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TRANSCRIPT
I
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS
UNIDADE ARAXÁ
DEPARTAMENTO DE MINAS CONSTRUÇÃO CIVIL
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE MINAS
AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA DILUIÇÃO NA ECONOMICIDADE DE UM
REALCE DE UMA MINA DE OURO
FLÁVIO LOYOLA TAVARES
MICHEL MELO OLIVEIRA
ARAXÁ 2016
II
Exemplo
Tavares, Flávio Loyola.
S---
Avaliação do impacto da diluição na economicidade de um realce/ Flávio Loyola Tavares - 2016.
37 f.: il.
Michel Melo Oliveira Material Didático (Graduação em Engenharia de Minas) – Centro Federal de EducaçãoTecnológica de Minas Gerais, Engenharia de Minas,2016.
1. Lavra Subterrânea. 2. Diluição 3. Engenharia de Minas. I. Oliveira, Michel Melo. II. Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Engenharia de Minas. III. Graduação.
CDD----------
III
FLÁVIO LOYOLA TAVARES
AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA DILUIÇÃO NA ECONOMICIDADE DE UM
REALCE DE UMA MINA DE OURO
Trabalho de conclusão de curso
apresentado ao Centro de Educação
tecnológica de Minas Gerais, Unidade
Araxá, como requisito parcial para obtenção
do título de Engenheiro de Minas.
Data de aprovação: ____/____/_____
Banca Examinadora:
Prof. MSc. Michel Melo Oliveira – CEFET/ARAXÁ Presidente da Banca Examinadora - Orientador
Prof. Dr. Felipe de Moraes Russo – CEFET/ARAXÁ
Prof. MSc. Felipe Valença de Oliveira – CEFET/ARAXÁ
IV
Aos meus pais João e Greucy
E aos meus irmãos Igor e Fhárley.
V
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus, por ter me dado força e saúde para que
chegasse até aqui.
Em seguida agradeço aos principais responsáveis por essa conquista, minha
família. A minha mãe, aquela que tenho como maior exemplo de luta e força de
vontade.
Meu pai, aquele que considero meu melhor amigo. Obrigado por sempre ter
ficado ao meu lado, me acalmando e aconselhando. Eu realmente não chegaria até
aqui sem seus conselhos, sempre levarei você como maior exemplo de humildade e
amor ao próximo
Agradeço aos meus irmãos, Fhárley e Igor, por sempre ter me incentivado e
encorajado.
Aos amigos, que estiveram do meu lado durante essa caminhada, nos bons e
maus momentos. Fiz de vocês minha família nesse trajeto pela busca desse
objetivo.
À empresa.
O meu agradecimento à AngloGold Ashanti, por ter fornecido o banco de
dados utilizado para a realização desse trabalho de conclusão de curso.
Finalmente ao meu orientador Professor Mestre Michel Melo Oliveira, que foi
peça fundamental para execução desse presente trabalho.
Muito obrigado a todos...
VI
Que os vossos esforços desafiem as
impossibilidades, lembrai-vos de que as
grandes coisas do homem foram conquistadas
do que parecia impossível. (Charles Chaplin)
VII
RESUMO
A diluição é um dos principais problemas enfrentados por um empreendimento mineiro e um dos mais complexos. A diluição é definida como, a relação entre a quantidade de estéril pela quantidade de minério explotados. A diluição pode ocorrer de forma planejada, quando o estéril ou minério abaixo do teor de corte se encontra dentro dos limites do realce planejado, ou de forma não planejada que é definida como a explotação de material pobre que não se encontra dentro dos limites do realce planejado. Para esse estudo foi utilizado o banco de dados da mina Cuiabá, administrada pela AngloGold Ashanti em Sabará-MG. O Banco de dados analisado continha o levantamento topográfico de 24 realces realizados, feito via sistema de monitoramento de cavidades (SMC), e o desenho de 24 realces planejados. Utilizando o software Micromine, foram calculados os volumes e massas dos realces planejados, realces realizados e da diluição. Os resultados foram tabelados e posteriormente feitos os cálculos da diluição presente em cada avanço, bem como uma análise de perda econômica, perante 6 cenários distintos de teores. O realce que apresentou a menor diluição foi realces 17, apresentando diluição de 5.68%, consequentemente foi aquele que apresentou o melhor design de realce realizado. Por outro lado, o realce 5 foi o que apresentou a pior porcentagem de diluição, o equivalente a 210. 20%. Com relação à perda econômica, o realce 24 foi o que apresentou as maiores, isso devido à grande diferença entre a quantidade de minério que foi planejado de ser explotado e aquele que foi efetivamente lavrado
Palavras-chave: Diluição, minério, estéril, software.
ABSTRACT
Dilution is one of the main problems faced by a mining enterprise and one of the most complex. Dilution is defined as the ratio between the quantity of waste by the amount of ore mining. The dilution can occur in a planned way, when the waste or ore below the cut-off grade is within the stopes limits planned, or in an unplanned way that is defined as the mining of poor material that is not within the stopes limits planned. For this study was used the Cuiabá’s mine database, managed by AngloGold Ashanti in Sabará-MG. The database analyzed contained the survey of 24 stopes made, made via cavities monitoring system (CMS), and the design of 24 planned stopes. Using Micromine software, volumes and masses of planned stopes were calculated, stopes made and dilution. The results were tabulated and then made the present dilution calculations for each advance, as well as an analysis of economic loss, before 6 different grades scenarios. The stope that had the lowest
dilution was the 17 stope, with dilution of 5.68%, Therefore the one that presented the best stope design performed. On the other hand, the stope 5 was the one that presented the worst percentage of dilution, equivalent to 210. 20%. Concerning to economic loss, the stope 24 was the one that had the highest, that due to the large difference between the amount of ore that was planned to be mining and the one that was actually exploited.
Keywords: Dilution, ore, waste, software.
VIII
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 3.1- Ilustração representativa da diluição planejada e não planejada.............5
Figura 3.2- Detalhe de medição do Sistema de Monitoramento de Cavidades.......... 8
Figura 3.3- Representação da geometria dos furos do método Perfuração Radial. .. 10
Figura 3.4- Perfuração de Furos Longos ................................................................... 11
Figura 3.5- Representação da geometria de furos do método Vertical Crater Retreat (VCR) Method. .......................................................................................................... 11
Figura 4.1- Utilização da função export para conversão do formato de arquivo no Datamine. .................................................................................................................. 14
Figura 4.2- Seleção da categoria CAD para converter à DXF. .................................. 14
Figura 4.3- Vista superior de um realce realizado. .................................................... 15
Figura 4.4- Importação do realce planejado. ............................................................. 16
Figura 4.5- Realce 1 planejado. ................................................................................ 16
Figura 4.6- Realce 1 realizado. ................................................................................. 17
Figura 4.7- Representação do realce planejado e do realce realizado simultaneamente. ...................................................................................................... 17
Figura 4.8- Definição dos limites East e North do modelo de blocos. ....................... 18
Figura 4.9- Janela de definição de parâmetros para criação do modelo de blocos. .. 18
Figura 4.10- Janela de criação de modelo de blocos. ............................................... 19
Figura 4.11- Representação da seleção do ícone Block Model. ............................... 19
Figura 4.12- Janela para importação do modelo de blocos. ...................................... 20
Figura 4.13- Modelo de Blocos do realce realizado. ................................................. 20
Figura 4.14- Ferramenta Assign para a geração do modelo de blocos da diluição não-planejada. ........................................................................................................... 21
Figura 4.15- Representação da janela que contem a função Modify. ....................... 21
Figura 4.16- Criação da coluna que contem o que extrapola e o que está fora da wireframe................................................................................................................... 22
Figura 4.17- Tabela de atribuição de valores. ........................................................... 22
Figura 4.18- Seleção do tipo de filtro. ........................................................................ 23
Figura 4.19- Lançamento de atributos. ...................................................................... 23
Figura 4.20- Seleção da opção Block Model Report. ................................................ 24
Figura 4.21- Função Create a Block Model Report, usado para obter o volume da diluição. ..................................................................................................................... 25
Figura 4.22- Representação da janela com a função View. ...................................... 25
IX
Figura 4.23- Tabela de volúme e massa da diluição não planejada, realce 1. .......... 26
Figura 4.24- Processo para calculo de volume do realce planejado 1. ..................... 26
Figura 4.25- Resultados obtidos para o calculo do realce planejado 1. .................... 26
Figura 5.1- Modelo de blocos da diluição .................................................................. 31
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1- Cenários de teores utilizados. ................................................................ 28
Tabela 4.1- Volume dos realces ................................................................................ 29
Tabela 4.2- Análises de massas ............................................................................... 30
Tabela 4.3- Massa de estéril e minério ..................................................................... 32
Tabela 4.4- Diluições não planejadas dos realces (cenário 1). ................................. 33
Tabela 4.5- Diluição do Teor (cenário 1). .................................................................. 34
Tabela 4.6- Massas de ouro contidas nos realces planejados e realces realizados (cenário 1). ................................................................................................................ 35
Tabela 4.7- Massa de ouro aproveitada (cenário 1). ................................................. 36
Tabela 4.8- Perda econômica (cenário 1). ................................................................ 37
Tabela 4.9- Média de perdas econômicas para diferentes cenários. ........................ 38
XI
ABREVIATURAS E SIGLAS
SMC- Sistema de monitoramento de cavidade;
CPU-Central Processing Unit (Unidade Central de Processamento);
DXF- Drawing Exchange Format;
DM- Date memory;
VCR- Vertical Crater Retreat;
CAD- Computer Aided Design (Desenho assistido por computador).
XII
SÍMBOLOS
%- Porcentagem; º- Grau; m³- Metro cúbico; g- Grama t- Tonelada;
R$- Real (moeda);
XIII
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 1 1.1 Apresentação ..................................................................................... 1 1.2 Justificativa ......................................................................................... 1 1.3 Objetivos ............................................................................................ 2 1.2.1 Objetivo geral .................................................................................. 2
1.2.2 Objetivo específico ......................................................................... 2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 3 2.1 Definições de Diluição ........................................................................ 3 2.2 Tipos de diluição ................................................................................ 5 2.2.1 Diluição planejada .......................................................................... 5
2.2.2 Diluição não planejada ................................................................... 5
2.3 Cálculo de diluição ............................................................................. 5 2.4 Métodos de quantificação de Overbreak ............................................ 7 2.4.1 Quantificação via mapeamento topográfico .................................... 7
2.4.2 Quantificação via escâner a laser ou “Sistema de Monitoramento
de Cavidades” (SMC) .................................................................................................. 7
2.5 O impacto da diluição para um empreendimento mineiro .................. 8 2.6 O método Sublevel Stoping ................................................................ 9 3. METODOLOGIA ...................................................................................... 13 3.1 Conversão de formato dos arquivos ................................................. 13 3.2 Geração dos Realces ....................................................................... 15 3.3 Criação do modelo de Blocos ........................................................... 17 3.4 Calculo dos volumes e massas dos realces e da diluição ................ 20 3.5 Cálculo da diluição ........................................................................... 27 3.6 Avaliação do impacto da diluição da economicidade dos realces .... 28 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................ 29 4.1 Análise de volumes e massas do realce planejado e do realce realizado........... ......................................................................................................... 29 4.2 Quantificação da diluição no realce .................................................. 31 4.3 Impacto econômico da diluição ........................................................ 35 5. CONCLUSÃO .......................................................................................... 39 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 40
XIV
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação
A diluição é a quantidade de estéril, ou o minério com teor abaixo do teor de
corte, que é lavrada com o minério. Villaescusa (1998) define como o material de
baixo teor, que entra em uma corrente de minério, reduzindo o seu valor. Já Oliveira
(2012) define que a diluição é uma medida da perda de qualidade, teor
principalmente, da rocha explotada no realce.
A diluição pode ocorrer de forma planejada ou operacional. A segunda está
associada ao estéril desmontado, que é transportado com o minério, e que não se
localizava internamente ao limite do realce originalmente planejado.
A maneira mais usada de quantificar a diluição é a que utiliza o levantamento
topográfico dos realces como princípio e posteriormente os compara com as
dimensões dos realces projetados. O equipamento de levantamento topográfico
mais utilizado no Brasil para análise dos realces é o sistema de monitoramento de
cavidades (SMC).
1.2 Justificativa
O aumento da quantidade de estéril junto ao minério provoca impactos diretos
na mineração, principalmente no que se diz respeito ao fluxo de caixa. Pois a
diluição implica no aumento do volume e da massa rocha carregada, transportada e
incluída em todas as etapas de beneficiamento.
Esse trabalho de conclusão de curso trata dessa questão e apresenta,
utilizando softwares, o cálculo das diluições de realces de uma mina de ouro. As
wireframes dos realces planejados e realizados foram fornecidos pela empresa. Os
resultados obtidos mostrarão como a diluição impactará na economicidade.
2
1.3 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
Determinar com o auxílio do software MICROMINE o volume e a massa dos
realces realizados, o volume e a massa do estéril que é adicionado ao processo e
calcular de diferentes formas a diluição dos 24 realces.
1.2.2 Objetivo específico
Apresentar o impacto da diluição para o fluxo de caixa da empresa e
apresentar a perda econômica da empresa causada por desmontes mal executados.
3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Definições de Diluição
Dentre os diversos problemas enfrentados pela mineração, a diluição pode
ser considerada um dos mais antigos e uma das varáveis operacionais mais
problemáticas para a lavra (Crawford 2004).
Segundo Pakalnis (1986) a diluição é usada como um parâmetro quantitativo
que habilita o operador de mina a avaliar a qualidade do seu realce.
Conceitua-se, minério como um mineral ou um aglomerado de minerais que
sua exploração é economicamente viável e estéril a massa sem valor econômico
que engloba a jazida junto com o mineral. Sendo assim, a diluição pode ser definida
como o aumento da tonelagem de minério, enquanto seu teor diminui.
Ebrahimi (2013) define diluição como a relação entre a tonelagem de estéril
lavrado e enviado para a usina e a tonelagem total de minério mais estéril
combinado que são processados.
Para Clark (1998) a diluição e a recuperação são medidas da qualidade dos
designs das aberturas de realce. Sendo que um bom projeto é aquele que maximiza
a recuperação e minimiza a diluição, tendo em mente que as duas medidas são
independentes.
Scoble e Moss (1994) dizem que as principais medidas de qualidade de um
realce são recuperação e diluição. A recuperação refere-se à eficácia da lavra,
medida pela proporção do corpo de minério conhecido que foi efetivamente
escavado. Diluição diz respeito à eficiência de mineração, medida pela proporção de
resíduos introduzidos como parte do processo de mineração. As duas medidas são
interdependentes: por exemplo, um objetivo de recuperação particular só pode ser
atingido à custa de certo grau de diluição.
Quais quer que sejam as definições de diluição, ambas dizem respeito a
quantidade de estéril ou minério abaixo do teor de corte que é explotado e
4
posteriormente passa por todas as etapas seguintes, assim, ocasionando maiores
custos de processo.
2.2 Tipos de diluição
Indubitável que certo percentual de diluição seja muitas vezes algo esperado,
sendo esse fator já considerado durante a elaboração do projeto. Embora em outros
momentos a mesma apareça de maneira inesperada, sendo causada por diversos
tipos de erros de execução. Sendo assim, a diluição pode ser subdividida em
diluição planejada e diluição não planejada.
2.2.1 Diluição planejada
Diluição planejada é o matérial que não é minério (abaixo do teor de corte)
que se encontra dentro dos limites do realce planejado (Clark 1998).
Por definição realce é definido como uma escavação subterrânea resultante
da extração mineral, o termo é aplicado apenas para a extração de minério, não
incluindo os minérios retirados de poços e tunéis auxiliares.
As fontes de diluição planejada podem estar associadas com as limitações do
método de lavra utilizado, quando minerado irregularmente, ou quando o depósito
possui pequena espessura. Nesses casos que a geometria do corpo de minério não
apresenta condições de explotação favoráveis, é adotado uma diluição planejada já
levando em consideração o estéril esperado.
2.2.2 Diluição não planejada
Segundo Clark (1998), diluição não planejada ou diluição operacional diz
respeito ao estéril ou minério abaixo do teor de corte que não se localiza
internamente aos limites planejados para o realce, como pode ser visualizado na
Figura 2.1.
5
A diluição operacional, também chamada de overbreak, tem origens nas
instabilidades das superfícies do realce, descontinuidades induzidas pelo desmonte
e características intrínsecas ao maciço rochoso (Oliveira 2012).
Figura 2.1- Ilustração representativa da diluição planejada e não planejada (Adaptada de Hanning & Mitri 2008).
2.3 Cálculo de diluição
Existem vários métodos para o calculo de diluição, sendo assim deve-se
tomar cuidado ao comparar os resultados de dois métodos diferentes. Oliveira
(2012) mostra algumas das equações usadas para o calculo:
Equação 2.1: Diluição em relação ao minério.
Equação 2.2: Diluição em relação a massa total.
Equação 2.3: Diluição em relação ao teor do material carregado.
6
Equação 2.4: Diluição em relação ao teor do produto da moagem.
Equação 2.5: Diluição em relação ao desmonte
Equação 2.6: Diluição em relação à geometria do corpo de minério
Equação 2.7: Diluição relacionada ao enchimento.
Equação 2.8: Diluição observada.
Scoble & Moss (1994) propõem que as maneiras de cálculo de diluição mais
utilizadas no Canadá são as equações 2.1 e 2.2, sendo a equação 2.1 utilizada
como a medida padrão de diluição. Geralmente diluição é calculada em
porcentagem e seus calculos são baseados em toneladas.
No caso de mineração em depósitos que possua veios estreitos de minério,
Stewart (2005) recomenda a utilização da equação da equação 2.2.
O nível de aceitabilidade de diluição em um realce é totalmente dependente
do teor presente. Para Pakalnis (1986), 7% de todas as aberturas de realce
apresentam diluição de mais de 20%. Ele ainda apresenta que as diluições com
menos de 5% são aceitáveis e consideradas baixas.
7
2.4 Métodos de quantificação de Overbreak
Stewart (2005) apresenta que, inicialmente, a quantificação da diluição não
planejada era feita através da relação toneladas planejadas de um realce por
toneladas reais, ou em alguns casos a relação teor planejado por teor real. Umas
das principais limitações desse método é que ele não considera a perda de minério.
John & Mitri (2008) relatam que ao avaliar a diluição de um realce é
necessário saber como ele é operado. Tradicionalmente não era fácil fazer a
medição do perfil da abertura do realce, mas nos últimos anos o levantamento
preciso, das superfícies dos realces escavados, tem sido possível.
2.4.1 Quantificação via mapeamento topográfico
Um dos métodos de quantificação é feito com o uso de mapeamento
topográfico, onde são feitos levantamentos topográficos após cada avanço. Como o
levantamento topográfico é feito logo após os desmontes, este método não
apresenta com exatidão a superfície final do realce. Oliveira (2012) diz que a
metodologia de mapeamento topográfico subestima a distribuição de tensões, pois
as tensões tendem a ser mais críticas após a escavação final do realce. .
2.4.2 Quantificação via escâner a laser ou “Sistema de Monitoramento de
Cavidades” (SMC)
Por ser o método que apresenta resultados mais precisos, escâner a laser ou
“Sistema de Monitoramento de Cavidades” (SMC), atualmente, é o método de
quantificação mais utilizado por grandes companhias mineradoras, como a
AngloGold Ashanti. Clark (1992) diz que o equipamento é composto por três partes
principais: o sistema de escaneamento, o controle portátil e o suporte para o
equipamento.
Clark (1992) relata que o SMC utiliza uma tecnologia de reflexão de laser e
são capazes de medir distancias de até 100m. O equipamento ainda é capaz de
8
girar 360º em torno do seu próprio eixo de base e girar 135º perpendicularmente em
relação à haste de base.
O equipamento gerará uma esfera de 270º, o que geralmente é adequando
para dimensionar um realce. A Figura 2.2 esquematiza a varredura gerada pelo
escâner a laser.
Figura 2.2- Detalhe de medição do Sistema de Monitoramento de Cavidades, Oliveira 2012.
O controle remoto permite que o operador programe o levantamento e ative
remotamente o escâner. O equipamento ainda possui uma caixa de controle que
abriga o registrador de dados, CPU e bateria. O equipamento tem capacidade de
armazenar 2 Megabytes de informação, que equivale a quatro levantamentos.
Os dados gerados pelo SMC podem ser transferidos para um programa de
projetos como o AutoCad para a definição da topografia final do realce, Oliveira
(2012).
2.5 O impacto da diluição para um empreendimento mineiro
Para Scoble & Moss (1994) a diluição é um dos motivos mais comuns para a
falência de uma mineradora. Com um mercado global competitivo, existe a pressão
sobre as companhias mineradoras para maximizar a produção e consequentemente
aumentar sua receita.
9
A diluição não planejada influencia diretamente o custo de abertura de um
determinado realce e consequentemente a viabilidade da operação mineral.
Segundo Henning & Mitri (2008), o impacto econômico da diluição está ligado
principalmente a custos adicionais com carregamento, transporte, moagem e
tratamento dos resíduos.
Como os moinhos são projetados para operar com um determinado teor de
alimentação, o decréscimo desse teor pode desequilibrar o sistema, ocasionando
assim uma menor recuperação.
Segundo Clark (1992), o custo mais sério gerado pela diluição está associado
a quantidade de minério abaixo do teor de corte ou estéril que entra no circuito de
processamento mineral. Em outras palavras esse custo está associado em colocar
dentro do circuito de processo, um material que não traz renda a empresa.
O tempo adicional necessário para escavação e aterro dos maiores realces
gerados pelo overbreak também podem levar a um atraso não programado da
operação.
Outro custo causado pela diluição não planejada está ligado à sobre-quebra
gerada pelo desmonte. Além do desmonte de material sem valor, o overbreak
muitas vezes pode provocar a instabilidade do maciço rochoso, devido à
reorientação do campo de tensões, sendo necessários gastos para reparo daquele
maciço.
Neste método de lavra subterrânea o minério é retirado pelo realce, à medida
que são feitos os desmontes, deixando assim o realce aberto. Posteriormente, após
retirada do minério é feito o preenchimento deste realce, na maioria das vezes com
estéril, com o objetivo principal de redistribuir as tensões para que o avanço continue
sendo feito no corpo de minério.
A escolha do método de lavra que deve ser utilizado em um empreendimento
mineiro varia de acordo com a as características e condições a que o projeto é
submetido. Características como, geometria do corpo de minério, resistência
10
mecânica do minério e das encaixantes e legislação são fatores que influenciam
diretamente na escolha do método. Para Oliveira (2012), a escolha do método de
lavra traz impactos diretos com relação à recuperação e consequentemente ao fluxo
de caixa do empreendimento.
O método de lavra subterrânea sublevel stoping, o qual é o método utilizado
pela empresa que cedeu os dados para execução desse trabalho, apresenta as
seguintes restrições:
Resistência do minério: Moderada a alta;
Resistência da encaixante: Moderada a alta;
Corpo de minério: Tabular ou lenticular;
Mergulho: Maior que 45º;
Profundidade moderada.
O método SubLevel Stoping, ainda pode ser dividido em três classes distintas, que
apresentam como contraste à forma de perfuração e desmonte para abertura do
realce, como apresenta Oliveira(2012). Que são:
Perfuração Radial (Figura 2.3);
Perfuração de Furos Longos (Figura2.4);
Vertical Crater Retreat (VCR) Method(Figura 2.5).
Figura 2.3- Representação da geometria dos furos do método Perfuração Radial. (Fonte: minewiki.engineering.queensu.ca)
11
Figura 2.4- Perfuração de Furos Longos. (Fonte: mining-eng.ir)
Figura 2.5- Representação da geometria de furos do método Vertical Crater Retreat (VCR) Method. (Fonte: studfiles.ru).
Oliveira (2012) distingue estas classes de sublevel stoping da seguinte forma:
Na Perfuração radial, a perfuração é feita em forma de leque e o minério é
desmontado em fatias verticais; Na perfuração de furos longos, a perfuração é
realizada verticalmente e também apresenta o desmonte feito em fatias verticais; O
VCR apresenta perfuração vertical, mas desmonta o material em fatias.
Hartman & Mutmansky (2002) apresentam diversas vantagens e
desvantagens deste método.
Como vantagens citam:
Produtividade de moderada a alta;
12
Custo de lavra moderado;
Baixo custo de desmonte, e custo de movimentação desse material
relativamente baixo;
Pequena exposição a condições de perigo e fácil ventilação;
Boa recuperação (cerca de 75%);
Diluição moderada.
E como desvantagens:
Desenvolvimento complicado e com custos elevados;
Planejamento de lavra inflexível;
Requer perfuração precisa;
Grandes desmontes podem causar vibrações significantes e dano
estrutural.
13
3. METODOLOGIA
Para o cálculo da diluição operacional as equipes de planejamento precisam
levantar as dimensões e locação espacial dos realces planejados e realizados.
Foram analisados o levantamento topográfico de 24 realces, executados na Mina
Cuiabá, administrada pela Anglo Gold Ashanti, localizada em Sabará-MG, onde
utilizam o Sistema de Monitoramento de Cavidade para obter tais dados.
3.1 Conversão de formato dos arquivos
Foi utilizado o Software de planejamento de lavra MICROMINE, da empresa
MICROMINE, para o cálculo da diluição operacional. Porém, antes foi necessário
fazer a conversão do formato dos arquivos para o formato DXF, pois os mesmos se
encontravam no formato DM, formato este que não é aceito pelo MICROMINE. O
procedimento de conversão foi feito da seguinte forma:
1. É aberto no Datamine o arquivo que contém o levantamento
topográfico feito pelo SMC. Como os realces foram discretizados
(triangularizados), apenas as wireframes “triangles”;
2. Para a conversão de formato é necessário utilizar a função export, e
posteriormente selecionar a categoria CAD, como mostrado nas
Figuras 3.1 e 3.2;
14
Figura 3.1- Utilização da função export para conversão do formato de arquivo no Datamine.
Figura 3.2- Seleção da categoria CAD para converter à DXF.
3. Por fim os arquivos foram salvos em uma pasta, diferente da de
origem.
Para confirmar a conversão dos dados para o formato DXF foi utilizado
software AutoCad, pois este possibilita a visualização do realce, como apresentado
na figura 3.3.
15
Figura 3.3- Vista superior de um realce realizado.
3.2 Geração dos Realces
Com o objetivo de criar a representação gráfica e posteriormente gerar o
modelo de blocos do realce planejado e do realce realizado, é feita a importação das
wireframes, estas que representam o levantamento topográfico do realce. Para
iniciar esta etapa do trabalho foi necessário a criação de um novo projeto e, em
seguida, é feita a importação das wireframes dos realces.
Posteriormente, as wireframes dos realces importados são selecionadas para
serem utilizadas. É selecionado o tipo DTM (Digital Terrain Model) e depois as
wireframes que representam os realces em estudo (Figura 3.4).
16
Figura 3.4- Importação do realce planejado.
Para o estudo dos realces foram escolhidas as cores azul e vermelha,
representando respectivamente o realce planejado e o realce realizado. É feita a
importação das wireframes, então é possível a visualização das estruturas do realce
planejado, do realce realizado e a visão simultânea dos dois, o que dá noção da
diluição operacional do realce realizado. As figuras 3.5, 3.6 e 3.7 representam
respectivamente o realce planejado, o realizado e os dois ao mesmo tempo.
Figura 3.5- Realce 1 planejado.
17
Figura 3.6- Realce 1 realizado.
Figura 3.7- Representação do realce planejado (azul) e do realce realizado simultaneamente (vermelho).
É observável, utilizando a Figura 3.7, que o realce executado na prática
extrapola em determinadas regiões e em outras apresenta dimensão menor do que
havia sido projetado para o avanço. Sabendo disso, torna-se importante o
conhecimento do impacto desse acréscimo ou falta de material.
3.3 Criação do modelo de Blocos
O modelo de blocos foi criado para auxiliar no cálculo de volume da diferença
de volume entre o realce planejado e realce executado. Para isso, primeiramente é
criado um arquivo de saída para o realce planejado e outro para o realce realizado.
18
Para definir os limites do modelo de blocos foi utilizada a ferramenta Display Limits,
como mostrado na Figura 3.8.
Figura 3.8- Definição dos limites East e North do modelo de blocos.
Assim que determinados os limites, espaçamento e quantidade de blocos, é
aberto a ferramenta Create Blank Block Model (Figura 3.9), com o objetivo de gerar
o modelo de blocos. Posteriormente são lançadas as definições do modelo no ícone
Block Definitions (Figura 3.9).
Figura 3.9- Janela de definição de parâmetros para criação do modelo de blocos.
Como pode ser observado na Figura 3.10, foi utilizado o tamanho de 0.3
metros, isso com o objetivo de se obter um modelo de blocos que defina de forma
mais precisa a geometria dos realces. Além disso, foram lançados os valores dos
limites dos realces, obtidos no passo anterior.
19
Figura 3.10- Janela de criação de modelo de blocos.
Após a criação do modelo de blocos é feito a importação dos mesmos para o
projeto. Na janela Form Sets (Figura 3.11) é selecionado o ícone Block Model.
Figura 3.11- Representação da seleção do ícone Block Model.
Com isso, será aberta a janela Block Model (Figura 3.12), com o auxílio desta
é possível fazer a importação do modelo de blocos criado anteriormente. Além disso,
é possível alterar a aparência gráfica do modelo de bloco, mudar o estilo de
representação (3D ou 2D), alterar cor, textura etc.
20
Figura 3.12- Janela para importação do modelo de blocos.
Como o trabalho tem como objetivo a quantificação da diluição e apresentar
seus impactos, foi gerado o modelo de blocos do realce realizado. A Figura 3.13
apresenta o modelo de blocos gerado para o realce 1 realizado.
3.13- Modelo de Blocos do realce realizado
3.4 Calculo dos volumes e massas dos realces e da diluição
Com o objetivo de obter o volume e posteriormente a massa da diluição, foi
necessário isolar o modelo de blocos da parte do realce realizado que extrapola o
realce planejado. Para isso foram seguidas as seguintes etapas:
Primeiramente é aberta a ferramenta Assign Wireframes (Figura 3.14). Esta
ferramenta tem como princípio atribuir valores aos blocos que não intercedem a
interseção do realce planejado e para os blocos que extrapolam essa interseção. Na
21
região Input é selecionado o tipo Block Model, posteriormente abre-se o modelo de
blocos do realce realizado.
Figura 3.14- Ferramenta Assign para a geração do modelo de blocos da diluição não-planejada.
Em File utilizando o botão direito do mouse seleciona a opção Modify (Figura
3.15), com o objetivo de gerar uma nova coluna que represente o que está fora e o
que está dentro da wireframe (Figura 3.16).
Figura 3.15- Representação da janela que contem a função Modify.
22
Figura 3.16- Criação da coluna que contém o que extrapola e o que está fora da wireframe.
Depois de feita a etapa anterior, utiliza-se a função Edit, possível de ser
visualizada na Figura 3.15. Após isso, é necessário preencher a coluna in out com o
número 0, isso com o objetivo de atribuir esse valor para o que extrapola e 1 para o
que não ultrapassa a interseção dos realces planejado e não planejado, como
apresenta a Figura 3.17.
Figura 3.17- Tabela de atribuição de valores.
Como próxima etapa é selecionado a opção Filter, essa ferramentaé usada
com o intuito determinar os blocos que extrapolam a interseção dos realces.
23
Posteriormente é seleiconado o IN OUT no campo Field Namecom valor igual 0
(Figura 3.18).
Figura 3.18- Seleção do tipo de filtro.
Para o Wireframe é selecionado a opção Single, tipo DTM e o realce
planejado. No campo Attributes to Assign é selecionado a opção Overwrite target
Field. No ícone more é selecionado como atributo USER VALUE, valor igual a 1 e
Assign To como IN OUT, isso com o objetivo de atribuir esse valor para o os blocos
contidos internamente a interseção dos realces. (Figura 3.19)
.
Figura 3.19- Lançamento de atributos.
24
Para o campo Block Model (Figura 3.14), seleciona-se o campo Sub-blocks,
atribuindo valor igual a 2 para Sub-blocks east, Sub-blocks North e para RL. Essa
etapa foi feita com objetivo de criar um melhor contorno do modelo de blocos.
Como próximo passo digita-se em File o nome para o arquivo de saída, nesse
caso “mbdiluicaorealce1”, e clique em “Run”. Com isso, é gerado o modelo de blocos
para o overbreak.
Por fim, com o objetivo de obter os volumes, seleciona-se Block Model Report
como mostrado na Figura 3.20.
Figura 3.20- Seleção da opção Block Model Report.
Com a execução do passo anterior é aberto a janela Create a Block Model
Report (Figura 3.21). Seleciona-se a estrutura que se deseja calcular o volume,
nesse caso foi selecionado a diluição do realce 1, sendo assim, é necessário
adicionar o filtro já estabelecido no processo apresentado. Também são adicionados
como Fields o X, Y e Z.
Além disso, é acrescida a densidade da rocha encaixante, 2.85 g/cm³ (dado
fornecido pela empresa), dado de extrema importância para obtenção da massa do
material que será acrescentado ao processo.
25
Figura 3.21- Função Create a Block Model Report, usado para obter o volume da diluição.
No campo Output é criado um arquivo de saída com o nome volume, e
posteriormente roda-se o mesmo. Assim que carregado, clica-se com o botão direito
do mouse sobre o arquivo volume e em seguida em View (Figura 3.22).
Figura 3.22- Representação da janela com a função View.
Com isso é aberto uma tabela (figura 3.23) contendo o volume em m³, a
massa em toneladas e a densidade do material em análise.
26
Figura 3.23- Tabela de volume e massa da diluição não planejada, realce 1.
O processo é repetido para o calculo do volúme do realce planejado,
mudando apenas a densidade do matérial, sendo usada a densidade de 3,0
g/cm³(densidade do minério), dado fornecido pela empresa. Neste caso não é
necessário o uso de filtro, pois deseja-se calcular o volume de todo realce, como
apresentado na Figura 3.24.
Figura 3.24- Processo para cálculo de volume do realce planejado 1.
A figura 3.25 apresenta os resultados de volume e massa do realce
planejado.
Figura 3.25- Resultados obtidos para o cálculo do realce realizado 1.
27
3.5 Cálculo da diluição
Os resultados obtidos são transferidos para uma planilha no software Excel.
Onde são preenchidos campos de: número do realce analisado, volume do realce
planejado (m³), massa do realce planejado (t), volume do realce realizado (m³),
massa do realce realizado (t), volume de minério explotado (t), massa de minério
explotado (t), teor médio de Au contido no realce (g/t), massa de Au contida no
realce planejado (g), volume de estéril adicionado (m³), massa de estéril adicionado
e a diluição (%).
O cálculo da diluição foi executado no próprio Excel, utilizando a equação 2.1,
que é a mais usada pela maioria das companhias. Essa que relaciona o Estéril
lavrado com o minério que foi lavrado no realce.
Para o cálculo da diluição do teor, foram utilizados teores in-situ de forma
aleatória, porém dentro da faixa de teores encontrados na mina Cuiabá. Foi usada
uma faixa de teores de 4g/t até 20g/t e posteriormente, gerados seis cenários
diferentes, um onde os 24 realces apresentavam teores baixos, um com altos teores
e quatro com teores aleatórios (Tabela 3.1).
28
Tabela 3.1- Cenários de teores utilizados.
REALCE Cenário 1
(R$) Cenário 2
(R$) Cenário 3
(R$) Cenário 4
(R$) Cenário 5
(R$) Cenário 6
(R$)
1 4,1 6 15,01 6,5 10,3 4,1
2 4 5 16,02 5,73 8,6 4,5
3 5,3 4,4 17,02 4,55 16,7 5,2
4 11,3 12,3 11,3 12,45 8,7 4,56
5 15 8 15 18,98 19,97 7,2
6 7,9 6,78 18,98 13,45 6,58 4,01
7 4,9 4,4 19,01 18,98 5,3 7,34
8 9,85 9,74 15,78 15,34 12,76 5,8
9 7,5 6 17,5 18,87 6,67 4,43
10 5,9 12,43 16,87 8,77 8,97 5,34
11 14,9 9,76 17,98 14,9 5,3 8,43
12 16,6 12,54 16,6 16,6 13,65 3,34
13 9,8 11,65 13,9 9,8 19,8 3,06
14 16,6 19,75 16,9 16,6 17,01 4,87
15 15 11,34 18,94 7,65 14 6,76
16 4 17,54 16,66 4,65 8,9 5,73
17 6,1 9,5 19,01 8,45 9,84 3,65
18 6,2 5 18,95 4,5 9,3 4,5
19 8,89 3 14,76 5,7 3,96 5,7
20 8,45 6,6 17,7 12,3 7,89 5,43
21 6,6 7,65 15,33 6,6 4,65 4,44
22 5,42 5,55 12,03 8,6 14,9 5,55
23 6,63 8,54 18,08 8,6 16,65 3,99
24 16,3 8,48 19,02 6,5 19,6 6,5
3.6 Avaliação do impacto da diluição da economicidade dos realces
Com o intuito de fazer a análise econômica dos realces, foram feitas
comparações da quantidade de ouro esperada de ser encontrada no realce e a
quantidade que realmente apresenta.
Para obter a massa aproveitada de ouro foi utilizada a recuperação de
flotação de 97% e recuperação metalúrgica de 93%. Esses valores são aplicados
sobre a massa de ouro contida nos realces.
29
Foi utilizada a cotação do ouro (Au) do dia 05/07/2016 às 11:16 am, que
equivalia a R$ 140,00 /g esse valor foi aplicado a diferença entre a massa de ouro
esperado e a massa de ouro retirada do realce realizado.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Análise de volumes e massas do realce planejado e do realce realizado
Como dito anteriormente, foram feitas 24 análises de aberturas de realces e
comparadas com os realces planejados pela equipe de planejamento da AngloGold
Ashanti. Os volumes encontrados para os realces analisados são apresentados na
Tabela 4.1.
Tabela 4.1- Volume dos realces
REALCE VOLUME DO REALCE
PLANEJADO (m³) VOLUME REALCE REALIZADO (m³)
DIFERENÇA DE VOLUME (m³)
1 1060,36 1035 25,36
2 3145,99 2878,23 267,76
3 1115,83 1139,16 -23,33
4 308,58 194,99 113,59
5 1320,56 3870,32 -2549,76
6 1396,31 691,82 704,49
7 7449,83 6919,37 530,46
8 756,81 824,23 -67,42
9 335,26 433,2 -97,94
10 2554,86 2802,2 -247,34
11 848,48 840,9 7,58
12 416,31 360,99 55,32
13 553,82 508,7 45,12
14 901,5 776,8 124,7
15 919,54 1459,13 -539,59
16 2535,89 1983,59 552,3
17 6300,29 1032,29 5268
18 2786,35 2609,3 177,05
19 2613,84 1998,84 615
20 3175,25 3120,5 54,75
21 2873,29 2694,03 179,26
22 1798,15 1443,5 354,65
23 672,84 711,99 -39,15
24 4933,9 3027,08 1906,82
30
Com auxílio do software MICROMINE também foi possível fazer o cálculo das
massas dos realces, aplicando-se a densidade de 3,0 g/cm³ e 2,85 g/cm³ para o
minério e para a encaixante, respectivamente. A Tabela 4.2 apresenta os valores
das massas encontradas.
O realce 5 é o que apresenta maior diferença entre volumes planejados e
realizados, apresentando uma diferença de 2549,76 m³. Isto implica em maiores
gastos, devido à necessidade de carregar e transportar uma quantidade maior de
material, em determinados casos a necessidade de fazer reparos do realce para
promover melhoria da estabilidade dos mesmos, processamento de uma maior
quantidade de material, a necessidade de maiores áreas para armazenar o rejeito
gerado pelo processamento do mesmo etc.
Tabela 4.2- Análises de massas
REALCE MASSA DO REALCE
PLANEJADO (t) MASSA DO REALCE
REALIZADO (t) 1 3181,08 3084,53
2 9437,97 8549,12
3 3347,49 3381,86
4 925,74 582,18
5 3961,68 11211,1
6 4188,93 2068,80
7 22349,49 20550,08
8 2270,43 2412,37
9 1005,78 1267,53
10 7664,58 8288,30
11 2545,44 2477,73
12 1248,93 1072,51
13 1661,46 1514,33
14 2704,5 2312,04
15 2758,62 4286,51
16 7607,67 5913,42
17 18900,87 3088,13
18 8359,05 7801,50
19 7841,52 5935,68
20 9525,75 9215,07
21 8619,87 7926,98
22 5394,45 4231,96
23 2018,52 2096,82
24 14801,7 8926,90
31
Com a tabela 4.1 e 4.2 notamos que os realce 5 e 17 apresentaram os
valores extremos da análise.
No caso do realce 17 tem-se um volume de material explotado inferior àquela
que foi projetada. Este realce foi projetado para serem explotados 18900,87 m³ de
minério, mas foram lavrados apenas 3088,13 m³, o que representa uma diferença de
1906,82 m³. Essa diferença é comumente provocada pelo mal dimensionamento do
desmonte, ou até mesmo por características intrínsecas do maciço rochoso. Como o
desmonte não foi efetivo a ponto de explotar o material requerido, torna-se
necessário fazer mais desmontes, o que implica em maiores custos se comparado
ao plano inicial de avanço.
4.2 Quantificação da diluição no realce
Foram encontradas com o auxílio do software MICROMINE a representação
do modelo de blocos da diluição (Figura 4.1), o que proporcionava uma análise
visual da mesma.
Figura 4.1- Modelo de blocos da diluição
Com o lançamento da densidade do minério e da densidade rocha
encaixante, fornecidas pela empresa, foi possível calcular suas respectivas massas
para cada abertura dos realces (Tabela 4.3).
Como pode ser observado na Tabela 4.3, o realce 5 foi o que apresentou
maior quantidade de estéril acrescido no processo, ou seja, foi aquele que
apresentou a maior sobre-quebra durante a abertura do realce. O realce 7 é o que
32
apresenta o maior avanço, consequentemente é aquele que apresenta as maiores
massas de minério explotadas, 16597,62 t, mas também é aquele que retira a maior
quantidade de estéril, 3952,46 t.
Tabela 4.3- Massa de estéril e minério
REALCE ESTÉRIL ADICIONADO
(T) MASSA DE MINÉRIO EXPLOTADO
(T)
1 388,77 2695,77
2 1625,78 6923,34
3 676,68 2705,19
4 52,92 529,26
5 7596,96 3614,16
6 126,37 1942,44
7 3952,47 16597,62
8 1146,07 1266,30
9 609,24 658,29
10 2247,57 6040,74
11 854,43 1623,30
12 198,56 873,96
13 223,55 1290,78
14 348,81 1963,23
15 1726,64 2559,87
16 709,62 5203,80
17 165,98 2922,15
18 501,51 7299,99
19 1155,93 4779,75
20 2782,17 6432,90
21 2946,99 4980,00
22 1872,22 2359,74
23 743,79 1353,03
24 2932,37 5994,54
Já com os valores de massa de estéril e minério é possível fazer a
quantificação da diluição presente em cada realce. Os cálculos de diluição foram
feitos de 3 maneiras, utilizando as Equações 2.1, 2.2 e 2.3, por serem estas as mais
usuais. Os resultados obtidos foram tabelados, como segue na tabela 4.4.
Os realces 6, 17 e 18 foram os que apresentaram menor diluição se
comparados com outros analisados, apresentando respectivamente diluições de
6,51%, 5,68% e 6,87% (Valores para Eq. 2.1). Consequentemente esses realces
são os que apresentam melhor recuperação de minério e melhor geometria de
realce.
33
Já por outro lado os realces que apresentaram as maiores diluições foram os
realces 5, 8 e 9, apresentando respectivamente 210,20%, 90,51% e 92,55%
(Valores para Eq. 2.1). Sendo assim, são os realces que apresentam as piores
geometrias de realce realizado e também os que apresentam maior quantidade de
estéril.
As diluições dos realces serão as mesmas para todos os cenários, quando
utilizadas as equações 2.1 e 2.2. Apenas serão diferentes a cada cenário quando
usarmos a equação 2.3, está que é relacionado com o teor médio presente em cada
cenário utilizado.
Tabela 4.4- Diluições não planejadas dos realces (cenário 1).
REALCE DILUIÇÃO Eq. 1.1
(%) DILUIÇÃO Eq. 2.2
(%) DILUIÇÃO Eq.
2.3
1 14,42 12,60 1,14
2 23,48 19,02 1,23
3 25,01 20,01 1,25
4 10,00 9,09 1,10
5 210,20 67,76 3,10
6 6,51 6,11 1,07
7 23,81 19,23 1,24
8 90,51 47,51 1,91
9 92,55 48,07 1,93
10 37,21 27,12 1,37
11 52,64 34,48 1,53
12 22,72 18,51 1,23
13 17,32 14,76 1,17
14 17,77 15,09 1,18
15 67,45 40,28 1,67
16 13,64 12,00 1,14
17 5,68 5,37 1,06
18 6,87 6,43 1,07
19 24,18 19,47 1,24
20 43,25 30,19 1,43
21 59,18 37,18 1,59
22 79,34 44,24 1,79
23 54,97 35,47 1,55
24 48,92 32,85 1,49
34
Como pode ser observado, as equações apresentam resultados discrepantes.
Isso porque a primeira equação faz uma análise linear diluição nos realces, a
segunda faz uma análise exponencial e a última apresenta a interferência da diluição
no decréscimo do teor.
Como a diluição pode ser definida, de forma mais geral, como a adição de
material de baixo valor agregado ao minério, é de se esperar que quanto maior a
diluição maior será a redução do teor de minério. Sendo assim, foram calculados os
valores dos teores após a diluição e os mesmos foram tabelados (Tabela 4.5).
Tabela 4.5- Diluição do Teor (cenário 1).
REALCE Teor médio de Au planejado
(g/t) Teor médio de Au diluído (g/t)
1 4,1 3,58
2 4 3,24
3 5,3 4,24
4 11,3 10,27
5 15 4,84
6 7,9 7,42
7 4,9 3,96
8 9,85 5,17
9 7,5 3,90
10 5,9 4,30
11 14,9 9,76
12 16,6 13,53
13 9,8 8,35
14 16,6 14,10
15 15 8,96
16 4 3,52
17 6,1 5,77
18 6,2 5,80
19 8,89 7,16
20 8,45 5,90
21 6,6 4,15
22 5,42 3,02
23 6,63 4,28
24 16,3 10,95
35
O realce 5, aquele que apresentou a maior diluição, foi o que teve o maior
decréscimo de teor, indo de 15 g/t para 4,84 g/t. Assim como o realce 17, aquele
apresentou menor diluição, é o que apresenta menor decréscimo, de 6,1g/t para
5,77 g/t. Para fazer os cálculos da diluição, usando a equação 2.3, foram utilizados
os valor dos teores presentes em cada cenário da Tabela 3.1.
4.3 Impacto econômico da diluição
Tendo os valores dos teores esperados e os teores diluídos é possível fazer
uma análise da perda de econômica causada pela diluição. Para isso multiplicam-se
os teores, planejados e diluídos, nas respectivas massas de minérios. Com isso
encontram-se as massas de ouro esperadas e as massas de ouro presentes nos
realces realizados, Tabela 4.6.
Tabela 4.6- Massas de ouro contidas nos realces planejados e realces realizados (cenário 1).
REALCE MASSA DE Au CONTIDA NO
REALCE PLANEJADO (g) MASSA DE Au CONTIDA NO REALCE
REALIZADO (g)
1 13042.43 11052.66
2 37751.88 27693.36
3 17741.70 14337.51
4 10460.86 5980.64
5 59425.20 54212.40
6 33092.55 15345.28
7 109512.50 81328.34
8 22363.74 12473.06
9 7543.35 4937.18
10 45221.02 35640.37
11 37927.06 24187.17
12 20732.24 14507.74
13 16282.31 12649.64
14 44894.70 32589.62
15 41379.30 38398.05
16 30430.68 20815.20
17 115295.31 17825.12
18 51826.11 45259.94
19 69711.11 42491.98
20 80492.59 54358.01
21 56891.14 32868.00
36
22 29237.92 12789.79
23 13382.79 8970.59
24 241267.71 97711.00
Como 100% do ouro (Au) explotado não é recuperado pela concentração, é
necessário fazer os descontos da recuperação na flotação e da recuperação
metalúrgica, sendo essas de 97% e 93% respectivamente. Sendo assim se obtém
os valores da tabela 4.7:
Aplicando o valor da cotação do ouro à diferença de massa aproveitável de
ouro, tem-se o valor que a empresa deixou de gerar devido a execução não efetiva
de um realce projeto. A cotação empregada foi de R$140,00 /g, acessada às 11:16
am do dia 05/07/2016 (fonte: BM & Bovespa a nova bolsa);
Tabela 4.7- Massa de ouro aproveitada (cenário 1).
REALCE MASSA DE AU
APROVEITADA NO REALCE PLANEJADO (g)
MASSA DE AU APROVEITADA NO REALCE
REALIZADO (g) 1 11765,57 9970,60 2 34055,97 24982,18 3 16004,78 12933,87 4 9436,74 5395,13 5 53607,47 48905,01 6 29852,79 13842,97 7 98791,23 73366,29 8 20174,33 11251,94 9 6804,86 4453,83
10 40793,88 32151,17 11 34214,00 21819,25 12 18702,55 13087,43 13 14688,27 11411,24 14 40499,51 29399,09 15 37328,27 34638,88 16 27451,52 18777,39 17 104007,90 16080,04 18 46752,33 40828,99 19 62886,39 38332,01 20 72612,36 49036,36 21 51321,50 29650,22 22 26375,53 11537,67 23 12072,61 8092,37 24 217647,60 88145,09
37
A Tabela 4.7 apresenta as perdas econômicas por realce que a empresa teve
por não ter explotado de forma efetiva o minério. O principal problema aqui é a que a
empresa faz um projeto já esperando um determinado retorno, mas como o
processo de lavrar o minério não é feito de forma adequada, ocorre a redução
desse. No caso do cenário 1, houve uma média de R$ 4.925.300,03 a menos em
circulação no caixa da empresa, isso na maioria das vezes devido a um desmonte
menor do que havia sido planejado. A Tabela 4.8 apresenta a perda econômica por
realce do cenário 1.
Tabela 4.8- Perda econômica (cenário 1).
REALCE Perda Econômica (R$)
1 251.296,14
2 1.270.330,72
3 429.928,77
4 565.825,41
5 658.345,36
6 2.241.373,84
7 3.559.490,68
8 1.249.133,60
9 329.144,27
10 1.209.979,37
11 1.735.265,16
12 786.117,26
13 458.783,67
14 1.554.058,03
15 376.513,99
16 1.214.377,43
17 12.309.900,43
18 829.268,13
19 3.437.613,47
20 3.300.640,96
21 3.033.978,70
22 2.077.299,90
23 557.234,22
24 18.130.350,88
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Foram feitos os cálculos de perda econômica para seis cenários, sendo um
apresentando teores altos, um baixo teor, e outros quatro com teores bem
distribuídos, como mostrado na Tabela 3.1.
O cenário 3 é o que apresenta os maiores teores médios nos realces, sendo
assim, é o que apresentou a maior média de perda econômica em relação aos
demais. Já o cenário 6, o que foi o que apresentou menor média de perda
econômica (Tabela 4.9).
Tabela 4.9- Média de perdas econômicas para diferentes cenários.
Cenário 1 (R$) Cenário 2 (R$) Cenário 3 (R$) Cenário 4 (R$) Cenário 5 (R$) Cenário 6 (R$)
4.925.300,03 3.472.829,18 7.499.197,44 4.288.657,82 4.585.013,11 3.105.269,91
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5. CONCLUSÃO
A partir das análises feitas em cada realce foi possível comprovar o quão
importante é considerar a variável diluição em um projeto mineiro, pois esta implica
acréscimos de gastos e pode inviabilizar o avanço de lavra.
Os realces analisados que apresentaram a menor diluição foram os realces 6,
17 e 18, apresentando diluição de respectivamente 6,51%, 5,68% e 6,87. Estes
foram os realces que proporcionaram um material com menor quantidade de estéril
na sua composição e que chegaram mais próximos da geometria planejada. Por
outro lado, os realces 5, 8 e 9 apresentaram as piores porcentagens de diluição,
respectivamente 210,20%, 90,51% e 92,55%.
Do ponto de vista econômico, o realce 17 foi que apresentou a maior perda,
pois era esperado uma retirada de minério muito além daquela que foi efetivamente
feita no realce realizado. Esse fato implicou na menor produção de ouro e
consequentemente impactou diretamente o fluxo de caixa da empresa.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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