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7/21/2019 Constructing International Politics Wendt http://slidepdf.com/reader/full/constructing-international-politics-wendt-56dca58be5ae9 1/5 Constructing International Politics “A falsa promessa das instituições internacionais” de John J. Mearsheimer é bem-vinda especialmente em dois aspectos. Primeiro, é a tentativa mais sistemática até hoe por um neorealista em abordar a teoria critica das relações internacionais. Em segundo lugar, fa! lembrar "ue te#ricos neoliberais e cr$ticos, normalmente fechados em seu  pr#prio cabo-de-%uerra, "ue eles t&m um comum interesse n'o-realista nas bases institucionais da vida internacional. ()alsa promessa( é provavelmente, portanto, um incitador "ue estimula discussões produtivas em todos os lados. *nfeli!mente, será dif$cil para a maioria dos te#ricos cr$ticos levar a sério uma discuss'o dos seus pro%ramas de pes"uisa t'o cheios de conflações, meias-verdades, e mal-entendidos. +o entanto, para al%uns mal-entendidos é inevitável "uando os antrop#lo%os a partir de uma primeira cultura eplora outra. m diálo%o entre estas duas culturas está atrasado, e (falsa promessa( é um bom começo. A “teoria” critica de *, no entanto, n'o é uma teoria /nica. 0 uma fam$lia de teorias "ue inclui p#s- modernistas 1Ashle2, 3al4er5, construtivistas 1Adler, 6ratoch7il, u%%ie, e a%ora 6at!enstein5, neo- maristas 18o, 9ill5, feministas 1:eterson, ;2lvester5, e outros. < "ue os une é uma preocupaç'o com a forma como a pol$tica mundial é “socialmente constru$da,” "ue envolve duas afirmações básicas=  > a de "ue as estruturas fundamentais da pol$tica internacional s'o sociais em ve! de estritamente materiais 1uma afirmaç'o oposta ao materialismo5, e "ue estas estruturas formam a identidade e os interesses dos atores, e n'o apenas seu comportamento 1uma afirmaç'o "ue se opõe ao racionalismo5. +o entanto, ter estas duas afirmações em comum n'o mais fa! da teoria cr$tica uma teoria /nica do "ue o fato de "ue o neo-realismo e o neoliberalismo usam a teoria dos o%os e os tornam uma teoria /nica. Al%uns te#ricos cr$ticos s'o estatistas e al%uns n'o s'o, al%uns acreditam na ci&ncia e al%uns n'o, al%uns s'o otimistas e al%uns pessimistas, al%uns enfati!am o processo e al%uns a estrutura. ?nt'o, na minha resposta eu falo s# por mim como um (construtivista(, esperando "ue outros te#ricos cr$ticos possam concordar com muito do "ue eu di%o. Me dirio a "uatro temas= pressupostos, o conhecimento obetivo, eplicaç'o da %uerra e da pa!, e as responsabilidades dos pol$ticos(. Pressupostos ?u compartilho com todos os cinco pressupostos “realistas” de Mearsheimer 1p. @5= "ue a pol$tica internacional é anár"uica, "ue os ?stados t&m capacidade ofensiva, e n'o pode estar @ por cento certo sobre as intenções dos outros estados, deseam sobreviver, e s'o racionais. +#s até mesmo compartilhamos mais dois pressupostos= um comprometimento com os estados como unidades de análise,  e a importBncia da teori!aç'o da sist&mica ou (terceira ima%em(. < ultimo %anha importBncia, por ustapor (estrutura( ao (discurso( e por enfati!ar o papel dos indiv$duos na (teoria cr$tica( 1p.C5, Mearsheimer obscurece o fato de "ue os construtivistas s'o estruturalistas. De fato, um das nossas principais obeções ao neorealismo é "ue n'o é estrutural suficiente= "ue a adoç'o de metáforas individualistas da micro-economia limita os efeitos das estruturas para comportamento do ?stado, i%norando como eles podem também constituir identidades e interesses estatais. <s construtivistas pensam "ue os interesses do ?stado s'o, em %rande parte, constru$das por estruturas sist&micas, n'o e#%eno a elasE o "ue leva a um estruturalismo sociol#%ico ao invés de um estruturalismo micro-econFmico. <nde os estruturalismos neo-realistas e construtivistas realmente diferem, no entanto, é em suas

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7/21/2019 Constructing International Politics Wendt

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Constructing International Politics

“A falsa promessa das instituições internacionais” de John J. Mearsheimer é bem-vinda

especialmente em dois aspectos.Primeiro, é a tentativa mais sistemática até hoe por um neorealista em abordar a teoria critica das

relações internacionais.Em segundo lugar, fa! lembrar "ue te#ricos neoliberais e cr$ticos, normalmente fechados em seu

 pr#prio cabo-de-%uerra, "ue eles t&m um comum interesse n'o-realista nas bases institucionais da vidainternacional.

()alsa promessa( é provavelmente, portanto, um incitador "ue estimula discussões produtivas emtodos os lados. *nfeli!mente, será dif$cil para a maioria dos te#ricos cr$ticos levar a sério uma discuss'o dosseus pro%ramas de pes"uisa t'o cheios de conflações, meias-verdades, e mal-entendidos. +o entanto, paraal%uns mal-entendidos é inevitável "uando os antrop#lo%os a partir de uma primeira cultura eplora outra.

m diálo%o entre estas duas culturas está atrasado, e (falsa promessa( é um bom começo.

A “teoria” critica de *, no entanto, n'o é uma teoria /nica. 0 uma fam$lia de teorias "ue inclui p#s-modernistas 1Ashle2, 3al4er5, construtivistas 1Adler, 6ratoch7il, u%%ie, e a%ora 6at!enstein5, neo-maristas 18o, 9ill5, feministas 1:eterson, ;2lvester5, e outros. < "ue os une é uma preocupaç'o com aforma como a pol$tica mundial é “socialmente constru$da,” "ue envolve duas afirmações básicas=  > a de "ue as estruturas fundamentais da pol$tica internacional s'o sociais em ve! de estritamentemateriais 1uma afirmaç'o oposta ao materialismo5, e "ue estas estruturas formam a identidade e osinteresses dos atores, e n'o apenas seu comportamento 1uma afirmaç'o "ue se opõe ao racionalismo5. +oentanto, ter estas duas afirmações em comum n'o mais fa! da teoria cr$tica uma teoria /nica do "ue o fatode "ue o neo-realismo e o neoliberalismo usam a teoria dos o%os e os tornam uma teoria /nica.

Al%uns te#ricos cr$ticos s'o estatistas e al%uns n'o s'o, al%uns acreditam na ci&ncia e al%uns n'o,al%uns s'o otimistas e al%uns pessimistas, al%uns enfati!am o processo e al%uns a estrutura. ?nt'o, na minharesposta eu falo s# por mim como um (construtivista(, esperando "ue outros te#ricos cr$ticos possamconcordar com muito do "ue eu di%o. Me dirio a "uatro temas= pressupostos, o conhecimento obetivo,eplicaç'o da %uerra e da pa!, e as responsabilidades dos pol$ticos(.

Pressupostos

?u compartilho com todos os cinco pressupostos “realistas” de Mearsheimer 1p. @5= "ue a pol$tica

internacional é anár"uica, "ue os ?stados t&m capacidade ofensiva, e n'o pode estar @ por cento certosobre as intenções dos outros estados, deseam sobreviver, e s'o racionais. +#s até mesmo compartilhamosmais dois pressupostos= um comprometimento com os estados como unidades de análise, e a importBncia dateori!aç'o da sist&mica ou (terceira ima%em(.

< ultimo %anha importBncia, por ustapor (estrutura( ao (discurso( e por enfati!ar o papel dosindiv$duos na (teoria cr$tica( 1p.C5, Mearsheimer obscurece o fato de "ue os construtivistas s'oestruturalistas. De fato, um das nossas principais obeções ao neorealismo é "ue n'o é estrutural suficiente="ue a adoç'o de metáforas individualistas da micro-economia limita os efeitos das estruturas paracomportamento do ?stado, i%norando como eles podem também constituir identidades e interesses estatais.<s construtivistas pensam "ue os interesses do ?stado s'o, em %rande parte, constru$das por estruturassist&micas, n'o e#%eno a elasE o "ue leva a um estruturalismo sociol#%ico ao invés de um estruturalismomicro-econFmico.

<nde os estruturalismos neo-realistas e construtivistas realmente diferem, no entanto, é em suas

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 pressuposições sobre de "ue a estrutura é feita. <s neo-realistas acham "ue é feito apenas de umadistribuiç'o de recursos materiais, en"uanto "ue os construtivistas acham "ue também é feito de relaçõessociais.

As estruturas sociais t&m tr&s elementos= conhecimento compartilhado, recursos materiais, e práticas.

?m primeiro lu%ar, as estruturas sociais s'o definidas, em parte, por entendimentos partilhados,epectativas, ou conhecimento. ?stes constituem os atores em uma situaç'o e a nature!a de seusrelacionamentos, sea cooperativa ou conflituosa. m dilema de segurança, por eemplo, é uma estruturasocial composta de entendimentos intersubetivos no "uais os estados est'o t'o desconfiados "ue eles fa!emsuposições errôneas sobre as intenções uns dos outros, e como resultado, definem os seus interesses emtermos de auto-auda.

ma comunidade de segurança é uma estrutura social diferente, composta de um conhecimentocomum em "ue os estados confiam um no outro para resolver disputas sem %uerra.

?sta depend&ncia da estrutura social nas ideias é o sentido em "ue o construtivismo tem um vis'oidealista 1ou (idéia-lista(5 de estrutura. < "ue fa! essas ideias 1e, portanto, a estrutura5 (sociais(, no entanto,é a sua "ualidade intersubetiva. ?m outras palavras, sociabilidade, 1em contraste a (materialidade(, no

sentido de capacidade f$sica bruta5, é o conhecimento compartilhado.?m se%undo lu%ar, as estruturas sociais incluem recursos materiais como ouro e tan"ues. ?m

contraste com a dessociali!ada vis'o neo-realista de tais capacidades, os construtivistas ar%umentam "ue osrecursos materiais s# ad"uirem si%nificado para a aç'o humana através da estrutura de conhecimentocompartilhado no "ual est'o encaiados.

:or eemplo, G armas nucleares britBnicas s'o menos ameaçadoras para os ?stados nidos do "ueG armas nucleares da 8oreia do +orte, por"ue os britBnicos s'o ami%os dos ?stados nidos e os norte-coreanos n'o s'o, e ami!ade ou inimi!ade é uma funç'o de entendimentos compartilhados.

8om relaç'o aos estudantes da pol$tica mundial, os neo-realistas provavelmente n'o ir'o concordar,mas en"uanto te#ricos, o eemplo representa um %rande problema, uma ve! "ue ele fo%e completamente desua definiç'o materialista de estrutura. 8apacidades materiais, como tais, eplicam nadaE seus efeitos

 pressupõem estruturas de conhecimento compartilhado, "ue variam e "ue n'o s'o redu!$veis a capacidades.< construtivismo é, portanto, compat$vel com as mudanças no poder material "ue afetam as relações

sociais 1cf. Mearsheimer, p. CH5, desde "ue esses efeitos possam ser mostrados para pressupor aindarelações sociais mais profundas.

?m terceiro lu%ar, as estruturas sociais eistem, n'o na cabeça dos atores, nem nas capacidadesmateriais, mas nas práticas. A estrutura social s# eiste no processo. A 9uerra )ria era um estrutura deconhecimento compartilhado "ue %overnou %randes relações de poder por "uarenta anos, mas uma ve! "ue

 pararam de atuar sobre esta base, lo%o (terminou(.?m suma, as estruturas sociais s'o reais e obetivas, e n'o (apenas conversa".  Mas esta

obetividade depende do conhecimento compartilhado, é nesse sentido de "ue a vida social s'o (ideias

 por todo o caminho (1até voc& che%ar I biolo%ia e aos recursos naturais5. Assim, per%untar= ("uando asideias, como opostas ao poder e interesse, importam( é fa!er a per%unta errada. *deias sempre importam, pois o poder e o interesse n'o t&m efeitos separados do conhecimento partilhado, "ue os constitui como tal.A verdadeira "uest'o, como Mearsheimer nota 1p. CK5, é por "ue uma estrutura social eiste, como auto-auda 1em "ue o poder e auto-interesse determinam o comportamento5, em ve! de outra, como a se%urançacoletiva 1em "ue eles n'o importam5.

A eposiç'o de motivos ao invés de caráter normativo sobre esta "uest'o tem &nfase. <sconstrutivistas t&m um interesse normativo na promoç'o de mudança sociais, mas perse%uem isso, tentandoeplicar como aparentemente estruturas sociais naturais, como auto-auda ou a 9uerra )ria, s'o efeitos da

 prática 1este é a lado (cr$tico( da teoria cr$tica5. *sso me fa! pensar sobre as repetidas refer&ncias deMearsheimer 1eu conto "uator!e5 as (metas(, (obetivos(, e (esperanças( para fa!er a pa! e o amor

 prevalecer na Lerra. Mesmo "ue todos n#s t$nhamos tais esperanças 1o "ue duvido5, e mesmo se estasfossem eticamente erradas 1embora Mearsheimer pareça endossa-lasE p. C5, eles est'o fora de "uest'o na

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avaliaç'o das teorias cr$ticas da pol$tica mundial. ;e as teorias cr$ticas falham, isto será por"ue eles n'oeplicam como o mundo funciona, n'o por causa de seus valores. ?nfati!ando este /ltimo enunciado, issolembra a velha tática realista de retratar os oponentes como ut#picos mais preocupados com a forma decomo o mundo deveria ser do "ue como ele realmente é. Le#ricos criticos t&m compromissos normativos,assim como neo-realistas t&m, mas nos estamos também simplesmente tentando eplicar o mundo.

Objetividade

Mearsheimer su%ere "ue os te#ricos cr$ticos n'o acreditam "ue eista um mundo obetivo lá fora,sobre o "ual podemos ter conhecimento 1pp. C@ff5. ?ste n'o é o caso. á duas "uestões a"ui, ontol#%ica eepistemol#%ica.

A "uest'o ontol#%ica é se as estruturas sociais t&m uma eist&ncia obetiva, "ual tal abordei acima.?struturas sociais s'o fenFmenos coletivos "ue confrontam indiv$duos como fatos sociais externamente

existentes. A 9uerra )ria foi t'o real para mim como foi para Mearsheimer.A "uest'o epistemol#%ica é se podemos ter o conhecimento obetivo dessas estruturas. A"ui

Mearsheimer i%nora uma distinç'o fundamental entre te#ricos cr$ticos modernos e p#s-modernos. ?stes/ltimos s'o realmente céticos sobre a possibilidade de conhecimento obetivo, embora em seus trabalhosemp$ricos, ate eles procurem evidenciar e dedu!ir. 8onstrutivistas, no entanto, s'o modernistas "uecompletamente endossam o proeto cient$fico de falsificar de teorias contra as evid&ncias. ?m um arti%ocitado por Mearsheimer, eu defendia uma aborda%em realista-cient$fica para investi%aç'o social, "ue temuma linha muito pr#-ci&ncia. ?, apesar de suas pretensões, há a%ora um corpo substancial de trabalhoemp$rico construtivista "ue encarna uma epistemolo%ia inteiramente convencional.

Mearsheimer tem certe!a, no entanto, "ue os te#ricos cr$ticos n'o acham "ue n#s podemos fa!eruma distinç'o clara entre sueito e obeto. ?nt'o, novamente, "uase todos os fil#sofos da ci&ncia hoereeitam tal in%&nua epistemolo%ia. Loda observaç'o é carregada de teoria, no sentido de "ue o "ue vemosé mediado por nossas teorias eistentes , e nesse ponto o conhecimento é inerentemente problemático. Mas

isso n'o n'o si%nifica "ue a observaç'o, e ainda a realidade, é determinada pela teoria. < mundo estaainda lá fora, restrin%indo as nossas crenças, e pode nos punir pelas incorretas.

Monte!uma tinha uma teoria de "ue os espanh#is eram deuses, mas isto estava errado, comconse"u&ncias desastrosas. +#s n'o temos acesso direto ao mundo, mas isso n'o impede a compreens'o decomo ele funciona.

Explicando a Guerra e a Paz

Mearsheimer en"uadra o debate entre te#ricos realistas e cr$ticos como uma entre uma teoria da%uerra e uma teoria da pa!. ?ste é um erro fundamental.

)alar de construç'o social é como falar da teoria dos o%os= analiticamente neutro entre conflito ecooperaç'o. A teoria cr$tica n'o prev& a pa!. A 9uerra n'o refuta mais a teoria cr$tica do "ue a pa! refuta orealismo. A confus'o deriva da mistura de descriç'o e eplicaç'o.

A "uest'o é descritiva na medida em "ue os estados se envolvem em práticas de realpolitik  1%uerra, balanceamento, busca de %anhos relativos5 versus em aceitar a re%ra de direito e os constran%imentosinstitucionais I sua autonomia. <s ?stados, por ve!es, se envolvem em pol$tica de poder, mas istodificilmente descreve todo os ultimos @H anos, e ainda menos hoe, "uando a maioria dos estados se%uema maioria das leis internacionais a maior parte do tempo, e "uando a %uerra e os dilemas de se%urança s'o aeceç'o e n'o a re%raE 9randes :ot&ncias á n'o tendem a con"uistar os pe"uenos, e o livre comércio estaem epans'o, em ve! de contraindo-se. A fre"u&ncia relativa de realpolitik , portanto, n'o tem nada a vercom (realismo(. < ealismo deve ser visto como uma eplicaç'o da realpolitik , n'o uma descriç'o do

mesmo. 8onfundir os dois torna imposs$vel di!er o "u'o bem um eplica o outro, e leva I tautolo%ia de "uea %uerra torna verdadeiro o realismo. < realismo n'o tem um monop#lio sobre o feio e brutal lado da vida

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internacional. Mesmo "ue concordemos em uma descriç'o de realpolitik , podemos reeitar uma eplicaç'orealista.

A "uest'o eplicativa é  porque  "ue os estados se envolvem em %uerra ou pa!. < retrato deMearsheimer da (l#%ica causal( construtivista sobre esta "uest'o esta cerca de H por cento correto.

A l#%ica tem dois elementos, estrutura e a%&ncia. :or um lado, a teori!aç'o construtivista tenta

mostrar como a estrutura social de um sistema fa! as ações poss$veis, constituindo atores com certasidentidades e interesses, e capacidades materiais com certos si%nificados. )altando na eplicaç'o deMearsheimer esta a &nfase construtivista de como a a%&ncia e a interaç'o produ!em e reprodu!em asestruturas de conhecimento compartilhado ao lon%o do tempo. 8omo n'o é poss$vel a"ui discutir asdiversas dinBmicas através das "uais este processo atua, deie-me ilustrar ao invés disso. ? á "ueMearsheimer n'o oferece uma eplicaç'o neo-realista para a cooperaç'o inter-estatal, concedendo esseterreno para os institucionalistas, deie-me concentrar no (dif$cil caso( de por"ue os estados Is ve!es seenvolvem em dilemas de se%urança e %uerra, isto é, por"ue "ue eles Is ve!es se envolvem em umcomportamento de realpolitik .

...

 Responsabilidadema importante virtude de ()alsa :romessa( é "ue ele li%a o neo-realismo e seus rivais Is

responsabilidades éticas dos formuladores de pol$tica eterna. ?stas responsabilidades dependem, em parte,do "uanto é poss$vel mudar a estrutura de conhecimento partilhado dentro da anar"uia. ;e essa mudança éimposs$vel, ent'o Mearsheimer esta certo de "ue seria irresponsável para a"ueles "ue est'o encarre%ados dase%urança nacional perse%ui-lo. :or outro lado, se for poss$vel, ent'o seria irresponsável perse%uir pol$ticas"ue perpetuam as velhas ordens destrutivas, especialmente se n#s nos importamossobre o bem-estar das futuras %erações.

Di!er "ue as estruturas s'o constru$das socialmente n'o é %arantia de "ue elas podem ser mudadas.

As ve!es, as estruturas sociais restrin%em tanto a aç'o "ue as estraté%ias transformadoras s'o imposs$veis.*sso nos leva de volta a nature!a coletiva das estruturas sociaisE a mudança estrutural depende em mudar umsistema de epectativas "ue podem reforçar-se mutuamente. A "uest'o-chave na determinaç'o dasresponsabilidades dos formuladores da politica, portanto, é a "uantidade de “frouid'o” uma estruturasocial contém.

 +eo-realistas acham "ue há pouca frouid'o no sistema e, assim, estados "ue se desviamda pol$tica de poder v'o ser punidos ou mortos pela “l#%ica” da anar"uia.

*nstitucionalistas acham "ue tais peri%os t&m sido bastante redu!ido pelas instituições tais comocomo a soberania e a pa! democrática, e "ue há, portanto, mais possibilidade para uma mudança pac$fica.

< eemplo de 9orbachev é instrutivo a este respeito, pois a 9uerra )ria era uma estrutura socialaltamente conflituosa. 8oncordo com Mearsheimer 1p. CN5 "ue as forças nucleares ;oviéticas deram a

9orbachev uma mar%em de se%urança para suas pol$ticas. Ainda outra pessoa em seu lu%ar podia terencontrado uma soluç'o mais a%ressiva para uma decl$nio no poder. < "ue é t'o importante sobre o re%ime9orbachev é "ue ele teve a cora%em de ver como as pr#prias práticas soviéticas sustentavam a 9uerra )ria,e se responsabili!ou a uma reavaliaç'o das intenções do <cidente. *sto é eatamente o "ue um construtivistafaria, mas n'o um neo-realista, "ue evitaria a atenç'o para tais fatores sociais como in%&nua e como simplessuperestrutura.

 +a verdade, o "ue é t'o impressionante sobre o neo-realismo é a sua total ne%li%&ncia do papeleplicativo da pratica estatal. ?le parece n'o se importar com o "ue o estado fa!= Ore!hnev, 9orbachev,Phirinovs42, "ue diferença isso fa! A l#%ica da anar"uia sempre nos trara de volta I estaca !ero. ?sta éuma atitude preocupante se a realpolitik causa as pr#prias condições a "ue é uma respostaE na medida em"ue o realismo aconselha a realpolitik , portanto, isto é parte do problema. Mearsheimer di! "ue te#ricos

cr$ticos s'o (intolerantes( a realistas por esta ra!'o 1p. CK5. As ironias desta su%est'o a parte, o "ue importaé conse%uir pol$ticos a aceitar a responsabilidade para resolver conflitos ao invés de simplesmente %erenciar

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ou eplorá-los. ;e o neo-realismo pode nos mover nessa direç'o, ent'o ele deveria, mas a meu ver, a éticaneo-realista desce até o “sauve "ui peut”.

Analisar a construç'o social da pol$tica internacional é analisar como processos de interaç'o produ!em e reprodu!em as estruturas sociais Q cooperativos ou conflituosos Q , "ue formam as identidades einteresses dos atores e o si%nificado de seus contetos materiais. ?la se opõe a dois rivais= o ponto de vista

materialista, de "ue o neo-realismo é uma epress'o, essas forças materiais  per se  determinam a vidainternacional, e o ponto de vista da escolha te#rico-racional de "ue a interaç'o n'o muda as identidades e osinteresses. < ensaio de Mearsheimer é uma importante abertura para a avaliaç'o comparativa destashipoteses. Mas os neorealistas contribuir'o em nada mais ao debate en"uanto eles pensarem "ue osconstrutivistas s'o utopicos subversivos "ue n'o acreditam em um mundo real e "ue esperam pa! em nossotempo.