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CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO CAMPUS ENGENHEIRO COELHO
SUZANA LAUTERT HUGENDOBLER
RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O PROJETO DE INGLÊS SABÁTICO DO
UNASP: FOCO NAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE INGLÊS
ENGENHEIRO COELHO
2012
SUZANA LAUTERT HUGENDOBLER
RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O PROJETO DE INGLÊS SABÁTICO DO
UNASP: FOCO NAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE INGLÊS
Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Adventista de São Paulo do Curso de Tradutor e Intérprete, sob orientação da Profª Drª Ana Maria de Moura Schäffer.
ENGENHEIRO COELHO
2012
Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Adventista de São Paulo, do curso de Tradutor e Intérprete e data de aprovação.
_________________________________________________ Orientadora: Profª Drª Ana Maria de Moura Schäffer
_________________________________________________ Segundo Leitor: Profº Cleberson Luiz de Paula Neves
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus pelo cuidado e amor. Por me abençoar
imensamente em mais essa etapa de minha vida;
Deixo meu agradecimento à instituição e aos professores, que ao longo dos
anos tornaram-se minha segunda família;
Agradeço a minha orientadora, Profª Drª Ana Maria Moura Schäffer. pela
paciência e dedicação;
Agradeço a minha família que me ajudou durante mais uma jornada estudantil
e me apoiou incondicionalmente.
RESUMO
O trabalho teve por objetivo fazer uma análise do projeto de Inglês Sabático em andamento no UNASP – EC, desde o início nos anos de 1990. Os objetivos específicos foram avaliar se os propósitos para os quais o projeto foi criado têm sido alcançados pelos participantes assíduos do projeto, quais sejam, o desenvolvimento das habilidades linguísticas e da familiaridade com a língua inglesa. Para isso, a metodologia empregada para alcançar as metas do estudo foi a pesquisa de campo, por meio de questionários preenchidos pelos alunos assíduos e entrevistas feitas com os professores organizadores do projeto, os quais visavam saber, da parte dos alunos, sobre o aproveitamento dos participantes quanto ao desenvolvimento de alguma habilidade na língua inglesa; quanto aos professores, queríamos saber como eles têm visto o andamento do projeto e se acham que ele tem contribuído, de alguma forma, para o desenvolvimento de alguma habilidade dos participantes. Fizemos um estudo das estratégias elencadas por Oxford para um processo de aprendizagem bem sucedido da língua estrangeira e as comparamos com os dizeres dos alunos e professores quanto ao desempenho tido durante a participação no projeto. A hipótese que defendemos foi a de que todo participante experimenta algum tipo de mudança para melhor em sua proficiência da língua inglesa. A partir das discussões e comparações feitas decorrentes dos questionários e entrevistas, concluiu-se que, de fato, os participantes relatam melhoras em várias dimensões, recaindo ênfase maior para o desenvolvimento do vocabulário, além de melhora na proficiência linguística. Palavras-chave: Ensino-aprendizagem de línguas; Estratégias de Ensino; Habilidades linguísticas; Projeto de Inglês Sabático.
ABSTRACT
This paper aimed at analyzing the Sabbatical English project that is underway since early in the 1990s at UNASP- EC. The specific purposes were to evaluate whether the goals for which the project has been created were achieved by assiduous participants, namely: linguistic skills development and acquaintance to English language. To that end, the methodology employed to achieve our research project goal was to perform a field research, by means of questionnaires filled by regular attendant, this, aiming to find out how they take advantage of and develop some skill in English language; and also interview with teachers organizers of the project, to know how they appraise the project progress and if they feel that it has contributed in some way to the attendees English language skill development. We did a study of the strategies listed by Rebecca Oxford (1990) for a successful learning process of foreign language and we compared those strategies with the student and teachers answers with regard to the performance experienced during their participation in the project. The defended hypothesis was that, every participant experiences some kind of change for better English language proficiency. From the discussions and comparisons deriving from questionnaires filled by sabbatical English project regular attendees and interview with teachers, we concluded in fact that, the participants reported improvements in several dimensions with great emphasis on vocabulary development and language proficiency. Keywords: Language Teaching and Learning; Teaching Strategies; Language skills; Sabbatical English Project; UNASP.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................08
2 METODOLOGIA.................................................................................................................09
3 PROJETO DE INGLÊS SABÁTICO: CONSIDERAÇOES HISTÓRICAS..........................10
4 MÉTODOS E ABORDAGENS DO ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS:CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS.......................................................................12
4.1 Estratégias de ensino e aprendizagem de língua estrangeira (LE) ..........................13
4.1.1 Estratégias diretas......................................................................................................14
4.1.2 Estratégias indiretas...................................................................................................15
5 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS E QUESTIONÁRIOS.......................................................16
5.1 Alunos.............................................................................................................................16
5.1.2. Proficiência.................................................................................................................18
5.1.3. Professores.................................................................................................................19
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................20
7 REFERÊNCIAS...................................................................................................................22
ANEXOS................................................................................................................................23
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1 INTRODUÇÃO
O processo de ensino/aprendizagem de línguas tem sido foco de muitas
discussões (CELANI, 1997; PAIVA, 1998; MENEZES, 2005 e ALMEIDA FILHO,
2009) e cada vez mais os pesquisadores (além dos supracitados) se empenham em
elaborar e estudar formas de ensinar e aprender a fim de que os professores
alcancem êxito em sua missão de ensinar. Surgem dessa busca novas abordagens
de ensino que, aos poucos, vão sendo nomeadas como estratégias. Visando
abordar algumas dessas estratégias e o quanto elas têm obtido sucesso ao
aprendizes se valerem delas para aceder a uma língua estrangeira (LE), o estudo
tem entre seus objetivos proceder a uma análise avaliativa de um projeto de
ensino/aprendizagem de língua inglesa, sob a óptica do processo de ensino-
aprendizagem de línguas, ao relatar as experiências e descrever a participação dos
alunos neste ambiente extraclasse de aprendizado, conhecido como “Projeto de
Inglês Sabático”. Além da análise, busca-se também identificar a partir das
respostas ao questionário, se os frequentadores regulares descrevem melhoras na
sua proficiência linguística, após a participação no projeto, que é mantido pelo curso
de Tradutor e Intérprete desde 1999, com estudantes de vários cursos da instituição
que participam como ouvintes, ajudantes nos momentos de canto, com instrumentos
musicais, contando histórias, ou fazendo a tradução intermitente para os menos
proficientes na língua inglesa.
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2 METODOLOGIA
Para organizar a história do Projeto de Inglês Sabático, inicialmente
analisamos o projeto escrito para entender os objetivos pelos quais ele foi criado, há
cerca de vinte e dois anos, pelo professor Edley Matos dos Santos. Em seguida,
organizou-se um questionário (anexo) para ser respondido por ex-alunos e alunos
atuais, uma vez que se desejava saber a opinião dos participantes assíduos sobre a
sua assistência à classe e os possíveis benefícios que ela possa ter trazido aos
participantes.
Outro procedimento adotado foi a entrevista com os professores que
introduziram o projeto, além dos outros que têm participado ativamente até o
momento, seja compartilhando a lição da Escola Sabatina, seja coordenando o
projeto.
Após receber os questionários que, na maioria, foram enviados e recebidos
via e-mail, fizemos a análise horizontal das respostas, comparando-as entre si e
identificando elementos comuns que emergiram nas respostas dos participantes. Em
seguida, procedeu-se à análise das entrevistas gravadas com os seis professores.
De posse do material, organizou-se o quinto capítulo do trabalho, em que cruzamos
as informações obtidas com o capítulo dedicado ao estudo das estratégias de
aprendizagem de línguas que fizemos com o objetivo de identificar nos dizeres dos
participantes do Projeto de Inglês Sabático estratégias de aprendizagem que o
projeto propicia aos seus participantes.
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3 PROJETO DE INGLÊS SABÁTICO: CONSIDERAÇOES HISTÓRICAS
Com o objetivo de descrever quando foi fundado o Projeto de Inglês Sabático,
entrevistamos os fundadores: Edley Matos dos Santos e Tânia Siqueira. Fizemos as
seguintes perguntas a cada um deles: — Como fundadores do projeto, vocês têm
lembrança de quando começou? Por que pensaram em criar a classe de inglês? Ao
analisar as respostas, identificamos alguns períodos de suma importância para a
história do Projeto.
Conforme relatos do principal fundador do Projeto, professor Edley Matos, ao
chegar ao Unasp, na década de 1990, cultivava o sonho de organizar uma classe de
inglês, à semelhança das existentes nos lugares onde trabalhou anteriormente. Seu
desejo se intensificou ao perceber que quase ninguém falava inglês na época; foi
então que uniu forças com um aluno recém-chegado dos EUA e aos poucos
começou o projeto de inglês sabático. No início eram apenas os dois, professor e
aluno, que não tinham sequer o material básico dos encontros, isto é, a lição da
escola sabatina1.
Em meados da década de 1990, outra professora, Tania Siqueira, se junta ao
projeto que se fortalece cada vez mais. Em 1999, com a inserção do curso de
Tradutor e Intérprete, o projeto foi oficializado, cujos objetivos eram congregar os
discentes com interesses comuns no estudo aprofundado da bíblia e da língua
inglesa, incentivar a prática oral de inglês, motivar a interação em língua inglesa
entre docentes/discentes e discentes/discentes e possibilitar contato direto com a
língua inglesa para aprimoramento linguístico a partir do estudo de materiais
autênticos produzidos em inglês.
O projeto, inicialmente, visava a atender os alunos dos cursos de Letras e
Tradutor e interprete. No entanto, alunos de outros cursos começaram a se
interessar pelos encontros e, com o passar dos anos, muitos têm se beneficiado
dele, alcançando, na atualidade, uma assistência de mais de cem pessoas.
1 A lição da escola sabatina é um material distribuído via assinatura, trimestralmente, pela Casa
Publicadora Brasileira e que costuma ser lida semanalmente pelos adeptos da religião Adventista do Sétimo Dia. Os textos da lição seguem estudos embasados na bíblia e aos sábados costumam ser discutidos em grupo.
11
A partir de 2000, outros professores passaram a participar do projeto,
incentivando pessoas da comunidade assistirem às classes. Entre esses
professores estão Ana Schäffer, Sônia Gazeta e Eliel Unglaub.
Atualmente, o Projeto de Inglês Sabático acontece semanalmente, aos
sábados, das 10h30 às 12h, no auditório das faculdades do UNASP-EC e compõe-
se de momentos diferentes: boas-vindas, momentos de canções de músicas
variadas, informativo mundial (notícias dos campos missionários), relatos de
experiências pessoais e estudo aprofundado e discussões da lição da escola
sabatina.
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4 MÉTODOS E ABORDAGENS DO ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS:
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS
Nesta seção, o objetivo é apresentar uma sequência sucinta dos métodos e
abordagens destinados a facilitar o processo de ensino-aprendizagem de línguas e
seus respectivos autores. E de conhecimento geral, a partir das leituras que temos
feito (FRANK, 2008; CELANI, 2004;) que o ensino de uma segunda língua tem sido
incentivado de todas as formas e com métodos diferentes no mundo globalizado,
sendo o inglês a língua mais buscada.
No começo da década de 1970, o mundo do ensino de línguas estava no
auge do movimento metodológico audiolingual. O ensino do idioma no Brasil nessa
época era guiado por métodos de ensino baseados no modelo reconhecido como
APP (apresentação, prática e produção).
Apresentando o modelo APP o estudioso ALMEIDA FILHO (2009, p. 1)
descreve as lições como:
Inúmeras sequências de repetições buscavam implantar os pontos de ensino e o vocabulário que se pedia na memória (ainda que um tanto curta) dos aprendizes. Envolvidas em muita oralidade, as lições eram ensaiadas e muitos exercícios desfiados com o intuito de se chegar ao domínio da nova língua.
Embora não fossem essas atividades e procedimentos nomeados como
estratégias, de algum modo, já apresentavam sugestões de como se ensinar a
língua e, por isso, os procedimentos iam sendo modificados, buscando alcançar o
melhor método de aprendizagem da língua.
No auge do movimento audiolingual se dá o surgimento de um
contramovimento que trazia filosofias contrastantes de língua/linguagem, aprender e
ensinar, que por fim foi denominado comunicativo. Em contraste com o movimento
audiolingual o movimento comunicativo tinha por estratégia, segundo Almeida Filho
(2009) ensinar uma nova língua na vivência relevante da língua alvo e adquirir uma
firme capacidade de uso desse idioma-alvo.
Assim passamos dos métodos e estratégias rígidos (repetições, lições
ensaiadas) para uma posição mais descontraída (vivência), onde o aluno passa a ter
contato mais real com a língua.
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Por volta dos anos 60 do século XX, houve muita interferência indevida dos
estudos gramaticais no ensino de línguas; levantaram-se então algumas críticas e os
artigos de Newmark (1960) e de Newmark & Reibel (1968) são ótimos exemplos
disso. Em 1966, Noam Chomsky, o grande linguista gerativo-transformacional,
desestimulou com lucidez num evento importante de linguistas nos Estados Unidos
a aplicação generalizada de ideias linguísticas no ensino de línguas, sob a alegação
de que uma teoria de língua não era o mesmo que uma teoria da aprendizagem de
uma (nova) língua (ALMEIDA FILHO, 2009). A mudança para o modelo
comunicativo não abandonou totalmente o método audiolingual, este foi suplantado
ou modificado com o intuito de se adequar à nova geração de aprendizes de língua
estrangeira.
Com o intuito de ensinar uma língua estrangeira à nova geração de
aprendizes, desenvolveram-se ao longo do tempo muitas estratégias e metodologias
de ensino, numa tentativa de atender aos vários tipos de aprendizes; isto é, àqueles
com mais facilidade, outros com dificuldades devido a fatores diversos como as
diferentes faixas etárias, a classe social e a disponibilidade de contato com a língua,
entre outros. Ou seja, os desenvolvimentos linguísticos nesta direção buscaram
levar em conta um conjunto de elementos para avaliarem, de alguma forma, o
sucesso do aprendizado. Isto é confirmado por O`malley & Chamot (1990) que
apontam métodos e estratégias que têm sido desenvolvidos com o objetivo de
facilitar a aprendizagem. No tópico que segue, apresentaremos algumas estratégias
elaboradas e discutidas por Oxford (1989) e que consideramos importantes para o
nosso estudo.
4.1 Estratégias de ensino e aprendizagem de língua estrangeira (LE)
Considerando-se a importância que as estratégias assumem para a pesquisa,
julgamos pertinente definir antes de tudo, o que é uma estratégia; traremos pelo
menos, duas definições que remetem ao nosso interesse de pesquisa;
primeiramente, apresentamos a de Cohen et ali (apud PAIVA, 1998, p.1):
Estratégias de aprendizagem e de uso da língua estrangeira são passos ou ações selecionados pelos aprendizes para melhorar a aprendizagem ou o uso da língua, ou ambos. (...), são pensamentos
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e comportamentos conscientes que os alunos utilizam para facilitar as tarefas de aprendizagem e personalizar o processo de aprendizagem da língua.
Em seguida, a definição de Oxford (1990, p. 1) (apud VILAÇA, 2010, p.2):
Passos dados pelos estudantes para melhorar sua aprendizagem. As estratégias são especialmente importantes na aprendizagem de línguas porque elas são ferramentas para um envolvimento ativo e autodirigido, o que é essencial para o desenvolvimento da competência comunicativa. Estratégias de aprendizagem de línguas apropriadas resultam em proficiência aperfeiçoada e maior autoconfiança.
A partir da definição do que é estratégia, buscamos classificá-las, conforme a
sua aplicabilidade em nossa pesquisa. Para Paiva (1998), O’Malley & Chamot
(1987) e Oxford (1989) trazem as descrições de estratégias mais abrangentes e que
contemplam vários aspectos do processo de ensino-aprendizagem de línguas.
Vejamos então a classificação de Oxford (1989) em que ela divide suas
estratégias em dois grandes grupos que se subdividem em três subgrupos; as
primeiras são chamadas de estratégias diretas, e que envolvem memória, cognitivas
e compensação; a segunda é chamada de estratégias indiretas, e envolvem
metacognitivas, afetivas e sociais.
4.1.1 Estratégias diretas
É, segundo Oxford, a estratégia de memória; isto é, a armazenagem e
recuperação de informações novas; é o que envolve a criação de ligações mentais
na memória, a aplicação de imagens e sons, a revisão de informações e o emprego
de ações. Dentro das estratégias diretas, a autora classifica as cognitivas que,
segundo Oxford, seria a participação do aprendiz no processo, por meio da
compreensão e produção de novos enunciados ao manipular e transformar a língua
alvo. A última classificação dentro das diretas é a compensação; isto é, o auxílio na
compreensão e produção da nova língua apesar das limitações no conhecimento.
Elas se subdividem principalmente em suposições e superação da limitação escrita
e verbal.
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4.1.2 Estratégias indiretas
As estratégias indiretas são subdivididas em três momentos: as
metacognitivas que tem a ver com o planejamento, controle e avaliação da
aprendizagem; as afetivas, aquelas que regulam a emoção, as atitudes, os valores e
a motivação, promovendo a diminuição da ansiedade, o auto-encorajamento e o
controle emocional; por último, as estratégias sociais, ou seja, aquelas que levam ao
processo de interação e cooperação dos aprendizes uns com os outros.
A partir da divisão de estratégias de Oxford (1989), PAIVA (1998) se dedicou,
por meio de pesquisas práticas, a comprovar no emprego efetivo das mesmas a sua
eficácia, utilizando relatos individuais escritos e o questionário já aplicado por Oxford
(1989) – SILL (Strategy Inventory for Language Learning [Inventário de estratégias
para o aprendizado de línguas]); na primeira etapa chegou à conclusão de que a
leitura era um dos meios mais utilizados para se aprender a língua; em seguida era
assistir a filmes, conversar em inglês e ouvir músicas em inglês. A segunda etapa da
pesquisa respaldou os resultados da primeira e ainda reforçou o fator que as
pessoas que moraram ou tiveram uma experiência no exterior (país falante da língua
em processo de aprendizagem) apontaram como a forma mais rápida e eficaz de se
adquirir a língua alvo, dando com isso apoio ao método de ensino comunicativo que
aponta a vivência como um dos fatores mais importantes no aprendizado.
A pesquisa apontou que as estratégias mais utilizadas são as metacognitivas,
sendo as menos usadas as de memória e as afetivas. Dentre as estratégias
metacognitivas, os alunos indicaram como a mais utilizada a atenção prestada no
momento em que alguém está falando a língua estrangeira; a menos utilizada foi a
procura de pessoas com quem praticar a nova língua (PAIVA, 1998).
É revelado também na pesquisa que a maioria dos alunos tem medo de falar
a LE; para aplacar esta dificuldade, uma das estratégias sugeridas por Oxford (1989)
é que a pessoa mantenha a calma sempre que sentir medo de usar a LE. PAIVA
chega à conclusão de que as pessoas aprendem de forma diferente, em decorrência
de seus diferentes estilos e contextos de aprendizagem. Cabe ao aprendiz descobrir
a melhor estratégia a ser utilizada por ele mesmo, segundo o seu estilo de aprender.
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5 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS E QUESTIONÁRIOS
A partir dos dados obtidos no questionário feitos aos alunos que frequentam
com regularidade o projeto de inglês sabático vamos dividir esse capitulo em três
partes, a primeira parte faremos uma análise das respostas dos alunos e
buscaremos encontrar pontos em comum entre si e mostra-los. Na segunda parte
identificaremos as respostas que são atribuídas e que identificamos como melhora
na proficiência da língua inglesa.Na terceira parte avaliaremos as entrevistas feitas
aos professores identificando os valores que eles atribuem ao projeto de inglês
sabático.
5.1 Alunos
Respondendo a primeira pergunta do questionário sobre o motivo de
participarem do projeto, a maior parte dos entrevistados respondeu que busca a
classe para aprender inglês, seguido pela oportunidade de praticar inglês, apesar de
alguns participarem apenas pela curiosidade que a língua estrangeira produz.
Seguem dois fragmentos exemplificando os motivos:
Fragmento 1: [...] ao chegar ao UNASP para cursar tradutor e intérprete, vi na Escola Sabatina uma oportunidade de entrar em contato com a língua estrangeira e melhorar todas as habilidades que envolvem o aprendizado do inglês. (grifo nosso)
Fragmento 2: Primeiro pela curiosidade, pois nunca havia visitado uma reunião como a classe e também porque sabia que seria mais uma oportunidade para aprender ainda mais. (grifo nosso)
Fragmento 3: [...] Mas desperta a curiosidade e vontade de aprender. (grifo nosso)
Prosseguindo com a análise das respostas, percebemos que os alunos
buscam na assistência à classe, além do aprendizado, o contato com um ambiente
autêntico no qual haja oportunidades de práticas orais da língua; isto é, contato com
diferentes falantes nativos, de diferentes países do mundo. Além disso, a interação
social com os participantes foi outro motivo que emergiu nos dizeres, como algo
positivo do projeto, promovendo espaço de se manifestarem oralmente por meio da
participação na programação. Para ilustrar, seguem quatro fragmentos que apontam
para isso:
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Fragmento 4: Para ter contato com a língua inglesa. (grifo nosso)
Fragmento 5: [O projeto] oferece ao aprendiz a maior ferramenta que vai de fato auxiliar no processo de aprendizado: A vivência com a língua, além de proporcionar contato com diversas formas de se falar o inglês tendo em vista que são pessoas de diferentes partes do mundo que por vezes dirigem a ES. (grifo nosso)
Fragmento 6: Talvez não aprender, mas estar em contato com a língua e com nativos, dando suporte ao inglês desenvolvido até o momento. (grifo nosso)
Fragmento 7: [...] alem de ser um ambiente agradável, com pessoas agradáveis [...] todos se sentem a vontade para participar, dar sua opinião ou apenas ler a bíblia e orar. (grifo nosso)
Interessante observar que emerge nesses fragmentos o desejo de se
familiarizar com a língua inglesa por meio do contato e da vivência com ela. Isto nos
remete à Oxford (1990), quando a autora elenca as estratégias que circundam o
aprendizado de línguas. A questão desse desejo de entrar em contato com a LE
expressado pelos participantes do projeto vincula-se à estratégia indireta, isto é,
vinculada ao desejo de sociabilidade por meio da LE.
As habilidades dos alunos que vão emergindo ao longo da assistência ao
projeto se devem também a inserção de novas palavras, o aprendizado de um novo
vocabulário e a pronúncia das palavras. Outro aspecto que também se apresenta é
a situação de casos reais, estes abordados através dos relatos pessoais ou pelo
informativo mundial. Seguem alguns fragmentos para ilustração desse aspecto:
Fragmento 8: Não para aprender o inglês propriamente dito, mas para poder praticar o que já sabe, e aprender palavras novas para enriquecer seu vocabulário. (grifo nosso)
Fragmento 9: Musical, as músicas são uma das melhores formas de desenvolver o inglês ou qualquer outro idioma. (grifo nosso)
Fragmento 10: A parte com que mais me identifico é a carta missionária, simplesmente porque geralmente as pessoas que contam os testemunhos, são os personagens principais das histórias e isso me fascina muito. (grifo nosso)
Fragmento 11: [...] Carta missionária, pois traz assuntos de outras partes do mundo.
Fragmento 12: [...] é uma forma ótima de ouvir, e também aprender as pronuncias certas de palavras. Também, é interessante aprender certos termos bíblicos em inglês. (grifo nosso)
A estratégia de memória abrange a armazenagem e a recuperação de novas
informações (Oxford, 1990) podemos então observar que os alunos ao identificar
novas palavras às absorvem e às trazem para o seu próprio vocabulário. Outra
estratégia que emerge nesse contexto é a estratégia cognitiva que abrange a
manipulação e transformação da língua alvo pelo aprendiz, representados pelos
relatos de experiências pessoais.
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Verificamos que para cada aluno o método de aprendizagem é diferente, e
que ao frequentarem o projeto, uns se identificam mais com as estratégias diretas,
que envolvem as músicas que são cantadas, as discussões e os relatos, enquanto
outros se identificam mais com alguma das estratégias indiretas, que são, no caso
do projeto, a interação social e cooperação dos aprendizes uns com os outros.
5.1.2Proficiência
Na seção 4, apresentamos três definições de estratégias. A de Oxford nos
interessa neste subtópico, pois ela reforça as estratégias de aprendizagem
apropriadas para o desenvolvimento da proficiência, aperfeiçoada pela
autoconfiança. É pertinente observar que na definição de estratégia feita por Oxford
o objetivo é melhorar a aprendizagem resultar em proficiência. Isto é; os alunos que
se utilizam das estratégias de ensino empregadas durante o projeto de inglês
sabático obtém um melhoramento em sua proficiência na língua inglesa. Através dos
fragmentos a seguir, retirados das entrevistas feitas aos professores podemos
observar de forma clara os benefícios atribuídos ao projeto.
Fragmento 17: As mudanças certamente ocorrem, pois o aluno tem a oportunidade de se expor à língua inglesa; e sabemos que a exposição à língua estrangeira é fundamental para que o processo de aprendizagem ocorra. (grifo nosso)
Fragmento 18: [...] com certeza! [...] eu acho que isso contribui muito... nas quatro habilidades...principalmente nas habilidades escrita ... porque quem estuda a lição e escreve... tá trabalhando as quatro habilidades ... {... então seria... escutar... falar... responder e envolveria as quatro habilidades...}... habilidades orais... compreensão de leitura ...produção escrita ...e a produção da fala . (grifo nosso)
Fragmento 19: [...] eu acredito que sim em noventa e nove por cento dos casos... [...] eu acredito que mesmo aquelas pessoas que chegam ali por curiosidade eles acabam tendo contato... pois ali tem... você tem língua e ação... língua e ação...ou língua em ação... (grifo nosso)
Os exemplos acima identificam a ocorrência de mudanças para melhor na
proficiência dos alunos que frequentam o projeto de inglês sabático, considerando-
se que um dos fatores de maior influência, conforme o dizer dos estudantes, foi a
exposição à língua; outro aspecto ao qual os fragmentos apontam é que essa
melhora na proficiência da língua inglesa se deu graças à assistência regular ao
projeto.
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5.1.3 Professores
Ao observarmos as respostas dos professores, verificamos que estas estão
em consonância com os objetivos relacionados ao projeto de inglês sabático. Nestes
se destacam a oportunidade que o aluno tem de exposição a uma LE, a um
ambiente autêntico com situações de uso real da língua, o que promove o
desenvolvimento de um novo vocabulário que pode ser associado ao aprendizado
de novas palavras e também à exposição à LE; além disso, no dizer dos
professores, o projeto tem contribuído para a melhora da habilidade do “listening”,
isto é, a capacidade de compreensão oral. Consideremos alguns fragmentos
retirados das entrevistas dos professores:
Fragmento 13: A participação em um projeto de classes bíblicas em inglês numa escola confessional ou num contexto de igreja constitui um excelente recurso para a aprendizagem da língua inglesa. As mudanças certamente ocorrem, pois o aluno tem a oportunidade de se expor à língua inglesa; e sabemos que a exposição à língua estrangeira é fundamental para que o processo de aprendizagem ocorra. (grifo nosso)
Fragmento 14: Porque na sala de aula nem sempre ocorre situações reais de uso (sic)... o professor às vezes usa o material didático... ele usa o exercício... usa o livro... mas ali quando você se expõe a língua... você se vê numa situação real de uso da língua... (grifo nosso)
Fragmento 15: [...] por ser um ambiente natural... isso ajuda muito... um ambiente natural ele proporciona a aquisição... então faz com que as pessoas se interessem mais.
Fragmento 16: Acredito que eles podem melhorar o vocabulário e também a compreensão auditiva se eles tiverem uma regularidade. (grifo nosso)
Podemos perceber que as respostas dadas tanto pelos professores quanto
pelos alunos se assemelham de certa forma; reconhecemos que a maior parte dos
alunos busca o projeto de inglês com o objetivo de desenvolver seu inglês em um
ambiente autêntico, onde se faz uso real da língua. A presença de falantes nativos
representa também um atrativo para os que querem praticar e, por último, congregar
os interessados num aprofundamento tanto do estudo da bíblia quanto da língua
inglesa.
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6 CONSIDERAÇOES FINAIS
Ao iniciarmos a pesquisa, colocamos como objetivo analisar o projeto de
Inglês Sabático, em andamento no UNASP, desde o início nos anos de 1990, além
de tentar avaliar se os propósitos para os quais ele foi organizado têm sido
alcançados. Estes objetivos, no geral, foram alcançados, considerando-se que os
alunos que frequentam com regularidade o Projeto de Inglês Sabático relataram
terem melhorado várias de suas habilidades linguísticas, graças à participação no
projeto. Entre as habilidades destacadas pelos respondentes do questionário, a
proficiência na língua e a familiaridade com ela foram as mais mencionadas, além da
possibilidade de participarem em um ambiente autêntico falante de inglês, como foi
relatado.
Quanto à hipótese elaborada para o trabalho, a de que todo participante
experimenta algum tipo de mudança para melhor em sua proficiência da língua
inglesa, percebemos que ela se confirma, não só pelos dizeres dos estudantes, mas
também pela constatação dos próprios professores mentores do projeto que, nas
suas entrevistas se manifestaram favoráveis à continuidade do projeto pela forma
como ele agrega conhecimento da LE e tem auxiliado na expansão de outras
habilidades sociais e interativas da língua.
Interessante ainda observar que, a princípio, muitos buscaram o projeto como
algo diferente, como fuga de outras classes, apenas por curiosidade, mas acabaram
se envolvendo e se beneficiando. Tanto nos questionários, quanto nas entrevistas
com professores identificamos que os alunos buscavam aprender a língua inglesa,
se familiarizar com ela e aperfeiçoar os conhecimentos já adquiridos da mesma; no
projeto, aqueles menos proficientes encontraram uma maneira divertida e dinâmica
de alcançar os seus objetivos de aceder à língua; já os que tinham conhecimento e
habilidades desenvolvidas, viram no projeto uma forma de manutenção da LE.
Entendemos, no entanto, que o desenvolvimento do aluno não se limitou apenas à
assistência ao projeto, mas a outros fatores, como colocar a língua em prática em
outros momentos, fora o período do projeto.
A pesquisa apontou para a necessidade de outros projetos como este para
que mais estudantes tenham acesso a outras línguas que desejam aprender.
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Esperamos que este relato motive novas iniciativas e que em breve o Brasil saia do
ranking vergonhoso de ser um dos países mais atrasados em termos de
conhecimento de uma segunda língua.
22
REFERÊNCIAS
ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes de. Raízes do Ensino Comunicativo de Línguas. Revista Helb, 2009. Disponível em: <http://www.helb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=113:raizes-do-ensino-comunicativo-de-linguas&catid=1082:ano-3-no-03-12009&Itemid=10> Acesso em: Outubro de 2012
CELANI, Maria Antonieta Alba. Ensino das línguas estrangeiras: olhando para o futuro. In: ______, (org.). Ensino de segunda língua: redescobrindo as origens. São Paulo: EDUC, 1997.
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23
ANEXO A
QUESTIONÁRIO PARA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Questionário feito aos alunos que frequentam o Projeto de Inglês Sabático.
24
ANEXO B
QUESTIONÁRIO FEITO AOS PROFESSORES MENTORES DO
PROJETO DE INGLÊS SABÁTICO