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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
CURSO COMPLETO DE PEÇAS E QUESTÕES2º EXAME DE ORDEM DE 2009
PRÁTICA DE DIREITO DO TRABALHO
Prezado Aluno,
Além da parte expositiva, a apostila contém:
1. Estrutura das peças – além da disposição das principais peças do processo
do trabalho, contém exemplos com explicações detalhadas a fim de auxiliá-lo
na elaboração destas.
2. Peças completas – também são modelos, mas são baseados em casos
concretos, ou seja, são peças prontas.
3. Guia de artigos – a própria apostila é um guia de artigos, súmulas e
orientações jurisprudenciais com maior incidência nas provas do Cespe. Os
dispositivos estão inseridos de acordo com o desenvolvimento do conteúdo.
4. Dicas de estudos – são conselhos e métodos de estudo, com o intuito de
melhorar o rendimento do aluno.
5. Bibliografia – contém a referência bibliográfica indicada para estudar e levar
para o exame de ordem.
6. Proposta de peças e questões – a 2ª faze do Exame de Ordem refere-se à
prova prática-profissional, sendo esta integralmente discursiva, portanto é
essencial que o aluno exercite este modelo de prova. Portanto, encontram-se
na apostila, peças e questões já cobradas no exame de ordem, que deverão
ser corrigidas pelo curso e posteriormente serão revisadas nas aulas de
assistência e de correção em sala, conforme o calendário em anexo.
7. Folhas pautadas – estas folhas, localizadas ao final da apostila, deverão ser
destacadas e utilizadas para o desenvolvimento das peças e questões
propostas, as quais serão protocoladas na recepção do curso, no prazo
previsto no calendário em anexo.
8. Canhotos destacáveis com os números de peças e questões a serem protocoladas na recepção do Curso: ao realizar o protocolo, o aluno deve
destacar da apostila e grampear o canhoto correspondente ao conjunto de
peças e questões recebendo o carimbo de protocolo na segunda via do
canhoto.
ÍNDICE
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Parte I
PARTE EXPOSITIVA
Processo do Trabalho
1. ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO ........................................4
2. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.........................................5
2.1 COMPETÊNCIA TERRITORIAL
2.2 CAUSAS DE MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA
3. TIPOS PROCEDIMENTO NO PROCESSO DO TRABALHO ....................11
3.1 PROCEDIMENTO SUMÁRIO
3.2 PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO
3.3 PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
3.3.1 COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA
3.3.2 COMPARECIMENTO DAS PARTES NA AUDIÊNCIA
3.3.3 ATOS, PRAZOS E TERMOS
Parte II
PEÇA PASSO A PASSO
Explicação detalhada de como elaborar as principais peças processuais
4. PETIÇÃO INICIAL – RECLAMATÓRIA TRABALHISTA...........................32
4.1 ESTRUTURA COMPLETA DA RECLAMATÓRIA TRABALHISTA
4.2 ANÁLISE DOS TÓPICOS DA RECLAMATÓRIA TRABALHISTA
I. ENDEREÇAMENTO
II. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES
III. PRELIMINAR DE MÉRITO
IV. MÉRITO
ORGANIZAÇÃO DO MÉRITO
V. PEDIDO
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
VI. REQUERIMENTOS FINAIS
VII. VALOR DA CAUSA
5. RESPOSTAS DO RECLAMADO.........................................................1245.1 CONTESTAÇÃO
5.2 ANÁLISE DOS TÓPICOS DA CONTESTAÇÃO
I. ENDEREÇAMENTO
II. QUALIFICAÇÃO
III. PRELIMINAR DE MÉRITO
IV. PREJUDICIAL DE MÉRITO
V. MÉRITO
VI. IMPUGNAÇÃO AOS DOCUMENTOS
VII. REQUERIMENTOS FINAIS
5.3 EXCEÇÃO
5.4 RECONVENÇÃO
6. TEORIA GERAL DOS RECURSOS.........................................................162
7. RECURSO ORDINÁRIO..........................................................................178
8. AGRAVO DE INSTRUMENTO.................................................................205
9. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.............................................................217
10. RECURSO DE REVISTA..........................................................................222
11. EXECUÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO......................................239
12. EMBARGOS À EXECUÇÃO....................................................................243
13. AGRAVO DE PETIÇÃO............................................................................. 253
14. EMBARGOS AO TST ..............................................................................260
15. AÇÕES ESPECIAIS: MANDADO DE SEGURANÇA E AÇÃO
RESCISÓRIA..................................................................................................... 269
Parte III
Otimização do estudo
DICAS E MÉTODOS DE ESTUDO...................................................................289
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................291
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Parte IVPEÇAS
Propostas de exercícios para treinamento do candidato
Propostas ......................................................................................................291
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
PROCESSO DO TRABALHO
1. ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO
A justiça do trabalho é composta pelo juiz do trabalho, Tribunal Regional do
Trabalho, Tribunal Superior do Trabalho, conforme o artigo 111, CF/88.
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:I – o Tribunal Superior do Trabalho;II – os Tribunais Regionais do Trabalho;III – Juízes do Trabalho.
Este artigo demonstra claramente que o STF não é um órgão da Justiça do Trabalho.
São órgãos da Justiça do Trabalho:
JUIZ DO TRABALHO TRT TST
Atenção: Existem comarcas que não possuem varas da Justiça do
Trabalho. Nestes casos, os juízes de direito serão investidos da jurisdição
trabalhista. A sentença proferida é recorrível através da interposição de Recurso
Ordinário para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho, de acordo com o artigo
112 da CF e artigo 668, CLT.Art. 112, CF. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-las aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.
Art. 668, CLT. Nas localidades não compreendidas na jurisdição das Juntas de Conciliação e Julgamento, os Juízos de Direito são os órgãos de administração da Justiça do Trabalho, com a jurisdição que lhes for determinada pela lei de organização judiciária local.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
2. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO
A competência da Justiça do Trabalho é determinada em razão da matéria,
ou seja, se a demanda versa sobre a relação de emprego, bem como sobre as
verbas de natureza trabalhista a competência para processar e julgar esta lide é
da Justiça do Trabalho, conforme o artigo 114, CF.
Neste tópico, é fundamental tratar da Emenda Constitucional nº 45/2004,
que foi responsável por uma significativa ampliação da competência da Justiça do
Trabalho, pois a Justiça do Trabalho passou a ser competente para processar e
julgar não apenas as ações oriundas das relações de emprego, mas também as
ações oriundas das relações de trabalho.
Note que a relação de emprego é espécie, enquanto a relação de trabalho é
gênero, uma vez que abrange os empregados, os autônomos, os temporários, os
avulsos, etc. A relação de trabalho envolve um trabalhador e um tomador de
serviços, que remunera o trabalho prestado.
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
I – as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios;
II – as ações que envolvam exercício do direito de greve;
III – as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e
trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
IV – os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato
questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
V – os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista,
ressalvado o disposto no art. 102, I, o;
VI – as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da
relação de trabalho;
VII – as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
VIII – a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e
II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
IX – outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.
§ 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é
facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza
econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as
disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as
convencionadas anteriormente.
§ 3º. Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do
interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo,
competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.
O STF, na ADI n.º 3.395-6/DF, suspendeu toda e qualquer interpretação
dada ao inciso I do art. 114 da Constituição Federal, com a redação dada pela
Emenda Constitucional n.º 45/2004, que inclua, na competência da Justiça do
Trabalho, a apreciação de causas instauradas entre o Poder Público e seus
servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter
jurídico administrativo. Logo, este artigo, ampliado pela EC 45/2004, sofreu uma
restrição proveniente da ADI 3.395-6, a qual excluiu da apreciação da Justiça do
Trabalho as relações trabalhistas entre o Poder Público e seus servidores, quando
esta estiver baseada no regime estatutário ou jurídico administrativo.
CONCLUSÃO: eventuais demandas entre o Poder Público e o servidor
público estatutário não serão de competência da Justiça do Trabalho; no entanto
as demandas entre o Poder Público e o servidor público celetista a competência é da Justiça do Trabalho.
É importante destacar que é competência da Justiça do Trabalho processar
e julgar as ações que visem uma indenização pelo não cadastramento do
empregado no PIS.Súmula 300, TST. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações de empregados contra empregadores, relativas ao cadastramento no Plano de Integração Social (PIS).
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Também é competência da Justiça do Trabalho a lide que verse sobre a
não concessão das guias do seguro desemprego.
Súmula 389, TST. I - Inscreve-se na competência material da Justiça do Trabalho a lide entre empregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não fornecimento das guias do seguro desemprego.II - O não fornecimento pelo empregador da guia necessária para o recebimento do seguro desemprego dá origem ao direito à indenização.
A incompetência em razão da matéria é absoluta. Pode ser declarada
pelo Juízo, de ofício, ou mediante alegação das partes em qualquer tempo ou grau
de jurisdição (art. 795, § 1º da CLT e art. 113 do CPC).
Alegada a incompetência material na contestação, deverá sê-lo como
preliminar e não como exceção, pois no âmbito do processo trabalhista, sob a
forma de exceção, alega-se a incompetência em razão do lugar e o impedimento
ou suspeição do juiz.
2.1 COMPETÊNCIA TERRITORIAL
A competência territorial na Justiça do Trabalho é determinada pelo local de
PRESTAÇÃO dos serviços. Esta regra geral está disposta no caput do artigo 651,
CLT:Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.
Este artigo da CLT é composto por três parágrafos que prevêem exceções
a regra geral apresentada pelo caput.
a) Empregados agente ou viajante comercial – art. 651, § 1º:
§ 1º – Quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima.
b) Competência da Justiça do Trabalho Brasileira para os empregados
brasileiros trabalhando no estrangeiro – art. 652, § 2º, CLT:
§ 2º – A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário.
Em regra, o empregado brasileiro que presta serviços no exterior subordina-
se as normas do direito material do país onde está prestando serviços, conforme
Súmula 207 do TST (princípio da lex loci executionis). Pode, todavia, propor a
ação no Brasil, desde que não haja tratado internacional em sentido contrário.
Para alguns o foro será o sede ou filial da empresa no Brasil ou do local da
contratação antes do empregado ir para o exterior.
Invocando lei material estrangeira, deverá provar a sua vigência, conforme
previsto no CPC.
Súmula 207, TST. A relação jurídica trabalhista é regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por aquelas do local da contratação.
c) Empregador que promove realização de atividade fora do lugar do contrato
– art. 651, § 3º:§ 3º – Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.
São exemplos, as companhias teatrais ou circos. A regra do § 3º, do art.
651, aplica-se também aos motoristas de ônibus, contratados em Curitiba, para
fazer a linha Curitiba – Recife. Estes poderão propor a ação tanto em Curitiba
como em Recife.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
2.2 CAUSAS DE MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA
No processo do trabalho, a competência territorial pode sofrer prorrogação
legal ou voluntária tácita.
a) Prorrogação Legal: mudança operada em virtude de conexão, ou
continência. A lei atribui competência a um órgão jurisdicional quando ele
normalmente não a teria, objetivando evitar decisões conflitantes entre dois órgãos
distintos. Diante do fenômeno da conexão ou continência aplica-se,
subsidiariamente, o CPC, artigos 105 e 106:
Art. 105. Havendo conexão ou continência, o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, pode ordenar a reunião de ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas simultaneamente.Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar.
Apesar da norma prevista pelo artigo 106, no processo do trabalho a prevenção é fixada em razão da distribuição e não do despacho, pois não há
um despacho inicial ordenando a citação do réu, o que é feito automaticamente.
b) Prorrogação voluntária tácita: Como a competência em razão do lugar
é relativa, não havendo, no momento oportuno, a argüição de incompetência
territorial por parte do réu, prorroga-se a competência territorial para aquele Juízo
que originariamente não a teria. Portanto, o réu deverá apresentar na primeira
audiência a exceção de incompetência, sob pena de ser prorrogada e o juízo
tornar-se competente para julgar a demanda.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
No processo do trabalho em regra não é admitido foro de eleição (que seria
hipótese de prorrogação de competência expressa), porque as normas de fixação
de competência são de ordem pública, ditadas no interesse do empregado.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
3. TIPOS PROCEDIMENTO NO PROCESSO DO TRABALHO
SUMÁRIO até 2 salários mínimos
PROCEDIMENTO COMUM SUMARÍSSIMO 2 a 40 salários mínimos
ORDINÁRIO mais de 40 sal. mínimos
O rito do processo é estabelecido em função do valor da lide.
Observação: o salário mínimo é nacional e corresponde a R$ 465,00.
SUMÁRIO Lei 5.584/70
DISPOSITIVOS LEGAIS SUMARÍSSIMO Artigo 852-A e ss, CLT
ORDINÁRIO Artigo 837 e ss, CLT
3.1 PROCEDIMENTO SUMÁRIO
O procedimento sumário, instituído pela Lei 5.584/70, tem a finalidade de
garantir maior celeridade aos processos trabalhistas cujo valor não ultrapasse dois
salários mínimos. Estas causas trabalhistas, também chamadas de “causas de
alçada”, possuem uma característica relevante determinada pelo artigo 2°, §4°
desta Lei.
Nenhum recurso é cabível da decisão proferida nas causas que seguem o
rito sumário, EXCETO se versar sobre matéria constitucional, caso em que caberá
a interposição de recurso extraordinário para apreciação pelo STF.
§ 4º. Salvo se versarem sobre matéria constitucional, nenhum recurso caberá das sentenças proferidas nos dissídios da alçada a que se refere o parágrafo anterior, considerado, para esse fim, o valor do salário mínimo à data do ajuizamento da ação.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Observe que a possibilidade de interposição de recurso extraordinário se dá
por força da disposição constitucional, estabelecida no artigo 102, III, segundo o
qual compete ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas
em única ou última instância. Portanto, as decisões proferidas nas causas
trabalhistas que não ultrapassem dois salários não cabem nenhum recurso trabalhista, uma vez que o STF não é um órgão da Justiça do Trabalho.
Corroborando a disposição deste §4, tem-se a súmula 640 do STF:
É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.
Note que a promulgação da Constituição é posterior a referida Lei. O
Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa (art. 5º, LV, CF), bem como o
impedimento da vinculação do salário mínimo para qualquer fim (art. 7º, IV, CF),
gerou dúvidas quanto a constitucionalidade do §4º, art. 2º desta Lei. O
entendimento do TST, proferido através da súmula 356, afirma que a norma foi
recepcionada pela Constituição. Sinteticamente, a fundamentação da súmula
sustenta que o Princípio do Duplo Grau de Jurisdição não é um princípio
constitucional, ademais o contraditório e a ampla defesa podem ser exercidos em
uma única instância. E, em relação ao salário mínimo, a intenção do legislador era
de vedar a utilização do mesmo como critério de reajustes dos salários daqueles
empregados que percebem mais do que o mínimo legal. Nada impede que o
salário mínimo seja utilizado como base para a fixação do rito do processo,
inclusive a Lei 9.957/00 que incluiu o rito sumaríssimo no processo do trabalho,
tem o salário mínimo como base, fato que reforça o entendimento do TST.
Súmula 356. O artigo 2°, §4°, da Lei n. 5.584, de 26.6.1970 foi recepcionado pela CF/88, sendo lícita a fixação do valor da alçada com base no salário mínimo.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
O artigo 4º desta Lei também traz uma informação importante, pois autoriza
o juiz a impulsionar o processo ex officio, desde que os empregados ou
empregadores reclamarem pessoalmente.
Art. 4º. Nos dissídios de alçada exclusivos das Juntas naqueles em que os empregados ou empregadores reclamarem pessoalmente, o processo poderá ser impulsionado de ofício pelo juiz.
Por fim, faz-se necessária a análise da súmula 303, TST:
Súmula 303. I - Em dissídio individual, está sujeita ao duplo grau de jurisdição, mesmo na vigência da CF/1988, decisão contrária à Fazenda Pública, salvo: a) quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a 60 (sessenta) salários mínimos; b) quando a decisão estiver em consonância com decisão plenária do Supremo Tribunal Federal ou com súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho.
Influenciada pela nova redação do artigo 475 do CPC, a referida súmula
resolve que “não há remessa necessária nas causas de valor até 60 salários
mínimos. Logo, na esteira da súmula 303, TST, não se mostra incompatível a
adoção do procedimento sumário nas causas em que figurem entes públicos,
desde que o valor da causa seja igual ou inferior a 2 salários mínimos. A razão é
simples: não há vedação legal expressa, tal como ocorre com o procedimento
sumaríssimo (art. 852-A, § único, CLT).”1
A súmula possui mais dois incisos, que apresentam duas exceções em
relação a dispensa da remessa necessária.
II - Em ação rescisória, a decisão proferida pelo juízo de primeiro grau está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório quando desfavorável ao ente público, exceto nas hipóteses das alíneas "a" e "b" do inciso anterior.
1 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7.ed. São Paulo: Ltr, 2009. p. 299.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Tratando-se de decisão desfavorável ao ente público, na ação rescisória, é
obrigatório o reexame necessário pelo Tribunal Regional do Trabalho
jurisdicionalmente competente.
III - Em mandado de segurança, somente cabe remessa ex officio se, na relação processual, figurar pessoa jurídica de direito público como parte prejudicada pela concessão da ordem. Tal situação não ocorre na hipótese de figurar no feito como impetrante e terceiro interessado pessoa de direito privado, ressalvada a hipótese de matéria administrativa.
A exceção prevista neste inciso exige dois requisitos: o ato contra o qual se
insurge deve ter causado algum prejuízo ao ente público; a discussão de matéria administrativa no mandado de segurança.
Não há legislação específica quanto ao procedimento da audiência no
procedimento sumário, portanto, aplica-se, subsidiariamente, as normas do
procedimento ordinário.
3.2 PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO
A Lei nº 9.957, de 12 de janeiro de 2000, trouxe uma série de alterações no
texto da Consolidação das Leis do Trabalho, com a inserção dos seguintes
artigos: 852-A até 852-I, CLT, 895, § 1º, I e II, CLT e § 2º, 896, CLT, § 6º, 897-A,
CLT. O procedimento sumaríssimo, assim como o procedimento sumário, visa a
celeridade e economia processual.
Art. 852-A, CLT. Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação ficam submetidos ao procedimento sumaríssimo.Parágrafo único. Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas em que é parte a
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Administração Pública direta, autárquica e fundacional.
A compreensão da exceção prevista no § único exige o domine a idéia de
administração pública direta e administração pública indireta.
Verifique o seu conhecimento em relação a este assunto através do
exercício:
( ) O procedimento sumaríssimo não se aplica a administração indireta.
( ) O procedimento sumaríssimo não se aplica a administração direta.
( ) O procedimento sumaríssimo é aplicado na administração indireta.
A administração pública federal está prevista no Decreto-Lei 200/67, no
artigo 4 º:Art. 4º. A administração federal compreende:I - a administração direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos ministérios;II - a administração indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:a) autarquias;b) empresas públicas;c) sociedades de economia mista;d) fundações públicas.
A administração direta, portanto, abrange o poder executivo da União, dos
Estados e dos Municípios e as demandas, em que figurarem, seguirão o
procedimento ordinário ou sumário.
Já a administração indireta abarca quatro entidades, dentre estas estão
excluídas da exceção prevista pelo artigo a sociedade de economia mista e a
empresa pública. Isto ocorre porque estas entidades exploram a atividade
econômica, de modo que não seria lógico gozarem dos benefícios concedidos a
administração pública no exercício de funções públicas, ocasionaria uma
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
desigualdade de mercado em relação aos particulares. Conclui-se que a
sociedade de economia mista e a empresa pública equiparam-se ao particular.
O professor Bittencourt, com maestria, leciona que “sociedades de
economia mista e empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado cuja
criação é autorizada por lei específica (art. 37, XIX, CF), submetidas ao controle
estatal, com vinculação aos fins definidos na lei instituidora, para exercer atividade
econômica, seja para intervenção do Estado no domínio econômico (art. 173, CF),
seja para prestação de serviço público (art. 175, CF).”2
Art. 852-B. Nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssimo:I - o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor correspondente;II - não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do nome e endereço do reclamado;III - a apreciação da reclamação deverá ocorrer no prazo máximo de quinze dias do seu ajuizamento, podendo constar de pauta especial, se necessário, de acordo com o movimento judiciário da Junta de Conciliação e Julgamento.§ 1º O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I e II deste artigo importará no arquivamento da reclamação e condenação ao pagamento de custas sobre o valor da causa.§ 2º As partes e advogados comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência de comunicação.
No procedimento sumaríssimo é fundamental que os pedidos formulados sejam líquidos. Cada pedido do reclamante deverá especificar qual é o valor
requerido, sob pena de arquivamento da reclamatória trabalhista. Também
resultará o arquivamento do processo, se o reclamante não fornecer o endereço
correto do reclamado, tendo em vista que é vedada a citação por edital neste
procedimento.
2 BITTENCOURT, Marcus Vinicius Corrêa. Manual de Direito Administrativo. 3. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2008. p. 62.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Art. 852-C. As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audiência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser convocado para atuar simultaneamente com o titular.
Art. 852-E. Aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da conciliação e usará os meios adequados de persuasão para a solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência.
Art. 852-H. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, ainda que não requeridas previamente.§ 1º Sobre os documentos apresentados por uma das partes manifestar-se-á imediatamente a parte contrária, sem interrupção da audiência, salvo absoluta impossibilidade, a critério do juiz.§ 2º As testemunhas, até o máximo de duas para cada parte, comparecerão à audiência de instrução e julgamento independentemente de intimação.§ 3º Só será deferida intimação de testemunha que, comprovadamente convidada, deixar de comparecer. Não comparecendo a testemunha intimada, o juiz poderá determinar sua imediata condução coercitiva. § 4º Somente quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta, será deferida prova técnica, incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto da perícia e nomear perito. § 5º (VETADO)§ 6º As partes serão intimadas a manifestar-se sobre o laudo, no prazo comum de cinco dias.§ 7º Interrompida a audiência, o seu prosseguimento e a solução do processo dar-se-ão no prazo máximo de trinta dias, salvo motivo relevante justificado nos autos pelo juiz da causa.
O procedimento sumaríssimo caracteriza-se pela audiência una, ou seja,
todos os atos da audiência inicial, bem como os de instrução e julgamento,
realizar-se-ão em uma audiência.
As partes devem observar o limite máximo de duas testemunhas, as quais
deverão comparecer espontaneamente na audiência. Caso a testemunha não se
apresente, o juiz só determinará a intimação da mesma, diante da apresentação
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
do convite. Se porventura, após a intimação a testemunha não compareça na
audiência, será ordenada a condução coercitiva e o pagamento de multa.
O artigo 852-E, CLT instrui que o juiz detém a faculdade de realizar a
tentativa conciliatória em qualquer momento da audiência.
1. Tentativa conciliatória
AUDIÊNCIA NO 2. Leitura da petição inicial (se não for dispensada)
PROCEDIMENTO 3. Resposta do reclamado
SUMARÍSSIMO 4. Impugnação aos documentos * 5. Depoimento das partes
6. Oitiva das testemunhas peritos e técnicos
7. Razões Finais
8. Sentença
* Impugnação aos documentos: a audiência una obriga o reclamante a
impugnar todos os documentos apresentados pelo reclamado oralmente naquela
sessão.
3.3 PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
No procedimento ordinário, a audiência pode ser una ou até tripartida, da
seguinte maneira: “audiência de conciliação” ou “inicial”, “audiência de instrução” e
“audiência de julgamento”, cujas normas do rito ordinário estão dispostas nos
artigos 837 ao 852 da CLT.
1. Primeira tentativa conciliatória
AUDIÊNCIA NO 2. Leitura da petição inicial (se não for dispensada)
PROCEDIMENTO 3. Resposta do reclamado
ORDINÁRIO 4. Depoimento das partes
5. Oitiva das testemunhas, peritos e técnicos
6. Razões finais
7. Segunda tentativa conciliatória
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
8. Sentença
→ Primeira tentativa conciliatóriaAberta a sessão, o juiz deverá conciliar as partes. Além desta, o juiz antes
de proferir a sentença, logo após as razões finais fará a segunda tentativa
conciliatória. Ambas são obrigatórias e devem ser propostas nos momentos legais
mencionados, em face dos artigos 846 e 850, CLT, respectivamente.
Art. 846. Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação.§ 1º Se houver acordo lavrar-se-á termo, assinado pelo presidente e pelos litigantes, consignando-se o prazo e demais condições para seu cumprimento. § 2º Entre as condições a que se refere o parágrafo anterior, poderá ser estabelecida a de ficar a parte que não cumprir o acordo obrigada a satisfazer integralmente o pedido ou pagar uma indenização convencionada, sem prejuízo do cumprimento do acordo.
Art. 850. Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de Conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão.Parágrafo único. O Presidente da Junta, após propor a solução do dissídio, tomará os votos dos Juízes classistas e, havendo divergência entre estes, poderá desempatar ou proferir decisão que melhor atenda ao cumprimento da lei e ao justo equilíbrio entre os votos divergentes e ao interesse social.
→ Resposta do reclamado O reclamado sempre oferecerá a sua defesa na audiência para a qual foi
notificado. Há três modalidades de resposta que o reclamado poderá apresentar
em juízo: contestação, exceção e reconvenção (art. 297, CPC).
As espécies de resposta do réu serão analisadas no decorrer do curso. Por
ora, basta mencionar que é comum apresentar ao juiz do trabalho a
contestação/exceção escrita. No entanto, destaca-se que é direito do reclamado
aduzir a sua defesa oralmente no prazo de 20 minutos.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Art. 847. Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes. Art. 849. A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação.
→ Depoimento das partesO depoimento das partes dá início a audiência de instrução e julgamento,
quando o ato for fracionado. A finalidade do depoimento pessoal é extrair da outra
parte a sua confissão. Portanto, é direito do reclamante o depoimento pessoal do
reclamado e vice-versa, de forma que o depoimento pessoal do reclamado só
pode ser dispensado pelo reclamante, assim como o depoimento pessoal do
reclamante só poderá ser dispensado pelo reclamado.
A reclamante dará o seu depoimento pessoal e, em seguida, o reclamado.
→ Oitiva de testemunhas peritos e técnicosAs partes devem respeitar o limite de três testemunhas, SALVO quando se
tratar de inquérito de apuração de falta grave em que o limite é de seis
testemunhas para cada uma das partes.
A testemunha que não comparecer na data da audiência será intimada de
ofício ou a requerimento da parte, sendo possível a sua condução coercitiva.
Art. 821. Cada uma das partes não poderá indicar mais de 3 (três) testemunhas, salvo quando se tratar de inquérito, caso em que esse número poderá ser elevado a 6 (seis).
Art. 825. As testemunhas comparecerão à audiência independentemente de notificação ou intimação.Parágrafo único. As que não comparecerem serão intimadas, ex officio ou a requerimento da parte, ficando sujeitas a condução coercitiva, além das penalidades do Art. 730, caso, sem motivo justificado, não atendam à intimação.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Não confunda: no procedimento sumaríssimo, o juiz só ordenará a intimação de
testemunha se restar comprovado o convite. Já no procedimento ordinário, não há
a exigência deste requisito.
LIMITE DE SUMARÍSSIMO 2 TESTEMUNHAS
TESTEMUNHAS ORDINÁRIO 3 TESTEMUNHAS
INQUÉRITO 6 TESTEMUNHAS
→ Razões finais, 2ª tentativa conciliatória e sentença
Após a oitiva das testemunhas, peritos e técnicos, finaliza-se a instrução do
processo. Neste momento é direito das partes apresentar suas razões finais no
prazo máximo de 10 minutos para cada uma das partes. Em seguida o juiz
proporá a segunda tentativa conciliatória e, caso esta reste infrutífera, proferirá
sua decisão.
A eventual conciliação entre as partes não obrigará o juiz a homologar o
acordo celebrado, uma vez que a homologação de acordo é uma faculdade do
juiz. Súmula 418. A concessão de liminar ou a homologação de acordo constituem faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança.
A homologação do juiz de um acordo celebrado na Justiça do Trabalho dá
origem a sentença homologatória de acordo, que transita em julgado na data da
homologação e, conseqüentemente, é irrecorrível para as partes . Somente a
União é que poderá recorrer desta sentença, por meio do recurso ordinário, cuja
matéria versará exclusivamente em relação as contribuições previdenciárias. Art. 831. A decisão será proferida depois de rejeitadas pelas partes a proposta de conciliação.Parágrafo único. No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Súmula 100, inciso V. O acordo homologado judicialmente tem força de decisão irrecorrível, na forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo conciliatório transita em julgado na data da sua homologação judicial.
Nota: apesar de constar no texto legal que a Previdência Social poderá recorrer
desta sentença, desde 2007, a União que é parte neste processo, em virtude da
Lei 11.457/07 (Lei da Super Receita), que unificou a arrecadação e fiscalização
dos tributos da antiga Receita Federal e contribuições da Previdência Social.
3.3.1 COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA
O escopo da comissão de conciliação prévia é a realização de acordo
extrajudicial entre as partes conflitantes. A CCP é competente para conciliar
apenas os conflitos individuais do trabalho.
Possuem formação paritária, sendo que metade dos seus membros são
indicados pelo empregador e a outra metade é eleita pelos empregadores e pode
ser constituída no âmbito da empresa ou do sindicato. Apenas os empregados
eleitos são detentores de estabilidade, que lhe é garantida até um ano após o
término do mandato, exceto diante de falta grave.
Art. 625-A. As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, de composição paritária, com representantes dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho.Parágrafo único. As Comissões referidas no caput deste artigo poderão ser constituídas por grupos de empresas ou ter caráter intersindical.Art. 625-B. A Comissão instituída no âmbito da empresa será composta de, no mínimo, dois e, no máximo, dez membros, e observará as seguintes normas:I - a metade de seus membros será indicada pelo empregador e a outra metade eleita pelos empregados, em escrutínio secreto, fiscalizado pelo sindicato da categoria profissional;II - haverá na Comissão tantos suplentes quantos forem os representantes titulares;
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
III - o mandato dos seus membros, titulares e suplentes, é de um ano, permitida uma recondução.§ 1º É vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros da Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até um ano após o final do mandato, salvo se cometerem falta grave, nos termos da lei.§ 2º O representante dos empregados desenvolverá seu trabalho normal na empresa, afastando-se de suas atividades apenas quando convocado para atuar como conciliador, sendo computado como tempo de trabalho efetivo o despendido nessa atividade.
Art. 625-C. A Comissão instituída no âmbito do sindicato terá sua constituição e normas de funcionamento definidas em convenção ou acordo coletivo.
A passagem pela comissão de conciliação prévia era obrigatória, segundo a
disposição do artigo 625-D, CLT. O reclamante não tinha acesso a Justiça do
Trabalho sem a submissão preliminar a comissão de conciliação prévia.
Recentemente o STF deferiu parcialmente medidas cautelares em duas ações
diretas de inconstitucionalidade (ADI 2139 e ADI 2160), a fim de restringir a
aplicabilidade deste artigo da CLT. O STF reputou caracterizada a ofensa ao
princípio do livre acesso ao Judiciário (CF, art. 5º, XXXV). Portanto concedeu
liminar, por maioria de votos, com o objetivo de suspender a obrigatoriedade de
submissão da lide à comissão de conciliação prévia.
CONCLUSÃO: o caput do artigo 625-D, CLT está suspenso, por força da liminar
concedida, de modo que a passagem pela comissão de conciliação prévia é
facultativa.
→ Para informações sobre a ADI 2139 e a ADI 2160: informativo nº 546 STF.
Art. 625-D. Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da categoria.§ 1º. A demanda será formulada por escrito ou reduzida a termo por qualquer dos membros da Comissão, sendo entregue cópia datada e assinada pelo membro aos interessados.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
§ 2º. Não prosperando a conciliação, será fornecida ao empregado e ao empregador declaração da tentativa conciliatória frustrada com a descrição de seu objeto, firmada pelos membros da Comissão, que deverá ser juntada à eventual reclamação trabalhista.§ 3º. Em caso de motivo relevante que impossibilite a observância do procedimento previsto no caput deste artigo, será a circunstância declarada na petição inicial da ação intentada perante a Justiça do Trabalho.§ 4º. Caso exista, na mesma localidade e para a mesma categoria, Comissão de empresa e Comissão sindical, o interessado optará por uma delas para submeter a sua demanda, sendo competente aquela que primeiro conhecer do pedido.
A CCP possui o prazo de 10 dias para realizar a sessão conciliatória, a
partir da data de entrada do processo. Durante este lapso temporal, o prazo
prescricional do reclamante será suspenso. Note que o prazo volta a ser contado,
após os 10 dias, independente da realização da sessão conciliatória. Diante disso,
o reclamante possui a faculdade de requerer uma declaração de tentativa
conciliatória frustrada ou de aguardar a realização da sessão. Esta declaração de
tentativa conciliatória frustrada também é fornecida quando, realizada a sessão,
esta resta infrutífera (art. 625-D, § 2, CLT).
Mas se as partes acordarem, a CCP lavrará o termo do acordo, o qual
constituíra um título executivo extrajudicial. Este título, proveniente do acordo
celebrado na CCP, tem EFICÁCIA LIBERATÓRIA GERAL, ou seja, dá quitação
ao contrato de trabalho como um todo. Logo, impede que o reclamante ingresse
com nova reclamação na Justiça do Trabalho. Somente diante de ressalvas
expressas no acordo é que seria possível ingressar com uma RT, que estaria
restrita a matéria ressalvada, tendo em vista que o restante encontra-se quitado
pelo acordo celebrado.Art. 625-E. Aceita a conciliação, será lavrado termo assinado pelo empregado, pelo empregador ou seu preposto e pelos membros da Comissão, fornecendo-se cópia às partes.Parágrafo único. O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Art. 625-F. As Comissões de Conciliação Prévia têm prazo de dez dias para a realização da sessão de tentativa de conciliação a partir da provocação do interessado.Parágrafo único. Esgotado o prazo sem a realização da sessão, será fornecida, no último dia do prazo, a declaração a que se refere o § 2ºdo Art. 625-D.Art.625-G. O prazo prescricional será suspenso a partir da provocação da Comissão de Conciliação Prévia, recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustrada de conciliação ou do esgotamento do prazo previsto no Art. 625-F.
COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA
Acordo Não há acordo
Título Executivo Extrajudicial Declaração de tentativa (art.876, CLT) Conciliatória frustrada
Eficácia liberatória geral: dáquitação ao contrato de trabalho, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.
3.3.2 COMPARECIMENTO DAS PARTES NA AUDIÊNCIA
O não comparecimento do reclamante na audiência inicial gerará o
arquivamento da reclamatória. E, se o reclamante der causa ao segundo
arquivamento do processo em razão do não comparecimento, perderá o direito de
ingressar com nova ação pelo período de seis meses.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
O não comparecimento do reclamado importará na revelia e na confissão
ficta, ou seja, é uma confissão presumida e não uma confissão real. Caso o
reclamante não compareça na audiência em prosseguimento (instrução e
julgamento) acarretará a confissão ficta, conforme os ensinamentos da súmula 74,
TST.
Obs: se o reclamante apresentar uma RT verbal ao distribuidor e não comparecer
à Vara do Trabalho para reduzir a termo, mesmo que seja a primeira vez que o
fato tenha ocorrido, será impedido de ingressar com nova ação por seis meses
(art. 731, CLT).Art. 844. O não comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.Parágrafo único. Ocorrendo, entretanto, motivo relevante, poderá o presidente suspender o julgamento, designando nova audiência.
Súmula 74. I - Aplica-se a pena de confissão à parte que, expressamente intimada com aquela comunicação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor. II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto com a confissão ficta (art. 400, I, CPC), não implicando cerceamento de defesa o indeferimento de provas posteriores.
Note que as situações apresentadas acima referem-se as conseqüências
do não comparecimento das partes, quadro totalmente distinto daqueles em que
as partes se fazem substituir na audiência.
O reclamante será escusado do comparecimento em audiência somente
por causa de doença ou outro motivo poderoso e será representado pelo sindicato
ou outro empregado da mesma profissão. Já o reclamado pode ser substituído
sempre pelo gerente ou qualquer outro preposto, é uma faculdade legal do
reclamado. Art. 843. Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o reclamado, independente do comparecimento de seus representantes, salvo nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato de sua categoria.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
§ 1º. É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente.§ 2º. Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato.
O preposto deverá estar com a carta de preposição e suas declarações
obrigarão o proponente. Além disso, a súmula 377, TST exige que este seja
empregado do reclamado, excetuando-se desta exigência o micro e pequeno
empresário, que poderá ser substituído por qualquer terceiro que tenha
conhecimento dos fatos; e as reclamações de domésticas, nas quais o reclamado
poderá ser substituído por outro membro família.
Súmula 377. Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra o micro e pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.
Quando Por quemRECLAMANTE Em caso de doença, ou
outro motivo poderoso.Por outro empregado da mesma profissão ou pelo sindicato.
RECLAMADO
Sempre
Gerente ou outro preposto. Será necessariamente empregado da empresa, salvo os casos previstos Súmula 377, TST.
3.3.3 ATOS, PRAZOS E TERMOS
CITAÇÃO X INTIMAÇÃO
É o ato pelo qual se chama a juízo É o ato pelo qual se dá ciência a
o réu ou o interessado a fim de se alguém dos atos e termos do
defender (art. 213, CPC) processo, para que faça ou deixe
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
de fazer alguma coisa (art. 234, CPC).
Observe que a CLT utiliza o vocábulo “notificação” ora como sinônimo de
citação, ora como sinônimo de intimação.
A notificação postal é a regra no processo do trabalho. O reclamante ajuíza
a reclamatória trabalhista perante a Justiça do Trabalho, esta será distribuída para
uma Vara do Trabalho. A partir do momento em que a petição inicial foi recebida,
o escrivão possui um prazo de 48 horas para enviar uma notificação postal ao
reclamado, na qual constará a segunda via da RT, bem como a data de audiência
para a apresentação de defesa.
Art. 841. Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou chefe de secretaria, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência de julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.§ 1º. A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo.§ 2º. O reclamante será notificado no ato da apresentação da reclamação ou na forma do parágrafo anterior.
A data da audiência será designada a partir de cinco dias, contados
somente após 48 horas do envio da notificação postal, este prazo configura a 1ª
desimpedida. A contagem do prazo inicia-se depois de 48 horas, pois a partir
deste momento presume-se recebida a notificação postal pelo reclamado,
garantindo-lhe o prazo de cinco dias para a elaboração de sua defesa.
A notificação por qualquer pessoa: empregados, zeladores, pessoa com
poderes, caixa postal.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Súmula 16, TST. Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua postagem. O seu não recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constitui ônus de prova do destinatário.
Verifique o esquema com todas as fases para facilitar a memorização:
RECLAMATÓRIA TRABALHISTA
distribuição
VARA DO TRABALHO
48 horas
NOTIFICAÇÃO POSTAL
48 horas
PRESUNÇÃO DE RECEBIMENTO
5 dias – 1ª DESIMPEDIDA
AUDIÊNCIA(apresentação de defesa)
Atenção: em relação aos prazos existem vários dispositivos relevantes!
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
A súmula 1 do TST afirma que se o reclamado for intimado na sexta-feira a
contagem do prazo iniciará no próximo dia útil (por exemplo, segunda-feira, salvo
se não houver expediente).
Súmula 1. Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial será contado da segunda-feira imediata, inclusive, salvo se não houver expediente, caso em que fluirá do dia útil que se seguir.
A súmula 262 do TST também se refere ao início da contagem de prazo, no
entanto quando a intimação é realizada no sábado. Nestes casos, entende o TST
que a intimação será considerada realizada no próximo dia útil (segunda-feira, por
exemplo) e que, diante disso, o prazo começa a fluir no dia seguinte (terça-feira,
por exemplo).
Súmula 262. I - Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil imediato e a contagem, no subseqüente. II - O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (art. 177, § 1º, do RITST) suspendem os prazos recursais.
A OJ 310 da SDI – I do TST traz importante norma em relação aos prazos
processuais. O processo do trabalho admite o litisconsórcio, isto é, a pluralidade
de litigantes no pólo da lide. Também é permitido que os litisconsortes possuam
procuradores diferentes, contudo não gozaram do benefício de ter seus prazos contados em dobro como ocorre no processo civil, posto que é contrário ao
princípio da celeridade processual. OJ 310, SDI – 1, TST. A regra contida no art. 191 do CPC é inaplicável ao processo do trabalho, em face de sua incompatibilidade com o princípio da celeridade inerente ao processo trabalhista.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Apesar de o prazo ser simples para os litisconsortes com procuradores
diferentes no processo do trabalho, o mesmo não se aplica a Fazenda Pública,
pois quando esta for parte seu prazo para contestar será quadruplicado e para
recorrer será dobrado.
Art. 188, CPC. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
4. PETIÇÃO INICIAL – RECLAMATÓRIA TRABALHISTA
4.1 ESTRUTURA COMPLETA DA RECLAMATÓRIA TRABALHISTA
A redação da Reclamatória Trabalhista sempre começará pelo
endereçamento, do mesmo modo que qualquer petição. Em seguida, é
fundamental a qualificação completa das partes, lembre-se que é uma RT, logo é
a peça que dará inicio ao processo. O corpo, propriamente dito da RT, é formado
pelos seguintes tópicos: Preliminar de Mérito, Mérito, Pedidos, Requerimentos Finais e Valor da Causa.
I. Preliminar de MéritoRECLAMATÓRIA II. MéritoTRABALHISTA III. Pedidos IV. Requerimentos Finais V. Valor da causa
PETIÇÃO INICIAL: Os requisitos fundamentais para a elaboração da petição
inicial trabalhista estão presentes nos artigos 840 da CLT e 282 do CPC.
Reclamação Trabalhista escrita: art. 840, caput e §1°, da CLT
Reclamação verbal: art. 840, caput e § 2°, da CLT
O quadro a seguir tem a finalidade de materializar a idéia de uma RT no
processo do trabalho. Esclarece-se que é apenas um modelo para auxiliá-lo na
memorização, assim como na produção de suas próprias peças.
Obs: o modelo foi redigido com espaços maiores e “pulando linhas” apenas por
motivos didáticos e para facilitar a visualização, NÃO SE ACONSELHA
PULAR LINHAS NO EXAME DE ORDEM.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DE ________.
NOME DO RECLAMANTE, nacionalidade, estado civil, profissão,
portador da Cédula de Identidade RG nº, inscrito no CPF sob nº e
no PIS sob o nº, portador da CTPS nº, residente e domiciliado no
endereço completo, vem respeitosamente perante Vossa
Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado
(PROCURAÇÃO EM ANEXO), com escritório profissional no
endereço completo, com fulcro no artigo 840 da CLT, PROPOR:
RECLAMATÓRIA TRABALHISTA
em face de NOME DO RECLAMADO, pessoa jurídica de direito
privado, inscrita no CNPJ sob o nº, estabelecida no endereço
completo, pelas razões de fato e de direito a seguir expostos.
I – PRELIMINAR DE MÉRITOa) Comissão de Conciliação Prévia
b) Tramitação Preferencial do Feito: Idoso (art. 71, Lei 10741/2003)
c) Dissídio que verse exclusivamente sobre salário ou empregador falido: art. 652, §único, CLT
II – MÉRITO (os tópicos são exemplificativos, uma vez que o mérito é dependente da proposta)
1. DO CONTRATO DE TRABALHO
O Reclamante foi admitido pelo Reclamado no dia
________ para exercer a função de _________, a remuneração
percebida era de _______ até a data _________, quando foi
dispensado sem justa causa pelo Reclamado.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
2. DO VÍNCULO DE EMPREGO
§1 Fato
§2 Fundamento
§3 Pedido
ITENS PARA MEMORIZAR(Devem estar presente em toda inicial)
3. DAS VERBAS RESCISÓRIAS
4. MULTA DO ART. 467, CLT
Nos termos deste artigo, o Reclamante requer que o
pagamento das verbas incontroversas seja realizado em primeira
audiência, sob pena da incidência de multa de 50% sobre o valor
correspondente.
5. MULTA DO ART. 477, CLT
O Reclamado não respeitou o prazo para pagamento das
parcelas rescisórias previsto no artigo 477, §6º da CLT. Diante
deste fato, o Reclamante requer a condenação do Reclamado ao
pagamento de multa no valor equivalente ao seu salário,
conforme o §8º do artigo 477 da CLT.
6. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA
O Reclamante requer a incidência de juros e correção
monetária na forma da Lei.
7. RETENÇÕES FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS
O Reclamante requer que as retenções fiscais, bem como
as contribuições previdenciárias sejam calculadas na forma da
Lei.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
III – PEDIDOS
VI - REQUERIMENTOS FINAIS O Reclamante requer a NOTIFICAÇÃO da Reclamada
para apresentar resposta a presente Reclamatória Trabalhista,
sob pena de revelia.
A PRODUÇÃO de todos os meios de PROVAS em direito
admitidos, em especial o depoimento pessoal do representante
legal da Reclamada, sob pena de confissão, oitiva de
testemunhas, prova pericial e juntada de novos documentos.
Por fim, requer a PROCEDÊNCIA da ação, e a
condenação da Reclamada em todos os pedidos supra,
acrescidos de juros e correção monetária.
Atribui-se a causa valor superior a 40 salários mínimos.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local e data.
Nome do Advogado
OAB nº
4.2 ANÁLISE DOS TÓPICOS DA RECLAMATÓRIA TRABALHISTA
I. ENDEREÇAMENTO
O endereçamento é uma análise da competência, tendo em vista que diante
de um caso concreto é necessário verificar a qual órgão pertence a apreciação
daquela lide. O artigo 651 da CLT afirma que a competência é fixada pelo local em
que o empregado presta serviços ao empregador, independente do local de
contratação.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.§ 1º. Quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima.§ 2º. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional disposto em contrário.§ 3º. Em se tratado de empregador que promove realização de atividades fora do lugar do controle de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.
Isto nos permite concluir que o endereçamento da RT é simples, pois
geralmente a competência é do juízo de 1º grau da localidade onde o empregado
prestava o serviço. Exemplo:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ____ VARA DO TRABALHO DE ______________. → Local da prestação do serviço, se a proposta não
informar deixar em branco.
Não há vara definida, pois não distribuição.
Observação: No caso da petição inicial, a maioria dos casos é de competência do
órgão de primeiro grau. No entanto, vale ressaltar que algumas ações são de
competência originária dos Tribunais, por exemplo: dissídios coletivos, mandados
de segurança, ações rescisórias, habeas corpus, conflitos de competência, etc.
O mandado de segurança sempre será impetrado perante as instâncias
superiores, salvo em um caso específico: quando o MS for impetrado contra o ato
de agentes fiscalizadores do Ministério do Trabalho, situação em que o MS será
endereçado ao juiz do trabalho.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
II. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES
Normalmente, a prova da OAB não informa todos os dados necessários
para a qualificação completa das partes. Diante disso, o examinando deverá
utilizar o gênero destes dados (ex: nacionalidade, estado civil, etc.). Não devem
ser inventados dados que não estejam na proposta, sob pena de identificação de
prova.
Exemplo:
NOME DO RECLAMANTE (completo e sem abreviações - caixa alta),
nacionalidade, estado civil, profissão (nota: desempregado não é profissão),
portador da Cédula de Identidade RG nº, inscrito no CPF sob nº e no PIS sob o
nº, portador da CTPS nº, residente e domiciliado no endereço completo, vem
respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado
adiante assinado (PROCURAÇÃO EM ANEXO), com escritório profissional no
endereço completo, com fulcro no artigo 840 da CLT, propor:
RECLAMATÓRIA TRABALHISTA
em face de NOME DO RECLAMADO (completo e sem abreviações - caixa
alta), pessoa jurídica de direito privado (pessoa física, fundação privada etc.),
inscrita no CNPJ sob o nº, estabelecida no endereço completo, pelas razões
de fato e de direito que passa a expor.
Observação: se porventura a ação trabalhista for proposta contra a massa falida,
a inicial deve revelar o nome do síndico e o endereço onde receberá as
notificações. Na qualificação deve constar a razão social precedida da expressão
“Massa Falida”.
III. PRELIMINAR
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
A preliminar de mérito depende do caso concreto, logo não serão todas as
peças que deverão conter o tópico da preliminar. Na RT existem três questões que
devem ser avaliadas a fim de determinar se há necessidade de abrir este tópico
na peça.
a) Comissão de Conciliação Prévia
Já foi abordado que a passagem pela CCP era obrigatória em função do
artigo 625-D, CLT. Contudo, recente concessão de liminar do STF suspendeu a
eficácia deste dispositivo, de modo que a tentativa conciliatória pela CCP nada
mais é do que uma faculdade para o Reclamante.
Observe que, anteriormente, era imprescindível mencionar a passagem do
Reclamante pela CCP e que a tentativa conciliatória foi frustrada, conforme a
declaração em anexo. No entanto, se a proposta fizer qualquer menção a CCP ou
ainda afirme que o cliente não deseja tentar a conciliação, é fundamental que o
examinando redija o tópico das preliminares, explanando que o STF deferiu
parcialmente medidas cautelares em duas ações diretas de inconstitucionalidade
(ADI 2139 e ADI 2160), de forma que a passagem pela CCP é uma faculdade do
autor. Exemplo:
III. PRELIMINAR DE MÉRITOO Reclamante esclarece que não buscou a conciliação com o
Reclamado, por meio da CCP, tendo em vista que esta é uma
faculdade do autor, por força da concessão de duas liminares do STF
em face à ADI 2139 e à ADI 2160, as quais suspenderam a
obrigatoriedade imposta pelo artigo 625-D, CLT.
Este item deve ser elaborado de acordo com as informações trazidas no
problema, não sendo possível criar fatos não constantes na prova.
b) TRAMITAÇÃO PREFERENCIAL DO FEITO
39
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
TRAMITAÇÃO Idoso
PREFERENCIAL Dissídio sobre salário
Dissídio originado pela falência do empregador
Na Justiça do Trabalho é garantida uma tramitação mais célere para os
idosos, por força do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003); para os dissídios que
versem exclusivamente sobre o pagamento de salário (art. 652, § único, CLT), em
razão do caráter alimentar da parcela e, por último, as demandas derivadas da
falência do empregador (art. 652, § único, CLT).
Art. 71, Lei 10.741/2003. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.§ 1˚. O interessado na obtenção da prioridade a que alude este artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o benefício à autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará as providências a serem cumpridas, anotando-se essa circunstância em local visível nos autos do processo.§ 2˚. A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou companheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos.§ 3˚. A prioridade se estende aos processos e procedimentos na Administração Pública, empresas prestadoras de serviços públicos e instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à Defensoria Publica da União, dos Estados e do Distrito Federal em relação aos Serviços de Assistência Judiciária.§ 4˚. Para o atendimento prioritário será garantido ao idoso o fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com a destinação a idosos em local visível e caracteres legíveis.
Art. 652, CLT. Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento:a) conciliar e julgar:I - os dissídios em que pretende o reconhecimento da estabilidade de empregado;II - os dissídios concernentes a remuneração, férias e indenizações por motivo de rescisão do contrato individual de trabalho;
40
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
III - os dissídios resultantes de contratos de empreitadas em que o empreiteiro seja operário ou artífice;IV - os demais dissídios concernentes ao contrato individual de trabalho;V -as ações entre trabalhadores portuário e os operadores portuários ou o Órgão Gestor de Mão-de-Obra - OGMO decorrentes da relação do trabalho. b) processar e julgar os inquéritos para apuração de falta grave;c) julgar os embargos opostos às suas próprias decisões;d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua competência;e) (Suprimida pelo DL-006.353-1944)Parágrafo único. Terão preferência para julgamento os dissídios sobre pagamento de salário e aqueles que derivarem da falência do empregador, podendo o Presidente da Junta, a pedido do interessado, contrair processo em separado, sempre que a reclamação também versar sobre outros assuntos.
IV. MÉRITO
A CLT só faz referência aos fatos, mas estes, conjugados com os
fundamentos jurídicos, compõe o fator mais importante da peça inicial: a causa de
pedir.
Fatos + Fundamentos Jurídicos = Causa de Pedir
Desta forma, redija um tópico para cada questão do problema, abordando o
fato, o direito e o pedido. Demonstrar a ligação entre o fato e o fundamento
jurídico, que alicerça o requerimento (pedido).
É aconselhável listar todos os pontos que serão abordados na peça, com o
intuito de apresentá-los em ordem cronológica e da maneira mais lógica possível
(primeiramente, expor os pedidos principais e, logo após, os pedidos acessórios).
O ideal é ser claro e objetivo, limite-se as informações essenciais.
Atenção: os fatos narrados não podem ser inventados, o examinando está restrito
as informações da proposta. Na falta de dados o mais indicado é deixar
41
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
um espaço em branco, como no tópico DO CONTRATO DE
TRABALHO.
A seguir serão abordados os principais aspectos dos pedidos a serem
realizados na reclamatória trabalhista.
a) CONTRATO DE TRABALHO
Este é o primeiro tópico a ser abordado no mérito e sempre deverá estar
presente na RT, sendo necessário relacionar as seguintes informações da relação
jurídica mantida pelas partes: data de admissão e dispensa, função exercida e
remuneração.
CONTRATO Admissão
DE TRABALHO Função
Salário
Demissão
O Reclamante foi admitido em 01 de dezembro de 2004, para
exercer a função de auxiliar administrativo. Em 30 de novembro de 2006 foi
dispensado sem justa causa. Sua última remuneração foi equivalente a R$
600,00 (seiscentos reais).
É possível que a prova não traga todos estes dados ou talvez não informe
nenhum deles. Suponha que a proposta tenha informado apenas a função do
Reclamante, veja o exemplo:
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
O Reclamante foi admitido pelo Reclamado no dia ________
para exercer a função de auxiliar administrativo, a remuneração percebida
era de _______ até a data _________, quando foi dispensado sem justa
causa pelo Reclamado.
b) RECONHECIMENTO DO VÍNCULO DE EMPREGO
Sempre que o problema mencionar que o Reclamante foi contratado como
autônomo ou estagiário, etc, mas no decorrer da proposta consta que o autor era
subordinado e prestava o serviço com habitualidade, é necessário pleitear o
reconhecimento do vínculo de emprego, bem como a anotação na CTPS do
Reclamante.
É indispensável que neste tópico estejam presentes os arts. 2º e 3º da CLT,
os quais caracterizam a relação de emprego através da subordinação,
habitualidade, pessoalidade e contraprestação pelos serviços.
Exemplo:
A Reclamante foi admitida como diarista para trabalhar na residência
da Reclamada. Nos últimos dois anos, a Reclamante laborava todos os dias
da semana, salvo os sábados e domingos. (Fato)A Reclamante cumpria a jornada de trabalho diária executando as
ordens emitidas pela Reclamada, demonstrando claramente a
subordinação. Laborava de segunda a sexta-feira e diante de qualquer
imprevisto não podia se fazer substituir por outra pessoa, nota-se não só a
habitualidade como também a pessoalidade deste contrato de trabalho. Sua
remuneração era paga mensalmente pela Reclamada. Restam
comprovados todos os requisitos legais exigidos pelo artigo 3º da CLT.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
(Fundamento)Diante do exposto, requer o reconhecimento do vínculo empregatício,
com base nos artigos 2º e 3º da CLT, bem como requer que a Reclamada
seja compelida a realizar as devidas anotações na CTPS da Reclamante,
sob pena da anotação ser realizada pela Secretaria desta MM.ª Vara,
conforme determina o artigo 39 e seus parágrafos, da CLT. (Pedido)
Nota: repare que o exemplo possui três parágrafos, sendo que o primeiro aborda,
resumidamente, os fatos; o segundo abrange a fundamentação jurídica e o último
contém o pedido. Estabeleça este padrão, pois facilitará a elaboração da peça,
além de economizar tempo no momento da prova.
c) RESPONSABILIDADE PATRONAL
São aquelas relações mais complexas que envolvem mais de um
empregador, logo é preciso analisar a situação do empregador e a extensão da
responsabilidade em relação aos créditos trabalhistas.
Sucessão de empregadores
RESPONSABILIDADE Grupo econômico
PATRONAL Terceirização
Empreitada e Subempreitada
► Sucessão de empregadores
No Direito do Trabalho a sucessão não possui o mesmo significado que nos
demais ramos do Direito. Aqui, exprime a idéia de substituição de empregadores.
Segundo os ensinamentos de Alice Monteiro de Barros, a sucessão
pressupõe os seguintes requisitos: “mudança na estrutura jurídica ou na
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
propriedade da empresa; continuidade do ramo do negócio; continuidade dos
contratos de trabalho com a unidade econômica de produção e não com a pessoa
natural que a explora. Este último requisito não é imprescindível para que haja
sucessão, pois poderá ocorrer que o empregador dispense seus empregados
antes da transferência da empresa, sem lhes pagar os direitos sociais”.3
Os artigos 10 e 448 da CLT afirmam que a sucessão não alterará os
direitos adquiridos de seus empregados e que a responsabilidade trabalhista é do
sucessor. São normas imperativas, portanto não cabe às partes a disposição
destes artigos, conforme a sua vontade individual.
Art. 10. Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados.
Art. 448. A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalhos dos respectivos empregados.
A sucessão transfere para o sucessor todas as obrigações decorrentes do
contrato de trabalho, não há nenhuma responsabilidade do sucedido. Diante disso,
a RT deve ser sempre proposta somente em face do sucessor.
Lembrete: caso o problema aborde a sucessão de bancos, a OJ 261 da SDI-1
expressa o entendimento do TST, que corrobora a disposição dos artigos da CLT.
OJ 261, SDI – 1, TST. As obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e deveres contratuais, caracterizando típica sucessão trabalhista.
► Grupo econômico
3 BARROS. Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 5.ed. rev e ampl. São Paulo: Ltr, 2009. p. 390.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
A melhor definição de grupo econômico encontra-se no artigo 2, §2º da
CLT: “Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas,
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração
de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade
econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente
responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.”
Grupo econômico é considerado um empregador único, logo nada mais
lógico do que sua responsabilidade ser solidária. Inclusive, é possível que uma
empresa componente do grupo econômico responda com seu patrimônio uma
execução trabalhista, mesmo que não tenha sido sujeito passivo na RT.
Neste sentido, o TST editou a súmula 129, a qual afirma que o trabalho
prestado pelo empregado, durante a mesma jornada, para mais de uma empresa
do grupo econômico, não gera duplo contrato de trabalho por se tratar de
empregador único, salvo disposição em contrário.
Súmula 129. A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário.
Nota: O grupo econômico de empresas rurais está previsto no art. 3º, § 2º da Lei
5.889/73.
Assim, conclui-se que nas hipóteses em que restar configurado o grupo
econômico a RT deve ser proposta em face de todas as empresas do grupo, requerendo a condenação solidária destas empresas.
► Terceirização
A terceirização consiste em uma relação jurídica triangular em que a
empresa prestadora dos serviços realiza determinado e específico serviço à
empresa tomadora, podendo ser lícita ou ilícita. A diferenciação entre a
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
terceirização lícita e a terceirização ilícita é muito importante, tendo em vista que
influenciará diretamente na responsabilidade da empresa tomadora dos serviços.
Não há legislação específica acerca da terceirização, de modo que o TST,
por intermédio da Súmula 331, regulou esta prática.
SÚMULA 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE. I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988).III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta.IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da relação processual e constem também do título executivo judicial (art. 71 da Lei nº 8.666, de 21.06.1993).
No inciso I, o TST pondera que a terceirização é ilícita, exceto diante de
trabalho temporário. O inciso III, por sua vez, também apresenta hipóteses que
caracterizariam terceirizações lícitas: serviços de vigilância, serviços de
conservação e limpeza e os demais serviços especializados que não estejam
relacionados com a atividade fim do tomador de serviços.
O inciso II visou garantir efetividade ao artigo 37, II da CF/88, o qual afirma
que o vínculo de emprego com a Administração Pública depende de prévia
aprovação em concurso público. Portanto, entendeu o TST que mesmo diante de
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
uma terceirização ilícita, se a Administração Pública Direta ou Indireta for a
tomadora de serviços não haverá vínculo de emprego.
Em relação à responsabilidade da empresa tomadora de serviços quanto
aos débitos trabalhistas, sustenta o TST, no inciso IV, que a responsabilidade
será subsidiária, inclusive para a Administração Pública. Fundamenta o Tribunal
que o tomador de serviços tem culpa in elegendo e in vigilando, isto é, o tomador
de serviços que optou pela empresa terceirizada, além de ter o dever de fiscalizar
o pagamento aos empregados.
Notas:1. Trabalhador temporário: a Lei 6019/74 admite este tipo de contratação
para atender uma necessidade transitória de substituição de pessoal ou
quando houver um acréscimo extraordinário de serviços, por exemplo
fábrica de chocolate no mês da páscoa. Este contrato de trabalho não pode
ultrapassar o prazo máximo de três meses.
2. Serviços de vigilância: o TST não se refere ao vigia, mas sim ao vigilante
que possui treinamento, porte de armas, etc. É uma atividade altamente
especializada, regulada pela Lei 7102/83. Ademais, não podem estar
presentes a subordinação e a pessoalidade na prestação de serviços.
3. Responsabilidade Subsidiária: é aquela em que a empresa tomadora de
serviços será responsabilizada pelo passivo trabalhista apenas se o patrimônio da
empresa terceirizada não for suficiente para quitar o débito.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Observe o quadro de resumo das hipóteses de terceirização lícita e
terceirização ilícita.
TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA
Serviços especializados ligados à
atividade meio do tomador
Trabalho temporário
Atividades de vigilância
Conservação e limpeza
Qualquer terceirização que não esteja
de acordo com uma das exceções
previstas na Súmula 331 do TST.
Também será ilícita se nas hipóteses de
vigilância, conservação e limpeza e
serviços especializados ligados a
atividade meio do tomador estiverem
presentes a pessoalidade e
subordinação direta entre trabalhador
terceirizado e tomador de serviços.
Qualquer terceirização que esteja
relacionada a atividade fim do tomador
de serviços será considerada ilícita.
Principais Características da Terceirização (segundo a Instrução Normativa nº 03, de 1º de setembro de 1997, advinda do Ministro de Estado de Trabalho)
• A empresa prestadora de serviços contrata, remunera e dirige o trabalho
realizado por seus empregados (art. 2º, §5º);
• As relações de trabalho entre a empresa prestadora de serviços e seus
empregados são disciplinadas pela Consolidação das Leis do Trabalho (art. 2º,
§2º);
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
• Os empregados da empresa prestadora de serviços não estão subordinados ao
poder diretivo, técnico e disciplinar da empresa contratante (art. 2º, § 6º);
• Em se tratando de empresas do mesmo grupo econômico, onde a prestação de
serviços se dê junto a uma delas, o vínculo empregatício se estabelece entre a
contratante e o trabalhador colocado à sua disposição nos termos do art. 2º da
CLT (art. 3º, §3º); e
• As relações entre a empresa prestadora de serviços e a empresa contratante são
regidas pela lei civil (art. 2º, §1º).
Conclui-se que se a problema apresentar um caso de terceirização é
fundamental a definição se está é lícita ou ilícita. Veja:
Terceirização Lícita: a RT será proposta em face da empresa prestadora de
serviços, e, sucessivamente, em face da empresa
tomadora de serviços, requerendo a sua responsabilização
de forma subsidiária.
Terceirização Ilícita: a RT deverá postular o reconhecimento do vínculo de
emprego com o tomador de serviços, e, sucessivamente,
caso não seja reconhecida a ilicitude da terceirização,
condenação subsidiária da tomadora de serviços.
Exemplo – Terceirização Lícita: condenação Subsidiária
Muito embora o Reclamante tenha sido contratado pela primeira
Reclamada (empresa terceirizada), prestou serviços de vigilância para a segunda
Reclamada (tomadora de serviços) durante todo o pacto laboral, assim como os
demais vigilantes empregados pela primeira Reclamada. (Fato) Resta caracterizada a hipótese de terceirização prevista na Súmula 331,
inciso III do TST, segundo a qual não há formação direta de vínculo de emprego
50
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
com o tomador na contratação de serviços de vigilância, desde que inexistente a
pessoalidade e a subordinação direta. No entanto, diante do inadimplemento das
obrigações trabalhistas, por parte do empregador, há responsabilidade subsidiária
do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, nos termos do inciso IV da
súmula 331, TST. (Fundamento) Deste modo, requer a condenação subsidiária da empresa tomadora de
serviços, com base no inciso IV da Súmula 331, TST, para que diante do
inadimplemento da empresa prestadora de serviços, seja a segunda Reclamada
responsável pelo pagamento, uma vez que tem culpa in elegendo e in vigilando.
(Pedido)
► Empreitada e subempreitada
O contrato de empreitada é aquele em que “uma das partes (o empreiteiro)
se obriga, sem subordinação ou dependência, a realizar certo trabalho para a
outra (dono da obra), com material próprio ou por este fornecido, mediante
remuneração global ou proporcional ao trabalho executado.”4
O artigo 455, CLT prevê a responsabilidade do empreiteiro, bem como do
subempreiteiro nesta modalidade de “contrato pelo qual o empreiteiro principal,
não considerando conveniente executar todas as obras ou serviços que lhe foram
confiados, os transfere para outrem (pessoa física ou jurídica) chamado
subempreiteiro, que se encarrega de executá-los com seus próprios elementos,
inclusive com seus trabalhadores.”5
Art. 455. Nos contratos de subempreitada responderá o subempreiteiro pelas obrigações derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia, aos empregados, o direto de reclamação contra o empreiteiro principal pelo inadimplemento daquelas obrigações por parte do primeiro.
4 PEREIRA. Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. v. 3. Rio de Janeiro: Forense, 1998. p. 201.
5 BARROS. Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 5.ed. rev e ampl. São Paulo: Ltr, 2009. p. 383.
51
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Além deste dispositivo, o TST editou a OJ 191, SDI – 1, a fim de
interromper a interpretação analógica de parte da doutrina, segundo a qual o dono
da obra também seria responsável pelo passivo trabalhista nesta modalidade de
contrato. O Tribunal interpretou o artigo restritivamente afirmando que o dono da
obra não tem responsabilidade nestes casos, exceto quando o dono da obra for
construtora ou incorporadora.
Note que a exceção prevista pela OJ é coerente, uma vez que as
construtoras e incorporadoras possuem como atividade fim a mesma atividade dos
contratos de empreitada. Logo, esta seria uma hipótese de terceirização ilícita, o
que geraria não apenas a responsabilização do dono da obra, mas também a
formação de vínculo de emprego diretamente com o mesmo, de acordo com o
entendimento proferido pela súmula 331 do TST.
OJ 191, SDI – 1, TST. Diante da inexistência de previsão legal, o contrato de empreitada entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora.
Com base no artigo 455, CLT, consolida-se que nos casos de contrato de
empreitada, a Reclamatória Trabalhista deverá ser proposta em face do empreiteiro principal e do subempreiteiro. A inicial será proposta em face do
dono da obra somente nos casos de empresas construtoras ou incorporadoras,
exceção prevista pela OJ 191 da SDI-1 do TST.
d) REMUNERAÇÃO
► Salário, salário in natura e remuneração
A sistemática adotada pela CLT (art.457), salário é a retribuição dos
serviços prestados paga diretamente pelo empregador, enquanto a remuneração
seria a soma dos salários pagos pelo empregador incluindo outras importâncias
52
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
auferidas de terceiros em decorrência do contrato de trabalho, por exemplo as
gorjetas.
Firmou-se a prática de se utilizar a expressão salário para designar o
salário-base, ou seja, o salário em sentido estrito e a expressão remuneração, ou
conjunto remuneratório, para designar o conjunto de parcelas salariais que
eventualmente compõem a remuneração: salário-base, adicional de
periculosidade, adicional de produtividade, etc.
Art. 457. Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.§ 1º. Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador.§ 2º. Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedem de cinqüenta por centro do salário percebido pelo empregado.§ 3º. Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como adicional nas contas a qualquer título, e destinada à distribuição aos empregados.
Depreende-se dos artigos 457 e 458 da CLT que a remuneração do
empregado é composta das seguintes verbas:
→ salário pago diretamente pelo empregador, incluindo-se o salário em
sentido estrito e os adicionais de insalubridade, periculosidade, por tempo
de serviço, de transferência, etc.;
→ as gorjetas, a legislação vigente estabelece que as gorjetas pagas pelos
clientes da empresa, mesmo que diretamente ao empregado, integram a
remuneração do mesmo, para cálculo de férias e 13º salários (art. 29, §1º,
CLT e Súmula 354, TST);
→ as comissões, percentagens, gratificações, diárias de viagem (desde que
ultrapassem a 50% do salário) e os abonos pagos pelo empregador;
53
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
→ a alimentação, a habitação, o vestuário, bem como outras parcelas ditas in
natura, fornecidas habitualmente ao empregado, sendo proibido o
pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas.
Art. 458. Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações in natura que a empresa, por força do contrato ou costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas.§ 1º. Os valores atribuídos às prestações in natura deverão ser justos e razoáveis, não podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes do salário mínimo (arts. 81 e 82).§ 2º. Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador:I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço;II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático;III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público;IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde;V – seguros de vida e de acidentes pessoais;VI – previdência privada;VII – (vetado)§ 3º. A habitação e a alimentação fornecidas como salário utilidade deverão atender aos fins a que se destinam e não poderão exceder, respectivamente, a 25% (vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do salário contratual.§ 4º. Tratando-se de habitação coletiva, o valor do salário utilidade a ela correspondente será obtido mediante a divisão do justo valor da habitação pelo número de co-ocupantes, vedada, em qualquer hipótese, a utilização da mesma unidade residencial por mais de uma família.
O caput do artigo 458, CLT trata do salário pago em utilidades como
habitação, alimentação, vestuário, etc. é o chamado salário in natura. O §2º, deste
54
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
artigo, apresenta um rol de utilidades, que não têm natureza salarial, ainda que
sejam concedidas pelo trabalho.
Em relação ao salário é relevante o conhecimento de algumas súmulas do
TST. A súmula 241 e 367 do TST estão relacionadas ao artigo 458, CLT:
Súmula 241, TST. O vale para refeição, fornecido por força do contrato de trabalho, tem caráter salarial, integrando a remuneração do empregado, para todos os efeitos legais.
Súmula 367, TST. I - A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao empregado, quando indispensáveis para a realização do trabalho, não têm natureza salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo empregado também em atividades particulares. II - O cigarro não se considera salário utilidade em face de sua nocividade à saúde.
Atenção: a OJ 133 da SDI – 1, TST prevê uma exceção à súmula 241, em
relação as empresas inscritas no PAT (programa de alimentação ao trabalhador).
OJ 133, SDI – 1, TST. A ajuda alimentação fornecida por empresa participante do programa de alimentação ao trabalhador, instituído pela Lei 6321/76, não tem caráter salarial. Portanto, não integra o salário para nenhum efeito legal.
Já a súmula 258 do TST está interligada ao §3º do artigo 458, CLT:
Súmula 258, TST. Os percentuais fixados em lei relativos ao salário "in natura" apenas se referem às hipóteses em que o empregado percebe salário mínimo, apurando-se, nas demais, o real valor da utilidade.
O art. 457, § 3º estabelece que as gorjetas cobradas do cliente ou pagas
diretamente sob a forma de taxa de serviço ou dada espontaneamente por este
integram a remuneração do empregado. Neste sentido, tem-se a súmula 354 do
TST, segundo a qual as gorjetas não servem de base de cálculo para as parcelas
de aviso prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado.
CONTUDO, integram o cálculo de férias e 13º salário.
55
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Súmula 354, TST. As gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes, integram a remuneração do empregado, não servindo de base de cálculo para as parcelas de aviso prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado.
É necessário tecer algumas considerações gerais sobre o pagamento dos
salários:
a) o pagamento não poderá ser estipulado por período superior a um mês,
salvo comissões, percentagens e gratificações, e deve ser feito até o quinto
dia útil do mês subseqüente ao vencido (art. 459, CLT); após esta data
incidirá o índice de correção monetária do mês posterior ao da prestação
dos serviços (Súmula 381, TST);
b) o pagamento dos salário será efetuado em dia útil e no local de trabalho,
dentro do horário do serviço ou imediatamente após o encerramento deste,
podendo ser realizado através de depósito bancário, caso em que terá força
de recibo o comprovante de depósito (art. 464 e art. 465, CLT);
c) O pagamento do salário deverá ser efetuado contra recibo, assinado pelo
empregado. Caso este seja analfabeto a prova do pagamento se dá
mediante impressão digital, ou, não sendo esta possível, a seu rogo (art.
464, CLT).
d) Não se encontra mais em vigor o art. 503 da CLT que permitia a redução
do salário em caso de força maior ou prejuízos devidamente comprovados,
ante a irredutibilidade salarial prevista no art. 7º, VI da Constituição Federal.
► Salário complessivo
O salário em sentido amplo pode ser composto de diversas parcelas:
salário-base, adicionais diversos (de insalubridade, de periculosidade, adicional
noturno, etc.), comissões, horas extras, etc.
Ocorre o chamado salário complessivo quando se estabelece uma
retribuição fixa para quitar, de forma global, vários direitos do empregado.
56
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
O salário complessivo é vedado pelo direito brasileiro, por conseguinte a
cláusula contratual que estabelece o chamado salário complessivo é nula. Neste
caso, a parcela fixa representa tão somente o salário-base do empregado, como
prevê a Súmula 91 do TST:Súmula 91, TST. Nula é a cláusula contratual que fixa determinada importância ou percentagem para atender englobadamente vários direitos legais ou contratuais do trabalhador.
► Equiparação salarial
Art. 461, CLT. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao
mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem
distinção de sexo, nacionalidade ou idade.
§ 1º – Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com
igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja
diferença de tempo de serviço não for superior a 2 (dois) anos.
§ 2º – Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira, hipótese em que as
promoções deverão obedecer aos critérios de antigüidade e merecimento.
§ 3º – No caso do parágrafo anterior, as promoções deverão ser feitas
alternadamente por merecimento e por antigüidade, dentro de cada categoria
profissional.
§ 4º – O trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência física
ou mental atestada pelo órgão competente da Previdência Social não servirá de
paradigma para fins de equiparação salarial.
57
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Interpretação do TST quanto aos requisitos da equiparação salarial(Súmula 6, TST)
Súmula 6, TST. I - Para os fins previstos no § 2º do art. 461 da CLT, só é válido o
quadro de pessoal organizado em carreira quando homologado pelo Ministério do
Trabalho, excluindo-se, apenas, dessa exigência o quadro de carreira das
entidades de direito público da administração direta, autárquica e fundacional
aprovado por ato administrativo da autoridade competente.
II - Para efeito de equiparação de salários em caso de trabalho igual, conta-se o
tempo de serviço na função e não no emprego.
III - A equiparação salarial só é possível se o empregado e o paradigma
exercerem a mesma função, desempenhando as mesmas tarefas, não importando
se os cargos têm, ou não, a mesma denominação.
IV - É desnecessário que, ao tempo da reclamação sobre equiparação salarial,
reclamante e paradigma estejam a serviço do estabelecimento, desde que o
pedido se relacione com situação pretérita.
V - A cessão de empregados não exclui a equiparação salarial, embora exercida a
função em órgão governamental estranho à cedente, se esta responde pelos
salários do paradigma e do reclamante.
VI - Presentes os pressupostos do art. 461 da CLT, é irrelevante a circunstância
de que o desnível salarial tenha origem em decisão judicial que beneficiou o
paradigma, exceto se decorrente de vantagem pessoal ou de tese jurídica
superada pela jurisprudência de Corte Superior.
VII - Desde que atendidos os requisitos do art. 461 da CLT, é possível a
equiparação salarial de trabalho intelectual, que pode ser avaliado por sua
perfeição técnica, cuja aferição terá critérios objetivos.
VIII - É do empregador o ônus da prova do fato impeditivo, modificativo ou
extintivo da equiparação salarial.
IX - Na ação de equiparação salarial, a prescrição é parcial e só alcança as
diferenças salariais vencidas no período de 5 (cinco) anos que precedeu o
ajuizamento.
58
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
X - O conceito de "mesma localidade" de que trata o art. 461 da CLT refere-se, em
princípio, ao mesmo município, ou a municípios distintos que, comprovadamente,
pertençam à mesma região metropolitana.
e) REFLEXOS
AVISO PRÉVIO
PARCELAS REFLEXOS 13° SALÁRIO
HABITUAIS FÉRIAS + 1/3
FGTS (DEPÓSITOS E MULTA)
Os reflexos das verbas trabalhistas estão interligados a natureza jurídica
desta verba. As parcelas de cunho indenizatório, por exemplo, não refletem nas
outras verbas oriundas do contrato de trabalho.
Já o adicional de insalubridade é uma parcela devida ao empregado que
trabalha sob condições nocivas à saúde. Este acréscimo integra o salário do
empregado, que reflete em diversas verbas trabalhistas como o aviso prévio,
férias, décimo terceiro salário, etc.
Outra característica dos reflexos é a habitualidade. Por exemplo, as horas
extras prestadas com habitualidade também refletirão nas demais verbas
trabalhistas.
Os reflexos atingem as seguintes verbas: aviso prévio, décimo terceiro
salário, férias acrescidas do terço constitucional e FGTS (depósitos e multa de
40%).
59
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
► Reflexos e o Descanso Semanal Remunerado
O repouso semanal remunerado é o valor do salário dia, o empregado
recebe no seu descanso o mesmo valor do dia trabalhado. Portanto, é necessário
analisar se a verba pleiteada já engloba ou não o DSR.
De um modo geral, as verbas que incidem sobre o valor do salário
automaticamente incluirão o DSR, por exemplo: adicional de periculosidade,
adicional de insalubridade, equiparação salarial, salário in natura, dentre outros.
Contudo, as verbas que incidem sobre a hora de trabalho não incluem o
DSR. São exemplos: horas extras, intervalo intrajornada, intervalo interjornada,
horas in itinere, horas de sobreaviso, etc. Nestes casos, os reflexos serão
pleiteados no descanso semanal remunerado E COM ESTE EM aviso prévio,
décimo terceiro salário, férias acrescidas do terço constitucional e FGTS
(depósitos e multa de 40%).
Os quadros abaixo apresentam alguns exemplos da forma do pedido das
verbas trabalhistas e seus reflexos.
ADICIONAL CALCULADO SOB O INCLUÍDO O PERICULOSIDADE SALÁRIO BASE DSR
Diante do exposto, requer a condenação do Reclamado ao
pagamento do adicional de periculosidade, calculada sob o salário
base na razão de 30%, BEM COMO os reflexos em aviso prévio,
décimo terceiro salário, férias acrescidas do terço constitucional e
FGTS (depósitos e multa de 40%).
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
HE CALCULADA SOB O DSRHABITUAIS VALOR DA HORA EXCLUÍDO
Diante do exposto, requer a condenação do Reclamado ao
pagamento de horas extras assim consideradas as excedentes a
oitava diária e a quadragésima quarta semanal, acrescidas de 50%,
BEM COMO os reflexos em DSR E COM ESTE EM aviso prévio,
décimo terceiro salário, férias acrescidas do terço constitucional e
FGTS (depósitos e multa de 40%).
INTERVALO SUPRESSÃO REFLEXOS DSRINTRAJORNADA HABITUAL EXCLUÍDO
Diante do exposto, requer a condenação do Reclamado
ao pagamento da hora cheia, acrescida do adicional de 50%, BEM
COMO os reflexos em DSR E COM ESTE EM aviso prévio, décimo
terceiro salário, férias acrescidas do terço constitucional e FGTS
(depósitos e multa de 40%).
f) DURAÇÃO DO TRABALHO
Vários doutrinadores distinguem as expressões: jornada de trabalho e
horário de trabalho.
Alice Monteiro de Barros leciona que “jornada é o período, durante um dia
em que o empregado permanece à disposição do empregador, trabalhando ou
aguardando ordens (art. 4°, CLT). Já o horário de trabalho abrange o período que
61
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
vai do início ao término da jornada, como também os intervalos que existem
durante o seu cumprimento.”6
Art. 4, CLT. Considera-se como de serviço o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada.Parágrafo único. Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e estabilidade, os períodos em que o empregado estiver afastado prestando serviço militar e por motivo de acidente do trabalho.
No Brasil o limite diário da jornada de trabalho é de 8 (oito) horas diárias,
enquanto o limite semanal não deve ultrapassar 44 horas, conforme o art. 7º, XIII
da Constituição Federal.
Art. 7, CF. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho[...]
O art. 58, caput, CLT corrobora a norma constitucional:
Art. 58, CLT. A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite.§ 1º Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. § 2º O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de
6 BARROS. Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 5.ed. rev e ampl. São Paulo: Ltr, 2009. p. 662.
62
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
difícil acesso ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução. § 3º Poderão ser fixados, para as microempresas e empresas de pequeno porte, por meio de acordo ou convenção coletiva, em caso de transporte fornecido pelo empregador, em local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o tempo médio despendido pelo empregado, bem como a forma e a natureza da remuneração.
Observe que há dois limites legais para a jornada de trabalho: o limite diário
de 8 horas e o limite semanal de 44 horas. Ambos devem ser respeitados para
que não haja a obrigação de pagar as horas extras.
Atenção: alguns empregados, elencados no artigo 62, CLT, estão excluídos da
proteção da jornada de trabalho:
a) os empregados que exercem atividade externa incompatível com a
fixação de horário de trabalho;
b) os gerentes que exerçam cargos de gestão e recebem acréscimo
salarial igual ou superior a 40% do cargo efetivo;
c) empregado doméstico.
Art. 62. Não se compreendem no regime deste capítulo:I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados;II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial.Parágrafo único. O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento).
A ressalva é relevante, pois estes empregados não têm direito às horas
extras, SALVO quando o empregador tem controle das horas trabalhadas. Em
63
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
relação ao controle de jornada realizado pelo empregador é importante mencionar
a OJ 332, SDI – 1, TST:OJ 332. Motorista. Horas extras. Atividade externa. Controle de jornada por tacógrafo. Resolução n. 816/86 do CONTRAN. O tacógrafo, por si só, sem a existência de outros elementos, não serve para controlar a jornada de trabalho de empregado que exerce atividade externa.
Os horários de trabalho do empregado devem ser observados
minuciosamente, com o intuito de examinar se todos os limites legais foram
impostos e, se for o caso, pleitear as horas extras ou intervalos legais (intrajornada
e interjornada) ou adicional noturno ou domingos e feriados trabalhados ou horas
in itinere ou horas de sobreaviso, etc.
O pedido de pagamento dessas verbas deve ser realizado, com integração
à remuneração do trabalhador, para todos os efeitos legais, com reflexos em
descanso semanal remunerado e com este em aviso prévio, décimo terceiro
salário, férias acrescidas do terço constitucional e FGTS (depósitos e multa de
40%), conforme será analisado nos exemplos abaixo.
► Horas extras
A hora extraordinária é aquela que ultrapassa a jornada normal de cada
empregado, seja ela legal (oito horas diárias) ou convencional. Esta hora
trabalhada em sobretempo à jornada regular será acrescida do adicional de, no
mínimo, 50% (cinquenta por cento).
Art. 7, CF. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; [...]
Art. 59, CLT. A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas suplementares, em número não excedente de duas, mediante acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de trabalho.
64
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
§ 1º. Do acordo ou do contrato coletivo de trabalho deverá constar, obrigatoriamente, a importância remuneração da hora suplementar, que será, pelo menos, 50% (cinqüenta por cento) superior à da hora normal.§ 2º. Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias.§ 3º. Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral da jornada extraordinária, na forma do parágrafo anterior, fará o trabalhador jus ao pagamento das horas extras não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão.§ 4º. Os empregados sob o regime de tempo parcial não poderão prestar horas extras.
Súmula 264, TST. A remuneração do serviço suplementar é composta do valor da hora normal, integrado por parcelas de natureza salarial e acrescido do adicional previsto em lei, contrato, acordo, convenção coletiva ou sentença normativa.
Conclui-se que o adicional de, no mínimo, 50% calculado sobre a hora
normal será devido em todas as hipóteses de prorrogação de jornada, EXCETO diante de acordo de compensação de horas.
Súmula 85, TST. REGIME DE COMPENSAÇÃO DE HORÁRIO SEMANAL - PAGAMENTO DAS HORAS EXCEDENTES. I - A compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva.II - O acordo individual para compensação de horas é válido, salvo se houver norma coletiva em sentido contrário. III - O mero não-atendimento das exigências legais para a compensação de jornada, inclusive quando encetada mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária, se não dilatada a jornada máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional.IV - A prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de compensação de jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a jornada semanal normal deverão ser pagas como
65
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
horas extraordinárias e, quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o adicional por trabalho extraordinário.
Súmula 349, TST. VALIDADE DO ACORDO OU CONVENÇÃO COLETIVA DE COMPENSAÇÃO DE JORNADA DE TRABALHO EM ATIVIDADE INSALUBRE. A validade de acordo coletivo ou convenção coletiva de compensação de jornada de trabalho em atividade insalubre prescinde da inspeção prévia da autoridade competente em matéria de higiene do trabalho (art. 7º, XIII, da CF/1988; art. 60 da CLT).
OJ/SDI-I 323, SDI – 1, TST. ACORDO DE COMPENSAÇÃO DE JORNADA. SEMANA ESPANHOLA. VALUDADE. É válido o sistema de compensação de horário quando a jornada adotada é a denominada “semana espanhola”, que alterna a prestação de 48 horas em uma semana e 40 em outra, não violando os art. 59, § 2º, da CLT e 7º, XIII, da CF/88 o seu ajuste mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.
Acrescenta-se, ainda, que o caput do artigo 59 determina que a duração do
trabalho extraordinário não poderá exceder duas horas diárias. No entanto, o
descumprimento desta norma não exime o empregador de indenizar ao
empregado todas as horas suplementares trabalhadas. Neste sentido é o
entendimento do TST proferido na súmula 376:
Súmula 376, TST. I - A limitação legal da jornada suplementar a duas horas diárias não exime o empregador de pagar todas as horas trabalhadas. II - O valor das horas extras habitualmente prestadas integra o cálculo dos haveres trabalhistas, independentemente da limitação prevista no "caput" do art. 59 da CLT.
→ Para aperfeiçoar o estudo das horas extras, vide o entendimento do TST
proferido nas seguintes súmulas e OJ’s:
● Súmulas: 24, 45, 56, 61, 63, 76, 85, 94, 102, 109, 110, 113, 115, 118,
151, 172, 199, 215, 226, 253, 264, 287, 291, 338, 340, 347, 354, 366, 376.
● OJ da SDI – 1, TST: 23, 47, 48, 49, 60, 63, 89, 97, 117, 206, 233,
234, 235, 239, 240, 242, 267, 275, 306, 332.
66
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
● OJ 5, SDI – 2, TST.
Exemplo – Horas Extras
O Reclamante, durante todo o pacto laboral, cumpriu a jornada de
trabalho, que se estendia de segunda-feira a sábado, das 08h00às 20h00,
sendo que nunca recebeu pelas horas suplementares trabalhadas. (Fato)Claramente houve violação do art. 7º, XIII da CF e do artigo 58, CLT,
os quais determinam que é um direito do trabalhador a duração máxima do
trabalho de oito horas diárias e 44 horas semanais. (Fundamento)Ante ao descumprimento dos dispositivos supra, postula-se o
pagamento das horas extraordinárias, assim consideradas todas as horas
excedentes da 8ª diária e 44ª semanal, acrescidas do adicional de 50%, nos
termos do art. 7º, XVI da Constituição Federal. Ademais, requer os devidos
reflexos, diante da habitualidade, em descanso semanal remunerado e com
este em aviso prévio, décimo terceiro salário, férias acrescidas do terço
constitucional e FGTS (depósitos e multa de 40%). (Pedido)
► Horas in itinere
O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu
retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de
trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso ou não servido de
transporte público, o empregador fornecer a condução (art. 58, § 2˚, CLT).
As horas in itinere possuem dois requisitos, sendo que ambos devem
coexistir para caracterizar a exceção prevista neste dispositivo:
Local de difícil acesso ou não servido por
transporte público regular
67
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
+Condução fornecida pelo empregador de
forma gratuita ou onerosa
Neste sentido é o entendimento jurisprudencial enunciado pelas súmulas 90
e 320, TST.
Súmula 90. I - O tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo empregador, até o local de trabalho de difícil acesso ou não servido por transporte regular público, e para o seu retorno, é computável na jornada de trabalho.II - A incompatibilidade entre os horários de início e término da jornada do empregado e os do transporte público regular é circunstância que também gera o direito às horas "in itinere". III - A mera insuficiência de transporte público não enseja o pagamento de horas "in itinere".IV - Se houver transporte público regular em parte do trajeto percorrido em condução da empresa, as horas "in itinere" remuneradas limitam-se ao trecho não alcançado pelo transporte público. V - Considerando que as horas "in itinere" são computáveis na jornada de trabalho, o tempo que extrapola a jornada legal é considerado como extraordinário e sobre ele deve incidir o adicional respectivo.
Súmula 320. O fato de o empregador cobrar, parcialmente ou não, importância pelo transporte fornecido, para local de difícil acesso, ou não servido por transporte regular, não afasta o direito à percepção do pagamento das horas "In itinere".
Exemplo – Horas in itinere
A empresa Reclamada está localizada muito distante do centro
68
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
urbano e devido à falta de transporte público, a condução era fornecida
gratuitamente pela empresa aos empregados. Ocorre que o tempo
despendido no percurso era de 1 hora e 30 minutos, totalizando 3 horas
diárias que não eram computadas na jornada de trabalho do Reclamante.
(Fato) O fato exposto preenche os requisitos legais exigidos pelo artigo
58, § 2˚, CLT e pelo inciso I da súmula 90 do TST, para o tempo do
percurso seja computado na jornada de trabalho, quais sejam: não há
transporte público e o empregador fornecer a condução. (Fundamento)Ante o cumprimento dos requisitos legais, requer que o tempo do
percurso seja computado na jornada de trabalho e, nos termos do inciso V
da súmula 90, TST, o acréscimo do adicional respectivo às horas que
ultrapassarem a jornada legal, bem como os reflexos em descanso
semanal remunerado e com este em aviso prévio, décimo terceiro salário,
férias acrescidas do terço constitucional e FGTS (depósitos e multa de
40%). (Pedido)
► Intervalo Intrajornada
O intervalo intrajornada é concedido para alimentação e repouso durante a
jornada. A concessão de intervalo de, pelo menos, uma hora é obrigatória quando
a duração do trabalho ultrapassar seis horas. A jornada que varie entre quatro e
seis horas de trabalho terá um intervalo de quinze minutos.
O intervalo intrajornada não é computado na jornada de trabalho. Contudo,
se o empregador optar pela concessão de intervalos não previstos em lei, estes
serão computados na jornada de trabalho, isto é, será considerado como tempo
de trabalho e será remunerado como hora suplementar se ultrapassar os limites
diários da jornada do empregado (súmula 118 TST).
Art. 71, CLT. Em qualquer trabalho contínuo cuja duração exceda de seis horas, é obrigatória a
69
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será no mínimo, de uma hora e, salvo acordo ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de duas horas.§ 1º. Não excedendo de seis horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de quinze minutos quando a duração ultrapassar quatro horas.§ 2º. Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho.§ 3º. O limite mínimo de uma hora para repouso e refeição poderá ser reduzido por ato do Ministério do Trabalho, quando, ouvido o Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios e quando os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares.§ 4º. Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.
Súmula 118, TST. Os intervalos concedidos pelo empregador, na jornada de trabalho, não previstos em lei, representam tempo à disposição da empresa, remunerados como serviço extraordinário, se acrescidos ao final da jornada.
Como regra geral, os intervalos concedidos para repouso ou alimentação
não são computados na jornada de trabalho (art.71, § 2º, CLT). Há, todavia,
diversas categorias profissionais, que, diante das peculiaridades que as cercam,
tem intervalos (intrajornada, entre jornadas ou mesmo semanal) diferenciados da
generalidade dos trabalhadores. Além disto, em alguns casos específicos, a
própria lei estabelece, como exceção à regra geral, que alguns intervalos para
descanso, intrajornada, serão computados na jornada de trabalho. São exemplos:
empregados que atuam no serviço permanente de mecanografia e digitação têm
10 minutos de intervalo para cada 90 minutos trabalhados consecutivamente (art.
72 da CLT e Súmula 346, TST); empregados que trabalham em câmaras frias têm
20 minutos de descanso para cada 1 hora e 40 minutos de trabalho (art. 253,
CLT); empregados que trabalham em minas e subsolo têm intervalo de 15 minutos
para cada 3 horas de trabalho (art. 298, CLT), dentre outros.
70
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
O descumprimento do intervalo intrajornada obriga o empregador a
remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50%
(cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho
(art. 71, § 4º, CLT). Mesmo que a supressão do intervalo seja parcial (concede um
intervalo de 45 minutos, quando deveria conceder um intervalo de uma hora), o
empregador será obrigado a indenizar o empregado o período integral do repouso,
ou seja, uma hora, acrescida de cinquenta por cento. O TST entende que a
supressão do intervalo inviabiliza a sua finalidade, portanto o empregador deverá
remunerar a hora “cheia” acrescida do adicional de 50%.
OJ 307, SDI – 1, TST. Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão total ou parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, implica o pagamento total do período correspondente, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT).
Exemplo – Intervalo Intrajornada
O Reclamante cumpria a jornada de 7 horas diárias, no entanto
usufruía apenas de 30 minutos para alimentação e repouso. (Fato)O artigo 71 da CLT não foi respeitado, tendo em vista que este obriga
a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação de, pelo menos, 1
hora em qualquer trabalho contínuo cuja duração exceda de seis horas.
(Fundamento)Diante da exposição, requer a condenação do Reclamado ao
pagamento do tempo integral do intervalo, nos termos da OJ 307, SDI – 1,
TST, pois a não concessão total ou parcial do intervalo intrajornada mínimo
implica o pagamento total do período correspondente, com acréscimo de, no
mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho,
conforme o § 4° do art. 71 da CLT. Por fim, face à habitualidade, de tal
parcela gerará reflexos em descanso semanal remunerado e com este em
71
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
aviso prévio, décimo terceiro salário, férias acrescidas do terço constitucional
e FGTS (depósitos e multa de 40%). (Pedido)
► Intervalo Interjornada
Este é o intervalo entre jornadas, isto é, entre um dia e outro. A duração do
intervalo interjornada é de, pelo menos, 11 horas.
Art. 66. Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso.
Art. 7, CF. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; [...]
Art. 67, CLT. Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte.Parágrafo único. Nos serviços que exijam trabalho aos domingos, com exceção quanto aos elencos teatrais, será estabelecida escala de revezamento, mensalmente organizada e constando de quadro sujeito à fiscalização.
Súmula 146, TST. O trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal.
O descanso semanal remunerado e o intervalo interjornada devem ser
somados, ou seja, quando o empregado tiver direito ao repouso semanal
remunerado de 24 horas, este será somado ao intervalo interjornada de 11 horas.
Portanto, o empregado só retornará ao trabalho após 35 horas. Caso o retorno
72
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
ocorra em prejuízo a este período de descanso consecutivo, as horas serão
consideradas extraordinárias, acrescidas do respectivo adicional.
Súmula 110, TST. No regime de revezamento, as horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24 (vinte e quatro) horas, com prejuízo do intervalo mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso entre jornadas, devem ser remuneradas como extraordinárias, inclusive com o respectivo adicional.
► Trabalho Noturno (Adicional)
O horário noturno, no meio urbano, inicia-se às 22 horas e termina às 5
horas.
A hora noturna não é computada como 60 minutos, mas sim como 52
minutos e trinta segundos.
A redação do artigo 73 da CLT exclui os empregados que trabalham sob o
regime de revezamento da percepção do adicional noturno. Lembre que a CLT foi
aprovada em 1943, época em que vigorava a Constituição de 1937. Esta ressalva
prevista no caput do artigo foi abolida, tendo em vista que não foi recepcionada
pela CF/88, conforme a súmula 213 do STF.
Todavia, permanece em vigência o art. 73 da CLT quanto às seguintes
disposições:
a) o adicional noturno é de, no mínimo, 20% (vinte por cento) sobre
a hora diurna.
b) a hora de trabalho noturno será computada como sendo 52
minutos e 30 segundos.
c) considera-se noturno, para efeitos deste artigo, o trabalho
executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia
seguinte.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Art. 7º, CF. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; [...]
Súmula 213, STF. É devido o adicional de serviço noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime de revezamento.
Art. 73, CLT. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna.§ 1º. A hora do trabalho noturno será computada como de 52 (cinqüenta dois) e 30 (trinta) segundos.§ 2º. Considera-se noturno, para os efeitos destes artigos, o trabalho executado entre as 22 (vinte e duas) horas de um dia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte.§ 3º. O acréscimo a que se referia o presente artigo, em se tratando de empresas que não mantêm, pela natureza de atividade, trabalho noturno habitual, será feito tendo vista os quantitativos pagos por trabalhos diurnos de natureza semelhante. Em relação às empresas cujo trabalho noturno decorra da natureza de suas atividades o aumento será calculado sobre o horário mínimo geral vigente na região, não sendo devido quando exceder desse limite, já acrescido da percentagem.§ 4º. Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e noturnos, aplica-se às horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus parágrafos.§ 5º. Às prorrogações do trabalho noturno aplica-se o disposto neste Capítulo.
Súmula 60, TST. I - O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos os efeitos.II - Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional quanto às horas prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5º, da CLT.
O empregado que recebe o adicional de periculosidade em razão da sua
atividade e ainda labora no horário noturno, terá seu adicional noturno calculado
sob o valor da hora acrescida com o adicional de periculosidade, tendo em vista
que neste horário o empregado também estará sob condições de risco.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
OJ 259, SDI – 1, TST. O adicional de periculosidade deve compor a base de cálculo do adicional noturno, já que também neste horário o trabalhador permanece sob as condições de risco.
O artigo 468, CLT veda qualquer alteração no contrato de trabalho, salvo
quando houver concordância de ambas as partes e, desde que, não cause
nenhum prejuízo ao empregado. Diante disso, surgiu uma divergência em relação
a possibilidade de transferir o empregado do horário noturno para o horário diurno
com a supressão do respectivo adicional.
O trabalho noturno tem caráter excepcional. O empregador ao transferir
este empregado para o horário diurno estaria beneficiando o mesmo, pois o
trabalho diurno é mais saudável para o empregado. Neste sentido o TST enunciou
a súmula 265:Súmula 265, TST. A transferência para o período diurno de trabalho implica a perda do direito ao adicional noturno.
Observações:
● O doméstico não faz jus ao adicional noturno (art. 7°, § único, CF)
● É vedado o trabalho noturno do menor (art. 7º, XXXIII, CF).
● Trabalho noturno rural: não existe redução da hora noturna para o
trabalhador rural e o acréscimo é de 25% sobre a remuneração normal (Art.
7º, Lei 5889/73)
● Súmula 214, STF: A duração legal da hora de serviço noturno (52 minutos
e 30 segundos) constitui vantagem suplementar, que não dispensa o salário
adicional.
● OJ 97, SDI – 1, TST: O adicional noturno integra a base de cálculo das
horas extras prestadas no período noturno.
● Súmula 402, STF: O vigia noturno tem direito a salário adicional.
● Advogados – art. 20, §3, Lei 8906/94: O trabalho noturno é o
compreendido entre as 20:00 e 5:00 horas, com adicional de 25% (vinte
cinco por cento).
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
● Portuário – art. 4º, Lei 4860/65 e OJ 60, SDI – 1, TST: Hora noturna de
sessenta minutos.
A jornada do Reclamante iniciava às 22 horas e encerrava às 5
horas do dia seguinte, quando chegava o outro empregado do
Reclamado. Apesar de trabalhar no período noturno, o Reclamante
sempre recebeu o mesmo salário que o empregado que laborava no
período diurno. (Fato) O art. 7º da Constituição Federal assegura aos trabalhadores
uma remuneração superior para o trabalho noturno em relação ao
trabalho diurno. Não obstante, o artigo 73 da CLT aduz que o trabalho
noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua
remuneração terá acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos,
sobre a hora diurna. (Fundamento)Deste modo, requer a condenação do Reclamado ao
pagamento do adicional noturno, durante todo o pacto laboral, bem
como os devidos reflexos em aviso prévio, décimo terceiro salário,
férias acrescidas do terço constitucional e FGTS (depósitos e multa de
40%). (Pedido)
g) DANO MORAL
A EC 45/04 ampliou a competência da Justiça do Trabalho, incluindo as
ações de indenização por danos morais, quando originarem da relação de
trabalho, conforme determina o artigo 114, VI, CF.
Art. 114, CF. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; [...]
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
O pedido de dano moral resta caracterizado na presença dos três requisitos
da responsabilidade civil: culpa, dano e nexo causal. Os fundamentos jurídicos do
dano moral estão positivados no art. 5°, X, CF e nos arts. 186 e 927 do CC.
Art. 5, CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; [...]
Art. 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927, CC. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Atenção. Avaliar a necessidade do pedido de dano moral no seguintes
casos:
● a proposta indique o abalo emocional do empregado;
● o empregador pratica falta grava;
● o empregado foi demitido por justa causa.
Veja o exemplo – 3º EXAME DA ORDEM 2005/PR:
Em razão dos atrasos nos salários, Tomi tornou-se inadimplente no
pagamento das mensalidades escolares vendo-se obrigado a retirar seu único
filho do colégio particular em que estudava, sendo que esta situação está lhe
causando profunda humilhação perante seus familiares e colegas, pretendendo
por isto, ser indenizado em valor a ser fixado pelo juiz.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
CRITÉRIO DE CORREÇÃO: Pagamento de indenização por danos morais, em
valor a ser fixado pelo juiz, com fundamento na
responsabilidade civil do empregador (ausência de
pagamento de salário – culpa; humilhação por tirar
o filho do colégio – dano; nexo causal).
Observe que o examinando não deve arbitrar nenhum valor no pedido de danos morais (veja o exemplo abaixo). A indicação de valores não pontuará
no gabarito, além da possibilidade de ser considerada identificação de prova.
ATENÇÃO: sempre que a RT contiver pedido de dano moral, o rito do processo será o ordinário.
Exemplo 1:
A empresa Reclamada já invadia a privacidade da
Reclamante em virtude da intensa vigilância por câmeras.
Sobretudo, a Reclamada tentou submetê-la a uma revista íntima
por funcionários do sexo oposto. A Reclamante não aceitou tal
constrangimento, motivo pelo qual foi dispensada por justa
causa. (Fato)O artigo 5, X, CF declara que a intimidade, a honra e a
imagem das pessoas são invioláveis, sendo-lhes assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação. Neste mesmo sentido aduz o artigo 927 do CC,
que aquele que pratica ato ilícito fica obrigado a reparar o dano
causado a outrem. A conduta da Reclamada violou direito da
Reclamante e, portanto, constitui ato ilícito, nos termos do artigo
186 do CC. Não obstante, avoca-se o artigo 373-A, VI da CLT, o
qual veda expressamente a revista íntima nas empregadas.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
(Fundamento)Diante da comprovação da responsabilidade civil da
Reclamada, requer a sua condenação da Reclamada ao
pagamento de indenização por danos morais em valor a ser
arbitrado por este Juízo. (Pedido)
Exemplo 2:
A reclamada a partir de janeiro de 2006 passou a
descumprir o contrato de trabalho, uma vez que não efetuou o
pagamento do salário do Reclamante, o qual está inadimplente
e obrigou-se a fazer empréstimos de familiares e amigos, o que
está lhe causando profunda humilhação. (Fato)A conduta da Reclamada atinge um direito fundamental
do Reclamante, violando o artigo 5°, X da CF, segundo o qual a
honra das pessoas é inviolável. Ressalta-se que a ausência de
pagamento constitui falta grave, de acordo com o art. 483, “d”,
CLT, pois afirma que o empregado poderá considerar rescindido
o contrato e pleitear a devida indenização quando o empregador
não cumprir as obrigações do contrato.
Assim, dispõe o artigo 927, CC, que a prática de ato
ilícito gera a obrigação de reparar o dano causado a outrem.
Resta comprovado que a atitude da Reclamada constitui ato
ilícito, nos termos do artigo 186 do CC, uma vez que viola o
artigo 5, X da CF e descumpre as obrigações advindas do
contrato de trabalho, de acordo com o artigo 483, “d”, CLT.
(Fundamento) Isto posto, requer a sua condenação da Reclamada ao
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
pagamento de indenização por danos morais em valor a ser
arbitrado por este Juízo. (Pedido)
h) ESTABILIDADE – REINTEGRAÇÃO – INDENIZAÇÃO
A demissão sem justa causa é direito potestativo do empregador, SALVO
quando o empregado for detentor de estabilidade, o que significa que o
empregado tem direito ao EMPREGO.
Estabilidade no emprego consiste no direito do trabalhador de permanecer
no emprego, mesmo contra a vontade do empresário, enquanto inexistir causa
relevante que justifique a sua despedida.
Note que só é possível postular a reintegração do empregado, se este for
detentor de estabilidade e a demissão não tenha justo motivo.
Assim, antes de expor o pedido da peça processual, é fundamental uma
breve análise dos principais exemplos de estabilidade.
► Membro da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidente)
O art. 10, II, “a”, ADCT estabelece que até que seja promulgada a lei
complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição fica vedada a dispensa
arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para o cargo de direção das
comissões internas de prevenção de acidente (CIPA), desde o registro de sua
candidatura até um ano após o final do seu mandato.
Art. 10, ADCT. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o Art. 7º, I, da Constituição:II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato;
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Da mesma forma, a CLT dispõe que os titulares da representação dos
empregados na CIPA não poderão sofrer despedida arbitrária, entende-se como
tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro.
Ressalte-se que apenas o membro da CIPA represente dos empregados é
eleito; o representante do empregador é simplesmente indicado, não gozando de
qualquer estabilidade.
O empregador designará, anualmente, dentre os seus representantes, o
presidente da CIPA e os empregados elegerão, dentre eles o Vice-Presidente, de
acordo com o artigo 164, §5° da CLT. Conclui-se, portanto, que apenas o vice-
presidente é detentor de estabilidade.
Art. 164, CLT. Cada CIPA será composta de representantes da empresa e dos empregados, de acordo com os critérios que vierem a ser adotados na regulamentação de que trata o parágrafo único anterior.§ 1º. Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, serão por ele designados.§ 2º. Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em escrutínio secreto do qual participem, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados interessados.§ 3º. O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de 1 (um) ano, permitida uma reeleição.§ 4º. O disposto no parágrafo anterior não se aplicará ao membro suplente que, durante o seu mandato, tenha participado de menos da metade do número de reuniões da CIPA.§ 5º. O empregador designará, anualmente, dentre os seus representantes, o Presidente da CIPA e os empregados elegerão, dentre eles, o Vice-Presidente.
O TST entende que o suplente da CIPA também goza da estabilidade
prevista no art. 10, II, “a”, ADCT.Súmula 339, TST. CIPA. SUPLENTE. GARANTIA DE EMPREGO. CF/1988. I - O suplente da CIPA goza da garantia de emprego prevista no art. 10, II, "a", do ADCT a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
II - A estabilidade provisória do cipeiro não constitui vantagem pessoal, mas garantia para as atividades dos membros da CIPA, que somente tem razão de ser quando em atividade a empresa. Extinto o estabelecimento, não se verifica a despedida arbitrária, sendo impossível a reintegração é indevida a indenização do período estabilitário.
► Membro da CCP (Comissão de Conciliação Prévia)
Os empregados que compõem a CCP gozam de estabilidade provisória até
um ano após o final do seu mandato. O benefício visa garantir as atividades dos
membros da CCP.
Art. 625-B, CLT. A Comissão instituída no âmbito da empresa será composta de, no mínimo, dois e, no máximo, dez membros, e observará as seguintes normas:I - a metade de seus membros será indicada pelo empregador e a outra metade eleita pelos empregados, em escrutínio secreto, fiscalizado pelo sindicato da categoria profissional;II - haverá na Comissão tantos suplentes quantos forem os representantes titulares;III - o mandato dos seus membros, titulares e suplentes, é de um ano, permitida uma recondução.§ 1º. É vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros da Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até um ano após o final do mandato, salvo se cometerem falta grave, nos termos da lei.§ 2º. O representante dos empregados desenvolverá seu trabalho normal na empresa, afastando-se de suas atividades apenas quando convocado para atuar como conciliador, sendo computado como tempo de trabalho efetivo o despendido nessa atividade.
► Gestante
O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias também veda a
demissão sem justa causa da empregada gestante desde a confirmação
(concepção) da gravidez até cinco meses após o parto.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
A empregada gestante não goza de estabilidade quando for admitida
mediante um contrato de experiência, conforme a súmula 244, TST.
Art. 10, ADCT. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o Art. 7º, I, da Constituição:II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: b) da empregada gestante,desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.
Súmula 244, TST. I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade. II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. III - Não há direito da empregada gestante à estabilidade provisória na hipótese de admissão mediante contrato de experiência, visto que a extinção da relação de emprego, em face do término do prazo, não constitui dispensa.
► Acidente do Trabalho
A estabilidade do empregado acidentado refere-se apenas aos acidentes de
trabalho. Os acidentes ocorridos no percurso do trabalho para casa e vice versa
também são considerados acidentes de trabalho.
Além disso, o empregado só gozará do benefício caso fique mais do que 15
dias afastado do serviço, situação em que perceberá o auxílio doença acidentário
do INSS. A estabilidade do empregado acidentado é de no mínimo 12 meses após
a cessação do auxílio doença.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Art. 118, Lei 8213/91. O segurado que sofreu acidente de trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção de seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.
Súmula 378, TST. I - É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o direito à estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado acidentado. II - São pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a conseqüente percepção do auxílio doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do contrato de emprego.
Acidente 16° dia ESTABILIDADE ♦ ♦ 15 dias sem trabalhar Suspensão do contrato Empregador paga o salário Percepção do auxílio doença acidentário
E mais, a súmula 32 do TST também é relevante, pois afirma que após a
cessação do auxílio, isto é, a partir do momento em que o empregado estiver apto
para retornar ao trabalho, este terá o prazo de 30 dias para retornar ao serviço,
sob pena de perder o direito a estabilidade provisória, uma vez que o TST entende
que caracterizaria abandono de emprego.
Súmula 32, TST. Presume-se o abandono de emprego se o trabalhador não retornar ao serviço no prazo de 30 (trinta) dias após a cessação do benefício previdenciário nem justificar o motivo de não o fazer.
► Dirigente Sindical
O dirigente sindical também é detentor de estabilidade provisória, a qual
vigora a partir do registro de sua candidatura até um ano após o seu mandato,
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
caso eleito. Contudo, se o registro da candidatura ocorrer durante o aviso prévio o
empregado não terá estabilidade no emprego.
A entidade sindical tem a obrigação de comunicar o empregador da
candidatura do empregado no prazo de 24 horas.
O art. 543 determina que, além da estabilidade no emprego, o empregador
não poderá transferi-lo. Neste sentido, destaca-se o art. 659, inciso X da CLT, o
qual prevê a concessão de medida liminar visando reintegrar dirigente sindical
afastado, suspenso ou dispensado pelo empregador. Corrobora o pensamento a
OJ 65, SDI – 2 do TST que ressalvada a hipótese do art. 494 da CLT, não fere
direito líquido e certo a determinação liminar de reintegração no emprego de
dirigente sindical, em face da previsão do inciso X do art. 659 da CLT.
Art. 8, CF. É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: [...]VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Art. 543, CLT. O empregado eleito para cargo de administração sindical ou representação profissional, inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar impossível o desempenho das suas atribuições sindicais.§ 1º. O empregado perderá o mandato se a transferência for por ele solicitada ou voluntariamente aceita.§ 2º. Considera-se de licença não remunerada, salvo assentimento da empresa ou cláusula contratual, o tempo em que o empregado se ausentar do trabalho no desempenho das funções a que se refere este artigo.§ 3º. Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano após o final do seu mandato, caso seja eleito, inclusive como suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta Consolidação. § 4º. Considera-se cargo de direção ou representação sindical aquele cujo exercício ou indicação decorre de eleição prevista em lei.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
§ 5º. Para os fins deste artigo, a entidade sindical comunicará por escrito à empresa, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, o dia e a hora do registro da candidatura do seu empregado e, em igual prazo, sua eleição e posse, fornecendo, outrossim, a este, comprovante no mesmo sentido. O Ministério do Trabalho fará no mesmo prazo a comunicação no caso da designação referida no final do § 4º.§ 6º. A empresa que, por qualquer modo, procurar impedir que o empregado se associe a sindicato, organize associação profissional ou sindical ou exerça os direitos inerentes à condição de sindicalizado, fica sujeita à penalidade prevista na letra (a) do Art. 553, sem prejuízo da reparação a que tiver direito o empregado.
Súmula 369, TST. I - É indispensável a comunicação, pela entidade sindical, ao empregador, na forma do § 5º do art. 543 da CLT. II - O art. 522 da CLT, que limita a sete o número de dirigentes sindicais, foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988.III - O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente.IV - Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não há razão para subsistir a estabilidade. V - O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543 da Consolidação das Leis do Trabalho.
O dirigente sindical só perderá a estabilidade por falta grave, que será
analisada por meio de Inquérito de Apuração de Falta Grave.
Súmula 379, TST. O dirigente sindical somente poderá ser dispensado por falta grave mediante a apuração em inquérito judicial, inteligência dos arts. 494 e 543, §3º, da CLT.
Atenção: membro do conselho fiscal do sindicato não é detentor de
estabilidade, pois, conforme o art. 522, § 2 da CLT, este não possui
qualquer cargo de direção, limita-se a gestão financeira (OJ 365 da SDI-
1 do TST). O mesmo ocorre com os delegados sindicais, cuja função
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
restringe-se a defesa dos interesses da entidade perante os poderes
públicos e as empresas, EXCETO nas situações em que mediante
procuração representem a diretoria do sindicato.
Art. 522, CLT. A administração do Sindicato será exercida por uma diretoria constituída, no máximo, de 7 (sete) e, no mínimo, de 3 (três) membros e de um Conselho Fiscal composto de 3 (três) membros, eleitos esses órgãos pela Assembléia Geral.§ 1º. A diretoria elegerá, dentre os seus membros, o Presidente do Sindicato.§ 2º. A competência do Conselho Fiscal é limitada à fiscalização da gestão financeira do Sindicato.§ 3º. Constituirão atribuirão exclusiva da Diretoria do Sindicato e dos Delegados Sindicais, a que se refere o Art. 523, a representação e a defesa dos interesses da entidade perante os poderes públicos e as empresas, salvo mandatário com poderes outorgados por procuração da Diretoria, ou associado investido em representação prevista em lei.
Estes são os exemplos mais comuns nas provas da Ordem em relação a
estabilidade provisória. Sempre que houver necessidade de pleitear o
reconhecimento de garantia de emprego, deverá ser apresentado o aspecto fático
de que decorre o direito do trabalhador e, em seguida, efetuar os pedidos:
reconhecimento da garantia de emprego e a conseqüente declaração da nulidade da dispensa, requerendo a reintegração do autor ao emprego com o
pagamento de todos os salários e demais haveres trabalhistas relativos aos
meses entre a dispensa e o retorno às atividades e, sucessivamente, requerer o
pagamento de uma indenização substitutiva, pelo número de meses relativos à
garantia postulada, acrescida dos consectários legais.
Observação: se o problema mencionar que já acabou o período de estabilidade, o
pedido será apenas da indenização substitutiva referente ao período
estável em que o empregador o demitiu sem justo motivo (súmula
396 do TST).
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
O Reclamante sofreu sério acidente de trabalho e por isto ficou
afastado por 25 dias do serviço, percebendo auxílio doença acidentário
durante este período. No dia seguinte a cessação do auxílio o Reclamante
compareceu na empresa, momento em que o empregador o demitiu sem
justa causa. O Reclamado não poderia ter demiti-lo, tendo em vista que o
Reclamante é detentor de estabilidade. (Fatos) O artigo 118 da Lei 8213/91 aduz que o empregado que sofreu
acidente de trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a
manutenção de seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do
auxílio doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-
acidente. Confirma o entendimento a súmula 378 do TST, segundo a qual é
garantida a estabilidade provisória quando o afastamento for superior a 15
dias e a conseqüente percepção do auxílio doença acidentário.
(Fundamento)Assim, requer a nulidade da dispensa sem justa causa e a
conseqüente reintegração do Reclamante ao emprego com o pagamento de
todos os salários dos meses havidos entre a rescisão e o retorno às
atividades. Caso não seja este o entendimento deste Juízo,
sucessivamente, requer o pagamento de indenização substitutiva referente
ao período de estabilidade provisória.
i) RESCISÃO INDIRETA
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
A rescisão indireta será pleiteada quando o empregador praticar alguma
falta grave, nos termos do artigo 483, CLT. Neste caso, o empregado poderá
requerer para o Poder Judiciário a rescisão do contrato de trabalho, bem como a
condenação do empregador ao pagamento de todas as verbas rescisórias de uma
demissão sem justa causa.
Observe que o pedido de rescisão indireta pressupõe um contrato de
trabalho em curso, isto é, só ocorrerá se o empregado estiver prestando serviços
para o empregador.
Art. 483. O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando:a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por Lei, contrários aos bons costumes ou alheios ao contrato;b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo;c) correr perigo manifesto de mal considerável;d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família ato lesivo da honra e boa fama;f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;g) O empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários.§ 1º. O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com continuação do serviço.§ 2º. No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é facultado ao empregador rescindir o contrato de trabalho.§ 3º. Nas hipóteses das letras d e g, poderá o empregado preitear a rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas indenizações, permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo.
Veja o exemplo:
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
O Reclamante está com muitas dificuldades financeiras, pois há três
meses a Reclamada não efetua o pagamento de seu salário. Apesar disso, o
Reclamante ainda está laborando para a Reclamada, que continua
descumprindo o contrato de trabalho. (Fatos) A principal obrigação do empregador em uma relação de trabalho é a
contra prestação, mediante salário, pelos serviços realizados pelo
empregado. A ausência de pagamento é, portanto, o descumprimento de
uma obrigação do empregador. Tal fato motiva o pedido de rescisão indireta
da relação contratual, conforme o artigo 483, “d” da CLT, pois quando o
empregador não cumprir as obrigações do contrato o empregado poderá
considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização.
(Fundamento)Diante do exposto, requer seja declarada judicialmente a rescisão
indireta do contrato de trabalho, bem como a condenação da Reclamada ao
pagamento de todas as verbas rescisórias provenientes de uma dispensa
sem justa causa. (Pedido)
Exemplo de questão da OAB: Caso o empregado considere seu contrato de
trabalho rescindido, imputando ao empregador descumprimento de obrigação
imposta por lei e cessando, de imediato, a prestação de serviço, pode ainda
pretender receber o pagamento de valor correspondente ao aviso prévio?
Critérios de Correção: A questão apresenta uma situação de rescisão indireta,
prevista pelo artigo 483 da CLT. Nestes casos, o
empregador será obrigado a pagar todas as verbas
rescisórias de uma demissão sem justa causa, inclusive o
aviso prévio, norma imposta pelo art. 487, § 4º, da CLT: ”É
devido o aviso prévio na despedida indireta.”
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
j) REVERSÃO DA JUSTA CAUSA
O empregado só pode ser demitido por justa causa diante da prática de
uma falta grave e, para que a conduta seja considerada falta grave, deve haver
previsão legal. O artigo 482 da CLT apresenta hipóteses de demissão por justo
motivo, destaca-se que este rol é exemplificativo, posto que outras legislações
também regulamentam situações consideradas falta grave.
Sempre que o empregado for dispensado por justa causa é necessário
postular a reversão para demissão sem justa causa e, consequentemente, o
pagamento de todas as verbas rescisórias.
Art. 482. Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador:a) ato de improbidade;b) incontinência de conduta ou mau procedimentoc) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando construir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço;d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena;e) desídia no desempenho das respectivas funções;f) embriaguez habitual ou em serviço;g) violação de segredo da empresa;h) ato e indisciplina ou de insubordinação;i) abandono de emprego;j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;k) ato lesivo de honra e boa fama ou ofensas físicas praticada contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem:l) prática constante de jogos de azar.Parágrafo único. Constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado a prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos atentatórios à segurança nacional.
Atenção: se a proposta apresentar um caso de demissão por justa causa de
empregado estável, deve-se requerer a nulidade da dispensa e a
reintegração ao emprego. Por conseguinte, a indenização substitutiva.
91
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Exemplo:
A Reclamante foi dispensada por justa causa, pois não se
submeteu a revista íntima imposta pelo Reclamado, que a demitiu
alegando que se tratava de ato de indisciplina e insubordinação.
(Fatos)A Reclamante não cometeu nenhuma falta grave, tendo em
vista que apenas estava defendendo um direito garantido pelo artigo
373-A, VI da CLT, segundo o qual é vedado ao empregador realizar
revistas íntimas nas empregadas ou funcionárias. Ademais, a atitude
do Reclamado viola a disposição do artigo 5°, X da CF, pois a
submissão da Reclamante a revista íntima atinge a sua honra. Diante
disso, a alegação do Reclamado não deve prosperar, posto que a
conduta da Reclamante não constitui ato de indisciplina e
insubordinação. (Fundamento)Assim, requer a reversão da demissão por justa causa para
demissão sem justa causa, bem como a condenação do Reclamante
ao pagamento de todas as verbas rescisórias. (Pedido)
l) TUTELA CAUTELAR E TUTELA ANTECIPADA
Ambas são tutelas de urgência, entretanto possuem finalidades distintas. A
CLT é omissa em relação à tutela cautelar e à tutela antecipada, de forma que as
normas do Código de Processo Civil são aplicadas subsidiariamente.
Art. 769, CLT. Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito
92
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.
“Não são raras as situações em que, a ter-se de aguardar a composição
definitiva da lide por sentença, o provimento final da justiça se tornará vão e inútil,
porque o bem disputado terá desaparecido ou a pessoa a que era destinado já
não mais terá condições de ser beneficiada pelo ato judicial.
Outras vezes é o direito material mesmo que reclama gozo imediato, sob
pena de não poder fazê-lo o respectivo titular, se tiver de aguardar o estágio final,
ulterior à coisa julgada.
Para estas duas situações, o direito processual moderno concebeu uma
tutela jurisdicional diferenciada, que recebe o nome de tutela de urgência,
desdobrada, no direito brasileiro, em duas espécies distintas: a) a tutela cautelar,
que apenas preserva a utilidade e eficiência do futuro e eventual provimento; b) a
tutela antecipada, que, por meio de liminares ou de medidas incidentais, permite à
parte, antes do julgamento definitivo de mérito, usufruir, provisoriamente, do direito
subjetivo resistido pelo adversário. ”7
► Tutela Cautelar
A tutela cautelar é, na realidade, uma ação própria. Portanto, o pedido de
tutela cautelar é realizado através de uma petição inicial, cuja ação é dependente
da Reclamatória Trabalhista. A ação cautelar pode ser instaurada antes do
processo principal (preparatória) ou no curso do processo principal (incidental).
Art. 796, CPC. O procedimento cautelar pode ser instaurado antes ou no curso do processo principal e deste é sempre dependente.
Art. 801, CPC. O requerente pleiteará a medida cautelar em petição escrita, que indicará:I - a autoridade judiciária, a que for dirigida;II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido;
7 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria Geral do Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. 50ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 53.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
III - a lide e seu fundamento;IV - a exposição sumária do direito ameaçado e o receio da lesão;V - as provas que serão produzidas.Parágrafo único. Não se exigirá o requisito do nº III senão quando a medida cautelar for requerida em procedimento preparatório.
A finalidade da ação cautelar restringe-se apenas em assegurar o resultado
útil do processo, sendo a prevenção seu elemento específico. O doutrinador
Humberto Theodoro Junior conceitua que “consiste, pois, a ação cautelar no
direito de provocar, o interessado, o órgão judicial a tomar providências que
conservem e assegurem os elementos do processo (pessoas, provas e bens),
eliminando a ameaça de perigo ou prejuízo iminente e irreparável ao interesse
tutelado no processo principal.”8
A ação cautelar apresenta dois requisitos específicos: fumus boni iuris e periculum in mora . A fumaça do bom direito é, sinteticamente, uma
aparência de direito, um grau mínimo de certeza onde há uma possibilidade de
que as alegações do autor sejam verdadeiras. Já o perigo da demora é o fundado
receio de dano irreparável ou de difícil reparação diante de uma decisão tardia.
Art. 797, CPC. Só em casos excepcionais, expressamente autorizados por lei, determinará o juiz medidas cautelares sem a audiência das partes.
Art. 798, CPC. Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código regula no Capítulo II deste Livro, poderá o juiz determinar as medidas provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação.
Por fim, cita-se o artigo 808 do CPC, que aduz as causas que extinguem os
efeitos de eventual tutela cautelar concedida à parte.
8 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Processo de Execução e Cumprimento da Sentença. Processo Cautelar e Tutela de Urgência. 41ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v 2, p. 540.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Art. 808, CPC. Cessa a eficácia da medida cautelar:I - se a parte não intentar a ação no prazo estabelecido no Art. 806;II - se não for executada dentro de 30 (trinta) dias;III - se o juiz declarar extinto o processo principal, com ou sem julgamento do mérito.Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a medida, é defeso à parte repetir o pedido, salvo por novo fundamento.
1. Endereçamento 2. Qualificação ESTRUTURA DA 3. MéritoAÇÃO CAUTELAR 4. Pedido 5. Requerimentos Finais 6. Valor da Causa
No pedido da ação cautelar requer-se a concessão de liminar (in limine litis
– no início da lide) e, posteriormente, confirmação dos termos da liminar.
► Tutela Antecipada
Antecipação de Tutela é o ato do juiz, por meio de decisão interlocutória,
que adianta ao Reclamante os efeitos do julgamento de mérito, ou seja, a
concessão de tutela antecipada tem caráter satisfativo e não assecuratório como
as ações cautelares, uma vez que no “âmbito da tutela antecipatória as medidas
permitem a imediata satisfação da pretensão (direito material) da parte, embora
em caráter provisório e revogável.” 9
Observe que a antecipação de tutela é uma medida mais gravosa para o
réu do que a medida cautelar, pois concede liminarmente a pretensão final do
autor. Assim, para não transformar a liminar satisfativa em regra geral, o que
afetaria a garantia do Devido Processo Legal e o Princípio do Contraditório e da
Ampla Defesa (art. 5°, LIV e LV, CF), a tutela antecipatória submete a parte
9 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria Geral do Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. 50ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 53.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
interessada às exigências dos seguintes requisitos: prova inequívoca dos fatos,
verossimilhança das alegações, receio de dano irreparável ou de difícil reparação
ou abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório, possibilidade de
reversão do provimento antecipado (revogar a concessão de liminar).
Art. 273, CPC. O juiz poderá, a requerimento da
parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ouII - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.§ 1º. Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento. § 2º. Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado.§ 3º. A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4º e 5º, e 461-A. § 4º. A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão fundamentada.§ 5º. Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento.§ 6º. A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso. § 7º. Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.
a) prova inequívoca dos fatos b) verossimilhança das alegações
REQUISITOS DA c) receio de dano irreparável ou de difícil
TUTELA ANTECIPADA reparação ou abuso do direito de defesa
ARTIGO 273,CPC ou manifesto propósito protelatório
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
d) possibilidade de reversão do provimento antecipado (revogar a concessão de liminar)
Importante: a CLT prevê duas situações em que serão concedidas a antecipação
da tutela no processo do trabalho (artigo 659, IX e X, CLT).
Art. 659, CLT. Competem privativamente aos Presidentes das Juntas, além das que lhes forem conferidos neste Título e das decorrentes de seu cargo, as seguintes atribuições:I - presidir às audiências das Juntas;II - executar as suas próprias decisões, as proferidas pela Junta e aquelas cuja execução lhes for deprecada;III - dar posse aos Juízes classistas nomeados para a Junta, ao chefe de Secretaria e aos demais funcionários da Secretaria;IV - convocar os suplentes dos Juízes classistas no impedimento destes;V - representar ao Presidente do tribunal regional da respectiva jurisdição, no caso de falta de qualquer Juiz classista a 3 (três) reuniões consecutivas, sem motivo justificado, para os fins do Art. 727;VI - despachar os recursos interpostos pelas partes, fundamentando a decisão recorrida antes da remessa ao tribunal regional, ou submetendo-os à decisão da Junta, no caso do Art. 894;VII - assinar as folhas de pagamento dos membros e funcionários da Junta;VIII - apresentar ao Presidente do Tribunal Regional, até 15 de fevereiro de cada ano, o relatório dos trabalhos do ano anterior;IX - conceder medida liminar, até decisão final do processo em reclamações trabalhistas que visem a tornar sem efeito transferência disciplinada pelos parágrafos do Art. 469 desta Consolidação.X – conceder em medida liminar, até decisão final do processo em reclamações trabalhistas que visem reintegrar no emprego dirigente sindical afastado, suspenso ou dispensado pelo empregador.
A primeira baseia-se na possibilidade do Juiz do conceder medida liminar
que visem a tornar sem efeito transferência de empregado para localidade diversa
da que resultar do contrato, sem a sua anuência e comprovação da necessidade
do serviço (art. 469, CLT e súmula 43).
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
A seguinte refere-se à concessão de liminar para reintegrar no emprego
dirigente sindical afastado, suspenso ou dispensado pelo empregador.
Situações em que a RT deve conter o pedido de Antecipação de Tutela
● artigo 659, IX, CLT (sustação de transferência abusiva);
● artigo 659, X, CLT (dirigente sindical que foi despedido a fim de
frustrar a reivindicação da categoria que deveria ocorrer dentro de
10 dias);
● reintegração do empregado portador de estabilidade ou garantia no
emprego, como os membros eleitos das comissões internas de
prevenção de acidentes, a empregada gestante, o empregado
acidentado;
● expedição de guias do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço –
FGTS ou do seguro-desemprego (empregador dispensou sem justa
causa o empregado e não lhe forneceu a guia para levantamento
do FGTS, tampouco a guia para percepção do seguro
desemprego);
● entrega de equipamento de proteção individual a empregado
(empregador mantém os equipamentos de proteção em local
inacessível aos empregados);
● empregador mantém trabalhador adolescente em ambiente
insalubre ou perigoso;
● abstenção de exigir atestado de esterilização de empregadas em
idade fértil;
● o empregador retém ilegalmente a CTPS do empregado.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Empregado estável: quando é necessário postular a tutela antecipada?
É possível afirmar que, de um modo geral, sempre que a estabilidade se dá
em razão do cargo do empregado (dirigente sindical, membro da CCP,
representante dos empregados na CIPA) deve-se pleitear antecipação de tutela. E
diante do direito à estabilidade por razões pessoais (gestante, acidente do
trabalho) não haverá urgência na reintegração, logo não será postulada a tutela
antecipada. Todavia a análise do caso concreto é fundamental para avaliar a
urgência da medida.
A súmula 414 do TST trata dos recursos cabíveis contra as decisões de
concessão liminar de tutela antecipada.
Súmula 414, TST. MANDADO DE SEGURANÇA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA (OU LIMINAR) CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA. I – A antecipação da tutela concedida na sentença não comporta impugnação pela
via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. A
ação cautelar é o meio próprio para se obter efeito suspensivo a recurso.
II - No caso da tutela antecipada (ou liminar) ser concedida antes da sentença,
cabe a impetração do mandado de segurança, em face da inexistência de recurso
próprio.
Comentários: A antecipação de tutela pode ser concedida no momento da
prolação da sentença. Neste caso, por existir um recurso próprio
para impugnar a decisão (Recurso Ordinário) não caberá a
impetração de mandado de segurança. Contudo, se a liminar for
concedida antes da sentença trata-se de uma decisão interlocutória,
que é irrecorrível de imediato no processo do trabalho. Portanto,
nesta hipótese, seria cabível a impetração de MS.10
10 PINTO. Raymundo Antonio Carneiro. Súmulas do TST comentadas. 10. ed. São Paulo: Ltr, 2008. p. 351.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
III - A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do
mandado de segurança que impugnava a concessão da tutela antecipada (ou
liminar).
Comentários: A sentença de resolução do mérito tem caráter terminativo, logo
qualquer decisão concedida, provisoriamente, por meio de liminar
terá sua eficácia cessada, pois prevalecerá a sentença. Assim o
mandado de segurança impetrado contra o ato de concessão de
liminar, que ocorreu no curso do processo por meio de uma
decisão interlocutória, perderá seu objeto, tendo em vista que a
liminar já fora revogada pela decisão proferida na sentença.
Suponha que na sentença o Juiz confirmou os termos da liminar
concedida no curso do processa, neste caso a outra parte terá o
seu MS prejudicado e terá que reiterar o pedido por meio de RO,
porque a confirmação foi proferida na sentença, da qual há recurso
próprio para impugnar a decisão.
O pedido de tutela antecipada, conforme já demonstrado, deverá ser
realizado na própria Reclamatória Trabalhista. Exemplo:
NOME DO RECLAMANTE, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da
Cédula de Identidade RG nº, inscrito no CPF sob nº e no PIS sob o nº, portador da
CTPS nº, residente e domiciliado no endereço completo, vem respeitosamente
perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado
(PROCURAÇÃO EM ANEXO), com escritório profissional no endereço completo,
com fulcro no artigo 840 da CLT, propor:
RECLAMATÓRIA TRABALHISTA com pedido de antecipação de tutela
em face de NOME DO RECLAMADO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ sob o nº, estabelecida no endereço completo, pelas razões de fato e de
direito que passa a expor.
100
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
O pedido propriamente dito, isto é, os fatos, fundamentos e pedidos devem
ser inseridos no mérito da RT. É preciso apontar todos os requisitos exigidos pelo
artigo 273, CPC, quais sejam: prova inequívoca dos fatos (FATOS),
verossimilhança das alegações, receio de dano irreparável ou de difícil reparação
ou abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório
(FUNDAMENTOS).
Prova inequívoca dos fatos FATOS
Verossimilhança das alegações
+ FUNDAMENTOS
Receio de dano irreparável (difícil reparação)
Veja o exemplo:
O Reclamante exercia o cargo de dirigente sindical, quando fora
dispensado sem justa causa pelo Reclamado. Ocorre que o Reclamante
desenvolveu diversos projetos para sua categoria, que seriam reivindicados
dentro de 15 dias, contudo a dispensa do Reclamante inviabilizará a
manifestação dos empregados. (Fatos)Destaca-se a presença de todos os requisitos legais exigidos pelo
artigo 273 do CPC, que autoriza o juiz diante de requerimento da parte,
antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido
inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da
verossimilhança da alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou
de difícil reparação.
O Reclamante é dirigente sindical, cujo mandato está em curso, logo
101
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
trata-se de empregado estável e tem direito a reintegração, conforme o art.
8 da CF, que veda a dispensa do empregado sindicalizado a partir do
registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical até um
ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Corrobora o texto constitucional o artigo 543 da CLT, segundo o qual o
empregado eleito para cargo de administração sindical ou representação
profissional não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem
transferido para lugar impossível o desempenho das suas atribuições
sindicais.
A reintegração imediata é fundamental, sob pena de causar danos
irreparáveis ao Reclamante, bem como a toda a categoria, tendo em vista
que a reivindicação será cancelada. Ressalta-se que o artigo 659, X da CLT
autoriza especificamente para esta hipótese a concessão de medida
liminar, até decisão final do processo em reclamações trabalhistas que
visem reintegrar no emprego dirigente sindical afastado, suspenso ou
dispensado pelo empregador. (Fundamentos) Diante de todo o exposto, requer a concessão liminar, com fulcro no
artigo 659, X, CLT, que ordene a reintegração do Reclamante e, em
sentença, a confirmação dos termos da liminar ora requerida. (Pedido)
m) ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA e JUSTIÇA GRATUITA
A concessão da assistência judiciária na Justiça do Trabalho foi disciplinada
pela Lei 5584/70. O artigo 14, § 1º desta Lei 5584/70 regulamentou a concessão
de assistência judiciária na Justiça do Trabalho, estabelecendo que o benefício da
justiça gratuita será fornecido para o empregado cujo salário seja igual ou inferior
ao dobro do mínimo legal, ficando assegurado igual benefício ao trabalhador de
maior salário, uma vez provado que sua situação econômica não lhe permite
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou da família e que tenha como
patrono advogado de sindicado. A assistência judiciária gratuita é monopólio dos
sindicatos.
Os §’s seguintes do artigo 14 não são mais aplicados, tendo em vista que a
OJ 304, SDI – 1, TST dispensa as exigências realizadas por estes dispositivos,
firmando a posição de que atendidos os requisitos da Lei 5584/70 para a
concessão da assistência judiciária, basta a simples afirmação do declarante ou
de seu advogado, na petição inicial, para se considerar configurada a sua situação
econômica.
Art. 14, Lei 5584/70. Na Justiça do Trabalho, a assistência judiciária a que se refere a Lei 1.060, de 5 de fevereiro de 1950, será prestada pelo Sindicato da categoria profissional a que pertencer o trabalhador.§ 1º. A assistência é devida a todo aquele que perceber salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ficando assegurado igual benefício ao trabalhador de maior salário, uma vez provado que sua situação econômica não lhe permite demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou da família.§ 2º. A situação econômica do trabalhador será comprovada em atestado fornecido pela autoridade local do Ministério do Trabalho e Previdência Social, mediante diligência sumária, que não poderá exceder de 48 (quarenta e oito) horas.§ 3º. Não havendo no local a autoridade referida no parágrafo anterior, o atestado deverá ser expedido pelo Delegado de Polícia da circunscrição onde resida o empregado.
OJ 304, SDI – 1, TST. Atendidos os requisitos da Lei 5584/70 (art. 14, § 2), para a concessão da assistência judiciária, basta a simples afirmação do declarante ou de seu advogado, na petição inicial, para se considerar configurada a sua situação econômica.
Já o art. 790, §3 da CLT dispõe sobre a Justiça Gratuita, observe:
Art. 790, CLT. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho.
103
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
§ 1º. Tratando-se de empregado que não tenha obtido o benefício da justiça gratuita, ou isenção de custas, o sindicato que houver intervindo no processo responderá solidariamente pelo pagamento das custas devidas. § 2º. No caso de não-pagamento das custas, far-se-á execução da respectiva importância, segundo o procedimento estabelecido no Capítulo V deste Título.§ 3º. É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família.
Exemplo:
Ante a declaração do reclamante, conforme determina a OJ 304,
SDI – 1, TST, de que não pode demandar sem prejuízo do sustento
próprio e de sua família, faz jus à concessão dos benefícios da justiça
gratuita, nos termos do artigo 790, §3º da CLT.
n) HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Na Justiça do Trabalho vigora o Ius Postulandi, ou seja, não exige a
representação por advogado, a parte pode acompanhar a Reclamatória até o final
(salvo eventual Recurso Extraordinário), de acordo com o artigo 791, CLT.
Observe que somente as partes podem demandar na Justiça do Trabalho, este
direito não pode ser exercido por terceiros.
Art. 791, CLT. Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.
104
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Além de a parte ter a faculdade de demandar sem a presença de
procurador, os honorários advocatícios na Justiça do Trabalho também
apresentam características distintas das outras esferas do Poder Judiciário.
Na Justiça do Trabalho, os honorários advocatícios podem ser chamados
de honorários assistenciais, uma vez que estão condicionados a dois requisitos: o
benefício da justiça gratuita e a assistência de advogado do sindicato (assistência
judiciária gratuita). Este entendimento foi consolidado nas Súmulas 219 e 329 do
TST.
Os honorários de sucumbência na Justiça do Trabalho pressupõem a
representação da parte por advogado de sindicato e a percepção de remuneração
inferior a dois salários mínimos ou que não consiga demandar a Reclamatória sem
prejuízo ao seu sustento e de sua família. Nestes casos os honorários
advocatícios nunca ultrapassarão o limite de 15% (quinze por cento).
Súmula 219, TST. I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. II - É incabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação rescisória no processo trabalhista, salvo se preenchidos os requisitos da Lei nº 5.584/70.
Súmula 329, TST. Mesmo após a promulgação da Constituição da República de 1988, permanece válido o entendimento consubstanciado na Súmula 219 do Tribunal Superior do Trabalho.
OJ 305, SDI – 1, TST. Na Justiça do Trabalho, o deferimento de honorários advocatícios sujeita-se à constatação da ocorrência concomitante de dois requisitos: o benefício da justiça gratuita e a assistência por sindicato.
105
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Atenção: o advento da EC 45/2004 alterou a competência da Justiça do Trabalho,
que não se restringia mais as relações entre empregados e
empregadores. Diante disso, o TST aprovou a Instrução Normativa
27/2005, cujo art. 5º estabelece que os honorários são devidos pela
mera sucumbência, exceto nas lides decorrentes da relação de
emprego.
Portanto, para as relações de trabalho em geral, EXCETO as relações de
emprego, os honorários advocatícios devem ser postulados e, nos termos do
artigo 20, § 3 do CPC limite dos honorários advocatícios é de 20%.
Art. 20, CPC. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Essa verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria.§ 1º. O juiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso, condenará nas despesas o vencido.§ 2º. As despesas abrangem não só as custas dos atos do processo, como também a indenização de viagem, diária de testemunha e remuneração do assistente técnico.§ 3º. Os honorários serão fixados entre o mínimo de 10% (dez por cento) e o máximo de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação, atendidos:a) o grau de zelo do profissional;b) o lugar de prestação do serviço;c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.§ 4º. Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior. § 5º. Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, o valor da condenação será a soma das prestações vencidas com o capital necessário a produzir a renda correspondente às prestações vincendas (Art. 602), podendo estas ser pagas, também mensalmente, na forma do § 2º do referido Art. 602, inclusive em consignação na folha de pagamentos do devedor.
106
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Na prova da Ordem, o candidato deve estar atento as informações que
constam no problema, a fim de identificar a necessidade ou não de formular o
pedido de honorários advocatícios. O requerimento de honorários deve estar
inserido no mérito da RT e o candidato deve evidenciar o preenchimento dos
pressupostos legais, exigidos pelas súmulas 219 e 329 do TST e OJ 305 da SDI –
1, TST.
o) SEGURO DESEMPREGO
O seguro desemprego foi instituído pelas Leis 7998/90 e 8900/94.
Sinteticamente, determinam que o empregado dispensado sem justa causa, e que
preencher os requisitos legais do artigo 3º da Lei 7998/90, faz jus ao recebimento
das guias para requerimento deste benefício.
Art. 3º, Lei 7998/90. Terá direito à percepção do seguro-desemprego o trabalhador dispensado sem justa causa que comprove:I - ter recebido salários de pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada, relativos a cada um dos 6 (seis) meses imediatamente anteriores à data da dispensa;II - ter sido empregado de pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada ou ter exercido atividade legalmente reconhecida como autônoma, durante pelo menos 15 (quinze) meses nos últimos 24 (vinte e quatro) meses;III - não estar em gozo de qualquer benefício previdenciário de prestação continuada, previsto no Regulamento dos Benefícios da Previdência Social, excetuado o auxílio-acidente e o auxílio suplementar previstos na Lei nº 6.367, de 19 de outubro de 1976, bem como o abono de permanência em serviço previsto na Lei nº 5.890, de 8 de junho de 1973;IV - não estar em gozo do auxílio-desemprego; eV - não possuir renda própria de qualquer natureza suficiente à sua manutenção e de sua família.
107
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Oportuno mencionar que caso o empregador se recuse a entregar as guias,
impossibilitando o recebimento deste benefício, o empregado poderá pleitear uma
indenização pelo dano causado, nos termos da súmula 389, II, TST.
Súmula 389, TST. I - Inscreve-se na competência material da Justiça do Trabalho a lide entre empregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não-fornecimento das guias do seguro-desemprego.II - O não-fornecimento pelo empregador da guia necessária para o recebimento do seguro-desemprego dá origem ao direito à indenização.
Observação: empregados domésticos também têm direito ao seguro
desemprego, mas somente na hipótese de o empregador anotar a
CTPS e efetuar os depósitos do FGTS (alteração trazida pela Lei
10.208/2001 ao texto da Lei 5859/72, que regula o trabalho
doméstico).
Exemplo:
A Reclamada não forneceu as guias para percepção do seguro
desemprego ao reclamante, impossibilitando que o autor percebesse o
benefício. (Fatos) O Reclamante preenche todas as exigências legais previstas pelo
artigo 3º da Lei 7998/94, quais sejam: percepção de salário nos últimos 6
meses, não goza de nenhum benefício previdenciário de prestação
continuada ou auxílio-desemprego, nos últimos 15 meses exerceu
atividade legalmente reconhecida como autônoma. Ademais não possui
renda própria de qualquer natureza suficiente à sua manutenção e de sua
família. (Fundamentos)Assim, requer a concessão das guias para saque de beneficio e,
sucessivamente, pagamento de indenização correspondente, nos termos
108
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
da Súmula 389, II do TST. (Pedido)
ITENS PARA MEMORIZAR(Devem estar presente em toda inicial)
p) VERBAS RESCISÓRIAS
As verbas rescisórias são provenientes da extinção do contrato de trabalho,
ou seja, são as parcelas que devem ser pagas pelo empregador na ocasião da
rescisão contratual.
Saldo de salário
VERBAS Aviso Prévio
RESCISÓRIAS 13º Salário proporcional
Férias + 1/3 constitucional
Multa de 40% do FGTS
As parcelas rescisórias podem variar em função da causa de dissolução do
contrato, isto é, as verbas rescisórias de um contrato de trabalho por prazo
indeterminado rescindido sem justa causa não são as mesmas do que as verbas
rescisórias de um contrato extinto por justa causa.
► DEMISSÃO SEM JUSTA CAUSA: saldo de salário, aviso prévio, 13º
salário, férias + 1/3 constitucional e
multa de 40% do FGTS. No tópico das
verbas rescisórias deve-se pleitear
109
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
também a liberação da guia do FGTS
e da guia do seguro desemprego.
► DEMISSÃO COM JUSTA CAUSA: saldo de salário, férias vencidas e ao 13º
salário vencido, além é claro, de
eventuais parcelas salariais devidas no
próprio mês da despedida (horas extras,
por exemplo). Não possui direito a multa
de 40% e também as guias para
liberação do FGTS e do seguro-
desemprego. O empregado dispensado
por justa causa não tem direito a
nenhuma verba proporcional.
► RESCISÃO INDIRETA (culpa do empregador): são devidas as mesmas
parcelas que lhe seriam devidas no caso de
demissão sem justa causa, ou seja, saldo de
salário, aviso prévio, 13º salário, férias + 1/3
constitucional e multa de 40% do FGTS, inclusive, a
liberação da guia do FGTS e da guia do seguro
desemprego.
► CULPA RECÍPROCA: são devidas todas as verbas da dispensa sem justa
causa, no entanto são reduzidas pela metade,
EXCETO o saldo de salário.
A culpa recíproca ocorre quando empregado e empregador,
concomitantemente, incorrem em justa causa e dessa situação complexa resultar
o término do contrato de trabalho. O exemplo clássico é a agressão mútua.11
11 JORGER NETO. Francisco Ferreira. Direito do Trabalho. 3 ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2005. p. 664.
110
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
O artigo 484 da CLT que regula as verbas oriundas do contrato rescindido por
culpa recíproca.
Art. 484, CLT. Havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato de trabalho, o tribunal do trabalho reduzirá a indenização à que seria devido em caso de culpa exclusiva do empregador, por metade.
Portanto, se restar comprovada a culpa recíproca, o empregado terá direito:
a) 50% do valor do aviso prévio, décimo terceiro salário e das férias
proporcionais acrescidas do terço constitucional (Súmula 14, TST);
b) multa do FGTS a razão de 20%, calculada sobre os depósitos fundiários
realizados no período contratual (art. 18, § 2º, Lei 8036/90); e
c) movimenta a conta vinculada do FGTS (art. 20, Lei 8036/90). Súmula 14,
TST – Redução à Metade do 13º, Aviso Prévio e Férias Proporcionais.
O tópico das verbas rescisórias é atípico, pois é dispensável o parágrafo da
fundamentação, veja o exemplo:
O Reclamante foi dispensado sem justa causa pelo Reclamado
no dia _____. (Fatos)Diante disso, requer a condenação do Reclamado ao
pagamento de todas as verbas rescisórias provenientes desta
dissolução do contrato de trabalho, quais sejam saldo de salário,
aviso prévio, décimo terceiro salário, férias acrescidas do terço
constitucional e multa de 40% do FGTS. Ademais, requer a guia para
levantamento do FGTS e a guia para percepção do seguro
desemprego. (Pedido)
111
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Observação: no tópico das verbas rescisórias o requerimento refere-se apenas
aos proporcionais das parcelas devidas, portanto se a proposta
mencionar que há falta de pagamento de férias ou 13º salário, por
exemplo, será necessário um tópico específico para pleitear a
verba atrasada.
q) MULTA DO ART. 467 DA CLT
O artigo 467 da CLT afirma que as verbas rescisórias incontroversas, isto é,
que não forem contestadas pelo empregador e, portanto, devidas ao empregado,
deverão ser quitadas em primeira audiência, sob pena da multa prevista neste
artigo.
O § único prevê uma exceção importante, esta multa não é aplicável à
União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e as suas autarquias e
fundações públicas.
Art. 467, CLT. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e as suas autarquias e fundações públicas.
Assim, quando as parcelas rescisórias incontroversas não forem pagas pelo
empregador em primeira audiência, o empregado passará a fazer jus ao
recebimento de uma indenização no valor de 50% das mesmas verbas.
112
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Exemplo:
Nos termos deste artigo, o Reclamante requer que o pagamento
das verbas incontroversas seja realizado em primeira audiência, sob
pena da incidência de multa de 50% sobre o valor correspondente, nos
termos do artigo 467 da CLT.
r) MULTA DO ART. 477 DA CLT
A multa deste artigo só incidirá se o empregador não respeitar o prazo legal
previsto para o pagamento das verbas rescisórias.
Art. 477, CLT. É assegurado a todo empregado, não existindo prazo estipulado para a terminação do respectivo contrato, e quando não haja ele dado motivo para cessação das relações de trabalho, o direito de haver do empregador uma indenização, paga na base da maior remuneração que tenha percebido na mesma empresa. § 1º. O pedido de demissão ou recibo de quitação de rescisão do contrato de trabalho, firmado por empregado com mais de 1 (um) ano de serviço, só será válido quando feito com a assistência do respectivo Sindicato ou perante a autoridade do Ministério do Trabalho.§ 2º. O instrumento de rescisão ou recibo de quitação, qualquer que seja a causa ou forma da dissolução do contrato, deve ter especificada a natureza de cada parcela paga ao empregado e discriminado o seu valor, sendo válida a quitação, apenas, relativamente às mesmas parcelas. § 3º. Quando não existir na localidade nenhum dos órgãos previstos neste artigo, a assistência será prestada pelo representante do Ministério Público ou, onde houver, pelo defensor público, e, na falta ou impedimento destes, pelo juiz de paz.§ 4º. O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado no ato da homologação da rescisão do contrato de trabalho, em dinheiro ou em cheque visado, conforme acordem as partes, salvo se o empregado for analfabeto, quando o pagamento somente poderá ser feito em dinheiro.
113
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
§ 5º. Qualquer compensação no pagamento de que trata o parágrafo anterior não poderá exceder o equivalente a um mês de remuneração do empregado. § 6º. O pagamento das parcelas constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverá ser efetuado nos seguintes prazos:a) até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato; oub) até o décimo dia, contado da data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa de seu cumprimento.§ 7º. O ato da assistência na rescisão contratual (§§ 1º e 2º ) será sem ônus para o trabalhador e empregador.§ 8º. A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando comprovadamente, o trabalhador der causa à mora. § 9º. (Vetado).
O § 6º deste artigo estabelece dois prazos diferenciados em função do
aviso prévio. A alínea “a” trata da hipótese de aviso prévio cumprido, ou seja, o
empregado laborou durante 30 dias. Neste caso o pagamento das verbas
rescisórias deve ser até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato.
A alínea “b”, por sua vez, refere-se a hipótese de aviso prévio indenizado,
aquele em que o empregador paga o aviso prévio e dispensa o empregado do seu
cumprimento. Nesta situação o pagamento deverá ser efetuado até o décimo dia,
contado da data da notificação da demissão. Note que NÃO é o décimo dia útil, a
contagem do prazo é de dez dias a partir da dispensa.
Observação: o aviso prévio é de 30 dias e não um mês!
O § 6º prevê os prazos de pagamento, conforme exposto, já o § 8º impõe a
multa em que incorrerá o empregador que não efetuar o pagamento dentro do
prazo legal. A penalidade prevista corresponde ao valor de um salário do
empregado percebido à época da dissolução do contrato de trabalho.
114
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Exemplo:
O Reclamado não respeitou o prazo para pagamento das
parcelas rescisórias previsto no artigo 477, §6º da CLT. Diante deste
fato, o Reclamante requer a condenação do Reclamado ao pagamento
de multa no valor equivalente ao seu salário, conforme o §8º do artigo
477 da CLT.
s) JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA
Todas as parcelas concedidas em sentença/acórdão devem ser
devidamente atualizadas monetariamente, bem como acrescidas dos juros legais.
Embora a doutrina e jurisprudência majoritária entendam que se trata de pedido
implícito, para fins de exame da Ordem este pedido deve ser requerido
expressamente pelo candidato.
Exemplos:
O Reclamante requer a incidência de juros e correção monetária
na forma da Lei.
OU
Sobre o montante da condenação apurado em liquidação de
sentença, requer-se a incidência de juros e correção monetária,
conforme disciplinou o art. 39 da Lei 8.177/91.
115
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
t) RETENÇÕES FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS
As verbas reconhecidas como devidas ao autor nas decisões proferidas
pela Justiça do Trabalho constituem fato gerador de tributos, como imposto de
renda e contribuições previdenciárias. Portanto, o juiz determinará as respectivas
retenções fiscais e previdenciárias no crédito do autor. Por isto mesmo, o
reclamante que se sentir prejudicado, pode, por exemplo, postular a condenação
da reclamada em indenização capaz de reparar este prejuízo sofrido.
Exemplos:
O Reclamante requer que as retenções fiscais, bem como as
contribuições previdenciárias sejam calculadas na forma da Lei.
OU
A falta de pagamento durante o contrato de trabalho que
ensejou as verbas ora postuladas, bem como as suas retenções fiscais
e previdenciárias. Portanto, nos termos do artigo 186 do CC, requer
que a Reclamada seja condenada a indenizar o Reclamante pelos
correspondentes valores.
Sucessivamente, não sendo este o entendimento deste Juízo,
requer que as retenções fiscais sejam calculadas mês a mês e, por
outro lado, que as contribuições previdenciárias sejam calculadas
sobre o valor total da condenação.
116
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
RECLAMATÓRIA TRABALHISTA – PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO
No capítulo 3 desta apostila foi abordado o procedimento sumaríssimo e
suas peculiaridades. Neste momento é oportuno relembrar que no rito
sumaríssimo é fundamental que os pedidos formulados sejam líquidos. Cada
pedido do reclamante deverá especificar qual é o valor requerido, sob pena de
arquivamento da reclamatória trabalhista, de acordo com o artigo 852-B, CLT.
A estrutura da RT é a mesma, a única diferença estará no mérito, pois cada
pedido formulado pelo Reclamante deverá especificar o valor exato da verba
postulada. Veja o exemplo:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DE ________.
NOME DO RECLAMANTE, nacionalidade, estado civil, profissão,
portador da Cédula de Identidade RG nº, inscrito no CPF sob nº e
no PIS sob o nº, portador da CTPS nº, residente e domiciliado no
endereço completo, vem respeitosamente perante Vossa
Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado
(PROCURAÇÃO EM ANEXO), com escritório profissional no
endereço completo, com fulcro no artigo 840 da CLT, PROPOR:
RECLAMATÓRIA TRABALHISTA
em face de NOME DO RECLAMADO, pessoa jurídica de direito
privado, inscrita no CNPJ sob o nº, estabelecida no endereço
completo, pelas razões de fato e de direito a seguir expostos.
117
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
I – PRELIMINAR DE MÉRITOa) Comissão de Conciliação Prévia
b) Tramitação Preferencial do Feito: Idoso (art. 71, Lei 10741/2003)
c) Dissídio que verse exclusivamente sobre salário ou empregador falido: art. 652, §único, CLT
II – MÉRITO (os tópicos são exemplificativos, uma vez que o mérito é dependente da proposta)
1. DO CONTRATO DE TRABALHO
O Reclamante foi admitido pelo Reclamado no dia
________ para exercer a função de _________, a remuneração
percebida era de _______ até a data _________, quando foi
dispensado sem justa causa pelo Reclamado.
2. DAS HORAS EXTRAS
§1 Fato
§2 Fundamento
§3 Pedido
§4 Atribui-se ao pedido o valor de R$______
3. DO 13º SALÁRIO
§1 Fato
§2 Fundamento
§3 Pedido
§4 Atribui-se ao pedido o valor de R$______
ITENS PARA MEMORIZAR(Devem estar presente em toda inicial)
4. DAS VERBAS RESCISÓRIAS
§1 Fato
§2 Fundamento
118
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
§3 Pedido
§4 Atribui-se ao pedido o valor de R$______
5. MULTA DO ART. 467, CLT
Nos termos deste artigo, o Reclamante requer que o
pagamento das verbas incontroversas seja realizado em primeira
audiência, sob pena da incidência de multa de 50% sobre o valor
correspondente.
6. MULTA DO ART. 477, CLT
O Reclamado não respeitou o prazo para pagamento das
parcelas rescisórias previsto no artigo 477, §6º da CLT. Diante
deste fato, o Reclamante requer a condenação do Reclamado ao
pagamento de multa no valor equivalente ao seu salário,
conforme o §8º do artigo 477 da CLT.
7. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA
O Reclamante requer a incidência de juros e correção
monetária na forma da Lei.
8. RETENÇÕES FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS
O Reclamante requer que as retenções fiscais, bem como
as contribuições previdenciárias sejam calculadas na forma da
Lei.
III – PEDIDOS
VI - REQUERIMENTOS FINAIS O Reclamante requer a NOTIFICAÇÃO da Reclamada
para apresentar resposta a presente Reclamatória Trabalhista,
sob pena de revelia.
119
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
A PRODUÇÃO de todos os meios de PROVAS em direito
admitidos, em especial o depoimento pessoal do representante
legal da Reclamada, sob pena de confissão, oitiva de
testemunhas, prova pericial e juntada de novos documentos.
Por fim, requer a PROCEDÊNCIA da ação, e a
condenação da Reclamada em todos os pedidos supra,
acrescidos de juros e correção monetária.
Atribui-se a causa valor superior 2 e inferior a 40 salários
mínimos.
Termos em que, Pede deferimento.Local e data.Nome do Advogado
OAB nº
V. PEDIDOS
Encerrado o mérito, é oportuno desenvolver o tópico dos PEDIDOS. Os
requerimentos devem ser apresentados na mesma ordem em que foram
abordados no mérito. Enumerados com critério diferente daquele utilizado nos
tópicos da RT (se os tópicos foram relacionados com números romanos, os
pedidos podem ser relacionados por letras, por exemplo).
Este tópico é, na realidade, a cópia dos pedidos feitos durante o
desenvolvimento da peça processual (terceiro parágrafo). É importante pedir a
parcela principal, bem como os seus reflexos, acrescidos de juros e correção
monetária.
Observação: o tópico dos pedidos não é fundamental a Reclamação Trabalhista,
cabe ao examinando ponderar, na hora do exame, a sua
disponibilidade de tempo e de linhas, para decidir se é viável redigi-
lo. Exemplos:
120
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Diante todo o exposto, reitera-se o seguinte:
a) Requer o reconhecimento de vínculo de emprego entre as partes,
conforme exposto no item supra;
b) Requer a anotação na CTPS do Reclamante, no período de xx/xx/xx
a xx/xx/xx;
c) Requer a condenação subsidiária da empresa _____, ao pagamento
de todas as verbas trabalhistas ora pleiteadas, diante do
inadimplemento da empresa prestadora de serviços;
d) Requer a equiparação salarial, inclusive os reflexos no aviso prévio,
13º. Salário, férias acrescidas do terço constitucional e FGTS
(depósitos e multa de 40%);
e) Requer a integração do adicional de insalubridade à remuneração
do Autor, com reflexos no aviso prévio, 13º. Salário, férias
acrescidas do terço constitucional e FGTS (depósitos e multa de
40%);
f) Requer a condenação da Reclamada ao pagamento das parcelas
rescisórias devidamente corrigidas;
g) Requer a liberação de guia para levantamento do FGTS, bem como
a guia para a percepção do seguro desemprego.
h) Requer a condenação da Reclamada ao pagamento da multa do
artigo 467, CLT.
121
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
VI. REQUERIMENTOS FINAIS
NOTIFICAÇÃO
PRODUÇÃO DE PROVAS
PROCEDÊNCIA
Ao contrário do tópico dos pedidos, os requerimentos finais são
indispensáveis a RT. Neste momento, deve-se requerer a notificação da
reclamada, a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, a
condenação da Reclamada e a procedência de todos os pedidos. Exemplo:
Deste modo, requer a notificação da Reclamada para, querendo,
responder a presente Reclamatória Trabalhista, sob pena de revelia.
E a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em
especial a prova pericial e a oitiva de testemunhas.
Por fim, requer a condenação da Reclamada, bem como a
procedência de todos os pedidos supra, acrescidos de juros e correção
monetária.
Observação: caso a Reclamação Trabalhista contenha pedido de adicional de
periculosidade ou adicional de insalubridade a prova pericial é
obrigatória. Portanto, procure mencioná-la nos requerimentos finais
quando for especificar algumas modalidades de prova em direito
admitidas.
VII. VALOR DA CAUSA
A Consolidação das Leis Trabalhistas é omissa no tocante ao valor da
causa. Contudo, com advento da Lei 5584/70, que fixa o valor de alçada e da Lei
122
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
9957/00, que instituiu o procedimento sumaríssimo, o valor da causa deve ser
apontado na Reclamação Trabalhista.
Cuidado: não é aconselhável atribuir valores específicos a RT, sob pena de
identificar a prova. É mais adequado usar expressões ou valores
genéricos, como os exemplos abaixo:
Procedimento Ordinário→ Atribui-se a causa o valor superior a 40 salários mínimos.
Procedimento SumaríssimoAtenção: se a proposta indicar que o valor da causa está entre 2 a 40 salários
mínimos, o rito será o sumaríssimo. Logo, cada pedido deve ser líquido,
conforme demonstrado anteriormente. Apesar de que os pedidos realizados
estejam líquidos e certos, deve-se atribuir um valor a causa no final da peça.
Vide:
→ Atribui-se a causa valor superior a 2 salários mínimos e inferior a 40
salários mínimos.
FINALIZE A SUA PEÇA!
Termos em que,
Pede deferimento.
Local, data
Nome do Advogado
OAB Nº
Cuidado: Não identifique a prova. Não faça riscos / traços sobre o nome. Não
pule linhas. É importante seguir as orientações descritas na prova. Não
deve ser feito qualquer espécie de marca na assinatura da peça além de
123
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
“Nome do Advogado – OAB nº”, sob pena de ser considerada
identificação de prova.
124
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
5. RESPOSTAS DO RECLAMADO
CONTESTAÇÃO
EXCEÇÃO
RECONVENÇÃO
5.1 CONTESTAÇÃO – ESTRUTURA COMPLETA
O endereçamento e a qualificação sempre serão os primeiros passos de
qualquer petição. O conteúdo da contestação é composto pela Preliminar de Mérito, Prejudicial de Mérito, Mérito, Impugnação aos Documentos, Requerimentos Finais.
I. Preliminar de MéritoCONTESTAÇÃO II. Prejudicial de Mérito III. Mérito IV. Impugnação aos Documentos V. Requerimentos Finais
O quadro a seguir tem a finalidade de materializar a idéia de uma
contestação no processo do trabalho. Esclarece-se que é apenas um modelo para
auxiliá-lo na memorização, assim como na produção de suas próprias peças.
Obs: o modelo foi redigido com espaços maiores e “pulando linhas” apenas por
motivos didáticos e para facilitar a visualização, NÃO SE ACONSELHA
PULAR LINHAS NO EXAME DE ORDEM.
125
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DE ________.
Reclamante: OPCIONALReclamado: Avalie a disponibilidade
Autos nº do espaço físico.
NOME DO RECLAMADO, pessoa jurídica de direito privado,
inscrita no CNPJ sob o nº, estabelecida no endereço completo,
vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio
de seu advogado adiante assinado (PROCURAÇÃO EM ANEXO), com escritório profissional no endereço completo, com
fulcro no artigo 847 da CLT, OFERECER:
CONTESTAÇÃO
à Reclamatória Trabalhista que lhe move NOME DO
RECLAMANTE, já qualificado nos autos em epígrafe, pelas
razões de fato e de direito a seguir expostos.
I – PRELIMINAR DE MÉRITOa) Artigo 301, CPC
b) Pedido líquido e certo (art. 852-B, I, CLT) Exclusivos do
c) Correta indicação do nome e endereço Procedimento do Reclamado (art. 852-B, II, CLT) Sumaríssimo
II – PREJUDICIAL DE MÉRITO
a) Prescrição Bienal
b) Prescrição Quinquenal
c) Prescrição Total
d) Decadência (Ação Rescisória, Mandado de Segurança,
126
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Inquérito para apuração de Falta Grave)
III – MÉRITO (os tópicos são exemplificativos, uma vez que o mérito é dependente da proposta)
1. DO CONTRATO DE TRABALHO
O Reclamante foi admitido pelo Reclamado no dia
________ para exercer a função de _________. No dia ______
foi demitido sem justa causa, ocasião em que sua remuneração
somava R$_____.
2. DA REINTEGRAÇÃO
§1 Fato O Reclamante postulou...§2 Fundamento Não assiste razão ao Reclamante, pois...§3 Pedido Diante do exposto requer a improcedência
do pedido do Reclamante.
3. DA ALTERAÇÃO DA JORNADA
§1 Fato O Reclamante postulou...§2 Fundamento Não assiste razão ao Reclamante, pois...§3 Pedido Diante do exposto requer a improcedência
do pedido do Reclamante.
ITENS PARA MEMORIZAR(Devem estar presente em toda contestação)
4. DA COMPENSAÇÃO
A Reclamada já efetuou o pagamento de todas as verbas
rescisórias devidas ao Reclamante. No entanto, caso não seja
este o entendimento deste Juízo, requer seja feita a
compensação dos valores pagos com as eventuais verbas
deferidas, nos termos do artigo 767, CLT e das súmulas 18 e 48,
TST.
127
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
5. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA
Por cautela, diante de eventual condenação, requer que os
juros e a correção monetária sejam aplicados de acordo com a
previsão do artigo 459, CLT e da súmula 381, TST.
6. RETENÇÕES FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS
Por conseguinte, requer que as retenções fiscais, bem
como os descontos previdenciários ocorram em conformidade
com a súmula 368, TST.
7. IMPUGNAÇÃO AOS DOCUMENTOS
O Reclamado impugna todos os pedidos e documentos
apresentados pelo Reclamante na inicial, eis que destoam da
realidade do contrato de trabalho.
VI - REQUERIMENTOS FINAIS Ante o exposto, requer provar as alegações por todos os
meios de PROVA em direito admitidos, inclusive o depoimento
pessoal do Reclamante, sob pena de confissão, nos termos da
Súmula 74 do TST, bem como a juntada de novos documentos
em contraprova, de acordo com o art. 397 do CPC.
Por fim, requer o julgamento IMPROCEDENTE de todos os
pedidos do Reclamante, condenando-o ao pagamento de custas
processuais.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local e data.
Nome do Advogado
OAB nº
128
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
5.2 ANÁLISE DOS TÓPICOS DA CONTESTAÇÃO
I. ENDEREÇAMENTO
Na contestação o endereçamento da peça não apresenta dificuldades, pois
deverá ser dirigida para o mesmo juízo em que está tramitando a inicial.
Existem duas possibilidades: o problema informa o local em que a RT foi
proposta ou não informa o local de proposição. Neste último caso o
endereçamento será genérico, assim como na RT, diante da ausência de dados.
Exemplo:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ____ VARA DO TRABALHO DE ______________.
Mas se a proposta mencionar o juízo que está apreciando o processo, o
examinando deverá incluir todos os dados informados no endereçamento.
Exemplo:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 2ª VARA DO TRABALHO DE CURITIBA – PR.
Além disso, é importante verificar, diante da informação do local de
ajuizamento da RT, se a competência territorial (art. 651 da CLT) está correta, pois
caso o art. 651 e seus parágrafos não tenham sido observados o réu argüirá
exceção de incompetência (art. 799 da CLT), que será estudada no decorrer do
curso.
129
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
II. QUALIFICAÇÃO
A contestação é a primeira manifestação do réu nos autos, de modo que
apesar de já estar qualificado na inicial, o reclamado deve preencher seus dados
da forma mais completa possível, pois neste momento que poderá informar sua
qualificação precisa, como o autor na petição inicial.
Dispensa-se a qualificação completa do reclamante, a qual será substituída
pela expressão "já qualificado nos autos em epígrafe".
Atenção: Não devem ser inventados dados que não estejam na proposta, sob
pena de identificação de prova.
Exemplo:
NOME DA RECLAMADA (completo, sem abreviações e em caixa alta),
pessoa jurídica de direito privado (pessoa física; fundação pública ou
privada, etc.), inscrita no CNPJ sob o nº, estabelecida no endereço
completo, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio
de seu advogado adiante assinado, com escritório profissional no endereço
completo, (PROCURAÇÃO EM ANEXO), com fulcro no art. 847 da
Consolidação das Leis Trabalhistas, oferecer:
CONTESTAÇÃO
à Reclamatória Trabalhista que lhe move NOME DO RECLAMANTE
(completo e sem abreviações - caixa alta), já qualificado nos autos em
epígrafe, pelas razões de fato e fundamentos de direito a seguir expostas.
130
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
III. PRELIMINAR DE MÉRITO
Neste tópico da contestação argúem-se todos os aspectos processuais. A
defesa do reclamado está relacionada com os problemas do processo (vícios,
nulidades, etc).
A preliminar de mérito dependerá da proposta, logo não serão todas as
peças que apresentarão preliminar de mérito. Na contestação todas as matérias
que devem ser analisadas antes do mérito estão elencadas no rol do art. 301,
CPC.Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar:I - inexistência ou nulidade da citação;II - incompetência absoluta;III - inépcia da petição inicial;IV - perempção;V - litispendência;VI - coisa julgada;VII - conexão;VIII - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;IX - convenção de arbitragem; X - carência de ação;XI - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.§ 1º - Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. § 2º - Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. § 3º - Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso. § 4º - Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada neste artigo.
Comentários ao artigo 301, CPCa) Inciso I: inexistência ou nulidade da citação
O reclamado recebeu a notificação um dia antes da audiência,
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
desrespeitando a desimpedida. Portanto, a citação não pode ser
considerada válida.
b) Inciso III: inépcia da petição inicialA petição inicial será considerada inepta quando lhe faltar pedido
ou causa de pedir, ou quando da narração dos fatos não decorrer
logicamente a conclusão, ou se o pedido for juridicamente impossível e,
ainda, quando contiver pedidos incompatíveis entre si(art. 295, §único,
CPC).
c) Inciso V: litispendência Ocorre a litispendência quando duas causas são idênticas
quanto às partes, pedido e causa de pedir, ou seja, quando se ajuíza
uma nova ação que repita outra que já fora ajuizada, sendo iguais as
partes, o conteúdo e pedido formulado. A lide ainda não foi julgada,
está pendente de julgamento.
d) Inciso VI: coisa julgada A lide já não está pendente de julgamento, não só foi apreciada,
como sua decisão transitou em julgado e, portanto, está protegida pelo
manto da coisa julgada. Fato que impede a propositura desta ação
novamente.
e) Inciso IX: convenção de arbitragem Este inciso não é aplicável na Justiça do Trabalho.
f) Inciso X: carência de ação A carência de ação ocorre quando não houver legitimidade da
parte ou diante da impossibilidade jurídica do pedido ou diante da falta
de interesse de agir da parte.
132
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
O raciocínio desenvolvido em relação a preliminar de mérito estabelece
que:
PROBLEMA PRELIMINARES ART. 301, CPCNO PROCESSO DE MÉRITO
O próximo passo trata-se do requerimento na preliminar de mérito. Qual é o
pedido do Reclamado neste tópico?
O Reclamado deseja a EXTINÇÃO DO PROCESSO, com fundamento no
artigo 267 ou 269 do CPC (dependendo da hipótese apresentada no problema).
ARTIGO 267, CPC ARTIGO 269, CPC
Hipóteses de extinção do Hipóteses de extinção do processo SEM resolução do processo COM resolução do mérito mérito
Observação: a extinção do processo sem resolução do mérito, isto é, com
fundamento no artigo 267 do CPC, não obsta nova propositura da
ação, eis que ainda não foi apreciada pelo judiciário, SALVO as hipóteses do inciso V. Este inciso apresenta os chamados
pressupostos negativos impedem a nova propositura da ação,
quais sejam a perempção, coisa julgada e a litispendência.
Nota: a eficácia do artigo 625-D, CLT está suspensa por força da concessão de
liminar do STF, logo a ausência de declaração de tentativa de conciliatória
frustrada não pode mais ser alegada como preliminar de mérito, tendo em
vista que a passagem pela comissão de conciliação prévia é facultativa.
133
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Exemplo:
O Reclamado recebeu a notificação somente três dias antes da data
de audiência, conforme a data constante no aviso de recebimento. (Fato) O Reclamado tem o prazo legal de, pelo menos, cinco dias após o
recebimento da notificação, para elaborar a sua defesa. O artigo 841 da
CLT impõe que a audiência será marcada após a primeira desimpedida, ou
seja, 5 dias após o recebimento da notificação. A análise prévia deste fato
se dá por força de lei, tendo em vista que o artigo 301, I do CPC, afirma
que a inexistência ou nulidade de citação deve ser analisada antes do
mérito, objeto da lide. (Fundamento) Diante do exposto, requer a extinção do processo sem resolução do
mérito, com fulcro no artigo 267, IV do CPC, tendo em vista que a nulidade
de citação é pressuposto de desenvolvimento válido e regular do processo.
Sucessivamente, caso não seja este o entendimento deste Juízo, requer a
apreciação do mérito. (Pedido)
No exemplo acima, note que o pedido de extinção se refere ao processo
como um todo. Isto ocorre porque a citação inválida é atinge todo o processo e
não parte dele. Todavia é possível que um vício processual atinja apenas parte do
processo. Os casos mais comuns ocorrem quando há litisconsórcio passivo nos
autos. Veja o exemplo:
O Reclamante propôs a presente Reclamatória Trabalhista em face do
Reclamado, a fim de requerer o pagamento das verbas rescisórias
134
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
provenientes de um contrato de trabalho, cujo objeto era a reforma da casa do
Reclamado. (Fato) Ocorre que o Reclamado desconhece a existência de qualquer
contrato com o Reclamante, pois celebrou o contrato de empreitada com a
empresa X, também Reclamada neste processo. A empresa X contratou os
serviços do Reclamante, portanto o Reclamado não possui nenhuma
responsabilidade com as obrigações trabalhistas pleiteadas. O embasamento
legal para tal afirmação encontra-se na OJ 191 do TST, segundo a qual o
dono da obra não será considerado responsável pelos débitos trabalhistas
oriundos das contratações realizadas pelo empreiteiro.
Conclui-se que o Reclamado é parte ilegítima no processo. E, diante
da carência de ação, faz-se necessária a apreciação deste fato antes da
discussão do mérito da lide, conforme o artigo 301, X do CPC. (Fundamento) Com todo o exposto, requer a extinção do processo sem a resolução
do mérito em relação ao dono da obra, com base no artigo 267, VI, eis que o
mesmo não possui legitimidade para figurar no pólo passivo desta ação. Caso
não seja este o entendimento deste Juízo, sucessivamente, requer a análise
do mérito. (Pedido)
Observe que o pedido é de extinção do processo APENAS em relação ao
dono da obra. Supondo que o juiz acolha a preliminar, o processo continuará
normalmente em relação a empresa X, que é parte legitima na ação.
PRELIMINAR NO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO
O procedimento sumaríssimo apresenta um requisito próprio, exigido pelo
artigo 852-B, I e II da CLT:
I. pedido certo ou determinado e indicará o valor
correspondente a cada um deles;
135
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
II. cabe ao reclamante a correta indicação do nome
e endereço do reclamado, eis que não se fará a
citação por edital.
Diante do não atendimento de qualquer um destes requisitos, o reclamado
deverá alegar em Preliminar de Mérito o fato, requerendo o arquivamento da
reclamação, bem como a condenação do Reclamante ao pagamento das custas
processuais sobre o valor da causa, conforme o artigo 852-B, § 1º da CLT.
IV. PREJUDICIAL DE MÉRITO
PREJUDICIAIS PRESCRIÇÃO
DE MÉRITO DECADÊNCIA
Neste tópico alegam-se circunstâncias que, se acolhidas pelo juiz, impedem
a análise dos demais itens, isto é, prejudica a análise do mérito.
Todo e qualquer assunto relacionado com a prescrição ou decadência
deverá estar sob o tópico das prejudiciais de mérito, no qual o reclamado requer a extinção do processo COM resolução do mérito, de acordo com o artigo 269, IV, CPC. Os exemplos serão apresentados a seguir.
DECADÊNCIA NO PROCESSO DO TRABALHO
Só há três hipóteses de prazos decadenciais no processo do trabalho:
136
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
a) Inquérito para apuração de falta grave: prazo decadencial de 30
dias para a sua propositura, quando o empregador optar pela
suspensão do empregado estável, contados a partir da data de
suspensão (art. 853, CLT);
b) Ação Rescisória: prazo decadencial de 2 (dois) anos para o seu
ajuizamento, contados do dia imediatamente subseqüente ao trânsito
em julgado da última decisão proferida na causa, seja de mérito ou
não (art. 495, CPC e súmula 100, TST);
c) Mandado de Segurança: o prazo decadencial de 120 (cento e vinte)
dias contados a partir da ciência do ato ilegal praticado pela
autoridade pública coatora.
PRESCRIÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO
- Prescrição Bienal - Prescrição Qüinqüenal - Prescrição Total
a) Prescrição Bienal
A prescrição bienal está prevista no artigo 7º, XXIX, CF. Este dispositivo
estabelece que o empregado tem o prazo de dois anos, contados a partir da
extinção do contrato de trabalho, para pleitear qualquer verba resultante desta
relação jurídica. Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:XXIX - ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;
137
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Assim, qualquer reclamatória trabalhista que seja proposta após este prazo
será considerada prescrita em relação a todo o processo, pois a prescrição se dá
em face do direito de propor a ação. Exemplo:
O Reclamante postulou o pagamento das verbas originadas pela extinção
do contrato de trabalho ocorrida no dia 02 de setembro de 2006. (Fato) Todas as verbas pleiteadas estão fulminadas pela prescrição bienal,
prevista no art. 7º, XXIX da Constituição Federal, que a ação, quanto a créditos
resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos
para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
extinção do contrato de trabalho. A Reclamatória Trabalhista em tela foi
proposta no dia 02 de setembro de 2009, sendo que já se passaram três anos
desde o desligamento do Reclamante, ultrapassando o limite legal.
(Fundamento) Desta feita, requer a extinção do processo com resolução do mérito, nos
termos do artigo 269, IV do Código de Processo Civil. E, sucessivamente, caso
não seja acolhida a prejudicial de mérito, requer a análise dos demais itens a
seguir expostos. (Pedido)
b) Prescrição Qüinqüenal (art. 7º, XXXIX, CF; art. 11, CLT; súm. 308, TST)
A prescrição qüinqüenal refere-se ao período durante o qual as parcelas
são exigíveis na Justiça do Trabalho.
O próprio nome indica que este lapso temporal é de 5 anos, contados da
DATA DO AJUIZAMENTO DA RECLAMAÇÃO, conforme a súmula 308, TST.
138
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Súmula 308, TST. I – Respeitado o biênio subseqüente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao qüinqüênio da data da extinção do contrato. II - A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrição da ação trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação imediata e não atinge pretensões já alcançadas pela prescrição bienal quando da promulgação da CF/1988.
Art. 11 O direito de ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve: I - em cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção do contrato;II - em dois anos, após a extinção do contrato de trabalho, para o trabalhador rural.§ 1º O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham por objeto anotações para fins de prova junto à Previdência Social.§ 2º (vetado)§ 3º (vetado)
Observação: FALTA DE RECOLHIMENTO DO FGTS – a prescrição qüinqüenal
não se aplica ao direito de reclamar o não recolhimento do FGTS, pois a súmula 362, do TST afirma que esta é trintenária (30
anos), desde que seja respeitado o prazo de 2 (dois) anos após o
término do contrato de trabalho.
Súmula 362. É trintenária a prescrição do direito de reclamar contra o não-recolhimento da contribuição para o FGTS, observado o prazo de 2 (dois) anos após o término do contrato de trabalho.
Exemplo:
O Reclamante postulou o pagamento de horas extras desde 07 de
agosto de 2001. Ocorre que o contrato de trabalho foi extinto em 07 de
agosto de 2008 e a presente Reclamatória Trabalhista, por sua vez, foi
139
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
proposta no dia 07 de agosto de 2009. (Fato)As supostas horas extras pleiteadas anteriores ao dia 07 de
agosto de 2004 estão fulminadas pela prescrição qüinqüenal. A súmula
308, I do TST consagra que respeitado o biênio subseqüente à
cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista concerne às
pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do
ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao qüinqüênio da data
da extinção do contrato. Corrobora o entendimento do TST o artigo 11, I
da CLT, segundo o qual o direito de ação quanto a créditos resultantes
das relações de trabalho prescreve em cinco anos para o trabalhador
urbano, até o limite de dois anos após a extinção do contrato.
(Fundamento)Diante do exposto, requer a extinção das verbas anteriores a
07 de agosto de 2004 com resolução do mérito, conforme o artigo 269, IV, CPC. E, sucessivamente, caso não seja acolhida a prejudicial
de mérito, requer a análise dos demais itens a seguir expostos.
(Pedido)
Observação: o pedido neste caso é específico. Assim como nas Preliminares de
Mérito deve-se observar se o pedido de extinção do processo se dá
em relação a todo ele ou apenas em relação a algum pedido
específico.
Oportuno ressaltar que os prazos prescricionais podem ser interrompidos
ou suspensos em determinados casos. A interrupção caracteriza-se pelo
impedimento da fluência do prazo e será REINICIADA a partir do momento em
que cessar a causa interruptiva. Nas palavras de Francisco Amaral, a interrupção
da prescrição é o fato que impede o fluxo normal do prazo, inutilizando o já
decorrido.12
12 AMARAL. Francisco. Direito Civil: introdução. 5 ed. rev., atual. e aum. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. p. 586.
140
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
A CLT é omissa no tocante a interrupção do prazo prescricional, sendo
aplicado, subsidiariamente, as hipóteses do art. 202 do Código Civil. Ainda, a
Súmula 268 do TST, afirma que a Reclamatória Trabalhista quando proposta
interromperá a prescrição em relação aos pedidos realizados, mesmo que a ação
seja arquivada. Observe que a súmula admite a interrupção da prescrição
somente em relação aos pedidos idênticos.
Art. 202, CC. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;III - por protesto cambial;IV - pela apresentação do Título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores;V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.
Súmula 268, TST. A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos idênticos.
A suspensão, por sua vez, é a “cessação temporária do curso do prazo
prescricional sem prejuízo do tempo já decorrido. Cessando as causas
suspensivas, a prescrição continua a correr, aproveitando-se o tempo
anteriormente decorrido".13
O artigo 625-G da CLT prevê uma hipótese de suspensão do prazo
prescricional por, no máximo, 10 dias, prazo em que o trabalhador aguarda a
sessão de tentativa de conciliação perante a Comissão de Conciliação Prévia (art.
625-F, CLT). 13 AMARAL. Francisco. Direito Civil: introdução. 5 ed. rev., atual. e aum. Rio de Janeiro: Renovar,
2003. p. 584.
141
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Art. 625-F, CLT. As Comissões de Conciliação Prévia têm prazo de dez dias para a realização da sessão de tentativa de conciliação a partir da provocação do interessado.Parágrafo único. Esgotado o prazo sem a realização da sessão, será fornecida, no último dia do prazo, a declaração a que se refere o § 2º do Art. 625-D.
Art.625-G, CLT. O prazo prescricional será suspenso a partir da provocação da Comissão de Conciliação Prévia, recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustrada de conciliação ou do esgotamento do prazo previsto no Art. 625-F.
c) Prescrição Total - Súmula 294, TST
A prescrição total é proveniente de uma alteração unilateral do contrato de
trabalho, no qual ocorre a supressão de uma parcela paga ao empregado.
Nesta situação a natureza salarial da parcela suprimida é fundamental, pois
a prescrição é total se a parcela não estiver prevista na lei, mas se a parcela
suprimida for legal, isto é, tiver previsão na lei a prescrição será parcial.
O entendimento do TST, enunciado na súmula 294, sustenta que se a
parcela suprimida não está prevista em lei e, portanto, é proveniente de uma mera
liberalidade do empregador, a prescrição é total no prazo de 5 anos, contados a
partir da supressão da parcela.
No entanto, se a parcela suprimida for legal, ou seja, está prevista na lei a
prescrição será parcial sendo que o empregado não terá direito apenas as
parcelas anteriores aos últimos 5 anos, contados a partir da data de ajuizamento
da reclamatória trabalhista.
Súmula 294. Tratando-se de demanda que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei.
142
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
DISPOSITIVOS IMPORTANTES – PRESCRIÇÃO
Art. 440, CLT. Contra os menores de dezoito anos não corre nenhum prazo de prescrição.
Súmula 153, TST. Prescrição Trabalhista - Instância Ordinária. Não se
conhece de prescrição não argüida na instância ordinária.
Súmula 156, TST. Extinção - Contrato de Trabalho - Prazo Prescricional - Direito de Ação. Da extinção do último contrato é que começa a fluir o prazo
prescricional do direito de ação objetivando a soma de períodos descontínuos
de trabalho.
Súmula 382, TST. Mudança de Regime Celetista para Estatutário - Extinção do Contrato. Prescrição Bienal. A transferência do regime jurídico
de celetista para estatutário implica extinção do contrato de trabalho, fluindo o
prazo da prescrição bienal a partir da mudança de regime.
Súmula 114, TST. Justiça do Trabalho - Prescrição Intercorrente. É
inaplicável na Justiça do Trabalho a prescrição intercorrente.
A Súmula 114, TST é contrária a súmula 327 do STF. Note que
ambas estão em vigência e, portanto, válidas. Defronte de qualquer
questionamento, é aconselhável fazer menção as duas súmulas, bem como a
divergência entre os Tribunais.
Vide os comentários do Juiz do Trabalho Raymundo Antonio
Carneiro Pinto, no livro de Súmulas do TST Comentadas.
Súmula 327, STF. Direito Trabalhista - Admissibilidade - Prescrição Intercorrente. O direito trabalhista admite a prescrição intercorrente.
143
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Atenção: Na peça processual, a fim de manter coerência entre as idéias, a
finalização do tópico das prejudiciais de mérito, bem como das
preliminares de mérito, SEMPRE deverão concluir de forma que
possibilite a discussão do mérito da causa, caso o Juízo não aceite as
alegações destes tópicos. Exemplo:
Caso não seja este o entendimento deste Juízo, sendo
superadas a preliminar e/ou a prejudicial de mérito.
Sucessivamente, requer a análise em relação ao mérito.
V. MÉRITO
Ultrapassadas as questões preliminares e prejudiciais, inicia-se o
desenvolvimento do mérito da contestação, que é mais simples de ser ordenado
do que o mérito da petição inicial, uma vez que os pedidos formulados pelo autor
são diretrizes do conteúdo deste tópico da contestação.
O mérito da resposta do Reclamado deve atacar todos os pedidos
invocados na exordial, negando a pretensão do Reclamante, ponderando, ainda,
as razões de direito que fundam a sua insurgência.
Assim como na RT, redija um tópico para cada questão do problema,
abordando o fato reclamado, a inexistência do direito do autor e o pedido de
improcedência.
É aconselhável listar todos os pontos que serão abordados na peça, com o
intuito de apresentá-los em ordem cronológica e da maneira mais lógica possível
144
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
(primeiramente, contestar os pedidos principais e, logo após, os pedidos
acessórios). O ideal é ser claro e objetivo, limite-se as informações essenciais.
Atenção: não é possível inventar fatos que não foram expostos na proposta,
examinando está restrito a estas informações. Diante da falta de dados
o mais indicado é deixar um espaço em branco, como no tópico DO
CONTRATO DE TRABALHO, ou utilizar frases genéricas, conforme o
exemplo:
Não assiste razão ao Reclamante, pois não são verdadeiros os fatos
alegados. Destaca-se que o ônus da prova é do Reclamante, conforme
dispõe o artigo 818 da CLT, bem como o artigo 333, I, CPC.
Diante do exposto, requer a improcedência do pedido do
Reclamante.
Nota: não esqueça que se o Reclamado aduzir FATOS MODIFICATIVOS,
IMPEDITIVOS OU EXTINTIVOS do direito do autor atrairá para si o ônus
da prova, devendo comprovar as suas alegações (artigo 333, II, CPC).Art. 818, CLT. A prova das alegações incumbe à parte que as fizer.
Art. 333, CPC. O ônus da prova incumbe:I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando:I - recair sobre direito indisponível da parte;II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
A seguir serão abordados os principais aspectos dos pedidos a serem
realizados na contestação.
► DO CONTRATO DE TRABALHO
145
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Este é o primeiro tópico a ser abordado no mérito e sempre deverá estar
presente na contestação, sendo necessário relacionar as seguintes informações
da relação jurídica mantida pelas partes: data de admissão e dispensa, função
exercida e remuneração.
CONTRATO Admissão
DE TRABALHO Função
Salário
Demissão
O Reclamante foi admitido em 05 de fevereiro de 2006 pela
Reclamada, para exercer a função de auxiliar administrativo. Em 30 de
novembro de 2007 foi dispensado com justa causa. Sua última
remuneração foi equivalente a R$ 600,00 (seiscentos reais).
É possível que a prova não traga todos estes dados ou talvez não informe
nenhum deles. Suponha que a proposta tenha informado apenas a função do
Reclamante.
Exemplo:
O Reclamante foi admitido pelo Reclamado no dia ________ para
exercer a função de auxiliar administrativo, a remuneração percebida era
de _______ até a data _________, quando foi dispensado com justa
causa pelo Reclamado.
146
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
As alegações seguintes dependerão da proposta, sendo que o examinando
deverá atacar todos os pedidos formulados pelo autor. Com o intuito de facilitar o
aprendizado seguem alguns exemplos padronizados.
DAS HORAS EXTRASO Reclamante postulou o pagamento de horas extras, acrescidas
do adicional de 50% (cinquenta por cento). (Fato)Não assiste razão ao Reclamante, pois as horas extras pleiteadas
foram devidamente compensadas em seguida, conforme o prévio
acordo individual escrito firmado entre as partes. Destaca-se que, nos
termos da súmula 85, I do TST, a compensação de jornada de trabalho
deve ser ajustada por acordo individual escrito, acordo coletivo ou
convenção coletiva. (Fundamento)Diante do exposto requer a improcedência do pedido do
Reclamante. (Pedido)
DA ALTERAÇAO DE JORNADA
O Reclamante postulou o pagamento de adicional noturno a partir de
janeiro de 2009. (Fatos)Não assiste razão ao Reclamante, posto que a Súmula 265 do TST
autoriza a transferência do empregado para o período diurno com a perda
do direito ao adicional noturno, pois o entendimento do Tribunal assevera
que tal alteração é mais benéfica para a saúde do empregado.
(Fundamentos)Diante do exposto, requer a improcedência do pedido do
147
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Reclamante. (Pedido)
DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
O Reclamante postulou o pagamento de adicional de insalubridade,
afirmando que havia muitos ruídos no ambiente de trabalho, o que o
tornava um local insalubre. (Fatos)Não assiste razão ao Reclamante, pois laborava em ambiente com
pouquíssima incidência de ruídos e sempre utilizava EPI fornecido pela
Reclamada, cuja utilização é fiscalizada. Assim, nos termos do artigo 80 do
TST, o adicional não é devido, uma vez que a eliminação da insalubridade,
pelo fornecimento de aparelhos protetores aprovados pelo órgão
competente do Poder Executivo, exclui a percepção do adicional respectivo.
(Fundamentos)Diante do exposto, requer a improcedência do pedido do
Reclamante, bem como os reflexos postulados. (Pedido)
► Justiça Gratuita e Honorários Advocatícios
O pedido de Justiça Gratuita, bem como o pedido de Honorários
Advocatícios, serão contestados apenas se a proposta mencionar expressamente
que o Reclamante os postulou. Exemplos:
JUSTIÇA GRATUITA O Reclamante postulou a concessão do benefício da justiça
gratuita. (Fatos)Não assiste razão ao Reclamante, pois este não preenche os
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
requisitos estabelecidos pelo § 3º do art. 790 da CLT que concede o
benefício somente àqueles que perceberem salário igual ou inferior ao
dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não
estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do
sustento próprio ou de sua família. (Fundamento) Diante do exposto, requer a improcedência do pedido do
Reclamante. (Pedido)
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOSO Reclamante postulou honorários advocatícios, na razão de
15% (quinze por cento). (Fatos)Não assiste razão ao Reclamante, pois não há qualquer amparo
legal à pretensão. Os honorários advocatícios no processo trabalhista
exigem o preenchimento de dois requisitos básicos, estabelecidos pela
súmula 219, I do TST, segundo a qual serão devidos os honorários
assistenciais apenas se a parte estiver assistida por advogado do
sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário
inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação
econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio
sustento ou da respectiva família. Oportuno salientar que, nos termos
da OJ 305, SDI – 1 do TST, o deferimento de honorários advocatícios,
na Justiça do Trabalho, sujeita-se à constatação da ocorrência
concomitante de ambos requisitos supra mencionados.
(Fundamentos) Diante do exposto, requer a improcedência do pedido do
Reclamante. (Pedido)
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
CUIDADO: a proposta poderá afirmar que ambos os requisitos estão presentes,
contudo pleitear porcentagem superior ao limite permitido, que é de
15% para as relações de emprego, conforme a súmula 219 e 329 do
TST.
ITENS PARA MEMORIZAR(Devem estar presente em toda contestação)
► Da Compensação
A compensação é matéria de defesa e visa descontar das verbas
eventualmente deferidas o valor das verbas já quitadas. No tocante a
compensação, três dispositivos são essenciais: artigo 767 da CLT e súmulas 18 e
48 do TST.
Art. 767, CLT. A compensação, ou retenção, só poderá ser arguida como matéria de defesa.
Súmula 18, TST. A compensação, na Justiça do Trabalho, está restrita a dívidas de natureza trabalhista.
Súmula 48, TST. A compensação só poderá ser arguida com a contestação.
Exemplo:
A Reclamada já efetuou o pagamento de todas as verbas
rescisórias devidas ao Reclamante. No entanto, caso não seja este o
entendimento deste Juízo, requer seja feita a compensação dos valores
pagos com as eventuais verbas deferidas, nos termos do artigo 767, CLT
e das súmulas 18 e 48, TST.
150
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Ad cautelam, caso algum direito seja reconhecido à reclamante,
requer-se a compensação de todos os valores pagos nos termos do artigo
767, CLT e das súmulas 18 e 48, TST.
► Juros e Correção Monetária
Na contestação deve-se pleitear que a incidência de juros e correção
monetária do valor eventualmente deferido deve ser realizada de acordo com a
súmula 381 do TST, ou seja, a correção monetária ocorrerá a partir da data do
pagamento da prestação e não a partir da data do início da prestação dos serviços
como deseja o Reclamante.
Artigo 459, CLT. O pagamento do salário qualquer que seja a modalidade do trabalho, não deve ser estipulado por período superior a 1(um) mês, salvo no que concerne a comissão, percentagens e gratificações.§1º - Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido.
Súmula 381, TST. O pagamento dos salários até o 5º dia útil do mês subseqüente ao vencido não está sujeito à correção monetária. Se essa data limite for ultrapassada, incidirá o índice da correção monetária do mês subseqüente ao da prestação dos serviços, a partir do dia 1º.
Exemplos:
Diante de eventual condenação do Reclamado, este requer a
incidência de juros e correção monetária na forma da súmula 381, TST.
151
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Por cautela, diante de eventual condenação, requer que os juros
e a correção monetária sejam aplicados de acordo com a previsão do
artigo 459, CLT e da súmula 381, TST.
Por cautela, em caso de eventual condenação, os juros e a
correção monetária devem seguir os ditames da legislação pertinente em
vigor, devendo, quanto à correção monetária, ser aplicado o índice relativo
ao mês imediatamente posterior ao da prestação do serviço, na esteira do
artigo 459, da CLT e Súmula 381 do TST.
► Retenções Fiscais e Previdenciárias
Súmula 368, TST. Descontos Previdenciários e Fiscais - Competência - Responsabilidade pelo Pagamento - Forma de Cálculo. I - A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição. II - É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e fiscais, resultante de crédito do empregado oriundo de condenação judicial, devendo incidir, em relação aos descontos fiscais, sobre o valor total da condenação, referente às parcelas tributáveis, calculado ao final, nos termos da Lei 8.541/1992, art. 46 e Provimento da CGJT nº 03/2005.III - Em se tratando de descontos previdenciários, o critério de apuração encontra-se disciplinado no art. 276, §4º, do Decreto 3.048/99 que regulamentou a Lei 8.212/91 e determina que a contribuição do empregado, no caso de ações trabalhistas, seja calculada mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição.
Exemplos:
152
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Por conseguinte, diante de eventual condenação do Reclamado, requer
que as retenções fiscais, bem como os descontos previdenciários ocorram em
conformidade com a súmula 368, TST.
Urge ressaltar que, na eventual possibilidade de condenação, o
abatimento das contribuições previdenciárias e retenções fiscais dos valores
devidos ao Reclamante, deverá ser feito nos termos da Súmula 368 do TST.
VI. IMPUGNAÇÃO AOS DOCUMENTOS
A contestação SEMPRE deve conter um tópico específico, no entanto
sintético, para impugnar todos os documentos apresentados na exordial.
Exemplos:
Impugnam-se todos os documentos apresentados na
petição inicial, uma vez que não exprimem a realidade dos fatos.
OU
O Reclamado impugna todos os pedidos e documentos
apresentados pelo Reclamante na inicial, eis que destoam da
realidade do contrato de trabalho.
OU
153
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Todos os documentos apresentados na Reclamatória
Trabalhista não correspondem a realidade dos fatos, logo são
impugnados.
VII. REQUERIMENTOS FINAIS
PRODUÇÃO DE PROVAS
IMPROCEDÊNCIA
O reclamado, tal qual o autor, também tem uma pretensão em face do
órgão jurisdicional, que é, basicamente, o julgamento improcedente da ação.
Os requerimentos finais da contestação apresentam o pedido de produção
de provas e de improcedência de todos os pedido do Reclamante. Apenas com o
intuito de complementar, citam-se dois dispositivos que podem ser inseridos nos
requerimentos finais da contestação.
Súmula 74, TST. Pena de confissão trabalhista. I - Aplica-se a pena de confissão à parte que, expressamente intimada com aquela comunicação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor.II - A prova pré constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto com a confissão ficta (art. 400, I, CPC), não implicando cerceamento de defesa o indeferimento de provas posteriores.
Art. 397, CPC. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados, ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
Exemplo:
Ante o exposto, requer provar as alegações por todos os meios de
PROVA em direito admitidos, inclusive o depoimento pessoal do
154
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Reclamante, sob pena de confissão, nos termos da Súmula 74 do TST,
bem como a juntada de novos documentos em contraprova, de acordo com
o art. 397 do CPC.
Por fim, requer o julgamento IMPROCEDENTE de todos os pedidos
do Reclamante, condenando-o ao pagamento de custas processuais.
Lembrete: caso a contestação apresente o tópico de preliminar de mérito é
imprescindível que o examinando reitere o acolhimento do mesmo nos
requerimentos finais. Exemplo:
Com todo o exposto, requer a produção de todos os meios de
PROVA em direito admitidos, inclusive o depoimento pessoal do
Reclamante, sob pena de confissão, nos termos da Súmula 74 do TST,
bem como a juntada de novos documentos em contraprova, de acordo
com o art. 397 do CPC.
Por fim, requer o acolhimento da Prejudicial de Mérito,
extinguindo o processo com julgamento de mérito. E, sucessivamente,
caso não seja este o entendimento deste Juízo, requer a análise do
mérito, julgando IMPROCEDENTE todos os pedidos do Reclamante.
FINALIZE A SUA PEÇA!
Termos em que,
Pede deferimento.
Local, data
Nome do Advogado
155
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
OAB Nº
Cuidado: Não identifique a prova. Não faça riscos / traços sobre o nome. Não
pule linhas. É importante seguir as orientações descritas na prova. Não
deve ser feito qualquer espécie de marca na assinatura da peça além de
“Nome do Advogado – OAB nº”, sob pena de ser considerada
identificação de prova.
156
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
5.3 EXCEÇÃO
► Conceito
O doutrinador Humberto Theodoro Junior leciona que “exceção é a indireta
contradição do réu à ação do autor, por meio da qual se perime a mesma ação ou
dilata o seu exercício. Mas, no sentido estrito em que a expressão foi utilizada no
artigo 297 do CPC, exceção é o incidente processual destinado à arguição de
incompetência relativa do juízo, e de suspeição ou impedimento do juiz (art. 304,
CPC).” 14
No processo do trabalho, apenas a arguição da exceção de incompetência
e de impedimento gerará a suspensão do feito (art. 799, CLT), o exceto terá um
prazo improrrogável de 24 horas para se manifestar (art. 800, CLT), enquanto o
juiz ou Tribunal deverá designar audiência de instrução e julgamento da exceção
dentro de 48 horas (art. 802, CLT). As demais exceções deverão ser apresentadas
como matéria de defesa (art. 799, §1º, CLT).
Art. 799, CLT. Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho somente podem ser opostas, com suspensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência.§ 1º. As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa.§ 2º. Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final.
Art. 800, CLT. Apresentada a exceção de incompetência, abrir-se-á vista dos autos ao exceto, por 24 (vinte e quatro) horas improrrogáveis, devendo a decisão ser proferida na primeira audiência ou sessão que se seguir.
Art. 802, CLT. Apresentada a execução de suspeição, o juiz ou Tribunal designará audiência
14 THEODORO JUNIOR. Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria Geral de Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 379.
157
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
dentro de 48 (quarenta e oito) horas, para instrução e julgamento da exceção.§ 1º. Nas Juntas de Conciliação e Julgamento e nos Tribunais Regionais, julgada procedente a exceção de suspeição, será logo convocado para a mesma audiência ou sessão, ou para a seguinte, o suplente do membro suspeito, o qual continuará a funcionar no feito até decisão final. Proceder-se-á da mesma maneira quando algum dos membros se declarar suspeito.§ 2º. Se tratar de suspeição de Juiz de Direito, será este substituído na forma da organização judiciária local.
► Hipóteses de Cabimento
As hipóteses de cabimento das exceções estão previstas no artigo 801 da
CLT e nos artigos 134 e 135 do CPC.
Art. 801, CLT. O juiz, presidente ou juiz classista, é obrigado a dar-se por suspeito, e pode ser recusada, por algum dos seguintes motivos, em relação à pessoa dos litigantes:a) inimizade pessoal;b) amizade íntima;c) parentesco por consangüinidade ou afinidade até o terceiro grau civil;d) interesse particular na causa.Parágrafo único. Se o recusante houver praticado algum ato pelo qual haja consentido na pessoa do juiz, não mais poderá alegar exceção de suspeição, salvo sobrevindo novo motivo. A suspeição não será também admitida, se do processo constar que o recusante deixou de alegá-la anteriormente, quando já a conhecia, ou que, depois de conhecida, aceitou o juiz recusado ou, finalmente, se procurou de propósito o motivo de que ela se originou.
Art. 134, CPC. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:I - de que for parte;II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão;IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau;
158
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau;VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.Parágrafo único. No caso do nº IV, o impedimento só se verifica quando o advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz.
Art. 135, CPC. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau;III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.
► EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA - Procedimento
1. Apresentação em peça apartada dentro do prazo de resposta
2. O juiz recebe a exceção
3. Suspende o feito (art. 799,caput, da CLT)
4. Abre vista a parte contrária (excepto) pelo prazo de 24 horas
5. Prolata decisão
6. Caso o juiz acolha a exceção, remeterá os autos para o juízo
declinado como competente.
A decisão proferida em sede de julgamento de exceção de incompetência é
interlocutória. Portanto, seria irrecorrível de imediato (art. 893, § 1º da CLT). No
entanto, a decisão do juiz que acolhe a exceção apresenta uma peculiaridade, a
159
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
súmula 214, “c” do TST prevê uma ressalva em relação à estes casos, que desde
que preenchido alguns requisitos, caberá a interposição de Recurso Ordinário.
Súmula 214, TST. Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.
Se o juiz acolher a exceção de incompetência, remetendo os autos para juiz
que esteja subordinado à TRT distinto daquele TRT que anteriormente seria
competente para julgar eventual recurso do processo, isto é, o processo será
remetido para a 1ª instância de outra Região.
Neste caso, é cabível a interposição de RO em face de uma decisão
interlocutória, o qual será julgado pelo TRT originariamente competente, ou seja,
pelo TRT à que está subordinado o juiz que acolheu a exceção de incompetência,
de acordo com a alínea “c” da súmula 214 do TST.
Observação: nas exceções de suspeição e impedimento, os sujeitos passivos são
juízes, promotores, peritos judiciais, intérpretes e os próprios
serventuários da justiça (art. 138 do CPC). Opostas exceções de
suspeição e impedimento contra o juiz, haverá a suspensão da
marcha processual. No entanto, quando for oposta em relação a
qualquer outro dos sujeitos passivos, não haverá a suspensão do
processo (art. 138, §1º do CPC).
160
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
5.4 RECONVENÇÃO
► Conceito
A reconvenção é a “ação do réu contra o autor, proposta no mesmo feito
em que está sendo demandado” 15, ou seja, duas ações no mesmo processo, que
serão julgadas por uma sentença. Enquanto a contestação do réu é uma simples
resistência a pretensão do autor, a reconvenção é considerada um “contra-ataque,
uma verdadeira ação ajuizada pelo réu (reconvinte) contra o autor (reconvindo),
nos mesmos autos.”16
Em outras palavras, a reconvenção constitui uma ação proposta pela parte
demandada em face da parte autora dentro da mesma relação processual, que
será julgada pela mesma sentença. Portanto, deverá preencher os mesmos
requisitos de uma petição inicial (art. 840, § 1º da CLT c/c art. 282, CPC). Ainda, a
reconvenção deve ter conexão com a petição inicial ou com os fundamentos da
defesa.
► Previsão LegalA reconvenção está prevista nos artigos 315 ao 318 do CPC, aplicados,
subsidiariamente, ao processo do trabalho por força do artigo 769 da CLT.
Art. 315, CPC. O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a reconvenção seja conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.Parágrafo único. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar em nome de outrem.
Art. 316, CPC. Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo será intimado, na pessoa do seu procurador, para contestá-la no prazo de 15 (quinze) dias.
15 THEODORO JUNIOR. Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria Geral de Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 386.
16 THEODORO JUNIOR. Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria Geral de Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 386.
161
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Art. 317, CPC. A desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a extinga, não obsta ao prosseguimento da reconvenção.
Art. 318, CPC. Julgar-se-ão na mesma sentença a ação e a reconvenção.
O artigo 317 do CPC expõe uma característica importante da reconvenção:
a autonomia. A reconvenção não é uma ação acessória, tendo em vista que a
desistência da ação do autor (reconvindo), ou a existência de qual quer causa que
a extinga, não obsta ao prosseguimento da reconvenção.
162
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
6. TEORIA GERAL DOS RECURSOS
As decisões proferidas na Justiça do Trabalho admitem os seguintes
recursos: RO, RR, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, EMBARGOS AO TST, AGRAVO DE PETIÇÃO E AGRAVO DE INSTRUMENTO.
Sentença RO RR Emb. TSTJuiz TRT TST TST
Somente as decisões definitivas são passíveis de recurso na Justiça do
Trabalho. Esta conclusão extrai-se da redação do artigo 893, §1º da CLT, segundo
o qual os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal,
admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente
em recurso da decisão definitiva. Portanto, as decisões interlocutórias são
irrecorríveis DE IMEDIATO.
Lembrete: súmula 214, TST que dispõe algumas exceções para esta regra,
conforme explanado anteriormente.
Art. 893, CLT. Das decisões são admissíveis os seguintes recursos:I. embargos;II. recurso ordinário;III. recurso de revista;IV. agravo.§ 1º. Os incidentes do processo são resolvido pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recurso da decisão definitiva.§ 2º. A interposição de recurso para o Supremo Tribunal Federal não prejudicará a execução do julgado.
O efeito suspensivo dos recursos é antagônico ao Princípio da Celeridade
que norteia o Processo do Trabalho. Portanto, os recursos no processo do
trabalho, em geral, têm efeito meramente devolutivo (art. 899, CLT), ou seja,
163
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
apenas devolvem a matéria para nova apreciação do Poder Judiciário. Assim,
pactua-se que é cabível a execução provisória no Processo do Trabalho.
A execução provisória se desenvolve da mesma forma que a execução
definitiva, CONTUDO limita-se aos atos de constrição, ou seja, na execução
provisória não podem ocorrer os atos de expropriação (venda dos bens).
Art. 899, CLT. Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Titulo, permitida a execução provisória até a penhora.§ 1º. Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vezes o valor de referência regional, nos dissídios individuais, só será admitido o recurso, inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da respectiva importância. Transitada em julgado a decisão recorrida, ordenar-se-á o levantamento imediato da importância do depósito, em favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz.§ 2º. Tratando-se de condenação de valor indeterminado, o depósito corresponderá ao que for arbitrado para efeito de custas, pela Junta ou Juízo de Direito, até o limite de 10 (dez) vezes o valor de referência regional.§ 3º. (Revogado)§ 4º. O depósito de que trata o § 1º far-se-á na conta vinculada do empregado a que se refere o Art. 2º da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, aplicando-se-lhe os preceitos dessa lei, observado, quanto ao respectivo levantamento, o disposto no § 1º.§ 5º. Se o empregado ainda não tiver conta vinculada aberta em seu nome, nos termos do Art. 2º da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, a empresa procederá à respectiva abertura, para efeito do disposto no § 2º.§ 6º. Quando o valor da condenação, ou o arbitrado para fins de custas, exceder o limite de 10 (dez) vezes o valor de referência regional, o depósito para fins de recurso será limitado a este valor.
6.1 PRAZOS RECURSAIS
Os recursos no processo do trabalho possuem um prazo único,
determinado pelo artigo 6º da Lei 5584/70, que é de 8 dias. Os embargos de
declaração, no entanto, são exceção à regra, pois o seu prazo é de 5 dias.
164
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Na Justiça do Trabalho o prazo para apresentar contra razões de um
recurso é o mesmo que o prazo para a sua interposição.
Art 6º, Lei 5584/70. Será de 8 (oito) dias o prazo para interpor e contra-arrazoar qualquer recurso (CLT, art. 893).
Art. 900, CLT. Interposto o recurso, será notificado o recorrido para oferecer as suas razões, em prazo igual ao que tiver o recorrente.
Atenção: quando a União, Estados, Municípios, Distrito Federal, Autarquias, ou
Fundações de Direito Público que não explorem a atividade econômica,
forem parte do processo na Justiça do Trabalho, o prazo para estes
entes federativos interpor recurso, bem como para apresentar contra
razões será em dobro, conforme o Decreto Lei 779/69. Inclusive para
interpor embargos de declaração (OJ 192, SDI – 1, TST).Art. 1º, Dec. Lei 779/69. Nos processos perante a Justiça do Trabalho, constituem privilégio da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica:I - a presunção relativa de validade dos recibos de quitação ou pedidos de demissão de seus empregados ainda que não homologados nem submetidos à assistência mencionada nos parágrafos 1º, 2º e 3º do artigo 477 da Consolidação das Leis do Trabalho;II - o quádruplo do prazo fixado no artigo 841, "in fine", da Consolidação das Leis do Trabalho;III - o prazo em dobro para recurso;IV - a dispensa de depósito para interposição de recurso;V - o recurso ordinário "ex officio" das decisões que lhe sejam total ou parcialmente contrárias;VI - o pagamento de custas a final salva quanto à União Federal, que não as pagará.
Art. 188, CPC. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.
OJ 192, SDI – 1, TST. É em dobro o prazo para a interposição de embargos declaratórios por pessoa jurídica de direito público.
165
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
O artigo 775, § único da CLT dispõe que os prazos vencidos em sábados,
domingos ou feriados, terminará no primeiro dia útil seguinte. Ocorre que além de
feriados nacionais, existem feriados estaduais e municipais, diante disso incumbe
à parte comprovar que não houve expediente em dia útil ou o feriado local, a fim
de confirmar que seu recurso não fora interposto a destempo (Súmula 385, TST).
Art. 775, CLT. Os prazos estabelecidos neste Título contam-se com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento, e são contínuos e irreleváveis, podendo, entretanto, ser prorrogados pelo tempo estritamente necessário pelo juiz ou tribunal, ou em virtude de força maior, devidamente comprovada.Parágrafo único. Os prazos que se vencerem em sábado, domingo ou feriado, terminarão no primeiro dia útil seguinte.
Súmula 385, TST. Cabe à parte comprovar, quando da interposição do recurso, a existência de feriado local ou de dia útil em que não haja expediente forense, que justifique a prorrogação do prazo recursal.
Ainda, em relação aos prazos é relevante o conhecimento da OJ 357, SDI –
1, TST, cuja redação afirma que o recurso interposto antes da publicação da
decisão não será conhecido. OJ 357, SDI – 1, TST. É extemporâneo recurso interposto antes de publicado o acórdão impugnado.
→ Extemporâneo = que vem fora de tempo; inoportuno; inesperado.17
6.2 REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL
Na Justiça do Trabalho vigora o ius postulandi, no entanto nada impede que
a parte seja representada por advogado, caso em que é indispensável o
instrumento de mandato.
Em relação à representação processual alguns apontamentos são
essenciais para o exame de II fase da prova da OAB.
17 Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Disponível em: < http://www.priberam.pt/DLPO/>. Acesso em 20 de agosto de 2009.
166
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
O artigo 37 do CPC admite a juntada tardia de procuração, a fim de evitar
prescrição ou decadência do direito do autor ou para praticar um ato reputado
urgente. Este artigo só poderá ser avocado subsidiariamente na Justiça do
Trabalho em 1ª instância, uma vez que a súmula 383, I do TST não permite a
juntada posterior na fase recursal, pois o entendimento do Tribunal não considera
a interposição de recurso um ato urgente.
Neste mesmo sentido, tem-se o inciso II da súmula 383 do TST que veda a
concessão de prazo para a regularização de representação, nos termos do artigo
13 do CPC, que também só é aplicável na Justiça do Trabalho em 1ª instância.
Art. 37, CPC. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz.Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas e danos.
Art. 13, CPC. Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da representação das partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo razoável para ser sanado o defeito. Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a providência couber:I - ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo;II - ao réu, reputar-se-á revel;III - ao terceiro, será excluído do processo.
Súmula 383, TST. I - É inadmissível, em instância recursal, o oferecimento tardio de procuração, nos termos do art. 37 do CPC, ainda que mediante protesto por posterior juntada, já que a interposição de recurso não pode ser reputada ato urgente. II - Inadmissível na fase recursal a regularização da representação processual, na forma do art. 13 do CPC, cuja aplicação se restringe ao Juízo de 1º grau.
Na hipótese de juntada posterior de mandato em caso de urgência,
algumas determinações legais devem ser respeitadas, por exemplo, apresentar a
167
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
procuração no prazo de 15 dias (§ 1º artigo 5º do Estatuto da OAB), a fim de que o
mandato seja considerado eficaz, pois caso contrário todos os atos serão
reputados inexistentes, conforme a súmula 164, TST.
Súmula 164, TST. O não-cumprimento das determinações dos §§ 1º e 2º do art. 5º da Lei nº 8.906, de 04.07.1994 e do art. 37, parágrafo único, do Código de Processo Civil importa o não-conhecimento de recurso, por inexistente, exceto na hipótese de mandato tácito.
Há uma exceção prevista na súmula 164, TST dispensando as exigências
deste dispositivo quando se tratar de mandato tácito. Na Justiça do Trabalho, se o
advogado acompanha-se a parte em audiência, entendia-se como concedida uma
procuração tácita, que autoriza apenas a estrita atuação no foro (cláusula ad
iudicia). Portanto, o procurador investido por meio de mandato tácito não pode
substabelecer, eis que tal poder não está incluído nos poderes concedidos pela
cláusula ad iudicia (OJ 200, SDI – 1, TST).
OJ 200, SDI – 1, TST. É inválido o substabelecimento de advogado investido de mandato tácito.
A parte pode conceder uma procuração ao advogado, contendo um prazo
de validade, todavia entende o TST que é possível que a procuração confira
poderes ao procurador para que atue até o final do processo, hipótese em que
está dispensada a fixação de um prazo determinado para o mandato (súmula 395,
I, TST).
O inciso III da súmula 395 do TST fixa que o advogado poderá
substabelecer seu mandato, mesmo que não haja previsão expressa para tanto e,
ainda, que os atos do substabelecido serão considerados válidos. O Código Civil
(artigo 667, §’s) faz referência as obrigações do advogado com a parte diante de
qualquer prejuízo que provoque, bem como as suas responsabilidades no caso de
prejuízos causados pelo substabelecido.
168
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Súmula 395, TST. I - Válido é o instrumento de mandato com prazo determinado que contém cláusula estabelecendo a prevalência dos poderes para atuar até o final da demanda. II - Diante da existência de previsão, no mandato, fixando termo para sua juntada, o instrumento de mandato só tem validade se anexado ao processo dentro do aludido prazo. III - São válidos os atos praticados pelo substabelecido, ainda que não haja, no mandato, poderes expressos para substabelecer (art. 667, e parágrafos, do Código Civil de 2002). IV - Configura-se a irregularidade de representação se o substabelecimento é anterior à outorga passada ao substabelecente.
A OJ 52 da SDI – 1, TST afirma que os entes federativos (União, Estados,
Municípios e Distrito Federal, sua autarquias e fundações públicas), quando
representados em juízo por seus procuradores, são dispensados de apresentar
procuração nos autos. “Em geral, os procuradores que representam as pessoas
jurídicas de direito público junto aos órgãos do Poder Judiciário são funcionários
nomeados especialmente para desempenhar tal função. O mandato, portanto,
decorre de um ato do ente público (União, Estados, etc.), devidamente publicado
na imprensa oficial. É evidente que a exigência de procuração torna-se
despicienda.”18
OJ 52, SDI – 1, TST. A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, sua autarquias e fundações públicas, quando representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da juntada de instrumento de mandato.
6.3 RECURSO ADESIVO
Não há previsão legal na CLT sobre o recurso adesivo, de forma que se
aplicam as normas do CPC de forma subsidiária. Destaca-se que o recurso
adesivo não é um novo recurso, mas sim uma forma de interposição, isto é, um
modo diferente de interpor um recurso.
18 PINTO. Raymundo Antonio Carneiro. Orientações Jurisprudenciais do TST: comentadas. São Paulo: Ltr, 2009. p. 71.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
A possibilidade de interpor um recurso na sua forma adesiva exige,
basicamente, dois requisitos: sucumbência recíproca e a interposição de recurso
por uma das partes.
Na Justiça do Trabalho a forma adesiva de interposição é compatível com o
recurso ordinário, recurso de revista, embargos ao TST e agravo de petição (Súmula 283, TST).
Súmula 283, TST. O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e cabe, no prazo de 8 (oito) dias, nas hipóteses de interposição de recurso ordinário, de agravo de petição, de revista e de embargos, sendo desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte contrária.
Preenchidos os requisitos do recurso adesivo, o seu procedimento será o
mesmo que o recurso independente.
O prazo para a interposição é o mesmo que a parte dispõe para responder
o recurso principal, ou seja, após a análise dos pressupostos de admissibilidade,
abre-se vista à parte para que apresente contra razões no prazo de 8 dias,
momento em que, se quiser, deverá interpor o recurso adesivo (art. 500, I do
CPC).
O recurso adesivo é dependente do recurso principal, de forma que se o
recurso principal não for conhecido, o adesivo restará prejudicado ou se a parte
desistir do recurso principal, o adesivo também não será analisado (art. 500, III,
CPC).
Art. 500, CPC. Cada parte interporá o recurso, independentemente, no prazo e observadas as exigências legais. Sendo, porém, vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir a outra parte. O recurso adesivo fica subordinado ao recurso principal e se rege pelas disposições seguintes: I - será interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso principal, no prazo de que a parte dispõe para responder;
170
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
II - será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso extraordinário e no recurso especial;III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele declarado inadmissível ou deserto.Parágrafo único. Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior.
O recurso adesivo não dispensa a parte do preparo, pagamento do depósito
e custas (art. 500, § único, CPC).
6.4 PRESSUSPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE
Os pressupostos de admissibilidade são exigências legais, que devem ser
cumpridas, a fim de que seja analisado o mérito do recurso.
Os pressupostos são subdivididos em pressupostos intrínsecos e
pressupostos extrínsecos. Todos devem ser preenchidos, sob pena do não
conhecimento do recurso.
► Pressupostos de Admissibilidade Intrínsecos
Estes estão relacionados às partes, apenas avaliam as características das
partes e sua aptidão para buscar a tutela jurisdicional naquela lide. São
pressupostos de admissibilidade intrínsecos: LEGITIMIDADE DA PARTE,
CAPACIDADE DA PARTE e INTERESSE DA PARTE.
► Pressupostos de Admissibilidade Extrínsecos
Os pressupostos de admissibilidade extrínsecos referem-se ao recurso, a
análise do cumprimento das exigências legais para a interposição de determinado
recurso. São pressupostos de admissibilidade extrínsecos: TEMPESTIVIDADE,
DEPÓSITO RECURSAL, CUSTAS e REGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO.
171
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
a) Tempestividade
O conhecimento do recurso é dependente da interposição dentro do prazo
legal. Conforme visto anteriormente, o prazo dos recursos no processo do trabalho
é unificado e corresponde ao período de 8 dias, salvo os embargos de declaração,
cujo prazo é de 5 dias.
Nota: há vários dispositivos relevantes em relação aos prazos, em caso de dúvida
consulte a seção 6.3 Prazos Recursais.
b) Depósito Recursal
O depósito recursal tem natureza de garantia do juízo e, portanto, só é realizado pelo reclamado e se for o empregador (empregado não realiza
depósito recursal).
Os recursos que exigem o depósito recursal são: recurso ordinário, recurso
de revista, Embargos ao TST, Rext e recurso ordinário em ação rescisória.
O prazo para o recolhimento do depósito recursal corresponde ao mesmo
prazo do recurso, ou seja, 8 dias. A súmula 245 do TST assevera que eventual
interposição antecipada do recurso não exige o recolhimento antecipado do
depósito, que poderá ser efetuado a qualquer tempo, independente da data de
interposição, desde que seja respeitado o prazo legal.
Portanto, no prazo de 8 dias deve ser efetuado o recolhimento do depósito,
por meio da GUIA GFIP, e comprovado nos autos.
Súmula 245, TST. O depósito recursal deve ser feito e comprovado no prazo alusivo ao recurso, sendo que a interposição antecipada deste não prejudica a dilação legal.
172
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
A massa falida é isenta do recolhimento do depósito, bem como das custas
processuais, por força da súmula 86 do TST.
Súmula 86, TST. Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse privilégio, todavia, não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial.
Na sentença, o juiz arbitrará o valor da condenação e a partir deste valor é
que são estabelecidos o valor do depósito, bem como o valor das custas. No
tocante ao depósito, a súmula 161 do TST estabelece que o depósito recursal só é
exigível da parte quando houver condenação pecuniária.
Súmula 161, TST. Não havendo condenação em pecúnia, descabe o depósito prévio de que tratam os parágrafos 1º e 2º do Art. 899 da Consolidação das Leis do Trabalho.
A súmula 128, I do TST também apresenta uma hipótese em que descabe
o recolhimento do depósito. A partir do momento em que a parte realizar o
depósito do valor integral da condenação nada mais poderá ser exigido.
O inciso III desta súmula refere-se ao depósito recursal diante de uma
condenação solidária, isto é, há litisconsórcio passivo na lide. O depósito realizado
por um dos litisconsortes, geralmente, será aproveitado pelos demais. No entanto,
se este recorrente estiver pleiteando a sua exclusão da lide, o depósito recursal
não beneficiará os outros litisconsortes, que também deverão garantir o juízo para
recorrer da decisão. Súmula 128, TST. I - É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso. II - Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo,
173
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
porém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do juízo. III - Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide.
O valor do recolhimento deve ser exato, eis que qualquer diferença, mesmo
relativa a centavos, ensejará a deserção do recurso, nos termos da OJ 140 da SDI
– 1 do TST.OJ 140, SDI – 1, TST. Ocorre deserção do recurso pelo recolhimento insuficiente das custas e do depósito recursal, ainda que a diferença em relação ao quantum devido seja ínfima, referente a centavos.
Assim, se o reclamado (empregador) for condenado, em sentença, ao
pagamento de um determinado valor o seu recurso estará condicionado ao
recolhimento do depósito recursal, com o intuito de garantir o juízo.
O reclamado depositará o valor da condenação, ainda não depositado até o limite do teto estabelecido pelo TST.
Teto RO R$ 5.621,90
TST RR, Emb. TST, Rext, ROAR R$ 11.243,81
c) Custas
As custas processuais SEMPRE serão pagas pela parte vencida. O
recolhimento é efetuado por meio de GUIA DARF após o trânsito em julgado da
decisão ou dentro do prazo de interposição de recurso (art. 789, § 1º, CLT).
A transição entre as partes as custas serão rateadas, salvo se dispuserem
de forma diversa (art. 789, § 3º, CLT). A extinção do processo sem resolução de
mérito gerará ao reclamante a obrigação de recolher as custas.
174
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
O reclamante beneficiário da justiça gratuita, mesmo que vencido, poderá
recorrer sem o recolhimento das custas. A massa falida também é isenta do
recolhimento de custas (súmula 86, TST).
O valor das custas processuais corresponde a 2% do valor da condenação
ou, na ausência deste, 2% do valor da causa.
Art. 789, CLT. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos) e serão calculadas: I. quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor;II. quando houver extinção do processo, sem julgamento do mérito, ou julgado totalmente improcedente o pedido, sobre o valor da causa;III. no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e em ação constitutiva, sobre o valor da causa;IV. quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar.V. acima de 10 (dez) vezes o valor-de-referência regional, 2% (dois por cento). § 1º. As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo recursal. § 2º. Não sendo líquida a condenação, o juízo arbitrar-lhe-á o valor e fixará o montante das custas processuais. § 3º. Sempre que houver acordo, se de outra forma não for convencionado, o pagamento das custas caberá em partes iguais aos litigantes. § 4º. Nos dissídios coletivos, as partes vencidas responderão solidariamente pelo pagamento das custas, calculadas sobre o valor arbitrado na decisão, ou pelo Presidente do Tribunal.
Observação: na fase de EXECUÇÃO as custas processuais SEMPRE serão
recolhidas pelo executado e seu valor será determinado pela tabela
do artigo 789 – A da CLT.
175
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Art. 789-A, CLT. No processo de execução são devidas custas, sempre de responsabilidade do executado e pagas ao final, de conformidade com a seguinte tabela: I - autos de arrematação, de adjudicação e de remição: 5% (cinco por cento) sobre o respectivo valor, até o máximo de R$ 1.915,38 (um mil, novecentos e quinze reais e trinta e oito centavos);II - atos dos oficiais de justiça, por diligência certificada:a) em zona urbana: R$ 11,06 (onze reais e seis centavos);b) em zona rural: R$ 22,13 (vinte e dois reais e treze centavos);III - agravo de instrumento: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos);IV - agravo de petição: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos);V - embargos à execução, embargos de terceiro e embargos à arrematação: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos);VI - recurso de revista: R$ 55,35 (cinqüenta e cinco reais e trinta e cinco centavos);VII - impugnação à sentença de liquidação: R$ 55,35 (cinqüenta e cinco reais e trinta e cinco centavos);VIII - despesa de armazenagem em depósito judicial - por dia: 0,1% (um décimo por cento) do valor da avaliação;IX - cálculos de liquidação realizados pelo contador do juízo - sobre o valor liquidado: 0,5% (cinco décimos por cento) até o limite de R$ 638,46 (seiscentos e trinta e oito reais e quarenta e seis centavos).
Conforme visto, a parte vencida deverá recolher as custas para recorrer da
decisão. Suponha que este recurso tenha sido favorável ao vencido, que agora é
vencedor, ocorreu uma inversão da sucumbência. No caso da interposição de
novo recurso pela parte que havia sido vencedora em 1ª instância, as custas
devem ser recolhidas novamente?
Não. Esta hipótese é regulada pela súmula 25 do TST e pela OJ 186 da
SDI – 1, TST:
Súmula 25, TST. A parte vencedora na primeira instância, se vencida na segunda, está obrigada, independentemente de intimação, a pagar as custas fixadas na sentença originária das quais ficará isenta a parte então vencida.
176
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
OJ 186 SDI – 1, TST. No caso de inversão do ônus da sucumbência em segundo grau, sem acréscimo ou atualização do valor das custas e se estas já foram devidamente recolhidas, descabe um novo pagamento pela parte vencida, ao recorrer. Deverá ao final, se sucumbente, ressarcir a quantia.
Conclui-se que a partir do recolhimento das custas processuais descabe
novo recolhimento (salvo quando houver acréscimo), diante de uma inversão do
ônus da sucumbência em instância superior. A quantia será ressarcida após o
trânsito em julgado para a parte que efetuou o pagamento e resultou vencedora na
lide.
d) Regularidade de Representação
Na Justiça do Trabalho a parte pode exercer os seus direitos independente
de advogado (ius postulandi). Esta é uma faculdade da parte, que, se preferir,
poderá ser assistida por advogado devidamente constituído nos autos, mediante
instrumento de mandato. Salienta-se que não se exige mais o reconhecimento de
firma do constituinte.
→ Para informações sobre a regularidade de representação consulte a seção
6.2 Representação Processual.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
7. RECURSO ORDINÁRIO
O recurso ordinário equivale à apelação do processo civil (não há apelação
no processo do trabalho). É o recurso interposto das decisões que resolvem o
processo, com ou sem resolução de mérito (definitivas ou terminativas), isto é, das
sentenças de primeiro grau e das decisões proferidas pelos Tribunais Regionais
do Trabalho (segundo grau) em processos de sua competência originária (dissídio
coletivo, mandado de segurança, ação rescisória, dentre outras).
Todos os recursos do processo do trabalho, exceto os Embargos de Declaração, são compostos por duas partes: a folha de rosto e a folha de razões.
Esta forma dos recursos se justifica quando analisamos o seu trâmite.
Primeiramente, o recurso será encaminhado para o Juízo a quo (que
proferiu a decisão), com a finalidade de que seja realizado o primeiro exame dos
pressupostos de admissibilidade do recurso (tempestividade, depósito, custas e
regularidade de representação, etc.). Preenchidos todos estes requisitos, o Juízo
abre vista à outra parte para apresentar as contra razões no mesmo prazo do
recurso (8 dias). Após o cumprimento destas etapas é que o recurso será remetido
para o Tribunal ad quem que analisará a folha de razões e julgará o recurso.
Note que o trâmite dos recursos no processo do trabalho exige do causídico
um conhecimento da organização da Justiça do Trabalho para não cometer
equívocos no endereçamento da peça. É necessário reconhecer a localização do
processo e à qual órgão este Juízo está subordinado, bem como qual é o recurso
adequado para devolver a matéria ao Poder Judiciário.
Sentença RO RR Emb. TST Rext Juiz TRT TST TST STF
178
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Assim, o RO teria a sua folha de rosto dirigida ao juiz de 1º grau, enquanto
que sua folha de razões deve ser endereçada ao TRT, nos termos do artigo 895,
“a” da CLT.
RECURSO ORDINÁRIO
Juiz do Trabalho Tribunal Regional do Trabalho da __ RegiãoJuízo de Admissibilidade Razões do Recurso
7.1 HIPÓTESES DE CABIMENTO
As hipóteses de cabimento do recurso ordinário encontram-se previstas
no artigo 895 da CLT. Art. 895, CLT. Cabe recurso ordinário para a instância superior:a) das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos no prazo de 8 (oito) dias;b) das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos.§ 1º. Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o recurso ordinário:I - (vetado)II - será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo o relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor;III - terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à sessão de julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro na certidão;IV - terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
§ 2º. Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo.
O artigo prevê duas situações para a interposição do recurso. A hipótese da
alínea “a” fixa que as sentenças (decisões definitivas) proferidas pelo Juiz de 1º
grau poderão ser impugnadas por meio do RO.
A hipótese da alínea “b” é mais complexa, pois estabelece que diante de
uma decisão proferida pelo TRT em uma ação de sua competência originária cabe
o Recurso Ordinário, que será julgado pelo TST.
Cumpre salientar, o que é uma ação de competência originária do TRT e
quais são elas. As ações de competência originária são aquelas PROPOSTAS perante o Tribunal, ou seja, não são analisadas pelo juiz do trabalho, tendo em
vista que a LEI ordena que o TRT julgue tais litígios.
CONCLUSÃO: para que seja uma ação de competência originária do TRT deve
haver previsão legal e sua propositura se fará diretamente neste
órgão.
A decisão definitiva do Tribunal nestas ações poderá ser impugnada por
meio de RO, que será julgado pelo TST. Observe que este RO será dirigido para
órgãos distintos do que o RO previsto pela aínea “a”. Veja o esquema:
Decisão definitiva RO EMB. TST TRT TST TST
RECURSO ORDINÁRIO
TRT Tribunal Superior do Trabalho Juízo de Admissibilidade Razões do Recurso
180
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
A ação rescisória e o mandado de segurança são os exemplos mais
comuns de ação de competência originária de Tribunais.
Ação Rescisória
Cada Tribunal detém a competência para julgar ação rescisória oriunda de
sua decisão. Portanto, se a decisão a ser desconstituída foi proferida pelas Varas
do Trabalho a interposição da ação rescisória deverá ser dirigida ao Egrégio
Tribunal Regional do Trabalho.
Se a decisão a ser rescindida foi proferida pelo TRT (ação de sua
competência originária) a competência será do próprio Tribunal de onde se
originou o acórdão.
Por fim, se o acórdão a ser desconstituído foi proferido pelo Tribunal
Superior do Trabalho (ação de sua competência originária) a competência para
rescindir a decisão é do próprio Tribunal Superior do Trabalho.
Sentença Ação Rescisória Juiz 1º Grau TRT Cada Tribunal
Decisão Definitiva Ação Rescisória é competente TRT TRT para julgar AR
Decisão Definitiva Ação Rescisória de suas decisões TST TST
A súmula 158 do TST sustenta o esquema acima, pois afirma que em face
da organização da Justiça do Trabalho caberá RO ao TST diante de decisão
proferida pelo TRT em aça rescisória de sua competência originária.
181
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Súmula 158, TST. Da decisão do Tribunal Regional do Trabalho, em ação rescisória, cabível é o recurso ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho, em face da organização judiciária trabalhista.
Sentença Trânsito em Ação Rescisória RO Emb. TST Juiz julgado TRT TST TST
Apenas a título de esclarecimento, destaca-se que o Recurso Ordinário
será remetido para uma das turmas dos TST, enquanto que os Embargos ao TST
serão analisados pela Seção de Dissídios Individuais.
Turmas do TST
TST SDI (Seções de Dissídios Individuais)
SDC (Seções de Dissídios Coletivos)
Mandado de Segurança
O Mandado de Segurança não é um recurso, mas sim uma AÇÃO, proposta
contra um ato praticado por uma autoridade coatora. Assim como na ação
rescisória, cada Tribunal é competente para julgar seus próprios mandados de
seguranças provenientes de atos praticados por seus membros ou subordinados.
Um mandado de segurança impetrado contra um ato praticado por um juiz
do trabalho deve ser dirigido ao TRT à que está subordinado àquela autoridade.
Ato do MSJuiz 1º Grau TRT
182
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Um mandado de segurança impetrado contra um ato praticado por um
membro do TRT deve ser dirigido ao próprio TRT à que está pertence àquela
autoridade.
Ato do membro MSdo TRT TRT
Um mandado de segurança impetrado contra um ato praticado por um
membro do TST deve ser dirigido ao próprio TST à que pertence àquela
autoridade.
Ato do membro MSdo TST TST
Ante a exposição, percebe-se que o MS impetrado contra ato de juiz do
trabalho, bem como o MS impetrado contra o ato de membro do TRT são casos
de ações de competência originária do TRT. Diante do desenvolvimento do estudo
e a redação do artigo 895, “b” da CLT, é possível concluir que da decisão proferida
pelo TRT em mandado de segurança cabe Recurso Ordinário para o TST (Súmula
201, TST).
Súmula 201, TST. Da decisão do Tribunal Regional do Trabalho em mandado de segurança cabe recurso ordinário, no prazo de 8 (oito) dias, para o Tribunal Superior do Trabalho, correspondendo igual dilação para o recorrido e interessados apresentarem razões de contrariedade.
Mandado de Segurança RO Emb. TST TRT TST TST (Turma) (SDI)
183
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
7.2 ESTRUTURA DO RECURSO ORDINÁRIO
O Recurso Ordinário é formado pela folha de rosto e pela folha de razões.
Logo, inicia-se o seu desenvolvimento pela folha de rosto, que será endereçada
ao Juízo que proferiu a decisão recorrida. O conteúdo da folha de rosto tem a
função de apresentar (comprovar) o cumprimento dos pressupostos de
admissibilidade e requerer a remessa do recurso para o Juízo ad quem .
A folha de razões, por sua vez, é o recurso propriamente dito e será
constituído da seguinte forma:
♦ I. Preliminares de Mérito♦ II. Prejudiciais de Mérito♦ III. Mérito♦ IV. Requerimentos Finais
.
O quadro a seguir tem a finalidade de materializar a idéia de uma
contestação no processo do trabalho. Esclarece-se que é apenas um modelo para
auxiliá-lo na memorização, assim como na produção de suas próprias peças.
RECURSO
ORDINÁRIO
Folha de Rosto (Juízo a quo)
Pressupostos de Admissibilidade(tempestividade, depósito
recursal, custas e regularidade)
Folha Razões (Juízo ad quem)I. Preliminares de MéritoII. Prejudiciais de Mérito
III. Mérito IV. Requerimentos Finais
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Observação: o modelo foi redigido com espaços maiores e “pulando linhas”
apenas por motivos didáticos e para facilitar a visualização, NÃO
SE ACONSELHA PULAR LINHAS NO EXAME DE ORDEM.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA _________ VARA DO
TRABALHO DE ______________.
Recorrente: OPCIONALRecorrido: Avalie a disponibilidade
Autos nº: de espaço físico
NOME DO RECORRENTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em
que contende com NOME DO RECORRIDO, também qualificado, vem
respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu
advogado adiante assinado, com fulcro no artigo 893 e 895, alínea “a” da CLT, INTERPOR
RECURSO ORDINÁRIO
para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho.
Encontram-se presentes todos os pressupostos de
admissibilidade do recurso, dentre os quais de destacam:
a) Tempestividade, tendo em vista que as razões ora apresentadas
respeitaram o prazo legal de 8 dias contados a partir da data de
publicação da sentença, ocorrida em _____.
b) Depósito Recursal, no valor de R$ _____ foi efetuado no prazo
do recurso e está comprovado pela guia GFIP anexa, conforme
185
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
exige a Súmula 245 do TST.
c) Custas Processuais no importe de R$ _____, correspondentes a
2% do valor da condenação, foram recolhidas dentro do prazo do
recurso, comprovado pela guia DARF anexa.
Diante do exposto, requer o recebimento do presente recurso e a
sua posterior remessa ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho.
Nestes Termos,
Pede deferimento.
Local e Data.
Nome do Advogado
OAB nº
_______________________________________________
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO.Recorrente:
Recorrido: OPCIONAL Autos nº: Avalie a disponibilidade
Origem: de espaço físico
RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIOColenda TurmaEméritos Julgadores
(ELOGIO A SENTENÇA + PEDIDO DE REFORMA)
I – PRELIMINAR DE MÉRITONulidades Processuais Error in Procedendo Anulação da
Sentença
186
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
II – PREJUDICIAIS DE MÉRITOa) Prescrição Bienal
b) Prescrição Quinquenal
III – MÉRITO (os tópicos são exemplificativos, uma vez que o mérito é dependente da proposta)
1. DA ESTABILIDADE
§1 Fato O juízo a quo julgou (im)procedente§2 Fundamento A sentença não merece ser mantida, pois§3 Pedido Diante do exposto, requer a reforma da sentença para incluir (excluir) da condenação
2. DAS VERBAS RESCISÓRIAS
§1 Fato O Juízo a quo julgou (im)procedente§2 Fundamento A sentença não merece ser mantida, pois§3 Pedido Diante do exposto, requer a reforma da sentença para incluir (excluir) da condenação
IV - REQUERIMENTOS FINAISConhecimento do Recurso;
Acolhimento da Preliminar de Mérito;
Acolhimento da Prejudicial de Mérito;
Total provimento do mérito, para fins de reforma da sentença.
Nestes Termos,
Pede Deferimento,
Local e Data
Nome do Advogado
OAB nº
187
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
7.3 ANÁLISE DOS TÓPICOS DO RECURSO ORDINÁRIO
► Folha de Rosto do Recurso Ordinário
I. ENDEREÇAMENTO
Já foi mencionado que a folha de rosto deve ser endereçada para o Juízo
que proferiu a decisão. Portanto, se a proposta apresentar um caso em que tenha
sido proferida uma sentença (art. 895, “a”, CLT) o endereçamento não traz
novidades.
Exemplos:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ____ VARA DO TRABALHO DE ______________.
Ou caso o problema forneça os dados do juízo que proferiu a decisão, o
examinando deverá incluir todos os dados informados no endereçamento.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 4ª VARA DO TRABALHO DE CURITIBA – PR.
188
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
II. QUALIFICAÇÃO
A qualificação do Recurso Ordinário é simples, uma vez que tanto o
Recorrente, quanto o Recorrido, já se manifestaram nos autos, de modo que se
dispensa a qualificação completa das partes, que será substituída pela expressão
"já qualificado nos autos em epígrafe" para o recorrente e “também qualificado”
para o recorrido.
Exemplo:
NOME DO RECORRENTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em
que contende com NOME DO RECORRIDO, também qualificado, vem
respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu
advogado adiante assinado, com fulcro no artigo 895, alínea “a” da
CLT, interpor
RECURSO ORDINÁRIO
para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho.
Na qualificação da folha de rosto do RO é importante observar a
fundamentação, incluir a alínea do artigo 895 da CLT. Além de expor que a
parte está interpondo o recurso PARA O TRT.
III. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE
Os pressupostos de admissibilidade que SEMPRE estarão presentes na
folha de rosto do Recurso Ordinário são: tempestividade, depósito recursal e
custas processuais. A regularidade de representação deve ser mencionada se a
189
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
proposta o sugerir, por exemplo, com a menção de que o advogado acaba de ser
contratado.
O primeiro pressuposto, TEMPESTIVIDADE, não exige muitos dados,
basta mencionar que o recurso é tempestivo, pois respeitou o prazo legal de 8
dias contados a partir da publicação da sentença.
Em relação ao DEPÓSITO RECURSAL três informações são necessárias:
valor do depósito, prazo do recolhimento do depósito, guia de recolhimento.
DEPÓSITO no valor de R$____
RECURSAL no prazo de _____
(Súmula 245) por meio da guia GFIP
Ocorre que a exigibilidade do depósito pode variar de acordo com alguns
fatores, por exemplo, se o recorrente é o empregado ou o empregador, se há ou
não condenação em pecúnia, etc.
Exemplo 1: O Reclamante (empregado) é o recorrente
O depósito recursal não foi efetuado, posto que não é
exigível do Recorrente, tendo em vista a sua natureza de garantia do
Juízo.
Exemplo 2: O Reclamado (empregador) é o recorrente, contudo não há
condenação em pecúnia.
190
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
O depósito recursal não foi efetuado, pois nos termos da
súmula 161 do TST, descabe a sua exigibilidade quando não houver
condenação em pecúnia.
Exemplo 3: O Reclamado (empregador) é o recorrente e há condenação em
pecúnia.
O depósito recursal, no valor de R$ _____ foi efetuado no
prazo do recurso e está comprovado pela guia GFIP anexa, conforme
exige a Súmula 245 do TST.
Por fim, as CUSTAS PROCESSUAIS, assim como no depósito recursal,
podem variar em razão da parte e em razão da fase processual.
Lembrete: as custas processuais SEMPRE serão pagas pela parte vencida ou
pelo reclamado, no caso de sucumbência recíproca. Na hipótese de
acordo entre as partes as custas serão rateadas. O reclamante
beneficiário da justiça gratuita e a massa falida estão isentos do
recolhimento das custas. O recolhimento é efetuado por meio de GUIA
DARF dentro do prazo de interposição de recurso no importe de 2%
do valor da condenação ou, na ausência deste, 2% do valor da causa.
Exemplo 1: Sentença totalmente improcedente – Reclamante é o vencido
191
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
As custas processuais foram recolhidas, por meio de guia DARF, no importe de R$ _____, correspondente a 2% do valor da
causa, dentro do prazo do recurso ora interposto.
Exemplo 2: Sentença parcialmente improcedente – sucumbência recíproca,
Reclamado é a parte vencida – RO interposto pelo Reclamado
(empregador)
As custas processuais foram recolhidas no valor de R$ _____,
correspondente a 2% do valor da condenação, no mesmo prazo do
alusivo recurso, conforme demonstra a guia DARF anexa.
Exemplo 3: Sentença parcialmente improcedente – sucumbência recíproca,
Reclamado é a parte vencida – RO interposto pelo Reclamante
(empregado)
As custas processuais não foram recolhidas, tendo em vista que
o Recorrente não é a parte vencida em 1ª instância, portanto incumbe
ao Recorrido o seu adimplemento, nos termos do artigo 789, §1º, CLT.
192
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
IV. PEDIDO
A parte que interpõe um recurso deseja a sua apreciação pelo Juízo ad
quem. Entretanto, é obrigatória a passagem pelo Juízo que proferiu a decisão
recorrida, cuja função é examinar a presença dos pressupostos de
admissibilidade. Após a verificação, o recurso será remetido para o Tribunal.
Portanto, o requerimento da folha de rosto deve evidenciar o cumprimento
dos pressupostos, requerendo o seu recebimento, bem como a sua remessa para
o Juízo ad quem.
Exemplo:
Diante do exposto, tendo em vista que foram observados
todos os pressupostos de admissibilidade, requer-se o
recebimento do presente recurso e a sua posterior remessa ao
Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da _____ Região.
► Folha de Razões do Recurso Ordinário
I. ENDEREÇAMENTO
A folha de razões do Recurso Ordinário deve ser endereçada para o TRT,
na hipótese do artigo 895, “a”, CLT (decisão definitiva proferida por um juiz do
trabalho – sentença) ou para o TST, na hipótese do artigo 895, “b”, CLT (decisão
definitiva proferida pelo TRT em ações de sua competência originária).
Exemplos:
193
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO.
OU
AO COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO.Observe que não há qualquer menção a qualificação das partes na folha de
razões, pois a folha de rosto já apresentou todas as informações necessárias.
Deste modo a parte introdutória conterá um elogio a sentença, seguido do pedido
de reforma.
Exemplo:
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO.Recorrente:
Recorrido: OPCIONAL Autos nº: Avalie a disponibilidade
Origem: de espaço físico
RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIOColenda TurmaEméritos Julgadores
A respeitável sentença proferida na Reclamatória Trabalhista
nº ___ não merece ser mantida, motivo pelo qual se expõe os fatos e
as razões jurídicas para, ao final, requerer a reforma da decisão de
1ª instância.
194
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
OU A respeitável sentença não merece ser mantida, pois o Juízo
de 1ª instância equivocou-se na apreciação das provas constantes
nos autos, merecendo reforma à sentença de primeira instância.
OU A respeitável sentença não merece ser mantida, razão pela
qual requer a sua reforma.
II. PRELIMINARES DE MÉRITO
A Preliminar de Mérito do RO abrange todos os assuntos relacionados às
nulidades processuais e aos problemas no processo. De um modo geral, a
nulidade de um ato ou de um processo ocorre quando lhe falta algum requisito,
que lhe é exigido, conforme previsão legal.
Logo, a defesa da parte na Preliminar de Mérito é processual, não ataca o
mérito, ou seja, o direito material. Aborda questões de ordem formal, que em
algum momento descumpriu um dispositivo legal, causando prejuízo à parte (art.
794, CLT).Art. 794, CLT. Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes.
Cabe advertir que o processo do trabalho contempla um capítulo próprio
dedicado às nulidades processuais (arts. 794 a 798, CLT)19, todavia as normas do
CPC também são aplicadas subsidiariamente, desde que compatíveis com as
normas do processo do trabalho, por exemplo, o artigo 301 do CPC.
19 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7.ed. São Paulo: Ltr, 2009. p. 337.
195
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Preliminar Problema no processo Artigo 301, CPC
de Mérito Error in procedendo Nulidade da sentença (Arts. 794 – 798, CLT)
No tópico da Preliminar de Mérito requer-se a nulidade da sentença. Porém,
este pedido está incompleto, pois a anulação da sentença gera duas
possibilidades:
♦ retorno dos autos ao Juízo a quo; ou
♦ imediato julgamento pelo TRT (quando a causa versar sobre
questão exclusivamente de direito e o processo estiver em
condições de julgamento – artigo 515, § 3º, CPC).
Art. 515, CPC. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.§ 1º. Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro.§ 2º. Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.§ 3º. Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento.§ 4º. Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá o julgamento da apelação.
Retorno dos autos ao Juízo a quoPreliminar Nulidade da de Mérito Sentença Julgamento pelo TRT questão exclusivamente de direito + processo “maduro”
196
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Isto posto, conclui-se que o requerimento da Preliminar de Mérito deverá
pleitear a nulidade da sentença, bem como o retorno dos autos ao Juízo a quo ou
o julgamento pelo TRT, se estiverem preenchidos os requisitos do art. 515, § 3º do
CPC.
Os exemplos mais comuns na prova da Ordem são a nulidade da citação
ou o cerceamento de defesa.
Exemplo:
O Juízo a quo julgou procedente o pedido de adicional de
periculosidade do Recorrido, com base em um laudo desprovido de
qualquer informação técnica. (Fatos)A sentença não merece ser mantida, pois o Juiz do Trabalho
encerrou a instrução processual antecipadamente, obstando a
Recorrente de questionar o Senhor Perito. Violando, desta forma, o
seu direito de ampla defesa, assegurado pelo art. 5º, LV, da CF/88,
segundo o qual aos litigantes, em processo judicial, são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes. (Fundamento)Diante do exposto, com fulcro no artigo 794 da CLT, requer
seja decretada a nulidade da sentença, bem como sejam remetidos
os autos para o Juízo de 1ª instância, a fim de reabrir a instrução
processual. Sucessivamente, caso não seja acolhida a Preliminar,
requer a análise do mérito. (Pedido)
Com o intuito de manter coerência entre as idéias, a finalização do tópico
das preliminares de mérito, bem como das prejudiciais de mérito, SEMPRE
197
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
deverão concluir de forma que possibilite a discussão do mérito da causa, na
hipótese do Juízo não acolher as alegações destes tópicos. Exemplo:
Caso não seja este o entendimento deste Juízo, sendo superadas
a preliminar e/ou a prejudicial de mérito. Sucessivamente, requer a análise
em relação ao mérito.
Atenção: A semelhança do tópico das Preliminares de Mérito do RO e do tópico
das Preliminares de Mérito da contestação pode gerar confusão no
momento de redigir a peça.
Note que, apesar da semelhança em relação ao assunto abordado, o
pedido realizado é totalmente diferente para cada peça. Em linhas
gerais:
♦ Na contestação requer-se a extinção do processo (com ou sem a
resolução do mérito).
♦ No recurso ordinário requer-se a nulidade da sentença.
PRELIMINAR DE MÉRITO
RECURSO ORDINÁRIO CONTESTAÇÃO
Requer a NULIDADE Requer a EXTINÇÃODA SENTENÇA DO PROCESSO
(arts. 794 e SS., CLT) (arts. 267 ou 269, CPC)
III. PREJUDICIAIS DE MÉRITO
198
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
As prejudiciais de mérito englobam qualquer assunto referente à prescrição
e decadência, matéria que, se acolhida, obsta a análise do direito material, pois
enseja a extinção do processo COM resolução do mérito.
Tanto o Reclamado, quanto o Reclamante poderão interpor RO, a fim de
tratar sobre prejudiciais de mérito. Por exemplo, da sentença que acolhe a
prescrição bienal extinguindo o processo com resolução do mérito, poderá ser
interposto RO pelo Reclamante, com o objetivo de afastar o acolhimento da
prescrição e a consequente extinção do processo.
Por outro lado, da sentença que não acolhe a prescrição bienal, poderá ser
interposto RO pelo Reclamado, requerendo o seu acolhimento. Oportuno destacar
a súmula 153 do TST, que dispõe:
Súmula 153, TST. Não se conhece de prescrição não argüida na instância ordinária.
Na Justiça do Trabalho as instâncias ordinárias abrangem o Juízo de 1º
grau, bem como os Tribunais Regionais do Trabalho. Portanto, a prescrição
poderá ser arguida pela primeira vez no Recurso Ordinário.
Exemplo 1: RO interposto pelo Reclamante em face de sentença que acolheu a
prescrição bienal.
O Juízo a quo acolheu a prejudicial de mérito alegada pelo
Recorrido, afirmando que o direito do ora Recorrente encontra-se
fulminado pela prescrição bienal. (Fatos)A sentença não merece ser mantida, pois o artigo 7º, XXIX da
CF e o artigo 11 da CLT sustentam que a ação, quanto a créditos
199
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
resultantes das relações de trabalho, prescreve dois anos após a
extinção do contrato de trabalho. (Fundamento)Diante do exposto, requer a reforma da sentença, a fim de que
seja afastada a prescrição bienal. Sucessivamente, caso não seja este
o entendimento deste Juízo requer a análise do mérito. (Pedido)
Exemplo 2: RO interposto pelo Reclamado em face de sentença que acolheu a
prescrição quinquenal, contada a partir da extinção do contrato de
trabalho.
O Juízo a quo acolheu a prescrição quinquenal a partir da
rescisão do contrato de trabalho. (Fatos)A sentença não merece ser mantida, pois o artigo 7º, XXIX da
CF, bem como a súmula 308 do TST regulamentam que a prescrição
da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores
a cinco anos, é contada a partir da data do ajuizamento da reclamação
e, não, às anteriores ao qüinqüênio da data da extinção do contrato.
(Fundamento)Diante do exposto, requer a reforma da sentença, a fim de que
seja acolhida a prescrição quinquenal, contada da data do ajuizamento
da ação, extinguindo o processo com resolução do mérito em relação
às parcelas anteriores aos últimos cinco anos, desde a propositura da
Reclamatória Trabalhista. Sucessivamente, caso não seja este o
entendimento deste Juízo requer a análise do mérito. (Pedido)
200
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
IV. MÉRITO
Superadas as preliminares e prejudiciais, inicia-se o desenvolvimento do
mérito do Recurso Ordinário.
O mérito do RO deve conter alegações fundamentadas e demonstrar os
motivos que pelos quais a decisão, no tocante ao mérito, também merece reforma
pelo Egrégio Tribunal Regional do Trabalho.
Cada argumento deve ser desenvolvido em um tópico específico, o qual
será nominado de forma a evidenciar os interesses do cliente e conter dispositivos
legais pertinentes. Finalize os tópicos com frases que demonstrem coesão e
coerência do texto, evidenciando a necessidade de reforma da sentença.
Exemplo: RO do Reclamante
O Juízo a quo julgou improcedente o pedido de condenação
do Reclamado ao pagamento de horas extras, bem como os seus
reflexos em descanso semanal remunerado e com este em aviso
prévio, 13º salário, férias acrescidas do terço constitucional, FGTS
(depósitos e multa de 40%). (Fatos) A sentença não merece ser mantida, pois restou
comprovada a jornada extraordinária, por meio da confissão do
preposto do Recorrido, o qual afirmou que a jornada de trabalho
semanal do Recorrente 50 horas semanais. Claramente houve
violação do art. 7º, XIII da CF e do artigo 58, CLT, os quais
determinam que é um direito do trabalhador a duração máxima do
trabalho de oito horas diárias e 44 horas semanais. (Fundamento)Diante do exposto, requer a reforma da sentença para incluir
na condenação o pagamento das horas extraordinárias, assim
consideradas todas as horas excedentes da 8ª diária e 44ª
201
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
semanal, acrescidas do adicional de 50%, nos termos do art. 7º,
XVI da Constituição Federal. Ademais, requer também a inclusão
dos devidos reflexos, diante da habitualidade, em descanso
semanal remunerado e com este em aviso prévio, décimo terceiro
salário, férias acrescidas do terço constitucional e FGTS (depósitos
e multa de 40%). (Pedido)
Atenção: não é possível inventar fatos que não foram expostos na proposta,
examinando está restrito a estas informações. Diante da falta de dados
o mais indicado é deixar um espaço em branco ou utilizar frases
genéricas, conforme o exemplo:
A sentença não merece ser mantida, pois a jornada extraordinária
restou comprovada pelos demais elementos constantes nos autos, uma vez
que a jornada extrapolava 8ª hora diária e 44ª semanal, violando o artigo 7º,
XIII da CF e do artigo 58, CLT.
Diante do exposto, requer a reforma da sentença para incluir na
condenação o pagamento das horas extraordinárias, bem como os reflexos
em descanso semanal remunerado e com este em aviso prévio, décimo
terceiro salário, férias acrescidas do terço constitucional e FGTS (depósitos
e multa de 40%).
V. REQUERIMENTOS FINAIS
Os requerimentos finais do Recurso Ordinário reclamam ao TRT o
conhecimento do recurso, bem como o seu total provimento em relação ao mérito, com o objetivo de reformar a decisão de 1ª instância.
202
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Exemplo:
Ante o exposto, requer o conhecimento do recurso e, no mérito, o seu provimento, reformando-se a sentença nos pontos supra atacados.
Lembrete: caso o RO apresente preliminar de mérito e/ou prejudicial de mérito é
imprescindível que o examinando reitere o acolhimento destes tópicos
nos requerimentos finais.
Conhecimento do Recurso
REQUERIMENTOS Acolhimento da Preliminar de Mérito
FINAIS RO Acolhimento da Prejudicial de Mérito
Total provimento do mérito p/ fins de reforma da sentença
Exemplo:
Com todo o exposto, requer conhecimento do recurso, bem
como o acolhimento da Preliminar de Mérito. Caso seja superada a
Preliminar, sucessivamente requer, no mérito, o seu provimento,
para fins de reforma da sentença.
FINALIZE A SUA PEÇA!
203
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local, data
Nome do Advogado
OAB Nº
Cuidado: Não identifique a prova. Não faça riscos / traços sobre o nome. Não
pule linhas. É importante seguir as orientações descritas na prova. Não
deve ser feito qualquer espécie de marca na assinatura da peça além de
“Nome do Advogado – OAB nº”, sob pena de ser considerada
identificação de prova.
8. AGRAVO DE INSTRUMENTO
8.1 HIPÓTESES DE CABIMENTO
O agravado de instrumento no processo de trabalho tem uma finalidade
específica: “destrancar” outro recurso.
204
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Salvo os embargos de declaração, os demais recursos do processo do
trabalho são dirigidos, previamente, para o Juízo que proferiu a decisão
impugnada, a fim de que seja analisado o cumprimento dos pressupostos de
admissibilidade do recurso. Caso o Juízo a quo impeça a tramitação regular do
recurso, pois entendeu que os pressupostos não estão presentes, o meio
apropriado para impugnar este despacho que nega seguimento ao recurso é o
agravo de instrumento (artigo 897, “b”, CLT).
O cabimento do agravo de instrumento é limitado, uma vez que cabe
somente dos despachos que denegarem a interposição de recurso.
Art. 897, CLT. Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções;b) de instrumento, dos despachos que denegarem a interposição de recursos.§ 1º. O agravo de petição só será recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta de sentença.§ 2º. O agravo de instrumento interposto contra o despacho que não receber agravo de petição não suspende a execução da sentença.§ 3º. Na hipótese da alínea a deste artigo, o agravo será julgado pelo próprio Tribunal, presidido pela autoridade, salvo se tratar de decisão de decisão de Juiz do Trabalho de 1ª Instância ou do Juiz de Direito, quando o julgamento competirá a uma das Turmas do Tribunal Regional a que estiver subordinado o prolator da sentença, observado o disposto no Art. 679 desta Consolidação, a quem este remeterá as peças necessárias para o exame da matéria controvertida, em autos apartados, ou nos próprios autos, se tiver sido determinada a extração de carta de sentença. § 4º. Na hipótese da alínea b deste artigo, o agravo será julgado pelo Tribunal que seria competente para conhecer o recurso cuja interposição foi denegada.§ 5º. Sob pena de não conhecimento, as partes promoverão a formação do instrumento do agravo de modo a possibilitar, caso provido, o imediato julgamento do recurso denegado, instruindo a petição de interposição:
205
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação, das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado, da petição inicial, da contestação, da decisão originária, da comprovação do depósito recursal e do recolhimento das custas;II - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis ao deslinde da matéria de mérito controvertida.§ 6º. O agravado será intimado para oferecer resposta ao agravo e ao recurso principal, instruindo-a com as peças que considerar necessárias ao julgamento de ambos os recursos. § 7º. Provido o agravo, a Turma deliberará sobre o julgamento do recurso principal, observando-se, se for o caso, daí em diante, o procedimento relativo a esse recurso. § 8º. Quando o agravo de petição versar apenas sobre as contribuições sociais, o juiz da execução determinará a extração de cópias das peças necessárias, que serão autuadas em apartado, conforme dispõe o § 3º, parte final, e remetidas à instância superior para apreciação, após contraminuta.
O agravo de instrumento poderá ser interposto em face das “decisões que
denegarem seguimento a recurso ordinário, de revista, extraordinário, adesivo,
agravo de petição e, por óbvio, contra as decisões que denegarem seguimento ao
próprio agravo de instrumento. Não cabe agravo de instrumento das decisões que
denegarem seguimento ao recurso de embargos ao TST, pois, nesse caso, o
recurso adequado é o agravo regimental”. 20
O artigo 269 do Regimento Interno do TST prevê a hipótese de cabimento
do agravo de instrumento contra despacho denegatório do recurso extraordinário.
Art. 269, Regimento Interno TST. Cabe agravo de instrumento contra despacho denegatório do recurso extraordinário, no prazo de dez dias, contados de sua publicação no órgão oficial.
20 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7.ed. São Paulo: Ltr, 2009. p. 731.
206
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
8.2 TRÂMITE DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
O agravo de instrumento será dirigido para o juiz prolator do despacho, no
prazo de oito dias, para que este reforme ou confirme a decisão que denegou
seguimento ao recurso principal. Note que o juiz poderá reformar a decisão, logo o
agravo de instrumento admite juízo de retratação.
Caso o juiz confirme a decisão e conheça o agravo, o agravado será
intimado para apresentar a contra minuta ao agravo de instrumento, bem como as
contrarrazões ao recurso principal, no prazo de 8 dias (art. 897, § 6º, CLT).
O agravo será julgado pelo Tribunal que seria competente para conhecer o
recurso cuja interposição foi denegada (art. 897, § 4º, CLT).
SENTENÇA RECURSO ORDINÁRIO
Juiz do TrabalhoNão recebeu o RO AGRAVO DE INSTRUMENTO (trancado)
Juiz do Trabalho TRT
Agravo de Instrumento + Contra Minuta do Agravo de Instrumento Recurso Ordinário + Contra razões do Recurso Ordinário
Provido o agravo pelo Juízo ad quem, a Turma deliberará sobre o
julgamento do recurso principal (art. 897, § 7º, CLT). Logo, se não for provido, o
recurso principal restará prejudicado.
Oportuno interpretar, neste momento, a súmula 218 e 353 do TST. A
primeira veda a interposição de recurso de revista em face de uma decisão do
207
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
TRT que julga o agravo de instrumento, eis que não se trata de decisão que
aprecie o mérito. Súmula 218, TST. É incabível recurso de revista interposto de acórdão regional prolatado em agravo de instrumento.
Nesta esteira, a súmula 353 veda a interposição de Embargos ao TST (SDI)
em face de uma decisão do TST (turma) que julga o agravo de instrumento,
EXCETO:
♦ quando a decisão que não conhece do agravo de instrumento se fundamentar na ausência dos pressupostos extrínsecos deste recurso;
♦ quando a decisão que nega provimento ao agravo for contrária à decisão monocrática do Relator e sustentar a ausência dos pressupostos extrínsecos deste recurso;
♦ para revisão dos pressupostos extrínsecos de admissibilidade do recurso de revista, cuja ausência haja sido declarada originariamente pela Turma no julgamento do agravo;
♦ para impugnar o conhecimento de agravo de instrumento;
♦ para impugnar a imposição de multas previstas no art. 538, parágrafo único, do CPC, ou no art. 557, § 2º, do CPC.
Súmula 353, TST. Não cabem embargos para a Seção de Dissídios Individuais de decisão de Turma proferida em agravo, salvo: a) da decisão que não conhece de agravo de instrumento ou de agravo pela ausência de pressupostos extrínsecos; b) da decisão que nega provimento a agravo contra decisão monocrática do Relator, em que se proclamou a ausência de pressupostos extrínsecos de agravo de instrumento; c) para revisão dos pressupostos extrínsecos de admissibilidade do recurso de revista, cuja ausência haja sido declarada originariamente pela Turma no julgamento do agravo; d) para impugnar o conhecimento de agravo de instrumento; e) para impugnar a imposição de multas previstas no art. 538, parágrafo único, do CPC, ou no art. 557, § 2º, do CPC.
8.3 DOCUMENTOS OBRIGATÓRIOS DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
208
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
O § 5º do artigo 897 da CLT estabelece quais os documentos obrigatórios
que formarão o instrumento do agravo, cujo objetivo é possibilitar o imediato
julgamento do recurso principal diante o provimento do agravo.
Peças obrigatórias: cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva
intimação, das procurações outorgadas aos advogados do
agravante e do agravado, da petição inicial, da contestação,
da decisão originária, da comprovação do depósito recursal
e do recolhimento das custas;
Peças facultativas: outras peças que o agravante reputar úteis ao deslinde da
matéria de mérito controvertida.
O instrumento do agravo, se imperfeito, pode ensejar o não conhecimento
do mesmo.
Observação: o comprovante de depósito recursal, bem como do recolhimento de
custas, mencionado no § 5º, I, artigo 897 da CLT, refere-se ao
recurso principal, pois O AGRAVO DE INSTRUMENTO NÃO EXIGE
PREPARO.
A procuração do agravante e do agravado são peças obrigatórias do
instrumento do agravo. No entanto, é comum na prática trabalhista o mandato
tácito, que se configura quando o advogado comparece a audiência com a parte.
Nestes casos, não consta nos autos um mandato expresso, portanto entende o
TST que a juntada da ata de audiência, na qual compareceu o procurador é
suficiente para suprir a procuração expressa (OJ 286, SDI – 1, TST)
OJ 286, SDI – 1, TST. A juntada da ata de audiência, em que está consignada a presença do advogado do agravado, desde que não estivesse atuando com mandato expresso, torna dispensável a procuração deste, porque demonstrada a existência de mandato tácito.
209
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
8.4 ESTRUTURA DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
A folha de rosto do Agravo de Instrumento expõe apenas os pressupostos
de admissibilidade, ou seja, as peças obrigatórias do traslado. Será dirigida ao
Juízo negou seguimento ao recurso principal.
Já a minuta será endereçada ao Juízo ad quem, competente para julgar o
Agravo de Instrumento, bem como o recurso principal. A minuta do agravo será
formada apenas pela exposição da falta de fundamentação dos motivos que
negou seguimento ao recurso e pelo pedido provimento do agravo, a fim de dar
seguimento ao recurso principal.
O quadro a seguir tem a finalidade de materializar a idéia de um agravo de
instrumento no processo do trabalho. Esclarece-se que é apenas um modelo para
auxiliá-lo na memorização, assim como na produção de suas próprias peças.
Observação: o modelo foi redigido com espaços maiores e “pulando linhas”
apenas por motivos didáticos e para facilitar a visualização, NÃO
SE ACONSELHA PULAR LINHAS NO EXAME DE ORDEM.
Modelo: Agravo de Instrumento interposto contra decisão do Juiz do Trabalho que negou
seguimento ao Recurso Ordinário interposto em face da sentença.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ____ VARA DO TRABALHO DE _________.
Agravante OPCIONALAgravado Avalie a disponibilidade
Autos nº de espaço físico
210
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
NOME DO AGRAVANTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em que
contende com NOME DO AGRAVADO, vem respeitosamente perante
Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado,
para com fulcro no artigo fulcro no artigo 897, alínea “b” da CLT,
INTERPOR:
AGRAVO DE INSTRUMENTO
conforme minuta anexa.
Para tanto indica as seguintes peças do translado, conforme exige
o art. 897, § 5º da CLT:
- Decisão agravada
- Certidão de intimação
- Procurações de ambas as partes
- Petição inicial
- Contestação
- Decisão originária
- Guia deposito recursal
- Comprovante recolhimento das custas.
Presentes os pressupostos de admissibilidade, requer o
recebimento do presente agravo de instrumento, com sua posterior remessa ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
211
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Local e data.
Nome do Advogado
OAB n°
____________________________________________
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA _____ REGIÃO.
Agravante OPCIONALAgravado Avalie a disponibilidade
Autos nº de espaço físico
Origem
MINUTA DE AGRAVO DE INSTRUMENTOColenda TurmaEméritos Julgadores
(ELOGIO AO DESPACHO + PEDIDO DE REFORMA )
I – FRASE DE EFEITO (exemplo: DA TEMPESTIVIDADE, DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL)
§1 Fato O juízo a quo julgou não recebeu o recurso§2 Fundamento O despacho não merece ser mantido, pois§3 Pedido Diante do cumprimento de todos os pressupostos de admissibilidade, requer a reforma do despacho.
II – REQUERIMENTOS FINAIS
212
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Ante o exposto, requer o conhecimento do presente agravo, bem
como o seu provimento, determinando o recebimento e o processamento do Recurso Ordinário.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Local e data.
Nome do Advogado
OAB n°
Observe que o conhecimento da organização da Justiça do Trabalho, bem
como da Teoria Geral dos Recursos, é essencial para que o Agravo de
Instrumento seja endereçado corretamente.
Sentença RO RR Emb. TST Rext Juiz TRT TST TST STF
A seguir, uma peça completa, considerando um caso hipotético: um
Recurso de Revista foi interposto em face de um acórdão do TRT, cuja
fundamentação encontra divergência jurisprudencial nos acórdãos da SDI do TST.
Este RR não foi recebido pelo presidente do TRT (a folha de rosto do RR é
endereçada ao presidente do TRT), pois os pressupostos de admissibilidade não
estariam presentes, logo o recurso está “trancado”.
213
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO
TRABALHO DA _________ REGIÃO.
Agravante OPCIONALAgravado Avalie a disponibilidade
Autos nº de espaço físico
NOME DO AGRAVANTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em que
contende com NOME DO AGRAVADO, vem respeitosamente perante
Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado,
para com fulcro no artigo fulcro no artigo 897, alínea “b” da CLT,
INTERPOR:
AGRAVO DE INSTRUMENTO
conforme minuta anexa.
Para tanto indica as seguintes peças do translado, conforme
exige o art. 897, § 5º da CLT:
- Decisão agravada
- Certidão de intimação
- Procurações de ambas as partes
- Petição inicial
- Contestação
- Decisão originária
- Guia deposito recursal
214
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
- Comprovante recolhimento das custas.
Presentes os pressupostos de admissibilidade, requer-se o
recebimento do presente agravo de instrumento, com sua posterior remessa ao Colendo TST.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Local e data.
Nome do Advogado
OAB n°
______________________________________________
AO COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
Agravante OPCIONALAgravado Avalie a disponibilidade
Autos nº de espaço físico
Origem
MINUTA DE AGRAVO DE INSTRUMENTOColenda TurmaEméritos Julgadores
O respeitável despacho que denegou seguimento ao Recurso de
Revista não merece ser mantido, razão pela qual requer a sua reforma,
a fim de que seja processado regularmente o recurso.
I – DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL
O presidente do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da ____
215
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Região denegou seguimento ao Recurso de Revista interposto pelo ora
agravante, sob a alegação de que não o agravante não conseguira
demonstrar a divergência jurisprudencial que o fundamentasse. (Fatos)O despacho não merece ser mantido, pois os acórdãos da Seção
de Dissídios Individuais deste Colendo TST, trazidos à colação,
demonstram claramente divergências de interpretação do art. 76 da
CLT. Logo, o agravante cumpriu o art. 896, § 4º da CLT, que exige uma
divergência apta a ensejar o recurso de revista, ou seja, atual, eis não
pode estar ultrapassada por súmula ou superada por iterativa e notória
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. (Fundamento)Diante do cumprimento de todos os pressupostos de
admissibilidade do Recurso de Revista, inclusive em relação a hipótese
de cabimento prevista pelo artigo 896, “a” da CLT, pois trata-se de
divergência jurisprudencial atual entre os acórdãos da SDI, requer a
reforma do despacho. (Pedido)
II – REQUERIMENTOS FINAIS
Ante o exposto, requer o conhecimento do presente agravo, bem
como o seu provimento, determinando o recebimento e o
processamento do Recurso de Revista.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Local e data.
Nome do Advogado
OAB n°
216
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
9. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
Os embargos de declaração estão previstos no artigo 897-A, CLT, embora
os dispositivos do CPC (artigos 535-538) também sejam aplicados
subsidiariamente.
No processo do trabalho, os embargos de declaração representam o meio
adequado para impugnar, no prazo de cinco dias, sentença ou acórdão quando
estas decisões apresentarem omissão, contradição, obscuridade ou manifesto
equívoco na análise dos pressupostos extrínsecos do recurso. Pondera-se que
esta última hipótese de cabimento, exclusiva do processo do trabalho, trata dos
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS DO RECURSO (tempestividade, depósito
recursal, custas e regularidade de representação).
Art. 897-A, CLT. Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subseqüente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. Parágrafo único. Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.
Outra hipótese de cabimento dos embargos declaratórios está na súmula
421, I do TST. Diante de uma decisão monocrática do relator (artigo 557, CPC) é
cabível a interposição de embargos de declaração para suprir omissão, que
também serão julgados por decisão monocrática.
Súmula 421, TST. Embargos Declaratórios - Justiça do Trabalho - Decisão Monocrática – Cabimento. I - Tendo a decisão monocrática de provimento ou denegação de recurso, prevista no art. 557 do CPC, conteúdo decisório definitivo e conclusivo da lide, comporta ser esclarecida pela via dos embargos de declaração, em decisão aclaratória, também monocrática, quando se pretende tão somente suprir omissão e não, modificação do julgado.II - Postulando o embargante efeito modificativo, os embargos declaratórios deverão ser submetidos ao
217
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
pronunciamento do Colegiado, convertidos em agravo, em face dos princípios da fungibilidade e celeridade processual.
Art. 557, CPC. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. § 1º - A. Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar provimento ao recurso.§ 1º. Da decisão caberá agravo, no prazo de cinco dias, ao órgão competente para o julgamento do recurso, e, se não houver retratação, o relator apresentará o processo em mesa, proferindo voto; provido o agravo, o recurso terá seguimento. § 2º. Quando manifestamente inadmissível ou infundado o agravo, o tribunal condenará o agravante a pagar ao agravado multa entre um a dez por cento do valor corrigido da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor.
A súmula 297, II do TST, por sua vez, admite a interposição dos Embargos
Declaratórios com o intuito de prequestionar a matéria. Adiante, será analisado o
Recurso de Revista, ocasião em que será mencionado outro pressuposto
extrínseco exclusivo deste recurso e dos Embargos ao TST. Sinteticamente, o
prequestionamento exige que “o acórdão contra o qual se recorre deve conter, de
forma explícita, referência à tese que se deseja impugnar. Às vezes, o Tribunal
Regional, ao julgar, omite-se a respeito de um argumento utilizado nas razões ou
contra razões do recurso. Tal ocorrendo, compete à parte oferecer embargos de
declaração, sob pena de preclusão.” 21 Corrobora este entendimento a Súmula
184, TST. Súmula 297, TST. I - Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito.II - Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios objetivando o
21 PINTO. Raymundo Antonio Carneiro. Súmulas do TST comentadas. 10. ed. São Paulo: Ltr, 2008. p. 251.
218
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão.III - Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos de declaração.
Súmula 184, TST. Embargos de Declaração Trabalhista – Omissão em Recurso de Revista ou Embargos – Preclusão. Ocorre preclusão quando não forem opostos embargos declaratórios para suprir omissão apontada em recurso de revista ou de embargos.
Como visto, este recurso é uma exceção em relação à unificação dos
prazos na Justiça do Trabalho (cinco dias). Ademais, importante relembrar a OJ
192 da SDI – 1 do TST que confirma a contagem do prazo em dobro para os entes
públicos que não exploram a atividade econômica, tendo em vista que os
embargos declaratórios são considerados um recurso.
OJ 192, SDI – 1, TST. Embargos Declaratórios. Prazo e dobro. Pessoa Jurídica de Direito Público. Decreto-Lei 779/69. É em dobro o prazo para a interposição de Embargos Declaratórios por pessoa jurídica de Direito Público.
Entretanto, o prazo diferenciado não é a única distinção dos embargos de
declaração em relação aos outros recursos do processo do trabalho. Observe que
este recurso não será julgado por um órgão superior àquele que proferiu a
decisão, pois não se trata de nova apreciação da matéria, mas tão somente de
eliminar eventual vício na decisão originado por omissão, obscuridade,
contradição ou manifesto equívoco em relação aos pressupostos extrínsecos. O
julgamento cabe ao àquele membro do Poder Judiciário, que proferiu a decisão
embargada, logo a folha de rosto não é necessária, eis que o recurso é dirigido
diretamente ao Juízo que o apreciará. Portanto, o recurso é formado apenas pela
folha de razões.
Atenção: a interposição de embargos de declaração INTERROMPE (zera) o
prazo para interposição de outros recursos até que seja proferida a
219
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
decisão relativa aos embargos. Com o intuito de evitar um
aproveitamento inadequado deste recurso, há previsão para aplicação
de multa se os embargos forem manifestamente protelatórios.
Art. 538, CPC. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, por qualquer das partes. Parágrafo único. Quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou o tribunal, declarando que o são, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente de 1% (um por cento) sobre o valor da causa. Na reiteração de embargos protelatórios, a multa é elevada a até 10% (dez por cento), ficando condicionada a interposição de qualquer outro recurso ao depósito do valor respectivo.
► EMBARGOS DECLARATÓRIOS COM EFEITO MODIFICATIVO
Os embargos de declaração, geralmente, visam apenas suprir uma
omissão, obscuridade, contradição ou manifesto equívoco em relação aos
pressupostos extrínsecos. Contudo, existem situações, que a fim de suprir a
lacuna da decisão embargada, ensejará, por conseguinte, a sua reforma.
Por exemplo, “a ré argúi prescrição na contestação e a sentença, omissa
quanto a esse ponto, julga procedente o pedido do reclamante. Interpostos os
embargos declaratórios pela ré contra tal omissão, e se eles forem providos para
sanar a omissão, o juiz pode, de fato, pronunciar a prescrição e julgar extinto o
processo com resolução do mérito, nos termos do artigo 269, IV do CPC. Houve,
assim, a reforma da sentença e, nesse caso, o recurso de embargos declaratórios
devolveu ao juiz o conhecimento da matéria impugnada.“ 22
Observação: a Súmula 278 do TST foi enunciada anteriormente a Lei 9957/2000,
que acrescentou o artigo 897-A da CLT, cuja redação prevê,
expressamente, o efeito modificativo deste recurso não só em
relação ao julgamento de embargos que supre a omissão, mas 22 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São
Paulo: Ltr, 2009. p. 747.
220
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
também nos casos de contradição e manifesto equívoco no exame
dos pressupostos extrínsecos do recurso. Apesar de a súmula estar
superada, pois dispõe sobre matéria que já encontra previsão legal,
continua em vigor. Portanto, perante uma questão, que aborde os
embargos de declaração, que visam suprir omissão é válido citar a
Súmula 278 do TST, além do artigo 897-A da CLT, que
obrigatoriamente constará na resposta.
Súmula 278, TST. A natureza da omissão suprida pelo julgamento de embargos declaratórios pode ocasionar efeito modificativo no julgado.
No trâmite regular dos embargos de declaração não há manifestação da
outra parte. Contudo, diante de embargos declaratórios com efeito modificativo
deve ser concedida vista à parte contrária, sob pena de nulidade da decisão que
acolheu este recurso. Este é o entendimento da OJ 142 da SDI – 1 do TST , cujo
fundamento está na violação do Princípio do Contraditório (artigo 5º, LV, CF).
OJ 142, SDI – 1, TST. Embargos Declaratórios. Efeito Modificativo. Vista à parte contrária. É passível de nulidade decisão que acolhe Embargos Declaratórios com efeito modificativo sem oportunidade para a parte contrária se manifestar.
Outra peculiaridade dos embargos de declaração com efeito modificativo é
a possibilidade de interposição de RO complementar.
Por exemplo, o Reclamado interpôs um RO após o terceiro dia da
publicação da sentença. No entanto, no quinto dia, o Reclamante interpôs
embargos de declaração com efeito modificativo. Nesta hipótese, se o juiz do
trabalho acolher o recurso, alterando a decisão, o Reclamado poderá interpor um
RO Complementar, contudo versará exclusivamente sobre a matéria acrescida pelos embargos declaratórios.
221
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
10. RECURSO DE REVISTA
O recurso de revista tem o objetivo de uniformizar a jurisprudência. É
interposto em face de decisões em recursos ordinários proferido pelos Tribunais
Regionais do Trabalho em DISSÍDIOS INDIVIDUAIS DO TRABALHO.
Sentença RO RR Emb. TST Juiz TRT TST (Turma) TST (SDI)
Turmas do TST
TST SDI (Seções de Dissídios Individuais)
SDC (Seções de Dissídios Coletivos)
Registre-se que os dissídios coletivos são ações de competência originária
dos Tribunais, quando de competência do TRT, de seu acórdão caberá recurso
ordinário (artigo 895, “b”, CLT) para uma das turmas do TST. E desta decisão
caberia o recurso de Embargos ao TST para a Seção de Dissídios Coletivos.
Dissídio Coletivo RO Emb. TST TRT TST (Turma) TST (SDC)
10.1 HIPÓTESES DE CABIMENTO
Antes de especificar as hipóteses específicas de cabimento do RR,
destaca-se que este é um recurso de instância extraordinária, logo não há
reapreciação de fatos e provas, a análise é restrita às questões exclusivamente de
direito (súmula 126, TST).Súmula 126, TST. Incabível o recurso de revista ou de embargos (CLT, artigos 896 e 894, “b”, CLT) para reexame de fatos e provas.
222
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
O artigo 896 da CLT estabelece em quais circunstâncias é cabível o
Recurso de Revista, no prazo de oito dias contados a partir da publicação da
decisão do TRT.
Art. 896, CLT. Cabe recurso de revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência Uniforme desta Corte; b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente na forma da alínea "a"; e c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal.§ 1º. O recurso de revista, dotado de efeito apenas devolutivo, será apresentado ao Presidente do Tribunal recorrido, que poderá recebê-lo ou denegá-lo, fundamentando, em qualquer caso, a decisão.§ 2º. Das decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas Turmas, em execução de sentença, inclusive em processo incidente de embargos de terceiro, não caberá recurso de revista, salvo na hipótese de ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal.§ 3º. Os Tribunais Regionais do Trabalho procederão, obrigatoriamente, à uniformização de sua jurisprudência, nos termos do Livro I, Título IX, Capitulo I do CPC, não servindo a súmula respectiva para ensejar a admissibilidade do recurso de revista quando contrariar Súmula da Jurisprudência Uniforme do Tribunal Superior do Trabalho. § 4º. A divergência apta a ensejar o recurso de revista deve ser atual, não se considerando como tal a ultrapassada por súmula ou superada por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. § 5º. Estando a decisão recorrida em consonância com enunciado da Súmula da Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministro Relator, indicando-o, negar seguimento ao recurso de revista, aos Embargos, ou ao agravo de
223
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
instrumento. Será denegado seguimento ao recurso nas hipóteses de intempestividade, deserção, falta de alçada e ilegitimidade de representação, cabendo a interposição de agravo.§ 6º. Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será admitido recurso de revista por contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho e violação direta da Constituição da República.
Não cabe Recurso de Revista no procedimento sumário, pois é rito de
instância única. Assim, o único recurso cabível da decisão proferida sob o
procedimento sumário, por força do artigo 102, III, CF, é o Rext.
PROCEDIMENTOORDINÁRIO
(Art. 896, “a”, “b”, “c”)
PROCEDIMENTOSUMARÍSSIMO
(Art. 896, §6º, CLT)
EXECUÇÃO
(Art. 896, §2º, CLT)
TRT ≠ TRT“a” AC TRT ≠ SDI OJ
__________
“b” TRT ≠ SÚMULA
___________“c”
CONTRARIEDADE ACONSTITUIÇÃOFEDERAL OU ALEI FEDERAL
OFENSA A
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
E A SÚMULAS
OFENSA ACONSTITUIÇÃO
FEDERAL
“Recurso de Revista na execução, só quando
ofender a Constituição!”
♦ Procedimento OrdinárioO recurso de revista é cabível quando o acórdão do TRT contrariar a
Constituição Federal, Lei Federal, Súmulas, OJ’s e ainda quando contrariar
acórdão da SDI ou de outro TRT.
224
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Observação: se a divergência ocorrer entre acórdãos de Tribunais Regionais do Trabalho, estes devem ser, necessariamente, distintos (OJ 111, SDI – 1, TST). O TST entende que os TRT’s devem uniformizar a sua jurisprudência.
OJ 111, SDI – 1, TST. Não é servível ao conhecimento do recurso de revista aresto oriundo do mesmo Tribunal Regional do Trabalho, salvo se o recurso houver sido interposto anteriormente à vigência da Lei 9756/98.
A possibilidade de interposição de RR prevista no artigo 896, alíneas “a” e
“b” configuram uma divergência jurisprudencial entre os órgãos do Poder
Judiciário.
O entendimento do TST, consagrado pela súmula 296 e súmula 337, afirma
que esta divergência jurisprudencial há de ser específica e não basta ser alegada,
mas deve ser comprovada por meio de juntada da certidão ou cópia autenticada
do acórdão paradigma ou citação da fonte oficial ou o repositório autorizado em
que foi publicado; além da transcrição, nas razões recursais, as ementas e/ou
trechos dos acórdãos trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito
de teses que justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se
encontrem nos autos ou venham a ser juntados com o recurso.
Súmula 296, TST. I - A divergência jurisprudencial ensejadora da admissibilidade, do prosseguimento e do conhecimento do recurso há de ser específica, revelando a existência de teses diversas na interpretação de um mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram. II - Não ofende o art. 896 da CLT decisão de Turma que, examinando premissas concretas de especificidade da divergência colacionada no apelo revisional, conclui pelo conhecimento ou desconhecimento do recurso.
Súmula 337, TST. I - Para comprovação da divergência justificadora do recurso, é necessário que o recorrente:a) Junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou cite a fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado; eb) Transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos acórdãos trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de teses que
225
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem nos autos ou venham a ser juntados com o recurso. II - A concessão de registro de publicação como repositório autorizado de jurisprudência do TST torna válidas todas as suas edições anteriores.
♦ Procedimento Sumaríssimo
O recurso de revista é cabível quando o acórdão do TRT contrariar a
Constituição Federal ou Súmulas.
♦ Execução
Nesta fase do processo, o recurso de revista é cabível somente diante de
ofensa literal e direta a Constituição Federal.
Súmula 266, TST. A admissibilidade do recurso de revista contra acórdão proferido em agravo de petição, na liquidação de sentença ou em processo incidente na execução, inclusive os embargos de terceiro, depende de demonstração inequívoca de violência direta à Constituição Federal.
Atenção: na execução o recurso cabível para impugnar a sentença é o agravo de
petição. Portanto, o RR será interposto em face do acórdão proferido no
agravo de petição.
Sentença AG. DE PETIÇÃO RR Juiz TRT TST
226
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
10.2 PREQUESTIONAMENTO
O prequestionamento é um pressuposto extrínseco do Recurso de Revista,
que impõe como condição para admissibilidade do recurso de revista, o
pronunciamento prévio e explícito sobre a matéria veiculada no recurso. Assim, o
TST só conhecerá o recurso, perante a manifestação explícita do TRT no acórdão
sobre a discussão abordada no RR. Inclusive, diante da omissão do Tribunal
sobre o assunto, a Súmula 297, II do TST, prevê hipótese de cabimento de
embargos de declaração, a fim de provocar o pronunciamento para fins de
questionamento. Súmula 297, TST. I - Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito.II - Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão.III - Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos de declaração.
Súmula 184, TST. Ocorre preclusão quando não forem opostos embargos declaratórios para suprir omissão apontada em recurso de revista ou de embargos.
Registre-se que a palavra “explicitamente” no inciso I da súmula 297 do
TST não faz alusão ao dispositivo legal, o que deve estar em evidência é a tese
sustentada na decisão, sendo indiferente a referência expressa da norma legal,
este é o entendimento da OJ 118, SDI – 1 do TST:
OJ 118, SDI – 1, TST. Havendo tese explícita sobre a matéria, na decisão recorrida, desnecessário contenha nela referência expressa do dispositivo legal para ter-se como prequestionado este.
A interpretação desta OJ é válida somente para as alíneas “a” e “b” do
artigo 896, CLT, eis que a súmula 221, I do TST “fixou posição no sentido de, em
se tratando de violação a lei federal ou à CF (alínea “c”, art. 896, CLT), deve ser
227
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
feita a indicação expressa do dispositivo legal violado ou da norma constitucional
afrontada.” 23
Súmula 221, TST. I - A admissibilidade do recurso de revista e de embargos por violação tem como pressuposto a indicação expressa do dispositivo de lei ou da Constituição tido como violado. II - Interpretação razoável de preceito de lei, ainda que não seja a melhor, não dá ensejo à admissibilidade ou ao conhecimento de recurso de revista ou de embargos com base, respectivamente, na alínea "c" do art. 896 e na alínea "b" do art. 894 da CLT. A violação há de estar ligada à literalidade do preceito.
Recomendação
Leitura das seguintes Orientações
Jurisprudenciais, relacionadas ao RR:
♦ 62, SDI – 1, TST;
♦ 119, SDI – 1, TST;
♦ 219, SDI – 1, TST;
♦ 334, SDI – 1, TST.
10.3 ESTRUTURA DO RECURSO DE REVISTA
RECURSO DE REVISTA
Presidente do TRT TST Juízo de Admissibilidade Razões do Recurso
O Recurso de Revista, assim como o RO e o agravo de instrumento é
composto pela folha de rosto e pela folha de Razões. O RR não possui o efeito 23 PINTO. Raymundo Antonio Carneiro. Orientações Jurisprudenciais do TST: comentadas. São
Paulo: Ltr, 2009. p. 89.
228
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
suspensivo, sendo que a norma legal prevê apenas o efeito devolutivo para este
recurso.
A folha de rosto deve ser apresentada ao Presidente do Tribunal recorrido, que poderá recebê-lo ou denegá-lo, fundamentando, em qualquer
caso, a decisão (art. 896, §1º, CLT). O Presidente do TRT analisará a presença
dos pressupostos de admissibilidade do RR (tempestividade, depósito recursal,
custas processuais, regularidade de representação, prequestionamento e etc.). O
Presidente do TRT pode delegar o exame dos pressupostos do RR para o Vice
Presidente, de acordo com a previsão do Regimento Interno.
§ 1º. O recurso de revista, dotado de efeito apenas devolutivo, será apresentado ao Presidente do Tribunal recorrido, que poderá recebê-lo ou denegá-lo, fundamentando, em qualquer caso, a decisão.
* TempestividadePRESSUPOSTOS DE * Depósito RecursalADMISSIBILIDADE * Custas DO RR * Regularidade de Representação * PREQUESTIONAMENTO
“Admitido o processamento do RR pelo Presidente do TRT, será intimado o
recorrido para tomar ciência da decisão e, querendo, contra-arrazoar,
oportunidade em que poderá apresentar recurso adesivo (Súmula 283 TST). Em
seguida, os autos serão remetidos ao TST. Neste, o RR será submetido a dois
novos exames de admissibilidade: o primeiro é exercido monocraticamente pelo
Ministro Relator; o segundo, pela Turma.” 24
Estando a decisão recorrida em consonância com enunciado da Súmula da
Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministro Relator,
indicando-o, negar seguimento ao Recurso de Revista. O mesmo ocorrerá com os
Embargos e o ao Agravo de Instrumento. Também será denegado seguimento ao
24 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: Ltr, 2009. p. 712.
229
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Recurso nas hipóteses de intempestividade, deserção, falta de alçada e
ilegitimidade de representação, casos em que caberá a interposição (art. 896, §5º,
CLT). § 5º. Estando a decisão recorrida em consonância com enunciado da Súmula da Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministro Relator, indicando-o, negar seguimento ao recurso de revista, aos Embargos, ou ao agravo de instrumento. Será denegado seguimento ao recurso nas hipóteses de intempestividade, deserção, falta de alçada e ilegitimidade de representação, cabendo a interposição de agravo.
O quadro a seguir tem a finalidade de materializar a idéia de um recurso de
revista no processo do trabalho. Esclarece-se que é apenas um modelo para
auxiliá-lo na memorização, assim como na produção de suas próprias peças.
Observação: o modelo foi redigido com espaços maiores e “pulando linhas”
apenas por motivos didáticos e para facilitar a visualização, NÃO
SE ACONSELHA PULAR LINHAS NO EXAME DE ORDEM.
RECURSODE
REVISTA
Folha de RostoPresidente do TRT
Pressupostos de Admissibilidade(tempestividade, depósito, custas, regularidade de representação e
PREQUESTIONAMENTO)
Folha RazõesTST
I. Preliminares de MéritoII. Prejudiciais de Mérito
III. Mérito IV. Requerimentos Finais
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ___ REGIÃO
Recorrente OPCIONALRecorrido Avalie a disponibilidadeAutos nº de espaço físicoOrigem
NOME DO RECORRENTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em
que contende com NOME DA RECORRIDA, também qualificada, vem
respeitosamente perante Vossas Excelências, por intermédio de seu
advogado abaixo assinado, com fulcro no artigo 893 e artigo 896, alínea “c” da CLT, INTERPOR: pode variar dependendo do rito e da hipótese de cabimento.
RECURSO DE REVISTA
para o Colendo Tribunal Superior do Trabalho.
Encontram-se presentes todos os pressupostos de
admissibilidade deste recurso, dentre os quais se destacam:
1) Tempestividade – a publicação do acórdão ocorreu no dia _____.
Logo, o presente recurso é tempestivo, tendo em vista que a
interposição ocorreu dentro do prazo oito dias, ou seja, ______.
2) Depósito Recursal, foi efetuado no valor de R$ _____, no prazo do
231
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
recurso e está comprovado pela guia GFIP anexa, conforme exige a
Súmula 245 do TST.
3) Custas Processuais já foram recolhidas quando da interposição do
recurso ordinário, no valor de R$ ____. Frisa-se que não houve
acréscimo no valor das custas e, portanto, não há valor algum a ser
recolhido.
4) Prequestionamento. A matéria objeto do presente recurso foi
devidamente prequestionada no Tribunal Regional do Trabalho,
tendo sido atendida, portanto, a Súmula nº 297 do Colendo TST.
Diante do exposto, requer o RECEBIMENTO do presente
recurso e a sua posterior REMESSA ao Colendo Tribunal Superior do
Trabalho.
Nesses Termos,
Pede deferimento.
Local e Data.
Nome do Advogado
OAB nº.
AO COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
Recorrente OPCIONALRecorrido Avalie a disponibilidadeAutos nº de espaço físicoOrigem
232
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
RAZÕES DO RECURSO DE REVISTAColenda Turma
Eminentes Ministros.
(ELOGIO A SENTENÇA + PEDIDO DE REFORMA )
I – PRELIMINARES DE MÉRITO
II – PREJUDICIAIS DE MÉRITO
II – MÉRITO§1º O acórdão (in)deferiu
§2º Tal decisão caracteriza (...). Observe-se:
§3º O (dispositivo legal) estabelece o seguinte: (transcrever o
dispositivo)
§4º Apesar de (dispositivo legal), dispor que (...), o acórdão posicionou-
se de forma contrária, estabelecendo que (...)
§5º Diante do exposto, requer a reforma da decisão a fim de (...).
III – REQUERIMENTOS FINAISEm face de todo o exposto, requer seja conhecido e provido o
presente recurso de revista, reformando-se o acórdão nos pontos
supra atacados.
Nesses Termos,
Pede deferimento.
233
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Local e Data.
Nome do Advogado
OAB nº
OBSERVAÇÕES
1) A fundamentação do RR pode variar, conforme o procedimento e ainda
com em relação a matéria de direito (ofensa a CF, divergência
jurisprudencial, etc.).
2) Depósito Recursal: não há condenação em pecúnia, logo descabe o
depósito (súmula 161 do TST) OU há condenação em pecúnia, mas todo o
valor já foi depositado, o juízo está garantido (súmula 128, I, TST) OU há
condenação e o juízo ainda não está garantido – no valor de, no prazo de,
guia GFIP (súmula 245, TST).
3) As custas são recolhidas pela parte vencida, diante de um RR é preciso
analisar todo o processo para estabelecer se as custas já foram recolhidas.
4) A questão de direito que ensejou o RR determinará em qual tópico a tese
será inserida. Por exemplo, se a discussão versar sobre prescrição, a tese
será inserida sob o tópico das Prejudiciais de Mérito; se versar sobre salário
será inserida no Mérito, etc.
5) Para o §2º do modelo padrão – Tal decisão caracteriza (...) – utilize o
esquema abaixo.
234
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Tal decisão caracteriza (...)
CF – ofensa literal e direta a CF LF – ofensa literal a Lei Federal (CLT) PARA ASúmulas OJ’s divergência PEÇATRT jurisprudencialSDI
Para finalizar o Recurso de Revista, expõe-se uma peça completa, baseada
em uma situação hipotética.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ___ REGIÃO
Recorrente Recorrido Autos nº Origem
NOME DO RECORRENTE, já qualificado nos autos em epígrafe,
em que contende com NOME DA RECORRIDA, também qualificada, vem
respeitosamente perante Vossas Excelências, por intermédio de seu
advogado abaixo assinado, com fulcro no artigo 896, alínea “c” da CLT,
interpor:
RECURSO DE REVISTA
para o Colendo Tribunal Superior do Trabalho.
Encontram-se presentes todos os pressupostos de admissibilidade
deste recurso, dentre os quais se destacam:
235
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
1) Tempestividade – a publicação do acórdão ocorreu no dia _____. Logo,
o presente recurso é tempestivo, tendo em vista que a interposição
ocorreu dentro do prazo oito dias, ou seja, ______.
2) Depósito Recursal não foi efetuado, eis que todo o valor da
condenação já está depositado e, por conseguinte, está garantido o
juízo. Assim, nos termos da Súmula 128, I do TST, mais nenhum
depósito será exigido para qualquer recurso.
3) Custas Processuais já foram recolhidas quando da interposição do
recurso ordinário, no valor de R$ ____. Frisa-se que não houve
acréscimo no valor das custas e, portanto, não há valor algum a ser
recolhido.
4) Prequestionamento. A matéria objeto do presente recurso foi
devidamente prequestionada no Tribunal Regional do Trabalho, tendo
sido atendida, portanto, a Súmula nº 297 do Colendo TST.
Diante do exposto, requer o recebimento do presente recurso e a
sua posterior remessa ao Colendo Tribunal Superior do Trabalho.
Nesses Termos,
Pede deferimento.
Local e Data.
Nome do Advogado
OAB nº
_______________________________________
AO COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
Recorrente
236
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Recorrido Autos nº Origem
RAZÕES DO RECURSOColenda Turma
Eminentes Ministros,
O Recorrente, não se conformando com o respeitável acórdão do
Tribunal Regional do Trabalho da ___ Região, que reformou parcialmente
a decisão do juízo de primeiro grau, recorre ao Colendo TST, buscando
um melhor entendimento na presente ação.
I – MÉRITO01. Devolução dos Descontos
O acórdão recorrido entendeu que os descontos realizados nos
salários do Reclamante a título de assistência médica hospitalar são
ilícitas uma vez que não autorizadas pelo artigo 462 da CLT, condenando
a Reclamada a sua devolução.
Tal entendimento caracteriza divergência jurisprudencial. Observe-
se:
A súmula 342 do TST dispõe que os “descontos salariais efetuados
pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do empregado,
para ser integrado em planos de assistência odontológica, médico
hospitalar, de seguro, de previdência privada, ou de entidade cooperativa,
cultural ou recreativa associativa dos seus trabalhadores, em seu
benefício e dos seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da
CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro
defeito que vicie o ato jurídico.”
237
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Apesar da súmula 342 do TST estabelecer que os descontos
salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por
escrito do empregado não afrontam o disposto no art. 462 da CLT, o
respeitável acórdão adotou posicionamento contrário por entender que o
desconto foi ilícito.
Diante do exposto, merece reforma o acórdão para afastar a
condenação da Reclamada a devolução dos descontos.
II – REQUERIMENTOS FINAIS
Em face do exposto, requer seja conhecido e no mérito provido,
reformando-se a respeitável decisão proferida pelo Egrégio Tribunal
Regional do Trabalho da ___ Região nos pontos supra atacados.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local e Data.
Nome do Advogado
OAB nº
238
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
11. EXECUÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO
Na execução do processo do trabalho aplicam-se os artigos 876 e
seguintes da CLT. Subsidiariamente, aplica-se a Lei de Cobrança Judicial da
Dívida Ativa da Fazenda Pública (Lei 6830/80) e, depois, o CPC. Assim, ordena o
artigo 889 da CLT.
Art. 889, CLT. Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal.
Além das condições da ação em geral, notadamente a legitimidade das
partes e o interesse de agir, a execução no processo do trabalho pressupõe o
inadimplemento do devedor e a existência de um título executivo.
11.1 EXECUÇÃO PROVISÓRIA E EXECUÇÃO
A execução é provisória quando há um recurso pendente de julgamento, ou
seja, a sentença não transitou em julgado. Considerando que os recursos no
processo do trabalho possuem efeito meramente devolutivo, é possível a
execução provisória que segue apenas até a penhora (art. 899, CLT). A corrente
majoritária da doutrina e jurisprudência entende que o “até a penhora”
compreende o julgamento dos eventuais embargos ou da impugnação à sentença
de liquidação, pois somente com tal julgamento é que a penhora (atos de
constrição) se aperfeiçoaria.
A execução provisória SEMPRE será requerida pela parte interessada,
posto que o juiz não pode determiná-la ex officio.
Sentença RO EXECUÇÃO Juiz TRT PROVISÓRIA
239
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Art. 899, CLT. Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Titulo, permitida a execução provisória até a penhora.§ 1º. Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vezes o valor de referência regional, nos dissídios individuais, só será admitido o recurso, inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da respectiva importância. Transitada em julgado a decisão recorrida, ordenar-se-á o levantamento imediato da importância do depósito, em favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz.§ 2º. Tratando-se de condenação de valor indeterminado, o depósito corresponderá ao que for arbitrado para efeito de custas, pela Junta ou Juízo de Direito, até o limite de 10 (dez) vezes o valor de referência regional.§ 3º. (Revogado pela L-007.033-1982)§ 4º. O depósito de que trata o § 1º far-se-á na conta vinculada do empregado a que se refere o Art. 2º da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, aplicando-se-lhe os preceitos dessa lei, observado, quanto ao respectivo levantamento, o disposto no § 1º.§ 5º. Se o empregado ainda não tiver conta vinculada aberta em seu nome, nos termos do Art. 2º da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, a empresa procederá à respectiva abertura, para efeito do disposto no § 2º.§ 6º. Quando o valor da condenação, ou o arbitrado para fins de custas, exceder o limite de 10 (dez) vezes o valor de referência regional, o depósito para fins de recurso será limitado a este valor.
A execução é definitiva, quando a sentença ou acórdão transitou em
julgado, esta pode ser determinada de ofício pelo juiz ou a requerimento do
interessado (art. 878, CLT). Art. 878, CLT. A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio pelo próprio Juiz ou Presidente ou Tribunal competente, nos termos do artigo anterior.Parágrafo único. Quando se tratar de decisão dos Tribunais Regionais, a execução poderá ser promovida pela Procuradoria da Justiça do Trabalho.
Execução definitiva
Sentença não há Trânsito em Juiz recurso julgado Ação Rescisória
240
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
11.2 TRÂMITE DA EXECUÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO
Manifestação das partes (10 dias)
Sentença Liquidação Apresentação Juiz de sentença do cálculo Sem manifestação
União Contribuições Juiz Apreciação Homologação Previdenciárias dos cálculos dos cálculos
A sentença transitada em julgado faz COISA JULGADA MATERIAL,
portanto não na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar a sentença
liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa principal (art. 879, § 1º, CLT).
A liquidação de sentença é utilizada quando a sentença condenatória não
apresenta um valor líquido, isto é, são necessários cálculos para determinar o
quantum condenatório. A apuração poderá ser apresentada pelo juiz ou pela parte
ou pelo perito (art. 879, § 3º, CLT).
Há três modalidades liquidação de sentença: cálculos, artigos e
arbitramento. (art. 879, caput, CLT).
a) Cálculos: é a modalidade mais utilizada. A liquidação mediante cálculos
depende apenas de simples operações aritméticas, pois a sentença
oferece todos os elementos necessários para determinar o valor
condenatório.
b) Arbitramento: consiste em exame pericial, de pessoas ou coisas, com a
finalidade de apurar o quantum relativo à obrigação pecuniária
que deverá ser adimplida pelo devedor, ou, em determinados
casos, de individualizar, com precisão, o objeto da condenação.
241
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
c) Artigos: impõe-se a liquidação mediante artigos, quando há necessidade de
provar fatos novos, para quantificar ou individualizar o objeto da
condenação.
Após a apresentação dos cálculos, o juiz possui a FACULDADE de
conceder um prazo de 10 dias, para que as partes peticionem acerca dos cálculos
apresentados (art. 879, §2º, CLT). Caso seja concedido este prazo, as partes
deverão se manifestar, sob pena de preclusão do direito de impugnar a liquidação
da sentença. No entanto, o juiz, se considerar conveniente, poderá postergar a
manifestação das partes.Art. 879, CLT. Sendo ilíquida a sentença exeqüenda, ordenar-se-á, previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos.§ 1º. Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa principal.§ 1º-A. A liquidação abrangerá, também, o cálculo das contribuições previdenciárias devidas. § 1º-B. As partes deverão ser previamente intimadas para a apresentação do cálculo de liquidação, inclusive da contribuição previdenciária incidente. § 2º. Elaborada a conta e tornada líquida, o Juiz poderá abrir às partes prazo sucessivo de 10 (dez) dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão.§ 3º. Elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho, o juiz procederá à intimação da União para manifestação, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de preclusão.§ 4º. A atualização do crédito devido à Previdência Social observará os critérios estabelecidos na legislação previdenciária. § 5º. O Ministro de Estado da Fazenda poderá, mediante ato fundamentado, dispensar a manifestação da União quando o valor total das verbas que integram o salário de contribuição, na forma do art. 28 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, ocasionar perda de escala decorrente da atuação do órgão jurídico.
Em seguida, nos termos do 3º do artigo 879, a União será intimada para se
manifestar, no prazo de 10 dias, em relação às contribuições previdenciárias, sob
pena de preclusão.
242
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Após o retorno, os autos serão conclusos, momento destinado a apreciação
e homologação dos cálculos pelo juiz.
PagamentoSentença de Mandado Embargos à ExecuçãoLiquidação de Citação Garantia do Juízo (prazo de 5 dias) Impugnação à Sentença de Liquidação
A homologação dos cálculos é proferida por meio de uma DECISÃO
INTERLOCUTÓRIA.
Atenção: embora a denominação de sentença, a sentença de liquidação no
Processo do Trabalho tem natureza de decisão interlocutória, pois não põe termo ao processo e não é recorrível de imediato. Portanto, desta decisão interlocutória NÃO cabe nenhum recurso. Tal sentença de liquidação só poderá ser impugnada nos embargos à
execução ou na impugnação à sentença de liquidação pelo credor,
caso não tenha ocorrido a preclusão.
A partir da sentença de liquidação é expedido o mandado de citação, que é
a cobrança do valor apurado na sentença de liquidação. O mandado, cumprido
pelo oficial de justiça (art. 880, §2º, CLT), ordena que o executado efetue o
pagamento ou garanta o juízo, no prazo de 48 horas.
Art. 880, CLT. Requerida a execução, o juiz ou presidente do tribunal mandará expedir mandado de citação do executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas ou, quando se tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais devidas à União, para que o faça em 48 (quarenta e oito) horas ou garanta a execução, sob pena de penhora.
243
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
§ 1º. O mandado de citação deverá conter a decisão exeqüenda ou o termo de acordo não cumprido.§ 2º. A citação será feita pelos oficiais de Justiça.§ 3º. Se o executado, procurado por 2 (duas) vezes no espaço de 48 (quarenta e oito) horas, não for encontrado, far-se-á citação por edital, publicado no jornal oficial ou, na falta deste, afixado na sede da Junta ou Juízo, durante 5 (cinco) dias.
A garantia do juízo é fundamental para o trâmite regular da execução.
Observe que, mesmo diante de cálculos errôneos, o executado só poderá
impugná-los se nomear bens à penhora até que o juízo esteja garantido. Diante da
omissão do executado, o juiz promoverá as diligências necessárias, a fim de
encontrar tantos bens quantos bastem para a garantia do juízo. Na falta de bens
que sejam capazes de garantir o juízo, o processo será arquivado, posto que não
há possibilidade de prosseguimento do feito.
Art. 882, CLT. O executado que não pagar a importância reclamada poderá garantir a execução mediante depósito da mesma, atualizada e acrescida das despesas processuais, ou nomeando bens à penhora, observada a ordem preferencial estabelecida no art. 655 do Código Processual Civil.
Art. 883, CLT. Não pagando o executado, nem garantindo a execução, seguir-se-á penhora dos bens, tantos quantos bastem ao pagamento da importância da condenação, acrescida de custas e juros de mora, sendo estes, em qualquer caso, devidos a partir da data em que for ajuizada a reclamação inicial.
A execução dos bens passíveis de penhora, no processo do trabalho,
segue a ordem de preferência do artigo 655 do CPC.
Art. 655, CPC. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; II - veículos de via terrestre; III - bens móveis em geral; IV - bens imóveis; V - navios e aeronaves; VI - ações e quotas de sociedades empresárias; VII - percentual do faturamento de empresa devedora; VIII - pedras e metais preciosos;
244
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado; X - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; XI - outros direitos.§ 1º. Na execução de crédito com garantia hipotecária, pignoratícia ou anticrética, a penhora recairá, preferencialmente, sobre a coisa dada em garantia; se a coisa pertencer a terceiro garantidor, será também esse intimado da penhora. § 2º. Recaindo a penhora em bens imóveis, será intimado também o cônjuge do executado.
BENS Artigo 469, CPC +IMPENHORÁVEIS Lei 8009/90 (Bem de Família)
IMPORTANTE
Súmula 417, TST. Mandado de Segurança - Penhora em Dinheiro - Justiça do Trabalho. I - Não fere direito líquido e certo do impetrante
o ato judicial que determina penhora em dinheiro do executado, em
execução definitiva, para garantir crédito exeqüendo, uma vez que
obedece à gradação prevista no art. 655 do CPC.
II - Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o
executado direito líquido e certo a que os valores penhorados em
dinheiro fiquem depositados no próprio banco, ainda que atenda aos
requisitos do art. 666, I, do CPC.
III - Em se tratando de execução provisória, fere direito líquido e certo
do impetrante a determinação de penhora em dinheiro, quando
nomeados outros bens à penhora, pois o executado tem direito a que a
execução se processe da forma que lhe seja menos gravosa, nos
termos do art. 620 do CPC.
245
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Registre-se que a desconsideração da personalidade jurídica no processo
do trabalho é automática. Assim, se a empresa não possuir bens para garantir o
juízo, a personalidade jurídica poderá ser desconsiderada em face de
descumprimento de lei (sentença), situação em que serão encaminhados
mandados de citação em nome dos sócios da empresa.
Garantido o juízo, as partes serão intimadas para se manifestar no prazo de
cinco dias (art. 884, 3º). Esta manifestação se dará por meio de simples petição,
chamada de Embargos à Execução para o executado e Impugnação à Sentença
de Liquidação para o exequente. Nestas petições, as partes insurgir-se-ão à
sentença de liquidação ou a qualquer matéria de fato ou de direito referente à
execução. Contudo, caso o juiz já tenha concedido 10 dias de prazo para a
manifestação das partes em relação aos cálculos apresentados, nos termos do
artigo 879, § 2º da CLT, esta matéria não poderá ser impugnada neste momento
devido à preclusão do direito.
- EMBARGOS À EXECUÇÃO: manifestação do executado. - IMPUGNAÇÃO À SENTENÇA DE LIQUIDAÇÃO: manifestação do exequente.
Art. 884, CLT. Garantida a execução ou penhora os bens, terá o executado 5 (cinco) dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exeqüente para impugnação.§ 1º. A matéria de defesa será restrita às alegações de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da dívida.§ 2º. Se na defesa tiverem sido arrolada testemunhas, poderá o Juiz ou o Presidente do Tribunal, caso, julgue necessário seus depoimentos, marcar audiência para a produção das provas, a qual deverá realizar-se dentro de 5 (cinco) dias.§ 3º. Somente nos embargos à penhora poderá o executado impugnar a sentença de liquidação, cabendo ao exeqüente igual direito e no mesmo prazo.§ 4º. Julgar-se-ão na mesma sentença os embargos e a impugnação à liquidação apresentadas pelos credores trabalhista e previdenciário.§ 5º. Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou
246
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição Federal.
Sentença Agravo de Petição Recurso de Revista Juiz TRT TST
Após a manifestação das partes é que o juiz proferirá a sentença na
execução, na qual será julgada concomitantemente os embargos à execução e a
impugnação à liquidação de sentença. A sentença na execução poderá ser
impugnada por meio do AGRAVO DE PETIÇÃO (Art. 897, “a”, CLT).
O acórdão proferido pelo TRT em agravo de petição poderá ser impugnado
por meio do Recurso de Revista para o TST, DESDE QUE haja ofensa a
Constituição no julgado.
“Recurso de Revista na execução, só quando ofender a
Constituição!”
11.3 EMBARGOS DE TERCEIROS
Os embargos de terceiros é um recurso que não está previsto na
Consolidação das Leis do Trabalho, razão pela qual se aplica subsidiariamente os
artigos 1046 e seguintes do CPC.
Sempre que ocorrer a penhora de um bem que pertença à terceiro, ou seja,
parte alheia ao processo, o meio adequado para impugnar esta apreensão judicial
são os embargos de terceiros. O prazo de interposição deste recurso é de cinco
dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas sempre antes da
assinatura da respectiva carta (art. 1048, CPC).
247
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Art. 1046, CPC. Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer lhes sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos.
Art. 1048, CPC. Os embargos podem ser opostos no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.
11.4 EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
A exceção de pré-executividade é uma construção da doutrina e da
jurisprudência, motivo pelo qual não há previsão legal na CLT.
A exceção de pré-executividade é utilizada pelas partes para arguir matéria
de ordem pública ou comprovar a quitação sem precisar garantir o juízo
novamente. Nesta última hipótese a comprovação deve ser realizada de forma
cabal, isto é, por meio de prova incontestável, por exemplo, o recibo de
pagamento.
Diante da ausência de normas positivadas, a exceção de pré-executividade
não possui prazo para a interposição, assim poderá ser empregada a qualquer
momento da execução.
248
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
12. EMBARGOS À EXECUÇÃO
No capítulo anterior foi mencionado que os embargos à execução é a
petição do executado destinada a impugnar a sentença de liquidação, bem como
qualquer outra matéria de fato ou de direito relacionada ao cumprimento da
decisão, quitação ou prescrição da dívida (art. 884, §1º, CLT). Sua interposição é
dependente da garantia do juízo, eis que seu prazo de cinco dias se inicia
somente após o cumprimento deste requisito.
Ao lado dos embargos à execução, tem-se a figura da impugnação à
sentença de liquidação (art. 884, §3º e §4º, CLT). A impugnação é a petição do
exequente, destinada a discutir a extensão da sentença de liquidação, que
estabelece o quantum condenatório.
Observação 1: ao contrário do processo civil, os embargos à execução no
processo do trabalho tramitam nos mesmos autos da execução.
Observação 2: Embargos à Arrematação e à Adjudicação representam meio
processual de oposição aos atos expropriatórios (alienação
judicial). A legitimidade para interpor é do devedor e devem ser
fundados em nulidade da execução, pagamento, novação,
transação, ou prescrição, desde que supervenientes à penhora. A
competência e o procedimento devem observar as regras
atinentes aos embargos à execução.
O juízo competente para a execução é o mesmo que tiver julgado o dissídio
originariamente (art. 877, CLT) Assim, os embargos à execução serão dirigidos ao
juízo proferiu a sentença, que se encontra na fase de execução, diante do
inadimplemento do devedor.
249
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Art. 877, CLT. É competente para a execução das decisões o Juiz ou Presidente do Tribunal que tiver conciliado ou julgado originariamente o dissídio.
Art. 877-A, CLT. É competente para a execução de título executivo extrajudicial o juiz que teria competência para o processo de conhecimento relativo à matéria.
Esta peça processual não é um recurso, é uma petição do executado na
execução do processo do trabalho, assim não há folha de rosto, pois a petição
será endereçada ao juízo que analisará o seu requerimento.
I. Garantia do Juízo EMBARGOS II. TempestividadeÀ EXECUÇÃO III. Custas IV. Mérito V. Requerimentos Finais
O exemplo seguinte tem a finalidade de esboçar uma idéia desta petição no
processo do trabalho. Esclarece-se que é apenas um modelo para auxiliá-lo na
memorização, assim como na produção de suas próprias peças.
Observação: o modelo foi redigido com espaços maiores e “pulando linhas”
apenas por motivos didáticos e para facilitar a visualização, NÃO
SE ACONSELHA PULAR LINHAS NO EXAME DE ORDEM.
250
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA _________ VARA DO TRABALHO DE ______________.
Embargante OPCIONALEmbargado Avalie a disponibilidade
Autos nº de espaço físico
NOME DO EMBARGANTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em
que contende com NOME DO EMBARGADO, vem respeitosamente
perante Vossa Excelência, através de seu advogado adiante assinado,
com fulcro no artigo 884, caput, CLT, INTERPOR:
EMBARGOS À EXECUÇÃO
pelos motivos fáticos e jurídicos a seguir expostos:
I – GARANTIA DO JUÍZO
O embargante recebeu o mandado de citação, que ordenava o
pagamento ou garantir deste juízo. A importância homologada foi
depositada dentro do prazo de 48 horas, de acordo com o artigo 880,
CLT, no importe de R$_____, conforme revela o documento juntado
aos autos.
II – TEMPESTIVIDADEA garantia do juízo foi realizada no dia ____, de modo que os
presentes embargos são tempestivos, pois seu prazo é de cinco dias a
partir da garntia do juízo, nos termos do artigo 884, CLT.
251
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
III – CUSTASAs custas processuais serão quitadas ao final, conforme
autoriza o artigo 789-A da Consolidação das Leis Trabalhistas.
IV – MÉRITOA sentença julgou procedente o pedido do Embargado,
condenando o ora Embargante ao pagamento de 2 horas extras por
dia, bem como os seus devidos reflexos. Contudo, na liquidação de
sentença, o Senhor Perito, por um equívoco, apresentou cálculos de 4
horas extras por dia, acrescidas dos reflexos. (Fatos)
Os cálculos homologados não estão de acordo com o título
executivo que baseia esta execução, uma vez que os valores
apresentados são superiores à condenação proferida. O artigo 879,
§1º da CLT sustenta que na liquidação, não se poderá modificar, ou
inovar, a sentença liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa
principal, pois esta está protegida pela coisa julgada material. Neste
sentido, o artigo 5º, XXXVI da CF determina que a lei não prejudicará o
direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
(Fundamentos)
Diante do exposto, requer a correção dos cálculos apresentados
pelo Senhor Perito, a fim de excluir do débito os valores que não foram
julgados procedentes na sentença liquidanda. (Pedido)
V – REQUERIMENTOS FINAIS
Diante do exposto requer sejam conhecidos e, no mérito,
julgados procedentes os presentes Embargos à Execução, a fim de se
252
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
promover as reformas necessárias na conta homologada.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Local e data
Nome do advogado
OAB nº
253
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
13. AGRAVO DE PETIÇÃO
O agravo de petição é o recurso adequado para impugnar a sentença
proferida na execução no processo do trabalho.
Sentença AGRAVO DE PETIÇÃO RR Juiz TRT TST
Este recurso tem um pressuposto de admissibilidade específico, qual seja a
delimitação das matérias e valores impugnados, sob pena de não ser recebido
(Art. 897, §1º, CLT). Este pressuposto tem a finalidade de permitir a imediata e
definitiva execução dos valores incontroversos.
Neste sentido, o TST enunciou a Súmula 416 do TST, que veda a
impetração de mandado de segurança impetrado pelo executado, a fim de impedir
a execução em relação aos valores incontroversos.
Art. 897, CLT. Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções;§ 1º. O agravo de petição só será recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta de sentença.§ 8º. Quando o agravo de petição versar apenas sobre as contribuições sociais, o juiz da execução determinará a extração de cópias das peças necessárias, que serão autuadas em apartado, conforme dispõe o § 3o, parte final, e remetidas à instância superior para apreciação, após contraminuta.
Súmula 416 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃO. LEI Nº 8.432/1992.
254
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
ART. 897, § 1º, DA CLT. CABIMENTO. Devendo o agravo de petição delimitar justificadamente a matéria e os valores objeto de discordância, não fere direito líquido e certo o prosseguimento da execução quanto aos tópicos e valores não especificados no agravo.
Exceção ao art. 897, §1º, CLT: contudo, se a matéria impugnada no agravo de
petição for EXCLUSIVAMENTE DE DIREITO,
este requisito não é exigido e, portanto, não será
necessário delimitar os valores impugnados.
AGRAVO DE PETIÇÃO
Juiz do Trabalho Tribunal Regional do Trabalho da __ RegiãoJuízo de Admissibilidade Razões do Recurso
O Agravo de Petição endereçará sua folha de rosto ao Juízo que proferiu a
decisão recorrida. O conteúdo da folha de rosto apresentará o cumprimento dos
pressupostos de admissibilidade, inclusive, o pressuposto exigido pelo artigo 897,
§1º, CLT, e requerer a remessa do recurso para o Juízo ad quem (TRT).
Observação: nos pressupostos de admissibilidade do Agravo de Petição não há o
depósito recursal, tendo em vista que o juízo já está garantido.
Portanto, serão apenas a tempestividade, custas processuais e o
artigo 897, §1º, CLT.
255
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
A folha de razões (minuta) tem a seguinte estrutura:
♦ I. Preliminares de Mérito♦ II. Prejudiciais de Mérito♦ III. Mérito♦ IV. Requerimentos Finais
.
O quadro a seguir tem a finalidade de materializar a idéia de um agravo de
petição no processo do trabalho. Esclarece-se que é apenas um modelo para
auxiliá-lo na memorização, assim como na produção de suas próprias peças.
Observação: o modelo foi redigido com espaços maiores e “pulando linhas”
apenas por motivos didáticos e para facilitar a visualização, NÃO
SE ACONSELHA PULAR LINHAS NO EXAME DE ORDEM.
AGRAVODE
PETIÇÃO
Folha de Rosto (Juízo a quo)
Pressupostos de Admissibilidade(tempestividade, custas
processuais e ART. 897, §1º, CLT)
Folha Razões (Juízo ad quem)I. Preliminares de Mérito
II. Prejudiciais de Mérito III. Mérito
IV. Requerimentos Finais
256
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA _________ VARA DO TRABALHO DE ______________.
Agravante: OPCIONALAgravado: Avalie a disponibilidade
Autos nº: de espaço físico
NOME DO AGRAVANTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em que
contende com NOME DO AGRAVADO, também qualificado, vem
respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu
advogado adiante assinado, com fulcro no artigo 897, alínea “a” da CLT,
INTERPORAGRAVO DE PETIÇÃO
para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho.
Encontram-se presentes todos os pressupostos de admissibilidade
do recurso, dentre os quais de destacam:
a) Tempestividade, tendo em vista que o agravo ora apresentado
respeitou o prazo legal de 8 dias contados a partir da data de
publicação da sentença, ocorrida em _____.
b) Garantia integral do Juízo na forma exigida pelo artigo 884 da CLT.
c) Custas Processuais no valor de R$ 44,26, serão pagas pelo
executado ao final da execução, como determinado pelo art. 789-A,
IV, da CLT.
d) Art. 897, § 1°, da CLT: a fim de delimitar as matérias e valores
impugnados, esclarece que presente agravo versa exclusivamente
257
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
sobre ___________, abrangendo o valor de R$_________.
Diante do exposto, requer o recebimento do presente agravo e a
sua posterior remessa ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho.
Nestes Termos,
Pede deferimento.
Local e Data.
Nome do Advogado
OAB nº
_______________________________________________
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO.Agravante:
Agravado: OPCIONAL Autos nº: Avalie a disponibilidade
Origem: de espaço físico
MINUTA DO AGRAVAO DE PETIÇÃOColenda TurmaEméritos Julgadores
(ELOGIO A SENTENÇA + PEDIDO DE REFORMA )
I – PRELIMINAR DE MÉRITONulidades Processuais Error in Procedendo Anulação da
Sentença
II – PREJUDICIAIS DE MÉRITOArgüição de qualquer matéria que esteja relacionada a prescrição e
decadência.
258
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Por exemplo, se os cálculos do perito aplicaram a prescrição quinquenal
somente a partir do término do contrato de trabalho e a sentença julgou os
cálculos procedentes. O erro deve ser demonstrado no tópico das
prejudiciais de mérito. Requerendo o acolhimento da prejudicial, bem como
a extinção, com resolução do mérito em relação as verbas anteriores aos
últimos cinco anos contados da data do ajuizamento da ação.
III – MÉRITO
§1 Fato O juízo da execução julgou (im)procedente os Embargos à Execução, sob os seguintes argumentos
é necessário especificar sobre qual decisãoo Agravo de Petição está recorrendo, pois
pode ser interposto dos Embargos à Execução,Embargos de Terceiros, etc.
§2 Fundamento A sentença não merece ser mantida, pois
§3 Pedido Diante do exposto, requer a reforma da sentença de
Embargos para
IV - REQUERIMENTOS FINAISConhecimento do Recurso;
Acolhimento da Preliminar de Mérito;
Acolhimento da Prejudicial de Mérito;
Total provimento do mérito, para fins de reforma da sentença.
Nestes Termos,
Pede Deferimento,
Local e Data
Nome do Advogado
OAB nº
259
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
14. EMBARGOS AO TST
Cumpre recordar, de início, a organização da Justiça do Trabalho, bem
como do Tribunal Superior do Trabalho:
Turmas do TST
Juiz do TRT TST SDI (Seções de Dissídios Individuais)Trabalho SDC (Seções de Dissídios Coletivos)
Mudanças recentes modificaram o processamento do recurso de Embargos
ao Tribunal Superior do Trabalho. A Lei 11496/2007 alterou a redação do artigo
894 da CLT, bem como o artigo 3º, III, “b” da Lei 7701/88, para modificar o
processamento dos Embargos ao TST.
Os dispositivos supramencionados determinam quais são as hipóteses
específicas de cabimento dos Embargos ao TST:
Art. 894, CLT. No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos, no prazo de 8 dias:I – de decisão não unânime de julgamento que:a) conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que excedam a competência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e estender ou rever as sentenças normativas do Tribunal Superior do Trabalho, nos casos previstos em lei; eb) (vetado)II – das DECISÕES DAS TURMAS que divergirem entre si, ou das decisões proferidas pela SEÇÃO DE DISSÍDIOS INDIVIDUAIS, salvo se a decisão recorrida estiver em consonância com SÚMULA ou ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL do Tribunal Superior do Trabalho ou do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
Art. 3º, Lei 7701/88. Compete à Seção de Dissídios Individuais julgar:I - originariamente:a) as ações rescisórias propostas contra decisões das Turmas do Tribunal Superior do Trabalho e suas próprias, inclusive as anteriores à especialização em seções; e
260
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
b) os mandados de segurança de sua competência originária, na forma da lei.II - em única instância:a) os agravos regimentais interpostos em dissídios individuais; eb) os conflitos de competência entre Tribunais Regionais e aqueles que envolvem Juízes de Direito investidos da jurisdição trabalhista e Juntas de Conciliação e Julgamento em processos de dissídio individual.III - em última instância:a) os recursos ordinários interpostos contra decisões dos Tribunais Regionais em processos de dissídio individual de sua competência originária;b) os embargos das decisões das Turmas que divergirem entre si, ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais; c) os agravos regimentais de despachos denegatórios dos Presidentes das Turmas, em matéria de embargos, na forma estabelecida no Regimento Interno;d) os embargos de declaração opostos aos seus acórdãos;e) as suspeições argüidas contra o Presidente e demais Ministros que integram a seção, nos feitos pendentes de julgamento; ef) os agravos de instrumento interpostos contra despacho denegatório de recurso ordinário em processo de sua competência.
A redação destas normas é muito concisa, uma vez que oferece diversas
hipóteses de cabimento em poucas palavras, o que torna os artigos confusos.
Portanto, analise o esquema:
DECISÃO Contrariar entendimento de uma das Turmas do TST DE Contrariar acórdão da SDI TURMA Contrariar súmula do STF DO TST Contrariar súmula do TST(Art. 894, CLT) Contrariar OJ
Outra hipótese de ressalte está prevista no art. 3º, III, “a” da Lei. Observe
que esta situação já foi ponderada no estudo em duas situações anteriores
261
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
(Capítulo 7 – RO e Capítulo 10 – RR). Refere-se aos dissídios coletivos, que são
de competência originária do TRT, logo deste acórdão caberá recurso ordinário
(artigo 895, “b”, CLT) para uma das turmas do TST. E desta decisão caberia o
recurso de Embargos ao TST para a Seção de Dissídios Coletivos.
Art. 3º, III, “a”, Lei 7701: os recursos ordinários (art. 895, “b”, CLT)
interpostos contra decisões dos Tribunais Regionais em processos de dissídio individual de sua competência originária.
Dissídio Coletivo RO Emb. TST TRT TST (Turma) TST (SDC)
► Embargos ao TST: Súmulas e Orientações Jurisprudenciais
O recurso de Embargos ao TST apresenta diversas semelhanças com o
Recurso de Revista, pois apesar de serem recursos distintos, julgados por setores
diferentes do TST em hipóteses de cabimento que são singulares, ambos
possuem natureza extraordinária.
Assim, boa parte das súmulas e orientações jurisprudenciais aplicadas ao
RR também servirão aos Embargos.
♦ Não há exame de fatos e provas nos embargos ao TST, a matéria é restrita às
questões exclusivamente de direito (Súmula 126, TST).♦ A divergência jurisprudencial há de ser específica, revelando a existência de
teses diversas na interpretação de um mesmo dispositivo legal (Súmula 296, I, TST).
♦ Ademais, a divergência jurisprudencial deve ser comprovada por meio de
juntada da certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou citação da
262
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado; além da
transcrição, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos acórdãos
trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de teses que
justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem
nos autos ou venham a ser juntados com o recurso (Súmula 337, TST).
♦ PREQUESTIONAMENTO também é um pressuposto extrínseco dos Embargos
ao TST, que impõe como condição para admissibilidade do recurso o
pronunciamento prévio e explícito sobre a matéria veiculada no mesmo (Súmula 297, TST).
♦ Súmula 184, TST: Ocorre preclusão quando não forem opostos embargos
declaratórios para suprir omissão apontada em recurso de revista ou de
embargos.
♦ Súmula 221, TST: I - A admissibilidade do recurso de revista e de embargos por
violação tem como pressuposto a indicação expressa do dispositivo de lei ou da
Constituição tido como violado.
II - Interpretação razoável de preceito de lei, ainda que não seja a melhor, não
dá ensejo à admissibilidade ou ao conhecimento de recurso de revista ou de
embargos com base, respectivamente, na alínea "c" do art. 896 e na alínea "b"
do art. 894 da CLT. A violação há de estar ligada à literalidade do preceito.
♦ Súmula 23, TST: Não se conhece da revista ou dos embargos, se a decisão
recorrida resolver determinado item do pedido por diversos fundamentos e a
jurisprudência transcrita não abranger a todos.
♦ OJ 219, SDI – 1, TST: Recurso de Revista ou de Embargos fundamentado em
Orientação Jurisprudencial do TST. É válida, para efeito de conhecimento do
Recurso de Revista ou de embargos, a invocação de Orientação Jurisprudencial
do Tribunal Superior do Trabalho, desde que, das razões recursais, conste o seu
número ou conteúdo.
263
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
14.1 ESTRUTURA DOS EMBARGOS AO TST
EMBARGOS AO TST
Presidente da Turma do TST SDI do TST Juízo de Admissibilidade Razões dos Embargos
A folha de rosto deve ser apresentada ao Presidente da Turma do TST, que proferiu a decisão recorrida, este analisará a presença dos pressupostos de
admissibilidade (tempestividade, depósito recursal, custas processuais,
regularidade de representação e prequestionamento).
* TempestividadePRESSUPOSTOS DE * Depósito RecursalADMISSIBILIDADE * Custas DOS EMBARGOS * Regularidade de Representação * PREQUESTIONAMENTO
Nos termos do artigo 896, §5º da CLT, poderá o Ministro Relator negar
seguimento ao Recurso de Revista quando a decisão recorrida em consonância
com enunciado da Súmula da Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. O mesmo ocorrerá com os Embargos e o Agravo de Instrumento. Também será
denegado seguimento ao Recurso nas hipóteses de intempestividade, deserção,
falta de alçada e ilegitimidade de representação, casos em que caberá a
interposição de agravo regimental.Art. 896, § 5º, CLT. Estando a decisão recorrida em consonância com enunciado da Súmula da
264
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministro Relator, indicando-o, negar seguimento ao recurso de revista, aos Embargos, ou ao agravo de instrumento. Será denegado seguimento ao recurso nas hipóteses de intempestividade, deserção, falta de alçada e ilegitimidade de representação, cabendo a interposição de agravo.
O quadro a seguir tem a finalidade de materializar a idéia dos Embargos ao
TST no processo do trabalho. Esclarece-se que é apenas um modelo para auxiliá-
lo na memorização, assim como na produção de suas próprias peças.
Observação: o modelo foi redigido com espaços maiores e “pulando linhas”
apenas por motivos didáticos e para facilitar a visualização, NÃO
SE ACONSELHA PULAR LINHAS NO EXAME DE ORDEM.
EMBARGOSAOTST
Folha de RostoPresidente da Turma
Pressupostos de Admissibilidade(tempestividade, depósito, custas, regularidade de representação e
PREQUESTIONAMENTO)
Folha RazõesSDI do TST
I. Preliminares de MéritoII. Prejudiciais de Mérito
III. Mérito IV. Requerimentos Finais
265
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DA TURMA DO COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO.
Embargante OPCIONALEmbargado Avalie a disponibilidadeAutos nº de espaço físicoOrigem
NOME DO EMBARGANTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em
que contende com NOME DO EMBARGADO, também qualificado, vem
respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu
advogado abaixo assinado, com fulcro no artigo 894, II da CLT,
INTERPOR:
EMBARGOS AO TST
para a Colenda Seção de Dissídios Individuais do TST.
Encontram-se presentes todos os pressupostos de
admissibilidade deste recurso, dentre os quais se destacam:
1) Tempestividade – a publicação do acórdão ocorreu no dia _____.
Logo, o presente recurso é tempestivo, tendo em vista que a
interposição ocorreu dentro do prazo oito dias, ou seja, ______.
2) Depósito Recursal, foi efetuado no valor de R$ _____, no prazo do
recurso e está comprovado pela guia GFIP anexa, conforme exige a
Súmula 245 do TST.
3) Custas Processuais já foram recolhidas quando da interposição do
266
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
recurso ordinário, no valor de R$ ____. Frisa-se que não houve
acréscimo no valor das custas e, portanto, não há valor algum a ser
recolhido.
4) Prequestionamento. A matéria objeto do presente recurso foi
devidamente prequestionada na Turma do TST, que proferiu o r.
acórdão recorrido, tendo sido atendida, portanto, a Súmula nº 297 do TST.
Diante do exposto, requer o RECEBIMENTO dos Embargos e
a sua posterior REMESSA à Colenda Seção de Dissídios Individuais do
TST.
Nesses Termos,
Pede deferimento.
Local e Data.
Nome do Advogado
OAB nº.
À COLENDA SEÇÃO DE DISSÍDIOS INDIVIDUAIS DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO.
Embargante OPCIONALEmbargado Avalie a disponibilidadeAutos nº de espaço físicoOrigem
RAZÕES DO RECURSO DE REVISTAColenda SDI
Eminentes Ministros.
267
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
(ELOGIO A DECISÃO + PEDIDO DE REFORMA )
I – PRELIMINARES DE MÉRITO
II – PREJUDICIAIS DE MÉRITO
II – MÉRITO (Veja a observação 1 abaixo)
§1º O acórdão (in)deferiu
§2º Tal decisão caracteriza divergência jurisprudencial. Observe-se:
§3º O (dispositivo legal) estabelece o seguinte: (transcrever o
dispositivo)
§4º Apesar de (dispositivo legal), dispor que (...), o acórdão posicionou-
se de forma contrária, estabelecendo que (...)
§5º Diante do exposto, requer a reforma da decisão a fim de (...).
III – REQUERIMENTOS FINAISEm face de todo o exposto, requer seja conhecido e provido o
presente recurso de Embargos, reformando-se o acórdão nos pontos
atacados.
Nesses Termos,
Pede deferimento.
Local e Data.
Nome do Advogado
OAB nº
268
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
OBSERVAÇÕES
1) Ao contrário do RR, os Embargos ao TST, normalmente, são oriundos de
uma divergência jurisprudencial (decisão contrária ao entendimento de uma
das Turmas do TST ou acórdão da SDI ou súmula do STF ou súmula do
TST ou Orientação Jurisprudencial). Informação que facilita o §2º do
modelo padrão – Tal decisão caracteriza (...) Tal decisão caracteriza
divergência jurisprudencial.
2) Depósito Recursal – hipóteses: não há condenação em pecúnia, logo
descabe o depósito (súmula 161 do TST) OU há condenação em pecúnia,
mas todo o valor já foi depositado, o juízo está garantido (súmula 128, I,
TST) OU há condenação e o juízo ainda não está garantido – no valor de,
no prazo de, guia GFIP (súmula 245, TST).
3) As custas são recolhidas pela parte vencida, diante da interposição de
Embargos ao TST é preciso analisar todo o processo para estabelecer se
as custas já foram recolhidas.
4) A questão de direito que ensejou os Embargos ao TST determinará em qual
tópico a tese será inserida. Por exemplo, se a discussão versar sobre
prescrição, a tese será inserida sob o tópico das Prejudiciais de Mérito; se
versar sobre salário será inserida no Mérito, etc.
269
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
15. AÇÕES ESPECIAIS: MANDADO DE SEGURANÇA E AÇÃO RESCISÓRIA
O presente capítulo visa tratar, brevemente, do mandado de segurança e
da ação rescisória. Ações, que apesar de não serem exclusivas do processo do
trabalho, lhe são admissíveis.
Assevera-se que o estudo deste capítulo versa sobre AÇÕES e não
recursos. Neste diapasão, a fim de manter a mesma didática fixamos um modelo
padrão para estruturar as ações especiais.
I. Fatos II. Requisitos Específicos Ações III. MéritoEspeciais IV. Liminar V. Requerimentos Finais VI. Valor da Causa
A estrutura será detalhada, por ocasião, do estudo da ação rescisória.
15.1 MANDADO DE SEGURANÇA
O Mandado de Segurança está previsto no artigo 5º, LXIX da CF e está
disciplinado pela Lei 1533/51. Antecipa-se que esta legislação foi alterada
recentemente pela Lei 12.016/2009 sancionada em agosto deste ano.
Art. 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
270
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; [...]
Este remédio constitucional visa proteger qualquer direito líquido e certo do
cidadão, salvo o direito de locomoção e o direito de acesso a informações
pessoais, que são protegidos pelo habeas corpus e habeas data, respectivamente.
“Direito líquido e certo é aquele que não demanda posteriormente a
produção de prova, uma vez que o direito já está comprovado documentalmente
ou reconhecido pela autoridade coatora.” 25
Observação: a Carta Magna também prevê o mandado de segurança coletivo,
que pode ser impetrado pela organização sindical, dentre outras
entidades. Art. 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:a) partido político com representação no Congresso Nacional;b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
Conclui-se que o mandado de segurança é ação utilizada, diante da
inexistência de outro meio jurídico, para proteger um direito líquido e certo, que
fora violado por um ato de autoridade. O MS pode compelir a autoridade pública a
praticar ou deixar de praticar algum ato.
► Mandado de Segurança – Competência da Justiça do Trabalho
Inicialmente, apenas os Tribunais Regionais do Trabalho e o Tribunal
Superior do Trabalho tinham competência para apreciar e julgar mandado de
25 BITTENCOURT, Marcus Vinicius Corrêa. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. rev. e ampl. Belo Horizonte: Fórum, 2008. p. 90.
271
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
segurança, uma vez que o artigo 652 e 653 da CLT não incluem o mandado de
segurança no âmbito da atuação jurisdicional dos órgãos de primeira instância.
Contudo, “o advento da EC 45/2004, que modificou substancialmente o
artigo 114 da CF, parece-nos que a Vara do Trabalho será funcionalmente
competente para processar e julgar mandado de segurança em que o empregador
pretenda discutir a validade do ato praticado – penalidade – pela autoridade
administrativa encarregada da fiscalização das relações do trabalho.” 26
Art. 114, VII, CF. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: [...] VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; [...]
Agente de Juiz do EXCEÇÃO – Art. 114, VII, CFFiscalização Trabalho
Ato do TRT Juiz 1º Grau
Ato do membro TRT do TRT Ato do membro TST do TST
► Lei 12.016/2009
A Lei 12.016/2009 sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em
agosto deste ano, alterou a disciplina do mandado de segurança individual e
coletivo.
Cumpre salientar que o estudo das súmulas e OJ’s relativas ao Mandado
de Segurança são fundamentais para o Exame de Ordem de II fase.
26 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: Ltr, 2009. p. 997.
272
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Alguns Dispositivos Relevantes
Art. 18, Lei 1533/51. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á
decorridos 120 dias contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.
Súmula 632, STF. É constitucional lei que fixa PRAZO DE DECADÊNCIA para a
impetração do Mandado de Segurança.
Súmula 512, STF. Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de
mandado de segurança.
Súmula 105, STJ. Na ação de mandado de segurança não se admite condenação
em honorários advocatícios.
Súmula 266, STF. Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.
Súmula 267, STF. Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível
de recurso ou correição.
Súmula 268, STF. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com
trânsito em julgado.
Súmula 33, TST. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial
transitada em julgado.
OJ 99, SDI – 2, TST. Mandado de segurança. Esgotamento de todas as vias
recursais disponíveis. Trânsito em julgado formal. Descabimento. Esgotadas as
vias recursais existentes, não cabe mandado de segurança.
OJ 140, SDI – 2, TST. Não cabe mando de segurança para impugnar despacho
que acolheu ou indeferiu liminar em outro mandado de segurança.
273
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Súmula 201, TST. Da decisão do Tribunal Regional do Trabalho em mandado de
segurança cabe recurso ordinário, no prazo de 8 (oito) dias, para o Tribunal
Superior do Trabalho, correspondendo igual dilação para o recorrido e
interessados apresentarem razões de contrariedade.
OJ 148, SDI – 2, TST. É responsabilidade da parte, para interpor recurso ordinário
em mandado de segurança, a comprovação do recolhimento das custas
processuais no prazo recursal, sob pena de deserção.
Súmula 414, TST. I - A antecipação da tutela concedida na sentença não
comporta impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável
mediante recurso ordinário. A ação cautelar é o meio próprio para se obter efeito
suspensivo a recurso.
II - No caso da tutela antecipada (ou liminar) ser concedida antes da sentença,
cabe a impetração do mandado de segurança, em face da inexistência de recurso
próprio.
III - A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do
mandado de segurança que impugnava a concessão da tutela antecipada (ou
liminar).
Súmula 417, TST. I - Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial
que determina penhora em dinheiro do executado, em execução definitiva, para
garantir crédito exeqüendo, uma vez que obedece à gradação prevista no art. 655
do CPC.
II - Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o executado
direito líquido e certo a que os valores penhorados em dinheiro fiquem
depositados no próprio banco, ainda que atenda aos requisitos do art. 666, I, do
CPC.
III - Em se tratando de execução provisória, fere direito líquido e certo do
impetrante a determinação de penhora em dinheiro, quando nomeados outros
bens à penhora, pois o executado tem direito a que a execução se processe da
forma que lhe seja menos gravosa, nos termos do art. 620 do CPC.
274
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
Súmula 418, TST. A concessão de liminar ou a homologação de acordo
constituem faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do
mandado de segurança.
OJ 67, SDI – 2, TST. Não fere direito líquido e certo a concessão de liminar
obstativa de transferência de empregado, em face da previsão do inciso IX do art.
659 da CLT.
OJ 92, SDI – 2, TST. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial
passível de reforma mediante recurso próprio, ainda que com efeito diferido.
OJ 98, SDI – 2, TST. É ilegal a exigência de depósito prévio para custeio dos
honorários periciais, dada a incompatibilidade com o processo do trabalho, sendo
cabível o mandado de segurança visando à realização da perícia,
independentemente do depósito.
OJ 137, SDI – 2, TST. Constitui direito líquido e certo do empregador a suspensão
do empregado, ainda que detentor de estabilidade sindical, até a decisão final do
inquérito em que se apure a falta grave a ele imputada, na forma do art. 494, caput
e § único, da CLT.
275
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
15.2 AÇÃO RESCISÓRIA
A ação rescisória está prevista pelo artigo 836 da CLT, e seu
processamento no processo do trabalho segue as normas do processo civil, com
aplicação subsidiária dos dispositivos 485 ao 495, no que for compatível aos
princípios do processo do trabalho. Além destes, por se tratar de uma nova ação
deve atender também aos requisitos do artigo 282 do CPC, que regula a petição
inicial.
Execução definitiva
Sentença não há Trânsito em Juiz recurso julgado Ação Rescisória
A ação rescisória no processo civil, de acordo com o artigo 488, II do CPC,
está sujeita ao depósito prévio de 5% sobre o valor da causa. No entanto, no
processo do trabalho o depósito prévio é de 20% sobre o valor da causa (art. 836,
CLT).
Art. 836, CLT. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas, excetuados os casos expressamente previstos neste Título e a ação rescisória, que será admitida na forma do disposto no Capítulo IV do Título IX da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, sujeita ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor. Parágrafo único. A execução da decisão proferida em ação rescisória far-se-á nos próprios autos da ação que lhe deu origem, e será instruída com o acórdão da rescisória e a respectiva certidão de trânsito em julgado.
Art. 488, CPC. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do Art. 282, devendo o autor:
276
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa;II - depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa, a título de multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível, ou improcedente.Parágrafo único. Não se aplica o disposto no nº II à União, ao Estado, ao Município e ao Ministério Público.
As hipóteses de cabimento da ação rescisória no processo do trabalho
estão previstas no artigo 485 do CPC.
Art. 485, CPC. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente;III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;IV - ofender a coisa julgada;V - violar literal disposição de lei;VI - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada na própria ação rescisória;VII - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a sentença;IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa.
Comentários ao artigo 485, CPC
a) Inciso I: prevaricação e concussãoPrevaricação: “delito especial próprio e funcional”27, cometido pelo
servidor público consistente retardar ou deixar de
praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo
27 PRADO, Luiz Regis. Comentários ao Código Penal. 3. ed. reform., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais: 2006. p. 860.
277
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
contra disposição expressa de lei, para satisfazer
interesse ou sentimento pessoal (art. 319, CP).
Concussão: “delito especial próprio, funcional e de mera atividade” 28,
praticado contra a Administração Pública, que consiste
em exigir, para si ou para outrem, vantagem indevida,
fora de sua função ou antes de assumi-la (art. 316, CP).
b) Inciso III: colusão É o conluio entre as partes, a fim de fraudar a lei e/ou
enganar o juiz.
A ação rescisória não é um recurso. É uma ação que tem por finalidade a
desconstituição de sentença ou acórdão. O direito de propor ação rescisória se
extingue em 2 anos (prazo decadencial), contados do trânsito em julgado da
decisão rescindenda (art. 495 do CPC, Súmula 100, TST e OJ 12 da SDI – 2,
TST).
A observância do disposto nas Súmulas 100 e 299 do TST é indispensável
para a propositura de ação rescisória.
Súmula 100, TST. I - O prazo de decadência, na ação rescisória, conta-se do dia imediatamente subseqüente ao trânsito em julgado da última decisão proferida na causa, seja de mérito ou não.II - Havendo recurso parcial no processo principal, o trânsito em julgado dá-se em momentos e em tribunais diferentes, contando-se o prazo decadencial para a ação rescisória do trânsito em julgado de cada decisão, salvo se o recurso tratar de preliminar ou prejudicial que possa tornar insubsistente a decisão recorrida, hipótese em que flui a decadência a partir do trânsito em julgado da decisão que julgar o recurso parcial. III - Salvo se houver dúvida razoável, a interposição de recurso intempestivo ou a interposição de recurso incabível não protrai o termo inicial do prazo decadencial.
28 PRADO, Luiz Regis. Comentários ao Código Penal. 3. ed. reform., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais: 2006. p. 849.
278
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
IV - O juízo rescindente não está adstrito à certidão de trânsito em julgado juntada com a ação rescisória, podendo formar sua convicção através de outros elementos dos autos quanto à antecipação ou postergação do "dies a quo" do prazo decadencial. V - O acordo homologado judicialmente tem força de decisão irrecorrível, na forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo conciliatório transita em julgado na data da sua homologação judicial. VI - Na hipótese de colusão das partes, o prazo decadencial da ação rescisória somente começa a fluir para o Ministério Público, que não interveio no processo principal, a partir do momento em que tem ciência da fraude. VII - Não ofende o princípio do duplo grau de jurisdição a decisão do TST que, após afastar a decadência em sede de recurso ordinário, aprecia desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. VIII - A exceção de incompetência, ainda que oposta no prazo recursal, sem ter sido aviado o recurso próprio, não tem o condão de afastar a consumação da coisa julgada e, assim, postergar o termo inicial do prazo decadencial para a ação rescisória. IX - Prorroga-se até o primeiro dia útil, imediatamente subseqüente, o prazo decadencial para ajuizamento de ação rescisória quando expira em férias forenses, feriados, finais de semana ou em dia em que não houver expediente forense. Aplicação do art. 775 da CLT. X - Conta-se o prazo decadencial da ação rescisória, após o decurso do prazo legal previsto para a interposição do recurso extraordinário, apenas quando esgotadas todas as vias recursais ordinárias.
OJ 12, SDI – 2, TST Ação Rescisória. Decadência. Consumação antes ou depois da edição da medida provisória nº 1.577/1997. Ampliação do prazo. I - A vigência da Medida Provisória nº 1.577/1997 e de suas reedições implicou o elastecimento do prazo decadencial para o ajuizamento da ação rescisória a favor dos entes de direito público, autarquias e fundações públicas. Se o biênio decadencial do art. 495 do CPC findou após a entrada em vigor da referida medida provisória e até sua suspensão pelo STF em sede liminar de ação direta de inconstitucionalidade (ADIn 1753-2), tem-se como aplicável o prazo decadencial elastecido à rescisória. II - A regra ampliativa do prazo decadencial para a propositura de ação rescisória em favor de pessoa jurídica de direito público não se aplica se, ao tempo em que sobreveio a Medida Provisória nº 1.577/1997, já se exaurira o biênio do art. 495 do
279
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
CPC. Preservação do direito adquirido da parte à decadência já consumada sob a égide da lei velha.
Súmula 299, TST. I - É indispensável ao processamento da ação rescisória a prova do trânsito em julgado da decisão rescindenda.II - Verificando o relator que a parte interessada não juntou à inicial o documento comprobatório, abrirá prazo de 10 (dez) dias para que o faça, sob pena de indeferimento.III - A comprovação do trânsito em julgado da decisão rescindenda é pressuposto processual indispensável ao tempo do ajuizamento da ação rescisória. Eventual trânsito em julgado posterior ao ajuizamento da ação rescisória não reabilita a ação proposta, na medida em que o ordenamento jurídico não contempla a ação rescisória preventiva. IV - O pretenso vício de intimação, posterior à decisão que se pretende rescindir, se efetivamente ocorrido, não permite a formação da coisa julgada material. Assim, a ação rescisória deve ser julgada extinta, sem julgamento do mérito, por carência de ação, por inexistir decisão transitada em julgado a ser rescindida.
► Competência da Ação Rescisória
A ação rescisória é uma ação originária dos Tribunais, ou seja, a ação
rescisória jamais será proposta para um juiz do trabalho. Assim, perante uma ação
rescisória proposta em face de sentença que transitou em julgado, a competência
será do TRT à que está subordinado o juízo de 1º grau que proferiu a decisão.
Sentença Trânsito em Ação Rescisória RO Emb. TST Juiz julgado TRT TST TST
Cada tribunal é competente para julgar ação rescisória de suas decisões. Atente-se para o fato de que “se o acórdão do TST NÃO apreciar o
mérito da causa, como ocorre, quando aquela Corte não conhece do recurso
280
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
interposto, a ação rescisória voltar-se-á contra o acórdão regional que tenha
adentrado no mérito, sendo competente o TRT para processá-la e julgá-la.” 29
Sentença Ação Rescisória Juiz 1º Grau TRT Cada Tribunal
Decisão Definitiva Ação Rescisória é competente TRT TRT para julgar AR
Decisão Definitiva Ação Rescisória de suas decisões TST TST
► Súmulas e Orientações Jurisprudenciais relacionadas ao CABIMENTO da
Ação Rescisória
Súmula 100, TST + Art. 495, CPC
Súmula 259, TST. Só por rescisória é atacável o termo de conciliação previsto
no parágrafo único do Art. 831 da Consolidação das Leis do Trabalho.
Súmula 407, TST. A legitimidade "ad causam" do Ministério Público para propor
ação rescisória, ainda que não tenha sido parte no processo que deu origem à
decisão rescindenda, não está limitada às alíneas "a" e "b" do inciso III do art. 487
do CPC, uma vez que traduzem hipóteses meramente exemplificativas.
Art. 487, CPC. Tem legitimidade para propor a ação:
I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular;
II - o terceiro juridicamente interessado;
29 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: Ltr, 2009. p. 1029.
281
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
III - o Ministério Público:
a) se não foi ouvido no processo, em que lhe era obrigatória a intervenção;
b) quando a sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de fraudar a lei.
Súmula 514, TST. Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em
julgado, ainda que contra ela não se tenham esgotado todos os recursos.
Súmula 219, TST. I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de
honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por cento), não decorre
pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por
sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao
dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe
permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família.
II - É incabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação
rescisória no processo trabalhista, salvo se preenchidos os requisitos da Lei nº
5.584/70.
Súmula 329, TST. Honorários advocatícios. Art. 133 da CF/1988 (mantida).
Mesmo após a promulgação da CF/1988, permanece válido o entendimento
consubstanciado na Súmula nº 219 do Tribunal Superior do Trabalho.
Histórico:
Súmula 299, TST + OJ 84, SDI – 2, TST. Ação rescisória. Petição inicial.
Ausência da decisão rescindenda e/ou da certidão de seu trânsito em julgado
devidamente autenticadas. Peças essenciais para a constituição válida e regular
do feito. Argüição de ofício. Extinção do processo sem julgamento do mérito. A
decisão rescindenda e/ou a certidão do seu trânsito em julgado, devidamente
autenticadas, à exceção de cópias reprográficas apresentadas por pessoa jurídica
de direito público, a teor do art. 24 da Lei nº 10.522/02, são peças essenciais para
o julgamento da ação rescisória. Em fase recursal, verificada a ausência de
qualquer delas, cumpre ao Relator do recurso ordinário argüir, de ofício, a extinção
282
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
do processo, sem julgamento do mérito, por falta de pressuposto de constituição e
desenvolvimento válido do feito.
► Súmula relacionada a hipótese de INTERPOSIÇÃO DE RECURSO em
Ação Rescisória
Súmula 158, TST. Da decisão do Tribunal Regional do Trabalho, em ação
rescisória, cabível é o recurso ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho,
em face da organização judiciária trabalhista.
O recurso ordinário previsto nesta súmula tem previsão no artigo 895, “b”,
CLT). Contra decisões dos Tribunais Regionais em processos de dissídio
individual de sua competência originária é cabível a interposição de RO para o
TST.
Ação Rescisória RO Emb. TST
TRT TST (Turma) TST (SDC)
15.3 ESTRUTURA DA AÇÃO RESCISÓRIA
Consoante o que foi mencionado, não é um recurso, logo não há folha de
rosto e folha de razões, pois se trata de uma petição inicial.
I. Fatos II. Requisitos Específicos Ação III. MéritoRescisória IV. Liminar V. Requerimentos Finais VI. Valor da Causa
283
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
O quadro a seguir tem a finalidade de materializar a idéia de uma ação
rescisória no processo trabalho. Esclarece-se que é apenas um modelo para
auxiliá-lo na memorização, assim como na produção de suas próprias peças.
Observação: o modelo foi redigido com espaços maiores e “pulando linhas”
apenas por motivos didáticos e para facilitar a visualização, NÃO
SE ACONSELHA PULAR LINHAS NO EXAME DE ORDEM.
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO.
NOME DO AUTOR, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da
Cédula de Identidade RG nº, inscrito no CPF sob nº e no PIS sob o nº,
portador da CTPS nº, residente e domiciliado no endereço completo,
vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu
advogado adiante assinado (PROCURAÇÃO EM ANEXO), com
escritório profissional no endereço completo, com fulcro no artigo 836 da CLT combinado com o artigo 485, ____ do CPC, PROPOR:
AÇÃO RESCISÓRIA
em face de NOME DO RÉU, pessoa jurídica de direito privado, inscrita
no CNPJ sob o nº, estabelecida no endereço completo, pelas razões
de fato e de direito a seguir expostos.
I – DOS FATOSO autor ajuizou reclamatória trabalhista em face da empresa ré
postulando (...). A sentença, que julgou (im)procedente o pedido,
transitou em julgado.
284
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
II – REQUISITOS ESPECÍFICOS
A presente ação rescisória foi proposta com observância das
disposições legais.
LEGITIMIDADE – Art. 487, I, CPC.
TEMPESTIVIDADE – Art. 495, CPC + Súmula 100, TST.
DEPÓSITO PRÉVIO – Art. 836, CLT (20% do valor da causa).
DOCUMENTOS OBRIGATÓRIOS – Súmula 299, TST + OJ 84, SDI –
2, TST: (cópia da decisão rescindenda e certidão de transito em
julgado).
III – MÉRITO (é aconselhável que o título do tópico do mérito faça alusão ao inciso do art. 485, CPC, que sofreu violação)
01. DA VIOLAÇÃO LITERAL A DISPOSIÇÃO DE LEI (exemplo)
§1º Fato§2º Fundamento (ex: violação do artigo 440, CLT)
§3º Autorizando assim, conforme artigo 485, inciso ____ do CPC, a desconstituição da decisão transitada em julgado.
§4º Pedido
IV – LIMINAR Artigo 489, CPC - Analise se há necessidade de requerer a
concessão de liminar (urgência do pedido): ● Fumus Boni Iuris e
● Periculum in Mora
V – REQUERIMENTOS FINAIS● Art. 491, CPC – citação ● Produção de provas (mesmo pedido da RT)
● Requerer o julgamento procedente da ação rescisória, a fim de
285
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
rescindir a decisão transitada em julgado.
VI – VALOR DA CAUSAAtribui-se a causa o valor de R$ ______.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local e data
Nome do Advogado
OAB nº
OBSERVAÇÕES
1) Endereçamento: o endereçamento da ação deve ser realizado de acordo
com a competência para processar e julgar a ação rescisória. Portanto,
conforme visto, a interposição da ação rescisória deverá ser dirigida ao TRT
diante de uma decisão que foi proferida pelas Varas do Trabalho. Caso a
decisão a ser rescindida tenha sido proferida pelo próprio TRT, a
competência será do próprio Tribunal de onde se originou o acórdão (ação
de competência originária). Por fim, perante um acórdão, que foi proferido
pelo TST, a competência para rescindir a decisão é do próprio TST.
2) Artigo 489, CPC: “a Lei 11.280/2006 deu nova redação ao artigo 489 do
CPC, para esclarecer, de maneira definitiva, que o fato de o ajuizamento da
ação rescisória não impedir o cumprimento da sentença ou acórdão
rescindendo não exclui a concessão, caso imprescindíveis e sob os
pressupostos previstos em lei, de medidas de natureza cautelar ou
antecipatória de tutela. A regra do artigo 489 deixa claro que o ajuizamento
da rescisória não tem o condão de suspender a execução da sentença nela
atacada. Uma vez, porém, que os pressupostos da tutela cautelar ou da
286
NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
antecipação de tutela se façam presentes, claro é que a competente
medida de urgência haverá de ser tomada, para impedir que o resultado da
ação rescisória perca a sua utilidade para a parte e para a própria
jurisdição.” 30
Art. 489, CPC. O ajuizamento da ação rescisória não impede o cumprimento da sentença ou acórdão rescindendo, ressalvada a concessão, caso imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, de medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela.
3) Valor da causa: o trâmite da ação rescisória no processo do trabalho é
disciplinado pelas normas do CPC, com isso não há preocupação com o
valor da causa. Sempre utilize uma frase genérica, sem indicação de valors
específicos, salvo se a proposta mencionar o valor da causa.
30 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: Ltr, 2009. p. 712.
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BIBLIOGRAFIA BÁSICA PARA O EXAME DE ORDEM – II FASE
1. CLT “seca” de 2009
2. CLT Comentada: ● Eduardo Gabriel Saad –Editora LTr
OU
● Valentin Carrion – Editora Saraiva
3. Livro de Súmulas e Orientações Jurisprudenciais – Comentadas● Súmulas do TST Comentadas, Raymundo Antonio Carneiro Pinto, Editora: LTR.
● Orientações Jurisprudenciais do TST: Comentadas, Raymundo Antonio Carneiro
Pinto, Editora: LTR.
4. Direito Material● Alice Monteiro de Barros, Curso de Direito do Trabalho - Editora LTr
● Maurício Godinho Delgado, Curso de Direito do Trabalho – Editora LTr
● Amauri Mascaro Nascimento, Iniciação ao Direito do Trabalho - Editora LTr
(para leitura antes da prova) ● Amauri Mascaro Nascimento – Curso de Direito do Trabalho – Editora Saraiva
5. Direito Processual do Trabalho ● Carlos Henrique Bezerra Leite, Curso de Direito Processual do Trabalho,
Editora LTr;
● Mauro Schiavi, Manual de Direito Processual do Trabalho – Editora LTr;
● Renato Saraiva, Curso de Direito Processual do Trabalho, Editora Método;
● Wagner Giglio e Claudia Giglio Veltri Corrêa, Curso de Direito Processual do
Trabalho – Editora Saraiva;
● Amauri Mascaro Nascimento, Curso de Direito Processual do Trabalho – Editora
Saraiva
6. Vade Mecum
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
DICAS E MÉTODO DE ESTUDO
Algumas dicas e sugestões para uma boa prova de II Fase.
- Não menospreze as questões. Procure fazê-las da maneira mais completa
e correta. Muitas vezes, é o excelente aproveitamento em suas respostas que leva
à aprovação, mesmo que a peça não tenha sido bem avaliada.
- A caligrafia e a ortografia, bem como o correto emprego da língua
portuguesa, são um ponto de partida importante para o êxito na 2a fase da
OAB/PR.
- Evite frases longas. A prolixidade é uma das grandes causas de reprovação
na 2a fase de Exame de Ordem. Frases curtas, objetivas e claras são essenciais.
- Cada argumento deve ser desenvolvido em um tópico específico, o qual
será nominado de forma a evidenciar os interesses de seu cliente (frases de
efeito) e conter dispositivos legais pertinentes (sempre com a devida subsunção
dos fatos a norma).
- Ao formar os “capítulos” de sua peça (Síntese dos fatos, preliminares,
prejudiciais de mérito, mérito e pedidos), procure dividir bem os tópicos. Procure
seguir uma ordem esquemática lógica, desenvolvendo primeiro os assuntos
principais e, em seguida, os acessórios.
- Evite juízos de valor na síntese dos fatos. Procure finalizar os tópicos com
frases que demonstrem coesão e coerência do texto, evidenciando, quando for o
caso, a necessidade de reforma da sentença.
- Se bem administrado, o tempo da prova é suficiente.
- A melhor maneira de resolver as peças e questões da apostila é: a) resolva
a primeira proposta de peça e as 05 questões. Não interrompa a resolução e
cronometre o seu tempo de realização. Você deve encarar esta atividade como
um simulado. Isto tornará o treinamento eficaz e auxiliará na administração do
tempo de prova. b) Resolva a segunda proposta de peça, sem preocupação com o
tempo de prova. Isto o ajudará a disciplinar o seu estudo. Não deixe de resolver
nenhuma das peças ou questões.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL. Francisco. Direito Civil: introdução. 5 ed. rev., atual. e aum. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.
BARROS. Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 5.ed. rev e ampl. São Paulo: Ltr, 2009.
BITTENCOURT, Marcus Vinicius Corrêa. Manual de Direito Administrativo. 3. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2008.
JORGE NETO. Francisco Ferreira. Direito do Trabalho. 3 ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2005.
LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: Ltr, 2009.
PINTO. Raymundo Antonio Carneiro. Orientações Jurisprudenciais do TST: comentadas. São Paulo: Ltr, 2009.
PINTO. Raymundo Antonio Carneiro. Súmulas do TST comentadas. 10. ed. São Paulo: Ltr, 2008.
PRADO, Luiz Regis. Comentários ao Código Penal. 3. ed. reform., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais: 2006.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria Geral do Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. 50ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009.
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