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    Universidade Anhanguera-UniderpRede de Ensino Luiz Flvio Gomes

    DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL DAS CIDADES

    VANESSA PINHEIRO BEZERRA

    CAMPO GRANDE/MS2011

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    VANESSA PINHEIRO BEZERRA

    DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL DAS CIDADES

    Monografia apresentada ao Curso de Ps-Graduao lato sensu TeleVirtual em DireitoAmbiental e Urbanstico, na modalidadeFormao para o Magistrio Superior, comorequisito parcial obteno do grau deespecialista em Direito Ambiental e

    Urbanstico.

    Universidade Anhanguera-Uniderp Rede de Ensino Luiz Flvio Gomes

    Orientador: Prof.

    CAMPO GRANDE/MS2011

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    TERMO DE ISENO DE RESPONSABILIDADE

    Declaro, para todos os fins de direito e que se fizerem necessrios, que isentocompletamente a Universidade Anhanguera-Uniderp, a Rede de Ensino Luiz FlvioGomes, e os professores indicados para compor o ato de defesa presencial de todae qualquer responsabilidade pelo contedo e idias expressas na presente

    monografia.

    Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em casode plgio comprovado.

    Campo Grande, 11 de maio de 2011.

    VANESSA PINHEIRO BEZERRA

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    RESUMO

    Este trabalho traz consideraes pertinentes para traar um caminho deentendimento acerca da poltica urbana rumo cidade sustentvel. Define a funosocial da propriedade urbana, enfatizando a qualidade de vida e a justia social.Discorre sobre o termo sustentabilidade e suas dimenses. Em seu captulo doisaborda questes ligadas ao crescimento urbano sustentvel, principalmente sobre apoltica urbana. Finalizando, o trabalho aborda as questes envolvendo a temticadas cidades sustentveis, definindo a importncia do plano diretor e os instrumentosde poltica urbana.

    Palavras-chave: Funo social da propriedade urbana, sustentabilidade,crescimento urbano sustentvel, plano diretor, instrumentos de poltica urbana,cidade sustentvel.

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    ABSTRACT

    This work provides relevant considerations to determine a way of understanding theurban policy towards the sustainable city. Defines the social function of urbanproperty, emphasizing quality of life and social justice. Discusses the termsustainability and its dimensions. In his chapter two discusses issues related tosustainable urban growth, especially on urban policy. Finally, the paper addressesthe issues surrounding the topic of sustainable cities, defining the importance of themaster plan and urban policy.

    Key words: Social function of urban property, sustainability, sustainable urbangrowth, the master plan, urban policy, sustainable city.

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    SUMRIO

    INTRODUO 1

    CAPTULO 1 21. Funo Social da Propriedade Urbana 21.1. Qualidade de vida 21.2. Justia Social 31.3. Sustentabilidade 5

    CAPTULO 2 72. Crescimento Urbano Sustentvel 72.1 Polticas Urbanas 7

    CAPTULO 3 103. Construindo uma cidade sustentvel 103.1 Previso constitucional da poltica Urbana 103.2 Participao da sociedade 113.3 Plano Diretor 123.4 Pressupostos essenciais construo de uma cidade sustentvel. 133.4.1 Crescimento sustentvel 133.4.2 Dicotomia proteo ambiental / desenvolvimento social 133.4.3 Dilogo entre a Agenda 21 brasileira e as atuais opes de

    desenvolvimento 143.4.4 Inovao e disseminao das boas prticas 14

    2 CM

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    3.4.5 Fortalecimento da democracia 143.4.6 Informao para tomada de deciso 14

    3.5 Zoneamento Urbano 153.6 Instrumentos para uma cidade sustentvel 16

    CONCLUSO 18

    REFERNCIAS 19

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    INTRODUO

    O suficiente para todos e para sempre. Esta expresso extrada daCarta da Terra resume tudo o que j foi construdo em matria de desenvolvimentoscio-ambiental no Brasil.

    O que se busca o equilbrio entre a preservao ambiental e odesenvolvimento econmico. essa dicotomia motivadora que impulsiona o poder pblico e a sociedade a trabalharem juntos para se obter um denominador comum,que no caso o desenvolvimento sustentvel.

    O Brasil no estava preparado para a exploso demogrfica urbana toacelerada. E essa forma de ocupao ocorrida e que no foi planejada, acarretouproblemas dos quais as cidades padecem atualmente.

    H um grande desafio pela frente: adequar as cidades existentes aosmodelos delineados pela legislao considerados modelos de cidades sustentveis,que primam pela justia social e a qualidade de vida digna para seus habitantes.

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    CAPTULO 1

    1 FUNO SOCIAL DA PROPRIEDADE URBANA

    De acordo com o Estatuto da Cidade, em seu art. 39, a propriedadeurbana cumpre sua funo social quando atende s exigncias fundamentais deordenao da cidade, expressas no plano diretor, assegurando o atendimento dasnecessidades dos cidados quanto qualidade de vida, justia social e aodesenvolvimento das atividades econmicas.

    Pode-se subtrair desse dispositivo o trip de sustentao para oentendimento do conceito de cidades sustentveis: qualidade de vida, justia social

    e desenvolvimento das atividades econmicas. A propriedade urbana no pode ser considerada como um direito

    absoluto, ilhado de qualquer fator conseqente e dependente do exerccio dessedireito.

    A funo social da propriedade deve estar em conformidade com oobjetivo global do desenvolvimento sustentvel que o crescimento econmico esocial duradouro, que no dilapide o patrimnio natural das naes ou perturbedesastradamente os equilbrios ecolgicos.

    1.1 Qualidade de vida

    Nas cidades, principalmente nas de maior porte, as aes do homem ocorremde forma intensa e rpida, provocando modificaes, muitas vezesirreversveis, com prejuzos para o ambiente e para si prprios.

    Mota, Suetnio. Urbanizao e Meio Ambiente. 3 Ed. Rio de Janeiro, Editora ABES, 2003, p. 28.

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    As aes do homem, aqui consideradas no processo de urbanizao,quando realizadas de forma desordenadas, desrespeitando as diretrizesfundamentais, podem afetar diretamente e comprometer a qualidade de vida.

    A qualidade de vida est garantida quando se consideram na equaocrescimento x sustentabilidade, as necessidades biolgicas e culturais.

    O prprio Estatuto da Cidade, em seu art. 2, determina as diretrizesgerais na utilizao da poltica urbana. Mas podemos sintetizar essa idia dequalidade de vida no inciso I do referido artigo. Esse garante o direito cidadesustentvel, que o direito terra urbana, moradia, ao saneamento ambiental, infra-estrutura urbana, ao transporte e aos servios pblicos, ao trabalho e ao lazer.

    O que se quer garantir a vida em sua plenitude, que ultrapassa a merasobrevivncia fsica.

    1.2 Justia Social

    uma garantia constitucional fundamental dignidade da pessoahumana. Buscar a justia social satisfazer a esse princpio.

    No contexto de ordenamento urbanstico essa busca deve significar ainstitucionalizao do justo na cidade.

    Esse tema abrange vrios aspectos quanto ao surgimento edesenvolvimento de uma cidade.

    Sabendo-se que o xodo para a cidade marcada principalmente pelabusca de melhores condies de vida. Se esse processo no se der de forma bemplanejada pode acarretar grandes aberraes sociais nas localidades urbanas.

    Um quadro muito sintomtico do desequilbrio social a excluso social esegregao espacial das cidades.

    A excluso social um dos grande problemas ambientais das cidades. OEstatuto da Cidade, em seu art. 2, define as diretrizes que devem ser seguidas pelomunicpio ao elaborar sua poltica urbana, todas voltadas para garantir cidades justas, em que todos, pobres ou ricos, desfrutem dos benefcios de urbanizao.

    Machado, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. So Paulo, Malheiros Editores, 2005, p.367

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    No existe sustentabilidade onde grande parte da populao encontra-semarginalizada. Na atual conjuntura brasileira esto margem da sociedade,no apenas os moradores das periferias, os desempregados, os famintos, osque no possuem acesso aos servios pblicos de sade e educao, mastambm todos aqueles que se encontram encarcerados entre quatro paredes,pela perda cada vez maior de valor que tem sofrido o espao pblico,notadamente pela degradao e diminuio dos espaos comunitrios e delazer, e pelo crescimento da violncia urbana.

    Muito recentemente nos defrontamos com catstrofes da natureza queresultam em muitas mortes e famlias inteiras desabrigadas. Essas tragdiasforaram a sociedade e o poder pblico a olhar mais profundamente o problema daocupao irregular nas cidades.

    Sabemos que a ocupao dessas reas, onde ocorreram as tragdias,que so reas denominadas APPs, feita de forma desordenada e sem nenhumrespaldo legal. Mas como no h um justo acesso aos centros urbanos, a populaocarente, que no possui recursos para adquirir uma propriedade segura, arrisca-senessas reas que so potencialmente candidatas a desastres ecolgicos seocupadas indevidamente.

    Diante disso importante fazer valer o Estatuto da Cidade e o planodiretor, que vo garantir o combate a segregao , a excluso territorial, a cidadedesumana, desigual e ambientalmente predatria.

    H a necessidade de adoo de polticas pblicas visando a erradicar odficit habitacional e a proporcionar melhores condies de vida s populaesurbanas.

    Uma cidade prspera e vivel economicamente, deve-se pautar pelaadoo e implementao de planos diretores participativos, com o objetivo de

    construir cidades includentes, democrticas e sustentveis, com as seguintesdiretrizes: a) incluso territorial, que visa assegurar aos pobres o acesso terraurbanizada e bem localizada, garantindo tambm a posse segura e inequvoca demoradia das reas ocupadas por populao de baixa renda; b) gesto democrticapara oferecer instrumentos que assegurem a participao efetiva de quem vive econstri a cidade nas decises e na implementao do plano; c) Justia social,

    Viana, Marcos Vincius Rocha. Desenvolvimento e Direito a cidade Sustentvel. Centro de Cincias.Departamento de Direito Privado/Monitoria.

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    Visando a distribuio mais justa dos custos e benefcios do desenvolvimentourbano.

    No seguimento desse raciocnio podemos dizer que o desenvolvimentodas atividades econmicas deve-se dar de forma sustentvel, no visando apenas olucro, mas sim, considerando-se as limitaes locais e os anseios das populaesurbanas.

    1.3 Sustentabilidade

    Partindo-se da definio de que desenvolvimento sustentvel aqueleque atenda s necessidades do presente sem comprometer a capacidade dasgeraes futuras de suprir suas prprias necessidades, vemo-nos forados aencarar um horizonte muito mais amplo na questo da sustentabilidade.

    A noo de sustentabilidade contida no Relatrio Brundtland rompe com a

    idia da preservao ambiental como sinnimo de intocabilidade dos recursosnaturais. Neste documento a noo de sustentabilidade construda a partir dediferentes dimenses, as quais devem ser consideradas no planejamento dodesenvolvimento. Essas dimenses devem alicerar toda uma poltica decomportamento que garanta um inter-relao necessria de justia social, qualidadede vida, equilbrio ambiental e ruptura com o atual padro de desenvolvimento.

    O preceito de sustentabilidade comporta dimenses ecolgica, social,

    econmica, cultural e espacial ou territorial. A sustentabilidade ecolgica consiste na preservao das fontes de

    recursos naturais e energticos, garantindo um uso equilibrado do meio ambientecom o mnimo impacto possvel. O que implica que, na escolha de sistemas deproduo, deve-se privilegiar os que combinam duas qualidades essenciais para asustentabilidade baixo consumo de energia, com menor efeito poluidor, quer sejano volume de dejetos produzidos, quer seja em termos de grau de impactoambiental gerado.

    A sustentabilidade social visa garantir o princpio basilar que a funosocial. Todo desenvolvimento deve vir atrelado ao objetivo de garantir igualdade de

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    condies a todos. Para tanto, a alocao dos esforos deve ser em gerar dinmicasque reduzam a excluso social e ampliem os mecanismos para promover uma maior igualdade na sociedade.

    A sustentabilidade econmica garante que o aspecto econmico devaestrutura-se em uma distribuio e gesto mais eficientes dos recursos e por umfluxo regular de investimento pblico e privado. A medida da eficincia econmicaseria o equilbrio macrossocial, e no mais a lucratividade empresarial. Neste critrioeconmico para a sustentabilidade inclui-se a necessidade de equilbrio nodesenvolvimento inter-setorial e capacidade de modernizao dos meios deproduo, pressupondo-se autonomia na gerao e disseminao do conhecimento.

    A sustentabilidade cultural deve garantir que na busca por modelos dedesenvolvimento, se preze a pluralidade de solues e a valorizao da diversidadedas culturas locais. o equilbrio entre o respeito tradio e a busca de inovao.

    A sustentabilidade espacial sugere minimizar a densidade geogrfica, aocupao desordenada de populaes, a concentrao de atividades e acentralizao do poder. Objetiva o equilbrio na relao cidade/campo.

    Na realidade pode-se resumir toda a idia de sustentabilidade em uma

    simples frase que se encontra na Carta da Terra: O suficiente para todos e parasempre.

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    CAPTULO 2

    2 CRESCIMENTO URBANO SUSTENTVEL

    A Constituio de 1988, em seu art. 182, define de modo bem claro todo oprocedimento a ser observado no planejamento urbano.

    A primeira diretriz apontada pela constituio a necessidade deimplantao de polticas de desenvolvimento urbano. Estabelece tambm que essapoltica de responsabilidade do poder pblico dos Municpios.

    Esse artigo foi regulamentado pelo Estatuto da Cidade em 2001. Comisso instituiu-se o plano diretor, que segundo a constituio o instrumento bsico

    de poltica de desenvolvimento e de expanso urbana.Com o advento da constituio de 1988 a propriedade privada j no

    considerada um valor absoluto, se agrega a ele um valor limitante, que a funosocial.

    No art. 182, a constituio estabelece um conjunto de princpios,responsabilidades e obrigaes do poder pblico e de instrumentos jurdicos eurbansticos a serem aplicados e respeitados com o objetivo de reverter oquadro de degradao ambiental e das desigualdades sociais nas cidades,

    possibilitando uma condio digna de vida para a populao urbana.4

    2.1 Polticas Urbanas

    Conforme o Estatuto da Cidade, em seu art. 2, a poltica urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funes sociais da cidade e de

    4 Canepa, Carla. Cidade Sustentveis. So Paulo. PCS Editora, 2007, p. 105.

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    propriedade urbana.Na atualidade enfrentamos grandes desafios para equacionar

    preservao ambiental/desenvolvimento urbano sustentvel/desenvolvimento

    econmico/justia social.Cidades como Nova Friburgo, Rio de Janeiro e So Paulo so exemplos

    claros do crescimento desordenado, ocupaes ilegais e grandes dficitshabitacionais e suas srias conseqncias.

    utopia acreditar que se possa reverter totalmente esse quadrodesolador dos grandes centros urbanos, mas se faz urgente a necessidade demedidas mitigadoras que suavizem as conseqncias.

    A poltica urbana um conjunto de regramentos que se destaca pelabusca do uso regular da propriedade urbana individual em prol do coletivo, o bemestar do cidado, a segurana e o equilbrio ambiental do municpio.

    Uma das diretrizes do Estatuto da Cidade, notadamente destacvel parase obter uma cidade vivel o art. 2, inciso IV: planejamento do desenvolvimentodas cidades, da distribuio espacial da populao e das atividades econmicas domunicpio e do territrio sob sua rea de influncia, de modo a evitar e corrigir as

    distores do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente.Pode se dizer que sintetizar todas as diretrizes legais para se obter o equilbriourbano ambiental.

    O planejamento do desenvolvimento das cidades se d pelo plano diretor,regulamentado pelo Estatuto da Cidade, em seus artigos 39 a 42.

    A distribuio espacial da populao e das atividades econmicas seconcretiza pelo zoneamento econmico ecolgico e o parcelamento do solo.

    Aqui se destaca a lei de uso e ocupao do solo, que disciplina a matriae define a distribuio espacial das atividades scio-econmicas e da populao,atravs do zoneamento.

    atravs da poltica de parcelamento de solo que se deve preservar oacesso justo s zonas de habitao, garantindo que todos possam ter condiesdignas de moradia, evitando assim as ocupaes irregulares. Tambm nesseprocesso que se determinam as APPs, reas que devem ser protegidas, visando aconservao ambiental, levando-se em conta os recursos hdricos e suas planciesde inundaes, encostas, ecossistemas costeiros, reas de recarga de aqferos,reas de amortecimento de cheias, terrenos suscetveis eroso, locais com

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    vegetao natural ou de valor paisagstico, reas de importncia histrico-culturaletc.

    Por fim, vale citar o parcelamento do solo, regulamentado pela Lei 6.766,

    que garante uma distribuio adequada dos lotes, equipamentos e vias pblicas, nosentido de proteger a qualidade ambiental.

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    CAPTULO 3

    3 CONSTRUINDO UMA CIDADE SUSTENTVEL

    Cidade sustentvel a cidade onde as realizaes e os avanos emdesenvolvimento social, econmico e fsico so feitos para durar. Uma cidadesustentvel possui uma reserva durvel de recursos naturais das quaisdepende o desenvolvimento. Uma cidade sustentvel mantm umasegurana durvel diante de desastres naturais que possam ameaar odesenvolvimento (permitindo-se somente riscos aceitveis).5

    Pode-se acrescentar a essa definio que uma cidade sustentvel aquela que adota polticas compromissadas em garantir a justia social.

    Para Celso Ribeiro Bastos a natureza de uma cidade no pode ser

    processada apenas na base econmica: a cidade , antes de tudo, um resultadosocial.

    At 1988, no havia uma legislao especfica, to necessria, para fazer frente aos grandes problemas decorrentes do crescimento desordenado dascidades.

    3.1 Previso Constitucional da poltica urbana.

    Com o advento da Constituio Federal, o poder constituinte forou opoder pblico e a sociedade a olhar de forma mais responsvel e comprometidapara o dilema crescimento urbano/desenvolvimento sustentvel.

    O art. 182, da constituio de 1988, rompeu com o paradigma de que o

    5 http://hq.unhabitat.org/programmes/sustainablecities/general.asp

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    direito a propriedade privada um direito absoluto, agregando ao seu valor a funosocial da propriedade. O constituinte ainda foi mais fundo, previu restriesadministrativas punitivas (parcelamento ou edificao compulsria; imposto sobre a

    propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; desapropriao compagamento mediante ttulos da dvida pblica) ao proprietrio que no promova oadequado aproveitamento do solo urbano. Outro ponto importante foi estabelecer aobrigatoriedade do plano diretor nas cidades com mais de vinte mil habitantes. Oplano diretor o instrumento de poder municipal destinado a concretizar, de formaefetiva, as polticas pblicas de desenvolvimento e expanso urbana.

    A poltica pblica, conforme o art. 182, CF/88, tem como objetivo

    fundamentalmente o pleno desenvolvimento das funes sociais de cidade e o bem-estar de seus habitantes.

    3.2 Participao da sociedade

    O Estatuto da Cidade, em seu art. 2, II, prev, entre outras diretrizes dapoltica urbana, a gesto democrtica por meio de participao da populao atravsdos vrios segmentos da comunidade na formulao, execuo e acompanhamentode planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano.

    A gesto pblica se manifesta como o direito sociedade de sepronunciar e fiscalizar as aes do governo.

    Segundo o estatuto a gesto pblica se apresenta em duas formas:

    Os Conselhos municipais, estaduais e nacional de desenvolvimentourbano so rgos administrativos colegiados, que tm carter deliberativo econsultivo com representantes da sociedade e do poder pblico.

    Temos tambm as audincias e consultas pblicas.

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    3.3 Plano Diretor

    Em seu art. 40, o Estatuto da Cidade estabelece que o plano diretor deveser aprovado por lei municipal, portanto de competncia exclusiva dos municpios. o instrumento bsico de poltica de desenvolvimento e expanso urbana.

    Para atender o carter de eficincia, a lei que institui o plano diretor deveser revista a cada 10 anos. Embora a lei exija o carter obrigatrio somente para ascidades com mais de 20.000 habitantes, seria interessante que cada cidade

    possusse este instrumento de poltica urbana. o plano diretor que contm as diretrizes para o crescimento econmico

    e social justo e ecologicamente equilibrado.Na elaborao do plano diretor fundamental a participao popular que

    garantida pelo poder municipal, atravs de conselhos com ampla participao dosdiversos segmentos da sociedade, e, tambm por meios das audincias pblicas.

    Com esse instrumento a cidade ganha voz para dizer o que precisa ser

    mudado e como deve ser mudado, buscando sempre a qualidade de vida edignidade de seus habitantes. Pois reflete os anseios da comunidade e indica oscaminhos para uma cidade melhor.

    Para se concretizar uma cidade sustentvel o plano diretor deve fornecer meios que visem a garantir e incentivar a participao popular na gesto domunicpio; deve tambm apontar rumos para um desenvolvimento localeconomicamente vivel, socialmente justo e ecologicamente equilibrado; propor

    solues para a melhoria da qualidade de vida local; apresentar diretrizes einstrumentos para que os investimentos em saneamento, transporte coletivo, sade,educao, equipamentos urbanos, habitao popular sejam adequadamentedistribudos e beneficiem toda a populao; propor diretrizes para proteger o meioambiente, os mananciais, as reas verdes e o patrimnio histrico local.

    O plano diretor , consequentemente, um instrumento norteador dos futurosempreendimentos da prefeitura, para o racional e satisfatrio atendimento dasnecessidades da comunidade. No esttico, dinmico e evolutivo. Na

    fixao dos objetivos e na orientao do desenvolvimento do Municpio, alei suprema e geral que estabelece as prioridades nas realizaes do governolocal, conduz e ordena o crescimento da cidade, disciplina e controla asatividades urbanas em benefcio do bem-estar social. 6

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    3.4 Pressupostos essenciais construo de uma cidadesustentvel.

    Esses pressupostos nasceram de um documento formulado no seminrionacional dobre o meio ambiente em 1999. Num processo de elaborar polticas paragesto urbana, esses pressupostos se tornaram marcadores fundamentais para

    delinear os contornos de uma cidade justa e eficiente.

    3.4.1 Crescimento sustentvel.

    Significa permitir o desenvolvimento das cidades mitigando os impactos

    ambientais, sociais e econmicos.

    3.4.2 Dicotomia proteo ambiental / desenvolvimento social

    importante a promoo social das cidades, garantindo acesso justo aos

    espaos urbanos, lazer, educao, emprego, segurana etc, sem comprometer aintegridade ambiental no espao urbano.

    6 Meirelles, Hely Lopes. Direito Municipal Brasileiro. 13 Edio. So Paulo, Malheiros, 2003, p. 519

    3.4.3 Dilogo entre a Agenda 21 brasileira e as atuais opes dedesenvolvimento.

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    A cidade no um ser isolado em si mesmo, portanto, as polticas locais

    devem estar em harmonia em um contexto nacional.

    3.4.4 Inovao e disseminao das boas prticas.

    As aes de mitigao dos impactos ambientais devem ser equilibradas, comaes voltadas para a inovao e valorizao das prticas urbanas queapresentem componentes de sustentabilidade. 7

    3.4.5 Fortalecimento da democracia.

    A democracia um pressuposto fundamental para a sustentabilidade.Expressa neste contexto a participao ativa da sociedade na gesto das cidades.

    3.4.6 Informao para tomada de deciso

    importante a conscientizao da populao para as questesenvolvendo o desenvolvimento sustentvel. Pois atravs da informao que setem a participao eficaz da sociedade na tomada de decises.

    7 Canepa, Carla. Cidade Sustentveis. So Paulo. PCS Editora, 2007.

    3.5 Zoneamento Urbano.

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    Consiste na repartio do territrio municipal vista da destinao da terra,do uso do solo ou das caractersticas arquitetnicas de projetar-se para forado permetro urbano, visando a ordenar o uso de todo o territrio sob

    jurisdio municipal.8

    um instrumento de poltica urbana, mais precisamente de planejamentoespacial das cidades, previsto no Estatuto da Cidade no art. 4, III, c.

    atravs do zoneamento que se regula o uso, ocupao e arrendamentoda terra urbana. Tambm promove mudanas nas frmulas de produo e consumoda cidade, promovendo assim, a diminuio dos custos e desperdcios.

    O papel do zoneamento dividir o territrio em zonas, de acordo com asnecessidades de proteo, conservao e recuperao dos recursos naturais e dodesenvolvimento sustentvel.

    Por isso to importante no processo de elaborao de uma cidadesustentvel.

    Ele traa os contornos de uma cidade, determina as pontencialidades decada rea. atravs do zoneamento que se define as APPs. Um dos grandes

    problemas das cidades so as ocupaes dessas regies consideradasinapropriadas para ocupao. No entanto, em virtude da segregao habitacional, apopulao marginalizada se v forada a construir suas casas em encostas demorro, beiras de rios... Enfim resultando nas grandes tragdias que presenciamossempre nas pocas de chuva.

    Tanto o zoneamento como os outros instrumentos da poltica urbana, seconfiguram como:

    ... O conjunto de princpios e aes que tm como objetivo assegurar a todoso direito cidade, entendido este como o conjunto de medidas quepromovam a melhoria da qualidade de vida, mediante a adequada ordenaodos espaos urbanos, de modo a permitir a sua adequada fruio pelohomem, preservando-o do processo de espoliao urbana. 9

    8 Silva, Jos Afonso da. Direito Urbanstico Brasileiro. So Paulo: Malheiros, 2000, p. 231.9 Op. Cit., p. 201-202.

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    3.6 Instrumentos para uma cidade sustentvel.

    A idia da cidade sustentvel est bem definida no art. 2, I, do Estatutoda Cidade: Garantia do direito s cidades sustentveis, entendido como o direito terra urbana, moradia, ao saneamento ambiental, infra-estrutura urbana, aotransporte e aos servios, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futurasgeraes.

    Seria essa a cidade utopia de Thomas More? A cidade sustentvel possvel, talvez no to perfeita em sua

    concepo como nos moldes do artigo supracitado. Para tanto, essencial aparticipao ativa e eficiente da sociedade e do governo.

    O prprio Estatuto da Cidade disponibiliza instrumentos que podem ser ferramentas eficientes no combate dos problemas de desigualdade social e territorialdas cidades.

    Temos em nosso ordenamento as diretrizes gerais de poltica urbana,previstas no art. 2 e incisos. Como destaque pode-se sublinhar:

    a) Garantia de direito a cidade sustentveis, inciso I;b) Gesto democrtica que a concretizao do estado democrtico de

    direito, inciso II;c) Ordenao e controle do uso do solo, inciso VI;d) Regularizao fundiria, atravs do usucapio urbano coletivo, a

    concesso de uso especial para fins da moradia, a concesso de direito real de usoe as zonas especiais de interesse social.

    Alm das diretrizes temos os instrumentos que induzem, que asseguramo desenvolvimento urbano, garantam que a propriedade atenda a sua funo social. Assim temos:

    a) O plano diretor;b) Parcelamento e edificao compulsria que confere ao poder pblico o

    poder de obrigar os proprietrios a dar destinao correta disciplinada no planodiretor;

    c) IPTU progressivo, instrumento que busca a justia social, umasano ao proprietrio que no destinou sua propriedade a uma funo social;

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    d) Desapropriao para fins de reforma urbana, neste caso o poder pblico municipal pode desapropriar o proprietrio que no cumprir com a obrigaode dar destinao social propriedade aps o trmino do prazo mximo de cinco

    anos de aplicao do IPTU progressivo;e) Direito de preempo, instrumento jurdico pelo qual o poder pblico

    tem a preferncia para aquisio de imvel urbano, objeto de alienao onerosaentre particulares, segundo s diretrizes da poltica urbana;

    f) Outorga onerosa do direito de construir, trata-se de uma limitao dodireito de construir, assim o poder pblico estabelece um coeficiente bsico deaproveitamento, acima disso o proprietrio ter que oferecer uma contrapartida.

    Ainda no campo dos instrumentos do Estatuto, temos tambm os deregularizao fundiria:

    a) Usucapio urbano;b) Concesso de direito real de uso, aplicado aos terrenos pblicos para

    fins de urbanizao, industrializao, edificao, cultivo da terra etc., desde que autilizao seja de interesse social;

    c) Zonas especiais de interesse social, esse instrumento envolve a ferida

    latente das cidades, que so as favelas, assentamentos e loteamentos irregulares. Oobjetivo determinar essas reas e promover a regularizao e recuperaoambiental.

    Por fim, temos os instrumentos de gesto democrtica da cidade:a) Conselhos de poltica urbana;b) Conferncias de cidade;c) Oramento participativo;

    d) Audincias pblicas;e) Iniciativa popular de projetos de lei;f) Estudo de impacto de vizinhana.Diante de todo esse arcabouo de informaes, a equao est resolvida.

    A receita do bolo est pronta. Construir uma cidade sustentvel possvel, necessrio apenas que os rgos competentes e a sociedade ponham as mos namassa.

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    REFERNCIAS

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    CANEPA, Carla. Cidade Sustentveis. So Paulo. PCS Editora, 2007.FERNANDES, Edsio. A Nova ordem jurdico-urbanstica no Brasil. In Fernandes,Edsio; Alfonsin, Betnia. Direito Urbanstico: Estudos brasileiros e internacionais.Belo Horizonte, Del Rey, 2006.MATTOS, Liana Portilho. Funo Social da Propriedade e Plano Diretor. Aefetividade da funo social da propriedade urbana luz do Estatuto da Cidade.Temas & Idias Editora, Rio de Janeiro, 2002.BESSA, Fabiane Bueno Lopes Netto. Estatuto da Cidade e DesenvolvimentoSustentvel: Necessidade de Plano Diretor para os Municpios com Menos de Vinte

    Mil Habitantes. Paran