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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.111/2005-8 GRUPO II – CLASSE V – Plenário TC-020.111/2005-8 [Apensos: TC-014.708/2009-2 e TC-016.733/2006-0]. Natureza: Relatório de Inspeção. Unidade: Município de João Pessoa/PB. Responsáveis: 3C Engenharia Ltda. (70.092.275/0001-88); Adriana Carla Soares Vaz (692.067.084-49); Alcar Engenharia e Comercio Ltda. (01.237.237/0001-53); Beta Projetos e Construções Ltda. (09.221.904/0001-11); Celta Construções e Empreendimentos Imobiliários Ltda. (04.092.273/0001-64); Conim - Construtora e Imobiliária Ltda. (10.857.845/0001-51); Construtora Acta Ltda. (01.721.917/0001-48); Construtora Eldorado Ltda. (03.047.067/0001- 70); Construtora Torreao Villarim Ltda. (41.203.514/0001-21); Cícero de Lucena Filho (142.488.324-53); Decon Construções Civis Ltda. (01.488.083/0001-72); Evandro de Almeida Fernandes (002.619.124-53); Fernando Martins da Silva (015.944.784-49); Francisco Bezerra Gualberto (094.827.254-68); Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro (466.978.104-91); Francisco de Sales Pereira (082.963.594-72); Geronildo Alves Fernandes (098.386.194-34); HRF Construções Civis Ltda. (01.248.689/0001- 30); Incal Incorporações S.A. (67.491.654/0001-36); Incol - Incorporações e Construções Ltda. (01.808.929/0001-04); Isa Silva de Arroxelas Macedo (086.915.414-15); Isabella Duarte Gouvêa (028.316.224-41); José Eymard Moraes de Medeiros (003.537.104-82); José Rodrigues Lopes (091.698.654-34); José Sérgio Albuquerque de Almeida (132.888.574- 72); Kva Projetos Eletro Rurais e Construções Ltda. (08.600.504/0001-54); Linear Engenharia e Empreendimentos Ltda. (01.698.341/0001-45); Marcelo Maximiano Guedes Pereira Pitanga (131.374.684-34); Marcílio Juvêncio Pinheiro de Almeida (077.365.504-25); Maria Elisabeth Carvalho Duarte (674.013.094-91); Maria José 1

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GRUPO II – CLASSE V – PlenárioTC-020.111/2005-8 [Apensos: TC-014.708/2009-2 e TC-016.733/2006-0].Natureza: Relatório de Inspeção.Unidade: Município de João Pessoa/PB. Responsáveis: 3C Engenharia Ltda. (70.092.275/0001-88); Adriana Carla Soares Vaz (692.067.084-49); Alcar Engenharia e Comercio Ltda. (01.237.237/0001-53); Beta Projetos e Construções Ltda. (09.221.904/0001-11); Celta Construções e Empreendimentos Imobiliários Ltda. (04.092.273/0001-64); Conim - Construtora e Imobiliária Ltda. (10.857.845/0001-51); Construtora Acta Ltda. (01.721.917/0001-48); Construtora Eldorado Ltda. (03.047.067/0001-70); Construtora Torreao Villarim Ltda. (41.203.514/0001-21); Cícero de Lucena Filho (142.488.324-53); Decon Construções Civis Ltda. (01.488.083/0001-72); Evandro de Almeida Fernandes (002.619.124-53); Fernando Martins da Silva (015.944.784-49); Francisco Bezerra Gualberto (094.827.254-68); Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro (466.978.104-91); Francisco de Sales Pereira (082.963.594-72); Geronildo Alves Fernandes (098.386.194-34); HRF Construções Civis Ltda. (01.248.689/0001-30); Incal Incorporações S.A. (67.491.654/0001-36); Incol - Incorporações e Construções Ltda. (01.808.929/0001-04); Isa Silva de Arroxelas Macedo (086.915.414-15); Isabella Duarte Gouvêa (028.316.224-41); José Eymard Moraes de Medeiros (003.537.104-82); José Rodrigues Lopes (091.698.654-34); José Sérgio Albuquerque de Almeida (132.888.574-72); Kva Projetos Eletro Rurais e Construções Ltda. (08.600.504/0001-54); Linear Engenharia e Empreendimentos Ltda. (01.698.341/0001-45); Marcelo Maximiano Guedes Pereira Pitanga (131.374.684-34); Marcílio Juvêncio Pinheiro de Almeida (077.365.504-25); Maria Elisabeth Carvalho Duarte (674.013.094-91); Maria José Santos da Nóbrega (160.651.824-00); Maria Thelma Farias Marques Ferreira (250.506.054-15); MLR Construções Ltda. (04.777.954/0001-66); Márcia Ramos da Silva (739.147.034-15); Oswaldo Pessoa de Aquino (108.733.334-20); Paulo Sérgio Navarro Cruz (160.798.094-00); Potengi Holanda de Lucena (044.642.904-00); Prorcon Projetos e Construções Ltda. (12.613.089/0001-40); Rúbria Beniz Gouveia Beltrão (299.581.214-68); Serteli Servicos Ténicos de Engenharia Ltda. (06.032.916/0001-00); Setor - Servicos Ténicos e Obras Rodoviárias Ltda. (09.110.719/0001-50); Soane Engenharia e Comercio Ltda. (11.897.188/0001-39); Virgílio Mendonça da Costa e Silva (136.314.384-00); Zoih Engenharia Ltda. (00.460.107/0001-12) e Élia Andrade de Araújo (072.642.594-04). Interessado: Congresso Nacional.Advogado constituído nos autos: não há.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.111/2005-8

SUMÁRIO: RELATÓRIO DE INSPEÇÃO. MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA/PB. VERIFICAÇÃO DA CONFORMIDDE DE CONVÊNIOS E INSTRUMENTOS CONGÊNERES. FORÇA-TAREFA ENTRE O TCU, O SENADO FEDERAL E A POLÍCIA FEDERAL. CONSTATAÇÃO DE DIVERSAS IRREGULARIDADES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS. FORTES INDÍCIOS DE FRAUDE À LICITAÇÃO E CONLUIO ENTRE LICITANTES. MULTA AOS GESTORES. DECLARAÇÃO DE INIDONEIDADE DAS EMPRESAS. CONEXÃO ENTRE ALGUMAS IRREGULARIDADES APONTADAS NESTA FISCALIZAÇÃO E MATÉRIAS PENDENTES DE JULGAMENTO EM PROCESSOS DE TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO DO MÉRITO. REMESSA DE CÓPIAS DESTES AUTOS PARA OS PROCESSOS COMPETENTES. DETERMINAÇÕES. CIÊNCIA AOS INTERESSADOS. ARQUIVAMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se de relatório de inspeção realizada no Município de João Pessoa/PB, no exercício de 2005, por força de solicitação da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal (TC-011.474/2005-5), destinada à verificação da conformidade de convênios e contratos de repasse celebrados entre o referido município e a União. A fiscalização contou com a participação de servidores deste Tribunal, do Senado Federal e da Polícia Federal. 2. Inicialmente, transcrevo o relatório de inspeção (fls. 15/150), referendado pelo corpo diretivo da Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba - Secex/PB:

“(...)3. INTRODUÇÃO3.1. A Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do

Senado Federal aprovou proposta de fiscalização e controle destinada a fiscalizar o Município de João Pessoa/PB, em especial, os convênios e contratos de repasse firmados entre órgãos federais e aquele Município. Em sequência, encaminhou solicitação a este Tribunal, no sentido de que fossem designados em torno de três Analistas, para comporem uma força tarefa, juntamente com um servidor do Senado e um perito e um delegado da Polícia Federal, com o mister de realizarem a fiscalização em questão (fl. 01).

3.2. A referida solicitação originou o TC-011.474/2005-5, cujas cópias foram anexadas às fls. 01/06. Foi, então, no âmbito do TC-011.474/2005-5, definida a formação da força tarefa e autorizada a inspeção no Município de João Pessoa, em atendimento à solicitação em questão (fls. 3/6).

3.3. De início, vale ressaltar que a seleção dos convênios e contratos de repasse que estão sendo objeto de fiscalização pela força tarefa foi feita pela Comissão do Senado Federal em questão. Os critérios de seleção foram a materialidade dos recursos repassados e a ausência de fiscalização anterior pela Controladoria Geral da União. Sendo assim, foram selecionados oito convênios e dois contratos de repasse, com os seguintes n°s SIAFI: 341861, 442179, 404548, 325596, 319556, 359930, 386958, 320224, 411975 e 407969.

3.4. Os convênios e contratos de repasse selecionados envolvem os mais variados tipos de objeto, incluindo serviços, realização de cursos, obras civis, aquisição de veículos e equipamentos diversos, aquisição de material de consumo, pagamento de pessoal, etc. As obras

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civis objeto de alguns dos convênios e contratos de repasse selecionados também são bastante variadas, incluindo a construção de viaduto, obras de esgotamento sanitário, pavimentação, passarelas, hospitais, casas populares e outras edificações.

3.5. Antes do início dos trabalhos no âmbito deste Tribunal, entre os dias 27 e 29/06/2005, estiveram, em João Pessoa, os integrantes da força tarefa indicados pelo Senado Federal e pela Polícia Federal. O Sr. Hipólito Gadelha Remígio, do Senado Federal, e a Sra. Sônia Regina Pereira, da Polícia Federal, mantiveram contato com autoridades e servidores da Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB, solicitaram esclarecimentos e requereram cópias de documentos referentes aos convênios e contratos de repasse objeto da fiscalização.

3.6. Após o recebimento das cópias solicitadas, foi emitida a Portaria de Fiscalização – Fase Planejamento – SECEX/PB n° 1048, de 07/07/2005 (fls. 07), alterada pela Portaria de Fiscalização – Fase Planejamento – SECEX/PB n° 1153, de 22/07/2005 (fls. 08). Durante o planejamento, no período de 07 a 29/07/2005, foram analisados os documentos solicitados referentes aos convênios e contratos de repasse objeto da fiscalização.

3.7. Analisando essa documentação, verificou-se que, dos dez ajustes selecionados para fiscalização, quatro convênios e os dois contratos de repasse são ou já foram objeto de análise em processos deste Tribunal, conforme quadro abaixo:

Convênio ou Contrato de Repasse (n° SIAFI) Processo(s)341861, 386958 e 411975 TC 007.312/1999-7 e TC 021.795/2003-9

442179 TC 015.609/2002-1 e TC 018.964/2003-1359930 TC 018.964/2003-1404548 TC 007.000/2003-1

3.8. Em relação a esses convênios e contratos de repasse que são ou já foram objeto de análise em processos deste Tribunal, a fim de evitar o retrabalho ou o exame de questões já apreciadas pelos colegiados desta Corte de Contas, esta Equipe de Auditoria limitou-se a analisar novos aspectos não abordados nos trabalhos anteriores, trazendo, todavia, para o presente relatório, de sorte a atender, da melhor forma possível, a solicitação da Comissão do Senado Federal, os resultados obtidos naqueles trabalhos.

3.9. No fim da fase de planejamento, restou assente, pela Equipe de Auditoria, a necessidade de requerer os documentos e informações constantes dos Ofícios de Requisição n°s 914/2005-01 e 914/2005-02 (fls. 31/34 o Anexo 1).

3.10. O presente trabalho, realizado pela Equipe de Auditoria do TCU, constitui a primeira etapa da força tarefa. Nesta primeira etapa, a Equipe de Auditoria analisou os seguintes aspectos referentes a execução dos convênios e contratos de repasse objeto da fiscalização: regularidade da licitação e dos contratos; regularidade da execução financeira (empenho, liquidação e pagamento); e, na medida do possível, os custos dos serviços, equipamentos e materiais e a compatibilidade da execução física com a execução financeira.

3.11. Em uma etapa posterior, o Senado Federal e a Polícia Federal vão adotar outras providências que estão fora do limite de ação deste Tribunal e que sejam necessárias ao aprofundamento do exame da regularidade na aplicação dos recursos federais objeto do presente trabalho.

3.12. A fase de execução da presente inspeção, que constitui a supracitada primeira etapa dos trabalhos da força tarefa, ocorreu nos períodos de 01/08 a 09/09/2005, 19 a 20/09/2005 e 03 a 07/10/2005, enquanto a fase de elaboração do presente relatório se deu no período de 10 a 27/10/2005 (fls. 09/14).

3.13. No presente relatório, cada um dos convênios e contratos de repasse analisados será abordado em um tópico específico. Tendo em vista as peculiaridades de cada um desses convênios e contratos de repasse, foi aplicada uma metodologia específica para a execução dos trabalhos, a qual será detalhada em cada um dos tópicos correspondentes. No Anexo 10, constam fotografias das obras visitadas, objeto dos convênios e contratos de repasse analisados.

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3.14. O volume de recursos fiscalizados totaliza R$ 36.269.969,25, que corresponde ao montante repassado ao Município de João Pessoa, em razão dos convênios e contratos de repasse analisados.

3.15. Os benefícios estimados da auditoria são: a adoção de medida cautelar, a fim de evitar dano maior ao Erário; a aplicação de multa, em razão de atos praticados com grave infração à norma legal, ampliando a expectativa de controle, com a consequente inibição de falhas e irregularidades em virtude da atividade de controle externo exercida pelo TCU; a imputação de débitos em processos de tomada de contas especial, a fim ressarcir os prejuízos suportados pelo erário, no montante aproximado de R$ 3.025.163,62; a declaração de inidoneidade dos licitantes fraudadores, a fim de expurgar essas empresas das relações comerciais com o poder público; determinações ao Município fiscalizado e aos órgãos federais envolvidos, para que não se repitam as falhas formais verificadas; fornecimento de subsídios para a atuação do Congresso Nacional e da Polícia Federal.

4. CONVÊNIO N° 017/97-SEPRE/MPO (SIAFI 319556)4.1. IDENTIFICAÇÃON° SIAFI: 319556.N° Original: 017/97-SEPRE/MPO.Concedente: Ministério do Planejamento e Orçamento, por intermédio da Secretaria

Especial de Políticas Regionais - SEPRE/MPO.Convenente: Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB.Executor/Responsável: Prefeitura Municipal de João Pessoa/Cícero de Lucena FilhoData da Celebração: 27/06/1997.Vigência:Inicial: 09/07/1997 a 05/05/1998;Atual: 09/07/1997 a 30/04/1999 (2 prorrogações de 180 dias cada, por meio dos aditivos

01 e 02).Recursos:Federais: R$ 2.000.000,00;Contrapartida: R$ 200.000,00.Análise da Prestação de Contas pelo Concedente: Aprovada a prestação de contas, em relação ao valor total liberado.4.2. OBJETODescrição: Construção de 700 unidades habitacionais e recuperação de outras 765

unidades para as populações que vivem em áreas de risco e insalubres, como lixões, favelas e cortiços, sujeitas a enchentes e desmoronamentos, proporcionando a melhoria das moradias que não ofereçam condições de habitabilidade.

Alterações do Objeto por meio de Aditivos: Não houve.Alterações no Plano de Trabalho decorrentes de Aditivos: Não houve.Valores dos Itens que Compõem o Objeto: Obras: R$ 1.612.490,00Custeio: R$ 587.510,004.3. ASPECTOS DA LICITAÇÃO E DO CONTRATO4.3.1. Para a realização das obras de construção das 704 unidades habitacionais (4 a

mais que o previsto no objeto do convênio), foi realizada a Concorrência Pública n° 01/97. Os serviços foram divididos em 22 lotes. Cada lote era composto de 4 módulos com 8 unidades habitacionais.

4.3.2. Curiosamente, para cada um dos lotes, foi apresentada uma única proposta de preço por uma das empresas concorrentes e habilitadas, com exceção do lote 1, onde tiverem duas empresas habilitadas que apresentaram propostas de preço, sendo que uma das propostas foi desclassificada, pois apresentava preço superior à 1,1 vez o valor orçado, o que não era

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permitido pelo Edital. Sendo assim, para cada um dos lotes, só foi apresentada uma única proposta de preço válida, conforme relação abaixo.

• Lotes 1 e 22: Beta Projetos e Construções Ltda.• Lotes 2, 9 e 13: Celta Construções e Empreendimentos Ltda.• Lote 3: KVA Projetos Eletro Rurais e Construções Ltda.• Lote 4: Construtora Torreão Villarim Ltda.• Lotes 5, 7 e 20: Soane Engenharia e Comércio Ltda.• Lote 6: 3C Engenharia Ltda.• Lote 8: Incol Incorporações e Construções Ltda.• Lote 10: Decon Construções Civis Ltda.• Lotes 11 e 19: Serteli Servicos Técnicos de Engenharia Ltda.• Lotes 12 e 16: Prorcon Projetos e Construções Ltda.• Lote 14: Construtora Acta Ltda.• Lote 15: Construtora Eldorado Ltda.• Lote 17: Linear Engenharia e Empreendimentos Ltda.• Lote 18: HRF Construções Civis Ltda.• Lote 21: Alcar Engenharia e Comércio Ltda.4.3.3. Não é razoável admitir uma coincidência dessa magnitude, ou seja, é inadmissível

aceitar que cada uma das 15 empresas acima listadas tenha escolhido, ao acaso, 1, 2 ou 3 lotes específicos e que, sem que uma tenha tido conhecimento das propostas das outras, coincidentemente, não houve sequer um lote que tenha sido objeto de escolha por duas empresas. Isso denota um conluio entre as empresas. Na verdade, houve um ‘rateio’ do objeto da licitação entre as empresas. Não foi possível provar a participação de servidores da Prefeitura Municipal de João Pessoa nessa combinação prévia. Todavia, também não é admissível que a comissão de licitação, o controle interno e o responsável por sua homologação não tenham percebido tal combinação.

4.3.4. Entendemos que o aprofundamento nas investigações a fim de verificar a eventual participação de servidores da Prefeitura Municipal de João Pessoa nessa combinação prévia, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação, o que constituiria em crime tipificado na Lei n° 8.666/93, deveria ser realizado, caso entenda oportuno e conveniente, pela Polícia Federal, que possui os meios necessários para tanto.

4.3.5. De qualquer forma, independentemente da eventual participação de servidores da Prefeitura Municipal de João Pessoa nessa combinação prévia, entendemos que restou caracterizada a ocorrência de irregularidade grave, conforme descrito no item 4.7.1 (Seção ‘IRREGULARIDADES E RESPONSABILIDADES’ ) abaixo.

4.3.6. No que concerne à recuperação das 765 unidades habitacionais, necessário se faz trazer à tona algumas colocações.

4.3.6.1. Consoante o Plano de Trabalho do Convênio (fls. 02/04 do Anexo 2), o valor orçado para a recuperação das 765 unidades habitacionais foi de R$ 587.510,00, sendo que o referido plano previa recursos federais da ordem de R$ 534.100,00, na natureza econômica 4.1.1.0 - Obras - Transferência a municípios - Custeio. Os recursos foram incorporados ao orçamento do Município na categoria econômica 3132 - Serviços de Terceiros - Outros serviços e encargos - pessoa jurídica. Em razão da referida classificação econômica, tornou-se assente a idéia de que a recuperação das casas se daria mediante a contratação de empresas que realizariam os serviços de reforma, após o devido procedimento licitatório.

4.3.6.2. Com efeito, foram realizadas três tomadas de preços (16/97, 10/98 e 49/98). Ocorre, porém, que as licitações foram realizadas para a compra de material de consumo, cuja natureza da despesa tem, como codificação, o elemento 3120. Dessa forma, segundo o relatório de cumprimento do objeto do convênio, a convenente optou por comprar ‘kits’ de construção,

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para entregá-los aos beneficiários, que ficariam responsáveis pela reforma das casas, informando, ainda, naquele relatório, que, em alguns casos (beneficiários idosos, doentes, etc.), a própria Prefeitura contribuiria com a mão de obra.

4.3.6.3. Acerca do assunto, assim reza o art. 73 do Decreto-Lei n° 200/67: ‘Art. 73 - Nenhuma despesa poderá ser realizada sem a existência de crédito que a

comporte ou quando imputada a dotação imprópria, vedada expressamente qualquer atribuição de fornecimento ou prestação de serviços cujo custo exceda aos limites previamente fixados em lei.’

4.3.6.4. Por sua vez, o art. 315 do Código Penal assim se expressa:‘Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.’ 4.3.6.5. Em que pese a infração ao art. 73 do Decreto-Lei n° 200/67, uma vez que foram

adquiridos materiais de consumo, com recursos de dotação para serviços de terceiros; considerando que os materiais teriam sido adquiridos para a realização das reformas, ou seja, o objetivo final teria sido o mesmo que o dos serviços de terceiros que deveriam ter sido contratados; considerando que o concedente aprovou a prestação de contas apresentada, dando a entender que ele aceitou a alteração na forma de execução do objeto do convênio; concluímos que essa alteração na forma de execução do objeto do convênio, por si só, não deve ser considerada como irregularidade grave. Não foram observadas irregularidades graves nas referidas licitações.

4.3.7. Não obstante as irregularidades verificadas na Concorrência Pública n° 01/97, foram celebrados contratos com as empresas constantes do Anexo 1 (fls. 145/146 do presente volume). Nas aquisições de materiais de construção (tomadas de preços), não houve contrato com algumas das empresas vencedoras, por tratar-se de aquisição de materiais com entrega imediata. Nesses casos, os valores indicados correspondem aos valores adjudicados às empresas.

4.3.8. Observa-se que todos os contratos firmados com as empresas para construção das casas foram aditados, com o acréscimo de serviços, aumentando os valores inicialmente contratados, com exceção do contrato firmado com a firma HRF Construções Civis Ltda., que, coincidentemente, já havia apresentado o menor preço para construção de um lote.

4.3.9. Foram realizadas pesquisas nos Sistemas SINTEGRA – Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços, que permite verificar os cadastros de contribuintes dos fiscos estaduais existentes nas diversas Unidades da Federação, e CNPJ, da Receita Federal, para verificar as situações cadastrais das empresas. Verificou-se que nenhuma das empresas estava com o CNPJ cancelado. Quanto à pesquisa ao Sistema SINTEGRA, verificamos que algumas não mais estavam habilitadas, todavia estas inabilitações teriam ocorrido após o período de execução dos contratos ou da aquisição dos materiais.

4.4. CUSTOS4.4.1. Segundo o relatório de execução físico-financeira e relação de bens apresentados,

foram construídas 704 unidades habitacionais ao custo total de R$ 1.942.132,91. Foi realizada uma curva ABC com os itens de serviços mais significativos no custo total das obras. Na amostra selecionada, foi feita uma comparação dos preços praticados pelas construtoras com os preços constantes do SINAPI, acrescidos de um BDI de 30%, ressaltando, todavia, que, em relação a muitos dos serviços da amostra, não foi possível essa comparação, uma vez que, na data base pesquisada, não existia, no SINAPI, os preços para aqueles serviços.

4.4.2. Em relação aos cinco itens de serviços em que foi possível a comparação dos preços, foi constatado sobrepreço em quatro itens (ponto esgoto; ponto água; alvenaria 1/2 vez; concreto armado, cintas e pilar). O sobrepreço desses itens nos 22 lotes da licitação totalizou R$ 40.273,70, que corresponde à 2,07% do valor total despendido.

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4.4.3. Considerando a pouca representatividade desse sobrepreço em relação ao total despendido; considerando que esse sobrepreço está distribuído entre 13 empresas, sendo que o maior sobrepreço é de R$ 6.994,30, referente ao lote 17, construído pela LINEAR - Engenharia e Empreendimentos Ltda.; entendemos não restar caracterizado, indubitavelmente, a existência de débito, em razão do sobrepreço constatado nesses 4 itens de serviço.

4.4.4. No que se refere à aquisição de materiais de construção para recuperação de 765 unidades habitacionais, o valor total gasto foi de R$ 608.204,36, segundo o relatório de execução físico-financeira e relação de bens apresentados. Foi selecionada uma amostra de 5 materiais para exame dos preços praticados, que totalizam um gasto total de R$ 325.240,00, ou seja, 53,48% do valor total despendido com a aquisição de materiais. Verificamos, em pesquisa ao SINAPI, que não houve sobrepreço nesses itens.

4.5. EXECUÇÃO FINANCEIRA4.5.1. Envio de Recursos do Concedente para o Convenente:Ordem Bancária Data do Crédito Valor (R$)

1997OB000025, de 09/07/1997 14/07/1997 400.000,001997OB000421, de 17/12/1997 02/01/1998 400.000,001998OB000015, de 18/02/1998 27/02/1998 400.000,001998OB000724, de 19/08/1998 25/08/1998 400.000,001998OB000775, de 03/12/1998 08/12/1998 400.000,00

4.5.2. Créditos da Contrapartida - Havia uma previsão de aplicação, a título de contrapartida, de R$ 200.000,00. Foram aplicados R$ 545.356,94. Além desse valor, foram pagos mais R$ 29.892,49, com recursos próprios, que não constaram da prestação de contas do convênio. Não foi possível esclarecer a razão da não inclusão dos pagamentos que totalizaram esse montante na prestação de contas. Talvez tenha sido em razão de que os serviços tenham sido executados após o fim da vigência do convênio. Considerando que as medições correspondentes não informam o período de execução dos serviços, ficamos impossibilitados de confirmar essa eventual impropriedade.

4.5.3. Pagamentos Efetuados - Os valores constantes da relação de pagamentos efetuados guardam correlação com os extratos bancários da conta específica do convênio, com exceção dos pagamentos de n°s 56 a 75, que foram custeados com recursos de outro convênio (n° 614/97), o que caracteriza uma impropriedade (item 4.7.2 abaixo).

4.5.3.1. No que se refere às obras de construção das unidades habitacionais, foi verificado que as medições e notas fiscais guardam correlação com os valores constantes da relação de pagamentos e, consequentemente, com os extratos bancários.

4.5.3.2. Quanto à aquisição de materiais de construção, para recuperação das unidades habitacionais, foram selecionados, a título de amostragem, para exame, os processos de pagamentos efetuados às empresas Rio Sul Comércio, Construção e Representação Ltda. e Souza Morais e Companhia Ltda., que totalizaram R$ 403.539,43, ou seja, 66,35% do valor total despendido com a aquisição de materiais (R$ 608.204,36). Nesse exame, foi verificado que as notas fiscais guardam correlação com os valores constantes da relação de pagamentos e, consequentemente, com os extratos bancários. Foi verificado, também, nas notas fiscais, que há o atestado de recebimento dos materiais adquiridos. Foi constatado, entretanto, uma irregularidade no processo de pagamento à empresa Souza Morais e Companhia Ltda., em 26/02/1999 (data de emissão do cheque), conforme item 4.7.3 abaixo.

4.5.3.3. Outro ponto que merece destaque é o fato de que não houve a devida retenção e recolhimento da contribuição previdenciária prevista no art. 31, §4º, inciso III, da Lei n° 8.212/1991, alterada pela Lei n° 9.711, de 20/11/1998, quando dos pagamentos das medições decorrentes dos contratos de empreitada celebrados entre a Prefeitura Municipal de João Pessoa e as empresas contratadas para a execução de obras, devendo, em razão disso, ser expedida comunicação ao INSS para adoção das providências ao seu encargo.

4.6. VERIFICAÇÃO FÍSICA

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Page 8: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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4.6.1. Quanto à construção das unidades habitacionais, foi realizada uma verificação in loco nos Condomínios Esperança, Cidadania, Índio Piragibe, Fraternidade, Liberdade, Independência e Amizade, para verificação da efetiva execução do objeto.

4.6.2. Foi constatada a execução das 704 unidades imobiliárias. Foram feitas medições em uma das unidades, restando comprovada a compatibilidade entre o que foi medido pela equipe de auditoria e as informações constantes das medições. Foi selecionada apenas uma unidade, para realização das medições, uma vez que, segundo informações do engenheiro fiscal da Prefeitura que acompanhou as obras, todas as unidades eram do mesmo tamanho, com pequenas variações. De fato, a Equipe de Auditoria, num exame visual, não constatou diferenças significativas em nenhuma das unidades. Além disso, foi-nos informado, por alguns dos beneficiários, inclusive, líderes comunitários, que todas as unidades eram do mesmo tamanho.

4.6.3. Quanto à qualidade das obras, a Equipe de Auditoria recebeu várias reclamações dos beneficiários, principalmente, em relação à existência de vazamentos e rachaduras. De fato, confirmamos a existência de vazamentos e rachaduras. Todavia, tendo em vista o tempo decorrido desde a entrega da obra (mais de seis anos), ficamos impossibilitados de chegar a uma conclusão precisa sobre a causa destes problemas, se decorrente da depreciação natural da edificação e da falta de manutenção, ou se decorrente de falha na execução das obras. Sendo assim, não há evidência da ocorrência de irregularidade.

4.6.4. No que se refere à recuperação de unidades habitacionais, entendemos inútil uma verificação in loco, objetivando certificar a efetiva execução do objeto, tendo em vista o grande lapso de tempo desde o fim da vigência do Convênio (mais de seis anos), tempo suficiente para depreciação dos imóveis recuperados, o que impossibilita verificar quais serviços de recuperação foram efetivamente executados.

4.7. IRREGULARIDADES E RESPONSABILIDADES4.7.1. Homologação da Concorrência Pública n° 01/97, quando restava evidente um

conluio entre as empresas concorrentes para rateio do objeto licitado.4.7.1.1. Conforme descrito nos itens 4.3.1 a 4.3.5 acima, restou caracterizado um conluio

entre as empresas participantes da Concorrência Pública n° 01/97, que ratearam o objeto da licitação. Independentemente da eventual participação de servidores da Prefeitura Municipal de João Pessoa nessa combinação prévia, entendemos que restou caracterizada a ocorrência de irregularidade grave.

4.7.1.2. Diante dessa clara combinação entre as empresas participantes do certame, a comissão de licitação, o controle interno e, em última instância, o responsável por sua homologação deveriam anular o certame e repeti-lo. Um dos princípios que norteiam a Lei de Licitações é a busca da proposta mais vantajosa para a Administração Pública (art. 3° da Lei n° 8.666/93). Se houve um patente conluio entre as empresas concorrentes, que ratearam o objeto da licitação, resta evidente que o procedimento licitatório em questão não traria a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração. Na medida em que cada uma das empresas concorrentes escolheu 1, 2 ou 3 lotes específicos, sabendo que não teria outros concorrentes, estipulou o preço que desejou, dentro dos limites estabelecidos pelo Edital. Provavelmente, a Administração pagou um preço superior ao que poderia ter obtido, caso o certame tivesse sido regular.

4.7.1.3. Sendo assim, a comissão de licitação praticou uma irregularidade ao emitir parecer favorável à regularidade do certame, com proposta de homologação da licitação, quando deveria propor sua anulação (fls. 05/07 do Anexo 2). Da mesma forma, o Sr. Potengi Holanda de Lucena, Secretário de Infra-Estrutura, também praticou uma irregularidade ao homologar a licitação, quando deveria anulá-la, nos termos do art. 49, in fine, da Lei n° 8.443/92 (fls. 08/09 do Anexo 2). Também, deve ser responsabilizada a Sra. Élia Andrade de Araújo, Coordenadora de Controle Interno, por ter proferido parecer favorável à homologação

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Page 9: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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(fls. 11 do Anexo 2). Os atos praticados pela comissão de licitação, pela Coordenadora de Controle Interno e pelo Secretário de Infra-Estrutura não atenderam ao interesse público.

4.7.1.4. Ante o exposto, entendemos cabível a audiência, nos termos do art. 43, inciso II, da Lei n° 8.443/92, dos responsáveis abaixo discriminados, para que apresentem razões de justificativa em relação aos respectivos atos impugnados.

Responsáveis: Maria Thelma Farias Marques Ferreira, Francisco Bezerra Gualberto e Maria Elisabeth Carvalho Duarte.

Ato impugnado: Emissão de parecer da comissão de licitação favorável à homologação da Concorrência Pública n° 01/97, quando restava evidente um conluio entre as empresas concorrentes para rateio do objeto licitado, prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, que caracteriza um dos principais objetivos da licitação;

Dispositivos violados: Art. 3° da Lei n° 8.666/93. Responsável: Élia Andrade de Araújo.Ato impugnado: Emissão de parecer, na condição de Coordenadora de Controle Interno,

favorável à homologação da Concorrência Pública n° 01/97, quando restava evidente um conluio entre as empresas concorrentes para rateio do objeto licitado, prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, que caracteriza um dos principais objetivos da licitação;

Dispositivos violados: Art. 3° da Lei n° 8.666/93. Responsável: Potengi Holanda de Lucena.Ato impugnado: Homologação da Concorrência Pública n° 01/97, quando restava

evidente um conluio entre as empresas concorrentes para rateio do objeto licitado, prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, que caracteriza um dos principais objetivos da licitação.

Dispositivos violados: Arts. 3° e 49, in fine, da Lei n° 8.666/93.4.7.1.5. Por fim, tendo em vista a participação das empresas na fraude em questão, faz-se

necessária a fixação de prazo para que elas se manifestem sobre o assunto, tendo em vista a possibilidade de se declarar a inidoneidade dos licitantes fraudadores, nos termos do art. 46 da Lei n° 8.443/92.

Interessados: Beta Projetos e Construções Ltda.; Celta Construções e Empreendimentos Ltda.; KVA Projetos Eletro Rurais e Construções Ltda.; Construtora Torreão Villarim Ltda.; Soane Engenharia e Comércio Ltda.; 3C Engenharia Ltda.; Incol Incorporações e Construções Ltda.; Decon Construções Civis Ltda.; Serteli Servicos Técnicos de Engenharia Ltda.; Prorcon Projetos e Construções Ltda.; Construtora Acta Ltda.; Construtora Eldorado Ltda.; Linear Engenharia e Empreendimentos Ltda.; HRF Construções Civis Ltda.; e Alcar Engenharia e Comércio Ltda.

Ato jurídico: combinação entre as empresas participantes da Concorrência Pública n° 01/97, visando o rateio do objeto licitado, importando tal procedimento em fraude à licitação, violando o princípio do segredo da proposta e prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, em detrimento do art. 3° da Lei n° 8.666/93.

4.7.2. Utilização de recursos de outro convênio (Convênio n° 614/97) para pagamento de despesas do Convênio n° 17/97.

4.7.2.1. Os pagamentos de n°s 56 a 75 da relação de pagamentos, efetuados em junho de 1998, foram custeados com recursos do Convênio n° 614/97. Provavelmente em razão da falta de recursos do Convênio n° 17/97, o convenente utilizou recursos do Convênio n° 614/97 para pagar despesas daquele convênio. Após o repasse das duas últimas parcelas do Convênio n° 17/97, o convenente ‘ressarciu’o valor gasto com recursos do outro convênio à respectiva conta específica. Foi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do convênio em análise e custeadas com recursos do Convênio n° 614/97, enquanto R$ 18.413,26 corresponderiam aos

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Page 10: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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rendimentos desse valor, ou seja, corresponderiam aos juros e correção monetária desse ‘empréstimo’ . Essa operação perpetrada pelo convenente não é permitida pela legislação, mesmo tendo ocorrido atrasos no repasse dos recursos. Todavia, considerando que os valores constantes da relação de pagamentos efetuados de n°s 56 a 75 guardam correlação com os extratos bancários da conta específica do Convênio n° 614/97; considerando que, de fato, houve atraso no cronograma de desembolso dos recursos; considerando que, a princípio, não teriam ocorrido prejuízos aos convênios envolvidos; considerando que os R$ 18.413,26 pagos a título de juros e correção monetária desse ‘empréstimo’ correspondem a um valor significativamente inferior ao montante aplicado a mais a título de contrapartida, o que nos leva a concluir que esse montante foi pago com recursos próprios; considerando que esses mesmos R$ 18.413,26 foram utilizados em outro convênio federal; entendemos que o ato ilegítimo pode ser considerado falha formal, cabendo, apenas, determinação à Prefeitura Municipal de João Pessoa no sentido de que observe o disposto no art. 20 da IN/STN n° 01/97.

4.7.3. Aquisição, com dispensa de licitação, por preço superior ao licitado, quando não havia ainda sido adquirida a quantidade total do material adjudicada à empresa vencedora do certame.

4.7.3.1. A empresa Souza Morais e Companhia Ltda., na Tomada de Preços n° 49/98, apresentou a menor proposta para item 3.0 – ‘Tijolo de 8 furos’, tendo, portanto, vencido o certame para este item. Foi adjudicado à referida empresa o valor total de R$ 23.137,40 (260 milheiros de tijolo de 8 furos ao preço de R$ 88,99 o milheiro) (fls. 12/13 do Anexo 2). Após a homologação da licitação, a empresa forneceu, em 27/01/1999, apenas, 145 milheiros, recebendo, dessa forma, R$ 12.903,55 (fls. 14 do Anexo 2). Restou, portanto, o fornecimento de mais 115 milheiros. Ressalte-se que, nessa época, a totalidade dos recursos federais já haviam sido repassados ao convenente. Posteriormente, menos de um mês depois, a Prefeitura Municipal de João Pessoa autorizou a aquisição de mais 81 milheiros de tijolo, com dispensa de licitação, à mesma empresa, por um preço superior ao qual a empresa tornou-se vencedora no certame. Em 26/02/1999, foram fornecidos, pela mesma empresa, mais 81 milheiros de tijolo ao preço de R$ 98,00 (fls. 15/30 do Anexo 2).

4.7.3.2. Resta evidente a prática de ato antieconômico, uma vez que a Prefeitura deveria ter adquirido o material pelo preço licitado. Em razão desse ato, o Município teve um prejuízo de R$ 729,81. Considerando tratar-se de débito de pequena monta, entendemos que o mesmo possa ser desconsiderado, podendo, ao invés da citação, ser realizada, apenas, a audiência da responsável pelo pagamento da despesa, para apresentar razões de justificativas.

Responsável: Isa Silva de Arroxelas Macêdo, Secretária do Trabalho e Promoção Social.Ato impugnado: Prática de ato antieconômico, decorrente da aquisição de tijolos de 8

furos, com dispensa de licitação, à empresa Souza Morais e Companhia Ltda., por preço superior ao licitado, quando não havia ainda sido adquirida a quantidade total do material adjudicada à mesma empresa, vencedora da Tomada de Preços n° 49/98.

Dispositivos violados: art. 2° da Lei n° 8.666/93. 5. CONVÊNIO N° 059/MPAS/SAS/97 (SIAFI 325596)5.1. IDENTIFICAÇÃON° SIAFI: 325596.N° Original: 059/MPAS/SAS/97.Concedente: Ministério da Previdência e Assistência Social.Convenente: Prefeitura Municipal de João Pessoa.Executor/Responsável: Prefeitura Municipal de João Pessoa/Cícero de Lucena Filho.Data da Celebração: 10/10/1997.Vigência: Inicial: 20/10/1997 à 19/10/1998;Atual: 20/10/1997 à 24/12/1998.

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Page 11: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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Recursos: Federais: R$ 3.169.133,00;Contrapartida: Sem contrapartida (Parágrafo Único da Cláusula Terceira do Termo de

Convênio).Análise da Prestação de Contas pelo Concedente: Em que pese a prestação de contas ter sido apresentada em 23/02/1999, ela só foi

aprovada em 23/02/2005, ou seja, depois de seis anos. Ressalte-se que a informação acerca da aprovação da prestação de contas ainda não foi registrada no SIAFI.

5.2. OBJETODescrição: Construção e equipamento de Centros da Cidadania, Casas-Lares, Oficinas de

Marcenaria Artesanal; desenvolvimento de cursos de capacitação profissional; aquisição de kits de instrumentos de trabalho, grupos de produção em material de limpeza, costura, serigrafia, sandália em borracha, culinária; implantação de salão de beleza, escola de informática, centro livre meninada, núcleos populares de informática; aquisição de equipamentos e material para pesca; aquisição de transporte para crianças/adolescentes; apoio à atividade de pesca e apoio aos artesãos e engraxates.

Alterações do Objeto por meio de Aditivos: Não houve.Alterações no Plano de Trabalho decorrentes de Aditivos: Não houve.Valores dos Itens que Compõem o Objeto:Investimento/transferência a municípios – contribuições: R$ 2.269.133,00Custeio/transferências a municípios – contribuições: R$ 900.000,005.3. ASPECTOS DA LICITAÇÃO E DO CONTRATO5.3.1. Tendo em vista a diversidade do objeto do convênio, foram realizados vários

convites e várias tomadas de preços. Além disso, várias despesas foram efetuadas com dispensa de licitação ou mediante inexigibilidade de licitação. Houve, ainda, a celebração de um subconvênio.

5.3.2. Segundo a relação de pagamentos, foram realizados os seguintes convites: 05/98, 13/98, 14/98, 15/98, 16/98, 17/98, 19/98, 22/98, 24/98, 63/98, 105/98, 106/98, 107/98, 110/98, 122/98, 126/98, 147/98, 148/98 e 149/98. Teriam sido realizadas, também, segundo a relação de pagamentos, as seguintes tomadas de preços: 19/97, 20/97, 21/97, 22/97, 23/97, 24/97, 25/97, 34/97, 05/98, 10/98, 21/98, 74/98, 110/98, 122/98, 148/98 e 149/98.

5.3.3. A título de amostragem, foram analisadas as tomadas de preços n°s 20/97, 21/97 e 34/97. Além disso, foram realizados exames em três dispensas de licitação (n°s 45, 159 e 165 da Relação de Pagamentos). Foram, também, analisados todos os pagamentos mediante inexigibilidade de licitação e o Convênio n° 031/97, celebrado entre a Prefeitura Municipal de João Pessoa e o Lar da Criança (subconvênio que repassou para aquela entidade recursos do Convênio Federal em exame).

5.3.4. Essas três tomadas de preços, essas três dispensas de licitação, os pagamentos efetuados mediante inexigibilidade de licitação e o Convênio n° 031/97 totalizam um valor despendido de R$ 2.185.827,71, que corresponde à 65,87% do valor total aplicado na execução do convênio.

5.3.5. No que se refere às tomadas de preços e dispensas de licitação analisadas, bem como em relação ao Convênio celebrado com o Lar da Criança, não foram constatadas irregularidades. Quanto aos processos de inexigibilidade de licitação, não restou comprovada a ocorrência de hipótese que justificasse a inexigibilidade, o que constitui uma irregularidade, conforme item 5.7.1 abaixo.

5.3.6. Em decorrência da Tomada de Preços n° 34/97, cujo objeto era a construção de unidades comunitárias (centros de cidadania, casas lar da criança e galpões oficinas de marcenaria), foram celebrados contratos com as empresas constantes do quadro abaixo:

Empresa Situação (SINTEGRA e

Valor Inicial Contrato (R$)

Valor Final Contrato (R$)

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Page 12: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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CNPJ)Incol Incorporações e

Construções Ltda.01.808.929/0001-04 Não está habilitada

no SINTEGRA, pelo menos desde

02/12/2003. Regular no CNPJ.

183.863,58 218.961,48

Construtora Econ Empreendimentos e Construções Ltda.

01.275.877/0001-58 Regular 214.117,58 265.166,42

Engeplan Engenharia e Planejamento Ltda.

09.613.308/0001-87 Regular 214.431,75 263.142,41

Andrade Engenharia Ltda. 41.203.365/0001-09 Regular 210.713,32 237.143,21Rio Sul Construções e

Empreendimentos Ltda.01.226.485/0001-07 Regular 213.223,74 238.299,49

Construtora Azarias Ltda. 01.040.838/0001-71 Regular 214.008,98 243.650,185.3.7. Observa-se que todos os contratos firmados com as empresas para construção das

unidades comunitárias foram aditados, com o acréscimo de serviços, aumentando os valores inicialmente contratados.

5.3.8. Foram realizadas pesquisas nos Sistemas SINTEGRA – Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços, que permite verificar os cadastros de contribuintes dos fiscos estaduais existentes nas diversas Unidades da Federação, e CNPJ, da Receita Federal, para verificar as situações cadastrais das empresas. Verificou-se que nenhuma das empresas estava com o CNPJ cancelado. Quanto à pesquisa ao Sistema SINTEGRA, verificamos que algumas não mais estavam habilitadas, todavia estas inabilitações teriam ocorrido após o período de execução dos contratos.

5.4. CUSTOS5.4.1. No que se refere às compras realizadas, foi selecionada uma amostra de 9 itens

para exame dos preços praticados, que totalizam um gasto total de R$ 423.769,90. Todavia, não encontramos uma base de dados confiável com os preços de mercado à época dos itens selecionados.

5.4.2. Em relação às obras de construção de unidades comunitárias, foi realizada uma curva ABC com os itens de serviços mais significativos no custo total das obras. Na amostra selecionada, foi feita uma comparação dos preços praticados pelas construtoras com os preços constantes do SINAPI, ressaltando, todavia, que, em relação a alguns dos serviços da amostra, não foi possível essa comparação, uma vez que, na data base pesquisada, não existia, no SINAPI, os preços para aqueles serviços. Em relação aos serviços em que foi possível a comparação dos preços, não foi constatado sobrepreço.

5.5. EXECUÇÃO FINANCEIRA5.5.1. Envio de Recursos do Concedente para o Convenente:Ordem Bancária Data do Crédito Valor (R$)

1997OB00713, de 16/10/1997 24/10/1997 1.560.093,821997OB00384, de 02/04/1998 07/04/1998 1.609.039,18

5.5.2. Créditos da Contrapartida - Não houve contrapartida, conforme Parágrafo Único da Cláusula Terceira do Termo de Convênio assinado entre as partes. Todavia, foram pagos R$ 345.238,47, com recursos próprios, às empresas contratadas para construção de unidades comunitárias. Esses pagamentos não constaram da prestação de contas do convênio. Alguns desses pagamentos referem-se a serviços executados após o fim da vigência do convênio. Talvez, essa tenha sido a razão da não inclusão desses pagamentos na prestação de contas. Todavia, os termos de recebimento só foram firmados após os últimos boletins de medição. Em suma, o objeto do convênio só foi totalmente cumprido após seu encerramento, todavia os recursos federais foram aplicados dentro da vigência convênio, tendo as despesas realizadas após o convênio sido custeadas com recursos próprios. Sendo assim, consideramos uma falha formal.

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Page 13: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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5.5.3. Pagamentos Efetuados – Tendo em vista o elevado número de pagamentos efetuados (197), a análise procedida pela equipe de auditoria foi por amostragem. Foram selecionados: todos os trinta e cinco pagamentos para construção das unidades comunitárias (total: R$ 1.106.315,28); todos os doze pagamentos decorrentes de inexigibilidade de licitação (total: R$ 630.295,56); três pagamentos com dispensa de licitação (n°s 45, 159 e 165) (total: R$ 9.906,50); e quatorze pagamentos com aquisição de materiais/equipamentos/veículos (n°s 1, 15, 18, 31, 84, 105, 123, 146, 154, 155, 167, 178, 179 e 183) (total: R$ 781.006,64). No total, foram analisados sessenta e quatro pagamentos, que totalizaram R$ 2.653.778,22 (79,97% do valor total aplicado com recursos federais).

5.5.4. Os valores constantes da relação de pagamentos efetuados que foram analisados guardam correlação com os extratos bancários da conta específica do convênio e com as notas fiscais. No que se refere às obras de construção das unidades comunitárias, foi verificado que as medições guardam correlação com os valores constantes da relação de pagamentos e, consequentemente, com os extratos bancários e notas fiscais.

5.5.4.1. Outro ponto que merece destaque é o fato de que não houve a devida retenção e recolhimento da contribuição previdenciária prevista no art. 31, §4º, inciso III, da Lei 8.212/1991, alterada pela Lei 9.711, de 20/11/1998, quando dos pagamentos das medições decorrentes dos contratos de empreitada celebrados entre a Prefeitura Municipal de João Pessoa e as empresas contratadas para a execução de obras, devendo, em razão disso, ser expedida comunicação ao INSS para adoção das providências ao seu encargo.

5.6. VERIFICAÇÃO FÍSICA5.6.1. Foi realizada uma verificação in loco em quatro centros de cidadania (Investigador

Antonio Alves de Lima, Idália da Silva Lima Azevedo, Otaviano Fernandes Coutinho e Cícero de Lucena), de um total de 10, em 4 casas ‘lar da criança’(Recanto da Meninada), de um total de 6, e em um galpão oficina (Marcenaria São José), de um total de 2, para verificação da efetiva execução do objeto.

5.6.2. Foram feitas medições no Centro de Cidadania Investigador Antonio Alves de Lima, em uma das casas ‘lar da criança’ no Recanto da Meninada e na Marcenaria São José, restando comprovada a compatibilidade entre o que foi medido pela equipe de auditoria e as informações constantes das medições. A Equipe de Auditoria, num exame visual, não constatou diferenças significativas em nenhum dos outros centros de cidadania e em nenhuma das demais casas ‘lar da criança’ visitados, em relação às unidades medidas.

5.6.3. A Equipe de Auditoria constatou também a existência de máquinas de costuras, mobiliários, computadores, eletrodomésticos, equipamentos de cabeleireiro e equipamentos de marcenaria que teriam sido adquiridos com recursos do convênio nas unidades visitadas. Não foi feita uma contagem dos equipamentos e materiais adquiridos para as referidas unidades, em razão da existência de circunstâncias que impossibilitam a identificação precisa de eventual irregularidade referente a não entrega de materiais adquiridos, quais sejam: não sabíamos quais equipamentos/materiais haviam sido entregues em cada uma das unidades; se, após a entrega, houve a transferência de equipamentos/materiais para outras unidades ou setores da edilidade; alguns dos equipamentos já haviam sido furtados; outros estavam em conserto. Considerando, todavia, que as unidades estavam em funcionamento e considerando que a Equipe de Auditoria constatou a existência de vários dos equipamentos mencionados acima, entendemos que, pelo menos, grande parte dos equipamentos foram devidamente entregues e estão sendo utilizados em benefício da comunidade.

5.7. IRREGULARIDADES E RESPONSABILIDADES5.7.1. Inexigibilidade indevida de licitações para contratação de serviços técnico-

especializados, quando havia viabilidade de competição.5.7.1.1. Foram celebrados dois contratos com o SEBRAE e dois contratos com o SENAI,

para realização de cursos profissionalizantes. As contratações se deram por meio de

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inexigibilidade de licitação, com fundamento no art. 25, inciso II, da Lei 8666/90. Por meio do Ofício de Requisição n° 914/2005-01 (fls. 31/33 do Anexo 1), foram solicitados todos os processos de licitação referentes ao Convênio 059/97. Na documentação apresentada, não constavam os processos de inexigibilidade que fundamentaram as contratações do SEBRAE e do SENAI. Nos processos de pagamentos, também não constavam os referidos processos de inexigibilidade, mas, apenas, os contratos. Em razão disso, foi selecionado um dos contratos e foi feita nova solicitação (fls. 35 do Anexo 1), desta feita, requerendo, especificamente, o processo de inexigibilidade referente ao contrato selecionado. Em resposta ao ofício de requisição em questão, foi enviado, por meio do expediente de fls. 02/09 do Anexo 3, além do contrato e do termo aditivo, que já possuíamos, cópia do Parecer n° 00034/97 da Assessoria Jurídica da Comissão Central Permanente de Licitação da Prefeitura Municipal de João Pessoa, que justifica a inexigibilidade da licitação, alegando a ‘INVIABILIDADE DE COMPETIÇÃO, com base no arts. 25, II, e 13, VI, da Lei n° 8.666/93.

5.7.1.2. Nos termos da Lei n° 8.666/93, nem todo serviço técnico profissional especializado pode ser contratado mediante inexigibilidade de licitação, mas, apenas, quando houver inviabilidade de competição, e, mesmo assim, com profissional ou empresa de notória especialização. Quanto à notória especialização do SEBRAE e do SENAI, não há controvérsia. Por outro lado, entendemos que a inviabilidade de competição não ocorria para todos os serviços técnico-especializados contratados (treinamento e aperfeiçoamento de pessoal), conforme exige o art. 25 da Lei n° 8.666/90, para que seja configurada a hipótese de inexigibilidade. São os casos, pelo menos, dos cursos básicos de informática e de operador de computador, já que é sabido que várias empresas oferecem esses cursos. Uma pesquisa mais aprofundada poderia mostrar, também, a eventual viabilidade de competição para os cursos de corte e costura, doces e salgados, cabeleireiro e culinária. Sendo assim, entendemos que as contratações mediante inexigibilidade, pelo menos, em relação aos cursos básicos de informática e de operador de computador, foram irregulares.

5.7.1.3. Considerando, todavia, que a contratação com essas empresas de notória especialização (SEBRAE e SENAI) englobou um conjunto de cursos, sendo que, para a maioria desses cursos, de fato, existia a inviabilidade de competição, entendemos que a irregularidade em questão pode ser considerada falha formal, cabendo, apenas, determinação à Prefeitura Municipal de João Pessoa no sentido de que observe o disposto nos arts. 2° e 25 da Lei n° 8.666/90, de sorte que, quando da contratação de serviços técnico-especializados em que haja a viabilidade de competição, seja realizado o devido processo licitatório, especialmente, em relação a cursos que várias empresas oferecem, como de informática, operador de computador, etc.

6. CONVÊNIO N° 2810/2000 (SIAFI 407969)6.1. IDENTIFICAÇÃON° SIAFI: 407969.N° Original: 2810/2000.Concedente: Ministério da Saúde – Fundo Nacional de Saúde – FNS.Convenente: Prefeitura Municipal de João Pessoa – PMJP.Executor/Responsável: Prefeitura Municipal de João Pessoa / Cícero de Lucena Filho –

Prefeito e Fundação de Apoio a Pesquisa e a Extensão da UFPB – FUNAPE / Virgílio Mendonça da Costa e Silva – Secretário Executivo.

Data da Celebração: 29/12/2000.Vigência: Inicial: 29/12/2000 a 25/12/2001;Atual: 29/12/2000 a 25/12/2005 (prorrogações ocorridas pelos aditivos de 1 a 7).Recursos: Federais: R$ 2.240.000,00;

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Contrapartida: R$ 224.000,00.Análise da Prestação de Contas pelo Concedente: Ainda não foi apresentada a prestação de contas final, uma vez que o convênio só se

encerrará em 25/12/2005. 6.2. OBJETODescrição: Dar apoio financeiro para conclusão do C.T.I. do Hospital Universitário

Lauro Wanderley e aquisição de equipamentos e material permanente em João Pessoa – PB, visando ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde – SUS.

Alterações do Objeto por meio de Aditivos: Sem alteraçõesAlterações no Plano de Trabalho decorrentes de Aditivos: Não houve Valores dos Itens que Compõem o Objeto: Obras Civis Concedente: R$ 484.545,45 Proponente: R$ 48.454,55Equipamentos e material permanente Concedente: R$ 1.755,454,55 Proponente: R$ 175.545,456.3. ASPECTOS DA LICITAÇÃO E DO CONTRATO6.3.1. Antes de ingressarmos no contexto deste subitem, entendemos conveniente

esclarecer alguns pontos característicos deste convênio. Como já visto nos subitens precedentes, o convênio aqui em exame foi celebrado entre o Fundo Nacional de Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa. A Prefeitura, por sua vez, celebrou um convênio de delegação com a Fundação de Apoio à Pesquisa e a Extensão – FUNAPE, entidade vinculada à Universidade Federal da Paraíba, com vistas à execução do objeto do referido convênio. Dessa forma, os recursos recebidos pela Prefeitura foram repassados à referida entidade, que foi a responsável pela realização dos procedimentos licitatórios, pela execução financeira e orçamentária da despesa e, na prática, pela organização da prestação de contas a ser apresentada pela Prefeitura ao repassador. Com esses esclarecimentos, passamos ao exame.

6.3.2. Para a execução do presente convênio, foram realizados três procedimentos licitatórios nas modalidades Concorrência (nº 02/2003), Tomada de Preços (nº 02/2002) e Convite (nº 13/2002). A Concorrência teve como objeto a aquisição de equipamentos e material permanente destinados ao CTI do Hospital Universitário Lauro Wanderley – HULW, pertencente à Universidade Federal da Paraíba; a Tomada de Preços e o Convite tiveram como objeto a contratação de obras e serviços de engenharia, como sejam: a Tomada de Preços objetivou a ampliação e reforma do CTI do HULW; o Convite, a complementação da impermeabilização da cobertura do bloco C, onde funciona o ambulatório do complexo hospitalar em relevo.

6.3.3. A concorrência foi vencida por várias empresas fornecedoras, quais sejam: Distribuidora Medica e Hospitalar Ltda. – Hospimetal, com R$ 165.606,56; Oscar Iskin e Cia Ltda., com R$ 343.200,00; Intermed Equipamentos Médicos Hospitalares Ltda., com R$ 136.759,88; Philips Medical Systems Ltda., com R$ 382.122,00; Baumer S/A, com R$ 49.794,00; K. Takaoka Ind. e Com Ltda., com R$ 55.599,00; Dixtal Biomed Ind. e Com Ltda., com R$ 420.880,00; e Sismatec Ind e Com de Equipamentos Hosp. Ltda., com R$ 18.400,00. A Tomada de Preços foi vencida pela empresa Zoih Engenharia Ltda., tendo-lhe sido adjudicado o valor de R$ 456.000,00, e o Convite pela empresa MLR Construções Ltda., com o valor de R$ 57.194,50.

6.3.4. Quanto a esses dois últimos procedimentos, foram constatadas algumas irregularidades, conforme veremos nos itens 6.7.1 e 6.7.3 abaixo.

6.4. CUSTOS

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6.4.1. Escolheu-se uma amostra dos itens de serviços mais significativos medidos e pagos no âmbito de cada uma das contratações ocorridas, resultantes da Tomada de Preços n° 02/2002 e do Convite n° 13/2002.

6.4.1.1. No primeiro caso, ou seja, para as obras de ampliação e reforma do CTI do HULW, a amostra correspondeu, em uma primeira seleção, a 74% do total contratado. Dada a peculiaridade de boa parte dos serviços escolhidos, especificamente em razão do tipo de obra – engenharia hospitalar – somente encontraram-se os preços, em pesquisa ao Sistema SINAPI da Caixa Econômica Federal, de oito itens, do total inicial de vinte e seis selecionados. Desse total, cinco apresentaram sobrepreço, conforme veremos no item 6.7.3 abaixo. Apenas três itens estavam com valores compatíveis com os de mercado.

6.4.1.2. Em relação aos serviços de impermeabilização da cobertura do bloco C do HULW, constatamos que os preços praticados estavam de acordo com os preços de mercado.

6.4.2. Quanto aos equipamentos, foi feita, pelo concedente, uma análise detalhada das especificações técnicas e preços dos equipamentos licitados, conforme a Nota Técnica/CIE/CE/DIPE/SE/MS n° 006/04, de 20/02/2004. Em relação aos equipamentos efetivamente adquiridos, foi constatado que os preços praticados encontravam-se compatíveis com os valores de mercado. Foram feitas pesquisas, inclusive, no banco de dados Healthcare Product Comparison System – HPCS, versão 06/2001, do Emergency Care Research Institute – ECRI. Considerando o trabalho já realizado pelo concedente e a dificuldade de obtermos os preços de mercado dos equipamentos à época da aquisição, tendo em vista as especificidades desses equipamentos, deixamos de efetuar nova análise de preços.

6.5. EXECUÇÃO FINANCEIRA6.5.1. Envio de Recursos do Concedente para o Convenente:Ordem Bancária Valor (R$)

2001OB410674, de 14/05/2001 40.000,002001OB410673, de 14/05/2001 408.000,002001OB411066, de 19/06/2001 448.000,002002OB408740, de 13/12/2002 224.000,002002OB408741, de 13/12/2002 224.000,002004OB909611, de 30/12/2004 896.000,00

6.5.1.1. Os repasses do Fundo Nacional de Saúde foram creditados na conta bancária nº 9669-5, agência 1618-7, do Banco do Brasil, de movimentação da Prefeitura Municipal de João Pessoa, no valor de R$ 2.240.000,00. Esta, após o crédito das respectivas parcelas, promoveu a aplicação financeira dos recursos, antes, portanto, do repasse à FUNAPE, executora final do objeto do convênio, tendo rendido no período de aplicação a importância de R$ 137.097,82, repassada integralmente à executora. A FUNAPE, por sua vez, tendo recebido os recursos federais envolvidos, promoveu aplicação no mercado financeiro, tendo rendido no período a importância de R$ 275.970,93. Salienta-se que o convênio em apreço tem vigência prevista até 25/12/2005.

6.5.2. Créditos da Contrapartida - Há uma previsão de aplicação, a título de contrapartida, de R$ 224.000,00. Já foi repassado, pela Prefeitura de João Pessoa (convenente), para a conta da FUNAPE (executora), o montante de R$ 174.400,00. Desse montante, foram gastos, apenas, R$ 16.807,97. Como já foram auferidos rendimentos no montante de R$ 7.564,60, o saldo de recursos da contrapartida era de R$ 165.156,63. Como o convênio ainda está em vigência, há tempo para aplicação do restante da contrapartida.

6.5.3. Pagamentos Efetuados – Os valores constantes da relação de pagamentos efetuados guardam correlação com os extratos bancários da conta específica do convênio e com as notas fiscais. No que se refere às obras civis, foi verificado que as medições guardam correlação com os valores constantes da relação de pagamentos e, consequentemente, com os extratos bancários e notas fiscais. Ressalte-se, todavia, que foram observados que todos os processos de pagamentos relativos a obras e serviços de engenharia encontravam-se desacompanhados dos

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devidos boletins de medição, que encontravam-se no setor de engenharia do Hospital Universitário. Havia, dentro dos processos de pagamentos, apenas, um expediente do diretor do HULW solicitando o pagamento da fatura apresentada pela empreiteira.

6.5.3.1. Do corpo das notas fiscais abaixo, não constou informação acerca do nº e nome do convênio federal envolvido, nem do convênio de delegação, celebrado com a Prefeitura Municipal de João Pessoa. Consta apenas o nº do Convite 13/2002, o que fere o subitem 1.7 da Cláusula Décima Primeira – Outras obrigações do convênio de delegação celebrado entre a PMJP/FUNAPE e subitem 2.5 da Cláusula segunda do termo de convênio 2810/2000, celebrado entre o FNS/PMJP:Processo nº Nota Fiscal nº Data09048/2002 000015 31/10/200201604/2003 000027 21/02/2003

03734 000038 28/03/2003

6.5.3.1.1. Por tratar-se de falha formal, cabível determinação à FUNAPE, no sentido de que observe o disposto no art. 30 da IN/STN n° 01/97.

6.6. VERIFICAÇÃO FÍSICA6.6.1. Foi realizada uma verificação in loco no HULW, onde foi verificado que os

equipamentos constantes de amostra anteriormente selecionada estavam em pleno funcionamento.

6.6.2. Em relação aos serviços de impermeabilização da cobertura do bloco C, objeto do Convite n° 013/2002, e às obras de ampliação e reforma do CTI, objeto da Tomada de Preços nº 02/2002, foi constatado o atesto e medição de serviços cuja integral execução não restou comprovada, conforme descrito no item 6.7.2 abaixo.

6.7. IRREGULARIDADES E RESPONSABILIDADES6.7.1. Homologação da Tomada de Preços n° 02/2002, quando restava evidente um

conluio entre as empresas participantes, tendo em vista a coincidência quase total dos preços unitários das propostas de preços das licitantes, importando tal procedimento em fraude à licitação.

6.7.1.1. Compulsando as propostas de preços apresentadas pelas Empresas CONIM – Construtora e Imobiliária Ltda., Zoih Engenharia Ltda. e MLR Construções Ltda., que participaram do certame em apreço, observa-se uma impressionante coincidência entre os preços unitários propostos.

6.7.1.1.1. Comparando a proposta da Empresa CONIM (fls. 43/52 do Anexo 4) com a da Empresa Zoih (fls. 53/63 do Anexo 4), vencedora do certame, verifica-se que, de um total de 263 (duzentos e sessenta e três) itens que compunham a descrição do objeto da licitação, houve uma absoluta igualdade entre 262 (duzentos e sessenta e dois) deles, tendo ocorrido diferença apenas no preço unitário do item 16.22 – ‘Self Contained’ remota, capacidade 15 tr. Nesse sentido, enquanto a primeira o cotou por R$ 24.339,85 (vinte e quatro mil, trezentos e trinta e nove reais e oitenta e cinco centavos), a firma CONIM alvitrou a sua consecução por R$ 25.200,00 (vinte e cinco mil e duzentos reais). A diferença entre eles, R$ 860,15 (oitocentos e sessenta reais e quinze centavos), constitui justamente a consignada entre as duas propostas.

6.7.1.1.2. Já com relação às propostas das empresas Zoih e MLR (fls. 64/81 do Anexo 4), vislumbra-se a surpreendente coincidência de 261 (duzentos e sessenta e um) preços unitários, tendo havido diferença apenas em dois itens das propostas: o 11.64 (Quadro Cemar CS 3219-14) e o 16.22, mencionado no subitem anterior. De ressaltar, outrossim, que a diferença no valor global das duas propostas deveu-se, ainda, à disparidade nos quantitativos dos itens 11.55 (Luva PVC 20 mm) e 13.20 (Luva PVC 25 mm), a qual, somada à diferença consignada no total dos dois primeiros itens supramencionados, importou o quantum de R$ 797,73 (setecentos e noventa e sete reais e setenta e três centavos), justamente a diferença entre o valor total das duas propostas. A tabela a seguir resume as observações em apreço.

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ItemEmpresa MLR Empresa Zoih

Preço unitário (R$) Quantidade Valor Total

(R$) Preço unitário Quantidade Valor total (R$)

11.55 0,38 859 326,42 0,38 858 326,0411.64 67,33 1 67,33 65,33 1 65,3313.20 0,90 8 7,20 0,90 80 72,0016.22 25.200,00 1 25.200,00 24.339,85 1 24.339,85

Total 25.600,95 Total 24.803,22Diferença 797,73

6.7.1.2. A subsidiar a intelecção de que houve combinação entre as empresas, tendo ocorrido infração ao princípio do segredo das propostas, menciona-se que a planilha de quantitativos e serviços, que constituía documento anexo ao edital (fls. 03/14 do Anexo 4), não trazia os preços unitários do orçamento-base da Administração, consignando apenas a especificação dos serviços, os quantitativos dos serviços e o preço total máximo admissível. De ressaltar que tal omissão constitui violação ao art. 40, § 2°, inciso II, da Lei n° 8.666/93, porquanto constitui documento obrigatório, aposto em anexo ao edital, o orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários. Sendo assim, em vista da inexistência de especificação dos custos unitários, em documento anexo ao edital, constitui hipótese pouco plausível se imaginar que não passou de mera coincidência o fato de as aludidas firmas terem apresentado propostas com o grau de semelhança supramencionado.

6.7.1.3. Dessarte, os documentos trazidos aos autos apontam que houve fraude à presente licitação. Não foi possível provar a participação de servidores da FUNAPE nessa fraude, todavia também não é admissível que a comissão de licitação e o responsável por sua homologação não tenham percebido tal fraude.

6.7.1.4. Entendemos que o aprofundamento nas investigações a fim de verificar a eventual participação de servidores da FUNAPE nessa fraude, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação, o que constituiria em crime tipificado no art. 90 do Estatuto Licitatório (frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação), deveria ser realizado, caso entenda oportuno e conveniente, pela Polícia Federal, que possui os meios necessários para tanto. Vale ressaltar que o requisito subjetivo - o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação – constitui pressuposto para a responsabilização penal dos agentes públicos eventualmente envolvidos na prática do presente ilícito, cuja apuração constitui responsabilidade da Polícia Federal.

6.7.1.5. De qualquer forma, independentemente da eventual participação de servidores da FUNAPE nessa fraude, entendemos que restou caracterizada a ocorrência de irregularidade grave. Diante dessa clara combinação entre as empresas participantes do certame, a Comissão de Licitação e o responsável por sua homologação deveriam anular o certame e repeti-lo. Nesse sentido, ilustra-se que o conluio ora verificado conspira contra o princípio da busca da proposta mais vantajosa para a Administração Pública, constante do art. 3° da Lei n° 8.666/93, uma vez que, em face dessa combinação, não resta evidente que o procedimento licitatório em questão traria a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração. Sendo assim, com relação à responsabilização administrativa, resta assente a prática de ilícito administrativo, porquanto foi homologado o procedimento licitatório, quando restava evidente um conluio entre as empresas licitantes, em dissonância com o art. 3° da Lei n° 8.666/93.

6.7.1.6. Ante o exposto, entendemos cabível a audiência, nos termos do art. 43, inciso II, da Lei n. 8.443/92, dos responsáveis abaixo discriminados, para que apresentem razões de justificativa em relação aos respectivos atos impugnados.

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Responsáveis: Paulo Sérgio Navarro Cruz, Maria José Santos da Nóbrega, Isabella Duarte Gouvêa e Márcia Ramos da Silva, membros da Comissão Especial de Licitação.

Ato impugnado: Emissão de parecer da comissão de licitação favorável à homologação da Tomada de Preços n° 02/2002 (fls. 82/83 do Anexo 4), quando restava evidente um conluio entre as empresas participantes, tendo em vista a coincidência quase total dos preços unitários das propostas de preços das licitantes, importando tal procedimento em fraude à licitação, tendo sido violado o princípio do segredo da proposta, prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, que caracteriza um dos principais objetivos da licitação;

Dispositivos violados: Art. 3° da Lei n° 8.666/93. Responsável: Virgílio Mendonça da Costa e Silva, Secretário-Executivo da FUNAPE.Ato impugnado: Homologação da Tomada de Preços n° 02/2002 (fls. 84 do Anexo 4),

quando restava evidente um conluio entre as empresas participantes, tendo em vista a coincidência quase total dos preços unitários das propostas de preços das licitantes, importando tal procedimento em fraude à licitação, tendo sido violado o princípio do segredo da proposta, prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, que caracteriza um dos principais objetivos da licitação;

Dispositivos violados: Art. 3° da Lei n. 8.666/93.6.7.1.7. Por fim, tendo em vista a participação das Empresas CONIM – Construtora e

Imobiliária Ltda., Zoih Engenharia Ltda. e MLR Construções Ltda. na fraude em questão, faz-se necessária a fixação de prazo para que as aludidas firmas se manifestem sobre o assunto, tendo em vista a possibilidade de se declarar a inidoneidade dos licitantes fraudadores, nos termos do art. 46 da Lei n° 8.443/92.

Interessados: Empresas CONIM – Construtora e Imobiliária Ltda., Zoih Engenharia Ltda. e MLR Construções Ltda.

Ato jurídico: combinação entre as empresas participantes da Tomada de Preços n° 02/2002, configurada na semelhança quase integral entre os preços unitários constantes das propostas, importando tal procedimento em fraude à licitação, violando o princípio do segredo da proposta e prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, em detrimento do art. 3° da Lei n° 8.666/93.

6.7.2. Atesto e medição de serviços cuja integral execução não restou comprovada. 6.7.2.1. Em visita técnica realizada ao Hospital Universitário Lauro Wanderley,

especificamente, no local onde teriam sido executados os serviços de complementação da impermeabilização da cobertura do bloco C, objeto do Convite n° 013/2002, não restou demonstrada, com base na planta técnica fornecida pela Arquiteta Rosilene Calou de Araújo Silveira (fls. 15 do Anexo 4), servidora daquele hospital, a integral execução dos 2.700 (dois mil e setecentos) m2 de área impermeabilizada, conforme pactuado no contrato acostado às fls. 16 do Anexo 4.

6.7.2.1.1. Munida da referida planta, a equipe de auditoria esteve na cobertura supramencionada, tendo sido inspecionado os locais onde teriam sido executados os serviços referentes ao Convênio n° 2810/2000, indicados pelo servidor sobre a alcunha de Dedé, o qual foi designado pela Sra. Rosilene Calou para acompanhar a equipe na visita às obras. Cumpre ressaltar, de início, duas observações quanto à obra em tela.

6.7.2.1.2. A primeira diz respeito à maneira como foram executados os serviços de impermeabilização, uma vez que foram contempladas áreas espalhadas ao longo da cobertura, quando o normal de obras de engenharia dessa espécie é a sua consecução em áreas contíguas, aplicando-se a manta asfáltica na integralidade da cobertura. Indagado acerca de tal fato, o servidor indicado para acompanhar a equipe alegou que as áreas onde foram realizados os serviços constituíam compartimentos estanques – isolados -, tendo sido escolhidos os locais mais críticos, em vista da falta de recursos para a impermeabilização total da cobertura. Com relação a esta argumentação, a equipe constatou que, de fato, a concepção da cobertura

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possibilitaria tal solução, porquanto constituída de compartimentos isolados, informalmente designados como cochos (ver figuras acostadas às fls. 40/42 do Anexo 4) .

6.7.2.1.3. Outro ponto que merece destaque é a informação repassada de que a impermeabilização da cobertura foi contemplada com recursos de dois instrumentos de repasse, tendo o Convênio n° 2810/2000 sido utilizado para a consecução de uma segunda etapa dos serviços. Com relação a esse fato, é oportuno ressaltar a própria falta de absoluta certeza do mestre-de-obras que acompanhou a equipe quanto aos locais onde teriam sido exatamente realizados os serviços de cada convênio. Conforme se comentará adiante, a própria planta fornecida pelo Hospital aponta a inexecução integral do objeto da avença, uma vez que o somatório das áreas hachuradas não importam o valor total de 2.700 m2 de área impermeabilizada pactuado no convênio.

6.7.2.1.4. No respeitante à execução do objeto, a equipe de auditoria empreendeu a medição da largura de todas as linhas de cochos apontadas pelo servidor supracitado, ressaltando-se que foram obtidas medidas na dimensão impermeabilizada, o que contempla as subidas e parte do topo das muretas. Da mesma forma, com base na medida linear obtida pelo exame da planta aduzida no subitem 6.7.2.1 retro, verificou-se o comprimento de manta asfáltica que tal dimensão correspondia. A equipe concluiu, nesse sentido, que a cada 1,20 m linear na planta havia 1,75 metro de manta asfáltica, por conta das subidas nas muretas dos cochos. Remete-se ao exame das figuras de fls. 40/41 do Anexo 4 para o entendimento da metodologia de cálculo indicada. Sendo assim, conforme consta da memória de cálculo juntada às fls. 21 do Anexo 4, obteve-se, com base na documentação encaminhada pelo Hospital, que a área impermeabilizada com os recursos federais em questão correspondia ao total de 1793,7 (um mil, setecentos e noventa e três vírgula sete) m2, ou seja, aproximadamente 900 m2 abaixo da medida e paga pela Municipalidade.

6.7.2.2. Tal irregularidade enseja a imputação de responsabilidade ao agente administrativo que atestou a execução dos serviços nos boletins de medição, isto é, a Engenheira Adriana Carla Soares Vaz, servidora do Hospital, Matrícula n° 1117520, a qual assinou os documentos de fls. 17/20 do Anexo 4. O procedimento usual no âmbito desta Corte de Contas seria a citação da responsável, após a conversão dos autos em tomada de contas especial. Todavia, entendemos cabível, excepcionalmente, a audiência preliminar da responsável, nos termos do art. 43, inciso II, da Lei n° 8.443/92, para que apresente razões de justificativa em relação ao respectivo ato impugnado. Tal opção, em caráter excepcional, deve-se ao fato de que a referida servidora seria a pessoa indicada para o esclarecimento das dúvidas levantadas no subitem 6.7.2.1.3, ressaltando-se que ela se encontrava impossibilitada, à época da inspeção, de acompanhar a equipe na visita às obras, uma vez que se achava em licença maternidade. Na eventualidade de não serem aceitas as razões de justificativas, deverão ser adotadas providencias com vista ao ressarcimento do dano suportado pelo erário, devendo ser autorizada a conversão do feito em tomada de contas especial.

6.7.2.3. Continuando o feito, aponta-se a ocorrência de medição de serviços cuja integral execução não restou comprovada também nas obras de ampliação e reforma do CTI do HULW. No tocante à instalação das luminárias de embutir C-2589 e C-2340, constantes dos itens 11.59 e 11.60 dos boletins de medição, dos totais medidos de 100 (cem) e 59 (cinquenta e nove) unidades – conforme o Boletim de Medição n° 02 (fls. 22/30 do Anexo 4), somente foram encontrados, em visita técnica ao local da obra, o total de 84 (oitenta e quatro) unidades do primeiro tipo e 51 (cinquenta e uma) unidades do segundo tipo, configurando um débito de R$ 2.813,12 (dois mil, oitocentos e treze reais e doze centavos),conforme especificado na tabela adiante.

Tabela: Demonstrativo de luminárias encontradas no local indicado pela equipe do HULWLuminárias Total medido Total encontrado Preço unitário Débito

Luminária de embutir C-2589 100 84 67,07 1.073,12

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Luminária de embutir C-2340 59 51 217,50 1.740,00Total 2.813,12

6.7.2.4. Em vista do exposto, seria necessária a citação da Sra. Adriana Carla Soares Vaz, que atestou a realização da integralidade desses itens no Boletim de Medição n° 02 (fls. 22/30 do Anexo 4) – a rubrica constante nas folhas da medição assemelha-se à assinatura da servidora nos documentos de fls. 20 do Anexo 4. Todavia, optou-se por aguardar o desfecho das audiências alvitradas no âmbito do presente convênio, a fim de se decidir acerca da conversão dos presentes autos em TCE, quando ocorrerá a citação da aludida responsável.

Responsável: Adriana Carla Soares Vaz, servidora do Hospital Universitário Lauro Wanderley, Matrícula n° 1117520.

Ato impugnado: Atesto e medição de serviços cuja integral execução não restou comprovada, uma vez que a prancha técnica apresentada à equipe de fiscalização apontava a consecução de apenas 1793,7 (um mil, setecentos e noventa e três vírgula sete) m2 de impermeabilização da cobertura do bloco C, objeto do Convite n° 013/2002, do total de 2.700 m2 contratado e pago. Da mesma forma, no tocante à instalação das luminárias de embutir C-2589 e C-2340, objeto dos serviços de ampliação e reforma do CTI do HULW, dos totais medidos de 100 (cem) e 59 (cinquenta e nove) unidades – conforme o Boletim de Medição n° 02 (fls. 22/30 do Anexo 4), somente foram encontrados, em visita técnica ao local da obra, o total de 84 (oitenta e quatro) unidades do primeiro tipo e 51 (cinquenta e uma) unidades do segundo tipo.

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/1964 e 36 do Decreto n° 93.872/1986.6.7.3. Sobrepreço de itens de serviços. 6.7.3.1. Conforme relatado no item 6.4.1.1 supra, cinco itens de serviços da Tomada de

Preços n° 02/2002 (obras de ampliação e reforma do CTI do HULW) apresentaram sobrepreço. Os serviços onde se constatou sobrepreço - R$ 106.562,46 (cento e seis mil, quinhentos e sessenta e dois reais e quarenta e seis centavos) - importaram pagamentos totais que correspondem a 23% do valor do contrato – R$ 456.000,00 (quatrocentos e cinquenta e seis mil reais), tendo sido apurado um pagamento a maior de R$ 60.305,36 (sessenta mil, trezentos e cinco reais e trinta e seis centavos), equivalente a 13% do montante contratado ou 57% do valor da amostra onde se constatou sobrepreço – R$ 106.562,46 (cento e seis mil, quinhentos e sessenta e dois reais e quarenta e seis centavos). A tabela abaixo traz a indicação dos itens onde ocorreram sobrepreço.

Tabela: Amostra escolhida dos preços praticados na Tomada de Preços n° 02/2002.

Discriminação quantidade exec valor unitário valor total Preço SINAPI

(inc 30%) débito

Assent laminado text fórmica e=1,3 mm sobre parede 699,5 57,00 39.871,50 19,58 26.176,69

Fornec assent PAVIFLOOR PRISMA 380 95,00 36.100,00 29,04 25.064,04Forro PVC faixa larga 468,37 35,00 16.392,95 27,30 3.606,45Exec alvenaria 1/2 vez 571 13,50 7.708,50 7,15 3.625,85

Pintura tinta PVA látex emassam em duas demãos 954,34 6,80 6.489,51 4,88 1.832,33

TOTAL 106.562,46 TOTAL 60.305,366.7.3.2. Em razão da providência preliminar estatuída no subitem 6.7.2.2., e tendo em

vista, ainda, que o convênio ainda se encontra em execução – não as obras em comento, que já foram concluídas -, sugere-se em face do presente achado, que seria objeto de citação, a realização de audiência dos servidores que integraram a Comissão de Licitação, assim como o responsável pela homologação da Tomada de Preços n° 02/2002, a fim de que estes possam trazer razões de justificativa acerca das diferenças de preços apontadas na presente tabela. Na eventualidade de não serem aceitas as razões de justificativas, deverão ser adotadas

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providências com vista ao ressarcimento do dano suportado pelo erário, devendo ser autorizada a conversão do feito em tomada de contas especial.

Responsáveis: Paulo Sérgio Navarro Cruz, Maria José Santos da Nóbrega, Isabella Duarte Gouvêa e Márcia Ramos da Silva, membros da Comissão Especial de Licitação; e Virgílio Mendonça da Costa e Silva, Secretário-Executivo da FUNAPE.

Ato impugnado: Sobrepreço em itens de serviços da Tomada de Preços n° 02/2002 (encaminhar em anexo à tabela supra).

Dispositivos violados: Art. 43, IV, da Lei n° 8.666/93.7. CONVÊNIO N° 095/97 (SIAFI 320224)7.1. IDENTIFICAÇÃON° SIAFI: 320224.N° Original: 095/97.Concedente: Ministério da Saúde.Convenente: Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB.Executor/Responsável: Prefeitura Municipal de João Pessoa/Cícero de Lucena FilhoData da Celebração: 21/07/1997.Vigência:Inicial: 21/07/1997 a 21/07/1998;Atual: 21/07/1997 a 31/12/2000 (3 prorrogações, por meio dos aditivos 01, 02 e 03).Recursos:Federais: R$ 5.023.442,00 (só foram liberados R$ 3.877.154,00);Contrapartida: R$ 0,00.Análise da Prestação de Contas pelo Concedente: Aprovada a prestação de contas, em relação ao valor total liberado.7.2. OBJETODescrição: estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de

Erradicação do Aedes Aegypti no Município, visando fortalecer a capacidade técnico-operacional para atender aos serviços de saúde no município e sua integração ao Sistema Único de Saúde.

Alterações do Objeto por meio de Aditivos: Não.Alterações no Plano de Trabalho decorrentes de Aditivos: O Convênio, inicialmente,

previa ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no período de 21/07/1997 a 21/07/1998. O aporte de recursos federais para o custeio das ações, nesse período, foi de R$ 1.606.320,00. Em seguida, foi celebrado o 1° termo aditivo, prorrogando, por mais um ano, o Convênio. Em razão disso, foram suplementados os recursos financeiros com mais R$ 1.124.546,00. Depois, houve mais uma prorrogação por mais um ano, com nova suplementação de recursos de R$ 1.146.288,00 (2° termo aditivo). Por fim, houve uma última prorrogação, com a suplementação de recursos de R$ 1.146.288,00 (3° termo aditivo), todavia, em relação a esta última, os recursos não chegaram a ser liberados.

Valores dos Itens que Compõem o Objeto: Material de consumo: R$ 335.879,09Serviços de terceiros – Pessoa Física: R$ 3.244.366,00Serviços de terceiros – Pessoa Jurídica: R$ 296.908,917.3. ASPECTOS DA LICITAÇÃO E DO CONTRATO7.3.1. A grande maioria das despesas foram efetuadas mediante dispensa de licitação.

Tendo em vista o elevado número de pagamentos efetuados (519), a análise procedida pela equipe de auditoria foi por amostragem.

7.3.2. Foram apresentadas, pelo convenente, oito prestações de contas parciais e a prestação de contas final. Apesar de, nesta última, o Relatório da Execução da Receita e da Despesa estar consolidado, a relação de pagamentos não estava consolidada. Sendo assim, foi

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preciso examinar as relações de pagamentos dos respectivos períodos que compunham as prestações de contas parciais.

7.3.3. Nas relações de pagamentos efetuados, verificamos que as maiores despesas eram com as folhas de pagamento dos agentes de saúde e com a aquisição de vales-transporte para os mesmos. Sendo assim, para cada prestação de contas parcial, foram selecionados, para exame, todas as folhas de pagamento, uma compra de vales-transporte e as maiores despesas, excetuando-se os dois tipos anteriormente citados. Os pagamentos selecionados pela amostra constam do Anexo 2 (fls. 147 do presente volume). A representatividade dessa amostra pode ser vista no quadro abaixo:

Prestação de Contas Parcial

Número de pagamentos

Valor gasto (R$) Número de pagamentos da

amostra

Valor gasto da amostra (R$)

Percentual da amostra (Valor

gasto)1 44 441.954,77 19 400.238,02 90,56%2 122 1.094.706,47 21 957.611,30 87,48%3 33 395.090,71 10 359.914,00 91,10%4 32 337.129,25 13 305.510,25 90,62%5 26 229.172,96 8 180.669,63 78,84%6 28 354.702,19 10 311.730,70 87,89%7 27 278.543,20 9 236.427,67 84,88%8 144 342.495,70 8 267.140,09 78,00%9 63 340.713,74 12 297.985,38 87,46%

Total 519 3.814.508,99 110 3.317.227,04 86,96%7.3.4. Em relação a essa amostra, foram examinados o processo licitatório, os documentos

comprovantes de despesa e a correspondência com os valores debitados no extrato bancário.7.3.5. No que se refere às folhas de pagamento, cabe alguns esclarecimentos. Surge uma

dúvida quanto à natureza jurídica dos serviços prestados: os agentes de saúde seriam prestadores de serviços autônomos ou empregados/servidores temporários?

7.3.5.1. Segundo informações colhidas na Secretaria de Saúde do Município de João Pessoa, no início da execução do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti, ou seja, na vigência do convênio em análise, a forma de seleção dos agentes de saúde e a natureza jurídica da relação de trabalho entre estes e o Município não estariam regulamentadas, e nem existiria uma orientação clara em relação a essas questões, por parte do Ministério da Saúde.

7.3.5.2. Em razão disso, ainda segundo informações de servidores da Secretaria de Saúde, a Prefeitura Municipal teria promovido uma seleção simples (testes e entrevistas) e contratado os agentes. Considerando que era retido e recolhido o ISS sobre a remuneração dos agentes, e não era recolhido o INSS, infere-se que a Prefeitura tratou os agentes de saúde como prestadores de serviços autônomos. Por outro lado, forneciam vales-transporte, comportamento típico de empregador. Se eles fossem prestadores de serviços autônomos, caberia a realização de licitação. Todavia, entendemos que a relação de trabalho em questão era de emprego temporário, sendo o Município o empregador. Nesse caso, não há que se falar em licitação. Com base na mesma premissa, também não deveria ter havido o recolhimento do ISS. Sobre essa questão, foi-nos informado que existe um pedido administrativo, por parte dos interessados, os agentes de saúde, para restituição do valor recolhido a título de ISS. Sendo assim, caso seja corroborado o entendimento de que o recolhimento do ISS foi indevido, considerando que não houve prejuízo ao erário, mas aos agentes de saúde, entendemos desnecessária qualquer providência por parte deste Tribunal. Por outro lado, não houve o recolhimento do INSS dos agentes de saúde. Segundo informações de servidores da Prefeitura, naquela oportunidade, o Ministério da Saúde teria informado que o pagamento se tratava de uma bolsa. Como há dúvida acerca da incidência da contribuição social sobre a remuneração dos agentes de saúde, entendemos de bom alvitre informar ao INSS acerca da questão, para que adote as providências cabíveis.

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7.3.5.3. Em 2001, após o fim da vigência do convênio em análise, com base em orientações do Ministério da Saúde, foi publicada a Lei Municipal n° 9.585, de 18/12/2001, que regulamenta a forma de contratação de pessoal, em caráter excepcional, para programas da saúde pública, entre eles o de Erradicação do Aedes Aegypti. O art. 9° da referida Lei faz alusão à necessidade de recolhimento da contribuição previdenciária. A partir de então, deixou de ser retido o ISS, e passou a ser retido e recolhido o INSS, o que corrobora o entendimento supracitado.

7.3.6. Já os vales-transporte eram adquiridos mediante dispensa de licitação à Associação das Empresas de Transportes Coletivos Urbanos de João Pessoa – AETC-JP. Na verdade, as aquisições não deveriam ser efetuadas mediante dispensa de licitação, mas por inexigibilidade, com fundamento no art. 25, inciso I, da Lei 8666/93, uma vez que a AETC-JP é a única entidade que comercializa vales-transporte para o transporte coletivo urbano de João Pessoa. De qualquer forma, como não havia a necessidade de realização do procedimento licitatório, o fato pode ser considerado uma falha formal.

7.3.7. No que se refere aos vários pagamentos com dispensa de licitação, constatamos o fracionamento de despesas, objetivando, justamente, não realizar o devido processo licitatório. A presente irregularidade está tratada no item 7.7.1 abaixo.

7.3.8. Verificamos, ainda, irregularidades em contratos de locação de um caminhão para trabalhar na campanha de combate a dengue, conforme descrito nos itens 7.7.2 e 7.7.3 abaixo.

7.4. CUSTOS7.4.1. A maior parte dos gastos foi com pessoal (folha de pagamento, ISS, vales-

transporte). Nesses casos, os valores pagos estavam de acordo com o mercado. Em relação às demais despesas, considerando que são despesas de pequena monta (a maioria, abaixo de R$ 5.000,00), e considerando a complexidade do presente trabalho, a Equipe de Auditoria entendeu conveniente não se aprofundar na avaliação dos preços praticados, dedicando seu tempo a outros aspectos mais significativos do presente trabalho. Todavia, dentro da amostra analisada (vide itens 7.3.1, 7.3.2 e 7.3.3), em uma análise superficial, não verificamos preços esdrúxulos.

7.5. EXECUÇÃO FINANCEIRA7.5.1. Envio de Recursos do Concedente para o Convenente:

Ordem Bancária Crédito Conta específica Crédito Conta movimentoData Valor (R$) Data Valor (R$)

1997OB002905, de 14/08/1997 19/08/1997 535.440,00 17/09/1997 535.440,001997OB003450, de 19/09/1997 24/09/1997 535.440,00 30/12/1997 540.066,671998OB006449, de 08/06/1998 12/06/1998 535.440,00 08/08/1998 535.440,001999OB002535, de 10/03/1999 17/03/1999 224.909,20 17/03/1999 224.909,201999OB004967, de 11/05/1999 14/05/1999 224.000,00 17/05/1999 224.000,001999OB006167, de 08/06/1999 11/06/1999 224.000,00 29/06/1999 224.000,001999OB007899, de 09/07/1999 14/07/1999 224.000,00 29/07/1999 224.237,801999OB009784, de 13/08/1999 18/08/1999 227.636,80 02/09/1999 228.334,662000OB002635, de 22/03/2000 27/03/2000 229.000,00 28/03/2000 229.000,002000OB004668, de 09/05/2000 12/05/2000 229.000,00 15/05/2000 229.000,002000OB006035, de 15/06/2000 20/06/2000 229.000,00 06/07/2000 229.000,002000OB009159, de 29/08/2000 01/09/2000 459.288,00 13/09/2000 459.288,00

3.877.154,007.5.2. Créditos da Contrapartida – Não houve contrapartida.7.5.3. Pagamentos Efetuados – A movimentação dos recursos não se deu na conta

específica do convênio. Os recursos foram repassados para a conta específica do convênio (Banco do Brasil, Ag. 1234, c/c 19037-3 – a partir de 1999, a conta foi transferida para a Agência 1618), todavia esses valores foram transferidos para outra conta de titularidade do Município (Banco do Brasil, Ag. 1636, c/c 308.084-6 – a partir de 12/01/1999, a conta foi transferida para a Agência 1618), de onde foram realizados os pagamentos para execução do

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convênio. Nas transferências das primeiras parcelas entre as contas da prefeitura, os recursos transitavam, ainda, por uma terceira conta.

7.5.4. O art. 20 da IN/STN n° 01/97 estabelece, de forma clara, que os recursos devem ser mantidos na conta bancária específica do convênio. Por se tratar de falha formal, entendemos cabível, apenas, determinação à Prefeitura Municipal de João Pessoa, no sentido de que observe o dispositivo retromencionado. Todavia, antes dos recursos serem depositados na conta movimento (conta de onde foram realizados os pagamentos para execução do convênio), em muitos casos, permanecerem nas contas bancárias sem estarem aplicados no mercado financeiro, em desrespeito ao § 1° do artigo em foco, que estabelece que os recursos transferidos, enquanto não empregados na sua finalidade, serão obrigatoriamente aplicados no mercado financeiro. Essa ilegalidade tem natureza mais grave, por acarretar prejuízo ao erário, conforme descrito no item 7.7.4 abaixo.

7.5.5. Conforme já foi dito, tendo em vista o elevado número de pagamentos efetuados (519), a análise procedida pela equipe de auditoria foi por amostragem (vide itens 7.3.1, 7.3.2 e 7.3.3). Passemos agora a relatar os achados de auditoria, ressaltando que as considerações apresentadas cingem-se à amostra analisada.

7.5.5.1. Os valores constantes da relação de pagamentos efetuados guardam correlação com os extratos bancários da conta onde os recursos foram movimentados (c/c 308.084-6) (alguns dos pagamentos relacionados correspondem a dois débitos no extrato bancário).

7.5.5.2. Da mesma forma, foi verificado que as notas fiscais guardam correlação com os valores constantes da relação de pagamentos e, consequentemente, com os extratos bancários. Foi verificado, também, nas notas fiscais, que há o atestado de recebimento dos materiais adquiridos.

7.5.5.3. Todavia, nos contratos de locação de um caminhão para trabalhar na campanha de combate a dengue, houve pagamentos antecipados, conforme descrito no item 7.7.5 abaixo.

7.6. VERIFICAÇÃO FÍSICA7.6.1. Tendo em vista o objeto do convênio, não houve como realizarmos uma verificação

da execução física do convênio. De qualquer forma, é público e notório que, na referida época, foram executadas ações para erradicação do Aedes Aegypti, como visitas de agentes saúde, campanhas de conscientização, carros fumacê, etc.

7.7. IRREGULARIDADES E RESPONSABILIDADES7.7.1. Fracionamento de despesas para não realizar o devido processo licitatório.7.7.1.1. No que se refere aos vários pagamentos com dispensa de licitação, constatamos o

fracionamento de despesas, objetivando, justamente, não realizar o devido processo licitatório. Considerando que houve dois aditivos ao Convênio aumentando o valor dos recursos federais a serem repassados (1° e 2° Termos Aditivos), não havia como o gestor municipal planejar a aquisição dos materiais e a contratação dos serviços com base no valor total dos recursos transferidos. Sendo assim, em prol do gestor, nós dividimos as despesas em três etapas. Na primeira etapa, estão as despesas efetuadas até a liberação da primeira parcela do 1° Termo Aditivo, em 10/03/1999, ou seja, as despesas realizadas com suporte nos recursos transferidos em razão do termo original do convênio. Na segunda etapa, estão as despesas efetuadas após a liberação da primeira parcela do 1° Termo Aditivo, em 10/03/1999, e até a liberação da primeira parcela do 2° Termo Aditivo, em 22/03/2000, ou seja, as despesas realizadas com suporte nos recursos transferidos em razão do 1° Termo Aditivo e saldo de recursos da etapa anterior. Na terceira etapa, estão as despesas efetuadas após a liberação da primeira parcela do 2° Termo Aditivo, em 22/03/2000, ou seja, as despesas realizadas com suporte nos recursos transferidos em razão do 2° Termo Aditivo e saldo de recursos da etapa anterior. Nós só consideramos a ocorrência de fracionamento, quando houve a aquisição de gêneros da mesma natureza em valor superior ao máximo permitido pela legislação para dispensa da licitação (R$ 8.000,00) em uma determinada etapa.

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7.7.1.2. Foi constatado o fracionamento de despesas na aquisição de combustíveis nas três etapas, na aquisição de vestuário, nas duas primeiras etapas, na aquisição de cartazes e folders, nas duas últimas etapas, e na aquisição de material de expediente, nas duas primeiras etapas, conforme quadros abaixo:

CombustíveisConvênio Original 1° Termo Aditivo 2° Termo Aditivo

PC Item Valor (R$)

Vol-Fls. PC Item Valor (R$)

Vol-Fls. PC Item Valor (R$)

Vol-Fls.

2

17 1.837,71 1-195/2073

3 1.659,84 1-387/408 7 18 1.812,00 2-503/53224 1.109,63 1-208/221 4 240,00 2-411/425

844 1.812,00 2-533/579

57 943,34 1-222/249 5 1.602,79 2-426/442 94 1.402,41 2-580/61258 1.179,26 1-250/288

4

1 2.118,81 2-443/449 122 1.717,24 3-615/64375 1.123,92 1-289/307 2 2.171,75 2-450/456

9

41 685,38 3-644/65877 712,84 1-308/326 3 1.523,35 2-457/463 3 940,10 3-659/667109 900,53 1-327/341 4 1.715,16 2-464/470 4 535,48 3-659/667114 1.541,14 1-342/357 5 5 1.253,75 2-471/485 22 1.233,80 3-668/691

3 1 781,96 1-358/366 7 11 1.400,00 2-486/502 23 840,77 3-692/7462 1.073,78 1-367/386 62 1.012,65 3-747/764

63 711,68 3-765/787Total 11.204,11 Total 13.685,45 Total 12.703,51

PC - N° da Prestação de Contas ParcialItem - Item da relação de pagamentos.

As folhas mencionadas constam do Anexo 5, sendo Vol, o volume, e Fls, as folhas.Vestuário

Convênio Original 1° Termo AditivoPC Item Valor (R$) Vol-Fls. PC Item Valor (R$) Vol-Fls.

1 36 1360 3-788/803 3 25 2.250,00 4-853/86839 752,5 3-804/816 4 7 7.980,00 4-869/882

298 7880 4-819/834 5 6 5.040,00 4-883/898

101 1960 4-835/843 24 17.486,00 4-899/906102 12704,6 4-844/852 6 11 7.960,00 4-907/921

Total 24.657,10 Total 40.716,00PC - N° da Prestação de Contas ParcialItem - Item da relação de pagamentos.

As folhas mencionadas constam do Anexo 5, sendo Vol, o volume, e Fls, as folhas.Cartazes e folders

1° Termo Aditivo 2° Termo AditivoPC Item Valor (R$) Vol-Fls. PC Item Valor (R$) Vol-Fls.3 29 7.840,00 4-922/936 7 25 7.800,00 4-975/9985 17 7.845,00 4-937/959 9 39 7.960,00 4-999/10136 20 7.820,00 4-960/974

Total 23.505,00 Total 15.760,00PC - N° da Prestação de Contas ParcialItem - Item da relação de pagamentos.

As folhas mencionadas constam do Anexo 5, sendo Vol, o volume, e Fls, as folhas.Material de Expediente

Convênio Original 1° Termo AditivoPC Item Valor (R$) Vol-Fls. PC Item Valor (R$) Vol-Fls.

3 614,92 4-1014/1028

3

6 958,00 8-1761/17825 1.763,42 5-1031/1046 7 212,00 8-1783/18067 280,00 5-1047/1061 8 156,50 8-1807/182910 325,00 5-1062/1068 9 3.758,40 8-1830/185211 1.895,00 5-1069/1085 4 6 660,00 8-1853/186912 896,00 5-1086/1102 1 193,80 8-1870/1881

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Page 27: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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1 516 461,80 5-1103/1120 3 1.857,20 8-1882/1893

17 547,53 5-1121/1144 6 12 7.998,20 8-1894/192019 36,00 5-1145/115720 109,60 5-1158/117321 1.858,00 5-1174/118622 1.160,00 5-1187/120024 1.120,00 5-1201/121426 60,00 5-1215/1226

2

10 120,00 6-1229/124215 225,00 6-1243/125516 40,90 6-1256/126925 394,00 6-1270/128928 325,00 6-1290/131040 388,50 6-1311/132743 144,29 6-1328/135145 62,60 6-1352/136046 60,00 6-1361/137547 74,74 6-1376/139248 142,00 6-1393/141056 1.588,00 6-1411/143561 585,90 7-1438/146362 617,30 7-1438/146363 1.245,00 7-1464/148364 170,00 7-1484/150665 402,75 7-1507/153072 1.500,00 7-1531/155174 606,00 7-1552/158176 450,00 7-1582/160279 1.576,00 7-1603/162481 940,50 7-1625/165382 50,00 8-1656//167089 2.746,00 8-1671/1699

112 700,00 8-1700/1716115 405,00 8-1717/1738118 2.420,50 8-1739/1760

Total 29.107,25 Total 15.794,10PC - N° da Prestação de Contas ParcialItem - Item da relação de pagamentos.As folhas mencionadas constam do Anexo 5, sendo Vol, o volume, e Fls, as folhas.

7.7.1.3. Para cada uma das etapas, o gestor deveria ter planejado as aquisições e efetuado o procedimento licitatório cabível em razão do valor total que seria despendido com cada tipo de material. Ainda que as compras fossem divididas em parcelas, a cada etapa ou conjunto de etapas da compra haveria de corresponder licitação distinta, preservada a modalidade pertinente para a execução do objeto em licitação, nos termos do art. 23, § 2º, da Lei n° 8.666/93. Em razão disso, com a não realização das devidas licitações, não restou garantida a observância do princípio constitucional da isonomia e a Administração Pública pode ter deixado de obter proposta mais vantajosa.

7.7.1.4. Verifica-se que o responsável pela execução do Convênio foi o Sr. José Eymard Moraes de Medeiros, Secretário de Saúde. Caberia a ela tomar as medidas necessárias para que fossem realizadas as licitações devidas.

7.7.1.5. Ante o exposto, entendemos cabível a audiência, nos termos do art. 43, inciso II, da Lei n° 8.443/92, do Sr. José Eymard Moraes de Medeiros, para que apresente razões de justificativa em relação ao respectivo ato impugnado.

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Page 28: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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Responsável: José Eymard Moraes de Medeiros.Ato impugnado: Fracionamento de despesas na aquisição, com dispensa de licitação, de

combustíveis, vestuário, cartazes e folders e material de expediente, para não realizar o devido processo licitatório, custeadas com recursos federais do Convênio n° 095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município;

Dispositivos violados: Art. 23, §2°, da Lei n° 8.666/93. 7.7.2. Pagamentos de despesas sem cobertura de contrato regular, uma vez que não houve

o devido processo licitatório.7.7.2.1. Foi firmado um contrato de locação de um caminhão com a Empresa O & R

Veículos Ltda., em 26/04/1999, com fundamento no art. 24, inciso IV, da Lei n° 8666/93 (item 1.1, letra ‘a’, do contrato – fls. 02/09 do Anexo 5, vol. P), por um período de seis meses. A dispensa de licitação, com base no dispositivo retrocitado, foi considerada regular pela Equipe de Auditoria, uma vez que a epidemia de dengue que assolava o Município podia ser caracterizada como um caso de emergência ou de calamidade pública, que demandava urgência de atendimento.

7.7.2.2. Após o fim do contrato, verificamos mais três pagamentos à Empresa, por mais três de meses de locação (fls. 58/80 do Anexo 5, vol. P). Por meio do Ofício de Requisição n°-04 da Equipe de Auditoria, solicitamos os processos de dispensa de licitação referentes aos contratos de locação de veículo (caminhão) para trabalhar na campanha de combate à dengue, firmados entre a Secretaria de Saúde e a Empresa O&R Veículos Ltda. e custeados com recursos do convênio supracitado. Nada nos foi dado no que se refere aos três pagamentos supracitados. Sendo assim, não pudemos definir se tratou-se de um novo contrato ou de uma prorrogação do contrato anterior. Em qualquer caso, ocorreu uma irregularidade. Se houve a prorrogação, ela foi indevida, tendo em vista o que dispõe a parte final do art. 24, inciso IV, da Lei n° 8666/93, in verbis: ‘(...) somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos Contratos.’ Da mesma forma, não poderia ser celebrado novo contrato com arrimo no mesmo dispositivo legal, pois tratar-se-ia de uma prorrogação velada. Também não seria possível a dispensa de licitação com base no art. 24, inciso II, da Lei n° 8666/93, tendo em vista o valor total da locação.

7.7.2.3. Sendo assim, os pagamentos da locação do caminhão no período de 26/10/99 a 26/01/2000 foram realizados sem a cobertura de um contrato regular, já que não foi realizado o devido processo licitatório.

7.7.2.4. Na verdade, durante a execução do primeiro contrato emergencial (seis meses), a Prefeitura deveria, diante da necessidade de locação do veículo por um prazo superior, ter providenciado o devido processo licitatório. Em razão da não realização da devida licitação, não restou garantido a observância do princípio constitucional da isonomia e a Administração Pública pode ter deixado de obter proposta mais vantajosa.

7.7.2.5. Os Srs. José Eymard Moraes de Medeiros, Secretário de Saúde, e José Rodrigues Lopes, Secretário Adjunto de Saúde, foram os responsáveis pela irregularidade, já que autorizaram os pagamentos sem cobertura de contrato regular, uma vez que não houve o devido processo licitatório.

7.7.2.6. Ante o exposto, entendemos cabível a audiência, nos termos do art. 43, inciso II, da Lei n° 8.443/92, dos Srs. José Eymard Moraes de Medeiros e José Rodrigues Lopes, para que apresentem razões de justificativa em relação ao respectivo ato impugnado.

Responsáveis: José Eymard Moraes de Medeiros e José Rodrigues Lopes.

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Page 29: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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Ato impugnado: Pagamentos de despesas com a locação de um caminhão no período de 26/10/99 a 26/01/2000 à Empresa O & R Veículos Ltda., custeados com recursos federais do Convênio n° 095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município, sem cobertura de contrato regular, uma vez que não houve o devido processo licitatório.

Dispositivos violados: Arts. 2° e 24, IV, da Lei n° 8.666/93.7.7.3. Restrição ao caráter competitivo de licitação, tendo em vista a inclusão de condição

despropositada, e execução do contrato, em desconformidade com os termos da licitação e do próprio contrato.

7.7.3.1. Foi realizado o Convite n° 20/2000 para locação de um caminhão, modelo 1998, movido a óleo diesel, com capacidade mínima de 7,5 toneladas (fls. 81/144 do Anexo 5, vol. P). A definição de um ano modelo específico no objeto da licitação foi totalmente despropositada. Poder-se-ia até definir um ano modelo mínimo, o que corresponderia a uma idade máxima do veículo, a fim de reduzir a possibilidade de ocorrência de problemas mecânicos.

7.7.3.2. Todavia, é totalmente despropositada a exigência de um ano modelo específico e pretérito. Em 2000, foi realizada a licitação, e a ‘Administração’ só tinha interesse em um veículo do ano 1998. Não se justifica tal exigência.

7.7.3.3. Não foi possível identificar, com certeza, a razão da inclusão dessa exigência. A Prefeitura já vinha com um contrato anterior de locação com a Empresa O & R Veículos Ltda., desde 26/04/1999. A vencedora do Convite n° 20/2000 foi justamente a Empresa O & R Veículos Ltda., que forneceu o mesmo caminhão que fora objeto da locação anterior (a placa do veículo locado está identificada nas notas fiscais). Essas circunstâncias levam-nos a supor que pode ter havido um direcionamento na licitação, para a Empresa O & R Veículos Ltda., com objetivo de ‘renovar’a locação anterior. Por outro lado, não há como provar a ocorrência de conluio com as demais empresas concorrentes do certame. Para que restasse comprovado o direcionamento, teríamos que demonstrar essa participação das outras empresas. Entendemos que o aprofundamento nas investigações a fim de verificar o eventual direcionamento da licitação, favorecendo a Empresa O & R Veículos Ltda., o que constituiria em crime tipificado na Lei n° 8.666/93, deveria ser realizado, caso entenda oportuno e conveniente, pela Polícia Federal, que possui os meios necessários para tanto.

7.7.3.4. Todavia, independentemente do possível direcionamento da licitação, a Prefeitura, ao fazer a exigência de que o veículo deveria ser especificamente do ano modelo 1998, restringiu o caráter competitivo do certame. Caso não houvesse sido estabelecida essa condição despropositada, ampliar-se-ia o caráter competitivo do certame, podendo outras empresas que possuíssem veículos de outro ano apresentarem propostas. Sendo assim, não restou garantido a observância do princípio constitucional da isonomia, e a Administração Pública pode ter deixado de obter proposta mais vantajosa.

7.7.3.5. Outra irregularidade foi a execução do contrato em desconformidade com os termos da licitação e do próprio contrato. Conforme já foi dito, o veículo objeto da locação deveria ser do ano modelo 1998. Todavia, segundo consulta ao sítio do Departamento de Trânsito do Estado da Paraíba, o caminhão fornecido pela Empresa O & R Veículos Ltda. era do ano modelo 1977 (fls. 145 do Anexo 5, vol. P). A placa do veículo locado está identificada nas notas fiscais (fls. 151, 157, 165, 172 e 178 do Anexo 5, vol. P).

7.7.3.6. O Sr. José Eymard Moraes de Medeiros, Secretário de Saúde, foi o responsável pelas irregularidades, uma vez que autorizou e homologou a referida licitação eivada de vício, além de ter autorizado os pagamentos pela execução do contrato em desconformidade com os termos da licitação e do próprio contrato.

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Page 30: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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7.7.3.7. Ante o exposto, entendemos cabível a audiência, nos termos do art. 43, inciso II, da Lei n° 8.443/92, do Sr. José Eymard Moraes de Medeiros, para que apresente razões de justificativa em relação aos respectivos atos impugnados.

Responsável: José Eymard Moraes de Medeiros.Ato impugnado: Restrição ao caráter competitivo do Convite n° 20/2000, cujo objeto era a

locação de um caminhão, tendo em vista a inclusão de condição despropositada (exigência de um ano modelo específico e pretérito no objeto da licitação), para realização de despesas custeadas com recursos federais do Convênio n° 095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município.

Dispositivos violados: Art. 3°, § 1°, I, da Lei n° 8.666/93.Ato impugnado: Execução do contrato celebrado com a Empresa O & R Veículos Ltda.,

decorrente do Convite n° 20/2000, cujo objeto era a locação de um caminhão, em desconformidade com os termos da licitação e do próprio contrato, uma vez que deveria ser fornecido, para locação, um caminhão ano modelo 1998, tendo sido entregue o caminhão de placas MMS6988, ano modelo 1977, sendo que as despesas decorrentes do referido contrato foram custeadas com recursos federais do Convênio n° 095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município.

Dispositivos violados: Arts. 54, § 1°, e 66 da Lei n° 8.666/93.7.7.4. Omissão quanto ao dever de aplicar os recursos transferidos, enquanto não

empregados na sua finalidade, no mercado financeiro.7.7.4.1. Conforme já foi dito nos itens 7.5.3 e 7.5.4 acima, a movimentação dos recursos

não se deu na conta específica do convênio. Os recursos foram repassados para a conta específica do convênio. Todavia, esses valores foram transferidos para outra conta de titularidade do Município, de onde foram realizados os pagamentos para execução do convênio, a qual chamaremos de conta movimento, sendo que, em alguns casos, os recursos transitaram, ainda, por uma terceira conta bancária, que a chamaremos de conta transitória. Até o depósito dos recursos na conta movimento, quando, então, eram empregados no objeto do convênio, os recursos, algumas vezes, permanecerem nas contas específica e transitória sem estarem aplicados no mercado financeiro.

7.7.4.2. Após o recebimento da primeira parcela (R$ 535.440,00), em 19/08/1997, o convenente aplicou, ainda na conta específica do convênio, os recursos no mercado financeiro, conforme determina a legislação. Em 17/09/1997, após o resgate da aplicação financeira, foi transferido o saldo total da conta específica (R$ 538.802,33), correspondente ao valor inicial recebido mais rendimentos da aplicação financeira, para a conta transitória (fls. 181/182 do Anexo 5, vol. P), e desta, foram transferidos R$ 535.440,00, que corresponde ao valor inicial repassado, para a conta movimento (fls. 190 do Anexo 5, vol. P). Sendo assim, ficou um saldo de R$ 3.362,67 na conta transitória.

7.7.4.3. Em 24/09/1997, foi depositada a 2ª parcela (R$ 535.440,00) na conta específica (fls. 182/183 do Anexo 5, vol. P). Esse montante também foi aplicado no mercado financeiro até 16/10/97. Em 23/10/97, foi transferido o saldo total da conta específica (R$ 536.704,00), correspondente ao valor inicial recebido mais rendimentos da aplicação financeira, para a conta transitória (fls. 183 do Anexo 5, vol. P), que tinha o saldo anterior de R$ 3.362,67. O valor total (R$ 540.066,67) só foi transferido para a conta movimento em 30/12/1997 (fls. 191 do Anexo 5, vol. P), ou seja, esse montante ficou por mais de dois meses na conta transitória sem auferir rendimentos.

7.7.4.4. A 3º parcela (R$ 535.440,00) foi depositada na conta específica em 12/06/1998, permanecente lá sem auferir rendimentos até 22/07/98 (fls. 184/185 do Anexo 5, vol. P), quando foi transferida para a conta transitória. Esse montante ainda permaneceu na conta transitória

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Page 31: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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sem auferir rendimentos até 08/08/1998 (fls. 192 do Anexo 5, vol. P), quando foi, finalmente, após quase dois meses, transferido para a conta movimento.

7.7.4.5. No que se refere às 4ª, 5ª, 6ª, 7ª, 8ª, 9ª e 10ª parcelas, não há a irregularidade ora analisada, já que os valores foram, imediatamente, transferidos para a conta movimento ou foram transferidos pouco tempo depois juntamente com os rendimentos auferidos enquanto permaneceram aplicados na conta específica.

7.7.4.6. As duas últimas parcelas (11ª e 12ª) permaneceram, respectivamente, 15 e 11 dias na conta específica, sem auferir rendimentos (fls. 186/189 do Anexo 5, vol. P), quando foi, então, transferidas para a conta movimento.

7.7.4.7. Verifica-se que o responsável pela execução do Convênio foi o Sr. José Eymard Moraes de Medeiros, Secretário de Saúde. Caberia a ela tomar as medidas necessárias para que os recursos fossem mantidos na conta específica e fossem aplicados no mercado financeiro até serem empregados no objeto do convênio.

7.7.4.8. Ante o exposto, entendemos cabível, a princípio, audiência, nos termos do art. 43, inciso II, da Lei n° 8.443/92, do Sr. José Eymard Moraes de Medeiros, para que apresente razões de justificativa em relação ao respectivo ato impugnado. Na eventualidade de não serem aceitas as razões de justificativas, deverão ser adotadas providencias com vista à quantificação do dano suportado pelo erário.

Responsável: José Eymard Moraes de Medeiros.Ato impugnado: Omissão quanto ao dever de aplicar os recursos federais do Convênio n°

095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município, enquanto não empregados na sua finalidade, no mercado financeiro;

Dispositivos violados: Art. 20, §1°, da IN/STN n° 01/97. 7.7.5. Pagamentos antecipados de despesas.7.7.5.1. Algumas despesas com a locação de um caminhão com a Empresa O & R Veículos

Ltda. foram pagas antecipadamente, conforme quadro abaixo. Item Valor (R$) Data pagamento Data liquidação despesa

4

21 3.415,00 22/06/1999 - fls. 13 26/06/1999 - fls. 1523 3.415,00 23/07/1999 - fls. 23 26/07/1999 - fls. 2526 3.415,00 20/08/1999 - fls. 34 26/08/1999 - fls. 3629 3.415,00 20/09/1999 - fls. 43 26/09/1999 - fls. 45

5 21 3.415,00 21/10/1999 - fls. 51 26/10/1999 - fls. 546 7 3.415,00 15/12/1999 - fls. 67 26/12/1999 - fls. 717 26 3.423,00 20/06/2000 - fls. 149 23/06/2000 - fls. 1518 123 3.423,00 20/09/2000 - fls. 158 23/09/2000 - fls. 157

92 3.423,00 19/10/2000 - fls. 161 23/10/2000 - fls. 165

21 3.423,00 13/11/2000 - fls. 168 23/11/2000 - fls. 17240 3.423,00 14/12/2000 - fls. 174 24/12/2000 - fls. 178

PC - N° da Prestação de Contas ParcialItem - Item da relação de pagamentos.As folhas mencionadas constam do Anexo 5, vol. P

7.7.5.2. O pagamento da locação era feito mensalmente. Ocorre que os pagamentos listados acima foram efetuados antes dos encerramentos dos meses a que se referiam. Em alguns casos, não foram colocadas as datas nas notas fiscais, talvez, para encobrir a irregularidade. Nos outros casos, a nota fiscal era emitida antes mesmo do encerramento do mês a que se referia. Ressalte-se que os períodos de locação a que se referiam os pagamentos estão descritos nas notas fiscais. O pagamento antecipado é vedado pelos arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64. Com o pagamento antecipado, a contratada poderia não adimplir com suas obrigações após o recebimento do pagamento.

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Page 32: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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7.7.5.3. O Sr. José Eymard Moraes de Medeiros, Secretário de Saúde, foi o responsável pela irregularidade, uma vez que autorizou os pagamentos antes da efetiva prestação do serviço.

7.7.5.4. Ante o exposto, entendemos cabível a audiência, nos termos do art. 43, inciso II, da Lei n° 8.443/92, do Sr. José Eymard Moraes de Medeiros, para que apresente razões de justificativa em relação ao respectivo ato impugnado.

Responsáveis: José Eymard Moraes de Medeiros.Ato impugnado: Pagamentos antecipados de despesas com a locação de um caminhão à

Empresa O & R Veículos Ltda., custeados com recursos federais do Convênio n° 095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município.

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64.8. CONVÊNIO N° 1533/97 (SIAFI 341861)8.1. IDENTIFICAÇÃON° SIAFI: 341861.N° Original: 1533/97.Concedente: Ministério da Saúde.Convenente: Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB.Executor/Responsável: Prefeitura Municipal de João Pessoa/Cícero de Lucena FilhoData da Celebração: 31/12/1997.Vigência:Inicial: 31/12/97 a 31/12/98;Atual: 31/12/97 a 02/10/99 (segundo SIAFI, não há aditivo).Recursos:Federais: R$ 1.600.000,00;Contrapartida: R$ 0,00.Rendimentos: R$ 21.772,63.Análise da Prestação de Contas pelo Concedente: Aprovada e homologada a prestação de contas, em relação ao valor total liberado.8.2. OBJETODescrição: Dar apoio financeiro para a construção e equipamento do Complexo

Hospitalar Mangabeira, em João Pessoa, visando fortalecer a capacidade técnico-operacional para atender aos serviços de saúde do Município e sua integração ao SUS.

Alterações do Objeto por meio de Aditivos: Não houveValores dos Itens de serviços que Compõem o Objeto: Obras: R$ 1.600.000,00Alterações no Plano de Trabalho decorrentes de Aditivos: Não houve.8.3. PROCESSOS CONEXOS8.3.1. Importa salientar, de início, que a construção e o aparelhamento do Complexo

Hospitalar de Mangabeira, em João Pessoa - PB, recebeu aporte de recursos da União mediante cinco convênios federais, desde 1991, além de um contrato de repasse custeado com verbas do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD.

8.3.2. Inicialmente, antes da vigência do Real, foram celebrados dois convênios com o extinto Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS, em 1991 (n° 000.218/DAS/91) e 1993 (n° 092457). Com os recursos repassados, foi dado início ao Complexo Hospitalar de Mangabeira, com a construção de uma maternidade, em funcionamento desde 1995.

8.3.3. Depois dessa 1 ª etapa, já na era Real, a partir de 1997, foram celebrados mais três convênios federais, além do contrato de repasse já mencionado, para conclusão do complexo hospitalar, totalizando repasses da ordem de R$ 7,5 milhões. Foram os Convênios n°s 1533/97,

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Page 33: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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1115/99 e 532/1999, e o contrato de repasse n° 213/2000, todos celebrados com o Ministério da Saúde. Ressalte-se que os dois primeiros convênios e o contrato de repasse foram selecionados para o presente trabalho. Tendo em vista a materialidade dos recursos, as obras de conclusão do complexo hospitalar e seu aparelhamento, custeadas com os recursos transferidos por meio desses ajustes firmados a partir de 1997, mereceram diversas fiscalizações por parte deste Tribunal.

8.3.4. Os resultados dessas fiscalizações podem ser verificados nas Decisões n°s 218/2000, Sessão de 15/06/2004, e 242/2001, Sessão de 27/09/2001, e, principalmente, no Acórdão n° 2164/2003, Sessão de 20/11/2003, todos da 2ª Câmara deste Tribunal e proferidas no âmbito do processo TC-007.312/1999-78 (fls. 02/18 do Anexo 6). Quando foi proferido o Acórdão n° 2164/2003, o Convênio n° 1115/99 e o contrato de repasse n° 213/2000 ainda estavam em vigor, razão pela qual foi determinado à SECEX/PB que prosseguisse com o acompanhamento da regularidade das despesas realizadas no âmbito dos dois ajustes ainda em vigor. Em razão dessa determinação, foi autuado o TC-021.795/2003-9, em que constam novas fiscalizações nas obras e no aparelhamento do Complexo Hospitalar de Mangabeira.

8.3.5. Sendo assim, no que se refere aos aspectos já verificados por este Tribunal, iremos apenas relatar os resultados alcançados nas fiscalizações anteriores, a fim de evitar o retrabalho ou o exame de questões já apreciadas pelos colegiados desta Corte de Contas, limitando-se esta Equipe de Auditoria a analisar eventuais novos aspectos não abordados nos trabalhos anteriores.

8.4. ASPECTOS DA LICITAÇÃO E DO CONTRATO8.4.1. O objeto da Concorrência Pública n° 02/91 foi adjudicado à empresa Via

Engenharia S.A., vencedora do certame, tendo sido com ela celebrado o Contrato n° 03/91. Em 17/02/1998, houve a sub-rogação total do saldo do Contrato nº 03/91, celebrado entre a Prefeitura de João Pessoa e a empresa Via Engenharia S.A., à empresa EDH Empreendimentos Ltda., que executou, portanto, o resto do contrato, inclusive, no que concerne aos serviços objeto do convênio em foco. O referido contrato foi utilizado para todos os cinco convênios, abrangendo a execução de todos os serviços e a aquisição de parte dos equipamentos do Complexo Hospitalar de Mangabeira.

8.4.2. Na Decisão n° 242/2001-2ª Câmara, proferida no âmbito do TC-007.312/1999-7, este Tribunal determinou, no item 8.2, letra ‘b’, à Secretaria de Controle Externo da Paraíba que prosseguisse com o acompanhamento das obras do Complexo Hospitalar de Mangabeira, realizando diligências ou inspeções que se mostrarem necessárias à verificação de alguns aspectos, entre eles, a regularidade dos convênios, contratos e licitações envolvidos.

8.4.3. Dessa forma, trazemos, ao presente relatório, as principais questões abordadas naquele processo, resultado das diligências e inspeções realizadas em cumprimento à determinação acima citada e constantes dos Relatório e Voto que fundamentaram o Acórdão n° 2.164/2003 - 2ª Câmara.

8.4.3.1. No que se refere à sub-rogação total do saldo do Contrato nº 03/91, esta colenda Corte já firmou entendimento, no bojo da Decisão nº 420/2002 - Plenário, Sessão de 24/4/2002, no sentido de que ‘em contratos administrativos, é ilegal e inconstitucional a sub-rogação da figura da contratada ou a divisão das responsabilidades por ela assumidas, ainda que de forma solidária, por contrariar os princípios constitucionais da moralidade e da eficiência (art. 37, caput, da Constituição Federal), o princípio da supremacia do interesse público, o dever geral de licitar (art. 37, XXI, da Constituição) e os arts. 2º, 72 e 78, inciso VI, da Lei nº 8.666/93’. Apesar da ilegalidade e inconstitucionalidade da sub-rogação perpetrada pelas empresas com a anuência da edilidade, considerando que a sub-rogação ocorreu em 1998, antes portanto do entendimento normativo estabelecido pelo Tribunal, foi proposta, no âmbito do TC-007.312/1999-7, apenas determinação à Prefeitura de João Pessoa/PB para abster-se de tal prática quando gerir verbas federais (itens 5.7 a 5.9 do parecer lavrado pelo Diretor da 2ª

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Page 34: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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Diretoria Técnica da SECEX/PB, transcrito no Relatório que fundamentou o Acórdão n° 2164/2003 - 2ª Câmara).

8.4.3.2. Foi verificada, ainda, a adjudicação à mesma empresa de um objeto contratual que contempla dois serviços de especialidades distintas - fornecimento de equipamentos hospitalares e edificação de obras -, o que contraria o disposto no art. 23, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.666/93. Abaixo, transcrevemos trecho do parecer lavrado pelo Diretor da 2ª Diretoria Técnica da SECEX/PB, transcrito no Relatório que fundamentou o Acórdão n° 2164/2003 - 2ª Câmara (itens 5.10 a 5.12), que detalha a falha detectada naquele processo de fiscalização:

‘5.10 Quanto aos certames licitatórios, cumpre relembrar fato que foi chamado à atenção pelo então Secretário de Controle Externo na Paraíba, Raimundo Nonato Soares de Araújo, no despacho de fls. 162/165-VP, que diz respeito à Prefeitura de João Pessoa/PB ter adjudicado à mesma empresa um objeto contratual que contempla dois serviços de especialidades distintas - fornecimento de equipamentos hospitalares e edificação de obras -, o que contraria o disposto no art. 23, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.666/93.

5.11 Na oportunidade, o Sr. Secretário destacou decisão anterior deste Tribunal, que, versando sobre caso com larga analogia, proferiu determinação ao ente infrator (TC 825.147/1997-2 - Relação nº 17/97 - Ata nº 25/97 - Sessão de 22/07/97).

5.12 Mesmo considerando que o Contrato nº 03/91 já foi extinto, parece adequada determinação desta Corte visando evitar a reincidência na errônea prática. Assim, é de se propor que o Tribunal profira determinação à Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB que se abstenha de promover licitação com objeto que contemple dois serviços de especialidades distintas, a exemplo do fornecimento de equipamentos hospitalares e edificação de obras civis - ferindo o propósito previsto no art. 23, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.666/93, no sentido de alcançar maior aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e ampliar a competitividade sem perda de economia de escala’

8.4.3.2.1. Verifica-se, pois, que esta Corte de Contas considerou a impropriedade em questão como falha formal, motivo pelo qual entendeu cabível determinação com vista a evitar novas falhas da mesma natureza.

8.5. CUSTOS8.5.1. Na Decisão n° 242/2001-2ª Câmara, proferida no âmbito do TC-007.312/1999-7,

este Tribunal determinou, no item 8.2, letra ‘d’, à Secretaria de Controle Externo da Paraíba que prosseguisse com o acompanhamento das obras do Complexo Hospitalar de Mangabeira, realizando diligências ou inspeções que se mostrarem necessárias à verificação de alguns aspectos, entre eles, a compatibilidade dos custos das obras com os preços médios estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

8.5.2. Realizadas as diligências e inspeções necessárias, ficou constatada a incompatibilidade dos custos das obras com os preços médios de mercado apenas em relação ao Convênio 532/99, conforme restou assente nos Relatório e Voto que fundamentaram o Acórdão n° 2.164/2003 - 2ª Câmara.

8.5.3. Ressalte-se que alguns dos preços contratados estavam bem acima do preços da planilha orçamentária integrante do Plano de Trabalho. Todavia, a partir da 6ª medição, provavelmente, em cumprimento à recomendação do concedente, todos os preços que estavam acima daqueles constantes da planilha orçamentária foram diminuídos e alinhados aos preços da planilha orçamentária, havendo a devida compensação dos valores pagos a mais nas medições anteriores.

8.6. EXECUÇÃO FINANCEIRA8.6.1. Envio de Recursos do Concedente para o Convenente:

Ordem Bancária Data do Crédito Valor (R$)1998OB001793, de 13/03/1998 18/03/1998 320.000,001998OB003704, de 14/04/1998 17/04/1998 320.000,001998OB005235, de 14/05/1998 Não tem extrato 320.000,00

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1998OB009277, de 19/08/1998 24/08/1998 320.000,001998OB010501, de 02/10/1998 07/10/1998 320.000,00

8.6.2. Créditos da Contrapartida – Não houve contrapartida.8.6.3. Pagamentos Efetuados – Foram medidos e pagos com recursos do presente

convênio à empresa EDH Empreendimentos Ltda. serviços no montante de R$ 1.621.772,63. Foram realizadas nove medições no período de 13/04 a 15/12/98.

8.6.4. No que se refere à regularidade da execução financeira (empenhos, liquidação das despesas, pagamentos, correspondência entre os pagamentos efetuados, os extratos bancários, as medições e as notas fiscais, etc.), que se estendeu até janeiro de 1999, como já houve o devido exame, no âmbito do TC-007.312/1999-7, em relação a todo o período de vigência do convênio, não tendo sido constatadas irregularidades, deixamos de proferir nova análise, pelas razões já expostas.

8.6.5. Todavia, analisando, apenas, os boletins de medição, constatamos a existência de pagamentos antecipados, conforme explicitado no item 8.8.1 abaixo.

8.7. VERIFICAÇÃO FÍSICA8.7.1. Da mesma forma, no que se refere à regularidade da execução física

(compatibilidade entre o que foi pago e o que foi efetivamente executado), que se estendeu até dezembro de 1998, como já houve o devido exame, no âmbito do TC-007.312/1999-7, em relação a todo o período de vigência do convênio, não tendo sido constatadas irregularidades, deixamos de proferir nova análise, pelas razões já expostas. Por esse motivo, o exame físico empreendido por ocasião da presente inspeção restringiu-se ao registro fotográfico das obras em questão, quando foi verificado que o hospital está aparentemente concluído e equipado.

8.7.2. Segundo fiscalizações ocorridas no âmbito do TC-007.312/1999-7, o contrato firmado pela Prefeitura de João Pessoa/PB com a empresa Via Engenharia, posteriormente sub-rogado à EDH Empreendimentos Ltda., para construção do Complexo Hospitalar de Mangabeira, já se encontra encerrado, com a obra do Hospital Geral e de seus anexos, concluída, com a última medição ocorrida em junho/2001, totalizando pagamentos da ordem de R$ 6.091.248,48 (item 4 do parecer lavrado pelo Diretor da 2ª Diretoria Técnica da SECEX/PB, transcrito no Relatório que fundamentou o Acórdão n° 2164/2003 - 2ª Câmara).

8.8. IRREGULARIDADES E RESPONSABILIDADES8.8.1. Pagamentos antecipados de despesas.8.8.1.1. Constatamos que, nos 4°, 7° e 8° boletins de medição (fls. 37/43 e 58/71 do Anexo

6), em relação a alguns itens de serviços, há medições negativas de serviços. Essas medições negativas indicam que, em boletins de medição anteriores, foram feitas medições inexistentes, que, posteriormente, tiveram que ser corrigidas por meio das citadas medições negativas. Com a correção, há a compensação dos serviços indevidamente pagos anteriormente com serviços efetivamente realizados naquela medição em que foi feita a correção com a colocação de medições negativas.

8.8.1.2. Em que pese a compensação dos pagamentos, resta a irregularidade do pagamento antecipado nas medições anteriores. Os responsáveis pela irregularidade são aqueles que assinaram os boletins de medição, atestando a realização de serviços não realizados, quais sejam, José Sérgio A. de Almeida, Engenheiro Fiscal da Obra, Francisco Sales Pereira, Gerente do Núcleo de Edificações da SEINFRA, Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras da SEINFRA, e Potengi Holanda de Lucena, Secretário da Infra-Estrutura.

8.8.1.3. Ante o exposto, entendemos cabível a audiência, nos termos do art. 43, inciso II, da Lei n° 8.443/92, dos responsáveis, para que apresente razões de justificativa em relação ao respectivo ato impugnado.

Responsáveis: José Sérgio A. de Almeida, Engenheiro Fiscal da Obra, Francisco Sales Pereira, Gerente do Núcleo de Edificações da SEINFRA, Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras da SEINFRA, e Potengi Holanda de Lucena, Secretário da Infra-Estrutura.

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Ato impugnado: Pagamentos antecipados de despesas, custeados com recursos federais do Convênio n° 1533/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era dar apoio financeiro para a construção e equipamento do Complexo Hospitalar de Mangabeira, em João Pessoa, uma vez que foram constatadas medições negativas nos 4°, 7° e 8° boletins de medição.

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64.9. CONVÊNIO N° 1115/99 (SIAFI 386958)9.1. IDENTIFICAÇÃON° SIAFI: 386958.N° Original: 1115/99.Concedente: Ministério da Saúde.Convenente: Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB.Executor/Responsável: Prefeitura Municipal de João Pessoa/Cícero de Lucena FilhoData da Celebração: 30/12/1999.Vigência: Inicial: 30/12/99 a 25/10/2000;Atual: 30/12/99 a 01/08/2005 (1° ao 7° aditivos).Recursos: Federais: R$ 4.000.000,00;Contrapartida: R$ 700.000,00.Análise da Prestação de Contas pelo Concedente: A prestação de contas ainda não havia sido aprovada. Em razão disso, solicitamos cópia

do último parecer referente à análise da prestação de contas do convênio em foco. Foi-nos remetido, então, cópias do Parecer n° 58/05, de 17/06/2005, e dos Ofícios n°s 1895 e 1896/MS/SE/FNS, de 23/06/2005 (fls. 79/88 do Anexo 6). Segundo esses documentos, foi feita uma diligência ao gestor para que apresentasse justificativas em relação a algumas pendências/irregularidades, que serão relatadas a seguir. Já na fase final de elaboração do presente relatório, verificamos o registro de inadimplência no SIAFI (fls. 89 do Anexo 6), levando-nos a concluir que a prestação de contas não foi aprovada. A inadimplência foi suspensa, em atendimento a pedido do atual Prefeito do Município, que não foi o responsável pela aplicação dos recursos.

9.2. OBJETO9.2.1. Descrição: Dar apoio financeiro para a conclusão do Complexo Hospitalar

Mangabeira, em João Pessoa, visando fortalecer o SUS. 9.2.1.1. Foi verificado, no âmbito do TC-007.312/1999-7, a sobreposição de objetos entre

o Convênio 1115/99 e o contrato de repasse 213/2000. Abaixo, transcrevemos trecho do parecer lavrado pelo Diretor da 2ª Diretoria Técnica da SECEX/PB, transcrito no Relatório que fundamentou o Acórdão n° 2164/2003-2ª Câmara (itens 5.3 a 5.6), que detalha a falha detectada naquele processo de fiscalização:

‘5.3 De fato, confirmou-se, ainda que em pequena escala, a sobreposição de objetos. O Convênio nº 1.115/99 e o Contrato de Repasse nº 213/2000, ambos celebrados com o Ministério da Saúde, previam a aquisição de equipamentos para o nosocômio em tela. Com recursos dessas duas fontes, a convenente, estranhamente, adquiriu em duplicidade equipamentos de cozinha e lavanderia (vide fl. 192-VP-item 17).

5.4 A Prefeitura, diante da irregularidade (...), solicitou que os equipamentos em excesso fossem instalados em outra unidade hospitalar municipal, o Hospital Geral Santa Isabel, o que de fato ocorreu, sob a aprovação do Concedente (fls. 13/15-v.18).

5.5 A própria coordenação Geral do REFORSUS/MS (Programa Reforço à Reorganização do Sistema Único de Saúde) assumiu o descontrole à época, alegando que não havia?(...) nenhum tipo de cruzamento de dados entre instituições beneficiadas por convênios e

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outros projetos (...)? daquele Ministério. Esclareceu que a nova Administração do Ministério da Saúde?(...) está estudando meios de viabilizar a comunicação entre as áreas responsáveis por apreciação de propostas, sejam de emendas ou de projetos?

5.6 Entende-se que apesar do reconhecimento do descontrole e das notícias acerca da adoção de medidas corretivas, não se pode dispensar determinação deste Tribunal visando informar aos escalões superiores daquele Ministério acerca do problema, e garantir a efetiva implementação das ações necessárias.’

9.2.1.2. Verifica-se, pois, que esta Corte de Contas considerou a impropriedade em questão como falha formal, motivo pelo qual entendeu cabível determinação com vistas a evitar novas falhas da mesma natureza.

9.2.2. Alterações do Objeto por meio de Aditivos: Não houve9.2.3. Valores dos Itens que Compõem o Objeto: Obras: R$ 3.270.654,67 Equipamentos/Material permanente: R$ 1.429.345,339.2.4. Alterações no Plano de Trabalho decorrentes de Aditivos: Não houve. Todavia, foi

constatado, no âmbito do TC-007.312/1999-7, a aplicação dos recursos em desacordo com o plano de trabalho aprovado. Abaixo, transcrevemos trecho do parecer lavrado pelo Diretor da 2ª Diretoria Técnica da SECEX/PB, transcrito no Relatório que fundamentou o Acórdão n° 2164/2003 - 2ª Câmara (itens 6.3 a 6.8), que detalha a falha detectada naquele processo de fiscalização:

‘6.3 Outra irregularidade apontada na inspeção desta Corte e no relatório de vistoria do Ministério da Saúde foi a utilização de recursos destinados à compra de equipamentos no Convênio nº 1115/99 para a realização de obras civis, sem autorização do Ministério da Saúde (fl. 133-v.6 e fl. 190-VP-itens 8 a 11).

6.4 A Prefeitura descumpriu o art. 15 da IN/STN nº 01/1997, que condiciona a alteração do plano de trabalho acordado à prévia anuência do Concedente, senão vejamos, verbis:

‘Art. 15. Os convênios, ou Plano de Trabalho, este último quando se tratar de destinação por Portaria Ministerial, de que trata esta Instrução Normativa somente poderão ser alterados, com as devidas justificativas, mediante proposta de alteração a ser apresentada no prazo mínimo de 20 (vinte) dias antes do seu término e desde que aceitas pelo ordenador da despesa.

§ 1º É vedado o aditamento de convênio com o intuito de alterar o seu objeto, entendido como tal a modificação ainda que parcial, da finalidade definida no correspondente Plano de Trabalho, configurando mudança do objeto (lato sensu), mesmo que não haja alteração da classificação econômica da despesa.

§ 2º Excepcionalmente, quando se tratar apenas de alteração da programação de execução do convênio, admitir-se-á ao órgão ou entidade executora propor a reformulação do Plano de Trabalho, que será previamente apreciada pelo setor técnico e submetida à aprovação da autoridade competente do órgão ou entidade concedente.’

6.5 A Prefeitura justificou-se informando que, em 06/09/2000, havia solicitado a alteração do plano de trabalho, com o remanejamento de verbas destinadas a equipamentos para a realização de obras civis, face à aprovação do contrato de repasse com o REFORSUS, o qual viria a atender a demanda por equipamentos para o nosocômio (fls. 26-v.5).

6.6 Ocorre que o Ministério da Saúde, por meio do Ofício nº 1124, de 8/7/2002, desconsiderou o pedido, em face do não-atendimento de diligência posterior daquele órgão (fls. 92-v.6).

6.7 Finalmente, verifica-se que não há notícia nos autos de regularização dessa situação. Se o Ministério não aprovou (o fato ocorreu em 2000), deveria ter requerido a devolução dos recursos irregularmente aplicados. Se aprovou, deveria ter formalizado a alteração do plano de trabalho do convênio, regularizando a pendência.

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6.8 Desse modo, nada obstante o Convênio nº 1115/99 continuar vigendo, e que, nos termos do art. 29 da IN/STN nº 01/97, caber ao órgão concedente decidir sobre a regularidade ou não da aplicação dos recursos transferidos, cumpre determinar ao Ministério da Saúde que adote as providências necessárias à regularização da situação do Convênio nº 1115/99, celebrado com a Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB, notadamente com relação à aprovação ou não da alteração unilateral do plano de trabalho levada a efeito pela convenente, que transferiu parte dos recursos previstos para serem destinados à aquisição de equipamentos para a feitura de obras civis, sem autorização do Concedente, em afronta aos art. 15 e 22 da IN/STN nº 01/97, chamando atenção para o disposto no art. 36, inciso I, da mesma norma que considera o fato como possível de ensejar a rescisão do convênio’

9.2.4.1. A fim de verificar o cumprimento, por parte do Ministério da Saúde, da determinação supracitada, solicitamos cópia do último parecer referente à análise da prestação de contas do convênio em foco. Foi-nos remetido, então, o Parecer n° 58/05, de 17/06/2005 (fls. 79/84 do Anexo 6). Nos itens 11 e 11.1 do referido parecer, foi informado que, ‘no que se refere à alteração do Plano de Trabalho alterado unilateralmente pelo Convenente, o FNS, de conformidade com o Parecer Técnico (Nota Técnica 025/MS/FNS, de 08/03/2005), considerou como concluída a obra, no valor de R$ 3.417.974,50 (três milhões, quatrocentos e dezessete mil, novecentos e setenta e quatro reais e cinquenta centavos), tendo sido utilizado a importância de R$ 897.310,09, referente à parte dos recursos destinados a equipamentos sendo de R$ 621.230,09 do Concedente e R$ 276.080,00 do Convenente’ . Finaliza, informando que, ‘considerando que a obra foi concluída, utilizando para isso os recursos destinados para equipamentos e que essas despesas estão comprovadas, o remanejamento foi acatado’(realcei).

9.2.4.2. Em que pese o descumprimento do art. 15 da IN/STN nº 01/1997, que condiciona a alteração do plano de trabalho acordado à prévia anuência do Concedente, considerando que o concedente, que tem a competência para aprovar eventuais alterações do plano de trabalho, ao final, ainda que a posteriori, acatou a alteração do plano de trabalho, entendemos que a situação foi regularizada. O plano de trabalho acatado previa os seguintes valores para os itens que compõem o objeto:

Obras: R$ 4.167.964,76;Equipamentos/Material permanente: R$ 532.035,24.9.3. PROCESSOS CONEXOS9.3.1. Conforme já informado no item 8.3 e subitens acima, aos quais fazemos remissão, o

presente convênio já foi objeto de exame nos TCs 007.312/1999-7 e 021.795/2003-9. Sendo assim, da mesma forma que procedemos em relação ao Convênio 1533/97, no que se refere aos aspectos já verificados por este Tribunal, iremos apenas relatar os resultados alcançados nas fiscalizações anteriores, a fim de evitar o retrabalho ou o exame de questões já apreciadas pelos colegiados desta Corte de Contas, limitando-se esta Equipe de Auditoria a analisar eventuais novos aspectos não abordados nos trabalhos anteriores.

9.4. ASPECTOS DA LICITAÇÃO E DO CONTRATO9.4.1. Considerando que o Contrato n° 03/91, decorrente da Concorrência Pública n°

02/91, foi utilizado para todos os convênios, inclusive, o Convênio n° 1115/99, não há novas considerações além daquelas já relatadas no item 8.4 e subitens, aos quais fazemos remissão.

9.5. CUSTOS9.5.1. No que se refere às obras civis, uma vez que os serviços objeto do convênio em foco

correspondem à continuação da execução do Contrato n° 03/91, inicialmente executado com recursos do Convênio n° 1533/97, não há novas considerações além daquelas já relatadas na seção referente a este último convênio (item 8.5 e subitens).

9.5.2. Já em relação à aquisição dos equipamentos, segundo as fiscalizações ocorridas no âmbito do TC-007.312/1999-7, não haveria indícios de irregularidades nos preços praticados, tendo, inclusive, sido ressaltado que, no Relatório de Verificação in loco nº 1-1/2002, do

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Ministério da Saúde, foi assinalado que ‘os preços praticados com as aquisições estão dentro da média do mercado’ . (item 6.1 do parecer lavrado pelo Diretor da 2ª Diretoria Técnica da SECEX/PB, transcrito no Relatório que fundamentou o Acórdão n° 2164/2003 - 2ª Câmara).

9.6. EXECUÇÃO FINANCEIRA9.6.1. Envio de Recursos do Concedente para o Convenente:Ordem Bancária Data do Crédito Valor (R$)

2000OB400815, de 02/05/2000 05/05/2000 800.000,002000OB403419, de 01/07/2000 06/07/2000 800.000,002000OB404127, de 01/08/2000 04/08/2000 400.000,002000OB404128, de 01/08/2000 04/08/2000 400.000,002000OB404963, de 05/09/2000 11/09/2000 800.000,002000OB011824, de 28/11/2000 01/12/2000 800.000,00

9.6.2. Créditos da Contrapartidas: Estava prevista a aplicação de R$ 700.000,00 a título de contrapartida. Só foram aplicados R$ 200.000,00. Em razão disso, com supedâneo no art. 7°, inciso XIII, da IN/STN n° 01/97, o Fundo Nacional de Saúde, conforme o item 15 do Parecer n° 58/05, de 17/06/2005 (fls. 83 do Anexo 6), está exigindo do convenente que recolha à conta do referido Fundo o valor correspondente ao percentual da contrapartida pactuada, não aplicada na consecução do objeto do convênio.

9.6.3. Pagamentos Efetuados – Foram medidos e pagos com recursos do presente convênio à empresa EDH Empreendimentos Ltda. serviços no montante de R$ 3.944.465,49, incluindo a aquisição de equipamentos, sendo R$ 3.744.465,49 de recursos federais e R$ 200.000,00 de contrapartida. Foram realizadas dez medições (13-B, 14B, 15-B, 16, 17-A, 18, 19, 20, 21, 22), no período de 01/04/2000 a 30/06/01.

9.6.4. Na Decisão n° 242/2001-2ª Câmara, proferida no âmbito do TC-007.312/1999-7, este Tribunal determinou, no item 8.2, letra ‘a’, à Secretaria de Controle Externo da Paraíba que prosseguisse com o acompanhamento das obras do Complexo Hospitalar de Mangabeira, realizando diligências ou inspeções que se mostrarem necessárias à verificação de alguns aspectos, entre eles, a situação físico-financeira da obra.

9.6.5. No que se refere a regularidade da execução financeira (empenhos, liquidação das despesas, pagamentos, correspondência entre os pagamentos efetuados, os extratos bancários, as medições e as notas fiscais, etc.), como já houve o devido exame no âmbito do TC-007.312/1999-7, em cumprimento à determinação acima citada, não tendo sido constatadas irregularidades, deixamos de proferir nova análise, pelas razões já expostas.

9.6.6. Todavia, analisando, apenas, os boletins de medição, constatamos a existência de pagamentos antecipados e de pagamentos por serviços não executados, em decorrência de erros de cálculo no boletim de medição n° 21, conforme explicitado, respectivamente, nos itens 9.8.1 e 9.8.2 abaixo.

9.6.7. Como o último levantamento efetuado no âmbito do TC-021.795/2003-9 (processo autuado em cumprimento à determinação constante do item 9.3 do Acórdão n° 2.164/2003-2ª Câmara, para acompanhar a regularidade das despesas realizadas no âmbito do Convênio n° 1115/99 e do Contrato de Repasse n° 213/2000, cujo vigência estendia-se até o presente exercício) foi de julho de 2004, solicitamos os extratos bancários da conta específica do convênio desde aquele mês até o presente momento (31/08/2005). Nesse período, não houve qualquer movimentação financeira. A prefeitura aguardava o posicionamento do Fundo Nacional de Saúde acerca de seu pleito, no sentido de utilizar o saldo do convênio na construção de um Hospital Infantil.

9.6.8. Segundo o item 17 do Parecer n° 58/05, de 17/06/2005 (fls. 84 do Anexo 6), o Fundo Nacional de Saúde, uma vez que os recursos do saldo do convênio são insuficientes para a execução do hospital infantil, solicitou ao gestor atual devolver o saldo do convênio que permanece na conta específica. O Saldo em 31/08/2005, era de R$ 481.508,88, sendo R$

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255.534,51 de recursos federais repassados e R$ 225.974,37 de rendimentos de aplicação financeira.

9.7. VERIFICAÇÃO FÍSICA9.7.1. Da mesma forma, no que se refere à regularidade da execução física

(compatibilidade entre o que foi pago e o que foi efetivamente executado), que se estendeu até junho de 2001, como já houve o devido exame, no âmbito do TC-007.312/1999-7, em relação a todo o período de vigência do convênio, não tendo sido constatadas irregularidades, deixamos de proferir nova análise, pelas razões já expostas. Por esse motivo, o exame físico empreendido por ocasião da presente inspeção restringiu-se ao registro fotográfico das obras em questão, quando foi verificado que o hospital está aparentemente concluído e equipado.

9.7.2. Segundo fiscalizações ocorridas no âmbito do TC-007.312/1999-7, o contrato firmado pela Prefeitura de João Pessoa/PB com a empresa Via Engenharia, posteriormente sub-rogado à EDH Empreendimentos Ltda., para construção do Complexo Hospitalar de Mangabeira, já se encontra encerrado, com a obra do Hospital Geral e de seus anexos, concluída, com a última medição ocorrida em junho/2001, totalizando pagamentos da ordem de R$ 6.091.248,48 (item 4 do parecer lavrado pelo Diretor da 2ª Diretoria Técnica da SECEX/PB, transcrito no Relatório que fundamentou o Acórdão n° 2164/2003 - 2ª Câmara).

9.7.3. Por outro lado, o concedente, após vistorias in loco, impugnou o valor de R$ 207.849,91, referente aos serviços da caixa d’água em desconformidade com o projeto aprovado. Abaixo, transcrevemos trecho da Nota Técnica 025/MS/SE/FNS, de 8/3/2005, que trata da impugnação em questão:

‘2. A Entidade Convenente apresenta projeto executado de reservação de água enterrada e elevada, totalizando 480,0 m3. Quanto ao volume total reservado, o projeto atende a RDC-050, porém, o volume de reservação elevada ideal a ser adotado era de 102.000 litros, isto é, 500 litros por leito (170 leitos), com acréscimo de 20% para a demanda diária. Neste caso a Entidade Convenente executou o reservatório elevado com volume superior a 335.000 litros, isto é, com volume aumentado em 228%;

3. Considerando então, que o reservatório elevado recomendado tem capacidade de 102,0 m3 e o reservatório enterrado (cisterna) de 450,0 m3, calculamos que a aplicação MÁXIMA de recursos financeiros seria da ordem de R$ 162.000,00. Entretanto a Entidade Convenente aplicou recursos da ordem R$ 369.849,92’

9.7.4. Em razão disso, o FNS impugnou a importância supracitada, referente à diferença entre o valor aplicado na caixa d’água e o valor aceito (R$ 369.849,92 - R$ 162.000,00).

9.7.5. Considerando que o FNS já determinou a devolução da importância em questão, entendo que, a princípio, não há providências a serem adotadas por este Tribunal.

9.8. IRREGULARIDADES E RESPONSABILIDADES9.8.1. Pagamentos antecipados de despesas.9.8.1.1. Constatamos que, nos 17°, 18° e 21° boletins de medição (fls. 118/131 e 148/160

do Anexo 6), em relação a alguns itens de serviços, há medições negativas de serviços. Essas medições negativas indicam que, em boletins de medição anteriores, foram feitas medições inexistentes, que, posteriormente, tiveram que ser corrigidas por meio das citadas medições negativas. Com a correção, há a compensação dos serviços indevidamente pagos anteriormente com serviços efetivamente realizados naquela medição em que foi feita a correção com a colocação de medições negativas.

9.8.1.2. Em que pese à compensação dos pagamentos, resta a irregularidade do pagamento antecipado nas medições anteriores. Os responsáveis pela irregularidade são aqueles que assinaram os boletins de medição, atestando a realização de serviços não realizados, quais sejam, José Sérgio A. de Almeida, Engenheiro Fiscal da Obra, Francisco Sales Pereira, Gerente do Núcleo de Edificações da SEINFRA, Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de

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Obras da SEINFRA, e Saulo Lins Nóbrega, Secretário da Infra-Estrutura. Considerando que o Sr. Saulo Lins Nóbrega faleceu, resta extinta sua punibilidade.

9.8.1.3. Ante o exposto, entendemos cabível a audiência, nos termos do art. 43, inciso II, da Lei n° 8.443/92, dos responsáveis, para que apresente razões de justificativa em relação ao respectivo ato impugnado.

Responsáveis: José Sérgio A. de Almeida, Engenheiro Fiscal da Obra, Francisco Sales Pereira, Gerente do Núcleo de Edificações da SEINFRA, e Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras da SEINFRA.

Ato impugnado: Pagamentos antecipados de despesas, custeados com recursos federais do Convênio n° 1115/99, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era dar apoio financeiro para conclusão do Complexo Hospitalar de Mangabeira, em João Pessoa, uma vez que foram constatadas medições negativas nos 17°, 18° e 21° boletins de medição.

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64.9.8.2. Pagamentos por serviços não realizados.9.8.2.1. Constatamos alguns erros no 21° boletim de medição (fls. 148/160 do Anexo 6),

que ocasionou um pagamento a maior no valor de R$ 21.903,95. 9.8.2.2. Até a 10ª medição do contrato, os serviços medidos foram pagos com base em

determinados valores, que chamaremos de preços iniciais. A partir da 11ª medição, houve um reajuste do contrato, logo, os novos serviços foram pagos com base em novos preços.

9.8.2.3. A forma de cálculo do valor a ser pago à contratada, em cada medição, se dava da seguinte forma: a) inicialmente, para cada item, obtinha-se o valor acumulado, em expressão monetária, somando-se, ao acumulado anterior, o produto da multiplicação entre o valor medido no período, em cada unidade, e o preço unitário; b) em seguida, somavam-se os valores acumulados de cada item e, do resultado, subtraia-se o valor total acumulado, em expressão monetária, da medição anterior. Esse método, apesar de existir outro mais simples, está correto. O método mais simples era simplesmente somar todos os produtos das multiplicações entre o valor medido no período, em cada unidade, e o preço unitário.

9.8.2.4. Na 21ª medição, houve uma alteração na forma de cálculo. O valor acumulado de cada item, em expressão monetária, foi obtido pela multiplicação entre o valor medido acumulado, em cada unidade, e o preço unitário. Esta forma de cálculo só estaria correta se o preço tivesse permanecido o mesmo em todas as medições. Como isso não ocorreu, conforme dito no item 9.8.2.2 acima, a forma de cálculo é indevida. Todos os serviços medidos até o reajuste do contrato, ou seja, até a 10ª medição, haviam sido pagos com base nos preços iniciais. Com essa forma de cálculo, haveria um pagamento indevido correspondente à diferença entre os preços reajustados e os preços inicias para todos aqueles serviços medidos e já pagos até a 10ª medição.

9.8.2.5. Todavia, ocorreu um outro erro, na 21ª medição, que diminui o valor que seria indevidamente pago em razão da errônea forma de cálculo acima citada. Esse erro se repetiu nos itens ‘01.04-Locação da obra’ ; ‘02.01-Escavação’ ; ‘02.02-Aterro do caixão com empréstimo’ ; ‘02.03-Reaterro compactado’ ; ‘03.01-Alvenaria de pedra argamassada’ ; ‘03.02-Embasamento de 1 vez’ ; ‘03.03-Concreto magro’ ; ‘03.04.01-Concreto estrutural usinado fck=15MPa’ ; ‘03.04.02-Forma em compensado plastificado de 15mm’ ; ‘03.04.03-Armadura em aço CA-50/60’ ; ‘03.04.04-Desforma da infra-estrutura’ ; ‘04.01-Laje pré-moldada para cobertura’ ; ‘04.02.01-Concreto estrutural usinado fck=15MPa’ . Nesses 13 itens, a partir da medição 13-B, até a última medição, o valor medido acumulado, em cada unidade, não considerou o valor medido na medição 13-A. Esse erro só ocorria na coluna referente ao valor medido acumulado, em cada unidade. Os valores medidos acumulados, em expressão monetária, estavam corretos, já que consideraram a medição 13-A. Por essa razão, esse erro, a partir da medição 13-B, não repercutia no valor a ser pago à contratada, já que, conforme dito no item

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9.8.2.3 acima, o cálculo desse valor não utilizava a coluna referente ao valor medido acumulado, em cada unidade, mas, sim, a coluna dos valores medidos acumulados, em expressão monetária, que estavam corretos. Com a mudança na forma de cálculo na 21ª medição, que passou a utilizar a coluna referente ao valor medido acumulado, em cada unidade, para calcular o valor a ser pago à contratada, esse erro passou a ser significativo.

9.8.2.6. Há ainda um terceiro tipo de erro na 21ª medição. Foram lançados 4 valores na coluna referente aos valores acumulados em expressão monetária, que não correspondem a quaisquer itens de serviços, conforme quadro abaixo

Valor (R$) Localização982,06 Entre os itens 05.01 e 05.02641,55 Entre os itens 07.07 e 07.08785,14 Entre os itens 08.06 e 08.071299,16 Entre os itens 09.05 e 09.06

9.8.2.7. Com todos esses erros, a forma mais simples para quantificar o montante do pagamento indevido é calculando quanto deveria ser pago à contratada na 21ª medição. Conforme já foi dito no item 9.8.2.3 acima, o método mais simples é simplesmente somar todos os produtos das multiplicações entre o valor medido no período, em cada unidade, para cada item de serviço, e seu preço unitário. O valor que deveria ser pago era de R$ 42.096,05. Considerando que foram pagos R$ 64.000,00, há um pagamento indevido de R$ 21.903,95.

9.8.2.8. Os responsáveis pelo dano ao erário são aqueles que assinaram os boletins de medição, onde constam os erros, quais sejam, José Sérgio A. de Almeida, Engenheiro Fiscal da Obra, Francisco Sales Pereira, Gerente do Núcleo de Edificações da SEINFRA, Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras da SEINFRA, e Saulo Lins Nóbrega (falecido), Secretário da Infra-Estrutura, além da empresa beneficiária do pagamento indevido.

9.8.2.9. Ante o exposto, entendemos cabível, a princípio, a audiência, nos termos do art. 43, inciso II, da Lei n° 8.443/92, dos responsáveis, para que apresente razões de justificativa em relação ao respectivo ato impugnado. Na eventualidade de não serem aceitas as razões de justificativas, deverão ser adotadas providencias com vista ao ressarcimento do dano suportado pelo erário.

Responsáveis: José Sérgio A. de Almeida, Engenheiro Fiscal da Obra, Francisco Sales Pereira, Gerente do Núcleo de Edificações da SEINFRA, e Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras da SEINFRA.

Ato impugnado: Pagamentos por serviços não realizados, custeados com recursos federais do Convênio n° 1115/99, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era dar apoio financeiro para conclusão do Complexo Hospitalar de Mangabeira, em João Pessoa, em razão de erros de cálculo no boletim de medição n° 21.

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64.10. CONTRATO DE REPASSE N° 213/000 (SIAFI 411975)10.1. IDENTIFICAÇÃON° SIAFI: 411975.N° Original: 213/2000.Concedente: Ministério da Saúde.Convenente: Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB.Executor/Responsável: Prefeitura Municipal de João Pessoa/Cícero de Lucena FilhoData da Celebração: 29/12/2000.Vigência: Inicial: 29/12/00 a 29/12/2005;Atual: 29/12/00 a 29/12/2005.Recursos: Federais: R$ 3.474.986,04;

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Contrapartida: R$ 613.232,83.Análise da Prestação de Contas pelo Concedente: Ainda não foi apresentada a prestação de contas, uma vez que o prazo para sua

apresentação se encerra apenas em 27/02/2006.10.2. OBJETO10.2.1. Descrição: Repasse de recursos provenientes de empréstimo externo entre a

República Federativa do Brasil e o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD, para execução do subprojeto n° PB2507500016 (Aquisição de equipamentos para o Complexo Hospitalar de Mangabeira), apresentado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB, devidamente aprovado pelo Ministério da Saúde em 30/06/2000. O referido subprojeto integra o Projeto Reforço à Reorganização do SUS – REFORSUS.

10.2.1.1. Conforme já foi relatado nos itens 9.2.1.1 e 9.2.1.2, aos quais fazemos remissão, foi verificado, no âmbito do TC-007.312/1999-7, a sobreposição de objetos entre o Convênio n° 1115/99 e o Contrato de Repasse n° 213/2000. Esta Corte de Contas, conforme já colocado, considerou a impropriedade em questão como falha formal, motivo pelo qual entendeu cabível determinação com vistas a evitar novas falhas da mesma natureza.

10.2.2. Alterações do Objeto por meio de Aditivos: Não houve10.2.3. Valores dos Itens que Compõem o Objeto: Equipamentos e Material Permanente: R$ 3.913.610,86Unidade Móvel: R$ 119.000,00Consultoria: R$ 55.608,0110.3. PROCESSOS CONEXOS10.3.1. Conforme já informado no item 8.3 e subitens acima, aos quais fazemos remissão,

o presente contrato de repasse já foi objeto de exame nos TCs 007.312/1999-7 e 021.795/2003-9. Sendo assim, da mesma forma que procedemos em relação ao Convênio 1533/97, no que se refere aos aspectos já verificados por este Tribunal, iremos apenas relatar os resultados alcançados nas fiscalizações anteriores, a fim de evitar o retrabalho ou o exame de questões já apreciadas pelos colegiados desta Corte de Contas, limitando-se esta Equipe de Auditoria a analisar eventuais novos aspectos não abordados nos trabalhos anteriores.

10.4. ASPECTOS DA LICITAÇÃO E DO CONTRATO10.4.1. As licitações realizadas para aquisição dos equipamentos já foram objeto de

exame nos TCs 007.312/1999-7 e 021.795/2003-9, conforme podemos constatar nos trechos dos relatórios abaixo transcritos:

‘16. Com relação à aplicação de recursos oriundos do REFORSUS no subprojeto PB 2507500016 (Complexo Hospitalar de Mangabeira), financiado com recursos do BIRD, verificou-se a existência de processos licitatórios realizados com fundamento no art. 42, § 5º, da Lei n.º 8.666/93. Tais licitações foram realizadas nos termos dos procedimentos adotados pelo BIRD, conforme determinado no Parágrafo Quarto da Cláusula Primeira do contrato de repasse celebrado entre a União, através do Ministério da Saúde, representada pelo Banco do Brasil S.A., e a Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB (fls. 164/169 – Vol. 6).’(trecho de relatório de inspeção realizada na Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB, no período de 06/11/2002 a 12/11/2002, com o objetivo de acompanhar as obras do Complexo Hospitalar de Mangabeira, em cumprimento à Decisão nº 242/2001–2ª Câmara) (TC n° 007.312/1999-7)

‘10.2 Quanto ao Contrato de Repasse n° 213/2000:(...)observamos que já foram realizados 9 (nove) procedimentos licitatórios, sendo 4 (quatro)

na modalidade de concorrência (duas nacionais e duas internacionais) e 5 (cinco) shopping, e desses, somente não tinha sido ainda analisado na auditoria anterior, o shopping n° 05/2003, que foi examinado agora, não tendo havido a ocorrência de nenhuma irregularidade;’(trecho de relatório de inspeção realizada na Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB, no período de 08 a

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21/07/2004, com o objetivo de verificar a regularidade das despesas realizadas na execução dos instrumentos firmados, voltados à melhoria física e operacional do Complexo Hospitalar de Mangabeira, em cumprimento à determinação constante do Acórdão nº 2.164/2003-2ª Câmara (TC n° 021.795/2003-9).

10.4.2. Desde essa última fiscalização, em julho de 2004, não houve novas licitações, razão pela qual não há nada de novo a ser examinado no presente trabalho.

10.5. CUSTOS10.5.1. Da mesma forma, os preços praticados na aquisição dos equipamentos já foram

objeto de exame no TC 021.795/2003-9, conforme podemos constatar no trecho do relatório de inspeção realizada na Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB, no período de 08 a 21/07/2004, com o objetivo de verificar a regularidade das despesas realizadas na execução dos instrumentos firmados, voltados à melhoria física e operacional do Complexo Hospitalar de Mangabeira, em cumprimento à determinação constante do Acórdão nº 2.164/2003-2ª Câmara:

‘10.2 Quanto ao Contrato de Repasse n° 213/2000:(...)realizamos, também, uma verificação dos preços praticados (v. notas fiscais de fls.

121/187 – Anexo 1), quando constatamos, por meio de pesquisa na Internet e em contatos telefônicos com os fornecedores e outras empresas dos ramos, que os preços estão compatíveis com o de mercado, com pequenas variações devido ao tempo decorrido entre as licitações e o levantamento levado a efeito no momento;’

10.5.2. Desde essa última fiscalização, em julho de 2004, não houve novas aquisições, razão pela qual não há nada de novo a ser examinado no presente trabalho. O último pagamento ocorreu em 23/03/2004, no valor de R$ 2.780,40.

10.6. EXECUÇÃO FINANCEIRA10.6.1. Envio de Recursos do Concedente para o Convenente:

Ordem Bancária Valor (R$)2001OB012581, de 08/08/2001 16.742,362001OB019370, de 23/11/2001 111.622,002001OB019371, de 23/11/2001 658.329,422002OB001647, de 15/01/2002 727.106,632002OB001716, de 15/01/2002 86.961,102002OB001716, de 15/01/2002 850,002002OB001716, de 15/01/2002 26.564,002002OB003748, de 18/02/2002 32.949,742002OB003748, de 18/02/2002 16.742,362002OB003748, de 18/02/2002 51.330,402002OB019988, de 08/10/2002 2.791,402003OB006553, de 19/03/2003 31.727,442003OB006553, de 19/03/2003 6.304,112003OB006556, de 19/03/2003 499,802003OB006613, de 20/03/2003 60.712,952003OB006614, de 20/03/2003 134.512,502003OB010041, de 15/04/2003 3.263,752004OB000702, de 12/01/2004 44.903,462004OB001068, de 14/01/2004 191.734,432004OB001070, de 14/01/2004 50.133,002004OB001072, de 14/01/2004 239.282,652004OB004585, de 06/02/2004 41.109,352004OB004585, de 06/02/2004 26.482,652004OB004594, de 06/02/2004 202.701,032004OB004599, de 06/02/2004 261.885,002004OB004600, de 06/02/2004 31.450,002004OB004606, de 06/02/2004 41.969,742004OB004606, de 06/02/2004 115.281,96

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Page 45: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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2004OB005666, de 13/02/2004 1.904,342004OB007561, de 11/03/2004 459,01

3.218.306,5810.6.2. Créditos da Contrapartidas: Estava prevista a aplicação de R$ R$ 613.232,83 a

título de contrapartida, o que corresponde a 15% do valor total do projeto. Foram aplicados, a título de contrapartida, até agora, R$ 567.936,45, que corresponde, justamente, a 15% do valor total aplicado até o presente (R$ 3.786.243,03).

10.6.3. Pagamentos Efetuados – Foram pagos, no período de 23/11/2001 a 23/03/2004, R$ 3.786.243,03 a varias empresas, sendo R$ 3.218.306,58 de recursos federais e R$ 567.936,45 de contrapartida. Nos termos do Contrato de Repasse, os valores federais eram depositados na conta específica, de acordo com o cronograma de execução, após o prévio depósito da parcela da contrapartida, no percentual de 15%.

10.6.4. Na Decisão n° 242/2001-2ª Câmara, proferida no âmbito do TC-007.312/1999-7, este Tribunal determinou, no item 8.2, letra ‘a’, à Secretaria de Controle Externo da Paraíba que prosseguisse com o acompanhamento das obras do Complexo Hospitalar de Mangabeira, realizando diligências ou inspeções que se mostrarem necessárias à verificação de alguns aspectos, entre eles, a situação físico-financeira da obra.

10.6.5. Na inspeção realizada na Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB, no período de 06/11/2002 a 12/11/2002, em cumprimento à determinação acima citada, não foram constatadas irregularidades na execução financeira (empenhos, liquidação das despesas, pagamentos, correspondência entre os pagamentos efetuados, os extratos bancários e as notas fiscais, etc.) do contrato de repasse em foco.

10.6.6. No Acórdão n° 2.164/2003-2ª Câmara, proferida no âmbito do TC-007.312/1999-7, foi feita nova determinação a esta Unidade Técnica (item 9.3), no sentido de que prosseguisse com o acompanhamento da regularidade das despesas realizadas no âmbito do Convênio 1115/99, bem como da execução do Contrato de Repasse n° 213/2000. Em razão dessa determinação, foi autuado o TC-021.795/2003-9 e foi feita nova inspeção, no período de 08 a 21/07/2004, não tendo sido constatadas irregularidades na execução financeira do contrato de repasse.

10.6.7. Considerando que essa última fiscalização foi em julho de 2004, solicitamos os extratos bancários da conta específica do contrato de repasse desde aquele mês até o presente momento (agosto/2005). Nesse período, não houve qualquer movimentação financeira. O saldo da conta específica é zero desde 23/03/2004, quando houve o último pagamento.

10.6.8. Considerando que não houve novos pagamentos após a última fiscalização ocorrida no âmbito do TC-021.795/2003-9, não há nada de novo a ser examinado no presente trabalho.

10.7. VERIFICAÇÃO FÍSICA10.7.1. Da mesma forma, no que se refere à regularidade da execução física (efetiva

entrega dos materiais e equipamentos), como já houve o devido exame, no âmbito dos TCs 007.312/1999-7 e 021.795/2003-9, não tendo sido constatadas irregularidades, deixamos de proferir nova análise, pelas razões já expostas. Por esse motivo, o exame físico empreendido por ocasião da presente inspeção restringiu-se ao registro fotográfico do Hospital, quando foi verificado que ele está aparentemente concluído e equipado.

10.7.2. Trazemos à baila, para ilustrar o exame anterior, trecho do relatório de inspeção realizada na Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB, no período de 08 a 21/07/2004, em cumprimento à determinação constante do Acórdão nº 2.164/2003-2ª Câmara:

‘10.2 Quanto ao Contrato de Repasse n° 213/2000:(...)10.7.3. fizemos, ainda, uma checagem, por amostragem, dos principais equipamentos

adquiridos, que estão armazenados no próprio hospital, não existindo nenhuma divergência;’

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Page 46: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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10.7.4. Ressalte-se, apenas, que há algumas pendências no que se refere à utilização dos equipamentos. Foi solicitado ao concedente, por meio do Ofício de Requisição nº 914/2005-12, cópias dos pareceres/relatórios/notas técnicas ou quaisquer outros documentos emitidos em razão da supervisão/fiscalização da execução ou da análise da prestação de contas do Contrato de Repasse n° 213/2000. Em resposta, foram-nos enviadas cópias do Relatório de Supervisão realizada por técnicos do Projeto REFORSUS em 11/07/2005; da análise das justificativas apresentadas pelo proponente/convenente; e da nota técnica emitida pela Coordenação da Prestação de Contas.

10.7.4.1. Segundo esses documentos, há equipamentos não instalados, remanejados para outras unidades hospitalares sem oficialização, e um tricotomizador elétrico, marca 3M, não teria sido localizado. Quanto ao desaparecimento do tricotomizador elétrico, seria o caso de instauração de sindicância, caso realmente o equipamento não seja localizado. Em relação a essas pendências, entendemos com o concedente vem adotando as providências cabíveis, exigindo a devida regularização antes da aprovação das contas.

10.8. IRREGULARIDADES E RESPONSABILIDADES10.8.1. Não foram constatadas novas irregularidades no presente trabalho. 11. CONTRATO DE REPASSE N° 134.034-18/2001 – SEDU/CAIXA (SIAFI 442179)11.1. IDENTIFICAÇÃON° SIAFI: 442179.N° Original: CR.NR.0134034-18.Concedente: Caixa Econômica Federal.Convenente: Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB.Executor/Responsável: Prefeitura Municipal de João Pessoa/Cícero de Lucena FilhoData da Celebração: 31/12/2001.Vigência: Inicial: 31/12/2001 a 31/12/2002;Atual: 31/12/2001 a 30/12/2003.Recursos: Federais: R$ 3.340.000,00;Contrapartida: R$ 66.800,00.Análise da Prestação de Contas pelo Concedente: Aprovada a prestação de contas, em relação ao valor total liberado.11.2. OBJETODescrição: Melhoria de infra-estrutura do transporte coletivo urbano, no Município de

João Pessoa. Pavimentação, Revestimento, Recapeamento Asfáltico e Sinalização de vias urbanas e Ações Educativas.

Alterações do Objeto por meio de Aditivos: Não houve.Valores dos Itens que Compõem o Objeto: I- Ações de reestruturação urbana, interligação de áreas urbanas e adequação de vias

urbanas:Serviços Preliminares: R$ 323.340,00Terraplenagem: R$ 294.780,00Pavimentação: R$ 1.484.100,00Drenagem: R$ 1.167.900,00Serviços Complementares: R$ 117.300,00II - Projeto Social: R$ 19.380,0011.3. PROCESSOS CONEXOS11.3.1. Conforme já informado no item 3.7 acima, o presente contrato de repasse já foi

objeto de exame nos TCs 015.609/2002-1 e 018.964/2003-1.

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11.3.2. No TC-015.609/2002-1, foi analisada apenas a questão do aproveitamento do Contrato n.º 03/92, para execução das obras objeto de vários contratos de repasse, entre eles o contrato de repasse em análise. Nesse processo, por meio do Acórdão n° 1.683/2004-TCU–Plenário, foi aplicada multa ao gestor, Sr. Cícero de Lucena Filho, no valor de R$ 20.000,00, em razão de fuga ao processo licitatório mediante aproveitamento indevido do Contrato n.º 03/92, decorrente de licitação (Concorrência Pública n.º 06/91) para outras obras e com objeto demasiadamente genérico e amplo, para a execução dos objetos de vários contratos de repasse e de convênio firmados com a União Federal e com a EMBRATUR.

11.3.3. Já no TC-018.964/2003-1, no que se refere ao contrato de repasse em foco, além do exame documental, foi efetivada vistoria in loco das obras consignadas no plano de trabalho, tendo sido realizada, ainda, visita junto ao ente repassador dos recursos (Caixa Econômica Federal). Não foram encontradas novas irregularidades, além daquelas já abordadas no TC-015.609/2002-1.

11.3.4. Sendo assim, no que se refere aos aspectos já verificados por este Tribunal, iremos apenas relatar os resultados alcançados nas fiscalizações anteriores, a fim de evitar o retrabalho ou o exame de questões já apreciadas pelos colegiados desta Corte de Contas, limitando-se esta Equipe de Auditoria a analisar eventuais novos aspectos não abordados nos trabalhos anteriores.

11.4. ASPECTOS DA LICITAÇÃO E DO CONTRATO11.4.1 Para a consecução do objeto do presente contrato de repasse, foi utilizada a

Concorrência Pública n° 06/91, homologada em 16/9/1991, cujo objeto referia-se à execução de serviços de infra-estrutura em diversos bairros de João Pessoa. Tendo sido declarada vencedora a empresa Coesa - Comércio e Engenharia Ltda., foi firmado o Contrato n° 03/92, em 13/5/1992, no valor de Cr$ 11.892.058.722,21.

11.4.2 Conforme já foi dito no item 11.3.2 acima, por meio do Acórdão n° 1.683/2004 -TCU – Plenário, Ata n° 40/2004, lavrado no âmbito do processo n° TC-015.609/2002-1, deliberou-se a ilegalidade do aproveitamento da presente licitação para a execução de obras relativas a diversos contratos de repasse e convênios envolvendo recursos federais, dentre os quais se incluiu o Contrato de Repasse n° 134.034-18/2001-SEDU/CAIXA, ora em apreço. Na oportunidade, reconheceu-se o caráter genérico do objeto daquele certame, a vigência demasiadamente longa de seu contrato, cuja natureza se aproximava a de um contrato por prazo indeterminado, tendo se considerado tal aproveitamento como uma burla ao dever de licitar insculpido no art. 3° da Lei n° 8.666/93. Nesses termos, entendeu o Ministro Relator no Voto condutor do aresto:

‘5. De acordo com os elementos dispostos nos autos, verifico que tal procedimento consistiu em verdadeiro artifício utilizado pelo gestor municipal para não realizar o procedimento licitatório relativo às novas obras pactuadas por intermédio de contratos de repasse celebrados com a União, representada pela Caixa Econômica Federal, a partir de 1998, assim como em relação às novas obras pactuadas mediante o Convênio 91/2000, celebrado com a Embratur, este último prevendo, inclusive, ações não abrangidas no contrato originalmente celebrado com a empresa Coesa (ações de educação, ciclovia e iluminação ornamental).

6. De fato, não bastasse a ausência de licitação para as novas obras, observa-se que existem várias irregularidades a permear o Contrato 03/92, utilizado pela prefeitura para a execução dos serviços e obras com recursos federais, irregularidades essas que o acompanham desde sua celebração. As irregularidades se referem a: ausência de definição precisa do objeto, que comprometeu o caráter competitivo do certame, à luz do art. 3º, § 1º, I, do Decreto-lei 2.300/86; a execução parcelada, em que deveria ter sido observada, para cada etapa ou conjunto de etapas de obras, licitação distinta, consoante o art. 7º, § 2º, do mesmo diploma legal; e, ainda, a indefinição quanto à descrição sucinta e clara do conjunto de obras que seriam realizadas, permitindo que a prefeitura dele se utilizasse para toda obra de infra-

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estrutura que viesse a ser demandada desde a sua celebração, tal como ocorreu em relação aos contratos de repasse e convênio federal celebrados muitos anos após a contratação.

7. Além disso, como bem anotado pela unidade técnica, outra irregularidade foi tomando contornos mais evidentes à medida em que sucessivas prorrogações contratuais permitiram que o contrato vigorasse após dez anos da realização do procedimento licitatório e da assinatura do contrato, o que, na realidade, deu-lhe as características materiais de um verdadeiro contrato de vigência indeterminada, muito embora formalmente transparecesse exatamente o contrário.

8. Todos esses aspectos, relacionados à ilegalidade e inconstitucionalidade da contratação, bem como das sub-rogações efetuadas, foram bem examinados pela unidade técnica, razão pela qual manifesto minha anuência aos exames.’

11.4.3 Por esse motivo, foi cominada multa ao então Prefeito Cícero de Lucena Filho, tendo sido expedidas várias determinações à Municipalidade. Dessarte, é curial frisar que a presente irregularidade, em face do princípio do non bis in idem, não pode ser objeto de qualquer consequência cominatória no presente feito, sendo cabível, no âmbito do trabalho ora em andamento, apenas a sua menção.

11.5. CUSTOS11.5.1 Os custos unitários dos serviços do presente contrato de repasse foram objeto de

verificação no subitem 11.8.1 adiante.11.6. EXECUÇÃO FINANCEIRA11.6.1 Envio de Recursos do Concedente para o Convenente: 11.6.1.1 Foram feitos os seguintes repasses para a Conta Corrente n° 179-5, Agência n°

1909, da Caixa Econômica Federal, específica da avença. Frisa-se que, na sistemática adotada em instrumentos do tipo contrato de repasse, os recursos ficam bloqueados na conta específica, somente sendo liberados por autorização do Gerente Geral da agência, em face de solicitação da entidade convenente, por ocasião da apresentação e aceitação de cada boletim de medição.

Ordem Bancária Data do crédito Valor (R$)2002OB002319, de 09/08/2002 14/8/2002 600.000,002002OB003773, de 14/11/2002 18/11/2002 500.000,002002OB005407, de 27/12/2002 02/01/2003 1.500.000,002002OB006008, de 31/12/2002 03/01/2003 740.000,00

TOTAL 3.340.000,0011.6.2 Créditos da contrapartida:11.6.2.1 Na sistemática adotada em instrumentos do tipo contrato de repasse, somente são

autorizados os débitos, na conta específica da avença, correspondente aos valores das medições, quando ocorre o crédito nessa conta dos recursos da contrapartida municipal. Do exame dos extratos constantes dos autos, vislumbra-se os seguintes depósitos:

Data do crédito Valor (R$)1/10/2002 11.483,0525/11/2002 10.516,9530/1/2003 19.855,9127/2/2003 9.036,2731/3/2003 3.459,4629/4/2003 12.088,929/6/2003 358,69

27/10/2003 0,75TOTAL 66.800,00

11.6.3 Pagamentos Efetuados:11.6.3.1 Os extratos de cheque acostados na documentação de prestação de contas do

presente contrato de repasse guardam relação com os débitos verificados na conta específica da avença. Em face da presente avença, foram medidos os serviços constantes dos boletins constantes da tabela a seguir e, consequentemente, pagos nos valores indicados adiante.

Medição Data Valor

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6 24/9/2002 585.635,4612 23/10/2002 525.847,59

12-A 23/10/2002 10.516,9516 20/12/2002 1.012.651,4717 20/2/2003 460.849,8221 24/3/2003 176.432,5225 23/4/2003 616.534,9333 23/5/2003 18.293,2040 18/9/2003 24.581,53

TOTAL 3.431.343,4711.7. VERIFICAÇÃO FÍSICA11.7.1 No TC-018.964/2003-1, foi verificada a execução física, não tendo sido detectadas

irregularidades na amostra selecionada de serviços da presente avença. Por esse motivo, o exame físico empreendido por ocasião da presente inspeção restringiu-se ao registro fotográfico das obras em questão.

11.8. IRREGULARIDADES E RESPONSABILIDADES11.8.1. Sobrepreço em itens de serviços. 11.8.1.1. Tomando por base os quantitativos acumulados nas medições indicadas no

subitem 11.6.3.1 supra, escolheu-se uma amostra dos serviços mais significativos em relação ao montante total do contrato de repasse em questão. A amostra selecionada, constante da tabela a seguir, representou, ao final, 85,1 % (oitenta e cinco vírgula um pontos percentuais) do valor total da avença, correspondendo a pagamentos da ordem de R$ 2.899.341,51 (dois milhões, oitocentos e noventa e nove mil, trezentos e quarenta e um reais e cinquenta e um centavos). Confrontando os preços praticados, cuja data-base corresponde a março de 2002 – consoante estipulação do 9° Termo Aditivo ao Contrato n° 03/92, com os constantes do Sistema SINAPI, da Caixa Econômica Federal, apurou-se um sobrepreço total, considerando um BDI de 30 % (trinta por cento), de R$ 819.874,80 (oitocentos e dezenove mil, oitocentos e setenta e quatro reais e oitenta centavos), ou seja, 25,01 % (vinte e cinco vírgula um pontos percentuais).

Tabela: Itens praticados no contrato de repasse em questão, pela Empresa COESA – Engenharia Ltda., tendo como data-base o mês de março/2002, conforme estabelecido no 9° Termo Aditivo ao Contrato n° 03/1992.

Discriminação Preço pago últ. Medição

Preço Unitário Preço SINAPI1 Quantitativo Sobrepreço

escavação de material de 1a. e 2a. categoria 99.760,01 3,19 1,76 31.272,73 44.876,37

aterro compactado inc aquisiç 12.261,38 15,22 10,32 805,61 3.945,88carga mecanica material 1a. categoria 33.586,56 0,83 1,03 40.465,74 -7.971,75

transporte de material dist até 8 km 222.966,23 5,51 4,55 40.465,74 38.847,11

Pavimentação com paralelepípedo graníticos 1.553.197,80 20,00 12,86 77.659,89 554.724,59

colchão de areia p assent pavimento 272.586,37 23,40 21,75 11.648,99 19.232,48

const meio fio concreto rejuntado arg cim areia 1:3 466.285,83 18,30 12,79 25.480,10 140.344,39

concreto simples para const calçada 18.505,80 11,50 10,23 1.609,20 2.042,07

colchão de areia drenante 10.377,67 23,40 21,75 443,49 732,20forn assent galeria concreto premold D 400 mm 10.998,00 60,00 28,93 183,30 5.696,05

forn assent galeria concreto premold D 600 mm 39.284,70 91,00 49,43 431,70 17.947,50

Limpeza geral 159.531,16 2,06 2,07 77.442,31 -542,10

1 Preço com o BDI de 30%, adotado pela equipe de auditoria, já incluso.49

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.111/2005-8

TOTAL 2.899.341,51 TOTAL 819.874,80Amostra 85,1% 24,1%

11.8.1.2. A responsabilidade pelo débito em questão deve recair sobre as autoridades que anuíram o aproveitamento indevido da Concorrência n° 06/91 e do contrato dela decorrente para a execução das obras do presente contrato de repasse, quando o correto seria a realização de um novo certame licitatório, que estabeleceria preços mais condizentes com a realidade de mercado.

11.8.1.3. Sendo assim, em linha de consonância com o decidido no Acórdão n° 1.683/2004 -TCU – Plenário, Ata n° 40/2004, que imputou a ocorrência de tal fato ao então Prefeito de João Pessoa, Sr. Cícero de Lucena Filho, em face da sua posição de gestor do presente instrumento de repasse, é cabível a responsabilização, pelo débito em alusão, do referido gestor, em solidariedade com a Empresa COESA Engenharia Ltda.. É curial frisar que a imputação de débito ao ex-Prefeito, no presente feito, não configura bis in idem, uma vez que a multa aplicada no âmbito da aludida deliberação tem natureza diversa do débito apurado nos presentes autos, possuindo aquela a natureza de sanção, enquanto este diz respeito ao dever de ressarcimento daquele que deu causa a dano ou prejuízo ao Erário.

11.8.1.4. Desse modo, considerando que as contas do Contrato de Repasse n° 0134034-18/2001/SEDU/Caixa já foram aprovadas pelo órgão concedente, conforme o extrato de fls. 02 do Anexo 9, propõe-se a formação de apartado, constituindo processo de tomada de contas especial, nos termos do art. 30 da Resolução n° 136/2000 c/c o art. 47 da Lei n° 8.443/92, a fim de que os responsáveis sejam citados, devendo compor o novo processo as seguintes peças: cópia do presente relatório, cópia da deliberação que vier a ser proferida, juntamente com cópias do relatório e voto que a fundamentarem, e o Anexo 9 do presente processo, a ser desentranhado destes autos.

11.8.1.4.1. Além da citação do Sr. Cícero de Lucena Filho em solidariedade com a Empresa Coesa Engenharia Ltda., pelo débito em alusão, deverá ser verificada, no âmbito da tomada de contas especial em tela, a possibilidade de se incluir, no rol de responsáveis pelo presente prejuízo aos cofres da União, os agentes administrativos da Caixa Econômica Federal que aprovaram os preços praticados no contrato de repasse em tela, os quais se encontravam acima do especificado no Sistema SINAPI.

12. CONVÊNIO N° 252/1998 (SIAFI 359930)12.1. IDENTIFICAÇÃON° SIAFI: 359930.N° Original: EP 252/1998.Concedente: Fundação Nacional de Saúde.Convenente: Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB.Executor/Responsável: Prefeitura Municipal de João Pessoa/Cícero de Lucena FilhoData da Celebração: 03/07/1998.Vigência: Inicial: 03/07/1998 a 03/06/1999;Atual: 03/07/1998 a 04/11/2001.Recursos: Federais: R$ 7.825.375,84;Contrapartida: Não houve.Análise da Prestação de Contas pelo Concedente: 12.1.1 A presente avença encontra-se em situação de inadimplência suspensa (fls. 02 do

Anexo 7), tendo sido instaurado o competente processo de tomada de contas especial, em vista de irregularidades constatadas na prestação de contas enviada pela Municipalidade.

12.1.2 Consoante os pareceres de fls. 03/21 do Anexo 7, lavrados na Coordenação Regional da Paraíba da Fundação Nacional de Saúde, restou consignado o não saneamento de

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várias pendências na documentação remetida pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, tendo sido sugerida a não aprovação da prestação de contas e a instauração de TCE.

12.1.3 Por meio do Parecer n° 126/2004, de 19/04/2004, a Divisão de Convênios e Gestão - PB do Núcleo Estadual do Ministério da Saúde entendeu que o referido convênio havia sido ‘(...) executado de forma irregular, tanto no aspecto físico, quanto no financeiro (...)’, in verbis (fls. 11/19 do Anexo 7), razão pela qual foi sugerida a devolução do valor total repassado por força da avença, deduzida a importância de R$ 15.886,05 (quinze mil, oitocentos e oitenta e seis reais e cinco centavos), que já teria sido devolvida.

12.1.4 Em 03/03/2005, quase 1 (um) ano após o primeiro parecer, foi expedido o Parecer n° 91/2005 (fls. 20/21 do Anexo 7), também exarado no âmbito do Núcleo Estadual do Ministério da Saúde na Paraíba, o qual concluiu pela não aprovação da prestação de contas, tendo sugerido o encaminhamento do feito para a Coordenação Regional da FUNASA, objetivando a instauração de tomada de contas especial e o ressarcimento de R$ 7.809.489,79 (sete milhões, oitocentos e nove mil, quatrocentos e oitenta e nove reais e setenta e nove centavos), correspondente a diferença entre o montante total transferido pela Fundação Nacional de Saúde e a quantia de R$ 15.886,05, devolvida pela Municipalidade, segundo a entidade concedente.

12.1.4.1 É oportuno destacar que o Núcleo Estadual do Ministério da Saúde na Paraíba, no último parecer, apontou que ‘(...) houve irregularidade na contratação caracterizada pelo aproveitamento de licitações anteriores; não há clareza quanto aos indicadores físicos que teriam sido objeto de execução com recursos desse convênio, porque outros recursos teriam sido aplicados na implementação do mesmo sistema de esgotamento sanitário; existe certa obscuridade nas etapas que foram subrogados, inclusive na fórmula de cálculos e índices utilizados e, sobretudo, pelo não cumprimento do objeto, com prejuízo dos objetivos pretendidos.’ ipsis litteris (fls. 21 do Anexo 7), grifos acrescidos.

12.1.5 Conforme informação obtida nos trabalhos de campo, foi noticiado à equipe de auditoria que a tomada de contas especial do convênio em questão ainda não havia sido ultimada, encontrando-se em análise pela Administração em Brasília.

12.2. OBJETODescrição: Execução do Sistema de Esgotos Sanitários (Emissários, Interceptores,

Estações Elevatórias, Redes Coletoras e Ligações Domiciliares).Alterações do Objeto por meio de Aditivos: Não houve.12.3. PROCESSOS CONEXOS12.3.1. Conforme já informado no item 3.7 acima, o presente convênio foi objeto de exame

no TC-018.964/2003-1. O referido processo trata de Relatório de Auditoria realizada no Município de João Pessoa, no período de 28/10 a 17/11/2003, com o objetivo de verificar a regularidade na aplicação de recursos federais transferidos por meio de convênios.

12.3.2. No âmbito daquele trabalho de fiscalização, foram selecionados alguns convênios para exame. O Convênio ora em exame (Convênio n° 252/1998) não foi selecionado. Todavia, ao se examinar a regularidade do Convênio n° 359/2000, que foi selecionado na Auditoria de 2003, verificou-se que parte dos recursos vinculados ao Convênio n° 359/2000 (cerca de R$ 257.559,49) foram despendidos na consecução de serviços relacionados às Estações Elevatórias EE SH/BP e EE SH1, ambas inseridas como metas do Convênio no 252/98-FUNASA.

12.3.3. Em suma, não houve qualquer fiscalização ou pronunciamento deste Tribunal acerca do Convênio em foco anterior à presente inspeção, mas apenas a constatação, no âmbito do TC-018.964/2003-1, que parte das metas estabelecidas no Plano de Trabalho do Convênio n° 252/1998 foi custeada com recursos do Convênio n° 359/2000. Em razão dessa constatação, foram aplicadas multas aos responsáveis, por meio do Acórdão n° 1865/2004–TCU-Plenário.

12.4. ASPECTOS DA LICITAÇÃO E DO CONTRATO12.4.1 Para a execução do objeto do presente convênio, foram utilizadas duas licitações:

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12.4.1.1 Concorrência Pública n° 01/91-CEDAC/PMJP. Homologada em 08/07/1991, foram declaradas vencedoras, em consórcio, as empresas SERVAZ S/A – Saneamento, Construções e Drenagem e SANCCOL – Saneamento, Construção e Comércio Ltda., cuja proposta vencedora totalizou Cr$ 2.933.105.498,72 (dois bilhões, novecentos e trinta e três milhões, cento e cinco mil, quatrocentos e noventa e oito cruzeiros e setenta e dois centavos). O objeto da referida licitação consistia nas obras e serviços para implantação do Sistema de Esgotamento Sanitário em áreas da população de baixa renda da Periferia Sul da cidade de João Pessoa/PB, tendo o orçamento detalhado contemplado serviços nos seguintes bairros/localidades: Cristo, Varjão, Conjunto dos Bancários, Conjunto Anatólia, Jardim São Paulo e Adjacências.

12.4.1.1.1 Ressalta-se que o Tribunal de Contas da União, no Acórdão n° 1.965/2004-TCU-Plenário, já se manifestou acerca da ilegalidade da utilização da presente licitação, e, por consequência, do contrato dela decorrente, para a consecução das obras pertinentes ao Convênio nº 359/00, celebrado com a Fundação Nacional de Saúde.

12.4.1.1.2 Na ocasião, esta Corte de Contas entendeu indevido o aproveitamento do referido certame licitatório, tendo considerado tal ato como uma burla à necessária realização do regular procedimento licitatório, em vista do caráter genérico do objeto do certame, o qual não englobava o específico objeto do presente convênio, tendo ressaltado ainda que não estava garantida a proposta mais vantajosa para a Administração, quando se aproveitava licitações realizadas, no presente caso, sete anos antes da liberação dos recursos, sob a égide de legislação não mais vigente.

12.4.1.1.3 Merece observação o fato de que o objeto licitado, conforme o orçamento anexado ao edital e constante da proposta vencedora, não abarca as obras definidas como objeto do Convênio n° 252/98, uma vez que este se trata da consecução do serviço de esgotamento sanitário do Bairro Alto do Mateus, enquanto aquele objeto, de caráter mais amplo, contempla serviços nos Bairros do Cristo, Varjão, Conjunto dos Bancários, Conjunto Anatólia, Jardim São Paulo e Adjacências. Vê-se, então, que, para abarcar as obras pertinentes ao Convênio n° 252/98, houve uma modificação contratual fora das hipóteses estritas do art. 65 da Lei n° 8.666/93. Configurando-se tal modificação qualitativa do contrato como uma verdadeira fuga ao dever de licitar, resta violado ainda o art. 3º do Estatuto das Licitações.

12.4.1.1.4 Deve-se destacar, por fim, que, em face dos inúmeros termos aditivos prorrogando o prazo de vigência do presente contrato, conforme se verá, tal instrumento adquiriu a natureza de contrato por prazo indeterminado, o que se mostra vedado pela legislação ordinária e constitucional.

12.4.1.1.5 Desse modo, pode-se apontar, desde já, a ilegalidade da utilização da Concorrência Pública n° 01/91-CEDAC/PMJP e do contrato dela decorrente para a consecução das obras pertinentes ao objeto do Convênio n° 252/98, conforme veremos no item 12.8.1 abaixo.

12.4.1.2 Concorrência Pública n° 03/93. Homologada em 13/06/1994, foi declarada vencedora a Empresa COBRATE – Companhia Brasileira de Terraplenagem e Engenharia, cuja proposta totalizou CR$ 695.246.162,39 (seiscentos e noventa e cinco milhões, duzentos e quarenta e seis mil, cento e sessenta e dois cruzeiros reais e trinta e nove centavos). O objeto do presente certame era a execução dos serviços de esgotamento sanitário no Bairro Alto do Mateus.

12.4.1.2.1 Com relação à regularidade ou não da utilização do presente certame licitatório, mormente no que concerne à vigência do contrato dela decorrente, celebrado em 1994 e usado para a consecução de um convênio celebrado em 1998, faz-se necessário avaliar, de início, a pertinência do objeto contratual nos planos plurianuais do município, vigentes entre os anos de 1993 e 1998.

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12.4.1.2.2 Nesse sentido, do exame dos documentos de fls. 22/27 do Anexo 7, vislumbra-se que, no tocante ao Plano Plurianual correspondente ao período de 1994-1997, de fato, havia o Programa de Trabalho ‘Sistema de coleta de esgotos sanitários no Alto do Mateus’, o qual contemplava o valor de CR$ 424.719.720.000,00, valor bem acima do valor ajustado para o contrato. Todavia, no respeitante ao Plano Plurianual do período seguinte – 1998 a 2002 – (fls. 28/32 do Anexo 7), o Projeto/Atividade n° 1050, que tratava de ‘Sistemas de esgotamento sanitário na Periferia Urbana’, era por demais genérico, o que impossibilitava a intelecção de que a obra em questão estava contemplada, de maneira assente, no Plano Plurianual em apreço.

12.4.1.2.3 Ao ver da equipe de auditoria, dada a singeleza desses instrumentos orçamentários, o fator que poderia ensejar que o contrato não estaria (ou não deveria estar) mais vigente, após um período de tempo tão longo, seria a incerteza quanto à compatibilidade dos preços contratuais reajustados entre 1994 e 1998 com os praticados no mercado.

12.4.1.2.4 Entretanto, optou-se por considerar correto o aproveitamento do contrato em questão, em vista do caráter específico de seu objeto, da inclusão de suas metas no Plano Plurianual de 1994-1998, e por se entender que as questões referentes aos preços podem ser alvo de tratamento processual distinto, quando da avaliação da existência ou não de sobrepreço. Nesse sentido, caso constatado o sobrepreço, não estaria irregular o aproveitamento contratual, de per si, mas sim, a não recomposição do equilíbrio econômico financeiro do ajuste, mediante termo aditivo, nos termos do art. 65, inciso II, alínea ‘b’, da Lei n° 8.666/93. Nessa hipótese, somente se imporia a revogação do contrato, se ultrapassado, quando das supressões nos preços, o limite do § 1° do referido dispositivo.

12.4.1.2.5 Desse modo, o tratamento da presente questão fica na dependência da análise dos custos praticados na presente obra, a ser empreendida mais adiante, mediante a comparação dos preços ajustados no 1° Termo Aditivo do contrato, ocorrido em 18/09/1998, com os então vigente no mercado.

12.4.1.2.6 Contrato n° 02/91, celebrado em razão da Concorrência Pública n° 01/91-CEDAC/PMJP. Assinado em 15/07/1991, a referida avença sofreu as seguintes modificações, efetivadas mediante a celebração de termos aditivos e de cessão.

Alteração Data Modificação contratual1° Termo Aditivo 01/10/1992 Alteração nas regras de medição e reajuste dos valores

da planilha contratual para a base de outubro/922° Termo Aditivo 15/03/1993 Modificação dos quantitativos3° Termo Aditivo 01/07/1993 Modificação dos quantitativos4° Termo Aditivo 22/06/1994 Estipulação dos preços contratuais em URV, e

estabelecimento de novas regras de reajustamento e de atualização monetária. Valor do contrato: 12.717.617,81 URV’s.

5° Termo Aditivo 09/08/1996 Prorrogação do prazo contratual em 360 dias, alteração de quantitativos e repactuação de preços de alguns serviços, segundo a tabela da CAGEPA (o instrumento assevera que tais valores se mantiveram inferiores aos originais do contrato). O valor do termo aditivo somou R$ 4.013.428,97.

6° Termo Aditivo Cessão parcial da SERVAZ para a Empresa SANCCOL, das obrigações e direitos relacionados à execução do Contrato de Repasse n° 604/MPO/CEF/96, tendo sido desmembrado do contrato original os serviços de implantação do sistema de esgotos sanitários do Jardim São Paulo. Valor da cessão: R$ 351.198,38.

7° Termo Aditivo 22/08/1997 Prorrogação do prazo contratual em 360 dias, alteração de itens e estabelecimento do preço contratual em R$ 18.676.745,50.

8° Termo Aditivo 22/08/1997 Desmembramento de parte dos serviços contratuais,

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para fins de execução do objeto do Convênio n° 03/96, firmado entre a Prefeitura Municipal de João Pessoa e a CAGEPA. Valor do desmembramento: R$ 1.202.143,98

Cessão contratual SERVAZ/CONSPAVI

16/11/1998 Cessão parcial da SERVAZ à Empresa CONSPAVI – Construção e Pavimentação Ltda., de parte do contrato no valor de R$ 2.605.571,42.

1° Termo Aditivo Cessão contratual

SERVAZ/CONSPAVI

01/06/1999 Nova cessão no valor de R$ 992.515,54, passando o montante total da cessão para R$ 3.598.086,96

1° Termo Aditivo Contrato Prefeitura Municipal de

João Pessoa e CONSPAVI

11/09/2000 Adequação da planilha de serviços às especificidades do Projeto Executivo das Obras de Esgotamento Sanitário do Alto do Mateus.

12.4.2.1 Cumpre destacar que, conquanto tenha havido inúmeras cessões contratuais, somente após a edição da Decisão n° 420/2002-TCU-Plenário, foi firmado o entendimento de que, em contratos administrativos, é ilegal e inconstitucional a sub-rogação da figura da contratada ou a divisão das responsabilidades por ela assumidas, ainda que de forma solidária, por contrariar os princípios constitucionais da moralidade e da eficiência (art. 37, caput, da Constituição Federal), o princípio da supremacia do interesse público, o dever geral de licitar (art. 37, XXI, da Constituição) e os arts. 2º, 72 e 78, inciso VI, da Lei 8.666/93. Desse modo, uma vez que as cessões contratuais ocorridas no âmbito do Contrato n° 02/91 ocorreram antes da publicação da referida deliberação no DOU - ocorrida em 10/05/2002 -, não há que se falar em audiência e, por consequência, em aplicação de multa no caso vertente.

12.4.3 Contrato n° 02/94, firmado em face da Concorrência Pública n° 03/93. Firmado com a Empresa COBRATE (fls. 76/84 do Anexo 7), os serviços objeto da presente avença tiveram sua ordem de execução assinada em 13/06/1994, tendo sido emitida uma ordem de paralisação em 27/06/1994. Em 01/10/1998, foi elaborada uma nova ordem de serviços – Ordem de Serviços n° 126/98 -, a qual estipulou o prazo de conclusão da obra em 540 dias úteis. O presente instrumento sofreu oito termos aditivos, adiante especificado:

Termo Aditivo Data Modificação contratual1° 18/09/1998 Atualização monetária para a data-base de março-

1998 e reavaliação, segundo os preços vigentes no mercado, dos preços contratuais. O valor do contrato passou a ser de R$ 5.291.816,21.

2° 15/03/1999 Acréscimo de serviços no contrato inicial. O valor da obra passou para R$ 6.248.438,09.

3° 06/03/2000 Remanejamento de quantitativos com a introdução de novos itens de serviço.

4° 07/08/2000 Prorrogação do prazo total da obra. Término da obra em 04/03/2001.

5° 17/11/2000 Acréscimo de serviços e adequações de quantitativos de serviços, tendo o valor global da obra passado para R$ 6.612.916,95.

6° 01/03/2001 Prorrogação do prazo total da obra. Término da obra em 03/07/2001.

7° 28/03/2001 Reajustamento da planilha contratual para a base de Março/2000 e prorrogação do prazo total da obra. Valor do contrato: R$ 7.499.500,45.

8° 11/06/2001 Alteração dos quantitativos de serviços.12.5. CUSTOS12.5.1 Com base em amostra selecionada, utilizando-se o critério da materialidade,

empreendeu-se pesquisa de preços no Sistema SINAPI, a qual apontou a ocorrência de sobrepreço, conforme demonstrado no item 12.8.7 abaixo.

12.6. EXECUÇÃO FINANCEIRA12.6.1 Envio de Recursos do Concedente para o Convenente:

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12.6.1.1 Foi utilizada a Conta Corrente n° 5359-7, Agência n° 1234, do Banco do Brasil. Foram as seguintes as ordens bancárias creditadas na referida conta:

Ordem Bancária Data Valor (R$)98OB007553 07/10/1998 1.565.075,1798OB013373 31/12/1998 469.522,5598OB001244 08/03/1999 1.095.552,6299OB002455 08/04/1999 782.537,5899OB004815 20/07/1999 1.956.343,96

2000OB000846 11/02/2000 1.956.343,9612.6.2 Créditos da contrapartida: Não houve12.6.3 Pagamentos Efetuados:12.6.3.1 Os extratos de cheque acostados na documentação de prestação de contas do

presente convênio guardam relação com os débitos verificados na conta específica da avença.Nota Fiscal Empresa Medição Valor (R$)

0031 COBRATE 1-B 461.676,360032 COBRATE 02 488.182,380033 COBRATE 03 539.495,70103 CONSPAVI 01 75.769,430043 COBRATE 07 103.588,65051 CONSPAVI 02 350.077,19052 CONSPAVI 03 742.006,550046 COBRATE 11 399.840,630048 COBRATE 12 207.000,00054 CONSPAVI 04 579.996,290062 COBRATE 13 321.415,28117 CONSPAVI 05 620.000,000073 COBRATE 14 527.095,42119 CONSPAVI 07 277.499,38118 CONSPAVI 07-A 231.579,580079 COBRATE 15 102.145,260082 COBRATE 16 118.718,910083 COBRATE 17 57.995,010087 COBRATE 19 65.459,040089 COBRATE 20 118.954,400092 COBRATE 21 87.161,190094 COBRATE 22 71.300,530096 COBRATE 23 159.357,49064 CONSPAVI 08 81.560,73065 CONSPAVI 09 81.569,640098 COBRATE 24 153.153,26*0102 COBRATE 25 237.232,690105 COBRATE 26 74.521,300106 COBRATE 27 208.582,100107 COBRATE 28 130.044,000111 COBRATE 28-A 114.401,050113 COBRATE 28-B 99.943,230115 COBRATE 28-C 92.516,92

12.6.4. Outro ponto que merece destaque é o fato de que não houve a devida retenção e recolhimento da contribuição previdenciária prevista no art. 31, §4º, inciso III, da Lei 8.212/1991, alterada pela Lei 9.711, de 20/11/1998, quando dos pagamentos dos boletins de medição emitidos no âmbito do presente convênio, devendo, em razão disso, ser expedida comunicação ao INSS para adoção das providências ao seu encargo.

12.7. VERIFICAÇÃO FÍSICA12.7.1 Foi empreendida visita técnica às obras das duas estações elevatórias construídas

no âmbito da presente avença, designadas como EESH1 (Estação Elevatória do Alto do Mateus) e EESHBP (Estação Elevatória da Ilha do Bispo), tendo sido verificado o Emissário de

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Recalque da EESH1 e o os locais onde se encontram visíveis o Interceptor IRMD. Vale ressaltar que não se efetivou, no presente trabalho, a tarefa de medição e conferência dos quantitativos medidos em face do convênio em questão, por razões relacionadas às dificuldades trazidas pela própria natureza da obra, sua magnitude e, ainda, em razão da existência de vários convênios cujo objeto envolvia o repasse de recursos para o macrossistema de esgotamento sanitário da Periferia Sul – no qual se inclui o esgoto sanitário do Bairro Alto do Mateus -, havendo, inclusive, incertezas quanto à eventual superposição de serviços.

12.7.2 Frisa-se que a própria FUNASA, entidade originariamente competente para verificar a regularidade da despesa pública em tela, ainda não se pronunciou de forma conclusiva acerca da prestação de contas enviada pela Municipalidade, conforme visto no subitem 12.1 retro, não tendo concluído o exame físico do objeto em questão. Desse modo, diante de todas os motivos supra elencados, e levando em consideração a natureza da presente fiscalização, a qual envolve uma atividade conjunta com a Polícia Federal, sugere-se como providência preliminar a solicitação de que seja realizado um trabalho pericial, por parte dessa instituição, a fim de se medir de maneira precisa os quantitativos empreendidos com os recursos públicos em alusão. Apenas a título de informação e conforme se comentará adiante, ressalta-se que trabalho dessa natureza foi realizado pela Polícia Federal, com auxílio do Exército, nas investigações já em andamento acerca do Convênio n° 236/2000, razão pela qual se optou em se utilizar tal possibilidade no âmbito da presente avença.

12.8. IRREGULARIDADES E RESPONSABILIDADES12.8.1 Aproveitamento irregular da Concorrência Pública n° 01/91-CEDAC/PMJP, para

a consecução do objeto do presente convênio, uma vez que o objeto da presente avença não se inclui no objeto genérico daquele certame licitatório, restando descumprida a cláusula do convênio que impunha a realização de licitação específica para o plano de trabalho em questão.

12.8.1.1 Conforme as ponderações emanadas no subitem 12.4.1.1 retro, resta evidenciada a irregularidade da utilização da Concorrência Pública n° 01/91-CEDAC/PMJP, para a consecução do objeto do presente convênio, uma vez que o objeto licitado mediante o aludido procedimento licitatório, ocorrido em 1991, não abarcava as obras do esgotamento sanitário do Alto do Mateus, o qual constituiu o plano de trabalho do convênio em questão. Em realidade, o objeto da referida concorrência, de caráter mais amplo, contemplava serviços nos Bairros do Cristo, Varjão, Conjunto dos Bancários, Conjunto Anatólia, Jardim São Paulo e Adjacências (fls. 33/56 do Anexo 7), não estando previsto qualquer serviço de esgotamento sanitário no Bairro do Alto do Mateus. Desse modo, mostrou-se indevida a utilização do referido certame para as obras em questão.

12.8.1.2 Outro aspecto que merece ser enfocado, a arrimar a impossibilidade do aproveitamento da presente licitação, diz respeito ao fato de que esta foi realizada segundo o estatuto licitatório anterior, qual seja, o Decreto-Lei n° 2.300/1986. Desse modo, tendo em vista que a cláusula primeira, subcláusula única, do presente convênio impunha a subserviência de seus termos à Lei n° 8.666/93, fazia-se necessária a efetivação de um novo procedimento, nos termos estabelecidos pela atual lei. Aliás, a própria Lei n° 8.666/93, em seu art. 121, estabelece que o disposto nesta Lei não se aplica às licitações instauradas e aos contratos assinados anteriormente à sua vigência, ressalvado o disposto no art. 57, nos parágrafos 1°, 2° e 8° do art. 65, no inciso XV do art. 78, bem assim o disposto no ‘caput’ do art. 5°, com relação ao pagamento das obrigações na ordem cronológica. Ainda mais por essa razão, não caberia a utilização do presente certame e do contrato dela decorrente para a execução das obras do Convênio n° 252/98.

12.8.1.3 Frisa-se que o capítulo XII do edital em comento era absolutamente vago ao prever os recursos financeiros para a execução das obras e serviços em apreço, uma vez que os relacionava a um evento futuro e incerto, limitando-se a afirmar que o custeio de tais obras adviria de ‘convênios com o Governo Federal, através do Ministério da Ação Social e de

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receitas próprias do P.M.J.P. com dotações de projetos do Orçamento Programa ou fixação em leis específicas.’ in verbis (fls. 57 do Anexo 7). Outrossim, o contrato firmado padecia do mesmo vício, porquanto foi assinado sem que existisse recursos orçamentários para a sua consecução, importando em violação ao art. 6°, parte final, do então vigente Decreto-Lei n° 2.300/1986. Considerando o regime jurídico da atual lei de licitações, tal prática estaria vedada pelo art. 7°, § 2°, inciso III, da Lei n° 8.666/93.

12.8.1.4 Na prática, percebe-se que o presente contrato foi assinado e, somente posteriormente, foram conseguidos os recursos para a sua execução. Além de tal prática, absolutamente irregular, tal avença foi utilizada para realizar várias obras que não constavam do objeto original, a exemplo do ocorrido nas presentes obras de esgotamento sanitário do Alto do Mateus. Dessarte, a utilização do presente certame constituiu fraude ao dever constitucional de licitar, tendo ocorrido violação ao art. 3º do Estatuto das Licitações.

12.8.1.5 Com relação ao vício verificado na duração excessivamente longa do Contrato n° 02/91, o qual apresentava características materiais de um verdadeiro contrato por prazo indeterminado, em face das inúmeras prorrogações de sua vigência, frisa-se que tal já foi reconhecido no voto condutor dos Acórdãos n° 1.965/2004-TCU-Plenário, tendo subsidiado a impossibilidade de seu aproveitamento no que concerne ao Convênio n° 359/2000.

12.8.1.6 Em vista do exposto, resta assente a irregularidade atinente ao aproveitamento da Concorrência Pública n° 01/91-CEDAC/PMJP e do Contrato n° 02/91 para a execução do objeto do Convênio n° 252/98, devendo ser responsabilizado o Sr. Cícero de Lucena Filho, ex-Prefeito de João Pessoa/PB, a exemplo do Acórdão n° 1.683/2004-TCU-Plenário (aproveitamento da Concorrência Pública n° 06/91 e do Contrato n° 03/92 para a realização do objeto do Convênio 91/2000, do Contrato de Repasse nº 68740-83/98/MPO/Caixa, do Contrato de Repasse nº 91965-44/99/Sedu/PR/Caixa, do Contrato de Repasse nº 128335-33/2001/Sedu/Caixa, do Contrato de Repasse nº 134274-28/2001/Sedu/Caixa, do Contrato de Repasse nº 134034-18/2001/Sedu/Caixa, do Contrato de Repasse nº 135887-69/2001/Sedu/Caixa, do Contrato de Repasse nº 135575-94/Sedu/Caixa, do Contrato de Repasse nº 125460-08/2001/Sedu/Caixa e do Contrato de Repasse nº 132872-25/2001/Embratur/Caixa) e do Acórdão n° 1.965/2004-TCU-Plenário (aproveitamento da Concorrências Públicas n°s 01/91 e 03/93 – SEOP e dos respectivos contratos para a execução do Convênio n° 359/2000; da Concorrência Pública n° 04/91 – CEDAC e do contrato dela decorrente para a consecução do Convênio n° 360/2000 e da Concorrência Pública n° 01/90 – CEDAC para a execução do Convênio n° 1042/2000), uma vez que se responsabilizou pela aplicação dos recursos, ao assinar o Termo de Convênio que, por sua vez, continha expressa menção à obrigatoriedade de seguimento dos ditames da Lei n.º 8.666/93.

Responsável: Cícero de Lucena Filho.Ato impugnado: fuga ao devido procedimento licitatório para a realização do objeto do

Convênio n° 252/98, celebrado com a Fundação Nacional de Saúde, caracterizada pelo aproveitamento indevido da Concorrência Pública n° 01/91-CEDAC/PMJP e do Contrato n° 02/91.

Dispositivos violados: art. 3° da Lei n° 8.666/93 e cláusula primeira, subcláusula única, do Convênio n° 252/98.

12.8.2 Errônea conversão do valor original do Contrato n° 02/94, firmado em face da Concorrência Pública n° 03/93, de Cruzeiros Reais para URV, tendo suscitado o pagamento de serviços sem a cobertura contratual.

12.8.2.1 A proposta da empresa vencedora da licitação, conforme visto, totalizara CR$ 695.246.162,39, valores referentes a dezembro/1993 (fls. 68 do Anexo 7). Por ocasião da assinatura do Contrato n° 02/94, ocorrido em 15/06/1994, foi o aludido montante trazido para a representação monetária designada como URV- Unidade Real de Valor –, tendo assumido o valor de 2.966.856,93 URV’s, conforme o art. 56 da avença. Frisa-se que tal se deu em face do

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Parecer n° 376, assinado pelo Procurador Geral Luiz Augusto da Franca Crispim (fls. 69/72 do Anexo 7).

12.8.2.2 Em memória de cálculo juntada aos autos, vislumbra-se que a Municipalidade entendeu cabível a atualização do número-índice de março de 1994 para a data de 31/03/1994, por compreender que o valor tabelado desse índice se referia aos preços praticados em uma data média do mês, ou seja, o dia 15/03/1994. Em outras palavras, segundo o entendimento então firmado pela Municipalidade, o número índice de um mês ‘X’ compreendia o custo de vida do dia 15 do aludido mês.

12.8.2.3 Essa sistemática mostra-se equivocada, uma vez que o índice designado como ‘INCC-DI’ compreende, segundo definição extraída do site da Fundação Getúlio Vargas, ao custo de vida de um período de coleta de 30 dias encerrado no dia 30 do mês de referência (fls. 73 do Anexo 7). Assim, o valor do número-índice do INCC-DI do mês de março, já representava os preços de uma cesta de produtos da construção civil em 30/03/1994, não sendo necessária qualquer operação matemática adicional. Desse modo, para atualizar o valor contratual de 31/12/1993 para 31/03/94, bastaria multiplicar o valor da proposta vencedora pela razão número-índice INCC-DI de Março-1994/número-índice INCC-DI de Dezembro-1993. Para obter o valor em URV, basta dividir o montante obtido por Cr$ 931,05, valor da URV em 31/03/1994. Em números, conforme a tabela de números-índices, constante no Anexo 3 a este relatório (fls. 148/149), obtida a partir dos dados colhidos no site da FGV e do valor usado na memória de cálculo da atualização monetária do contrato realizada pela Prefeitura Municipal de João Pessoa:

CR$ 695.246.162,39 x (9053,42/2863,516) / 931,05 = 2.360.905,925 URV’s12.8.2.4 Desse modo, percebe-se que o contrato foi atualizado monetariamente a maior,

em um montante de 606.239,40 URV’s (seiscentos e seis mil, duzentos e trinta e nove Unidade Real de Valor e quarenta centavos). Atualizando o valor total do contrato para março de 1998, data de referência da planilha celebrada por ocasião do 1° Termo Aditivo, percebe-se que o montante correto da avença seria R$ 4.286.378,17 (quatro milhões, duzentos e oitenta e seis mil, trezentos e setenta e oito reais e dezessete centavos) e não o constante daquele instrumento, ou seja, R$ 5.291.816,21 (vide tabela constante do item 12.4.3 retro).

12.8.2.5 A consequência imediata dessa errônea sistemática de reajustamento seria a imposição de um débito aos responsáveis, uma vez que os preços unitários estariam acima dos especificados no instrumento original, se corretamente reajustados.

12.8.2.6 Todavia, conforme a cláusula II do instrumento do 1° Termo Aditivo, a Prefeitura Municipal redefiniu os preços que apresentaram distorções, tendo, dessa forma, especificado valores novos com base na cotação de mercado dos insumos à época. Outrossim, do exame da nova planilha de serviços, a Municipalidade modificou substancialmente os itens da planilha contratual, tendo, inclusive, acrescentado diversos serviços não contemplados no instrumento original.

12.8.2.7 Dessa forma, somente com relação aos itens contratuais cujo preço unitário não foi realinhado seria possível a associação da presente irregularidade à ocorrência de um débito. Entretanto, a acentuada diferença entre os itens das planilhas contratada e aditivada impõe dificuldades a tal tarefa, sendo de melhor alvitre a avaliação da existência de sobrepreço pela simples comparação entre os valores praticados e os de mercado, à época, providência esta que será objeto do item 12.8.7 adiante.

12.8.2.8 Inobstante tal fato, persiste a irregularidade calcada no reajustamento a maior do presente contrato. Nesse sentido, vislumbra-se que a diferença a maior proporcionada pelo referido reajustamento serviu para arrimar um acréscimo de serviços, fora da estrita hipótese do art. 65, § 1°, da Lei n° 8.666/93. Em outras palavras, o reajustamento promovido pelo Município gerou saldo contratual indevido, o qual foi utilizado para abarcar novos itens de serviço.

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12.8.2.9 Desse modo, a presente irregularidade suscitou o pagamento de serviços sem a existência de saldo contratual, restando violado o art. 62, caput, da Lei n° 8.666/93. Sendo assim, deve ser responsabilizado o agente púbico que deu causa ao indevido reajustamento, ou seja, o então Secretário Extraordinário de Programas Especiais de Desenvolvimento Urbano, Sr. Fernando Martins da Silva, que assinou o contrato em questão, cujo termo original contemplou a referida conversão da proposta vencedora da Empresa COBRATE para a expressão monetária URV.

Responsável: Fernando Martins da Silva, então Secretário Extraordinário de Programas Especiais de Desenvolvimento Urbano.

Ato impugnado: indevida conversão do valor original do Contrato n° 02/94, firmado em face da Concorrência Pública n° 03/93, de Cruzeiros Reais para Unidade de Referência de Valor – URV -, tendo suscitado o pagamento de serviços sem a cobertura contratual.Dispositivos violados: arts. 54, § 1°, parte final, e 62, caput, da Lei n° 8.666/93.

12.8.3 Reajustamento indevido do Contrato n° 02/94, ocorrido por ocasião do 7° Termo Aditivo, o qual importou um valor contratual acima do corretamente admitido.

12.8.3.1 Por ocasião da celebração do 7° Termo Aditivo, foi fixado o novo valor do Contrato n° 02/94 em R$ 7.499.500,45 (sete milhões, quatrocentos e noventa e nove mil, quinhentos reais e quarenta e cinco centavos), ante os R$ 6.612.916,95 (seis milhões, seiscentos e doze mil, novecentos e dezesseis reais e noventa e cinco centavos), valor contratual anterior, com data-base em março de 1998 (fls. 85/86 do Anexo 7).

12.8.3.2 Destaca-se que foi errônea a sistemática adotada pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, porquanto aplicou os índices de correção sobre o montante total do contrato e não sobre o seu valor residual. Nesse sentido, é razoável e lógico que a atualização monetária somente incida sobre os valores contratuais dos serviços a realizar, e não sobre os que já foram medidos e pagos. Desse modo, o reajuste promovido por ocasião do 7° Termo Aditivo deveria incidir sobre o remanescente contratual após a Medição n° 28-C, a última ocorrida antes do reajustamento – por sinal, esta é a derradeira medição do Convênio n° 252/98 (fls. 87/99 do Anexo 7). Dessa forma, o valor correto do reajustamento empreendido nesse termo aditivo seria, a considerar os valores contratuais efetivamente praticados:

Saldo contratual x número índice de março-2000/número índice de março-1998 R$ 593.072,70 x 0,1347 = R$ 79.887,20 (valor de março/2000).12.8.3.3 Frisa-se que tal reajustamento sequer deveria existir, ante a inexistência de saldo

contratual, caso não tivesse ocorrido erro na conversão do valor da proposta vencedora de CR$ para URV, conforme o subitem 12.8.2 retro.

12.8.3.4 De qualquer modo, uma vez que a execução das obras do presente convênio não se beneficiou deste reajuste ora criticado, este fato não impõe qualquer consequência no tocante à imposição de débito aos responsáveis. Inobstante isso, deve-se alertar para a ilegalidade do reajuste contratual em apreço, não havendo amparo jurídico para a execução de obras com base no montante contratual apurado a maior. Dessarte, qualquer serviço ou obra pública arrimada em tal excesso, deve ser considerada como execução não amparada por contrato, devendo, por essa razão, ser proposta a efetivação de determinação à Municipalidade a fim de que evite utilizar o saldo do Contrato n° 02/94, para a aplicação de recursos federais eventualmente repassados ao Município.

12.8.4 Descumprimento do Plano de Trabalho. Não atingimento integral das metas físicas do convênio.

12.8.4.1 Por meio do Parecer Técnico de fls. 108/109 do Anexo 7, anuído pelo Coordenador Regional da FUNASA na Paraíba, foram aprovadas com restrições as alterações do Projeto Executivo da obra em apreço, sugeridas pela Municipalidade. Consoante consta daquele documento, restou consignada a necessidade de justificativas sobre diversos pontos acerca do novo plano de trabalho do convênio, as quais deveriam ser trazidas por ocasião do

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encaminhamento da prestação de contas final dos recursos. É mister lembrar que, conforme indicado nos subitens 12.1.2 e 12.1.3, tais pendências não foram saneadas quando do envio da prestação de contas final.

12.8.4.2 Continuando o feito, registra-se que as modificações empreendidas no plano de trabalho da avença, que ficaram pendentes de justificativa, foram as seguintes: eliminação do item Emissário de Recalque SH/BP, alteração de material para a construção do Interceptor Sanhauá – ISHD -, elevação de custos nas estações elevatórias, redução de quantitativos do Emissário de Recalque SH1, aumento de quantitativos do Interceptor Marés – IRMD -, redução de quantitativos e aumento de custo da Rede Coletora e das Ligações Domiciliares. Com isso, os valores programados para as metas do convênio foram os listados adiante, na segunda coluna da tabela abaixo.

Tabela: Metas principais do Convênio n° 252/98, previstas (Coluna 2), constantes do Relatório de Execução Físico-Financeiro e no Termo de Recebimento da Obra (Coluna 3) e no acumulado dos boletins de medição (Coluna 3).

Meta Projeto Executivo (unidade/m)

Relatório de Execução Físico-Financeiro (unidade/m)

Emissário de recalque SH/BP 0 0Estação Elevatória SH/BP 1 Consolidado abaixo

Interceptor Sanhauá – ISHD 681 Consolidado abaixoEmissário de recalque SH1 495 450

Estação Elevatória SH1 1 Consolidado abaixoInterceptor Marés IRMD 1849,5 Consolidado abaixo

Rede Coletora 60646,5 60649,07Ligações Domiciliares 5505 6970

Total Estações Elevatórias 2 2Total Interceptores 2530,5 2556,5

12.8.4.3 Do exame da tabela supra, verifica-se que o convenente não atingiu a meta prevista para o item Emissário de recalque SH1. Consoante será descrito adiante, a Municipalidade também não concluiu as duas estações elevatórias objeto do presente convênio, em que pese ter emitido o Relatório de Cumprimento do Objeto e o Termo de Recebimento Definitivo da Obra (fls. 110/111 do Anexo 7). Nesse sentido, vislumbra-se, a partir do exame do Boletim de Medição n° 28-C (fls. 87/99 do Anexo 7), que restaram pendentes diversos serviços relacionados à EESH1 (Estação Elevatória do Alto do Mateus) e à EESHBP (Estação Elevatória da Ilha do Bispo), tais como: a Caixa de Areia da EESHBP, o Escoramento Contínuo Tipo Macho e Fêmea nas Estações Elevatórias, a montagem dos conjuntos moto-bomba e do grupo gerador e das chaves compensadoras de ambas as estações, e o muro de contorno da EESHBP.

12.8.4.4 Convém frisar, ainda, que o convenente não executou a caixa de areia da EESH1, conforme constatado pela equipe de auditoria em visita à respectiva estação elevatória. De ressaltar que o projeto técnico do empreendimento, constante da prancha técnica EE 01/07 G 15/40 (fls. 112 do Anexo 7), previa a consecução dessa obra, a qual possui como escopo o recebimento dos dejetos do interceptor, a fim de os levar até os tanques de passagem para as bombas centrífugas, as quais forneceriam a energia mecânica necessária para que fosse vencida a altura de recalque projetada pelo sistema.

12.8.4.5 Desse modo, uma vez que as estações elevatórias em apreço não foram concluídas com os recursos repassados no âmbito da presente avença, resta configurado, inclusive, crime de falsidade ideológica pelo então Prefeito Cícero de Lucena Filho, o qual havia atestado a efetiva consecução integral de tais itens, no Relatório de Cumprimento do Objeto e no Termo de Recebimento Definitivo da Obra (fls. 110/111 do Anexo 7), acostados na documentação enviada à entidade concedente a título de prestação de contas.

12.8.4.6 Na instância administrativa, o não cumprimento do objeto do presente convênio, conforme demonstrado, constitui violação aos arts. 22 e 36, inciso I, da IN-STN n° 01/97, que

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impõem a execução fiel do convênio pelas partes, de acordo com as cláusulas pactuadas e vedam a utilização dos recursos em desacordo com o Plano de Trabalho.

12.8.4.7 Em vista de tal fato, deve ser responsabilizado o Sr. Cícero de Lucena Filho, uma vez que o aludido gestor era o agente público que detinha o munus de conduzir a avença, incumbindo-se do dever de fiscalizar a sua correta e regular execução.

Responsáveis: Cícero de Lucena FilhoAto impugnado: não cumprimento do Plano de Trabalho, não tendo sido atingidas

integralmente as metas físicas da avença.Dispositivos violados: arts. 22 e 36, inciso I, da IN-STN n° 01/97.12.8.5 Patrimônio público danificado na Estação Elevatória EESH1. Inexistência, no

local, de parte dos materiais medidos e pagos pela Municipalidade.12.8.5.1 Em visita ao local da EESH1, especificamente no pavimento do nível de sucção e

recalque, verificou-se a inexistência de diversos materiais hidráulicos que foram medidos e pagos no âmbito da presente avença.

12.8.5.1.1 Dos quatro registros RCFV10 - DN 500 mm e das quatro válvulas VRPUS16 - DN 400 mm medidos e pagos por meio do Boletim de Medição n° 14, somente foram encontrados no local dois registros e duas válvulas. Da mesma forma, não está instalado ou depositado na referida estação o Grupo Gerador com capacidade de 150 KVA, constante do Boletim de Medição n° 25. Os materiais/equipamentos perfazem o montante de R$ 67.370,38 (sessenta e sete mil, trezentos e setenta reais e trinta e oito centavos) de serviços medidos, pagos e não fornecidos, conforme a tabela adiante:

Serviço Diferença encontrada

Preço Unitário Valor Pago

Registro RCFV10, DN 500mm (material) 2 7.103,30 14.206,60Válvula VRPUS16, DN 400mm (material) 2 4.603,89 9.207,78Grupo Gerador com capacidade de 150 KVA, com motor diesel e alternador 220/380 volts, 60 ciclos, partida elétrica e quadro de comando manual com chave reversora

1 43.956,00 43.956,00

TOTAL 67.370,3812.8.5.1.2 Ademais, constatou-se que vários materiais se encontravam desmontados no

piso inferior, tendo se vislumbrado, ainda, que uma das bombas centrífugas da estação achava-se absolutamente destruída, supostamente por ação de vândalos. Da mesma forma, o quadro de comando, situado no nível de comando da estação, encontrava-se completamente deteriorado, restando evidente o prejuízo ao Erário, por conta do dano ocorrido ao patrimônio público em alusão.

12.8.5.1.3 Acerca do assunto, é curial frisar o completo estado de abandono em que se achava o referido empreendimento público, estando o portão de acesso à estação com parte das grades cerradas e o portão da casa de máquinas destruído, não havendo qualquer vigilância proporcionada pelo Poder Público em proteção ao patrimônio público em apreço.

12.8.5.2 De todo o exposto, entende-se evidente a prática de crime de dano à coisa pública, havendo, por outro lado, indícios da prática de crime de furto de parte do material adquirido para a presente estação elevatória. Diante desta possibilidade, resta prejudicada, no atual estágio processual, a tarefa de se imputar débito e responsabilidades aos agentes públicos envolvidos, haja vista a incerteza acerca do suporte fático ocorrido, ou seja, se os materiais não foram adquiridos e montados ou, tão somente, adquiridos, montados, mas furtados.

12.8.5.3 Partindo de tal premissa, cumpre identificar quais seriam os órgãos competentes para a investigação dos fatos e responsabilização penal dos agentes públicos que eventualmente tenham dado causa, de forma omissiva, aos crimes em questão.

12.8.5.3.1 Nesse passo, a cláusula décima quarta do termo do convênio ajuda a desvendar a questão, uma vez que estabelece que os bens materiais e equipamentos eventualmente adquiridos, produzidos ou construídos com os recursos aplicados em razão deste convênio,

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serão de propriedade do concedente, respeitado o disposto no inciso IV do art. 15 do Decreto n° 99.658/99 e demais normas regulamentares (fls. 119 do Anexo 7).

12.8.5.3.2 O parágrafo único do art. 26 da Instrução Normativa STN n° 01/97, por sua vez, estabelece a possibilidade de os bens e materiais em questão serem doados, a critério do Ministro de Estado ou autoridade equivalente, aos respectivos convenentes, após a consecução do objeto do convênio, observado o que tenha sido previsto no termo da avença.

12.8.5.3.3 Em vista do exposto, a equipe de auditoria empreendeu visita técnica à FUNASA, tendo obtido a informação do Coordenador Regional da Fundação Nacional de Saúde na Paraíba, Sr. Adalberto Fulgêncio dos Santos Júnior, que não tinha havido, até a presente data, a formalização da referida doação, até porque não tinha ocorrido o recebimento definitivo das obras, estando ainda em análise o processo de tomada de contas especial acerca do convênio em questão. Desse modo, os bens materiais e equipamentos eventualmente adquiridos, produzidos ou construídos no âmbito do Convênio n° 252/98 constituem bens da FUNASA, estando os responsáveis por sua guarda e conservação sujeitos à fiscalização do TCU e do Ministério Público Federal.

12.8.5.3.4 No tocante à responsabilidade pela guarda e conservação dos bens públicos em questão, compreende-se, em uma leitura sistêmica das normas, que tal mister compete ao Município de João Pessoa e à própria FUNASA, em vista do objetivo comum do objeto, traço característico do instituto do convênio. Com relação a esta entidade, entende-se, em vista de suas próprias atribuições institucionais, que sua função adstringe-se à fiscalização do escorreito exercício da função de conservação da coisa, a qual compete ao Município convenente. De todo modo, após a manifestação conclusiva do órgão acerca da aprovação ou não da prestação de contas, deve o concedente se manifestar expressamente sobre a doação facultada no inciso IV do art. 15 do Decreto n° 99.658/99, sob pena, de, a partir de então, assumir sozinho a responsabilidade pela guarda e conservação da coisa. Tal manifestação se faz necessária para o fim de não eternizar a responsabilidade do convenente pela integridade dos bens pertencentes ao patrimônio de outra pessoa jurídica, in casu, ao órgão concedente.

12.8.5.4 Sendo assim, em razão da ocorrência dos crimes de dano e de furto, este a depender de confirmação, seriam a Polícia Federal e o Ministério Público Federal os Órgãos competentes para a identificação dos fatos e dos respectivos responsáveis, incumbindo àqueles órgãos a adoção de diligências, tais como a coleta de testemunhos e acareações.

12.8.5.4.1 No âmbito desta Corte de Contas, em que pese restar configurada a existência de dano ao Erário, ainda se encontram pendentes de determinação os agentes públicos responsáveis pelos supostos crimes em discussão e o valor preciso e exato do prejuízo sofrido pelos cofres da União, o qual somente se materializará por ocasião da elaboração de um inventário completo dos bens existentes no local, o qual deverá ser confrontado com os declarados como adquiridos, conforme os boletins de medição da obra, identificando-se aqueles que eventualmente tenham sido destruídos ou furtados.

12.8.5.4.2 Nesse aspecto, levando-se em conta a perícia sugerida no subitem 12.7.2 retro e tendo em vista a natureza conjunta do presente trabalho, conforme mencionado anteriormente, optou-se por incluir no âmbito das providências a serem solicitadas à Polícia Federal a elaboração do inventário dos bens adquiridos e construídos na aludida estação elevatória. Deve-se ressaltar que, em face dos ilícitos penais supracitados, já se impunha a atuação do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, mostrando-se conveniente a utilização dos trabalhos técnicos da perícia em engenharia deste órgão, com vistas à elucidação dos fatos.

12.8.5.5 Dessa forma, a eventual responsabilização civil e administrativa dos agentes administrativos que concorreram, ainda que passivamente, pela prejuízo ao patrimônio público depende da conclusão dos trabalhos investigativos mencionados no subitem 12.8.5.4.1 retro. No âmbito de atuação desta Corte de Contas, a eventual responsabilização em face de tal achado fica, portanto, na dependência da investigação criminal supracitada.

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12.8.5.6 Outrossim, em razão da possibilidade de agravamento da lesão já cometida ao Erário, consubstanciada na hipótese de novas dilapidações ao patrimônio público, bem como a ocorrência de outros furtos, em face da constatada inexistência de vigilância no local da EESH1, faz-se urgente a adoção da medida cautelar de que trata o art. 276 do Regimento Interno do TCU, sem a necessidade de oitiva do responsável, a fim de que a Prefeitura Municipal de João Pessoa, adote, de imediato, providências para a adequada guarda dos bens e materiais adquiridos para as estações elevatórias objeto do convênio em apreço, devendo ser assegurada a escorreita vigilância do empreendimento público, a fim de evitar dano maior ao Erário. Nesse sentido, a medida cautelar em questão deve atingir a Fundação Nacional de Saúde, a qual deve ser compelida a investigar, periodicamente, o cumprimento de tal missão, sob pena de responsabilização solidária em face de eventual prejuízos ao erário.

12.8.6 Sistema de Esgotamento Sanitário sem funcionamento, tendo sido burlado o propósito comum do instrumento do convênio, almejado pela União e constante do plano de trabalho.

12.8.6.1 Conforme verificado pela equipe de auditoria, não está em operação o sistema de esgotamento sanitário da Periferia Sul, no qual se insere o objeto do presente convênio – o esgoto sanitário do Alto do Mateus faz parte do macro-sistema de esgotamento sanitário em apreço, juntamente com o dos bairros Jardim Veneza, Grotões, Novais, cuja concepção original previa a descarga dos dejetos em duas lagoas anaeróbias a serem construídas no Bairro do Róger. Não foi implementada a solução para o tratamento dos resíduos coletados pelo sistema, não tendo sido executadas as lagoas destinatárias do esgoto, constante do projeto original do sistema. Frisa-se que, consoante visto no subitem 12.8.5 retro, não estão em funcionamento as estações elevatórias EESH1 e EESHBP. De ressaltar, ainda, que, em face de ligações clandestinas à rede coletora, efetivadas por alguns dos moradores dos referidos bairros, constatou-se o transbordamento dos resíduos por alguns dos poços de visita.

12.8.6.2 Cumpre ressaltar que a construção das aludidas lagoas de estabilização não constava das metas de quaisquer dos convênios que repassaram recursos para o sistema em alusão, razão pela qual tal fato não possui, s.m.j., qualquer repercussão quanto à aprovação ou não das respectivas prestações de contas. Segundo consta do Projeto Técnico do sistema de esgotos em questão, tais destinatários seriam construídas pela CAGEPA – Companhia de Água e Esgotos da Paraíba -, não havendo notícia dos motivos de sua não implementação. Dessa forma, uma vez que a referida entidade estadual não faz parte da presente avença, não constando a aludida obrigação em qualquer documento escrito formalizado com a União, não há possibilidade, reitera-se, de qualquer responsabilização em vista desse fato, no âmbito desta Corte de Contas.

12.8.6.3 Inobstante o exposto, é forçoso reconhecer a má atuação do órgão repassador dos recursos que, por ocasião da celebração dos referidos ajustes, não se cercou de garantias de que o destino final dos resíduos a serem esgotados pelo sistema já se encontrava concluído ou, pelo menos, em vias de conclusão. É pressuposto lógico de que, em obras de engenharia de tal estirpe, é inviável o funcionamento do sistema de esgotamento sanitário projetado, sem a existência de um destino final. A situação ideal, inclusive, seria a construção do destinatário final em um momento anterior ao do restante do sistema, devendo o cronograma físico financeiro abarcar a seguinte sequência física para as obras, logo em seguida à construção do referido destinatário: emissários de recalques, estações elevatórias, interceptores, rede coletora e, por último, as ligações de cada residência ao sistema de esgoto. Obedecida essa ordem, o funcionamento do sistema estaria assegurado, podendo inclusive, ser gradual o atendimento dos bairros beneficiados, consoante fossem repassados os recursos públicos para a construção das respectivas redes coletoras e ligações domiciliares de cada bairro.

12.8.6.4 Desse modo, é necessária a efetivação de determinação à Fundação Nacional de Saúde para que, por ocasião da celebração de convênios para a construção de sistemas de

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esgotamento sanitário, previamente verifique se já está concluído o destinatário final dos resíduos a serem esgotados, devendo, em face do princípio da eficiência, somente aprovar o plano de trabalho de convênios dessa natureza se houver a certeza da existência física do aludido destinatário final, cuja efetiva conclusão deve ser condição prévia para o repasse de recursos federais. Ademais, por ocasião da elaboração do cronograma de execução físico-financeira de obras de esgotamento sanitário, o concedente deve assegurar-se, quando da aprovação do instrumento de convênio, que a consecução do objeto dar-se-á de jusante para montante.

12.8.7 Sobrepreço em itens de serviços. 12.8.7.1 Com base em amostra selecionada utilizando-se o critério da materialidade,

empreendeu-se pesquisa de preços no Sistema SINAPI, a qual apontou a ocorrência de sobrepreço nos itens listados nas tabelas a seguir:

Tabela: Itens praticados no âmbito do Contrato n° 02/94, pela Empresa COBRATE, tendo como data-base o mês de março/1998, conforme estabelecido no 1° Termo Aditivo ao contrato.

ItemPreço

praticado(R$)

Preço SINAPI (incl. BDI 30%) Diferença Quantitativo medido e

pagoDébito(R$)

Escavação mecan em mat 1a. Categ até 2 m prof

3,00 0,87 2,13 52.432,9 111.682,03

Reaterro compactado cavas reap material

5,00 0,53 4,47 61.054,6 272.914,06

Retirada reposic paralelep 12,70 11,45 1,25 56.03,75 7.004,69Poços de visita aneis premoldados até 2m

588,90 322,46 266,44 391 104.178,04

Tubo PVC JE Vinilfort DN 100 mm 8,60 3,04 5,56 22.203 123.448,68Tubo PVC JE Vinilfort DN 200 mm 22,15 18,23 3,92 418 1.640,23Tubo PVC JE Vinilfort DN 250 mm 39,40 36,45 2,95 560,5 1.652,35Tubo PVC JE Vinilfort DN 300 mm 67,06 57,11 9,95 234 2.328,53Luva correr Vinilfort DN 100 mm 14,14 4,67 9,47 2909 27.556,96TK 12 FP10 DN 500 mm x 5,60 m 2.433,49 2.051,75 381,74 6 2.290,43TK 12 FP10 DN 500 mm x 2,40 m 1.386,92 1.216,68 170,24 4 680,95TK 12 FP16 DN 600 mm x 4,00 m 2.488,75 2.265,80 222,95 2 445,91TK 12 FP16 DN 600 mm x 3,00 m 3.126,22 1.787,98 1.338,24 4 5.352,96

TOTAL 661.175,83

Tabela: Itens praticados no âmbito do Contrato n° 02/91, em face do Termo de Cessão Contratual assinado em 16/11/98, tendo como cedente a Empresa SERVAZ e cessionária a Empresa CONSPAVI.

Item Preço Praticado

preço SINAPI (incl. BDI 30%)

Diferença Quantitativo medido e pago Débito

Escavação mecan em mat 1ª categ. até 2 m prof.

5,82 1,17 4,65 65076,1 302.603,91

Reaterro compactado cavas reap. material 4,12 0,51 3,61 84555,3 305.498,15tubo PVC JE Vinilfort DN 100 mm 5,70 1,22 4,48 22404,8 100.328,69

TOTAL 708.430,76

12.8.7.2 Vale registrar que o valor do débito se materializou nas diversas medições ocorridas ao longo da execução da avença, estando o detalhamento das respectivas ocorrências constante do Anexo 4 à presente instrução, acostado às fls. 150.

12.8.7.3 No âmbito do Contrato n° 02/94, a responsabilidade pela presente ocorrência deve recair sobre a autoridade signatária do 1° Termo Aditivo à avença (fls. 134/135 do Anexo 7), no caso o Sr. Potengi Holanda de Lucena, ex-Secretário de Infra-Estrutura da Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB. É oportuno ressaltar que, por meio do referido instrumento, foi

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promovida a reavaliação dos preços licitados, tendo sido estabelecido preços novos que constituíram justamente os ora impugnados.

12.8.7.4 Com relação ao Contrato n° 02/91, frisa-se que os preços praticados pela empresa cessionária dos serviços, a CONSPAVI, eram os vigentes à época da cessão contratual ocorrida em 16/11/98, ou seja, os constantes da planilha do instrumento contratual indevidamente aproveitado pela Municipalidade. Desse modo, a presente irregularidade decorreu justamente do aproveitamento indevido do instrumento em questão, devendo, por essa razão, ser responsabilizado o Sr. Cícero de Lucena Filho, gestor do presente convênio. É oportuno ressaltar que também devem ser citadas as empresas que se beneficiaram do sobrepreço em questão, na pessoa de seus representantes legais.

12.8.7.5 Poder-se-ia, em face do débito apontado no subitem anterior, propor, desde logo, a conversão do presente processo em tomada de contas especial, nos exatos termos do art. 48 da Lei n° 8.443/92. Todavia, uma vez que se encontra em curso, na FUNASA, processo de tomada de contas especial instaurado em virtude de várias irregularidades ocorridas na condução da avença, o qual pode vir a apurar débitos relativos à inexecução de serviços, faz-se oportuno aguardar o desfecho daqueles trabalhos, a fim de evitar, inclusive, a ocorrência de débitos sobrepostos (bis in idem), sem prejuízo de enviar ao concedente, desde logo, as informações referentes ao débito já apurado na presente fiscalização.

12.8.7.6 Dessarte, a título de racionalização administrativa e com o intuito de evitar contradições, ou mesmo, a duplicidade de esforços, propõe-se a efetivação de determinação à FUNASA para que envide esforços no sentido de concluir, em um prazo máximo de 90 dias, a tomada de contas especial supracitada.

12.8.8 Ausência de comprovação da execução dos cadastros técnicos das obras pelas empresas contratadas.

12.8.8.1 Em atendimento ao Ofício de Requisição n° 914/2005-15 (fls. 50 do Anexo 1), a Secretaria de Infra-Estrutura - SEINFRA disponibilizou os cadastros técnicos da rede coletora do Alto do Mateus e das bacias A, B e C do Bairro dos Novais, além do cadastro técnico das ligações domiciliares realizadas neste bairro. Frisa-se que os cadastros relativos às obras foram objeto das medições listadas nas tabelas abaixo, ou seja, tais itens constituiriam serviços cuja elaboração incumbia às empresas executoras das obras em alusão.

12.8.8.2 Entretanto, em exame aos referidos documentos disponibilizados pela Municipalidade, não resta demonstrado que tais cadastros tenham sido executados pelas Empresas COBRATE e CONSPAVI, as quais, segundo os boletins de medição, seriam as executoras das obras em apreço. A documentação apresentada à equipe de auditoria não está assinada por pessoa identificada como funcionária das aludidas firmas, constituindo-se, pelo contrário, em documentos apócrifos, apenas com a singela indicação, nas respectivas capas, de que se tratavam de documentos referentes às redes coletoras supramencionadas.

12.8.8.3 Com relação à rede coletora do Alto do Mateus, o excerto do documento acostado às fls. 136/137 do Anexo 7 dá a entender que tal cadastro havia sido elaborado pela própria Prefeitura Municipal de João Pessoa, em face da indicação na capa da referida peça, conquanto não haja, em razão da ausência de assinatura na documentação em tela, certeza quanto a tal fato. De mais a mais, não foi apresentado à equipe de auditoria o cadastro técnico da parte dos interceptores IRMD e ISH, executados com os recursos da presente avença, nem o cadastro final do trecho do emissário de recalque da EESH1, construído no âmbito da avença em tela. Dessarte, devem ser glosadas todas as despesas referenciadas aos cadastros técnicos medidos e pagos em face do presente convênio, uma vez que não restou cabalmente demonstrado que tais serviços foram executados pela Empresa COBRATE (fls. 144/149 do Anexo 7).

Tabela: Boletins de Medição em que se atestou a consecução dos cadastros técnicos pela Empresa COBRATE.

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Cadastro Técnico Medição Data Valor Pago Responsáveis

Da Rede Coletora2

22 30/08/2000 9.100,00

Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro, Gerenildo Alves

Fernandes, Oswaldo Pessoa de Aquino, Saulo Lins Nóbrega e

representantes legais da Empresa COBRATE

23 28/09/2000 22.750,00

Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro, Gerenildo Alves

Fernandes, Oswaldo Pessoa de Aquino, Saulo Lins Nóbrega e

representantes legais da Empresa COBRATE

24 06/11/2000 1365,00

Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro, Gerenildo Alves

Fernandes, Oswaldo Pessoa de Aquino, Saulo Lins Nóbrega e

representantes legais da Empresa COBRATE

Emissário de Recalque EESH1 28-C 26/03/2001 409,50

Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro, Gerenildo Alves

Fernandes, Oswaldo Pessoa de Aquino, Saulo Lins Nóbrega e

representantes legais da Empresa COBRATE.

Interceptor – IRMD 28-C 26/03/2001 1.535,17

Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro, Gerenildo Alves

Fernandes, Oswaldo Pessoa de Aquino, Saulo Lins Nóbrega e

representantes legais da Empresa COBRATE.

Interceptor – ISH 28-C 26/03/2001 1.154,97

Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro, Gerenildo Alves

Fernandes, Oswaldo Pessoa de Aquino, Saulo Lins Nóbrega e

representantes legais da Empresa COBRATE.

12.8.8.4 No tocante ao cadastro da rede coletora do Bairro dos Novais, a capa do documento indica que este constituía peça elaborada pela Empresa Laje, a qual, no âmbito do Convênio n° 359/2000, também executou serviços de construção da rede coletora no bairro em alusão (fls. 138/143 do Anexo 7). Afora o aspecto já comentado dos riscos de superposição de serviços, tendo em vista a ausência de critérios precisos de identificação nos planos de trabalho e nos boletins de medição, resta assente que foi medido e pago à Empresa CONSPAVI a execução de um serviço – o cadastro técnico - que não foi por ela executado. Deve-se ressaltar, ainda, que, em face da ausência de assinatura de qualquer funcionário da aludida firma, não resta nem mesmo demonstrado que foi a Empresa LAJE a executora de tal cadastro. Outrossim, em arrimo a tal desconfiança, aponta-se a indicação da CAGEPA nas folhas do referido cadastro – excerto do cadastro juntado às fls. 139/143 do Anexo 7. Desse modo, deve ser imputado um débito aos responsáveis que deram causa ao pagamento por cadastro técnico, cuja regular execução pela CONSPAVI não foi comprovada à equipe de auditoria (fls. 150/154 do Anexo 7). A tabela indicada lista os responsáveis e as ocorrências a eles relacionadas.

Tabela: Boletins de Medição em que se atestou a consecução dos cadastros técnicos pela Empresa CONSPAVI.

Cadastro Técnico Medição Data Valor Pago Responsáveis

2 Inclui o cadastro técnico da rede destinada às ligações domiciliares.66

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Da Rede Coletora

07 14/10/99 7.812,77

Alcy Hein, Gerenildo Alves Fernandes, Oswaldo Pessoa de

Aquino, Potengi Holanda de Lucena e representantes legais da

Empresa CONSPAVI

08 20/09/2000 335,27

Alcy Hein, Gerenildo Alves Fernandes, Oswaldo Pessoa de Aquino, Saulo Lins Nóbrega e

representantes legais da Empresa CONSPAVI.

Das Ligações Domiciliares 07 14/10/99 6.945,48

Alcy Hein, Gerenildo Alves Fernandes, Oswaldo Pessoa de

Aquino, Potengi Holanda de Lucena e representantes legais da

Empresa CONSPAVI.12.8.8.5 Poder-se-ia, em face do débito apontado no subitem anterior, propor, desde logo,

a conversão do presente processo em tomada de contas especial, nos exatos termos do art. 48 da Lei n° 8.443/92. Todavia, uma vez que se encontra em curso, na FUNASA, processo de tomada de contas especial instaurado em virtude de várias irregularidades ocorridas na condução da avença, o qual pode vir a apurar débitos relativos à inexecução de serviços, faz-se oportuno aguardar o desfecho daqueles trabalhos, a fim de evitar, inclusive, a ocorrência de débitos sobrepostos (bis in idem), sem prejuízo de enviar ao concedente, desde logo, as informações referentes ao débito já apurado na presente fiscalização. De todo modo, cumpre reforçar a necessidade da determinação sugerida no subitem 12.8.7.6, no sentido de ser expedida determinação à FUNASA para que ultime a apreciação da tomada de contas especial instaurada no âmbito do presente convênio.

12.8.9 Medição e atesto de realização de serviços de impermeabilização que não foram executados pela empresa contratada.

12.8.9.1 Em visita técnica realizada à CAGEPA, obteve-se a informação de que os serviços de impermeabilização das Estações Elevatórias da Ilha do Bispo e do Alto do Mateus não teriam sido executados pela Empresa COBRATE, mas, sim, posteriormente – já em 2005 -, por meio de contratação custeada por recursos da CAGEPA. Consta às fls. 155/168 do Anexo 7, os documentos de despesa relativos a este custeio, os quais foram encaminhados por aquela companhia estadual, em atendimento ao Ofício de Requisição n° 914/2005-15. Nesse passo, é de se indagar quais seriam os motivos que levaram a referida entidade a despender recursos, do seu próprio orçamento, na manutenção de um patrimônio que pertence à Fundação Nacional da Saúde. Cumpre registrar que, em entrevista mantida com o Diretor de Operações da CAGEPA, foi informado que ainda não houve o transpasse do patrimônio público em alusão a esta entidade. No mesmo sentido, o Coordenador da FUNASA na Paraíba também deu conta de que sequer houve a doação dos bens construídos no âmbito do Convênio n° 252/98 para a Prefeitura Municipal de João Pessoa.

12.8.9.2 Cumpre ressaltar que foi atestado, no Boletim de Medição n° 28-C, a consecução de 768,64 m2 (setecentos e sessenta e oito vírgula sessenta e quatro metros quadrados) e 756,18 m2 (setecentos e cinquenta e seis vírgula dezoito metros quadrados) do item ‘Impermeabilização’, nas Estações Elevatórias EESH1 e EESHBP, respectivamente, os quais importaram pagamentos indevidos de R$ 1.649,62 (um mil, seiscentos e quarenta e nove reais e sessenta e dois centavos) e R$ 1.088,89 (um mil, oitenta e oito reais e oitenta e nove centavos). Segundo informação colhida na CAGEPA, a obra em questão não foi executada pela empresa por conta do baixo preço unitário do item impermeabilização, o qual estava cotado em R$ 1,44 (um real e quarenta e quatro centavos) o metro quadrado. Frisa-se que, em pesquisa realizada no sistema SINAPI, obteve-se que o custo unitário do serviço usual de impermeabilização, com manta butílica, na data-base de março de 1998, correspondia ao preço unitário de R$ 10,18

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(dez reais e dezoito centavos) – 00024324-001 revestimento com manta plástica de polietileno –, o que corrobora a tese da inviabilidade técnica de ter se executado o serviço.

12.8.9.3 De todo modo, uma vez que os elementos de convicção foram obtidos junto à CAGEPA, não tendo havido oportunidade de confrontar tal achado com os agentes administrativos responsáveis pela medição indevida, optou-se por realizar, excepcionalmente, a audiência preliminar dos Srs. Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro, Gerenildo Alves Fernandes e Oswaldo Pessoa de Aquino, aos quais, caso não sejam elididas suas justificativas, poderá ser imputada a multa prevista na Lei Orgânica do TCU. Quanto aos sucessores do Sr. Saulo Lins Nóbrega, haja vista a natureza pessoal da pena, a qual se faz intransferível, entendeu-se inadmissível a oitiva daqueles, somente sendo possível o chamamento processual deles, em grau de citação, na hipótese de restar configurado o débito em questão.

Responsáveis: Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro, Gerenildo Alves Fernandes e Oswaldo Pessoa de Aquino.

Ato impugnado: Medição e Atesto de realização de serviços de impermeabilização que não foram executados pela empresa contratada.

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/1964 e 36 do Decreto n° 93.872/1986.12.8.10 Pagamentos antecipados de despesas. 12.8.10.1 Constatamos que, nos Boletins de Medição n°s 03, 11, 14, 16, 26 e 28-A (fls.

169/187 do Anexo 7), da Empresa COBRATE, em relação a alguns itens de serviços, há medições negativas de serviços. Essas medições negativas indicam que, em boletins de medição anteriores, foram feitas medições inexistentes, que, posteriormente, tiveram que ser corrigidas por meio das citadas medições negativas. Com a correção, há a compensação dos serviços indevidamente pagos anteriormente com serviços efetivamente realizados naquela medição em que foi feita a correção com a colocação de medições negativas.

12.8.10.2 Em que pese a compensação dos pagamentos, resta a irregularidade do pagamento antecipado nas medições anteriores. Os responsáveis pela irregularidade são aqueles que assinaram os boletins de medição, atestando a realização de serviços não realizados.

12.8.10.3 Ante o exposto, entendemos cabível a audiência, nos termos do art. 43, inciso II, da Lei n° 8.443/92, dos responsáveis, para que apresente razões de justificativa em relação ao respectivo ato impugnado.

Responsáveis: Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro, Gerenildo Alves Fernandes, Oswaldo Pessoa de Aquino e Potengi Holanda de Lucena.

Ato impugnado: Pagamentos antecipados de despesas, custeados com recursos federais do Convênio n° 252/98, uma vez que foram constatadas medições negativas nos 3°, 11°, 14°, 16°, 26° e 28°-A boletins de medição, todos da Empresa COBRATE.

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64.13. CONVÊNIO N° 236/2000 (SIAFI 404548)13.1. IDENTIFICAÇÃON° SIAFI: 404548.N° Original: PG-236/2000-00.Concedente: Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER, designado como

delegante.Convenente: Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB.Executor/Responsável: Prefeitura Municipal de João Pessoa/Cícero de Lucena FilhoData da Celebração: 12/12/2000.Vigência: Inicial: 15/12/2000 a 31/12/2001;Atual: 15/12/2000 a 31/10/2002.Recursos:

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Federais: R$ 5.000.000,00;Contrapartida: R$ 263.157,89.Análise da Prestação de Contas pelo Concedente: 13.1.1 A presente avença encontra-se em situação de inadimplência suspensa, tendo sido

instaurado o competente processo de tomada de contas especial, em vista de irregularidades constatadas na prestação de contas enviada pela Municipalidade.

13.1.2 Conforme informação obtida nos trabalhos de campo, foi noticiado à equipe de auditoria que a tomada de contas especial do convênio em questão ainda não havia sido ultimada, encontrando-se em análise pela Administração em Brasília.

13.2. OBJETO13.2.1 Descrição: Construção de viaduto sobre a BR-230, na ligação da Rua Coronel

Augusto Maia ao Bairro do Cristo Redentor (Ceasa); conclusão da duplicação da Avenida Cruz das Armas: Ligação da BR 230 ao centro da cidade; implantação de alças de ligação da BR-230 à Avenida José Américo de Almeida; construção de viaduto sobre a BR-230, na ligação das ruas José Florentino Júnior e Geraldo Mariz; implantação de vias paralelas à BR 230: Acesso ao Ginásio de Esportes Ronaldão; implantação de vias paralelas à BR-230: acesso ao campus da Unipê; implantação de vias paralelas à BR-230: acesso ao Hospital de Pronto Socorro Estadual; eliminação de ponto crítico na BR-230 (Km 24); construção de três passarelas sobre a BR-230 (km 24); implantação de paradas de ônibus, no contorno da cidade, ao longo da BR-230.

13.2.2 Alterações no Plano de Trabalho decorrentes de Aditivos: Não foi celebrado termo aditivo contemplando alteração no plano de trabalho do convênio, muito embora tenha ocorrido modificação do objeto executado, conforme descrito no subitem 13.8.3 adiante.

13.3. PROCESSOS CONEXOS13.3.1 Conforme já informado no item 3.7 acima, o presente convênio está sendo objeto de

exame no TC-007.000/2003-1. O referido processo trata de representação desta Unidade Técnica em razão de denúncias veiculadas pela imprensa.

13.3.2 Após algumas diligências naquele processo, constatou-se que o concedente estava apurando as irregularidades veiculadas pela imprensa e que já havia sido instaurada tomada de contas especial. Restava, apenas, a quantificação do débito e a apuração das responsabilidades.

13.3.3 Tendo em vista a adoção das providências estatuídas pela IN-TCU no 13/96, por parte do órgão concedente, e, em face da racionalidade administrativa, o TC-007.000/2003-1 foi suspenso e, posteriormente, sobrestado, até o ingresso, neste Tribunal, do mencionado processo de tomada de contas especial.

13.3.4 Todavia, considerando a demora na conclusão da referida TCE, esta Unidade Técnica, no âmbito no TC-007.000/2003-1, propôs determinação ao Ministério dos Transportes que adotasse as providências necessárias para conclusão da tomada de contas especial pertinente ao Convênio nº PG 236/00-00, enviando-a a este Tribunal/SECEX-PB, via Secretaria Federal de Controle, no prazo de 90 (noventa) dias. O processo em questão encontra-se no Gabinete do Relator, com a referida proposta.

13.3.5 Verifica-se, pois, que este Tribunal, no TC-007.000/2003-1, até então, limitou-se a fazer o acompanhamento e a cobrança da tomada de contas especial instaurada pelo Concedente.

13.3.6 Sendo assim, não há qualquer fiscalização ou pronunciamento deste Tribunal acerca da regularidade da execução do Convênio em foco anterior à presente inspeção.

13.4. ASPECTOS DA LICITAÇÃO E DO CONTRATO13.4.1 No âmbito da presente avença, foram realizados dois certames licitatórios: a

Concorrência n. 02/2000-SEINFRA e a Tomada de Preços n° 29/2001. A primeira tinha como objeto as obras de construção do viaduto sobre a BR-230, na ligação da Rua Coronel Augusto Maia ao Bairro do Cristo Redentor (Ceasa); de implementação das vias paralelas à BR-230

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(acessos ao campus do Unipê, ao Hospital de Pronto Socorro Estadual e à Sede dos Correios); e de eliminação de segmento crítico da BR-230 (km 24). A segunda licitação, por sua vez, destinava-se à realização das demais metas do convênio em apreço. Registre-se que a Tomada de Preços não chegou a ser homologada pelo DNER, por conter vícios legais insanáveis, razão pela qual foi anulada e devolvido o montante de R$ 80.520,74 (oitenta mil, quinhentos e vinte reais e setenta e quatro centavos), que havia sido pago à Empresa Patrol.

13.4.2 Concluído o julgamento das propostas, foi homologada a Concorrência n° 02/2000-SEINFRA e adjudicado o seu objeto para a Empresa SETOR – Serviços Técnicos e Obras Rodoviárias. Em consequência, foi assinado o Contrato n° 09/2001, em 30/03/2001, cujo valor total importou em R$ 3.321.776,60 (três milhões, trezentos e vinte e um mil, setecentos e setenta e seis reais e sessenta centavos). Ao longo de sua vigência, foram as seguintes as alterações contratuais realizadas por força de termos aditivos:

Tabela: Relação dos termos aditivos ao Contrato n° 09/2001.Termo Aditivo Data Conteúdo

1 31/07/2001 Alteração do prazo de execução do contrato, cuja vigência passou a ser até 16/07/2002.

2 17/12/2001

Adequações dos quantitativos de serviços previstos na planilha original – surgimento de novos serviços, importando um acréscimo de R$ 401.739,36 (quatrocentos e um mil, setecentos e trinta e nove reais e trinta e seis centavos). O valor global do contrato passou a ser R$ 3.723.515,96 (três milhões, setecentos e vinte e três mil, quinhentos e quinze reais e noventa e seis centavos).

3 22/04/2002

Adequações dos quantitativos de serviços previstos na planilha original – surgimento de novos serviços, importando um acréscimo de R$ 394.728,25 (trezentos e noventa e quatro mil, setecentos e vinte e oito reais e vinte e cinco centavos). Reajustamento contratual. O valor total reajustado do contrato, incluindo os itens novos de serviços, implicou R$ 4.448.244,21 (quatro milhões, quatrocentos e quarenta e oito mil, duzentos e quarenta e quatro reais e vinte e um centavos), assim discriminados: R$ 3.321.776,60 referente ao valor inicial do contrato, acrescido do valor do 2° Termo Aditivo de serviços a preços iniciais de R$ 401.739,36, mais o valor do 3° Termo Aditivo de serviços a preços iniciais de R$ 394.728,25, mais o valor da previsão de reajustamento R$ 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais).

4 14/08/2002 Alteração do prazo final do contrato para 31/10/2002

5 16/10/2002

Adequações dos quantitativos de serviços previstos na planilha original – surgimento de novos serviços, importando um acréscimo de R$ 32.750,67 (trinta e dois mil, setecentos e cinquenta mil e sessenta e sete centavos). O valor global do contrato passou a ser R$ 4.480.994,88 (quatro milhões, quatrocentos e oitenta mil, novecentos e noventa e quatro reais e oitenta e oito centavos).

6 25/04/2003 Alteração do prazo final do contrato para 07/05/2003

Termo de retificação do

6° Termo Aditivo

22/05/2003 Retificação do prazo último para 21/07/2003.

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7 04/06/2003

Reajustamento dos itens da planilha do saldo contratual, importando um saldo contratual de R$ 902.344,89 (novecentos e dois mil, trezentos e quarenta e quatro reais e oitenta e nove centavos).

8 26/07/2003Adequações dos quantitativos de serviços previstos na planilha original, permanecendo inalterado o valor global.

13.5. CUSTOS13.5.1 Em pesquisa realizada nos preços constantes do Sistema SICRO, do DNIT,

verificamos que alguns dos preços praticados estavam acima dos preços de mercado, conforme relatado no subitem 13.8.7 adiante.

13.6. EXECUÇÃO FINANCEIRA13.6.1 Envio de Recursos do Concedente para o Convenente:

Tabela: Relação das ordens bancárias creditadas na conta específica do convênio.Ordem Bancária Data do Crédito Valor (R$)

01OB005719 30/11/2001 60.605,9601OB006680 03/01/2002 88.920,4101OB006774 04/01/2002 304.748,4901OB006937 04/01/2002 739.139,0002OB002358 20/03/2002 125.560,0002OB002359 20/03/2002 3.040.791,4202OB002360 20/03/2002 640.234,58

TOTAL: R$ 4.999.999,5313.6.1.1 Registra-se que a presente avença constituía convênio na modalidade delegação,

cuja sistemática de pagamento estava prevista na cláusula quinta do termo do ajuste, a qual estipulava a sistemática de reembolso das despesas comprovadamente executadas, aceitas e aprovadas pelo então DNER (fls. 02/06 do Anexo 8). O Ofício Circular n° 31/97-DNER (fls. 08/09 do Anexo 8) esclarecia os procedimentos necessários para o pagamento das medições. Tal modalidade de repasse representava um acompanhamento mais efetivo no tocante à perfeita execução da avença, uma vez que somente eram transferidos os recursos do convênio, por ocasião e na quantidade correspondente à cada medição, atestada e aceita por aquela Autarquia.

13.6.1.2 Consoante o relatório acostado às fls. 10/15 do Anexo 8, datado de 22/01/2003 e encaminhado à Representante da Inventariança do DNER, as três primeiras ordens bancárias serviram para o pagamento dos boletins de medição n°s 2 a 4, tendo sido obedecida a sistemática de reembolso prevista no instrumento convenial, ou seja, com as despesas tendo sido aprovadas e atestadas pela área técnica e financeira do DNER. Compulsando as tabelas anterior e seguinte, verifica-se que, de fato, há uma perfeita correspondência entre os valores federais que custearam os referidos boletins de medição e as ordens bancárias supracitadas.

13.6.1.3 Por intermédio da Portaria n° 1218, de 21/12/2001, assinada pelo Diretor Executivo do DNER, Sr. Rogério Gonzales Alves, foi determinado que os convênios de delegação que tivessem empenhos relativos ao exercício de 2000, cujas obras estivessem em andamento, as despesas poderiam ser liquidadas, excepcionalmente, com base no Plano de Trabalho até 31/12/2001 (fls. 16 do Anexo 8). Com isso, os recursos financeiros do presente convênio foram antecipadamente repassados para a conta específica da avença, tendo sido abandonada a sistemática de reembolso estabelecida no instrumento do convênio.

13.6.1.3.1 Segundo o Sr. Francisco Fernando de Figueiredo Lopes, signatário do aludido relatório, a Prefeitura Municipal de João Pessoa teria encaminhado novo plano de trabalho à Administração Central do DNER, não havendo tal documento sido ‘(...) submetido à apreciação preliminar – como de rotina e na forma do plano de trabalho anterior – desta fiscalização do 13° DRF/DNER (...)’, ipsis litteris (fls. 11 do Anexo 8).

13.6.1.4 Desse modo, as demais ordens bancárias constantes da tabela adiante, no montante total de R$ 4.545.725,00 (quatro milhões, quinhentos e quarenta e cinco mil,

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setecentos e vinte e cinco reais) foram creditadas na conta específica do convênio, tendo sido desprezada a cláusula quinta do termo do ajuste.

13.6.2 Créditos da contrapartida: Cumpre registrar que os recursos correspondentes à contrapartida do município não foram movimentados na conta específica do convênio (conta n° 6684-2, Agência n°1618-7), restando consignado, pelo exame da relação de pagamentos e dos extratos bancários acostados aos autos (fls. 17/42 do Anexo 8), que os pagamentos de despesas relativos à parcela da Municipalidade foram custeados com cheques das contas n°s 501.275.000-8 (Banco Paraiban) e 1.597-0 (Banco do Brasil). É curial ressaltar que tal fato constitui violação à exigência contida nos arts. 7°, inciso XIX, e 20 da Instrução Normativa STN n° 01/1997, uma vez que se mostra obrigatória a movimentação dos recursos do convênio (valores transferidos e contrapartida) na conta específica criada para tal fim, cabendo, portanto, determinação à Prefeitura Municipal de João Pessoa no sentido de que observe o disposto no art. 20 da IN/STN n° 01/97.

13.6.3 Pagamentos Efetuados:13.6.3.1 Os extratos de cheque acostados na documentação de prestação de contas do

presente convênio guardam relação com os débitos verificados na conta específica da avença e com os boletins de medição.

Tabela: Relação dos boletins de medição, por data de emissão e valoresMedição Data Recursos Federais Contrapartida Valor Total (R$)

2 05/09/2001 60.605,96 3.189,81 63.795,773 04/10/2001 88.920,46 4.680,03 93.600,494 06/11/2001 304.748,41 23.196,45 327.944,866 15/01/2002 67.821,67 3.569,56 71.391,235 15/01/2002 123.911,76 63.884,99 187.796,757 31/01/2002 150.638,56 7.928,35 158.566,918 13/03/2002 338.886,65 17.836,14 356.722,79

8-A 13/03/2002 57.880,36 3.275,30 61.155,669 17/04/2002 141.855,74 7.466,09 149.321,8310 30/04/2002 257.300,54 13.542,13 270.842,67

8 (reajustamento) 30/04/2002 28.877,75 1.519,88 30.397,637 (reajustamento) 30/04/2002 13.375,41 703,97 14.079,389 (reajustamento) 30/04/2002 12.757,39 671,44 13.428,83

8-A (reajustamento)

30/04/2002 4.536,87 238,78 4.775,65

10 (reajustamento)

30/04/2002 21.756,75 1.145,09 22.901,84

11 1/6/2002 217.353,49 11.439,66 228.793,1511

(reajustamento)1/6/2002 19.439,26 1.023,12 20.462,38

12 02/08/2002 281.806,01 14.831,90 296.637,9112

(reajustamento)03/08/2002 25.620,73 1.348,46 26.969,19

13 (inclui reajustamento)

12/09/2002 315.387,31 16.599,33 331.986,64

14 (inclui reajustamento)

08/10/2002 236.912,78 12.469,09 249.381,87

15 (inclui reajustamento)

26/11/2002 447.828,22 23.569,90 471.398,12

16 (inclui reajustamento)

19/12/2002 267.516,16 14.079,80 281.595,96

TOTAL 3.485.738,24 248.209,27 3.733.947,5113.6.3.2 Outro ponto que merece destaque é o fato de que não houve a devida retenção e

recolhimento da contribuição previdenciária prevista no art. 31, §4º, inciso III, da Lei 8.212/1991, alterada pela Lei 9.711, de 20/11/1998, quando dos pagamentos dos boletins de

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medição n°s 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 8-A, 9, 10, 7 (reajustamento), 8 (reajustamento), 8-A (reajustamento), 9 (reajustamento) e 10 (reajustamento), emitidos no âmbito do presente convênio, devendo, em razão disso, ser expedida comunicação ao INSS para adoção das providências ao seu encargo.

13.7. VERIFICAÇÃO FÍSICA13.7.1 O objeto do presente convênio foi submetido a exame pericial realizado pela

Polícia Federal com o auxílio do Exército, o qual se inseriu no âmbito de inquérito instaurado por essa entidade, conforme noticiado nos jornais locais – recortes às fls. 43/51 do Anexo 8. Dessa forma, a fim de evitar a duplicidade de esforços, em atendimento ao princípio da economia processual e levando em conta, ainda, a natureza conjunta do presente trabalho, o qual envolve a Polícia Federal, sugere-se que se aguarde o desfecho da perícia supramencionada, a fim de se apurar o percentual físico da obra efetivamente realizado e a compatibilidade dos materiais utilizados com os especificados nas medições e projetos. Dessa forma, propõe-se a efetivação de solicitação à Polícia Federal para que encaminhe as conclusões obtidas em decorrência da perícia em questão, tão logo esta tenha sido concluída.

13.8. IRREGULARIDADES E RESPONSABILIDADES13.8.1 Fracionamento do objeto da Concorrência n° 02/2000-SEINFRA.13.8.1.1 De início, cumpre registrar que, embora tenha ocorrido a anulação da segunda

licitação, restou configurada a prática de fracionamento do objeto do presente convênio. Conquanto tenha havido o escorreito parcelamento, conforme o art. 23, parágrafo 1°, da Lei n° 8.666/93 – as diversas metas do convênio constituíam parcelas absolutamente divisíveis, técnica e economicamente -, não foi preservada a modalidade pertinente para a execução do objeto como um todo, uma vez que a Municipalidade optou em realizar uma tomada de preços, quando o correto seria a promoção de uma outra concorrência. Tal fato, que configura uma violação aos parágrafos 2° (parte final) e 5° do precitado art. 23 do Estatuto das Licitações, não merece, todavia, maiores consequências no âmbito deste Tribunal, em face da imediata anulação do último certame, promovida pela própria Administração, no exercício do princípio da autotutela, assim como em razão da inexistência de prejuízo ao Erário público federal – o pagamento realizado à empresa vencedora da licitação foi devolvido à conta específica do convênio.

13.8.2 Habilitação indevida da Empresa SETOR, vencedora da Concorrência n. 02/2000-SEINFRA, uma vez que as peças documentais trazidas em sua proposta não eram capazes de demonstrar, de maneira cabal, a qualificação econômico-financeira para contratar com a Administração, importando, tal ato, de per si, risco desnecessário para o Poder Público. Aceitação de documento contendo falsidade, não possuindo representatividade para demonstrar a real situação contábil da empresa. Violação ao devido procedimento legal licitatório e aos Princípios da Impessoalidade, da Finalidade, da Moralidade Administrativa, do Segredo da Proposta e da Isonomia.

13.8.2.1 No dia 04/01/2001, foi realizada a sessão de recebimento dos envelopes dos participantes, tendo comparecido as Empresas COENGEN – Comércio e Engenharia Ltda., DOMUS Edificações Ltda. e SETOR – Serviços Técnicos e Obras Rodoviárias Ltda. No relatório lavrado pela Presidente da Comissão de Licitação, foram apontadas dúvidas concernentes aos documentos de habilitação da Empresa SETOR, especificamente quanto aos índices de liquidez e aos parâmetros, extraídos do Balanço Patrimonial, apresentados para o cálculo do índice Capacidade Financeira Atual (CFA) – fls. 56 do Anexo 8.

13.8.2.2 Instado a se pronunciar pelo Senhor Secretário de Infra-Estrutura, em atendimento à proposta da própria Comissão de Licitação, a Coordenadoria de Contabilidade da Secretaria Municipal de Finanças lavrou o parecer de fls. 59 do Anexo 8, tendo indicado:

‘a) por estar inativa a vários exercícios, os valores apresentados em 31.12.99, para refletir a realidade patrimonial, exige informações adicionais, como por exemplo, relatório

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individualizado de faturas a receber, indicando sacado, valor e vencimento, dos estoques com o correspondente valor de mercado;

b) o imobilizado também precisa de um relatório indicando a data da compra, para se ter uma idéia da idade e do valor real, principalmente dos veículos. Foi feita a correção monetária, mas não há reserva de depreciação;

c) a conta RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS, classificada no passivo, apresenta saldo devedor, quando a contrapartida da correção do Ativo Permanente gera um saldo credor;

d) Pelo exposto, conclui-se que qualquer índice de capacidade econômica está fora da realidade.’ Grifos acrescidos

13.8.2.3 Por esse motivo, no que concerne à Empresa SETOR, e pelas razões elencadas no parecer de fls. 60/62 do Anexo 8, foram inabilitadas todas as empresas que haviam apresentado proposta. De imediato, as firmas protocolaram os recursos administrativos de fls. 63/81 do Anexo 8, tendo a Empresa SETOR juntado, em acréscimo às suas razões, novos documentos em atendimento às considerações do supramencionado parecer técnico da Coordenadoria de Contabilidade da Secretaria Municipal de Finanças (fls. 82/85 do Anexo 8).

13.8.2.4 Adianta-se que a permissão para que a Empresa SETOR apresentasse novos documentos em complemento aos trazidos por ocasião da etapa de habilitação, bem como a sua posterior aceitação, constituíram séria afronta ao princípio do devido processo legal, no que tange ao procedimento licitatório, uma vez que significou um privilégio ilegal concedido a uma única empresa, na medida em que se conferiu a esta uma etapa a mais, no julgamento do certame, qual seja, a de sanear os defeitos de sua proposta. Na prática, enquanto os demais licitantes tiveram a data de 04/01/2001 como o termo definitivo para a apresentação de todos os documentos conformadores de suas propostas, na prática, admitiu-se que a Empresa SETOR juntasse novos documentos, na remota data de interposição de recursos, quando já havia transcorrido a etapa de apresentação das propostas. Tal ato constituiu violação aos princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade administrativa, e da finalidade, assim como os do segredo da proposta e da isonomia, estes específicos da licitação. Ademais, feriu-se o princípio da preclusão, que permeia todo o procedimento licitatório, na medida em que se permitiu a prática de um ato em um momento processual posterior ao termo final permitido. Faz-se oportuno destacar, por fim, que o procedimento correto do administrador seria ou a extinção da licitação, obviamente após a análise dos recursos administrativos, ou a utilização da faculdade prevista no art. 47, parágrafo 3°, da Lei n. 8.666/93, ocasião em que seria facultado a todos os participantes a possibilidade de se apresentar nova documentação. A habilitação da empresa SETOR somente poderia se dar por questões de direito e não em razão do exame de novos documentos trazidos na etapa recursal.

13.8.2.5 Continuando o feito, ainda que admitida a possibilidade de apresentação de documentos novos nessa etapa processual, o que se afirma apenas por hipótese, entende-se que foi bastante singela a análise contábil promovida em face da documentação encaminhada pela Empresa SETOR, a qual arrimou a habilitação desta firma. Primeiro porque se, em uma primeira ocasião, foi-se cuidadoso a ponto de solicitar o pronunciamento técnico acerca das dúvidas levantadas sobre a contabilidade da empresa, tal não ocorreu posteriormente, quando do exame dos documentos enviados em atendimento ao citado parecer. Ora, se naquele momento a Secretaria de Infra-Estrutura não possuía condições técnicas de fazer uma análise crítica da contabilidade da firma, consoante aposto no documento de fls. 56/56-A do Anexo 8, não sobrelevam motivos ou fatos capazes de admitir que, no segundo momento, havia cessada aquela dificuldade inicial. Para saber se as dúvidas levantadas pela Coordenadoria de Contabilidade da Secretaria Municipal de Finanças haviam sido sanadas pelo licitante, seria necessária e legítima a manifestação de um profissional da área de contabilidade. Vale ressaltar que os motivos trazidos no parecer de fls. 87/89 do Anexo 8, assinado pelo Assessor Jurídico da SEINFRA, Sr. Marcelo Juvêncio P. de Almeida, apenas tangenciaram as questões suscitadas

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anteriormente, não tendo havido uma análise peremptória das dúvidas contábeis e dos elementos trazidos pela empresa. Na prática, não estão esclarecidos os motivos da habilitação dessa firma. Nos termos da teoria do ato administrativo, tal fato permite a conclusão de que a habilitação da empresa SETOR constituiu ato administrativo inválido, porquanto se pode considerar ausente um dos elementos conformadores da espécie: o motivo.

13.8.2.6 Superadas as questões a respeito do vício formal acerca da habilitação da referida firma, aponta-se que, materialmente, foi indevida tal habilitação. Do exame dos diversos documentos contábeis trazidos aos autos, vislumbra-se que não estava demonstrada de maneira cabal, à época, a capacidade econômico-financeira da referida empresa, razão pela qual se entende que a opção correta seria a sua inabilitação.

13.8.2.6.1 Em arrimo a essa constatação, aponta-se que o balanço geral de 31/12/1999 (fls. 52/54 do Anexo 8), apresentado por ocasião da licitação, consistia numa mera atualização monetária do último balanço geral emitido na longínqua data de 30/09/1981, ou seja, antes da desativação da empresa. Conforme consta do expediente recursal de fls. 80/81 do Anexo 8, de lavra da própria Empresa SETOR, o Ativo Permanente, o Patrimônio Líquido e os Prejuízos e a correção desses prejuízos foram obtidos mediante a utilização de índices de correção oficial, ou seja, não guardavam qualquer correlação com a realidade fática de uma empresa que estava inativa a 18 anos.

13.8.2.6.2 Ademais, a fixação do novo capital social da empresa em R$ 101.542,91 (cento e um mil, quinhentos e quarenta e dois reais e noventa e um centavos), somente se deu por ocasião da 15a alteração do contrato social da aludida firma (fls. 57/58 do Anexo 8) – documento constante do procedimento licitatório -, ocorrida em 05/07/2000, quando o referido valor foi totalmente integralizado em moeda corrente. À época, é curial frisar, consignou-se que o capital social da empresa era ‘sem expressão monetária’ . Desse modo, não poderia o capital social da empresa assumir o valor constante do balanço geral assinado em 31/12/1999 - exatamente R$ 101.542,91, supra referenciados -, razão pela qual se conclui que tal peça contábil constitui documento falso.

13.8.2.6.3 Outro aspecto que merece ser enfocado diz respeito à composição do imobilizado dessa firma, o qual era dotado de máquinas adquiridas na remota década de 70 (fls. 84/85 do Anexo 8). Vale ressaltar que a Instrução Normativa SRF n° 162/1998 – alterada pela Instrução Normativa SRF n° 130/1999 –, ao dispor sobre a vida útil e a taxa de depreciação dos bens que compõe o Ativo Imobilizado, para efeito de cálculo da quota de depreciação a ser registrada na escrituração da pessoa jurídica, estabeleceu valores de vida útil de máquinas para obras de engenharia entre 4 e 10 anos, dependendo do tipo especificado em seu Anexo 1. Sendo assim, não poderiam os bens listados pela contabilidade da Empresa SETOR constituírem o ativo imobilizado da firma, o qual, em vista da depreciação enfrentada pelos aludidos bens, não deveriam apresentar qualquer valor contábil.

13.8.2.6.4 De todo o exposto, conclui-se, portanto, que o balanço patrimonial apresentado para fins de participação na presente licitação constitui uma peça contábil fictícia, não se revestindo de elementos capazes de apontar que, de fato, representava a situação econômico e patrimonial da empresa.

13.8.2.6.5 Por fim, ainda que se admitisse a representatividade dos documentos contábeis assinalados pela firma em alusão, o que somente se afirma por hipótese, ressalta-se que a referida empresa merecia ser inabilitada por não atender ao subitem 14.5, alínea ‘d’, do Edital. Nesse passo, a Empresa SETOR não atualizou o saldo dos contratos em execução para o mês da data-base da proposta (janeiro de 2001), constante do documento de fls. 55 do Anexo 8, tendo incorrido, portanto, na mesma falha que contribuiu para a inabilitação das Empresas COENGEN e DOMUS.

13.8.2.6.6 Logo, mostrou-se absolutamente impertinente a habilitação da Empresa SETOR no certame licitatório em comento. Por esse motivo, faz-se necessária a responsabilização

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daqueles que deram causa ao referido ato de gestão, especificamente, o Sr. Marcílio Juvêncio P. de Almeida, Assessor Jurídico da Secretaria de Infra-Estrutura - SEINFRA, que deu o parecer, ao juízo da equipe de auditoria, absolutamente despropositado em face das normas regedoras da matéria, e o então Secretário de Infra-Estrutura, Sr. Saulo Lins da Nóbrega, que acatou as ponderações daquele e habilitou a firma SETOR. No tocante ao último responsável, tendo em vista a notícia de seu falecimento e ao fato de que a presente irregularidade é passível de multa, no âmbito deste Tribunal, resta prejudicada a realização de audiência, estando ausentes os pressupostos para o desenvolvimento válido e regular do feito, especificamente, com relação a este gestor. Registra-se que também seria devida a responsabilização do Sr. Saulo Lins da Nóbrega, em vista da homologação e adjudicação do objeto da presente licitação, não sendo, todavia, possível tal imputação, pelo motivo anteriormente apontado.

13.8.2.6.7 Outrossim, uma vez que a Empresa SETOR, para participar da aludida licitação, trouxe balanço contábil contendo informação falsa, incidindo no crime tipificado no art. 299 do Código Penal (falsidade ideológica), resta caracterizada a ocorrência de fraude à licitação. Por esse motivo, faz-se necessária a fixação de prazo para que a aludida firma se manifeste sobre o assunto, tendo em vista a possibilidade de se declarar a inidoneidade do licitante fraudador, nos termos do art. 46 da Lei n° 8.443/92.

Responsáveis: Marcílio Juvêncio P. de Almeida, Assessor Jurídico da Secretaria de Infra-Estrutura - SEINFRA

Ato impugnado: Emissão de parecer favorável à habilitação indevida da Empresa SETOR, vencedora da Concorrência n° 02/2000-SEINFRA, uma vez que as peças documentais trazidas em sua proposta não eram capazes de demonstrar, de maneira cabal, a qualificação econômico-financeira da empresa e continham falsidade; aceitação de documentos novos com o propósito de sanear a proposta, após o início da fase da habilitação.

Dispositivos violados: arts. 3°, 4° e 41 da Lei n° 8.666/93.Interessado: SETOR – Serviços Técnicos e Obras Rodoviárias.Ato jurídico: apresentação de balanço contábil, posição em 31/12/99, contendo

informação falsa, uma vez que a fixação do novo capital social da empresa em R$ 101.542,91 somente se deu por ocasião da 15ª alteração do contrato social da firma, ocorrida em 05/07/2000, quando o referido valor foi totalmente integralizado em moeda corrente, incidindo no crime tipificado no art. 299 do Código Penal (falsidade ideológica), restando caracterizada a ocorrência de fraude à licitação.

13.8.3 Alteração do Projeto Executivo das obras relativas ao Contrato n° 09/2001 e o posterior pagamento dos serviços correspondentes, sem a prévia e a expressa aprovação pelo DNER.

13.8.3.1 Conforme indicado no subitem 13.4.2, foram promovidas diversas adequações nos quantitativos de serviços previstos na planilha original e incluídos itens novos, no contrato em apreço. A primeira delas foi consignada por ocasião da assinatura do 2° Termo Aditivo ao contrato, ocorrida em 17/12/2001. Em 22/04/2002, por força da celebração do 3° Termo Aditivo ao contrato, deram-se modificações no projeto dos aterros de acesso ao viaduto da BR-230 (Ceasa) e do muro de arrimo. As demais ocorreram em 16/10/2002 (5° Termo Aditivo), às vésperas da extinção do presente convênio, e em 26/07/2003 (8° Termo Aditivo), quando não mais vigente o convênio.

13.8.3.2 Cumpre registrar que, em 14/12/2001, a Divisão de Estudos e Projetos - DEP do então DNER não havia aprovado a alteração da concepção das contenções dos taludes dos aterros de acesso ao viaduto em apreço, solicitada pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, tendo entendido, à época, que não havia informações suficientes para a análise e aprovação (fls. 91 do Anexo 8). Frisa-se que, em parecer técnico encaminhado ao Chefe do Serviço de Estruturas/DEP, restou consignado, na ocasião, que não fora apresentada justificativa para alteração de projeto do muro de arrimo para solo armado, tendo sido ressaltado que a solução

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em muro de arrimo em concreto armado constante do projeto geométrico licitado podia perfeitamente ser mantida, ‘tendo em vista que havia espaço suficiente para posicionamento do aterro com inclinação de 2/3.’, in verbis (fls. 90 do Anexo 8). É curial frisar que, após essa data, somente em agosto de 2002 foi novamente colocada em discussão a questão das adequações da planilha contratual, ressaltando-se que, até aquele momento, sequer haviam sido aprovadas as modificações implementadas por força do 2° Termo Aditivo (fls. 88/89 do Anexo 8).

13.8.3.3 Constata-se, portanto, que a Prefeitura Municipal de João Pessoa alterou o Projeto Executivo das obras relativas ao Contrato n° 09/2001 sem a prévia e a expressa aprovação pelo DNER, contrariando, assim, a cláusula segunda, parágrafo primeiro, do Termo do Convênio.

Responsáveis: Rúbria Beniz Gouveia Beltrão, Secretária em Exercício da Secretaria de Infra-Estrutura – SEINFRA

Ato impugnado: Alteração do projeto executivo dos aterros de acesso do Viaduto BR-230 (Ceasa), e, consequentemente, do plano de trabalho do convênio, sem a prévia aprovação do DNER.

Dispositivos violados: art. 15 da Instrução Normativa STN n° 01/199713.8.4 Deficiente acompanhamento do Contrato n° 09/2001, especificamente, no que

concerne à correta avaliação técnica sobre a alteração do projeto do muro de arrimo e do aterro de acesso ao Viaduto sobre a BR-230, na ligação da Rua Coronel Augusto Maia ao Bairro do Cristo Redentor (Ceasa), assim como a inadequada fiscalização da escorreita execução das obras em apreço, os quais tiveram como consequência diversos defeitos técnicos no objeto em alusão, que puseram em risco a funcionalidade da obra, importando em diversas intervenções corretivas por parte do Poder Público Municipal.

Da alteração do projeto dos aterros de acesso ao Viaduto da BR-230 e do muro de arrimo13.8.4.1 Verifica-se, do exame das peças documentais de fls. 98 do Anexo 8, que a

alteração do projeto dos aterros de acesso ao viaduto da BR-230 (Ceasa) e do muro de arrimo, solicitada pela Empresa SETOR, por ocasião da celebração do 3° Termo Aditivo, não mereceu uma análise técnica minuciosa pela Municipalidade, tendo sido autorizada pela Secretária de Infra-Estrutura da Prefeitura Municipal de João Pessoa, Sra. Rúbria Beniz G. Beltrão, em 19/04/2002, sem qualquer exposição e detalhamento dos motivos, no que concerne à sua viabilidade técnica. Frisa-se que a motivação é elemento necessário de qualquer ato administrativo, devendo o administrador indicar os pressupostos de fato e de direito que arrimem a solução adotada. A ausência do elemento motivo, na prática de um ato administrativo, importa a invalidade deste, quando estiver obstaculizada a verificação da existência dos pressupostos legais para a prática do ato. No caso de alterações qualitativas em contratos administrativos, especificamente aquelas que envolvam modificações de ordem técnica em obras de engenharia, ainda com mais razão deve ser empreendida a análise e a consequente aposição de suas justificativas, as quais devem se imbuir do propósito de avaliar a adequação técnica aos objetivos da obra, nos termos do art. 65, caput, e inciso I, alínea ‘a’, da Lei n° 8.666/93. Além da violação ao preceito legal supramencionado, registra-se que a aprovação da alteração contratual em apreço, da forma como aconteceu, constituiu, por si só, ato de gestão temerário, pois se aceitou uma nova concepção para o projeto do muro de arrimo e do aterro de acesso ao Viaduto sobre a BR-230 (Ceasa), sem qualquer consideração sobre sua adequação, nos pontos de vista técnico, econômico e de segurança.

Dos defeitos verificados na estrutura de contenção dos aterros de acesso ao Viaduto Ceasa

13.8.4.2 Continuando o feito, cumpre destacar que, a partir do início de 2003, após a execução da nova solução técnica, surgiram vários problemas estruturais no muro de arrimo e no aterro de acesso ao viaduto em questão.

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13.8.4.2.1 Em relatório do engenheiro Carlos Antônio Taurino de Lucena, que havia elaborado o projeto original da obra, foram indicadas as seguintes ocorrências, consignadas por ocasião de inspeção ocorrida em 18/03/2003, por solicitação da Prefeitura Municipal de João Pessoa (fls. 109/132 do Anexo 8):

a) deslocamentos no topo do muro, com o aparecimento de algumas trincas nas paredes de alguns módulos;

b) grandes trincas longitudinais no aterro (paralelas ao muro, em áreas próximas aos bordos do pavimento e distantes da face externa desde de cerca de três metros), localizados em trechos próximos aos pontos de deslocamento do muro e em trechos afastados daqueles.

13.8.4.2.2 Na oportunidade, o Sr. Carlos Taurino apontou que, na execução da obra, ocorreram alterações das características do projeto original, sendo que a inclinação máxima do talude foi aumentada de 32,6° para 37,2°, e a altura máxima do aterro a ser suportada pelo muro aumentou de 6,80 m para 7,40 m. Em decorrência disso, o esforço exercido pelo aterro sobre o muro, asseverou, ‘foi majorado em 37%, reduzindo o coeficiente de segurança recomendado pelas normas para solicitações de 40% para 3%.’, ipsis litteris.

13.8.4.2.3 De mais a mais, o Sr. Carlos Taurino consignou outra sorte de defeitos ocorridos em face da má execução da obra:

a) não funcionamento do sistema de drenagem do muro de arrimo, conforme detectado;b) movimentos roto-translacionais do muro de arrimo, os quais foram causados pela baixa

capacidade de suporte do terreno (o executor não tratou de realizar sondagens complementares), conforme investigação executada após a ocorrência dos problemas – o valor máximo obtido de 1,0 kgf/cm², na profundidade de assentamento da fundação do muro de arrimo, era inferior ao valor projetado, 2,5 kgf/cm² -, e pelo fato de o aterro e o muro terem sido executados parte sobre a camada do pavimento asfáltico existente e parte sobre o solo natural, contribuindo para o aparecimento de recalques diferenciais;

c) vícios construtivos na estrutura do muro, em concreto armado aparente, como desalinhamentos horizontais e verticais, deficiências de espessura, desnivelamentos da superfície lateral das paredes, deficiências na concretagem decorrentes do mau posicionamento das formas, defeitos que foram em parte corrigidos com argamassa sem função estrutural, fatores que interferiram nas condições e premissas de cálculo do projeto;

d) não implantação de drenagem superficial, tais como proteção vegetal, meios-fios, calhas, descidas d`água, importando a acentuada saturação do terreno, por ocasião das chuvas, e início de um processo de ruptura.

13.8.4.2.4 Em vistoria realizadas nas obras do viaduto em questão, a Empresa JBR Engenharia Ltda. elaborou o relatório datado de 10/04/2003, acostado às fls. 133/158 do Anexo 8. Do exame do referido documento, destacam-se os seguintes aspectos consignados pela referida empresa:

a) com o aparecimento das trincas nos aterros, verificou-se que o muro sofrera fortes deslocamentos e rotações, com o aparecimento de trincas nas paredes de alguns módulos, denotando um processo de instabilidade estrutural do próprio muro;

b) nos locais onde os muros apresentavam alturas de ordem de 2,5 a 3,6 m de altura, os barbacãs não funcionaram;

c) em desenho do perfil geológico das camadas de aterro e solos de fundação, utilizando-se o programa computacional SLIDE 3.0, encontrou-se o Fator de Segurança de 0,883 para o conjunto muro/aterro, o que implica a sua instabilidade.

13.8.4.2.5 Em vista de tal aspecto, foi proposta a estabilização dos solos do talude e parte da plataforma com injeções de argamassa fluida de concreto e cimento, tendo sido prevista a execução de 2.340 furos, com profundidade de 4,30 m. Outrossim, com relação ao pavimento, alvitrou-se resselar as trincas existentes com material asfáltico do tipo emulsão ou CAP-20, aplicar uma pintura asfáltica com RR-1C e aplicar uma camada de CBUQ com asfalto

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polimerizado de 4 cm de espessura. Ademais, sugeriu-se a implantação de inclinômetros para a medição dos deslocamentos horizontais do aterro nas estacas 1195, 1196, 1198 e 1199 em bordos alternados.

Dos problemas no pavimento dos aterros de acesso ao Viaduto BR-23013.8.4.3 Em vista dos problemas constatados no pavimento dos acessos do viaduto, a

Empresa JBR elaborou o documento ‘Diagnóstico e Projeto de Recuperação dos Pavimentos dos Aterros de acesso ao Viaduto km 24 da Rodovia BR-230 (PB)’, apresentado à Municipalidade (fls. 159/217 do Anexo 8).

13.8.4.3.1 Na ocasião, descreveu-se que, durante a operação de carga e descarga do equipamento de perfuração, instalado para a execução das injeções de argamassa nos aterros de acesso ao viaduto, ocorrera o rompimento do pavimento existente por cisalhamento (abatimento). Tal incidência, aliada às trincas existentes nos aterros, motivaram o estudo do problema elaborado pela citada empresa, a qual empreendeu a avaliação do pavimento com uso do deflectômetro do tipo FWD (Falling Weight Deflectometer), que simulou a solicitação da estrutura por um veículo padrão de 80 kN, a fim de avaliar a vida residual do pavimento. Os parâmetros de cálculo constam dos itens 3 e 4 do mencionado relatório.

13.8.4.3.2 No mencionado documento, há a informação de que o pavimento existente apresentava uma deficiência de 2,0 cm na espessura mínima recomendada (fls. 169 do Anexo 8), tendo sido apontado, ainda, ‘a insuficiência estrutural da camada de base estabilizada granulometricamente, fato este, corroborado pela ruptura precoce do revestimento e da base no momento da operação de carga e descarga do equipamento de sonda rotativa para o solo [equipamento indicado no subitem 13.8.4.3.1 supra]’(fls. 171 do Anexo 8).

13.8.4.3.3 Em vista disso, a empresa sugeriu a adoção da solução consignada no item 4.2 do relatório em tela (fls. 187/188 do Anexo 8), em síntese: a reciclagem da camada de revestimento e de base até a profundidade de 25,0 cm ou a remoção do revestimento e reestabilização da camada de base na espessura de 17,0 cm; a aplicação de uma pintura asfáltica; e a execução de uma espessura de 10,0 cm de CBUQ.

13.8.4.3.4 Segundo informações colhidas junto ao atual Secretário de Infra-Estrutura da Prefeitura Municipal de João Pessoa, Sr. Frederico Augusto Pitanga, é do seu conhecimento que foram realizados serviços de recuperação no pavimento em alusão, não havendo, todavia, qualquer documentação arquivada na Secretaria dando conta de informações sobre as características dos serviços empreendidos, eventuais pagamentos realizados e empresa executora. Por meio de visita in loco aos aterros de acesso ao viaduto, constatou-se que, de fato, não perduram trincas ou abatimentos visíveis no pavimento em questão, o que nos possibilita a conclusão que realmente existiu algum tipo de intervenção no empreendimento em tela. Vale ressaltar que, na ocasião em que ocorrer o desfecho dos trabalhos de perícia realizados na obra pela Polícia Federal e Exército, conforme comentado no subitem 13.7.1 retro, será possível um apanhado definitivo sobre as características técnicas da infra-estrutura existente, oportunidade em que se avaliará a necessidade de se efetivar determinações à Prefeitura Municipal, objetivando a preservação do patrimônio público federal.

Dos demais projetos para a solução dos problemas ocorridos na obra13.8.4.4 Em atendimento à recomendação do DNIT e do Ministério Público Federal, em

face da necessidade de se construir obras complementares de reforço dos muros de contenção e melhoria do sistema de drenagem subterrânea, foram elaborados, ainda, os seguintes projetos: Projeto de Viga de Bordo para os Muros de Contenção dos Aterros de Acesso ao Viaduto km 24 da Rodovia BR-230-PB e Projeto de Dreno Sub-horizontal para os Muros de Contenção dos Aterros de Acesso ao Viaduto km 24 da Rodovia BR-230-PB. Conforme o documento enviado à Municipalidade pelo Sr. José Salustiano de Barros (fls. 221/223 do Anexo 8), somente foram executados os serviços listados no subitem 13.8.4.2.5, fato confirmado pela Municipalidade no Ofício n° 214-GS (fls. 218/220 do Anexo 8).

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13.8.4.5 Frisa-se que a obra em questão foi objeto de ação civil pública, processo autuado sob o n° 2003.82.00.005570-0, cujo objetivo inicial era a tutela do patrimônio público federal em questão. De ressaltar que, nos termos de audiência realizada em 22/08/2003, foram impostas obrigações de fazer à Municipalidade, com o escopo de assegurar a segurança e a funcionalidade da obra em questão.

Do exame dos atos praticados e responsabilização13.8.4.6 Do exposto acima, a ilação imediata, em face dos defeitos surgidos na obra e das

intervenções corretivas realizadas e a realizar, as quais se mostraram necessárias para se atender ao critério de funcionalidade e segurança do equipamento, é a que não foi correta a solução técnica admitida pela Prefeitura Municipal de João Pessoa para a execução das obras dos aterros de acesso e de sua contenção, consubstanciada mediante alteração ao projeto original.

13.8.4.7 De mais a mais, os defeitos aduzidos no Relatório de Diagnóstico e Projeto de Recuperação do Pavimento dos Aterros de Acesso ao Viaduto, km 24,0 da BR-230/PB, descrito no item 13.8.4.3 e subitens, permitem a intelecção de que foi deficiente a atuação da empresa contratada para fiscalizar a qualidade das obras objeto do contrato, in casu, a ATECEL. Em que pese a constatada má qualidade da camada de base, ressalta-se que a empresa atestou a boa qualidade do pavimento, baseada em ensaios para determinação do grau de compactação pertencentes ao escopo de serviços contratados, cujos percentuais de compactação por ela encontrados foram considerados dentro das especificações (fls. 224/228 do Anexo 8).

13.8.4.7.1 Inobstante tal fato, não se faz possível a responsabilização da referida firma, no âmbito desta Corte de Contas, uma vez que não restou constatado, até o presente momento, a figura do dano ao Erário da União, em face dos defeitos verificados na estrutura do pavimento. Do exame dos documentos de despesas e extratos bancários, constata-se que, para o custeio das precitadas medidas corretivas, não houve pagamentos adicionais com o uso dos recursos federais, tendo as soluções indicadas anteriormente, se onerosas, custeadas com recursos do próprio Município. Acerca da jurisdição do TCU sobre empresas particulares, cumpre trazer à tona o art. 71, inciso II, da Constituição Federal, in verbis:

‘II- julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;’

13.8.4.7.2 Assim, constatado prejuízo ao Erário Municipal, na hipótese de que a correção dos defeitos da obra tenha importado custos adicionais ao Município, caberia a atuação do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, ou mesmo, a adoção da via judicial por parte do Município, contra a Empresa SETOR, que foi a executora das obras e responsável técnica pela qualidade e funcionalidade do empreendimento.

13.8.4.7.3 Situação completamente distinta diz respeito à responsabilidade do Município, como entidade executora da obra. No presente caso, foi absolutamente inefetiva a função fiscalizatória da Municipalidade, no tocante ao presente contrato, uma vez que foram medidos, atestados e pagos serviços cuja adequação técnica, funcionalidade e segurança se mostraram absolutamente deficientes. A vasta gama de defeitos verificados e a relevância desses no tocante à imprestabilidade da obra possibilitam concluir que não foi bem exercido o munus estabelecido pelo art. 67 da Lei n° 8.666/93. A pendência de intervenções corretivas, conforme indicado nos autos da ação civil pública supramencionada, apontam que a Empresa SETOR não cumpriu a imposição legal do art. 69 do Estatuto das Licitações. Desse modo, merecem ser responsabilizadas todas as autoridades que tinham o munus de cuidar do escorreito acompanhamento do contrato em apreço.

Responsáveis: Rúbria Beniz Gouveia Beltrão, Secretária em Exercício da Secretaria de Infra-Estrutura – SEINFRA da Prefeitura Municipal de João Pessoa.

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Ato impugnado: Deficiente acompanhamento do Contrato n° 09/2001, especificamente, no que concerne à correta avaliação técnica sobre a alteração do projeto executivo do muro de arrimo e do aterro de acesso ao Viaduto BR-230 (Ceasa), sem a escorreita verificação da adequação técnica do novo projeto aos objetivos da obra, não tendo sido contemplado o exame às questões da funcionalidade, segurança e economicidade.

Dispositivos violados: art. 65, caput e inciso I, alínea ‘a’, da Lei n° 8.666/93.Responsáveis: Marcelo Maximiano Guedes Pereira Pitanga, Engenheiro Fiscal da Obra,

Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras, Rúbria Beniz Gouveia Beltrão, Secretária-Adjunta e Evandro de Almeida Fernandes, Secretário, todos da Secretaria de Infra-Estrutura – SEINFRA

Ato impugnado: Inadequada fiscalização da escorreita execução das obras em apreço, os quais tiveram como consequência diversos defeitos técnicos no objeto em alusão, que puseram em risco a funcionalidade da obra, importando em diversas intervenções corretivas por parte do Poder Público Municipal, caracterizando-se um indevido acompanhamento do contrato.

Dispositivos violados: arts. 67 e 69 da Lei n° 8.666/93.13.8.5 Não conclusão do objeto pactuado pelo convênio.13.8.5.1 Das dez metas do convênio, não foram executadas as seguintes, em que pese o

repasse integral dos recursos:• Conclusão da duplicação da Av. Cruz das Armas;• Construção do viaduto sobre a BR-230, na ligação das ruas José Florentino Júnior e

Geraldo Mariz;• Implantação de alças de ligação BR-230/Av. José Américo;• Construção passarelas sobre BR-230;13.8.5.2 Frisa-se que, por ocasião da extinção do termo de vigência do convênio, foi

devolvido o saldo da conta específica da avença, no valor de R$ 1.642.712,14 (um milhão, seiscentos e quarenta e dois mil, setecentos e doze reais e quatorze centavos), ocorrida em 30/12/2002. No que concerne à parcela da contrapartida do município, consta o ressarcimento à conta do Tesouro Nacional do montante de R$ 14.948,62 (quatorze mil, novecentos e quarenta e oito reais e sessenta e dois centavos).

13.8.5.3 Em vista da indefinição quanto à quantidade física efetivamente executada no convênio, conforme apontado, não tendo sido concluída a tomada de contas especial instaurada pelo então DNER, conforme subitem 13.8.7 adiante, sugere-se a imposição de determinação ao órgão concedente para que indique, tomando por base a última medição, os serviços efetivamente executados com os recursos federais em comento, apurando-se o percentual físico do atingimento das metas do convênio.

Responsáveis: Cícero de Lucena Filho, então Prefeito Municipal de João Pessoa.Ato impugnado: Não conclusão do objeto pactuado pelo convênio.Dispositivos violados: art. 22 da Instrução Normativa n° 01/97.13.8.6 Inclusão na planilha contratual e pagamento por serviços cuja responsabilidade de

custeio era da própria empresa contratada, conforme as disposições editalícias, gerando, portanto, um pagamento em duplicidade.

13.8.6.1 Conforme os itens 25.6 e 25.7 do Edital de Concorrência n° 02/2000-SEINFRA, era incumbência da firma contratada (fls. 229 do Anexo 8):

25.6 (...) colocar e manter placas indicativas, de acordo com os modelos adotados pela SEINFRA e DNER, que deverão ser afixadas em local apropriado, durante a execução dos serviços.

25.7 (...) providenciar, sem ônus para a SEINFRA e no interesse da segurança dos usuários da Avenida e do seu próprio pessoal, o fornecimento de roupas adequadas ao serviço e de outros dispositivos de segurança a seus empregados, bem como a sinalização diurna e noturna nos níveis exigidos pelo CTB.

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Page 82: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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13.8.6.2 Dessa forma, foi irregular a inclusão, na planilha contratual, dos itens 1.6.0000.06 a 1.6.000.10, 3.4.000.03, 3.4.000.04, 4.4.000.03, 4.4.000.04 e 5.4.000.03, ocorrida por ocasião da celebração do 3° Termo Aditivo ao Contrato (fls. 230/240 do Anexo 8), porquanto tais serviços eram de incumbência da empresa contratada, nos termos supramencionados do edital, restando portanto violado o princípio da vinculação ao instrumento convocatório, erigido no art. 55, inciso XI, da Lei n° 8.666/93. Por sinal, tal fato configura a ocorrência de pagamento em duplicidade, em vista da ilação de que, por terem sido previstos no edital como de responsabilidade da firma vencedora do certame, os custos para a consecução de tais serviços estavam – ou deveriam estar –, de maneira inequívoca, insertos no BDI.

13.8.6.3 Poder-se-ia, em face do débito apontado, referente ao pagamento indevido, propor, desde logo, a conversão do presente processo em tomada de contas especial, nos exatos termos do art. 48 da Lei n° 8.443/92. Todavia, uma vez que se encontra em curso, no Ministério dos Transportes, processo de tomada de contas especial instaurado em virtude de várias irregularidades ocorridas na condução da avença, o qual pode vir a apurar débitos relativos à inexecução de serviços, faz-se oportuno aguardar o desfecho daqueles trabalhos, a fim de evitar, inclusive, a ocorrência de débitos sobrepostos (bis in idem), sem prejuízo de enviar ao concedente, desde logo, as informações referentes ao débito já apurado na presente fiscalização.

13.8.6.4 Dessarte, a título de racionalização administrativa e com o intuito de evitar contradições, ou mesmo, a duplicidade de esforços, propõe-se a efetivação de determinação ao Ministério dos Transportes para que envide esforços no sentido de concluir, em um prazo máximo de 90 dias, a tomada de contas especial supracitada.

13.8.7 Sobrepreço em itens de serviço.13.8.7.1 Em pesquisa realizada nos preços constantes do Sistema SICRO, do DNIT, os

quais foram usados como parâmetro de comparação - tabelas juntadas às fls. 242/266 do Anexo 8 -, vislumbra-se que os seguintes itens da planilha contratual, constantes da tabela abaixo, encontravam-se com valores acima do especificado naquelas tabelas. É oportuno ressaltar que tal não significa que os preços dos demais itens contratados estejam em conformidade com os de mercado, uma vez que se pesquisou apenas uma amostra representativa de itens, os quais estivessem consignados no referido banco de dados do DNIT.

Discriminação Quantitativo Preço contratado

Preço SICRO

Sobrepreço

Compactação aterros proctor normal 57.566,54 1,60 1,21 22.450,95sub-base estab gran s mist DMT 11,5 6.100,60 11,32 10,36 5.856,58Base solo est gran mist solo areia pista DMT 11,5

6.108,55 18,84 11,28 46.180,64

CBUQ com CAP a 6% peso 3.863,02 100,50 20,63 308.539,41CBUQ 3.914,55 58,05 20,63 146.482,46Meio fio concreto MFC 03 7.806,90 12,15 10,49 12.959,45Escav manual cavas mater 1ª categ 5.929,83 10,80 9,15 9.784,22Forn prep coloc aço CA-50 115.437,32 2,40 2,38 2.308,75Formas placa comp resinada 6.140,38 21,29 18,85 14.982,53Tubulação céu aberto diam 1,4 m 60,00 734,41 695,54 2.332,20Conc estrut fck 20 Mpa control razoav uso geral

1.032,60 169,12 149,61 20.146,03

sub-base estab gran s mist DMT 19,5 965,71 15,39 13,88 1.458,22Base solo est gran mist solo areia pista DMT 19,5

970,75 23,47 14,80 8.416,40

TOTAL 601.897,83Amostra 1.714.741,42

13.8.7.2 Frisa-se que a amostra escolhida corresponde a 41,3% dos R$ 4.150.994,88 (quatro milhões, cento e cinquenta mil, novecentos e noventa e quatro reais e oitenta e oito centavos), que representam o valor contratual atual, após os aditivos celebrados – não inclui o

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reajuste ocorrido por ocasião do 3° Termo Aditivo. Desse modo, o sobrepreço encontrado, no valor de R$ 601.897,83 (seiscentos e um mil, oitocentos e noventa e sete reais, e oitenta e três centavos), constitui 35,1% do total da amostra.

13.8.7.3 A responsabilidade pela ocorrência do sobrepreço deve atingir todos aqueles que deram causa ao ato, especificamente, a Comissão de Licitação, a autoridade administrativa que homologou o certame, in casu, o Secretário de Infra-Estrutura da Prefeitura Municipal de João Pessoa, e aqueles que assinaram o contrato, o então Prefeito de João Pessoa, Sr. Cícero de Lucena Filho, e a Empresa SETOR – Serviços Técnicos e Obras Rodoviárias, na pessoa de seus representantes legais.

13.8.7.4 Poder-se-ia, em face do débito apontado no subitem anterior, propor, desde logo, a conversão do presente processo em tomada de contas especial, nos exatos termos do art. 48 da Lei n° 8.443/92. Entretanto, já foi informado que se encontra em curso, no órgão repassador dos recursos, processo de tomada de contas especial instaurado em virtude de várias irregularidades ocorridas na condução da avença (fls. 261 do Anexo 8).

13.8.7.5 Dessarte, a título de racionalização administrativa e a fim de evitar a duplicidade de esforços, propõe-se a efetivação de determinação ao Ministério dos Transportes para que envide esforços no sentido de concluir, em um prazo máximo de 90 dias, a tomada de contas especial supracitada, a qual deve incluir o dano indicado no presente achado, além da indicação já comentada no subitem 13.8.5.3 retro.

13.8.8 Descumprimento de cláusulas estabelecidas no Termo do Convênio, especificamente no que concerne à sistemática de repasses dos recursos – reembolso – e ao acompanhamento e controle dos recursos.

13.8.8.1 Conforme descrito no subitem 13.6.1 e subitens retro, a sistemática de repasse dos recursos do convênio, a partir do crédito ocorrido por força da 4a parcela à conta específica da avença, não constituiu a preceituada na cláusula quinta do termo do ajuste, a qual estipulava o pagamento na modalidade ‘reembolso’ das despesas comprovadamente executadas, aceitas e aprovadas pelo então DNER. Essa sistemática, prevista para os convênios de delegação, consoante o Ofício Circular n° 31/97-DNER, estabelecia que, a cada medição apresentada pela empresa contratada, o DNER, na pessoa do Chefe do Distrito Rodoviário, emitiria atestado conferindo a autenticidade, a correção e a exatidão das quantidades e dos valores, bem como os serviços executados e as correspondentes importâncias devidas.

13.8.8.2 Todavia, com base na Portaria n° 1218, de 21/12/2001, assinada pelo Diretor Executivo do DNER, Sr. Rogério Gonzales Alves, que determinava que, nos convênios de delegação que tivessem empenhos relativos ao exercício de 2000, cujas obras estivessem em andamento, as despesas poderiam ser liquidadas, excepcionalmente, com base no Plano de Trabalho até 31/12/2001, tal sistemática, estabelecida no instrumento convenial, foi desconsiderada, e, a partir de então, foram autorizadas transferências à conta da Municipalidade antes da execução da despesa.

13.8.8.3 A primeira questão a ser esclarecida é sobre a legalidade da alteração na forma de repasse dos recursos. A IN/STN ° 01/97, que disciplina a celebração de convênios, permite o repasse dos recursos ao convenente antes da execução do objeto. A sistemática de ‘reembolso’ era uma opção do DNER. Com a edição da Portaria n° 1218, de 21/12/2001, o Diretor Executivo do DNER, dentro de seu poder discricionário e da legalidade, disciplinou que, no âmbito daquela Autarquia, poderia, nos casos estabelecidos, ser feito o repasse com base no plano de trabalho. Sendo assim, com base na legislação e normativos internos da Autarquia, poder-se-ia modificar a forma de repasse do convênio em análise. Todavia, essa modificação, permitida pela legislação, carecia de formalização, que viria com a celebração de um termo aditivo ao convênio, definindo a nova sistemática de repasse.

13.8.8.4 Na medida em que não foi celebrado esse termo aditivo, modificando a sistemática de repasse dos recursos, tem-se que o repasse antecipado (antes da comprovação da

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despesa) foi irregular, por contrariar o termo de convênio. Todavia, a irregularidade consiste, apenas, na não formalização da modificação da sistemática, mediante celebração de termo aditivo, e não, na modificação em si, já que esta era permitida. Sendo assim, a irregularidade (não formalização da modificação da sistemática, mediante celebração de termo aditivo) pode ser considerada falha formal.

13.8.8.5 Quanto à modificação em si, apesar de permitida, a medida mostrou-se inadequada. Muitos dos problemas que ocorreram na obra poderiam ter sido evitados, caso permanecesse a sistemática de reembolso, já que teria havido um controle mais efetivo por parte do então DNER.

14. CONCLUSÃO14.1. Foram encontradas, na presente fiscalização, as seguintes falhas formais e

irregularidades na execução dos convênios e contratos de repasse objeto da fiscalização: 14.1.1. Convênio n° 17/97 (SIAFI 319556)14.1.1.1. Irregularidades graves: homologação da Concorrência Pública n° 01/97,

quando restava evidente um conluio entre as empresas concorrentes para rateio do objeto licitado (item 4.7.1); prática de ato antieconômico, decorrente da aquisição de tijolos de 8 furos, com dispensa de licitação, à empresa Souza Morais e Companhia Ltda., por preço superior ao licitado, quando não havia ainda sido adquirida a quantidade total do material adjudicada à mesma empresa, vencedora da Tomada de Preços n° 49/98 (item 4.7.3).

14.1.1.2. Falhas formais: utilização de recursos de outro convênio (Convênio n° 614/97) para pagamento de despesas do Convênio n° 17/97 (item 4.7.2).

14.1.2. Convênio n° 59/97 (SIAFI 325596)14.1.2.1. Falhas formais: inexigibilidade indevida de licitações para contratação de

serviços técnico-especializados, quando havia viabilidade de competição (item 5.7.1).14.1.3. Convênio n° 2810/2000 (SIAFI 407969)14.1.3.1. Irregularidades graves: homologação da Tomada de Preços n° 02/2002, quando

restava evidente um conluio entre as empresas participantes, tendo em vista a coincidência quase total dos preços unitários das propostas de preços das licitantes (item 6.7.1); atesto e medição de serviços cuja integral execução não restou comprovada (item 6.7.2); e sobrepreço em itens de serviços da Tomada de Preços n° 02/2002 (item 6.7.3).

14.1.3.2. Falhas formais: documentos comprobatórios das despesas sem fazer referência ao título e número do convênio (item 6.5.3.1);

14.1.4. Convênio n° 95/97 (SIAFI 320224)14.1.4.1. Irregularidades graves: fracionamento de despesas na aquisição, com dispensa

de licitação, de combustíveis, vestuário, cartazes e folders e material de expediente, para não realizar o devido processo licitatório (item 7.7.1); pagamentos de despesas com a locação de um caminhão no período de 26/10/99 a 26/01/2000 à Empresa O & R Veículos Ltda., sem cobertura de contrato regular, uma vez que não houve o devido processo licitatório (item 7.7.2); restrição ao caráter competitivo do Convite n° 20/2000, cujo objeto era a locação de um caminhão, tendo em vista a inclusão de condição despropositada (exigência de um ano modelo específico e pretérito no objeto da licitação) (item 7.7.3); execução do contrato celebrado com a Empresa O & R Veículos Ltda., decorrente do Convite n° 20/2000, cujo objeto era a locação de um caminhão, em desconformidade com os termos da licitação e do próprio contrato, uma vez que deveria ser fornecido, para locação, um caminhão ano modelo 1998, tendo sido entregue o caminhão de placas MMS6988, ano modelo 1977 (item 7.7.3); omissão quanto ao dever de aplicar os recursos federais, enquanto não empregados na sua finalidade, no mercado financeiro (item 7.7.4); pagamentos antecipados de despesas com a locação de um caminhão à Empresa O & R Veículos Ltda. (item 7.7.5).

14.1.5. Convênio n° 1533/97 (SIAFI 341861)

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14.1.5.1. Irregularidades graves: pagamentos antecipados de despesas, uma vez que foram constatadas medições negativas nos 4°, 7° e 8° boletins de medição (item 8.8.1).

14.1.6. Convênio n° 1115/99 (SIAFI 386958)14.1.6.1. Irregularidades graves: pagamentos antecipados de despesas, uma vez que foram

constatadas medições negativas nos 17°, 18° e 21° boletins de medição (item 9.8.1); pagamentos por serviços não realizados, em razão de erros de cálculo no boletim de medição n° 21 (item 9.8.2).

14.1.7. Contrato de Repasse n° 134.034-18/2001 (SIAFI 442179)14.1.7.1. Irregularidades graves: sobrepreço em itens de serviços (item 11.8.1).14.1.8. Convênio n° 252/1998 (SIAFI 359930)14.1.8.1. Irregularidades graves: fuga ao devido procedimento licitatório para a

realização do objeto do Convênio, caracterizada pelo aproveitamento indevido da Concorrência Pública n° 01/91-CEDAC/PMJP e do Contrato n° 02/91 (item 12.8.1); indevida conversão do valor original do Contrato n° 02/94, firmado em face da Concorrência Pública n° 03/93, de Cruzeiros Reais para Unidade de Referência de Valor – URV -, tendo suscitado o pagamento de serviços sem a cobertura contratual (item 12.8.2); não cumprimento do Plano de Trabalho, não tendo sido atingidas integralmente as metas físicas da avença (item 12.8.4); patrimônio público danificado na Estação Elevatória EESH1 (item 12.8.5); inexistência, no local, de parte dos materiais medidos e pagos pela Municipalidade (item 12.8.5); Sistema de Esgotamento Sanitário sem funcionamento (item 12.8.6); sobrepreço em itens de serviços (item 12.8.7); ausência de comprovação da execução dos cadastros técnicos das obras pelas empresas contratadas (item 12.8.8); medição e atesto de realização de serviços de impermeabilização que não foram executados pela empresa contratada (COBRATE) (item 12.8.9); pagamentos antecipados de despesas, uma vez que foram constatadas medições negativas nos 3°, 11°, 14°, 16°, 26° e 28°-A boletins de medição, todos da Empresa COBRATE (item 12.8.10).

14.1.8.2. Falhas formais: reajustamento indevido do Contrato n° 02/94, ocorrido por ocasião do 7° Termo Aditivo, o qual importou um valor contratual acima do corretamente admitido (item 12.8.3).

14.1.9. Convênio n° 236/2000 (SIAFI 404548)14.1.9.1. Irregularidades graves: habilitação indevida da Empresa SETOR, vencedora da

Concorrência n° 02/2000-SEINFRA, uma vez que as peças documentais trazidas em sua proposta não eram capazes de demonstrar, de maneira cabal, a qualificação econômico-financeira da empresa e continham falsidade (item 13.8.2); aceitação de documentos novos com o propósito de sanear a proposta, após o início da fase da habilitação (item 13.8.2); alteração do projeto executivo dos aterros de acesso do Viaduto BR-230 (Ceasa), e, consequentemente, do plano de trabalho, sem a prévia aprovação do DNER (item 13.8.3); deficiente acompanhamento do Contrato n° 09/2001, especificamente, no que concerne à correta avaliação técnica sobre a alteração do projeto executivo do muro de arrimo e do aterro de acesso ao Viaduto BR-230 (Ceasa), sem a escorreita verificação da adequação técnica do novo projeto aos objetivos da obra, não tendo sido contemplado o exame às questões da funcionalidade, segurança e economicidade (item 13.8.4); inadequada fiscalização da escorreita execução das obras em apreço, os quais tiveram como consequência diversos defeitos técnicos no objeto em alusão, que puseram em risco a funcionalidade da obra, importando em diversas intervenções corretivas por parte do Poder Público Municipal, caracterizando-se um indevido acompanhamento do contrato (item 13.8.4); não conclusão do objeto pactuado no convênio (item 13.8.5); inclusão na planilha contratual e pagamento por serviços cuja responsabilidade de custeio era da própria empresa contratada, conforme as disposições editalícias, gerando, portanto, um pagamento em duplicidade (item 13.8.6); sobrepreço em itens de serviço (item 13.8.7);

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14.1.9.2. Falhas formais: descumprimento de cláusulas estabelecidas no Termo do Convênio, especificamente no que concerne à sistemática de repasses dos recursos – reembolso – e ao acompanhamento e controle dos recursos (item 13.8.8).

14.2. Em relação ao Contrato de Repasse n° 213/2000, não foram constatadas novas irregularidades/falhas formais no presente trabalho de fiscalização, além daquelas já abordadas em trabalhos anteriores.

14.3. Considerando o presente trabalho e os trabalhos anteriores, verifica-se que ocorreram irregularidades/falhas formais na totalidade dos convênios e contratos de repasse objeto da presente fiscalização.

14.4. Em razão disso, propomos: a adoção de medida cautelar, a fim de evitar dano maior ao Erário; a audiência dos responsáveis, para que apresentem razões de justificativas em relação às irregularidades graves relatadas; a fixação de prazo para que as empresas que participaram de licitações com indícios de fraude se manifestem, tendo em vista a possibilidade de se declarar a inidoneidade dos licitantes fraudadores; solicitação à Polícia Federal, a fim de aprofundar o exame de algumas questões ainda pendentes; comunicação do resultado do presente trabalho de fiscalização aos demais órgãos integrantes desta força tarefa, para adoção de providências cabíveis; encaminhamento aos órgãos concedentes, nos casos em que já há tomada de contas especial instaurada em trâmite no órgão instaurador, de informações referentes aos débitos já apurados na presente fiscalização, a fim de que componham os débitos totais; e conversão do feito, no que concerne ao Contrato de Repasse n° 134034-18/2001, em tomada de contas especial, objetivando o ressarcimento dos danos causados ao Erário. Além disso, quando da proposta de mérito, a Equipe de Auditoria proporá determinações aos órgãos concedentes, no sentido de que envide esforços para concluir as tomadas de contas especiais já instauradas, enviando-as, em um prazo máximo de 90 dias, à Secretaria Federal de Controle, além de outras determinações à Prefeitura Municipal de João Pessoa, à Fundação de Apoio a Pesquisa e a Extensão da UFPB – FUNAPE e à Fundação Nacional de Saúde, para que não se repitam as falhas formais verificadas.

15. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO15.1. Ante o exposto, submetemos o presente processo à consideração superior, propondo,

preliminarmente:15.1.1. adotar medida cautelar, com fulcro no art. 276 do Regimento Interno do TCU, sem

a necessidade de oitiva do responsável, determinando: à Prefeitura Municipal de João Pessoa que adote, de imediato, providências para a adequada guarda dos bens e materiais adquiridos para as estações elevatórias objeto do Convênio n° 252/98, celebrado com a Fundação Nacional de Saúde, devendo ser assegurada a escorreita vigilância do empreendimento público, a fim de evitar dano maior ao Erário; e à Fundação Nacional de Saúde que investigue, periodicamente, o cumprimento de tal missão por parte da Prefeitura Municipal de João Pessoa, sob pena de responsabilização solidária, em face de eventuais prejuízos ao erário (item 12.8.5).

15.1.2. Com fulcro no art. 43, inciso II, da Lei n° 8.443/92, a realização de audiência prévia dos responsáveis, para, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentarem razões de justificativa acerca dos seguintes fatos:

I) Responsáveis: Maria Thelma Farias Marques Ferreira, Francisco Bezerra Gualberto e Maria Elisabeth Carvalho Duarte.

Ato impugnado: Emissão de parecer da comissão de licitação favorável à homologação da Concorrência Pública n° 01/97, quando restava evidente um conluio entre as empresas concorrentes para rateio do objeto licitado, prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, que caracteriza um dos principais objetivos da licitação (item 4.7.1).

Dispositivos violados: Art. 3° da Lei n° 8.666/93. II) Responsável: Élia Andrade de Araújo.

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Ato impugnado: Emissão de parecer, na condição de Coordenadora de Controle Interno, favorável à homologação da Concorrência Pública n° 01/97, quando restava evidente um conluio entre as empresas concorrentes para rateio do objeto licitado, prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, que caracteriza um dos principais objetivos da licitação (item 4.7.1).

Dispositivos violados: Art. 3° da Lei n° 8.666/93. III) Responsável: Potengi Holanda de Lucena. Ato impugnado: Homologação da Concorrência Pública n° 01/97, quando restava

evidente um conluio entre as empresas concorrentes para rateio do objeto licitado, prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, que caracteriza um dos principais objetivos da licitação (item 4.7.1).

Dispositivos violados: Arts. 3° e 49, in fine, da Lei n° 8.666/93.Ato impugnado: Pagamentos antecipados de despesas, custeados com recursos federais do

Convênio n° 1533/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era dar apoio financeiro para a construção e equipamento do Complexo Hospitalar de Mangabeira, em João Pessoa, uma vez que foram constatadas medições negativas nos 4°, 7° e 8° boletins de medição (item 8.8.1).

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64.Ato impugnado: Pagamentos antecipados de despesas, custeados com recursos federais do

Convênio n° 252/98, celebrado com a Fundação Nacional de Saúde, uma vez que foram constatadas medições negativas nos 3°, 11°, 14°, 16°, 26° e 28°-A boletins de medição, todos da Empresa COBRATE (item 12.8.10).

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64.IV) Responsável: Isa Silva de Arroxelas Macêdo. Ato impugnado: Prática de ato antieconômico, decorrente da aquisição de tijolos de 8

furos, com dispensa de licitação, à empresa Souza Morais e Companhia Ltda., por preço superior ao licitado, quando não havia ainda sido adquirida a quantidade total do material adjudicada à mesma empresa, vencedora da Tomada de Preços n° 49/98 (item 4.7.3).

Dispositivos violados: art. 2° da Lei n° 8.666/93.V) Responsáveis: Paulo Sérgio Navarro Cruz, Maria José Santos da Nóbrega, Isabella

Duarte Gouvêa e Márcia Ramos da Silva. Ato impugnado: Emissão de parecer da comissão de licitação favorável à homologação da

Tomada de Preços n° 02/2002, quando restava evidente um conluio entre as empresas participantes, tendo em vista a coincidência quase total dos preços unitários das propostas de preços das licitantes, importando tal procedimento em fraude à licitação, tendo sido violado o princípio do segredo da proposta, prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, que caracteriza um dos principais objetivos da licitação(item 6.7.1);

Dispositivos violados: Art. 3° da Lei n° 8.666/93.Ato impugnado: Sobrepreço nos seguintes itens de serviços da Tomada de Preços n°

02/2002 (item 6.7.3):Tabela: Amostra escolhida dos preços praticados na Tomada de Preços n° 02/2002.

Discriminação Quantidade exec. Valor unitário Valor total Preço SINAPI

(inc 30%) débito

Assent laminado text fórmica e=1,3 mm sobre parede 699,5 57,00 39.871,50 19,58 26.176,69

Fornec assent PAVIFLOOR PRISMA 380 95,00 36.100,00 29,04 25.064,04Forro PVC faixa larga 468,37 35,00 16.392,95 27,30 3.606,45Exec alvenaria 1/2 vez 571 13,50 7.708,50 7,15 3.625,85Pintura tinta PVA látex emassam em duas demãos 954,34 6,80 6.489,51 4,88 1.832,33

TOTAL 106.562,46 TOTAL 60.305,36

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Page 88: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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Dispositivos violados: Art. 43, IV, da Lei n° 8.666/93.VI) Responsável: Virgílio Mendonça da Costa e Silva. Ato impugnado: Homologação da Tomada de Preços n° 02/2002, quando restava evidente

um conluio entre as empresas participantes, tendo em vista a coincidência quase total dos preços unitários das propostas de preços das licitantes, importando tal procedimento em fraude à licitação, tendo sido violado o princípio do segredo da proposta, prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, que caracteriza um dos principais objetivos da licitação (item 6.7.1);

Dispositivos violados: Art. 3° da Lei n. 8.666/93.Ato impugnado: Sobrepreço nos seguintes itens de serviços da Tomada de Preços n°

02/2002 (item 6.7.3):Tabela: Amostra escolhida dos preços praticados na Tomada de Preços n° 02/2002.

Discriminação Quantidade exec. Valor unitário Valor total Preço SINAPI

(inc 30%) Débito

Assent laminado text fórmica e=1,3 mm sobre parede 699,5 57,00 39.871,50 19,58 26.176,69

Fornec assent PAVIFLOOR PRISMA 380 95,00 36.100,00 29,04 25.064,04Forro PVC faixa larga 468,37 35,00 16.392,95 27,30 3.606,45Exec alvenaria 1/2 vez 571 13,50 7.708,50 7,15 3.625,85Pintura tinta PVA látex emassam em duas demãos 954,34 6,80 6.489,51 4,88 1.832,33

TOTAL 106.562,46 TOTAL 60.305,36Dispositivos violados: Art. 43, IV, da Lei n° 8.666/93.VII) Responsável: Adriana Carla Soares Vaz.Ato impugnado: Atesto e medição de serviços cuja integral execução não restou

comprovada, uma vez que a prancha técnica apresentada à equipe de fiscalização apontava a consecução de apenas 1793,7 (um mil, setecentos e noventa e três vírgula sete) m2 de impermeabilização da cobertura do bloco C, objeto do Convite n° 013/2002, do total de 2.700 m2 contratado e pago. Da mesma forma, no tocante à instalação das luminárias de embutir C-2589 e C-2340, objeto dos serviços de ampliação e reforma do CTI do HULW, dos totais medidos de 100 (cem) e 59 (cinquenta e nove) unidades – conforme o Boletim de Medição n° 02, somente foram encontrados, em visita técnica ao local da obra, o total de 84 (oitenta e quatro) unidades do primeiro tipo e 51 (cinquenta e uma) unidades do segundo tipo (item 6.7.2).

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/1964 e 36 do Decreto n° 93.872/1986.VIII) Responsável: José Eymard Moraes de Medeiros. Ato impugnado: Fracionamento de despesas na aquisição, com dispensa de licitação, de

combustíveis, vestuário, cartazes e folders e material de expediente, para não realizar o devido processo licitatório, custeadas com recursos federais do Convênio n° 095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município (item 7.7.1);

Dispositivos violados: Art. 23, §2°, da Lei n° 8.666/93. Ato impugnado: Pagamentos de despesas com a locação de um caminhão no período de

26/10/99 a 26/01/2000 à Empresa O & R Veículos Ltda., custeados com recursos federais do Convênio n° 095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município, sem cobertura de contrato regular, uma vez que não houve o devido processo licitatório (item 7.7.2).

Dispositivos violados: Arts. 2° e 24, IV, da Lei n° 8.666/93.Ato impugnado: Restrição ao caráter competitivo do Convite n° 20/2000, cujo objeto era a

locação de um caminhão, tendo em vista a inclusão de condição despropositada (exigência de

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Page 89: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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um ano modelo específico e pretérito no objeto da licitação), para realização de despesas custeadas com recursos federais do Convênio n° 095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município (item 7.7.3).

Dispositivos violados: Art. 3°, § 1°, I, da Lei n° 8.666/93.Ato impugnado: Execução do contrato celebrado com a Empresa O & R Veículos Ltda.,

decorrente do Convite n° 20/2000, cujo objeto era a locação de um caminhão, em desconformidade com os termos da licitação e do próprio contrato, uma vez que deveria ser fornecido, para locação, um caminhão ano modelo 1998, tendo sido entregue o caminhão de placas MMS6988, ano modelo 1977, sendo que as despesas decorrentes do referido contrato foram custeadas com recursos federais do Convênio n° 095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município (item 7.7.3).

Dispositivos violados: Arts. 54, § 1°, e 66 da Lei n° 8.666/93.Ato impugnado: Omissão quanto ao dever de aplicar os recursos federais do Convênio n°

095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município, enquanto não empregados na sua finalidade, no mercado financeiro (item 7.7.4).

Dispositivos violados: Art. 20, §1°, da IN/STN n° 01/97. Ato impugnado: Pagamentos antecipados de despesas com a locação de um caminhão à

Empresa O & R Veículos Ltda., custeados com recursos federais do Convênio n° 095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município (item 7.7.5).

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64.IX) Responsável: José Rodrigues Lopes. Ato impugnado: Pagamentos de despesas com a locação de um caminhão no período de

26/10/99 a 26/01/2000 à Empresa O & R Veículos Ltda., custeados com recursos federais do Convênio n° 095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município, sem cobertura de contrato regular, uma vez que não houve o devido processo licitatório (item 7.7.2).

Dispositivos violados: Arts. 2° e 24, IV, da Lei n° 8.666/93.X) Responsáveis: José Sérgio A. de Almeida e Francisco Sales Pereira. Ato impugnado: Pagamentos antecipados de despesas, custeados com recursos federais do

Convênio n° 1533/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era dar apoio financeiro para a construção e equipamento do Complexo Hospitalar de Mangabeira, em João Pessoa, uma vez que foram constatadas medições negativas nos 4°, 7° e 8° boletins de medição (item 8.8.1).

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64.Ato impugnado: Pagamentos antecipados de despesas, custeados com recursos federais do

Convênio n° 1115/99, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era dar apoio financeiro para conclusão do Complexo Hospitalar de Mangabeira, em João Pessoa, uma vez que foram constatadas medições negativas nos 17°, 18° e 21° boletins de medição (item 9.8.1).

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64.

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Page 90: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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Ato impugnado: Pagamentos por serviços não realizados, custeados com recursos federais do Convênio n° 1115/99, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era dar apoio financeiro para conclusão do Complexo Hospitalar de Mangabeira, em João Pessoa, em razão de erros de cálculo no boletim de medição n° 21 (item 9.8.2).

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64.XI) Responsável: Oswaldo Pessoa de Aquino.Ato impugnado: Pagamentos antecipados de despesas, custeados com recursos federais do

Convênio n° 1533/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era dar apoio financeiro para a construção e equipamento do Complexo Hospitalar de Mangabeira, em João Pessoa, uma vez que foram constatadas medições negativas nos 4°, 7° e 8° boletins de medição (item 8.8.1).

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64.Ato impugnado: Pagamentos antecipados de despesas, custeados com recursos federais do

Convênio n° 1115/99, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era dar apoio financeiro para conclusão do Complexo Hospitalar de Mangabeira, em João Pessoa, uma vez que foram constatadas medições negativas nos 17°, 18° e 21° boletins de medição (item 9.8.1).

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64.Ato impugnado: Pagamentos por serviços não realizados, custeados com recursos federais

do Convênio n° 1115/99, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era dar apoio financeiro para conclusão do Complexo Hospitalar de Mangabeira, em João Pessoa, em razão de erros de cálculo no boletim de medição n° 21 (item 9.8.2).

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64.Ato impugnado: Medição e atesto de realização de serviços de impermeabilização que não

foram executados pela empresa contratada (COBRATE), referentes ao Convênio n° 252/98, celebrado com a Fundação Nacional de Saúde (item 12.8.9).

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/1964 e 36 do Decreto n° 93.872/1986.Ato impugnado: Pagamentos antecipados de despesas, custeados com recursos federais do

Convênio n° 252/98, celebrado com a Fundação Nacional de Saúde, uma vez que foram constatadas medições negativas nos 3°, 11°, 14°, 16°, 26° e 28°-A boletins de medição, todos da Empresa COBRATE (item 12.8.10).

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64.Ato impugnado: Inadequada fiscalização da escorreita execução das obras do Convênio

n° 236/2000, celebrado com o então DNER, os quais tiveram como consequência diversos defeitos técnicos no objeto em alusão (Viaduto da Ceasa), que puseram em risco a funcionalidade da obra, importando em diversas intervenções corretivas por parte do Poder Público Municipal, caracterizando-se um indevido acompanhamento do contrato (item 13.8.4).

Dispositivos violados: arts. 67 e 69 da Lei n° 8.666/93.XII) Responsável: Cícero de Lucena Filho. Ato impugnado: fuga ao devido procedimento licitatório para a realização do objeto do

Convênio n° 252/98, celebrado com a Fundação Nacional de Saúde, caracterizada pelo aproveitamento indevido da Concorrência Pública n° 01/91-CEDAC/PMJP e do Contrato n° 02/91 (item 12.8.1).

Dispositivos violados: art. 3° da Lei n° 8.666/93 e cláusula primeira, subcláusula única, do Convênio n° 252/98.

Ato impugnado: não cumprimento do Plano de Trabalho do Convênio n° 252/98, celebrado com a Fundação Nacional de Saúde, não tendo sido atingidas integralmente as metas físicas da avença (item 12.8.4).

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Page 91: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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Dispositivos violados: arts. 22 e 36, inciso I, da IN-STN n° 01/97.Ato impugnado: Não conclusão do objeto pactuado no Convênio n° 236/2000, celebrado

com o então DNER (item 13.8.5).Dispositivos violados: art. 22 da Instrução Normativa n° 01/97.XIII) Responsável: Fernando Martins da Silva.Ato impugnado: indevida conversão do valor original do Contrato n° 02/94, firmado em

face da Concorrência Pública n° 03/93, de Cruzeiros Reais para Unidade de Referência de Valor – URV -, tendo suscitado o pagamento de serviços sem a cobertura contratual (item 12.8.2).

Dispositivos violados: arts. 54, § 1°, parte final, e 62, caput, da Lei n° 8.666/93. XIV) Responsáveis: Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro e Gerenildo Alves Fernandes. Ato impugnado: Medição e atesto de realização de serviços de impermeabilização que não

foram executados pela empresa contratada (COBRATE), referentes ao Convênio n° 252/98, celebrado com a Fundação Nacional de Saúde (item 12.8.9).

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/1964 e 36 do Decreto n° 93.872/1986.Ato impugnado: Pagamentos antecipados de despesas, custeados com recursos federais do

Convênio n° 252/98, celebrado com a Fundação Nacional de Saúde, uma vez que foram constatadas medições negativas nos 3°, 11°, 14°, 16°, 26° e 28°-A boletins de medição, todos da Empresa COBRATE (item 12.8.10).

Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64.XV) Responsável: Marcílio Juvêncio Pinheiro de AlmeidaAto impugnado: Emissão de parecer favorável à habilitação indevida da Empresa SETOR,

vencedora da Concorrência n° 02/2000-SEINFRA, uma vez que as peças documentais trazidas em sua proposta não eram capazes de demonstrar, de maneira cabal, a qualificação econômico-financeira da empresa e continham falsidade; aceitação de documentos novos com o propósito de sanear a proposta, após o início da fase da habilitação (item 13.8.2)

Dispositivos violados: arts. 3°, 4° e 41 da Lei n° 8.666/93.XVI) Responsáveis: Rúbria Beniz Gouveia Beltrão, Secretária em Exercício da Secretaria

de Infra-Estrutura – SEINFRAAto impugnado: Alteração do projeto executivo dos aterros de acesso do Viaduto BR-230

(Ceasa), e, consequentemente, do plano de trabalho do Convênio n° 236/2000, sem a prévia aprovação do DNER (item 13.8.3).

Dispositivos violados: art. 15 da Instrução Normativa STN n° 01/1997Ato impugnado: Deficiente acompanhamento do Contrato n° 09/2001, especificamente, no

que concerne à correta avaliação técnica sobre a alteração do projeto executivo do muro de arrimo e do aterro de acesso ao Viaduto BR-230 (Ceasa), sem a escorreita verificação da adequação técnica do novo projeto aos objetivos da obra, não tendo sido contemplado o exame às questões da funcionalidade, segurança e economicidade (item 13.8.4).

Dispositivos violados: art. 65, caput e inciso I, alínea ‘a’, da Lei n° 8.666/93.Ato impugnado: Inadequada fiscalização da escorreita execução das obras do Convênio

n° 236/2000, celebrado com o então DNER, os quais tiveram como consequência diversos defeitos técnicos no objeto em alusão (Viaduto da Ceasa), que puseram em risco a funcionalidade da obra, importando em diversas intervenções corretivas por parte do Poder Público Municipal, caracterizando-se um indevido acompanhamento do contrato (item 13.8.4).

Dispositivos violados: arts. 67 e 69 da Lei n° 8.666/93.XVII) Responsáveis: Marcelo Maximiano Guedes Pereira Pitanga e Evandro de Almeida

FernandesAto impugnado: Inadequada fiscalização da escorreita execução das obras do Convênio

n° 236/2000, celebrado com o então DNER, os quais tiveram como consequência diversos defeitos técnicos no objeto em alusão (Viaduto da Ceasa), que puseram em risco a

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Page 92: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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funcionalidade da obra, importando em diversas intervenções corretivas por parte do Poder Público Municipal, caracterizando-se um indevido acompanhamento do contrato (item 13.8.4).

Dispositivos violados: arts. 67 e 69 da Lei n° 8.666/93.15.1.3. Fixar prazo de 15 (quinze) dias, tendo em vista a possibilidade de se declarar a

inidoneidade dos licitantes fraudadores, nos termos do art. 46 da Lei n° 8.443/92, para que as empresas abaixo relacionadas, querendo, se manifestem acerca dos seguintes fatos:

I) Interessados: Beta Projetos e Construções Ltda.; Celta Construções e Empreendimentos Ltda.; KVA Projetos Eletro Rurais e Construções Ltda.; Construtora Torreão Villarim Ltda.; Soane Engenharia e Comércio Ltda.; 3C Engenharia Ltda.; Incol Incorporações e Construções Ltda.; Decon Construções Civis Ltda.; Serteli Servicos Técnicos de Engenharia Ltda.; Prorcon Projetos e Construções Ltda.; Construtora Acta Ltda.; Construtora Eldorado Ltda.; Linear Engenharia e Empreendimentos Ltda.; HRF Construções Civis Ltda.; e Alcar Engenharia e Comércio Ltda.

Ato jurídico: combinação entre as empresas participantes da Concorrência Pública n° 01/97, visando o rateio do objeto licitado, importando tal procedimento em fraude à licitação, violando o princípio do segredo da proposta e prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, em detrimento do art. 3° da Lei n° 8.666/93. (item 4.7.1).

II) Interessados: Empresas CONIM – Construtora e Imobiliária Ltda., Zoih Engenharia Ltda. e MLR Construções Ltda.

Ato jurídico: combinação entre as empresas participantes da Tomada de Preços n° 02/2002, configurada na semelhança quase integral entre os preços unitários constantes das propostas, importando tal procedimento em fraude à licitação, violando o princípio do segredo da proposta e prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, em detrimento do art. 3° da Lei n° 8.666/93 (item 6.7.1).

III) Interessado: SETOR – Serviços Técnicos e Obras Rodoviárias. Ato jurídico: apresentação de balanço contábil, posição em 31/12/99, contendo

informação falsa, uma vez que a fixação do novo capital social da empresa em R$ 101.542,91 somente se deu por ocasião da 15a alteração do contrato social da firma, ocorrida em 05/07/2000, quando o referido valor foi totalmente integralizado em moeda corrente, incidindo no crime tipificado no art. 299 do Código Penal (falsidade ideológica), restando caracterizada a ocorrência de fraude à licitação (item 13.8.2).

15.1.4. Solicitar a Polícia Federal que:a) realize perícia técnica acerca dos quantitativos de serviços efetivamente executados

com os recursos públicos federais do Convênio n° 252/98, transferidos ao Município de João Pessoa pela Fundação Nacional de Saúde, devendo ser verificadas a magnitude e a adequada especificação da rede coletora, dos interceptores e do emissário de recalque da EESH1 (Estação Elevatória do Alto do Mateus), bem como realizado um inventário preciso dos bens e materiais existentes nas Estações Elevatórias EESH1 e EESHBP (Estação Elevatória da Ilha do Bispo) (itens 12.7.2 e 12.8.5.4.2).

b) apure quem são os responsáveis pela danificação do patrimônio público da Estação Elevatória do Alto do Mateus, inclusive, os agentes da Administração Pública que, tendo responsabilidade pela guarda da coisa pública, apresentaram conduta omissiva (item 12.8.5).

c) encaminhe as conclusões obtidas em atendimento às solicitações constantes dos itens a e b supra, tão logo seja possível;

d) encaminhe as conclusões obtidas em decorrência da perícia realizada, com o auxílio do Exército, nas obras objeto do Convênio n° 236/2000, celebrado entre o então DNER e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, tão logo esta tenha sido concluída (item 13.7.1);

15.1.5. Encaminhar cópia do presente processo à Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal, em atendimento a sua solicitação, objeto do TC-011.474/2005-5, bem como à Polícia Federal, que também integra a força tarefa,

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para as providências que entenderem cabíveis, informando, ainda, que, tão logo haja o pronunciamento definitivo neste processo, ser-lhe-ão encaminhadas novas informações.

15.1.6. Determinar o encerramento e arquivamento do TC-011.474/2005-5, uma vez que, com o encaminhamento de que trata o item anterior, resta atendida a solicitação objeto do referido processo, tendo, portanto, cumprido o objetivo para o qual foi constituído, sem prejuízo, contudo, de que o presente processo de Relatório de Inspeção tenha as mesmas prerrogativas do processo de Solicitação do Congresso Nacional que se propõe encerrar.

15.1.7. Encaminhar cópia de parte do presente relatório (Item ‘12 - CONVÊNIO N° 252/1998 (SIAFI 359930)’, fls. 87/109), acompanhada de cópia do Anexo 7, à Fundação Nacional de Saúde, para que, na tomada de contas especial, já instaurada, referente ao Convênio n° 252/98, celebrado com a Prefeitura Municipal de João Pessoa, considere os débitos já apurados por este Tribunal, referentes às irregularidades relatadas nos itens 12.8.7 e 12.8.8 do retrocitado relatório (itens 12.8.7 e 12.8.8).

15.1.8. Encaminhar cópia de parte do presente relatório (Item ‘13 - CONVÊNIO N° 236/2000 (SIAFI 404548)’, fls. 110/128), acompanhada de cópia do Anexo 8, ao Ministério dos Transportes, para que, na tomada de contas especial, já instaurada, referente ao Convênio n° 236/2000, celebrado com a Prefeitura Municipal de João Pessoa, considere os débitos já apurados por este Tribunal, referentes às irregularidades relatadas nos itens 13.8.6 e 13.8.7 do retrocitado relatório (itens 13.8.6 e 13.8.7).

15.1.9. Formação de apartado, constituindo processo de tomada de contas especial, nos termos do art. 30 da Resolução n° 136/2000 c/c o art. 47 da Lei n° 8.443/92, a fim de que os responsáveis sejam citados em razão do dano ao Erário referente ao Contrato de Repasse n° 0134034-18/2001/SEDU/Caixa, devendo compor o novo processo as seguintes peças: cópia do presente relatório, cópia da deliberação que vier a ser proferida, juntamente com cópias do relatório e voto que a fundamentarem, e o Anexo 9 do presente processo, a ser desentranhado destes autos (item 11.8.1).

15.1.10. Cientificar, nos termos do art. 198, Parágrafo Único, do Regimento Interno do TCU, o Ministro das Cidades, cuja pasta sucedeu a Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República (Lei n° 10.683/03, art. 31, VIII), acerca da instauração de tomada de contas especial referente ao Contrato de Repasse n° 0134034-18/2001/SEDU/Caixa (SIAFI 442179), celebrado com a Prefeitura Municipal de João Pessoa (item 11.8.1).

15.2. Além disso, quando da proposta de mérito, proporemos:15.2.1. Determinações à Prefeitura Municipal de João Pessoa que: a) observe o disposto no art. 20 da IN/STN n° 01/97, no sentido de manter os recursos

recebidos em razão de convênios firmados com órgãos federais, bem como os recursos da contrapartida, em conta bancária específica, somente sendo permitidos saques para o pagamento de despesas previstas no Plano de Trabalho, mediante cheque nominativo ao credor ou ordem bancária, ou para aplicação no mercado financeiro (itens 4.7.2, 7.5.4 e 13.6.2);

b) observe o disposto nos arts. 2° e 25 da Lei n° 8.666/90, de sorte que, quando da contratação de serviços técnico-especializados em que haja a viabilidade de competição, seja realizado o devido processo licitatório, especialmente, em relação a cursos que várias empresas oferecem, como de informática, operador de computador, etc. (item 5.7.1);

c) evite utilizar o saldo do Contrato n° 02/94, firmado em face da Concorrência Pública n° 03/93, para a aplicação de recursos federais eventualmente repassados ao Município (item 12.8.3);

15.2.2. Determinação à Fundação de Apoio a Pesquisa e a Extensão da UFPB – FUNAPE que observe o disposto no art. 30 da IN/STN n° 01/97, no sentido de que as despesas custeadas com recursos federais transferidos mediante convênios e congêneres sejam comprovadas mediante documentos devidamente identificados com referência ao título e número do convênio (item 6.5.3.1);

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15.2.3. Determinações à Fundação Nacional de Saúde que: a) por ocasião da celebração de convênios para a construção de sistemas de esgotamento

sanitário, previamente, verifique se já está concluído o destinatário final dos resíduos a serem esgotados, devendo, em face do princípio da eficiência, somente aprovar o plano de trabalho de convênios dessa natureza, se houver a certeza da existência física do aludido destinatário final, cuja efetiva conclusão deve ser condição prévia para o repasse de recursos federais. Ademais, por ocasião da elaboração do cronograma de execução físico-financeira de obras de esgotamento sanitário, o concedente deve assegurar-se, quando da aprovação do instrumento de convênio, que a consecução do objeto dar-se-á de jusante para montante (item 12.8.6);

b) envide esforços no sentido de concluir a tomada de contas especial referente ao Convênio n° 252/98, celebrado com a Prefeitura Municipal de João Pessoa, enviando-a, em um prazo máximo de 90 dias, à Secretaria Federal de Controle (itens 12.8.7 e 12.8.8).

15.2.4. Determinação ao Ministério dos Transportes que: a) envide esforços no sentido de concluir a tomada de contas especial referente ao

Convênio n° 236/2000, celebrado com a Prefeitura Municipal de João Pessoa, enviando-a, em um prazo máximo de 90 dias, à Secretaria Federal de Controle (itens 13.8.6 e 13.8.7);

b) indique, tomando por base a última medição, os serviços efetivamente executados com os recursos federais repassados em razão do Convênio n° 236/2000, apurando-se o percentual físico do atingimento das metas do convênio (item 13.8.5.3).

15.2.5. Comunicação ao INSS, para adoção das providências cabíveis, que: a) não houve a retenção e o respectivo recolhimento da contribuição previdenciária

prevista no art. 31, §4º, inciso III, da Lei n° 8.212/1991, alterada pela Lei n° 9.711, de 20/11/1998, quando dos pagamentos das medições decorrentes dos seguintes contratos de empreitada celebrados entre a Prefeitura Municipal de João Pessoa e as empresas abaixo listadas para a execução de obras (itens 4.5.3.3, 5.5.4.1, 12.6.4 e 13.6.3.2):

Contratada Obra PeríodoBeta Projetos e Construções Ltda.

Construção de 704 unidades habitacionais, com recursos do Convênio n° 17/97

Dez/1997a Mar/1999

Celta Construções e Empreendimentos Ltda.KVA Projetos Eletro Rurais e Construções Ltda.Construtora Torreão Villarim Ltda.Soane Engenharia e Comércio Ltda.3C Engenharia Ltda.Incol Incorporações e Construções Ltda.Decon Construções Civis Ltda.Serteli Servicos Técnicos de Engenharia Ltda.Prorcon Projetos e Construções Ltda.Construtora Acta Ltda.Construtora Eldorado Ltda.Linear Engenharia e Empreendimentos Ltda.HRF Construções Civis Ltda.Alcar Engenharia e Comércio Ltda.

Incol Incorporações e Construções Ltda.

Construção de 6 Casas ‘lar da criança’ e dois galpões oficinas de marcenaria, com recursos do Convênio n° 59/97

Abr/1998a Set/1998

Construtora Econ Empreendimentos e Construções Ltda.Construção de 10 Centros de Cidadania, com recursos do Convênio n° 59/97

Mar/1998a Out/1998

Engeplan Engenharia e Planejamento Ltda.Andrade Engenharia Ltda.Rio Sul Construções e Empreendimentos Ltda.Construtora Azarias Ltda.Companhia Brasileira de Terraplenagem e Engenharia – COBRATE

Obras de construção de Viadutosistema de esgotamento Out/1998

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Page 95: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.111/2005-8

sanitário no Bairro Alto do Mateus, com recursos do Convênio n° 252/98

a Jul/2001

Construção e Pavimentação Ltda. - CONSPAVI

SETOR - Serviços Técnicos e Obras Rodoviárias Ltda.

Obras de construção de viaduto sobre a BR-230 (Ceasa); de implementação das vias paralelas à BR-230; e de eliminação de segmento crítico da BR-230 (km 24); com recursos do Convênio n° 236/2000

Nov/2001aDez/2002

b) não houve a retenção e o respectivo recolhimento da contribuição previdenciária, quando dos pagamentos aos agentes de saúde do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no período de 21/07/1997 a 31/12/2000 (item 7.3.5.2).”

3. Por meio do Acórdão nº 2.052/2005-TCU-Plenário (Relação nº 3/2005 – Gabinete do Ministro Augusto Nardes; Sessão de 30/11/2005; Ata nº 47/2005; fls. 162/170 do volume 1), esta Corte autorizou as audiências e oitivas sugeridas no relatório de inspeção. 4. Transcrevo a instrução final de mérito promovida pela Secex/PB (fls. 640/703 do vol. 3), em que se analisam as razões de justificativa oferecidas pelos gestores e pelas empresas detentoras de contratos com o município:

“(...)5. Ao final, em face das audiências e das oitivas autorizadas por este Tribunal,

sobrevieram as respostas listadas na tabela consolidada abaixo, a qual também aduziu as situações onde não houve qualquer manifestação dos responsáveis/interessados:

Audiências:Convênio Irregularidade Responsáveis DefesaRelatório – v.p. Acórdão – v. 1

Convênio 17/97

4.7.1 (fls. 29/31)

2.1 (fls. 163)

Maria Thelma M. Ferreira Fls. 40/42 e 43/89 do anexo 12

Francisco B. Gualberto Fls. 40/42 e 43/89 do anexo 12

Maria Elizabeth C. Duarte Fls. 40/42 e 43/89 do anexo 12

2.2 (fls. 163) Élia A. Araújo Fls. 02/11 e 12/38 – anexo 12

2.3 (fls. 163/164) Potengi H. de Lucena Fls. 49/59, 60/141 e 200/211 do anexo 13

4.7.3 (fls. 31/32) 2.4 (fls. 164) Isa S. de Arroxelas Macedo Fls. 340/344 do volume 1

Convênio 2810/2000

6.7.1 (fls. 41/44)2.5 (fls. 164)

Paulo Sérgio N. Cruz Fls. 143/149 e 150/170 do anexo 13

Maria José S. da Nóbrega Fls. 172/177 e 178/198 do anexo 13

Isabella D. Gouvêa Fls. 02/13 e 14/181 do anexo 14

Márcia R. da Silva Fls. 02/09 e 10/132 do anexo 16

2.6 (fls. 164/165) Virgílio Mendonça da C. Silva

Fls. 02/16 e 17/184 do anexo 15

6.7.2 (fls. 44/46) 2.7 (fls. 165) Adriana Carla Soarez Vaz Fls. 40/42 e 43/47 do anexo 13

6.7.3 (fls. 46/47) 2.5 (fls. 164/165) Paulo Sérgio N. Cruz Fls. 143/149 e 150/170 do anexo 13

Maria José S. da Nóbrega Fls. 172/177 e 178/198 do anexo 13

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.111/2005-8

Isabella D. Gouvêa Fls. 02/13 e 14/181 do anexo 14

Márcia R. da Silva Fls. 02/09 e 10/132 do anexo 16

2.6 (fls. 164/165) Virgílio Mendonça da C. Silva

Fls. 02/16 e 17/184 do anexo 15

Convênio 095/97

7.7.1 (fls. 52/55) 2.8 (fls. 165/166) José Eymard M. Medeiros Fls. 02/06 e 07/31 do anexo 13

7.7.2 (fls. 55/56)2.8 (fls. 165/166) José Eymard M. Medeiros Fls. 02/06 e 07/31 do

anexo 13

2.9 (fls. 166) José Rodrigues Lopes Fls. 90/92 e 93 do anexo 12

7.7.3 (fls. 56/57) 2.8 (fls. 165/166) José Eymard M. Medeiros Fls. 02/06 e 07/31 do anexo 13

7.7.4 (fls. 58/59) 2.8 (fls. 165/166) José Eymard M. Medeiros Fls. 02/06 e 07/31 do anexo 13

7.7.5 (fls. 59/60) 2.8 (fls. 165/166) José Eymard M. Medeiros Fls. 02/06 e 07/31 do anexo 13

Convênio 1533/97 8.8.1 (fls. 65/66)

2.10 (fls. 166) José Sérgio A. de Almeida Fls. 99/107 do anexo 17

Francisco Sales Pereira Não atendeu2.11 (fls. 166/167) Oswaldo Pessoa de Aquino Não atendeu

2.3 (fls. 163/164) Potengi H. de Lucena Fls. 49/59, 60/141 e 200/211 do anexo 13

Convênio 1115/99

9.8.1 (fls. 73) 2.10 (fls. 166) José Sérgio A. de Almeida Fls. 99/107 do anexo 17

Francisco Sales Pereira Não atendeu2.11 (fls. 166/167) Oswaldo Pessoa de Aquino Não atendeu

9.8.2 (fls. 73/75) 2.10 (fls. 166) José Sérgio A. de Almeida Fls. 99/107 do anexo 17

Francisco Sales Pereira Não atendeu2.11 (fls. 166/167) Oswaldo Pessoa de Aquino Não atendeu

Convênio 252/98

12.8.1 (fls. 94/96) 2.12 (fls. 167) Cícero de Lucena Filho Fls. 02/06 e 07/60 do anexo 17

12.8.2 (fls. 96/98) 2.13 (fls. 167) Fernando Martins da Silva Fls. 109/136 e 137147 do anexo 17

12.8.4 (fls. 98/100) 2.12 (fls. 167) Cícero de Lucena Filho Fls. 02/06 e 07/60 do anexo 17

12.8.9 (fls. 108/109) 2.14 (fls. 167/168)Francisco C. O. Cavalheiro Fls. 32 e 33/36 do

anexo 13

Gerenildo A. Fernandes Fls. 142/144 e 145 do anexo 16

2.11 (fls. 166/167) Oswaldo Pessoa de Aquino Não atendeu

12.8.10 (fls. 109)

2.14 (fls. 167/168)Francisco C. O. Cavalheiro Fls. 32 e 33/36 do

anexo 13

Gerenildo A. Fernandes Fls. 142/144 e 145 do anexo 16

2.11 (fls. 166/167) Oswaldo Pessoa de Aquino Não atendeu

2.3 (fls. 163/164) Potengi H. de Lucena Fls. 49/59, 60/141 e 200/211 do anexo 13

Convênio 236/2000 13.8.2 (fls. 116/120) 2.15 (fls. 168) Marcílio J. P. Almeida Fls. 292/293 do

volume 1

13.8.3 (fls. 120) 2.16 (fls. 168) Rúbria B. G. Beltrão Fls. 147/149 do anexo 16

13.8.4 (fls. 120/125) 2.16 (fls. 168) Rúbria B. G. Beltrão Fls. 147/149 do anexo 16

2.17 (fls. 168) Marcelo M. G. Pereira Fls. 134/136 e 137/140 do anexo 16

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Evandro de Almeida Fernandes

Fls. 456/463 do volume 2 e 151/1 56 e 157/172 do anexo 16

2.11 (fls. 166/167) Oswaldo Pessoa de Aquino Não atendeu13.8.5 2.12 (fls. 167) Cícero de Lucena Filho Fls. 61/97 do anexo 17

Manifestação de Empresas:Convênio Irregularidade Responsáveis DefesaRelatório – v.p. Acórdão – v.1

Convênio 17/97 4.7.1 (fls. 29/31) 3.1 (fls. 168/169)

Beta Projetos e Construções Ltda.

Fls. 174/176 do anexo 16

Celta Construções e Empreendimentos Ltda. Não atendeu

KVA Projetos Eletro Rurais e Construções Ltda. Não atendeu

Construtora Torreão Vilarim Ltda.

Fls. 178/180 do anexo 16

Soane Engenharia e Comércio Ltda. Não atendeu

3C Engenharia Ltda. Fls. 38 do anexo 13Incol Incorporações e

Construções Ltda. Não atendeu

Decon Construções Civis Ltda.

Fls. 182/183 do anexo 16

Serteli Serviços Técnicos de Engenharia Ltda. Fls. 154 do anexo 17

Prorcon Projetos e Construções Ltda. Não atendeu

Construtora Acta Ltda. Fls. 152 do anexo 17Construtora Eldorado Ltda. Não atendeu

Linear Engenharia e Empreendimentos Ltda.

Fls. 171/172 do anexo 16

HRF Construções Civis Ltda. Não atendeu

Alcar Engenharia e Comércio Ltda.

Fls. 149/150 do anexo 17

Convênio 2810/2000 6.7.1 (fls. 41/44) 3.2 (fls. 169)

Empresas CONIM – Construtora e Imobiliária

Ltda.Não atendeu

Zoih Engenharia Ltda. Fls. 424/426 e 427 do volume 2

MLR Construções Ltda. Fls. 156/159 do anexo 17

Convênio 236/2000 13.8.2 (fls. 116/120) 3.3 (fls. 169) SETOR – Serviços Técnicos

e Obras RodoviáriasFls. 03/04 e 05/83

do anexo 11MÉRITO6. Para fins de análise, examinar-se-á as justificativas pertinentes à cada irregularidade,

consoante a enumeração do Acórdão nº 2052/2005-TCU-Plenário, de modo a possibilitar o efeito extensivo dos argumentos apresentados a todos os envolvidos em cada questão invocada pela equipe de auditoria.

7. Irregularidade: item 4.7.1. Ato impugnado: Emissão de parecer da comissão de licitação favorável à homologação da Concorrência Pública n° 01/97, quando restava evidente um conluio entre as empresas concorrentes para rateio do objeto licitado, prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, que caracteriza um dos principais objetivos da licitação (subitem 4.7.1 - fls. 29/30). Dispositivos violados: Art. 3° da Lei n° 8.666/93. Responsáveis: Maria Thelma Farias Marques Ferreira, Francisco Bezerra Gualberto e Maria Elisabeth Carvalho Duarte.

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7.1. Argumentos. Os responsáveis, na defesa conjunta acostada às fls. 40/42 do Anexo 12, historiaram a participação de 20 empresas na sessão de abertura das propostas relativas à Concorrência Pública nº 01/97, tendo 17 delas sido consideradas habilitadas para prosseguirem no certame. Em seguida, alegaram os defendentes que as empresas apresentaram suas propostas para os lotes por suas próprias deliberações, ‘(...) não podendo nem devendo a Comissão interferir na vontade das participantes (...)’ ipsis litteris (fls. 40 do Anexo 12). Destacou-se, ainda, que não foi verificada nenhuma linearidade dos preços globais, tendo sido ressaltado que a Comissão de Licitação não dispunha de mecanismos legais capazes de vislumbrar e julgar no caso em tela supostos conluios, especialmente de meios de provar a existência de combinação entre as firmas. Arrematam, adiante: ‘(...) caso anulasse a Licitação alegando ter havido ‘conluio de firmas’ e declarasse as participantes ‘Inidôneas’, sujeita a sanções penais decorrentes de acusações sem prova cabal do fato. Devemos lembrar que na legislação brasileira o ônus da prova é de quem acusa.’ in verbis (fls. 42 do Anexo 12). Por fim, indicando os dispositivos da Lei nº 8.666/93 pertinentes ao assunto, asseveraram os responsáveis que a referida norma não determina limite mínimo para a participação na modalidade concorrência pública, tendo sido salientada a observância dos princípios conformadores da licitação.

7.2. Análise. Conforme ressaltado subitens 4.3.1 a 4.3.5 do relatório de inspeção (fls. 25/26), a vasta quantidade de empresas que tomaram parte do referido certame não suscitou competitividade na disputa pelos diversos lotes que foram objeto da concorrência. De forma surpreendente, somente acorreu uma única proposta de preço para cada um dos 22 lotes postos à disposição no certame – à exceção do lote 1, onde tiverem duas empresas habilitadas que apresentaram propostas de preço, sendo que uma das propostas foi desclassificada, pois apresentava preço superior à 1,1 vez o valor orçado, o que não era permitido pelo Edital –, de modo que, ao final, 15 das 17 participantes acabaram por ganhar pelo menos um dos lotes postos à disputa.

7.3. Conforme apontado na instrução precedente, é improvável uma coincidência dessa magnitude, ou seja, mostra-se pouco plausível que cada uma das 15 empresas acima listadas tenha escolhido, ao acaso, 1, 2 ou 3 lotes específicos e, quando da abertura das propostas, não tivesse havido sequer um lote que tenha sido objeto de escolha por duas empresas. Somente o prévio conhecimento das propostas uma das outras justificaria tal coincidência. Dessarte, o conjunto de fatos apresentados denota um conluio entre as empresas participantes do referido certame, tendo sido contrariado o princípio que impõe o sigilo das propostas, um dos corolários máximos das licitações públicas, correlato ao princípio da moralidade, da probidade administrativa, da isonomia, previstos no art. 3º da Lei nº 8.666/93.

7.4. Diante de tal fato, se a Comissão não poderia interferir na vontade dos licitantes, como alegado pelos responsáveis, constituía obrigação sua impedir a continuidade dessa latente combinação das empresas licitantes, constituindo seu múnus agir em defesa dos princípios balizadores da Administração Pública. Nesse caso, a Comissão de Licitação deveria ter anulado o certame, com arrimo no art. 49 c/c o art. 3º da Lei nº 8.666/93.

7.5. Com relação ao argumento dos defendentes de que não havia uma prova cabal, inequívoca, de tal conluio, aponta-se a fragilidade de tal entendimento, diante das circunstâncias listadas anteriormente. Conforme visto, a impressionante coincidência verificada na referida concorrência só admite uma única conclusão possível: a de que houve combinação entre as firmas para que cada uma delas auferissem vantagens em detrimento da coisa pública. Nada mais evidente do que tais circunstâncias.

7.6. Ademais, se examinarmos rigorosamente a literalidade a palavra inequívoca esta diz respeito a algo certo, seguro, correto, que não dá margem a erro ou engano. Ocorre que, entretanto, prova alguma é inequívoca, porque simplesmente não há prova que transmita certeza absoluta de um fato ou de um acontecimento, qualquer juízo sobre fatos no processo é

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.111/2005-8

juízo de probabilidade não de certeza. Assim, a atividade a ser exercida pelos membros de comissão de licitação, quando do exame da regularidade de certames licitatórios, envolve a elaboração de um juízo de probabilidade; em outras palavras, deve o administrador, como o juiz do exercício da atividade jurisdicional, convencer-se de que a situação posta em discussão – a irregularidade em si do ato verificado - provavelmente existe, ou que, pelo menos, apresenta elementos que se sobrepõem ao direito invocado pelo administrado.

7.7. Impor um rigorismo exagerado à acepção de prova inequívoca, ainda mais em sede da atividade administrativa, seria tentar transformar, in casu, a atividade das comissões de licitação em autêntica atividade policial, a qual possui ao alcance os instrumentos adequados para investigações mais minuciosas. Nada mais errônea tal intelecção, pois a prosperar tal idéia, estaria obstaculizado o exercício do princípio da autotutela, ou seja, a aplicação pela própria Administração do art. 49 da Lei das Licitações, porquanto estariam fora do alcance do pessoal da Administração Pública os meios de investigação e prova inerentes à atividade policial.

7.8. Nesse ponto, cumpre destacar que a verdade absoluta, em sede processual, constitui objetivo inatingível. Mesmo a atividade do juiz, em Direito Processual Penal, constitui um juízo de probabilidade, ou seja, a atividade do magistrado do direito, considerando que todas as provas têm valor relativo, resume-se à operação de se aproximar ao máximo de uma verdade provável, a qual tomará por base o conjunto de elementos de convicção existentes nos autos. Nesse sentido, GRECO FILHO assevera que ‘a finalidade da prova é o convencimento do juiz, que é o seu destinatário. No processo, a prova não tem um fim em si mesma ou um fim moral ou filosófico: sua finalidade prática, qual seja, convencer o juiz. Não se busca a certeza absoluta, a qual, aliás, é sempre impossível, mas a certeza relativa suficiente na convicção do magistrado.’

7.9. Desse modo, a prova é um estado subjetivo do espírito, ligado a um acontecimento. Essa ‘verossimilhança’ocorre em face dos diversos meios de prova admitidos em direito, na prova testemunhal, na prova documental e mesmo na pericial, pois há sempre uma dose de subjetivismo. Há, em todas as provas, uma valoração intrínseca, em que o fato é filtrado pela pessoa que o vê (testemunha), que o interpreta (documento), que o analisa (perícia). Sendo assim, por ser uma questão subjetiva, a verdade no processo se trata mais de um convencimento em prol da certeza do juiz (convicção). Dessarte, a prova se mostra suficiente quando é capaz de firmar convicção no espírito do aplicador do direito, possuindo portanto um caráter relativo.

7.10. No caso específico da prova indiciária, cumpre ressaltar, que, diante do sistema de livre convicção do juiz, tem ela o mesmo valor das provas diretas, como se depreende da Exposição de Motivos do Código de Processo Penal, em que se afirma não existir necessariamente maior ou menor prestígio de uma com relação a qualquer outra. Assim, indícios múltiplos, concatenados e impregnados de elementos positivos de credibilidade são suficientes para dar base a uma decisão condenatória, máxime quando excluem qualquer hipótese favorável ao acusado .

7.11. No presente caso, a conclusão de que houve conluio na presente licitação decorreu do raciocínio de que se mostra de pequena probabilidade, no plano fático, que as firmas participantes do referido certame, ao sabor do acaso, tivessem cada uma escolhido um ou mais lotes para apresentar suas propostas, sem que houvesse superposição entre os lotes escolhidos por cada uma delas. Assim, a conclusão ora enfeixada decorreu de uma prova indiciária, de uma regra de experiência, da observação do que probabilisticamente é certo no mundo físico, que culminou com uma presunção hominis, calcada na aplicação das máximas da experiência e da observação do que ordinariamente acontece no mundo fático. È de se ressaltar que ambos os meios de prova – indícios e presunções – são admitidos em Direito, mesmo na seara processual penal, sendo úteis e suficientes para firmar a convicção do aplicador do Direito.

7.12. Ante todo o exposto, considerando que o conjunto de circunstâncias observadas no presente certame evidenciam a ocorrência de conluio na Concorrência nº 01/97; considerando

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que tais circunstâncias estavam ao alcance da percepção dos agentes administrativos incumbidos do julgamento da proposta; considerando o poder-dever dos membros da Comissão de Licitação de dar cumprimento, no julgamento do certame, ao art. 3º da Lei nº 8.666/93; devem ser rejeitadas as razões de justificativa trazidas pelas Sras. Maria Thelma Farias Marques Ferreira e Maria Elisabeth Carvalho Duarte e pelo Sr. Francisco Bezerra Gualberto, então membros da Comissão de Licitação, podendo-lhes ser aplicada multa.

8. Irregularidade: item 4.7.1. Ato impugnado: Emissão de parecer, na condição de Coordenadora de Controle Interno, favorável à homologação da Concorrência Pública n° 01/97, quando restava evidente um conluio entre as empresas concorrentes para rateio do objeto licitado, prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, que caracteriza um dos principais objetivos da licitação (subitem 4.7.1 - fls. 29/30). Dispositivos violados: Art. 3° da Lei n° 8.666/93. Responsável: Élia Andrade de Araújo, Coordenadora de Controle Interno da Prefeitura Municipal de João Pessoa.

8.1. Argumento. A responsável, tendo noticiado sua vida funcional como servidora do Município de João Pessoa, destacou que, na condição de Coordenadora de Controle Interno, jamais teve contato com construtora, tendo afirmado que não conhecia nem mesmo os diretores e/ou gerentes das construtoras licitantes na referida concorrência e que não havia tomado conhecimento – sequer tinha ouvido falar – nem observado evidências de que tenham as mencionadas empresas, ‘(...) em suposto conluio, praticado ‘concertação’ prévia para rateio do objeto da licitação’ . ipsis litteris (fls. 04 do Anexo 12).

8.2. Adiante, a defendente assegurou que, ao proferir parecer favorável à homologação do certame em apreço, tomou em vista as diretrizes do art. 3º da Lei nº 8.666/93. Após a descrição dos fatos ocorridos no transcurso da licitação, a Sra. Élia Andrade de Araújo asseverou que, na condição de Coordenadora de Controle Interno, não havia como negar parecer favorável à homologação do certame, opinando, em consequência, pela sua anulação, sob a argumentação de que as empresas licitantes teriam, supostamente em conluio, pactuado o rateio do objeto da licitação. Segundo a responsável, ‘não era razoável ao Controle Interno da Prefeitura de João Pessoa, à época e em relação a essa Concorrência Pública, sem quaisquer e irrefutáveis elementos de prova, suscitar tal hipótese.’ in verbis (fls. 10 do Anexo 12). Complementou, em seguida, que acusar alguém de cometimento de fraude à licitação pública, sem que se tivesse inequívocos e irrefutáveis elementos de prova, constituía crime de calúnia, previsto no art. 138 do Código Penal.

8.3. Continuando o feito, a defendente ponderou que a ela não competiam ilações, tendo o parecer firmado a favor da homologação da Concorrência Pública n° 01/97 havia resultado somente da análise criteriosa da documentação que fora apresentada, a qual, segundo apontou ‘(...) não me autorizava – e ainda não me autoriza – nem me conduzia a evidenciar nas entrelinhas, a ocorrência de suposto conluio.

8.4. Análise. A razão de ser da inclusão da Sra. Élia Andrade de Araújo no rol de responsáveis deste processo não é, nem poderia ser, a sua participação na fraude à licitação ora analisada. A culpabilidade da referida gestora em face do presente achado se revelou na medida em que, podendo o ter feito, deixou de tomar as providências - usuais à sua função de Coordenadora de Controle Interno – necessárias para que não tivesse prosseguimento à Concorrência Pública n° 01/97, cujas circunstâncias descritas nos prefalados subitens 4.3.1 a 4.3.5 do relatório de inspeção revelaram a ocorrência de conluio.

8.5. Nesse passo, não prospera o argumento de que a documentação pertinente à licitação – atas de julgamento, relatórios, dentre outros – não permitia a conclusão de que houve o relatado conluio, porquanto a coincidência narrada pela equipe de auditoria e mencionada nos subitens 7.2 e 7.3 se revela pela simples leitura do relatório constante às fls. 33/34 do Anexo 12. Como dito, mostra-se pouco plausível que cada uma das 15 empresas acima listadas tenha

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escolhido, ao acaso, 1, 2 ou 3 lotes específicos e, quando da abertura das propostas, não tivesse havido sequer um lote que tenha sido objeto de escolha por duas empresas.

8.6. Com relação à alegada inexistência de elementos de prova irrefutáveis, repetem-se as ponderações trazidas nos subitens 7.5 a 7.11 supra, no sentido de que é improcedente o argumento. Caso a atividade fiscalizadora exercida pelo controle interno da Administração Pública estivesse a depender da evidenciação de uma prova inequívoca, na acepção trazida pela defendente como a que impõe uma certeza absoluta, seria melhor o arcabouço constitucional pátrio reservar a atividade de controle interno às próprias polícias civil e federal, as quais, mesmo com toda a sorte de instrumentos de que dispõem, somente contribuem para um juízo de valor de probabilidade, no concerne à prova. Desse modo, o conluio apontado pela equipe de fiscalização não encontra assento nas entrelinhas da documentação carreada aos autos, restando evidenciada das circunstâncias multicitadas descritas no relatório de inspeção.

8.7. Assim, devem ser rejeitadas as razões de justificativa trazidas pela Sra. Élia Andrade de Araújo, então Coordenadora de Controle Interno da Prefeitura Municipal de João Pessoa, sendo possível a imposição de multa à responsável.

9. Irregularidade: item 4.7.1. Ato impugnado: Homologação da Concorrência Pública n° 01/97, quando restava evidente um conluio entre as empresas concorrentes para rateio do objeto licitado, prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, que caracteriza um dos principais objetivos da licitação (subitem 4.7.1 - fls. 29/30). Dispositivos violados: Arts. 3° e 49, in fine, da Lei n° 8.666/93. Responsável: Potengi Holanda de Lucena, Secretário de Infra-Estrutura do Município.

9.1. Argumentos. O responsável destacou que cada organismo exercia a sua função dentro dos parâmetros legais, cabendo a ele, por dever de ofício, a homologação de todas as licitações realizadas no âmbito da Secretaria de Infra-Estrutura do Município. Se não fosse assim, relatou, ele se veria com a responsabilidade de desempenhar todas as funções inerentes aos setores que as realizavam. Além disso, ponderou que todos os procedimentos licitatórios eram encaminhados ao Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, tendo as licitações referentes ao ano de 1997 sido aprovadas por meio do Acórdão nº 1954/1998, de 11/09/98.

9.2. Acerca do mérito da presente irregularidade, o ex-Secretário, tendo noticiado a adequada divulgação do certame e o comparecimento de 42 empresas à sessão de julgamento, argumentou que seria difícil imaginar um conluio, até porque não havia concretamente um indicativo de que tal pudesse ter ocorrido além de não haver forma plausível de constatar essa possibilidade. Assim, ressaltou que ‘(...) sem evidências que justificassem alguma medida da parte do Secretário, era impraticável se supor ‘conluio entre as empresas concorrentes’ e a aplicação das consequentes sanções que daí poderia advir.’ in verbis (fls. 51 do anexo 13).

9.3. Nesse passo, ponderou que se o tal conluio tivesse sido arguido pela Comissão ou pelo Secretário da pasta, resultaria em sujeitar estes às sanções penais decorrentes por considerarem as empresas inidôneas pela acusação sem prova cabal do fato. Por final, ressaltou que ‘diante das considerações acima, seria inconsequente da parte do Secretário, afirmar que houvesse acontecido combinação entre 42 (quarenta e duas) empresas adquirentes do edital, 17 (dezessete) licitantes habilitadas e outras 3 (três) inabilitadas, na apresentação das propostas.’ ipsis litteris (fls. 52 do anexo 13).

9.4. Análise. De início, é preciso ressaltar que as decisões da Corte Estadual de Contas não vinculam este Tribunal, o qual não sofre qualquer condicionamento, no exercício de suas atribuições constitucionais. Assim, se mostra irrelevante para comprovar a legalidade da presente licitação o argumento de que tal certame foi aprovado pelo TCE/PB.

9.5. Continuando o feito, destaca-se que o fato de terem acorrido 42 empresas à sessão de julgamento não constitui uma demonstração de que não houve o conluio ora apreciado, porquanto o objetivo buscado de uma combinação para fraudar uma licitação não é afastar a participação de outros competidores, mas, sim, promover um prévio acertamento entre eles, os

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participantes do conluio, acerca de qual deles seria o vencedor da licitação. Assim, efetivada a combinação prévia, os participantes do conluio ficam na expectativa de não haverem outros concorrentes, o que, na prática, não pode ser evitado, a não ser que haja a participação da própria Administração na fraude ora aventada. Agindo dessa forma em várias licitações de diversos órgãos públicos, as empresas participantes do conluio tornam viável uma espécie de rodízio entre elas, um verdadeiro rateio dos objetos das licitações ou dos lotes de uma mesma licitação, com reflexos no preço a ser praticado, o qual certamente será maior do que o que seria obtido se houvesse uma real competitividade entre as diversas empresas do ramo de atividade.

9.6. No presente caso, conforme suscitado no relatório de inspeção e no subitem 7.2 supra, a vasta quantidade de empresas que tomou parte do referido certame não significou competitividade na disputa pelos diversos lotes, pois somente houve uma única proposta de preços para cada um dos 22 lotes postos à disposição no certame – à exceção do lote 1 -, de modo que, ao final, 15 das 17 participantes acabaram por ganhar pelo menos um dos lotes postos à disputa. Nesse passo, a implausibilidade de se admitir que tal ocorrência tenha decorrido do acaso, ou seja, que tenha havido uma mera coincidência, permite a convicção de que houve um conluio entre as 15 empresas que foram vencedoras do certame, as quais dividiram e acertaram previamente entre si quais as firmas ganhariam quais os lotes.

9.7. No respeitante à alegação de que não havia uma prova cabal para tal conclusão, cumpre repisar que o que foi dito nos subitens 7.5 a 7.11 retro acerca da inatingibilidade da verdade absoluta, em sede processual. De mais a mais, a conclusão de que houve conluio na presente licitação decorreu de uma presunção hominis, calcada na aplicação das máximas da experiência e da observação do que ordinariamente acontece no mundo fático, no sentido de que se mostra de pouquíssima probabilidade, no plano fático, que as firmas participantes do referido certame, ao sabor do acaso, tivessem cada uma escolhido um ou mais lotes para apresentar suas propostas, sem que houvesse superposição entre os lotes escolhidos por cada uma delas. A conclusão ora enfeixada decorreu de uma prova indiciária, de uma regra de experiência, os quais são meios de prova admitidos em Direito, mesmo na seara processual penal, sendo úteis e suficientes para firmar a convicção do aplicador do Direito.

9.8. Dessa forma, devem ser rejeitadas as razões de justificativas trazidas pelo Sr. Potengi Holanda de Lucena, ex-Secretário de Infra-Estrutura do Município, sendo cabível a imposição de multa ao responsável.

10. Irregularidade: item 4.7.3. Ato impugnado: Prática de ato antieconômico, decorrente da aquisição de tijolos de 8 furos, com dispensa de licitação, à empresa Souza Morais e Companhia Ltda., por preço superior ao licitado, quando não havia ainda sido adquirida a quantidade total do material adjudicada à mesma empresa, vencedora da Tomada de Preços n° 49/98 (subitem 4.7.3 - fls. 31/32). Dispositivos violados: art. 2° da Lei n° 8.666/93. Responsável: Isa Silva de Arroxelas Macêdo, Secretária Municipal do Trabalho e Promoção Social.

10.1. Argumentos. A responsável ponderou que a compra efetuada pela SETRAPS estava abaixo do limite do R$ 8.000,00, imposto pelo art. 24, inciso II, da Lei nº 8.666/93, para fins de dispensa de licitação, o que afastava qualquer indício de irregularidade do ato praticado. Adiante, relatou que a aquisição ora questionada tinha como objetivo atender famílias residentes em áreas de risco, por meio de doações de tijolos durante o Programa ‘É pra morar’, sendo que a compra efetuada em 1999 pela Secretaria de Infra-Estrutura do Município (Tomada de Preços nº 49/98), tinha como propósito a aquisição de materiais de construção destinados à recuperação de unidades habitacionais. Assim, a defendente invocou que a utilização da referida licitação propiciaria um desvio de finalidade quanto aos objetivos desta, tendo alegado o princípio que rege a vinculação do certame ao seu instrumento convocatório. No tocante à diferença nos preços, a responsável destacou o transcurso de seis meses entre o início da licitação e a aquisição ora questionada, tendo aduzido, ainda, que a menor quantidade da

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referida compra importava uma diferença a maior em face do preço praticado na Tomada de Preços nº 49/98. Por fim, ponderou que o preço praticado na aquisição foi o menor dentre as empresas pesquisadas, tendo ressaltado a própria afirmação da equipe de inspeção quanto ao pequeno montante do débito.

10.2. Análise. Não prosperam as alegações da defendente, porquanto as aquisições em apreço se destinavam ao mesmo objetivo, qual seja, a recuperação de unidades habitacionais, a qual se daria mediante a doação de materiais de construção às famílias residentes em área de risco de João Pessoa, no âmbito do Programa ‘É Pra Morar’ . Nesse passo, cumpre ressaltar que todas as aquisições empreendidas no âmbito do Convênio nº 17/97 somente poderiam ter como propósito a recuperação das unidades habitacionais, uma vez que a outra meta da avença, a construção de 700 unidades habitacionais (fls. 03 do anexo 2), havia sido objeto da Concorrência nº 01/97. Desse modo, não justificava a SETRAPS ter adquirido os referidos tijolos por meio de dispensa de licitação, para a realização da meta ‘recuperação de unidades habitacionais’, se havia um contrato em vigor cuidando do mesmo propósito. Por esse motivo, devem ser rejeitadas as razões de justificativas apresentadas pela Sra. Isa Silva de Arroxelas Macêdo, Secretária Municipal do Trabalho e Promoção Social, mostrando-se cabível a imposição de multa.

Convênio nº 2810/200011. Irregularidade: item 6.7.1. Ato impugnado: Emissão de parecer da comissão de

licitação favorável à homologação da Tomada de Preços n° 02/2002, quando restava evidente um conluio entre as empresas participantes, tendo em vista a coincidência quase total dos preços unitários das propostas de preços das licitantes, importando tal procedimento em fraude à licitação, tendo sido violado o princípio do segredo da proposta, prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, que caracteriza um dos principais objetivos da licitação(subitem 6.7.1- fls. 41/44); Dispositivos violados: Art. 3° da Lei n° 8.666/93. Responsáveis: Paulo Sérgio Navarro Cruz, Maria José Santos da Nóbrega, Isabella Duarte Gouvêa e Márcia Ramos da Silva. Ato impugnado: Homologação da Tomada de Preços n° 02/2002, quando restava evidente um conluio entre as empresas participantes, tendo em vista a coincidência quase total dos preços unitários das propostas de preços das licitantes, importando tal procedimento em fraude à licitação, tendo sido violado o princípio do segredo da proposta, prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, que caracteriza um dos principais objetivos da licitação (subitem 6.7.1- fls. 41/44). Dispositivos violados: Art. 3° da Lei n. 8.666/93. Responsável: Virgílio Mendonça da Costa e Silva, Secretário Executivo da Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão - FUNAPE.

Paulo Sérgio Navarro Cruz11.1. Argumento. O Sr. Paulo Sérgio Navarro Cruz, tendo historiado os trabalhos da

Comissão Especial de Licitação, asseverou, acerca da não divulgação dos valores unitários por itens da planilha orçamentária, que tal procedimento teve o objetivo de obter a melhor proposta para a Instituição e permitir que os licitantes fizessem suas composições de preços com flexibilidade. Adiante, juntou jurisprudência desta Corte de Contas a respeito do assunto – Decisão nº 97/1997-TCU-Plenário (fls. 144 do Anexo 13).

11.2. Em seguida, o responsável destacou que as propostas não apresentaram incompatibilidade para serem desclassificadas, pois haviam atendido às exigências do ato convocatório da licitação e os preços estavam dentro do limite estabelecido pelo órgão. Assim, o julgamento dos preços foi feito segundo o valor global e não pelo valor unitário. Desse modo, o defendente alegou que a Comissão em nenhuma das fases do processo licitatório agiu de má-fé ou causando prejuízo para com o erário e o interesse público.

11.3. Continuando o feito, o Sr. Paulo Sérgio Navarro Cruz ponderou que a licitação havia observado a modalidade de empreitada por preço global, na qual o que interessava era o preço total da proposta e não os preços unitários de cada item. Assim, destacou que ‘o fato de

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haver a coincidência de muitos preços unitários nas propostas apresentadas pelos licitantes não autorizava a Comissão a concluir que teria havido conluio entre os mesmos, uma vez que não teria como comprovar tal ocorrência, até mesmo porque, para a Administração, o que importava era o preço global das propostas e o preço total apresentado pelo licitante vencedor estava aquém do preço máximo previsto no edital, estando, portanto, absolutamente resguardado o interesse público e o erário.’ ipsis litteris (fls. 145 do Anexo 13). Ademais, o defendente asseverou que não se podia falar em prejuízo na busca da proposta mais vantajosa para a Administração, uma vez que a proposta vencedora não ultrapassou o preço global máximo previsto no edital, estando conforme os preços praticados no mercado. Ao final, destacou que ‘conluio na licitação é sempre feito para fraudar a Administração, causando-lhe prejuízo de alguma forma. No caso ora analisado nenhum prejuízo sofreu a Administração nem o erário.’ in verbis (fls. 146 do referido Anexo).

Maria José Santos da Nóbrega11.4. Argumento. A Sra. Maria José Santos da Nóbrega, em linhas gerais, repetiu as

ponderações emanadas pelo Sr. Paulo Sérgio Navarro Cruz, dando conta da observância dos critérios objetivos previstos no edital, principalmente o previsto no seu item 8.2, que se refere ao julgamento da proposta pelo valor global.. Outrossim, o defendente alegou que a Comissão em nenhuma das fases do processo licitatório agiu de má-fé ou causando prejuízo para com o erário e o interesse público. Continuando o feito, repetiu o argumento de que a licitação havia observado a modalidade de empreitada por preço global, na qual o que interessava era o preço total da proposta e não os preços unitários de cada item. Do mesmo modo que o Sr. Paulo Sérgio Navarro Cruz, ressaltou que a coincidência verificada nas propostas não autorizava a conclusão de que houve conluio, apontando, ao final, que não ocorreu a violação ao art. 3º da Lei nº 8.666/93 e que foi selecionada a proposta mais vantajosa para a Administração.

Isabella Duarte Gouvêa e Márcia Ramos da Silva e Virgílio Mendonça da Costa e Silva11.5. Argumento. Em vista da quase identidade das respostas trazidas pelas Sras. Isabella

Duarte Gouvêa e Márcia Ramos da Silva e pelo Sr. Virgílio Mendonça da C. Silva, quanto à estrutura e ao mérito em si, optou-se por anotá-las de forma conjunta. Dessa forma, os defendentes também historiaram a Tomada de Preços nº 02/2002, tendo assinalado a participação de três empresas, tendo outras três desistido de apresentar propostas, após receberem o edital. Assim, os responsáveis inferiram que as empresas que desistiram de participar do certame assim o fizeram porque haviam entendido que o valor máximo estava abaixo do necessário para cobrir o custo total da obra, e, sendo assim, optaram por não concorrer. Adiante, a Sra. Isabella Duarte Gouvêa, em forma de indagação, proclamou: ‘Seria correto atribuir conluio a três empresas participantes de uma licitação a qual poderiam concorrer quaisquer empresas interessadas, no âmbito nacional, tendo em vista a ampla divulgação da licitação conforme é determinado pela Lei 8.666/93.’ in verbis (fls. 05 do Anexo 14). Na mesma linha, a Sra. Márcia Ramos da Silva, ponderou: ‘Será que constitui raciocínio lógico atribuir conluio a 03 (três) participantes da licitação, quando outras 03 (três) empresas, injustificadamente, receberam o edital e desistiram?’ ipsis litteris ( fls. 03 do Anexo 16). No mesmo sentido questionou o Sr. Virgílio Mendonça da Costa e Silva.

11.6. Os defendentes ponderaram que se uma única empresa tivesse comparecido à sessão, ainda assim, teria ocorrida a licitação, não sendo a quantidade mínima de empresas participantes motivo suficiente para anulação da sessão.

11.7. Em seguida, os responsáveis apontaram a necessidade e urgência da execução da obra, não somente por força do Decreto Presidencial nº 4.305/2002, mas também por se tratar de reforma de serviços de engenharia em uma UTI de um Hospital Universitário.

11.8. A Sra. Isabella Duarte Gouvêa, por sua vez, asseverou que foi apenas membro para compor o quorum da Comissão Especial de Licitação, ‘(...) sem fôlego, voz, ânimo e força de interferir, isoladamente, no julgamento das propostas com voto em separado, por que já havia

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sido substituída da função de presidente da CEL da FUNAPE (...)’ ipsis litteris (fls. 04 do Anexo 14). Adiante, relatou que não foi feita nenhuma observação em relação aos itens pois a licitação foi feita por preço global, não sendo necessária a observação.

11.9. O Sr. Virgílio Mendonça da Costa e Silva, de forma isolada, destacou que seria muita ousadia de sua parte, como dirigente da FUNAPE, anular uma Tomada de Preços calcada em Projeto Básico de obra e serviço de engenharia aprovado pelo Ministério da Saúde, tendo revelado que também seria imprudência sua se desrespeitasse o Decreto nº 4.305/2002, que, segundo o responsável, o obrigava a fazer a contratação da Tomada de Preços nº 02/2002, sob pena de perder o restante dos recursos financeiros a serem repassados pelo Convênio 28/10/2000 e 01/2001 até 30/09/2002.

11.10. Análise. Com relação à ausência de orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários, em detrimento do art. 40, § 2º, inciso II, da Lei nº 8.666/93, fato este que serviu apenas como elemento de suporte, em conjunto às demais circunstâncias verificadas nos autos, para a constatação de que houve conluio, registra-se que a Decisão nº 97/1997-TCU-Plenário, a dispensar a divulgação da planilha, não elide a Administração da obrigação de produzir tal documento. Nesse ponto, cumpre registrar que a equipe de auditoria não encontrou tal planilha, dentre os documentos relacionados à presente licitação que foram postos à disposição da fiscalização. A planilha juntada às fls. 35/36 do Anexo 14, como documento Anexo à defesa elaborada pela Sra. Isabella Duarte Gouvêa, conquanto se refira ao centro de tratamento intensivo, possui um valor que não coincide com o valor global máximo admitido no Anexo II da Tomada de Preços nº 02/2002 (fls. 74 do mesmo Anexo), o que prejudica o entendimento de que aquele documento tenha efetivamente servido como referência ao presente objeto.

11.11. Em todo caso, mesmo admitindo – apenas por hipótese - que tal documento foi elaborado pela Administração, a notícia trazida pelo responsável de que não foi dada divulgação aos licitantes da planilha de custos unitários torna ainda mais dificultosa a tarefa de justificar a impressionante coincidência verificada entre as três propostas apresentadas no certame. Ora, se a própria FUNAPE admitiu que os licitantes não tomaram conhecimento do orçamento detalhado da obra, o qual poderia servir como parâmetro para os preços, como admitir a absoluta igualdade entre 262 e 261 itens, comparando as propostas das Empresas CONIM e Zoih, e Zoih e MLR, respectivamente – apenas um item, entre as propostas das duas primeiras empresas, e dois itens, entre as das duas últimas, estavam diferentes? A única explicação plausível, tomando como referência o princípio da verossimilhança, que norteia o sistema probatório no direito processual pátrio, é a de que houve um prévio acertamento entre as empresas, a fim de que uma delas se tornasse a vitoriosa na licitação em comento. Desse modo, diante do sistema processual que rege a busca da verdade em sede processual, a qual se arrima em uma noção de probabilidade e não de certeza absoluta, quanto à convicção do aplicador do direito, não prospera o argumento do defendente de que tal coincidência não o autorizava a concluir pela existência de conluio e de que não havia como comprovar tal ocorrência, haja vista a implausibilidade da hipótese contrária, ou seja, a de que não houve conluio.

11.12. No respeitante à observância do critério de julgamento imposto pelo edital – menor valor global – aponta-se que o simples atendimento de tal critério não implica a conformidade legal do certame, porquanto há de se atentar, ainda, para os princípios impostos no art. 3º da Lei nº 8.666/93, especialmente o princípio constitucional da moralidade, da igualdade, da probidade administrativa e o do segredo da proposta, correlato aos demais. Nesse ponto, vale ressaltar que o sigilo das propostas, preconizado em vários dispositivos da Lei das Licitações, não corresponde apenas à obrigação de a Administração não devassar os envelopes contendo as propostas, mas sim, a uma efetiva garantia de que os licitantes não tiveram conhecimento da proposta um dos outros, previamente à entrega de suas propostas. Nesse sentido, a preservação

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do sigilo das propostas constitui preocupação fundamental para o intuito de atender um dos objetivos básicos da licitação, que é a busca da proposta mais vantajosa para a Administração. Almeja justamente evitar a ocorrência de conluios, os quais, ao eliminar a competitividade nos certames licitatórios, acabam interferindo na economicidade do preço final contratado.

11.13. No tocante à ausência de má-fé, aponta-se que tal aspecto não foi levado em conta quando do chamamento processual dos responsáveis, tendo sido afirmado, inclusive, no subitem 6.7.1.3 do relatório de inspeção (fls. 42 do volume principal), que não havia sido provada a participação dos servidores da FUNAPE na fraude. Nesse ponto, é mister destacar que os defendentes foram arrolados neste feito em razão da conduta omissiva, na condição de membros da Comissão de Licitação, em permitir a continuidade de uma licitação eivada de irregularidade.

11.14. Com relação à ausência de prejuízo, ressalta-se que não se pode demonstrar nem mesmo tal assertiva, uma vez que não há como comprovar que os preços praticados na presente licitação estariam abaixo daqueles que seriam obtido em um certame onde efetivamente tivesse ocorrido uma competição entre os licitantes. É provável que não.

11.15. No tocante à inferência de que as empresas haviam desistido de participar do certame por conta do valor do orçamento global da obra, ressalta-se que tal ilação não guarda relevância para efeito de desconstituir o conluio das empresas. Primeiro porque não há comprovação do real motivo da desistência daquelas firmar, que podem não ter prosseguido por conta de interesses outros alheios ao preço. Segundo porque, mesmo com um orçamento base compatível com o valor de mercado, o que se afirma apenas em tese, não é implausível que as empresas possam previamente acertar o vencedor do certame – é claro que dentre elas –, assegurando-se um rodízio entre elas para os próximos certames. Vê-se, portanto, que a inferência das Sras. Isabella Duarte e Márcia Silva não assegura a regularidade da licitação em tela.

11.16. Da mesma forma, o fato de ter sido dada ampla publicidade ao certame, como relatado pelos defendentes, não assegura que as empresas participantes não houvessem combinado entre si as propostas que iriam apresentar ao certame. É evidente que não havia a garantia de que a licitação seria adjudicada para umas das empresas que atuaram em conluio, mas o que estava ao alcance, o prévio acertamento do vencedor do certame entre elas, não estava obstaculizado pela divulgação da licitação.

11.17. No tocante à menção a quantidade de participantes do certame, registra-se que não foi o número de licitantes que acudiram ao certame, mas sim a impressionante coincidência entre as propostas que apontou para a ocorrência de conluio.

11.18. Quanto ao argumento de que se fazia necessário o cumprimento do Decreto nº 4.305/2002 (fls. 34 do Anexo 16), cumpre registrar que a incidência de tal norma, em hipótese alguma, implica o desprezo aos princípios constitucionais que regem as licitações públicas. No presente caso, se foram verificadas circunstâncias que apontavam a ocorrência de conluio entre os participantes da Tomada de Preços nº 02/2002, constituía obrigação da Comissão de Licitação, assim como da autoridade administrativa responsável pela homologação do certame, no exercício normal de suas atribuições, adotar as providências necessárias a fim de anular o certame. Não se justifica o desatendimento de princípios conformadores das licitações públicos sob o argumento de que havia urgência para a contratação, em razão do Decreto nº 4.305/2002, ou mesmo da necessidade e importância do objeto licitado.

11.19. De mais a mais, compreende-se que o decreto em alusão não abarcava a despesa relacionada à Tomada de Preços nº 02/2002, pois se a licitação em tela estava se ultimando em setembro de 2002 (fls. 59 do Anexo 16), ou seja, se somente a partir dessa data poderia se falar em empenho de despesa, não fazia sentido restringir a realização dos dispêndios em apreço ao dispositivo em questão, que se voltava às despesas inscritas em Restos a Pagar em 2001. De outro modo, se as despesas relativas à Tomada de Preços nº 02/2002, por motivos evidentes, não

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poderia estar empenhada ao final do exercício de 2001, não haveria de constituir Restos a Pagar do exercício anterior, a serem liquidadas, segundo o referido decreto, até 30/09/2002. Nesse ponto, não assiste razão aos defendentes.

11.20. No respeitante à alegação da Sra. Isabella Duarte Gouvêa de que era apenas membro da Comissão, é preciso destacar que, caso a defendente tivesse registrado voto em contrário quando da homologação do presente certame, estaria fora do rol de responsáveis em face do presente achado. É oportuno ressaltar que o art. 51, § 3º, da Lei nº 8.666/93 preconiza que os membros das Comissões de Licitação responderão solidariamente por todos os atos praticados pela Comissão, salvo se posição individual divergente estiver devidamente fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em que tiver sido tomada a decisão.

11.21. Por fim, no tocante ao argumento do Sr. Virgílio Mendonça da Costa e Silva de que seria muita ousadia de sua parte, como dirigente da FUNAPE, anular uma Tomada de Preços calcada em Projeto Básico de obra e serviço de engenharia aprovado pelo Ministério da Saúde, ressalta-se a fragilidade de tal entendimento, uma vez que o fato de um projeto ser aprovado pelo concedente não implica a regularidade dos atos posteriores, especificamente, das licitações a serem realizadas para a realização dos recursos. Por sinal, o próprio Convênio nº 01/2001, celebrado entre a FUNAPE e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, para a realização do objeto do Convênio nº 2810/2000, estabelecia, no item 1.11 da cláusula décima primeira (fls. 23 do Anexo 16), a obrigação de ser dado cumprimento à legislação específica no que se refere às licitações. Da mesma forma, o item 15.2 do edital (fls. 43 do referido Anexo) da Tomada de Preços nº 02/2002 estabelecia o direito (poder-dever) do contratante (FUNAPE) de anular a licitação no caso de ilegalidade no procedimento. Desse modo, a adoção das providências necessárias com vistas à anulação do certame, em face das circunstâncias relatadas no presente feito, não constituía ousadia da autoridade administrativa responsável pela homologação da licitação, mas sim dever legal imposto pela Lei nº 8.666/93 e pelos instrumentos que disciplinaram a espécie.

11.22. Dessa forma, em vista da impressionante coincidência entre as propostas apresentadas, a apontar impreterivelmente a ocorrência de conluio entre os licitantes, constituía obrigação da Comissão da Licitação, assim como da autoridade responsável pela homologação do certame, anular a presente licitação, com fulcro no art. 49, § 1º, c/c o art. 3º, da Lei nº 8.666/93. Não o tendo feito, devem ser rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Paulo Sérgio Navarro Cruz, pelas Sras. Maria José Santos da Nóbrega, Isabella Duarte Gouvêa e Márcia Ramos da Silva, como membros da Comissão, e pelo Sr. Virgílio Mendonça da Costa e Silva, na condição de Secretário Executivo da FUNAPE e responsável pela homologação do certame, razão pela qual mostra-se cabível a imputação de multa.

12. Irregularidade: item 6.7.2. Ato impugnado: Atesto e medição de serviços cuja integral execução não restou comprovada, uma vez que a prancha técnica apresentada à equipe de fiscalização apontava a consecução de apenas 1.793,7 (um mil, setecentos e noventa e três vírgula sete) m2 de impermeabilização da cobertura do bloco C, objeto do Convite n° 013/2002, do total de 2.700 m2 contratado e pago. Da mesma forma, no tocante à instalação das luminárias de embutir C-2589 e C-2340, objeto dos serviços de ampliação e reforma do CTI do HULW, dos totais medidos de 100 (cem) e 59 (cinquenta e nove) unidades - conforme o Boletim de Medição n° 02, somente foi encontrado, em visita técnica ao local da obra, o total de 84 (oitenta e quatro) unidades do primeiro tipo e 51 (cinquenta e uma) unidades do segundo tipo (subitem 6.7.2 - fls. 46/47). Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/1964 e 36 do Decreto n° 93.872/1986. Responsável: Adriana Carla Soares Vaz, servidora do Hospital Universitário Lauro Wanderley - HULW.

12.1. Argumentos. A Sra. Adriana Carla Soares Vaz alegou que, observando a planta da obra que estava em poder do TCU, percebeu que a área demarcada pelo mestre Didi não estava de acordo com o objeto da licitação, o que se mostrava compreensível, tendo o próprio relatório

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Page 108: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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de inspeção ressaltado que o referido mestre de obras não tinha certeza do local exato onde havia sido feito o serviço. Dessa forma, a defendente juntou a planta de fls. 47 do anexo 13, segundo a qual consistia na ‘(...) cópia da planta da coberta do bloco C, com a área, objeto da licitação, devidamente assinalada, e o demonstrativo dos cálculos efetuados.’ ipsis litteris (fls. 47 e 43 do anexo 13).

12.2. Com relação à instalação de luminárias de embutir C-2589 e C-2340, a defendente ponderou que, de fato, a quantidade existente no local diferia da que constava da planilha orçamentária, tendo ressaltado que estavam instaladas no local 85 luminárias da referência C-2589 e não 84 como indicado pela equipe de inspeção. Nesse passo, relatou que o projeto de instalação elétrica da CTI contemplava uma área contígua da CTI - que seria ocupada pela Hemodinâmica -, a qual não veio a ser executada posteriormente, tendo sido guardadas no almoxarifado as 14 luminárias C-2589 e 7 da referência C-2340, para instalação posterior. As outras duas luminárias que faltavam para completar o total das planilhas foram consideradas a mais para ficarem como sobressalentes. Como documento anexo, juntou documento oficial da instituição o qual atestava a existência das luminárias no estoque do almoxarifado, à disposição para conferência.

12.3. Análise. De início, é preciso destacar que a área indicada como contemplada pelo Convênio nº 2810/200, constante da planta técnica acostada às fls. 15 do anexo 4, não decorreu da informação prestada pelo mestre de obras que acompanhou a equipe de fiscalização, por ocasião da inspeção in loco. O referido documento foi fornecido à equipe de inspeção pela Arquiteta Rosilene Calou de Araújo, sendo que as áreas hachuradas e as anotações ali consignadas já constavam da referida documentação, por ocasião de sua entrega aos analistas signatários da presente instrução. Foi com base nesse documento que a equipe de fiscalização se deslocou até o suposto local das obras e, daí, calculou a área total impermeabilizada com os recursos do convênio – vide subitem 6.7.2.1.4 do relatório de inspeção (fls. 44/45 do volume principal) -, ocasião em que se observou a incerteza do mestre de obras quanto ao local exato em que tinham sido feitos os serviços de cada convênio. De qualquer forma, foi a planta técnica fornecida à equipe, e não a informação prestada pelo mestre de obras, que subsidiou a conclusão de que a área impermeabilizada tinha sido menor do que a medida e paga pelo Hospital.

12.4. Continuando o feito, cumpre destacar que, afora os boletins de medição, a planta técnica acostada às fls. 15 do anexo 4 foi o único documento apresentado à fiscalização pelo Hospital Universitário que se reportava à execução das obras de impermeabilização da cobertura do bloco C, o que por si só atesta a má atuação do referido órgão público no registro e controle de suas despesas. Nesse sentido, é oportuno ressaltar que a descrição precisa dos serviços realizados e do local exato de sua execução, para cada boletim de medição, constitui providência necessária para a atividade de fiscalização da entidade contratante, sendo importante para a correta liquidação de despesa, especificamente para a aferição da importância exata a pagar – art. 63, § 1º, inciso II, da Lei nº 4.320/1964. De mais a mais, tal procedimento constitui elemento útil ao exercício do mister constitucional das instâncias de controle, pois torna viável a verificação da correta utilização dos recursos públicos federais repassados por meio de convênios e instrumentos congêneres.

12.5. Nesse ponto, cumpre registrar que as anotações acostadas na planta técnica juntada por ocasião da resposta à audiência possuem a mesma grafia das anotações constantes da planta técnica fornecida durante a fiscalização. Sendo assim, resta prejudicada a fidedignidade das informações contidas no documento juntado pela responsável em sua peça de defesa, porquanto se trata da mesma planta fornecida anteriormente à fiscalização, mas com indicações e anotações contraditórias e conflitantes. As circunstâncias ora relatadas possibilitam a conclusão de que se trata de um documento produzido posteriormente pela responsável, para

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fazer prova junto à esta Corte de Contas, restando diminuído o seu valor probatório ante os demais documentos juntados aos autos.

12.6. Sendo assim, não restando comprovada a regular execução da impermeabilização da cobertura do bloco C, na quantidade consignada nos boletins de medição, devem ser rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pela Sra. Adriana Carla Soares Vaz, servidora do Hospital Universitário Lauro Wanderley – HULW, com relação ao presente fato.

12.7. No respeitante às luminárias não localizadas por ocasião da inspeção, cumpre registrar que, em face da declaração prestada pelo setor de almoxarifado do Hospital, a equipe empreendeu uma visita ao órgão, tendo confirmado a existência das ditas luminárias no referido setor do Hospital.

12.8. Sendo assim, devem ser acatadas as razões de justificativa trazidas pela Sra. Adriana Carla Soares Vaz, servidora do Hospital Universitário Lauro Wanderley – HULW, com relação ao presente fato.

12.9. Desse modo, resta configurado o débito listado a seguir, materializado nas datas das medições realizadas (fls. 17/20 do anexo 4). A tabela 1 traz os valores do débito por item de serviço e a tabela 2, as datas e os valores dos débitos apurados, segundo as respectivas medições.

Tabela 1: Itens medidos a maior na impermeabilização da cobertura C do Hospital Universitário Lauro Wanderley.

Discriminação Preço Unit. Quantidade medida

Quantidade executada

Total (R$)

Limpeza área e tratamento juntas dilat mastique c elastomero

1,50 2700 1793,68 1.359,48

Aplic primer base água 0,60 2700 1793,68 543,79Aplica manta asfaltica 3 mm SBS, estrut não tecido poliester

13,75 2700 1793,68 12.461,90

Exec proteção mecânica 1:4 3 cm espessura 3,50 2700 1793,68 3.172,12Preenchimento junt dilatação prot mecanica com mastique base asf

1,00 2700 1793,68 906,42

18.443,71

Tabela 2: Medições da impermeabilização da cobertura C do HULW.Medição Data Débito

1 30/10/2002 1.903,272 20/11/2002 13.090,613 20/2/2003 2.706,224 28/3/2003 743,52

18.443,61

12.10. Desse modo, considerando que o Convênio nº 2810/2000 ainda se encontra em vigor, com prazo final de vigência previsto para 27/08/2007 (fls. 624 do volume 3); considerando que a aplicação de multa aos responsáveis melhor se assenta no âmbito da tomada de contas especial a ser instaurada, haja vista a evidente conexão entre o seu fundamento e o sobrepreço a ser analisado naquele feito; considerando, ainda, o débito a ser apurado no item 13 seguinte, mostra-se cabível a expedição de determinação ao Fundo Nacional de Saúde para que, em vista do presente ao débito verificado no subitem 12.9 [e também do aduzido no item seguinte], adote as providências cabíveis com vista à apuração dos fatos, instaurando, caso necessária, a devida Tomada de Contas Especial, com espeque no art. 38, inciso III, da Instrução Normativa STN nº 01/97 c/c o art. 8º da Lei nº 8.443/92. Na oportunidade, deve ser enviado ao concedente cópia das fls. 38/47 do volume principal, e todo o anexo 4, do excerto da presente instrução que cuida do convênio em apreço e da deliberação que vier a ser adotada por este Tribunal, juntamente com cópias do relatório e voto que a

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fundamentarem. Por fim, deve ser esclarecido ao Fundo Nacional de Saúde que não se faz necessária rescisão da presente avença, em face do interesse público relacionado ao atingimento das demais metas do convênio, podendo, por esse motivo, ser dada continuidade à execução do presente ajuste.

13. Irregularidade: item 6.7.3. Ato impugnado: Sobrepreço nos seguintes itens de serviços da Tomada de Preços n° 02/2002 (subitem 6.7.3 - fls.46/47). Dispositivos violados: Art. 43, IV, da Lei n° 8.666/93. Responsáveis: Paulo Sérgio Navarro Cruz, Maria José Santos da Nóbrega, Isabella Duarte Gouvêa, Márcia Ramos da Silva e Virgílio Mendonça da C. Silva.

Paulo Sérgio Navarro Cruz e Maria José S. da Nóbrega13.1. Argumento. Em vista da quase identidade das respostas trazidas pelo Sr. Paulo

Sérgio Navarro Cruz e pela Sra. Maria José Santos da Nóbrega, optou-se em apresentá-las em conjunto. Os responsáveis destacaram que o ponto básico para a Comissão era saber em quanto importava o valor estimado da contratação, para situar dentro dos limites da Lei nº 8.666/93, quanto às modalidades. Em seguida, relataram que, no caso específico, ‘(...) a planilha descritiva dos itens, quantitativos e Preço Global que norteou a licitação foi elaborada pela Divisão de Obras do Hospital Universitário Lauro Wanderley e encaminhada à Diretoria Administrativa da referida instituição pela arquiteta Rosilene Cailou Araújo Silveira, CREA 7813-D/CE (documento 03, Anexo), sendo repassada à Comissão com a recomendação da Diretoria Administrativa do Hospital que tomasse como valor máximo o total indicado na planilha descritiva dos itens, quantitativos e Preço Global, e iniciasse o processo licitatório.’ ipsis litteris (fls. 146 do Anexo 13).

13.2. Continuando o feito, os defendentes destacaram que, segundo o inciso XVI do art. 6º da Lei das Licitações, a Comissão não tinha competência para elaborar planilha e consequente justificar os sobrepreços dos itens citados.

13.3. Adiante, acerca dos preços da amostra de itens trazida pela equipe de fiscalização, os responsáveis anotaram que fora encaminhado expediente à Caixa Econômica Federal, que encaminhou de volta a análise comparativa e os documentos acostados às fls. 165/169 do Anexo 13. Nesse passo, aduziram os defendentes que: o item ‘fornec assent pavifloor prisma’ não era conhecido da Comissão, uma vez que não constava da planilha original, nem fez parte do edital; somente três itens da tabela do TCU haviam sido encontrados pela CEF, tornando-se impossível tecer comentários sobre os outros dois itens da amostra; o preço do item 3 – fornecimento e assentamento de forro PVC faixa larga -, especificado no SINAPI estava subdimensionado, pois não considerava o custo da mão de obra do serviço, não se referia ao tipo de sustentação de lâmina de PVC, além do que o material descrito na composição da CEF (espessura de 10 cm) divergia do exigido aos licitantes e aplicados no CTI (espessura de 20 cm) e, ainda, toda a armação de sustentação do forro havia sido executada em perfis de alumínio, entre outras peculiaridades; o preço do item 4 – execução de alvenaria ½ - vez especificado pela CEF era R$ 8,86, o que adicionado ao BDI de 30% totalizava R$ 11,52, valor acima do indicado na amostra e próximo do custo de R$ 13,50, praticado no contrato; com relação ao item anterior, o documento da CEF não levava em conta na sua composição de custos o transporte vertical do material, a utilização de andaimes e o horário especial para a realização dos serviços, fatores que encareciam o custo; o custo de item 5 – pintura tinta PVA – aduzido pela CEF totalizava R$ 8,37, incluído o BDI de 30%, montante superior ao do TCU e do contrato.

13.4. Desse modo, os responsáveis concluíram que estava comprovada a não existência de sobrepreço. Na oportunidade, colacionaram jurisprudência desta Corte de Contas, que apontava que distorções a maior em alguns itens não constituíam irregularidade, caso o preço global estivesse dentro dos parâmetros de mercado. Por fim, argumentaram que utilizaram os critérios de julgamento de valor global, levando em conta o valor expresso pela Divisão de Obras.

Isabella Duarte Gouvêa, Márcia Ramos da Silva e Virgílio Mendonça da Costa e Silva.

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13.5. Argumentos. Os referidos responsáveis, cujas peças de defesa apresentaram-se com conteúdo quase idêntico, ressaltaram que o material descrito como amostra pela equipe de auditoria não correspondia ao licitado e aplicado, porque a ambientação do CTI obedecia à Resolução – RDC nº 50/2002, da ANVISA, que dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde, exigindo material especial e mão de obra especializada, o que aumentava o custo não só do material empregado, como também da mão de obra, não sendo coberto pelo BDI de 30% mencionado pela auditoria.

13.6. Adiante, os defendentes acostaram as características técnicas dos materiais e serviços dos itens da amostra, as quais constaram do ofício encaminhado pela Divisão de Obras do Hospital Lauro Wanderley (fls. 06/09 do Anexo 14, 07/08 do Anexo 15 e 04/05 do Anexo 16).

13.7. Com relação aos custos unitários dos itens da amostra, os responsáveis fizeram menção ao mesmo ofício que fora enviado à Caixa Econômica Federal, cujo conteúdo já foi relatado nas defesas do Sr. Paulo Sérgio Navarro Cruz e da Sra. Maria José Santos da Nóbrega. No tocante ao item ‘pintura tinta PVA emassamento em duas demãos’, os responsáveis adotaram como paradigma o preço decorrente da seguinte operação: R$ 1,50 + R$ 3,44 + 30% (em realidade, seria [R$ 1,50 + R$ 3,44] x 30%) = R$ 6,42. Quanto ao item ‘execução de piso pavifloor’, foi trazida a cotação do material obtida de extrato da revista Construção e Mercado, da Editora PINI – R$ 60,66, para o estado de Pernambuco, somente o material, sem contar a execução e afora o BDI. No respeitante ao item ‘forro de PVC’, os responsáveis anexaram a composição elaborado pela Divisão de Obras do Hospital juntamente com a Prefeitura Municipal de João Pessoa, a qual totalizou, considerando apenas o material, a soma de R$ 24,00.

13.8. Ademais, foram repetidas as mesmas ponderações acerca dos acréscimos de custos que a obra sob exame enfrentou, tais como custos adicionais com preparação de parede, mão de obra especializada, colocação de andaimes, além da realização de serviços em horários especiais.

13.9. Análise. Com relação ao mérito em si dos preços praticados, deve-se afastar o débito isoladamente imputado ao preço do item ‘fornecimento e assentamento de pavifloor prisma’, o segundo da amostra colacionada na tabela de fls. 46 do volume principal. Isso porque o paradigma utilizado pela equipe de auditoria – item 00000436, da UGO 7130 – ‘piso chapas vinílicas (paviflex) 0,30x0,30m e=2mm’ - não corresponde ao executado na obra em si. Ademais, é preciso destacar que o item em questão foi acrescentado à planilha orçamentária, por meio de termo aditivo, não tendo constado da licitação ora examinada. Por esse motivo, não poderia eventual sobrepreço em seu valor ser imputado aos membros da Comissão de Licitação. Dessa forma, considerando o valor do material especificado pela Revista Construção e Mercado – R$ 60,66 -, contra R$ 19,38 do piso paviflex trazido na especificação da equipe de fiscalização, admite-se que o valor contratado pode estar de acordo com o valor de mercado, conquanto não se possa atribuir certeza absoluta a tal assertiva, ante a falta da especificação do item de serviço em questão, especificamente com relação aos valores da mão de obra e demais materiais utilizados no assentamento do material, tais como a cola usada, o tipo de operário e as respectivas produtividades. Nesse ponto, cumpre repisar a ausência, na presente licitação, das planilhas que expressassem a composição de todos os seus custos unitários, conforme ressaltado no item 13.9 supra, o que prejudicou de sobremodo o próprio trabalho das instâncias de controle no que se refere à aferição da compatibilidade dos custos praticados e, ainda, à própria conformidade do serviço executado com o licitado. Como dito, tal fato revelou a violação ao inciso II do § 2º do art. 7º da Lei nº 8.666/93. De qualquer forma, considerando a ausência de um paradigma de preços confiável, opta-se em retirar o valor da amostra em estudo.

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13.10. No tocante ao item ‘execução de alvenaria ½ vez’, considerando as especificações arroladas no Anexo I ao Edital (fls. 44 do Anexo 16) e a informação posterior de que haviam sido utilizados andaimes quando da execução do serviço (fls. 76 do referido Anexo), entende-se que o paradigma de comparação correto para o item em apreço é o especificado, no Sistema SINAPI, sob o número 00044607-001 – da UGO 7130 (João Pessoa), denominado ‘alvenaria 1/2 vez (esp = 10 cm) c/tijolos furados/maciços c/tij 8 furos cim/cal hid/areia 1:2:8 c/andaime’ . Desse modo, compulsando o valor unitário do item em tela - R$ 10,87 -, acrescido do BDI de 30% - R$ 14,13 -, vislumbra-se que tal parâmetro está acima do valor contratado no presente certame. Dessarte, demonstrada a compatibilidade do custo unitário do item em questão, podendo tal serviço ser excluído da amostra adotada pela equipe de fiscalização.

13.11. Com relação ao item ‘pintura tinta PVA látex emassamento em duas demãos’, aceita-se o paradigma trazidos pelas Sras. Isabella Duarte Gouvêa e Márcia Ramos da Silva – R$ 6,42 -, com um único emassamento, como de praxe, e duas demãos de pintura com tinta, conforme consta do memorial técnico descritivo de fls. 46 do Anexo 16 e do expediente de fls. 73/74 do referido Anexo, juntado pelos próprios responsáveis – cada um deles Anexou um cópia. Desse modo, comparativamente ao custo unitário em questão, o valor efetivamente praticado no contrato- R$ 6,80 – encontra-se um pouco acima do paradigma de mercado, tornando possível excepcionalmente a sua aceitação, ante a baixa materialidade do item de serviço frente ao total do ajuste. Sendo assim, opta-se por também retirar tal serviço da amostra consignada pela equipe de fiscalização.

13.12. Continuando o feito, afirma-se de pronto que os outros dois itens da amostra – assentamento laminado texturizado em fórmica e forro de pvc faixa larga -, não tiveram a sua economicidade comprovada pelos responsáveis. Primeiro porque, à míngua de especificações detalhadas dos serviços que seriam realizados, em um momento prévio à própria licitação, e da composição do custo unitário dos serviços, não há como se atestar de forma definitiva a compatibilidade do preço unitário de um item. Ante a falta de tais elementos de convicção, resta de duvidosa confiabilidade alegações vagas acerca dos materiais e insumos utilizados em cada item, sem a indicação precisa e clara dos quantitativos dos materiais empregados, da mão de obra utilizada e fatores de produtividade, e dos seus respectivos custos. Em realidade, cada custo unitário de serviço praticado em contratos administrativos deve ser analiticamente comprovado, mediante a indicação de sua composição, não constituindo meio de prova eficiente meras alegações como as trazidas pelos responsáveis. Se a execução do forro de pvc exigiu perfis de alumínio, rebites e tirantes de arame galvanizado, que fosse anexada a especificação exata de tais materiais na composição do custo unitário do item em tela.

13.12.1. Por outro lado, não prospera a alegação de que o forro exigido na licitação possuía a largura de 20 cm, em face da ausência de tal informação no memorial descritivo Anexo ao edital (fls. 45 do Anexo 16). Nesse ponto, não resta demonstrada a incompatibilidade do parâmetro de preços trazido pela equipe de auditoria, o qual corresponde ao mesmo apontado pela Caixa Econômica Federal, em seu ofício de resposta aos responsáveis (fls. 77 do Anexo 16).

13.13. No respeitante ao item ‘assentamento laminado texturizado em fórmica e= 1,3 mm sobre parede’, não foi refutado o paradigma escolhido pela equipe de fiscalização. Desse modo, ante a compatibilidade do item de serviço de nº 00012663, da UGO nº 3951 (fls. 626 do volume 3) - laminado meleminico brilhante – com o item 9 do memorial técnico descritivo Anexo ao edital (fls. 46 do Anexo 16), com o custo unitário de R$ 19,58, resta demonstrado o sobrepreço do item em questão no contrato firmado em face da Tomada de Preços nº 02/2002 – R$ 57,00.

Tabela 3: Item de serviço paradigma para o item ‘assentamento laminado texturizado em fórmica e= 1,3 mm sobre parede’ .

CAIXA-GEATE/GESIT/RESITRJ P A R T I C I P A C A O D EI N S U M O S NDATA REFERENCIA DE PRECOS: 01/08/2002

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CSF.SB.018.1 – GEAEN/SINAPIDATA REFERENCIA TECNICA: 25/10/2005UGO : 3951 -UGI : 1070 – JOAO PESSOAREFERENCIA COLETA : MEDIANO ENC SOC 08/2002 : 125,00 CLASSES SUPRIMID

00012663 LAMINADO MELEMINICO BRILHANTE UNIDADE QUANTIDADE PRECO UNIT.

PRECO TOTAL

00000242 AJUDANTE ESPECIALIZADO H 0,18 2,36 0,4300001339 COLA FORMICA A BASE DE RESINAS SINTETICAS KG 0,9000000 4,16 3,7400001340 CHAPA LAMINADO MELAMINICO LISO FOSCO E = 1,3MM (1,25X3,08M)

M2 1,0500000 9,82 10,31

00004750 PEDREIRO H 0,1800000 3,22 0,58

MAO DE OBRA 0,44ENCARGOS SOCIAIS 125,00 % 0,56

SUBTOTAL MAO DE OBRA 1,00 6,67%SUBTOTAL MATERIAL 14,05 93,33%SUBTOTAL EQUIPAMENTO 0 0,00%SUBTOTAL SERVICO DE TERCEIROS 0 0,00%TOTAL BASICA 15,06 100,00%

13.14. Desse modo, ante todo o exposto, resta configurado um débito de R$ 29.781,74 (vinte e nove mil, setecentos e oitenta e um reais e setenta e quatro centavos, materializado nas datas das medições realizadas. A tabela 4 traz os valores do débito por item de serviço e a tabela 5, as datas e os valores dos débitos apurados na Tomada de Preços nº 02/2002.

Tabela 4: Amostra escolhida dos preços praticados na Tomada de Preços n° 02/2002.

Discriminação Quantidade exec Valor unitário valor total Preço SINAPI

(inc 30%) Débito

Assent laminado text fórmica e=1,3 mm sobre parede 699,5 57,00 39.871,50 19,58 26.176,69

Forro PVC faixa larga 468,37 35,00 16.392,95 27,30 3.606,45TOTAL 56.264,45 TOTAL 29.781,74

Tabela 5: Datas e valores dos débitos apurados na Tomada de Preços nº 02/2002.Data Valor

20/11/2002 25.063,8115/4/2003 942,2513/5/2003 3.775,68

Total 29.781,7413.15. Nesse ponto, torna-se necessário analisar as responsabilidades pelo cometimento

da presente irregularidade. Assim, presente a figura do dano ao Erário, que decorreu de sobrepreço verificado em dois itens da proposta de preços da empresa que venceu o certame licitatório, deve-se analisar a conduta dos agentes administrativos arrolados em face do presente achado, a fim de verificar a culpabilidade e o nexo de causalidade que possa haver entre estas – as condutas – e o prejuízo causado aos cofres públicos.

13.16. Assim, no respeitante à alegação do Sr. Paulo Sérgio Navarro Cruz e da Sra. Maria José Santos da Nóbrega de que o que importava para a Comissão era saber o valor estimado da contratação, estipulado na planilha descritiva dos itens, quantitativos e Preço Global elaborada pela Divisão de Obras do Hospital Universitário, verifica-se que tal procedimento aponta a má atuação da Comissão de Licitação, no exercício normal de seu mister. Primeiro porque constitui elemento fundamental para o julgamento das propostas não apenas o valor global estimado para a contratação, mas os preços unitários de cada um dos itens licitados e suas respectivas

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Page 114: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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composições de custos. A necessidade de um orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários e da composição dos referidos custos unitários não constitui uma mera imposição do inciso II do § 2º dos arts. 7º e 40 da Lei nº 8.666/93, um rigorismo legal sem importância, mas um pressuposto lógico para a atividade de verificação da compatibilidade de cada um dos custos unitários das propostas apresentadas. A importância de sua utilização para a atividade de julgamento das propostas se materializa na medida em que torna viável a verificação do atendimento dos critérios de aceitabilidade dos preços unitários, cuja estipulação no edital se mostra obrigatória diante da regra do inciso X do art. 40 da Lei das Licitações. Não é porque a licitação é do tipo empreitada por preço global que não deve ser verificada a compatibilidade de cada um dos preços unitários das propostas com o referencial trazido pelo orçamento estimado da obra, os quais devem trazer os preços unitários e global máximos a serem aceitos pela Administração. Desse modo, agiu mal a Comissão de Licitação da Tomada de Preços nº 02/2002 em dar continuidade ao certame licitatório, sem que houvesse uma referência para os preços unitários máximos a serem aceitos pelo certame, uma vez que a planilha elaborada pela Divisão de Obras do Hospital somente especificava os quantitativos e o preço global da obra, não atendendo ao disposto no inciso II do § 2º do art. 40 da Lei nº 8.666/93. Atuando dessa forma, os membros da Comissão de Licitação foram negligentes e assumiram o risco de aceitar propostas contendo sobrepreço em itens de serviço, como se verificou no subitem 13.14 retro. Assim, considerando a exigibilidade da conduta diversa, ou seja, uma vez que a atitude correta e esperada dos agentes administrativos era o não prosseguimento do julgamento das propostas, em face do não atendimento dos dispositivos legais supramencionados; e considerando o dever de qualquer agente de dar estrito cumprimento ao princípio da legalidade; devem ser rejeitadas as razões de justificativas dos Srs. Paulo Sérgio Navarro Cruz, Maria José Santos da Nóbrega, Isabella Duarte Gouvêa e, Márcia Ramos da Silva, podendo os referidos agentes serem incluídos no rol de responsáveis do sobrepreço supramencionado.

13.17. Nesse diapasão, também deve ser responsabilizado o Sr. Virgílio Mendonça da Costa e Silva, Secretário Executivo da FUNAPE, que homologou o certame licitatório em apreço. Isso porque a causa imediata do presente sobrepreço foi a homologação da Tomada de Preços nº 02/2002, a qual, além de repleta de vícios - ausência de planilha orçamentária contendo os custos unitários e das composições desses custos unitários – culminou com uma proposta vencedora contendo preços unitários acima dos especificados no mercado. De mais a mais, cumpre registrar que a referida autoridade era a responsável pelo impulso do procedimento – autorização da abertura do certame – , e também pelo estabelecimento das condições relacionadas à condução da licitação, o que se daria na forma prescrita no art. 7º e seguintes da Seção III do Capítulo I da Lei nº 8.666/93. Nesse passo, cabia à autoridade máxima do órgão promovente da licitação cuidar para que fossem cumpridas todas as exigências estabelecidas na lei, especificamente às relativas à elaboração da planilha orçamentária contendo os custos unitários paradigmas e das composições dos custos unitários, os quais serviriam de norte para a atividade da Comissão de Licitação de efetivar o julgamento das propostas. Não tendo sido elaborados os sobreditos documentos, conforme ressaltado nos subitens 13.1 e 13.10 retro, o Secretário Executivo da FUNAPE deu ensejo a que fosse desencadeada uma licitação com um vício relevante, tendo, ao final, homologado um certame cuja proposta vencedora apresentou sobrepreço nos dois itens de serviços descritos no subitem 13.15 supra. Por esse motivo, devem ser rejeitadas as razões de justificativa do Sr. Virgílio Mendonça da Costa e Silva, Secretário Executivo da FUNAPE, em face do sobrepreço supra indicado.

13.18. Ante o exposto, considerando que o Convênio nº 2810/2000 ainda se encontra em vigor, com prazo final de vigência previsto para 27/08/2007 (fls. 624 do volume 3); considerando que a aplicação de multa aos responsáveis melhor se assenta no âmbito da

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tomada de contas especial a ser instaurada, haja vista a evidente conexão entre o seu fundamento e o sobrepreço a ser analisado naquele feito; mostra-se cabível a expedição de determinação ao Fundo Nacional de Saúde para que, em vista do débito verificado nos subitens 12.9 e 13.14, adote as providências cabíveis com vista à apuração dos fatos, instaurando, caso necessária, a devida Tomada de Contas Especial, com espeque no art. 38, inciso III, da Instrução Normativa STN nº 01/97 c/c o art. 8º da Lei nº 8.443/92. Na oportunidade, deve ser enviado ao concedente cópia das fls. 38/47 do volume principal, e todo o anexo 4, do excerto da presente instrução que cuida do convênio em apreço e da deliberação que vier a ser adotada por este Tribunal, juntamente com cópias do relatório e voto que a fundamentarem. Por fim, deve ser esclarecido ao Fundo Nacional de Saúde que não se faz necessária rescisão da presente avença, em face do interesse público relacionado ao atingimento das demais metas do convênio, podendo, por esse motivo, ser dada continuidade à execução do presente ajuste.

Convênio nº 095/9714. Irregularidade: item 7.7.1. Ato impugnado: Fracionamento de despesas na aquisição,

com dispensa de licitação, de combustíveis, vestuário, cartazes e folders e material de expediente, para não realizar o devido processo licitatório, custeadas com recursos federais do Convênio n° 095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município (subitem 7.7.1 - fls. 52/55). Dispositivos violados: Art. 23, §2°, da Lei n° 8.666/93. Responsável: José Eymard Moraes de Medeiros, Secretário Municipal de Saúde.

14.1. Argumentos. O responsável indicou a improcedência de tal fracionamento, uma vez que os materiais em apreço tinham sido adquiridos por meio de procedimentos licitatórios na modalidade convite, conforme atestavam os documentos anexados à sua peça de defesa (fls. 07/31 do Anexo 13). Adiante, ressaltou que, no início da execução do convênio, haviam sido adquiridos combustível, fardamento, cartazes e material de expediente por intermédio de dispensa de licitação, em face da urgência em se colocar em prática a execução do combate ao mosquito da dengue, ante a demora da conclusão do procedimento licitatório. Nesse ponto, apontou existência de uma epidemia que se alastrava no Município de João Pessoa, naquele momento.

14.2. Análise. Não prosperam as alegações do defendente, uma vez que as aquisições em apreço se desenvolveram ao longo de toda a execução do convênio, e não apenas no início da vigência da avença. No que concerne à modalidade adotada, à exceção da aquisição relacionada às fls. 07 do Anexo 13, que se refere a itens de vestuário, todos os dispêndios indicados nas tabelas do subitem 7.7.1.2 do relatório de inspeção (fls. 53/54 do volume principal) foram decorrentes de dispensa de licitação, consoante atestam os documentos de fls. 195/1920 do Anexo 5. Nesse sentido, as despesas arroladas nos documentos de fls. 08/11 não dizem respeito a quaisquer dos dispêndios apontados pela equipe de fiscalização, que teriam sido executados com fracionamento de despesa. De qualquer forma, mesmo considerando que as quantias de R$ 1.960,00 e R$ 12.704,60, alusivas a itens de vestuário e custeadas com o montante repassado originalmente pelo convênio, foram decorrentes de um convite, ainda assim remanesce sem justificativas a efetivação dos gastos posteriores, no montante de R$ 40.716,00, sem que tivesse sido empreendida a escorreita licitação.

14.3. Com relação ao argumento de que haviam sido empreendidas aquisições no início do convênio, em face da urgência, ressalta-se que os dispêndios ora examinados utilizaram dos recursos do convênio original e dos primeiro e segundo termos aditivos da avença, ou seja, tal prática se protraiu ao longo de toda a vigência do convênio, o que demostra a falta de planejamento do gestor no que se refere à tarefa de estimar os quantitativos de tais insumos, ao longo da condução da avença. Desse modo, não assiste razão ao defendente, podendo ser rejeitadas as justificativas apresentadas pelo Sr. José Eymard Moraes de Medeiros, então

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Secretário Municipal de Saúde, no tocante à presente irregularidade, mostrando-se cabível a imposição de multa.

15. Irregularidade: item 7.7.2. Ato impugnado: Pagamentos de despesas com a locação de um caminhão no período de 26/10/99 a 26/01/2000 à Empresa O & R Veículos Ltda., realizados com recursos federais do Convênio n° 095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município, sem cobertura de contrato regular, uma vez que não houve o devido processo licitatório (subitem 7.7.2 - fls. 55/56). Dispositivos violados: Arts. 2° e 24, IV, da Lei n° 8.666/93. Responsáveis: José Eymard Moraes de Medeiros, Secretário Municipal de Saúde, e José Rodrigues Lopes, Secretário Adjunto na Secretaria Municipal de Saúde.

15.1. Argumentos. O Sr. José Eymard Moraes de Medeiros asseverou que, conforme o planejamento da Secretaria, acreditava-se que a primeira contratação – fundamentada no inciso IV do art. 24 da Lei nº 8.666/93 – seria suficiente para a conclusão dos serviços, o que motivou a não realização dos procedimentos visando o efetivação do procedimento licitatório para a continuação dos serviços. Entretanto, no curso daquele período, verificou-se que havia a necessidade de se estender o prazo da contratação por mais seis meses, em face da pandemia sazonal intensa existente no Município de João Pessoa. Desse modo, o defendente relatou que, se não tivesse havido a continuação dos serviços, todo o trabalho já iniciado poderia ter sido comprometido, tendo invocado o interesse público e os riscos à segurança da população como justificativas à sua ação administrativa. Em seguida, anotou o aumento dos focos da dengue na periferia da cidade, tendo ressaltado a ausência de prejuízo ao Erário, em razão do fato de os preços praticados terem sido os mesmos do contrato anteriormente firmado. Assim, tendo indicado que a situação emergencial e calamitosa estava caracterizada, face à ocorrência de fatos imprevisíveis e alheios à vontade do Administrador, colacionou jurisprudência desta Corte de Contas acerca do assunto (fls. 05 do Anexo 13).

15.2. O Sr. José Rodrigues Lopes repetiu em essência as justificativas trazidas pelo Sr. José Eymard Moraes de Medeiros, tendo ressalvado que, na qualidade de ex-Secretário Adjunto da Saúde do Município e eventual substituto nos impedimentos do titular, não restava alternativa senão autorizar os pagamentos dos serviços que já haviam sido realizados, tendo destacado que os processos já se encontravam totalmente instruídos.

15.3. Análise. As alegações trazidas pelos responsáveis mais uma vez denotam a carência no planejamento da Secretaria de Saúde do Município, no tocante à estimativa das demandas relacionadas à condução da avença. Frise-se que tal deficiência foi admitida pelos próprios administradores. Desse modo, a alegada situação de emergência que ensejou a prorrogação da contratação foi causada pela conduta omissiva do próprio gestor público, não podendo, por esse motivo, ser legitimamente invocada para o fim de dispensar a escorreita realização do certame licitatório. Nesse ponto exsurge a culpabilidade do titular da Secretaria de Saúde, pois na condição de responsável máximo pela execução dos atos administrativos relacionados a sua pasta, assinou o irregular termo aditivo ao contrato em comento – a assinatura aposta no documento de fls. 93 do Anexo 12 é semelhante a consignada no arrazoado de fls. 03/06 do Anexo 13.

15.4. No respeitante à alegação do Sr. José Rodrigues Lopes de que somente era substituto do titular da Secretaria de Saúde e de que não havia como não autorizar o pagamento dos serviços realizados, há de se destacar que a situação do defendente, na linha de causalidade da presente irregularidade, de fato, guarda algumas nuanças com relação a do outro responsável. Nesse sentido, ainda que pudesse, na condição de substituto, não autorizar a realização dos tais pagamentos, porquanto dotado do poder-dever de chamar o feito à ordem, deve-se admitir que tal atitude, caso fosse tomada, revelaria um enriquecimento sem causa da Administração Pública, em detrimento do contratado, que havia regularmente prestado os serviços. Embora

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fosse necessária a sustação da execução do contrato, em face de sua assente irregularidade, a necessidade da continuidade da prestação dos serviços de locação, o interesse público subjacente e a sua condição de substituto do titular da pasta devem ser levados em conta para a aferição da responsabilidade do Sr. José Rodrigues Lopes.

15.4.1. Desse modo, entende-se que a presente irregularidade traz como pano de fundo a falta de planejamento da Secretária de Saúde, no que se refere à ausência de uma correta estimativa das necessidades da Administração. Nesse sentido, compreende-se que a conduta tida como irregular surgiu e se materializou no momento em que o Sr. José Eymard Moraes de Medeiros assinou o termo aditivo ao presente contrato, dando ensejo aos pagamentos posteriormente tidos como irregular. Dessarte, considerando o princípio da causalidade adequada, aplicável para o fim de se mensurar a causa determinante de um fato ilícito e, assim, mensurar responsabilidades, entende-se que deve ser afastada a culpabilidade do Sr. José Rodrigues Lopes, à vista da relevância da conduta do Sr. José Eymard Moraes de Medeiros, no que se refere ao presente achado.

15.5. Sendo assim, devem ser acatadas as razões de justificativa trazidas pelo Sr. José Rodrigues Lopes, Secretário Adjunto na Secretaria Municipal de Saúde. Por fim, tendo sido frontalmente violado o art. 24, inciso IV, da Lei nº 8.666/93 e considerando que o termo aditivo à avença foi assinado pelo Sr. José Eymard Moraes de Medeiros, Secretário Municipal de Saúde, devendo ser rejeitadas as justificativas apresentadas no tocante à presente irregularidade, é de se rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelo último responsável, devendo lhe ser aplicada multa.

16. Irregularidade: item 7.7.3. Ato impugnado: Restrição ao caráter competitivo do Convite n° 20/2000, cujo objeto era a locação de um caminhão, tendo em vista a inclusão de condição despropositada (exigência de um ano modelo específico e pretérito no objeto da licitação), para realização de despesas custeadas com recursos federais do Convênio n° 095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município (subitem 7.7.3- fls. 56/57). Dispositivos violados: Art. 3°, § 1°, I, da Lei n° 8.666/93. Responsável: José Eymard Moraes de Medeiros, Secretário Municipal de Saúde.

16.1. Argumentos. O responsável proclamou a improcedência de tal irregularidade, tendo em vista a participação de cinco firmas e a inexistência de recurso e de impugnação do edital. Nesse sentido, relatou que a falha formal que houve na elaboração do edital não frustou o caráter competitivo, nem causou prejuízo ao Erário.

16.2. Análise. A notícia de que houve a participação de cinco firmas não demonstra a competitividade do certame em tela. Não há como garantir que, caso não houvesse a exigência de um ano e um modelo específico para o objeto da licitação, não teriam acorrido um número ainda maior de participantes ao certame. Pelo contrário, é provável que a quantidade de interessados, se não houvesse tal cláusula restritiva, ainda fosse maior. Nesse ponto, há de se reiterar o caráter desarrazoado da condição em comento, porquanto não há como aceitar que apenas um caminhão que fosse do ano de 1998 seria apto a realizar os serviços a que se prestavam o presente certame. Desse modo, a alegada ausência de prejuízo ao Erário não é capaz de afastar a irregularidade ora comentada, a qual ensejou a violação frontal do art. 3º, § 1º, da Lei nº 8.666/93. Assim, merecem ser rejeitadas as razões de justificativa trazidas pelo Sr. José Eymard Moraes de Medeiros, então Secretário Municipal de Saúde, sendo cabível a imposição de multa.

17. Irregularidade: item 7.7.3. Ato impugnado: Execução do contrato celebrado com a Empresa O & R Veículos Ltda., decorrente do Convite n° 20/2000, cujo objeto era a locação de um caminhão, em desconformidade com os termos da licitação e do próprio contrato, uma vez que deveria ser fornecido, para locação, um caminhão ano modelo 1998, tendo sido entregue o caminhão de placa MMS6988, ano modelo 1977, sendo que as despesas decorrentes do referido

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contrato foram custeadas com recursos federais do Convênio n° 095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município (subitem 7.7.3- fls. 56/57). Dispositivos violados: Arts. 54, § 1°, e 66 da Lei n° 8.666/93. Responsável: José Eymard Moraes de Medeiros, Secretário Municipal de Saúde.

17.1. Argumentos. O defendente apontou a correta execução do contrato, o qual atingiu o seu objetivo principal, não tendo a aludida falha comprometido o cumprimento da avença.

17.2. Análise. As razões trazidas pelo defendente não enfrentam a irregularidade verificada quanto ao descumprimento dos termos do edital da licitação e do contrato. Pelo contrário, constituem a assunção de que a condição restritiva aposta no edital – locação de um caminhão, modelo 1998 – era despropositada e não guardava importância para a satisfação do objeto. Assim, tanto era irrelevante a exigência aposta no edital de que o caminhão fosse modelo 1998 que, na prática, foi usado um veículo do ano de 1977. Dessa forma, permanece injustificada a violação cometida na execução do ajuste, pois se houve um erro inicial na inclusão de tal condição restritiva no edital, remanesceu um erro ainda maior, quando não se exigiu o cumprimento de tal cláusula na execução do contrato. Ante o descumprimento dos arts. 54, § 1°, e 66 da Lei n° 8.666/93, merecem ser rejeitadas as razões de justificativa trazidas pelo Sr. José Eymard Moraes de Medeiros, então Secretário Municipal de Saúde, sendo cabível a imposição de multa.

18. Irregularidade: item 7.7.4. Ato impugnado: Omissão quanto ao dever de aplicar os recursos federais do Convênio n° 095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município, enquanto não empregados na sua finalidade, no mercado financeiro. Dispositivos violados: Art. 20, §1°, da IN/STN n° 01/97. Responsável: José Eymard Moraes de Medeiros, Secretário Municipal de Saúde.

18.1. Argumentos. O responsável ressaltou que não procedia tal irregularidade, uma vez que, nos meses de abril, maio e junho, haviam sido auferidos rendimentos relativos às parcelas 11 e 12, ficando logo demonstrado que, durante o período de execução do convênio, todos os recursos transferidos, enquanto não utilizados, haviam sido utilizados. Adiante, relatou que os esclarecimentos da Diretoria da Divisão de Contratos e Convênios e a cópia dos extratos bancários arrimavam tal afirmação (fls. 27/31 do Anexo 13).

18.2. Análise. As alegações trazidas pelo defendente não se mostram capazes de elidir a presente irregularidade, porquanto as parcelas 11 e 12 do presente convênio somente foram depositadas na conta específica da avença nas datas 20/06/2000 e 01/09/2000 (fls. 186 e 189 do Anexo 5), não podendo, por essa razão ter auferido rendimentos nos meses de abril e maio. Com relação aos rendimentos de que cuidam o extrato de fls. 31 do Anexo 13 – R$ 809,56 totalizados em 30/06/2000 -, ressalta-se que tal soma não decorreu da parcela 11 do convênio, porquanto esta somente foi movimentada da conta específica da avença em 05/07/2000 (fls. 187 do Anexo 5). Dessa forma, não tendo sido refutadas as ponderações emanadas no subitem 7.7.4.1 a 7.7.4.5 do relatório de inspeção (fls. 58 do volume principal), merecem ser rejeitadas as razões de justificativa trazidas pelo Sr. José Eymard Moraes de Medeiros, então Secretário Municipal de Saúde, sendo cabível a imposição de multa.

19. Irregularidade: item 7.7.5. Ato impugnado: Pagamentos antecipados de despesas com a locação de um caminhão à Empresa O & R Veículos Ltda., custeados com recursos federais do Convênio n° 095/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era estabelecer condições para o desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no Município. Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64. Responsável: José Eymard Moraes de Medeiros, Secretario Municipal de Saúde.

19.1. Análise. O responsável destacou que não procedia tal irregularidade, pois o contrato emergencial havia sido assinado em 26/04/99, sendo os pagamentos devidos a cada dia 26. Em

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seguida, ponderou que os pagamentos realizados nos meses 06, 09, 10, 11 e 12 compreendiam os períodos de 24/05/2000 a 23/06/2000, concluindo que ‘(...) desta forma eram pagos referente a 30 dias de serviços prestados entretanto compreendendo parte de 02 (dois) meses, conforme se vê da cópia anexa.’ ipsis litteris (fls. 05 do Anexo 13).

19.2. Análise. Consoante se vislumbra na tabela aposta no subitem 7.7.5.1 do relatório de inspeção (fls. 59 do volume principal), todos os pagamentos relativos ao contrato em apreço se deram antes da data do fechamento do período a que correspondiam, ou seja, ocorreram antes do dia 26, no tocante aos dispêndios ocorridos em 1999, e antes do dia 23, no que se refere às despesas verificadas em 2000. Daí a conclusão de que houve o pagamento antecipado de despesas, não tendo o defendente trazido justificativas capazes de elidir tal irregularidade. Sendo assim, em face da violação aos arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64, devem ser rejeitadas as razões de justificativa trazidas pelo Sr. José Eymard Moraes de Medeiros, então Secretário Municipal de Saúde, sendo cabível a imposição de multa.

Convênio nº 1533/9720. Irregularidade: item 8.8.1. Ato impugnado: Pagamentos antecipados de despesas,

custeados com recursos federais do Convênio n° 1533/97, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era dar apoio financeiro para a construção e equipamento do Complexo Hospitalar de Mangabeira, em João Pessoa, uma vez que foram constatadas medições negativas nos 4°, 7° e 8° boletins de medição. Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64. Responsáveis: José Sérgio A. de Almeida, Engenheiro Fiscal da Obra, Francisco Sales Pereira, Gerente do Núcleo de Edificações na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, e Potengi Holanda de Lucena, Secretário da Infra-Estrutura do Município.

20.1. Argumentos. O Sr. José Sérgio Albuquerque de Almeida, tendo comentado os diversos aspectos do relatório de inspeção, no que se refere ao presente convênio, destacou, com relação à presente irregularidade, que as constatadas medições negativas de fato existiram, e, por diversos motivos, não haveria outra forma de solucionar as questões técnicas detectadas senão por meio daqueles procedimentos. Dessa forma, apontou que tal procedimento, no tocante ao item ‘janela de madeira de lei tipo veneziana com bandeira tipo boca de lobo – medido em unidade’, deveu-se por conta da exclusão desse subitem e criação simultânea do item ‘janela de madeira de lei tipo veneziana com bandeira tipo boca de lobo – medido em metro quadrado’, não tendo havido privilégio financeiro, mas apenas uma inversão instantânea no modo de se medir.

20.2. No respeitante aos itens dos boletins nºs 07 e 08, o defendente destacou que a soma dos pagamentos antecipados de despesa importou em R$ 16.633,02, o que representava 1,04% do total da medição acumulada. Assim, ponderou que, de um universo de 228 itens de serviços a serem fiscalizados, era humanamente possível um erro durante o processo de aferição de quantidades, o qual se verificou em apenas 10 itens (4% do total). Adiante, relatou que, ao final das etapas físicas, toda a obra era criteriosamente mensurada e, somente por conta desse critério, haviam sido detectados erros que puderam ser corrigidos.

20.3. O Sr. Potengi Holanda de Lucena, por sua vez, evidenciou que não cabia ao Secretário de Infra-Estrutura do Município a fiscalização direta da obra, uma vez que cada medição era feita pelos técnicos, cabendo a ele apenas atestar as medições para possibilitar o empenho e o pagamento da despesa. Em seguida, o responsável apontou que a prestação de contas do presente convênio fora aprovada pela Coordenação de Prestação de Contas, Coordenação Geral de Acompanhamento e Prestação de Contas do Fundo Nacional de Saúde. Por fim, o defendente juntou as mesmas argumentações aduzidas pelo Sr. José Sérgio Albuquerque de Almeida, já resumidas nos subitens 20.1 e 20.2 supra.

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20.4. Análise. De início é preciso elucidar que a aprovação das contas dos recursos repassados por força de convênios pelo órgão concedente não vincula a ação do Tribunal de Contas da União, no exercício de sua missão constitucional de órgão auxiliar de controle externo. Desse modo, por ocasião da atividade fiscalizadora prevista no inciso VI do art. 71 da Constituição, pode esta Corte de Contas aferir a existência de irregularidades na aplicação dos recursos públicos federais, constituindo seu poder dever adotar as providências cabíveis com vistas à aplicação de sanção e/ou imputação de débito, sempre que deparar com irregularidades da espécie. Até porque o julgamento das contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos, assim como daqueles que deram causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário, constitui competência exclusiva do Tribunal de Contas da União, no que se refere aos recursos públicos federais.

20.5. Com relação ao mérito da irregularidade ora enfrentada, entende-se que as argumentações trazidas pelos responsáveis denotam o cometimento de uma falha apenas formal, proporcionada pelas instâncias responsáveis pela fiscalização da obra. Nesse sentido, a pouca materialidade dos pagamentos antecipados, diante do universo da obra fiscalizada; a inexistência de prejuízo ao erário; e, ainda, o fato de tal erro não ter se revelado como uma prática repetitiva e com ânimo de dolo; possibilitam a excepcional remissão de tal irregularidade, a qual deve ser considerada como meramente formal.

20.6. Dessa forma, devem ser acatadas as razões de justificativa trazidas pelo Sr. José Sérgio Albuquerque de Almeida, Engenheiro Fiscal da Obra, e Potengi Holanda de Lucena, Secretário da Infra-Estrutura do Município, no que se refere ao presente achado. Ademais, uma vez que as argumentações ora apreciadas mostram-se aptas a beneficiar os Srs. Francisco Sales Pereira, Gerente do Núcleo de Edificações na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, e Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, que não atenderam às audiências que lhes foram endereçadas, entende-se que as razões de justificativa ora analisadas podem ser aproveitadas em prol dos aludidos responsáveis.

Convênio nº 1.115/9921. Irregularidade: item 9.8.1. Ato impugnado: Pagamentos antecipados de despesas,

custeados com recursos federais do Convênio n° 1115/99, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era dar apoio financeiro para conclusão do Complexo Hospitalar de Mangabeira, em João Pessoa, uma vez que foram constatadas medições negativas nos 17°, 18° e 21° boletins de medição. Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64. Responsáveis: José Sérgio Albuquerque de Almeida, Engenheiro Fiscal da Obra, Francisco Sales Pereira, Gerente do Núcleo de Edificações na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, e Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras na Secretaria de Infra-Estrutura do Município.

21.1. Argumentos. O Sr. José Sérgio Albuquerque de Almeida, tendo comentado os diversos aspectos do relatório de inspeção, no que se refere ao presente convênio, destacou, com relação à presente irregularidade, repetiu em essência as mesmas ponderações trazidas acerca de idêntica irregularidade, ocorrida no Convênio n° 1533/97 – subitens 20.1 e 20.2 retro. Assim, relatou que as constatadas medições negativas de fato existiram, tendo sido vários os motivos de sua ocorrência: ajustar o valor medido para que a quantidade acumulada não ultrapassasse a quantidade prevista do item; erro da fiscalização; ajustes decorrentes do desmembramento de itens; e acordo com a empresa executora para a diminuição de quantidades contratadas. Ademais, relatou que os itens em que ocorreram medições negativas representavam uma quantidade pequena da medição acumulada do convênio – 0,06% no que se refere o item ‘projetos finais de engenharia’, 1,09 % quanto aos itens arrolados às fls. 102 do anexo 17 (alínea 2 ) e 1,710%, no respeitante aos itens indicados às fls. 105/106 do mesmo anexo (alínea 4). Outrossim, ponderou que, de um universo de 228 itens de serviços a serem fiscalizados, era humanamente possível um erro durante o processo de aferição de quantidades, o qual se

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verificou em apenas 32 itens (14% do total). Adiante, relatou que, ao final das etapas físicas, toda a obra era criteriosamente mensurada e, somente por conta desse critério, haviam sido detectados erros que puderam ser corrigidos.

21.2. Análise. Conquanto a incidência de tal erro tenha ocorrido com uma frequência maior na presente avença, com relação à verificada no Convênio nº 1533/97, entende-se que se aplica ao presente caso as mesmas razões de decidir ali invocadas. Nesse passo, as argumentações trazidas pelo responsável denotam o cometimento de uma falha apenas formal, proporcionada pelas instâncias responsáveis pela fiscalização da obra. Assim, a pouca materialidade dos pagamentos antecipados, diante do universo da obra fiscalizada; a inexistência de prejuízo ao erário; e, ainda, o fato de tal erro não ter se revelado como uma prática repetitiva e com ânimo de dolo; possibilitam a excepcional remissão de tal irregularidade, a qual deve ser considerada como meramente formal.

21.3. Dessa forma, devem ser acatadas as razões de justificativa trazidas pelo Sr. José Sérgio Albuquerque de Almeida, Engenheiro Fiscal da Obra, no que se refere ao presente achado. Ademais, uma vez que as argumentações ora apreciadas mostram-se aptas a beneficiar os Srs. Francisco Sales Pereira, Gerente do Núcleo de Edificações na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, e Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, que não atenderam às audiências que lhes foram endereçadas, entende-se que as razões de justificativa ora analisadas podem ser aproveitadas em prol dos aludidos responsáveis.

22. Irregularidade: item 9.8.2. Ato impugnado: Pagamentos por serviços não realizados, custeados com recursos federais do Convênio n° 1115/99, celebrado entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, cujo objeto era dar apoio financeiro para conclusão do Complexo Hospitalar de Mangabeira, em João Pessoa, em razão de erros de cálculo no boletim de medição n° 21. Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64. Responsáveis: José Sérgio A. de Almeida, Engenheiro Fiscal da Obra, Francisco Sales Pereira, Gerente do Núcleo de Edificações na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, e Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras na Secretaria de Infra-Estrutura do Município.

22.1. Argumentos. O Sr. José Sérgio Albuquerque de Almeida destacou que o pagamento a maior ocorrido na medição n° 22 era R$ 18.196,04 e não R$ 21.903,95. Como justificativa, ressaltou que os quatro valores que apareciam na coluna referente aos valores acumulados em expressão monetária – R$ 982,06, R$ 641,55, R$ 785,14 e R$ 1.299,16 – correspondiam à diferença entre o preço unitário inicial e o preço unitário reajustado que, por erro de confecção de planilha, ocorreu aleatoriamente, tendo sido originário da medição nº 10. Por esse motivo, teriam de ser abatidos da quantia consignada pela equipe de inspeção, totalizando o montante de R$ 18.196,04: (R$ 21.903,95 – R$ 3.707,91). Por fim, concluiu que o valor acrescido indevidamente foi abatido na medição final nº 22, pois a metodologia de cálculo das medições se dava através dos valores acumulados da medição atual menos o valor acumulado da medição anterior. Nesse sentido, arrematou: ‘o que foi acrescido por erro, nunca por dolo ou má-fé, na medição nº 21, consequente foi regularizado na medição final nº 22.’ in verbis (fls. 107 do anexo 17).

22.2. Análise. É de se afirmar, desde logo, que persiste a irregularidade apurada pela equipe de fiscalização, não assistindo razão ao defendente. Isso porque os 4 valores consignados na medição nº 21, que, segundo o responsável, teriam sido originários da medição nº 10, não deveriam nunca ter sido somados para efeito de apuração do valor a ser medido e pago, visto que correspondiam a quantias pagas a maior, porquanto decorrente da multiplicação dos quantitativos pelo acréscimo no preço unitário dos itens respectivos. Ora, se o tal reajustamento gerou efeitos a partir da medição nº 11, ao quantitativo total acumulado até a medição nº 10, deste e de todos os demais, não poderiam nunca ser aplicados os preços novos, que somente passaram a vigorar a partir da medição seguinte. Assim, a sistemática de cálculo

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aduzida no subitem 9.8.2.7 do relatório de inspeção (fls. 74 do volume principal) além de simples se mostra correta, não merecendo qualquer reparo o valor apurado pela equipe como pagamento a maior – produto da quantidade medida na ocasião, não a quantidade acumulada, pelo preço unitário vigente. Outrossim, não prospera a alegação do defendente que a quantia paga a maior teria sido abatida na medição nº 22, uma vez que, não tendo havido, nesta medição, mudança na sistemática de cálculo do valor acumulado em expressão monetária, a diferença entre a medição acumulada atual (22ª) e a anterior (21ª) revela, necessariamente, a correta expressão monetária dos quantitativos medidos na ocasião. Tanto é assim que se adotarmos a sistemática de cálculo aduzida no subitem 9.8.2.7 do relatório de inspeção, ou seja, se multiplicarmos os quantitativos medidos na 22ª medição – terceira coluna – pelos respectivos preços unitários – quinta coluna – obteremos a soma de R$136.048,35, ou seja, apenas R$ 48,35 acima do efetivamente medido e pago (R$ 136.000,00). Registre-se que tal diferença - a favor do responsável, pois corresponde a uma quantia devida à construtora, mas que não foi paga - deve ser abatida daquele montante de R$ 21.903,95 pagos a maior, por ocasião da medição nº 21, para fins de compor o valor do débito.

22.3. Cumpre registrar, todavia, que a apuração do presente débito refoge à competência desta Corte de Contas, pois se materializou no boletim de medição nº 21, o qual foi custeado com recursos próprios da Municipalidade (fls. 148/160 do anexo 6). Sendo assim, tendo ocorrido error in procedendo, por ocasião da inclusão de tal achado nas audiências expedidas aos Srs. José Sérgio A. de Almeida, Engenheiro Fiscal da Obra, Francisco Sales Pereira, Gerente do Núcleo de Edificações na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, e Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, devem tais medidas processuais ser desconsideradas por esta Corte de Contas, sem prejuízo de se propor a remessa das seguintes peças, relativos à irregularidade em comento, ao Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, para fins de apuração: as fls. 61/66 do volume principal e 19/174 do anexo 6, a presente instrução, no que se refere à irregularidade em tela, a deliberação que vier a ser exarada, juntamente com cópias do relatório e voto que a fundamentarem.

Convênio nº 252/9823. Irregularidade: item 12.8.1. Ato impugnado: fuga ao devido procedimento licitatório

para a realização do objeto do Convênio n° 252/98, celebrado com a Fundação Nacional de Saúde, caracterizada pelo aproveitamento indevido da Concorrência Pública n° 01/91-CEDAC/PMJP e do Contrato n° 02/91. Dispositivos violados: art. 3° da Lei n° 8.666/93 e cláusula primeira, subcláusula única, do Convênio n° 252/98. Responsável: Cícero de Lucena Filho, ex-Prefeito Municipal de João Pessoa.

23.1. Argumentos. O responsável, em sua peça de defesa juntada às fls. 03/06, apontou, com relação à irregularidade objeto da presente audiência, tão somente a expedição do parecer de fls. 34/39 do anexo 17, da Procuradoria Geral do Município de João Pessoa, tendo pugnado, após extrair alguns excertos do relatório de inspeção elaborado por esta SECEX/PB (fls. 05/06 do anexo 17), pela regularidade da aplicação dos recursos desta avença.

23.2. No referido parecer, assinado em 07/06/99, destacou-se que, em 01/07/93, havia sido firmado o terceiro termo aditivo ao Contrato n° 02/91, o qual foi recepcionado pela Lei nº 8.666/93, esta editada em 21/06/93. Adiante, ponderou-se que a avença era do tipo cuja duração estava adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, enquadrando-se no caput do art. 57 da Lei nº 8.666/93. Dessa forma, ressaltou-se, à época, que ‘(...) enquanto tiver recursos para realizar o seu objeto, esse contrato não caduca. E até o momento, não faltou.’ ipsis litteris (fls. 37 do anexo 17). Ademais, o parecerista ponderou que o projeto do referido contrato estava contemplado no Plano Plurianual de João Pessoa, com previsão de prorrogação no ato convocatório, razão pela qual não estava limitado aos cinco anos, conforme dispõe o art. 57, inciso I, da Lei nº 8.666/63. Por fim, concluiu que manter esse contrato era perfeitamente legal,

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tendo ressaltado que essa manutenção somente beneficiava a Administração, em eventual falta de recursos.

23.3. Análise. No tocante às ponderações acerca da natureza do prazo contratual em avenças para realização de obras públicas, ressalta-se que o comando insculpido no art. 57, inciso I, da Lei n° 8.666/93 não constitui guarida para a perpetuação do prazo de vigência de contratos administrativos. É assente na doutrina e na jurisprudência a vedação quanto à efetivação de contratos com prazo de vigência indeterminado ou demasiadamente longo, sendo irrelevante para o mérito da questão o fato de objeto contratual ser a realização de uma obra pública ou a prestação de serviços. A própria Decisão n° 766/1994 - Plenário - TCU, mencionada no referido parecer, impôs que ‘em quaisquer das hipóteses acima, é vedada a contratação por prazo indeterminado ou com vigência injustificavelmente longa’ in verbis. No presente caso, o contrato em apreço, firmado na longínqua data de 10/07/91, foi utilizado para a realização dos serviços pertinentes ao presente convênio, celebrado somente em 03/07/1998, tendo sido alvo de inúmeras prorrogações, mesmo depois desta data.

23.4. De mais a mais, um importante peculiaridade deve ser ressaltada, a arrimar a conclusão pela impossibilidade legal do aproveitamento da licitação em tela. Conforme destacado no subitem 12.4.1.1.3, o objeto licitado no longínquo ano de 1991 era completamente distinto do consignado no plano de trabalho do Convênio nº 252/98, o que suscitou a necessidade da modificação qualitativa de seu objeto, mediante a celebração de termo aditivo, com o fim de adaptar a avença ao objeto do convênio supramencionado. Assim, enquanto o objeto do Convênio n° 252/98 trata da consecução do serviço de esgotamento sanitário do Bairro Alto do Mateus, o objeto da Concorrência Pública nº 01/91 e do contrato dela decorrente contemplava serviços nos Bairros do Cristo, Varjão, Conjunto dos Bancários, Conjunto Anatólia, Jardim São Paulo e Adjacências. Vê-se, então, que, para abarcar as obras pertinentes ao Convênio n° 252/98, houve uma modificação contratual fora das hipóteses estritas do art. 65 da Lei n° 8.666/93. Configurando-se tal modificação qualitativa do contrato como uma verdadeira fuga ao dever de licitar, resta violado ainda o art. 3º do Estatuto das Licitações.

23.5. Outro aspecto que merece ser enfocado, a arrimar a impossibilidade do aproveitamento da presente licitação, diz respeito ao fato de que esta foi realizada segundo o estatuto licitatório anterior, qual seja, o Decreto-Lei n° 2.300/1986. Desse modo, tendo em vista que a cláusula primeira, subcláusula única, do presente convênio impunha a subserviência de seus termos à Lei n° 8.666/93, fazia-se necessária a efetivação de um novo procedimento, nos termos estabelecidos pela atual lei. Nesse passo, não se admite a recepção do referido contrato pela nova lei, em face do vício observado em suas cláusulas, que não previam exatamente os recursos orçamentários para a sua consecução, importando, assim, uma violação ao art. 7°, § 2°, inciso III, da Lei n° 8.666/93.

23.6. Outro argumento importante diz respeito à discussão da própria economicidade, passados mais de 7 anos da realização da licitação, do Contrato nº 02/91. Nesse passo, em razão da sistemática adotada, era grande o risco de os preços praticados, resultantes dos reajustamentos sobre os preços iniciais, não mais se conformarem com os custos unitários adotados no mercado. Assim, a prolongada duração de um contrato impede que seja selecionada a proposta mais vantajosa na atualidade para a Administração, vinculando-a a uma proposta que teria sido mais vantajosa diversos anos atrás, mas que poderá não ser mais vantajosa em relação à realidade do mercado anos depois.

23.7. Continuando o feito, ressalta-se que o Tribunal de Contas da União, no Acórdão n° 1.865/2004-TCU-Plenário, já se manifestou acerca da ilegalidade da utilização da presente licitação, e, por consequência, do contrato dela decorrente, para a consecução das obras pertinentes ao Convênio nº 359/00, celebrado com a Fundação Nacional de Saúde, podendo ser estendidas ao presente caso as mesmas razões de decidir ali expedidas.

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23.8. Dessa forma, tendo sido ilegal o aproveitamento da Concorrência Pública n° 01/91-CEDAC/PMJP e do Contrato n° 02/91, para a realização do objeto do presente convênio, merecem ser rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Cícero de Lucena Filho, ex-Prefeito Municipal de João Pessoa, o qual, na condição de responsável pela condução da avença, deveria ter tido o cuidado de dar estrito cumprimento às normas do convênio e às disposições legais conformadoras da espécie. Assim, cabível a imposição de multa ao responsável.

24. Irregularidade: item 12.8.2. Ato impugnado: indevida conversão do valor original do Contrato n° 02/94, firmado em face da Concorrência Pública n° 03/93, de Cruzeiros Reais para Unidade de Referência de Valor – URV -, tendo suscitado o pagamento de serviços sem a cobertura contratual. Dispositivos violados: arts. 54, § 1°, parte final, e 62, caput, da Lei n° 8.666/93. Responsável: Fernando Martins da Silva, então Secretário Extraordinário de Programas Especiais de Desenvolvimento Urbano.

24.1. Argumentos. O responsável, por meio de seu representante legal, trouxe uma série de considerações jurídicas acerca do confronto entre os princípios da legalidade e da segurança jurídica. Nesse passo, destacou que deveriam ser validados os atos aqui discutidos, ‘(...) pois o Notificado não poderia ser frustrado na sua justa expectativa de direito convalidado pela Lei, parecer, Jurisprudência, doutrina uniforme e demais suprimentos jurídicos retratados nas presentes razões.’ ipsis litteris (fls. 110 do anexo 17). Assim, ponderou que havia se confiado na correção do entendimento exarado pelos antecessores, na legislação e no próprio parecer emitido pelo Procurador Geral do Município, que havia recomendado o cometimento do ato ora discutido. Dessa forma, invocou o princípio da boa fé.

24.2. Tendo citado rigorosa doutrina acerca do assunto, o defendente ponderou que, ‘(...) no caso ora em discussão, em decisão que definiu acerca de possível irregularidade na conversão de valores não se depreende qualquer ilegalidade pois efetivada à luz do espírito, do entendimento e da orientação da própria Fundação Getúlio Vargas, consoante elucida a farta documentação anexa.’ in verbis (fls. 112 do anexo 17). Desse modo, deduziu, ipsis litteris (fls. 112/113 do mesmo anexo):

‘a) A Coordenadoria de Programas Especiais de Desenvolvimento Urbano – CEDAC adotou o procedimento correto, na conversão do Contrato nº 02/94, de cruzeiros reais para URV; b) Se a Lei N. 8880/94, no seu Art. 15, § 2º, Inciso I, dispõe que os valores contratuais expressos em cruzeiros reais serão reajustados pro rata até o dia 31 de março de 1994, nos leva a deduzir que ela admite a existência de contratos contendo índices de reajustamento, que estariam posicionados em outro dia que não seja o último dia do mês; c) A manifestação da Fundação Getúlio Vargas através do documento IBRE/CEP/459/92 (Anexo I), datado de 28 de fevereiro de 1992, subscrito por Paulo Sidney de Melo Cota, Chefe do Centro Estudos de Preços que, relativamente ao cálculo do IGP-DI, explicita: ‘Refere-se esse índice à média de preços de um mês em comparação com a média do período anterior. Assim estaria centrado mais próximo do dia 15 do que do dia 30’(sic); Observe-se que o INCC, juntamente com o IPA e o IPC compõe o IGP-DI e, dessa forma, o período de coleta é o mesmo para todos eles, ou seja o mês de referência. (...) É de se realçar que, no caso vertente e sub examine, está se tratando de INCC igual ao IGP-DI e não de INCC-M ou INCC-10.’

24.3. Dessa forma, o Sr. Fernando Martins da Silva discordou do entendimento formulado pela equipe de inspeção, tendo destacado que o número índice do INCC-DI do mês de março de 1994 representava, na realidade, o custo da cesta em meados do mês, portanto no meio deste.

24.4. Continuando o feito, o responsável trouxe uma vasta doutrina acerca do confronto entre o princípio da legalidade e o da segurança jurídica. Nesse passo, ressalta o entendimento de que há o dever de não anular o ato administrativo, quando o interesse público maior for o de que o princípio aplicável é o da segurança jurídica e não o da legalidade da administração. Nesse diapasão, citou a lição de Gomes Canotilho no sentido de que ‘(...) os atos constitutivos

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de direitos não podem ser anulados de forma ilimitada. Ao contrário, devem, antes, ser considerados os efeitos da desconstituição de tais atos.’ in verbis (fls. 116 do anexo 17). Da mesma forma, mencionou a lição de Weida Zancaner, segundo a qual, ‘(...) em nome da segurança jurídica, simetricamente ao que referimos quanto à convalidação, o decurso de tempo pode ser, por si mesmo, causa bastante para estabilizar certas situações fazendo-as intocadas.’ ipsis litteris (fls. 116 do anexo 17). Outrossim, invocando o administrativista Celso Antônio Bandeira de Mello, dispôs que a estabilização da situação jurídica: ‘(...) quando já se escoou o prazo, dito ‘prescricional’, para a Administração invalidar o ato; b) quando, embora não vencido tal prazo, o ato viciado se categoriza como ampliativo da esfera jurídica dos administrativos (..) e dele decorrem sucessivas relações jurídicas que criaram, para sujeitos de boa fé, situação que encontra amparo em norma protetora de interesses hierarquicamente superiores ou mais amplos que os residentes na norma violada, de tal sorte que a desconstituição do ato geraria agravos maiores aos interesses protegidos na ordem jurídica do que os resultantes do ato censurável.’ in verbis (fls. 117 do anexo 17). Assim, o defendente relatou que não havia dúvida de que a Administração e os gestores agiram de boa-fé. Da mesma forma, destacando a lição de Celso Antônio Bandeira de Mello, ponderou que não é repugnante ao direito administrativo a hipótese de convalecimento de atos inválidos.

24.5. O responsável, em sua linha de argumentação, ressaltou que os atos apontados pela eiva de ilegalidade em face do acórdão aqui vergastado foram iniciados há mais de 12 anos, concluindo que não havia plausibilidade jurídica para o seu desfazimento, porquanto a doutrina dominante entende que a prescrição administrativa, também chamada de prescrição quinquenal, abrange tanto o ato nulo quanto o anulável. Nesse diapasão, colacionou uma série de manifestações da doutrina e da jurisprudência dando conta que o prazo prescricional da pretensão de invalidar da Administração Pública seria de 5 (cinco) anos (fls. 119/129 do anexo 17).

24.6. Continuando o feito, o defendente asseverou que entendimento exposto no item anterior sofrera evolução recente no ordenamento jurídico pátrio, em face da entrada em vigor da Lei nº 9.874/99, que em seu artigo 54 estabelece que decai em cinco anos o diretor da Administração de anular os atos administrativos. Nessa linha, juntou indicação da doutrina e da jurisprudência (fls. 130/132 do anexo 17).

24.7. Por fim, o responsável argumentou que para a configuração do ato de improbidade seria necessária a demonstração da vontade específica do agente, ou seja, do dolo, o que não ocorreu no presente caso.

24.8. Análise. A questão central a ser discutida diz respeito à sistemática de atualização monetária da proposta de preços da empresa vencedora da Concorrência Pública nº 03/93, da data-base de dezembro de 1993, segundo o edital, para a data de 31/03/1994, a fim de fazer cumprir os ditames da Lei nº 8.880/94, de 27/05/1994 - dispõe sobre o Programa de Estabilização Econômica e o Sistema Monetário Nacional, institui a Unidade Real de Valor - URV, e dá outras providências. Cumpre registrar as disposições estipuladas pela referida norma acerca do tema:

Art. 11. Nos contratos celebrados em URV, a partir de 1º de março de 1994, inclusive, é permitido estipular cláusula de reajuste de valores por índice de preços ou por índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, desde que a aplicação da mesma fique suspensa pelo prazo de um ano.

(...)Art. 14. Os contratos decorrentes de licitações ou de atos formais de suas dispensas ou

inexigibilidades, promovidos pelos órgãos e entidades a que se refere o artigo 15, instaurados após 15 de março de 1994, terão seus valores expressos em URV, observando-se as disposições constantes da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e o disposto nos artigos 11 e 12 desta Lei.

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Parágrafo único. Nos processos de contratação cujos atos convocatórios já tenham sido publicados ou expedidos e os contratos ainda não tenham sido firmados, o vencedor poderá optar por fazê-lo de conformidade com os referidos atos, desde que se comprometa, por escrito, a promover, em seguida, as alterações previstas no artigo 15 desta Lei, podendo a Administração rescindi-lo, sem direito a indenização caso esse termo aditivo não seja assinado.

Art. 15. Os contratos para aquisição ou produção de bens para entrega futura, execução de obras, prestação de serviços, locação, uso e arrendamento, vigentes em 12 de abril de 1994, em que forem contratantes órgãos e entidades da Administração Pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, seus fundos especiais, autarquias, inclusive as especiais, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista e demais entidades por ela controladas direta ou indiretamente, serão repactuados e terão seus valores convertidos em URV, nos termos estabelecidos neste artigo, observado o disposto nos artigos 11, 12 e 16.

(...)§ 2º Nos contratos que contenham cláusula de reajuste de preços por índices pós-fixados

gerais, setoriais, regionais ou específicos, em que a periodicidade do reajuste seja igual à periodicidade do pagamento, serão feitas as seguintes alterações:

I - cláusula convertendo para URV de 1º de abril de 1994, os valores contratuais expressos em Cruzeiros Reais, reajustados ‘pro rata’até o dia 31 de março de 1994, segundo os critérios estabelecidos no contrato, aplicando-se aos valores referentes à mão-de-obra, quando discriminados, o disposto nos artigos 18 e 19 desta Lei.

II - cláusula estabelecendo que, a partir da conversão dos valores do contrato para URV, a variação de preços para efeito do reajuste será medida pelos índices previstos no contrato, calculados a partir de preços expressos em URV e em Real, considerando-se como índices iniciais aqueles ajustados para o dia 31 de março de 1994, nos termos do inciso I. (grifos acrescidos)

24.9. Dessa forma, uma vez que, até a data da edição daquela lei, ainda não havia sido assinado o contrato pertinente à Concorrência Pública nº 03/93, fazia-se necessária a adequação do contrato ao disposto na referida regra, o que deveria se dar mediante a aplicação do inciso I do § 2º do art. 15 da Lei nº 8.880/94, em face dos critérios de medição eleitos no ato convocatório – periodicidade do reajuste igual ao do pagamento.

24.10. A discussão que surgiu daí, repete-se, foi relacionada à metodologia de atualização dos valores da proposta, de dezembro de 1993 para 31/03/94. Conforme a memória de cálculo juntada às fls. 72 do Anexo 7, a Municipalidade entendera cabível a atualização do número-índice do INCC-DI de março de 1994 para a data de 31/03/1994, por entender que o valor tabelado desse índice se referia aos preços praticados em uma data média do mês, ou seja, o dia 15/03/1994. A equipe de inspeção, por sua vez, rechaçou tal entendimento, por acreditar que o valor do número-índice do INCC-DI do mês de março, já representava os preços de uma cesta de produtos da construção civil em 30/03/1994, não sendo necessária qualquer operação matemática adicional. Conforme indicado no subitem 12.8.2.3 do relatório de inspeção (fls. 96/97 do volume principal), tal diferença de metodologia importava um reajuste a maior de 606.239,40 URV’s (seiscentos e seis mil, duzentos e trinta e nove Unidade Real de Valor e quarenta centavos), o que teria acarretado, segundo as circunstâncias levantadas nos subitens 12.8.2.5 a 12.8.2.8 do aludido relatório (fls. 97 do volume principal, um saldo contratual indevido utilizado para abarcar novos itens de serviço.

24.11. Como se vê do exposto, a questão fulcral reside em se descobrir a que data aproximada se refere um determinada índice de preços, no caso em exame, do INCC-DI (período de coleta do dia 1º ao dia 30 do mês de referência), se ao preço de uma cesta de produtos/insumos no dia 30 do mês, final do período, ou ao preço médio dessa mesma cesta de

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produtos praticado ao longo do mês, o que importaria uma data fictícia centrada na metade do mês – por ficção, o dia 15.

24.12. Numa análise mais detalhada, verifica-se que a obtenção de um índice de preços refere-se a um preço médio de uma cesta de produtos, obtida com as devidas ponderações, ao longo de um período de coleta. Assim, no caso do INCC-DI, são pesquisados os preços diversos itens significativos, escolhidos previamente pela Fundação Getúlio Vargas, em uma coleta realizada ininterruptamente entre o dia 1º e o dia 30 de cada mês. Assim, para cada insumo/material da amostra, obtém-se diversos valores de custos ao longo do mês, em diversas cidades e em diversos estabelecimentos cadastrados, o que significa que o valor final do índice de preços (número-índice), dada a variação temporal das variáveis coletadas, mais devem se aproximar à data média de cada mês, ou seja, a cada dia 15. Trata-se, portanto de uma ficção econômica, um ponto de partida necessário para fins práticos, uma vez que, em realidade, não há uma certeza matemática que o valor médio da cesta de produtos esteja centrado no dia 15 de cada mês, podendo este se dar aleatoriamente em qualquer data, conforme os diversos fatores que interferem no comportamento do mercado. De qualquer forma, para fins de cálculo, mostrou-se correto o raciocínio adotado pela Municipalidade, uma vez que o INCC-DI apurado para o mês de março de 1993, mais se aproxima do preço médio da cesta de serviços de construção – escolhidos pela FGV – verificado na data fictícia de 15/03/1994. Dessa forma, fazia-se necessária a atualização de tal índice para 31/03/94.

24.13. De toda sorte, apenas um reparo merece ser destacado, o qual diz respeito justamente ao cálculo pro-rata da variação do INCC-DI, entre os dias 15/03 e 31/03/1994. Nesse passo, mais adequado seria, ao invés de usar o INCC-DI de fevereiro de 1994 e de março de 1994, que tivessem sido usado os referidos índices para o mês de março e abril, para fins de interpolação, porquanto se referem aos extremos do período para o qual se quer interpolar. A

fórmula indicada seria:Ou, em termos matemáticos, INCC_DI31/12/94= 10.990,691033.24.14. Sendo assim, aplicando tal montante sobre a fórmula empregada no parecer de fls.

72 do anexo 7, obtém-se um fator de atualização (F) de 0,004122416, o qual, incidindo sobre o valor original da proposta - CR$ 695.246.162,39 – importa em um total contratual de 2.866.093,63 URV´s, 100.763,30 URV´s a menos que o consignado pela Municipalidade – 2.966.856,93 URV´s.

24.15. De todo modo, considerando a correção da metodologia de cálculo empregada pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, é de se relevar o erro apontado no subitem anterior, porquanto tal se deveu a um falha na escolha dos índices de preços para a realização da interpolação, não sendo possível depreender que tal lapso tenha ocorrido de forma intencional.

24.16. Desse modo, à vista da adequação da sistemática adotada pela Municipalidade, o que se afirma em evolução ao entendimento anterior, entende-se que devem ser acatadas as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Fernando Martins da Silva, então Secretário Extraordinário de Programas Especiais de Desenvolvimento Urbano.

25. Irregularidade: item 12.8.4. Ato impugnado: não cumprimento do Plano de Trabalho, não tendo sido atingidas integralmente as metas físicas da avença. Dispositivos violados: arts. 22 e 36, inciso I, da IN-STN n° 01/97. Responsáveis: Cícero de Lucena Filho, ex-Prefeito Municipal de João Pessoa.

25.1. Argumentos. O responsável, em sua peça de defesa juntada às fls. 03/06, trouxe uma série de considerações relativas à execução física e financeira do convênio, tendo analisado os

3 INCC_DIabril = 13181,78, INCC_DImarço =9053,42127

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diversos pareceres emitidos pela FUNASA acerca do assunto, a fim de criticar a devolução total dos recursos. Assim, apontou que o Parecer nº 126/2004 havia indicado a execução física de 43,67%, relacionada às duas primeiras parcelas do convênio, tendo aduzido, com referência ao parecer de fls. 19/20 do anexo 17 - aprovação da prestação de contas relativa à 2ª parcela da avença – que ‘(...) pelo menos até a terceira parcela, do ponto de vista da execução financeira do convênio estaria tudo de acordo com as normas e os procedimentos da FUNASA.’ ipsis litteris (fls. 05 do anexo 17).

25.2. Por fim, o defendente apontou que considera ‘um grande equívoco’ se analisar a prestação de contas à luz do plano de trabalho original, uma vez que tal foi alterado, consoante atesta o documento de fls. 16/17 do anexo 17.

25.3. Análise. De pronto, é preciso ressaltar que a verificação do cumprimento do objeto da presente avença tomou como norte as modificações empreendidas no plano de trabalho do convênio. A tabela acostada no subitem 12.8.4.2 do relatório de inspeção (fls. 99 do volume principal) estabeleceu como parâmetro de comparação – coluna 2 – os valores constantes do projeto executivo modificado com relação ao projeto original, constante das fls. 100 do anexo 7. Assim, não assiste razão ao responsável quando afirma que houve um equívoco quando da comparação.

25.4. Desse modo, não tendo sido produzidas contra-argumentações acerca do mérito da questão sob exame, permanecem injustificadas as constatações aduzidas nos subitens 12.8.4.3 e 12.8.4.4, dando conta do não atingimento da meta prevista para o item Emissário de recalque SH1 e da não conclusão das duas estações elevatórias objeto do presente convênio, em que pese ter emitido o Relatório de Cumprimento do Objeto e o Termo de Recebimento Definitivo da Obra (fls. 110/111 do Anexo 7). Nesse sentido, ressalta-se que restaram pendentes diversos serviços relacionados à EESH1 (Estação Elevatória do Alto do Mateus) e à EESHBP (Estação Elevatória da Ilha do Bispo), tais como: a Caixa de Areia da EESHBP, o Escoramento Contínuo Tipo Macho e Fêmea nas Estações Elevatórias, a montagem dos conjuntos moto-bomba e do grupo gerador e das chaves compensadoras de ambas as estações, e o muro de contorno da EESHBP. Convém frisar, ainda, que o convenente não executou a caixa de areia da EESH1, conforme constatado pela equipe de auditoria em visita à respectiva estação elevatória.

25.5. Sendo assim, devem ser rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Cícero de Lucena Filho, ex-Prefeito Municipal de João Pessoa, motivo pelo qual faz-se cabível a imposição de multa.

26. Irregularidade: item 12.8.9. Ato impugnado: Medição e Atesto de realização de serviços de impermeabilização que não foram executados pela empresa contratada. Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/1964 e 36 do Decreto n° 93.872/1986. Responsáveis: Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro, Engenheiro Fiscal da Obra, Gerenildo Alves Fernandes, Gerente do Núcleo de Pavimentação na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, e Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras na Secretaria de Infra-Estrutura do Município.

26.1. Argumentos. O Sr. Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro destacou que o serviço havia sido executado de acordo com o que previa as especificações do projeto, tendo acrescentado que este tinha sido elaborado há algum tempo e que a CAGEPA, no uso de equipamentos (estações elevatórias), havia percebido a necessidade de impermeabilização de maior durabilidade, eficácia e consequente maior custo, o que não previa o projeto em questão.

26.2. O Sr. Gerenildo Alves Fernandes ponderou que a fiscalização da obra havia sido realizada por equipe técnica da própria empresa, não trazendo à margem responsabilidade transferível a outrem. Assim, destacou que a Direção da Divisão de Execução de Obras e seu corpo hierárquico inferior não exerciam ingerência direta na observância das obras. Nesse passo, aduziu que ‘(...) a responsabilidade de nosso departamento restringia-se ao cunho logístico, abarcando a parte burocrática das obras, ou seja, de envio de equipe, equipamentos

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para consecução da obra – todos solicitados pelo Engenheiro-Chefe da fiscalização -, assinatura de medições.’ Ipsis litteris (fls. 142 do anexo 16).

26.3. Continuando o feito, o responsável alegou que era o Engenheiro-Chefe da fiscalização que cumpria a realização direta, presente e vivenciada da obra, tendo ponderado que a execução em si das medições não apresentava participação direta da Gerência, nem tampouco da própria Direção, uma vez que o Engenheiro-Chefe tinha equipe e auxiliares próprios para a realização das medições. Nesse passo, o defendente ressaltou que a assinatura das medições exprimem atos de confiança diante todos aqueles que laboram conjuntamente, ou seja, ‘(...) há que se considerar inegável a concessão de credibilidade e crédulo na boa fé para com os demais que compõe o corpo de serviços.’ in verbis (fls. 143 do anexo 16).

26.4. Adiante, o Sr. Gerenildo Alves Fernandes destacou que não se devia exigir e imputar responsabilidade maculada por culpa a funcionário que assina medição, agindo de boa fé e cumprindo o exercício regular de direito e de função. Assim, consignou que a Gerência de Pavimentação nas medições dessas obras procedia mais pela função ocupada e, por conseguinte, pouco se deslocando ao campo próprio de realização física das obras.

26.5. Por fim, o defendente indicou o acúmulo de serviços existentes em suas atribuições, não lhe restando tempo hábil e devidamente necessário para analisar minuciosamente, em campo de obras, a realização das mesmas.

26.6. Análise. Considerando o caráter irrisório do custo unitário do item impermeabilização, indicado no Boletim de Medição nº 28-C e a informação prestada pela CAGEPA de que tal serviço não havia sido realizado pela Empresa COBRATE, nas estações elevatórias da Ilha do Bispo e do Alto do Mateus, não se mostra plausível a alegação em contrário do Sr. Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro, ou seja, a de que os serviços de impermeabilização haviam sido executados de acordo com o que previa as especificações do projeto. Levando-se em conta a impraticabilidade do preço unitário do item em questão, previsto no Boletim de Medição nº 28-C – R$ 1,48 (fls. 90 e 92 do anexo 7) –, frente ao pesquisado no Sistema SINAPI – R$ 10,18 somente para o material, afora a mão de obra e o BDI (fls. 625 do volume 3) -, aliada à declaração de terceiro desinteressado no processo, conclui-se pela existência de indícios fortíssimos de que os serviços em tela não foram executados pela empresa contratada.

26.7. Acerca do valor probatório dos elementos colhidos pela equipe de inspeção, ressalta-se que, diante do sistema de livre convencimento do juiz, existente na seara do direito processual pátrio e aplicável ao processo do Tribunal de Contas da União, a prova indiciária, também chamada circunstancial, tem o mesmo valor das provas diretas. Trazendo a lição de MIRABETE , ‘(...) indícios múltiplos, concatenados e impregnados de elementos positivos de credibilidade são suficientes para dar base a uma decisão condenatória, máxime quando excluem qualquer hipótese favorável ao acusado.’ in verbis.

26.7.1. Nesse diapasão, há de se destacar a relevância da declaração colhida no âmbito da CAGEPA, aliada à prova documental da realização dos serviços de impermeabilização por esta empresa, no ano de 2005, porquanto obtida de terceiro desinteressado no deslinde do presente feito. Na seara penal, MIRABETE , a respeito das declarações obtidas de terceiros, assevera que ‘são também sumamente valiosas quando incidem sobre o proceder de desconhecidos, em que o único interesse do lesado é apontar os verdadeiros culpados e narrar-lhes a atuação e não acusar pessoas inocentes.’ ipsis litteris.

26.8. Desse modo, o conjunto probatório colacionado nos presentes autos conspira contra a defesa trazida pelo Sr. Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro, a qual, dado o seu caráter singelo e a ausência de peças documentais mais robustas, não se mostra capaz de elidir a irregularidade ora apreciada. Dessarte, devem ser rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelo referido responsável, o qual assinou o Boletim de Medição nº 28-C, atestando a realização de serviços cuja execução não restou demonstrada.

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26.9. No respeitante aos elementos de defesa trazidos pelo Sr. Gerenildo Alves Fernandes, Gerente do Núcleo de Pavimentação na Secretaria de Infra-Estrutura do Município - SEINFRA, a sua responsabilidade decorreu de sua assinatura no aludido boletim de medição que atestou a realização dos serviços em apreço, tendo decorrido do critério da culpa in vigilando. Todavia, para a correta utilização de tal modalidade de culpa, na cadeira de responsabilização, é preciso verificar uma outra questão também importante: em face das circunstâncias ocorridas no caso concreto, seria exigível uma conduta diversa daquela efetivada pelo defendente?

26.10. Diante da fácil visualização física dos itens medidos no presente documento, aliado à sua razoável magnitude financeira, o comportamento esperado de um homem médio, no exercício de uma função pública relacionada ao atesto da realização de serviços a serem custeados com recursos públicos, seria a observação em campo dos princípios itens de serviços cujo pagamento estava-se a exigir. Em não o fazendo, como revelou o Sr. Gerenildo Alves Fernandes em sua peça de defesa – baseava-se na confiança na equipe de fiscalização -, o referido agente público assumiu o risco de aceitar o pagamento de serviços que não haviam sido efetivamente realizados, numa postura de desleixo à coisa pública. No caso concreto, seria exigível que o responsável tivesse atestado in loco a correta execução das obras civis – vedações, revestimentos, pisos, esquadrias, pintura e cobertura - efetivadas nas estações elevatórias do Alto do Mateus e da Ilha do Bispo, não em suas minúcias, mas naquilo que fosse perceptível em seu todo. Não se reclama que a instância superior da fiscalização de obras vá a campo conferir detalhadamente o trabalho de medição do engenheiro fiscal, mas que tenha o cuidado de proceder um exame do conjunto da medição, dos itens visíveis e daqueles mais significativos. Nesse ponto, é oportuno destacar que se faz inoponível a alegação de excesso de trabalho e acúmulo de serviços, dada o princípio da indisponibilidade do interesse público.

26.11. Cumpre registrar, por fim, que a presente irregularidade não cuida de um pequeno erro em quantitativos de medições, a qual seria de difícil observação para alguém que não tenha participado da fiscalização direta da obra, mas da aceitação de 1.524,82 m2 de impermeabilização, sem que tal serviço tenha sido efetivamente realizado. Aí reside a culpabilidade do Sr. Gerenildo Alves Fernandes e de todos aqueles que atestaram a Medição nº 28-C.

26.12. Por esse motivo, devem ser rejeitadas as razões de justificativas apresentadas pelos Srs. Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro, Engenheiro Fiscal da Obra e Gerenildo Alves Fernandes, Gerente do Núcleo de Pavimentação na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, podendo ser declarada a revelia do Sr. Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, que não respondeu a audiência, e a imposição de multa aos responsáveis.

27. Irregularidade: item 12.8.10. Ato impugnado: Pagamentos antecipados de despesas, custeados com recursos federais do Convênio n° 252/98, uma vez que foram constatadas medições negativas nos 3°, 11°, 14°, 16°, 26° e 28°-A boletins de medição, todos da Empresa COBRATE. Dispositivos violados: Arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/64. Responsáveis: Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro, Engenheiro Fiscal da Obra, Gerenildo Alves Fernandes Gerente do Núcleo de Pavimentação na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, e Potengi Holanda de Lucena, Secretario de Infra-Estrutura no Município.

27.1. Argumentos. O Sr. Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro destacou que, à medida em que a obra estava sendo executada, surgiram serviços não previstos e que, em alguns itens, a quantidade prevista na planilha não era suficiente para a conclusão da obra, o que fez eventualmente surgirem alguns itens com a quantidade acumulada maior que a quantidade contratada, acarretando o aparecimento de medição negativa para ajuste. Assim, relatou que a diferença seria posteriormente medida com a confecção de aditivo, não havendo pagamento antecipado, mas sim despesas sem recursos de pagamento.

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27.2. No que se refere ao Sr. Gerenildo Alves Fernandes, cumpre destacar que a sua peça de defesa (fls. 142/145 do anexo 16) trouxe as considerações descritas nos subitens 26.2 a 26.5 supra, as quais, não tendo sido produzidas especificamente para esta ou aquela irregularidade, podem ser aproveitadas novamente na análise do presente achado. Aliás, entende-se que as mesmas razões invocadas pelo defendente, por ocasião do achado de que cuida o item 26 retro, aplicam-se ao achado ora em discussão.27.3. O Sr. Potengi Holanda de Lucena, inicialmente, destacou que as medições relacionadas à obra do sistema de esgotamento sanitário do Alto do Mateus eram feitas alternadamente com recursos de vários convênios e do próprio município. Assim, aduziu que o fato de as notas fiscais serem indivisíveis e de os quantitativos do convênio serem inferiores ao do contrato, às vezes levava a fazer uma medição a maior em relação ao convênio, mas não em relação ao contrato, porquanto o somatório das notas fiscais superava o que cabia no convênio e aí se faziam as correções através de aditivos para serem pagas com recursos de outros convênios que davam suporte financeiro à obra.

27.4. Continuando o feito, o responsável ressaltou a baixa materialidade de tais medições negativas, as quais totalizaram apenas 3,41% do valor total do convênio.

27.5. Por fim, concluiu que tal procedimento era usual nas obras abrangidas por diversos convênios e nunca havia ocasionado lesão ao erário.

27.6. Análise. De início, cumpre chamar atenção para a baixa transparência dos documentos de despesa das obras do sistema de esgotamento sanitário como um todo, os quais não traziam a definição da exata localização dos serviços, o que dificultava, diante da multiplicidade de convênios celebrados para custear as obras, a correta separação dos serviços executados por fontes de recursos.

27.7. Toda essa aparente desorganização administrativa na condução dessa obra, dentre outros reflexos, acabaram por ensejar ocorrências como as relatadas no presente achado, as quais se mostram injustificáveis ante a magnitude física dos serviços medidos de forma indevida. Ao que parece, a Municipalidade dava continuidade à obra, sem se ater à planilha orçamentária contratual, que obviamente tinha – ou devia – ter o suporte de um projeto de engenharia previamente aprovado, autorizava a realização de serviços em quantidade acima do ajustado contratualmente e somente depois cuidava de acertar os instrumentos jurídicos relacionados à espécie – o contrato e a sua planilha de serviços. Numa inversão da lógica que deve permear a consecução de obras públicas, não era o contrato e a sua planilha – os quais tinham como suporte um projeto de engenharia – que determinavam o objeto a ser construído, mas o contrário, era a obra como estava construída, segundo os critérios da Municipalidade, que impunha a conformação final do contrato e sua planilha, os quais, de instrumento de suporte, constituíam, em realidade, peças burocráticas meramente ilustrativas.

27.8. Assim, conquanto não tenha ficado caracterizada a medição de serviços inexistentes, a afirmação de que, em algumas situações, ocorreram medições de serviços em quantitativos acima do especificado em planilha, a qual somente depois foi objeto de modificação por termo aditivo, constitui a assunção do cometimento de uma outra irregularidade, qual seja a autorização e a efetivação de serviços sem o suporte contratual, em detrimento dos arts. 65, inciso I, e 67 da Lei nº 8.666/93.

27.9. De todo modo, considerando que o referido ato ilegal foi posteriormente retificado pela própria Municipalidade, ao celebrar diversos termos aditivos ao contrato em apreço – Termos Aditivos nºs 01, 03, 05 e 07, é de se considerar tal falha, observada de per si, como de caráter meramente formal, sem prejuízo de se efetivar determinação à Prefeitura Municipal de João Pessoa. Assim, devem ser parcialmente acatadas as razões de justificativa dos Srs. Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro, Engenheiro Fiscal da Obra, e Potengi Holanda de Lucena, Secretario de Infra-Estrutura no Município, as quais podem ser estendidas aos Srs. Gerenildo Alves Fernandes, Gerente do Núcleo de Pavimentação na Secretaria de Infra-

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Estrutura do Município, e Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, ressaltando-se que esse último foi revel.

Convênio nº 236/200028. Irregularidade: item 13.8.2. Ato impugnado: Emissão de parecer favorável à

habilitação indevida da Empresa SETOR, vencedora da Concorrência n° 02/2000-SEINFRA, uma vez que as peças documentais trazidas em sua proposta não eram capazes de demonstrar, de maneira cabal, a qualificação econômico-financeira da empresa e continham falsidade; aceitação de documentos novos com o propósito de sanear a proposta, após o início da fase da habilitação. Dispositivos violados: arts. 3°, 4° e 41 da Lei n° 8.666/93. Responsáveis: Marcílio Juvêncio Pereira de Almeida, Assessor Jurídico na Secretaria de Infra-Estrutura no Município.

28.1. Argumentos. O responsável, tendo historiado os atos pertinentes à presente licitação, destacou que a firma havia apresentado no envelope de habilitação toda a documentação exigida no edital, tendo a sua inabilitação inicial decorrido do parecer da Coordenadoria de Contabilidade da Secretaria de Finanças, a qual havia entendido que as informações contidas no Balanço Patrimonial eram insuficientes para atestar a boa situação da firma. Assim, o defendente aduziu que havia opinado pela habilitação da empresa, em vista das explicações trazidas pela firma em grau de recurso administrativo, não tendo aceitado documentos, depois de iniciada a fase de habilitação. Dessa forma, alegou: ‘o que aceitamos foram as razões de justificativa apresentadas e não a documentação ilustrativa que acompanhou as mesmas.’ ipsis litteris (fls. 293 do volume 1).

28.2. Por fim, com relação à falsidade de documentos aduzida no relatório de inspeção, o responsável ponderou que não tinha qualquer responsabilidade quanto aos mesmos, concluindo que, caso tivesse alguma suspeita quanto aos documentos, jamais teria aceitado e muito menos emitido parecer favorável à habilitação.

28.3. Análise. De pronto, rechaçam-se as ponderações emanadas pelo responsável. Conforme consta do parecer de fls. 59 do anexo 8, não havia como, em face dos documentos contidos na proposta da Empresa Setor (documentação para habilitação), aferir a capacidade econômica da firma. Conforme aquele expediente técnico, a correta avaliação do balanço patrimonial apresentado pela empresa somente seria possível se tivessem sido juntados os elementos suscitados nos itens 1 a 3 do referido parecer – relatório individualizado de faturas a receber, dos estoques, das datas de compra dos itens do imobilizado. E, em vista do princípio da preclusão que rege as diversas etapas do procedimento licitatório, somente na data da apresentação dos envelopes poderia ter ocorrido a tal juntada, não sendo cabível a sua remessa por ocasião da interposição de recurso administrativo. Em razão de sua longa inatividade, a Empresa Setor deveria ter tido a cautela de anexar, no momento da apresentação de sua documentação de habilitação, todos os documentos que a ciência contábil revela como hábeis para demonstrar a sua realidade patrimonial. Não o tendo feito, deveria ter sido inabilitada.

28.4. Desse modo, constitui retórica vazia a alegação do responsável de que não aceitou os documentos de fls. 82/85, mas apenas as explicações trazidas em grau de recurso administrativo, porquanto estas necessariamente haviam de estar arrimadas nas aludidas peças documentais, não subsistindo por si só, sem a devida consideração de seu suporte documental. Em outras palavras, o juízo firmado pelo Sr. Marcílio Juvêncio P. de Almeida, quando da emissão de seu parecer, somente foi possível pelo conhecimento da documentação juntada no recurso administrativo interposto pela Empresa Setor, a qual constituiu elemento de convicção, peça cabal para a indevida habilitação da firma.

28.5. Sendo assim, não tendo sido rebatidas as irregularidades verificadas na habilitação da Empresa Setor (fls. 116/120 do volume principal), por ocasião da Concorrência nº 02/2000, devem ser rejeitadas as razões de justificativa trazidas pelo responsável, motivo pelo qual faz-se cabível a imposição de multa ao Sr. Marcílio Juvêncio Pinheiro de Almeida, Assessor Jurídico na Secretaria de Infra-Estrutura do Município.

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29. Irregularidade: item 13.8.3. Ato impugnado: Alteração do projeto executivo dos aterros de acesso do Viaduto BR-230 (Ceasa), e, consequentemente, do plano de trabalho do convênio, sem a prévia aprovação do DNER. Dispositivos violados: art. 15 da Instrução Normativa STN n° 01/1997. Responsáveis: Rúbria Beniz Gouveia Beltrão, Secretária em Exercício da Secretaria de Infra-Estrutura do Município.

29.1. Argumentos. A responsável destacou que todas as modificações de projeto foram procedidas por absoluta necessidade técnica e o fato de não terem sido aprovadas pelo DNER (hoje DNIT) foi decorrência de desacertos puramente administrativos (excessos burocráticos) inadmissíveis entre as partes convenentes. ‘Ou seja, por diversos motivos, o DNER não se dispôs a formar uma parceria, evidentemente nos limites das normas, indispensável à condução da obra a bom termo no interesse (supostamente) mútuo das partes.’ ipsis litteris (fls. 147 do anexo 16).

29.2. A defendente argumentou que as necessidades de alterações significativas de projeto eram levadas ao conhecimento da Secretaria do Planejamento, onde eram analisadas e aprovadas, atuando a Secretaria de Infra-Estrutura no fornecimento de subsídios necessários e participando do processo de decisão. Continuando o feito, ponderou que as adequações nos quantitativos de serviços haviam sido objeto de termos aditivos, os quais tinham sido devidamente encaminhados à representação local do DNER. Nesse sentido, historiou:

• Em 27/09/2001, foi enviado ao DNER o Ofício nº 509/GS-SEINFRA, solicitando a autorização para aditivo como novos preços. Após 80 dias sem nenhum pronunciamento do DNER, em 17/12/2001, foi lavrado o 2º Termo Aditivo ao contrato, cuja cópia foi enviada àquele órgão mediante o Ofício nº 072/GS-SEINFRA, de 12/03/2002;

• Em 30/04/2002, foi encaminhado ao DNER o Ofício nº 151/GS-SEINFRA, contendo cópia do Terceiro Termo Aditivo assinado pela SEINFRA e pela empresa contratada.

29.3. Desse modo, apontou a responsável que a representação local do então DNER havia tomado conhecimento dos teores de cada um dos termos aditivos e não havia expressado nenhuma posição, nem solicitado que a Prefeitura paralisasse a obra.

29.4. Continuando o feito, a Sra. Rúbria Beniz Gouveia Beltrão argumentou que a causa fundamental, senão única, da não aprovação das contenções do talude em solo armado teria sido o entendimento de que havia espaço suficiente para o posicionamento do aterro, destacando que ‘não havia esse espaço como podemos constatar ‘in loco’.’ in verbis (fls. 148 do anexo 16). Adiante, relatou que havia constatado uma falha no projeto inicial dos muros, pois haviam sido colocadas apenas três alas, ao invés de quatro, fato despercebido por todos que haviam analisado o projeto, inclusive o DNER. Desse modo, afirmou que a Secretaria havia voltado a considerar a solução de muro de concreto armado, ‘(...) mudando, porém seu posicionamento de forma a abrir os espaços necessários já referidos com uma verticalização parcial dos taludes e, consequentemente, havendo necessidade de redimensionamento da estrutura.’ ipsis litteris (fls. 148 do anexo 16). Por fim, aduziu que, embora indiretamente dela tivesse tomado conhecimento, a nova proposta para o muro não foi analisada pelo DNER, certamente pelos motivos citados de natureza mais administrativa e burocrática do que técnica.

29.5. No tocante ao fato de a Prefeitura ter executado o projeto executivo sem a aprovação do DNER, a responsável alegou que a população exigia a conclusão da obra em face dos indiscutíveis benefícios esperados. Dessa forma, destacou que, com os problemas de relacionamento existentes nesse convênio, se a Prefeitura fosse aguardar um pronunciamento do DNER para cada alteração proposta, os serviços teriam seu desenvolvimento bastante prejudicado acarretando sérios transtornos para as partes envolvidas, principalmente os usuários da rodovia. Em seguida, apontou que o DNIT somente voltou a acompanhar a obra por decisão judicial, após a ocorrência do acidente quando já estava bem adiantada a obra de re-estabilização dos aterros. Por fim, asseverou que o Engenheiro Eduardo Calheiros, Coordenador de Estruturas/DPP/DNIT, por meio do relatório produzido em 13/08/2003, havia

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manifestado a sua concordância com as soluções apresentadas, tendo afirmado que o tráfego poderia ser liberado após a conclusão dos serviços.

29.6. Análise. A proibição de se alterar o projeto executivo do presente convênio, sem a devida aprovação da entidade delegante, in casu o então DNER, constituía imposição das normas conformadoras da espécie, o termo da avença e a Instrução Normativa STN nº 01/97. Vaticina o parágrafo primeiro da cláusula segunda da primeira regra que ‘na execução dos trabalhos objeto do presente Convênio, o DELEGADO [a Prefeitura Municipal de João Pessoa] adotará e observará os Projetos Básicos e/ou Executivo, de Engenharia elaborados e aprovados pelo DNER, não podendo modificá-los sem prévia e expressa aprovação do DNER.’ ipsis litteris (fls. 03 do anexo 8). Da mesma forma, o art. 15 da Instrução Normativa STN nº 01/97, determina que ‘o convênio, ou Plano de Trabalho, este quando se tratar de destinação por Portaria Ministerial, somente poderá ser alterado mediante proposta do convenente, devidamente justificada, a ser apresentada em prazo mínimo, antes do término de sua vigência, que vier a ser fixado pelo ordenador de despesa do concedente, levando-se em conta o tempo necessário para análise e decisão.’

29.7. Sendo assim, não poderia a Municipalidade, a seu próprio critério e sem a anuência do concedente, executar o objeto da presente avença de forma distinta do projeto aprovado pela entidade concedente. Assim, não é relevante a alegação de que os termos aditivos tinham sido devidamente encaminhados à representação local do DNER, uma vez que o que interessa é a anuência de tais modificações por esta autarquia federal, o que não ocorreu no caso do 2º Termo Aditivo do Contrato nº 09/2001. No presente caso, instada a se manifestar acerca do assunto – alteração do tipo de contenção dos taludes dos aterros de acesso ao viaduto na BR-230 -, a representação do então DNER na Paraíba havia expedido o Ofício nº 001/2002-v. ER/13 (fls. 627 do volume 3), de 02/01/2002, o qual dera conta ao Secretário de Planejamento do Município de João Pessoa de que fora emitido ‘(...) parecer contrário a sua modificação, ou seja, da execução da solução ‘terra armada’.’ ipsis litteris. Adiante, o referido ofício orientara a Municipalidade que deveria permanecer a solução do projeto original aprovado, que havia sido licitado e suscitado o contrato firmado com a Empresa Setor.

29.8. No respeitante à alegação da inconveniência de se aguardar um pronunciamento do DNER para cada alteração proposta, em razão do interesse público relacionado à continuidade e à necessidade de conclusão da obra, é oportuno ressaltar que tais aspectos não podem sobrepujar a observância das normas técnicas relativas à escorreita execução dos recursos públicos federais repassados por meio de convênios. Nesse sentido, embora a efetivação da obra fosse de responsabilidade do Município de João Pessoa e houvesse o interesse local na conclusão do empreendimento, a União mantém a faculdade de ditar a modus operandi da condução do convênio, porquanto se trata da execução de programa de trabalho, projeto/atividade da União, envolvendo recursos federais, em regime de mútua cooperação, estando presente também o interesse recíproco da União em ver o objeto ser concluído, da forma aprovada pela entidade concedente. Justamente por esses motivos, deve portanto a entidade concedente ser consultada e manifestar a sua concordância para as modificações técnicas eventualmente necessárias ao objeto.

29.9. No presente caso, caberia à Prefeitura Municipal de João Pessoa, por intermédio da Secretaria de Infra-Estrutura, ter adotado as providências de alçada, tais como a realização de reuniões com o DNER e o encaminhamento de novos elementos técnicos ao concedente, objetivando contornar as divergências técnicas havidas na execução da obra. Não o tendo feito, ou não tendo sido demonstrada a realização de tais iniciativas, caberia à Municipalidade ter executado a obra na forma ajustada inicialmente no projeto aprovado pelo DNER

29.10. A única forma de se afastar a culpabilidade das instâncias administrativas da Prefeitura Municipal de João Pessoa seria a demonstração da negligência da entidade concedente, na análise dos expedientes enviados pela Municipalidade, juntamente com a

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comprovação da necessidade técnica das alterações de projeto propostas. No presente caso, a responsável não juntou documentos que atestassem a conduta omissiva da entidade concedente, nem tampouco comprovou a adequação técnica da solução proposta acerca do muro de arrimo do aterro de acesso ao viaduto da BR-230. Acerca do assunto, cumpre registrar a ocorrência de defeitos na estrutura de contenção dos aterros de acesso do referido viaduto, os quais, segundo diversos documentos juntados aos autos – comentários nos subitens 13.8.4.2 a 13.8.4.5 do relatório de inspeção (fls. 121/124 do volume principal) e análise no item 31 adiante -, foram decorrentes da má solução enfeixada no que se refere aos referidos aterros de acesso. Outrossim, cumpre destacar que o Sr. Eduardo Calheiros de Araújo havia aprovado a intervenção adotada posteriormente pela Municipalidade para corrigir os problemas detectados, não a alteração do projeto das alças de acesso ao viaduto e do muro de arrimo, a qual se deu à sua revelia.

29.11. Sendo assim, tendo a defendente assinado o 2º e o 3º Termos Aditivos do convênio (fls. 628/631 do volume 3), trazendo modificações qualitativas no objeto da avença – por meio do 3º, deram-se modificações no projeto dos aterros de acesso ao viaduto da BR-230 (Ceasa) e do muro de arrimo -, sem que tivesse havido a aprovação da entidade concedente, devem ser rejeitadas as razões de justificativa trazidas pela Sra. Rúbria Beniz Gouveia Beltrão, Secretária-Adjunta na Secretaria de Infra-Estrutura do Município. Desse modo, deve ser imputada multa à responsável.

30. Irregularidade: item 13.8.4. Ato impugnado: Deficiente acompanhamento do Contrato n° 09/2001, especificamente, no que concerne à correta avaliação técnica sobre a alteração do projeto executivo do muro de arrimo e do aterro de acesso ao Viaduto BR-230 (Ceasa), sem a escorreita verificação da adequação técnica do novo projeto aos objetivos da obra, não tendo sido contemplado o exame às questões da funcionalidade, segurança e economicidade. Dispositivos violados: art. 65, caput e inciso I, alínea ‘a’, da Lei n° 8.666/93. Responsáveis: Rúbria Beniz Gouveia Beltrão, Secretária em Exercício da Secretaria de Infra-Estrutura do Município.

30.1. Argumentos. A responsável destacou que ‘a autorização para a assinatura do termo aditivo não significa a inexistência da análise técnica que foi feita, criteriosamente, pela Secretaria de Planejamento e Sttrans, subsidiada pela Secretaria de Infra-Estrutura. Em várias reuniões de trabalho foram avaliados todos os aspectos envolvidos, o principal deles a necessidade de espaço para a locação de vias laterais e rótulos com a finalidade de dar maior funcionalidade à circulação do grande número de veículos usuários do viaduto e seus acessos.’ ipsis litteris (fls. 149 do anexo 16).

30.2. Adiante, a defendente ponderou que tinha a convicção, partilhada pela equipes das Secretarias de Planejamento e Infra-Estrutura, como também da grande maioria dos técnicos que conheceram o assunto, que os problemas ocorridos não se deveram à alteração do posicionamento dos muros. Assim, indicou que ‘fatores inesperados, ou seja, chuvas com elevado índice de precipitação, que normalmente não acontecem no mês de fevereiro, quando ainda não tinham sido colocados os elementos de drenagem superficial e a proteção dos taludes dos aterros, provocaram sua desestabilização nas proximidades das bordas.’ in verbis (fls. 149 do anexo 16).

30.3. Por fim, indicou que foi correta a solução adotada pela Municipalidade, pois objetivava atender à demanda de tráfego na obra.

30.4. Análise. A indicação de que foram feitas reuniões para discutir as alterações técnicas do contrato em apreço não substitui a necessidade de motivação do ato administrativo em si, ou seja, do termo aditivo do contrato. Conforme apontado pela equipe de inspeção, tal providência, a ser suprida mediante a expedição de um documento técnico, contendo as razões técnicas da alteração proposta, fazia-se necessária não apenas para subsidiar a análise a ser empreendida pela entidade concedente – o DNER – como também para a efetividade da própria

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atividade de controle, no exercício de sua missão de verificar a legalidade dos atos sujeitos à sua jurisdição. No presente caso, aponta-se a singeleza das peças documentais produzidas pela Secretaria de Infra-Estrutura, previamente à conformação do 3º Termo Aditivo (fls. 98 do anexo 8). Sendo assim, ante a falta de elementos mais robustos de convicção, não resta demonstrada a adequada diligência da Municipalidade na atividade de avaliação técnica da alteração do projeto executivo do muro de arrimo e do aterro de acesso ao Viaduto BR-230 (Ceasa). Em vista da falta de motivação do ato administrativo que materializou a multicitada alteração – o 3º Termo Aditivo do contrato -, na forma usual que deve calcar todo ato administrativo – forma escrita -, deve ser imputada responsabilidade a Sra. Rúbria Beniz Gouveia Beltrão, a qual não adotou tal cautela quando da assinatura do aludido instrumento. No presente caso, não foi atendida a necessidade de aposição de justificativa para as alterações de contratos, conforme requer o art. 65, caput e inciso I, alínea ‘a’, da Lei n° 8.666/93.

30.5. No que concerne à adequação técnica da alteração efetivada pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, é oportuno destacar que o engenheiro Carlos Antônio Taurino de Lucena, autor do projeto original da obra, havia apontado, por ocasião de inspeção ao empreendimento ocorrida em 18/03/2003, que as modificações havidas no corpo de aterro das alças de acesso ao viaduto – que aumentaram a inclinação máxima do talude e a altura máxima de aterro a ser suportada pelo muro – fizeram majorar em 37% o esforço exercido pelo aterro sobre o muro (empuxo), ‘(...) reduzindo o coeficiente de segurança recomendado pelas normas para solicitações de 40% para 3%.’ ipsis litteris (fls. 112 do anexo 8).

30.6. Outrossim, o aludido técnico destacou que as sondagens executadas após a ocorrência dos problemas haviam mostrado que o terreno da fundação tinha um comportamento bastante heterogêneo, tendo suportado, na profundidade de assentamento da fundação do muro, em sua maior parte, uma pressão máxima de apenas 1 Kgf/cm2, quando as informações fornecidas ao projeto indicavam que o terreno da fundação era capaz de suportar com segurança até 2,5 Kgf/cm2. Adiante, relatou que a inobservância do executor em realizar sondagens complementares, quando da execução da obra, havia sido um erro grave, pois ‘(...) dessa forma, não tendo o terreno de fundação, condições de suportar com margem de segurança as pressões que lhe foram impostas pela estrutura do muro, permitiu que ocorresse rotação da sapata do muro em recalque diferencial conjugado com a flexão da parede, acompanhado de uma translação vertical para baixo, pois o terreno recalcou, e por outro lado uma possível translação horizontal vertical.’ ipsis litteris (fls. 114 do anexo 8). Nesse passo, destacou que ‘(...) o fato de terem sido o aterro e o muro executados parte sobre a camada do pavimento asfáltico existente e parte sobre o solo natural, ou seja, materiais com características de resistência à deformação (módulos de elasticidade e rigidez) muito diferentes, contribuiu para acentuar a existência de recalques diferenciais entre as diversas partes da estrutura do muro e do próprio aterro.’ in verbis (fls. 115 do anexo 8).

30.7. Assim, tendo apontado a ocorrência de problemas na execução da drenagem e da estrutura de concreto dos muros, além da não realização de sondagens quando da realização da obra, o Sr. Carlos Antônio Taurino de Lucena concluiu que tinha ocorrido ‘(...) uma conjugação de erros, que impediram que fossem garantidas as tão importantes e indispensáveis premissas de projeto, fundamentais a qualquer obra de engenharia, erros estes que tornaram a obra (aterro/muro) insegura e bastante comprometida no aspecto físico.’ in verbis (fls. 118 do anexo 8).

30.8. Dessa forma, diante do relatório juntado às fls. 109/119 do anexo 8, resta demonstrado que a modificação do projeto original, juntamente com os defeitos na execução da drenagem, da estrutura do concreto dos muros e dos aterros, provocaram as ocorrências verificadas nas alças de acesso ao Viaduto da BR-230, razão pela qual deve ser invocada a responsabilidade das instâncias administrativas da Municipalidade que, tendo efetivado a

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alteração de projeto sem a autorização do então DNER e sem o escorreito cuidado técnico, deram causa à presente irregularidade na utilização dos recursos federais.

30.9. Dessarte, considerando que foi alterado o projeto executivo do muro de arrimo e do aterro de acesso ao Viaduto BR-230, sem que tivesse havido, por parte da Secretaria de Infra Estrutura do Município de João Pessoa, a expedição de um documento contendo as justificativas técnicas para tal modificação; considerando a necessidade de justificação formal das alterações contratuais, nos exatos termos do art. 65, caput e inciso I, alínea ‘a’, da Lei n° 8.666/93; considerando, assim, que não foi demonstrada a correta avaliação técnica das alterações de projeto ora examinadas; e considerando, ainda, que a modificação de projeto ocorrida nas alças de acesso ao viaduto constituiu, em conjunto com outros problemas na execução da obra, uma das causas dos diversos problemas verificados na obra de construção do viaduto da BR-230 (Ceasa); devem ser rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pela Sra. Rúbria Beniz Gouveia Beltrão, Secretária-Adjunta na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, sendo necessária a imposição de multa à responsável.

31. Irregularidade: item 13.8.4. Ato impugnado: Inadequada fiscalização da escorreita execução das obras em apreço, os quais tiveram como consequência diversos defeitos técnicos no objeto em alusão, que puseram em risco a funcionalidade da obra, importando em diversas intervenções corretivas por parte do Poder Público Municipal, caracterizando-se um indevido acompanhamento do contrato. Dispositivos violados: arts. 67 e 69 da Lei n° 8.666/93. Responsáveis: Marcelo Maximiano Guedes Pereira Pitanga, Engenheiro Fiscal da Obra, Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, Rúbria Beniz Gouveia Beltrão, Secretária-Adjunta na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, e Evandro de Almeida Fernandes, Secretário de Infra-Estrutura do Município.

31.1. Argumentos. A Sra. Rúbria Beniz Gouveia Beltrão relatou que a fiscalização da obra havia sido feita normalmente pelos engenheiros do quadro da Prefeitura, os quais contaram com o apoio da Empresa ATECEL – Associação Técnica Científica Ernesto Luiz de Oliveira Júnior, contratada pela Municipalidade. Na oportunidade, destacou que a mencionada firma havia feito o acompanhamento de todos os trabalhos (obras de concreto, pavimentação, drenagem e topografia), tendo produzido relatórios mensais com os resultados do controle de qualidade.

31.2. O Sr. Marcelo Maximiano Guedes Pereira relatou que as obras de construção do Viaduto da Ceasa, juntamente com os muros de contenção dos aterros de acesso tiveram o seu acompanhamento apenas no que diz respeito às obras de concreto. Para proceder ao acompanhamento de todos os trabalhos (obras concreto, terraplenagem, pavimentação, drenagem e topografia), destacou que havia sido contratada pela Municipalidade a Empresa ATECEL.

31.3. Assim, ponderou o responsável, em linhas gerais, que havia rigorosamente seguido e executado o projeto executivo elaborado para o VIADUTO, conforme as pranchas técnicas elaboradas pela Empresa Projeto – Consultoria de Engenharia Ltda., tendo enfatizado que ‘(...) o viaduto propriamente executado sob as mesmas condições e com a mesma equipe técnica, inclusive de fiscalização, nunca sofreu dano ou comprometimento de qualquer ordem, cumprindo, desde então, a sua função específica e estética.’ in verbis (fls. 136 do anexo 16).

31.4. Continuando o feito, o defendente relatou que as chuvas extemporâneas ocorridas no início de 2003, quando ainda não estavam concluídas a cobertura vegetal dos taludes e a drenagem superficial do aterro, haviam provocado erosões no talude do aterro.

31.5. Continuando o feito, asseverou, em discordância com a indicação de que houvera vícios construtivos na estrutura do muro, que os deslocamentos verificados em determinados pontos do topo do muro – provocados por pequenas rotações em trechos das sapatas do muro em recalques diferenciais no terreno de sustentação da fundação - foram suportados e absorvidos pelo conjunto estrutural, sem que existisse comprometimento da estrutura de

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concreto. Desse modo, concluiu que não havia se verificado fissura, trincas ou algo parecido, tendo ressaltado que ‘(...) até hoje não foi executado, e nem é necessário, qualquer procedimento de correção, recuperação ou reforço da mesma.’ ipsis litteris (fls. 135 do anexo 16).

31.6. Acerca da falta de capacidade de suporte do solo, o Sr. Marcelo Maximiano Guedes Pereira ponderou que tal fato jamais tinha sido colocado sob suspeita, seja pelo calculista seja pela ATECEL, tendo aduzido que em todo o detalhamento do projeto não havia nenhuma recomendação para a realização de sondagens complementares.

31.7. Adiante, o responsável discordou da alegação do mau funcionamento dos drenos (barbacãs), tendo apontado que os mesmos haviam sido executados em conformidade com o detalhe fornecido pela Empresa Projeto e que o seu funcionamento havia ocorrido de forma satisfatória, conforme demonstrava a fotografia anexada às fls. 140 do anexo 16.

31.8. Por fim, o defendente argumentou que todas as obras de reforço executadas no corpo de aterro, para assegurar o coeficiente de segurança desejado para estrutura, foram implementadas e custeadas pela Empresa Setor, não tendo havido prejuízo ao Erário.

31.9. O Sr. Evandro de Almeida Fernandes, em sua peça de defesa, expediu, inicialmente, uma série de considerações defendendo a correção e a adequação da modificação ocorrida no projeto do aterro de acesso ao Viaduto da BR-230. Nesse sentido, destacou que a alteração procedida havia sido ditada por condicionantes técnicos intransponíveis e em nada havia influenciado a ocorrência dos problemas posteriores. Nesse sentido, apontou que os problemas estruturais havidos na estrutura dos muros de arrimo e dos aterros de acesso foram causados por uma ocorrência absolutamente imprevisível: ‘Em 24/02/2003 ocorreu uma chuva de elevado índice de precipitação (102 mm somente naquele dia quando a média histórica mensal é de 106 mm).’ in verbis (fls. 152 do anexo 16). Assim, destacou que, como não haviam sido colocados nos aterros os elementos de drenagem superficial e a proteção dos taludes, houve erosões e a consequente desestabilização dos taludes nas proximidades das bordas da plataforma da via. Nesse passo, ponderou que a Empresa JBR Engenharia, escolhida para diagnosticar o problema, havia evidenciado a qualidade dos aterros executados.

31.10. Continuando o feito, acerca da inadequada fiscalização da execução das obras em apreço, ressaltou o responsável que a nova versão do muro de arrimo foi executada conforme o cálculo empreendido pelo Engenheiro Carlos Taurino. Nesse ponto, rechaçou a alegação do referido engenheiro de que teria havido uma redução do coeficiente de segurança para 3%, em face da modificação do projeto, tendo alegado o responsável que ‘(...) se, realmente, houvesse ocorrido essa tão drástica redução, muito provavelmente a estrutura do muro teria ido ao colapso total não sendo, felizmente, o que ocorreu.’ ipsis litteris (fls. 153 do anexo 16).

31.11. Adiante, o defendente asseverou que o afundamento ocorrido em uma pequena área da pista pavimentada sob o apoio de um equipamento em uso havia certamente decorrido da elevada umidade da base do pavimento, a qual teria sido provocada pela infiltração da água pelas trincas. Nesse passo, apontou que tal fato somente ocorrera em uma pequena área isolada. Desse modo, o responsável aduziu que os resultados do estudo de todas as pistas, realizado pela Empresa JBR, havia apontado que o pavimento, executado conforme o projeto original aprovado pelo então DNER, tivera sua vida útil afetada pela água infiltrada na camada de base, o que tinha motivado a decisão de restaurar a sua estrutura.

31.12. Com relação à atuação da Empresa ATECEL, o Sr. Evandro de Almeida Fernandes asseverou que essa instituição havia fiscalizado a execução das obras de construção do viaduto e seus aterros de acesso através de equipe técnica presente na obra em tempo integral, juntamente com os engenheiros fiscais da Prefeitura, tendo emitido relatórios mensais e final de suas atividades, incluindo todos os resultados do controle tecnológico realizado.

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31.13. Como peça anexa de defesa, o defendente juntou a manifestação da Empresa ATECEL, que havia sido produzida no âmbito de processo instaurada no Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (fls. 157/169 do anexo 16).

31.14. Análise. Do conjunto das alegações trazidas, verifica-se que a linha de defesa dos responsáveis se concentra na tese de que os problemas havidos nos aterros de acesso ao Viaduto da BR-230 (Ceasa foram causados unicamente pela elevada precipitação ocorrida no início do ano de 2003, a que classificaram como um acontecimento inesperado e imprevisível. Em outros termos, tentam os defendentes se afastar da responsabilidade pelos acontecimentos supramencionados, imputando a causa de tais fatos à álea extraordinária, especificamente o caso fortuito e a força maior.

31.15. Ocorre que, em conexão com as considerações emanadas no desenvolvimento do item anterior (item 30 supra), os problemas detectados nas alças de acesso ao Viaduto da Ceasa e nos muros de arrimo dos taludes não tiveram uma única motivação, mas foram causados por uma conjugação de erros, que impediram que fossem garantidas as premissas de projeto. Conforme apontou o engenheiro Carlos Antônio Taurino de Lucena, por ocasião da avaliação técnica empreendida em março de 2003, o aumento da inclinação dos taludes e da altura máxima a ser suportada pelos muros de arrimo, modificadas em relação ao projeto da obra, contribuíram, juntamente com a baixa capacidade de suporte do terreno, para a situação de quase instabilidade estrutural observada após as chuvas narradas pelos responsáveis. Assim, os problemas ocorridos na obra em apreço não decorreram apenas do caso fortuito, como quer fazer entender os defendentes, uma vez que as deficiências apontadas na execução da obra também contribuíram, de e forma importante, para o desfecho verificado na obra em tela.

31.16. Superada essa questão, há de se demonstrar a responsabilidade da equipe de fiscalização pelos multicitados problemas verificados na obra em questão. Nesse sentido, não se estar a indicar que a instância administrativa incumbida da fiscalização/administração do empreendimento seja a única responsável pelos defeitos verificados nos aterros e muro do viaduto, mas que a conduta dos agentes administrativos que a compõem também se insere na linha de causalidade dos referidos problemas. Dessa forma, o exame da culpabilidade das pessoas arroladas em face do presente achado envolve a questão atinente à exigibilidade de uma conduta diversa, ou seja, se estavam ao alcance dos responsáveis uma outra forma de agir diferente, de modo que pudessem evitar ou minorar as consequências danosas verificadas nas obras do Viaduto da Ceasa.

31.17. Nesse ponto, cumpre repisar as diversas impropriedades na execução do referido empreendimento, apontadas pelo engenheiro Carlos Antônio Taurino de Lucena, as quais poderiam ter sido evitadas se a equipe de fiscalização tivesse sido mais atenta e criteriosa no exercício de seu munus: a não realização de sondagens complementares no terreno de apoio das alças do viaduto e do muro de arrimo; a execução do aterro e o muro parte sobre a camada do pavimento asfáltico existente e parte sobre o solo natural, contribuindo para a ocorrência de recalques diferenciais; vícios construtivos na estrutura de concretos de muro de arrimo - como desalinhamentos horizontais e verticais, deficiências de espessura, desnivelamentos da superfície lateral das paredes, deficiências de concretagem causadas pelo mau posicionamento e fixação das formas, defeitos estes que foram em parte corrigidos com remendos executados com argamassa sem função estrutural, fatores que interferiram diretamente nas condições e premissas de cálculo do projeto (fls. 115 do anexo 8 e fotos às fls. 121/132 do anexo 8). Do exposto, verifica-se que se tais impropriedades não tivessem ocorrido, ou seja, se os agentes públicos responsáveis pela fiscalização da obra tivessem sido mais rigorosos no exercício de sua função, os problemas havidos nas alças de acesso ao viaduto da Ceasa e no muro de arrimo poderiam ao menos ter ocorrido em menor intensidade.

31.18. Cumpre destacar, ainda, que a insuficiência estrutural da camada de base estabilizada granulometricamente, verificada pela Empresa JBR, também pode ser contabilizada

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Page 140: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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como decorrente da má fiscalização da obra em apreço, porquanto tal erro executivo poderia ser evitado caso fosse mais eficiente a ação da entidade contratante.

31.19. Com isso, chega-se a conclusão que foi deficiente a fiscalização da execução das obras em apreço, tendo a referida conduta omissiva permitido a ocorrência de alguns problemas construtivos, que se inseriram na linha de causalidade dos problemas verificados nos aterros de acesso do Viaduto da Br-230 (Ceasa) e nos seus muros de arrimo. Desse modo, devem ser rejeitadas as razões de justificativa trazidas pelos Srs. Marcelo Maximiano Guedes Pereira Pitanga, Engenheiro fiscal da obra, Rúbria Beniz Gouveia Beltrão, Secretária-Adjunta na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, Evandro de Almeida Fernandes, Secretario de Infra-Estrutura do Município, devendo ser declarada a revelia do Sr. Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, que não respondeu ao ofício de audiência que lhe fora endereçado, e imputada multa a todos os responsáveis.

32. Irregularidade: item 13.8.5. Ato impugnado: Não conclusão do objeto pactuado pelo convênio. Dispositivos violados: art. 22 da Instrução Normativa n° 01/97. Responsáveis: Cícero de Lucena Filho, então Prefeito Municipal de João Pessoa.

32.1. Argumentos. O responsável, tendo historiado as circunstâncias que suscitaram a celebração do Convênio nº 236/2000, destacou, acerca da presente irregularidade, que as obras relativas ao viaduto que faz a ligação das Ruas José Florentino Júnior e Geraldo Mariz e às passarelas sobre a BR-230, haviam tido seus projetos aprovados pelo DNER, tendo sido licitadas pela Prefeitura, mas não haviam sido executadas, uma vez que o processo de licitação não havia sido homologado pelo DNER. Nesse passo, relatou que a passarela de acesso ao Unipê tinha sido feita com recursos próprios do Estado, enquanto as obras de duplicação da Avenida Cruz das Armas ainda não haviam sido iniciadas, em face da denúncia do Convênio nº 236/2000. Com relação ao projeto de duas alças de ligação da BR-230 à Avenida José Américo de Almeida, o defendente indicou que estava em fase final de análise pelo setor de estudos e projetos do DNIT, razão pela qual não havia sido tomada nenhuma providência para a sua implantação.

32.2. Continuando o feito, o responsável assinalou que para equacionar os problemas surgidos com a redução dos recursos a PMJP havia mantido entendimentos com o Governo Estadual, tendo este último assumido o compromisso de executar as obras de duplicação da Avenida Cruz das Armas.

32.3. Adiante, ressaltou que o fato de nenhuma das obras previstas haviam sido concluídas até 31/10/2002 estava diretamente relacionado com o não atendimento às solicitações contidas nos termos aditivos, referente às alterações nos prazos e nos respectivos cronogramas de execução das obras, bem como da prorrogação do prazo solicitada. Nesse sentido, salientou o defendente que a extinção do convênio por decurso de prazo havia ocorrido por inteira responsabilidade do DNER, uma vez que antes da conclusão do prazo previsto, a PMJP encaminhara, através do Ofício nº 285/2002-GS/Seplan, de 27/08/2002, o pedido de prorrogação de prazo e mais uma vez não tivera nenhuma informação sobre o seu andamento.

32.4. O Sr. Cícero de Lucena Filho asseverou que as obras haviam sido executadas de acordo com os cronogramas reprogramados com base nos aditivos encaminhados para a representação local do DNER, razão pela qual a evolução dos serviços não poderia ser comparada com os cronogramas iniciais. Ademais, indicando que o próprio convênio impedia a execução de obras sem a prévia aprovação do DNER, o responsável destacou que as metas M2 e M3 – conclusão da duplicação da Avenida Cruz das Armas e implantação de alças de ligação da BR-230 à Avenida José Américo de Almeida – ainda não haviam sido sequer licitadas. Assim, relatou que o projeto pertinente à Meta M2 somente tinha sido aprovado pelo DNER em agosto de 2002, enquanto o relativo à Meta M3 ainda não havia sido sequer aprovado. Ademais, o defendente destacou que a continuação das obras fora do prazo de vigência do convênio foi

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considerada uma prerrogativa da PMJP, com base na continuidade do contrato com a Empresa Setor.

32.5. Por fim, o defendente expediu considerações acerca dos problemas havidos no Viaduto da BR-230 (Ceasa), da inclusão da Municipalidade no cadastro de inadimplentes do SIAFI e do procedimento licitatório de que cuida a Concorrência nº 06/91, do contrato dela decorrente, tendo concluído pela ilegitimidade do ex-Prefeito para figurar no presente processo.

32.6. Análise. De início, cumpre ressaltar que a Concorrência nº 06/91 não foi objeto da presente fiscalização. De mais a mais, se o propósito do responsável foi discutir o aproveitamento de licitações antigas, para a execução de convênios firmados posteriormente, deve-se consignar que tal assunto foi discutido no item 23 e subitens supra, tendo sido atestada a irregularidade do aproveitamento indevido da Concorrência Pública n° 01/91-CEDAC/PMJP e do Contrato n° 02/91 para a execução das obras do Convênio nº 252/98. Nesse ponto, é oportuno registrar a ausência de elementos novos capazes de elidir o referido achado.

32.7. Com relação ao presente achado, destaca-se que o documento intitulado ‘informações gerais para o parecer técnico’, emitido em 13/03/2003 no âmbito da Inventariança do DNER em extinção na Paraíba (fls. 632/635 do volume 3) – peça extraída da tomada de contas especial recém aportada nesta SECEX/PB, instaurada acerca do presente convênio (TC-026.095/2006-8) -, confirmou que os projetos relacionados à conclusão da duplicação da Avenida Cruz das Armas (Meta M2) e à implantação das alças de ligação da BR-230 (Meta M3) estavam pendentes de aprovação pelo DNER naquela época. Ademais, com relação as outras duas metas apontadas como não realizadas - construção do viaduto sobre a BR-230, na ligação das ruas José Florentino Júnior e Geraldo Mariz (Meta M4), e de três passarelas sobre BR-230 (Meta M9) -, o referido documento informou a existência de falhas legais nas licitações realizadas pela Prefeitura de João Pessoa, o que tinha suscitado a não homologação dos referidos certames.

32.8. Sendo assim, considerando que o próprio concedente deu causa a não conclusão das metas M2 e M3, deve ser afastada a responsabilidade do defendente por este fato. No respeitante às outras metas – M4 e M9 –, resta assenta a culpabilidade do ex-Prefeito, uma vez que cabia a ele, na condição de responsável pela correta condução da avença, a adoção de providências para realização de uma nova licitação, em um tempo viável para que as referidas obras fossem concluídas antes do término da vigência do convênio (31 de outubro de 2002). Cumpre ressaltar que tais metas, constantes do plano de trabalho que motivou o repasse integral da quantia de R$ 4.545.725,00 diretamente na conta do Município (fls. 636/638 do volume 3) - agora enumeradas como 7 e 8 – tinham o prazo previsto de conclusão para janeiro de 2002, o que foi aumentado com a prorrogação da vigência do convênio para outubro de 2002.

32.9. Dessa forma, devem ser parcialmente acatadas as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Cícero de Lucena, ex-Prefeito Municipal de João Pessoa, porquanto não restou elidida a irregularidade atinente à não conclusão das metas 7 e 8 do plano de trabalho do convênio - construção do viaduto sobre a BR-230, na ligação das ruas José Florentino Júnior e Geraldo Mariz, e das passarelas sobre BR-230. Assim, cabível a imposição de multa ao responsável.

Oitivas33. Irregularidade: item 4.7.1. Ato jurídico: combinação entre as empresas participantes

da Concorrência Pública n° 01/97, visando o rateio do objeto licitado, importando tal procedimento em fraude à licitação, violando o princípio do segredo da proposta e prejudicando a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, em detrimento do art. 3° da Lei n° 8.666/93. Interessados: Beta Projetos e Construções Ltda.; Celta Construções e Empreendimentos Ltda.; KVA Projetos Eletro Rurais e Construções Ltda.; Construtora Torreão Villarim Ltda.; Soane Engenharia e Comércio Ltda.; 3C Engenharia Ltda.; Incol Incorporações

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e Construções Ltda.; Decon Construções Civis Ltda.; Serteli Serviços Técnicos de Engenharia Ltda.; Prorcon Projetos e Construções Ltda.; Construtora Acta Ltda.; Construtora Eldorado Ltda.; Linear Engenharia e Empreendimentos Ltda.; HRF Construções Civis Ltda.; e Alcar Engenharia e Comércio Ltda.

33.1. Argumentos. A Empresa 3C Engenharia Ltda. relatou que não havia participado de conluio algum referente à Concorrência Pública nº 01/1997, tendo afirmado que a sua proposta de preços havia ficado 2% abaixo do preço base estipulado pela Prefeitura. Ademais, indicou que não havia participado de outros lotes devido à sua pequena capacidade de endividamento, tendo escolhido o lote 6, que, na hora da compra do edital, não havia nenhum licitante.

33.2. A Empresa Linear Engenharia e Empreendimentos Ltda. destacou que apresentara proposta apenas para o Lote 17, tendo em vista não ter interesse em outros lotes, face à inviabilidade dos preços orçados pela contratante. No tocante à combinação entre as empresas para rateio do objeto licitado, a firma asseverou que não era do seu conhecimento, sendo improvável que tenha ocorrido, por tratar-se de uma concorrência pública com alcance em todo país. Por fim, apontou que havia concluído as obras , conforme as obrigações contratuais.

33.3. A Empresa Beta Projetos e Construções Ltda. ressaltou que a escolha dos lotes 1 e 22 se deu meramente pela adequação dos mesmos à disponibilidade de transporte, quantidade de mão de obra especializada para a efetivação da obra e pelos interesses comerciais de nossa empresa, uma vez que a adjudicação do certame licitatório renderia a ela participação no mercado e capacidade competitiva para outras concorrências. Em seguida, ponderou que em nenhum momento havia se unido com quem quer que fosse com o interesse deliberado ou tácito de fraudar, lesar ou concorrer desonestamente.

33.4. A Construtora Torreão Vilarim Ltda. repetiu em essência todas as argumentações trazidas pela Empresa Beta Projetos e Construções Ltda., tendo ambas sido representadas pelo mesmo procurador legal.

33.5. A Empresa Decon Construções Civis Ltda., após historiar a licitação em apreço, destacou que a sua proposta de preços foi 3,82% abaixo do limite estabelecido, tendo enfatizado que participava regularmente de licitações públicas realizadas nas diversas esferas da administração pública, sempre preservando correção e pontualidade no fiel cumprimento de seus encargos. Por fim, apontou que a Comissão de Licitação respeitou rigorosamente a Lei das Licitações, tendo proclamado vitoriosos aqueles que preencheram os requisitos de qualificação e apresentaram lances mais favoráveis.

33.6. A Empresa Alcar Engenharia e Comércio Ltda. declarou que não participara de conluio com as empresas concorrentes para ratear o objeto licitado; que, apesar de ser representante legal da empresa, quem estava designado para participar do certame licitatório de que tratam os presentes autos era um funcionário da firma; que a escolha por apenas um lote foi devido aos baixos preços constantes do edital publicado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa e por não ser interessante para a empresa a aquisição de mais um lote da obra. Por fim, concluiu que se houve coincidência ou não, caberia à comissão licitatória a não homologação do certame licitatório, devendo a mesma ter anulado todo o processo e reiniciado com publicação de novo edital.

33.7. A Construtora Acta Ltda., na mesma linha que a Empresa Alcar Engenharia e Comércio Ltda., declarou que não participara de conluio com as empresas concorrentes para ratear o objeto licitado e que a escolha por apenas um lote foi devido aos baixos preços constantes do edital publicado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa e por não ser interessante para a empresa a aquisição de mais um lote da obra. Por fim, concluiu que se houve coincidência ou não, caberia à comissão licitatória a não homologação do certame licitatório, devendo a mesma ter anulado todo o processo e reiniciado com publicação de novo edital.

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33.8. A Empresa Serteli – Serviços Técnicos de Engenharia Ltda. alegou que o procedimento licitatório em questão obedeceu a todas as formalidades exigidas em lei, tendo ressaltado o cumprimento de todos os itens contratuais. Ao final, concluiu que não havia qualquer vício ou anormalidade concernente à relação contratual.

33.9. Consoante consta da tabela do item 5 retro, as Empresas Celta Construções e Empreendimentos Ltda., KVA Projetos Eletro Rurais e Construções Ltda., Soane Engenharia e Comércio Ltda., Incol Incorporações e Construções Ltda., Prorcon Projetos e Construções Ltda., Construtora Eldorado Ltda. e HRF Construções Civis Ltda. não encaminharam seus elementos de defesa.

33.10. Análise. A conclusão de que houve combinação entre as empresas participantes da Concorrência Pública n° 01/97, visando o rateio do objeto licitado, decorreu do fato de que, em cada um dos 22 lotes postos à disposição dos licitantes, somente houve um único concorrente – à exceção do lote 1, onde tiverem duas empresas habilitadas que apresentaram propostas de preço, sendo que uma das propostas foi desclassificada, pois apresentava preço superior à 1,1 vez o valor orçado, o que não era permitido pelo Edital -, de modo que cada uma das empresas arroladas no presente feito foram vencedoras de ao menos um dos lotes da licitação em tela. Conforme visto no subitem 7.3 retro, faz-se improvável uma coincidência dessa magnitude, ou seja, mostra-se pouco plausível que cada uma das 15 empresas acima listadas tenha escolhido, ao acaso, 1, 2 ou 3 lotes específicos e, quando da abertura das propostas, não tivesse havido sequer um lote que tenha sido objeto de escolha por duas empresas.

33.11. Desse modo, é crível que uma certa empresa tenha optado em participar de apenas um lote, por força de sua capacidade econômica, até porque constitui este o objetivo do parcelamento do objeto de uma licitação pública: melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da competitividade, sem perda da economia de escala (art. 23, § 1º, da Lei nº 8.666/93). Todavia o que não se pode aceitar é não ter havido um lote sequer dentre os 22 licitados onde tenha acorrido ao menos dois concorrentes com propostas válidas. Será plausível tamanha sorte das firmas participantes da Concorrência Pública n° 01/97?! As circunstâncias apontam que não.

33.12. Com relação à alegação da Empresa Linear Engenharia e Empreendimentos Ltda. de que havia escolhido o Lote 17, em face da impraticabilidade dos preços dos outros lotes, há de se ressaltar a proximidade dos preços de referência dos diversos lotes postos à disposição dos licitantes, até porque tratavam-se de habitações populares de dimensões padronizadas, havendo pequenas diferenças em face da topografia dos terrenos. Tanto é assim que, à exceção dos preços consignados para os Lote 15 e 18 – R$ 75.275,96 e R$ 67.692,00 (fls. 06 do Anexo 2) -, as propostas vencedoras tiveram preços variando entre R$ 78.000,00 e 83.000,00, em valores arredondados, tendo ocorrido dez propostas com valores acima da especificada pela Empresa Linear. Sendo assim, a justificativa trazida não se mostra apta a afastar a irregularidade em tela.

33.13. Por fim, quanto ao argumento da Empresa Serteli de que deu cumprimento a todos os itens contratuais, ressalta-se que tal fato não se presta para demonstrar que não houve o conluio, sendo irrelevante para desconstituir a presente irregularidade.

33.14. Dessa forma, considerando as argumentações emanadas nos subitens 7.5 a 7.11 retro, dando conta do caráter relativo da prova e da verdade em sede processual; considerando o valor probatório da prova indiciária e das presunções para o fim de firmar convicção no espírito do aplicador do direito; considerando a validade do sistema de apreciação da prova do livre convencimento ou da persuasão racional; considerando que o conjunto de circunstâncias multicitadas possibilitam a convicção de que houve conluio na Concorrência nº 01/97; considerando que as ponderações trazidas pelas empresas Beta Projetos e Construções Ltda.; Construtora Torreão Villarim Ltda.; 3C Engenharia Ltda.; Decon Construções Civis Ltda.; Serteli Serviços Técnicos de Engenharia Ltda.; Construtora Acta Ltda.; Linear Engenharia e

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Empreendimentos Ltda.; e Alcar Engenharia e Comércio Ltda. não se mostraram suficientes para desconstituir a presente irregularidade; considerando que as Empresas Celta Construções e Empreendimentos Ltda., KVA Projetos Eletro Rurais e Construções Ltda., Soane Engenharia e Comércio Ltda., Incol Incorporações e Construções Ltda., Prorcon Projetos e Construções Ltda., Construtora Eldorado Ltda. e HRF Construções Civis Ltda., regularmente notificadas, não enviaram qualquer resposta às oitivas que lhe foram endereçadas; deve ser declarada a inidoneidade das referidas firmas para participar de licitação na Administração Pública, com fulcro no art. 46 da Lei nº 8.443/92.

34. Irregularidade: Item 6.7.1. Ato jurídico: combinação entre as empresas participantes da Tomada de Preços n° 02/2002, configurada na semelhança quase integral entre os preços unitários constantes das propostas, importando tal procedimento em fraude à licitação e em violação ao princípio do segredo da proposta, frustando a obtenção da proposta mais vantajosa para a Administração, em detrimento do art. 3° da Lei n° 8.666/93 (subitem 6.7.1 - fls. 116/119). Interessados: Empresas CONIM - Construtora e Imobiliária Ltda., Zoih Engenharia Ltda. e MLR Construções Ltda.

34.1. Argumentos. A Empresa Zoih Construções Ltda., por meio de seu representante legal, destacou que não participou de nenhuma combinação de preços na Tomada de Preços nº 02/2002, tendo ressaltado que ganhou uma licitação que se deu na forma de empreitada por preço global do tipo menor preço. Destacou, em seguida, que o atendimento das especificações de projeto, que incluía o fornecimento dos equipamentos e máquinas exatamente descritos no anexo do memorial descritivo, não comportava grandes variações de preços, uma vez que inexiste uma substancial diversidade de fabricantes e fornecedores.

34.2. Continuando o feito, o defendente ponderou que os preços praticados estavam de acordo com o histórico dos preços havidos no mesmo período por meio de pesquisas em outras licitações da qual participou, o que classifica como conduta plenamente compreensível, a fim de maximizar as chances de vitória no certame.

34.3. Adiante, ponderou que não competia a Empresa Zoih se manifestar acerca dos preços dos outros participantes da licitação, o que prejudicava atender ao esclarecimento buscado pelo TCU.

34.4. Ademais, a firma argumentou que teve acesso aos projetos básico e executivos da obra, bem como ao prévio orçamento detalhado por quantitativo, tendo se pautado em tais informações para fins de produção de sua proposta, tendo aduzido que não havia qualquer impedimento legal ao acesso a tais informações. Nesse passo, destacou que era plausível que outros licitantes tivessem igualmente consultado o orçamento prévio de quantitativo, o que daria azo a uma possível semelhança dos preços mínimos de mercado. Desse modo, aduziu que ‘(...) de modo algum a existência de um orçamento prévio compromete a competitividade ou viola o sigilo das propostas, até porque a tendência será de tomar-se o orçamento prévio como um teto máximo de preços a serem praticados pelos licitantes, forçando a um preço global inferior por parte daquele que foi vencedor, resultando em ganho para o contratante o que diminui o risco de receber apenas propostas com valores maiores do que a previsão orçamentária.’ ipsis litteris (fls. 426 do volume 2).

34.5. Por fim, a empresa interpelou esta unidade técnica acerca da existência de paradigmas de preços obtidos de outras licitações, a fim de comparar e observar se haveria reais perspectivas de obtenção de melhores propostas.

34.6. A Empresa MLR Construções Ltda., por meio de seu representante legal, ponderou que não havia nenhum fato concreto que pudesse ser capaz de incriminar a referida firma, no que se refere à acusação de fraude e de combinação de preços. Nesse passo, ressaltou que ninguém pode ser condenado sem provas sobejantes e concretas que justifiquem e comprovem plenamente o fato delituoso. Assim, concluiu que a equipe de inspeção não provou a existência da prática da fraude, na real acepção da palavra, atendo-se ou reportando-se tão somente ao

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terreno das deduções e/ou suposições, que não são absolutamente, a mesma coisa de prova, mormente no tocante à acusação da ocorrência de fraude.

34.7. Continuando o feito, a empresa aduziu que ‘acusar a contestante de ‘conluio’ com outras empresas congêneres visando fraudar o ato licitatório, apenas porque seus preços coincidiram com as concorrentes, honestamente, é desconhecer a existência real da GLOBALIZAÇÃO, que interage de norte a sul e de leste a oeste deste planeta (...)’ in verbis (fls. 157 do anexo 17). Nesse passo, consignou que para a demonstração do conluio seriam necessárias prova contundentes, elementos que não se reveste o presente caso, visto que as imputações e responsabilidades trafegam por caminhos de deduções e suposições, os quais não dispõem de força jurídica. Assim, não havendo provas cabais e incontestes , não há como punir o representante da empresa sob os auspícios de provas dedutórias.

34.8. Dessarte, a firma destacou que, com absoluta certeza, não desvirtuou os caminhos da ética profissional, tampouco abdicou de sua honra profissional, não tendo praticado nenhum ato visando fraudar a presente licitação.

34.9. A Empresa CONIM - Construtora e Imobiliária Ltda., tendo sido adequadamente notificada da oitiva que lhe fora endereçada, não encaminhou seus elementos de defesa

34.10. Análise. No que se refere ao argumento da Empresa Zoih Construções Ltda. de que não havia grandes variações de preços quanto aos serviços especificados na presente licitação, em face da inexistência de substancial diversidade de fabricantes e fornecedores, cumpre registrar que tal alegação, além de não confirmada com outros documentos, não justifica a quase total coincidência de 262 itens de serviços contidos nas três propostas de preços que acorreram à Tomada de Preços nº 02/2002. Isso porque os custos unitários em obras de engenharia são determinados por fatores como a composição do serviço, as produtividades da mão de obra, os equipamentos a serem usados, os custos indiretos e o lucro de cada firma, os quais são individuais para cada empresa, pois estão relacionados à técnica, ao porte econômico e à experiência de cada uma delas. Mesmo no que se refere aos itens relacionados à aquisição de materiais, não há como admitir, a título de exemplo, que haja poucas empresas fornecedoras de abracedeiras, arandelas, caixa oitavas de embutir, buchas, cabos anti-chama, disjuntores, eletrodutos, fios, lâmpadas, luvas, reatores, dentre vários equipamentos destinados à instalação elétrica e telefônica constantes dos itens 11 e 12 da planilha orçamentária, os quais podem ser encontrados facilmente em uma razoável número de lojas no comércio de João Pessoa. A confirmar tal informação, ressalta-se que, em pesquisa singela realizada no site da empresa fabricante das listas telefônicas, foram encontradas 32 firmas especializadas na venda de material elétrico (fls. 639 do volume 3), o que atesta a grande diversidade de fornecedores de parte dos materiais constantes do item 11 da planilha orçamentária.

34.11. Também com relação ao argumento que os preços adviriam de pesquisas feitas em outras licitações, há de se destacar que os fatores relacionados no subitem anterior, atinentes à conformação dos preços unitários em serviços de engenharia, variam bastante de obra para obra, não havendo como indicar que o custo unitário de um item de serviço se repita necessariamente em uma outra obra, mesmo que esta tenha idêntica natureza da primeira. Isso porque as especificidades encontradas em cada obra de engenharia, tais como o local da obra, que interfere no transporte de insumos e na produtividade, os tipos de materiais exigidos e o porte da obra – com reflexos nas quantidades dos insumos e nos respectivos preços de aquisição -, impõem diferentes composições e preços unitários, não sendo recomendável que um licitante repita simplesmente o custo praticado em uma licitação anterior, para fins de competir em um outro certame. A título de exemplo, registra-se que um simples assentamento de piso cerâmico pode apresentar variações de preços, para uma mesma empresa, conforme se trate de uma pequena área no térreo de uma edificação ou de um grande auditório situado na cobertura de um prédio de muitos andares – maior custo em transporte vertical dos insumos e menor preço do insumo, pelo ganho de escala.

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34.12. Continuando o feito, cumpre destacar que o acesso dos licitantes aos projetos básicos e de engenharia e à planilha orçamentária de quantitativos – a qual constitui procedimento exigido por lei – também não implica a igualdade das propostas, em face dos fatores relatados no subitem 35.10, ou seja às peculiaridades atinentes a cada empresa – BDI, composição e produtividades adotadas, custo de aquisição de materiais. Tanto é assim que, em licitações sujeitas às condições normais de competitividade, mesmo com o atendimento de todas as condições do edital, da planilha orçamentária e das composições de custos unitários previamente definidos pela Administração – por sinal, este documento que não foi elaborado na presente licitação – o usual é uma enorme variação dos custos unitários das propostas apresentadas, as quais são determinadas pelas características individuais e pelo porte de cada firma.

34.13. Nesse ponto, cumpre esclarecer à Empresa Zoih Construções Ltda. que, em nenhum momento, alvitrou-se que a divulgação da planilha orçamentária prejudicava a competitividade. Pelo contrário, ressalta-se que tal providência constitui imposição legal do inciso II do § 2º dos arts. 7º e 40 da Lei nº 8.666/93, cuja violação foi verificada nos presente autos, haja vista a ausência, na planilha elaborada pela Municipalidade, dos custos unitários paradigmas para fins de julgamento da compatibilidade dos preços unitários propostos (subitem 6.7.1.2 do relatório de inspeção – fls. 42 do volume principal). O que chamou atenção da equipe de inspeção foi o fato de que, mesmo diante da falta de indicação dos custos unitários referenciais para a presente licitação, ainda assim houve a impressionante igualdade entre as propostas apresentadas pelas empresas, o que poderia ter sido explicado se, caso houvesse sido divulgada aqueles custos unitários paradigmas, os licitantes tivessem simplesmente os repetido em suas propostas.

34.14. A necessidade de um orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários e da composição dos referidos custos unitários não constitui uma mera imposição do inciso II do § 2º dos arts. 7º e 40 da Lei nº 8.666/93, um rigorismo legal sem importância, mas um pressuposto lógico para a atividade de verificação da compatibilidade de cada um dos custos unitários das propostas apresentadas. A importância de sua utilização para a atividade de julgamento das propostas se materializa na medida em que torna viável a verificação do atendimento dos critérios de aceitabilidade dos preços unitários, cuja estipulação no edital se mostra obrigatória diante da regra do inciso X do art. 40 da Lei das Licitações. Não é porque a licitação é do tipo empreitada por preço global que não deve ser verificada a compatibilidade de cada um dos preços unitários das propostas com o referencial trazido pelo orçamento estimado da obra.

34.15. No respeitante à interpelação da Empresa Zoih Construções Ltda. para que fossem apresentados custos praticados em outras licitações, cumpre destacar que tal informação se mostra irrelevante para o fim de desconstituir a presente irregularidade, porquanto a eventual economicidade da proposta vencedora – no subitem 13.14 foi apurado débito decorrente de sobrepreço em dois itens de serviço do contrato - não serve como elemento de convicção para demonstrar a inocorrência do conluio.

34.16. Com relação à necessidade de provas concretas e sobejantes e ao valor probatório dos elementos de convicção arrolados pela equipe de inspeção para subsidiar a ocorrência de conluio na Tomada de Preços nº 02/2002, cumpre repisar as considerações emanadas no subitem 7.5 a 7.11 retro, acerca do valor relativo de todos meios de prova, da inatingibilidade da verdade absoluta em sede processual, do juízo de verossimilhança que deve permear a atividade do aplicador do direito e do sistema de apreciação das provas em direito, a qual se arrima no princípio do livre convencimento do juiz e da persuasão racional, as quais se aplicam inteiramente para rechaçar a linha de defesa apresentada pela Empresa MLR Construções Ltda. Assim, cumpre lembrar que a prova indiciária, diante do sistema de livre convicção do juiz, tem o mesmo valor das provas diretas, como se depreende da Exposição de Motivos do Código de

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Page 147: Cidadão | Portal TCU · Web viewFoi feita uma única transferência, no valor de R$ 262.343,70, em 11/12/1998, sendo que R$ 243.930,44 corresponderam às despesas com o objeto do

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Processo Penal, em que se afirma não existir necessariamente maior ou menor prestígio de uma com relação a qualquer outra. Assim, indícios múltiplos, concatenados e impregnados de elementos positivos de credibilidade são suficientes para dar base a uma decisão condenatória, máxime quando excluem qualquer hipótese favorável ao acusado, conforme apontado por MIRABETE .

34.17. No presente caso, a conclusão de que houve conluio na presente licitação decorreu da pequena probabilidade de as firmas participantes do certame, sem o prévio conhecimento das propostas uma das outras, haverem cotado seus preços unitários com o grau de coincidência verificado nos presentes autos, ressaltando-se que foi constatada a absoluta igualdade entre 262 e 261 itens, comparando as propostas das Empresas CONIM e Zoih, e Zoih e MLR, respectivamente – apenas um item, entre as propostas das duas primeiras empresas, e dois itens, entre as das duas últimas, estavam diferentes. Assim, a conclusão ora enfeixada decorreu de uma prova indiciária, de uma regra de experiência, da observação do que probabilisticamente é certo no mundo físico, que culminou com uma presunção hominis, calcada na aplicação das máximas da experiência e da observação do que ordinariamente acontece no mundo fático. È de se ressaltar que ambos os meios de prova – indícios e presunções – são admitidos em Direito, mesmo na seara processual penal, sendo úteis e suficientes para firmar a convicção do aplicador do Direito.

34.18. Por fim, no tocante ao argumento de que a relatada coincidência nos preços poderia ser explicada pela globalização, registra-se que tal não se presta a justificar a presente irregularidade, dadas a singeleza de tal alegação e as ponderações emitidas no subitem 34.10 supra. Nesse passo, repete-se que os custos unitários em obras de engenharia são determinados por fatores como a composição do serviço, as produtividades da mão de obra, os equipamentos a serem usados, os custos indiretos e o lucro de cada firma, os quais variam de acordo com a individualidade de cada empresa, pois estão relacionados à técnica, ao porte econômico e à experiência de cada uma delas.

34.19. Ante todo o exposto, considerando as argumentações emanadas nos subitens 7.5 a 7.11 retro, dando conta do caráter relativo da prova e da verdade em sede processual; considerando o valor probatório da prova indiciária e das presunções para o fim de firmar convicção no espírito do aplicador do direito; considerando a validade do sistema de apreciação da prova do livre convencimento ou da persuasão racional; considerando que o conjunto de circunstâncias multicitadas possibilitam a convicção de que houve conluio na Tomada de Preços nº 02/2002; considerando que as ponderações trazidas pelas Empresas Zoih Engenharia Ltda. e MLR Construções Ltda. não se mostraram suficientes para desconstituir a presente irregularidade; considerando que a Empresa CONIM - Construtora e Imobiliária Ltda., tendo sido regularmente notificada, não enviou qualquer resposta à oitiva que lhe foi endereçada; deve ser declarada a inidoneidade das referidas firmas para participar de licitação na Administração Pública, com fulcro no art. 46 da Lei nº 8.443/92.

35. Item: 3.3. Interessado: SETOR - Serviços Técnicos e Obras Rodoviárias. Ato jurídico: apresentação de balanço contábil, posição em 31/12/99, contendo informação falsa, uma vez que a fixação do novo capital social da empresa em R$ 101.542,91 somente se deu por ocasião da 15ª alteração do contrato social da firma, ocorrida em 05/07/2000, quando o referido valor foi totalmente integralizado em moeda corrente, incidindo no crime tipificado no art. 299 do Código Penal (falsidade ideológica), restando caracterizada a ocorrência de fraude à licitação (subitem 13.8.2 - fls. 116/120).

35.1. Argumentos. O defendente, tendo historiado a vida da empresa, relatou que o balanço patrimonial na posição de 31/12/1999 havia sido auditado pelo Dr. Manoel Nascimento da Costa – auditores independentes. Assim, relatou que não existe informação falsa, ‘(...) porque em 31.12.1999 a empresa já tinha disponibilidades contábeis, fiscais e legais para corrigir sua expressão monetária aos valores acima demonstrados, caindo por terra à tese de que tinha

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havido integralização de capital em 05/07/2000. O que de fato aconteceu foi uma inadequada e insuficiente expressão monetária com vista a agilizar o processo de reativação do CNPJ, posteriormente corrigida.’ ipsis litteris (fls. 04 do anexo 11).

35.2. Nesse passo, destacou que a 15ª alteração do contrato social não servia, tendo sido substituída e corrigida pela subsequente, 16ª alteração, registrada pela Junta Comercial em 28/08/2000.

35.3. Análise. As ponderações emanadas pelo defendente não se mostram aptas a elidir a presente irregularidade, uma vez que a 15ª alteração do contrato social da firma (fls. 57/58 do anexo 8) constitui documento válido, devidamente registrado pela própria empresa na Junta Comercial. Dessa forma, uma vez que foi, por meio do aludido documento, datado de 05/07/2000, que o capital social da empresa passou de ‘sem expressão monetária’ para R$ 101.542,91 (cláusula primeira), não há como justificar que, seis meses antes, ou seja, em 31/12/1999, esse último montante constasse do balanço patrimonial, o que impõe a conclusão de que tal peça documental, usada para fins de habilitação da empresa na Concorrência nº 02/2000-SEINFRA, continha informação falsa.

35.4. Com relação à alegação de que o balanço patrimonial de 31/21/1999 tinha sido auditado por auditores independentes, é de se destacar a irrelevância de tal argumentação para desconstituir a presente irregularidade, porquanto a convicção firmada naquela atividade, em hipótese alguma, vincula a atividade de controle externo exercida por essa Corte de Contas. De mais a mais, resta injustificado que o aludido documento contivesse uma informação – o valor do capital social – o qual somente foi materializado seis meses depois.

35.5. Dessarte, considerando que, para fins de habilitação na Concorrência nº 02/2000-SEINFRA, a Empresa Setor - Serviços Técnicos e Obras Rodoviárias utilizou um documento, o balanço patrimonial de 31/21/1999, contendo informação falsa, deve ser declarada a inidoneidade da referida empresa para participar de licitação na Administração Pública, nos termos do art. 46 da Lei nº 8.443/92.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO36. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, com as seguintes

propostas:36.1. No tocante às Sras. Maria Thelma Farias Marques Ferreira e Maria Elisabeth

Carvalho Duarte e pelo Sr. Francisco Bezerra Gualberto, então membros da Comissão de Licitação, que sejam rejeitadas as razões de justificativa trazidas em face da irregularidade aduzida no subitem 7.12 retro, devendo-lhes ser imposta a multa do art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92;

36.2. Quanto à Sra. Élia Andrade de Araújo, então Coordenadora de Controle Interno da Prefeitura Municipal de João Pessoa, que sejam rejeitadas as razões de justificativa trazidas em razão da irregularidade aduzida no subitem 8.7 supra, devendo-lhe ser imposta a multa do art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92;

36.3. Com relação à Sra. Isa Silva de Arroxelas Macêdo, ex-Secretária Municipal do Trabalho e Promoção Social, que sejam rejeitadas as razões de justificativa trazidas em face da irregularidade aduzida no subitem 10.2 retro, devendo-lhe ser imposta a multa do art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92;

36.4. No respeitante aos Srs. Paulo Sérgio Navarro Cruz, Maria José Santos da Nóbrega, Isabella Duarte Gouvêa e Márcia Ramos da Silva, então membros da Comissão, e Sr. Virgílio Mendonça da Costa e Silva, Secretário Executivo da FUNAPE, que sejam rejeitadas as razões de justificativa trazidas em face da irregularidade aduzida no subitem 11.22 supra, devendo-lhes ser imposta a multa do art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92;

36.5. No tocante ao Sr. José Eymard Moraes de Medeiros, então Secretário Municipal de Saúde, que sejam rejeitadas as razões de justificativa trazidas em face das irregularidades

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aduzidas nos subitens 14.3, 15.5, 16.2, 17.2, 18.2 e 19.2 retro, devendo-lhe ser imposta a multa do art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92;

36.6. Quanto ao Sr. Marcílio Juvêncio Pinheiro de Almeida, então Assessor Jurídico na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, que sejam rejeitadas as razões de justificativa trazidas em razão da irregularidade aduzida no subitem 28.5 retro, devendo-lhe ser imposta a multa do art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92;

36.7. Com relação à Sra. Rúbria Beniz Gouveia Beltrão, ex-Secretária-Adjunta na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, que sejam rejeitadas as razões de justificativa trazidas em face das irregularidades aduzidas nos subitens 29.11, 30.9 e 31.19 supra, devendo-lhe ser imposta a multa do art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92;

36.8. No tocante aos Srs. Marcelo Maximiano Guedes Pereira Pitanga, então Engenheiro fiscal da obra, e Evandro de Almeida Fernandes, ex-Secretário de Infra-Estrutura do Município, que sejam rejeitadas as razões de justificativa trazidas em razão da irregularidade aduzida no subitem 31.19 retro, devendo-lhes ser imposta a multa do art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92;

36.9. No que se refere ao Sr. Cícero de Lucena Filho, ex-Prefeito Municipal de João Pessoa, que sejam rejeitadas as razões de justificativas trazidas em face das irregularidades suscitadas nos subitens 23.8 e 25.5 retro; e parcialmente rejeitadas as razões de justificativas apresentadas em razão da irregularidade apresentada no subitem 32.9 retro, devendo-lhe ser imposta a multa do art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92;

36.10. No respeitante ao Sr. Potengi Holanda de Lucena, ex-Secretário de Infra-Estrutura do Município, que sejam rejeitadas as razões de justificativas trazidas em face da irregularidade apontada no subitem 9.8 retro, devendo-lhe ser imposta a multa do art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92; parcialmente acolhidas as razões de justificativas apresentadas em razão da irregularidade apresentada no subitem 27.9 supra, considerando-a de caráter formal; e acatadas as razões de justificativa trazidas em face da irregularidade aduzida no subitem 20.6 retro;

36.11. Quanto ao Sr. Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro, então Engenheiro Fiscal da Obra, que sejam rejeitadas as razões de justificativas trazidas em face da irregularidade suscitada no subitem 26.12, devendo-lhe ser imposta a multa do art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92; e parcialmente acolhidas as razões de justificativas apresentadas em razão da irregularidade apresentada no subitem 27.9 retro, considerando-a de caráter formal;

36.12. Com relação ao Sr. Gerenildo Alves Fernandes, então Gerente do Núcleo de Pavimentação na Secretaria de Infra-Estrutura, que sejam rejeitadas as razões de justificativas trazidas em face da irregularidade suscitada no subitem 26.12, devendo-lhe ser imposta a multa do art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92; e parcialmente acolhidas as razões de justificativas apresentadas em razão da irregularidade apresentada no subitem 27.9 retro, considerando-a de caráter formal;

36.13. No tocante ao Sr. Oswaldo Pessoa de Aquino, então Diretor de Obras na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, que seja o responsável declarado revel, com espeque no art. 12, § 3º, da Lei nº 8.443/92, devendo lhe ser aplicada a multa preconizada no art. 58, inciso II, da referida lei, em vista das irregularidades apontadas nos subitens 26.12 e 31.19; que sejam aproveitadas as razões de justificativa apresentadas em face das irregularidades aduzidas no subitem 27.9 supra (acatamento parcial) e nos subitens 20.6 e 21.3 retro (acatamento total);

36.14. Quanto ao Sr. José Rodrigues Lopes, então Secretário Adjunto na Secretaria Municipal de Saúde, que sejam acatadas as razões de justificativa trazidas em face da irregularidade suscitada no subitem 15.5 supra;

36.15. No respeitante ao Sr. José Sérgio Albuquerque de Almeida, então Engenheiro Fiscal da Obra, que sejam acatadas as razões de justificativa trazidas em vista das irregularidades de que cuidam os subitens 20.6 e 21.3 retro;

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36.16. Com relação ao Sr. Francisco Sales Pereira, então Gerente do Núcleo de Edificações na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, que sejam aproveitadas as razões de justificativa apresentadas pelos demais responsáveis a fim de afastar as irregularidades de que cuidam os subitens 20.6 e 21.3 retro;

36.17. No tocante ao Sr. Fernando Martins da Silva, então Secretário Extraordinário de Programas Especiais de Desenvolvimento Urbano, que sejam acatadas as razões de justificativa trazidas em face da irregularidade suscitada no subitem 24.16 supra;

36.18. Que sejam desconsideradas por esta Corte de Contas as audiências endereçadas aos Srs. José Sérgio Albuquerque de Almeida, Engenheiro Fiscal da Obra, Francisco Sales Pereira, Gerente do Núcleo de Edificações na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, e Oswaldo Pessoa de Aquino, Diretor de Obras na Secretaria de Infra-Estrutura do Município, no que tange à irregularidade suscitada no subitem 9.8.2 do relatório de inspeção, por constituir assunto que refoge à competência deste Tribunal; (subitem 22.3)

36.19. Que seja declarada a inidoneidade das referidas firmas para participar de licitação na Administração Pública, com fulcro no art. 46 da Lei nº 8.443/92:

36.19.1. Empresas Beta Projetos e Construções Ltda.; Construtora Torreão Villarim Ltda.; 3C Engenharia Ltda.; Decon Construções Civis Ltda.; Serteli Serviços Técnicos de Engenharia Ltda.; Construtora Acta Ltda.; Linear Engenharia e Empreendimentos Ltda.; Alcar Engenharia e Comércio Ltda., Celta Construções e Empreendimentos Ltda., KVA Projetos Eletro Rurais e Construções Ltda., Soane Engenharia e Comércio Ltda., Incol Incorporações e Construções Ltda., Prorcon Projetos e Construções Ltda., Construtora Eldorado Ltda. e HRF Construções Civis Ltda., em virtude da irregularidade comentada no subitem 33.14 retro;

36.19.2. Empresas Zoih Engenharia Ltda., MLR Construções Ltda. e CONIM - Construtora e Imobiliária Ltda., em face da irregularidade aduzida no subitem 34.19 supra;

36.19.3. Empresa Setor - Serviços Técnicos e Obras Rodoviárias, em razão da irregularidade verificada no subitem 35.5 supra;

36.20. que sejam efetivadas as seguintes determinações:36.20.1. À Prefeitura Municipal de João Pessoa para que: 36.20.1.1. por ocasião da execução de contratos custeados total ou parcialmente com

recursos federais, evite medir serviços em quantitativos acima do especificado na planilha contratual, devendo as eventuais alterações nos quantitativos de serviços serem previamente definidas por meio de termo aditivos, na forma do art. 65 da Lei nº 8.666/93 (subitem 27.9 da presente instrução);

36.20.1.2. observe o disposto no art. 20 da IN/STN n° 01/97, no sentido de manter os recursos recebidos em razão de convênios firmados com órgãos federais, bem como os recursos da contrapartida, em conta bancária específica, somente sendo permitidos saques para o pagamento de despesas previstas no Plano de Trabalho, mediante cheque nominativo ao credor ou ordem bancária, ou para aplicação no mercado financeiro (subitens 4.7.2, 7.5.4 e 13.6.2 do relatório de inspeção);

36.20.1.3. observe o disposto nos arts. 2° e 25 da Lei n° 8.666/90, de sorte que, quando da contratação de serviços técnico-especializados em que haja a viabilidade de competição, seja realizado o devido processo licitatório, especialmente, em relação a cursos que várias empresas oferecem, como de informática, operador de computador, etc. (subitem 5.7.1 do relatório de inspeção);

36.20.1.4. evite utilizar o saldo do Contrato n° 02/94, firmado em face da Concorrência Pública n° 03/93, para a aplicação de recursos federais eventualmente repassados ao Município (subitem 12.8.3 do relatório de inspeção);

36.20.2. À Fundação de Apoio a Pesquisa e a Extensão da UFPB – FUNAPE para que observe o disposto no art. 30 da IN/STN n° 01/97, no sentido de que as despesas custeadas com recursos federais transferidos mediante convênios e congêneres sejam comprovadas mediante

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documentos devidamente identificados com referência ao título e número do convênio (subitem 6.5.3.1 do relatório de inspeção);

36.20.3. À Fundação Nacional de Saúde para que:36.20.3.1. por ocasião da celebração de convênios para a construção de sistemas de

esgotamento sanitário, previamente, verifique se já está concluído o destinatário final dos resíduos a serem esgotados, devendo, em face do princípio da eficiência, somente aprovar o plano de trabalho de convênios dessa natureza, se houver a certeza da existência física do aludido destinatário final, cuja efetiva conclusão deve ser condição prévia para o repasse de recursos federais. Ademais, por ocasião da elaboração do cronograma de execução físico-financeira de obras de esgotamento sanitário, o concedente deve assegurar-se, quando da aprovação do instrumento de convênio, que a consecução do objeto dar-se-á de jusante para montante (subitem 12.8.6 do relatório de inspeção);

36.20.3.2. envide esforços no sentido de concluir a tomada de contas especial referente ao Convênio n° 252/98, celebrado com a Prefeitura Municipal de João Pessoa, enviando-a, em um prazo máximo de 180 dias, à Secretaria Federal de Controle Interno, devendo haver manifestação expressa acerca dos seguintes pontos (subitens 12.7.2, 12.8.5, 12.8.7 e 12.8.8 do relatório de inspeção):

36.20.3.2.1. quantitativos de serviços efetivamente executados com os recursos públicos federais transferidos por força do referido convênio ao Município de João Pessoa;

36.20.3.2.2. a magnitude e a adequada especificação da rede coletora, dos interceptores e do emissário de recalque da EESH1 (Estação Elevatória do Alto do Mateus), devendo ser realizado um inventário preciso dos bens e materiais existentes nas Estações Elevatórias EESH1 e EESHBP

36.20.4. Ao Fundo Nacional de Saúde para que, em vista do débito verificado nos subitens 12.9 e 13.14, relacionados ao Convênio nº 2810/2000, adote as providências cabíveis com vista à apuração dos fatos, instaurando, caso necessária, a devida Tomada de Contas Especial, com espeque no art. 38, inciso III, da Instrução Normativa STN nº 01/97 c/c o art. 8º da Lei nº 8.443/92. Na oportunidade, deve ser enviado ao concedente cópia das fls. 38/47 do volume principal, de todo o anexo 4, do excerto da presente instrução que cuida do convênio em apreço e da deliberação que vier a ser adotada por este Tribunal, juntamente com cópias do relatório e voto que a fundamentarem; (subitens 12.10 e 13.18 da presente instrução)

36.21. Esclarecer ao Fundo Nacional de Saúde que, em face da determinação constante do subitem anterior, não se faz necessária rescisão do Convênio nº 2810/2000, em razão do interesse público relacionado ao atingimento das demais metas do convênio, podendo, por esse motivo, ser dada continuidade à execução do presente ajuste; (subitens 12.10 e 13.18 da presente instrução)

36.22. Que seja expedida comunicação ao INSS, para adoção das providências cabíveis acerca dos seguintes fatos, que:

a) não houve a retenção e o respectivo recolhimento da contribuição previdenciária prevista no art. 31, §4º, inciso III, da Lei n° 8.212/1991, alterada pela Lei n° 9.711, de 20/11/1998, quando dos pagamentos das medições decorrentes dos seguintes contratos de empreitada celebrados entre a Prefeitura Municipal de João Pessoa e as empresas abaixo listadas para a execução de obras (subitens 4.5.3.3, 5.5.4.1, 12.6.4 e 13.6.3.2 do relatório de inspeção):

Contratada Obra PeríodoBeta Projetos e Construções Ltda.

Dez/1997

Celta Construções e Empreendimentos Ltda.KVA Projetos Eletro Rurais e Construções Ltda.

Construtora Torreão Villarim Ltda.Soane Engenharia e Comércio Ltda.

3C Engenharia Ltda.Incol Incorporações e Construções Ltda.

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Construção de 704 unidades habitacionais, com recursos

do Convênio n° 17/97

a Mar/1999

Decon Construções Civis Ltda.Serteli Servicos Técnicos de Engenharia Ltda.

Prorcon Projetos e Construções Ltda.Construtora Acta Ltda.

Construtora Eldorado Ltda.Linear Engenharia e Empreendimentos Ltda.

HRF Construções Civis Ltda.Alcar Engenharia e Comércio Ltda.

Incol Incorporações e Construções Ltda.

Construção de 6 Casas ‘lar da criança’ e dois galpões

oficinas de marcenaria, com recursos do Convênio n°

59/97

Abr/1998a

Set/1998

Construtora Econ Empreendimentos e Construções Ltda. Construção de 10 Centros de

Cidadania, com recursos do Convênio n° 59/97

Mar/1998a

Out/1998Engeplan Engenharia e Planejamento Ltda.

Andrade Engenharia Ltda.Rio Sul Construções e Empreendimentos Ltda.

Construtora Azarias Ltda.Companhia Brasileira de Terraplenagem e Engenharia

– COBRATEObras de construção de

Viadutosistema de esgotamento sanitário no

Bairro Alto do Mateus, com recursos do Convênio n°

252/98

Out/1998 a

Jul/2001Construção e Pavimentação Ltda. - CONSPAVI

SETOR - Serviços Técnicos e Obras Rodoviárias Ltda.

Obras de construção de viaduto sobre a BR-230

(Ceasa); de implementação das vias paralelas à BR-230; e de eliminação de

segmento crítico da BR-230 (km 24); com recursos do

Convênio n° 236/2000

Nov/2001a

Dez/2002

b) não houve a retenção e o respectivo recolhimento da contribuição previdenciária, quando dos pagamentos aos agentes de saúde do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti no período de 21/07/1997 a 31/12/2000 (subitem 7.3.5.2 do relatório de inspeção).

36.23. Que seja encaminhada cópia das seguintes peças, relativas à irregularidade de que cuida o item 22 da presente instrução, ao Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, para fins de apuração: as fls. 61/66 do volume principal e 19/174 do anexo 6, a presente instrução, no que se refere à irregularidade em tela, a deliberação que vier a ser exarada, juntamente com cópias do relatório e voto que a fundamentarem; (subitem 22.3 da presente instrução)

36.24. Que seja enviada cópia da deliberação que vier a ser prolatada por este Tribunal, juntamente com o seu relatório e voto, à Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal, à Superintendência de Polícia Federal e à Procuradoria da República na Paraíba, esta última em face dos Procedimentos Administrativos nºs 1.24.000.000356/2003-15/MPF/PR/PB e 1.24.000.000274/2006-13/MPF/PR/PB; e

36.25. Que seja arquivado o presente processo.”

É o Relatório.VOTO

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Nestes autos em que se aprecia relatório de inspeção realizado no Município de João Pessoa/PB, no exercício de 2005, por força de solicitação da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal (TC-011.474/2005-5), foram promovidas audiências de diversos gestores da municipalidade, bem como oitivas das pessoas jurídicas interessadas, em face das irregularidades listadas a seguir, enquadradas conforme os convênios celebrados entre a União e o Município de João Pessoa/PB:

I - Convênio nº 17/1997 (construção de 700 unidades habitacionais e recuperação de outras 765 unidades para populações em áreas de risco e insalubres)

a) homologação irregular da Concorrência Pública n° 1/1997, quando restava evidente a ocorrência de conluio entre os licitantes visando ao rateio do objeto licitado, com prejuízo à busca da proposta mais vantajosa à Administração, em desacordo com o art. 3° da Lei n° 8.666/1993 (item 4.7.1 do relatório de inspeção);

b) ato antieconômico decorrente da aquisição de tijolos à empresa Souza Morais e Companhia Ltda., por dispensa de licitação, com preço superior ao licitado, quando não havia sido adquirida a quantidade total do material adjudicada à mesma empresa, vencedora da Tomada de Preços n° 49/1998 (item 4.7.3);

II - Convênio nº 2.810/2000 (concessão de apoio financeiro para conclusão do centro de terapia intensiva do Hospital Universitário Lauro Wanderley e aquisição de equipamentos e material permanente, visando ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde – SUS)

c) homologação indevida da Tomada de Preços n° 2/2002, quando restava evidente a ocorrência de conluio entre os licitantes, tendo em vista a coincidência quase total dos preços unitários das propostas de preços, importando tal procedimento em fraude à licitação, em detrimento da busca pela proposta mais vantajosa à Administração, em afronta ao art. 3º da Lei nº 8.666/1993 (item 6.7.1);

d) atesto e medição de serviços em quantitativos superiores aos efetivamente executados, no contrato decorrente do Convite nº 13/2002, cujo objeto foi a “complementação da impermeabilização da cobertura do bloco C, onde funciona o ambulatório do complexo hospitalar Lauro Wanderley”, configurando violação aos arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/1964 e 36 do Decreto n° 93.872/1986 (item 6.7.2);

e) sobrepreço de R$ 60.305,36, apurado com base numa amostra correspondente a 23% do valor do contrato celebrado por força da Tomada de Preços nº 2/2002, relativa às obras de ampliação e reforma do Centro de Terapia Intensiva (CTI) do hospital, em desacordo com o art. 43, inciso IV, da Lei n° 8.666/1993 (item 6.7.3);

III - Convênio nº 95/1997 (desenvolvimento das ações do Plano de Erradicação do Aedes Aegypti , visando fortalecer a capacidade técnico-operacional para atender aos serviços de saúde no município e sua integração ao Sistema Único de Saúde)

f) fracionamento de despesas na aquisição, mediante dispensa de licitação, de combustíveis, vestuário, cartazes e folders e material de expediente, caracterizando fuga ao regular procedimento licitatório, em desconformidade com o art. 23, § 2°, da Lei n° 8.666/1993 (item 7.7.1);

g) pagamentos de despesas sem cobertura contratual pela locação de um caminhão, no período de 26/10/1999 a 26/1/2000, à O & R Veículos Ltda., com recursos federais do convênio em questão, uma vez que não houve o devido processo licitatório, configurando inobservância às disposições contidas nos arts. 2° e 24, inciso IV, da Lei n° 8.666/1993 (item 7.7.2);

h) restrição ao caráter competitivo do Convite nº 20/2000 em face de exigência desarrazoada do objeto licitado (locação de um modelo específico e antigo de caminhão), em desacordo com o art. 3º, § 1°, inciso I, da Lei n° 8.666/1993 (item 7.7.3);

i) execução do contrato celebrado com a O & R Veículos Ltda., decorrente do Convite n° 20/2000, cujo objeto era a locação de um caminhão, em desconformidade com os termos da licitação e do próprio contrato, porquanto deveria ser fornecido um caminhão ano modelo 1998, tendo

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sido entregue o caminhão de placa MMS-6988, ano modelo 1977, em desconformidade com os arts. 54, § 1°, e 66 da Lei n° 8.666/1993 (item 7.7.3);

j) omissão quanto ao dever de aplicar os recursos federais do convênio no mercado financeiro enquanto não empregados na sua finalidade, em afronta ao art. 20, § 1°, da Instrução Normativa STN n° 1/1997 (item 7.7.4);

k) pagamentos antecipados de despesas pela locação de caminhão da O & R Veículos Ltda., em descumprimento aos arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/1964 (item 7.7.5);

IV - Convênio nº 1.533/1997 (concessão de apoio financeiro para a construção do Complexo Hospitalar Mangabeira, e fornecimento de equipamentos, visando fortalecer a capacidade técnico-operacional para atender aos serviços de saúde do Município e sua integração ao SUS)

l) pagamentos antecipados de despesas custeadas com recursos oriundos do convênio em tela, uma vez que foram constatadas medições negativas nos 4°, 7° e 8° boletins de medição, em desacordo com os arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/1964 (item 8.8.1);

V - Convênio nº 1.115/1999 (concessão de apoio financeiro para a conclusão do Complexo Hospitalar Mangabeira, em João Pessoa, visando fortalecer o SUS)

m) pagamentos antecipados de despesas custeadas com recursos federais do convênio em tela, uma vez que foram constatadas medições negativas nos 17°, 18° e 21° boletins de medição, em desacordo com os arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/1964 (item 9.8.1);

n) pagamentos por serviços não realizados em razão de erros de cálculo no boletim de medição n° 21, em afronta aos arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/1964 (item 9.8.2);

VI - Convênio nº 252/1998 (execução do sistema de esgotos sanitários – emissários, interceptores, estações elevatórias, redes coletoras e ligações domiciliares)

o) fuga ao devido procedimento licitatório para a realização do objeto do convênio em foco, falha caracterizada pelo aproveitamento indevido da Concorrência Pública n° 1/1991-CEDAC/PMJP e do Contrato n° 2/1991, contrariando as disposições expressas no art. 3° da Lei n° 8.666/1993 e na Cláusula primeira, Subcláusula única, do ajuste (item 12.8.1);

p) conversão indevida do valor original do Contrato n° 2/1994, firmado em face da Concorrência Pública n° 3/1993, de Cruzeiros Reais para Unidade de Referência de Valor – URV, tendo suscitado o pagamento de serviços sem cobertura contratual (item 12.8.2);

q) não-cumprimento do Plano de Trabalho, não tendo sido atingidas integralmente as metas físicas da avença, em desacordo com os arts. 22 e 36, inciso I, da Instrução Normativa STN nº 1/1997 (item 12.8.4);

r) medição e atesto de realização de serviços de impermeabilização que não foram executados pela empresa contratada, de modo a violar os arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/1964 e 36 do Decreto n° 93.872/1986 (item 12.8.9);

s) pagamentos antecipados de despesas custeadas com recursos federais do convênio em apreço, porquanto foram constatadas medições negativas nos 3°, 11°, 14°, 16°, 26° e 28°-A boletins de medição, emitidos em favor da Cobrate, em desacordo com os arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/1964 (item 12.8.10);

VII - Convênio nº 236/2000 (construção de viaduto sobre a BR-230; conclusão da duplicação da Avenida Cruz das Armas; implantação de alças de ligação da BR-230 à Avenida José Américo de Almeida; construção de viaduto sobre a BR-230; implantação de vias paralelas à BR 230; eliminação de ponto crítico na BR-230 e construção de três passarelas; e implantação de paradas de ônibus ao longo da BR-230)

t) emissão de parecer favorável à habilitação indevida da empresa Setor, vencedora da Concorrência n° 2/2000-SEINFRA, uma vez que as peças documentais trazidas em sua proposta não

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eram capazes de demonstrar, de maneira cabal, a sua qualificação econômico-financeira e continham falsidade; e aceitação de documentos novos com o propósito de sanear a proposta, após o início da fase da habilitação, com infringência aos arts. 3°, 4° e 41 da Lei n° 8.666/1993 (item 13.8.2);

u) alteração do projeto executivo dos aterros de acesso do Viaduto BR-230 (Ceasa), e, consequentemente, do plano de trabalho do convênio, sem prévia aprovação do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER, contrariando a orientação contida no art. 15 da Instrução Normativa STN n° 1/1997 (item 13.8.3);

v) deficiente acompanhamento do Contrato n° 9/2001, especificamente, no que concerne à correta avaliação técnica sobre a alteração do projeto executivo do muro de arrimo e do aterro de acesso ao Viaduto BR-230 (Ceasa), sem a escorreita verificação da adequação técnica do novo projeto aos objetivos da obra, não tendo sido contemplado o exame às questões da funcionalidade, segurança e economicidade, em desatenção ao art. 65, caput e inciso I, alínea “a”, da Lei n° 8.666/1993 (13.8.4);

x) inadequada fiscalização de obras, tendo resultado em diversos defeitos técnicos no objeto em alusão, que puseram em risco a funcionalidade da obra, importando em diversas intervenções corretivas por parte do município, em desacordo com os arts. 67 e 69 da Lei n° 8.666/1993 (item 13.8.4); e z) não-conclusão do objeto do convênio, configurando inobservância ao art. 22 da Instrução Normativa STN n° 1/1997 (item 13.8.5).

2. Examino a seguir, um a um, os ajustes firmados e as conclusões a que chegou a unidade instrutiva, assim como minha posição quanto a elas.

I – Convênio nº 17/1997

3. No que concerne às irregularidades atinentes ao Convênio nº 17/1997, alinho-me à proposta de mérito formulada pela Secex/PB, cujos fundamentos incorporo às minhas razões de decidir, pelo que passo a registrar comentários adicionais. 4. Sobre a emissão de parecer favorável à homologação (membros da comissão de licitação e coordenadora de controle interno) e ao próprio ato homologatório (secretário de infraestrutura) em procedimento licitatório viciado pela ausência de competitividade, fato constatado pela apresentação de apenas uma proposta válida, por empresas distintas, para cada um dos 22 lotes disponibilizados no certame (alínea “a” do parágrafo introdutório), assiste razão à Secretaria instrutiva.5. A circunstância fática que se apresenta não me permite concluir de modo diverso do pugnado pela unidade técnica. As condutas dos gestores são reprováveis porque não agiram em defesa do interesse público, permitindo o prosseguimento de licitação cujo objetivo precípuo não restara alcançado, qual seja, a economicidade decorrente da competitividade entre os proponentes, mediante busca pela proposta mais vantajosa, nos termos do art. 3º da Lei nº 8.666/1993. Essa conclusão era plenamente possível pela simples observância dos fatos, não sendo necessário, para tanto, respaldo probatório inequívoco, conforme sustentam os defendentes. 6. Difícil imaginar que o gestor público possa produzir provas para atestar conluio entre licitantes no intuito de burlar os princípios que regem a licitação, dada a falta de mecanismos legais aptos para a consecução dessa tarefa, a qual compete à Polícia Judiciária e ao Ministério Público. Nesse caso, a preponderar a linha argumentativa trazida pelos responsáveis, sequer haveria que se falar em anulação de licitação em casos como este, marcado por nítido vício de competitividade em face de fortes indícios de ajuste entre os partícipes. Com esse pensamento, a Administração estaria tolhida de editar ato visando ao resguardo do interesse público, com base em presunção lógica decorrente de fortes suspeitas, uma vez que a confirmação de conluio somente seria possível mediante a produção de provas incabíveis na seara do Direito Administrativo.

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7. Nesse sentido, interessante ponderação foi consignada pelo Exmo. Ministro Ubiratan Aguiar no voto condutor do Acórdão nº 57/2003-TCU-Plenário, a qual tomo a liberdade de reproduzir a seguir:

“(...)Uma outra relevante questão a ser enfrentada diz respeito a um possível conluio entre as

empresas, o que representaria uma fraude à licitação, podendo levar à declaração de inidoneidade das empresas envolvidas, nos termos do art. 46 da Lei nº 8.443/92. O ACE responsável pela inspeção e pela análise das razões de justificativa apresentadas registra que existem fortes indícios de fraude à licitação, ‘porém seriam necessárias provas inquestionáveis para comprovar fraude à licitação e como consequência ser declarada a inidoneidade dos licitantes, conforme art. 46 da Lei nº 8.443/92’(fl. 198, v.p, subitem 18.1). Entendo que prova inequívoca de conluio entre licitantes é algo extremamente difícil de ser obtido, uma vez que, quando ‘acertos’ desse tipo ocorrem, não se faz, por óbvio, qualquer tipo de registro escrito. Uma outra forma de comprovação seria a escuta telefônica, procedimento que não é utilizado nas atividades deste Tribunal. Assim, possivelmente, se o Tribunal só fosse declarar a inidoneidade de empresas a partir de ‘provas inquestionáveis’, como defende o Analista, o art. 46 se tornaria praticamente ‘letra morta’.

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE nº 68.006-MG, manifestou o entendimento de que ‘indícios vários e coincidentes são prova’. Tal entendimento vem sendo utilizado pelo Tribunal em diversas situações, como nos Acórdãos-Plenário nos 113/95, 220/99 e 331/02. Há que verificar, portanto, no caso concreto, quais são os indícios e se eles são suficientes para constituir prova do que se alega” (grifei).

8. No caso concreto, a simples observância da situação fática, portanto, denotava indícios suficientes para que os gestores optassem por decisão consentânea ao interesse público, traduzida pela anulação do certame fundamentada em previsão legal. E não há se falar que tal percepção era exagerada, pois naturalmente exigível do homem médio, estando, assim, assentada nos padrões da razoabilidade. 9. Nessa linha, rejeito as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis, e proponho aplicar-lhes multa, com fundamento no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/1992.10. Considerando, ainda, que as contrarrazões oferecidas pelas empresas licitantes, em resposta às oitivas que lhes foram direcionadas, não foram suficientes para rebater os indícios robustos de conluio destinado ao favorecimento mútuo dos partícipes, em detrimento da competitividade do certame e da obtenção de propostas mais vantajosas ao município, estou de acordo com a declaração de inidoneidade das firmas em questão, nos termos do art. 46 da Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 271 do Regimento Interno do TCU.11. Para arrematar, trago à colação, acerca da utilização da prova indiciária por esta Corte, na linha da jurisprudência construída em nossos tribunais judiciários, os seguintes julgados:

Acórdão nº 1.456/2004-Plenário – Rel. Min. Subst. Lincoln Magalhães da Rocha – excerto do voto condutor

“(...)11. Por conseguinte, pode-se ver que a prova indiciária é prova indireta, fundamentada

em fato já provado, ou seja, o indício. Esse fato já provado conduz à prova do fato probando. O elo de ligação entre o indício e o fato probando é usualmente constituído pela presunção hominis, que consiste em um princípio lógico, que tem por fundamento as máximas da experiência ou conhecimentos especializados, os quais permitem a valoração de indícios ou de qualquer outra prova.

12. Dessa forma, o valor do indício será tanto maior quanto mais forte for a força probatória atribuída à presunção.

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13. No caso presente temos os mencionados elementos indiciários, ou seja, o fato de o CNPJ constante das propostas de preço de duas das sociedades que participaram de convite ser o mesmo e haver vínculos familiares entre os sócios dessas duas sociedades empresárias. Considero que esses dois indícios não são suficientes para presumir a existência de conluio, ou seja, não há presunção hominis que conduza ao raciocínio de que, somente a partir desses indícios, há prova da existência do conluio. Não se está a desprezar o valor da prova indiciária, pelo contrário, pois esse tipo de prova é extremamente útil para o deslinde de diversos casos. Entretanto, dada a ausência de outras provas nos autos, não há elementos que demonstrem o conluio entre as licitantes”

Acórdão nº 630/2006-Plenário – Rel. Min. Guilherme Palmeira - Sumário “TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. RECURSOS DE RECONSIDERAÇÃO.

IRREGULARIDADES EM LICITAÇÃO PARA CONTRATAÇÃO DE OBRAS E AQUISIÇÃO DE PRODUTOS. NEGADO PROVIMENTO.

É admitida a prova indiciária como fundamento para a declaração de inidoneidade de empresa licitante, independendo, para tanto, o recebimento de qualquer benefício pela empresa, bastando, tão-somente, a participação na fraude”.

Acórdão nº 2.143/2007-Plenário – Rel. Min. Aroldo Cedraz - excerto do voto condutor“REPRESENTAÇÃO DECORRENTE DE MANIFESTAÇÃO DA OUVIDORIA.

IRREGULARIDADES EM LICITAÇÃO. HABILITAÇÃO E INABILITAÇÃO INDEVIDAS. AUSÊNCIA DE CRITÉRIOS ISONÔMICOS. CONLUIO ENTRE LICITANTES. REJEIÇÃO DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA. MULTAS. INABILITAÇÃO PARA OCUPAÇÃO DE CARGO EM COMISSÃO OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA. DECLARAÇÃO DE INIDONEIDADE DOS LICITANTES. DETERMINAÇÕES. REMESSA DE CÓPIAS.

1. É possível afirmar-se da existência de conluio entre licitantes a partir de prova indiciária.

2. Indícios são provas, se vários, convergentes e concordantes.(...)16. Os documentos trazidos pela equipe de fiscalização revelam a existência de conluio

entre os licitantes Cristal Mármore, Granitos Premoldados e Construções Ltda., F. L. - Construções e Comércio Ltda. e Construtora Planus Ltda.

17. A exemplo do que defendeu a unidade técnica, entendo estar devidamente caracterizada a associação das empresas com a intenção de burla ao procedimento licitatório. As semelhanças encontradas nos documentos por elas apresentados nas tomadas de preços 2/2004, 3/2004, 6/2005, 7/2005 e convite 10/2004 não podem ser atribuídas ao acaso ou à padronização e à utilização de formulários e softwares pré-existentes, como tentam fazer crer as defesas apresentadas.

18. Nesse sentido, vale relembrar que o Supremo Tribunal Federal já manifestou, no julgamento do RE 68.006-MG, que ‘indícios são provas, se vários, convergentes e concordantes’.

19. A referida jurisprudência já vem sendo utilizada por esta corte de contas há longa data, podendo-se mencionar, entre outras deliberações, os acórdãos 113/95 - plenário e 647/2003 - 2ª câmara.”

II – Convênio nº 2.810/2000

12. Atestou a equipe de inspeção ter sido emitido e parecer favorável à homologação, bem como o ato homologatório em si, no processamento da Tomada de Preços nº 2/2002, quando restava evidente a ocorrência de conluio entre os licitantes, fato configurado pela apresentação de propostas de

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preços coincidentes na quase totalidade de itens da planilha orçamentária (alínea “c” do parágrafo introdutório).13. À semelhança da falha abordada anteriormente, neste caso também resta configurada conduta omissiva dos gestores do Município de João Pessoa/PB. Não se admite que o nível de coincidência entre os preços unitários ofertados pelos licitantes para os itens do orçamento-base do certame não tenha sido interpretado como flagrante indício de acertamento prévio entre os licitantes com vistas ao favorecimento da empresa que terminou por se sagrar vencedora. 14. Essa conclusão impõe-se com mais força ante o fato de o orçamento da Administração ter sido omisso quanto aos preços unitários, em afronta ao art. 40, § 2º, inciso II, da Lei nº 8.666/1993, bem como ao princípio da publicidade, insculpido no caput do art. 37 da Constituição Federal e no art. 3º da Lei nº 8.666/1993. Sem prejuízo de deixar de lado esse aspecto, que não foi objeto das audiências, o fato é que não há outra hipótese plausível a não ser a de conluio entre as três empresas participantes da licitação. 15. Desse modo, referendando as considerações acima, entendo que os gestores municipais deveriam ter promovido a anulação da licitação, em nome do princípio da autotela – cujas bases encontram guarida na supremacia do interesse público sobre o privado –, porquanto violado o princípio da busca pela proposta mais vantajosa, inserto no art. 3º da Lei nº 8.666/1993, circunstância cuja consequência resulta na antieconomicidade do contrato, na grande maioria das vezes. Destarte, novamente acompanhando a unidade instrutiva, cabe aplicar-lhes multa, sem prejuízo de se decretar a inidoneidade das empresas Zoih Engenharia Ltda., MLR Construções Ltda. e CONIM – Construtora e Imobiliária Ltda. para participarem de licitações na Administração Pública Federal.16. As outras duas irregularidades vinculadas ao Convênio nº 2.810/2000 foram: atesto e medição de serviços em quantitativos superiores aos efetivamente executados, no contrato decorrente do Convite nº 13/2002, promovido pelo Município de João Pessoa/PB, cujo objeto foi a “complementação da impermeabilização da cobertura do bloco C onde funciona o ambulatório do complexo hospitalar Lauro Wanderley” (alínea “d” do parágrafo introdutório); e sobrepreço, no montante de R$ 60.305,36 (sessenta mil, trezentos e cinco reais e trinta e seis centavos), apurado com base numa amostra correspondente a 23% do valor do contrato celebrado por força da Tomada de Preços nº 2/2002, relativa às obras de ampliação e reforma do Centro de Terapia Intensiva (CTI) do hospital (alínea “e” do parágrafo introdutório).17. Quanto à primeira, a Secex/PB propõe a rejeição parcial das razões de justificativa apresentadas pela Sra. Adriana Carla Soares Vaz, especificamente quanto à ausência de comprovação da regular impermeabilização da cobertura do bloco C em conformidade com as quantidades descritas nos boletins de medição. Isso porque a responsável, instada a se pronunciar por este Tribunal, teria apresentado planta técnica distinta referente à cobertura, a qual, em verdade, conteria sinais de identidade com a planta entregue à equipe de fiscalização, mas com informações contraditórias que deporiam contra sua fidedignidade. Em razão dessa impropriedade, a análise conclui por um sobrepreço de R$ 18.443,61. 18. Com relação à segunda falha, dos cinco itens em relação aos quais foi apontado sobrepreço, a unidade técnica considera injustificados dois (assentamento laminado de fórmica e forro de PVC faixa larga), após exame das razões de justificativa oferecidas pelos gestores, resultando num sobrepreço de R$ 29.781,74.19. Data venia, entendo que as falhas acima não têm força probatória suficiente para justificar determinação ao Fundo Nacional de Saúde para que instaure tomada de contas especial. A suposta inconsistência verificada entre os quantitativos contratados e os hachurados na planta entregue à equipe de auditoria não me parece suficiente para referendar qualquer conclusão pela existência de pagamentos por serviços não realizados. Não vejo porque se recusar aceitação à nova planta apresentada em sede de defesa, o que vai de encontro ao princípio da verdade material. O que importa, de fato, é saber se os quantitativos efetivamente executados pela empresa corresponderam aos contratados, ao que me parece faltar elementos probatórios, mormente em se considerando a

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fragilidade da planta originalmente apresentada aos auditores desta Casa. Vale dizer que ela era utilizada pelo mestre de obras como papel de trabalho, o que corrobora a sua insuficiência para fazer prova do fato alegado pela equipe de fiscalização. 20. Relativamente ao sobrepreço no instrumento firmado em consequência da Tomada de Preços nº 2/2002, deixo também de acompanhar o posicionamento da Secex/PB pelas razões a seguir, que apontam para a insuficiência da metodologia utilizada para se chegar à ocorrência. 21. A baixa representatividade da amostra – apenas 23% do valor da avença – impede conclusão cabal acerca da materialidade do fato. Este Tribunal tem adotado, para análises de contratos originais, ainda sem alterações introduzidas por termos aditivos, uma faixa de 80%, segundo a metodologia de Pareto (Curva ABC).22. Além disso, penso que a aferição de superfaturamento decorrente de sobrepreço contratual deve ser precedida de exame voltado à verificação dos reflexos das alterações da avença, a fim de se atestar o balanço final da equação econômico-financeira. É que possível distorção inicial nos preços unitários pode não se traduzir em prejuízos ao erário caso a execução contratual se mantenha de acordo com suas bases originais, ou seja, sem passar por modificações substanciais em termos quantitativos e qualitativos. O entendimento desta Corte (v.g. Acórdãos nº 2.137/2005, 798/2008, 2.046/2008 etc.) é no sentido de que distorções entre os preços unitários do contrato e os do orçamento-base são capazes de gerar prejuízos ao erário se efetuadas as seguintes alterações na avença: acréscimos de quantitativos de itens com sobrepreço e decréscimos de quantitativos de itens com subpreço; e inclusões de itens com sobrepreço e supressões de itens com subpreço.23. Consoante aduzi no voto condutor do Acórdão nº 798/2008-Plenário, a repercussão das alterações contratuais ilegítimas na equação econômico-financeira – geralmente originadas em virtude de deficiências no projeto básico – depende do balanço dos itens em termos de descontos ofertados pela empresa contratada em cada subgrupo de serviços, de acordo com a metodologia estabelecida no Acórdão nº 1.755/2004-Plenário. Outra alternativa, mais simplificada e efetiva em se tratando de acréscimos de itens novos que tenham correspondência nos sistemas de referência (Sinapi e Sicro) – consentânea com a diretriz do art. 112, § 6º, da Lei de Diretrizes Orçamentárias para o exercício de 2010 (Lei nº 12.017, de 12/8/20094) –, consiste na disposição expressa da Administração em exigir que quaisquer acréscimos de quantitativos ou de itens novos sejam efetuados com base nos preços unitários daquele sistema de referência, quando inferiores aos preços contratuais, a fim de se manter o equilíbrio econômico-financeiro do termo pactuado. Mesma orientação se verifica nos Acórdãos nºs 394/2003, 172/2004, 1.755/2004, 468/2006, 554/2008 e 1.663/2008, todos do Plenário.24. Na situação concreta, o achado de auditoria não enfoca nenhuma das medidas descritas no parágrafo anterior. Há, nos autos, somente informação de que dois dos cinco itens questionados teriam sido contratados com preços superiores aos obtidos por meio do Sinapi. Torna-se impossível, portanto, aferir o impacto das variações de preços unitários no aspecto global da economicidade da contratação, o que me leva, em conjunto com as demais razões acima relatadas, a acolher os argumentos de defesa oferecidos pelos responsáveis.

III – Convênios nºs 95/1997, 1.533/1997 e 1.115/1999

4 Art. 112. O custo global de obras e serviços contratados e executados com recursos dos orçamentos da União será obtido a partir de custos unitários de insumos ou serviços menores ou iguais à mediana de seus correspondentes no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil – SINAPI, mantido e divulgado, na internet, pela Caixa Econômica Federal, e, no caso de obras e serviços rodoviários, à tabela do Sistema de Custos de Obras Rodoviárias – SICRO. (...) § 6º A diferença percentual entre o valor global do contrato e o obtido a partir dos custos unitários do SINAPI ou do SICRO não poderá ser reduzida, em favor do contratado, em decorrência de aditamentos que modifiquem a planilha orçamentária.

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25. Não tenho observação a fazer em relação ao exame empreendido pela Secex/PB quanto às irregularidades inerentes aos instrumentos em evidência (alíneas “f” a “n” do parágrafo introdutório), pois este demonstrou a improcedência das razões de justificativa oferecidas pelos responsáveis para efeito de elidir os vícios legais registrados nos autos. Assim, estou de acordo com as razões expendidas na análise de mérito efetuada por aquela secretaria e com o encaminhamento por ela proposto.

IV – Convênio nº 252/1998

26. No tocante a esse convênio, uma das irregularidades pelas quais foi instado a se manifestar o Sr. Cícero de Lucena Filho, ex-prefeito do Município de João Pessoa/PB, foi o aproveitamento indevido da Concorrência Pública nº 1/1991-CEDAC/PMJP e do Contrato nº 2/1991 (alínea “o” do parágrafo introdutório), em dissonância com os termos do convênio e do art. 3º da Lei nº 8.666/1993, e, também, com o dever constitucional de observância à regra do processo de licitação pública, em atenção ao art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal.27. Inicialmente, observo que o mencionado responsável foi apenado pelo mesmo fundamento fático no Acórdão nº 1.865/2004-TCU-Plenário (TC-018.964/2003-1 – relatório de auditoria realizada no Município de João Pessoa/PB, no período de 20/10/2003 a 10/12/2003, com o propósito de verificar a regularidade da aplicação de recursos federais transferidos à edilidade), exatamente pelo aproveitamento indevido dos Contratos nºs 2/1991 e 2/1994 – decorrentes das Concorrências Públicas n°s 1/1991-CEDAC/PMJP e 3/1993 – ao objeto do Convênio nº 359/2000. Ainda que se argumente que o aproveitamento em questão ocorreu em outro instrumento contratual, a justificar a penalidade proposta pela unidade técnica, mesmo assim se configuraria bis in idem novo ato sancionador por parte deste Tribunal, eis que a presente constatação é apenas um desdobramento da irregularidade em relação a qual o responsável foi oportuna e devidamente apenado. 28. A respeito da falha concernente ao descumprimento do plano de trabalho (alínea “q” do parágrafo introdutório), por falta de alcance das metas físicas5 previamente pactuadas entre as partes, entendo que a existência de Tomada de Contas Especial (TCE) instaurada em desfavor do mesmo responsável, e ainda não encaminhada a este Tribunal, impede o exame de responsabilização do ex-prefeito pela citada ocorrência, visto que há conexão entre a matéria ora ventilada e o objeto da TCE. Não é condizente com a dinâmica processual que a matéria seja examinada neste momento, em processo de fiscalização, quando se sabe que há tomada de contas especial com repercussão sobre os fatos ora narrados, de tal modo que pode haver outros elementos complementares para se formar uma única convicção de mérito.29. Qualquer conclusão a respeito de metas não atingidas repercute na definição dos quantitativos efetivamente medidos para efeito de aferição do débito decorrente do superfaturamento de serviços, segundo relatado no item 12.8.7 do relatório de inspeção. Por essa razão, deve ser sobrestado o exame de mérito referente à irregularidade em foco e determinado à Secex/PB que extraia cópias das peças destes autos necessárias para subsidiar futura instrução da matéria no âmbito da aludida TCE. 30. Ressalto que informação obtida por minha assessoria junto à Secretaria Federal de Controle Interno, mediante contato telefônico, indica que a TCE (Processo nº 25.2100009092005-36) deu entrada naquele órgão em 3/8/2007 e encontra-se no Gabinete do Ministro da Saúde desde 24/10/2007. Em vista disso, cabe determinar ao Ministério da Saúde que envide esforços no sentido de encaminhar a este Tribunal o processo em questão, em atenção ao prazo de 10 (dez) anos desde o fato gerador para envio de tomada de contas especial a este Tribunal, disposto no art. 5º, § 4º, da Instrução Normativa TCU nº 56, de 5/12/2007.

5 Conforme destacado no relatório de inspeção, o Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Estado da Paraíba concluiu pela falta de clareza quanto aos indicadores físicos que teriam sido objeto de execução com recursos do convênio e pela consequente responsabilidade do ex-prefeito em face da inexecução do objeto pactuado.

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31. Passo a abordar a falha descrita na alínea “r” do parágrafo introdutório, que consiste na medição e atesto de serviços de impermeabilização que não teriam sido executados pela empresa contratada. 32. Ao contrário do que pugna a unidade técnica, penso que não se aplica a prova indiciária neste caso. A informação colhida junto à Companhia de Água e Esgotos da Paraíba – CAGEPA, segundo a qual os serviços em questão teriam sido realizados posteriormente, em 2005, com recursos estaduais, constitui, em tese, indício merecedor de investigação, mas, tomada isoladamente, sem que tenha sido confirmada in loco, seja pela equipe de fiscalização, seja pelo órgão concedente, não faz prova da materialidade do fato. 33. Devo registrar, ainda, que a baixa materialidade do potencial prejuízo aos cofres públicos, estimado em R$ 2.738,51 a preços originais, há de ser ponderada como motivo para não se levar adiante medida saneadora visando à busca pela verdade material, ante os princípios da racionalidade administrativa e da economia processual, em atenção à orientação expressa no art. 5º, § 1º, inciso III, c/c art. 11 da Instrução Normativa TCU nº 56, de 5/12/2007.

V – Convênio nº 236/2000

34. Acerca da emissão de parecer favorável à habilitação indevida da empresa Setor (alínea “t” do parágrafo introdutório), acolho os fundamentos contidos na instrução da Secex/PB, que empreendeu exame criterioso sobre a questão. De fato, se somente com a 15ª alteração do contrato social da empresa houve integralização do capital social, no montante de R$ 101.542,91, permanece sem justificativa o fato de esse valor ter constado do balanço patrimonial relativo ao exercício anterior, apresentado na fase de habilitação. Uma vez que o edital de licitação foi publicado em 28/11/2000, e a alteração do contrato social se deu em 5/7/2000, de se inferir que a empresa valeu-se de informação inexistente para referendar a sua situação econômico-financeira ao término do exercício de 1999, o que configura conduta de má-fé a ser devidamente repreendida por meio da declaração de inidoneidade da firma, com fundamento no art. 46 da Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 271 do Regimento Interno do TCU. 35. Duas irregularidades foram atribuídas à Sra. Rúbria Beniz Gouveia Beltrão, na condição de secretária em exercício da Secretaria de Infraestrutura do município, quais sejam: alteração do projeto executivo dos aterros de acesso do Viaduto BR-230/Ceasa (alínea “u” do parágrafo introdutório); e deficiente acompanhamento do Contrato nº 9/2001, em especial pela falta de justificativa técnica formal para as alterações de projeto, tendo tal conduta incorrido em inobservância ao art. 65, inciso I, alínea “a”, da Lei nº 8.666/1993 (alínea “v” do parágrafo introdutório).36. Quanto à primeira, a responsável não apresentou argumentos aptos a elidir a ilegalidade. De fato, ela descumpriu a orientação expressa no art. 15 da Instrução Normativa STN n° 1/1997, bem como cláusula de convênio, ao ter aprovado alteração do projeto executivo sem a anuência do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER. Pertinente a ponderação feita pelo Auditor Federal da Secex/PB segundo a qual apenas em caso de comprovada negligência do concedente se poderia cogitar de afastar a culpabilidade da gestora pelo ato inquinado. 37. No que se refere à segunda, noto, em consonância com o posicionamento da unidade técnica, que a decisão pela modificação do projeto não se fez acompanhar de justificativas que comprovassem a viabilidade técnica das alterações para efeito de melhor adequar o projeto aos seus objetivos. Faltou a devida motivação do ato administrativo – imprescindível para se demonstrar atendimento ao art. 65, inciso I, alínea “a”, da Lei nº 8.666/1993 –, medida que se impõe por força de princípio constitucional a ser observado pelo administrador público. Contudo, mesmo ante a ausência elementos de que me permitam acatar as razões de justificativa quanto a essa irregularidade, alguns aspectos favoráveis à responsável devem ser ponderados no momento de fixação da sanção a ser-lhe imposta. 38. Inicialmente, destaco a dificuldade de se estabelecer exatamente o nível de impacto causado pelas mudanças de projeto no aparecimento de defeitos nas estruturas de contenção dos

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aterros de acesso ao viaduto, que, se não corrigidos a tempo, comprometeriam a segurança dos usuários da rodovia. As conclusões da Secex/PB fundam-se, principalmente, nas informações contidas em relatório confeccionado pelo engenheiro Carlos Antônio Taurino de Lucena, autor do projeto original da obra. Consta desse documento que alterações na inclinação máxima do talude e na altura do aterro teriam aumentado o esforço suportado pelo muro, ocasionando redução do coeficiente de segurança recomendado pelas normas técnicas de engenharia. Ocorre que o engenheiro noticia outra causa para os defeitos verificados nas peças estruturais da obra: a má-execução dos serviços pela empresa contratada. A título de exemplo, cito a não-execução de sondagens complementares, vícios construtivos na estrutura do muro de arrimo e falta de realização de obras de drenagem que contribuíram para a acentuada saturação do solo nos períodos de chuva. 39. Há que se levar em consideração, ainda, o fato de a falha em apreço ser consequência da aprovação das alterações no projeto executivo sem concordância expressa do concedente – impropriedade abordada acima. Embora merecedora de reprovação a omissão da gestora quanto à obrigatoriedade de motivar suas decisões, notadamente as de cunho técnico, como foi o caso, certo é que essa irregularidade somente se materializou por força do primeiro ato irregular, em relação ao qual, conforme se depreende da análise acima, as razões de justificativa devem ser rejeitadas. 40. Assim, devo levar em consideração tais circunstâncias para estabelecer o quantum da multa a ser aplicada à responsável.41. Foram chamados em audiência, também, além da Sr. Rúbria Beniz Gouveia Beltrão, o engenheiro fiscal da obra, o diretor de obras e o secretário de infraestrutura do município, em razão da inadequada fiscalização das obras (alínea “x” do parágrafo introdutório), fato que teria contribuído para a consumação dos diversos defeitos relatados acima. 42. Nesse ponto, vejo que a descrição fática contida no relatório de auditoria não permite que se estabeleça, sem isenção de dúvida, nexo de causalidade entre a omissão dos gestores direta ou indiretamente responsáveis pela fiscalização das obras e a má-execução dos serviços pela contratada. A falta de informações adicionais sobre a insuficiência de ensaios de sondagem e a falta de realização de obras de drenagem – duas das constatações relatadas pelo engenheiro autor do projeto original – obstaculiza conclusão cabal sobre a participação dos gestores nesta ocorrência, a qual, segundo se depreende dos elementos dos autos, contribui para o aparecimento dos defeitos na estrutura. Em outras palavras, há relatos importantes no sentido de que as falhas construtivas também foram responsáveis pelos defeitos observados na estrutura, mas não há comprovação de que os fiscais agiram de modo contrário ao que lhes era devido. Por exemplo, o serviço de execução de sondagens complementares por parte da empresa constava do contrato? Se a resposta for positiva, surgem duas hipóteses prováveis. Uma vez que se sabe que não foram executados, podem ter sido pagos ou não. Por hipótese, se não foram pagos, a irregularidade configura-se pela conduta negligente dos agentes responsáveis de não exigir a realização de serviço essencial à qualidade das obras. Se foram pagos, além dessa ocorrência, tem-se o agravante do pagamento por serviços não realizados, o que caracterizaria obrigação de se restituir o prejuízo ao erário. Mesmo raciocínio aplica-se à alegada omissão dos fiscais quanto à falta de realização de obras de drenagem, mas não se pode estendê-lo para os vícios construtivos na estrutura do muro de arrimo. Esses, de fácil percepção no momento da inspeção in loco, haveriam de ser acusados pela fiscalização, a fim de exigir da contratada, tempestivamente, as correções pertinentes. 43. Conquanto não se possa afastar que a má-execução dos serviços foi uma das causas para o comprometimento da sua qualidade, as provas juntadas ao processo apontam para uma maior participação do fator “alteração de projeto” na consumação dos vícios estruturais ora evidenciados. Somando-se a isso as considerações elencadas acima, relativas à dificuldade de se comprovar que os fiscais e demais responsáveis deram causa, por omissão, à execução irregular dos serviços por parte da contratada, concluo pela impossibilidade de responsabilizá-los por conta da ocorrência em comento, data venia do encaminhamento proposto pela unidade técnica.

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44. A última ocorrência registrada no âmbito do ajuste em referência foi a não-conclusão do objeto pactuado (alínea “z” do parágrafo introdutório), atribuída ao ex-prefeito. 45. Em sintonia com o entendimento perfilhado em linhas anteriores, mostra-se inoportuna a apreciação da matéria nesta oportunidade, em razão da existência de TCE em tramitação nesta Casa6

na qual se está apurando pagamento por serviços não executados e/ou com sobrepreço, cujas conclusões se basearam em laudo pericial elaborado pela Polícia Federal. No referido processo, o débito foi levantado com base nos quantitativos acumulados até a última medição, metodologia que se mostra apta a concluir pelo alcance ou não das metas do convênio. Logo, como há conexão entre a matéria aqui versada e o escopo da TCE, impõe-se que o exame de responsabilização do ex-prefeito seja feito unicamente no âmbito daqueles autos. Assim, cumpre determinar à Secex/PB que extraia cópias das peças processuais necessárias para subsidiar posterior instrução de mérito no âmbito da TCE, e as encaminhe à Secob-2, para exame em conjunto e em confronto.46. Proponho, então, para essa irregularidade a mesma linha de encaminhamento defendida para a aquela relatada na alínea “q” do parágrafo introdutório (descumprimento do plano de trabalho por falta de alcance de metas físicas do Convênio nº 252/1998), de modo a promover o deslocamento da fase meritória para os respectivos processos de tomada de contas especial, ocasião em que a responsabilização do ex-prefeito pautar-se-á pela confirmação de dano ao erário, na busca pela verdade material. Essa medida vai ao encontro do entendimento perfilhado nos recentes Acórdãos nºs 1.214/2009 e 1.396/2009, ambos do Plenário, cujos votos condutores foram da lavra do Auditor Weder de Oliveira.

VI – Considerações finais

47. Enfim, no tocante às irregularidades sobre as quais não me manifestei neste voto, manifesto-me em consonância com os fundamentos de fato e de direito aduzidos pela unidade técnica, vez que dotados de profundidade e percuciência, os quais incorporo às presentes razões de decidir, acolhendo o encaminhamento propugnado.

Ante o exposto, VOTO no sentido de que este Tribunal adote o Acórdão que ora submeto à consideração deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 25 de agosto de 2010.

AUGUSTO NARDES Relator

ACÓRDÃO Nº 2126/2010 – TCU – Plenário

6 TC-026.095/2006-8: tomada de contas especial instaurada por comissão designada pelo inventariante do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER e concluída pelo Grupo Executivo do Ministério dos Transportes, em razão de irregularidades constatadas na aplicação dos recursos federais do Convênio nº 236/2000; atualmente o processo encontra-se na Secob-2 para instrução.

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1. Processo nº TC-020.111/2005-8 (c/ 3 volumes e 18 anexos). 1.1. Apensos: 014.708/2009-2; 016.733/2006-0.2. Grupo II – Classe V – Assunto: Relatório de Inspeção.3. Interessados/Responsáveis:3.1. Interessado: Congresso Nacional.3.2. Responsáveis: 3C Engenharia Ltda. (70.092.275/0001-88); Adriana Carla Soares Vaz (692.067.084-49); Alcar Engenharia e Comercio Ltda. (01.237.237/0001-53); Beta Projetos e Construções Limitada (09.221.904/0001-11); Celta Construções e Empreendimentos Imobiliários Ltda. (04.092.273/0001-64); Conim - Construtora e Imobiliária Ltda. (10.857.845/0001-51); Construtora Acta Ltda. (01.721.917/0001-48); Construtora Eldorado Ltda. (03.047.067/0001-70); Construtora Torreão Villarim Ltda. (41.203.514/0001-21); Cícero de Lucena Filho (142.488.324-53); Decon Construções Civis Ltda. (01.488.083/0001-72); Evandro de Almeida Fernandes (002.619.124-53); Fernando Martins da Silva (015.944.784-49); Francisco Bezerra Gualberto (094.827.254-68); Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro (466.978.104-91); Francisco de Sales Pereira (082.963.594-72); Geronildo Alves Fernandes (098.386.194-34); HRF Construções Civis Ltda. (01.248.689/0001-30); Incal Incorporações S.A. (67.491.654/0001-36); Incol – Incorporações e Construções Ltda. (01.808.929/0001-04); Isa Silva de Arroxelas Macedo (086.915.414-15); Isabella Duarte Gouvêa (028.316.224-41); José Eymard Moraes de Medeiros (003.537.104-82); José Rodrigues Lopes (091.698.654-34); José Sérgio Albuquerque de Almeida (132.888.574-72); Kva Projetos Eletro Rurais e Construções Ltda. (08.600.504/0001-54); Linear Engenharia e Empreendimentos Ltda. (01.698.341/0001-45); Marcelo Maximiano Guedes Pereira Pitanga (131.374.684-34); Marcílio Juvêncio Pinheiro de Almeida (077.365.504-25); Maria Elisabeth Carvalho Duarte (674.013.094-91); Maria José Santos da Nóbrega (160.651.824-00); Maria Thelma Farias Marques Ferreira (250.506.054-15); MLR Construções Ltda. (04.777.954/0001-66); Márcia Ramos da Silva (739.147.034-15); Oswaldo Pessoa de Aquino (108.733.334-20); Paulo Sérgio Navarro Cruz (160.798.094-00); Potengi Holanda de Lucena (044.642.904-00); Prorcon Projetos e Construções Ltda. (12.613.089/0001-40); Rúbria Beniz Gouveia Beltrão (299.581.214-68); Serteli Servicos Ténicos de Engenharia Ltda. (06.032.916/0001-00); Setor - Servicos Ténicos e Obras Rodoviárias Ltda. (09.110.719/0001-50); Soane Engenharia e Comercio Ltda. (11.897.188/0001-39); Virgílio Mendonça da Costa e Silva (136.314.384-00); Zoih Engenharia Ltda. (00.460.107/0001-12) e Élia Andrade de Araújo (072.642.594-04).4. Unidade: Municipal de João Pessoa/PB.5. Relator: Ministro Augusto Nardes.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade: Secretaria de Controle Externo do Estado da Paraíba - Secex/PB.8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se aprecia relatório de inspeção realizada no

Município de João Pessoa/PB, no exercício de 2005, por força de solicitação da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal (TC-011.474/2005-5), destinada à verificação da conformidade de convênios e contratos de repasse celebrados entre o referido município e a União,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. desconsiderar as audiências endereçadas aos Srs. José Sérgio Albuquerque de Almeida e Francisco de Sales Pereira em vista da irregularidade suscitada no subitem 9.8.2 do relatório de inspeção, por constituir assunto que refoge à competência deste Tribunal;

9.2. acatar as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis listados no quadro abaixo, em face das respectivas ocorrências:

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Responsável Subitem do relatório de inspeção

Resumo no parág. introdutório do voto

Adriana Carla Soares Vaz (692.067.084-49) 6.7.2 alínea "d"Evandro de Almeida Fernandes (002.619.124-53) 13.8.4 (2ª parte) alínea "x"Fernando Martins da Silva (015.944.784-49) 12.8.2 alínea "p" Francisco Carlos Oliveira Cavalheiro (466.978.104-91) 12.8.9 e 12.8.10 alíneas "r" e "s"Francisco de Sales Pereira (082.963.594-72) 8.8.1 e 9.8.1 alíneas "l" e "m"Geronildo Alves Fernandes (098.386.194-34) 12.8.9 e 12.8.10 alíneas "r" e "s"Isabella Duarte Gouvêa (028.316.224-41) 6.7.3 alínea "e"José Rodrigues Lopes (091.698.654-34) 7.7.2 alínea "g"José Sérgio Albuquerque de Almeida (132.888.574-72) 8.8.1 e 9.8.1 alíneas "l" e "m"Marcelo Maximiano Guedes Pereira Pitanga (131.374.684-34) 13.8.4 (2ª parte) alínea "x"Maria José Santos da Nóbrega (160.651.824-00) 6.7.3 alínea "e"

Oswaldo Pessoa de Aquino (108.733.334-20)8.8.1, 9.8.1, 12.8.9,

12.8.10 e 13.8.4 (2ª parte)alíneas "l", "m", "r",

"s" e "x"Potengi Holanda de Lucena (044.642.904-00) 8.8.1 e 12.8.10 alíneas "l" e "s"Rúbria Beniz Gouveia Beltrão (299.581.214-68) 13.8.4 (2ª parte) alínea "x"Virgílio Mendonça da Costa e Silva (136.314.384-00) 6.7.3 alínea "e"

9.3. rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis a seguir, em razão das respectivas ocorrências, e, com fundamento no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 268, inciso II, do Regimento Interno do TCU, aplicar-lhes multa, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para que comprovem perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a” do Regimento Interno do TCU) o recolhimento das dívidas ao Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma prevista na legislação em vigor:

Responsável Subitem - relatório de

inspeção

Resumo - parág.

introdutório do voto

Multa (R$)

Élia Andrade de Araújo (072.642.594-04) 4.7.1 alínea "a" 5.000,00Francisco Bezerra Gualberto (094.827.254-68) 4.7.1 alínea "a" 5.000,00Isa Silva de Arroxelas Macedo (086.915.414-15) 4.7.3 alínea "b" 3.000,00Isabella Duarte Gouvêa (028.316.224-41) 6.7.1 alínea "c" 5.000,00

José Eymard Moraes de Medeiros (003.537.104-82)7.7.1, 7.7.2, 7.7.3 e 7.7.5

alíneas "f" a "i" e "k" 10.000,00

Márcia Ramos da Silva (739.147.034-15) 6.7.1 alínea "c" 5.000,00Marcílio Juvêncio Pinheiro de Almeida (077.365.504-25) 13.8.2 alínea "t" 3.000,00Maria Elisabeth Carvalho Duarte (674.013.094-91) 4.7.1 alínea "a" 5.000,00Maria José Santos da Nóbrega (160.651.824-00) 6.7.1 alínea "c" 5.000,00Maria Thelma Farias Marques Ferreira (250.506.054-15) 4.7.1 alínea "a" 5.000,00Paulo Sérgio Navarro Cruz (160.798.094-00) 6.7.1 alínea "c" 5.000,00Potengi Holanda de Lucena (044.642.904-00) 4.7.1 alínea "a" 10.000,00

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Rúbria Beniz Gouveia Beltrão (299.581.214-68)

13.8.3 e 13.8.4 (1ª

parte)alíneas "u" e

"v" 6.000,00Virgílio Mendonça da Costa e Silva (136.314.384-00) 6.7.1 alínea "c" 10.000,00

9.4. determinar o desconto da dívida na remuneração dos servidores, nos termos do art. 28, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 219, inciso I, do Regimento Interno do TCU, observado o disposto no art. 46 da Lei nº 8.112/1990;

9.5. na impossibilidade da adoção da providência determinada no subitem 9.4, fixar prazo de 15 (quinze dias), a contar das notificações, para que os responsáveis comprovem o recolhimento das dívidas perante o Tribunal, nos termos dos arts. 23, inciso III, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno do TCU;

9.6. autorizar a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações, na forma do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/1992;

9.7. com fundamento no art. 46 da Lei nº 8.443/1992, declarar inidôneas para participar de licitação na Administração Pública Federal, pelo prazo de 3 (três) anos, as empresas Beta Projetos e Construções Ltda.; Construtora Torreão Villarim Ltda.; 3C Engenharia Ltda.; Decon Construções Civis Ltda.; Serteli Servicos Técnicos de Engenharia Ltda.; Construtora Acta Ltda.; Linear Engenharia e Empreendimentos Ltda.; Alcar Engenharia e Comércio Ltda.; Celta Construções e Empreendimentos Imobiliários Ltda.; Kva Projetos Eletro Rurais e Construções Ltda.; Soane Engenharia e Comércio Ltda.; Incol Incorporações e Construções Ltda.; Prorcon Projetos e Construções Ltda.; Construtora Eldorado Ltda.; HRF Construções Civis Ltda.; Zoih Engenharia Ltda.; MLR Construções Ltda.; Conim – Construtora e Imobiliária Ltda. e Setor – Serviços Técnicos e Obras Rodoviárias Ltda.;

9.8. determinar ao Município de João Pessoa/PB que:9.8.1. observe o disposto no art. 20 da Instrução Normativa STN n° 1/1997, quando aplicável, no

sentido de manter, em conta bancária específica, os recursos recebidos em razão de convênios firmados com órgãos federais, bem como os recursos da contrapartida, somente sendo permitidos saques para o pagamento de despesas previstas em plano de trabalho, mediante cheque nominativo ao credor ou ordem bancária, ou para aplicação no mercado financeiro (subitens 4.7.2, 7.5.4 e 13.6.2 do relatório de inspeção);

9.8.2. atente-se para as disciplinas contidas nos arts. 2° e 25 da Lei n° 8.666/1993, promovendo o devido procedimento licitatório quando se tratar de contratação de serviços técnico-especializados em que haja viabilidade de competição, especialmente em relação a cursos que várias empresas oferecem, como de informática, operador de computador etc. (subitem 5.7.1 do relatório de inspeção);

9.9. determinar à Fundação de Apoio a Pesquisa e a Extensão da UFPB – FUNAPE que observe o disposto no art. 30 da Instrução Normativa STN n° 1/1997, quando aplicável, no sentido de que as despesas custeadas com recursos federais transferidos mediante convênios e instrumentos congêneres sejam comprovadas mediante documentos devidamente identificados com referência ao título e número do convênio (subitem 6.5.3.1 do relatório de inspeção);

9.10. determinar à Fundação Nacional de Saúde que, por ocasião da celebração de convênios para a construção de sistemas de esgotamento sanitário, previamente, verifique se está concluído o destinatário final dos resíduos a serem esgotados, devendo, em face do princípio da eficiência, somente aprovar o plano de trabalho de convênios dessa natureza se houver certeza da existência física do aludido destinatário final, cuja efetiva conclusão deve ser condição prévia para o repasse de recursos federais (subitem 12.8.6 do relatório de inspeção);

9.11. comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social, para adoção das providências cabíveis, os seguintes fatos:

9.11.1 não houve a retenção e o respectivo recolhimento da contribuição previdenciária prevista no art. 31, § 4º, inciso III, da Lei n° 8.212/1991, alterada pela Lei n° 9.711, de 20/11/1998, quando dos pagamentos das medições decorrentes dos seguintes contratos de empreitada, celebrados entre o

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Município de João Pessoa/PB e as empresas abaixo listadas, para a execução de obras (subitens 4.5.3.3, 5.5.4.1, 12.6.4 e 13.6.3.2 do relatório de inspeção):

Contratada Obra PeríodoBeta Projetos e Construções Ltda.

Construção de 704 unidades habitacionais, com recursos

do Convênio n° 17/97

Dez/1997a

Mar/1999

Celta Construções e Empreendimentos Ltda.KVA Projetos Eletro Rurais e Construções Ltda.

Construtora Torreão Villarim Ltda.Soane Engenharia e Comércio Ltda.

3C Engenharia Ltda.Incol Incorporações e Construções Ltda.

Decon Construções Civis Ltda.Serteli Servicos Técnicos de Engenharia Ltda.

Prorcon Projetos e Construções Ltda.Construtora Acta Ltda.

Construtora Eldorado Ltda.Linear Engenharia e Empreendimentos Ltda.

HRF Construções Civis Ltda.Alcar Engenharia e Comércio Ltda.

Incol Incorporações e Construções Ltda.

Construção de 6 Casas “lar da criança” e dois galpões

oficinas de marcenaria, com recursos do Convênio n°

59/97

Abr/1998a

Set/1998

Construtora Econ Empreendimentos e Construções Ltda.Construção de 10 Centros de Cidadania, com recursos do

Convênio n° 59/97

Mar/1998a

Out/1998

Engeplan Engenharia e Planejamento Ltda.Andrade Engenharia Ltda.

Rio Sul Construções e Empreendimentos Ltda.Construtora Azarias Ltda.

Companhia Brasileira de Terraplenagem e Engenharia – COBRATE

Obras de construção de Viadutosistema de

esgotamento sanitário no Bairro Alto do Mateus, com

recursos do Convênio n° 252/98

Out/1998 a

Jul/2001Construção e Pavimentação Ltda. - CONSPAVI

SETOR - Serviços Técnicos e Obras Rodoviárias Ltda.

Obras de construção de viaduto sobre a BR-230

(Ceasa); de implementação das vias paralelas à BR-230; e

de eliminação de segmento crítico da BR-230 (km 24);

com recursos do Convênio n° 236/2000

Nov/2001a

Dez/2002

9.11.2. não houve a retenção e o respectivo recolhimento da contribuição previdenciária, quando dos pagamentos aos agentes de saúde pelas ações do plano de erradicação do Aedes Aegypti, no período de 21/7/1997 a 31/12/2000 (subitem 7.3.5.2 do relatório de inspeção);

9.12. determinar à Secex/PB que:9.12.1. de posse da tomada de contas especial (Processo nº 25.2100009092005-36, atualmente no

Gabinete do Ministro da Saúde) instaurada para se apurar a responsabilidade do Sr. Cícero de Lucena Filho, ex-prefeito do Município de João Pessoa/PB, pela gestão dos recursos repassados à municipalidade por força do Convênio nº 252/1998 (Siafi nº 359930), promova a retirada de cópias das peças deste processo, para juntada naquele, inerentes às matérias tratadas nos subitens 12.7.2, 12.8.4,

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12.8.5, 12.8.7 e 12.8.8 do relatório de inspeção, para novo exame, em conjunto e em confronto com os elementos da tomada de contas especial, propondo, se for o caso, as citações devidas; e

9.12.2. promova a retirada de cópias das peças deste processo inerentes às matérias abordadas nos subitens 13.8.5 e 13.8.7 do relatório de inspeção, e as encaminhe à Secob-2, para juntada no TC-026.095/2006-8 – tomada de contas especial em que se apuram irregularidades na gestão dos recursos repassados ao Município de João Pessoa/PB por força do Convênio nº 236/2000 (Siafi nº 404548);

9.13. determinar à Secob-2 que, de posse da documentação referida no subitem anterior, proceda a exame complementar, em conjunto e em confronto com os atuais elementos da tomada de contas especial, propondo, se for o caso, as citações devidas;

9.14. determinar ao Ministério da Saúde que envide esforços no sentido de ultimar os exames necessários e encaminhar a este Tribunal a tomada de contas especial relativa ao Convênio nº 252/1998 (Siafi nº 359930), em atenção ao prazo de 10 (dez) anos desde o fato gerador para envio de tomada de contas especial a esta Corte, disposto no art. 5º, § 4º, da Instrução Normativa TCU nº 56, de 5/12/2007;

9.15. encaminhar cópia desta deliberação, bem como do relatório e voto que a fundamentam:9.15.1. à Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do

Senado Federal, ao Departamento de Polícia Federal, à Superintendência Regional de Polícia Federal na Paraíba, em atenção ao Ofício nº 2570/2009-IPL 0702/2008-4-SR/DPF/PB (TC-014.708/2009-2 – apenso), e à Procuradoria da República na Paraíba, em atenção aos Procedimentos Administrativos nºs 1.24.000.000356/2003-15/MPF/PR/PB e 1.24.000.000274/2006-13/MPF/PR/PB; e

9.15.2. ao Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, em conjunto com cópias das peças destes autos inerentes à ocorrência registrada no subitem 9.8.2 do relatório de inspeção, nos termos propostos pela unidade técnica;

9.16. arquivar o presente processo.

10. Ata n° 31/2010 – Plenário.11. Data da Sessão: 25/8/2010 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2126-31/10-P.13. Especificação do quorum:13.1. Ministros presentes: Ubiratan Aguiar (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator), Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge e José Múcio Monteiro.13.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa, André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)UBIRATAN AGUIAR

(Assinado Eletronicamente)AUGUSTO NARDES

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

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