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ELZA RODRIGUES CONSELHO DO IDOSO HISTORICIDADE – CONCEITOS - POLÊMICAS MARINGÁ 2014

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Page 1: CONSELHO DO IDOSO

ELZA RODRIGUES

CONSELHO DO IDOSO

HISTORICIDADE – CONCEITOS - POLÊMICAS

MARINGÁ

2014

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Page 2: CONSELHO DO IDOSO

ELZA RODRIGUES

CONSELHO DO IDOSO

HISTORICIDADE – CONCEITOS - POLÊMICAS

MARINGA

2014

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Page 3: CONSELHO DO IDOSO

SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO.................................................................................................................................05

2 CONSELHO COMO FORMA DE GESTÃO PÚBLICA...........................................12

2.0 Historiografia........................................................................................................................12

2.1 Conselhos gestores...........................................................................................................15

2.2 Debate dos conselhos na atualidade........................................................................17

3 DIVERSIDADE NOS CONSELHOS...................................................................................17

3.1 Estudos apontados...........................................................................................................21

3.2 Polêmica sobre os conselhos......................................................................................22

3.3 Conselho na urbanidade...............................................................................................22

4 CONSELHO DO IDOSO...........................................................................................................26

4.1 Objetivos da garantia dos direitos do idoso........................................................29

4.2 Papel dos conselheiros..................................................................................................32

4.3 Finalidades e contribuições..........................................................................................33

4.4 Importância da criação do Conselho Municipal do idoso............................33

4.5 Etapas para criação do Conselho Municipal do idoso..................................34

4.6 Papel do Conselheiro.....................................................................................................34

4.7 Representação do Poder Público.............................................................................34

4.8 Minuta.....................................................................................................................................35

4.9 Da composição..................................................................................................................36

4.10 Das Atribuições...............................................................................................................37

4.11 Das Reuniões.................................................................................................................38

5 ELABORAÇÃO DA MINUTA PARA A POLÍTICA MUNICIPAL DO IDOS.39

5.1 Capítulo I................................................................................................................................40

5.1.1 Da finalidade e da competência.............................................................................40

5.2 Capítulo II............................................................................................................................41

5.2.1 Da composição e do funcionamento...................................................................41

5.3 Capítulo III...........................................................................................................................43

5.3.1 Das atribuições..............................................................................................................44

5.4 Capítulo IV...........................................................................................................................44

5.4.1 Das disposições gerais...............................................................................................44

3

Page 4: CONSELHO DO IDOSO

6 DECRETO N 5130 de 7 de Julho de 2004...............................................................44

7 PLANO DE AÇÃO PARA ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRA A

PESSOA IDOSA...............................................................................................................................48

8 ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA -QUESTÃO DE DIREITOS HUMANOS..................................................................................49

8.1 Objetivo do plano..............................................................................................................50

8.2 Definição de conceitos...................................................................................................51

8.3 Diagnóstico situacional..................................................................................................53

8.4 Diretrizes de ação............................................................................................................54

8.5 Propostas de ação..........................................................................................................55

8.6 Ações estratégicas..........................................................................................................55

9 ESPAÇO PÚBLICO....................................................................................................................56

9.1 Ações estratégicas...........................................................................................................57

10 ESPAÇO FAMILIAR................................................................................................................57

10.1 Ações estratégicas........................................................................................................58

10.2 Espaço Institucional....................................................................................................58

10.3 Ações estratégicas.......................................................................................................59

11 DECRETO N 6.168 DE 24 DE JULHO DE 2007.....................................................60

12 CONCLUSÃO..............................................................................................................................66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................68

4

Page 5: CONSELHO DO IDOSO

INTRODUÇÃO

Na gestão pública participativa surgem os conselhos de direito como

um instrumento de diálogo entre o Estado e a sociedade, permitindo aos

cidadãos sua participação na gestão administrativa e principalmente, identificar

e contribuir na fomentação das políticas públicas.

Os conselhos são espaços públicos de composição plural e paritária

entre Estado e sociedade civil, de natureza deliberativa e consultiva, cuja

função é formular e controlar a execução das políticas públicas setoriais. Os

conselhos são o principal canal de participação popular encontrada nas três

instâncias de governo (federal estadual e municipal).

O Controle Social é o exercício de democratização da gestão pública,

que permite à sociedade organizada intervir nas políticas públicas, interagindo

com o Estado para a definição de prioridades e elaboração dos planos de ação

dos municípios e do Estado.

A Sala dos Conselhos é de suma importância para que os Conselhos

efetivem sua participação com qualidade no processo de controle social, tendo

em vista que através dela são realizadas atividades como programação de

ações de capacitação dos conselheiros por intermédio de treinamentos,

palestras, fóruns e cursos, visando o fortalecimento e a qualificação de seus

espaços de articulação, negociação e decisão.

Espaços de interlocução entre o Estado e a sociedade vêm se

tornando parte integrante da gestão de políticas públicas no país desde o início

da redemocratização. A Constituição Federal de 1988 (CF/88), por meio de

diversos artigos, definiu a participação social como necessária em algumas

políticas específicas e abriu espaço para a reivindicação da partilha de poder

nas mais diferentes áreas Entre outras instâncias de participação, os conselhos

de políticas públicas foram criados a partir da regulamentação destas políticas

constitucionalmente previstas, em especial nas áreas de saúde, assistência

social e direito da criança e do adolescente.

Os conselhos são vinculados a órgãos do Poder Executivo, tendo por

finalidade permitir a participação da sociedade na definição de prioridades para

a agenda política, bem como na formulação, no acompanhamento e no

5

Page 6: CONSELHO DO IDOSO

controle das políticas públicas. Constituídos em âmbito nacional, estadual e

municipal, nas mais diversas áreas, são espaços permanentes, em que as

reuniões ocorrem com certa regularidade e há continuidade dos trabalhos.

Muitas questões de pesquisa focaram seu funcionamento e os

impactos das instituições participativas no sistema político brasileiro, passando

por questões como a influência destes espaços nos processos de políticas

públicas e na sociedade, suas ações de formação política – por meio da prática

política e da inclusão de segmentos historicamente excluídos dos espaços de

decisão.

O desenho institucional dos conselhos tem sido tratado como um fator

explicativo importante da dinâmica desses espaços. Estudos empíricos focados

nas regras de funcionamento de conselhos argumentam que as normas destas

instituições participativas definem, por exemplo, quem pode participar quem

tem direito a voz e voto, o que deve ser discutido e como devem ocorrer os

debates e a tomada de decisões.

Um pressuposto destas pesquisas é que o desenho institucional das

esferas de participação impacta de forma decisiva os resultados, uma vez que

define a quantidade de participantes e os critérios para a inclusão, os formatos

e a qualidade das deliberações e a distribuição das informações entre os

membros envolvidos. Com este pressuposto em mente, este artigo busca

contribuir para o debate ao discutir o conceito de institucionalização a partir da

análise dos conselhos nacionais de políticas públicas.

Para definir o conceito de institucionalização, percorreram-se dois

caminhos. Primeiramente, buscou-se na literatura sobre instituições políticas e

burocracia elementos que ajudassem a caracterizar uma organização inserida

no Estado, mas que mantivessem sua autonomia. Neste contexto, pressupõe-

se que espaços participativos institucionalizados têm necessariamente

envolvimento na dinâmica burocrática do Estado, o que permite um canal de

comunicação oficial com a estrutura administrativa, bem como possibilita a

obtenção de orçamentos próprios. Ainda que as instituições participativas

sejam espaços de interação entre Estado e sociedade, por sua inserção no

aparato estatal e por ter como um de seus objetivos o auxílio na gestão de

políticas públicas, elas ainda precisam se guiar por regras definidas para reger

os comportamentos nesta esfera estatal.

6

Page 7: CONSELHO DO IDOSO

O segundo caminho foi identificar, na literatura sobre participação,

aspectos comumente associados ao conceito de institucionalização.

Para atingir os objetivos propostos, elencou-se um conjunto de

indicadores, organizados em torno de três dimensões, que compõem o

conceito de institucionalização aqui adotado para análise dos conselhos. As

dimensões são: a) reconhecimento formal por parte do Estado de que o

conselho é uma instância integrante do processo de tomada de decisões; b)

disponibilidade de recursos para a tomada de decisão; e c) aprendizado.

Acumulado para o processo decisório. A partir disso, o trabalho

operacionaliza o conceito e as variáveis consideradas para cada dimensão a

partir das regras de funcionamento coletadas em atos normativos de 21

conselhos e três comissões nacionais. As variáveis foram conceituadas,

sistematizadas e a cada uma foi atribuído um valor, resultando em um índice

de institucionalização.

A primeira característica que ajuda a pensar a participação

institucionalizada é que ela parece se contrapuser a uma participação

supostamente mais livre, baseada em manifestações coletivas ou individuais,

protestos e passeatas, em que os atores e movimentos sociais constroem suas

próprias identidades e estratégias de ação de maneira mais espontânea.

Quando institucionalizada, a interação ocorre estruturada por regras

formalizadas em atos normativos, tornando-se previsível ainda que não

estanque. Esta previsibilidade pode ser deduzida do próprio conceito de

instituições definida como um conjunto de regras formais ou informais que

norteiam as ações dos indivíduos. Estas regras dizem respeito ao que pode ser

feito, por quem, quando e como (VIEIRA, (1990).

Os conselhos e outras instituições participativas são organizações cujo

funcionamento se estrutura por regras formalizadas em estatutos, regimentos e

outros documentos orientadores. Este processo de formalização é importante

para a institucionalização dos conselhos, na medida em que sua permanência

no tempo está não só vinculada a sua legitimidade frente a atores sociais e

estatais, mas também fortemente relacionada ao seu ancora mento legal.

Outro aspecto relevante a ser considerado quando se analisa a

institucionalização da participação tem a ver com a incursão de características

burocráticas na interação entre sociedade e Estado. O termo burocrático é aqui

7

Page 8: CONSELHO DO IDOSO

utilizado de acordo com algumas características da burocracia definidas por tais

como: a profissionalização da atividade – neste trabalho entendida como a

existência de um corpo de servidores designado para tratar especificamente do

conselho; a qualificação do corpo profissional para as atividades relacionadas à

interação entre Estado e sociedade; objetividade na execução dos trabalhos

administrativos; regras racionalmente definida; e centralização dos meios de

serviço. Entende-se, a partir destes aspectos, que maior burocratização – no

sentido que deu ao termo – equivale a maior institucionalização.

O contato com a burocracia impacta as dinâmicas associativas ao

restringir a atividade espontânea e informal. Como instâncias pertencentes à

estrutura da administração pública, a atividade dos conselhos é restrita ao que

está estabelecido por lei ou pelas regras formais – o que não acontece

necessariamente com a participação não institucionalizada inserida no âmbito

privado ou no âmbito público não estatal.

A partir do momento em que começam a participar de espaços

institucionais como os conselhos, portanto, os atores participantes precisam se

adequar a regras que limitam e direcionam a interação. A participação nestas

instâncias tem a vantagem de ampliar a capacidade de incidência direta

naquelas políticas que os movimentos sociais e as organizações da sociedade

civil reivindicam. De fato, pesquisas empíricas apresentam evidências de que a

participação em conselhos é vista como estratégica para alguns atores sociais.

Estes ganhos, contudo, estão atrelados ao custo de se ajustar à lógica

burocrática da gestão pública no momento da interação com o Estado.

A burocratização e o contato com a burocracia não implicam, contudo,

que haja um engessamento dos processos. Duas características das

instituições participativas são o experimentalismo e a flexibilidade das regras

que as regem. Por serem inovações institucionais, estas instituições precisam

encontrar o melhor jeito de cumprir seus objetivos, identificando distorções no

processo de formulação participativa de políticas públicas e adaptando-se a

situações não previstas nas regras. No caso dos conselhos, por serem espaços

de inclusão da sociedade civil, estes possuem também a capacidade de

incorporar modos organizativos que já são utilizados pelos movimentos e

organizações sociais – como plenárias, modelos escalonados de consulta,

entre outros – e formalizá-los. Dessa forma, ainda que impactados pela

8

Page 9: CONSELHO DO IDOSO

burocracia, os conselhos mantêm alguma autonomia, da qual decorre a

possibilidade de alterar determinadas regras.

Os Conselhos Populares nunca funcionaram e contrariando o discurso

eleitoral, os movimentos populares não eram muitos nem estavam tão

organizados.

A proposta dos Conselhos Populares como germens do poder popular

está baseada numa avaliação demasiado otimista em torno do poder de

mobilização dos movimentos populares. Não se considera que a atuação dos

movimentos populares foge da vontade da classe política, dos intelectuais e

dos próprios lideres populares.

Essa demanda reflete a expectativa que havia na sociedade pela

criação de mecanismos que permitam a influência da sociedade civil na tomada

de decisões e na fiscalização da ação do Executivo municipal. No entanto

deve-se destacar que a maioria das propostas de criação de conselhos.

Frequentemente atribui-se aos Conselhos Municipais o caráter

deliberativo, mas dificilmente se definia qual seria o sentido dessa função.

Tampouco se define a composição e não se estabelece a relação efetiva com o

executivo municipal.

Os Conselhos demandados podem ser divididos em cinco tipos: os

Conselhos de Bairros, vinculados às administrações regionais; os Conselhos

Municipais nas diversas áreas da administração local (educação, saúde, meio

ambiente, habitação, etc.); os Conselhos gestores de equipamentos públicos

(escola, creche, centro de saúde); os Conselhos de defesa de direitos (crianças

e adolescentes, mulheres, idosos etc.); e o Conselho de controle entra e

extraparlamentar.

Essas propostas implicam, basicamente, a participação da sociedade

civil em quatro aspectos específicos da administração do município: na

definição das diretrizes e prioridades orçamentárias e na fiscalização da ação

do governo no âmbito regional; na elaboração das políticas e diretrizes em

áreas específicas da administração municipal – educação, saúde, meio

ambiente etc.

E no controle e fiscalização do cumprimento dessas diretrizes; na

fiscalização do atendimento do funcionamento dos equipamentos sociais

9

Page 10: CONSELHO DO IDOSO

(escolas,creches, postos de saúde etc.); e no controle e fiscalização da

atuação parlamentar.

Sob esta ótica, representantes do poder público deveriam juntamente

com entidades da sociedade civil traçar as políticas e diretrizes norteadoras da

ação governamental, nas áreas de educação, saúde, meio ambiente, habitação

etc.

Os Conselhos Municipais, da forma como foram propostos, constituem-

se espaços que colocam em xeque a autonomia, principalmente, do Executivo

Municipal, caracterizando-se como instâncias descentralizadoras do poder

decisório no âmbito da gestão do município. Para setores mais conservadores

da classe política, isto significa a intromissão da sociedade civil nas atividades

que são da sua responsabilidade.

Diante de uma cultura política centralizadora e patrimonialista, convém

questionar até que ponto seria viável atingir a governabilidade, considerando os

Conselhos como novas instâncias que partilham o exercício da função

governativa, apresentaram demandas solicitando a criação de conselhos,

demonstrando desta forma, certa coerência entre o discurso político eleitoral e

a prática política no âmbito do legislativo.

. Deve-se destacar que a ausência de propostas concretas sobre a

forma de funcionamento dos conselhos municipais, mas também de todos os

vereadores favoráveis a este tipo de mecanismo de participação popular.

Diante do elevado número de demandas pela criação de conselhos, da

falta de propostas claras e bem estruturadas e da ausência de tempo hábil para

pensar propostas mais aprofundadas e detalhadas.

No que se refere ao aprendizado organizacional acumulado, nem

sempre é possível verificá-lo por meio dos atos normativos. Contudo, algumas

informações presentes nestes documentos trazem informações sobre a

frequência dos encontros e algumas das experiências com a organização de

atividades relacionadas à política aos quais estão vinculados. Tendo como

base estas informações, quatro aspectos foram observados no que tange ao

aprendizado acumulado: o tempo de criação, a periodicidade das reuniões, a

existência de conferências vinculadas ao conselho e a quantidade delas.

O tempo de existência é considerado uma medida que dá pistas sobre

a capacidade dos conselhos de tornarem suas regras efetivas e sobre o

10

Page 11: CONSELHO DO IDOSO

possível conhecimento que sua estrutura permanente já acumulou. Nesta

perspectiva, os conselhos mais antigos são considerados de maior

institucionalização. Com relação à frequência das reuniões, esta seria um

indicador da rotinização das atividades do conselho e de capacidade organiza-

cional e administrativa. Conselhos que se reúnem mais seriam mais capazes

de produzir rotinas de trabalho que permitam o alcance dos objetivos

estipulados e ao mesmo tempo gerariam maior acúmulo de experiência e

conhecimento institucional. Nesse sentido, considerando-se as periodicidades

semestral, trimestral, bimestral ou mensal, conselhos que se reúnem

mensalmente foram considerados os mais institucionalizados.

A experiência com a organização de outras atividades relacionadas à

formulação da política, como conferências nacionais, também seria um

indicativo de aprendizado institucional, tanto pelo debate de novas questões

em conjunto com o público participante das conferências quanto pela

experiência organizacional. Supõe-se que conselhos que participam da

organização de conferências conectam-se a outras formas de participação e

aprendem com a experiência desta atividade.

Além disso, a vinculação a uma conferência também pode ser um

indicativo de que o conselho possui capacidade estrutural para organizar um

evento desta abrangência. Dessa maneira, conselhos que organizaram uma

quantidade maior de conferências foram considerados mais institucionalizados

que conselhos que não participaram da organização de conferências ou

participaram da organização de um menor número de conferências.

Em suma, a institucionalização do conselho pode ser entendida como a

capacidade de o conselho responder às exigências burocráticas do processo

de gestão de políticas públicas, sendo capaz de inserir-se nele nas suas

diferentes etapas. Para isso, é necessária a formalização de procedimentos

que passam a ser rotineiro ao longo do tempo, o reconhecimento estatal do

papel do conselho na formulação de políticas públicas, a posse de recursos

físicos e organizacionais, além do aprendizado resultante dos trabalhos

desenvolvidos.

Cabe ressaltar que institucionalização não é aqui entendida como

sinônimo de sucesso ou efetividade do conselho. No máximo, a

institucionalização indicaria um potencial maior ou menor de que este seja

11

Page 12: CONSELHO DO IDOSO

efetivo. Avaliar a efetividade em si requereria investigar outras variáveis, como

o contexto político e associativo no qual o conselho está inserido, dinâmicas

internas e resultados da participação (STANISCI ,1999).(ELZA)

2. CONSELHOS COMO FORMA DE GESTÃO PÚBLICA

HISTORICIDADE

A forma conselho utilizada na gestão pública, ou em coletivos

organizados da sociedade civil, não é nova na História. Alguns pesquisadores

afirmam que os conselhos são uma invenção tão antiga como a própria

democracia participativa e datam suas origens nos clãs visigodos.

Em Portugal, entre os séculos XII e XV, foram criados concelhos

municipais (escrita da época, com c), como forma político-administrativa de

Portugal, em relação às suas colônias. As Câmaras Municipais e as Prefeituras

do Brasil colônia foram organizadas segundo este sistema de gestão (Vieira,

1992).

Contemporaneamente, na realidade de Portugal, a forma tradicional

dos Conselhos deu lugar aos conselhos urbanos originários das comissões de.

moradores. Eles se iniciaram a partir das assembleias e das Juntas de

Freguesias e foram fundamentais durante o período da Revolução dos Cravos

(Estevão, 1993).

Entretanto, os conselhos que se tornaram famosos na história foram: a.

Comuna de Paris, os conselhos dos sovietes russos, os conselhos operários de

Turim – estudados por Gramsci, alguns conselhos na Alemanha

nos anos 20 deste século, conselhos na antiga Iugoslávia- nos anos 50.

Repensando a experiência urbana da América Latina: questões,

conceitos e valores democracia americana. Observa-se que, na modernidade,

os conselhos irrompem em épocas de crises políticas e institucionais,

conflitando com as organizações de caráter mais tradicional. Os conselhos

operários e os populares, em geral, rejeitavam a lógica do capitalismo,

buscavam outras formas de poder descentralizadas, com autonomia e

autodeterminação.

12

Page 13: CONSELHO DO IDOSO

O debate sobre os conselhos como instrumento de exercício da

democracia esteve presente entre setores liberais e da esquerda (em seus

diferentes matizes).

A diferença é que eles são pensados como instrumentos ou

mecanismos de colaboração, pelos liberais; e como vias ou possibilidades de

mudanças sociais no sentido de democratização das relações de poder, pela

esquerda. Os conselhos como formas de gestão da coisa pública foram

defendidos pela população, ao analisar as revoluções francesa e americana,

assim como ao definir os espaços da ação coletiva entre o público e o privado.

Os conselhos são a única forma possível de um governo horizontal; um

governo que tenha como condição de existência a participação e a cidadania.

Em Crises da república (1973), afirmou que os conselhos poderiam ser não

apenas uma forma de governo, mas também uma forma de Estado. No Brasil,

nas últimas décadas, devemos relembrar as seguintes experiências.

Colegiadas conselheiristas, os conselhos comunitários criados para

atuarem junto à administração municipal ao final dos anos 70 (Gohan, 1990);

os conselhos populares ao final dos anos 70 e parte dos anos 80, e os

conselhos gestores institucionalizados, principal objeto de reflexão e análise

deste trabalho, a serem tratados abaixo, estamos deixando de lado os

tradicionais conselhos de notáveis, existentes em algumas áreas do governo,

como educação e saúde, pelo fato deles serem formas de assessoria

especializada e incidirem na gestão pública de forma indireta. Dada a

similaridade de temas e problemas entre os conselhos populares dos anos 80 e

os conselhos gestores dos anos 90, vale a pena resgatarmos um pouco da

memória dos primeiros.

Os conselhos populares foram propostos por setores da esquerda ou

de oposição ao regime militar e surgiram com papéis diversos, tais como:

Organismos do movimento popular atuando com parcelas de

poder junto ao Executivo (tendo a possibilidade de decidir sobre determinadas

questões de (Governo); como organismos superiores de luta e organização

popular, gerando).

Situações de duplo poder; ou como organismos de

administração municipal, criados pelo governo, para incorporar o movimento

popular ao governo no sentido de que fossem

13

Page 14: CONSELHO DO IDOSO

assumidas tarefas de aconselhamento, de deliberação e/ou

execução.

A discussão sobre os conselhos populares nos anos 80 tinha como

núcleo central a questão da participação popular. Reivindicada pela sociedade

civil ao longo das décadas de lutas contra o regime militar, havia vários

entendimentos sobre o seu significado.

Entendemos a participação popular na gestão da cidade como

elemento central da luta pelo acesso e melhoria da qualidade da infraestrutura

e serviços urbanos, por melhores condições de vida e, portanto, pelo direito à

cidade. Coloca-se nos marcos da luta pela democratização da gestão e dos

negócios públicos. Não podemos confundir essa luta pela participação, do

ponto de vista do controle popular, com a construção de situações de

estabelecimento de um poder paralelo ao poder burguês (duplo poder).

Também não pode ser entendida como uma estratégia de alargamento da

democratização do estado até a conquista do socialismo. E nem significa a

conquista do poder municipal pelos trabalhadores.

A conquista de mecanismos de democratização da gestão da cidade

pode alterar apenas um governo e não o estado enquanto tal. Pode significar

uma alteração na correlação de forças política municipal, mas as regras do

jogo e o comando da sociedade continuam com as classes dominantes.

Dentre os conselhos populares que se destacaram no cenário urbano

vale registrar, entre outros, dois exemplos significativos: os Conselhos

Populares de Campinas, no início dos anos 80, e o de Saúde da Zona Leste de

São Paulo. Estes últimos foram criados em 1976 a partir do trabalho de

sanitaristas que trabalhavam nos postos de saúde daquela região, articulados

ao Partido Comunista, mas, ao mesmo tempo, vivenciando o clima de

participação gerado pelas Comunidades de Base da Igreja Católica. Os

conselhos de Campinas desenvolveram-se também articulados aos programas

das pastorais religiosas e deram origem ao movimento Assembleia do Povo.

Nos anos 90, a grande novidade foram os conselhos gestores, de

caráter interinstitucional.

Eles têm o papel de serem instrumentos mediadores na relação

sociedade/Estado e estão inscritos na Constituição de 1988 e em outras leis de

país.

14

Page 15: CONSELHO DO IDOSO

Sabemos que essa Constituição adotou como princípio geral a

cidadania e previu instrumentos concretos para seu exercício, via a democracia

participativa.

Os conselhos institucionalizados a partir da Constituição de 1988 são

órgãos colegiados, permanentes, consultivos ou deliberativos, incumbidos, de

modo geral, da formulação, da supervisão e da avaliação das políticas públicas

de garantia dos direitos humanos, em âmbito federal, estadual e municipal.

Leis orgânicas específicas passaram a regulamentar o direito

constitucional à participação por meio de conselhos deliberativos, de

composição paritária entre representantes do poder executivo e de instituições

da sociedade civil. Desde então um número crescente de estruturas colegiadas

passou a ser exigência constitucional em diversos níveis da administração

pública (federal estadual e municipal). Muitas já foram criadas, a exemplo dos

conselhos circunscritos às ações e aos serviços públicos (saúde, educação e

cultura) e aos interesses gerais da comunidade (meio ambiente, defesa do

consumidor, patrimônio histórico cultural),assim como aos interesses de grupos

e camadas sociais específicas como, crianças e adolescentes, idosos,

mulheres etc.

Em São Paulo, durante a gestão da ex-prefeita Luíza Erundina (1989-

92), criaram-se vários conselhos consultivos como o Conselho Tarifário, para a

área dos transportes; Conselho Municipal de Saúde que teve o poder de definir

a além dos conselhos na área da educação e do idoso. O Conselho da Mulher

e o Conselho do Negro existiam desde os anos 80.

2.1 CONSELHOS GESTORES

Os conselhos gestores apresentam muitas novidades na atualidade.

Eles são importantes porque é fruto de demandas populares e de pressões da

sociedade civil pela redemocratização do país. Os conselhos estão inscritos na

Constituição de 1988 na qualidade de instrumentos de expressão,

representação e participação da população. As novas estruturas inserem-se,

portanto, na esfera pública e, por força de lei, integram-se com os órgãos

públicos vinculados ao poder executivo, voltados para políticas públicas

15

Page 16: CONSELHO DO IDOSO

específicas; sendo responsáveis pela assessoria e suporte ao funcionamento

das áreas onde atuam. Eles são compostos por representantes do poder

público e da sociedade civil organizada e integram-se aos órgãos públicos

vinculados ao Executivo.

Os conselhos gestores são diferentes dos conselhos comunitários,

populares ou dos fóruns civis não governamentais porque estes últimos são

compostos exclusivamente de representantes da sociedade civil, cujo poder

reside na força da mobilização e da pressão, não possuindo assento

institucional junto ao poder público. Os conselhos gestores são diferentes

também dos conselhos que já existiam nas esferas públicas no passado,

compostos exclusivamente por especialistas.

O número de conselhos está crescendo progressivamente dado o fato

de ser exigência da Constituição nacional. Entretanto, para sua implementação,

dependem de leis ordinárias estaduais e municipais. Em algumas áreas, essas

leis já foram estabelecidas ou há prazos para sua criação. Os conselhos

gestores são novos instrumentos de expressão, representação e participação;

em tese são dotados de potencial de transformação política. Se efetivamente

representativos, poderão imprimir um novo formato às políticas sociais, pois se

relacionam ao processo de formação das políticas e à tomada de decisões.

Com os conselhos, gera-se uma nova institucionalidade pública, pois, criam

uma nova esfera social pública ou pública não estatal. Trata-se de um novo

padrão de relações entre Estado e sociedade porque viabilizam a participação

de segmentos sociais na formulação de políticas sociais, e possibilitam à

população o acesso aos espaços onde se tomam as decisões políticas.

A legislação em vigor no Brasil preconiza, desde 1996, que, para o

recebimento de recursos destinados às áreas sociais, os municípios devem

criar seus conselhos. Isso explica porque a maioria dos conselhos municipais

surgiu após esta data (em 1998, dos 1.167 conselhos existentes nas áreas da

educação, assistência social e saúde, 488 deles haviam sido criados após

1997; 305 entre 1994-96; e apenas 73 antes de 1991). Nos municípios, as

áreas básicas dos conselhos gestores são: educação, assistência social,

saúde, habitação, criança e adolescente. Na esfera municipal, devem ter

caráter deliberativo.

16

Page 17: CONSELHO DO IDOSO

Apesar de a legislação incluir os conselhos como parte do processo de

gestão descentralizada e participativa, e constituí-los como novos atores

deliberativos e paritários, vários pareceres oficiais têm assinalado e reafirmado

o caráter apenas consultivo dos conselhos, restringindo suas ações ao campo

da opinião, da consulta e do aconselhamento, sem poder de decisão ou

deliberação. A lei vinculou-os ao Poder Executivo do Município, como órgãos

auxiliares da gestão pública. É preciso, portanto, que se reafirme em todas as

instâncias, seu caráter essencialmente deliberativo, já que a opinião apenas

não basta. Nos municípios sem tradição organizativo-associativa, os conselhos

têm sido apenas uma realidade jurídico-formal, e muitas vezes um instrumento

a mais nas mãos dos prefeitos e das elites, falando em nome da comunidade,

como seus representantes oficiais, e não atendendo minimamente aos

objetivos de controle e fiscalização dos negócios públicos.

2.2 ATUAL DEBATE DOS CONSELHOS

Várias das questões implícitas no debate sobre os novos conselhos

são da mesma natureza das que estiveram presentes quando do debate sobre

os conselhos populares, tais como: qual o seu papel e a sua natureza, se

devem ser organismos apenas consultivos ou também deliberativos, etc. A

necessidade de se intervir neste debate, e nas discussões sobre a própria

implantação dos conselhos, decorre das várias lacunas hoje existentes, tais

como: a criação de mecanismos que lhes garantam o cumprimento de seu

planejamento; instrumentos de responsabilização dos conselheiros por suas

resoluções; estabelecimento claro dos limites e das possibilidades decisórias

dos conselhos; ampla discussão sobre as restrições orçamentárias e suas

origens; existência de uma multiplicidade de conselhos no município, todos

criados recentemente, competindo entre si por verbas e espaços políticos; não

existência de ações coordenadas entre eles etc.

Além das lacunas, existem duas posições em relação ao papel central

dos conselhos, a saber:

17

Page 18: CONSELHO DO IDOSO

A primeira circunscreve-os no plano da consulta, preocupa-se com a

demarcação de sua atuação em relação ao Legislativo, defende que se limite a

serem auxiliares do Poder Legislativo.

A segunda postula que atuem como órgãos de fiscalização do executivo, numa perspectiva e modelo de gestão descentralizada;

Preconiza que operem dentro das decisões tomadas em sua área. Esta

segunda posição implica num estilo de governo que tenha como diretrizes e

eixos fundamentais as questões da participação e da cidadania; um governo

que aceite os conflitos como parte do jogo democrático. Portanto, o papel dos

conselhos incide na discussão sobre as estratégias de gestão pública de uma

forma geral e sobre o caráter das próprias políticas públicas em particular.

O que fazer para alterar o cenário onde se desenvolvem os conselhos

e sua realidade atual?

De um lado, observa-se que a operacionalização não plena

dessas novas instâncias democratizantes se dá devido à falta de tradição

participativa da sociedade civil, em canais de gestão dos negócios públicos; a

curta trajetória de vida dos conselhos e, portanto, a falta exercício prático (ou

até a sua inexistência); e ao desconhecimento – por parte da maioria da

população – de suas possibilidades (deixando espaço livre para que sejam

ocupados e utilizados como mais um mecanismo da política das velhas elites, e

não como um canal de expressão dos setores organizados da sociedade). De

outro lado, a existência de concepções oportunistas, que não se baseiam em

postulados democráticos e que veem os conselhos apenas como

instrumentos/ferramentas para operacionalizar objetivos pré-definidos, tem feito

desta área um campo de disputa e tensões.

Acreditamos que os conselhos criam condições para um sistema

de vigilância sobre a gestão pública e implicam numa maior cobrança de

prestação de contas do poder executivo, principalmente no nível municipal.

Por isso, certas questões são muito relevantes no debate atual sobre a

criação e implementação dos conselhos tais como: a representatividade

qualitativa dos diferentes segmentos sociais, territoriais e forças políticas

organizadas em sua composição; o equilíbrio quantitativo, em termos de

paridade, entre membros do governo e membros da sociedade civil organizada;

o problema da capacitação dos conselheiros – mormente os advindos da

18

Page 19: CONSELHO DO IDOSO

sociedade civil; o acesso às informações (e sua decodificação) e a publicização

das ações dos conselhos; a fiscalização e controle sobre os próprios atos dos

conselheiros; o poder e os mecanismos de aplicabilidade das decisões do

conselho pelo executivo e outras.

As questões da representatividade e da paridade constituem problemas

cruciais nos conselhos gestores de uma forma geral. Os problemas decorrem

da não existência de critérios que garantam uma efetiva igualdade de

condições entre os participantes. Alguns analistas têm sugerido que a

renovação do mandato dos conselheiros seja parcial, para não coincidir com o

mandato dos dirigentes e alcaides municipais, desacoplada dos períodos dos

mandatos eleitorais. O fato das decisões dos conselhos terem caráter

deliberativo não garante sua implementação, pois não há estruturas jurídicas

que deem amparo legal e obriguem o executivo a acatar as decisões dos

conselhos (normalmente nos casos em que essas decisões venham a

contrariar interesses dominantes).

O representante que atua num conselho deve ter vínculos

permanentes com a comunidade que o elegeu.

Em relação à paridade, esta não é uma questão apenas numérica,

mas de condições de certa igualdade no acesso à informação, disponibilidade

de tempo etc. A disparidade de condições de participação entre os membros do

governo e os advindos da sociedade civil são grandes.

Os primeiros trabalham nas atividades dos conselhos durante seu

período de expediente de trabalho normal, tem acesso aos dados e

informações, têm infraestrutura de suporte administrativo, estão habituados

com a linguagem tecnocrática. Ou seja, têm o que os representantes da

sociedade civil não têm (pela lei os conselheiros municipais não são

remunerados e nem contam com estrutura administrativa própria). Faltam

cursos ou capacitação aos conselheiros de forma que a participação seja

qualificada em termos, por exemplo, da elaboração e gestão das políticas

públicas; não há parâmetros que fortaleçam a interlocução entre os

representantes da sociedade civil e os representantes do governo.

É preciso entender o espaço da política para que se possa fiscalizar e

também propor políticas; é preciso capacitação ampla que possibilite a todos

os membros do conselho uma visão geral da política e da administração.

19

Page 20: CONSELHO DO IDOSO

Usualmente eles atuam em porções fragmentadas, que não se articulam (em

suas estruturas) sequer com as outras áreas ou conselhos da administração

pública.

Em suma, os conselhos foram conquistas dos movimentos populares e

da sociedade civil organizada. Eles são um instrumento de representação da

sociedade civil e política. Por lei, devem ser também um espaço de decisão.

Mas, a priori, são apenas espaços virtuais. Para que tenham eficácia e

efetividade na área em que atuam, e na sociedade de uma forma geral, é

necessário desenvolver algumas condições e articulações; é preciso dar peso

político a essa representação e consequência à luta dos segmentos sociais que

acreditaram e lutaram pela democratização dos espaços públicos.

Dentre as condições necessárias, destacamos: aumento efetivo de

recursos públicos nos orçamentos e não apenas complementações pontuais de

ajustes; os conselhos têm que ser paritários não apenas numericamente, mas

também nas condições de acesso e de exercício da participação; deve-se criar

algum tipo de pré-requisito mínimo para que um cidadão se torne um

conselheiro, principalmente no que se refere ao entendimento do espaço em

que vai atuar, assim como definir um código de ética e posturas face aos

negócios públicos; deve-se ter uma forma de acompanhar as ações dos

conselhos e de revogar e destituir qualquer membro que não cumpra com suas

funções durante seus mandatos; portanto, o exercício dos conselhos deve ser

passível de fiscalização e avaliação.

Segundo Gadotti (1998), a vitalidade de um pensador se reconhece

antes pela garra das suas perguntas do que pelas respostas, fatalmente

parciais, que ele conseguiu lhes dar. O que fica é a questão, desde que bem

formulada; e o que se herda é a exigência de encontrar a boa solução, e esta

pode variar conforme as gerações que a perseguem (Folha de São Paulo,

Jornal de Resenhas, 8/4/2000: p.1). Para refletia sobre a obra de Gramsci, a

seguir passaremos a enumerar uma série de questões, sob a forma de

indagações, problemas, polêmicas. Elas delineiam o cenário atual do debate

sobre os conselhos gestores, demarcando um campo aberto de caminhos,

opções escolhas.(ELZA E VANILZA)

20

Page 21: CONSELHO DO IDOSO

3. DIVERSIDADE DE SIGNIFICADOS DOS CONSELHOS

A análise dos conselhos nos leva a indagar:

• Sobre a diversidade quanto ao próprio conceito de participação.

• Qual é o sentido dos conselhos no universo e realidade das políticas sociais

atuais.

• Qual o impacto dos conselhos, enquanto mecanismo inovador na gestão

pública, no âmbito institucional e na esfera da participação da sociedade civil,.

Para clarificar essas questões deve-se conhecer:

a) a constituição estrutural dos conselhos e sua natureza decisória. Qual é a

forma em que foi (ou está sendo) organizado (deliberativa ou apenas

conselheira/consultiva);

b) dada sua existência, qual a relação que estabelece entre o governo e

a sociedade civil (principalmente com os movimentos sociais e com as

entidades não governamentais);

c) quais as fronteiras entre sociedade e governo ( poder local, basicamente);

d) qual a forma de combinação entre a democracia direta e indireta nos

conselhos.

3.1 ESTUDOS APONTADOS

1. Tensão entre universalização das políticas dos direitos e ênfase na

focalização das políticas dos conselhos (leia-se particularismo);

2. Dificuldades de articular forças sociais divergentes sem ter um ponto ou

marco referencial estratégico;

3. Dificuldade de articular o público estatal e o público não estatal;

4. Fraca participação da sociedade civil e absenteísmo dos membros

governamentais;

5. Necessidade de destacar aspectos da institucionalidade dos conselhos:

Facilitada e obstáculos às ações da sociedade civil frente ao executivo

municipal;

6. Os conselhos não podem ser visto como substitutos da democracia

representativa nem como braços auxiliares do executivo ou, ainda. como

21

Page 22: CONSELHO DO IDOSO

substitutos da participação popular em geral.

3.2 POLÊMICA SOBRE OS CONSELHOS

De um lado, são formas de descentralização do poder - demandadas

pela população; mas, de outro, são frutos da crise das instituições públicas e

parte constitutiva das reformas estatais que implicam em diminuição de custos

e transferência de responsabilidade de solução dos problemas locais para os.

cidadãos, tratados como usuários ou clientes dos serviços públicos.

São iniciativas para o desenvolvimento local sustentável e, para tal,

implicam que exista uma sociedade civil organizada; entretanto, às vezes, o

próprio desempenho dessas atividades se contrapõe a algumas das funções

que lhes foram atribuídas originalmente, como fiscalização das políticas

públicas, já que eles se tornam parte destas políticas.

A relação com o poder legislativo. Devemos nos lembrar de que os

conselhos não substituem o poder legislativo porque se situam em áreas

específicas e não têm poderes sobre questões gerais, como o poder legislativo

tem.

3.3 CONSELHOS NA URBANIDADE

Na questão urbana, estamos propondo agrupar os conselhos gestores

em quatro categorias:

Os que se relacionam diretamente à chamada questão urbana, por ser

parte integrante do lócus urbano enquanto tal, ou seja: meio ambiente moradia

etc.

Os que decorrem da prestação de serviços urbanos por setores da Administração: saúde, educação, transportes etc.

Os conselhos que abrangem as políticas focalizadas em grupos etários

da população: idosos, crianças e jovens/adolescentes; ou destinados a

categorias específicas como: mulheres, grupos étnicos ou raciais etc.

22

Page 23: CONSELHO DO IDOSO

Estes conselhos localizam-se no urbano (mas não são exclusivos

deles) e atuam sobre problemas sociais que interferem diretamente na

qualidade de vida no meio urbano.

Uma quarta categoria é formada pelos conselhos na área da cultura.

Apesar de a cultura ser uma das áreas da administração setorial, como

uma da secretaria de estado é mais que um serviço. É uma força motriz que

cria e/ou estimula a energia coletiva de uma comunidade e de seus cidadãos.

Na primeira categoria, destacam-se as iniciativas relativas à questão

da moradia, em especial a moradia popular.

Na categoria dos conselhos de serviços, o Conselho Municipal de

Transportes é um dos mais antigos e surgiu, no caso de São Paulo, após as

lutas dos movimentos por transportes coletivos ao final dos anos 70 e a

organização de câmaras colegiadas nos anos 80. Os conselhos na área da

educação apresentam, após 1996, muitas novidades – algumas decorrem da

nova Lei de Diretrizes e Bases da educação; outras decorrem de políticas

sociais advindas do novo modo de gestão estatal. Os conselhos “focalistas”

são os que têm tido maior repercussão na sociedade, em especial junto à

mídia, mas são também os mais frágeis em termos de recursos e infraestrutura

de apoio.

Face ao objeto central deste trabalho – a questão dos conselhos na

gestão de temas urbanos – destacamos os conselhos na área da moradia. Os

dados utilizados são provenientes de organizações da sociedade civil

representativas de movimentos e ONGs que atuam na área da

moradia/habitação. (ELZA)

23

Page 24: CONSELHO DO IDOSO

24

Page 25: CONSELHO DO IDOSO

( ANA ALESSANDRA E STEFANI )

25

Page 26: CONSELHO DO IDOSO

4. CONSELHO DO IDOSO

Os Conselhos do Idoso surgiram no Brasil a partir de

1991, legitimados pela Constituição Federal de 1988 e, segundo o

Estatuto do Idoso, têm como função fiscalizar as entidades privado-prestador-

prestadoras de serviços de assistência a pessoas da terceira idade e elaborar

propostas orçamentárias para promoção e assistência social do

idoso. Este estudo tem por objetivo relatar o pensamento de alguns estudiosos

sobre os Conselhos do Idoso. Os resultados mostram que a maioria dos

autores entende os Conselhos como uma instância de ampliação do espaço

público e de exercício da democracia para os idosos na sociedade.

Segundo definição do Estatuto do Idoso, lei n. 10.741, de 1o de outubro

de 2003, idoso é toda pessoa com idade igual ou superior a sessenta anos de

idade. A população mundial de pessoas idosas vem aumentando

progressivamente e, no Brasil, não poderia ser diferente, pois é nos países em

desenvolvimento que o envelhecimento da população tem ocorrido de forma

mais acentuada.

O aumento do número de indivíduos idosos leva ao aumento da

preocupação com a saúde em várias partes do mundo, mormente no Brasil.

Juntamente com essa preocupação, existe a dificuldade para se conseguir

recursos para os diversos programas de promoção, proteção e recuperação da

saúde. Um exemplo a ser citado é o uso de medicamentos. Entre os idosos, o

uso de medicamentos corresponde a quase a metade da produção.

A lei n. 8.842, de 04 de janeiro de 1994, também conhecida como

Política Nacional do Idoso que é ação governamental garantir ao idoso a

assistência à saúde, nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de

Saúde (SUS); prevenir, promover, proteger e recuperar a saúde do idoso,

mediante programas e medidas profiláticas; adotar e aplicar normas de

funcionamento às instituições geriátricas e similares, com fiscalização pelos

gestores do SUS; elaborar normas de serviços geriátricos hospitalares;

desenvolver formas de cooperação entre as Secretarias de Saúde dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e entre os Centros de Referência

em Geriatria e Gerontologia para treinamento de equipes Inter profissionais;

26

Page 27: CONSELHO DO IDOSO

incluir a Geriatria como especialidade clínica, para efeito de concursos públicos

federais, estaduais, do Distrito Federal e municipal;

realizar estudos para detectar o caráter epidemiológico de

determinadas doenças do idoso, com vistas à prevenção, tratamento

e reabilitação e criar serviços alternativos de saúde para o idoso.

Em 1o de outubro de 2003, foi promulgada a lei n. 10.741, que dispõe

sobre o Estatuto do Idoso, além de dar outras providências. Esta lei visa

garantir ao idoso melhor qualidade de vida e um envelhecimento com

dignidade.

A lei n. 8.842, de 04 de janeiro de 1994, dispõe sobre a Política Nacional do

Idoso e cria o Conselho Nacional do Idoso, além de dar outras providências.

Este Conselho tem a competência de formular, coordenar, supervisionar e

avaliar a Política Nacional do Idoso no âmbito das respectivas instâncias

político-administrativas.

Com base nas leituras feitas, tivemos a oportunidade de observar que

há diferentes necessidades na vida do idoso e, por isso, as políticas voltadas a

eles vêm aumentando. A sociedade necessita proporcionar a si um

envelhecimento bem-sucedido, ou seja, com o mínimo possível de doenças

psicológicas, fisiológicas, com oportunidade de lazer, cultura, educação, com

condições financeiras e de trabalho dignos e, especialmente, prezando pelo

respeito e qualidade de vida. Uma das formas de participação da sociedade

civil é por meio do Conselho do Idoso.

É necessário que as pessoas tenham conhecimento de seus direitos, e

um dos meios de obter esse conhecimento é adquirindo informações que

facilitem e melhorem sua qualidade de vida. Com a Constituição de 1988,

ganharam importância, no âmbito das políticas nacionais, os conselhos

gestores.

O Conselho do Idoso foi criado pela lei n. 218, de 26 de dezembro de

1991, o qual, a par de suas atribuições, recebeu no Estatuto os encargos de

fiscalizar as entidades privadas prestadoras de serviços de assistência a idosas

e, também, coordenar a elaboração da proposta orçamentária para promoção e

assistência social do idoso, em consonância com o Conselho de Assistência

Social do Distrito Federal, este criado pela lei n. 997, de 29 de dezembro de

1995, que tem por objetivo programar a assistência social

27

Page 28: CONSELHO DO IDOSO

prevista na Constituição Federal, na Lei Orgânica da Assistência Social (Loas)

– lei federal n. 8.742, de 1993 –, na Lei Orgânica do Distrito Federal, o que

envolve, necessariamente, a assistência ao idoso.

O Conselho Estadual do Idoso foi criado pelo decreto n. 4.543, de 27

de setembro de 1995, e alterado pelo decreto n. 5.480, de 25 de setembro de

2001, com a natureza e finalidade de ser um órgão de caráter consultivo,

deliberativo e normativo, integrante da estrutura da Secretaria de Cidadania,

responsável pela política de promoção, proteção e defesa dos direitos do idoso.

É competência do Conselho Estadual do Idoso, entre outras: I - formular

diretrizes para a definição da política estadual de atendimento ao idoso,

definindo prioridades, editando normas gerais, fiscalizando ações e diretrizes

estabelecidas no Art. 230 da Constituição Federal, na Lei nº 8.842, de 04 de

janeiro de 1994, e no Decreto Federal nº 4.227, de 13 de maio de 2002, que

cria o Conselho Nacional dos Direitos dos Idosos – CNDI.

O decreto é semelhante à lei no que se refere aos efeitos e ao

conteúdo, no entanto, sua criação é mais simples que a lei, pois depende

somente de decisão do chefe do Poder Executivo – no caso dos conselhos

nacionais, do presidente da República. O decreto não cria novos direitos,

apenas estabelece normas que detalham o que já foi criado pela lei. Por fim, a

portaria expressa decisões de secretários, ministros ou outras autoridades

abaixo do chefe do Executivo.

Considerando que este tipo de norma pode ser extinto ou modificado

mais facilmente que as leis e os decretos – leis somente são revogadas por

votação do Congresso Nacional e decretos podem ser revogados por atos do

presidente da República, ao passo que as portarias podem ser extintas por ato

de autoridades –, esta foi considerada como o ato normativo que atribui menor

reconhecimento formal aos conselhos e, por conseguinte, menor

institucionalização.

O caráter decisório, se consultivo ou deliberativo, também pode ser

considerado um indicador do potencial de assegurar que as decisões se

tornem parte do processo burocrático. Os conselhos deliberativos se

diferenciam quanto à capacidade de produzir decisões vinculantes sobre

políticas e programas (Ipea, 2010), porque existe uma prerrogativa formal,

definida pelas regras, de que estas decisões sejam observadas – pelo menos

28

Page 29: CONSELHO DO IDOSO

em teoria, uma resolução de um conselho deliberativo deve ser acatada pelos

atores de fora do conselho, por exemplo.

Os conselhos consultivos, por seu turno, trabalham com recomendações

a serem consideradas pelos órgãos diretamente vinculados a eles ou por

outros órgãos, os quais podem acatar as recomendações ou não. De acordo

com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2011), os conselhos

consultivos têm o papel apenas de estudar e indicar possíveis formas de

atender às demandas de suas áreas por meio de políticas, já os deliberativos

podem decidir sobre a implantação e as formas de gestão de determinadas

políticas públicas. Nesta perspectiva, os conselhos deliberativos são mais

fortes institucionalmente que os conselhos consultivos, na medida em que o

Estado lhes atribui um maior potencial de influência sobre as políticas públicas.

Um dos objetivos primordiais que os Conselhos necessitam de ter

incorporados aos seus objetivos é o de estimular a pessoa idosa a viver

segundo suas expectativas e potencialidades, obedecendo sempre seus limites

particulares. Tal ampliação se deve ao fato de que o idoso tem a necessidade

de conhecer seus direitos e deveres para usufruir das garantias sociais que

têm, tais como aposentadoria, no regime geral de previdência social, garantia

de um salário mínimo e gratuidade de transporte coletivo, entre outros. Além

disso, o direito do voto é facultativo ao idoso.

Os Conselhos caracterizam-se como um espaço público de

autogoverno das classes populares entre estes serviços comunitários de apoio,

os Conselhos do Idoso têm-se apresentado como instâncias capazes de zelar

pelos interesses da terceira idade.

As potencialidades dos conselhos municipais dentro do regime

democrático têm sido valorizadas sob o prisma de serem os mesmos espaços

públicos onde se desenrolam inúmeras práticas sociais que, ou reforçam

valores antidemocráticos, ou revelam perspectivas da introdução de novos

valores, ou ainda de retomar antigos valores que se perderam no tempo, agora

sendo novamente revividos.(PEDRO E ELZA)

4.1 OBJETIVOS QUE EXPLICITAM A GARANTIA DOS DIREITOS DOIDOSO E O PAPEL DOS CONSELHOS

29

Page 30: CONSELHO DO IDOSO

Os objetivos relacionam-se com explicitar a importância do equilíbrio social do idoso ao incentivar sua participação na sociedade a fim de retardar os efeitos negativos da velhice.

Nisso, os Conselhos do Idoso podem exercer um papel agregador,

tanto de participantes como de ações voltadas a esse fim. Os textos também

propõem a implementação de novas políticas e abordagens com relação às

questões dos idosos e do crescimento do número de idosos, além de levar a

terceira idade ao conhecimento de seus direitos.

Essa possibilidade impõe a necessidade de desenvolvermos políticas

públicas que atendam às demandas desse segmento por saúde, educação,

assistência social, enfim, por condições dignas de vida (NUNES, 2007).

É Importante a Participação Política dos Idosos Proporcionada

pelos Conselhos e a Opinião dos Idosos nas Decisões a Serem

Tomadas pelos Governantes

Para os autores, os Conselhos são aplicação da democracia, pois

neles os cidadãos discutem as decisões a serem tomadas pelos governantes,

como aplicação de verbas e recursos financeiros destinados à

operacionalização das políticas sociais públicas, entre outras.

Configuram-se como uma novidade em relação aos modelos anteriores

de gestão das políticas públicas. Trata-se de uma forma direta de intervenção

dos cidadãos na constituição das políticas sociais, compreendendo as múltiplas

dimensões desse processo: a discussão e o controle de sua implementação.

Os autores consideram um ótimo diferencial o fato de os idosos

fazerem parte dos Conselhos, e isto tem importante função na participação

política da terceira idade, a qual precisa estar organizada em representações

não governamentais.

Os conselhos, pela sua intrínseca ligação com as políticas públicas e

sociais, apresentam como lugares onde o público-alvo das mesmas políticas,

através de sua representação, tem um lugar de assento BREDEMEIER (2003).

Existem dificuldades da abertura de Conselhos do Idoso em virtude da

função fiscalizadora que exercem.

30

Page 31: CONSELHO DO IDOSO

Um problema é encontrado pelos Conselhos durante sua fase de

implementação, pois forças locais e de outros órgãos impõem, muitas vezes,

barreiras aos Conselhos locais em razão da forte fiscalização que eles

exercem.

A criação dos Conselhos Municipais encontra, entretanto muita

resistência, pois esses órgãos exercem com seriedade sua função

fiscalizadora, fazendo com frequência uma série de cobranças à

Municipalidade.

Os Conselhos encontram dificuldades, também, ao tentarem avançar

na formulação ou implementação de novos direitos, como, por exemplo, no

caso do passe livre para idosos em viagens intermunicipais e interestaduais,

em que o direito foi conseguido pela via legislativa, porém a grande burocracia

e a pouca fiscalização impedem e dificulta à terceira idade usufruir por

completo deste direito.

A sociedade necessita de mais esclarecimentos sobre a questão do

envelhecimento mundial, pois este aumento no número de idosos traz diversas

consequências, como as questões previdenciária, social, da necessidade de

aumento dos recursos na área da saúde, opções de lazer, educação e outros.

O fato de os Conselhos não conseguirem reduzir o preconceito sofrido pelo

idoso na sociedade. Eles vêm falhando em estimular a inclusão social da

terceira idade, seja mediante projetos sociais, conscientização da juventude ou

criação e implementação de leis punitivas. é preciso que nós profissionais

percebamos os espaços dos programas de terceira idade como

potencializadores da construção da cidadania do idoso, o que, a nosso ver,

também irá contribuir para a consolidação de uma representação mais positiva

da velhice em nossa sociedade.

Os conselhos têm a possibilidade de empenho maior na luta em defesa

dos direitos da pessoa idosa. Eles podem avançar na formulação de novo-

direitos direitos e em sua implementação, auxiliando, ainda, na fiscalização do

cumprimento destes.

A importância de se buscar novos referenciais para a discussão em

torno dos conselhos é importante, pois com ela se pode vislumbrar novas

oportunidades de uso deste espaço.

31

Page 32: CONSELHO DO IDOSO

Os Conselhos podem ainda aumentar a inclusão social da terceira

idade tornando-os visíveis no ambiente que os circunda, procurando, assim,

reduziro preconceitoqueexiste contra a pessoaidosa.

O trabalho dos Conselhos Municipais do Idoso é extremamente

importante e é desenvolvido tendo-se em mente que as conquistas

sociais só acontecem em bases organizadas e participantes. A única

maneira de garantir aos nossos velhos o espaço que lhes é devido na

sociedade é criar em cada município um Conselho Municipal do

Idoso BREDEMEIER(2001).

4.2 FINALIDADE E ATRIBUIÇÕES

O Conselho Municipal do Idoso e um órgão de representação dos

idosos, e de interlocução junto à comunidade e aos poderes públicos na busca

de soluções compartilhadas.

O Conselho deve estar em sintonia com as políticas nacional e

estadual e se adequar as regras e leis aprovadas e regulamentadas. Torna-se

importante reconhecer a necessidade de interpretações legais, uma vez que a

legislação e um mecanismo inserido na sociedade e que esta, não se

apresenta de forma estática.

O Conselho Municipal deve estar aberto à participação das diversas

tendências políticas e ideológicas, o que o torna mais representativo entre os

municípios e perante os demais organismos de poder. Por essa razão, o

Conselho não devera estar atrelado a nenhum partido político.

O Conselho municipal deve promover amplo e transparente debate

das necessidades e anseios dos idosos, encaminhando propostas aos poderes

municipais, principais responsáveis pela execução das ações. O papel do

Conselho e consultivo, normativo, deliberativo e formador de políticas dirigidas

à pessoa idosa.

O Conselho deve se aproximar do poder Publico Municipal e dos

órgãos de representação Estadual e Nacional estabelecendo, na medida do

possível, interfaces que possam ajudar na construção de uma sociedade mais

organizada e participativa.

32

Page 33: CONSELHO DO IDOSO

A IMPORTANCIA DA CRIACAO DO CONSELHO MUNICIPAL DO IDOSO.

• Estimular os idosos para que participem da formulação da Política Municipal

do Idoso;

• Sensibilizar os Poderes Públicos Municipais quanto às responsabilidades no

atendimento das demandas dos segmentos em conformidade com as políticas

públicas do idoso;

• Procurar formas de parcerias que promovam os direitos dos idosos;

• Estimular a organização de idosos e sua efetiva participação social, visando a

sua integração e exercício da cidadania;

• Fortalecer o Papel do Conselho Municipal enquanto órgão interlocutor entre a

Sociedade e o Poder Público;

• Formular, implantar, supervisionar e avaliar a Política do Idoso;

• Incentivar e apoiar ações concretas em favor dos idosos, visando assegurar

sua continuidade.

4.4 ETAPAS PARA CRIAÇÃO DO CONSELHO MUNICIPAL

Realizar um fórum de debates para tratar do Idoso no Município e se

possíveis elaborarem um anteprojeto de criação do Conselho Municipal. No

caso de não ser possível, que o fórum nomeie uma comissão com essa

finalidade. As lideranças, as entidades asilares, clube de serviços, prefeitos,

vereadores, podem tomar a iniciativa desse fórum;

Levar o anteprojeto a consideração do Prefeito para que o transforme em

mensagem para a Câmara;

• A Câmara discute o projeto e o transforma em lei;

• O Prefeito promulga a Lei;

• Nomeação, posse e reunião do primeiro Conselho;

a) As entidades asilares, os grupos da terceira idade, clubes de serviço e etc.,

mencionados na lei, devem apresentar seu representante e ao mesmo tempo o

prefeito indica os representantes do Poder Publico;

33

Page 34: CONSELHO DO IDOSO

b) O prefeito designa os conselheiros, dando-lhes posse;

c) Na reunião seguinte os titulares poderão ser candidatos a diretores, para

isso devem apresentar seus planos de trabalho e em seguida será feita a

eleição.

4.5 PAPEL DO CONSELHEIRO

Representantes da sociedade civil

• Conhecer a Política Municipal do Idoso em todas as áreas com as quais o

Idoso está envolvido;

• Conhecer o papel do Conselheiro representante do Poder Público;

• Fazer o levantamento da realidade do Idoso no Município;

• Manter contato com Entidades, Sociedade de Amigos do Bairro, Asilos e

pessoas dedicadas aos idosos;

• Promover e participar de atividades e iniciativa de interesse do Idoso;

• Apresentar relatórios escritos e, oralmente, nas reuniões sobre as atividades

realizadas;

• A principal tarefa do Conselheiro representante da Sociedade Civil e

representar o cidadão idoso, muitas vezes excluído e impossibilitado de

exercer sua cidadania;

• Levar ao conhecimento do idoso do Município propostas e soluções legais de

interesse comum;

• Apresentar ao Conselho Municipal do Idoso as propostas e os projetos de

interesse Municipal, Regional e Estadual para a devida apreciação;

• Participar das decisões tomadas pelo Conselho Municipal do Idoso, tendo em

vista o interesse do idoso em nível municipal;

• Participar dos grupos de trabalho e de comissões instituídas pelo Conselho

Municipal do Idoso.

4.6 REPRESENTANTE DO PODER PÚBLICO

• Conhecer profundamente o que diz a lei sobre o idoso na área representada;

• Procurar conhecer os projetos, as ações concretas previstas no orçamento da

Secretaria representada;

34

Page 35: CONSELHO DO IDOSO

• Levar ao conhecimento e a consideração do secretário municipal, as

propostas do Conselho Municipal do Idoso e acompanhar junto à Secretaria, o

andamento dos processos;

• Relatar as atividades desenvolvidas em reunião do Conselho Municipal do

Idoso;

• Todo mês, atualizar-se sobre o realizado pela Secretaria quanto a Política

Municipal do Idoso e os projetos concretos municipais e estaduais;

• Acompanhar, dentro do possível, os projetos enviados pelo Conselho

Municipal do Idoso a Secretaria;

• Manter informado o suplente;

• Apresentar ao Conselho Municipal do Idoso propostas que julgar

interessantes para a Política Municipal do Idoso;

• Conhecer o papel do Conselheiro da Sociedade Civil no Conselho Municipal

do Idoso;

• Participar dos grupos de trabalho e de comissões instituídas pelo Conselho

Municipal do Idoso;

• Representar o Conselho Municipal do Idoso quando este for convidado para

atos oficiais e solenes de interesse do Idoso, desde que designado pelo

Presidente.

4.7 MINUTA DE REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO MUNICIPAL DOIDOSO

O Conselho Municipal do Idoso (CMI), por deliberação de seus membros,

formula o seu regimento interno, na forma do dispositivo da Lei Municipal

nº_consoante as seguintes disposições:

Capitulo I

DA NATUREZA

Art.1º- O presente regimento define, explicita e regulamenta as atividades,

atribuições e funcionamento do Conselho Municipal do Idoso.

Art.2º- O Conselho Municipal do Idoso é órgão interlocutor de caráter

deliberativo e permanente, com representação paritária incumbido de

35

Page 36: CONSELHO DO IDOSO

estabelecer as diretrizes e metas da política municipal do idoso.

Capítulo II

DAS FINALIDADES

Art. 3º- O Objetivo do Conselho Municipal do Idoso:

I- Propor a política municipal do idoso, que vise o exercício da cidadania, a

proteção, assistência e a defesa dos direitos dos idosos; II- Articular e apoiar

projetos e atividades que levem o idoso a participar da solução dos seus

problemas;

III- Opinar, quando solicitado, sobre os critérios de atendimento e os recursos

financeiros destinados pelo município às instituições que prestam serviços a

terceira idade e aos idosos;

IV- Organizar campanhas ou programas educativos, para a sociedade em

geral, com vistas à valorização dos idosos e a velhice saudável; V- Estimular a

criação e a mobilização de organizações e comunidades interessadas na

problemática do idoso;

VI- Promover o desenvolvimento de projetos que obtiveram participação dos

idosos nos diversos setores da atividade social;

VII- Incorporar preocupações manifestadas pela sociedade e opinar sobre

denúncias, que sejam encaminhadas;

VIII- Promover o atendimento domiciliar e asilar, quando necessário.

Capítulo III

4.8 COMPOSICÃO

Art. 4º- O Conselho Municipal do Idoso será composto de______ membros dos quais ____________ escolhidos pelas entidades não governamentais, ligadas à área do idoso e_________ indicados pelo poder público, através de suas secretarias; todos nomeados pelo prefeito.

I - O presidente do Conselho Municipal do Idoso bem como os demais membros da diretoria, serão eleitos pelo colegiado;

36

Page 37: CONSELHO DO IDOSO

II - O presidente será escolhido entre os Conselheiros da Sociedade Civil.

Art. 5º- No caso de impedimento, licença, afastamento temporário ou definitivo de um de seus membros, o presidente convocará o suplente.

Art. 6º- O conselheiro que faltar sucessivamente e sem justificativa a três reuniões consecutivas ou cinco vezes não consecutivas, perderá o mandato; salvo quando estiver presente o suplente.

Art.7º- O conselho Municipal do Idoso terá Colegiado pleno e diretoria executiva.

Art.8º- O colegiado pleno do Conselho Municipal do Idoso é órgão consultivo e deliberativo nas decisões tomadas em reuniões ordinária e extraordinária pelo seus membros, quite com suas obrigações.

Art.9º- O conselho Municipal do Idoso contará com equipes técnicas de trabalhos, nomeados pelo próprio conselho.

Art.10º- A diretoria executiva coordenará e executará as decisões do conselho. Será composta pela Diretoria do Conselho.

Capitulo IV

DAS ATRIBUIÇÕES

Art. 11- Compete ao presidente:

I- Convocar e presidir as reuniões ordinárias e extraordinárias do conselho e da diretoria executiva;

II- Submeter a apreciação, discussão e deliberação os assuntos da pauta;

II- Assinar o expediente do Conselho;

IV- Encaminhar para a execução as decisões do conselho;

V-Representar o Conselho Municipal do Idoso toda vez que o cargo o exigir; VI- Garantir as dinâmicas das reuniões;

VII- Exercer o voto de qualidade, sempre que houver empate;VII- Solicitar recursos financeiros e humanos junto ao poder público, para a realização das atividades do conselho.

37

Page 38: CONSELHO DO IDOSO

Assinar cheques bancários e demais documentos que impliquem em responsabilidade financeira para o Conselho juntamente com quem de direito.

ART.12 Compete ao secretário:

I- Elaborar a pauta da reunião de acordo com o presidente, enviando-as com antecedência de 8 (oito) dias aos conselheiros;II- Lavrar e subscrever, juntamente com os demais membros as atas das reuniões;

III- Preparar, expedir, receber e arquivar a correspondência do Conselho;

IV- Organizar, escriturar e manter sob guarda no arquivo os livros do Conselho;

V- Assessorar sempre que for necessário o Presidente do Conselho Municipal do Idoso;

Parágrafo único- Na falta dele será substituído pelo 2º secretário.

Art. 13- O expediente do Conselho Municipal do Idoso compreende:

I- Organização do cadastro dos Idosos;

II- Responsabilizar-se pelo expediente;

III- Atender aos pedidos do Conselho, sobretudo colaborando com a execução das decisões;

IV- Colaborar com as equipes técnicas e os grupos de trabalho.

Capítulo V

4.10 DAS REUNIÕES

Art. 14- O Conselho Municipal do Idoso se reunirá ordinariamente, sempre que convocado pelo presidente ou por um terço do colegiado.

Art. 15- As reuniões só poderão ser realizadas com a presença, no mínimo de um terço dos conselheiros.

Art. 16- Cada reunião será de acordo com a pauta.Art. 17- As matérias voltadas serão transformadas em resoluções e levarão sempre o aval do presidente.

38

Page 39: CONSELHO DO IDOSO

Art. 18- Os projetos ligados às secretarias do município para serem incluídos na previsão orçamentária, devem estar prontos para a aprovação do Conselho Municipal do Idoso no 1º semestre do ano corrente.

Capítulo VI

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 19- O presente regimento interno poderá ser alterado somente através de proposta escrita de um terço dos membros e com antecedência de quinze dias, colocado em votação; a proposta será aprovada pelo mínimo de dois terços do colegiado.

Art. 20- Os casos omissos neste, serão resolvidos em reunião ordinária ou extraordinária pela maioria absoluta dos conselheiros.

Art. 21- Este regimento interno aprovado pelo colegiado entra em vigor mediante decreto do Prefeito Municipal.

5. ETAPAS PARA ELABORAÇÃO DE MINUTA DA POLITICA MUNICIPALDO IDOSO

• O Conselho Municipal do Idoso elabora minuta do projeto de lei, sobre aPolítica Municipal do Idoso, a qual poderá ser discutida num Fórum especialmente para essa finalidade;

• O Conselho Municipal do Idoso leva o Anteprojeto a consideração do Prefeito que o transformará em mensagem para a Câmara Municipal;

• A Câmara Municipal discute o projeto e faz a Lei;

• A lei será regulamentada totalmente ou em partes, pelo Prefeito através deDecreto.

DECRETO Nº 5.109, DE 17 DE JUNHO DE 2004

Dispõe sobre a composição, estruturação, competências e funcionamento do

Conselho Nacional dos Direitos do Idoso - CNDI, e dá outras providências. O

PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso das atribuições que lhe confere o art.

84, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto

39

Page 40: CONSELHO DO IDOSO

na Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, e nos arts. 24 e 50 da Lei nº 10.683,

de 28 de maio de 2003,

D E C R E T A:

5.1 CAPÍTULO I

Da Finalidade e da Competência

Art. 1º O Conselho Nacional dos Direitos do Idoso CNDI, órgão colegiado de

caráter deliberativo, integrante da estrutura básica da Secretaria Especial dos

Direitos Humanos da Presidência da República, tem por finalidade elaborar as

diretrizes para a formulação e implementação da política nacional do idoso,

observadas as linhas de ação e as diretrizes conforme dispõe a Lei nº

10.741,de 1º de outubro de 2003 - Estatuto do Idoso, bem como acompanhar e

avaliar a sua execução.

Art. 2º Ao CNDI compete:

I - elaborar as diretrizes, instrumentos, normas e prioridades da política

nacional do idoso, bem como controlar e fiscalizar as ações de execução; II -

zelar pela aplicação da política nacional de atendimento ao idoso; III - dar apoio

aos Conselhos Estaduais, do Distrito Federal e Municipais dos Direitos do

Idoso, aos órgãos estaduais, municipais e entidades não-governamentais, para

tornar efetivos os princípios, as diretrizes e os direitos estabelecidos pelo

Estatuto do Idoso;

IV - avaliar a política desenvolvida nas esferas estadual, distrital e municipal e a

atuação dos conselhos do idoso instituídos nessas áreas de governo; V -

acompanhar o reordenamento institucional, propondo, sempre que necessário,

as modificações nas estruturas públicas e privadas destinadas ao atendimento

do idoso;

VI - apoiar a promoção de campanhas educativas sobre os direitos do idoso,

com a indicação das medidas a serem adotadas nos casos de atentados ou

violação desses direitos;

40

Page 41: CONSELHO DO IDOSO

VII - acompanhar a elaboração e a execução da proposta orçamentária da

União, indicando modificações necessárias à consecução da política formulada

para a promoção dos direitos do idoso; e

VIII - elaborar o regimento interno, que será aprovado pelo voto de, no mínimo,

dois terços de seus membros, nele definindo a forma de indicação do seu

Presidente e Vice-Presidente.

Parágrafo único. Ao CNDI compete, ainda:

I - acompanhar e avaliar a expedição de orientações e recomendações sobre a

aplicação da Lei nº 10.741, de2003, e dos demais atos normativos

relacionados ao atendimento do idoso;

II - promover a cooperação entre os governos da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios e a sociedade civil organizada na formulação

e execução da política nacional de atendimento dos direitos do idoso; III -

promover, em parceria com organismos governamentais e não-

governamentais, nacionais e internacionais, a identificação de sistemas de

indicadores, no sentido de estabelecer metas e procedimentos com base

nesses índices, para monitorar a aplicação das atividades relacionadas com o

atendimento ao idoso;

IV - promover a realização de estudos, debates e pesquisas sobre a aplicação

e os resultados estratégicos alcançados pelos programas e projetos de

atendimento ao idoso, desenvolvidos pela Secretaria Especial dos Direitos

Humanos da Presidência da República; e

V - estimular a ampliação e o aperfeiçoamento dos mecanismos de

participação e controle social, por intermédio de rede nacional de órgãos

colegiados estaduais, regionais, territoriais e municipais, visando fortalecer o

atendimento dos direitos do idoso.

5.2 CAPÍTULO II

5.2.1 Da Composição e do Funcionamento

Art. 3º O CNDI tem a seguinte composição, guardada a paridade entre os

membros do Poder Executivo e da sociedade civil organizada:

41

Page 42: CONSELHO DO IDOSO

I - Um representante da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da

residência da República e de cada Ministério a seguir indicado:

a) das Relações Exteriores;

b) do Trabalho e Emprego;

c) da Educação;

d) da Saúde;

e) da Cultura;

f) do Esporte;

g) da Justiça;

h) da Previdência Social;

i) da Ciência e Tecnologia;

j) do Turismo;

l) do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;

m) do Planejamento, Orçamento e Gestão; e

n) das Cidades;

II - quatorze representantes de entidades da sociedade civil organizada, sem

fins lucrativos, com atuação no campo da promoção e defesa dos direitos da

pessoa idosa, que tenham filiadas organizadas em, pelo menos, cinco

unidades da Federação, distribuídas em três regiões do País.

§ 1º Os representantes de que trata o inciso I, e seus respectivos suplentes,

serão indicados pelos titulares dos órgãos representados.

§ 2º Os representantes de que trata o inciso II, e seus respectivos suplentes,

serão indicados pelos titulares das entidades representadas.

§ 3º Os representantes de que tratam os incisos I e II, e us respectivos

suplentes, serão designados pelo Secretário Especial dos Direitos Humanos da

Presidência da República.

§ 4º As deliberações do CNDI, inclusive seu regimento interno, serão

aprovadas mediante resoluções.

§ 5º Poderão, ainda, ser convidados a participar das reuniões do CNDI

personalidades e representantes de entidades e órgãos públicos e privados,

dos Poderes Legislativo e Judiciário, bem como outros técnicos, sempre que da

pauta constar tema de suas áreas de atuação.

42

Page 43: CONSELHO DO IDOSO

Art. 4º Os membros de que trata o inciso II do art. 3º deste Decreto serão

representados por entidades eleitas em assembleia específica, convocada

especialmente para esta finalidade.

§ 1º A eleição será convocada pelo CNDI, por meio de edital, publicado no

Diário Oficial da União, sessenta dias antes do término do mandato dos seus

representantes.

§ 2º O regimento interno do CNDI disciplinará as normas e os procedimentos

relativos à eleição das entidades da sociedade civil organizada que comporão

sua estrutura.

§ 3º As entidades eleitas e os representantes indicados terão mandatos de dois

anos, podendo ser reconduzidos, por meio de novo processo eleitoral. § 4º O

Ministério Público Federal poderá acompanhar o processo de escolha dos

membros representantes das entidades da sociedade civil organizada. Art. 5º O

CNDI poderá instituir comissões permanentes e grupos temáticos, de caráter

temporário, destinados ao estudo e elaboração de propostas sobre temas

específicos, a serem submetidas ao plenário, cuja competência e

funcionamento serão definidos no ato de sua criação.

Art. 6º A estrutura de funcionamento do CNDI compõe se de:- Plenário;

II - Secretaria; e

III - comissões permanentes e grupos temáticos.

5.3 CAPÍTULO III

5.3.1 Das Atribuições do Presidente

Art. 7º São atribuições do Presidente do CNDI: I

- convocar e presidir as reuniões do colegiado;

II - solicitar a elaboração de estudos, informações e posicionamento sobre

temas de relevante interesse público;

III - firmar as atas das reuniões e homologar as resoluções; e IV - constituir,

convocar reuniões e organizar o funcionamento das comissões permanentes e

dos grupos temáticos.

5.4 CAPÍTULO IV

5.4.1 Das Disposições Gerais

43

Page 44: CONSELHO DO IDOSO

Art. 8º Caberá à Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da

República prover o apoio administrativo e os meios necessários à execução

dos trabalhos do CNDI, das comissões permanentes e dos grupos temáticos.

Art. 9º As despesas com os deslocamentos dos membros integrantes do CNDI,

das comissões permanentes e dos grupos temáticos poderão correr à conta de

dotações orçamentárias da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da

Presidência da República.

Art. 10. Para cumprimento de suas funções, o CNDI contará com recursos

orçamentários e financeiros consignados no orçamento da Secretaria Especial

dos Direitos Humanos da Presidência da República.

Art. 11. A participação no CNDI, nas comissões permanentes e nos grupos

temáticos será considerada função relevante, não remunerada. Art.12. O CNDI

reunir-se-á bimestralmente em caráter ordinário e extraordinariamente por

convocação do seu presidente ou por requerimento da maioria de seus

membros.

Art. 13. Os representantes a que se referem os incisos I e II do art. 3 o deste

Decreto, acrescidos na composição do CNDI, serão designados para o

exercício da função até 3 de setembro de 2004, data em que encerrará o

mandato de todos os seus membros.

Art. 14. As dúvidas e os casos omissos neste Decreto serão resolvidos pelo

Presidente do CNDI, ad referendum do Colegiado.

Art. 15. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Art. 16. Ficam

revogados os Decretos n o s 4.227, de 13 de maio de 2002, e 4.287, de 27 de

junho de 2002.

Brasília, 17 de junho de 2004; 183º da Independência e 116º da República.

6. DECRETO Nº 5.130, DE 7 DE JULHO DE 2004

Regulamenta o art. 40 da Lei nº 10.741, de 1 o de outubro de 2003 (Estatuto do

Idoso), e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso das atribuições que lhe confere o

art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto

44

Page 45: CONSELHO DO IDOSO

na alínea “e” do inciso XII do art. 21 da Constituição, e no art.

40 da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003,

D E C R E T A:

Art.1º Ficam definidos os mecanismos e os critérios para o exercício do direito

previsto no art. 40 da Lei n o 10.741, de 1 o de outubro de 2003, no sistema de

transporte coletivo interestadual, nos modais rodoviário, ferroviário e

aquaviário.

Art. 2º Para fins deste Decreto, considera-se:

I - idoso: pessoa com idade igual ou superior a sessenta anos; II - serviço de

transporte interestadual de passageiros: o que transpõe o limite do Estado, do

Distrito Federal ou de Território;

III-seção: serviço realizado em trecho do itinerário do serviço de transporte,

com fracionamento de preço; e

IV - bilhete de viagem do idoso: documento que comprove a concessão do

transporte gratuito ao idoso, fornecido pela empresa prestadora do serviço de

transporte, para possibilitar o ingresso do idoso no veículo.

Art. 3º Ao idoso com renda igual ou inferior a dois salários-mínimos serão

reservadas duas vagas gratuitas em cada veículo, comboio ferroviário ou

embarcação do serviço convencional de transporte interestadual de

passageiros.

§ 1º Incluem-se na condição de serviço convencional:

I - os serviços de transporte rodoviário interestadual convencional de

passageiros, prestado com veículo de características básicas, com ou sem

sanitários, em linhas regulares;

II - os serviços de transporte ferroviário interestadual

de passageiros, em linhas regulares; e

III - os serviços de transporte aquaviário interestadual, abertos ao público,

realizados nos rios, lagos, lagoas e baías, que operam linhas regulares,

inclusive travessias.

§ 2º O beneficiário previsto no caput deste artigo deverá solicitar um único

“Bilhete de Viagem do Idoso”, devendo dirigir-se aos pontos de venda da

45

Page 46: CONSELHO DO IDOSO

transportadora, com antecedência de, pelo menos, três horas em relação ao

horário departida do ponto inicial do serviço de transporte, podendo incluir no

referido bilhete a viagem de retorno, respeitado os procedimentos da venda de

bilhete de passagem, no que couber.

§ 3º Na existência de seções, nos pontos de seção devidamente autorizados

para embarque de passageiros, a reserva de assentos também deverá estar

disponível até a mesma hora prevista no § 2º.

§ 4º Após o prazo estipulado no § 2º, caso os assentos reservados não tenham

sido objeto de concessão do benefício de que trata este Decreto, as empresas

prestadoras dos serviços poderão colocar à venda os bilhetes desses

assentos.

§ 5º No dia marcado para a viagem, o beneficiário deverá comparecer no

guichê da empresa prestadora do serviço, no terminal de embarque, até trinta

minutos antes da hora marcada para o início da viagem, sob pena de perda. do

benefício.

§ 6º O “Bilhete de Viagem do Idoso” e o bilhete com desconto do valor da

passagem são intransferíveis.

Art. 4º Além das vagas previstas no art. 3º, o idoso com renda igual ou inferior

a dois salários-mínimos terá direito ao desconto mínimo de cinquenta por cento

do valor da passagem para os demais assentos do veículo, comboio ferroviário

ou embarcação do serviço convencional de transporte interestadual de

passageiros.

§ 1º O desconto previsto no caput deste artigo estará disponível até três horas

antes do início da viagem.

§ 2º Quando a empresa prestadora do serviço efetuar a venda do bilhete de

passagem com o desconto previsto no caput deste artigo, deverá nele constar

essa situação, mediante acréscimo das seguintes informações: I - desconto

para idoso;

II - nome do beneficiário.

Art. 5º O “Bilhete de Viagem do Idoso” será emitido pela empresa prestadora

do serviço, em pelo menos duas vias, sendo que uma via será destinada ao

passageiro e não poderá ser recolhida pela transportadora, e nela constarão,

no mínimo, as seguintes indicações:

46

Page 47: CONSELHO DO IDOSO

I - nome, endereço da empresa prestadora do serviço, número de inscrição no

CNPJ e data da emissão da autorização;

II - denominação “Bilhete de Viagem do Idoso”;

III - número da autorização e da via

IV - origem e destino da viagem;

V - prefixo da linha e suas localidades

terminais; VI - data e horário da viagem;

VII - número da poltrona; VIII

- nome do beneficiário; e

IX - número do documento de identificação do beneficiário.

Art. 6º No ato da solicitação do “Bilhete de Viagem do Idoso” ou desconto do

valor da passagem, o interessado deverá apresentar documento pessoal que

faça prova de sua idade e da renda igual ou inferior a dois salários-mínimos. §

1º A prova de idade do beneficiário idoso far-se-á mediante apresentação de

qualquer documento pessoal, com fé pública, que a comprove. § 2º A

comprovação de renda será feita mediante a apresentação de um dos

seguintes documentos:

I- Carteira de Trabalho e Previdência Social com anotações atualizadas; II -

contracheque de pagamento ou documento expedido pelo empregador; III -

carnê de contribuição para o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS; IV -

extrato de pagamento de benefício ou declaração fornecida pelo INSS ou outro

regime de previdência social público ou privado; e

V - documento ou carteira emitida pelas Secretarias Estaduais ou Municipais

de Assistência Social ou congêneres.

Art. 7º A segunda via do “Bilhete de Viagem do Idoso” deverá ser arquivada,

permanecendo a mesma em poder da empresa prestadora do serviço nos

trezentos e sessenta e cinco dias subseqüentes ao término da viagem.

Parágrafo único. As empresas prestadoras dos serviços de transporte deverão

mensalmente informar as Agências Nacionais de Regulação dos Transportes

Terrestre e Aquaviário, de acordo com as respectivas esferas de atuação

dessas Agências, a movimentação de usuários titulares do benefício, por linha

e por situação.

Art. 8º Os beneficiários de que trata este Decreto estão sujeitos aos

procedimentos de identificação de passageiros ao apresentarem-se para

47

Page 48: CONSELHO DO IDOSO

embarque, de acordo com o estabelecido pelas Agências Nacionais de

Regulação dos Transportes Terrestre e Aquaviário, em suas respectivas

esferas de atuação.

Art. 9º O descumprimento ao disposto neste Decreto sujeitará o infrator a

sanção de multa, sem prejuízo das demais sanções regulamentares e

contratuais, e das de natureza civil e penal.

Parágrafo único. O valor da multa será fixado em regulamento aprovado pela

Diretoria das Agências Nacionais de Regulação dos Transportes Terrestre e

Aquaviário, em suas respectivas esferas de atuação. Art. 10. Este Decreto

entra em vigor na data da sua publicação, produzindo efeitos a partir de 1 o de

agosto de 2004.

7. PLANO DE AÇÃO PARA O ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRAA PESSOA IDOSA

O Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência Contra a Pessoa

Idosa é resultado do esforço conjunto do governo federal, Conselho Nacional

dos Direitos dos Idosos (CNDI) e dos movimentos sociais. Pretende

estabelecer as estratégias sistêmicas de ação, revelando, assim, sua

importância, tendo em vista o resultado do planejamento, organização,

coordenação, controle, acompanhamento e avaliação de todas as etapas da

execução das ações de prevenção e enfrentamento da violência contra a

pessoa idosa.

O plano constitui-se como um instrumento que reforça os objetivos de

implementar a Política de Promoção e Defesa dos Direitos aos segmentos da

população idosa do Brasil, dentro de um enfoque do respeito, de tolerância e

da convivência intergeracional. Busca-se, assim, instituir e efetivar, em todos

os níveis, mecanismos e instrumentos institucionais que viabilize o

entendimento, o conhecimento e o cumprimento de política de garantia dos

direitos.

No cumprimento do papel que lhe cabe como gestor federal da Política

48

Page 49: CONSELHO DO IDOSO

Nacional dos Direitos Humanos, a Subsecretaria de Direitos Humanos

(SDH/SG/PR) está empenhada em apoiar mudanças capazes de promover o

efetivo respeito dos direitos fundamentais por meio de ações conjuntas do

governo e da sociedade.

Este plano comprova a eficácia de uma profícua parceria entre governo e

sociedade, porquanto expõe um diagnóstico e aponta com simplicidade o que

deve ser efetivado como estratégia de prevenção e enfrentamento à violência

contra a pessoa idosa, devendo ser destacada a necessidade de construção de

uma rede de proteção a esse segmento populacional.

8. ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA:QUESTÃO DE DIREITOS HUMANOS

Passados 20 anos da realização da I Assembléia Mundial do

Envelhecimento, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou, de 08 a 12

de abril de 2002, em Madri, a II Assembléia Mundial do Envelhecimento, na

qual foi aprovado o Plano Internacional sobre o Envelhecimento 2002. Tanto no

primeiro como no segundo evento foi destacada como prioritária a aplicação da

Declaração Universal dos Direitos Humanos, assim como a necessidade de

inclusão do idoso na vida social, cultural, econômica e política das sociedades.

Políticas de inclusão para as pessoas idosas torna-se urgente não somente no

Brasil, como também nos demais países do mundo, ante o acelerado processo

de envelhecimento da população, bem como diante de um cada vez maior

índice de expectativa de vida em um mundo perplexo diante dos desafios do

processo de globalização.

No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), do ano de 2003, há, hoje, aproximadamente, 16,4 milhões

de idosos, definidos como população de 60 anos e mais de idade. Esse

número de idosos já corresponde a mais de 9,6% da população brasileira. Esse

dado é altamente relevante porquanto a mudança na distribuição etária de um

país altera o perfil das políticas sociais, exigindo estratégias e implementação

de benefícios, serviços, programas e projetos relacionados à promoção dos

direitos humanos dos idosos, notadamente quando se tem em

49

Page 50: CONSELHO DO IDOSO

vista que significativa parcela desse segmento encontra-se em situação de

abandono ou sendo vítima de maus-tratos praticados na maioria das vezes

pelos seus próprios familiares. As vítimas preferenciais são as mulheres idosas

em razão da histórica marginalização a qual este gênero está submetido.

Quando vítimas de maus-tratos praticados pelos familiares, os idosos, e

mais especialmente as idosas, em virtude de sua fragilidade física e emocional,

temem denunciar os seus agressores por medo de sofrer represálias e também

em virtude de, muitas vezes, alimentarem sentimento de afeto em relação aos

seus algozes.

Diante desse quadro, a ausência de políticas sociais direcionadas aos

idosos em situação de risco traduz-se na própria negação dos direitos

fundamentais da pessoa humana, os quais a República Federativa do Brasil

possui obrigação constitucional e moral de proteção, tanto mais quando se tem

em vista os tratados internacionais dos quais é signatária.

Para evitar que as várias formas de violência contra as pessoas idosas

seja banalizada na sociedade, torna-se essencial desencadear um processo

sólido de informações sobre os direitos desse segmento, bem como o

desenvolvimento de ações simples e consistentes, comprometendo, dessa

forma, efetivamente, as comunidades e o Estado a prevenirem e enfrentarem

todo e qualquer tipo de violência praticada contra as pessoas de idade

avançada.

Para que esse processo de informação e de ações dissemine-se pela

sociedade, torna-se necessário explicar às comunidades e os agentes públicos

o papel das instituições que possuem a responsabilidade de proteger as

pessoas idosas e estimular as autoridades responsáveis por essas instituições

a agir adequadamente, de maneira que os cidadãos não tenham medo de

denunciar qualquer situação de violência ou maus-tratos

praticados contra o idoso.

8.1 OBJETIVO DO PLANO

Promover ações que levem ao cumprimento do Estatuto do Idoso (lei nº.

10.741, de 1o de outubro de 2003), que tratem do enfrentamento da exclusão

social e de todas as formas de violência contra esse grupo social.

50

Page 51: CONSELHO DO IDOSO

O plano está concebido para ser executado em dois anos, durante os quais seu

monitoramento deverá permitir correção de rumos e sua ampliação por um

período subseqüente.

8.2 Definição de Conceitos

Por pessoa idosa entende-se o indivíduo com 60 anos ou mais,

seguindo-se parâmetros demográficos nacionais e internacionais. O fenômeno

do envelhecimento no Brasil encontra -se em processo de expansão.

A esperança de vida ao nascer mais que dobrou do início do século XX,

quando era de 33 anos de idade, para o início do século XXI, quando já passa

dos 72 anos. De 199 1 a 2000, a população brasileira com mais de 60 anos

aumentou duas vezes e meia (35%) a mais do que a população mais jovem,

que cresceu 14%.

A Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE (2003) assinala que havia

16.022.231 pessoas com 60 anos ou mais no país em 2002, representando

9,3% do total dos habitantes.

A cada ano, mais de 600 mil pessoas ingressam nesse grupo etário, o

que evidencia o dinamismo do envelhecimento no país. No ano 2020 espera-se

que o número de pessoas acima de 60 anos atinja 25 milhões e represente

11,4% do total dos brasileiros.

O fenômeno do envelhecimento no Brasil veio para ficar, configurando, ao

mesmo tempo, uma conquista da qualidade de vida no país e um desafio que

precisa ser enfrentado pelas famílias, pela sociedade e pelo Estado.

O objeto de atenção deste plano é o enfrentamento do processo de

exclusão social e o fenômeno de violência social termos que neste documento

serão usados como processos de não reconhecimento do idoso como sujeito

de direitos e as diferentes formas físicas, psicológicas, simbólicas e

institucionais de uso de coerção, da força e da produção de danos contra a

pessoa idosa.

Violência, maus-tratos, abusos contra os idosos são noções que dizem

respeito a processos e a relações sociais interpessoais, de grupos, de classes,

de gênero, ou ainda institucionais, que causem danos físicos, mentais e morais

51

Page 52: CONSELHO DO IDOSO

à pessoa. Segundo a Rede Internacional para a Prevenção dos Maus-Tratos

contra o Idoso:

O mau-trato ao idoso é um ato (único ou repetido) ou omissão que lhe

cause dano ou aflição e que se produz em qualquer relação na qual exista

expectativa de confiança.

A partir da literatura nacional e internacional sabe-se que a violência

contra a população idosa é problema universal. Estudos de diferentes culturas

e de cunho comparativo entre países têm demonstrado que indivíduos de todos

os status socioeconômicos, etnias e religiões são vulneráveis aos maus-tratos,

que ocorrem de várias formas: física, sexual, emocional e financeira.

Freqüentemente, uma pessoa de idade sofre, ao mesmo tempo, vários

tipos de maus-tratos evidenciados por estudos analíticos de arquivos de

emergências hospitalares e de institutos médico-legais.

Assim como em muitos países do mundo, no caso brasileiro, as

violências contra a geração idosa manifestam-se em maneiras de tratá-la e

representá-la, cujo sentido pode-se resumir nos termos descartável e peso

social. Esses estigmas e formas de discriminação têm vários focos de

produção e de reprodução: (a) sua expressão estrutural, que ocorre pela

desigualdade social, naturalizada nas manifestações de pobreza, de miséria e

de discriminação; (b) sua expressão interpessoal, que se manifesta nas formas

de comunicação e de interação cotidiana; e (c) suas expressões institucionais,

evidenciadas na aplicação ou omissão na gestão das políticas sociais pelo

Estado e pelas instituições de assistência, reproduzindo relações assimétricas

de poder, de domínio, de menosprezo e de discriminação e de negligências.

Se, de um lado, existe a pessoa idosa em situação de

risco sujeita a várias formas de violência, por outro lado,

pode existir, também, pessoa idosa agindo de forma violenta em relação ao

seu contexto social. No entanto, a fragilidade própria da idade e do lugar social

que ocupam, torna-os, sobretudo, muito mais vítimas que agressores. Nacional

e internacionalmente há algumas categorias e tipologias padronizadas para

designar as formas mais freqüentes de violências praticadas contra a

população idosa:

52

Page 53: CONSELHO DO IDOSO

Abuso físico, maus-tratos físicos ou violência física dizem respeito ao

uso da força física para compelir os idosos a fazerem o que não desejam, para

feri-los, provocar-lhes dor, incapacidade ou morte.

Abuso psicológico, violência psicológica ou maus tratos psicológicos

correspondem a agressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar os

idosos, humilhá-los, restringir sua liberdade ou isolá-los do convívio social.

Abuso sexual, violência sexual referem-se ao ato ou ao jogo sexual de caráter

homo ou hetero-relacional, utilizando pessoas idosas. Esses agravos visam a

obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento,

violência física ou ameaças.

Abandono é uma forma de violência que se manifesta pela ausência ou

deserção dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de

prestarem socorro a uma pessoa idosa que necessite de proteção. A

classificação e a conceituação aqui descritas estão oficializadas no documento

denominado Política Nacional de Redução de Acidentes e Violências, aprovado

como portaria do Ministério da Saúde, no dia 16 de maio de 2001.

Negligência refere-se à recusa ou à omissão de cuidados devidos e

necessários aos idosos, por parte dos responsáveis familiares ou institucionais.

A negligência é uma das formas de violência contra os idosos mais presente no

país. Ela se manifesta, freqüentemente, associada a outros abusos que geram

lesões e traumas físicos, emocionais e sociais, em particular, para as que se

encontram em situação de múltipla dependência ou incapacidade. Abuso

financeiro e econômico consiste na exploração imprópria ou ilegal dos idosos

ou ao uso não consentido por eles de seus recursos financeiros e patrimoniais.

Esse tipo de violência ocorre, sobretudo, no âmbito familiar.

Auto negligência diz respeito à conduta da pessoa idosa que ameaça sua

própria saúde ou segurança, pela recusa de prover cuidados necessários a si

mesma.

8.3 Diagnóstico Situacional

A violência contra idosos é um fenômeno de notificação recente no

mundo e no Brasil. Pela primeira vez, em 1975, os abusos de idosos foram

descritos em revistas científicas britânicas como espancamento de avós

53

Page 54: CONSELHO DO IDOSO

(Baker, 1975). No Brasil, a questão começou a ganhar a partir de 1990, bem

depois que a preocupação com a qualidade de vida dos idosos entrou na

agenda da saúde pública brasileira. Por isso, ainda que as informações

quantitativas e circunstanciadas avolumem-se a partir de agora, por causa da

obrigatoriedade da notificação de maus-tratos prevista a partir do Estatuto do

Idoso, recentemente aprovado, o que se poderá comprovar é que a magnitude

de tal fenômeno é muito mais extensa do que se poderia prever. E se

crescerem muito os dados estatísticos, ainda assim, a sociedade terá que se

perguntar se aumentou a violência ou se melhorou o processo de notificação.

Dados sobre mortalidade de 2002 e de morbidade de 2004, a respeito

das violências e acidentes referentes à população idosa brasileira, originados

do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, e do

Sistema de Informações Hospitalares (SIH-SUS),contidos no documento

Autorização de Internação Hospitalar, registra a situação em que a pessoa se

internou em um hospital do SUS e o tratamento oferecido para seus agravos.

As informações são olhadas de várias formas. Por taxas: calculam-se quantas

pessoas morreram por 100.000 nos mesmos grupos de idade, por determinada

causa. Em proporção: as proporções são olhadas no total da mortalidade dos

idosos (por exemplo, em relação aos óbitos por doenças cardiovasculares, por

câncer, por doenças respiratórias) e entre cada uma das causas específicas,

por exemplo, os acidentes de trânsito, as quedas, os homicídios, os suicídios e

ou mortes naturais.

8.4 Diretrizes de Ação

Este plano assinala algumas diretrizes fundamentais para a implementação das

ações propostas:

1. O foco central da atuação deve ser a plena aplicação do Estatuto do Idoso

em que a legislação consagra reconhecimento dos seus direitos e do seu lugar

muito especial desses cidadãos na sociedade brasileira;

2. O princípio básico de todas as ações do plano deve ser a garantia da

presença e do protagonismo do idoso como proponente, participante,

monitorador e avaliador das diversas instâncias;

54

Page 55: CONSELHO DO IDOSO

3. As ações do plano devem ser realizadas dentro de um processo de

descentralização e pacto federativo e de intersetorialidade; 4. O plano de ação

deve ser acompanhado e avaliado desde o início de sua implantação, para que

o seu monitoramento garanta a factibilidade das propostas, correção de rumos

e sua continuidade.

8.5 Propostas de Ação

Este plano de ação adota algumas prioridades e é datado para dois anos,

etapa durante a qual o seu monitoramento indicará os passos subseqüentes a

serem trilhados.

Fundamentadas no diagnóstico situacional, as prioridades de ação estão

descritas por quatro categorias de espaço socioambiental e cultural:

1. Espaço cultural coletivo;

2. Espaço público;

3. Espaço familiar;

4. Espaço institucional.

5. Espaço Cultural Coletivo

O Estatuto do Idoso, que prevê um país generoso com os seus velhos,

tem problemas com a prática. Elas são de várias ordens. A primeira e essencial

é a consciência de que o envelhecimento é um fenômeno que veio para ficar e

que, nos próximos 50 anos, tenderá a se acelerar no Brasil. Portanto, é preciso

considerar a importância da contribuição do idoso em todas as esferas públicas

e privadas, assim como políticas específicas voltadas a seu bem-estar,

qualidade de vida, proteção e cuidados. Essa consciência precisa crescer em

toda a sociedade, modificando hábitos, usos e costumes, remetendo a

mudanças culturais que necessitam da intervenção política e gerencial do

Estado, da sociedade e dos próprios idosos para que se acelerem.

8.6 Ações Estratégicas

Mobilização da mídia em âmbito nacional, estadual e local, tendo como tema o

envelhecimento e o Estatuto do Idoso;

55

Page 56: CONSELHO DO IDOSO

Estabelecimento de parceria com a mídia para divulgação das políticas, planos

de ação, seminários e outras iniciativas voltadas à garantia dos direitos dos

idosos;

Realização de fóruns em todas as Unidades da Federação para a discussão da

temática envelhecimento e família.

Responsáveis: SEDH/PR, MDS, MEC, MCT.

9. Espaço Público

Os idosos, como toda a população brasileira, têm direito de ir e vir no

espaço público. No entanto, a maioria de nossas cidades e áreas rurais não

lhes oferece segurança para sair de casa, passear e se divertir. Três problemas

são cruciais: o estado depredado das calçadas ou a sua inexistência, a falta de

acesso a transporte ou o tratamento discriminatório por parte de motoristas e

cobradores a organização do trânsito.

No trânsito, os idosos passam por uma combinação de desvantagens:

dificuldades de movimentos, próprias da idade somam-se à falta de respeito e

mesmo a violências impingidas por motoristas e à negligência do poder público.

Quando usam transportes públicos, os idosos queixam-se das longas esperas

nos pontos de ônibus e aos arranques desferidos por motoristas que não os

esperam acomodarem-se em assentos. As pessoas mais velhas ressentem-se

também da forma como são tratadas nas travessias e nos transportes públicos,

tornando o privilégio da gratuidade do passe, a que têm direito por lei, em

humilhação e discriminação. Sendo os acidentes e violências no trânsito a

primeira causa externa específica de morte nesse grupo etário, é preciso ter

em conta a alta relevância de preparar melhor os dispositivos e sinais nas ruas

e nas travessias nas cidades.

É de extrema importância, promover campanhas educativas, colocar conteúdos

sobre os direitos dos idosos nas escolas de formação de motoristas, mobilizar

os empresários do setor e punir os agressores, institucionais e individuais que

os desrespeitam e os penalizam nos transportes públicos.

56

Page 57: CONSELHO DO IDOSO

9.1 Ações Estratégicas

Campanhas de mobilização nacional sobre a situação específica dos

idosos, com foco nos motoristas de veículos de concessão pública e os

privados; Articulação entre a SEDH e o Ministério das Cidades, visando ações

concretas de melhoria do espaço público e de formação dos agentes sociais,

tendo em vista a qualidade de vida dos idosos;

Recuperação e construção de espaços públicos acessíveis, que levem

em conta as especificidades dos idosos, notadamente, de calçadas, por meio

de estímulos e orientações aos municípios brasileiros;

Orientação para que os municípios possam adequar os sinais e os espaços de

travessia, visando à segurança de todos, mas, sobretudo, dos idosos;

Introdução da temática do uso do espaço público por idosos nos cursos de

treinamento e formação de motoristas;

Articulação com empresas de transporte público, visando ao treinamento e à

fiscalização de motoristas e cobradores em relação aos direitos, ao respeito e à

proteção da população idosa em seus veículos;

Articulação com o Denatran, Detrans e Ministério Público para garantir

sinalização adequada nas vias públicas.

10 Espaço Familiar

Mais de 95% dos idosos residem com as famílias ou em suas próprias

casas. Pelo fato de a família ser, no Brasil, o locus privilegiado de moradia e de

cuidado dos idosos de todas as classes sociais, é preciso investir muito na sua

competência para abriga-los com respeito e dignidade. Embora possa parecer

obvio à primeira vista, essa não é uma tarefa natural. Prova das dificuldades é

o fato de que é nesse espaço que ocorre a maioria das violências físicas,

psicológicas, econômicas e sexuais.

O espaço familiar, portanto, merece ser foco de atenção em múltiplos

sentidos: em termos de mudança cultural na forma de conceber a relação com

a pessoa idosa; na preparação da casa para maior segurança; na formação de

57

Page 58: CONSELHO DO IDOSO

cuidadores familiares para os idosos dependentes; na proteção do Estado para

as famílias que não têm condições de cuidar dos seus velhos.

10.1 Ações Estratégicas

Fazer parcerias com a mídia (escrita, falada e televisionada) para

colocar as questões do envelhecimento e o impacto desse processo nas

famílias;

Promoção de fóruns de discussão para famílias sobre a situação e a condição

dos idosos em todas as capitais do país;

A partir de fóruns estaduais, iniciar um processo de interiorização da

discussão do envelhecimento e a família para, pelo menos, 10% dos

municípios;

Promoção de cursos para familiares cuidadores de idosos; Capacitação das

equipes de Saúde da Família e dos agentes de saúde para correta orientação,

apoio e atendimento das necessidades familiares decorrentes do

envelhecimento;

Adequação das moradias aos idosos, especialmente pela disponibilização

de empréstimos subsidiados para a realização dessas adaptações; Articulação

com empresas de material de construção para que promovam a acessibilidade

de material e campanhas da casa segura para idosos.

10.2 Espaço Institucional

A questão institucional aqui abrange os serviços de saúde, de assistência

social e previdência, de educação, de ciência e tecnologia e de atendimento de

longa duração. No caso dos primeiros, é urgente a necessidade de adequação

cultural, de formação e de equiparação dos espaços para servirem

adequadamente os idosos. É necessária uma revolução na maneira tradicional

e impessoal de tratá-los. Exemplos múltiplos de insensibilidade e de

desrespeito, como já foi dito, vêm sendo notificados aos órgãos que recebem

denúncias, evidenciando-se que os serviços públicos de saúde (junto com os

58

Page 59: CONSELHO DO IDOSO

planos de saúde) e de previdência são os que provocam maiores sofrimentos

aos idosos, pela forma com que os atendem ou negligenciam atenção. Mas as

áreas de educação e de ciência e tecnologia também precisam ser acionadas e

se engajarem, para produzir informações e formação adequadas ao novo perfil

demográfico do país, atendendo ao diagnóstico da situação atual de pouco

conhecimento específico e de falta de preparação dos profissionais. No caso

das instituições de longa permanência, são necessários investimentos em

fóruns de debate e grupos de trabalho, visando a um real diagnóstico e a

propostas de reformulação em prol dos idosos.

10.3 Ações Estratégicas

Implantação do Disque Direitos Humanos Nacional; Estimular pelo menos

50% dos Estados e 10% dos municípios a organizar um fluxo efetivo de

encaminhamento e solução das queixas dos idosos sobre abusos, maus-tratos,

violências e negligências;

Criar mecanismos de eliminação das filas para idosos nos bancos e no

INSS; Integração da população idosa no Projeto de Mobilização do Registro

Civil de Nascimento; Criação e fortalecimento da rede de serviços de apoio às

famílias que possuem idosos em seus lares (centro de convivência, centro de

cuidados diurno, oficina abrigada de trabalho, atendimento domiciliar – art. 4º

do decreto 1.948/96) Capacitação de 20 mil cuidadores de idosos, utilizando-

se, inclusive, a rede de agentes de saúde;

Capacitação de gestores e dirigentes de instituições de atendimento ao

idoso;

Capacitação de todos os integrantes dos conselhos estaduais e

municipais instalados e em funcionamento;

Estimulo à instalação de conselhos de idosos em todos os Estados e, em

pelo menos, 20% dos municípios brasileiros;

Inclusão de conteúdo sobre direito dos idosos nas grades de disciplinas do

ensino fundamental;

59

Page 60: CONSELHO DO IDOSO

Estabelecimento de convênio de cooperação técnica com o MEC para

garantir a alfabetização dos idosos em estados e municípios; Realização de um

congresso nacional sobre instituições de longa permanência; Aprovação da

Política Nacional sobre Instituições de Longa Permanência; Aprovação da

Resolução da Anvisa para credenciamento e fiscalização das instituições de

longa permanência;

Estabelecer, no âmbito dos ministérios que integram o CNDI, um edital que

priorize ações estratégicas sobre : (a) a situação das famílias que possuem

idosos em seus lares; (b)abusos e negligências em instituições de longa

permanência; (c) pesquisa e desenvolvimento de tecnologias assistivas para

inclusão social; (d) o acompanhamento e monitoramento deste Plano de Ação;

e (e) avaliação de experiências bem sucedidas no estabelecimento de fluxos

para encaminhamento e solução de negligências e violências contra idosos.

Embora não atinja todos os problemas diagnosticados, este plano pretende

ser um efetivo instrumento de ação, provocando, em dois anos, mudanças

substanciais em pontos nevrálgicos para o enfrentamento da violência contra

os idosos, oferecendo a essa faixa da população uma resposta progressiva a

suas necessidades e demandas. Para isso, conta, primeiro com atores sociais

do próprio grupo etário e com o engajamento da sociedade que, ao promover o

respeito à sabedoria e à experiência dos velhos, estará ampliando seu

patrimônio cultural, democrático e ético.

11. DECRETO Nº 6.168, DE 24 DE JULHO DE 2007

Regulamenta a Medida Provisória nº 373, de 24 de maio de 2007, que dispõe

sobre a concessão de pensão especial às pessoas atingidas pela hanseníase

que foram submetidas a isolamento e internação compulsórios. O

PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84,

inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Medida Provisória nº

373, de 24 de maio de 2007,

D E C R E T A:

60

Page 61: CONSELHO DO IDOSO

Art. 1º Este Decreto regulamenta a Medida Provisória nº 373, de 24 de maio de

2007, que dispõe sobre a concessão de pensão especial, mensal, vitalícia e

intransferível, às pessoas atingidas pela hanseníase e que foram submetidas a

isolamento e internação compulsórios em hospitais-colônia, até 31 de

dezembro de 1986 e que a requererem. Art. 2º O pedido de concessão da

pensão deverá ser endereçado diretamente ao Secretário Especial dos Direitos

Humanos da Presidência da República, a quem cabe decidir sobre o pedido.

§ 1º Conjuntamente com o requerimento, conforme modelo anexo a este

Decreto,deverão ser apresentados todos os documentos e informações

comprobatórios dos requisitos para concessão da pensão especial em posse

do requerente.

§ 2º Os requerimentos apresentados na forma deste artigo serão submetidos à

Comissão Interministerial de Avaliação, de que trata o art. 3º. Art. 3º A

Comissão Interministerial de Avaliação instituída pelo art. 2º da Medida

Provisória nº 373, de 2007, será composta por representantes dos órgãos a

seguir indicados:

I - Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, que

a coordenará;

II - Ministério da Saúde;

III - Ministério da Previdência Social;

IV - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate Fome; e V - Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão.

§ 1º Cada órgão indicará um representante titular e respectivo suplente, a

serem designados pelo Secretário Especial dos Direitos Humanos. § 2º Poderá

acompanhar os trabalhos da Comissão Interministerial de Avaliação, na

qualidade de observador convidado, um representante das pessoas atingidas

pela hanseníase, indicado pela entidade nacional de defesa de direitos dos ex-

internos dos hospitais-colônia.

Art.4º A Comissão Interministerial de Avaliação deverá:

I - no prazo de sessenta dias contados da designação de seus membros: a)

elaborar e submeter ao Secretário Especial dos Direitos Humanos, para

61

Page 62: CONSELHO DO IDOSO

aprovação, plano de ação e cronograma de trabalho para a consecução de

seus objetivos;

b) elaborar e aprovar seu regimento interno; e

c) elaborar formulário para levantamento de dados relativos aos beneficiários, a

ser utilizado na coleta de informações para orientar a implementação de ações

de saúde e assistência a serem dirigidas a eles;

II - durante suas atividades:

a) instaurar processos administrativos para verificação do enquadramento dos

interessados na condição de beneficiários da pensão especial de que trata o

art. 1º da Media Provisória nº 373, de 2007; b) realizar as diligências e produzir

as provas necessárias à instrução dos processos; e c) encaminhar ao

Secretário Especial dos Direitos Humanos os processos nela instaurados, com

parecer conclusivo quanto ao enquadramento dos interessados na condição de

beneficiários da pensão especial de que trata o art. 1º da Medida Provisória

nº373, de 2007;

III - ao final de suas atividades:

a) apresentar relatório contendo a relação completa dos processos submetidos

ao Secretário Especial dos Direitos Humanos, para decisão final; e b) elaborar

cadastro das pessoas atingidas pela hanseníase que foram submetidas a

isolamento e internação compulsórios em hospitais-colônia,

contendo as informações referidas na alínea “c” do inciso I.

§ 1º A Comissão Interministerial de Avaliação encerrará os seus trabalhos por

ato do Secretário Especial dos Direitos Humanos após a conclusão das

atividades previstas na alínea “c” do inciso II e no inciso III.

§ 2º Após o encerramento de seus trabalhos, a Comissão Interministerial de

Avaliação poderá ser convocada extraordinariamente pelo Secretário Especial

dos Direitos Humanos para realização das atividades previstas no inciso II, no

caso de haver novo requerimento de interessado.

Art. 5º O apoio administrativo e os meios necessários execução dos trabalhos

da Comissão Interministerial de avaliação serão fornecidos: I - pela Secretaria

Especial dos Direitos Humanos para fins de organização de suas atividades em

Brasília; e

62

Page 63: CONSELHO DO IDOSO

II - pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS

para fins de realização de diligências e outras atividades necessárias à

consecução de seus objetivos nas demais localidades.

Art. 6º A participação na Comissão Interministerial de Avaliação será

considerada função relevante, não remunerada.

Art. 7º Após a concessão da indenização, o procedimento administrativo será

enviado ao INSS para início do pagamento da pensão, inclusive eventuais

obrigações retroativas.

Art. 8º A indenização será paga diretamente ao beneficiário, salvo em caso de

justo motivo, quando poderá ser constituído procurador especialmente para

este fim.

§ 1º O mandato do procurador a que se refere o caput deverá ser renovado,

pelo menos, a cada doze meses.

§ 2º O procurador do beneficiário deverá firmar, perante o INSS, termo de

responsabilidade mediante o qual se comprometa a comunicar qualquer evento

que possa prejudicar a procuração, principalmente o óbito do outorgante, sob

pena de incorrer nas sanções cabíveis.

Art. 9º Da decisão do Secretário Especial dos Direitos Humanos cabe um único

pedido de revisão, desde que acompanhado de novos elementos de convicção.

Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação

Brasília, 24 de julho de 2007; 186º da Independência e 119º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

(ELZA)

63

Page 64: CONSELHO DO IDOSO

(GABRIELA MELHADO)

64

Page 65: CONSELHO DO IDOSO

CONCLUSÃO

Neste trabalho buscou- se oferecer uma definição do que é um

conselho, como funciona e quais as suas atribuições. Identificou-se as

variáveis que permitissem mensurá-lo. A partir deste processo, criamos um

estudo de institucionalização dos conselhos nacionais .

Diversos estudos buscam compreender como os conselhos se

institucionalizaram, contudo, poucos conseguem comparar como diferentes

graus de institucionalização estão associados a características do

funcionamento dos conselhos. A maioria deles consegue comparar um número

pequeno de espaços e chegar a conclusões com abrangência reduzida.

Se um pressuposto comum dos estudos sobre instituições participativas

é que as normas condicionam o funcionamento dos espaços, poucos testes

foram feitos para saber qual é a real associação entre regras e resultados de

participação. O esforço das autoras de construção de um índice de

institucionalização busca começar a pensar em que medida a

institucionalização importa. A institucionalização dos conselhos é um processo

de consolidação e formalização das regras, bem como de inserção na

burocracia estatal, que fortalece a estrutura dos conselhos e sua capacidade

de execução, sem comprometer sua relativa autonomia.

Assim, neste trabalho foram argumentados os processo que podem ser

analisados, e ou reconhecimento por parte do Estado de que o conselho é uma

instância integrante do processo de gestão de políticas públicas,

disponibilidade de recursos organizacionais e físicos e aprendizado

institucional.

A construção do estudo nos possibilitou comparar os conselhos em

diversas esferas quanto à sua institucionalização, sendo os conselhos com

índices mais altos considerados os mais institucionalizados.

A participação popular na gestão da coisa pública, principalmente sob a

forma de conselhos, é considerada uma conquista popular, uma absorção do

Estado pela sociedade civil e não o contrário. Na medida que os Conselhos

foram legalmente instituídos a partir da pressão popular, dificilmente são

apontados

65

Page 66: CONSELHO DO IDOSO

como uma estratégia maquiavelicamente elaborada pelas forças

conservadoras para converter os setores populares e as forças progressistas

em elementos sustentadores do sistema.

Como observamos ao longo deste artigo, existem sérios obstáculos que

impedem a viabilização dos Conselhos Municipais enquanto efetivos

mecanismos democratizadores da gestão pública.

A realidade está mostrando que, em muitos casos, os Conselhos

Municipais acabaram sendo apropriados e instrumentalizados pelas elites

governantes avessas a qualquer forma de gestão que contrarie os modelos

autoritários e centralizadores, arraigados na política brasileira, os conselhos

nos mostra o longo caminho existente para que possam, efetivamente, cumprir

sua principal função, isto é, formular e controlar a política pública municipal.

Trata-se de uma função muito polêmica que retira do Executivo municipal

atribuições que historicamente estiveram sob sua responsabilidade. Ou seja, os

Conselhos Municipais constituem-se em ameaça ao poder do prefeito e

atentam contra práticas políticas tradicionais nocivas para a democracia. Diante

deste fato, obviamente, surgem atitudes hostis ao funcionamento dos

Conselhos. ( ELZA)

66

Page 67: CONSELHO DO IDOSO

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