contratos no common law

37
 TEORIA DO CONTRATO NO SISTEMA DO COMMON LAW Cesar Santolim UFRGS

Upload: andre-da-rocha

Post on 22-Jul-2015

46 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

TEORIA DO CONTRATO NO SISTEMA DO COMMON LAW

Cesar Santolim UFRGS

Elemento nuclear do suporte ftico nos negcios jurdicos (e nos contratos)

Direito ContinentalVontade / Consenso / Declarao de Vontade

Common Law Consideration

Uma manifestao de vontade (promessa) que no venha acompanhada de consideration no gera vnculo obrigacional

A doutrina da consideration fundamento da teoria da negociao (bargain theory)

Segundo a bargain theory, o Direito deve considerar obrigatrias as promessas resultantes de uma negociao

Trs elementos so necessrios para a CONSIDERATION:(a) o destinatrio da promessa (promise), que o promisse, no deve estar (previamente) constrangido, por lei, prtica do ato. Desta forma, ele deve incorrer em prejuzo legal (legal detriment)

(b) aquele que faz a oferta, ou promessa, (promisor), a faz em troca de uma conduta do promisee O prejuzo (do outro) deve induzir a realizao da promessa

(c) o promisse deve conhecer a oferta e ter inteno de aceit-laA promessa, assim, induz o prejuzo (detriment)

Segundo a bargain theory o Direito (os Tribunais) devem impor (fora obrigatria) compromissos assumidos onde h consideration, e somente estes (com algumas excees), independentemente se h ou no equivalncia entre o seu valor e o da promise

Exemplo 1: A diz a B que se ele pintar a sua casa, segundo suas especificaes, lhe pagar R$ 5.000,00. B, que no estava legalmente obrigado a esta conduta, motivado pela promessa de A, desempenha a tarefa. Assim, As promise is supported by consideration, e tem fora obrigacional

Exemplo 2: A escreve a sua cunhada B uma carta onde afirma que lhe assegura um lugar na sua fazenda, para viver com a sua famlia. Mesmo que B se mude em razo da promessa feita, os Tribunais devem sustentar que A pretendia apenas praticar um ato de generosidade. A mudana era simplesmente uma condio para o ato benfico. Essa promessa no tem fora obrigatria, porque no resultou de uma negociao

A soluo seria diferente se A pedisse a B que viesse residir na sua fazenda para atuar como governanta, porque a existncia de um benefcio para A indicao de uma inteno (state of mind) de negociao. O Tribunal teria que averiguar essa situao (matria de fato)

Exemplo 3: Um tio promete ao seu sobrinho R$ 5.000,00 desde que ele no beba at os 21 anos. O sobrinho deixa de praticar um ato que estava legalmente autorizado a praticar, em considerao promessa do tio. O Tribunal teria que examinar se a conduta do sobrinho foi ou no resultado de uma negociao (matria de fato)

Assim como a teoria da vontade objeto de crticas no DIREITO CONTINENTAL, a doutrina da consideration tambm alvo de objees no COMMON LAWCOOTER e ULEN denominam a bargain theory de humpty-dumpty jurisprudence, pela sua tautologia (h negociao quando h consideration e h consideration quando h negociao...)

Isso porque, segundo estes autores, os Tribunais, para no renunciar a idia da consideration , alteraram o seu sentido: ao invs de significar alguma coisa que o destinatrio da promessa oferece ao promitente para induzir a promessa, a palavra utilizada para significar aquilo que torna a promessa obrigatria

A partir desta noo central (consideration), h uma srie de situaes especficas:a) sham consideration b) nominal consideration c) moral obligation d) promissory estoppel

sham consideration um instrumento que falseia (frauda) a consideration

Ex.: A promete a B vender-lhe o bem x pelo valor y. Afirma que a promessa irrevogvel pelo prazo de 30 dias, desde que B lhe pague, no ato da promessa, a quantia z, o que no acontece

nominal consideration quando as partes, sabendo que uma promessa gratuita no obrigatria, estabelecem a troca em torno de um valor simblico (token consideration)

moral obligation no h exigncia de consideration quando o promisor est obrigado moralmente a promessa, por um fato ocorrido anteriormente

promissory estoppel uma promessa que previsvel e razoavelmente induza a prtica de atos definidos e substanciais com base na confiana do promisee obrigatria

CAUSA

XCONSIDERATION

CAUSA SUBJETIVA = MOTIVO

CAUSA OBJETIVA = ATRIBUIO JURDICA (PATRIMONIAL)

H proximidade, mas no identidade, entre a noo de CAUSA OBJETIVA e a de CONSIDERATION

CONCLUSES

O(s) fundamento(s) do carter vinculante dos contratos no est(o) claro(s), em nenhum dos dois sistemas

O Direito Romano tinha muitas regras para disciplinar vrios contratos, em particular, mas nunca desenvolveu uma teoria acerca do porqu serem os contratos obrigatrios

Os contratos inominados, inicialmente, no eram dotados de fora obrigatria

Foram os escolsticos, baseados nas idias de Aristteles sobre as aes voluntrias, e de como um contrato poderia ser invalidado pelo erro, ou de como poderia ser revisto pela alterao das circunstncias, que desenvolveram esta teoria

A inovao dos tericos da vontade no foi a idia de que as partes ingressam no contrato pela manifestao de vontade, mas o desenvolvimento de uma teoria dos contratos na qual, sempre que possvel, cada clusula deveria ser entendida retornando-se a inteno das partes

A evoluo do COMMON LAW foi diferente

Antes do Sculo XIX, com raras excees (BLACKSTONE entre elas), os juristas do COMMON LAW pensavam os contratos exclusivamente em termos das aes que eles permitiam s partes (writs)

A partir do Sculo XIX o direito contratual no COMMON LAW foi redefinido, para incorporar intensamente as idias do DIREITO CONTINENTAL

Consideration ento identificada com negociao (bargain) ou troca

Mesmo assim, no h uma teoria geral dos contratos, no sistema da COMMON LAW

BIBLIOGRAFIA CALAMARI, John / PERILLO, Joseph Contracts COOTER, Robert / ULEN, Thomas Law & Economics, Direito & Economia GORDLEY, James Foundations Of Private Law

TEORIA DO CONTRATO NO SISTEMA DO COMMON LAW

Cesar Santolim UFRGS