classificaÇÃo crime

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As infraes penais dividem-se em crimes, delitos e contravenes (classificao tripartida) ou somente crimes ou delitos e contravenes (classificao bipartida). A primeira classificao a adotada em pases como Frana, Alemanha e Blgica. Em nosso direito domstico, reina a classificao bipartida. entendido que no h diferena qualitativa ou substancial entre crime e contraveno, mas a diferena quantitativa. Segundo Magalhes Noronha, a contraveno um crime menor, menos grave que o delito. A deciso de qual infrao crime ou contraveno cabe ao legislador, analisando o grau de significncia dos interesses jurdicos violados na prtica de tal infrao. Por qualificao entende-se o nome dado ao fato ou infrao pea doutrina e pela lei (Jos Frederico Marques). Pode ser legal (dada pela lei) ou doutrinria (dada pelos doutrinadores) - Qualificao legal: Qualificao do fato o nomen juris da infrao; qualificao da infrao o nome dado prtica do fato: crime ou contraveno. - Qualificao doutrinria o nome dado ao crime pela doutrina, resultado de um trabalho cientfico sobre o tema. Aps essas breves consideraes obre a distino de crime e contraveno e a diferena entre classificao legal e doutrinria das infraes penais, analisaremos de forma mais profunda os crimes para o total entendimento deste tema. 01. CRIMES COMUNS E ESPECIAIS Damsio E. de Jesus ensina: os crimes comuns so os descritos no Direito Penal Comum; especiais, os definidos no Direito Penal Especial. 02. CRIMES COMUNS E PRPRIOS Crime comum o que pode ser praticado por qualquer pessoa. Crime prprio o que s pode ser cometido por uma determinada categoria de pessoas, pois pressupe no agente uma particular condio ou qualidade pessoal (Damsio E. de Jesus) Como ensina Mirabete, o tipo penal dos crimes prprios limita o crculo do autor, que deve encontrar-se em uma posio jurdica, como os funcionrios pblicos, mdicos. Esta classificao feita por Magalhes Noronha como crimes comuns e especiais. 03. CRIMES DE MO PRPRIA OU DE ATUAO PESSOAL Damsio de Jesus conceitua este tipo de crime como os que s podem ser cometidos pelo sujeito em pessoa. Este crime praticado de tal maneira que somente o autor est em condio de realiz-lo. (v.g.: incesto, falso testemunho) Mirabete completa o conceito ao dizer que embora passveis de serem cometidos por qualquer pessoa, ningum os pratica por intermdio de outrem. 04. CRIMES DE DANO E DE PERIGO Crimes de dano so os que s se consumam com a efetiva leso do bem jurdico. Crimes de perigo so os que se consumam to s com a possibilidade do dano. (Damsio de Jesus) Damsio distingue os diversos tipos de perigo. Segundo ele, o perigo pode ser: a-) presumido (No precisa ser provado) ou concreto (necessita ser investigado e comprovado) b-) individual (expe uma nica pessoa ao risco) ou coletivo (crimes contra incolumidade pblica) c-) atual (est ocorrendo), iminente (est prestes a desencadear-se) ou futuro (pode advir em ocasio posterior)

Mirabete conceitua tambm estes dois tipos de crime. Os crimes de dano s se consumam com a efetiva leso do bem jurdico visado, por exemplo, leso vida. Nos crimes de perigo, o delito consuma-se com o simples perigo criado para o bem jurdico. Segundo Magalhes Noronha, crimes de perigo so os que se contentam com a probabilidade de dano. Crimes de dano so os que s se consumam com a efetiva leso do bem jurdico tutelado. 05. CRIMES MATERIAIS, FORMAIS E DE MERA CONDUTA Seguindo o conceito dado por Damsio de Jesus crimes de mera conduta so aqueles em que o legislador s descreve o comportamento do agente. O crime formal menciona em seu tipo o comportamento e o resultado, mas no exige a sua produo para a consumao. So distintos porque os crimes de mera conduta so sem resultado, os crimes formais tem resultado, mas o legislador antecipa a consumao sua produo. No crime material o tipo menciona a conduta e o evento, exigindo a sua produo para a consumao. Vejamos o conceito de Mirabete: No crime material h a necessidade de um resultado externo ao, descrito na lei, e que se destaca lgica e cronologicamente da conduta. No crime formal no h necessidade de realizao daquilo que pretendido pelo agente, e o resultado jurdico previsto no tipo ocorre ao mesmo tempo e, que se desenrola a conduta, havendo separao lgica e no cronolgica entre conduta e resultado. Nos crimes de mera conduta a lei no exige qualquer resultado naturalstico, contentando-se com a ao ou omisso do agente. 06. CRIMES COMISSIVOS E OMISSIVOS O critrio que distingue estes dois crimes o comportamento do agente. Segundo Damsio de Jesus, crimes comissivos so os praticados mediante ao, o agente pratica uma ao. J os crimes omissivos so os praticados mediante inao, o agente deixa de praticar uma ao que deveria ser feita . Mirabete define crime comissivo como os que exigem, segundo um tipo penal objetivo, em princpio, uma atividade positiva do agente, um fazer. Crimes omissivos como os que objetivamente so descritos com uma conduta negativa, de no fazer o que a lei determina, consistindo a omisso na transgresso da norma jurdica e no sendo necessrio qualquer resultado naturalstico. O mesmo autor fala ainda de crimes de conduta mista (comissivos-omissivos). So aqueles que no tipo penal se inscreve uma fase inicial comissiva, de fazer, de movimento, e uma final omisso, de no fazer o devido. E. Magalhes Noronha define que ocorre os crimes comissivos-omissivos quando a omisso meio ou forma de se alcanar um resultado posterior. 07. CRIMES INSTANTNEOS, PERMANENTES E INSTANTNEOS DE EFEITOS PERMANENTES Crimes instantneos so os que se completam num s momento. A consumao se d num determinado instante, sem continuidade temporal (homicdio). Crimes permanentes so os que causam uma situao danosa ou perigosa que se prolonga no tempo, como o seqestro ou crcere privado. (Damsio E. de Jesus) Segundo Mirabete, crimes instantneos de efeitos permanentes ocorrem quando, consumada a infrao em dado momento, os efeitos permanecem, independentemente da vontade do sujeito ativo. Como exemplo podemos citar a bigamia.

Faz-se necessrio saber que, segundo observao de Magalhes Noronha, a instantaneidade no significa rapidez ou brevidade fsica da ao, mas cuja consumao se realiza em um instante. 08. CRIME CONTINUADO O crime continuado est definido no caput do art. 71 do nosso Cdigo Penal: quando o agente, mediante mais de uma ao ou omisso, pratica dois ou mais crimes da mesma espcie e, pelas condies de tempo, lugar, maneira de execuo e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuao do primeiro. Magalhes Noronha conceitua crime continuado aquele que constitudo por duas ou mais violaes jurdicas da mesma espcie, praticadas por uma ou pelas mesmas pessoas sucessivamente e sem ocorrncia de punio em qualquer daquelas, as quais constituem um todo unitrio, em virtude da homogeneidade objetiva. Damsio de Jesus explica-nos que neste caso impe-se-lhe pena de um s dos crimes, se idnticas, ou a mais grave, se diversas. E ressalta que no se trata de uma tipo de crime, mas uma forma de concurso de delitos. 09. CRIMES PRINCIPAIS E ACESSRIOS Damsio de Jesus define crimes principais aqueles que existem independentemente dos outros. Crimes acessrios so aqueles que pressupe outros. Como exemplo, o mesmo autor cita o furto (principal) e receptao (acessrio). Os crimes principais independem da prtica de delito anterior. Os crimes acessrios, como a denominao indica, sempre pressupem a existncia de uma infrao penal anterior, a ele ligada pelo dispositivo penal que, no tipo, faz referncia quela. (Jlio Fabbrini Mirabete) 10. CRIMES CONDICIONADOS E INCONDICIONADOS Crimes condicionados so os que tm a punibilidade condicionada a um fato exterior e posterior consumao. Incondicionados os que no subordinam a punibilidade a tais fatos (Damsio E. de Jesus). 11. CRIMES SIMPLES E COMPLEXOS Crime simples o que apresenta tipo penal nico. Delito complexo a fuso de dois ou mais tipos penais (Damsio de Jesus). So simples os crimes em que o tipo nico e ofendem apenas um bem jurdico. So complexos os crimes que encerram dois ou mais tipos em uma nica descrio legal (sentido estrito) ou os que, em uma figura tpica, abrangem um tipo simples, acrescido de fatos e circunstncias que, em si, no so tpicos sentido amplo).(Jlio Fabbrini Mirabete) 12. CRIME PROGRESSIVO Segundo Damsio, o crime progressivo ocorre quando o sujeito, para alcanar a produo de um resultado mais grave, passa por outro menos grave. Mirabete ensina que no crime progressivo, um tipo abstratamente considerado contm implicitamente outro que deve necessariamente ser realizado para se alcanar o resultado. Magalhes Noronha h crime progressivo quando se tem um tipo, abstratamente considerado, contm outro, de modo que sua realizao no se pode verificar, seno passando-se pela realizao do que ele contm. 13. DELITO PUTATIVO Segundo Mirabete, crime putativo (ou imaginrio) aquele em que o agente supe, por erro, que est praticando uma conduta tpica quando o fato no constitui crime. Segundo Damsio de Jesus, o delito putativo ocorre quando o agente considera erroneamente que a

conduta realizada por ele constitui crime, quando, na verdade, um fato atpico. S existe na imaginao do sujeito. O mesmo autor destaca que h trs tipos de delito putativo: - delito putativo por erro de proibio: ocorre quando o agente supe violar uma norma penal que na verdade no existe. Falta tipicidade sua conduta, pois o fato no considerado crime. - delito putativo por erro de tipo: h a errnea suposio do agente e esta no recai sobre a norma, ma sobre os elementos do crime. O agente cr violar uma norma realmente existente, mas sua conduta faltam elementares de tipo. - delito putativo por obra de agente provocador (crime de flagrante provocado): ocorre quando algum, de forma insidiosa, provoca o agente prtica de um crime, ao mesmo tempo que toma providncias para que o mesmo no se consuma. 14. CRIME PROVOCADO Ocorre o crime provocado quando o agente induzido prtica de um crime por terceiro, muitas vezes policial, para que se efetue a priso em flagrante. (Jlio Fabbrini Mirabete). Tem-se entendido que havendo flagrante por ter sido o agente provocado pela Polcia, h crime impossvel. 15. CRIME IMPOSSVEL Descrito pelo art. 17 do Cdigo Penal: No se pune a tentativa, quando, por ineficcia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, impossvel consumar-se o crime. Este crime pressupe sejam absolutas a ineficcia e a impropriedade (E. Magalhes Noronha). Quando o dispositivo se refere ineficcia absoluta do objeto, deve-se entender que o meio inadequado, inidneo, ineficaz para que o sujeito possa obter o resultado pretendido. No que diz respeito absoluta impropriedade do objeto material do crime, este no existe ou, nas circunstncias em que se encontra, torna impossvel a consumao. (Fabbrini Mirabete) 16. CRIME CONSUMADO E TENTADO Segundo nosso Cdigo Penal, h o crime consumado quando nele se renem todos os elementos de sua definio legal (art.14, I). Diz Mirabete que o crime est consumado quando o tipo est inteiramente realizado, ou seja, quando o fato concreto se subsume no tipo penal abstrato descrito na lei penal. H o crime tentado quando, iniciada a execuo, no se consuma, por circunstncias alheias vontade do agente (art.14,II). A tentativa a realizao incompleta do tipo penal, do modelo descrito na lei. Na tentativa h prtica do ato de execuo, mas no chega o sujeito consumao por circunstncias alheias sua vontade. (Jlio Fabbrini Mirabete) 17. CRIME FALHO a denominao que se d tentativa perfeita ou acabada, em que o sujeito faz tudo quanto est ao seu alcance para consumar o crime, mas o resultado no corre por circunstncias alheias sua vontade.(Damsio E. de Jesus) 18. CRIMES UNISSUBSISTENTES E PLURISSUBSISTENTES Ensina-nos Damsio de Jesus: crime unissubsistente o que se realiza com um s fato. Crime plurissubsistente o que se perfaz com vrios atos.O primeiro no admite tentativa (v.g.: injria) ; o plurissubsistente sim (v.g. homicdio). Mirabete completa o conceito dado por Damsio. No crime unissubsistente conduta una. O crime plurissubsistente composto de vrios atos, que integram a conduta, ou seja, existem fases que podem ser separadas, fracionando-se o crime.

19. CRIMES DE DUPLA SUBJETIVIDADE PASSIVA So crimes que tm, em razo do tipo, dois sujeitos passivos. (Damsio E. de Jesus) Podemos citar como exemplo a violao de correspondncia; os dois sujeitos passivos so o destinatrio e o remetente. A classificao dada por Jlio Mirabete diverge da conceituada por Damsio de Jesus. O exemplo citado acima, Mirabete classifica como crime plurissubjetivo passivo. Segundo ele, este tipo de crime demanda mais de um sujeito passivo na infrao. (Mirabete fala ainda de crimes unissubjetivos, aquele que pode ser praticado por uma s pessoa) e crimes plurissubjetivos (aquele que, por sua conceituao tpica, exige dois ou mais agentes para a prtica da conduta criminosa). Magalhes Noronha classifica os chamados crimes unissubjetivos de Mirabete como crimes unilaterais (pode ser praticado por uma nica pessoa). 20. CRIME EXAURIDO Damsio define crime exaurido como aquele que depois de consumado atinge suas ltimas conseqncias. Estas podem constituir um indiferente penal ou condio de maior punibilidade. Mirabete diz que um crime exaurido quando aps a consumao, que ocorre quando estiverem preenchidos no fato concreto o tipo objetivo, o agente o leva a conseqncias mais lesivas. 21. CRIMES DE CONCURSO NECESSRIO Segundo Damsio de Jesus, crimes de concurso necessrio so os que exigem mais de um sujeito. O autor divide este tipo de crime em coletivos (os que tm como elementar o concurso de vrias pessoas-art.288) e bilaterais (exigem o encontro de duas pessoas, mesmo que uma no seja culpvel). 22. CRIMES DOLOSOS, CULPOSOS E PRETERDOLOSOS H o crime doloso quando o sujeito quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo ( CP art. 18, I). Mirabete contribui para o entendimento deste tipo de crime ao dizer que no crime doloso no devemos apenas analisar o objetivo que o agente quis alcanar, mas tambm a conduta do autor. Esta conduta dividida em duas partes: interna e externa. Na interna, analisamos o pensamento do autor: ele se prope a um fim, prepara os meios para a execuo deste fim e, por fim, considera os efeitos do fim pretendido. A conduta externa a exteriorizao da conduta, uma atividade em que se utilizam os meios selecionados conforma a normal e usual capacidade humana de previso. H o crime culposo quando o sujeito deu causa ao resultado por imprudncia, negligncia ou impercia (CP art. 18, II). Nos crimes culposos no h a preocupao com o fim da conduta; o que importa no o fim do agente, mas o modo e a forma imprpria com que atua, segundo Mirabete. Crime preterdoloso ou preterintencional aquele em que a ao causa um resultado mais grave que o pretendido pelo agente. (Damsio E. de Jesus) considerado por Mirabete um crime misto, em que h uma conduta que dolosa, por dirigir-se a um fim tpico, e que culposa pela causao de outro resultado que no era objeto do crime fundamental pela inobservncia do cuidado objetivo. H no dolo no antecedente e culpa no conseqente. 23. CRIMES SIMPLES, PRIVILEGIADOS E QUALIFICADOS Seguindo o conceito dado por Damsio de Jesus crime simples o descrito em sua forma fundamental. a figura tpica simples, que contm os elementos especficos do delito.

Mirabete ainda completa essa definio ressaltando que em seu contedo subjetivo no h circunstncia que aumente ou diminua sua gravidade. O crime considerado qualificado quando o legislador, depois de descrever a figura tpica fundamental, agrega circunstncias que aumentam a pena, segundo Damsio de Jesus. Fabbrini Mirabete diz ainda que no surge a formao de um novo tipo penal, mas apenas de uma forma mais grave de ilcito. H ainda os crimes chamados privilegiados. Segundo a definio de Mirabete, estes existem quando ao tipo bsico a lei acrescenta circunstncia que o torna menos grave, diminuindo, em conseqncia, suas sanes. 24. CRIME SUBSIDIRIO a norma penal que tem natureza subsidiria em relao a outra. Segundo Damsio, a norma principal exclui a aplicao da secundria. 25. CRIMES VAGOS So os que tm por sujeito passivo, entidades sem personalidade jurdica, como a famlia, o pblico ou a sociedade art.233 praticar ato obseno em lugar pblico, ou aberto ou exposto ao pblico (Damsio E. de Jesus). 26. CRIMES COMUNS E POLTICOS Damsio de Jesus distingue-os da seguinte maneira: crimes comuns so os que lesam bens jurdicos do cidado, da famlia ou da sociedade, enquanto os polticos atacam segurana interna ou externa do Estado, ou a sua prpria personalidade. Mirabete classifica os crimes polticos como puros ou prprios, que tm por objeto jurdico apenas a ordem poltica, sem que sejam atingidos bens ou interesses jurdicos individuais ou outros Estados. H ainda os crimes relativos ou imprprios, que expem a perigo ou lesam tambm bens jurdicos individuais ou outros que no a segurana do Estado. 27. CRIME MULTITUDINRIO o praticado por uma multido em tumulto, espontaneamente organizada no sentido de um comportamento comum contra pessoa ou coisas-art 65,II, (Nlson Hungria) 28. CRIMES DE OPINIO Consistem em abuso de liberdade do pensamento, seja pela palavra, imprensa ou qualquer meio de transmisso (Damsio E. de Jesus). 29. CRIMES DE AO NICA E DE AO MLTIPLA OU DE CONTEDO VARIADO Mirabete conceitua crime de ao simples aquele cujo tipo penal contm apenas uma modalidade de conduta, expressa no verbo que constitui o ncleo da figura tpica. Na redao do art. 122 do Cdigo Penal, observamos os verbos induzir ou instigar e prestar auxlio ao suicdio, sendo ainda ser citados outros art. 234,289,1 etc... Mesmo na prtica destas trs aes, elas so consideradas como um nico crime. Assim, so definidos, por Damsio de Jesus, crimes de ao mltipla aqueles em que o tipo faz referncia a vrias modalidades da ao. Magalhes Noronha afirma que no crime de ao mltipla o tipo contm vrias modalidades de conduta delituosa, as quais, praticadas pelo agente, fatos do mesmo crime. 30. CRIMES DE FORMA LIVRE E DE FORMA VINCULADA

Os crimes de forma livre so os que podem ser cometidos por meio de qualquer comportamento que cause um determinado resultado. Os crimes de forma vinculada so aqueles em que alei descreve a atividade de modo particularizado (Damsio E. de Jesus) 31. CRIMES DE AO PENAL PBLICA E DE AO PENAL PRIVADA Nos crimes de ao penal pblica o procedimento penal se inicia mediante denncia do rgo do Ministrio Pblico, conceito dado por Damsio de Jesus. Nos crimes de ao penal privada, este procedimento feito mediante queixa do ofendido ou de seu representante legal, segundo o art. 100 1 e 2 do CP. O art. 101 expressa a distino entre estes dois tipos de crime: o crime de ao penal privada quando a lei expressamente o declara. 32. CRIME HABITUAL E PROFISSIONAL Crime habitual a reiterao da mesma conduta reprovvel, de forma a constituir um estilo ou hbito de vida, art 229. Quando o agente pratica as aes com inteno de lucro, fala-se em crime profissional (Damsio E. de Jesus). A definio de crime habitual para Mirabete a reiterao de atos, penalmente indiferentes por si, que constituem por um todo, um delito apenas traduzindo, geralmente um modo ou estilo de vida. Define crime profissional como qualquer delito praticado por aquele que exerce uma profisso, utilizando-se dela para a atividade ilcita. 33. CRIMES CONEXOS Neste caso h um elo entre os crimes. O sujeito comete uma infrao para ocultar outra. Damsio nos d o exemplo de um sujeito que, aps praticar um furto, incendeia a casa para fazer desaparecer qualquer vestgio. O fato do incndio cometido para assegurar a ocultao do furto. 34. CRIME DE MPETO aquele em que a vontade delituosa repentina, sem perceber deliberao (Damsio E. de Jesus). Ex.: homicdio praticado por influncia de forte emoo, art. 121, 1, 3.figura 35. CRIMES FUNCIONAIS Damsio de Jesus conceitua os crimes funcionais os que s podem ser praticados por pessoas que exercem funes pblicas art. 150, 2.,300,301 etc. 36. CRIMES A DISTNCIA E PLURILOCAIS Os crimes a distncia so aquele que a conduta ocorre em um pas e o resultado noutro. Delito plurilocal aquele que, dentro de um mesmo pas, tem a conduta realizada num local e a produo do resultado noutro (Damsio E. de Jesus) 37. DELITOS DE TENDNCIA So os crimes que condicionam a sua existncia inteno do sujeito (Damsio de Jesus). Tm a caracterstica a exigncia da verificao do estado, da vontade o agente no momento do fato para a constituio da figura delitiva. 38. CRIMES DE SIMPLES DESOBEDINCIA So os crimes de perigo abstrato ou presumido. A simples desobedincia ao comendo geral, advinda da prtica do fato, enseja a presuno do perigo de dano ao bem jurdico (Damsio E. de Jesus) 39. CRIMES PLURIOFENSIVOS So os que lesam ou expe a perigo de dano mais de um bem jurdico, segundo Damsio de Jesus. Ex.: latrocnio, art.157,3. in fine (lesa a vida e o patrimnio) 40. CRIME A PRAZO

A qualificadora depende de um determinado lapso de tempo. 41. CRIME GRATUITO Praticado sem motivo (Damsio E. de Jesus) 42. DELITO DE CIRCULAO Praticado por intermdio do automvel (Damsio E. de Jesus) 43. DELITO TRANSEUNTE E NO TRANSEUNTE Transeunte o que no deixa vestgios; no transeunte, o que deixa (Damsio E. de Jesus) 44. CRIME DE ATENTADO OU DE EMPREENDIMENTO Damsio de Jesus define como o delito em que o legislador prev tentativa a mesma pena do crime consumado, sem atenuao (Ex: com arts. 352 e 358) 45.CRIME EM TRNSITO Assim conceitua Damsio E. de Jesus: so delitos em que o sujeito desenvolve a atividade em um pas sem atingir qualquer bem jurdico de seus cidados. 46. CRIMES INTERNACIONAIS Definidos no art. 7, II, a do Cdigo Penal: so crimes que, por tratado ou conveno, o Brasil se obrigou a reprimir. Podemos citar como exemplo o trfico de mulheres, entorpecentes etc. 47. QUASE-CRIME So os definidos no Cdigo Penal no art. 17 (crime impossvel) e art. 31 (participao impunvel). 48. CRIMES DE TIPO FECHADO E DE TIPO ABERTO Ensina-nos Damsio de Jesus: delitos de tipo fechado so aqueles que apresentam a definio completa, como homicdio. Crimes de tipo aberto so os que no apresentam a descrio tpica completa. Nos primeiros a norma de proibio violada aparece de forma clara; no segundo, no aparece claramente. 49. TENTATIVA BRANCA H a tentativa branca quando o objetivo material no sofre leso. (Damsio E. de Jesus). 50. CRIME CONSUNTO E CONSUNTIVO Crime consunto o absorvido, consuntivo, o que absorve. (Damsio de Jesus). Constitui matria de estudo do conflito aparente de normas, na qual aplicado o princpio da consuno. 51. CRIMES DE RESPONSABILIDADE Este tipo de crime alvo de discusses, pois esta classificao suscita dvidas no que concerne a sua interpretao. Por vezes entendido como crimes e infraes de natureza poltico-administrativas no sancionadas com penas de natureza criminal. Damsio de Jesus define, em sentido amplo, como um fato violador do dever do cargo ou da funo, apenado com uma sano criminal ou de natureza poltica. Divide ainda este tipo de crime em duas espcies: prprio, que constitui delito, e imprprio, que diz respeito infrao poltico-administrativa. 52. CRIMES HEDIONDOS

Damsio de Jesus conceitua crimes hediondos como delitos repugnantes, srdidos, decorrentes de condutas que, pela forma de execuo ou pela gravidade objetiva dos resultados, causam intensa repulsa. Joo Jos Leal afirma que haveria um crime hediondo toda vez que uma conduta delituosa estivesse revestida de excepcional gravidade, seja na execuo, quando o agente revela total desprezo pela vtima, insensvel ao sofrimento fsico ou moral a que a submete, seja quanto natureza do bem jurdico ofendido, ainda pela especial condio das vtimas. A Constituio Federal de 1988 considera estes crimes inafianveis e insuscetveis de graa ou anistia (art. 5, inc. XLIII). 53. CRIME ORGANIZADO aquele praticado por uma organizao criminosa. Segundo Mirabete, organizao criminosa aquela que, por suas caractersticas, demonstre a existncia de estrutura criminal, operando de forma sistematizada, com planejamento empresarial, diviso de trabalho, pautas de condutas em cdigos procedimentais rgidos, simbiose com o Estado, diviso territorial e, finalmente, atuao, regional, nacional ou internacional. Nossa legislao usa este termo crime organizado, preferindo uma redao mais simplista, referindo-se a crime organizando como bando ou quadrilha. BIBLIOGRAFIA A) JESUS, Damsio E. de. Direito Penal Parte Geral. 20 ed. So Paulo: Saraiva, 1997. v. 1 B) MIRABETE, Jlio Fabbrini. Manual de Direito Penal : Parte Geral, Arts. 1 a 120 do CP. 16 ed. So Paulo: Atlas, 2000. v. 1 C) LEAL, Joo Jos. Crimes Hediondos: aspectos poltico - jurdicos da Lei n. 8.072/90. 1 ed. So Paulo : Atlas, 1996. Por Antonio Carlos Freitas Os crimes previstos no Cdigo Penal brasileiro so os seguintes: (Artigo - Nomen juris do crime)

Artigo/Ttulo do delito

Elemento objetivo

culpabilidade

pen a

sujeito s

Observaes: Momento consumativo, exaumento,etc . Conceito: morte -

TTULO Art. 121 Homicdio Matar algum 1 privilegiado

relevante valor moral, social, sob dominio violenta emoo logo aps seguida e injusta

provocao Eutansia (morte piedosa) homcidio Art. 122 Induzimento, instigao ou auxlio ao suicdio Art. 123 Infanticdio Art. 124 Autoaborto e aborto consentido Art. 125 Aborto provocado por terceiro sem consentimento da gestante Art. 126 Aborto provocado com o consentimento da gestante Art. 127 Formas qualificadas do crime de aborto Art. 128 Excluso do crime de aborto Art. 129 Leses corporais Art. 130 Perigo de contgio venreo Art. 131 Perigo de contagio de molstia grave Art. 132 Perigo para a vida ou sade de outrem Art. 133 Abandono de incapaz Art. 134 Exposio ou abandono de recm-nascido Art. 135 Omisso de socorro

Art. 136 Maustratos Art. 137 Rixa Art. 138 Calnia (mentira)

Art. 139 Difamao (fofoca)

Art. 140 Injria (xingamento)

Honra objetiva , reputao, cabe tentativa na forma escrita, consumao 3 toma conheciment o Admite-se a exceo de verdade, A.P.Privada Honra objetiva , cabe tentativa na forma escrita, consumao 3 toma conheciment o Admite-se a exceo de verdade se tratar de servidor pblico, ofensa relativa ao exerccio de suas funes, A.P.Privada Honra subjetiva (sua prpia dignidade e decoro) , cabe tentativa na forma escrita, consumao vtima toma conheciment o do conceito negativo,

No Admitese a exceo de verdade, A.P.Privada 2- injuria real Art. 146 Constrangimento ilegal Art. 147 Crime de ameaa Art. 148 Seqestro e crcere privado Art. 149 Reduo condio anloga de escravo Art. 150 Violao de domiclio Art. 151 Violao de correspondncia e de comunicaes Art. 152 Correspondncia comercial Art. 153 Divulgao de segredo Art. 154 Violao de segredo profissional Art. 155 Furto Art. 156 Furto de coisa comum Art. 157 Roubo Art. 158 Extorso Art. 159 Extorso mediante seqestro Art. 160 Extorso indireta

3 - injuria preconceituos a

Art. 161 Alterao de limites, usurpao de guas e esbulho possessrio Art. 162 Supresso ou alterao de marca em animais Art. 163 Dano Art. 164 Introduo ou abandono de animais em propriedade alheia Art. 165 Dano em coisa de valor artstico, arqueolgico ou histrico Art. 166 Alterao de local especialmente protegido Art. 167 Ao penal nos crimes de dano Art. 168 Apropriao indbita Art. 168-A Apropriao Indbita Previdenciria Art. 169 Apropriao de coisa havida por erro, caso fortuito ou fora da natureza Art. 170 Apropriao indbita privilegiada Art. 171 Estelionato

Art. 172 Duplicata simulada Art. 173 Abuso de incapazes Art. 174 Induzimento especulao Art. 175 Fraude no comrcio Art. 176 Outras fraudes Art. 177 Fraudes e abusos na administrao de sociedades por aes Art. 178 Emisso irregular de conhecimento de depsito ou warrant Art. 179 Fraude execuo Art. 180 Receptao Art. 184 Violao de direito autoral Art. 185 Usurpao de nome ou pseudnimo alheio Art. 197 Atentado contra a liberdade de trabalho Art. 198 Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta Art. 199 Atentado contra a liberdade de associao

Art. 200 Paralisao do trabalho com violncia ou perturbao da ordem Art. 201 Paralisao de trabalho de interesse coletivo Art. 202 Invaso de estabelecimento industrial, comercial ou agrcola e sabotagem Art. 203 Frustrao de direito assegurado por lei trabalhista Art. 204 Frustrao de lei sobre a nacionalizao do trabalho Art. 205 Exerccio de atividade com infrao de deciso administrativa Art. 206 Aliciamento para o fim de emigrao Art. 207 Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do territrio nacional Art. 208 Ultraje a culto e impedimento ou perturbao de ato a ele relativo

Art. 209 Impedimento ou perturbao de cerimnia Art. 210 Violao de sepultura Art. 211 Destruio, subtrao ou acultao de cadver Art. 212 Vilipndio a cadver Art. 213 Estupro Art. 214 Atentado violento ao pudor Art. 215 Posse sexual mediante fraude Art. 216 Atentado ao pudor mediante fraude Art. 217 Seduo (revogado) Art. 218 Corrupo de menores Art. 219 Rapto violento ou mediante fraude (revogado) Art. 220 Rapto consensual (revogado) Art. 221 Rapto privilegiado (revogado) Art. 227 Mediao para servir lascvia de outrem Art. 228 Favorecimento da prostituio

Art. 229 Casa de prostituio Art. 230 Rufianismo Art. 231 Trfico de mulheres Art. 233 Ato obsceno Art. 234 Escrito ou objeto obsceno Art. 235 Bigamia Art. 236 Induzimento a erro essencial e ocultao de impedimento Art. 237 Conhecimento prvio de impedimento Art. 238 Simulao de autoridade para celebrao de casamento Art. 239 Simulao de casamento Art. 240 Adultrio (revogado) Art. 241 Registro de nascimento inexistente Art. 242 Parto suposto, supresso ou alterao de direito inerente ao estado civil de recmnascido Art. 243 Sonegao de estado de filiao Art. 244

Abandono material Art. 245 Entrega de filho menor a pessoa inidnea Art. 246 Abandono intelectual Art. 247 Abandono moral Art. 248 Induzimento a fuga, entrega arbitrria e sonegao de incapazes Art. 249 Subtrao de incapazes Art. 250 Incndio Art. 251 Exploso Art. 252 Uso de gs txico ou asfixiante Art. 253 Fabrico, fornecimento, aquisio, posse ou transporte de explosivos ou gs txico ou asfixiante Art. 254 Inundao Art. 255 Perigo de inundao Art. 256 Desabamento ou desmoronamento Art. 257 Subtrao, ocultao ou inutilizao de material de salvamento Art. 259 Difuso de doena ou praga Art. 260 Perigo

de desastre ferrovirio Art. 261 Atentado contra a segurana de transporte martimo, fluvial ou areo Art. 262 Atentado contra a segurana de meio de transporte Art. 264 Arremesso de projtil Art. 265 Atestado contra a segurana de servio de utilidade pblica Art. 266 Interrupo ou perturbao de servio telegrfico ou telefnico Art. 267 Epidemia Art. 268 Infrao de medida sanitria preventiva Art. 269 Omisso de notificao de doena Art. 270 Envenenamento de gua potvel ou de substncia alimentcia ou medicinal Art. 271 Corrupo ou poluio de gua potvel Art. 272 Falsificao, corrupo,

adulterao ou alterao de produtos alimentcios Art. 273 Falsificao, corrupo, adulterao ou alterao de produto destinado a fins teraputicos ou medicinais Art. 274 Emprego de processo ou substncia no permitida Art. 275 Invlucro ou recipiente com falsa indicao Art. 276 Produto ou substncia nas condies dos dois artigos anteriores Art. 277 Substncia destinada falsificao Art. 278 Outras substncias nocivas sade pblica Art. 279 Substncia avariada Art. 280 Medicamento em desacordo com receita mdica Art. 281 Comrcio clandestino ou facilitao de entorpecentes Art. 282 Exerccio ilegal

da medicina, arte dentria ou farmacutica Art. 283 Charlatanismo Art. 284 Curandeirismo Art. 286 Incitao ao crime Art. 287 Apologia de crime ou criminoso Art. 288 Quadrilha ou bando Art. 289 Moeda falsa Art. 290 Crimes assimilados ao de moeda falsa Art. 291 Petrechos para falsificao de moeda Art. 292 Emisso de ttulo ao portador sem permisso legal Art. 293 Falsificao de papis pblicos Art. 294 Petrechos de falsificao Art. 296 Falsificao do selo ou sinal pblico Art. 297 Falsificao de documento pblico Art. 298 Falsificao de documento particular Art. 299 Falsidade

ideolgica Art. 300 Falso reconhecimento de firma ou letras Art. 301 Certido ou atestado ideologicamente falso Art. 302 Falsidade de atestado mdico Art. 303 Reproduo ou alterao de selo ou pea filatlica Art. 304 Uso de documento falso Art. 305 Supresso de documento Art. 306 Falsificao de sinal empregado no contraste de metal precioso ou na fiscalizao alfandegria, ou para outros fins Art. 307 Falsa identidade Art. 308 Uso de documento de identidade alheio Art. 309 Fraude de lei sobre estrangeiros Art. 310 Falsidade em prejuzo da nacionalizao de sociedade Art. 311 Adulterao de sinal identificador de veculo automotor

Art. 312 Peculato Art. 313 Peculato mediante erro de outrem Art. 314 Extravio, sonegao ou inutilizao de livro ou documento Art. 315 Emprego irregular de verbas ou rendas pblicas Art. 316 Concusso Art. 317 Corrupo passiva Art. 318 Facilitao de contrabando ou descaminho Art. 319 Prevaricao Art. 320 Condescendnci a criminosa Art. 321 Advocacia administrativa Art. 322 Violncia arbitrria Art. 323 Abandono de funo Art. 324 Exerccio funcional ilegalmente antecipado ou prolongado Art. 325 Violao de sigilo funcional Art. 326

Violao do sigilo de proposta de concorrncia Art. 328 Usurpao de funo pblica Art. 329 Resistncia Art. 330 Desobedincia Art. 331 Desacato Art. 332 Trfico de influncia Art. 333 Corrupo ativa Art. 334 Contrabando ou descaminho Art. 335 Impedimento, perturbao ou fraude de concorrncia Art. 336 Inutilizao de edital ou de sinal Art. 337 Subtrao ou inutilizao de livro ou documento Art. 338 Reingresso de estrangeiro expulso Art. 339 Denunciao caluniosa Art. 340 Comunicao falsa de crime ou de contraveno Art. 341 Autoacusao falsa Art. 342 Falso testemunho ou falsa percia Art. 343

Corrupo ativa de testemunha ou perito Art. 344 Coao no curso do processo Art. 345 Exerccio arbitrrio das prprias razes Art. 346 Subtrao, supresso ou dano a coisa prpria na posse legal de terceirol Art. 347 Fraude processual Art. 348 Favorecimento pessoal Art. 349 Favorecimento real Art. 350 Exerccio arbitrrio ou abuso de poder Art. 351 Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurana Art. 352 Evaso mediante violncia contra pessoa Art. 353 Arrebatamento de preso Art. 354 Motim de presos Art. 355 Patrocnio infiel Art. 356 Sonegao de papel ou objeto de valor probatrio Art. 357

Explorao de prestgio Art. 358 Violncia ou fraude em arrematao judicial Art. 359 Desobedincia deciso judicial sobre perda ou suspenso de direitoCrimes Eleitorais

Crimes Eleitorais, MARCELO IRANLEY PINTO DE LUNA ROSA, 18/06/2008 as regras de Direito Processual Penal e Direito Penal so aplicadas subsidiariamente aos Crimes Eleitorais, como forma de interpretar e integrar as normas que regem o tema. 1. O QUE SO CRIMES ELEITORAIS - Crimes eleitorais so atitudes anti-sociais lesivas regra jurdica preestabelecida, sendo que essas atitudes so vinculadas aos atos eleitorais, isto , do alistamento do eleitor diplomao do eleito. uma espcie do crime poltico. Estes podem englobar os crimes contra a segurana do Estado e os crimes eleitorais(Segundo Fvila Ribeiro[1], "os crimes polticos dividem-se em duas categorias, estando a primeira ocupada pelos crimes contra a segurana nacional e a ordem poltica e social; e a segunda referir-se-ia aos crimes eleitorais". Cludio Pacheco"De um modo geral, pode-se indicar como crimes polticos aqueles que se dirigem contra a segurana do Estado e a integridade das suas instituies polticas. Nelson Hungria, "crimes eleitorais, exatamente apreciados so, por conseqncia, crimes contra o Estado ou contra a Ordem Pblica"[3] Os crimes e as penas, o processo de apurao, desde a denncia at o trnsito em julgado, esto disciplinados nas leis eleitorais, dentre quais podemos citar: o Cdigo Eleitoral, a Lei de Inegelibilidades, Lei Geral das Eleies (Lei Complementar n. 64/90) e a Lei dos Partidos Polticos. o fato se enquadra perfeitamente dentro dos tipos proibitivos das normas eleitorais, caracterizando dolo para dar prosseguimento ao processo a fim de apurar, identificar e punir aos autores e a, ou a acusao procede ou no procede. Jos Joel Cndido entende que ''se a ao do agente for manifestamente com escopo eleitoral, eleitoral ser o crime; caso contrrio, o crime ser comum''[4]. O Superior Tribunal Federal entende que ''os crimes eleitorais incluem-se entre os crimes comuns''[5], e esta a orientao jurisprudencial firme. No se situa entre os demais crimes polticos, como os relacionados com a segurana nacional e, portanto, no tm nem o rito processual nem as penalidades a estes relativas. uso dos meios de comunicao de massa para o cometimento de crimes eleitorais, quando o Cdigo Eleitoral assim preceitua: ''Art. 288 ''Nos crimes eleitorais cometidos por meio da imprensa, do rdio ou da televiso, aplicam-se exclusivamente as normas deste Cdigo e as remisses a outra lei nele contempladas''. A polcia judiciria encarregada de investigar os crimes eleitorais a Polcia Federal, embora, admite-se a atuao conjunta da Polcia Civil e at mesmo da Polcia Militar por solicitao da Polcia Federal, requisio da Justia Eleitoral ou at mesmo de ofcio (Dec.-lei n. 1.064/69, Decreto Federal n. 73.332/73 e Resoluo TSE n. 11.494/82.). Em regra a denncia ou a queixa subsidiria pertinente a crime eleitoral dever ser apresentada ao juiz eleitoral do lugar do crime, observadas as regras do artigo 6. do Cdigo Penal[6]. Caso o autor do delito desfrute de prerrogativas funcionais, o processo e o julgamento ser deslocado do Juiz Eleitoral para o Tribunal Regional Eleitoral, caso o crime eleitoral seja praticado por um Juiz Eleitoral, um promotor eleitoral ou um prefeito; para o Superior Tribunal Judicirio, caso o crime eleitoral seja praticado por um governador; ou para o Supremo Tribunal Federal, caso o do crime eleitoral seja praticado pelo Presidente da Repblica, Deputado Federal ou Senador. O rito do processo nos tribunais, segundo prevalece na jurisprudncia, o da Lei n. 8.038/90 por fora da Lei n. 8.658/93). Essa regra de competncia tambm ser observada nos casos de habeas corpus, cuja matria verse sobre crimes eleitorais. De acordo com o artigo 53 da Constituio Federal, na redao da Emenda Constitucional n. 35, de 20.12.2001, os Deputados Federais e os Senadores so inviolveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opinies palavras e votos (inviolabilidade denominada imunidade material ou real). O 3. do artigo 53 da Constituio Federal, por sua vez, alterou as regrasda imunidade processual (formal) e passou a estabelecer uma espcie de moratria processual. Com isso, dispensou a prvia autorizao da casa legislativa para o recebimento de denncia contra deputado (federal ou estadual) ou senador. Pelas novas regras, ao receber a denncia contra deputado ou senador, por crime ocorrido aps a diplomao, o Supremo Tribunal Federal, ou o Tribunal de Justia no caso de deputado estadual, dar cincia casa legislativa a que pertence o parlamentar. 3. A AO PENAL PBLICA incondicionada (artigo 355 do Cdigo Eleitoral), o Estado o principal sujeito passivo dos delitos de tal natureza. Deferido o pedido de arquivamento do inqurito policial, no cabe recurso, nos termos da Smula n. 524 do Supremo Tribunal Federal. Caso discorde do pedido de arquivamento, o juiz eleitoral dever remeter as peas ao Procurador Regional Eleitoral, e no ao Procurador-Geral de Justia, que poder insistir no pedido de arquivamento, caso em que o juiz dever arquivar o expediente, oferecer denncia ou designar outro promotor para oferec-la (artigo357 do Cdigo Eleitoral). No entanto, possuindo desde logo elementos suficientes para ofertar a denncia, o Ministrio Pblico poder dispensar o

inqurito policial. O Ministrio Pblico no est obrigado a informar a fonte de suas informaes. O prazo para o oferecimento da denncia de dez dias, esteja o acusado preso ou solto, e, em regra, a competncia para o seu julgamento do juiz eleitoral. A denncia ofertada pelo Ministrio Pblico desde logo deve especificar as testemunhas, em nmero de cinco, crimes punidos com pena de multa e/ou deteno, ou oito, crimes punidos com pena de recluso. No h previso de interrogatrio, o qual poder ser facultado pelo juiz eleitoral ao acusado. Recebida a denncia, o acusado citado para contestar em dez dias, seguindo-se com a colheita dos depoimentos das testemunhas e com as alegaes finais (arts. 355 a 364 do CE). No havendo pena expressamente prevista, aplicam-se os prazos mnimosprevistos no artigo 284 do Cdigo Eleitoral, ou seja, 15 dias para os crimes punidos com deteno, e um ano para os crimes punidos com recluso. A execuo da pena por crime eleitoral ser realizada pelo Juzo das Execues Criminais, nos termos da Smula n. 192 do Superior Tribunal de Justia. O acompanhamento de medidas suspensivas decorrentes do artigo 89 da Lei n. 9.099/95 feito pelo prprio Juzo eleitoral (Juzo processante), conforme decidiu o Superior Tribunal de Justia no Conflito de Competncia n. 18.673,DJU de 19.5.1997. Durante os efeitos da condenao, o sentenciado fica com seus direitos polticos suspensos (artigo 15, inciso III, da Constituio Federal). Quanto aos direitos polticos passivos (elegibilidade), h que se observar que os condenados criminalmente, com sentena transitada em julgado, pela prtica de crimes contra a economia popular, a f pblica, a administrao pblica, o patrimnio pblico, o mercado financeiro, por crimes eleitorais e por trfico de entorpecentes, permanecero inelegveis por trs anos aps o cumprimento da pena (artigo 1. , inciso I, alnea "e", da Lei Complementar n.64/90). Das sentenas condenatrias ou absolutrias cabe recurso, normalmente denominado apelao criminal, no prazo de dez dias (artigo 362 do CE). Esse recurso o nico com efeito suspensivo. Contra as decises previstas no artigo 581 do Cdigo de Processo Penal, cabe o recurso em sentido estrito, no prazo de cinco dias. Em face das decises do Tribunal Regional Eleitoral cabem recurso especial (artigo 121, 4., incisos I e II, da Constituio Federal) ou recurso ordinrio (artigo 121, 4., inciso V, da Constituio Federal), no prazo de trs dias. Contra deciso do Presidente do Tribunal Regional Eleitoral que negue seguimento ao recurso especial cabe agravo de instrumento, em trs dias (artigo 279 do CE). Contra as decises do Tribunal Superior Eleitoral cabem recurso extraordinrio ou recurso ordinrio (se deciso denegatria de habeas corpus ou mandado de segurana), em trs dias. No processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos crimes comuns que lhe forem conexos, assim como nos recursos e na execuo que lhes digam respeito, aplicar-se-, como lei subsidiria ou supletiva, o Cdigo de Processo Penal (artigo 364 do CE). 4. A AO PENAL PRIVADA SUBSIDIRIA DA PBLICA Como bem leciona o Professor Fvila Ribeiro [7], que "a regra do artigo 355 do Cdigo Eleitoral no mais prevalece em termos absolutos, diante do que vem estipulado no artigo 5., inciso LIX, da Constituio Federal, que admite ao privada nos crimes eleitorais caso a ao pblica no seja intentada no prazo legal. A ao penal, em regra, pblica incondicionada. Prevalece o interesse do Estado e o Ministrio Pblico oferece a denncia, independentemente do interesse da vtima. Conforme estabelece o artigo 129, inciso I, da Constituio Federal, compete privativamente ao Ministrio Pblico promover a ao penal pblica, na forma da lei. No entanto, o inciso LIX do artigo 5. da Constituio Federal e alei infraconstitucional (artigo 29 do CPP e artigo 100, 3., do CP) admitem a ao penal privada nos crimes de ao pblica, se esta no for intentada pelo Ministrio Pblico no prazo legal. O Supremo Tribunal Federal j decidiu que cabe a ao penal privada subsidiria da pblica, caso o Ministrio Pblico s se pronuncie pelo arquivamento aps o prazo legal (RT 575/478 e 647/345). O prazo para apresentao da queixa subsidiria, salvo expressa disposio em contrrio, de seis meses, contados do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denncia, sob pena de decadncia (causa de extino da punibilidade), nos termos do artigos 103 do Cdigo Penal e 38 do Cdigo de Processo Penal. Como o Ministrio Pblico deve acompanhar todos os termos do processo e retom-lo caso o querelante seja negligente, no h que falar em perempo (perda do direito de demandar em face da inrcia do querelante nas aes exclusivamente privadas artigo 60 do CPP) nas aes decorrentes de queixa subsidiria. Recebida a denncia, o acusado citado para contestar em dez dias, seguindo-se com a colheita dos depoimentos das testemunhas e as alegaes finais com prazo de cinco dias para cada uma das partes (arts. 355/364 do Cdigo Eleitoral). BIBLIOGRAFIA AFONSO DA SILVA, Jos Curso de Direito Constitucional, 9 ed. So Paulo, 1994 CNDIDO, Joel Jos, Direito Eleitoral Brasileiro, 7 ed., Editora Edipro, So Paulo, 2003. COSTA, Tito, Crimes Eleitorais e Processo Penal Eleitoral, Editora Juarez de Oliveira, So Paulo, 2002 FVILA RIBEIRO, Direito Eleitoral, Editora Forense, 4 ed., So Paulo, 1996 HUNGRIA, Nelson Comentrios ao Cdigo Penal, 4 ed., vol. I, tomo II, Rio de Janeiro. MOREIRA REIS, Palhares. Crimes Eleitorais, Disponvel em: < http://www.neofito.com.br/artigos/art01/juridi40.htm> Leia mais em: http://www.webartigos.com/articles/7100/1/Crimes-Eleitorais/pagina1.html#ixzz1S9dlpUnr