bingle&Gaskell, 1994, p. 186). Assim, suscita-

se alguma questões: qual o significado da alfabetização científica? Qual a sua

importância para o currículo escolar? Como promovê-la?

A alfabetização científica e tecnológica no Brasil é o reflexo do processo da

globalização, “entendida como o que um público específico – o público escolar --

deve saber sobre ciência, tecnologia e sociedade (CTS) com base em

conhecimentos adquiridos em contextos diversos (escola, museu, revista, etc.);

atitudes pública sobre ciência e tecnologia e informações obtidas em meios de

divulgação científica e tecnológica” (LEAL; SOUZA, 1997, p. 330).

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Segundo Krasilchik (1992, p.06), “a alfabetização científica constitui-se como

uma das grandes linhas de investigação no ensino de ciências”. Para a autora, este

movimento relaciona-se às mudanças nos objetivos do ensino de ciências, em

direção à formação geral da cidadania, tendo hoje papel importante no panorama

internacional e está "estreitamente relacionado à própria crise educacional e a

incapacidade de a escola em dar aos alunos os elementares conhecimentos

necessários a um indivíduo alfabetizado" (KRASILCHIK, 1992, p.06) .

Neste contexto cultural, muitos pesquisadores têm redescoberto os

pensamentos de Vygotsky (1998) que, dentre todos os aspectos da escolarização,

dedicou especial atenção à formação de conceitos científicos, ressaltando, também,

a importância da escola e do professor na mediação desses conhecimentos.

Segundo ele, o domínio desses conceitos é tão determinante de rupturas e

transformações no homem quanto o domínio da escrita. O elemento novo

possibilitado pelo domínio de conceitos não é a maior quantidade de conteúdos de

posse do sujeito, mas essencialmente a qualidade que a aprendizagem de

generalizações conceituais confere ao pensamento (FARIA, 2009). Entende-se,

portanto, que para Vygotsky, a aprendizagem de conceitos científicos é necessária

ao entendimento e interação do sujeito à realidade em que vive..

Na perspectiva deste pensamento vygotskyano e da visão ampliada da

alfabetização científica (AULER; DELIZOICOV, 2001), que concebe que o trabalho

pedagógico deve possibilitar que o sujeito transite de uma visão ingênua para uma

leitura crítica do mundo, a temática célula-tronco foi proposta neste trabalho como

eixo norteador de problematizações, discussões e elaborações conceituais pelos

estudantes durante o estudo de citologia, embriologia e histologia.

As pesquisas com células-tronco (CT) estão despertando um grande

interesse nos meios de comunicação, levando a população a conceber esse novo

conhecimento científico como sendo um método promissor para curar inúmeras

doenças que, até agora, são consideradas incuráveis. Assim, é de grande

importância que sejam inseridos na área educacional conteúdos pedagógicos que

abordem os recentes avanços e descobertas tecnológicas, bem como os processos

que levaram à sua construção, de modo a auxiliar os jovens no entendimento da

natureza do conhecimento científico para que possam participar com criticidade da

sociedade em que estão inseridos.

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Desse modo é fundamental que o ensino de Biologia se volte para o

desenvolvimento de competências que permitam ao aluno entender, discutir,

questionar, analisar, adquirir um posicionamento crítico diante das informações

postas, de modo a atuarem como multiplicadores do conhecimento científico.

Incorporar conhecimentos contemporâneos da C&T ao sistema educacional é um

desafio que vem sendo contínua e sistematicamente proposto nos últimos vinte

anos.

Gargett (2004) informa que as células-tronco (CT), são as células

indiferenciadas, presentes durante o desenvolvimento embrionário e em muitos

tecidos adultos, caracterizando-se por não apresentar distinção no aspecto

morfológico e pela habilidade de auto-renovação e diferenciação em múltiplos tipos

celulares do organismo.

Dito de outra forma: CT são células indiferenciadas que possuem

propriedades peculiares como a capacidade prolongada ou ilimitada de multiplicação

através de sucessivas mitoses, podendo se dividir em células idênticas a ela, ou

seja, com o mesmo potencial de auto-renovação, ou dar origem a células

especializadas.

Atualmente, diferentes critérios são utilizados para identificação e

classificação das células-tronco. Um desses critérios utiliza como parâmetro o

potencial de diferenciação dessas células, distinguindo-as em células-tronco

totipotentes, pluripotentes e multipotentes.

Conforme o Glossário do InternationalSociety for StemCellResearch (2004):

- As células-tronco totipotentes são as que podem gerar todos os tipos de

células encontradas em um embrião, feto ou organismo desenvolvido, incluindo

componentes do trofoblasto e da placenta, imprescindíveis para auxiliar o

desenvolvimento e o nascimento do novo ser. Sendo assim, o zigoto fertilizado

constitui a primeira célula-tronco totipotente, ou seja, uma célula com capacidade de

formar qualquer célula existente no ser completamente formado e desenvolvido.

- As células-tronco pluripotentes são aquelas capazes de se diferenciar em

todos os tipos de células encontradas em um embrião implantado, feto ou organismo

desenvolvido, mas não nos componentes embrionários do trofoblasto e da placenta.

- As células-tronco multipotentes são células-tronco cuja descendência é

formada de múltiplos tipos de células diferenciadas, mas todas dentro de um tecido

particular, órgão ou sistema fisiológico.

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Souza e Elias (2005), também levando em consideração o potencial de

diferenciação das células-tronco, apresentam outro tipo de classificação, onde

conceituam como sendo:

- Células-tronco totipotentes as que resultam das primeiras divisões celulares

após a fecundação e capazes de se diferenciar em qualquer tecido do organismo

humano.

- As células-tronco pluripotentes ou multipotentes seriam aquelas com

capacidade de se diferenciar em quase todos os tecidos humanos (exceto placenta

e anexos embrionários).

- As células-tronco oligopotentes seriam aquelas capazes de se diferenciar

em alguns tecidos e, as unipotentes, aquelas que se diferenciam em um único tecido

(o tecido ao qual pertencem).

Outro critério de classificação das células-tronco usa como parâmetro sua

fonte de origem, ou seja, as células-tronco podem ser classificadas em células-

tronco embrionárias (quando são obtidas do núcleo da massa das células do

blastocisto) ou em células-tronco adultas/somáticas (quando obtidas entre células

diferenciadas de um tecido específico).

Após ter sido realizada a fecundação, as células do zigoto começam a se

dividir por mitose, uma em duas, duas em quatro e assim por diante, constituindo

uma massa pluricelular denominada de mórula. Nessa fase de mórula, a partir de

oito a dezesseis células, ocorre a primeira diferenciação celular constituindo-se dois

grupos celulares, um externo e outro interno. O grupo de células externas dará

origem a placenta e aos anexos embrionários, e a massa de células internas,

originará o embrião propriamente dito. Depois de 72 horas, o embrião encontra-se

com aproximadamente 100 células, sendo denominado de blastocisto, e é nessa

fase que ocorre sua implantação na cavidade uterina.

Uma população de células indiferenciadas da massa celular interna do

blastocisto perimplantado pode ser isolada e dividir-se indefinitivamente, em meio de

cultura, dando origem a células especializadas ou indiferenciadas. Essas células,

denominadas de células tronco embrionárias (CTE), são células pluripotentes e,

portanto, têm a capacidade de gerar qualquer e todos os tipos celulares fetais e

adultos, in vivo e in vitro (GARGETT, 2004).

Devido a esta propriedade, as CTEs humanas podem ser induzidas, em

laboratório, a se diferenciar em vários tipos celulares, neural, pancreático,

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cartilaginoso, ósseo, hematopoiético, entre outros, abrindo perspectivas para futuras

medidas terapêuticas (GRINFELD e GOMES, 2004).

Em relação às células-tronco adultas, Vats, et al. (2002) as consideram como

sendo células encontradas em nichos teciduais específicos, responsáveis pela

manutenção da integridade desse tecido. Dessa forma, as células-tronco adultas

apresentam uma menor plasticidade quando comparadas às células-tronco

embrionárias, por serem capaz de diferenciar-se apenas num determinado tipo

tecidual.

Todavia, uma série de publicações atuais tem mostrado que as células-tronco

adultas apresentam capacidade de diferenciação, desdiferenciação e/ou re-

diferenciação em outros tipos celulares, até então, considerados improváveis.

Alguns estudos, por exemplo, mostraram que a população de células geradas

de uma CT hematopoiética, injetada no interior de ratos, pode gerar células epiteliais

do intestino, pulmão e fígado, como também células sanguíneas (GRINFELD e

GOMES, 2004).

Mais um exemplo é o programa que utilizou células-tronco hematopoiéticas

no tratamento de doenças cardíacas, pesquisa desenvolvida no Hospital Pró-

Cardíaco do Rio de Janeiro, envolvendo pacientes enfartados. Nesse estudo foi

demonstrado, primeiramente, que as células-tronco hematopoiéticas têm o potencial

de regenerar as artérias e aumentar a vascularização das áreas miocárdicas

comprometidas e isquêmicas.

Posteriormente, os pesquisadores evidenciaram que além dos vasos, as

células-tronco utilizadas haviam regenerado o próprio músculo cardíaco fibrosado

(SOUZA e ELIAS, 2005).

Dessa forma, a utilização de células-tronco embrionárias e adultas desponta

como uma promissora forma de terapia para enfermidades diversas como, por

exemplo, diabetes, escleroses, cardiomiopatias, queimaduras, distrofias e lesões.

Todavia, esta tecnologia encontra-se ainda na fase de estudos e pesquisas e,

apesar do entusiasmo dos cientistas e das esperanças depositadas por uma parcela

considerável da população, os opositores à utilização dessa biotecnologia,

principalmente no que se refere às células-tronco embrionárias, argumentam sobre

os riscos de criação de um mercado paralelo de óvulos, bem como a destruição e

desvalorização da vida humana, por meio do extermínio de embriões.

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Diante de opiniões tão diversas, o papel de mediador do professor é

extremamente importante para promover o contato dos alunos com temáticas

polêmicas e, muitas vezes, pouco conhecida por eles, como o das células-tronco.

Segundo Vygotsky (2001), o primeiro contato da criança com novas

atividades, habilidades ou informações deve ter a participação de um adulto. Ao

internalizar um procedimento, a criança “se apropria” dele, tornando-o voluntário e

independente. Para o autor (2000 apud FERRARI, 2011, p. 03),

A intervenção pedagógica provoca avanços que não ocorreriam espontaneamente. [...], o bom ensino é aquele que estimula a criança a atingir um nível de compreensão e habilidade que ainda não domina completamente, "puxando" dela um novo conhecimento.

Vygotsky considerava ainda que todo aprendizado amplia o universo mental

do aluno. O ensino de um novo conteúdo não se resume à aquisição de uma

habilidade ou de um conjunto de informações, mas amplia as estruturas cognitivas

da criança (FERRARI, 2011, p.03).

2.2 O Ensino da Biologia na Perspectiva Histórico - Cultural

Vygotsky foi o primeiro pesquisador da área da psicologia a sugerir como a

cultura torna-se parte da natureza de cada pessoa. De acordo com sua teoria, as

funções psicológicas superiores, antes de se desenvolverem em cada indivíduo,

tornando-se um produto de sua atividade cerebral, encontram disponíveis na

sociedade, no meio sócio-cultural. Nessa perspectiva, Vygotsky explica como ocorre,

no percurso da história da humanidade, a transformação dos processos psicológicos

elementares em processos complexos do pensamento. Enfatizava o papel da

linguagem no desenvolvimento do indivíduo, concebendo que a aquisição de

conhecimentos se dá, em um primeiro momento, pela sua interação com o meio, ou

seja, o sujeito é interativo e os conhecimentos se dão via relações inter-pessoais,

para depois tornar-se intra-pessoal, por meio de um processo denominado

mediação (VYGOTSKY, 2007).

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a aprendizagem constitui-se no processo de apropriação e transformação do saber socialmente elaborado, não sendo imanente ao sujeito, mas construída na relação mediada pelo outro e pela cultura. A internalização das funções psíquicas é um processo eminentemente social, não tendo, pois nenhuma chance de ocorrer fora desse âmbito relacional (PALANGANA; GALUCH; SFORNI, 2002, p.113).

Luria e Leontiev, entre outros colaboradores da teoria Histórico-Cultural,

trouxeram uma nova perspectiva de olhar às crianças. A teoria destes autores

apresenta conceitos, muitos já abordados por Piaget, em que a criança é

considerada como ela própria e não um adulto em miniatura.

Nessa abordagem, afirmam que o meio social é determinante do

desenvolvimento humano e que isso acontece fundamentalmente pela

aprendizagem da linguagem, que ocorre, em um primeiro momento, por imitação.

Segundo Freitas (2000), Vygotsky concebe o homem como um ser histórico e

produto de um conjunto de relações sociais. Essa abordagem sintetiza o homem

como um ser biológico, histórico e social, inserido na sociedade de modo orientado

para os processos de desenvolvimento do ser humano na sua totalidade. A ênfase

está na dimensão sócio-histórica e na interação do homem com o outro no espaço

social. É uma abordagem “sócio-interacionista”, caracterizando os aspectos

tipicamente humanos do comportamento e hipóteses de como as características

humanas se formam ao longo da história do indivíduo. Nesse contexto, Vygotsky

acredita que as características e até mesmo as atitudes individuais estão

impregnadas de trocas, ou seja, mesmo o que tomamos por mais individual de um

ser humano foi construído a partir de sua relação com o outro.

Enquanto que para Piaget o desenvolvimento é a base para os avanços na

aprendizagem, na perspectiva vygotskyana a aprendizagem é o agente

desencadeador de desenvolvimento, portanto, o antecede.

Os conceitos sobre aprendizagem e desenvolvimento dessa teoria são

significativos no ensino, levando à reflexão de como estimular a aprendizagem do

aluno, de modo a contribuir para o seu desenvolvimento global.

Nesse sentido no que tange a aprendizagem, a importância dos estudos de

Vygotsky é inquestionável, uma vez que ele critica as teorias que separam a

aprendizagem do desenvolvimento (GIUSTA, 1985).

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A escola tem um papel insubstituível no processo ativo da apropriação dos

conhecimentos acumulados e sistematizados historicamente pela humanidade pelas

crianças. Enquanto instituição deve ser a formadora do individuo na sua totalidade.

Deve ter a intencionalidade e o compromisso de tornar o conhecimento acessível a

todos os alunos.

Os conceitos que ainda precisam ser dominados durante a trajetória escolar é

a base do desenvolvimento dos processos psicológicos superiores do aluno. Surge

assim, o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal, trazendo em sua essência

a ideia das transformações que acontecem por meio da ação intencional. O

professor, por meio de mediação, promove desenvolvimentos e progressos que não

aconteceriam de maneira espontânea, auxiliando na aprendizagem sobre os

processos de desenvolvimento intelectual do aluno.

Nas atividades da sala de aula, o fato dos alunos não conseguirem realizar

sozinhos determinadas atividades não significa que eles não tenham condições para

tanto. Acontece que naquele momento as capacidades cognitivas necessárias à

realização de determinadas atividades propostas encontram-se em processo de

formação, justificativa pelas quais os alunos precisam do auxílio do professor. Como

mediador, este pode interferir, por meio de atividades diferenciadas, na zona de

desenvolvimento proximal, fazendo com que o ensino se torne um processo de

aprendizagem adequadamente organizado, capaz de ativar continuamente o

desenvolvimento do aluno, durante toda sua vida. Nas palavras de Vygotsky:

A investigação mostra sem lugar a dúvidas que o que se acha na zona de desenvolvimento próximo num determinado estágio se realiza e passa no estágio seguinte ao nível de desenvolvimento atual. Com outras palavras, o que a criança é capaz de fazer hoje em colaboração será capaz de fazê-lo por si mesma amanhã. Por isso, parece verossímil que a instrução e o desenvolvimento na escola guardem a mesma relação que a zona de desenvolvimento próximo e o nível de desenvolvimento atual. Na idade infantil, somente é boa a instrução que vá avante do desenvolvimento e arrasta a este último. Porém, à criança unicamente se pode ensinar o que é capaz de aprender. (...) O ensino deve orientar-se não ao ontem, mas sim ao amanhã do desenvolvimento infantil. Somente então poderá a instrução provocar os processos de desenvolvimento que se acham na zona de desenvolvimento próximo (VYGOTSKY,1993, p.241-242).

O desenvolvimento ocorre por processos em que a cultura é internalizada,

num movimento que se dá de fora para dentro como parte do plano das interações

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sociais – plano interpsíquico, passando para um plano psicológico individual –

intrapsíquico. Nesse sentido, as intervenções deliberadas do professor são muito

importantes no desencadeamento de processos que poderão determinar o

desenvolvimento intelectual dos seus estudantes, a partir da aprendizagem dos

conteúdos escolares, ou mais especificamente, dos conceitos científicos.

3. Intervenção Pedagógica

A intervenção pedagógica foi desenvolvida em uma turma de 40 alunos da 1ª

série do Ensino Médio do Colégio Estadual Marechal Rondon, localizado na cidade

de Campo Mourão, PR. O trabalho teve como objetivo propiciar o desenvolvimento

de capacidades que levassem os alunos a entender, questionar, analisar e adquirir

um posicionamento crítico diante das informações discutidas à respeito da

tecnologia das células-tronco, de modo que eles façam uso dos conhecimentos

adquiridos e tornem-se multiplicadores do conhecimento científico.

As reflexões que conduziram o trabalho pedagógico, principalmente no que se

refere às interações sociais estabelecidas em sala de aula, fundamentaram-se na

perspectiva da Teoria Histórico-Cultural, descrita por Vygtysky e colaboradores.

Ideias de autores como Paulo Freire, Wartha e Alário, Delizoicov e Angotti, que

defendem que os momentos pedagógicos devem acontecer a partir da

contextualização entre o tema a ser trabalhado e a realidade a qual o aluno está

inserido, também foram consideradas nas atividades realizadas durante a

intervenção pedagógica.

Contextualizar, segundo Wartha e Alário (2005, p.41), é buscar o “significado

do conhecimento a partir de contextos do mundo ou da sociedade em geral, é levar

o aluno a compreender a relevância e aplicar o conhecimento para entender os fatos

e fenômenos que o cercam”.

Nesse sentido, é necessário que o professor, em conjunto com os educandos,

passe a identificar as situações-problema

...que surgem como manifestações das contradições envolvidas nos temas. Diversamente das que se relacionam com os centros de interesse dos alunos, as situações significativas apresentam-se como desafios para uma compreensão dos problemas envolvidos nos

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temas distintos daquela oriunda da cultura primeira. Elas não encontram sua significação meramente na curiosidade dos alunos ou em sua vontade de conhecer; contudo, ao englobar essas características, delas se diferenciam à medida que, além disso, desafiam os alunos a não só melhor compreender, mas também atuar para transformar as situações problematizadas durante o desenvolvimento do programa de ensino (DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2002, p. 193).

Paulo Freire propõe que a Contextualização nada mais é que a

Problematização de situações existenciais, portanto, o que se tem que fazer é

“propor ao povo, através de certas contradições básicas, sua situação existencial,

concreta, presente, como problema que, por sua vez, o desafia e, assim, lhe exige

resposta, não só no nível intelectual, mas no nível da ação” (FREIRE, 2005, p. 100).

Os dados coletados a partir da aplicação de questionários, discussões,

debates, pesquisas, construções de maquetes e do jornal foram analisados de forma

qualitativa. Para Dantas e Calvacante (2006), a pesquisa qualitativa

... tem caráter exploratório, isto é, estimula os entrevistados a pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. É utilizada quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a interpretação (DANTAS E CAVALCANTE, 2006, p.02).

Ainda para os autores, nesse tipo de pesquisa, o pesquisador desenvolve

conceitos, ideias, e entendimentos a partir de padrões encontrados nos dados, ao

invés de coletar dados para comprovar teorias, hipóteses e modelos pré-concebidos.

Em seguida, apresenta-se a descrição das atividades realizadas no decorrer

da intervenção pedagógica.

Primeiro encontro: Discussão do Filme Mar a Dentro

Em um primeiro momento, a professora PDE comunicou aos discentes sobre

a realização do projeto, sem, no entanto, revelar que a temática, células-tronco,

seria contexto que desencadearia o estudo da célula e tecidos, uma vez que

pretendia investigar se os alunos apresentavam algum conhecimento prévio do

assunto. Para isso, como primeira atividade, eles assistiram ao Filme “Mar a Dentro”,

dirigido por Alejandro Amenábra, que conta a sofrida história de Ramon Sampedro,

um ex-marinheiro da Espanha que, aos 19 anos de idade, após um acidente no mar,

ficou tetraplégico. O enredo do filme mostra Ramon 26 anos após a tragédia. Ele

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vivia deitado numa cama todo o tempo, e dependia de seus familiares para suprir

todas as suas necessidades. Por sentir-se humilhado e escravo de sua doença,

Ramon contratou uma advogada para que o ajudasse a conseguir permissão para a

eutanásia. A partir daí eles lutaram contra as leis da Espanha e a opinião pública

para que Ramon, um homem, que ao contrário dos outros suicidas, era alguém

bastante lúcido e inteligente, realizasse seu desejo.

Baseada no filme, a turma respondeu um questionário composto pelas

seguintes perguntas:

1 – Observando o acidente de Ramon, como você explica a causa da

paralisação de seus quatro membros, ou seja, a tetraplegia?

2- O que você destaca da relação entre Ramon e sua família após o

acidente?

3- Estabeleça uma comparação de como a tetraplegia era vista na década de

1970, quando Ramon sofreu o acidente, com a vida das pessoas que apresentam

esta debilitação nos dias atuais, em relação à sua inclusão na sociedade e

disponibilidade de tratamentos de controle.

4 – Você considera que existe alguma esperança para a cura da tetraplegia

em um futuro próximo? Comente.

5 - Em sua opinião, o que levou Ramon a desistir de viver? Qual é o seu

parecer sobre a opção do personagem pela eutanásia?

Na análise das respostas ao questionário, verificamos que em nenhum

momento os alunos consideraram a possibilidade, em um futuro próximo, do

tratamento da tetraplegia por meio de células-tronco. A maioria citou a fisioterapia

como uma alternativa para amenizar o problema, o que levou-nos a concluir que

eles não tinham conhecimento a respeito do assunto.

Segundo encontro: Introdução ao tema células-tronco

Para introduzir o estudo do tema células-tronco e contextualizar os conteúdos

referentes à citologia e histologia, de modo a promover uma aprendizagem significativa

de conceitos e processos biológicos que se integram ao tema, a professora PDE

propôs a leitura da reportagem “Cientistas transformam célula-tronco em células

cerebral”, publicada em 2002 e disponível no link

http://www.saudeemmovimento.com.br/reportagem/noticia_exibe.asp?cod_noticia=401.

Posteriormente, os alunos responderam ao questionário apresentado abaixo e,

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com base na reportagem e no filme, iniciou-se uma discussão sobre o assunto.

1-De acordo com o texto, “As células-tronco são um tipo de células-mestras que

podem se transformar em diversos tecidos do corpo”. Discuta com seus colegas o

significado biológico desta afirmação e a importância deste conhecimento para a

humanidade.

2- “No entanto, há críticas de grupos contrários à destruição de embriões

humanos.” Esta frase da reportagem refere-se à utilização das chamadas células-

tronco embrionárias que, segundo os pesquisadores, são as que apresentam maior

potencial para serem utilizadas nas pesquisas e fins terapêuticos. Para você, quais

grupos sociais apresentam-se contrários à utilização desse tipo de célula-tronco e por

quê? Quais são os grupos que têm se manifestado favoráveis e como justificam seu

posicionamento? E você, com o que aprendeu até agora, é contra ou a favor?

Justifique sua resposta.

3- Faça uma relação das doenças que afligem os seres humanos, cujo

tratamento curativo, por meio da tecnologia das células-tronco, está sendo pesquisado.

4- Para ter um conhecimento mais profundo sobre células-tronco, como aluno,

quais os conhecimentos biológicos você julga necessário estudar antes para formar

uma sequência lógica até chegar ao tema células-tronco?

Terceiro encontro: Conhecimento básico de citologia.

Visando proporcionar aos alunos o estudo dos conteúdos referentes ao núcleo e

organelas celulares, noção de embriologia, diferenciação celular e tecidos que

constituem o organismo humano, os alunos foram levados ao Laboratório de

Informática. Lá eles acessaram o site Planeta Bio, disponível no link

http://www.planetabio.com, e visualizaram ilustrações interativas que facilitaram o

aprendizado e o tornaram muito mais interessante.

Com o intuito de aproximar ainda mais os estudantes do conhecimento sobre o

assunto, a turma foi dividida em grupos de seis alunos e, como atividade de casa,

metade dos grupos fizeram uma maquete de células eucariontes e a outra metade de

células procariontes, usando a criatividade na escolha do material que melhor

representasse a célula.

Quarto encontro: Apresentação das maquetes e Conhecimento Básico de

Embriologia.

Os grupos trouxeram as maquetes e as apresentaram. Enquanto uns falaram

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sobre a estrutura das células procariontes, outros falaram das eucariontes. Houve

troca de informações entre eles, discussões e, ao final, a professora foi até o quadro

negro e sugeriu que eles fizessem juntos uma tabela comparativa, que elencasse as

características dos dois tipos de células.

Em outro momento, os estudantes se dirigiram ao Laboratório de Informática

para que fossem estudados os conteúdos de Nidação e as Fases Embrionárias. Para

tanto, eles acessaram o site http://www.planetabio.com/planetabio.html e puderam

obter informações também sobre a clonagem terapêutica.

Após a aula de informática, a turma se dividiu em grupos de 4 pessoas cada e

responderam as seguintes questões:

1 – Cite as fases embrionárias na ordem que elas ocorrem.

2 – O que é Nidação?

3 – Qual a relação entre blastocisto e células-tronco?

5º Encontro: conhecimentos básicos sobre células-tronco

Considerando o despertar do interesse dos alunos diante das ilustrações dos

conteúdos estudados, vistas nos sites, o estudo sobre células-tronco também foi

realizado no Laboratório de Informática, a partir da sequência de slides interativos

disponíveis no site http://www.planetabio.com/planetabio.html. Dessa forma, os

discentes puderam entender de forma mais clara o que são células-tronco, de que

forma são produzidas, sua importância. Na oportunidade, puderam obter

informações também sobre a clonagem terapêutica.

Em seguida, a fim de problematizar e contextualizar a questão da utilização

das células-tronco, a professora dividiu os estudantes em grupos e solicitou para

que eles respondessem as seguintes questões:

1-Quais são as duas categorias de células-troncos e o que as diferencia? Cite

exemplos.

2- Como funciona a clonagem terapêutica?

3- Qual a polêmica em relação ao uso de células tronco?

4- De maneira geral, pelo que estudou até agora em relação sobre a

utilização das células-tronco embrionárias para fins de pesquisa e terapias, você é:

( ) À favor ( ) Contra ( ) Não tem opinião definida

6º Encontro: Fórum de Debate e Pesquisa de Opinião

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Esta atividade objetivou integrar os conhecimentos abordados durante a

Intervenção Pedagógica e também avaliar a aprendizagem inter e intrapessoal dos

alunos em relação aos conteúdos trabalhados.

Inicialmente, cada dupla de alunos fez uma pesquisa de opinião,

entrevistando dez pessoas da comunidade escolar, incluindo familiares, com a

seguinte distribuição: cinco entrevistas com alunos, duas com professores e três

com familiares. As questões da pesquisa seguem abaixo:

Idade: 1 a 13 ( ) 14 a 17 ( ) 18 a 25 ( ) mais que 26 ( )

Grau de instrução: Fundamental ( ) Médio ( ) Superior ( )

1. Você costuma assistir TV? ( ) Sempre ( ) Às Vezes ( ) Nunca

2. Se sim, o que mais assiste? ( ) jornais ( ) desenhos ( ) novelas ( ) filmes ( )

programas de entretenimento ( ) outros. Qual?

3. É comum nos meios de comunicação notícias dos avanços da Ciência e

pesquisas sobre o uso de Células-tronco. Você já viu ou ouviu algo a respeito desse

assunto? ( ) Sim ( ) Não (se responder não, agradeça e encerre a entrevista)

4. Onde viu ou ouviu a respeito? ( ) na TV ( ) na Escola ( ) no rádio ( ) na

internet ( ) com amigos ( ) em jornais e revistas ( ) outro. Qual?

5. Na sua opinião o uso da tecnologia das Células-tronco trará para a

humanidade e para o ambiente: ( ) mais benefícios ( ) mais prejuízos ( ) igualmente

benefícios e prejuízos

6. Finalizando, de maneira geral, em relação ao uso científico de Células-

tronco você é ( ) À favor ( ) Contra ( ) Não tem opinião definida

7. Gostaria de fazer algum comentário?

Em seguida, os alunos recolheram os questionários e os entregaram para a

professora. Eles fizeram uma compilação das entrevistas e determinaram a

porcentagem dos entrevistados que faziam parte dos grupos: 1 - que não viram ou

ouviram falar sobre células-tronco -; 2 - que se posicionaram a favor de sua

utilização -; 3 – que são contra a utilização das células-tronco -; e 4 - não tem

opinião definida.

Posteriormente, foram analisados os dados de acordo com o grau de

instrução dos sujeitos que responderam aos questionários. Por exemplo: a

porcentagem dos pertencentes ao Grupo 1 tem grau de instrução fundamental,

médio e superior?

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Estabelecendo essas relações para as demais características levantadas na

pesquisa abriu-se um grande leque de perspectivas para discussão e avaliação

entre os alunos.

O objetivo desse “mergulho” na realidade que os rodeia, no que diz respeito

ao uso científico de células-tronco, foi fortalecer a visão própria de cada aluno e

utilizar tais dados na próxima atividade, o Fórum de Debate.

7º Encontro: Fórum de Debate

Ao verificar que os alunos ainda não tinham uma atitude definida em relação à

utilização das células-tronco embrionárias, foi dado início ao Fórum de Debate.

Nessa atividade, a classe se dividiu em dois grupos: os que eram a favor e

contra a utilização das células-tronco. Já os alunos que ainda não tinham uma

opinião definida, foram divididos entre os dois grupos, de forma que cada um tivesse

o mesmo número de pessoas.

Os grupos receberam como material didático, a fim de embasar teoricamente

o debate, reportagens com opiniões de John Sulston (coordenador do Reino Unido

no Projeto Genoma Humano), Sergio Rego (médico sanitarista), Tião Viana (senador

e doutor em medicina tropical) e do Padre Vando Valentin (coordenador do Núcleo

Fé e Cultura da PUC de São Paulo), sobre a utilização de células-tronco, e foram

orientados a pesquisar mais argumentos para a defesa de sua posição.

Em seguida, os dois grupos foram divididos em três subgrupos cada e

elegeram um coordenador, um redator, e um apresentador. Dessa forma, houve três

debates entre os subgrupos que posicionavam contra e três entre os favoráveis à

tecnologia das células-tronco, o que possibilitou que o assunto fosse abordado com

enfoques diferentes.

8º Encontro: Produção de Jornal

Para finalizar as atividades de intervenção pedagógica, os alunos, com a

orientação da professora PDE, construíram um jornal que tratava do tema em

estudo: células-tronco e demais assuntos de interesse da classe. Para tanto, em um

primeiro momento, os estudantes decidiram o tamanho do jornal, número de

impressões, o conteúdo, layout de disposição das matérias, entre outros detalhes.

Em seguida, se dividiram em oito grupos, que ficaram responsáveis pelas

seguintes funções:

Grupo 1 – Coordenação, edição e impressão. Este grupo promoveu uma

reunião com a classe para definir sobre os seguintes pontos: número de páginas do

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jornal; número de edições impressas; obtenção do material necessário (papel, tinta

para impressora, outros); estratégia de distribuição; data para entrega do material

jornalístico produzido; seleção das matérias, pré-diagramação; reunião para

aprovação pela maioria; data para entrega à professora para correção; diagramação

final; impressão e data para distribuição.

Grupos 2 ao 8 – Foram responsáveis pelo levantamento de matérias

jornalísticas e cada grupo produziu material com cinco focos: células-tronco (60%);

esporte na escola (10%); cultura (10%); projetos científicos (10%); divertimento e

lazer (10%).

Para garantir a produção do jornal, foram utilizadas ferramentas como

entrevistas, pesquisas, fotos, desenhos e consultas bibliográficas.

Após a confecção, o jornal foi distribuído para a toda a comunidade escolar, a

fim de que ela também tenha acesso às informações sobre o uso de células-tronco e

seja capaz de se posicionar a favor ou contra sua utilização.

4. Resultados e Discussões

A análise qualitativa dos dados coletados da aplicação de questionários,

debates em sala de aula, pesquisas, simulações no laboratório de informática e

construção do jornal, durante a intervenção pedagógica em aulas de Biologia,

revelou uma elaboração gradual de conceitos e conhecimentos acerca do tema

Células-tronco, por parte dos estudantes..

Ao considerar, de acordo com MORTIMER (2002, p.09), que o caminho

natural para a aprendizagem é aquele que “deve-se ensinar sempre do concreto

para o abstrato, partindo daquilo que o aluno já sabe, oportunizando-lhe a

construção de conceitos (que não são o mesmo que definições)”, a professora PDE,

aplicou um questionário relacionado ao filme Mar a Dentro, a fim de verificar se os

alunos associavam o tratamento da tetraplegia à possível utilização de células-

tronco como procedimento terapêutico.

Nas respostas às questões alguns alunos consideraram que “A fisioterapia

pode ajudar muito no tratamento do tetraplégico”; enquanto outros opinaram que “A

medicina está evoluindo muito, portanto é possível que num futuro próximo existam

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próteses mecânicas que auxiliem o tetraplégico”. De uma forma mais ampla, uma

das respostas ressaltou que “Com o avanço tecnológico e científico, a cura da

tetraplegia está prestes a ser encontrada”, sem associar, porém, este avanço à

tecnologia das células-tronco. Logo, ainda não estava claro para a professora se os

estudantes não apresentavam conhecimento sobre pesquisas que investigam a

possibilidade de tratamento terapêutico da tetraplegia por meio de células-tronco, ou

se eles não tinham conhecimento algum sobre o tema.

Após a leitura e discussão do texto “Cientistas transformam célula-tronco em

células cerebral”, alguns alunos afirmaram que não sabiam o que eram células-

tronco. Neste momento da intervenção pedagógica, a turma foi questionada sobre

seu posicionamento em relação à utilização desta tecnologia para fins de pesquisa e

procedimentos terapêuticos. Apesar da divergência de opiniões, a maioria dos

alunos declarou-se a favor (Figura 2).

As aulas no Laboratório de Informática, trabalhadas de forma interativa e

ilustrativa, revelaram-se de grande valia para a aquisição de novos conhecimentos

sobre Citologia, Embriologia e fundamentos básicos sobre células-tronco, facilitando

o processo ensino/aprendizagem e complementando os conteúdos curriculares.

Ao propor uma atividade de pesquisa aos alunos, colocando-se a disposição

para acompanhá-los na Sala de Informática,

o professor tem a oportunidade de avaliar conjuntamente a qualidade, pertinência e eficácia das informações encontradas nos vários sites pesquisados. Estando presente o professor pode interferir e redirecionar o processo, pode corrigir, acrescentar, modificar e, acima de tudo, aprender muito mais sobre o conteúdo que ele está ensinando ANTONIO (2010, p.6),

A construção de maquetes também contribuiu para despertar o interesse dos

estudantes na elaboração e troca de conhecimentos acerca da organização celular

dos organismos procariontes e eucariontes. Neste contexto, é importante ressaltar

que a organização de um ensino que possibilite a transição das ideias prévias dos

estudantes para a construção de significados à cerca dos conteúdos escolares,

configura-se em uma das grandes dificuldades encontradas pelos professores de

Biologia. Considera-se que o aluno ao construir seu conhecimento terá um

aprendizado mais efetivo se o educador der a ele a oportunidade de aprender a

argumentar e expressar suas ideias, de manipular e experimentar, ao invés de

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fornecer respostas prontas e definitivas ou impor o próprio ponto de vista. “Neste

processo educativo a utilização de material didático-pedagógico que possibilite a

manipulação e visualização do conteúdo é uma ferramenta relevante, possibilitando

um aprendizado experiencial” (SOUZA, et.al. 2008, p.01).

Após o estudo da temática, realizado por meio de leitura dos textos, discussões

e aulas de informática, os alunos foram convidados a refletir sobre a polêmica

acerca da utilização de células tronco embrionárias para fins de pesquisa e

procedimentos terapêuticos. Em seus pronunciamentos, 75% dos estudantes

afirmaram que os debates estão relacionados à questões éticas, uma vez que os

embriões são sacrificados, e 25% consideraram o fato de a igreja ser contra

enquanto que os cientistas defendem sua utilização, o que acaba dividindo a opinião

pública.

Quando foram novamente questionados em relação à utilização das células-

tronco embrionárias para fins de pesquisa e terapias, verificou-se que a proporção

de educandos que se declararam contra, a favor ou que não opinaram alterou

significativamente quando comparada à primeira pesquisa, como pode ser visto na

figura 1. Tal alteração pode ser explicada se considerarmos que, em um primeiro

momento, os estudantes tinham pouco conhecimento em relação à temática.

Utilização de células-tronco para fins terapêuticos

Figura 1: Opinião dos alunos sobre a utilização de células tronco.

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A pesquisa realizada pelos alunos sobre a opinião da comunidade escolar em

relação ao uso de células-tronco em pesquisa e terapias, revelou que das 122

pessoas entrevistadas, 88 eram a favor da utilização (Figura 2).

Opinião da Comunidade

Figura 2: Você é a favor ou contra a utilização de células-tronco em tratamentos terapêuticos?

Os debates realizados durante toda a intervenção pedagógica e, mais

especificamente, no Fórum de Debate, contribuíram no sentido de proporcionar aos

alunos a possibilidade de não apenas expressar não só e argumentar suas ideias

e justificativas, como também de interagir com os argumentos dos demais colegas

de classe, de outras pessoas da comunidade escolar e dos autores estudados,

debatendo, questionando e esclarecendo dúvidas.. Ao mesmo tempo a atividade

serviu de parâmetro para que a professora pudesse identificar a evolução dos

estudantes em relação à formação de conceitos, conhecimentos e posicionamentos

críticos dos avanços da Ciência e Tecnologia, a partir da análise das interações

verbais, orais e escritas.

O jornal escolar, elaborado e impresso pelos próprios alunos, revelou-se em

uma excelente atividade em grupo, que possibilitou o desenvolvimento da

capacidade de síntese, liderança, busca de conhecimento sobre a realidade,

permitindo a análise dos problemas, dos acontecimentos, da cultura, das

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preferências e das necessidades da escola. Para Palangana, Sforni e Galuch (2002,

p.119).

O ensino só se justifica se for capaz de produzir a formação de novas capacidades, principalmente, de análise (abstração) e síntese (generalização) junto a aprendizagem de novos conceitos, incidindo, assim, sobre a forma e conteúdo do pensamento do aluno.

Tornam-se, também propícias as palavras de Vygotsky ao considerar que “o

único bom ensino é o que se adianta ao desenvolvimento” (VYGOTSKY, 1998,

p.114).

5. Considerações Finais

Este trabalho configurou-se em uma proposta de intervenção didática em

aulas de Biologia que, para o estudo dos conteúdos de citologia, embriologia e

histologia, procurou colocar um contexto da realidade como ponto de partida e de

chegada do processo de educativo. Nesta perspectiva, a temática células-tronco foi

introduzida na prática social inicial por meio da apresentação de um filme e texto de

divulgação científica, com o intuito de criar um espaço interativo para a proposição e

discussão de situações-problemas, que nortearam a investigação de conhecimentos

prévios e o estudo dos conteúdos curriculares.

Os conhecimentos científicos, referentes à citologia, embriologia, histologia e

células-tronco, estudados por meio de diferentes estratégias, incluindo as aulas no

laboratório de informática, instrumentalizaram os alunos para a ação sobre a

realidade, momento concretizado durante a pesquisa de opinião da comunidade

escolar, debate e produção do jornal.

Têm-se tornado constante nas publicações em ensino de ciências a

necessidade e a importância de abordagens referentes às inovações científicas e

biotecnológicas em salas de aula do Ensino Fundamental e Médio, a fim de que os

alunos, por meio da construção de conhecimentos científicos, possam formar o

pensamento e o senso crítico à cerca dos meios de produção, aplicações e

implicações sociais, econômicas e éticas da ciência e tecnologia.

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Cria-se nesse caso a oportunidade de levar os alunos a aprender a argumentar e a exercitar a razão, em vez de fornecer-lhes respostas definidas ou impor-lhes pontos de vista, transmitindo uma visão fechada do conhecimento (CARVALHO, 2012, p. 32).

A organização do ensino de forma contextualizada, durante toda a

intervenção pedagógica, além de possibilitar a aprendizagem do conteúdo curricular

pretendido, proporcionou aos estudantes a oportunidade de desenvolver o

pensamento conceitual de modo a mobilizar os conhecimentos para analisar

situações que extrapolam a realidade de sala de aula, como a tomada de

consciência em relação aos benefícios e implicações da utilização das células-tronco

como tratamento terapêutico.

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