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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO IMOBILIÁRIO.
Aula Ministrada pelo Prof. Marcelino Fernandes.
1-) Desapropriação:
a) Forma de aquisição originária da propriedade:
Ficam subrogados no preço quaisquer ônus ou direitos que
recaiam sobre o bem expropriado.
Previsão está no art. 5º, incisos XXII, XXIII e XXIV todos da CF.
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
O Estado é garantidor somente do DIREITO.
Essa garantia não é absoluta, ou seja, é RELATIVA, pois deve
atender a função social da propriedade, caso não seja atendido o Estado
poderá desapropriar este bem.
Para melhor entender segue esquema a baixo.
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b) Pressupostos da desapropriação ordinária, geral ou clássica:
Necessidade Pública (DL nº 3.365/41):
Segundo o professor Luiz Antonio Sacavone Junior 1, em seu
livro, ao citar os grandes ensinamentos do ilustre professor Hely Lopes
Meirelles, aponta que;
Necessidade Pública surge quando a Administração se defronta com situações de emergência que, para solução satisfatória demandam transferência urgente de bens de terceiros para o seu domínio e uso imediato.
Utilidade Pública (DL nº 3.365/41):
1 Scavone Junior, Luiz Antonio. Direito Imobiliário – Teoria e prática, 8 ed., Rio de Janeiro: Forense, 2014,
p. 92.
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Sobre a utilidade pública, aduz, ainda, o grande professor Luiz
Antonio Scavone Junior 2, ao mencionar as preciosas lições do brilhante
professor Hely Lopes Meirelles, que; “...Utilidade Pública é caracterizada
na hipótese de transferência de bens de terceiros para a Administração
por simples conveniência.”
Interesse Público ou Social (Lei nº 4.132/62):
Já, em relação ao interesse social, preleciona o professor Luiz
Antonio Scavone Junior 3, indicando os preciosos ensinamentos do
professor Hely Lopes Meirelles, que, para tanto, aponta que;
O Interesse Social, por outro lado, ocorre ante a necessidade de melhor distribuição da propriedade possibilitando seu aproveitamento, utilização ou produtividade em benefício da coletividade ou de categorias sociais que exigem atenção especial do Poder Público.
ATENÇÃO:
São considerados casos de Utilidade Pública:
a segurança nacional;
a defesa do Estado;
2 Scavone Junior, Luiz Antonio. Direito Imobiliário – Teoria e prática, 8 ed., Rio de Janeiro: Forense, 2014,
p. 92.
3 Scavone Junior, Luiz Antonio. Direito Imobiliário – Teoria e prática, 8 ed., Rio de Janeiro: Forense, 2014,
p. 92.
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a criação e melhoramento de centros de população, seu
abastecimento regular de meios de subsistência;
o aproveitamento industrial das minas e das jazidas
minerais, das águas e da energia hidráulica;
a assistência pública, as obras de higiene e decoração,
casas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes
medicinais;
a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
a abertura, conservação e melhoramento de vias ou
logradouros públicos; a execução de planos de
urbanização; o parcelamento do solo, com ou sem
edificação, para sua melhor utilização econômica,
higiênica ou estética; a construção ou ampliação de
distritos industriais;
o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
a preservação e conservação dos monumentos históricos
e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos
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urbanos ou rurais, bem como as medidas necessárias a
manter-lhes e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou
característicos e, ainda, a proteção de paisagens e locais
particularmente dotados pela natureza;
a preservação e a conservação adequada de arquivos,
documentos e outros bens moveis de valor histórico ou
artístico;
a construção de edifícios públicos, monumentos
comemorativos e cemitérios;
a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso
para aeronaves;
a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza
científica, artística ou literária;
os demais casos previstos por leis especiais.
São considerados casos de Necessidade Pública:
o socorro público em caso de calamidade;
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a salubridade pública;
Para melhor entender seguem esquemas.
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São considerados casos de Interesse Público:
o aproveitamento de todo bem improdutivo ou explorado sem
correspondência com as necessidades de habitação, trabalho e
consumo dos centros de população a que deve ou possa suprir por
seu destino econômico;
a instalação ou a intensificação das culturas nas áreas em cuja
exploração não se obedeça a plano de zoneamento agrícola,
VETADO;
o estabelecimento e a manutenção de colônias ou cooperativas de
povoamento e trabalho agrícola:
a manutenção de posseiros em terrenos urbanos onde, com a
tolerância expressa ou tácita do proprietário, tenham construído
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sua habilitação, formando núcleos residenciais de mais de 10 (dez)
famílias;
a construção de casa populares;
as terras e águas suscetíveis de valorização extraordinária, pela
conclusão de obras e serviços públicos, notadamente de
saneamento, portos, transporte, eletrificação armazenamento de
água e irrigação, no caso em que não sejam ditas áreas
socialmente aproveitadas;
a proteção do solo e a preservação de cursos e mananciais de água
e de reservas florestais.
a utilização de áreas, locais ou bens que, por suas características,
sejam apropriados ao desenvolvimento de atividades turísticas.
c) Quem pode desapropriar:
Previsão está no art. 2º do decreto lei 3.365/41.
Art. 2o Mediante declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser desapropriados pela União, pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.
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Desta forma, pode-se apontar que somente a União, os Estados,
os Municípios e o Distrito Federal que podem proceder a desapropriação.
ATENÇÃO:
Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e
Territórios poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios
pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder
autorização legislativa.
Previsão está no art. 3º, decreto lei 3.365/41.
Art. 3o Os concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de caráter público ou que exerçam funções delegadas de poder público poderão promover desapropriações mediante autorização expressa, constante de lei ou contrato.
d) Procedimento de Desapropriação:
Fase Declaratória:
Prevista pelo decreto lei 3.365/ 1941.
Realizado pela União ou ainda pelos Estados, DF e Municípios.
Por lei ou decreto (edital e contrato).
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Decadência: São 5 anos para utilidade pública e 2 anos para
interesse social.
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Fase Executória:
Administrativa.
Judicial:
Imissão Provisória da Posse (declaração de urgência e depósito
prévio).
Prazo: São 120 dias a contar da Declaração de urgência.
e) Procedimento da Desapropriação Extraordinária:
Urbana: Art. 182, § 4º, Inc. III da CF.
Estatuto da Cidade ( Lei nº 10.257/01).
Rural: Art. 184 a 186 da CF.
( Lei nº 8.629/93; LC 76/93 e LC 88/96)
Confisco (expropriação): Art. 243 da CF. (E.C. 81/14).
ATENÇÃO:
Tresdestinação e a retrocessão (direito de preferência) :
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Quando ocorrer a tresdestinação o bem expropriado poderá
retornar ao antigo proprietário pelo instituto da retrocessão.
O novo Código Civil (art. 519) estabelece que “se a coisa
expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for
utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de
preferência, pelo preço atual da coisa”.
2-) limitação Administrativa:
Limitação administrativa: para o inesquecível e festejado mestre
Hely Lopes Meirelles: “Limitação administrativa é toda imposição geral,
gratuita, unilateral e de ordem pública condicionadora do exercício de
direitos ou de atividades particulares às exigências do bem-estar social”.
a) Características da Limitação Administrativa:
Ônus Real;
Generalidade;
Gratuito;
Pode ser positiva (fazer), negativa (não fazer) ou permissiva
(permitir fazer);
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Permanente.
3-) Servidão Administrativa:
Ônus real de uso imposto pela Administração à propriedade
particular para assegurar a realização e conservação de obras e serviços
públicos ou de utilidade pública, mediante indenização dos prejuízos
efetivamente suportados pelo proprietário.
A instituição faz-se por acordo administrativo ou por sentença
judicial, precedida sempre de ato declaratório de servidão.
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a) Características da Servidão Administrativa:
Ônus Real;
Individual;
Indenizável se houver dano;
Pode ser administrativa ou judicial;
Somente para bens imóveis;
Permanente.
Ex: Colocar placa com nome de Rua na casa particular.
4-) Ocupação Temporária:
É a forma de intervenção na propriedade pela qual o Poder
Público usa transitoriamente IMÓVEIS PRIVADOS, como meio de apoio à
execução de obras e serviços. É o que normalmente ocorre quando a
Administração tem a necessidade de ocupar terrenos privados para
depósito de equipamentos e materiais destinados à realização de obras e
serviços públicos nas vizinhanças.
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a) Características da Ocupação Temporária:
Natureza de caráter não-real;
Individual;
Indenizável se houver dano;
Somente para bens imóveis;
Transitoriedade.
5-) Requisição Administrativa:
É instrumento de intervenção na propriedade pelo poder estatal
por meio do qual a Administração Pública utiliza bens imóveis, móveis ou
serviços privados com indenização posterior, caso se comprove o dano
ou prejuízo.
A requisição tem fundamentação constitucional (art. 5º, XXV da
CF/88) estabelecendo que no caso de iminente perigo público, a
autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.
a) Características da Requisição Administrativa:
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pode ser militar ou civil;
presença de perigo iminente que a motive;
o ato administrativo de requisição tem o atributo da auto-
executoriedade;
intervenção transitória, será extinta com o desaparecimento da
situação de perigo público iminente que a motivou;
indenização posterior se houver dano.
ATENÇÃO:
Somente haverá a indenização em caso de requisição
administrativa se restar provado eventual dano.
6-) Tombamento:
É uma intervenção na propriedade que visa proteger o
patrimônio histórico, artístico, paisagístico, turístico, cultural ou científico
da nação.
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A competência para legislar sobre este instituto é concorrente
entre a União, Estados e Distrito Federal, conforme estatui o artigo 24,
inciso VII da CF.
Insta pontuar que por força do artigo 30 inciso II da Carta
Democrática os municípios poderão de forma suplementar legislar sobre
o tema.
Prevista constitucional está no art. 216, §1º da CF.
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.
Previsão em normas infraconstitucionais está no decreto lei 25/
1937.
a) Espécies de Tombamento:
De ofício: o Poder público tomba o que é do próprio poder
público.
Voluntário: o particular procura o poder público e menciona que
possui bem com valor histórico, para que haja avaliação e
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tombamento. Mas, também pode ocorrer que o poder público
procure o particular.
Compulsório: o Estado impõe o tombamento.
Definitivo: ocorre quando o tombamento acabou.
Provisório: durante o processo.
Parcial: só a fachada do imóvel é tombada.
Total: bens inteiros.
b) Características do Tombamento:
Não poderá o proprietário destruir o bem tombado ou
ainda modificá-lo;
A reforma do bem somente poderá ser feita após
autorização da Administração Pública. O Poder Público
pode – sem autorização do proprietário – realizar obras
de conservação do bem;
Quando o proprietário não tiver verbas para a
conservação deverá notificar o Poder Público que poderá
fazê-lo a suas expensas;
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Não está o poder público obrigado a indenizar o
proprietário de bem tombado;
O direito de preferência no caso de Leilão Art. 892, §3º
CPC.
Art. 892. Salvo pronunciamento judicial em sentido diverso, o pagamento deverá ser realizado de imediato pelo arrematante, por depósito judicial ou por meio eletrônico.
§ 3o No caso de leilão de bem tombado, a União, os Estados e os Municípios terão, nessa ordem, o direito de preferência na arrematação, em igualdade de oferta.
No caso de bens móveis não poderá ser vendido a estrangeiros.
A coisa tombada não poderá sair do país, senão por curto prazo,
sem transferência de domínio e para fim de intercâmbio cultural, a
juízo do Poder Público;
Não se poderá sem autorização do poder público, na vizinhança
da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a
visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de
ser mandada destruir a obra ou retirar o objeto;
BONS ESTUDOS!!!
Profa. Cristina Anita S. Lereno