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Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
Thaís Rocha Silvério
Contribuição para gestão de Resíduos de Construção Civil: Indicadores de resíduos de obras certificadas pelo LEED.
São Paulo 2013
Thaís Rocha Silvério
Contribuição para gestão de Resíduos de Construção Civil: Indicadores de resíduos de obras certificadas pelo LEED.
Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Tecnologia Ambiental
Data da aprovação ____/_____/_______
___________________________________
Prof. Dr. Sérgio Cirelli Angulo (Orientador) USP – Universidade de São Paulo
Membros da Banca Examinadora: Prof. Dr. Sérgio Cirelli Angulo (Orientador) USP – Universidade de São Paulo Profa. Dra. Luciana Alves de Oliveira (Membro) IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo Prof. Dr. José Carlos Paliari (Membro) UFSC - Universidade Federal de São Carlos
Thaís Rocha Silvério
Contribuição para gestão de Resíduos de Construção Civil: Indicadores de resíduos de obras certificadas pelo LEED.
Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Tecnologia Ambiental. Área de Concentração: Mitigação de Impactos Ambientais
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Cirelli Angulo
São Paulo Dezembro/2013
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Departamento de Acervo e Informação Tecnológica – DAIT
do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT
S587c Silvério, Thaís Rocha
Contribuição para gestão de resíduos de construção civil: Indicadores de resíduos de obras certificadas pelo LEED. / Thaís Rocha Silvério. São Paulo, 2013. 111p. Dissertação (Mestrado em Tecnologia Ambiental) - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Área de concentração: Mitigação de Impactos Ambientais. Orientador: Prof. Dr. Sérgio Cirelli Angulo
1. Resíduo de construção 2. Construção civil 3. Indicador de geração 4. Edifício comercial 5. Edifício industrial 6. Impacto ambiental 7. Tese I. Ângulo, Sérgio Cirelli, orient. II. IPT. Coordenadoria de Ensino Tecnológico III. Título
14-26 CDU 69.059.6(043)
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, e depois a todas as pessoas que direta ou
indiretamente contribuíram com a elaboração do trabalho, principalmente:
Ao Eng. Daniel Ohnuma pela proposta de realização do presente estudo com
a disponibilização do banco de dados do CTE – Centro de Tecnologia de
Edificações, e ao Fabio Pozzer, no auxílio a verificação e validação das informações
presentes no banco de dados.
Ao orientador Sergio Cirelli Angulo pela imensurável contribuição e
direcionamento, em fatores decisivos para que pudesse expressar e ampliar meus
conhecimentos e ideais de forma clara e organizada.
Ressalto também minha gratidão a todos os educadores que participaram da
minha formação acadêmica, com a certeza de terem sido fundamentais nas etapas
do meu aprendizado, para que fosse transformado em resultados positivos.
RESUMO
O objetivo principal do trabalho consiste em coletar e analisar indicadores de
geração de resíduos da construção civil de edificações comerciais e industriais, com
diferentes tipologias construtivas, por m² de área construída, de obras certificadas,
ou em processo de certificação pelo sistema LEED (Leadership in Energy and
Environmental Design). O estudo foi realizado com base em dados de 14 obras já
concluídas, divididas em dois grupos: Galpões (estruturas de concreto pré-
fabricadas) e Edifícios (estrutura de concreto moldado in loco). Pode-se observar
uma menor geração de resíduos cimentícios e cerâmicos nas obras que utilizam
sistemas pré-fabricados. Os resultados obtidos na análise dos dados demonstraram
que as obras não podem ser comparadas entre os dois Grupos levantados. Foi
possível obter uma ordem de grandeza na quantidade de resíduos gerados por m²
para algumas das tipologias estudadas (estruturas em concreto moldado in loco,
estruturas pré-fabricadas, vedações em divisórias leves ou em alvenaria, etc). O
estudo foi exploratório e os indicadores obtidos foram preliminares, com nível de
confiabilidade restrito. Portanto, os dados são apenas indicativos e para serem
usados como valores referenciais para outras situações, devem passar por um
estudo de validação mais detalhado.
Palavras chave: Resíduos; construção civil; indicadores de geração; tecnologias
construtivas.
ABSTRACT
Contribution to Management of Construction Waste: Indicators of waste works certified by LEED.
The main objective is to collect and analyze indicators of generation of construction waste from commercial and industrial buildings with different building typologies per m² of constructed area of certified works or in process of certification by LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). The study was based on data from 14 projects already completed divided into two groups: Sheds (structures prefabricated concrete) and buildings (concrete structure cast in situ). One can observe a lower generation of ceramic and cementitious articles that use the pre-made waste systems. The results obtained from analysis of the data showed that the works can not be compared between the two groups surveyed. It was possible to obtain an order of magnitude in the amount of waste generated per square foot for some of the types studied (concrete structures cast in situ, precast structures, fences in lightweight partitions or masonry, etc. ). The study was exploratory and preliminary indicators were obtained with restricted level of reliability. Therefore the data are only indicative and should not be used as reference values for other situations without a more detailed validation study.
Keywords: Waste, construction, indicators generation, building technologies.
Lista de ilustrações
Figura 1: Fluxograma dos recursos naturais e geração de resíduos. ................................... 10
Figura 2: Impactos associados aos RDC. ............................................................................ 11
Figura 3: Principais fontes geradoras de resíduos no Brasil. ................................................ 12
Figura 4: Exemplo de resíduo Classe A – blocos de concreto ............................................. 17
Figura 5: Exemplo de resíduo Classe B – sacarias de papelão ........................................... 17
Figura 6: Exemplo de resíduo Classe B – gesso .................................................................. 18
Figura 7: Exemplo de resíduo Classe C – manta asfáltica ................................................... 18
Figura 8: Exemplo de resíduos Classe D – materiais contaminados de óleo e tinta ............. 19
Figura 9: Geração e destinação de Resíduos da Construção Civil. ...................................... 22
Figura 10: Bombonas para acondicionamento de resíduos ................................................. 24
Figura 11: Bags para acondicionamento de resíduos .......................................................... 25
Figura 12: Outras alternativas para caracterização/ acondicionamento de resíduos em obra. ............................................................................................................................................ 25
Figura 13: Caçamba identificada para acondicionamento de resíduos. ............................... 26
Figura 14: Sinalizações para triagem de resíduos. .............................................................. 26
Figura 15: Modelo de Controle de Transporte de Resíduos (CTR). ..................................... 28
Figura 16: Diagrama de encaminhamento de resíduos de gesso ........................................ 38
Figura 17: Categorias de certificação LEED ........................................................................ 44
Figura 18: Exemplo de vedação em fachada por painéis de vidro. ...................................... 58
Figura 19: Exemplo de fachada em esquadrias. .................................................................. 58
Figura 20: Exemplo de sistema de piso genérico exemplificado com seus elementos: ........ 59
Figura 21: Exemplo de planilha de controle utilizada para Gestão de Resíduos em obra: ... 63
Figura 22: Fluxo de levantamento de dados de geração de resíduos. ................................. 64
Figura 23: Exemplo de gráfico de conformidade da Gestão de Resíduos das Obras. .......... 66
Quadro 1: Quantidade de resíduos gerados (m³) por 100m² de área construída, média com base em construções de edifícios habitacionais na China. .................................................. 48
Quadro 2: Geração de resíduos (toneladas) e composição: comparação entre pré-fabricado em um projeto convencional, normalizado para 100 m² de área construída, na Malasia. ..... 53
Quadro 3: Estudo comparativo de resíduos de construção em canteiros de obras (massa). 54
Lista de tabelas
Tabela 1: Perdas de materiais de construção civil em canteiros brasileiros. ........................ 14
Tabela 2: Principais materiais que compõem os resíduos de demolição.............................. 20
Tabela 3: Composição dos resíduos de novas construções em massa (%). ........................ 20
Tabela 4: Áreas para destinação de resíduos segundo resolução CONAMA 307: ............... 29
Tabela 5: Principais categorias e variáveis analisadas. ....................................................... 40
Tabela 6: Principais certificações existentes no Brasil. ...................................................... 401
Tabela 7: Referenciais de certificação LEED. ...................................................................... 43
Tabela 8: Pontuação LEED para crédito de gestão de resíduos de obra ............................. 45
Tabela 9: Indicadores de RDC na Europa. ........................................................................... 50
Tabela 10: Acompanhamento de conformidade na Gestão de Resíduos. ............................ 65
Tabela 11: Grupo das obras Galpões, com um ou múltiplos pavimentos, em estruturas pré fabricadas. ........................................................................................................................... 69
Tabela 12: Grupo das obras Edifícios. ................................................................................. 70
Tabela 13: Densidade aparente dos resíduos (kg/m³). ......................................................... 74
Tabela 14: Geração total de resíduos por obra analisada (Grupo Galpões): ........................ 76
Tabela 15: Geração total de resíduos por obra analisada (Grupo Edifícios) ........................ 80
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 7
1.1 Colocação do problema .................................................................................................. 7
1.2 Objetivo ......................................................................................................................... 8
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................... 9
2.1 Impactos Ambientais dos Resíduos de Construção Civil ............................................ 9
2.2 Fontes Geradoras de Resíduos de Construção ..................................................... 12
2.3 Composição dos Resíduos de Construção Civil .................................................... 15
2.4 Gestão dos Resíduos de Construção Civil ............................................................. 21
2.5 Destinação de resíduos com particularidades específicas ....................................... 31
2.6 Gestão Ambiental e principais certificações em obras ........................................... 39
2.6.1 Metodologia LEED ............................................................................................. 42
2.6.2 Gestão de resíduos segundo a metodologia LEED ............................................ 44
2.7 Uso de indicadores para gestão de resíduos de construção civil apresentados em estudos internacionais ......................................................................................................... 46
2.8 Sistemas Construtivos ........................................................................................... 54
2.8.1 Estrutura ................................................................................................................. 55
2.8.2 Vedação ............................................................................................................. 56
2.8.3 Sistemas de Pisos internos e Externos ............................................................... 59
2.8.4 Cobertura ........................................................................................................... 59
2.8.5 Acabamento ....................................................................................................... 60
3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 61
3.1 Levantamento e seleção dos dados de obras disponíveis ..................................... 61
3.2 Detalhamento das tipologias construtivas das obras selecionadas ........................ 66
3.3 Definição do indicador de geração e tipos de resíduos da obra ............................. 72
3.4 Comparação dos indicadores de geração de resíduos .......................................... 74
4 RESULTADOS OBTIDOS............................................................................................... 75
4.1 Indicadores de geração e composição de resíduos em galpões ................................. 76
4.2 Indicadores de geração e composição de resíduos em edifícios ................................. 80
4.3 Comparação entre os dois Grupos (G e E): ................................................................ 83
5 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 84
REFERÊNCIAS....................................................................................................................85
ANEXO 1 - Planilhas de análise completa das obras.................................................................................................................................... 96
7
1 INTRODUÇÃO
1.1 Colocação do problema
A construção civil tem sido considerada uma área importante para o crescimento
do país. O desenvolvimento nacional ou de outros países em desenvolvimento tem
sido acompanhado por um crescimento da quantidade qualidade de obras. O
crescimento mundial estimado no setor da indústria de materiais para a construção
civil é de duas vezes e meia entre 2010 e 2050. No Brasil, a expectativa é de que o
setor de construção possa chegar ao dobro do tamanho até 2022 (JOHN,
AGOPYAN, 2011).
De acordo com os dados disponibilizados no Panorama de Resíduos Sólidos do
Brasil de 2011, desenvolvido pela ABELPRE1, os resíduos de construção e
demolição (RCD) representam até 50% da massa de resíduos sólidos urbanos
(RSU) gerados no País. Isso demonstra uma preocupação cada vez mais crescente
com a gestão destes tipos de resíduos, bem como em alternativas de reciclagem
que acompanhem tamanho desenvolvimento. No entanto as alternativas atuais e
seus respectivos modelos de gestão voltados, quase que de forma exclusiva, no
desenvolvimento de um modelo de gestão onde a principal preocupação é definir um
fluxo para destinação final a ser dada para estes materiais, após sua geração, não
se preocupam em desenvolver e controlar alternativas de gestão com o foco na não
geração de resíduos, ou na redução significativa destes resíduos gerados.
Para que o crescimento do setor seja suportado em termos de geração de
resíduos, devem ser fomentadas alternativas de gestão mais completas e que
reduzam de maneira significativa os resíduos gerados desde o planejamento das
atividades da obra como em sua concepção e nas escolhas de projeto iniciais, como
por exemplo, na escolha de tipologias e tecnologias construtivas que possam ser
realizadas de forma mais controlada e planejada, resultando, dentre outros
benefícios ambientais, em uma quantidade inferior de resíduos gerados, reduzindo-
se os impactos associados a toda cadeia produtiva, como podemos observar em
algumas iniciativas realizadas pelo SINDUSCON em suas cartilhas de 2012 e 2013,
onde são acompanhadas as cadeias produtivas e respectiva gestão de resíduos,
1 Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.
8
onde são fornecidas alternativas de gestão de resíduos que facilitem e orientem a
melhor gestão das obras.
Com base no volume de resíduos gerados por obras de diferentes tipologias,
serão analisados indicadores de resíduos de construção que possam auxiliar nas
escolhas de alternativas menos impactantes, que gerem menor quantidade de
resíduos, acarretando além de benefícios ambientais, benefícios financeiros às
construtoras que poderão optar por alternativas que gerem menor quantidade de
desperdício de materiais e insumos, bem como os gastos relacionados à destinação
de resíduos.
1.2 Objetivo
O objetivo principal do trabalho consiste em coletar e analisar indicadores de
geração de resíduos da construção civil de edificações comerciais e industriais, com
diferentes tipologias construtivas, por m² de área construída, de obras certificadas,
ou em processo de certificação pelo sistema LEED (Leadership in Energy and
Environmental Design) pelo USGBC (U.S. Green Building Council).
9
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Impactos Ambientais dos Resíduos de Construção Civil
Impacto ambiental é conceituado como “qualquer alteração das propriedades
físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente
afetem a saúde, a segurança e o bem estar da população; as atividades sociais e
econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a
qualidade dos recursos naturais” (CONAMA 1986).
A indústria da construção demanda o consumo de grande quantidade de
insumos, como por exemplo, o cimento Portland que é o material artificial de maior
consumo pelo homem, chegando a superar inclusive o consumo de alimentos. No
Brasil, dados de uma pesquisa realizada em 2009 demonstram que cerca de 1/3 dos
recursos naturais utilizados no país são para produção de materiais cimentícios,
totalizando em até duas toneladas por habitante/ano, e este consumo tem
aumentado ano a ano, o que quando analisado em perspectiva, conclui-se que
conforme o crescimento do setor nos últimos anos, haverá uma demanda para
produção de produtos a base de cimento podendo chegar a ser 2,5 vezes maior,
considerando-se o ano de 2010 ao ano de 2050 (AGOPYAN, JOHN, 2011).
O impacto ambiental que cada material/ insumo gera para construção civil
depende de diversas condições como: detalhes dos processos produtivos, detalhes
do projeto, condições de uso etc; depende também dos diferentes processos
produtivos dos fabricantes de um mesmo material, que podem variar em função da
região, matriz energética, medidas de controle das fábricas, dentre outros fatores.
(Figura 1) Como consequência de tamanha produção de materiais, há uma grande
quantidade de resíduos gerados pelas atividades de construção civil que os
consomem, chegando em quantidade típica de 500 quilos por habitante/ano,
considerando-se dados do final da década de 1990, quando a atividade de
construção era significativamente menor (PINTO, 1999).
10
Figura 1: Fluxograma dos recursos naturais e geração de resíduos.
Fonte: Elaborado pelo autor.
A gestão e a disposição inadequada dos resíduos de construção e demolição,
podem ocasionar a degradação do solo, assoreamento dos corpos hídricos,
proliferação de vetores de importância sanitária nos centros urbanos, ocupação de
áreas para disposição final de resíduos próximas à centros urbanos, intensificando
os problemas sociais (JACOBI e BENSEN, 2006).
Portanto, a produção excessiva de resíduos de construção e o uso
insustentável dos recursos naturais se configuram numa lógica destrutiva e num
risco para a sustentabilidade do planeta, cuja reversão depende da modificação das
atitudes e práticas individuais e coletivas, principalmente no que tangem os índices
relacionados aos impactos na construção civil (Figura 2).
Extração de Matéria-prima
Transporte da matéria-prima
Beneficiamento da matéria-prima em produtos
Transporte do produto ao canteiro de
obras
Processamento dos produtos no canteiro de
obras
Geração de resíduos no canteiro de obras
Transporte dos resíduos
Destinação final dos resíduos
11
Figura 2: Impactos associados aos RDC.
Fonte: Adaptado de Pinto, 1999.
Conforme dados disponibilizados pelo Panorama dos Resíduos Sólidos no
Brasil, ABELPRE (2011), num total de 400 municípios analisados no País, foram
coletados mais de 33 milhões de toneladas de resíduos de construção e demolição,
quantidade expressiva e crescente comparada aos anos anteriores, e que quando
analisada, representa até 50% do total dos resíduos coletados no país, sendo que
estes dados consideram somente os resíduos coletados através dos serviços de
limpeza pública, considerando-se os dados de coleta de empresas privadas, esta
quantidade pode chegar a ser até 1/3 maior (ABRELPE, 2011, apud AGOPYAN,
JOHN, 2011).
Estes dados demonstram a necessidade de uma atenção especial dos
municípios em relação à gestão desses resíduos, pois se a responsabilidade com os
resíduos de construção civil e demolição é dos respectivos geradores, a informação
dos volumes gerados às autoridades poderá ser alterada de acordo com seus
interesses, e os resultados apresentados podem ser ainda piores, envolvendo
inclusive custos aos municípios.
A criação e estruturação de um sistema municipal de gestão integrada dos
resíduos de construção, conforme proposto na resolução CONAMA 307: 2002 e
suas alterações, reafirmado também na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei
12
12.305: 2012), atenderia às necessidades de municípios médios e grandes, onde há
maior volume de resíduos e maior necessidade de transporte destes. Já para os
pequenos municípios, que ainda não dispõem, por exemplo, de aterros sanitários,
medidas mais simplificadas atenderiam a problemática, sem contar que um dos
grandes desafios das prefeituras atuais é conseguir criar soluções para colocar em
prática tais resoluções de forma efetiva, sem que sejam revertidos grandes custos
para sociedade (AGOPYAN, JOHN, 2011).
2.2 Fontes Geradoras de Resíduos de Construção
As fontes de resíduos provenientes da atividade de construção civil podem ser
divididas em três categorias (Figura 3), conforme descrito por Angulo et al. (2011):
1- Agente formal de construção: empresas legalizadas, responsáveis pela
geração de grandes volumes de resíduos (> 3 m³);
2- Agente informal de grande reforma/ Autoconstrução: pessoas ou pequenas
empresas que realizem construção, ampliação ou reformas em residências ou
empreendimentos já legalizadas e que geram grandes volumes de resíduos (> 3 m³);
3- Agente informal de pequena reforma: pessoas que realizem pequenas
alterações, ampliações ou reformas em locais já legalizadas e que gerem pequenos
volumes de resíduos (< 3 m³).
Figura 3: Principais fontes geradoras de resíduos no Brasil.
Fonte: SINDUSCON, 2012.
20%
21%
59%
13
Quando se considera eventos informais como, por exemplo, obras de
construção, reformas e demolições, geralmente realizadas pelos próprios
proprietários de imóveis de pequeno porte, em sua maioria residenciais (categorias 2
e 3), pode-se chegar a uma quantidade correspondente a 75% do volume de
resíduos gerados pela construção. Tal volume, muitas vezes é disposto em diversos
pontos das cidades, o que dificulta ainda mais sua gestão e controle efetivo,
cabendo ao poder público municipal a criação de instrumentos específicos para
regular e fiscalizar tal geração de resíduos (MANSOR et al, 2010).
As pesquisas atuais relacionadas a eventos formais da construção civil
possuem dados mais confiáveis e rastreáveis quando comparada à eventos
informais, e são também uma parcela significativa na geração dos resíduos desta
tipologia. As informações disponibilizadas são focadas nas perdas de materiais, que
na maioria das vezes são tratadas como resíduos, no entanto, existem diferentes
categorias de classificação, no que se diz respeito à perdas em obras de construção
civil, como descrito por Paliari (2008), que realizou um estudo comparativo da
quantidade de material teoricamente necessária e a quantidade de material
realmente utilizada. Esse autor define as perdas de materiais, como a quantidade de
material utilizado em excesso, podendo ocorrer por três principais motivos: furto,
incorporação de materiais à edificação ou geração de resíduo de construção.
Como em obras de grande porte há fiscalização e processos de controle bem
definidos, a opção de furto ou extravio é praticamente nula. A incorporação de
materiais ocorre principalmente em alguns serviços, tais como a execução de
revestimentos de argamassa, e não é facilmente identificada. Já a geração de
resíduo de construção é a parcela visualmente mais fácil de se identificar dentro das
perdas de materiais, e podem por sua vez ser classificadas em 3 categorias
principais: (ANDRADE, 1999).
a) Momento de incidência na etapa de produção: com base nas etapas em
que os materiais passam do recebimento à utilização em si, e dependendo
do tipo de material podem ocorrer diferentes tipos de perdas, em
quantidade também variável, dependendo de diversos fatores inclusive a
gestão dos materiais no canteiro de obras.
14
b) Causas: esta é descrita como sendo o motivo imediato de ocorrência,
exemplificando o caso de resíduos de blocos de alvenaria, pode-se ter
como causa o uso de ferramentas impróprias, como a realização de corte
de blocos com utilização de colher de pedreiro em lugar de utilizar-se uma
serra elétrica com o respectivo disco de corte correto, desmoronamento de
um estoque por choque com um equipamento de transporte etc.
c) Origem: pode ser diferente da causa geradora imediata, algo que tenha
ocorrido na própria etapa geradora do resíduo, justificada por uma etapa
anterior, como por exemplo, por uma decisão tomada, falta de
detalhamentos em projeto, ou nas orientações passadas ao realizador da
atividade, que tenha induzido as causas e consequentemente à geração
das perdas, e de fato, estas podem ocorrer em diferentes etapas do
empreendimento.
Conforme estudo realizado por Pinto (1999) os métodos construtivos mais
utilizados no país geram perdas de materiais na faixa de 20 a 30% da massa total de
materiais, dependendo do nível tecnológico do executor. Considerando-se, então, as
perdas por tipo de materiais, Souza et al. (1998) quantificaram a proporção de
desperdício dos materiais com potencial de reaproveitamento na seguinte
percentagem (Tabela 1), considerando-se como exemplo a execução da atividade
de revestimento de um edifício, regularização de imperfeições e etc:
Tabela 1: Perdas de materiais de construção civil em canteiros brasileiros.
Cimento (%)
Aço (%)
Blocos e tijolos (%)
Areia (%)
Concreto Usinado (%)
Mínimo 6 2 3 7 2 Máximo 638 23 48 311 23 Mediana 56 9 13 44 9
Fonte: JOHN, AGOPYAN (2001)
Usualmente, a geração de perdas em forma de resíduos, aqui estudados,
pode ocorrer de forma direta, independente de sua categoria de classificação, pelos
principais motivos listados (SINDUSCON, 2011):
- Falta de qualidade dos serviços de construção civil, podendo isto dar origem ao
desperdício de materiais e a perdas de materiais, que saem das obras na forma de
resíduos Classe A;
15
- A urbanização desordenada e mal planejada, que faz com que as construções
passem por adaptações e modificações gerando grandes quantidades de resíduos;
- O aumento do poder aquisitivo da população e as facilidades econômicas que
impulsionam o desenvolvimento de novas construções e reformas, proporciona
também que os resíduos gerados destes processos sejam bastante representativos,
pois os pequenos geradores normalmente desconhecem e não realizam controles
específicos com esses resíduos;
- Inexistência de projetos prévios detalhados, prevendo menos recortes e falhas nos
processos produtivos, e escolha de alternativas tecnológicas que sejam mais
adequadas ao processo construtivo realizado, consequentemente reduzindo
desperdícios e perdas de materiais em forma de resíduos, informações que serão
detalhadas no decorrer do presente trabalho.
2.3 Composição dos Resíduos de Construção Civil
Segundo a Política Nacional de resíduos sólidos (lei nº 12.3051, de 2 de agosto
de 2010), a definição de resíduo é “material, substância, objeto ou bem descartado
resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede,
se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em
corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis
em face da melhor tecnologia disponível”.
Após esta definição e com base na classificação dos resíduos sólidos pela
ABNT NBR 10.004:2004 a classificação está relacionada com a atividade que lhes
deu origem e com seus constituintes. Desta forma, os resíduos sólidos são
classificados em:
- Resíduos classe I: Perigosos;
- Resíduos classe II: Não perigosos;
- Resíduos classe II A – Não inertes.
16
- Resíduos classe II B – Inertes.
Usualmente os resíduos da construção civil estão enquadrados na classe II B,
por: a) possuírem compostos e características conhecidas, e b) não apresentar
constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões estabelecidos
pela ABNT NBR 10006:2004 – Solubilização de resíduos. Entretanto, a presença de
tintas, solventes, óleos, outros produtos químicos, ou meramente uma mistura de
gesso e/ou cimento pode mudar a classificação dos Resíduos de Construção Civil
para classe I ou classe IIA.
Segundo a Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002, e
complementada pela Resolução CONAMA n° 431/2011, são estabelecidas
diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil,
e define-se resíduos da construção civil como os materiais provenientes de
construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os
resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos
cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras
e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros,
plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de
obras, caliça ou metralha. Com base nesta definição os Resíduos de Construção
Civil são classificados da seguinte forma:
- Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como (Figura 4):
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras
obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes
cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e
concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em
concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
17
Figura 4: Exemplo de resíduo Classe A – blocos de concreto
Fonte: Acervo CTE (2013).
- Classe B: são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos,
papel/papelão, metais, vidros, madeiras, gesso e outros (Figura 5 e Figura 6);
Figura 5: Exemplo de resíduo Classe B – sacarias de papelão
Fonte: Acervo CTE (2013).
18
Figura 6: Exemplo de resíduo Classe B – gesso
Fonte: Acervo CTE (2013).
- Classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação
(Figura 7):
Figura 7: Exemplo de resíduo Classe C – manta asfáltica
Fonte: Acervo CTE (2013).
19
- Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais
como: tintas, solventes, óleos e outros, materiais contendo amianto, ou aqueles
contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas,
instalações industriais e outros (Figura 8).
Figura 8: Exemplo de resíduos Classe D – materiais contaminados de óleo e tinta
Fonte: Acervo CTE (2013).
A composição dos resíduos gerados nas obras pode ser bastante variável,
dependendo, por exemplo, das tipologias construtivas, que podem utilizar maior
quantidade de materiais nas etapas construtivas, que consequentemente gerem
maior quantidade de resíduos, como no caso da utilização de fôrmas de madeira,
para concreto moldado em loco, que após a cura completa a madeira é destinada
como resíduo. Outro fator bastante importante na composição dos resíduos de
construção civil gerados está relacionado a má gestão dos resíduos, principalmente
na segregação dos resíduos, pois existem misturas que inviabilizam a reciclagem e
o reaproveitamento destes materiais. (Angulo et al., 2009).
A composição dos resíduos varia também significativamente dependendo das
fontes geradoras. No caso, por exemplo, de demolições conforme estudo realizado
por Patricio et al. (2013), considerando-se a média brasileira, nos seguintes valores
(Tabela 2):
20
Tabela 2: Principais materiais que compõem os resíduos de demolição.
Materiais Volume (%) material cerâmico 32,64
argamassa 36,34 concreto 25,38
revestimento 5,64 Fonte: Patricio et al. (2013)
Num estudo elaborado por Vieira et al. (2004), a composição dos resíduos de
construção e demolição no Brasil é, basicamente, de 60% de argamassa e concreto,
30% de componentes de vedação – tijolos, blocos, cacos cerâmicos, 9% de outros
materiais (pedra, areia, madeira, metálicos e plásticos) e 1% de orgânicos.
Obviamente que há pequenas diferenças para cada região.
Conforme estudo apresentado por Angulo (2000) foram levantadas as
gerações médias de resíduos de algumas localidades, com base nos estudos de
Bossink e Brouwers, 1996, Levy, 1997 e Pinto, 1996, conforme apresentado na
Tabela 3.
Tabela 3: Composição dos resíduos de novas construções em massa (%).
Composição Percentual Brasil Japão Holanda Cerâmica 29 12 39 Madeira 19 17 concreto 4 17 13 Tijolos e elementos sílico-calcáreos 1 14 Argamassas 64 8 Outros (plástico, papel, mat. Orgânica, solo)
3 51 9
Fonte: Adaptado de Angulo (2000).
Já no estudo realizado por Zordan (1997 apud AMADEI et al, 2011), ao
analisar os resíduos de algumas regiões brasileiras, o resultado adquirido da
composição média de resíduos da construção civil pode ser verificado no Gráfico 1.
21
Gráfico 1: Composição média dos resíduos de Construção Civil (volume).
Fonte: ZORDAN 1997, apud AMADEI et al (2011).
Conforme dados apresentados também por Angulo, 2005, a composição
média dos RCD apresenta predominantemente resíduos Classe A em 91% da
massa, e 9,0% de Classe B, nos resíduos gerados, não sendo consideradas
significativas as quantidades de resíduos Classes C e D. Resultados semelhantes
são apresentados em outros estudos nacionais em diversos estudos internacionais.
2.4 Gestão dos Resíduos de Construção Civil
Segundo a Resolução CONAMA 307: 2002 e suas alterações, os geradores de
Resíduos de Construção Civil deverão:
- Ser responsáveis pelo gerenciamento de todos os seus resíduos.
- Segregar os resíduos nas diferentes classes estabelecidas pela resolução.
- Encaminhar os resíduos para reciclagem ou disposição final adequada.
- Nunca dispor dos resíduos, em aterros de resíduos sólidos urbanos, em áreas de
“bota-fora”, em encostas, corpos d’água, lotes vagos ou áreas protegidas por Lei
(Figura 9).
22
Tal resolução estabelece também que os geradores deverão ter como
objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a
reutilização, a reciclagem e a destinação final apenas como última alternativa, e
ainda sim, seguindo demais critérios de destinação estabelecidos.
Figura 9: Geração e destinação de Resíduos da Construção Civil.
Fonte: SINDUSCON (2012).
A não geração de resíduos, apesar de ser o objetivo primário de tal resolução
citada, não é monitorada de forma concreta utilizando-se, por exemplo, ferramentas
de cálculo comparativas, entre a quantidade de material teoricamente necessária,
com a quantidade de material realmente utilizada (Paliari, 2008), dentre outras
alternativas de monitoramento e controles. Inclusive, as publicações e documentos
orientativos, estão voltados prioritariamente aos controles e gestão dos resíduos
após sua geração, com o foco diferente do objetivo prioritário, que deveria ser
relacionado à disponibilização de alternativas que guiem os envolvidos a realizarem
processos contrários às principais fontes geradoras de resíduos de construção civil
em sua origem.
Outro tema diretamente relacionado à gestão dos resíduos sólidos da
construção civil é Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (Lei Federal n.
12.305/2010) que entrou em vigor no ano de 2012. Basicamente a PNRS define
instrumentos de planejamento fundamentais para estruturar a gestão e o
gerenciamento dos resíduos sólidos, como planos de gestão de resíduos em âmbito
nacional, estadual e municipal, dando suporte à elaboração de políticas públicas que
23
promovam a minimização dos resíduos gerados em quantidade e periculosidade
possíveis dos materiais e substâncias, antes de descartá-los no meio ambiente.
Neste novo cenário estão incluídas também as responsabilidades para todos
os envolvidos na cadeia de geração de resíduos sólidos de qualquer tipologia,
incluindo os resíduos de construção civil. Tais exigências da lei, no que diz respeito
à construção civil estão compatibilizadas com a Resolução CONAMA 307/2002 e
suas atualizações, excedendo e acrescentando apenas em alguns casos, onde
ficam instituídas novas diretrizes que agregam às exigências anteriores para todo
território nacional, como por exemplo (SINDUSCON, 2012):
- Fomento a medidas de redução da geração de rejeitos e resíduos de construção
civil em empreendimentos;
- Incremento das atividades de reutilização e reciclagem dos resíduos de construção
civil nos empreendimentos.
Foram instituídos também, nos termos da lei, a seguinte definição de
Logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado
por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e
a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em
seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente
adequada. E, após tal definição são descritas as respectivas responsabilidades das
partes, sendo que no que tange à construção civil são obrigados a estruturar e
implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o
uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e
de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e
comerciantes de:
(...) Produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro, e
aos demais produtos e embalagens, considerando, prioritariamente, o grau e a
extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente dos resíduos gerados.
Assim sendo, subentende-se que o setor deverá fomentar o mercado para
que as embalagens de cimento, gesso, vidros etc., sejam retornadas aos fabricantes
de forma direta, o que poderá reduzir a quantidade de materiais presentes neste tipo
24
de embalagens, e também reduzir a quantidade de resíduos gerados de forma
significativa.
Considerando-se apenas os Grandes Geradores de Resíduos (conforme
massa ou volume de resíduos gerados), devem ser elaborados Planos de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil para cada empreendimento, onde
deverão contemplar as seguintes etapas:
I - Caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e separar os resíduos;
para isso são utilizados dispositivos de contenção identificados, e com capacidade
de armazenamento pré definidas, como caçambas, bags, bombonas etc., conforme
exemplos apresentados nas figuras 10, 11, 12 e 13 a seguir:
Figura 10: Bombonas para acondicionamento de resíduos
Fonte: CAMPOS (2012).
25
Figura 11: Bags para acondicionamento de resíduos
Fonte: CAMPOS (2012).
Figura 12: Outras alternativas para caracterização/ acondicionamento de resíduos em obra.
Fonte: CAMPOS (2012).
26
Figura 13: Caçamba identificada para acondicionamento de resíduos.
Fonte: Acervo CTE (2013).
II - Triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser
realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas as
classes dos resíduos previamente estabelecidas. Conforme informações
disponibilizadas pelo SINDUSCON, 2005, orienta-se para uma melhor qualidade dos
resíduos triados esta etapa seja realizada na opção ‘gerador – na origem’, e utilize-
se sinalização adequada, conforme exemplificado na Figura 14.
Figura 14: Sinalizações para triagem de resíduos.
Fonte: Acervo CTE (2013).
III - Acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos
após a geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que
27
seja possível, as condições de reutilização e de reciclagem. Pode ser que se
coincida a etapa de identificação com a etapa de acondicionamento, caso seja
optado por realizar a identificação em dispositivo utilizado para o transporte dos
resíduos, como no caso do uso da caçamba, apresentado na Figura 13: Caçamba
identificada para acondicionamento de resíduos., ou em dispositivo similar adequado
para tal finalidade.
Segundo Miranda et al (2009), a adoção de procedimentos de registro e a
identificação diferenciada seguindo os critérios estabelecidos pela Resolução
CONAMA 307 e suas alterações, durante a obra, permitem que os geradores
avaliem os resultados da implantação do sistema de gestão e do Plano de
Gerenciamento de Resíduos da Construção.
A prática de triagem pode possibilitar também a redução do volume de
resíduos, decorrente, principalmente, da redução do empolamento. A definição de
empolamento é dita como o aumento do volume dos resíduos de construção e
demolição devido à má organização deste dentro das caçambas, formando grandes
vazios. Pode ser ocasionado, por exemplo, por grandes pedaços de madeiras,
metais e concreto, etc (MIRANDA et al, 2009). Sendo assim, orienta-se que além da
triagem seja realizado um acondicionamento dos resíduos adequado, evitando-se
espaços vazios e proporcionando também redução de custos relacionados ao
transporte dos resíduos.
IV - Transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas
anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de
resíduos. Para que esta etapa ocorra de forma correta, deve-se utilizar algum
documento que registre o Controle de Transporte de Resíduos (CTR) entre as partes
envolvidas, garantindo também a rastreabilidade das informações. Este controle
deve ser iniciado no gerador do resíduo e acompanhar o transporte obtendo-se
registro do recebimento pelo local da destinação final. Tal documento deverá ser
realizado em 3 vias: (1ªvia para gerador; 2ª via para transportador; 3ª via para
destinatário final). O modelo de formulário utilizado deverá atender às normas ABNT
NBR 15112:2004 a 15114:2004, conforme modelo apresentado pela Figura 15 a
seguir.
28
Figura 15: Modelo de Controle de Transporte de Resíduos (CTR).
Fonte: Manual de Resíduos Sólidos SP SINDUSCON (2012).
V - Destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido na
Resolução CONAMA 307, desta forma estará relacionada diretamente à triagem
realizada no momento da geração dos resíduos, pois, quanto melhor o resíduo tenha
sido triado, mais nobre será sua finalidade de uso ou destinação, e caso os resíduos
não tenham sido triados corretamente no momento da geração, poderão ser triados,
externamente, como por exemplo, no caso das áreas de transbordo e triagem
citadas na Tabela 4, onde são detalhadas também demais alternativas de
destinação de resíduos.
29 Tabela 4: Áreas para destinação de resíduos segundo resolução CONAMA 307:
Tipo de área para destinação final de resíduos
Descrição Condições para utilização Observações
Área de Transbordo e Triagem (ATT)
Estabelecimento privado ou público destinado ao recebimento de resíduos da construção civil e resíduos volumosos gerados e coletados por agentes privados, e que deverão ser usadas para a triagem dos resíduos recebidos, eventual transformação e posterior remoção para adequada disposição.
Licenciada pela administração pública municipal.
Restrição ao recebimento de cargas
predominantemente constituídas por resíduos
classe D.
Área de Reciclagem
Estabelecimento privado ou público destinado à transformação dos resíduos classe A em agregados
Licenciada pela administração pública municipal. No âmbito estadual, licenciamento pelo órgão de controle ambiental,
expresso nas licenças de Instalação e Operação.
Aterros de Resíduos da Construção Civil
Estabelecimento privado ou público onde serão empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil classe A no solo, visando à reservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente.
Licenciamento municipal de acordo com legislação
específica. Licenciamento estadual com
possível envolvimento de órgãos pertinentes condicionado
ao porte da área, a sua capacidade de recepção de
resíduos e localização.
Os resíduos classe B, C e D poderão apenas transitar pela área para serem, em seguida, transferidos para
destinação adequada.
30 Tipo de área para destinação
final de resíduos Descrição Condições para utilização Observações
Aterros para resíduos industriais
Área licenciada para o recebimento de resíduos industriais classe I e II (conforme antiga versão da NBR 10004:2004).
Licenciamento municipal de acordo com legislação
específica.
Caracterização prévia dos resíduos definirá se
deverão ser destinados a aterros industriais classe I
e II (conforme antiga versão da NBR 10004:2004).
Instalações de empresas que comercializam tambores e bombonas para reutilização
Compram (e vendem) embalagens metálicas ou plásticas destinadas ao acondicionamento de produtos químicos.
No município, Alvará de Funcionamento. No Estado,
Licença de Instalação e Operação e Certificado de
aprovação da destinação dos resíduos concedidos pelos
órgãos ambientais estaduais.
Esgotamento e captação dos resíduos
remanescentes, além da lavagem e captação dos
efluentes para destinação conforme certificados de
aprovação.
Agentes diversos Sucateiros, cooperativas, grupos de coleta seletiva e outros agentes que comercializam resíduos recicláveis.
Contrato social ou congênere, alvará de funcionamento,
inscrição municipal.
Em caso de necessidade da utilização de agentes eminentemente informais
(condição de baixa atratividade para coleta
associada a indisponibilidade de agentes formais),
reconhecer o destino a ser dado ao resíduo e registrá-lo da maneira mais segura
possível. Fonte: Manual de Resíduos Sólidos SP SINDUSCON (2005).
31
Para que todos os passos anteriormente citados possam ser controlados por
uma gestão completa, as obras deverão monitorá-los em um relatório denominado
Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, conforme a Resolução
CONAMA nº 307, e apresentá-lo ao órgão competente juntamente com o projeto da
obra.
2.5 Destinação de resíduos com particularidades específicas
Os Resíduos de Construção Civil podem sofrer alterações quantitativas e
qualitativas ao longo do tempo, contudo sua gestão não tem acompanhado a
evolução das tecnologias de produção de materiais. (SANTIAGO, DIAS, 2012).
Portanto a segregação e triagem dos Resíduos de Construção Civil possibilitará a
máxima reciclagem dos resíduos, considerando que estes sejam encaminhados
para usinas e/ou alternativas de reciclagem.
Para que os resíduos sejam reciclados e/ou reaproveitados como matéria-
prima, as características do produto reciclado devem ser compatíveis ao uso a que
ele se propõe. A reciclagem dos Resíduos de Construção Civil contaminados com
materiais não-inertes produz reciclados de pouca qualidade. Então, é fundamental a
separação dos diversos tipos de resíduos produzidos, onde a fase inerte é a que
possui maior potencial de reciclagem para produção de reciclados de boa qualidade
a serem reaproveitados na própria construção civil.
Pode-se utilizar a mão de obra previamente treinada para efetuar a
segregação dos Resíduos de Construção Civil ainda no canteiro de obras e logo
após ela seja gerada. Além de contribuir ao processo de reciclagem, a atividade de
segregação dos resíduos possibilita a organização e limpeza do local de trabalho
podendo trazer também como benefício indireto a redução no índice de afastamento
de trabalhadores por acidente provocado pela desordem no canteiro (SINDUSCON,
2011).
Frequentemente são disponibilizados documentos no formado de cartilhas
pelos Sindicatos da construção estaduais, através de suas respectivas páginas
32
eletrônicas, ou materiais impressos em eventos do setor, com informações
completas e detalhadas sobre gestão de resíduos de construção civil, de forma
direta e prática, para que se facilite o atendimento à legislação ambiental vigente.
Nesses documentos podem ser encontradas informações especificadas por tipo de
resíduos, normalmente no caso de resíduos que apresentam maiores dúvidas
quanto à sua gestão, conforme os exemplos listados a seguir.
2.5.1 Resíduos de madeira
A madeira utilizada na construção civil pode ser separada em diversos produtos,
conforme o seguinte detalhamento, baseado nos folhetos do SINDUSCON (2011):
- MDF (Medium density fiberboard): painel (chapa) de média densidade
produzido a partir das fibras de madeira com adição de resina sintética e submetidos
à alta temperatura, tempo e pressão. Sua principal utilização é em pisos, batentes,
portas usinadas e peças torneadas.
- MDP (Medium density particle board): painel (chapa) de partículas de madeira
em camadas, com adição de resina sintética e submetidos à alta temperatura, tempo
e pressão. Sua principal utilização é em portas retas, tampos pós formados.
- HDF (High density fiberboard): Painel de alta densidade produzido a partir de
fibras de madeira com adição de resina sintética e submetidos à alta temperatura e
pressão. Utilizada em pisos laminados, forros, divisórias e portas.
- Hardboard (chapa de fibra dura): Produzida com fibras de madeira aglutinadas
pelo processo de alta temperatura, tempo e pressão, utilizada principalmente em
forros, divisórias e portas.
- OSB (Oriented strand board ou painel de tiras de madeira orientadas): painel
estrutural de tiras de madeira orientadas em três camadas perpendiculares, o que
aumenta sua resistência mecânica e rigidez. Utiliza-se em paredes, pisos, telhados,
mezaninos, em formas de concreto e móveis expostos à umidade como, por
exemplo, em áreas litorâneas.
33
- Compensado/madeira serrada: Painel constituído de lâminas de madeira
sobrepostas e cruzadas entre si, unidas por adesivos e resinadas por meio de
pressão e calor. Utilização estrutural ou não, como pisos, forros, paredes,
esquadrias, portas, telhados, andaimes, formas de concreto, vigas, caibros etc.
- Madeira preservada: Madeira que contém produto preservativo em quantidade
suficiente, de maneira a aumentar significativamente sua resistência à deterioração,
prolongando sua vida útil. Utilizada em estrutura de telhados, assoalhos, batentes,
colunas, escadas, forros, paredes etc em áreas internas ou externas.
Orienta-se que além do atendimento integral à legislação ambiental, deve-se
buscar aumentar a ecoeficiência dos processos produtivos de modo preventivo e
integrado, escolhendo produtos adequados à suas propriedades de uso e
durabilidade, e nos projetos deve-se levar em conta as dimensões, racionalizando a
aplicação e minimizando a geração de resíduos.
Finalmente no que diz respeito ao gerenciamento de tais resíduos, orienta-se
que se deve desde a segregação, ter o cuidado de separar-se os resíduos de
madeira de outros materiais como plástico, metais, tintas e solventes, evitando-se
contaminações e acondicionando de forma organizada para destinação.
Eventualmente na madeira utilizada podem conter pregos, tintas e restos de
concreto, no entanto, tais contaminações não interferem na gestão de resíduos
proposta no manual do SINDUSCON (2011). A destinação final da madeira, quando
não passível de reutilização pode ocorrer para os seguintes destinos:
- Áreas de transbordo e triagem (ATT’s): são áreas destinadas ao
recebimento de resíduos de construção civil para triagem, armazenamento e
segregação dos materiais para posterior remoção e destinação adequada.
- Empresas recicladoras: recebem resíduos de madeira (palets, caixas,
recortes de madeira etc) para processamento e comercialização como matéria-prima
para outros usos, como por exemplo fabricação de painéis, como aglomerados,
compensados, OSB, MDF ou MDP, que não tenham finalidade onde entrariam em
contato com alimentos, água potável, e animais.
- Fornos ou caldeiras para recuperação energética: utilização como substituto
de combustível em fornos ou caldeiras que possuam um sistema de queima
34
controlada, cujas fornalhas operem com excesso de ar suficiente para combustão
dos resíduos à temperatura mínima de 750ºC, possuam equipamentos de controle
da poluição do ar, estejam devidamente licenciados e não sejam utilizados em
atividades que tenham contato com alimentos ou estejam à céu aberto.
- Aterros sanitários: utilizados como última alternativa para deposição final de
resíduos de madeira, que de acordo com a classificação de tal resíduo poderá ser
encaminhado a um aterro de co-disposição ou industrial Classe IIA (resíduos não
perigosos não inertes), ou à um aterro industrial Classe I (resíduos perigosos),
devidamente licenciados pelo órgão ambiental competente.
2.5.2 Resíduos de tintas
Nesta categoria se enquadram os restos de tinta utilizados em atividades de
pintura nas obras, bem como os materiais contaminados por tintas, como pincéis,
rolos etc, considerados resíduos de tintas. Sua gestão deve ser realizada conforme
a legislação vigente, e para facilitar este processo, foi elaborado pela Associação
Brasileira de Fabricantes de tintas – ABRIFAT (2006), com base na resolução
CONAMA 307/2002, com bastante ênfase na questão da não geração de resíduos,
orientando-se primeiramente que desperdício seja evitado e sempre se siga as
orientações do fabricante quanto ao rendimento da tinta, para que se utilize apenas
a quantidade adequada conforme descrito nas embalagens, e não sejam geradas
sobras, pois caso estas ocorram, o tempo de duração é bastante curto, mas, caso
ocorram, orienta-se que as latas sejam tampadas e armazenadas corretamente para
uso em um curto período de tempo. Os instrumentos de pintura devem, segundo as
orientações, serem limpos somente no final do dia, ao final do uso, e serem
mantidos imersos em água ou solvente adequado até o próximo uso. Como segundo
passo, estão as orientações sobre o manuseio e destinação correta dos resíduos,
tendo como base a redução do volume de resíduos, priorizando-se a reciclagem e
reutilização conforme as informações a seguir:
- As latas de tintas devem ter o conteúdo esgotado, não sendo necessária
limpeza, e estas podem ser destinadas à empresas de reciclagem juntamente com
outras sucatas metálicas triadas, ou encaminhadas para uma ATT;
35
- No momento do descarte, as embalagens devem ser inutilizadas (com furos,
cortes, amassamento ou prensagem), evitando seu uso para outras finalidades;
- Demais materiais não reutilizáveis contendo tinta e resíduos de tintas são
classificados como resíduos perigosos e devem ser destinados à empresas de
tratamento, recuperação, co-processamento ou incineração, seguindo
adequadamente a legislação vigente.
2.5.3 Resíduos de impermeabilização
Foi desenvolvido um Manual de Gerenciamento de Materiais e Resíduos de
Impermeabilização pelo Instituto Brasileiro de Impermeabilização – IBI (2013), onde
constam informações completas sobre o que é impermeabilização, áreas que devem
ser Impermeabilizadas, os tipos de produto utilizados, o que são os resíduos de
impermeabilização e as respectivas orientações visando redução na geração de
resíduos durante o manuseio e aplicação de produtos, armazenamento, separação e
segregação adequada dos resíduos na obra, armazenamento e destinação correta.
Conforme tal documento, os principais produtos comumente utilizados para
tratamento das áreas a serem impermeabilizadas podem ser classificados como:
- Sistemas Rígidos: Cimento ou argamassa polimérica, membrana de
polímero modificada com cimento, cristalizante, hidrófugo para argamassa;
- Sistemas Flexíveis: Membrana de asfalto modificado com polímeros, manta
asfáltica, emulsão asfáltica, membrana acrílica.
A escolha dos sistemas se dá em função das características, solicitações
estruturais e condições específicas das áreas e superfícies nas quais serão
aplicados, e é de grande importância que sejam escolhidos produtos adequados
para evitar-se futuros problemas e maior geração de resíduos. Neste mesmo
sentido, é importante também que todas as etapas estejam detalhadas nos projetos
e sejam constantemente monitoradas, verificando-se periodicamente o consumo dos
produtos para detectar e controlar o estoque e validade dos produtos de forma a
evitar-se que ocorram sobras ao final da execução dos serviços, sem a possibilidade
de sua utilização em outra área.
36
São considerados resíduos de impermeabilização, materiais vencidos,
aparas, instrumentos e ferramentas de aplicação não passíveis de
reaproveitamento, embalagens e sobras de produtos.
Tais resíduos devem passar por análises laboratoriais conforme descrito na
ABNT NBR 10004:04 – Caracterização de Resíduos e suas alterações, para que
seja determinada a classificação dos resíduos, necessária para definição da correta
alternativa de destinação final. No geral, pode-se determinar que somente os
produtos dispersos em solventes foram classificados como classe I e os demais
produtos utilizados na impermeabilização são classificados como classe II. Deve-se
ressaltar que a responsabilidade pela classificação, armazenamento temporário e
destinação final do resíduo é sempre do gerador do resíduo. Orienta-se que seja
realizado o armazenamento temporário de resíduos até que se acumule quantidade
que justifique a remoção, em locais adequados e separados de outros materiais
evitando-se a contaminação entre diferentes tipos de resíduos na obra.
A destinação dos resíduos em questão deve ser feita de acordo com a
classificação dos mesmos, dependendo da classe na qual o resíduo se enquadrar.
Seguem exemplos de destinos adequados e mais usuais para estes resíduos de
obras:
- Reutilização e reciclagem: Reutilização em outra obra, ou reaproveitamento
pelo fabricante.
- Aterros classe II: Adequados para recebimento e disposição final dos
resíduos não perigosos (Classes II A – não inertes e II B - inertes).
- Aterros classe I: Adequados para recebimento e disposição final dos
resíduos classificados como perigosos (Classe I – perigosos).
2.5.4 Resíduos de Gesso
Nesta categoria se enquadram resíduos de gesso liso provenientes dos
principais usos em obras: Revestimento, placas e ornamentos em gesso fundido,
chapas para drywall e massas para pequenos acabamentos. Tais resíduos estavam
37
classificados pela Resolução CONAMA 307 do ano de 2002 como classe C:
resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações
economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação. Com a
atualização de tal resolução no ano de 2007, o gesso e seus resíduos passaram a
se enquadrar na categoria de classificação B: resíduos recicláveis para outras
destinações, tais como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso.
Segundo cartilha disponibilizada pela Associação Brasileira dos Fabricantes de
Chapas para Drywall (2009), tendo em vista as recentes alterações na legislação, há
um grande esforço em alterar-se também a gestão de tais resíduos nas obras. Neste
documento são disponibilizadas orientações quanto a correta segregação,
acondicionamento e armazenamento do gesso para posterior destinação à
recuperação e reciclagem.
- Coleta e triagem: Os resíduos de gesso devem ser coletados e armazenados
em local específico nos canteiros, separados de outros materiais como madeira,
metais, papéis, plástico, restos de alvenaria etc;
- Armazenamento: O local de armazenagem dos resíduos de gesso na obra
deve ser seco e pode ser realizada em baia com piso concretado ou caçamba. Em
ambos casos, o local deve ser coberto e protegido das chuvas e outros possíveis
contatos com água.
- Destinação e reciclagem: A destinação pode ser realizada à ATTs (Áreas de
Transbordo e Triagem) licenciadas para receber resíduos de gesso, entre outros,
que posteriormente encaminham tais resíduos para reciclagem. Após sua separação
de outros resíduos da construção, os resíduos do gesso readquirem as
características químicas da gipsita, minério do qual se extrai o gesso. Desse modo,
o material limpo pode ser utilizado novamente na cadeia produtiva. São três as
principais frentes de reaproveitamento desse material:
I) Indústria cimenteira, para a qual o gesso é um ingrediente útil e necessário,
pois atua como retardante de pega do cimento.
II) Setor agrícola, no qual o gesso é utilizado como corretivo da acidez do solo
e na melhoria das características deste.
38
III) indústria de transformação do gesso, que pode reincorporar seus resíduos,
em certa proporção, em seus processos de produção (opção muito pouco utilizada,
na prática).
- Logística reversa: Neste caso, cada segmento da cadeia mostrada na Figura
16 responde pelo encaminhamento dos resíduos ao segmento anterior. São várias
as possibilidades: o distribuidor pode receber da construtora os resíduos da obra e
encaminhá-los à ATT; da mesma forma, o montador pode receber da construtora os
resíduos da obra e encaminhá-los à ATT; eventualmente, a própria construtora pode
encaminhar os resíduos da obra para a ATT.
Figura 16: Diagrama de encaminhamento de resíduos de gesso
Fonte: Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall (2009).
39
2.6 Gestão Ambiental e principais certificações em obras
Buscando reduzir os impactos ambientais gerados pela atividade da indústria
de construção civil, inclusive o impacto dos resíduos gerados, foram desenvolvidas
algumas metodologias para aplicação de conceitos de gestão da qualidade em
obras, gestão ambiental e sustentabilidade. A gestão da qualidade, em alguns casos
apresenta reflexos diretos na gestão ambiental, por isso também foi incluída estando
relacionada a certificações a ambientais.
Genericamente, as certificações atualmente implementadas no Brasil visam a
seleção de materiais e componentes a serem utilizados e incorporados no
empreendimento, considerando-se distância e tipo de transporte realizado, formas e
horários de entrega, critérios de armazenagem, métodos de aplicação dos materiais,
volume e características dos resíduos gerados e gestão completa destes resíduos. A
adoção de sistemas construtivos modulares e de montagem que evitem as perdas
nos processos construtivos, visando um processo produtivo mais limpo e sistemas
construtivos de baixo consumo de água e energia, também são requisitos de
sustentabilidade que representam ganhos ambientais significativos, no entanto, nem
sempre são alvos das certificações em si, mas alvos de sistemas de gestão
ambiental independentes, ou de requisitos próprios das construtoras que buscam
uma gestão mais completa no âmbito de qualidade ambiental. A implementação de
tais itens pode ocorrer de informalmente, ou de forma reconhecida por órgãos
nacionais e internacionais que viabilizem por auditorias, análises documentais e
cadastros detalhados, os procedimentos implementados, com base em regras e
orientações pré-existentes as quais pode-se obter certificações.
A seguir, na Tabela 5 seguem as categorias e variáveis mais comuns nos
sistemas de gestão, com critérios que podem estar relacionados a sustentabilidade
para construção civil.
40
Tabela 5: Principais categorias e variáveis analisadas.
CATEGORIAS VARIÁVEIS Gestão de obra Análise do local, diretrizes de projeto e de materiais,
integração de projetos.
Aproveitamento dos recursos naturais
Uso de fornecedores locais, projeto da edificação considerando os recursos disponíveis na região.
Gestão e economia de recursos
Uso de sistemas que permitam controles e redução do consumo de água, aproveitamento de água de chuva em canteiros e redução de consumo de energia elétrica.
Qualidade do ar e do ambiente interior
Criação de ambiente interior saudável aos operários, identificando e limitando poluentes internos.
Gestão de resíduos Gerenciamento, controles e redução dos resíduos gerados pela obra e viabilização de alternativas de destinação adequadas.
Fonte: Adaptado de Valente, 2009.
Para direcionar, controlar, mensurar e gerir efetivamente as principais
variáveis de gestão nas obras foram desenvolvidas nos últimos anos certificações
com enfoque na qualidade, meio ambiente e sustentabilidade que englobam tanto
etapas de construção quanto operação dos empreendimentos. As mais conhecidas
no Brasil estão citadas na Tabela 6.
Tabela 6: Principais certificações existentes no Brasil.
CERTIFICADO PAÍS LANÇAMENTO BREEAM Reino Unido 1990 Casa Azul Brasil 2010 HQE França 1990 LEED Estados Unidos 1998 PBQP-H Brasil 1991 Processo AQUA Brasil 2008 Procel Edifica Brasil 1990 Fonte: COSTA, 2012.
Dentre as principais certificações existentes no Brasil apresentadas, algumas são
mais usuais no país, e com o passar do tempo foram absorvendo adaptações e
tendências de mercado, aplicando hoje dentre outros conceitos os conceitos de
gestão ambiental e sustentabilidade, conforme breve descrição a seguir:
41
a) PBPQ-H - Programa Brasileiro da Produtividade e Qualidade do Habitat:
O Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e Obras, do PBQP-H,
considera a necessidade da “consideração dos impactos no meio ambiente dos
resíduos sólidos e líquidos produzidos pela obra (entulhos, esgotos, águas servidas),
definindo um destino adequado para os mesmos”, como requisito para qualificar as
construtoras no nível “A”. Poderá haver restrição ao crédito oferecido por instituições
financeiras que apresentam a exigência desta qualificação como critério de seleção
para seus tomadores de recursos, caso esses requisitos não sejam observados
(IBRACON, 2000).
b) HQE - Haute Qualité Environnementale des Bâtiments:
Sistema de certificação francês, sendo a sua estrutura de avaliação dividida em
gestão do empreendimento e qualidade ambiental. As suas categorias de avaliação
são eco-construção, gestão, confortam e saúde. No Brasil é conhecido como
processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental), e foi implantado pela Fundação
Vanzolini, instituição privada sem fins lucrativos, formada e mantida por professores
da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo). Este processo atesta
que o empreendimento está de acordo com as exigências, através da apresentação
de documentos e auditorias independentes (Santo, 2010, Valente, 2009).
c) BREEAM - Building Research Establishment Environmental Assessment
Method:
Sistema de certificação de edifícios existente no Reino Unido, que incide
essencialmente na avaliação com estratégias de mercado, através de benchmarks e
contempla aspectos relacionados com a energia, impacte ambiental, saúde e
produtividade (Santo, 2009).
d) LEED - Leadership in Energy & Environmental Design:
Desenvolvido pelo U.S. Green Building Council (USGBC), nos Estados Unidos,
estabelece uma série de critérios para a preservação do meio ambiente, e regras
para a construção sustentável, classificado em níveis através de sistema de
pontuação. De entre todos os sistemas este é o mais reconhecido em nível mundial
42
e que contempla desde 1998, sucessivas atualizações por parte dos seus membros
(USGBC, 2013).
2.6.1 Metodologia LEED
Os dados apresentados para realização do presente trabalho foram obtidos por
empreendimentos que visam ou já possuam certificação pelo selo sistema LEED,
portanto, entende-se como necessário um maior detalhamento deste tipo de
certificação para entendimento global das condições as quais os dados foram
gerados, e a forma de gestão exigida pelo processo de certificação em tais
empreendimentos estudados.
Considerada atualmente como principal certificação de construção sustentável
para os empreendimentos do Brasil, onde é representado oficialmente pelo GBC-
Brasil - Conselho de Construção Sustentável do Brasil, que foi criado no país em
2007. O selo é emitido também em mais de 130 países em todo mundo.
O pedido de certificação deve ser realizado através do envio de dados via
internet, onde o pleito é realizado diretamente pelos interessados em conquistar o
selo LEED, ou através de empresas terceiras que realizem consultoria para
obtenção de tal certificação. A Tabela 7 exemplifica a aplicação no Brasil, dos oito
selos para as diferentes categorias.
43
Tabela 7: Referenciais de certificação LEED.
CATEGORIAS DESCRIÇÃO
LEED for Commercial Interiors (CI)
LEED para Interiores Comerciais - certificação que reconhece escritórios de alto desempenho, que por possuírem ambientes internos mais saudáveis, auxiliam no aumento de produtividade de seus ocupantes.
LEED Core & Shell (CS) LEED Envoltória e Estrutura Principal - destinado para edificações que comercializarão os espaços internos posteriormente. A certificação engloba toda a área comum, divisórias padronizadas, sanitários, vestiários, sistemas de ar condicionado, iluminação, estrutura principal, como caixa de escadas e elevadores e fachadas. Os detalhes da ocupação, como por exemplo, mobiliário não são considerados.
LEED Existing Buildings – Operation and Maintance (EB OM)
LEED para Edifícios Existentes - Operação e Manutenção - focado na eficiência operacional e manutenção do edifício existente.
LEED New Construction & Major Renovation (NC)
LEED Novas construções e Grandes Reformas - destinado a edificações que serão construídas, ou passarão por reformas que venham a incluir o sistema de ar condicionado, envoltória e realocação.
LEED for Neighborhood Development (ND)
LEED para Desenvolvimento de Bairros - integra princípios de crescimento planejado e inteligente, urbanismo sustentável e edificações verdes, por meio de diferentes tipologias de edificações e mistura de usos dos espaços urbanos. Incentiva também a utilização de transporte público, eficiente e alternativo e criação de áreas de lazer, tais como parques e espaços públicos de alta qualidade.
LEED Schools LEED para Escolas - cria ambientes escolares mais saudáveis e confortáveis, possibilitando melhor desempenho dos alunos e corpo docente.
LEED Retail NC e CI LEED for Retail NC - LEED para Novas Construções ou Grandes Reformas em Lojas de Varejo. LEED for CI – LEED para Interiores Comerciais, quando a loja esta localizada dentro de um edifício.
LEED Healthcare LEED para Hospitais) é a certificação que engloba todas as necessidades de um hospital, muito distintas das de uma construção comercial. Estudos comprovam que, por possuírem ambientes mais saudáveis e naturais.
Fonte: USGBC Brasil, 2013.
44
As categorias de certificação são constantemente atualizadas, conforme o
órgão internacional avalia, verifica e define itens de maior ou menor prioridade,
viabilidade de atendimento aos requisitos, fomentação de novas alternativas de
melhorias ambientais e em alguns casos conforme as condições regionais dos
países em questão. Estas atualizações podem ser individuais, ou por alterações de
versões da certificação, e atualmente, a versão em vigor é a 3.0 de 2009.
Com base nas categorias definidas, para cada quesito há um peso diferente
na avaliação e o empreendimento avaliado pode conseguir até 110 pontos, sendo
que, para receber a certificação LEED, é preciso ter no mínimo uma pontuação
superior a 40. Além dos pontos existem também pré-requisitos, que caso não sejam
atendidos, a certificação não poderá ser obtida. Quanto maior a pontuação da
edificação, melhor será o nível do selo conquistado, dentre os quatro tipos
existentes, conforme descrito na Figura 17 a seguir.
Figura 17: Categorias de certificação LEED
Fonte: USGBC (2013).
2.6.2 Gestão de resíduos segundo a metodologia LEED
Independente do selo pré-definido como meta de certificação, para
atendimento às exigências da certificação LEED, a gestão de resíduos é tratada
primeiramente como requisito básico obrigatório no que diz respeito ao atendimento
às legislações ambientais aplicáveis no país, devendo-se primordialmente o
atendimento integral da Resolução CONAMA 307. Opcionalmente define-se a forma
de controle e destinação dos resíduos do empreendimento, visando o desvio do
destino final dos resíduos de aterros sanitários ou incineração, priorizando
CERTIFICADO 40 a 49 pontos
PRATA 50 a 59 pontos
OURO 60 a 79 pontos
PLATINA 80 a 110 pontos
45
alternativas ambientalmente adequadas na destinação final destes. Quando a meta
para obtenção de tal pontuação escolhida é monitorada como crédito (denominado
MRc2), é possível a obtenção de pontos para cada uma das categorias escolhidas,
conforme descrito na Tabela 8, sendo que a meta de desvio de 95% do volume dos
resíduos gerados, é obtido um ponto extra, podendo chegar em até três pontos, e
classificado como “Desempenho exemplar”.
Tabela 8: Pontuação LEED para crédito de gestão de resíduos de obra
Reaproveitamento e desvio de resíduos de aterros sanitários e/ou incineração
(reduzir, reciclar, reutilizar, reaproveitar)
50% do volume dos resíduos gerados 1 ponto
75% do volume dos resíduos gerados 2 pontos
95% do volume dos resíduos gerados 3 pontos
Fonte: Adaptado do acervo CTE (2013)
Para realização do cálculo de porcentagem dos resíduos gerados são
considerados os resíduos Classe A e Classe B da Resolução Conama 307,
excluindo-se o solo proveniente de atividades de escavação e terraplanagem de
obras civis, que não são pontuados no cálculo para reaproveitamento e desvio dos
resíduos à aterro sanitário, independente de haver uma gestão que contemple este
desvio conforme definido na legislação vigente.
A definição para escolha de pontuação que será buscada como meta para
obtenção do crédito, é do empreendedor que visa a certificação e depende de
diversos fatores como por exemplo a localização da obra, que em alguns casos se
encontra afastada de grandes centros urbanos, onde não existem alternativas de
reciclagem, ou em alguns casos, quando há demolição no local em período anterior
ao início da atividade de construção, e o empreendedor não possui os registros de
destinação final dos resíduos, necessários para obtenção do crédito, a meta não é
almejada.
O controle realizado para que tais quantidades sejam mensuradas é realizado
através de indicadores de resíduos, que podem utilizar como unidade de medida m³
ou kg, com base no montante total de resíduos gerados pela obra. Esta escolha está
diretamente ligada à praticidade na gestão e destinação dos resíduos, ficando
atrelada na maioria das vezes à forma de controle aplicada pelo destinatário final
46
dos resíduos. Na maioria das vezes a escolha é feita para que os resíduos sejam
mensurados em m³, já que dificilmente as obras possuem balanças instaladas no
canteiro de obras ou próximas à ele, e não há nenhum interesse específico em
realizar cálculos para controles em diferentes unidades de medida.
Tal metodologia de pontuação pode ser interpretada como negativa, pois não
é tida como obrigatória para obtenção de pontuação, e nestas proporções
abrangentes, como no caso da meta de 50% de desvio de resíduos de aterro
sanitário podem haver desvios apenas para os resíduos mais representativos, e não
serem buscadas alternativas de destinação para boa parte dos resíduos. Existe
também a possibilidade de não haverem exigências claras para que a geração de
resíduos seja significativamente minimizada, com controles e metodologias pré-
definidas desde as fases de definições em projetos, reduzindo-se inclusive as
perdas de materiais no processo construtivo. Todavia, no geral observa-se melhorias
significativas na Gestão de Resíduos das obras que buscam certificação LEED,
comparando-se a obras sem nenhum tipo de gestão ambiental ou certificação.
Existem também casos onde se pode verificar uma fomentação no mercado
local, com a criação de cooperativas e empresas de reciclagem, que anterior ao
início da obra não existiam em áreas com maior dificuldade de acesso, ou distante
dos grandes centros urbanos, classificando-se a metodologia de pontuação
estabelecida pelo LEED como benéfica em âmbitos gerais.
2.7 Uso de indicadores para gestão de resíduos de construção civil apresentados
em estudos internacionais
O termo indicador, segundo Bellen (2002), é originário do latim indicare, que
significa descobrir, apontar, anunciar, estimar. Os indicadores podem informar ou
comunicar o progresso em direção a uma determinada meta, no caso, a de geração
de resíduos em função de sua tipologia construtiva, e também, pode ser entendido
como um recurso que deixa mais perceptível uma tendência ou fenômeno que não
seja prontamente identificável.
O objetivo então em utilizar-se indicadores é agregar e quantificar as
informações obtidas, de modo que sua significância se torne aparente e de
47
assimilação direta, simplificando informações sobre circunstâncias mais complexas,
tentando com isso melhorar e facilitar o processo de comunicação. São portanto um
modelo da realidade analisada, mas não podem ser considerados a própria
realidade, mas mesmo assim, devem ser analiticamente legítimos e construídos
dentro de uma metodologia coerente e mensurável (BELLEN, 2002).
Muitos países desenvolveram normas, leis, regulamentos e estudos para
minimizar resíduos de construção e demolição, muitas vezes de forma
individualizada e específica a cada uma de suas realidades. A implementação
destes documentos requer uma compreensão detalhada da magnitude e da
composição dos resíduos gerados para cada um dos casos e locais estudados.
Verificou-se que de forma bastante abrangente, o desenvolvimento de um índice de
geração de resíduos é utilizado como uma ferramenta importante para facilitar a
gestão dos resíduos de construção e pode ter um papel preponderante para
melhorar o desempenho da indústria de construção.
Estes estudos, segundo Li et al (2013) podem ser divididos em duas
categorias: estudos que determinem o montante global da geração de resíduos de
construção e demolição por região, como por exemplo os estudos apresentados por
Bergsdal et al, 2007;. Cochran et al, 2007.; Franklin Associates, 1998; Kofoworola e
Gheewala de 2009; Yost e Halstead, 1996; apud Li et al. (2013) e a gestão dos
índices diretamente nos locais de geração dos resíduos de construção e demolição
como por exemplo, Bossink e Brouwers, 1996; Formoso et al, 2002; Poon et al,
2004; Skoyles, 1976; apud Li et al. (2013). Nesta segunda categoria, a maioria dos
pesquisadores discutiu que os índices estimados de geração de resíduos de
construção são mais fáceis de se obter do que índice de geração de resíduos de
demolição, devido aos controles culturais de gestão dos resíduos em ambos casos.
O Quadro a seguir apresenta a geração de resíduos durante o processo de
construção de edifícios habitacionais na China (Quadro 1). Considerou-se relevante
a apresentação de tais dados visto que é uma edificação horizontal com tipologias
similares as utilizadas no Brasil.
48
Quadro 1: Quantidade de resíduos gerados (m³) por 100m² de área construída, média com base em construções de edifícios habitacionais na China.
Material Resíduo por área construída (m³/100m²)
Volume total
Concreto 17,7 43,5%
Barras de aço 4 9,8%
Tijolos e blocos 3,4 8,4%
Formas de madeira 7,6 18,7%
Argamassas 3,4 8,4%
Telhas 0,5 1,2%
Fonte: Adaptado de Li et al (2013).
O índice de geração de resíduos é identificado como uma significativa
ferramenta para promover a gestão de resíduos de construção, pois pode ser
aplicada para prever a quantidade de resíduos gerada numa construção projeto,
ajudando os participantes a preparar planos apropriados de gestão de resíduos. A
comparação entre o índice de diferentes projetos pode ajudar os participantes do
projeto também a ter mais conhecimento sobre o seu desempenho de gestão de
resíduos de construção e analisar a eficácia das práticas de gestão de resíduos de
construção.
Outra informação comum dos estudos analisados e observada também por e
Mália et al (2013), é que deve-se destacar que solo gerado de processos de
escavação e terraplanagem para construção de obras civis compreendem uma alta
porcentagem nos resíduos de construção civil, que quase nunca é incluído em
estudos de resíduos, por não ser considerado um grande problema ambiental
(Kartam et al., 2004; Kofoworola e Gheewala de 2009; Myhre, 2000; Weisleder e
Nasseri, 2006; apud Mália, 2013), já que são reaproveitados e utilizados em outras
formas de aplicação sem que se gerem os problemas já conhecidos dos demais
resíduos.
Alguns estudos analisados apresentaram de forma individual modelos para a
gestão e quantificação dos resíduos de construção, como por exemplo, o modelo
realizado por Li et al. (2013), onde foi desenvolvida uma estimativa do índice de
geração de resíduos de construção gerados na China. Neste caso foram analisados
49
dados gerais de obras públicas e privadas, residenciais e não residenciais, onde não
foram especificadas as tipologias das obras analisadas, e mesmo assim, pôde-se
obter como resultado um dado bruto de geração de resíduos para esta região e
percentagem estimada de resíduos por tipologia (concreto, madeira, cerâmica, aço),
o que segundo os autores são dados que já podem ser utilizados como significativos
para região, e foram checados com os dados de geração de resíduos de um novo
edifício, onde tiveram os percentuais dentro do estimado.
Pesquisas realizadas com base em informações da legislação e as estratégias
seguidas em relação a resíduos de construção e demolição na União Europeia
também estabeleceram índices de indicadores de resíduos que podem ser utilizados
como valores de referência na quantificação de resíduos de construção e demolição
gerados, de forma simples e consistente (para nova construção, demolição e
reforma de obras) para uso residencial e não-residencial edifício.
No caso de Mália et al. (2011) e Mália (2010), foram utilizadas informações
com base em pesquisas de diferentes autores, uma grande amostra de obras de
diferentes tipologias construtivas, diferentes usos e ocupação, além de estarem
incluídos dados de obras onde foram realizadas apenas reformas, ou demolições
por isso, em seu resultado foi encontrada uma dispersão significativa dos dados. Em
pesquisa realizada pelos mesmos autores em Portugal e na Europa, também foi
identificada grande dispersão, mesmo quando analisadas obras separadamente, nos
seguintes Grupos: em Obras Residenciais, Obras Não Residenciais, Reformas e
Demolições. Para definição de um indicador que pudesse ser referenciado, foram
realizados cálculos de dispersão, para filtragem de resultados menos significativos, e
realizada análise qualificativa das amostragens estudadas, o que garantiu maior
confiabilidade nos resultados apresentados, conforme apresentado sinteticamente
na seguinte tabela, onde foram referenciados os principais resultados obtidos no
Grupo de obras Não Residenciais.
50
Tabela 9: Indicadores de RDC na Europa.
Indicadores de RCD propostos relativos a edifícios com
a estrutura em concreto armado (kg/m²)
Resíduos Faixa de Geração
Resíduo Classe A 32 – 113
Madeira 1,3 – 5,4
Plástico 0,2 – 1,9
Metais (sucata metálica) 0,9 – 7,2
Fonte: Adaptado de Mália, 2011.
Os indicadores obtidos e apresentados em tal pesquisa por Mália (2010),
podem ser utilizados para determinar a melhor forma de acondicionamento dos
resíduos, periodicidade de substituição dos locais de acondicionamento, como por
exemplo, caçambas, e também podem ser usados para planejar com antecedência
as ações relacionadas à gestão dos resíduos de construção civil, motivando, assim,
a reutilização e maiores controles relacionados a esta gestão, dentre outros
importantes fatores citados na pesquisa.
Também na União Européia, o estudo apresentado por Bergsdal et al. (2007),
apresenta uma projeção de dados da construção e demolição na Noruega, onde
define-se um método para estimativa da quantidade de resíduos gerados pelos
materiais de construção a partir da fase de utilização destes, combinando diferentes
abordagens para resultar em uma projeção completa com respeito a alterações na
quantidade e composição dos resíduos com o tempo.
Em seus resultados apresentados, ressalta-se a informação de que a Europa
está se reestruturando com os dados de gestão de resíduos ao longo do tempo,
devido à adequações e alterações construtivas após o período de recuperação pós
Segunda Guerra Mundial que pode ter em alguns casos demandado um grande
período de tempo e ter destorcido algumas das informações existentes, então as
informações disponibilizadas são para uma região específica da Noruega, e a base
de informações estudada também foi bastante ampla considerando-se a indústria da
construção, demolição e reformas, por etapas construtivas de forma abrangente, não
detalhando-se por exemplo, a metodologia construtiva da estrutura, as obras foram
51
subdividas em três categorias: pequenas, grandes e outras, e os resíduos gerados
foram apresentados em toneladas gerais, e a tipologia dos resíduos apresentada em
forma de percentagem.
Em outro estudo realizado no mesmo continente, Guzman et al. (2009)
apresentam um modelo espanhol para quantificação e gestão dos resíduos de
construção civil, baseado no modelo de gestão implementado na região da Sevilha,
onde o empreendedor deve pagar previamente ao início das obras uma taxa ao
governo (aproximadamente 0,5% a mais no custo total da obra), relativa à
quantidade de resíduos a serem gerados, com base no projeto, e de um plano de
gestão de resíduos da obra a ser realizada. Com isso, houve uma grande mudança
na gestão dos empreiteiros e das obras em si, para que esta quantidade fosse
reduzida e as medidas para definição das quantidades de resíduos gerados
estivessem cada vez mais próximas dos valores reais.
Com base em informações de pesquisas anteriores onde utilizava-se dados da
média de geração de resíduos com base nos materiais comprados/ utilizados e suas
respectivas perdas, mais as informações mais comumente utilizadas, que são
baseadas na quantificação de resíduos de experiências anteriores, foi sugerida a
criação de um sistema, onde utilizando-se esta base de dados e as informações
específicas da obra a ser realizada, tais como, projeto: nova construção ou
demolição; número de andares: de 1 a 10 andares, 1 ou 2 níveis basais, ou salas ao
nível do solo; tipo de fundação; estrutura: concreto armado ou paredes de tijolos;
telhado: inclinado ou horizontal). E, com base no cruzamento de tais informações,
utilizando-se uma matriz de cálculo, os resultados podem ser apresentados em
valores relativos, que medem a quantidade de cada produto, em m, m²,m³, kg ou
unidade por metro quadrado construído, e após dois anos de estudos com
aproximadamente 100 projetos em andamento, verificou-se a eficácia de 95% dos
resultados apresentados.
Ainda na União Européia, em Portugal, Mália et al. (2011), descreveu sobre o
tema “Indicadores de resíduos de construção e demolição”, com base em
informações sobre a geração de resíduos em toda a Europa, considerando-se a
legislação local de forma bastante detalhada, mostrando em muitos casos, ser mais
restritiva e aplicável quando comparada a legislação brasileira, também quanto a
52
disponibilização de dados e informações sobre a geração de resíduos, conforme
citado no texto. No artigo em questão foram analisadas as tipologias de resíduos
gerados em edifícios de alvenaria convencional, edifícios de concreto armado, e
estruturas de madeira principalmente para construções residenciais, e foram
estabelecidos indicadores baseados em informações coletadas de outras obras,
avaliando-se qualitativamente o nível das informações disponibilizadas e considerou-
se também as informações relacionadas à geração de perdas com base nos
materiais recebidos nas obras. Contudo, pode-se concluir uma estimativa em
percentual por tipologia para os resíduos gerados.
Begum et al. (2011) apresentaram uma comparação da geração de resíduos
em sistemas de construção convencionais e industrializados na Malásia, onde, com
base em dados anteriormente trabalhados na região, pôde-se constatar que a
utilização de sistemas construtivos pré-fabricados representa diversos fatores
positivos favoráveis à utilização de sistemas convencionais, ao passo que o governo
estabeleceu uma metodologia de utilização dos sistemas pré-fabricados
(denominado IBS – Industrialization Building System) e oferece benefícios fiscais em
forma de incentivos tributários, para que as obras optem por utilizar tais sistemas
construtivos. Apesar de serem identificadas dificuldades no início da implementação
de tecnologias pré-fabricadas em grande quantidades, as conclusões são de que os
benefícios garantem o sucesso na escolha, conforme as principalmente justificativas
apresentadas:
- Redução de utilização de mão de obra não qualificada e estrangeira;
- Redução nos custos globais de construção;
- Projetos bem estabelecidos, mantidos e acompanhados;
- Promoção de canteiro de obras mais organizado e seguro.
- Menor geração de resíduos na construção dos pré fabricados, minimizando a
ocupação de áreas de aterros sanitários (Quadro 2).
53
Quadro 2: Geração de resíduos (toneladas) e composição: comparação entre pré-fabricado em um projeto convencional, normalizado para 100 m² de área construída, na Malasia.
Resíduos de construção Totalmente pré-fabricadas (t/100m²)
Convencional (t/100m²)
Tijolos e blocos 0,04 0,63
Concreto e agregados 0,27 36
Azulejos 0,02 27,2
Metal 0,01 0,45
Madeira 0,04 0,11
Plástico 0,01 0,03
Embalagens de produtos 0,07 0,002
Fonte: BEGUN et al (2010).
No entanto, deve-se salientar que a menor geração de resíduos é evidenciada
nas obras, sem considerar-se a geração de resíduos durante o processo de
produção dos sistemas pré fabricados. Tais resíduos são de responsabilidade dos
fabricantes, e controlados por eles. Entende-se que como não há misturas, e
estando armazenados no local de produção, é possível que ocorra reciclagem e
incorporação de resíduos no próprio local, e quando não for possível, considerando-
se o volume de uma área fabril, a destinação deve ocorrer seguindo os devidos
critérios de controle ambiental locais.
Foram verificados também os dados disponibilizados no artigo escrito por
Jaillon, et al (2008), pesquisadores da universidade Politécnica de Hong Kong, onde
abordaram o tema: “Quantificação do potencial de redução de resíduos de
construção na utilização de pré-fabricados em Hong Kong” . No artigo, são descritas
situações similares às encontradas no Brasil. Apesar de ter identificando-se uma
legislação menos restritiva do que no Brasil em relação à gestão dos resíduos
realizada na China, as situações são muito mais similares do que quando
comparadas à realidade europeia. Tal artigo aborda diversas situações da realidade
da construção civil de Hong Kong, e consegue descrever comprobatoriamente com
base em indicadores desenvolvidos por eles, que a utilização de estruturas pré-
moldadas favorecem a redução na geração de resíduos durante a atividade de
construção em até 53%, conforme apresentado também na comparação de resíduos
gerados na Inglaterra e em Hong Kong, com dados detalhados no Quadro 3 a seguir.
54
Quadro 3: Estudo comparativo de resíduos de construção em canteiros de obras (massa).
Fonte: Jailon et al, 2003
Foram estudados também artigos de outros países da Europa e da Ásia, no
entanto, a similaridade das informações encontradas foram maiores nos documentos
citados. Os dados descritos e analisados por estes pesquisadores serviram como
base para o desenvolvimento do pensamento analítico relativo ao tema desenvolvido
no presente trabalho, proporcionando maior confiabilidade na conclusão da análise
dos dados estudados.
Além dos materiais apresentados, foram verificados estudos de proposição de
indicadores de geração de resíduos de construção civil na Flórida, nos Estados
Unidos (COCHRAN, 2007) e na região da Galiza, na Espanha (LAGE, 2009). No
entanto, ambos estudos apresentaram informações específicas das regiões em que
se localizam, e os resultados apresentados foram baseados informações dos órgãos
públicos, baseados em tipologias de obras bastantes diferentes, como por exemplo
dados de obras públicas, disponibilizados em unidades brutos e globais per capta,
por região, não sendo diretamente aplicáveis para utilização no presente estudo.
2.8 Sistemas Construtivos
Segundo Matheus, 2010, a combinação de materiais, utilizados na
materialização dos diversos elementos de construção de um edifício, denomina-se
por solução construtiva. Sistemas construtivos, segundo a NBR 15.575-1, 2013,
define-se pela maior parte funcional do edifício. Conjunto de elementos e
componentes destinados a cumprir com uma macrofunção que a define. Exemplo:
fundação, estrutura, vedações verticais, instalações hidrossanitárias, cobertura.
55
Não estão incluídos no presente estudo sistemas construtivos relacionados à
fundações, devido ao fato da geração de resíduos durante a realização de tais
sistemas estar relacionada a etapa de escavação e terraplanagem, etapas as quais
não há disponibilização completa dos dados de geração de resíduos das obras
selecionadas para o este trabalho.
2.8.1 Estrutura
Segundo a NBR 15575, 2013, são considerados sistemas estruturais:
estruturas de concreto, estruturas de madeira; estruturas de aço ou mistas (aço e
concreto), estruturas de concreto pré-moldado, alvenaria estrutural de blocos
vazados de concreto, estruturas de aço constituídas por perfis formados a frio.
- Alvenaria Estrutural: processo construtivo no qual os elementos que
desempenham a função estrutural são de alvenaria (Camacho, 2006). Os elementos
constituintes principais são bloco de concreto, argamassa, graute e aço (RAMALHO;
CORREA, 2003, apud ACARI, 2010).
- Estruturas de concreto armado pré-fabricado: Todo elemento executado fora
de sua posição de serviço pode ser considerado pré-fabricado. No caso do concreto
a ABNT, pelo projeto de alteração da NBR 9062 – Projeto e execução de estruturas
de concreto pré-moldado, define elemento pré-moldado como sendo: “elemento
moldado previamente e fora do local de utilização definitiva da estrutura” (ABNT,
2001). Seus principais elementos constituintes são o concreto e as estruturas de
aço, e em seus processos fabris são utilizadas na maioria das vezes formas
reutilizáveis de aço ou plásticas, facilitando os processos produtivos (CAMACHO,
2006).
- Estruturas de concreto armado moldado “in loco”: Possui basicamente as
mesmas estruturas do pré fabricado, no entanto, realizadas na própria obra. Para
esta tipologia são utilizadas estruturas em formas laterais de diversos materiais,
podendo ser de madeira, plástico, aço etc, e que garantem o formato projetado, e
proporcionam facilidade no manuseio principalmente em áreas de acesso limitado
(SABATINI et al., 2012).
56
- Estruturas de aço e mista: são estruturas formadas por associação de peças/
elementos metálicos ligados entre si por meio de conectores ou solda. Os
conectores mais utilizados são parafusos. As mistas possuem além dos elementos
metálicos concreto como elemento estrutural (CEHOP, 2002).
- Madeira: este é um material em que existem diversas espécies com
diferentes propriedades. Sendo assim, é necessário o conhecimento de todas estas
características para um melhor aproveitamento do material. Os procedimentos para
caracterização destas espécies de madeira e a definição destes parâmetros são
apresentados nos anexos da Norma Brasileira para Projeto de Estruturas de
Madeira, NBR 7190, 1997. Deve-se conhecer as propriedades da madeira relativas
às principais características: propriedades físicas da madeira: umidade, densidade,
retratibilidade e resistência ao fogo, para utilizá-la como alternativa de sistema
construtivo (ROMERO, 2003).
2.8.2 Vedação
São classificadas como vedação interna e vedação externa. A vedação pode
apresentar função estrutural, ou não. As vedações limitam verticalmente o edifício e
seus ambientes internos, podendo interagir com demais componentes, elementos e
sistemas da edificação, como caixilhos, esquadrias, estruturas, coberturas, pisos e
instalações. As vedações verticais exercem ainda outras funções, como
estanqueidade à água, isolação térmica e acústica, capacidade de fixação de peças
suspensas, capacidade de suporte a esforços de uso, compartimentação em casos
de incêndio etc. (NBR 15575-4, 2013).
2.8.2.1 Vedação vertical interna
- Alvenaria de blocos: Segundo o INMETRO (2002), podemos definir o termo
como o conjunto coeso e rígido de tijolos ou blocos, denominados unidades de
alvenaria, conformado em obra e unidos entre si por meio da interposição de
argamassa, projetado para resistir a esforços de compressão. As funções básicas da
57
alvenaria são: divisão dos cômodos, vedação, proteção, resistência mecânica e
isolamento térmico e acústico.
Entretanto, os Blocos estruturais possuem paredes mais espessas, o que lhe
confere maior resistência aos esforços de compressão e, portanto, podem ser
usados para dar sustentação às construções, já para utilização como alvenaria de
vedação, podem ser utilizados blocos menos espessos. Os blocos citados são
vazados, e permitem a passagem de tubulações destinadas às instalações elétricas,
telefônicas e sanitárias, reduzindo o trabalho posterior de cortar as paredes para o
embutimento das canalizações. Para realização da junção e revestimentos dos
blocos utiliza-se argamassa (FIQUERDA, 2009).
- Divisórias leves: são elementos construtivos que separam espaços internos
de uma edificação, dividindo ou demarcando, estendendo-se do piso ao teto
(podendo ser forro), sendo constituído por painéis modulares (SABATINI et al,
2012). São materiais estruturados, obtidos por acoplamento de placas manuseáveis,
podendo ser desmontáveis ou removíveis, monolíticas ou modulares. Exemplos:
placas de madeira, placas de PVC, gesso acartonado (drywall) ou placas cimentícias
(BARROS, 1998).
2.8.2.2 Vedação Vertical Externa
-Vedação em fachada: Pode ser regulável e fixada externamente na estrutura
do edifício. São constituídas por placas ou painéis que podem ser de vidro,
compósitos, materiais metálicos, placas cerâmicas ou de rochas ornamentais,
material sintético. Internamente pode ser complementada por mureta de proteção
contra choques, conforme a Figura 18.
Normalmente tais sistemas são constituídos por estruturas pré-fabricadas
(NBR 15575-4, 2013), o que pode evitar a geração de resíduos nos canteiros de
obras.
58
Figura 18: Exemplo de vedação em fachada por painéis de vidro.
Fonte: revista Pini (2008).
- Vedação de fachada em esquadrias: Pode ser composta por diferentes
elementos, por exemplo, vidros, painéis, placas poliméricas etc. Não possui mureta
interna de proteção. Nestes casos, quando é construída a mureta, não é por
necessidade de vedação (BARROS, 1998), conforme Figura 19.
Figura 19: Exemplo de fachada em esquadrias.
Fonte: Kiir Fachadas prediais (2013).
59
2.8.3 Sistemas de Pisos internos e Externos
A definição para sistema de piso segundo NBR 15575-4, 2013, seja interno ou
externo, deve ser composto de sistema horizontal ou inclinado (Figura 20) formado
por um conjunto parcial ou total de camadas destinado a cumprir a função de
estrutura, vedação e tráfego.
Figura 20: Exemplo de sistema de piso genérico exemplificado com seus elementos:
Fonte: NBR 15575-3 (2013).
A camada estrutural do sistema de piso deve ser constituída por elemento
resistente às diversas cargas do sistema de pisos
A camada de acabamento do sistema de piso é composta por um ou mais
componentes (por exemplo, laminados, placas cerâmicas, vinílicos, revestimentos
têxteis, rochas ornamentais, madeiras, etc) destinado a revestir a superfície do
sistema de piso e cumprir funções de proteção e acabamento estético e funcional
(NBR 15574-4, 2013).
2.8.4 Cobertura
Definida por conjunto de elementos/componentes, dispostos no topo da
construção, com as funções de assegurar estanqueidade às águas pluviais e
salubridade, proteger demais sistemas da edificação habitacional ou elementos e
componentes da deterioração por agentes naturais, contribuindo positivamente para
o conforto termo acústico de edificações (NBR 15575-5, 2013). Os
elementos/componentes são os seguintes:
60
- Forro: Revestimento inferior de cobertura ou entre pisos, aderido, suspenso
ou com estrutura independente, como por exemplos forros confeccionados em
estruturas de drywall e gesso (NBR 15575-5, 2013).
- Coberturas metálicas: caracterizadas por sistemas estruturais sofisticados,
em estruturas metálicas articuladas, com vedação de elementos plásticos, acrílicos
ou vidros.
- Terraços: estruturas em concreto armado, formadas por painéis apoiados
em vigas, tratados com sistemas de impermeabilização, isolamento térmico e
assentamento de material para piso, com disponibilização de acesso para utilização
do espaço (NBR 15575-5, 2013).
- Telhados: são elementos constituídos pelos componentes como telhas,
armações, peças complementares e acessórios (materiais de revestimento). (NBR
15575-5, 2013).
2.8.5 Acabamento
Foram consideradas as seguintes categorias de acabamento, onde os
materiais utilizados representam a própria tipologia, e características na geração de
resíduos:
- Revestimento de gesso;
- Revestimento tipo textura (tinta tipo acrílica texturizada com polímeros);
- Revestimento de argamassa;
- Revestimentos cerâmicos (pisos, azulejos etc);
- Painéis decorativos (gesso liso, acartonado, painéis PVC etc).
61
3 METODOLOGIA
As etapas do trabalho consistiram em:
1- Levantamento e seleção dos dados de obras disponíveis;
2- Detalhamento dos sistemas construtivos das obras selecionadas;
3- Definição do indicador de geração e tipos de resíduos das obras;
4- Comparação dos indicadores de geração de resíduos com base em
determinadas variáveis (tipo de obra, presença ou não de sistema pré-
fabricado).
Com base na definição de tais tecnologias construtivas predominantes
identificadas, serão apresentados estudos comparativos de geração de resíduos, de
forma a identificar-se a alternativa onde a quantidade de resíduos gerados seja
menor, e consequentemente mais viável no que diz respeito à gestão de resíduos.
3.1 Levantamento e seleção dos dados de obras disponíveis
Foram analisados inicialmente dados de 30 obras já concluídas, as quais
tiveram suas atividades sob os controles do processo de certificação de
sustentabilidade LEED, algumas já certificados e outras em processo de certificação.
Os dados foram obtidos através das atividades de consultoria de uma empresa
especializada2. No decorrer da análise de informações, definiu-se restringir a
análise de dados a obras certificadas LEED Core & Shell, por ser a tipologia de
certificação LEED com obras de maior similaridade entre si, conforme descrito no
Tabela 7: Referenciais de certificação LEED.. Sendo assim, reduziu-se o banco de
dados para análise de 14 obras certificadas e em processo de certificação LEED
Core & Shell.
A atuação da empresa de consultoria ocorre, de forma direta, nas obras com
base em procedimentos de gestão ambiental desenvolvidos para aplicação dos
requisitos descritos na norma LEED, e boas práticas da indústria da construção civil,
visando o aprimoramento da gestão de resíduos nos canteiros de obras.
2 Centro de Tecnologia de Edificações (www.cte.com.br).
62
Por meio de uma equipe de consultores de obras, que acompanham
constantemente a seguinte metodologia de coleta e validação de dados:
- Passo 1: Consultor de obras inicia a realização de visitas nos canteiros de
obras a serem certificadas e orienta a construtora quanto as necessidades de
controles específicos quanto a gestão de resíduos da obra, e informa quanto a
realização de visitas periódicas para acompanhamento de tal gestão dos
resíduos, verificando-se a escolha da empresa destinatária final dos resíduos,
segregação dos resíduos diretamente nas frentes geradoras, baias de
armazenamento centrais dos resíduos, armazenamento adequado dos
resíduos para transporte e destinação final.
- Passo 2: A construtora preenche os dados de geração de resíduos na obra
(preenchimento dos controles de transporte de resíduos - CTRs, Declarações,
etc) mensalmente, em planilhas de controle específicos com
acompanhamento, revisão e validação do consultor de obras (Figura 21);
- Passo 3: Planilhas e demais documentos de controle gerados são validados e
auditados periodicamente por outras funções além do consultor de obra
(coordenador e gerente de obras);
- Passo 4: Ao final da obra, toda documentação referente a geração de resíduos
é compilada, analisada por equipe interna da empresa de consultoria e
enviada para organismo internacional (USGBC), responsável por validar todas
as informações em processo de auditoria.
A seguir na Figura 22 há a apresentação dos passos 2 e 3, de forma detalhada.
63 Figura 21: Exemplo de planilha de controle utilizada para Gestão de Resíduos em obra:
Fonte: Acervo CTE (2013).
64
Figura 22: Fluxo de levantamento de dados de geração de resíduos.
Fonte: Elaborado pelo autor.
A equipe de consultores é dividida para que cada consultor seja alocado como
responsável pelo acompanhamento constante das atividades de obra de um grupo
limitado de obras de sua responsabilidade, de forma a realizar o acompanhamento
das obras do início ao fim de suas atividades, mantendo-se assim um controle
constante do fluxo de informações de todo o sistema de Gestão Ambiental dos
empreendimentos. A autora do presente estudo, exercendo a função de consultora
de obras foi responsável pelo acompanhamento efetivo durante a execução das
atividades de obras e coleta direta de dados de 2 obras aqui detalhadas.
Para as demais obras analisadas, acessou-se o banco de dados da empresa de
consultoria, onde estão compiladas as informações detalhadas de cada um dos
projetos acompanhados por outros consultores de obras, garantindo-se a qualidade
Obras Certificadas ou em processo de certificação LEED
Levantamento documental:- Licenças ambientais de destinatários e transportadoras de resíduos;- Controle de CTR's e documentos de carga.
Implementação de Sistema de Gestão de Resíduos em obra:
- Triagem, Identificação e Coleta Seletiva de resíduos;- Definição de Baias centrais ou caçambas para acondicionamento dos resíduos; -Separação e acondicionamento adequado de resíduos perigosos.
Acompanhamento e monitoramento de Plano de Gerenciamento de resíduos pelas contrutoras conforme resolução CONAMA 307.
Declaração de destinação dos resíduos da obra pelas empresas dedestino final dos resíduos.
Preenchimento e atualizações de planilha de indicadores de resíduos destinados e disponibilização das informações em base on line (.
Acompanhamento das atividades de gestão de resíduos por visitas presenciais e por meio de relatórios fotográficos periodicos gerados pelas obras e posterior validação.
65
das informações por meio de controle de qualidade interno, onde utiliza-se de uma
ferramenta de acompanhamento de qualidade das obras, mensurando os resultados
obtidos pela gestão das obras.
Assim, a seleção das obras a serem analisadas foi feita com base nas obras de
maior representatividade de informações, segundo o acompanhamento de qualidade
das obras durante a evolução dos empreendimentos. Esta avaliação é realizada
mensalmente, sendo possível identificar as obras que apresentaram informações
completas e precisas durante o decorrer de suas atividades, gerando como
resultado do monitoramento de tais atividades um gráfico de conformidade de obras,
onde são analisados de forma quantitativa todos os itens relacionados à gestão de
resíduos das obras, englobando as informações (Tabela 10), em formato de check-
list de conformidade das visitas realizadas pela empresa de consultoria:
Tabela 10: Acompanhamento de conformidade na Gestão de Resíduos.
Fonte: Acervo CTE (2013).
Com o acompanhamento realizado é desenvolvido um plano de ação para os
itens identificados como não conformes, identificando-se o item monitorado, o desvio
encontrado, a ação a ser realizada, o responsável e o prazo para realização de tais
controles.
Com base nestes resultados é gerado o gráfico de conformidade da gestão de
resíduos da obra (Figura 23), onde o objetivo é a obtenção de um resultado sempre
66
superior a 80% de itens conformes, garantindo-se a qualidade do sistema de gestão
ambiental.
Figura 23: Exemplo de gráfico de conformidade da Gestão de Resíduos das Obras.
Fonte: Acervo CTE (2013).
Com este controle, foi possível identificar-se as obras que obtiveram índices
de conformidade na gestão de resíduos em obra superiores a 80%, para que a
seleção das obras a serem analisadas no presente estudo pudesse ser realizada,
sendo descartadas obras que obtiveram índices de qualidade que representaram
problemas recorrentes, ineficiência na Gestão dos Resíduos, dificuldade na
obtenção de registros dos controles formais, dentre outros fatores responsáveis para
uma conformidade inferior a 80% não fossem considerados para o presente estudo.
Foram realizadas também reuniões com os Coordenadores e Gerente
responsáveis pelo acompanhamento de tais obras e validação das informações
presentes no banco de dados da empresa, garantindo-se assim a integridade e
confiabilidade das informações disponibilizadas para o estudo.
3.2 Detalhamento das tipologias construtivas das obras selecionadas
O detalhamento das obras estudadas ocorreu priorizando-se o levantamento
de algumas variáveis que impactam diretamente na geração dos resíduos e que
podem ser identificados em todas as obras estudadas, para efeito comparativo:
90%
98% 97%94%94%
87%87%
98%
87%87%
73%
87%
80%80%80%77%
80%83%
80%
93% 93%
77%
97% 95%100%
94%
100%100%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
% Conformidade Gestão de Resíduos
67
I) Tipo de obra: edifícios multipavimentos e galpões, todos comerciais e/ou
industriais;
II) Tipo de estrutura: Concreto armado moldado in loco, concreto pré-fabricado;
III) Tipo de vedação vertical externas e internas:
Externas - Fachadas pré-fabricadas de vidro e alumínio, fachadas pré-
fabricadas de concreto, fachadas mistas de vidro, alumínio e concreto;
Internas - Gesso acartonado (Drywall), alvenaria de blocos, painéis pré-
fabricados.
IV) Sistemas de pisos, cobertura e acabamentos;
- Revestimentos: gesso, tipo textura (tinta tipo acrílica texturizada com
polímeros), argamassa, cerâmicos (pisos, azulejos etc), piso elevado (base
pode ser metálico, concreto, plástico, e as placas de superfície podem ser de
madeira, plástico, metálicas ou mistas), painéis decorativos (gesso liso,
acartonado, painéis PVC etc).
V) Formato dos edifícios: retilíneos ou recortados;
VI) Quantidade de pavimentos ou galpões;
VII) Obras certificadas LEED CS, no estado de São Paulo e de Minas Gerais.
Ressalta-se que não foram analisados os tipos de fundação utilizados, visto
que os resíduos da fase de escavação e terraplenagem das obras não foram
considerados, bem como os resíduos de solo que possam ter sido removidos no
local, não foram considerados nos cálculos do presente estudo, mesmo que pouca
quantidade de resíduos seja destina posteriormente com os demais resíduos da
obra.
Como área construída (m²) da obra considerou-se a área de piso das
edificações multiplicada pelo número de pavimentos , informação disponibilizada
pelo projeto arquitetônico das obras, não sendo possível uma análise detalhada dos
recortes internos das obras, visto que estas já estavam concluídas no momento de
tal análise. Tendo em vista que as obras em questão estão certificadas ou em
processo de certificação LEED Core &Shell (Envoltória e Estrutura Principal -
destinado para edificações que comercializarão os espaços internos posteriormente.
A certificação engloba toda a área comum, sistema de ar condicionado, estrutura
principal, como caixa de escadas e elevadores e fachadas. Os detalhes da
ocupação, como por exemplo, mobiliário e piso elevado não são considerados),
68
entende-se que não há quantidade significativa de recortes, detalhes, acabamentos
e demais alterações nas áreas internas que possam interferir significativamente nos
dados e resultados apresentados.
Outra importante variação existente está relacionada ao formato arquitetônico
das edificações, que são bastante distintos, possuindo grande quantidade de
recortes que também não puderam ser considerados no presente estudo devido a
complexidade de obtenção de tais informações precisas estar ligada diretamente a
fase de execução de tais obras.
As obras também foram separadas em dois grupos, um para os Galpões e
pequenos edifícios em estrutura pré-fabricada, e outro grupo para os Edifícios
Comerciais, visto que a análise dos empreendimentos não pode ser realizada em
um único grupo, pois suas características construtivas apresentam diferenças
significativas.
Para identificação das obras analisadas, sem a utilização dos verdadeiros
nomes, visando preservar a obra e demais envolvidos de quaisquer julgamentos, os
Galpões, com um único pavimento, foram nomeados com a letra G seguindo de
número de identificação subsequente: G1, G5 etc., e galpões com múltiplos
pavimentos foram nomeados com a letra G e a letra P, mais os números de
identificação subsequente: GP3 e GP4. Os Edifícios comerciais com múltiplos
pavimentos foram identificados pela letra E seguidos de número de identificação
subsequente: E1, E2, E3 etc.
As informações detalhadas de cada uma das obras, separadas nos dois
grupos foram apresentadas nas seguintes tabelas (Tabela 11 e Tabela 12).
69
Tabela 11: Grupo das obras Galpões, com um ou múltiplos pavimentos, em estruturas pré fabricadas. Nome
proposto Projeto
Área Construída
[m²] Tipologia
Número de pavimentos ou galpões
Sistemas Construtivos
G1 21.472,82 Galpões 2 galpões 1 pavimento
- Estrutura em concreto pré-fabricado; - Vedação interna em alvenaria de blocos de concreto; - Cobertura em telhado metálico, forro lã de vidro; - Piso interno em concreto e cerâmica; - Piso externo intertravado cimentício.
G2 97.114,38 Galpões 3 galpões 1 pavimento
- Estrutura em concreto pré-fabricado; - Vedação interna em blocos de concreto; - Cobertura em telhado metálico; - Piso interno em concreto; - Piso externo intertravado cimentício.
GP3 8.832,15
Galpões com
múltiplos pavimentos
1 galpão 3 pavimentos
- Estrutura em concreto pré-fabricado; - Parte em estrutura metálica; - Vedação parcial de fachada em esquadrias de alumínio e vidro; - Vedação interna em divisórias leves de gesso acartonado; - Cobertura em telhado metálico e tipo terraço; - Painéis em madeira; - Piso elevado áreas internas; - Piso externo intertravado cimentício.
GP4 16.860,0
Galpões com
múltiplos pavimentos
1 galpão 5 pavimentos
- Estrutura em concreto pré-fabricado; - Vedação parcial de fachada em esquadrias de alumínio e vidro; - Vedação interna em divisórias leves de gesso acartonado; - Cobertura em telhado metálico; - Piso interno em concreto e cerâmica; - Piso externo intertravado cimentício.
70
G5 87.750,00 Galpão 1 galpão 1 pavimento
- Estrutura em concreto pré-fabricado; - Vedação interna em alvenaria de blocos de concreto; - Cobertura em telhado metálico; - Piso interno em concreto; - Piso externo intertravado cimentício.
Fonte: Banco de dados CTE (2013). Tabela 12: Grupo das obras Edifícios.
Nome
proposto Projeto
Área Construída
[m²] Tipologia
Número de pavimentos Sistemas Construtivos
E1 34.642,87 Edifício Comercial 20
- Estrutura de concreto moldado "in loco" com formas de madeira; - Parte em estrutura metálica; - Vedação internas em divisórias leves de gesso acartonado; - Vedação de fachada de vidro e alumínio; - Pisos áreas internas comuns em cerâmica e granito, demais áreas cimentício; - Cobertura tipo terraço.
E2 21.270,0 Edifício Comercial 15
- Estrutura de concreto moldado "in loco" com formas de madeira; - Vedação de fachada em vidro e alumínio e pedras naturais; - Vedação interna em blocos de concreto e Drywall; - Pisos áreas internas comuns em cerâmica e granito; - Cobertura tipo terraço.
E3 26.377,2 Edifício Comercial 15
- Estrutura de concreto moldado "in loco" com formas de madeira; - Vedação interna em de Drywall; - Vedação de fachada em esquadrias de alumínio e vidro; - Pisos áreas internas comuns em cerâmica e granito demais áreas cimentício; - Cobertura tipo terraço.
71
E4 27.234,0 Edifício Comercial 10
- Estrutura de concreto moldado "in loco" com formas de madeira; - Sem vedação interna; - Vedação de fachada em esquadrias de alumínio e vidro; - Pisos áreas internas comuns em granito, demais áreas cimentício; - Cobertura tipo terraço.
E5 46.680,0 Edifício Comercial 29
- Estrutura de concreto moldado "in loco" com formas de madeira; - Vedação interna em divisórias leves de gesso acartonado e alvenaria de bloco; - Vedação de fachada em alvenaria de bloco, esquadrias de alumínio e vidro; - Pisos áreas internas comuns em cerâmica; - Cobertura tipo terraço.
E6 71.343,8 Edifício Comercial 19 e 11
- Estrutura de concreto moldado "in loco" com formas de madeira; - Composto por 2 torres; - Vedação interna em alvenaria de bloco; - Vedação de fachada em alumínio e vidro; - Pisos áreas internas comuns em cerâmica e granito; - Cobertura tipo terraço.
E7 160.733,73 Edifício Comercial 31
- Estrutura de concreto moldado "in loco" com formas de madeira; - Vedação interna em divisórias leves de gesso acartonado e alvenaria de bloco; - Vedação de fachada em alvenaria de bloco, esquadrias de alumínio e vidro; - Pisos áreas internas comuns em granito; - Cobertura tipo terraço.
E8 25.488,53 Edifício Comercial 13
- Estrutura de concreto moldado "in loco" com formas de madeira; - Vedação interna em alvenaria de bloco; - Vedação de fachada em alumínio e vidro; - Pisos áreas internas comuns em cerâmica e granito; - Cobertura tipo terraço.
72
E9 55.690,90 Edifício Comercial 35
- Estrutura de concreto moldado "in loco" com formas de madeira; - Vedação interna em divisórias leves de gesso acartonado e alvenaria de bloco; - Vedação de fachada em alvenaria de bloco, esquadrias de alumínio e vidro; - Pisos áreas internas comuns em cerâmica e granito; - Cobertura tipo terraço.
Fonte: Banco de dados CTE (2013).
3.3 Definição do indicador de geração e tipos de resíduos da obra
No Brasil, não foram identificados estudos de indicadores de geração de
resíduos por tipologias construtivas em obras comerciais e/ou industriais. Serão
então apresentados indicadores quantitativos da geração de resíduos da construção,
conforme dados coletados junto as empresas construtoras, a partir das informações
disponibilizadas pela empresa de consultoria técnica.
Os indicadores foram detalhados separadamente nos dois grupos de
edificações (G e E), devido sua tipologia diferenciada, características e demais
diferenças entre as tipologias analisadas.
A volume de resíduos foi expresso em metros cúbicos (m³), considerando-se o
volume das caçambas utilizadas durante as atividades de transporte, já que as
construtoras disponibilizam as informações desta forma, não dispondo de balanças,
ou outros controles que viabilizem o controle dos resíduos por massa, que é o
procedimento mais recomendado nos estudos analisados. Sendo assim, definiu-se
como indicador, o “Indicador de geração de resíduo” (IGR) de acordo com a
equação 1.
IGR = Volume de resíduo (m³) (Eq.1) 100m ² de área construída
A área considerada para realização do cálculo IGR é a área construída das
edificações (lembrando-se que foi considerado no presente estudo como área
73
construída a projeção do perímetro de cada pavimento, multiplicado pelo número de
pavimentos).
Utilizou-se a área multiplicada por 100, simplesmente para facilitar a
visualização e trabalhabilidade dos dados, já que ao dividir-se os volumes pela área
os valores obtidos como resultado são pequenos.
Para a conversão dos indicadores de volume para a massa, é necessário
conhecer a densidade aparente das classes de resíduos. Estes valores podem ser
bastante variáveis, em função da forma e dimensões dos recipientes de
armazenamento dos resíduos. Considerando-se que as obras do estudo já estão
finalizadas, não há possibilidade de realização da medida de densidade aparente
para cada obra. Adotar resultados médios de densidade aparente da literatura
podem gerar resultados pouco confiáveis, aumentando a incerteza. Optou-se,
portanto em manter a quantidade de resíduos monitorada oficialmente pelas obras,
com os dados da geração de resíduos em volume.
Os resíduos das obras foram divididos na seguinte classificação:
a) Cimentícios e cerâmicos, excluindo-se solo;
b) Madeira, Papel e derivados, Plástico e derivados, Gesso, Metal
c) Outros (Lã de vidro, isopor, resíduos perigosos, etc).
Para complementar as análises dos indicadores levantados, os dados de
geração de resíduos apresentados mensalmente (Anexo 1) foram divididos em três
períodos, considerando-se as principais fases de execução das obras para cada um
dos períodos como: Estrutura, Vedação e Acabamentos.
Para realização de tal divisão foram considerados todos os meses de realização
das obras e o valor total foi divido por três, sendo primeiro período (1/3) a fase
Estrutura, segundo período (2/3) a fase Vedação, terceiro período (3/3)
Acabamentos.
Isso porque essas fases podem impactar diretamente na geração de resíduos e,
em cada fase, apresentar etapas de pré-fabricação ou não. Na fase estrutura, o
concreto pode ser pré-fabricado ou não. Na fase vedação, a alvenaria não é pré-
fabricada enquanto que as divisórias leves são.
74
3.4 Comparação dos indicadores de geração de resíduos
Para analisar a coerência dos indicadores de geração de resíduos das obras
em volume, os indicadores de geração de resíduos em massa obtidos na literatura
foram convertidos para esta mesma unidade (volume).
Para realização dessa conversão, foram utilizadas medidas de densidade
aparente para os principais tipos de resíduos de obra, conforme apresentado por
Mália (2011) e descrito a seguir na Tabela 13.
Tabela 13: Densidade aparente dos resíduos (kg/m³).
Material Densidade aparente (kg/m³)
Madeira 178,0 Drywall 207,7 Gesso (gesso) 593,3 Alvenaria (tijolo) 830,6 Plásticos 13,0 Metais 900,0 Vidro 2500.0 Resíduo cimentício 830,6
Fonte: Mália et al, 2011.
Para realização das análises efetivamente, foram comparados os indicadores de
geração de resíduos de todo o período de realização das obras (somatória de todos
os meses) de cada uma das obras considerando-se as classes dos resíduos, e
separando-os de acordo com os tipos de obras (G ou E) e as tipologias construtivas
(presença ou não de sistema pré-fabricado). Para verificar se existem diferenças
entre os tipos de obra ou tipo construtivo, foi utilizada a análise descritiva dos dados
estatísticos (analise da média, valores máximos e mínimos), podendo-se ainda,
desta forma verificar se os resíduos estão dentro de uma faixa de geração.
75
4 RESULTADOS OBTIDOS
Os resultados dos dados obtidos estão sintetizados nas tabelas seguintes
(Tabela 14: Geração total de resíduos por obra analisada (Grupo Galpões) e (Tabela
15: Geração total de resíduos por obra analisada (Grupo Edifícios)), onde foram
apresentados separadamente os dois grupos (G e E) analisados. Para ambos,
primeiramente foram apresentados os volumes totais de resíduos por tipo (m³), em
seguida apresentou-se o indicador calculado em função da área (IGR).
Na mesma tabela foram apresentados os dados teóricos levantados, com
base nos estudos levantados no capítulo 2.7 Uso de indicadores para gestão de
resíduos de construção civil apresentados em estudos internacionais,
proporcionando uma análise mais aprofundada dos resultados obtidos.
Em seguida foram apresentados gráficos com o índice de geração de
resíduos totais, e gráficos com o índice de geração de resíduos para os resíduos de
volume mais significativo, sempre apresentando graficamente os resultados
comparativos obtidos em outros estudos.
76
4.1 Indicadores de geração e composição de resíduos em galpões
Tabela 14: Geração total de resíduos por obra analisada (Grupo Galpões):
Fonte: Elaborado pelo autor e, Comparativo 1 adaptado de Begum et al, 2011.
.
77
Gráfico 2: Geração Total de resíduos (Indicador m³/100m²) no Grupo G:
Fonte: Elaborado pelo autor e, Comparativo 1: adaptado de Begum et al, 2011.
Gráfico 3: Geração de resíduos Cimentícios e cerâmicos (Indicador m³/100m²) no Grupo G:
Fonte: Elaborado pelo autor e, Comparativo 1: adaptado de Begum et al, 2011.
Gráfico 4: Geração de resíduos Madeira (Indicador m³/100m²) no Grupo G:
Fonte: Elaborado pelo autor e, Comparativo 1: adaptado de Begum et al, 2011.
0123456789
10
00,5
11,5
22,5
33,5
44,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
78
Optou-se por realizar uma comparação dos dados empíricos com os dados do
estudo realizado por Begum et al. (2011), devido a similaridade das informações
apresentadas em seu estudo, e devido a falta de indicadores similares disponíveis
em estudos nacionais. Na Malásia, a implementação de obras com estrutura de
concreto pré-fabricado é realizada com critérios de industrialização e pode ser
considerada uma referência comparativa na geração de resíduos.
O indicador de geração de resíduos totais apresentado em tal estudo
(7,75m³/100m²) encontra-se dentro da faixa de variação na geração de resíduos
totais levantada, pois o mínimo valor levantado foi 2,65 m³/100m², e o máximo foi
9,05 m³/100m², no entanto, quando comparamos os valores detalhados de resíduos
cimentícios e cerâmicos, e madeira, com o índice teórico apresentado, podemos
observar que a geração de resíduos desse estudo comparativo é superior em termos
de geração de resíduos cimentícios e cerâmicos, e encontra-se dentro da faixa de
variação para os resíduos de madeira.
Identificou-se também que no estudo internacional os resíduos de plásticos,
papéis e metais podem ter sido desconsiderados, visto que não são representativos
no montante total de resíduos gerados. No Brasil tais valores são bastante
significativos, podendo ser justificado pela grande quantidade de embalagens
presentes nos insumos das obras, e a grande quantidade materiais nobres como
plástico e papelão virgem utilizados como proteção dos sistemas já prontos, de
forma a evitar-se que os sistemas sejam danificados por atos de vandalismo, ou
mesmo pela sequência que são realizadas as atividades internas.
A menor geração de resíduo foi identificada na obra G2, que está relaciona a
fase de vedação e acabamento, responsável, por quase, 2/3 do período de
execução da obra, provavelmente devido a menor quantidade de recortes internos
na área do galpão. Já a maior geração de resíduos foi identificada nas obras GP3 e
GP4 com elevada geração nas fases vedação e acabamento. Possivelmente esta
maior geração de resíduos está relacionada a uma maior quantidade de paredes e
acabamentos internos nas áreas comuns. Estas obras possuem a geração de
resíduos mais próxima da geração teórica (7,75 m³/100m²).
79
No geral a geração de resíduos cimentícios e cerâmicos apresentou uma
coerência entre as obras levantadas e uma grande diferença com relação ao estudo
comparativo, que pode estar relacionado ao volume de resíduos desta natureza que
fica sob a responsabilidade de destinação final e/ou reaproveitamento dos
fabricantes das peças de pré-fabricados no local de produção.
80
4.2 Indicadores de geração e composição de resíduos em edifícios
Tabela 15: Geração total de resíduos por obra analisada (Grupo Edifícios)
Fonte: Elaborado pelo autor e, Comparativo 2: valores médios adaptados de Mália et al, 2010 e Mália et al 2011.
81
Gráfico 5: Geração Total de resíduos (Indicador m³/100m²) no Grupo E.
Fonte: Elaborado pelo autor e, Comparativo 2: valores médios adaptados de Mália et al, 2010 e Mália et al 2011.
Gráfico 6: Geração de resíduos Cimentícios e cerâmicos (Indicador m³/100m²) no Grupo E:
Fonte: Elaborado pelo autor e, Comparativo 2: valores médios adaptados de Mália et al, 2010 e Mália et al 2011.
Gráfico 7: Geração de resíduos – Madeira (Indicador m³/100m²) no Grupo E:
Fonte: Elaborado pelo autor e, Comparativo 2 valores médios adaptados de Mália et al, 2010 e Mália et al 2011.
05
1015202530354045
0
5
10
15
20
25
30
02468
1012141618
82
Para o Grupo Edifícios, foram analisadas obras em maior quantidade que o
grupo anterior dos galpões, pois o maior volume de obras que buscam certificação
LEED está em obras de Edifícios, sendo bastante reduzida a demanda de Galpões
que buscam certificação LEED, comparativamente.
Como no Grupo dos Galpões realizou-se um comparativo com dados da
literatura, onde foram avaliadas as informações mais semelhantes disponibilizadas
com a análise de dados realizada na presente pesquisa, sendo identificada como de
maior relevância, os dados apresentados por Mália et al em 2010 e 2011, através de
um levantamento de pesquisas publicadas por diversos autores. Os dados
apresentados por Mália et al, 2010 e 2011 são baseados em pesquisas realizadas
na Europa, que possui grandes diferenças com o Brasil em termos de racionalização
de recursos pelo próprio histórico de Guerras e primordialidade em inovação na
Construção Civil.
Primeiramente, identificou-se que os valores comparativos estão
consideravelmente mais baixos que os valores levantados nas obras analisadas,
além do que as obras apresentaram grande variação entre si quando analisados os
dados de geração total de resíduos.
Observa-se que 4 obras estão bastante próximas à média, como é o caso das
obras E2, E3, E6 e E7, onde seus dados de geração geral de resíduos encontrou-se
próximo ao valor médio de 25,74 m³/100m².
A obra E5 teve os valores de geração total de resíduos consideravelmente
abaixo da média, ao passo que a obra E8 apresentou valores muito acima. A obra a
qual identificou-se a menor geração de resíduos (E5), apresentou seus resultados
de geração de resíduos de entulho (9,16 m³/100m²) bastante próximo ao valor
teórico de 8,72 m³/100m², mostrando assim que é possível que ocorra uma geração
de resíduos inferior a média levantada e próxima aos valores de referência.
A mesma obra E8 teve grande geração de resíduos em geral. Ao verificar-se
o maior período de geração de resíduos, observa-se que o aumento na geração se
deu na última fase da obra, o que possivelmente está relaciona a uma maior
diversidade de acabamentos, ou até a necessidade de realização de retrabalhos em
alguns pontos da obra, o que não é difícil observar-se nas obras.
83
Já os resultados de geração de resíduos de madeira das obras analisadas
apresentaram valores superiores em relação ao valor comparativo. A variabilidade
observada pode estar associada a organização dos estoques dos resíduos de
madeira.
4.3 Comparação entre os dois Grupos (G e E):
Em virtude das grandes diferenças na tipologia construtiva apresentada nos
dois grupos de obras analisados: Galpões e Edifícios, não é possível que se realize
uma comparação direta entre a geração de resíduos das tipologias construtivas.
Uma grande similaridade apresentada pelas obras dos dois Grupos é a
periodicidade de geração dos resíduos, que pode ser identificada detalhadamente
no Anexo 1, nas planilhas de análise individuais das obras estudas, onde nota-se
que na primeira fase da obra (1/3 do período de execução da obra) ocorre pouca
geração de resíduos (considerando-se o período de retirada dos resíduos das obras,
não exatamente o momento de geração destes), sendo maior somente quando há
necessidade de realização de demolição ou maior limpeza do terreno a ser utilizado.
Mesmo nas obras com período de conclusão mais longos, a maior geração de
resíduos está na segunda fase de execução da obra (vedação), onde há grande
volume de atividades ocorrendo, e também na terceira e ultima fase, de
acabamentos, onde em volume as atividades em andamento podem ser menores e
mais pulverizadas, mas a gestão de resíduos nesta etapa é mais difícil de ocorrer
detalhada e criteriosamente.
84
5 CONCLUSÃO
Pode-se observar uma menor geração de resíduos cimentícios e cerâmicos
nas obras que utilizam sistemas pré-fabricados. Observa-se que os materiais
cerâmicos e cimentícios representam 24% do volume de resíduos nos sistemas pré
fabricados, e 73% do volume de resíduos nos sistemas moldados in loco.
Nota-se que a comparação entre obras de Galpões e Edifícios não foi
possível quando considerados apenas os aspectos da certificação LEED CS, para
Envoltória e Estrutura Principal das obras. Diversas limitações foram encontradas no
desenvolvimento do trabalho, principalmente pelo fato das obras já estarem
concluídas, e por possuírem informações limitadas do cronograma de execução da
obra e do projeto, como por exemplo; levantamento dos detalhes construtivos dos
empreendimentos (diversos elementos dos sistemas construtivos utilizados,
quantidade de recortes, paredes, divisórias e demais detalhes das áreas internas),
que interferem na geração de resíduos por área construída.
Não foram encontrados estudos similares no Brasil para comparação das
informações obtidas, e mesmo os dados de estudos internacionais encontrados não
apresentam o mesmo nível de detalhamento e similaridade de informações, para
que se consiga realizar uma análise mais complexa e detalhada, sendo bastante
relevante a falta de um valor pré estipulado de geração de resíduos que pudesse ser
utilizado como “base line”, gerado a partir de dados nacionais, mesmo que
empíricos, mas que representassem um certo balizamento nas análises de geração
de resíduos auxiliando na identificação direta dos dados espúrios.
Com os resultados apresentados foi possível somente obter-se uma ordem de
grandeza na quantidade de resíduos gerados por m² para algumas das tipologias
estudadas (estruturas em concreto moldado in loco, estruturas pré-fabricadas,
vedações em divisórias leves ou em alvenaria, etc). O estudo foi exploratório e os
indicadores obtidos foram preliminares, com nível de confiabilidade restrito. Houve
dificuldade na verificação e validação dos dados obtidos; por isso, essa metodologia
de coleta, sem ajustes, não pode ser replicada para outras situações. Por isso, os
dados são apenas indicativos e para serem usados como valores referenciais para
outras situações, deve-se realizar um estudo de validação mais detalhado.
85
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