como a rápida internet está a conquistar o cérebro aos vagarosos livros

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8/7/2019 como a rápida internet está a conquistar o cérebro aos vagarosos livros http://slidepdf.com/reader/full/como-a-rapida-internet-esta-a-conquistar-o-cerebro-aos-vagarosos-livros 1/5 ciência Cllmll arápida ffiemetestât acOnqdstar llcérebro a()s v (}$0s H s Ésomaisumadesculpaara não erouépara levara serio? AInternetestaa mudar-nos cerebro,sso certo,mas estaraa interferircoma nossaapacidadee er?O grande problelna, diz um neurologistaortuguês, que as pessoas não êmconsciênciaas ransformaçõesueseestão viver 54 . 3l Outubro2OlO Pública TextoClaraBarata

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http://slidepdf.com/reader/full/como-a-rapida-internet-esta-a-conquistar-o-cerebro-aos-vagarosos-livros 1/5

ciência

CllmllarápidaffiemetestâtacOnqdstar

llcérebro

a()sv (}$0s

H sÉsomaisumadesculpaara não erouépara levara serio?

AInternetestaa mudar-nos cerebro,sso certo,masestaraa interferircoma nossa apacidadee er?Ograndeproblelna,dizum neurologistaortuguês, queaspessoas

não êmconsciênciaas ransformaçõesueseestão viver

54 . 3l Outubro2OlO Pública

TextoClaraBarata

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a .A,crencra

aryanneWolf tem na sualista de livros preferidosO Jogo das Contas deVidro, de Herman Hesse,uma elaboradabiografiaficcionada do mestre de uma

austeraordem de ntelectuaisquese reinaparajogarumjogosofisticadíssimoueé umasÍntesede odasasartese de odooconhecimento. ãoé um romance ácil - masestacientistanorte-americana ueestudaa formacomoo cérebroseadaptapara aprender a ler também não éuma eitoraqualquer.Noentanto,ela eveuma

enormesurpresa,quando esolveu oltar a ê-lo: "Nãoconseguia!Aminha necessidade evelocidade, omentadanos últimos anospelaInternet, tornava-mempossíveldesacelerarconcentrar-me!, confessou.

Éê - aí Íìrrrrrhrn ?rì lÕ . pí lhliCa

A Internet estáa mudar-noso cérebro.Estafrase em saltadopara ítulosde ornais eparatema de discussões a própria Internet - porvezes,em tom de alarme.Convenhamos ue,ditoassim, seco, arece lgoassustador "Ohnão,maisumacoisamoderna ueestáa dar-noscabo daüda!" Masestamudançana ntimida-dedo órgaoquenospermitepensarnãoé algoanormal:seestáa er estasinhas,o seucérebrojá mudou rreversivelmente, de formaúnica:aprendeua ler, algoparao qual os seusgenesnuncao prepararam.

A verdadeéque odasasnossas xperiênciasnos modificamo cérebro, edesenham-nosscircuitos,comose osse m computador masestes lrips erebrais ão eitosde axónios den-trites,asextensõestravés asquaisosneurónioscomunicam, orimpulsoseléctricos sinais uí-

micos,dando ormaa deiase a memórias.E,quantomais epetitivas praücadasorem

asnossas cções,mais ntenso eráesse feitodeplasticidadeocérebro.Osmúsicos rofissionaistêm mais matériacinzentanasáreas erebraisrelacionadasomoplaneamento osmovimen-tos dosdedos.Oscérebros osatletas ãomaisvolumosos aszonas esponsáveisorcontrolara coordenaçãontreos olhose asmãos.

Numaexperiência élebre,eitanadécada e1990, ientistas ritânicos spreitaram araden-tro do cérebrode axistasondrinos,alguns om42anosdeexperiência e trabalhonas uasdacapitalbritânica,e descobrirÍÌm ueo seuhipo-campoposterior, maárea erebraÌ ndesãoar-mazenadasepresentaçõesspaciaisaáreaquenos odeia,eramuito maiordo queempessoasnormais enfim,quenão ossemaxistas om

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sequência mquesãoactivadas ara quecom-pletemosuma determinada arefa.

"Issoqueestáa azer,a escrever ssim, mão",diz o neurologistaAlexandre astroCaldas, oInstituto de Ciênciasda Saúdeda UniversidadeCatólicade Lisboa,notando como a Pública iranotasda conversa, é-lhepossível orqueexisteumapequena reano seucérebroqueguardoumemóriagráfrca aspalawas".Épor sso,expli-ca,"queàsvezes screve mapalawaàmão,paraver como he parececorrecto,mesmoquandoestáa escrever o computador".

Sealguémaprender a escreverno teclado docomputador - sempassarpelaaprendizagemà mão-, não vai ter anecessidadeepegarempapele canètaparatirardúvidas,omoseamãosoubessemaisde ortografia doque o cérebroonde rcamguardadassmemórias oqueapren-demos.Maso maiscerto,diz CastroCaldas,ueestudou cérebro aspessoas uenuncaapren-deram a er,e asdiferençasqueapresentamemrelaçãoao daquelasqueforam alfabetizadas,queesse estoaindahoje corrente,quaseum re-

flexo-

tirar notasà mão-,

vá desaparecer, aistardeou maiscedo.Do dia-a-dia do espacinhoqueocupano nosso érebro.

Rápidoseestúpidos?Estas oisasda Internet e damaleabilidade océrebroparaseadaptarà civilizaçãocriadapelademocratizaçãoaleituraduranteosúltimos500anos,desdequeGutenberginventou mpren-saeos iwos, começaram serproduzidospormáquinas nãocopiados acientementemão,têm andadonas discussóes nlina.E nos iwostambérn, obretudo steVerão, omapublicaçãodeTheShailIontsOsSuperfrciais),elo ornalistade tecnologianorte-americanoNicholasCarr.

Bleexplicao problemanasprimeiraspágtnas."Nãotenhoandado pensar omocostumavapensar.Sinto-osobretudoquandoestoua ler.Costumava char ácil mergulharnum liwo ou

Alnterneté"umsistemadeintemupções,umamáquinaquefuncionaàbasededividiraatenção",

dizNicholasCarr

num artigo ongo.A minha mente deixava-seapanharnasvoltasda narrativaou nas eviravol-tasdosargumentos, passava ora^s passearpor longascaminhadasde prosa.Hoje é rarofazer sso.Agoraaminha concentração omeçaavaguearpassada mapágina-ou uas.Come-çoa mexer-me,percoo fio à meada,começoaprocuraroutra coisaqualquerpara azer.Sintoque enhodeestarsemprea arrastaro meucé-rebro ndisciplinadode voltaao exto.A leituraaprofundadaqueantesmevinhanaturalmentetornou.seagoranuma uta."

Oproblema dw Carr, ornou-secadavezmaiscomum,pelomenosentrealgumas essoâs el€cita muitas, ntelectuais, cientistas,ornalistas,pessoas ue nesperadamenteomeçaram terproblemasem concentrar-se ara er. Todasuti-.lizadoras ntensivasdeInternet.

Carr foi o autor de muito badaladoensaionareüsta TheAtlantic, em 2OO8, uedeu brado,desde ogopelo ítulo provocadorzOGoogJestáa tornar-nosestúpidos?

Google,nestecaso,não era apenaso motor

de pesquisa; ubentendia-se ueem causaes-tava a Internet, a granderede das redes,quepunhaao alcancede unspoucoscliques umaenormequantidadede nformação masseráque ssonos ornavamais nteligentes u apenasnosdavaa lusãodeque podíamoser acessotodo o conhecimentomuito mais acilmenteeissoapenas os ornavabem mais mpacientese talvezmaisdesleixados.

".Oliwo de Carr começaa partir do fim domeu", expl ica MaryanneWolf ao telefone, apartir da Universidade e Tufts, no Massachu-setts.O iwo dela,comum título muito curioso- Proust ndtheSquid Proust aLula: aHistóriaea Ciência oCérebro eitor) -, foi publicadohá

dois anoseésobreasneurociências a eitura.Estaé a áreade trabalho de Wolf, que é €sp€:cialistaem dislexia.

Em causa, araCarreparaWolf,estáprecisa-menteo efeitoqueaInternet em sobreanossacapacidade ara er e escrever.Em causanãoestáo usoda inguagem, omoescreveCarr: A

linguagemnão é uma tecnologia.É also natodanossa spécie.Osnossos érebros corposevoluíram ara alar eparaouvir palawas.Umacriança aprende a falar sem nstrução, comoum passarinho prende voar." Mas er e escre-ver "não sãoactosnaturais'n, xiçm "ensinoeprática,um processo eliberadoparadar umadeterminada orma ao cérebro".

"A leitura e a escrita são uma invenção ecadacérebro em um circuito próprio, único,inventadopela inguagemem queessa essoalê, queédiferenteconsoante ejahebreu,chinês, coreanoou inglês", explica ao.telefoneMaryanneWolf. "Essecircuito é difer-ente on-soanteaqualidadedaaprendizagemJSe uitada eitura éfeitaonline,num meio ão cheiodedistracções omo a Internet, a qualidadedaleitura é afectada."

Sepassagrande artedo seudia atrabalharna Internet,aresponderàssolicitaçõesípicasdo onlinez efrescar o Twitter para seguir asactualizações aspessoas sites ueseâcoIrt.panham, comunicar com os seusamigosno

Facebook,esponder smensagensue he vãochegando asuacaixade correio electrónico,enquanto escreveum texto, vê as notícias,vêum vídeono YouTube,fazuma esquisa... eesseé o seu dia típico, perceberá alvez o *

deexperiênciae um verdadeiro mapauasda cidadede Londresna cabeça...

Vendobem, pareceóbvioque o cérebrováà medidaque aprendemoscoisas

Masa descoberta estaplasticidadedocapacidadepermanentede se

é algo ecente,que icou assente penasdécada e 199O. té então,oqueseaceitava

que a sabedoriapopular traduzia no"de pequeninose orce o pepino":

cérebronão mudavagrande oisadesdea n-O que não seaprendiaem pequenino

seaprenderiaem adulto.

Mas anto a arquitecturado cérebrocomo ascélulas ueo compõemvãomudando

de oda avida. Oqueé rede-sãoas igaçõesentre osneurónios, a

ntre asváriasáreasdo cérebro,a

Pública o3l Outubro2OlO SZ

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. , Acrencra

queCarrquer dizerquandochamaà Internet,"por concepÇão,m sistema e nterrupções,uma máquinaque uncionaàbasede dividir aatenção"de quema utiliza.

E naturalque os circuitosdo seucérebroseredesenhem e formaa conseguir ar respostaa antas olicitações exigira suaatenção nor-malmenteao mesmo empo,de ormabastantemaisacelerada o queaconteceria eestivessesimplesmente escrever m textoà mão.

Épor si - ou por criançasquesão reinadas,desde edo,a dar resposta este itrno renético- queMaryanneWolf eme."Deixade se azer

umaanáliseaprofundadado texto, transforma-mo-nosem merosdescodificadores a nternetpodesercontraproducente,onãopermitirquese ormem,ouquesejam sados, sprocessoseleituraprofunda."O receioéquearede,que razaténós odoo conhecimento umanoquepodeserpostoonline, steja, final,a ransformar-nosem"leitoressuperficiais".

'llativo$' e"imigrantes'Gary Small, neurologista da Universidade daCalifórnia em Irvine (EstadosUnidos), fala deumbraingap, de um abismo entre os "nativos

digitais", as pessoasque nasceram na décadade 1980 em diante, e os "imigrantes digitais",

que são todos os outros, que tiveram de en-trar neste novo mundo da Internet já adultosou a caminho disso.

Osprimeiros são melhores a tomar decisõesrapidamente, a ordenar e a classificar a avalan-

58 . 3l Outubro2010 Pública

chedeestímulos ensoriais ueconstantemen-te nosbombardeia, a nternete nosmedia.Sáoaquelesque,emteoria, conseguiriam azerosmalabarismosecessáriosaradesempenharmúltiplas tarefasao mesmo empo. Ossegun-dos,osque êm maisde 3Oanos,diz Small,nu-ma entrevistaàrevistabrasileiraVeja, ãomaismetódicos, tiveram uma forma diferente de

socialização,ãomaisvoltadosparao contactosociale cumpremuma tarefa decadavez.Unssãomelhores ueosoutros?Os nativos"

perdemalgoporquenãocultivama eituracomoos"imigrantes"foramhabituados cultivar,oupelomenosapÍezaÍ,quando ndavam aescola?"Nãoseiquesentidoainda azascriançasmaisjovenserem iwos",dizCastro aldas.Estimulei

issonaminha amília,masnãoseise azmesmosentido.Estamos um momentode ransiçãocertamente averá erdas."

A leitura como formaprivilegiadade comu-nicação,se calharestáa ser nflacionada,diz."Nãofico ãoperturbadosedesaparecer eitu-ra como ormadeaquisição econhecimentos.

Foi uma experi'ência a natureza.Amudançanãonosdevemetermedo",diz.O usoda Internetpode er benefÍcios, omo

demonstrouGarySmallnum estudoemque oianalisando, través e exames e magem,oquesepassavaocérebro e24pessoas,om dadesentreos 55e os76anos,enquanto aziampes-quisas a nternetou iamumapáginade exto.Os esultados, ublicados a revistaÁmertcanJournalof GeriatricPsychiatry,mostramqueaspessoasom experiência eusodiárioda nter-net inhamduasvezesmaisactiüdadecerebralemáreas elacionadasoma omada e decisõese raciocínios omplexos, uandoestavam fa-zerapesquisaonline, oqueasquenão inham

experiência.Isto, egundo m comunicadodeimprensa aUniversidade aCalifõrnia,mostraqueusara nternetactivamaisáreas océrebrodo que simplesmenteer. A Internet pode seruma ormade exercício araa mente.

Maso excessoe exposição nternet à exigência e rapidezna omadade decisões, apa-rente abundânciade materialparaescolher,constante ossibilidade esaltarde umsireparaoutro- podecriarproblemas.Maisdoqueexer-citado,o cérebro ica atigado,esgotado, omose osseobrigadoacorrera maratonasaltandobarreiras.

Quandoaquantidadede nformação,onúme-ro dedecisões ue emosde omar, odoo tipo

desolicitaçõesqueestá ujeitoo nosso istemacognitivose ornademasiado comoo prover-bial copo que se encheudemasiado começaa transbordar , deixamosde conseguir eterinformação,de conseguirazer igações ntre osdadosque á guardámos a nossamemóriadelongodeprazo.A nossa apacidade ecompre-ensãoorna-se uperficial, eixamos econseguirmanter-nos tentos ocados. ransformamo-nosnascriaturas uperficiais,altitando e nforma-çãoem nformação, emguardar enhuma, emrelacionarascoisas ntresi - navegamos,bor-recidos, omoquandoandamos ela nternetàprocuradeuma novidadequenosentretenha.

'A evoluçãoprogramou-nos aracorrermossemprede um estímuloparao próximo, paraquerermos empremais. ssoacaba or sercon-traproducente",diz MaryanneWolf.

Eaíqueestáo cernedassuaspreocupações,e dasde Carr,e das dosque sentemque a In-

Alnternetpõeaoalcancedeunscliquesumaenorrnequantidadedeinformação -isso

oconhecimento

outotta-nosmaisimpacientes?

dá-nosacessoatodo

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estáa devoraro espaço e ranquilidadesuasvidas, o tempo que hes permitia ler

sobre ele- ou não.

perguntaCastroCaldas, uando he ra-este enário epesadelo alnternetdevora-de empoe deespaço asnossasidas. Bas-

diz o neurologista. Há dois anos i oÀ ProcuradaTempo erdido,quandosaiuradução, e agoraestoua ler o Aquilinoque ambémnão é propriamente ácil,

atépalawasquenão usamos ormalmen- utilizo bastante Internet", sublinha.Interneté um produtodopensamento u-

adaptada opensamento umano.Claropodemos empre iscutiros iscos autiliza-nadequada as ecnologias omoa nternet.

o que sepode querer üzer com isso,achoquedependemuito dasituação",diz

a quema história de Maryannecom O ogo dasContas e Vidro(ed.port.Quixote) areceu ficção".

por seu ado,contaque icou'ochocada"percebeu uejánão conseguiaoncen-ara er HermanHesse.Tivederne rei-

Obriguei-me er duranteasnoites,duranteuma semana.

segunda emana, ercebique á tinharecu-o ritmo de antigamente",ecordou.Masperceber: MeuDeus,amaneirade er

a mudar sobos nossosdedos,e ninguéma dar conta!"

anossa tenção constantementeistra-nfluencia a profundidadeda eitura,

e conseguir nalisar rofundamenteemos", diz Wolf. Não conseguimosn-

compreender asdiversascamadasdos assuntos e o que estáem

pode bem ser o programa político dosumas leições,ão emosdepensar

m iteratura.superfrcial ãoconduza uma orma

pensar rofunda.E opensamentouperficialnos evaa umavida virtuosa,na ormacomo

omosoutros",diz Maryanneque reconhecenão existiremmuitos es-que proïem ou desmintamassuaspreo-

Nãoestáanalisado.Era necessárioigorosos, ongitudinais. Mas é

quesedêo alerta,numa alturaemascompetências osalunosdo secundário

a decrescer, m que a imaginação stáalos índices Torrance,que medem a

estiveramnuma tendênciacres-até199O; partir daí, começaram cair.

edicouum amplo trabalhoemaemJulhol."

Wolfestáatentaàproduçãocien-aoquesainosmedia.Há ndÍciosqueela

de alerta."Um estudoda UniMichigan hegou umaconclusão

reocupante: empatia,a capacidadeuma situação partir do ponto de

do outro,diminuiu cercade 40porcentoen-estudantes niversitários orte-americanos

osúltimos30 anos. sto estáapassar-se

o Facebook doTWitter."declínio, e acto,começou osúltimosdezquandoa capacidade e empatiasemante-

estável, mváriosestudos, esde 979,evelaváriosoutrosestudos eitapelaequipa

I(onrath. Osestudantesquedeixaram

de conseguirmaginar omoéqueoutrapessoase deveestar a sentir facea umadeterminadasituação,por exemplo, erão nascidona déca-da de l98O e chegaramà universidadeá comcomputadoresportáteise telemóveis sãoos"jovenspioneirosda era digital', comodizia ojornal BostonGlobe, um artigosobrea nves-tigaçãode Konrath,quetambémavançacom a

explicaçãoecnológica omoumaprovável es-postaa este enómeno.

NotasnãosobemEserácerto, então, ncentivaro usode compu-tadores elas rianças logona escola rimária,comose azemPortugal, omo Magalhães,co-mo noutrospaíses efazcomoutrosprogramas?Algunsestudostêmmostradouenãoéparticu-larmentebenéficopÍra o aproveitamento scolardascriançasfacilitar-lhesacessoos omputado-res, como concluiuuma avaliaçãoeitapor OferMalamud,daUniversidade e Chicago, CristinaPop-Eleches,a Universidade e Columbia, mNova orque, de um programana Roménia.

Asnotasdascriançasdesfavorecidasuere-ceberam omputadoresaralevarpÍIracasa mMatemática Romeno tépioraríÌmum pouco.Em compensação, elhoraramassuas otasnostestes e ndices ognitivos. undamental araosucessoscolar as rianças ue eceberamom-putadores, oncluíramos nvestigadores,ra otipo de acompanhamentoueospais he davam,separticipavam, e mpunham egras.

Estesesultadosoramconfirmados or outroestudo eito com crianças os EUA,na Carolinado Norte,porJacobVigdor eHelenLadd,paraos anosde 2O0O-2O05,ntesda explosão o fe-nómenoFacebook TWitter.Osadultos odempensarnos computadores ntesdemaiscomo

uma erramentadeprodutividade,masosmiú-dos,emgeral,nãopartilhamdessa ercepção",dizum comunicado e mprensasobre estudo,divulgadoesteVerão.

"Dar um computadoracadacriançaé a res-posta?Achoquenão.Estamos avançar ntesdesabermos", lertaWolf.A actual eraçãoem dedesenvolver scapacidadese rabalhar omoscomputadores",econhece.Aquestãoéquando

o deve azerequanto.Comodevem erensinadasascrianças, onsiderando ue,ao mesmo em-po, êmde desenvolvercompetênciase eitura.Nãodevemos airnuma situaçãobinária", dizMaryanneWolf.Do ipo, ousãobonsnoscompu-tadorese na nternet,ou sãobonsa er e a idarcom iwos. Issoé coisadopassado.

"Temosde ensinaras criançasa ser alfa-

betizadasanto na leitura e na escritacomona utilizaçãodos computadores mas nãosabemos omo fazet sso."

É verdadequeestamos viver um momentode ransição, iz CastroCaldas.A escola ndadesorientada. liás,desenvolveu-seempre orconvicções, não é fácil fazerexperimentaçãocom escolas. gora, odosseestãoa agarraraocérebrocomo últimagrande deia,àsneuroci-ências a educação."

O cérebroadapta-seapidamente:As mi-nhas ilhas,quandobrincavamcom o telefone,levavam-no orelha;asminhasnetas,usam-noassim põeo telemóvel asduasmãos, om osdedosem posiçãopara poder escrevermen-

sagens e SMS]."EntreavisãopessimistadeMaryanneWolfe amaisoptimistade CastroCaldas obreumfuturoqueestáá aquie estájáa nfluenciar nossa ul-tura e a nossa ociedade atéanossa iologia,semquenosapercebamosisso,icamosalertas.MaryanneWolf não desiste: stáa rabalharnumnovo iwo, quesairáparao ano.Percebe-seueseráum alertasobrea ormacomoestáa alterar-se a nossacapacidade e er.Chamar-se-âLet-ters o theGoodReadersDeepReadingn aDigitalTime CartaaosBons eitores: eituraProfundaNumTempoDigital). Ograndeproblemaéqueaspessoasão êm consciência as ransforma-çõesqueseestão üver.Estes ssuntos ãosão

muito discutidos",diz CastroCaldas.Se esistiua ler estas inhas no papelsem

sucumbiraoschamamentosempre enovadosda Internet, talvezvá a tempo de parar parapensarsenão serámelhor desacelerar e vezem quando - que tal pegarnum livro lento?Sobretudo,não sedeixedistrair. ffi

[email protected]

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