conselho do idoso
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ELZA RODRIGUES
CONSELHO DO IDOSO
HISTORICIDADE – CONCEITOS - POLÊMICAS
MARINGÁ
2014
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ELZA RODRIGUES
CONSELHO DO IDOSO
HISTORICIDADE – CONCEITOS - POLÊMICAS
MARINGA
2014
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SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO.................................................................................................................................05
2 CONSELHO COMO FORMA DE GESTÃO PÚBLICA...........................................12
2.0 Historiografia........................................................................................................................12
2.1 Conselhos gestores...........................................................................................................15
2.2 Debate dos conselhos na atualidade........................................................................17
3 DIVERSIDADE NOS CONSELHOS...................................................................................17
3.1 Estudos apontados...........................................................................................................21
3.2 Polêmica sobre os conselhos......................................................................................22
3.3 Conselho na urbanidade...............................................................................................22
4 CONSELHO DO IDOSO...........................................................................................................26
4.1 Objetivos da garantia dos direitos do idoso........................................................29
4.2 Papel dos conselheiros..................................................................................................32
4.3 Finalidades e contribuições..........................................................................................33
4.4 Importância da criação do Conselho Municipal do idoso............................33
4.5 Etapas para criação do Conselho Municipal do idoso..................................34
4.6 Papel do Conselheiro.....................................................................................................34
4.7 Representação do Poder Público.............................................................................34
4.8 Minuta.....................................................................................................................................35
4.9 Da composição..................................................................................................................36
4.10 Das Atribuições...............................................................................................................37
4.11 Das Reuniões.................................................................................................................38
5 ELABORAÇÃO DA MINUTA PARA A POLÍTICA MUNICIPAL DO IDOS.39
5.1 Capítulo I................................................................................................................................40
5.1.1 Da finalidade e da competência.............................................................................40
5.2 Capítulo II............................................................................................................................41
5.2.1 Da composição e do funcionamento...................................................................41
5.3 Capítulo III...........................................................................................................................43
5.3.1 Das atribuições..............................................................................................................44
5.4 Capítulo IV...........................................................................................................................44
5.4.1 Das disposições gerais...............................................................................................44
3
6 DECRETO N 5130 de 7 de Julho de 2004...............................................................44
7 PLANO DE AÇÃO PARA ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRA A
PESSOA IDOSA...............................................................................................................................48
8 ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA -QUESTÃO DE DIREITOS HUMANOS..................................................................................49
8.1 Objetivo do plano..............................................................................................................50
8.2 Definição de conceitos...................................................................................................51
8.3 Diagnóstico situacional..................................................................................................53
8.4 Diretrizes de ação............................................................................................................54
8.5 Propostas de ação..........................................................................................................55
8.6 Ações estratégicas..........................................................................................................55
9 ESPAÇO PÚBLICO....................................................................................................................56
9.1 Ações estratégicas...........................................................................................................57
10 ESPAÇO FAMILIAR................................................................................................................57
10.1 Ações estratégicas........................................................................................................58
10.2 Espaço Institucional....................................................................................................58
10.3 Ações estratégicas.......................................................................................................59
11 DECRETO N 6.168 DE 24 DE JULHO DE 2007.....................................................60
12 CONCLUSÃO..............................................................................................................................66
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................68
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INTRODUÇÃO
Na gestão pública participativa surgem os conselhos de direito como
um instrumento de diálogo entre o Estado e a sociedade, permitindo aos
cidadãos sua participação na gestão administrativa e principalmente, identificar
e contribuir na fomentação das políticas públicas.
Os conselhos são espaços públicos de composição plural e paritária
entre Estado e sociedade civil, de natureza deliberativa e consultiva, cuja
função é formular e controlar a execução das políticas públicas setoriais. Os
conselhos são o principal canal de participação popular encontrada nas três
instâncias de governo (federal estadual e municipal).
O Controle Social é o exercício de democratização da gestão pública,
que permite à sociedade organizada intervir nas políticas públicas, interagindo
com o Estado para a definição de prioridades e elaboração dos planos de ação
dos municípios e do Estado.
A Sala dos Conselhos é de suma importância para que os Conselhos
efetivem sua participação com qualidade no processo de controle social, tendo
em vista que através dela são realizadas atividades como programação de
ações de capacitação dos conselheiros por intermédio de treinamentos,
palestras, fóruns e cursos, visando o fortalecimento e a qualificação de seus
espaços de articulação, negociação e decisão.
Espaços de interlocução entre o Estado e a sociedade vêm se
tornando parte integrante da gestão de políticas públicas no país desde o início
da redemocratização. A Constituição Federal de 1988 (CF/88), por meio de
diversos artigos, definiu a participação social como necessária em algumas
políticas específicas e abriu espaço para a reivindicação da partilha de poder
nas mais diferentes áreas Entre outras instâncias de participação, os conselhos
de políticas públicas foram criados a partir da regulamentação destas políticas
constitucionalmente previstas, em especial nas áreas de saúde, assistência
social e direito da criança e do adolescente.
Os conselhos são vinculados a órgãos do Poder Executivo, tendo por
finalidade permitir a participação da sociedade na definição de prioridades para
a agenda política, bem como na formulação, no acompanhamento e no
5
controle das políticas públicas. Constituídos em âmbito nacional, estadual e
municipal, nas mais diversas áreas, são espaços permanentes, em que as
reuniões ocorrem com certa regularidade e há continuidade dos trabalhos.
Muitas questões de pesquisa focaram seu funcionamento e os
impactos das instituições participativas no sistema político brasileiro, passando
por questões como a influência destes espaços nos processos de políticas
públicas e na sociedade, suas ações de formação política – por meio da prática
política e da inclusão de segmentos historicamente excluídos dos espaços de
decisão.
O desenho institucional dos conselhos tem sido tratado como um fator
explicativo importante da dinâmica desses espaços. Estudos empíricos focados
nas regras de funcionamento de conselhos argumentam que as normas destas
instituições participativas definem, por exemplo, quem pode participar quem
tem direito a voz e voto, o que deve ser discutido e como devem ocorrer os
debates e a tomada de decisões.
Um pressuposto destas pesquisas é que o desenho institucional das
esferas de participação impacta de forma decisiva os resultados, uma vez que
define a quantidade de participantes e os critérios para a inclusão, os formatos
e a qualidade das deliberações e a distribuição das informações entre os
membros envolvidos. Com este pressuposto em mente, este artigo busca
contribuir para o debate ao discutir o conceito de institucionalização a partir da
análise dos conselhos nacionais de políticas públicas.
Para definir o conceito de institucionalização, percorreram-se dois
caminhos. Primeiramente, buscou-se na literatura sobre instituições políticas e
burocracia elementos que ajudassem a caracterizar uma organização inserida
no Estado, mas que mantivessem sua autonomia. Neste contexto, pressupõe-
se que espaços participativos institucionalizados têm necessariamente
envolvimento na dinâmica burocrática do Estado, o que permite um canal de
comunicação oficial com a estrutura administrativa, bem como possibilita a
obtenção de orçamentos próprios. Ainda que as instituições participativas
sejam espaços de interação entre Estado e sociedade, por sua inserção no
aparato estatal e por ter como um de seus objetivos o auxílio na gestão de
políticas públicas, elas ainda precisam se guiar por regras definidas para reger
os comportamentos nesta esfera estatal.
6
O segundo caminho foi identificar, na literatura sobre participação,
aspectos comumente associados ao conceito de institucionalização.
Para atingir os objetivos propostos, elencou-se um conjunto de
indicadores, organizados em torno de três dimensões, que compõem o
conceito de institucionalização aqui adotado para análise dos conselhos. As
dimensões são: a) reconhecimento formal por parte do Estado de que o
conselho é uma instância integrante do processo de tomada de decisões; b)
disponibilidade de recursos para a tomada de decisão; e c) aprendizado.
Acumulado para o processo decisório. A partir disso, o trabalho
operacionaliza o conceito e as variáveis consideradas para cada dimensão a
partir das regras de funcionamento coletadas em atos normativos de 21
conselhos e três comissões nacionais. As variáveis foram conceituadas,
sistematizadas e a cada uma foi atribuído um valor, resultando em um índice
de institucionalização.
A primeira característica que ajuda a pensar a participação
institucionalizada é que ela parece se contrapuser a uma participação
supostamente mais livre, baseada em manifestações coletivas ou individuais,
protestos e passeatas, em que os atores e movimentos sociais constroem suas
próprias identidades e estratégias de ação de maneira mais espontânea.
Quando institucionalizada, a interação ocorre estruturada por regras
formalizadas em atos normativos, tornando-se previsível ainda que não
estanque. Esta previsibilidade pode ser deduzida do próprio conceito de
instituições definida como um conjunto de regras formais ou informais que
norteiam as ações dos indivíduos. Estas regras dizem respeito ao que pode ser
feito, por quem, quando e como (VIEIRA, (1990).
Os conselhos e outras instituições participativas são organizações cujo
funcionamento se estrutura por regras formalizadas em estatutos, regimentos e
outros documentos orientadores. Este processo de formalização é importante
para a institucionalização dos conselhos, na medida em que sua permanência
no tempo está não só vinculada a sua legitimidade frente a atores sociais e
estatais, mas também fortemente relacionada ao seu ancora mento legal.
Outro aspecto relevante a ser considerado quando se analisa a
institucionalização da participação tem a ver com a incursão de características
burocráticas na interação entre sociedade e Estado. O termo burocrático é aqui
7
utilizado de acordo com algumas características da burocracia definidas por tais
como: a profissionalização da atividade – neste trabalho entendida como a
existência de um corpo de servidores designado para tratar especificamente do
conselho; a qualificação do corpo profissional para as atividades relacionadas à
interação entre Estado e sociedade; objetividade na execução dos trabalhos
administrativos; regras racionalmente definida; e centralização dos meios de
serviço. Entende-se, a partir destes aspectos, que maior burocratização – no
sentido que deu ao termo – equivale a maior institucionalização.
O contato com a burocracia impacta as dinâmicas associativas ao
restringir a atividade espontânea e informal. Como instâncias pertencentes à
estrutura da administração pública, a atividade dos conselhos é restrita ao que
está estabelecido por lei ou pelas regras formais – o que não acontece
necessariamente com a participação não institucionalizada inserida no âmbito
privado ou no âmbito público não estatal.
A partir do momento em que começam a participar de espaços
institucionais como os conselhos, portanto, os atores participantes precisam se
adequar a regras que limitam e direcionam a interação. A participação nestas
instâncias tem a vantagem de ampliar a capacidade de incidência direta
naquelas políticas que os movimentos sociais e as organizações da sociedade
civil reivindicam. De fato, pesquisas empíricas apresentam evidências de que a
participação em conselhos é vista como estratégica para alguns atores sociais.
Estes ganhos, contudo, estão atrelados ao custo de se ajustar à lógica
burocrática da gestão pública no momento da interação com o Estado.
A burocratização e o contato com a burocracia não implicam, contudo,
que haja um engessamento dos processos. Duas características das
instituições participativas são o experimentalismo e a flexibilidade das regras
que as regem. Por serem inovações institucionais, estas instituições precisam
encontrar o melhor jeito de cumprir seus objetivos, identificando distorções no
processo de formulação participativa de políticas públicas e adaptando-se a
situações não previstas nas regras. No caso dos conselhos, por serem espaços
de inclusão da sociedade civil, estes possuem também a capacidade de
incorporar modos organizativos que já são utilizados pelos movimentos e
organizações sociais – como plenárias, modelos escalonados de consulta,
entre outros – e formalizá-los. Dessa forma, ainda que impactados pela
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burocracia, os conselhos mantêm alguma autonomia, da qual decorre a
possibilidade de alterar determinadas regras.
Os Conselhos Populares nunca funcionaram e contrariando o discurso
eleitoral, os movimentos populares não eram muitos nem estavam tão
organizados.
A proposta dos Conselhos Populares como germens do poder popular
está baseada numa avaliação demasiado otimista em torno do poder de
mobilização dos movimentos populares. Não se considera que a atuação dos
movimentos populares foge da vontade da classe política, dos intelectuais e
dos próprios lideres populares.
Essa demanda reflete a expectativa que havia na sociedade pela
criação de mecanismos que permitam a influência da sociedade civil na tomada
de decisões e na fiscalização da ação do Executivo municipal. No entanto
deve-se destacar que a maioria das propostas de criação de conselhos.
Frequentemente atribui-se aos Conselhos Municipais o caráter
deliberativo, mas dificilmente se definia qual seria o sentido dessa função.
Tampouco se define a composição e não se estabelece a relação efetiva com o
executivo municipal.
Os Conselhos demandados podem ser divididos em cinco tipos: os
Conselhos de Bairros, vinculados às administrações regionais; os Conselhos
Municipais nas diversas áreas da administração local (educação, saúde, meio
ambiente, habitação, etc.); os Conselhos gestores de equipamentos públicos
(escola, creche, centro de saúde); os Conselhos de defesa de direitos (crianças
e adolescentes, mulheres, idosos etc.); e o Conselho de controle entra e
extraparlamentar.
Essas propostas implicam, basicamente, a participação da sociedade
civil em quatro aspectos específicos da administração do município: na
definição das diretrizes e prioridades orçamentárias e na fiscalização da ação
do governo no âmbito regional; na elaboração das políticas e diretrizes em
áreas específicas da administração municipal – educação, saúde, meio
ambiente etc.
E no controle e fiscalização do cumprimento dessas diretrizes; na
fiscalização do atendimento do funcionamento dos equipamentos sociais
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(escolas,creches, postos de saúde etc.); e no controle e fiscalização da
atuação parlamentar.
Sob esta ótica, representantes do poder público deveriam juntamente
com entidades da sociedade civil traçar as políticas e diretrizes norteadoras da
ação governamental, nas áreas de educação, saúde, meio ambiente, habitação
etc.
Os Conselhos Municipais, da forma como foram propostos, constituem-
se espaços que colocam em xeque a autonomia, principalmente, do Executivo
Municipal, caracterizando-se como instâncias descentralizadoras do poder
decisório no âmbito da gestão do município. Para setores mais conservadores
da classe política, isto significa a intromissão da sociedade civil nas atividades
que são da sua responsabilidade.
Diante de uma cultura política centralizadora e patrimonialista, convém
questionar até que ponto seria viável atingir a governabilidade, considerando os
Conselhos como novas instâncias que partilham o exercício da função
governativa, apresentaram demandas solicitando a criação de conselhos,
demonstrando desta forma, certa coerência entre o discurso político eleitoral e
a prática política no âmbito do legislativo.
. Deve-se destacar que a ausência de propostas concretas sobre a
forma de funcionamento dos conselhos municipais, mas também de todos os
vereadores favoráveis a este tipo de mecanismo de participação popular.
Diante do elevado número de demandas pela criação de conselhos, da
falta de propostas claras e bem estruturadas e da ausência de tempo hábil para
pensar propostas mais aprofundadas e detalhadas.
No que se refere ao aprendizado organizacional acumulado, nem
sempre é possível verificá-lo por meio dos atos normativos. Contudo, algumas
informações presentes nestes documentos trazem informações sobre a
frequência dos encontros e algumas das experiências com a organização de
atividades relacionadas à política aos quais estão vinculados. Tendo como
base estas informações, quatro aspectos foram observados no que tange ao
aprendizado acumulado: o tempo de criação, a periodicidade das reuniões, a
existência de conferências vinculadas ao conselho e a quantidade delas.
O tempo de existência é considerado uma medida que dá pistas sobre
a capacidade dos conselhos de tornarem suas regras efetivas e sobre o
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possível conhecimento que sua estrutura permanente já acumulou. Nesta
perspectiva, os conselhos mais antigos são considerados de maior
institucionalização. Com relação à frequência das reuniões, esta seria um
indicador da rotinização das atividades do conselho e de capacidade organiza-
cional e administrativa. Conselhos que se reúnem mais seriam mais capazes
de produzir rotinas de trabalho que permitam o alcance dos objetivos
estipulados e ao mesmo tempo gerariam maior acúmulo de experiência e
conhecimento institucional. Nesse sentido, considerando-se as periodicidades
semestral, trimestral, bimestral ou mensal, conselhos que se reúnem
mensalmente foram considerados os mais institucionalizados.
A experiência com a organização de outras atividades relacionadas à
formulação da política, como conferências nacionais, também seria um
indicativo de aprendizado institucional, tanto pelo debate de novas questões
em conjunto com o público participante das conferências quanto pela
experiência organizacional. Supõe-se que conselhos que participam da
organização de conferências conectam-se a outras formas de participação e
aprendem com a experiência desta atividade.
Além disso, a vinculação a uma conferência também pode ser um
indicativo de que o conselho possui capacidade estrutural para organizar um
evento desta abrangência. Dessa maneira, conselhos que organizaram uma
quantidade maior de conferências foram considerados mais institucionalizados
que conselhos que não participaram da organização de conferências ou
participaram da organização de um menor número de conferências.
Em suma, a institucionalização do conselho pode ser entendida como a
capacidade de o conselho responder às exigências burocráticas do processo
de gestão de políticas públicas, sendo capaz de inserir-se nele nas suas
diferentes etapas. Para isso, é necessária a formalização de procedimentos
que passam a ser rotineiro ao longo do tempo, o reconhecimento estatal do
papel do conselho na formulação de políticas públicas, a posse de recursos
físicos e organizacionais, além do aprendizado resultante dos trabalhos
desenvolvidos.
Cabe ressaltar que institucionalização não é aqui entendida como
sinônimo de sucesso ou efetividade do conselho. No máximo, a
institucionalização indicaria um potencial maior ou menor de que este seja
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efetivo. Avaliar a efetividade em si requereria investigar outras variáveis, como
o contexto político e associativo no qual o conselho está inserido, dinâmicas
internas e resultados da participação (STANISCI ,1999).(ELZA)
2. CONSELHOS COMO FORMA DE GESTÃO PÚBLICA
HISTORICIDADE
A forma conselho utilizada na gestão pública, ou em coletivos
organizados da sociedade civil, não é nova na História. Alguns pesquisadores
afirmam que os conselhos são uma invenção tão antiga como a própria
democracia participativa e datam suas origens nos clãs visigodos.
Em Portugal, entre os séculos XII e XV, foram criados concelhos
municipais (escrita da época, com c), como forma político-administrativa de
Portugal, em relação às suas colônias. As Câmaras Municipais e as Prefeituras
do Brasil colônia foram organizadas segundo este sistema de gestão (Vieira,
1992).
Contemporaneamente, na realidade de Portugal, a forma tradicional
dos Conselhos deu lugar aos conselhos urbanos originários das comissões de.
moradores. Eles se iniciaram a partir das assembleias e das Juntas de
Freguesias e foram fundamentais durante o período da Revolução dos Cravos
(Estevão, 1993).
Entretanto, os conselhos que se tornaram famosos na história foram: a.
Comuna de Paris, os conselhos dos sovietes russos, os conselhos operários de
Turim – estudados por Gramsci, alguns conselhos na Alemanha
nos anos 20 deste século, conselhos na antiga Iugoslávia- nos anos 50.
Repensando a experiência urbana da América Latina: questões,
conceitos e valores democracia americana. Observa-se que, na modernidade,
os conselhos irrompem em épocas de crises políticas e institucionais,
conflitando com as organizações de caráter mais tradicional. Os conselhos
operários e os populares, em geral, rejeitavam a lógica do capitalismo,
buscavam outras formas de poder descentralizadas, com autonomia e
autodeterminação.
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O debate sobre os conselhos como instrumento de exercício da
democracia esteve presente entre setores liberais e da esquerda (em seus
diferentes matizes).
A diferença é que eles são pensados como instrumentos ou
mecanismos de colaboração, pelos liberais; e como vias ou possibilidades de
mudanças sociais no sentido de democratização das relações de poder, pela
esquerda. Os conselhos como formas de gestão da coisa pública foram
defendidos pela população, ao analisar as revoluções francesa e americana,
assim como ao definir os espaços da ação coletiva entre o público e o privado.
Os conselhos são a única forma possível de um governo horizontal; um
governo que tenha como condição de existência a participação e a cidadania.
Em Crises da república (1973), afirmou que os conselhos poderiam ser não
apenas uma forma de governo, mas também uma forma de Estado. No Brasil,
nas últimas décadas, devemos relembrar as seguintes experiências.
Colegiadas conselheiristas, os conselhos comunitários criados para
atuarem junto à administração municipal ao final dos anos 70 (Gohan, 1990);
os conselhos populares ao final dos anos 70 e parte dos anos 80, e os
conselhos gestores institucionalizados, principal objeto de reflexão e análise
deste trabalho, a serem tratados abaixo, estamos deixando de lado os
tradicionais conselhos de notáveis, existentes em algumas áreas do governo,
como educação e saúde, pelo fato deles serem formas de assessoria
especializada e incidirem na gestão pública de forma indireta. Dada a
similaridade de temas e problemas entre os conselhos populares dos anos 80 e
os conselhos gestores dos anos 90, vale a pena resgatarmos um pouco da
memória dos primeiros.
Os conselhos populares foram propostos por setores da esquerda ou
de oposição ao regime militar e surgiram com papéis diversos, tais como:
Organismos do movimento popular atuando com parcelas de
poder junto ao Executivo (tendo a possibilidade de decidir sobre determinadas
questões de (Governo); como organismos superiores de luta e organização
popular, gerando).
Situações de duplo poder; ou como organismos de
administração municipal, criados pelo governo, para incorporar o movimento
popular ao governo no sentido de que fossem
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assumidas tarefas de aconselhamento, de deliberação e/ou
execução.
A discussão sobre os conselhos populares nos anos 80 tinha como
núcleo central a questão da participação popular. Reivindicada pela sociedade
civil ao longo das décadas de lutas contra o regime militar, havia vários
entendimentos sobre o seu significado.
Entendemos a participação popular na gestão da cidade como
elemento central da luta pelo acesso e melhoria da qualidade da infraestrutura
e serviços urbanos, por melhores condições de vida e, portanto, pelo direito à
cidade. Coloca-se nos marcos da luta pela democratização da gestão e dos
negócios públicos. Não podemos confundir essa luta pela participação, do
ponto de vista do controle popular, com a construção de situações de
estabelecimento de um poder paralelo ao poder burguês (duplo poder).
Também não pode ser entendida como uma estratégia de alargamento da
democratização do estado até a conquista do socialismo. E nem significa a
conquista do poder municipal pelos trabalhadores.
A conquista de mecanismos de democratização da gestão da cidade
pode alterar apenas um governo e não o estado enquanto tal. Pode significar
uma alteração na correlação de forças política municipal, mas as regras do
jogo e o comando da sociedade continuam com as classes dominantes.
Dentre os conselhos populares que se destacaram no cenário urbano
vale registrar, entre outros, dois exemplos significativos: os Conselhos
Populares de Campinas, no início dos anos 80, e o de Saúde da Zona Leste de
São Paulo. Estes últimos foram criados em 1976 a partir do trabalho de
sanitaristas que trabalhavam nos postos de saúde daquela região, articulados
ao Partido Comunista, mas, ao mesmo tempo, vivenciando o clima de
participação gerado pelas Comunidades de Base da Igreja Católica. Os
conselhos de Campinas desenvolveram-se também articulados aos programas
das pastorais religiosas e deram origem ao movimento Assembleia do Povo.
Nos anos 90, a grande novidade foram os conselhos gestores, de
caráter interinstitucional.
Eles têm o papel de serem instrumentos mediadores na relação
sociedade/Estado e estão inscritos na Constituição de 1988 e em outras leis de
país.
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Sabemos que essa Constituição adotou como princípio geral a
cidadania e previu instrumentos concretos para seu exercício, via a democracia
participativa.
Os conselhos institucionalizados a partir da Constituição de 1988 são
órgãos colegiados, permanentes, consultivos ou deliberativos, incumbidos, de
modo geral, da formulação, da supervisão e da avaliação das políticas públicas
de garantia dos direitos humanos, em âmbito federal, estadual e municipal.
Leis orgânicas específicas passaram a regulamentar o direito
constitucional à participação por meio de conselhos deliberativos, de
composição paritária entre representantes do poder executivo e de instituições
da sociedade civil. Desde então um número crescente de estruturas colegiadas
passou a ser exigência constitucional em diversos níveis da administração
pública (federal estadual e municipal). Muitas já foram criadas, a exemplo dos
conselhos circunscritos às ações e aos serviços públicos (saúde, educação e
cultura) e aos interesses gerais da comunidade (meio ambiente, defesa do
consumidor, patrimônio histórico cultural),assim como aos interesses de grupos
e camadas sociais específicas como, crianças e adolescentes, idosos,
mulheres etc.
Em São Paulo, durante a gestão da ex-prefeita Luíza Erundina (1989-
92), criaram-se vários conselhos consultivos como o Conselho Tarifário, para a
área dos transportes; Conselho Municipal de Saúde que teve o poder de definir
a além dos conselhos na área da educação e do idoso. O Conselho da Mulher
e o Conselho do Negro existiam desde os anos 80.
2.1 CONSELHOS GESTORES
Os conselhos gestores apresentam muitas novidades na atualidade.
Eles são importantes porque é fruto de demandas populares e de pressões da
sociedade civil pela redemocratização do país. Os conselhos estão inscritos na
Constituição de 1988 na qualidade de instrumentos de expressão,
representação e participação da população. As novas estruturas inserem-se,
portanto, na esfera pública e, por força de lei, integram-se com os órgãos
públicos vinculados ao poder executivo, voltados para políticas públicas
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específicas; sendo responsáveis pela assessoria e suporte ao funcionamento
das áreas onde atuam. Eles são compostos por representantes do poder
público e da sociedade civil organizada e integram-se aos órgãos públicos
vinculados ao Executivo.
Os conselhos gestores são diferentes dos conselhos comunitários,
populares ou dos fóruns civis não governamentais porque estes últimos são
compostos exclusivamente de representantes da sociedade civil, cujo poder
reside na força da mobilização e da pressão, não possuindo assento
institucional junto ao poder público. Os conselhos gestores são diferentes
também dos conselhos que já existiam nas esferas públicas no passado,
compostos exclusivamente por especialistas.
O número de conselhos está crescendo progressivamente dado o fato
de ser exigência da Constituição nacional. Entretanto, para sua implementação,
dependem de leis ordinárias estaduais e municipais. Em algumas áreas, essas
leis já foram estabelecidas ou há prazos para sua criação. Os conselhos
gestores são novos instrumentos de expressão, representação e participação;
em tese são dotados de potencial de transformação política. Se efetivamente
representativos, poderão imprimir um novo formato às políticas sociais, pois se
relacionam ao processo de formação das políticas e à tomada de decisões.
Com os conselhos, gera-se uma nova institucionalidade pública, pois, criam
uma nova esfera social pública ou pública não estatal. Trata-se de um novo
padrão de relações entre Estado e sociedade porque viabilizam a participação
de segmentos sociais na formulação de políticas sociais, e possibilitam à
população o acesso aos espaços onde se tomam as decisões políticas.
A legislação em vigor no Brasil preconiza, desde 1996, que, para o
recebimento de recursos destinados às áreas sociais, os municípios devem
criar seus conselhos. Isso explica porque a maioria dos conselhos municipais
surgiu após esta data (em 1998, dos 1.167 conselhos existentes nas áreas da
educação, assistência social e saúde, 488 deles haviam sido criados após
1997; 305 entre 1994-96; e apenas 73 antes de 1991). Nos municípios, as
áreas básicas dos conselhos gestores são: educação, assistência social,
saúde, habitação, criança e adolescente. Na esfera municipal, devem ter
caráter deliberativo.
16
Apesar de a legislação incluir os conselhos como parte do processo de
gestão descentralizada e participativa, e constituí-los como novos atores
deliberativos e paritários, vários pareceres oficiais têm assinalado e reafirmado
o caráter apenas consultivo dos conselhos, restringindo suas ações ao campo
da opinião, da consulta e do aconselhamento, sem poder de decisão ou
deliberação. A lei vinculou-os ao Poder Executivo do Município, como órgãos
auxiliares da gestão pública. É preciso, portanto, que se reafirme em todas as
instâncias, seu caráter essencialmente deliberativo, já que a opinião apenas
não basta. Nos municípios sem tradição organizativo-associativa, os conselhos
têm sido apenas uma realidade jurídico-formal, e muitas vezes um instrumento
a mais nas mãos dos prefeitos e das elites, falando em nome da comunidade,
como seus representantes oficiais, e não atendendo minimamente aos
objetivos de controle e fiscalização dos negócios públicos.
2.2 ATUAL DEBATE DOS CONSELHOS
Várias das questões implícitas no debate sobre os novos conselhos
são da mesma natureza das que estiveram presentes quando do debate sobre
os conselhos populares, tais como: qual o seu papel e a sua natureza, se
devem ser organismos apenas consultivos ou também deliberativos, etc. A
necessidade de se intervir neste debate, e nas discussões sobre a própria
implantação dos conselhos, decorre das várias lacunas hoje existentes, tais
como: a criação de mecanismos que lhes garantam o cumprimento de seu
planejamento; instrumentos de responsabilização dos conselheiros por suas
resoluções; estabelecimento claro dos limites e das possibilidades decisórias
dos conselhos; ampla discussão sobre as restrições orçamentárias e suas
origens; existência de uma multiplicidade de conselhos no município, todos
criados recentemente, competindo entre si por verbas e espaços políticos; não
existência de ações coordenadas entre eles etc.
Além das lacunas, existem duas posições em relação ao papel central
dos conselhos, a saber:
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A primeira circunscreve-os no plano da consulta, preocupa-se com a
demarcação de sua atuação em relação ao Legislativo, defende que se limite a
serem auxiliares do Poder Legislativo.
A segunda postula que atuem como órgãos de fiscalização do executivo, numa perspectiva e modelo de gestão descentralizada;
Preconiza que operem dentro das decisões tomadas em sua área. Esta
segunda posição implica num estilo de governo que tenha como diretrizes e
eixos fundamentais as questões da participação e da cidadania; um governo
que aceite os conflitos como parte do jogo democrático. Portanto, o papel dos
conselhos incide na discussão sobre as estratégias de gestão pública de uma
forma geral e sobre o caráter das próprias políticas públicas em particular.
O que fazer para alterar o cenário onde se desenvolvem os conselhos
e sua realidade atual?
De um lado, observa-se que a operacionalização não plena
dessas novas instâncias democratizantes se dá devido à falta de tradição
participativa da sociedade civil, em canais de gestão dos negócios públicos; a
curta trajetória de vida dos conselhos e, portanto, a falta exercício prático (ou
até a sua inexistência); e ao desconhecimento – por parte da maioria da
população – de suas possibilidades (deixando espaço livre para que sejam
ocupados e utilizados como mais um mecanismo da política das velhas elites, e
não como um canal de expressão dos setores organizados da sociedade). De
outro lado, a existência de concepções oportunistas, que não se baseiam em
postulados democráticos e que veem os conselhos apenas como
instrumentos/ferramentas para operacionalizar objetivos pré-definidos, tem feito
desta área um campo de disputa e tensões.
Acreditamos que os conselhos criam condições para um sistema
de vigilância sobre a gestão pública e implicam numa maior cobrança de
prestação de contas do poder executivo, principalmente no nível municipal.
Por isso, certas questões são muito relevantes no debate atual sobre a
criação e implementação dos conselhos tais como: a representatividade
qualitativa dos diferentes segmentos sociais, territoriais e forças políticas
organizadas em sua composição; o equilíbrio quantitativo, em termos de
paridade, entre membros do governo e membros da sociedade civil organizada;
o problema da capacitação dos conselheiros – mormente os advindos da
18
sociedade civil; o acesso às informações (e sua decodificação) e a publicização
das ações dos conselhos; a fiscalização e controle sobre os próprios atos dos
conselheiros; o poder e os mecanismos de aplicabilidade das decisões do
conselho pelo executivo e outras.
As questões da representatividade e da paridade constituem problemas
cruciais nos conselhos gestores de uma forma geral. Os problemas decorrem
da não existência de critérios que garantam uma efetiva igualdade de
condições entre os participantes. Alguns analistas têm sugerido que a
renovação do mandato dos conselheiros seja parcial, para não coincidir com o
mandato dos dirigentes e alcaides municipais, desacoplada dos períodos dos
mandatos eleitorais. O fato das decisões dos conselhos terem caráter
deliberativo não garante sua implementação, pois não há estruturas jurídicas
que deem amparo legal e obriguem o executivo a acatar as decisões dos
conselhos (normalmente nos casos em que essas decisões venham a
contrariar interesses dominantes).
O representante que atua num conselho deve ter vínculos
permanentes com a comunidade que o elegeu.
Em relação à paridade, esta não é uma questão apenas numérica,
mas de condições de certa igualdade no acesso à informação, disponibilidade
de tempo etc. A disparidade de condições de participação entre os membros do
governo e os advindos da sociedade civil são grandes.
Os primeiros trabalham nas atividades dos conselhos durante seu
período de expediente de trabalho normal, tem acesso aos dados e
informações, têm infraestrutura de suporte administrativo, estão habituados
com a linguagem tecnocrática. Ou seja, têm o que os representantes da
sociedade civil não têm (pela lei os conselheiros municipais não são
remunerados e nem contam com estrutura administrativa própria). Faltam
cursos ou capacitação aos conselheiros de forma que a participação seja
qualificada em termos, por exemplo, da elaboração e gestão das políticas
públicas; não há parâmetros que fortaleçam a interlocução entre os
representantes da sociedade civil e os representantes do governo.
É preciso entender o espaço da política para que se possa fiscalizar e
também propor políticas; é preciso capacitação ampla que possibilite a todos
os membros do conselho uma visão geral da política e da administração.
19
Usualmente eles atuam em porções fragmentadas, que não se articulam (em
suas estruturas) sequer com as outras áreas ou conselhos da administração
pública.
Em suma, os conselhos foram conquistas dos movimentos populares e
da sociedade civil organizada. Eles são um instrumento de representação da
sociedade civil e política. Por lei, devem ser também um espaço de decisão.
Mas, a priori, são apenas espaços virtuais. Para que tenham eficácia e
efetividade na área em que atuam, e na sociedade de uma forma geral, é
necessário desenvolver algumas condições e articulações; é preciso dar peso
político a essa representação e consequência à luta dos segmentos sociais que
acreditaram e lutaram pela democratização dos espaços públicos.
Dentre as condições necessárias, destacamos: aumento efetivo de
recursos públicos nos orçamentos e não apenas complementações pontuais de
ajustes; os conselhos têm que ser paritários não apenas numericamente, mas
também nas condições de acesso e de exercício da participação; deve-se criar
algum tipo de pré-requisito mínimo para que um cidadão se torne um
conselheiro, principalmente no que se refere ao entendimento do espaço em
que vai atuar, assim como definir um código de ética e posturas face aos
negócios públicos; deve-se ter uma forma de acompanhar as ações dos
conselhos e de revogar e destituir qualquer membro que não cumpra com suas
funções durante seus mandatos; portanto, o exercício dos conselhos deve ser
passível de fiscalização e avaliação.
Segundo Gadotti (1998), a vitalidade de um pensador se reconhece
antes pela garra das suas perguntas do que pelas respostas, fatalmente
parciais, que ele conseguiu lhes dar. O que fica é a questão, desde que bem
formulada; e o que se herda é a exigência de encontrar a boa solução, e esta
pode variar conforme as gerações que a perseguem (Folha de São Paulo,
Jornal de Resenhas, 8/4/2000: p.1). Para refletia sobre a obra de Gramsci, a
seguir passaremos a enumerar uma série de questões, sob a forma de
indagações, problemas, polêmicas. Elas delineiam o cenário atual do debate
sobre os conselhos gestores, demarcando um campo aberto de caminhos,
opções escolhas.(ELZA E VANILZA)
20
3. DIVERSIDADE DE SIGNIFICADOS DOS CONSELHOS
A análise dos conselhos nos leva a indagar:
• Sobre a diversidade quanto ao próprio conceito de participação.
• Qual é o sentido dos conselhos no universo e realidade das políticas sociais
atuais.
• Qual o impacto dos conselhos, enquanto mecanismo inovador na gestão
pública, no âmbito institucional e na esfera da participação da sociedade civil,.
Para clarificar essas questões deve-se conhecer:
a) a constituição estrutural dos conselhos e sua natureza decisória. Qual é a
forma em que foi (ou está sendo) organizado (deliberativa ou apenas
conselheira/consultiva);
b) dada sua existência, qual a relação que estabelece entre o governo e
a sociedade civil (principalmente com os movimentos sociais e com as
entidades não governamentais);
c) quais as fronteiras entre sociedade e governo ( poder local, basicamente);
d) qual a forma de combinação entre a democracia direta e indireta nos
conselhos.
3.1 ESTUDOS APONTADOS
1. Tensão entre universalização das políticas dos direitos e ênfase na
focalização das políticas dos conselhos (leia-se particularismo);
2. Dificuldades de articular forças sociais divergentes sem ter um ponto ou
marco referencial estratégico;
3. Dificuldade de articular o público estatal e o público não estatal;
4. Fraca participação da sociedade civil e absenteísmo dos membros
governamentais;
5. Necessidade de destacar aspectos da institucionalidade dos conselhos:
Facilitada e obstáculos às ações da sociedade civil frente ao executivo
municipal;
6. Os conselhos não podem ser visto como substitutos da democracia
representativa nem como braços auxiliares do executivo ou, ainda. como
21
substitutos da participação popular em geral.
3.2 POLÊMICA SOBRE OS CONSELHOS
De um lado, são formas de descentralização do poder - demandadas
pela população; mas, de outro, são frutos da crise das instituições públicas e
parte constitutiva das reformas estatais que implicam em diminuição de custos
e transferência de responsabilidade de solução dos problemas locais para os.
cidadãos, tratados como usuários ou clientes dos serviços públicos.
São iniciativas para o desenvolvimento local sustentável e, para tal,
implicam que exista uma sociedade civil organizada; entretanto, às vezes, o
próprio desempenho dessas atividades se contrapõe a algumas das funções
que lhes foram atribuídas originalmente, como fiscalização das políticas
públicas, já que eles se tornam parte destas políticas.
A relação com o poder legislativo. Devemos nos lembrar de que os
conselhos não substituem o poder legislativo porque se situam em áreas
específicas e não têm poderes sobre questões gerais, como o poder legislativo
tem.
3.3 CONSELHOS NA URBANIDADE
Na questão urbana, estamos propondo agrupar os conselhos gestores
em quatro categorias:
Os que se relacionam diretamente à chamada questão urbana, por ser
parte integrante do lócus urbano enquanto tal, ou seja: meio ambiente moradia
etc.
Os que decorrem da prestação de serviços urbanos por setores da Administração: saúde, educação, transportes etc.
Os conselhos que abrangem as políticas focalizadas em grupos etários
da população: idosos, crianças e jovens/adolescentes; ou destinados a
categorias específicas como: mulheres, grupos étnicos ou raciais etc.
22
Estes conselhos localizam-se no urbano (mas não são exclusivos
deles) e atuam sobre problemas sociais que interferem diretamente na
qualidade de vida no meio urbano.
Uma quarta categoria é formada pelos conselhos na área da cultura.
Apesar de a cultura ser uma das áreas da administração setorial, como
uma da secretaria de estado é mais que um serviço. É uma força motriz que
cria e/ou estimula a energia coletiva de uma comunidade e de seus cidadãos.
Na primeira categoria, destacam-se as iniciativas relativas à questão
da moradia, em especial a moradia popular.
Na categoria dos conselhos de serviços, o Conselho Municipal de
Transportes é um dos mais antigos e surgiu, no caso de São Paulo, após as
lutas dos movimentos por transportes coletivos ao final dos anos 70 e a
organização de câmaras colegiadas nos anos 80. Os conselhos na área da
educação apresentam, após 1996, muitas novidades – algumas decorrem da
nova Lei de Diretrizes e Bases da educação; outras decorrem de políticas
sociais advindas do novo modo de gestão estatal. Os conselhos “focalistas”
são os que têm tido maior repercussão na sociedade, em especial junto à
mídia, mas são também os mais frágeis em termos de recursos e infraestrutura
de apoio.
Face ao objeto central deste trabalho – a questão dos conselhos na
gestão de temas urbanos – destacamos os conselhos na área da moradia. Os
dados utilizados são provenientes de organizações da sociedade civil
representativas de movimentos e ONGs que atuam na área da
moradia/habitação. (ELZA)
23
24
( ANA ALESSANDRA E STEFANI )
25
4. CONSELHO DO IDOSO
Os Conselhos do Idoso surgiram no Brasil a partir de
1991, legitimados pela Constituição Federal de 1988 e, segundo o
Estatuto do Idoso, têm como função fiscalizar as entidades privado-prestador-
prestadoras de serviços de assistência a pessoas da terceira idade e elaborar
propostas orçamentárias para promoção e assistência social do
idoso. Este estudo tem por objetivo relatar o pensamento de alguns estudiosos
sobre os Conselhos do Idoso. Os resultados mostram que a maioria dos
autores entende os Conselhos como uma instância de ampliação do espaço
público e de exercício da democracia para os idosos na sociedade.
Segundo definição do Estatuto do Idoso, lei n. 10.741, de 1o de outubro
de 2003, idoso é toda pessoa com idade igual ou superior a sessenta anos de
idade. A população mundial de pessoas idosas vem aumentando
progressivamente e, no Brasil, não poderia ser diferente, pois é nos países em
desenvolvimento que o envelhecimento da população tem ocorrido de forma
mais acentuada.
O aumento do número de indivíduos idosos leva ao aumento da
preocupação com a saúde em várias partes do mundo, mormente no Brasil.
Juntamente com essa preocupação, existe a dificuldade para se conseguir
recursos para os diversos programas de promoção, proteção e recuperação da
saúde. Um exemplo a ser citado é o uso de medicamentos. Entre os idosos, o
uso de medicamentos corresponde a quase a metade da produção.
A lei n. 8.842, de 04 de janeiro de 1994, também conhecida como
Política Nacional do Idoso que é ação governamental garantir ao idoso a
assistência à saúde, nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de
Saúde (SUS); prevenir, promover, proteger e recuperar a saúde do idoso,
mediante programas e medidas profiláticas; adotar e aplicar normas de
funcionamento às instituições geriátricas e similares, com fiscalização pelos
gestores do SUS; elaborar normas de serviços geriátricos hospitalares;
desenvolver formas de cooperação entre as Secretarias de Saúde dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e entre os Centros de Referência
em Geriatria e Gerontologia para treinamento de equipes Inter profissionais;
26
incluir a Geriatria como especialidade clínica, para efeito de concursos públicos
federais, estaduais, do Distrito Federal e municipal;
realizar estudos para detectar o caráter epidemiológico de
determinadas doenças do idoso, com vistas à prevenção, tratamento
e reabilitação e criar serviços alternativos de saúde para o idoso.
Em 1o de outubro de 2003, foi promulgada a lei n. 10.741, que dispõe
sobre o Estatuto do Idoso, além de dar outras providências. Esta lei visa
garantir ao idoso melhor qualidade de vida e um envelhecimento com
dignidade.
A lei n. 8.842, de 04 de janeiro de 1994, dispõe sobre a Política Nacional do
Idoso e cria o Conselho Nacional do Idoso, além de dar outras providências.
Este Conselho tem a competência de formular, coordenar, supervisionar e
avaliar a Política Nacional do Idoso no âmbito das respectivas instâncias
político-administrativas.
Com base nas leituras feitas, tivemos a oportunidade de observar que
há diferentes necessidades na vida do idoso e, por isso, as políticas voltadas a
eles vêm aumentando. A sociedade necessita proporcionar a si um
envelhecimento bem-sucedido, ou seja, com o mínimo possível de doenças
psicológicas, fisiológicas, com oportunidade de lazer, cultura, educação, com
condições financeiras e de trabalho dignos e, especialmente, prezando pelo
respeito e qualidade de vida. Uma das formas de participação da sociedade
civil é por meio do Conselho do Idoso.
É necessário que as pessoas tenham conhecimento de seus direitos, e
um dos meios de obter esse conhecimento é adquirindo informações que
facilitem e melhorem sua qualidade de vida. Com a Constituição de 1988,
ganharam importância, no âmbito das políticas nacionais, os conselhos
gestores.
O Conselho do Idoso foi criado pela lei n. 218, de 26 de dezembro de
1991, o qual, a par de suas atribuições, recebeu no Estatuto os encargos de
fiscalizar as entidades privadas prestadoras de serviços de assistência a idosas
e, também, coordenar a elaboração da proposta orçamentária para promoção e
assistência social do idoso, em consonância com o Conselho de Assistência
Social do Distrito Federal, este criado pela lei n. 997, de 29 de dezembro de
1995, que tem por objetivo programar a assistência social
27
prevista na Constituição Federal, na Lei Orgânica da Assistência Social (Loas)
– lei federal n. 8.742, de 1993 –, na Lei Orgânica do Distrito Federal, o que
envolve, necessariamente, a assistência ao idoso.
O Conselho Estadual do Idoso foi criado pelo decreto n. 4.543, de 27
de setembro de 1995, e alterado pelo decreto n. 5.480, de 25 de setembro de
2001, com a natureza e finalidade de ser um órgão de caráter consultivo,
deliberativo e normativo, integrante da estrutura da Secretaria de Cidadania,
responsável pela política de promoção, proteção e defesa dos direitos do idoso.
É competência do Conselho Estadual do Idoso, entre outras: I - formular
diretrizes para a definição da política estadual de atendimento ao idoso,
definindo prioridades, editando normas gerais, fiscalizando ações e diretrizes
estabelecidas no Art. 230 da Constituição Federal, na Lei nº 8.842, de 04 de
janeiro de 1994, e no Decreto Federal nº 4.227, de 13 de maio de 2002, que
cria o Conselho Nacional dos Direitos dos Idosos – CNDI.
O decreto é semelhante à lei no que se refere aos efeitos e ao
conteúdo, no entanto, sua criação é mais simples que a lei, pois depende
somente de decisão do chefe do Poder Executivo – no caso dos conselhos
nacionais, do presidente da República. O decreto não cria novos direitos,
apenas estabelece normas que detalham o que já foi criado pela lei. Por fim, a
portaria expressa decisões de secretários, ministros ou outras autoridades
abaixo do chefe do Executivo.
Considerando que este tipo de norma pode ser extinto ou modificado
mais facilmente que as leis e os decretos – leis somente são revogadas por
votação do Congresso Nacional e decretos podem ser revogados por atos do
presidente da República, ao passo que as portarias podem ser extintas por ato
de autoridades –, esta foi considerada como o ato normativo que atribui menor
reconhecimento formal aos conselhos e, por conseguinte, menor
institucionalização.
O caráter decisório, se consultivo ou deliberativo, também pode ser
considerado um indicador do potencial de assegurar que as decisões se
tornem parte do processo burocrático. Os conselhos deliberativos se
diferenciam quanto à capacidade de produzir decisões vinculantes sobre
políticas e programas (Ipea, 2010), porque existe uma prerrogativa formal,
definida pelas regras, de que estas decisões sejam observadas – pelo menos
28
em teoria, uma resolução de um conselho deliberativo deve ser acatada pelos
atores de fora do conselho, por exemplo.
Os conselhos consultivos, por seu turno, trabalham com recomendações
a serem consideradas pelos órgãos diretamente vinculados a eles ou por
outros órgãos, os quais podem acatar as recomendações ou não. De acordo
com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2011), os conselhos
consultivos têm o papel apenas de estudar e indicar possíveis formas de
atender às demandas de suas áreas por meio de políticas, já os deliberativos
podem decidir sobre a implantação e as formas de gestão de determinadas
políticas públicas. Nesta perspectiva, os conselhos deliberativos são mais
fortes institucionalmente que os conselhos consultivos, na medida em que o
Estado lhes atribui um maior potencial de influência sobre as políticas públicas.
Um dos objetivos primordiais que os Conselhos necessitam de ter
incorporados aos seus objetivos é o de estimular a pessoa idosa a viver
segundo suas expectativas e potencialidades, obedecendo sempre seus limites
particulares. Tal ampliação se deve ao fato de que o idoso tem a necessidade
de conhecer seus direitos e deveres para usufruir das garantias sociais que
têm, tais como aposentadoria, no regime geral de previdência social, garantia
de um salário mínimo e gratuidade de transporte coletivo, entre outros. Além
disso, o direito do voto é facultativo ao idoso.
Os Conselhos caracterizam-se como um espaço público de
autogoverno das classes populares entre estes serviços comunitários de apoio,
os Conselhos do Idoso têm-se apresentado como instâncias capazes de zelar
pelos interesses da terceira idade.
As potencialidades dos conselhos municipais dentro do regime
democrático têm sido valorizadas sob o prisma de serem os mesmos espaços
públicos onde se desenrolam inúmeras práticas sociais que, ou reforçam
valores antidemocráticos, ou revelam perspectivas da introdução de novos
valores, ou ainda de retomar antigos valores que se perderam no tempo, agora
sendo novamente revividos.(PEDRO E ELZA)
4.1 OBJETIVOS QUE EXPLICITAM A GARANTIA DOS DIREITOS DOIDOSO E O PAPEL DOS CONSELHOS
29
Os objetivos relacionam-se com explicitar a importância do equilíbrio social do idoso ao incentivar sua participação na sociedade a fim de retardar os efeitos negativos da velhice.
Nisso, os Conselhos do Idoso podem exercer um papel agregador,
tanto de participantes como de ações voltadas a esse fim. Os textos também
propõem a implementação de novas políticas e abordagens com relação às
questões dos idosos e do crescimento do número de idosos, além de levar a
terceira idade ao conhecimento de seus direitos.
Essa possibilidade impõe a necessidade de desenvolvermos políticas
públicas que atendam às demandas desse segmento por saúde, educação,
assistência social, enfim, por condições dignas de vida (NUNES, 2007).
É Importante a Participação Política dos Idosos Proporcionada
pelos Conselhos e a Opinião dos Idosos nas Decisões a Serem
Tomadas pelos Governantes
Para os autores, os Conselhos são aplicação da democracia, pois
neles os cidadãos discutem as decisões a serem tomadas pelos governantes,
como aplicação de verbas e recursos financeiros destinados à
operacionalização das políticas sociais públicas, entre outras.
Configuram-se como uma novidade em relação aos modelos anteriores
de gestão das políticas públicas. Trata-se de uma forma direta de intervenção
dos cidadãos na constituição das políticas sociais, compreendendo as múltiplas
dimensões desse processo: a discussão e o controle de sua implementação.
Os autores consideram um ótimo diferencial o fato de os idosos
fazerem parte dos Conselhos, e isto tem importante função na participação
política da terceira idade, a qual precisa estar organizada em representações
não governamentais.
Os conselhos, pela sua intrínseca ligação com as políticas públicas e
sociais, apresentam como lugares onde o público-alvo das mesmas políticas,
através de sua representação, tem um lugar de assento BREDEMEIER (2003).
Existem dificuldades da abertura de Conselhos do Idoso em virtude da
função fiscalizadora que exercem.
30
Um problema é encontrado pelos Conselhos durante sua fase de
implementação, pois forças locais e de outros órgãos impõem, muitas vezes,
barreiras aos Conselhos locais em razão da forte fiscalização que eles
exercem.
A criação dos Conselhos Municipais encontra, entretanto muita
resistência, pois esses órgãos exercem com seriedade sua função
fiscalizadora, fazendo com frequência uma série de cobranças à
Municipalidade.
Os Conselhos encontram dificuldades, também, ao tentarem avançar
na formulação ou implementação de novos direitos, como, por exemplo, no
caso do passe livre para idosos em viagens intermunicipais e interestaduais,
em que o direito foi conseguido pela via legislativa, porém a grande burocracia
e a pouca fiscalização impedem e dificulta à terceira idade usufruir por
completo deste direito.
A sociedade necessita de mais esclarecimentos sobre a questão do
envelhecimento mundial, pois este aumento no número de idosos traz diversas
consequências, como as questões previdenciária, social, da necessidade de
aumento dos recursos na área da saúde, opções de lazer, educação e outros.
O fato de os Conselhos não conseguirem reduzir o preconceito sofrido pelo
idoso na sociedade. Eles vêm falhando em estimular a inclusão social da
terceira idade, seja mediante projetos sociais, conscientização da juventude ou
criação e implementação de leis punitivas. é preciso que nós profissionais
percebamos os espaços dos programas de terceira idade como
potencializadores da construção da cidadania do idoso, o que, a nosso ver,
também irá contribuir para a consolidação de uma representação mais positiva
da velhice em nossa sociedade.
Os conselhos têm a possibilidade de empenho maior na luta em defesa
dos direitos da pessoa idosa. Eles podem avançar na formulação de novo-
direitos direitos e em sua implementação, auxiliando, ainda, na fiscalização do
cumprimento destes.
A importância de se buscar novos referenciais para a discussão em
torno dos conselhos é importante, pois com ela se pode vislumbrar novas
oportunidades de uso deste espaço.
31
Os Conselhos podem ainda aumentar a inclusão social da terceira
idade tornando-os visíveis no ambiente que os circunda, procurando, assim,
reduziro preconceitoqueexiste contra a pessoaidosa.
O trabalho dos Conselhos Municipais do Idoso é extremamente
importante e é desenvolvido tendo-se em mente que as conquistas
sociais só acontecem em bases organizadas e participantes. A única
maneira de garantir aos nossos velhos o espaço que lhes é devido na
sociedade é criar em cada município um Conselho Municipal do
Idoso BREDEMEIER(2001).
4.2 FINALIDADE E ATRIBUIÇÕES
O Conselho Municipal do Idoso e um órgão de representação dos
idosos, e de interlocução junto à comunidade e aos poderes públicos na busca
de soluções compartilhadas.
O Conselho deve estar em sintonia com as políticas nacional e
estadual e se adequar as regras e leis aprovadas e regulamentadas. Torna-se
importante reconhecer a necessidade de interpretações legais, uma vez que a
legislação e um mecanismo inserido na sociedade e que esta, não se
apresenta de forma estática.
O Conselho Municipal deve estar aberto à participação das diversas
tendências políticas e ideológicas, o que o torna mais representativo entre os
municípios e perante os demais organismos de poder. Por essa razão, o
Conselho não devera estar atrelado a nenhum partido político.
O Conselho municipal deve promover amplo e transparente debate
das necessidades e anseios dos idosos, encaminhando propostas aos poderes
municipais, principais responsáveis pela execução das ações. O papel do
Conselho e consultivo, normativo, deliberativo e formador de políticas dirigidas
à pessoa idosa.
O Conselho deve se aproximar do poder Publico Municipal e dos
órgãos de representação Estadual e Nacional estabelecendo, na medida do
possível, interfaces que possam ajudar na construção de uma sociedade mais
organizada e participativa.
32
A IMPORTANCIA DA CRIACAO DO CONSELHO MUNICIPAL DO IDOSO.
• Estimular os idosos para que participem da formulação da Política Municipal
do Idoso;
• Sensibilizar os Poderes Públicos Municipais quanto às responsabilidades no
atendimento das demandas dos segmentos em conformidade com as políticas
públicas do idoso;
• Procurar formas de parcerias que promovam os direitos dos idosos;
• Estimular a organização de idosos e sua efetiva participação social, visando a
sua integração e exercício da cidadania;
• Fortalecer o Papel do Conselho Municipal enquanto órgão interlocutor entre a
Sociedade e o Poder Público;
• Formular, implantar, supervisionar e avaliar a Política do Idoso;
• Incentivar e apoiar ações concretas em favor dos idosos, visando assegurar
sua continuidade.
4.4 ETAPAS PARA CRIAÇÃO DO CONSELHO MUNICIPAL
Realizar um fórum de debates para tratar do Idoso no Município e se
possíveis elaborarem um anteprojeto de criação do Conselho Municipal. No
caso de não ser possível, que o fórum nomeie uma comissão com essa
finalidade. As lideranças, as entidades asilares, clube de serviços, prefeitos,
vereadores, podem tomar a iniciativa desse fórum;
Levar o anteprojeto a consideração do Prefeito para que o transforme em
mensagem para a Câmara;
• A Câmara discute o projeto e o transforma em lei;
• O Prefeito promulga a Lei;
• Nomeação, posse e reunião do primeiro Conselho;
a) As entidades asilares, os grupos da terceira idade, clubes de serviço e etc.,
mencionados na lei, devem apresentar seu representante e ao mesmo tempo o
prefeito indica os representantes do Poder Publico;
33
b) O prefeito designa os conselheiros, dando-lhes posse;
c) Na reunião seguinte os titulares poderão ser candidatos a diretores, para
isso devem apresentar seus planos de trabalho e em seguida será feita a
eleição.
4.5 PAPEL DO CONSELHEIRO
Representantes da sociedade civil
• Conhecer a Política Municipal do Idoso em todas as áreas com as quais o
Idoso está envolvido;
• Conhecer o papel do Conselheiro representante do Poder Público;
• Fazer o levantamento da realidade do Idoso no Município;
• Manter contato com Entidades, Sociedade de Amigos do Bairro, Asilos e
pessoas dedicadas aos idosos;
• Promover e participar de atividades e iniciativa de interesse do Idoso;
• Apresentar relatórios escritos e, oralmente, nas reuniões sobre as atividades
realizadas;
• A principal tarefa do Conselheiro representante da Sociedade Civil e
representar o cidadão idoso, muitas vezes excluído e impossibilitado de
exercer sua cidadania;
• Levar ao conhecimento do idoso do Município propostas e soluções legais de
interesse comum;
• Apresentar ao Conselho Municipal do Idoso as propostas e os projetos de
interesse Municipal, Regional e Estadual para a devida apreciação;
• Participar das decisões tomadas pelo Conselho Municipal do Idoso, tendo em
vista o interesse do idoso em nível municipal;
• Participar dos grupos de trabalho e de comissões instituídas pelo Conselho
Municipal do Idoso.
4.6 REPRESENTANTE DO PODER PÚBLICO
• Conhecer profundamente o que diz a lei sobre o idoso na área representada;
• Procurar conhecer os projetos, as ações concretas previstas no orçamento da
Secretaria representada;
34
• Levar ao conhecimento e a consideração do secretário municipal, as
propostas do Conselho Municipal do Idoso e acompanhar junto à Secretaria, o
andamento dos processos;
• Relatar as atividades desenvolvidas em reunião do Conselho Municipal do
Idoso;
• Todo mês, atualizar-se sobre o realizado pela Secretaria quanto a Política
Municipal do Idoso e os projetos concretos municipais e estaduais;
• Acompanhar, dentro do possível, os projetos enviados pelo Conselho
Municipal do Idoso a Secretaria;
• Manter informado o suplente;
• Apresentar ao Conselho Municipal do Idoso propostas que julgar
interessantes para a Política Municipal do Idoso;
• Conhecer o papel do Conselheiro da Sociedade Civil no Conselho Municipal
do Idoso;
• Participar dos grupos de trabalho e de comissões instituídas pelo Conselho
Municipal do Idoso;
• Representar o Conselho Municipal do Idoso quando este for convidado para
atos oficiais e solenes de interesse do Idoso, desde que designado pelo
Presidente.
4.7 MINUTA DE REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO MUNICIPAL DOIDOSO
O Conselho Municipal do Idoso (CMI), por deliberação de seus membros,
formula o seu regimento interno, na forma do dispositivo da Lei Municipal
nº_consoante as seguintes disposições:
Capitulo I
DA NATUREZA
Art.1º- O presente regimento define, explicita e regulamenta as atividades,
atribuições e funcionamento do Conselho Municipal do Idoso.
Art.2º- O Conselho Municipal do Idoso é órgão interlocutor de caráter
deliberativo e permanente, com representação paritária incumbido de
35
estabelecer as diretrizes e metas da política municipal do idoso.
Capítulo II
DAS FINALIDADES
Art. 3º- O Objetivo do Conselho Municipal do Idoso:
I- Propor a política municipal do idoso, que vise o exercício da cidadania, a
proteção, assistência e a defesa dos direitos dos idosos; II- Articular e apoiar
projetos e atividades que levem o idoso a participar da solução dos seus
problemas;
III- Opinar, quando solicitado, sobre os critérios de atendimento e os recursos
financeiros destinados pelo município às instituições que prestam serviços a
terceira idade e aos idosos;
IV- Organizar campanhas ou programas educativos, para a sociedade em
geral, com vistas à valorização dos idosos e a velhice saudável; V- Estimular a
criação e a mobilização de organizações e comunidades interessadas na
problemática do idoso;
VI- Promover o desenvolvimento de projetos que obtiveram participação dos
idosos nos diversos setores da atividade social;
VII- Incorporar preocupações manifestadas pela sociedade e opinar sobre
denúncias, que sejam encaminhadas;
VIII- Promover o atendimento domiciliar e asilar, quando necessário.
Capítulo III
4.8 COMPOSICÃO
Art. 4º- O Conselho Municipal do Idoso será composto de______ membros dos quais ____________ escolhidos pelas entidades não governamentais, ligadas à área do idoso e_________ indicados pelo poder público, através de suas secretarias; todos nomeados pelo prefeito.
I - O presidente do Conselho Municipal do Idoso bem como os demais membros da diretoria, serão eleitos pelo colegiado;
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II - O presidente será escolhido entre os Conselheiros da Sociedade Civil.
Art. 5º- No caso de impedimento, licença, afastamento temporário ou definitivo de um de seus membros, o presidente convocará o suplente.
Art. 6º- O conselheiro que faltar sucessivamente e sem justificativa a três reuniões consecutivas ou cinco vezes não consecutivas, perderá o mandato; salvo quando estiver presente o suplente.
Art.7º- O conselho Municipal do Idoso terá Colegiado pleno e diretoria executiva.
Art.8º- O colegiado pleno do Conselho Municipal do Idoso é órgão consultivo e deliberativo nas decisões tomadas em reuniões ordinária e extraordinária pelo seus membros, quite com suas obrigações.
Art.9º- O conselho Municipal do Idoso contará com equipes técnicas de trabalhos, nomeados pelo próprio conselho.
Art.10º- A diretoria executiva coordenará e executará as decisões do conselho. Será composta pela Diretoria do Conselho.
Capitulo IV
DAS ATRIBUIÇÕES
Art. 11- Compete ao presidente:
I- Convocar e presidir as reuniões ordinárias e extraordinárias do conselho e da diretoria executiva;
II- Submeter a apreciação, discussão e deliberação os assuntos da pauta;
II- Assinar o expediente do Conselho;
IV- Encaminhar para a execução as decisões do conselho;
V-Representar o Conselho Municipal do Idoso toda vez que o cargo o exigir; VI- Garantir as dinâmicas das reuniões;
VII- Exercer o voto de qualidade, sempre que houver empate;VII- Solicitar recursos financeiros e humanos junto ao poder público, para a realização das atividades do conselho.
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Assinar cheques bancários e demais documentos que impliquem em responsabilidade financeira para o Conselho juntamente com quem de direito.
ART.12 Compete ao secretário:
I- Elaborar a pauta da reunião de acordo com o presidente, enviando-as com antecedência de 8 (oito) dias aos conselheiros;II- Lavrar e subscrever, juntamente com os demais membros as atas das reuniões;
III- Preparar, expedir, receber e arquivar a correspondência do Conselho;
IV- Organizar, escriturar e manter sob guarda no arquivo os livros do Conselho;
V- Assessorar sempre que for necessário o Presidente do Conselho Municipal do Idoso;
Parágrafo único- Na falta dele será substituído pelo 2º secretário.
Art. 13- O expediente do Conselho Municipal do Idoso compreende:
I- Organização do cadastro dos Idosos;
II- Responsabilizar-se pelo expediente;
III- Atender aos pedidos do Conselho, sobretudo colaborando com a execução das decisões;
IV- Colaborar com as equipes técnicas e os grupos de trabalho.
Capítulo V
4.10 DAS REUNIÕES
Art. 14- O Conselho Municipal do Idoso se reunirá ordinariamente, sempre que convocado pelo presidente ou por um terço do colegiado.
Art. 15- As reuniões só poderão ser realizadas com a presença, no mínimo de um terço dos conselheiros.
Art. 16- Cada reunião será de acordo com a pauta.Art. 17- As matérias voltadas serão transformadas em resoluções e levarão sempre o aval do presidente.
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Art. 18- Os projetos ligados às secretarias do município para serem incluídos na previsão orçamentária, devem estar prontos para a aprovação do Conselho Municipal do Idoso no 1º semestre do ano corrente.
Capítulo VI
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 19- O presente regimento interno poderá ser alterado somente através de proposta escrita de um terço dos membros e com antecedência de quinze dias, colocado em votação; a proposta será aprovada pelo mínimo de dois terços do colegiado.
Art. 20- Os casos omissos neste, serão resolvidos em reunião ordinária ou extraordinária pela maioria absoluta dos conselheiros.
Art. 21- Este regimento interno aprovado pelo colegiado entra em vigor mediante decreto do Prefeito Municipal.
5. ETAPAS PARA ELABORAÇÃO DE MINUTA DA POLITICA MUNICIPALDO IDOSO
• O Conselho Municipal do Idoso elabora minuta do projeto de lei, sobre aPolítica Municipal do Idoso, a qual poderá ser discutida num Fórum especialmente para essa finalidade;
• O Conselho Municipal do Idoso leva o Anteprojeto a consideração do Prefeito que o transformará em mensagem para a Câmara Municipal;
• A Câmara Municipal discute o projeto e faz a Lei;
• A lei será regulamentada totalmente ou em partes, pelo Prefeito através deDecreto.
DECRETO Nº 5.109, DE 17 DE JUNHO DE 2004
Dispõe sobre a composição, estruturação, competências e funcionamento do
Conselho Nacional dos Direitos do Idoso - CNDI, e dá outras providências. O
PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso das atribuições que lhe confere o art.
84, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto
39
na Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, e nos arts. 24 e 50 da Lei nº 10.683,
de 28 de maio de 2003,
D E C R E T A:
5.1 CAPÍTULO I
Da Finalidade e da Competência
Art. 1º O Conselho Nacional dos Direitos do Idoso CNDI, órgão colegiado de
caráter deliberativo, integrante da estrutura básica da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República, tem por finalidade elaborar as
diretrizes para a formulação e implementação da política nacional do idoso,
observadas as linhas de ação e as diretrizes conforme dispõe a Lei nº
10.741,de 1º de outubro de 2003 - Estatuto do Idoso, bem como acompanhar e
avaliar a sua execução.
Art. 2º Ao CNDI compete:
I - elaborar as diretrizes, instrumentos, normas e prioridades da política
nacional do idoso, bem como controlar e fiscalizar as ações de execução; II -
zelar pela aplicação da política nacional de atendimento ao idoso; III - dar apoio
aos Conselhos Estaduais, do Distrito Federal e Municipais dos Direitos do
Idoso, aos órgãos estaduais, municipais e entidades não-governamentais, para
tornar efetivos os princípios, as diretrizes e os direitos estabelecidos pelo
Estatuto do Idoso;
IV - avaliar a política desenvolvida nas esferas estadual, distrital e municipal e a
atuação dos conselhos do idoso instituídos nessas áreas de governo; V -
acompanhar o reordenamento institucional, propondo, sempre que necessário,
as modificações nas estruturas públicas e privadas destinadas ao atendimento
do idoso;
VI - apoiar a promoção de campanhas educativas sobre os direitos do idoso,
com a indicação das medidas a serem adotadas nos casos de atentados ou
violação desses direitos;
40
VII - acompanhar a elaboração e a execução da proposta orçamentária da
União, indicando modificações necessárias à consecução da política formulada
para a promoção dos direitos do idoso; e
VIII - elaborar o regimento interno, que será aprovado pelo voto de, no mínimo,
dois terços de seus membros, nele definindo a forma de indicação do seu
Presidente e Vice-Presidente.
Parágrafo único. Ao CNDI compete, ainda:
I - acompanhar e avaliar a expedição de orientações e recomendações sobre a
aplicação da Lei nº 10.741, de2003, e dos demais atos normativos
relacionados ao atendimento do idoso;
II - promover a cooperação entre os governos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios e a sociedade civil organizada na formulação
e execução da política nacional de atendimento dos direitos do idoso; III -
promover, em parceria com organismos governamentais e não-
governamentais, nacionais e internacionais, a identificação de sistemas de
indicadores, no sentido de estabelecer metas e procedimentos com base
nesses índices, para monitorar a aplicação das atividades relacionadas com o
atendimento ao idoso;
IV - promover a realização de estudos, debates e pesquisas sobre a aplicação
e os resultados estratégicos alcançados pelos programas e projetos de
atendimento ao idoso, desenvolvidos pela Secretaria Especial dos Direitos
Humanos da Presidência da República; e
V - estimular a ampliação e o aperfeiçoamento dos mecanismos de
participação e controle social, por intermédio de rede nacional de órgãos
colegiados estaduais, regionais, territoriais e municipais, visando fortalecer o
atendimento dos direitos do idoso.
5.2 CAPÍTULO II
5.2.1 Da Composição e do Funcionamento
Art. 3º O CNDI tem a seguinte composição, guardada a paridade entre os
membros do Poder Executivo e da sociedade civil organizada:
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I - Um representante da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
residência da República e de cada Ministério a seguir indicado:
a) das Relações Exteriores;
b) do Trabalho e Emprego;
c) da Educação;
d) da Saúde;
e) da Cultura;
f) do Esporte;
g) da Justiça;
h) da Previdência Social;
i) da Ciência e Tecnologia;
j) do Turismo;
l) do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
m) do Planejamento, Orçamento e Gestão; e
n) das Cidades;
II - quatorze representantes de entidades da sociedade civil organizada, sem
fins lucrativos, com atuação no campo da promoção e defesa dos direitos da
pessoa idosa, que tenham filiadas organizadas em, pelo menos, cinco
unidades da Federação, distribuídas em três regiões do País.
§ 1º Os representantes de que trata o inciso I, e seus respectivos suplentes,
serão indicados pelos titulares dos órgãos representados.
§ 2º Os representantes de que trata o inciso II, e seus respectivos suplentes,
serão indicados pelos titulares das entidades representadas.
§ 3º Os representantes de que tratam os incisos I e II, e us respectivos
suplentes, serão designados pelo Secretário Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República.
§ 4º As deliberações do CNDI, inclusive seu regimento interno, serão
aprovadas mediante resoluções.
§ 5º Poderão, ainda, ser convidados a participar das reuniões do CNDI
personalidades e representantes de entidades e órgãos públicos e privados,
dos Poderes Legislativo e Judiciário, bem como outros técnicos, sempre que da
pauta constar tema de suas áreas de atuação.
42
Art. 4º Os membros de que trata o inciso II do art. 3º deste Decreto serão
representados por entidades eleitas em assembleia específica, convocada
especialmente para esta finalidade.
§ 1º A eleição será convocada pelo CNDI, por meio de edital, publicado no
Diário Oficial da União, sessenta dias antes do término do mandato dos seus
representantes.
§ 2º O regimento interno do CNDI disciplinará as normas e os procedimentos
relativos à eleição das entidades da sociedade civil organizada que comporão
sua estrutura.
§ 3º As entidades eleitas e os representantes indicados terão mandatos de dois
anos, podendo ser reconduzidos, por meio de novo processo eleitoral. § 4º O
Ministério Público Federal poderá acompanhar o processo de escolha dos
membros representantes das entidades da sociedade civil organizada. Art. 5º O
CNDI poderá instituir comissões permanentes e grupos temáticos, de caráter
temporário, destinados ao estudo e elaboração de propostas sobre temas
específicos, a serem submetidas ao plenário, cuja competência e
funcionamento serão definidos no ato de sua criação.
Art. 6º A estrutura de funcionamento do CNDI compõe se de:- Plenário;
II - Secretaria; e
III - comissões permanentes e grupos temáticos.
5.3 CAPÍTULO III
5.3.1 Das Atribuições do Presidente
Art. 7º São atribuições do Presidente do CNDI: I
- convocar e presidir as reuniões do colegiado;
II - solicitar a elaboração de estudos, informações e posicionamento sobre
temas de relevante interesse público;
III - firmar as atas das reuniões e homologar as resoluções; e IV - constituir,
convocar reuniões e organizar o funcionamento das comissões permanentes e
dos grupos temáticos.
5.4 CAPÍTULO IV
5.4.1 Das Disposições Gerais
43
Art. 8º Caberá à Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da
República prover o apoio administrativo e os meios necessários à execução
dos trabalhos do CNDI, das comissões permanentes e dos grupos temáticos.
Art. 9º As despesas com os deslocamentos dos membros integrantes do CNDI,
das comissões permanentes e dos grupos temáticos poderão correr à conta de
dotações orçamentárias da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República.
Art. 10. Para cumprimento de suas funções, o CNDI contará com recursos
orçamentários e financeiros consignados no orçamento da Secretaria Especial
dos Direitos Humanos da Presidência da República.
Art. 11. A participação no CNDI, nas comissões permanentes e nos grupos
temáticos será considerada função relevante, não remunerada. Art.12. O CNDI
reunir-se-á bimestralmente em caráter ordinário e extraordinariamente por
convocação do seu presidente ou por requerimento da maioria de seus
membros.
Art. 13. Os representantes a que se referem os incisos I e II do art. 3 o deste
Decreto, acrescidos na composição do CNDI, serão designados para o
exercício da função até 3 de setembro de 2004, data em que encerrará o
mandato de todos os seus membros.
Art. 14. As dúvidas e os casos omissos neste Decreto serão resolvidos pelo
Presidente do CNDI, ad referendum do Colegiado.
Art. 15. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Art. 16. Ficam
revogados os Decretos n o s 4.227, de 13 de maio de 2002, e 4.287, de 27 de
junho de 2002.
Brasília, 17 de junho de 2004; 183º da Independência e 116º da República.
6. DECRETO Nº 5.130, DE 7 DE JULHO DE 2004
Regulamenta o art. 40 da Lei nº 10.741, de 1 o de outubro de 2003 (Estatuto do
Idoso), e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso das atribuições que lhe confere o
art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto
44
na alínea “e” do inciso XII do art. 21 da Constituição, e no art.
40 da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003,
D E C R E T A:
Art.1º Ficam definidos os mecanismos e os critérios para o exercício do direito
previsto no art. 40 da Lei n o 10.741, de 1 o de outubro de 2003, no sistema de
transporte coletivo interestadual, nos modais rodoviário, ferroviário e
aquaviário.
Art. 2º Para fins deste Decreto, considera-se:
I - idoso: pessoa com idade igual ou superior a sessenta anos; II - serviço de
transporte interestadual de passageiros: o que transpõe o limite do Estado, do
Distrito Federal ou de Território;
III-seção: serviço realizado em trecho do itinerário do serviço de transporte,
com fracionamento de preço; e
IV - bilhete de viagem do idoso: documento que comprove a concessão do
transporte gratuito ao idoso, fornecido pela empresa prestadora do serviço de
transporte, para possibilitar o ingresso do idoso no veículo.
Art. 3º Ao idoso com renda igual ou inferior a dois salários-mínimos serão
reservadas duas vagas gratuitas em cada veículo, comboio ferroviário ou
embarcação do serviço convencional de transporte interestadual de
passageiros.
§ 1º Incluem-se na condição de serviço convencional:
I - os serviços de transporte rodoviário interestadual convencional de
passageiros, prestado com veículo de características básicas, com ou sem
sanitários, em linhas regulares;
II - os serviços de transporte ferroviário interestadual
de passageiros, em linhas regulares; e
III - os serviços de transporte aquaviário interestadual, abertos ao público,
realizados nos rios, lagos, lagoas e baías, que operam linhas regulares,
inclusive travessias.
§ 2º O beneficiário previsto no caput deste artigo deverá solicitar um único
“Bilhete de Viagem do Idoso”, devendo dirigir-se aos pontos de venda da
45
transportadora, com antecedência de, pelo menos, três horas em relação ao
horário departida do ponto inicial do serviço de transporte, podendo incluir no
referido bilhete a viagem de retorno, respeitado os procedimentos da venda de
bilhete de passagem, no que couber.
§ 3º Na existência de seções, nos pontos de seção devidamente autorizados
para embarque de passageiros, a reserva de assentos também deverá estar
disponível até a mesma hora prevista no § 2º.
§ 4º Após o prazo estipulado no § 2º, caso os assentos reservados não tenham
sido objeto de concessão do benefício de que trata este Decreto, as empresas
prestadoras dos serviços poderão colocar à venda os bilhetes desses
assentos.
§ 5º No dia marcado para a viagem, o beneficiário deverá comparecer no
guichê da empresa prestadora do serviço, no terminal de embarque, até trinta
minutos antes da hora marcada para o início da viagem, sob pena de perda. do
benefício.
§ 6º O “Bilhete de Viagem do Idoso” e o bilhete com desconto do valor da
passagem são intransferíveis.
Art. 4º Além das vagas previstas no art. 3º, o idoso com renda igual ou inferior
a dois salários-mínimos terá direito ao desconto mínimo de cinquenta por cento
do valor da passagem para os demais assentos do veículo, comboio ferroviário
ou embarcação do serviço convencional de transporte interestadual de
passageiros.
§ 1º O desconto previsto no caput deste artigo estará disponível até três horas
antes do início da viagem.
§ 2º Quando a empresa prestadora do serviço efetuar a venda do bilhete de
passagem com o desconto previsto no caput deste artigo, deverá nele constar
essa situação, mediante acréscimo das seguintes informações: I - desconto
para idoso;
II - nome do beneficiário.
Art. 5º O “Bilhete de Viagem do Idoso” será emitido pela empresa prestadora
do serviço, em pelo menos duas vias, sendo que uma via será destinada ao
passageiro e não poderá ser recolhida pela transportadora, e nela constarão,
no mínimo, as seguintes indicações:
46
I - nome, endereço da empresa prestadora do serviço, número de inscrição no
CNPJ e data da emissão da autorização;
II - denominação “Bilhete de Viagem do Idoso”;
III - número da autorização e da via
IV - origem e destino da viagem;
V - prefixo da linha e suas localidades
terminais; VI - data e horário da viagem;
VII - número da poltrona; VIII
- nome do beneficiário; e
IX - número do documento de identificação do beneficiário.
Art. 6º No ato da solicitação do “Bilhete de Viagem do Idoso” ou desconto do
valor da passagem, o interessado deverá apresentar documento pessoal que
faça prova de sua idade e da renda igual ou inferior a dois salários-mínimos. §
1º A prova de idade do beneficiário idoso far-se-á mediante apresentação de
qualquer documento pessoal, com fé pública, que a comprove. § 2º A
comprovação de renda será feita mediante a apresentação de um dos
seguintes documentos:
I- Carteira de Trabalho e Previdência Social com anotações atualizadas; II -
contracheque de pagamento ou documento expedido pelo empregador; III -
carnê de contribuição para o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS; IV -
extrato de pagamento de benefício ou declaração fornecida pelo INSS ou outro
regime de previdência social público ou privado; e
V - documento ou carteira emitida pelas Secretarias Estaduais ou Municipais
de Assistência Social ou congêneres.
Art. 7º A segunda via do “Bilhete de Viagem do Idoso” deverá ser arquivada,
permanecendo a mesma em poder da empresa prestadora do serviço nos
trezentos e sessenta e cinco dias subseqüentes ao término da viagem.
Parágrafo único. As empresas prestadoras dos serviços de transporte deverão
mensalmente informar as Agências Nacionais de Regulação dos Transportes
Terrestre e Aquaviário, de acordo com as respectivas esferas de atuação
dessas Agências, a movimentação de usuários titulares do benefício, por linha
e por situação.
Art. 8º Os beneficiários de que trata este Decreto estão sujeitos aos
procedimentos de identificação de passageiros ao apresentarem-se para
47
embarque, de acordo com o estabelecido pelas Agências Nacionais de
Regulação dos Transportes Terrestre e Aquaviário, em suas respectivas
esferas de atuação.
Art. 9º O descumprimento ao disposto neste Decreto sujeitará o infrator a
sanção de multa, sem prejuízo das demais sanções regulamentares e
contratuais, e das de natureza civil e penal.
Parágrafo único. O valor da multa será fixado em regulamento aprovado pela
Diretoria das Agências Nacionais de Regulação dos Transportes Terrestre e
Aquaviário, em suas respectivas esferas de atuação. Art. 10. Este Decreto
entra em vigor na data da sua publicação, produzindo efeitos a partir de 1 o de
agosto de 2004.
7. PLANO DE AÇÃO PARA O ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRAA PESSOA IDOSA
O Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência Contra a Pessoa
Idosa é resultado do esforço conjunto do governo federal, Conselho Nacional
dos Direitos dos Idosos (CNDI) e dos movimentos sociais. Pretende
estabelecer as estratégias sistêmicas de ação, revelando, assim, sua
importância, tendo em vista o resultado do planejamento, organização,
coordenação, controle, acompanhamento e avaliação de todas as etapas da
execução das ações de prevenção e enfrentamento da violência contra a
pessoa idosa.
O plano constitui-se como um instrumento que reforça os objetivos de
implementar a Política de Promoção e Defesa dos Direitos aos segmentos da
população idosa do Brasil, dentro de um enfoque do respeito, de tolerância e
da convivência intergeracional. Busca-se, assim, instituir e efetivar, em todos
os níveis, mecanismos e instrumentos institucionais que viabilize o
entendimento, o conhecimento e o cumprimento de política de garantia dos
direitos.
No cumprimento do papel que lhe cabe como gestor federal da Política
48
Nacional dos Direitos Humanos, a Subsecretaria de Direitos Humanos
(SDH/SG/PR) está empenhada em apoiar mudanças capazes de promover o
efetivo respeito dos direitos fundamentais por meio de ações conjuntas do
governo e da sociedade.
Este plano comprova a eficácia de uma profícua parceria entre governo e
sociedade, porquanto expõe um diagnóstico e aponta com simplicidade o que
deve ser efetivado como estratégia de prevenção e enfrentamento à violência
contra a pessoa idosa, devendo ser destacada a necessidade de construção de
uma rede de proteção a esse segmento populacional.
8. ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA:QUESTÃO DE DIREITOS HUMANOS
Passados 20 anos da realização da I Assembléia Mundial do
Envelhecimento, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou, de 08 a 12
de abril de 2002, em Madri, a II Assembléia Mundial do Envelhecimento, na
qual foi aprovado o Plano Internacional sobre o Envelhecimento 2002. Tanto no
primeiro como no segundo evento foi destacada como prioritária a aplicação da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, assim como a necessidade de
inclusão do idoso na vida social, cultural, econômica e política das sociedades.
Políticas de inclusão para as pessoas idosas torna-se urgente não somente no
Brasil, como também nos demais países do mundo, ante o acelerado processo
de envelhecimento da população, bem como diante de um cada vez maior
índice de expectativa de vida em um mundo perplexo diante dos desafios do
processo de globalização.
No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), do ano de 2003, há, hoje, aproximadamente, 16,4 milhões
de idosos, definidos como população de 60 anos e mais de idade. Esse
número de idosos já corresponde a mais de 9,6% da população brasileira. Esse
dado é altamente relevante porquanto a mudança na distribuição etária de um
país altera o perfil das políticas sociais, exigindo estratégias e implementação
de benefícios, serviços, programas e projetos relacionados à promoção dos
direitos humanos dos idosos, notadamente quando se tem em
49
vista que significativa parcela desse segmento encontra-se em situação de
abandono ou sendo vítima de maus-tratos praticados na maioria das vezes
pelos seus próprios familiares. As vítimas preferenciais são as mulheres idosas
em razão da histórica marginalização a qual este gênero está submetido.
Quando vítimas de maus-tratos praticados pelos familiares, os idosos, e
mais especialmente as idosas, em virtude de sua fragilidade física e emocional,
temem denunciar os seus agressores por medo de sofrer represálias e também
em virtude de, muitas vezes, alimentarem sentimento de afeto em relação aos
seus algozes.
Diante desse quadro, a ausência de políticas sociais direcionadas aos
idosos em situação de risco traduz-se na própria negação dos direitos
fundamentais da pessoa humana, os quais a República Federativa do Brasil
possui obrigação constitucional e moral de proteção, tanto mais quando se tem
em vista os tratados internacionais dos quais é signatária.
Para evitar que as várias formas de violência contra as pessoas idosas
seja banalizada na sociedade, torna-se essencial desencadear um processo
sólido de informações sobre os direitos desse segmento, bem como o
desenvolvimento de ações simples e consistentes, comprometendo, dessa
forma, efetivamente, as comunidades e o Estado a prevenirem e enfrentarem
todo e qualquer tipo de violência praticada contra as pessoas de idade
avançada.
Para que esse processo de informação e de ações dissemine-se pela
sociedade, torna-se necessário explicar às comunidades e os agentes públicos
o papel das instituições que possuem a responsabilidade de proteger as
pessoas idosas e estimular as autoridades responsáveis por essas instituições
a agir adequadamente, de maneira que os cidadãos não tenham medo de
denunciar qualquer situação de violência ou maus-tratos
praticados contra o idoso.
8.1 OBJETIVO DO PLANO
Promover ações que levem ao cumprimento do Estatuto do Idoso (lei nº.
10.741, de 1o de outubro de 2003), que tratem do enfrentamento da exclusão
social e de todas as formas de violência contra esse grupo social.
50
O plano está concebido para ser executado em dois anos, durante os quais seu
monitoramento deverá permitir correção de rumos e sua ampliação por um
período subseqüente.
8.2 Definição de Conceitos
Por pessoa idosa entende-se o indivíduo com 60 anos ou mais,
seguindo-se parâmetros demográficos nacionais e internacionais. O fenômeno
do envelhecimento no Brasil encontra -se em processo de expansão.
A esperança de vida ao nascer mais que dobrou do início do século XX,
quando era de 33 anos de idade, para o início do século XXI, quando já passa
dos 72 anos. De 199 1 a 2000, a população brasileira com mais de 60 anos
aumentou duas vezes e meia (35%) a mais do que a população mais jovem,
que cresceu 14%.
A Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE (2003) assinala que havia
16.022.231 pessoas com 60 anos ou mais no país em 2002, representando
9,3% do total dos habitantes.
A cada ano, mais de 600 mil pessoas ingressam nesse grupo etário, o
que evidencia o dinamismo do envelhecimento no país. No ano 2020 espera-se
que o número de pessoas acima de 60 anos atinja 25 milhões e represente
11,4% do total dos brasileiros.
O fenômeno do envelhecimento no Brasil veio para ficar, configurando, ao
mesmo tempo, uma conquista da qualidade de vida no país e um desafio que
precisa ser enfrentado pelas famílias, pela sociedade e pelo Estado.
O objeto de atenção deste plano é o enfrentamento do processo de
exclusão social e o fenômeno de violência social termos que neste documento
serão usados como processos de não reconhecimento do idoso como sujeito
de direitos e as diferentes formas físicas, psicológicas, simbólicas e
institucionais de uso de coerção, da força e da produção de danos contra a
pessoa idosa.
Violência, maus-tratos, abusos contra os idosos são noções que dizem
respeito a processos e a relações sociais interpessoais, de grupos, de classes,
de gênero, ou ainda institucionais, que causem danos físicos, mentais e morais
51
à pessoa. Segundo a Rede Internacional para a Prevenção dos Maus-Tratos
contra o Idoso:
O mau-trato ao idoso é um ato (único ou repetido) ou omissão que lhe
cause dano ou aflição e que se produz em qualquer relação na qual exista
expectativa de confiança.
A partir da literatura nacional e internacional sabe-se que a violência
contra a população idosa é problema universal. Estudos de diferentes culturas
e de cunho comparativo entre países têm demonstrado que indivíduos de todos
os status socioeconômicos, etnias e religiões são vulneráveis aos maus-tratos,
que ocorrem de várias formas: física, sexual, emocional e financeira.
Freqüentemente, uma pessoa de idade sofre, ao mesmo tempo, vários
tipos de maus-tratos evidenciados por estudos analíticos de arquivos de
emergências hospitalares e de institutos médico-legais.
Assim como em muitos países do mundo, no caso brasileiro, as
violências contra a geração idosa manifestam-se em maneiras de tratá-la e
representá-la, cujo sentido pode-se resumir nos termos descartável e peso
social. Esses estigmas e formas de discriminação têm vários focos de
produção e de reprodução: (a) sua expressão estrutural, que ocorre pela
desigualdade social, naturalizada nas manifestações de pobreza, de miséria e
de discriminação; (b) sua expressão interpessoal, que se manifesta nas formas
de comunicação e de interação cotidiana; e (c) suas expressões institucionais,
evidenciadas na aplicação ou omissão na gestão das políticas sociais pelo
Estado e pelas instituições de assistência, reproduzindo relações assimétricas
de poder, de domínio, de menosprezo e de discriminação e de negligências.
Se, de um lado, existe a pessoa idosa em situação de
risco sujeita a várias formas de violência, por outro lado,
pode existir, também, pessoa idosa agindo de forma violenta em relação ao
seu contexto social. No entanto, a fragilidade própria da idade e do lugar social
que ocupam, torna-os, sobretudo, muito mais vítimas que agressores. Nacional
e internacionalmente há algumas categorias e tipologias padronizadas para
designar as formas mais freqüentes de violências praticadas contra a
população idosa:
52
Abuso físico, maus-tratos físicos ou violência física dizem respeito ao
uso da força física para compelir os idosos a fazerem o que não desejam, para
feri-los, provocar-lhes dor, incapacidade ou morte.
Abuso psicológico, violência psicológica ou maus tratos psicológicos
correspondem a agressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar os
idosos, humilhá-los, restringir sua liberdade ou isolá-los do convívio social.
Abuso sexual, violência sexual referem-se ao ato ou ao jogo sexual de caráter
homo ou hetero-relacional, utilizando pessoas idosas. Esses agravos visam a
obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento,
violência física ou ameaças.
Abandono é uma forma de violência que se manifesta pela ausência ou
deserção dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de
prestarem socorro a uma pessoa idosa que necessite de proteção. A
classificação e a conceituação aqui descritas estão oficializadas no documento
denominado Política Nacional de Redução de Acidentes e Violências, aprovado
como portaria do Ministério da Saúde, no dia 16 de maio de 2001.
Negligência refere-se à recusa ou à omissão de cuidados devidos e
necessários aos idosos, por parte dos responsáveis familiares ou institucionais.
A negligência é uma das formas de violência contra os idosos mais presente no
país. Ela se manifesta, freqüentemente, associada a outros abusos que geram
lesões e traumas físicos, emocionais e sociais, em particular, para as que se
encontram em situação de múltipla dependência ou incapacidade. Abuso
financeiro e econômico consiste na exploração imprópria ou ilegal dos idosos
ou ao uso não consentido por eles de seus recursos financeiros e patrimoniais.
Esse tipo de violência ocorre, sobretudo, no âmbito familiar.
Auto negligência diz respeito à conduta da pessoa idosa que ameaça sua
própria saúde ou segurança, pela recusa de prover cuidados necessários a si
mesma.
8.3 Diagnóstico Situacional
A violência contra idosos é um fenômeno de notificação recente no
mundo e no Brasil. Pela primeira vez, em 1975, os abusos de idosos foram
descritos em revistas científicas britânicas como espancamento de avós
53
(Baker, 1975). No Brasil, a questão começou a ganhar a partir de 1990, bem
depois que a preocupação com a qualidade de vida dos idosos entrou na
agenda da saúde pública brasileira. Por isso, ainda que as informações
quantitativas e circunstanciadas avolumem-se a partir de agora, por causa da
obrigatoriedade da notificação de maus-tratos prevista a partir do Estatuto do
Idoso, recentemente aprovado, o que se poderá comprovar é que a magnitude
de tal fenômeno é muito mais extensa do que se poderia prever. E se
crescerem muito os dados estatísticos, ainda assim, a sociedade terá que se
perguntar se aumentou a violência ou se melhorou o processo de notificação.
Dados sobre mortalidade de 2002 e de morbidade de 2004, a respeito
das violências e acidentes referentes à população idosa brasileira, originados
do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, e do
Sistema de Informações Hospitalares (SIH-SUS),contidos no documento
Autorização de Internação Hospitalar, registra a situação em que a pessoa se
internou em um hospital do SUS e o tratamento oferecido para seus agravos.
As informações são olhadas de várias formas. Por taxas: calculam-se quantas
pessoas morreram por 100.000 nos mesmos grupos de idade, por determinada
causa. Em proporção: as proporções são olhadas no total da mortalidade dos
idosos (por exemplo, em relação aos óbitos por doenças cardiovasculares, por
câncer, por doenças respiratórias) e entre cada uma das causas específicas,
por exemplo, os acidentes de trânsito, as quedas, os homicídios, os suicídios e
ou mortes naturais.
8.4 Diretrizes de Ação
Este plano assinala algumas diretrizes fundamentais para a implementação das
ações propostas:
1. O foco central da atuação deve ser a plena aplicação do Estatuto do Idoso
em que a legislação consagra reconhecimento dos seus direitos e do seu lugar
muito especial desses cidadãos na sociedade brasileira;
2. O princípio básico de todas as ações do plano deve ser a garantia da
presença e do protagonismo do idoso como proponente, participante,
monitorador e avaliador das diversas instâncias;
54
3. As ações do plano devem ser realizadas dentro de um processo de
descentralização e pacto federativo e de intersetorialidade; 4. O plano de ação
deve ser acompanhado e avaliado desde o início de sua implantação, para que
o seu monitoramento garanta a factibilidade das propostas, correção de rumos
e sua continuidade.
8.5 Propostas de Ação
Este plano de ação adota algumas prioridades e é datado para dois anos,
etapa durante a qual o seu monitoramento indicará os passos subseqüentes a
serem trilhados.
Fundamentadas no diagnóstico situacional, as prioridades de ação estão
descritas por quatro categorias de espaço socioambiental e cultural:
1. Espaço cultural coletivo;
2. Espaço público;
3. Espaço familiar;
4. Espaço institucional.
5. Espaço Cultural Coletivo
O Estatuto do Idoso, que prevê um país generoso com os seus velhos,
tem problemas com a prática. Elas são de várias ordens. A primeira e essencial
é a consciência de que o envelhecimento é um fenômeno que veio para ficar e
que, nos próximos 50 anos, tenderá a se acelerar no Brasil. Portanto, é preciso
considerar a importância da contribuição do idoso em todas as esferas públicas
e privadas, assim como políticas específicas voltadas a seu bem-estar,
qualidade de vida, proteção e cuidados. Essa consciência precisa crescer em
toda a sociedade, modificando hábitos, usos e costumes, remetendo a
mudanças culturais que necessitam da intervenção política e gerencial do
Estado, da sociedade e dos próprios idosos para que se acelerem.
8.6 Ações Estratégicas
Mobilização da mídia em âmbito nacional, estadual e local, tendo como tema o
envelhecimento e o Estatuto do Idoso;
55
Estabelecimento de parceria com a mídia para divulgação das políticas, planos
de ação, seminários e outras iniciativas voltadas à garantia dos direitos dos
idosos;
Realização de fóruns em todas as Unidades da Federação para a discussão da
temática envelhecimento e família.
Responsáveis: SEDH/PR, MDS, MEC, MCT.
9. Espaço Público
Os idosos, como toda a população brasileira, têm direito de ir e vir no
espaço público. No entanto, a maioria de nossas cidades e áreas rurais não
lhes oferece segurança para sair de casa, passear e se divertir. Três problemas
são cruciais: o estado depredado das calçadas ou a sua inexistência, a falta de
acesso a transporte ou o tratamento discriminatório por parte de motoristas e
cobradores a organização do trânsito.
No trânsito, os idosos passam por uma combinação de desvantagens:
dificuldades de movimentos, próprias da idade somam-se à falta de respeito e
mesmo a violências impingidas por motoristas e à negligência do poder público.
Quando usam transportes públicos, os idosos queixam-se das longas esperas
nos pontos de ônibus e aos arranques desferidos por motoristas que não os
esperam acomodarem-se em assentos. As pessoas mais velhas ressentem-se
também da forma como são tratadas nas travessias e nos transportes públicos,
tornando o privilégio da gratuidade do passe, a que têm direito por lei, em
humilhação e discriminação. Sendo os acidentes e violências no trânsito a
primeira causa externa específica de morte nesse grupo etário, é preciso ter
em conta a alta relevância de preparar melhor os dispositivos e sinais nas ruas
e nas travessias nas cidades.
É de extrema importância, promover campanhas educativas, colocar conteúdos
sobre os direitos dos idosos nas escolas de formação de motoristas, mobilizar
os empresários do setor e punir os agressores, institucionais e individuais que
os desrespeitam e os penalizam nos transportes públicos.
56
9.1 Ações Estratégicas
Campanhas de mobilização nacional sobre a situação específica dos
idosos, com foco nos motoristas de veículos de concessão pública e os
privados; Articulação entre a SEDH e o Ministério das Cidades, visando ações
concretas de melhoria do espaço público e de formação dos agentes sociais,
tendo em vista a qualidade de vida dos idosos;
Recuperação e construção de espaços públicos acessíveis, que levem
em conta as especificidades dos idosos, notadamente, de calçadas, por meio
de estímulos e orientações aos municípios brasileiros;
Orientação para que os municípios possam adequar os sinais e os espaços de
travessia, visando à segurança de todos, mas, sobretudo, dos idosos;
Introdução da temática do uso do espaço público por idosos nos cursos de
treinamento e formação de motoristas;
Articulação com empresas de transporte público, visando ao treinamento e à
fiscalização de motoristas e cobradores em relação aos direitos, ao respeito e à
proteção da população idosa em seus veículos;
Articulação com o Denatran, Detrans e Ministério Público para garantir
sinalização adequada nas vias públicas.
10 Espaço Familiar
Mais de 95% dos idosos residem com as famílias ou em suas próprias
casas. Pelo fato de a família ser, no Brasil, o locus privilegiado de moradia e de
cuidado dos idosos de todas as classes sociais, é preciso investir muito na sua
competência para abriga-los com respeito e dignidade. Embora possa parecer
obvio à primeira vista, essa não é uma tarefa natural. Prova das dificuldades é
o fato de que é nesse espaço que ocorre a maioria das violências físicas,
psicológicas, econômicas e sexuais.
O espaço familiar, portanto, merece ser foco de atenção em múltiplos
sentidos: em termos de mudança cultural na forma de conceber a relação com
a pessoa idosa; na preparação da casa para maior segurança; na formação de
57
cuidadores familiares para os idosos dependentes; na proteção do Estado para
as famílias que não têm condições de cuidar dos seus velhos.
10.1 Ações Estratégicas
Fazer parcerias com a mídia (escrita, falada e televisionada) para
colocar as questões do envelhecimento e o impacto desse processo nas
famílias;
Promoção de fóruns de discussão para famílias sobre a situação e a condição
dos idosos em todas as capitais do país;
A partir de fóruns estaduais, iniciar um processo de interiorização da
discussão do envelhecimento e a família para, pelo menos, 10% dos
municípios;
Promoção de cursos para familiares cuidadores de idosos; Capacitação das
equipes de Saúde da Família e dos agentes de saúde para correta orientação,
apoio e atendimento das necessidades familiares decorrentes do
envelhecimento;
Adequação das moradias aos idosos, especialmente pela disponibilização
de empréstimos subsidiados para a realização dessas adaptações; Articulação
com empresas de material de construção para que promovam a acessibilidade
de material e campanhas da casa segura para idosos.
10.2 Espaço Institucional
A questão institucional aqui abrange os serviços de saúde, de assistência
social e previdência, de educação, de ciência e tecnologia e de atendimento de
longa duração. No caso dos primeiros, é urgente a necessidade de adequação
cultural, de formação e de equiparação dos espaços para servirem
adequadamente os idosos. É necessária uma revolução na maneira tradicional
e impessoal de tratá-los. Exemplos múltiplos de insensibilidade e de
desrespeito, como já foi dito, vêm sendo notificados aos órgãos que recebem
denúncias, evidenciando-se que os serviços públicos de saúde (junto com os
58
planos de saúde) e de previdência são os que provocam maiores sofrimentos
aos idosos, pela forma com que os atendem ou negligenciam atenção. Mas as
áreas de educação e de ciência e tecnologia também precisam ser acionadas e
se engajarem, para produzir informações e formação adequadas ao novo perfil
demográfico do país, atendendo ao diagnóstico da situação atual de pouco
conhecimento específico e de falta de preparação dos profissionais. No caso
das instituições de longa permanência, são necessários investimentos em
fóruns de debate e grupos de trabalho, visando a um real diagnóstico e a
propostas de reformulação em prol dos idosos.
10.3 Ações Estratégicas
Implantação do Disque Direitos Humanos Nacional; Estimular pelo menos
50% dos Estados e 10% dos municípios a organizar um fluxo efetivo de
encaminhamento e solução das queixas dos idosos sobre abusos, maus-tratos,
violências e negligências;
Criar mecanismos de eliminação das filas para idosos nos bancos e no
INSS; Integração da população idosa no Projeto de Mobilização do Registro
Civil de Nascimento; Criação e fortalecimento da rede de serviços de apoio às
famílias que possuem idosos em seus lares (centro de convivência, centro de
cuidados diurno, oficina abrigada de trabalho, atendimento domiciliar – art. 4º
do decreto 1.948/96) Capacitação de 20 mil cuidadores de idosos, utilizando-
se, inclusive, a rede de agentes de saúde;
Capacitação de gestores e dirigentes de instituições de atendimento ao
idoso;
Capacitação de todos os integrantes dos conselhos estaduais e
municipais instalados e em funcionamento;
Estimulo à instalação de conselhos de idosos em todos os Estados e, em
pelo menos, 20% dos municípios brasileiros;
Inclusão de conteúdo sobre direito dos idosos nas grades de disciplinas do
ensino fundamental;
59
Estabelecimento de convênio de cooperação técnica com o MEC para
garantir a alfabetização dos idosos em estados e municípios; Realização de um
congresso nacional sobre instituições de longa permanência; Aprovação da
Política Nacional sobre Instituições de Longa Permanência; Aprovação da
Resolução da Anvisa para credenciamento e fiscalização das instituições de
longa permanência;
Estabelecer, no âmbito dos ministérios que integram o CNDI, um edital que
priorize ações estratégicas sobre : (a) a situação das famílias que possuem
idosos em seus lares; (b)abusos e negligências em instituições de longa
permanência; (c) pesquisa e desenvolvimento de tecnologias assistivas para
inclusão social; (d) o acompanhamento e monitoramento deste Plano de Ação;
e (e) avaliação de experiências bem sucedidas no estabelecimento de fluxos
para encaminhamento e solução de negligências e violências contra idosos.
Embora não atinja todos os problemas diagnosticados, este plano pretende
ser um efetivo instrumento de ação, provocando, em dois anos, mudanças
substanciais em pontos nevrálgicos para o enfrentamento da violência contra
os idosos, oferecendo a essa faixa da população uma resposta progressiva a
suas necessidades e demandas. Para isso, conta, primeiro com atores sociais
do próprio grupo etário e com o engajamento da sociedade que, ao promover o
respeito à sabedoria e à experiência dos velhos, estará ampliando seu
patrimônio cultural, democrático e ético.
11. DECRETO Nº 6.168, DE 24 DE JULHO DE 2007
Regulamenta a Medida Provisória nº 373, de 24 de maio de 2007, que dispõe
sobre a concessão de pensão especial às pessoas atingidas pela hanseníase
que foram submetidas a isolamento e internação compulsórios. O
PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84,
inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Medida Provisória nº
373, de 24 de maio de 2007,
D E C R E T A:
60
Art. 1º Este Decreto regulamenta a Medida Provisória nº 373, de 24 de maio de
2007, que dispõe sobre a concessão de pensão especial, mensal, vitalícia e
intransferível, às pessoas atingidas pela hanseníase e que foram submetidas a
isolamento e internação compulsórios em hospitais-colônia, até 31 de
dezembro de 1986 e que a requererem. Art. 2º O pedido de concessão da
pensão deverá ser endereçado diretamente ao Secretário Especial dos Direitos
Humanos da Presidência da República, a quem cabe decidir sobre o pedido.
§ 1º Conjuntamente com o requerimento, conforme modelo anexo a este
Decreto,deverão ser apresentados todos os documentos e informações
comprobatórios dos requisitos para concessão da pensão especial em posse
do requerente.
§ 2º Os requerimentos apresentados na forma deste artigo serão submetidos à
Comissão Interministerial de Avaliação, de que trata o art. 3º. Art. 3º A
Comissão Interministerial de Avaliação instituída pelo art. 2º da Medida
Provisória nº 373, de 2007, será composta por representantes dos órgãos a
seguir indicados:
I - Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, que
a coordenará;
II - Ministério da Saúde;
III - Ministério da Previdência Social;
IV - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate Fome; e V - Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão.
§ 1º Cada órgão indicará um representante titular e respectivo suplente, a
serem designados pelo Secretário Especial dos Direitos Humanos. § 2º Poderá
acompanhar os trabalhos da Comissão Interministerial de Avaliação, na
qualidade de observador convidado, um representante das pessoas atingidas
pela hanseníase, indicado pela entidade nacional de defesa de direitos dos ex-
internos dos hospitais-colônia.
Art.4º A Comissão Interministerial de Avaliação deverá:
I - no prazo de sessenta dias contados da designação de seus membros: a)
elaborar e submeter ao Secretário Especial dos Direitos Humanos, para
61
aprovação, plano de ação e cronograma de trabalho para a consecução de
seus objetivos;
b) elaborar e aprovar seu regimento interno; e
c) elaborar formulário para levantamento de dados relativos aos beneficiários, a
ser utilizado na coleta de informações para orientar a implementação de ações
de saúde e assistência a serem dirigidas a eles;
II - durante suas atividades:
a) instaurar processos administrativos para verificação do enquadramento dos
interessados na condição de beneficiários da pensão especial de que trata o
art. 1º da Media Provisória nº 373, de 2007; b) realizar as diligências e produzir
as provas necessárias à instrução dos processos; e c) encaminhar ao
Secretário Especial dos Direitos Humanos os processos nela instaurados, com
parecer conclusivo quanto ao enquadramento dos interessados na condição de
beneficiários da pensão especial de que trata o art. 1º da Medida Provisória
nº373, de 2007;
III - ao final de suas atividades:
a) apresentar relatório contendo a relação completa dos processos submetidos
ao Secretário Especial dos Direitos Humanos, para decisão final; e b) elaborar
cadastro das pessoas atingidas pela hanseníase que foram submetidas a
isolamento e internação compulsórios em hospitais-colônia,
contendo as informações referidas na alínea “c” do inciso I.
§ 1º A Comissão Interministerial de Avaliação encerrará os seus trabalhos por
ato do Secretário Especial dos Direitos Humanos após a conclusão das
atividades previstas na alínea “c” do inciso II e no inciso III.
§ 2º Após o encerramento de seus trabalhos, a Comissão Interministerial de
Avaliação poderá ser convocada extraordinariamente pelo Secretário Especial
dos Direitos Humanos para realização das atividades previstas no inciso II, no
caso de haver novo requerimento de interessado.
Art. 5º O apoio administrativo e os meios necessários execução dos trabalhos
da Comissão Interministerial de avaliação serão fornecidos: I - pela Secretaria
Especial dos Direitos Humanos para fins de organização de suas atividades em
Brasília; e
62
II - pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
para fins de realização de diligências e outras atividades necessárias à
consecução de seus objetivos nas demais localidades.
Art. 6º A participação na Comissão Interministerial de Avaliação será
considerada função relevante, não remunerada.
Art. 7º Após a concessão da indenização, o procedimento administrativo será
enviado ao INSS para início do pagamento da pensão, inclusive eventuais
obrigações retroativas.
Art. 8º A indenização será paga diretamente ao beneficiário, salvo em caso de
justo motivo, quando poderá ser constituído procurador especialmente para
este fim.
§ 1º O mandato do procurador a que se refere o caput deverá ser renovado,
pelo menos, a cada doze meses.
§ 2º O procurador do beneficiário deverá firmar, perante o INSS, termo de
responsabilidade mediante o qual se comprometa a comunicar qualquer evento
que possa prejudicar a procuração, principalmente o óbito do outorgante, sob
pena de incorrer nas sanções cabíveis.
Art. 9º Da decisão do Secretário Especial dos Direitos Humanos cabe um único
pedido de revisão, desde que acompanhado de novos elementos de convicção.
Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação
Brasília, 24 de julho de 2007; 186º da Independência e 119º da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
(ELZA)
63
(GABRIELA MELHADO)
64
CONCLUSÃO
Neste trabalho buscou- se oferecer uma definição do que é um
conselho, como funciona e quais as suas atribuições. Identificou-se as
variáveis que permitissem mensurá-lo. A partir deste processo, criamos um
estudo de institucionalização dos conselhos nacionais .
Diversos estudos buscam compreender como os conselhos se
institucionalizaram, contudo, poucos conseguem comparar como diferentes
graus de institucionalização estão associados a características do
funcionamento dos conselhos. A maioria deles consegue comparar um número
pequeno de espaços e chegar a conclusões com abrangência reduzida.
Se um pressuposto comum dos estudos sobre instituições participativas
é que as normas condicionam o funcionamento dos espaços, poucos testes
foram feitos para saber qual é a real associação entre regras e resultados de
participação. O esforço das autoras de construção de um índice de
institucionalização busca começar a pensar em que medida a
institucionalização importa. A institucionalização dos conselhos é um processo
de consolidação e formalização das regras, bem como de inserção na
burocracia estatal, que fortalece a estrutura dos conselhos e sua capacidade
de execução, sem comprometer sua relativa autonomia.
Assim, neste trabalho foram argumentados os processo que podem ser
analisados, e ou reconhecimento por parte do Estado de que o conselho é uma
instância integrante do processo de gestão de políticas públicas,
disponibilidade de recursos organizacionais e físicos e aprendizado
institucional.
A construção do estudo nos possibilitou comparar os conselhos em
diversas esferas quanto à sua institucionalização, sendo os conselhos com
índices mais altos considerados os mais institucionalizados.
A participação popular na gestão da coisa pública, principalmente sob a
forma de conselhos, é considerada uma conquista popular, uma absorção do
Estado pela sociedade civil e não o contrário. Na medida que os Conselhos
foram legalmente instituídos a partir da pressão popular, dificilmente são
apontados
65
como uma estratégia maquiavelicamente elaborada pelas forças
conservadoras para converter os setores populares e as forças progressistas
em elementos sustentadores do sistema.
Como observamos ao longo deste artigo, existem sérios obstáculos que
impedem a viabilização dos Conselhos Municipais enquanto efetivos
mecanismos democratizadores da gestão pública.
A realidade está mostrando que, em muitos casos, os Conselhos
Municipais acabaram sendo apropriados e instrumentalizados pelas elites
governantes avessas a qualquer forma de gestão que contrarie os modelos
autoritários e centralizadores, arraigados na política brasileira, os conselhos
nos mostra o longo caminho existente para que possam, efetivamente, cumprir
sua principal função, isto é, formular e controlar a política pública municipal.
Trata-se de uma função muito polêmica que retira do Executivo municipal
atribuições que historicamente estiveram sob sua responsabilidade. Ou seja, os
Conselhos Municipais constituem-se em ameaça ao poder do prefeito e
atentam contra práticas políticas tradicionais nocivas para a democracia. Diante
deste fato, obviamente, surgem atitudes hostis ao funcionamento dos
Conselhos. ( ELZA)
66
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constitucional de 5 de outubro de 1988 com as alterações adotadas pelas
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TEIXEIRA, Elenaldo Celso. Conselhos de políticas públicas: efetivamente uma
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68